universidade estadual de maringÁ elisangela panosso …

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ELISANGELA PANOSSO DE FREITAS ORTIGARA O SIGNIFICADO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA GESTANTES ATENDIDAS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ – PR MARINGÁ 2010

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Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

ELISANGELA PANOSSO DE FREITAS ORTIGARA

O SIGNIFICADO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA GESTANT ES

ATENDIDAS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO D E

MARINGÁ – PR

MARINGÁ

2010

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ELISANGELA PANOSSO DE FREITAS ORTIGARA

O SIGNIFICADO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA GESTANT ES

ATENDIDAS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO D E

MARINGÁ – PR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá-PR, como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sandra Marisa Pelloso.

MARINGÁ

2010

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ELISANGELA PANOSSO DE FREITAS ORTIGARA

O SIGNIFICADO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA GESTANT ES

ATENDIDAS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO D E MARINGÁ –

PR.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá-PR, como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Aprovado em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Lefèvre

Faculdade de Saúde Pública da USP – FSP/USP

______________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Cristina Maria Garcia de Lima Parada

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP

______________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Sandra Marisa Pelloso

Universidade Estadual de Maringá – UEM Orientadora

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3

Dedico este trabalho

Aos meus queridos pais, Marley Panosso de Freitas e, Wilton Rodrigues de Freitas, Pelo

esforço em manter meus estudos e por sempre acreditar no meu potencial. Muito Obrigada!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a DEUS, pela minha vida, pela benção de ter uma família,

amigos e um grande amor; pessoas que enchem de alegria minha vida e que me incentivam a

lutar para ser, a cada dia, uma pessoa melhor. Agradeço por todas as graças alcançadas e por

todas as oportunidades que já tive. E, agradeço ainda, pela luz que ilumina meu caminho

dando-me forças para seguir sempre em frente e jamais desanimar.

Aos meus pais Wilton e Marley, pelo amor, pelo exemplo, pelo carinho, pelo incentivo, pela

dedicação, pela amizade, por tudo que vocês representam para mim. Jamais terei palavras

suficientes para agradecer a vocês por tudo de bom que me proporcionam. Sei que por

inúmeras vezes sacrificaram os seus sonhos em favor dos meus, e ao pensar nisso, meus olhos

enchem-se de lágrimas, minha garganta da um nó e o coração bate mais forte e não consigo

escrever tudo o que gostaria de dizer a vocês. Agradecer apenas é pouco, e por isso dedico a

vocês as minhas vitórias, eu não teria chegado até aqui e não seria quem sou hoje sem vocês.

Pai e mãe eu AMO VOCÊS MUITÍSSIMO.

Ao meu marido Rodolfo Ortigara, pelo companheirismo, pelo incentivo, pelo carinho, pelo

amor, pela cumplicidade e também pela amizade. Você tanto quanto eu desejava que esse dia

chegasse rápido, pois ele representa uma grande conquista e a realização de um sonho. Dedico

a você este trabalho, porque você também faz parte dele, e sempre soube compreender meus

momentos de ausência. Obrigada por tudo, TE AMO.

A minha orientadora a Profª. Drª. Sandra Marisa Pelloso, além de orientadora tornou-se

uma querida amiga que sempre contribuiu para minha formação profissional e também

pessoal. Professora Sandra, obrigada por todos os ensinamentos, pela experiência

compartilhada, pelas oportunidades que me ofereceu e pela amizade dividida a qual desejo

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

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que continue mesmo após a conclusão no Curso de Mestrado em Enfermagem. Quero que

saibas que seguirei o seu exemplo com muito orgulho. Obrigada!

A minha colega e amiga Luciana Borges Giarola, a você especialmente não poderia de

forma alguma deixar de agradecer. Durante todo o Curso de Mestrado, nos tornamos mais que

amigas, fomos quase irmãs, dividimos muitos sonhos, alegrias e tristezas. Por inúmeras vezes

rimos e choramos juntas e agora chega o momento em que talvez seguiremos caminhos

diferentes, mas apesar disso, levarei comigo a certeza de que seremos eternamente amigas.

Você mora no meu coração e jamais me esquecerei de tudo que vivemos juntas. Amiga

obrigado por tudo, amo você.

A Profª Drª. Maria Dalva de Barros, que sempre dedicou-se a profissão com muita paixão e

amor, assim como a nossa turma de Mestrado e a nós Mestrandos com muito carinho.

Professrora Dalva, obrigada por todos os ensinamentos, levarei comigo uma bagagem valiosa

que você nos proporcionou.

A todos os professores e professoras do Curso de Mestrado em Enfermagem da UEM, que

com sabedoria conduziram nossa formação.

Ao Dr. Fernando Lefèvre, que contribuiu muitíssimo com este trabalho, fornecendo idéias

pertinentes e nos proporcionando a Técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, metodologia

adotada para a análise dos dados aqui discutidos.

A Drª. Cristina Maria Garcia de Lima Parada, que colaborou grandemente com este

trabalho participando desde sua qualificação e sempre demonstrou dedicação ao assunto,

assim como, ao trabalho como um todo. Seus trabalhos anteriores sobre esta temática também

foram importantes na construção desta dissertação.

As Gestantes participantes, que confiaram a mim seus sentimentos, tornando possível a

realização deste estudo. Muito obrigada.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

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A todos meus colegas do Curso de Mestrado em Enfermagem que conviveram comigo

durante esses dois anos, dividindo vários momentos bons e ruins. Obrigado a todos.

MUITO OBRIGADA!

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Dois caminhos se separaram em um bosque, e eu [...]

Eu escolhi o menos percorrido;

E isso fez toda a diferença [...]

(Robert Frost)

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ORTIGARA, E. P. F. O significado da assistência pré-natal para gestantes atendidas em Unidade Básica de Saúde no município de Maringá – PR. 2010. 157 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)–Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010.

RESUMO

A temática Saúde da Mulher vem sendo foco de discussão cada vez mais presente em

investigações da área da saúde. Nesse sentido, pesquisas sobre a assistência pré-natal são

necessárias para colaborar com essa realidade e com a adequação do cuidado prestado às

gestantes na Saúde Pública. Incluir a mulher, usuária do sistema pré-natal, nestes estudos é

também respeitável, uma vez que esses sujeitos podem contribuir positivamente com sua

vivência e opinião para melhorar o cuidado. Este estudo teve por objetivo compreender o

significado da assistência pré-natal para gestantes atendidas em Unidade Básica de Saúde no

município de Maringá – PR. A coleta de dados ocorreu nos meses de novembro de 2009 a

fevereiro de 2010 nas Unidades Básicas de Saúde de Maringá, em que 44 gestantes

participaram voluntariamente. As informações foram coletadas por meio de entrevistas com

pergunta norteadora levando em consideração a opinião das mulheres entrevistadas. A analise

de dados se deu pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo com a utilização do software

QualiQuantiSoft. Dos discursos extraiu-se Idéias Centrais e Ancoragens semelhantes que

expressam o significado do pré-natal para as gestantes e identificou-se que as mesmas

reconhecem sua relevância para a saúde da mãe e do filho, bem como, a importância de ter

um acompanhamento profissional nesse período, além de críticas e elogios com a assistência

recebida. Como aspectos negativos que levam as mulheres a não indicar o pré-natal está a

falta de atenção, a falta de médico e a necessidade de enfrentar filas para receber assistência, e

como aspectos positivos referente a atenção recebida, o médico da instituição, o atendimento

imediato, o próprio Sistema Único de Saúde, o bom atendimento e o fato de morar próximo

da Unidade. As usuárias aconselham o diálogo e a orientação nas consultas de pré-natal, a

importância dos grupos de gestantes, a necessidade de profissionais para assistir o pré-natal, a

relevância dos exames e das consultas. Conclui-se que compreender o significado da

assistência pré-natal na opinião das gestantes, possibilita direcionar a maneira como a equipe

de saúde deve atuar juntamente às mulheres no período gestacional. Muito do que as gestantes

esperam de uma assistência pré-natal de qualidade tem mais a ver com o vínculo entre

profissional e cliente, com a atenção e acolhimento, do que com grandes tecnologias. As

sugestões das usuárias do sistema pré-natal permitem conhecer quais são suas verdadeiras

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necessidades, e assim, adequar o serviço de saúde, quando possível, para atender a essas

manifestações.

Palavras-chave: Gestantes. Cuidado pré-natal. Saúde da mulher. Enfermagem.

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ORTIGARA, E. P. F. The meaning of prenatal care for pregnant women attended in Basic Health Unit in Maringá - PR. 2010. 157 f. Master (Nursing)–Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010.

ABSTRACT

The thematic Women's Health has been the focus of discussion increasingly present in the

area of health research. In this sense, research on prenatal care are required to collaborate with

this reality and the appropriateness of care provided to pregnant women in public health.

Including the woman, user of a pre-natal system, in these studies is also respectable, since

these individuals can contribute positively with their experience and opinion to improve care.

This study aimed to understand the meaning of prenatal care for pregnant women enrolled in

Basic Health Unit in Maringá - PR. Data collection occurred from November 2009 to

February 2010 in the Basic Health Unit of Maringa, in which 44 women participated

voluntarily. Information was gathered through interviews with central question taking into

account the opinion of the women interviewed. Data analysis was done by the technique of

collective subject discourse using the software Qualiquantisoft. The speeches drew to Central

Ideas and anchors alike that express the meaning of prenatal care for pregnant women, and it

was identified that pregnant women recognize their relevance to the health of mother and

child, as well as the importance of having a monitoring by a health professional in this period,

beyond criticism and praise about the care received. Negative aspects that lead women not to

indicate the pre-natal is the lack of attention, lack of physicians and the need to stand in lines

to receive assistance, and as positive aspects reffering to the care received, the institution’s

phisician, the immediate attendance, the Unified Health System itself, good service and to live

near Unit. Users advise dialogue and orientation on prenatal consultations, the importance of

groups of pregnant women, the need for health professionals to attend prenatal care, the

relevance of examinations and consultations. We conclude that understanding the meaning of

prenatal care by the point of view of pregnant women allows to direct the way how the health

care team should work together with these women during pregnancy. Much of what women

expect from a quality prenatal care has more to do with the bond between client and

professional, with attention and care, than with great technologies. The users’ suggestions

about the prenatal system allow to know what their real needs are, and thus, adequate the

health service, where possible, to attend such events.

Keywords: Pregnant women. Prenatal care. Women`s health. Nursing.

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ORTIGARA, E. P. F. El significado de La asistencia prenatal para gestantes atendidas en Unidad Básica de Salud en el Municipio de Maringá - PR. 2010. 157 f. Disertación (Mestrado de Enfermería)–Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010.

RESUMEN

La temática Salud de la Mujer viene siendo foco de discusión cada vez más presente en

investigaciones del área de la salud. En ese sentido, investigaciones sobre la asistencia

prenatal son necesarias para colaborar con esa realidad y con la adecuación del cuidado

prestado a las gestantes en la Salud Pública. Incluir la mujer, usuaria del sistema prenatal, en

estos estudios es también respetable, una vez que esos sujetos pueden contribuir

positivamente con su vivencia y opinión para mejorar el cuidado. Este estudio tuvo por

objetivo comprender el significado de la asistencia Prenatal para gestantes atendidas en

Unidad Básica de Salud en el municipio de Maringá – PR. La recogida de datos ocurrió en los

meses de noviembre de 2009 a febrero de 2010 en las Unidades Básicas de Salud de Maringá,

en que 44 gestantes participaron voluntariamente. Las informaciones fueron recogidas a

través de entrevistas con pregunta orientadoras llevando en consideración la opinión de las

mujeres entrevistadas. El análisis de datos se dio por la técnica del Discurso del Sujeto

Colectivo con la utilización del software QualiQuantiSoft. De los discursos se extrajo Ideas

Centrales y Bases semejantes que expresan el significado del prenatal para las gestantes y, se

identificó que éstas reconocen su relevancia para la salud de la madre y la del hijo, así como,

la importancia de tener un acompañamiento profesional en ese período, además de críticas y

elogios con la asistencia recibida. Como aspectos negativos que llevan a las mujeres a no

indicar el prenatal está la falta de atención, la falta de médico y la necesidad de enfrentar colas

para recibir asistencia, y como aspectos positivos referente a la atención recibida, el médico

de la institución, la atención inmediata, el propio Sistema Único de Salud, la buena atención y

el hecho de vivir próximo de la Unidad. Las usuarias aconsejan el diálogo y la orientación en

las consultas de prenatal, la importancia de los grupos de gestantes, la necesidad de

profesionales para asistir el prenatal, la relevancia de los exámenes y de las consultas. Se

concluye que comprender el significado de la asistencia prenatal en la opinión de las

gestantes, posibilita encaminar la manera cómo el equipo de salud debe actuar juntamente a

las mujeres en el período gestacional. Mucho de lo que las gestantes esperan de una asistencia

prenatal de calidad, tiene que ver con el vínculo entre profesional y cliente, con la atención y

acogida, que con grandes tecnologías. Las sugestiones de las usuarias del sistema prenatal

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permiten conocer cuales son sus verdaderas necesidades, y así, adecuar el servicio de salud,

cuando posible, para atender a esas manifestaciones.

Palabras clave: Mujeres embarazadas. Atención Prenatal. Salud de La Mujer. Enfermería.

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13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC

AIDS

CECAPS

CNDM

COPEP

DSC

DST

ECH

ESF

IAD1

IAD2

IC

MS

OMS

PAISM

PHPN

SISPRENATAL

SMS

SUS

TCLE

UBS

UEM

Ancoragem

Acquired Immunological Deficiency Syndrome

Centro de Capacitação Permanente em Saúde

Comissão Nacional dos Direitos da Mulher

Comitê de Ética em Pesquisa

Discurso do Sujeito Coletivo

Doença Sexualmente Transmissível

Expressão Chave

Estratégia Saúde da Família

Instrumento de Análise do Discurso 1

Instrumento de Análise do Discurso 2

Ideia Central

Ministério da Saúde

Organização Mundial da Saúde

Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento

Sistema de Informação do Programa de Humanização no Pré-natal e

Nascimento

Secretaria Municipal de Saúde

Sistema Único de Saúde

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Unidade Básica de Saúde

Universidade Estadual de Maringá

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 19

2.1 HISTÓRIAS RECENTES DAS POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER NO

BRASIL .....................................................................................................................

19

2.2 PRÉ-NATAL – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ................................................... 24

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO ............... 27

3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 35

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 36

4.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................................... 36

4.2 LOCAL E PARTICIPANTES DA INVESTIGAÇÃO ............................................. 36

4.3 COLETA DOS DADOS ............................................................................................ 37

4.4 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 38

4.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA ................................................... 38

5 APRESENTAÇÃO DAS ARTICIPANTES .......................................................... 40

6 ARTIGOS ................................................................................................................. 44

6.1 ARTIGO 1 ................................................................................................................. 44

6.2 ARTIGO 2 ................................................................................................................. 65

6.3 ARTIGO 3 ................................................................................................................. 84

7 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 97

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 99

APÊNDICES ............................................................................................................ 107

ANEXOS ................................................................................................................... 111

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo de várias décadas a saúde da mulher vem sendo temática de discussão. Os

programas de saúde pública abordam ações a serem executadas pelos profissionais de saúde

envolvidos com a assistência à mulher, valorizando o modo intervencionista, medicalizado e

institucionalizado de se “tratar” a saúde (DUARTE; ANDRADE, 2008).

No decorrer da história da Saúde Pública, a atenção materno-infantil vem sendo

também ponderada como área primordial, especialmente no que diz respeito aos cuidados da

mulher no período gestacional, que abrange: o pré-natal, o parto e o puerpério, com a

finalidade de sustentar ciclo gravídico-puerperal com o mínimo de risco possível para a mãe e

o filho (SHIMIZU; LIMA, 2009).

Para a valorização dessa assistência prestada à mulher, surgiu o Programa de

Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN) o qual fundamenta-se nos preceitos de que a

humanização da assistência obstétrica e neonatal é condição principal para o eficiente

acompanhamento do parto e puerpério (BRASIL, 2002a).

Além do PHPN, destaca-se o Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde da

Mulher (PAISM) que propõe inovação na abordagem para com as gestantes, com ênfase na

assistência à saúde reprodutiva das mulheres na esfera da atenção integral, objetivando o

aprimoramento do controle do pré-natal, parto e puerpério (SHIMIZU; LIMA, 2009).

No Brasil, no final dos anos noventa, a atenção à saúde da mulher continuava com

questões a serem discutidas. Nesse sentido, a principal característica da má assistência que era

oferecida dizia respeito com a não-percepção da mulher como sujeito e o desrespeito e

desconhecimento ao seu direito à saúde. Ainda hoje, entre os programas e ações

programáticas em saúde, a atenção pré-natal tem ocupado um espaço acentuado na assistência

à saúde da população (COSTA; COTTA; REIS et al., 2009).

Segundo Costa, Cotta e Rei et al. (2009), embora o cuidado pré-natal seja importante,

estudo realizado em 22 capitais do país no ano de 2002, comprovou que a atenção pré-natal

no Brasil é parcial e desarticulada. Dessa maneira, a assistência à saúde da mulher no período

gestacional continua sendo desafio, tanto no que diz respeito à qualidade, quanto no que se

refere aos aspectos relacionados as discussões filosóficas sobre o cuidado.

Apesar da gravidez, parto e puerpério, serem essencialmente acontecimentos

fisiológicos na vida da mulher, caracterizam-se por provocar alterações físicas e emocionais,

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16

as quais requerem acompanhamento contínuo dos profissionais de saúde e envolvimento da

família (DOURADO, 2005).

A gravidez é período de intensa complexidade na vida da mulher. É avaliado como

momento excepcional, no qual a mulher, símbolo da fecundidade, reforça seu papel social.

Este momento é representado por distintas transformações biológicas, psicológicas e sociais,

que interferem também na saúde mental e física da gestante, e ainda desempenha influência

na saúde do bebê (ARAUJO; VILARIM; SABROSA et al., 2010).

Tedesco (2000), complementa que a gestação é momento de crise psicológica e

corresponde a momento de intensas mudanças relacionadas aos aspectos fisiológico,

emocionais e associações interpessoais. Apesar disso, considera também que esses

acontecimentos são na maioria das vezes transitórios.

Baruffi (2004) descreve que o pré-natal caracteriza-se pelo conjunto de medidas e

atividades realizadas pelos profissionais de saúde para com as mulheres durante a gestação e

no preparo para o parto. Nesse sentido, o objetivo predominante da assistência ao pré-natal

está relacionado à redução da taxa de morbimortalidade materna e perinatal. Contudo, não se

percebe a preocupação e adequação da assistência às necessidades sentidas e manifestadas

pela gestante de acordo com o contexto socioeconômico-cultural (BONADIO;

TSUNECHIRO, 2003).

Duarte e Andrade (2008), ressaltam que a assistência pré-natal não deve se restringir

apenas às ações clínico-obstétricas, mas incluir também aquelas voltadas à educação em

saúde, assim como aspectos antropológicos, sociais, econômicos e culturais, que precisam ser

conhecidos pelos profissionais que assistem as gestantes, procurando entendê-las no contexto

em que vivem, agem e reagem.

A assistência pré-natal se caracteriza pelo conjunto de ações clínicas e educativas

realizadas para acompanhamento das gestantes e com a finalidade de promover a saúde da

mulher grávida e da criança. Avaliar a qualidade desse cuidado, com pretensões de melhorá-

lo, exige esforço contínuo das autoridades de saúde, dos profissionais que exercem essa

assistência e também da própria usuária do serviço, que precisa estar atenta às dificuldades

surgidas e contribuir na busca por soluções (SUCCI; FIGUEIREDO; ZANATTA et al.,

2008).

Para ser realmente efetivo, o serviço pré-natal necessita proporcionar assistência

ampliada e eficaz às mulheres grávidas, sendo indispensável que a equipe multidisciplinar

disponha das normas e rotinas do serviço e conheça os direitos da gestante assistida em suas

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17

reações humanas, suas necessidades sociais, culturais, físicas, e emocionais, em relação à sua

saúde e à gestação (BONADIO; TSUNECHIRO, 2003).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que pesquisas em saúde

reprodutiva relativas à sexualidade, contracepção e à concepção, incluindo a gravidez, o parto

e o puerpério, são primordiais, e propõe que as características do contexto sociocultural, bem

como, os valores, crenças, condições socioeconômicas, entre outros, sejam ponderados como

fatos importantes (DOURADO; PELLOSO, 2007).

Lopes e Campos (2005), apontam que as reações humanas, especialmente as das

mulheres, são fenômenos que necessitam ser investigados para fundamentar, sobretudo, a

prática da enfermagem. Assim, torna-se pertinente identificar a percepção de mulheres

grávidas quanto à vivência da assistência pré-natal, investigando, portanto, suas opiniões no

intuito de direcionar as ações da equipe no acompanhamento às gestantes assistidas durante o

pré-natal.

Shimizu e Lima (2009), mencionam, ainda, que no Brasil são raros os estudos sobre a

qualidade da assistência pré-natal que levam em consideração as gestantes, as quais são as

principais protagonistas do processo gestacional e da avaliação da assistência recebida, com a

finalidade de garantir a real adesão à atenção pré-natal e à integralidade da assistência.

Almeida e Tanaka (2009), complementam reforçando que deve-se considerar a mulher

usuária do serviço de saúde, como integral em suas necessidades, desejos e interesses; não

somente em sua satisfação ou insatisfação com o atendimento recebido, mas sim, em sua

possibilidade de proporcionar reflexão crítica referente aos objetivos e configurações desse

atendimento; não simplesmente como objeto da ação, mas como possuidor de potencial de

proatividade sugestivo de respeito ao controle das variáveis que determinam o processo

saúde-doença de modo individual e coletivo.

O estudo do senso comum possibilita apreender a maneira como as gestantes

percebem o pré-natal e permite refletir sobre as consequências do choque causado entre o

conhecimento científico e o conhecimento popular, que pode determinar a conduta das

mulheres grávidas. Esse conhecimento forneceu subsidio para a organização das ações em

saúde, procurando estabelecer a harmonia entre a ciência e o senso comum, permitindo

desvelar os mitos e as crenças que cercam o pré-natal (DUARTE; ANDRADE, 2008).

Dar valor a escuta pode ser instrumento de gestão tão eficaz quanto a análise de

indicadores epidemiológicos, de consequência ou então de produção ou produtividade do

processo de cuidado. Quanto à efetivação dos procedimentos de avaliação, é necessário

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

18

armazenar e conferir a fala das usuárias e informantes-chave para a tomada de decisão,

ponderando a flexibilidade do planejado (ALMEIDA; TANAKA, 2009).

Na enfermagem não podemos ignorar as emoções nem o significado das ações,

reações e experiências vividas pelos sujeitos. Nesse sentido, é necessário que a enfermagem

reflita sobre sua prática e adicione a esta reflexão a opinião daqueles a quem o cuidado é

disponibilizado. Dividir experiências e conhecimentos permite escolhas de forma mais

consciente na prática da enfermagem (FERREIRA, 2006).

Ressalta-se que no contexto brasileiro vem sendo discutido, dentro das políticas de

saúde e práticas em serviços, a seriedade e importância da avaliação em sistemas de saúde.

Essa intenção está inserida num contexto mundial e, em alguns países, a avaliação já se

estabelece como uma prática institucionalizada, em que seus resultados possuem a finalidade

de contribuir para a criação de políticas e práticas de saúde (COSTA; COTTA; REIS et al.,

2009).

Assim, emerge a necessidade de chamar a atenção para a inserção do profissional

enfermeiro em projetos de educação em saúde, com o intuito de aprofundar seus

conhecimentos acerca do significado da assistência do pré-natal para gestantes atendidas em

Unidade Básica de Saúde (UBS), buscando construir vínculos que favoreçam a comunicação

entre estes profissionais e a gestante, permitindo que esta se sinta à vontade para expor sua

compreensão, experiência, e opiniões sobre o assunto.

A compreensão sobre o significado do pré-natal na percepção da gestante possibilita a

direção e a maneira de como a equipe de saúde, em especial a equipe de enfermagem, tendo a

capacidade de atuar juntamente as mulheres no período gestacional. Desta forma, estudar o

significado da assistência pré-natal através do olhar da gestante ampliará os horizontes para a

enfermagem e a equipe, possibilitando assistir à mulher de maneira mais humanizada.

Frente a isso, fica evidente a necessidade de expor a formulação do problema de

pesquisa a ser trabalhado nesse estudo:

- Qual o significado da assistência Pré-natal para gestantes atendidas em Unidade Básica de

Saúde no município de Maringá – PR?

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19

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo apresenta-se o referencial teórico eleito para alicerçar esta pesquisa. O

tema pesquisado refere-se ao significado da assistência Pré-natal para gestantes atendidas em

Unidade Básica de Saúde no município de Maringá – PR. Para fundamentar este estudo, faz-

se uma pequena contextualização teórica focalizando a história recente das Políticas de Saúde

da mulher no Brasil; Pré-natal – algumas considerações; além de considerações sobre o

Discurso do Sujeito Coletivo.

2.1 HISTÓRIAS RECENTES DAS POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER NO BRASIL

Aspectos sobre a evolução histórica da Saúde da Mulher, no decorrer das últimas

décadas, merece aqui um breve comentário. Sendo assim, se percebe progresso no que diz

respeito à condição feminina. Discorrer sobre saúde da mulher inclui dar atenção para todo o

conjunto psicossocial em que esta se coloca. Isto compreende características relacionadas ao

bem-estar, enfermidade, doença, assim como às atividades de cuidados, prevenção,

diagnóstico, cura e luta da classe feminina (MORI; COELHO; ESTRELA, 2006).

No início do século XX a saúde da mulher passou a complementar as políticas

públicas de saúde, principalmente das décadas de 30, 40 e 50, em que os programas materno-

infantis colaboravam para visão limitada da mulher como mãe e dona do lar. A saúde da

mulher atravessa a fonte de inquietação de múltiplos países devido ao desenvolvimento

antecipado da população mundial. No Brasil, estratégias de controle da natalidade difundiram-

se especialmente no final da década de 70 (BRASIL, 2004a).

No final da década de 1970 e do século passado, a abordagem aos problemas de saúde

da mulher incluía, principalmente problemas de saúde gestacional, estando ligada

basicamente à proteção da saúde do feto. Contudo, com as mudanças no padrão procriativo e

com a manifestação da AIDS nos anos 80, aspectos relacionados à sexualidade e a

anticoncepção ganharam destaque em relação à gravidez e ao parto (BRASIL, 2002b).

As atividades de domínio da natalidade foram expandindo-se cada vez mais, deixando

em segundo plano a qualidade de vida e a melhoria da saúde da população. Assim, surgiram

problemas com esses programas, levando cientistas e movimentos feministas a demonstrarem

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

20

seu descontentamento, obrigando a revisões das políticas internacionais em saúde da mulher.

No entanto, o destaque se conservou nos aspectos reprodutivos (MORI; COELHO;

ESTRELA, 2006).

Segundo Rios e Vieira (2007), mobilizações sociais, como as do feminismo,

permitiram debates sobre a problemática da saúde da mulher brasileira. Sem dúvida, o

engajamento das mulheres e dos profissionais da saúde nos combates sobre os direitos de

atendimento à mulher e por melhor qualidade de vida estimulou as medidas iniciais do

Ministério da Saúde (MS).

O movimento feminista espalhou perguntas e idéias que foram, de acordo com a

história, reproduzindo o conceito de direito reprodutivo e servindo de base para a construção

de novos direitos sexuais. Isto quer dizer que esses direitos estão distinguidos como valores

democráticos e permanecem na agenda política nacional e internacional (ÁVILA, 2003).

A sexualidade foi pontuada como direito na cultura feminista nas décadas de 70 e 80.

A realização no Egito, em 1994, da Conferência Internacional sobre População e

Desenvolvimento, e realização na China em 1995, da IV Conferência Mundial sobre a

Mulher, buscaram fortalecer essa metodologia, num movimento com sinais mundiais.

Portanto, a tomada de consciência pela cultura feminina, foi fundamental para situar a

coibição à sexualidade como uma tática de dominação (MORI; COELHO; ESTRELA, 2006).

Nesse contexto, se instituíram o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM),

a Comissão Nacional de Estudos dos Direitos da Reprodução Humana, no Ministério da

Saúde, e o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) no ano de 1984.

Este último possibilitou os cuidados básicos de saúde e enfatizou a importância das atividades

educativas no cuidado à mulher, representando portanto, um diferencial em relação aos outros

programas (RIOS; VIEIRA, 2007).

O PAISM foi importante para a área da saúde brasileira, em particular à saúde da

mulher, pois o programa considerava estratégias que atingiam a saúde da mulher em todos os

aspectos do ciclo de vida. Estavam previstas ações educativas, preventivas, de diagnóstico,

tratamento ou recuperação com pretensão à melhoria da saúde feminina. Tais ações deveriam

ser conduzidas através de metodologia participativa, permitindo, assim, que o conhecimento

que as mulheres já possuíam pudesse ser utilizado dentro dos grupos formados nos serviços

de saúde (RIOS; VIEIRA, 2007).

Situado no contexto social e com vistas à promoção do autoconhecimento e da auto-

estima, o PAISM surgiu com metas e apontamento aos problemas a serem resolvidos pelo

setor da saúde pública, estimulando a iniciativa de ações de educação dos serviços de saúde, e

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21

a abraçar uma nova perspectiva de assistência individual às mulheres (BRASIL, 2002b;

MOURA; RODRIGUES, 2003).

Este novo cenário para a saúde da mulher, além de conter ações de educação em

saúde, prevenção, diagnóstico, recuperação e tratamento, englobava a assistência à mulher na

clínica ginecológica, pré-natal e puerpério, assim como, no climatério, planejamento familiar,

câncer de mama e câncer de colo uterino, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e, ainda,

outras necessidades identificadas através do perfil populacional das mulheres (BRASIL,

2004a).

Mori, Coelho e Estrela (2006), mencionam que a real efetividade de um programa com

tal competência depende de fatores políticos, econômicos, culturais e sociais. Assim sendo, o

PAISM não foi totalmente desenvolvido no Brasil, indicando o distanciamento entre

concepção e prática. Surgindo então a necessidade de um controle social ativo, com o

envolvimento sucessivo de grupos de mulheres e instituições.

Assim, a criação pelo Ministério da Saúde da Política Nacional de Atenção à Saúde da

Mulher representa grande avanço nas lutas pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

A síntese dessas diretrizes incorpora a integralidade e a promoção da saúde como princípios

norteadores, procurando materializar os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos

(MORI; COELHO; ESTRELA, 2006).

Nesse sentido, humanização do parto e nascimento foi uma estratégia adotada pelo

Ministério da Saúde, como política pública de atenção à saúde da mulher, ainda no final dos

anos 90. Esta se deu através de publicação de um conjunto de portarias que instituiu o

Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Desde então as parturientes

adquiriram novos direitos (VARGENS; PROGIANT; SILVEIRA, 2008).

O PHPN enfoca a valorização da mulher durante o pré-natal e também no momento do

nascimento, além de enfatizar a necessidade dos profissionais de saúde a assumirem uma

postura educativa, compartilhando saberes com as mulheres e procurando desenvolver

autoconfiança durante o vivenciar da gestação, do parto e puerpério (BRASIL, 2002b).

Contudo, no Brasil, a vigilância à saúde da mulher no período gestacional e no

momento do parto continua como desafio para a assistência, tanto no que se refere à qualidade

do cuidado, quanto aos princípios filosóficos deste, o qual é centralizado no modelo

medicalizado, hospitalocêntrico e tecnocrático (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004a).

Dentre os serviços públicos de saúde desenvolvidos no Brasil há mais tempo, está a

assistência às gestantes, porém, por muito tempo esta assistência esteve direcionada

principalmente à melhoria de indicadores de saúde infantil. Novo modelo no cuidado à saúde

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22

da mulher foi proposto na década de 80 pelo movimento de mulheres em união com

profissionais de saúde e contemplado nas bases programáticas do Programa de Assistência

Integral à Saúde da Mulher (PAISM), estabelecido pelo MS em 1983. Após a 8a Conferência

Nacional de Saúde, no ano de 1986, e da promulgação da Constituição, no ano de 1988, o

direito à saúde esteve assegurado por lei e o Sistema Único de Saúde (SUS) necessitaria ser

disseminado de maneira descentralizada e com empenhos de controle social (SERRUYA;

CECATTI; LAGO, 2004a).

Entendendo que a mulher deveria ser vista como sujeito e percebendo a existência de

desconhecimento e desrespeito aos direitos reprodutivos, o MS estabeleceu, em junho de

2000, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), em que o respeito a

esses direitos e a expectativa da humanização nascem como subsídios estruturadores,

(SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004a). Por meio do PHPN, os municípios seguiriam

medidas para garantir o acesso e o progresso da cobertura e da qualidade do acompanhamento

pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e da assistência neonatal (NASCIMENTO, 2003).

Segundo Nascimento (2003), no que refere-se à assistência pré-natal, o PHPN propõe

como ações efetivas: a busca ativa das gestantes, de forma que a primeira consulta pré-natal

aconteça até o quarto mês gestacional; a realização de, pelo menos, seis consultas de pré-

natal; aplicação de dose imunizante da vacina antitetânica e a cobertura de exames

laboratoriais.

Além disso, o Manual Técnico do Ministério da saúde, Brasil (2006a, p. 7), traz que:

[...] uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal e, para sua humanização e qualificação, faz-se necessário: construir novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa em sua totalidade corpo/mente e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive; estabelecer novas bases para o relacionamento dos diversos sujeitos envolvidos na produção de saúde – profissionais de saúde, usuários(as) e gestores; e a construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos, entre os quais estão incluídos os direitos sexuais e os direitos reprodutivos, com a valorização dos aspectos subjetivos envolvidos na atenção.

O PHPN, atende a premissa da Organização Mundial da Saúde (OMS), para a

assistência pré-natal. Propõe novo modelo, restringindo o número de consultas clínicas e

limitando os exames, procedimentos clínicos e atividades àqueles que tem confirmado, por

meio de evidência concreta, aprimorar os resultados maternos e/ou perinatais (BRASIL,

2002a).

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23

Operacionalmente, o PHPN determinou estruturas chaves para a assistência com as

gestantes e com relação ao parto, buscando então atingir seu principal objetivo diminuir a

morbi-mortalidade materna e perinatal. Nesse sentido, atribuiu-se a necessidade de ampliar o

acesso ao pré-natal, e estabelecer procedimentos e ações, com a finalidade de

acompanhamento e promoção de vínculo entre a assistência pré-natal e o parto (SERRUYA;

CECATTI; LAGO, 2004a).

O PHPN estabeleceu, além disso, procedimentos para que os municípios tivessem

auxílio na implantação dessas ações. Assim sendo, foram implantados novos recursos com o

intuito de custear a assistência e melhorar a sua qualidade. Os procedimentos propostos

foram: desempenhar a primeira consulta de pré-natal até o quarto mês gestacional; assegurar o

cumprimento dos seguintes procedimentos: mínimo de seis consultas de pré-natal,

constituindo de uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro

trimestre gestacional; uma consulta no puerpério, até 42 dias após o nascimento; exames

laboratoriais e imunização nas mulheres grávidas (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004a).

Para adequação da assistência ao pré-natal e nascimento o MS trouxe também no seu

manual a necessidade da atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada,

apresentando para isso a importância de se incorporar condutas acolhedoras e sem

intervenções desnecessárias; facilitando o acesso a serviços de saúde de qualidade,

abordando-se ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e

assistência à saúde da mulher grávida e do recém-nascido, abordando-se desde o atendimento

ambulatorial básico até ao atendimento hospitalar para alto risco gestacional (BRASIL,

2006b).

Para monitorar de maneira estruturada e organizada a atenção pré-natal e puerperal, o

DATASUS disponibilizou o SISPRENATAL – Sistema de Informação do Programa de

Humanização no Pré-Natal e Nascimento – de uso obrigatório nas unidades de saúde e que

permite o acompanhamento de cada gestante (BRASIL, 2006b).

Serruya, Cecatti e Lago (2004a), mencionam que a criação do SISPRENATAL, foi

avaliado como medida essencial para o programa de Pré-natal. Esse sistema de informação

permite acompanhar o pagamento dos apoios financeiros e estabelecer-se em um órgão capaz

de promover uma série de relatórios e indicadores planejados para monitorar a assistência em

âmbito municipal e estadual, cooperando com o melhoramento da gestão de atendimento às

gestantes. Antes da criação do PHPN, as informações sobre a assistência pré-natal no SUS

referiam-se ao número de consultas, não permitindo conhecer a qualidade do cuidado pré-

natal disponibilizado.

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Serruya, Lago e Cecatti (2004b), explanam também sobre a necessidade do PHPN

articular internamente com os três níveis de governo, juntamente com a Estratégia de Saúde

da Família, para garantir realmente a existência de uma equipe atuante nesse programa de

assistência pré-natal. Essa articulação pode vir a possibilitar o fortalecimento de várias

iniciativas e abolir etapas burocráticas, além de outros impasses existentes nos municípios que

dificultam a implantação dos programas de atenção à saúde da mulher.

2.2 PRÉ-NATAL – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A gestação é encarada como acontecimento complexo e singular, que compreende

transformação, psicológicas, biológicas, sociais e culturais, confirmando que os cuidados pré-

natais necessitam extrapolar a dimensão biológica (SHIMIZU; LIMA, 2009).

Com destaque para os cuidados no período gestacional, a saúde materna e infantil tem

sido historicamente prioridade no campo das políticas de saúde no Brasil. A partir da década

de 70 tal política teve desenvolvimento importante, decorrente das altas taxas de morbidade e

mortalidade materna e infantil, com acréscimo da atenção ao pré-natal, frente ao

reconhecimento do seu impacto na condição sanitária da gestante e do seu bebê (XIMENES

NETO; LEITE; FULY et al., 2008).

No Brasil, o panorama da atenção pré-natal no final dos anos 90, confirmava muitos

problemas a serem encarados (SERRUYA; LAGO; CACATTI, 2004b). Reconhecendo a

obrigação de constituir nova tática para a atenção à saúde nessa área, foi que o MS organizou,

em junho de 2000, no Brasil, o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento

(PARADA, 2008).

O pré-natal é o momento que antecede ao nascimento da criança, em que ações

conjugadas são aplicadas à saúde individual e coletiva das mulheres grávidas. Desse modo,

essas mulheres precisam ser acompanhadas durante esse período, de maneira que lhes seja

permitido, sempre que necessário, conseguir exames clínico-laboratoriais, ter orientação e

receber medicação profilática e/ou vacinas (BRASIL, 2006a).

Ximenes Neto, Leite, Fuly et al. (2008), relatam que para o MS, o principal objetivo

da atenção ao pré-natal é receber a mulher desde o início de sua gravidez, ocasião de

mudanças físicas e emocionais e que cada gestante vivencia de maneira diferente. Essas

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25

modificações podem provocar medos, dúvidas, angústias, fantasias ou meramente a

curiosidade de saber o que ocorre no interior de seu corpo.

A assistência ao pré-natal tem também o objetivo de orientar e esclarecer sobre o parto

e os cuidados com o recém-nascido, contribuindo com a diminuição das taxas de morbi-

mortalidade materno-infantil, baixo peso ao nascer e retardo do crescimento intra-uterino, já

que estas causas são passíveis de serem evitadas, dependendo das condições da assistência

disponibilizada neste momento (GONÇALVES; URASAKI; MERIGHI et al., 2008).

Além disso, Gonçalves, Urasaki e Merighi et al., (2008, p. 2), reforçam que:

[...] o pré-natal deve ser organizado para atender às reais necessidades da população de gestantes por meio da utilização de conhecimentos técnico-científicos e recursos adequados e disponíveis para cada caso. Reforça-se, ainda, que as ações de saúde precisam estar voltadas para cobertura de toda a população alvo da área de abrangência da unidade de saúde, assegurando a continuidade no atendimento, o acompanhamento e a avaliação dessas ações sobre a saúde materna-perinatal.

Boas decorrências durante a gestação são importantes para uma assistência pré-natal

apropriada e para a interação desta assistência com os serviços de atenção ao parto. É no dia-

a-dia do ambiente familiar que os profissionais, em atuação com esta gestante, procuram

construir a saúde. A OMS destaca que o cuidado na atenção pré-natal, perinatal e puerperal

necessita estar centrado nas famílias e ser orientado para as necessidades não só da mulher e

seu filho, mas também do casal (OLIVEIRA; FERREIRA; SILVA et al., 2009).

Para a promoção da segurança da saúde da mulher é válido enfatizar que, durante o

pré-natal, quando gestação é diagnosticada como de alto risco, é preciso proporcionar

atendimento individualizado nos diversos graus de exigência, permitindo a prevenção das

possíveis complicações que geram maior morbidade e mortalidade tanto materna quanto

perinatal (XIMENES NETO; LEITE; FULY et al., 2008).

É pertinente destacar que, segundo Coimbra, Silva e Mochel et al. (2003), a constante

avaliação da qualidade pré-natal possibilita identificar problemas de saúde da população alvo,

e monitora a atuação do serviço. Os resultados alcançados através desta avaliação permitirão

auxiliar tanto a conservação das estratégias quanto a sua alteração, se necessário, com vistas a

melhorar a qualidade desta assistência destinada às gestantes.

Segundo Shimizu e Lima (2009), os benefícios do acompanhamento pré-natal sobre a

saúde da gestante e do recém-nascido, colaboram para a diminuição da mortalidade materna,

baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal. Porém a cobertura da consulta pré-natal é

desigual no país. Desse modo, identifica-se a necessidade de se pensar em formas de ampliar

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26

o acesso das gestantes aos serviços de saúde, além de aperfeiçoar a qualidade das consultas,

especialmente fortalecendo o acolhimento, com a finalidade de garantir a aderência ao

programa pré-natal (SHIMIZU; LIMA, 2009).

A consulta de enfermagem se impõe, nessa lógica, como um instrumento de grandioso

valor, principalmente por ter como finalidade garantir a expansão da cobertura e progresso da

qualidade do pré-natal, especialmente através da introdução das ações preventivas as

mulheres grávidas. É demandado ao profissional enfermeiro, além da aptidão técnica,

sensibilidade para envolver o ser humano e o seu modo de vida e destreza de comunicação,

fundamentada na escuta e na ação dialógica (RIOS; VIEIRA, 2007).

Lima e Moura (2008), também expõem que o profissional enfermeiro tem papel

fundamental na assistência pré-natal, participando efetivamente no desenvolvimento das

atividades de atenção básica à saúde da mulher. Apesar disso, tem-se que levar em

consideração que a repetição e a rigidez das atividades podem levar à alienação do

profissional, o qual corre o risco de não se dar conta da importância de sua atividade para

conquistar a equidade e a qualidade na prestação dos serviços, visando a satisfação das

gestantes usuárias.

Contribuindo com esse pensamento Shimizu e Lima (2009), reforçam que a consulta

de enfermagem auxilia a gestante no momento de enfrentar esta etapa da vida com mais

calma, pois lhe possibilita propagar e entender os vários sentimentos vivenciados. Contudo, as

ações educativas, percebidas como atividades inerentes à consulta, que compreendem

orientações acerca de planejamento familiar e cuidados com o bebê, que envolve a prática e

amamentação, regulamentam-se no modo clássico de transmitir informações, em que a mulher

é posta numa situação passiva, impossibilitando a exploração dos seus conhecimentos

anteriores, tendo como consequência a negociação dos cuidados promovidos.

Almeida e Tanaka (2009), apontam que nessa perspectiva é relevante a inclusão da

mulher usuária do serviço de pré-natal para possibilitar que determinadas normatizações do

programa possam ser flexibilizadas, permitindo adequar o atendimento para os diferentes

grupos de gestantes e em diferentes comunidades, considerando-se as particularidades de cada

uma. Nesse sentido, as mulheres contestam a assistência segundo o que pensam sobre suas

necessidades de saúde.

Assim, é necessário que a equipe de saúde esteja sensibilizada para a importância da

criação de vínculo com a gestante, permitindo que diminuam-se os riscos de desistência ou de

menor freqüência no acompanhamento durante o pré-natal (ALMEIDA; TANAKA, 2009).

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27

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO

A pesquisa qualitativa permite ao investigador usar da imaginação e criatividade para

propor novos ajustes no decorrer do estudo. A abordagem qualitativa possibilita a construção

da realidade social ao encontro da investigação e seus princípios, desde que haja observação,

interação, abertura e flexibilidade (MINAYO, 2004).

Na pesquisa qualitativa, o objetivo é documentar e explicar inteiramente os aspectos

do fenômeno estudado, tendo inicialmente o ponto de vista da pessoa envolvida, na busca por

identificar características que fazem o fenômeno ser o que ele é (BONADIO; TSUNECHIRO,

2003). Dessa maneira, a pesquisa qualitativa se inquieta com um nível de realidade que não

pode ser quantificado, trabalhando com significados, motivos, valores, atitudes

correspondentes às relações, processos e fenômenos que não podem ser tratados como

variáveis (MINAYO, 2003).

Essa inquietação da pesquisa qualitativa vem ao encontro de definições da OMS.

Segundo Osis (2005), a OMS resolve como primordiais as pesquisas em saúde reprodutiva

relativas à sexualidade, contracepção e à concepção, abrangendo a gravidez, o parto e o

puerpério, sugerindo que os fatores característicos do contexto sociocultural, ou seja, valores,

crenças, condições socioeconômicas entre outros, sejam analisados como importantes nessa

linha de pesquisas.

Ainda relacionado à abordagem qualitativa, Quevedo (2001) acredita que esse método

privilegia os principais pressupostos da vida da pessoa e responde ao processo de como

acontecem as relações e não apenas os seus resultados. Permitindo, conforme asseguram

Merighi e Praça (2003), que o pesquisador apreenda a maneira como os indivíduos pensam e

reagem perante a questão enfocada.

No conceito de Hoga (2003), um dos papéis sociais das universidades públicas é dar

voz àqueles que geralmente não têm oportunidades para demonstrar as suas reais necessidades

de saúde, por meio de participação nas atividades assistenciais e de pesquisa. Neste caso, esta

pesquisa tenta desvendar as reais necessidades das gestantes assistidas durante o pré-natal nas

Unidades Básicas de Saúde, em especial no que a enfermagem puder conquistar de bases

científicas para a assistência à saúde nesse período.

Considerando as expectativas da pesquisa qualitativa para a enfermagem, Gualda,

Merighi e Oliveira et al. (1995), relatam que essa abordagem colabora para a compreensão

holística do ser humano, disponibiliza oportunidade de densa discussão de temas, possibilita

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28

explorar melhor alguns problemas da assistência de enfermagem, encaminha o profissional

enfermeiro a refletir mais e colabora para o desenvolvimento da enfermagem como ciência

profissão. Assim, na atualidade, não há mais motivo para a pesquisa qualitativa sistemática e

científica estar afastada ou “não voltada ao mundo real que ela investiga” (LEFÈVRE, F.;

LEFÈVRE, A., 2003a, p. 33).

Pesquisar a realidade cotidiana do mundo constitui envolver na pesquisa aspectos

sociais. A pesquisa social tem se direcionado para os acontecimentos sociais contextualizados,

bem como à inclusão do indivíduo enquanto sujeito coletivo na sociedade e sua vivência. Para

isso, utiliza-se das representações sociais, estruturas cognitivo-afetivas organizadas

socialmente e que colaboram para a construção da realidade comum e subsidia a análise de

mecanismos que intervêm na potência do processo educativo (ALVES-MAZZOTTI, 2008).

Nesta perspectiva, Jodelet (2001, p. 26) afirma que:

[...] as representações sociais devem ser estudadas articulando-se elementos afetivos, mentais e sociais e integrando – ao lado da cognição, da linguagem e da comunicação – a consideração das relações sociais que afetam as representações e a realidade material, social e ideativa sobre a qual elas têm de intervir.

Reafirmando a idéia que as representações sociais são intensamente atreladas com a

realidade social, Moscovici (2001) inclui que o indivíduo é pressionado pelos aspectos

dominantes da sociedade em que vive e, nesse meio, demonstra seus sentimentos

correspondentes ao tipo de sociedade e suas práticas. Dessa maneira, a representação social é

coletiva e persistente entre as gerações à medida que desempenha repressão sobre os sujeitos

e reflete a experiência do real.

Lefèvre e Lefèvre (2003a, p. 16) apresentam o pensamento social como:

[...] um pressuposto socioantropológico de base na medida em que se entende que o pensamento de uma coletividade sobre um dado tema pode ser visto como o conjunto dos discursos ou formações discursivas, ou representações sociais, existentes na sociedade e na cultura sobre esse tema , do qual, segundo a ciência social, os sujeitos lançam mão para se comunicar, interagir, pensar (JODELET, 1989; MAINGUENEAU, 2000)

Como são fatos ativados pela vida social, por meio de elementos como crenças,

valores, atitudes, entre outros, as representações sociais configuram-se em conhecimento,

organizado e dividido pela sociedade com o objetivo de cooperar “para a construção de uma

realidade comum a um conjunto social” (JODELET, 2001, p. 22). Nesse sentido, chamada,

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29

também, como saber do senso comum, constitui-se uma maneira de conhecimento

diferenciado do conhecimento científico, no entanto legítima em consequência da sua

importância na vida social (JODELET, 2001).

A representação social é um processo diário, vivido pelo indivíduo que é autor e ator

de suas representações. As representações sociais direcionam-se a um conhecimento

exclusivo, o saber do senso comum e são caracterizadas como revolucionárias, pois resgatam

e apreciam o saber popular e o relacionam com o saber oficial, e isso, por vezes, requer a

apreciação de aspectos culturais, ideológicos e interacionais, existentes no grupo pesquisado

(ALVES-MAZZOTTI, 2008).

Alves-Mazzotti (2008), menciona, ainda, que as representações sociais são

pensamentos práticos guiados para compreender e dominar o ambiente social, material e

ideal. Portanto, elas proporcionam peculiaridades exclusivas na organização dos conteúdos,

das intervenções mentais e da lógica.

De acordo com Campos e Rouquette (2003), a representação social é um tipo de

conhecimento estruturado que tem papel decisivo na maneira como os indivíduos reagem

diante da realidade, dando origem a significados e comportamentos.

O significado é observado por Lopes e Campos (2005, p. 147) como um dos alvos

chave para o método qualitativo, pois “através de sua compreensão podem-se desvendar

importantes informações sobre o sujeito da pesquisa”, especialmente aos atribuídos à mulher e

aos fenômenos relativos à saúde reprodutiva.

O acréscimo deste estudo por meio da pesquisa qualitativa foi escolhido pelo desejo de

estudar a vivência de um fenômeno natural, que é a gravidez, associada a vivência da

assistência pré-natal pelas próprias usuárias do serviço, no enfoque do discurso emitido pelas

gestantes, enquanto sujeitos da sociedade, e segundo a abordagem metodológica do DSC.

Para Merighi e Praça (2003), o referencial metodológico é uma orientação para o

pesquisador na coleta e análise dos dados do estudo e será apropriado quando satisfizer a

procura do pesquisador pelo seu objeto. Nesse sentido, o DSC foi considerado adequado para

método de análise deste estudo, pois, permite tornar clara uma determinada representação

social a qual é fundamentada em depoimentos (QUEVEDO, 2001).

O DSC se constitui de uma estratégia metodológica que possui como objetivo tornar

clara determinada representação social, baseada em depoimentos que são o substrato dessa

representação. (QUEVEDO, 2001). Segundo Lefèvre, F., e Lefèvre, A. (2003a), o DSC é

considerado adequado para extrair idéias centrais (IC) e expressões chave (ECH) de

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30

depoimento, cartas, dados qualitativos verbais, entre outros, compondo assim, vários

discursos-síntese na primeira pessoa do singular.

Para obter pensamento em escala coletiva, é necessário “somar os discursos” coletados

por meio de uma questão aberta para conjunto de indivíduos, de maneira que tenha sido

possível às pessoas expressarem seu pensamento e, consequentemente, extrair-se as ECH.

Através destas expressões chaves, originadas das idéias centrais ou ancoragens (AC)

semelhantes, monta-se um ou vários discursos síntese na primeira pessoa do singular

(LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2003a, p. 16).

Entretanto, antes de descrever como foi realizada a análise das entrevistas utilizando o

software e a confecção dos DSCs, é necessário explicar a denominação das figuras

metodológicas - expressões-chave, idéia central, ancoragem e discurso do sujeito coletivo -

criadas para confeccionar os DSCs.

As expressões-chave (ECH) referem-se a pequenos pedaços, trechos ou transcrições

literais do discurso dos participantes, os quais desvendam a real essência do depoimento

expressado, resgatando a literalidade do discurso. Elas são a matéria-prima utilizada na

elaboração do DSC propriamente dito, sendo consideradas como uma amostra discursivo-

empírica da crença das idéias centrais e das ancoragens e vice-versa (LEFÈVRE, F.;

LEFÈVRE, A., 2003a).

A idéia central (IC), por sua vez, refere-se a uma expressão lingüística que desvenda e

apresenta, de modo sintético, conciso e fidedigno, o verdadeiro sentido de cada um dos

depoimentos analisados e de maneira homogêneo forma cada ECH, as quais vão dar

posteriormente surgimento, ao DSC (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2003a).

Para os autores citados acima, a IC é uma descrição breve do sentido de um ou de

vários discursos e não uma simples interpretação deles, tendo, assim, a função de

individualizar determinado depoimento ou conjunto de depoimentos em combinação com

cada “especificidades semânticas” presente em cada um deles (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.,

2003a, p. 25).

A ancoragem representa a figura metodológica que tem seu nome baseado na teoria da

representação social, Lefèvre, F., e Lefèvre, A. (2003a, p. 17) a apresentam como sendo:

[...] a manifestação linguística explícita de uma dada teoria, ideologia, ou crença que o autor do discurso professa e que, na qualidade de afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para ‘enquadrar’ uma situação específica.

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

31

Já o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), principal figura metodológica, refere-se a

um discurso-síntese escrito na primeira pessoa do singular e combinado pelas ECH que possui

a mesma IC ou AC (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2003a).

A metodologia do DSC busca exercer o discurso como símbolo e conhecimento dos

próprios discursos, através do entrelaçamento das partículas das falas de cada individuo, os

quais foram fragmentados para a construção de um discurso que permita expressar um modelo

de pensar ou a representação social sobre determinado fenômeno (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE,

A., 2003a).

Um discurso pode ter mais de uma IC e, determinando o conjunto dos discursos

individuais, eles podem ter idéias centrais parecidas e/ou complementares. Para a elaboração

do DSC, são extraídos da íntegra de cada depoimento, após análise, os extratos que

contemplam as ECH. Esses extratos serão “limpos” de particularidades, expressões e idéias

repetidas e incorporados de acordo com a IC (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2003a, 2003b).

Todos os trechos das ECH, com ajustes ortográficos realizados se necessário, são

utilizados para a elaboração do DSC, adicionando apenas conectivos que ligam as partes para

atribuição de coerência ao discurso (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2003b). Dessa maneira, o

DSC é um discurso síntese que agrupa em um discurso as ECH e IC semelhantes e representa

a fala social ou o “pensamento coletivo na primeira pessoa do singular” (LEFÈVRE, F.;

LEFÈVRE, A., 2003a).

Após apresentar as formas metodológicas, é apresentada, a seguir, uma figura com a

descrição dos passos transcorridos para a análise dos dados qualitativos. Na tentativa de

facilitar o entendimento e esclarecer o processo, foi elaborado um fluxograma que representa

a seqüência de passos percorridos para a elaboração dos DSCs (Figura 1). Neste estudo, foram

utilizadas as quatro figuras metodológicas: as expressões-chave, as idéias centrais, as

ancoragens e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).

Os procedimentos apresentados na sequência foram desenvolvidos na mesma ordem,

sempre que se dava inicio a análise de cada uma das questões da entrevista. Todas as questões

foram analisadas individualmente.

Partindo dos depoimentos das gestantes que foram gravados e transcritos, obtiveram-

se os discursos de cada participante que foram, então, compilados para o campo do software

denominado Instrumento de Análise do Discurso 1 (IAD 1).

Em seguida, teve inicio a análise dos discursos com a identificação das expressões-

chave, nas quais estão presentes as idéias centrais e/ou ancoragens de cada depoimento,

copiando-as no campo específico (ECH) na mesma janela do IAD 1. Depois, passou-se à

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

32

redação das idéias centrais e/ou ancoragens, o mais breve e objetiva possível, valendo-se da

resposta individual de cada gestante relacionada à questão analisada no momento no campo

IC e/ou AC do IAD 1. É importante lembrar que cada resposta pode ter mais de uma idéia

central. Vale destacar que as idéias centrais não são interpretações, mas descrições do sentido

existente nas expressões-chave (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2003b, p. 52).

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

33

Figura 1: Fluxograma das etapas do Método do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC.

CADASTRO DOS INDIVÍDUOS

IAD 1:

Respostas

IAD 1:

Idéia Central

Quadros

IAD 1:

Ancoragens

Quadros

Classificação (letras)

IAD 1:

Categorização das IC e AC

Relatório Síntese

Das IC e AC

IAD 2:

ECH em DSC

DSC de cada

IC – síntese e

AC - síntese

IAD 1:

Expressões - chave

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

34

Na próxima etapa, realizou-se a impressão do conjunto das idéias centrais e

ancoragens da questão que estava em análise. Nesse período, as idéias centrais e ancoragens

impressas, cujos discursos eram equivalentes, semelhantes ou complementares, foram

agrupadas na mesma categoria, representada por uma letra do alfabeto, iniciando pela letra A

e seguindo a ordem alfabética até que todas as idéias centrais e ancoragens tivessem sido

devidamente categorizadas.

Gomes (2003), referencia que a categoria significa o agrupamento de informações ou

aspectos com características semelhantes ou relacionadas, utilizadas em classificações.

Consistem em uma metodologia que pode ser utilizada em qualquer que seja a análise em

pesquisa qualitativa. Em seguida, retornou-se à janela do IAD 1, categorizando as ICs e/ou

AC, imprimindo o Relatório Síntese das Idéias Centrais e Ancoragens da questão analisada.

Após a confecção do Relatório Síntese das Idéias Centrais e Ancoragens, iniciou-se a

construção do DSC de cada categoria em campo da janela do Instrumento de Análise do

Discurso 2 (IAD 2) do software. Para a elaboração do DSC de cada grupamento ou categoria,

as ECH foram ordenadas de modo sequencial, da maneira mais geral para a mais especifica,

utilizando-se de conectivos para conferir coerência entre as partes do discurso e excluindo as

idéias repetidas, proporcionando efeito didático para o DSC.

Ao terminar todas estas etapas, realizou-se a impressão de relatório contendo as ECHs,

suas respectivas ICs e categorias pertencentes a cada entrevistado com relação à questão

analisada (ANEXO A).

Reconhecer que os DSCs buscam representar e expressar a fala do social, nesse caso, a

percepção das gestantes sobre a assistência pré-natal nas UBS de Maringá, não elimina o

pesquisador desse processo como mediador na organização das falas. O pesquisador tem o

papel crucial de “produzir o sujeito social ou coletivo do discurso e o discurso coletivo

correspondente, fazendo o social falar como se fosse um indivíduo” sem, entretanto, faltar

com o “rigor científico, utilizando procedimentos explícitos, transparentes e padronizados”,

permitindo, desse modo, construir a fala do social por meio das expressões-chave, idéias

centrais e ancoragens contidas nas falas dos indivíduos (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.,

2003a, p. 29).

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35

3 OBJETIVO

- Compreender o significado da assistência Pré-natal para gestantes atendidas em Unidades

Básicas de Saúde no município de Maringá – PR.

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36

4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

Foi desenvolvido um estudo qualitativo, na abordagem do Discurso do Sujeito

Coletivo e na expectativa de coletar e analisar os dados relativos ao significado da assistência

Pré-natal para gestantes atendidas em Unidade Básica de Saúde do município de Maringá. O

estudo foi desenvolvido buscando esclarecer os discursos das gestantes sobre a assistência

pré-natal tendo como substrato os seus depoimentos.

Em relação ao estudo exploratório, Triviños (1987), diz que o pesquisador aumenta

sua experiência em torno de determinado problema. O investigador aprofunda seu estudo nos

limites de uma determinada realidade, partindo de hipóteses.

Com relação ao estudo descritivo, o mesmo autor diz que o foco essencial consiste no

interesse de conhecer a comunidade, seus traços e características, suas gentes, seus problemas,

sua educação, seus valores, o mercado ocupacional. Explica, também, que o estudo descritivo

pretende descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade.

Quando se almeja apreciar o pensamento de uma comunidade com relação a

determinado tema, é necessário realizar pesquisa qualitativa, considerando que os

pensamentos para serem acessados, “na qualidade de expressão da subjetividade humana,

precisam passar, previamente, pela consciência humana” (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.,

2003c, p. 9).

4.2 LOCAL E PARTICIPANTES DA INVESTIGAÇÃO

O estudo foi realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Maringá.

Inicialmente, no mês de junho de 2009, foi encaminhado à Secretária de Saúde do município

solicitação para realização desta pesquisa em todas as UBS, a qual emitiu parecer favorável.

Sendo assim, as entrevistas foram realizadas em 22 das 23 UBS de Maringá, as quais

realizam assistência ao pré-natal, com exceção da uma UBS, que no momento que se deu a

coleta de dados encontrava-se fechada para reforma. O município de Maringá possui 100% de

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37

cobertura pela Estratégia Saúde da Família - ESF, portanto, todas as unidades realizam

assistência pré-natal junto à ESF.

A população do estudo foi constituída de gestantes levando-se em conta os seguintes

critérios de inclusão: idade maior ou igual a 20 anos e idade gestacional a partir da 32ª

semana, para atingir o objetivo proposto.

Como a pesquisa qualitativa não se baseia no critério numérico para garantir sua

representatividade e a amostragem considerada boa é aquela que abrange a totalidade do

problema investigado em múltiplas dimensões (MINAYO, 2003), a amostra foi constituída de

44 gestantes que estavam em assistência pré-natal nas UBS nos meses de novembro de 2009 à

fevereiro de 2010, período este em que ocorreram as coletas de dados.

As participantes foram abordadas na sala de espera da própria UBS em que

aguardavam para a consulta de pré-natal. Nessa oportunidade era realizada a apresentação da

pesquisadora e também da pesquisa e convidavam-se as gestantes que se enquadravam nos

critérios de inclusão para participar do estudo. A pesquisa foi realizadas em sala privativa e

individualizada.

4.3 COLETA DOS DADOS

Os dados foram coletados por meio de entrevistas com questão aberta, utilizando-se a

seguintes perguntas: “Gostaria que me falasse o que você pensa sobre a assistência pré-natal?

Porquê?”; “você está realizando atendimento de pré-natal nesta UBS? Você indicaria está

UBS para uma amiga ou parente sua realizar o pré-natal? Porquê?”e, “Se você tivesse a

oportunidade de sugerir alguma coisa para melhorar a assistência pré-natal, o que você

aconselharia?”.

Lefèvre, F., e Lefèvre, A., (2003a) mencionam que a questão aberta representa o

pensamento dos sujeitos, uma vez que é uma metodologia de pesquisa que possibilita maiores

probabilidades do indivíduo expressar-se com um discurso.

A entrevista não é uma simples conversa, mas sim um diálogo orientado, com o intuito

de interrogar para obter informações ou dados. A entrevista é técnica que se mostra útil para a

obtenção de dados relacionados ao que a pessoa sabe, crê ou espera, sente ou deseja, pretende

fazer, faz ou fez, bem como acerca de suas explicações ou razões para quaisquer das coisas

precedentes (GIL, 1996).

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38

Além disso, a entrevista não representa uma conversa neutra, considerando que se

constitui em meio de coleta dos fatos relatados pelos atores sociais, “enquanto sujeitos-objeto

da pesquisa que vivenciam determinada realidade que está sendo focalizada” (CRUZ NETO,

2003, p. 57).

Dessa maneira, as informações que foram coletadas, através das entrevistas, foram

também gravadas mediante autorização de cada participante do estudo e posteriormente

transcritas na íntegra para facilitar a análise. Os discursos foram gravados por meio de

gravador digital, e não houve, por parte das gestantes, qualquer objeção ao uso do gravador,

tendo os discursos fluído naturalmente.

No final de cada entrevista, eram anotados aspectos considerados importantes e que

foram observados pela pesquisadora. A relevância desse procedimento justifica-se por Cruz

Neto (2003), que afirma que nada substitui o olhar de um pesquisador atento à realidade das

relações sociais em sua investigação no trabalho de campo.

Os discursos foram transcritos respeitando-se à ordem em que ocorreram as

entrevistas. Durante a transcrição foi possível reviver, em cada frase, o sentido do que é

vivenciar, enquanto gestante, a assistência pré-natal, a percepção de saúde com o

desenvolvimento da gestação da própria mãe e do bebê.

4.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados foi adotado a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)

de Fernando Lefèvre, por meio do software QualiQuantiSoft. O trabalho iniciou-se com o

cadastramento dos sujeitos da pesquisa no Software, elaborando, assim, a lista dos

entrevistados (ANEXO B).

Os demais relatórios produzidos pelo software encontram-se nos Anexos C e D.

4.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA

O estudo foi desenvolvido com as gestantes que manifestaram, espontaneamente,

interesse em participar da pesquisa, honrando os aspectos éticos e legais que envolvem os

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

39

estudos sobre seres humanos, respaldado na Resolução 196/96 e Resoluções Complementares.

Inicialmente o projeto de pesquisa foi encaminhado para a Secretaria Municipal de Saúde -

SMS (CECAPS) (APÊNDICE A), solicitou-se a autorização para a realização deste estudo em

todas as UBS do município, sendo também encaminhada ao Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Estadual de Maringá – COPEP / UEM, para ser avaliado quanto aos seus

aspectos éticos e metodológicos, inclusive quanto ao Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), sendo aprovado sob parecer 311/2009. (APÊNDICE B).

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

40

5 APRESENTAÇÃO DAS PARTICIPANTES

O estudo contou com a participação de 44 mulheres. Para a análise das informações, as

participantes foram identificadas da seguinte maneira: G01; G02; G03 e assim sucessivamente

até a participante G44. Desta forma, fica garantido o anonimato das gestantes participantes da

pesquisa. No quadro 1, as participantes passam a ser caracterizadas.

A descrição das gestantes entrevistadas foi realizada para caracterizá-las e, também,

para, quando for o caso, verificar associações de dados da gestação atual com aspectos

relativos às gestações anteriores.

As 44 gestantes entrevistadas estavam na faixa etária entre 20 e 39 anos, sendo que

6,9% (3) tinham idade acima de 35 anos. Silva e Surita (2009), descrevem que em países

desenvolvidos, o risco de mortalidade materna aumenta duas vezes mais quando a gestante

engravida após os 35 anos é cinco vezes maior quando a gravidez ocorre após os 40 anos.

Quando a mulher possui idade muito jovem ou muito avançada são consideradas de maior

risco para a ocorrência de possíveis complicações e resultados adversos durante a gravidez,

parto e puerpério.

Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres na faixa etária de 10 a 49 anos são

mulheres em idade fértil e representam 65% do total da população feminina do país, ou seja,

parcela importante da atenção das políticas de saúde no Brasil (BRASIL, 2004b).

No que refere-se a religião, a grande maioria das gestantes 63,6% (28) afirmaram

serem da religião católica, 29,6% (13) das participantes eram evangélicas e apenas 6,8% (3)

mencionaram não possuir religião.

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41

Gestante Idade Gesta Escolaridade Situação

conjugal Ocupação Religião

G01 25 V 1o grau incompleto Casada Não trabalha Católica G02 21 I 2o grau incompleto Solteira Não trabalha Evangélica G03 24 I 2o grau completo Casada Não trabalha Católica G04 29 III 2o grau completo Casada Aux. Produção Católica G05 27 IV 2o grau completo Divorciada Costureira Evangélica G06 24 I 2o grau completo Casada Não trabalha Católica G07 22 I 2o grau completo Casada Atendente Evangélica G08 26 I 2o grau completo Casada Costureira Católica G09 31 I 2o grau completo Casada Não trabalha Católica G10 26 IV 1o grau completo Solteira Não trabalha Católica G11 37 II 1o grau incompleto Casada Diarista Evangélica G12 22 III 2o grau incompleto Casada Balconista Católica G13 31 II 2o grau completo Casada Costureira Católica G14 33 II Superior completo Solteira Enfermeira Católica G15 22 I 2o grau completo Solteira Atendente Evangélica G16 33 I 2o grau completo Solteira Vendedora Evangélica G17 35 II 2o grau completo Solteira Manicure Católica G18 20 I 2o grau completo Casada Aux. Administr. Católica G19 20 I 2o grau incompleto Solteira Não trabalha Evangélica G20 21 I Superior incompleto Solteira Vendedora Católica G21 22 I 2o grau completo Solteira Vendedora Católica G22 24 I 2o grau completo Casada Balconista Católica G23 21 I 1o grau completo Solteira Diarista Católica G24 23 III 1o grau incompleto Casada Não trabalha Sem relig. G25 20 I 2o grau completo Solteira Não trabalha Evangélica G26 26 II Superior incompleto Casada Estudante Evangélica G27 20 II 2o grau completo Solteira Não trabalha Católica G28 34 IV 2o grau completo Casada Não trabalha Evangélica G29 27 I 2o grau completo Solteira Balconista Católica G30 26 I Superior incompleto Casada Estudante Evangélica G31 20 I Superior incompleto Solteira Estudante Católica G32 21 II 2o grau completo Solteira Atendente Católica G33 39 III 1o grau incompleto Casada Costureira Católica G34 22 II 2o grau completo Casada Não trabalha Católica G35 20 I 2o grau completo Solteira Aux. Expedição Evangélica G36 27 II 2o grau completo Casada Diarista Sem relig. G37 29 II 2o grau incompleto Solteira Balconista Católica G38 27 III 2o grau incompleto Divorciada Não trabalha Católica G39 26 III 1o grau incompleto Solteira Não trabalha Católica G40 23 I 1o grau completo Casada Aux. Produção Católica G41 20 I 2o grau completo Solteira Não trabalha Sem relig. G42 21 I 2o grau completo Solteira Aux. Produção Católica G43 28 II Superior incompleto Casada Não trabalha Evangélica G44 26 II 2o grau completo Casada Vendedora Católica

Quadro 1: Apresentação das participantes entrevistadas nas UBS de Maringá.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

42

Com relação ao grau de escolaridade, a maioria das participantes, 68,2% (30)

relataram ter chegado ao segundo grau, destas 56,9% (25) já possuíam o segundo grau

completo. 18,2% (8) das gestantes relataram apenas o primeiro grau. Vale destacar que 11,4%

(5) mulheres estavam cursando ensino superior e que 2,3% (1) das participantes já possuía o

curso superior completo.

Esses resultados são melhores do que os encontrados por Landerdahl, Ressel e Martins

(2007) em estudo desenvolvido com mulheres sobre a percepção da atenção pré-natal em

Unidade Básica de Saúde. As autoras verificaram que 70% das mulheres tinham o primeiro

grau incompleto. A escolaridade materna é um dos indicadores do nível socioeconômico e

grande influenciador dos índices de saúde materno-infantil.

A metade das mulheres (50%) era casada, 45,5% (20) solteiras e apenas 4,5% (2) das

participantes referiram ser divorciadas. A situação conjugal instável e a maternidade, para as

mulheres solteiras, são circunstâncias agravantes para possíveis complicações obstétricas

como parto pré-termo, baixo peso ao nascer e aumento da mortalidade perinatal por diversos

autores (TEDESCO, 2000; ARAGÃO, V.; SILVA; ARAGÃO, L., et al., 2004). Em

contrapartida, a união estável é ponderada como fator favorável para a gestação, pois o casal

tem a oportunidade de ostentar e dividir a responsabilidade pela criança e, como resultado,

influenciar positivamente nos resultados perinatais (ARAGÃO, V.; SILVA; ARAGÃO, L. et

al., 2004).

Dentre as participantes, 43,2% (19) não exerciam qualquer atividade econômica

remunerada e se declaram como do lar, estudante ou não trabalhadoras. Das 56,8% (25) que

exerciam atividade com remuneração, 15,9% (7) realizavam trabalhos domésticos como

diarista ou costureira, 15,9% (7) balconistas ou atendentes, 11,4% (5) auxiliares de produção

ou de expedição, 9% (4) vendedoras, 2,3% (1) era manicure e 2,3% (1) era enfermeira.

Resultados semelhantes foram encontrados em estudo realizado por Landerdahl, Ressel,

Martins, et al., (2007), informando que 50% das mulheres entrevistadas não exerciam

atividade remunerada e se declaravam como do lar e, das demais participantes, 45%

realizavam trabalhos domésticos e 5% referiram ser balconista.

De acordo com o Relatório sobre a Situação da População Feminina no Mundo, o

número de mulheres que vivem em circunstância de pobreza é maior ao de homens. No geral,

as mulheres trabalham mais horas que os homens e, no mínimo, metade do tempo é gasto com

atividades não remuneradas, fator esse que soma para que seu acesso aos bens sociais e aos

serviços de saúde seja atenuado (FONDO DE POPULÁCION DE LAS NACIONES

UNIDAS, 2005).

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43

É visível que o conhecimento da ocupação de trabalho e da escolaridade das mulheres

grávidas, é de grande importância para a equipe de saúde. Segundo o Comitê Estadual de

Morte Materna do Paraná (PARANÁ, 2002) e Soares, H., Soares, V., Carzino et al. (2001),

mulheres com baixa renda e escolaridade e sem ocupação definida, representam grupo de alto

risco social, no qual a expectativa de óbito materno é aumentada.

A história reprodutiva também é um fator que merece atenção da equipe que assiste a

gestante. Como pode ser observado no quadro 1, das 44 gestantes, 50% (22) eram

primigestas, 27,3% (12) eram secundigestas, 13,6% (6) eram trigestas, 6,8% (3) estavam

vivenciando a gestação pela quarta vez e 2,3% (1) pela quinta vez. Dentre as participantes,

duas relataram estar grávidas de gêmeos e apenas 13,6 % (6) mulheres referiram história de

abortamento em gestações anteriores.

Com relação ao número de gestações, estudo realizado por Gonçalves, Cesar,

Mendoza-Sassi (2009), sobre qualidade e equidade na assistência a gestante, constatou que

57,2% das participantes estavam grávidas pela primeira vez e que a maioria das participantes,

80,9%, referiram nunca ter sofrido aborto em gestações anteriores, achados estes, que

assemelham-se aos deste estudo.

Quevedo (2001) pondera a gravidez como momento de reafirmação da feminilidade da

mulher e, no acontecimento de perdas como abortamento, a mulher pode perceber isso como

danos da feminilidade e até agravos à auto-estima, o que também pode ocorrer em casos de

gestantes que apresentam doença prévia.

Silva e Surita (2009) mencionam, também, que o abortamento espontâneo acontece

com maior frequência entre as gestantes mais idosas, devido provavelmente a variações

hormonais próprias do período gestacional. Esse risco chega a 25% nas mulheres entre 35 e

40 anos e a 51% nas mulheres com mais de 40 anos de idade.

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44

6 ARTIGOS

6.1 ARTIGO 1

DISCURSO DE GESTANTES ACERCA DO CUIDADO PRÉ-NATAL EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

PREGNANT WOMEN’S SPEACH ABOUT PRENATAL CARE IN BASI C HEALTH

CARE UNIT

DISCURSO DE GESTANTES ACERCA DEL CUIDADO PRENATAL E N UNIDAD BÁSICA DE SALUD

RESUMO O objetivo deste estudo foi compreender a percepção de gestantes acerca do cuidado pré-natal em Unidade Básica de Saúde em um município do sul do país. A amostra foi composta de 44 gestantes que realizavam o pré-natal na rede básica de saúde. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e analisados utilizando-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, por meio do software Qualiquantifost. Dos discursos extrairam Idéias Centrais e Ancoragens semelhantes, que expressam a percepção das gestantes sobre o pré-natal. As gestantes reconhecem a assistência materna como relevante para a saúde da mãe e do feto. Reconhecem também a importância de ter um acompanhamento profissional e a realização de exames nesse período. Conclui-se que compreender o discurso das gestantes sobre a assistência pré-natal, possibilita direcionar a maneira como a equipe de saúde deve atuar juntamente as mulheres no período gestacional. Palavras-chave: Gestantes. Cuidado pré-natal. Saúde da mulher. Enfermagem. ABSTRACT The aim of this study was to understand the perception of pregnant women about prenatal care in basic health care unit in a town from south of the country. The sample consisted of 44 pregnant women who received prenatal care in the primary health care network. Data were collected through interviews and analyzed using the technique of the Collective Subject Discourse using the software Qualiquantisoft. The speeches drew to Central Ideas and anchors alike that express the meaning of prenatal care for pregnant women. The women recognize maternity care as relevant to the health of mother and fetus. They also recognize the importance of having a professional monitoring and examinations during this period. We conclude that understanding the meaning of prenatal care by the point of view of pregnant women allows to direct the way how the health care team should work together with these women during pregnancy. keywords: Pregnant women. Prenatal care. Women`s health. Nursing.

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45

RESUME El objetivo de este estudio fue comprender la percepción de gestantes acerca del cuidado prenatal en Unidad Básica de Salud en un municipio del sur del país. La muestra fue compuesta de 44 gestantes que realizaban el prenatal, en la red básica de salud. Los datos fueron recogidos por medio de entrevistas y analizados utilizándose la técnica del Discurso del Sujeto Colectivo a través del software Qualiquantifost. De los discursos se extrajo Ideas Centrales y Bases semejantes que expresan la percepción de las gestantes sobre el prenatal. Las gestantes reconocen la asistencia materna como relevante para la salud de la madre y la del feto. Reconocen también la importancia de tener un acompañamiento profesional y la realización de exámenes en ese período. Se concluye que comprender el discurso de las gestantes sobre la asistencia prenatal, posibilita encaminar la manera cómo el equipo de salud debe actuar juntamente con las mujeres en el período gestacional. Palabras clave: Mujeres embarazadas. Atención prenatal. Salud de la mujer. Enfermería. INTRODUÇÃO

No mundo, aproximadamente 585 mil mulheres morrem vítimas de complicações

ligadas ao ciclo gravídico puerperal. Em países em desenvolvimento, os índices de

mortalidade materna são mais alarmantes. No Brasil, a mortalidade corresponde a 1.572

óbitos maternos. Entre as causas diretas ligadas à mortalidade materna, a hipertensão

decorrente da gestação (eclâmpsia), representa a primeira causa de óbito(1).

O pré-natal está diretamente relacionado aos índices de mortalidade materna. No

Brasil, são raros os estudos sobre a qualidade da assistência pré-natal que levam em

consideração as gestantes, as quais são as principais protagonistas do processo gestacional e

da avaliação da assistência recebida, com a finalidade de garantir a real adesão da atenção

pré-natal, buscando a integralidade da assistência(2).

A assistência pré-natal se caracteriza pelo conjunto de ações clínicas e educativas

realizadas para o acompanhamento das gestantes e com a finalidade de promover a saúde da

mulher grávida e da criança. Avaliar a qualidade desse cuidado, com pretensões de melhorá-

lo, exige esforço contínuo das autoridades de saúde, dos profissionais que exercem essa

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46

assistência e também da própria usuária do serviço, que precisam estar atentos as dificuldades

surgidas e contribuir na procura por soluções(3).

Para ser realmente efetivo, o serviço pré-natal necessita proporcionar assistência

ampliada e eficaz às mulheres grávidas, sendo indispensável que a equipe multidisciplinar

disponha das normas e rotinas do serviço e conheça os direitos da gestante assistida em suas

reações humanas, suas necessidades sociais, culturais, físicas, e emocionais, em relação à sua

saúde e à gestação(4).

As reações humanas, especialmente as das mulheres, são fenômenos que necessitam

ser investigados para fundamentar, sobretudo, a prática da enfermagem. Assim, torna-se

pertinente identificar a percepção de mulheres grávidas quanto à vivência da assistência pré-

natal, investigando, portanto, suas opiniões no intuito de direcionar as ações da equipe no

acompanhamento às gestantes assistidas durante o pré-natal(5).

Dar valor a escuta pode ser instrumento de gestão tão eficaz quanto a análise de

indicadores epidemiológicos de conseqüência ou então de produção ou produtividade do

processo de cuidado. Quanto à efetivação dos procedimentos de avaliação, é necessário

armazenar e conferir a fala das usuárias e informantes chave para a tomada de decisão,

ponderando a flexibilidade do planejado(6).

Apesar deste conteúdo ser extremamente importante para o fortalecimento de políticas

públicas para as mulheres há escassez de estudos desta natureza. Portanto, esta pesquisa teve

por objetivo compreender a percepção de gestantes acerca do cuidado pré-natal em Unidade

Básica de Saúde no município de Maringá-PR.

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47

METODOLOGIA

Foi desenvolvido um estudo qualitativo, na expectativa de coletar e analisar dados

relativos ao discurso de gestantes acerca do cuidado Pré-natal em Unidade Básica de Saúde

(UBS). Não há mais motivo para a investigação qualitativa sistemática e científica estar

afastada ou não direcionada ao universo real que ela pesquisa(7).

O estudo foi realizado em 22 UBS do município de Maringá. Apenas uma das UBS

não participou no momento que se deu a coleta de dados, pois encontrava-se fechada para

reforma. A população do estudo foi constituída de 44 gestantes que estavam realizando suas

consultas de pré-natal nas UBS nos meses de novembro de 2009 à fevereiro de 2010. Os

critérios de inclusão foram: idade maior ou igual a 20 anos, e gestantes com idade gestacional

acima da 32ª semana.

Os dados foram coletados por meio de entrevistas com a seguinte pergunta norteadora:

“Gostaria que me falasse o que você pensa sobre a assistência Pré-natal? Porquê?”. Após

contato e anuência das gestantes, a entrevista foi realizada em um consultório reservado.

Foram gravadas, utilizando-se gravador digital, mediante autorização e foram transcritas na

íntegra para facilitar a análise.

Para a análise dos dados foi adotado a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)

de Fernando Lefèvre, por meio do software QualiQuantiSoft. O DSC é considerado adequado

para extrair Idéias Centrais (IC), Ancoragens (AC) e expressões chave (ECH) de depoimento,

cartas, dados qualitativos verbais, entre outros, compondo, assim, vários discursos-síntese na

primeira pessoa do singular(7).

Para atingir o discurso síntese, foram empregados os Instrumentos de Análise de

Discurso - IAD 1 e IAD 2. No IAD1, transcreveram-se as ECH presentes em cada entrevista.

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48

Após esta etapa, foram destacadas as IC de cada ECH, idêntico ao exemplo a seguir no

quadro 1:

Sujeitos Expressões- Chaves Idéia Central

G01 “1 ª Ideia”. Dos outros eu não fiz todo o pré-natal aqui deles né, mas do tempo que eu fiz era duas vezes melhor que agora, na minha opinião, porque eu fiz com um médico homem os dois, e o médico fazia todo o serviço de pré-natal mesmo,fazia certinho, e essa médica que eu to com ela hoje não faz, não faz nada, eu chego, eu sento, ela conversa comigo e eu vou embora. Ela não mede o tamanho da minha barriga, ela não escuta o coração do neném ela não faz nada, nada mesmo. Então assim, hoje eu não acho bom o serviço daqui não, não acho bom, ainda mais por ser mulher, ela teria que ser mais atenciosa e saber que é a profissão dela, e ela não faz, ela não faz isso hoje. “2 ª Ideia”. Eu acho importante, porque, não só assim porque eu acho legal você ouvir o coração do neném, eu acho legal isso, só que isso não é tudo ne, tem que vim a parte assim, tipo do bem estar ne, tanto da mãe quanto da criança, assim nesse sentido, eu penso assim, ... que tem que ter atenção assim mais com a mãe e com o neném, eu penso assim.

(1 ª Ideia) O Pré-natal deveria orientar. (2 ª Ideia) O Pré-natal é importante porque protege a saúde da mãe e do filho.

Quadro 1: Modelo de Instrumento de análise de discurso 1.

No IAD2, divulgado no modelo de Instrumento de Análise de Discurso 2, (Quadro 2)

foram aliadas e transcritas literalmente as ECH de todas as entrevistas que correspondem às

IC destacadas, sendo possível, deste modo, estabelecer um DSC para cada IC. Para compor o

DSC, foram agrupadas as ECH formando um discurso coerente.

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49

Ideia Central: O Pré-natal deveria orientar.

Expressões- Chaves DSC

G01. Dos outros eu não fiz todo o pré-natal aqui deles né, mas do tempo que eu fiz era duas vezes melhor que agora, na minha opinião, porque eu fiz com um médico homem os dois, e o médico fazia todo o serviço de pré-natal mesmo,fazia certinho, e essa médica que eu to com ela hoje não faz, não faz nada, eu chego, eu sento, ela conversa comigo e eu vou embora. Ela não mede o tamanho da minha barriga, ela não escuta o coração do neném ela não faz nada, nada mesmo. Então assim, hoje eu não acho bom o serviço daqui não, não acho bom, ainda mais por ser mulher, ela teria que ser mais atenciosa e saber que é a profissão dela, e ela não faz, ela não faz isso hoje. G18. ... Assim, eu tenho que ficar perguntando sabe, as pessoas me falam ai eu na próxima consulta eu tenho que perguntar, o médico não fala, não explica direito, por isso. G26. O meu médico ele praticamente ele não passa muita coisa pra você então se você não tiver um pouco por dentro você fica sem alguma informação. G31. O posto aqui me deixou muito a desejar porque eu vim hoje mesmo porque eu to de 37 semanas e eu tenho que mostrar um exame pra ele, mas por mim se eu tivesse condições mesmo eu faria tudo particular porque na última vez que eu fui eu entrei dentro da sala ele olhou pra mim e falou: e ai manda, o que você quer. Entendeu, eu acho que a função é dele de ta perguntando como que ta meu peso, vê o coração do nenê, perguntar como que eu to, então você senta, se você não tiver um problema pra falar pra ele que você ta sentindo a consulta acabou ali mesmo, sabe né olha pra tua cara, pelo menos ...

Dos outros eu não fiz todo o pré-natal aqui neles, mas do tempo que eu fiz era duas vezes melhor que agora, o médico fazia todo o serviço de pré-natal mesmo, fazia certinho, e esse médico que eu to com ele hoje não faz, não faz nada, eu chego, eu sento, ele conversa comigo e eu vou embora. Ele não mede o tamanho da minha barriga, ele não escuta o coração do neném, ele não faz nada, nada mesmo. Então assim, hoje eu não acho bom o serviço daqui, [...] por mim se eu tivesse condições mesmo eu faria tudo particular porque na última vez que eu fui eu entrei dentro da sala ele olhou pra mim e falou: e ai manda, o que você quer? Entendeu, eu acho que a função é dele de ta perguntando como que ta meu peso, ver o coração do neném, perguntar como que eu estou, então você senta, se você não tiver um problema pra falar pra ele que você ta sentindo a consulta acabou ali mesmo, sabe né, olha pra tua cara, pelo menos, [...] eu tenho que ficar perguntando sabe, as pessoas me falam, ai eu na próxima consulta tenho que perguntar, o médico não fala, não explica direito, por isso, o meu médico ele praticamente não passa muita coisa pra você então se você não tiver um pouco por dentro você fica sem alguma informação.

Quadro 2 : Modelo de Instrumento de análise de discurso 2.

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Está pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa

envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), atendendo à

determinação da Resolução nº 196/96, do CNP - Conselho Nacional de Pesquisa, sob parecer

311/2009.

RESULTADOS

A idade das gestantes variou entre 20 e 39 anos. A maioria das participantes, 68,2%

(30) tinha ensino médio, e 18,2% (8) ensino fundamental. 11,4% (5) estavam cursando ensino

superior e 2,3% (1) tinha ensino superior completo. A metade das mulheres (50%) era casada,

45,5% (20) solteiras e 4,5% (2) divorciadas. Dentre as participantes, 43,2% (19) não exerciam

qualquer atividade econômica remunerada. Das 56,8% (25) que exerciam atividade com

remuneração, 15,9% (7) realizavam trabalhos domésticos, como diarista ou costureira.

A história reprodutiva também é fator que merece atenção da equipe que assiste a

gestante, 50% (22) eram primigestas, 27,3% (12) secundigestas, 13,6% (6) trigestas, 6,8% (3)

estavam vivenciando a gestação pela quarta vez e 2,3% (1) pela quinta vez. Dentre as

participantes duas relataram estar grávidas de gêmeos e apenas 13,6 % (6) mulheres referiram

história de abortamento em gestações anteriores.

Ideia Central A – O Pré-natal deveria orientar. DSC (G01; G18; G26; G31).

Dos outros eu não fiz todo o pré-natal aqui neles, mas do tempo que eu fiz era duas

vezes melhor que agora, o médico fazia todo o serviço de pré-natal mesmo, fazia

certinho, e esse médico que eu to com ele hoje não faz, não faz nada, eu chego, eu

sento, ele conversa comigo e eu vou embora. Ele não mede o tamanho da minha

barriga, ele não escuta o coração do neném, ele não faz nada, nada mesmo. Então

assim, hoje eu não acho bom o serviço daqui, [...] por mim se eu tivesse condições

mesmo eu faria tudo particular porque na última vez que eu fui eu entrei dentro da

sala ele olhou pra mim e falou: e ai manda, o que você quer? Entendeu, eu acho que

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a função é dele de ta perguntando como que ta meu peso, ver o coração do neném,

perguntar como que eu estou, então você senta, se você não tiver um problema pra

falar pra ele que você ta sentindo a consulta acabou ali mesmo, sabe né, olha pra

tua cara, pelo menos, [...] eu tenho que ficar perguntando sabe, as pessoas me

falam, ai eu na próxima consulta tenho que perguntar, o médico não fala, não

explica direito, por isso, o meu médico ele praticamente não passa muita coisa pra

você então se você não tiver um pouco por dentro você fica sem alguma informação.

Ideia Central B – O Pré-natal é importante porque protege a saúde da mãe e do filho.

DSC (G01;G04; G05; G06; G08; G09; G12; G13; G17; G18; G19; G20; G22; G23; G27;

G30; G32; G33; G35; G36; G37; G38; G40; G41; G42; G43).

O pré-natal é pra ta acompanhando tanto a saúde do bebê como da mãe, e eu acho

necessário, porque como que uma gestante vai ter um neném e não vai acompanhar

o seu pré-natal? Como que ela vai saber como que ele está? Como o coraçãozinho

está? Às vezes ela acha que ta perfeito na barriga, às vezes não ta, só o médico pra

falar, então tem tudo isso. [...] até no mês passado eu vim o médico não conseguiu

ouvir o coração eu fiquei preocupada porque é bom quando a gente vem e escuta o

coração e vê que ta tudo bem, eu acho importante, porque, não só assim porque eu

acho legal você ouvir o coração do neném, eu acho legal isso, só que isso não é

tudo né, tem que vim a parte assim, tipo do bem estar, tanto da mãe quanto da

criança, assim nesse sentido, eu penso assim, [...] que tem que ter atenção mais com

a mãe e com o neném, pra saber como eu estou, como que meu bebê ta. Eu acho

importante porque é um acompanhamento, sei lá, é uma vida, um neném, então tem

que começar a acompanhar desde o comecinho, eu acho que o pré-natal é uma

coisa muito boa pra ti esclarecer tudo o que ta acontecendo com o bebê, se você ta

fazendo as consulta de pré-natal você sabe que você vai ter uma criança saudável.

O pré-natal é uma maneira de você cuidar de quem ta vindo de você, [...] você fica

grávida e tem que vim consultar, passar por atendimento, medir barriga, ouvir o

coração parece que é tudo normal, não só a mãe tem um acompanhamento, mas

como a criança por isso eu acho um acompanhamento muito bom, assim não coloca

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em risco nem a mãe nem o filho [...], se tiver uma dor durante a gravidez você não

vai ao médico pra saber? E quando que é o momento? Precisa saber quando o

neném vai nascer também, pra saber o desenvolvimento do neném, se ele ta com

algum problema se não ta, da mãe como o organismo age, as vezes tem algum

problema não sabe porque não tem sintomas, ai nas consultas se são detectados

esses problemas já pode tratar tanto o neném quanto a mãe.

Ideia Central C – O Pré-natal é importante porque orienta e esclarece. DSC (G02;

G03; G05; G14; G15).

Esse negócio de pré-natal eu to começando a me adaptar agora, me relacionar, eu

acho que é bom, não sei, é o primeiro então também não tenho muito noção de

nada, mas eu to gostando porque ta auxiliando bastante as conversas que eu tenho,

é sobre explicação de depois de o neném nascer, é as pessoas que tão me

acompanhando o pré-natal a própria gestação, então eles procuram sempre ta

conversando, depois que o seu neném nascer você vai ver que isso foi só um medo,

que é a primeira gravidez, você ainda é nova, você não estava esperando, então tem

tudo, não é só você chegar lá e medir uma pressão e ver seu peso, tem uma coisa a

mais por traz disso, e não sei se é assim [...], mas tentam se preocupar e levar seu

caso à sério, então isso tem me auxiliado bastante, ajudado no meu tratamento com

essa história da gravidez, esse susto todo, [...].porque pelo menos você sabe como

você ta bem, se ta desenvolvendo alguma coisa fica mais curiosa, e acho que é tudo

né, o pré-natal foi esclarecendo as minhas dúvidas, em relação ao parto, a como

cuidar do neném, a como cuidar de mim mesma, que tem coisas que você já não

pode comer, não pode fazer mais então sei lá, eu acho que é bom, que é ótimo, [...]

Pelo menos eu particularmente acho que é muito importante participar das

consultas e que o médico que você esteja indo te orienta, conversa com você, fala o

que ta acontecendo com você com a criança. Eu acho muito importante, [...] e com

relação ao nosso médico[...] ele realmente assim elabora questões importantes,

inclusive em relação a se cuidar sexualmente né, ingerir alimentos limpos, sempre

com a mão limpa pra comer, pra não pegar uma parasitose ai durante a gestação

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porque não pode tratar, então assim, se isso realmente não for orientando não tem

muita valia.

Ideia Central D – O Pré-natal é importante porque no primeiro filho não se tem

experiência. DSC (G07; G44).

Tem que fazer o pré-natal bem certinho pra saber como que ela ta, e como lidar

com isso né. Tanto pra saber como que ta a criança, eu acho assim né, porque é o

nascimento, depois do nascimento você já tem que ta acompanhando pra lidar,

porque quando é o primeiro filho você ainda não tem experiência, então acho que

isso é uma ajuda, porque que nem eu que sou a primeira vez então você fica assim

meio assustada, você não sabe o que vai acontecer daqui para frente, você não sabe

o que você vai passar, você não sabe se é normal se não é, tontura, dor, tudo, então

você tem alguém pra você se sentir segura né, você tem uma segurança pra você o

que está acontecendo se é normal se não é, se isso ocorre se não ocorre né, então eu

acho que o mais importante é isso.

Ideia Central E – O pré-natal é bom porque conta com acompanhamento médico para

a gestante. DSC (G16; G21; G24; G25; G28; G34; G39; G42).

O médico lá me explicou que era bom pra ta acompanhando a gestação que era

bom vim no postinho que caso acontecesse algum problema eu ia ficar sabendo. Eu

acho que o pré-natal é um acompanhamento muito bom pra gestante né, todo mês

você ta vindo, o médico orienta você né, o coraçãozinho você ouve, então é muito

bom, pra começar eu não fiz o pré-natal do meu filho, do meu primeiro, e ai teve

bastante problema, se eu tivesse feito o pré-natal, tivesse tido a orientação de um

médico, de uma enfermeira, alguma coisa, seria muito mais fácil pra mim, e já do

segundo eu fiz e desse aqui também fiz tudo certinho, é a última consulta minha

agora. Pra mim é muito bom o pré-natal, todas as mães deveriam fazer, é bom

porque como o doutor falou você vai com um médico que não conhece você, mas ai

eu chego lá na carteirinha ta todos os exame, eu chego ali o médico já olha meus

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exames, já olha minha carteirinha não precisa falar pra ele, ele abre minha

carteirinha já ta tudo ali, ele já tem o conhecimento de tudo, [...] a gente tem o

médico de pré-natal pra vim aqui e ta orientando o que tem que fazer normalmente.

[...] eu acho importante isso, ter um acompanhamento de um médico, eu gosto, [...]

porque às vezes acontece alguma coisa com o bebê porque você não tem um

acompanhamento médico.

Ideia Central F – O pré-natal é necessário porque tem exames. DSC (G11; G29; G44).

Pra mim é necessário, a gente não pode ta sozinha né, e é um direito de cada um,

pelas intervenções, pelos exames, tudo, e a gente fica mais segura né, o pré-natal

assim já é pra você detectar se tem alguma coisa se ta tudo bem pra ter uma vida

melhor e saudável, um parto melhor e saudável também, e eu acho que isso é muito

importante em questão de vida né, porque queira ou não a gente está com uma vida,

[...] e eu não sabia, desses exames sabe, que preveni né, então eu acho que é muito

importante o pré-natal, os exames, tudo, como agora né, ultrasom eu já fiz, to

achando muito importante isso.

Ancoragem A – A maioria das gestantes não procura médico. DSC (G09).

[...] Muitas gestantes não vão né, a maioria dessas gestantes não procura médico,

eu já vi casos assim né, eu não sei como que nasce, mas o certo é acompanhar o

pré-natal certinho.

Ancoragem B- Quem não faz pré-natal tem problemas no parto. DSC (G25).

[...] Porque tem muita gente que não faz o pré-natal ai depois na hora do parto

começa a acontecer um monte de problema, ai eu achei que era bom eu vim por

causa disso.

Ancoragem C- A crença no pré-natal realizado pelo SUS. DSC (G10; G14).

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55

Eu optei por ta fazendo meu pré-natal pelo SUS porque eu acredito que o SUS aqui

em Maringá realmente funciona muito bem, então assim, vejo que se a gestante não

faz o pré-natal correto, pelo menos uma consulta por mês, no mínimo sete consultas,

realmente depois ela tem uma dificuldade maior em ta cuidando do seu bebê

principalmente quando é o primeiro filho. Porque assim, os outros eu sempre fiz

particular, e agora pelo postinho assim, me falaram que era diferente, não faz

ultrasom, os médicos, mas eu to achando tranquilo assim, por enquanto ta normal

né.

DISCUSSÃO

A escolaridade materna é um indicador do nível socioeconômico e grande

influenciador dos índices de saúde materno-infantil, nesse estudo, com relação à escolaridade,

a maioria das participantes possuía no mínimo ensino médio.

Os resultados mostraram que embora a maioria das gestantes desempenhasse alguma

atividade profissional, o número de gestantes que não exerce qualquer atividade econômica

remunerada também é grande, estando próximo das que trabalham. Além disso, das

participantes que relataram trabalhar, a maioria realizava afazeres relacionados com tarefas

domésticas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que pesquisas em saúde reprodutiva

relativas à sexualidade, contracepção e à concepção, compreendendo a gravidez, o parto e o

puerpério, são prioritárias, e propõe que as características do contexto sociocultural,

condições socioeconômicas, entre outros fatores, sejam discutidas como características

importantes nesses estudos(8).

Identificar procedimentos básicos, necessários para o cuidado pré-natal como:

verificação do peso da gestante, altura uterina e ausculta de BCF, podem não estar sendo

realizados durante as consultas à gestante, como verifica-se no primeiro discurso, gera

grandes preocupações, pois todos esses cuidados são necessários para o adequado

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56

acompanhamento do desenvolvimento gestacional tanto para a saúde da mulher quanto em

especial da criança em formação.

Percebe-se ainda, o descontentamento com o atendimento de pré-natal, o qual, na

opinião das entrevistadas, deveria orientar mais, esclarecer mais suas dúvidas, incertezas,

preocupações, medos e angustias. As gestantes necessitam buscar informações sobre o pré-

natal e sua gestação com outras pessoas, como amigos, parentes ou conhecidos, para

esclarecer suas dúvidas, uma vez que nas consultas de pré-natal, referenciam não receber

informações sobre a gestação e seu desenvolvimento.

Percebe-se o descaso com a paciente quando analisamos a seguinte fala (Ideia central

A):

[...]olha pra tua cara, pelo menos.[...].

Em que, a gestante relata que durante as consultas de pré-natal necessita apresentar

alguma dúvida ou algum problema para criar um diálogo com o profissional durante as

consultas, que caso contrário, termina sem qualquer vínculo entre profissional e gestante.

A tranquilidade existente por meio da garantia de atendimento e o estabelecimento de

vínculo, entre a mulher e o profissional, são aspectos importantes para a humanização da

assistência e possibilitam a adesão e permanência das gestantes no serviço de atenção ao pré-

natal, ao sentirem-se acolhidas(9).

Para o MS, o principal objetivo da atenção ao pré-natal é receber a mulher desde o

início de sua gravidez, ocasião de mudanças físicas e emocionais - que cada gestante vivencia

de maneira diferente. Essas modificações podem provocar medos, dúvidas, angústias,

fantasias ou meramente a curiosidade de saber o que ocorre no interior de seu corpo(10).

Ressalta-se que a assistência pré-natal não deve se restringir apenas às ações clínico-

obstétricas, mas incluir também aquelas voltadas à educação em saúde, assim como aspectos

antropológicos, sociais, econômicos e culturais, que precisam ser conhecidos pelos

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57

profissionais que assistem as gestantes, procurando entendê-las no contexto em que vivem,

agem e reagem(11).

As gestantes têm o direito de receber atendimento humanizado e de qualidade, por

tanto, os profissionais envolvidos nesse cuidado, precisam estar cientes da necessidade de

acolher essas mulheres e de esclarecer suas dúvidas, além de informa-lás sobre o

desenvolvimento da gestação e seus possíveis acontecimentos. Criar um vínculo com a

mulher pode contribuir muito para a real efetivação da assistência, uma vez que auxilia

também na adesão e continuidade do cuidado pré-natal.

Com relação à Idéia Central B, observa-se que as gestantes percebem o pré-natal como

um acompanhamento necessário para cuidar da saúde da mãe e do bebê. Além disso,

reconhecem que as consultas de pré-natal são importantes e auxiliam na detecção de eventuais

complicações que podem ocorrer durante a gestação, colocando em risco a saúde da mãe e do

feto.

Outros estudos, assim como este, descrevem que as mulheres referenciam o pré-natal

como a possibilidade de prevenir doenças e complicações para a saúde da mãe e do filho e

destacam que elas entendem que o pré-natal constitui um momento de aprendizado, o qual

possibilita maior conhecimento com relação à gravidez, além de permitir a prevenção de

problemas tanto com a gestante como com o concepto(11,12).

Outra percepção referenciada sobre o pré-natal é o fato de que ele é também

importante porque orienta e esclarece (Ideia Central C). As mulheres relatam que com a

assistência pré-natal foi possível elucidar dúvidas relacionadas com o parto e a como cuidar

do filho. Destacam, também, a importância do diálogo entre o profissional e as gestantes para

orientar as condutas tomadas durante o desenvolvimento gestacional.

Compreender a importância do pré-natal na visão das gestantes, usuárias desta

assistência, possibilita identificar o significado que o mesmo tem para estas mulheres, além de

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

58

contribuir no direcionamento das ações da equipe de saúde e na construção de políticas

públicas. Em estudo realizado por Landerdahl (2007), sobre a percepção de mulheres acerca

da assistência pré-natal em UBS, as informantes expressam que o mesmo representa um

momento de aprendizado para sua saúde como um todo, enfatizando assim, ainda mais

importância do cuidado pré-natal(12).

Duas participantes mencionaram que o pré-natal é importante porque quando se trata

do primeiro filho, ainda não se tem experiência (Ideia Central D). Sendo assim, o pré-natal

constitui-se de uma ajuda para a mulher, clareando seus equívocos e orientando suas

condutas, proporcionando mais segurança e satisfação. A comunicação entre o profissional e

gestante mostra-se, mais uma vez, positiva, no contentamento das mulheres ao descreverem a

assistência recebida(11).

A assistência ao pré-natal objetiva também orientar sobre o parto e os cuidados com o

recém-nascido, contribuindo com a diminuição das taxas de morbi-mortalidade materno-

infantil, baixo peso ao nascer e restrição do crescimento intra-uterino, já que estas causas são

passíveis de serem evitadas e necessitam ser esclarecidas durante a assistência, principalmente

entre as mulheres que vivenciam a gestação pela primeira vez(13).

Na Ideia Central E, evidencia-se o discurso das gestantes que expressam a opinião de

que o pré-natal é importante porque conta com acompanhamento profissional, em especial, o

acompanhamento médico. Dessa forma, fica clara a figura do médico associado ao pré-natal,

como percebe-se principalmente por meio do seguinte trecho, extraído do discurso das

gestantes:

[...] porque às vezes acontece alguma coisa com o bebê porque você não tem um

acompanhamento médico.

Além do médico, o profissional enfermeiro também é mencionado pelas participantes

como importante na participação da assistência.

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59

Estudo sobre o cuidado em saúde no ciclo gravídico-puerperal, sob a perspectiva das

mulheres, realizado com usuárias do serviço público expõe que o contexto de atenção à

assistência pré-natal está centrado no processo de trabalho médico. Portanto, a interação

humanizada das gestantes com esse profissional é importante para o sucesso do cuidado(14).

Esta mesma autora relata que as representações sobre o cuidado em saúde na atenção

pré-natal, em parte, fundamentam-se na esperança do atendimento humanizado, que se dá

mediante uma boa afinidade entre os profissionais e os clientes, providenciando segurança às

mulheres e reconhecendo-as como sujeitos da atenção pré-natal(14).

O comprometimento do profissional para com as necessidades da população mais

vulnerável, além da capacidade técnica continuada das equipes de saúde, buscando a

resolutividade dos problemas mais prevalentes, está envolvido na assistência pré-natal de

qualidade(15).

O profissional enfermeiro também tem um papel fundamental na assistência pré-natal,

participando efetivamente no desenvolvimento das atividades de saúde da mulher(16). A

consulta de enfermagem auxilia a gestante no momento de enfrentar esta etapa da vida com

mais calma, pois lhe possibilita propagar e entender os vários sentimentos vivenciados(2).

A consulta de enfermagem se impõe, nessa lógica, como instrumento de grandioso

valor, principalmente por ter como finalidade garantir a expansão da cobertura e progresso da

qualidade do pré-natal, especialmente através da introdução das ações preventivas junto às

mulheres grávidas. É demandado ao profissional enfermeiro, além da aptidão técnica,

sensibilidade para envolver o ser humano, o seu modo de vida e destreza de comunicação,

fundamentada na escuta e na ação dialógica(17).

Outro aspecto considerando a importância do pré-natal na percepção das mulheres

entrevistadas, está relacionado com a realização dos exames, em especial a ultra-sonografia

(Ideia Central F). As gestantes usuárias do serviço público querem contar com recursos que

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60

possam diminuir seu desconhecimento em relação às condições de saúde de seu bebê e

propiciar-lhes uma gestação mais tranquila. Exames como a ultra-sonografia, permitem esta

possibilidade e são por isso, valorizados por elas(6).

Identifica-se no discurso, que os exames realizados no decorrer do cuidado pré-natal

trazem maior segurança, e contribuem na detecção de algum problema, que por ventura, pode

ocorrer com a criança, e demonstram também quando está tudo normal.

Durante a análise da percepção das gestantes sobre o pré-natal, foi possível extrair dos

seus discursos, além de IC, algumas ancoragens. A ancoragem representa a figura

metodológica que tem seu nome baseada na teoria da representação social, corresponde a uma

manifestação linguística, expressão de uma determinada teoria, ideias, generalizações, ou

crenças que o sujeito do discurso declara e que é utilizada pelo relator para “emoldurar” uma

situação exclusiva(7).

Na ancoragem A, identifica-se que uma das gestantes, ao explicar que o correto é

acompanhar o desenvolvimento gestacional, manifesta generalização ao expor a opinião de

que muitas gestantes não procuram um profissional de saúde para realizar o pré-natal. Está

crença está ancorada em experiências passadas do sujeito que a relata.

Os profissionais devem desmitificar a gestação, e considerar a mulher com seus

desejos, crenças e conceitos, de forma que permita tornar esse período mais participativo por

elas(11). A troca de informações, normas, crenças e valores possibilita que as pessoas, em

situação similares às das gestantes, passem por dúvidas, medos e preconceitos que podem

provocar incertezas e resistência para adotar medidas necessárias de segurança à saúde. Sendo

assim, salienta-se que a comunicação é indispensável para a atenção à saúde, estabelecendo-se

como ferramenta que possibilita a confiança, e a criação de vínculos entre o usuário e o

profissional e, portanto, ao Serviço de Saúde(18).

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61

Entretanto, a adesão ao programa de pré-natal no Brasil ainda é precária. Fontes

oficiais citam que para o bom andamento deste programa é preciso iniciá-lo precocemente, ter

periodicidade nos atendimentos, ter comparecimento a um mínimo de consultas, e possuir

integração com cuidados preventivas. Para que isso ocorra verdadeiramente, a gestante

precisa se sentir bem acolhida pelos profissionais de saúde(18).

Outro aspecto que deve-se considerar neste contexto, é a necessidade dos profissionais

de saúde, envolvidos com o pré-natal, realizarem busca ativa às gestantes de sua

responsabilidade e captá-las, explicando-lhes a importância e necessidade da realização do

mesmo.

O pré-natal está ainda, ancorado na crença de que gestante que não realiza as consultas

tem problemas depois, no momento do parto (Ancoragem B). Os procedimentos de

preparação para o parto possuem o objetivo de evitar medos, tensões e até mesmo a dor, pois

se analisa que o conhecimento acaba com o receio e impede a tensão, controlando a dor(19). O

pré-natal é um suporte que auxilia nessa questão, proporcionando maior segurança para que a

gestante possa enfrentar o momento do parto com confiança.

Na ancoragem C, apresenta-se o discurso de gestantes que acreditam no pré-natal

realizado pelo Sistema Único de Saúde. Relatam que percebem sua necessidade e declaram-se

satisfeitas, comparando que o atendimento funciona como na assistência realizada pelo

atendimento particular.

A qualidade pode ser a mais perfeita assistência a ser disponibilizada por uma Unidade

Básica de Saúde. A satisfação do paciente deveria ser incluída para contribuir na garantia da

qualidade do cuidado prestado, sendo assim, o cuidado não deveria ser estimado como

excelente até que o próprio paciente manifeste sua satisfação(18).

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

62

Perceber que algumas gestantes estão satisfeitas com a assistência recebida e que

acreditam no pré-natal, significa acreditar que o mesmo é efetivo em algumas Unidades e que

a busca pelo atendimento de qualidade é verdadeiramente possível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O discurso das gestantes que realizam assistência pré-natal em Unidade Básica de

Saúde, privilegiado neste estudo, permite considerar que o sujeito coletivo percebe a

importância do pré-natal principalmente sob a ótica do cuidado com a saúde da mãe e da

criança. Também, em relação a essa perspectiva, pode-se perceber a importância dos cuidados

realizados durante as consultas de pré-natal, a necessidade do vínculo entre profissional e

paciente, o valor da orientação e do diálogo, bem como, dos exames gestacionais.

Identificou-se o descontentamento de algumas participantes, com o atendimento

recebido durante a assistência pré-natal, a qual é percebida com a necessidade de fornecer

mais orientações. O discurso revelou que alguns cuidados básicos, necessários para conhecer

o andamento da gestação, podem não estar sendo realizados pelos profissionais de saúde.

A mulher tem o direito a atendimento de qualidade e humanizado, respeitando-se o seu

bem estar e a segurança da gestante e da criança, lembrando-se ainda das particularidades que

envolvem cada sujeito e da necessidade de reconhecer as mulheres como participantes da

assistência.

Apesar deste artigo ter revelado os discursos das mulheres em relação a importância e

necessidade da assistência pré-natal como programa fundamental para o cuidado humanizado

e de qualidade, o estudo em tela apresentou limitações referentes ao medo e receio das

participantes em criticar o sistema, porque depende dele para sua assistência, e também

porque não conhece seus direitos à saúde. Recomenda-se que em estudos futuros pesquisas

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ELISANGELA PANOSSO …

63

desta natureza possam ser realizadas fora do ambiente de atendimento, para evitar esta

limitação.

Por fim, destaca-se que compreender o discurso do sujeito coletivo sobre a assistência

pré-natal em Unidade Básica de Saúde, na representação das gestantes, possibilita direcionar a

maneira como a equipe de saúde, em especial a equipe de enfermagem, terá a capacidade de

atuar juntamente as mulheres no período gestacional. Nesse sentido, este estudo recomenda

também que os profissionais enfermeiros despendam no rol de suas atividades a consulta de

enfermagem na assistência pré-natal, a qual pode apresentar-se como importante ferramenta

no cuidado à saúde da mulher durante o período gestacional, além de contribuir para a

verdadeira assistência humanizada.

REFERÊNCIAS

1. Ministério da Saúde (BR). Secretária de Atenção à saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual dos Comitês de Mortalidade Materna. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2007.

2. Shimizu HE, Lima MG. As dimensões do cuidado pré-natal na consulta de enfermagem.

Rev. bras. enferm. 2009 maio-jun;62(3):387-92. 3. Succi RCM, Figueiredo EM, Zanatta LC, Peixe MB, Rossi MB, Vianna LAC. Evaluation

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6. Almeida CAL, Tanaka OY. Perspectivas das mulheres na avaliação do Programa de

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sujeito coletivo. In:____, organizadores. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque

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64

em pesquisa qualitativa (Desdobramentos). 1a ed. rev. ampl. Caxias do Sul: EDUCS; 2003a. p. 13-35

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65

6.2 ARTIGO 2

O OLHAR DA GESTANTE PARA A ASSISTENCIA PRÉ NATAL NA REDE

PÚBLICA DE SAÚDE

THE VIEW OF PREGNANT WOMEN ABOUT THE PRENATAL CARE IN THE PUBLIC HEALTH CARE NETWORK

UNA MIRADA DE LA GESTANTE PARA LA ASISTENCIA PRENAT AL EN LA

RED PÚBLICA DE SALUD

RESUMO O objetivo deste estudo foi compreender os motivos que levam gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde a indicar ou não a assistência pré-natal. Os dados foram coletados por entrevistas com 44 gestantes que realizavam o pré-natal em Unidade Básica de Saúde no município de Maringá- PR. A análise utilizou-se da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Identificou-se como aspectos negativos que levam as mulheres a não indicar o pré-natal a falta de atenção, a falta de médico e a necessidade de enfrentar filas para receber assistência. Como aspectos positivos a atenção recebida, o médico da instituição, o atendimento imediato, o próprio Sistema Único de Saúde, o bom atendimento e o fato de morar próximo da Unidade. Conclui-se que muito do que se espera da assistência pré-natal de qualidade tem mais a ver com o vínculo entre profissional e cliente, com a atenção e acolhimento, do que com grandes tecnologias. Palavras-chave: Gestantes. Cuidado pré-natal. Saúde da Mulher. Enfermagem. ABSTRACT The aim of this study was to understand the reasons why pregnant women of the Unified Health System indicate or not prenatal care. Data were collected through interviews with 44 pregnant women who received prenatal care in primary health care unit in Maringá-PR. Data analysis was done by the Collective Subject Discourse technique. Negative aspects that lead women not to indicate the pre-natal is the lack of attention, lack of physicians and the need to stand in lines to receive assistance, and as positive aspects reffering to the care received, the institution’s phisician, the immediate attendance, the Unified Health System itself, good service and to live near Unit. We conclude that much of what women expect from a quality prenatal care has more to do with the bond between client and professional, with attention and care, than with great technologies. keywords: Pregnant women. Prenatal care. Women`s health. Nursing. RESUMEN El objetivo de este estudio fue comprender los motivos que llevan, gestantes usuarias del Sistema Único de Salud, a indicar o no la asistencia prenatal. Los datos fueron recogidos a través de entrevistas con 44 gestantes que realizaban el prenatal, en Unidad Básica de Salud en el municipio de Maringá- PR. El análisis se utilizó de la técnica del Discurso del Sujeto Colectivo. Se identificó, como aspectos negativos que llevan a las mujeres a no indicar el prenatal, la falta de atención, la falta de médico y la necesidad de enfrentar colas para recibir asistencia, y como aspectos positivos: la atención recibida, el médico de la institución, la atención inmediata, el propio Sistema Único de Salud, la buena atención y el hecho de vivir

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66

próximo de la Unidad. Se concluye que mucho de lo que se espera de una asistencia prenatal de calidad tiene que ver más con el vínculo entre profesional y cliente, con la atención y acogida, que con grandes tecnologías. Palabras clave: Mujeres embarazadas. Atención prenatal. Salud de la mujer. Enfermería.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a precária situação perinatal guarda relação com o acesso à assistência pré-

natal e ao parto, e evidencia dificuldades impostas socialmente à gestante, impossibilitando-a

de frequentar o pré-natal dentro de condições adequadas(1).

Dessa maneira, a assistência à saúde da mulher no período gestacional continua sendo

um desafio, tanto no que diz respeito à qualidade quanto no que se refere aos aspectos

relacionados às discussões filosóficas em volta do cuidado(2).

O pré-natal caracteriza-se por um conjunto de medidas e atividades realizadas pelos

profissionais de saúde para com as mulheres durante a gestação e no preparo para o parto(3). O

objetivo predominante da assistência ao pré-natal está relacionado à redução da taxa de

morbimortalidade materna e perinatal. Contudo, não se percebe a preocupação e adequação da

assistência às necessidades sentidas e manifestadas pela gestante, de acordo com o contexto

socioeconômico-cultural(4).

O pré-natal deve ser estruturado para atender às verdadeiras necessidades das

gestantes, utilizando-se conhecimentos técnico-científicos e recursos próprios para cada caso.

Os cuidados de saúde necessitam estar direcionados para cobertura de toda a população alvo

da área de abrangência da unidade de saúde, garantindo a continuidade no atendimento, o

acompanhamento e a avaliação desses cuidados sobre a saúde materna e perinatal(5).

Deve-se considerar, portanto, a mulher, usuária do serviço de saúde, como integral em

suas necessidades, desejos e interesses; não somente em sua satisfação ou insatisfação com o

atendimento recebido, mas sim, em sua possibilidade de proporcionar uma reflexão crítica

referente aos objetivos e configurações desse atendimento; não simplesmente como objeto da

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67

ação, mas como possuidor de um potencial de proatividade sugestivo de respeito ao controle

das variáveis que determinam o processo saúde-doença de modo individual e coletivo(6).

Ressalta-se que no contexto brasileiro vem sendo discutida, dentro das políticas de

saúde e práticas em serviços, a seriedade e importância da avaliação em sistemas de saúde.

Essa intenção está inserida num contexto mundial e, em alguns países, a avaliação já se

estabelece como prática institucionalizada, em que seus resultados possuem a finalidade de

contribuir para a criação de políticas e práticas de saúde(2).

O estudo do senso comum possibilita apreender a maneira como as gestantes

percebem o pré-natal e permite refletir sobre as consequências do choque causado entre o

conhecimento científico e o conhecimento popular, que determina a conduta das mulheres

grávidas. Esse conhecimento possibilita subsidio para a organização das ações em saúde,

procurando estabelecer a harmonia entre a ciência e o senso comum, permitindo desvelar os

mitos e as crenças que cercam o pré-natal(7).

Levando-se em consideração que este assunto é de extrema importância para a

melhoria da qualidade da assistência, para contribuição de políticas pública de saúde e diante

da deficiência de estudos relacionados, o objetivo desta pesquisa foi de compreender os

motivos que levam gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde a indicar ou não a

assistência pré-natal.

METODOLOGIA

Estudo exploratório, descritivo, qualitativo, na expectativa de coletar e analisar os

dados relativos ao discurso de gestantes acerca dos motivos que às levam a indicar ou não a

assistência Pré-natal em Unidade Básica de Saúde (UBS), do município de Maringá-PR.

Portanto, o estudo foi desenvolvido buscando esclarecer as representações sociais das

gestantes sobre a assistência pré-natal, tendo como substrato os seus depoimentos.

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68

O estudo foi realizado em 22 das 23 UBS do município de Maringá, as quais realizam

assistência ao pré-natal, com exceção de uma das UBS que no momento que se deu as coletas

encontrava-se fechada para reforma.

Os sujeitos foram 44 gestantes que estavam realizando pré-natal nos meses de

novembro de 2009 à fevereiro de 2010, período este em que ocorreu a coleta de dados. Os

critérios de inclusão das participantes deste estudo foram: idade maior ou igual a 20 anos, e

gestantes selecionadas a partir da 32ª semana de gestação e que aceitaram participar da

pesquisa.

Os dados foram coletados por meio de entrevistas com a seguinte questão norteadora:

“você está realizando atendimento de pré-natal nesta UBS? Você indicaria esta Unidade para

uma amiga ou parente sua realizar o pré-natal? Porquê?”. As entrevistas foram gravadas,

utilizando-se gravador digital, mediante autorização de cada participante do estudo e

posteriormente transcritas na íntegra, para facilitar a análise. Além disso, todas as gestantes

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido quanto aos objetivos e aspectos

legais da pesquisa.

Para a análise dos dados foi adotada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)

de Fernando Lefèvre, por meio do software QualiQuantiSoft. O DSC é considerado adequado

para extrair idéias centrais (IC) e expressões chave (ECH) de depoimento, cartas, dados

qualitativos verbais, entre outros, compondo, assim, vários discursos-síntese na primeira

pessoa do singular(8).

Iniciando-se pelas falas das gestantes copiadas no software, a análise dos discursos

começou com a identificação das figuras metodológicas ECH em que estão presentes as IC de

cada discurso que foram escritas de modo breve e objetivo. É pertinente destacar que as IC

não são interpretações, mas descrições do sentido existente nas ECH(9). Após, as IC

semelhantes, equivalentes ou complementares, foram reunidas em uma mesma categoria,

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69

representadas por uma letra do alfabeto, iniciando-se pela letra A e seguindo-se a ordem

alfabética até que todas as IC tivessem sido categorizadas. Em seguida, iniciou-se a

construção do DSC de cada categoria, na primeira pessoa do singular, constituindo o discurso

de maneira sequencial, utilizando apenas conectivos entre as partes e eliminando as idéias

repetidas para conferir sentido ao discurso(9).

Para atingir o discurso síntese, foram empregados os Instrumentos de Análise de

Discurso - IAD 1 e IAD 2. No IAD1, transcreveram-se as ECH presentes em cada entrevista.

Após esta etapa, foram destacadas as IC de cada ECH, idêntico ao exemplo a seguir no

quadro 1:

Sujeitos Expressões- Chave Idéia Central

G08 Não, achei que eu não fui muito bem atendida, o médico já passou uns papeis pra mim com nome de outra pessoa, então assim me deixou bem insegura em relação a isso, eu só voltei mesmo nessas consultas com ele de novo porque eu não tenho condições de pagar e uma amiga minha também já passou com ele falou que ela foi bem atendida e que talvez fosse o dia do médico né, ... o mínimo que eu espero é bom atendimento, eu não me importo que ele chegue depois de duas horas do horário que era para ter chegado, ... mas se ele chegar e me atender bem, pra mim é o importante.

Não indicaria porque falta atenção para a gestante.

Quadro 1: Modelo de Instrumento de análise de discurso 1.

No IAD2, divulgado no modelo de Instrumento de Análise de Discurso 2, (Quadro 2)

foram aliadas e transcritas literalmente as ECH de todas as entrevistas que correspondem às

IC destacadas, sendo possível deste modo estabelecer um DSC para cada IC. Para compor o

DSC, foram agrupadas as ECH formando um discurso coerente.

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Ideia Central: Não indicaria porque falta atenção para a gestante.

Expressões-Chave DSC

G01. Não, se for pra pré-natal... porque eu não acho certo, então se eu não acho certo pra mim eu não queria que fizesse isso com outra pessoa também né, mas, ... só nesse sentido, dela não saber o que ela tem que fazer ne, só por isso. Não indicaria. G08. Não, achei que eu não fui muito bem atendida, o médico já passou uns papeis pra mim com nome de outra pessoa, então assim me deixou bem insegura em relação a isso, eu só voltei mesmo nessas consultas com ele de novo porque eu não tenho condições de pagar e uma amiga minha também já passou com ele falou que ela foi bem atendida e que talvez fosse o dia do médico né, ... o mínimo que eu espero é bom atendimento, eu não me importo que ele chegue depois de duas horas do horário que era para ter chegado, ... mas se ele chegar e me atender bem, pra mim é o importante. G12. Olha, pra ser bem sincera eu não indicaria. ... Eu acho assim que tinha que melhorar um pouco mais, assim o médico, eu acho que tinha que conversar mais com você, o médico até pediu um monte de exames pra mim né, mas ele olha lá tudo e não fala... G26. Não, justamente pelo médico que ele é muito frio, ele não fala nada se você não tiver perguntando isso e isso, isso ele não responde pra você. G33. Olha pra ser sincera esse médico não me atendeu bem, ... eu achei falho dele porque ele sabia que eu tinha mioma e não pediu uma ultrasom urgente falou que era tudo normal e complicou.

Olha, pra ser bem sincera eu não indicaria, eu acho assim que tinha que melhorar um pouco mais, assim o médico eu acho que tinha que conversar mais com você, o médico até pediu um monte de exames pra mim né, mas ele olha lá tudo e não fala [...] se você não tiver perguntando isso, isso e isso, ele não responde pra você, [...] eu acho que, ele não explica direito assim sabe, ai eu já fiquei sabendo que em outros postos tem médicos melhores então eu indicaria outro posto de saúde, até eu to tentando fazer em outro posto. Achei que não fui muito bem atendida, o médico já passou uns papéis pra mim com nome de outra pessoa, então assim me deixou bem insegura em relação a isso, eu só voltei mesmo nessas consultas com ele de novo porque eu não tenho condições de pagar e uma amiga minha também já passou com ele falou que ela foi bem atendida e que talvez fosse o dia do médico né, o mínimo que eu espero é bom atendimento, eu não me importo que ele chegue depois de duas horas do horário que era para ter chegado, mas se ele chegar e me atender bem, pra mim é o importante, [...] porque eu não acho certo, então se eu não acho certo pra mim eu não queria que fizesse isso com outra pessoa também né [...].

Quadro 2: Modelo de Instrumento de análise de discurso 2.

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71

Está pesquisa foi submetida ao Comitê Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo

Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), atendendo à determinação da

Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Pesquisa, obtendo a aprovação sob parecer

311/2009.

RESULTADOS

A idade das gestantes entrevistadas variou entre 20 e 39 anos. A maioria das

participantes, 68,2% (30) possuía o segundo grau, 18,2% (8) primeiro grau, 11,4% (5)

cursavam ensino superior e 2,3% (1) já possuíam o curso superior completo. A metade das

mulheres (50%) era casada, 45,5% (20) solteiras e 4,5% (2) divorciadas. Dentre as

participantes, 43,2% (19) não exerciam qualquer atividade econômica remunerada (do lar,

estudante ou não trabalhistas). Das 56,8% (25) que exerciam atividade com remuneração,

15,9% (7) realizavam trabalhos domésticos como diarista ou costureira.

No que se refere à história reprodutiva das participantes, 50% (22) eram primigestas,

27,3% (12) secundigestas, 13,6% (6) tercigestas, 6,8% (3) estavam vivenciando a gestação

pela quarta vez e 2,3% (1) pela quinta vez. Duas participantes estavam grávidas de gêmeos e

13,6 % (6) mulheres tinham histórico de aborto em gestações anteriores.

Ideia Central A – Não indicaria porque falta atenção para a gestante. DSC (G01; G 08;

G12; G18; G26; G33).

Olha, pra ser bem sincera eu não indicaria, eu acho assim que tinha que melhorar um pouco mais, assim o médico eu acho que tinha que conversar mais com você, o médico até pediu um monte de exames pra mim né, mas ele olha lá tudo e não fala [...] se você não tiver perguntando isso, isso e isso, ele não responde pra você, [...] eu acho que, ele não explica direito assim sabe, ai eu já fiquei sabendo que em outros postos tem médicos melhores então eu indicaria outro posto de saúde, até eu to tentando fazer em outro posto. Achei que não fui muito bem atendida, o médico já passou uns papéis pra mim com nome de outra pessoa, então assim me deixou bem insegura em relação a isso, eu só voltei mesmo nessas consultas com ele de novo porque eu não tenho condições de pagar e uma amiga minha também já passou com ele falou que ela foi bem atendida e que talvez fosse o dia do médico né, o mínimo que eu espero é bom atendimento, eu não me importo que ele chegue depois de duas horas do horário que era para ter chegado, mas se ele chegar e me atender bem, pra mim é o importante, [...] porque eu não acho certo, então se eu não acho certo pra mim eu não queria que fizesse isso com outra pessoa também né [...].

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72

Ideia Central B – Não indicaria porque falta médico nas consultas. DSC (G03; G19;

G33).

No momento não, porque ta bem complicada a situação de médico aqui, [...] às vezes você vem aqui tem que voltar pra casa porque o médico não veio então eu acho que pra um acompanhamento de pré-natal teria que ter um médico que viesse pelo menos, se ele ta trabalhando ele tem que ta presente né? Eu venho aqui porque eu moro aqui na frente mesmo [...].

Ideia central C – Não indicaria porque gestante necessita enfrentar fila de madrugada.

DSC (G28; G33).

Não indicaria, toda vez que vai fazer pré-natal tem que vim de madrugada conseguir vaga, não é agendado, então eu acho péssimo, assim, pela falta de atendimento que ta né, a gente vem aqui quatro horas da manhã, fica na fila, eu acho errado isso gestante ter que ficar aqui quatro hora da manhã esperando né, e depois chega no dia o médico não vem, eu acho que agora nesse momento aqui para essa unidade não indicaria ninguém não.

Ideia central D – Indicaria porque recebe atenção dos profissionais. DSC (G02; G05;

G10; G31; G34; G35; G36; G40; G41; G43).

Sim porque eu gostei do atendimento aqui. Porque é muito bom assim, as pessoas dão atenção, tem alguns lugares que você vai e não dão a mínima atenção pra você né, então pelo atendimento que a pessoa vai ficar ou você vai procurar uma coisa melhor pra você. Até agora pelo que eu to vendo, eu to gostando, que ele conversa, ele explica, ele mediu minha barriga né, então é um bom posto pro pré-natal, pelo fato do acolhimento mesmo, de cada pessoa que a gente passa um envolvimento desses, de tirar as dúvidas, os medos, eu acho que o que a gente quer é isso mesmo. Portanto, eu indicaria, porque é bom, são eficientes, bom atendimento, vão na nossa casa as moça né, já avisam quando tem consulta, isso que é o melhor, você já vem aqui, por isso, eu to gostando.

Ideia central E- Indicaria porque considera o médico bom. DSC (G13; G16; G25; G27;

G30; G37; G38).

Indicaria. Porque eu gosto daqui e o médico também é bom, eu já fiz do meu primeiro filho aqui, eu fui muito bem atendida, não tive problema nenhum, por isso que eu voltei a fazer de novo aqui, inclusive já até indiquei, eu gosto muito do atendimento daqui e principalmente do médico né, [...] Se uma amiga me perguntar como que é aquele postinho lá? Eu vou falar: Aquele postinho lá é bom, indicaria sim.

Ideia central F – Indicaria porque o atendimento é imediato. DSC (G11; G21).

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73

Indicaria. Bom, aqui é um atendimento bom, chega ali já atende que nem hoje eu nem tinha marcado, [...] pra mim ta sendo ótimo eles atendem muito bem. Bom, até o momento que eu precisei foi imediato, e elas são bem atenciosas né, pra mim não tem do reclamar.

Ideia central G – Indicaria porque o SUS é bom. DSC (G06; G23; G44).

Sim com certeza, porque assim, há muito tempo atrás, na época assim que foi o meu nascimento, o sistema SUS era muito precário né, então hoje a gente já vê bastante diferença no sentido SUS, mesmo porque era bem complicado né, eu me lembro de tanto que minha mãe falava e o que eu to passando hoje, porque assim, eu vejo muita diferença, é um lugar assim que você tem não só atendimento, mas tem amigos também e isso é muito importante né. Eu acho que eles atendem muito bem, as vezes eu acho que atendem bem melhor que o particular, [...] ai eu faço acompanhamento aqui no postinho que é pelo SUS e pelo meu plano, e às vezes a doutora aqui atende bem melhor que pelo plano.

Ideia central H – Indicaria porque considera bom o atendimento. DSC (G04; G07;

G09; G14; G15; G17; G20; G22; G24; G29; G32; G42).

Eu indicaria, porque o atendimento aqui é bom, eu sempre fiz os meus outros pré-natais aqui né, e eu gosto daqui por isso eu indicaria, o atendimento aqui é muito bom, é conforme o regulamento manda a gente é agendada chega aqui na hora, é bem atendida, caso você não venha a consulta é remarcada pra não ficar como perda [...], a equipe trabalha de uma maneira bem bacana. Eu acho que o atendimento deles é bom, porque se não fosse eu falaria, quando não tem médico eles me falam, falam não vai ter médico hoje, mas vai ter tal dia e marcam.

` Ideia central I – Indicaria porque mora próximo da UBS. DSC (G25; G39).

Eu indicaria, porque na verdade eu moro aqui perto só que meu namorado mora lá na operária, e toda mulher de lá que fica grávida eu falo que aqui é gostoso. E, se ela morar aqui na região se fizer parte, é porque não tem como vir uma pessoa de longe e fazer o pré-natal aqui né.

DISCUSSÃO

Uma breve caracterização das participantes foi realizada para descrever o perfil das

gestantes entrevistadas e também porque indicadores como escolaridade e atividade

profissional são fatores importantes que revelam o nível socioeconômico e influenciam os

índices de saúde materno-infantil. Nesse sentido, com relação a escolaridade, foi possível

identificar que a maioria das participantes deste estudo possuía no mínimo ensino médio. No

que refere-se a ocupação profissional, observou-se que apesar da maioria das gestantes

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74

realizarem algum tipo de atividade, o número de mulheres que não desempenham nenhum

afazer econômico também é elevado. Com relação às participantes que mencionaram

trabalhar, grande parte delas desempenham tarefas relacionadas à trabalhos domésticos.

A gravidez é um período de intensa complexidade na vida de uma mulher. É avaliado

como momento excepcional, no qual a mulher, símbolo da fecundidade, reforça a estimação

do seu papel social(10). Assim, identificar os motivos que levam as gestantes a indicar ou não a

assistência pré-natal em Unidade Básica de Saúde, possibilita compreender o significado que

este tem para as mesmas, além de contribuir no direcionamento das ações da equipe de saúde

e no melhoramento da qualidade do cuidado prestado.

O discurso do sujeito coletivo expresso na Ideia Central A revela que algumas

mulheres não aconselhariam a Unidade porque consideram que falta atendimento para as

gestantes. Está expresso nesse relato o descontentamento referente principalmente com

relação à necessidade de mais diálogo e orientação com o profissional de saúde que assiste ao

pré-natal.

A comunicação é indispensável para auxiliar a saúde, constitui-se recurso que assegura

a confiança, o vínculo do usuário com o profissional e, por conseguinte, do Serviço de

Saúde(11). A assistência satisfatória é, portanto, concebida como aquela realizada com

simpatia e educação. Existe a seriedade do acolhimento nos serviços de saúde e das relações

interpessoais percebidas como um cuidado disposto a escutar e dialogar(12, 13).

O cuidado de qualidade e esperado pelas gestantes refere-se mais com a atenção,

acolhimento, interação, diálogo e orientação que esta recebe do que com grandes

procedimentos técnicos. Assim, é imprescindível que a equipe de saúde permaneça

sensibilizada para a criação dialógica com a gestante, permitindo que se minimizem os riscos

de desistência ou de menor frequência no acompanhamento durante o pré-natal(6).

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75

Com relação a Ideia Central B, um aspecto negativo evidenciado pelas participantes é

o fato de que não indicariam a UBS para o pré-natal porque relatam que falta médico nas

consultas para atender as gestantes. Nesse sentido, tem-se que a cobertura da assistência pré-

natal no Brasil, nos dias de hoje, ainda é baixa, embora venha aumentando nas últimas

décadas(5). Estudos apontam que, como a assistência médica é precária nos países

subdesenvolvidos, a assistência pré-natal constitui a única oportunidade para as gestantes

receberem cuidado médico(14).

No Brasil, análises de informações disponíveis revelam que embora exista alta

cobertura pré-natal, a atenção presta às gestantes é comprometida. O Ministério da Saúde

mostra que pequena parcela das mulheres inscritas nos programas de pré-natal consegue

atingir o mínimo das ações que são preconizadas. Essa circunstância manifesta a inefetividade

dos serviços de saúde quanto a assegurar assistência adequada, não simplesmente em relação

ao número de consultas, mas também a qualidade do atendimento disponibilizado(15).

Nesse cenário, existe a crença de desumanização em um momento tão peculiar que é a

gestação, além do direito que toda mulher possui de segurança durante o atendimento. É

provável que esteja ligado a isso a postura mercantilista dos serviços e a falta de compromisso

dos profissionais envolvidos(16).

Para assegurar a qualidade da atenção pré-natal conforme a filosofia do PHPN, o

Ministério da Saúde constituiu algumas diretrizes, que vão desde rotinas estabelecidas para as

consultas até o diagnóstico de risco na gravidez, de maneira que se possa estender a

assistência pré-natal, compreendendo a participação do enfermeiro como parte da equipe de

saúde que proporciona proteção à mulher durante o ciclo gestacional. Cabe lembrar, segundo

a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, Decreto nº94406/87, que o pré-natal de baixo

risco pode ser totalmente realizado pelo enfermeiro(5,14).

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76

Assim sendo, em Unidades que o médico não está sempre presente o enfermeiro pode

e deve realizar assistência pré-natal, evitando que as mulheres fiquem sem esse atendimento e

contribuindo para melhorar a qualidade da assistência existe hoje em nosso país.

Outro depoimento negativo é evidenciado na Ideia Central C, em que os sujeitos

relatam que não indicariam a assistência pré-natal na Unidade Básica de Saúde porque as

gestantes para receber atenção, necessitam enfrentar fila. Nessas Unidades as consultas de

pré-natal não são agendadas e, portanto, as mulheres devem estar de madrugada na fila para

garantir atendimento.

É da competência do profissional assegurar à população o acesso aos serviços de

saúde de boa qualidade e humanizado, pois a atenção à saúde é direito constitucional do ser

humano(17). O Manual Técnico do MS traz que assistência pré-natal necessita ser adequada e

destaca a seriedade do atendimento qualificado e humanizado. Aborda, também, que para isso

ocorrer, deve-se incorporar condutas acolhedoras, promovendo o acesso aos serviços de

saúde, adotando ações que agrupem a promoção, prevenção e assistência à saúde da

gestante(18).

O ingresso ao atendimento de saúde é direito garantido das gestantes e afirmado pelo

PHPN. Assim, os municípios devem seguir medidas para facilitar o atendimento e o progresso

na cobertura e na qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério

e da assistência neonatal(19). Nesse caso, os profissionais de saúde, envolvidos com o cuidado

à mulher no período gestacional, devem certificar esses direitos e facilitar o acesso ao

atendimento e ao serviço de saúde pré-natal.

Percepções positivas sobre a assistência pré-natal são observadas na Ideia Central D,

em que as mulheres indicariam o cuidado nas Unidades Básicas de Saúde porque ponderam

que recebem atenção dos profissionais. Expõem que gostam do atendimento, principalmente

pelo zelo que a equipe oferece.

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77

Estudo realizado sobre qualidade e equidade na assistência à gestante descreve que o

pré-natal não deve ser apenas um momento técnico centralizado no fenômeno biológico, pois

essa postura não proporciona vínculo de acolhimento, confiança e segurança, atrapalhando,

portanto, o relacionamento entre o profissional e a gestante. A boa relação com o cliente

instiga o profissional de saúde a fazer uso de sua sensibilidade para apreciar a mulher como

sujeito biopsicossocial, além de deter sua história própria antes da história clínica; assim,

exercita-se os princípios que orientam os profissionais da saúde e não centraliza o cuidado

exclusivamente em atos prescritivos(7).

Nesse cenário, a comunicação mostra-se fundamental na saúde da mulher, fazendo

parte da assistência pré-natal, e manifesta sua importância e aprovação pelas próprias

usuárias. Em suas dimensões biológicas, psicológicas e sociais, a comunicação vem tornando-

se um desafio para os profissionais de saúde que se preocupam com a qualidade de vida da

mulher grávida(7). E, vem fazendo a diferença da atenção à gestante, mostrando-se como um

ponto positivo referenciado pelas próprias usuárias.

Na Ideia Central E identifica-se a forte presença do profissional médico associado ao

pré-natal. O discurso traz a representação das gestantes que recomendam o pré-natal devido o

médico da Unidade ser um bom profissional e acolher bem.

Estudo realizado sobre adequação da assistência pré-natal com gestantes atendidas em

dois hospitais de referência para a gravidez de alto risco no estado de Pernambuco revelou

que ganhar orientação e informações do médico, ou de outro profissional de saúde, no

decorrer do pré-natal foi o principal aspecto positivo apontado pelas mulheres e que a maioria

das gestantes afirmou ter ficado contente com o atendimento recebido pelo médico e avaliou

como “boa” a atenção recebida(20).

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78

Destaca-se que a atenção ao pré-natal, na atual conjuntura, está associada ao processo

de trabalho médico, sendo assim, é valido para o sucesso do cuidado, a interação humanizada

das gestantes com esses profissionais(12).

O fato do atendimento ser imediato e das gestantes não demorarem para ser atendidas

também é valorizado pelas participantes (Ideia Central F). A entrada facilitada as consultas

pré-natal é referência de uma boa Unidade Básica de Saúde.

Assim como este, outro estudo realizado sobre a avaliação do cuidado à saúde da

gestante divulgou que as mulheres esclareceram que estavam satisfeitas com a UBS pelo fato

de ter as consultas de pré-natal agendadas, garantindo assim, a facilidade no atendimento(2).

Facilitar a assistência é fundamental para qualificar a instituição de saúde. Em muitos casos a

promoção da atenção pré-natal é apontada como lócus de vulnerabilidade da atenção, e

compromete profundamente a qualidade do cuidado, pois reforça a exclusão da mulher no

programa pré-natal(16).

Na Ideia Central G o discurso do sujeito coletivo sugere a Unidade de Saúde, pois

pondera o Sistema Único de Saúde apropriado. Consideram que além de assistência, a UBS é

um lugar que proporciona a criação de novas amizades e dizem que em alguns casos o

atendimento pelo SUS é até melhor do que o realizado pelo plano de saúde. Nesse sentido,

destaca-se que o atendimento é outro ponto positivo considerado pelas mulheres que indicam

a Unidade de Saúde (Ideia Central H). As gestantes se mostram contentes com o atendimento

recebido e consideram que a equipe de saúde desenvolve um bom trabalho.

Estudo realizado acerca da percepção de mulheres sobre a atenção pré-natal em uma

Unidade Básica de Saúde, também mostrou que as gestantes sentem-se satisfeitas com a

qualidade da assistência recebida nas consultas de pré-natal. As mulheres relataram sentirem-

se acolhidas e perceberem o respeito e o compromisso oferecido pelos profissionais de saúde

que atendem o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde(21).

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79

Semelhante a estes achados, pesquisa sobre adequação da assistência pré-natal com

gestantes, já mencionada anteriormente, conclui que a maioria das mulheres indicou

satisfação com o atendimento oferecido pelas Unidades estudadas. O serviço de qualidade

prestado pela instituição de saúde teve associação, entre outros fatores, com a boa relação que

as gestantes possuíam com os membros da equipe(22).

Contudo, Carvalho e Araujo(20), destacam que embora as mulheres usuárias do SUS

declarem-se satisfeitas com a assistência pré-natal recebida, é possível perceber que ainda

existe baixa adequação deste sistema, principalmente quando considera-se os critérios

mínimos que são exigidos pelo PHPN, indicando a necessidade de adotar medidas no intuito

de melhorar a qualidade deste cuidado. Além disso, os autores afirmam também a valorização

da avaliação periódica da atenção pré-natal.

Algumas participantes relatam que indicariam o pré-natal na UBS pelo simples fato de

que moram próximo da mesma, como tem-se na Ideia Central I. Essas participantes cultivam

a idéia de que se a mulher morar perto da Unidade elas indicariam o pré-natal naquele

estabelecimento de saúde.

Entretanto, embora o fato das gestantes residirem próximo da Unidade e,

demonstrarem valorizar essa questão, sejam condições relevantes, sabe-se que existem outros

fatores também importantes que estão ligados a qualidade da atenção gestacional que não

podem ser negligenciados. Como é o caso da educação, do dialogo, interação com o cliente,

de uma atenção humanizada, como já discutida anteriormente.

Desta forma, Costa et al(2) (2009), contribuem com essa opinião, referenciando que

apesar do peso que as mulheres usuárias do serviço de saúde demonstram com o fato de

morarem próximo da UBS, observa-se que simplesmente isso é insuficiente para promover a

saúde gestacional da mulher e do seu bebê. É necessário fundamentar as ações em certas

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80

maneiras como a cultura do diálogo, da escuta ativa, da informação, engajando-se no processo

e incremento de práticas mais humanas e resolutivas.

Completa-se que para a assistência de qualidade é preciso apreciar o que pensam as

gestantes, referente ao pré-natal, exercitar o acolhimento, instituir vínculos com as usuárias e

oferecer-lhes as informações necessárias, de modo que possam apreender essas

informações(7).

Destaca-se o grande valor desses resultados para auxiliar o planejamento de ações

direcionadas às gestantes, revelando os pontos positivos e negativos da atenção pré-natal sob

o olhar das próprias usuárias. Para que se possa realmente disponibilizar assistência de

qualidade é preciso a participação de todos os sujeitos envolvidos na construção desse

cuidado, com a finalidade de que os objetivos sejam atingidos(22).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a maioria dos discursos revelam que as gestantes indicariam a Unidade

Básica para a realização da atenção pré-natal. Dentre os motivos que levam as mulheres a

indicar o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde, a atenção recebida dos profissionais, o bom

atendimento e os cuidados referenciados pelas participantes são fundamentais.

Relacionado aos discursos do sujeito coletivo que descrevem os motivos pelos quais as

gestantes não recomendam a assistência pré-natal, encontramos a falta de atenção, falta de

profissionais para atender e a necessidade de enfrentar filas como aspectos negativos relatados

por elas. Nesse sentido, pode-se identificar que os motivos que levam as mulheres a

aconselhar ou não o cuidado pré-natal estão associados, sendo a atenção e o acolhimento

recebido os agentes fundamentais que justificam sua indicação a favor ou contra a Unidade de

Saúde.

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81

Ao longo deste trabalho, compreender as razões que levam as usuárias do Sistema

Único de Saúde a indicar ou não a assistência pré-natal é também uma maneira de avaliar a

assistência prestada e de adequar o sistema, quando possível, para atender as reais

necessidades manifestadas pelos sujeitos. Vem-se observando que outros estudos semelhantes

a este, estão procurando abordar a avaliação do sistema pré-natal, com intuito de aperfeiçoá-

lo, porém muitos destes estudos ainda estão empenhados em analisar a qualidade do cuidado

unicamente sob o olhar do número de consultas ou do período de início no pré-natal. Sendo

assim, considerar outros parâmetros na avaliação da adequação da assistência é sem duvidas

necessário para verdadeiramente atingir os objetivos propostos pelo Programa de

Humanização ao Pré-natal e Nascimento – PHPN.

Embora este artigo tenha revelado os motivos que levam as gestantes a indicar ou não

o serviço de saúde pública para a assistência pré-natal e discutido a importância e necessidade

do cuidado humanizado, apresentou limitações referentes ao receio das mulheres entrevistadas

em criticar o sistema, devido principalmente, a dependência que as mesmas possuem com a

unidade e também pelo fato de que na maioria das vezes, as usuárias não conhecem os seus

direito à saúde. Aconselha-se que em pesquisas futuras, os estudos que abordarem este

assunto possam ser desenvolvidos fora das unidades de atendimento, para evitar esse tipo de

limitação.

Para finalizar, muito do que as gestantes esperam da assistência pré-natal de qualidade

tem mais a ver com o vínculo entre profissional e cliente, com a atenção fornecida e com o

acolhimento, do que com grandes tecnologias ou procedimentos complexos. Um bom

relacionamento com as usuárias, mostrar disposição para ouvir e dialogar com as mesmas e

fornecer orientações são pequenas atitudes que estão ligadas com a humanização e que fazem

a diferença na qualidade da atenção pré-natal.

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83

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6.3 ARTIGO 3

ADEQUAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA VISÃO DE USUÁ RIAS DO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE

ADEQUACY OF PRENATAL CARE IN THE VIEW OF THE USERS OF PUBLIC

HEALTH SERVICE

ADECUACIÓN DE LA ASISTENCIA PRENATAL EN LA VISIÓN D E USUARIAS DEL SERVICIO PÚBLICO DE SALUD

RESUMO Este estudo teve por objetivo identificar sugestões de gestantes usuárias do serviço público de saúde para melhorar a assistência pré-natal. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com 44 gestantes que realizavam o pré-natal, em Unidade Básica de Saúde no município de Maringá- PR. A análise utilizou-se da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo por meio do software Qualiquantifost. Dos discursos extraíram-se Idéias Centrais que expressam as sugestões e percepções das gestantes sobre o pré-natal. Identificou-se que as mesmas aconselham o diálogo e a orientação nas consultas, a importância dos grupos de gestantes, a necessidade de profissionais para assistir o pré-natal, a relevância dos exames e das consultas. Sendo assim, conclui-se que as sugestões de gestantes, permitem conhecer quais são as verdadeiras necessidades sentidas por elas, e adequar o serviço de saúde para atender a essas manifestações. Palavras-chave: Gestantes. Cuidado pré-natal. Saúde da Mulher. Enfermagem. ABSTRACT This study aimed to identify suggestions from pregnant women users of public health service to improve prenatal care. Data collection was conducted through interviews with 44 pregnant women who received prenatal care in primary health care unit in Maringá-PR. Data analysis was done by the Collective Subject Discourse technique with the aid of the Qualiquantisoft software. The speeches drew to Central Ideas that express the pregnant women’s suggestions and perceptions about prenatal care. It was identified that users advise dialogue and orientation on prenatal consultations, the importance of groups of pregnant women, the need for health professionals to attend prenatal care, the relevance of examinations and consultations. Thus, we conclude that the pregnant women’s suggestions allow to know what the real needs felt by them are, and adequate the health service to attend these events.

keywords: Pregnant women. Prenatal care. Women`s health. Nursing. RESUMEN Este estudio tuvo por objetivo identificar sugestiones de gestantes usuarias del servicio público de salud para mejorar la asistencia prenatal. La recogida de datos fue realizada a través de entrevistas con 44 gestantes que realizaban el prenatal, en Unidad Básica de Salud en el municipio de Maringá- PR. El análisis se utilizó de la técnica del Discurso del Sujeto Colectivo por medio del software Qualiquantifost. De los discursos se extrajo Ideas Centrales que expresan las sugestiones y percepciones de las gestantes sobre el prenatal. Se identificó que éstas aconsejan el diálogo y la orientación en las consultas, la importancia de los grupos de gestantes, la necesidad de profesionales para asistir el prenatal, la relevancia de los exámenes y de las consultas. Siendo así, se concluye que las sugestiones de gestantes,

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permiten conocer cuáles son las verdaderas necesidades sentidas por ellas, y adecuar el servicio de salud para atender a esas manifestaciones. Palabras clave: Mujeres embarazadas. Atención prenatal. Salud de la mujer. Enfermería.

INTRODUÇÃO

No mundo, 92% dos casos de mortalidade materna são considerados tragédia evitável,

representando grave abuso dos direitos humanos das mulheres, principalmente nos países em

desenvolvimento, em que esses índices são alarmantes(1). Os benefícios do acompanhamento

pré-natal sobre a saúde da gestante e do recém-nascido, que colaboram para a diminuição da

mortalidade materna, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal, possui a cobertura da

consulta de forma desigual no país, verificando-se diferença entre as várias regiões do

Brasil(2).

É pertinente destacar que a constante avaliação da qualidade pré-natal possibilita

identificar problemas de saúde da população alvo e monitora a atuação do serviço. Os

resultados alcançados através desta avaliação permitirão auxiliar tanto a conservação das

estratégias quanto a sua alteração, se necessário, com vistas a melhorar a qualidade desta

assistência destinada às gestantes(3).

Desse modo, identifica-se a necessidade de se pensar em formas de ampliar o acesso

das gestantes aos serviços de saúde, além de aperfeiçoar a qualidade das consultas,

especialmente fortalecendo o acolhimento, com a finalidade de garantir a aderência ao

programa pré-natal(2).

Nessa perspectiva, é relevante a inclusão da mulher usuária do serviço de pré-natal,

para possibilitar que determinadas normatizações do programa possam ser flexibilizadas,

permitindo adequar o atendimento para os diferentes grupos de gestantes e em diferentes

comunidades, considerando-se as particularidades de cada uma. Nesse sentido, as mulheres

contestam a assistência segundo o que pensam sobre suas necessidades de saúde(4).

Sendo assim, esta pesquisa teve por objetivo verificar a efetividade da assistência pré-

natal oferecida às gestantes usuárias do serviço público de saúde.

METODOLOGIA

Estudo qualitativo, na expectativa de coletar e analisar os dados relativos a sugestões

de gestantes para adequar a assistência Pré-natal em Unidade Básica de Saúde (UBS), do

município de Maringá-PR. O estudo foi realizado em 22 das 23 UBS do município, as quais

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realizam assistência ao pré-natal, com exceção de uma das UBS que encontrava-se fechada

para reforma durante a coleta de dados.

A amostra do estudo foi constituída de 44 gestantes que estavam realizando consultas

de pré-natal no período de novembro de 2009 à fevereiro de 2010. Os critérios de inclusão

foram: idade maior ou igual a 20 anos e gestantes com 32ª semana de gestação porque teriam

subsidio para atender ao objetivo.

Os dados foram coletados por meio de entrevistas utilizando-se a seguinte pergunta

norteadora: “Se você tivesse a oportunidade de sugerir alguma coisa para melhorar a

assistência pré-natal, o que você aconselharia?”.

A análise dos dados foi realizada por meio do software QualiQuantiSoft, utilizando-se

da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) de Fernando Lefèvre. O DSC é apropriado

para analisar depoimento, cartas, dados qualitativos verbais, entre outros. Destes dados

qualitativos foram utilizadas três figuras metodológicas as expressões chave (ECH), a idéia

central(IC) e o discurso do sujeito coletivo (DSC). A ECH é a figura que revela o

detalhamento do depoimento, refere-se ao que o entrevistado falou sobre o assunto. A IC é a

exposição do sentido existente na expressão-chave(5).

Para atingir o discurso síntese, foram empregados os Instrumentos de Análise de

Discurso - IAD 1 e IAD 2. No IAD1, transcreveram-se as ECH presentes em cada entrevista.

Após esta etapa, foram destacadas as IC de cada ECH, idêntico ao exemplo a seguir no

quadro 1:

Sujeitos Expressões- Chaves Idéia Central

G26 “1 ª Ideia”. Eu acho que ... elaborar algumas informações para a gestante porque são muitas as dúvidas, ate mesmo de medicamentos do nenê da gestação, essas coisas assim, sei lá, algumas informações a mais porque o médico ele não passa mesmo, tem que ta assim cutucando ele, ... eu sei porque eu já fui em outros médicos e com os outros foi muito mais assim, informava as coisas pra gente, a gente tinha mais liberdade pra perguntar, mesmo que ele passava coisas, e a gente tinha essa liberdade de perguntar, mesmo que ele passava coisas ... e esse aqui do posto não, então é isso. “2 ª Ideia”. E, em relação também que

(1 ª Ideia) Sugere mais orientações / informações para as gestantes.

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agora o médico saiu de férias ne, então a gente teve a maior dificuldade pra arrumar vaga pra fazer o pré-natal, então a gente tem mais limitação com relação a isso, eu acho que tinha que deixar um médico no lugar, que não deixaram.

(2 ª Ideia) Mais médico para atender o pré-natal.

Quadro 1: Modelo de Instrumento de análise de discurso 1.

No IAD2, divulgado no modelo de Instrumento de Análise de Discurso 2, (Quadro 2)

foram aliadas e transcritas literalmente as ECH de todas as entrevistas que correspondem às

IC destacadas, sendo possível deste modo estabelecer um DSC para cada IC. Para compor o

DSC, foram agrupadas as ECH formando um discurso coerente.

Ideia Central: Sugere mais orientações / informações para as gestantes.

Expressões- Chaves DSC

G26. “1 ª Ideia”. Eu acho que ... elaborar algumas informações para a gestante porque são muitas as dúvidas, ate mesmo de medicamentos do nenê da gestação, essas coisas assim, sei lá, algumas informações a mais porque o médico ele não passa mesmo, tem que ta assim cutucando ele, ... eu sei porque eu já fui em outros médicos e com os outros foi muito mais assim, informava as coisas pra gente, a gente tinha mais liberdade pra perguntar, mesmo que ele passava coisas, e a gente tinha essa liberdade de perguntar, mesmo que ele passava coisas ... e esse aqui do posto não, então é isso. G30. ... Eu acho muito importante assim a conversa, acalma a pessoa e ensina muito mais, é muito importante o diálogo quando ta atendendo uma paciente, não ficar meia hora no consultório médico também conversando, mas explicando certinho, incentivando, dando umas dicas igual meu primeiro médico fazia, acho muito interessante isso.

[...] Eu acho muito importante assim a conversa, acalma a pessoa e ensina muito mais, é muito importante o diálogo quando ta atendendo uma paciente, não ficar meia hora no consultório médico também conversando, mas explicando certinho, incentivando, dando umas dicas igual meu primeiro médico fazia, acho muito interessante isso. Eu acho que elaborar algumas informações para a gestante porque são muitas as dúvidas, até mesmo de medicamentos do neném, da gestação, essas coisas assim, sei lá, algumas informações a mais, porque o médico ele não passa mesmo, tem que ta assim cutucando ele, [...] eu sei porque eu já fui em outros médicos e com os outros foi muito mais assim, informava as coisas pra gente, a gente tinha mais liberdade pra perguntar, mesmo que ele passava coisas, e esse aqui do posto não, então é isso.

Quadro 2: Modelo de Instrumento de análise de discurso 2.

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A pesquisa obteve aprovação do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo

Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), atendendo à determinação da

Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Pesquisa, obtendo a aprovação sob parecer

311/2009.

RESULTADOS

A idade das gestantes entrevistadas variou entre 20 e 39 anos. A maioria das

participantes, 68,2% (30) relatou ter chegado ao segundo grau, 18,2% (8) das gestantes

relataram apenas o primeiro grau. Vale destacar que 11,4% (5) mulheres estavam cursando

ensino superior e que 2,3% (1) das participantes já possuíam o curso superior completo. A

metade das mulheres (50%) afirmou estado civil de casada, 45,5% (20) declararam-se

solteiras e apenas 4,5% (2) das participantes referenciaram serem divorciadas. Dentre as

participantes, 43,2% (19) não exerciam qualquer atividade econômica remunerada e se

declaram como do lar, estudante ou não trabalhistas. Das 56,8% (25) que exerciam atividade

com remuneração, 15,9% (7) realizavam trabalhos domésticos como diarista ou costureira.

A história reprodutiva também é um fator que merece atenção da equipe que assiste a

gestante, 50% (22) eram primigestas, 27,3% (12) eram secundigestas, 13,6% (6) eram

trigestas, 6,8% (3) estavam vivenciando a gestação pela quarta vez e 2,3% (1) pela quinta.

Dentre as participantes duas relataram estar grávidas de gêmeos e apenas 13,6 % (6) mulheres

referiram história de abortamento em gestações anteriores.

A seguir estão os discursos das gestantes referente as sugestões manifestadas pelos

sujeitos na intenção de adequar a assistência pré-natal na visão das usuárias do serviço

público de saúde. Participaram da pesquisa 44 gestantes, porém 17 delas não possuíam

nenhuma sugestão, portanto, as Ideias Centrais representam a opinião de 27 participantes.

Ideia central A - Sugere mais orientações/informações para as gestantes. DSC (G01;

G02; G04; G05; G19; G25; G26; G30).

[...] Eu acho muito importante assim a conversa, acalma a pessoa e ensina muito mais, é muito importante o diálogo quando ta atendendo uma paciente, não ficar meia hora no consultório médico também conversando, mas explicando certinho, incentivando, dando umas dicas, igual meu primeiro médico fazia, acho muito interessante isso. Eu acho que elaborar algumas informações para a gestante porque são muitas as dúvidas, até mesmo de medicamentos do neném, da gestação, essas coisas assim, sei lá, algumas informações a mais, porque o médico ele não passa mesmo, tem que ta assim cutucando ele, [...] eu sei porque eu já fui em outros

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médicos e com os outros foi muito mais assim, informava as coisas pra gente, a gente tinha mais liberdade pra perguntar, mesmo que ele passava coisas, e esse aqui do posto não, então é isso.

Ideia central B - Sugere mais profissionais para atender pré-natal. DSC (G03; G07;

G08; G12; G18; G26; G28; G29; G31; G33; G44).

Eu acho assim, [...] aqui você ta entre amigos entendeu, lá (se referindo a outra UBS) é um pessoal assim mais, eu acho que eles tem muitas obrigações e é poucos funcionários então eles já te atendem correndo com a cara fechada, você entendeu? Então assim se fosse pra mim fazer o pré-natal lá, eu acho que eu iria me sentir bem ruim né, porque aqui você conversa tudo, tem as reuniões tudo né, lá já não tem certinho isso, e eu acho que pra mim é falta disso, é falta de funcionário, falta de médico que deixa algumas pessoas muito acumuladas com muita coisa pra fazer e ela acaba não tendo tempo nem paciência pra fazer o que deveria ser feito. Em relação também que agora o médico saiu de férias né, então a gente teve a maior dificuldade pra arrumar vaga pra fazer o pré-natal, então a gente tem mais limitação com relação a isso, eu acho que tinha que deixar um médico no lugar, que não deixaram, o médico deveria estar sempre aqui, principalmente ginecologista né, então essas coisas que eu acharia que teria que mudar.

Ideia central C - Sugere grupo de gestantes. DSC (G26; G34; G39).

No momento, mais é palestras, porque quando eu fiquei grávida da minha primeira menina, que eu não morava aqui, tinha palestras todos os meses, então seria muito bom, [...] no caso agora já no final da minha gravidez que a moça passou avisando que o médico vai da palestra, fazer grupo, e até agora teve uma só né, já no final da minha gravidez, deveria ter mais assim, pra gestante saber o que pode o que não pode. Eu sei que na outra gestação minha, a sete anos atrás, o postinho que eu fiz o pré-natal ele fazia sempre. Que eles fizessem mais reuniões, porque eu não sei se em todo lugar eles fazem, mas provavelmente não, porque esses grupos de gestante isso é muito importante pra gente porque pra mim foi, [...] a gente que tem três filhos já entende um pouco né, mas é bom principalmente para as pessoas que vão ter o seu primeiro filho.

Ideia central D - Sugere mais exames / ultrasom. DSC (G11; G16; G21; G27; G35;

G43).

Olha, na questão de exame assim, tinha que ter mais, mais ultrasom assim, no começo da gravidez faz exame de sangue no final também acho que tinha que dar mais. [...] Em termos de ultrasom, eu acho um tempo longo né, não sei se seria possível, mas eu acho que no posto mesmo que a gente consultasse já tivesse uma preparação de por exemplo passou três meses a pessoa já fazer um ultrasom, ai nesse meio tempo pode ter alguma coisa com o seu bebê e você nem imagina né, e as vezes você vai descobrir ai já é um pouco tarde.

Ideia central E - Sugere agendamento das consultas de pré-natal. DSC (G33).

Questão de gestante ter que vir de madrugada pra marcar consulta eu acho um absurdo, essas coisas que eu acharia que teria que mudar.

Ideia central F - Sugere mais consultas de pré-natal no final da gestação. DSC (G40).

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Eu acho assim a gente tem consulta uma vez no mês, eu acho que deveria ter mais de uma, principalmente no final da gestação, porque no final da gestação a gente pode ter qualquer tipo de probleminha, ainda mais no último trimestre, então eu acho que deveria ter no final da gestação uma consulta semanal, alguma coisa assim e não mensal, eu acho que isso deveria ser diferente.

DISCUSSÃO

Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres na faixa etária de 10 a 49 anos são

avaliadas mulheres em idade fértil e representam 65% do total da população feminina do país,

ou seja, parcela importante e digna da atenção das políticas de saúde no Brasil(6).

A escolaridade também é um indicador do nível socioeconômico e amplo

influenciador dos números de saúde materno-infantil. Com relação à escolaridade as

participantes deste estudo tinham no mínimo o ensino médio. Esses resultados são melhores

que os encontrados em estudo desenvolvido com mulheres sobre a percepção da atenção pré-

natal em Unidade Básica de Saúde, no qual foi apurado que 70% destas tinham o primeiro

grau incompleto(7).

Os achados indicaram que apesar da maioria das gestantes exercerem alguma atividade

econômica remunerada, o número de participantes que não cumpre qualquer tipo de tarefa

também é elevado. Nesse sentido, dentre as participantes que trabalham, a maioria realiza

afazeres domésticos. Dados semelhantes foram achados em outro estudo, corroborando que

metade das gestantes entrevistadas não desenvolvia atividade remunerada e se declaravam

como do lar, já as demais participantes (45%) realizavam trabalhos caseiros(7).

Identificar as representações das gestantes para aprimorar a assistência pré-natal,

possibilita compreender o significado que este tem para as mulheres, além de contribuir no

direcionamento das ações da equipe de saúde. Um estudo realizado sobre a percepção de

mulheres acerca da assistência pré-natal em UBS refere que as mulheres declaram que o pré-

natal corresponde a um momento de aprendizado para sua saúde como um todo, enfatizando

assim, ainda mais sua importância(7).

Na Ideia Central A o discurso coletivo das gestantes demonstram a necessidade da

orientação durante o pré-natal. Relatam que o diálogo com o profissional de saúde contribui

para ensinamento importante. Elas sugerem a elaboração de informações pertinentes com o

desenvolvimento gestacional e com os cuidados com o filho, para ser abordado durante as

consultas.

Pequenas atitudes, como apresentar cuidado pessoal, chamar a gestante pelo nome,

atendê-la como pessoa, convidá-la a participar das decisões e do diálogo junto aos

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profissionais, são subsídios de um acolhimento que faz a diferença e não requerem grandes

tecnologias. Situações como esta que o profissional de saúde interfere, não apenas com seu

conhecimento técnico cumprindo uma abordagem referente ao aspecto orgânico da gestante,

como também permitindo a escuta, apoio, conversa, orientação e estímulo, possibilita que a

mesma vivencia a gravidez com mais tranquilidade(8).

Assim, é necessário que a equipe de saúde esteja sensibilizada para a importância da

orientação para com a gestante, permitindo que se diminuam os riscos de desistência ou de

menor frequência no acompanhamento durante o pré-natal(4). Possibilitando, ainda, esclarecer

todos os aspectos da gravidez, norteando as mulheres sobre os cuidados que devem ter

durante esse período e também com os cuidados para com o filho depois que este nascer.

Contudo, no Brasil, observa-se que a vigilância à saúde da mulher no período

gestacional e no momento do parto continua como um desafio para a assistência, tanto no que

se refere à qualidade do cuidado, quanto aos princípios filosóficos deste, o qual é centralizado

no modelo medicalizado, hospitalocêntrico e tecnocrático(9). Portanto, é necessário seguir o

enfoque do PHPN, que pontua a valorização da mulher durante o pré-natal, além de enfatizar

a necessidade dos profissionais de saúde em assumirem uma postura educativa,

compartilhando saberes com as mulheres e procurando desenvolver autoconfiança durante o

vivenciar da gestação(10).

As gestantes aconselham a necessidade de mais profissionais para atender o pré-natal,

com a finalidade de melhorar a assistência e de evitar que os trabalhadores envolvidos nesse

cuidado fiquem sobrecarregados (Ideia Central B). Ao mesmo tempo, elas indicam que seria

imprescindível a substituição de profissionais que saem de férias, para que a Unidade não

fique desfalcada, deixando as usuárias sem atendimento.

A assistência pré-natal de qualidade envolve a capacidade técnica continuada das

equipes de saúde, buscando a resolubilidade dos problemas mais prevalentes, além do

comprometimento profissional para com as necessidades da população mais vulnerável(11).

Possibilitar continuidade na assistência à mulher grávida, quando um profissional entra em

férias, é demonstrar comprometimento com a qualidade do serviço e com as gestantes, ainda

mais em um contexto em que a atenção a assistência pré-natal está centrada no processo de

trabalho médico, em que a interação profissional é essencial e de grande importância para o

sucesso do cuidado(12).

Outro aspecto importante, relatado pelas participantes, o qual os trabalhadores da

saúde deparam-se constantemente, é a sobrecarga de trabalho e alta demanda, principalmente

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na saúde pública e de fato, é difícil oferecer atendimento e acolhimento de qualidade quando

o profissional já está desgastado com o excesso de trabalho.

Estudo realizado com trabalhadores da atenção básica à saúde nas regiões sul e

nordeste do país divulga que apesar destes trabalhadores constituírem admirável contingente

de força de trabalho no SUS e no Brasil, pouco se conhece sobre suas qualidades de trabalho e

saúde. Confia-se que esses profissionais são o apoio do sistema de saúde e ator principal para

a melhoria deste sistema. Seu trabalho é peculiar, uma vez que interage com habilidades

técnicas e relações interpessoais, recaindo sobre eles grandes responsabilidades. Além de

expor que esses aspectos podem determinar possibilidades e limites de respostas às

necessidades de saúde das pessoas assistidas por uma equipe de saúde desgastada(13).

Para as mulheres há ainda, a necessidade de realizar grupos de gestantes, elas relatam

que os mesmos têm muita importância durante o pré-natal, pois orientam e esclarecem (Ideia

Central C). Compreender que os grupos de gestantes orientam as mulheres durante o pré-natal

é também perceber que o mesmo tem ligação direta com a qualidade da assistência, uma vez

que proporcionam uma contribuição a mais.

A qualidade pré-natal inclui a capacidade de providenciar suporte imprescindível para

que a mulher possa vivenciar de modo mais ativo e autônomo, um procedimento que é

especial na sua vida. A realização de grupo de gestantes é ponderada como solução para

promover um atendimento diferenciado e integral das necessidades da gestante(14).

Nos três discursos apresentados e discutidos acima, tem-se uma manifestação comum

entre os sujeitos, em que se percebe a valorização que os mesmos evidenciam para com o

atendimento de qualidade, o qual está mais ligado com a atenção, diálogo e orientação que o

profissional disponibiliza, do que com grandes procedimentos técnicos. As mulheres expõem

que consideram importante as orientações e que sentem a necessidade de manter esse vínculo

com os profissionais. Nesse sentido, o atendimento pré-natal de qualidade, na percepção das

usuárias, tem mais a ver com o acolhimento, diálogo, interação e atenção disponibilizada ao

cliente, do que com altas tecnologias, ou grandes procedimentos.

Mesmo assim, o pré-natal é o momento que antecede ao nascimento da criança, em

que ações conjugadas são aplicadas à saúde individual e coletiva das mulheres grávidas. Essas

mulheres precisam ser acompanhadas durante esse período, de maneira que lhes seja

permitido, sempre que necessário, conseguir exames clínico-laboratoriais, ter orientação e

receber medicação profilática e/ou vacinação(15).

Algumas participantes recomendam a realização de mais exames, em especial o de

ultra-som, como vê-se na Ideia Central D. Está expresso nesse discurso certo

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descontentamento das gestantes relacionados com os exames, os quais demoram para ser

realizados. Porém, percebe-se que essa necessidade manifestada tem a ver com o interesse de

saber a condição de saúde da criança e o seu desenvolvimento.

Estudo realizado sobre o cuidado em saúde no ciclo gravídico-puerperal com usuárias

de serviços públicos revelou que exames complementares durante a gestação, como o ultra-

som, são valorizados pelas mulheres e comprovou que algumas vezes esses exames não estão

acessíveis a essa população a qual se demonstrou descontente com essa questão(12).

Outro estudo realizado em Pernambuco sobre adequação da assistência pré-natal em

gestantes atendidas por dois hospitais de referência para a gravidez de alto risco revelou que a

demora para receber os resultados dos exames laboratoriais foi o principal aspecto negativo

destacado pelas mulheres(16).

Uma particularidade relatada por uma das participantes na Ideia Central E chama a

atenção ao fato de que em algumas unidades a consulta às gestantes não é agendada, sendo

assim, para poder receber atendimento, além de enfrentar fila, a mulher necessita permanecer

de madrugada na Unidade de Saúde para garantir sua assistência.

O acesso ao atendimento de saúde é direito garantido das gestantes e assegurado pelo

PHPN, sem falar que gestante não deveria permanecer em fila para receber nenhum tipo de

atendimento público, muito menos atendimentos relacionados à saúde. Por meio do PHPN, os

municípios devem seguir medidas para garantir o acesso e o progresso na cobertura e na

qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e da assistência

neonatal(17).

A assistência à saúde é direito fundamental do indivíduo e compete ao profissional

garantir à população o acesso aos serviços de saúde de boa qualidade e um cuidado mais

humanizado(18).

O MS traz no seu Manual Técnico a adequação da assistência pré-natal, destacando a

seriedade de atendimento qualificado e humanizado, apresentando para isso o valor de se

incorporar condutas acolhedoras, facilitando o acesso a serviços de saúde de qualidade,

abordando-se ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e

assistência à saúde da mulher grávida(19). Portanto, os profissionais de saúde, envolvidos com

o cuidado à mulher no período gestacional, devem garantir esses direitos e facilitar o acesso

ao atendimento e ao serviço de saúde pré-natal.

Totalizando as ideias apresentadas anteriormente, uma participante apontou a sugestão

de realizar mais consultas de pré-natal no final da gestação (Ideia Central F). A entrevistada

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enfatizou que no final da gestação deveria ter uma consulta semanal, levando em conta que

considera este período o mais importante.

Entretanto, com relação ao número de consultas necessárias para que a assistência pré-

natal fornecida seja de qualidade, o PHPN possui na sua proposta assegurar o cumprimento de

pelo menos seis consultas, constituindo-se de uma no primeiro trimestre, duas no segundo

trimestre e três no terceiro trimestre gestacional; além de, uma consulta no puerpério, até 42

dias após o nascimento(9).

É pertinente destacar, que a constante avaliação da qualidade pré-natal possibilita

identificar problemas de saúde da população alvo, e monitora a atuação do serviço. Os

resultados alcançados através desta avaliação permitem contribuir tanto na conservação das

estratégias quanto na sua alteração, e se necessário, melhorar a qualidade desta assistência

destinada às gestantes(3).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Identificar sugestões de gestantes, usuárias do serviço público de saúde, permite

conhecer quais são as verdadeiras necessidades sentidas e manifestadas por esse grupo de

sujeitos, além de indicar o que tem mais valor durante a assistência pré-natal para as mulheres

grávidas. Nessa lógica, é possível, ainda, perceber a visão que as usuárias têm do serviço, e a

partir daí procurar adequar o mesmo, na medida do possível, para atender a essas

manifestações.

Os achados desta pesquisa permitem enfatizar que os sujeitos na sua coletividade

evidenciam que o mais importante durante o atendimento pré-natal refere-se ao

relacionamento profissional-cliente, ao vínculo criado entre estes, o diálogo, a orientação e o

acolhimento fornecido. Os relatos, na sua maioria, trazem discursos que comprovam a estima

das participantes para com esse tipo de relação com o serviço de saúde.

Os discursos abordam, ainda, com menor ênfase, a valorização dos exames durante o

período gestacional e o valor dado às consultas de pré-natal, em que as participantes ressaltam

a precisão de sua realização principalmente no final da gestação.

Como limitação deste estudo destaca-se o temor e a desconfiança das participantes em

criticar o sistema de saúde, além do fato de desconhecerem os seus verdadeiros direitos como

usuárias do serviço pré-natal. Sugere-se que em estudo posteriores os pesquisadores realizem

a coletas de dados fora da unidade de atendimento com a finalidade de evitar este tipo de

obstáculo.

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Torna-se importante salientar que, enquanto ocorreu à realização deste estudo, buscou-

se manter atenção nas sugestões das gestantes com o intuito de extrair de suas contribuições,

aspectos voltados para a avaliação da qualidade da assistência pré-natal, com a finalidade de

colaborar com subsídios para o cuidado fornecido a essas mulheres. Assim, esses achados

servirão para reforçar a produção de conhecimentos na área da Saúde da Mulher, bem como

para vigorar a assistência pré-natal no país.

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7 CONCLUSÃO

O discurso das gestantes que realizam assistência pré-natal em Unidade Básica de

Saúde, privilegiado neste estudo, permite considerar que o sujeito coletivo percebe a

importância do pré-natal principalmente sob a ótica do cuidado com a saúde da mãe e da

criança. O descontentamento, de algumas participantes, é identificado com relação ao

atendimento recebido durante a assistência pré-natal, a qual é percebida com a necessidade de

fornecer mais orientações. Os discursos revelaram que alguns cuidados básicos, necessários

para conhecer o andamento da gestação, podem não estar sendo realizados pelos profissionais

de saúde.

Muitos discursos mostram que as gestantes indicariam a Unidade Básica para a

realização da atenção pré-natal. Dentre os motivos que levam as mulheres a indicar o pré-

natal pelo Sistema Único de Saúde, salienta-se a atenção recebida dos profissionais e o bom

atendimento. Relacionado aos relatos que descrevem os motivos pelos quais as gestantes não

recomendam a assistência, encontra-se a falta de atenção, falta de profissionais para atender e

a necessidade de enfrentar filas como aspectos negativos relatados por elas. Nesse sentido, os

motivos que levam as mulheres a aconselhar ou não o cuidado pré-natal estão associados,

sendo a atenção e o acolhimento recebido os agentes fundamentais que justificam sua

indicação a favor ou contra a Unidade de Saúde.

Permite-se enfatizar que os sujeitos na sua coletividade evidenciam que o mais

importante durante o atendimento pré-natal refere-se ao relacionamento profissional-cliente,

ao vínculo criado entre estes, o diálogo, a orientação e o acolhimento fornecido. Os relatos, na

sua maioria, trazem discursos que comprovam a estima das participantes para com esse tipo

de relação com o serviço de saúde. Os discursos abordam, ainda, com menor ênfase, a

valorização dos exames durante o período gestacional e o valor dado às consultas de pré-natal,

em que as participantes ressaltam a precisão de sua realização, principalmente no final da

gestação.

Identificar sugestões de gestantes usuárias do serviço público de saúde, permite

conhecer quais são as verdadeiras necessidades sentidas e manifestadas por esse grupo de

sujeitos, além de indicar o que tem mais valor durante a assistência pré-natal para as mulheres

grávidas.

Com bases nessas considerações e em coerência com as recomendações do Ministério

da Saúde e do Programa de Humanização ao Pré-natal e Nascimento – PHPN, expõe-se que a

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mulher tem o direito a atendimento de qualidade e humanizado, respeitando-se o seu bem

estar e a segurança da gestante e da criança, lembrando das particularidades que envolvem

cada sujeito e da necessidade de reconhecer as mulheres como participantes da assistência.

Envolver o discurso do sujeito coletivo na assistência pré-natal, sobre a representação

das gestantes, possibilita direcionar a maneira como a equipe de saúde, em especial a equipe

de enfermagem, terá a capacidade de atuar juntamente as mulheres no período gestacional.

Nesse sentido, postula-se o apreço da consulta de enfermagem na assistência pré-natal, a qual

pode apresentar-se como uma importante ferramenta no cuidado à saúde da mulher durante o

período gestacional, além de contribuir para a verdadeira assistência humanizada.

Além disso, compreender as razões que levam as usuárias do Sistema Único de Saúde

a indicar ou não a assistência pré-natal é também uma maneira de avaliar a assistência

prestada e de adequar o sistema, quando possível, para atender as reais necessidades

manifestadas pelos sujeitos. Vem-se observando que outros estudos semelhantes a este estão

procurando abordar a avaliação do sistema pré-natal no intuito de aperfeiçoá-lo, porém muitos

destes estudos ainda estão empenhados em analisar a qualidade do cuidado unicamente sob o

olhar do número de consultas ou do período de início no pré-natal. Sendo assim, considerar

outros parâmetros na avaliação da adequação da assistência é sem duvidas necessário para

verdadeiramente atingir os objetivos propostos pelo Programa de Humanização ao Pré-natal e

Nascimento – PHPN.

Embora esta pesquisa tenha revelado os motivos que levam as gestantes a indicar ou

não o serviço de saúde pública para a assistência pré-natal e discutido a importância e

necessidade do cuidado de qualidade e humanizado, apresentou limitações referentes ao medo

e receio das mulheres em criticar o sistema devido, principalmente, a dependência que as

mesmas possuem com a unidade e também pelo fato de que na maioria das vezes, as usuárias

não conhecem os seus direito à saúde. Aconselha-se que em pesquisas futuras, os estudos

desta natureza possam ser desenvolvidos fora das unidades de atendimento, para evitar esse

tipo de limitação.

Para finalizar, menciona-se que muito do que as gestantes esperam da assistência pré-

natal de qualidade tem mais a ver com o vínculo entre profissional e cliente, com a atenção

fornecida e com o acolhimento, do que com grandes tecnologias ou procedimentos

complexos. Um bom relacionamento com as usuárias, mostrar disposição para ouvir e a

dialogar com as mesmas e fornecer orientações são pequenas atitudes que estão ligadas a

humanização e que fazem a diferença na qualidade da atenção pré-natal.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Autorização ao CECAPS – Centro De Capacitação Permanente Em Saúde

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ SECRETARIA MUNICPAL DE SAÚDE

CECAPS – CENTRO DE CAPACITAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE

Ficha de Solicitação para desenvolver Projeto de Extensão/Pesquisa nos Serviços da Secretaria Municipal de Saúde

Nome: Sandra Marisa Pelloso_____________________________ Telefone: 3261-4142 Data da Solicitação: 20/05/2009 Projeto de Extensão ( . ) Pesquisa ( X ) Título do Projeto de Extensão/Pesquisa: O significado do pré-natal para gestantes atendidas em unidade básica de saúde no município de Maringá – PR.

Instituição de Ensino a que o Projeto de Extensão / Pesquisa está vinculada: DEN/UEM A assistência Pré-natal é uma ferramenta importante que contribui para melhorar a saúde reprodutiva da mulher e para reduzir a mortalidade materna. Estamos propondo a realização de um estudo a ser executado junto às gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Maringá que realizam atendimento Pré-natal nos serviços públicos. O objetivo deste estudo é: Compreender o significado do Pré-natal para gestantes atendidas em Unidade Básica de Saúde no município de Maringá – PR. Os dados serão coletados por meio de entrevista semi estruturada junto às gestantes que aceitarem voluntariamente a participar da pesquisa. Coordenador do Projeto de Extensão / Pesquisa: Dra Sandra Marisa Pelloso Área de abrangência - (curso de mestrado): Enfermagem Setor solicitado para desenvolver o Projeto de Extensão / Pesquisa: UBS de Maringá que realizam assistência ao Pré-natal. Início da coleta: 01/08/2009 Término: 01/11/2009 Carga horária semanal: 8 horas Números de participantes do Projeto de Extensão / Pesquisa, a permanecerem no Setor solicitado: um aluno. Horário a ser desenvolvido o Projeto de Extensão / Pesquisa no Setor solicitado: ( x ) M (X ) T ( ) N Das 08:00 às 16:00. Dias da semana utilizados: ( x ) seg (x ) ter ( x ) qua ( x) qui (X ) sex

Coordenador do Projeto Coordenador de Curso da Instituição de

Ensino

Parecer do Diretor do Setor solicitado para desenvolver o Projeto de Extensão:

______________________________________________________________________

Diretor do Setor Solicitado

[ ] deferido [ ] indeferida Data; ____ / ____ / ______

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APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Meu nome é Elisangela Panosso de Freitas, sou Enfermeira, Mestranda em

Enfermagem pela UEM, orientanda da Profª. Drª. Sandra Marisa Pelloso. Estamos realizando

um estudo sobre o significado do pré-natal para gestantes atendidas em Unidade Básica de

Saúde no município de Maringá – PR. Acredita-se que a realização deste estudo poderá

proporcionar um melhor suporte e acompanhamento ao Pré-natal disponibilizado às gestantes,

levando-se em consideração que para ser verdadeiramente efetivo, o serviço de Pré-natal

necessita proporcionar assistência à gestante, de maneira mais ampliada, conhecendo além

dos direitos da gestante assistida, suas reações humanas, percepções, necessidade sociais,

culturais, físicas e emocionais, em relação à sua saúde e à gestação. Esperamos contribuir

com as instituições onde será realizada a coleta do material, e que, após sua análise, poderá

servir como suporte para melhorar a assistência disponibilizada às gestantes e também

contribuir com os profissionais da saúde, no sentido de fornecer suporte para a implementação

das ações pré-natais.

A coleta de dados será feita por meio de entrevista individual, semi-estruturada,

gravada mediante sua autorização, que posteriormente terá seu conteúdo transcrito para

facilitar sua análise. Sua participação é totalmente voluntária e muito importante. Se você

concordar em participar do estudo nos comprometemos a:

• Respeitar sua liberdade de retirar o consentimento de participação a qualquer momento,

sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo a sua pessoa;

• Esclarecer dúvidas em qualquer momento que você julgar necessário;

• Utilizar as informações coletadas somente para os fins desta pesquisa;

• Garantir sigilo e privacidade das informações prestadas, preservando a sua não

identificação nominal.

Eu, ___________________________________________________, após ter lido e entendido

as informações e esclarecido as minhas dúvidas referentes a este estudo, CONCORDO

VOLUNTARIAMENTE em participar do mesmo.

______________________________ Data:____/____/____

Assinatura

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Eu, _________________________________, declaro que forneci todas as informações

referentes a este estudo ao grupo de gestantes pesquisadas.

Equipe:

1- Nome: Prof.ª Dra. Sandra Marisa Pelloso Telefone: 044 3261 4142

E-mail: [email protected]

2- Nome: Elisangela Panosso de Freitas Telefone: 045 9969 7196

E-mail: [email protected]

Qualquer duvida ou maiores esclarecimentos procurar um dos membros da equipe do

projeto ou o Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (COPEP)

da Universidade Estadual de Maringá – Sala 01 – Bloco 010 – Camus Central – Telefone:

(44) 3261 4444.

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ANEXOS

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ANEXO A – Expressões Chaves e suas respectivas Ideias Centrais

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ANEXO B – Lista dos entrevistados

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ANEXO C – Relatório Síntese das Ideias Centrais e Ancoragens

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ANEXO D – Relatório quantitativo

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