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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess (LECYTHIDACEAE) EM AGROFLORESTAS CACAU- CABRUCANO SUL DA BAHIA ACÁCIA BRASIL RODRIGUES ILHÉUS BAHIA BRASIL Março de 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E

BIOLOGIA MOLECULAR

SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess

(LECYTHIDACEAE) EM AGROFLORESTAS –CACAU-

CABRUCA– NO SUL DA BAHIA

ACÁCIA BRASIL RODRIGUES

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Março de 2015

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ACÁCIA BRASIL RODRIGUES

SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess

(LECYTHIDACEAE) EM AGROFLORESTAS –CACAU-

CABRUCA– NO SUL DA BAHIA

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual de Santa Cruz, como parte das

exigências para a obtenção do Título de

Mestre em Genética e Biologia Molecular.

Área de concentração: Genética e Biologia

Molecular.

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Março de 2015

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ACÁCIA BRASIL RODRIGUES

SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess

(LECYTHIDACEAE) EM AGROFLORESTAS –CACAU-

CABRUCA– NO SUL DA BAHIA

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual de Santa Cruz, como parte das

exigências para a obtenção do Título de

Mestre em Genética e Biologia Molecular.

Área de concentração: Genética e Biologia

Molecular.

APROVADA: 06 de Março de 2015

______________________________ _____________________________

Drª Daniela Talora Dr. Ronan Xavier Corrêa

(UESC) (UESC)

_______________________________________ ____________________________

Drª Maria Aldete Justiniano da Fonseca Ferreira Dr. Eduardo Mariano Neto

(Embrapa/Cenargen) (UFBA – Co-orientador)

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“A mente que se abre à novas ideias nunca mais

volta a seu tamanho original.”

- Albert Einstein -

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela vida, por tudo que sou e por tudo que posso ser.

À Universidade Estadual de Santa Cruz por oferecer a Pós-graduação tão sonhada e pela

estrutura.

À minha orientadora, Drª Fernanda Amato Gaiotto pela oportunidade que me foi dada,

pela atenção, incentivo, compreensão, pelo exemplo de ser humano e profissional, pela

ajuda com o programa MLTR, além de todos os ensinamentos e orientações científicas.

Ao meu co-orientador Drº Eduardo Mariano Neto por todo apoio ao longo da pesquisa e

principalmente quando foi verificado que não seria possível conseguir um número

amostral adequado de sapucaia nos fragmentos de Mata Atlântica, dando-me

prontamente uma segunda opção de pesquisa para o mestrado.

À Ciro Tavares Neto, meu imenso agradecimento pelo estímulo conjunto a Drª

Fernanda e o Dr. Mariano que possibilitaram o desenvolvimento dessa pesquisa.

Agradeço ainda pelos esforços na coleta dos frutos e posteriormente na germinação das

sementes e pelo compartilhamento de artigos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

incentivo através da bolsa concedida.

Aos professores do PPG-GBM da UESC pela facilitação na compreensão dos mais

variados conteúdos acadêmicos. Meus agradecimentos especiais aos professores Carlos

Priminho Pirovani e Leandro Lopes Loguercio pelas carinhosas palavras de motivação

quando eu mais precisava escutá-las.

Às secretárias do PPG-GBM, Mara, Fabrícia e Kátia por toda compreensão, auxilio e

carinho.

Ao Drº Roberto Tarazi que muito me auxiliou na compreensão dos programas

computacionais utilizados nesse estudo através da disciplina “Práticas computacionais

na análise da estrutura genética de espécies vegetais”. Por todos os ensinamentos

acadêmicos durante a minha iniciação científica, pelo exemplo de pesquisador e de ser

humano e pelo auxilio na construção do resumo do projeto e incentivo antes e durante a

seleção do mestrado.

Ao Leonardo Neves por ter permitido que as sementes de sapucaia germinassem na

RPPN de Nova Angélica e por todo o apoio durante a germinação das mesmas, e à Drª

Camila Righetto Cassano pela atenção e por ter passado o contato do Leonardo.

À RPPN de Nova Angélica pela a estrutura que possibilitou a germinação das sementes.

À Daniela Borges por toda a ajuda com o programa Cervus. Pelas conversas, pelo

exemplo de determinação.

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À Alesandro Souza Santos por todo o auxílio quando eu o procurava, por ter me

ajudado a compreender o programa Cervus, pelas conversas sobre o mestrado, sobre o

futuro, e pela amizade sincera.

À Flora Bittencourt pela solicitude e ensinamentos iniciais relativos à leitura de picos,

genotipagem e demais procedimentos indispensáveis à consecução dessa pesquisa,

Florinha, muitas vezes você me fez olhar os acontecimentos por um ângulo diferente,

obrigada por isso.

À Júnior por todos os horários nos termocicladores e também no ABI 3500 e por dividir

comigo, sempre me incentivando, a fase em que as genotipagens não ficavam boas.

Ao técnico Horlei Ribeiro pela ajuda fundamental com o analisador genético ABI 3500,

pela dedicação e pronto atendimento nos momentos solicitados durante os

procedimentos da pesquisa e pela sua humildade e tranquilidade em tratar as pessoas

que o cercam.

À toda equipe que compõe o laboratório Marcadores Moleculares pelas conversas

científicas e descontraídas na bancada que me tiraram muitas risadas, e muitas vezes

também me fizeram refletir. Agradeço de coração a Florinha, Rodrigo, Júnior,

Sheilinha, Caio, Ellen, Livinha, Dani França, Dani Borges, Ale, Cláuzio, Andressa e

Elaine.

À minha mãe Jocelma pelo amor, pela preocupação quando os estudos atingiam a

madrugada, por sofrer comigo durante os momentos de dificuldade superados, pelo

cuidado carinhoso. Eu Te amo mãe!

Ao meu pai José pelo amor, por acreditar em mim e pela preocupação atenciosa. Amo o

senhor!

Ao meu noivo Tiago pela cumplicidade e compreensão, principalmente na reta final do

mestrado, pelo olhar carinhoso, pelo amor cuidadoso, por completar e fazer minha vida

ainda mais feliz e plena. Obrigada por estar sempre ao meu lado. Amo você.

À minha irmã e melhor amiga Dayana pela amizade eterna. Nãna, não existem palavras

para descrever o amor que sinto por você e nunca conseguirei te agradecer por tudo que

você fez e faz por mim todos os dias! Obrigada nãna por existir... Você é maravilhosa!

À minha sobrinha Letícia por me motivar a ser uma pessoa melhor, por me ensinar

diariamente a ser forte, por me alegrar com seu sorriso inocente em qualquer momento e

por ser a florzinha linda do meu viver!

À minha madrinha Gildete pelo carinho, compreensão, pela paz que transmite e pelos

valores que muito me inspiram e me fazem admirá-la cada vez mais. Obrigada por ser

um dos meus anjos da guarda.

Aos meus familiares, principalmente meus avós Iracy e José Ancelmo, meus tios e tias,

primos e primas por torcerem pelo meu sucesso.

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Ao meu amigo Marcos por todo o auxílio que sempre me deu, seja através de palavras

ou na ação. Meu amigo posso dizer que você é um grande exemplo de disciplina, e foi

através da sua conduta que eu abri os olhos. Obrigada por me ouvir quando eu

precisava, por estar sempre pronto a me ajudar no que for necessário. Você é um

daqueles amigos verdadeiros que fala o que tem que ser dito, mas que sabe como e

quando falar. Obrigada por tudo!

À amiga Alana pela cooperação durante o seminário de tema livre. Sua ajuda foi de

fundamental importância e por sempre se colocar a disposição para me ajudar. Obrigada

por todo o apoio.

A minha amiga e irmã de coração Amanda por me apoiar e acreditar no meu potencial,

pelas conversas, risadas, conselhos e compreensão quando cancelava as visitas por

causa da correria no mestrado. Obrigada mandinha por ser essa amiga irmã sempre

presente e leal.

À minha amiga Greyci por todo companheirismo, preocupação e carinho. Pelas

conversas descontraídas e sérias que tanto me auxiliaram na tomada de decisão.

À Maria Rafaela pela amizade, exemplo de força e honestidade. Você é uma guerreira

linda e inteligente. Obrigada pela companhia. Mesmo distante estarei sempre ao seu

lado.

À Dayse Lara, Thayse, Juliano, Maria Rafaela, Marcos, Ákyla e Ranner pelo

companheirismo. Essa turma (2013.1) só me trouxe bons amigos. Obrigada pelo

carinho, conversas, incentivos, exemplos. Não esquecerei vocês!

À todos que direta ou indiretamente me ajudaram a alcançar esse momento importante e

sonhado.

Muito Obrigada!!

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ÍNDICE

EXTRATO ..................................................................................................................... ix

ABSTRACT ................................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 4

2.1. A biodiversidade de espécies arbóreas presentes na Mata Atlântica do sul da

Bahia ............................................................................................................................. 4

2.2. O sistema agroflorestal cacau-cabruca no sul da Bahia ......................................... 5

2.3. Sistema reprodutivo em plantas ............................................................................. 7

2.4. Lecythis pisonis Cambess (Lecythidaceae) .......................................................... 10

2.5. Marcadores microssatélites .................................................................................. 13

3. CAPÍTULO I: FIRST MICROSATELLITE MARKERS FOR Lecythis pisonis

(LECYTHIDACEAE), AN IMPORTANT RESOURCE FOR BRAZILIAN

FAUNA .......................................................................................................................... 16

4. CAPÍTULO II: SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess

(LECYTHIDACEAE) EM AGROFLORESTAS –CACAU-CABRUCA– NO SUL

DA BAHIA .................................................................................................................... 20

RESUMO ....................................................................................................................... 21

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 22

METODOLOGIA ........................................................................................................... 24

Área de estudo e delineamento amostral .................................................................... 24

Extração e quantificação de DNA............................................................................... 25

Amplificação dos locos SSR e genotipagem .............................................................. 25

Análise do sistema reprodutivo ................................................................................... 26

Análise de paternidade ................................................................................................ 27

Análise da distância do fluxo de pólen ....................................................................... 28

RESULTADOS .............................................................................................................. 29

Sistema reprodutivo .................................................................................................... 29

Análise de paternidade ................................................................................................ 30

Distância do fluxo de pólen ........................................................................................ 31

DISCUSSÃO .................................................................................................................. 33

Sistema de reprodução, paternidade e distância do fluxo de pólen ............................ 33

Implicações para a conservação .................................................................................. 36

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 38

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5. CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................ 43

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES .......................... 44

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EXTRATO

RODRIGUES, Acácia Brasil. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Fevereiro

2015. Sistema Reprodutivo de Lecythis pisonis Cambess (Lecythidaceae) em

agroflorestas –cacau-cabruca– no sul da Bahia. Orientadora: Fernanda Amato

Gaiotto. Co-orientador: Eduardo Mariano Neto.

A variabilidade genética é fator fundamental para a existência das espécies nos

seus habitats ao longo do tempo, por ser a base para que a evolução ocorra. Nessa

perspectiva, não é difícil observar que a maneira como as espécies se reproduzem,

influencia diretamente nessa diversidade, uma vez que, pode alterar a dinâmica das

populações. A região sul da Bahia apresenta uma das maiores riquezas de espécies

arbóreas por área do mundo. Sua paisagem é dita variegada por ser composta por

fragmentos de Mata Atlântica imersos em diversos cultivos, entre eles o de cacau

através do sistema agroflorestal denominado: cabruca. Assim, considerando que esse

sistema é bastante disseminado nessa região, e que alguns autores, defendem sua

contribuição para a conservação dessa riqueza, é relevante compreender de que forma se

reproduzem as espécies arbóreas que constituem a cabruca. A espécie Lecythis pisonis

(sapucaia) é uma arbórea ornamental com importância econômica e ecológica, sendo

encontrada com frequência na região cacaueira do Brasil. Nesse contexto, o objetivo

desse trabalho foi analisar o padrão de reprodução em famílias de Lecythis pisonis

localizadas em cabrucas do sul da Bahia. Entretanto, para compreender o sistema de

reprodução do modelo biológico escolhido, foi necessário desenvolver uma ferramenta

genética apropriada. Os marcadores microssatélites (SSR – simple sequence repeat) por

apresentarem elevado grau de polimorfismo e herança codominante são ideais para

estudos de genética de populações. Essa pesquisa foi dividida em dois capítulos. O

primeiro capítulo trata do desenvolvimento da ferramenta molecular (marcadores SSR)

e o segundo, do sistema de reprodução da sapucaia. Inicialmente houve coleta de

material foliar de 40 indivíduos selecionados aleatoriamente na cabruca de fazendas na

zona rural dos municípios de Ilhéus e Uruçuca, no Estado da Bahia. A coleta desses 40

indivíduos fez parte de um mapeamento inicial das cabrucas. Em seguida, o DNA

genômico total de um único indivíduo foi extraído, e enviado para a Ecogenics GmbH,

na Suíça, onde as etapas de desenvolvimento dos marcadores microssatélites ocorreram

através de sequenciamento de próxima geração [Next Generation Sequencing (NGS)]

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utilizando um sequenciador com tecnologia 454. Após o recebimento de 30 primers

sintetizados, 16 apresentaram amplificação positiva (temperaturas de anelamento

otimizadas) e foram caracterizados. Os 16 pares de primers mostraram um alto grau de

polimorfismo e por isso são considerados ótimos, especialmente para testes de

paternidade ou análises de identidade. Para estimar o sistema de reprodução, foi

coletado sementes em 12 famílias de sapucaia na cabruca, ao longo de um gradiente

continuo de floresta (quantidade de floresta presente em um raio de 1 km) no entorno da

árvore. Após 60 dias, o material foliar de 24 mudas germinadas foi coletado de cada

uma das 12 famílias. Em seguida, o DNA foi extraído para amplificação via PCR. Os

287 indivíduos foram genotipados utilizando 10 dos 16 locos desenvolvidos. Os valores

encontrados nos parâmetros: taxa de cruzamento multilocus (tm) e taxa de cruzamento

unilocus (ts) foram respectivamente iguais a 1,000 e 0,960. Tais resultados foram

numericamente iguais a 1, e revelaram que a sapucaia se reproduz somente através de

cruzamentos, e por isso, é uma alógama obrigatória. O resultado da correlação de

paternidade rpm (0,306) indicou que parte dos descendentes compartilham o mesmo pai.

Este resultado pode ser explicado pela proximidade maior por algumas árvores paternas

de algumas árvores maternas. Entre os 287 descendentes, 9 (3 %) tiveram a paternidade

atribuída. A média da distância de dispersão de pólen foi de aproximadamente 6 km, e é

condizente com o raio de vôo de forrageamento diário do principal polinizador da

sapucaia, a abelha Xylocopa frontalis. Estes, bem como, os demais resultados obtidos

através dessa pesquisa são bastante informativos sobre como funciona o sistema

reprodutivo de uma espécie nativa da Mata Atlântica, no contexto da cabruca e também

oferece uma noção sobre a diversidade genética presente nessa paisagem. A partir dessa

pesquisa e da ferramenta molecular desenvolvida, os marcadores microssatélites, muitos

outros estudos a respeito da espécie como sua ecologia molecular e variabilidade

genética, poderão ser realizados, fomentando maiores conhecimentos acerca da flora

brasileira, da cabruca, e assim, subsidiando estratégias para a conservação da

biodiversidade do sul da Bahia.

Palavras-chave: Sistema reprodutivo; Sistema Agroflorestal; Marcadores

Microssatélites; Conservação; Lecythis pisonis.

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ABSTRACT

RODRIGUES, Acácia Brasil. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Fevereiro

2015. Mating system of Lecythis pisonis Cambess (Lecythidaceae) in agroforestry

system -cacau-cabruca- in southern Bahia. Advisor: Drª Fernanda Amato Gaiotto.

Co-advisor: Dr. Eduardo Mariano Neto.

Genetic variability is fundamental to the existence of species in their habitats

over time, as it is the basis for evolution. From this perspective, it is not difficult to see

that the way how the species reproduce, directly influences in that kind of diversity, as it

can change the dynamics of populations. The southern Bahia region has the highest tree

species richness by area of the world. The landscape in this region is variegated, due to

is composed by fragments of Atlantic Forest immersed in crop fields including cocoa

cultivation by agroforestry system popularly called cabruca. Considering that this

system is quite disseminated in this region, and that some authors defend their

contribution to the conservation, it is important understand how do reproduce tree

species from cabruca agroforestry. Lecythis pisonis is an ornamental tree with economic

and ecological importance, found often in areas with agroforestry cultivation. In this

context, the objective of the present study was to understand the pattern of reproduction

in Lecythis pisonis located in cabrucas from southern Bahia. However, to achieve our

aim it was necessary to develop an appropriate molecular genetic tool. Microsatellite

markers (Simple Sequence Repeat - SSR) have high degree of polymorphisms and

codominant inheritance. They are considered ideal for population genetic studies. The

first chapter deals with the development of SSR markers for L. pisonis and the second

chapter is about the mating system. We sampled leaf material of 40 individuals chosen

randomly, which were included on mapping areas of cabrucas farms from Ilhéus and

Uruçuca - Bahia-Brazil. The genomic DNA of a single individual was isolated and sent

to Ecogenics GmbH, Switzerland where the development of microsatellite markers were

done by next generation sequencing [Next Generation Sequencing (NGS)] using a 454

DNA sequencer. From 30 primers obtained, 16 showed positive amplification and were

characterized. They demonstrated a high degree of polymorphism and should be

considered an excellent tool, especially for paternity or identification analysis. To

estimate the mating system, we collected seed from 12 sapucaia families in cabruca,

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along a continuous forest gradient (quantity of forest present in a distance of 1km far

from tree). 24 seedlings germinated from each of 12 families were sampled to proceed

with laboratory analysis. DNA was extracted and submitted to amplification through

polymerase chain reaction (PCR). The 287 individuals were genotyped using 10 of the

16 loci developed. We found in the followed parameters: multilocus outcrossing rate (tm

=1.000) and single crossing rate (ts = 0.960). These results were not significantly

different from 1, which revealed that sapucaia reproduces only by outcrossing, and

should be considered alogamous. The result of correlation paternity multilocus (rpm)

indicated that part of seedlings share the same father (0.306). This result can be

explained due to the proximity to some trees in relation to maternal ones. From 287

descendants, 9 (3%) had the male parents attributed. The average distance of pollen

dispersal was 6 km, which is consistent with the daily foraging flight of the main

pollinator of sapucaia, the Xylocopa frontalis bee. Our results should be very

informative about how the mating system of a native species of the Atlantic Forest

occurs, in the context of agroforestry systems and also can gives us such idea about the

genetic diversity in this kind of landscape. The molecular tool developed will also be

helpful for many other studies on this species, for instance its molecular ecology and

genetic variability. In addition, our study increases the knowledge of Southern Bahia

flora, helping on development of strategies for conservation of biodiversity.

Key-words: Mating system; Agroforestry; Microsatellite markers; Conservation;

Lecythis pisonis.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A Mata Atlântica é considerada uma região biodiversa, constituída por diversas

formações vegetais e que possui grande extensão florestal (SAMBUICHI, 2009).

Contudo, o uso da terra e o desmatamento histórico desse bioma, que inclui desde os

ciclos de exploração do pau-brasil até a captura ilegal de animais e plantas (GALINDO-

LEAL e CÂMARA, 2005), promoveram grande redução da área original da floresta

Atlântica. Na atualidade este bioma está restrito a 11,7% da vegetação original

(RIBEIRO et al., 2009).

O desmatamento promove a fragmentação da floresta, que por sua vez, altera

seriamente os ecossistemas que a constituem, podendo levar à extinção local de muitas

espécies (PINTO e BRITO, 2005). Essa fragmentação reduz o tamanho das populações

e consequentemente promove diminuição no número de alelos (genes), e aumenta o

grau de isolamento entre as populações remanescentes (JAQUIERY et al., 2011).

Populações pequenas podem acentuar a deriva genética, que por sua vez pode promover

à fixação de alelos e, consequentemente, à perda de diversidade genética (REED, 2005).

É sabido que a diversidade genética permite a adaptação, a evolução e a

sobrevivência das espécies e indivíduos, principalmente em relação a mudanças

ambientais e doenças. Por isso, é possível afirmar que a diversidade genética é

fundamental para a estabilidade do ecossistema e para a sustentabilidade de populações

naturais.

Existem evidências que os efeitos causados pela fragmentação do habitat afetam

o sistema de reprodução de populações remanescentes, bem como, o padrão de

dispersão de pólen (YONG et al., 1996). Através do estudo do sistema de reprodução de

uma espécie, é possível estimar a taxa de cruzamento entre indivíduos e determinar o

modo de transmissão dos genes de uma de geração para outra (BROWN, 1990). A

polinização, por sua vez, é fundamental entre as complexas interações ecológicas que

promovem padrões de reprodução, pois determina oportunidades de acasalamento, uma

vez que, estabelece a dispersão de grãos de pólen entre flores (BARRETT e HARDER,

1996). Da mesma forma, a variação no comportamento dos polinizadores, além de

outros fatores, pode modificar os parâmetros referentes ao sistema de reprodução

(FRANCESCHINELLI e BAWA, 2000) e alterar o fluxo de pólen. Dessa forma, é

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possível afirmar que o sistema de reprodução influencia de forma direta na variabilidade

genética nas populações de plantas.

Por isso, baseado na importância da polinização é relevante conhecer a distância

do fluxo de pólen em espécies arbóreas consideradas como interessantes para a

conservação da Mata Atlântica.

Nesse contexto, apesar de ser uma área com intensa exploração desde o

descobrimento do Brasil, o sul da Bahia, é uma das regiões da floresta Atlântica em que

se encontra um número elevado de espécies endêmicas e/ou nativas.

Dessa forma, é relevante ressaltar que o litoral sul, o qual é conhecido como

região cacaueira, foi onde ocorreu a expansão da plantação de cacau sob florestas

nativas criando um sistema que hoje é denominado sistema agroflorestal (SAF) cacau-

cabruca. Os SAFs são sistemas de uso da terra em que espécies perenes lenhosas como

árvores, arbustos, palmeiras e bambus são propositalmente utilizadas e manejadas em

consórcio com cultivos agrícolas e/ou animais (BRASIL, 2008). Assim, em geral, a

cabruca é cercada por vegetação natural, o que minimiza os impactos entre as relações

com o meio físico (LOBÃO et al., 2004; SAMBUICHI, 2009).

A cacauicultura está muito presente na região sul da Bahia até os dias atuais,

sendo esse o sistema predominante em quase 82% da cobertura da terra (FARIA, 2006).

Por isso, as cabrucas não podem ser consideradas somente como mais um sistema

agrícola, pois a sua importância para a conservação ambiental é muito grande na região

sul da Bahia (SAMBUICHI, 2002).

Existem algumas espécies de arbóreas que ocorrem de forma abrangente em

cabrucas. Entre essas espécies está Lecythis pisonis Cambess da família Lecythidaceae,

conhecida popularmente como sapucaia. É uma espécie ornamental e apresenta

importância econômica, sendo utilizada na construção civil para construção de peças

torneadas, entre outras. Além disso, Lecythis pisonis é indicada para restaurações

florestais (relevância ecológica), pois, devido ao sabor, suas sementes são apreciadas

pela fauna, o que a torna uma arbórea atrativa (LORENZI, 2002; SAMBUICHI et al.,

2009).

Assim, considerando a grande ocorrência da cabruca na região sul da Bahia e a

influência do sistema de reprodução sobre a diversidade genética das plantas, o objetivo

dessa pesquisa foi analisar o padrão de reprodução em famílias de Lecythis pisonis no

sistema agroflorestal cacau-cabruca no sul da Bahia utilizando marcadores

microssatélites.

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Para conhecer o sistema reprodutivo do modelo biológico escolhido, é

necessário utilizar uma ferramenta genética apropriada. Os marcadores microssatélites

(SSR) por possuírem expressão codominante, significando que, ambos alelos de um

indivíduo heterozigótico são visualizados e também por apresentarem alto grau de

polimorfismo, são ideais para estudos de genética de populações. Os microssatélites são

sequências simples e pequenas com 1 a 6 nucleotídeos repetidos em tandem. São muito

frequentes e distribuídos ao acaso, o que permite uma completa cobertura de qualquer

genoma eucarioto (FERREIRA e GRATTAPAGLIA, 1998; OLIVEIRA et al., 2009).

Através de marcadores SSR pode-se analisar grande número de locos polimórficos, com

grande número de alelos. Por isso, com esses marcadores são obtidas estimativas mais

precisas.

Desse modo, para alcançar o objetivo central foram propostos os seguintes

objetivos específicos: i) Desenvolver e caracterizar marcadores SSR específicos para L.

pisonis do sul da Bahia; ii) Estimar a distância do fluxo de pólen nas famílias de L.

pisonis amostradas; iii) Inferir sobre o tipo de sistema de reprodução que predomina nas

famílias estudadas.

A partir desse estudo espera-se contribuir para a ampliação do conhecimento da

flora arbórea que compõe a região, bem como, a dinâmica da espécie no que diz

respeito ao seu sistema de reprodução na cabruca. Além disso, busca-se subsidiar

trabalhos voltados efetivamente para a conservação e o manejo de L. pisonis na cabruca.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. A biodiversidade de espécies arbóreas presentes na Mata Atlântica do

sul da Bahia

Originalmente a Mata Atlântica estava presente em aproximadamente 1.300.000

km2. Apesar do desmatamento histórico que reduziu e fragmentou a floresta nativa,

estima-se que na Mata Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de

35% das espécies existentes no Brasil) (MMA, 2015). É classificada como um hotspot

de biodiversidade (MYERS, 2000), e por isso, deve ser alvo de esforços para a sua

conservação.

A conservação da biodiversidade da Mata Atlântica depende, entre outros

fatores, do restabelecimento da conectividade funcional entre os fragmentos

remanescentes (RAMALHO e BATISTA, 2005). A Mata Atlântica da Bahia, por sua

vez, abriga os remanescentes mais significativos da região Nordeste (BRASÍLIA,

2010).

O que certamente particulariza a Mata Atlântica é a diversidade de espécies, e

por isso, a complexidade de interações que ocorrem neste ambiente (RAMALHO e

BATISTA, 2005).

Nesse contexto, o Sul da Bahia é reconhecido pelos ambientalistas como uma

das áreas mais importantes para a conservação da biodiversidade global (ARAÚJO et

al., 1998). Nessa região, a Mata Atlântica tem uma das maiores densidades de espécies

de árvores do mundo, além de um grande número de famílias, e um elevado número de

indivíduos. A ausência de variações sazonais parece ser o factor mais fortemente

associado com a alta densidade de espécies observadas no sul da Bahia (MARTINI,

2007).

Contudo, o corte seletivo de árvores nativas de importância comercial ameaça a

conservação dessa biodiversidade, pois, a derrubada das árvores afeta a dinâmica da

floresta, alterando as suas condições ambientais internas (SAMBUICHI, 2009).

No sul do estado da Bahia, já foram encontradas 458 espécies de árvores em 1

hectare de floresta, demonstrando uma excepcional riqueza de plantas lenhosas, a qual

foi considerada recorde mundial sendo muitas delas nativas, endêmicas e/ou ameaçadas

de extinção (MARTINI, 2007). A família Lecythidaceae, por exemplo, é um

componente abundante na flora arbórea da Mata Atlântica do sul da Bahia (RAMALHO

e BATISTA, 2005).

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Dessa forma, para que haja uma gestão sustentável das florestas, se faz

necessária uma melhor compreensão das características específicas das árvores nela

contidas e da sua diversidade genética (FAO, 2015). A diversidade genética é a

principal responsável pela perpetuação das espécies considerando as adversidades

ambientais ou alterações estocáticas. Assim, quanto maior a diversidade genética, maior

a chance das espécies sobreviverem ao longo das gerações (CORRÊA e GAIOTTO,

2009).

2.2. O sistema agroflorestal cacau-cabruca no sul da Bahia

O início da ocupação no Sul da Bahia ocorreu através do extrativismo do Pau-

Brasil. Até o final do século XVII, a cana-de-açúcar foi o cultivo mais importante e

responsável pela instalação dos primeiros povoados. Entre o final do século XVIII ao

início do século XIX, foram introduzidas as culturas de algodão, café e cacau, sendo

que os dois últimos destacaram-se na economia regional nesse período. Entretanto,

somente no início do século XX o cacau se torna definitivamente importante para a

economia sul-baiana, sendo Itabuna e Ilhéus responsáveis pela maior produção

(ROCHA, 2008).

O cultivo de cacau no sul da Bahia foi crescendo de tal maneira que se tornou a

principal fonte motriz da economia da região. Com o passar do tempo e o crescente

interesse nacional e internacional no cacau, a região sul da Bahia passou a ser a

principal produtora de cacau do Estado e do país. A expansão desse cultivo e a sua

rentabilidade foram alteradas devido à doença conhecida popularmente como vassoura

de bruxa causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa (SAMBUICHI, 2009).

Apesar dos prejuízos que essa doença gerou para a economia da região, o sul da

Bahia ainda é uma das principais no cultivo e produção de cacau. Nessa região o cultivo

do cacau ocorre através de um sistema agroflorestal. Para ser chamado de agroflorestal,

o sistema de uso da terra deve ter, entre as espécies componentes do consórcio, pelo

menos uma que seja florestal (nativa ou aclimatada), encontrada num estado natural ou

espontâneo em florestas ou capoeiras (BRASÍLIA, 2008).

O tipo de sistema agroflorestal em que o cacau é cultivado no sul da Bahia é o

sistema cacau-cabruca, ou simplesmente cabruca, o qual é baseado na ocupação do sub-

bosque (estrato florestal intermediário) para cultivar o cacau através do sombreamento

das árvores mais altas. A palavra cabruca tem origem no verbo brocar, o qual criou a

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palavra cabrucar, que significa roçar o mato e retirar algumas árvores para plantar

cacaueiros (LOBÃO et al., 2004).

A intencionalidade de brocar as matas para o plantio do cacau foi sendo

aprimorada ao longo de mais de 250 anos, e paralelamente houve a formação

sociocultural local e a construção de um modelo de produção autêntico, o sistema

cabruca. Esse sistema proporciona benefícios ecológicos e, por possuir adaptação local,

apresenta vantagens agroambientais sustentáveis diferenciadas quando comparadas a

outros sistemas tropicais de produção agrícola (SETENTA e LOBÃO, 2012).

O clima tropical úmido do sul da Bahia, cujas temperaturas médias mensais

anuais ficam acima de 18ºC durante todo o ano, e o fato de não apresentar estação seca

(ROCHA, 2008) são características ideais para o cultivo do cacau.

Apesar da devastação que ocorreu na Mata Atlântica ter criado uma paisagem

variegada, composta por remanescentes de floresta imersos na matriz cabruca, o sul da

Bahia apresenta ainda uma significativa concentração de árvores nativas em relação a

outras regiões da floresta Atlântica devido ao sistema tradicional de plantio do cacau

que é a cabruca (SAMBUICHI, 2006).

Nesse contexto, a cabruca não favoreceu a devastação total dos recursos

florestais, mas sim permitiu a conservação de remanescentes florestais nele inseridos ou

no entorno das áreas cultivadas, bem como a sobrevivência de indivíduos arbóreos da

floresta primária. Dessa forma, propiciou a formação de corredores ecológicos que

aumentem a capacidade de suporte faunístico dos fragmentos florestais remanescentes,

além de auxiliar na manutenção da qualidade dos solos e de conservar os recursos

hídricos quando houver alta densidade arbórea na faixa ciliar (SETENTA e LOBÃO,

2012).

O sistema cabruca apresenta altos níveis de biodiversidade, o que cria uma

capacidade de "autorregulação" e equilíbrio biológico, que explica os baixos níveis de

doenças ou ataques de insetos (BRASÍLIA, 2008). Esse sistema é utilizado por uma

parte significativa da fauna e flora nativa do sul da Bahia. Dessa forma, as cabrucas têm

um papel importante a desempenhar na conservação da biodiversidade, disponibilizando

alternativa ou habitat adicional para muitas espécies florestais, aumentando a

conectividade entre fragmentos florestais, e reduzindo os efeitos de borda nos

fragmentos que estão expostos (CASSANO et al., 2008).

De acordo com Schroth et al. (2013), a cabruca pode contribuir de forma

fundamental, não apenas para a conservação da biodiversidade, mas também como

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estoque de carbono, sendo ressaltado pelos pesquisadores a importância da lavoura

cacaueira para a manutenção deste serviço ambiental.

Assim, se bem manejados, os sistemas agroflorestais, podem ser uma opção para

a recuperação de áreas degradadas e para a recomposição florestal das áreas já abertas

(PENEIREIRO et al., s/d).

2.3. Sistema reprodutivo em plantas

O sistema de reprodução diz respeito à maneira pela qual uma espécie “deixa”

seus genes, ou seja, constrói sua descendência e consequentemente interfere na sua

distribuição espacial.

Existem duas formas de reprodução: a assexuada e a sexuada. O modo sexuado

envolve a formação de gametas na meiose, e mistura de material genético através da

fusão dos gametas masculino e feminino.

A reprodução assexuada em plantas ocorre quando os descendentes são

produzidos sem incluir a meiose e a singamia. Quando as plantas vasculares se

reproduzem assexuadamente, podem fazê-lo ou por brotamento, ramificação, ou

perfilhamento (reprodução vegetativa) ou através da produção de esporos ou sementes

geneticamente idênticos a planta mãe, ou ao próprio esporófito (agamospermia em

plantas com sementes, apogamia em pteridófitas) (HOLSINGER, 2000).

A reprodução sexuada pode ocorrer por autofecundação e por cruzamentos.

Plantas com reprodução sexuada podem ser classificadas como autógamas, alógamas e

mistas, esta classificação representa os três tipos de sistema de reprodução, os quais são

baseados na taxa de cruzamentos (FRYXEL, 2009). As alógamas se reproduzem através

de cruzamentos (t > 0,95), as autógamas através de autofecundação (t ≤ 0,5) e as mistas

se reproduzem através de cruzamentos e autofecundações alternativamente (0,5 < t ≤

0,95) (BESPALHOK et al., 2012).

Em espécies alógamas a reprodução ocorre preferencialmente via cruzamentos

ao acaso, sendo o pólen transportado pelo vento e/ou por outro agente polinizador como

insetos e morcegos, de maneira em que a descendência é composta por meios-irmãos

(compartilham o apenas o parental materno) e irmãos completos (compartilham tanto o

parental materno quanto o paterno). As espécies autógamas, por sua vez, possuem o

genoma em estado homozigoto (AA ou aa) como consequência das autofecundações

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sucessivas, que resultam na formação natural de linhagens puras (todos os locos em

homozigose). Dessa forma, a descendência de linhagens puras apresenta constituição

genética muito semelhante ou idêntica à da planta mãe (RITLAND e JAIN, 1990).

Nas plantas alógamas a fertilização ocorre quando o pólen de uma planta

fertiliza o óvulo da flor de outra planta. De acordo com o tipo de flor que possuem, as

espécies são divididas em três grupos: plantas hermafroditas, monóicas e dióicas. Nas

plantas com flores hermafroditas, a flor é completa, possuindo os dois sexos. As plantas

monóicas apresentam flores unissexuais femininas e masculinas na mesma planta. Já

nas plantas dióicas os sexos são separados entre os indivíduos, ou seja, as plantas ou

possuem apenas flores masculinas ou femininas. (BESPALHOK et al., 2012).

Sistemas de reprodução que promovem movimentação de pólen entre os

indivíduos e também alelos, compartilhando-os amplamente entre as populações,

reduzem a diferenciação dentro de cada espécie. Os cruzamentos não só permitem a

troca de genes entre indivíduos dentro de uma população local, mas aparentemente

permitem que quantidades significativas de genes (alelos) transitem entre populações

(LOVELESS e HAMRICK, 1984).

As plantas alógamas desenvolveram mecanismos que podem determinar ou

incentivar a alogamia (reprodução cruzada). Entre os mecanismos que incentivam,

estão a dicogamia que ocorre em espécies com flores hermafroditas e é definida pelo

amadurecimento da parte feminina (gineceu) e da parte masculina (androceu) em

momentos diferentes. A dicogamia é dividida em protandria e protoginia. Na protandria

as anteras têm os grãos de pólen maduros, porém os estigmas não estão receptivos. E na

protoginia os estigmas estão receptivos, mas anteras não completaram o

amadurecimento. Um exemplo de mecanismo que torna a alogamia obrigatória em

espécies hermafroditas ou monóicas é a autoincompatibilidade, na qual ocorre uma

interação genética entre o grão de pólen e o estigma, que impede que o pólen germine

no estigma da mesma planta. As plantas autógamas também desenvolveram alguns

mecanismos que favorecem a autofecundação, e um exemplo é a cleistogamia, em que a

polinização do estigma ocorre antes da abertura do botão floral ou antese

(BESPALHOK et al., 2012).

Um conjunto de mecanismos está envolvido no modo de reprodução sexual.

Estes podem ser agrupados em dois componenetes básicos: o sistema sexual, que diz

respeito à localização dos sexos nas flores ou nos indivíduos (hermafroditismo,

dioicismo, monoicismo) e o sistema de reprodução, que trata sobre como ocorre à

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polinização e a fertilização efetivamente (autofecundação e cruzamento) (RAMALHO e

BATISTA; GOODWILLIE, 2005).

Em termos de sistemas sexuais e de reprodução, existem evidências

que a maioria das espécies de árvores em florestas tropicais realizam cruzamentos.

Nessa perspectiva, espera-se que as populações de árvores tropicais mostrem uma

grande variedade de estruturas genéticas populacionais, devido à grande diversidade de

mecanismos de polinização, sistemas sexuais e padrões de reprodução. Nesse contexto,

estudos genéticos de representantes de cada grupo de espécies são necessários para

caracterizar os principais padrões reprodutivos (BAWA et al., 1989).

A polinização é um processo ecológico chave nos ecossistemas terrestres porque

determina o sucesso reprodutivo e, portanto, a capacidade de autorregeneração natural

da vegetação (RAMALHO e BATISTA, 2005).

Uma limitada dispersão de genes via pólen e sementes poderia gerar um

pequeno tamanho efetivo nas populações e, consequentemente, promover o cruzamento

entre indivíduos aparentados. A quantidade de fluxo de genes é amplamente

determinada pelas faixas de forrageio de polinizadores e pelos dispersores de sementes.

Contudo, a execussão do forrageamento pelos polinizadores em si, é dependente de

muitos fatores que envolvem a energética e o comportamento social dos animais

envolvidos, bem como, o tipo do recurso (néctar, pólen, sementes e frutos) e a

distribuição no tempo e no espaço (BAWA, 1979).

O fluxo de genes entre populações de plantas pode, de fato, ser uma importante

força que promove a relação entre populações de plantas naturais em todas as espécies

(LOVELESS e HAMRICK, 1984). Espécies que apenas se cruzam mantêm a maior

parte de sua variabilidade genética distribuída dentro de populações, em contrapartida,

nas espécies que se autofecundam predominantemente, a maior parte está entre

populações (HAMRICK 1983), já que, como dito anteriormente, dentro de cada

população os indivíduos são predominantemente idênticos às plantas da geração

anterior.

O sistema de reprodução afeta a estrutura e a dinâmica das populações genéticas,

e tem efeitos significativos sobre a diversidade genética (RITLAND e JAIN, 1981;

GLÉMIN, 2006). Além disso, estimativas adequadas das taxas de cruzamento são

muitas vezes necessárias para a avaliação dos efeitos dos sistemas de reprodução, bem

como para planejamento de programas de melhoramento (RITLAND e JAIN, 1981).

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Para realizar investigações sobre o sistema de reprodução, as estimativas de

cruzamento multilocus são recomendadas, pois utilizam em maior ou menor grau, a

segregação conjunta de muitos locos para estimativa de cruzamento. De acordo com

Ritland (1983), a relevância dessa estimativa multilocus está no fato de que se um loco

na planta não detectar um cruzamento, certamente então outro loco pode, como por

exemplo, quando uma mãe homozigota tem uma progênie heterozigota em um

determinado loco.

2.4. Lecythis pisonis Cambess (Lecythidaceae)

Lecythidaceae é uma família de árvores com distribuição pantropical encontrada

nos trópicos da América Central e sul, sudeste da Ásia, e África, incluindo Madagascar.

Na América do sul, existem 10 gêneros e 202 espécies conhecidas da subfamília

Lecythidoideae e uma única espécie, Asteranthos brasiliensis, da subfamília da África

central Syctopetaloideae. O maior gênero da subfamília Lecythidoideae é Eschweilera

com 85 espécies, e o terceiro maior gênero em número de espécies é Lecythis com 26

(MORI, 2004).

As espécies da subfamília Lecythidoideae são caracterizadas por cascas fibrosas;

folhas simples, alternas; androceu actinomorfo ou zigomorfo; numerosos estames;

ovários inferiores ou parcialmente inferiores; óvulos bitegumentados; e a presença de

feixes corticais (PRANCE e MORI, 1979). Nessa subfamília, os membros são

frequentemente importantes ecologicamente em florestas neotropicais, onde são

especialmente abundantes em florestas de baixas altitudes, não inundáveis (MORI e

PRANCE, 1981).

No caso específico da espécie Lecythis pisonis Cambess, o androceu é

caracterizado por muitos estames soldados na base, formando um anel zigomorfo

(assimétrico); possuem capuzes planos com apêndices de anteríferos e não apresentam

néctar. As folhas são simples, espalhadas e de tamanho médio; as flores, quase sempre

grandes, vistosas e aromáticas, apresentam o cálice inteiro ou de dois a seis lobos e

simetria bilateral. A corola tem de quatro a oito (podendo chegar a 18) pétalas livres.

Possuem estiletes curtos com uma expansão anelar para o ápice. A abertura da antera

para a exposição dos polens é lateral. Os frutos são deiscentes e se abrem na maturidade

expondo as sementes através de uma “tampa” chamada opérculo. Por serem grandes,

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lisos, duros, secos e deiscentes, os frutos são do tipo pixídio lenhoso. Tais frutos quando

amadurecidos costumam permanecer presos nos ramos da árvore. As sementes são do

tipo amêndoa e possuem uma polpa nutritiva denominada arilo que se localiza na base.

(MORI e ORCHARD, 1980; MORI, 1988; MORI, 2001).

A sapucaia, nome popular da espécie Lecythis pisonis, é uma árvore de grande

porte com 20 a 35 m, chegando a atingir 55 m de altura (Figura 1) (MORI et al., 1980).

Figura 1. Lecythis pisonis. A – árvore adulta. Foto: Fernanda Gaiotto, 2014. B – tronco lenhoso com

casca marrom e fissuras verticais acentuadas. Foto: Acácia Rodrigues, 2014. C – folha lignificada. Foto:

Acácia Rodrigues, 2014. D – fruto deiscente. Foto: Acácia Rodrigues, 2014.

Por causa da beleza de suas folhas, as quais apresentam cor rósea quando novas,

a sapucaia é classificada como espécie ornamental. Ao final da floração as folhas

lignificam-se e tornam-se verdes. Por ser uma madeira durável e resistente é utilizada na

A B

C D

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construção civil. A casca exterior do tronco é estratificada. O fruto é utilizado como

recipiente e para artesanato. É uma espécie decídua, que ocorre na floresta ombrófila e

semidecídua, primária e secundária, além de ser classificada como uma espécie de

sucessão tardia (MORI et al., 1980; MORI e PRANCE, 1990; SAMBUICHI et al.,

2009). Nessa espécie, as amêndoas possuem altos teores lipídicos e protéicos. Esse

elevado teor lipídico e a insaturação do óleo, favorece a possível utilização na indústria

de óleos comestíveis (VALLILO et al., 1998).

As flores da sapucaia se abrem (antes das 7 h 30 min.), a cor das pétalas e do

androceu é roxa. Após 24 horas a cor destas estruturas fica mais clara e 48 horas depois,

as pétalas e o androceu caem ao solo, deixando o ovário preso ao eixo da inflorescência.

Dessa forma, provavelmente, as flores só são receptivas ao polinizador durante o

primeiro dia do ciclo. A sapucaia perde folhas de setembro a novembro, ficando

desfolhada por 10 a 15 dias. Em seguida, emite novas folhas e flores simultaneamente,

no período compreendido entre o final do inverno até o início da primavera, na região

cacaueira da Bahia. A floração persiste por 29 a 46 dias. (MORI et al., 1980).

A sapucaia apresenta dois tipos de pólen, o pólen estéril (localizado no capuz) e

o pólen fértil que é encontrado num anel abaixo do capuz (estrutura que cobre

parcialmente a flor).

O principal polinizador da sapucaia é a fêmea de uma abelha conhecida como

mamangaba [Xylocopa frontalis (Oliver)] que visita a flor para coletar o pólen estéril

(recurso). Entretanto, ao entrar na flor a abelha recebe uma chuva de pólen fértil no topo

da cabeça e nas costas. Assim, quando a mamangaba visitar outra flor, em seguida, o

pólen fértil será transferido para o estigma, que é a estrutura feminina de recepção de

pólen, da outra flor (MORI, 1988; MORI, 2001). O pólen estéril retirado pela abelha

não funciona na fecundação, mas tem uma importante função de atrair o polinizador que

provavelmente o utiliza como alimento para suas larvas (MORI et al., 1980).

Os morcegos da espécie Phyllostomus hastatus são os principais dispersores da

supacaia, os quais coletam as sementes no fruto em busca do arilo, comem e depois

descartam as sementes, às vezes, deixando-as caírem acidentalmente durante o vôo para

seus abrigos ou em seus abrigos e desse modo, efetuam a dispersão (GREENHALL,

1965; MORI E PRANCE, 1981).

As sementes são predadas pelos mamíferos Cebus apela (macaco-prego), Agouti

paca, (paca) e Dasyprocta aguti (cutia) (MORI, 2001; LIMA et al., 2011), sendo

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portanto excelente fonte de alimentos para a fauna local, mesmo que estes animais não

contribuam para sua dispersão.

Essa espécie ocorre nas florestas Amazônica e Atlântica, e nesta última está

distribuída desde Pernambuco a São Paulo, onde é comum, sobretudo no sul da Bahia e

norte do Espírito Santo (MORI e PRANCE, 1990; BRASÍLIA, 2002). A sapucaia

ocorre com frequência superior a outras arbóreas em sistemas agroflorestais do tipo

cacau-cabruca (SAMBUICHI et al., 2009), possivelmente devido à sua beleza é

estimada pelos agricultores locais.

Lecythis pisonis pode ser classificada como espécie bandeira de acordo com

alguns critérios propostos por BOWEN-JONES e ENTWISTLE (2002), como por

exemplo, ser importante localmente para a conservação de outras espécies e típica na

paisagem; tem características que as tornam facilmente reconhecíveis; o fato de ser

carismática, podendo influenciar a opinião pública; possui significância cultural e

ocorrência em paisagem tradicional (cabruca), entre outros. Além disso, apresenta

importância ecológica, uma vez que, é indicada para restaurações florestais, pois,

devido ao sabor, suas sementes são apreciadas pela fauna, o que a torna uma arbórea

atrativa (LORENZI, 2002; SAMBUICHI et al., 2009).

2.5. Marcadores microssatélites

Os microssatélites são repetições em série de 1 a 6 nucleotídeos encontrados em

alta frequência nos genomas nucleares da maioria dos táxons (LITT e LUTY et al.,

1989). São também conhecidos como simple sequence repeats (SSR), variable number

tandem repeats (VNTR) e short tandem repeats (STR) (SELKOE e TOONEN, 2006).

Consistem em sequências simples paralelamente repetidas de nucleotídeos que podem

ser mono, di, tri, tetra ou pentanucleotídeos (POWELL et al., 1996). As repetições

dinucleotídicas são dominantes no genoma, seguidas pelas repetições

mononucleotídicas e tetranucleotídicas, as repetições trinucleótidicas são menos

dominantes. Entre as dinucleotídicas, as repetições (CA)n são mais frequentes, seguidas

por (AT)n, (GA)n e (GC)n, o último tipo de repetição sendo que é rara (ELLEGREN,

2004).

A distribuição da frequência de microssatélites varia não apenas entre as

espécies, mas também dentro de cromossomos do mesmo organismo (SCHLÖTTERER,

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2000). As sequências microssatélites são amplamente distribuídas em plantas

apresentando uma frequência de 1 a cada 50 mil pares de bases (FERREIRA e

GRATTAPAGLIA, 1998). No genoma de plantas os nucleotídeos que ocorrem com

mais frequência são os dinucleotídeos AT, seguidos por AG e AC. Em humanos, porém,

os dinucleotídeos AC ou TG são os tipos mais comumente encontrados (POWELL et

al., 1996).

Existem diferentes tipos de repetições de microssatélites, que são divididas em:

(a) repetições perfeitas, quando não possuem nenhuma interrupção; (b) repetições

imperfeitas, quando são interrompidas por bases não repetidas; (c) repetições

compostas, quando duas ou mais repetições (classes) de microssatélites estão dispostas

próximas; e (d) repetições simples, quando o microssatélite é formado por somente um

tipo de repetição. As repetições simples e compostas podem ser perfeitas ou imperfeitas

(BORÉM e CAIXETA, 2009).

As sequências de DNA que flanqueiam os microssatélites são geralmente

conservadas entre os indivíduos de uma mesma espécie, permitindo seleção de primers

específicos que amplificam, via PCR, fragmentos contendo o DNA repetitivo em todos

os genótipos (BORÉM e CAIXETA, 2009). O polimorfismo do microssatélite é

observado, portanto, na diferença do número de vezes em que, por exemplo, um

dinucleotídeo (AG)n se repete naquele loco (BUSO et al., 2003). Assim, a variação no

comprimento do segmento repetitivo presente no loco caracteriza o polimorfismo do

marcador microssatélite. Essa variação no número de repetições pode ter sido originada

de crossing-over desigual ou erro da DNA polimerase durante a replicação. Variações

no número das repetições em tandem acumulam-se mais rapidamente na população do

que mutações de ponto e eventos de inserções/deleções, responsáveis pelo polimorfismo

de outros marcadores moleculares, como por exemplo, RFLP (Restriction Fragment

Length Polymorphism) (BORÉM e CAIXETA, 2009). Por isso, as regiões

microssatélites apresentam altas taxas de mutação (10-2

- 10-6

evento por loco por

geração) (LI et al., 2002).

Assim, cada microssatélite constitui um loco genético altamente variável,

multialélico, de grande conteúdo informativo. Essa natureza altamente informativa,

combinada com a especificidade e rapidez da tecnologia baseada em PCR, fazem desses

marcadores uma eficiente ferramenta para estudos de eucariotos. Dessa forma, os

marcadores microssatélites (SSR) possuem herança codominante, são dependentes de

pequena quantidade de DNA, geram informações genéticas rapidamente, podem

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amostrar um grande número locos no genoma, os dados produzidos não sofrem

influência ambiental, podem ser desenvolvidos para qualquer espécie, envolvem

amostragens não destrutivas e permitem testes de hipóteses (FERREIRA e

GRATTAPAGLIA, 1998).

No entanto, todos os tipos de marcadores moleculares têm desvantagens, no caso

específico dos marcadores microssatélites a principal é a grande quantidade de trabalho

necessário para o desenvolvimento prévio dos marcadores. A partir da tecnologia de

Next generation sequencing (NGS), as etapas iniciais que incluem: confecção de

biblioteca genômica enriquecida, hibridação com sondas contendo microssatélites,

seleção de clones positivos, entre outras, tiveram seu tempo drasticamente reduzido.

De acordo Selkoe e Toonen (2006), embora haja a possibilidade atualmente que

um estudo com marcador microssatélite seja finalizado em menos tempo, por menos

dinheiro e com menos conhecimento técnico do que antes, o uso adequado de dados

microssatélites ainda promovem uma formação adequada e uma base sólida nos

princípios da genética de populações e da evolução molecular.

De modo geral, marcadores codominantes e multialélicos como os marcadores

microssatélites, são mais indicados para estudos de identificação e análise de

paternidade. Além disso, dados adicionais sobre a diversidade genética de potenciais

genitores obtidos com base em marcadores moleculares, para programas de

melhoramento genético, podem auxiliar na escolha dos genitores e no planejamento dos

cruzamentos buscando a maximização da heterose e das combinações gênicas

almejadas. (FALEIRO, 2007).

Os marcadores SSR continuam a encontrar sua aplicação em áreas como mapas

de ligação, testes de paternidade, forense e para inferência de processos demográficos

(ELLEGREN, 2004). Devido as suas características, esses marcadores são utilizados

também para estimativas de sistema de reprodução, fluxo de genes, estrutura genética

espacial, diversidade genética, além de outras finalidades (COLLEVATTI et al., 2001;

GAIOTTO et al., 2003; TARAZI et al., 2013; MENEZES et al., 2014).

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16

3. CAPÍTULO I

FIRST MICROSATELLITE MARKERS FOR Lecythis pisonis

(LECYTHIDACEAE), AN IMPORTANT RESOURCE FOR BRAZILIAN

FAUNA

____________ 1http://sweetgum.nybg.org/lp/multimedia.php?irn=1676

Phyllostomus hastatus1

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MICROSATELLITE LETTERS

First microsatellite markers for Lecythis pisonis (Lecythidaceae),an important resource for Brazilian fauna

Acacia B. Rodrigues • Ciro Tavares Florence •

Eduardo Mariano-Neto • Fernanda A. Gaiotto

Received: 15 October 2014 / Accepted: 23 November 2014

� Springer Science+Business Media Dordrecht 2014

Abstract Next-generation sequencing was used to develop

microsatellite markers for Lecythis pisonis, a tree species with

economic and ecological importance. Commonly known as

sapucaia, L. pisonis is used to shade cocoa plantations in

Brazilian agroforestry systems. The food resources provided

by this species also make it very attractive to wildlife. We used

material collected from 40 adult trees from cocoa plantations

to characterize 16 primers. All characterized primers were

polymorphic, showing an average of 15 alleles per locus.

Observed and expected heterozygosity values averaged 0.687

and 0.856, respectively. The high combined probability of

paternity exclusion ([0.999) and low identity index (\0.001)

indicate that these microsatellites can be exploited in a vast

number of conservation and molecular genetic studies. We

plan to use these tools to investigate the role of agroforestry

systems in the breeding, management, and conservation of

landscapes in the Brazilian Atlantic forest domain.

Keywords Tropical tree � SSR � Next-generation

sequencing � Conservation � Agroforestry

Lecythis pisonis Cambess (Lecythidaceae), popularly

known as sapucaia, is a naturally occurring tree species of

the Amazon and Atlantic forests. It is an example of a

‘‘flagship species’’ (Bowen-Jones and Entwistle 2002).

Besides its importance as timber (Mori 2001), the tree is

valued for its beauty during the flowering season and is

used to provide shade on cacao plantations in agroforestry

systems in Bahia, Brazil. It also provides resources for

wildlife, such as pollen and arils that are consumed by bees

and bats. Various animals eat and disperse its seeds,

thereby breaking the integument; the tree is thus attractive

as a food resource and indicated for forest restoration.

Considering the economic and (especially) the ecological

relevance of L. pisonis, we developed 16 microsatellite

primers by next-generation sequencing (454 pyrosequenc-

ing; Ecogenics, Schlieren, Switzerland) for use in upcom-

ing molecular ecology studies.

We used a single adult L. pisonis individual collected in

cabruca (14�4505300S, 039�1004800W) for construction of an

enriched genomic library. DNA was isolated from fresh

leaves and enrichment with (AC)n and (GA)n probes.

PCR amplifications were carried out in 13-lL final

volumes containing a mixture of 7.5 ng DNA, 1.3 lL of

10 9 buffer, 3.25 mM of each dNTP, 3.25 mg bovine

serum albumin, 20 mM MgCl2, 1 U of Taq DNA poly-

merase (Phoneutria; Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil),

3.0 lM of reverse primer and fluorescence dye-labeled

forward primer with an M13 tail (CACGACGTTGTAA

AACGA), 0.03 lM of M13-tailed primer complementary

dye-labeled with 6-FAM, VIC, or NED (Applied Biosys-

tems, Foster City, CA, USA), and milli-Q water.

PCR conditions consisted of an initial denaturation step

of 94 �C for 1 min, followed by 30 cycles of 94 �C for

1 min, annealing at a specific temperature for each primer

(Table 1) for 45 s, and 72 �C for 1 min, followed by 8

cycles of M13-fluorescence annealing corresponding to

94 �C for 1 min, 53 �C for 1 min, and 72 �C for 1 min, and

Electronic supplementary material The online version of thisarticle (doi:10.1007/s12686-014-0390-6) contains supplementarymaterial, which is available to authorized users.

A. B. Rodrigues � F. A. Gaiotto (&)

Departamento de Ciencias Biologicas - Centro de Biotecnologia

e Genetica, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),

Ilheus, Brazil

e-mail: [email protected]

C. T. Florence � E. Mariano-Neto

Departamento de Botanica, Instituto de Biologia, Universidade

Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Brazil

123

Conservation Genet Resour

DOI 10.1007/s12686-014-0390-6

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Conservation Genet Resour

123

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a final extension step of 72 �C for 10 min. The amplifica-

tion products were multiloaded, and subjected to capillary

electrophoresis on an ABI 3500 Genetic Analyzer (Applied

Biosystems) (Table 1). Genotyping was performed using

Gene Mapper version 4.1 (Applied Biosystems). A total of

3,101 sequences were obtained, of which 1,054 contained

microsatellites and were used to design 315 primers pairs.

We synthesized 30 selected according to the regions with

the greatest number of repeated motifs, and identified 16

polymorphic loci.

To characterize them, we estimated the following

genetic parameters: number of alleles per locus (A),

observed heterozygosity (HO), expected heterozygosity

(HE), combined probability of paternity exclusion (Q), and

identity index (I) using CERVUS 3.0.3 software (Kali-

nowski et al. 2007) (Table 1). The linkage disequilibrium

(LD) for each locus was tested by FSTAT software, version

2.9.3.2 (Goudet 2002) using Bonferroni correction. The

Hardy–Weinberg equilibrium (HWE) test was performed

in GenAlex software, version 6.5 (Peakall and Smouse

2012).

With an average of 15 alleles per locus, the 16 primer

pairs showed a high degree of polymorphism. The loci with

the highest and lowest number of alleles were Lec 280,

with 24 alleles, and Lec 31, with 8. Average HO and HE

indicated high variability. Estimated values for

Q ([0.9999) and I (8.15 9 10-25) suggest that the devel-

oped primers should be useful tools, for paternity and

identity analysis. The P value found for the LD with a

confidence interval of 95 % was 0.000417, and stated that

none loci are in linkage disequilibrium. Half of them

showed HWE (Table 1).

With their high levels of polymorphism, these first SSR

developed for L. pisonis should be useful to address eco-

logical and evolutionary questions. We plan to use these

markers in a future investigation of the mating system of

L. pisonis.

Acknowledgments The authors thank Horlei Ribeiro and Anderson

R. Vieira for technical support, and Daniela B. Borges and Flora

Bittencourt for help with parameter estimations. This work was fun-

ded by Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientıfico e Tec-

nologico (CNPq) (#487030/2012-5) and Fundacao de Amparo a

Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) (#PPP0008/2011). Coorde-

nacao de Aperfeicoamento de Pessoal de Nıvel Superior (CAPES)

and CNPq provided fellowships to ABR and FAG, respectively.

References

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species: the importance of culture and local contexts. Oryx

36:189–195. doi:10.1017/S0030605302000261

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4. CAPÍTULO II

SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess

(LECYTHIDACEAE) EM AGROFLORESTAS –CACAU-CABRUCA–

NO SUL DA BAHIA

____________ 2http://sweetgum.nybg.org/lp/PollinationLP30Mar11.pdf

Xylocopa frontalis2

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SISTEMA REPRODUTIVO DE Lecythis pisonis Cambess (LECYTHIDACEAE)

EM AGROFLORESTAS –CACAU-CABRUCA– NO SUL DA BAHIA

Autores: Acácia Brasil Rodrigues1; Ciro Tavares Florence

2; Eduardo Mariano Neto

2;

Fernanda Amato Gaiotto1

1Laboratório Marcadores Moleculares, Centro de Biotecnologia e Genética,

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC); 2Departamento de Botânica, Instituto de

Biologia, Universidade Federal da Bahia (UFBA).

RESUMO

A região sul da Bahia apresenta uma das maiores riquezas de espécies arbóreas

por área do mundo e sua paisagem é dominada pelo sistema agroflorestal cacaueiro

(cabruca) que, contribui para a conservação dessa diversidade. Contudo, o modo como

as espécies se reproduzem influencia diretamente na manutenção, distribuição, aumento

ou diminuição dessa variabilidade, a qual interfere na dinâmica da paisagem. Nessa

perspectiva, o objetivo desse trabalho foi avaliar o padrão de reprodução em famílias de

Lecythis pisonis (conhecida como sapucaia), uma espécie arbórea presente na cabruca e

estimar a distância do fluxo de pólen através da análise de paternidade, utilizando

marcadores microssatélites nucleares. Para estimar o sistema reprodutivo dessa espécie,

comum em áreas com cultivos agroflorestais, alguns parâmetros foram estimados,

considerando o modelo de acasalamento misto. Os resultados revelaram que a sapucaia

se reproduz somente por cruzamento, e por isso é uma espécie alógama obrigatória.

Além disso, a maioria dos indivíduos realizam cruzamentos aleatórios e não com os

indivíduos mais próximos, fatores favoráveis para a manutenção da variabilidade

genética. Nove descendentes tiveram a paternidade atribuída, e alguns deles, mostraram

serem irmãos completos. A média da distância do fluxo de pólen foi de

aproximadamente 6 km, o que é condizente com o raio de vôo da abelha polinizadora

(Xylocopa frontalis). Através das informações obtidas a partir dessa pesquisa, espera-se

subsidiar estratégias para conservação da espécie estudada, bem como, do sistema

agroflorestal cabruca que, além de beneficiar a economia da região, vem demonstrando

importante participação na conservação da biodiversidade de espécies arbóreas

presentes no sul da Bahia.

Palavras-chave: Sistema de reprodução; Dispersão de pólen; Lecythis pisonis; Sistema

Agroflorestal, Microssatélites.

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INTRODUÇÃO

O sul da Bahia é uma região com significativa porcentagem de floresta

Atlântica, conservando elevada diversidade de espécies, sendo constituída ainda por

diferentes tipos de uso da terra, incluindo os sistemas agroflorestais (SAATCHI et al.,

2001).

Nessa região, contudo, o sistema agroflorestal cacau-cabruca representa o

sistema agroflorestal mais diferenciado (por ser composto por árvores nativas) e

abrangente na paisagem (SAMBUICHI et al., 2009). A cabruca é um tipo de sistema de

uso da terra em que é feita a remoção de arbustos e algumas árvores do sub-bosque para

plantar cacau sob a sombra do dossel. (LOBÃO et al., 2004).

Vários pesquisadores defendem as excelentes possibilidades de conservação que

os sistemas agroflorestais promovem, podendo formar corredores de biodiversidade e

favorecer a permeabilidade entre os fragmentos florestais (PARDINI et al., 2005;

TABARELLI et al., 2010; SAMBUICHI et al., 2012). Nesse contexto, a atuação da

cabruca como uma matriz permeável que promove conexão entre os fragmentos de

floresta pode ser relevante e consistente. Fragmentos conectados favorecem o fluxo de

genes e consequentemente a manutenção da diversidade genética. Entretanto, a

qualidade das cabrucas varia de acordo com a proporção e a qualidade dos

remanescentes na paisagem (FARIA et al., 2006), o que provavelmente estar

relacionado com a variabilidade genética presente nesses cultivos.

A variabilidade genética é fundamental para a estabilidade do ecossistema e para

a manutenção de populações naturais. Além disso, a variabilidade genética dentro das

populações naturais está diretamente relacionada ao seu sistema de reprodução, à

síndrome de dispersão de pólen, à propagação de sementes e também ao tamanho

efetivo da população (HAMRICK, 1983).

A taxa de cruzamento da geração parental determina o padrão em que os

gametas se unem em pares para formar os novos genótipos na geração de descendentes.

Dessa forma, informações confiáveis acerca do sistema reprodutivo são essenciais para

compreender como ocorrem as distribuições das frequências genotípicas e como elas

são transformadas em um sentido evolutivo ao longo de gerações (SHAW et al., 1981).

As espécies de árvores neotropicais, em geral, exibem características no sistema

de reprodução que possibilitam a persistência demográfica e a heterozigosidade mesmo

em densidades populacionais baixas. Certamente, a principal força responsável pela

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23

evolução destas características em populações de árvores tropicais com densidade

reduzida, foram as pressões de seleção contra a endogamia (WARD et al., 2005).

Nesse contexto, a movimentação do pólen dentro de populações de plantas,

desempenha um papel fundamental na estruturação da diversidade genética (PARDINI e

HAMRICK, 2007).

Existem algumas espécies arbóreas que ocorrem de forma abrangente em

cabrucas (SAMBUICHI et al., 2009). Entre essas espécies está a Lecythis pisonis

Cambess pertencente à família Lecythidaceae. Na sapucaia, como é comumente

conhecida, o principal polinizador é a fêmea da abelha Xylocopa frontalis, e as suas

sementes são dispersas principalmente pelo morcego Phyllostomus hastatus, que come

o arilo e descartam as sementes em pontos distantes da árvore-mãe (MORI e PRANCE,

1981; MORI, 2001). Por causa da beleza de suas folhas, essa árvore é classificada como

espécie ornamental, além de ser um exemplo de espécie bandeira e apresentar

importância econômica (madeira utilizada na construção civil) e ecológica (indicada

para restaurações florestais) (SAMBUICHI et al., 2009; LOBÃO et al., 2004; BOWEN-

JONES e ENTWISTLE, 2002).

Portanto, considerando que o tipo de reprodução é um fator que afeta a estrutura

genética e dinâmica das populações (HOLSINGER, 2000) por estar diretamente

relacionado à variabilidade genética presente nas populações, se faz necessário

investigar o sistema reprodutivo das espécies que compõem a cabruca.

Para conhecer o sistema reprodutivo do modelo biológico escolhido, foram

utilizados os marcadores microssatélites nucleares desenvolvidos e otimizados no

capítulo 1, os quais são específicos para sapucaia.

Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa foi analisar o padrão em que se

reproduzem as famílias de Lecythis pisonis do sistema agroflorestal cacau-cabruca no

sul da Bahia, bem como, a distância de dispersão dos grãos de pólen nesta região.

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METODOLOGIA

Área de estudo e delineamento amostral

Esta pesquisa foi realizada em fazendas presentes na zona rural dos municípios

de Ilhéus e Uruçuca, no estada da Bahia, Brasil. O levantamento da área de coleta foi

realizado através de um mapeamento prévio da existência de cabrucas na propriedade

para que as mesmas pudessem fazer parte do estudo. Esse mapeamento foi realizado

com ajuda dos funcionários das propriedades, sendo efetuada recompensa monetária por

cada árvore encontrada. A Figura 1 apresenta a imagem de tais famílias

georreferenciadas pela equipe de pesquisa.

Figura 1. Mapa da paisagem estudada com a localização das famílias amostradas no sul

da Bahia, Brasil.

A coleta foi realizada em parceria com o professor Eduardo Mariano Neto da

Universidade Federal da Bahia (UFBA), o qual é co-orientador desta pesquisa. O

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esforço amostral de localização das sapucaias foi realizado pelo discente de mestrado do

professor citado, Ciro Tavares Florence, o qual também faz parte da equipe de pesquisa.

Após o levantamento inicial, foram coletados frutos em 12 famílias de sapucaia

nas cabrucas, ao longo de um gradiente continuo de floresta (quantidade de floresta

presente em um raio de 1 km) no entorno de cada árvore (família). A partir dos frutos,

algumas sementes foram colocadas para germinar na RPPN (Reserva Particular do

Patrimônio Natural) Nova Angélica, a qual se localiza no entorno da Reserva Biológica

de Una. Após 60 dias, o material foliar de 24 mudas por família foi coletado em cada

uma das 12 famílias.

As 12 famílias amostradas foram identificadas como: F6, F60, F66, F68, F76,

F87, F92, F93, F354, F361, F376, F377. Os 287 descendentes coletados, por sua vez,

foram denominados com o P (prole ou progênie), seguida por um número, por exemplo:

P1, P2, P3... P287.

Extração e quantificação de DNA

As amostras foliares das mudas foram colocadas em sacolas plásticas e

encaminhadas para o laboratório de Marcadores Moleculares, localizado no Centro de

Biotecnologia e Genética (CBG) da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz). As

folhas foram armazenadas em freezer a -20ºC. O DNA genômico das amostras foi

extraído a partir do protocolo CTAB 2% (Doyle & Doyle, 1987). Após a extração, a

quantificação do DNA extraído foi realizada por meio da análise comparativa com um

padrão molecular de concentração conhecida (DNA do fago λ) em gel de agarose 1,0%,

corado com Gel GreenTM

(Nucleic Acid Gel Stain) diluído a 0,2% e verificado em

transluminador com lâmpada de led azul (470 nm). Em seguida, esse DNA foi diluído

em água mili-Q para a concentração de uso (2,5ng/μL).

Amplificação dos locos SSR e genotipagem

Para a realização da genotipagem dos indivíduos coletados, ocorreu à

amplificação via PCR da sequência de DNA de interesse, utilizando os primers

microssatélites desenvolvidos previamente (RODRIGUES et al., 2014). A reação de

amplificação foi realizada em solução contendo: 7,5 ng de DNA genômico; 1,3μl de

tampão 10X, 3,25 mM de cada dNTP, 3,25 mg de soro de albumina bovino (BSA), 20

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mM de MgCl2, 1U de Taq DNA polimerase (Phoneutria, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil), 3,0 μM de primer reverse e forward marcado com uma cauda de fluorescência

M13 (CACGACGTTGTAAAACGA), 0,03 μM de oligonucleotídeo M13,

complementar a cauda do primer forward, marcado com fluorócromos (6-FAM, VIC,

ou NED, Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) e água Mili-Q, para um volume

final de 13,0 μL.

As condições de termociclagem para cada reação de polimerase em cadeia

consistiu de uma etapa de desnaturação inicial a 94 ºC por 1 minuto; seguido por 30

ciclos compostos por uma etapa de desnaturação a 94 ºC por 1 minuto, uma etapa de

anelamento em temperatura específica para cada par de primer (RODRIGUES et al.,

2014) por 45 segundos, e uma etapa de extensão a 72 ºC por 1 minuto, seguido por 8

ciclos de anelamento de fluorescência M13 correspondente a 94 °C por 1 minuto, 53 °C

por 1 minuto e 72 °C por 1 minuto, além de um passo de extensão final a 72 ° C por 10

minutos.

As reações de amplificação foram observadas em gel de agarose a 1,0%, e em

seguida foram submetidas à eletroforese capilar no analisador automático de DNA ABI

3500 (Applied Biosystems) em sistema multiload para reduzir tempo e gastos com as

análises laboratoriais.

Para a realização da genotipagem foi utilizado o programa Gene Mapper versão

4.1 (Applied Biosystems).

Análise do sistema reprodutivo

Para analisar o sistema de reprodução de L. pisonis, foi utilizado o material foliar

de 287 sementes germinadas de 12 famílias. Os parâmetros estimados foram escolhidos

considerando o modelo de acasalamento misto proposto por Ritland and Jain (1981),

com o auxílio do programa MLTR 3.2 (RITLAND, 2002). Este modelo se baseia em

algumas premissas: (1) cada evento de acasalamento é devido a cruzamento aleatório ou

autofecundação; (2) a probabilidade de cruzamento é independente do genótipo

materno; (3) o conjunto de pólen é homogêneo no total de árvores maternas; (4) não

existe seleção entre fertilização e o tempo de análise para o genótipo da progênie; (5)

alelos em locos diferentes segregam independentemente (RITLAND, 1981).

Os parâmetros estimados foram: índice de fixação das matrizes (árvores

maternas) (fm), taxa de cruzamento multilocos (tm), taxa de cruzamento uniloco (ts), taxa

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de cruzamento entre indivíduos aparentados (tm - ts), correlação de paternidade (rp) e a

correlação da taxa de cruzamento entre locos (rt).

Foi calculado um intervalo de confiança a 95% utilizando 10.000 reamostragens

pelo método de bootstrap entre as famílias. Para esses cálculos, o algoritmo utilizado foi

o de maximização da expectativa (EM), o qual tem uma melhor convergência para

atender o máximo do parâmetro e o desvio padrão é reduzido em relação ao algoritmo

Newton-Raphson (NR) (RITLAND, 1990).

Análise de paternidade

Para conhecer os indivíduos doadores dos grãos de pólen que geraram as

plântulas germinadas, foi realizada a análise de paternidade e, para isso, foram

utilizadas as 12 matrizes amostradas para a investigação do sistema de reprodução,

juntamente com 31 dos 40 indivíduos adultos usados para a caracterização dos locos

SSR desenvolvidos (RODRIGUES et al., 2014). A análise de paternidade foi realizada

com o auxílio do programa CERVUS 3.0.7 (KALINOWSKI et al. 2007).

Primeiramente foi realizada a análise da frequência dos alelos e, em seguida,

uma simulação de análise de parentesco. Os arquivos de saída dessas análises são

necessários durante as etapas requeridas pelo programa para concluir a análise de

paternidade. O Cervus utiliza a simulação de análise de parentesco para avaliar a

confiança na atribuição de paternidade ao pai candidato mais provável. Nessa etapa é

escolhido o algoritmo (LOD ou Delta), o qual serve de base para determinar ou não à

paternidade. O algoritmo escolhido foi o LOD.

Na análise de parentesco, a pontuação LOD é obtida tomando o logaritmo

natural (log na base 10) da relação global de verossimilhança. Para a pontuação positiva

de LOD foi atribuído parentesco com 95% de confiança, e significa que o pai candidato

é o verdadeiro pai. Uma pontuação de LOD igual zero significa que o pai candidato tem

a mesma probabilidade de ser o verdadeiro pai como o de não ser. Uma pontuação

negativa de LOD indica que um pai candidato não combina com a prole em um ou mais

locos, e que por isso, o pai candidato provavelmente não é o verdadeiro pai

(KALINOWSKI et al. 2007).

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Análise da distância do fluxo de pólen

Com base na importância da polinização para o sistema de reprodução e para a

variabilidade genética da espécie utilizada, foi calculada a distância da dispersão de

pólen com ajuda do programa GPS TracKMaKer 13.9 (JÚNIOR, 1998). Utilizando esse

programa e a partir das coordenadas geográficas dos indivíduos atribuídos como

paternos, foi possível obter as distâncias percorridas pelos grãos de pólen.

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RESULTADOS

Sistema reprodutivo

A tabela 2 apresenta uma síntese dos principais resultados obtidos acerca do

sistema reprodutivo de L. pisonis.

O Índice de fixação das matrizes (fm) foi igual a 0,431 e indica que

provavelmente as mesmas são aparentadas.

Tabela 2. Estimativas do sistema de reprodução de Lecythis pisonis a partir de 10 locos

SSR.

Parâmetro Estimativa Desvio padrão

fm 0.431 0,103

tm 1.000 0,000

ts 0.960 0,011

tm - ts 0.040 0,010

rpm 0.306 0,064

rt 0.000 0,003 fm = índice de fixação das matrizes, tm = taxa de cruzamento multiloco, ts = taxa de cruzamento uniloco, tm

- ts = taxa de cruzamento entre indivíduos aparentados, rpm = correlação de paternidade multiloco, rt =

correlação da taxa de cruzamento entre locos

Nota = ( ) intervalo de confiança a 95% utilizando 10.000 reamostragens bootstrap entre famílias.

A taxa de cruzamento multiloco (tm), foi igual a 1.000 e a taxa de cruzamento

uniloco (ts), foi de 0.960. As taxas de cruzamento multiloco e uniloco mostram o quanto

de cruzamentos a espécie pratica considerando vários locos e um único loco,

respectivamente. Esses valores de tm e ts foram iguais a 1, e esse resultado revela que a

sapucaia se reproduz somente por cruzamentos, sendo por isso, uma espécie alógama

obrigatória. A taxa de cruzamento entre indivíduos aparentados (tm - ts) demonstra que

os indivíduos cruzam aleatoriamente e não necessariamente com os indivíduos mais

próximos. A correlação de paternidade multiloco (rpm), que diz respeito à probabilidade

de dois indivíduos escolhidos ao acaso dentro de progênies possuírem o mesmo doador

de pólen, indicou que parte dos descendentes compartilham o mesmo pai. Já a

correlação da taxa de cruzamento entre locos (rt), que mede a proporção da endogamia

gerada pelo cruzamento entre indivíduos aparentados e por autofecundações, revelou a

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inexistência de cruzamentos entre parentes e de autofecundação nas famílias

amostradas.

Análise de paternidade

Entre os 287 descendentes, 9 (3 %) tiveram a paternidade determinada. Dentre

os 43 indivíduos adultos totais, 29% (9 árvores) foram as doadoras de pólen dos

descendentes que tiveram seus pais amostrados.

Tabela 3. Plântulas que tiveram a paternidade atribuída, com as coordenadas

geográficas das árvores maternas e paternas e os valores estimados de LOD para

paternidade com nível de 95% de confiança.

Progênie Planta Planta Pontuação

mãe pai de LOD

P11 F6 F60 1,86E+14

P20 F6 F60 4,94E+14

P28 F60 F69 7,41E+13

P31 F60 F66 2,18E+14

P101 F76 F376 1,06E+14

P104 F76 F354 1,08E+14

P144 F87 F354 2,46E+14

P147 F92 F48 1,01E+14

P264 F376 F361 5,22E+14

As árvores F60 e F354 foram as doadoras de pólen de 4 das 9 plântulas que

tiveram seus pais conhecidos, cada um desses indivíduos com 2 filhos cada (tabela 3).

Os filhos P11 e P20 possuem estrutura familiar de irmãos completos, uma vez

que apresentaram mesma planta mãe (F6) e mesma planta pai (F60). Já os indivíduos

P28 e P31 apresentaram estrutura familiar de meios-irmãos, visto que, exibiram apenas

a mesma planta mãe (F60) com pais diferentes. A estrutura familiar de meios-irmãos

também foi observada nos descendentes P101 e P 104, que dividiram a mesma árvore

materna (F76), assim como, no descendente P144 que compartilhou a mesma árvore

paterna (F354) com o P104 (Tabela 3).

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Distância do fluxo de pólen

O grão de pólen da árvore paterna F354, percorreu a menor distância para

realizar a polinização. A maior distância percorrida por grãos de pólen encontrada nesta

pesquisa foi de 15.26 km e deu origem ao filho P264 (tabela 4).

Tabela 4. Distância de polinização em L. pisonis em sistemas agroflorestais no sul da

Bahia.

Árvores paternas Árvores maternas Distância do fluxo

de pólen (km)

F60 F6 1,16

F60 F6 1,16

F69 F60 0,25

F66 F60 0,29

F376 F76 10,81

F354 F76 7,83

F354 F87 0,25

F48 F92 15,12

F361 F376 15,26

A média entre as distâncias percorridas pelos grãos de pólen foi

aproximadamente de 5,792 m.

Através da figura 2, é possível observar a localização geográfica das árvores

maternas e paternas, e assim, verificar a distância espacial entre tais árvores e

consequentemente notar as distâncias que os grãos de pólens percorreram na área

amostrada.

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Figura 2. Localização e identificação das árvores maternas e paternas dos 9

descendentes no sul da Bahia, Brasil.

361

376

92

06 60

87 354

69

48

76 66

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DISCUSSÃO

Existem algumas pesquisas que tratam do sistema de reprodução de espécies da

família Lecythidaceae (GAGLIANONE e AGUIAR, 2008; SOUZA et al., 2008;

POTASCHEFF et al., 2013), porém, este é único trabalho a abordar o sistema de

reprodução da espécie Lecythis pisonis Cambess. Além disso, o fato dessa investigação

ocorrer na cabruca, que é uma paisagem bastante abrangente no sul da Bahia, é outro

fator inovador. Assim, buscando ampliar e intercruzar as informações acerca dessa

arbórea, no contexto da cabruca, estimou-se a paternidade e a partir dela a distância

percorrida pelos grãos de pólen.

Sistema de reprodução, paternidade e distância do fluxo de pólen

O resultado encontrado no índice de fixação das matrizes (fm), o qual informa

sobre a endogamia das árvores maternas, mostrou parentesco entre as mesmas. Esse

resultado indica que provavelmente tais árvores foram originadas a partir do grão de

pólen doado pela mesma árvore. Esta movimentação histórica do grão de pólen explica

o fato das matrizes serem aparentadas. Para compreender melhor este resultado deve-se

considerar que para a efetivação da cabruca, a Mata Atlântica é raleada, e com isso um

número considerável de árvores é retirado, diminuindo as opções do polinizador.

Como verificado pela presente pesquisa as árvores matrizes da área amostrada se

reproduzem obrigatoriamente por cruzamentos. Trata-se, portanto, de uma espécie

alógama, uma vez que, a taxa de cruzamentos é superior a 95% (BESPALHOK et al.,

2012). Esse resultado confirma a suposição feita por Mori et al. (1980), acerca da

sapucaia em um estudo que teve a duração de 6 anos. No estudo, os pesquisadores

relatam que a sapucaia tem características de uma espécie alógama, sendo este o único

trabalho científico que investigou aspectos relacionados ao sistema de reprodução da

sapucaia, sendo por isso, de grande relevância para a abordagem dessa investigação e

para o conhecimento acerca da espécie em questão.

Nessa pesquisa, os autores citados estudaram 4 indivíduos de L. pisonis

localizados na Reserva Botânica do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), situado na

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), sul da Bahia, Brasil.

Além de outras investigações, eles contaram, em 5 flores de uma árvore, o número de

óvulos. Da mesma maneira, contaram ainda o número total de grãos de pólen em 5

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anteras procedentes de 5 flores. Os autores mencionam também que outra evidência

favorável à alogamia nesta espécie é a alta razão de 3.700 grãos de pólen por óvulo, em

cada flor, o que pode indicar ainda que L. pisonis possui autoincompatibilidade (MORI

et al., 1980).

A autoincompatibilidade é um mecanismo de auto-reconhecimento que resulta

na rejeição de pólen pelos tecidos somáticos do sexo feminino da própria flor (HARING

et al., 1990). De fato a autoincompatibilidade é um dos mecanismos que promovem a

alogamia e segundo Bawa (1979), é encontrado com frequência em espécies tropicais.

Por não ter sido o foco desta pesquisa, não é possível afirmar que Lecythis

pisonis seja autoincompatível. Para investigar se a sapucaia é autoincompatível é

necessário que estudos futuros criem os cruzamentos artificiais necessários para

determinar se existe ou não reconhecimento por parte da planta de gametas que

contenham seu próprio material genético. A partir da constatação da rejeição, faz-se

relevante determinar qual o tipo de incompatibilidade. Em angiospermas hermafroditas,

como a sapucaia, observam-se dois sistemas de incompatibilidade controlados pela série

alélica S, a gametofítica e a esporofítica (RAMALHO et al., 1996).

É relevante salientar que neste tipo de sistema de reprodução, que é o

cruzamento, a presença do polinizador tem influência fundamental no sucesso

reprodutivo. Várias pesquisas mostraram que Lecythis pisonis Cambess é uma espécie

dependente de Xylocopa frontalis para a produção de frutos (MORI et al., 1980; MORI

e ORCHARD, 1980; MORI e PRANCE, 1981; MORI, 1988; MORI, 2001).

O processo evolutivo da espécie, provavelmente buscando o aumento e a

manutenção da variabilidade genética entre os indivíduos, promoveu o desenvolvimento

de um estame cada vez mais complexo. Esse acontecimento gerou a redução no número

de diferentes espécies de polinizadores que podem penetrar a flor (MORI e PRANCE,

1981). De acordo com Mori e Orchard (1980), em geral, quanto mais especializado é o

estame mais especializado é também o polinizador que visita a flor. Nessa perspectiva,

observações realizadas da coroa da sapucaia no sul da Bahia, Brasil, indicaram que

Xylocopa frontalis é a única abelha que entra em sua flor (MORI e ORCHARD, 1980).

Como, em geral, os indivíduos geograficamente mais próximos têm maiores

chances de se intercruzarem e consequentemente serem aparentados, o resultado obtido

no parâmetro "taxa de cruzamento entre indivíduos aparentados" (tm-ts) demonstrou que

os indivíduos, em geral, cruzam aleatoriamente o que é positivo para a manutenção da

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variabilidade genética dos indivíduos, famílias e populações da espécie em estudo, que

por sua vez, é fundamental para a continuidade da espécie ao longo de gerações.

Entretanto, apesar do resultado obtido ter sido 0,040, ou seja, não significativo

(nível de confiança de 0,05), se considerarmos a amplitude do desvio padrão (0,030 –

0,050) observaremos a possibilidade desse resultado ser significativo, o que explica o

parentesco encontrado na maior parte dos filhos que tiveram os parentais determinados.

Em contrapartida, o resultado obtido é esperado quando apreciamos o número de

descendentes que não apresentam nenhum grau de parentesco, que é a sua maioria.

Uma possível explicação pela qual não ocorre cruzamento entre indivíduos

parentes é o fato da abelha polinizadora possuir um raio de vôo amplo que chega a uma

média diária de 6,7 a 10 quilômetros (ROUBIK, 1992), permitindo que a mesma visite

flores de indivíduos distantes entre si.

O resultado do parâmetro "correlação de paternidade multilocos" (rpm) indicou

que parte dos descendentes compartilham o mesmo pai, e uma possível explicação para

isso é o fato de algumas árvores paternas estarem relativamente próximas das árvores

maternas. Esta justificativa é completamente plausível quando se observa os resultados,

ocorrendo, por exemplo, entre os indivíduos P11 e P20 que compartilham o pai F60, e

os indivíduos P104 e P144 em que para ambos o pai é a árvore F354. Assim, apesar do

polinizador poder voar grandes distâncias, o mesmo pode “optar” por visitar a flor da

árvore mais próxima. Com esse comportamento, a abelha Xylocopa frontalis obtém o

recurso (pólen estéril) e ainda economiza energia.

Contudo, é importante ressaltar que foi observado um pequeno número de

progênies compartilhando o mesmo pai, visto que, para a maior parte não foi possível

determinar a árvore paterna. Por sua vez, o não compartilhamento do mesmo pai por

boa parte dos descendentes é outro fator favorável para a variabilidade genética da

espécie, uma vez que, pode promover o aumento no número de locos em heterose, o que

é interessante tanto para a conservação e manejo, quanto para o melhoramento (LÔBO e

VILELLA, 2005).

O resultado da correlação da taxa de cruzamento entre locos (rt) indica que não

há cruzamentos entre parentes nem autofecundação nas famílias amostradas. Esse

resultado corrobora com o resultado obtido no parâmetro “taxa de cruzamento entre

indivíduos aparentados”, uma vez que, o mesmo demonstra a inexistência de

cruzamentos entre parentes. Além disso, como a sapucaia se reproduz somente através

de cruzamento, era esperado que não houvesse autofecundação. A não ocorrência da

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autopolinização contribui para a existência de uma maior variabilidade genética nas

famílias estudadas.

A reprodução entre indivíduos geneticamente semelhantes aumenta a

probabilidade de diferentes locos atingirem o estado homozigótico (LÔBO e VILELLA,

2005). Ademais, o menor número de genótipos em populações altamente

autopolinizadas pode reduzir a eficiência com o qual a seleção natural pode atuar,

restringindo a capacidade de suas populações responderem de forma adaptativa a uma

mudança ambiental (HOLSINGER, 2000).

As distâncias do fluxo de pólen, em sua maioria, foram grandes, indicando que o

polinizador está atuando ativamente na área. A média da dispersão de pólen foi de

aproximadamente 6 km, o que é condizente com o raio de vôo de forrageamento da

fêmea da abelha mamangava, a qual é a principal polinizadora da sapucaia (MORI,

2001). Porém, em apenas 3% dos descendentes foi atribuído à paternidade. Este

resultado assinala duas possibilidades, a primeira delas é o fato que devido à distância

da área percorrida, o delineamento amostral não contemplou todos os indivíduos

possíveis. E a segunda, é a possibilidade de ter ocorrido imigração de pólens dos

remanescentes de floresta Atlântica no entorno das famílias coletadas.

A imigração de pólen é determinada principalmente por exclusão genética. Em

síntese, genótipos multilocos dos descendentes (ou gametas) e os prováveis pais são

comparados, e se um genótipo do descendente (ou gameta) não é compatível com

qualquer adulto dentro da população local, é considerado um imigrante (fluxo de genes

aparente) (BURCZYK et al., 2004).

Implicações para a conservação

Este trabalho mostrou como interagem os indivíduos arbóreos adultos de uma

espécie bastante frequente no sistema agroflorestal cabruca, em um dos aspectos

principais da vida que é o sistema reprodutivo. Essa interação influencia tanto na

continuação da espécie na paisagem em que está inserida como na estrutura e qualidade

dessa paisagem.

De acordo com Perfecto e Vandermeer (2008), com o passar do tempo cada vez

mais florestas serão utilizadas para a agricultura, e serão nessas paisagens fragmentadas

que a biodiversidade do mundo estará localizada. Nessa perspectiva, um plano de longo

prazo para a conservação da biodiversidade tem de reconhecer esse fato, não só com

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foco na preservação das manchas de vegetação nativa que permanecem, mas para o

manejo de uma paisagem que apresente um sistema de migração possível (PERFECTO

e VANDERMEER, 2008). Dessa forma, é urgente a necessidade em fomentar uma

agricultura ecologicamente sustentável (HARVEY et al., 2008).

Considerando a importância e abrangência da cacauicultura no sul da Bahia,

muitos estudos vêm sendo realizados buscando compreender melhor a interação entre a

cabruca e os fragmentos de Mata Atlântica, bem como, a fauna e a flora que as

constituem (DAWSON, 2013; FARIA, 2006, 2007; PARDINI, 2005; SAMBUICHI,

2002, 2003, 2006, 2009; SAMBUICHI et al., 2008, 2012; UEZU, 2008; TABARELLI

et al., 2010).

Nesse sentido, o conhecimento sobre o sistema reprodutivo de uma espécie que

ocorre com abrangência na cabruca é, sobretudo, extremamente aplicável na

compreensão da diversidade genética presente nesse sistema agroflorestal. Essas

informações permitem que estratégias para conservação e manutenção dessa

variabilidade seja criada, e se estabeleça na região. Consequentemente, a cabruca e a

espécie podem se tornar modelos viáveis para conservação.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Horlei Ribeiro pelo suporte técnico, a Alesandro Souza

Daniela Borges, Daniele França, e Flora Bittencourt pela assistência com as estimativas

dos parâmetros estatísticos. Esta pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (#487030/2012-5) e a Fundação de

Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) (#PPP0008/2011). A Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES) e CNPq forneceram bolsas

para ABR e FAG, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, W. M.; GAGLIANONE, M. C. Comportamento de abelhas visitantes florais

de Lecythis lúrida (Lecythidaceae) no norte do estado do Rio de Janeiro. Revista

Brasileira de Entomologia 52(2): 277-282. 2008.

BAWA, K. S. Breeding systems of trees in a tropical wet forest. New Zealand Journal

of Botany. Vol. 17: 521-4 521. 1979.

BESPALHOK FILHO, J. C.; GUERRA, E. P.; OLIVEIRA, R. A. Sistemas

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5. CONCLUSÕES GERAIS

a) Os dezesseis primers SSR nucleares desenvolvidos são altamente polimórficos e

informativos e por isso são ferramentas úteis para responder questões biológicas

sobre aspectos evolutivos e ecológicos

b) A espécie Lecythis pisonis Cambess se reproduz através de cruzamentos

aleatórios, é alógama.

c) A distância média (6 km) da dispersão de pólen encontrada corrobora com a

amplitude do raio de vôo do principal polinizador da sapucaia.

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