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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR Obtenção de híbridos e poliploides em Citrus via déficit hídrico LUCAS ARAGÃO DA HORA ALMEIDA ILHÉUS-BAHIA-BRASIL Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E

BIOLOGIA MOLECULAR

Obtenção de híbridos e poliploides em Citrus via déficit

hídrico

LUCAS ARAGÃO DA HORA ALMEIDA

ILHÉUS-BAHIA-BRASIL

Fevereiro de 2017

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LUCAS ARAGÃO DA HORA ALMEIDA

Obtenção de híbridos e poliploides em Citrus via déficit

hídrico

Tese apresentada à Universidade

Estadual de Santa Cruz como parte das

exigências para a obtenção do título de

Doutor em Genética e Biologia

Molecular.

Área de Concentração: Melhoramento

Genético

Orientador: Dr. Abelmon da Silva

Gesteira

ILHÉUS-BAHIA-BRASIL

Fevereiro de 2017

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A447 Almeida, Lucas Aragão da Hora.

Obtenção de híbridos e poliploides em citrus via déficit hídrico / Lucas Aragão da Hora Almeida. – Ilhéus, BA: UESC, 2017.

viii, 67 f. : il. Orientador: Abelmon da Silva Gesteira. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular. Referências: f. 59-67.

1. Cítricos. 2. Porta-enxertos. 3. Genômica. 4. Apomixia. I. Título.

CDD 634.304

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LUCAS ARAGÃO DA HORA ALMEIDA

OBTENÇÃO DE HÍBRIDOS E POLIPLOIDES EM Citrus VIA

DÉFICIT HÍDRICO

Tese apresentada à Universidade

Estadual de Santa Cruz como parte das

exigências para a obtenção do título de

Doutor em Genética e Biologia

Molecular.

Área de Concentração: Melhoramento

Genético

APROVADA: Ilhéus - Bahia, 20 de fevereiro de 2017.

________________________________

Marcio Gilberto Cardoso Costa

(UESC)

________________________________

Uilson Vanderlei Lopes

(CEPLAC)

________________________________

Maria Angélica Pereira de Carvalho

Costa (UFRB)

________________________________

Edson Perito Amorim

(CNPMF)

________________________________

Abelmon da Silva Gesteira

(UESC/CNPMF - Orientador)

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i

A todos que me acompanharam nesta

jornada de trinta anos de dedicação e

trabalho.

OFEREÇO

A minha família pelo apoio e carinho

durante toda a caminhada...

Minha noiva Soraya pelo apoio

Minha avó Isabel (Bebé)

in memorian

DEDICO

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ii

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Maria da Gloria, Antonio Aragão e meu irmão Leandro Aragão,

pela compreensão e apoio incondicionais que me incentivaram e tornaram

possível a realização deste sonho.

À minha noiva Soraya, pelo apoio diário, incentivo, carinho e companheirismo

inimaginável.

Aos meus tios especialmente: Dinalva, Arnoldo, Delson, Deza e Iara, primos e

primas, pelo apoio durante minha vida acadêmica.

Ao Prof° Dr. Abelmon pela orientação, dedicação, paciência e incentivo que

muito contribuíram para a realização deste trabalho.

Ao Prof° Dr. Maurício pela co-orientação, sugestões e pelos dois anos de

ensinamentos.

A equipe citros pela ajuda, especialmente a Diana, Dayse, Liziane, Nayara,

Maria, Edilan e Lais pelo companheirismo.

A UESC e Embrapa pela oportunidade e infra-estrutura disponível para o

desenvolvimento deste trabalho.

Aos membros da banca examinadora pelas contribuições.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Genética e Biologia

Molecular, pelos importantes ensinamentos à minha formação profissional.

À Fapesb pelo suporte financeiro.

Aos funcionários da Embrapa Mandioca e Fruticultura, especialmente o Senhor

Getúlio, pela ajuda na identificação e apoio nos trabalhos de campo.

À todos que de alguma forma contribuíram e torceram por mim e pelo sucesso

deste trabalho, minha sincera gratidão.

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ÍNDICE

EXTRATO .................................................................................................................. iv

ABSTRACT ................................................................................................................ vi

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

Objetivos ...................................................................................................................... 3

1.1.1Geral ..................................................................................................................... 3

1.1.2 Específicos ........................................................................................................... 3

2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 4

2. 1 Mercado citrícola brasileiro .................................................................................... 4

2.3 Poliploidização ........................................................................................................ 4

2.4 Poliploidia no gênero Citrus .................................................................................... 7

2.5 Hormônios e carboidratos e duplicação do genoma ................................................. 9

2.6 Poliembrionia e melhoramento genético ................................................................ 11

CAPÍTULO 1: Déficit hídrico como estratégia para obtenção de poliploides em

citros ......................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 2: Water deficit increases the frequency of hybrid citrus with

polyembryonic female parents.................................................................................. 40

3. CONCLUSÕES GERAIS............................................................................................58

4. REFERÊNCIAS .........................................................................................................59

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iv

EXTRATO

ALMEIDA, Lucas Aragão da Hora, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

Fevereiro de 2017. Obtenção de poliploides e aumento da frequência de híbridos

zigóticos em Citrus via déficit hídrico. Orientador: Abelmon da Silva Gesteira.

A citricultura tem grande importância para economia brasileira e mundial. O mercado

citrícola, além da produção de frutas para utilização pela indústria de suco concentrado

e pronto para beber está se expandindo com o uso de frutas de mesa, principalmente as

tangerinas. Esta nova vertente comercial da citricultura preza frutas com coloração

atrativa e ausência de sementes. Assim o desenvolvimento de novas variedades

triploides torna-se peça chave para acompanhar as mudanças do mercado citrícola.

Outra preocupação é a uniformidade de porta-enxertos utilizados nos pomares

brasileiros. A baixa variabilidade genética pode ser um problema para manutenção das

plantações, uma vez que, ficam vulneráveis as doenças, pragas e variações ambientais,

entre elas a seca. Neste sentido, a utilização de porta-enxertos tetraploides como

Limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’(LCRSTC) e a tangerineira ‘Sunki seleção

Tropical’(TSKTR) podem auxiliar, uma vez que possuem aspectos morfológicos e

fisiológicos superiores aos indivíduos diploides, como a tolerância a seca. Porém a

diversificação do pool genético dos porta-enxertos esbarra na poliembrionia, comum em

citros que apesar de ser utilizado na multiplicação das variedades de interesse acaba

interferindo no desenvolvimento de novos genótipos que alargariam a base genética

destes porta-enxertos. Visto isso foi desenvolvida uma metodologia com objetivo de

aumentar a frequência de triploides nas tangerineiras ‘Dancy’ (TD), ‘Fortune’ (TF) e

‘Cravo’ (TC) e obtenção de tetraploides nos genótipos LCRSTC e TSKTR além de

aumentar a frequência de híbridos zigóticos nestes últimos. O experimento foi realizado

durante os anos de 2013 a 2015. Formam utilizadas 20 plantas de cada genótipo em

ambos experimentos em delineamento inteiramente casualizado e aplicados três regimes

hídricos a saber: 20%, 40% e 100% da capacidade de campo (CC) em delineamento

inteiramente casualizado. As plantas foram monitoradas diariamente através de sondas

TDR e leituras pontuais durante os meses de floração com auxilio do Analisador de

fotossíntese LCCroSD, IRGA para verificação das condições fisiológicas. No período

de emissão de flores, os genótipos LCRSTC e TSKTR foram polinizados com Poncirus

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trifoliata (L.) Raf. como parental masculino. Enquanto as tangerineiras foram

intercruzadas com TD e TC, priorizando TF como parental feminino e masculino.

Foram coletadas folhas maduras de diferentes ramos de três plantas por genótipo dentro

de cada tratamento para identificação e quantificação de hormônios e açúcares. Após a

germinação das sementes produzidas dos cruzamentos foram coletadas folhas para

confirmação do nível de ploidia utilizando um citômetro de fluxo. No experimento

visando obtenção de tetraploides foi realizada a contagem de plântulas híbridas e

nucelares germinados por sementes. Verificou-se que os hormônios avaliados

apresentaram variações significativas quanto às concentrações entre e dentro dos

genótipos e tratamentos, principalmente o ácido abscísico (ABA). Foram encontrados

27 híbridos triploides distribuídos entre os tratamentos de déficit hídrico. As maiores

frequências de surgimento de triploides foram verificadas no tratamento 20% da

hibridação TF x TD, obtendo 1,6% e 1,2% nos tratamentos 20% e 40% de CC e 1,5%

no controle. Seis tetraploides foram encontrados no genótipo TSKTR. Houve aumento

da frequência de híbridos zigóticos no genótipo TSKTR, aproximadamente 22%, no

tratamento de déficit hídrico de 20% de CC. Assim pode-se sugerir que o déficit hídrico

influencia na formação de poliploides, porém alterações nos gametas ou células

somáticas são causadas por múltiplos fatores, entre eles o genótipo utilizado no

cruzamento. Além disso, o aumento de frequência de híbridos no TSKTR sugere que os

mecanismos de defesa e sobrevivência diante do déficit hídrico influenciam na

formação de híbridos em variedades poliembriônicas.

Palavras-chave: duplicação genômica, porta-enxertos, apomixia

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ABSTRACT

ALMEIDA, Lucas Aragão da Hora, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

Fevereiro de 2017. Obtaining polyploids and increasing the frequency of zygotic

hybrids in Citrus via water deficit. Orientador: Abelmon da Silva Gesteira

Citriculture has a great importance for the Brazilian and the world economy. The citrus

market, in addition to fruit production for the concentrated juice and ready-to-drink

industry, is expanding with the use of table fruits, mainly the mandarins. This new

commercial aspect of the citrus crop values fruits with attractive coloration and absence

of seeds. Thus the development of new triploid varieties becomes a key part to folow

the changes in the citrus market. Another concern is the uniformity of the rootstocks

used in Brazilian orchards. The low genetic variability can be a problem for planting

safety, since diseases, pests and environmental variations, such as drought, become

vulnerable. In this sense, the use of tetraploid rootstocks such as Limoeiro 'Cravo Santa

Cruz' (LCRSC) and 'Sunki tropical selection' (TSKTR) may help, since they have

morphological and physiological aspects superior to diploid individuals. However, the

diversification of the genetic pool of rootstocks bumps on the polyembryony, common

in citrus that despite being used in the multiplication of the varieties of interest ends up

interfering in the development of new genotypes that would broaden the genetic base of

these rootstocks. In order to increase the frequency of triploids in 'Dancy' (TD),

'Fortune' (TF) and 'Cravo' (TC) mandarin, tetraploids were obtained in the genotypes

LCRSTC and TSKTR, besides increasing the frequency of zygotic hybrids in the latter.

The experiment was carried during the years 2013 to 2015. Three water regimes were

applied: 20%, 40% and 100% of pot capacity (CC) in a completely randomized design.

The plants were monitored daily through TDR probes and spot readings during the

months with the aid of LCCroSD photosynthesis analyzer, IRGA to verify the

physiological conditions. During the flowering period, the genotypes LCRSTC and

TSKTR were pollinated with Poncirus trifoliata (L.) Raf. a male parent. While the

mandarin were intercrossed prioritizing TF as female and male parent. Mature leaves of

different branches of three plants were collected per genotype within each treatment for

identification and quantification of hormones and sugars. After the germination of the

seeds produced from the crosses, leaves were collected to confirm the level of ploidy

using a flow cytometer. In the experiment to obtain tetraploids it was also carried out

the counting of hybrids germinated by seeds. It was verified that the evaluated

hormones presented significant variations as the concentrations between and within the

genotypes and treatments, mainly abscisic acid (ABA). We found 27 triploid hybrids

distributed among the water deficit treatments. The highest frequencies of treatment of

triploids were treated 20% of the TF x TD hybridization, obtaining 1.6% and 1.2% in

treatments 20% and 40% of CC and 1.5% in control. Six tetraploids only in the TSKTR

genotype. There was an increase in the frequency of zygotic hybrids in the TSKTR

genotype, approximately 22%. Thus it can be suggested that the water deficit influences

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the formation of polyploids, but changes in the gametes or somatic cells are caused by

multiple factors, among them the genotype used in the crossing. In addition, the

increased frequency of hybrids in the TSKTR suggests that the defense and survival

mechanisms in the face of water deficit influence the formation of hybrids in

polyembryonic varieties.

Key words: Genomic duplication, Rootstocks, Apomictic.

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1. INTRODUÇÃO

Os citros estão entre as frutas mais produzidas no mundo, sendo importante tanto para

o mercado interno quanto externo de diversos países. Entre os produtos gerados dessa espécie

estão o suco simples, concentrado e uma crescente vertente para frutas de mesa (MACHADO

et al., 2011). A posição entre as principais frutas consumidas está vinculada a novas

tecnologias que ao longo do tempo tiveram impacto na produtividade e aperfeiçoamento das

políticas de mercado, tanto interno quanto externo (DHAMODHARAN et al., 2016).

Dentre essas tecnologias está o desenvolvimento de variedades com poucas ou

nenhuma semente, promissoras no mercado de frutas frescas. Estas frutas são resultado de

programas de melhoramento como os desenvolvidos em países do mediterrâneo, em centros

de pesquisa como o CIRAD (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica

para o Desenvolvimento) na França e em instituições de pesquisa nos Estados Unidos.

Estudos realizados neste último país, revelaram uma tendência na formação de poliploides

induzidos por baixas temperaturas. O frio induz erros meióticos, gerando gametas não

reduzidos e consequentemente poliploides (RANNEY e JONES 2008). No Brasil, por estar

em zona tropical, se consegue tal estresse em poucas regiões, porém outras interferências

abióticas podem induzir a poliploidização, a exemplo do déficit hídrico, comum em diversas

partes do país. A seca é caracterizada pela redução da quantidade de água no solo, devido a

períodos de sem chuva em quantidade significativa, além da perda de água por transpiração e

evaporação. Essa restrição hídrica interfere no metabolismo celular, no fechamento

estomático, fotossíntese e alterações a ela vinculadas (JALEEL et al., 2009).

Assim com as crescentes demandas para produção de frutas cítricas sem sementes,

cresce o interesse por novas metodologias para alcançar esses resultados com menor custo e

mão de obra menos qualificada. Estudos relatam que estresses abióticos interferem tanto na

formação do gametófito masculino quanto no feminino (SAINI, 1997), causando erros

meióticos, formando gametas desbalanceados, e mitóticos, resultando na duplicação do

genoma em células somáticas. Nos dois casos são formados poliploides.

A poliploidia é um fenômeno comum em plantas, porém ocorrem em baixa frequência

sendo considerado um mecanismo de especiação e adaptação (BROWNFIELD e KÖHLER

2011). Em citros existem registros de triploides, tetraploides, hexaploides e octaploides que

ocorrem espontaneamente (USMAN et al., 2006). Indivíduos triploides são obtidos

basicamente por cruzamentos entre indivíduos tetraploides e diploides ou entre dois diploides

em que um dos parentais produza gametas não reduzidos (2n). Com o genoma desbalanceado,

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formando univalentes e bivalentes, as plantas não conseguem formar sementes viáveis

(ALEZA et al., 2012).

Assim como o estresse abiótico pode causar alterações meióticas, erros mitóticos

também são comuns. Nestes casos o genoma completo de células somáticas, do zigoto ou

células jovens embrionárias, é duplicado sem que ocorra a divisão em células filhas, formando

indivíduos tetraploides (RAMSEY e SCHEMSKE 1998). Outra forma de obtenção destes

poliploides é a utilização da fusão de núcleos e cruzamentos entre gametas não reduzidos

tanto do genitor masculino quanto do feminino. Estes indivíduos tetraploides são geralmente

utilizados em novos cruzamentos com diploides para obtenção de triploides e também como

porta enxertos.

Porta enxertos tetraploides possuem algumas vantagens em relação aos seus parentais

diploides, como maior controle estomático, baixa taxa de transpiração e menor crescimento

(ALLARIO et al., 2013). Assim são mais tolerantes ao déficit hídrico além de permitem o

adensamento dos pomares cítricos visto que são ananicantes.

O desenvolvimento de novas variedades de porta-enxerto é fundamental para

diversificação e segurança dos pomares de citros, uma vez que influencia na qualidade do

fruto e na tolerância a estresses bióticos e abióticos (GERRA et al., 2014). Porém este

processo esbarra na poliembrionia, surgimento de múltiplos embriões em uma única semente.

Esse fenômeno acaba produzindo uma competição entre os embriões adventícios e o zigótico,

geralmente inibindo o desenvolvimento do ultimo.

A poliembrionia dificulta a identificação da planta derivada do zigoto, uma vez que

surgem outras plantas, geralmente idênticas na mesma semente. Essa reprodução assexuada

das células da parede do saco embrionário é conhecida como apomixia (SOARES FILHO et

al., 2014). Assim, o aumento da frequência de híbridos em sementes poliembriônicas pode ser

influenciado por fatores abióticos, entre eles o déficit hídrico (MOREIRA et al., 2010). Os

estresses estão envolvidos na expressão de cascatas de genes que proporcionam a formação de

células competentes na parede do saco embrionário responsáveis pela formação dos embriões

nucelares (KUMAR et al., 2014).

Assim o déficit hídrico pode ser utilizado para auxiliar os programas de melhoramento

de citros a ampliar a base genética de porta-enxertos comerciais, aumentando a segurança e a

produtividade dos pomares. Logo sugere-se que o déficit hídrico promove alterações

meióticas e por fim a formação de gametas não reduzidos em citros além de influenciar na

frequência de embriões zigóticos em variedades poliembriônicas.

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Objetivos

1.1.1Geral

Verificar o efeito do déficit hídrico como agente indutor de duplicações em células somáticas

e reprodutoras visando formação de poliploides, além de aumentar a frequência de híbridos

zigóticos em genótipos apomíticos.

1.1.2 Específicos

Cap. I – Metodologia de desenvolvimento de poliploides em citros via déficit hídrico

Desenvolvimento de método para obtenção de genótipos tetraploides, com

potencial para uso como porta-enxerto, induzidos por deficiência hídrica;

Desenvolvimento de método para obtenção de genótipos triploides, com potencial

para uso como variedade de frutos de mesa sem semente, induzidos por deficiência

hídrica;

Estimar o nível de déficit hídrico necessário para provocar alterações nos

mecanismos de divisão celular e formação de gametas não reduzidos;

Aumentar a frequência de formação de poliploides nos tratamentos avaliados.

Cap. II – Uso do déficit hídrico para aumentar a frequência de híbridos em variedades de

porta-enxertos poliembriônicas.

Utilizar o déficit hídrico durante as polinizações para aumentar a frequência de

híbridos em limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ e tangerineira ‘Sunki Tropical’;

Verificar eficácia da variedade Poncirus Trifoliata com marcador morfológico;

Estudar a relação entre déficit hídrico e desenvolvimento de híbridos zigóticos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2. 1 Mercado citrícola brasileiro

O mercado citrícola gera renda para grandes e pequenos agricultores, além de

participar de diversos segmentos da economia como produção de máquinas, transportes, mão

de obra terceirizada, mercado de frutas frescas e indústria (MACHADO et al., 2011). As

plantações de citros ocupam cerca de 665 mil hectares no Brasil, produzindo

aproximadamente 17 milhões de toneladas dessa fruta, o que deixa o país entre os principais

produtores do mundo (IBGE 2015).

O Brasil está em primeiro lugar entre os países produtores de laranja, seguido da China,

sendo essa posição sustentada principalmente pela produção de suco concentrado (FAO,

2014). Dentre os estados produtores se destacam São Paulo como maior produtor de laranja,

produzindo aproximadamente 12 milhões de toneladas, que exporta cerca de 77% dessa

produção como suco concentrado, seguido de Minas Gerais com 5,90% da produção. A Bahia

em terceiro com aproximadamente 5,75% da produção (IBGE 2015). Novos segmentos estão

surgindo na citricultura, entre eles a comercialização de frutas frescas que agregam maior

valor ao fruto. Entre estas, as tangerinas que tem como principal pais produtor a China com

aproximadamente 54% da produção mundial seguida da Espanha com 8% (FAO, 2014).

A busca por alimentos saudáveis e orgânicos influencia também o mercado de frutas.

Novas tendências do consumo de frutas frescas com adequadas características visuais, como a

coloração, cheiro, ausência de sementes e fácil remoção da casca tendem aumentar no futuro.

Dentre essas frutas se destacam as tangerinas triploides que possuem pouca ou nenhuma

semente (VARDI et al., 2008).

Seguindo esta linha, países como a Espanha já exploram o mercado de frutas frescas,

utilizando como produto principal as tangerinas sem sementes que rendem cerca de US$ 1,3

bilhões em laranjas de mesa e US$ 1,7 bilhões em frutas in natura tipo tangerina em 2011

(FAO, 2014).

2.3 Poliploidização

A presença de mais de dois conjuntos básicos de cromossomos no núcleo das células,

ou seja, duplicação do material genético é conhecido como poliploidia (STORME e GEELEN

2013), fenômeno considerado de grande relevância no processo de especiação e evolução do

genoma das angiospermas (ADAMS e WENDEL 2005; MADLUNG, 2013; WANG et al.,

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2016). Sugere-se que a maioria das angiospermas descende de ancestrais que passaram por

poliploidização, sendo consideradas paleopoliploides (ADAMS e WENDEL, 2005; ARRIGO

e BARKER, 2012). Apesar dos eventos de poliploidização serem encontrados em outros seres

vivos, como anfíbios e peixes o ganho evolutivo está representado principalmente em mono e

dicotiledôneas (BROWNFIELD e KÖHLER, 2011; ROULIN et al., 2013).

O aumento do genoma em plantas é submetido ao processo de seleção natural e muitas

vezes são excluídos devido à baixa fertilidade e viabilidade (BALDWIN e HUSBAND 2013).

Barreiras reprodutivas devido à infertilidade (TAMAYO-ORDÓÑEZ et al., 2016), floração

em períodos diferentes dos parentais diploides (LEVIN, 2013) e ocupação de territórios

excludentes de indivíduos com baixa tolerância a estresse (RAMSEY, 2011) são alguns dos

motivos pelos quais os poliploides são extintos ou se destacam dentro das populações. Porém

a duplicação do genoma pode ter auxiliado na perpetuação da espécie, pois é sabido que

indivíduos poliploides possuem maior plasticidade fenotípica quando comparados com seus

parentais diploides, o que favorece o processo de especiação (LEVIN, 1983).

Apesar da inviabilidade reprodutiva que o aumento do genoma pode conferir ao

individuo, muitas vezes essa mutação permite novas funções (neofuncionalização) ao material

genético duplicado (OSBORN et al., 2003). Além disso, os pares de genes podem

compartilhar a mesma função, subfuncionalização, já que são homólogos, o que pode

potencializar a resposta transcricional (ADAMS e WENDEL 2005; ALLARIO et al., 2013).

Sendo assim o processo de poliploidização pode ter importância na evolução das plantas

vasculares, sendo um importante fator adaptativo.

Outra vertente preconiza que partes do genoma duplicado são passadas para próximas

gerações principalmente quando exercem funções diferentes no organismo. Estes estudos

foram confirmados em Arabidopsis que apresentou 62% dos genes que duplicados no

processo de poliploidização divergem quanto à funcionalidade no organismo. Esses genes

permanecem na população durante a evolução enquanto aqueles que exercem a mesma função

de seu ancestral são descartados (BLANC e WOLFE 2004). Assim duplicação do genoma em

células eucarióticas é responsável por moldar o genoma durante as gerações (ROULIN et al.,

2013).

O surgimento de indivíduos poliploides esta vinculada a dois caminhos, a duplicação

somática e formação de gametas não reduzidos. Em células somáticas esse fenômeno ocorre

devido da duplicação do material genético na interfase, sem que a célula finalize a mitose com

a divisão em duas células filhas iguais, endomitose, isto ocorre devido a falhas na sinalização

do ciclo celular entre as fases G2 e M. Já a formação dos gametas, apesar da meiose ocorrer

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normalmente, nesses casos, como o material genético já está duplicado, são formados

bivalentes e por fim gametas 2n (TAMAYO-ORDÓÑEZ et al., 2016).

A formação de poliploides via gametas pode acontecer com a duplicação antes da

meiose, chamada de pré-meiótica, já mencionada ou pós-meiótica, nos dois casos serão

formados gametas com número de cromossomos desbalanceados. Alterações pós-meióticas

podem ser divididos em duplicação, considerado mais comum, restituição e fusão de gametas

diploides (TAMAYO-ORDÓÑEZ et al., 2016).

Assim indivíduos poliploides podem ser formados a partir da duplicação do genoma

em células somáticas ou cruzamento intraespecífico sendo classificados como autopoliploides

ou da fusão de gametas não reduzidos de espécies diferentes conhecidos como alopoliploides

que geralmente restauram a viabilidade reprodutiva. Apesar de ambos gerarem poliploides a

meiose restitucional ou também conhecida como não reducional é mais encontrada em

plantas, principalmente quando submetidas a estresses, que a duplicação do genoma antes dos

processos de mitose ou meiose (STORME e GEELEN 2013).

Outras formas de obtenção de poliploides são as vias artificiais como fusão de

protoplasma e utilização de substâncias químicas inibidoras da formação do fuso como a

colchicina. A eficácia desses métodos depende do tipo explante, duração do tratamento e

concentração (ZENG et al., 2006).

Alterações ambientais são responsáveis por diversas mudanças fisiológicas e

metabólicas nas plantas, influenciando no período reprodutivo e sobrevivência (OSAKABE et

al., 2014). O déficit hídrico está entre os fatores que determinam geograficamente as áreas

produtivas em todo mundo, sendo um dos fatores abióticos responsáveis pela diminuição da

produtividade, crescimento e danos celulares (SHANKER e VENKATESWARLU 2011).

O déficit hídrico esta ligado a respostas metabólicas rápidas em plantas vasculares,

principalmente pela produção de hormônios como ABA que podem influenciar nos processos

mitóticos e meióticos. Este hormônio e a temperatura são responsáveis na ativação de

complexos envolvendo ciclinas e proteínas quinases dependente de ciclinas, que induzem

cascatas de sinalização e permitem a mudança da fase G1 para S na interfase. Além disso,

estas proteínas são reguladoras do ciclo celular como todo, fazendo com que o mesmo avance

de forma ordenada. Interferências nos complexos envolvendo ciclinas podem causar falhas no

ciclo celular resultando na duplicação do genoma (TAMAYO-ORDÓÑEZ et al., 2016).

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2.4 Poliploidia no gênero Citrus

Análises citogenéticas tem confirmado que o número básico de cromossomos desta

família em indivíduos diploides é nove, apesar disso é encontrada uma grande variação

devido ao surgimento de indivíduos poliploides, tanto naturais quanto induzidos (GUERRA,

2009). Em citros há registros da poliploidia nos níveis de tri, tetra, penta, hexa e octaploide

(ALEZA et al., 2012a). A duplicação do genoma confere a estas plantas adaptabilidade

genética, tolerância a estresses bióticos e abióticos alem de influenciar na produtividade e

qualidade dos frutos (SHAFIEIZARGAR et al., 2011). Entre os poliploides comuns em citrus

estão os triploides e tetraploides, que surgem espontaneamente, porém em baixa frequência

(JASKANI et al., 2007).

As plantas triploides de Citrus são geralmente estéreis, o que favorece o surgimento de

frutos com poucas ou sem sementes, altamente comerciais, valorizados e com expressiva

tendência a se manter no mercado de frutas frescas. Além disso, as flores masculinas são

geralmente férteis, o que possibilita o cruzamento com outras variedades comerciais que

podem auxiliar nos programas de melhoramento genético desta espécie (ALEZA et al.,

2012b).

A formação de triploides geralmente está vinculada a erros meióticos e consequente

formação de gametas não reduzidos que tornam, a depender do grau de triploidização, a prole

pouco o totalmente infértil. A falta de sementes nestas plantas acaba direcionando a energia

que seria utilizada na formação das mesmas para outras partes da planta, como aumento no

tamanho e durabilidade das flores. Apresentam também maior vigor em relação aos parentais

diploides, como folhas mais espessas e escuras além do aumento da biomassa (WANG et al.,

2016).

A obtenção de plantas triploides em citros está relacionada também ao parental

diploide utilizado (ALEZA et al., 2010a), sendo que as combinações que utilizam como

parental feminino indivíduos tetraploides tem maior sucesso no surgimento de triploides que

quando são utilizados tetraploides como parental masculino. Porém essa técnica possui

limitações devido às dificuldades geradas pela poliembrionia, comum a maioria dos citros,

que formam sementes apomíticas em que embriões nucelares passam a competir com o

zigótico. Essa barreira pode ser superada pelos programas de melhoramento genético

utilizando indivíduos tetraploides não apomíticos, porém restringe o uso de genótipos

potenciais (MACHADO et al., 2011; ALEZA et al., 2012a).

A obtenção de poliploides em citros pode seguir caminhos diferentes. A partir de

cruzamentos podem surgir gametas não reduzidos de um ou dos dois parentais diploides

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formando um tri ou tetraploide, além da união de gametas tetra com um parental diploide

resultando em triploides. Existe ainda a tetraploidização de células nucelares, uma vez que a

maioria dos Citrus são apomíticos (ALEZA et al., 2012b).

Mutações no pólen são consideradas fenômenos raros em citros, assim estudos

mostraram maior frequência na duplicação de células nucelares. Esse aumento do genoma

pode ter origem de mutações em tecidos em partes da planta (ramos). Estas células dobram

seu numero cromossômico geralmente pela duplicação do material genético na interfase sem

completar o ciclo mitótico. Outra forma é a duplicação dos tecidos nucelares nas sementes,

durante o período embrionário e na formação ou estágios finais do zigoto (MORILLON et al.,

2011).

Os indivíduos cujo diploide foi duplicado uma vez são chamados de tetraploides. Em

citros estes possuem grande destaque, tanto pelo uso nas hibridações para formação de

triploides como para utilização como porta-enxertos (GUERRA et al., 2016). Esses porta-

enxertos tetraploides possuem características singulares que os tornam importantes no atual

cenário do parque citrícola brasileiro e mundial. Dentre as vantagens estão o aumento do

número de plantas por área, uma vez que são ananicantes. Ainda, por ter seu genoma

duplicado, favorecem a recombinação e consequente variabilidade genética entre os porta-

enxertos comerciais, o que pode ajudar a suprir a necessidade por materiais mais rústicos e

tolerantes a estresses e doenças (GUERRA, 2014).

Os genótipos tetraploides de citros possuem maior tolerância a ambientes salinos

(SHAFIEIZARGAR et al., 2011) e com restrição hídrica (HUSSAIN et al., 2011). A

eficiência hídrica é consequência do aumento no tamanho dos estômatos e diminuição da

densidade reflete na redução da condutância, transpiração e taxas fotossintéticas. Além disso,

a maior espessura das raízes sugere uma melhoria na absorção da umidade (SYVERTSEN et

al., 2000; ALLARIO et al., 2013), favorecendo a sobrevivência em ambientes áridos ou com

índices pluviométricos baixos.

Indivíduos diploides apresentam maior resposta transcricional diante de estresse

hídrico, porém os genes envolvidos nas respostas hormonais e metabólicas são menos

reprimidos em indivíduos tetraploides, favorecendo maior amplitude na resposta a este déficit

(ALLARIO et al., 2013). Assim o porta-enxerto se torna extremamente importante para

segurança dos pomares diante das variações climáticas.

Estudos comparando diferentes parentais durante o decorrer dos anos mostraram que

efeitos ambientais estão envolvidos no aumento ou diminuição do número de híbridos

poliploides. Sugerindo que a poliploidização é dependente das condições ambientais assim

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como dos parentais utilizados no cruzamento (ALEZA et al., 2012a). Outros estudos também

sugerem que a temperatura e amplitude térmica podem danificar o pólen, afetando a

produção, tamanho e germinação além de comprometer a fertilidade causando a

poliploidização (GUERRA et al. 2016; WANG et al., 2016).

2.5 Hormônios e carboidratos e multiplicação do genoma

As plantas são organismos sésseis que conseguem regular crescimento e

desenvolvimento com base nas condições ambientais impostas pelo meio. Neste processo

esses indivíduos dispõem de vários artifícios bioquímicos, fisiológicos e moleculares para

garantir a sobrevivência e perpetuação da espécie (OSAKABE et al., 2014).

As respostas fisiológicas ao déficit hídrico, como fechamento estomático e redução

das taxas fotossintéticas são reguladas pelas concentrações de hormônios, principalmente

ácido abscísico (ABA), que é produzido nas raízes e folhas e tem papel fundamental no

mecanismo de sinalização e adaptação da planta ao estresse (REDDY et al., 2004;

RODRÍGUEZ-GAMIR et al., 2010). Nos tetraploides as concentrações de ABA, em

indivíduos submetidos a estresse hídrico, são superiores quando comparados com diploides,

esse aumento está ligado a maior expressão de genes relacionados à biossíntese deste

hormônio (ALLARIO et al., 2013; DEL POZO e RAMIREZ-PARRA 2014).

Dentre as funções do ABA estão a regulação da abertura estomática diante de

situações de estresse hídrico, evitando a perda e auxiliando no uso eficiente da água. Outros

hormônios também estão envolvidos nesta regulação entre ele o ácido salicílico (AS)

(ACHARYA e ASSMANN 2009). O fechamento estomático, induzido pela concentração de

ABA no xilema das plantas vasculares, reduz a condutância estomática, limita o crescimento

foliar, transpiração e trocas gasosas entre as folhas e o meio o que interfere também na

diminuição de fotoassimilados (NEVES et al., 2013; OSAKABE et al., 2014).

Apesar das respostas fisiológicas das plantas aos variados estresses envolverem outros

hormônios, o ABA está envolvido em grande parte dos mecanismos de tolerância a estresses e

ciclos metabólicos da planta, sendo responsável também pela síntese de proteínas,

crescimento de raízes, desenvolvimento e dormência de sementes, morfogênese embrionária e

regulação gênica que auxilia no balanço hídrico celular evitando colapso diante do estresse

hídrico (SREENIVASULU et al., 2012).

As vias de sinalização que incluem a síntese de hormônios responsáveis pelas respostas

fisiológicas ao estresse, como genes envolvidos na biossíntese de ABA, estão vinculados

também às concentrações de açúcares nos tecidos. O sistema de regulação fisiológico e

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bioquímico formado pela interação entre os hormônios e açúcares permite que respostas

celulares individuais possam ser passadas para todo organismo (KOCH, 2004).

As plantas são conhecidas por ter a habilidade de converter energia solar em

moléculas orgânicas através da fotossíntese (RUAN 2014). Entre os produtos da fotossíntese

estão as principais moléculas de armazenamento em células vegetais, o amido. Este

carboidrato pode ser convertido em momentos de estresse, como o déficit hídrico, em

açúcares que serão utilizados para manutenção do metabolismo celular (KEMPA et al., 2008).

Os carboidratos, moléculas primárias de armazenamento mais abundantes nos

organismos, são compostas por unidades monoméricas, os açúcares, entre elas a sacarose.

Este açúcar é considerado um dos principais substratos para respiração em células vegetais. A

sacarose é metabolizada na glicólise, em frutose e glicose utilizadas na rota glicolítica,

(RAVEN, 1996) gerando energia para célula (TAIZ e ZEIGER, 2004).

A sacarose é transportada pelo floema, sendo essencial no deslocamento de moléculas

de sinalização, transporte de nutrientes e água tanto para o meristema radicular quanto apical

(RUAN et al., 2012). Este açúcar é a principal molécula que auxilia nas respostas a estresses,

crescimento e desenvolvimento das plantas vasculares, a partir do seu metabolismo é possível

a geração de energia além de amido, celulose, frutano, proteínas e compostos antioxidantes

(RUAN, 2014).

As concentrações de sacarose e seu metabolismo são determinados pela intensidade e

duração do estresse (WASEEM et al., 2011). Dentre os caminhos que as plantas seguem para

buscar um ajuste metabólico e fisiológico diante de uma agente estressante, como o déficit

hídrico, estão o aumento nas concentrações de açúcares, envolvidos na biossíntese e

sinalização de hormônios como o ácido abscísico (ABA) (KOCH 2004), hormônio

considerado universal, responsável dentre outras coisas na inibição do ciclo celular e aborto

de sementes (SREENIVASULU et al., 2012). Outro açúcar, a glicose, gerada a partir da

hidrólise da sacarose também está correlacionado à atividade mitótica em cotilédones

(ROLLAND et al., 2006).

As altas concentrações de ABA promovem o aumento da expressão de genes

inibidores de cinases dependentes de ciclinas (KRP). Este inibidor impede que as células

entrem na fase mitótica, porém permitem a duplicação do material genético na fase S da

interfase. Esta interferência ocorre devido inibição da formação do complexo cinase

dependentes de ciclinas/ciclina, provocando a passagem da fase S para G sem que a divisão

mitótica. Este alteração do ciclo celular, por fim, torna possível a endo duplicação e formação

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de indivíduos com múltiplas cópias do genoma no núcleo de suas células (Sreenivasulu et al.,

2010).

Em citros foi verificado o aumento de açúcares em plantas sobre déficit hídrico,

indicando a importância de carboidratos e seus derivados no funcionamento do metabolismo

desta espécie (PEDROSO et al., 2014). Logo percebe-se a importância dos açúcares no

metabolismo celular e suas consequências diante de estresses como o déficit hídrico, que

podem provocar alterações no ciclo celular.

2.6 Poliembrionia e em citrus

Programas de melhoramento de citros são favorecidos pela facilidade na hibridação

entre as espécies de citros, porém encontram barreiras como a poliembrionia, ao longo do

período reprodutivo das plantas e a alta heterozigose dos híbridos, esta última pode ser

classificada também como uma característica importante, uma vez que gera variabilidade

genética (SOARES FILHO et al., 2002).

O fenômeno da poliembrionia se refere à presença de vários embriões por semente,

levando o surgimento de mais de um seedling (KOLTUNOW et al., 1996), sendo

classificados de acordo com a origem das células embrionárias em gametofítica e esporofítica.

Em parte, as duas formas são mecanismos de reprodução assexuada, ou seja, apomixia

(ALEZA et al., 2010b; TRAPERO et al., 2014). Neste caso o número de embriões nucelares

pode variar sendo considerado espécie-dependente (MONDAL e SAHA 2014).

A apomixia é comum entre algumas espécies de plantas, entre elas os citros, sendo

caracterizada pelo desenvolvimento de embriões a partir de células somáticas (NAKANO et

al., 2012). Os embriões nucelares se desenvolvem a partir de células do saco embrionário,

logo, seu surgimento está atrelado a uma fertilização anterior. Estes embriões passam a

competir com o embrião zigótico, geralmente único, o que leva geralmente à inibição do seu

desenvolvimento (ALEZA et al., 2010b). Esta característica geralmente é utilizada como uma

ferramenta pelos programas de melhoramento para propagação clonal de espécies de

interesse, uma vez que sua prole possui o mesmo material genético do parental (NAKANO et

al., 2012).

O desenvolvimento de clones a partir das células somáticas, apesar de suas vantagens,

principalmente nos programas de melhoramento que utilizam isso para manter as

características genéticas de porta enxertos, criam barreiras em determinados cruzamentos pela

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dificuldade de identificação e sobrevivência de híbridos (ANDRADE-RODRÍGUEZ et al.,

2004).

Para facilitar a identificação e seleção de híbridos são utilizadas técnicas como RAPD

(Random amplified polymorophic DNA) (ANDRADE-RODRÍGUEZ et al., 2004), ISSR-PCR

(Inter simple sequence repeats), citometria de fluxo, análises de isoenzimas (TUSA et al.,

2002) e cromatografia gasosa (MONDAL e SAHA 2014). Porém a depender do cruzamento

essa seleção pode ser realizada morfologicamente. Entre os genótipos utilizados para este tipo

de seleção está o Poncirus trifolata que possui folha trifolioladas como característica

dominante. Assim indivíduos que apresentam este tipo de folha são híbridos e pode ser

identificado entre os nucelares que possuem as mesmas características da planta mãe

(SOARES FILHO et al., 2014).

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CAPÍTULO 1

Déficit hídrico como estratégia para obtenção de poliploides em citros

Artigo será submetido à revista Scientia Horticulturae

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Déficit hídrico como estratégia para obtenção de poliploides em citros

Resumo

A poliploidia é um fenômeno natural em plantas vasculares, sendo responsável por grande

parte das adaptações aos estresses bióticos e abióticos. Entre as mudanças provocadas pela

multiplicação do genoma em citros estão o aborto de sementes em indivíduos triploides e

maior rusticidade em tetraploides. Sendo assim, foi desenvolvida uma metodologia para

aumentar a frequência de poliploides em tangerineiras, visando o mercado de frutas frescas, e

porta-enxertos para diversificação da base genética dos pomares. Foram utilizados dois níveis

de déficit hídrico, 20% e 40% da capacidade de campo (CC) além do tratamento controle com

plantas em condições de plena irrigação em delineamento inteiramente casualizado. O

experimento foi realizado em telado anti-afídeo e foi monitorada a umidade do solo através de

sondas TDR diariamente e as condições fisiológicas durante os meses de floração com auxilio

do Analisador de fotossíntese LCCroSD, IRGA. Foram selecionadas 20 plantas de cada

parental, tangerineira ‘Fortune’, ‘Dancy’ e ‘Cravo’ e cruzados entre si para indução de

triploides, enquanto o limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ e a tangerineira ‘Sunki Tropical’ para

formação de tetraploides foi utilizando o Poncirus trifoliata como parental masculino e

marcador morfológico. Folhas maduras foram retiradas de três plantas por genótipo dentro de

cada tratamento para identificação e quantificação de hormônios e açúcares durante o período

de floração. Foram coletados 521 frutos e destes aproximadamente 4600 seedlings foram

avaliados por citometria de fluxo identificando seis tetraploides formados da hibridação entre

P. trifoliata e TSKTR e 27 triploides distribuídos entre os tratamentos e genótipos de

tangerineiras. Foi verificado um aumento nas concentrações de hormônios e carboidrato

ligados a respostas fisiológicas, como ABA e sacarose, nos tratamentos de déficit.

Palavras-chave:Porta-enxerto, Tangerineiras, Hormônios.

Introdução

A presença de dois ou mais conjuntos de cromossomos, formando indivíduos

poliploides, é considerada uma importante ferramenta de especiação e evolução

(BROWNFIELD; KÖHLER, 2011; ARRIGO; BARKER, 2012), principalmente em plantas

com flores e alguns animais (OSBORN et al., 2003). Estudos genômicos indicam que cerca de

35% das plantas diploides podem ter passado por processos de poliploidização, sendo

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chamados de paleopoliploides. A multiplicação do genoma pode proporcionar aos indivíduos

novas capacidades adaptativas, uma vez que podem ser utilizado os genomas por inteiro ou

parte deles, processo conhecido como subfuncionalização (ALLARIO et al., 2013),

contribuindo para o aumento da diversidade (ARRIGO; BARKER, 2012). Assim, a

poliploidia pode conferir as plantas maior amplitude de respostas aos estresses diários.

Os eventos de poliploidização podem ocorrer a partir da hibridação entre indivíduos da

mesma espécie, fenômeno conhecido como endoduplicação que geram autopoliploides.

Outras formas de obtenção são cruzamentos entre indivíduos de espécies diferentes,

chamados de alopoliploides (OTTO, 2007; TAMAYO-ORDÓÑEZ et al., 2016).

Normalmente os indivíduos diploides (2n) formam gametas haploides (n) que se juntam no

processo de fecundação formando um descendente diploide. Porém, em alguns casos (0,89%

em angiospermas), os gametas são gerados sem a redução do número de cromossomos

levando ao surgimento de poliploides. Raramente também pode ocorrer a duplicação do

material genético em células somáticas (MOGHE; SHIU, 2014).

O genêro Citrus, família Rutacea, em sua forma diploide possui número básico de

cromossomos x = 9 (HYNNIEWTA et al., 2011), assim indivíduos diploides apresentam

2n=2x=18. Na natureza são encontradas variações a exemplo de indivíduos triploides

(2n=3x=27) e tetraploides (2n=4x=36) (ALEZA et al., 2011, GUERRA et al., 2016).

O crescente aumento do mercado de frutas frescas impulsiona pesquisas visando a

criação de frutas sem sementes, mais coloridas e saborosas. Dentre estas estão os citros, em

especial as tangerinas, que possuem expressiva exportação por países como a Espanha, que

chegaram a arrecadar cerca de 1,7 bilhões de dólares (FAO, 2013).

Os indivíduos poliploides de Citrus se diferenciam de seus parentais diploides por

características como taxa de crescimento e morfologia (RAMSEY, 2011, ALLARIO et

al.,2012). A duplicação do genoma pode proporcionar tolerância a fatores abióticos e bióticos,

o que permite a exploração de territórios onde os parentais diploides não estão aptos.

Dentre as características morfológicas em indivíduos tetraploides estão: folhas maiores

e mais largas, cor mais intensa, menor crescimento (GUERRA et al.,2014) e tolerância ao

déficit hídrico (ALLARIO et al., 2012). Alterações estruturais também estão ligadas ao

aumento do número de cromossomos, como aumento do volume celular, tamanho e número

de estômatos por área de folha, diâmetro dos grãos de pólen e sementes grandes (OTTO e

WHITTON, 2000).

A geração de indivíduos tetraploides em citros é importante para os programas de

melhoramento genético, uma vez que alguns genótipos podem ser utilizados em cruzamentos

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para geração de triploides e outros como alternativa de porta-enxerto. Estes indivíduos

triploides são considerados estéreis, porém produzem frutos com poucas ou nenhuma semente

(ZHU et al., 2009; ALEZA et al., 2010), sendo o foco de vários programas de melhoramento

de citros ao redor do mundo.

Os fatores que promovem os eventos de duplicação são variados, entre eles a baixa

temperatura, amplitude térmica, danos no sistema reprodutor masculino e feminino

(GUERRA et al., 2016), e a escolha do genótipo do parental feminino (ALEZA et al., 2010).

No Brasil apesar de seu vasto território, poucas áreas atendem as premissas para

geração de poliploides naturais de citros. Porém, assim como outros estresses promovem a

duplicação do genoma, o déficit hídrico, realidade brasileira em diversos estados, pode ser

utilizado para esse fim. Estudos revelam que a restrição hídrica pode causar danos nos

gametófitos feminino, interferindo no desenvolvimento e em alguns casos aborto dos óvulos,

também afeta gametófito masculino provocado esterilidade do pólen (SAINI, 1997). Estas

alterações podem favorecer o surgimento de poliploides em citros.

Outra vertente de utilização de poliploides é o possível uso como porta-enxertos

tetraploides que possuem características agronômicas de interesse e podem promover a

diversificação e segurança do parque citrícola brasileiro. Estes indivíduos são gerados pela

duplicação do material genético de células somáticas ou por hibridação de gametas não

reduzidos (ALLARIO et al., 2012). Porta-enxerto tetraploides imprime a redução de tamanho

das copas neles enxertados, favorecendo o adensamento dos pomares e diminuindo os custos

com a colheita. Além disso, possuem melhores e mais rápidas respostas a estresses como seca,

salinidade e a algumas doenças (SHAFIEIZARGAR et al., 2013).

Sabendo da importância do desenvolvimento de tangerinas sem sementes que

alavanquem o comércio de frutas frescas brasileiras e criação de novos porta-enxertos para

diversificação, proteção e aumento do rendimento dos pomares, foi objetivo deste trabalho

desenvolver uma metodologia utilizando o déficit hídrico para obtenção de triploides e

tetraploides em citros.

Material e métodos

As variedades utilizadas pertencem ao Banco de Germoplasma de Citros da Embrapa

Mandioca e Fruticultura (CNPMF), localizado em Cruz das Almas-BA. Foram utilizados três

clones de tangerineira, a saber: tangerineira ‘Fortune’, tangerineira ‘Dancy’ e tangerineira

‘Cravo’ visando obtenção de triploides. Estes genótipos foram selecionados de acordo a

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características de interesse para o mercado de frutas frescas, como tamanho do fruto e

coloração. Para obtenção de tetraploides fora utilizados o limoeiro ‘Cravo’ (C. limonia

Osbeck) seleção 'Santa Cruz' (LCRSTC), genótipo utilizado na maioria dos pomares

brasileiros e a tangerineira 'Sunki' seleção 'Tropical' (TSKTR). Os dois genótipos são

poliembriônicos permitindo a seleção dos seedlings nucelares.

O experimento foi realizado em telado antiafídeo durante os anos de 2013 a 2015. As

plantas foram acondicionadas em vasos de 45L contendo uma mistura de duas partes de areia

lavada, uma parte do solo e das duas partes de Rendmax Citrus, substrato comercial de casca

de pinheiro. Todos os genótipos foram enxertados no híbrido TSK x (RL x PT) – 059, onde

TSK se refere a tangerineira 'Sunki' , RL a limoeiro ‘Cravo' e PT as espécies P. trifoliata. Este

híbrido foi obtido pelo Programa de Melhoramento de Citros da Embrapa- CBP Citrus.

No mês de julho de 2014, que antecedem o período de floração os vasos foram

fechados com papel alumínio e, instaladas sondas TDR (Reflectometria no Domínio do

Tempo) para acompanhamento da umidade do solo. As sondas de TDR foram confeccionadas

artesanalmente, contendo três hastes de aço inoxidável de 0,003 m de diâmetro, 0,15 m de

comprimento, espaçadas de 0,022 m, isoladas com resina de poliéster, com cabos coaxiais

RG58 (50 ohms) de 0,75 m de comprimento (SANT'ANA et al., 2012). Em seguida a

irrigação foi suspensa em todas as plantas até que alcançassem a murcha com potencial

matricial do solo de -1,5 Mpa, equivalente a aproximadamente 10% da capacidade de campo

(CC). Após o déficit, foram reirrigadas para indução da formação de gemas florais,

coincidindo com o período de floração de plantas in vivo no Banco de Germoplasma da

CNPMF. Após isso foram iniciados os tratamentos de 20%, 40% de umidade a partir da CC e

controle com plantas mantidas em 100% CC. O estresse inicial foi realizado entre os meses de

fevereiro e março de 2014 sendo mantidos os tratamentos até a floração. O delineamento

experimental foi o inteiramente casualizado, utilizando 20 plantas de cada clone selecionado.

Entre setembro e novembro de 2014, período de emissão de flores, formam

mensurados, uma vez ao mês, as trocas gasosas: fotossíntese (A), Transpiração (E) e

condutância estomática (gs) com auxilio do Analisador de fotossíntese LCCroSD, IRGA para

confirmação do estado fisiológico das plantas. Neste período cerca de 30 foram emasculadas

no período da manhã antes da antese, realizado a hibridação manual obedecendo aos

cruzamentos pré-determinados e identificadas para controle (Tabela 1). Após a polinização

todas as plantas voltaram a CC para dar prosseguimento ao desenvolvimento dos frutos. Os

genótipos selecionados para a produção de portas-enxerto tetraploides, LCRSTC e TSKTR,

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foram hibridados com o Poncirus trifoliata devido a diferenciação dos indivíduos zigóticos

por ter folhas trifolioladas, característica dominante desta espécie.

Tabela 01. Parentais utilizados em hibridações manuais em clones diploides submetidos a dois

tratamentos de déficit hídrico visando obtenção de tangerineiras triploides e portas-enxerto

tetraploides.

Parental Feminino Parental Masculino

Obtenção de Triploides

Tangerineira 'Fortune' Tangerineira 'Cravo'

Tangerineira 'Dancy'

Tangerineira 'Cravo' Tangerineira 'Fortune'

Tangerineira 'Dancy' Tangerineira 'Fortune'

Obtenção de Tetraploides

Limoeiro Cravo Santa Cruz Poncirus trifoliata

Tangerineira Sunki Tropical

Os frutos quando maduros, aproximadamente cinco meses após a polinização, foram

coletados e as sementes retiradas e lavadas em cal virgem para retirada da mucilagem. As

sementes foram contadas, pesadas e classificadas em pequenas (1/3 a 1/6 do tamanho normal),

murchas e normais. As murchas foram descartadas, as normais levadas para plantio direto em

substrato Vivatto Plus e as pequenas encaminhadas para o laboratório de Cultura de Tecidos

da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Sob condições assépticas os embriões foram isolados e

colocados em tubos de ensaio para germinação in vitro, contendo meio de cultura constituído

de sais do MS (MURASHIGE; SKOOG,1962), vitaminas do meio B (100 mg/L de mio-

inositol, 10 mg/L cloridrato de piridoxina, 5 mg/l ácido nicotínico, 10 mg/l de cloridrato de

tiamina, 2 mg/L glicina), com 25 g L-1 de sacarose, 0.3 mg L-1 e 2,4 g/L de Phytagel e pH

ajustado para 5,8. e mantidas em sala de crescimento a 25ºC ± 2ºC e 16 horas de irradiância

(35 µmol m-2 s-1). Após 75 dias da germinação os seedlings foram levados para casa de

vegetação.

Após a aclimatação e germinação das sementeiras foi coletada uma folha madura de

cada seedeling para confirmação do nível de ploidia com auxilio de um citômetro de fluxo

Attune (Acoustic focusing cytometric) da marca Life. Foi utilizado o protocolo de Dolezel et

al., (2007) com as seguintes modificações: foram realizados testes com a espécie Crotalária-

breviflora comparado-a com um padrão de citros (Tangerineira ‘Sunki Tropical’) para

definição do conteúdo de DNA. A análise foi realizada utilizando amostras de três de

fragmentos de folhas de citros (2C = 0.70 pg de DNA) comparando-as com o conteúdo da

Crotalária-breviflora (2C = 2,02 pg de DNA). As amostras foram maceradas em placa de

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petri sobre gelo na presença de 1 ml de tampão de isolamento de núcleos (LB01, Galbraith’s

buffer, Tris.MgCl2 buffer) e depois acrescentado 0,20µL de iodeto de propídeo usado para

corar o DNA.

O cálculo para determinar o conteúdo de DNA das amostras desconhecidas foi

realizado segundo Dolezel et al. (2007), utilizando a fórmula :

Sample 2C value (DNA pg) = Sample mean peak position x Reference 2C value

Reference 2C mean peak position

Todas as sementes foram contadas e cerca de 100 sementes medidas e pesadas em

cada combinação. Os dados foram analisados utilizando cada fruto como unidade

experimental e as médias comparadas pelo teste Tukey (P≤0,05) no programa Sisvar versão

5.3.

Foram coletadas folhas maduras de diferentes ramos de três plantas por genótipo

dentro de cada tratamento para identificação e quantificação de hormônios e açúcares com

base nos dados obtidos do IRGA.

Determinaram-se os teores de ácido indolacético endógeno (IAA), ácido salicílico

(SA) e ácido abscísico (ABA) por cromatografia gasosa em espectrometria de massa em

tandem (GC-MS-SIM). Amostras de folhas e raízes (50-100 mg FW) foram extraídas como

descrito por Rigui et al. (2015). Cerca de 0.25 μg de cada padrão marcado [2H6] ABA

(OlChemIm Ltd.), [13

C6] IAA (Cambridge Isotopes, Inc.) e [2H6] SA (Cambridge Isotopes,

Inc.) foram adicionados a cada amostra como padrões internos.

Para quantificação de ABA, alíquotas do extrato foram metiladas tal como descrito em

Rigui et al. (2015). Para quantificação de IAA e SA, as alíquotas foram evaporadas,

ressuspensas em 50 mL de piridina seguido por uma derivatização de 60 min a 92ºC usando

50 mL N-tert-Butyldimethylsilyl-N-methyltrifluoroacetamide (with 1% tert-

Butyldimethylchlorosilane).

A análise foi realizada num cromatógrafo de gás acoplado a um espectrometro de

massa (modelo GCMS-QP2010 SE, Shimadzu) no modo de monitorização iônica seletiva. O

cromatógrafo foi equipado com uma coluna capilar de sílica fundida (30m, ID 0.25 mm,

0.50 mm thick internal film) DB-5 MS e fase estacionária usando hélio como gás

transportador a uma taxa de fluxo de 4.5 mL min–1

no seguinte programa: 2 min a100oC,

seguindo de uma rampa de 10oC min

–1 para 140

oC, 25

oC min

–1 para 160

oC, 35

oC min

–1 para

250oC, 20

oC min

–1 para 270

oC e30

oC min

–1 para 300

oC. A temperatura do injetor foi de

250°C e foram utilizados os seguintes parâmetros de funcionamento da MS: tensão de

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ionização, 70 eV (Ionização por impacto de elétrons); temperatura da fonte de íons, 230°C;

temperatura da interface, 260°C. Íons com uma relação massa / carga (m/z) de 244, 202 e 130

(correspondente a endógenos IAA); 250, 208 e 136 (correspondente a [13

C6]-IAA); 309, 195 e

209 (correspondente a endógenos SA); 315, 201 e215 (correspondente a [2H6] SA); 190, 162 e

134 (correspondente a endógenos ABA), e 194, 166 e 138 (correspondente a [2H6] ABA),

foram monitoradas. As concentrações endógenas foram calculadas com base nos

cromatogramas m/z 244 e 250 para IAA, 309 e 315 para SA e 190 e 194 para ABA.

Para açúcares solúveis que perfilam amostras de folhas e raízes (50-100 mg FW)

foram extraídos como descrito em Freschi et al. (2010). O resíduo sobrenadante foi

ressuspenso em 50 μL de piridina e derivatizado para 40 min a 60 °C com 20 µL de N,O-bis

(trimethylsilyl) trifluoroacetamide com 1% de trimethylchlorosilane. Os extratos de

trimethylsilylated foram analisados por GC-MS (modelo GCMS-QP2010 SE, Shimadzu) e

corrente iônica total.

As concentrações de hormônios e açúcares foram obtidas a partir de folhas frescas e os

dados transformados com base no peso seco, retirando-se a porcentagem média de água

referente a cada tratamento.

Resultados

Foram coletados 222 frutos de tangerineiras ‘Fortune’, ‘Cravo’ e ‘Dancy’ e comparado

as médias de tamanho médio de sementes entre os tratamentos pelo teste de Tukey (P≤0,05)

(Tabela 2). Porém entre os diferentes cruzamentos, considerando a TF como parental

masculino as sementes encontradas foram maiores na combinação TD x TF e quando

utilizado TF como genitor feminino TF x TD foi superior. O peso das sementes apresentou

diferença significativa entre e dentro dos tratamentos.

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Tabela 02. Comparação do tamanho e peso de sementes extraídas de frutos de tangerineiras

‘Dancy’ (TD), ‘Fortune’(TF) e ‘Cravo’ (TC) pelo teste de médias Tukey a 5% de

probabilidade submetidas a dois tratamentos de déficit hídrico, 20% e 40% da capacidade de

campo.

Variável Cruzamento Tratamentos

20% 40% 100%

Tam

anho

(mm

)

TD x TF 13.04aA 12.28aA 11.43aA

TC x TF 11.60bA 11.86aA 12.41aA

TF x TC 11.06bA 12.24aA 12.27aA

TF x TD 13.66aA 12.91aA -

Pes

o (

g) TD x TF 2.32aB 4.55aAB 4.71aA

TC x TF 3.11aB 3.44aAB 5.19aA

TF x TC 1.97aC 8.84aA 5.67aB

TF x TD 2.72aA 1.96bA - *Médias seguidas das mesmas letras maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey e minúsculas nas colunas pertencem ao mesmo grupo pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Os frutos gerados do cruzamento em que o parental masculino foi TF geraram 1506

sementes, destas 47 foram pequenas. Quando TF foi utilizado como parental feminino foram

obtidas 2481 sementes normais e 30 pequenas. As sementes classificadas como murchas

foram descartadas (Tabela 03).

Entre as sementes pequenas das tangerineiras germinadas in vitro utilizando a TF

como genitor feminino e TD como masculino, foram obtidos quatro indivíduos triploides no

tratamento 40% de CC (Tabela 03). Outros cinco indivíduos triploides foram encontrados no

mesmo tratamento (40% de CC), porém a partir de sementes normais, germinadas em casa de

vegetação. No tratamento 100% de CC foram encontrados cinco triploides, três entre as

sementes normais e dois em pequenas. O tratamento 20% gerou apenas dois triploides

encontrados em sementes normais. Nas hibridações com TC foi gerado apenas um triploide de

sementes normais no tratamento 20% de CC. Considerando o genótipo TF como parental

masculino foram encontradas 11 sementes pequenas na hibridação com TC, destas 45%

geraram triploides. No tratamento 20% de CC foram encontrado dois triploides oriundos de

sementes pequenas e dois de normais. No tratamento 40% de CC foi encontrado um indivíduo

triploide entre as sementes normais. Na hibridação com a TD foi encontrado apenas um

indivíduo triploide no tratamento 20% de CC entre as sementes normais (Tabela 03).

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Tabela 03. Quantificação do número de frutos, sementes, tamanho médio das sementes e

triploides encontrados a partir de cruzamentos entre as tangerineiras ‘Fortune’(TF), ‘Dancy’

(TD) e ‘Cravo’ (TC) nos tratamentos de déficit hídrico 20%, 40% da CC e controle.

Parental Triploides 3x

♀ ♂

Tratamento

Número

de

Frutos

Número

de

sementes

Numero

de

sementes

pequenas

Tamanho

Médio

Sementes

pequenas(%)

Sementes

normais(%)

TD TF

20% 53 669 13 13.55 ± 0.18 - 0,1

40% 13 131 7 12.72 ±0.27 - -

100% - - - - - -

TC TF

20% 27 303 7 11.21±0.19 28,0 0,7

40% 13 258 - 12.48±0.15 - 0,4

100% 8 173 4 12.26±0.14 - 0,6

TF

TD

20% 7 129 5 12.47±0.26 - 1,6

40% 41 1103 21 12.48±0.24 19,0 0,5

100% 12 326 5 11.51±0.18 40,0 0,9

TC

20% 27 686 9 11.4±0.19 - 11,0

40% 6 132 1 11.72±0.18 - -

100% 11 168 1 12.96±0.20 - -

A citometria de fluxo foi realizada em mais de 2000 seedlings comparando o conteúdo

de DNA de citros (2C=0,70 pg) com Crotalária-breviflora (2C=2,02 pg). As amostras triplas

de citros quando apenas materiais diploides estavam presentes apresentavam dois picos, um

representando a C. breviflora e o outro o citros. As amostras que acusavam a presença de

poliploides apresentavam um terceiro pico, então eram selecionados os poliploides (3C=1,00

pg) em uma nova análise individual (Figura 01).

Figura 01. Gráficos da análise de citometria de fluxo do book contendo duas amostras de

citros e uma de C. breviflora. (a) Amostra tripla com presença de híbrido tetraploide

representado pelo segundo pico, (b) amostra tripla com híbrido triploide (segundo pico).

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Foram avaliadas as concentrações de açúcares como sacarose, frutose, galactose e

glicose (Figura 02 A, B, C e D), além de hormônios como ácido abscísico (ABA), ácido

indolacético (AIA) e ácido salicílico (Figura 3 A, B e C) das folhas dos genótipos

selecionados nos diferentes tratamentos de déficit hídrico.

Figura 2. Análise da concentração de sacarose (A), frutose (B), galactose (C) e glicose (D) das

folhas de tangerineiras ‘Cravo’ (TC), ‘Dancy’ (TD) e ‘Fortune’ (TF) coletadas em plantas

submetidas a dois tratamentos de déficit hídrico 20, 40% de CC e controle. *As médias seguidas das

mesmas letras maiúsculas não apresentam diferença significativa dentro dos tratamentos. As médias seguidas de letras

minúsculas comparam os genótipos entre os tratamentos pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Foi verificado um aumento significativo de sacarose, frutose, glicose no tratamento

20% de CC nos genótipos avaliados quando comparados individualmente nos tratamentos,

com exceção da galactose que obteve diferença significativa, quando comparados os

tratamentos, apenas no genótipo TF, apresentando maior concentração no tratamento 20% de

CC em relação ao 40% de CC e controle. A avaliação entre genótipos mostrou que as

tangerineiras TC e TD possuem maior produção de sacarose em relação à tangerineira

‘Fortune’, destacando a maior produção em tangerineira ‘Cravo’ (Figura 2 A).

Quando comparados individualmente os genótipos TD e TF apresentaram maior

concentração de frutose no tratamento 20% de CC, o que está ligado a maior concentração de

sacarose nesses tratamentos (Figura 2 B), exceto para TC que não houve diferença

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significativa entre os tratamentos. Quando avaliado a concentração de galactose, houve uma

alteração em relação aos açúcares anteriores. As concentrações em TD divergiram

significativamente, apresentando menor concentração em 20% de CC. Além disso, em TC

tanto os tratamentos 100% e 20% de CC foram significativamente superiores ao 40% de CC.

Em TF houve diferença significativa entre o tratamento 20% de CC, apresentando com maior

concentração que os demais (Figura 2 C). Quanto à concentração de glicose, o tratamento

controle de TC não diferiu do 20% de CC, porém no demais genótipos as concentrações

foram significativamente maiores no 20% (Figura 2 D).

Os hormônios avaliados apresentaram variações significativas quanto às concentrações

entre e dentro dos genótipos e tratamentos. As concentrações do hormônio ABA foram

significativamente superiores para os genótipos TD e TF no tratamento 20% de CC. Não

houve diferença significativa entre os genótipos quanto a concentração de ABA no tratamento

100% de CC (Figura 3 A).

Figura 3. Análise da concentração de hormônios: A-ácido absísico (ABA), B-ácido

indoloacético (AIA) e C-ácido salicílico nas folhas de tangerineiras ‘Cravo’ (TC), ‘Dancy’

(TD) e ‘Fortune’ (TF) coletadas em plantas submetidas a dois tratamentos de déficit hídrico

20, 40% de CC e controle. *As médias seguidas das mesmas letras maiúsculas não apresentam diferença

significativa dentro dos tratamentos. As médias seguidas de letras minúsculas comparam os genótipos entre os tratamentos pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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As concentrações de AIA contrastaram significativamente em relação aos demais

hormônios. Foi verificado um aumento na concentração no tratamento 100% de CC em

relação à ABA e AS. Quando analisado as diferenças entre os genótipos a variedade TC se

destacou com maior concentração que TD e TF nos tratamentos 100% e 20% de CC, sendo

que em 40% não houve diferenças na concentração entre os genótipos avaliados (Figura 3 B).

As concentrações de AS apresentaram diferenças significativas no tratamento 20% de CC

para o genótipo TF, sendo as maiores concentrações encontradas neste tratamento e 40% de

CC em TC e TD. Considerando o tratamento controle, se destacaram os genótipos TD e TF

(Figura 3 C).

No experimento visando a obtenção de porta-enxertos tetraploides foram gerados 299

frutos, 141 de LCRSTC e 158 de TSKTR. As classificações das sementes extraídas e forma

de plantio seguiram os parâmetros e do experimento já descrito anteriormente neste trabalho.

Apesar do grande número de sementes encontradas em LCRSTC nos três tratamentos de

déficit, não foram encontrados seedlings tetraploides. Foram verificados aproximadamente

2600 seedlings por citometria de fluxo identificando quatro tetraploides formados da

hibridação entre P. trifoliata e TSKTR no tratamento 20% de CC e dois no 40% de CC

(Tabela 04). Entre os genótipos houve diferença significativa apenas para peso no tratamento

40% pelo de Tukey (P≤0.05). Porém dentro dos tratamentos houve diferença significativa no

tamanho das sementes para ambos os genótipos avaliados e para peso apenas no TSKTR

(Figura 4).

Tabela 04. Número de frutos, sementes, tamanho médio das sementes e tetraploides (4x)

encontrados a partir de cruzamentos dos genótipos limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ (LCRSTC) e

Tangerineira ‘Sunki Tropical’ (TSKTR) com Poncirus trifoliata submetidos a dois

tratamentos de déficit hídrico, 20%, 40% de CC e controle.

Parental Tratamento Número de

Frutos

Número de

Sementes

Tamanho

Médio Tetraploides (%)

♀ ♂

LC

RS

TC

Poncirus

trifoliata

20% 104 721 9.97±0.10 -

40% 30 255 9.53±0.09 -

100% 7 52 9.80±0.23 -

TS

KT

R

Poncirus

trifoliata

20% 85 992 9.26±0.08 0,4

40% 68 773 9.63±0.10 0,3

100% 5 88 10.16±0.21 -

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Figura 4. Efeito dos tratamentos de déficit hídrico 20% e 40% de CC comparado ao controle

no tamanho e peso médio de 50 sementes nos genótipos limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’

(LCRSTC) e Tangerineira ‘Sunki Tropical’ (TSKTR). *As médias seguidas da mesma letra não apresentam

diferença significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

O acompanhamento do estado fisiológico das plantas durante os meses de floração

apresentou variações dentro dos tratamentos, porém não apresentou diferenças significativas

entre os genótipos. Diante dos dados analisados, houve efeito significativo apenas para o fator

umidade, independente do parâmetro analisado, A, E e gs (Anexo 1).

Figura 05. Médias das repostas fisiológicas: fotossíntese (A), Trasnspiração (B) e condutância

estomática (C) em tangerineiras ‘Dancy’, ‘Fortune’ e ‘Cravo’ submetidas a dois tratamentos

de déficit hídrico e controle. *As médias seguidas da mesma letra não apresentam diferença significativa

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Independente do genótipo avaliado as melhores respostas aos parâmetros analisados

foram verificadas no tratamento controle, 100% de CC (Figura 05).

Utilizando LCRSTC e TSKTR não foi observada interação entre a umidade e os

genótipos, sendo altamente significativo apenas o fator umidade nos três parâmetros avaliados

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e diferença significativa entre os genótipos para transpiração pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade (Anexo 2). Este ultimo, o LCRSTC, apresentou médias superiores ao TSKTR.

As médias obtidas para os parâmetros utilizados para mensurar o estádio fisiológico

dos genótipos selecionados nos diferentes tratamentos apresentou diferenças significativas

entre os tratamentos 20% e 40% de CC em relação ao controle (100% de CC). Porém, para

condutância e transpiração o tratamento 40% de CC não difere estatisticamente do 100% de

CC (Figura 06).

Figura 06. Médias das repostas fisiológicas fotossíntese (A), transpiração (B) e condutância

(C). em limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ (LCRSTC) e tangerineira ‘Sunki Tropical’(TSKTR)

submetidas a dois tratamentos de déficit hídrico 20, 40% de CC e controle*As médias seguidas da

mesma letra não apresentam diferença significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Na análise de açúcares ambos os genótipos avaliados individualmente o tratamento

20% de CC se destacou com maior concentração de sacarose e glicose. Quando a comparação

foi realizada entre os genótipos, a tangerineira Sunki Tropical apresentou maiores

concentrações de sacarose, frutose, glicose e galactose em todos os tratamentos analisados. A

TSKTR apresentou diferença significativa entre o tratamento 20% de CC com maior

concentração de sacarose em relação aos demais (Figura 7 A e B).

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Figura 7. Concentração média de sacarose, frutose e glicose (A) e galactose (B) em folhas de

limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ (LCRSTC) e tangerineira ‘Sunki Tropical’ (TSKTR) submetidas

a dois tratamentos de déficit hídrico 20, 40% de CC e controle. *As médias seguidas das mesmas letras

maiúsculas não apresentam diferença significativa dentro dos tratamentos. As médias seguidas de letras minúsculas

comparam os genótipos entre os tratamentos pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

A avaliação da concentração dos hormônios presentes nas folhas dos genótipos

LCRSTC e TSKTR mostrou que as concentrações de ABA são maiores no tratamento 20% da

CC. Além disso, quando comparados os genótipos foi encontrado maiores concentrações

desse hormônio em TSKTR. Não houve diferença significativa para LCRSTC quando

avaliado a concentração de AIA nos diferentes regimes hídricos, porém no genótipo TSKTR

as plantas controle apresentaram maior concentração que os tratamentos de déficit. Assim

como o AS apresentou maior concentração no genótipo TSKTR em todos os tratamentos.

A

B

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Quando comparado individualmente o genótipo LCRSTC apresentou maior concentração de

AS em 20% de CC (Figura 8).

Figura 8. Concentrações de hormônios nas folhas de limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ (LCRST) e

tangerineira ‘Sunki Tropical’ (TSKTR) em dois tratamentos de déficit hídrico, 20 e 40% de

CC e controle. *As médias seguidas das mesmas letras maiúsculas não apresentam diferença significativa

dentro dos tratamentos. As médias seguidas de letras minúsculas comparam os genótipos entre os tratamentos

pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Discussão

Houve uma tendência ao aumento do no número de sementes quando TF foi utilizado

como parental feminino e TD como masculino, condição diferente apenas no tratamento 20%

de CC em que o cruzamento com TC obteve maior média. Aleza et al. (2012) utilizando o

genótipo ‘Fortune’ como genitor feminino e tangelo ‘Orlando’ como masculino alcançou

aproximadamente 18 sementes por fruto. Neste trabalho houve um aumento do número de

sementes por fruto, em media 24, independente do tratamento de déficit hídrico. Esta variação

pode estar vinculada aos parentais utilizados nos cruzamentos além de efeitos ambientais.

Trabalhos utilizando a tangerineira ‘Fortune’ para desenvolvimento de híbridos poliploides

mostram variações do número de sementes pequenas encontradas por fruto de acordo ao

parental utilizado e período avaliado (ALEZA et al., 2010).

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Neste experimento a quantidade de sementes produzidas na tangerineira ‘Sunki’

seleção Tropical foi em média 13,6 (Tabela 4). Resultados similares quanto à quantidade de

sementes por fruto em limoeiro ‘Cravo Santa Bárbara’ (C. limonia Osb.) 7,6 e tangerineira

‘Sunki’ (C. sunki Hort. ex Tan.) 5,7 foram encontrados por Soares Filho et al. (2002). A

diferença entre o número de sementes está relacionada ao cruzamento (TOOLAPONG et

al.,1996) e efeitos ambientais, visto que neste experimento as plantas foram submetidas a

restrição hídrica durante o período de floração.

A quantidade de sementes pequenas geradas por fruto durante o experimento com

tangerineiras quando TF foi utilizada como genitor feminino variou entre os tratamentos de

déficit. A maior frequência relativa de sementes pequenas foi encontrada na CC de 40%, onde

foram encontradas cerca de 1,5% e 2% nos cruzamentos com TD e TC respectivamente.

Quando o genótipo TF foi utilizado como parental masculino as maiores frequências também

foram encontradas no tratamento 40% de CC com 4,5% e 3,6% nos cruzamentos utilizando os

parentais masculinos TD e TC respectivamente.

Estes valores são inferiores aos encontrados por Aleza et al. (2010) utilizando a

‘Fortune como parental feminino em que encontrou aproximadamente 3 sementes pequenas

por fruto, destas cerca de 2,54 eram híbridos triploides. Usman et al. (2006) trabalhando com

ocorrência espontânea de poliploides utilizado diferentes cruzamentos de tangerineiras no

Paquistão encontrou híbridos triploides espontâneos a partir de sementes pequenas nos cinco

genótipos avaliados. Porém em um dos cruzamentos envolvendo a tangerineira

‘Kinnow’(Citrus reticulata Blanco) foi encontrada a maior quantidade de sementes pequenas,

mas foi inferior em frequência de triploides em relação a outros cruzamentos, enquanto o

genótipo com menor número de sementes pequenas obteve a maior frequência de triploides.

Isso mostra que a obtenção de sementes pequenas não implica necessariamente na

formação de triploides, fato observado também neste trabalho, onde no cruzamento em que o

clone TF foi hibridado com TD no tratamento 20% de CC gerou 1,6% de híbridos triploides a

partir de sementes classificadas como normais (Tabela 3). Esta frequência foi superior à

verificada por Aleza et al. (2011) testando a influência de diferentes regiões e condições

ambientais na multiplicação do genoma na variedade ‘Carrizo’, encontrando a frequência de

0,9% de híbridos tetraploides oriundos de seedlins da Bahia. Os mesmos autores sugerem que

as baixas temperaturas influenciam na multiplicação do genoma, porém Gerra et al. (2016)

afirmam que apesar da variação da amplitude térmica influenciar na ploidia, não se pode

confirmar quais fatores ou fator isolado responsável pela indução dos eventos de

poliploidização. Assim, apesar da importância econômica e empenho dos programas de

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melhoramento genético, os mecanismos associados a poliploidização ainda permanecem

desconhecidos.

A redução do tamanho das sementes esta ligado ao balanço numérico do endosperma,

em que o desenvolvimento normal segue a proporção 2:1 materno para paterno em espécies

de plantas diploides como o citros. Nestes casos o desenvolvimento do endosperma é normal

(CARPUTO et al., 2003). Os indivíduos que passam por poliploidização estão fora desta

proporção e o endosperma é degenerado o que provoca a redução do tamanho da semente.

Porém neste trabalho as sementes classificadas como normais também geraram poliploides,

logo pode-se sugerir que outras alterações além do desbalanço do endosperma estão ligadas

ao processo de poliploidização.

A redução no tamanho da semente e a relação com o aumento dos conjuntos

cromossômicos também foi verificada nos cruzamentos visando o desenvolvimento de

tetraploides. Dentre as vantagens de se obter tetraploides em citros estão a divisão da função

antes exercida, pelos pares de genes duplicados, fenômeno conhecido como

subfuncionalização, além da possibilidade da ocorrência da neofuncionalização em que o par

de genes duplicado exerce nova função no organismo (RENSING, 2014; ADAMS e

WENDEL, 2005; MOGHE e SHIU, 2014; ARRIGO e BARKER, 2012).

Os indivíduos tetraploides no genótipo TSKTR foram encontrados nos tratamentos

20% e 40% de CC com frequência de 0,4% e 0,25% respectivamente. As sementes nestes

tratamentos foram significativamente menores em relação ao controle. Os eventos de

tetraploidização podem ocorre a partir da fecundação de dois gametas não reduzidos resultado

de alterações na meiose (BROWNFIELD e KÖHLER, 2011) e de mutações em células

nucelares com a duplicação do material genético sem que ocorra a mitose (GUERRA et al.,

2016). Os resultados obtidos neste experimento são provenientes da duplicação de células

somáticas, já que os genótipos foram fecundados com pólen de P. trifoliata dominante para o

formato da folha trifoliolada, o que facilitou a identificação e seleção dos seedlings nucelares.

No genótipo LCRSTC não foram encontrados indivíduos tetraploides ao contrário do

TSKTR. Esta diferença pode estar ligada a mecanismos de sobrevivência distintos ao estresse

hídrico, em que o genótipo TSKTR parece assegurar a sobrevivência da planta (SANTANA-

VIEIRA et al., 2016). Segundo Waseem et al. (2011) a adaptação a seca envolve diversos

processos biológicos complexos, entre elas controle da expressão gênica, redução de

crescimento, aumento de ABA e alterações fisiológicas como fechamento estomático,

aumento do crescimento das raízes para ampliar a área de captação de nutrientes. Santana-

Vieira et al. (2016) trabalhando com tangerineira ‘Sunki’ seleção Maravilha e limoeiro

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‘Cravo’ concluíram que os mecanismos de sobrevivência destes genótipos são diferentes.

Afirmam ainda que a ‘Sunki’ Maravilha possui estratégias de sobrevivência a períodos de

restrição hídrica superiores ao Limoeiro ‘Cravo’ pois plantas enxertadas em ‘Sunki’

apresentaram mecanismos para prevenir danos celulares, manutenção do metabolismo e

turgor. Estes dados reforçam a hipótese que as mutações que culminam na duplicação do

conjunto de cromossomos em células somáticas podem estar associadas a mecanismos de

sobrevivência. Visto que aumento da ploidia confere diversas vantagens fisiológicas, com

maior flexibilidade para superar flutuações ambientais, proporcionado a ocupação de novos

habitat que seus parentais diploides não conseguem povoar (MADLUNG, 2013).

As concentrações de hormônios e açúcares avaliados a partir das folhas dos genótipos

selecionados nos diferentes tratamentos reforçam a situação fisiológica das plantas utilizadas

no experimento e seus mecanismos de sobrevivência em períodos de déficit hídrico. A fixação

de carbono e a transformação da energia luminosa em química, rica em açúcares, pelas

plantas além da produção do oxigênio é primordial para sobrevivência dos seres vivos. Estas

moléculas de açúcar auxiliam, principalmente nos vegetais e microoganismos, na tolerância as

mudanças ambientais tanto diárias quanto as prolongadas. A regulação metabólica, resistência

a estresse, crescimento, sinalização entre outras funções celulares estão vinculadas aos

açúcares, sendo que os organismos autotróficos, fotossintetizantes podem ser classificados

tanto como fontes quanto como importadores de açúcares para suprir as necessidades de seus

tecidos e órgãos (ROLLAND et al., 2006).

Os açúcares possuem grande relevância no crescimento, desenvolvimento e regulação

das plantas. Estes fazem parte da estrutura dos ácidos nucleicos DNA e RNA, são utilizados

como substratos para síntese de macromoléculas e estão presentes na estrutura paredes

celulares além de serem necessários no funcionamento de proteínas e lipídios (YU 1999).

A produção e manutenção dos açúcares está diretamente vinculada a fotossíntese, assim

perturbações bióticas e/ou abióticas que interfiram no processo fotossintético comprometem

também o suprimento de carboidratos nas células. Segundo Reddy et al. (2004) o aumento das

concentrações dos açúcares está ligada a resposta fisiológica das plantas quando submetidas a

restrição hídrica que provocam mudanças no processo fotossintético culminando em

alterações nas concentrações de amido e açúcares. O aumento de frutose e glicose estão

diretamente ligadas ao aumento de sacarose. Já nas células onde será utilizada, a sacarose é

hidrolisada por enzimas invertases em frutose e glicose, o que justifica o aumento destes

açúcares. Segundo Santana-Vieira et al. (2016), trabalhando com diferentes combinações de

porta-enxertos e copas comerciais de citros, verificaram que o déficit hídrico foi responsável

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pelo aumento de carboidratos tanto em nas raízes quanto nas folhas, resultados semelhantes

aos encontrados neste experimento.

Dentre os hormônios encontrados nas folhas estão o ABA responsável pela sinalização

diante de estresses como a restrição hídrica, induzindo o fechamento estomático,

influenciando na redução da perda de água, transpiração e trocas gasosa o que culmina

também na diminuição das taxas fotossintéticas (OSAKABE et al., 2014). Segundo

Sreenivasulu et al. (2012) os estresses abióticos como seca, salinidade e frio estão envolvidos

na regulação positiva de ABA nas plantas vasculares que pode influenciar na expressão de

genes. Os autores salientam que o ABA é considerado um hormônio universal responsável

pela reprogramação transcricional diante de estresses tanto em respostas rápidas quanto sobre

déficit hídrico prolongado. Segundo Tamayo-Ordóñez et al. (2016) os fatores baixa

temperatura, escuridão e hormônios responsáveis pelo crescimento, como o ABA, interferem

na expressão de genes reguladores dos processos mitóticos e meióticos provocando o

surgimento de gametas não reduzidos e duplicações somáticas.

Estudos relacionam as concentrações de ABA com a expressão de genes inibidores de

cinases dependentes de ciclinas (Kip-regulated inhibitor-KRP). Os complexos formados entre

ciclinas e cinases depedentes de ciclinas (CDKs, cyclin-dependent kinases) são responsáveis

pela regulação e continuidade do ciclo mitótico em células eucariontes. Assim interferências

neste complexo proteico, ciclina-CDK, permitem a duplicação do material genético porém a

célula não entra no ciclo mitótico, alternando assim entre as fases S para G1 do ciclo celular,

tornando-se poliploide (INZE, DE VEYLDER, 2006). Logo as maiores concentrações de

ABA nos tratamentos de déficit hídrico podem ter influenciado no complexo ciclina-CDK e

duplicação do material genético de embriões nucelares em tangerineira ‘Sunki Tropical’.

Sreenivasulu et al. (2010) trabalhando com cevada concluiu que baixas concentrações

de ABA estão ligadas ao menor desenvolvimento do endosperma, folhas e frutos sugerindo a

participação deste hormônio também na organogênese. Este experimento mostrou que a

TSKTR possui mecanismos de resposta ao estresse mais eficientes, uma vez que as

concentrações de ABA são maiores no tratamento 20% de CC quando comparados a LCRST,

assim como entre as tangerineiras a TD se sobressaiu diante das demais no tratamento 40% de

CC.

Por estar envolvido na resposta estomática, o ABA também influencia na concentração

de outros hormônios, entre eles o ácido salicílico (SA), envolvido na defesa contra patógenos

e florescimento. Acharya e Assmann (2009) concluíram que a interação entre o ABA e SA

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são responsáveis também pela regulação do fechamento estomático evitando a entrada de

patógenos e auxiliando no processo de tolerância ao déficit hídrico.

O ácido indoloacético (AIA), outro hormônio encontrado nas folhas dos genótipos

avaliados, faz parte da classe de hormônios vegetais, auxinas, responsáveis pela divisão

celular e diferenciação dos tecidos (ACHARYA e ASSMANN 2009), retardo da senescência

foliar (KUSABA et al.,2013) e regulação do crescimento inflorescências em arroz

(KHANNA-CHOPRA e SINGH, 2015). Apesar das baixas concentrações, este hormônio não

influencia na formação dos frutos em citros (VARDI et al., 2008), o que pode ser confirmado

neste experimento, visto que a maior produção de frutos foi encontrada nos tratamentos 20 e

40% de CC onde as concentrações de AIA foram significativamente menores que o

tratamento controle. As concentrações de AIA diminuem quando as plantas são submetidas ao

déficit hídrico, porém este hormônio tem papel fundamental na tolerância ao estresse, uma

vez que é responsável pela quebra de dominância apical em raízes (FAROOQ et al., 2009).

As informações geradas neste experimento mostram a tendência dos efeitos do déficit

hídrico na frequência de triploides e tetraploides. A metodologia utilizando o déficit hídrico a

40% de CC em tangerineiras e 20% na tangerineira ‘Sunki’ sugere que tanto a formação de

gametas não reduzidos quanto a duplicação dos do genoma podem estar vinculados também a

este estresse. Novos trabalhos devem ser realizados com estresses combinados para promover

o aumento na resposta fisiológica e metabólica dos genótipos de citros de interesse comercial,

para aumentar a frequência de poliploides em hibridações específicas.

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Anexo

Anexo 1. Resumo da análise de variância para os parâmetros Fotossíntese (A, µmols.m-2.s-1),

Transpiração (E, µmols.m-2.s-1) e Condutância estomática (gs, mmols.m-2.s-1 ) obtidos

durante os meses de floração das tangerineiras ‘Fortune’(TF), ‘Dancy’(TD) e ‘Cravo’.

FV GL QM

A E gs

Genótipo 2 0.23541 ns

0.02551 ns

0.00021 ns

Umidade 2 7.80571** 0.60437** 0.00149**

Genótipo*Umidade 4 0.72960 ns

0.33756 ns

0.00008 ns

Erro 9 0.27216 ns

0.02838 ns

0.00006 ns

CV (%)

11.62 13.97 12.91

Média Geral 4.48 1.20 0.06

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F, ns

não significativo a 5% de probabilidade

Anexo 2. Resumo da análise de variância para os parâmetros Fotossíntese (A, µmols.m-2.s-1),

Transpiração (E, µmols.m-2.s-1) e Condutância estomática (gs, mmols.m-2.s-1 ) obtidos

durante os meses de floração dos genótipos RL e ST.

FV GL QM

A E gs

Genótipo 1 0.26402ns

0.54427* 0.00000 ns

Umidade 2 7.44430** 0.51585** 0.00138*

Gen*Umidade 2 0.25487 ns

0.08404 ns

0.00012 ns

Erro 12 0.70185 ns

0.08248 ns

0.00025 ns

CV% 20.23 25.99 29.36

Média Geral 4.14 1.10 0.05 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F,

ns não significativo a 5% de probabilidade

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CAPITULO 2

Water deficit increases the frequency of hybrid citrus with polyembryonic

female parents

Artigo submetido à Crop Breeding and Applied Biotechnology em 28/11/2016

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Water deficit increases the frequency of hybrid citrus with polyembryonic female

parents

Abstract

The aim of this study was to develop a methodology that uses water deficit induction to

increase the frequency of hybrids in 'Sunki' mandarin Tropical selection and ‘Santa Cruz

Rangpur’ lime, varieties that have a high and an intermediate level of polyembryony,

respectively. The experiment examined the ‘Sunki Tropical’ mandarin and ‘Santa Cruz

Rangpur’ lime genotypes at three water stress intensities: 20, 40 and 100% of the pot capacity

(PC). The generated fruits were harvested, and the seeds were counted. After germination, the

number of nucellar and hybrid seedlings was determined. For ‘Santa Cruz Rangpur’ lime

genotype, the highest hybrid frequency generated was 64.2%, which occurred at a PC of 40%

and exceeded by 12% that occurring at a PC of 100%. For ‘Sunki Tropical’ mandarin, the

highest observed hybrid frequency was 21.75%, which occurred at a PC of 20% and was more

than double the hybrid frequency of 8.57% observed at 100% of the PC.

Keywords: Plant breeding, rootstock, apomixis, drought, Citrus spp

INTRODUCTION

Most plant species are perpetuated by zygotic embryogenesis, but some, such as citrus,

are able to spread naturally from somatic cells, a phenomenon called apomixis (Nakano et al.

2013). Polyembryony is a type of apomictic reproduction that is responsible for generating

more than one embryo per seed (Chen et al. 2008, Soares Filho et al. 2014). This peculiarity

allows the multiplication of interesting genotypes, especially in the case of rootstocks, by

generating clones formed from the nucellar tissue of the mother plant.

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The significant geographic spread of citrus (Citrus L. and related genera) and increased

incidence of diseases, pests and climate change plaguing this culture, direct efforts to the

development of cultivars tolerant and/or resistant to stress of biotic and abiotic nature.

Among the solutions is the diversification of rootstocks, especially those from crosses with

Poncirus trifoliata (L.) Raf., an important species in the development of new varieties

because of their tolerance to certain biotic stresses (Ollitrault 2012).

The progeny obtained from crosses involving P. trifoliata have the potential to generate

rootstocks capable of reducing the size of scion, in addition to enabling disease resistance, the

production of high quality fruit and tolerance to cold, alkalinity, salinity and drought (Passos

et al. 2006, Grosser et al. 2007, Hussain et al. 2012, Castle et al. 2015). The good performance

of hybrid rootstocks generated from crosses with P. trifoliata can not only produce stable and

productive orchards but also enable their expansion into non-producing regions, with positive

effects on the income of growers. In addition, hybridizations with P. trifoliata are routine

because this species is associated with a dominant, readily evident, morphological marker,

which is the presence of leaves with trifoliate blades, allowing the early identification of

zygotic seedlings derived from crosses with female parents whose leaf blades are simple

(Soares Filho et al. 2014).

The process of obtaining hybrids is restricted by the high polyembryony of certain

female parents, the high heterozygosity that is common to most citrus species, and the long

period needed to assess the generated individuals (Soares Filho et al. 2014). Referring to

polyembryony, the presence of many nucellar embryos in the same seed and their subsequent

competition with the zygotic embryo hinder the survival of the zygotic embryo and may lead

to the elimination of individuals with potential for agronomical use. This phenomenon is

evident in female parents with otherwise outstanding agronomic qualifications as rootstock,

such as the 'Sunki' mandarin [C. sunki (Hayata) hort. ex Tanaka] Tropical selection, whose

polyembryony approaches 100%, unlike the common 'Sunki', which presents a low degree of

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polyembryony, less than 20% (Soares Filho et al. 2002). This situation limits the recovery of

hybrids (Soares Filho et al. 2014) and thereby constructs a barrier to the development of new

rootstocks.

The 'Sunki Tropical' mandarin plant has advantages over the common 'Sunki' mandarin

regarding its use as rootstock, including more seeds per fruit and high polyembryony (Soares

Filho et al. 2002). These characteristics, which are associated with good drought tolerance and

resistance to Phytophthora gummosis according to observations made in commercial field

orchards, show a possible superiority of 'Sunki Tropical' over the common 'Sunki’ in the

generation of good varieties of rootstock by hybridization. In this context, it is of paramount

importance to develop methods to control the high polyembryony rates recorded in 'Sunki

Tropical' and other varieties of citrus, such as 'Cleopatra' mandarin (C. reshni hort. ex

Tanaka), which have the capacity in crosses to generate individuals with great potential for

use as rootstocks.

In Brazil citrus orchards mostly use the rootstock ‘Santa Cruz Rangpur’ because it has

agronomic characteristics of interest such as good productivity in periods of drought, rusticity

and tolerance to certain diseases (Oliveira et al., 2008).

The aim of this study was to develop a strategy using water deficit induction to

increase the frequency of hybrids in female parent with high rates of polyembryony, based on

the 'Sunki' mandarin 'Tropical' selection.

MATERIALS AND METHODS

The experiment was developed in an anti-aphid greenhouse at Embrapa Cassava and

Fruits, municipality of Cruz das Almas, BA, Brazil (lat 12° 40’ 39” N, long 39° 06’ 23” and

alt 260m asl), between 2013 and 2015. The work was based on two varieties obtained by the

Citrus Breeding Program of Embrapa Cassava and Fruits - CBP: Rangpur lime (C. limonia

Osbeck) 'Santa Cruz' selection ‘Santa Cruz Rangpur’ lime and ‘Sunki Tropical’ mandarin.

These varieties, which are commercially used as rootstocks for citrus growers, were grafted

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onto hybrid CSM x (RL x PT) - 059, where CSM refers to the common 'Sunki' mandarin, RL

to 'Rangpur' lime and PT to the species P. trifoliata. This hybrid was also obtained by CBP.

The climatic variables, including air temperature, relative humidity and radiation, were

monitored with the aid of a weather station installed at the experimental site. The average

maximum and minimum temperature ranged 23°C within the four months of the pollinations.

The relative humidity ranged from 91.4 to 40.0% between October and November (Figure 1).

Gas exchanges were measured occasionally during the pollination period to confirm the

physiological condition of the plants (Figure 2).

The soil consisted of a mixture of two parts of washed sand, one part of soil and two

parts of Rendmax Citrus, a commercial pine bark substrate (2:1:2). The matric potential was

estimated at the Soil Physics Laboratory of Embrapa Cassava and Fruit, based on the Van

Genuchten model (1980) and humidity values.

The experiment was conducted in a completely randomized design using a factorial 2 x

3 arrangement (2 pre-selected genotypes x 3 stress intensities). The 3 stress intensity

treatments each used 20 two-year-old plants per genotype packed in 45 L pots, which were

covered with aluminium foil to prevent evaporation.

Before the beginning of the experiment, all the plants were kept at 100% of the pot

capacity (PC). Before starting treatment, all the plants were subjected to an initial water

deficit, with irrigation suspended to the wilting point, which occurred at approximately 10%

of the available water fraction of the pot. After reaching this moisture level, 10 days were

allowed to pass before irrigation was resumed to induce flowering. Following this 10-day

period, the plants were hydrated to three levels of water stress, namely, severe, moderate and

no water stress (control) at 20, 40 and 100% of the PC, respectively.

The soil water content was accessed using time domain reflectometry (TDR) probes

constructed by hand and containing three stainless steel rods 0.003 m in diameter, 0.15 m

long, spaced 0.022 m apart, insulated with polyester resin and fitted with RG58 coaxial cables

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(50 ohms) 0.75 m long. The plants were irrigated every two days based on the data obtained

from the TDR readings, replacing only the amount of water required to stabilize the

treatments.

During the plant flowering period, which occurred when the plants were three years old,

gas exchanges were monitored for photosynthesis (A), transpiration (E) and stomatal

conductance (gs) using an infrared gas analyzer (IRGA, LCpro-SD photosynthesis analyzer).

During that period, the tops of 'Rangpur Santa Cruz' lime and 'Sunki Tropical' mandarin were

pollinated with P. trifoliata (PT). The pollinations were always manually performed in the

morning and identified for control. Between September and December 2014, approximately

30 flowers were pollinated in plants of each genotype. Some pollination events were aborted,

and others were chopped due to the accumulation of fruit on the branch. After the pollination

period, all the plants were irrigated to 100% of the PC. Routine cultivation treatments were

carried out throughout the period for pest control.

Between April and June 2015, 299 fruits (Table 1) were collected: 141 ‘Santa Cruz

Rangpur’ lime and 158 ‘Sunki Tropical’ mandarin derived from controlled pollinations that

were distributed among the water deficit treatments. The seeds were extracted, placed in

whitewash solution (calcium hydroxide and magnesium hydroxide), then washed in running

water to remove the mucilage and stored in the shade over newsprint to dry for one day. The

seeds were separated and counted by genotype and treatment to determine the number of

fruits per treatment and the number of seeds per fruit as well as the median size and weight of

50 seeds.

After drying, the seeds were classified as unviable when shrivelled, small when they

reached one-third (1/3) to one-sixth (1/6) of normal size, and normal. The shrivelled seeds

were discarded, and the normal ones were sown directly in seedbeds containing pine bark

substrate. The small seeds were brought to the Tissue Culture Laboratory of Embrapa Cassava

and Fruits for in vitro germination. After disinfection, the seeds were grown in test tubes

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containing approximately 10 mL of WPM medium, which was supplemented with 25 g.L-1

of

sucrose, solidified with 7 g.L-1

of agar and adjusted to pH 5.8 before autoclaving. The tubes

were kept in a growth room at a temperature of 27± 1°C and a photon flux density of 30

µmol.m-2

.s-1

under a 16-hour photoperiod for 45 days. Acclimatization was conducted in a

greenhouse with controlled ventilation.

The effects of treatments in genotypes were evaluated through analysis of variance and

the means compared by Tukey (P<0.05) test using the statistical program genes (Cruz 2006).

RESULTS AND DISCUSSION

When compared with the control treatment (100% of the PC), an increase of the greatest

magnitude in fruit number and, consequently, in the amount of available seed was observed in

both genotypes for the most severe water deficit treatment, the 20% of PC treatment, followed

by lesser increases for the 40% of PC treatment. These results confirm the observations of

(Chica and Albrigo 2013), indicating that flowering in citrus is stimulated by water scarcity,

as well as by low temperatures. These abiotic effects promote the differentiation of

reproductive vegetative buds, increasing the number of flower buds and thus the development

of more flowers and fruits (Santos et al. 2004, Iglesias et al. 2007). Another notable trend in

both genotypes was a reduction in average seed weight with an increased severity of water

deficit due to the emergence of lighter seeds in the 20% of PC treatment (Table 2).

In fruit plants, the induction of flowering after drought is common (Nakajima et al. 1993,

Cuevas et al. 2008, Chang et al. 2014), and flowering is the determining phenological stage

for productivity (García-Tejero et al. 2011). Responses to water stress are known to be

associated with changes that lead to reproductive cycle manifestation, determining the

cessation of sprout growth and the stimulation of reproductive bud formation, with the

manifestation of this process influenced by the intensity and duration of stress, as well as the

plant species (Cuevas et al. 2008, Ávila et al. 2012). The hydraulic discontinuity present in the

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basal structure of flowers and leaf sheaths causes the response amplitude to be greater in

flowers than in other parts of the plant, even under stress. This slows the loss of water,

ensuring the development of flowers and favouring the production of fruits (Saini 1997).

However, as Sunki Maravilha seeds have become smaller and lighter by reducing the amount

of water supplied in water deficit treatments. These results explain the increased frequency of

hybrids found in this treatment. Lighter seeds may favor the zygotic embryo in competition

with nucellars.

The number of seeds extracted was 1028 for ‘Santa Cruz Rangpur’ lime and 1653 for

‘Sunki Tropical’ mandarin. Twenty ‘Santa Cruz Rangpur’ lime seeds were classified as small

seeds and were sent for in vitro germination. The shrivelled seeds were discarded, and the

normal ones were planted directly in the seeding. For the normal ‘Santa Cruz Rangpur’ lime

seeds that germinated, the observed frequency in the 20% PC treatment was 54.46% for

hybrids and 45.53% for nucellar individuals, and in the 40 and 100% PC treatments, the

observed frequencies were 64.21 and 52.63% for hybrids and 37.78 and 47.36% for nucellar

seedlings, respectively (Table 1). The total seed number does not match the plant number due

to polyembryony (some seeds generated more than two seedlings).

In the ‘Sunki Tropical’ mandarin genotype, 54 small seeds were found. Of these, only

six derived from the 20% of PC treatment, generating four hybrid and two nucellar seedlings.

Of the remaining small seeds, 30 originated from the 40% of PC treatment, generating eight

hybrid and 22 nucellar seedlings. The normal seed in the 20% of PC treatment generated

21.75% hybrid and 78.24% nucellar seedlings, whereas the 40 and 100% of PC treatments

formed 15.33 and 8.57% hybrid seedlings, respectively, compared with 84.66 and 91.42%

nucellar seedlings (Table 1).

In this study, it was found that water stress promoted the formation of hybrids in 'Sunki

Tropical' female parent despite the high rate of polyembryony presented by this mandarin.

Thus, water stress can be considered an important tool in stimulating the generation of zygotic

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individuals. The rootstock of 'Sunki Tropical' has behaved excellently in combination with

various scions, which qualifies this rootstock for use in crosses aimed at obtaining hybrid

rootstock varieties. In female parents, the genetic contribution of this rootstock to the

formation of zygotic individuals has been observed for not only nuclear but also cytoplasmic

genes.

The development of hybrid rootstock varieties, aiming to expand the gene pool present in

commercial orchards, is of great value for improving the sustainability of citrus. With climate

change and the increased incidence of many diseases and pests, the importance of developing

methodologies that encourage the formation of hybrids using parents endowed with high

horticultural value is evident. Among these, as already mentioned, are female parents whose

seeds show high levels of polyembryony, with the restricted generation of hybrids due to the

frequent formation of embryos of apomictic origin and the infrequent development of zygotic

individuals. Kumar et al. (2014), studying the relation between abiotic stress and the

manifestation of polyembryony, found that the development of nucellar cells occurs during

the pre-anthesis phase, when the genes responsible for the formation of apomictic embryos

would be expected to remain active. These authors comment that abiotic stress is linked to the

signalling and triggering of gene expression cascades responsible for the production of

reactive oxygen species (ROS) and H2O2. These products are responsible for the emergence of

genetically competent groups of cells that form the nucellar embryos.

Soares Filho et al. (2014) demonstrated that the degree of polyembryony is inversely

proportional to the number of hybrids formed from controlled crosses. This demonstration

was based on the results of crosses involving female parents with different degrees of

polyembryony, which ranged from 8% to nearly 100% in 'Sunki Florida' mandarin, as verified

in the following mandarins: 'Sunki Tropical' (94 %), 'Sunki Maravilha' (97%), 'Cleopatra'

(98%) and 'Dancy' (99%) (C. tangerina Tanaka). Therefore, to ensure success in the

production of hybrids, extreme situations exist warranting the use of monoembryonic female

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parents, whose seeds, as a rule, produce just one embryo of sexual origin (Chen et al. 2008,

Soares Filho et al. 2012).

Studies to establish the frequency of hybrids in citrus are found in the literature in relation

to the genetic improvement of culture stocks (Soares Filho et al. 2014, Soares Filho et al.

2007, Oliveira et al. 2000). In the present study, the frequency of hybrids generated in the

cross 'Rangpur Santa Cruz' x P. trifoliata showed no significant variation between the 40 and

100% of PC water deficit treatments, with 64.21 and 52.63% hybrids, respectively (Table 1).

These hybrid frequencies exceeded those found by Soares Filho et al. (2014) in a cross

between 'Rangpur Santa Cruz', as female parent, and citrangequat 'Thomasville' [Fortunella

margarita (Lour.) Swingle x citrange (C. sinensis x P. trifoliata) 'Willits'], which produced a

hybrid frequency of approximately 22%. Although the male parents were different, it can be

assumed that the higher frequency of hybrids detected in the current study reflects the limited

environment for the development of roots, once the plants were grown in pots.

Comparing the crosses 'Rangpur Santa Cruz' lime x P. trifoliata and 'Sunki Tropical'

mandarin x P. trifoliata, a significant increase in the frequency of hybrids was verified in the

second cross with water stress treatment (Table 1), which may infer that water scarcity

triggered survive mechanisms in this mandarin that favoured the perpetuation of its gene pool

by generating variability, via hybridization, allowing the possible emergence of individuals

with higher survivability in environments subject to this stress. Oliveira et al. (2015), working

with the 'Rangpur Santa Cruz' lime and the 'Sunki Maravilha' mandarin, found that water

stress caused changes in the abundance of proteins in the roots of both genotypes, with major

changes noticed in the mandarin. Santana-Vieira et al. (2016) found differences between these

genotypes in their drought tolerance mechanisms, indicating that this behaviour of 'Sunki

Maravilha' acts to ensure plant survival and to maintain active metabolic processes, doing so

through the establishment of survive mechanisms with strategies that include tolerance to

dehydration, the optimization of water use, and the reduction of photosynthesis and stomatal

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conductance. In the present study, the response of 'Sunki Tropical' mandarin to water stress

favoured sexual embryo development, contrary to its behavior in the presence of a normal

water supply, when this genotype, through seeds with a high rate of polyembryony, generated

few zygotic embryos. These observations indicate that subjecting Citrus sunki to water

scarcity triggered mechanisms that contributed to plant survival and gene pool preservation,

whereas under the same conditions, C. limonia attempted to maintain its metabolism up to the

limit of water availability.

To aid citrus breeding programmes, this study provides information that enables the

generation of representative quantities of hybrids in controlled crosses using female parents

with high levels of polyembryony subjected to a water deficit. This information was verified

in crosses with 'Sunki Tropical' mandarin as the female parent, in which a hybrid frequency of

approximately 22% was obtained with the application of relatively severe water stress through

the 20% of PC treatment.

ACKNOWLEDGEMENTS

This research is supported by National Council for Scientific and Technological Development

– CNPq and Fapesb. We are grateful to technical assistants Liziane Marques dos Santos and

Maria Aparecida dos Santos de Jesus, for their kind support.

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TABLE 1

Table 1. Distribution of fruits and seeds in crossings under three moisture regimes and Seeds germinated by direct planting and the frequency of hybrid 2

and nucellar seedlings for ‘Santa Cruz Rangpur’ lime and ‘Sunki Tropical’ mandarin genotypes. 3

Genotype Hydric

regime

Fruit

number

Seed

number

Seed/ Weight of 50 Average size

(mm)

Total de seedlings Frequency of

hybrids (%)

Frequency of

nucella (%)

Not germinated

seeds fruit Seed (g) Hybrid Nucella

Sunki

Tropical’

mandarin

20% 85 992 12 6.89 9.29 248 892 21.75 78.24 243

40% 68 773 11 6.13 9.49 134 740 15.33 84.66 81

100% 5 88 18 6.52 10.06 3 32 8.57 91.42 56

‘Santa

Cruz

Rangpur’

Lime

20% 104 721 8 5.94 10.09 134 112 54.46 45.53 418

40% 30 255 9 5.88 9.61 61 34 64.21 35.78 228

100% 7 52 7 5.92 9.79 10 9 52.63 47.36 25

1 ‘Sunki Tropical’ mandarin [C. sunki (Hayata) hort. ex Tanaka]; ‘Santa Cruz Rangpur’ lime (Citrus limonia Osbeck). 4

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Table 2. Effect of drought treatments in size and average weight of 50 seeds in ‘Santa

Cruz Rangpur’ lime and ‘Sunki Tropical’ mandarin.

100% 40% 20%

Genotype Size (mm) Weight(g) Size(mm) Weight(g) Size(mm) Weight(g)

‘Santa Cruz Rangpur’ lime 9.96abA 0.88aB 9.36bA 1.01aA 10.06aA 0.81aA

‘Sunki Tropical’ mandarin 10.23aA 2.29aA 9.65bA 1.67bA 9.21cA 1.63cA

* Means followed by the same capital letters on the lines do not differ statistically from

each other by F test and lower in columns belong to the same group by Tukey test at 5%

probability.

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FIGURE

Figure 1. Weather conditions in an anti-aphid screen house between September and

November 2014. Air relative humidity data (%) and maximum and minimum

temperature data are represented by bars and lines, respectively.

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Figure 2. Photosynthetic rate, stomatal conductance and transpiration rate during water

deficit treatments through the pollination period in genotypes ‘Rangpur Santa Cruz’

lime Citrus limonia Osbeck (a, b and c) and ‘Sunki Tropical’ mandarin C. sunki

(Hayata) hort. ex Tanaka (d, e and f).

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3. CONCLUSÕES GERAIS

O experimento revelou que o peso e o tamanho das sementes das tangerineiras

não é influenciado pelo ambiente, porém é dependente de fatores genéticos, ou seja, a

maior frequência de híbridos triploides está vinculada aos genótipos hibridados. Este

resultado foi verificado com o aumento de indivíduos triploides quando foi utilizado a

tangerineira ‘Fortune’ como parental tanto feminino quanto masculino. Outra

observação mostrou que apesar do reduzido número de sementes pequenas, o déficit

hídrico pode ter influenciado na formação de triploides em sementes consideradas

normais. Esta informação sugere que a fecundação de gametas normais com não

reduzidos podem gerar sementes com tamanho normal, além das pequenas já

mencionadas na literatura.

As avaliações realizadas com intuito de formar tetraploides mostraram que a

TSKTR desenvolveu, a partir de células nucelares, indivíduos tetraploides. Este

resultado pode ser considerado um mecanismo de sobrevivência, pois na contagem de

híbridos zigóticos formados este genótipo também apresentou aumento da frequência

em relação ao LCRSTC neste mesmo experimento e quando comparados com dados já

publicados na literatura. Assim, os mecanismos de tolerância e sobrevivência diferentes

do genótipo TSKTR, influenciam na duplicação do genoma e formação de poliploides.

Esta metodologia pode ser utilizada e aprimorada por programas de melhoramento

genético que visem a obtenção de tetraploides em variedades de porta-enxerto.

Em todos os genótipos houve diferença significativa nas concentrações de

hormônios entre os tratamentos. Sendo encontrado maiores concentrações 20% de CC

principalmente de ABA, resposta esperada uma vez que esse hormônio está vinculado a

resposta ao estresses hídrico. As concentrações de açúcares também diferiram entre os

tratamentos revelando a influência destes compostos na regulação química destas

plantas para adaptação as mudanças ambientais. Esta variação é reflexo de mecanismos

de defesa ao déficit hídrico, interferindo na formação de gametas, causando a não

redução em tangerineiras e duplicando o genoma em células somáticas nucelares. Além

disto, o estresse hídrico aumentou a frequência de híbridos no genótipo TSKTR,

altamente poliembrionia, o que sugere a diminuição da competição entre embriões

zigóticos e nucelares, o que favorece a obtenção de híbridos a partir de variedades de

interesse para programas de melhoramento genético de citros.

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