universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste...

85
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE CAMPUS DE CASCAVEL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA UTILIZAÇÃO DE IMAGENS SINTÉTICAS PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA BRUNO BONEMBERGER DA SILVA CASCAVEL PARANÁ BRASIL 2019

Upload: others

Post on 21-Mar-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CAMPUS DE CASCAVEL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA

UTILIZAÇÃO DE IMAGENS SINTÉTICAS PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA

BRUNO BONEMBERGER DA SILVA

CASCAVEL – PARANÁ – BRASIL

2019

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

BRUNO BONEMBERGER DA SILVA

UTILIZAÇÃO DE IMAGENS SINTÉTICAS PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, em cumprimento parcial aos requisitos para obtenção do título de Doutor em Engenharia Agrícola, área de concentração Engenharia de Sistemas Biológicos e Agroindustriais.

Orientador: Prof. Dr. Erivelto Mercante

CASCAVEL – PARANÁ – BRASIL

2019

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

Revisão do texto final e das normas de elaboração do PGEAGRI: Dhandara Capitani

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

BRUNO BONEMBERGER DA SILVA

UTILIZAÇÃO DE IMAGENS SINTÉTICAS PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, em

cumprimento parcial aos requisitos para obtenção do título de Doutor em Engenharia

Agrícola, área de concentração em Engenharia de Sistemas Biológicos e Agroindustriais,

APROVADA pela seguinte banca examinadora:

Orientador: Prof. Dr. Erivelto Mercante

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE

Dr. João Francisco Gonçalves Antunes

EMBRAPA

Prof. Dr. Eduardo Godoy de Souza

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE

Prof. Dr. Davi Marcondes Rocha

Universidade Técnológica Federal do Paraná, UTFPR

Prof. Dr. Marcio Antonio Vilas Boas

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE

CASCAVEL – PARANÁ – BRASIL

2019

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

ii

BIOGRAFIA

Bruno Bonemberger da Silva, graduado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual

do Oeste do Paraná – UNIOESTE (2012). Possui mestrado em Engenharia Agrícola pela

mesma instituição (2014). Foi Professor Adjunto do Centro Universitário da Fundação Assis

Gurgacz (2016-2018), lecionando aulas no curso de Agronomia, e atualmente é Professor

temporário Assistente da Universidade Estadual de Maringá – UEM (2018-atual), atuando no

curso de Graduação de Engenharia Agrícola e Doutor em Engenharia Agrícola, área de

concentração: Engenharia de Sistemas Biológicos e Agroindustriais pela Universidade

Estadual do Oeste do Paraná.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

iii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, que não mediram esforços para

que eu um dia tivesse oportunidade de estudo

e me apoiaram incondicionalmente.

DEDICO

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

iv

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida e da sabedoria; por ter estado

do meu lado em todos os momentos, mesmo quando pensei em desistir, Ele sempre esteve

do meu lado me confortando;

Agradeço aos meus pais, Mauro Machado da Silva, por representar pra mim ainda a

figura de herói, mesmo após todos esses anos, e mesmo após eu conhecer todas as suas

fraquezas, ainda te considero o homem mais incrível que conheço. A minha mãe, Silvana de

Fátima Bonemberger da Silva, que sempre sonhou em ter um filho Doutor, e Deus permitiu

que eu pudesse contribuir para esse sonho. Não há palavras que traduzam minha gratidão e

o amor que sinto por vocês;

Ao meu irmão, Andrey Bonemberger da Silva, que com a benção de Deus estará se

casando no final deste ano e se formando em Agronomia, seguindo os passos do pai e

meus também, pela escolha da profissão na área agrícola. Minha futura cunhada Amanda e

você merecem toda a felicidade do mundo;

À minha verdadeira família LBBS: Biro, Lucas, Andy, Léo, Kito, Duh, Veto, Amauri,

Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram para mim ao longo de

todos esses anos de amizade o verdadeiro significado de irmandade. Vocês compartilharam

comigo momentos de alegria e tristeza e ofereço a vocês a realização de mais essa etapa

da minha vida;

A minha melhor amiga, Fernanda Cristina Araújo, por me ajudar não importa a hora

ou local, com quem posso contar para absolutamente tudo nessa vida. Sua amizade é

inestimável para mim;

Aos colegas de Geolab: Cadu, Isaque, Lucas, Ivã e Victor, com quem tive mais

contato e que sempre estiverem dispostos a me ajudar com meus trabalhos. Contem

sempre comigo;

Ao Prof. Dr. Erivelto Mercante, agradeço pelo apoio, os puxões de orelha, a

compreensão com meu trabalho como professor sendo conciliado com a Tese, mas

principalmente pela amizade compartilhada desde os tempos de Mestrado. Minha sincera

gratidão;

Por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

v

UTILIZAÇÃO DE IMAGENS SINTÉTICAS PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA

RESUMO

Esta tese tem por objetivo utilizar e avaliar as imagens sintéticas no monitoramento agrícola. Assim, no Artigo 1 o objetivo foi aplicar o algoritmo ESTARFM em imagens multiespectrais em uma área cobrindo o município de Cascavel, Paraná. As imagens do MODIS e Landsat 8 foram fusionadas para produzir 20 imagens Landsat 8 sintéticas, entre outubro de 2014 a setembro de 2015, sendo que a avaliação de acurácia dos resultados foi feita pela comparação dos valores de refletância entre valores das imagens sintéticas e reais do Landsat 8. Os resultados observados mostraram que a banda vermelha apresentou melhores resultados quando comparados a infravermellha, e que o NDVI gerado com estas imagens reproduziu bem a dinâmica das culturas de soja e milho. Em um segundo momento, para o Artigo 2 o objetivo do trabalho foi aplicar o modelo SEBAL e a metodologia do ESTARFM para estimar ET diária em uma propriedade agrícola do Município de Cascavel, Paraná. Imagens MODIS e Landsat 8 OLI/TIRS foram fusionadas para produzir imagens sintéticas entre outubro de 2014 e outubro de 2015. Os resultados obtidos indicaram boa concordância entre as ET estimadas com imagens Landsat 8 e as sintéticas, sendo os melhores resultados encontrados para a cultura da soja, e os piores em épocas em que a área agrícola continha resteva do milho. De maneira geral, o ESTARFM apresentou tendência a superestimar os resultados. Palavras-chave: Fusão de imagens, NDVI, ESTARFM

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

vi

USE OF SYNTHETIC IMAGES FOR AGRICULTURAL MONITORING

ABSTRACT

This doctoral thesis aims to use and evaluate synthetic images in agricultural monitoring. Thus, in Article 1 the objective was to apply the ESTARFM algorithm in multispectral images in an area covering the municipality of Cascavel, Paraná. The MODIS and Landsat 8 images were fused to produce 20 synthetic Landsat 8 images from October 2014 to September 2015, and the accuracy of the results was determined by comparing the reflectance valuesbetween the values of the synthetic and real images of the Landsat 8. The observed results showed that the red band presented better results when compared to infrared, and that the NDVI generated with these images reproduced well the dynamics of the soy and corn crops. Secondly, for Article 2 the objective of the study was to apply the SEBAL model and the ESTARFM methodology to estimate daily ET in an agricultural property of the Municipality of Cascavel, Paraná. MODIS and Landsat 8 OLI/TIRS images were fused to produce synthetic images between October 2014 and October 2015. The results obtained indicated good symmetry between the estimated ETs with Landsat 8 images and the synthetic ones, being the best results found for the culture of soybeans and the worst in times when the agricultural area was covered with corn stubble. In general, ESTARFM tended to overestimate the results.

Keywords: Data fusion, NDVI, ESTARFM.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

vii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 3

2.1 Objetivo geral ............................................................................................................... 3

2.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 3

2.3 Estruturação da Tese ................................................................................................... 3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 4

3.1 Sensoriamento Remoto ................................................................................................ 4

3.2 Aplicações dos dados de Sensoriamento Remoto ........................................................ 5

3.3 Monitoramento do uso do solo utilizando imagens de satélite ...................................... 6

3.4 Acompanhamento de Safras utilizando Sensoriamento Remoto ................................. 11

3.5 Fusão de imagens ...................................................................................................... 14

3.6 Séries temporais ......................................................................................................... 17

3.7 Índices de Vegetação ................................................................................................. 18

3.8 Cultura da Soja ........................................................................................................... 19

3.9 Ciclo da Soja .............................................................................................................. 20

3.10 Cultura do Milho ......................................................................................................... 21

3.11 Ciclo do Milho ............................................................................................................. 21

3.12 Evapotranspiração ...................................................................................................... 23

3.13 Estimativa evapotranspiração usando imagens de satélite ......................................... 24

3.14 O algoritmo SEBAL - Surface Energy Balance Algorithm for Land .............................. 25

4 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 27

5 ARTIGO 1: ANÁLISE DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO NDVI GERADO POR MEIO DE

IMAGENS SINTÉTICAS NO MONITORAMENTO DE CULTURAS AGRÍCOLA ................. 37

5.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 37

5.2 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 39

5.2.1 Área em Estudo .......................................................................................................... 39

5.2.2 Dados de Satélites ...................................................................................................... 40

5.2.3 O algoritmo ESTARFM ............................................................................................... 40

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 42

5.3.1 Análise das Imagens Sintéticas .................................................................................. 43

5.3.2 Análise da Série Temporal .......................................................................................... 50

5.4 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 54

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

viii

5.5 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 54

6. ARTIGO 2: Utilização de imagens sintéticas para mapeamento da

evapotranspiração diária em escala de campo. .............................................................. 58

6.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 58

6.2 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 60

6.2.1 Área em Estudo .......................................................................................................... 60

6.2.2 Dados de Satélites ...................................................................................................... 61

6.2.3 O algoritmo SEBAL ..................................................................................................... 61

6.2.4 O algoritmo ESTARFM ............................................................................................... 62

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 63

6.4 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 67

6.5 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 67

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 70

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Datas das missões Landsat e sensores de cada satélite ........................................ 8

Tabela 2 Especificações e uso potencial das bandas Landsat OLI/TIRS ............................... 9

Tabela 3 Especificações e uso potencial das bandas do sensor MODIS ............................. 10

ARTIGO 1

Tabela 1 Resultados da avaliação pixel a pixel das imagens Landsat 8 e as preditas

ESTARFM. Para facilitar a apresentação dos resultados eles foram arredondados. A

diferença média absoluta está em unidade de refletância .................................................... 45

Tabela 2 Tabela de Erro do NDVI obtido das imagens Landsat8 e ESTARFM .................... 50

Tabela 3 Erro Entre Banda do Vermelho e Infravermelho Próximo ...................................... 52

ARTIGO 2

Tabela 1 Análise de Acurácia do algoritmo ESTARFM para dos dados de fusão de

Evapotranspiração diária (ET) ............................................................................................. 63

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Elementos envolvidos no processo do Sensoriamento Remoto ............................... 5

Figura 2 Esquema da metodologia empregada pelo STARFM. ........................................... 15

ARTIGO 1

Figura 1 Localização da área e da cena de estudo. A imagem Landsat-8 (imagem RGB de

falsa cor usando as bandas 5,6 e 4) foi adquirida em 05 de dezembro de 2014 .................. 39

Figura 2 Esquema das datas correspondentes as cenas Landsat 8 e MODIS utilizadas neste

estudo. Os dados MODIS MOD09GQ são produtos diários obtidos nas datas apresentadas.

Os pares de imagens utilizados como entrada no ESTARFM estão indicados com numerais

............................................................................................................................................ 42

Figura 3 Comparação entre as imagens observadas posicionadas nas colunas das

extremidades da direita e esquerda, com as imagens preditas localizadas na coluna central.

O período do exemplo utilizado foi de abril a agosto de 2015. Os pares de imagens

utilizados para gerar as imagens sintéticas desse período são os das linhas A e F e coluna 1

e 3. As cenas do exemplo são imagens de NDVI obtidas a partir da banda do vermelho e

NIR. ..................................................................................................................................... 43

Figura 4 Comparação da refletância por pixel das imagens observadas Landsat 8 e as

sintéticas previstas usadas para avaliação, conforme mostrado no esquema da Figura 2. A

reta 1:1 é colorida em vermelho, e a linha de tendência, em preto. A coluna da esquerda

mostra os gráficos de dispersão para a banda do vermelho, já na coluna da direita estão

ilustrados os gráficos de dispersão da banda do NIR. No eixo x estão apresentados os

valores de refletância do Landsat 8 e no eixo y estão os valores de refletância da imagem

predita ESTARFM correspondente ...................................................................................... 47

Figura 5 Comparação por pixel dos valores de NDVI das imagens observadas Landsat 8 e

ESTARFM ........................................................................................................................... 49

Figura 6 Série temporal das imagens MODIS (cinza), Landsat 8 (laranjado) e ESTARFM

(azul), a reflectância da banda do vermelho esta apresentada no gráfico de cima e a do

infravermelho próximo no gráfico de baixo ........................................................................... 51

Figura 7 Relação entre a imagem Landsat 8 e a predita ESTARFM analisadas nas séries

temporais, no qual cada data é representada por uma cor na dispersão .......... ....................52

Figura 8 Série temporal de NDVI gerada com imagens sintéticas e Landsat 8 para o período

de estudo analisado ............................................................................................................. 53

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

xi

Figura 9 Série Temporal de NDVI gerada com imagens sintéticas e Landsat 8 com o desvio

padrão ........................................................................................................................... ......54

ARTIGO 2

Figura 1 Localização da área e da cena de estudo. A imagem Landsat-8 (imagem RGB de

falsa cor usando as bandas 5,6 e 4) foi adquirida em 05 de dezembro de 2014. É possível

notar a predominância de alvos agrícolas, vegetação nativa e reflorestamento ................... 60

Figura 2 Comparação entre a ETs (calculado usando imagens sintéticas do ESTARFM) e

ETL8 (calculada utilizando dados reais de imagens Landsat 8): (a) Soja, (b) Resteva do

milho, (c) Milho, (d) geral ..................................................................................................... 64

Figura 3 Distribuição espacial da Evapotranspiração (ET) estimada com imagens sintéticas

para as imagens entre outubro de 2014 e outubro de 2015 ................................................. 65

Figura 4 Séries Temporais de ETL8, ETS e ET0 para as imagens analisadas entre outubro

de 2014 e outubro de 2015 .................................................................................................. 66

Figura 5 Médias de ET obtidos para as imagens sintéticas e o valor de ET esperado para

cada estádio de desenvolvimento analisado da cultura da soja (a) e milho (b) e total mensal

precipitado no período das imagens analisadas

(c)...........................................................................................................................................66

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

1

1 INTRODUÇÃO

O uso de imagens de satélites para monitoramento da dinâmica da superfície

terrestre e classificação do uso do solo tem se mostrado uma ferramenta de baixo custo em

relação ao monitoramento realizado em campo. Outra vantagem de se utilizar estas

imagens é a cobertura de grandes áreas e a elevada taxa de repetição dos satélites,

permitindo a análise temporal dos dados.

Esta análise multitemporal de imagens, integrada aos componentes espectral e

espacial, quando corretamente explorados, fornece informações importantes no

monitoramento da vegetação, possibilitando a análise de padrões complexos e

caracterização da dinâmica da cobertura da superfície terrestre. Além disso, é possível

detectar tendências na assinatura temporal, permitindo diferençar uma mudança natural,

que geralmente é temporária, de uma ocorrida por atividade antrópica, a qual pode ser

permanente (COPPIN et al., 2004).

Dentre os satélites utilizados para o estudo dos fenômenos da superfície terrestre,

pode-se destacar os satélites da série Landsat, principalmente devido a sua disponibilidade

gratuita de imagens de média resolução espacial (30m), tornando seus produtos úteis no

monitoramento das mudanças do uso do solo. Ressalta-se que nos últimos anos, os dados

Landsat se tornaram mais acessíveis à comunidade, assim como os computadores

necessários para o processamento destes dados, tornando possível adquirir e analisar

grande volume de informações (COHEN; GOWARD, 2004).

Entretanto, especialmente em regiões tropicais, a frequente cobertura de nuvens

pode comprometer ou inviabilizar a análise dos dados e, somado a isso, algumas imagens

Landsat não estão disponíveis em certas datas, dificultando o uso contínuo destas imagens

(ARANTES, 2014; XU; JIA; PICKERING, 2014, 2015). Em alguns casos, em regiões com

intensa presença de nuvens, pesquisadores relatam obtenção de apenas de 3 a 4 imagens

livre de nuvens em um ano. Além disso, seu tempo de revista de 16 dias tem limitado suas

aplicações, principalmente na rápida detecção de mudanças na superfícies, informações

essenciais em aplicações como monitoramento de culturas agrícolas (GAO et al., 2006).

Uma solução para este problema é a combinação da resolução espacial do Landsat

com a alta resolução temporal de sensores de baixa resolução espacial, a exemplo do

MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer). Desta forma, a fusão de dados

de diferentes sensores remotos é uma alternativa viável e de relativo baixo custo para

aprimorar a capacidade destas imagens no acompanhamento da dinâmica da superfície da

Terra (ZHU et al., 2010).

O principal objetivo da fusão entre imagens é gerar um produto com melhor

qualidade do que os originais, integrando dados espaciais, espectrais (ACERBI-JUNIOR;

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

2

CLEVERS; SCHAEPMAN, 2006) e temporais (GAO et al., 2006; HILKER et al., 2009a; ZHU

et al., 2010) do mesmo sensor ou entre sensores diferentes.

Dentre os algoritmos de fusão existentes, destaca-se o STARFM (Spatial and

Temporal Adaptive Reflectance Fusion Model), desenvolvido por (GAO et al., 2006) para

predizer refletância da superfície diária da resolução espacial Landsat utilizando um ou mais

pares de imagens Landsat e MODIS – desta forma, obtendo-se imagens de resolução

espacial do Landsat com resolução temporal do sensor MODIS.

Já o algoritmo de fusão ESTARFM - Enhanced Spatial and Temporal Adaptative

Reflectance Fusion Model (ZHU et al., 2010) foi desenvolvido para predição de imagens em

regiões heterogêneas, visando contornar esta limitação do STARFM.

Desta maneira, no contexto do uso de fusão de imagens, ressalta-se a importância

da utilização de algoritmos como o STARFM e ESTARFM como instrumentos para

confecção de imagens sintéticas, visando aumentar o número de imagens de resolução

espacial do Lansat para melhor acompanhamento da dinâmica do uso do solo e permitindo

obtenção de mais informações, principalmente de culturas agrícolas, as quais possuem ciclo

vegetativo curto e, com frequência, seu monitoramento é prejudicado devido à grande

incidência de nuvens.

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

3

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a performance de algoritmos de fusão de imagens ESTARFM na predição de

valores de imagens sintéticas (refletância, NDVI e ET) Landsat-8, derivados de imagens

MODIS.

2.2 Objetivos específicos

Artigo 1 – Gerar imagens sintéticas para as bandas do vermelho e infravermelho com

posterior confecção do NDVI, comparando os resultados com dados reais de imagens

Landsat 8.

Artigo 2 – Avaliar a eficiência das imagens sintéticas em conjunto com o algoritmo

SEBAL para acompanhar a dinâmica da Evapotranspiração (ET) em uma propriedade

agrícola.

2.3 Estruturação da Tese

A Tese está organizada na forma de artigos científicos, apresentados após uma

revisão bibliográfica sobre o tema da pesquisa. O primeiro artigo apresenta uma aplicação

de imagens sintéticas geradas pelo algoritmo ESTARFM para gerar dados de refletância da

superfície das bandas vermelha e infravermelha e posterior confecção de imagens NDVI

utilizando estas imagens sintéticas, para posterior análise de acurácia destes resultados. O

segundo artigo aborda a utilização de imagens sintéticas e modelo SEBAL para estimar

evapotranspiração (ET) em uma propriedade agrícola.

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Sensoriamento Remoto

O sensoriamento remoto (SR) foi definido repetidamente por diversos autores no

decorrer da história. Entretanto, analisando estas definições pode-se identificar um conceito

em comum: obtenção de informações à distância.

De acordo com Campbell e Wynne (2011), esta ideia a respeito de sensoriamento

remoto deve ser refinada dependendo do objetivo de estudo, pois com esta definição ampla,

aplicações como detecção da temperatura do corpo humano ou obtenção de informações a

respeito do campo eletromagnético da Terra poderiam racionalmente ser incluídas dentro

deste campo do conhecimento.

Desta forma, o conceito de interesse para este trabalho se limita à aplicação do SR

na observação e na obtenção de informação a respeito da energia eletromagnética refletida

ou emitida da superfície terrestre e da superfície de corpos hídricos.

De acordo com Lillesand, Kiefer e Chipman (2014), no sensoriamento remoto são

utilizados vários equipamentos (sensores), os quais coletam dados sobre objetos, áreas ou

fenômenos investigados. Entre as ferramentas empregadas para este objetivo podem ser

citados fotografias aéreas, imagens de videografia, dados de sensores terrestres, imagens

de satélite e, mais recentemente, dados provenientes de imagens utilizando VANT – Veículo

Aéreo Não Tripulado (MERCANTE, 2007; NIETHAMMER et al., 2012; WALSH et al., 2013;

WATTS; AMBROSIA; HINKLEY, 2012).

A Figura 1 apresenta esquematicamente o processo geral e elementos envolvidos no

sensoriamento remoto de recursos terrestres. Os dois processos básicos envolvidos são

aquisição de dados e análise de dados. Os elementos do processo de aquisição de dados

são fonte de energia (a), propagação de energia através da atmosfera (b), interação de

energia com os alvos da superfície terrestre (c), retransmissão da energia através da

atmosfera (d), sensores orbitais, suborbitais e terrestres (e), resultando na geração de dados

de sensores nas formas digitais ou gráficas (f). Em resumo, os sensores são utilizados para

armazenar as variações de informações referentes às reflexões e emissões de energia

eletromagnética. O processo de análise de dados (g) envolve o exame destes usando

equipamentos que auxiliem a visualização e a intepretação destes dados dos sensores. São

utilizadas informações auxiliares para a interpretação dos dados, como mapas de tipo do

solo, informações coletadas a campo ou mesmo estatísticas da cultura.

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

5

Figura 1 Elementos envolvidos no processo do Sensoriamento Remoto. Fonte: Adaptado de Lillesand, Kiefer e Chipman (2014)

A informação é então compilada (h), geralmente na forma de mapas, tabelas ou

dados digitais que podem ser mesclados com outras camadas de informações digitais em

um Sistema de Informação Geográfica (SIG). Por fim, as informações são apresentadas aos

usuários (i), os quais podem utilizar estas informações como base no auxílio no processo de

tomada de decisão.

3.2 Aplicações dos dados de Sensoriamento Remoto

Dados de Sensoriamento Remoto são a única fonte que fornece informações

contínuas e consistentes a respeito da superfície terrestre e dos oceanos (KÖRTING;

GARCIA FONSECA; CÂMARA, 2013). Combinados com dados adicionais provenientes de

modelos de ecossistema, estes dados oferecem uma oportunidade sem precedentes para

predição e entendimento do comportamento do ecossistema da Terra (TAN; STEINBACH;

KUMAR, 2001).

A capacidade técnicas do sensores orbitais depende de quatro resoluções: (a)

resolução espacial, refere-se ao tamanho do pixel da imagem gerada, sendo o pixel

correspondente à menor parcela imageada; (b) resolução radiométrica, refere-se à

intensidade de radiância de cada pixel que o sensor é capaz de mensurar, representado por

valores números ou nível de cinza, variando de acordo com a quantidade de bits de cada

sensor (por exemplo, uma imagem de 2 bits possui apenas 4 níveis de cinza, uma de 8 bits

possui 256 níveis de cinza e com 16 bits totalizam 65536 níveis de cinza). Na prática, uma

imagem de boa resolução radiométrica é a mais adequada para representar um mapa de

Modelo Digital de Terreno (MDT), por exemplo, na qual cada nível de cinza do pixel

representa um valor de altitude; (c) resolução espectral, refere-se a um medida da largura

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

6

das faixas espectrais do sensor; e (d) resolução temporal corresponde ao tempo de revisita

do satélite na mesma área (MENESES et al., 2012).

As vantagens do uso de sensoriamento remoto são a rapidez na aquisição de

informações sobre grandes áreas de superfícies terrestres e a possibilidade de obtenção de

dados em áreas inacessíveis a campo (REES, 2013). Além disso, a capacidade de

aquisição repetitiva de uma grande quantidade de informações, com custo relativamente

baixo, torna esta ferramenta uma boa alternativa no estudo de fenômenos e alvos terrestres.

As imagens geradas pelos sistemas orbitais são informações úteis para o estudo da

distribuição da vegetação natural e das culturas agrícolas (YANG; WEISBERG; BRISTOW,

2012; ZENG et al., 2016). Nos estudos das formações vegetais naturais, os dados

subsidiam os mapeamentos, os estudos sobre a exploração madeireira, os diagnósticos

sobre as infestações de pragas e doenças e os estudos sobre o comportamento da

vegetação em períodos secos e períodos chuvosos (ESPÍRITO-SANTO; SANTOS; SILVA,

2004; HART; VEBLEN, 2015; HILKER et al., 2014). No campo da agricultura, os produtos

são utilizados principalmente no monitoramento de culturas agrícolas específicas e na

previsão de safras (CAMPBELL; WYNNE, 2011; GRZEGOZEWSKI et al., 2016; JOHANN et

al., 2016; PRUDENTE et al., 2014).

Dentre as contribuições do SR, ressalta-se o uso potencial destas tecnologias para

fornecer uma visão em larga escala sobre o uso e a cobertura da Terra no espaço

geográfico considerado, possibilitando o monitoramento da vegetação de forma a analisar a

dinâmica da cobertura do solo espacial e temporalmente (MIURA et al., 2011).

3.3 Monitoramento do uso do solo utilizando imagens de satélite

Os sensores remotos medem alguma grandeza física de interesse, como, por

exemplo, a radiação eletromagnética depois de sua interação com a superfície terrestre e a

atmosfera. Desta forma, como cada alvo emite ou reflete essa radiação de maneira

diferenciada em cada comprimento de onda do espectro eletromagnético, se torna possível

a identificação dos diferentes objetos de interesse (ARANTES, 2014).

As imagens de satélite têm sido amplamente utilizadas para monitoramento da

vegetação, uma vez que os dados de sensoriamento remoto podem se configurar como um

complemento às pesquisas de campo, muitas vezes trabalhosas, de alto custo e limitadas

em alcances temporal e espacial (FERRAZ et al., 2013).

Avaliações em escalas regional e global a respeito do estado da cobertura vegetal e

mudanças no uso do solo são de fundamental importância para estudos de mudanças

climáticas e ambientais (BAAN; ALKEMADE; KOELLNER, 2013; FOLEY et al., 2005).

Enquanto algumas mudanças na cobertura da superfície terrestre são devido a causas

naturais, principalmente as mudanças de longo termo, a atividade antrópica representa uma

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

7

parcela cada vez mais significativa na mudança da cobertura vegetal e no uso do solo em

termos globais (JIN et al., 2013).

A importância da caracterização, quantificação e acompanhamento destas mudanças

utilizando dados geoespaciais e de sensoriamento remoto como componentes chave no

ramo de estudos sobre mudanças no uso do solo vem sendo amplamente reconhecida em

trabalhos abordando mudanças ambientais em escala global (TURNER; LAMBIN;

REENBERG, 2007).

Os dados sobre cobertura vegetal são informações importantes para o entendimento

das complexas interações entre as atividades humanas e as mudanças globais (RUNNING,

2008). Também são variáveis que representam papel importante na melhora significativa de

performance de modelos atmosféricos, hidrológicos e de ecossistema (JUNG et al., 2006).

Estes dados são essenciais em estudos sobre biodiversidade (HALL et al., 2011), ciclo do

carbono (POULTER et al., 2011) e saúde pública (LIANG et al., 2010).

Mapas de uso do solo também são as variáveis mais importantes em todas as nove

áreas temáticas de benefício social, incluindo principalmente promoção de agricultura

sustentável, conservação da biodiversidade e respostas às alterações climáticas e seus

respectivos impactos, que a Rede Mundial de Sistemas de Observação da Terra oferece

(GEOSS – Global Earth Observation System of Systems). Estabelecida em 2005, a GEOSS

é uma pareceria voluntária entre governos e organizações composta por 102 nações e a

Comissão Europeia, além de 103 organizações encarregadas da observação terrestre, que

pretende a conexão entre sistemas de observação que existem no mundo, visando servir de

apoio à decisão para os mais diversos utilizadores, como órgãos políticos, gestores e

comunidade científica (GEO, 2016; HEROLD et al., 2008)

Um dos desafios na caracterização da cobertura vegetal baseada apenas em dados

espectrais isolados é que com frequência estas observações não são suficientes para

detectar os vários tipos de usos de solo e suas mudanças em áreas de grande extensão

geográfica. De maneira geral, é sempre desejável incorporar conhecimento prévio sobre a

cobertura vegetal e as prováveis mudanças de solo comuns da região de interesse, para

assim melhorar as análises e acurácias sobre os mapas de uso de solo (GONG et al., 2008;

JIN et al., 2013)

Além disso, muitas vezes dados sobre uso do solo não estão disponíveis

abrangendo imagens de satélites de vários anos, com estudos de longo termo. Com apenas

algumas exceções, a maioria de estudos sobre detecção de mudanças no uso solo utiliza

apenas um par de imagem adquiridas durante uma estação, ou apenas um ano, resultando

em falta de informações a respeito da vegetação em outras estações, ou mesmo outros

anos (POULIOT et al., 2009). Para captação das complexidades das mudanças da

superfície terrestre são necessárias séries temporais de mapas de uso solo.

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

8

Monitorar alterações no uso do solo temporalmente exige coerência e consistência

entre os mapas, tanto ontologicamente quanto estatisticamente. Ou seja, os mapas devem

ter semânticas idênticas entre ecossistemas do mundo real e classes temáticas dos mapas.

Caso contrário, sem essas propriedades, não se torna possível determinar se as mudanças

observadas no mapa foram devido a mudanças reais no uso do solo ou devido a erros do

modelo estatístico utilizado no acompanhamento do uso do solo. Assim, a comparação de

mapas inconsistentes pode resultar em conclusões não confiáveis (SEXTON et al., 2013).

Um dos satélites mais utilizados em estudos da superfície terrestre é o Landsat. Os

dados deste satélite se provaram extremamente úteis no monitoramento da cobertura

terrestre e na detecção das mudanças no uso do solo. Observações calibradas e

atmosfericamente corrigidas de refletância da superfície são essenciais para a obtenção de

parâmetros biofísicos e para o estudo de mudanças no uso do solo (GAO et al., 2006;

GONG et al., 2013).

O primeiro satélite da série Landsat foi lançado no início dos anos 1970, sendo o

primeiro veículo espacial implantando para o monitoramento terrestre, sendo que as

imagens da série vêm sendo utilizadas até hoje. Os principais satélites da série Landsat

utilizados em pesquisas são o Landsat 5, Landsat 7, e recentemente o Landsat 8. O sensor

Thematic Maper (TM), a bordo do Landsat 5, disponibiliza imagens desde 1984, enquanto o

Landsat 7, com o sensor Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+), possui imagens desde

1999, e, atualmente, o Landsat 8 disponibiliza imagens dos Sensores OLI (Operational Land

Imager) e TIRS (Thermal Infrared Sensor), em órbita desde 2013 (USGS, 2016). Na Tabela

1 são mostradas as missões dos satélites da série Landsat.

Tabela 1 Datas das missões Landsat e sensores de cada satélite

Satélite Lançamento Desativação Sensores

Landsat 1 23/07/1972 06/01/1978 MSS/RBV

Landsat 2 22/01/1975 27/07/1983 MSS/RBV

Landsat 3 05/03/1978 07/09/1983 MSS/RBV

Landsat 4 16/07/1982 15/06/2001 MSS/TM

Landsat 5 01/03/1984 2013 MSS/TM

Landsat 6 05/10/1993 Não alcançou órbita ETM

Landsat 7 15/04/1999 Em operação ETM+

Landsat 8 11/02/2013 Em operação OLI/TIRS

Fonte: USGS (2016)

O sensor OLI possui resolução espacial de 30m para as bandas multiespectrais, 15m

para a banda pancromática e 100m para a Termal do sensor TIRS. Segundo o Serviço

Geológico dos Estados Unidos – USGS (2016), uma questão comum realizada pelos

usuários das imagens do satélite é referente às melhores bandas espectrais utilizadas para

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

9

cada tipo de mapeamento. Desta forma, na Tabela 2 pode-se observar quais são as bandas

do Landsat 8 OLI/TIRS mais adequadas, dependendo do objetivo do mapeamento.

Tabela 2 Especificações e uso potencial das bandas Landsat OLI/TIRS

Banda Mapeamento

1 – Aerossol/Costeiro (Ultra-azul) Estudos costeiros e aerossol

2 – Azul Distinção de solo e Vegetação

3 – Verde Enfatiza o pico da vegetação

(avaliar vigor vegetativo)

4 – Vermelho Descriminação de vegetações de encosta

5 – Infravermelho Próximo (NIR) Biomassa e detecção de linha costeira

6 – Infravermelho de ondas Curtas (SWIR) 1 Detecção quantidade umidade

7 - Infravermelho de ondas Curtas (SWIR) 2 Detecção quantidade umidade

(Aperfeiçoado)

Band 8 - Pancromática 15 m resolução, definição de imagem mais nítida

Band 9 – Cirrus Detecção de nuvens Cirrus

(Presença chuva)

10 – Sensor Infravermelho Termal -TIRS 1 100 m resolução, mapeamento termal

Band 11 –Sensor Infravermelho Termal -TIRS 2 100 m resolução, mapeamento termal

(Aperfeiçoado)

Fonte: USGS (2016)

O uso de imagens Landsat possui inúmeras vantagens quando se trata de

monitoramento do uso solo: primeiro, oferece a série temporal mais longa de dados

sistematicamente coletados de sensoriamento remoto, com mais de 30 anos de imagens da

Terra; segundo, a resolução espacial dos dados, facilitando a caracterização da cobertura

terrestre, bem como as mudanças que nela ocorrem; terceiro, o sensores TM e, mais tarde,

o ETM+ e o OLI, adquirem medições espectrais em todas as grandes porções do espectro

eletromagnético solar (visível, infravermelho próximo, infravermelho médio), oferecendo

vantagens sobre sistemas de sensores menos capazes; e também vale ressaltar que nos

últimos anos, os dados Landsat se tornaram mais acessíveis à comunidade, assim como os

computadores necessários para o processamento destes dados, tornando possível adquirir

e analisar grande volume de informações (COHEN; GOWARD, 2004).

Entretanto, especialmente em regiões tropicais, a frequente cobertura de nuvens

pode comprometer ou até inviabilizar a análise dos dados e, somado a isso, algumas

imagens Landsat não estão disponíveis em certas datas, dificultando o uso contínuo destas

imagens (ARANTES, 2014; XU; JIA; PICKERING, 2014, 2015). Em alguns casos, em

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

10

regiões com intensa presença de nuvens, pesquisadores relatam obtenção de apenas de 3

a 4 imagens livre de nuvens em um ano (GAO et al., 2006).

A presença de nuvens e sombras de nuvens influenciam muito na análise dos dados,

causando problemas como equívocos na classificação da cobertura da terra ou até mesmo

uma falsa detecção de mudança. Desse modo, a resolução espacial das imagens Landsat

OLI/TIRS é prejudicada. Uma solução para estes problemas são as técnicas de fusão de

dados que permitem a integração das resoluções espacial e temporal (ZHU; WOODCOCK,

2014).

Outro importante sensor utilizado no estudo do sistema terrestre é o MODIS –

Moderate Resolution Imaging Spectro-Radiometer, lançado a bordo da plataforma TERRA

em dezembro de 1999 e da plataforma AQUA em maio de 2002. O sensor MODIS foi

desenvolvido e projetado para estudos amplos da Terra e suas mudanças temporais e

geofísicas. Possui as seguintes características: (a) resolução temporal de 1-2 dias; (b)

resolução radiométrica de 12 bits (4096 níveis de cinza); e (c) 36 bandas espectrais contidas

no intervalo de 0,4 a 14,4 µm do espectro eletromagnético. Na Tabela 3 são mostradas a

utilização para as bandas do sensor MODIS.

Tabela 3 Especificações e uso potencial das bandas do sensor MODIS

Banda Mapeamento

1 e 2 Terra/Nuvens/Aerossóis limites

3 a 7 Terra/Nuvens/Aerossóis propriedades

8 a 16 Cor do Oceano/Fitoplâncton/Biogeoquímica

17, 18 e 19 Vapor d´água atmosférico

20 a 23 Temperatura superfície/nuvens

24 e 25 Temperatura atmosférica

26, 27 e 28 Vapor d´água nuvens Cirrus

29 Propriedade de nuvens

30 Ozônio

31 e 32 Temperatura da superfície/nuvens

33 a 36 Altitude de topo de nuvens

Fonte: NASA (2016)

O sensor MODIS gera produtos de alta qualidade se comparados a outros sensores,

devido à melhoria na qualidade dos detectores e no sistema de imageamento, maior número

de bandas, além de algoritmos específicos para a geração dos produtos. Algumas bandas

do sensor são exclusivas para a correção atmosférica de outras bandas, o que melhora

significativamente a qualidade dos dados observados. Outra vantagem do MODIS é a

qualidade geométrica das imagens, característica fundamental para o monitoramento das

modificações das superfícies terrestres (RUDORFF; SHIMABUKURO; CEBALLOS, 2007).

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

11

Por fim, os produtos MODIS são disponibilizados gratuitamente, viabilizando o seu uso em

um grande número de aplicações.

Entretanto, dados de satélite de alta frequência temporal, muitas vezes, possuem

baixa resolução espacial, como, por exemplo, o MODIS, com resolução mínima de 250

metros, dificultando estudos em regiões complexas e heterogêneas, já que os componentes

da paisagem, muitas vezes, são pequenos, o que os tornam não detectáveis para tais

sensores (XIN et al., 2013).

Em função das limitações no que concerne às características do sensores,

principalmente espacial para o sensor MODIS e baixa resolução temporal, como no caso do

satélite Landsat, dificultando uma caracterização mais detalhada de fenômenos que ocorrem

na superfície terrestre, foram desenvolvidas algumas metodologias de fusão entre imagens

destes sensores (HILKER et al., 2009a).

3.4 Acompanhamento de Safras utilizando Sensoriamento Remoto

As estimativas referentes às culturas constituem atualmente o meio mais importante

de servir a agricultura em muitos países. Instituições públicas, empresas ligadas ao setor

agrícola e outras entidades de planejamento têm a necessidade de conhecimento de dados

de datas previstas de ocorrência das fases fenológicas das culturas (estádios de

desenvolvimento), assim como monitoramento do clima (período de estiagem ou chuva),

com o objetivo de adotar medidas adequadas de cultivo e de políticas de apoio e

organização agrícola (MERCANTE, 2007).

A produção de culturas agrícolas baseia-se na produtividade obtida e na área

colhida. Devido ao fato do Brasil ser um país de grande atividade e extensão agrícola, há a

necessidade de planejamento estratégico de toda a cadeia produtiva (produtores rurais,

indústria de alimentos, cooperativas, fornecedores de insumos, investidores e órgãos

governamentais), permitindo o estabelecimento de políticas de preços mínimos e de

minimização do efeito negativo das especulações nos preços dos produtos agrícolas pagos

aos produtores (ADAMI, 2010; JOHANN et al., 2012).

O monitoramento de áreas cultivadas e as condições da cultura são informações

essenciais para diversos agentes direta ou indiretamente envolvidos com agricultura,

especialmente em países que são grandes produtores de commodities, como o Brasil, que

representa um papel importante na produção agrícola mundial (HERMELINGMEIER, 2010).

O conhecimento das safras agrícolas também está relacionado diretamente ao

planejamento da ocupação do território, à obtenção de informações sobre a oferta de

alimentos em escala global e à utilização de práticas sustentáveis na produção

(POTGIETER et al., 2011).

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

12

A região Centro-Sul (com mais de 800,000 km²) é uma região agrícola tradicional,

onde cerca de 45% da agricultura brasileira está concentrada. Durante a safra 2012/2013,

as culturas de verão como soja, milho e cana ocuparam cerca de 27, 16 e 9 milhões de

hectares (ha), respectivamente, nesta região. Culturas de inverno, tais como trigo, cevada e

centeio, ocuparam juntas cerca de 2 milhões de hectares (IBGE, 2013).

Desta forma, a geração de estatísticas agrícolas confiáveis torna-se cada vez mais

importante no Brasil em virtude da disponibilidade de terras para a agricultura, com vista à

importância da produção e das exportações das principais commodities agrícolas para a

balança comercial e aos acelerados processos de mudança na cobertura do solo, a qual

influencia na qualidade e na disponibilidade de água, na conservação dos habitats naturais e

da biodiversidade (SANTOS et al., 2014).

Atualmente, as estimativas de área e produção agrícola do Brasil são realizadas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela Companhia Nacional de

Abastecimento (CONAB) e pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SEAB)

(JOHANN et al., 2016).

Porém, apesar da relevância deste tipo de informação, estes órgãos utilizam poucas

fontes objetivas para o monitoramento oficial das safras. As estatísticas agrícolas oficiais

são geradas prioritariamente a partir de questionários e entrevistas realizados com técnicos

e órgãos, entidades do setor agrícola e produtores rurais (GRZEGOZEWSKI et al., 2016;

JOHANN et al., 2012; SANTOS et al., 2014).

Abordagens similares para estimar áreas cultivadas são utilizadas em vários outros

países (FAO, 2016). A natureza desse tipo de informação torna as estimativas de safra

sujeitas à subjetividade e à imprecisão. Esta metodologia não leva em conta a distribuição

espacial das culturas e também consome muito tempo. A maioria dos departamentos de

estatísticas publicam os levantamentos perto do final do período de colheita, e algumas

vezes são observados atrasos adicionais antes das estatísticas serem publicadas

(ALEXANDRATOS; BRUINSMA, 2012).

Visando contornar esta problemática, os países membros do G20 (representantes

das 20 maiores economias mundiais) estabeleceram em 2011 uma iniciativa global para

melhorar o monitoramento das principais culturas de alto consumo e impacto internacional, a

denominada GEOGLAM – Group on Earth Observations Global Agriculture Monitoring

(GLAM). Com esta iniciativa, a proposta é estimar as informações sobre produção global de

grãos, evitar especulações de estoques e da volatilidade dos preços agrícolas, propor a

utilização de dados derivados de sensoriamento remoto e o desenvolvimento de métodos

eficientes para monitoramento de safras agrícolas em escala nacional, regional e global

(GEO, 2016).

A utilização de imagens de satélites tem demonstrado grande potencial na obtenção

de informação a respeito da área cultivada em escala regional, especialmente utilizando

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

13

imagens do satélite Landsat (TATSUMI et al., 2015; WATTS et al., 2009). De fato, muitos

estudos têm demonstrado que dados de sensores remotos podem ser utilizados para

precisamente identificar culturas como soja (SCHULTZ et al., 2015), cana-de-açúcar

(VIEIRA et al., 2012) e milho (ZHONG; GONG; BIGING, 2014).

Porém, o sensoriamento remoto ainda não é amplamente utilizado para

monitoramento próximo ao tempo real em escalas nacional e regional devido ao fato da

análise de grandes volumes de dados de observações terrestres ainda apresentar grandes

desafios por estes processos ainda não serem completamente automatizados

(ATZBERGER, 2013).

Para a utilização de imagens de sensoriamento remoto com objetivo de avaliação da

área cultivada, é necessário considerar que os satélites utilizados devem possuir um

balanço entre cobertura da imagem, resolução espectral, espacial e temporal (KOVALSKYY;

ROY, 2013).

Geralmente, quando a resolução espacial é adequada para a identificação e o

mapeamento de culturas, apenas algumas observações durante o ciclo vegetativo da cultura

estão disponíveis e a resolução temporal é relativamente baixa. O satélite Landsat oferece,

por exemplo, apenas sete aquisições potenciais para identificar uma cultura típica anual de

verão com um ciclo de aproximadamente quatro meses, considerando seu tempo de revisita

de 16 dias (WHITCRAFT et al., 2015). Este número ainda não considera que a resposta

espectral no início e no final do ciclo da cultura geralmente não são suficientes para

diferenciação entre culturas (EBERHARDT et al., 2016). Durante os estádios iniciais de

desenvolvimento, a resposta espectral é fortemente afetada pela resposta espectral do solo;

já nos estádios finais (antes da colheita), a maior resposta corresponde à palhada ou à

cultura que entrou na fase de senescência. Assim, o período útil é quase sempre mais curto

que o teórico de quatro meses, sendo que o mapeamento em regiões tropicais como o

Brasil possui problemas adicionais, devido à frequente cobertura de nuvens em imagens de

satélite, reduzindo ainda mais o número de observações utilizáveis (SUGAWARA;

FRIEDRICH; RUDORFF, 2008).

Desta forma, além das diferenças entre metodologias aplicadas para a identificação

e o cálculo de áreas de uma cultura agrícola, o uso de diferentes sensores para a obtenção

de imagens também tem um grande impacto nos resultados mapeados. Isso porque cada

sensor possui características próprias de resolução espacial, temporal, radiométrica e

espectral, e ângulo de medição. Essas diferenças levam a uma variação nos valores

medidos para uma mesma região, em um mesmo período de tempo (ZHAO et al., 2015).

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

14

3.5 Fusão de imagens

Devido às limitações técnicas dos sensores remotos, como resolução temporal para

o Landsat e espacial para o sensor MODIS, ainda é grande o desafio em estudos com

relação à aquisição de dados com boa resolução espacial e alta frequência de imagens.

Apesar dos dados do Lansat terem se mostrados úteis em estudos da dinâmica do solo, seu

tempo de revista de 16 dias e a frequente contaminação de nuvens de imagens tem limitado

sua aplicação na detecção de mudanças na superfície de curto período, informações

cruciais em aplicações como no acompanhamento do desenvolvimento de culturas agrícolas

(GONZÁLEZ-SANPEDRO et al., 2008).

Por outro lado, o sensor MODIS pode fornecer observações de alta frequência

(diária), longos históricos de dados e informação espectral abundante. Comumente, é

utilizado para mapeamento de área em escala global e regional; porém, devido a sua baixa

resolução, é altamente influenciada por regiões heterogêneas (CHEN et al., 2016). Desta

forma, a fusão de dados de diferentes sensores remotos é uma alternativa viável e de

relativo baixo custo para aprimorar a capacidade destas imagens no acompanhamento da

dinâmica da superfície da Terra (ZHU et al., 2010).

O principal objetivo da fusão entre imagens é gerar um produto com melhor

qualidade do que os originais, integrando dados espaciais, espectrais (ACERBI-JUNIOR;

CLEVERS; SCHAEPMAN, 2006) e temporais (GAO et al., 2006; HILKER et al., 2009a; ZHU

et al., 2010) do mesmo sensor ou entre sensores diferentes.

Os primeiros trabalhos sobre fusão de imagens tinham como objetivo a fusão entre

bandas multiespectrais com a banda pancromática, de melhor resolução espacial. Acerbi-

Junior; Clevers; Schaepman (2006) avaliaram a fusão entre dados MODIS e TM, utilizando

transformação de banda, a fim de mapear áreas de Cerrado, um dos primeiros trabalhos

utilizando estes dois sensores para fusão. Porém, essas técnicas não são capazes de

melhorar a resolução espacial e temporal simultaneamente, o que não é ideal para estudos

sobre a dinâmica da vegetação, já que o componente temporal é fundamental para estudos

sobre a variabilidade inter e intra-anual.

Uma boa alternativa é combinar a resolução espacial da imagem Landsat (sensor

OLI) com a frequência temporal do sensor MODIS (HILKER et al., 2009a). O STARFM

(Spatial and Temporal Adaptive Reflectance Fusion Model) é um algoritmo desenvolvido por

Gao et al. (2006) para predizer a refletância da superfície diária da resolução espacial OLI

utilizando um ou mais pares de imagens OLI e MODIS. Desse modo, é possível obter

imagens com a resolução das imagens do satélite Landsat com informações confiáveis das

dinâmicas da vegetação, bem como possíveis alterações ao longo do tempo.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

15

A vantagem de se utilizar imagens OLI e MODIS para a fusão é a semelhança entre

os parâmetros orbitais de seus satélites. Além disso, estes sensores possuem bandas em

locais similares no espectro eletromagnético (ARANTES, 2014).

Para a fusão de imagens, o STARFM prediz os valores de refletância da superfície

de imagens OLI com base em pares de imagens OLI (denominadas pelo algoritmo de

imagem de resolução fina) e MODIS (imagem de resolução grosseira), preferencialmente da

mesma data. Assim, temos uma imagem MODIS e outra OLI no tempo (T1), e uma imagem

MODIS correspondente à data da imagem OLI a ser predita (tempo T2). O resultado é uma

imagem com resolução temporal diária (dependendo do produto MODIS a ser utilizado) e

resolução espacial de 30 metros (GAO et al., 2006).

Uma janela móvel é utilizada a fim de evitar problemas causados tanto pelas

diferenças entre as imagens OLI e MODIS (resoluções espaciais), tanto por mudanças

temporais (mudanças no uso da terra, fenologia da vegetação ou BRDF – Bidirectional

Reflectance Distribution Function) (ARANTES, 2014).

Desta maneira, é criada uma função com diferentes pesos para cada pixel vizinho ao

pixel central dentro desta janela móvel, sendo utilizados somente aqueles com boa

similaridade espectral e livres de nuvens (Figura 2). No Passo 1 os dados de melhor

resolução (resolução fina) são primeiramente usados para procurar pixels (o) que são

espectralmente similares ao pixel central (+) dentro da janela móvel. O Passo 2 consiste na

filtragem destas amostrar para assegurar uma boa seleção dos pixels. Ambos os dados, de

melhor e pior resolução, são utilizados para determinar o peso das amostras (Passo 3) de

acordo com uma função de peso (o pixel de cor preta possui o maior peso). Por último, o

valor predito é computado com base no peso dos cinco pixels selecionados (Passo 4)

Figura 2 Esquema da metodologia empregada pelo STARFM. Fonte: GAO et al. (2006)

Assim, o algoritmo STARFM é dado por (GAO et al., 2006):

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

16

em que

2

22

,, TyxL ww é o valor do pixel OLI predito para o tempo 2 (T2), w é o tamanho da

janela móvel e

22

, ww yx é o pixel central desta janela móvel.

O peso Wij é calculado baseado em três medidas: diferença espectral entre o sensor

OLI e sensor MODIS, diferença temporal entre MODIS T1 e MODIS T2 e a distância entre o

pixel central predito e o candidato a pixel vizinho espectralmente similar e, assim, determinar

o quanto cada pixel vizinho (xi,yj) irá contribuir para estimar o valor de refletância do pixel

central (GAO et al., 2006). M(xi,yjT2) é a refletância da imagem MODIS em xi,yj observada no

T2. Por fim, L(xi,yjT1) e M(xi,yjT1) são as refletâncias das imagens OLI e MODIS no tempo T1,

respectivamente (HILKER et al., 2009b). O peso Wij é calculado pela seguinte fórmula:

O algoritmo foi testado e validado por Gao et al. (2006), utilizando o produto MODIS

MOD09GHK, com 500 metros de resolução e imagens Landsat-7 ETM+, que obtiveram por

conclusões a respeito do STARFM: 1) os dados estimados apresentaram boa acurácia,

preservando a alta resolução espacial das imagens TM/ETM+ e alta resolução temporal das

imagens do sensor MODIS; 2) para regiões que apresentarem paisagens mais complexas,

alguns parâmetros, como o tamanho da janela móvel, devem ser ajustados para melhorar a

performance do algoritmo; 3) a predição pode ser realizada com apenas um par de imagem

TM/ETM+ e MODIS como dados de entrada, mas o resultado pode ser melhorado com a

utilização de mais um par de imagens; e 4) mudanças ocorridas em uma escala menor que

o pixel MODIS não são preditas com boa precisão pelo STARFM.

Hilker et al. (2009a) testaram o uso do STARFM para avaliação das mudanças

sazonais em regiões de florestas boreais e sub-boreais, e encontraram bons resultados. As

imagens preditas mantiveram os detalhes espaciais; porém, o algoritmo foi menos eficaz em

predizer eventos de distúrbio.

Posteriormente, alguns algoritmos de fusão foram desenvolvidos para contornar as

falhas do STARFM. O ESTARFM – Enhanced Spatial and Temporal Adaptative Reflectance

Fusion Model (ZHU et al., 2010) foi desenvolvido para predição de imagens em regiões

heterogêneas. O ESTARFM tem como base o STARFM e teve maior acurácia de predição

Eq. (1)

Eq. (2)

w

i

w

j

jijijiijww TyxMTyxLTyxMWTyxL1 1

1122

22

,,,,,,,,

w

i

w

j

ijijij CCW1 1

/1//1

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

17

em situações semelhantes as testadas no STARFM; porém, o algoritmo exige pelo menos,

dois pares de imagens OLI e MODIS como entrada, o que pode ser um problema em

regiões onde a cobertura por nuvens é frequente.

3.6 Séries temporais

Os ecossistemas estão em um estado de constante mudança, tanto em escala

espacial como temporal. Porém, a maioria das metodologias aplicadas para detecção de

mudança focaliza apenas na diferença entre duas imagens – uma antes e outra depois da

mudança, denominada análise bitemporal (COPPIN et al., 2004), impedindo a detecção de

tendências em longo prazo (KENNEDY; COHEN; SCHROEDER, 2007). A análise

bitemporal para detecção de mudanças apresenta dois problemas: a data de aquisição das

imagens (em razão da diferença de sazonalidade) e o intervalo de tempo de mudança

(resolução temporal) (COPPIN et al., 2004). Por resultado, a imagem produzida com base

na diferença entre apenas duas imagens gera resultados não muito confiáveis, pois está

sujeita a erros de registro das imagens, das condições atmosféricas nas datas de

imageamento e à própria fenologia da vegetação (CARVALHO; DUTRA, 2008).

Com o objetivo de contornar estas limitações, alguns pesquisadores têm abordado o

monitoramento de ecossistemas utilizando séries temporais, com as quais é possível avaliar

o perfil temporal e os componentes de tendência e sazonalidade (ARANTES, 2014).

Uma série temporal é definida como qualquer conjunto de observações ordenadas

no tempo. Além disso, a análise de uma série temporal permite predizer valores futuros da

série e verificar a existência de tendências e periodicidades nos dados (MORETTIN; TOLOI,

2006).

Diversos trabalhos têm sido realizados com o uso de séries temporais de dados de

sensoriamento remoto para o estudo da superfície terrestre. Os primeiros trabalhos

desenvolvidos foram realizados principalmente para melhorar o mapeamento da cobertura

do uso da terra, utilizando dados multitemporais, representando os estádios fenológicos da

vegetação (ARANTES, 2014).

Com o passar dos anos, metodologias foram desenvolvidas aliando dados temporais

e dados espectrais de sensores remotos. Séries temporais de dados de sensores são

utilizadas para caracterizar fenologia da vegetação (ZHANG et al., 2012) e para análise de

mudanças e mapeamento no uso da terra (ALCANTARA et al., 2012; OHMANN et al.,

2012).

A componente temporal possibilita observar padrões complexos e analisar a

dinâmica do uso do solo. A palavra monitoramento assume, implicitamente, o domínio

temporal das observações, enfatizando o papel que imagens multitemporais de

sensoriamento remoto podem desempenhar em todos os domínios de aplicações

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

18

associadas com a dinâmica dos processos ambientais e antropológicos (BRUZZONE;

SMITS; TILTON, 2003).

No monitoramento das mudanças no uso da terra utilizando séries temporais, o

principal desafio encontrado são os ruídos, os quais podem afetar a detecção de mudanças

ou até mesmo criar fenômenos irreais. As causas dos ruídos podem ser diferenças na

absorção e espalhamento atmosféricos em decorrência de variações na concentração de

vapor d’água e aerossóis, em momentos diferentes, variações temporais no zênite solar

e/ou ângulos de azimute e, ainda, inconsistência na calibração dos sensores em imagens

separadas. Assim, o pré-processamento das imagens, antes da detecção de mudanças

reais é essencial, uma vez que permite a ligação mais direta entre os dados orbitais e os

fenômenos biofísicos, a remoção de erros de aquisição de dados e ruídos da imagem e

mascaramento de cenas contaminadas por nuvens, por exemplo (COPPIN et al., 2004).

Após o pré-processamento, as imagens, geralmente são transformadas em índices de

vegetação, com o intuito de realçar as propriedades espectrais da vegetação (ARANTES,

2014).

3.7 Índices de Vegetação

Devido à importância da resposta espectral das folhas de uma planta e sua relação

com características da vegetação no instante das medições, diversos autores tentaram

relacioná-la com variáveis biofísicas e fisiológicas das culturas (ZHANG; HE, 2013; ZHAO;

HE; XU, 2012). Uma forma de se inferir sobre as condições da cultura, como os estádios

fenológicos, concentração de clorofila nas folhas, entre outros, é por meio do cálculo de

índices de vegetação (IV), os quais são obtidos a partir da relação entre duas os mais

bandas espectrais e visam realçar as variações de densidade da cobertura vegetal. O

cálculo se baseia no padrão divergente da resposta espectral na região do espectro visível e

infravermelho próximo que ocorre na vegetação em geral (VICARI, 2015).

Dentre os diversos índices de vegetação desenvolvidos, pode-se destacar como um

dos mais frequentemente aplicados em estudos o Índice de Vegetação por Diferença

Normalizada (Normalized Difference Vegetation Index – NDVI) (PONZONI; SHIMABUKURO;

KUPLICH, 2007). O NDVI é a normalização do índice de vegetação da Razão Simples (SR)

proposto por Rouse Jr et al. (1974) com valores possíveis variando de -1 a 1.

A interpretação do NDVI deve levar em consideração vários fatores que possam

limitar a sua aplicação em algumas situações, tais como o ponto de saturação no qual o

incremento de biomassa vegetal não pode mais ser acompanhando pelo índice, as

interferências atmosféricas, as larguras das bandas espectrais utilizadas e as características

de qualidade da imagem inerentes ao sensor utilizado. Esses fatores podem resultar em

valores incorretos ou com forte presença de ruídos, como é o caso das interferências

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

19

atmosféricas e da qualidade das imagens, e podem restringir a comparação de resultados

obtidos a partir de sensores diferentes, já que as larguras das bandas e as características

de cada sensor podem gerar resultados de resposta radiométricas diferentes para um

mesmo alvo (VICARI, 2015).

Já no caso do ponto de saturação do NDVI, devido à dinâmica de espalhamento e

absorção de um dossel, quanto mais denso esse último for, maior é o espalhamento da

banda do infravermelho próximo e maior é a absorção na banda do vermelho, até certo

ponto. Quando o dossel vegetal chega a uma certa densidade, característica de cada

espécie, a variação no incremento de biomassa e/ou índice foliar específico gera variações

entre os fenômenos de espalhamento e absorção cada vez menores, mantendo o valor do

NDVI praticamente inalterado a partir do momento em que alcançou esse ponto de

saturação. Isso pode levar a uma falsa conclusão de que a vegetação não está mais

acumulando biomassa, quando a situação verificada a campo da cultura é diferente do

mostrado pelo índice (PONZONI; SHIMABUKURO; KUPLICH, 2007)

Ainda, vale acrescentar que, como o NDVI relaciona duas faixas espectrais bastante

comuns, existe a possibilidade de aplicação desse índice em dados provenientes de

diversos sensores, tanto orbitais, como MODIS (Terra/Aqua) e OLI (Landsat 8), quanto

terrestres, como espectrorradiômetros e greenseekers (GEMTOS et al., 2013).

Como o NDVI é um dos IV mais difundidos e aplicados em estudos da vegetação,

diversos trabalhos buscaram utilizá-lo para a estimativa de variáveis biofísicas e de áreas

ocupadas de diversas culturas agrícolas. No âmbito de mapeamentos de áreas de culturas,

Fontana et al. (2006) demonstraram o potencial de se utilizar o NDVI para o mapeamento de

áreas de culturas agrícolas em larga escala utilizando diferentes sensores orbitais.

Mkhabela et al. (2011) e Gallego et al. (2014) concluíram em seus respectivos trabalhos que

o NDVI pode ser utilizado eficientemente no mapeamento de culturas agrícolas, com

destaque para o NDVI calculado a partir de dados do sensor MODIS, o qual apresentou o

melhor custo-benefício para mapeamentos utilizando este índice.

Ren et al. (2008) demonstraram que o NDVI obteve bons resultados na estimativa

regional de rendimento de trigo de inverno na China, com erros relativos de estimativas

abaixo de 5,5%, superando modelos agroclimáticos utilizados para esse mesmo fim.

3.8 Cultura da Soja

A soja (Glycine max (L.) Merrill), hoje cultivada globalmente, é muito diferente do seu

cultivar de origem, que eram espécies de plantas rasteiras que se desenvolviam na costa

leste da Ásia, ao longo do Rio Amarelo, na China. Apesar de explorada no Oriente há mais

de cinco mil anos, sendo reconhecida como uma das plantas cultivadas mais antigas do

mundo, os Estados Unidos (EUA) iniciaram seu cultivo apenas na segunda década do

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

20

século XX. No Brasil, a soja chegou no ano de 1882 via Estados Unidos, sendo cultivada

primeiramente como forrageira e eventualmente, com o passar dos anos, se tornou planta

produtora de grãos para a indústria de farelos e óleos vegetais (EMBRAPA SOJA, 2004a).

O primeiro registro de cultivo da soja no Brasil data de 1914 no estado do Rio

Grande do Sul; entretanto, foi somente na década de 60, impulsionada pela política de

subsídios ao trigo, que a soja se estabeleceu como cultura de valor econômico importante

para o Brasil. Nessa década, a produção passou de 206 mil toneladas em 1960 para 1056

milhão de toneladas em 1969 (EMBRAPA SOJA, 2004b).

Atualmente, a soja representa uma das principais commodities da agricultura

brasileira, principalmente devido a sua importância econômica nas exportações. Atrás

apenas da região Centro-Oeste, a região é a segunda maior produtora de soja do Brasil.

Somente o estado do Paraná foi responsável por 17,77% da produção de soja no país na

Safra 2015/16 (CONAB, 2016), sendo objeto de diversos estudos (GRZEGOZEWSKI et al.,

2016; JOHANN et al., 2012; PRUDENTE et al., 2014; SOUZA et al., 2013), evidenciando a

importância econômica da cultura para o estado.

3.9 Ciclo da Soja

A soja, pertencente à família Leguminosa, é predominantemente utilizada para o

processamento do grão em óleo e proteína, e apresenta grande diversificação genética e

morfológica, devido ao extenso número de variedades e cultivares. Seu ciclo geralmente

varia de 75 a 210 desde sua germinação até a maturação. Este ciclo pode variar,

dependendo principalmente do cultivar e das condições atmosféricas da região e época de

semeadura. Os cultivares de soja são classificados em precoce, com ciclo de 75 a 115 dias;

semiprecoce, de 116 a 125 dias; ciclo médio, de 126 a 137 dias; semitardio, para 138 a 150

dias; e tardio, para ciclos maiores de 150 dias (EMBRAPA SOJA, 2004b).

Um dos fatores de maior influência no rendimento da cultura é com relação à época

de semeadura. Semear em épocas inadequadas afeta o porte, o ciclo e o rendimento das

plantas, e contribui para o aumento de perdas na colheita. Todas essas características estão

associadas com a população de plantas, a cultivar utilizada e a fertilidade do solo

(EMBRAPA SOJA, 2004a). O ciclo da soja, contendo a curva de desenvolvimento da cultura

com dados de NDVI, pode ser visualizado na Figura 3.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

21

Figura 3 Ciclo da soja com curva de desenvolvimento da cultura e valores de NDVI ao longo

do ciclo

3.10 Cultura do Milho

O milho é considerado uma das culturas mais importantes cultivadas mundialmente,

e isso se dá devido a sua composição química, valor nutritivo e o seu potencial produtivo

(KRESOVIC et al., 2014). De acordo Wijewardana et al. (2016), o milho ocupa a terceira

posição, em escala global, em termos de produção, e sua demanda deverá aumentar em

torno de 45% no período de 1997 a 2020.

O milho apresenta utilização intensa na alimentação humana e animal, além do

emprego como matéria-prima para uma série de aplicações industriais, incluindo a produção

de bioetanol (ZALUD et al., 2017). Diante do aspecto social, o milho é considerado como um

alimento de baixo custo, pela viabilidade de cultivo tanto em grande quanto em pequena

escala (GALVÃO et al., 2014). Assim, a cultura se integra como uma das mais importantes

atividades do cenário agrícola brasileiro, com considerável importância nos aspectos

socioeconômicos (XAVIER et al., 2014).

A produção nacional de milho, em 2016/17, está distribuída nos estados de Mato

Grosso, 26,9%; Paraná, 19,2%; Goiás, 10,6%; Mato Grosso do Sul, 10,0%; Minas Gerais

8,4%; Rio Grande do Sul, 6,6%; e São Paulo, 4,5%. Estes estados contam com uma

produção estimada em 79,9 milhões de toneladas de milho, contribuindo com cerca de

81,6% da produção nacional. A previsão de área semeada, segundo o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é de que esta pode chegar a 21,4 milhões de

hectares em 2024/25 (MAPA, 2017)

3.11 Ciclo do Milho

Milho é uma cultura que apresenta ciclo extremamente variável, dependendo do

genótipo e das condições ambientais ocorridas durante suas fases de desenvolvimento,

principalmente quanto a temperatura. Além disso, responde ao acúmulo térmico diário, ou

seja, suas etapas fenológicas e seu ciclo como um todo são determinados pelo número de

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

22

horas de calor diário que a cultura consegue acumular (VARGAS; PEIXOTO; ROMAN,

2006).

Essa característica da cultura faz com que esta necessite diferentes períodos em

dias, de acordo com o ambiente, para atingir ou completar uma mesma etapa de

desenvolvimento, levando muitas vezes a erros quanto à indicação de algumas práticas de

manejo (BERGAMASCHI; MATZENAUER, 2014).

O ciclo da cultura de milho, compreendido em cinco diferentes etapas de

desenvolvimento, procurando fazer algumas observações quanto ao nível de

competitividade entre a cultura e as plantas daninhas em cada uma delas. São elas

(VARGAS; PEIXOTO; ROMAN, 2006):

Etapa I – Germinação e emergência: Esse período é compreendido da semeadura

até o aparecimento da plântula de milho e é muito variável, principalmente em função da

temperatura e nível de umidade do solo, podendo durar de cinco até 15 dias. Nesta etapa,

os maiores problemas surgem quando a competição ocorre na linha de plantio,

principalmente quando se tratam de plantas daninhas de folha estreita.

Etapa II - Crescimento vegetativo: Esse período é compreendido desde a emissão da

segunda folha definitiva (considera-se folha definitiva, aquelas folhas totalmente emergidas

do cartucho, em que é possível observar a olho nu a linha de união entre a lâmina e a

bainha da folha) até o início do florescimento de milho. É durante essa etapa que são

determinados importantes componentes do rendimento de grãos. Entre seis e nove folhas

define-se o número de fileiras de grãos por espiga de milho e entre 12 a 15 folhas o número

de grãos por fileira. É por esse motivo que na prática e nos estudos de predição, esse

período é considerado o mais importante em termos de competição, controle e reflexos no

rendimento de grãos final da lavoura.

Etapa III – Florescimento: É o período compreendido entre polinização e início da

frutificação de milho, que normalmente tem sua duração estabelecida entre quatro e oito

dias.

Etapa IV – Frutificação: É a etapa compreendida entre fecundação até enchimento

de grãos de milho. Essa etapa é conhecida pelos técnicos e agricultores como fase de

enchimento de grãos. A duração dessa etapa, dependendo da cultivar e das condições

ambientais, pode variar de 40 a 60 dias.

Etapa V – Maturação: É o período compreendido entre o fim da frutificação e a

maturação fisiológica ou aparecimento da camada preta na base do grão de milho (que fica

em contato com o sabugo). Em algumas áreas em que o controle de plantas daninhas foi

realizado de maneira inadequada ou em áreas de elevada infestação, devido ao baixo

sombreamento da cultura nessa etapa, e consequente elevada taxa de luminosidade, pode

ser induzida a emergência de plantas daninhas com elevada agressividade, a exemplo das

gramíneas, que podem comprometer o rendimento final de grãos, devido a perdas e/ou,

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

23

normalmente em maior grau, devido à redução da qualidade do produto final, em função das

dificuldades durante a colheita. O ciclo do milho, contendo a curva de desenvolvimento da

cultura com dados de NDVI, pode ser visualizado na Figura 4.

Figura 4 Ciclo da soja com curva de desenvolvimento da cultura e valores de NDVI ao longo do ciclo

3.12 Evapotranspiração

A evapotranspiração possui papel de grande importância no ciclo hidrológico,

responsável pela transferência de quase todo o volume de água da superfície terrestre para

a atmosfera. De acordo com Santos (2009a), o fenômeno ocorre devido ao acontecimento

simultâneo de dois processos no qual a água é transferida para atmosfera: a evaporação e a

transpiração.

De acordo Allen et al. (1998), a evaporação pode ser definida como o processo no

qual a água líquida é convertida em vapor (vaporização) e removida de diferentes

superfícies evaporantes, como lagos, rios, pavimentos, solos e vegetação úmida, sendo esta

última compreendida como a água presente no orvalho e na interceptação da precipitação

pela cobertura vegetal.

A transpiração consiste na vaporização da água em seu estado líquido contida nos

tecidos vegetais com posterior transferência para a atmosfera. Culturas geralmente perdem

água por pequenos orifícios na folha da planta, nos quais gases e vapores d’água passam,

denominados estômatos (ALLEN et al., 1998).

Quantos aos fatores influentes no processo de evapotranspiração, para Allen et al.

(1998) esta é fortemente influenciada por características da vegetação, manejo e aspectos

do ambiente (solos com baixa fertilidade, por exemplo, impedem o crescimento da cultura

diminuindo a taxa de evapotranspiração) e parâmetros meteorológicos, principalmente:

radiação, temperatura do ar, umidade e velocidade do vento. Teixeira (2010) complementa

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

24

as considerações, recomendando que não somente seja observado o tipo de cultura, mas o

seu respectivo desenvolvimento e sistema de irrigação utilizado.

3.13 Estimativa evapotranspiração usando imagens de satélite

Umas das limitações de outros métodos na determinação da evapotranspiração é a

realização de estimativas em grandes áreas, pois estes são baseados em dados medidos

em locais específicos e integrados para a área que envolve o local da medição, levando em

consideração uniformidade de evapotranspiração na área referida (ALLEN et al., 2002).

Entretanto, a situação encontrada na realidade raramente é homogênea, sendo o mais

comum a existência de áreas contendo diferentes culturas, as quais possuem alturas, fases

fenológicas e suprimentos hídricos, com todos esses fatores determinantes para a

evapotranspiração.

Além disso, de acordo com Bezerra (2013), as medições de evapotranspiração real

geralmente possuem custos elevados, devido a sua realização ser in situ, demandando

tempo e utilização de equipamentos onerosos, justificando a ausência deste tipo de medida

em alguns casos. Portanto, o uso de imagens de satélites se configura uma alternativa

efetiva para a obtenção das medições, se mostrando uma metodologia promissora pelas

vantagens da obtenção de evapotranspiração real e a possibilidade de espacialização desta

em escala regional. Tal afirmação corrobora com Allen et al. (2002), pois, segundo os

autores, o sensoriamento remoto tem grande potencial no melhoramento do manejo da

irrigação em conjunto com outros tipos de gestão da água, fornecendo estimativas de ET

para grandes áreas da superfície, utilizando uma quantidade mínima de dados de campo.

Entretanto, o cálculo da ET utilizando o sensoriamento remoto não elimina a utilidade

de outros métodos, como a estimativa utilizando micrometeorológicos e lisímetros, os quais

são designados para pesquisa, ajuste de modelos, entre outros, enquanto a utilização de

imagens de satélite pode ser utilizada de forma operacional (SANTOS, 2009a)

Diversos algoritmos foram desenvolvidos nas últimas décadas utilizando o

sensoriamento remoto para obtenção de valores de ETr, tanto para escalas regionais como

locais. Dentre os exemplos tem-se: SEBS – Surface Energy Balance System (SU, 2002), o

S-SEBI – Simplified Surface Energy Balance Index (ROERINK; MENENTI, 2000), o

METRIC – Mapping Evapotranspiration at High Spatial Resolution with Internalized

Calibration (ALLEN et al., 2007), o SAFER – Simple Algorithm For Evapotranspiration

Retrieving (TEIXEIRA et al., 2008) e o SEBAL – Surface Energy Balance Algorithm for Land

(BASTIAANSSEN et al., 1998a).

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

25

3.14 O algoritmo SEBAL – Surface Energy Balance Algorithm for Land

O SEBAL (Surface Energy Balance for Land) foi desenvolvido e apresentado por

Bastiaanssen (1995), na Holanda. As potencialidades do SEBAL na obtenção espacial

temporal da ET foram apresentadas em trabalho de Bastiaanssen et al. (1998a). O algoritmo

visa fazer estimativas dos componentes do balanço energético e, consequentemente, da

evapotranspiração, baseado em combinações de equações empíricas e parametrização

física (SANTOS, 2009a)

Segundo Santos (2009b), o método propõe o emprego de poucas relações e

suposições empíricas. Além disso, o algoritmo pode ser utilizado por diversos

agrossistemas, com sua principal vantagem focada na baixa demanda por informações de

uso e cobertura do solo e dados meteorológicos. Seus principais produtos são: obtenção do

albedo da superfície, emissividades e índices de vegetação, temperatura da superfície,

saldo de radiação, fluxo de calor sensível, latente e calor no solo; o consumo de água, ou a

ET real, pixel a pixel.

De acordo com Bezerra (2013), o SEBAL apresenta algumas vantagens que fazem o

algoritmo se destacar dentre os demais: (i) Consiste em um algoritmo baseado fisicamente

em análises de imagens de satélite, requerendo um mínimo de informações de estações; (ii)

Não assume constante espacialmente como feito em outros métodos e faz uso de grande

número de variáveis ambientais; (iii) Menor necessidade quanto à correção atmosférica das

informações para comprimentos de onda curta e térmica nas imagens. Com isso, a

aplicabilidade do SEBAL se expande, considerando que as medições necessárias para as

correções nem sempre estão disponíveis; (iv) Não se restringe ao uso de imagens Landsat

com resolução espacial de 30 a 120 m, mas também imagens de sensores como o AVHRR

(Advanced Very High Resolution Radiometer) e o MODIS (Moderate Resolution Imaging

Spectroradiometer) com resolução espacial variando de 250 a 1100 m.

Além dessas vantagens, segundo Santos (2009a), o SEBAL, quando aplicado a

imagens de satélites com alta resolução espacial, é capaz de determinar a variabilidade

espacial da ET internamente entre campos irrigados; esta é uma informação importante,

pois quando aplicada corretamente pode aumentar a eficiência da irrigação, principalmente

em regiões áridas e semiáridas com grandes limitações de disponibilidade de recursos

hídricos.

A determinação da ET com a utilização do SEBAL compreende a execução de

diversas etapas. A primeira variável da equação do balanço de energia a ser obtida pelo

algoritmo é o saldo de radiação (Rn). Após isso, a determinação do fluxo de calor no solo (G)

é obtida em função do saldo de radiação, albedo da superfície (α), do índice de vegetação

por diferença normalizada (IVDN) e temperatura da superfície (Ts). Por fim, o algoritmo

determina o fluxo de calor sensível (H). Para este procedimento, Allen et al. (2002) relatam a

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

26

necessidade de conhecimento, experiência e habilidade para sua realização, sendo a etapa

que exige mais cuidado, principalmente para a seleção dos pixels âncoras, denominados

pixel frio e quente. Tais pixels representam as condições extremas de temperatura e

umidade da área em estudo.

Quanto à seleção do pixel quente, deve ser escolhido em uma região com alta

temperatura de superfície e desprovida de cobertura vegetal, onde se supõe que não há

evapotranspiração ocorrendo, com o saldo de radiação dedicado somente ao aquecimento

da superfície e do ar (BASTIAANSSEN et al., 1998a). Já a escolha do pixel frio possui duas

recomendações disponíveis: em aplicações tradicionais seleciona-se um pixel inserido em

um corpo d´água, de acordo com Bastiaanssen et al. (1998a). Allen et al. (2002) sugerem a

seleção de uma região em uma parcela agrícola bem desenvolvida e sem restrições de

água (irrigada). Para ambas as situações, a suposição é que o fluxo de calor sensível

nessas regiões pode ser considerado nulo, considerando que a energia disponível na

superfície está sendo usada para os processos evaporativos.

Uma das limitações do algoritmo reside na determinação do coeficiente de

rugosidade da superfície, a qual pode ser computada por dois métodos: Bastiaanssen et al.

(1998a) sugerem uma equação empírica calibrada localmente envolvendo o índice de

vegetação ajustado ao solo para determinação da rugosidade da superfície. Allen et al.

(2002) recomendam em primeira instância calcular a rugosidade fazendo uso do mapa de

uso do solo para áreas agrícolas em função do índice de área foliar, e para áreas não

agrícolas (água, floresta, neve, construções, etc.) assumem-se valores tabelados.

Entretanto, a determinação da rugosidade se consiste em uma difícil tarefa e, segundo

Gómez et al. (2005), ainda não foi provado que algum método clássico de sensoriamento

remoto foi preciso o suficiente para obtenção da variável.

Para obtenção do fluxo de calor no solo no SEBAL, este é dependente de uma

relação empírica entre o saldo de radiação e o índice de vegetação por diferença

normalizada. Este é o componente do balanço de energia considerado uma das maiores

fontes de incerteza do algoritmo (SANTOS, 2009b)

O último passo, com o conhecimento da densidade de fluxo de calor latente (LE) é

possível a obtenção da evapotranspiração real para a área em estudo, considerada como

resíduo no balanço de energia, sendo calculado através da diferença entre os demais

termos, como já descrito anteriormente. Para o modelo SEBAL, o cálculo da ET diária é

realizado com a fração evaporativa obtida no momento da passagem do satélite, a qual é

considerada constante durante o dia (ALLEN et al., 2002)

O SEBAL vem sendo utilizado amplamente com aplicação na agricultura irrigada,

utilizado em estudos que visam determinação, em primeiro plano, da demanda hídrica das

culturas ou ET real. Com esse intuito, diversos estudos em vários países vêm sendo

desenvolvidos utilizando o algoritmo, como na China (SUN et al., 2011), nos Estados Unidos

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

27

(ALLEN et al.,2002; SINGH et al., 2008), em Botsuana (TIMMERMANS; MEIJERINKL, 1999)

e na Turquia (BASTIAANSSEN, 2000), enquanto no Brasil os estudos têm fundamental

importância principalmente para a região nordeste, onde boa parte da área é semiárida e

com recursos hídricos bastante limitados quando comparados a outras regiões, e com isso

vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos em perímetros irrigados da região (BEZERRA,

2013; SILVA et al., 2012; MOREIRA et al., 2010; TEIXEIRA, 2010; TEIXEIRA et al., 2009;

TEIXEIRA et al., 2008; BEZERRA, 2008)

Os vários testes utilizando o SEBAL através de uma variedade de climas e

ecossistemas, desde seu desenvolvimento até o estudo apresentado por Bastiaanssen et al.

(2005), mostraram que o modelo se mostrou consistente. O algoritmo pode ser aplicado e

implementado para a solução de problemas relacionados a irrigação e recursos hídricos.

Além disso, o método pode auxiliar no estabelecimento: 1) da relação entre o uso e a

ocupação do solo e uso da água para auxiliar no planejamento de gestão de bacias

hidrográficas; 2) estudo do impacto de projetos para conservação da água; 3) na análise do

desempenho da irrigação; 4) avaliação do impacto ambiental devido à extração de águas

subterrâneas; 5) avaliação do efeito de projetos de transposição de corpos hídricos; 6)

cumprimento de legislações quanto ao direito do uso da água (outorga); 7) modelagem

hidrológica; 8) monitoramento da degradação de vegetações nativas; e 9) avaliação da

produtividade hídrica da cultura, entre outras aplicações (BASTIAANSSEN et al., 2005).

4 REFERÊNCIAS

ACERBI-JUNIOR, F. W.; CLEVERS, J. G. P. W.; SCHAEPMAN, M. E. The assessment of multi-sensor image fusion using wavelet transforms for mapping the Brazilian Savanna. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 8, n. 4, p. 278-288, 2006. ADAMI, M. Estimativa da data de plantio da soja por meio de séries temporais de imagens MODIS. [s.l.] Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, 2010. ALCANTARA, C.; KUEMMERLE, T.; PRISHCHEPOV, A. V.; RADELOFF, V. C. Mapping abandoned agriculture with multi-temporal MODIS satellite data. Remote Sensing of Environment, v. 124, p. 334-347, 2012. ALEXANDRATOS, N.; BRUINSMA, J. World Agriculture towards 2030 / 2050: The 2012 Revision. Roma, FAO: ESA Working Paper, 2012. ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration - Guidelines for computing crop water requirements. FAO Irrigation and drainage paper 56. p. 1-15. Roma: 1998. ALLEN, R. G.; TASUMI, M.; MORSE, A.; TREZZA, R.; WRIGHT, J. L.; BASTIAANSSEN, W.; KRAMBER, W. J.; LORITE, I. J.; ROBISON, C. W. Satellite-Based Energy Balance for Mapping Evapotranspiration with Internalized Calibration (METRIC) — Applications. Journal of irrigation and drainage engineering, v. 133, n. 4, p. 395-406, 2007.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

28

ALLEN, R. G.; TASUMI, M.; TREZZA, R. Surface Energy Balance Algorithm for Land (SEBAL) - Advanced training and users Manual. Idaho, 2002. ARANTES, T. B. Análise de séires temporais compostas por imagens sintetizadas a partir da fusão de dados modis - TM. 2004. 91f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2014. ATZBERGER, C. Advances in Remote Sensing of Agriculture: Context Description, Existing Operational Monitoring Systems and Major Information Needs. Remote Sensing, v. 5, p. 949-981, 2013. BAAN, L. de; ALKEMADE, R.; KOELLNER, T. Land use impacts on biodiversity in LCA: a global approach. The International Journal of Life Cycle Assessment, v. 18, n. 6, p. 1216-1230, 2013. BASTIAANSSEN, W. G. M.; MENENTI, M.; FEDDES, R. A.; HOLTSLAG, A. A. M. A remote sensing surface energy balance algorithm for land (SEBAL). Journal of Hydrology, v. 212, p. 198-212, 1998. BASTIAANSSEN, W. G. M. SEBAL-based sensible and latent heat fluxes in the irrigated Gediz Basin, Turkey. Journal of Hydrology, v. 229, n. 1, p. 87-100, 2000. BASTIAANSSEN, W. G. M.; MENENTI, M.; FEDDES, R. A.; HOLTSLAG, A. A. M. SEBAL Model with Remotely Sensed Data to Improve Water-Resources Management under Actual Field Conditions. Journal of Irrigation and Drainage Engineering, v. 131, n. 1, p. 85-93, 2005. BERGAMASCHI, H.; MATZENAUER, R. O milho e clima. Passo Fundo: Emater/RS-Ascar, 2014. BEZERRA, B. G.; SILVA, B. B. D. A.; FERREIRA, N. J. Estimativa da evapotranspiração real diária utilizando-se imagens digitais Tm-LandsaT 5. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). p. 305-317, 2008. BEZERRA, J. M. Estimativa da evapotranspiração real para área de caatinga utilizando Sebal. 2013. 77 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2013. BRUZZONE, L.; SMITS, P. C.; TILTON, J. C. Special Issue on Analysis of Multitemporal Remote Sensing Images. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, v. 41, n. 11, p. 2419-2422, 2003. CAMPBELL, J.; WYNNE, R. H. Introduction to remote sensing. New York: Guilford Press, 2011. CARVALHO, L. M. T.; DUTRA, G. C. Fundamentos de sensoriamento remoto. Lavras: UFLA, 2008. COHEN, W. B.; GOWARD, S. N. Landsat’s Role in Ecological Applications of Remote Sensing. BioScience, v. 54, n. 6, p. 535-545, 2004. CONAB. Acompanhamento da safra brasileira. Disponível em: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/16_07_29_15_12_51_boletim_graos_julho_2016.pdf. Acesso em: 24 ago. 2016.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

29

COPPIN, P.; JONCKHEERE, I.; NACKAERTS, B.; LAMBIN, E. Review ArticleDigital change detection methods in ecosystem monitoring: a review. International Journal of Remote Sensing, v. 25, n. 9, p. 1565-1596, 2004. EBERHARDT, I. D. R.; SCHULTZ, B.; RIZZI, R.; SANCHES, I. D.; FORMAGGIO, A. R.; ATZBERGER, C.; MELLO, M. P.; IMMITZER, M.; TRABAQUINI, K.; FOSCHIERA, W.; LUIZ, A. J. B. Cloud Cover Assessment for Operational Crop Monitoring Systems in Tropical Areas. Remote SensingRe, v. 8, n. 219, p. 1-14, 2016. EMBRAPA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja Região Central do Brasil 2005. Londrina: Embrapa Soja, 2004a. EMBRAPA SOJA. Tecnologia de produção de soja - Paraná 2005. Londrina: Embrapa Soja, 2004b. ESPÍRITO-SANTO, F. D. B.; SANTOS, J. R. DOS; SILVA, P. G. DA. Técnicas de processamento de imagens e de análise espacial para estudo de áreas florestais sob a exploração madeireira. Revista Árvore, v. 28, n. 5, p. 699-706, 2004. FERRAZ, A. S.; SOARES, V. P.; SOARES, C. P. B.; RIBEIRO, C. A. S. A.; GLERIANI, J. M. Uso de imagens do satélite IKONOS II para estimar biomassa aérea de um fragmento de floresta estacional semidecidual. Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Anais [...] Foz do Iguaçu, 2013. p. 2794-2801. FOLEY, J. A.; DEFRIES, R. S.; ASNER, G. P.; BARFORD, C. C.; BONAN, G.; CARPENTER, S. R.; CHAPIN III, F. S.; COE, M. T.; DAILY, G. C.; GIBBS, H.; HELKOWSKI, J. H.; HOLLOWAY, T.; HOWARD, E.; KUCHARIK, C. J.; MONFREDA, C.; PATZ, J.; PRENTICE, I. C.; RAMANKUTTY, N.; SNYDER, P. K. Global consequences of land use. Science, v. 309, n. 5734, p. 570-574, 2005. FONTANA, D. C.; MELO, R. W.; WAGNER, A. P. L.; WEBER, E.; GUSSO, A. Use of remote sensing for crop yield and area estimates in the southern of Brazil. ISPRS Archives XXXVI-8/W48 Workshop proceedings: Remote sensing support to crop yield forecast and area estimates, p. 53-58, 2006. Disponível em: https://www.isprs.org/proceedings/xxxvi/8-w48/53_XXXVI-8-W48.pdf. Acesso em 10 jan. 2018. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Statistics Division. Disponível em: http://www.fao.org/statistics/pt/. Acesso em 8 jan. 2018. GALLEGO, F. J.; KUSSUL, N.; SKAKUN, S.; KRAVCHENKO, O.; SHELESTOV, A.; KUSSUL, O. Efficiency assessment of using satellite data for crop area estimation in Ukraine. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 29, n. 1, p. 22-30, 2014. GALVÃO, J. C. C.; MIRANDA, G. V.; TROGELLO, E.; FRITSCHE-NETO, R. Seven decades of development of the maize production system. Ceres, Viçosa, v. 61, p. 819-828, 2014. GAO, F.; MASEK, J.; SCHWALLER, M.; HALL, F. On the Blending of the Landsat and MODIS Surface Reflectance : Predicting Daily Landsat Surface Reflectance. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, v. 44, n. 8, p. 2207-2218, 2006. GEMTOS, T.; FOUNTAS, S.; TAGARAKIS, A.; LIAKOS, V. Precision Agriculture Application in Fruit Crops: Experience in Handpicked Fruits. Procedia Technology, v. 8, n. Haicta, p. 324-332, 2013. GEO. GEO – Group on Earth Observations. Disponível em: http://www.earthobservations.org/wigeo.php. Acesso em: 10 jan. 2018.

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

30

GÓMEZ, M.; OLIOSO, A.; SOBRINO, J. A.; JACOB, F. Retrieval of evapotranspiration over the Alpilles / ReSeDA experimental site using airborne POLDER sensor and a thermal camera. Remote Sensing of Environment, v. 96, p. 399-408, 2005. GONG, J.; SUI, H.; MA, G.; ZHOU, Q. A review of multi-temporal remote sensing data change detection algorithms. The International Archives of the Photogrammetry, Remote Sensing and Spatial Information Sciences, v. 37, p. 757-761, 2008. GONG, P.; WANG, J.; YU, L.; ZHAO, Y.; ZHAO, Y.; LIANG, L.; NIU, Z.; HUANG, X.; FU, H.; LIU, S.; LI, C.; LI, X.; FU, W.; LIU, C.; XU, Y.; WANG, X.; CHENG, Q.; HU, L.; YAO, W.; ZHANG, H.; ZHU, P.; ZHAO, Z.; ZHANG, H.; ZHENG, Y.; JI, L.; ZHANG, Y.; CHEN, H.; YAN, A.; GUO, J.; YU, L.; WANG, L.; LIU, X.; SHI, T.; ZHU, M.; CHEN, Y.; YANG, G.; TANG, P.; XU, B.; GIRI, C.; CLINTON, N.; ZHU, Z.; CHEN, J.; CHEN, J. Finer resolution observation and monitoring of global land cover : first mapping results with Landsat TM and ETM + data. International Journal of Remote Sensing, v. 34, n. 7, p. 2607-2654, 2013. DOI: https://doi.org/10.1080/01431161.2012.748992 GONZÁLEZ-SANPEDRO, M. C.; LE TOAN, T.; MORENO, J.; KERGOAT, L.; RUBIO, E. Seasonal variations of leaf area index of agricultural fields retrieved from Landsat data. Remote Sensing of Environment, v. 112, n. 3, p. 810-824, 2008. GRZEGOZEWSKI, D. M.; JOHANN, J. A.; URIBE-OPAZO, M. A.; MERCANTE, E.; COUTINHO, A. C. Mapping soya bean and corn crops in the State of Paraná, Brazil, using EVI images from the MODIS sensor. International Journal of Remote Sensing, v. 1161, p. 1257-1275, 2016. HALL, F. G.; BERGEN, K.; BLAIR, J. B.; DUBAYAH, R.; HOUGHTON, R. B.;HURTT, G.; KELLNDORFER, J.; LEFSKY, M. A.; RANSON, K. J.; SAATCHI, S. S.; SHUGART, H. H.; WICKLAND, D. E. Characterizing 3D vegetation structure from space: Mission requirements. Remote Sensing of Environment, v. 115, n. 11, p. 2753-2775, 2011. HART, S. J.; VEBLEN, T. T. Remote Sensing of Environment Detection of spruce beetle-induced tree mortality using high- and medium-resolution remotely sensed imagery. Remote Sensing of Environment, v. 168, p. 134-145, 2015. HERMELINGMEIER, C. The competitive firm and the role of information about uncertain factor prices. Economic Modelling, v. 27, n. 2, p. 547-552, 2010. HEROLD, M.; MAYAUX, P.; WOODCOCK, C. E.; BACCINI, A.; SCHMULLIUS, C. Some challenges in global land cover mapping: an assessment of agreement and accuracy in existing 1 km datasets. Remote Sensing of Environment, v. 112, p. 2538-2556, 2008. HILKER, T.; Generation of dense time series synthetic Landsat data through data blending with MODIS using a spatial and temporal adaptive reflectance fusion model. Remote Sensing of Environment, v. 113, n. 9, p. 1988-1999, 2009a. HILKER, T.; WULDER, M. A.; COOPS, N. C.; LINKE, J.; MCDERMID, G.; MASEK, J. G.; GAO, F.; WHITE, J. C. A new data fusion model for high spatial- and temporal-resolution mapping of forest disturbance based on Landsat and MODIS. Remote Sensing of Environment, v. 113, n. 8, p. 1613-1627, 2009b. HILKER, T.; LYAPUSTIN, A. I.; TUCKER, C. J.; HALL, F. G.; MYNENI, R. B.; WANG, Y.; BI, J. Vegetation dynamics and rainfall sensitivity of the Amazon. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 111, n. 45, p. 16041-16046, 2014. IBGE – INSTITUITO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. LSPA -

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

31

Levantamento sistemático da produção agrícola. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. JIN, S.; YANG, L.; DANIELSON, P.; HOMER, C.; FRY, J.; XIAN, G. A comprehensive change detection method for updating the National Land Cover Database to circa 2011. Remote Sensing of Environment, v. 132, p. 159-175, 2013. JOHANN, J. A.; ROCHA, J. V.; GARBELLINI, D.; AUGUSTO, R.; LAMPARELLI, C. Estimativa de áreas com culturas de verão no Paraná, por meio de imagens multitemporais EVI/Modis. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 47, n. 9, p. 1295-1306, 2012. JOHANN, J. A.; BECKER, W. R.; URIBE-OPAZO, M. A.; MERCANTE, E. Estimating soybean development stages in Paraná State – Brazil through orbital MODIS images. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 36, n. 1, p. 126-142, 2016. JUNG, M.; HENKEL, K.; HEROLD, M.; CHURKINA, G.Exploiting synergies of global land cover products for carbon cycle modeling. Remote Sensing of Environment, v. 101, p. 534-553, 2006. KENNEDY, R. E.; COHEN, W. B.; SCHROEDER, T. A. Trajectory-based change detection for automated characterization of forest disturbance dynamics. Remote Sensing of Environment, v. 110, p. 370-386, 2007. KÖRTING, T. S.; GARCIA FONSECA, L. M.; CÂMARA, G. GeoDMA—Geographic Data Mining Analyst. Computers & Geosciences, v. 57, p. 133-145, 2013. KOVALSKYY, V.; ROY, D. P. The global availability of Landsat 5 TM and Landsat 7 ETM + land surface observations and implications for global 30 m Landsat data product generation. Remote Sensing of Environment, v. 130, p. 280-293, 2013. KRESOVIC, B.; MATOVIC, G.; GREGORIC, E.; DJURICIN, S.; BODROZA, D. Irrigation as a climate change impact mitigation measure: an agronomic and economic assessment of maize production in Serbia. Agricultural Water Management, v. 139, p. 7-16, 2014. LIANG, L.; XU, B.; CHEN, Y.; LIU, Y.; CAO, W.; FANG, L.; FENG, L.; GOODCHILD, M. F.; GONG, P. Combining Spatial-Temporal and Phylogenetic Analysis Approaches for Improved Understanding on Global H5N1 Transmission. PLoS One, v. 5, n. 10, p. 1-12, 2010. LILLESAND, T.; KIEFER, R. W.; CHIPMAN, J. Remote Sensing and Image Interpretation. New Jersey: John Wiley 7 Sons, 2014. MENESES, P. R.; ALMEIDA, T. de; SANTA ROSA, A. N. de C.; SANO, E. E.; SOUZA, E. B. de; BAPTISTA, G. M. de M.; BRITES, R. S. Introdução ao processamento de imagens de sensoriamento remoto. Brasília - DF: UNB, 2012. MERCANTE, E. Dinâmica espectral da cultura da soja ao longo do ciclo vegetativo e sua relação com a produtividade na região oeste do Paraná. 2007. 241 f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) - Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, 2007. MIURA, A. K.; FORMAGGIO, A. R.; SHIMABUKURO, Y. E.; ANJOS, S. D. dos; LUIZ, A. J. B. Avaliação de áreas potenciais ao cultivo de biomassa para produção de energia e uma contribuição de sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 31, n. 3, p. 607-620, 2011. MKHABELA, M. S.; BULLOCK, P.; RAJ, S.; WANG, S.; YANG, Y. Crop yield forecasting on the Canadian Prairies using MODIS NDVI data. Agricultural and Forest Meteorology, v. 151, n. 3, p. 385-393, 2011.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

32

MOREIRA, L. C. J.; DURAND, B. J.; TEIXEIRA, A. dos S.; ANDRADE, E. M. Variabilidade local e regional da evapotranspiração estimada pelo algortimo SEBAL. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 30, n. 6, p. 1148-1159, 2010. MORETTIN, P. A.; TOLOI, C. Análise de séries temporais. São Paulo: Blucher, 2006. NASA. MODIS Specifications. 2016. Disponível em: http://modis.gsfc.nasa.gov/about/specifications.php. Acesso em: 10 jan. 2018. NIETHAMMER, U.; JAMES, M. R.; ROTHMUND, S.; TRAVELLETTI, J.; JOSWIG, M. UAV-based remote sensing of the Super-Sauze landslide: Evaluation and results. Engineering Geology, v. 128, p. 2-11, 2012. OHMANN, J. L.; GREGORY, M. J.; ROBERTS, H. M.; COHEN, W. B.; KENNEDY, R. E. Forest Ecology and Management Mapping change of older forest with nearest-neighbor imputation and Landsat. Forest Ecology and Management, v. 272, p. 13-25, 2012. PONZONI, F. J.; SHIMABUKURO, O. E.; KUPLICH, T. M. Sensoriamento remoto no estudo da vegetação. São José dos Campos: Parêntese, 2007. POTGIETER, A.; APAN, A.; HAMMER, G.; DUNN, P. Estimating winter crop area across seasons and regions using time-sequential MODIS imagery. International Journal of Remote Sensing, v. 32, n. 15, 2011. POULIOT, D.; LATIFOVIC, R.; FERNANDES, R.; OLTHOF, I. Remote Sensing of Environment Evaluation of annual forest disturbance monitoring using a static decision tree approach and 250 m MODIS data. Remote Sensing of Environment, v. 113, n. 8, p. 1749-1759, 2009. POULTER, B.; FRANK, D. C.; HODSON, E. L.; ZIMMERMANN, N. E. Impacts of land cover and climate data selection on understanding terrestrial carbon dynamics and the CO2 airborne fraction. Biogeosciences, v. 8, n. 2010, p. 2027-2036, 2011. PRUDENTE, V. H. R.; SOUZA, C. H. W. de; MERCANTE, E.; JOHANN, J. A.; URIBE-OPAZO, M. A. Spatial Statistics Applied to Soybean Production Data from Paraná. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 34, n. 4, p. 755-769, 2014. REES, W. G. Physical principles of remote sensing. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2013. REN, J.; CHEN, Z.; ZHOU, Q.; TANG, H. Regional yield estimation for winter wheat with MODIS-NDVI data in Shandong, China. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 10, n. 4, p. 403-413, 2008. ROERINK, G. J.; MENENTI, M. S-SEBI: a Simple Remote Sensing Algorithm to Estimate the Surface Energy Balance. Physics and Chemistry of the Earth (B), v. 25, n. 2, p. 147-157, 2000. ROUSE JR, J. W.; HAAS, R. H.; SCHELL, J. A.; DEERING, D. W. Monitoring vegetation systems in the Great Plains with ERTS. NASA special publication, v. 351, p. 309, 1974. RUDORFF, B. F. T.; SHIMABUKURO, Y. E.; CEBALLOS, J. C. O sensor MODIS e suas aplicações ambientais no Brasil. São José dos Campos: Parêntese, 2007. RUNNING, S. W. Ecosystem Distrubance, Carbon and Climate. Science, v. 321, n. 2008, p. 652-653, 2008.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

33

SANTOS, C. A. C. Estimativa da evapotranspiração real diária através de análises micrometeorológicas e sensoriamento remoto. 2009. 144 f. Tese (Doutorado em Meteorologia) - Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2009a. SANTOS, J. S.; FONTANA, D. C.; SILVA, T. S. F.; RUDORFF, B. F. T. Identificação da dinâmica espaço-temporal para estimar área cultivada de soja a partir de imagens MODIS no Rio Grande do Sul Identification of the spatial and temporal dynamics for estimating. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 18, n. 1, p. 54-63, 2014. SANTOS, T. V. Fluxos de calor na superfície e evapotranspiração diária em áreas agrícolas e de vegetação nativa na bacia do jacuí por meio de imagens orbitais. 2009. 98 f. Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) - Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009b. SCHULTZ, B.; IMMITZER, M.; FORMAGGIO, A. R.; SANCHES, I.; LUIZ, A. J. B.; ATZBERGER, C. Self-Guided Segmentation and Classification of Multi-Temporal Landsat 8 Images for Crop Type Mapping in Southeastern Brazil. Remote Sensing, v. 7, n. 11, p. 14482-14508, 2015. SEXTON, J. O.; URBAN, D. L.; DONOHUE, M. J.; SONG, C. Remote Sensing of Environment Long-term land cover dynamics by multi-temporal classi fi cation across the Landsat-5 record. Remote Sensing of Environment, v. 128, p. 246-258, 2013. SHABANOV, N. V.; WANG, Y.; BUERMANN, W.; DONG, J.; HOFFMAN, S.; SMITH, G. R.; TIAN, Y.; KNYAZIKHIN, Y.; MYNENI, R. B. Effect of foliage spatial heterogeneity in the MODIS LAI and FPAR algorithm over broadleaf forests. Remote Sensing of Environment, v. 85, n. 4, p. 410-423, 2003. SILVA, B. B.; BRAGA, A. C.; BRAGA, C. C.; OLIVEIRA, L. M. M. de, GALVÍNCIO, J. D.; MONTENEGRO, S. M. G. L. Evapotranspiração e estimativa da água consumida em perímetro irrigado do Semiárido brasileiro por sensoriamento remoto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 47, n. 9, p. 1218-1226, 2012. SINGH, R. K.; IRMAK, A.; IRMAK, S.; MARTIN, D. L.Application of SEBAL Model for Mapping Evapotranspiration and Estimating Surface Energy Fluxes in South-Central Nebraska. Journal of Irrigation and Drainage Engineering, v. 134, n. 3, p. 273-285, 2008. SOUZA, C. H. W. de; MERCANTE, E.; PRUDENTE, V. H. R.; JUSTINA, D. D. D. Methods of performance evaluation for the supervised classification of satellite imagery in determining land cover classes. Ciencia e Investigación Agraria, v. 40, n. 2, p. 419-428, 2013. SU, Z. The Surface Energy Balance System (SEBS) for estimation of turbulent heat fluxes SEBS - The Surface Energy Balance. Hydrology and Earth System Sciences, v. 6, n. 1, p. 85-99, 2002. SUGAWARA, L. M.; FRIEDRICH, B.; RUDORFF, T. Viabilidade de uso de imagens do Landsat em mapeamento de área cultivada com soja no Estado do Paraná. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 12, p. 1777-1783, 2008. SUN, Z.; WEI, B.; SU, W.; SHEN, W.; WANG, C.; YOU, D. Evapotranspiration estimation based on the SEBAL model in the Nansi Lake Wetland of China. Mathematical and Computer Modelling, v. 54, n. 3-4, p. 1086-1092, 2011. TAN, P.; STEINBACH, M.; KUMAR, V. Finding spatio-temporal patterns in earth science data. Earth Science, p. 1-12, 2001.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

34

TATSUMI, K.; YAMASHIKI, Y.; ANGEL, M.; TORRES, C.; LEONIDAS, C.; TAIPE, R. Crop classification of upland fields using Random forest of time-series Landsat 7 ETM + data. Computers and Electronics in Agriculture, v. 115, p. 171-179, 2015. TEIXEIRA, A. H. C. Determining regional actual evapotranspiration of irrigated crops and natural vegetation in the São Francisco River Basin (Brazil) using remote sensing and penman-monteith equation. Remote Sensing, v. 2, p. 1287-1319, 2010. TEIXEIRA, A. H. de C.; BASTIAANSSEN, W. G. M.; AHMAD, M. D.; BOS, M. G. Reviewing SEBAL input parameters for assessing evapotranspiration and water productivity for the Low-Middle São Francisco River basin, Brazil Part A: Calibration and validation. Agricultural and Forest Meteorology, v. 149, p. 462-476, 2009. TEIXEIRA, A. H. DE C.; BASTIAANSSEN, W. G. M.; MOURA, M. S. B.; SOARES, J. M.; AHMAD, M. D.; BOS, M. G. Energy and water balance measurements for water productivity analysis in irrigated mango trees, Northeast Brazil. Agricultural and Forest Meteorology, v. 148, n. 10, p. 1524-1537, 2008. TIMMERMANS, W. J.; MEIJERINKL, A. M. J. Remotely sensed actual evapotranspiration : implications for groundwater management in Botswana. International Journal of Applied Earth Observation, v. 1, n. 3, p. 222-233, 1999. TURNER, B. L.; LAMBIN, E. F.; REENBERG, A. The emergence of land change science for global environmental change and sustainability. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 105, n. 52, p. 20666-20671, 2007. USGS. Landsat 8 (l8) data users handbook, 2016. Disponível em: https://landsat.usgs.gov/documents/Landsat8DataUsersHandbook.pdf. Acesso em: 10 jan. 2018. VARGAS, L.; PEIXOTO, C. M.; ROMAN, E. S. Manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2006. VICARI, M. B. Estimativas de variáveis biofísicas da canola com dados espectrais multisensor. 2015. 149 f. Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. VIEIRA, A. M.; FORMAGGIO, R. A.; RENNÓ, D. C.; ATZBERGER, C.; AGUIAR, A. D.; MELLO, P. M. Object Based Image Analysis and Data Mining applied to a remotely sensed Landsat time-series to map sugarcane over large areas. Remote Sensing of Environment, v. 123, p. 553-562, 2012. WALSH, O. S.; KLATT, A. R.; SOLIE, J. B.; GODSEY, C. B.; RAUN, W. R. Use of soil moisture data for refined GreenSeeker sensor based nitrogen recommendations in winter wheat (Triticum aestivum L.). Precision Agriculture, v. 14, n. 3, p. 343-356, 2013. WATTS, A. C.; AMBROSIA, V. G.; HINKLEY, E. A. Unmanned aircraft systems in remote sensing and scientific research: Classification and considerations of use. Remote Sensing, v. 4, n. 6, p. 1671-1692, 2012. WATTS, J. D.; LAWRENCE, R. L.; MILLER, P. R.; MONTAGNE, C. Monitoring of cropland practices for carbon sequestration purposes in north central Montana by Landsat remote sensing. Remote Sensing of Environment, v. 113, n. 9, p. 1843-1852, 2009. WHITCRAFT, A. K.; BECKER-RESHEF, I.; KILLOUGH, B. D.; JUSTICE, C. O. Meeting Earth observation requirements for Global Agricultural Monitoring: an evaluation of the revisit capabilities of current and planned Moderate Resolution Optical Earth Observing Missions.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

35

Remote Sensing, v. 7, p. 1482-1503, 2015. WIJEWARDANA, C.; HENRY, W. B.; GAO, W.; REDDY, K. R. Interactive effects on CO 2, drought, and ultraviolet-B radiation on maize growth and development. Journal of Photochemistry & Photobiology, v. 160, p. 198-209, 2016. XAVIER, D. A.; FURTADO, G. D. F.; JÚNIOR, J. R. de S.; SOUSA, J. R. M. de; ANDRADE, E. M. G. Biomass production of corn in blades of irrigation and nitrogen. Revista verde de agroecologia e desenvolvimento sustentável, v. 9, n. 3, p. 144-148, 2014. XIN, Q.; OLOFSSON, P.; ZHU, Z.; TAN, B.; WOODCOCK, C. E. Toward near real-time monitoring of forest disturbance by fusion of MODIS and Landsat data. Remote Sensing of Environment, v. 135, p. 234-247, 2013. XU, M.; JIA, X.; PICKERING, M. AUTOMATIC CLOUD REMOVAL FOR LANDSAT 8 OLI IMAGES USING CIRRUS BAND. IEEE International Geoscience and Remote Sensing Symposium, p. 2511-2514, 2014. XU, M.; JIA, X.; PICKERING, M. CLOUD EFFECTS REMOVAL VIA SPARSE REPRESENTATION. IEEE International Geoscience and Remote Sensing Symposium, n. 2, p. 605-608, 2015. YANG, J.; WEISBERG, P. J.; BRISTOW, N. A. Remote Sensing of Environment Landsat remote sensing approaches for monitoring long-term tree cover dynamics in semi-arid woodlands : Comparison of vegetation indices and spectral mixture analysis. Remote Sensing of Environment, v. 119, p. 62-71, 2012. ZALUD, Z.; HLAVINK, P.; PROKES, K.; SEMERÁDOVÁ, D.; BALEK, J.; TRNKA, M. Impacts of water availability and drought on maize yield – A comparison of 16 indicators. Agricultura Water Management, v. 188, p. 126-135, 2017. ZENG, L.; WARDLOW, B. D.; WANG, R.; SHAN, J.; TADESSE, T.; HAYES, M. J.; LI, D. Remote Sensing of Environment A hybrid approach for detecting corn and soybean phenology with time-series MODIS data. Remote Sensing of Environment, v. 181, p. 237-250, 2016. ZHANG, X.; FRIEDL, M. A.; TAN, B.; GOLDBERG, M. D.; YU, Y. Long-Term Detection of Global Vegetation Phenology from Satellite Instruments. INTECH Open Access Publisher, 2012. ZHANG, X.; HE, Y. Rapid estimation of seed yield using hyperspectral images of oilseed rape leaves. Industrial Crops and Products, v. 42, n. 1, p. 416-420, 2013. ZHAO, F.; LI, Y.; DAI, X.; VERHOEF, W.; GUO, Y.; SHANG, H.; GU, X.; HUANG, Y.; TAO, Y.; HUANG, J. Simulated impact of sensor field of view and distance on field measurements of bidirectional reflectance factors for row crops. Remote Sensing of Environment, v. 156, p. 129-142, 2015. ZHAO, Y.; HE, Y.; XU, X. A novel algorithm for damage recognition on pest-infested oilseed rape leaves. Computers and Electronics in Agriculture, v. 89, p. 41-50, 2012. ZHONG, L.; GONG, P.; BIGING, G. S. Efficient corn and soybean mapping with temporal extendability: A multi-year experiment using Landsat imagery. Remote Sensing of Environment, v. 140, p. 1-13, 2014. ZHU, X.; CHEN, J.; GAO, F.; CHEN, X.; MASEK, J. G. An enhanced spatial and temporal adaptive reflectance fusion model for complex heterogeneous regions. Remote Sensing of

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

36

Environment, v. 114, p. 2610-2623, 2010. ZHU, Z.; WOODCOCK, C. E. Continuous change detection and classi fi cation of land cover using all available Landsat data. Remote Sensing of Environment, v. 144, p. 152-171, 2014.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

37

5 ARTIGO 1: ANÁLISE DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO NDVI GERADO POR MEIO DE IMAGENS SINTÉTICAS NO MONITORAMENTO DE CULTURAS AGRÍCOLAS

RESUMO: Séries temporais de perfis espectrais de NDVI com alta resolução espacial e temporal são importantes ferramentas no monitoramento de culturas agrícolas. O objetivo do trabalho foi aplicar o algoritmo ESTARFM em imagens multiespectrais em uma área cobrindo o município de Cascavel, Paraná. Imagens do MODIS e Landsat 8 foram fusionadas para produzir 20 imagens Landsat 8 sintéticas, de outubro de 2014 a setembro de 2015. A perfomance do algoritmo foi avaliada pela comparação dos valores de refletância da superfície predita e os valores reais de imagens Landsat 8. Os resultados observados mostraram que as predições do ESTARFM tiveram boa precisão, com coeficiente de determinação na banda do vermelho de 0,92< R²<0,98, e 0,42< R²<0,89 para a banda infravermelha. O comparativo entre a série temporal do NDVI derivado do Landsat 8 e ESTARFM indicou que o algoritmo reproduziu bem a dinâmica de culturas agrícolas da soja e milho. Os resultados sugerem que no monitoramento agrícola a precisão das predições é maior perto do pico vegetativo da cultura, e a escolha de dados de entrada em datas no meio de época de crescimento é crucial para melhor performance do algoritmo.

PALAVRAS-CHAVE: Fusão de dados, NDVI, Séries Temporais

ANALYSIS OF THE NDVI VEGETATION INDEX GENERATED BY SYNTHETIC IMAGES IN AGRICULTURAL CULTURE MONITORING ABSTRACT: Temporal series of NDVI spectral profiles with high spatial and temporal resolution are important tools in the monitoring of agricultural crops. The objective of the work was to apply the ESTARFM algorithm in multispectral images in an area covering the municipality of Cascavel, Paraná. Images of MODIS and Landsat 8 were fused to produce 20 synthetic Landsat 8 images from October 2014 to September 2015. The performance of the algorithm was evaluated by comparing the predicted surface reflectance values and the actual Landsat 8 images. Results showed that the ESTARFM predictions had good precision, with a red band coefficient of determination of 0.92 <R² <0.98, and 0.42 <R² <0.89 for the infrared band. The comparison between the NDVI time series derived from Landsat 8 and ESTARFM indicated that the algorithm reproduced well the crop dynamics of soybean and corn. The results suggest that in agricultural monitoring the accuracy of the predictions is higher near the vegetative peak of the crop and the choice of input data in dates in the middle of the growing season is crucial to a better performance of the algorithm. KEYWORDS: Data fusion, NDVI, Time-series

5.1 INTRODUÇÃO

A utilização de séries temporais obtidas por imagens de satélites são uma importante

ferramenta para monitoramento espaço-temporal de cultivos agrícolas. Para isso, o índice

de vegetação denominado Normalized Different Vegetation Index (NDVI) vem sendo

utilizado para a diferenciação de alvos agrícolas ao longo do ciclo vegetativo (LEE;

KASTENS; EGBERT, 2016), estimativa da biomassa (ZHU; LIU, 2015) e avaliação de sua

relação com a produção das culturas agrícolas (LOPRESTI; DI BELLA; DEGIOANNI, 2015).

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

38

Entretanto, em pesquisas que acompanham a condição do desenvolvimento das

culturas, deve-se considerar que as variáveis envolvidas são altamente variáveis no tempo e

no espaço, e a produtividade pode ser afetada em curtos períodos de tempo, devido a

condições desfavoráveis ao desenvolvimento (ATZBERGER, 2013). Desta forma, a

utilização do sensoriamento remoto orbital para o monitoramento de grandes extensões

territoriais em tempo real – ou mais próximo possível disto – ainda constitui-se em um

grande desafio (EBERHARDT et al., 2016).

Na avaliação de áreas agrícolas de maneira operacional são requeridas imagens de

sensores que tenham um balanço entre a resolução espacial e a temporal (KOVALSKYY;

ROY, 2013). Geralmente os sensores de imagens orbitais disponíveis de forma gratuita que

possuam alta ou média resolução espacial, como, por exemplo, os sensores do satélite

Landsat 8, possuem baixa resolução temporal, estando, assim, mais sujeitos a períodos

―sem dados‖ da superfície terrestre causados pela incidência de nuvens, em contraste os

sensores como o Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS), a bordo dos

satélites Terra e Aqua, que possui uma alta resolução temporal, mas baixa resolução

espacial, impedindo, muitas vezes, o monitoramento de áreas agrícolas menores

(BISQUERT et al., 2015).

Uma solução para esta situação é a combinação da resolução espacial do sensor

OLI do satélite Landsat 8 com a alta resolução temporal de sensores como o MODIS. Desta

forma, as técnicas de fusões de dados com a utilização de diferentes sensores remotos

torna-se uma alternativa viável e de relativo baixo custo, no sentido de aprimorar a

capacidade das imagens destes sensores no acompanhamento da dinâmica da superfície

da Terra (ZHU et al., 2010).

Dentre os algoritmos de fusão existentes, destaca-se o ESTARFM – Emhanced

Spatial and Temporal Adaptative Reflectance Fusion Model (ZHU et al., 2010), o qual é uma

versão aprimorada do STARFM (Spatial and Temporal Adaptive Reflectance Fusion Model),

desenvolvido por (GAO et al., 2006), e que possuía limitações de predições de imagens em

regiões com características heterogêneas quanto aos alvos que compõem a cobertura da

superfície estudada.

Diversos autores obtiveram bons resultados utilizando estes algoritmos de fusão nas

predições de valores de refletância dos alvos (TEWES et al., 2015; XIN et al., 2013), assim

como para os subprodutos dessas imagens, como o NDVI (OLEXA; LAWRENCE, 2014;

SCHMIDT et al., 2015), com R² em média de 0,8 para a refletância e 0,7 para dados

estimados de NDVI. Porém, ainda há falta de pesquisas e resultados que avaliem a

dinâmica ao longo do tempo do NDVI gerado de imagens sintéticas para o monitoramento

de áreas agrícolas (BISQUERT et al., 2014).

Ressalta-se a possibilidade da utilização do algoritmo de fusão ESTARFM, como

instrumento para confecção de imagens sintéticas, visando aumentar o número de imagens

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

39

no tempo com a resolução espacial adequada para o melhor acompanhamento da dinâmica

da cobertura do solo, permitindo, assim, a obtenção de mais dados e informações em um

espaço curto de tempo, principalmente para culturas agrícolas, as quais possuem ciclo

vegetativo considerado curto, considerando que com certa frequência o seu monitoramento

por imagens de satélite é prejudicado devido à grande incidência de nuvens.

Neste sentido, este trabalho tem por objetivo gerar as imagens sintéticas para o ano

safra de 2014/2015 do município de Cascavel, PR e, especificamente: 1) utilizar o algoritmo

ESTARFM para confeccionar estas imagens e comparar os resultados com dados reais de

imagens Landsat 8 OLI; e 2) avaliar o potencial de utilização dessas imagens sintéticas com

resolução espacial do Landsat-OLI e temporal do MODIS para predição de valores de NDVI

para acompanhamento de uma área agrícola.

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 Área em Estudo

A área de estudo é o município de Cascavel (oeste do Paraná) com latitude 24º 57’

21’’ S e longitude 53º 27’ 19’’ O com solo predominante Latossolo Vermelho Distroférrico

(EMBRAPA, 2010). O clima da região estudada apresenta-se como temperado mesotérmico

e superúmido, tipo climático Cfa (APARECIDO et al., 2016), com temperaturas moderadas,

chuvas bem distribuídas e verão quente. Nos meses de inverno, a média de temperatura é

inferior a 16 °C e, nos meses de verão, as máximas superam 30 °C, com temperatura média

anual de 21 °C.

Figura 1 Localização da área e da cena de estudo. A imagem Landsat-8 (imagem RGB de falsa cor usando as bandas 5,6 e 4) foi adquirida em 05 de dezembro de 2014. É possível notar a predominância de alvos agrícolas, vegetação nativa e reflorestamento

Com relação às culturas que estavam ocupando a área no período de interesse do

trabalho, a primeira foi a soja, semeada nas datas entre 06 e 07 de outubro de 2014 e

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

40

colheita realizada entre os dias 03 e 06 de fevereiro de 2015. Após isso, a cultura sucessiva

foi o milho, com semeadura entre os dias 10 e 12 de fevereiro de 2015 com colheita entre 05

a 09 de junho de 2015. Por fim, após essa data até o início de outubro, o solo esteve

coberto por resteva da cultura milho.

5.2.2 Dados de Satélites

Utilizaram-se as bandas do vermelho (RED) e infravermelho próximo (NIR) entre

outubro de 2014 e outubro de 2015 na órbita/ponto 223/77 do satélite Landsat-8, obtidas

com correção atmosférica, fornecidas gratuitamente pelo USGS (disponível em:

https://earthexplorer.usgs.gov/). Foram selecionadas imagens com percentual de nuvens

inferior a 10%, totalizando apenas oito imagens

Além das imagens Landsat-8, foram utilizadas as bandas do vermelho (b1) e do

infravermelho próximo (b2) dos produtos MOD09GQ e MYD09GQ do sensor MODIS,

plataformas Terra e Aqua, respectivamente. As imagens MODIS também foram obtidas

entre outubro de 2014 e outubro de 2015 na cena h12v11. Os dados MODIS utilizados

foram obtidos gratuitamente pelo USGS (disponível em: https://earthexplorer.usgs.gov/).

5.2.3 O algoritmo ESTARFM

O algoritmo ESTARFM tem como propósito usar a correlação para mesclar fontes

diferentes de dados, minimizando, assim, distorções do sistema. Por conveniência, as

imagens de baixa resolução espacial serão chamadas de resolução grosseira, e as de alta

resolução serão resolução fina. Para dar início ao processamento o algoritmo exige 2 pares

de imagens resolução fina e de resolução grosseira como entrada: o primeiro par é

denominado t1, e o segundo t2, ambos capturados na mesma data. A data que desejasse

realizar a estimativa será chamada de tp. Esta é de data entre t1 e t2 e necessita de uma

imagem resolução grosseira, no caso, imagem MODIS. Assim, o ESTARFM terá condição

de produzir uma imagem sintética na data de predição tp tendo a mesma resolução espacial

das imagens de resolução fina (ZHU et al., 2010).

O algoritmo ESTARFM possui quatro principais etapas: 1) as duas imagens

resolução fina são utilizadas para procurar pixels semelhantes ao pixel central em uma

janela de busca móvel; 2) a distância espectral e espacial entre cada pixel semelhante ao

pixel a ser previsto são utilizados para calcular os pesos (W) de cada pixel semelhante; 3)

emprega-se uma regressão linear dos valores de resolução grosseira nos dois pares

observados (t1 e t2) em comparação com os valores de resolução fina, podendo; assim;

determinar o coeficiente de conversão vi, o qual é utilizado para converter a mudança

encontrada nas imagens resolução grosseira para as imagens resolução fina; e, por fim, 4) a

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

41

imagem resolução fina obtida a partir da resolução grosseira na data de previsão é dada

pela Equação 1.

Eq. (1)

Onde F e C é a imagem resolução fina e resolução grosseira, respectivamente, (x, y)

é a localização do valor do pixel previsto, xi yi é a localização do i-ésimo pixel semelhante e

t0 é a data do primeiro par de imagens de entrada chamado de t1 ou t2. N se trata do

número total de pixels semelhantes incluindo o pixel central da predição dentro da janela

móvel (ZHU et al., 2010).

A metodologia exposta por Gao et al. (2006) apresenta um método de janela móvel,

utilizado para obtenção de maiores informações sobre os pixels vizinhos. A janela móvel é

utilizada para buscar pixels semelhantes dentro desta janela, sendo que tais informações

serão integradas no cálculo da refletância da resolução fina, como descrito na Equação 1,

em que W é o tamanho da janela móvel, e a refletância do pixel central da resolução fina

(xw/ 2, yw/ 2) na data tp pode ser calculada pela Equação 2.

Onde N é o número de pixels semelhantes, tendo incluso o pixel central da

―predição‖, (xi, yi) é a localização do i-ésimo pixel semelhante, e W i é o peso do i-ésimo pixel

semelhante. Os chamados pixels semelhantes são aqueles pixels vizinhos que possuem o

mesmo tipo de cobertura terrestre do pixel central.

As imagens Landsat-8 foram pareadas com imagens MODIS pela data de aquisição

mais próxima. Por exemplo, a imagem Landsat-8 do dia 2 de outubro de 2014 foi pareada

com a imagem MODIS mais próxima, no caso, do dia 3 de outubro de 2014. Foram

formados oito pares Landsat-MODIS que foram utilizados para gerar as imagens sintéticas.

Isto é, dois pares, t1 e t2, foram utilizados para estimar imagem em tp. Foram geradas

imagens sintéticas em 20 datas diferentes, variando os pares de acordo com a data de

estimativa tp, conforme Figura 2.

Eq. (2)

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

42

Figura 2 Esquema das datas correspondentes as cenas Landsat 8 e MODIS utilizadas neste estudo. Os dados MODIS MOD09GQ são produtos diários obtidos nas datas apresentadas. Os pares de imagens utilizados como entrada no ESTARFM estão indicados com numerais

Para avaliação dos resultados, sete imagens sintéticas foram comparadas com

imagens Landsat-8. Foram comparados vermelho, infravermelho e NDVI calculado das

imagens sintéticas com seus respectivos das imagens Landsat-8. As métricas utilizadas

para avaliação foram: diferença médio absoluta, diferença média relativa, desvio padrão e

coeficiente de determinação (R²).

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram geradas imagens sintéticas para 20 datas entre outubro de 2014 e setembro

2015, sendo que, como exemplo, apresentam-se as imagens sintéticas de NDVI entre

14/05/2015 e 17/07/2015 (Figura 3). Deste total, 7 datas foram utilizadas para avaliação da

acurácia da refletância e para a série temporal NDVI foram utilizadas todas as datas. Os

resultados da fusão de imagens para as bandas do vermelho e NIR, foram analisados

usando a imagem inteira, a qual cobre o munícipio de Cascavel. Já os resultados da análise

temporal do perfil temporal de NDVI são demonstrados usando uma área agrícola também

localizada na região de Cascavel.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

43

Figura 3 Comparação entre as imagens observadas posicionadas nas colunas das extremidades da direita e esquerda, com as imagens preditas localizadas na coluna central. O período do exemplo utilizado foi de abril a agosto de 2015. Os pares de imagens utilizados para gerar as imagens sintéticas desse período são os das linhas A e F e coluna 1 e 3. As cenas do exemplo são imagens de NDVI obtidas a partir da banda do vermelho e NIR.

5.3.1 Análise das Imagens Sintéticas

A relação existente entre a imagem observada (Landsat-8) e a sintética (ESTARFM)

mostram uma tendência próxima à linha 1:1, exceto para o caso da imagem do dia

23/02/2015, para o infravermelho próximo (NIR). Os valores de R² variam de 0,9225 a

0,9748 para a banda do vermelho (RED) e de 0,4213 a 0,8913 para a banda do

infravermelho próximo (NIR). Tais resultados indicam que existe boa concordância entre as

imagens observadas e as imagens geradas. Resultados semelhantes foram obtidos por

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

44

(WALKER et al., 2012) fusionando dados MODIS e Landsat, com R² para NIR entre 0,50 a

0,81 e para o vermelho de 0,85 a 0,95.

Alguns pixels com valores discrepantes foram analisados visualmente junto a

imagens de alta resolução do Google Earth e observou-se que a maioria destes pixels

localizava-se em áreas contendo pixels com dados espectrais não homogêneos, devido ao

nível de informações dos alvos serem menores que a resolução espacial Landsat, como

área urbana ou pequenas propriedades agrícolas. Na data 02/08/2015, para a banda do NIR

parte dos pixels tenderam a ficar acima da linha 1:1, devido a algumas áreas amostrais

superestimarem os dados da imagem sintéticas. Já para as datas de 07/02/15 (NIR),

12/04/15 (NIR) e 22/01/15 (RED), alguns pixels tenderam-se a se acentuar abaixo da reta

1:1, o que representa que a imagem sintética apresentou alguns valores menores do que o

observado na Landsat. Tais pixels afetados localizam-se em áreas onde se localizam

nuvens nos dados de entrada utilizados, problema também observado por Wu et al. (2018).

Regiões com pixels não homogêneos na imagem de pior resolução espacial (MODIS)

utilizada na fusão também afetaram no desempenho do ESTARFM, assim como relatado

por Liao et al. (2017), quando utilizaram algoritmo de fusão para monitoramento do NDVI em

áreas agrícolas heterogêneas em Ontario, no Canadá, relatando que pela região ser

composta basicamente de pequenas áreas agrícolas com dimensões menores que 250m,

resultou em muitos pixels com dados espectrais não puros.

A Tabela 1 mostra o resultado das avaliações de precisão realizadas pixel a pixel, e

banda por banda. No caso da média relativa, um valor de 0,1, por exemplo, indica que a

imagem prevista superestimou a refletância média na imagem observada em 10%. O

ESTARFM na faixa do vermelho superestimou e subestimou a refletância média entre 0 a

8,3% e 6,5 a 13%, respectivamente. Já na faixa do NIR, ele superestimou e subestimou a

refletância de 4 a 5,9% e 0,4 a 16%, respectivamente. O desempenho do algoritmo de pior

performance foi da data de 05 de dezembro de 2014. A refletância média é superestimada e

subestimada em relação à imagem de referência Landsat-8 na faixa do vermelho e NIR em

15,5 e 23%, respectivamente. Já para a diferença absoluta, a faixa do vermelho ficou

superestimada, com valor 43, e subestimada em 875,5 na faixa do NIR. No entanto, a

correlação foi alta, indicando uma forte relação entre os dados comparados, em que o R²

para a banda do vermelho e NIR ficaram com valores de 0,95 e 0,83, respectivamente. Na

Figura 4 é apresentado o gráfico de dispersão para as duas bandas, e é possível notar que

não há fortes desvios dos valores em relação à reta 1:1. Tewes et al. (2015) obtiveram

resultados com padrões semelhantes ao aplicar o ESTARFM em imagens RapidEye e

MODIS em regiões semi-áridas do Sul da África, com maiores valores de diferença absoluta

subestimada para a faixa do NIR no valor de -1102,68, erros relativos entre 6 e 12% para

vermelho, e 4 a 9% para NIR.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

45

Tabela 1 Resultados da avaliação pixel a pixel das imagens Landsat 8 e as preditas ESTARFM. Para facilitar a apresentação dos resultados eles foram arredondados. A diferença média absoluta está em unidade de refletância

De maneira geral, os melhores resultados do ESTARFM foram obtidos na banda do

vermelho em comparação com a do NIR. Os resultados encontrados diferem de outros

estudos prévios (HILKER et al., 2009a; TEWES et al., 2015) que atribuem melhores

resultados preditos para o NIR devido à grande influência da contaminação da atmosfera em

ondas curtas como o vermelho. Entretanto, os resultados são semelhantes aos encontrados

por (OLEXA; LAWRENCE, 2014);(GEVAERT, 2015) os quais recomendam a avaliação das

refletância de imagens sintéticas sempre antes de qualquer utilização, uma vez que as

condições específicas do local podem variar ao longo do espectro eletromagnético.

.

Landsat 8 Estarfm Banda Desvio Médio

Absoluto

Desvio Médio

Relativo

Erro por Pixel

05/12/2014 05/12/2014 Vermelho

Infravermelho 43

-875,5 0,155 -0,23

0,11 0,07

0,95 0,83

22/01/2015 22/01/2015 Vermelho

Infravermelho 3

-572 0,016 -0,16

0,06 0,07

0,92 0,77

07/02/2015 07/02/2015 Vermelho

Infravermelho 2

-121 0,009 -0,04

0,08 0,07

0,91 0,71

23/02/2015 23/02/2015 Vermelho

Infravermelho -12 147

-0,065 0,044

0,05 0,04

0,94 0,42

12/04/2015 12/04/2015 Vermelho

Infravermelho 0

-277,5 0

-0,096 0,04 0,03

0,98 0,89

28/04/2015 28/04/2015 Vermelho

Infravermelho 14 164

0,083 0,059

0,06 0,03

0,97 0,87

02/08/2015 02/08/2015 Vermelho

Infravermelho -27 -10

-0,13 -0,004

0,05 0,05

0,96 0,72

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

46

Figura 4. Continua

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

47

Figura 4 Comparação da refletância por pixel das imagens observadas Landsat 8 e as sintéticas previstas usadas para avaliação, conforme mostrado no esquema da Figura 2. A reta 1:1 é colorida em vermelho, e a linha de tendência, em preto. A coluna da esquerda mostra os gráficos de dispersão para a banda do vermelho, já na coluna da direita estão ilustrados os gráficos de dispersão da banda do NIR. No eixo x estão apresentados os valores de refletância do Landsat 8 e no eixo y estão os valores de refletância da imagem predita ESTARFM correspondente.

Tendo as imagens ESTARFM vermelha e NIR de boa qualidade, foi então realizado

o cálculo do NDVI as sete datas em que possuem as imagens Landsat 8, para efeito de

análises, como mostra a Figura 5, em que estão os gráficos de dispersão que apresentam a

comparação pixel a pixel das imagens Landsat 8 observadas e as imagens ESTARFM NDVI

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

48

calculadas a partir das bandas do vermelho e NIR preditas. Os pixels analisados foram os

mesmos das análises das bandas separadas, para os sete pares usados para validação.

Foi observado boa relação entre a imagem observada (Landsat 8) e a predita

(ESTARFM), a qual mostrou uma tendência de dispersão próxima à linha 1:1 em todos os

casos, apresentando valores de R² que variaram de 0,81 a 0,97, mostrando que o valor de

NDVI calculado a partir das imagens ESTARFM possui boa precisão, assim como

observado por Schmidt et al. (2015) utilizando o algoritmo para fusão de imagens RapidEye

e Landsat para predição de valores de NDVI, com R² de 0,88 e 0,838.

Os pixels com valores discrepantes e negativos tiveram análises particulares e

constatou-se que, de maneira geral, se tratavam de locais em áreas urbanas, o que explica

o comportamento, pois pode se tratar de concreto, metal, telhados, entre outros objetos que

apresentem respostas semelhantes. Visualmente, é possível observar que, de modo geral,

em todos os casos os pixels tenderam a ficar abaixo da reta 1:1, mostrando que o

ESTARFM subestimou os valores de NDVI em relação ao Landsat 8, diferindo do padrão

encontrado por Liao et al. (2017). De acordo com Ibn El Hobyb et al. (2017), avaliando o

algoritmo na predição de valores diários de NDVI, os autores verificaram que melhores

resultados foram observados quando a fusão foi realizada em imagens de NDVI e não nas

bandas vermelha e NIR para então proceder ao cálculo do índice. Outro resultado de

destaque foi que os melhores resultados de R² foram obtidos com base em pares de

imagens do meio da época de crescimento das culturas de soja (outubro e dezembro de

2014) e milho (fevereiro a abril de 2015), com as imagens sintéticas de maior acurácia se

encontrarem próximas ao período de pico vegetativo destas. Isso ocorre por conta de que as

variações temporais são relativamente menores no meio da época de crescimento do que

no início da germinação e senescência (ZHU et al., 2017). Desta forma, caso o objetivo de

utilização de fusão de imagens seja o acompanhamento de culturas agrícolas, a escolha de

um bom par de dados de entrada no algoritmo é crucial, uma vez que em testes realizados

neste trabalho, quando utilizado apenas um par de imagens no início e final do ciclo da

cultura, os resultados tiveram significativa redução de precisão na predição dos dados de

NDVI (SENF et al., 2015).

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

49

Figura 5 Comparação por pixel dos valores de NDVI das imagens observadas Landsat 8 e ESTARFM

A Tabela 2 mostra o resultado das avaliações de precisão realizadas pixel a pixel das

imagens de NDVI. O ESTARFM superestimou e subestimou os valores médios de NDVI de

0,1 a 2% e em 0,01 a 1,2%, respectivamente. Os valores médios relativos apresentaram

baixas porcentagens, tendendo sempre a ficar subestimado, exceto para os casos dos

gráficos D e G. Já para a diferença absoluta do NDVI, o ESTARFM superestimou e

subestimou os valores médios de 0,009 a 0,02 e 0,0009 a 0,02, respectivamente Já os

níveis de erro por pixel variaram de 0,6 a 5%, com erros inferiores aos encontrados por

(TEWES et al., 2015), variando entre 5 e 12%.

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

50

Tabela 2 Tabela de Erro do NDVI obtido das imagens Landsat8 e ESTARFM

Landsat 8 Estarfm Banda Desvio Médio

Absoluto

Desvio Médio

Relativo

Erro por Pixel

05/12/2014 05/12/2014 NDVI -0,02 -0,02 0,02 0,96

22/01/2015 22/01/2015 NDVI -0,007 -0,008 0,008 0,93

07/02/2015 07/02/2015 NDVI -0,01 -0,012 0,05 0,82

23/02/2015 23/02/2015 NDVI 0,009 0,01 0,006 0,88

12/04/2015 12/04/2015 NDVI -0,009 -0,01 0,006 0,97

28/04/2015 28/04/2015 NDVI -0,0009 -0,001 0,008 0,96

02/08/2015 02/08/2015 NDVI 0,02 0,02 0,01 0,97

5.3.2 Análise da Série Temporal

As séries temporais de refletância das imagens Landsat 8, ESTARFM e MODIS para

a banda do vermelho e NIR estão expostas na Figura 6. Cada série temporal apresenta

valores médios de refletância extraídos de imagem da área agrícola analisada. Para a

análise da série temporal foram utilizadas amostras de uma área de estudo contemplada

apenas com culturas agrícolas no decorrer do período analisado, já apresentada

anteriormente.

Tal área foi escolhida devido a apresentar quantidades consideráveis de pixels puros

e homogêneos e pelo fato de ter informações in loco do que foi cultivado, bem como datas

de plantio e colheita, o que possibilita melhor análise dos dados das séries temporais.

As imagens utilizadas para gerar as séries temporais do Landsat 8 e MODIS são as

respectivas utilizadas na predição das imagens ESTARFM. O comportamento da série

temporal do ESTARFM está bem equiparado às do Landsat 8 e MODIS, tanto para a banda

do vermelho quanto para a do NIR.

Na banda do NIR existe um considerável desvio da curva da série temporal

ESTARFM da MODIS nas datas 21/12/2014 e 06/01/15, tal desvio se deu pelo fato de haver

nuvens nos pares utilizados na predição e bem como a banda do NIR ser sensível à

presença de nuvens, conforme relatado por Ibn El Hobyb et al. (2017). O algoritmo teve

desempenho superior quando comparado ao STARFM e o The Flexible Spatiotemporal Data

Fusion (FSDAF) na predição de valores diários de NDVI, porém bons resultados são

altamente dependentes da presença de nuvens. Ainda assim, o ESTARFM foi o que melhor

conseguiu lidar com a propagação de erros conforme a diferença entre data da imagem real

e predita aumenta.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

51

Analisando as séries temporais, nota-se que o MODIS tem forte influência nas

predições do ESTARFM, assim como observado por Tewes et. al. (2015). As amplitudes das

curvas ESTARFM mostraram-se semelhantes às curvas Landsat 8 e MODIS (SENF et al.,

2015).

Figura 6 Série temporal das imagens MODIS (cinza), Landsat 8 (laranjado) e ESTARFM (azul), a reflectância da banda do vermelho esta apresentada no gráfico de cima e a do infravermelho próximo no gráfico de baixo.

Observou-se que a série temporal ESTARFM tem forte influência e tende a seguir a

série MODIS, bem como na série Landsat 8, em que houve pico ou constância de

refletância, as curvas tenderam a ter a mesma amplitude. A Tabela 3 compara os valores de

refletância observados no Landsat 8 e nas preditas ESTARFM para as faixas de

comprimento de onda do vermelho e NIR, em toda a série temporal. Os gráficos de

dispersão das imagens analisadas estão ilustrados na Figura 7a e 7b, que também mostra a

relação entre a área de estudada na imagem Landsat 8 e a predita ESTARFM, no decorrer

de toda a série temporal, no qual cada data é representada por uma cor na dispersão. Na

análise da série temporal obtida na área agrícola, foi observado o mesmo padrão com a

banda do vermelho apresentando R² de 0,86, enquanto a do NIR teve o R² de 0,76. Tais

valores de R² são evidentemente menores do que aqueles obtidos nas cenas de avaliação

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

52

da precisão com a imagem toda, o que se dá pelo fato da área conter apenas alvos

agrícolas caracterizado por uma alta dinâmica da cobertura do solo (YIN et al., 2018) e,

consequentemente, tendo regulares mudanças na resposta espectral dos alvos ali

presentes, o que acarreta em desvios dos valores preditos por ESTARFM.

Figura 7 Relação entre a imagem Landsat 8 e a predita ESTARFM analisadas nas séries temporais, no qual cada data é representada por uma cor na dispersão. Tabela 3 Erro Entre Banda do Vermelho e Infravermelho Próximo

Banda Desvio Médio

Absoluto Desvio Médio

Relativo Erro

por Pixel R²

Vermelha Infravermelha

-18 72

-0,03 0,025

0,10 0,12

0,86 0,76

Na Figura 9 encontram-se as séries temporais de NDVI do ESTARFM e Landsat 8,

obtidas pela média dos pixels de toda a área agrícola em estudo, com as barras de erro

representando o desvio padrão. As amplitudes das curvas obtidas pela dinâmica da

vegetação de ambas as imagens apresentaram comportamento visual bastante

semelhantes ao longo da série temporal, assim como observado por Schmidt et al. (2015) e

Senf et al. (2015).

Os valores de NDVI mais baixos ficaram em média próximos a 0,2, durante o período

em que ocorre a colheita das culturas, nos meses de setembro, fevereiro e agosto. Os

valores de NDVI foram aumentando conforme o desenvolvimento das culturas: no início da

série temporal de outubro de 2014 a fevereiro de 2015 a área de estudo recebeu a cultura

da soja, assim, do período de implantação da cultura em meados de outubro houve um

crescimento constante do valor de NDVI até atingir o seu pico, o qual foi aproximadamente

dia 05 de dezembro, com um valor próximo a 0,9; após isso, o valor tendeu a cair

constantemente até próximo a 0,2, período da colheita da soja da área.

A cultura do milho foi implantada após isso, resultando em novo acréscimo dos

valores de NDVI até atingir o seu pico vegetativo, aproximadamente no dia 27 de março,

com o valor próximo de 0,9, e devido ao fato do ciclo fenológico do milho ser mais longo do

que o da soja, estes valores de NDVI de 0,8 a 0,9, aproximadamente, permanecem até final

de maio, quando começam a decrescer até o período de colheita, próximo ao dia 02 de

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

53

agosto, atingindo valor de 0,2. Nos meses de agosto a setembro, o NDVI apresentou

pequeno acréscimo e posterior diminuição de valor. Isso se deu pelo fato de que a área

estava em pousio com presença de palhada e incidência de algumas plantas.

A série temporal de NDVI do Landsat 8 e ESTARFM estão compostas por nove e 20

imagens, respectivamente, datadas entre outubro de 2014 a outubro de 2015. Na Figura 8 é

possível observar a série temporal equivalente às datas do Landsat 8 e ESTARFM, o que

mostra uma tendência dos valores do NDVI do ESTARFM seguirem os do MODIS, com a

diferença do ESTARFM possui uma melhor resolução espacial, equivalente à do

Landsat 8.

Observa-se nas séries temporais (Figura 9) que os mais baixos desvios-padrão de

NDVI estão próximos ao pico vegetativo das culturas. Já os desvios-padrão mais altos foram

observados em épocas de maior dinâmica da cobertura do solo, com destaque para a

colheita e a senescência da soja e milho. Foi observado, na confecção das séries temporais

de NDVI, que o ESTARFM reproduziu com melhor ajuste o padrão da vegetação agrícola,

dependendo fortemente do grau de mudança entre as duas utilizadas nos dados de entrada

(LIAO et al., 2016), e que apresentou limitação em áreas em que a cobertura do solo mudou

entre as datas de predição (ZHU et al., 2016), sendo que quanto maior diferença temporal

entre os dados de entrada e imagem predita, pior será a qualidade dos resultados (OLEXA;

LAWRENCE, 2014).

Figura 8 Série temporal de NDVI gerada com imagens sintéticas e Landsat 8 para o período de estudo analisado

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

54

Figura 9 Série Temporal de NDVI gerada com imagens sintéticas e Landsat 8 com o desvio padrão

A abordagem de fusão forneceu informações adicionais que não seriam capturadas

apenas pela série temporal MODIS ou Landsat isoladamente (TEWES et al., 2015). Desta

forma, com o perfil do NDVI podendo ser acompanhando em resolução temporal do MODIS

e espacial do Landsat, destaca-se que esses dados apresentam enorme potencial de

aplicação, como em estudos de estimativa de datas do ciclo de desenvolvimento de culturas

(JOHANN et al., 2016), assim como melhoram a acurácia da classificação de culturas (ZHU;

RADELOFF; IVES, 2017) e melhoram o acompanhamento da dinâmica da

Evapotranspiração

5.4 CONCLUSÕES

O algoritmo ESTARFM pode ser aplicado para confecção de séries temporais de alta

resolução espaço-temporal pela fusão de imagens Landsat 8 e MODIS para monitoramento

de culturas agrícolas, fornecendo informações adicionais não capturadas pela análise

isolada do MODIS e Landsat 8 isoladamente. A predição do ESTARFM apresentou

melhores resultados para a banda NIR do que para a banda vermelha. Para

acompanhamento de áreas agrícolas, a escolha das datas dos dados de entrada no meio da

época de crescimento é crucial para melhor performance do algoritmo, uma vez que testes

demostraram que utilizar imagens apenas no início e no fim do ciclo reduziu

significativamente a precisão dos valores de NDVI.

5.5 REFERÊNCIAS

ATZBERGER, C. Advances in Remote Sensing of Agriculture: Context Description, Existing Operational Monitoring Systems and Major Information Needs. Remote Sensing, v. 5, p. 949-981, 2013. BISQUERT, M.; BÉGUÉ, A.; PONCELET, P.; TEISSEIRE, M. Evaluation of fusion methods

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

55

for crop monitoring purposes. International Geoscience and Remote Sensing Symposium (IGARSS), p. 1429-1432, 2014. BISQUERT, M.; BORDOGNA, G.; BÉGUÉ, A.; CANDIANI, G.; TEISSEIRE, M.; PONCELET, P. A Simple Fusion Method for Image Time Series Based on the Estimation of Image Temporal Validity. Remote Sensing, v. 7, n. 1, p. 704-724, 2015. EBERHARDT, I. D. R.; SCHULTZ, B.; RIZZI, R.; SANCHES, I. D.; FORMAGGIO, A. R.; ATZBERGER, C.; MELLO, M. P.; IMMITZER, M.; TRABAQUINI, K.; FOSCHIERA, W.; LUIZ, A. J. B. Cloud Cover Assessment for Operational Crop Monitoring Systems in Tropical Areas. Remote SensingRe, v. 8, n. 219, p. 1-14, 2016. GAO, F.; MASEK, J.; SCHWALLER, M.; HALL, F. On the Blending of the Landsat and MODIS Surface Reflectance: Predicting Daily Landsat Surface Reflectance. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, v. 44, n. 8, p. 2207-2218, 2006. GEVAERT, C. A comparison of STARFM and an unmixing- based algorithm for Landsat and MODIS data fusion. Remote Sensing of Environment, v. 156, p. 34-44, 2015. HILKER, T.; WULDER, M. A.; COOPS, N. C.; SEITZ, N.; JOANNE, C. Generation of dense time series synthetic Landsat data through data blending with MODIS using a spatial and temporal adaptive reflectance fusion model. Remote Sensing of Environment, v. 113, n. 9, p. 1988-1999, 2009. IBN EL HOBYB, A.; RADGUI, A.; TAMTAOUI, A.; ER-RAJI, A.; EL HADANI, D.; MERDAS, M.; SMIEJ, F. M. Evaluation of spatiotemporal fusion methods for high resolution daily NDVI prediction. International Conference on Multimedia Computing and Systems. Proceedings […] p. 121-126, 2017.

JOHANN, J. A.; BECKER, W. R.; URIBE-OPAZO, M. A.; MERCANTE, E. Estimating soybean development stages in Paraná State – Brazil through orbital MODIS images. Engenharia Agrícola, v. 36, n. 1, p. 126-142, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010069162016000100126&lng=pt&nrm=iso&tlng=en. Acesso em: 10 jan. 2018. KOVALSKYY, V.; ROY, D. P. The global availability of Landsat 5 TM and Landsat 7 ETM + land surface observations and implications for global 30 m Landsat data product generation. Remote Sensing of Environment, v. 130, p. 280-293, 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rse.2012.12.003. Acesso em: 10 jan. 2018. LEE, E.; KASTENS, J. H.; EGBERT, S. L. Investigating collection 4 versus collection 5 MODIS 250 m NDVI time-series data for crop separability in Kansas, USA. International Journal of Remote Sensing, v. 37, n. 2, p. 341-355, 2016. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/01431161.2015.1125556. Acesso em: 29 jun. 2018. LIAO, C.; WANG, J.; PRITCHARD, I.; LIU, J.; SHANG, J. A spatio-temporal data fusion model for generating NDVI time series in heterogeneous regions. Remote Sensing, v. 9, n. 11, p. 1-28, 2017. LIAO, L.; SONG, J.; WANG, J.; XIAO, Z.; WANG, J. Bayesian method for building frequent landsat-like NDVI datasets by integrating MODIS and landsat NDVI. Remote Sensing, v. 8, n. 6, 2016. LOPRESTI, M. F.; DI BELLA, C. M.; DEGIOANNI, A. J. Relationship between MODIS-NDVI data and wheat yield: a case study in Northern Buenos Aires province, Argentina.

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

56

Information Processing in Agriculture, v. 2, n. 2, p. 73-84, 2015. OLEXA, E. M.; LAWRENCE, R. L. Performance and effects of land cover type on synthetic surface reflectance data and NDVI estimates for assessment and monitoring of semi-arid rangeland. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 30, n. 1, p. 30-41, 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jag.2014.01.008. Acesso em: 10 jan. 2018. SCHMIDT, T.; FORSTER, M.; GARTNER, P.; KLEINSCHMIT, B. Prediction of NDVI for grassland habitats by fusing RapidEye and Landsat imagery. Analysis of Multitemporal Remote Sensing Images (Multi-Temp), p. 1-4, 2015. DOI: https://doi.org/10.1109/Multi-Temp.2015.7245746vvv SENF, C.; LEITÃO, P. J.; PFLUGMACHER, D.; VAN DER LINDEN, S.; HOSTERT, P. Mapping land cover in complex Mediterranean landscapes using Landsat: Improved classification accuracies from integrating multi-seasonal and synthetic imagery. Remote Sensing of Environment, v. 156, p. 527-536, 2015. TEWES, A.; THONFELD, F.; SCHMIDT, M.; OOMEN, R. J.; ZHU, X.; DUBOVYK, O.; MENZ, G.; SCHELLBERG, J. Using RapidEye and MODIS data fusion to monitor vegetation dynamics in semi-arid rangelands in South Africa. Remote Sensing, v. 7, p. 6510-6534, 2015. WALKER, J. J.; DE BEURS, K. M.; WYNNE, R. H.; GAO, F. Evaluation of Landsat and MODIS data fusion products for analysis of dryland forest phenology. Remote Sensing of Environment, v. 117, p. 381-393, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rse.2011.10.014. Acesso em: 10 jan. 2018. WU, M.; YANG, C.; SONG, X.; HOFFMANN, W. C.; HUANG, W.; NIU, Z.; WANG, C.; LI, W.; YU, B. Monitoring cotton root rot by synthetic Sentinel-2 NDVI time series using improved spatial and temporal data fusion. Scientific Reports, v. 8, n. 1, p. 1-12, 2018. XIN, Q.; OLOFSSON, P.; ZHU, Z.; TAN, B.; WOODCOCK, C. E. Toward near real-time monitoring of forest disturbance by fusion of MODIS and Landsat data. Remote Sensing of Environment, v. 135, p. 234-247, 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rse.2013.04.002. Acesso em: 10 jan. 2018. YIN, G.; LI, A.; JIN, H.; BIAN, J. Spatiotemporal fusion through the best linear unbiased estimator to generate spatial resolution NDVI time series. International Journal of Remote Sensing, v. 39, n. 10, p. 3287-3305, 2018. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/01431161.2018.1439202. Acesso em: 10 jan. 2018. ZHU, L.; RADELOFF, V. C.; IVES, A. R. Improving the mapping of crop types in the Midwestern U.S. by fusing Landsat and MODIS satellite data. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 58, p. 1-11, 2017. Disponível em: http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0303243417300120. Acesso em: 10 jan. 2018. ZHU, X.; CHEN, J.; GAO, F.; CHEN, X.; MASEK, J. G. An enhanced spatial and temporal adaptive reflectance fusion model for complex heterogeneous regions. Remote Sensing of Environment, v. 114, p. 2610-2623, 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rse.2010.05.032. Acesso em: 10 jan. 2018. ZHU, X.; HELMER, E. H.; GAO, F.; LIU, D.; CHEN, J.; LEFSKY, M. A. A flexible spatiotemporal method for fusing satellite images with different resolutions. Remote Sensing of Environment, v. 172, p. 165-177, 2016. Elsevier Inc. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rse.2015.11.016. Acesso em: 10 jan. 2018.

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

57

ZHU, X.; LIU, D. Improving forest aboveground biomass estimation using seasonal Landsat NDVI time-series. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, v. 102, p. 222-231, 2015. International Society for Photogrammetry and Remote Sensing, Inc. (ISPRS). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.isprsjprs.2014. Acesso em: 10 jan. 2018.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

58

6. ARTIGO 2: Utilização de imagens sintéticas para mapeamento da evapotranspiração diária em escala de campo.

RESUMO: Muitas das aplicações no gerenciamento de recursos hídricos exigem informações de Evapotranspiração diária (ET) em escala de campo. Entretanto, nenhum sistema de satélite operando atualmente é capaz de capturar a dinâmica da ET de culturas agrícolas, devido às baixas resoluções ou temporal ou espacial dos satélites existentes. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi aplicar o modelo SEBAL e a metodologia do ESTARFM para estimar ET diária em uma propriedade agrícola do Município de Cascavel, Paraná. Imagens MODIS e Landsat 8 OLI/TIRS foram fusionadas para produzir imagens sintéticas entre outubro de 2014 e outubro de 2015. Os resultados observados mostraram que as predições de ET utilizando o ESTARFM quando comparadas aos dados reais de imagens Landsat 8 apresentaram coeficiente de determinação geral de 0,80 em todas as imagens analisadas e variando entre 0,4<R²<0,81, com os melhores resultados obtidos para a cultura da soja. O comparativo entre as séries temporais de ET estimadas com dados sintéticos e reais indicou boa concordância, sendo que a diferença entre as médias sempre esteve menor que 1 mm dia-1. Os resultados mostram que o ESTARFM tendeu a superestimar os valores de ET quando comparados aos dados reais, sendo que a performance foi fortemente afetada quando nos dados de entrada houve mudança na cobertura de solo entre as datas analisadas. Palavras chave: SEBAL, ESTARFM, Fusão de imagens. ABSTRACT: Many applications in water resource management require Evapotranspiration (ET) information at daily and field-level scales. However, no satellite system currently operating is able to capture all the resources of the ET dynamics in agricultural cultures, due to their either low temporal or low spatial resolutions. Thus, the objective of this work was to apply the SEBAL model and the ESTARFM methodology to estimate daily ET in an agricultural property of the Municipality of Cascavel, Paraná. MODIS and Landsat 8 images were fused to produce 8 synthetic images between October 2014 and October 2015. The observed results showed that the predictions of ET using the ESTARFM when compared to the real data of Landsat 8 images had a general determination coefficient of 0.80 in all analyzed images and ranging from 0.4<R²<0.81, with the best results for the soy culture. The comparison between the time series of ET estimated with synthetic and real data indicated good symmetry, and the difference between the means was always less than 1 mm day-1. The results show that the ESTARFM tended to overestimate the ET values when compared to the real data, and the performance was strongly affected when in the input data there had been change in the soil cover between the analyzed dates. Keywords: SEBAL, ESTARFM, Fusion of images.

6.1 INTRODUÇÃO

O aumento na produção de alimentos é tema de crucial importância, tendo em vista a

tendência de crescimento populacional – sendo assim, o aumento da produção agrícola é

importante para a segurança alimentar e energética. Portanto, entender os fatores que

afetam no rendimento da safra, a exemplo da evapotranspiração (ET), será importante para

enfrentar futuras flutuações agrícolas causadas devido à mudança climática global,

demanda de água ou limitações do solo (HOLZMAN et al., 2018).

A utilização da ET na irrigação é mais comum, mas também é cada vez mais

utilizada para determinações judiciais de irregularidade de usuários de água, parametrização

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

59

de modelos hidrológicos, estimativas de biomassa e produção de culturas agrícolas,

planejamento e operação dos recursos hídricos, operação de clima e mudança climática,

modelos de previsão e para a gestão e a alocação de água em regiões com escassez deste

recurso, além da divisão dos recursos hídricos entre estados e nações (ALLEN et al., 2011;

ANDERSON et al., 2012, PAREDES et al., 2015).

A ET é tipicamente modelada usando dados meteorológicos e algoritmos que

descrevem a energia de superfície e as características da vegetação (ALLEN et al., 2011).

Nesse contexto, estimativas de ET obtidas através de sensoriamento remoto baseadas em

dados de infravermelho termal (TIR) vêm se tornando cada vez mais usuais, devido à

variedade de satélites disponíveis (CAMMALLERI et al., 2014; CAMPOS et al., 2017).

Dentre os algoritmos utilizados, o algoritmo SEBAL (Surface Energy Balance

Algorithm for Land) proposto por Bastiaanssen (2000), tem certo destaque, pois pode ser

aplicado em dados radiométricos de qualquer sensor remoto orbital que efetue medidas de

radiância no espectro do visível, infravermelho próximo e infravermelho termal.

Apesar dos grandes avanços tecnológicos nas áreas de sensoriamento remoto e

modelagem ambiental, ainda existem algumas deficiências no conjunto de fonte de dados

atual (lacuna de dados, desvios, calibração imprecisa, resolução espacial ou temporal

baixa), gerando limitações na aplicabilidade do monitoramento de ET em alta resolução

espaço-temporal (ANAPALLI et al., 2018; CAMMALLERI et al., 2014).

Uma vez que nenhum sistema de satélite TIR operando atualmente é capaz de

capturar todos os recursos da dinâmica da ET em passagem agrícola, a abordagem de

fusão de dados usando o Enhanced Adaptive Reflectance Fusion Model (ESTARFM) foi

identificada como meio valioso para combinar mapas ET usando o algoritmo SEBAL

aplicado a dados do Landsat 8 OLI/TIRS de alta resolução espacial e imagens Moderate-

Resolution Imaging Spectroradiometer MODIS de alta frequência temporal. Logo, imagens

sintéticas provenientes da fusão espaço temporal têm grande valia para estudos

relacionados a agricultura, clima e meio ambiente (CAMMALLERI et al., 2014;

MUKHERJEE; JOSHI; GARG, 2014).

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi aplicar o modelo SEBAL e a metodologia

do ESTARFM para estimar ET diária em uma propriedade agrícola. As principais atividades

desenvolvidas foram: 1) Estimar ET diária utilizando imagens sintéticas provenientes de

imagens Landsat 8 OLI/TIRS e MODIS e avaliar a performance do ESTARFM, comparando

com dados de ET com imagens reais do Landsat 8 OLI/TIRS; 2) Analisar temporal e

espacialmente a ET provenientes de imagens sintéticas na propriedade agrícola e avaliar a

sua aplicabilidade.

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

60

6.2 MATERIAL E MÉTODOS

6.2.1 Área em Estudo

A área de estudo é uma propriedade agrícola no o município de Cascavel, Paraná

(Figura 1) com latitude 24º 49’ 35’’ S e longitude 53º 26’ 12’’ O, com solo predominante

Latossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 2010). O clima da região estudada apresenta-

se como temperado mesotérmico e superúmido, tipo climático Cfa (APARECIDO et al.,

2016), com temperaturas moderadas, chuvas bem distribuídas e verão quente. Nos meses

de inverno, a média de temperatura é inferior a 16 °C e, nos meses de verão, as máximas

superam 30 °C, com temperatura média anual de 21 °C.

Figura 1 Localização da área e da cena de estudo. A imagem Landsat-8 (imagem RGB de falsa cor usando as bandas 5,6 e 4) foi adquirida em 05 de dezembro de 2014. É possível notar a predominância de alvos agrícolas, vegetação nativa e reflorestamento

Com relação as culturas que estavam ocupando a área no período de interesse do

trabalho, a primeira foi a soja semeada nas datas entre seis e sete de outubro de 2014 e

colheita realizada entre os dias 03 e 06 de fevereiro de 2015. Após isso, a cultura sucessiva

foi o milho com semeadura entre os dias 10 e 12 de fevereiro de 2015 com colheita entre 05

a 09 de junho de 2015, por fim após essa data até o início de outubro a solo esteve coberto

resteva da cultura milho.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

61

6.2.2 Dados de Satélites

Utilizaram-se 8 imagens entre o período de outubro de 2014 a outubro de 2015 na

órbita/ponto 223/77 do satélite Landsat 8 OLI/TIRS (com percentual de nuvens inferior a

10%), e os produtos MOD09GQ e MYD09GQ do sensor MODIS plataformas Terra e Aqua,

da cena h12v11. Todas as imagens do MODIS foram reprojetadas para projeção Universal

Transversa de Mercator (UTM) usando o MODIS Reprojection Tool (KALVELAGE;

WILLEMS, 2005), re-amostradas para resolução espacial de 30 m usando abordagem de

vizinho mais próximo e recortadas com a mesma extensão das imagens Landsat. As

imagens de ambos os satélites foram fornecidas gratuitamente pelo USGS (disponível em:

https://earthexplorer.usgs.gov/).

6.2.3 O algoritmo SEBAL

O modelo SEBAL foi desenvolvido usando módulos existentes e criados no SIG de

código aberto GRASS (ALEXANDRIDIS et al., 2009). O SEBAL utiliza imagens do espectro

de energia visível, infravermelho próximo e infravermelho termal para calcular o balanço

energético pixel-a-pixel. No SEBAL, o Rn é calculado a partir da refletância de banda larga

medida por satélite e da temperatura da superfície, enquanto G é estimado a partir de Rn,

temperatura da superfície e índices de vegetação. O fluxo de calor sensível H é considerado

proporcional à razão entre a diferença de temperatura do ar da superfície (dT) e a

resistência aerodinâmica (rah). SEBAL usa o particionamento de λET, como descrito em

Bastiaanssen et al. (1998), em que a fração evaporativa (Λ) é calculada de acordo com a

Equação 1.

G -nR

ET

HET

ET

Eq. (1)

Estudos meteorológicos indicam que a fração evaporativa instantânea é quase

constante no tempo (AYENEW, 2003). Assim, em escalas de tempo diárias, ET24 (mm d-1)

pode ser calculado como na Equação 2:

24n24 RΛλ

86400=ET Eq. (2)

Em que: Rn24 (W m−2) é a radiação líquida média de 24 h, λ (J kg−1) é o calor latente de

vaporização.

Em adição às imagens de satélite, o modelo SEBAL requer valores de ET0, sendo

que estes dados meteorológicos foram obtidos do European Centre for Medium‐Range

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

62

Weather Forecasts (ECMWF), fornecidos em seu site, com resolução de 0.125° × 0.125°

(disponível em: http://apps.ecmwf.int/datasets/data/interim‐full‐daily/levtype=sfc).

6.2.4 O algoritmo ESTARFM

O algoritmo ESTARFM tem como propósito usar a correlação para mesclar fontes

diferentes de dados, minimizando, assim, distorções do sistema. Por conveniência, as

imagens de baixa resolução espacial serão chamadas de resolução grosseira, e as de alta

resolução serão resolução fina. Para dar início ao processamento o algoritmo exige 2 pares

de imagens resolução fina e de resolução grosseira como entrada: o primeiro par é

denominado t1, e o segundo t2, ambos capturados na mesma data. A data que desejasse

realizar a estimativa será chamada de tp. Esta é de data entre t1 e t2 e necessita de uma

imagem resolução grosseira, no caso, imagem MODIS. Assim, o ESTARFM terá condição

de produzir uma imagem sintética na data de predição tp tendo a mesma resolução espacial

das imagens de resolução fina (ZHU et al., 2010).

O algoritmo ESTARFM possui quatro principais etapas: 1) as duas imagens

resolução fina são utilizadas para procurar pixels semelhantes ao pixel central em uma

janela de busca móvel; 2) a distância espectral e espacial entre cada pixel semelhante ao

pixel a ser previsto são utilizados para calcular os pesos (W) de cada pixel semelhante; 3)

emprega-se uma regressão linear dos valores de resolução grosseira nos dois pares

observados (t1 e t2) em comparação com os valores de resolução fina, podendo; assim;

determinar o coeficiente de conversão vi, o qual é utilizado para converter a mudança

encontrada nas imagens resolução grosseira para as imagens resolução fina; e, por fim, 4) a

imagem resolução fina obtida a partir da resolução grosseira na data de previsão é dada

pela Equação 3.

Eq. (3)

Onde F e C é a imagem resolução fina e resolução grosseira, respectivamente, (x, y)

é a localização do valor do pixel previsto, xi yi é a localização do i-ésimo pixel semelhante e

t0 é a data do primeiro par de imagens de entrada chamado de t1 ou t2. N se trata do

número total de pixels semelhantes incluindo o pixel central da predição dentro da janela

móvel (ZHU et al., 2010).

A metodologia exposta por Gao et al. (2006) apresenta um método de janela móvel,

utilizado para obtenção de maiores informações sobre os pixels vizinhos. A janela móvel é

utilizada para buscar pixels semelhantes dentro desta janela, sendo que tais informações

serão integradas no cálculo da refletância da resolução fina, como descrito na Equação 3,

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

63

em que W é o tamanho da janela móvel, e a refletância do pixel central da resolução fina

(xw/ 2, yw/ 2) na data tp pode ser calculada pela Equação 4.

Eq. (4)

Onde N é o número de pixels semelhantes, tendo incluso o pixel central da ―predição‖, (xi, yi)

é a localização do i-ésimo pixel semelhante, e W i é o peso do i-ésimo pixel semelhante. Os

chamados pixels semelhantes são aqueles pixels vizinhos que possuem o mesmo tipo de

cobertura terrestre do pixel central.

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para avaliar a performance da ET estimada utilizando imagens sintéticas (ETs)

provenientes do algoritmo ESTARFM, estas tiveram seus valores comparados com os de ET

estimados com dados reais das imagens do Landsat 8 (ETL8). Três índices estatísticos (root

mean square error, RMSE; mean absolute difference, MAD e relative error, RE) foram

empregados para avaliar os resultados de ET.

A ETs e a ETL8 estimadas em resolução espacial de 30 m foram comparadas para os

diferentes alvos (Soja, Milho e resteva do milho), observadas na propriedade avaliada entre

outubro de 2014 a outubro de 2015. O RMSE para soja, milho e resteva foi de 0,42; 0,39 e

2,46 mm dia-1, a MAD foi de 0,22; 0,16, 0,10 mm dia-1, e RE de 13, 8 e 48%,

respectivamente (Tabela 1). Os valores dos erros foram inferiores ao encontrados por

Cammalleri et al. (2014), exceto para o milho, com RMSE variando entre 1,11 a 1,81 mm

dia-1 e RE de 20,8 a 26,6% para áreas irrigadas.

Tabela 1 Análise de Acurácia do algoritmo ESTARFM para dos dados de fusão de Evapotranspiração diária (ET)

Cultura RMSE (mm dia-1) MAD (mm dia-1) RE(%) R2

Soja 0,42 0,22 13 0,81

Milho 0,39 0,16 8 0,79

Resteva 2,46 0,1 48 0,4

Geral 1,81 1,21 30 0,79

Com as análises de regressão foi possível observar que os pontos de dispersão de

maneira geral se concentram próximos à linha x = y (Figura 2). Para o coeficiente de

determinação (R²), comparando as estimativas entre ETS e ETR foi de 0,81 para soja, 0,79

para milho e 0,40 para resteva do milho. Quando analisado para todas as culturas, o

coeficiente geral foi de 0,80, mostrando boa concordância entre os dados analisados, com

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

64

exceção dos resultados encontrados para resteva. Bai et al. (2017), utilizando ESTARFM

para determinação de ET em culturas agrícolas, obtiveram resultado semelhante para a

soja, com R² de 0,79, e resultado superior para o milho, com coeficiente de 0,85.

Observou-se que os piores resultados encontrados tiveram forte influência pelas

datas das imagens utilizadas como dados de entrada para o ESTARFM, com mudança de

cobertura de solo entre as duas datas de milho para soja. Esta alta dinâmica do uso do solo

prejudica a performance do algoritmo, devido a diferentes respostas espectrais dos alvos

(YIN et al., 2018; ZHU; RADELOFF; IVES, 2017).

Figura 2 Comparação entre a ETs (calculado usando imagens sintéticas do ESTARFM) e ETL8 (calculada utilizando dados reais de imagens Landsat 8): (a) Soja, (b) Resteva do milho, (c) Milho, (d) Geral.

Os valores diários de ET estimados com o ESTARFM (ETs) nas 8 imagens

analisadas variaram de 0 a 10,2 mm dia-1 (Figura 3), com média de 6 mm dia-1. A distribuição

de ET refletiu o estágio de desenvolvido das culturas agrícolas desenvolvidas na área de

estudo entre out/14 e out/15. Observa-se que no dia 22/Jan/15 e 05/Out/15 se concentraram

os menores valores de ET, uma vez que na época destas se imagens a cultura de soja se

encontrava na senescência e, na segunda imagem, o solo estava com resteva do milho,

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

65

enquanto os maiores dados foram registrados na imagem de 12/Abr/15, em que o milho

estava no pico vegetativo.

Figura 3 Distribuição espacial da Evapotranspiração (ET) estada com imagens sintéticas para as imagens entre outubro de 2014 e outubro de 2015.

Observa-se nas séries temporais comparativas entre ETL8, ETS e ET0 (Figura 4) que

os valores médios variaram entre 4 a 8 mm dia-1 e que os resultados obtidos pelas imagens

sintéticas representaram com boa precisão os dados quando comparados com imagens

reais do Landsat 8, com diferença entre as médias sempre menor que 1 mm dia-1.

Cammalleri et al. (2013), utilizando fusão de dados em imagens Landsat e MODIS obtiveram

erros da ordem de 0,6 mm dia-1. De maneira geral, o ESTARFM tendeu a superestimar os

dados, com exceção do dia 07/Fev/15.

Com o objetivo de analisar o potencial das imagens sintéticas no acompanhamento

da ET em alta resolução temporal semelhante à do sensor MODIS e espacial do Landsat,

foram analisadas imagens de sintéticas com dados de ET ao longo do ciclo das culturas da

soja e do milho (Figura 5), sendo as datas escolhidas em estádios de desenvolvimento

vegetativo considerados críticos para estresse hídrico, refletindo em diminuição da ET e

perda da produção.

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

66

Figura 4 Séries Temporais de ETL8, ETS e ET0 para as imagens analisadas entre outubro de 2014 e outubro de 2015.

Foi observado que durante o período analisado, principalmente em outubro de 2014,

o total precipitado registrado pelos dados do ECMWF foi bem abaixo do esperado para o

município de Cascavel (CAVIGLIONE et al., 2000), o que pode ter refletido em valores de

ET para a soja sempre abaixo do esperado para a cultura.

A época crítica relacionada ao estresse hídrico da soja corresponde à fase de

floração, correspondentes ao estádios R1 até R6, em que a ET esperada deve estar entre 6

- 8 mm diários (FARIAS et al., 2007). Os estádios reprodutivos em questão iniciam com 54

dias após semeadura, de acordo com Meschede et al. (2004), correspondente à data do

meio de safra do dia 05/12/2014, aproximadamente, a qual apresentou média de ET abaixo

do esperado, com valor de 5,6 mm dia-1.

A ET esperada para o milho em sua época mais sensível ao estresse hídrico deveria

apresentar valores entre 8-9 mm dia-1 em seu estádio R1 (ALBUQUERQUE; RESENDE,

2002) correspondente aproximadamente a imagem do dia 12/04/2015, a qual apresentou a

maior das médias dentre as imagens analisadas, com valor de 8 mm dia. O volume maior de

chuvas registrado no período pode ter contribuído para o resultado observado.

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

67

Figura 5 Médias de ET obtidos para as imagens sintéticas e o valor de ET esperado para cada estádio de desenvolvimento analisado da cultura da soja (a) e milho (b) e total mensal precipitado no período das imagens analisadas (c).

6.4 CONCLUSÕES

O ESTARFM pode ser aplicado para estimativa da ET de alta resolução espaço-

temporal pela fusão de imagens Landsat 8 e MODIS na estimativa do consumo de água por

culturas agrícolas, com melhores resultados encontrados para a soja com R² de 0,81, e os

piores para imagens que continham resteva com R² de 0,41. O Algoritmo apresentou

tendência a superestimar os valores quando comparados a dados reais de imagens Landsat

8.

As imagens sintéticas permitiram o monitoramento sistemático de cultura, podendo

ser analisado datas em período sensíveis ao estresse hídrico da planta, o que não seria

possível somente com os sensores isoladamente.

A escolha das datas dos dados de entrada é essencial para sua performance,

considerando que os piores resultados foram obtidos quando os dados utilizados

apresentaram mudança na cobertura do solo entre as datas analisadas para a área de

estudo.

6.5 REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, P. E. P.; RESENDE, M. Cultivo do milho: manejo de irrigação. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002.

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

68

ALEXANDRIDIS, T. K.; CHERIF, I.; CHEMIN, Y.; SILLEOS, G. N.; STAVRINOS, E.; ZALIDIS, G. C. Integrated methodology for estimating water use in Mediterranean agricultural areas. Remote Sensing, v. 1, n. 3, p. 445-465, 2009. DOI: https://doi.org/10.3390/rs1030445 ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; HOWELL, T. A.; JENSEN, M. E. Evapotranspiration information reporting: I. Factors governing measurement accuracy. Agricultural Water Management, v. 98, n. 6, p. 899-920, 2011. ANAPALLI, S. S.; GREEN, T. R.; REDDY, K. N.; GOWDA, P. H.; SUI, R.; FISHER, D. K.; MOORHEAD, J. E.; MAREK, G. W. Application of an energy balance method for estimating evapotranspiration in cropping systems. Agricultural Water Management, v. 204, p. 107-117, 2018. ANDERSON, M. C.; ALLEN, R. G.; MORSE, A.; KUSTAS, W. P. Use of Landsat thermal imagery in monitoring evapotranspiration and managing water resources. Remote Sensing of Environment, v. 122, p. 50-65, 2012. BAI, L.; CAI, J.; LIU, Y.; CHEN, H.; ZHANG, B.; HUANG, L. Responses of field evapotranspiration to the changes of cropping pattern and groundwater depth in large irrigation district of Yellow River basin. Agricultural Water Management, v. 188, p. 1-11, 2017. BASTIAANSSEN, W. G. M. MENENTI, M.; FEDDES, R. A.; HOLTSLAG, A. A. M. A remote sensing surface energy balance algorithm for land (SEBAL). Journal of Hydrology, v. 212, p. 198-212, 1998. CAMMALLERI, C.; ANDERSON, M. C.; GAO, F.; HAIN, C. R.; KUSTAS, W. P. A data fusion approach for mapping daily evapotranspiration at field scale. Water Resources Research, v. 49, n. 8, p. 4672-4686, 2013. CAMMALLERI, C.; ANDERSON, M. C.; GAO, F.; HAIN, C. R.; KUSTAS, W. P.Mapping daily evapotranspiration at field scales over rainfed and irrigated agricultural areas using remote sensing data fusion. Agricultural and Forest Meteorology, v. 186, p. 1-11, 2014. CAMPOS, I.; NEALE, C. M. U.; SUYKER, A. E.; ARKEBAUER, T. J.; GONÇALVES, I. Z. Reflectance-based crop coefficients REDUX: for operational evapotranspiration estimates in the age of high producing hybrid varieties. Agricultural Water Management, v. 187, p. 140-153, 2017. CAVIGLIONE, J. H.; KIIHL, L. R. B.; CARAMORI, P. H.; OLIVEIRA, D. Cartas Climáticas do Paraná. Londrina: Instituto Agronômico do Paraná, 2000. EMBRAPA. O novo mapa de solos do Brasil: legenda atualizada. Rio de janeiro: Dados eletrônicos - Embrapa Solos, 2011. FARIAS, J. R. B.; NEPOMUCENO, A. L.; NEUMAIER, N. Ecofisiologia da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2007. GAO, F. MASEK, J.; SCHWALLER, M.; HALL, F. On the Blending of the Landsat and MODIS Surface Reflectance: predicting daily landsat surface reflectance. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, v. 44, n. 8, p. 2207-2218, 2006. HOLZMAN, M. E.; CARMONA, F.; RIVAS, R.; NICHÒS, R. Early assessment of crop yield from remotely sensed water stress and solar radiation data. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, v. 145, p. 297-308, 2018.

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

69

KALVELAGE, T.; WILLEMS, J. Supporting users through integrated retrieval, processing, and distribution systems at the land processes distributed active archive center. Acta Astronautica, v. 56, n. 7, p. 681-687, 2005. MESCHEDE, D. K.; OLIVEIRA JR., R. S.; CONSTANTIN, J.; SCAPIM, C. A. Period Before Weed Interference in Soybean: a case-study under low crop density and twofold checks. Planta Daninha, v. 22, n. 2, p. 239-246, 2004. MUKHERJEE, S.; JOSHI, P. K.; GARG, R. D. A comparison of different regression models for downscaling Landsat and MODIS land surface temperature images over heterogeneous landscape. Advances in Space Research, v. 54, n. 4, p. 655-669, 2014. PAREDES, P.; WEI, Z.; LIU, Y.; XU, D.; XIN, Y.; ZHANG, B.; PEREIRA, L. S. Performance assessment of the FAO aquaCrop model for soil water, soil evaporation, biomass and yield of soybeans in North China Plain. Agricultural Water Management, v. 152, p. 57-71, 2015. YIN, G.; LI, A.; JIN, H.; BIAN, J. Spatiotemporal fusion through the best linear unbiased estimator to generate fine spatial resolution NDVI time series. International Journal of Remote Sensing, v. 39, n. 10, p. 3287-3305, 2018. ZHU, L.; RADELOFF, V. C.; IVES, A. R. Improving the mapping of crop types in the Midwestern U.S. by fusing Landsat and MODIS satellite data. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 58, p. 1-11, 2017. ZHU, X.; CHEN, J.; GAO, F.; CHEN, X.; MASEK, J. G. An enhanced spatial and temporal adaptive reflectance fusion model for complex heterogeneous regions. Remote Sensing of Environment, v. 114, p. 2610-2623, 2010.

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

70

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As imagens sintéticas geradas pelo algoritmo ESTARFM apresentadas e utilizadas

neste estudo possibilitaram evidenciar o grande potencial destas serem utilizadas no

mapeamento e no monitoramento agrícola. Um dos principais problemas relatados por

autores que utilizam o sensoriamento remoto para estudos com culturas é a presença de

nuvens nas imagens, sendo este um fator limitante no melhor desempenho dos resultados

esperados – problema ainda maior quando o alvo de interesse for uma cultura anual, como

a soja, que apresenta ciclo em torno de 60 a 120 dias, dependendo, obviamente, de sua

variedade.

Assim, com o primeiro artigo foi possível observar que as imagens sintéticas

derivadas do sensor MODIS e imagens do satélite Landsat 8 OLI/TIRS apresentaram-se

como uma fonte de dados confiável de valores de refletância para as bandas vermelha e

infravermelho próximo, sendo os melhores resultados obtidos para a banda vermelha.

Em um segundo momento, com a avaliação do desempenho das imagens sintéticas

na confecção de valores de NDVI, foi observado que os valores de precisão obtidos foram

altos e se mostraram com boa concordância quando comparados com dados reais de

imagens Landsat 8. Além disso, na série temporal gerada com 20 imagens sintéticas, para

acompanhamento do NDVI ao longo de um ano de dados, possibilitou a geração de

informações extras que não seriam capturas apenas pela série do MODIS ou Landsat

isoladamente. Tais resultados demonstram que ao utilizar as imagens sintéticas para

confecção de NDVI, estudos como estimativa de estimativas de datas do ciclo de culturas e

mapeamento do uso do solo teriam seus resultados possivelmente melhorados devido ao

maior número de imagens com resolução espacial semelhante ao Landsat ao longo do ciclo.

Para as imagens sintéticas empregadas na estimativa de ET fazendo uso do

algoritmo SEBAL, verificou-se que os valores obtidos apresentaram tendência a

superestimar os dados quando comparados com imagens reais, mas os erros só foram altos

quando o solo se encontrava com cobertura com resteva da cultura do milho. Uma das

vantagens mais significativas de se utilizar estes dados foi a possibilidade de estimar

imagens de ET em períodos considerados críticos à falta de água para culturas anuais (soja

e milho), assim sendo possível essas informações serem utilizadas para estimativas de

produção com uma maior precisão e confiabilidade dos resultados.

Observou-se também ao longo dos experimentos que um dos fatores cruciais para

melhor desempenho do ESTARFM foi a escolha das datas das imagens para os dados de

entrada, sendo que quando os dois pares de imagens (antes e depois da data desejada

para estimativa da imagem sintética) apresentaram mudança de cobertura do solo, o

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4480/5/Bruno_Silva_2019.pdf · Leandro, Lekão, Marin, Pedro, Daniel e Japa, que representaram

71

algoritmo produziu resultados bem abaixo do que quando as datas dos pares de entrada

apresentavam a mesma cobertura de solo.

Com isso, recomenda-se para estudos futuros que sejam avaliados o impacto que os

dados de entrada possuem no desempenho do ESTARFM para a produção de imagens

sintéticas, ou seja, quanto a precisão deste diminui caso os pares de entrada de imagem

(antes e depois da data prevista) possuam mudança no uso do solo. Além disso, testar qual

seria o efeito nos resultados se aumentada a distância temporal entre os pares de entrada

de dados. Por fim, testar os desempenhos de outros algoritmos de fusão e verificar qual

melhor se adapta para alvos como culturas agrícolas.