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Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC __________________________________________________________________ Boletim de Conjuntura CRISE ECONÔMICA NO BRASIL Outubro/2016

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Boletim de Conjuntura

CRISE ECONÔMICA NO BRASIL

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1 Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC __________________________________________________________________

Sumário

1. Indicadores da Economia Internacional ................................................................................... 2

1.1 PIB Mundial ................................................................................................................... 2

1.2 Indicadores da economia internacional ....................................................................... 2

2 Indicadores da Economia Brasileira ......................................................................................... 4

2.4 Balança comercial ......................................................................................................... 6

2.5 Inflação .......................................................................................................................... 6

............................................................................................................................................... 7

2.5.1 Inflação Acumulada - Data-Base Segundo Semestre: ................................................. 7

2.6 Produção Industrial: ...................................................................................................... 8

2.7 BNDES .......................................................................................................................... 10

2.8 Setor Automotivo ........................................................................................................ 11

2.9 Perspectivas para o Setor Automotivo ...................................................................... 13

3 Mercado de Trabalho ............................................................................................................ 14

4 Perspectivas Gerais ............................................................................................................... 17

5 Considerações finais ............................................................................................................. 19

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1. Indicadores da Economia Internacional

1.1 PIB Mundial

Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) apresenta as variações do PIB do

Brasil e da economia mundial entre 2011 e 2015, assim como as previsões para os anos

2016 e 2017. Estima-se que, em 2016, a média de crescimento nos países desenvolvidos

será de 1,9%, enquanto que nos países em desenvolvimento, 4,1%.

Ainda sobre as estimativas para 2016, na América Latina e Caribe, espera-se média

negativa em 0,5%. No Brasil, apostam numa redução de 3,3% em 2016, e somente a partir

de 2017 variação positiva, 0,5%.

Tabela 1

PIB Mundial – 2011-2017 (%)

1.2 Indicadores da economia internacional

Para o bem ou para o mal, o desempenho da economia mundial interfere na

economia brasileira. E as duas maiores potências, Estados Unidos e China, merecem

Fonte: World Economic Outlook – FMI – Abril/2016

Elaboração: Subseção do DIEESE / Metalúrgicos do ABC

Observação: 2015-2017 – estimativas

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destaque especial, uma vez que juntos detêm quase ¼1 de todo o comércio mundial e são

os principais parceiros comerciais do Brasil.

Nos EUA, a taxa de desemprego permanece relativamente estável em 2016, sempre

próxima a casa dos 5%. A variação percentual do PIB foi positiva nos últimos quatro

trimestres, mas demonstra atenuação a cada divulgação. No segundo trimestre de 2016, a

economia americana cresceu 1,2% em relação ao mesmo período de 2015.

Em julho/2016, a produção industrial americana retraiu 1,1% em relação ao mesmo

período de 2015; apresenta variação negativa e ininterrupta desde setembro/2015.

As vendas no varejo também permanecem estáveis. Em julho/2016, apresentou

variação de -0,3% depois de quatro meses de alta.

As perspectivas sobre a economia americana têm se apresentado bastante

inconstantes nos últimos anos e não traz panoramas de estabilidade, o que causa incerteza

em toda a economia mundial.

A aproximação do pleito eleitoral entre os candidatos Donald Trump e Hillary

Clinton deve ampliar as turbulências e indefinições.

E assim como os EUA, a China, segunda maior economia mundial tem apresentado

movimentações contundentes na sua economia, a principal delas passa por um processo de

transição do seu modelo econômico. Até então, o país era fortemente voltado às

exportações e infraestrutura e começa a alterar sua plataforma de crescimento,

direcionando-a para o consumo e para os serviços.

O PIB chinês cresceu 6,7% no segundo trimestre do ano na comparação com o

mesmo período de 2015. A taxa de desemprego é estável: em julho, ficou em 4,1%. A

produção industrial cresceu 6,3% no segundo semestre/2016, em relação ao ano anterior.

O crescimento econômico da China chegou em 13% em 2007. Após muitos anos

com taxas acima dos dois dígitos, a previsão para 2017 está entre 6,5% e 7,0%.

1 Dados da WTO – Word Trade Organization – in: International Trade Statistics 2015

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Os rumos da economia chinesa causa tensão em todo o mundo e precisam ser

observados de perto.

Tabela 2

Indicadores Econômicos

Países Selecionados – 2016

2 Indicadores da Economia Brasileira

2.1 PIB Trimestral

Pelo sexto trimestre seguido o PIB brasileiro apresenta resultados negativos.

Segundo o IBGE, no segundo trimestre/2016, a redução foi de 0,6%.

O resultado aponta que a recessão perde fôlego, uma vez que depois de 10 quedas

seguidas os investimentos voltaram a apresentar variação positiva: alta de 0,4%. Outro

dado positivo foi o desempenho da indústria, que após sucessivas quedas se estabilizou

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com pequena elevação de 0,3%. E ainda, o menor ritmo da contração no consumo das

famílias (-0,7%) também sinaliza positivamente para o fim da recessão.

Os setores de serviços e agropecuária recuaram 0,8% e 2,0%, respectivamente. As

comparações são referentes ao trimestre imediatamente anterior.

2.2 Reservas Internacionais

O Brasil conta com uma quantidade considerável de reservas internacionais – US$

369,60 bilhões – e é o sexto país com maior volume, superando a Alemanha (US$ 183,95

bilhões) e o Reino Unido (US$ 147,42 bilhões). A China é o país que detém maior reserva

de dólares (US$ 3,18 trilhões).

Na atual crise interna, e, diante de um cenário de instabilidade nas principais

economias, o acúmulo da moeda estrangeira pode minimizar a vulnerabilidade do país

frente a economia mundial.

Esse volume permite ao Banco Central - BC brasileiro maior flexibilidade na

condução da política monetária. Quando os investidores internacionais resolvem retirar

divisas do mercado em grande quantidade, nossas reservas podem neutralizar os impactos

negativos. O BC pode intervir disponibilizando dólares em grandes volumes, e, assim, a

oferta da moeda americana impede a desvalorização excessiva do real.

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2.3 Conta corrente

A previsão do Banco Central para as transações correntes, em 2016, aponta para

um déficit de US$ 15 bilhões. Em 2015, o déficit em conta corrente2 foi de US$ 58,90

bilhões. Nos sete primeiros meses de 2016, o déficit soma US$ 12,54 bilhões, contra US$

43,57 bilhões em igual período do ano anterior.

2.4 Balança comercial

As exportações brasileiras superaram as importações ocasionando um superávit de

US$ 32,37 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2016. Os dados são do Ministério

da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

Este é o melhor resultado para o intervalo (janeiro a agosto) em 28 anos. Até então,

o maior saldo para o período havia ocorrido em 2006, quando foi contabilizado um

superávit de US$ 29,74 bilhões.

Economia enfraquecida, renda em queda e diminuição da demanda por produtos e

serviços importados, associados ao elevado patamar do câmbio, são elementos que

justificam esse resultado.

2.5 Inflação

Em 2015, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, registrou 10,7%,

alcançando dois dígitos, maior índice desde 2002, quando registrou 12,5%. Naquele ano, a

2 É um dos principais resultados computados no balanço de pagamentos. A conta corrente, ou conta de

transações correntes, reúne a balança comercial (exportações e importações) e a balança de serviços (transportes, seguros, remessas e recebimento de juros e lucros, rendas e transações unilaterais). Somente não contabiliza o investimento direto e os créditos financeiros. O saldo em conta corrente é visto de várias formas: indica se os habitantes de um país estão concedendo ou tomando empréstimos do resto do mundo; o déficit menos o investimento estrangeiro direto líquido mostra a necessidade de financiamento externo;

modelos pós-keynesiano e estruturalista consideram o déficit em conta corrente como uma das principais restrições ao crescimento econômico; outros interpretam que o déficit, ao contrário, pode resultar de expectativas otimistas sobre o crescimento econômico futuro. O Brasil historicamente tem saldo negativo em conta corrente, mas de 2003 a 2007 teve um período contínuo de saldo positivo. (SOUZA, Jorge Luiz de. Desafio do Desenvolvimento – IPEA)

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economia brasileira cresceu 3,1% (PIB). Neste ano, no acumulado de doze meses até

agosto, está em 8,9%.

A diferença é que o cenário atual apresenta uma combinação complicada de altas

taxas de inflação e recessão, simultaneamente. Esperava-se que, com o desaquecimento

da economia, a inflação voltasse ao centro da meta, no entanto, resiste e não dá sinais de

trégua. Todo o instrumento de política monetária não tem surtido efeito, exemplo disso são

as taxas de juros que vem se elevando sistematicamente, ocupando espaço entre as maiores

do mundo, porém não consegue conter a inflação.

Gráfico 1

Indicadores de Preços - ICV-DIEESE / IPCA-IBGE

Brasil - 2015-2016

2.5.1 Inflação Acumulada - Data-Base Segundo Semestre:

Ainda que os indicadores de inflação, desemprego e desempenho econômico não

estejam em patamares considerados positivos, o segundo semestre reúne datas-bases de

categorias com importante capacidade de mobilização; espera-se algum nível de melhora

Fonte: IBGE/DIEESE Elaboração: Subseção DIEESE/SMABC

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nas negociações. A inflação acumulada (INPC) para as datas bases de setembro ficou em

9,6%.

Estudo recente do DIEESE mostra que as negociações no primeiro semestre deste

ano tiveram resultados mais favoráveis nos meses mais recentes, do que os fechados entre

janeiro e março, período em que pouco mais da metade dos trabalhadores tiveram a garantia

da reposição da inflação em seus salários.

Dos acordos fechados no âmbito da indústria neste primeiro semestre, os

metalúrgicos tiveram resultados mais favoráveis. Em média, 46% dos acordos na indústria

de transformação garantiram a inflação acumulada dos 12 meses e apenas 21% resultaram

em ganhos reais. Do total de acordos de metalúrgicos, 87,0% garantiram o poder de

compra, e destes, 39,0% conquistaram aumentos reais.

2.6 Produção Industrial:

Em julho de 2016, a produção industrial nacional cresceu 0,1% em relação ao mês

imediatamente anterior, é o quinto resultado positivo mensal, acumulando neste período de

alta 3,7%. O setor de bens de capital assinalou queda de 2,7%, interrompendo seis meses

consecutivos de crescimento na produção, neste período acumulou crescimento de 14,7%.

Os setores de bens de consumo duráveis (-16,2%) e bens de capital (-11,9%)

apresentaram as maiores reduções na comparação anual. Dar especial atenção ao

seguimento de bens de capital é importante, pois aponta o desempenho dos investimentos

das empresas.

Ainda sobre o setor de bens de capital, de acordo com os dados apurados pela

Abimaq, o consumo aparente3 de máquinas e equipamentos, em junho somou R$ 5,87

bilhões em valores correntes, evolução de 56,7% em relação ao mês imediatamente

anterior; em maio, havia-se apurado um acréscimo de 2,8% em relação a abril. Ainda é

3 Consumo aparente: Produção + Importações – Exportações

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prematuro falar em recuperação. Os resultados dos próximos meses precisam continuar

avançando, o que ainda é incerto.

A produção física mensal por segmento econômico, de julho, em relação a igual

mês do ano anterior, mostra que a indústria geral apresentou queda de 6,6%. É a vigésima

nona taxa negativa em sequência para essa comparação. O setor de metalurgia retraiu 1,4%

na comparação anual, mas avançou 1,6% em julho sobre o mês anterior.

O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias retraiu 13,8% no ano. Nos

últimos meses, o setor vinha apresentando recuperação. No mês anterior apresentou

expansão de 5,5%, mas voltou a cair em julho (-1,7%).

E os dados apresentados no relatório da Pesquisa Conjuntural do Sindipeças, mostra

que o setor de autopeças apresentou queda da produção industrial de 0,9% em julho, em

relação a junho/2016, na comparação com julho do ano passado, o resultado foi negativo

em 10,9%.

. Gráfico 2

Variação Mensal da Produção Industrial

Brasil – 2015-2016 (%)

Fonte: PIM-IBGE Elaboração: Subseção DIEESE/SMABC

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2.7 BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos

mais importantes bancos de desenvolvimento do mundo e o principal instrumento do

Governo Federal para o financiamento de longo prazo dos investimentos em todos os

segmentos da economia brasileira.

Com o desaquecimento da economia o BNDES diminuiu os desembolsos do

primeiro semestre em 42,0%, somando R$ 40,12 bilhões, mediante R$ 69,17 bilhões do

mesmo período do ano passado.

O setor de Infraestrutura, que tem a maior participação (32,3%), teve uma redução

de 50,0%. A indústria, que tem participação de 29,5%, teve os desembolsos reduzidos em

42%.

Retomando as políticas de privatizações ocorridas nos anos 1990 pelo governo

FHC, o governo Temer lançou, em setembro/2016, o Programa de Parcerias de

Investimentos (PPI) e coloca o BNDES como o principal condutor do programa de

concessões e privatizações dos ativos públicos.

O BNDES vai ofertar cerca de R$ 30,00 bilhões em dinheiro, com juros subsidiados

às empresas do setor privado, para concessões e privatizações de 34 projetos em rodovias,

ferrovias, portos, aeroportos, mineração, petróleo, gás e energia elétrica. Assim como nos

anos 1990, o governo financiará o desmonte das empresas públicas.

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Tabela 3

Desempenho Setorial do BNDES

Brasil - Primeiro Semestre 2016 (R$ milhões)

2.8 Setor Automotivo

Há uma grande expectativa para que, finalmente, as vendas de autoveículos

encerrem seu processo de queda e voltem a apresentar variação positiva. No acumulado do

ano, entre janeiro e agosto/2016, as vendas totais somaram 1,35 milhão de unidades, uma

retração de 23,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No segmento de pesados,

Fonte: Banco Central do Brasil

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as vendas de caminhões (34,7 mil unidades) e ônibus (8,6 mil unidades), tiveram as maiores

quedas: -30,1% e -30,7%, respectivamente.

Em agosto, os licenciamentos de autoveículos somaram 178,3 mil unidades, alta de

1,9% em relação ao mês imediatamente anterior. É o quarto mês consecutivo de

crescimento, mas ainda assim, quando comparado ao mesmo mês do ano anterior, as

vendas foram menores em 23,4%.

Os autoveículos importados acumularam vendas de 187,9 mil unidades de janeiro

a agosto deste ano, redução de 34,4% sobre o período de 2015. Além do desaquecimento

da economia, a taxa de câmbio atual e as exigências do Programa Inovar-Auto, impactam

favoravelmente nas vendas de importados no país.

Tabela 4

Indicadores de Vendas Automotivas

Brasil – 2015-2016 (acumulado de janeiro a agosto)

Fonte: ANFAVEA

Elaboração Subseção do DIEESE

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A produção de autoveículos (carros, comerciais leves, caminhões e ônibus) no

Brasil despencou 20,1% no acumulado do ano (janeiro a agosto) em comparação ao mesmo

período do ano passado. No início do ano, a previsão da ANFAVEA era de crescimento de

0,5% em 2016. Com o desempenho atual, a previsão foi reajustada para uma redução de

5,5%.

Já as exportações, beneficiadas pela taxa de câmbio, demonstram o segundo

indicador com resultado favorável. Entre janeiro e agosto, o Brasil vendeu para o exterior

cerca de 312,4 mil unidades de veículos, alta de 19,6% em relação ao mesmo período do

ano passado. Em 2015, a participação das exportações sobre a produção foi de 17,2%. Com

o crescimento das exportações em 2016 e a redução das vendas no mercado interno, essa

participação passou para 22,6%.

Tabela 5

Produção e Exportações de Autoveículos

Brasil – 2015-2016 (acumulado de janeiro a agosto)

2.9 Perspectivas para o Setor Automotivo

A ANFAVEA avalia que, a partir do início do próximo ano, a indústria

automobilística deve iniciar seu processo de retomada. Mas as previsões para 2016 ainda

são negativas, com redução em todos os segmentos, exceção para as exportações que,

Fonte: ANFAVEA

Elaboração Subseção DIEESE / Metalúrgicos ABC

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14 Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC __________________________________________________________________

seguindo sua previsão, deve chegar a 507 mil unidades no ano, com crescimento de 21,5%.

Do ponto de vista da produção nacional e do emprego, a diminuição das importações é

igualmente percebida como indicador positivo.

Por outro lado, a produção e os licenciamentos totais devem se reduzir em 5,5% e

19,0%, respectivamente.

Quadro 1

Realizado e previsões de Produção, Vendas e Exportações, segundo a ANFAVEA

Brasil – 2015-2016

3 Mercado de Trabalho

A trajetória de crescimento da economia brasileira dos últimos 20 anos foi

duramente interrompida em 2014 e levou o país a uma recessão econômica das mais

intensas da sua história.

Este cenário de crise econômica, política e social atinge diretamente aos

trabalhadores que sofrem com os ataques do patronato e segmentos do governo que operam

para flexibilizar direitos.

O rompimento da crise econômica se dá através do crescimento da produção, do

emprego e da renda dos trabalhadores. Mas todas as medidas anunciadas pela equipe

econômica do governo no período recente (terceirização - PL 4330, elevação do limite da

Fonte: ANFAVEA

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15 Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC __________________________________________________________________

jornada diária para 12 horas, negociado sobre legislado, aumento do tempo de contribuição

à Previdência, entre outras) vão na contramão da geração do emprego de qualidade, formal,

com benefícios sociais e precarizam as condições de trabalho e renda.

Os trabalhadores com carteira assinada no país foram estimados em 47,412 milhões

de pessoas em julho de 2016, saldo negativo de 91,6 mil postos de trabalho no referido

mês. Com esse resultado, já somam 16 meses seguidos em que as demissões superam as

contratações. O último saldo positivo registrado havia ocorrido em março de 2015, quando

as contratações superaram as demissões em 36 mil empregos.

Os resultados demonstrados são do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e

foram extraídos dos registros da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. Eles consideram informações

encaminhadas pelas empresas ao MTE dentro e fora dos prazos.

Gráfico 3

Evolução e Saldo do Emprego Formal

Brasil – 2015-2016 (milhões)

Fonte: MTE. Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC. (*) Estimativa até julho/2016

Elaboração: Subseção do DIEESE/SMABC

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16 Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC __________________________________________________________________

Entre julho de 2015 e julho de 2016, foram fechados 1,706 milhão de postos de

trabalho. Todos os segmentos apresentaram redução das ocupações. A indústria de

transformação foi o segmento mais afetado, com o fechamento de 539,3 mil postos de

trabalho, seguido pelo setor de serviços, com a eliminação de 438,3 mil, a construção civil,

com 410,6 mil, o comércio, com 279,4 mil. Outros segmentos fecharam 38,9 mil postos de

trabalho.

Gráfico 4

Saldo do Emprego com Carteira, por Setores de Atividade Econômica

Brasil - Julho/2015 a Julho/2016 (mil)

E o aumento do desemprego vem acompanhado pelo aumento da informalidade.

Quando o trabalhador perde o emprego, umas das alternativas é recorrer à contratação

informal. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua

(PNAD Contínua), o volume de trabalhadores na informalidade chegou a 10,160 milhões

no último período, ou seja, de maio a julho, com crescimento de 5% em relação ao início

do ano.

Fonte: MTE.

Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC. (*) Estimativa até julho/2016

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17 Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC __________________________________________________________________

4 Perspectivas Gerais

Diante de uma crise de grandes proporções, como a atual, o que mais se espera é a

chegada do ponto de inflexão da economia, momento onde os indicadores param de cair e

inicia-se o processo de estabilidade, para somente então partir para a retomada da

economia.

Os grandes números da economia permanecem acumulando resultados negativos

na comparação anual. No entanto, alguns indicadores de referência têm apresentado

avanços na relação mensal. Este é o caso, por exemplo, do setor de bens de capital citado

no contexto deste estudo, que contabiliza seis meses consecutivos de crescimento.

Outro dado relevante na apuração do clima econômico é o desempenho das vendas

no varejo, uma vez que apura as vendas diretas aos consumidores finais.

Em julho, as vendas no comércio varejista4 apresentaram redução de 0,3% no

volume de vendas, após alta de 0,3% em junho.

Já o comércio varejista ampliado5 apresentou variação negativa de 0,5% sobre o

mês anterior, na série com ajuste para o volume de vendas.

No acumulado do ano (janeiro a agosto), as vendas no comércio varejista

apresentaram variação negativa de 6,7% e o comércio varejista ampliado redução de 9,4%.

Ainda nessa perspectiva, vale observar o desempenho da expedição de caixas,

acessórios e chapas de papelão ondulados, divulgados pela Associação Brasileira de

Papelão Ondulados - ABPO. A indústria e o comércio são os principais consumidores

4 Comércio varejista: Combustíveis e lubrificantes; hipermercados e supermercados; produtos alimentícios; bebidas e fumo; tecidos, vestuário e calçados; móveis e eletrodomésticos; artigos farmacêuticos, médicos e ortopédicos; perfumaria; livros, jornais, revistas e papelaria, equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação e outros artigos de uso pessoal e doméstico. 5 Comércio varejista ampliado: veículos, motos, parte, peças e material de construção.

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destes produtos, assim sendo, o crescimento deste segmento é um bom indicador para

avaliar a conjuntura.

Em agosto, a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulados

somaram 287,2 mil toneladas, evidenciando crescimento de 3,1% em relação ao mês

imediatamente anterior. Este já é o terceiro mês consecutivo de crescimento, contudo, no

acumulado do ano, registra redução de 1,4% sobre o mesmo período de 2015. Os dados do

setor mostram desaceleração da queda. Se mantiver esse ritmo, nos próximos meses poderá

haver uma inversão do saldo acumulado.

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5 Considerações finais

É prematuro afirmar que o Brasil está no ponto de inflexão da economia, no entanto,

de uma forma geral, pode-se sugerir que o país está diante de um processo de desaceleração

no ritmo de desaquecimento econômico.

O cenário de instabilidade política, responsável por parte significativa da recessão

atual está longe de ter um desfecho, o que impede qualquer previsão mais assertiva sobre

os rumos da economia.

Como se pôde observar, os últimos meses acentuaram um conjunto de indicadores

com variações positivas nas comparações mensais. Ainda assim, quando comparado ao

mesmo período de 2015, que se colocou como uma base fraca (vide a queda do PIB de

3,8%), esses indicadores permanecem negativos.

A crise no Brasil não se limita a indicadores ruins resultantes da crise econômica

interna ou das conjecturas internacionais. O país passa por uma crise institucional de ataque

à democracia, de descrédito dos agentes econômicos e sociais dos três poderes (legislativo,

executivo e judiciário), dificultando demasiadamente o processo de retomada.

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FICHA BIBLIOGRÁFICA

Título: Boletim de Conjuntura Econômica – Crise Econômica no Brasil Autoria: Subseção DIEESE / Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Equipe técnica responsável: Zeíra Mara Camargo de Santana, Warley Batista Soares, Silvana Martins de Miranda, José Luiz Lei e Douglas Meira Ferreira Foto/Capa: Edu Guimarães Resumo: Os macros indicadores econômicos do Brasil e a possibilidade de inflexão da economia Palavras-chave: conjuntura, economia, perspectivas, retomada da economia Diretório: M:\Conjuntura – Boletim de Conjuntura Econômica Outubro/2016