universidade estadual de londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize,...

53
Universidade Estadual de Londrina PEDRO CAETANO SOUZA A INFLUÊNCIA DA TÉCNICA BOTTOM TURN NA ATRIBUIÇÃO DE NOTAS NO SURF DE ALTO RENDIMENTO LONDRINA 2010

Upload: hoangque

Post on 30-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

Universidade

Estadual de

Londrina

PEDRO CAETANO SOUZA

A INFLUÊNCIA DA TÉCNICA BOTTOM TURN NA

ATRIBUIÇÃO DE NOTAS NO SURF DE ALTO RENDIMENTO

LONDRINA 2010

Page 2: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

PEDRO CAETANO SOUZA

A INFLUÊNCIA DA TÉCNICA BOTTOM TURN NA

ATRIBUIÇÃO DE NOTAS NO SURF DE ALTO RENDIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Esporte da Universidade Estadual de Londrina, exigido como requisito parcial para obtenção da graduação em Bacharel em Esporte. Orientador: Prof. Marcos Augusto Rocha

LONDRINA 2010

Page 3: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

PEDRO CAETANO SOUZA

A INFLUÊNCIA DA TÉCNICA BOTTOM TURN NA

ATRIBUIÇÃO DE NOTAS NO SURF DE ALTO RENDIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Esporte da Universidade Estadual de Londrina, exigido como requisito parcial para obtenção da graduação em Bacharel em Esporte..

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________

Prof. Marcos Augusto Rocha Universidade Estadual de Londrina

___________________________________

Prof. Prof. Dr. Antonio Carlos Dourado

Universidade Estadual de Londrina

___________________________________

Prof. Prof. Dr. Luiz Cláudio Reeberg Stanganelli

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, _____de ___________de _____.

Page 4: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

Dedico este trabalho a Jayme Rodrigues Caetano. Por ter sido a pessoa mais digna que já conheci. Por ter se dedicado integralmente a sua família e dessa forma contribuído na minha formação. Meu maior exemplo de hombridade.

Page 5: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais que sempre me apoiaram em todas

as escolhas por mais difícil que fosse. Foram eles, juntamente com meus irmãos, as

pessoas que me compreenderam e me incentivaram para seguir em busca de meus

ideais.

A minha namorada e companheira Caroline, por acreditar que meus sonhos

são plausíveis e por todo incentivo e ajuda.

Agradeço aos amigos de escola, bem como os companheiros do surf, que

sempre acreditaram no meu potencial e que me impulsionam nessa empreitada.

Aos meus companheiros da república Uba-ê e Taj Mahall, por me ampararem

nos piores momentos e por estarem presentes para dividir comigo toda a alegria

proporcionada pela vida universitária.

Aos companheiros da turma 9 do curso de Esporte, por terem sido meu

motivo de estímulo para acordar cedo todas as manhãs e enfrentar os longos dias

que passamos dentro da UEL.

Aos meus companheiros do laboratório (CENESP) por trazer alegria mesmo

diante de árduos dias de trabalho.

A pessoa que mesmo em meio a tantos compromissos, me deu dedicação

exclusiva para que este trabalho acontecesse com a qualidade esperada, professor

Marcus Augusto Rocha.

Aos professores Antonio Carlos Dourado e Luiz Cláudio Stanganelli, por

terem me dado a oportunidade e o voto de confiança, me permitindo fazer parte de

seu grupo de pesquisa, bem como a orientação no estágio. Por terem esclarecido

inúmeras dúvidas e pelo exemplo de professor que deixaram.

Ao professor Ronaldo José Nascimento, por ter me aceitado como bolsista e

pela dedicação e atenção que tem por virtude.

Por último, agradeço a todos os docentes do curso de Esporte que, através

da nobre profissão que os compete, dissipam seus conhecimentos e lutam

diariamente em prol de melhorias e reconhecimento de nosso curso.

Page 6: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

“Poucos vivem 24 horas o surf

dentro de si, cavalgando não

só as ondas líquidas do mar

onipresente, mas as eternas

ondas dos sonhos construídos

a cada segundo em seus

corações.” (Sidão Tenucci)

Page 7: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

RESUMO

As competições de surf no cenário mundial têm apresentado um alto e

homogêneo nível de desempenho por parte dos atletas. Assim, atentou-se à

hipótese de que o bottom turn, curva na base da onda essencial para a construção

de manobras subseqüentes, pode ter influência nos resultados alcançados em

baterias de surf de alta performance. Nesse sentido, o presente estudo teve o

objetivo de quantificar o tempo que os atletas levam na execução de bottom turns

em suas ondas e correlacioná-lo com as notas atribuídas, bem como avaliar se os

surfistas que vencem suas baterias são os que realizam bottom turns mais

duradouros. A amostra da pesquisa foi composta pelos atletas presentes nas

baterias 2 e 3 das quartas de final, bem como nas semifinais e na final do Hang

Loose Santa Catarina Pro 2009. Para o levantamento dos dados, foi feita análise de

vídeo, onde se avaliou cada bottom turn realizado, pelo recurso de corte de vídeo

disponível no programa Windows Movie Maker. Para a análise correlacional, fez-se

uso do software SPSS 18.0, sendo verificado o valor de R de Pearson adotando o

nível de significância de p < 0,05. Os resultados apontaram que em 60% dos casos

os atletas com maiores tempo de bottom turn venceram os confrontos. Para as

correlações, observou-se associação entre as variáveis para 80% dos casos. Pode-

se assim concluir que o bottom turn é um aspecto técnico fundamental na

construção de manobras subseqüentes que se adéqüem aos critérios de julgamento

do surf.

Palavras-chave: Surf 1; Manobras 2; Bottom Turn 3; Desempenho 4.

Page 8: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

ABSTRACT

The surf contests all over the world have presented a high and homogeneous

level of performance by the athletes. Thus, the hypothesis that the bottom turn,

curve in the base of the wave essential to the construction of subsequent

maneuvers, might influence the results in high performance competitions has been

observed. In this manner, the present study intends to quantify the time taken in a

bottom turn implemented by the athletes in a wave and correlate it to the scores

awarded, as well as determine whether the surfers that win their heats are the ones

who performed the longest bottom turns. The research sample was composed by

the athletes that participated in the heats 2 and 3 of the quarterfinals, as well as in

the semifinals and final of the Hang Loose Santa Catarina Pro 2009. To the survey,

each realized bottom turn was analyzed by video split feature available in the

Windows Movie Maker program. The correlation analysis was made using SPSS

18.0 software and confirmed the value of R Pearson when the significance level of p

<0.05 was adopted. The results demonstrated that in 60% of cases athletes with the

longest bottom turns won their heats. For the correlations, there was an association

between the variables for 80% of cases. It´s concludable that the bottom turn is a

significant technical aspect in the construction of subsequent maneuvers that suits to

the criteria for judging surf.

Key-words: Surf 1; Maneuvers 2; Bottom Turn 3; Performance 4.

Page 9: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

LISTA DE ILUSRAÇÕES

Figura 1: Estrutura da onda vista de frente (face da onda).......................................19

Quadro 1: Grupo M2. Deslizar na parede.................................................................22

Quadro 2: Grupo M3. Virar na base..........................................................................23

Quadro 3: Grupo M4. Virar na parede.......................................................................23

Quadro 4: Grupo M5. Virar no topo...........................................................................24

Quadro 5: Grupo M6. Deslizar por cima....................................................................25

Quadro 6: Grupo M7. Aéreos....................................................................................26

Quadro 7: Grupo M8. Deslizar por dentro.................................................................27

Quadro 8: Grupos de manobras................................................................................28

Figura 2: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída. Quartas de final

2................................................................................................................................34

Figura 3: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída. Quartas de final

3................................................................................................................................36

Figura 4: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída. Semifinal 1......38

Figura 5: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída. Semifinal 2......40

Figura 6: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída. Final.................42

Figura 7: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída em todas as

baterias analisadas...................................................................................................43

Figura 8: Correlação entre tempo de bottom turn e nota atribuída em todas as

baterias analisadas com exclusão da segunda onda do atleta A da primeira

semifinal....................................................................................................................44

Page 10: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resultados da segunda bateria de quartas de final..................................33

Tabela 2: Resultados da terceira bateria de quartas de final....................................35

Tabela 3: Resultados da primeira bateria de semifinal.............................................37

Tabela 4: Resultados da segunda bateria de semifinal............................................39

Tabela 5: Resultados da bateria final........................................................................41

Page 11: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

SUMÁRIIO

1 INTRODUÇÃO…………………................................................................12

1.1 JUSTIFICATIVA…………………………………………………...........…….14

1.2 OBJETIVOS……………………………………………….............................14

1.2.1 Objetivo Geral………………………………………………….......................14

1.2.2 Objetivos Específicos………………………………….................................14

2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................15

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DO SURF..........................................................15

2.2 SURF DE COMPETIÇÃO.........................................................................17

2.3 ASPECTOS TÉCNICOS DO SURF..........................................................20

2.3.1 Arranque...................................................................................................22

2.3.2 Deslizar na parede....................................................................................22

2.3.3 Virar na base.............................................................................................23

2.3.4 Virar na parede.........................................................................................23

2.3.5 Virar no topo.............................................................................................23

2.3.6 Deslizar por cima......................................................................................24

2.3.7 Aéreos......................................................................................................25

2.3.8 Deslizar por dentro...................................................................................26

2.3.9 Final..........................................................................................................27

2.4 O BOTTOM TURN....................................................................................29

Page 12: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

3 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................30

3.1 AMOSTRA................................................................................................30

3.2 COLETA DE DADOS...............................................................................30

3.3 PROCEDIMENTOS..................................................................................31

3.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO................................................................32

4 RESULTADOS........................................................................................33

4.1 QUARTAS DE FINAL – BATERIA 2.......................................................33

4.2 QUARTAS DE FINAL – BATERIA 3.......................................................35

4.3 SEMIFINAIS – BATERIA 1......................................................................37

4.4 SEMIFINAIS – BATERIA 2......................................................................39

4.5 FINAL.......................................................................................................41

5 DISCUSSÃO...........................................................................................45

6 CONCLUSÃO.........................................................................................48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................50

Page 13: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

12

1 INTRODUÇÃO

Para uma maior compreensão dos aspectos que envolvem a modalidade surf,

cabe aqui uma coerente definição da estrutura taxonômica desse esporte, sua

classificação dentro do universo das atividades esportivas. Então, a fim de contribuir

com a evolução do surf, Moreira (2009) em seus estudos classificou esse esporte,

de acordo com os desafios colocados ao praticante, como um desporto de natureza,

rotulado como um desporto de deslize, o qual um surfista em cima de uma prancha,

efetuando os apoios com o afastamento ântero-posterior das pernas ficando um pé

junto a cauda da prancha e o outro a meio desta, desliza na parede da onda em

direção a praia. O mesmo autor afirma que, a expressão da modalidade é revelada

ao nível das manobras, “[...] ações motoras responsáveis pelo movimento do

surfista, e conseqüentemente da prancha, tendo com elas relacionados os aspectos

cognitivos [...]” (MOREIRA, 2009, p. 19).

Esta modalidade teve sua origem a mais de dois mil anos atrás pelos

polinésios, passando por declives e aclives na história de sua popularização, tendo

Duke Kahanamoku como principal símbolo de divulgação da modalidade, reputado

o pai do surf moderno, veio se desenvolvendo e é hoje considerado um esporte em

constante ascendência e amadurecimento. Isso é refletido pela imensa capacidade

de popularização do surf nos tempos atuais. Popularização esta que possui mais

procedência de fatores culturais assegurado pelo famoso e aspirado Life Style

(estilo de vida) dos surfistas e apreciadores do universo do surf do que do surf como

modalidade esportiva, carente de uma estrutura suportada por equipes

multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

treinamento baseado no controle das cargas de treino (LIU et al., 2006). Este

contexto pode ser reforçado através da tentativa ineficiente de aquisição de

documentos científicos a fim de contribuir com a evolução do treinamento do surf. Já

que, segundo Castelo (2000), o treinamento desportivo é o processo pedagógico,

baseado em exercícios complexos e com fundamento científico, que de maneira

planejada visa desenvolver a aptidão do atleta ou equipe.

Já a estrutura organizacional do surf vem realizando um trabalho

interessante, se desenvolvendo e buscando constante aperfeiçoamento com o

passar dos anos. Isso pode ser notado desde meados da década de noventa em

Page 14: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

13

que as competições foram atingindo os maiores níveis de desempenho por parte

dos atletas. Neste período, as entidades responsáveis pelo surf competitivo de alto

rendimento se viram diante de uma reforma, obrigando-se a rever seus conceitos e

adaptar suas regras e decisões a fim de contribuir com a evolução técnica do

esporte. Vale ressaltar que tais reformas ainda não cessaram e os critérios de

julgamento permanecem em constante evolução. Entretanto pode-se considerar que

o critério de julgamento do surf moderno, segundo no livro de regras da ASP (2009)

(associação dos surfistas profissionais), baseia-se em executar de forma controlada

as manobras mais radicais, nas seções mais críticas da onda, com velocidade,

potência e naturalidade, para maximizar o potencial de pontuação.

Ainda conforme as pesquisas de Moreira (2009) há diferentes grupos de

manobras a partir do momento em que o surfista se encontra em pé na prancha,

classificadas em função dos movimentos efetuados bem como das partes da onda

em que são realizados estes movimentos. Assim, as manobras foram distribuídas

em nove grupos: os arranques, os deslizes na parede da onda, as viragens na base

da onda, as viragens na parede da onda, as viragens no topo da onda, os deslizes

por cima da onda, os aéreos, os deslizes por dentro da onda e as finalizações.

Deste modo, abrem-se as possibilidades de estudo de determinado grupo

específico de manobras. Sendo que a presente pesquisa dedica-se a análise do

grupo das viragens na base da onda, com destaque exclusivo ao bottom turn (curva

na base), definido como a viragem na base da onda que permite ganhar velocidade

para subir a parede (MOREIRA, 2009).

Especula-se que quanto mais tempo o surfista permanece num bottom turn,

mais área na base da onda será percorrida, capacitando o surfista a projetar sua

prancha de maneira adequada a fim de aproximar-se o máximo possível dos

critérios de julgamento preconizados pela comissão de arbitragem do surf. Assim

sendo, o estudo visa correlacionar, através de análise de vídeo, o tempo médio de

execução dos bottoms turns realizados numa onda e a respectiva nota atribuída a

esta onda em uma competição de nível mundial. A hipótese é que os surfistas que

realizam bottoms turns mais longos e duradouros em suas ondas, quando

comparados aos seus adversários podem atingir maiores notas nas baterias e,

Page 15: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

14

portanto vencer os confrontos. Como conseqüência deve haver correlação entre

tempo de execução de bottom turn e nota atribuída.

Considera-se relevante a pesquisa consoante a escassez de estudos

científicos em prol do surf, principalmente quando se procura abordar aspectos

técnicos da modalidade. Tal pesquisa visa auxiliar no desenvolvimento da

performance de atletas de surf, evidenciando um aspecto técnico que deve ser

levado em consideração no processo de treinamento dos surfistas que visam o

rendimento esportivo.

1.1 JUSTIFICATIVA

Correspondente à evolução técnico-competitiva do surf no cenário mundial e

o emparelhado nível de desempenho apresentado pelos surfistas nas competições

de alto nível de rendimento, as decisões das baterias podem estar sendo definidas

em um detalhe, uma manobra, que parece passar despercebido ou de pouca

expressão, no caso o bottom turn. Levando em conta a possível interferência que o

bottom turn pode exercer na construção das manobras subseqüentes que permitem

ao surfista uma aproximação do que se considera ideal segundo o critério de

atribuição de notas dessa modalidade, parece relevante destinar uma investigação

referente a esta manobra que pode ter influência no resultado final das baterias.

Nesse sentido esse estudo pode contribuir para o desenvolvimento da performance

de atletas de surf evidenciando um aspecto técnico que deve ser levado em

consideração no processo de treinamento dos surfistas que visam o rendimento

esportivo.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1Objetivo Geral

O objetivo deste estudo foi analisar a execução de bottom turns efetuados

numa onda e a influencia que esta técnica pode exercer no resultado das baterias.

1.2.2 Objetivos Específicos

Page 16: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

15

a) Quantificar o tempo de percurso de cada bottom turn executado nas duas

ondas mais bem pontuadas de cada atleta que disputou as baterias de número dois

e três das quartas de finais, bem como as duas semifinais e a final;

b) Estabelecer uma média de tempo de bottom turn para cada uma das duas

ondas mais bem pontuadas de cada atleta presente nas baterias de número dois e

três das quartas de finais, bem como as duas semifinais e a final;

c) Correlacionar as médias de tempo de bottom turn obtidas em cada onda com

as respectivas notas atribuídas;

d) Verificar se os atletas que venceram suas baterias nas quartas de finais,

semifinais e final foram os atletas que obtiveram maiores média de tempo de bottom

turn em suas ondas quando comparados a seus oponentes.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DO SURF

De acordo com a história do surf, é sabido que os primeiros a realizarem tal

feito habitavam as beiras dos mares do pacífico há centenas de anos atrás, no

entanto surgem algumas divergências quando se trata do local exato onde foram

surfadas as primeiras ondas. Diversos autores preconizam que o surf se origina e se

desenvolve no Havaí, sendo que o capitão inglês James Cook, colonizador deste

arquipélago, foi o primeiro europeu a presenciar o surf e realizar os primeiros relatos

sobre tal fenômeno (GUTEMBERG, 1989; LEAL, 1993 apud VAGHETTI, 2004;

SEMES, 1997 apud FERRÃO, 2003; WARSHAW, 2003). Já os estudos de Kampion

e Brown (1998) afirmam que o surf pode ter tido sua origem em mares peruanos,

onde a população nativa, de estreita relação com o mar, retornava de suas

pescarias pegando “carona” nas ondas, em posição bípede, numa embarcação

semelhante a uma canoa, denominada caballitos de totora. No entanto, de acordo

com o desenvolvimento e popularização do surf ao longo da história, nos parece

plausível afirmar que a procedência havaiana do surf tem maior destaque e

influência no progresso da modalidade.

Passados alguns contratempos no processo de popularização do surf, tendo

seu maior declive em meados do século XIX quando os europeus praticamente

extinguiram o surf ao considerarem um esporte imoral frente à igreja, surgem então,

Page 17: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

16

a partir do ano de 1900, alguns personagens marcantes no renascimento e

divulgação do surf (KAMPION e BROWN, 1998; MOREIRA, 2009). É nessa época

que um havaiano chamado Duke Kahanamoku se consagra na história do surf.

Duke foi atleta de natação em nível olímpico e ao competir em grandes eventos

internacionais, fazia questão de carregar sua prancha na bagagem e divulgar o surf

nas mais diversas regiões do planeta. Tais feitos lhe renderam os títulos de

embaixador do surf e pai do surf moderno (AJDELSZTAJN e ROBALINHO, 2000

apud FERRÃO, 2003; MOREIRA, 2009; WARSHAW, 2003).

É no período de 1945 a 1966 no estado da Califórnia, nos EUA, que as

aspirações de Duke Kahanamoku se concretizam. É lá, mais precisamente na

região de Malibu, que se inicia a cultura do surf com o surgimento das primeiras

lojas, revistas e filmes específicos do ramo (MOREIRA, 2009). O surf passa a ser

um estilo de vida que atinge proporções mundiais. Há então o surgimento de uma

ampla comunidade de surfistas de hábitos extremamente fiéis a modalidade,

capazes de se vestir, falar e agir conforme transcorre o universo do surf.

A partir daí o surf se desenvolve e inicia um processo de auto-afirmação

como modalidade esportiva, sendo que em 1964 é realizado o primeiro campeonato

de surf assegurado pela primeira entidade a fim de contribuir com a evolução do surf

como modalidade esportiva, a International Surfing Federation (ISF) (KAMPION e

BROWN, 1998; WARSHAW, 2003). De tal data em diante o surf não para de se

alargar. Deste modo as empresas responsáveis por confeccionar roupas e

equipamentos se desenvolvem em paralelo bem como as instituições

organizacionais (MOREIRA, 2009).

Em 1976 a ISF passa a denominar-se ISA (International Surfing Association)

que com o reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional, a partir de 1982

passa a ter a responsabilidade de conduzir o surf amador em nível mundial. Vale

ressaltar que é no mesmo ano que ocorre o nascimento da IPS (International

Professional Surfers), já esta responsável em reger o surf profissional em nível

mundial, com o árduo encargo de organizar o circuito mundial de surf profissional.

No entanto, já em 1982 a IPS é substituída pela atual ASP (Association of Surfing

Professionals) hoje reconhecida como órgão máximo do surf profissional

(MOREIRA, 2009).

Page 18: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

17

A verdadeira profissionalização do surf coincide com o período de 1992 até a atualidade, em que a competição atinge os mais elevados níveis de organização e divulgação, com um maior número de competidores a cumprirem programas de treino, acompanhados pelos respectivos treinadores (MOREIRA, 2009, p.13).

Cabe reforçar também que é a partir de 1992 que o maior ícone do surf

mundial, Kelly Slater, inicia sua incrível jornada de campeão ao conquistar seu

primeiro título mundial da ASP, sendo que hoje o atleta já soma nove títulos de

campeão do mundo, ganhando reconhecimento em nível mundial como o melhor

surfista de todos os tempos, sendo capaz de, por quase duas décadas, aperfeiçoar

suas técnicas paralelamente à evolução profissional da modalidade.

2.2 SURF DE COMPETIÇÃO

Partindo para um panorama mais voltado ao surf de competição de alta

performance, vem a ser pertinente a descrição dos fatores organizacionais, do

formato das competições, dos critérios de julgamento da modalidade bem como

uma compreensão de como se comportam as ondas.

Como já foi descrito anteriormente, a ASP é a instituição encarregada em

gerir o surf profissional em nível mundial. Baseada em dois circuitos mundiais, a

ASP promove um campeão mundial por ano. Os dois circuitos funcionam como uma

espécie de duas divisões no cenário mundial. Assim o circuito designado World Tour

(WT), composto por 48 atletas, é a primeira divisão do surf mundial, sendo que o

vencedor consagra-se o campeão do mundo. No entanto para adquirir o acesso ao

seleto WT os atletas buscam a classificação através de um segundo circuito, um

circuito classificatório de acesso designado World Qualifying Series (WQS). A

ligação entre estes dois circuitos se dá através de dois rankings, cada ranking

referente a cada circuito. Assim os 15 primeiros do ranking do WQS se juntam aos

27 primeiros do WT. De forma óbvia os atletas do WT permanecem no circuito para

o próximo ano se mantendo entre os 27 primeiros. Logo o grupo que vai do

vigésimo oitavo ao último (quadragésimo quarto) do WT sofrerá com o rebaixamento

e tentará um novo acesso para a próxima temporada através do circuito WQS. Vale

ressaltar que o ranking do WT conta com 44 atletas sendo eles: os 27 atletas que se

mantêm pelo próprio WT, mais 15 provenientes do WQS e mais dois atletas que

recebem um convite da ASP para integrarem o ranking do WT, convite que é dado

para atletas contundidos na temporada passada.

Page 19: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

18

O formato de competição desses dois circuitos se dá de forma similar, apesar

de as diferenças não serem muito relevantes, trata-se aqui exclusivamente do WT,

até porque a amostra da pesquisa é baseada em uma das etapas do WT.

O circuito do WT, onde se encontra a elite do surf mundial, se procede

durante o ano conforme um calendário que envolve de oito a doze eventos (etapas)

ao longo da temporada. Cada etapa é composta por 48 atletas, os 44 do ranking

mais dois convidados pela organização de cada etapa, e apura um campeão que

retém certo número de pontos que será computado no ranking. De acordo com a

colocação em cada etapa o atleta acumula um número correspondente de pontos. A

soma desses pontos que atribuem colocações no ranking irá consagrar o campeão

mundial no fim do ano.

O formato de competição nas etapas do WT transcorre da seguinte maneira.

São sete fases de baterias classificatórias que estabelecerão o campeão. Deste

modo, a competição se inicia com uma primeira fase envolvendo todos os

competidores distribuídos em 16 baterias compostas por três atletas cada. Os

vencedores dessas baterias da primeira fase avançam direto para a terceira fase e

aguardam os vencedores da segunda fase (repescagem realizada com os

perdedores da primeira fase). A partir da segunda fase, até a final, as baterias são

eliminatórias e constituídas por dois atletas, num sistema denominado homem a

homem.

Durante cada bateria, de aproximadamente 30 minutos de duração, os atletas

têm direito a surfar de 10 a 15 ondas no máximo (vale ressaltar que os oponentes

nunca dividem as mesmas partes de uma mesma onda). Notas são atribuídas em

função das manobras realizadas pelo surfista a cada onda surfada e o atleta é

classificado conforme a somatória das duas melhores notas, ou seja, conforme suas

duas melhores ondas (PALMEIRA, 2007). O que leva a concluir que o que

realmente importa é qualidade e não quantidade. E é devido a este fato que os

atletas presentes nas baterias passam a maior parte do tempo aguardando por uma

onda decisiva do que surfando de fato.

O júri é composto por cinco juízes, cada juiz atribuí uma nota de zero a 10 a

cada onda surfada e a nota oficial de cada onda é obtida retirando-se a nota mais

alta e a mais baixa, e calculando a média das outras três intermediárias (MOREIRA,

Page 20: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

19

2009). O surfista começa a ser pontuado a partir do momento que se coloca de pé

na prancha para depois realizar sua seqüência de manobras. A nota é estabelecida

de acordo com a prestação do surfista na onda (manobras) seguindo um critério de

julgamento preestabelecido.

Tendo em vista que a execução de manobras expressivas, aplicadas a uma

onda de qualidade é o fator determinante e o principal objetivo dos atletas em busca

do melhor desempenho na competição cabe aqui um melhor entendimento das

ondas e dos critérios de julgamento adotados pela comissão de arbitragem da ASP.

De acordo com Moreira (2009) a estrutura de uma onda que permita que o

surfista aplique manobras em uma competição de surf pode ser descrita conforme

uma nomenclatura específica como sugerida na figura 1.

Figura 1: Estrutura da onda vista de frente (face da onda) (MOREIRA, 2009, p.29) 1- Espuma; 2- Lábio; 3- Bolsa; 4- Crista; 5- Base; 6- Parede; 7- Ombro; 8- Sentido da rebentação;

9- Zona de impacto

A partir das informações contidas na figura fica mais clara a compreensão

dos critérios de julgamento do surf. Segundo o livro de regras da ASP (2009), o

surfista deverá desenvolver a sua performance nas baterias, dentro dos critérios

chaves do Critério de Julgamento da ASP para maximizar o seu potencial de

pontos. Os juízes analisam os seguintes conceitos chaves quando avaliam e

pontuam as ondas surfadas em uma bateria: compromisso e grau de dificuldade das

manobras; manobras inovadoras e progressivas; combinação das principais

Page 21: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

20

manobras; variedade de manobras; velocidade, pressão (intensidade com a qual se

aplica as manobras) e fluidez.

Um surfista deve executar de forma controlada as manobras mais radicais, nas secções mais críticas da onda, com velocidade, potência e naturalidade, para maximizar o potencial de pontuação. Manobras inovadoras e progressivas, bem como a variedade de repertório, serão tomadas em consideração beneficiando os surfistas pelo surf convicto. O surfista que executar esses critérios com maior grau de dificuldade e em sintonia com as ondas deve ter as mais altas pontuações (FÉLIX, 2010).

Tais definições estão diretamente relacionadas com a capacidade de o

surfista projetar suas manobras nas secções mais criticas da onda, já que o surfista

só consegue ser veloz, potente e radical ao atacar a parte da onda que promova a

mais forte reação em sua prancha. Sendo assim, conforme as definições das partes

da onda indicadas por Moreira (2009) (figura 1), a parte mais crítica da onda é a que

foi designada como bolsa.

2.3 ASPECTOS TÉCNICOS DO SURF

Durante a prática do surf, os atletas fazem uso de um repertório de técnicas

específicas. Dentre as quais envolvem técnicas de remada, submersão, sentar na

prancha, subir na prancha e as técnicas a partir do momento em que o surfista se

encontra de pé na prancha (manobras). As manobras são as ações técnicas mais

relevantes do surf e caracterizam a modalidade. As manobras são “[...] ações

motoras responsáveis pelo movimento do surfista, e conseqüentemente da prancha,

tendo com elas relacionados os aspectos cognitivos [...]” (MOREIRA, 2009, p. 19).

Palmeira (2007) observou que as manobras executadas pelos surfistas são

de grande complexidade, sendo que o atleta deve manter em todos os momentos o

maior controle sobre sua prancha e sincronia total com a onda em que estiver

surfando. Os movimentos necessitam de uma combinação precisa entre a

coordenação motora, agilidade, velocidade e força de explosão, dentre outras

qualidades físicas (PALMEIRA, 2002).

Concluí-se, através de definições propostas por diversos autores (PALMEIRA

e CAMPOS, 2005; PALMEIRA 2007; PALMEIRA e WICHI, 2007; LOWDON e

PATEMAN, 1980; ILHA et al., 2004; VAGHETTI et al., 2004; VAGHETTI; ROESLER;

ANDRADE, 2007; ROPERO, 2006; CORRÊA et al.; CARLET; FAGUNDES;

MILISTEDT, 2007), que o surf, levando em conta a trajetória de um surfista numa

Page 22: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

21

onda a partir do momento em que este fica em pé na prancha até o fim desta

mesma onda, como um esporte que utiliza prioritariamente a fonte energética

anaeróbia, com alternância dos sistemas alático e/ou lático consoante o tempo total

de sua viagem numa onda, tempo este que pode variar de 2 até 40 segundos.

Retornando a um direcionamento dos aspectos técnicos, vale uma descrição

do posicionamento corporal do surfista em relação à sua prancha. Prontamente,

assumida a posição de pé na prancha, com o afastamento ântero-posterior das

pernas (um pé junto à cauda da prancha e o outro ao meio desta), o surfista deve

adotar a posição base, essa que é a posição fundamental para daí em diante iniciar

sua jornada de manobras. Para tal, o pé de trás deve ficar perpendicular à

longarina, perto da cauda, por cima das quilhas, enquanto o pé da frente deve ficar

oblíquo à longarina e próximo do centro de flutuação da prancha (meio da prancha).

Os membros inferiores devem estar em flexão com o tronco próximo a coxa da

frente. Os membros superiores ficam um de cada lado da prancha, com os braços

fletidos (ALDERSON, 1996).

[...] fica definido que o braço da frente é o homolateral da perna da frente e o braço de trás homolateral da perna de trás, ficando definido também que, na prancha, o bordo da frente é do lado dos dedos dos pés e o bordo de trás é o do lado dos calcanhares (MOREIRA, 2009, p. 85).

Ao deslizar na onda, o surfista pode projetar seu percurso, de acordo com o

sentido da rebentação, para o lado direito ou esquerdo. Sendo assim, este pode se

encontrar de frente para onda (frontside), com os dedos dos pés, joelhos e peito

virados para a parede da mesma. Ou de costas para a onda (backside), com os

calcanhares e as costas apontados para a parede. A partir daí define-se também

que o bordo da prancha em contato com a parede refere-se ao bordo interno,

enquanto que o bordo do lado oposto considera-se como bordo externo (MOREIRA,

2009).

Ainda conforme as pesquisas de Moreira (2009) há diferentes grupos de

manobras a partir do momento em que o surfista se encontra em pé na prancha,

classificadas em função dos movimentos efetuados bem como das partes da onda

em que são realizados estes movimentos. Assim, o autor distribuiu as manobras em

nove grupos: os arranques, os deslizes na parede da onda, as viragens na base da

Page 23: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

22

onda, as viragens na parede da onda, as viragens no topo da onda, os deslizes por

cima da onda, os aéreos, os deslizes por dentro da onda e as finalizações.

2.3.1 Arranques

Os arranques representam o primeiro grupo de manobras (M1). Estão

relacionados com a técnica de passagem da posição deitado para a posição de pé

(take-off). Se durante o take off o nariz da prancha estiver apontado para a base da

mesma denomina-se vertical take off. Se o take off é realizado com a prancha

inclinada denomina-se angled take off (MOREIRA, 2009)

2.3.2 Deslizar na parede

Os deslizes na parede correspondem ao segundo grupo de manobras (M2).

Neste grupo relaciona-se o drop, angled drop, reverse drop, 180 drop, reverse 180

drop, air drop, trim, hopping e stalling. Tais manobras estão relacionadas com a

técnica de deslizar na parede.

DESLIZAR NA PAREDE (M2)

Drop É a descida da parede da onda, com o deslize em direção à base da mesma

Angled drop

É a descida da parede da onda, com o deslize em direção ao ombro da mesma

Reverse drop

Conseqüência do movimento efetuado numa manobra anterior em que a prancha termina com as quilhas para frente. Efetuando o deslize nessa posição

180 drop Conseqüência do movimento efetuado numa manobra anterior em que a prancha termina com as quilhas para frente. Realizando uma rotação de 180 graus no eixo ântero-posterior da prancha no sentido do bordo interno

Reverse 180 drop

Conseqüência do movimento efetuado numa manobra anterior em que a prancha termina com as quilhas para frente. Realizando uma rotação de 180 graus no eixo ântero-posterior da prancha no sentido do bordo externo

Air drop É a descida da parede da onda, perdendo contato com a mesma, terminando na base

Trim Deslizar ao longo da parede da onda paralelamente ao percurso da rebentação

Hopping Pressão no centro da prancha almejando-se ganhar velocidade

Stalling Pressão efetuada na cauda da prancha quando o interesse é brecar

Quadro 1: Grupo M2. Deslizar na parede (MOREIRA, 2009).

Page 24: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

23

2.3.3 Virar na base

As viragens na base são inseridas no terceiro grupo de manobras (M3). Estão

relacionadas às manobras realizadas na base da onda. São elas: bottom turn, 180

bottom turn e reverse 180 bottom turn.

VIRAR NA BASE (M3)

Bottom turn O bottom turn é a viragem na base da onda que permite ganhar velocidade para subir a parede

180 bottom turn Rotação no eixo ântero-posterior da prancha realizada na base da onda e no sentido da parede

Reverse 180 bottom turn

Rotação no eixo ântero-posterior da prancha realizada na base da onda e no sentido oposto ao da parede

Quadro 2: Grupo M3. Virar na base (MOREIRA, 2009).

2.3.4 Virar na parede

O grupo 4 de manobras é representado pelas viragens efetuadas na parede

da onda (M4). São aqui relacionadas: fade, pump turn, mid face turn, cutback, round

house e rebound.

VIRAR NA PAREDE (M4)

Fade Viragem na parede que permite fazer uma travagem para aproximar o surfista da bolsa ou para entrar no tubo

Pump turn Sucessão de viragens no eixo ântero-posterior da prancha, num ângulo inferior a 60 graus, criando energia para o deslize na parede

Mid face turn O mesmo que o pump tur, porém num ângulo superior a 60 graus

Cutback É uma viragem com uma amplitude entre 130 e 180 graus, alternando o sentido do deslize para voltar do ombro da onda para junto da bolsa

Round house Semelhante ao cutback, mas nesse caso a viragem supera 180 graus

Rebound Viragem no topo da onda, junto da bolsa, mas na continuação do roundhouse, para voltar a deslizar no sentido da rebentação

Quadro 3: Grupo M4. Virar na parede (MOREIRA, 2009).

2.3.5 Virar no topo

As viragens no topo, realizadas na seqüência de um bottom turn, são

efetuadas no eixo ântero-posterior da prancha, com o nariz da prancha a virar em

direção a base, com a rotação para o lado do bordo externo (MOREIRA, 2009). As

viragens na base estão incluídas no quinto grupo de manobras (M5). Fazem parte

Page 25: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

24

desse grupo: top turn, vertical turn, over vertical turn, extended vertical turn, snap,

360, reverse 270, reverse 360.

VIRAR NO TOPO (M5)

Top turn Viragem no topo da onda antes de a prancha se encontrar na vertical em relação à linha do horizonte

Vertical turn A prancha inicia a viragem a partir de uma posição vertical relativamente a linha do horizonte

Over vertical turn A prancha inicia a viragem estando além da vertical em relação à linha do horizonte

Extended vertical turn

Seguindo uma projeção vertical, realiza-se uma rotação de 180 graus da prancha

Snap Viragem no topo, antes de a prancha se encontrar vertical em relação à linha do horizonte e com uma amplitude inferior a 270 graus

360 Viragem no topo realizando uma rotação completa para o lado do bordo interno

Reverse 270 Viragem de 270 graus para o lado do bordo externo terminando com a cauda da prancha para frente

Reverse 360 Rotação completa para o lado do bordo externo terminando com a cauda para frente

Quadro 4: Grupo M5. Virar no topo (MOREIRA, 2009).

2.3.6 Deslizar por cima

Os deslizes por cima surgem quando a onda tem uma seção que rebenta à

frente do surfista, sendo necessário deslizar horizontalmente, por cima desta, para

continuar no percurso da rebentação (MOREIRA, 2009). Neste sexto grupo de

manobras (M6) se inserem: curtain floater, floater reentry, lip floater, foam floater,

reverse 180 floater, 360 out floater e lip slide.

DESLIZAR POR CIMA (M6)

Curtain floater Quando no deslize por cima há uma viragem para o lado do bordo externo

Floater reentry O deslize por cima é efetuado com a trajetória horizontal transpondo a seção que rebentou, para terminar na seção seguinte, perto da bolsa, de forma a poder descer a parede da onda

Lip floater O deslize é efetuado ao longo do lábio da onda, na seção que começa a rebentar à frente do surfista

Foam floater Inicia na espuma e termina na espuma após o deslize horizontal

Reverse 180 floater

Uma viragem de 180 graus com a rotação para o lado do bordo externo, em simultâneo com o deslize, terminando com uma rotação de 90 graus para o lado do bordo interno, com a prancha perpendicular a linha da rebentação

360 out floater

Uma viragem com a rotação para o lado do bordo interno, em simultâneo com o deslize, acompanhando a rebentação e terminando com a prancha perpendicular a linha da rebentação

Page 26: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

25

Lip slide

Manobra iniciada com um top turn seguido de um deslize horizontal por cima, com a prancha perpendicular a linha da rebentação

Quadro 5: Grupo M6. Deslizar por cima (MOREIRA, 2009).

2.3.7 Aéreos

Manobras realizadas acima da onda (manobras aéreas) tendo a onda como

uma rampa de decolagem. Vale ressaltar que ao retornar à onda após um aéreo,

manobras dos grupos M4 e M6 são prováveis de transcorrer (MOREIRA, 2009). São

elas as manobras aéreas (M7): air, 90 air, 180 air, reverse 180 air, reverse 270 air,

360 air, reverse 360 air, 90 switch stance air, reverse 180 switch stance air, long

axis 360 air, transverse axis 90 air, transverse axis 360 air, transverse 90 frontal 90

air.

AÉREOS (M7)

Air A prancha perde contato com a onda de forma semelhante ao top turn. Efetua-se a uma rotação de aproximadamente 90 graus para o lado do bordo externo e finaliza com a recepção a onda

90 air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 90 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo interno e aterrissando de volta com a cauda da prancha para frente, o que implica deslizar no sentido da rebentação da onda na posição invertida e com a base trocada (inversão da posição dos pés. Pé esquerdo na frente e direito atrás ou vice-versa). Manobra também conhecida como alley-oop

180 air

Inicia-se de modo semelhante ao top turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 180 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo interno e aterrissando de volta com a cauda da prancha para frente, o que implica deslizar no sentido da rebentação da onda na posição invertida e com a base trocada (inversão da posição dos pés. Pé esquerdo na frente e direito atrás ou vice-versa)

Reverse 180 air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 180 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo externo e aterrissando de volta com a cauda da prancha para frente, o que implica deslizar no sentido da rebentação da onda na posição invertida e com a base trocada (inversão da posição dos pés. Pé esquerdo na frente e direito atrás ou vice-versa)

Reverse 270 air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 270 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo externo e aterrissando de volta com a cauda da prancha para frente, o que implica deslizar no sentido da rebentação da onda na posição invertida e com a base trocada (inversão da posição dos pés. Pé esquerdo na frente e direito atrás ou vice-versa)

360 air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 360 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo interno e aterrissando de volta na onda (MOREIRA,2009).

Reverse 360 air Inicia-se de modo semelhante ao top turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 450 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo externo e aterrissando de volta na onda

Page 27: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

26

90 switch stance air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 90 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo interno, sem no entanto fazer a rotação do corpo, o que permite finalizar com a recepção na onda, com a cauda da prancha para frente, o que implica deslizar no sentido da rebentação da onda na posição invertida e com a base trocada (inversão da posição dos pés. Pé esquerdo na frente e direito atrás ou vice-versa)

Reverse 180 switch stance air

Inicia-se de modo semelhante ao top turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 180 graus (eixo ântero-posterior da prancha) para o lado do bordo externo, sem no entanto fazer a rotação do corpo, o que permite finalizar com a recepção na onda, com a cauda da prancha para frente, o que implica deslizar no sentido da rebentação da onda na posição invertida e com a base trocada (inversão da posição dos pés. Pé esquerdo na frente e direito atrás ou vice-versa) (MOREIRA,2009). Esta manobra também é conhecida como pop shuvit

Long axis 360 air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 360 graus, no eixo longitudinal da prancha, para o lado do bordo interno, retornando a onda com a cauda para frente

Transverse axis 90 air

Inicia-se de modo semelhante ao top turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 90 graus, no eixo transversal da prancha, para o lado do convés, seguida de uma rotação inversa, para o lado do fundo da prancha, finalizando com a recepção na onda

Transverse axis 360 air

Inicia-se de modo semelhante ao vertical turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 360 graus, no eixo transversal da prancha, para o lado do convés, sendo a finalização com a cauda da prancha para frente, deslizando no sentido da rebentação em posição invertida. Manobra também conhecida como rodeo

Transverse 90 frontal 90 air

Inicia-se de modo semelhante ao top turn, efetuando-se a trajetória aérea, numa rotação de aproximadamente 90 graus, no eixo transversal da prancha, para o lado do convés, e no eixo ântero-posterior, para o lado do bordo interno, seguida da rotação inversa, para o lado do bordo externo e do fundo da prancha, de forma a finalizar com a recepção na onda

Quadro 6: Grupo M7. Aéreos (MOREIRA, 2009).

2.3.8 Deslizar por dentro

Os deslizes por dentro são os conhecidos tubos. Acontecem quando o

surfista desliza por dentro da onda, ou seja, quando a rebentação (momento em que

o lábio despenca sobre a base (figura 1)) cria uma cortina de água capaz de

encobrir o surfista. Neste grupo (M8) encontram-se: cover up, tube, one grab tube e

stand up tube.

Page 28: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

27

DESLIZAR POR DENTRO (M8)

Cover up Deslize na parede com a espuma a passar por cima, ficando dentro da onda, mas sempre visível

Tube

Deslize na parede coberto pela cortina de água resultante da rebentação, ficando dentro da onda para depois reaparecer saindo do tubo

One grab tube

Permite deslizar, por dentro da onda, com três pontos de contato, já que além dos pés há uma pega simples no bordo. Implicando uma grande flexão do tronco e das pernas

Stand up tube O surfista desliza dentro do tubo em pé e com a sua máxima altura

Quadro 7: Grupo M8. Deslizar por dentro (MOREIRA, 2009).

2.3.9 Final

Ao finalizar uma onda, o atleta pode executar uma série de técnicas

específicas (M9) conforme sua situação em relação à onda. O atleta finaliza uma

onda por desistência desta, ou seja, quando ele acredita não haver mais potencial

de pontuação, ou até mesmo por queda da prancha. Moreira, 2009, p. 105,

descreveu essas técnicas em sua obra. No entanto não serão aqui descritas cada

uma delas e sim, apenas citadas. São elas: kik out; pull out; step off; nose dive; bail

out dive; bail out jump; uncontrolled wipe out

Para melhor compreensão segue abaixo um quadro elaborado por Moreira

(2009) o qual é apresentado os grupos de manobras acima citados:

Page 29: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

28

M1

Arranque

M2

Deslizar

na parede

M3

Virar na

base

M4

Virar na

parede

M5

Virar no

topo

M6

Deslizar

por cima

M7

Aéreo

M8

Deslizar

por dentro

M9

Final

Take-off Drop Bottom

turn

Fade Top turn Curtain

floater

Air Cover up Kick out

Angled

take-off

Angled

drop

180

bottom

turn

Pump turn Vertical

turn

Floater

reentry

90 Tube Pull out

Vertical

take-off

Reverse

drop

Reverse

180

bottom

turn

Mid face

turn

Over

vertical

turn

Lip floater Reverse 90 One grab

tube

Step off

180 drop Cutback Extended

vertical

turn

Foam

floater

180 Stand up

tube

Nose dive

Reverse

180 drop

Round

house

Snap Reverse

180

floater

Reverse 180 Bail out dive

Air drop Rebound 360 360 out

floater

Reverse 270 Bail out jump

Trim Reverse

270

Lip slide 360 Uncontrolled

wipe out

Hopping Reverse

360

Reverse 360

Stalling 90 switch

stance

Reverse 180

switch stance

Long axis

360

Transverse

axis 360

Transverse

axis 360

Transverse

90 frontal 90

Quadro 8: Grupos de manobras (MOREIRA, 2009)

Page 30: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

29

2.4 O BOTTOM TURN

Tendo em vista que a presente pesquisa visa abordar especificadamente o

bottom turn, além do que ficou definido acima por Moreira (2009) cabe aqui um

complemento dado pelo mesmo autor em torno desta manobra. O bottom turn deve

ser executado, quando de frontside, através da flexão e inclinação do tronco à

frente, com os ombros paralelos à longarina, de forma a colocar o bordo interno da

prancha na água, seguida de uma extensão do tronco e das pernas ao longo da

viragem, até se iniciar a subida da parede. Por outro lado, quando efetuado de

backside, implica a rotação do tronco no mesmo sentido do deslize, com o braço da

frente na direção da parede da onda, para que os ombros fiquem perpendiculares à

longarina, possibilitando a aproximação do quadril à parede da onda, de forma a

colocar o bordo interno da prancha na água.

Além da definição dada acima por Moreira (2009) inserindo tal manobra no

grupo das viragens na base, encontra-se outras definições para tal. Dicas e Treino

Técnico (2009) preconizou que o bottom turn é a manobra mais importante do surf.

É considerado algo ignorado o qual se evitam perder tempo em seu

aperfeiçoamento. Nada mais é do que um conjunto de movimentos em “U” realizado

pelo surfista durante sua trajetória na onda.

Já para Leal (2006) o bottom turn pode ser definido como a manobra onde o

surfista faz uma curva na base da onda em direção da crista da mesma.

Brasil, Ramos e Terme (2010) definem tal manobra como: virada ou curva na

base da onda após o drop, definindo a direção a ser seguida (esquerda ou direita) e

antecedendo as manobras.

De forma a complementar as definições dadas de antemão, define-se aqui o

botoom turn como uma manobra caracterizada por uma curva na base da onda a

qual o surfista deve realizar com intuito de projetar-se à crista da mesma e efetuar

outra manobra em conseqüência desta.

Conforme as atribuições dos critérios de julgamento do surf, nota-se que a

execução de manobras na bolsa é fator determinante. No entanto, não há nada que

sugira uma prestação significativa na base da onda para que se atinja a bolsa

respeitando os critérios preestabelecidos. Daí o interesse e relevância do

Page 31: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

30

desenvolvimento dessa pesquisa, procurando evidenciar que, quando a curva na

base da onda (bottom turn) é executada num maior tempo, permitindo que se

alargue esta curva, o surfista pode projetar melhor sua prancha e as manobras

subseqüentes de modo a atingir melhores resultados.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Tendo em vista que o objetivo do estudo é verificar a influencia de uma

variável quantitativa sobre outra, na modalidade esportiva “surf”, mediante analise

de vídeo, a presente pesquisa é caracterizada como descritiva observacional e

correlacional (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007)

3.1 AMOSTRA

A pesquisa aborda a etapa brasileira da primeira divisão do circuito mundial

de surf profissional, o Hang Loose Santa Catarina Pro 2009. Dentro deste evento, o

estudo se limita as baterias de número dois e três das quartas de finais, bem como

as duas semifinais e a final, realizadas no dia 3/7/2009. Tais decisões são tomadas

a partir do momento em que se considera que houve estimável similaridade do

tamanho e formação das ondas neste dia, bem como da qualidade e do número de

manobras executadas pelos surfistas presentes nestas baterias. Vale advertir que a

partir das quartas de final se encontraram apenas os oito melhores surfistas desse

evento, sendo que tais baterias foram compostas por dois atletas cada, no sistema

de confronto denominado homem a homem com caráter eliminatório.

Para a realização da pesquisa, foi utilizado o recurso de vídeo onde se

analisou todas as duas ondas mais bem pontuadas, com os respectivos bottom

turns, de cada atleta presentes nas baterias referidas acima, num total de 20 ondas

analisadas com uma média de 6,80±1,44 bottoms turns efetuados por onda num

total de 136 reproduções desta manobra.

3.2 COLETA DE DADOS

Os vídeos, bem como os resultados, foram coletados do site oficial do evento,

o Hang Loose Santa Catarina Pro 2009 e permitiu plenas condições para a análise

Page 32: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

31

observacional da técnica (bottom turn) analisada no estudo. Tais vídeos estão

disponíveis em Clicrbs (2009).

Considera-se a validade e confiabilidade das medidas a partir da elaboração

de um estudo piloto realizado com as duas baterias das semifinais a fim de verificar

a aptidão do avaliador em manusear o equipamento, bem como da reprodutibilidade

das medidas obtidas no estudo piloto através da análise de avaliação intra-

observador, a qual encontrou-se correlação muito alta de 0,924.

Para possibilitar a análise dos vídeos, foi feito o download dos vídeos através

do programa VDownloader. Já para a análise seletiva de cada bottom turn realizado,

foi utilizado o recurso de corte de vídeo, que permite selecionar e coletar trechos

específicos de um vídeo, disponível no programa Windows Movie Maker (Windows

Vista). Tais análises foram realizadas mediante um computador (notebook) Toshiba

Satellite® L305D-S5934.

3.3 PROCEDIMENTOS

Foram analisados todos os bottom turn efetuados em cada onda surfada.

Realizou-se um corte de vídeo para início e outro para o fim de cada representação

desta manobra, estabelecendo-se um trecho específico de vídeo o qual o tempo

desse trecho em segundos corresponde ao tempo de execução do bottom turn.

Para realizar o corte de início e fim dos trechos específicos do vídeo que

deve corresponder à execução do bottom turn adotou-se os seguintes critérios: o

bottom turn, curva na base da onda, deverá começar a ser computado a partir do

momento em que o surfista inicia uma única curva na base da onda que lhe permita

uma projeção contínua até a execução de uma manobra de ataque. Considera-se

que o bottom turn não é analisado como uma curva realizada exclusivamente na

base da onda, podendo este ter início na parede, no entanto passando

necessariamente pela base e voltando a terminar na parede ou no topo da onda

conforme a característica da manobra de ataque subseqüente. Fica definido aqui

que uma manobra de ataque corresponde aos grupos m4, m5, m6 e m7 propostos

por Moreira (2009). Para o grupo m5 (com exceção do snap), o bottom turn deixa de

existir a partir do momento que se considera que o fundo da prancha atingiu o lábio

Page 33: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

32

da onda. Já para os grupos m4, m6 e m7 (incluindo o snap) o momento em que a

prancha se encontrar paralela ao lábio da onda caracterizará o fim do bottom turn.

A partir da obtenção dos dados referentes aos tempos de execução de cada

bottom turn, se estabeleceu uma média de tempo de bottom turn para cada onda

analisada. Tais médias de tempo de execução dessa manobra foram

correlacionadas com as notas atribuídas às respectivas ondas.

Já com o intuito de verificar se os atletas que venceram suas baterias nas

quartas de finais, semifinais e final foram os atletas que obtiveram maiores média de

tempo de bottom turn em suas ondas quando comparados a seus oponentes,

realizou-se, para cada bateria, a soma da média de tempo de bottom turn das duas

ondas de cada atleta para posteriormente comparar tais somas e averiguar se os

atletas que venceram os confrontos foram os que prolongaram os bottons turn em

suas ondas.

3.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados foram agrupados em valores de médias e desvios padrão mediante

estatística descritiva.

A fim de verificar a normalidade dos dados que compõe as variáveis: média

de tempo de bottom turn a cada onda surfada e notas atribuídas às respectivas

ondas, adotou-se o teste de Shapiro-Wilk. Posteriormente, analisou-se o grau de

relação entre tais variáveis indicado pelo valor do “r” (coeficiente de correlação)

através da correlação linear de Pearson, adotando o nível de significância de

p < 0,05. Para o processamento desse tratamento utilizou-se o software SPSS 18.0.

O mesmo tratamento estatístico de correlação foi utilizado na mensuração da

reprodutibilidade do estudo piloto para se estabelecer a avaliação intra-observador.

Page 34: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

33

4 RESULTADOS

As tabelas a seguir apresentam os dados coletados de cada bateria

analisada. Nelas são apresentados os tempos de execução de todos os bottom

turns realizados em cada onda, bem como a média de tempo de bottom turn por

onda e as respectivas notas atribuídas pelos juízes da competição. Na forma de

gráficos, são apresentadas as correlações encontradas em cada bateria entre as

variáveis tempo de bottom turn e nota atribuída, bem como as correlações entre as

mesmas variáveis, porém, tratando-se de todas baterias analisadas.

4.1 QUARTAS DE FINAL – BATERIA 2

Tabela 1: Resultados da segunda bateria de quartas de final. Atleta A contra atleta B. Duas melhores ondas de cada atleta.

Onda 1 (A) Onda 2 (A) Onda 1 (B) Onda 2 (B)

Tempo BT 1 (s) 1.37 1.20 1.63 1.47

Tempo BT 2 (s) 1.03 1.23 1.77 1.33

Tempo BT 3 (s) 1.10 1.00 1.20 1.43

Tempo BT 4 (s) 0.87 1.23 1.30 1.23

Tempo BT 5 (s) 0.93 1.07 1.00 1.17

Tempo BT 6 (s) 1.10 1.00 0.97 1.07

Tempo BT 7 (s) 0.93 0.77 0.97

Média de tempo BT (s) 1.07 1.09 1.23 1.24

Notas ASP 6.17 6.87 8.00 8.73

Legenda: BT - Bottom Turn. (s) – segundos. A - Atleta A. B - Atleta B. Notas ASP – Notas atribuídas

pelos juízes do evento que são vinculados a ASP.

Os resultados apresentados na tabela acima (tabela 1), quartas de final de

número 2 apontam uma similaridade no número de execuções de bottom turn por

onda. No entanto, observa-se valores superiores em relação a tempo de bottom turn

por parte do atleta B, sendo que as primeiras representações por onda são as que

apresentam maiores tempos. Além disso, percebe-se que a capacidade do atleta

em manter altos tempos de bottom turn durante seu percurso contribui de forma

significativa no estabelecimento de uma alta média de tempo de bttom turn.

Através da soma das médias de tempo de bottom turn das duas ondas de

cada atleta, constatou-se que o atleta que realizou bottom turns mais duradouros

venceu o duelo:

Soma de tempo de bottom turn do atleta A: 1.07 + 1.09 = 2.16

Soma de tempo de bottom turn do atleta B: 1.23 + 1.24 = 2.47

Page 35: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

34

Figura 2: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída. Quartas de final 2

Observa-se também, segundo a figura 2, que há associação entre as duas

variáveis. Os maiores tempos de bottom turn se correlacionam com as maiores

notas. Neste caso, a correlação encontrada de 0,962 entre as variáveis tempo de

bottom turn e nota atribuída é muito alta (PESTANA & GAGEIRO, 2008).

Page 36: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

35

4.2 QUARTAS DE FINAL – BATERIA 3

Tabela 2: Resultados da terceira bateria de quartas de final. Atleta A contra atleta B. Duas melhores ondas de cada atleta.

Onda 1 (A) Onda 2 (A) Onda 1 (B) Onda 2 (B)

Tempo BT 1 (s) 1.47 0.93 1.83 1.13

Tempo BT 2 (s) 1.30 1.23 1.27 1.03

Tempo BT 3 (s) 1.30 1.20 1.00 0.90

Tempo BT 4 (s) 1.23 0.93 1.13 1.03

Tempo BT 5 (s) 1.07 1.10 0.83 1.07

Tempo BT 6 (s) 1.17 0.97 0.80 1.17

Tempo BT 7 (s) 0.87 0.93

Tempo BT 8 (s) 0.93 1.13

Tempo BT 9 (s) 1.07

Tempo BT 10 (s) 0.80

Tempo BT 11 (s) 1.17

Média de tempo BT (s) 1.26 1.02 1.14 1.04

Notas ASP 7.50 5.67 6.50 7.10

Legenda: BT - Bottom Turn. (s) – segundos. A - Atleta A. B - Atleta B. Notas ASP – Notas atribuídas pelos juízes do evento que são vinculados a ASP.

Segundo os dados expostos na tabela acima, observa-se que na primeira

onda do atleta A, além de iniciar sua onda com alto tempo de bottom turn (1,47s),

percebe-se uma alta capacidade em manter bottom turns longos no decorrer da

onda. Tal fato explica a alta média de tempo dessa manobra na onda 1 do atleta A.

Observa-se entretanto, que o inverso ocorre para a segunda onda do atleta A,

acarretando numa baixa média de tempo (1.02s).

Já na primeira onda do atleta B, observa-se que o fato de não ser capaz de

manter execuções prolongadas de bottom turn durante o percurso contribuí na

diminuição da média de tempo de bottom turn. Em contra partida, a segunda onda

do atleta B demonstra a possibilidade de se manter os tempos de bottom turn

durante a trajetória numa onda, sendo que este, diferentemente de todos os demais,

foi capaz de realizar seu melhor tempo na realização da última manobra.

Ao analisar os dados provenientes da terceira bateria das quartas de final

(tabela 2) observa-se que parte da hipótese do estudo não se concretiza. Os

resultados apontam que o atleta que obteve maiores médias de tempo de bottom

turn não foi o vencedor do confronto:

Soma de tempo de bottom turn do atleta A: 1.26 + 1.02 = 2.28

Page 37: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

36

Soma de tempo de bottom turn do atleta B: 1.14 + 1.04 = 1.18

Figura 3: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída. Quartas de final 3.

Contudo, conforme a figura 3, observa-se, segundo Pestana e Gageiro (2008)

uma moderada correlação de 0.681 entre as variáveis tempo de bottom turn e notas

atribuídas. Tal correlação pode ser explicada pelo fato de que a maior e menor nota

tiveram o maior e menor tempo de bottom turn respectivamente.

Page 38: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

37

4.3 SEMIFINAIS – BATERIA 1

Tabela 3: Resultados da primeira bateria de semifinal. Atleta A contra atleta B. Duas melhores ondas de cada atleta.

Onda 1 (A) Onda 2 (A) Onda 1 (B) Onda 2 (B)

Tempo BT 1 (s) 1.30 2.20 1.37 1.87

Tempo BT 2 (s) 1.90 1.30 1.40 1.80

Tempo BT 3 (s) 1.40 1.50 1.63 0.97

Tempo BT 4 (s) 1.30 0.97 1.53 1.00

Tempo BT 5 (s) 1.07 0.93 0.93

Tempo BT 6 (s) 0.93 0.90 1.20

Tempo BT 7 (s) 1.03

Tempo BT 8 (s) 0.87

Tempo BT 9 (s) 0.93

Média de tempo BT (s) 1.19 1.49 1.29 1.30

Notas ASP 6.93 6.93 6.70 8.27

Legenda: BT - Bottom Turn. (s) – segundos. A - Atleta A. B - Atleta B. Notas ASP – Notas atribuídas

pelos juízes do evento que são vinculados a ASP.

A primeira bateria da semifinal, representada pela tabela 3, apresenta certa

complexidade nos dados que serão mais bem discutidos no capítulo seguinte.

Contudo, observa-se valores ressaltantes na segunda onda do atleta A. Há valores

elevados e que se sustentam no decorrer das manobras. No entanto adverte-se que

houve queda da prancha por parte do atleta na seqüência do quarto bottom turn.

Nas outras ondas, observa-se também valores elevados de bottom turn, porém, com

menores médias de tempo pelo fato de haver mais reproduções dessa manobra.

Ainda de acordo com os dados da tabela 3, nota-se que os mesmos não são

condizentes com a hipótese do estudo. O atleta vencedor não realizou bottom turns

mais duradouros em comparação ao seu adversário:

Soma de tempo de bottom turn do atleta A: 1.49 + 1.19 = 2.68

Soma de tempo de bottom turn do atleta B: 1.29 + 1.30 = 2.59

Page 39: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

38

Figura 4: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída. Semifinal 1.

A correlação muito baixa, segundo Pestana e Gageiro (2008) de -0,064,

ilustrada na figura4, também não é a que se esperava segundo a hipótese do

estudo.

Page 40: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

39

4.4 SEMIFINAIS – BATERIA 2

Tabela 4: Resultados da segunda bateria de semifinal. Atleta A contra atleta B. Duas melhores ondas de cada atleta.

Onda 1 (A) Onda 2 (A) Onda 1 (B) Onda 2 (B)

Tempo BT 1 (s) 1.07 1.20 1.23 1.37

Tempo BT 2 (s) 1.10 1.37 1.67 1.67

Tempo BT 3 (s) 1.03 1.07 1.20 1.63

Tempo BT 4 (s) 0.80 1.03 1.13 1.20

Tempo BT 5 (s) 1.00 1.13 0.87 0.93

Tempo BT 6 (s) 0.90 0.60 0.80 0.90

Tempo BT 7 (s) 1.20

Média de tempo BT (s) 0.98 1.07 1.15 1.27

Notas ASP 3.93 5.90 5.33 6.83

Legenda: BT - Bottom Turn. (s) – segundos. A - Atleta A. B - Atleta B. Notas ASP – Notas atribuídas

pelos juízes do evento que são vinculados a ASP.

Na tabela acima (tabela 4), observa-se certa linearidade dos dados. Os

bottom turns realizados por onda seguem uma decrescente. Percebe-se que os

maiores tempos de bottom turn estão inseridos nas ondas com maiores médias

dessa manobra.

A tabela ainda apresenta dados que corroboram com a hipótese desse

estudo. De fato o atleta com maiores valores de tempo médio de bottom turn venceu

o confronto:

Soma de tempo de bottom turn do atleta A: 0.98 + 1.07 = 2.05

Soma de tempo de bottom turn do atleta B: 1.15 + 1.27 = 2.42

Page 41: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

40

Figura 5: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída. Semifinal 2.

Encontrou-se, segundo Pestana e Gageiro (2008) alta correlação de 0,879

entre as variáveis tempo de bottom turn e notas atribuídas, ilustrada na figura 5.

Page 42: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

41

4.5 FINAL

Tabela 5: Resultados da bateria final. Atleta A contra atleta B. Duas melhores ondas de cada atleta.

Onda 1 (A) Onda 2 (A) Onda 1 (B) Onda 2 (B)

Tempo BT 1 (s) 1.07 1.53 1.57 1.30

Tempo BT 2 (s) 1.10 1.17 1.07 1.27

Tempo BT 3 (s) 1.03 1.27 1.80 1.73

Tempo BT 4 (s) 0.90 1.57 2.07 1.27

Tempo BT 5 (s) 0.90 1.23 1.13 1.57

Tempo BT 6 (s) 1.23 1.00 0.93 0.90

Tempo BT 7 (s) 0.87 1.13 1.43

Tempo BT 8 (s) 1.07

Média de tempo BT (s) 1.04 1.23 1.39 1.32

Notas ASP 6.67 8.00 8.67 9.27

Legenda: BT - Bottom Turn. (s) – segundos. A - Atleta A. B - Atleta B. Notas ASP – Notas atribuídas

pelos juízes do evento que são vinculados a ASP.

Na bateria final do evento (tabela 5), observa-se alguns altos valores de

tempo de bottom turn por parte dos dois atletas. No entanto, a maior capacidade de

sustentação dos tempos dessa manobra por onda culminou nas maiores médias de

tempo (ondas 1 e 2 do atleta B).

A hipótese desse estudo se concretizou nesse caso. O atleta com maiores

valores de tempo médio de execução de bottom turn venceu o confronto:

Soma de tempo de bottom turn do atleta A: 1.04 + 1.23 = 2.27

Soma de tempo de bottom turn do atleta B: 1.39 + 1.32 = 2.71

Page 43: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

42

Figura 6: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída. Final.

Há, mais uma vez, correlação muito alta entre as variáveis tempo de

execução de bottom turn e notas atribuídas: 0.916

Page 44: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

43

Ao fazer uma análise correlacional a fim de verificar o grau de associação

entre as variáveis média de tempo de execução de bottom turn por onda com as

respectivas notas atribuídas em todas as baterias analisadas (figura 7), encontrou-

se uma moderada correlação de 0.653.

Figura 7: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída em todas as baterias analisadas.

Page 45: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

44

Ao excluir dessa análise a segunda onda do atleta A na primeira semifinal,

onda em que houve queda precoce da prancha por eventual erro do atleta,

percebe-se um aumento no valor da correlação (figura 8), encontrando-se assim

uma alto nível de correlação: 0.773.

Figura 8: Correlação entre tempo de bottom turn (T_BT) e nota atribuída em todas as baterias analisdas com exclusão da segunda onda do atleta A da primeira semifinal.

Percebe-se então a influência negativa que uma queda da prancha pode

exercer.

Page 46: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

45

5 DISCUSSÃO

Conforme os resultados obtidos nessa investigação, frente ao problema que

condiz que quanto mais tempo se leva na execução de bottom turns, melhores

resultados podem ser alcançados em competições de alto nível de rendimento na

modalidade “surf”, algumas considerações podem ser arrogadas.

Segundo os critérios de julgamento preestabelecidos pela entidade

responsável em gerir o surf profissional em nível mundial, a ASP, o surfista deve

executar de forma controlada as manobras mais radicais, nas seções mais críticas

da onda, com velocidade, potência e naturalidade, para maximizar o potencial de

pontuação. Entretanto, conforme tais atribuições dos critérios, não há nada que

sugira uma prestação significativa na base da onda para que se atinja a bolsa

(seção mais crítica da onda) respeitando os critérios preestabelecidos.

Provavelmente, a execução de uma curva na base da onda pouco alargada

implicará numa projeção fora desses critérios, fazendo com que o surfista se afaste

dos aspectos exigidos.

Os resultados apresentados nas tabelas 1, 4 e 5, as quais apontam que as

somas das médias de tempo de bottom turn das duas melhores ondas dos atletas

vencedores foram superiores as somas das médias de tempo de bottom turn de

seus oponentes, corroboram com parte da hipótese do estudo que sugere que os

atletas que realizam bottom turns mais duradouros em suas baterias, quando

comparados a seus oponentes, podem vencer o duelo. Deste modo, pode-se

enaltecer a relevância do tempo de percurso de bottom turn, inferindo que, em 60%

dos casos, os atletas que se atenuaram a este aspecto levaram vantagem nos

confrontos. Vale ressaltar também que os altos valores encontrados na bateria final

(tabela 5) pode ser explicado pelo fato de se tratar da final do evento, onde

naturalmente encontram-se os atletas de nível técnico mais elevado. Logo, os

atletas buscaram realizar apresentações o mais eficazes possível. Já que se infere

que só com uma prestação de alto nível seria possível vencer o oponente.

Em contra partida, as tabelas 2 e 3 apresentam dados que conflitam com os

argumentos a cima. As somas das médias de tempo de bottom turn dos atletas

derrotados foram superiores as de seus oponentes. No entanto algumas discussões

Page 47: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

46

podem ser feitas em torno dessa situação. No caso da tabela 2, quartas de final de

número 3, ressalta-se que o atleta B em sua melhor onda (onda 2) realizou 11

reproduções de bottom turn contra 6 da melhor do atleta A, concluindo-se que o

atleta B pode ter alcançado uma boa nota (7,10) pelo fato de ter sido capaz de

sustentar, por surpreendentes 11 vezes, seus tempos de bottom turn mesmo

quando a onda perdia tamanho, sendo que este foi capaz de realizar seu mais longo

bottom turn na execução de sua última manobra. Já na semifinal de número 1

(tabela 3), vale advertir que na segunda onda do atleta A, há queda da prancha na

realização da quarta manobra, fato este que influencia negativamente na atribuição

da nota, independente dos tempos de bottom turn. Já que a partir da média de

reprodução dessa manobra por onda (6,80±1,44), os quatro primeiros bottons turns

correspondem a aproximadamente a metade de execuções em uma onda,

contribuindo de forma negativa na atribuição da nota, pelo fato de o atleta deixar de

percorrer grande parte, aproximadamente metade, da extensão da onda que era

surfada.

Já em relação as correlações, observa-se que há associação entre as

variáveis tempo de bottom turn e notas atribuídas em 4 das 5 baterias estudadas

(80%). Segundo Pestana e Gageiro (2008) as figuras 2 e 6 apresentam um nível

muito alto de correlação (0,962 e 0,916 respectivamente), enquanto a figura 3

apresenta nível moderado (0,681) e a figura 5 apresenta um alto nível de

correlação (0,879). Concluindo que há um alto a muito alto nível de correlação para

60% dos casos. Tais correlações podem ser explicadas pelo fato de que quanto

mais tempo o surfista permanece num bottom turn, mais área na base da onda

pode ser percorrida, capacitando o surfista a projetar sua prancha de maneira

adequada, de tal modo que lhe permita desenvolver uma trajetória ideal que

subsidiará a manobra subseqüente e assim por diante.

No entanto, não foi encontrada correlação muito baixa para a primeira bateria

da semifinal. Neste caso, a correlação -0,064 pode ser justificada pelo fato de o

atleta A sofrer queda da prancha aproximadamente na metade do percurso que lhe

era oferecido nessa onda (onda 2), sendo que o mesmo vinha realizando bottom

turns bastante demorados. Ou seja, cair na metade de uma onda tem um maior

peso que contribui de forma negativa na atribuição da nota do que uma possível

elevação da nota por conta do tempo de execução dos bottom turns. No entanto

Page 48: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

47

pode-se perceber, com exceção da onda de queda, que houve certa relação entre

tempo de bottom turn e notas atribuídas que evidencia um aumento de nota

consoante um aumento de média de tempo de bottom turn.

A análise correlacional geral, ou seja, envolvendo todas as notas e médias de

tempo de bottom turn investigadas na presente pesquisa, demonstrou que há, de

fato associação entre as variáveis. O nível moderado de 0,653 encontrado nessa

correlação foi negativamente influenciado pela onda de queda na primeira semifinal

(onda 2 do atleta A). Nesse sentido, ao excluir tal onda dessa análise percebeu-se

um aumento no valor da correlação (figura 8), encontrando-se assim uma alto nível

de correlação de 0.773 para as variáveis estudadas.

Entretanto, vale ressaltar que a metodologia adotada no estudo tem suas

limitações. Numa modalidade onde velocidade é um dos componentes do critério

de julgamento, parece antagônico direcionar uma pesquisa que supõe que quanto

mais tempo se gasta numa determinada ação, melhor será o resultado alcançado.

Outros estudos no mesmo âmbito, porém, com adaptações metodológicas podem

ser de legitimidade considerável.

Deve-se também considerar que a reprodução desse estudo em outras

situações, outros eventos com outras características de ondas, será de grande

relevância. Uma possível aquisição de resultados semelhantes em outras ocasiões

fortaleceria a afirmação de que se obtêm melhores resultados quando se atenta a

execução de bottom turns.

Considera-se a contribuição do estudo pelo fato de colocar em prova que

uma manobra que ocasionalmente, ou equivocadamente foi considerada, segundo

Dicas e Treino Técnico (2009) algo ignorado pelos colaboradores da modalidade

pode, na realidade, ser fator contribuinte no rendimento esportivo de atletas de surf.

Entretanto, cabe advertir que a escassez de estudos científicos em torno

desta modalidade, dificultou no processo de formulação desta discussão. O fato de

não haver estudos que se relacionem com o tema em questão, impediu que se

houvessem possíveis comparações com os resultados aqui encontrados.

Page 49: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

48

6 CONCLUSÃO

Conforme os objetivos estabelecidos inicialmente no estudo que implica em

analisar a execução de bottom turns efetuados numa onda e a possível influência

que esta técnica pode exercer no resultado das baterias. Atentou-se a hipótese que

sugere que os surfistas que realizam bottoms turns mais longos e duradouros em

suas ondas, quando comparados aos seus adversários podem atingir maiores notas

nas baterias e, portanto vencer os confrontos. Por conseqüência disso pode haver

correlação entre tempo de execução de bottom turn e nota atribuída.

Os resultados apresentados dão subsídio à esta hipótese e enaltecem a

relevância do bottom turn. De acordo com as cinco baterias investigadas,

constatou-se que em 60% dos casos, os atletas que executam bottom turns mais

duradouros quando comparados aos seus oponentes vencem os confrontos.

Percebeu-se também que foi encontrada associação entre as variáveis para 4 das 5

baterias analisadas, ou seja, para 80% dos casos. Sendo que 60% das correlações

podem ser consideradas altas a muito altas (PESTANA & GAGEIRO, 2008). Por fim

ao realizar uma correlação geral, ou seja, uma correlação entre todos os tempos

médios de bottom turn com todas as notas atribuídas, encontrou-se uma moderada

correlação de 0,653, sendo que ao excluir dessa análise a onda de queda (onda 2

do atleta A na primeira semifinal) verificou-se uma alta correlação de 0,773.

Como ficou evidenciado, há associação entre as variáveis estudadas.

Podendo assim concluir que o bottom turn é um aspecto técnico fundamental na

construção de manobras subseqüentes que se adéqüem aos critérios de julgamento

do surf. É possível, de fato, obter melhores resultados quando se atenta a esse

feitio. Quanto mais tempo o surfista permanece num bottom turn, mais área na base

da onda será percorrida, capacitando o surfista a projetar sua prancha de maneira

adequada a fim de aproximar-se o máximo possível dos critérios de julgamento

preconizados pela comissão de arbitragem do surf.

Releva-se a contribuição dessa investigação em prol do surf pelo fato de

colocar em prova importância do bottom turn. O fato de haver associação entre

curva na base da onda com o rendimento demonstra que um detalhe pode fazer a

diferença nas competições de alto nível. Uma manobra que parece passar

despercebida pode estar influenciando nos resultados, nas condições de atribuição

Page 50: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

49

de notas por parte dos juízes. Nesse sentido esse estudo pode contribuir para o

desenvolvimento da performance de atletas de surf evidenciando um aspecto

técnico que deve ser levado em consideração no processo de treinamento dos

surfistas que visam o rendimento esportivo.

No entanto, a realização de novos estudos na área do surf se faz necessária

na atualidade. Numa modalidade onde se é concedido ao Brasil o posto de terceira

potência mundial, parece inconcebível a escassez de estudos científicos que

venham a colaborar com o desenvolvimento desse esporte. Sendo assim, espera-se

que aqueles que convergem com esse objetivo em comum sejam passiveis a

disseminação de seus conhecimentos, para daí então se iniciar um processo de

profissionalismo em nível de treinamento, já que só há um processo eficaz de

treinamento esportivo a partir do momento que se dispõe de ciência, pesquisas que

sejam capazes de subsidiar o treinamento do surf direcionado ao alto rendimento.

Page 51: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALDERSON, W. Surfing. A beginner’s manual. West Sussex: Fernhurst Books, 1996

ASSOCIATION OF SURFING PROFESSIONALS (Austrália). Livro de regras ASP 2009. Coolangatta: Asp, 2009. Disponível em: <http://64.78.40.159/sa_port/pdf/ASP_RULE_BOOK_2009_port.pdf>. Acesso em: 10 out. 2009.

BRASIL, Vinicius Zeilmann; RAMOS, Valmor; TERME, Antuniel Aécio. O surf como esporte moderno: uma proposta de taxonomia. Efdeprtes, Buenos Aires, n. , p.1-14, jun. 2010

CARLET, Riell; FAGUNDES, Arlindo Luis; MILISTEDT, Michel. Variáveis fisiológicas de competidores participantes do campeonato brasileiro de surf amador. Efdeprtes, Buenos Aires, n. , p.1-8, nov. 2007.

CASTELO, J et al. Metodologia do Treino Desportivo. Lisboa : Fmh Edições, 2000.

CLICRBS. Hang Loose Santa Catarina Pro 2009: Vídeos. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/wctbrasil/home,0,3816,Home.html>. Acesso em: 10 jul. 2009.

CORRÊA, Francisco Mário de Freitas et al. Perfil de aptidão física de surfistas profissionais brasileiros. In: CELAFISCS, São Paulo.

DICAS e Treino Técnico: Bottom turn. Disponível em: <http://lisboasurfschool.blogspot.com/2009/01/dicas-treino-tcnico_6693.html>. Acesso em: 14 jan. 2009.

FÉLIX, Rui. European Surfing Federation: YEARBOOK. Disponível em: <http://www.eurosurfing.org/images/stories/files/rulebook/2010_esf_rulebook_revised_may_2010.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2010.

FERRÃO, de Souza, Thiago. Regulamentação e Desenvolvimento das Escolas de Surfe no Brasil. 2003. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel) - Curso de Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

GUTTENBERG, A. A história do surfe no Brasil. São Paulo, Azul 1989.

ILHA, Thales Augusto De Santa Helena et al. Análise das concentrações de lactato e da freqüência cardíaca durante uma bateria de 20 minutos de surfe. 2004. 14 f. Especialização (Pós Graduação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

KAMPION, D. & BROWN, B. Uma história da cultura do surfe. Los Angeles: Evergreen, 1998.

Page 52: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

51

LEAL, Abinael Morais. Surf: Termos usados no Surf em geral. Disponível em: <http://www.boteco1.com/index.php?option=com_glossary&func=display&Itemid=43&catid=53>. Acesso em: 14 ago. 2006.

LIU, San Huei et al. Aspectos do treinamento desportivo de surfistas catarinenses profissionais. Efdeprtes, Buenos Aires, p. 1-7. 1 set. 2006. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/>. Acesso em: 10 out. 2009.

LOWDON, B; PATEMAN, N. Physiological Parameters os International Surfers. Australian Journal Of Sports Medicine, p. 34-39. 12 fev. 1980.

MOREIRA, Miguel. Surf: Da ciência à prática. Lisboa: Fmh Edições, 2009.

PALMEIRA, Marcus Vinícius Silva. Influência do sistema nervoso autônomo nas alterações cardiovasculares e metabólicas de surfistas profissionais. 2007. 87 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2007.

PALMEIRA, Marcus Vinícius Silva. Proposta de periodização para o treinamento físico de surfistas competidores. Salvador, 2002. Monografia apresentada à Universidade Federal da Bahia.

PALMEIRA, Marcus Vinícius; CAMPOS, Helio José Bastos Carneiro de. Periodização para o treinamento físico de surfistas competidores. Revista Baiana de Educação Física, Salvador, n. , p.23-35, jan. 2005.

PALMEIRA, Marcus Vinícius; WICHI, Rogério Brandão. Capacidades físicas utilizadas em uma bateria competitiva de surf. Integração: Ensino, Pesquisa, Extensão, São Paulo, n. , p.271-276, 11 maio 2007.

PESTANA, Maria Helena; GAGEIRO, João Nunes. Análise de dados para ciências sociais : a complementaridade do SPSS. Lisboa: Sílabo, 2008.

ROPERO, Fabio Augusto. Cronotipo do surfista profissional brasileiro. 2006. 36 f. Trabalho de Conclusão de Curso, 2006.

THOMAS, Jerry R; NELSON, Jack K; SILVERMAN, Stephen J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

VAGHETTI, César Augusto Otero et al. Características fisiológicas do surfe e treinamento físico a partir de técnicas de natação. In: simpósio nacional de educação física e ii colóquio de epistemologia do cbce, 23, 2004, Pelotas. Características fisiológicas do surfe e treinamento físico a partir de técnicas de natação. Pelotas: 2004.

VAGHETTI, César Augusto Otero; ROESLER, Helio; ANDRADE. Tempo de reação simples auditivo e visual em surfistas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, p.81-85, mar. 2007.

WARSHAW, M. The encyclopedia of surfing. Orlando: Hartcourt, Inc, 2003.

Page 53: Universidade Estadual de Londrina - fluxexperiences.com.br · rotulado como um desporto de deslize, ... multidisciplinares seguidoras dos tradicionais modelos de periodização do

52

GLOSSÁRIO

Bordo da prancha: Está relacionado com as bordas da prancha, as extremidades

laterais da mesma.

Cauda da prancha: Extremidade inferior da prancha. É nesta parte da prancha que

se apóia o pé traseiro. Também chamada de rabeta.

Fundo da prancha: Parte da prancha que está em contato com a superfície da água

durante o surf.

Longarina da prancha: Linha de madeira inserida no meio da prancha paralelo aos

bordos que vai da extremidade superior a inferior.

Quilhas da prancha: São inseridas no fundo da prancha, próximas a cauda e tem

por função dar controle a prancha.

Seção da onda: Parte da parede da onda que quebra a frente do surfista.