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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA LIZABETH SILVA OLIVEIRA PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO NO SEMIÁRIDO CEARENSE: O CONTEXTO DO MUNICÍPIO DE AIUABA CEARÁ, BRASIL FORTALEZA 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

LIZABETH SILVA OLIVEIRA

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO NO SEMIÁRIDO CEARENSE: O CONTEXTO

DO MUNICÍPIO DE AIUABA – CEARÁ, BRASIL

FORTALEZA

2014

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LIZABETH SILVA OLIVEIRA

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO NO SEMIÁRIDO CEARENSE: O CONTEXTO

DO MUNICÍPIO DE AIUABA – CEARÁ, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geografia da Universidade Estadual do

Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de

mestre em Geografia. Área de Concentração: Análise

Geoambiental e Ordenação do Território nas Regiões

Semiáridas e Litorâneas.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Brito da Cruz

FORTALEZA

2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário responsável – Francisco Welton Silva Rios – CRB-3/919

O48p Oliveira, Lizabeth Silva

Preservação e conservação no semiárido cearense: o contexto do município de Aiuaba – Ceará, Brasil / Lizabeth Silva Oliveira. -- 2014.

CD-ROM. 160 f. : il. (algumas color.) ; 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico,

acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de

Ciências e Tecnologia, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Curso de Mestrado Acadêmico em Geografia, Fortaleza, 2014.

Área de Concentração: Analise Geoambiental e Ordenamento de Territórios de Regiões Semiáridas e Litorâneas.

Orientação: Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Brito da Cruz. 1. Estação ecológica – Aiuaba – Ceará. 2. Semiárido – preservação –

Aiuaba – Ceará. 3. Semiárido – conservação – Aiuaba – Ceará. I. Título.

CDD: 363.7

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À minha família, ao meu amor e aos meus

amigos, por me ajudarem a superar as

dificuldades!

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AGRADECIMENTOS

São grandes as dificuldades enfrentadas para a realização de uma pesquisa,

no entanto, neste percurso não estamos sós, e graças a Deus por isso. Assim,

meus singelos agradecimentos são dedicados a todos aqueles que contribuíram

grandemente, não só com meu lado profissional, mas com o meu engrandecimento

pessoal.

Agradeço a Deus, antes de tudo, por me dar forças para seguir nesta

caminhada e alcançar mais uma etapa de vitória.

À minha família pelo apoio e consideração, mesmo de forma indireta,

especialmente a minha mãe, Maria Fátima da Silva Oliveira e minha irmã, Lucida

Ferreira e Silva pelas conversas, ajudas, risos e por me manter sempre alimentada.

Agradeço ao meu amor Erdeson José dos Santos pelo apoio, compreensão e

amor.

Agradeço à Professora Dra. Maria Lúcia Brito da Cruz, pela confiança

depositada em minha formação acadêmica desde a graduação e por sua amizade

diária que traz grandes contribuições para a minha vida.

Ao professor, Dr. Marcos José Nogueira de Souza pelas contribuições na

pesquisa.

Aos professores, Dra. Cláudia Maria Magalhães Grangeiro, Dr. Gemmelle

Oliveira Santos e Dra. Eugênia Cristina Gonçalves Pereira por grandes contribuições

à pesquisa no exame de qualificação.

Ao Professor, Dr. Manoel Rodrigues de Freitas Filhos, por me ceder material

cartográfico e pelo seu ensino.

Ao colega, Marcos Vinicius pelas referências bibliográficas concedidas.

Ao meu amigo Gledson Santos, por toda sua ajuda, ensino, disponibilidade e

amizade.

Aos meus amigos desde a graduação, Evelize Teixeira e Jean Filippe pelas

conversas, ajudas e companheirismo.

À minha amiga e companheira de sala, Tatiane Soares, pela sua amizade,

dedicação, contribuições e confidências.

Ao meu companheiro de sala, Guilherme Souza, pela sua amizade, pelas

conversas e por me ceder dados cartográficos.

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Ao meu amigo, Lucas Soares e ao colega Francisco José pela ajuda aos

dados de clima e estabelecimento de contatos com representantes ambientais,

respectivamente.

Ao meu amigo, Áquila Mesquita pelo seu companherismo e pela sua alegria

que me inspira.

Aos colegas dos Laboratórios de Geoprocessamento e de Geografia Física,

Ícaro, Denis, Laize, Elias, Ana Carla, Eveline, Vanessa, Iaponan, Andréia, Romana,

Geyziane e Joselito por todas as suas contribuições.

A todos os amigos e colegas fora da Universidade.

Aos funcionários da Estação Ecológica de Aiuaba e do ICMbio pelo

fornecimento de informações e disponibilidade de acesso.

Agradeço a CAPES pelo incentivo financeiro à pesquisa.

Finalmente, agradeço a todos que torceram por mim e me apoiaram direta ou

indiretamente.

Muito obrigada.

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[...] Pensamos demasiadamente, sentimos muito

pouco. Necessitamos mais de humildade que de

máquinas, mais de bondade e ternura que de

inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e

tudo se perderá. [...]

Charles Chaplin

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RESUMO

A análise das áreas protegidas permitiu o estudo da conservação e preservação no município de Aiuaba, Ceará, uma vez que o estudo destas áreas está em pauta nos discursos das comunidades acadêmicas, profissionais, empresas e civis e também está disposto na legislação ambiental. Podem representar importantes estratégias para a conservação e/ou preservação dos recursos naturais. Para tanto, objetivou-se compreender o município de Aiuaba no contexto da preservação e conservação da natureza com características semiáridas. Nesta perspectiva, o município de Aiuaba pertence à macrorregião dos Sertões de Inhamuns, insere-se num quadro natural com características tipicamente semiáridas o que torna desfavorável o aproveitamento de seus recursos naturais, sendo necessário o conhecimento dos sistemas ambientais para o estabelecimento dos limites de tolerância ao uso e ocupação. Apresenta particularidades importantes, entre as quais a presença de uma Unidade de Conservação, UC de proteção integral, mais especificamente a Estação Ecológica de Aiuaba, esta possui uma área de 11.525 hectares e apresenta grande valor ecológico, além de concentrar em seu território um exemplar de remanescente da caatinga arbórea, em um ótimo grau de conservação. Embora, prevista na Lei 9.985, que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação, a Estação não dispõe de zona de amortecimento e corredor ecológico, o que implica o mau uso dos recursos em seu entorno. Dentre os vetores de pressão sobre a unidade destaca-se como principais a agricultura e a pastagem. Nessa concepção faz-se necessário avaliar até que ponto o potencial desta UC pode ser considerado como instrumento efetivo para preservação e conservação da região semiárida do município de Aiuaba, pois, este fato não livra o município do fenômeno da degradação ambiental e da pobreza. Uma vez que, observar-se a presença de áreas susceptível à degradação. Isso suscita o interesse científico para o estudo, considerando as transformações espaciais que ocorrem, tanto no interior da UC quanto no seu entorno. Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado o material bibliográfico relevante, o sensoriamento remoto, o geoprocessamento e os resultados obtidos no trabalho de campo. A execução da pesquisa tem contribuído para o aumento do conhecimento sobre o município de Aiuaba, gerando subsidio a outros estudos ambientais. Os resultados podem contribuir para a criação de novas unidades com a finalidade de proteção das áreas sujeitas a degradações, principalmente no município de Aiuaba ou nos demais municípios da região semiárida do Estado do Ceará.

Palavras Chaves: Estação Ecológica de Aiuaba, Conservação e Semiárido.

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ABSTRACT

The analysis of protected areas has allowed the study of conservation and preservation in the municipality of Aiuaba, Ceará, since the study of these areas is in order in the discourse of academic communities, professionals, companies and is also willing to environmental legislation. It may represent important strategies for conservation and / or preservation of natural resources. For this purpose, it was aimed to understand the municipality of Aiuaba in the context of the preservation and conservation of nature with semiarid characteristics. In this perspective, the municipality of Aiuaba belongs to the macroregion of the Sertões Inhamuns, is inserted in a natural setting with typically semiarid characteristics which makes unfavorable the use of its natural resources, in this way the knowledge of environmental systems for establishing tolerances being to use and occupation is required. It Presents important particularities including the presence of a Conservation Unit of integral protection, more specifically the Ecological Station of Aiuaba, which has an area of 11,525 hectares and presents great ecological valueas well as concentrate on its territory an remaining exemplary of arboreal caatinga, in a great conservation degree. Although, provided in Law nº 9985, establishing the National System of Conservation Units, the Station has no buffer and ecological corridor zone, which implies the misuse of resources in their surroundings. Among the vectors of pressure on the unit stands out as major agriculture and pasture. In this view it is necessary to assess how the potential of UC can be considered as an effective tool for preserving and conserving the semiarid region of the municipality of Aiuaba therefore, this fact does not relieve the county of the phenomenon of environmental degradation and poverty. Since the presence of areas susceptible to degradation are observed. This raises the scientific interest in the study, considering the spatial changes that occur both within the UC as its surroundings. For the development of research was used relevant bibliographic material, the remote sensing, the GIS and the results obtained in field work. The execution of research has contributed to the increase of knowledge about the municipality of Aiuaba generating subsidy to other environmental studies. The results can contribute to the creation of new units for the purpose of protecting areas subject to degradation, especially in the municipality of Aiuaba or other municipality in the semiarid region of the State of Ceará.

Keywords: Ecological Station of Aiuaba, Conservation and Semiarid.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Organograma dos objetivos e das disposições acerca das Unidades de Conservação de

acordo com SNUC ............................................................................................................................41

Figura 2- Croqui da Grade do satélite RESOUCESAT 1 – LISS 3 .....................................................53 Figura 3- Localização do município de Aiuaba no Ceará - Brasil. ......................................................56 Figura 4- Limite municipal da Macrorregião do Sertão dos Inhamuns ...............................................61 Figura 5- Disposição das Unidades de Conservação sobre as Unidades Geoambientais do Ceará..

.......................................................................................................................................................115 Figura 6- Entorno Imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE ...................................................123 Figura 7 - Esquema de sucessão ecológica em Aiuaba.. ................................................................128

LISTA DE FOTOS

Foto 1 - Igreja matriz no município de Aiuaba, CE. ...........................................................................75

Foto 2 - Formas convexas, relevo de topo plano, separadas por vales em “V” no município de Aiuaba

.........................................................................................................................................................78

Foto 3- Áreas com afloramentos rochosos, porções mais rebaixadas do terreno município de Aiuaba

.........................................................................................................................................................78

Foto 4 - Vista parcial de uma superfície aguçada (cristas) com relevos íngremes dispersas sobre

áreas da depressão sertaneja do município de Aiuaba. .....................................................................79

Foto 5 - Visão Geral do Açude do Benguê ........................................................................................92

Foto 6- Estação de Tratamento de Água – município de Aiuaba .......................................................93

Foto 7- Em primeiro plano, área desmatada, usada para a agricultura e ao fundo, remanescente de

caatinga arbórea na área da Estação Ecológica de Aiuaba .............................................................104

Foto 8- Área degradada com a presença da caatinga arbustiva.. ....................................................104

Foto 9A - Estruturas da Estação Ecológica de Aiuaba - Entrada para a Sede da ESEC de Aiuaba

Foto 9B - Sala da biblioteca; Foto 9C- Estação meteorológica automatizada; Foto 9D- Alojamento

.......................................................................................................................................................120

Foto 10A e 10B- Limite da Estação Ecológica de Aiuaba cercada e com placa informativa, presença

do marmeleiro, indica sucessão secundária progressiva ou de recuperação. ..................................129

Foto 11- Áreas de Preservação Permanente, que corresponde à planície fluvial de um riacho e

apresenta melhores condições de solos. .........................................................................................141

Foto 12- Planície fluvial de um riacho ocupada por plantação de bananeiras.. ................................141

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1- Mapa básico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil ............................................................57 Mapa 2- Carta Imagem do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. .........................................................58 Mapa 3- Mapa geológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. ......................................................80 Mapa 4- Mapa geomorfológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil...............................................81 Mapa 5- Mapa hidrográfico e hidrológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil................................91 Mapa 6- Mapa pedológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil ...................................................100 Mapa 7- Fitogeografia do Estado do Ceará .....................................................................................102 Mapa 8- Mapa dos sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará, Brasil ..............................108 Mapa 9-Limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas ambientais do município de Aiuaba,

Ceará, Brasil ...................................................................................................................................135 Mapa 10- Áreas prioritárias para a Conservação da Biodiversidade. ...............................................140 Mapa 11- Áreas degradadas susceptíveis ao processo de desertificação no Estado do Ceará ........144

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- População do município de Aiuaba por gênero e faixa etária ............................................ 62

Gráfico 2- Número de matriculas por nível em 2012 ......................................................................... 63

Gráfico 3- Número de escolas por nível em 2012. ............................................................................ 63

Gráfico 4– Dados de precipitação acumulada mensal e anual (mm). ................................................ 86

Gráfico 5 – Dados de precipitação Anual (mm). ................................................................................ 86

Gráfico 6 – Dados de umidade (%) e de temperatura média (ºC) ...................................................... 87

Gráfico 7– Dados de Nebulosidade (décimos) e de Insolação Total (horas). ..................................... 88

Gráfico 8– Dados de evaporação (mm) e de temperatura média (ºC). .............................................. 89

Gráfico 9– Dados de pressão (hPa) e de temperatura média (ºC). .................................................... 89

Gráfico 10– Dados de pressão (hPa) e de intensidade do vento (m.s-¹). ........................................... 90

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Levantamento bibliográfico com base nos eixos temáticos ...............................................47

Quadro 2- Visão geral dos mapeamentos propostos para o desenvolvimento da pesquisa ...............54

Quadro 3- Formação Administrativa do município de Aiuaba ............................................................59

Quadro 4- Principais litologias das formações superficiais ................................................................77

Quadro 5– Principais fenômenos atmosféricos que influenciam a dinâmica climática do Ceará ........83

Quadro 6- Principais características dos solos encontrados no município de Aiuaba, Ceará .............97

Quadro 7- Sinopse dos sistemas geoambientais presentes no município de Aiuaba .......................107

Quadro 8- Espécies brasileiras ameaçadas de extinção na Estação Ecológica de Aiuaba ..............121

Quadro 9- Matriz da capacidade de suporte dos sistemas geoambientais presentes no município de

Aiuaba ............................................................................................................................................131

Quadro 10- Qualidade do estado atual dos sistemas ambientais em Aiuaba ...................................133

Quadro 11- Classificação dos limites de tolerâncias para o uso e ocupação dos sistemas ambientais

em Aiuaba ......................................................................................................................................134

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Levantamentos dos Principais trabalhos sobre o município de Aiuaba..............................48 Tabela 2 – Principais Parâmetros e instrumentos técnicos aplicados à pesquisa ..............................51 Tabela 3– População do município de Aiuaba ...................................................................................60 Tabela 4- Grau de formação dos docentes pela tipologia de educação/ensino no município de Aiuaba,

CE ....................................................................................................................................................64 Tabela 5- Profissionais de saúde ligados ao SUS em Aiuaba, CE .....................................................65 Tabela 6- Doenças de notificação compulsória em Aiuaba, CE .........................................................66 Tabela 7- Índice de Desenvolvimento Social, IDS em 2009 para o município de Aiuaba, CE .............67 Tabela 8- Lista dos dez melhores e os dez piores municípios do Estado do Ceará de acordo com os

valores do IDS-O em 2009 ................................................................................................................68 Tabela 9- Índice de Desenvolvimento Municipal, IDM em 2008-2010 para o município de Aiuaba, CE

.........................................................................................................................................................68 Tabela 10- Índice de Desenvolvimento Humano, IDH em 1991-2000 para o município de Aiuaba, CE

.........................................................................................................................................................69 Tabela 11– Quantidade produzida e valor da produção dos principais produtos extrativos em Aiuaba,

CE ....................................................................................................................................................72 Tabela 12- Série histórica dos valores do Produto Interno Bruto dos municípios da Macrorregião dos

sertões dos Inhamuns, CE ................................................................................................................73 Tabela 13- Formas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e destino de lixo no município

de Aiuaba, CE - 2010 ........................................................................................................................74 Tabela 14- Dados hidroclimáticos do município de Aiuaba ................................................................93 Tabela 15– Síntese quantitativa dos municípios abrangidos pelo Ceará com ênfase à área semiárida

.......................................................................................................................................................110 Tabela 16– Unidades de Conservação no Estado do Ceará ............................................................111 Tabela 17- Características de gestão das Unidades de Conservação de proteção integral no

semiárido do Ceará .........................................................................................................................116 Tabela 18- Situação e localização do entorno imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE .........124

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LISTA DE ABREVIATURAS

APA – Área de Proteção Ambiental

APP- Área de Preservação Permanente

ARIE- Área de Relevante Interesse Ecológico

CAGECE- Companhia Energética do Ceará

CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco

COGERH - Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESEC- Estação Ecológica

FLONA- Floresta Nacional

FUNCEME - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos

GPS – Global Position System

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPECE – Instituto de Pesquisas e Estratégia Econômica do Ceará

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

LI- Linhas de Instabilidade

MDT- Modelo Digital do Terreno

MMA- Ministério do Meio Ambiente

OSCIP- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PARNA – Parque Nacional

REBIO- Reserva Biológica

REFAU- Reserva da Fauna

RESEX- Reserva Extrativista

REVIS- Refúgio da Vida Silvestre

RDS- Reserva de Desenvolvimento Sustentável

RL- Reserva Legal

RPPN- Reserva Particular do Patrimônio Natural

SBCS – Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos

SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente

SIG – Sistema de Informações Geográficas

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SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas

SRTM - Shuttle Radar Topography Mission

SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

UC – Unidades de Conservação

UECE – Universidade Estadual do Ceará

VCAN- Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis

ZCIT – Zona de Convergência Intertropical

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................................11

LISTA DE FOTOS ................................................................................................................................11

LISTA DE MAPAS ...............................................................................................................................12

LISTA DE GRÁFICOS ...........................................................................................................................13

LISTA DE QUADROS ...........................................................................................................................14

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................15

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................................16

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................20

1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCALA DE ANÁLISE ..............................................................................21

1.2 OBJETIVO ...........................................................................................................................22

2 METODOLOGIA .........................................................................................................................23

2.1 REFERENCIAL TEÓRICO- METODOLÓGICO ..........................................................................23

2.1.1 GEOGRAFIA FÍSICA E ANÁLISE GEOAMBIENTAL ..........................................................23

2.1.2 O PARADOXO DA PROTEÇÃO DA NATUREZA ..............................................................28

2.1.3 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREAS PROTEGIDAS (UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ..35

2.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E METODOLÓGICOS ......................................................45

2.2.1 OPERAÇÕES SISTEMATIZADAS ....................................................................................46

2.2.2 PRODUÇÃO CARTOGRÁFICA .......................................................................................51

3 O CONTEXTO DO MUNICÍPIO DE AIUABA ...................................................................................56

3.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AIUABA ..........................................................................56

3.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS .........................................................................................59

3.3 CARACTERIZAÇÃO ECOGEOGRÁFICA ..................................................................................76

3.4 SINOPSE DOS SISTEMAS AMBIENTAIS ..............................................................................105

4 UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO SEMIÁRIDA DO CEARÁ .............................................109

4.1 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA ....................................................................................117

5 LIMITES AMBIENTAIS DE TOLERÂNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DOS SISTEMAS AMBIENTAIS ......125

6 ASPECTOS DA PRESERVAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE AIUABA ...............................................136

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................146

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................149

9 ANEXOS...................................................................................................................................159

9.1 DECRETO DE CRIAÇÃO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA ...........................................159

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20

1 INTRODUÇÃO

É evidente a mudança do cenário ambiental; a preocupação com meio

ambiente se acentuou, em especial no século vigente. Neste contexto, surge uma

série de questionamentos quanto ao futuro ambiental e, um maior interesse pela

preservação de áreas naturais. Em contrapartida, a esse processo emergencial,

existe o processo de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico associado a

transformações globais aceleradas.

Tais transformações implicam novas práticas voltadas à amenização de

conflitos; sejam eles de caráter ambiental ou não. Nesse sentido, faz-se necessária

a implantação de políticas, de instrumentos jurídicos e de organismos de fiscalização

visando a proteção do meio onde se dão essas relações.

Paralelamente a esta gama de processos dinâmicos atuais, percebe-se o

papel da ciência geográfica no desenvolvimento de análises, conceitos e categorias

para a compreensão dos fenômenos ambientais dadas a relação sociedade-

natureza.

Ressalta-se que até os anos 1970 não existia a sistematização dos princípios

científicos para a delimitação de áreas a serem protegidas no Brasil. Hoje, constata-

se a compreensão cientifica e tecnológica da distribuição espacial dos atributos

ambientais, ou seja, cada vez mais é conhecida à significativa riqueza dos sistemas

ambientais dispersos sobre o território, em especial no Estado do Ceará.

Neste contexto tem-se o município de Aiuaba que pertence à macrorregião

dos Sertões de Inhamuns, que se insere em um quadro natural com características

tipicamente semiáridas. Apresenta uma particularidade importante, a presença de

uma Unidade de Conservação de proteção integral, mais especificamente a Estação

Ecológica de Aiuaba, reconhecida pelo Decreto sem número de 6 de fevereiro de

2001. Caracteriza-se como uma área em ótimo estado de conservação, porém este

fato não livra o município do fenômeno da degradação ambiental. Neste é possível

observar a presença de áreas susceptíveis à desertificação.

Sobre as áreas protegidas, estas se referem à tentativa de conservação e

preservação de ambientes naturais e ao desenvolvimento de práticas voltadas à

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21

interação entre a sociedade e a natureza. Nessa concepção é necessário avaliar até

que ponto o potencial desta Unidade de Conservação pode ser considerado como

instrumento efetivo para preservação e conservação da região semiárida.

1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCALA DE ANÁLISE

Dada a complexidade do espaço geográfico e a necessidade da ciência

geográfica em apreender o estudo da realidade, devem-se considerar porções de

análise a fim de melhor compreensão da relação sociedade-natureza, aqui

compreendida a partir da noção de escala, visto que a “escala é um termo que

possui muitos significados e caracteriza várias dimensões da pesquisa cientifica”

(VENTURI et al., 2005).

E por sua vez, Veado (1995) adverte que:

O problema da escala de trabalho parece emergir como a

preocupação principal da questão técnica enfrentada, à qual se

juntam outras, como a coleta de dados e informações, que, no Brasil,

é uma complicação conhecida (VEADO, 1995, p.40).

Na mesma linha, Christofoletti (1999) afirma que:

Por essa razão, a análise da biodiversidade, da estrutura e dos

fluxos, a avaliação dos recursos e da estabilidade e as propostas de

manejo geralmente são referenciadas pela escala local

(CHRISTOFOLETTI, 1999, p.36).

Dentro da análise geral das Unidades de Conservação, incluindo a região

semiárida de Aiuaba, foi considerado o marco temporal do município de Aiuaba no

ano de 2013, doze anos após a regularização da Estação Ecológica de Aiuaba;

entretanto, fica implícita, a necessidade de atentar-se em alguns momentos a

processos remotos da história ambiental da paisagem atual.

Quanto à escala do fenômeno, Venturi et al. (2005), dizem que esta “refere-se

ao tamanho da manifestação do fenômeno geográfico sobre a superfície”. Ressalta-

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se antes de tudo, que no desenvolvimento deste trabalho, optou-se pela

compreensão e pelas particularidades de dois fenômenos de grande relevância, o da

região semiárida, que integra uma área considerada no contexto brasileiro, e o

fenômeno das áreas protegidas, aqui a partir da ótica das Unidades de

Conservação. Assim, dada às dimensões desses universos, faz-se necessário o

recorte espacial.

Portanto, por trata-se de uma pesquisa ao nível de mestrado em Geografia,

com um tempo razoavelmente limitado, associada a uma dificuldade de aquisição e

representação dos dados, optou-se por uma escala de análise do município de

Aiuaba no Estado do Ceará.

Por fim, para a representação cartográfica, considerou-se a contemplação de

algumas variáveis, como: o tamanho do objeto de estudo, sua distribuição espacial,

as formas de representação espaciais e modo de armazenamento ou exposição das

informações finais. Nesse sentido, decidiu-se pela escala de 1: 250.000 nas

representações gerais do município.

1.2 OBJETIVO

Na finalidade de apreender uma aproximação da realidade geográfica da área

de estudo, tem-se como objetivo geral:

Compreender o município de Aiuaba, Ceará, no contexto da

preservação e conservação da natureza com características semiáridas.

Para se chegar ao cumprimento do objetivo geral, optou-se pelo

estabelecimento de objetivos específicos, são eles:

Investigar o objetivo e a eficácia do modo de preservação e conservação da

natureza através do estudo da UC no município de Aiuaba, Ceará;

Caracterizar os sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará;

Identificar os limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas ambientais

para o estabelecimento da progressividade e/ou de regressividade da

dinâmica ambiental no município de Aiuaba;

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2 METODOLOGIA

2.1 REFERENCIAL TEÓRICO- METODOLÓGICO

O estudo das bases teórico-metodológicas da ciência geográfica é de grande

valia, uma vez que, permite o levantamento do conhecimento desenvolvido por esta

ciência ao longo de sua existência. Isso leva a um entendimento paradigmático e

contribui na tomada de decisão acerca das novas demandas, mais especificamente,

o contexto ambiental atual e a facilidade na difusão do conhecimento.

A Geografia apresenta particularidades importantes neste contexto,

principalmente por utilizar-se de uma análise interdisciplinar ou ainda multidisciplinar

que confere uma maior abertura ao leque de conhecimento sobre a relação

sociedade-natureza.

Para tanto, neste referencial foram considerados três tópicos de abordagens

importantes para desenvolvimento desta pesquisa, considerando a necessidade de

atingir os objetivos propostos, que são a Geografia física e a análise Geoambiental,

o Paradoxo da proteção da natureza e a Legislação ambiental de áreas protegidas

(Unidades de Conservação) que serão melhores detalhados a seguir.

2.1.1 GEOGRAFIA FÍSICA E ANÁLISE GEOAMBIENTAL

As tentativas de reação aos processos que estão postos à sociedade são

inerentes ao papel da ciência. As transformações aceleradas e gradativas impõem

novas adaptações ao contexto global, o que ratifica Christofoletti, (1999), quando

diz:

O desenvolvimento tecnológico possibilita a produção de novos

equipamentos mais capazes e adequados às pesquisas cientificas

que favorecendo ampliar a obtenção de dados, a compreensão, o

diagnóstico e o manejo dos sistemas de organização complexa

(CHRISTOFOLETTI, 1999, p.1).

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Cada ciência em particular reage dentro da sua perspectiva. A ciência

geográfica, especificamente, tem o importante papel em prever impactos futuros e

propor soluções. Isso se dá, quando se refere à Geografia física que busca

compreender a dinâmica da paisagem. Esta se preocupa com o estudo da

organização espacial dos sistemas ambientais e se apoia num estudo

multidisciplinar das ciências físico-geográficas especializadas (ROSS, 2006).

Portanto, pode se dizer que a Geografia física ao longo de seu

desenvolvimento na ciência, buscou incorporar alguns princípios teóricos

contribuindo para a tentativa de interpretação dos fenômenos do espaço geográfico.

Porém, surge uma perspectiva bastante recente no contexto da ciência geográfica

que traz a conotação da ideia sistêmica e holística. E de acordo com Bertalanffy

(1975, p. 17), “o pensamento em termos de sistemas desempenha um papel

dominante em uma ampla série de campos”.

Mendonça e Kozel (2002, p. 112), afirmam que “durante o século XX, houve

uma construção do conhecimento da natureza dividido em subáreas do

conhecimento”. Em contrapartida a essa percepção setorizada surgem os estudos

integrados, buscando responder aos novos paradigmas advindos da problemática da

própria organização do território. E de acordo com Veado (1995, p.14), “a geografia

tradicional não tinha meios de alcançar tal dimensão porque separava nitidamente, o

homem e a natureza”.

Retomando um pouco da história do pensamento geográfico, destaca-se nos

séculos XVIII e XIX os estudos dos naturalistas Alexandre von Humboldt e Carl

Ritter, que já realizavam pesquisas integradas e holísticas. Sobre isso, Veado (op.

cit. p.3), afirma que “a interdependência dos fatos geográficos físicos e, sobretudo,

do homem com a natureza, já era vista pelos naturalistas citados. Estes percebiam a

natureza integrada e não apartada”. No entanto, tais ideias ainda não construíam a

pesquisa propriamente sistêmica, que somente no século XX foi sistematizada.

Proposições acerca desta sistematização afirmam que Ludwig Von Bertalanffy

(1975) 1 trouxe grandes contribuições para o pensamento integrado e sistêmico

quando formulou o arcabouço teórico sobre essa temática com a Teoria Geral dos

Sistemas, TGS2. Cabe ressaltar que essa teoria perpassa por todos os campos

1 Ludwig von Bertalanffy (1901-1972) foi o fundador da Teoria Geral dos Sistemas. Fez seus estudos em

biologia. Criticou a visão de que o mundo é dividido em diversas áreas. 2 Surgiu no início do século XX, mas passou a ser mais reconhecida e mais difundida somente a partir de 1950.

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científicos, não sendo formulada apenas para ciência geográfica. A TGS contribuiu

para um caminho importante trilhado pela geografia. Veado (1995) exprime que:

Ao considerar a natureza como formada por elementos interligados e

interdependentes, a Geografia encontrava na análise de sistemas o

método mais apropriado para estudar e explicar a estrutura dinâmica

dos fatos antrópicos-naturais (VEADO, 1995, p.5).

Com base nessas concepções, dentro da pesquisa geográfica fica evidente o

conceito de geossistema3, onde Sotchava (1977) destaca que:

A Geografia Física baseada nos princípios sistêmicos pode ocupar

posições firmes na moderna geografia aplicada, apoiada no

planejamento de desenvolvimento socioeconômico do país, e sugerir

medidas para o desenvolvimento e reconstrução de seus territórios

(SOTCHAVA, 1977, p.1-2).

A partir das novas concepções para estudos integrados, a Geografia física

sofre grande influência das escolas russas (soviéticas) e francesas. Sobre a escola

russa no final do século XIX, na gênese das ideias que se desenvolveriam bem mais

tarde no conceito de geossistema, Dokoutchaev4 criou a noção de ‘complexo natural

territorial5’ e elaborou os fundamentos da pedologia moderna (VEADO, 1995).

Embora, ligada à pedologia, isso não constituiu um fator limitante, “pois a ciência

geográfica que estava se desenvolvendo na União Soviética no início do século XX

também absorveu seus critérios de análise” (BASTOS, 2011, p.15).

Visando o desenvolvimento de estudos aplicáveis ao planejamento do

território, no inicio dos anos 1960 Sotchava elaborou o conceito teórico a partir da

análise integrada da complexidade geográfica, a qual denominou de geossistema,

tornando-se em pouco tempo uma das metodologias mais utilizada na Geografia

física. De um modo geral, pode se dizer que Sotchava (1977) definiu o geossistema

em três níveis: o planetário, o regional e o topológico.

3 Neste trabalho, posteriormente tratado com mais detalhes.

4 Vasily V. Dokuchaev – criou a noção de complexo natural territorial e fundou as bases de uma nova escola

geográfica que se desenvolvia na Rússia (VEADO, 1995). 5 Representa de alguma forma o meio ambiente no olhar dos homens, um meio ambiente com aparência humana

(PISSINATI E ARCHELA, 2009).

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Assim, o objetivo básico da Geografia física é o geossistema, pelo qual,

Nascimento e Sampaio (2004/2005, p.168), destacam que “estes fornecerão as

informações sobre a dinâmica da natureza, possibilitando o planejamento para uso

prudente do espaço com fins a equidade intertemporal”. “O estudo do geossistema

não visa a paisagem propriamente dita, mas, muito mais importantes são as inter-

relações que existem no seu interior” (VEADO 1995, p.11). Troppmair e Galina

(2004), afirmam que:

Nos últimos anos, o estudo dos geossistemas têm ganhado

importância e aplicação crescente e, entre outros objetivos, procura a

conservação, o uso racional e o desenvolvimento do espaço

geográfico beneficiando toda biosfera, em especial, a sociedade

humana (TROPPMAIR e GALINA, 2004. p.82).

É a partir deste momento que a Geografia deixa o caráter unicamente

passivo, que na concepção de Ross (2006):

Desloca-se da posição passiva de uma Geografia analítico-descritiva

para uma Geografia preocupada com a aplicação dentro de um

discurso de desenvolvimento que leve em conta a conservação e

preservação da natureza [...] (ROSS, 2006 p.27).

E por sua vez, Bertrand em 1968, publica o trabalho Paysage et geographie

physique globale. Esquisse méthodologique6. Com um aperfeiçoamento das ideias

de Sotchava; Bertrand (1968) atribui uma hierarquia das paisagens com uma

tipologia às ordens taxonômicas do relevo. Assim, parte de uma classificação mais

simples e tem seis níveis têmporo-espaciais subdivididos em unidades superiores

(Zona, Domínio e Região Natural) e unidades inferiores (Geossistema, Geofáceis e

Geótopo).

Com base na construção do conhecimento sobre a ciência da paisagem,

Bertrand (op. cit.) estabelece que:

6 Tradução: Olga Cruz (1971). Trabalho publicado, originalmente, na “Revue Geógraphique des Pyrénées et du

Sud-Ouest”, Toulouse, v. 39 n. 3, p. 249-272, 1968, sob título: Paysage et geographie physique globale. Esquisse méthodologique. Publicado no Brasil no Caderno de Ciências da Terra. Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo, n. 13, 1972.

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A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos

disparatados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado

da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos,

biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os

outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em

perpétua evolução (BERTRAND, op. cit. p. 141).

Outra contribuição acerca da abordagem integrada na Geografia física no

Brasil refere-se à obra Ecodinâmica de Tricart de 1977. Este afirma que “o conceito

de sistema é o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os

problemas do meio ambiente”, pois ele “permite adotar uma atitude dialética entre a

necessidade da análise” e a “necessidade contrária de uma visão de conjunto, capaz

de ensejar uma atuação eficaz sobre esse meio ambiente”. O mesmo autor lembra

que “um sistema é um conjunto de fenômenos que se processa mediante fluxos de

energia e matéria” (TRICART, op. cit. p.19).

Tricart (1977) estabelece questões sobre a intensidade dos processos atuais

e dinâmicos contribuindo para a avaliação ambiental. Ou seja, sugere uma avaliação

de instabilidades e/ou estabilidade de cada ecossistema. O referido autor considera

a distinção de três grandes tipos de meios morfodinâmicos: meios estáveis (onde

predominam os processos ligados a pedogênese), meios intergrades/de transição

(variação conforme a pedogênese e a morfogênese) e os fortemente instáveis (com

predomínio dos processos ligados à morfogênese e à determinação do sistema

natural).

Para as condições do semiárido cearense, destacam-se as adaptações de

Souza (1978). A título de exemplificação, em Souza (2000), observam-se

adaptações necessárias da Teoria Geossitêmica a partir de Bertrand (1968) e Teoria

Ecodinâmica de Tricart (Op. cit) para regiões naturais do Estado do Ceará; definindo

por sua vez, as vulnerabilidades ambientais das unidades.

Ainda dentro da mesma expectativa, Souza (2011) traz o contexto de

avaliação dos limites de tolerâncias dos sistemas ambientais, onde estabelecem que

se devam considerar os indicadores inferidos a partir dos processos morfogenéticos,

pedogenéticos, “além de informações sobre o estado atual dos componentes

geoecológicos” (SOUZA, op. cit. p. 26).

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Assim, evidencia-se o destaque da análise geoambiental integrada, onde

existe a incorporação dos componentes setoriais, entre os quais: o geológico, o

geomorfológico, o pedológico, o hidrológico, o climatológico, o fitoecológico e o

socioeconômico. Ou seja, os estudos setorizados apenas contemplam um

reconhecimento prévio da realidade ambiental sendo necessário integrá-los.

Contudo, pode se dizer que a Geografia física tradicional dada a novas

demandas atreladas à consciência ambiental, não tinha arcabouço para responder

todas as questões, uma vez que, se mostrava insuficiente na compreensão da

relação sociedade-natureza. E de acordo com Ross (19947) “os estudos integrados

de um determinado território pressupõem o entendimento da dinâmica de

funcionamento do ambiente natural com ou sem a intervenção das ações humanas”.

Todo esse arcabouço teórico tem propiciado metodologias de estudos

ambientais e, a construção de práticas necessárias à conservação dos ambientais

naturais, aqui com ênfase à região semiárida do município de Aiuaba no Ceará.

2.1.2 O PARADOXO DA PROTEÇÃO DA NATUREZA

Assume-se a limitação do trabalho, uma vez que não se optou pela

transformação (utopia, ideologia, depressão, desconstrução) de um sistema global

do modo de produção. Em termos práticos e imediatos têm-se no ambiente

(semiárido cearense) os problemas do tempo real e imediato do cotidiano, aqueles

conhecidos, que exigem reflexões, mesmo que suaves. Talvez sejam meras

proposições ou tentativas humanamente práticas de contextualizar um planejamento

ambiental ligado ao meio físico-biológico, ao meio socioeconômico e a uma ideia de

proteção da natureza. Essa discussão remete a indagações sobre o próprio papel do

Geógrafo. Parece contraditório, e talvez realmente seja, porém, salienta-se que isso

é inerente à própria ciência que apesar de novos avanços, não responde por tudo

que se chama de realidade.

E nesta perspectiva, constatam-se as transformações ambientais que ocorrem

e que provocam mudanças importantes no contexto global, regional e local, pelos

quais os desafios estão relacionados aos aspectos tecnológicos em contrapartida ao

7 Texto produzido em 1993, no Laboratório de Geomorfologia – Departamento de Geografia –FFLCH/USP.

Publicado em 1994 na Revista do Departamento de Geografia/FFLCH/USP.

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desenvolvimento socioeconômico. Ross (1994) declara que se “pode estabelecer um

paralelismo entre o avanço da exploração dos recursos naturais com o complexo de

desenvolvimento tecnológico, científico e econômico das sociedades humanas”.

Na concepção de Carvalho (2011, p.15) “a partir do século XX, com os

adventos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial desencadearam-se rápidas

transformações sociais que denunciavam a instauração de uma crise ambiental

mundial”. Mais especificamente, é a partir da segunda metade do mesmo século que

ocorre a efervescência das questões ambientais (a própria problemática da fome, o

aumento da degradação dos recursos naturais, a extinção de espécies, a perda da

biodiversidade, a convivência com fontes de radiação, o aumento vultoso de

resíduos sólidos, entre outras).

Toda “essa problemática ambiental (re) coloca em destaque as contradições

da produção social do espaço e das formas de apropriação da natureza”

(RODRIGUES, 1998, p.8), onde, Leff (1999, p.9), destaca que “a degradação

ambiental, o risco de colapso ecológico e o avanço da desigualdade e da pobreza

são sinais eloquentes da crise do mundo globalizado”. O mesmo autor chega a

afirmar que “a sustentabilidade é o significante de uma falha fundamental na história

da humanidade [...].” (LEFF, op. cit. p.9).

Muitas são as proposições acerca da problemática ambiental atual. E é dentro

de uma modernidade acompanhada de contradições que surgem as expectativas

em torno de um planejamento ambiental do território, a considerar Almeida et al.

(2009):

A modernidade, acompanhada de suas contradições, trouxe novas

motivações, como a tentativa de se evitar a expansão irracional dos

processos produtivos sobre os remanescentes dos ecossistemas

silvestres, garantindo, ao mesmo tempo, a conservação da

biodiversidade para a sociedade no presente e no futuro (ALMEIDA

et al., 2009, p.188-189).

Os problemas ambientais dizem respeito às formas pelas quais o espaço

geográfico é produzido. Milano et al. (2002, p.194), afirmam que “estudos têm

indicado a existência de diferentes fases de relação do homem com a natureza

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desde a existência deste no planeta”. Ainda acerca das ideias de Milano et al. (op.

cit.), este destaca que:

Valendo-se tanto dos mais variados indícios e evidências pré-

históricas com de detalhado registro históricos, pode-se considerar

que, de maneira geral, tais estudos têm abordado a questão a partir

da forma – tecnológica organizacional como o ser humano sempre se

apropriou da natureza através dos seus componentes considerados

recursos (MILANO et al., op. cit., p.194).

Dessa forma, o meio ambiente é visto como um recurso natural, sujeito à

utilização de acordo com suas diferentes condições; e assim, numa tentativa de

conservação e preservação dos atributos naturais devem ser analisados e

protegidos. A fim de melhor compreensão sobre um conceito de recursos naturais,

Venturi (2006) discute essa temática chegando à determinada definição:

Recurso natural pode ser definido como qualquer elemento ou

aspecto da natureza que esteja em demanda, seja passível de uso

ou esteja sendo usado direta ou indiretamente pelo Homem como

forma de satisfação de suas necessidades físicas e culturais, em

determinado tempo e espaço (VENTURI, op. cit., p. 15).

Assim os recursos naturais correspondem a elementos da paisagem, produto

da dinâmica geoecológica, porém, a partir deste, são associados valores

econômicos e socioculturais e convergem para a sua apropriação. E dentro desta

mesma análise, Venturi (op. cit.), diz que “as Unidades de Conservação, UC com

seu caráter científico e educativo, independente das materialidades especificas que

as compõem, também constituem um tipo de aproveitamento indireto dos recursos

naturais”. O aproveitamento da natureza é inerente a estas questões, porém

acredita-se na possibilidade de minimização de prováveis impactos no ambiente.

Os mesmos recursos naturais podem ser classificados em algumas

categorias, dentre as quais se destacam: os recursos renováveis, não renováveis,

esgotáveis e reprodutíveis. Acerca disso, as questões ambientais atreladas a essa

temática dizem respeito aos problemas decorrentes da intervenção da sociedade

sobre a natureza. Rodrigues (1998, p.8) diz que “a problemática ambiental se traduz

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na produção destrutiva que se caracteriza pelo incessante uso de recursos naturais

sem possibilidade de reposição”. Esta se refere principalmente, aos recursos não

renováveis e chama atenção ao tempo da natureza para a formação de tais recursos

naturais. No entanto, cabe destacar neste contexto a existência da produção de

mercadoria.

E para Christofoletti (1999, p.158):

A disponibilidade de recursos e a qualidade do sistema ambiental

(“meio ambiente”) somente se tornam problemas sérios quando a

explotação dos recursos e a deposição de resíduos das atividades

produtoras e consumidoras começam a atingir as taxas e a amplitude

areal que não são mais compatíveis com a capacidade dos sistemas

naturais em fornecer matérias primas e em absorver e processar os

resíduos (CHRISTOFOLETTI, op. cit., p.158).

Ainda no âmbito da discussão dos recursos naturais, Braat e Lierop (1987

apud Christofoletti 1999, p.158), afirmam que em relação às politicas ambientais e o

uso dos recursos naturais, podem ser apontadas três categorias de objetivos: a) os

ligados com a conservação da natureza; b) os econômicos e c) os mistos.

Destacando o primeiro objetivo, este é caracterizado como:

[...] a exploração e prejuízos mínimos dos sistemas naturais. Os

objetivos podem expressar a forma extrema da preservação

completa, sem o acesso e nenhum uso dos sistemas ambientais

(reservas naturais, santuários, etc.). Em geral esses objetivos são

explicitamente direcionados somente para as áreas limitadas, por

vezes como o propósito explicito de salvaguardar recursos para uso

futuro. Outro aspecto é constituído pela proteção dos sistemas

ambientais do uso consumista, mas possibilitando o uso sob formas

mais amenas com para funções recreativas, estéticas e cientificas.

(BRAAT e LIEROP, 1987 apud CHRISTOFOLETTI op. cit., p.158).

As questões apontadas remetem ao contexto das áreas protegidas, mais

especificamente as unidades de conservação, uma vez que estas se referem às

tentativas de novas práticas voltadas à amenização de conflitos de caráter ambiental

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ou não. Nesse sentido, faz-se necessária a implantação de politicas, de instrumentos

jurídicos e de organismos de fiscalização visando a proteção do ambiente. Sobre

isso explicita Ross (1994, p.64):

Em função de todos os problemas ambientais decorrentes das

práticas econômicas predatórias, que têm marcado a história deste, e

que obviamente tem implicações para a sociedade a médio e longo

prazo face ao desperdício dos recursos naturais e a degradação

generalizada com perda de qualidade ambiental e de vida, é que se

torna cada vez mais urgente o Planejamento Físico Territorial não só

com a perspectiva econômica social mas também ambiental (ROSS,

1994, p.64).

E de acordo com Guerra et al. (2009) a “criação de áreas protegidas

representou um modo como à sociedade reagiu frente aos problemas ambientais a

partir do século XX”. No entanto, o processo de delimitação de áreas a serem

protegidas, não é recente. Morsello (2001, p.1) afirma que “civilizações do Oriente,

como os assírios, estabeleceram reservas ainda antes do nascimento de Cristo”.

Existem indícios de parques na Europa Medieval, cuja entrada de algumas pessoas

era restrita. Na Índia já existiam as florestas sagradas onde eram proibidas

atividades extrativistas.

Ainda na perspectiva de proteção da natureza, surgem nos Estados Unidos

(século XIX), dois movimentos com princípios teórico-filosóficos distintos, são o

preservacionismo e o conservacionismo, cujas ideias são repercutidas até hoje,

embutidas no contexto da preservação e da conservação, percebidas na

institucionalização da UC. Sobre isto, Diegues (2001) diz que:

Se a essência da "conservação dos recursos" é o uso adequado e

criterioso dos recursos naturais, a essência da corrente oposta, a

preservacionista, pode ser descrita como a reverência à natureza no

sentido da apreciação estética e espiritual da vida selvagem,

wilderness (DIEGUES, 2001, p.30).

Porém, dentro do debate dos princípios de conservação da natureza, aonde

se dá o estabelecimento de áreas naturais protegidas, o marco referencial moderno

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ocorre a partir da criação do Yellowstone National Park8 -1872 nos Estados Unidos

(MILANO et al., 2002). Essa motivação estadunidense objetivava a proteção da vida

selvagem (wilderness), tendendo a incentivar a criação em outros países, entre as

quais, destaca: “o Canadá (1885); a Nova Zelândia (1894), a Austrália (1898), a

África do Sul (1898), o México (1898), a Argentina (1903), o Chile (1926), o Equador

(1934), a Venezuela e o Brasil9 (1937)”. (Milano et al., op. cit.; Guerra et al., 2009).

Desde a criação de Yellowstone, mais de 8.500 áreas protegidas foram

estabelecidas em todo o mundo (Morsello, 2001, p.24).

Neste momento, evidencia-se mais uma vez, a ideia de proteção direta dos

recursos naturais com indícios do distanciamento da sociedade para com a

natureza. Guerra et al. (2009, p. 33) exprimem que “o significado da natureza para a

sociedade tem sido um dos condicionantes históricos para os modelos de proteção

desenvolvidos”. Sendo assim, a questão da proteção da natureza, através das áreas

protegidas (Unidade de Conservação), traz desde sua delimitação uma série de

problemas sobre a relação sociedade-natureza, conforme Diegues (2001):

A questão das áreas naturais protegidas levanta inúmeros problemas

de caráter político, social e econômico e não se reduz, como querem

os preservacionistas puros, a uma simples questão de "conservação

do mundo natural", e mesmo da proteção da biodiversidade”

(DIEGUES, 2001, p.17).

Problemas como os mencionados anteriormente, se tornaram importantes e

estiveram no centro dos debates do Congresso Internacional de Áreas Protegidas10

(1962), da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (1972), da

Eco-92, sendo discutidos em publicações internacionais, como a Estratégia Mundial

para a Conservação, da UICN/WWF (1980), e em Nosso Futuro Comum (1986). Até

hoje, essa temática vem sendo debatida e tem ganhado novas dimensões a níveis

globais.

Quanto à proteção de áreas no Brasil, “os primeiros dispositivos têm seu

registro ainda no período colonial; objetivando a garantia do controle sobre o manejo 8 O referido Park se destina à preservação contra qualquer interferência ou exploração dos recursos de madeira,

depósitos minerais e peculiaridades naturais dentro da área, garantindo-se seu estado natural em perpetuidade (MILANO, et al., 2002, p. 194). 9 Refere-se ao Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937 no Rio de Janeiro.

10 Congresso realizado de dez em dez anos desde 1962 por iniciativa da União Internacional para a Convenção

da Natureza (UICN).

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de determinados recursos, como a madeira ou a água” (MEDEIROS, 2006). O

primeiro parque brasileiro, o Parque Nacional de Itatiaia no Rio de Janeiro, foi criado

em 1937 e objetivava a proteção de belezas cênicas, com intenção de preservar a

paisagem ali existente. Depois, “durante as três primeiras décadas do século XX

outras iniciativas de conservação com referência a delimitação de áreas protegidas

foram realizadas” (GUERRA et al., 2009, p. 31), principalmente, a partir da

necessidade do controle da gestão dos recursos naturais.

As melhorias conseguidas quanto à proteção de áreas especialmente

protegidas, que inclui as Áreas de Proteção Permanente, as Reservas Legais e as

Unidades de Conservação, se dão principalmente a partir da elaboração e

implantação dos instrumentos jurídicos institucionais, como o Código Florestal

(1934) e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC (2000),

respectivamente. Porém, estes não foram o suficiente para o impedimento de

problemas fundiários, desapropriações e restrições visando a preservação dos

atributos naturais. Neste contexto, destacam-se as ideias de Guerra et al. (2009),

quando dizem que:

Conservação, recuperação e manejo da biodiversidade são desafios

para a sociedade no século XXI. Tratam de questões filosóficas e

metodologias para a integração de diferentes materialidades do

conhecimento e expõe, diante da emergência de um novo

paradigma, a relevância de se avançar na critica da racionalidade do

modelo econômico dominante (GUERRA et al., 2009, p. 30- 31).

Em suma, pode-se dizer que a conotação das ideias ambientais voltadas a

proteção da natureza, assume no século XIX um caráter de gestão, voltada

particularmente aos recursos naturais. No século XX, constatam-se as ideias do

conservacionismo, visando o patrimônio “coletivo” e do preservacionismo, com a

proteção de fragmentos da natureza selvagem com a delimitação de áreas. E no

século XXI, atenta-se para a conservação da biodiversidade com base nas questões

relacionadas ao desenvolvimento com vista à sustentabilidade.

Pode-se dizer que a conservação da natureza avançou como técnica e como

ciência, embora tenha surgido a partir de um sentido mais abrangente, com base

naturalista e/ou ideológica visando o tratamento da natureza como recurso natural.

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35

Neste sentido, destacam-se novos objetivos, principalmente no sistema de UC no

Brasil. Estes se referem “à preservação da diversidade biológica da Terra, a

manutenção de serviços ecológicos essenciais, a proteção de monumentos naturais

e a preservação de beleza cênica” (MILANO et al., 2002, p.195). E paradoxalmente,

“busca-se a promoção da pesquisa cientifica da educação ambiental, da recreação

em contato com a natureza, do turismo ecológico, e do desenvolvimento regional

ordenado e racional”. (MILANO et al., op. cit., p.195). Assim, constata-se na

atualidade uma série de visões sobre a problemática ambiental paralelamente ao

contexto de proteção da natureza, que necessitam de mais atenção à percepção dos

novos riscos, tendo em vista a relação sociedade-natureza.

2.1.3 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREAS PROTEGIDAS (UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO)

Do ponto de vista da preocupação com a tutela do meio ambiente o primeiro

instrumento jurídico visando à instituição de áreas protegidas, refere-se ao primeiro

Código Florestal de 193411. Este já introduzia a categoria de parques nacionais,

estaduais e municipais; florestas nacionais e as florestas de propriedade privada,

que poderiam ser, no todo ou em parte, declaradas protetoras. E em 1965, foi

publicado o segundo Código Florestal12, definindo normas para a utilização e

exploração das florestas e demais formas da vegetação.

Porém, Guetta (2012) diz que “a Constituição Federal de 1988, pode ser

considerada como a primeira a trazer os dispositivos específicos sobre a

preservação ambiental”, principalmente ao dedicar um capítulo ao amparo ao meio

ambiente.

Conforme, reza o capitulo VI da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988):

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

11

Decreto 23.793, 23/01/1934. Revogado pela Lei 4.771, de 1965. 12

Lei 4.771 de 18/09/1965. O Código foi completado pela Lei 5.197(03/01/1967). Revogado pela Lei nº 12.651, de 2012.

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36

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder

público:

[...]

III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais

e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a

alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada

qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que

justifiquem sua proteção.

No referido capítulo e em seus incisos evidenciam-se as garantias

constitucionais ao Poder Público e cabe ao mesmo definir no âmbito de sua

competência os espaços territoriais especialmente protegidos. Dessa forma, a

possibilidade de criação de Unidades de Conservação pelo Poder Público,

independe da Lei que estabelecem as Unidades de Conservação, UC.

Seguindo o raciocínio dos antecedentes da sistemática de UC, Pádua (2011,

p.23), diz que “nos anos 1970 foi efetuado o primeiro planejamento do Sistema de

Unidades de Conservação pelo IBDF13” com o apoio da Organização não

Governamental Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, “tendo sido

aprovado pelo Governo e publicado oficialmente em 1979”. De acordo com a mesma

autora, em 1982 tal planejamento foi sancionado pelo Governo e publicado sua

segunda etapa, ainda pelo IBDF. Em meados dos anos 2000, no plano federal tem-

se a Lei 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação, SNUC.

13

Instituto Brasileiro de Defesa Florestal - IBDF

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37

2.1.3.1 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei 9.985, de

18 de julho de 2000)

O SNUC estabelece critérios e normas sobre o processo de criação,

implantação e gestão das unidades. Define também os objetivos e as diretrizes do

sistema e traz um capítulo dedicado às reservas da biosfera, entre outras questões,

onde o conjunto de UC que compõem esse sistema pode ser administrado nas

esferas federais, estaduais ou ainda municipais.

E para fins previstos na Lei 9.985/2000, define-se Unidade de Conservação:

Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente

instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites

definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam

garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).

O Decreto nº 4.340 de 22 de agosto de 2002, regulamenta os artigos da Lei

do SNUC e dá outras providencias. Este trata mais detalhadamente da criação das

UC, dos mosaicos de unidades, dos planos de manejo, dos conselhos, da gestão

compartilhada com OSCIPs, da compensação ambiental, do reassentamento de

populações tradicionais e das reservas da biosfera.

Quanto aos objetivos do SNUC, estes estão pautados principalmente na ideia

da proteção, da preservação e da recuperação, onde cabe ressaltar o Inciso IX, do

Art. 4º do SNUC que fala dos objetivos do mesmo quanto à recuperação (BRASIL,

2000):

IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados.

É evidente a presença de um objetivo voltado à recuperação, entretanto, ao

analisar os objetivos das categorias de Unidades de Conservação estabelecidas

pelo sistema, inexiste em seu texto tal preocupação.

Um dos pontos considerados de maior significância no Sistema Nacional de

Unidades de Conservação refere-se à definição das categorias que são divididas em

dois grandes grupos, possuindo características especificas. No entanto, salienta-se

que antes do SNUC, a classificação de UC era dada através da Resolução

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38

CONAMA nº 11/8714 complementada pela CONAMA nº 12/8815. Esta definiu cerca

de dez categorias, entre as quais a categoria Hortos Florestais, Jardins Botânicos e

Jardins Zoológicos que diferem das encontradas no SNUC.

Outro momento em que pode ser visualizada certa definição tanto das UC

quanto de outras categorias, refere-se à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 199816

que reza sobre os crimes ambientais (na Lei do SNUC previa alterações na redação,

porém, os Artigos 40 e 40-A da Lei foram vetados).

Dessa forma, se constata no art. 40, § 1º da Lei nº 9.605/98 (BRASIL, 1998):

§ 1º. Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas

Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques

Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e

Municipais, Áreas de proteção Ambiental, Áreas de Relevante

Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem

criadas pelo Poder Publico.

Para tanto, o capitulo VII da Lei do SNUC, traz em seu Art. 55 que (BRASIL,

2000):

Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com

base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias

previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo

de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base

na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o

disposto no regulamento desta Lei.

Esta foi regulamentada, pelo Decreto Nº 4.340/2002, em seu Capitulo X, Art.

40 que diz (BRASIL, 2002):

Art. 40. A reavaliação de unidade de conservação prevista no art. 55

da Lei no 9.985, de 2000, será feita mediante ato normativo do

mesmo nível hierárquico que a criou.

14

Resolução CONAMA nº 11, de 3 de dezembro de 1987 - Resolve: Art. 1º. Declarar como Unidades de Conservação as seguintes categorias de Sítios Ecológicos de Relevância Cultural, criadas por atos do Poder Público (BRASIL, 1987). 15

Resolução CONAMA nº 12, de 14 de dezembro de 1988- Resolve: Art. 1º. Declarar as Áreas de Relevante Interesse Ecológico - ARIEs como Unidades de Conservação para efeitos da Lei Sarney, da Portaria/Minc/nº 181/87 e da Resolução/CONAMA/nº 11 de 3 de dezembro de 1987 (BRASIL, 1988). 16

Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências (BRASIL, 1998).

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39

Particularmente, no Estado do Ceará, o que se percebe quanto à reavaliação

das UC criadas anteriormente a Lei do SNUC, em especial no âmbito estadual e

municipal, é que estas ainda não sofreram adequações; podendo ser apontadas

diversas causas entre quais as principais são de natureza politica e econômica.

Para fins de exemplificação tem-se no ano de 2013 no município de Fortaleza

(Estado do Ceará) na UC denominada por Parque Ecológico do rio Cocó que está

em processo de adequação ao SNUC, com a proposta de denominação de Parque

Estadual do Cocó de acordo com CEARÁ (2012a). Porém, foram apontados diversos

problemas ambientais, são eles: ações judiciais contra o Estado do Ceará

requerendo indenizações em função dos decretos de desapropriação; ocupações

irregulares e invasões em área de preservação permanente; projeto de construção

da ponte sobre o rio Cocó; disposição de resíduos sólidos; estações de tratamento

de esgoto da Lagoa da Zeza, Lagamar e Dendê e lagoa de estabilização do

Tancredo Neves e lançamento de efluentes de ligações clandestinas (CEARÁ,

2012a).

Com isso, percebe-se que embora haja a compreensão de que a UC adeque-

se ao SNUC, existe antes de tudo a complexidade socioambiental. Isso significa que

a proteção desses ambientes deve considerar, até mesmo para a própria delimitação

de áreas a serem protegidas, o desenvolvimento local que está posto; a miséria

crescente e a degradação ambiental.

Quanto à gestão do SNUC, esta ocorre em consonância ao disposto no artigo

6º, incisos I, II e III, cuja redação estabelece (BRASIL, 2000):

Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as

respectivas atribuições:

I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio

Ambiente - Conama17, com as atribuições de acompanhar a

implementação do Sistema;

II – Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade

de coordenar o Sistema; e

17

É o órgão colegiado de caráter deliberativo e consultivo do Sistema Nacional de Meio Ambiente − SISNAMA. Criado pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Essa Lei, foi regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, com alterações posteriores, disciplina as competências do Conselho.

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40

III – Órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em

caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de

implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e

administrar as unidades de conservação federais, estaduais e

municipais, nas respectivas esferas de atuação18.

Assim, o CONAMA como órgão consultivo e deliberativo tem a função de

acompanhar e aplicar o que está exposto no SNUC, e o Ministério do Meio

ambiente, tem a finalidade de coordenar propondo reuniões entre as administrações

das UC, visando o planejamento e a criação de outras UC. Ressalta-se que não

compete ao CONAMA a criação de Unidade de Conservação, mas o incentivo de

sua criação.

Por fim, tem-se o Inciso III, Art. 6º da Lei do SNUC que menciona os órgãos

executores, e teve sua redação modificada pela Lei nº 11.516/200719, incluindo o

Instituo Chico Mendes em seu texto e esclarecendo sobre o caráter supletivo deste e

do IBAMA.

Ainda no universo das Unidades de Conservação, o SNUC divide as mesmas,

como mencionado anteriormente, em dois grandes grupos, são eles: Proteção

Integral, PI e Uso Sustentável, US, sendo os grupos divididos em 12 categorias,

subdivididos em cinco e em sete categorias, respectivamente. Esta divisão pode ser

melhor visualizada na Figura 1, e esclarecidas nas questões a seguir.

18

Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007. 19

Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007 - Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera as Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, 11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000, 10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providências.

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41

Figura 1- Organograma dos objetivos e das disposições acerca das Unidades de Conservação de acordo com SNUC.

Organização: Autor, 2013 adaptado do texto do SNUC (BRASIL, 2000).

Legenda: Refúgio da Vida Silvestre – REVIS, Monumento Natural – MN, Reserva Biológica – REBIO, Estação Ecológica - ESEC, Parque Nacional –

PARNA, Reserva Extrativista – RESEX, Reserva da Fauna – REFAU, Floresta Nacional – FLONA, Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS,

Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE, Área de Proteção Ambiental – APA e Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.

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42

Pádua (2011) assevera que “o enorme leque de categorias poderia ser bem

reduzido, pois os objetivos de várias categorias são os mesmos que os de outras”.

Tal afirmativa revela coerência ao analisar-se minuciosamente cada objetivo e

contrapor algumas definições descritas no Art. 2º da Lei o SNUC.

O SNUC em seus § 1º e § 2º define como objetivo básico de cada grupo de

UC (BRASIL, 2000):

§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar

a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos

naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2º O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável e

compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de

parcela dos seus recursos naturais.

Nota-se que a ideia de preservação mencionada no objetivo do grupo de

Proteção Integral, remete-se a uma política de procedimentos, que de certa forma

exclui a figura humana. O uso indireto dos seus recursos naturais refere-se à

proibição do consumo, da coleta, do dano ou da destruição dos recursos naturais.

Ou seja, “exprimem a não ocupação do espaço considerado para fins de exploração”

(HOLANDA, 2004, p. 36).

Souza et al. (2009), dizem que “as unidades de Proteção Integral são em

geral, formadas por terras públicas e, havendo áreas particulares quando de sua

instituição, procede-se a desapropriação”.

Quanto ao objetivo do grupo de Uso Sustentável, permitem o uso direto, que

para Holanda (2004, p.36) exprime “a ocupação pelo homem, do espaço

considerado, em sua plenitude racional. Isto é, “aquele que envolve coleta e uso,

comercial ou não, dos recursos naturais” (BRASIL, 2000). “Quando constituídas,

sobre terras particulares, restringem-se alguns usos, com o fulcro de assegurar a

preservação de tais atributos naturais” (SOUZA et al., 2009, p. 103).

No que tange à criação das unidades, o SNUC no Art. 22 § 2º prevê (BRASIL,

2000):

§ 2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida

de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a

localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade,

conforme se dispuser em regulamento.

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43

Dessa forma a criação das categorias de REBIO e ESEC caracteriza-se como

exceções para o cumprimento § 2º do Art. 22 em relação à consulta pública. Os

estudos técnicos e a consulta pública podem contribuir para evitarem-se injustiças e

inutilidades das UC nas esferas do SNUC, embora, este não diga explicitamente que

a consulta pública tenha poderes para aprovar ou não aprovar a criação da unidade

de conservação (SAMPAIO, 2010).

O Plano de Manejos das UC é estipulado para todas as categorias, devendo

ser elaborado no prazo de até cinco anos de existência da unidade. A própria Lei do

SNUC, o define no Art. 2º XVII, como (BRASIL, 2000):

XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com

fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se

estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso

da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação

das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

Assim, de acordo com Associação Caatinga (2007, p.2) “o objetivo de um

Plano de Manejo é ordenar, orientar e normatizar toda e qualquer intervenção em

uma área natural protegida, visando manter sua integridade biológica e o

cumprimento dos objetivos pelos quais ela deve existir”. Esse deve abranger a

unidade, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos; sendo estes,

quando existem conexões entre a UC e outras áreas naturais.

Para a zona de amortecimento, o SNUC diz que (Brasil, 2000):

Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção

Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir

uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores

ecológicos.

Assim, o Poder Público poderá definir os limites da zona de amortecimento de

uma UC. E caso não seja definida no ato de criação da unidade, a mesma deverá

ser definida durante a elaboração do Plano de Manejo.

Quanto à gestão das UC, o Decreto nº 4.340/2002 traz um capitulo dedicado

à gestão compartilhada com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público, OSCIP. Nele, são firmados termos de parcerias com o órgão responsável

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pela UC. O ganho dessa iniciativa é a facilitação do trabalho de instituições locais

que comprovem realizações de atividades de proteção do meio ambiente.

Demonstra-se com isso um aumento da participação da sociedade.

Sobre a Reserva Biosfera, há existência de um capítulo específico para este

tema. Assim, o Art. 4120 reza que:

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado

internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável

dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da

diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa,

o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o

desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das

populações (BRASIL, 2002).

A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O

Homem e a Biosfera – MAB21", estabelecido pela UNESCO, organização da qual o

Brasil é membro. Salienta-se que desde 2005 a RPPN Reserva Natural Serra das

Almas, localizada nos municípios de Crateús (Estado do Ceará) e em Buriti dos

Montes (Estado do Piauí) foi homologada como Posto Avançado da Reserva da

Biosfera da Caatinga devido ao modelo inovador de Conservação da Caatinga

desenvolvido em conjunto com as comunidades do entorno.

Após serem expostas algumas observações acerca do SNUC é necessário

tecer algumas considerações. Entre elas, destaca-se que o SNUC significou um

grande avanço no trato do regime jurídico da propriedade imobiliária dentro das

Unidades de Conservação, “sendo de lamentar alguns vetos que poderiam ter sido

evitados por uma melhora de redação dos dispositivos que regularam” (MILANO et

al., 2002).

Antes do SNUC não havia um guia sobre o regime público e privado das

Unidades. Milano et al. (op. cit., p.18), afirma que a consequência dessa falta de

clareza foi a criação de muitas UC sem nenhuma preocupação com o regime jurídico

das propriedades privadas nelas contidas. Entretanto, não se pode generalizar,

mesmo com o advento da Lei do SNUC, “a situação não mudou, pois embora se

20

Regulamentada pelo Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 21

Man and Biosphere.

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tenham estabelecido milhões de hectares em novas unidades de conservação, 50%

delas carecem de regularização fundiária” (PÁDUA, 2011).

O Ministério do Meio Ambiente disponibiliza um "Roteiro Básico para a

Criação de Unidades de Conservação", onde consta, entre outras medidas

essenciais, a necessidade de elaboração de estudos técnicos, que devem ter por

base algumas providências necessárias (GUETTA, 2012). Porém, muitas vezes

esses roteiros são difíceis e caros para confecção.

Pádua (2011, p.32), aponta duas grandes virtudes do SNUC. A primeira foi a

de juntar e ordenar todos os textos legais e as melhores práticas em um só

documento, coerente e de fácil entendimento; a segunda foi dar peso de lei a

questões importantes que ainda não tinham esse nível, como no caso do apoio

financeiro que as unidades de conservação devem receber de empreendimentos

que têm impacto ambiental na região onde se localizam a famosa “compensação

ambiental”.

Por fim, pode-se dizer que a preocupação do SNUC se deu efetivamente com

a sistematização do modo de criação, ou seja, preocupação com as competências

literais de criação das unidades, tanto que excluiu a possibilidade de integração com

outras políticas ambientais e de uso da terra. Dessa forma, também excluiu a

interação com as APPs e as Reservas Legais, que mesmo já sendo protegidas por

outros meios legislativos poderiam contribuir para a conexão das UC.

“A Lei não aumentou significativamente a qualidade do manejo das unidades

de conservação, nem melhorou as condições do seu uso público” (PÁDUA, 2011),

porém, a delimitação de áreas a serem protegidas com todos os atributos naturais

demarcados pode contribuir, quando geridos adequadamente, com uma

conservação de ilhas naturais, embora, no futuro essas ilhas não sejam suficientes

para a ideia da conservação, mas podem contribuir como banco genético da

biodiversidade. Contudo, ainda se espera que muito seja feito para a conservação

efetiva do meio natural e convivência humana adequada.

2.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E METODOLÓGICOS

Para o desenvolvimento da pesquisa utiliza-se de métodos (com a finalidade

de direcionamento das ideias) e de técnicas (para responder aos objetivos). Dessa

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forma, quanto mais preciso e adequados são os procedimentos operacionais e

metodológicos, maiores são os graus de confiabilidade da resposta obtida. Estes

estão concentrados em dois tópicos de abordagem: Operações sistematizadas e

Produção Cartográfica.

2.2.1 OPERAÇÕES SISTEMATIZADAS

“Ao lado da estrutura conceitual há necessidade de que haja disponibilidade

da instrumentação tecnológica para a coleta de informações e efetiva ação analítica”

(Christofoletti, 1999, p.1), principalmente ao considerar os novos avanços da

tecnologia e rapidez de propagação das informações.

A partir da definição dos objetivos e a escolha da escala adotada, é possível

efetuar uma análise dos processos naturais e da modificação antrópica sobre o

ambiente. Dessa forma, para melhor compreensão compartimentaram-se as

operações sistematizadas em três ações principais: a coleta de material, a atividade

de campo e a análise laboratorial.

2.2.1.1. Coleta de material

A coleta de material concentrou a definição do embasamento teórico,

levantamento bibliográfico pertinente e aquisição de dados e materiais secundários

(de caráter qualitativo e quantitativo). Além disso, houve a elaboração dos primeiros

mapas e cartas-base que foram aprimoradas após o trabalho de campo (este exige

um conhecimento prévio da área de estudo).

O levantamento bibliográfico buscou a reunião da literatura existente com

concentração na área da Geografia física e outros eixos temáticos, entre os quais se

destacam a Conservação e Preservação nas Regiões Semiáridas do município de

Aiuaba. Além de outros eixos sobre a Teoria Geossistêmica, a Teoria Ecodinâmica e

a Análise Geoambiental. Optou-se por destacar as principais bibliografias seguidas

de acordo com o eixo de abordagem (Quadro 1).

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47

Quadro 1- Levantamento bibliográfico com base nos eixos temáticos

Tema Subtema Eixos Bibliografia

Meio Ambiente Unidades de

Conservação,

Biodiversidade

Problemática

Ambiental

Atualidades e Tendências,

Conservação, Preservação, Critérios

de criação, quantificação, localização,

categorias, público, privada,

endemismo; grau de conservação,

Evolução da relação com a Natureza;

Novas concepções; Meio ambiente e

Desenvolvimento; Recursos Naturais

(Conceitos e Exploração); Áreas

prioritárias para conservação.

ALMEIDA e SOARES et al.

(2009); BRASIL (2000);

CARVALHO (2011);

CHRISTOFOLETTI (1999);

DIEGUES (2001); GUERRA

e COELHO (2009); LEFF

(2001); MEDEIROS (2006);

MILANO (2002);

MORCELLO (2001);

RODRIGUES (1998); ROSS

(1994); VENTURI (2006).

Geografia Física Sistemas

Ambientais, Análise

Integrada,

Unidades

Geoambientais,

Geossistema,

Ecodinâmica.

Principais Teorias Definição de

sistemas ambientais; Mapeamento dos

sistemas ambientais; Análise

sistêmica; Estado de Vulnerabilidades;

Estado de Instabilidade;

Potencialidades; Limitações.

BASTOS (2011);

BERTALANFFY (1975);

BERTRAND (1968).

CHRISTOFOLETTI (1999);

GALINA (2004);

MENDONÇA e KOZEL

(2002); NASCIMENTO e

SAMPAIO (2004/2005);

ROSS, (1994, 2006); SOUZA

(1975, 1979, 1981, 2000,

2003, 2009, 2011);

SOTCHAVA (1977);

TRICART (1977);

TROPPMAIR e VEADO

(1995).

Região Semiárida Semiárido,

degradação,

recuperação

ambiental.

Delimitação da região semiárida;

particularidades; caracterização;

importância; definições; comparações

com outras abordagens e teorias;

progressividade; regressividade; limites

de tolerância dos sistemas; sucessão

ecológica.

AB’ SABER (1999, 2003);

CEARÁ (1992, 1993, 1994,

1998, 2005); MARTINS

(1993); SOUZA (1975, 1979,

1981, 2000, 2003, 2009,

2011).

Legislação

Ambiental

Legislação de áreas

protegidas

Criação de UC; SNUC; Áreas

Protegidas; Recuperação de Áreas

degradadas após ação; Leis e

Decretos; CONAMA; Reservas Legais;

Novo Código Florestal.

ASSOCIAÇÃO CAATINGA,

(2007); BRASIL (2012, 2007,

2002, 2000, 1998, 1988,

1967, 1965); CEARÀ (2013);

CONAMA (2002, 1987,

1988); GUETTA (2013);

HOLANDA (2004); MILANO,

(2002); OLIVEIRA (2010);

PÁDUA (2011); SAMPAIO, e

SILVA (2010).

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48

Sensoriamento

Remoto e

Geoprocessamento

Técnicas,

Geoprocessamento,

Sensoriamento,

Instrumentos de

Campo.

Justificativa para a utilização de tais

técnicas; Definição de Escala;

Definição do Datum; Aquisição de

Imagens; Levantamento da Base

cartográfica existente (aquisição em

órgãos públicos); Definição do software

Imagens de satélites; Imagens aéreas;

Uso do GPS, câmera fotográfica e

outros;

CÃMARA (1996); CREPANI

e MEDEIROS (2005); FLITZ

(2010); MIRANDA, (2010);

PAESE et. al. (2012);

PONZONI et. al. (2012).

Organização da Autora, 2013.

As coletas de dados e documentos concentraram-se em levantamentos

bibliográficos na Biblioteca Central da Universidade Estadual do Ceará (Biblioteca

Prof. Antônio Martins Filho), na Biblioteca do PROPGEO e na Biblioteca do

Laboratório de Geoprocessamento, LABGEO; todas no Campus do Itaperi e na

Biblioteca Universitária da Universidade Federal do Ceará (Biblioteca de Ciências e

Tecnologia) no Campus do Pici.

Houve uma ampla consulta a revistas eletrônicas e a periódicos da CAPES

via internet, além de outros trabalhos via Google Acadêmico. Foram consultadas as

dissertações e Teses do acervo do PROPGEO e de outras instituições brasileiras,

além de trabalhos no âmbito internacional, uma vez que as avaliações sobre áreas

protegidas partem do conhecimento por parte da sociedade e das instituições

(nacional/ internacional) a respeito da gravidade do problema.

Outras contribuições advêm de instituições voltadas ao estudo ambiental,

como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Instituto de Pesquisa e

Estratégia Econômica do Ceará, IPECE, Serviço Geológico do Brasil (Companhia de

Pesquisa de Recursos Minerais), CPRM, Superintendência Estadual do Meio

Ambiente, SEMACE e dados da Prefeitura Municipal de Aiuaba.

Em resumo, têm-se os principais trabalhos adquiridos sobre o município de

Aiuaba ou sobre a Estação Ecológica de Aiuaba que são explicitadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Levantamentos dos Principais trabalhos sobre o município de Aiuaba

TÍTULO PESQUISADOR/ INSTITUIÇÃO ANO

Distribuição geográfica mundial de plantas

lenhosas da Estação Ecológica de Aiuaba,

Ceará, Brasil

LEMOS, J. R. e ZAPPI, D. C. 2012

Identificação dos principais usos de VIANA, L. F. G.; PINHO, A. I. M.; 2011

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49

pequenos Açudes a Montante do Açude

Benguê, Ceará, Brasil

ALEXANDRE, D. M. B.; J. C. ARAUJO

Análise do Assoreamento de um Pequeno

Reservatório: Estudo de caso Açude

Boqueirão, Aiuaba, Ceará

LIMA, Y. C. P. 2010

Apicultura: uma comparação na produção

entre apicultores de Porto Velho/RO E

Aiuaba/CE

BRASIL, C. E. do A.; SOUZA, M. P. de;

MÜLLER, C. A. da S.

2010

Florística e fitogeografia da vegetação

decidual da Estação Ecológica de Aiuaba,

Ceará, Nordeste do Brasil

J. R. LEMOS e M. MEGURO 2009

Utilização do SIG na avaliação da

Fragilidade potencial da Bacia Experimental

de Aiuaba - BEA/CE

WIEGAND, M. C.; LIMA, Y. C. P.;

CHAVES, Q. L. de S. G.; ALVES, N. N. L.

2009

Produção de sedimentos na bacia

experimental de Aiuaba, CE: validação do

modelo empírico HIDROSED-1.

WIEGAND, M. C.; LIMA, Y. C. P.;

ARAÚJO, J. C.

2009

Caracterização de uma caatinga arbórea no

município de Aiuaba CE

SOUZA, J. T.; MENDES, P. G. A.; SOUSA,

J. R.; SILVA, M. A. M.; LIMA, A. S.;

SOUZA, M. M. A.

2007

Comparação do uso do SRTM para

delimitação e caracterização fisiográfica de

uma micro bacia hidrográfica

COSTA, C. A. G.; COSTA, A. C.;

TEIXEIRA, A. dos S.; ALVES, N. N. de L.;

ANDRADE, E. M. de.; SOUSA, B. F. S.;

LEÃO, A. de O.

2007

Plano Operativo de Prevenção e Combate

aos incêndios florestais da Estação

Ecológica de Aiuaba

MMA, IBAMA, PREVFOGO, ESEC de

Aiuaba

2006

Florística, Estrutura e Mapeamento da

Vegetação de Caatinga da Estação

Ecológica de Aiuaba, Ceará.

LEMOS, J. R. 2006

Análise de Susceptibilidade à Erosão dos

Solos da Estação Ecológica de Aiuaba –

CE.

ARAÚJO, L. C. M. 2005

Modelagem da Interceptação no Semiárido

Brasileiro: aplicação do modelo de Gash na

Bacia Experimental de Aiuaba – CE.

MEDEIROS, J. R.; ARAÚJO, J. C. 2005

Zoneamento Fito - Ecológico da Estação

Ecológica de Aiuaba: uma contribuição à

educação ambiental e à pesquisa científica

MEDEIROS, J. B. L. de P. 2004

Hidroquímica de Águas Superficiais e

Subterrâneas da Bacia da Gameleira,

Município de Aiuaba/CE

PEREIRA, L.; SANTIAGO, M. M. F.;

FRISCHKORN, H.;

ARAÚJO, J. C. de e LIMA, J. O. G. de

2004

Levantamentos Geológicos Básicos.

Geologia da Folha Jaguaribe SW –SB.24y.

CPRM 2000

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50

Escala 1:500.000. CPRM.

Cobertura Vegetal - município de Aiuaba-

CE

PNE 1999

Organização da Autora, 2013.

É importante salientar que apesar de existir sobre o município de Aiuaba uma

série de estudos, percebe-se claramente a insuficiência de estudos no âmbito da

Geografia (embora se considere a interdisciplinaridade). No decorrer da execução

da pesquisa foram percebidos diversos trabalhos científicos geográficos que citam

em algum momento, o município ou a Estação Ecológica de Aiuaba, porém ainda se

constata uma deficiência de trabalhos aplicados à área de interesse.

2.2.1.2. Trabalho de Campo

Alentejano e Rocha-Leão (2006, p.53), afirmam que “desde os primórdios da

Geografia os trabalhos de campo são parte fundamental do método de trabalho dos

geógrafos”. O mesmo funciona como base da pesquisa na produção do

conhecimento científico.

É no trabalho de campo que a “visão do geógrafo é simultaneamente

multiescalar, capaz de observar desde o detalhe ao seu lado até o conjunto da

paisagem, multiplicando-se as possibilidades de conexões horizontais e verticais”

(VENTURI, 2011, p.21). Para tanto, na realização desta pesquisa o trabalho de

campo está pautado na necessidade de reconhecimento e confirmação de feições

naturais ou antrópicas percebidas no próprio trabalho de “pré-campo”.

Optou-se por trabalhar com o uso de técnicas de sensoriamento remoto, com

registro fotográfico (câmera fotográfica digital) e análise de imagens de satélites,

auxiliadas a partir da aquisição de pontos através do uso de receptor Global

Positioning System, GPS.

Em suma, pode–se dizer que para o estudo da área com vista ao trabalho de

campo é necessária uma base cartográfica predefinida e estabelecida através de

mapas e cartas dos condicionantes ambientais.

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51

2.2.1.3. Análise Laboratorial

Após o trabalho de campo tem-se a análise laboratorial, a qual Venturi (2005),

considera que “o laboratório, stricto senso, é utilizado para o trabalho de

sistematização das informações recolhidas em campo”.

Tal sistematização implicou na seleção e análise dos dados e em alguns

momentos edições de dados cartográficos; concentrando-se nas atividades de

tabulação, tratamentos e elaboração de mapas temáticos, além da organização dos

registros fotográficos.

Ainda nesta etapa, houve a consolidação da escrita e concomitante, buscou-

se o cumprimento do cronograma estabelecido no projeto de pesquisa. Para fins de

complementação, a espacialização dos dados coletados se deu em ambiente de

Sistema de Informação Geográfica, SIG.

2.2.2 PRODUÇÃO CARTOGRÁFICA

A representação cartográfica pode ser considerada como um pontapé inicial

na análise ambiental em Geografia, ou melhor, no estudo da ciência geográfica e de

outras ciências, uma vez que a espacialização das paisagens contribui efetivamente

para o trabalho do geógrafo. Nesta perspectiva, atenta-se para o estudo do

município de Aiuaba, onde os fatores ambientais foram definidos a partir do uso de

técnicas de sensoriamento remoto e de geoprocessamento (Tabela 2).

Tabela 2 – Principais Parâmetros e instrumentos técnicos aplicados à pesquisa

Imagem de Satélite RESOURCESAT 1

Sensor LISS 3

Banda e Resolução Espectrais Verde – 0,52- 0.59 µm; Vermelho - 0,62 -0,68 µm;

Infravermelho próximo - 0,77 -0,86 µm e Infravermelho - 1,55-

1,70 µm.

Resolução Espacial 23,5 metros

Resolução Temporal 24 dias

Resolução Radiométrica 7 bits

Área Imageada 141 km

Composição Bandas 3,4,5/BGR colorida/falsa

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52

Projeção Projeção Plana

Datum SIRGAS 2000

Cobertura de Nuvem Máxima 90%

Outras Imagens: Shuttle Radar Topography Mission, SRTM (Caracterização

topográfica);

GEOCOVER (Georreferenciamento)

Receptor de Navegação - GPS GARMIN – eTrex 10

Câmera fotográfica Sony DSC-W630

Software SPRING 5.2.2; Quantum GIS 1.7.4.

Software Auxiliares GPS TrackMaker, versão 13.7.; Google Earth, Google Earth

Pro Trial (versão de teste).

Fonte: INPE, 2013. Acesso: http://www.processamentodigital.com.br/2012/04/20/satelite-irs-p6

resourcesat-1

Destarte, para a produção cartográfica visando cumprir todos os objetivos

propostos se destaca a adoção de softwares livres para a elaboração dos mapas.

Assim, foi usado o software de tecnologia nacional SPRING 5.2.2 (disponível

gratuitamente no site: http://www.dpi.inpe.br/spring) para o processo de classificação

das imagens e cruzamentos de dados para a geração de mapas temáticos que por

sua vez, “caracteriza-se como um SIG (Sistema de Informações Geográficas) no

estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial,

modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais.“ (BRASIL,

2012a). Em adição, utilizou-se o software ARGGIS 10, devido limitações dos

softwares livres.

O município de Aiuaba apresenta três particularidades importantes que

devem ser consideradas em sua espacialização gráfica; a primeira refere-se à

disposição do mesmo, quanto à grade (Orbita/ponto) do satélite ResourceSat 1 LISS

3, por localizar-se entre três grades torna-se necessária à realização de mosaicos

das imagens de satélite baseado em imagens georrefenciadas (Figura 2), também

foi necessário efetuar uma normalização radiométrica. Assim, foram utilizadas

imagens do ano de 2012, mas precisamente, as imagens das orbitas/pontos e datas:

333/080 (06/07/2012), 333/081 (06/07/2012), 334/081 (04/08/2012).

A segunda particularidade, ainda interligada a primeira diz respeito à

dificuldade de encontrar imagens de satélite do mesmo período (para a área de

abrangência de Aiuaba) face à localização e carência de dados para o interior do

Estado do Ceará.

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53

Figura 2- Croqui da Grade do satélite RESOUCESAT 1 – LISS 3 sobre o Estado do Ceará. O destaque em vermelho corresponde à localização do município de Aiuaba. Fonte: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (2011) e INPE (2013). Elaboração: Autora, 2013.

Por fim, a terceira, refere-se ao fato de se tratar de um município com uma

área de 2.434,423 km² (BRASIL, 2010), o que se considera como extensão

considerável em relação aos demais municípios do mesmo Estado implicando na

adoção de uma escala 1: 250.000 (com redução de detalhes).

Foi efetuada uma busca acurada a fim de encontrar imagens do satélite

ResourceSat 1 LISS 3 com cenas desprovidas de nuvens, nesse caso, estas foram

consideradas como uma classe a ser mapeada no processo de extração das

informação das imagens, denominado de classificação (base para elaboração de

mapas temáticos).

Visando a aplicação das técnicas de sensoriamento remoto e de

geoprocessamento, paralelamente o alcance das metas, dado o desenvolvimento da

pesquisa, estabeleceu-se uma visão geral dos mapeamentos propostos para o

trabalho em epigrafe (Quadro 2).

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54

Quadro 2- Visão geral dos mapeamentos propostos para o desenvolvimento da pesquisa Mapas e Cartas em atendimento aos Objetivos

22

Mapas/Cartas Descrição Aquisição de dados/ Materiais Procedimentos

Figura de localização do município de Aiuaba

Refere-se à localização do município de Aiuaba na posição cartográfica brasileira.

Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (2011), DER-CE (2010), INPE (2013) e Figuras no formato GIF: EMBRAPA (2010). Imagem: GEOCOVER (Disponível: HTTPS://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/), Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR)

Elaboração de Mosaico das Imagens de satélite RESOUCESAT 1 – LISS 3 na área de estudo (uso do programa SPRING, imagem GEOCOVER para o georreferenciamento e complementação com figuras do Brasil, Nordeste e Ceará com fundo da imagem LANDSAT.

Mapa básico do município de Aiuaba

Apresenta elementos da cartografia básica do município de Aiuaba

Base cartográfica: IPECE (2009); DER-CE (2010) Imagens: SRTM (Disponível: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/) Programa extra: Google Earth Pro versão trial, grátis por sete dias.

Cruzamento de dados: Limite Municipal (Divisão política-territorial do Estado); área urbana (Elaborada com auxilio do Google Earth Pro); dados altímetros extraídos da Imagem SRTM e dados de drenagem.

Mapa de Unidade de Conservação no Ceará

Disposição das Unidades de Conservação no Estado do Ceará.

Base cartográfica: MMA (2012), SEMACE (2012), ICMBIO (2012). Mapa: Delimitação do Semiárido do Ceará (IPECE, 2010).

Cruzamento de dados: unidades de conservação; delimitação do semiárido.

Mapa das áreas prioritárias a conservação da biodiversidade no Ceará

Busca demostrar onde está às áreas e características consideradas de prioridade a conservação.

Base cartográfica: MMA (2007). Mapa prioritário para a conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade brasileira. Escala: 1: 6.000.000. BRASIL, 2006. Aquisição de arquivo no formato shapefile: http://www.arcplan.com.br/mma/ap_shape_novas.htm.

Cruzamento de dados: áreas prioritárias a conservação; divisão do limite municipal.

Mapa dos limites de tolerância ao uso e ocupação do município de Aiuaba.

Refere-se à identificação e Classificação dos elementos componentes da paisagem. Capaz de subsidiar práticas ligadas ao ordenamento territorial. Associados a vetores de pressão sobre a UC: Estação Ecológica de Aiuaba. Sugere informações das formas de relevo; podendo subsidiar o estudo das Áreas de Preservação Permanente (com base na Legislação Ambiental).

Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009). Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR). Base cartográfica: IPECE (2009); SEMACE (2009), CPRM (2011). Imagens: SRTM (Disponível: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/)

Dados inseridos: Limite Municipal Processo de segmentação no programa SPRING, seguido da classificação de Imagens RESOUCESAT 1 – LISS 3. Criação de classes de acordo com o conhecimento da área. Geração de produto Modelo Numérico de Terreno, MNT

Mapa geomorfológico do

Contém a compartimentação do relevo e feições geomorfológicas, topografia de

RADAMBRASIL, Folha Jaguaribe/Natal – SB. 24/25, 1981- Geologia; Geomorfologia; Pedologia.

Vetorização e atualização das feições geomorfológicas a partir da carta do RADAMBRASIL; comparações com

22

Todos os mapas e cartas foram/serão elaborados com base no trabalho de campo.

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55

município de Aiuaba

Aiuaba. dados de declividade, hipsometria e com auxilio do Google Earth Pro versão Trial.

Mapa Geológico do município de Aiuaba

Demostra as Unidades Crono-litoestratigráficas, contribuindo para análise dos sistemas ambientais.

Base cartográfica: IPECE (2009); SEMACE (2009), CPRM (2011), DNPM (2012) Mapa geológico da CPRM, FOLHA SB.24-Y-Jaguaribe. Escala 1:500.000, CPRM, 2000;

Elaboração e Atualização de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco.

Mapa Pedológico do município de Aiuaba

Mapeamento das classes dos solos encontrados no município de Aiuaba.

Base cartográfica: SEMACE (2009), CPRM (2011) e Plano de Informação Pedológica do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos – SiBCS.

Elaboração de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco.

Mapa Hidrográfico e Hidrológico do município de Aiuaba o

Utiliza-se de dados de drenagens, de feições hídricas, de bacia hidrográfica a fim de subsidiar o planejamento dos recursos hídricos.

Base cartográfica: COGERH (2008), CPRM (2011) e FUNCEME.

Elaboração de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco.

Mapa dos Sistemas Ambientais do município de Aiuaba

Associado a caracterização geoambiental à elaboração do mapa de sistemas permite a avaliação dos elementos naturais da região de Aiuaba contribuindo para o conhecimento adequado ao uso dos recursos naturais.

Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (2011), DER-CE (2010), INPE (2013). Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR)

Mapa gerado a partir do cruzamento dos setores ambientais (climatologia, pedologia, geomorfologia, hidrografia; hidrogeologia, fitoecologia e geologia) com base na análise integrada.

Figura das áreas degradadas do Estado do Ceará

Aponta as áreas degradadas do Estado do Ceará

Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (1994), DER-CE (2010), INPE (2013). Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR)

Elaboração de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco. E efetuação do processo de segmentação no programa SPRING, seguido da classificação de Imagens LANDSAT.

Organização: Autora, 2013.

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56

3 O CONTEXTO DO MUNICÍPIO DE AIUABA

3.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AIUABA

O município de Aiuaba está localizado na porção sudoeste do Estado do Ceará,

com as coordenadas UTM: 375737E e 9273201S (Sede), pertencente à

Macrorregião de Planejamento dos Sertões de Inhamuns e compreende uma área

da unidade territorial de 2.434,423 km² (BRASIL, 2010), correspondendo a 1,64% do

território estadual. O município de Aiuaba limita-se a oeste com Estado do Piauí, a

norte com os municípios de Catarina, Arneiroz e Parambu; a leste com os municípios

de Antonina do Norte, Saboeiro e Catarina e ao sul com os municípios de Campo

Sales e Antonina do Norte (Figura 3).

Figura 3- Localização do município de Aiuaba no Ceará - Brasil. Organização: Autor, 2013.

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Mapa 1- Mapa básico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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Mapa 2- Carta Imagem do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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59

3.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

Contextualização Histórica

A contextualização histórica tem por base dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, IBGE. No entanto, salientar-se que existe uma limitada gama

de informações sobre tal contexto no município.

Assim, a origem do município data do século XVIII, a partir de uma doação

em 20 de agosto de 1972, pelo Capitão-Mor Salvador Alves da Silva concedeu ao

fazendeiro Lourenço Alves Feitosa várias Sesmarias, das quais constam terras já

pertencentes à Ventura Rodrigues de Sousa e Domingos Rodrigues (BRASIL, 2013).

E de acordo com Brasil, (2013), Aiuaba é uma palavra indígena que significa

lugar da bebida, bebedouro e tem como centro de referência especial uma lagoa

onde habitualmente os criadores de gado davam de beber aos seus rebanhos,

sendo comum a todos. Essa lagoa era vinculada ao Distrito de Arneiroz, um dos

mais antigos redutos da Capitania e politicamente em evidência.

O Quadro 3 refere-se aos dados de Formação Administrativa do município de

Aiuaba.

Quadro 3- Formação Administrativa do município de Aiuaba

Distrito criado com a denominação de Bebedouro, pelas leis estaduais nº 929,

de 06-08-1860 e 21-11-1864, subordinado ao município de São Mateus (Atual

município de Saboeiro).

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, Bebedouro figura como

distrito no município de São Mateus.

Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-

1937. Pelo decreto-lei nº 169, de 31-03-1938, o distrito de Bebedouro passa

pertencer ao município de Saboeiro.

Pelo decreto-lei estadual nº 1114, de 30-12-1943, o distrito de Bebedouro

passou a denominar-se Aiuaba.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o distrito já denominado Aiuaba

figura no município de Saboeiro.

Assim permanecendo em divisão territorial datada 1-VII-1955.

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60

Elevado à categoria de município com a denominação de Aiuaba, pela

estadual nº 3338, de 15-09-1956, desmembrado de Saboeiro. Sede no antigo

distrito de Aiuaba. Constituído de 3 distritos: Aiuaba, Barra e Mocambo todos

criados pela mesma lei do município. Instalado em 25-03-1959.

Pela lei estadual nº 4077, de 08-05-1958, desmembra do município de Aiuaba

o distrito de Mocambo. Elevado à categoria de município com a denominação

de Antonina do Norte.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2

distritos Aiuaba e Barra.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005, sem outras

alterações.

Fonte: Brasil (2013). Organização: Autora, 2013.

Aspectos Gerais

O munícipio de Aiuaba está contido na Macrorregião do Sertão dos Inhamuns

e possui de acordo com o Censo demográfico de 2010 uma população de 16.203

habitantes, no entanto estima-se que a população do ano de 2013 está entorno de

16.784 habitantes, com uma densidade demográfica de 6,66 hab/km² (BRASIL,

2013).

Em comparação do munícipio de Aiuaba com o município de Tauá23 e o

Estado do Ceará, constata-se um crescimento gradativo da população no decorrer

dos anos de 1991 a 2010, como demostrado na Tabela 3. No entanto, no ano de

1996 o município de Tauá apresentou um menor número em comparação aos

demais anos. Assim, após os dezenove anos a população municipal de Aiuaba

aumentou 2.984 hab. o que corresponde 18,4%, valor superior à porcentagem do

município de Tauá, cuja diferença foi de 4.377 hab. e corresponde a 7,6%. Por outro

lado o Estado do Ceará obteve um aumento de 2.084,734 hab. que corresponde a

24,2% para o período estimado.

Tabela 3– População do município de Aiuaba

Ano Aiuaba Tauá Ceará

1991 13.219 51.339 6.366.647

1996 13.756 50.090 6.781.621

23

Refere-se ao segundo município de maior destaque da Macrorregião do Sertão dos Inhamuns em relação à população.

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61

2000 14.452 51.948 7.453.661

2007 15.585 54.273 8.185.286

2010 16.203 55.716 8.452.381 Fonte: Brasil, 2013

Dos dezesseis municípios que compõem a Macrorregião do Sertão dos

Inhamuns24 (Figura 4), o município de Aiuaba é o 11º com mais habitantes em seu

território, ficando à frente de Poranga (12°), Ipaporanga (13°), Ararendá (14°),

Catunda (15º) e Arneiroz (16°), sendo que a população de Aiuaba representa

aproximadamente 3,95% do total da região.

Figura 4 Limite municipal da Macrorregião do Sertão dos Inhamuns. Elaboração: Autora, 2013.

24

Divisão adotada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, IPECE para as Macrorregiões de Planejamento do Ceará, “possibilitando uma análise regional dos indicadores no intuito de subsidiar as tomadas de decisões dos gestores públicos e dos cidadãos de um modo geral” (CEARÁ, 2013).

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62

De acordo com dados do Anuário Estatístico do Ceará 2012, a população do

município de Aiuaba, nos anos de 1991 (13.219 hab.), 2000 (14.452) e 2010 (16.203

hab.) está dividida entre a Sede e o Distrito de Barro. A ocorrência de maior número

de habitantes na Sede leva a crer que a existência de infraestruturas e

equipamentos funciona como atrativos.

Uma característica importante a considerar no número de habitantes do

município de Aiuaba diz respeito ao predomínio da população rural com 12.252

habitantes em relação à população urbana de 3.951 habitantes (Brasil, 2010). Esse

aspecto traz reflexos no modo de produção espacial, o que inclui a relação de

exploração, de degradação e da conservação da natureza.

No geral, há uma pequena predominância no número de homens sobre o

número de mulheres, representando 50,15% da população municipal. Porém, essa

diferença ocorre graças à população jovem, pois existe um maior número de

mulheres na população ativa e população idosa (Gráfico 1). Assim, constata-se que

a maior parte da população (63,56%) está contida na faixa etária de 15 a 64 anos,

enquadrando-se enquanto população ativa.

Gráfico 1- População do município de Aiuaba por gênero e faixa etária. Fonte: Brasil, 2013

Do ponto de vista aos aspectos ligados ao nível de vida, consideraram-se as

características de oferta de educação e escolaridade, acesso à saúde, condições de

segurança e Índices de Desenvolvimento Social (IDS).

A taxa de escolarização da população do município de Aiuaba, no ano de

2012, apresentaram-se valores de 79,0% para o ensino fundamental, seguido de

34,2% para o ensino médio e de 37,2% na educação infantil (Brasil, 2012b).

Observa-se que essa taxa é mais elevada no ensino fundamental.

0

2000

4000

6000

Populaçãojovem (menosde 1 a 14 anos)

Populaçãoativa (15 a 64

anos)

PopulaçãoIdosa (a partir

de 65 anos)

Homem

Mulher

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63

Assim, quando analisadas as divisões numéricas de pessoas matriculadas

nas esferas públicas de ensino, observa-se uma grande quantidade de alunos

matriculados no ensino fundamental, superando os valores do ensino infantil e do

ensino médio (Gráfico 2).

Gráfico 2- Número de matriculas por nível em 2012. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

Porém, ao observar a taxa de escolarização que se destaca no ensino

fundamental e relacioná-la com o número de matriculados no mesmo nível

educacional e se atentar para os dados referentes ao número de escolas por nível,

constata-se que o número de escolas de nível pré-escolar é superior ao número de

escolas no ensino fundamental (Gráfico 3).

Outro aspecto importante refere-se ao fato de que a segunda maior taxa de

escolarização ocorre no ensino médio, no entanto de acordo, com dados de Brasil,

(2013), existe apenas uma escola de ensino médio no município de Aiuaba, tal fato

denota implicações socioeconômicas ao nível de vida.

Gráfico 3- Número de escolas por nível em 2012. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Pré-escolar Fundamental Médio

490

2.701

554

0

10

20

30

40

Pré-escolar Fundamental Médio

34 31

1

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64

De acordo com Ceará (2012b), não foram verificados a ocorrência do

desenvolvimento da educação indígena, especial e profissional no município de

Aiuaba. Entretanto, comprovou-se a existência da educação infantil, do ensino

fundamental, médio e de jovens e adultos. Nesta perspectiva, verificou-se na

atuação dos ensinos mencionados o total de 268 docentes no ano de 2010 e 271

docentes no ano de 2011 (Tabela 4).

Na análise do grau de formação dos docentes que ministram suas aulas em

determinado tipo de ensino, observou-se um número expressivo do grau de

formação no nível superior, principalmente, no ano de 2011 para o ensino

fundamental. Associa-se a isto, o fato de que nos últimos anos tem crescido o

número de estabelecimentos do ensino superior e de educação a distancia no

Estado do Ceará, implicando em um maior acesso a este nível e,

consequentemente, maior capacitação de docentes.

O segundo maior número de docentes possui grau de formação no nível

médio, no entanto, percebe-se um declínio neste número, considerando o período

de 2010 para 2011. Paralelamente existe uma ascensão no mesmo período (2010 –

2011) para a formação dos docentes em nível superior.

Em relação ao ensino de jovens e adultos, constata-se no ano de 2011 a

existência de 03 docentes com formação de nível médio e 01 docente com formação

em nível superior. Para tanto, observa-se um declínio no número de docentes com

formação de nível superior quando comparado ao ano de 2010.

Tabela 4- Grau de formação dos docentes pela tipologia de educação/ensino no município de

Aiuaba, CE

Tipologia de

Educação e/ou

Ensino

Grau de Formação dos Docentes Total

Infantil Fundamental Médio Superior

2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011

Infantil - - 04 03 67 40 11 45 82 88

Fundamental - - 08 - 95 35 55 125 158 160

Médio - - - - 03 - 20 22 23 22

Jovens e

Adultos

- - - - - 03 02 01 05 01

( - ) Indica a não ocorrência.

Fonte: CEARÁ, 2012b. Organização: Autora, 2013.

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65

Os aspectos ligados à saúde revelaram que o município de Aiuaba é

integrado ao Sistema único de Saúde, SUS, fazendo parte o Programa de Saúde da

Família, PSF; Programa Saúde Bucal, PSB e Programa de Agentes comunitários de

Saúde, PACS, oferecendo atendimento na área urbana e rural do município.

Os estabelecimentos de saúde ligados ao SUS representam 100% da oferta

municipal, assim existem no município 01 hospital geral, 01 posto de saúde e 01

Centro de saúde e apoio a família (CEARÁ, 2012b). Ainda no município de Aiuaba

tem-se a existência de 30 leitos municipais ligados ao SUS.

Com relação ao total de profissionais em exercício no município, observa-se

uma variação nos anos de 2010 a 2011 (Tabela 5), tendo o número de profissionais

de nível superior (médicos, dentistas, enfermeiros e outros) apresentado um declínio

nos referidos anos. Entretanto, no total de profissionais de atuação no município de

Aiuaba tem-se 102 no ano de 2010 e 100 no ano 2011, mantendo padrões

aproximados.

Tabela 5- Profissionais de saúde ligados ao SUS em Aiuaba, CE

Descrição 2010 2011

Médicos 11 06

Dentistas 05 03

Enfermeiros 10 09

Outros 07 05

Agentes comunitários 38 40

Auxiliares, técnicos e atendentes 31 37

Total 102 100

Fonte: CEARÁ, 2012b. Organização: Autora, 2013

No ano de 2011, o número de pessoas e famílias, cadastradas com

atendimento básico de saúde, é de 15.518 pessoas e 4.165 famílias. O atendimento

básico de saúde conta com 06 equipes do programa saúde da família, 03 equipes do

programa saúde bucal e 38 agentes comunitários de saúde.

A análise dos casos confirmados de doenças de notificação compulsória tem

relevância em saúde pública na definição das prioridades relativa ao seu controle e

prevenção. Dessa forma, a análise dos dados de 2010 e 2011 (Tabela 6) revela uma

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melhoria na prevenção e/ou controle de doenças, tendo vista a diminuição de casos

confirmados.

Tabela 6- Doenças de notificação compulsória em Aiuaba, CE

2010 2011

AIDS 02 01

Dengue 126 43

Hanseníase 07 02

Hepatite viral 06 01

Leishmaniose Tegumentar 01 -

( - ) Indica a não ocorrência.

Fonte: CEARÁ, 2012b. Organização: Autora, 2013.

Foram cadastradas no município 113 gestantes no 1º trimestre de 2010 e 94

gestantes no 1º trimestre de 2011. No ano de 2011 registrou-se que 194 crianças

nasceram vivas, no entanto constam 04 óbitos neonatal (óbitos ocorridos até 27º dia

de vida), 01 óbito pós-neonatal (óbitos ocorridos do 28º dia até 364º dia) e 05 óbitos

de crianças menores de 01 ano. Desta forma, a Taxa de Mortalidade Infantil – TMI

no município, por mil crianças nascidas vivas, foi de 25,8% (CEARÁ, 2012b). Assim,

a TMI pode ser considerada como um bom indicador da qualidade da assistência à

saúde, bem como o nível de socioeconômico da população.

Em relação à segurança pública, no município Aiuaba é realizada pela polícia

civil e militar. O município faz parte da 18º Área Integrada de Segurança do Ceará,

AIS que compreende seis municípios: Quiterionópolis, Parambu, Arneiroz, Tauá,

Catarina e Aiuaba; sobre a administração regional de Tauá.

Sobre os índices de desenvolvimento considerados, estes servem para medir

o grau de desenvolvimento da qualidade de vida da população e são formulados a

partir de dados econômicos e sociais.

Destaca-se o Índice de Desenvolvimento Social - IDS que pode ser dividido

em dois aspectos: a oferta de serviços públicos na área social (IDS de Oferta) e

indicadores de resultados (IDS de Resultados), ou seja, a esperança de vida da

pessoa que nasce com relação à educação, conforto e saneamento.

Dessa forma, para cada um desses aspectos, são contemplados: educação,

saúde, condições de moradia, emprego e renda, e desenvolvimento rural (Tabela 7).

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67

Tabela 7- Índice de Desenvolvimento Social, IDS em 2009 para o município de Aiuaba, CE

2009 Índice Ranking

Global 0,304 178 Oferta

0,444 147 Resultado

Educação 0,248 183 Oferta

0,589 156 Resultado

Saúde 0,542 151 Oferta

0,813 31 Resultado

Habitação 0,318 137 Oferta

0,332 139 Resultado

Emprego e Renda 0,106 170 Oferta

0,041 184 Resultado

Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.

Assim, o Índice de Desenvolvimento Social - IDS é um indicador sintético,

capaz de mensurar a inclusão social (CEARÁ, 2011). O IDS de Oferta, IDS-O são

importantes para o planejamento de intervenções que possa direta e/ou

indiretamente, afetar as condições de inclusão social. Por outro lado, IDS de

resultado, IDS-R são importantes para a formulação de indicadores de resultados na

finalidade de direcionamento de formas eficientes a ofertas futuras de serviços

sociais.

No município de Aiuaba, é possível observar que os índices de saúde e

educação foram os que demostraram melhores desempenhos, elevando o IDS. Mas

o índice relacionado ao emprego e renda fez com o município a atingisse o ranking

de 184, considerados um dos piores.

O município de Aiuaba apresentou um dos dez piores valores do IDS de

Oferta (Tabela 8), sendo que este resultado refere-se especificamente, ao ano de

2009, pois em anos anteriores este não se enquadrava, como no ano de 2008.

Muitos dos municípios listados já estavam na lista de 2008, de um modo geral, o que

se percebe é que houve poucas mudanças ou inexistem alterações de melhoria nos

referidos municípios. Ressalta-se que entre os municípios apontados como piores

nos valores do IDS-O, três municípios, Ararendá, Quiterianópolis e Aiuaba integram

a macrorregião do sertão dos Inhamuns.

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Tabela 8- Lista dos dez melhores e os dez piores municípios do Estado do Ceará de acordo

com os valores do IDS-O em 2009

Melhores Piores

Pacoti 0,548 Granja 0,244

Brejo Santo 0,537 Itatira 0,267

Fortaleza 0,525 Ibaretama 0,284

Sobral 0,519 Caridade 0,286

Paraipaba 0,518 Ararendá 0,298

Barbalha 0,494 Saboeiro 0,303

Maracanaú 0,486 Aiuaba 0,304

Quixelô 0,485 Trairi 0,306

Aratuba 0,480 Mombaça 0,307

Jaguaribe 0,473 Quiterianópolis 0,309

Fonte: Adaptado de Ceará, 2011.

Portanto, a deficiência na oferta de serviços públicos se destaca entre os

aspectos determinantes dos problemas ambientais. Assim, de acordo com Ceará

(2011), a expansão da oferta ajudaria a combater os problemas existentes,

induzindo o aprimoramento dos resultados ao longo do tempo, garantindo uma

melhora do bem-estar social nas localidades em que ocorrem.

Sobre o Índice de Desenvolvimento Municipal, IDM, observa-se que este

indicador incorpora alguns aspectos geográficos e socioeconômicos e procura definir

o nível geral de desenvolvimento dos municípios. Assim, em conformidade a Tabela

9 consta que o município de Aiuaba encontra-se entre os municípios que

apresentaram os piores IDM, principalmente ao observar os dados demográficos e

econômicos.

Tabela 9- Índice de Desenvolvimento Municipal, IDM em 2008-2010 para o município de

Aiuaba, CE

Parâmetro Índice Ranking Ano

Global 10,37 180 2010

8,97 184 2008

Fisiógrafos, fundiários e 11,28 161 2010

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69

agrícolas 26,00 166 2008

Demográfico e econômico 0,00 184 2010

0,00 184 2008

Infraestrutura 14,86 150 2010

14,10 167 2008

Sociais 17,02 150 2010

0,27 183 2008

Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.

Outro indicador importante é o Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, que

varia de 0 a 1 considerando indicadores de longevidade (saúde), renda e educação.

Quanto mais próximo de “0”, pior é o desenvolvimento humano do município. Quanto

mais próximo de “1”, mais alto é o desenvolvimento do município.

Assim, percebe-se que Aiuaba cresceu 20,32% no período de 1991 a 2000,

passando de 0,451em 1991 para 0,566 em 2000 (Tabela 10). A dimensão que mais

contribuiu para este crescimento foi a educação, com um crescimento de 39,6%

passando a 0,652, e a longevidade da população, com um crescimento de 6,67%

passando a um índice de 0,615.

Tabela 10- Índice de Desenvolvimento Humano, IDH em 1991-2000 para o município de

Aiuaba, CE

Parâmetro Índice Ranking Ano

Global 0,451 169 1991

0,566 179 2000

Educação 0,394 172 1991

0,652 162 2000

Longevidade 0,574 114 1991

0,615 176 2000

Renda 0,385 168 1991

0,432 182 2000

Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.

Observa que, dos 184 municípios cearenses, Aiuaba encontra-se na 179°

posição do ranking estabelecido para o ano de 2000, compondo o quadro dos cinco

piores índices de desenvolvimento humano, com uma melhora apenas na posição

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70

do ranking com relação à educação (162º). Com relação à renda, a população de

Aiuaba está na posição 182° ficando entre as três piores e mal remunerada dentro

os demais municípios cearenses.

Em relação aos aspectos da estrutura produtiva e de serviços, optou-se pela

análise das condições econômicas de Aiuaba, sendo verificado o número de

empregos, a caracterização dos setores da economia do município e do seu Produto

Interno Bruto, PIB.

Quanto às características relacionadas ao emprego, constata-se um número

total de empregos formais de 535, não sendo verificada nenhuma ocorrência de

empregabilidade da população jovem (de 10 a 14 anos). Desta forma, predominam a

faixa etária da população economicamente ativa (de 15 a 64 anos) com o total de

534 empregos formais, restando apenas 01 emprego exercido por uma pessoa idosa

(65 anos ou mais).

Outra característica dos empregos formais no município de Aiuaba refere-se

ao fato de que o número de empregos destina-se em maior proporção para pessoas

que possuem algum nível de instrução completa. Desta forma, pessoas com ensino

fundamental completo possuem um número maior de empregos formais (300

empregos), seguido de pessoas que possuem ensino médio completo (57

empregos) e de pessoas com ensino superior completo (146 empregos). Não foram

verificados empregos formais ligados a pessoas sem nenhuma instrução escolar.

O rendimento nominal mensal é bem precário para chefes de família

residentes no município de Aiuaba. Da população total, apenas 46,47% da

população possui rendimento mensal. Verifica-se o baixo poder aquisitivo da

população com 89,22% destes, com rendimentos de até um salário mínimo e 8,15%

recebendo até dois salários mínimos. Apenas 2,07% recebem mais de 2 a 5 salários

mínimos e 0,54% recebem mais de 5 a mais de 20 salários. Ressalta-se que 36,22%

da população de Aiuaba não possui rendimento fixo mensal.

Na análise dos empregos formais referentes às atividades econômicas e a

gênero revelou um total de 535, sendo 145 homens e 390 mulheres, demostrando a

participação ativa das mulheres em empregos fora de casa. Dessa forma, tem-se a

predominância dos empregos ligados a administração pública com o total de 492

que corresponde a 91,98% (do total de empregos formais), sendo 119 homens e 373

mulheres (Brasil, 2013). Fora isso foram constatados empregos ligados ao comércio

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71

(28 empregos) e aos serviços (15 empregos) com destaque para a população

masculina em ambos os casos.

As demais classes de empregos formais, como: extrativismo mineral, indústria

de transformação, construção civil, agropecuárias, extrativismo vegetal e caça e

pescas; estes não foram confirmados no munícipio de Aiuaba.

No setor primário tem-se às atividades econômicas que extraem ou produzem

matéria-prima, transformando recursos naturais em produtos primários, destaca-se o

agronegócio, a pecuária, a silvicultura, o extrativismo vegetal.

Assim, a agricultura no município de Aiuaba (Tabela 11) se baseia na cultura

de subsistência (especialmente as culturas de feijão, milho e mandioca); na

fruticultura (banana e manga) e na agricultura comercial (castanha do caju, feijão e

milho).

O setor industrial ainda incipiente concentra na indústria de transformação,

estas estão distribuídas por gênero. As principais delas correspondem às

mercadorias em gerais, vestuários, artefatos de tecidos, peças e acessórios para

veículos. Ressalta-se que não foram registradas atividades ligadas à exportação e

importação no município de Aiuaba.

A produção agrícola para o município de Aiuaba pode ser dividida em

lavouras permanentes e temporárias (Brasil, 2013); assim destaca-se um aumento

na produção da banana (cacho), lavoura permanente, referente ao ano de 2010

(com 162 t) a 2011 (com 210 t). Na lavoura temporária destaca-se o feijão em grãos

(2010 – 525 t/ 2011 – 3.000 t) e o milho em grãos (2010 – 1.379 t/ 2011 – 8.148 t).

Na produção extrativista vegetal têm-se apenas dois produtos, a lenha com

22.711 t em 2010 com um suave aumento no ano de 2011 (23.419 t) e o segundo

produto o carvão vegetal com 3 t em 2010, mantendo o mesmo valor em 2011

(Brasil, 2013).

No tocante à efetiva de rebanho, em Brasil (2013), destaca-se criação de

ovinos (ano de 2010 com o total: 23.394/ ano de 2011 com o total: 23.405); de

caprinos (ano de 2010 com o total de 13.092/ ano de 2011 com o total: 14.123); de

bovinos (ano de 2010 com o total de 13.299); de galos, de frangas, de frangos e de

pinto (ano de 2010 com o total de 25.611/ ano de 2011 com o total: 26.076) e de

galinhas (ano de 2010 com o total de 14.971/ ano de 2011 com o total: 14.992).

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72

Tabela 11– Quantidade produzida e valor da produção dos principais produtos extrativos em Aiuaba,

CE

Produtos Área Produção Lavoura

Destinada à

colheita ou

plantada

Colhida Quantidade (t) Valor (R$ mil)

2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011

Banana

(cacho)

27 28 27 28 162 210 106 137 Permanente

Castanha

De

caju

312 338 312 338 55 45 67 79 Permanente

Coco-da-

baía

5 7 5 7 38 31 16 17 Permanente

Manga 5 5 5 5 30 33 12 13 Permanente

Algodão

herbáceo

(em caroço)

35 50 35 50 6 90 12 108 Temporária

Amendoim

(em casca)

15 28 15 28 9 42 18 126 Temporária

Arroz (em

casca)

15 46 15 46 1 92 0 73 Temporária

Cana-de-

açúcar

5 - 5 - 145 - 5 - Temporária

Fava (em

grãos)

435 407 435 407 27 121 81 363 Temporária

Feijão (em

grãos)

5.580 6.000 5.580 6.000 525 3.000 1.156 5.076 Temporária

Girassol (em

grãos)

25 30 25 30 30 31 30 22 Temporária

Mamona

(baga)

200 894 200 894 100 268 102 289 Temporária

Mandioca 90 50 90 50 350 650 45 84 Temporária

Milho 8.160 8.944 8.160 8.944 1.379 8.148 752 4.432 Temporária

Tomate 3 5 3 5 93 150 118 149 Temporária

Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

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73

Outro indicador relevante é o Produto Interno Bruto, PIB que se refere à

evolução socioeconômica de um país, estado ou município, já que ele representa a

mensuração da produção total de uma região em determinado período de tempo.

Ao analisar os dados do PIB dos municípios da Macrorregião dos Sertões dos

Inhamuns (Tabela 12) percebe-se que os municípios pertencentes a esta região

apresentam um crescimento gradativo dos valores do PIB, com exceção dos

municípios de Parambu, Poranga e Quiterianópolis no ano de 2007 sendo que neste

mesmo ano, o crescimento do PIB foi pouco expressivo para todos os municípios

analisados.

Tabela 12- Série histórica dos valores do Produto Interno Bruto dos municípios da

Macrorregião dos sertões dos Inhamuns, CE

Municípios 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Aiuaba 29.668 37.445 38.714 48.247 48.629 54.257

Ararendá 22.638 27.134 27.360 34.582 35.326 38.907

Arneiroz 19.632 22.549 22.706 30.205 29.477 33.968

Catunda 21.821 25.840 27.376 38.027 37.784 44.457

Crateús 210.517 246.926 297.431 315.320 331.236 384.606

Independência 62.745 73.531 75.659 100.329 106.890 121.426

Ipaporanga 24.114 27.953 26.409 32.625 34.298 39.696

Ipueiras 82.138 93.521 103.105 125.897 135.951 155.113

Monsenhor

Tabosa

34.824 41.139 42.738 55.846 55.849 64.855

Nova Russas 79.963 90.113 95.555 118.814 120.630 146.939

Novo Oriente 55.511 68.424 70.345 91.016 93.621 103.713

Parambu 72.030 87.926 77.585 108.010 103.937 121.650

Poranga 22.972 27.267 26.512 32.478 34.502 42.278

Quiterianópolis 41.666 51.815 48.261 61.703 63.407 71.563

Tamboril 54.689 64.777 68.643 89.319 89.577 103.201

Tauá 158.078 185.590 193.385 233.894 242.444 276.781

Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

Assim, dentre os municípios que mais se destacam nesta macrorregião estão

Crateús e Tauá com a economia impulsionada principalmente pelos setores da

Indústria, comércios e serviços; além de contribuições de outras atividades, como a

construção civil. De um modo geral, pode-se dizer que a agropecuária não teve bom

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desempenho no ano de 2010 devido, em grande parte, a vulnerabilidade climática e

ao próprio desenvolvimento de problemas socioambientais na região.

Por fim, o município de Aiuaba está entre os seis menores valores do PIB na

região representando pouca participação na economia regional e nacional.

Em relação aos fatores de infraestrutura pública, a distribuição de energia

elétrica para o município fica a cargo da Companhia Energética do Ceará –

COELCE, sendo proveniente do sistema da Companhia Hidroelétrica do São

Francisco – CHESF, a partir da linha de transmissão de Tauá-Antonina do Norte. O

fornecimento de energia elétrica não abrange todo o município, mas compreende as

localidades: Aiuaba (sede), Barra, Barra Verde, Bom nome, Cedro, São Nicolau.

O município de Aiuaba obteve, no ano de 2010, um total de 5.216

consumidores e um consumo de 5.288 mwh; no ano de 2011, um total de 5.435

consumidores e consumo de 5.073 mwh, sendo em ambos os anos a classe

residencial a maior consumidora, seguida pela atividade rural.

Em relação ao abastecimento de água, o município possui através de Poços

(126 poços ou nascentes) e um Sistema de abastecimento (2.352 ligações na Rede

geral), no entanto é operado pela Prefeitura municipal de Aiuaba e não por uma

empresa especializada (Tabela 13).

Tabela 13- Formas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e destino de lixo no

município de Aiuaba, CE - 2010

Abastecimento de água Rede geral 2.352

Poço ou nascente 126

Outra forma 1.960

Esgotamento Sanitário Rede geral 350

Fossa séptica 134

Outra forma 2.354

Não tinha 1.600

Destino de lixo Coleta por serviço de limpeza 1.331

Coleta em caçamba de serviço de limpeza 948

Outro destino 2.159

Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.

E de acordo com Ceará (2011), até o ano de 2009, não existia cobertura

urbana de esgotamento sanitário para o município de Aiuaba, mas a partir de 2010,

sua área urbana passou a contar com um total de 350 unidades de domicílios

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ligados a rede geral. No entanto, predominam no município outras formas de

processos ligadas ao esgotamento.

Os resíduos sólidos estão a cargo da Prefeitura de Aiuaba, compreendendo a

área urbana e atendendo 1.331 unidades de domicílios, sendo destinada á área do

lixão localizada na zona rural do município de Aiuaba, onde são desenvolvidos os

métodos de queimada diariamente.

O município recebe os sinais das principais emissoras de televisão do país

(Globo e Record), bem como de emissoras de rádio AM e FM, locais e regionais.

Com relação às rádios locais, podemos destacar a existência de 01 canal. Existem

também dois canais de retransmissão de som e imagem comercial e educativa em

fase de implantação. A comunicação também se estabelece através de 01 agência

da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT e 01 posto de coleta na

sede; atuação da empresa OI com serviços de telefonia e internet e a empresa TIM

e CLARO com serviço de telefonia móvel.

O serviço bancário conta com uma agência e um posto do Banco do Brasil,

além de outros dois postos de outros bancos na sede municipal e distritais.

Quanto aos aspectos ligados a cultura existe uma igreja matriz (Foto 1) em

uma praça no centro da área urbana, onde se dão as principais atividades culturais

do município de Aiuaba. Há uma biblioteca e uma banda de música na cidade, não

sendo constatado nenhum teatro ou museu.

Foto 1 - Igreja matriz no município de Aiuaba, CE. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.

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76

3.3 CARACTERIZAÇÃO ECOGEOGRÁFICA

Condicionantes Geológicas e Geomorfológicas

O município de Aiuaba está inserido na Província Estrutural da Borborema

(Santos e Brito Neves, 1984), porção centro oeste, com rochas pré-cambrianas

antigas Arqueanas, paleoproterozóicas e neoproterozóicas.

E de acordo com Brasil (2000, p.7), “a província, como um todo, cobre uma

superfície superior a 380.000 km² da Região Nordeste do Brasil e exibe um quadro

composto por conjuntos de intrincada evolução geológica em tempos arqueanos-

proterozóicos”. Esta se encontra dividida por extensas zonas de cisalhamento

formando blocos orogênicos.

A Província Borborema constitui uma entidade tectônica que teve sua

configuração atual definida durante o ciclo Brasiliano (540 Ma) sendo interrompidas

pelos sedimentos fanerozóicos da Bacia do Parnaíba a oeste (CUNHA et al., 2010).

Assim, observa-se que área de estudo insere-se no contexto dos terrenos

tectono-estratigráficos, que correspondem a “entidades geológicas limitadas por

descontinuidades tectônicas” (BRASIL, 2000), representadas por zonas de

cisalhamentos; mais especificamente, o Domínio cearense (também denominado por

Jaguaberiano) que compreende a terrenos do Ceará Central e a Formações

Superficiais (coberturas sedimentares).

Sobre a faixa Jaguaribeana, Cunha et al. (2010) dizem que a mesma delimita-

se pelo “Lineamento Sobral-Pedro II, Maciços Rio Piranhas a SE e está coberta

pelos sedimentos cenozoicos costeiros a NE e da bacia do Parnaíba a SW”.

O terreno Ceará Central forma uma faixa de direção aproximada NE-SW,

limitada pelas zonas de cisalhamento dextrais, de Senador Pompeu, a norte, e de

Aiuaba, a sul (BRASIL, 2000; 2003; CUNHA et al., 2010; PARENTE e

HENRIARTHAUD, 1995). Os seus afloramentos se iniciam, na parte oeste do

Domínio Cearense, próximo aos sedimentos da Bacia do Parnaíba e se prolongam

para nordeste em direção à Folha Iguatu - SB.24-Y-B (BRASIL, 2000).

De acordo com Brasil (2003) a maior extensão da área do Domínio Ceará

Central (Faixa Ceará Central) é ocupada por complexos de rochas

metassedimentares proterozóicas e compreendem os complexos Ceará (unidades

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Canindé, Independência, Quixeramobim e Arneiroz) e Acopiara, Grupo Novo Oriente

e Unidade Choró (Quadro 4).

No município de Aiuaba constata-se a zona de cisalhamento dúctil

transcorrentes que divide dois ambientes geotectônicos distintos, o terreno Ceará

central e o terreno Orós-Jaguaribe (definindo o limite norte deste terreno).

Quanto às formações superficiais estas ocorrem capeando indistinta e

discordantemente diferentes litologias, muitas vezes ocupando superfícies de

dimensões bastante consideráveis, como na porção oeste onde se superpõem

sedimentos paleozoicos da Bacia do Parnaíba (BRASIL, 2000). Observa-se nestas

áreas tipos de relevos característicos, sob a forma de mesetas dissecadas nas

bordas (Quadro 4).

Quadro 4- Principais litologias das formações superficiais

Unidades Litoestratigráficas Litologias

Grupo Ceará Micaxistos variados, quartizitos e gnaisses a

duas micas com intercalações de

metacalcários de calcissilicáticas.

Cobertura colúvio-eluviais Sedimentos inconsolados, localmente

laterizados, de constituição areno siltico-

argilosa. Ambiente deposicional: leques

aluviais.

Fonte: Brasil, 2000. Organização: Autora, 2013.

Do ponto de vista regional, as formas do relevo que o integram, “expressam

além de evidências da estrutura geológica, os reflexos de superfície de

aplainamento escalonadas e dos processos morfodinâmicos recentes” (SOUZA,

1996, p.7). Apresenta uma “larga dominância da depressão espacial da depressão

periférica derivadas dos processos de denudação” (SOUZA, 1988, p.85).

Segundo Souza et al. (2002, p. 30), “o desenvolvimento de amplas superfícies

de aplainamento a partir de processos de morfogênese mecânica conduziu a

elaboração da depressão sertaneja”. A predominância dos processos

morfogenéticos que atuam nessas áreas (também conhecida por sertões) dependem

do rigor e, consequentemente, da diversidade de formações de caatingas.

Assim, de acordo com Souza (2000) o munícipio de Aiuaba integra os sertões

dos Inhamuns e do Alto Jaguaribe caracterizando-se por superfícies de

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aplainamento com relevos planos e moderadamente dissecados. Algumas vezes

interligados por níveis de serras dispersas.

O mapeamento realizado no Projeto RADAMBRASIL indica que o município

de Aiuaba está localizado sobre as regiões naturais da depressão sertaneja, de

cristas residuais e de porções do planalto sedimentar da Ibiapaba.

Por sua vez, as depressões sertanejas caracterizam, morfologicamente por

uma intensa dissecação do relevo, dando formas predominantemente aguçadas,

convexas e tabulares, destacando-se nestas áreas elevadas com topos plano e/ou

em inicio de dissecação. Souza (1988, p.90) diz que “a morfologia das depressões

sertanejas se expõe através dos sedimentos que se inclinam deste a base dos

maciços residuais, dos planaltos sedimentares e dos inselbergs”.

No município de Aiuaba nas áreas dispostas sobre a unidade geomorfológica

das depressões sertanejas além de relevos com topos planos (Foto 2) constataram-

se áreas com afloramentos rochosos (Foto 3). Assim, em condições de climas mais

severos podem atuar o processo de intemperismo (na decomposição das rochas) e

de erosão, mantendo a superfície do terreno praticamente desprovida de solo, nela

aflorando as rochas. (BIGARELLA, 2003). A considerar a degradação ambiental

ligada aos processos de uso e ocupação.

Foto 2 - Formas convexas, relevo de topo plano, separadas por vales em “V” no município de Aiuaba. Ponto: 376288//9284431. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013 Foto 3- Áreas com afloramentos rochosos, porções mais rebaixadas do terreno município de Aiuaba. Ponto: 376210//9282194. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013

As cristas representam áreas derivadas dos trabalhos erosivos dispersas nas

áreas de depressões. Em geral essa erosão se dá em setores de rochas muito

resistentes, configurando um relevo rochoso com solos pedregosos e rasos

2

3

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(SOUZA, 2000). As mesmas apresentam um declive íngreme, embora, de menor

expressão quando comparados às serras úmidas (Foto 4).

Foto 4 - Vista parcial de uma superfície aguçada (cristas) com relevos íngremes dispersas sobre áreas da depressão sertaneja do município de Aiuaba. Ponto: 377488//9279950. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.

Na porção oeste do município predominam a unidade geomorfológica do

planalto da Ibiapaba com declives íngremes e com escarpas erosivas. Nestas áreas

predominam os relevos de topos tabulares e superfícies pediplanadas, geralmente

recobertas por extensos depósitos coluviais, constituídos por areias de cores

amareladas e esbranquiçadas (BRASIL, 2003).

A espacialização das características geológicas e geomorfológicas do

município de Aiuaba podem ser visualizadas no Mapa 3 e no Mapa 4 a seguir.

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200 Mapa 3- Mapa geológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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Mapa 4- Mapa geomorfológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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Ainda no município de Aiuaba, na finalidade de completar o quadro

geomorfológico têm-se as planícies fluviais e/ou terraços fluviais, que correspondem

a formas de acumulação. Segundo Brasil, 2003 são áreas planas, resultantes de

acumulação fluvial, sujeitas a inundações periódicas (planície fluvial) ou,

eventualmente, inundáveis e ligadas sem rupturas de declive, a patamares mais

elevados (terraços fluviais). Na mesma perspectiva SOUZA (2000) afirma que essas

áreas se destacam por possuírem melhores condições de solos e de disponibilidade

hídrica.

Aspectos Hidroclimáticos

De acordo com Souza et al. (2009) “o clima é fator determinante das

condições ambientais, influenciando na distribuição e disponibilidade dos recursos

hídricos e interagindo com a ação dos processos exógenos”. Assim, constata-se

que os aspectos climáticos de uma região estão diretamente ligados aos aspectos

hidrológicos, fitoecológicos e pedológicos.

Dessa forma, tomando como referência os limites espaciais, é possível definir

diferentes escalas de análise climática, entre as quais a regional (neste estudo

compreende o Estado do Ceará), local (neste estudo compreende ao município de

Aiuaba) e microclimática (com pouca ênfase neste estudo).

No estudo do clima, cabe ressaltar a existência de uma limitada

disponibilidade de dados meteorológicos o que torna a análise e caracterização

detalhada do comportamento climático de muitas áreas uma tarefa difícil. A falta de

uma cobertura adequada de informações em termos temporais e espaciais leva a

adoção de metodologias que englobam o uso de normais climatológicas, ou uso de

dados referentes a estações de municípios adjacentes e ainda levantamentos brutos

de estações de monitoramento oficiais.

As normais climatológicas começaram a ser formulada internacionalmente em

1872, quando o Comitê Meteorológico Internacional decidiu compilar valores médios

climatológicos sobre um período uniforme, a fim de assegurar a compatibilidade

entre os dados coletados em várias estações, resultando daí a recomendação para

o cálculo das normais de 30 anos (Ramos et al., 2010). No Brasil destacam-se dois

períodos: 1931 a 1960 e 1961 a 1990, tendo sido, este, revisado e acrescido de

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dados em 2009 e, atualmente (ano de 2013), os dados das normais podem ser

acessados de forma on-line, através do site:

http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/normaisclimatologicas.

Nesta perspectiva, para a compreensão dos aspectos climáticos de

ocorrência no município de Aiuaba, considerou-se o uso das Normais climatológicas

(1961-1990). Cabe ressaltar que os dados das Normais climatológicas não se

referem especificamente à estação de Aiuaba, sendo adotadas as informações da

estação localizada no município de Campo Sales, pela proximidade com o município

de Aiuaba (distância aproximada de 84,7 km, considerado as Sedes municipais).

Com isso, destaca-se que os dados levantados por uma dada estação climática têm

validade para caracterizar o ambiente dentro de um raio de até 150 km (VIANELLO e

ALVES, 1991).

Por sua vez, com o intuito de atualizar informações sobre precipitação, foram

analisados os dados preliminares (brutos) coletados nas Estações Pluviométricas da

Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, FUNCEME, através do

download da série histórica (disponível em:

http://www.funceme.br/index.php/areas/tempo/download-de-series-historicas). Em

Aiuaba destaca-se a existência de seis postos pluviométricos: posto Aiuaba; posto

Fazenda Nova, posto Bom Nome, posto Barra, posto Cedro e posto Estação

Ecológica.

De acordo com Bonilla e Porto (2001, p. 46), “o clima é um conjunto de

estados da atmosfera próprios de um lugar que em contato com as massas

continentais ou oceânicas provocam fenômenos como a aridez, umidade e

precipitação”. Nesta perspectiva, o Estado do Ceará, localiza-se na zona do Equador

e possui como influências as oscilações globais oceânicas, com consequência direta

na atuação e repercussão de Sistemas Atmosféricos, SA e por fenômenos

relacionados à Temperatura de Superfície do Mar, TSM. Assim, os principais

fenômenos atmosféricos, em escala global, capazes de comandar a dinâmica

climática regional estão apresentados no Quadro 5.

Quadro 5– Principais fenômenos atmosféricos que influenciam a dinâmica climática do Ceará

Fenômenos

atmosféricos Características

Atuação

Zona de É um dos mais importantes sistemas Determina a

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Convergência

Intertropical

(ZCIT)

meteorológicos que atua nos trópicos. É uma

banda de baixa pressão e convergência dos

alísios em baixos níveis que circunda a faixa

equatorial do globo terrestre. Considerada

principal sistema gerador de precipitação no

Nordeste brasileiro.

quadra chuvosa

de fevereiro a

maio e os totais

anuais.

Vórtices

Ciclônicos de

Altos Níveis

(VCAN)

Sistemas de baixa pressão fechados, que se

formam na alta troposfera são também chamados

de baixas desprendidas e de baixas frias, pois

apresentam centro mais frio que a sua periferia.

Atuação em

dezembro, em

janeiro e em

fevereiro.

Sistemas

Convectivos de

Mesoescala

(SCM)

São aglomerados de nuvens que se formam

devido às condições locais favoráveis como

temperatura, relevo, pressão. Estes provocam

chuvas fortes e de curta duração, normalmente

acompanhadas de fortes rajadas de vento. São

formados dentro do raio de influência da ZCIT.

Atuação nos

meses de

fevereiro a

maio.

Linhas de

Instabilidade (LI)

São bandas de nuvens causadoras de chuva,

normalmente do tipo cumulus, organizadas em

forma de linha. São formados dentro do raio de

influência da ZCIT.

Atuação nos

meses de

fevereiro a

maio.

Ondas de Leste

(OL)

São ondas que se formam no campo de pressão

atmosférica e estão intimamente associados ao

campo de atuação dos ventos alísios, adquirindo

uma maior intensidade na baixa troposfera.

Geralmente,

atingem o

Estado do

Ceará nos

meses de

junho a

agosto.

Fonte: GAN e KOUSKY(1982); PIPPUS (sd); HAAS, AMBRIZZI e FILHO (2002);

FERREIRA e MELLO (2005); CEARÀ (2002). Organização: Autora, 2013.

Assim, resumidamente as chuvas de dezembro e janeiro são provocadas por

VCAN, as de fevereiro a maio se relacionam a ZCIT e sistemas secundários, como

Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) e Linhas de Instabilidade (LI). Já as

precipitações que ocorrem em junho e julho são resultantes das Ondas de Leste,

cuja entrada predominante ocorre na parte litorânea leste do Estado do Ceará.

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Além destes sistemas atmosféricos globais, as condições oceânicas também

atuam enquanto sistemas produtores de chuva no Estado do Ceará em decorrência

da dinâmica dos deslocamentos de baixa e alta pressão no complexo sistema

Oceano-Atmosfera. No Pacífico destacam-se os efeitos do El Niño (aquecimento

das águas do oceano) e da La Niña (resfriamento das águas do oceano). No

primeiro caso, há um déficit de chuvas, ocorrendo na maioria dos casos à

predominância de tempo seco ou muito seco durante a quadra chuvosa, que é

regida pela atuação da ZCIT. Já a La Niña, em boa parte dos casos, contribui para o

superávit de chuvas na região.

Dentro dos limites do semiárido, observa-se a escassez de chuvas,

ocorrências de temperaturas elevadas e da umidade baixa. Sobressai-se como fato

proeminente a existência de uma estação chuvosa de menor duração e de uma

estação seca mais prolongada (SOUZA, 2000). Ainda no contexto estadual

percebem-se áreas que se destaca no território cearense com chuvas mais

regulares e melhor distribuídas, fato que pode ser atrelado à influência da

maritimidade e da altitude; destaca-se, respectivamente, a faixa litorânea e os

planaltos ou enclaves úmidos. Essas características são acompanhadas, ainda, por

oscilações climáticas realçadas por fenômenos globais oceânicos e astronômicos.

Portanto, para caracterizar o clima do município de Aiuaba, parte-se de

fatores climáticos compreendidos enquanto elementos físicos presentes em

determinadas porções geográficas que apresentam propriedades atmosféricas

específicas: temperatura, umidade, insolação e pressão, os quais intervêm sobre a

precipitação, direção e velocidade dos ventos e nebulosidade. As influências desses

sistemas atmosféricos conferem ao município de Aiuaba um clima quente semiárido,

com temperatura média em torno de 24º a 26º e período chuvoso nos meses de

fevereiro a abril (CEARÁ, 2012b).

Assim, a análise da precipitação tem por base dados referentes ao

comportamento das chuvas de Campos Sales publicados nas Normais

Climatológicas do INMET 1961-1990 (Gráfico 4). Percebe-se que as estações

chuvosa, entre janeiro e junho, e seca nos demais meses, estão bem delimitadas,

sendo a precipitação máxima no mês de março (150,6 mm) e mínima no mês de

agosto (0,4 mm). O valor da precipitação total anual é 660,6 mm o que confere uma

baixa precipitação quando comparadas com outros pontos do território cearense.

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Gráfico 4– Dados de precipitação acumulada mensal e anual (mm). Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

Os dados pluviométricos mais recentes têm por base a série histórica

disponibilizada pela FUNCEME, posto Aiuaba, onde se optou pelo período de 2003-

2012 na finalidade de realização de uma análise decadal com anos completos (por

esse motivo desconsiderou-se o ano de 2013). Assim, constatou-se um índice

representativo do total anual de precipitação em 621,6 mm para o período

considerado, valor bem próximo aos dados das normais climatológicas já

mencionadas.

No Gráfico 5 é visível o destaque para o ano de 2004 que pode ser

considerado excepcional dado à precipitação acima de 1000 mm, sendo constatado

o valor de 1019,1 mm. Em contrapartida tem-se o ano de 2012, que apresentou a

menor precipitação da série histórica, com uma precipitação de 413,6 mm bem

abaixo da média anual.

Gráfico 5 – Dados de precipitação anual (mm). Série histórica – Estação Aiuaba. Fonte: Ceará, 2013. Organização: Autora, 2013.

97,2 132,8 150,6 118,3 46,7 13,5 6,3 0,4 4,1 14,2 25,9 50,8

660,6

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano

Pre

cip

itaç

ão (m

m)

435,6

1019,1

512,9 487,7 722,6

564,7 728,5

609,3 721,8

413,6

0,0

500,0

1000,0

1500,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Pre

cip

itaç

ão A

nu

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mm

)

Anos

Precipitação Anual (mm)

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87

E de acordo com as Normais Climatológicas a temperatura média apresentou

maiores valores nos meses de setembro a dezembro (Gráfico 6), apresentando

como máxima nos meses de outubro e de novembro (com valores semelhantes de

26,3ºC). Observa-se um comportamento inverso para a umidade (em relação à

temperatura).

Gráfico 6 – Dados de umidade (%) e de temperatura média (ºC) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

Assim, num contexto maior, no período de 22 de dezembro a 19 de março

tem-se o verão. As temperaturas em janeiro ainda estão altas e tendem a cair à

medida em que se aproxima o mês de março. Observa-se que, no início do período

chuvoso, em janeiro, acontece uma sequência entre temperaturas elevadas, janeiro

(24,9ºC), com temperaturas um pouco mais amenas, fevereiro (24,0ºC). A umidade

começa a aumentar já em janeiro (68%), seguindo uma sequência de alta durante

todo o verão, chegando a 82% no mês de março.

Durante o outono, entre 20 de março e 20 de junho, estabelece-se a estação

mais fria no município, com temperaturas mais baixas coincidindo com a atuação

mais intensa de sistemas atmosféricos produtores de chuva. Entre os meses de

março e abril, a umidade atinge seu ápice.

Para o período de 21 de junho a 22 de setembro, considerado como o

inverno, tem-se o período pós-quadra chuvosa, a umidade encontra-se em declínio,

ao mesmo tempo em que há o aumento da atuação solar, observa-se, também,

diminuição da nebulosidade, repercutindo no aumento de temperatura, evidenciado

a partir do aumento da insolação e do enfraquecimento da atuação e repercussão de

sistemas atmosféricos.

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

20,0

22,0

24,0

26,0

28,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Um

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Tem

pe

ratu

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éd

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ºC)

meses

Temperatura Média (ºC) Umidade (%)

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Cabe destacar que a nebulosidade (Gráfico 7) apresenta-se concentrada no

primeiro semestre do ano, período chuvoso, dotado de influência de sistemas

convectivos responsáveis pela extensa camada de nuvens formadas sobre o Ceará,

o que diminui as horas de insolação.

Gráfico 7– Dados de Nebulosidade (décimos) e de Insolação Total (horas) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

No período de 23 de setembro e 21 de dezembro, considerado em um

contexto maior como primavera, estabelecem-se as temperaturas mais elevadas e a

atuação mais constante dos ventos alísios, visto o incremento maior de áreas de

baixa pressão sobre o Ceará decorrente das altas temperaturas. A temperatura, ao

final da primavera, tende a cair, inicia-se o período de atuação de sistemas

continentais como os Vórtices que levam nebulosidade e umidade para a região, a

partir de dezembro.

A evaporação apresenta um comportamento diretamente proporcional à

temperatura. A região possui uma taxa total anual de 2.331,5 mm evaporados

(BRASIL, 2013), enquanto a precipitação média é da ordem de 660,6 mm/ano o que

demonstra grande disparidade. O Gráfico 8, indica que as maiores taxas de

evaporação ocorrem em outubro, com 296,3 mm evaporados (na comparação com o

mês mais chuvoso tem-se março com 150,6 mm) e temperatura de 26,3°C. No

período mais chuvoso (março), a evaporação atinge seu valor mínimo, com 91,1 mm

evaporados e a temperatura, em declínio, apresenta-se com valores de 22,7°C

sendo seu maior declínio registrado no mês de julho.

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

0

0,2

0,4

0,6

0,8

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Inso

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Ne

bu

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Meses

Nebulosidade (décimos) Insolação Total (horas)

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Gráfico 8– Dados de evaporação (mm) e de temperatura média (ºC) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

A pressão também interage com a temperatura sendo responsável por forças

e mecanismos de levantamento do ar, permitindo a associação temperatura-

pressão-vento. O Gráfico 9 destaca a posição ocupada pela pressão que é

inversamente proporcional a temperatura, pois à medida que esta aumenta, a

pressão diminui.

Assim, percebe-se que as temperaturas menores ocorrem nos meses de maio

(23,1ºC), junho (22,8ºC) e julho (22,7ºC) e, consequentemente, a pressão se

mantém elevada nestes meses (maio, marca 947,6 hPa, junho 949,8 hPa e julho

950,0 hPa). À medida que a temperatura vai se elevando nos meses de setembro a

dezembro a pressão cai vertiginosamente.

Gráfico 9– Dados de pressão (hPa) e de temperatura média (ºC) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

A ventilação nada mais é do que uma força relacionada ao gradiente de

pressão, intimamente associada à temperatura. Em períodos de baixas

temperaturas, tem-se pressão alta e diminuição do gradiente de ventilação,

20,0

22,0

24,0

26,0

28,0

0,0

100,0

200,0

300,0

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Tem

pe

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ºC)

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ora

ção

(mm

)

meses

Evaporação (mm) Temperatura Média (ºC)

942,0

944,0

946,0

948,0

950,0

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20,0

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28,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

ssão

(h

Pa)

Tem

per

atu

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éd

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ºC)

Temperatura Média Compensada Pressão (hPa)

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90

ocorrendo o inverso com temperaturas elevadas (pressão baixa e maior gradiente de

ventilação). A caracterização dos ventos no Ceará está ligada a dois momentos: o

período chuvoso, marcado pelo poder centralizador da ZCIT, e o período seco,

relacionado a uma ventilação intensa e a diminuição no gradiente de pressão, a

partir do aumento na temperatura.

Gráfico 10– Dados de pressão (hPa) e de intensidade do vento (m.s-¹) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.

O município de Aiuaba está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Alto

Jaguaribe (Mapa 5) que se localiza na porção sudoeste do Estado do Ceará e

abrange uma área de 24.538 km² (CEARÀ, 2009). Salienta-se que esta Bacia

engloba totalmente ou parcialmente a área de 27 municípios.

0,00

2,00

4,00

6,00

942,0

944,0

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

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Pressão (hPa) Intensidade do Vento (m.s-¹)

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Mapa 5- Mapa hidrográfico e hidrológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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92

Especificamente, o município de Aiuaba, dada a sua dimensão e localização,

compreende trechos de três sub-bacias hidrográficas no contexto da sub-bacia do

Alto Jaguaribe, são elas: sub-bacia da Conceição, sub-bacia do Jaguaribe de cima e

sub-bacia do Riacho Jucá.

Em relação às águas superficiais o município de Aiuaba tem como principal

riacho, o Umbuzeiro. E com menos expressão destacam-se outros riacho como os

da Cruz, da Serra, da Gameleira, da Catingueira, da Serra Nova, da Taboca, da

Batalha, do Peri, do Serrote e da Conceição, este na divisa com Antonina do Norte.

O açude de maior expressão corresponde ao Açude Benguê (Foto 5), com

capacidade de 19.560.000 m³ que barra o riacho Umbuzeiro. Este açude foi

concluído no ano de 2001 e beneficia uma população de 3.551hab (CEARÁ, 2013).

O município possui um abastecimento de água através de Poços e um Sistema de

abastecimento operado pela Prefeitura municipal de Aiuaba (Foto 6), que contempla

a Sede municipal e o distrito de Barra.

Foto 5 - Visão Geral do Açude do Benguê. Coordenadas: 373037//9270377. Período: Maio de 2013. Fonte: Autor, 2013.

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93

Foto 6- Estação de Tratamento de Água – município de Aiuaba. Coordenadas:

375278//9273161. Fonte: Autor, 2013.

De modo geral, neste município predominam os regimes intermitentes

sazonais. A Tabela 14 se refere a algumas características hidrológicas do município

de Aiuaba. Assim, ao analisar a referida tabela percebem-se claramente as

irregularidades (com características de escassez) existentes entre a distribuição das

chuvas (apresentando um baixo regime), o escoamento das águas, e a alta taxa de

evapotranspiração (ou seja, a parcela da precipitação que retorna a atmosfera); tal

irregularidade implica no sistema de drenagem da região. O deflúvio médio anual

apresentado na tabela corresponde à lâmina média anual que escoa sobre a

superfície considerando características do relevo, da topografia e do uso e ocupação

da área. O volume escoado refere-se à taxa de contribuição do município para o

sistema de reservação hídrica (CEARÀ, 2009).

Para este estudo foi considerado o ponto de vista dos aspectos

hidrogeológicos, ou seja, considerou-se o estudo e avaliação das formas de

Tabela 14- Dados hidroclimáticos do município de Aiuaba

Precipitação (Ano:2012)

Deflúvio Médio Anual (mm)

Volume Escoado Médio Anual (hm³)

Evapotranspiração Potencial (mm)

413,6 47 116 2020

Fonte: CEARÀ, 2009; 2013. Organização: Autor, 2013.

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94

interação existente entre a água e o sistema geológico. Neste contexto, faz-se

necessário o estudo dos aquíferos.

Dessa forma, os aquíferos representam uma reserva natural de água

subterrânea em unidades rochosas ou sedimentares, porosas e permeáveis, que

armazenam e transmitem importantes volumes de água passível de ser utilizado

pela sociedade (CEARÁ, 2000). São formados a partir da infiltração da água da

chuva no solo, controlada pela força gravitacional e características dos materiais

presentes, ocupando os espaços vazios em formações rochosas ou regolito. Esse

processo implica em período muito lento podendo levar de décadas a milhares de

anos.

O município de Aiuaba apresenta três domínios hidrogeológicos, são eles:

formação sedimentares, embasamento cristalino e depósitos aluvionares (BRASIL,

1998). Tais domínios representam grande fonte de recurso hídrico, implicando no

desenvolvimento socioeconômico.

Nos depósitos sedimentares encontram-se um nível alto de permeabilidade e

porosidade, constituindo os mais importantes aquíferos uma vez que se traduz em

ótimas condições de armazenamento e fornecimento de água. Entretanto, no

município de Aiuaba, em função da área de ocorrência desses sedimentos ser

restrita (Formação Serra Grande - apenas em áreas do extremo oeste), esse

domínio decresce em importância.

Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos areno-argilosos

recentes, normalmente margeiam as calhas dos principais rios e riachos. Em geral,

apresentam, uma boa alternativa como manancial, tendo uma importância relativa

alta do ponto de vista hidrogeológico, principalmente em regiões semiáridas com

predomínio de rochas cristalinas.

A recarga dos depósitos aluviões provém da precipitação pluviométrica, dos

rios influentes (que recarregam os aquíferos) e das águas subterrâneas das

superfícies sedimentares.

Por fim, têm-se os aquíferos fissurais, nas rochas cristalinas, ou seja, que

apresentam um comportamento anisotrópico e heterogêneo, onde a ocorrência da

água subterrânea é condicionada por uma porosidade secundária representada por

fraturas e fendas (BRASIL, 1998). Neste contexto, em geral, as vazões produzidas

por poços são pequenas e a água, em função da falta de circulação e dos efeitos do

clima semiárido é, na maior parte das vezes, salinizada.

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Assim, os aquíferos descritos representam um baixo potencial hidrogeológico;

no entanto, o mesmo pode ser usado como alternativa de abastecimento de

pequenas comunidades (reservas estratégicas). Contudo, esses reservatórios

apresentam-se aleatórios, descontínuos e de pequena extensão.

Assim, em relação à captação de águas subterrâneas, o município de Aiuaba

apresenta exclusivamente poços tubulares, são 68 poços (cadastrados). Estes

possuem como profundidade média 64,1 m e vazões médias de 1,7 (CEARÁ, 2013).

Predominam os usos voltados ao abastecimento múltiplo e atividade de pecuária,

sendo que na maioria predomina a natureza pública e, alguns destes encontram-se

desativados.

Salienta-se que a população de Aiuaba sofre com a escassez de água em

todo o município, tanto pela quantidade quanto pela qualidade de água,

Principalmente pelo histórico de seca cíclica.

Características Pedológicas e Fitogeográficas

A formação dos solos é resultado da interação de muitos processos, tanto

geomorfológico quanto pedológico (VITTE et al., 2011). Assim, com base em Brasil

(1999) os solos podem ser definidos como corpos naturais encontrados na superfície

da terra formados pela associação dinâmica de materiais minerais e orgânicos,

passíveis de sustentar vegetação nativa ou não ao ar livre. Este se caracteriza como

um sistema dinâmico e se estrutura em camadas denominadas horizontes, sujeitas a

constantes transformações entrópicas, através de processos de adição, remoção,

translocação de natureza química, física e biológica (BRASIL, 2006). Em outras

palavras, o solo é resultante das interações envolvendo a atmosfera, hidrosfera,

biosfera e litosfera.

No Brasil, observa-se uma variada tipologia de solo, algumas vezes

representadas através de associações. Para melhor caracterização e identificação

de suas potencialidades e limitações ao uso foi elaborado um sistema de

classificação considerando características comuns, mesmo em locais distintos.

A classificação dos solos permite entender os processos que levam um solo a

transformar-se em outro tipo, mas os diversos sistemas de classificação de solos

desenvolvidos no exterior não atendem satisfatoriamente, pois no Brasil

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predominantemente os solos são desenvolvidos em condições de clima tropical, daí

a necessidade do próprio sistema de classificação brasileira (PRADO, 1995).

Com base nestes aspectos foi elaborada a nova Classificação Brasileira de

Solos, iniciada em 1979 e divulgada em 1999 (1ª edição da classificação); e em

2006 (2ª Edição). A classificação Brasileira foi baseada no Sistema Americano

modificado por Thorp e Smith em 1949. Alguns conceitos e critérios da Nova

Classificação Americana (Estados Unidos, 1975) e do mapa mundial de solos da

FAO/UNESCO (1974), foram assimilados pela nova classificação brasileira

(JACOMINE, 2008-2009).

Assim, pode-se dizer que o sistema de classificação dos solos brasileiros é

morfogenético e multicategórico, descendente, aberto e de abrangência nacional.

Em se tratando de uma classificação moderna, ela se baseia em propriedades

(atributos) e horizontes diagnósticos (BRASIL, 1999).

O Sistema Brasileiro compreende 6 níveis categóricos, compreendendo 14

classes no 1º nível (ordens). Os demais níveis são: 2º nível (subordens), 3º nível

(grandes grupos), 4º nível (subgrupos), 5º nível (famílias) e 6º nível (séries). As 14

classes do 1º nível categórico são: Alissolos, Argissolos, Cambissolos,

Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos,

Nitossolos, Organossolos, Planossolos, Plintossolos e Vertissolos. Outras

características podem ser visualizadas a seguir.

Segundo IPECE (2012b), no município de Aiuaba foram identificadas as

seguintes classes de solos (considerando a nomenclatura da nova classificação

correspondente): Argissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos e Planossolos

(Quadro 6). Em alguns trechos constata-se afloramento rochoso. A Tipologia dos

solos encontrados em Aiuaba podem ser visualizados no Mapa 6.

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97

Quadro 6- Principais características dos solos encontrados no município de Aiuaba, Ceará

Solos

Caracterização/ Aspectos dominantes /Principais limitações/Unidade Geoambiental/ Unidades fitoecológicas

correspondentes

Argissolos

(Vermelho-

Amarelo)

Caracterização: Os Argissolos compreendem solos constituídos por material mineral, apresentando características

diferenciais de argila de atividade baixa ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alítico e horizonte

B textural. Podendo apresentar o horizonte plíntico e horizonte glei. São de profundidade variável, de coloração

avermelhada ou amarelada e textura variável de arenosa a argilosa. Uma característica importante desse tipo de solo é

o aumento de argila em profundidade. Por esse motivo, a infiltração da água é muito rápida na superfície e lenta na

subsuperfície, causando erosão severa. A subordem constatada no município de Aiuaba classifica-se como Argissolos

Vermelhos-Amarelos e em relação ao terceiro nível categórico (grande grupos) configura-se eutróficos; os mesmos são

solos com saturação por bases baixa (V<50%). Aspectos dominantes: Profundos; textura argilosa; moderadamente ou

imperfeitamente drenados; fertilidade natural média. Principais limitações: Relevo dissecado; drenagem imperfeita;

relativo impedimento à mecanização. Unidades Geoambiental: Áreas de maciços residuais e da depressão sertaneja.

Unidades fitoecológicas correspondentes: Floresta subcaducifólia tropical pluvial (mata seca); floresta caducifólia

espinhosa (caatinga arbórea); caatinga arbustiva densa, caatinga arbustiva aberta.

Latossolos

(Amarelo)

Os Latossolos são constituídos de material mineral, apresentando horizonte B latossólicos imediatamente abaixo de

qualquer tipo de horizonte A, normalmente dentro de 200 cm de solo. Caracterizam-se por grande homogeneidade de

características ao longo do perfil, praticamente ausência de minerais primários de fácil intemperização. Geralmente,

são fortemente ácidos, com baixa saturação por bases. Sua origem está associada a diversos tipos de rochas, aos

condicionantes climáticos e a variados tipos de vegetação. Aspectos dominantes: Muito profundos e profundos;

textura arenosa ou areno-argiosa; fertilidade natural média a baixa. Principais limitações: Acidez, alta porosidade,

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baixa fertilidade. Unidades Geoambiental: Áreas dos planaltos sedimentares e/ou da depressão periférica. Unidades

fitoecológicas correspondentes: Floresta subcaducifólia Tropical Pluvial (mata seca).

Luvissolos Os Luvissolos são solos constituídos por material mineral, não hidromórficos, com argila de atividade alta, alta

saturação por bases e horizonte B textural ou B nítico. São mal-drenados, sendo normalmente pouco profundo (60 a

120 cm). Podem apresentar pedregosidade na parte superficial e caráter solódico ou sódico, na parte superficial. A

coloração varia entre avermelhada, amarelada, brunada ou acizentada. Aspectos dominantes: Moderadamente

profundo com textura média ou argilosa; moderadamente drenados e fertilidade natural alta. Principais limitações:

Pouca profundidade; susceptibilidade à erosão; pedregosidade; impedimento à mecanização. Unidades Geoambiental:

Depressão Sertaneja fraca a moderadamente dissecadas. Unidades fitoecológicas correspondentes: Caatinga Arbustiva

Densa; Caatinga Arbustiva Aberta; Floresta caducifólia Espinhosa (caatinga arbórea).

Neossolos

(Flúvicos e

Litolico)

Os Neossolos são constituídos por material mineral ou por material orgânico, apresentando pequena expressão

pedogenética, ou seja, solos pouco evoluídos. Estão dispostos cerca de 40 a 50 cm de espessura com horizontes A, C ou

R, e apresenta ausência do horizonte B. A subordem constatada no município de Aiuaba classifica-se como Neossolos

Flúvico e Neossolos Litólicos. Os Neossolos Flúvicos têm formação a partir da sedimentação fluvial e distribuem-se

principalmente ao longo dos rios de maior fluxo. Esses solos são medianamente profundos a profundos, derivados de

sedimentos aluviais, apresentado caráter flúvico, sem relação pedogenética entre si, muitas vezes, conferindo outras

características, tais como decréscimo irregular do conteúdo de carbono orgânico em profundidade, camadas

estratificadas em 25% ou mais do volume do solo. Os Neossolos litolicos são solos com horizonte A ou O hísticos com

menos de 40 cm de espessuras. Os mesmos encontram-se rasos sobre a rocha. Em geral, apresentam condições

topográficas acidentada, sendo pouco espesso. Esses solos estão presentes onde há afloramento de rochas ocupando

áreas de remoção de material. Aspectos dominantes: Neossolos flúvicos - Solos profundos; mal drenados, textura

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99

indiscriminada e fertilidade natural muito baixa/ Neossolos litólicos - Solos rasos, texturas argilosas, fertilidade natural

média, susceptível a erosão. Principais limitações: Neossolos flúvicos - Drenagem imperfeita; riscos de inundações;

altos teores de sódio; susceptibilidade a processos erosivos. / Neossolos litólicos - Pouco profundos pedregosos com

relevo acidentado. É susceptível a erosão. Unidades Geoambiental: Neossolos flúvicos - Áreas de planície fluviais./

Neossolos litólicos - depressão sertaneja e maciço residual. Unidades fitoecológicas correspondentes: Neossolos

flúvicos - Floresta mista Dicotila Palmacea (mata ciliar com carnaubal / Neossolos litólicos - Caatinga arbustiva densa;

caatinga arbustiva aberta; floresta mista dicotila palmacea (mata ciliar com carnaubal.

Planossolos Os Planossolos compreendem solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, apresentando horizonte B textural,

normalmente com argila de atividade alta. É susceptível a erosão e de baixa permeabilidade. Estes solos apresentam-se

em áreas de relevo plano ou suavemente ondulado, apresentando em algumas áreas características próximas dos

vertissolos. São fortemente limitados pela falta d'água em áreas semiáridas, devendo-se considerar, também, a

saturação com sódio elevada, nos horizontes subsuperficiais, fator de restrição importante para a maioria das culturas.

Aspectos dominantes: Solos rasos a moderadamente, mal drenados, textura indiscriminada, fertilidade média a baixa.

Principais limitações: Drenagem imperfeita, deficiente ou excesso de água; susceptibilidade a erosão. Unidades

Geoambiental: Planície fluvial e níveis rebaixados da depressão sertaneja. Unidades fitoecológicas correspondentes:

Caatinga arbustiva aberta.

Fonte: Brasil (1999; 2006); Jacomine (2008-2009); Prado (1995); Souza (2000); Organização: Autor, 2013

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Mapa 6- Mapa pedológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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101

De acordo com Souza (2000, p.43) “a vegetação representa a resposta última

que deriva do complexo das relações mútuas entre os componentes do potencial

ecológico”. Em paralelo, Fernandes (2006, p. 131) afirma que “[...] o conjunto

vegetacional não pode ser analisado deixando de lado a evolução do ambiente

físico, pois marcas do passado a ele ligado, por vezes, encontram-se apenas

registradas nas paisagens atuais [...]”. Muitas vezes se percebem apenas

fragmentos da vegetação, sendo necessário analisar a partir dos demais

componentes ambientais.

Nesta perspectiva, do ponto de vista das paisagens e ecologias do mundo

tropical, Ab’Sáber (2003) denomina estas áreas por Domínios das caatingas

brasileiras constituída pelos sertões do Nordeste brasileiro. São áreas sujeitas a

deficiências hídricas responsáveis pelas dispersões das caatingas em ambientes de

depressões interplanálticas, configurando rústicas paisagens morfológicas e

fitogeográficas.

A vegetação predominante é a caatinga, apresentando diferentes fisionomias.

Que “apesar dessa grande abrangência espacial, pouco se conhece sobre seus

conjuntos florísticos, fisionômicos e a distribuição geográfica de suas espécies no

conjunto vegetacional nordestino” (LEMOS e MEGURO, 2010).

Anualmente, cerca de 100 mil hectares de caatinga sofrem ação de

desmatamento, sendo as principais causas as atividades agropecuárias e a

produção de lenha e carvão com fins energéticos (CEARÁ, 2007). Salienta-se, no

entanto, que não só o desmatamento, mas outras formas de degradações

ambientais assolam o cotidiano a região semiárida do Ceará.

Assim, no Ceará predominam as caatingas que de acordo com Leal, Tabarelli

e Silva (2003) podem ser caracterizados como florestas de padrões arbóreas ou

arbustivas, compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos, muitos dos

quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas.

Associada a tais variações tem-se um manto herbáceo (Mapa 7).

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Mapa 7- Fitogeografia do Estado do Ceará. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2011). Elaboração: Autora, 2013.

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103

É importante salientar que dada a deficiência hídrica associada à

irregularidade das chuvas, tem-se a característica da caducifolia na estação seca.

Porém, passadas as primeiras chuvas já se observa a floração e frutificação das

espécies da caatinga, demostrando o aproveitamento máximo da precipitação. A

vegetação possui uma alta diversidade biológica com a presença de espécies

endêmicas.

O município de Aiuaba possui grande representatividade ecológica por

apresentar remanescentes de caatinga arbórea, principalmente no interior da

Estação Ecológica de Aiuaba. Assim, dada a variedade de sistemas ambientais

foram constatadas em Aiuaba quatro classes fitogeográficas25, são elas: caatinga

arbustiva aberta, floresta caducifólia espinhosa (caatinga arbórea), carrasco e

floresta subcaducifólia tropical pluvial (mata seca).

Para Souza (2000, p. 56) “a caatinga assume padrão fisionômico arbóreo

apenas onde as condições semiáridas são mais moderadas e onde os solos têm

melhores condições de fertilidade natural”. No município de Aiuaba apresenta-se

fisionomicamente como arbórea (Foto 7), alguns indivíduos que atingem cerca de 15

m de altura, com dossel e com partes mais ou menos fechadas e outras um pouco

mais abertas, com presença de cipós, herbáceas e bromélias (SOUZA et al., 2007).

A caatinga arbustiva densa, quando degradada assume um padrão

fisionômico de caatinga arbustiva aberta (SOUZA, 2000, p. 56). Por sua vez, a

caatinga arbustiva aberta desenvolve em solos rasos e duros, composta por

espécies lenhosas de baixo porte (em torno de 5 m de altura) entremeadas por

cactáceas e bromélias terrestres (Foto 8).

25 Considerando o mapeamento da Fitogeografia do Estado do Ceará (escala da representação 1: 1.346.591).

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Foto 7- Em primeiro plano, área desmatada, usada para a agricultura e ao fundo, remanescente de caatinga arbórea na área da Estação Ecológica de Aiuaba. Coordenadas: 371422// 9262696. Foto 8- Área degradada com a presença da caatinga arbustiva. Coordenadas: 376463//928784. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.

No município de Aiuaba, encontra-se o carrasco na porção extremo oeste,

onde se constata trecho do planalto sedimentar da Ibiapaba. Em outros pontos do

município de Aiuaba é possível encontrar manchas de carrasco, como as percebidas

na Estação Ecológica de Aiuaba. Este se desenvolve em solos arenosos e bem

drenados. Nas áreas com carrasco foi constatado um estrato arbóreo com

representantes de 6 a 8 m de altura.

Ainda sobre o carrasco, Fernandes (2006) afirma que existem fortes razões

para julgar derivado de um processo de adaptação ecológica dentro de uma

sucessão lentamente ajustada ao ambiente xérico, conforme as alterações

climáticas.

A mata seca apresenta melhores condições ecológicas (mesófilas) e

diferentes composições florísticas da caatinga. Geralmente, recobrem as encosta

das serras subsumidas secas, ou daquelas isoladas entre 500 a 600 m de altitude

(FERNANDES, 2006).

No município de Aiuaba se destacam a ocorrência de algumas espécies,

como: braúna (Schinopsis brasiliensis), aroeira (Myracrodruon urundeuva),

umbuzeiro (Spondias tuberosa), pereiro (Aspidosperma pyrifolium), pau d’arco

(Tabebuia impetiginosa), barriguda (Ceiba glaziovii), Sipaúba (Thiloa glaucocarpa),

maniçoba (Manihot glaziovii), catingueira (Caesalpinia gardneriana), jurema preta

(Mimosa tenuiflora), mandacaru (Cereus jamacaru), marmeleiro (Croton

sonderianus), Cedro (Cedrela odorata L.), jurema-branca (Piptadenia stipulacea),

7 8

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sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) e angico preto (Anadenanthera

macrocarpa).(LEMOS, 2006; LEMOS e MEGURO, 2010; LEMOS e ZAPPI, 2012;

MEDEIROS, 2004 e SOUZA, et al. 2007).

Fauna

Dada a existência de uma caatinga em alguns trechos bastante conservada

ou em estado de recuperação, existe uma diversidade biológica da fauna. Assim,

tem-se a ocorrência de diversas aves silvestres, como: asa branca (Patagioenas

picazuro), cancão (Cyanocorax cyanopogon), pintassilgo-do-nordeste (Carduelis

yarrellí), cabeça vermelha (Amadina erythrocephala), zabelê (Crypturellus

noctivagus), canários da terra (Sicalis flaveola brasiliensis), beija-flor (Hylocartis

cyanus), bem-te-vi (Pitangus sulfuratus), pica-pau (Picumnus spp), papagaio

(Psitacus erithacus) e casaca de couro (Pseudoseisura cristata). E mamíferos como:

jaguatirica (Felis pardalis), gato mourisco (Herpailurus yaguaroundi); onça parda

(Puma concolor), gato-do-mato (Leopardus tigrinus) (Leal, Tabarelli e Silva, 2003).

Vale acrescentar que muitas espécies estão ameaçadas de extinção, sendo a

Estação Ecológica de Aiuaba, considerada como um refúgio para a ocorrência de

algumas espécies.

3.4 SINOPSE DOS SISTEMAS AMBIENTAIS

Optou-se pela sinopse dos aspectos geoambientais para demonstrar a

estreita relação dos componentes naturais, entre os quais: geológico,

geomorfológico, climático, pedológico, fitogeográfico e hidrológico. Estes, quando

analisados separadamente, caracterizam apenas uma etapa do reconhecimento

ambiental. Entretanto, trata-se de uma etapa indispensável para chegar à

interdisciplinaridade que conduz ao conhecimento integrado do ambiente (SOUSA e

OLIVEIRA 2011). Assim, os sistemas e subsistemas ambientais são delimitados em

função de combinações mútuas específicas entre as variáveis abióticas e bióticas

(CARVALHO et al., 2007).

Neste contexto, a análise geoambiental para o estudo da natureza não se dá

de forma isolada em seus componentes; esta deve ser colocada numa perspectiva

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106

integrativa visando à compreensão de inter-relações entre seus elementos e

buscando a noção de totalidade.

Assim, para o cumprimento dessa etapa priorizaram-se para a caracterização

dos sistemas ambientais o levantamento bibliográfico de concepções adotadas e

consagradas em trabalhos ligados aos diagnósticos ambientais, assim como,

resultados oriundos do trabalho de campo para o desenvolvimento desta pesquisa.

Ressalta-se que foi seguido principalmente o critério geomorfológico, sendo

identificada uma diversidade de sistemas ambientais.

Na finalidade de sintetizar a análise dos sistemas ambientais, foi elaborado

um quadro da Sinopse dos sistemas geoambientais presentes no município de

Aiuaba (Quadro 7) com suas características dominantes especializados através do

mapa 8 (Sistemas ambientais do município de Aiuaba).

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Quadro 7- Sinopse dos sistemas geoambientais presentes no município de Aiuaba DOMÍNIO NATURAL

SISTEMAS AMBIENTAIS

SUB-SISTEMAS

AMBIENTAIS

CARACTERISTICAS DOS COMPONENTES NATURAIS

PLANALTO SEDIMENTAR

PLANALTO DA IBIAPABA

Reverso Imediato revestido por carrasco

Superfície do reverso imediato do Planalto da Ibiapaba parcialmente coincidente com a estrutura e ocorrências esparsas de altos estruturais. Do ponto de vista geológico compreende a Formação Serra Grande. Escoamento superficial no reverso da cuesta com rios de padrões paralelos e escoamento intermitente sazonal. Predominam os neossolos com cobertura vegetal do carrasco.

TABULEIROS TABULEIROS INTERIORES

Tabuleiros interiores

Rampas de acumulação interiores em depressões periféricas de planaltos sedimentares, dissecadas em interflúvios tabulares 700-850mm. Composta por Coberturas colúvio eluvionais: areias sílticas, argilosas, localmente laterizadas. Escoamento intermitente sazonal e rede de drenagem com padrões subdendríticos. Predominam os argissolos vermelho amarelo com cobertura vegetal da caatinga arbórea.

PLANICIE DE ACUMULAÇÃO

PLANICIE FLUVIAL

Planície fluvial Presença de sedimentos aluviais com areias mal selecionadas, incluindo siltes, argilas e cascalhos. Áreas planas resultante de acumulações de processos fluviais, bordejando a calhas fluviais dos principais rios e riachos. Sujeitas a inundações sazonais e revestidas primariamente por matas ciliares com carnaubais. Escoamento intermitente sazonal em fluxo muito lento. Condições climáticas variando de subúmida à semiárida. Predominam os neossolos flúvicos e os planossolos.

RELEVOS RESIDUAIS

CRISTAS RESIDUAIS

Cristas Áreas com relevos aguçados dispersa sobre a depressão sertaneja, derivam da erosão diferencial em rochas muito resistentes. Possuem solos rasos ou vertentes rochosas, parcialmente revertidas por caatinga arbustiva.

DEPRESSÃO SERTANEJA

SERTÕES DE AIUABA

Sertão meridional de Aiuaba

Áreas semiáridas com intensa dissecação do relevo, dando formas predominantemente aguçadas, convexas e tabulares com eventuais níveis de serras dispersas. Litotipos variados do complexo cristalino do Pré-cambriano. Escoamento superficial com rios de padrões dendríticos e/ou dendríticos retangulares e escoamento intermitente sazonal. Baixo potencial de recursos hídricos subterrâneos. Predominância dos solos: argissolos, luvissolos, planossolos e neossolos. Recobrimento vegetal com caatinga arbóreo densa, caatinga arbustiva densa e eventualmente aberta, encontrando-se degradadas.

Fonte: SOUZA (2000; 2006; 2009; 2011), CEARÁ (2007) e NASCIMENTO et al. (2008). Organização: Autora, 2013.

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Mapa 8- Mapa dos sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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4 UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO SEMIÁRIDA DO CEARÁ

“No contexto nordestino, o Ceará abriga certa diversidade de domínios

naturais e paisagísticos” (SOUZA, 2007, p.128) e “apresenta quase que a totalidade

de seu território submetida ao clima semi-árido [sic] quente que ainda se tem como o

principal condicionante desfavorável ao aproveitamento de seus recursos naturais”

(SOUZA, 2000, p.8) associados a irregularidades pluviométricas têmporo-espaciais.

Geologicamente, predominam o terreno Pré-cambriano do embasamento cristalino.

Outras características referem-se a grande diversidade de solos que nas áreas

sertanejas, apresentam-se pouco espessos e com afloramentos rochosos, estando

sobrepostos pela Província fitoecológica das caatingas.

Tais características, descritas, compõem o bioma caatinga que é

exclusivamente brasileiro e corresponde a um dos biomas mais ameaçados e

transformados pela ação humana. Do ponto de vista geográfico, tais características

referem-se ao domínio morfoclimático semiárido das caatingas, onde se inserem os

sertões secos; assim, AB’SÁBER (2003, p. 85) diz que “a originalidade dos sertões

no Nordeste brasileiro reside num compacto feixe de atributos: climático, hidrológico

e ecológico”.

Nesta perspectiva, surgem politicas voltadas ao desenvolvimento regional. E

em 27 de dezembro de 1989 foi aprovada a Lei n 7.827 que criou e estabeleceu as

condições de aplicação dos recursos dos fundos constitucionais de financiamentos;

e os investimentos para o Nordeste estavam pautados na delimitação da região

semiárida. Neste sentido, foram consideradas as áreas com precipitação

pluviométrica média anual igual ou inferior a 800 mm. No ano de 1995 foi realizada

uma atualização dos municípios inseridos no semiárido, porém a classificação atual

data do ano de 2005 instituída pelo Ministro da Integração Nacional (BRASIL,

2005a).

Resumidamente a nova delimitação tem por base três critérios técnicos (LINS,

2008), tais como: “Isoieta de 800 mm (média anual do período 1961 – 1990); índice

de Aridez de Thorntwaite (de até 0,50) e risco de seca (percentagem do número de

dias com déficit hídrico igual ou superior a 60%)”. Em suma, o Ceará possui 85,01 %

do seu território em áreas semiáridas, no entanto ressalta-se que foi descartada a

hipótese de um município estar parcialmente inserido no semiárido (Tabela 15).

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Tabela 15– Síntese quantitativa dos municípios abrangidos pelo Ceará com ênfase

à área semiárida

Total de

Município

do Ceará

Nº municípios no semiárido Área

Total

(km²)

Área no

semiárido

184

Anterior a 2005

Incluídos em 2005

Atual %

148.825

Km² %

134 16 150 81,52 126.515 85,01

Fonte: Adaptado de PEREIRA JÚNIOR, 2007.

De acordo com um levantamento de dados (Tabela 16), constata-se

atualmente, um total de 76 Unidades de Conservação no Estado do Ceará (Brasil,

2008; 2012a; 2012; Observatório das UC, 2013). Salienta-se que foram

consideradas áreas que ainda não se adequaram às categorias previstas no SNUC

(Tabela 16). Dessas, considerando a nova delimitação do semiárido, tem-se 36 UC

totalmente e 05 UC parcialmente inseridas na região semiárida. Sendo que apenas

16 UC estão localizadas nas unidades geoambientais dos sertões semiáridos

cearenses (Figura 5).

Dada à dimensão territorial do Estado percebe-se uma disposição bastante

espaçada das UC, principalmente na região semiárida, mais especificamente nas

áreas dos sertões cearense. Isso implica num déficit de conservação de espécies,

essencialmente, devido à diversidade de ambientes naturais. Nesse sentido, se

sobressaem as unidades de conservação que estão localidades nas áreas

litorâneas, nas serras, nos planaltos e nas chapadas; onde se verificam melhores

condições do ponto de vista climático.

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111

Tabela 16– Unidades de Conservação no Estado do Ceará Unidades de Conservação no Estado do Ceará

Identificação Município Categ./Grup

o/ Admin.

Área

(ha)

Inserida na

nova delimitação da

Região

Semiárida

Unidade Geoambiental

1. Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe

Municípios do Ceará, do Piauí e de Pernambuco.

APA/ US/Federal

1.063.000 SIM/

Parcialmente

Chapada do Araripe

2. Área de Proteção Ambiental Serra da Meruoca

Sobral, Alcântara, Massapê e Meruoca.

APA/ US/ Federal

29.361,27 SIM Serra úmida

3. Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba

Municípios do Ceará, do Piauí e do Maranhão.

APA/ US/ Federal

307.590,51/// 313.800

NÃO Planície Litorânea e Planície Flúvio-marinha

4. Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba

Municípios do Ceará e do Piauí APA/ US/ Federal

1.628.424,61//

1.592.550

SIM/ Parcialmente

Planalto da Ibiapaba

5. Área de Proteção Ambiental da Bica do Ipu

Ipu APA/ US/ Estadual

3.485 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba

6. Área de Proteção Ambiental de Balbino

Cascavel APA/ US/ Municipal

250 NÃO Planície Litorânea e Glacis de Acumulação

7. Área de Proteção Ambiental de

Canoa Quebrada

Aracati APA/ US/

Municipal

4.000 SIM Planície Litorânea e Planície

Fluvio-marinha

8. Área de Proteção Ambiental do Maranguape

Maranguape APA/ US/ Municipal

5.521,52 SIM Serra úmida

9. Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Bastiana

Iguatu APA/ US/ Municipal

- SIM Sertão Centro Ocidental

10. Área de Proteção Ambiental das Dunas da Lagoinha

Paraipaba APA/ US/ Estadual

523 NÃO Planície Litorânea

11. Área de Proteção Ambiental das

Dunas do Paracuru

Paracuru APA/ US/

Estadual

3.910 NÃO Planície Litorânea

12. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Ceará

Fortaleza e Caucaia APA/ US/ Estadual

2.745 SIM/ Parcialmente

Estuário

13. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu

Paracuru e Paraipaba APA/ US/ Estadual

882 NÃO Estuário

14. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Mundaú

Trairi APA/ US/ Estadual

1.538 NÃO Estuário

15. Área de Proteção Ambiental

Lagamar do Cauípe

Caucaia APA/ US/

Estadual

1.884 SIM Planície Litorânea e Glacis

de Acumulação

16. Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Jijoca

Cruz e Jijoca de Jericoacoara APA/ US/ Estadual

3.996 NÃO Planície Litorânea e Planície Lacustre

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17. Área de Proteção Ambiental de

Jericoacoara (extinta)

Jijoca de Jericoacoara APA/ US/

Federal

5.480 NÃO Planície Litorânea

18. Área de Proteção Ambiental da

Sabiaguaba

Fortaleza APA/ US/

Municipal

1.009,74 NÃO Planície Litorânea, Glacis de

Acumulação, Planície Lacustre e Fluvio marinha.

19. Parque Natural Municipal das

Dunas da Sabiaguaba

Fortaleza APA/ US/

Municipal

467,60 NÃO Planície Litorânea

20. Área de Proteção Ambiental de Tatajuba

Camocim APA/ US/ Municipal

3.775 NÃO Planície Litorânea

21. Área de Proteção Ambiental da Praia de Maceió

Camocim APA/ US/ Municipal

1.374,10 NÃO Planície Litorânea

22. Área de Proteção Ambiental da Praia de Ponta Grossa

Icapuí APA/ US/ Municipal

558,68 NÃO Planície Litorânea

23. Área de Proteção Ambiental do

Manguezal da Barra grande

Icapuí APA/ US/

Municipal

1.260,30 NÃO Planície Litorânea e Flúvio-

marinha

24. Área de Proteção Ambiental da Lagoa do Uruaú

Beberibe APA/ US/ Estadual

2.673 NÃO Planície Litorânea e Planície Flúvio- Lacustre

25. Área de Proteção Ambiental do Pecém

São Gonçalo do Amarante APA/ US/ Estadual

123 NÃO Planície Litorânea e Marinha

26. Área de Proteção Ambiental do Rio

Pacoti

Fortaleza, Euzébio e Aquiraz. APA/ US/

Estadual

2.915 NÃO Rio e planície Fluvial

27. Área de Proteção Ambiental da

Serra da Aratanha

Maranguape, Pacatuba e

Guaiuba.

APA/ US/

Estadual

6.448 SIM/

Parcialmente

Serra úmida

28. Área de Proteção Ambiental da Serra de Baturité

Aratuba, Baturité, Capistrano, Caridade, Guaramiranga,

Mulungu, Pacoti e Redenção.

APA/ US/ Estadual

32.690 SIM Serra úmida

29. Área de Relevante Interesse Ecológico do Sítio do Curió

Fortaleza ARIE/US/ Estadual

57,35 NÃO Glacis de Acumulação

30. Área de Relevante Interesse Ecológico do Estevão

Aracati ARIE/US/ Municipal

200,00 NÃO Planície Litorânea

31. Área de Relevante Interesse Ecológico Dunas do Cocó

Fortaleza ARIE/US/ Municipal

15,26 NÃO Planície Litorânea

32. Estação Ecológica de Aiuaba Aiuaba ESEC/PI/

Federal

11.525 SIM Sertão Sul Ocidental

33. Estação Ecológica do Castanhão Iracema, Jaguaribara e Alto Santo. ESEC/PI/ Federal

12.574 SIM Sertão Centro Ocidental

34. Estação Ecológica do Pecém São Gonçalo do Amarante e Caucaia

ESEC/PI/ Estadual

956 SIM/ Parcialmente

Planície Litorânea

35. Floresta Nacional do Araripe‐Apodi Barbalha, Crato, Jardim, Nova Olinda. Santana do Cariri e Missão Velha

FLONA/US/Federal

38.919,47 SIM Chapada

36. Floresta Nacional de Sobral Sobral FLONA/US Federal

598 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba

37. Parque Nacional de Jericoacoara Cruz, Jijoca de Jericoacoara. PARNA/PI/

Federal

8.862,89///

8.416,08

NÃO Planície Litorânea e Marinha

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113

38. Parque Estadual Marinho da Pedra

da Risca do Meio

Fortaleza PARNA/PI/

Estadual

3.320 NÃO Marinha

39. Parque Nacional de Ubajara Frecheirinha, Tianguá e Ubajara. PARNA/PI

/Federal

6.288 SIM Planalto da Ibiapaba

40. Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde

Beberibe RESEX/US Federal

29.804,99 NÃO Planície Litorânea e Marinha

41. Reserva Extrativista do Batoque Batoque RESEX/US Federal

601 NÃO Planície Litorânea

42. Parque Estadual das Carnaúbas Granja Parque/PI

Estadual

10.005 NÃO Planície Fluvial

43. Parque Botânico Ceará* Caucaia Parque/PI

Estadual

190 SIM Glacis de Acumulação

44. Parque Ecológico/Estadual do Rio Cocó*

Fortaleza Parque/PI Estadual

1.155 NÃO Glacis de Acumulação e Planície Fluvial

45. Parque Ecológico da Maraponga Fortaleza Parque/PI Municipal

31 NÃO Glacis de Acumulação e Planície Lacustre

46. Parque Ecológico da Lagoa da

Fazenda*

Sobral Parque/PI

Municipal

19 SIM Sertão Ocidental da

Ibiapaba

47. Monumento Natural das Falésias de Beberibe

Beberibe MN/PI/ Estadual

31 NÃO Planície Litorânea e Marinha

48. Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá

Quixadá MN/PI/ Estadual

31.146 SIM Sertão Centro Ocidental

49. RPPN Ambientalista Francy Nunes General Sampaio RPPN/US/ Privada

200 SIM Sertão Centro Ocidental

50. RPPN Elias de Andrade General Sampaio RPPN/US/

Privada

207,92 SIM Sertão Centro Ocidental

51. RPPN Mãe da Lua Itapajé RPPN/US/ Privada

764,08 SIM Serra Secas

52. RPPN Arajara Park Barbalha RPPN/US/ Privada

28 SIM Chapada do Araripe

53. RPPN Chanceler Edson Queiroz Guaiuba RPPN/US/ Privada

130 NÃO Serra úmida

54. RPPN Fazenda Olho D'agua do

Urucu

Parambu RPPN/US/

Privada

2.610 SIM Sertão Sul Ocidental

55. RPPN Fazenda Mercês Sabiaguaba e Nazário

Amontada RPPN/US/ Privada

50 NÃO Planície Litorânea e Glacis de Acumulação

56. RPPN Monte Alegre Pacatuba RPPN/US/ Privada

263 NÃO Serra úmida

57. RPPN Fazenda Não Me Deixes Quixadá RPPN/US/ Privada

300 SIM Sertão Centro Ocidental

58. RPPN Reserva Ecológica

Particular Jandaíra

Trairí RPPN/US/

Privada

55 NÃO Planície Litorânea

59. RPPN Reserva Ecológica Particular Lagoa da Sapiranga

Fortaleza RPPN/US/ Privada

59 NÃO Planície Litorânea

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114

60. RPPN Reserva Ecológica

Particular Mata Fresca

Meruoca RPPN/US/

Privada

108 SIM Serra úmida

61. RPPN Reserva Ecológica

Particular 62. do Sítio do Olho D’água

Baturité RPPN/US/

Privada

383 SIM Serra úmida

63. RPPN Rio Bonito Quixeramobim RPPN/US/

Privada

441 SIM Sertão Centro Ocidental

64. RPPN Serra das Almas I e II Crateús e Buriti dos Montes RPPN/US/ Privada

6.635 SIM Planalto da Ibiapaba e Sertão Ocidental da

Ibiapaba

65. RPPN Neném Barros Crateús RPPN/US/ Privada

63,16 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba

66. RPPN Sítio Ameixa/Poço Velho Amontada RPPN/US/ Privada

464 NÃO Sertão Pré-litorâneo

67. RPPN Almirante Renato de Miranda Monteiro

Novo Oriente RPPN/US/ Privada

219,92 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba

68. RPPN Reserva Natural Sítio

Palmeiras

Baturité RPPN/US/

Privada

75,47 SIM Serra úmida

69. RPPN Reserva Cultura Permanente

Aratuba RPPN/US/ Privada

7,62 SIM Serra úmida

70. RPPN Belo Monte Mulungu RPPN/US/ Privada

15,70 SIM Serra úmida

71. RPPN Passaredo Pacoti RPPN/US/ Privada

3,61 SIM Serra úmida

72. RPPN Serra da Pacavira Pacoti RPPN/US/

Privada

33,56 SIM Serra úmida

73. RPPN Paulino Velôso Camêlo Tianguá RPPN/US/ Privada

120,19 SIM Serra úmida

74. RPPN Gália Guaramiranga RPPN/US/ Privada

55,98 SIM Serra úmida

75. REP Fazenda Cacimba Nova* Santa Quitéria REP/US/ Privada

670 SIM Sertão Centro Ocidental

76. REP Fazenda Santa Rosa* Santa Quitéria REP/US/

Privada

280 SIM Sertão Centro Ocidental

LEGENDA: [ ] Unidades de Conservação inseridas na região semiárida; [ ] Unidades de Conservação inseridas parcialmente na região semiárida; [ ]Pertence ao Grupo de Proteção Integral; [ ] Pertence ao grupo de Proteção Integral e estão inseridas na região semiárida; [ ] Estão localizadas nos sertões semiáridos.

Fonte de dados: BRASIL, 2008; 2012a; 2012; Observatório das UC, 2013. Organização: Autora, 2013.

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115

Figura 5- Disposição das Unidades de Conservação sobre as Unidades Geoambientais do

Ceará. Adaptado de SOUZA (2005; 2007). Fonte: CEARÁ, 2008; 2009; BRASIL, 2008; 2012.

Organização: Autora, 2013.

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116

Assim, observa-se que no Estado do Ceará existe a predominância das UC

do grupo de uso sustentável, onde partes dos recursos protegidos são destinadas ao

uso sustentável. Apenas quatro UC de Proteção Integral pertencem à região

semiárida cearense, sendo que destas somente três estão dispostas sobre os

sertões (Tabela 17).

Tabela 17- Características de gestão das Unidades de Conservação de proteção integral no semiárido do Ceará Características Estação

Ecológica de Aiuaba

Estação Ecológica de Castanhão

Parque Nacional de

Ubajara

Monumento Natural dos

Monólitos de Quixadá

Municípios Aiuaba Iracema, Jaguaribara e

Alto Santo

Frecheirinha, Tianguá e Ubajara

Quixadá

Área (ha) 11.525 12.574 6.288 31.146

Ano de Criação 2001 2001 1959 2002

Plano de Manejo Não Não Sim Sim

Estudos Prévios Não Não Sim Não

Monitoramento Ambiental

Sim Não Sim Não

Administração Federal (IBAMA)

Federal Federal (IBAMA) Estadual (SEMACE)

Fonte: BRASIL, 2013; CEARÁ, 2012a. Organização: Autora, 2013.

A análise das UC de proteção integral revela que apenas duas (Monumento

Natural dos Monólitos de Quixadá e o PARNA de Ubajara) das quatro unidades

possuem plano de Manejo, mesmo tendo sido criada há mais de cinco anos. A

ausência do Plano de Manejo revela a falta de atenção necessária à efetividade das

UC e, consequentemente, a conservação da biodiversidade.

O Parque Nacional de Ubajara completa no ano de 2013, 54 anos de criação

e apesar de sido criada antes do SNUC, possui plano de manejo, monitoramento

ambiental e é o único das quatro UC de Proteção Integral a ter realizado estudos

prévios. O pior caso é o da Unidade, ESEC do Castanhão que não apresenta

nenhum dos três critérios.

Quanto ao tamanho das áreas, observa-se uma disparidade entre estas,

porém não se encontrou na literatura uma avaliação exata do tamanho da área

necessária para resguardar uma quantidade de espécies da fauna e flora da

caatinga e assim garantir uma proteção adequada dos sistemas naturais do

semiárido cearense. Ressalta-se que as áreas protegidas no semiárido podem

contribuir para a redução dos efeitos degradantes sobre o bioma caatinga.

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117

O quadro atual das Unidades de Conservação do Ceará se mostra ainda

impreciso do ponto de vista da preservação e conservação da região semiárida

cearense. Isto se dá, principalmente, pela limitada existência das UC do Grupo de

Proteção Integral. As metas estabelecidas no SNUC não foram atingidas em sua

plenitude, como o Plano de Manejo e os estudos prévios.

4.1 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA

As Estações Ecológicas foram primeiramente instituídas através da Lei

n°6.902, de 27 de abril de 1981, em seu Art.1° que estabelece que são áreas

representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas

básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente natural e ao

desenvolvimento da educação conservacionista (BRASIL, 1981).

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC diz que as

Estações Ecológicas, ESEC são Unidades de Conservação de proteção integral e

têm por objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

O local é de posse e domínio público, sendo que as áreas particulares, incluídas em

seus limites, serão desapropriadas, merecendo indenização ou compensação pelas

benfeitorias. É proibida a visitação pública, exceto quando houver objetivos

educacionais ou científicos, sendo que a pesquisa científica está sujeita a

autorização (Art. 9º, § 1º, § 2º, § 3º - BRASIL, 2000).

Assim, as alterações no ecossistema nas Estações Ecológicas só podem ser

permitidas com restrições, pela redação do Art. 9º, § 4º estabelece (Brasil, 2000):

Art. 9º § 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas

alterações dos ecossistemas no caso de:

I - medidas que visem à restauração de ecossistemas modificados;

II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade

biológica;

III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades

científicas;

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118

IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior

do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta

controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área

correspondente a no máximo três por cento da extensão total da

unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.

Nas ESEC não são permitidas a presenças de populações em seu interior e,

por definição em Lei (Brasil, 2000), não é obrigatória a consulta pública para a

criação desta. Tais características refletem sobre a biodiversidade local. Nesta

perspectiva, Diegues et al. (2000) salientam que a biodiversidade não é só um

produto natural, é também uma construção cultural; a ausência e mesmo a

transferência de populações tradicionais de seu interior podem trazer implicações

socioeconômicas.

Assim, Rangel (2011) reforça que a proibição do uso tradicional dos recursos

naturais pode provocar a desestruturação do modo de vida destas populações. Há

uma limitação do uso do solo para reprodução da agricultura de subsistência e

extração vegetal e mineral. Conforme Furlan (2000), a proibição do acesso aos

recursos naturais contidos nas unidades de proteção integral pode provocar o

abandono das áreas protegidas.

Em contrapartida, as unidades de proteção integral localizadas no semiárido

nordestino e, consequentemente no semiárido cearense, atuam no equilíbrio dos

sistemas ambientais, contribuindo para a proteção dos solos (limitando os processos

erosivos), da rede hidrográfica (proteção de áreas de recarga e nascentes,

atenuação de ações de assoreamentos) e, a garantia da diversidade biológica

(garantia do endemismo de espécies).

O Estado do Ceará apresenta três Estações Ecológicas: ESEC do Pecém;

ESEC de Aiuaba e ESEC do Castanhão.

Assim, tem-se a ESEC de Aiuaba, que possui uma área de 11.525 hectares

(Coordenadas: 375740//9270135) e representa grande valor ecológico, além de

concentrar em seu território um exemplar de remanescente da caatinga arbórea, em

um ótimo grau de conservação. Esta foi declarada de utilidade pública em 1978

(Decreto N° 81.218, de 16 de janeiro de 1978), através das políticas públicas de

meio ambiente, formuladas e executadas pela extinta Secretaria Especial do Meio

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119

Ambiente – SEMA. No entanto, só foi reconhecida como Estação Ecológica em 6 de

fevereiro de 2001 através do Decreto sem número26.

A ESEC de Aiuaba tem como objetivos específicos preservar a integridade do

ecossistema caatinga e propiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas e de

atividades voltadas à educação ambiental (Brasil, 2001).

Essa ESEC recebe ações de manutenção e de investimento, isto é, está em

grande parte cercada e é fiscalizada. Porém, não dispõe de zona de amortecimento

e de corredor ecológico, que deveriam estar previstas no plano de manejo que até o

ano de 2013 não foi elaborado, lembrando que o plano de manejo está previsto na

Lei do SNUC (ano de 2000). Essa irregularidade permite a existência de vetores de

pressões sobre a ESEC, ocorrendo muitas vezes um mau uso do seu entorno.

Em relação à estrutura física no interior (Foto 9), a estação conta com uma

sede (cerca de 3 km da sede municipal), contendo um escritório completo com 2

computadores, telefone, fax, internet, alojamentos para 20 pessoas, 3 casas

funcionais, 1 laboratório, 1 refeitório, 1 biblioteca, depósito de equipamentos,

estação meteorológica automatizada27, cisterna com 35.000 litros que é abastecida

mensalmente pela Prefeitura Municipal de Aiuaba através de um caminhão-pipa.

26

Decreto em anexo. 27

Operada pela Universidade Federal do Ceará

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Foto 9A - Estruturas da Estação Ecológica de Aiuaba - Entrada para a Sede da ESEC de Aiuaba; Foto 9B - Sala da biblioteca; Foto 9C- Estação meteorológica automatizada (Período: Novembro/2013); Foto 9D- Alojamento. (Período: Maio de 2013). Fonte: Autora, 2013.

Ainda no interior da ESEC de Aiuaba, existem dois outros pontos de apoio em

extremidades, visando o auxilio no trabalho de monitoramento. A primeira estrutura

de apoio, localidade Gameleira, possui 3 quartos, 1 sala, 1cozinha, todas com

energia elétrica e cisterna de 25.000 litros. Fica a 80 metros de açude vizinho (açude

da Confiança). A segunda estrutura de apoio é semelhante à primeira, porém,

encontra-se sem energia e necessita de reforma.

Desde o período de 26 de Dezembro de 201228 até o período de dezembro de

2013 (período pesquisado) a ESEC de Aiuaba encontra-se sem chefe de Unidade

de Conservação, sendo o cargo executado informalmente pelo fiscal do ICMBIO

Honório Miguel Arrais. Existem, quatro guardas que revezam diariamente no

trabalho de fiscalização. Assim, a UC conta com 1 carro (picape 4x4), 3 motocicletas

28

Publicação no Diário Oficial da União.

A

C

B

D

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121

e 1 caminhão-pipa com capacidade para 3.000 litros (emprestada à UC por

moradora da cidade de Aiuaba).

O monitoramento e fiscalização são feitos pelos veículos ou através de

caminhadas; as rondas são desenvolvidas diariamente em pontos estratégicos e

semanalmente há um contorno geral da estação. No interior da ESEC não existem

acessos para veículos. Salienta-se que a estrada que circunda a UC encontra-se em

alguns trechos deteriorada prejudicando a passagem de veículos.

Conforme Brasil (2006), a Estação Ecológica de Aiuaba está “principalmente

associada à manutenção da biodiversidade florística e faunística do bioma caatinga,

e representa um importante papel para o ciclo hidrológico da região, devido a sua

cobertura florestal densa”.

Do ponto de vista dos componentes ambientais, Medeiros (2004) afirma que é

constatada na ESEC de Aiuaba uma variação de relevos acidentados a planos

(predominante); a vegetação varia de formações de estrato arbóreo denso a

vegetações mais arbustivas, sendo possível verificar fitofisionomias do carrasco,

caatinga arbórea densa e caatinga arbustivo-arbórea.

Uma das representatividades da ESEC de Aiuaba refere-se ao fato de que

esta tem a função importante de servir como campo de estudo para muitas

pesquisas e como refúgio a muitas espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção

(Quadro 8).

Quadro 8- Espécies brasileiras ameaçadas de extinção na Estação Ecológica de Aiuaba

Espécies Nome vulgar Nome científico

Aves zabelê Crypturellus noctivagus

pintassilgo-do-nordeste Carduelis yarrellí

bico-virão-da-caatinga Megaxenops parnaguae

Mamíferos jaguatirica Felis pardalis

gato-do-mato-maracajá Felis wiedii

Flora aroeira-do-sertão Astronium urundeuva

baraúna Schinopsis brasiliensis

Fonte: Brasil, 2006. Organização: Autora, 2013.

No entanto, a ESEC de Aiuaba apesar de ser uma unidade de proteção

integral em sua maioria em um ótimo estado de conservação; no seu interior

encontram-se vários trechos identificados como áreas degradadas devido a

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fenômenos erosivos de várias escalas, destacando-se a presença de voçorocas,

muitas vezes ligadas ao uso e ocupação que antecedeu a delimitação da Unidade

de Conservação e aos vetores de pressões no entono imediato da ESEC de Aiuaba

(destaca-se a agricultura, pastagem, desmatamento, urbanização). A seguir é

demonstrado um resumo das características verificadas em seu entorno imediato a

partir do trabalho de campo (Figura 6 e Tabela 18). De um modo geral, pode-se dizer

que a Estação Ecológica de Aiuaba apresenta bastante conservada, mesmo nos

trechos em que não está cercada.

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Figura 6- Entorno Imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE. Período: Maio de 2013. Elaboração: Autora, 2013.

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Tabela 18- Situação e localização do entorno imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE

Ponto Coordenadas (E/S) Descrição

1 0374019//9271190 Vista Geral do Entorno da ESEC de Aiuaba (ao fundo). Ao centro, observa-se a presença de fumaça advinda do lixão de Aiuaba.

2 0354679//9271107 Açude do Benguê em primeiro plano e ao fundo EE de Aiuaba.

3 0375740//9270135 ESEC de Aiuaba, estruturas de base – Alojamento.

4 0376242//9264294 Área plana com a presença de plantações de Milho e feijão (agricultura de subsistência). Limite da ESEC de Aiuaba ao fundo.

5 0375566//9263717 Descaracterização da cobertura vegetal em áreas de declives

6 0371422//9262696 Limite da ESEC de Aiuaba (caatinga arbórea) com áreas em processo de recuperação no entorno. Ao centro mancha de área degradada.

7 0372235//9262891 Ravinas em áreas sem uso agrícola (Sítio Cajueiro).

8 0369279//9262191 Ponto de Apoio da Reserva (Várzea do cajueiro); Ravinamento e Afloramentos rochosos. Caatinga arbustiva.

9 0367745//9257780 Afloramento Rochoso (Riacho dos Barbados). Criação de caprinos. Caatinga arbustiva e presença de cactáceas.

10 0359082//9253112 Espelho d’água (Açude do Cedro). Caatinga arbórea aberta e presença de bananeiras na planície fluvial. Relevo plano.

11 0356462//9253617 Preparo da terra para cultivo (Área Queimada), remoção da cobertura vegetal.

12 0353877//9255875 Limite da Estação com placa sinalizadora. Mancha de carrasco representada por estrato arbórea. Relevo plano.

13 0355281//9257304 Limite da Estação sem cerca, relevo escarpado com caatinga arbórea densa, bastante conservada (Localidade Gameleira).

14 0356151//9259898 Área degradada com forte descaracterização da cobertura vegetal. A Oeste da ESEC de Aiuaba (entorno imediato).

15 0356264//9260091 Ponto de Apoio da ESEC de Aiuaba com placa informativa sobre Estação Ecológica de Aiuaba.

16 0356220//9268620 Solo exposto com vegetação em processo de recuperação (Localidade Barro).

17 0367780//9273955 Área de pastagem, criação de gado. Caatinga arbustiva.

18 0371630//9272997 Área de pastagem e Preparo da terra para cultivo, afloramentos rochosos e criação de gado. Relevo levemente ondulado.

Elaboração: Autor, 2013

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125

Contudo, a categoria de ESEC para a Unidade de Conservação no município

de Aiuaba é conveniente devida à elevada importância biológica, fragilidade ou

ameaça dos recursos naturais na região, uma vez que, a área apresenta-se em

grande parte em bom estado de conservação com rica diversidade biológica e com

ocorrência de espécies endêmicas, além de fatores históricos e culturais de criação

desta.

Entretanto, deve ser elaborado e efetivado o plano de manejo, como previsto

na Lei 9.985/2000, estabelecendo a zona de amortecimento e corredores ecológicos

ou criação de novas Unidades de Conservação para a formação de mosaicos.

Também devem ser efetivadas medidas ambientalistas de manutenção e

consolidação do território.

5 LIMITES AMBIENTAIS DE TOLERÂNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DOS

SISTEMAS AMBIENTAIS

As diversas formas de uso e ocupação do solo com todas as suas alterações

tem causado historicamente vários problemas ambientais no espaço geográfico.

Dessa forma, os meios e as técnicas de beneficiamentos dos recursos naturais

podem ser determinados pelo nível cultural e pelo desenvolvimento

econômico/tecnológico de uma sociedade.

E de acordo com Nascimento (2013, p. 11):

A demanda pelos recursos intensifica-se progressivamente à

proporção que as sociedades humanas desenvolvem novas

tecnologias, e, principalmente, a partir de sua sedentarização, com o

consequente agrupamento social. Isso condiciona a pressão sobre

os recursos naturais, ocasionando problemas ambientais, uma vez

que grande parte da humanidade apresenta uma relação exploratória

e degradadora desta dotação de recursos (NASCIMENTO, 2013, p.

11).

Cabe destacar, a questão social imbricada no contexto da relação sociedade

natureza, propiciando problemas de ordem social, como a miséria, as diversidades

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126

de acesso a terra, as carências de ocupações e o acesso a tecnologias de

aproveitamento dos recursos.

Ainda na mesma perspectiva, tem-se a região semiárida cearense na qual se

insere o município de Aiuaba, que teve seu desenvolvimento baseado na agricultura,

na pecuária, nas atividades extrativistas e caças predatórias; e em paralelo

constatam-se problemas socioambientais, entre os quais o desmatamento, as

queimadas, a agricultura de sequeiros, as secas cíclicas, o assoreamento dos

pequenos riachos e açudes que são intermitentes, entre outras formas.

Assim, dentre os recursos naturais mais atingidos, destaca-se a vegetação, o

solo e a água, onde a degradação da vegetação reflete diretamente nos solos que

fica exposto. As consequências são as perdas das produtividades do solo, aumento

de processos erosivos, surgimento de voçorocas e, muitas vezes, ocorrência e

intensificação da desertificação. Especificamente, pode-se dizer que os ambientes

agropastoris são usados sem um manejo adequado (rotação de culturas, plantio em

curvas de níveis).

Dessa forma, o mau uso dos recursos florestais resulta na fragmentação dos

ecossistemas, o que leva à diminuição de espécies de plantas e da fauna, e altera

as condições edáficas (CARVALHO, SOUZA e TROVÃO, 2012). Porém, dado o

modo de produção atual a fragmentação torna-se natural, e muitas vezes tem-se a

visão de que as ilhas de conservação podem representar alternativas de proteção

dos remanentes frutos de um esfacelamento.

Neste contexto, na evolução do ecossistema tem-se a sucessão ecológica

que decorre desde as primeiras formas de vida e tende a avançar e atingir um

equilíbrio dinâmico. De acordo com Espírito-Santo et al. (2006, p. 17), “à medida que

a sucessão se processa, ocorrem mudanças graduais nas condições abióticas e na

composição e estrutura vegetal, assim como em seus organismos associados”.

Primeiramente, ocorrem as espécies primárias que se desenvolvem em áreas

abertas e favorecem as condições do solo. Progressivamente, vão surgindo as

espécies secundárias, que se desenvolvem em condições de sombra e, as

secundárias ditas tardias, que se desenvolvem em áreas conservadas. A sucessão

ecológica pode atingir diversos níveis, em consequência disso tem-se no município

de Aiuaba um mosaico sucessional em diferentes estágios.

Salienta-se que quando se trata da vegetação da caatinga é notória a

escassez de informações cientificas sobre a sucessão ecológica (PEGADO et al.,

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2006). No entanto, na Figura 7 buscou-se sintetizar as principais características que

envolvem a sucessão ecológica integrando fatores de interferência como a

degradação da vegetação.

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Figura 7 - Esquema de sucessão ecológica em Aiuaba. Elaboração: Autora, 2013.

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129

Dessa forma, as modificações na cobertura vegetal, provocam alterações no

equilíbrio do ambiente, acelerando os processos de erosão, implicando no aumento

da temperatura local, na redução da recarga d’água de rios e de aquíferos

(TRICART, 1977).

Percebe-se que quando o ecossistema tende à conservação, tem-se uma

dinâmica progressiva atuando sobre a qualidade e quantidade de vida. Em

contrapartida, nos ambientes em que são desencadeados os processos erosivos,

quando não existem intervenções para a recuperação ou adequações de manejo e

usos, predominam a dinâmica regressiva.

Dos componentes ambientais que atuam sobre os sistemas naturais o solo se

destaca por suas influências na sucessão. As correlações solo/vegetação se fazem

sentir com maior intensidade, à medida em que a sucessão secundária se aproxima

do clímax (ARAÚJO FILHO e CARVALHO, 1997).

As Fotos 10A e 10B, demostra a presença do marmeleiro (Croton

sonderianus Muell.Arg.) que corresponde a um indicador vegetal do estádio

arbustivo, e sua dominância se prolonga até a fase arbustivo-arbórea, com

ocorrência em solos de boa drenagem e fertilidade natural adequada (ARAÚJO

FILHO e CARVALHO, 1997). Salienta-se que o marmeleiro é uma das espécies que

funciona como alimento para eventos migratórios de milhares de avoantes (Zenaida

auriculata) que formam um bando por cerca de 2 a 3 meses na região (BRASIL,

2006).

Foto 10A e 10B- Limite da Estação Ecológica de Aiuaba cercada e com placa informativa, presença do marmeleiro, indica sucessão secundária progressiva ou de recuperação. Coordenadas: 367440//9258285. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.

A B

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130

Assim, foram constatados problemas ambientais produzidos ao longo do

processo histórico do uso e ocupação que degradaram os componentes naturais,

compreendidos através da delimitação dos sistemas ambientais que de acordo com

Souza et al. (2009, p. 29) “servem de base para indicar condições potenciais ou

limitativas, quanto às possibilidades de uso dos recursos naturais e das reservas

ambientais.”

No Quadro 9 destacam-se as condições de potencialidades e limitações que

representam a capacidade de suporte dos sistemas ambientais identificadas para o

município de Aiuaba considerando os principais problemas ambientais.

Conforme assinala Souza et al. (op. cit., p. 31) “as potencialidades são

tratadas como atividades ou condições exequíveis de praticar em cada sistema

ambiental, sendo propicias as implantações de atividades ou de infraestruturas”.

Assim, as potencialidades referem-se às formas de usos compatíveis com a

capacidade de suporte de cada sistema ambiental identificados na área de estudo.

Em oposição, têm-se as limitações que trazem restrições acerca da legislação

ambiental ligadas às deficiências do potencial produtivo dos recursos naturais e no

estado de conservação da natureza (Souza et al., op. cit., p. 31).

Na mesma perspectiva, Souza (2011, p.28) diz que:

A análise estrutural dos sistemas tem o proposito de identificar os

limites de tolerâncias, fundamentados na capacidade de

desempenho das suas funções produtivas de recuperação e/ou

restauração, enfim de manter as condições de suas estabilidades

(SOUZA, 2011, p.28).

Assim, o limite de tolerâncias estabelecido para o uso e ocupação considera

os aspectos ambientais dos componentes naturais.

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131

Quadro 9- Matriz da capacidade de suporte dos sistemas geoambientais presentes no município de Aiuaba, CE DOMÍNIO NATURAL

SISTEMAS AMBIENTAIS

SUB-SISTEMAS AMBIENTAIS

PROBLEMAS AMBIENTAIS

CAPACIDADE DE SUPORTE

POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES

PLANALTO SEDIMENTAR

PLANALTO DA IBIAPABA

Reverso Imediato revestido por carrasco

Pequena utilização agrícola; desmatamento e descaracterização da paisagem.

Praticas de educação ambiental. Reflorestamento com espécies nativas.

Limitação edáfica (acidez e fertilidade muito baixa) e climática (deficiência hídrica durante a maior parte do ano);

TABULEIROS TABULEIROS INTERIORES

Tabuleiros interiores Desmatamento da vegetação nativa.

Propicio expansão urbana e atividades agropecuárias; bom potencial hidrogeológico e material para construção civil.

Baixa fertilidade dos solos

PLANICIE DE ACUMULAÇÃO

PLANICIE FLUVIAL Planície fluvial Mata ciliares degradadas; empobrecimento da biodiversidade; poluição; desencadeamento de processos erosivos e inundações; ocupações urbanas.

Solos com boas condições de fertilidade natural; ambientes de exceções; disponibilidade hídrica; agroextrativismo e agropecuária.

Áreas sujeitas à erosão que pode causar assoreamento do rio. Proibida a ocupação. Risco a erosão.

RELEVOS RESIDUAIS

CRISTAS RESIDUAIS

Cristas Degradação ambiental;

Atividades de recuperação ambiental com espécies nativas; proteção das nascentes.

Declividade acentuada; susceptibilidade a erosão; limitação à ocupação.

DEPRESSÃO SERTANEJA

SERTÕES DE AIUABA

Sertão meridional de Aiuaba

Superfície degradada; pressão sobre os remanescentes de vegetação nativa; uso de técnicas rudimentares; queimadas;

Solo com fertilidade alta; extrativismo vegetal controlado; Expansão urbana e instalação viária.

Deficiência hídrica; solos rasos e pedregosos;

Fonte: SOUZA (2000; 2006; 2009; 2011). Organização: Autor, 2013.

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132

Em resposta às questões ambientais expostas têm-se os instrumentos

normativos (Leis e decretos) que constituem importante recurso para a proteção do

meio ambiente. Dentre tais instrumentos optou-se pela ênfase nas Áreas de

Preservação Permanente, APPs; nas Reservas Legais, RL e nas Unidades de

Conservação, UC.

As APPs são áreas insubstituíveis em função do abrigo da diversidade

biológica e manutenção dos fatores ecológicos. No município de Aiuaba, essas

áreas são encontradas às margens dos rios e riachos e merecem destaque quando

analisados os instrumentos normativos.

Exemplificando-se, tem-se o Código Florestal de 2012 que não prioriza as

especificidades de cada região brasileira e características locais. A exemplo, tem-se

na região semiárida um contexto de escassez hídrica associada a um regime

intermitente.

Além do Código Florestal, destaca-se como outra norma na definição das

APPs, a Resolução CONAMA Nº 303/2002. A Resolução prevê como APP as faixas

marginais dos cursos d’água a partir do nível mais alto, porém, na mesma resolução

não há uma definição para o curso d’água e nem de nível mais alto, implicando em

ambiguidades.

Outra complicação remete à nova redação do Código Florestal (2012), que

visou a delimitação das faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a

borda da calha do leito regular. Porém, evidencia-se uma polêmica nas áreas de rios

intermitentes, uma vez em períodos de seca (estiagem) essa calha será menor ou

praticamente inexistente.

Por tudo isso, ressalta-se que o não atendimento da capacidade de suporte

das planícies fluviais implica no aumento de problemas ambientais, entre os quais a

inundação, o desabamento e o assoreamento de rios e riachos, trazendo

complicações às populações que residem nas proximidades desta, além de

interferências na dinâmica natural.

Quanto à Reserva Legal, essa se caracteriza como uma área localizada no

interior de uma propriedade, cuja delimitação garante os serviços ecossistêmicos e

ambientais. Nessas áreas é proibida a supressão da vegetação, porém são

permitidas práticas sustentáveis.

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133

Por sua vez, a Unidade de Conservação corresponde a uma área delimitada

com todos os seus atributos naturais visando a proteção da diversidade biológica.

No caso do município de Aiuaba constata-se a presença da Estação Ecológica de

Aiuaba, com remanescestes de vegetação arbórea tendendo para condição de

clímax.

Cabe ressaltar a presença de vetores de pressão (agricultura, pecuária,

extração vegetal, queimadas e áreas urbanizadas) tanto no entorno das áreas

especialmente protegidas, APPs, RL e UC; quanto sobre os remanescentes de

caatinga arbórea conservada.

Todavia, para os sistemas ambientais identificados no município de Aiuaba,

optou-se por adaptações a partir de Souza (2011) que traz o contexto de avaliação

dos limites de tolerâncias dos sistemas ambientais. De acordo com Souza (op. cit.,

p. 25), “dependendo do estado de conservação dos solos a dinâmica ambiental

assume características de progressividade ou regressividade”.

Nesta perspectiva, têm-se os aspectos do estado atual da conservação dos

sistemas ambientais que se correlaciona com a qualidade ambiental, onde foram

delimitadas quatro classes, são elas: fitoestabilizados, derivados com dinâmica

progressiva, desestabilizados com dinâmica regressiva e os degradados (Quadro

10).

Assim, para as classes dos sistemas fitoestabilizados consideraram-se áreas

mantidas com vegetação conservada e estabilidade ecodinâmica. Já as classes dos

sistemas derivados, desestabilizados e degradados correspondem às áreas com

quadro extremo de baixa conservação.

Contudo, com base na qualidade da conservação associada à classificação

dos limites de tolerâncias foi elaborado o mapa dos limites de tolerância dos

sistemas ambientais para o município de Aiuaba (Mapa 9).

Quadro 10- Qualidade do estado atual dos sistemas ambientais em Aiuaba, CE

Classe dos Sistemas Principais Características

Fitoestabilizados Preservação da vegetação;

Sucessão ecológica próxima das características

primárias.

Derivados com dinâmica

progressiva

Alteração parcial e moderada dos atributos e

funções dos componentes naturais;

Nível baixa da sucessão secundária;

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134

Desestabilizados com

dinâmica regressiva

Alteração muito significativa dos atributos e

funções dos componentes naturais;

Nível muito baixa da sucessão secundária;

Podem tornar áreas irrecuperáveis.

Degradados Alteração drástica dos atributos e funções dos

componentes naturais;

Nível de qualidade ambiental extremamente baixo

ou irreversivelmente degradado.

Fonte: SOUZA, 2011. Organização: Autora, 2013.

Feitas tais considerações foram definidos com base em Souza (2011), quatro

níveis de limites de tolerâncias para o uso e ocupação dos sistemas ambientais

(Quadro 11).

Quadro 11- Classificação dos limites de tolerâncias para o uso e ocupação dos sistemas ambientais em Aiuaba, CE

Escala Características

Muito baixa tolerância Áreas protegidas conforme os preceitos da

legislação.

Baixa tolerância Áreas conservadas ou consideradas frágeis.

Média tolerância Áreas com características parcialmente mantidas

e/ou quadro natural alterado;

Área com risco médio a baixa ocupação.

Alta tolerância Áreas com sistemas ambientais apresentando

estabilidade Ecodinâmica ou de transição, tendendo a

fitoestabilização.

Fonte: SOUZA, 2011. Organização: Autora, 2013.

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Mapa 9-Limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.

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6 ASPECTOS DA PRESERVAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE AIUABA

Após a década de 1980, a politica ambiental no Brasil passou a ser resultado

da “interação das ideias, valores e estratégias de ações de atores sociais diversos,

num campo marcado por contradições, alianças e conflitos que emergem da

multiplicidade de interesses envolvidos com o problema de proteção do meio

ambiente” (CUNHA e COELHO, 2010).

De acordo com Coelho, Cunha e Monteiro (2009, p. 68) são “diferentes os

projetos, os interesses, as práticas e as representações dos diversos atores sociais

envolvidos/afetados na/pela delimitação de áreas destinadas à proteção dos

recursos naturais”. Assim, salienta-se que a produção do espaço é consequência da

ação, não só de atores sociais, mas sim de agentes sociais concretos, históricos e

muitas vezes dotados de interesses.

No universo do município de Aiuaba, entre os agentes produtores do espaço

rural, tem-se o proprietário da terra que por sua vez, possui o poder de uso e

exploração desta. Dessa forma, pode desenvolver formas de mercantilização, de

arrendamentos e de desenvolvimento de práticas socioeconômicas, havendo a

possibilidade de aquisição de empréstimos bancários. Todavia, destaca-se a

existência do latifundiário e do pequeno proprietário; este último desenvolvendo,

muitas vezes, práticas visando à subsistência (plantação de milho, feijão e

mandioca).

Parafraseando Santos e Silva (2010, p.75), quando dizem que a “ação do

latifundiário que não atua como empresário rural é a de construir o espaço de forma

que o rural possua pouca dinamicidade, mantendo uma estrutura organizacional que

o interessa”. A conservação dessas propriedades é fundamental para a manutenção

do poder, assim como o estabelecimento de um relacionamento com o Estado.

Na área urbana, também se observam grandes proprietários de terra, mas em

caráter de menor dimensão. No entanto, no município de Aiuaba, percebe-se uma

transformação da paisagem urbana. Como exemplo tem-se a construção de novas

edificações com arquiteturas modernas. São ocupações urbanas da cidade, fruto da

expansão imobiliária.

Outro agente de representação no município de Aiuaba refere-se aos

assalariados. Estes oferecem sua força de trabalho em troca de um salário, estão

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137

presentes na zona urbana e rural, no entanto quando observado dados de empregos

formais, constata-se a existência de 535 empregos. Esse valor em relação ao

número de habitantes do município representa apenas 3,3% da população.

Quando observados dados de renda, tem-se um total de 7.527 pessoas

(46,47% da população municipal) que apresentaram algum rendimento no ano de

2010, com variação de meio até vintes salários mínimo (Ceará, 2012). Vale ressaltar

que existem diversas formas de ocupação, principalmente no meio rural onde os

trabalhadores realizam uma espécie de acordo informal com valores pré-fixados

(algumas vezes irrisórios), como pagamento de diária por serviços prestados.

Tem-se o papel do Estado, que atua no desenvolvimento de políticas

públicas, trazendo infraestrutura para a população (estradas, adutoras, canais de

irrigação, construção de barragens, além de atividades socioculturais). Salienta-se

que algumas vezes a instalação de infraestruturas em determinada localidade faz

com que haja no município de Aiuaba, áreas privilegiadas e diferenciadas. Assim,

existe uma série de interesses nas instalações destas.

Por fim, verifica-se a operação de agentes externos ao município de Aiuaba,

mas que mantém alguma ligação; por exemplo, no desenvolvimento de pesquisas

na Estação Ecológica de Aiuaba que recebe diariamente pesquisadores de várias

Universidades do Estado do Ceará, e de certo modo geram um consumo discreto no

cotidiano do município. Além desses, podem-se citar outros agentes, como

visitantes, representantes de empresas, ex-moradores da cidade, entre outros.

Em relação à proteção da natureza, cada agente tende a agir conforme

interesse, o que implica na existência de conflitos de usos e, consequentemente,

pressão sobre os recursos naturais.

Assim, entre os diferentes entendimentos sobre a proteção da natureza,

mesmo considerando a relação sociedade-natureza, sobressai a preocupação com

os fatores biofísicos, sendo estes mais enfatizados. No entanto, as estratégias de

separar áreas para preservação da natureza, de forma integral, regulando o acesso

e o uso dos recursos naturais, constrói de forma racional o meio ambiente (SILVA,

2013)

Porém, antes disso, cabe destacar as influências do desenvolvimento de

ideologias preservacionistas (movimento internacional) com a criação de parque

nacional, tendo como exemplo de proteção do “wilderness” (Estados Unidos da

América, no final do século XIX).

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As ideias do preservacionismo podem funcionar como ideologia legitimadora

de uma dada concepção de natureza e das relações estabelecidas pela sociedade.

Da mesma forma são espaços de representação simbólica com diferentes forças

sociais e entendimento da natureza (ZONONE et al., 2000).

Já a ideia do conservacionismo pode induzir à formação de reservas

territoriais estratégicas apresentando problemas que vão além da simples

conservação “natural”. Nesta expectativa, constatam-se conflitos desde o inicio, de

ordem político-territorial e fundiário.

Assim, em Brasil (2000) define-se preservação como sendo um “conjunto de

métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção ao longo prazo das

espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos,

prevenindo a simplificação dos sistemas naturais”. Ainda em Brasil (2000), a

conservação é tratada a partir da conservação in situ, e corresponde à “conservação

de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações

viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas

ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades

características”.

Medeiros, Irving e Garayas (2004, p. 83), afirmam que são comuns as

dissonâncias no emprego dos termos “proteção”, “conservação” e “preservação”

quando aplicados à questão das áreas protegidas, uma vez que o termo proteção

pode ser entendido como um conjunto de estratégias, enquanto a preservação e a

conservação dizem respeito às próprias estratégias de proteção dos recursos

naturais.

Uma das estratégias na definição prévia de áreas a serem protegidas, refere-

se à definição de zonas ou áreas prioritária a conservação. Considerando a

dimensão dos biomas, no Brasil este método foi usado em toda a sua extensão.

Assim, no ano de 2000, o Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do projeto

de Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira, PROBIO,

promoveu um conjunto de seminários de consultas regionais (workshops) com

“Avaliações e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Caatinga”

em Petrolina, Pernambuco (BRASIL, 2007). No ano de 2006, realizaram novas

reuniões em Recife, Pernambuco para atualização das informações29.

29

Definição através do Decreto nº 5092, de 21 de maio de 2004 e Atualização – Portaria MMA nº09, de 23 de janeiro de 2007.

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139

Foram delimitadas 84 áreas de prioridade à conservação da biodiversidade

destas 16 áreas são de alta prioridade, 34 são de muito alta prioridade e 34 áreas

são prioridade extremamente alta. Para estas foram indicadas ações de

ordenamento, recuperação, inventário, mosaico/corredores, fomento de usos

sustentáveis e, principalmente a criação de Unidades de Conservação com

predominância do grupo de proteção integral.

No município de Aiuaba foram delimitadas três áreas prioritárias para

conservação da biodiversidade (Mapa 10); sendo que duas dessas abrangem os

territórios de Aiuaba e Parambu, uma delas foi considerada com prioridade muito

alta e de extremamente alta a importância biológica, sendo indicada a ação de

mosaico/corredor e as outras duas; uma delas somente no município de Aiuaba foi

considerada de extrema prioridade com importância também extremamente alta,

sendo indicadas ações como a criação de Unidade de Conservação de proteção

integral.

Nesta perspectiva, surgem duas tipologias de espaços destinadas à proteção

da natureza. As áreas delimitadas com planos sobre o desenvolvimento da gestão

dos recursos naturais, em outras palavras as Unidades de Conservação, UC e as

áreas especialmente protegidas com importantes funções ambientais, mas de início

sem uma delimitação específica. Estas se referem às Áreas de Preservação

Permanente, APP e as Reservas Legais, RL. Estes espaços destinados à proteção

do meio natural e são protegidos através de instrumentos legais.

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Mapa 10- Áreas prioritárias para a Conservação da Biodiversidade. Fonte: Brasil, 2007. Elaboração: Autora, 2013.

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Outras áreas a serem protegidas dizem respeito às áreas indígenas.

Entretanto, estas não estão integradas formalmente à politica da natureza ligada ao

Sistema de Unidades de Conservação, embora possam trazer grandes contribuições

aos aspectos socioambientais. No município de Aiuaba não foram identificadas

essas áreas.

Dentro de uma visão dos preservacionistas, tem-se a proteção da natureza

em seu estado original, intocada, sem a interferência humana (CUNHA e COELHO,

2010). Essa visão pode ser associada com as UC do grupo de proteção integral,

uma vez que não permite o uso direto dos recursos naturais pela figura humana;

também podem ser relacionadas com as APPs e as RL, que não permitem sua

ocupação, especificamente tendo em vista a fragilidade ambiental.

Entretanto, a maior extensão do território dirigida à proteção dos recursos

renováveis, de domínio público ou privado no município de Aiuaba, está expressa

pelas RL e pelas APP existentes eu seu território. No entanto estas, principalmente

as APPs, não estão quantificadas e nem sistematizadas com precisão. Este fato

inviabiliza um sistema de gestão ou monitoramento.

O destaque das APP do município de Aiuaba corresponde às margens dos

cursos d’águas: rios e riachos (Foto 11 e Foto 12)., além de reservatórios Cabe

ressaltar que essas áreas apresentam melhores condições de solos e

consequentemente podem ser consideradas como área de exceção, principalmente

nos trechos degradados.

Foto 11- Áreas de Preservação Permanente, que corresponde à planície fluvial de um riacho e apresenta melhores condições de solos. Período: novembro, 2013. Foto 12- Planície fluvial de um riacho ocupada por plantação de bananeiras. Período: maio, 2013. Fonte: Autora, 2013.

11

1

12

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142

A proteção da natureza em relação às RL é bastante complexa, uma vez que

compete ao órgão ambiental estadual ou, mediante convênio pelo órgão ambiental

municipal ou outra instituição devidamente habilitada a aprovação da área e a

fiscalização. Assim sendo, a instituição e a conservação da Reserva Legal são

exigências da legislação para toda e qualquer propriedade ou posse rural.

Entretanto, não há uma fiscalização efetiva dessas áreas, salvos casos de

denuncias, principalmente, por estar em domínio privado. Por isso, a maioria das

pessoas desconhece sua existência.

Outra caraterística importante da RL refere-se à definição desta, caso não

haja área suficientes para sua delimitação ou área que já esteja com sua vegetação

suprimida. Neste caso, podem ser indicadas outras áreas fora da propriedade para a

conservação. Além do mais, podem ser estabelecidas medidas de recuperação

ambiental na área desmatada.

Por sua vez, as UC representam outras formas de proteção da natureza, no

município de Aiuaba. Constata-se a existência da Estação Ecológica de Aiuaba

(ESEC de Aiuaba - unidade de proteção integral), que está compreendida na área

rural; esse fato se traduz numa complexa rede de negociações entre diferentes

agentes de atuação. A existência de uma UC de proteção integral no referido

município fez com que as populações locais se transformassem em função das

novas restrições impostas. De acordo com Silva (2013), “os camponeses, ou

agricultores familiares, que vivem no entorno dessas áreas, são encarados, muitas

vezes, como destruidores da natureza”.

Em outras palavras pode-se dizer que a criação de unidade de proteção

integral pode promover certa desaceleração das atividades de degradação, porém,

muitas vezes, não vai rever o estado de pobreza da população do entorno. Assim,

os pequenos produtores limitaram suas atividades de produção de subsistência.

Em contrapartida, o avanço da degradação constatado a partir dos vetores de

pressão no entorno da ESEC de Aiuaba traz implicações sobre a diversidade da

área; são ações de desmatamento constantes, caças predatórias, queimadas, todos

convergindo para a degradação ambiental com vista a níveis irreversíveis.

É importante lembrar que existem trechos da ESEC de Aiuaba que não estão

cercadas e que foram verificadas entradas de animais de grande porte e a extração

vegetal. Ainda no universo das UC, Medeiros, Irving e Garayas (2004, p. 83),

afirmam que a “falta de recursos humanos e financeiros constitui um problema

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143

crônico no modelo brasileiro que impôs sérias restrições ao funcionamento de

muitas Unidades de Conservação”.

Salienta-se que o município de Aiuaba insere-se no contexto do semiárido,

apresenta suas características sobre a preservação e a conservação marcada pela

crescente degradação ambiental, tendo como consequência desencadeamento de

processo de ligados à desertificação, talvez intensificada pela baixa distribuição de

renda e condições ambientais do município.

Assim, o município de Aiuaba apresenta áreas susceptíveis à desertificação,

ASD, uma vez que integra a região dos sertões dos Inhamuns, um dos núcleos da

ASD, conforme o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e

Mitigação dos Efeitos da Seca – PAE-CE, 2010. As áreas susceptíveis à

desertificação estão concentradas, principalmente, no setor norte/nordeste do

município de Aiuaba, no entanto, no Estado do Ceará constatam-se outros trechos

caracterizados como susceptíveis a desertificação (Mapa 11).

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Mapa 11- Áreas degradadas susceptíveis ao processo de desertificação no Estado do Ceará. Fonte: CEARÁ, 1990.

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Nesta perspectiva, finalizando a discussão acerca da existência de

particularidades no Estado e no município de Aiuaba, observa-se no SNUC, Art. 6º,

o Parágrafo Único que chama atenção, dizendo (Brasil, 2000):

Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a

critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais

que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais,

possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente

atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas

características permitam, em relação a estas, uma clara distinção

(Brasil, 2000).

Percebe-se que o parágrafo mencionado dá margem às peculiaridades

regionais ou locais na criação de Unidades de Conservação, embora, a critério do

CONAMA. Nesta perspectiva, a exemplo, destaca-se a região cearense que

particularmente oferece um contexto regional com vulnerabilidades geoambientais e

sociais sujeitas ao fenômeno da degradação ambiental, principalmente, por inserir-

se em grande parte na região semiárida.

Diante de tais aspectos considerou-se que “a degradação das terras envolve

a redução dos potenciais recursos renováveis por uma combinação de processos

agindo sobre a terra” (ARAÚJO, ALMEIDA E GUERRA, 2013).

Souza (2000, p. 70) afirma que “as mudanças ambientais exibem

características alarmantes com sérios prejuízos para os recursos naturais

renováveis”. Destacam-se como tipologias de degradação ambiental, a erosão

(principalmente pela água), a deterioração (física e química) e a desertificação.

Evidencia-se a necessidade de recuperar o ambiente natural para que não haja a

extinção dos recursos naturais.

A partir disso, deve ser considerada a necessidade de avaliação temporal das

causas que originaram os fatores erosivos, a fim de se evitar a continuidade de tais

processos para posteriormente desenvolverem-se medidas efetivas de recuperação

ambiental. De acordo com Salomão (2013, p. 229), “a adoção de medidas efetivas

de controle preventivo e corretivo da erosão depende do entendimento correto dos

processos relacionados com a dinâmica de funcionamento hídrico sobre o terreno”.

Assim, para a definição de recuperação considerou-se o que prevê a Lei

9.985/2000, que diz “XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma

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146

população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser

diferente de sua condição original” (BRASIL, 2000).

Ainda, de acordo com a mesma lei, os objetivos estão pautados

principalmente na ideia da proteção, da preservação e da recuperação, onde cabe

ressaltar o Inciso IX, do Art. 4º do SNUC que fala dos objetivos de recuperação,

mencionando os termos “recuperar ou restaurar ecossistemas degradados”.

(BRASIL, 2000).

Contudo, o que se percebe é que independentemente das conclusões acerca

dos questionamentos apontados, dada a mudança de pensamento ambiental, estão

sendo ao longo dos anos implantadas medidas de conservação e preservação da

biodiversidade com vista à proteção dos recursos naturais.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo das áreas protegidas, especificamente, das Unidades de

Conservação, UC refere-se a uma modalidade de análise da preservação e

conservação dos recursos naturais, está disposto na legislação ambiental e vem

sendo trabalhada pela comunidade acadêmica.

Assim, optou-se pela compreensão da conservação e da preservação no

município de Aiuaba no Estado do Ceará, cujo se insere no contexto da semiaridez

dos aspectos ambientais e apresenta em seu território uma Unidade de

Conservação de proteção integral (Estação Ecológica de Aiuaba).

Para o embasamento da pesquisa o referencial teórico e os procedimentos

operacionais escolhidos foram suficientes para a compreensão e desenvolvimento

dos objetivos propostos. Destaca-se o papel da ciência geográfica na leitura das

áreas protegidas com autores e teorias de grande significação, além da importância

do trabalho de campo e a produção cartográfica na contribuição do conhecimento

sobre o município de Aiuaba.

Neste contexto, vale relembrar três particularidades importantes encontradas

no município de Aiuaba: primeiro, predomina em maior número a população rural

sobre a urbana, trazendo implicações nos modos de uso e ocupação do espaço;

segundo, o município, principalmente quando comparado aos demais no Estado do

Ceará, não traz grandes contribuições econômicas e, terceiro, são destinados

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poucos investimentos político-econômicos a Aiuaba. Tais aspectos conferem muitas

vezes um estado de pobreza que tende a não cessar, pois as causas também não

cessarão.

A análise do município de Aiuaba revelou, ainda, que existem áreas cercadas

com intuito de proteção dos atributos naturais, como a Estação Ecológica de Aiuaba;

outras áreas especialmente protegidas, como as Áreas de Preservação

Permanentes, APPs e as Reservas Legais, RLs; áreas em recuperação ou com

remanescentes de caatinga arbórea e áreas degradadas. Para cada área foi

identificado um limite de tolerância dos sistemas ambientais ao uso e ocupação que

podem ser considerados em situação de planejamento de ocupação do município.

Salienta-se que, embora, de grande diversidade biológica a Estação Ecológica

de Aiuaba pode ser questionada quanto a sua efetividade como UC, uma vez que,

seu sistema de gestão é deficitário, não há um plano de manejo que contribua para

a regulação das atividades no interior da UC e no entorno imediato, impedido a ação

dos vetores de pressão. São encontradas áreas sem cerca que permitem a

passagem de animais de grande porte, extração vegetal e queimadas. Existe uma

defasagem nas estruturas de apoio da Estação.

Uma adequação interessante para a Lei do SNUC seria a menção de áreas de

APP na redação da referida Lei, com considerações acerca da importância desses

ambientes na criação de UC e sua conservação para o equilíbrio ambiental.

Também, pode ser pensada uma sistematização da gestão e monitoramento das

RL.

A indicação mais adequada foi a recuperação de ambientes degradados, uma

resposta à redução na biodiversidade em áreas onde houve significativa perda de

hábitat, embora, a delimitação de UC possa representar reservas territoriais

estratégicas para valorização futura (com todos os recursos nela contida, além da

ideia de preservação dos aspectos naturais).

Dessa forma, propõe-se uma categoria que se adeque as particularidades do

ambiente semiárido com vista à proteção da natureza, entre os quais a inserção das

APP e a criação de uma nova categoria de UC. Essa ideia esta pautada na criação

das Áreas de Recuperação Ambiental de área degradada, que são áreas

delimitadas sujeita a condicionantes ambientais limitantes, que através de ações e

de técnicas são destinadas a uma recuperação ambiental. Esta poderia partir dos

regimes públicos e/ou privados.

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No município de Aiuaba destacam-se outras áreas com potencial a serem

transformadas em UC, como os remanescentes em um bom estado de conservação,

áreas com presença de espécies ameaçadas de extinção e beleza cênica. Porém,

não apenas a criação e delimitações de novas UC que vão trazer melhorias de

convivência com as áreas semiáridas em que se insere o município de Aiuaba.

Deve-se pensar como viabilizar a conservação em longo prazo e, como envolver os

habitantes no entorno das áreas protegidas.

Contudo, as ações de preservação e de conservação encontradas no

município de Aiuaba são insuficientes, considerando a pobreza que assola o

município e a falta de políticas públicas. O estudo dos aspectos ligados à

preservação e a conservação dos recursos naturais podem ser aplicados em outras

áreas do Estado do Ceará, visando à qualidade ambiental da região semiárida.

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9 ANEXOS

9.1 DECRETO DE CRIAÇÃO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA

Decreto de 6 de Fevereiro de 2001

Cria a Estação Ecológica de Aiuaba, no Município de Aiuaba, no Estado do Ceará e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 9º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000

D E C R E T A:

Art. 1º Fica criada a Estação Ecológica de Aiuaba, localizada no Município de Aiuaba, no Estado do Ceará, com os objetivos de proteger e preservar amostras do ecossistema de Caatinga, bem como propiciar o desenvolvimento de pesquisa científica e programas de educação ambiental.

Art. 2º A Estação Ecológica de Aiuaba abrange uma área de onze mil, quinhentos e vinte e cinco hectares e trinta e quatro ares e vinte e sete centiares, com o seguinte memorial descritivo: partindo do marco M1A, de coordenadas geográficas longitude 40°17'41" W e latitude 06°41'48" S, segue, com azimute de 263°2' 58", a distância de 276,99 m até o marco M1, de coordenadas geográficas longitude 40°17'50" W e latitude 06°41' 54" S; segue, com azimute de 218°01' 24", a distância de 2.726,39 m até o marco M3, de coordenadas geográficas longitude 40°18' 11" W e latitude 06°43'18" S; segue, com azimute de 244°47'53", a distância de 2.247,76 m até o marco M5, de coordenadas geográficas longitude 40°19'01" W e latitude 06 44'15" S; segue, com azimute de 146°04' 28", a distância de 2.475,99 m até o marco M6, de coordenadas geográficas longitude 40°17' 56" W e latitude 06°45' 01" S; segue, com azimute de 113°20'48", a distância de 492,67 m até o marco M7, de coordenadas geográficas longitude 40°17'18" W e latitude 06°45' 01" S; segue, com azimute de 107°02' 08", a distância de 901,37 m até o marco M10, de coordenadas geográficas 40°16' 53" W e latitude 06°44' 53" S; segue, com azimute de 98°29' 52", a distância de 2.217,75 m até o marco M14, de coordenadas geográficas longitude 40°15' 55" W e latitude 06°44' 39" S; segue, com azimute de 97°17' 01", a distância de 3.319,26 m até o marco M23, de coordenadas geográficas longitude 40°14' 30" W e latitude 06°44'18" S; segue, com azimute de 87°40' 53", a distância de 1.437,05 m até o marco M26, de coordenadas geográficas longitude 40°13' 31" W e latitude 06°43'54" S; segue, com azimute de 82°41' 09", a distância de 464,61 m até o marco M29, de coordenadas geográficas longitude 40°13'13" W e latitude 06°43'40" S; segue, com azimute de 82°41'07", a distância aproximada de 768,92 m até o marco M30, de coordenadas geográficas longitude 40°13'01" W e latitude 06°43'33" S; segue, com azimute de 82°38'25", a distância de 600,95 m até o marco M31, de coordenadas geográficas longitude 40°12'43" W e latitude 06°43'23" S; segue, com azimute de 57°13'29", a distância de 6.299,52 m até o marco M41, de coordenadas geográficas longitude 40°11'23" W e latitude 06°41'59" S; segue, com azimute de 57°59'00", a distância de 766,31 m até o marco M43, de coordenadas geográficas longitude 40°10'33" W e latitude 06°40'10" S; segue, com azimute de 101°27'03", a distância de 3.526,49 m até o marco M51, de coordenadas geográficas longitude 40°08'50" W e latitude 06°39'51" S; segue, com azimute de 86°07'51", a distância de 2.228,99 m até o marco M58, de coordenadas geográficas longitude 40°07'35" W e latitude 06°39'13" S; segue, com azimute de 08°38'38", a distância de 3.857,37 m até o marco M67, de coordenadas geográficas longitude 40°08'03" W e latitude 06°37'13" S; segue, com azimute de 53°14'45", a distância de 2.487,40 m até o marco M71, de coordenadas geográficas longitude 40°07'25" W e latitude 06°36'03" S; segue, com azimute de 278°10'33", a distância de 5.582,54 m até o marco M80, de coordenadas geográficas longitude 40°10'18" W e latitude 06°36'46" S; segue, com azimute de 251°33'58", a distância de 7.651,63 m até o marco M97, de coordenadas geográficas longitude 40°13'25" W e latitude 06°39'30" S; segue, com azimute de 192°55'53", a distância 2.718,05 m até o marco M2A1, de coordenadas geográficas longitude 40°13'10" W e latitude 06°41'00" S; segue, com

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azimute de 222°56'51", a distância de 706,21 m até o marco M1I de coordenadas geográficas longitude 40°13'13" W e latitude 06°41'21" S; segue, com azimute de 262°08'25", a distância de 654,59 m até o marco M86I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'31" W e latitude 06°41'28" S; segue, com azimute de 249°06'32", a distância de 97,03 m até o marco M85I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'40" W e latitude 06°41'35" S; segue, com azimute de 236°02'50", a distância de 821,72 m até o marco M83I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'53" W e latitude 06°41'56" S; segue, com azimute de 162°19'02", a distância de 475,76 m até o marco M82I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'45" W e latitude 06°42'11" S; segue, com azimute de 244°45'40", a distância de 181,43 m até o marco M81I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'50" W e latitude 06°42'15" S; segue, com azimute de 267°59'20", a distância de 624,93 m até o marco M75I, de coordenadas geográficas longitude 40°14'03" W e latitude 06°42'21" S; segue, com azimute de 291°08'21", a distância de 840,54 m até o marco M71I, de coordenadas geográficas longitude 40°14'35"W e latitude 06°42'21" S; segue, com azimute de 337°37'50", a distância de 3.334,58 m até o marco M69I, de coordenadas geográficas longitude 40°15'51"W e latitude 06°41'02"S; segue, com azimute de 242°14'05", a distância de 1.066,99 m até o marco M62I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'23" W e latitude 06°41'15" S; segue, com azimute de 158°06'51", a distância de 2.984,40 m até o marco M59I, de coordenadas geográficas longitude 40°15'05" W e latitude 06°42'43" S; segue, com azimute de 253°42'45", a distância de 439,32 m até o marco M58I, de coordenadas geográficas longitude 40°15'16" W e latitude 06°42'51" S; segue, com azimute de 337°55'41", a distância de 2.357,76 m até o marco M57I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'12" W e latitude 06°41'56" S; segue, com azimute de 03°40'43", a distância de 444,68 m até o marco M56I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'13" W e latitude 06°41'40" S; segue, com azimute de 355°50'24", a distância de 809,88 m até o marco M53I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'28" W e latitude 06°41'21" S; segue, com azimute de 271°00'29", a distância de 537,64 m até o marco M49I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'43" W e latitude 06°41'23" S; segue, com azimute de 329°32'40", a distância de 531,06 m até o marco M48I, de coordenadas geográficas longitude 40°17'00" W e latitude 06°41'08" S; segue, com azimute de 221°42' 36", a distância de 1.758,26 m até o marco M45I, de coordenadas geográficas longitude 40°17'15" e latitude 06°42' 07" S; segue, com azimute de 315°57'02", a distância de 711,41 m até o marco M41I, de coordenadas geográficas longitude 40°17'41" W e latitude 06°41' 56" S; segue, com azimute de 357°54'45", a distância de 343,44 m até o marco M1A, de coordenadas geográficas longitude 40°17'41" e latitude 06°41'48" S, marco inicial desta descritiva, perfazendo um perímetro de 72.769,64 m.

Art. 3º Caberá ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA administrar a Estação Ecológica de Aiuaba, adotando as medidas necessárias à sua efetiva implantação.

Art. 4º Os bens imóveis de domínio da União, inseridos nos limites da Estação Ecológica, serão objeto de cessão de uso ao IBAMA, por intermédio da Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Art. 5º Ficam ressalvados os efeitos jurídicos dos atos efetivados com base em declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação, praticados na vigência do Decreto n° 81.218, de 16 de janeiro de 1978.

Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de fevereiro de 2001; 180º da Independência e 113º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Sarney Filho

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 - Eletrônico de 07/02/2001