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Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO Tatiane Flavia de Oliveira LONDRINA – PARANÁ 2011

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Page 1: Universidade Estadual de Londrina · perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para

Universidade Estadual de Londrina

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E

ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO

Tatiane Flavia de Oliveira

LONDRINA – PARANÁ

2011

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TATIANE FLAVIA DE OL

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E

ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO

TATIANE FLAVIA DE OL IVEIRA

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E

ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO

Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física apresentado ao Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.

Londrina, 2011

IVEIRA

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E

ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO

Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física

Centro de Educação Física e Esporte da Universidade

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, a minha família,

amigos e professores, que me apoiaram e

auxiliaram na realização deste estudo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço...

A Deus, pela minha vida e por ter me dado força para que eu enfrentasse

todas as dificuldades durante o período de graduação.

Ao meu marido, Cristiano, por ter me auxiliado na realização deste

trabalho e pela paciência e compreensão que teve comigo em todos os momentos.

A minha família, pelas palavras de conforto nas horas difíceis e pelo apoio

nas minhas decisões.

Ao meu orientador Victor Okazaki, pela contribuição intelectual e pelos

ensinamentos que levarei por toda a minha vida.

A todos os integrantes do GEPEDAM, por contribuírem na minha

formação e por terem sido uma família pra mim, em especial a Josiane Medina

Papst, por ser quem me despertou o interesse pela área de comportamento motor e

por ter me convidado para participar das reuniões do grupo.

Ao Aurélio e a Kelyn, por terem me auxiliado na coleta dos dados e por

todos os momentos felizes que me proporcionaram.

A professora Inara Marques, por ter aceitado em participar da minha

banca de qualificação e por todas as contribuições na minha formação.

As professoras Márcia Greguol e Juliana Bayeux Dascal, por participarem

da minha banca e pelas contribuições neste trabalho.

A instituição APSDOWN, por permitir a realização deste estudo e,

principalmente, a Renata por ter me acolhido de maneira tal calorosa.

A escola Basílio de Lucca, por permitir a realização deste estudo e pelo

auxílio na seleção dos adolescentes.

Ao Programa de Educação Tutoria (PET), pela contribuição na minha

formação e pela bolsa fornecida.

Muito abrigada a todos

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EPÍGRAFE

“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser.

Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito,

e não em ter condições de êxito. Condições de palácio

tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se

não o fizerem ali?”

Fernando Pessoa

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OLIVEIRA, Tatiane Flavia. Análise do equilíbrio dinâmico em adolescentes com síndrome de Down e adolescentes com desenvolvimento típico. Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2011.

RESUMO O presente estudo analisou o equilíbrio dinâmico de adolescentes com síndrome de Down e adolescentes com desenvolvimento típico. Para tal, a amostra foi composta por 36 adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, de ambos os gêneros, sendo 14 com síndrome de Down (SD) e 22 com desenvolvimento típico (DT). Os adolescentes tinham que se manter em equilíbrio sobre uma plataforma instável, por 15 segundos, nas condições: médio-lateral com visão e sem visão e ântero-posterior com visão e sem visão. Os dados da plataforma foram enviados para o software Dynamic Balance Task, o qual forneceu as variáveis: tempo de equilíbrio absoluto (TEA), o tempo médio de equilíbrio (TME), o maior tempo em equilíbrio (MaTE), o menor tempo em equilíbrio (MeTE) e o número de toques total no solo (TOQ). As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS (v. 19), adotando um nível de significância de P<0,05. Assim, foi demonstrado, por meio do teste de Wicoxon, o efeito do fator visão para todas as variáveis do estudo em ambos os grupos, SD e DT, ocorrendo um pior desempenho nas condições em que a visão foi ocluída. Entretanto, a manipulação na direção da perturbação, médio-lateral e ântero-posterior, demonstrou efeito apenas para a variável TEA no grupo SD, na qual houve maior TEA na condição médio-lateral em relação à condição ântero-posterior, e para a variável TOQ no DT, na qual houve um maior TOQ na condição médio-lateral em relação a ântero-posterior. O grupo DT apresentou um maior TEA, TME, MaTE e MeTE e um menor TOQ quando comparados ao grupo SD, nas condições experimentais analisadas, com exceção da condição MLSV para a variável MeTE, na qual ambos os grupos apresentaram desempenhos semelhantes. Sendo assim, os adolescentes com SD apresentaram uma maior instabilidade no equilíbrio dinâmico em relação ao grupo DT, tanto nas condições “com visão” quanto nas “sem visão”. Esta maior instabilidade foi explicada pelas características particulares encontradas na síndrome de Down, tais como: hipotonia muscular, frouxidão ligamentar e a dificuldade na integração percepção-ação. Palavras-chave: Controle postural; equilíbrio dinâmico; síndrome de Down.

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OLIVEIRA, Tatiane Flavia. Analisys of the dynamic balance in adolescents with Down sydrome and typically developed adolescents . Monograph. Bachelor degree in Physical Education. Physical Education and Sports Center. State University of Londrina, 2011.

ABSTRACT This study examined the dynamic equilibrium of adolescents with Down Syndrome and typically developed adolescents. For this purpose, the sample consisted of 36 adolescents aged between 12 and 17 years, of both genders, 14 with Down syndrome (DS) and 22 typically developed (TD). The teenagers had to keep in balance on an unstable platform for 15 seconds under the conditions: medio-lateral with vision and without vision and anterior-posterior with vision and without vision. The platform data were sent to the software Dynamic Balance Task, which provided the following variables: absolute time of equilibrium (TEA), the average time of equilibrium (TME), the longest time in equilibrium (MaTE), the shortest time in equilibrium (MeTE) and the total number of rings in the ground (TOQ). Statistical analysis was performed using SPSS (v. 19), adopting a significance level of P<0.05. So it was demonstrated through the Wilcoxon test, the effect of the vision factor in all variables in the study in both groups, SD and TD, occuring a poorer performance under the conditions where the vision was occluded. However, the manipulation in the disturbance direction , medio-lateral and anterior-posterior showed effect only for the variable TEA in the group SD , in which TEA was greater in the medio-lateral condition compared to the anterior-posterior condition, and for the TOQ variable in TD, in which there was a greater TOQ in medio-lateral condition in relation to anterior-posterior. The DT group had a higher TEA, TME, MaTE, MeTE and a lower TOQ when compared to the SD group, in the experimental conditions analyzed, except in the medio-lateral without vision condition for the MeTE variable, in which both groups had similar performances. Thus, adolescents with Down syndrome had a greater instability in dynamic equilibrium with respect to the DT group in both conditions, with and without vision. This greater instability was explained by particular characteristics found in Down syndrome, such as muscular hypotonia, ligament laxity and the difficulty of integrating perception and action.

Key words: Postural control; dynamic balance; Down syndrome.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 — Plataforma de Equilíbrio Dinâmico ................................................................. 26

Figura 2 — Pés Paralelos (médio lateral) .......................................................................... 27

Figura 3 — Semi-tandem (ântero-posterior) ..................................................................... 27

Figura 4 — Condição médio-lateral .................................................................................... 28

Figura 5 — Condição ântero-posterior ............................................................................... 29

Figura 6 — Tempo de Equilíbrio Absoluto (TEA) dos grupos SD e DT ........................ 32

Figura 7 — Tempo Médio de Equilíbrio (TME) dos grupos SD e DT ............................ 33

Figura 8 — Número de Toques no solo (TOQ) dos grupos SD e DT ........................... 35

Figura 9 — Maior Tempo de Equilíbrio (MaTE) dos grupos SD e DT ........................... 36

Figura 10 — Menor Tempo de Equilíbrio (MeTE) dos grupos SD e DT ....................... 38

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 9

1.1. JUSTIFICATIVA .................................................................................. 11

1.2. OBJETIVOS ........................................................................................ 11

1.2.1. Objetivo Geral ..................................................................................... 11

1.2.2. Objetivos Específicos .......................................................................... 12

1.3. HIPÓTESES ........................................................................................ 12

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................. ................................. 13

2.1. CONTROLE POSTURAL HUMANO .................................................... 13

2.2. MECANISMOS SENSORIAIS ASSOCIADOS AO CONTROLE

POSTURAL ...................................................................................................... 14

2.2.1. Sistema Vestibular .............................................................................. 15

2.2.2. Sistema Somatossensorial .................................................................. 16

2.2.3. Sistema Visual .................................................................................... 17

2.3. MECÂNISMOS MOTORES ASSOCIADOS AO CONTROLE

POSTURAL ...................................................................................................... 18

2.4. SÍNDROME DE DOWN ....................................................................... 19

2.4.1. Características Físicas, Cognitivas e Motoras das Pessoas com Síndrome de Down ........................................................................................... 20

2.4.2. Controle Postural em Pessoas com Síndrome de Down ..................... 22

3. MÉTODOS .......................................................................................... 25

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................... 25

3.2. SELEÇÃO E DESCRIÇÃO DA AMOSTRA .......................................... 25

3.3. LOCAL ................................................................................................ 26

3.4. INSTRUMENTOS/EQUIPAMENTOS E TAREFA ................................ 26

3.4.1. Equilíbrio Dinâmico ............................................................................. 26

3.5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ............................................... 27

3.6. VARIÁVEIS DO ESTUDO ................................................................... 29

3.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................... 30

4. RESULTADOS ........................................ ........................................... 31

4.1. TEMPO DE EQUILÍBRIO ABSOLUTO (TEA) ...................................... 31

4.2. TEMPO MÉDIO DE EQUILÍBRIO (TME) ............................................. 32

4.3. NÚMERO DE TOQUES NO SOLO (TOQ) ........................................... 34

4.4. MAIOR TEMPO DE EQUILIBRIO (MATE) ........................................... 35

4.5. MENOR TEMPO DE EQUILIBRIO (METE) .......................................... 37

5. DISCUSSÃO ....................................................................................... 39

6. CONCLUSÃO ......................................... ............................................ 45

7. REFERÊNCIAS .................................................................................. 47

8. APÊNDICE .......................................................................................... 52

8.1. APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO ................................ 52

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1. INTRODUÇÃO

O controle postural apresenta duas funções principais, a orientação e a

estabilidade corporal (HORAK; MACPHERSON, 1996; HORAK, 2006). A orientação

corporal refere-se ao posicionamento e ao alinhamento adequado entre os

segmentos do corpo e entre o corpo e o ambiente. A estabilidade, ou equilíbrio, é o

estado no qual as forças que atuam sobre o corpo se encontram balanceadas para

mantê-lo na orientação e na posição desejada (HORAK; MACPHERSON, 1996).

Desta forma, pode-se dizer que a função básica do equilíbrio é a manutenção da

estabilidade corporal tanto em condição estática (repouso) como dinâmica

(movimentos controlados) (HORAK; MACPHERSON, 1996; BARELA, 2000;

HORAK, 2006).

Um sistema é considerado estável quando o movimento não é

significantemente alterado a partir da trajetória desejada, mesmo quando submetido

às perturbações (DUARTE, 2000). Para manter a estabilidade corporal é necessária

a integração das informações sensoriais, para avaliar a posição e o movimento do

corpo no espaço (percepção), com a capacidade de produzir forças para controlar os

sistemas de posicionamento do corpo (ação) (HORAK; MACPHERSON, 1996;

BARELA, 2000; HORAK, 2006). Quando esta integração entre percepção e ação

não ocorre propriamente, há maior instabilidade no equilíbrio. Quando isto acontece,

mesmo pequenas perturbações, frequentes em situações dinâmicas, ocasionam

quedas. Por conseguinte, a análise de situações de instabilidade que gerem

perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das

estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para a integração percepção-

ação. Ademais, ainda não são totalmente conhecidos os efeitos de alterações

provindas de distúrbios no sistema motor.

O sistema motor é responsável por gerar atividades musculares

adequadas para a manutenção do equilíbrio e para orientação corporal desejada

(BARELA, 2000). Para tal, o sistema motor é auxiliado pela atividade muscular

tônica dos músculos antigravitacionais associada à rigidez intersegmentar gerada

pelas articulações (cápsula articular e ligamentos) e componentes passivos dos

músculos (tecidos conjuntivos elásticos) (HORAK; MACPHERSON, 1996). Desta

forma, a hipotonia e a frouxidão ligamentar, características muito frequentes em

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pessoas com Síndrome de Down (SD), poderiam ocasionar uma capacidade de

manutenção do equilíbrio mais debilitada, uma vez que a combinação destes

problemas impede a estabilização articular (GALLI et al., 2004; MENEGHETTI et al.,

2009; RIGOLDI et al., 2011). Ademais, pessoas com SD tendem a apresentar outras

características que também poderiam comprometer a manutenção do equilíbrio, tais

como: dificuldades na coordenação motora, hipoplasia cerebelar, co-contração da

musculatura agonista-antagonista, dificuldade na integração percepção-ação e

movimentos lentos para se adaptar à tarefa e às condições mutáveis do ambiente,

além de serem menos capazes de fazer ajustes posturais antecipatórios

(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985; SPANÒ et al., 1999; WADE;

EMMERICK; KERNOZEK, 2000; PINTER et al. 2001; VIRGI-BABUL; BROWN, 2004;

ULRICH et al., 2004; WEBBER et al., 2004, MENEGHETTI et al., 2009; GALLI et al.,

2004; RIGOLDI et al., 2011). Estas características, frequentemente presentes nas

pessoas com SD, têm ocasionado déficits na manutenção do equilíbrio tanto em

condições estáticas quanto dinâmicas (RIGOLDI et al., 2011).

Estudos têm demonstrado que pessoas com SD apresentam maior

oscilação durante o equilíbrio estático (condições ântero-posterior e médio-lateral),

quando comparadas com pessoas com desenvolvimento típico (MENEGHETTI et al.,

2009; RIGOLDI et al., 2011; WEBBER et al., 2004). As oscilações corporais em

indivíduos com SD se intensificam ainda mais quando uma informação proveniente

de algum sistema sensorial, tal como o visual é retirada ou manipulada (WADE;

EMMERICK; KERNOZEK, 2000; WEBBER et al., 2004; MENEGHETTI et al., 2009).

Contudo, pouca atenção tem sido voltada à análise do equilíbrio dinâmico em

pessoas com SD. Apesar da contribuição das análises em posição ortostática

(estáveis) em pessoas com SD, deve-se levar em consideração que a maioria das

atividades do cotidiano envolve o equilíbrio dinâmico. Além disso, a análise do

equilíbrio dinâmico permite melhor compreensão das estratégias utilizadas pelo

sistema de controle postural para a manutenção do equilíbrio.

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1.1. JUSTIFICATIVA

Uma das preocupações em se estudar o equilíbrio corporal é relativa à

prevenção de quedas, principalmente, quando ocorrem mudanças posturais devido

à perturbação. Contudo, embora muitos estudos tenham objetivado analisar o

comportamento do equilíbrio em situações estáticas, a maior incidência de quedas

ocorre em situações dinâmicas, as quais requerem uma interação mais complexa

entre os sistemas responsáveis pelo controle postural. Por conseguinte, a análise de

situações de instabilidade é importante para o entendimento das estratégias

utilizadas pelo sistema de controle postural para a manutenção da estabilidade e

orientação corporal. Além disso, não são totalmente conhecidos os efeitos da

síndrome de Down sobre o controle do equilíbrio dinâmico.

Este estudo tem potencial para contribuir no entendimento das estratégias

de controle postural utilizadas para a manutenção do equilíbrio em adolescentes

com síndrome de Down e adolescentes com desenvolvimento típico. Deste modo,

fornecendo subsídios para intervenções realizadas por profissionais da área da

saúde quanto à melhoria do equilíbrio.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Analisar o equilíbrio dinâmico em adolescentes com Síndrome de Down e

em adolescentes com desenvolvimento típico.

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1.2.2. Objetivos Específicos

− Descrever o equilíbrio dinâmico de adolescentes com Síndrome de Down e de

adolescentes com desenvolvimento típico.

− Comparar o equilíbrio dinâmico de adolescentes com Síndrome de Down com o

de adolescentes com desenvolvimento típico.

− Analisar a influência da visão no equilíbrio dinâmico de adolescentes com

Síndrome de Down e de adolescentes com desenvolvimento típico.

1.3. HIPÓTESES

H1: Adolescentes com SD possuirão maior déficit de equilíbrio quando

comparados com adolescentes com desenvolvimento típico.

H2: A oclusão da informação visual provocará maior instabilidade no equilíbrio dos

adolescentes com SD e dos adolescentes com desenvolvimento típico.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. CONTROLE POSTURAL HUMANO

O controle postural é considerado uma habilidade motora complexa e

derivado da interação de múltiplos processos sensório-motores (BARELA, 2000;

GOMES; BARELA, 2007). As duas principais funções do controle postural são a

orientação e estabilidade postural (HORAK; MACPHERSON, 1996). A orientação

postural refere-se ao posicionamento e ao alinhamento adequado entre os

segmentos do corpo e entre o corpo e o ambiente. Para tal, a orientação postural se

baseia na interpretação de informações sensoriais oriundas dos sistemas vestibular,

visual e somatossensorial. Por outro lado, a estabilidade, ou equilíbrio, é o estado no

qual as forças que atuam sobre o corpo se encontram balanceadas para mantê-lo na

orientação e na posição desejada. Portanto, a tarefa básica do equilíbrio é a

manutenção da estabilidade corporal, permitindo que o corpo permaneça em

condição estática (equilíbrio estático) ou que se mova de uma maneira controlada

(equilíbrio dinâmico) (HORAK; MACPHERSON, 1996; HORAK, 2006).

Para um sistema ser considerado estável é necessário que o movimento

não seja significativamente alterado a partir da trajetória desejada, mesmo quando

submetido às perturbações. Sendo assim, para um corpo ser considerado estável é

necessário que o centro de massa (COM), ou seja, o ponto que está no centro total

da massa corpórea, seja mantido sobre sua base de apoio (BOS) que é definida

como a área do corpo que está em contato com a superfície de apoio (SHUMWAY-

COOK; WOOLLACOTT, 2003). Contudo, manter os muitos segmentos corporais

alinhados entre si, sobre uma base de suporte restrita, faz com que o COM oscile

lateralmente e ântero-posteriormente, de forma que o corpo nunca se encontra

totalmente imóvel (BARELA, 2000; SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003;

FREITAS; BARELA, 2006).

A variável mais comum para analisar a oscilação do corpo é o centro de

pressão (COP) (DUARTE, 2000). O COP é o ponto de aplicação da resultante das

forças verticais agindo sobre a superfície de suporte e representa um resultado

coletivo do sistema de controle postural e da força da gravidade (WINTER, 1995). O

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COP é uma medida de deslocamento que é influenciada pela posição do COM.

Sendo assim, a oscilação do COM indica o balanço corporal e o COP é o resultado

da resposta neuromuscular a esse balanço (MOCHIZUKI; AMADIO, 2003).

Para manter a estabilidade e a orientação é necessário o acoplamento

entre percepção e ação. A percepção diz respeito à integração das informações

sensoriais para avaliar a posição e o movimento do corpo no espaço. A ação é a

capacidade que o sistema possui de produzir forças para controlar o posicionamento

do corpo. Desta forma, o controle postural exige uma interação complexa entre os

sistemas neural e musculoesquelético (BARELA, 2000; SHUMWAY-COOK;

WOOLLACOTT, 2003).

Os componentes neurais envolvem os processos motores, processos

sensoriais e processos de integração do nível superior essenciais para os aspectos

de antecipação e de adaptação (WOOLLACOTT; SHUMWAY-COOK, 2002;

SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Os componentes musculoesqueléticos

incluem alguns aspectos, tais como flexibilidade, amplitude de movimento da

articulação, propriedades dos músculos e relação biomecânica entre os segmentos

(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). São caracterizadas como aspectos

biomecânicos as propriedades visco-elásticas e as configurações anatômicas dos

ossos, músculos e articulações (CARVALHO; ALMEIDA, 2009). Portanto, pode-se

afirmar que a orientação e o equilíbrio postural são alcançados por meio de uma

relação complexa e dinâmica entre os componentes neurais e as atividades

musculares (CARVALHO; ALMEIDA, 2009; BARELA, 2000; WOOLLACOTT;

SHUMWAY-COOK, 2002). Estes componentes neurais e musculoesqueléticos são

regulados com base nos mecanismos sensoriais associados ao controle postural.

2.2. MECANISMOS SENSORIAIS ASSOCIADOS AO CONTROLE P OSTURAL

O controle postural trabalha com informações advindas de múltiplos

sistemas sensoriais incluindo o vestibular, somatossensorial e visual. Tais

informações periféricas são integradas pelo sistema nervoso central (SNC) para

orientar e alinhar a posição entre os segmentos corporais e a sua localização em

relação ao ambiente (FREITAS, 2003; WOOLLACOTT; SHUMWAY-COOK, 2003,

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HORAK, 2006, MOCHIZUKI; AMADIO, 2006). Deste modo, ocorre a comparação da

postura atual com a postura esperada, de forma que os ajustes posturais surjam

sempre que há discrepância entre estas posturas (MOCHIZUKI; AMADIO, 2006).

Para que ocorra a manutenção de uma posição desejada, os sistemas

sensoriais fornecem diferentes informações que, muitas vezes, são redundantes,

pois são coincidentes, espacial e temporalmente, ao sistema postural (FREITAS;

BARELA, 2006). Esta redundância faz com que haja um “enriquecimento” da

informação sobre a estabilidade e a orientação postural facilitando o funcionamento

deste sistema (FREITAS; BARELA; 2006).

Em função das mudanças constantes na relação do indivíduo com o

ambiente, são atribuídos pesos (diferentes importâncias) a cada informação

sensorial (OIE; KIEMEL; JEKA 2002). Assim, quando é alterado o ambiente

sensorial, ocorre uma readequação (repesagem) da dominância entre as

informações sensoriais, a fim de minimizar os conflitos entre as informações

sensoriais que chegam ao SNC para serem interpretadas (MOCHIZUKI; AMADIO,

2006). Desta forma, em um ambiente bem iluminado, no qual a base de suporte do

indivíduo está estável, a proporção de dominância entre as informações é de 70%

para informações provindas do sistema somatossensorial, 10% do visual e 20% do

vestibular (PETERKA, 2002). A seguir, serão apresentadas de forma sintetizada as

contribuições destes sistemas sensoriais para o controle postural.

2.2.1. Sistema Vestibular

O sistema vestibular fornece informações sobre a posição e o movimento

da cabeça detectando as variações temporais das velocidades angular e linear.

Esse sistema é composto pelos canais semicirculares, utrículo e sáculo. Os canais

semicirculares são receptores que detectam acelerações angulares. Já o utrículo e a

sáculo são receptores que detectam acelerações lineares (DUARTE, 2000;

MOCHIZUKI; AMADIO, 2006).

As informações vestibulares desempenham um papel pequeno na

manutenção de posturas estáticas (DAY et al., 1997). Contudo, são de grande

importância em tarefas de natureza dinâmica, de modo que a redução das

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aferências vestibulares leva a um declínio considerável no controle de tarefas, tais

como, o balanço em plataforma sinusoidal e a locomoção (PERUCH et al. 1999).

Além disso, existem evidências de que indivíduos com disfunção vestibular

apresentam, habitualmente, desequilíbrios posturais, aumento na oscilação corporal,

redução no limite de estabilidade, quedas, redução da capacidade funcional e

distúrbio de marcha (NASHNER; BLACK; WALL, 1982; GAZZOLA, 2OO6).

Principalmente nestes casos de disfunção vestibular, as informações

somatossensoriais são fundamentais para auxiliar na compensação das informações

fornecidas ao sistema para a manutenção do equilíbrio.

2.2.2. Sistema Somatossensorial

O sistema somatossensorial fornece informações sobre o movimento e a

posição do corpo relativo à base de apoio. Além disso, relatam dados sobre a

posição e a velocidade relativa dos segmentos do corpo e sobre as pressões agindo

na interface segmento/base de suporte (DUARTE, 2000, SHUMWAY-COOK;

WOOLLACOTT, 2003). Este sistema difere dos demais por apresentar receptores

por todo o corpo, ou seja, seus receptores sensoriais não estão concentrados em

locais especializados, além de responderem a muitos estímulos que podem ser

agrupados em quatro categorias diferentes, a saber: toque, temperatura, dor e

propriocepção (MOCHIZUKI e AMADIO, 2006).

A maioria dos receptores do sistema somatossensorial é

mecanorreceptora, pois responde às distorções físicas, como por exemplo, a tensão

e o alongamento. Este tipo de receptor é encontrado na pele e responde a

deformações da mesma e ao tato (MOCHIZUKI; AMADIO, 2006), podendo ser

destacados os corpúsculos de Pacini (sensíveis à vibração), os corpúsculos de

Meissner (sensíveis à vibração leve e ao toque); as terminações de Ruffini (sensíveis

ao alongamento) e os discos de Merkel (sensíveis à pressão) (SHUMWAY-COOK;

WOOLLACOTT, 2003). Além dos mecanorrecetores, o sistema somatossensorial

também possui os receptores proprioceptivos. Estes possuem uma relação especial

com o controle postural por informarem ao SNC sobre a posição de um segmento do

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corpo em relação ao outro, possibilitando a representação da geometria estática e

dinâmica do corpo (MOCHIZUKI; AMADIO, 2006).

Os receptores proprioceptivos estão presentes tanto nos músculos quanto

nas articulações. Nos músculos são encontrados o Fuso Muscular (principalmente,

sensíveis ao alongamento do músculo) e os órgãos tendinosos de Golgi

(principalmente, sensíveis à tensão do músculo sobre um tendão). Já os receptores

encontrados nas articulações são sensíveis ao movimento e às tensões ocorridas

nas mesmas (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003; MOCHIZUKI; AMADIO,

2006). Deste modo, estas informações provindas destes órgãos sensoriais são

essenciais em atividades de equilíbrio dinâmico. Além destas informações, a visão

também tem demonstrado ocupar papel fundamental sobre o equilíbrio dinâmico e

estático (postura quieta / ortostática).

2.2.3. Sistema Visual

O sistema visual é responsável pelas informações sobre a posição e

movimentos da cabeça em relação aos objetos circunjacentes. Este sistema fornece

referências sobre a verticalidade (objetos alinhados verticalmente) e movimentos

cefálicos (por exemplo, quando a cabeça se move para frente os objetos ao redor se

movimentam em direção oposta) (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Deste

modo, a visão é considerada uma fonte importante de informação para o controle

postural, pois contribui para manter o balanço natural do corpo distante dos limites

da BOS por meio de informações sobre como manter a estabilidade da cabeça e do

tronco quando o COM é perturbado (BUCHANAN; HORAK, 1999).

A contribuição das informações visuais na estabilização postural parece

aumentar durante a aquisição de uma habilidade motora, durante a permanência em

superfícies instáveis (POZZO; LEVIK; BERTROZ, 1995) e em pacientes com

desordens vestibulares, podendo resultar em uma maior oscilação se as pistas

visuais apresentadas forem erradas ou contraditórias (REDFERN et al., 2001).

Sendo assim, apesar das informações visuais serem importantes, elas nem sempre

são fontes acuradas de informação, pois o sistema visual tem dificuldade de

distinguir movimentos de objetos externos dos movimentos do próprio corpo, o que

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pode ser mal interpretado pelo cérebro resultando em respostas motoras erradas

(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003).

2.3. MECÂNISMOS MOTORES ASSOCIADOS AO CONTROLE POST URAL

Algumas estratégias comportamentais são utilizadas pelos indivíduos

para minimizar os efeitos das perturbações e, assim, restabelecer o equilíbrio

(RUNGE, 1999). As três principais estratégias utilizadas para retornar o corpo à

posição de equilíbrio são: a estratégia de tornozelo, do quadril e do passo (WINTER,

1995; SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003; HORAK, 2006).

A estratégia do tornozelo move o corpo todo como um pêndulo invertido

de segmento único por meio de torque produzido ao redor do tornozelo, sendo muito

utilizada pelo corpo frente às pequenas oscilações. Já a estratégia do quadril move o

corpo como um pêndulo invertido de segmento duplo por meio de movimento no

quadril e no tornozelo, sendo utilizada quando a base de suporte se torna menor e

mais instável. Contudo, se a perturbação for muito grande e essas duas estratégias

não conseguirem restaurar a postura é utilizada a estratégia do passo que se

caracteriza pela ativação inicial dos abdutores do quadril e co-contração do

tornozelo (WINTER, 1995; RUNGE et al.,1999; SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT,

2003; HORAK, 2006).

Segundo Horak, Henry e Shumway-Cook (1997) estas estratégias

emergem do processamento neural com objetivo de fornecer um plano de ação

baseado no contexto ambiental, na tarefa que estão sendo realizadas e nas metas a

serem alcançadas. Desta forma, estas estratégias são organizadas no tempo e no

espaço para produzir forças opostas a perturbação imposta sobre o corpo e, assim,

restabelecer o equilíbrio corporal. Além das estratégias do quadril, do tornozelo e do

passo, outros fatores, tais como o alinhamento corporal e o tônus muscular, também

contribuem para a estabilidade da postura vertical (SHUMWAY-COOK;

WOOLLACOTT, 2003).

O alinhamento corporal permite que o corpo seja mantido com o mínimo

de energia interna devido à organização dos segmentos, assim pode minimizar o

efeito das forças gravitacionais (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Já o

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tônus muscular desempenha um papel crítico na resistência do deslocamento dos

membros devido à ação das forças aplicadas externamente ao corpo (HORAK;

MACPHERSON, 1996). Desta forma, estes mecanismos motores são importantes na

manutenção da postura corporal. Portanto, indivíduos com problemas nos

mecanismos sensoriais e/ou motores podem apresentar distúrbio no controle da

estabilidade e orientação corporal.

2.4. SÍNDROME DE DOWN

A Síndrome de Down (SD) pode ser entendida como uma alteração

genética causada, principalmente, pela presença de um cromossomo 21 adicional,

ou seja, a trissomia 21. Contudo, parece não haver a necessidade da trissomia

completa para o estabelecimento da síndrome, pois a duplicação do braço longo do

cromossomo 21 já seria o suficiente para que o fenótipo da SD ficasse evidente

(MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000; CARAKUSHANSKY, 2001;

SCHWAETZMAN, 2003).

Analisando o cariótipo de pessoas com SD, foram identificados três tipos

de desequilíbrio cromossômico: a trissomia 21 (cromossomo extra no par 21), a

translocação (cromossomo 21 adicional fundido a um cromossomo que pode ser o

13, 14, 15, 22 ou o 21) e o mosaicismo (células trissômicas ao lado de células

normais, ou seja, apenas algumas células são afetadas pela trissomia 21)

(CARAKUSHANSKY, 2001; SCHWARTZMAN, 2003; BISSOTO, 2005). Assim, 95%

dos casos de SD ocorrem devido à trissomia 21, menos de 5% ocorre por causa da

translocação e em cerca de 1% devido ao mosaicismo.

Estas alterações cromossômicas são ocasionadas por diferentes

fenômenos. Umas das principais causas parece ser a idade materna avançada,

comumente designada como acima de 35 anos, devido a não-disjunção

cromossômica (GUSMÃO; TAVARES; MOREIRA, 2003; NAKADONARI; SOARES,

2006). Apesar de ser a mãe a maior contribuinte para o cromossomo 21 extra, cerca

de 5% dos casos são de origem paterna; acredita-se que a maior influencia ocorre

quando a idade do pai é superior aos 55 anos (NAKADONARI; SOARES, 2006).

Outros fatores, como as influências ambientais, tais como, radiações, mutações

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genéticas pelo uso de drogas e condições socioeconômicas, também já foram

apontados como possíveis causadores da síndrome (CARAKUSHANSKY, 2001;

SCHWARTZMAN, 2003).

A SD, apesar de não ter uma causa definida, é explicada por um

desequilíbrio na constituição cromossômica que, na maioria das vezes, acarreta

complicações clínicas, sendo que as mais comuns são as alterações cardíacas,

hipotonia, problemas respiratórios e alterações sensoriais, principalmente

relacionadas à visão e à audição (BISSOTO, 2005). Além disso, a SD é responsável

por um conjunto de características físicas, cognitivas e motoras específicas das

pessoas com SD e que podem interferir no desenvolvimento global desses

indivíduos (MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000; CARAKUSHANSKY, 2001;

MENEGHETTI et al., 2009).

2.4.1. Características Físicas, Cognitivas e Motora s das Pessoas com

Síndrome de Down

As pessoas com SD apresentam características físicas peculiares, que as

distinguem das pessoas com desenvolvimento típico, sendo as mais relatadas: face

arredondada com perfil achatado, pequena inclinação dos olhos para cima, orelhas e

nariz pequenos, língua grande e larga, pescoço curto e largo com excesso de pele

na nuca, prega única nas mãos, separação do hálux e o segundo dedo do pé,

estatura abaixo da média de um adulto normal, hipotonia muscular e frouxidão

ligamentar (CARAKUSHANSKY, 2001; SCHWARTZMAN, 2003). Porém, as pessoas

com a SD não precisam, necessariamente, apresentar todas as características

fenotípicas esperadas para a síndrome, uma vez que, há uma grande variabilidade

nas suas manifestações clínicas, com exceção de algum grau de déficit intelectual

presente em todos os indivíduos com SD (CARAKUSHASKY, 2001). Ademais,

algumas das características acarretadas pela SD podem influenciar no

desenvolvimento motor desta população.

Estudos têm mostrado que o desenvolvimento motor de pessoas com SD

apresenta uma defasagem cronológica em comparação com pessoas com

desenvolvimento típico (PALISANO et al.,2001; MANCINI et al., 2003; CARVALHO;

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ALMEIDA, 2008). Sendo assim, ocorre um atraso na aquisição dos marcos motores

básicos nas crianças com a SD (CONNOLLY et al., 1980; CONNOLLY; MORGAN;

RUSSEL, 1984; CONNOLLY; MICHAEL, 1986; PALISANO et al., 2001). Palisano e

colaboradores (2001) relataram um atraso de 6 meses na aquisição do sentar

independente e de 9 meses no engatinhar. As principais causas desses atrasos têm

sido atribuídas à hipoplasia cerebelar, fraqueza exacerbada nas articulações e a

hipotonia, fatores frequentemente observados nestes indivíduos (SHUMWAY-

COOK; WOOLLACOTT, 1985; CARAKUSHANSKY, 2001; GALLI et al., 2004).

Contudo, apesar das pessoas com SD apresentarem como característica um atraso

no desenvolvimento, estas pessoas podem conquistar grandes partes das

habilidades motoras de uma pessoa com desenvolvimento típico, mesmo que o

aparecimento das mesmas seja tardio (PALISANO, 2001).

Mancini e colaboradores (2003) compararam o desempenho funcional de

crianças com a SD com o de crianças com desenvolvimento típico, aos 2 e 5 anos

de idade. Foi demonstrado que o desempenho funcional de crianças com SD era

inferior ao de crianças com desenvolvimento típico. Entretanto, o desempenho

inferior não se manteve constante ao longo do desenvolvimento. Com o avanço na

idade, a independência e o desempenho funcional da criança com SD se

aproximaram do desempenho das crianças com desenvolvimento típico. A diferença

entre estas crianças foi mais evidente aos 2 anos e menos evidente aos 5 anos de

idade. Este estudo corrobora com os resultados de Bonomo e Rossetti (2010). Estes

autores demonstraram que o desenvolvimento de pessoas com SD tende a se

aproximar do desenvolvimento esperado (típico), desde que estes indivíduos sejam

estimulados. Desta forma, o desenvolvimento de pessoas com SD parece progredir

de forma semelhante ao de pessoas com desenvolvimento típico, embora com certo

atraso (PALISANO et al., 2001; MANCINI et al., 2003; CARVALHO; ALMEIDA,2008;

BONOMO; ROSSETTI, 2010). Os aspectos sugeridos para o atraso no

desenvolvimento desses indivíduos, tais como a hipotonia muscular e a frouxidão

ligamentar, também podem ser responsáveis por disfunções posturais, descritas na

literatura (WEBBER et al., 2004), que podem interferir na estabilidade estática e

dinâmica desses indivíduos.

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2.4.2. Controle Postural em Pessoas com Síndrome de Down

Pessoas com SD apresentam algumas disfunções no controle postural

que podem estar presentes desde o desenvolvimento, tais como os atrasos nos

marcos motores, grande oscilação postural e lentidão na elaboração de respostas

(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985; PALISANO et al., 2001; CARVALHO;

ALMEIDA, 2008), até a sua vida adulta, como a adoção de estratégias motoras

menos universais, instabilidade, dificuldade de adaptação às alterações ambientais e

co-contração muscular (VUILLERME; MARIN; DEBÛ, 2001; ULRICH et al., 2004;

WEBBER et al., 2004; CARVALHO; ALMEIDA, 2008). Essas disfunções têm sido

relacionadas com características causadas pela síndrome, a saber: dificuldades na

coordenação motora, hipotonia muscular, hipoplasia cerebelar, frouxidão ligamentar,

co-contração agonista-antagonista, dificuldade no relacionamento percepção-ação e

movimentos lentos em se adaptar à tarefa e às condições mutáveis do ambiente ou

menos capazes de fazer ajustes posturais antecipatórios (SHUMWAY-COOK;

WOOLLACOTT, 1985; SPANÒ et al., 1999; WADE; EMMERICK; KERNOZEK, 2000;

PINTER et al. 2001; VIRGI-BABUL; BROWN, 2004; ULRICH et al., 2004; WEBBER

et al., 2004, MENEGHETTI et al., 2009; GALLI et al., 2004; RIGOLDI et al., 2011).

Portanto, pessoas com SD podem apresentar déficits na manutenção do equilíbrio,

tanto em condições estáticas quanto dinâmicas (RIGOLDI et al., 2011).

Durante a manutenção da postura, em superfícies estáveis, foi

identificada uma maior velocidade de oscilação postural tanto em adolescentes

(VUILLERME; MARIN; DEBÛ, 2001) quanto em adultos com SD, quando

comparados com pessoas com desenvolvimento típico (WEBBER et al., 2004). O

aumento na oscilação apresenta-se como uma característica da postura desses

indivíduos, da infância à vida adulta. Sendo assim, movimentos realizados sobre

uma base de suporte instável tornam-se ainda mais difíceis de serem controlados,

podendo levar à perda no equilíbrio (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985;

VUILLERME; MARIN, DEBÛ, 2001). Portanto, estudos mostram que o controle

postural das pessoas com SD difere-se do de pessoas com desenvolvimento típico e

que as diferenças podem ocorrer devido às dificuldades no relacionamento

percepção-ação, uma vez que as pessoas com SD apresentam dificuldades em

manter o equilíbrio em situações em que ocorre incongruência de informações

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(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000;

VUILLERME; MARIN; DEBÛ, 2001; WEBBER et al., 2004).

As diferenças posturais entre pessoas com SD e as com desenvolvimento

típico parecem ficar mais evidentes quando a integração sensório-motora é

perturbada, seja pela manipulação de informações visuais (WADE; EMMERIK;

KERNOZEK, 2000) ou mesmo por meio de informações somatossensorial

(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985). Wade, Emmerik e Kernozek (2000)

observaram que ao manipular as informações visuais por meio de uma sala móvel,

as crianças com SD foram mais instáveis na postura ereta do que seus pares sem a

síndrome, mostrando uma maior amplitude de respostas para o movimento da sala.

Shumway-Cook e Woollacott (1985) analisaram as respostas posturais automáticas

de crianças com SD e crianças com desenvolvimento normal durante perturbações

em suas bases de suporte geradas por uma plataforma móvel (translocação), com

isso, observaram uma maior latência para o início da resposta nas crianças com SD

quando comparadas com seus pares com desenvolvimento típico. Sendo assim, há

sugestões de que as pessoas com SD podem apresentar dificuldades na integração

das diversas informações sensoriais (WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000;

WEBBER et al., 2004). Além disso, estes indivíduos parecem ser mais dependentes

das informações sensoriais visuais do que das outras informações (SHUMWAY-

COOK; WOOLLACOTT, 1985).

Webber e colaboradores (2004) verificaram que adultos com a SD

apresentaram uma maior velocidade de oscilação na ausência de informações

visuais, durante a manutenção da postura ereta, quando comparados aos adultos

típicos. Estes resultados sugerem que pessoas com SD são mais dependentes de

informações visuais do que seus pares. No entanto, Vuillerme, Marin e Dubû (2001),

ao manipularem as informações visuais e somatossensoriais de adolescentes com

SD e com desenvolvimento típico, concluíram que ambos utilizavam os dois

sistemas com proporções semelhantes. Estes resultados foram corroborados pelo

estudo de Gomes e Barela (2007), no qual foi demonstrando que adultos com SD

também utilizaram informações visuais e somatossensoriais (toque) para diminuir a

oscilação. Desta forma, as diferenças no controle postural entre indivíduos com SD

dos com desenvolvimento típico podem estar mais relacionadas à aspectos

quantitativos e não qualitativos (VUILLERME; MARIN; DEBÛ, 2001).

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Estudos têm mostrado que indivíduos com síndrome de Down

apresentam um padrão de co-contração muscular durante a manutenção da postura

estática (WEBBER et al., 2004) e dinâmica (ULRICH et al., 2004). Esta co-contração

pode ocorrer devido à dificuldade de gerar forças adequadas na manutenção da

postura (VIRJI-BABUL; BROWN, 2004) ou para compensar a frouxidão ligamentar,

melhorando a estabilidade corporal (ULRICH et al., 2004). Além disso, indivíduos

com SD podem apresentar outras características, como o aumento na largura da

passada durante a caminhada, assim como o aumento na rigidez articular (KUBO;

ULRICH, 2006; SMITH et al., 2007; GALLI et al., 2008). Desta forma, indivíduos com

SD podem desenvolver estratégias motoras compensatórias a fim de superar as

deficiências causadas pela síndrome e, assim, preservar sua estabilidade postural

estática e dinâmica (ULRICH et al., 2004; VIRJI-BABUL; BROWN, 2004; WEBBER

et al., 2004; RIGOLDI et al., 2011).

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3. MÉTODOS

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo caracteriza-se como um estudo de campo de caráter

exploratório e transversal.

3.2. SELEÇÃO E DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

Participaram do estudo 36 adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, de

ambos os sexos, sendo 14 com síndrome de Down, que constituíram o grupo

Síndrome de Down (SD) e 22 com desenvolvimento típico, que constituíram o

Desenvolvimento Típico (DT).

Os participantes do grupo SD foram recrutados na Associação de Pais e

Amigos de Portadores de Síndrome de Down (APS-DOWN) de Londrina, PR. Os

participantes do grupo DT foram recrutados na Escola Basílio de Lucca da cidade de

Ibiporã, PR. Foram selecionados os participantes que atenderam aos critérios de

inclusão do estudo quanto à faixa etária (entre 12 e 17 anos) e a ausência de

comprometimentos neurológicos, físicos ou lesões que impedissem a participação

do adolescente no estudo. No grupo com SD foram selecionados os adolescentes

que apresentavam um déficit intelectual de leve a moderado, seguindo indicações da

coordenação da APSDOWN.

Tanto os adolescentes como os pais/responsáveis foram informados

sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa. Assim, ambos assinaram um termo

de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação no estudo. O

presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Estadual de Londrina, sob o protocolo nº 12663/11 e CAAE 0099.0.268.000-11.

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3.3. LOCAL

Os dados foram coletados nas dependências da própria instituição a qual

os adolescentes pertenciam.

3.4. INSTRUMENTOS/EQUIPAMENTOS E TAREFA

3.4.1. Equilíbrio Dinâmico

O equilíbrio dinâmico foi analisado por meio de uma plataforma de

equilíbrio dinâmico (Figura 1) (OKAZAKI, 2010a) que consiste em uma prancha de

madeira (40 cm de comprimento por 40 cm de largura e 5,9 cm de altura) sustentada

por uma base semi-circular (4,4 cm de altura) colocada centralmente sob a prancha.

Esta plataforma possui dois sensores eletrônicos acoplados em suas bordas laterais,

direita e esquerda, que são responsáveis por captar os toques das bordas no chão.

Os toques captados foram enviados para o software Dynamic Balance Task (DBT)

(v.1.0) de Okazaki (2010b) por meio de um adaptador digital (Analog-to-Digital

Adaptador for Laboratory Tasks) (OKAZAKI, 2009). No software DBT foram

registrados os toques captados pelos sensores eletrônicos e por meio destes foram

mensurados o tempo de equilíbrio sobre a plataforma e o número de erros. Este

software foi executado em um computador portátil da marca Acer® Aspire 4745Z.

Figura 1 — Plataforma de Equilíbrio Dinâmico

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Os participantes tiveram que se manter em equilíbrio sobre a plataforma, por

15 segundos, nas seguintes condições: médio-lateral (Figura 2), com os pés

afastados aproximadamente à largura do ombro, com visão (MLV) e sem visão

(MLSV), e ântero-posterior, com os pés em posição semi-tandem (pés unidos com

um deles posicionado meio pé a frente do outro) (Figura 3), com visão (APV) e sem

visão (APSV). Para a oclusão da visão nas condições “sem visão” foi utilizada uma

venda de olhos.

Figura 2 — Pés Paralelos (médio lateral)

Figura 3 — Semi-tandem (ântero-posterior)

3.5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Os dados foram coletados de forma transversal por dois avaliadores

experientes. O estudo foi composto por duas etapas. Na primeira etapa foram

explicados os objetivos e procedimentos para os adolescentes, assim como para os

pais/responsáveis, posteriormente, ambos assinaram um termo de consentimento

livre e esclarecido. Na etapa seguinte foi realizada uma tentativa com 10 segundos

em cada condição experimental como forma de familiarização e, posteriormente,

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foram realizadas 3 tentativas de teste em cada condição. As quatro condições

experimentais (MLV, MLSV, APV, APSV) foram realizadas por todos os

participantes, sendo analisado um participante por vez. A sequência das condições

foi aleatorizada entre os participantes. Em todas as condições experimentais, dois

avaliadores se colocaram ao lado do avaliado para fornecer maior segurança

durante a realização da tarefa.

Nas condições MLV e MLSV, cada participante foi colocado em frente à

plataforma de equilíbrio dinâmico, sendo orientado a colocar o pé direito sobre a

borda direita da plataforma, mantendo o sensor eletrônico sob esta pressionado no

chão, e depois colocar o pé esquerdo sobre a borda esquerda, mantendo o peso do

corpo ainda sobre a borda direita da plataforma, de forma que o eixo central da

plataforma ficasse paralelo à base de suporte do participante (pés) (Figura 4).

Posteriormente, foi instruído a tentar manter-se em equilíbrio sobre a plataforma por

15 segundos, evitando que as bordas laterais tocassem no solo. A tarefa iniciou

quando um comando de voz foi dado. O software DBT iniciou a contagem dos

toques de ambos os lados no solo, como também do tempo proposto para a tarefa, a

partir do momento que o sensor eletrônico sob a borda direita perdeu o contato com

o solo. Quando o tempo estipulado se esgotou, o software, automaticamente, deixou

de realizar a contagem e o participante foi orientado a descer da plataforma.

Figura 4 — Condição médio-lateral

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Nas condições APV e APSV, cada participante foi colocado à frente da borda

direita da plataforma de equilíbrio dinâmico, de forma que o eixo central da

plataforma ficasse perpendicular à base de suporte do participante (pés). O

participante foi orientado a colocar o pé esquerdo na borda inferior (borda direita),

mantendo o sensor eletrônico sob esta pressionado no chão, e depois colocar o pé

direito, unido ao pé esquerdo, meio pé à frente deste, caracterizando a posição

semi-tandem. O participante foi orientado a manter o peso do corpo sobre a borda

inferior, de forma que o joelho da perna direita ficasse levemente flexionado e a

perna esquerda totalmente em extensão (Figura 5). Posteriormente, o participante

foi instruído a tentar manter-se em equilíbrio sobre a plataforma por 15 segundos,

evitando que as bordas, inferior (frente) e superior (trás), da plataforma tocassem no

solo. As demais instruções foram semelhantes às realizadas nas condições MLV e

MLSV.

Figura 5 — Condição ântero-posterior

3.6. VARIÁVEIS DO ESTUDO

As variáveis independentes do presente estudo foram: a presença da

Síndrome de Down (SD), a condição da base de apoio (Base) e a condição visual

(Visão). As variáveis dependentes fornecidas pelo software DBT utilizadas no

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presente estudo foram: (a) tempo de equilíbrio absoluto (TEA) - tempo (em

segundos) em que o participante fica em equilíbrio sobre a plataforma de força sem

que os sensores das bordas toquem o solo; (b) tempo médio em equilíbrio (TME) –

tempo médio (em segundos) que o participante fica em equilíbrio sobre a plataforma;

(c) número de toques total no solo (TOQ) - número total de toques (frequência

absoluta) das bordas no solo (borda direita + esquerda ou borda inferior + superior);

(d) maior tempo em equilíbrio (MaTE) – maior tempo em equilíbrio (em segundos)

sobre a plataforma, sem que as bordas toquem o solo; (e) menor tempo em

equilíbrio (MeTE) – menor tempo em equilíbrio (em segundos) sobre a plataforma

sem que as bordas toquem o solo.

3.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram submetidos ao teste de normalidade e homoscedasticidade

de Shapiro-Wilk e Hartley, respectivamente. Contudo, como a normalidade não foi

encontrada, foi utilizado o teste de Wilcoxon para verificar o efeito dos fatores Visão

e Base, o teste de Mann-Whitney U para a comparação do grupo SD com o DT e o

teste de Anova de Friedman seguido do teste de Wilcoxon para verificar e identificar

as diferenças dentro de um mesmo grupo. As análises estatísticas foram realizadas

no programa SPSS (v.19). O nível de significância adotado nas análises foi de

P<0,05.

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4. RESULTADOS

4.1. TEMPO DE EQUILÍBRIO ABSOLUTO (TEA)

Para a variável TEA foi apresentado, por meio do teste de Wilcoxon,

efeito principal no fator Visão tanto para o grupo SD (Z=-3,23; P=0,001) quanto para

o grupo DT (Z=-4,11; P<0,001). Os grupos SD e DT apresentaram maior TEA na

condição com visão (M=9,8s, DP=2,0; M=13,3s, DP=0,7; respectivamente para SD e

DT) em comparação à condição sem visão (M=7,1s, DP=1,2; M=10,6s, DP=1,1;

respectivamente para SD e DT). Já o efeito principal no fator base foi encontrado

apenas para o grupo SD (Z=-2,67; P=0,008), enquanto que para o grupo DT não foi

demonstrado efeito principal para o fator base (Z= -1,41; P=0,16). O grupo SD

demonstrou maior TEA na base ML (M=8,9s, DP=1,6) em comparação à base AP

(M=7,9s, DP=1,7).

A ANOVA de Friedman demonstrou interação entre os fatores Visão e

Base (Xf2(N= 14; GL=3)=28,11; P<0,001) para o grupo SD na variável de TEA. Foi

verificado maior TEA na base médio-lateral em comparação à base ântero-posterior,

tanto na condição com visão (Z=-2,17; P=0,03) quanto na condição sem visão (Z=-

2,98; P=0,003). As condições “com visão” apresentaram um maior TEA quando

comparadas às condições “sem-visão”, tanto na base médio lateral (Z=-3,23;

P=0,001) quanto na base ântero-posterior (Z=-3,17; P=0,002). No grupo DT houve

interação entre os fatores Visão e Base (Xf2(N= 22; GL=3)=52,9; P<0,001), na variável de

TEA. Foram verificados maiores TEA nas condições “com visão” do que nas

condições “sem visão”, para as bases médio-lateral (Z=-4,11; P<0,001) e ântero-

posterior (Z=-4,07; P<0,001).

O teste de Mann-Whitney U demonstrou que o grupo DT apresentou

maior TEA em comparação ao grupo SD em todas as condições experimentais (Z<-

4,6; P<0,001). A Figura 6 apresenta o TEA, para os grupos SD e DT, nas quatro

condições experimentais, assim como as diferenças entre os grupos e entre as

condições dentro de um mesmo grupo.

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Figura 6 — Tempo de Equilíbrio Absoluto (TEA) dos grupos SD e DT

Legenda: Diferença significativa (P<0,05) entre as condições no SD (MLV1, MLSV3,

APV5, APSV7) e DT (MLV2, MLSV4, APV6, APSV8).

4.2. TEMPO MÉDIO DE EQUILÍBRIO (TME)

Para a variável TME foi apresentado, por meio do teste de Wilcoxon,

efeito principal no fator Visão tanto para o grupo SD (Z=-3,21; P=0,001) quanto para

o grupo DT (Z=-4,11; P<0,001). Os grupos SD e DT apresentaram maior TME na

condição com visão (M=1,2s, DP=1,0; M=3,6s, DP=2,2; respectivamente para SD e

DT) em comparação à condição sem visão (M=0,6s, DP=0,1; M=1,1s, DP=0,3;

respectivamente para SD e DT). Não foi verificado efeito principal para o fator Base

para ambos os grupos, SD (Z=-0,91; P=0,36) e DT (Z=-0,88; P=0,38).

A ANOVA de Friedman demonstrou interação entre os fatores Visão e

Base, para o grupo SD na variável TME (Xf2(N= 14; GL=3)=24,28; P<0,001). Foram

verificados maiores TME na base médio lateral em comparação à base ântero-

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33

posterior na condição sem visão (Z=-2,41; P=0,016); e, na condição com visão em

relação à condição sem visão nas bases médio-lateral (Z=-3,14; P=0,002) e ântero-

posterior (Z=-3,23; P=0,001). Também houve interação entre os fatores Visão e

Base, na variável TME, para o grupo DT (Xf2(N= 22; GL=3)=53,27; P<0,001). Assim,

foram verificados maiores TME nas condições com visão em relação à condição sem

visão, tanto na base médio-lateral (Z=-4,11; P<0,001) quanto na base ântero-

posterior (Z=-4,11; P<0,001).

O teste de Mann-Whitney U demonstrou maior TME para o grupo DT em

comparação ao grupo SD em todas as condições manipuladas (Z<-4,2; P<0,001). A

Figura 7 apresenta o TME, para os grupos SD e DT, nas quatro condições

experimentais, bem como as diferenças entre os grupos e entre as condições dentro

de um mesmo grupo.

Figura 7 — Tempo Médio de Equilíbrio (TME) dos grupos SD e DT

Legenda: Diferença significativa (P<0,05) entre as condições no SD (MLV1, MLSV3,

APV5, APSV7) e DT (MLV2, MLSV4, APV6, APSV8).

Page 35: Universidade Estadual de Londrina · perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para

34

4.3. NÚMERO DE TOQUES NO SOLO (TOQ)

Para a variável TOQ foi apresentado, por meio do teste de Wilcoxon,

efeito principal no fator Visão tanto para o grupo SD (Z=-2,27; P=0,023) quanto para

o grupo DT (Z=-4,11; P<0,001). Os grupos SD e DT apresentaram maior TOQ na

condição sem visão (M=12,7 toques, DP=1,9; M=9,9 toques, DP=1,5;

respectivamente para SD e DT) em comparação à condição com visão (M=10,2

toques, DP=3,5; M=4,6 toques, DP=1,7; respectivamente para SD e DT). O efeito

principal no fator base foi encontrado apenas para o grupo DT (Z=-2,35; P=0,02),

enquanto que para o grupo SD não foi demonstrado efeito principal para o fator base

(Z=-0,09; P=0,92). O grupo DT demonstrou maior número de toques no solo na base

ML (M=7,6 toques, DP=1,6) em comparação à base AP (M=6,9 toques, DP=1,6).

A ANOVA de Friedman demonstrou interação entre os fatores Visão e

Base, para o grupo SD na variável TOQ (Xf2(N= 14; GL=3)=10,9; P=0,12). Assim, foi

verificado maior TOQ na condição sem visão em relação à condição com visão, na

base médio-lateral (Z=-2,48; P=0,013). Também houve interação entre os fatores

Visão e Base, na variável TOQ, para o grupo DT (Xf2(N= 22; GL=3)=54,63; P<0,001).

Desta forma, foram verificados maiores TOQ nas condições sem visão em relação à

condição com visão, tanto na base médio-lateral (Z=-4,11; P<0,001) quanto na base

ântero-posterior (Z=-4,11; P<0,001).

O teste de Mann-Whitney U demonstrou que o grupo SD apresentou

maior TOQ em comparação ao grupo DT em todas as condições experimentais (Z<-

3,18; P≤0,001). A Figura 8 apresenta o TOQ, para os grupos SD e DT, nas quatro

condições experimentais, assim como as diferenças entre os grupos e entre as

condições dentro de um mesmo grupo.

Page 36: Universidade Estadual de Londrina · perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para

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Figura 8 — Número de Toques no solo (TOQ) dos grupos SD e DT

Legenda: Diferença significativa (P<0,05) entre as condições no SD (MLV1, MLSV3,

APV5, APSV7) e DT (MLV2, MLSV4, APV6, APSV8).

4.4. MAIOR TEMPO DE EQUILIBRIO (MaTE)

Para a variável MaTE foi apresentado, por meio do teste de Wilcoxon,

efeito principal no fator Visão tanto para grupo SD (Z=-2,80; P=0,005) quanto para o

grupo DT (Z=-4,11; P<0,001). Os grupos SD e DT apresentaram maior MaTE na

condição com visão (M=3,1s, DP=1,8; M=7,3s, DP=2,2; respectivamente para SD e

DT) em comparação à condição sem visão (M=1,5s, DP=0,3; M=2,9s, DP=0,8;

respectivamente para SD e DT). Não foi verificado efeito principal para o fator Base

para ambos os grupos, SD (Z=-0,18; P=0,86) e DT (Z=-1,8; P=0,07).

A ANOVA de Friedman demonstrou interação entre os fatores Visão e

Base, para o grupo SD na variável MaTE (Xf2(N= 14; GL=3)=20,91; P<0,001). Assim,

foram verificados maiores MaTE nas condições com visão em relação à condição

Page 37: Universidade Estadual de Londrina · perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para

36

sem visão, tanto na base médio-lateral (Z=-3,18; P=0,001) quanto na base ântero-

posterior (Z=-2,98; P=0,003). Também houve interação entre os fatores Visão e

Base, na variável TOQ, para o grupo DT (Xf2(N= 22; GL=3)=52,09; P<0,001). Desta

forma, foram verificados maiores MaTE nas condições com visão em relação à

condição sem visão, tanto na base médio-lateral (Z=-4,11; P<0,001) quanto na base

ântero-posterior (Z=-4,11; P<0,001).

O teste de Mann-Whitney U demonstrou que o grupo DT apresentou

MaTE maior em comparação ao grupo SD em todas as condições experimentais

(Z<-4,2; P<0,001). A Figura 9 apresenta o MaTE, para os grupos SD e DT, nas

quatro condições experimentais, assim como as diferenças entre os grupos e entre

as condições dentro de um mesmo grupo.

Figura 9 — Maior Tempo de Equilíbrio (MaTE) dos grupos SD e DT

Legenda: Diferença significativa (P<0,05) entre as condições no SD (MLV1, MLSV3,

APV5, APSV7) e DT (MLV2, MLSV4, APV6, APSV8).

Page 38: Universidade Estadual de Londrina · perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para

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4.5. MENOR TEMPO DE EQUILIBRIO (MeTE)

Para a variável MeTE foi apresentado, por meio do teste de Wilcoxon,

efeito principal no fator Visão tanto para o grupo SD (Z=-2,12; P=0,034) quanto para

o grupo DT (Z=-3,75; P<0,001). Os grupos SD e DT apresentaram MeTE maior na

condição com visão (M=0,3s, DP=0,7; M=1,5s, DP=2,3; respectivamente para SD e

DT) em comparação à condição sem visão (M=0,1s, DP=0,05; M=0,2s, DP=0,1;

respectivamente para SD e DT). Não foi verificado efeito principal para o fator Base

para ambos os grupos, SD (Z=-1,2; P=0,23) e DT (Z=-0,9; P=0,38).

A ANOVA de Friedman demonstrou interação entre os fatores Visão e

Base, para o grupo SD na variável MeTE (Xf2(N= 14; GL=3)=12,48; P=0,006). Foi

verificado MeTE maior na base médio-lateral em comparação à ântero-posterior na

condição sem visão (Z=-2,63; P=0,008). O MeTE também foi maior na condição

“com visão” em comparação à condição “sem visão” na base ântero-posterior (Z=-

2,32; P=0,02). Também houve interação entre os fatores Visão e Base, na variável

MeTE, para o grupo DT (Xf2(N= 22; GL=3)=29,93; P<0,001). Assim, foram verificados

MeTE maiores nas condições com visão em relação à condição sem visão, tanto na

base médio-lateral (Z=-3,61; P<0,001) quanto na base ântero-posterior (Z=-3,88;

P<0,001).

O teste de Mann-Whitney U demonstrou que o grupo DT apresentou

MeTE maior em comparação ao grupo SD nas condições experimentais MLV, APV e

APSV (Z<-2,8; P<0,005). Mas, não houve diferença entre os grupos na condição

MLSV (Z=0,57; P=0,57). A Figura 10 apresenta o MeTE, para os grupos SD e DT,

nas quatro condições experimentais, assim como as diferenças entre os grupos e

entre as condições dentro de um mesmo grupo.

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Figura 10 — Menor Tempo de Equilíbrio (MeTE) dos grupos SD e DT

Legenda: Diferença significativa (P<0,05) entre as condições no SD (MLV1, MLSV3,

APV5, APSV7) e DT (MLV2, MLSV4, APV6, APSV8).

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5. DISCUSSÃO

O presente estudo analisou o equilíbrio dinâmico em adolescentes com

Síndrome de Down (SD) e em adolescentes com desenvolvimento típico (DT). Para

tal, foi utilizada uma plataforma de equilíbrio dinâmico, na qual os participantes

tinham que se equilibrar em condições com a manipulação da base de suporte

(direção médio-lateral e ântero-posterior) e da informação visual (com e sem visão).

A manipulação na direção da perturbação (oscilação da plataforma de

equilíbrio) demonstrou que a base de apoio utilizada proporcionou maior TEA para o

SD na condição ML em relação a AP. As demais variáveis não demonstraram

alteração no SD, em função da direção da perturbação na base de suporte. O

melhor equilíbrio na condição médio-lateral foi explicado pelo fato de que na

condição AP a estratégia do tornozelo poderia estar mais presente que a estratégia

do quadril. Desta forma, devido à oscilação para frente e para trás, presente na

condição AP, o indivíduo necessita produzir maior torque sobre a articulação do

tornozelo, o que demanda grande quantidade de força, a fim de deslocar o seu COM

e COP para tentar reduzir a oscilação corporal (HORAK; MACPHERSON, 1996).

Entretanto, na condição ML o grupo SD utilizaria mais a estratégia do quadril,

necessitando de uma menor ativação muscular, quando comparada à estratégia do

tornozelo (RUNGE et al., 1999), facilitando assim o maior ajuste postural diante das

perturbações.

O DT apenas demonstrou efeito da manipulação da direção da base de

suporte na variável número de toques da borda da plataforma no chão (TOQ), em

que houve maior TOQ na condição ML em comparação à condição AP. Desta forma,

este maior número de TOQ sugere que na condição ML houve maior número de

ajustes posturais durante a instabilidade proporcionada pela plataforma de equilíbrio

do que na AP, uma vez que o desempenho em ambas as condições foram

semelhantes. Tal resultado corrobora com a explicação anterior que aponta uma

maior facilidade na realização de ajustes posturais, frente à instabilidade fornecida

pela plataforma, na condição ML em comparação à AP. Nas demais variáveis, os

desempenhos entre as condições médio-lateral e ântero-posterior foram

semelhantes no DT.

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A visão também demonstrou influenciar no equilíbrio dos adolescentes de

ambos os grupos, SD e DT. Quando a visão foi ocluída, os adolescentes dos grupos

SD e DT apresentaram piores desempenhos em comparação às condições “com

visão”, pois foram verificados menores tempos de equilíbrio e um maior número de

toques das bordas da plataforma no solo. Por conseguinte, a importância do sistema

visual no controle postural foi constatada no presente estudo, assim como tem sido

demonstrada, por vários estudos, a redução no equilíbrio estático com a oclusão da

visão tanto em pessoas com SD (WADE; EMMERICK; KERNOZEK, 2000; WEBBER

et al., 2004; GOMES; BARELA, 2007; MENEGHETTI et al., 2009), quanto em

pessoas com desenvolvimento típico (OIE; KIEMEL; JEKA 2002; FREITAS;

BARELA, 2006). Ademais, a ausência da informação visual demonstrou ainda maior

prejuízo sobre o equilíbrio do grupo SD, em comparação ao DT.

Gomes e Barela (2007) ao analisarem adultos com e sem SD, por meio

de uma plataforma de força, verificaram que ambos utilizam da informação visual

para reduzir as oscilações do corpo. Mas, mesmo assim, os adultos com SD

apresentam maiores oscilações corporais que os sem a síndrome (GOMES;

BARELA, 2007). Os resultados encontrados no presente estudo também corroboram

com os de estudos realizados em situações de equilíbrio dinâmico em pessoas com

desenvolvimento típico (BUCHANAN; HORAK, 1999; POZZO; LEVIK; BERTROZ,

1995) e em pessoas com SD (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985), os quais

verificaram um aumento na contribuição do sistema visual na permanência em

superfícies instáveis.

Uma das possíveis explicações para o pior desempenho dos grupos SD e

DT, com a oclusão da visão, pode ser a maior dependência do sistema visual em

situações dinâmicas, uma vez que o controle postural atribui valor de importância a

cada tipo de informação sensorial dependendo, basicamente, do contexto em que a

tarefa postural é realizada (MENEGHETTI et al. 2009). De fato, a visão tem sido

considerada uma das principais fontes de informação sensorial para o equilíbrio

(BUCHANAN; HORAK, 1999; SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003),

principalmente em situações dinâmicas (BUCHANAN; HORAK, 1999; POZZO;

LEVIK; BERTROZ, 1995) ou com aplicação de alguma forma de perturbação

(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985).

Outra possível explicação seria referente à maior percepção de

segurança na realização da tarefa de equilíbrio dinâmico nas condições em que a

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41

visão era presente, em comparação às condições sem a informação visual.

Realmente, durante as coletas de dados os adolescentes com SD demonstraram

bastante insegurança para subir na plataforma sem o apoio de um avaliador, mesmo

na condição com visão, sendo necessária mais de uma tentativa de familiarização

para alguns adolescentes com SD. Assim, quando foi realizada a tarefa nas

condições com a oclusão da visão esta insegurança aumentava, pois muitos pediam

para que os avaliadores ficassem com os braços estendidos próximos aos seus

corpos e enquanto não se sentiam seguros não iniciavam a tarefa. O grupo DT,

embora tenham demonstrado mais insegurança na condição sem visão, não

apresentaram resistência para realizar a tarefa de equilíbrio dinâmico nas condições

em que a visão foi ocluída.

O pior desempenho no SD em relação ao DT pode ser devido à maior

dependência, por parte das pessoas com SD, das informações visuais do que das

demais informações sensoriais durante uma situação de equilíbrio dinâmico

(SHUMWAY-COOK E WOOLLACOTT, 1985). Também, pode ser decorrente da

maior rigidez articular e aumento na oscilação corporal na ausência de visão em

pessoas com SD, (Webber et al., 2004). O melhor desempenho do grupo DT em

comparação ao SD também corrobora com os resultados verificados por Gomes e

Barela (2007).

A análise realizada do equilíbrio dinâmico de adolescentes com SD

apresentou um pior desempenho em comparação aos adolescentes com

desenvolvimento típico (DT). O melhor equilíbrio do grupo DT foi verificado pelo

maior TEA, TME, MaTE e MeTE, bem como pelo menor número de toques das

bordas da plataforma no solo (TOQ) nas condições experimentais analisadas,

quando comparados ao grupo SD, com exceção da condição MLSV na variável

MeTE, na qual ambos os grupos apresentaram desempenhos semelhantes.

A variável TEA expressa a eficácia do equilíbrio corporal dos participantes

nas diferentes condições de equilíbrio realizadas. Sendo assim, o DT apresentou

melhor equilíbrio corporal que o SD, uma vez que o DT apresentou maiores TEA em

todas as condições experimentais. Tais resultados podem ser confirmados pela

variável MaTE, que reflete a eficiência e melhor desempenho do DT em comparação

ao SD. Ou seja, o DT apresentou melhor capacidade de equilibrar-se nas diferentes

condições, adaptando-se às diferentes necessidades das tarefas. Portanto, os

maiores escores de TEA e MaTE do grupo DT demonstra que os adolescentes

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típicos apresentaram um melhor desempenho na manutenção do equilíbrio sobre a

plataforma do que o SD. O equilíbrio mais debilitado em pessoas com SD em

comparação com pessoas com desenvolvimento típico tem sido demonstrado por

vários estudos, a maioria deles realizados em situações estáticas (VUILLERME;

MARIN; DEBÛ, 2001; WEBBER et al., 2004, MENEGHETTI et al., 2009). Contudo,

as pessoas com SD podem apresentar um menor equilíbrio corporal, também, em

condições dinâmicas (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985; RIGOLDI et al.,

2011), como demonstrado pelo presente estudo.

Os déficits na manutenção do equilíbrio apresentados por pessoas com

SD pode ser explicado pelas características que podem estar presentes nestes

indivíduos, tais como a hipotonia muscular, frouxidão ligamentar, co-contração

agonista-antagonista e dificuldade no relacionamento percepção-ação (SPANÒ et

al., 1999; WADE; EMMERICK; KERNOZEK, 2000; ULRICH et al., 2004; WEBBER et

al., 2004, MENEGHETTI et al., 2009; GALLI et al., 2004). Desta forma, os menores

TEA e MaTE no grupo SD podem ser decorrentes da presença de algumas destas

características nos adolescentes com SD participantes deste estudo. Estas

características podem ter influenciado, também nos menores valores do SD na

variável MeTE.

O MeTE representa o quanto as perturbações influenciam no

desempenho, bem como a capacidade para realizar os ajustes necessários para

manter a estabilidade postural quando o sistema é perturbado. Desta forma, os

adolescentes do grupo SD apresentaram menor capacidade de realizar correções

posturais do que o DT nas condições MLV, APV e APSV. Mas, na condição MLSV,

ambos os grupos apresentaram desempenhos semelhantes. Assim, esta

semelhança no desempenho de ambos os grupos pode ser explicado pelo fato de

que na condição ML os adolescentes de ambos os grupos podem ter utilizado mais

a estratégia de quadril para restabelecer o equilíbrio. Sendo assim, a estratégia de

quadril permitiria um maior ajuste postural diante das perturbações na base de

suporte, fato que poderia ser explicado pelo maior número de toques, demonstrados

no grupo DT na condição ML, o que poderia levar a um menor MeTE na variável

MLSV, de forma que o equilíbrio nesta condição se tornasse semelhantes entre os

grupos.

Nas demais condições, os MeTE menores no grupo SD podem ser

consequências de muitos fatores, como um atraso nas respostas às perturbações e

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uma menor capacidade em se adaptar (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985),

bem como uma dificuldade no acoplamento percepção-ação (WADE; EMMERICK;

KERNOZEK, 2000; VUILLERME; MARIN; DEBÛ, 2001; WEBBER et al., 2004).

Shumway-Cook e Woollacott (1985) analisaram as respostas posturais automáticas

de crianças com SD de 4 a 6 anos durante perturbações em suas bases de suporte

geradas por uma plataforma móvel (translocação). Foram observados padrões

normais de respostas posturais, mas com uma grande latência para o início da

resposta, o que resultou em um aumento na oscilação e, algumas vezes, em perda

no equilíbrio. Também, foi observada entre essas crianças com SD uma dificuldade

de adaptação às mudanças do ambiente e dificuldade de utilização das reações

antecipatórias.

Estes resultados encontrados pelas autoras podem auxiliar na

compreensão do menor MeTE do grupo SD, ou seja, como a base da plataforma de

equilíbrio é instável, causa uma constante perturbação no controle postural, com

isso, é necessária uma rápida correção postural para restabelecer o equilíbrio e

evitar a queda. Deste modo, como o MeTE foi menor no grupo SD sugere-se que

estes apresentaram uma capacidade menor de reagir rápido frente às perturbações

na base, a fim de restabelecer o equilíbrio, em comparação ao DT. Esta menor

capacidade de restabelecer o equilíbrio pode ser utilizado para explicar a maior TOQ

no SD em relação ao DT.

O TOQ representa o total de vezes que o sistema postural perde a

instabilidade. Sendo assim, o grupo SD apresentou maior instabilidade no equilíbrio

do que o DT, pois apresentou um maior número de toques das bordas da plataforma

no solo. Tal fato, foi verificado pelas variáveis TEA, MaTE e MeTE, apresentadas

anteriormente. Assim, como o grupo SD apresentou um pior TEA, MaTE e MeTE,

apresentou como consequência o maior TOQ. Portanto, os adolescentes com SD

apresentaram uma menor eficiência no desempenho da tarefa de equilíbrio sobre a

plataforma devido a uma maior instabilidade, o que pode ser confirmado pela

variável TME.

A variável TME representa a eficiência na manutenção do equilíbrio.

Sendo assim, confirmando os resultados das outras variáveis do estudo, o DT

apresentou maior eficiência na manutenção do equilíbrio sobre a plataforma, pois

apresentou um maior TME quando comparados ao grupo SD, em todas as

condições experimentais. Sendo assim, foi verificado neste estudo um melhor

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desempenho nas tarefas de equilíbrio dinâmico sobre a plataforma de equilíbrio no

grupo DT em comparação ao SD.

Este estudo apresenta como principal limitação o número de participantes

na amostra e as características particulares de cada participante do grupo SD. Neste

contexto, sugere-se que novos estudos sejam realizados envolvendo a análise do

equilíbrio dinâmico de pessoas com SD e com um número amostral maior, e melhor

classificação em função das alterações proporcionadas pela síndrome, a fim de

compreender quais as estratégias posturais utilizadas para a manutenção da

estabilidade e orientação postural.

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6. CONCLUSÃO

O grupo DT apresentou melhor equilíbrio dinâmico que o grupo SD,

verificado pelo maior TEA, TME, MaTE, MeTE, assim como um menor número de

toques das bordas da plataforma de equilíbrio no solo (TOQ) quando comparado ao

grupo SD, com exceção da condição MLSV na variável MeTE, na qual ambos os

grupos apresentaram desempenhos semelhantes. Portanto, a hipótese levantada no

início do estudo de que os adolescentes com SD apresentariam maior déficits no

equilíbrio quando comparados aos adolescentes com desenvolvimento típico foi

confirmada.

O pior desempenho verificado nas tarefas realizadas pelos adolescentes

com SD foi explicado pelas características particulares encontradas na síndrome de

Down, tais como: hipotonia muscular, frouxidão ligamentar e a dificuldade na

integração percepção-ação. Tais características podem levar a uma menor

capacidade de reagir rápido frente às perturbações no controle postural. Por

conseguinte, o grupo SD apresentou menor eficiência na manutenção da

estabilidade que o DT.

Nas condições em que a visão foi ocluída ambos os grupos, SD e DT,

apresentaram piores desempenhos quando comparados as condições com visão.

Contudo, o grupo SD apresentou uma maior instabilidade no equilíbrio nas

condições sem visão em relação às com visão. Assim, foi confirmada a hipótese de

que ambos os grupos apresentariam maior instabilidade no equilíbrio com a oclusão

da visão. Portanto, a importância do sistema visual na manutenção do equilíbrio

dinâmico foi verificada para ambos os grupos. O melhor desempenho do grupo DT

nas condições sem visão em relação ao grupo SD sugere que os adolescentes com

SD apresentam maior dependência do sistema visual no controle do equilíbrio

dinâmico durante perturbações em suas bases de suporte.

O presente estudo tem potencial para auxiliar nas intervenções realizadas

por profissionais da área da saúde quanto à melhoria do equilíbrio. Desta forma,

sugere-se que mais atividades envolvendo o equilíbrio dinâmico sejam realizadas

com ambos os grupo, principalmente com os adolescentes com SD, para que estes

alcancem melhores desempenhos em tarefas envolvendo equilíbrio dinâmico, tais

como a caminhada, brincadeiras, jogos, etc., e que apresentem uma maior

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independência em atividades da vida diária, de forma a diminuir a incidência de

quedas diante de perturbações no controle postural.

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7. REFERÊNCIAS

BARELA, J. A. Estratégias de controle em movimentos complexos: Ciclos de percepção-ação no controle postural. Revista Paulista de Educação Física. v. 14, supl.3, p. 79-90, 2000. BISSOTO, M. Desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem do portador de síndrome de Down: Revendo concepções e perspectivas educacionais. Ciências & Cognição . v. 4, p. 80-88, 2005. BONOMO, L. M. M.; ROSSETTI, C. B. Aspectos percepto-motores e cognitivos do desenvolvimento de crianças com síndrome de Down. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano . v. 20, n. 3, p. 723-734, 2010. BUCHANAN, J.J.; HORAK, F. B. Emergence of postural patterns as a function of vision and translation frequency.Journal Neurophysiology. v. 81, n.5, p. 2325-2339,1999. CARAKUSHANSKY, G. Doenças genéticas em pediatria . Rio de Janeiro: Koogan, 2001. CARVALHO, R. L.; ALMEIDA, G. L. Aspectos sensoriais e cognitivos do controle postural. Revista Neurociências . São Paulo, v. 17, n. 2, p. 156-160, 2009. CARVALHO, R. L.; ALMEIDA, G. L. Controle postural em indivíduos portadores da síndrome de Down: Revisão de literatura. Fisioterapia e Pesquisa . São Paulo, v. 15, n. 3, p. 304-308, jul./set., 2008. CONNOLLY, B. H.; MICHAEL, B. T. Performance of retarded children, with and without Down syndrome, on the Bruininks Oseretsky Test of Motor Proficiency. Physical Therapy . v. 66, n. 3, p. 344-348, 1986. CONNOLLY, B. H.; MORGAN, S. B.; RUSSEL, F. F.; RICHARDSON, B. Early intervention with Down syndrome children. Physical Therapy . v. 60, n. 11, p. 1405-1408, nov., 1980. CONNOLLY, B. H.; MORGAN, S.; RUSSEL, F. F. Evaluation of children with Down syndrome who participated in an early intervention program. Physical Therapy . v. 64, n. 10, p. 1515-1519, out., 1984. DAY, B. L.; CAUQUIL, A. S.; BARTOLOMEI, L.; PASTOR, M. A.; LYON, I. N. Human body-segment tilts induced by galvanic stimulation: A vestibularly driven balance protection mechanism. Jounal of Physiology. v. 500, n. 3, p. 661-672, mai., 1997. DUARTE, M. Análise estabilográfica da postura quase-estática . 2000. 87 f. Tese (Livre docência na área de Biomecânica) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

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8. APÊNDICE

8.1. APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - CENTRO DE EDUCA ÇÃO FÍSICA E ESPOSTE

TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO Pesquisadores responsáveis: TATIANE FLAVIA DE OLIVEIRA

Prof. Dr. VICTOR HUGO ALVES OKAZAKI Este é um convite especial para seu filho (a) participar voluntariamente do estudo “Análise do Equilíbrio Dinâmico em pessoas com Síndrome de Down”. Por favor, leia com atenção as informações abaixo antes e dar seu consentimento para participar ou não do estudo. Qualquer dúvida sobre o estudo ou sobre este documento pergunte diretamente a pesquisadora Tatiane Flavia de Oliveira (Fone: (43) 9927-0242) ou ao Comitê de Ética em Pesquisa da UEL (Fone (43)3371-2490). OBJETIVO E BENEFÍCIOS DO ESTUDO Analisar o equilíbrio dinâmico em pessoas com Síndrome de Down por meio de uma plataforma de equilíbrio. Este estudo pode ajudar profissionais de Educação Física e Fisioterapeutas a otimizar o processo de intervenção devido ao entendimento de como ocorre o equilíbrio dinâmico em crianças com Síndrome de Down. PROCEDIMENTOS Seu filho (a) irá participar de, aproximadamente, 15 minutos de avaliação composta por uma análise de equilíbrio dinâmico (realizado em uma plataforma de equilíbrio) e por testes motores (ficar sobre um único pé, chutar uma bola, subir um degrau e saltar). DESPESAS/ RESSARCIMENTO DE DESPESAS DO VOLUNTÁRIO Todos os participantes envolvidos nesta pesquisa são isentos de custos. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA A participação neste estudo é voluntária, assim há possibilidade plena e total para desistir do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo. GARANTIA DE SIGILO E PRIVACIDADE As informações relacionadas ao estudo são confidenciais e qualquer informação divulgada em relatório ou publicação será feita sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. O pesquisador garante que seu nome não será divulgado sob hipótese alguma. ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS Qualquer pergunta pode ser realizada durante e após o estudo. Diante do exposto acima eu, ___________________________________________, declaro que fui esclarecido sobre os objetivos, procedimentos e benefícios do presente estudo. Autorizo a participação livre e espontânea de meu filho(a)________________________________________ para o estudo em questão. Londrina, ______ de ______________ de 2011. ________________________________ __________________________________ Responsável RG __________________ Pesquisador RG ____________________