universidade estadual de goiÁs unidade de … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas...

29
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS FACULDADE DE LETRAS IVAN DE MENDONÇA FILHO PRECONCEITO RACIAL NO CONTEXTO DE SALA DE AULA: uma análise das práticas discursivas de professores de língua Anápolis 2009

Upload: lyxuyen

Post on 21-Jan-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS

FACULDADE DE LETRAS

IVAN DE MENDONÇA FILHO

PRECONCEITO RACIAL NO CONTEXTO DE SALA DE AULA: uma análise das

práticas discursivas de professores de língua

Anápolis

2009

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

IVAN DE MENDONÇA FILHO

PRECONCEITO RACIAL NO CONTEXTO DE SALA DE AULA: uma análise das

práticas discursivas de professores de língua

Artigo apresentado ao Curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás a fim de obtenção do grau de

licenciado em Letras – Português e Inglês pela referida

Universidade

Orientadora: Profa. Doutoranda Ivonete Bueno dos Santos

Anápolis

2009

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

RESUMO

O presente artigo objetiva analisar através do discurso de 03 (três) profissionais de língua materna e/ou

estrangeira, no ensino médio público regular brasileiro, a representação que eles têm sobre a

diversidade/preconceito racial, no contexto de sala de aula. O pressuposto teórico do trabalho é pautado pelos

estudos de Moita Lopes (2006; 2008), Munanga (1988; 2003), Brandão (1994), Maingueneau (1997), entre

outros os quais fundamentam a base teórica do presente estudo, bem como com algumas contribuições da Análise do Discurso de vertente francesa. A geração dos dados analisados neste artigo adveio de um questionário

realizado com 03 (três) professores de língua. Trata-se de uma abordagem de pesquisa de caráter qualitativo de

base dedutiva e interpretativa. O estudo revela que os professores em suas práticas discursivas apresentam um

discurso, em alguns casos voltados para a questão do preconceito, não abordando a questão da diversidade racial

em sala de aula, constata-se também que tais profissionais ainda não se encontram preparados, equipados de

conhecimentos necessários para abordarem tal assunto em sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: Diversidade. Discurso. Preconceito Racial. Práticas discursivas.

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

ABSTRACT

This article aims to analyze through the speech of 03 (three) mother/foreign tongue professionals, in

regular public high schools of Brazil, the representation they have on the racial diversity/ prejudice in the context

of the classroom. The theoretical assumption of the work is guided by studies of Moita Lopes (2006, 2008),

Munanga (1988, 2003), Brandão (1994), Maingueneau (1997), among others which underlie the theoretical basis

of this study, as well as some contributions of discourse analysis of the French side. The generation of data analyzed in this article has come from a questionnaire conducted with 03 (three) language teachers. This is an

approach to qualitative study of deductive and interpretive basis. The study reveals that teachers in their

discursive practices present a speech, in some cases facing the issue of prejudice, not addressing the issue of

racial diversity in the classroom, there is also that these professionals are not yet prepared, equipped knowledge

needed to talk to this subject in the classroom.

KEY-WORDS: Diversity. Discourse. Racial Prejudice. Discursive Practices.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

FOLHA DE APROVAÇÃO

Título: PRECONCEITO RACIAL NO CONTEXTO DE SALA DE AULA: uma análise das

práticas discursivas de professores de língua

Acadêmico: Ivan de Mendonça Filho

Data: Anápolis, ____ de _________________ de 2009.

Profa. Ms. Ivonete Bueno dos Santos

Professora Orientadora

Profa. Ms. Eliane Anderi

Professora convidada

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

“Ninguém nasce odiando outra

pessoa pela cor de sua pele, ou por

sua origem, ou sua religião. Para

odiar, as pessoas precisam

aprender, e se elas aprendem a

odiar, podem ser ensinadas a

amar, pois o amor chega mais

naturalmente ao coração humano

do que seu oposto.”

(Nelson Mandela)

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 07

1 UM BREVE PERCURSO SOBRE OS FATOS E FUNDAMENTOS

HISTÓRICOS DO PERÍODO ESCRAVOCRATA NO BRASIL.........................

08

1.1 Contexto histórico da escravidão............................................................................

08

1.2 Influência do período escravocrata na atualidade................................................... 10

2 O QUE É PRECONCEITO RACIAL?..................................................................

10

2.1 Conceituações e terminologias acerca do preconceito (racial)...............................

11

3 RACISMO NA INSTITUIÇÃO ESCOLA............................................................

13

3.1 O papel da escola no combate à discriminação racial.............................................

13

3.2 O discurso do professor frente ao tema do preconceito racial................................

14

4 ANÁLISE DO DISCURSO DOS DOCENTES FRENTE AO TEMA DA

DIVERSIDADE/PRECONCEITO RACIAL...........................................................

16

4.1 Metodologia de pesquisa.........................................................................................

16

4.2 Apresentação e Análise dos dados constituídos...................................................... 17

4.3 Questão 02............................................................................................................... 17

4.4 Questão 04............................................................................................................... 19

4.5 Questões 07 e 08.....................................................................................................

20

5 TENTANDO CONCLUIR......................................................................................

22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................

23

ANEXOS......................................................................................................................

26

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

2

INTRODUÇÃO

Abrigamos uma multidão de preconceitos se não

nos decidimos a duvidar, alguma vez, de todas as

coisas em que encontremos a menor suspeita de incerteza. (René Descartes)

Vive-se, na atualidade, em um mundo, onde questões identitárias não deveriam ser

mais motivos para a promoção de atitudes de cunho discriminatório, contudo observa-se que o

que realmente ocorre é o inverso. Na qual, situações de atos discriminatórios, pelos diferentes

fatores vêem ocorrendo cada vez mais em nossa sociedade e com maior frequência. As

batalhas levantadas por práticas identitárias mostram a complexidade das relações sociais em

uma “modernidade líquida” (BAUMAN, 2003) em que a vinculação entre identidade e

diferenças/diversidades, entre similitude e alteridade estabelecem ações políticas. Assim,

nota-se que é de fundamental importância que os condutores1 dos diferentes contextos sociais

existentes na sociedade moderna promovam debates voltados para temas sociais tais como, a

diversidade e o preconceito racial, para que assim haja maior esclarecimento por parte desta

sociedade.

Dessa forma, considerando o professor como um condutor discursivo, por possuir um

discurso que tem relevância social para o âmbito escolar, o presente artigo almeja investigar

as práticas discursivas2 de três profissionais educadores do ensino médio regular brasileiro,

mais especificamente do professor de língua materna/estrangeira do 3º ano, acerca da temática

da diversidade racial, em sala de aula. Por considerar que “as salas de aula de língua,

diferentemente dos outros tipos de salas de aulas, constituem espaços sociais caracterizados, (...) por

processos de construções dos significados, no sentido de que o que se faz, essencialmente, nesses

contextos é aprender a usar a linguagem para agir no mundo social.” (MOITA LOPES, 2006, p. 199)

Com isso, a presente pesquisa objetiva investigar através do discurso destes

professores, a representação3 que eles têm sobre a diversidade/preconceito racial, bem como,

1 Considera-se que o condutor discursivo seja o sujeito que transmite um discurso, pois a palavra (discurso) é

dirigida a um interlocutor. (MOITA LOPES, 2006) 2 Conforme demonstrado por Maingueneau (1997) o conceito de prática discursiva envolve dois elementos: o de

formação discursiva e o de comunidade discursiva, em linhas gerais tal expressão remonta a idéia foucaultiniana

de que a prática discursiva é um sistema instaurador do enunciado como acontecimento.

3 O conceito de representação é direcionado em diferentes vertentes do campo das ciências, tem-se no presente

artigo a delimitação do conceito ao considerar que a representação é “toda atividade de um indivíduo que se

passa num período caracterizado por sua presença contínua diante de um grupo particular de observadores e que

tem sobre estes alguma influência” (GOFFMAN, 1999 apud FELICE FILHO, 2007).

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

3

analisar a forma pela qual este professor aborda o conhecimento da diversidade racial, em

suas práticas discursivas, na sala de aula e, observar se os profissionais de língua adotam os

postulados da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para abordagem do tema estudado. Tem-se tal

fato, por considerar que em decorrência dos aspectos históricos da sociedade brasileira, em

relação à escravidão, esta acarretou ao longo do tempo, a criação de estereótipos frente à

figura do negro, ocasionando assim, as situações de cunho discriminatório. E sendo a escola

uma nítida representação da sociedade, percebe-se que promovendo uma análise das práticas

discursivas dos condutores deste contexto social, ou seja, os professores, é possível obter uma

visão da ocorrência do tema da diversidade/preconceito racial, na sociedade de modo geral.

O desenvolvimento da pesquisa dar-se-á através do arcabouço teórico, de determinada

área da lingüística, através de alguns conceitos advindos da Análise do Discurso em sua linha

francesa (doravante, AD), bem como para algumas áreas que são relevantes para o tema

proposto, tais como: a sociologia e a antropologia. Adota-se uma abordagem qualitativa de

cunho interpretativo e de caráter etnográfico, em que foram realizados questionários com os

sujeitos envolvidos na pesquisa. Através da análise dos dados constituídos, juntamente com a

teoria estudada, tentaremos demonstrar a forma pela qual estes professores propagam os seus

discursos frente ao tema estudado, para que assim possamos constatar a ocorrência ou não de

um “discurso discriminatório”, no contexto escolar.

1 UM BREVE PERCURSO SOBRE OS FATOS E FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

DO PERÍODO ESCRAVOCRATA NO BRASIL

1.1 Contexto histórico da escravidão

Através da história, tem-se demonstrado que desde os primórdios a sociedade

brasileira viveu por diferentes períodos de segregação racial. Períodos estes, que tiveram

início com o processo colonizatório aqui existente, o qual se principiou com os indígenas que

habitam a região inicialmente colonizada no país, contudo por aspectos culturais, não se

viabilizou a continuidade da manipulação social que os índios sofriam, recorrendo-se assim,

para os habitantes do continente africano.

A justificativa utilizada pelos colonizadores para a prática do ato de captura dos

africanos, conforme demonstra Munanga (1988) se deu em razão da procura de mão-de-obra

barata, em virtude da descoberta de novas terras e, bem como, por a África possuir aspectos

sociais e culturais diversos do continente europeu, sendo que o africano possuía condições

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

4

sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente

europeu. E como o continente africano vivia um período conflituoso, ocasionando guerras e,

tendo a Europa a necessidade de demanda de mão-de-obra barata, iniciou-se assim, o período

de captura escravocrata e, muitas vezes, até mesmo de acordos firmados entre os governos de

países europeus e africanos para a entrega dos negros (DIÉGUES JÚNIOR, 1980).

Além deste caráter econômico e político dado como justificativa pelos colonizadores

europeus, há também o aspecto impregnado na mentalidade social de “supremacia branca”,

que também foi uma das justificativas apresentadas para o processo escravocrata ocasionado

no mundo. A idéia de superioridade que os brancos (europeus) possuíam formou-se através da

junção do pensamento de diferentes contextos, como por exemplo, o âmbito científico,

religioso e político da época, ou seja, meados do século XV. Pode-se comprovar tal idéia

através do discurso apresentado pelo antropólogo Kabengele Munanga ao mostrar que os

europeus da época acreditavam em uma nivelação humana, a qual tinha-se que:

Em um nível pouco mais alto que o índio vem o negro, vivendo ora no

primeiro grau de estupidez, ora no segundo, ou seja, planejando as coisas

pela metade, não formando uma sociedade estável, olhando os astros com admiração e celebrando algumas festas sazonais na aparição de certas

estrelas. Evidentemente, no topo desta escala evolutiva vem o branco

europeu. (1988, p. 18).

Assim, tem-se que os europeus acreditavam desde os primórdios que eram

“superiores” as outras culturas, dentre os diversos fatores, destaca-se que essa superioridade

que acreditavam possuir era em decorrência do caráter civilizatório que possuíam,

demonstrando mediante tal fator que até mesmo os índios eram inferiores aos negros. Diante

do processo de escravização do negro, deu-se início, consequentemente, a desvalorização não

somente da pessoa, mas de tudo o que estava relacionado com ela, como sua língua, crença,

comportamento; sua cultura negra de modo geral. Ocasionando assim, a tentativa do

“embranquecimento do negro” (MUNANGA, 1988, p. 27). Tentativa esta, que ocasionou

conflitos sócio-existenciais na população negra deste país, a qual teve a cultura de seus

ancestrais africanos, largamente devastada, em razão da influência branca. Sendo que esta

pode ser demonstrada de modo direto, através do controle que o branco exercia sobre o negro,

principalmente na época colonozatória, com algumas nuances de domínio na atualidade,

ainda. Bem como, de forma indireta, em decorrência da influência branca nos diferentes

contextos sociais vivenciados pelo negro.

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

5

1.2 Influência do período escravocrata na atualidade

Como é notório na sociedade brasileira, a escravidão ocasionada no país, por

aproximadamente 04 (quatro) séculos de história, trouxe consideráveis consequências para a

imagem do negro, estabelecendo assim, uma dicotomia de visão social, em que a sociedade

possui dos negros e estes daquela. Podendo ser afirmado, a consequente aparição de

malefícios na questão identitária do negro neste país. Sendo que como principal malefício faz-

se necessário destacar a discriminação pela questão racial que a população negra ainda sofre

no Brasil.

Em decorrência desta prejudicialidade que a escravidão trouxe para a sociedade e

principalmente para o negro, constantemente vê-se a promoção de ações sociais positivadas

para uma tentativa do combate à discriminação racial. Como exemplo de tais ações é possível

citar algumas políticas públicas, como a criação do Projeto de Cotas Raciais em Universidade

Públicas e criação de ONG´s específicas para a discussão deste tema. Contudo, como ação

positivada para o combate da discriminação racial destaca-se, com notoriedade, a criação de

uma Lei específica para o combate ao racismo, demonstrando a lesividade da conduta

discriminatória. A Lei nº 7.716/1989, também denominado de Lei Anti-Racismo, foi e

continua sendo aliada à promoção do combate a discriminação por questões raciais, conforme

é demonstrado pelo artigo 1º da referida Lei, que foi alterado pela redação da Lei nº 9.459/97,

que trata que os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,

religião, serão punidos, conforme os aspectos legais.

Através da criação de legislação específica para tratar desta questão, de discriminação

racial, tentou-se diminuir a incidência de atos segregadistas, contudo mesmo sendo a

igualdade um princípio social básico e, constante na Constituição Federal de 1988, em seu

artigo 5º, ao demonstrar que todos são iguais perante a lei, independentemente de qualquer

distinção. Diferença essa, que pode ser interpretada como a de cunho racial, sexual (gênero),

religioso e entre outras. Ainda, observa-se na sociedade brasileira constantes atos de

discriminação racial, nos diferentes âmbitos sociais vivenciados por uma pessoa, tais como o

familiar, religioso, empregatício, escolar e dentre outros.

2 O QUE É PRECONCEITO RACIAL?

O medo é um preconceito dos nervos. E um

preconceito, desfaz-se – basta simples reflexão. (Machado de Assis)

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

6

2.1 Conceituações e terminologias acerca do preconceito (racial)

A idéia de diversidade, largamente difundida na sociedade atual, pauta-se no ideal da

diferença, o qual demonstra a luta pelos movimentos sociais em ter os direitos das minorias

(mulheres, deficientes físicos, homossexuais, negros, entre outros) assegurados. Entretanto,

mesmo o Brasil sendo um país com vasta pluralidade étnica (MENEZES, 2002), ainda é

fortemente marcado pelos constantes atos discriminatórios praticados. Discriminação essa,

fundamentada pela questão étnica e racial. Para se entender a questão do preconceito faz-se

necessário compreender algumas terminologias que englobam tal assunto, tais como, a

diferenciação entre o conceito de raça e etnia. Tal compreensão é necessária para se assimilar

a ocorrência da questão do preconceito e, assim, tentar promover uma explicação para esta

ação. Carneiro (1998, p.15) afirma que:

Etnia é referente a étnico, conceito que engloba a idéia de nação, povo e

raça: diz respeito a um grupo físico, com traços físicos e culturais comuns, cujos membros se identificam como grupo, ou seja, sentem que pertencem a

um mesmo grupo.

Através deste conceito, compreende-se que o termo etnia engloba o termo raça, que,

segundo Wieviorka (2007), baseia-se em traços hereditários. Participando desta mesma idéia,

Rassi et al (2004) especificam o termo raça delimitando-se ao aspecto biológico, não estando

relacionados os aspectos sócio-culturais. Demonstrando que para a espécie humana a

classificação mais comum, se baseia em três tipos de raças: a negra, a amarela e a branca.

Em uma linha antropológica dos estudos da raça e etnia, o pesquisador Diégues Júnior

(1980) apresentou outros tipos étnicos (raciais) existentes no Brasil, que se formaram em

decorrência da miscigenação existente no país, tais como o mulato (procedente da etnia

branca e negra), o crioulo (procedente da etnia negra e negra) e o pardo (procedente do

cruzamento secundário entre mulato e mulato, na qual tem-se a predominância da cor morena

– tendendo à escura).4

4 Em decorrência da gama de conceitos e definições acerca da diferença de raça e etnia, o presente artigo

delimitou ao que, majoritariamente, é aplicado pelos teóricos da área no sentido de que o conteúdo de raça é

morfo-biológico e o e etnia é sócio-cultural. Contudo, em decorrência de movimentos contemporâneos observa-

se que tais conceitos se interligam com considerável frequência. Demonstrando que a pratica do racismo não

ocorre somente pelo aspecto biológico (raça), mas sim, pelo aspecto sócio-cultural (etnia), conforme fora

demonstrado por Munanga (2003).

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

7

A partir do entendimento dos referidos termos é possível estabelecer uma

compreensão acerca do termo preconceito:

O preconceito está pautado em um forte componente emocional que faz com

que os sujeitos se distanciem da razão. O afeto que se liga ao preconceito é

uma fé irracional, algo vivido como crença, com poucas possibilidades de

modificação. O preconceito difere do juízo provisório, já que este último é passível de reformulação quando os fatos objetivos demonstram sua

incoerência, enquanto os preconceitos permanecem inalterados, mesmo após

comprovações contrárias (HELLER apud MENEZES, 2002, online).

Por meio deste conceito, tem-se que o sentimento de preconceito (o que se exterioriza

através de ações discriminatórias), se estabelece não somente por uma conceituação

previamente formulada por um sujeito em decorrência de outro. No aspecto do preconceito

racial, em decorrência de um sujeito negro - ou mesmo, um sujeito miscigenado

(ROSENFELD, 1993), tal sentimento discriminatório se inicia, também, através de um

estigma que o negro leva consigo, conforme demonstra Menezes, (2002):

Os sujeitos que possuem tal crença constroem conceitos próprios, marcados

por estereótipos, que são os fios condutores para a disseminação do

preconceito, pois se encontram em consonância com os interesses do grupo dominante, que utiliza seus aparelhos ideológicos para difundir a imagem

depreciativa do negro. (...) Esses estereótipos dão origem ao estigma que

vem sinalizar suspeita, ódio e intolerância dirigidos a determinado grupo, inviabilizando a sua inclusão social.

Esses estereótipos que são construídos em torno da pessoa do negro, fazem com que

mesmo sofra a exteriorização do sentimento de preconceito, que é o ato discriminatório. A

discriminação pautada em torno da raça (racismo) “possui algumas nuances no modo como é

praticada nos diferentes âmbitos sociais” (WIEVIORKA, 2007, p. 30), contudo é baseada em

um mesmo princípio, a idealização de superioridade da raça branca em relação à raça negra.

E esse ideal de superioridade que foi largamente propagado no imaginário social, em

muitos casos, faz com que haja a negação do próprio negro pela sua cultura, em decorrência

da tentativa de (des) culturalização, que o branco faz sobre a pessoa do negro e este aceita

passivamente tal ato, conforme é demonstrado por Rosenfeld (1993), que de modo geral, o

individuo negro em um âmbito social predominantemente branco, para ser aceito, se torna

branco. Ou seja, passa a ter um comportamento sócio-cultural (étnico) assemelhado ao do

branco, sendo assim, considerado, também, como uma pessoa de raça branca.

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

8

3 RACISMO NA INSTITUIÇÃO ESCOLA

3.1 O papel da escola no combate à discriminação racial

O ser humano, como um ser social, está inserido em diferentes âmbitos da sociedade.

Considera-se que o primeiro contato social que uma pessoa tem é o seu contexto familiar e, a

partir de tal campo social é que se inicia a construção e a participação nos mais diversos

âmbitos. Tais como: o contexto religioso, o empregatício, o escolar e entre outros. Sendo que

cada âmbito social possui determina função que se interligam, formando assim o pensamento

social que o homem possui. Dentre todos os âmbitos sociais, destaca-se como o de relevância

o escolar, por ser este o ambiente considerado como uma superestrutura, onde sua formação

se dá com base em outras composições sociais. E a partir de tal organização, vê-se que a

escola foi estruturada para funções sociais (MENEZES, 2002).

Tem-se também que a instituição escolar é uma representação do mundo exteriorizado,

ou seja, a sociedade de modo geral. Considera-se que a escola seja uma reprodução da

sociedade, por se ter em um mesmo local, pessoas de diferentes culturas, raças, religiões, de

diferentes ideologias e, que até certo ponto, são de modo coercitivo, sujeitas a viverem

naquele âmbito social conjuntamente.

Desta forma, observa-se que a instituição escolar, na figura de seus representantes,

possui o papel de disseminar o caráter social do ensino, ou seja, abordar temas de cunho

social durante o processo de aprendizagem de seus participantes, pois conforme demonstrou

Moita Lopes (2006, p. 37), ao ressaltar a importância da instituição escola na formação

(educacional e comportamental) de uma pessoa:

Considerando a relevância da escola na vida dos indivíduos, ainda que, por

nenhuma outra razão, pelo menos em termos da quantidade de tempo que

passam/passaram na escola, pode-se argumentar que as práticas discursivas nesse contexto desempenham um papel importante no desenvolvimento de

sua conscientização sobre suas identidades e a dos outros.

Comprovando assim, que a escola ajuda a construir a identidade5 da pessoa que a

integra, fazendo com que se tenha a promoção dos aspectos igualitários ou, o inverso,

aumente o caráter da discriminação; dependendo de como é passado para os participantes

5 Entende-se por identidade as características que marcam o indivíduo como único e distinto, podendo ser

especificamente conceituada de identidade pessoal. Em outro pólo, tem-se o conceito de identidade social, a qual

envolve o tipo de interação apoiado em categorias sociais e agrupamentos de pessoas, destacando aquilo que

temos em comum com outros de posições sociais semelhantes. (KLEIMAN, 2006)

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

9

desta estrutura social o discurso da diversidade. Demonstrando com isso, a importância do

discurso empregado pelo professor, ou mesmo pelos dirigentes escolares, na tentativa de

promoção da não-discriminação.

No entanto, percebe-se que a sociedade brasileira está consolidada em aspectos de

discriminação racial. Consequentemente, tal situação se reflete no âmbito escolar, conforme é

notório em pesquisas do gênero (RASSI et al , 2004), ao demonstrarem que o preconceito

racial que ocorre no âmbito escolar é em decorrência de estigmas internalizados em outros

contextos sociais, principalmente o familiar. Assim, é possível perceber nestas pesquisas, que

a discriminação racial inicia-se desde as séries iniciais e estende-se em todo o percurso

escolar do aluno.

Mediante isto, vê-se que além de ajudar na construção de uma identidade de

conscientização pela não discriminação, a escola ainda traz consigo o papel de combater “as

identidades discriminatórias” que poderiam ter sido construídas nos outros contextos sociais,

evidenciando assim, que o processo de construção identitária “é resultado de um processo

dialético entre o que é de caráter individual e cultural, uma produção sócio-histórica, um

processo criado e recriado continuamente. É pelo olhar do outro que me constituo como

sujeito” (MENEZES, 2002).

Contudo, o sujeito, enquanto um ser que vive e permanece em sociedade, tem suas

identidades construídas através do modo a que se vinculam a um discurso, podendo ser seu

próprio discurso e o dos outros. Sendo um ser multi-identitário (MOITA LOPES, 2006).

A escola, como uma representação social relevante e, por a discriminação racial ser

um fato constatado em tal ambiente, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação no Brasil,

em seu artigo 3º, inciso IV, faz menção a questão da diversidade em sala de aula ao

demonstrar que o ensino deve ser ministrado pautando-se no princípio da igualdade, do

respeito à liberdade e com apreço à tolerância. Colocando então, a instituição escolar, na

figura de seus representantes, principalmente o professor, como o disseminador, do princípio

da equidade no contexto escolar.

3.2 O discurso do professor frente ao tema do preconceito racial

O âmbito escolar, conforme é configurado em grande parte da sociedade brasileira

possui um método tradicional, sob o qual se dá destaque à figura do professor, ou seja, o

regente do ensino. Desta forma, tem-se que este possui “domínio discursivo” frente aos seus

interlocutores. Pois, conforme é demonstrado por Foucault apud Brandão (1994, p. 37) o

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

10

discurso é o espaço em que saber e poder se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a

partir de um direito reconhecido institucionalmente. Esse discurso, que passa por verdadeiro,

que veicula saber, é gerador de poder.

Assim, AD em sua linha francesa de estudo (a qual é o fundamento teórico –

linguístico do presente artigo), considera que o discurso se dá de forma institucional, o qual

segundo Foucault (1969, p. 146), “é um conjunto de enunciados que se remetem a uma

mesma formação discursiva (FD)”, sendo que essa FD possui regras próprias, as quais

constituíram, assim, o discurso.

Em tal linha de pensamento, Brandão (1994, p. 44) demonstra o “discurso escolar” ao

retratar que:

(...) no interior de uma instituição escolar há “o lugar” do diretor, do

professor, do aluno, cada um marcado por propriedade diferenciais. No

discurso, as relações entre esses lugares, objetivamente definíveis, acham-se

representadas por uma série de “formações imaginárias” que designam o lugar que destinador e destinatário atribuem si mesmo e ao outro (...).

Demonstrando que o professor, como destinador e condutor do discurso, possui

marcante relevância na transmissão de seu discurso ao seu destinatário, por este agregar o

“valor verdade” ao que seu emissor do discurso institucional lhe transmite.

Conforme conceitua Maingueneau (1997, p.13), “(...) a AD relaciona-se com textos

produzidos: nos quais se cristalizam conflitos históricos, sociais, etc.;” assim, constata-se que

o discurso, mas especificamente, da diversidade racial, é cristalizado em nossa sociedade

brasileira através de práticas discursivas focalizadas na negatividade, ou seja, constantemente

vê-se o negro como um ser inferiorizado. Sendo que essa inferiorização se dá através da

formação discursiva do sujeito do discurso, que na pesquisa em tela, este sujeito é o professor.

Ao conceituar formação discursiva, demonstra Maingueaneu (1997, p. 14) “que é um

conjunto e regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço que

definiram em uma época dada, e para uma área social, (...)”, mostrando assim que o discurso

do sujeito se forma através de diferentes contextos, como o histórico e sociológico, entre

outros. Assim, levando em consideração a idéia do socioconstrucionismo adotada por

Foucault, o qual considera o discurso como uma construção social, tendo a escola

fundamental importância nesta construção (MOITA LOPES, 2006, p. 31).

Com isso, tem-se que o profissional educador, através de sua prática discursiva, possui

o potencial de ajudar a construir os ideais sociais, de igualdade e tolerância às diversidades,

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

11

especialmente a racial, por possuir a representatividade necessária, no âmbito social em que

faz parte, para tal ação.

4 ANÁLISE DO DISCURSO DOS DOCENTES FRENTE AO TEMA DA

DIVERSIDADE/PRECONCEITO RACIAL

4.1 Metodologia de pesquisa

O professor, visto como, um emissor discursivo no âmbito social o qual possui

relevância, ou seja, o ambiente escolar, é um sujeito capaz de ajudar na construção identitária

dos receptores de seu discurso (MOITA LOPES, 2006) – os alunos. Assim, observa-se a

importância de analisar o discurso do profissional educador frente ao tema da diversidade,

especificando-se para a questão da diversidade racial, pois conforme fora demonstrado por

Moita Lopes (2006, p. 197-198):

As pessoas ocupam, assim, posições diferentes nas construções do discurso a partir de como estão situadas nas práticas discursivas. Desse modo, nessas

práticas em sala de aula, por exemplo, os participantes estão posicionados de

formas diferentes no exercício do poder, o que possibilita ao professor a determinação dos tópicos interacionais (...) tendo suas identidades sociais

construídas (...).

Tem-se assim, que o professor possui a função de mediação na construção da

identidade social do receptor de seu discurso, para aquele contexto social específico, a sala de

aula. Desta forma, observa-se que o profissional educador é capaz de promover, através de

seu discurso, uma política racial igualitária, ajudando assim a disseminar a consciência de

igualdade racial nos diferentes contextos sociais dos receptores de seu discurso.

Desta forma, sendo este o objeto de estudo do presente artigo (a análise do discurso do

professor acerca do tema da diversidade racial), o qual pautou-se em uma pesquisa de cunho

dedutivo interpretativo, assumindo um caráter etnográfico, caracterizando-se, quanto a sua

metodologia, de forma qualitativa, em que se utilizaram aspectos dos estudos

fenomenológicos para a compreensão dos significados ou fenômenos estudados, tomando por

base a análise das práticas discursivas do professor.

Os participantes deste estudo foram os profissionais da área de língua materna e/ou

estrangeira do 3º (terceiro) Ano do Ensino Médio regular brasileiro, de três escolas públicas

da cidade de Anápolis-GO, delimitando-se ao número de 03 (três) participantes.

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

12

Os procedimentos adotados para a obtenção dos dados ocorreram através de uma

observação inicial da prática docente dos participantes; realização de um questionário

composto com 10 (dez) questões, as quais foram respondidas por estes. Quanto aos

procedimentos metodológicos, estes basearem-se na revisão bibliográfica de literatura

relacionada com a temática pesquisada; a efetivação da constituição de dados mediante a

utilização dos procedimentos, sistematização e a análise dos dados.

4.2 Apresentação e Análise dos dados constituídos

Os questionários da presente pesquisa foram realizados em três momentos distintos,

em decorrência de se ter três participantes pesquisados, sendo estes participantes aqui

denominados por (P1) professor 01; (P2) professor 02 e (P3) professor 03. O P1 é do sexo

masculino, com faixa etária aproximada de 20 anos e leciona a disciplina de língua inglesa no

3º ano do ensino médio há aproximadamente 06 (seis) meses. A P2 é do sexo feminino, com

faixa etária dos 30 anos e leciona há 07 (sete) anos a disciplina de língua portuguesa para o 3º

ano do ensino médio. E a P3 é do sexo feminino, com faixa etária de 40 anos, lecionando há

06 (seis) anos a disciplina de língua inglesa para o 3º ano do ensino médio.

Ressalta-se que o foco do questionário é a análise da prática discursiva frente à

temática da diversidade racial, para que assim fosse possível a análise do discurso do

profissional educador de língua materna/estrangeira acerca da temática alvo. Desta forma,

dentre as 10 (dez) questões contidas no questionário, apresentaremos a análise de 04 (quatro)

que se pressupõem relevantes para a análise de acordo com os objetivos propostos para este

estudo.

Assim, vejamos as respostas dadas as quatro questões selecionadas do questionário

realizado.

4.3 Questão 02: O que você entende por diversidade social? Justifique.

P1: A gama de fatores sócio-histórico-culturais e religiosos que compõem um indivíduo e,

juntos esses fatores ao indivíduo; este (após sua “formação”) é único e, ao mesmo tempo,

procura ajustar-se à sociedade. Isso compõe a diversidade social - as diferenças entre

indivíduos ou grupos sociais.

P2: Entendo que são diferenças existentes entre as classes sociais: econômica, raça, sexo,

credo, escolaridade, etc. É toda essa heterogeneidade que penso ser inevitável e que

infelizmente nunca acabará.

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

13

P3: É a presença de várias raças; culturas e classes sociais em uma mesma realidade.

Nos depoimentos acima é possível perceber a consonância de representação dos

professores com o conceito de diversidade adotado, o qual remonta, em um âmbito geral, a

idéia básica de diferença, neste sentido, tem-se que a diversidade social remete-se as

diferenças existentes em uma mesma sociedade (PINTO, 1999). Diferenças essas, que

englobam os mais variados campos sociais, como o contexto religioso, escolar, econômico,

cultural, entre outros. Assim, estabelecendo um paralelo entre a idéia de diversidade social,

que é basicamente, a imagem de diferenças presentes na sociedade, observa-se que as

respostas dos 03 (três) participantes da pesquisa estão em conformidade, em alguns pontos,

com o pensamento apresentado, acerca de diversidade social, pois mediante os discursos

apresentados, tem-se que a diversidade é um fator de diferença existente na sociedade.

Contudo, percebem-se distinções terminológicas utilizadas entre eles, nas referidas respostas.

Tal fato ocorre entre as práticas discursivas apresentadas pela P2 e pela P3. Ambas as

professoras utilizam do termo “classe social”, mas com sentido e efeito diversos. A P2

utilizou tal expressão de modo global, ou seja, abrangeu na referida expressão, as diferentes

formas de diversidade existentes em uma sociedade. Já a P3, de modo diverso, utilizou a

expressão “classe social”, especificamente, remontando somente à questão econômica.

Ressalta-se, ainda, para a resposta apresentada da P2 ao fazer uso dos léxicos

“inevitável” e “infelizmente”. Deve-se destacar tal fato, pois com a afirmação apresentada

evidencia-se que a professora apresenta um juízo de valor referente ao tema da diversidade.

Sendo que sua resposta apresentou uma certa dubiedade, conforme a passagem: “É toda essa

heterogeneidade que penso ser inevitável e que infelizmente nunca acabará”, no sentido de

que a diversidade, ao mesmo tempo em que é algo benéfico, como um aspecto de

heterogeneidade social, é algo maléfico e por isso não terá fim. Através de tal análise, tem-se

que a P2 remeteu a sua resposta para a questão do preconceito e, não somente da diversidade.

E através disto, percebe-se que a mesma possui um discurso o qual tem a visão do estereótipo

da não mutabilidade dos atos discriminatórios.

Assim, “discurso transmitido contém em si, como parte da visão de mundo que

vincula, um sistema de valores, isto é, estereótipos dos comportamento humanos que são

valorizados positiva ou negativamente. Ele veicula os tabus comportamentais” (FIORIN.

2003, p. 55). Desta forma, tem-se que a P2 ao apresentar tal discurso de não-mutabilidade do

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

14

preconceito, vê-se que esta tem um estereótipo que a sociedade anteriormente colocou acerca

da questão da diversidade/preconceito.

Contudo, sendo o professor um “propagador discursivo” no âmbito social que possui

relevância (a escola), este deve constantemente, apresentar um discurso focado na

heterogeneidade, ou seja, focado na diversidade, acreditando na mutabilidade dos atos

discriminatórios, pois o professor como sujeito que contribui na formação indeditária do

outro, conforme demonstrado por Moita Lopes (2006. p. 198), que “o discurso tem papel

central como força mediadora dos processos de construção de nossas identidades sociais, já

que o que somos é construído a partir do papel que representamos um para o outro por meio

da palavra”. Assim, observa-se a importância da figura do professor nesse processo

identitário.

4.4 Questão 04: Qual a sua opinião sobre o preconceito racial?

P1: Creio que a questão “preconceito racial” instala-se de fato, na questão relação de poder

e não em questões raciais, como parece-nos. Ps. Atualmente.

P2: É algo ruim mas que está presente na cabeça de muitas pessoas ainda e que vai ser

mudado lentamente.

P3: Ele é real, existe! Infelizmente.

Analisando a respostas, acima identificadas, dos professores, observa-se que o P1 está

em consonância com o pensamento do antropólogo Anatol Rosenfeld (1993), ao acreditar que

o preconceito racial no Brasil, não ocorre, unicamente, pela questão “cor/ raça” do indivíduo,

mas principalmente pela questão econômica, que foi citada como “relação de poder” pelo

professor. Percebe-se tal fato através da afirmação feita pelo referido teórico ao retratar que

“preconceitos de classe e cor são ligados de forma praticamente inseparável”. Tal

consonância, não se faz presente em relação às respostas das professoras P2 e P3, pois

mediante a afirmação de ambas, não foi citada a questão econômica e, bem como, observa-se

que ao utilizarem os termos “lentamente” (P2) e “infelizmente” (P3) há a empregabilidade de

um discurso negativista e, que mediante tais afirmações evidencia-se a consolidação de

aspectos raciais discriminatórios, bem como pela falta de preparo educacional dos

profissionais da atualidade para abordarem o presente assunto (diversidade racial) no contexto

escolar, conforme fora demonstrado por Menezes (2002, online):

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

15

É possível observar que há uma falta de intervenção por parte dos educadores em tal problemática. Alguns fatores que estariam implicados em

tais questões seriam: (...) falta de preparo dos professores para lidar com a

questão racial em sala de aula, desencadeando a difusão da discriminação

racial.

Demonstrando dessa forma, que pela falta de preparo dos profissionais educadores da

atualidade para tratarem do referido tema em sala de aula, há certa passividade em relação à

questão da diversidade/preconceito. A qual, pela falta de preparo há a aceitabilidade, em

muitos casos, da prática racista no contexto de sala de aula.

4.5 Questão 07: Enquanto profissional a área de educação, o que fez, ou faria, para

contornar uma situação discriminatória entre os alunos em sala de aula?

P1: Teria um diálogo franco com os dois sujeitos e lhes proporia a realização de um trabalho

– com essa temática – que mobilizasse a sala de aula através de reflexão. Seria uma idéia,

mas aposto no diálogo como a arma mais forte que um tem em mãos.

P2: Todo ano trabalho o dia Mundial da Consciência Negra. Trabalho filme, artigos que

abordam o tema e constantemente abordo o assunto durante as aulas.

P3: Eu tentaria conversar com meus alunos e explicaria que na verdade não exige ninguém

melhor ou pior. Todos nós temos limitações e qualidades.

Questão 08: Você acha que o professor (a) deve abordar esta temática em sala de aula

com seus alunos? Se sim, como seria?

P1: Sim. Com textos, discussões, debates, filmes, reflexões. Isso dependeria do alunado em

questão e outros fatores como as condições da escola e posições dos autores.

P2: Obviamente. A escola ainda é o melhor lugar para se mostrar que o preconceito é um

mal que devemos combater sempre.

P3: Sim. Através de diálogos com os alunos; leitura de textos que abordem o assunto,

seguidas de debates.

Reportando-se para as afirmações apresentadas pelos professores de língua em ambas

as questões acima referidas, é possível promover um paralelo entre estas e o pensamento

socioconstrucionista da Análise do Discurso (MOITA LOPES, 2006), pois através das

práticas discursivas dos referidos profissionais percebe-se que todos focaram-na para o

“diálogo”, como uma forma de combate ou modo de se tratar o tema da

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

16

diversidade/preconceito racial em sala de aula. O socioconstrucionismo da AD pauta-se no

ideal, conforme apresentado por Moita Lopes (2006, p.196), de que “tanto o discurso como as

identidades sociais são construídas socialmente”, demonstrando que através do diálogo,

conforme fora afirmado por, P1, P2 e P3, é possível que o professor ajude a construir a

identidade de seu aluno. Identidade essa pautada em uma máxima pela não discriminação,

mediante a propagação de seu discurso.

Ressalta-se o depoimento dado pela P2, na questão 08, ao mencionar a escola como

melhor lugar para se trabalhar o combate ao preconceito. Através de tal afirmação observa-se

a concordância do pensamento da referida professora com Moita Lopes (2008, p. 125), por

este demonstrar que:

A escola é uma agência importante na constituição de quem somos e seus

discursos podem legitimar outras narrativas para a vida social menos

limitadas/aprisionadas e mais criativas para nossas histórias e orientadas por

um sentido de justiça social.

Portanto, constata-se a importância da escola na formação identitária do sujeito, em

decorrência de ser a escola um dos primeiros contatos sociais que o indivíduo tem, sendo que

tal contexto, na maioria das vezes, permanece por vários anos da vida deste mesmo sujeito. E

também por ser a escola uma representação nítida da sociedade de modo geral, pois, como

mencionado anteriormente, a sala aula tem-se a presença de diferentes culturas, raças,

ideologias.

Embora percebe-se que os participantes em suas respostas anteriores apresentem-se

despreparados e em situação de passividade para abordagem do tema estudado. Conclui-se

que, nestas últimas duas questões apresentadas, eles apresentam contradições discursivas em

relação às outras declarações apresentadas, bem como, trazem colocações evidenciando que a

instituição escolar é uma representação da sociedade, a sala de aula também é um ambiente

em que se têm práticas de discriminação, conforme fora demonstrado por Munanga (1988,

p.14) ao retratar que todos os preconceitos e discriminações que permeiam a sociedade

brasileira são encontrados na escola, cujo papel deve ser o de preparar futuros cidadãos para a

diversidade, lutando contra todo o tipo de preconceito. Com isso, tem-se que a escola, na

figura do profissional educador possui a função de propagar um discurso pela não-

discriminação, pois ao se abordar este tema em sala de aula, o sujeito aluno, será capaz de

(re)transmiti-lo nos outros contextos sociais que faça parte.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

17

As contradições discursivas apresentadas nas práticas discursivas dos professores

ressaltam mais uma vez as lacunas formativas existentes na constituição do sujeito professor,

pois conforme eles relatam, a escola é o lugar de tratar deste tema, mas nas declarações

anteriores eles demonstram passividade e dificuldades em abordar a questão da

diversidade/preconceito racial em sala de aula, desse modo, confirmam a falta de preparo e

conhecimento para discussão, com vista ao combate de atos discriminatórios.

5 TENTANDO CONCLUIR...

Por considerar que o tema deste artigo ainda necessita de vasta pesquisa na área das

ciências humanas, este é o motivo que se intitulou a parte final deste estudo, como uma

tentativa de concluir, desvencilhando de uma conduta tradicional que se é feita ao se

enveredar à conclusão de um trabalho.

Através dos dados de pesquisa constituídos e analisados é possível constatar que os

professores, participantes deste estudo, possuem um discurso dicotômico relacionado com o

tema da diversidade racial, no sentido de que estes consideram a diversidade como um fator

positivo para a sala de aula, no âmbito da heterogeneidade, como diferença, contudo tem-se a

prevalência em seu discurso do aspecto negativista desta, por considerar que em consequência

de tal diversidade tem-se a ocorrência dos atos discriminatórios, ou seja, o preconceito.

Assim, é possível perceber através das práticas discursivas destes profissionais, um discurso

de cunho negativo, demonstrando com isso, a carga valorativa que os referidos profissionais

transmitem aos seus receptores discursivos, para aquele âmbito social, ou seja, os seus alunos.

E, aqueles transmitindo um discurso negativista, pela não-mutabilidade dos atos

discriminatórios, fazem com que receptores de tal discurso sejam influenciados, pois a sala de

aula, na figura do professor, exerce influência na definição de como aprendemos a nos

representar e representar o outro, conforme demonstrado por Moita Lopes (2006).

Há ainda, o fato de que mesmo a LDB, que em seus postulados, aconselha que a

educação seja um processo baseado no princípio da equidade, o qual deve-se respeitar a

liberdade, bem como a diferença, percebe-se a não aplicabilidade deste respeito à diversidade

ao observar nos discursos dos sujeitos pesquisados situações de passividade as práticas

discriminatórias já ocorridas no seu contexto de sala de aula, bem como pela questão do não-

conhecimento que estes profissionais apresentaram para abordar e tratar de tal assunto com os

alunos.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

18

Contudo, o não-conhecimento adequado dos professores para tratarem da questão do

preconceito racial em sala de aula, pode ser visto como um aspecto de inércia dos diferentes

contextos sociais, mas, em destaque do contexto escolar em seus diferentes níveis.

Ressaltando, para o âmbito acadêmico, nos cursos de formação de professores, ou seja, os

cursos de licenciaturas, os quais não dão uma formação adequada aos seus participantes para

abordarem tal assunto em sua prática profissional, conforme fora mencionado por Menezes

(2002).

Mediante os fatos apresentados e estudados, é possível, então, concluir que a questão

do preconceito racial, no contexto de sala de aula, pode e deve ser discutido, por meio de um

discurso voltado para a diversidade, entendendo esta, como diferença e, não voltado para o

preconceito. E, um aspecto que pode ajudar em tal combate de atos raciais discriminatórios, e

consonância com o pensamento de Gomes (2007), é a atuação governamental para inserir no

âmbito escolar projetos político-pedagógicos de questões de cunho racial, para que assim,

possa ter tais projetos como eixos das práticas pedagógicas e assim, incluí-las no currículo

escolar.

A princípio, acredita-se que uma reforma no currículo e também das práticas deva ser

levada a sério o quanto antes. Seria necessário um trabalho com os professores e é nesse ponto

que concordamos com Clandinim & Connelly (1990), quando dizem que só é possível

imaginar reforma no currículo da escola através da reforma no currículo para a

educação/formação dos professores, no espaço institucional que proporciona discussões

verticalizadas a respeito das diferenças presentes. Acredita-se que esse tipo de ação

promoverá um conhecimento de si e do outro em prol da reconstrução das relações raciais

desgastadas pelas diferenças ou divergências étnicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 2003.

BRANDÃO, H. H. N. Introdução à análise do discurso. Campinas – SP: Ed. Unicamp, 1994.

BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF: Senado

Federal, 1998.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

19

______. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional. Diário Oficial da União, Brasília-DF, 24 dez. 1996.

CARNEIRO, M. L. L. O racismo na História do Brasil. São Paulo: Ática, 1998.

CONNELLY, M. F. & CALNDININ, D. J. Stories of experience and narrative inquiry:

Educational Research, v. 19, n. 5, 2-14. 1990.

DIÉGUES JÚNIOR, M. Etnias e culturas no Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército,

1980.

FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2003.

FELICE FILHO, R. H. O professor e suas representações: como sua imagem é vista no

cotidiano da sala de aula. 2007. Disponível em

http://biblioteca.unisantos.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=94. Acesso em 20 out.

2009.

FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 1969

GOMES, N. L. Diversidade étnico-racial e Educação no contexto brasileiro: algumas

reflexões. In: GOMES, N. L. (org.) Um olhar além das fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica,

2007.

KLEIMAN, A. B. A construção de identidades em sala de aula: um enfoque interacional. In:

SIGNORINI, I. (org.) Língua(gem) e identidade. Campinas: Mercado das Letras, 2001.

MAINGUENEAU, D. Novas Tendências em Análise do Discurso. Campinas – SP: Pontes, 3ª

ed. 1997.

MENEZES, V. O preconceito racial e suas repercussões na instituição escola. 2002.

Disponível em http://www.fundaj.gov.br/tpd/147.html. Acesso em 12 maio 2009.

MOITA LOPES, L. P. Identidades fragmentadas: A construção discursiva de raça, gênero e

sexualidade em sala de aula. Campinas-SP. Mercado das letras, 2006.

_________. Sexualidades em sala de aula: discurso, desejo e teoria queer. In: CANDAU, V.

M. & MOREIRA, A. F. (orgs.) Multiculturalismo: diferenças culturais e Práticas

pedagógicas. São Paulo: Vozes, 2008.

MUNANGA, K. Negritude: usos e costumes. São Paulo: Ática, 1988.

_________. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia.

2003. Disponível em http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/09abordagem.pdf Acesso

em 15 set. 2009.

PINTO, R. P. Diferenças étnico-raciais e formação de professores, 1999. Disponível em

http://www.scielo.br/pdf/cp/n108/a09n108.pdf Acesso em 10 set. 2009.

RASSI, S. T. et al. O Brasil também é negro. Goiânia: Ed. UCG, 2004.

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

20

ROSENFELD, A. Negro, macumba e futebol. São Paulo: Perspectiva, 1993.

WIEVIORKA, M. O racismo, uma introdução. São Paulo: Perspectiva, 2007.

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

21

ANEXOS

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

22

Questionário para pesquisa. Pesquisador: Ivan de Mendonça Filho6

O presente questionário tem cunho, exclusivamente, científico. Com fundamento na

confecção de um artigo científico7 para o Curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás.

As informações aqui obtidas serão analisadas, não se empregando juízo de valores, nem a

divulgação de quem as responderam8.

1- Há quanto tempo você leciona para o 3º Ano do Ensino Médio?

________________________________________________________________________

2- O que você entende por diversidade social? Justifique.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3- Dentre os tipos de diversidades existentes, quais você conhece? (Cite no mínimo 03).

E dentre estes qual você considera de maior relevância social para ser discutida? Por

quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4- Qual a sua opinião sobre o preconceito racial?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5- Você já presenciou algum tipo de preconceito racial em sala de aula? Como foi?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6- Em alguma situação de sua vida você percebeu que teve algum tipo de preconceito

racial?

6 Aluno do 4º ano de Letras – Port. Inglês da UEG; 7 Confecção de Artigo Científico como requisito da disciplina de TCC; 8 Não é necessário que o questionário contenha o nome de quem o respondeu

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE … · diferenças/diversidades, ... sócio-históricas e econômicas que eram consideravelmente inferiores as do continente europeu

23

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

7- Enquanto profissional da área de educação, o que fez, ou faria, para contornar uma

situação discriminatória entre os alunos em sala de aula?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

8- Você acha que o professor (a) deve abordar esta temática em sala de aula com seus

alunos? Se sim, como seria?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

9- Qual a sua opinião a respeito das cotas para os negros (as) na universidade?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

10 - De qual raça/cor você se classifica?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________