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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação Departamento de Sistemas e Energia Marcelo Rodrigo Garcia Saquicela Estudo da influência do controle de torque de motores de indução trifásicos de grande porte, usando conversores eletrônicos de potência, em um sistema de energia elétrica industrial Study of the influence of torque control of large three-phase induction motors, using electronics power converters, in an industrial electric system Campinas SP 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação

Departamento de Sistemas e Energia

Marcelo Rodrigo Garcia Saquicela

Estudo da influência do controle de torque de motores de indução trifásicos

de grande porte, usando conversores eletrônicos de potência, em um

sistema de energia elétrica industrial

Study of the influence of torque control of large three-phase induction

motors, using electronics power converters, in an industrial electric system

Campinas – SP

2016

Marcelo Rodrigo Garcia Saquicela

Estudo da influência do controle de torque de motores de indução trifásicos

de grande porte, usando conversores eletrônicos de potência, em um

sistema de energia elétrica industrial

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade

de Engenharia Elétrica e de Computação como

parte dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Engenharia Elétrica na área de Energia

Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Ernesto Ruppert Filho

Coorientador: Prof. Dr. José Luís Azcue Puma

Este exemplar corresponde à versão final da

dissertação defendida pelo aluno, e orientada

pelo Prof. Dr. Ernesto Ruppert Filho

Campinas – SP

2016

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Saquicela, Marcelo Rodrigo Garcia, 1984-

Sa69e SaqEstudo da influência do controle de torque de motores de indução trifásicos

de grande porte, usando conversores eletrônicos de potência, em um sistema

de

energia elétrica industrial / Marcelo Rodrigo Garcia Saquicela. – Campinas,SP

: [s.n.], 2016.

Saq Orientador: Ernesto Ruppert Filho.

Saq Coorientador: José Luis Azcue Puma.

Saq Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia Elétrica e de Computação.

Saq 1. Motores. 2. Torque. 3. Indução. 4. Controle. 5. Vetores. I. Ruppert Filho,

Ernesto,1948-. II. Azcue Puma, José Luis,1981-. III. Universidade Estadual de

Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Study of the influence of torque control of large three-phase

induction motors using electronics power converters in an industrial electric system

Palavras-chave em inglês:

Engines

Torque

Induction

Control

Vectors

Área de concentração: Engenharia Elétrica

Titulação: Mestre em Engenharia Elétrica

Banca examinadora:

Ernesto Ruppert Filho [Orientador]

Rudolf Ribeiro Riehl

Gilmar Barreto

Data de defesa: 12-12-2016

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica

COMISSÃO JULGADORA - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Candidato: Marcelo Rodrigo Garcia Saquicela RA: 140184 Data da Defesa: 12 de dezembro de 2016 Título da Tese: "Estudo da influência do controle de torque de motores de indução trifásicos de grande porte, usando conversores eletrônicos de potência, em um sistema de energia elétrica industrial” Prof. Dr. Ernesto Ruppert Filho (Presidente, FEEC/UNICAMP) Prof. Dr. Rudolf Ribeiro Riehl (FEB/UNESP) Prof. Dr. Gilmar Barreto (FEEC/UNICAMP)

A ata de defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comissão Julgadora, encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

À memoria da minha tia Tania Elena, “te

veo donde las rosas crecen’’

Agradecimentos

Aos professores Dr. Ernesto Ruppert Filho e Dr. José Luis Azcue Puma, sou grato

pela oportunidade da realização deste trabalho.

Aos amigos e colegas do laboratório Filipe, Fernando, Juan Carlos, Ramon, Jorge,

Jeferson e Nelly pela amizade e momentos compartilhados.

À minha família pela compreensão e apoio, aos meus amigos Juan Carlos, Danny,

Felipe e Wendy.

À CAPES pelo apoio financeiro e à UNICAMP pela estrutura física e intelectual

disponíveis.

E a todos os amigos e colegas que eu fiz no Brasil.

Resumo

Neste trabalho apresenta-se o comportamento dinâmico de motores de indução

trifásicos de grande porte como cargas, dentro de uma rede de energia elétrica

industrial, alimentada por uma subestação e por geradores síncronos internos à

instalação constituindo um caso de geração distribuída, podendo trabalhar em conjunto

com o sistema elétrico para suprir a demanda do sistema.

Foram realizadas várias simulações no sistema para estudar o comportamento dos

motores de indução e sua influência na rede elétrica da indústria. Também foi

implementado o método de controle direto de torque (CDT), com modulação por

vetores espaciais nos motores de indução trifásicos, avaliando suas vantagens e

desvantagens no funcionamento sobre a rede elétrica industrial escolhida.

Abstract

This work presents the dynamic behavior of a three phase large induction motors as

loads in an industrial electric power system, supplied by a substation and also by

internal generators as a case of distributed generation, working together the power grid,

some tests were made on the system to study the behavior of induction motors and their

possible influence on the industrial electric network. It was also implemented the direct

torque control scheme (DTC) using space vector modulation technique on the three-

phase induction motors , showing the advantages and disadvantages of the motor

control using this technique control in the operation of the selected industrial power

grid.

Lista de Figuras

2.1 Esquema de controle direto de torque por modulação por vetores espaciais e orientação

do fluxo magnético do estator...............................................................................................7

2.2 Sistema de referência alinhado com o fluxo do estator........................................................8

2.3 Tensão alternada produzida por um chaveamento por semi período..................................11

2.4 Topologia do inversor a dois níveis.....................................................................................12

2.5 Vetores espaciais de comutação da tensão..........................................................................14

2.6 Vetores de tensão circunscritos...........................................................................................15

2.7 Diagrama da etapa de potência............................................................................................16

2.8 Diagrama da simulação do controle direto de torque do motor de indução trifásico.........18

2.9 Torque eletromagnético do motor de indução trifásico......................................................19

2.10 Fluxo do estator do motor de indução trifásico...................................................................20

2.11 Corrente no estator do motor de indução trifásico...............................................................20

2.12 Velocidade do rotor do motor de indução trifásico..............................................................21

3.1 Diagrama unifilar do sistema de energia elétrica industrial................................................27

3.2 Característica de estatismo de um gerador síncrono...........................................................29

3.3 Característica isócrona de um gerador................................................................................30

3.4 Representação do sistema de controle de velocidade.........................................................31

3.5 Representação da turbina hidráulica...................................................................................32

3.6 Sistema de excitação como controle da tensão terminal.....................................................33

3.7 Representação do sistema de controle do gerador síncrono implementado.......................34

3.8 Motor de indução trifásico com carga.................................................................................35

4.1 Corrente entregue ao sistema pela subestação.....................................................................37

4.2 Potência ativa entregue pela subestação..............................................................................38

4.3 Potência reativa entregue pela subestação...........................................................................38

4.4 Tensão no ponto de acoplamento comum...........................................................................39

4.5 Corrente no ponto de acoplamento comum.........................................................................40

4.6 Tensão no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos..............................40

4.7 Corrente no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos............................41

4.8 Torque eletromagnético do motor de indução trifásico número um...................................41

4.9 Velocidade do motor de indução trifásico...........................................................................42

4.10 Corrente do estator do motor de indução trifásico número um............................................42

4.11 Tensão no estator do motor de indução trifásico número um..............................................43

4.12 Corrente no barramento alimentador do sistema elétrico....................................................44

4.13 Potência ativa entregue pela subestação..............................................................................45

4.14 Potência reativa entregue pela subestação...........................................................................45

4.15 Tensão no ponto de acoplamento comum...........................................................................46

4.16 Corrente no ponto de acoplamento comum.........................................................................47

4.17 Tensão no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos..............................47

4.18 Corrente no barramento de alimentação dos motores de indução trifásicos.......................48

4.19 Espectro em frequência da corrente no ponto de acoplamento comum..............................49

4.20 Espectro em frequência da tensão no ponto de acoplamento comum.................................49

4.21 Componente espectral da corrente no barramento que alimenta os motores de indução

trifásicos.......................................................................................................................................50

4.22 Espectro em frequência da tensão no barramento alimentador dos motores de indução

trifásicos..............................................................................................................................50

4.23 Espectro da corrente do barramento alimentador do sistema elétrico industrial................51

4.24 Torque eletromagnético de um dos motores de indução trifásicos ativado.......................52

4.25 Velocidade do rotor do motor de indução trifásico um......................................................52

4.26 Corrente do estator do motor número um...........................................................................53

4.27 Corrente entregue pela subestação......................................................................................55

4.28 Potência ativa entregue pela subestação..............................................................................56

4.29 Potência reativa entregue pela subestação...........................................................................56

4.30 Corrente no barramento de acoplamento comum................................................................57

4.31 Torque eletromagnético do motor de indução número um.................................................57

4.32 Velocidade do rotor do motor de indução número um......................................................58

4.33 Corrente entregue pela subestação......................................................................................59

4.34 Corrente do barramento alimentador do primeiro bloco de motores de indução...............60

4.35 Magnitude do espectro em frequência da corrente no barramento alimentador do

primeiro bloco de motores de indução trifásicos...............................................................60

4.36 Tensão no barramento alimentador do primeiro bloco de motores de indução

trifasicos..............................................................................................................................61

4.37 Espectro da tensão do barramento alimentador do primeiro bloco de motores de indução

trifasicos.............................................................................................................................61

4.38 Espectro em frequência da corrente no barramento comum...............................................62

4.39 Espectro em frequência da tensão no barramento comum..................................................62

4.40 Magnitude do espectro em frequência da corrente na barra de alimentação da

subestação...........................................................................................................................63

4.41 Torque eletromagnético do motor de indução número um.................................................63

4.42 Velocidade do rotor do motor de indução um.....................................................................64

Lista de Tabelas

2.1 Correspondência do estado das chaves do inversor de dois níveis ................................... 14

2.2 Valores nominais e parâmetros dos motores de indução trifásicos ................................... 17

3.1 Definição dos tipos de cargas elétricas............................................................................... 25

3.2 Potência nominal das cargas da unidade industrial ............................................................ 26

4.1 Potência entregue pelo sistema de distribuição ................................................................. 38

4.2 Potências do motor de indução trifásico em regime permanente ...................................... 43

4.3 Potência entregue ao sistema elétrico ................................................................................ 46

4.4 Potência consumida pelo motor número um de indução trifásico neste caso de estudo .. ..53

4.5 Gerador síncrono trifásico de polos salientes .................................................................... 54

4.6 Potência fornecida pelos geradores distribuídos ............................................................... 54

4.7 Valores de potência entregue pela subestação .................................................................. 55

4.8 Potência consumida pelo motor de indução trifásico número um ..................................... 58

4.9 Potência entregue pelo sistema testado com geração interna ............................................ 59

4.10 Potência consumida pelo motor de indução trifásico número um ...................................... 64

Sumário

1 Introdução 1

1.2 Motores de indução trifásicos.........................................................................................2

1.3 Sistemas de energia elétrica............................................................................................3

1.4 Conteúdo da dissertação.................................................................................................3

2 Controle do motor de indução trifásico 5

2.1 Introdução......................................................................................................................5

2.2 Controle direto de torque de motores de indução trifásicos..........................................6

2.3 Controle direto de torque com modulação por vetores espaciais e orientação do fluxo

do estator........................................................................................................................7

2.3.1 Técnica de controle...........................................................................................8

2.3.2 Cálculo do ângulo do fluxo magnético do estator.........................................10

2.3.3 Estimação do torque eletromagnético e do fluxo magnético do enrolamento

de estator.........................................................................................................10

2.4 Inversor de dois níveis.................................................................................................11

2.5 Vetor espacial..............................................................................................................12

2.5.1 Modulação por vetores espaciais....................................................................13

2.6 Cálculo da tensão.........................................................................................................15

2.7 Etapa de potência.........................................................................................................15

2.8 Simulação do controle direto de torque modulado por vetores espaciais...................16

3 Sistema de energia elétrica industrial 22

3.1 Introdução....................................................................................................................22

3.2 Descrição do sistema elétrico industrial estudado......................................................23

3.3 Modelagem dos componentes do sistema elétrico industrial......................................23

3.4 Controle dos geradores................................................................................................27

3.4.1 Sistema de controle de velocidade................................................................28

3.4.2 Característica de operação em estatismo.......................................................28

3.4.3 Característica de operação isócrona...............................................................29

3.4.4 Sistema de excitação......................................................................................32

3.5 Modelagem da carga do motor de indução trifásico....................................................34

4 Cenários e simulações 36

4.1 Introdução...................................................................................................................36

4.2 Cenário I: Motores de indução com partida direta (sem conversores).......................37

4.3 Cenário II: Motores de indução acionados através de conversores............................43

4.4 Cenário III: Sistema com entrada de geradores internos............................................53

4.5 Cenário IV: Sistema com entrada de geradores internos e acionamento de

conversores.................................................................................................................58

5 Conclusões, trabalhos futuros 65

Referências bibliográficas 67

13

Capítulo 1

1.1 Introdução

Uma das características básicas que um sistema de energia elétrica deve ter é a de

garantir o suprimento de energia elétrica às cargas de forma confiável e ininterrupta.

Esta característica está relacionada, nos dias de hoje, com o conceito de confiabilidade

dos sistemas elétricos que, além da continuidade do fornecimento de energia elétrica,

define condições mínimas para uma adequada operação, com os níveis de tensões, tanto

em amplitude como em frequência, devidamente especificados [5].

Nos estudos deve-se considerar o sistema de energia elétrica como um todo, levando

em consideração os elementos que afetam seu comportamento, principalmente incluindo

a modelagem dinâmica das cargas quando possível [1].

Sendo uma das principais cargas dentro do sistema de energia elétrica industrial os

motores de indução trifásicos, são muito utilizados devido à sua simplicidade, custo e

robustez.

Além disto, há outras características do comportamento de grandes motores de

indução trifásicos, dentro dos sistemas de energia elétrica industriais, onde é importante

analisar que são: a operação isolada dos motores, o religamento, as sobrecorrentes e

sobretensões, assim como o controle do torque e da velocidade e, sua influência no

comportamento dinâmico do sistema e na qualidade de energia na rede industrial

escolhida [6].

O objetivo deste trabalho é o de estudar o comportamento dinâmico de motores de

indução trifásicos de grande porte com e sem controle do torque eletromagnético e seus

efeitos na dinâmica de um sistema elétrico industrial alimentado pela rede elétrica, mas

também por geradores próprios funcionando como geração distribuída para o sistema de

energia elétrica.

14

1.2 Motores de indução trifásicos

Umas das principais cargas dentro do setor industrial são os motores de indução

trifásicos. Dentro deste setor, os motores de indução são responsáveis por

aproximadamente 70% do consumo de energia elétrica [8].

Os motores são utilizados numa ampla variedade de aplicações dentro da indústria,

sendo os motores de indução trifásicos os mais usados, seja por sua robustez, sua

simplicidade de construção, sua confiabilidade, seu custo mais baixo comparado com os

outros tipos de motores. Além disso, os motores de indução trifásicos podem ser usados

em ambientes perigosos por não apresentarem problemas associados com faiscamentos

ou dupla alimentação [8].

Os acionamentos com velocidade controlada dos motores de indução trifásicos, são

feitos por conversores estáticos de potência, requerendo técnicas de controle

sofisticadas em aplicações que necessitam de acionamentos de alto desempenho.

Dentro das principais dificuldades para o controle e acionamento deste tipo de

motores, encontra-se a necessidade de fornecer uma tensão de frequência variável e a

não-linearidade e complexidade do modelo matemático dinâmico utilizado para

representar o motor de indução trifásico [5].

Takahashi [2] e Depenbrock [3] propuseram um método para o controle do motor de

indução trifásico que substituiu a transformação de coordenadas e controladores PI,

utilizados no controle por orientação de campo por controladores do tipo histerese. Esta

estratégia de controle, denominada controle direto de torque (CDT), desde sua aparição,

tem sido alvo de constante desenvolvimento. A estratégia CDT possibilita rápidas

respostas de torque com reduzidas oscilações do fluxo de estator, mesmo durante

transitórios, apesar do torque apresentar oscilações na sua amplitude em regime

permanente.

Uma abordagem alternativa para reduzir as ondulações do torque é baseada na

modulação por vetores espaciais (Space Vector Modulation – SVM) [4].

15

1.3 Sistemas de energia elétrica

A maioria dos estudos realizados sobre sistemas industriais de energia elétrica não

leva em conta a dinâmica das cargas, como é no caso dos motores de indução trifásicos,

fazendo-se estudos baseados em métodos estáticos. Deixando fora o comportamento

dinâmico do sistema, já que fenômenos como o colapso de tensão são de natureza

essencialmente dinâmica, abordagens estáticas baseadas nas equações do fluxo de

potência tem sido amplamente consideradas como sendo a maneira prática de avaliar os

riscos da ocorrência de algum desequilíbrio no sistema elétrico.

Neste trabalho, que utiliza motores de indução trifásico de grande porte, chamados

de grande porte já que operam com potencias superiores aos 1000 kW. Apresenta-se

uma análise dinâmica de uma rede elétrica de uma empresa, simulações no domínio do

tempo são apresentadas e discutidas.

No contexto a modelagem dinâmica do motor bem como o uso de simulações

dinâmicas são importantes, pois o funcionamento da rede elétrica é um fenômeno

essencialmente dinâmico, causado pelo comportamento das cargas e de seus

dispositivos de controle [5].

A modelagem matemática dinâmica das cargas é um dos aspectos mais relevantes na

análise do sistema. Tendo em vista que os processos dinâmicos individuais dos

diferentes tipos de cargas conectadas a uma barra são impostos ao sistema de forma

coletiva, este só pode sentir os efeitos agregados. Isto devido ao comportamento

conjunto das cargas individuais. Este comportamento equivalente é denominado na

literatura como comportamento agregado da carga [6].

1.4 Conteúdo da dissertação

Este trabalho apresenta simulações dinâmicas de um sistema de energia elétrica

industrial com cargas de impedância constante e motores de indução trifásicos de

grande porte representados pelo seu modelo matemático dinâmico. Estuda-se o

comportamento do sistema em diversos cenários incluindo casos com geradores

distribuídos internos à instalação elétrica industrial.

16

No capítulo 2 apresenta-se a teoria referente ao controle direto de torque aplicado aos

motores de indução trifásicos, descrevendo-se cada bloco utilizado na implementação

do controle da maquina.

No capítulo 3 apresenta-se a descrição do sistema elétrico industrial escolhido e do

controle dos geradores síncronos de polos salientes.

No capítulo 4 são realizadas simulações dos casos de estudo propostos, tanto com o

funcionamento da rede elétrica sem e com o controle dos motores de indução trifásicos,

avaliando os resultados obtidos.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho e sugestões para futuras

pesquisas.

17

Capítulo 2

Controle do motor de indução trifásico.

2.1 Introdução

Os acionamentos de motores de indução trifásicos com alto desempenho dinâmico

de torque eletromagnético têm sido usados há mais de trinta anos. Baseado nos

trabalhos pioneiros de Blaschke [10], Hasse [11] e Leonard [12], acionamentos com a

técnica de controle vetorial por orientação de fluxo do estator vêm sendo muito

utilizados no setor industrial. Os acionamentos utilizando o Controle Direto de Torque

(CDT) foram inicialmente estudados e implementados por Takahashi e Noguchi [13]

sendo uma alternativa às técnicas de controle vetorial até então existentes.

Em vez do uso da corrente elétrica, que é empregada no controle de fluxo orientado,

a estratégia do CDT é caracterizada pelo controle direto do vetor fluxo magnético de

estator e do torque eletromagnético. Diversas técnicas para o controle direto de torque

foram estudadas, desenvolvidas e implementadas desde o primeiro acionamento por

controle direto de torque (CDT) implementado por Takahashi. Muitos destes métodos e

técnicas demostraram o seu potencial na otimização das características de operação dos

acionamentos de motores de indução, alimentados por inversores do tipo fonte de

tensão.

Nesta seção analisa-se a estratégia para o controle que foi aplicado na simulação dos

motores de indução trifásicos, partindo da teoria original do controle direto de torque

com modulação por vetores espaciais (CDT/MVE). Com esta técnica de controle

consegue-se uma seleção apropriada dos vetores de chaveamento do inversor, que

controla o fluxo magnético do estator do motor de indução. Também se consegue uma

resposta rápida no controle do torque eletromagnético.

18

2.2 Controle direto de torque de motores de indução

trifásicos

O objetivo do controle direto de torque (CDT) é controlar diretamente o vetor do

fluxo concatenado do estator e o torque eletromagnético, mediante a seleção apropriada

dos vetores de chaveamento que serão aplicados no inversor que alimenta o motor de

indução trifásico. No presente trabalho utilizou-se um inversor de tensão trifásico de

dois níveis.

O fluxo concatenado do estator e o torque eletromagnético, são controlados através

de dois controladores PI, para se obter uma resposta rápida do torque eletromagnético e

do fluxo.

É utilizada a técnica de modulação por vetores espaciais com o objetivo de obter

uma frequência de chaveamento constante e baixo conteúdo harmônico. O CDT permite

que as respostas do torque eletromagnético e do fluxo do estator sejam rápidas.

No motor de indução trifásico, uma das formas de representação do torque

eletromagnético é através do produto vetorial entre os vetores espaciais do fluxo

magnético concatenado e da corrente do estator.

𝑇𝑒𝑚 = 3

2𝑃𝜓𝑠

× 𝑖𝑠→ (2.1)

Sendo que 𝜓𝑠 e 𝑖𝑠

→ são os vetores espaciais do fluxo concatenado e da corrente elétrica

do estator respectivamente, P é o número de pares de polos. Na equação 2.1, ambos

vetores espaciais estão representados no sistema de referência estacionário. Considera-

se que 𝜓𝑠 = |𝜓𝑠

|𝑒𝑗𝜌𝑠 e 𝑖𝑠→

= |𝑖𝑠→| 𝑒𝑗𝛼𝑠, sendo que 𝜌𝑠 e 𝛼𝑠 são os ângulos dos vetores

espaciais do fluxo concatenado e da corrente do estator em relação ao eixo real do

sistema de referência estacionário. A partir da equação anterior, tem-se que:

𝑇𝑒𝑚 = 3

2𝑃|𝜓

𝑠 | |𝑖𝑠

| sin(𝛼𝑠 − 𝜌𝑠) =3

2𝑃|𝜓

𝑠 | |𝑖𝑠

| sin ( 𝛼 ) (2.2)

Sendo que 𝛼 = 𝛼𝑠 − 𝜌𝑠 é o ângulo entre os vetores espaciais do fluxo concatenado e

da corrente do estator.

Se for aplicada uma tensão apropriada no enrolamento do estator de tal forma a

manter o fluxo do estator constante e, esta tensão conseguisse uma mudança rápida no

19

ângulo 𝜌𝑠, então o torque eletromagnético variaria rapidamente. Se o ângulo for

incrementado produzirá um torque eletromagnético positivo, enquanto que, se o ângulo

for diminuído produzirá uma redução do torque eletromagnético.

Em conclusão, para controlar o vetor espacial do fluxo do estator (módulo e ângulo),

é necessário gerar um vetor de tensão apropriado, através do inversor, que alimenta o

motor de indução trifásico.

PI

PI

d-q

α -β MVE

ângulo do fluxo

Estimador do fluxo e do torque

Cálculo da tensão

α -β

ABC

sinal de controle SW

Ucc

iaib

is

us

uds

uqs

*

*Tem

Tem

(ϴψs)

ψqs ψds ^

*+

-

ψs

ψs*

-+

ωs ӀψsӀ^

+

+

^

Figura 2.1: Metodologia do controle direto de torque por modulação por vetores

espaciais e orientação do fluxo magnético do estator.

2.3 Controle direto de torque com modulação por vetores

espaciais e orientação do fluxo do estator

O diagrama de blocos da figura 2.1 apresenta duas malhas de controle, uma para o

fluxo do estator e outra para o torque eletromagnético. A saída do controlador PI, cuja

entrada é o erro do torque eletromagnético, mais o termo de desacoplamento

𝜔𝑠|𝜓𝒔|^

, proporcionam o valor da tensão de referência 𝑢𝑞𝑠∗ necessária para minimizar o

erro do torque eletromagnético. Além disso, a saída do controlador PI, cuja entrada é o

erro do fluxo magnético do estator, proporciona o valor da tensão de referência 𝑢𝑑𝑠∗ ,

necessária para minimizar o erro do fluxo do estator. Com o ângulo do fluxo do estator

𝜃𝜓𝑠, o bloco de transformação de coordenadas d – q /α-β transforma as tensões 𝑢𝑞𝑠

∗ e

𝑢𝑑𝑠∗ , que estão no sistema de referência fixo no fluxo do estator, para o sistema de

referência estacionário. A tensão resultante da transformação será modulada através do

20

bloco de modulação por vetores espaciais (MVE) para finalmente ser sintetizado pelo

inversor.

2.3.1 Técnica de controle

O esquema de controle CDT-MVE, com orientação do fluxo do estator, mostrado na

figura 2.1, inclui dois controladores PI, dois blocos para transformação de coordenadas,

um bloco para modulação por vetores espaciais, um bloco para o cálculo da tensão do

estator a partir do estado das chaves e um bloco para estimação do torque

eletromagnético e do fluxo magnético. Em seguida discute-se cada um dos blocos.

No sistema de referência alinhado com o fluxo do estator, a componente imaginária

do fluxo do estator é zero conforme a figura 2.2. O vetor espacial do fluxo do estator 𝜓𝑠 ,

que gira com velocidade angular 𝜔𝑠, pode ser representado em função das componentes

dq, isto é:

𝜓𝑠

= 𝜓𝑑𝑠 + 𝑗𝜓𝑞𝑠 (2.3)

Considerando que 𝜓𝑠 = 𝜓𝑑𝑠 e 𝜓𝑞𝑠 = 0, tem-se que as componentes do eixo real e

imaginário da tensão do estator, no sistema de referência alinhado com o fluxo do

estator, são dadas por:

β

α

q d

Sistemaestacionário

Sistema alinhado comO fluxo do estator

ωs

ψαs

ψβs

ψ s = ψ

ds

Figura 2.2: Sistema de referência alinhado com o fluxo do estator.

21

𝑢𝑑𝑠 = 𝑅𝑠 𝑖𝑑𝑠 + 𝑑𝜓𝑠

𝑑𝑡 (2.4)

𝑢𝑞𝑠 = 𝑅𝑠 𝑖𝑞𝑠 + 𝜔𝑠 𝜓𝑠 (2.5)

Sendo que 𝑅𝑠 é a resistência elétrica dos condutores das bobinas de uma fase do

enrolamento do estator, 𝑖𝑑𝑠 e 𝑖𝑞𝑠 são as correntes de eixos real e imaginário do estator,

respectivamente. O torque eletromagnético é calculado pela seguinte expressão no

sistema de referência alinhado com o fluxo do estator:

𝑇𝑒𝑚 = 3𝑃

2𝜓𝑠 𝑖𝑞𝑠 (2.6)

𝑖𝑞𝑠 = 2

3𝑃 𝑇𝑒𝑚

𝜓𝑠 (2.7)

Substituindo a equação (2.7) em (2.5), tem-se:

𝑢𝑞𝑠 = 2

3𝑃 𝑅𝑠

𝑇𝑒𝑚

𝜓𝑠+ 𝜔𝑠𝜓𝑠 (2.8)

Através do erro do fluxo do estator e do torque eletromagnético é possível produzir

os valores desacoplados de referência das componentes, real e imaginária, do vetor

espacial da tensão do estator por meio dos controladores PI com a finalidade de

minimizar os erros do fluxo do estator e do torque eletromagnético [13], [4].

A partir da equação (2.4) o fluxo do estator pode ser controlado através da

componente real 𝑢𝑑𝑠 do vetor espacial da tensão do estator. Para cada período de

amostragem 𝑇𝑠 a equação (2.4) pode ser aproximada por:

𝑢𝑑𝑠 = 𝑅𝑠 𝑖𝑑𝑠 +∆𝜓𝑠

𝑇𝑠 (2.9)

Para o caso, quando o motor de indução trifásico operar em altas velocidades, 𝑅𝑠𝑖𝑑𝑠

pode ser desprezado e a tensão pode chegar a ser proporcional com à variação do fluxo

do estator Δ𝜓𝑠 e com a frequência de chaveamento 1/𝑇𝑠. No entanto, a baixas

velocidades, 𝑅𝑠𝑖𝑑𝑠 não é desprezível. Para evitar o uso de uma transformação de

coordenadas para calcular a corrente no sistema de referência alinhado com o fluxo do

estator e calcular a queda na resistência elétrica do estator, será utilizado um controlador

PI para a malha de controle do fluxo do estator. Dessa forma:

𝑢𝑑𝑠∗ = (𝐾𝑃𝜓 +

𝐾𝐼𝜓

𝑆 )(𝜓𝑠

∗ − 𝜓𝑠^) (2.10)

22

Na equação (2.8) vê-se que a componente imaginária 𝑢𝑞𝑠 do vetor espacial da tensão

do estator, se o termo 𝜔𝑠𝜓𝑠 fosse desacoplado, controla o torque eletromagnético. Uma

forma simples de realizar o desacoplamento é somar o termo dependente da velocidade

𝜔𝑠𝜓𝑠 à saída do controlador do torque eletromagnético, isto é:

𝑢𝑞𝑠∗ = (𝐾𝑃𝑇𝑒𝑚

+𝐾𝐼𝑇𝑒𝑚

𝑠) (𝑇𝑒𝑚

∗ − 𝑇𝑒𝑚^ ) + 𝜔𝑠𝜓𝑠 (2.11)

Em [5] a velocidade do fluxo do estator 𝜔𝑠 é calculada no sistema de referência

estacionário a partir de duas estimativas sucessivas do fluxo do estator 𝜓𝑠(𝑘) e 𝜓𝑠(𝑘 +

1), ou seja:

𝜔𝑠 =(𝜓𝑑𝑠(𝑘)𝜓𝑞𝑠(𝑘+1)− 𝜓𝑞𝑠(𝑘)𝜓𝑑𝑠(𝑘+1))

(𝜓𝑠(𝑘+1)2 𝑇𝑠)

(2.12)

Sendo 𝑇𝑠 o período de amostragem. A precisão do calculo de 𝜔𝑠 não é importante

pelo fato de existir um controlador PI na malha de controle do torque eletromagnético

[8]. Este controlador corrige o torque eletromagnético se o último termo da equação

(2.8) fosse estimado de forma errada.

2.3.2 Cálculo do ângulo do fluxo magnético do estator

A partir das componentes real e imaginária do fluxo estimado do estator calcula-se o

ângulo do fluxo magnético do estator com o eixo real do sistema de referência

estacionário, isto é:

𝜃𝜓𝑠= arctan (

𝜓𝑞𝑠

𝜓𝑑𝑠) (2.13)

Sendo que 𝜃𝜓𝑠, 𝜓𝑞𝑠 e 𝜓𝑑𝑠 são o ângulo e as componentes real e imaginaria do fluxo

magnético do estator, representados no sistema de referência estacionário.

2.3.3 Estimação do torque eletromagnético e do fluxo

magnético do enrolamento de estator

A partir da equação (2.14) pode ser estimado o vetor espacial do fluxo magnético do

estator, isto é:

23

𝜓𝑠 = ∫( 𝑢𝑠 − 𝑅𝑠 . 𝑖𝑠 )𝑑𝑡 (2.14)

Conhecido o vetor espacial do fluxo magnético do estator, a corrente medida no

estator, e, utilizando a equação 2.14, obtêm-se torque eletromagnético através da

seguinte expressão:

𝑇𝑒𝑚 = 3

2𝑃𝜓𝑠 ∗ 𝑖𝑠 (2.15)

2.4 Inversor de dois níveis

Para o acionamento dos motores de indução trifásicos foram utilizados inversores de

dois níveis. O inversor de dois níveis (figura 2.3 e 2.4) converte uma tensão continua

em tensão alternada usando dois níveis de tensão e, consequentemente, dois estados de

polaridade são possíveis, como se fosse uma fonte de tensão continua que possui os

níveis +E e 0V e seus dois estados de polaridade são +E e –E, denominados,

respectivamente, de estado P e estado N. Na figura 2.3 tem-se a forma de onda da

tensão entre duas fases do inversor (Vab), onde T é o período da tensão alternada

produzida por um chaveamento por semi período.

Vab

(t)

P

N

T

+E

-E

Figura 2.3: Tensão alternada produzida por um chaveamento por semi período.

24

E

S1 a

S2 a

S1 b

S2 b

S1 c

S2 c

a b c

n

P

N

Figura 2.4: Topologia do inversor a dois níveis.

A configuração básica de um inversor tipo fonte de tensão é mostrada na figura 2.4

para uma conexão trifásica. Uma saída monofásica pode ser obtida utilizando-se apenas

dois ramos, ao invés de três. Uma vez que se tem uma tensão no lado CC, quando um

interruptor da semiponte superior e outro da semiponte inferior estiverem em condução,

esta tensão CC aparecerá em um par de condutores de saída alternada.

Considerando o circuito de um inversor trifásico como se mostra na figura 2.4, as

chaves não podem ser ligadas ao mesmo tempo, porque pode acontecer um curto

circuito na fonte, a ativação é obtida por estados. Em tal caso, uma tensão positiva é

aplicada à carga quando S1a ,S2c e S2b conduzirem (estado S2a , S1c e S1b desligados). A

tensão negativa é obtida complementarmente. O papel dos diodos é garantir um

caminho para a corrente em caso de a carga apresentar características indutivas, que é o

caso para motores de indução trifasicos [25].

2.5 Vetor espacial

Do esquema da figura 2.4, deduzem-se três tensões alternadas senoidais, 𝑣𝑎𝑛, 𝑣𝑏𝑛,

𝑣𝑐𝑛 de igual amplitude 𝑉𝑚𝑎𝑥 e defasadas de 120 graus entre si:

𝑣𝑎𝑛 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑒 𝑡 + 0°) (2.16)

25

𝑣𝑏𝑛 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑒𝑡 − 120°) (2.17)

𝑣𝑐𝑛 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑒𝑡 + 120°) (2.18)

Define-se o vetor espacial de tensão como sendo a composição vetorial, [8]:

𝑉𝑒𝑠𝑝𝑎𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑘(𝑉𝑎𝑛 + 𝑎𝑉𝑏𝑛 + 𝑎2𝑉𝑐𝑛) (2.19)

Sendo 𝑉𝑎𝑛, 𝑉𝑏𝑛 e 𝑉𝑐𝑛 as tensões instantâneas em cada uma das fases.

Onde: 𝑣𝑎𝑛 = 𝑉𝑚𝑎𝑥/√2∠0° , 𝑣𝑏𝑛 = 𝑉𝑚𝑎𝑥/√2∠ − 120°, 𝑣𝑐𝑛 = 𝑉𝑚𝑎𝑥/√2∠ + 120°,

𝑎 = 𝑒𝑗2𝜋

3 e 𝑘 uma constante que está relacionada com o fato da transformação ser ou

não invariante em potência [14].

O vetor espacial pode ser decomposto em apenas dois eixos ortogonalizados. Na

equação (2.20) é apresentada a transformação algébrica de Clark simplificada para

sistemas trifásicos equilibrados [7], transformando um sistema de três fases defasadas

de 120 graus entre si para duas fases de eixos ortogonais. Adota-se a nomenclatura de

plano (𝛼 − 𝛽).

𝑣𝛼 = 𝑣𝑎𝑛

𝑣𝛽 = √3

2(2𝑣𝑏𝑛 + 𝑣𝑎𝑛) (2.20)

2.5.1 Modulação por vetores espaciais

Na figura 2.5 ilustram-se os oito vetores de tensão no plano alfa-beta. Apresenta-se

a seguir a correlação dos vetores de tensão no plano (𝛼, 𝛽) com os estados das chaves

aplicados no inversor.

O estado P é resultado da combinação da chave superior ligada e a inferior desligada

no mesmo ramo.

O estado N é resultado da combinação da chave inferior ligada e a superior

desligada também no mesmo ramo.

26

β

α

V1

V2V3

V4

V5V6

V0

V7

Figura 2.5: Vetores espaciais de comutação da tensão

Tabela. 2.1: Correspondência do estado das chaves do inversor de dois níveis.

Considerando o inversor fonte de tensão, figura (2.4), têm-se seis vetores espaciais

de tensão ativos (𝑉1 , 𝑉2

, 𝑉3 , 𝑉4

, 𝑉5 , 𝑉6

) e dois vetores espaciais nulos (𝑉0 , 𝑉7

).

Para conseguir sintetizar uma forma de onda senoidal nas tensões de linha trifásicas,

a máxima amplitude dos vetores espaciais está limitada ao valor do barramento CC (link

CC) formando um círculo inscrito no hexágono mostrado na figura 2.6 cujo raio é UCC.

Vetor Chaves

V0 PPP

V1 PNN

V2 PPN

V3 NPN

V4 NPP

V5 NNP

V6 PNP

V7 NNN

27

α

β

U1

U2

U3

U4

U5U6

U0

U7

Uab

Uca

Ubc

U*

2

3ccU1U

Figura 2.6: Vetores de tensão circunscritos.

2.6 Cálculo da tensão

No método original do controle de torque clássico [16] o vetor espacial da tensão 𝑈𝑠

era calculado através da aplicação da transformada de coordenadas (ABC- 𝛼𝛽), nas

tensões trifásicas medidas, no entanto, utilizou-se o bloco que calcula o vetor espacial

de tensão 𝑈𝑠 a partir do valor do barramento CC e dos estados das chaves (Sa, Sb, Sc).

O vetor 𝑈𝑠 é determinado como em [9], isto é:

𝑈𝑠 =

2

3[(𝑆𝑎 −

𝑆𝑏+𝑆𝑐

2) + 𝑗

√3

2(𝑆𝑏 − 𝑆𝑐)]𝑈𝑐𝑐 (2.21)

Então para um determinado estado das chaves do inversor é possível determinar o

vetor de tensão do estator nesse instante.

2.7 Etapa de potência

A figura 2.7 mostra a etapa de potência que é utilizada no controle direto de torque

do motor de indução trifásico. O esquema apresentado na figura 2.6 proporciona os

28

pulsos de controle para as seis chaves do inversor trifásico de dois níveis. O inversor é

alimentado por um barramento CC que é utilizado para sintetizar as tensões necessárias

para minimizar os erros do torque eletromagnético e do fluxo do estator. As correntes 𝑖𝑎

e 𝑖𝑏, assim como a velocidade angular 𝜔𝑟 são medidas diretamente no motor de

indução.

CA MIT

LinkCC

Sinal de controle

Medidas

ia

ib

ωr

Figura 2.7: Diagrama da etapa de potência.

2.8 Simulação do controle direto de torque modulado por

vetores espaciais

Para o controle dos motores elétricos de grande porte adotou-se a estratégia de

acionamento de motores de indução baseada no controle direto de torque (CDT)

utilizando modulação por vetores espaciais [17]. Esta estratégia de controle utiliza a

orientação pelo fluxo do estator para o controle independente do torque eletromagnético

e do fluxo do estator. Segundo [18], pode-se utilizar um inversor de dois níveis para o

controle de um motor de indução de grande porte (até 4160V) que foi implementado

neste trabalho. Outras estratégias de controle, como a denominada de auto controle

direto apresentada em [3] podem também ser utilizadas.

Uma vez assimilados os conceitos fundamentais do controle direto de torque e do

inversor de dois níveis com modulação por vetores espaciais, foi implementado na

ferramenta computacional Matlab/SimPower Systems versão 2012b o controle de

torque do motor de indução. Os parâmetros do motor de indução trifásico utilizado são

especificados na tabela 2.2.

29

Tabela 2.2: Valores nominais e parâmetros dos motores de indução trifásicos.

A tensão de fase é:

𝑉𝑠 =2300𝑉

√3= 1327,94 𝑉 (2.22)

A corrente de fase é a mesma do que a corrente de linha, já que a máquina

considerada opera normalmente na configuração estrela; 𝐼𝑠 = 497,2 𝐴

A potência base da máquina de indução é calculada por meio da seguinte equação;

𝑃𝐵 = 3𝑉𝑠 ∗ 𝐼𝐵 (2.23)

𝑃𝐵 = 3(1327,94 𝑉)(497,2 𝐴) = 1,98𝑀𝑉𝐴

O motor de indução trifásico funciona com seu valor nominal, o qual é calculado

através da potência dada na tabela 2.2 da seguinte conversão;

𝑃𝑛 = 2250 (ℎ𝑝) ∗ 746 = 1678500 𝑊 (2.24)

A indutância de dispersão do estator é calculada da seguinte maneira:

𝐿𝑙𝑠 =𝑋𝑙𝑠

2𝜋∗𝑓=

0,226

2𝜋(60)= 5,9948𝑒−4 (𝑚𝐻) (2.25)

A indutância de dispersão do rotor é calculada da seguinte maneira:

𝐿𝑙𝑟′ = 𝑋

𝑙𝑟′

2𝜋∗𝑓=

0,226

2𝜋(60)= 5,9948𝑒−4 (𝑚𝐻) (2.26)

A indutância mutua é calculado por meio da seguinte fórmula:

𝐿𝑚 =𝑋𝑀

2𝜋∗(60)=

13,04

377= 0,0346 (𝑚𝐻) (2.27)

Uma vez obtidos os dados do motor de indução trifásico, implementa-se o seu

controle. Com certo perfil de torque de referência estabelecido para fazer a simulação.

HP tensão (V)

rpm

TB

(N*m)

IB

(A)

rs

(Ω)

Xls

(Ω)

XM

(Ω)

Xlr

(Ω)

rr

(Ω)

J

(kg*m2

)

fp

rend

2250

2300

1786

8,9x103

497,2

0,029

0,226

13,04

0,226

0,022

63,87

0,92

92%

30

A seguir é mostrado o sistema implementado em Matlab/SimPower Systems, onde se

pode ver as partes constitutivas do controle direto de torque com modulação por vetores

espaciais.

Etapa de potência

Sistema de Controle

Elementos de medição

Motor de indução trifásico

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

Figura 2.8: Diagrama da simulação do controle direto de torque do motor de indução

trifásico.

31

Na figura 2.8 pode-se observar o bloco pronto do motor de indução trifásico (d)

utilizado com todos seus parâmetros devidamente calculados, as partes que constituem

a etapa de potência, são um retificador trifásico (a) e um inversor trifásico de dois níveis

utilizando IGBT's (b). As outras partes que constituem o modelo são o bloco de controle

digital (e) e o bloco de medições (f).

No bloco de controle digital têm-se todas as etapas do controlador direto de torque

descrito anteriormente, um bloco principal para o controle de fluxo, um bloco para o

controle do torque, um bloco da modulação por vetores espaciais, e um bloco principal

para a estimação do torque eletromagnético e do fluxo.

As saídas dos controladores de fluxo e de torque são as componentes do eixo real e

imaginário da tensão do estator no sistema de referência orientado com o fluxo do

estator. Com uma transformação de coordenadas tem-se o vetor espacial da tensão do

estator no sistema de referência estacionário.

Simulando o motor de indução trifásico com o controle direto de torque, obtiveram-se

os seguintes resultados;

Figura 2.9: Torque eletromagnético do motor de indução trifásico.

Na figura 2.9 tem-se um torque eletromagnético de referência e um torque

eletromagnético gerado cujo comportamento é bastante aceitável, já que tem uma

resposta rápida e acompanha muito bem ao torque de referência que foi pré-estabelecido

para as simulações.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2x 10

4

tempo (seg)

Te

m (

N*m

)

Tem

Tem__ref

32

Figura 2.10: Fluxo do estator do motor de indução trifásico

Como se pode ver na figura 2.10, o fluxo eletromagnético do estator tem uma

resposta rápida ao controle, comportando-se de uma maneira bastante aceitável.

Figura 2.11: Corrente no estator do motor de indução trifásico

A corrente no estator (figura 2.11) apresenta na partida do motor de indução trifásico

um valor de aproximadamente cinco vezes a corrente nominal, este comportamento se

encontra dentro do funcionamento normal de um motor de indução trifásico de grande

porte, para depois diminuir quando o motor alcançar o estado estável de operação

(tempo= 3 segundos).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

1

2

3

4

5

6

tempo (seg)

flu

xo

(W

b)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

33

Figura 2.12: velocidade do rotor do motor de indução trifásico

A Velocidade do rotor do motor de indução (figura 2.12) apresenta um

comportamento que está interligado com o comportamento do torque eletromagnético,

esta velocidade igual do que o torque foi controlada para ser estabelecida em um valor

especifico de aproximadamente 170 rad/seg.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

tempo (seg)

ve

locid

ad

e (

rad

/s)

V

Vref

34

Capítulo 3

Sistema de energia elétrica industrial

3.1 Introdução

Os estudos do comportamento dinâmico de um sistema de energia elétrica tratam de

averiguações, através de análise numérica, do comportamento dinâmico do sistema após

uma perturbação ou um teste específico do sistema. Com este estudo pode-se tirar

conclusões sobre a integridade e operação deste sistema [19].

Neste tipo de sistema, a carga, que é constituída principalmente por motores de

indução trifásicos de grande porte, tem um papel fundamental no comportamento do

sistema de energia elétrica.

Nos grandes sistemas operados por concessionárias a rede elétrica de distribuição

tem um importante papel e deve ser modelada com precisão. Já as cargas podem ser

modeladas simplificadamente. Nos sistemas industriais a rede elétrica pode ser

simplificada, mas não as cargas que causam as perturbações [21].

Para análise do comportamento de um sistema elétrico dinâmico, particularmente, o

sistema elétrico industrial, faz-se necessário estudos durante duas fases distintas: a fase

de projeto e a fase de operação.

Na fase de projeto as principais causas que influenciam no desenvolvimento do

sistema são: rapidez de atuação, custo e seletividade da proteção. Portanto, na fase de

projeto, o estudo dinâmico de operação tem papel importante no dimensionamento da

proteção.

Na fase de operação, o estudo dinâmico de operação faz-se necessário quando a

configuração do sistema é alterada bruscamente pela adição ou retirada de um elemento

no sistema, como é o caso da entrada ou saída de operação de grandes blocos de carga.

Os sistemas de energia elétrica industriais têm como principais características:

35

Níveis de tensão de distribuição menores do que 34,5kV.

Carga predominantemente composta por motores elétricos de indução e motores

elétricos síncronos (em menor escala).

Redes radiais com linhas de distribuição muito curtas.

Geração, geralmente interligada à rede da concessionária, produto de haver co-

geração.

3.2 Descrição do sistema elétrico industrial estudado

A seguir, descreve-se cada um dos componentes do sistema elétrico industrial sob

análise. Em primeiro lugar, cabe salientar que a ferramenta computacional utilizada para

as simulações dinâmicas foi o MatLab/SimPowerSystems versão R2012b. O

SimPowerSystems é um conjunto de bibliotecas que contem modelos matemáticos

dinâmicos de vários componentes de sistemas de energia elétrica para ser utilizado em

conjunto com o Matlab/Simulink. O conjunto de bibliotecas do SimPowerSystems é

bastante completo, fornecendo modelos de diversos componentes da rede, como por

exemplo, elementos RLC concentrados, cargas não-lineares, diversos modelos de

máquinas elétricas e controles associados.

A unidade industrial estudada é composta por: subestação, transformadores,

disjuntores, cargas do tipo impedâncias constantes, máquinas síncronas, linhas de

energia elétrica, motores de indução trifásicos e seus respectivos sistemas de controle.

3.3 Modelagem dos componentes do sistema elétrico

industrial

O sistema elétrico modelado, como já citado, é o apresentado na referência [20]. Ele

é composto por:

a. Subestação

A subestação é representada por uma fonte de tensão trifásica com conexão Y

aterrada e com impedância R-L em série.

36

Apresenta tensão eficaz de fase de 138kV, frequência de 60Hz, com um nível de

curto-circuito trifásico de 400MVA, funcionando como um barramento swing (gerador).

As cargas são ligadas e desligadas por disjuntores trifásicos que atuam como

comutadores, podendo serem comandados para se ativar ou desativar num determinado

instante.

b. Transformador

Os transformadores trifásicos de dois enrolamentos foram representados por modelos

T, nos quais as perdas no núcleo magnético foram consideradas. Contudo os efeitos de

saturação magnética foram desprezados.

c. Cargas dependentes da tensão

As cargas elétricas do sistema simulado são de dois tipos: impedâncias constantes e

motores de indução trifásicos.

As cargas estáticas foram representadas como dependentes da tensão através do uso

das seguintes equações ([15], [21]):

𝑃 = 𝑃0 . (𝑉

𝑉0)𝑛𝑃

(3.1)

𝑄 = 𝑄0 . (𝑉

𝑉0)𝑛𝑞

(3.2)

Sendo:

P – potência ativa consumida pela carga (pu).

P0 – potência ativa nominal da carga (pu).

Q – potência reativa consumida pela carga (pu).

Q0 – potência reativa nominal da carga (pu).

V – tensão nodal na carga (pu).

V0 – tensão nominal da carga (pu).

37

nP – expoente que indica o comportamento do componente de potência ativa da carga

em relação à variação da tensão nodal.

nq – expoente que indica o comportamento do componente de potência reativa da carga

em relação à variação da tensão nodal.

Considerando os modelos de cargas tipicamente empregados em análise de sistemas

de energia elétrica, os expoentes nP e nq assumem os valores apresentados na tabela 3.1.

Tabela. 3.1: Definição dos tipos de cargas elétricas [21].

Tipo de carga nP nq

Potencia constante 0 0

Corrente constante 1 1

Impedância constante 2 2

d. Linhas de distribuição

Os alimentadores internos da instalação industrial foram modelados como uma

impedância simples e constante, Z, composta por um resistor em série com um indutor

(R + jωL), visto que tais alimentadores são curtos.

e. Sistema industrial analisado

Trata-se de uma instalação que tem em funcionamento quatro motores de indução

trifásicos de grande porte, três conjuntos de turbinas a vapor com geradores síncronos

(GS1, GS2, GS3), cujas potências nominais são de 6,25MVA, cada um. O sistema

alimenta quatro motores de indução trifásicos do tipo gaiola de esquilo de 2250 hp cada

um e um conjunto de cargas que foram representadas por um modelo do tipo

impedância constante. O nível de curto-circuito trifásico do sistema, no ponto de

conexão com a concessionária local, é de 400MVA.

O sistema elétrico analisado que representa a unidade industrial é conectado a um

sistema de distribuição na tensão de 138kV. A operação dos geradores dentro da

instalação industrial é semelhante à operação de geradores distribuídos associados ao

sistema de energia elétrica. Os geradores são internos à instalação da unidade industrial,

porém podem gerar energia tanto para a unidade industrial como também para o sistema

externo a ela.

38

A energia produzida por estes geradores corresponde a uma parcela de toda a energia

necessária para alimentar as cargas da unidade. Portanto, a unidade solicita energia do

sistema de distribuição. Parte do sistema foi obtida através da referência [20].

De acordo com as classificações de geração distribuída, pode-se classificar este tipo

de geração distribuída como reserva descentralizada [20].

Os três geradores síncronos apresentam potência nominal de 6,25MVA, 4,16kV,

fator de potência 0,85 capacitivo cada um. Os dados nominais e os parâmetros do

gerador síncrono são mostrados na tabela 4.5.

As cargas são alimentadas em dois valores de tensão de linha que são 11,5kV e

2,3kV. Os geradores fornecem potência na tensão de 4,16kV. Dessa forma, foi

necessário utilizar transformadores para ajustar as tensões nos barramentos.

O sistema é composto por cargas do tipo impedância constante e motores de indução

trifásicos. A potência nominal das cargas e seus fatores de potência são mostrados na

tabela 3.2.

Tabela. 3.2: Potência nominal das cargas da unidade industrial.

CARGAS S nominal (MVA) Fator de Potência P nominal (MW) Q nominal

(MVAr)

Carga 1 0,7 0,92 0,644 0,274

Carga 2 10,5 0,92 9,66 4,115

Carga 3 16,625 0,92 15,295 6,515

Carga 4 12,07 0,92 11,10 4,73

Carga 5 1,312 0,92 1,207 0,514

Motor 1 1,824 0,92 1,678 0,715

Motor 2 1,824 0,92 1,678 0,715

Motor 3 1,824 0,92 1,678 0,715

Motor 4 1,824 0,92 1,678 0,715

39

O sistema elétrico de potência da instalação industrial com todos seus componentes é

representado na figura 3.1.

M.I.T. M.I.T. M.I.T. M.I.T.

Barramento infinito 138kV 400MVA

TR-4 40MVA 138-11.5kV

TR-1 7,5MVA138-11.5kV

TR-2 7,5MVA138-11.5kV

TR-3 40MVA138-11.5kV

Carga 01 0,7MVA Fp =0,92

Carga 0210,5MVAFp =0,92

Carga 0316,625MVAFp =0,92

Carga 0412,075MVAFp =0,92

Carga 051,312MVAFp =0,92

GS36250 KVA

4160 VFp= 0.85

GS26250 KVA

4160 VFp= 0.85

GS16250 KVA

4160 VFp =0.85

TR-97,5MVA

11.5-4.16kV

TR-77,5MVA

11.5-4.16kV

TR-87,5MVA

11.5-4.16kV

TR-520MVA

11.5-2.3kV

TR-620MVA

11.5-2.3kV

Motor 012250 hpFp =0.92

Motor 022250 hpFp =0.92

Motor 032250 hpFp =0.92

Motor 042250 hpFp =0.92

Barra 1

Barra 2 Barra 3

Barra 4

Barra 5 Barra 6Barra 7 Barra 8 Barra 9

Figura 3.1: Diagrama unifilar do sistema de energia elétrica industrial.

3.4 Controle dos geradores

Para controlar os valores de potência, tensão e frequência dos geradores síncronos

são utilizados controladores que atuam nos geradores para que estes operem de forma

estável dentro de condições exigidas.

O sistema de controle de velocidade é utilizado para controlar a potência ativa e a

frequência das tensões fornecidas pelos geradores. O sistema de excitação é utilizado

para controlar a tensão terminal do gerador e a potência reativa.

40

3.4.1 Sistema de controle de velocidade

O sistema de controle de velocidade é composto por uma máquina primária e uma

unidade de controle denominada regulador de velocidade.

O sistema de controle de velocidade é responsável por controlar a velocidade de

rotação do rotor do acionador do gerador síncrono, controlando assim a frequência das

grandezas elétricas produzidas. Para realizá-lo, o sistema controla a potência mecânica

entregue ao gerador de acordo com a variação da velocidade do rotor. Por esta razão,

diz-se que o sistema de controle de velocidade também controla a potência ativa [15].

Considerando um sistema elétrico, em regime permanente, o sistema de controle de

velocidade mantém constante a velocidade do gerador síncrono. Nos instantes em que

ocorre algum transitório, ele atua para que as variações de velocidade sejam mínimas.

Para fornecer energia mecânica ao gerador são utilizadas máquinas primárias. Os

principais tipos de máquinas primárias são as turbinas hidráulicas e a vapor, que são as

mais utilizadas em unidades de geração de energia elétrica de maior capacidade.

Geralmente são utilizadas turbinas hidráulicas nos geradores síncronos de pólos

salientes devido à baixa velocidade de rotação do gerador. Já as turbinas a vapor são

utilizadas para geradores síncronos de pólos lisos que apresentam uma maior velocidade

de rotação.

Neste trabalho, utiliza-se o sistema de controle de velocidade da turbina para

operação com um gerador síncrono de pólos salientes.

3.4.2 Característica de operação em estatismo

Quando se tem dois ou mais geradores conectados em paralelo, suas velocidades de

rotação devem ser iguais e deve haver uma boa distribuição de carga entre eles. Para

que tal distribuição ocorra são incorporados nas unidades de controle os reguladores de

velocidade, com uma característica denominada ganho de estatismo, que atua no

controle para alterar a velocidade nominal do gerador quando ocorrem variações na

carga [22]. Uma representação do uso de ganho de estatismo é mostrada na figura 3.2

41

fnom

Pg0 Pg1

f1

f

Pg

α

Figura 3.2: Característica de estatismo de um gerador síncrono

No eixo horizontal, tem-se a demanda de potência (pu), no eixo vertical tem-se a

velocidade angular (pu). A curva com certo grau de inclinação representa a

característica de estatismo.

No Brasil, o valor de estatismo é fixado em 5%, significando que para uma variação

de carga de 100% (gerador operando em vazio e aumentando até a plena carga), ocorre

uma queda máxima de 5% da velocidade nominal. [22]

Para que a distribuição de cargas conectadas em paralelo com os geradores seja

semelhante, é necessário que seus valores de estatismo sejam iguais.

3.4.3 Características de operação isócrona

Quando o regulador de velocidade de um gerador não estiver configurado no modo

estatismo, diz-se que opera no modo isócrono. Para este tipo de controle, a velocidade

de operação é constante, independente da carga que está sendo alimentada, como pode

ser visto na Figura 3.3.

Nos estudos que envolvem geradores síncronos, os barramentos infinitos são

considerados como se estivessem operando no modo isócrono.

42

Velocidade angular

ω (pu)

1

1

Demanda de potência

(pu)

Figura 3.3: Característica isócrona de um gerador.

Para a situação em que dois ou mais geradores operem com reguladores de

velocidade em modos diferentes, como por exemplo, um grupo de geradores no modo

estatismo, conectados a um barramento infinito, o grupo de geradores fornecerá uma

potência constante, caso a frequência do sistema se mantenha constante. Caso ocorra um

aumento de carga no sistema, a variação de potência será fornecida pelo barramento

infinito, pois este é capaz de fornecer uma maior potência sem que sua frequência varie.

Neste trabalho, quando os geradores síncronos estiverem operando em paralelo com

o barramento infinito, o sistema de controle de velocidade é operado no modo

estatismo. Quando estiverem operando isoladamente, o sistema deve operar no modo

isócrono. Em [23] este tipo de configuração de controle de velocidade é apresentado

como o mais adequado.

Para efetuar a simulação foi utilizado a ferramenta computacional

Matlab/SimPowerSystems, que realiza a simulação de uma turbina hidráulica. O

modelo da turbina hidráulica é não linear e contém um sistema de controle PID e um

servo-motor.

Na figura 3.4, apresenta-se o modelo, onde se pode observar as variáveis de entrada e

de saída. As variáveis de entrada são: velocidade angular de referência (𝜔𝑟𝑒𝑓) de 1 pu, a

potência mecânica de referência (𝑃𝑟𝑒𝑓) com valor ajustado de acordo com a carga

conectada, a potência elétrica fornecida pelo gerador (𝑃𝑒) e o desvio de velocidade

angular do gerador (𝜔𝑒) de acordo com a referência.

43

Figura 3.4: Representação do sistema de controle de velocidade (bloco

SimPowerSystems).

Dentro dos parâmetros que devem ser ajustados no quadro de diálogo do bloco de

controle de velocidade, mostrado na figura 3.4, estão os do servomotor, os parâmetros

do PID e os da turbina hidráulica.

O servomotor é representado pelos ganhos Ka e Ta, que representam o sistema de

primeira ordem do servo mecanismo.

Os limites de abertura do distribuidor, (limites gmin e gmax ) , são impostos para a

abertura do distribuidor (gate) e são vgmin e vgmax (pu/s). Eles são impostos para

controlar a velocidade do gate.

A regulação do controle PID é feita com a variação nos parâmetros de droop

permanente (Rp), do ganho do controlador (Kp), do ganho integral (Ki) e do ganho

derivativo (Kd). O ganho de alta frequência no PID é limitado pelo filtro passa baixas

de primeira ordem, com constante de tempo Td(s).

Os valores que correspondem à turbina hidráulica são: o coeficiente de desvio da

velocidade, e a velocidade inicial da água Tw(s).

Deve-se também especificar a referência do droop (queda), que é outra variável

especificada para a entrada do laço de realimentação, com um valor de 1 a 0 para uma

variação da potência elétrica.

Outro valor que deve ser especificado é a potência mecânica inicial, Pm0 (pu) no

eixo do gerador. Este valor é automaticamente atualizado por meio da ferramenta de

fluxo de carga do bloco Powergui.

44

Dentre as entradas do bloco, mostrado na Figura 3.4, estão wref (velocidade de

referência em p.u.), Pref (potência mecânica de referência em p.u.), o valor atual da

potência elétrica, Pe, e a velocidade atual da máquina, we em p.u.

O desvio de velocidade é representado por dw (p.u.), a potência mecânica da

máquina síncrona Pm (p.u.), e a abertura do distribuidor é representada pela abertura do

gate como mostra a Figura 3.5.

Figura 3.5: Representação da turbina hidráulica

3.4.4 Sistema de excitação

A maior parte dos geradores síncronos de médio porte, utilizados em sistemas

elétricos industriais, possui um sistema de excitação automático. Este sistema é

responsável por controlar a tensão contínua aplicada ao enrolamento de campo do

gerador síncrono, ajustando desta forma, a tensão terminal ou a potência reativa injetada

ou consumida pelo gerador. O sistema também apresenta a função de proteção,

assegurando a operação do gerador dentro dos limites de sua capacidade.

Para efeitos de simulação, foi utilizado o modelo do sistema de excitação do gerador

síncrono disponível no Matlab/SimPowerSistems, mostrado na figura 3.6. Este modelo

de excitação em corrente contínua, é descrito em [20], sem a função de saturação. Os

elementos básicos que formam o sistema de excitação são o regulador de tensão e a

excitatriz.

45

Figura 3.6: Sistema de excitação como controle da tensão terminal.

A excitatriz é representada pela função de transferência que relaciona a tensão de

excitação 𝐸𝑓 e a saída do regulador 𝑉𝑓𝑑 :

1fd

f e e

V

E K sT

(3.3)

Os parâmetros que são ajustados no sistema de excitação do gerador síncrono são:

constante de tempo do filtro passa baixas, ganho do regulador e constante de tempo da

excitatriz, redução de ganho transitório, ganho do filtro de amortecimento, limites de

saída do regulador e ganho.

Os valores iniciais da tensão terminal (𝑉𝑡0 em pu) e da tensão de campo (𝑉𝑓0 em pu),

quando configurados corretamente, permitem iniciar a simulação em regime

estacionário.

A tensão inicial, normalmente deve ter o valor de 1 pu. Os valores de 𝑉𝑡0 e 𝑉𝑓0 são

atualizados automaticamente por meio do aplicativo de fluxo de carga do Matlab que

contém o bloco Powergui.

Quando um gerador síncrono opera em paralelo com um sistema elétrico interligado,

o sistema de excitação é programado para manter o fator de potência do gerador

constante ou a potência reativa fornecida ou recebida constante. A amplitude da tensão é

controlada pelos equipamentos das concessionárias de energia elétrica. Já para um

gerador alimentando cargas isoladas da rede elétrica, o sistema de excitação é

responsável por manter a tensão terminal dentro da faixa tolerável. A análise do modo

de controle do sistema de excitação de um gerador síncrono é mostrada em [23].

46

A figura 3.7 representa o gerador síncrono com o sistema de controle composto pelo

sistema de excitatriz e controle de velocidade.

Figura 3.7: Representação do sistema de controle do gerador síncrono

implementado.

3.5 Modelagem da carga do motor de indução trifásico

Para a simulação do sistema elétrico alimentando uma carga conectada ao motor de

indução trifásico utilizou-se uma expressão matemática da referência [24], na qual o

bloco da expressão modifica a variável de entrada (‘u’), em função do bloco dessa

expressão matemática estabelecida. No caso do diagrama da figura 3.8, o bloco

relaciona o torque mecânico (torque de carga) com a velocidade do eixo do motor.

Considerando-se que a carga é do tipo bomba hidráulica, então o torque mecânico (T) é

proporcional ao quadrado da velocidade angular do motor (𝜔)

𝑇 = 𝐾𝜔𝑚2 (3.4)

O torque mecânico do motor pode ser obtido da seguinte forma:

𝑇 =𝑃𝑚

𝜔𝑚 (3.5)

T – torque mecânico [N.m]

47

Pm – potência mecânica [W]

𝜔𝑚 – velocidade angular do rotor [rad/seg]

K – constante de proporcionalidade

Considerando que a velocidade do rotor é de 187,02 rad/seg, com base nas equações

3.4 e 3.5, obtém-se Tn= 8973,97 [N.m] com K=0,2566 sendo K chamada constante

mecânica do motor, igual a 0,2566.

Figura. 3.8: Motor de indução trifásico com carga.

48

Capítulo 4

Cenários e simulações

4.1 Introdução

Nesta seção mostram-se resultados que foram obtidos em diversos testes realizados

no sistema elétrico da figura 3.1, com e sem controle dos motores de indução trifásicos

de grande porte, para se verificar os comportamentos próprios de uma rede elétrica

industrial com a entrada de grandes blocos de cargas bem como, a operação da geração

interna do sistema industrial. Todos os valores de correntes elétricas são dados pelo

valor de fase do sistema elétrico. As tensões são dadas pelos valores de linha e as

potências são trifásicas. Em todas as simulações realizadas, os motores de indução

trifásicos alimentam carga do tipo bomba conectadas a eles.

No sistema completo, com todas as cargas funcionando, sem a entrada dos geradores

internos, a potência necessária para o funcionamento é fornecida pelo sistema elétrico

de distribuição elétrico que opera como um barramento swing.

O sistema elétrico de distribuição deve fornecer um valor mínimo para poder suprir a

demanda das cargas e, desta maneira, conseguir um adequado funcionamento do

sistema de energia elétrica.

Nesta seção são analisados os seguintes cenários ou casos:

Caso I: Motores de indução com partida direta.

Caso II: Motores de indução acionados através de conversores eletrônicos de potência.

Caso III: Sistema com entrada de geradores internos.

Caso IV: Sistema com entrada de geradores internos e acionamento de conversores

eletrônicos.

49

4.2 Cenário I: Motores de indução com partida direta (sem

conversores)

Teste: Partida com carga de quatro motores simultaneamente.

Neste cenário será estudado o comportamento do sistema elétrico industrial da figura

3.1 sem a utilização dos conversores eletrônicos para a alimentação dos motores de

indução trifásicos.

A simulação é feita com a partida dos quatro motores de indução com suas respetivas

cargas simultaneamente no tempo igual a t= 2 segundos, obtendo-se os seguintes

resultados para análise:

A corrente entregue pela subestação (figura 4.1) tem um valor inicial de 226A,

quando são ativados os quatro motores de indução trifásicos (t= 2 segundos). Ela

aumenta até chegar a um valor de 412A, para finalmente se estabelecer em um valor de

202,71A (valor eficaz) quando os motores alcançam o estado de operação em regime

permanente.

Figura 4.1: Corrente entregue ao sistema pela subestação.

A potência ativa entregue pela subestação tem o comportamento descrito na figura

4.2 onde há um pico de potência correspondente ao tempo de ativação dos quatro

motores de indução trifásicos. A partir do instante de tempo t= 13 segundos a potência

ativa entra em regime permanente de funcionamento.

0 2 4 6 8 10 12 14 16-600

-400

-200

0

200

400

600

800

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

50

Figura 4.2: Potência ativa entregue pela subestação.

A potência reativa abastecida ao sistema tem o comportamento descrito na figura

4.3, com um valor muito alto no começo da operação dos motores de indução e sofre

uma queda quando os motores de indução trifásicos entram em regime permanente de

operação.

Figura 4.3: Potência reativa entregue pela subestação.

Tabela 4.1: Potência entregue pelo sistema de distribuição.

0 2 4 6 8 10 12 14 160

1

2

3

4

5

6x 10

7

tempo (seg)

po

tên

cia

ativa

(W

)

0 2 4 6 8 10 12 14 161

2

3

4

5

6

7

8x 10

7

tempo (seg)

po

tên

cia

re

ativa

(V

Ar)

Sistema de Distribuição

Potência ativa 48,45 MW

Potência reativa 18,93 MVAr

Potência aparente 48,44 MVA

51

Para saber como a entrada em operação dos quatro motores de indução trifásicos

afetam o sistema, analisa-se o comportamento das correntes e tensões no ponto de

acoplamento comum e nos barramentos alimentadores dos motores.

Na figura 4.4 é representada a tensão no ponto de acoplamento comum, observa-se

que há uma queda de 15,29kV para 11,5kV quando os quatro motores de indução

entram em funcionamento. No instante de tempo t= 12 segundos, aproximadamente, os

motores entram em regime permanente de operação com um valor final de tensão de

15,12kV.

Figura 4.4: Tensão no ponto de acoplamento comum.

A corrente no ponto de acoplamento comum dos motores de indução trifásicos tem

o comportamento descrito na figura 4.5. No instante de partida dos quatro motores

(tempo= 2 segundos) a corrente é de aproximadamente cinco vezes seu valor nominal.

Quando os motores atingem seu estado de regime permanente, em t= 12 segundos, a

corrente fica em um patamar de 454,8A.

0 2 4 6 8 10 12 14 16-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2x 10

4

tempo (seg)

ten

o (

v)

52

Figura 4.5: Corrente no ponto de acoplamento comum.

No barramento alimentador dos motores de indução trifásicos obtiveram-se os

seguintes resultados. Na figura 4.6 pode-se ver que a tensão no barramento alimentador

do primeiro bloco de motores sofre uma queda de 800V aproximadamente quando os

motores de indução trifásicos são ativados, no entanto, após o transitório o valor da

tensão é aproximadamente o valor inicial.

Figura 4.6: Tensão no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos.

A figura 4.7 mostra o comportamento da corrente no barramento que alimenta dois

motores de indução trifásicos. Como se pode ver tem-se um valor muito alto durante a

operação transitória das máquinas que dura aproximadamente 10 segundos, até chegar

ao estado estável na qual a corrente diminui seu valor.

0 2 4 6 8 10 12 14 16-6000

-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

53

Figura 4.7: Corrente no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos.

Uma parte importante da análise são as grandezas dos motores de indução trifásicos,

já que as máquinas de indução são as principais cargas dentro do sistema sob analise. A

seguir mostram-se as principais grandezas dos motores de indução trifásicos simulados.

A figura 4.8 representa o torque eletromagnético de um dos motores. Como se pode

ver na figura, no instante de ativação da máquina há um transitório devido à ligação do

motor de grande porte, observa-se outro transitório menor para depois atingir o regime

permanente de operação em aproximadamente 12 segundos.

Figura 4.8: Torque eletromagnético do motor de indução trifásico número um.

A velocidade dos quatro motores de indução trifásicos são as mesmas. Mostra-se, na

figura 4.9, o comportamento da velocidade de um dos motores ativados, chegando a se

estabilizar em t= 12 segundos. Isto ocorre devido ao fato de se tratar de máquinas

elétricas de grande porte e de alta inércia de rotor [6].

0 2 4 6 8 10 12 14 16-12000

-10000

-8000

-6000

-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

0 2 4 6 8 10 12 14 16-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2x 10

4

tempo (seg)

Te

m (

N*m

)

54

Figura 4.9: Velocidade do motor de indução trifásico.

Representa-se na figura 4.10 a corrente do estator de um dos motores de indução

trifásicos. Esse comportamento é apresentado nos quatro motores, tem-se um valor

muito alto no começo da partida até atingir o valor nominal em t= 12s, quando a

corrente diminui para um valor suficiente para manter a carga aplicada no motor. A

corrente no motor tem um valor aproximado de 490A.

Figura 4.10: Corrente do estator do motor de indução trifásico número um.

Observa-se na figura 4.11 que a tensão no estator da máquina de indução tem um

valor inicial de 1480V, que é mantido até o instante em que a mesma atinge seu regime

permanente (t= 12 seg.), voltando a ter seu valor nominal (2300V).

0 2 4 6 8 10 12 14 160

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

tempo (seg)

ve

locid

ad

e (

wm

)

0 2 4 6 8 10 12 14 16-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

55

Figura 4.11: Tensão no estator do motor de indução trifásico número um.

De acordo com as pesquisas desenvolvidas por [1] e [5], sistemas formados por

cargas do tipo motores de indução, tendem a ter um alto consumo de energia reativa o

que pode acarretar em diversos problemas no funcionamento da rede. Na tabela 4.2

mostra-se o consumo de potência ativa e reativa de um dos motores de indução

trifásicos simulado. Cabe mencionar que todos os motores de indução ativados nos

testes têm as mesmas características mecânicas e elétricas.

Tabela 4.2: Potências do motor de indução trifásico em regime permanente.

4.3 Cenário II: Motores de indução acionados através de

conversores.

Nesta seção os motores de indução trifásicos são acionados por meio de conversores

estáticos de potência, constituídos por retificador trifásico não controlado e inversor

trifásico de dois níveis, modulado por meio de vetores espaciais. Pretende-se analisar as

possíveis diferenças entre o funcionamento com o sistema de controle para acionar os

0 2 4 6 8 10 12 14 16-2500

-2000

-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo (seg)

ten

o (

v)

MIT

Potência ativa 1,70MW

Potência reativa 0,90MVAr

56

motores de indução trifásicos e os casos simulados anteriormente sem estes

conversores.

Teste: Partida dos quatro motores simultaneamente com carga nominal.

A simulação é feita com a partida dos quatro motores de indução trifásicos

simultaneamente no tempo igual a t= 2 segundos. Os motores são controlados utilizando

a estratégia de controle direto de torque com modulação por vetores espaciais (CDT-

MVE). Obtendo-se os seguintes resultados para análise:

Como se pode ver na figura 4.12 a corrente na barra alimentadora do sistema tem um

comportamento diferente daquele do caso anterior, com um pico de corrente de

aproximadamente cinco vezes o valor nominal quando os motores de indução trifásicos

entram em operação.

Figura 4.12: Corrente no barramento alimentador do sistema elétrico.

Na figura 4.13 mostra-se a potência ativa entregue pela subestação. Comparando

com a forma de onda da potência ativa na simulação anterior, observa-se que o pico de

potência é maior quando os motores são acionados porém a duração do transitório é

menor.

57

Figura 4.13: Potência ativa entregue pela subestação.

Na figura 4.14 mostra-se o comportamento da potência reativa entregue pela

subestação. Comparando com o caso anterior, sem controle dos motores de indução, o

pico de potência no instante de ativação das máquinas de indução é maior, além disso o

comportamento é mais linear e sem sofrer grandes quedas como no caso anterior.

Figura 4.14: Potência reativa entregue pela subestação.

58

Tabela 4.3: Potência entregue ao sistema elétrico.

A figura 4.15 representa a tensão no ponto de acoplamento comum dos motores de

indução trifásicos com a rede elétrica industrial. Pode-se ver que não existe uma

variação muito significativa no seu comportamento.

Figura 4.15: Tensão no ponto de acoplamento comum.

No ponto de acoplamento comum o comportamento da corrente é como se indica na

figura 4.16, como se pode ver existe distorção da sua forma de onda.

O comportamento da corrente no barramento seguinte que é o alimentador de um dos

blocos conformados pelos motores de indução trifásicos (figura 4.18) também

apresenta distorção harmônica.

0 2 4 6 8 10-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2x 10

4

tempo (seg)

ten

o (

V)

Sistema de Distribuição

Potência ativa 40,21 MW

Potência reativa 20,21 MVAr

Potência aparente 45 MVA

59

Figura 4.16: Corrente no ponto de acoplamento comum.

A tensão no barramento que alimenta o primeiro bloco de motores de indução (figura

4.17) sofre uma pequena queda ao entrarem em operação as máquinas.

Figura 4.17: Tensão no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos.

2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 3.2

-4000

-2000

0

2000

4000

6000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

0 2 4 6 8 10-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo (seg)

ten

o (

V)

60

A corrente no barramento alimentador dos motores de indução trifásicos (figura

4.18) apresenta sua forma de onda com interferência harmônica, como se pode ver a

seguir.

Figura 4.18: Corrente no barramento de alimentação dos motores de indução trifásicos.

Utiliza-se a transformada rápida de Fourier (FFT) para traçar o espectro do sinal. Na

figura 4.19 mostra-se os componentes harmônicos presentes no sinal de corrente do

barramento de acoplamento comum, nessa figura, observa-se a amplitude em frequência

da componente fundamental (60 Hz) e de outras componentes harmônicas.

2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 3.2-1

-0.5

0

0.5

1

x 104

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

61

Figura 4.19: Espectro em frequência da corrente no ponto de acoplamento comum.

Como se pode ver na figura 4.19 a corrente neste ponto tem componentes

harmônicas, sendo a maior a componente de quinta ordem.

A tensão no ponto de acoplamento comum também apresenta componentes

harmônicas como se pode ver na figura 4.20.

Figura 4.20: Espectro em frequência da tensão no ponto de acoplamento comum.

Continuando com a análise das componentes espectrais das correntes e das tensões

nos barramentos do sistema elétrico industrial, tem-se na figura 4.21 as frequências

harmônicas da corrente no barramento que alimenta os motores de indução trifásicos.

0 500 1000 15000

100

200

300

400

500

600

700

X: 60

Y: 639.5

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 135

X: 420

Y: 35.51X: 660

Y: 24.62

0 500 1000 15000

5000

10000

15000

X: 60

Y: 1.485e+04

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 815.8 X: 660

Y: 324.1

X: 420

Y: 303.8

62

Figura 4.21: Componente espectral da corrente no barramento que alimenta os motores

de indução trifásicos.

Apresentam-se componentes harmônicas também na tensão do barramento que

alimenta os motores de indução trifásicos (figura 4.22). Estes são pequenos comparados

com as componentes na corrente do mesmo barramento.

Figura 4.22: Espectro em frequência da tensão no barramento alimentador dos motores

de indução trifásicos.

0 500 1000 15000

200

400

600

800

1000

1200

1400

X: 60

Y: 1220

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 258.2

X: 420

Y: 68.05X: 660

Y: 47.13X: 780

Y: 22.93

0 500 1000 15000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

X: 60

Y: 3847

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 280.2 X: 660

Y: 111.6

63

No barramento que alimenta o sistema elétrico industrial (barra swing) tem-se

distorção harmônica só na corrente como se pode ver na figura 4.23.

Figura 4.23: Espectro da corrente do barramento alimentador do sistema elétrico

industrial.

A interferência harmônica é produzida pelos conversores de potência utilizados no

controle e ativação dos motores de indução trifásicos. Esta não afeta todas as barras do

sistema de energia elétrica industrial.

Nos barramentos das cargas lineares não há presença de distorção harmônica.

Basicamente os distúrbios harmônicos concentram-se nas barras próximas dos motores

de indução.

Com o funcionamento do sistema de controle (CDT-MVE) o torque eletromagnético

pode ser manipulado para seguir um perfil de torque estabelecido, como se pode ver na

figura 4.24. A linha vermelha representa o torque eletromagnético de referência e a

linha azul o torque gerado, o qual segue muito bem o valor de referência.

No instante de ativação dos motores de indução (t= 2 segundos) pode-se ver a

resposta transitória do torque eletromagnético que dura aproximadamente um segundo

até a máquina se estabilizar.

0 500 1000 15000

50

100

150

200

250

300

X: 60

Y: 276.5

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 9.374

64

Figura 4.24: Torque eletromagnético de um dos motores de indução trifásicos ativado.

Na figura 4.25 mostra-se a velocidade do rotor da máquina de indução. Como se

pode ver na figura a velocidade atinge mais rapidamente seu estado de regime

permanente de operação do que o caso de operação sem conversores de potência.

Figura 4.25: Velocidade do rotor do motor de indução trifásico um.

A figura 4.26 representa a corrente do estator do motor de indução trifásico. Seu

comportamento pelo fato do motor agora ser acionado por conversores de potência,

apresenta uma forma diferente do que o caso anterior, além disso, a corrente é

influenciada pelo perfil de torque estabelecido.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3x 10

4

tempo (seg)

Te

m (

N*m

)

Tem

Tem__ref

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

tempo (seg)

ve

locid

ad

e (

rad

/s)

V

V__ref

65

Figura 4.26: Corrente do estator do motor número um.

Na tabela 4.4 tem-se o valor de potência consumida por um dos motores de indução

trifásicos. Os valores não mudam muito comparando com o primeiro caso simulado.

Tabela 4.4: Potência consumida pelo motor número um de indução trifásico neste caso

de estudo.

4.4 Cenário III: Sistema com entrada de geradores internos

Neste cenário o sistema elétrico da subestação funciona em conjunto com os três

geradores síncronos de pólos salientes. Como os geradores síncronos estão ligados em

paralelo ao sistema de distribuição, o regulador de velocidade está configurado para

operar no modo estatismo e o sistema de excitação está configurado para operar

fornecendo potência reativa constante [23].

Os dados dos geradores síncronos são mostrados na seguinte tabela.

0 2 4 6 8 10-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

MIT

Potência ativa 1,76MW

Potência reativa 0,87MVAr

66

Tabela 4.5: Gerador síncrono trifásico de polos salientes.

Tabela 4.6: Potência fornecida pelos geradores distribuídos.

Geradores distribuídos

Potência ativa 15,42 MW

Potência reativa 9,81 MVAr

Potência aparente 18,27 MVA

Teste: Partida dos quatro motores de indução trifásicos simultaneamente com carga

nominal.

O instante em que ocorre a partida dos quatro motores de indução é t= 2 segundos.

Como se pode ver na figura 4.27, a corrente entregue pela subestação ao sistema

elétrico industrial é menor do que no caso anterior porque os geradores internos da

indústria estão ativados e suprindo uma parte da demanda.

Potência Nominal: 6250 kVA

Tensão de linha: 4160 V

Fator de potência: 0,85 (carga indutiva)

Número de pólos: 20

Velocidade nominal: 360 rpm

Momento de inércia do sistema combinado gerador turbina

J= 15355 kg.m2 , H= 7,11 s

Rs = 0,00636 pu Rkq = 0,05366 pu

XLS = 0,1235 pu Rfd = 0,00084 pu

Xmq = 0,5078 pu

Rkd = 0,03578 pu Xmd = 0,926 pu

Xlkq = 0,1678 pu Xlkd =0,1119 pu

Xlfd = 0,2691 pu

67

Figura 4.27: Corrente entregue pela subestação.

Os novos valores de potência ativa e reativa entregues pela subestação são os

descritos na tabela

Tabela 4.7: Valores de potência entregue pela subestação.

Observa-se nas figuras 4.28 e 4.29 as formas de onda da potência ativa e reativa

entregues pela subestação respectivamente. A forma de onda da potência ativa tem uma

diferença com relação aos casos simulados até agora. Isto é devido a que parte da

demanda de energia é suprida pelos geradores síncronos do sistema.

0 2 4 6 8 10 12 14-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

Sistema de Distribuição

Potência ativa 23,48 MW

Potência reativa 9,80 MVAr

Potência aparente 25,44 MVA

68

Figura 4.28: Potência ativa entregue pela subestação

Figura 4.29: Potência reativa entregue pela subestação.

Como se pode ver na figura 4.30, a corrente no barramento de acoplamento comum

dos motores de indução trifásicos, tem um comportamento diferente do que no caso sem

ativação da geração interna, mostra-se um valor maior de corrente entregue no estado

estável.

0 2 4 6 8 10 12 140

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5x 10

7

tempo (seg)

po

tên

cia

ativa

(W

)

0 2 4 6 8 10 12 140

1

2

3

4

5

6

7x 10

7

tempo (seg)

po

tên

cia

re

ativa

(V

Ar)

69

Figura 4.30: Corrente no barramento de acoplamento comum.

Cabe salientar que não se apresentam afundamentos de tensão neste caso de estudo.

As grandezas dos motores de indução trifásicos são mostradas a seguir. Na figura

4.31, tem-se o torque eletromagnético de um dos motores ativados. Comparando este

torque com o do caso em que não existe geração interna alimentando o sistema, o tempo

em que é atingido o ponto de operação de regime permanente é aproximadamente 6

segundos, pois o sistema conta agora com uma maior quantidade de reativos para suprir

as demandas das cargas.

Figura 4.31: Torque eletromagnético do motor de indução número um.

Pode-se verificar na figura 4.32, que representa a velocidade do rotor da maquina de

indução trifásica, esta atinge seu regime permanente de operação num tempo menor do

que no caso sem geração interna.

0 2 4 6 8 10 12 14-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

0 2 4 6 8 10 12 14-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2x 10

4

tempo (seg)

Te

m (

N*m

)

70

Figura 4.32: Velocidade do rotor do motor de indução número um.

As potências consumidas pelo motor neste teste são resumidas na tabela 4.14.

Tabela 4.8: Potência consumida pelo motor de indução trifásico número um.

4.5 Cenário IV: Sistema com entrada de geradores internos e

acionamento dos motores de indução através de conversores

de potência.

É realizada a simulação do sistema elétrico industrial, com a aplicação da estratégia

de controle (CDT-MVE) na ativação dos motores de indução e com a geração interna

além da alimentação da subestação.

Teste: Partida dos quatro motores de indução em simultâneo e em tensão nominal com

carga de valor nominal.

Neste teste os quatro motores de indução trifásicos são acionados no instante de

tempo de 2 segundos. Todos os motores estão sendo controlados com a estratégia de

0 2 4 6 8 10 12 140

50

100

150

200

tempo (seg)

ve

locid

ad

e (

rad

/s)

MIT

Potência ativa 1,72 MW

Potência reativa 0,64 MVAr

71

controle direto de torque e funcionam com carga nominal do tipo eletrobomba. Na

figura 4.33 pode-se ver a corrente entregue pela subestação. Comparando esta corrente

com a do teste anterior nota-se que o pico, quando os motores são ativados é maior.

Figura 4.33: Corrente entregue pela subestação.

A potência entregue pela subestação neste caso de estudo é mostrada na tabela 4.9.

Comparando com a simulação sem controle direto de torque observa-se que tanto a

potência ativa quanto a potência reativa sofrem quedas pois os motores de indução

trifásicos seguem um perfil determinado de torque para sua ativação e funcionamento.

Tabela 4.9: Potência entregue pelo sistema testado com geração interna.

No instante em que os motores de indução são acionados por conversores de

potência produz-se nos barramentos alimentadores destes, distorções harmônicas. Na

figura 4.34 mostra-se a distorção da forma de onda da corrente.

Sistema de Distribuição

Potência ativa 24,84 MW

Potência reativa 12,04 MVAr

Potência aparente 27,60 MVA

72

Figura 4.34: Corrente do barramento alimentador do primeiro bloco de motores de

indução.

A análise espectral da corrente do barramento alimentador do primeiro bloco de

motores de indução trifásicos (figura 4.35) indica que se têm componentes harmônicas,

sendo a mais significante a de quinta ordem.

Figura 4.35: Magnitude do espectro em frequência da corrente no barramento

alimentador do primeiro bloco de motores de indução trifásicos.

A tensão no barramento alimentador do primeiro bloco de motores de indução

trifásicos (figura 4.36), mostra que há uma queda muito pequena no seu valor quando os

1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

tempo (seg)

co

rre

nte

(A

)

0 500 1000 15000

200

400

600

800

1000

1200

X: 60

Y: 1150

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 279.4

X: 420

Y: 89.15 X: 660

Y: 52.6 X: 1020

Y: 19.25

73

motores de indução entram em operação. Comparando com os casos anteriores esta

queda é menor pois o sistema é suprido pelos geradores síncronos, os quais injetam

reativos adicionais a rede elétrica industrial.

Figura 4.36: Tensão no barramento alimentador do primeiro bloco de motores de

indução trifásicos.

O espectro de frequência da tensão neste ponto é mostrada na figura 4.37, onde se

pode ver que há componentes harmônicas as quais serão analisadas no anexo c.

Figura 4.37: Espectro da tensão do barramento alimentador do primeiro bloco de

motores de indução trifásicos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo (seg)

ten

o (

V)

0 500 1000 15000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

X: 60

Y: 4125

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 242.4 X: 660

Y: 100.1

74

Figura 4.38: Espectro em frequência da corrente no barramento comum.

Figura 4.39: Espectro em frequência da tensão no barramento comum.

Continuando com a análise espectral dos barramentos do sistema elétrico, não se

encontraram distúrbios harmônicos nos barramentos das cargas lineares. Nos

barramentos da subestação há presença de distorção harmônica no sinal de corrente

como se mostra na figura 4.40.

0 500 1000 15000

100

200

300

400

500

600

700

X: 60

Y: 696.6

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 108

X: 420

Y: 33.18X: 660

Y: 20.21

0 500 1000 15000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

X: 60

Y: 1.59e+04

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 652.3X: 660

Y: 269.4

75

Figura 4.40: Magnitude do espectro em frequência da corrente na barra de alimentação

da subestação.

Os motores de indução trifásicos neste teste tem o seguinte comportamento: o torque

eletromagnético (figura 4.41) entra em estado de regime permanente de operação em

um tempo aproximado de um segundo, como se pode ver na figura responde muito bem

ao perfil de torque de referência.

Figura 4.41: Torque eletromagnético do motor de indução número um.

0 500 1000 15000

20

40

60

80

100

120

140

160

180

X: 60

Y: 173.4

Frequência (Hz)

Ma

gn

itu

de

Magnitude do espectro em frequência

X: 300

Y: 7.514

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3x 10

4

tempo (seg)

Te

m (

N*m

)

Tem

Tem__ref

76

A velocidade do rotor de um dos motores de indução tem o comportamento descrito

na figura 4.42, sofrendo uma queda de velocidade para depois atingir sua velocidade

nominal.

Figura 4.42: Velocidade do rotor do motor de indução um.

As potências consumidas pelos motores de indução trifásicos neste novo teste são

resumidas na tabela 4.10 a seguir.

Tabela 4.10: Potência consumida pelo motor de indução trifásico número um.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

tempo (seg)

ve

locid

ad

e (

rad

/s)

V

V__ref

MIT

Potência ativa 1,82 MW

Potência reativa 0,84 MVAr

77

Capítulo 5

Conclusões, trabalhos futuros

Este trabalho apresentou uma simulação do comportamento dinâmico de motores de

indução trifásicos de grande porte como cargas dentro de uma rede elétrica industrial.

Vários testes foram feitos, com e sem controle direto de torque dos motores de

indução e com e sem geração interna operando. O controle direto de torque por

modulação com vetores espaciais foi o utilizado já que demostrou adequado

funcionamento, resposta rápida e um aceitável nível de ondulações nos sinais.

No caso em que entra em funcionamento a geração interna, pode-se observar um

melhor funcionamento dos motores de indução trifásicos já que atingem mais

rápidamente o regime permanente de operação, comparado com o caso sem geração

distribuída, devido ao fato de existir um aumento da reserva de potência elétrica e, desta

forma, o sistema conta com uma maior quantidade de reativos para suprir as demandas

das cargas.

Quando o sistema foi simulado com o controle direto de torque, como método de

ativação das cargas conformadas pelos motores de indução trifásicos, a potência reativa

consumida pelos motores não apresenta uma diferença significativa comparado com o

caso sem controle dos motores, da mesma maneira a potência ativa. O sistema apresenta

um comportamento melhor quando opera o controle CDT sobre os motores de indução

e com a geração distribuída.

Quando os motores são acionados com inversores do tipo fonte de tensão, estes

geram frequências harmônicas na rede elétrica, as quais não afetam a todos os

barramentos do sistema elétrico industrial, porém com a análise da distorção harmônica

total tanto de corrente quanto de tensão nos barramentos, onde há frequências

harmônicas, os valores na sua maioria estão fora dos limites normais para uma adequada

operação (norma IEEE 519-1992). Isso mostra que a operação dos motores com

velocidade controlada com inversores introduz harmônicos na instalação elétrica

exigindo filtragem.

78

Com o controle direto de torque realizando a ativação dos motores de indução

trifásicos, estes atingem muito mais rapidamente o estado de regime permanente de

operação, já que tem diferença no transitório. Quando a partida é direta, o tempo para os

motores atingirem a velocidade e torque nominal é bem maior do que quando são

utilizados os conversores (estratégia CDT-MVE).

Mesmo com as vantagens que representam a operação dos geradores internos do

sistema industrial, estes geram um acréscimo nas frequências harmônicas de alguns

barramentos.

Para próximos trabalhos recomenda-se utilizar outros cenários de simulação do

sistema estudado como pode ser a perda de uma linha durante a operação e verificar sua

influência no comportamento do sistema elétrico industrial. Pode-se também analisar a

utilização de filtros para reduzir o conteúdo harmônico.

Estudos sobre a operação ótima do sistema podem ser realizados considerando os

custos da compra de energia elétrica, em comparação com a geração própria parcial ou

total.

79

Referências Bibliográficas

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voltage stability margins of large systems’’, 14th

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Elétrica’’, Dissertação de mestrado, Campinas-SP, 2000.

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80

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Dynamic Studies," IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 7, No. 1, February,

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[23] Fernanda C. Lima Trindade., ‘’Análise dos sistemas de proteção e controle de

instalações industriais com geradores síncronos durante operacao ilhada’’, Dissertação

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[24] Claudio Marzo Cavalcanti., “Modelagem computacional de métodos de partida de

um motor de indução trifásico no simulink/matlab”, II Congresso de pesquisa e

inovação da rede norte nordeste de educação tecnológica., João Pessoa, 2007.

[25] J.A. Pomilio., “Eletrônica de potência para geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica’’, apostila de aula, Unicamp 2012.

[26] IEEE std. 519-1992, IEEE Recommended Practices and Requirements for

Harmonic Control in Electrical Power Systems, 1992.

81

Apêndice A

Transformação de coordenadas

Transformação de coordenadas d-q para 𝜶 − 𝜷

O vetor espacial da tensão do estator 𝑢𝑠 no sistema de referência alinhado com o

fluxo do estator escreve-se como:

𝑢𝑠 = |𝑢𝑠 |𝑒𝑗𝜃𝑢𝑠 = 𝑢𝑑𝑠 + 𝑗𝑢𝑞𝑠

Sendo que 𝜃𝑢𝑠, 𝜓𝑞𝑠 e 𝜓𝑑𝑠 são o ângulo e as componentes real e imaginaria do fluxo

magnético do estator representados no sistema de referência alinhado com o fluxo

magnético do estator.

O vetor espacial da tensão do estator 𝑢𝑠 pode ser expresso no sistema de referência

estacionário da seguinte forma:

𝑢𝑠′ = 𝑢𝑠 𝑒𝑗𝜃𝜓𝑠 = |𝑢𝑠 |𝑒𝑗(𝜃𝑢𝑠+ 𝜃𝜓𝑠) = 𝑢𝑑𝑠

′ + 𝑗𝑢𝑞𝑠′

Observa-se da equação anterior que é necessário somar os ângulos 𝜃𝑢𝑠 e 𝜃𝜓𝑠 que são

o ângulo do vetor espacial da tensão do estator em relação ao sistema alinhado com o

fluxo do estator e o ângulo do fluxo do estator em relação ao sistema estacionário

respectivamente.

Transformação ABC – 𝜶𝜷

Através da transformação de Clark [23] as correntes trifásicas A, B e C podem ser

representadas por suas componentes ortogonais equivalentes 𝛼 e 𝛽 como se mostra na

figura, isto é:

𝐼𝛼𝛽0 = [𝑇𝛼𝛽0]𝐼𝐴𝐵𝐶

Sendo [𝑇𝛼𝛽0] uma matriz de transformação. A componente ‘’0’’, denominada

componente de sequência zero, é adicionada à matriz para que a transformação seja bi-

direcional. A matriz é definida por:

82

[𝑇𝛼𝛽0] =2

3

[ 1 −

1

2−

1

2

0√3

2−

√3

21

2

1

2

1

2 ]

Para calcular as componentes trifásicas a partir das componentes ortogonais usa-se a

matriz inversa da matriz anterior, definida por:

[𝑇𝛼𝛽0]−1

=

[ 1 0 1

−1

2

√3

21

−1

2−

√3

21]

Sistema bifásico

A

C

B

α

β

iβ is

Figura: Transformação de coordenadas.

83

Apêndice B

Cálculo das grandezas do sistema elétrico

industrial

M.I.T. M.I.T. M.I.T. M.I.T.

138kV 400MVA

TR-4 40MVA 138-11.5kV

TR-1 7,5MVA138-11.5kV

TR-2 7,5MVA138-11.5kV

TR-3 40MVA138-11.5kV

Carga 01 0,7MVA

Carga 0210,5MVA

Carga 0316,625MVA

Carga 0412,075MVA

Carga 051,312MVA

Gerador 3 Gerador 2 Gerador 1

TR-97,5MVA

11.5-4.16kV

TR-87,5MVA

11.5-4.16kV

TR-520MVA

11.5-2.3kV

TR-620MVA

11.5-2.3kV

Motor 01 Motor 02 Motor 03 Motor 04

↓ S

I4 = 30,52A

I3 = 366,30A

S3 = 7,29 MVA

I2=183,15A I2=183,15A

↓ ↓

S1=3,65MVA ↓ ↓ ↓ S2=3,65MVAI1=995,34A ↓ 995,34A

Imotor1

↓ ↓

497,67A

Fp=0,92

84

1) Só os quatro motores como cargas do sistema (sem GD)

Pmotor = 2550Hp x 746= 1,6785MW potência mecânica

Cada barra tem dois motores; P= 3,357MW

𝑃𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = 𝑃𝑚𝑒𝑐

𝜂=

1,6785𝑀𝑊

0,92= 1,8244𝑀𝑊

𝑆𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1 =𝑃𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎

𝑓𝑝=

1,8244𝑀𝑊

0,92= 1,9830𝑀𝑉𝐴

𝐼𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1 =𝑆𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1

√3 ∗ (2300𝑉)= 497,77𝐴

𝐼2 =√(𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1 + 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟2)2 + (𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1 + 𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟2)2

√3 ∗ 11,5𝑘𝑉= 183,15𝐴

𝐼3

=√(𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1 + 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟2 + 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟3 + 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟4)2 + (𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟1 + 𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟2 + 𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟3 + 𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟4)2

√3 ∗ 11,5𝑘𝑉

=7296𝑘𝑉𝐴

√3 ∗ 11,5𝑘𝑉= 366,30𝐴

𝐼4 =7296𝑘𝑉𝐴

√3∗138𝑘𝑉= 30,52𝐴 corrente entregue pela subestacão

2) Com todas as cargas conectadas ao sistema

Carga motor1= 1,824MVA

Carga 1 = 0,644MW 0,274MVAr

Carga 2 = 9,66MW 4,115MVAr

85

Carga 3 = 15,29MW 6,51MVAr

Carga 4 = 11,10MW 4,73MVAr

Carga 5 = 1,20MW 0,514MVAr

Carga 6 = 1,678MW 0,715MVAr (motor1)

Carga 7 = 1,678MW 0,715MVAr (motor2)

Carga 8 = 1,678MW 0,715MVAr (motor3)

Carga 9 = 1,678MW 0,715MVAr (motor4)

Ptotal = 44,606MW Qtotal = 19,003MVAr

𝑆𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = √𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙2 + 𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

2 = √(44,606)2 + (19,003)2 = 48,48𝑀𝑉𝐴

𝐼𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 =48,48𝑀𝑉𝐴

√3∗138𝑘𝑉= 203,82𝐴 corrente entregue pela subestacão

86

Apêndice C

Cálculo da distorção harmônica total

Em cada figura correspondente ao espectro em frequência tem-se um conteúdo

harmônico com seus devidos coeficientes.

No caso de querer saber a distorção causada pela segunda harmônica faz-se a razão:

𝐻𝐷2 =𝑎2

𝑎1

onde, 𝑎2 é o coeficiente da segunda harmônica e 𝑎1 é o coeficiente da frequência

fundamental.

Como se deseja calcular a distorção harmônica total (THD) de cada sinal sob análise

faz-se a soma de todo o conteúdo harmônico do sinal de saída.

Logo, para o espectro:

𝑇𝐻𝐷 = √𝑎2

2 + 𝑎32 + 𝑎4

2 + ⋯+ 𝑎𝑁2

𝑎12 ∗ 100%

Onde, 𝑎2 , 𝑎3, 𝑎4, 𝑎𝑁 são os coeficientes do conteúdo harmônico e 𝑎1 é o coeficiente

da frequência fundamental.

O THD em tensão caracteriza a deformação da onda de tensão.

Valores de THDu medidos em uma instalação elétrica tem a seguinte descrição [26]:

Um valor de THDu inferior à 5% é considerado como normal. Algum

funcionamento errado não é temido.

Um valor de THDu compreendido entre 5 e 8% revela uma poluição harmônica

significativa. Qualquer funcionamento errado é possível.

87

Um valor de THDu superior a 8% revela uma poluição harmônica considerável.

Funcionamentos errados são prováveis. Uma analise aprofundada e a colocação de

dispositivos de atenuação são necessários.

O THD em corrente caracteriza a deformação da onda de corrente.

Valores de THDi medidos em uma instalação elétrica tem a seguinte descrição [26]:

Um valor de THDi inferior a 10% é considerado como normal. Não se apresentam

erros de funcionamento do sistema elétrico.

Um valor de THDi compreendido entre 10% e 50% revela uma poluição harmônica

significativa. Existe risco de aquecimento.

Um valor de THDi superior a 50% revela uma poluição harmônica considerável.

Erros de funcionamento são prováveis. Uma analise aprofundada e a colocação de

dispositivos de atenuação são necessários.

Calcula-se a distorção harmônica total para os casos onde existem componentes

espectrais;

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.19 = √1352 + 35,512 + 24,622

639,52∗ 100% = 22,13%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.20 = √815,82 + 303,82 + 324,12

220522500∗ 100% = 6,24%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.21 = √258,22+68,052+47,132+22,932

12202 ∗ 100% = 22,29%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.22 = √280,22 + 111,62

38472∗ 100% = 7,83%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.23 = √9,3742

276,52∗ 100% = 3,37%

88

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.35 = √279,42 + 89,152 + 52,62 + 19,252

11502∗ 100% = 25,96%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.37 = √242,42 + 100,12

41252∗ 100% = 6,34%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.38 = √1082+33,182+20,212

696,62 * 100% =16,46%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.39 = √652,32 + 269,42

159002∗ 100% = 4,43%

𝑇𝐻𝐷𝑓𝑖𝑔 4.40 = √7,512

173,42∗ 100% = 4,32%

Tabela: Componentes harmônicas na simulação com ativação dos quatro motores de

indução, com inversores e estratégia de controle.

Ordem

harmônica

Corrente

barramentos

8 e 9

Tensão

barramentos 8

e 9

Corrente

barramento 4

Tensão

barramento

4

Corrente

barramento 1

Fundamental 1220 3847 639,5 14850 276,5

50

258,2 280.2 135 815,8 9,37

70

68,05 ----- 35,51 303,8 -----

90

----- ----- ----- ----- -----

110

47,13 111,6 24,62 324,1 -----

130 22,93 ----- ----- ----- -----

THD 22,29% 7,83% 22,13% 6,24 3,37

89

Tabela: Componentes harmônicas na simulação com ativação dos quatro motores de

indução, com inversores e estratégia de controle e geração interna.

Ordem

harmônica

Corrente

barramentos 8

e 9

Tensão

barramentos

8 e 9

Corrente

barramento 4

Tensão

barramento

4

Corrente

barramento 1

Fundamental 1150 4125 696,6 15900 173,4

50

279,4 242,4 108 652,3 7,51

70

89,15 ----- 33,18 ----- -----

90

----- ----- ----- ----- -----

110

52,6 100,1 20,21 269,4 -----

130 ----- ----- ----- ----- -----

170

23,97 ----- ----- ----- -----

THD 25,96% 6,34% 16,46% 4,43% 4,32%