universidade estadual do cearÁ prÓ-reitoria de … · ao amigo daniel couto uchoa, que tive o...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
MÍRLEY BARBOSA DE SOUZA
ULTRASSONOGRAFIA BIDIMENSIONAL E DOPPLER COMO
FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DE TESTÍCULOS DE CÃES SADIOS
FORTALEZA
2011
MÍRLEY BARBOSA DE SOUZA
ULTRASSONOGRAFIA BIDIMENSIONAL E DOPPLER COMO FERRAMENTA
PARA AVALIAÇÃO DE TESTÍCULOS DE CÃES SADIOS
FORTALEZA
2011
Dissertação apresentada no Programa de Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de
Veterinária da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciências Veterinárias.
Área de concentração: Reprodução e Sanidade
Animal
Linha de pesquisa: Reprodução de Carnívoros,
Onívoros, Herbívoros e Aves.
Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da
Silva
S729u Souza, Mírley Barbosa de Ultrassonografia bidimensional e Doppler como
ferramenta para avaliação de testículos de cães sadios / Mírley Barbosa de Souza. — 2011.
78 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual do
Ceará, Faculdade de Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Fortaleza, 2011.
Área de Concentração: Reprodução e Sanidade Animal. Orientação: Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva. Co-orientação: Profa. Dra. Ticiana Franco Pereira da Silva. 1. Testículo. 2. Ultrassonografia. 3. Doppler. 4. Pequeno
animal – cães. I. Título. CDD: 636.0895
MÍRLEY BARBOSA DE SOUZA
ULTRASSONOGRAFIA BIDIMENSIONAL E DOPPLER COMO
FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DE TESTÍCULOS DE CÃES
SADIOS.
Aprovada em: 07/12/2011
Banca Examinadora
___________________________________________
Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva
Universidade Estadual do Ceará
Orientadora
___________________________________________
Profa. Dra. Carmen Lice Buchmann de Godoy
Universidade Federal de Santa Maria
Examinadora
___________________________________________
Dra. Ticiana Franco Pereira da Silva
Universidade Estadual do Ceará
Examinadora
Dissertação apresentada no Programa de Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de
Veterinária da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciências Veterinárias.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Marley e Mirtes, meu
irmão Marley Jr, minha irmã e
companheira de todas as horas, Michele;
e minhas “irmãs” de coração, Mila e Mel.
Aos animais utilizados nesse trabalho, por
ter permitido a realização desse estudo.
Dedico.
HOMENAGEM
Ao meu avô, Francisco Augusto Alves
dos Santos, que partiu desse plano antes
da conclusão desse trabalho, mas que até
quando pôde me apoiava e se preocupava
com tudo. E agora sei que acompanha a
finalização do mestrado com um sorriso
no rosto e música no coração.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual do Ceará, em especial ao Programa de Pós Graduação
em Ciências Veterinárias, assim como aos professores e funcionários pela oportunidade
de realização de mais um degrau na minha formação profissional.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
suporte financeiro durante o mestrado acadêmico.
Aos meus pais, Carlos Marley de Souza e Maria Mirtes Barbosa de Souza, pelo
apoio moral em todos os momentos de minha vida e pela confiança na minha
capacidade, que são as heranças que guardarei para mim.
Aos meus irmãos, Carlos Marley de Souza Júnior, que com sua experiência
acadêmica pôde me transmitir dicas preciosas na realização desse trabalho e Michele
Barbosa de Souza, pela paciência de aguentar as horas de estresse na finalização do
trabalho.
À minha orientadora, Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva, por ter
primeiramente me aceitado como membro da sua equipe e acreditado na proposta que
trouxe, pela orientação durante a execução do trabalho e por servir de exemplo, não só
profissional, mas principalmente exemplo de pessoa, com integridade nas atitudes e
amor pelo que faz.
Ao Professor Dr. Cláudio Cabral Campello, pela ajuda na análise estatística,
tempo e paciência para transformar números em texto.
Aos meus primos, Lucy Barbosa Alves e Rodrigo César Cavalcante Abreu, que
também se dispuseram de tempo para análise estatística, além do apoio e treinamento
para minhas aulas da graduação.
À Dra. Ticiana Franco Pereira da Silva, pela ajuda desde o início, em me treinar
para a seleção, ajudar na escrita do projeto e estar sempre disposta em contribuir tanto
na parte profissional quanto no lado pessoal, mostrando caráter verdadeiramente cristão.
À Médica Veterinária, MSc. Lucilma Gurgel Leite, que primeiramente me
mostrou o mundo da Veterinária, para depois inspirar a paixão pela ultrassonografia e
por sempre ter acreditado em mim.
A Clínica Boghos Boyadjian, pela concessão de estágio.
Ao Médico, Dr. Francisco Nilton Medeiros, que me recebeu de braços abertos
como sua estagiária, me apresentou a ultrassonografia Doppler, teve a paciência de me
orientar e ensinar a interpretação dos exames realizados por ele e ainda por ter me
inspirado o projeto que hoje vejo concluído.
Aos membros do Laboratório de Reprodução de Carnívoros (LRC): Antônio
Cavalcante Mota Filho, Barbara Sucupira Pereira, Cynthia Levi Baratta Monteiro,
Carlos Henrique de Andrade Teles, Herlon Victor Rodrigues Silva, Henna Roberta
Quinto, José Nicodemos Pinto, Luma Morena Passos Freire, Victor Leão Hitzschky
Madeira, que se tornaram parte da minha família durante esse período, pela disposição
em ajudar e contribuir para ampliar meus conhecimentos.
Ao amigo Daniel Couto Uchoa, que tive o privilégio de conhecer melhor durante
esse período, sempre com um sorriso no rosto e disposição para ajudar, não só pela
contribuição técnica, mas por ter se tornado um amigo com quem posso contar.
À colega de laboratório, que se tornou amiga e que hoje considero irmã, Cláudia
da Cunha Barbosa, pelo exemplo de força e determinação, pela forma como encara a
vida que servem de exemplos, pela capacidade intelectual e disposição para ajudar
sempre, por revisar muitas e muitas vezes os artigos e a dissertação. Além disso, pela
amiga que compartilha a praia, as farras, o pastel. Com quem ri bastante, com quem
dividi as lágrimas e que estava presente quando mais precisei de apoio, seja acadêmico
ou pessoal.
Aos amigos da Pós-Graduação, em especial a Kaline de Medeiros Nascimento,
por todas as vezes que compartilhou os estresses de mestrado e apoio durante esse
período.
Aos amigos Aline Colares Camurça dos Santos, Ana Paula Domingos Brito,
Fabiana Vinhas Rodrigues, Tainah Pinheiro Moreira, Thiago Pinheiro de Souza, pelo
apoio durante essa jornada, entendendo todas as vezes que desmarcava programas para
me dedicar ao mestrado, que vibraram com as vitórias obtidas a cada passo concluído e
que sei que sempre estarão comigo.
À minha professora, amiga, mãe, irmã, Andrea Almeida do Amaral Cordeiro,
que sorriu, chorou, vibrou, compartilhou histórias, sofreu com os prazos tanto quanto
eu, que ajudou sempre que podia. Por todas as manhãs que se iniciavam com uma longa
conversa ao telefone para começar o trabalho bem, por entender só pela voz que eu
precisava de um pouco de colo, por me incentivar a acreditar em mim, por cuidar das
minhas alergias e ainda brigar quando ficava perto dos gatos, que passava o tempo
comigo quando o estresse falava alto, só para me ver bem, por dividir alegrias e
tristezas, enfim, por compartilhar a vida comigo, que além de tudo me emprestou seu
consultório para que eu pudesse terminar de escrever com sossego. É uma pessoa mais
que especial que tive a bênção e privilégio de conhecer.
À minha pequena amiga, Maria Clara Cordeiro Guedes, que com apenas um
sorriso e um abraço, conseguia dissipar todas as nuvens pesadas, todas as preocupações
e frustrações que podiam estar comigo. Que naqueles momentos juntas, sou só a „Bila‟,
que brinca de massinha, pula, dança e desenha e em muitos momentos me salvou de
somatizar o estresse do trabalho.
Agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para mais essa
realização. Muito obrigada!
RESUMO
A ultrassonografia bidimensional com Doppler permite o estudo de órgãos, como os
testículos, quanto sua ecogenicidade e perfusão sanguínea. O Triplex Doppler já está
bem consolidado como técnica de diagnóstico em humanos, podendo ser utilizado na
identificação de infertilidade. Na Medicina Veterinária, poucos trabalhos enfocam a
importância desse exame. Com isso, o presente trabalho foi dividido em duas partes e
que tiveram como objetivo geral descrever os padrões ultrassonográficos dos testículos
com a mensuração do volume testicular pelo modo bidimensional e por paquímetro
além de utilizar a ferramenta Doppler para estudo da artéria testicular em cães sadios.
Na primeira parte, foram utilizados 21 animais com peso variando de 8 a 16 Kg de
diferentes raças provenientes de canil comercial e proprietários particulares. Os animais
foram submetidos a uma avaliação física, exame hematológico e andrológico, sendo
submetidos a 3 coletas de sêmen com intervalos de 28 dias pela técnica de manipulação
digital para atestar a higidez dos mesmos. As avaliações ultrassonográficas foram
realizadas com o animal em decúbito dorsal sendo primeiramente realizada a avaliação
por ultrassonografia bidimensional, com varredura longitudinal e transversal, calculando
o volume testicular. Já o fluxo sanguíneo foi estudado no cordão espermático e artéria
testicular marginal, com a mensuração dos parâmetros dopplervelocimétricos:
velocidade de pico sistólico (VPS), velocidade diastólica final (VDF), índice de
pulsatilidade (IP) e resistência (IR). Já na segunda parte, foram utilizados 5 cães das
raças Buldogue Francês e 5 Terrier Brasileiro, sendo realizada a mesma avaliação
clínica e hematológica da primeira parte, submetidos a avaliação por ultrassonografia e
paquimetria para cálculo do volume testicular. Na primera parte não foi observada
diferença significativa entre as medidas de volume do testículo direito e esquerdo. Ao
Doppler, foi verificado que a medida de VPS cordão espermático esquerdo foi maior
que no lado direito e ainda que os parâmetros de VDF, IR e IP apresentaram diferenças
quando comparado as medidas o cordão espermático e marginalmente ao testículo (p<
0,05), Na segunda parte foram observadas diferenças significativas entre os lados, com
o testículo esquerdo sendo maior nas duas raças e independente da técnica, além de
diferença significativa entre as duas raças, com o Buldogue Francês apresentando
testículo maior que o Terrier Brasileiro, independente da técnica, com as técnicas
apresentando alto índice de correlação (r= 0,9493, p< 0,0001), sendo equivalentes entre
si.. Com isso, concluindo que os parâmetros dopplervelocimétricos apresentam
diferença dependendo da localização em que são mensurados, sendo a velocidade
diastólica final (VDF) maior na artéria marginal ao testículo e os índices de resistência
(IR) e pulsatilidade (IR) maiores quando mensurados no cordão espermático. e ainda
que o volume testicular varia de acordo com a raça estudada, independente da técnica
empregada. De uma maneira geral, conclui-se que a ultrassonografia bidimensional com
Doppler pode ser utilizada como uma ferramenta de estudo nos exames andrológicos,
mas que mais pesquisas são necessárias para se entender o comportamento das
enfermidades testiculares.
Palavras chave: testículo, ultrassonografia, Doppler, cães.
ABSTRACT
The color Doppler duplex ultrasound allows the study of organs such as the testes, and
its echogenicity and blood perfusion. The Triplex Dopler is already well established as a
diagnostic techinique in humans and can be used to identify infertility. In veterinary,
few studies focus on the importance of this study. Thus, the present study was divided
in two parts and aimed to describe the patters of the testes with ultrasound
measurements of testicular volume by bidimensional ultrasound and caliper, besides
using Doppler ultrasound to study the testicular artery in healthy dogs. In the first part,
it was used 21 animals weighing 8 to 16 kg from different breeds from kennels and
private owners. The animals underwent a phisical examination, blood test and
andrological evaluation and then submitted to semen collection in three samples at
intervals of 28 days by digital manipulation to attest the healthiness of these animals.
The sonographic evaluation was performed with the animal in the supine position being
achived primarily two dimensional ultrasound evaluation, with longitudinal and
transverse scanning, and the calculated the testicular volume. The blood flow was
studied in the spermatic cord and a marginal location of the testicular artery, with
measurements of Doppler parameters: peak sistolic velocity (PSV), end-diastolic
velocity (EDV), pulsatility index (PI) and resistance index (RI).In the second part, it
was used 5 French Bulldogs and 5 Brazilian Terrier breeds and performed the same
clinical and hematological evaluation of the first part, being submitted to evaluation by
ultrasonography and pachymetry to calculate testicular volume. At the first time, there
was no significant difference between the volume measurements of the left and right
testicle. By Doppler evaluation, it was found that the measure of PSV in the left
spermatic cord was higher than the right side and the parameters of EDV, PI and RI
shwed differences when compared measures in the spermatic cord and marginally
(p<0.05). In the second part, there were significant differences between the sides, with
the left testicle being larger, in both breeds, regardless the techinique, and significant
difference between the two breeds, with the testicular volume of the French Bulldog
larger than the Brazilian Terrier, regardless the techinique, with the techiniques
presenting high correlation (r=0,9493; p<0.0001), being equivalent to each other. Thus,
concluding that the Doppler parameters show difference depending n they are measure,
with the end-diastolic velocity (EDV) being greater when measure in the marginal
artery and the resistance index (RI) and pulsatility index (PI) are greater when measure
in the spermatic cord. Futhermore, the testicular volume varies according to the breed.
In general, it is concluded that the Triplex Doppler ultrasound can be used as a tool in
andrological examination, but more research is neededto underestandthe behavior of
testicular diseases.
Keywords: testicle, ultrasonography, Doppler, dogs.
LISTA DE FIGURAS
FIGURAS Pág.
Figura 1: Anatomia do testículo e visão esquemática do testículo e estruturas adjacentes
Fonte: http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/reproduçao_machos.htm
19
Figura 2: Anatomia do testículo.
Fonte: http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/reproduçao_machos.htm
19
Figura 3: Esquema representativo da vascularização testicular: artéria no cordão
espermático (vermelho), marginalmente ao testículo (laranja) e intratesticulares (azul).
Fonte: Pozor & McDonnel (2004).
21
Figura 4: Corte esquemático de túbulo seminífero, evidenciando as células que dão
origem aos espermatozóides.
Fonte: http://bio12-ciencia.blogspot.com/2010/09/o-homem-reprodutor.html
23
Figura 5: Ultrassonografia bidimensional dos testículos, em projeção longitudinal (A) e
transversal (B), com a visualização do mediastino testicular (seta). Fonte: Autor, 2010
28
Figura 6: Doppler colorido da artéria testicular canina visualizada no cordão
espermático.Fonte: Autor, 2010
30
Figura 7: Doppler colorido da artéria testicular canina visualizada marginalmente ao
testículo. Fonte: Autor, 2010
31
Figura 8: Doppler espectral da artéria testicular canina visualizada marginalmente ao
testículo. Fonte: Autor, 2010
32
Figura 9: Doppler espectral da artéria testicular canina visualizada no cordão
espermático. Fonte: Autor, 2010
33
Capítulo 1
Figure 1: Two-dimensional ultrasonography of dog testicles. (A) Visualization of
testicular mediastinum (arrows) in longitudinal and axial projections. (B) Testicular
volume calculated using measurements of length (red dots), height (green dots), and
width (blue dots).
54
Figure 2: Canine testicular artery visualized in (A) the spermatic cord and (B) a marginal
location.
55
Figure 3: Spectral Doppler ultrasonography of the testicular artery visualized in (A) the
spermatic cord and (B) a marginal location.
56
Capítulo 2
Figura 1: Mensuração do volume testicular por paquímetro, utilizando as medidas de
comprimento (A), largura (B) e espessura (C).
62
Figura 2: Ultrassonografia bidimensional dos testículos de cães. (A) Visualização do
mediastino testicular (setas) nas projeções longitudinais e transversais.
64
Figura 3: Mensuração do volume testicular por ultrassonografia, utilizando as medidas de
comprimento (pontilhado vermelho), largura (pontilhado verde) e espessura (pontilhado
azul).
65
LISTA DE TABELAS
TABELAS: Pág.
Capítulo 1
Table 1: Doppler velocimetric parameters (mean ± SE) of the testicular artery, as
measured in the spermatic cord and a marginal location on the right and left sides of 21
dogs evaluated over 5 weeks.
52
Capítulo 2
Tabela 1: Características do sêmen (Média ± EPM) dos cães da raça Buldogue Francês e
Terrier Brasileiro avaliado a fresco (n=15).
63
Tabela 2: Volume testicular (Média ± EPM) dos testículos de cães das raças Buldogue
Francês e Terrier Brasileiro mensurados por ultrassonografia e por paquímetro
65
LISTA DE ABREVIATURAS
ABP Proteína carreadora de andrógenos
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
CBRA Colégio Brasileiro de Reprodução Animal
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
EDV End-diastolic velocity
FHS Hormônio folículo estimulante
FUNCAP Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
IR Resistance index
LH Hormônio luteinizante
PI Pulsatility index
PSV Peak systolic velocity
UECE Universidade Estadual do Ceará
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Sistema reprodutor masculino canino.................................................... 17
2.1.1. Anatomia....................................................................................... 17
2.1.2. Fisiologia........................................................................................ 20
2.3. Princípios físicos da ultrassonografia bidimensional e Doppler......... 23
2.4. Ultrassonografia bidimensional dos testículos..................................... 25
2.5. Ultrassonografia Doppler dos testículos................................................. 28
3. JUSTIFICATIVA............................................................................................. 34
4. HIPÓTESES CIENTÍFICAS.......................................................................... 35
5. OBJETIVOS
5.1. Objetivo geral.......................................................................................... 36
5.2. Objetivos específicos............................................................................... 36
6. CAPÍTULO 1.................................................................................................... 37
7. CAPÍTULO 2.................................................................................................... 56
8. CONCLUSÕES................................................................................................. 70
9. PERSPECTIVAS.............................................................................................. 71
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 72
11. APÊNDICES..................................................................................................... 76
INTRODUÇÃO
O estudo ultrassonográfico tornou-se um procedimento comum de
diagnóstico por imagem. Os benefícios da ultrassonografia para o diagnóstico
veterinário são inúmeros, sendo considerado um procedimento seguro para o paciente,
podendo ser realizado sem restrições de segurança (KING, 2006).
A partir da década de 80 ocorreu uma popularização e difusão do exame
ultrassonográfico e atualmente, tem-se enfocado seu uso da ultrassonografia na
reprodução animal. Algumas considerações sobre a aplicação do estudo da biologia
reprodutiva dos animais domésticos indicam que mais de 90% desses estudos tem sido
direcionado para a fisiologia reprodutiva. Pela complexidade da reprodução e da
anatomia interna do sistema reprodutor feminino, a maior parte das pesquisas realizadas
se relacionam mais às fêmeas. Porém, existem aspectos a serem estudados e
compreendidos acerca da fisiologia da reprodução em machos (HAHN et al., 1999).
A ultrassonografia com mapeamento Doppler vem sendo usada amplamente
nos diagnósticos por imagem para abordagem de exames abdominais, pélvicos e
reprodutivos (RUBENS et al., 2006). A ultrassonografia Doppler Duplex envolve o uso
simultâneo da ultrassonografia bidimensional e do Doppler em ondas pulsadas, o que
permite a obtenção de informações anatômicas com imagens em tempo real e
informações funcionais a respeito do fluxo sanguíneo (NYLAND & MATTON, 2004;
CARVALHO & ADDAD, 2009).
O recurso Doppler é uma ferramenta disponível atualmente, com tecnologia
relativamente nova na Medicina Veterinária, sendo introduzido na rotina dos exames em
pequenos animais. Em cães, esse recurso vem sendo utilizado no estudo da medicina
interna, com caracterização da hemodinâmica de grandes vasos e de vasos periféricos de
diversos órgãos (CARVALHO & ADDAD, 2009).
O estudo ultrassonográfico com a ferramenta de Doppler colorido e pulsado
dos testículos tornou-se importante, pois é possível o estudo das características de
ecogenicidade e conformação do órgão, observando o aparecimento de doenças
inflamatórias ou neoplásicas, além de ser útil no diagnóstico de torção testicular em
cães, que podem levar a problemas de fertilidade (NYLAND & MATTON, 2004).
A utilização crescente de cães para a reprodução e seleção dos melhores
machos para a transmissão de suas características para a prole requer a necessidade de
realização de exames completos que atestem a sanidade desses animais (DAVIDSON &
BAKER, 2009). A ultrassonografia Duplex Doppler é um dos recursos de avaliação
disponíveis, mas seu uso exige um conhecimento das características da técnica para um
bom aproveitamento do exame (BLAVIAS & BRANNAM, 2004; NYLAND &
MATTON, 2004).Além disso, é importante que se conheça a hemodinâmica normal da
artéria testicular a fim de se detectar mais precocemente possíveis alterações que
possam ocorrer nessa área.
Para uma melhor compreensão do presente trabalho, far-se-á uma revisão de
literatura, enfocando os principais aspectos referentes à anatomia e fisiologia do sistema
reprodutor do macho canino bem como a técnica de ultrassonografia bidimensional e
Doppler no estudo testicular de cães.
REVISÃO DE LITERATURA
2.1. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO CANINO
2.1.1. Anatomia
O trato reprodutivo do canino macho consiste em órgãos que incluem o
escroto, os dois testículos, epidídimos, ductos deferentes, o cordão espermático, a
próstata, o pênis, e a uretra (DAVIDSON & BAKER, 2009).
Os testículos dos mamíferos domésticos localizam-se fora do abdômen e
estão contidos dentro do escroto, que é uma estrutura semelhante a uma bolsa derivada
da pele e fáscia da parede abdominal (HAFEZ, 2004). O escroto está situado
aproximadamente na metade do trajeto entre a região inguinal e o ânus. É uma bolsa
membranosa dividida por um septo mediano em duas cavidades, cada uma das quais é
ocupada pelo testículo, epidídimo e a parte distal do cordão espermático (GETTY,
1981; DOGRA et al., 2003).
Os testículos são relativamente pequenos e possuem um formato redondo
ovalado, cobertos por tecido conjuntivo, a túnica albugínea, que se prolifera ao interior
dos testículos, formando o mediastino testicular, que é bem desenvolvido. A partir do
mediastino, numerosos septos se estendem pelo testículo e o dividem em lóbulos
incompletos, compostos por de 1 a 3 túbulos seminíferos (Figura 1) (DOGRA et al.,
2003).
Nos túbulos seminíferos estão contidas as células de Sertoli e vários tipos
celulares envolvidos com a produção de espermatozóides. Esses túbulos formam um
sistema coletor que, por sua vez, formam uma rede testicular, localizada no mediastino.
A rede testicular drena nos ductos eferentes, que se unem para formar a cabeça do
epidídimo (Figura 2) (GETTY, 1981; NYLAND & MATTON, 2004).
Figura 1: Anatomia do testículo e visão esquemática do testículo e estruturas adjacentes Fonte: http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/reproduçao_machos.htm
Figura 2: Anatomia do testículo Fonte: http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/reproduçao_machos.htm
O epidídimo é relativamente largo no cão e é constituído por uma estrutura
alongada composta por um tubo longo e contorcido. Ele tem início na parte cranial do
testículo e está posicionado ao longo da borda testicular (DAVIDSON & BAKER,
2009).
Os testículos e epidídimo são supridos com o sangue da artéria testicular, que
se origina da aorta dorsal próximo ao local de origem embrionária dos testículos. A
artéria pudenda interna supre a genitália e seus ramos deixam a pelve no arco isquiático
para suprir o pênis. A artéria pudenda externa deixa a cavidade abdominal pelo canal
inguinal para irrigar pênis, escroto e prepúcio (HAFEZ, 2004). A artéria testicular
direita e esquerda são ramos da aorta abdominal, surgindo distalmente às artérias renais,
promovendo assim a vascularização primária dos testículos (DOGRA et al., 2003).
O cordão espermático tem início do canal inguinal profundo, onde suas partes
constituintes se reúnem e estendem-se obliqua e ventralmente através do canal inguinal.
É constituído pela artéria testicular, as veias testiculares que formam o plexo
pampiniforme ao redor da artéria, os vasos linfáticos que acompanham as veias, o plexo
testicular de nervos autônomos, que correm com a artéria, o ducto deferente, feixes de
tecido muscular liso ao redor dos vasos e a camada visceral da túnica vaginal (GETTY,
1981).
Após entrar no cordão espermático, a artéria testicular continua seguindo a
superfície posterior do testículo, penetrando na túnica albugínea onde se forma a artéria
capsular que corre marginalmente ao testículo. Ramos da artéria marginal surgem
levando suprimento sanguíneo em direção ao mediastino, onde se dividem formando
ramos que carreiam sangue para o interior dos testículos (Figura 3) (DOGRA et al.,
2003).
Figura 3: Esquema representativo da vascularização testicular: artéria no cordão
espermático (vermelho), marginalmente ao testículo (laranja) e intratesticulares (azul).
Fonte: Pozor & McDonnel (2004).
A próstata nos caninos é bem desenvolvida e circunda a uretra pélvica. É
limitada cranialmente pela bexiga, ventralmente pelo assoalho pélvico e parede
abdominal e dorsalmente pelo reto. O suprimento de sangue da próstata ocorre por duas
artérias prostáticas localizadas dorsalmente, originárias das artérias pudendas internas e
a drenagem venosa é realizada pelas veias prostáticas e uretrais para o interior das veias
ilíacas internas (NYLAND & MATTON, 2004).
O pênis canino é uma estrutura altamente vascularizada. É composta de várias
partes, incluindo a base, corpo e porção distal ou glande peniana (DAVIDSON &
BAKER, 2009).
2.1.2. Fisiologia
O sistema reprodutor do macho é constituído de diversos órgãos peculiares que
atuam em conjunto para produzir espermatozóides e liberá-los no sistema reprodutivo
da fêmea. Esse esforço conjunto envolve tanto o sistema neuroendócrino (hipotálamo e
hipófise anterior) quanto o genital. O testículo é o órgão mais importante do sistema
reprodutor masculino. Entretanto, todas as funções testiculares são profundamente
influenciadas pelo sistema neuroendócrino. As gônadas do macho têm duas funções
principais: a primeira, de produzir células germinais, os espermatozóides; e a segunda,
de produzir andrógenos e outros hormônios, que dão ao indivíduo as características que
incluem o impulso e os meios para liberar as células germinais para a fêmea. Essas duas
funções são processadas nos túbulos seminíferos dos testículos e pelas células de
Leydig, respectivamente (SWENSON & REECE, 1996; CUNNINGHAM, 1999).
Considera-se que o testículo tem três compartimentos. O compartimento de
tecido intersticial, que contém as células de Leydig e os outros dois situam-se dentro
dos túbulos seminíferos. Nos mamíferos domésticos a função testicular normal,
sobretudo a espermatogênese normal, é dependente da temperatura e requer um
ambiente cuja temperatura seja mais baixa que a corporal central, por isso os testículos
se localizam fora da cavidade abdominal, ou seja, no escroto (CUNNINGHAM, 1999).
Além dos testículos, epidídimo e do sistema de ductos que transportam os
espermatozóides para o exterior do animal, o sistema reprodutor masculino é composto
de várias glândulas que adicionam suas secreções aos espermatozóides no momento da
ejaculação (SWENSON & REECE, 1996). A única glândula comum a todos os
mamíferos é a próstata, sendo essa a única glândula acessória presente no cão (HAFEZ,
2004). Essa glândula tem como função fornecer veículo líquido para o transporte de
espermatozóides, além de fornecer um meio ambiente nutritivo e ionicamente
balanceado que contribui para a sobrevivência dos espermatozóides dentro do trato
reprodutivo da fêmea (HAFEZ, 2004).
A espermatogênese indica o processo evolutivo que envolve a transformação de
espermatogônia em espermatozóide. O processo se inicia na parede dos túbulos
seminíferos, que é revestida por espermatogônias e termina com a liberação de
espermatozóides maduros no lúmen dos túbulos seminíferos. (Figura 4). As células
germinativas sofrem uma série de divisões celulares e modificações de
desenvolvimento, começando na periferia e progredindo em direção ao lúmen tubular.
As espermatogônias dividem-se por várias vezes antes de se formarem espermatócitos.
Essa série de divisões celulares é denominada de espermatogênese (SWENSON &
REECE, 1996).
As células haplóides resultantes são denominadas de espermatócitos II e após
mais uma divisão mitótica, originam-se as espermátides. Essas espermátides sofrem
progressivas modificações estruturais e de desenvolvimento, dando origem aos
espermatozóides. Essas modificações são conhecidas por espermiogênese (HAFEZ,
2004).
A espermatogênese é iniciada no mesmo ponto da célula a intervalos regulares,
sendo o intervalo designado como ciclo espermatogênico. Cada espermatogônia que
substitui a célula-mãe começa a se dividir a intervalos de tempo que são característicos
de cada espécie. Há uma relação entre a duração do ciclo espermatogênico e a
espermatogênese, pois a espermatogênese é aproximadamente quatro vezes a duração
do ciclo espermatogênico. O tempo que leva para cada célula atravessar a fase do ciclo
difere entre as espécies, embora o processo seja uniforme quando dentro de uma espécie
(SWENSON & REECE, 1996; HAFEZ, 2004).
Figura 4: Corte esquemático de túbulo seminífero, evidenciando as células que dão
origem aos espermatozóides.
Fonte: http://bio12-ciencia.blogspot.com/2010/09/o-homem-reprodutor.html
A função testicular normal requer estímulo hormonal das gonadotrofinas
hipofisárias, que por sua vez são controladas pela secreção pulsátil do hormônio
liberador de gonadotrofinas do hipotálamo. Os testículos não apenas produzem o
principal andrógeno, a testosterona, como também uma série de hormônios esteróides
relacionados (HAFEZ, 2004).
A principal ação dos andrógenos é sobre as células de Sertoli. A dependência a
esteróides é sentida na produção pulsátil de esteróides pelas células de Leydig, através
de pulsos de hormônio luteinizante (LH) hipofisário. Esses andrógenos são secretados
no sangue onde ocorrerá a retroalimentação do hipotálamo e hipófise para bloquear a
liberação de LH. O hormônio folículo estimulante (FSH) estimula a produção de
proteína carreadora de andrógenos (ABP) e inibina, tendo esta última um efeito de
retroalimentação negativa sobre a secreção de FSH. A inibina, juntamente com a ativina
possuem características notáveis para gerar uma série de sinais importantes para o
desenvolvimento da função testicular (HAFEZ, 2004).
3. PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ULTRASSONOGRAFIA BIDIMENSIONAL E
DO DOPPLER
O ultrassom é caracterizado por ondas sonoras com frequência superior ao valor
máximo audível pelo ser humano. A frequência é definida como o número de vezes que
uma onda é repetida (ciclos) por segundo. Frequências de milhões de ciclos por segundo
possuem comprimento de ondas curtas, as quais são essenciais para uma imagem de alta
resolução (NYLAND & MATTON, 2004).
Frequência e comprimento de onda são inversamente relacionados se a
velocidade do som for mantida constante. A profundidade que o som atinge nos tecidos
moles está diretamente relacionada com a frequência empregada. Portanto, selecionar
um transdutor de frequência mais alta causa diminuição no comprimento de onda sonora
emitida, o que proporciona melhor resolução da imagem.. Ondas sonoras de alta
frequência são mais atenuadas que as de baixa frequência, significando que qualquer
tentativa de melhorar a resolução por meio do aumento da frequência sempre diminuirá
a penetração (CARVALHO & ADDAD, 2009).
A imagem do ultrassom está baseada no princípio pulso-eco, isto é, o som
produzido pelo transdutor é na forma de pulsos, sendo a imagem formada a partir dos
ecos que retornam dos tecidos ao transdutor após cada pulso. A frequência emitida por
determinado transdutor depende das características dos cristais pizoelétricos especiais
contidos nesse e a frequência dos cristais é inerente e não pode ser modificada
(NYLAND & MATTON, 2004).
Existem três modos de exibição dos ecos. O modo A (modo de amplitude) é
utilizado com menor frequência, mas ainda pode ser aplicado especialmente para
exames oftálmicos e outras aplicações que requerem medidas de comprimento ou de
profundidade. Esse modo é o mais simples dos três. O modo B (modo de brilho),
também conhecido como bidimensional, mostra os ecos de retorno como pontos
brilhantes ou em escala de cinza, cuja intensidade é proporcional à amplitude dos
mesmos e cuja posição corresponde à profundidade na qual o eco originou-se. Já o
modo M (modo de movimento ou modo tempo-movimento) é utilizado para realização
da ecocardiografia junto com o modo B para avaliação cardíaca (DOGRA et al., 2003;
NYLAND & MATTON, 2004).
O efeito Doppler é uma forma de quantificar a velocidade do movimento
relativo entre uma fonte de um fenômeno periódico e um observador. O comprimento
de onda observado é maior ou menor, conforme sua fonte se afaste ou se aproxime do
observador. No caso de aproximação, a frequência aparente da onda recebida pelo
observador fica maior que a frequência emitida. Ao contrário, no caso de afastamento, a
frequência aparente diminui (CARVALHO & ADDAD, 2009).
Durante o exame de vasos sanguíneos, considera-se que a fonte e o observador
correspondem ao transdutor e as células que se movem são os corpos refletores
(CARVALHO & ADDAD, 2009). Quando o aparelho de ultrassom encontra um objeto
em movimento como o sangue a frequência de retorno do eco é alterada. Fluxos em
direção ao transdutor apresentam frequência positiva e em direção contrária ao
transdutor mostram frequências negativas. A mensuração nas diferenças de retorno do
eco permite que a direção e a velocidade de fluxo encontradas possam ser determinadas
(KING, 2006).
Os modos de processamento da imagem Doppler têm peculiaridades de
interpretação, podendo ser utilizados simultaneamente ou ainda de forma
complementar. Os principais métodos incluem: o Doppler colorido, que mostra a
sobreposição à imagem em tempo real do modo bidimensional codificada em termos de
cores e nuances. Os sinais da movimentação das células sanguíneas são codificados por
cores em função do sentido de seu movimento em direção ao transdutor ou contrária a
ele. Os mapeamentos coloridos permitem a análise da presença ou ausência do fluxo,
direção do fluxo, velocidade e presença ou não de turbulência dentro do vaso
(CARVALHO et al., 2008; CARVALHO & ADDAD, 2009).
O Doppler pulsado ou espectral utiliza um segmento selecionado por cursor em
que o equipamento está aberto à recepção dos sinais permitindo a determinação da
localização e uniformidade do fluxo. Durante o exame, a frequência de deslocamento
Doppler é disposta graficamente, com o padrão de velocidade variando com o tempo,
formando, assim, uma representação gráfica característica de cada vaso sanguíneo
(WOOD et al., 2010).
Há ainda o Doppler de amplitude ou Power Doppler, que tem a capacidade de
mapeamento por amplitude e não por velocidade, dotados de maior sensibilidade para
detectar sinais mais fracos. Usa somente a cor laranja e suas tonalidades, em que as
tonalidades de maior brilho indicam fluxo de maior volume de células sanguíneas na
área mapeada, não havendo relação com a sua velocidade (KING, 2006; CARVALHO
& ADDAD, 2009).
Antigamente, o uso da ultrassonografia Doppler estava limitado a estudo
vascular em laboratório e usado principalmente para investigação da artéria carótida.
Hoje essa técnica tem sido utilizada para muitos diagnósticos de imagem abdominais,
pélvicas e obstétricas, determinando a presença e ausência de fluxo sanguíneo e a sua
direção e é baseado na visualização em cores do fluxo sanguíneo dos vasos. É atribuída
uma cor para o fluxo que segue em direção ao transdutor e outra para fluxo que parte do
transdutor (BLAVIAS & BRANNAM, 2004; RUBENS et al., 2006; WOOD et al.,
2010).
4. ULTRASSONOGRAFIA BIDIMENSIONAL DOS TESTÍCULOS
A ultrassonografia bidimensional tornou-se importante no diagnóstico de
desordens reprodutivas, sendo bastante utilizada em humanos (PATIEL et al., 2002;
PASQUALOTTO et al., 2005; SAKAMOTO et al., 2008) e na Medicina Veterinária
em bovinos (BAILEY et al., 1998), equídeos (QUARTUCCIO et al., 2011) e em cães
(GÜNZEL-APEL et al., 2001; GUMBSCH et al., 2002). Ela consiste em uma técnica
de avaliação e mensuração das dimensões de órgãos, sendo realizada em pelo menos
dois planos, considerando comprimento, largura e altura in situ em caninos, ovinos e
bovinos. A avaliação do testículo pode ser realizada de forma transcutânea na parede
lateral do escroto, utilizando-se gel em toda a área a ser examinada para evitar que o ar
atrapalhe a formação da imagem (DOGRA et al., 2003; NYLAND & MATTON, 2004).
Na avaliação por ultrassonografia bidimensional dos testículos devem ser
avaliados quanto a alterações de ecogenicidade, alterações no tamanho e forma do
órgão, além de detecção de alterações estruturais, como a presença de massas (DOGRA
et al., 2003; KARMAZYN, 2010).
A túnica albugínea consiste nas camadas de túnicas parietal e visceral, que
normalmente são separadas por alguns milímetros de fluido, vistos pela ultrassonografia
bidimensional como camada fina menos ecogênica na área adjacente a cabeça do
epidídimo (DOGRA et al., 2003). As túnicas parietal e visceral formam um eco
periférico fino e hiperecóico, bem visibilizado em caninos e bovinos. Em todas as
espécies, o mediastino testicular é visibilizado como uma estrutura ecogênica linear
central, apresentando uma ecogenicidade maior em relação ao parênquima testicular, se
estendendo do plano central em direção caudocranial (Figura 5). Suas dimensões variam
de acordo com cada indivíduo (BLAVIAS & BRANNAM, 2004; NYLAND &
MATTON, 2004).
Figura 5: Ultrassonografia bidimensional dos testículos, em projeção longitudinal (A) e
transversal (B), com a visibilização do mediastino testicular (seta).
A B
Fonte: Autor 2010.
A imagem ultrassonográfica em escala de cinza do testículo, independente da
espécie que se está avaliando, apresenta um padrão de ecogenicidade média homogênea.
Em humanos, a imagem ultrassonográfica do testículo de pacientes pré-púberes
apresentou ecogenicidade menor que nos indivíduos púberes (HAMM & FOBBE,
1995), padrão que se repete nos animais (BLAVIAS & BRANNAM, 2004).
A ecogenicidade dos testículos aumenta durante a puberdade, por conta do
desenvolvimento das células germinativas (KARMAZYN, 2010), já que
histologicamente os testículos apresentam em grande parte do seu parênquima os
túbulos seminíferos, onde estarão as células que darão origem aos espermatozóides
(DOGRA et al., 2003). Por esta razão, testículos que apresentam ecotextura
ligeiramente alterada e com ecogenicidade diminuída são indicativos de decréscimo na
função testicular, com alterações nas medidas de volume testicular. (SCHURICH et al.,
2009).
5. ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER DOS TESTÍCULOS:
A perfusão testicular pode ser avaliada através do Doppler colorido, Power
Doppler e o Doppler espectral. Exames de enfermidades agudas não devem ser
realizados sem a avaliação Doppler, porque a avaliação do fluxo sanguíneo é uma parte
importante do processo de avaliação testicular, não só para o diagnóstico de torção
testicular, mas também orquites, epididimites, traumas e massas hemorrágicas (DOGRA
et al., 2003).
Normalmente, a avaliação por Doppler é feita após a avaliação bidimensional
(BLAVIAS & BRANNAM, 2004). Enquanto as imagens bidimensionais fornecem
informações relacionadas à estrutura dos tecidos, o modo Doppler permite a avaliação
de anormalidades no fluxo sanguíneo, mostrando a capacidade de aumentar a
sensibilidade de avaliação do fluxo, pelo modo Power Doppler, além de fornecer uma
visão melhor de vasos tortuosos (MARTINOLI et al., 1998; KING, 2006).
O exame dos testículos por Doppler colorido, detecta de forma consistente, a
presença da artéria testicular localizada no cordão espermático (Figura 6) e
marginalmente entre os testículos e epidídimo (Figura 7), não sendo possível sua
visibilização intra testicular em animais sadios (GUMBSCH et al., 2002; POZOR E
MCDONNELL, 2004), no entanto no homem é possível a visualização do fluxo
intratesticular (SCHURICH et al., 2009).
O Doppler colorido é um método promissor na avaliação de pacientes
humanos acometidos por azoospermias, permitindo a diferenciação entre as formas
obstrutivas (distribuição vascular normal) das formas não obstrutivas (redução ou
ausência de vascularização testicular) (SCHURICH et al., 2009).
Ao Doppler espectral a artéria testicular apresenta ondas de características de
baixa resistividade, com picos sistólicos amplos e contínuos e alta velocidade de fluxo
na diástole, típica de órgãos que possuem demanda contínua de sangue (Figuras 8 e 9)
(CARVALHO et al., 2008). Este vaso apresenta características distintas de acordo com
a idade, visto que indivíduos pré-púberes demonstram uma onda com fluxo apenas
durante a sístole, sem fluxo diastólico, refletindo uma fase não funcional dos testículos,
por outro lado, em púberes, nota-se o fluxo englobando todo o ciclo cardíaco (WOOD
et al., 2010).
Figura 6: Doppler colorido da artéria testicular canina visibilizada no cordão
espermático.
Fonte: Autor, 2010
Figura 7: Doppler colorido da artéria testicular canina visibilizada marginalmente ao
testículo.
Fonte: Autor, 2010
Figura 8: Doppler espectral da artéria testicular canina visibilizada marginalmente ao
testículo.
Fonte: Autor, 2010
Figura 9: Doppler espectral da artéria testicular canina visibilizada no cordão
espermático.
Fonte: Autor, 2010
O estudo da perfusão testicular através da ultrassonografia Duplex Doppler já
está bem estabelecida em humanos (MIDDLETON et al., 1989; DUBINSKY et al.,
1998; FORESTA et al., 1998;; SCHURICH et al., 2009; TARHAN et al., 2011).
Pingerra et al. (2008) mostraram que a ferramenta Doppler pode estimar problemas
potenciais de fertilidade, visto que homens oligospérmicos apresentam índice de
resistência maiores que 0,6.
Esta técnica é a ferramenta de diagnóstico preferencial na avaliação de torção
testicular, sendo visualizado nesta patologia um decréscimo no fluxo sanguíneo na
artéria testicular, localizada no cordão espermático, quando avaliada após o ponto de
torção. Observa-se ainda, durante a primeira hora, um fluxo aumentado na artéria
testicular que corre marginalmente ao testículo (artéria capsular) podendo levar
erroneamente, neste momento, a um diagnóstico negativo para torção testicular.
(KARMAZYN, 2010).
Na veterinária, relatos de uso de ultrassonografia Doppler como ferramenta para
auxiliar a avaliação andrológica em cães são escassas. Os trabalhos limitam-se à
descrição do curso das artérias testiculares do plexo pampiniforme e a descrição dos
padrões gerais de fluxo sanguíneo (GÜNZEL-APEL et al., 2001; GUMBSCH et al.,
2002).
Em equinos, Pozor e McDonnell (2004) observaram que a caracterização do
fluxo sanguíneo da artéria testicular difere de acordo com a localização, visto que
quando avaliada no cordão espermático, o fluxo mostra-se como resistente e bifásico, e
monofásico e não resistente na área marginal da artéria testicular. No entanto em cães a
artéria testicular independente da localização, apresenta padrão monofásico e não
resistente (GUMBSCH et al., 2002).
.Em caninos, Gumbsch et al., (2002) utilizando cães de diferentes portes e
idades utilizaram o Duplex Doppler para estudo dos vasos nas duas localizações e
mostraram a importância dos valores dos índices de pulsatilidade (IP) e resistência (IR)
na definição do fluxo sanguíneo nas áreas estudadas em cães saudáveis. Günzel-Apel et
al., (2001) verificaram ainda que ocorre um aumento da velocidade de pico sistólico em
casos de neoplasias testiculares, mostrando que a ultrassonografia Doppler é uma
ferramenta a mais a ser utilizada no exame andrológico para detecção de enfermidades.
JUSTIFICATIVA
A ultrassonografia constitui hoje um método importante de diagnóstico, pois
permite a avaliação do trato reprodutivo de modo não invasivo, inócuo, seguro e com
precisão anatômica. O papel da ultrassonografia bidimensional no estudo precoce de
desordens reprodutivas consiste na detecção de anormalidades anatômicas e a adição do
Doppler à imagem bidimensional permite a avaliação da morfologia e da perfusão
testicular. Em humanos, a técnica já é utilizada para o diagnóstico de doenças
caracterizadas como escroto agudo (traumas e torções testiculares), que podem
ocasionar infertilidade (DOGRA et al., 2006; PINGGERA et al., 2008), além de servir
como ferramenta na avaliação após procedimentos cirúrgicos decorrentes de varicolece
em homens adultos (HUSSEIN, 2006).
Na Medicina Veterinária, o estudo das características de imagem testicular vem
adquirindo importância em bovinos, equinos e pequenos ruminantes. Estudos em
equinos já fazem referências à determinação do padrão do fluxo sanguíneo da artéria
testicular, concluindo que o índice de resistência é um parâmetro clínico importante na
avaliação de enfermidades testiculares (POZOR & MCDONNEL, 2004).
Já em caninos, existem poucos relatos de utilização da técnica de Doppler, sendo
relatado somente para estudar alterações testiculares ocasionadas por torção testicular,
demonstrando neste casos os valores para os padrões dopplervelocimétricos (TARHAN
et al., 2000; GRADNER et al., 2007). Não há a determinação do padrão normal do
Doppler para este órgão, além de trabalhos com cães sadios serem realizados com
animais de portes diferentes, sem a comparação entre as raças de cães (GUMBSCH et
al., 2002).
Por isso, é de grande importância o conhecimento de como se apresenta a
hemodinâmica normal dos vasos que irrigam os testículos para que as alterações que
possam ocorrer nos vasos sejam ser reconhecidas precocemente impedindo alterações
irreversíveis no órgão.
HIPÓTESES CIENTÍFICAS
A mensuração dos parâmetros dopplervelocimétricos é possível de ser realizada na
artéria testicular localizada no cordão espermático e marginalmente ao testículo;
Os padrões dopplervelocimétricos da artéria testicular variam conforme a
localização da mesma;
O volume testicular pode variar de acordo com a raça, dentro de um mesmo porte.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Estudar os aspectos ultrassonográficos bidimensionias dos testículos e utilizar o
recurso Doppler para estudo da artéria testicular em cães sadios.
Objetivos específicos
Descrever os padrões ultrassonográficos bidimensionais dos testículos de cães;
Mensurar o volume testicular canino utilizando medidas bidimensionais e por
paquímetro;
Estabelecer e comparar o perfil dopplervelocimétrico da artéria testicular
localizada no cordão espermático e marginal ao testículo.
CAPÍTULO 1
Parâmetros dopplervelocimétricos da artéria testicular em cães sadios
Doppler velocimetric parameters of the testicular artery in healthy dogs
Mírley Barbosa de Souza; Cláudia da Cunha Barbosa; José Nicodemos Pinto, Barbara
Sucupira Pereira; Cynthia Levi Baratta Monteiro; Daniel Couto Uchoa; Lucia Daniel
Machado da Silva
Artigo submetido à revista Theriogenology em 21 de novembro de 2011
Doppler velocimetric parameters of the testicular artery in healthy dogs
Mírley Barbosa de Souza1*
; Claudia da Cunha Barbosa1; Barbara Sucupira Pereira
1;
Cynthia Levi Baratta Monteiro1; Daniel Couto Uchoa
1; José Nicodemos Pinto
1; Lúcia
Daniel Machado da Silva1
Carnivore Reproduction Laboratory, Veterinary School, Ceará State University,
Fortaleza, CE, Brazil
1700, Paranjana Avenue, CEP 60740-903, Fortaleza, CE, Brazil
Tel.: +55.85.3101.9854, Fax: +55.85.3101.9840
*e-mail: [email protected]
Abstract: This study aimed to examine the Doppler velocimetric pattern of the canine
testicular artery in two different locations. Testicles of 21 dogs were evaluated by two-
dimensional ultrasonography to measure testicular volume and by Doppler
ultrasonography to record the velocimetric patterns of the testicular artery in the
spermatic cord and a marginal location. There was no difference in volume between the
right and left testicle. In the Doppler study, end-diastolic velocity (EDV) was higher in
the marginal artery, and the resistance (RI) and pulsatility (PI) indexes were greater in
the spermatic cord, with no difference between testicle. Peak systolic velocity (PSV) at
the spermatic cord was higher in the left compared to the right testicle (p<0.05). The
results demonstrate the viability of Doppler ultrasonography for characterization of the
testicular artery in dogs; in addition, the results show that Doppler velocimetric values
vary according to the location of measurement along the artery.
Keywords: testicle, ultrasonography, Doppler, dogs
1. INTRODUCTION
Ultrasonography with Doppler mapping is widely used in abdominal, pelvic and
reproductive diagnostic imaging [1]. Duplex Doppler ultrasonography uses two-
dimensional ultrasound and pulsed-wave Doppler imaging simultaneously, allowing the
investigator to obtain anatomical information on vessels and functional information on
blood flow, including presence/absence data, direction, and velocity. This approach is
thus the method of choice for assessing the vascularization of various organs, including
the testicles [2,3,4].
Testicles are arterialized by the testicular artery, which originates in the
abdominal aorta, distal to the renal arteries. The testicular artery enters the spermatic
cord through the inguinal ring and extends along the posterior surface of the testicles;
penetrating the tunica albuginea, it runs along the testicle through the tunica vasculosa,
which is located below the tunica albuginea. The branches in the artery drive blood flow
towards the mediastinum, where it divides to supply the testicles [5].
It is important to study testicular perfusion via Doppler ultrasonography because
this test can be used to diagnose testicular diseases such as varicocele, epididymo-
orchitis, testicular masses, torsions at the spermatic cord, and obstructive and non-
obstructive azoospermia[5,6].
In humans, the study of testicular vascularization by duplex Doppler
ultrasonography is well established [6-10]. In studies on reproductive-aged men to
establish Doppler velocimetric parameters in normal men with abnormal spermatozoid
counts; were observed that patients with a resistance index (RI) greater than 0.6
exhibited oligospermia. Thus, the RI is a reliable indicator of fertility disorders in men
[11].
In veterinary medicine, such studies are mostly restricted to equines [3], with a
few studies in canines [12,13]. In study performing duplex Doppler measurements of
the testicular artery in the spermatic cord and a marginal location in stallions concluded
that it is possible to characterize the artery by ultrasonography and the importance of the
measurement in two locations, due to the convoluted course of the testicular artery in
the spermatic cord. It was also observed that the vessel RI is an important parameter in
the assessment of testicular diseases [3].
In dogs of different sizes, the use of duplex Doppler to study vessels in both
locations and showed the importance of the pulsatility index (PI) and RI values for
defining healthy blood flow in the investigated areas [13]. In another study with dogs
were observed wave characteristics and an increase in the peak systolic velocity in
testicular neoplasms cases, thus demonstrating that Doppler ultrasonography can be
used during andrological examinations to detect diseases [12].
Although the importance of duplex Doppler ultrasonography as an auxiliary tool
in reproductive studies has been established in humans, studies on its applications in
veterinary medicine are scarce, and the Doppler velocimetric parameters of the
testicular artery in healthy dogs have not been well established, also there are few
studies that compare measurements in two locations of the artery, due to the convoluted
course of the testicular artery in the spermatic cord. Therefore, the aim of this study was
to examine the Doppler velocimetric pattern of the testicular artery in healthy dogs and
verify differences in the measures at the spermatic cord and a marginal location to
establish normal baseline values.
2. MATERIALS AND METHODS
2.1. Experimental Animals
Twenty-one male dogs, each weighing 8 to 16 kg, were used; animals were
obtained from Grande Canafistula Kennel or from private owners in Fortaleza, Ceará,
Brazil. Dogs were kept in individual kennels or at their homes and were fed with
commercial dog food and free access to water.
Dogs were first subjected to a general clinical and hematologic examination to
establish their health; only healthy animals were used for the study. During the study,
semen was collected three times from each dog by the digital manipulation technique
[14], which was performed every 28 days to ensure that the animals were fit on
minimum standards for reproduction [15]. This study was performed at the Carnivore
Reproduction Laboratory of the Veterinary School, Ceará State University – UECE and
was approved by the Animals Use Ethics Committee.
2.2. Ultrasonography assessment
Ultrasonography was performed using a SonoAce PICO (Medison®) device
with
a 5-to-9 MHz multi-frequency linear transducer. The animals were positioned in dorsal
decubitus, and the transducer was placed directly on their testicles. Each animal was
subjected to 5 ultrasonography tests, which were conducted every 2 weeks, on days 0,
14, 28, 42 and 52; day 0 was the first day of examination.
Initially, the animals were subjected to two-dimensional ultrasound to assess
echogenicity, echotexture parameters, and testicular size. For this purpose, 2 sections
were performed, one on the longitudinal plane (using the mediastinum as a reference
point for determining testicular length and width) and another on the axial plane to
determine thickness; the device automatically calculated testicular volume from these
measurements.
In the Doppler velocimetry assessment of the testicular artery, two-dimensional
color Doppler scans were initially performed to visualize the testicular artery in the
spermatic cord; this procedure was then repeated to visualize the marginal artery. Blood
vessels and flow were identified by red (blood flowing towards the transducer) and blue
(blood flowing away from the transducer) colors in both the right and left testicles.
Pulsed Doppler assessment was performed after localization of the testicular
artery. The Doppler caliper was placed on the vessel lumen, and the arterial blood flow
was graphically represented as a wave. Three waves were chosen and measured, and the
following Doppler velocimetric parameters were assessed: peak systolic velocity (PSV),
end-diastolic velocity (EDV), resistance index (RI), and pulsatility index (PI). The same
insonation angle (less than 60º) was used for all assessments and only one observer was
responsible for all evaluations.
2.3. Statistical analysis
Data were initially subjected to the Shapiro-Wilk and Bartlett tests to confirm a
normal distribution and homoscedasticity, respectively. The testicular volume data did
not exhibit homogeneity. Therefore, the Kruskal-Willis test was used for the weekly
assessments, and the Mann-Whitney test was used to compare the right and left sides.
When data were normally distributed, an ANOVA was followed by a t-test to compare
the right and left sides in the weekly assessments of Doppler velocimetric parameters.
For non-normal parameters, the Kruskal-Wallis test was used to compare the right and
left sides, and the Mann-Whitney test was used to compare the sides across weeks. The
significance level was established at 5%, and the results were expressed as mean ±
standard error.
3. RESULTS
Seminal assessment showed milky-looking semen with an average volume of 0.6
ml. The average spermatic vigor value was 4.8; the average motility was 97%, and the
average spermatic concentration was 760 x 106 mm
3. Most (80%) of the spermatozoids
were morphologically normal.
Two-dimensional ultrasonography allowed the establishment of testicle
echogenicity, which was homogeneous. The mediastinum was well visualized as a
hyperechoic line on the longitudinal projection and as a central dot on the axial
visualization (Figure 1A).
The testicular volume did not show a difference across weeks or between the
right and the left sides. The average volumes were 4.45 cm3 and 4.70 cm
3 for the right
and left testicles, respectively (p>0.05).
On color Doppler sonography, the testicular artery in the spermatic cord
exhibited a tortuous pattern (Figure 2A). In contrast, in the marginal location, the
pattern was relatively linear (Figure 2B). The artery was easily visualized in both cases.
Spectral Doppler examination of the testicular artery in the spermatic cord and
marginal location showed monophasic-patterned waves and low vascular resistance;
however, the systolic peak was more evident in the spermatic cord compared to the
marginal location (Figure 3).
No significant difference was seen in the Doppler velocimetric values across
weeks. Therefore, the weekly data were grouped and are described in Table 1 (p>0.05).
When the right and the left sides were compared, only the PSV of the spermatic cord
was observed to be higher on the left side (p<0.05). EDV was significantly higher in the
marginal artery compared to the spermatic cord on both sides, but RI and PI were
significantly lower in the marginal artery (p<0.05).
4. DISCUSSION
The two-dimensional ultrasonographic appearance of the testicles in this study
agrees with descriptions in other studies with dogs, humans and stallions [2,16,17],
exhibiting a homogeneous average echotexture and a mediastinum that was well
visualized as a central hyperechoic line.
Testicular volume, as measured in this study, showed no statistical difference
between the right and left sides, in accordance with findings in lambs [18] and in
stallions [19]. In humans, no differences were found between the volumes of the right
and left testicles in healthy individuals. Testicular volume differed only in individuals
with diseases such as varicocele, who showed volume reduction on the affected side
[20]. This pattern was also observed in a study of men with testicular pathology [8].
Use of color Doppler sonography has advanced studies assessing the
vascularization of organs, as this technique allows better visualization of vessels than
gray-scale ultrasonography. Thus, the vascular structure, blood flow presence or
absence, direction, velocity, and turbulence inside vessels may be better characterized
by color Doppler imaging.
In humans, color Doppler imaging has been used to assess testicular function
ever since one study performed Doppler ultrasonography of the intratesticular artery and
biopsies of the most vascularized testicular areas in men with fertility disorders,
showing that the most irrigated areas exhibit higher production of spermatic cells [8].
Using color Doppler ultrasonography, the testicular artery was easily visualized
in the spermatic cord and a marginal location; however, intratesticular visualization is
more difficult in healthy humans [9]. Because of this difficulty in visualizing
intratesticular irrigation, this study assessed only the testicular artery in the spermatic
cord and a marginal location, as these locations were also easily identified in dogs [13].
On color Doppler imaging, the testicular arteries investigated in this study
exhibited a pattern similar to that described in dogs [12,13], in which the spermatic cord
artery exhibits a tortuous pattern and the marginal artery exhibits a more linear course,
following the curvature from the cranial to the caudal testicular pole. Similar results
were also reported by in stallions [3].
On spectral Doppler imaging, the testicular arteries exhibited a pattern similar to
that describe in humans [9] and in dogs [13], in which measured waves in the spermatic
cord and marginal location exhibit a non-resistant wave pattern. Different results were
reported in stallions, with a resistant wave pattern in the spermatic cord [3]. This effect
may results from the close proximity of the artery to the abdominal wall in horses.
In the comparison between the right and left sides, PSV was higher in the left
spermatic cord. This difference might be explained by the observation in humans, that
the left testicular artery arches over the renal vein, compressing the vessel and
increasing the velocity of blood flow in this area [5]. It is also important to emphasize
the need to perform longitudinal sections of vessels in order to obtain a representative
measurement of testicular perfusion, which is difficult because of the tortuous pattern of
the artery in this area [17].
The results obtained in this study show that only the EDV, RI, and PI of the
testicular artery are influenced by the location of assessment. RI and PI values were
lower when measured at the marginal location, which agrees with the results in dogs
[13] and in stallions [3].
In dogs, it is been reported that PSV and EDV analyses are not very accurate
because the direction of blood flow in the investigated artery in the spermatic cord
cannot not be assessed [13]; this complication may explain the findings of this study, as
assessments of these two velocities yielded different results. As indices are calculated
from both velocities, however, these measurements remain constant and are more
reliable for diagnostic purposes.
In conclusion, the use of Doppler ultrasonography to characterize the testicular
artery is feasible and can be applied to the assessment of canine testicles. Doppler
velocimetric parameters exhibit differences as a function of the location where they are
measured; end-diastolic velocity (EDV) is higher in the marginal artery, and RI and PI
are higher when measured in the spermatic cord.
Acknowledgements – The authors thank Grande Canafistula Kennel, the owners of the
dogs used in this study, and the funding agencies CAPES, CNPq and FUNCAP.
References
[1] Rubens DJ, Bhatt S, Nedelka S, Cullinan J. Doppler artifacts and pitfalls. Ultrasound
Clin 2006; 1: 79-109.
[2] Nyland TG, Matton JS. Próstata e testículo. In: Ultrasson: diagnóstico em pequenos
animais, Nyland TG, Matton JS (Ed.), Rocca, 2004, pp. 255-71.
[3] Pozor MA, McDonnell SM. Color Doppler ultrasound evaluation of testicular blood
flow in stallions. Theriogenology 2004; 61: 799-810.
[4] Wood MM, Romine LE, Lee YK, Richman KM, O‟Boyle MK, Paz DA, Chu PK,
Pretorius DH. Spectral Doppler signatures waveforms in ultrasonography. Ultrasound Q
2010; 26: 283-99.
[5] Dogra VS, Gottlieb RH, Oka M, Rubens DJ. Sonography of the scrotum. Radiology
2003; 227: 18-36.
[6] Schurich M, Aigner F, Frauscher F, Pallwein L. The role of ultrasound in
assessment of male fertility. Eur J Obstet Gynecol 2009; 144: 192-8.
[7] Dubinsky TJ, Chen P, Maklad N. Color-flow and Power Doppler imaging of the
testis. World J Urol 1998; 16: 35-40.
[8] Foresta C, Garolla A, Bertella A, Ferlin A, Rossato M, Candiani F. Doppler
ultrasound of the testis in azoospermic subjects as a parameter of testicular function.
Hum Reprod 1998; 13: 3090-93.
[9] Middleton WD, Thorne DA, Melson GL. Color Doppler ultrasound of the normal
testis. Am J Rodetol 1989; 152: 293-97.
[10] Tarhan S, Ucer O, Ogus Sahin M, Gumus B. Long-term effect of microsurgical
inguinal varicocelectomy on testicular blood flow. J Androl 2011; 32: 33-39.
[11] Pinggera GM, Mitterberger M, Bartsch G, Strasser H, Gradl J, Aigner F, Pallwein
L, Frauscher F. Assessment of the intratesticular resistive index by colour Doppler
ultrasonography measurements as a predictor of spermatogenesis. BJU Int 2008; 101:
722-26.
[12] Günzel Apel AR, Moè Hrke C, Poulsen Nautrup C. Colour-coded and Pulsed
Doppler Sonography of the Canine Testis, Epididymis and Prostate Gland:
Physiological and Pathological Findings. Reprod Dom Anim 2001; 36: 236-40.
[13] Gumbsch P, Holzmann A, Gabler C. Colour-coded duplex sonography of the testes
in dogs. Vet Rec 2002; 151: 140-44.
[14] Christiansen IJ. Reprodução no cão e no gato, Manole, 1988.
[15] CBRA, Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal, Colégio
Brasileiro de Reprodução Animal, 1998.
[16] Blavias M, Brannam L. Testicular ultrasound. Emerg. Med. Clin. N. Am 2004; 22:
723-48.
[17] Pozor MA. Evaluation of testicular vasculature in stallions. Clin Tech Equine Pract
2007; 6: 271-77.
[18] Salhab SA, Zarkawi M, Wardeh MF, Al-Masri MR, Kassem R. Development of
testicular dimensions and size, and their relationship to age, body weight, and parental
size in growing Awassi ram lambs. Small Animal Res 2001; 2: 187-91.
[19] Quartuccio M, Marino G, Zanghi A, Garufi G, Cristarella S. Testicular volume and
daily sperm output in Ragusano donkeys. JEVS 2011; 31: 143-46.
[20] Shiraishi K, Takihara H, Naito K. Testicular volume, scrotal temperatures, and
oxidative stress in fertile men with left varicolece. Fertil Steril 2009; 91: 1388-91.
Table 1: Doppler velocimetric parameters (mean ± SE) of the testicular artery, as
measured in the spermatic cord and a marginal location on the right and left sides of 21
dogs evaluated over 5 weeks.
PARAMETERS RIGHT LEFT
Spermatic cord Marginal Spermatic cord Marginal
PSV (cm/s) 12.13 ± 2.32 aB
12.56 ± 2.06 a 12.88 ± 2.38
aA 12.87 ± 2.36
a
EDV (cm/s) 5.42 ± 1.61 b 7.57 ± 1.54
a 5.69 ± 1.53
b 7.68 ± 1.38
a
RI 0.55 ± 0.11 a 0.39 ± 0.10
b 0.55 ± 0.12
a 0.39 ± 0.08
b
PI 0.91 ± 0.33 a 0.52 ± 0.21
b 0.92 ± 0.37
a 0.53 ± 0.20
b
Peak systolic velocity (PSV), end-diastolic velocity (EDV), resistance index (RI) and
pulsatility index (PI).
Different lowercase letters represent significant differences between locations on the
artery (p<0.05).
Different uppercase letters represent significant differences between sides (p<0.05).
Figure captions
Figure 1: Two-dimensional ultrasonography of dog testicles. (A) Visualization of
testicular mediastinum (arrows) in longitudinal and axial projections. (B) Testicular
volume calculated using measurements of length (red dots), height (green dots), and
width (blue dots).
Figure 2: Canine testicular artery visualized in (A) the spermatic cord and (B) a
marginal location.
Figure 3: Spectral Doppler ultrasonography of the testicular artery visualized in (A) the
spermatic cord and (B) a marginal location.
CAPÍTULO 2
Comparação do volume testicular entre as raças Buldogue Francês e Terrier Brasileiro
Mírley Barbosa de Souza, Cláudia da Cunha Barbosa, José Nicodemos Pinto, Carlos
Henrique de Andrade Teles, Daniel Couto Uchoa, Cláudio Cabral Campello, Lúcia
Daniel Machado da Silva
Comparação do volume testicular entre as raças Buldogue Francês e Terrier
Brasileiro
Mírley Barbosa de Souza1*, Cláudia da Cunha Barbosa
1, José Nicodemos Pinto
1, Carlos
Henrique de Andrade Teles1, Daniel Couto Uchoa
1, Cláudio Cabral Campello
2 ,Lúcia
Daniel Machado da Silva1
1 Laboratório de Reprodução de Carnívoros, Faculdade de Veterinária, Universidade
Estadual do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil
2 Laboratório de Manipulação de Oócitos e Folículos Ovarianos Pré-Antrais
(LAMOFOPA), Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza,
CE, Brasil
Avenida Paranjana, 1700, CEP 60740-903, Fortaleza, CE, Brasil
Tel.: +55.85.3101.9854, Fax: +55.85.3101.9840
*e-mail: [email protected]
Resumo: O objetivo do trabalho foi comparar as medidas de volume testicular de cães
da raça Buldogue Francês e Terrier Brasileiro, obtidas por ultrassonografia e por
paquímetro. Para tanto, foram utilizados 5 cães da raça Buldogue Francês e 5 cães
Terrier Brasileiro que foram avaliados por ultrassonografia bidimensional e mensurado
o volume testicular. Posteriormente, foram obtidas as medidas de comprimento, largura
e espessura por paquímetro, sendo calculado o volume pela fórmula elipsoide (C x L x
E x 0,5236). Os testículos dos cães das duas raças mostraram diferenças de
conformação, sendo os do Buldogues Francês mais pendulares que os do Terrier
Brasileiro. Não houve diferença entre as semanas de avaliação, apresentando diferença
apenas entre os lados, com o esquerdo sendo maior nas duas raças, independente da
técnica empregada. Na comparação entre as raças, observou-se que os testículos dos
cães da raça Buldogue Francês apresentaram maior volume que os da raça Terrier
Brasileiro (p< 0,05), concluindo que existe diferença de volume testicular entre as raças,
independente da técnica empregada.
1. Introdução
A determinação das medidas de volume testicular é de grande importância, pois
a partir dela é possível a detecção de enfermidades que possam afetar o crescimento e o
desenvolvimento do órgão, como a varicocele e desordens inflamatórias crônicas
(Paltiel et a.l, 2002; Tarhan et al., 2011). Histologicamente, os testículos apresentam em
grande parte do seu parênquima os túbulos seminíferos, onde se localizam as células
que darão origem aos espermatozoides. Por essa característica, as medidas de volume
testicular também podem refletir a função testicular e a espermatogênese (Dogra et al.,
2003).
Para estimativa das medidas de volume, várias técnicas já foram utilizadas,
como orquidômetro, paquímetro e mais recentemente a utilização da ultrassonografia
bidimensional, sendo esta considerada de maior acuraria na maior parte dos estudos
(Bailey et al., 1998; Paltiel et al., 2002).Várias fórmulas foram propostas para o cálculo
do volume testicular, sendo a fórmula elipsóide a mais utilizada, pois se acredita que o
formato testicular se aproxime mais da forma de uma elipse (Gumbsch et al., 2002).
Bailey et al. (1998) trabalhando com bovinos, mostraram a ultrassonografia
como o método mais acurado de mensuração de volume testicular. Em caninos, estudos
realizados comparam a eficácia da ultrassonografia com os métodos de mensuração por
orquidômetro e paquímetro, mostrando ser este o método que mais se aproxima do
volume real do órgão (Gouletsou et al., 2008; Patiel et al., 2002).
Em humanos, as medidas de volume testicular já são bastante utilizadas como
ferramenta auxiliar no diagnóstico de problemas de fertilidade, mostrando que existem
diferenças nas medidas de volume testicular quando comparado homens férteis com
aqueles que apresentam algum histórico de enfermidade testicular, como a varicocele
que pode cursar com a hipotrofia do testículo acometido e infertilidade (Pasqualotto et
al., 2005; Sakamoto et al., 2008), indicando a importância do conhecimento das
medidas ultrassonográficas de volume testicular como ferramenta de diagnóstico de
infertilidade.
Embora já existam estudos acerca da comparação das medidas de volume pelas
técnicas de ultrassonografia e por utilização de paquímetro, é importante o
conhecimento das variações de volume entre indivíduos de raças diferentes, a fim de se
estabelecer um intervalo na medida de volume testicular. Brito et al. (2004) em estudo
comparativo entre raças bovinas européias e zebuínas constataram uma diferença na
medida de volume testicular entre elas, além de diferenças na qualidade seminal de
acordo com o aumento no volume testicular.
Em caninos, pela grande variedade de raças e portes existentes, é importante a
realização de comparações de volume testicular entre duas raças distintas e verificar
possíveis diferenças para que se possa realizar uma correlação mais fidedigna entre
raças de um mesmo porte, reconhecendo o intervalo normal nas medidas testiculares em
cada uma delas, sendo que essas diferenças ainda não foram completamente elucidadas
nesta espécie.
Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi verificar se as medidas de volume
testicular apresentam diferenças quando mensuradas nas raças Buldogue Francês e
Terrier Brasileiro, utilizando a ultrassonografia e a mensuração por paquímetro.
2. Material e Métodos
2.1. Animais experimentais
Foram utilizados 5 cães machos da raça Buldogue Francês e 5 da raça Terrier
Brasileiro, com peso variando de 8 a 12 kg e idades variando de 1 a 4 anos, oriundos do
Canil Grande Canafístula, localizados na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará. Os
cães eram mantidos em canis individuais e foram alimentados com ração comercial de
manutenção para cães e com livre acesso à água. Inicialmente os cães foram submetidos
a exame clínico geral e hematológico a fim de se atestar a sanidade e somente aqueles
sadios foram utilizados.
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Reprodução de Carnívoros da
Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará – UECE e foi aprovado
pelo Comitê de Ética para Uso de Animais da instituição.
2.2. Avaliação andrológica
No trabalho foram utilizados somente animais aptos para reprodução, com
padrões seminais mínimos estabelecidos pelo CBRA. Para se verificar o padrão
seminal, cada cão foi submetido a 3 coletas de sêmen, sendo as mesmas realizadas
através da técnica de manipulação digital (Christiansen, 1988), com intervalo de 28 dias
entre as mesmas. O sêmen foi coletado de forma fracionada sendo a segunda fração, rica
em espermatozoide avaliada quanto os padrões macroscópicos de cor e volume, e
microscópicos de motilidade, vigor, concentração e morfologia.
2.2. Avaliações ultrassonográficas
As análises ultrassonográficas foram realizadas em aparelho SonoAce PICO
(Medison®)
com transdutor linear multifrequencial de 5 a 9 MHz. Os animais foram
posicionados em decúbito dorsal, sendo colocado o transdutor diretamente sobre os
testículos. Cada animal foi submetido a cinco avaliações ultrassonográficas com
intervalos de duas semanas, nos dias 0, 14, 28, 42 e 56, sendo o dia 0 considerado o
primeiro dia de avaliação.
Primeiramente, o animal foi submetido à avaliação por ultrassonografia
bidimensional, em que foram avaliados os parâmetros de ecogenicidade testicular para,
em seguida, ser calculado seu volume. Para tanto, foram feitos dois cortes, sendo um em
plano longitudinal utilizando-se como ponto de referência o mediastino, para aferição de
comprimento (pólo cranial ao caudal) e largura testicular (borda medial à lateral) e outro
em plano transversal para obtenção da espessura (extremidade do pólo dorsal à
extremidade do pólo ventral), sendo mensurado no limite das túnicas parietal e visceral,
que formam uma linha fina hiperecóica periférica (Nyland & Matton, 2004).
2.3. Mensurações por paquímetro
As mensurações de volume testicular, direito e esquerdo, usando paquímetro
foram realizadas posteriormente às medidas ultrassonográficas. Os animais foram
posicionados em estação e as medidas de comprimento (pólo cranial ao caudal), largura
(borda medial à lateral) e espessura (extremidade do pólo dorsal à extremidade do pólo
ventral) do testículo sobre o escroto eram realizadas (Figura 1). Após a obtenção das
medidas por paquímetro, o volume testicular foi calculado a partir da fórmula elipsóide
(volume = comprimento x largura x espessura x 0,5236).
Figura 1: Mensuração do volume testicular por paquímetro, utilizando as medidas de
comprimento (A), largura (B) e espessura (C).
2.4. Análise estatística
Os resultados referentes às medidas de volume testicular dos cães das raças
Buldogue Francês e Terrier Brasileiro foram inicialmente submetidos aos testes de
Shapiro-Wilk e Bartlett para confirmação da normalidade da distribuição e
homocedasticidade, respectivamente. Confirmados os requerimentos para realização da
análise de variância, esta foi executada com auxílio do procedimento GLM do Programa
SAS (2002), seguida do teste de Student-Newman-Keuls (SNK) para comparação das
médias. Considerando se tratarem de amostras não-independentes (pertencentes ao
mesmo animal), os valores correspondentes aos volumes dos testículos direito e
esquerdo e as variações observadas em cada animal nos diferentes tempos de avaliação
(semanas 1 a 5) foram comparados por meio do teste t-pareado. A existência de
associação entre as mensurações feitas por ultrassonografia e por paquimetria foi
avaliada por análise de correlação (PROC CORR, SAS, 2002). Os resultados foram
expressos como média ± erro padrão das médias e as diferenças consideradas
significativas quando p<0,05.
3. Resultados
Os testículos dos cães estudados apresentaram diferenças de conformação entre
as raças durante a avaliação andrológica. Os cães da raça Buldogue Francês
apresentaram testículos mais pendulares, enquanto que os cães da raça Terrier Brasileiro
tinham os testículos mais próximos ao corpo do animal.
Na avaliação do sêmen a fresco foi observado que todos os ejaculados
apresentavam cor branca e aparência leitosa, e que os demais parâmetros macro e
microscópios apresentavam-se dentro da normalidade. A descrição dos parâmetros
seminais das raças Buldogue Francês e Terrier Brasileiro está expresso na tabela 1.
Tabela 1: Características do sêmen (Média ± EPM) dos cães da raça Buldogue Francês e
Terrier Brasileiro avaliado a fresco (n=15).
PARÂMETROS AVALIADOS
BULDOGUE TERRIER
MÉDIA ± EP
Volume (ml) 0,56 ± 0,09 0,58 ± 0,53
Motilidade (%) 95,00 ± 0,03 94,00 ± 0,08
Vigor (0-5) 4,6 ± 0,55 4,6 ± 0,55
Concentração espermática (n° sptz X 106/mL) 482,60 ± 358,08 526,40 ± 490,63
Espermatozóides normais (%) 83,9 ± 4,43 81,8 ± 7,11
Com a ultrassonografia bidimensional foi possível verificar a ecogenicidade
homogênea do testículo, com o mediastino bem visibilizado como uma linha
hiperecóica quando vista em projeção longitudinal e um ponto central quando
visualizada transversalmente (Figura 2).
Figura 2: Ultrassonografia bidimensional dos testículos de cães. (A) Visibilização do
mediastino testicular (setas) nas projeções longitudinal e transversal.
Não houve diferenças significativos no volume testicular durante as semana de
realização dos exames, independentemente dos dados ou da técnica empregada.
(p>0,9884), revelando uma assimetria testicular nas duas raças. As medições realizadas
por ultrassonografia e por paquimetria foram equivalentes e apresentaram um alto
coeficiente de correlação (r=0,9493, p<0,0001), não diferindo entre si.
As análises de medidas obtidas por ultrassonografia mostraram que o lado
esquerdo é significativamente maior que o lado direito (p< 0,0331). A comparação das
medidas de volume por ultrassonografia entre as raças mostraram que o volume
testicular dos cães da raça Buldogue Francês é significativamente maior que os da raça
Terrier Brasileiro (Tabela 2).
Figura 3: Mensuração do volume testicular por ultrassonografia, utilizando as medidas
de comprimento (pontilhado vermelho), largura (pontilhado verde) e espessura
(pontilhado azul).
A mensuração por paquímetro que o lado esquerdo é significativamente maior
que o direito (p<0,0057). Quando comparadas as medidas de volume entre as duas
raças, verificou-se que o Buldogue Francês apresentou volume significativamente
maiores que a raça Terrier Brasileiro (p<0,0001) (Tabela 2).
Tabela 2: Volume testicular (Média ± EPM) dos testículos de cães das raças Buldogue
Francês e Terrier Brasileiro mensurados por ultrassonografia e por paquímetro
PARÂMETROS
BULDOGUE FRANCÊS
TERRIER BRASILEIRO
Ultrassonografia Paquímetro Ultrassonografia Paquímetro
DIREITO 4,57 ± 0,89bA
4,99 ± 0,78bA
3,22 ± 0,50bB
3,43 ± 0,62bB
ESQUERDO 4,95 ± 0,90 aA
5,36 ± 0,48aA
3,38 ± 0,59 aB
5,36 ± 0,48aB
Letras minúsculas distintas representam diferenças significativas entre as linhas
(p<0,05).
Letras maiúsculas distintas representam diferenças significativas entre as colunas
(p<0,05).
4. Discussão
Os cães das raças Buldogue Francês e Terrier Brasileiro são animais
considerados de pequeno porte, com seus pesos em média de 10 a 12 kg (FCI, 1998;
FCI, 2007), mas que ao exame andrológico apresentaram algumas diferenças na
conformação do testículo na bolsa escrotal. Os cães da raça Buldogue Francês
apresentaram o escroto mais pendular que os Terrier Brasileiro, sendo esses resultados
semelhantmente descritos por Brito et al. (2004), em estudo com bovinos das raças
européias (Bos taurus) e zebuínas (Bos indicus), evidenciando que é possível e esperado
que exista essa diferença entre raças da mesma espécie.
Os aspectos relacionados à avaliação seminal das duas raças mostram que estas
se apresentavam dentro dos padrões preconizados pelo CBRA (1998) e por Christiansen
(1988), tanto nas características macroscópicas de cor e aspecto quanto nos parâmetros
microscópicos avaliados, sendo aptos a participarem do experimento.
As características ultrassonográficas testiculares observadas neste estudo estão
de acordo com o descrito por em humanos (Blavias & Brannam, 2004), por em
garanhões (Pozor, 2007) e em cães (Nyland & Matton, 2004), além de apresentando
ecotextura média, de caráter homogêneo com mediastino bem evidenciado como uma
linha hiperecoica central.
A determinação do volume testicular é importante para se averiguar o
desenvolvimento reprodutivo do animal, além de servir como ferramenta para
observação de enfermidades que possam culminar com a alteração da função testicular,
pois o aumento de volume pode ser sinal de alterações infecciosas ou tumorais no
órgão, comprometendo a espermatogênese, como já relatado em humanos (Foresta et al.
1998 Shiraishi et al.,2009).
O volume testicular das duas raças avaliadas mostrou que o testículo esquerdo é
significativamente maior que o direito, utilizando tanto a ultrassonografia quanto a
paquimetria, resultados estes também os observados por Kavac et al (2003) em aferição
do volume testicular em garanhões da raça Tori. Em cães, este fato é mais evidenciado
pela grande variedade de raças existentes.
Quando comparado o volume testicular nas duas raças, evidenciou-se que os
testículos dos cães da raça Buldogue Francês apresentaram-se maiores que os da raça
Terrier Brasileiro. Estudo em bovinos realizados por Brito et al. (2004), indicam que os
testículos dos animais das raças européias apresentam volume menor quando
comparado com os das raças zebuínas e mestiços.
Apesar de serem cães considerados de pequeno porte, os cães da raça Buldogue
Francês apresentam uma média de peso um pouco superior aos Terrier Brasileiro,
pesando aproximadamente 12 kg, enquanto que a média entre os Terrier Brasileiro é de
10 kg, com diferença na conformação testicular, sendo que os cães da raça Buldogue
Francês mostram um testículo mais pendular. Essa diferença na conformação testicular
que pode existir entre as duas raças pode contribuir para um maior volume testicular da
primeira raça, devido a uma média de peso superior apresentada pela raça Buldogue
Francês, podendo exibir uma média de temperatura corporal superior aos Terrier
Brasileiro e, com isso, a necessidade de conformação testicular mais pendular.
As fórmulas empregadas para cálculo do volume testicular nesse estudo foram
similares, pois o cálculo automático realizado pelo aparelho de ultrassom utiliza a
fórmula elipsóide como base (Patiel et al, 2002). E a utilização da fórmula elipsóide
para cálculo do volume através do paquímetro foi baseada em estudos, que presumem
que o formato testicular se aproxime a essa forma (Gumbsch et al.,2002).
As técnicas empregadas nesse estudo para a mensuração do volume testicular
foram a ultrassonografia e a paquimetria, que atualmente são as mais utilizadas para
esse tipo de aferição. Os resultados desse estudo mostram que as mensurações por
ultrassonografia e paquimetria foram equivalentes, com uma alta correlação entre elas.
Carlsen et al. (2000) e Tatsunami et al. (2006) referem uma alta variabilidade na
mensuração por ultrassonografia pela fórmula utilizada pelo aparelho para o cálculo,
além da variabilidade do examinador. Os resultados desse estudo mostram que as
mensurações por ultrassonografia e paquimetria foram equivalentes, com uma alta
correlação entre elas, evidenciando a similaridade das fórmulas empregadas entre as
duas técnicas e ainda a realização das avaliações por um único examinador.
Em conclusão, pode-se dizer que o volume testicular é diferente entre as raças
Buldogue Francês e Terrier Brasileiro, sendo maior na primeira, independente da
técnica de aferição empregada.
Agradecimentos: Os autores agradecem ao Canil Grande Canafístula e aos proprietários
particulares dos cães utilizados neste estudo, assim como ao professor Dr Cláudio
Cabral Campello, pela realização da estatística e ainda aos órgão de fomento CNPq,
CAPES e FUNCAP
Referências Bibliográfica
1. BAILEY, T.L.; HUDSON, R.S.; POWE, T.A.; RIDDELL, M.G.; WOLFE, D.F.;
CARSON, R.L.: Caliper and ultrasonographic measurements of bovine testicles
and a mathematical formula for determining testicular volume and weight in
vivo. Theriogenology. v.49, p 581-594, 1998.
2. BLAVIAS, M.; BRANNAM, L.: Testicular ultrasound. Emergency Medicine
Clinic of North America. v. 22, p 723-748, 2004.
3. BRITO, L.F.C.; SILVA, A.E.D.F.; BARBOSA, R.T.; KASTELIC, J.P.:
Testicular thermoregulation in Bos indicus, crossbred and Bos taurus bulls:
relationship with scrotal, testicular vascular cone and testicular morphology, and
effects on semen quality and sperm production. Theriogenology v. 61, n.2-3, p
511-528, 2004.
4. CARLSEN, E.; ANDERSEN, A.G.;BUCHREITZ, L.; JORGENSEN, N.;
MAGNUS, O.; MATULEVICUUS, V.; NERMOEN, I.; PETERSEN, J.H.;
PUNAB, M.; SUOMININ, J.; ZILAITIENE, B.; GIWERCMAN,A.: Inter
observer variation in the results of the clinical andrological examination
including estimation of testicular size. International Journal of Andrology. v
23, n. 4, p 248-253, 2000.
5. CBRA. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. Belo
Horizonte: Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, 1998.
6. CHRISTIANSEN, I.J. Reprodução no cão e no gato. São Paulo: Manole, 1988.
7. DOGRA, V.S; GOTTLIEB, R.H.; OKA, M.; RUBENS, D.J.: Sonography of the
scrotum. Radiology. v.227, n 1, p 18-36, 2003.
8. FORESTA, C.; GAROLLA, A.; BERTELLA, A.; FERLIN, A.; ROSSATO,
M.;CANDIANI, F.: Doppler ultrasound of the testis in azoospermic subjects as a
parameter of testicular function. Human Reproduction. v. 13 n.11, p 3090-
3093, 1998.
9. GOULETSOU, P. G; GALATOS, A.D; LEONTIDES, L. S.: Comparison
between ultrasonographic and caliper measurements of testicular volume in the
dog. Animal Reproduction Science. v. 108, p 1-12, 2008.
10. GUMBSCH, P.; HOLZMANN, A.; GABLER, C.: Colour-coded duplex
sonography of the testes os dogs. Veterinary Record. v 151, n.5, p 140-144,
2002.
11. KAVAC, A.; LUNDEHEIM, N.;AIDNIK, M,; EINARSSON, S.: Testicular
measurements and daily sperm output of Tori and Estonian breed stallions.
Reproduction in Domestic Animals. v 38, 167-169, 2003
12. NYLAND, T.G.; MATTON, J.S.: Próstata e testículo. In:_ NYLAND, T.G;
MATTON, J.S.: Ultrasson: diagnóstico em pequenos animais. 2º edição. São
Paulo. Cap. 13. p 255-271, 2004.
13. PALTIEL, H.J.; DIAMOND, D.A; DI CANZIO, J.; ZURAKOWSKI, D.;
BORER, J.G.; ATALA, A.: Testicular volume: comparison of orchidometer and
US measurements in dogs. Radiology. v. 222, n 1, p 114-119, 2002.
14. PASQUALOTTO, F.F.; LUCAN, A.M.; GÓES, P.M.; SOBREIRA, B.P.;
HALLAK, J.; PASQUALOTTO, E.B.; ARAP, S.: Semen profile, testicular
volume, and hormonal levels in infertile patients with varicoceles compared with
fertile men with and without varicoceles. Fertility and Sterility. v.83, n 1, p 74
– 77, 2005.
15. POZOR, M.A.: Evaluation of testicular vasculature in stallions. Clinical
Techniques in equine practice. v 6, p 271-277, 2007.
16. QUARTUCCIO, M.; MARINO, G.; ZANGHI, A.; GARUFI, G.;
CRISTARELLA, S.: Testicular volume and daily sperm output in Ragusano
donkeys. Journal of Equine Veterinary Science. v. 31, n. 3, p 143 – 146, 2011.
17. SAKAMOTO, H.; SAITO, K.; OOHTA, M.; INOUE, K.; OGAWA, Y.;
YOSHIDA.: Testicular volume mesurements: comparison of ultrasonography,
orchidometry, and water displacement. Urology. v 69, n 1, p 152 – 157, 2007.
18. SAKAMOTO, H.; OGAWA, Y.; YOSHIDA, H.: Relationship between
testicular volume and testicular function: comparision of the Prader
orchidometric and ultrasonografic measurements in patients with infertility.
Asian Journal of Andrology. v 10, n 2, p 319-324, 2008.
19. SHIRAISHI, K.; TAKIHARA, H.; NAITO, K.: Testicular volume, scrotal
temperatures, and oxidative stress in fertile men with left varicolece. Fertility
and Sterility. v. 91, n 4, p 1388 – 1391, 2009.
20. TARHAN, S.; UCER, O.; OGUZ SAHIN, M.; GUMUS, B.: Long-term effect of
microsurgical inguinal varicocelectomy on testicular blood flow. Journal of
Andrology. v 32, n 1, p 33-39, 2011.
21. TATSUNAMI, S.; MATSUMIYA, K.; TSUJIMURA, A.; ITOH, N.; SASAO,
T.; KOH, E.;MAEDA, Y.; EGUCHI, J.; TAKEHARA, K.; NISHIDA, T.;
MIYANO, S.; TABATA, C.; IWAMOTO, T.: Inter/intra investigator variation
in orchidometric measurements of testicular volume by ten investigators from
five institutions. Asian Journal of Andrology. v 8, n.3, p 373-378, 2006.
CONCLUSÕES
A ultrassonografia Duplex Doppler pode caracterizar de forma rápida a artéria
testicular quando localizada no cordão espermático e marginalmente ao testículo de
cães, sendo possível ainda a mensuração dos parâmetros dopplervelocimétricos nas duas
localizações. Esses parâmetros variam de acordo com o local de mensuração, pois a
velocidade diastólica final (VDP) mostra-se maior quando medida marginalmente ao
testículo e os índices de resistência (IR) e pulsatilidade (IP) são maiores quando
mensurados no cordão espermático, enquanto que a velocidade de pico sistólico (VPS)
pode variar entre os testículos direito e esquerdo.
A ferramenta da ultrassonografia possibilita o estudo dos testículos, pois com o
modo bidimensional é possível a descrição de sua ecogenicidade, afirmando se este se
encontra dentro da normalidade. Na mensuração do volume testicular, nota-se
diferenças quando comparadas duas raças distintas do mesmo porte, sendo semelhantes
as mensurações realizadas tanto por ultrassonografia quanto por paquimetria.
PERSPECTIVAS
O estudo do Doppler como ferramenta para diagnóstico é de grande importância,
pois algumas enfermidades que acometem os testículos podem ser visualizadas a partir
dessa técnica. Este trabalho ressaltou a importância de se conhecer o padrão normal de
imagem, tanto bidimensional quando de Doppler, em cães sadios, a fim de que possa se
reconhecer com mais facilidade as alterações. E a utilização dos parâmetros
dopplervelocimétricos também contribuem para o diagnóstico de afeccções testiculares.
Apesar disso, ainda são necessários mais estudos acerca da técnica para
aprimoramento e também para se conhecer o padrão Doppler das doenças
testiculares.Além disso, é necessário ainda o conhecimento das possíveis diferenças
existente entre esses padrões em outras raças e estudando cães de outros portes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLAVIAS, M.; BRANNAM, L.: Testicular ultrasound. Emergency Medicine Clinic of
North America, v. 22, p 723-748, 2004.
CARDOSO, R.C.S.; SILVA, A.R.; SILVA, L.D.M. Determinação da concentração
espermática no sêmen de cães Pastores Alemães através da espectrofotometria. Revista
Brasileira de Reprodução Animal, v.27, n.3, p.384-386, 2003.
CARVALHO, C.F.; CHAMMAS, M.C.; CERRI, G.G.: Princípios físicos do Doppler
em ultrassonografia. Ciência Rural. v 38, n3, p 872-879, 2008.
CARVALHO, C.F.; ADDAD, C.A.: Doppler: historico e princípios físicos. In:_
CARVALHO, C.F: Ultrassonografia Doppler em pequenos animais. São Paulo. cap.
1. p 3-6, 2009.
CBRA. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. Belo Horizonte:
Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, 1998.
CHRISTIANSEN, I.J. Reprodução no cão e no gato. São Paulo: Manole, 1988.
CUNNINGHAN, J.G.: Tratado de fisiologia veterinária. 2° edição. Rio de Janeiro,
Editora Guanabara Koogan, cap. 39, p 399-405, 1999.
DAVIDSON, A.P; BAKER, T.W.: Reproductive ultrasound of the dog and tom. Topics
in companion animal medicine. v. 24, n. 2, p 64 – 70, 2009.
DOGRA, V.S; GOTTLIEB, R.H.; OKA, M.; RUBENS, D.J.: Sonography of the
scrotum. Radiology v.227, n 1, p 18-36, 2003.
DOGRA, V.S.; BHATT, S.; RUBENS, D.J.: Sonographic evaluation of testicular
torsion. Ultrasound Clinics. v.1; p 55 – 66, 2006.
DUBINSKY, T.J.; CHEN, P.; MAKLAD, N.: Color-flow and Power Doppler imaging
of the testis. World Journal of Urology. v 16, p 35-40, 1998.
FORESTA, C.; GAROLLA, A.; BERTELLA, A.; FERLIN, A.; ROSSATO,
M.;CANDIANI, F.: Doppler ultrasound of the testis in azoospermic subjects as a
parameter of testicular function. Human Reproduction v. 13 n.11, p 3090-3093, 1998.
GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Rio de Janeiro, Editora Guanabara
Koogan, p.1485, 1981.
GRADNER, G.; DETERISCHSD, D.; HITTMAIR, K.M.: Intra-abdominal testicular
torsion in a cryptorchid dog. European Journal of Companion Animal Practice. v.
17, p 41-44, 2007.
GÜNZEL APEL, A.R; MOÈ HRKE, C.; POULSEN NAUTRUP, C.: Colour-coded and
Pulsed Doppler Sonography of the Canine Testis, Epididymis and Prostate Gland:
Physiological and Pathological Findings. Reproduction in Domestic Animals 36, 236-
240, 2001.
HAFEZ, E.S.E.: Reprodução Animal. 7° edição. São Paulo. cap 1. p 5-12, 2004.
HAHN, J, STOUFFER, RJ, FOOTE, RH. Ultrasonographic and other testicular
characteristics of Holstein bulls revisited. Journal of Reproduction and Development.
v. 45, p. 405-410, 1999.
HUSSEIN, A.F.: The role of color doppler ultrasound in prediction of the outcome of
microsurgical subinguinal varicocelectomy. The Journal of Urology. v. 176, p. 2141 –
2145, 2006.
KING, A.M.: Development, advances and applications of diagnostic ultrasound in
animals. The Veterinary Journal. 171 p 408-420, 2006.
MARTINOLI, C.; PRETOLESI, F; CRESPI, G; BIANCHI, S; GANDOLFO, N;
VALLE, N; DERCHI, L.E.: Power Doppler sonography: clinical applications.
European Journal of Radiology. v. 28, p 133-140, 1998.
MIDDLETON, W.D.; THORNE, D.A.; MELSON, G.L.: Color Doppler ultrasound of
the normal testis. American Journal of Roentgenology. v 152, p 293-297, 1989.
MORAIS FILHO, D.: Análise espectral do fluxo arterial. In: _NECTOUX FILHO, J.L;
CUNHA, S.S; PAGLIOLI, S.S; SOUZA, G.G; PEREIRA, A.H.: Ultra-sonografia
vascular. Rio de Janeiro. Cap. 1. p 7-19, 2000.
NYLAND, T.G.; MATTON, J.S.: Próstata e testículo. In:_ NYLAND, T.G; MATTON,
J.S.: Ultrasson: diagnóstico em pequenos animais. 2º edição. São Paulo. Cap. 13. p
255-271, 2004.
PALTIEL, H.J.; DIAMOND, D.A; DI CANZIO, J.; ZURAKOWSKI, D.; BORER,
J.G.; ATALA, A.: Testicular volume: comparison of orchidometer and US
measurements in dogs. Radiology. v. 222, n 1, p 114-119, 2002.
PASQUALOTTO, F.F.; LUCAN, A.M.; GÓES, P.M.; SOBREIRA, B.P.; HALLAK, J.;
PASQUALOTTO, E.B.; ARAP, S.: Semen profile, testicular volume, and hormonal
levels in infertile patients with varicoceles compared with fertile men with and without
varicoceles. Fertility and Sterility. v.83, n 1, p 74 – 77, 2005.
PINGGERA, G.M.; MITTERBERGER, M.; BARTSCH, G.; STRASSER, H,;
GRADLJ.; AIGNER, F,; PALLWEIN, L, FRAUSCHER, F.: Assessment of the
intratesticular resistive index by colour Doppler ultrasonography measurements as a
predictor of spermatogenesis. BJU International. v. 101, p 722 – 726, 2008.
POZOR, M. A., McDONNELL, S. M. Ultrasonographic measurements of accessory sex
glands, ampullae, and urethra of normal stallions of various size types. Theriogenology,
v.58, p.1425-1433, 2002.
POZOR, M. A., McDONNELL, S. M.: Color Doppler ultrasound evaluation of
testicular blood flow in stallions. Theriogenology, v.61, p 799-810, 2004.
QUARTUCCIO, M.; MARINO, G.; ZANGHI, A.; GARUFI, G.; CRISTARELLA, S.:
Testicular volume and daily sperm output in Ragusano donkeys. Journal of Equine
Veterinary Science. v. 31, n. 3, p 143 – 146, 2011.
RUBERNS, D.J.; BHATT, S.; NEDELKA, S.; CULLINAN, J.: Doppler artifacts and
pitfalls. Ultrasound Clinics. v. 1, p 79-109, 2006.
SAKAMOTO, H.; OGAWA, Y.; YOSHIDA, H.: Relationship between testicular
volume and testicular function: comparasion of the Prader orchidometric and
ultrasonografic measurements in patients with infertility. Asian Journal of Andrology.
v 10, n 2, p 319-324, 2008.
SCHURICH, M.; AIGNER, F.; FRAUSCHER, F.; PALLWEIN, L.: The role of
ultrasound in assessment of male fertility. European Journal of Obstetrics &
Gynecology and Reproductive Biology. v 144, p 192-198, 2009.
SWENSON, M.J.; REECE, W.O.: Fisiologia dos animais domésticos. 11° edição Rio
de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, cap 35, p 603 – 614, 1996.
TARHAN F.; ERBAY M.E.; ERDOGAN E.; OZGUL A.; KUYUMCUOGLU U.:
Effects of unilateral testicular torsion on the blood flow of contralateral testis – an
experimental study on dogs. Scandinavian Journal of Urology and Nephrology. v 34,
p 229–32, 2000.
TARHAN, S.; UCER, O.; OGUS SAHIN, M.; GUMUS, B.: Long-term effect of
microsurgical inguinal varicocelectomy on testicular blood flow. Journal of
Andrology. v 32, n 1, p 33-39, 2011.
WOOD, M.M.; ROMINE, L.E.; LEE, Y.K.; RICHMAN, K.M.; O‟BOYLE, M.K.;
PAZ, D.A.; CHU, P.K.; PRETORIUS, D.H.: Spectral Doppler signatures waveforms in
ultrasonography. Ultrasound Quartely. v 26, n 2 p 83-99, 2010.