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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL CLAUDIO DE CARVALHO SANTOS FILHO REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O CONTROLE DE QUALIDADE DE CONCRETO DE ACORDO COM AS NORMAS BRASILEIRAS PARA EDIFICAÇÕES FEIRA DE SANTANA 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

CLAUDIO DE CARVALHO SANTOS FILHO

REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O CONTROLE DE QUALIDADE

DE CONCRETO DE ACORDO COM AS NORMAS BRASILEIRAS PARA

EDIFICAÇÕES

FEIRA DE SANTANA

2012

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ii

Claudio de Carvalho Santos Filho

REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O CONTROLE DE QUALIDADE

DE CONCRETO DE ACORDO COM AS NORMAS BRASILEIRAS PARA

EDIFICAÇÕES

FEIRA DE SANTANA

2012

Monografia apresentada ao Departamento

de Tecnologia da UEFS, como requisito

para aprovação na matéria Projeto Final II.

Orientador: Antônio da Silva Freitas

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iii

Claudio de Carvalho Santos Filho

CONTROLE DE QUALIDADE DE CONCRETO DE ACORDO COM AS

NORMAS BRASILEIRAS PARA EDIFICAÇÕES

Apresentado em 12 de Março de 2012

Monografia apresentada ao Departamento

de Tecnologia da UEFS, como requisito

para aprovação na matéria Projeto Final II.

Orientador: Antônio da Silva Freitas

BANCA EXAMINADORA

________________________________

Antônio Freitas da Silva Filho

Mestre em Engenharia Civil

________________________________

Eduardo Antônio Lima Costa

Mestre em Engenharia Civil

________________________________

Elvio Antonino Guimarães

Mestre em Engenharia Civil

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iv

RESUMO

O consumo brasileiro per capita, em 2009, foi de 2,14 tonelada por

habitante/ano de concreto; já no mundo, 3,34 toneladas por habitante/ano.

Conforme constatação da Revista Abril (2009) e outras. Em consumo de

material só perde para a água, e nenhum outro material artificial é mais

consumido do que o concreto.

Fazendo uma análise histórica, observa-se, na década de 1980, que o

principal critério para a avaliação da qualidade de um concreto era a resistência

à compressão. Atualmente, as preocupações quanto à duração do concreto

tomaram dimensões maiores, tão importantes quanto a resistência à

compressão (METHA e AITCIN apud JUCÁ, 2001).

Ainda na sociedade contemporânea, são observadas obras que não

fazem esse procedimento, ocasionando a má execução do material e, por

consequência, danos à estrutura. Nichos, brocas e segregação são resultados

do não seguimento das instruções previstas pelas normas técnicas vigentes.

Concomitantemente às construções no Brasil, as obras de recuperação

de estruturas também cresceram. Elas caracterizam-se pela dificuldade de

execução e pelo alto custo (COSTA e CAMARGOS, 2011).

Após estudos e análises das normas técnicas e dos livros sobre o tema

defendido, constatou-se procedimentos vitais à garantia de um procedimento

avaliativo do concreto e seus elementos constituintes. Sendo, portanto, alvo de

explanação, de forma simplificada, os limites aceitáveis, ensaios e parâmetros

descritos em norma para o recebimento, produção e execução.

Portanto, tendo em vista o trabalho monográfico realizado tornou-se

evidente que o estudo e a análise sobre o concreto e seus elementos

constituintes são de vital importância.

Palavras-chave: concreto, controle, qualidade, construção, recuperação.

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v

ABSTRACT

Brazilian consumption per capita in 2009 was 2.14 ton per inhabitant /

year of concrete already in the world, 3.34 tons per capita / year. As verification

of the journal in April (2009) and others. In material consumption loses only to

water, and no other artificial material is consumed more than the concrete.

Making a historical analysis, it is observed, in the 1980s, the main

criterion for assessing the quality of concrete was the resistance to

compression. Currently, concerns about the duration of the concrete took larger

dimensions, as important as the compressive strength (Mehta and AITCIN apud

Joey, 2001).

Still in contemporary society, are works that are not observed this

procedure, leading to poor execution of the material and, consequently, damage

to the structure. Niches, drills and segregation are the result of not following the

instructions provided by the current technical standards.

Concurrently to the buildings in Brazil, the recovery work structures also

increased. They are characterized by the difficulty of implementation and high

cost (and CAMARGOS COSTA, 2011).

After studies and analyzes of technical requirements and books on the

subject argued, it was found procedures vital to ensuring an evaluation

procedure of the concrete and its constituents. Thus, as the subject of

explanation, in simplified form, the acceptable limits, testing and parameters

described in standards for receiving, production and execution.

Therefore, in view of the monographic work done has become evident

that the study and analysis of the concrete and its constituents are of vital

importance.

Keywords: concrete, control, quality, construction, rehabilitation.

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1 - Lei de Sitter ........................................................................ 12

Figura 2-1 – Dependência entre a resistência e a relação água/cimento

(NEVILLE, 1997) .............................................................................................. 22

Figura 2-2 – Mistura de concreto em betoneira (LIMA, 2010) ................ 24

Figura 2-3 – Relação entre permeabilidade e a relação água/cimento

(NEVILLE, 1997) .............................................................................................. 26

Figura 2-4 – Equipamento para rompimento de corpo-de-prova de

concreto (CLÁUDIO, 20121) ............................................................................ 27

Figura 3-1 – Procedimentos para execução do ensaio de abatimento do

tronco de cone (ROYER, 2004) ........................................................................ 32

Figura 3-2 – Equipamento para realização do ensaio do tronco de cone

(CLÁUDIO, 2012) ............................................................................................. 33

Figura 3-3 – Obtenção do resultado do ensaio do abatimento do tronco

de cone (CADERNO DA CONSTRUÇÃO, 2009) ............................................. 34

Figura 3-4 – Equipamento para o ensaio de ar incorporado (JUSTMIX,

2010) ................................................................................................................ 35

Figura 3-5 – Equipamentos utilizados para executar o ensaio de

peneiramento (CLÁUDIO, 2012) ...................................................................... 39

Figura 3-6 – Aparelho de Vicat, utilizado para aferir o tempo de pega do

concreto (CLÁUDIO, 2012) .............................................................................. 40

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vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1 – Composição do cimento em função do tipo ...................... 15

Tabela 2-2 – Parâmetros químicos, físicos e mecânicos para os tipos de

cimento ............................................................................................................. 17

Tabela 2-3 – Grupo I de resistência ....................................................... 20

Tabela 2-4 – Grupo II de resistência ...................................................... 20

Tabela 2-5 - Comparativo dos parâmetros de dosagem do concreto em

função do estado .............................................................................................. 29

Tabela 2-6 – Classe de agressividade ambiental .................................. 30

Tabela 2-7 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade

do concreto....................................................................................................... 31

Tabela 2-8 – Correlação entre as condições de exposição e parametros

aceitaveis ......................................................................................................... 31

Tabela 3-1 – Limites aceitáveis de retenção nas peneiras para

agregados miúdos ............................................................................................ 41

Tabela 3-2 – Limites aceitáveis de retenção nas peneiras para

agregados graúdos .......................................................................................... 43

Tabela 4-1 – Desvio-padrão em função da condição de preparo .......... 49

Tabela 4-2 – Limites duperiores para a formação de lotes de concreto 51

Tabela 4-3 – Valores de Ѱ6 ................................................................... 52

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viii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 9

1.1 Justificativa ................................................................................ 11

2 OBJETIVOS ..................................................................................... 13

2.1 Objetivo Geral ........................................................................... 13

2.2 Objetivos Específicos ................................................................ 13

2.3 Metodologia ............................................................................... 14

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 15

3.1 Materiais Constituintes do Concreto .......................................... 15

3.2 Concreto Hidráulico ................................................................... 19

3.3 Propriedades do Concreto Fresco ............................................. 22

3.4 Propriedades do Concreto Endurecido...................................... 24

3.5 Dosagem ................................................................................... 27

4 PROCEDIMENTOS EXIGIDOS PARA RECEBIMENTO ................. 32

4.1 Concreto .................................................................................... 32

4.2 Cimento ..................................................................................... 39

4.3 Agregados ................................................................................. 40

4.4 Água .......................................................................................... 44

4.5 Aditivos ...................................................................................... 44

5 DETERMINAÇÕES DA NBR 12655 ................................................ 45

5.1 Responsabilidades .................................................................... 45

5.2 Requisitos .................................................................................. 46

5.3 Ensaios de Controle de Aceitação ............................................ 50

5.4 Controle Estatístico do Concreto ............................................... 52

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 53 7 REFERÊNCIAS ............................................................................... 54

ANEXOS ................................................................................................ 57

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1 INTRODUÇÃO

É de grande importância, em princípio, analisar os dados colhidos em

reportagens de diversos sites oficiais e de revistas de grande renome, a fim de

compreender a real necessidade de aprofundamento sobre o tema proposto.

No ano de 2009, conforme informações colhidas do site Cimento.org

(2010), o consumo mundial de concreto vem aumentando desde a década de

90, alcançando no Brasil a margem de 409,74 milhões de toneladas. De outro

lado, a sua produção foi além de 22,57 bilhões de toneladas.

Comparando com o crescimento populacional, o planeta chegou à marca

de 6,8 bilhões de habitantes; no Brasil 191,5 milhões. São os dados trazidos a

público pela revista Abril (2009) e pelo IBGE (2009).

Torna-se notável que a média estabelecida é de aproximadamente 3,34

toneladas por habitante/ano, a nível global; já no país, esse número chega a

2,14 toneladas. Conclui-se, então, que o concreto é o material artificial mais

utilizado, dentre os demais, perdendo, apenas, para a água (MEHTA, 1994).

Tendo em vista o cenário apresentado, não pode a sociedade, muito

menos a engenharia, deixar de pontuar o grande prestígio do referido insumo.

De modo que passa a ser fundamental o estudo aprofundado e detalhado

sobre a temática, a fim de diminuir os possíveis erros com o seu manuseio e,

consequentemente, evitar catástrofes nas edificações.

Frente a essa real e iminente necessidade, contudo, ainda é possível

vislumbrar na maioria das obras que apenas é realizado o ensaio de

compressão, no máximo, o ensaio de abatimento do tronco de cone nas obras,

resumindo todo o controle de qualidade do concreto.

Então, não é observado o estudo de traço nem outros ensaios que a

norma técnica exige. Com isso o concreto tende a não cumprir com as

especificações de qualidade exigidas, uma vez que não são respeitadas as

proporções dos elementos constituintes indicadas pelo engenheiro

responsável.

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Outro fator de relevância é a falta de preparo dos operários que lidam

diretamente com o concreto. A falta de conhecimento específico implica, em

regra, ao uso desproporcional da relação água/cimento e do uso de cimento.

Até a década de 1980, o principal critério para avaliação de um concreto,

presumidamente de bom desempenho, era a resistência à compressão

(METHA e AITCIN apud JUCÁ, 2001). Entretanto, em virtude de inúmeras

manifestações patológicas houve a necessidade de uma revisão profunda nos

conceitos de durabilidade e no desempenho dos materiais usados na

construção. Atualmente, sabe-se que referidos elementos são fatores

primordiais para a conformidade do material com a qualidade.

Desta forma, torna-se vital a compreensão da NBR 14931: Execução de

estruturas de concreto – Procedimento de 2004, cujo teor elenca duas

modalidades de preparo: pelo executante da obra ou pela empresa de serviço

de concretagem.

Aprofundando as particularidades para utilização do material, a NBR

14931 também prevê que a especificação do concreto deve levar em

consideração todas as propriedades requeridas em projeto, em especial quanto

à resistência característica. Caso a modalidade do preparo seja pelo

executante da obra, o responsável será o engenheiro residente pelo

atendimento desses parâmetros.

A NBR 12655: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e

recebimento – Procedimento de 2006, prevê os principais parâmetros a serem

atendidos para garantir a durabilidade da estrutura e seus respectivos ensaios.

Os quais são fundamentais para saber se o concreto atende às especificações

previstas para o projeto.

Reiterando a importância do controle de qualidade do concreto, Juliana

Nakamura (2006) afirma que somente com o controle de qualidade a

implantação de concretos de alto desempenho (CAD) é possível, pois, lidando

com elevadas resistências à compressão do concreto, o erro deve ser mínimo.

Logo, o controle gera maior confiança e isso resulta em um gasto mais

controlado de materiais na construção, principalmente, do cimento.

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1.1 JUSTIFICATIVA

Devido à demanda de crédito e o mercado ascendente, observa-se

muitas obras em toda extensão nacional. O Brasil se tornou um país que

constrói cada dia mais e com isso possui um elevado consumo de concreto,

conforme tem sido noticiado pelo site do jornal O Globo (2010).

Nas grandes cidades é comum a presença de gruas e andaimes,

demonstrando esses índices da construção civil. Porém, com o aquecimento do

mercado, outro ponto é observado: as recuperações de estrutura se tornaram

mais frequentes e os gastos com esse tipo de obra também.

Diversas notícias sobre colapsos estruturais e degradações aceleradas

das construções passaram a ser habituais. Esses dois fenômenos são

resultado da falta de controle mais apurado da qualidade da produção por parte

dos construtores, comprometendo a durabilidade do concreto. (COSTA e

CAMARGOS, 2011).

Obras de recuperação de estruturas são caracterizadas pela dificuldade

de execução e pelo alto custo. Sem a devida preocupação com a durabilidade

do concreto durante seu processo de dosagem, as chances de patologias

decorrentes da precariedade do material são altas, e, inevitavelmente, haverá

gastos com a recuperação (COSTA e CAMARGOS, 2011).

De acordo com a lei de Sitter, o custo de intervenção do projeto cresce

exponencialmente em função da etapa deste empreendimento, conforme

Figura 1-1. Logo, mudanças que são feitas antes da construção geram custos

bem menores do que após a entrega da obra.

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12

Figura 1-1 - Lei de Sitter

Observa-se, ainda, em algumas obras, a falta de rigorisidade no

manuseio do concreto, comprometendo sua qualidade. As normas técnicas

visam criar padrões que devem ser seguidos, a fim de propiciar um material

mais durável, causando, assim, a diminuição nos índices de obras que

necessitam de recuperação e reforço estrutural.

A escolha por esse tema se justifica pela falta de um controle mais

apurado de alguns construtores quanto à qualidade do concreto. Uma vez

atentado a relevância deste tema, serão postos em prática os procedimentos

necessários para o controle da qualidade do concreto, inexoravelmente, a

redução dos gastos com recuperação de estruturas.

1 2 3 4

1

2

3

4

Durante o Projeto

Durante a Execução

Durante a Manutenção Preventiva

Durante a Manutenção Corretiva

50

25

0

Tempo Decorrido

Lei de Sitter

Custo da In

tervençã

o 125

100

75

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

• Fazer uma revisão bibliográfica sobre os procedimentos necessários

para a implantação do controle de qualidade do concreto segundo os

parâmetros das normas brasileiras para edificações.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Descrever os principais procedimentos técnicos;

• Apresentar os requisitos necessários para o controle, o preparo e o

recebimento do concreto;

• Demonstrar os principais ensaios utilizados no controle de qualidade do

concreto.

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1.3 METODOLOGIA

Este trabalho é uma revisão bibliográfica sobre as normas brasileiras de

controle de qualidade do concreto, perfazendo uma análise dessa técnica

desde a década de 90 até os dias atuais. Para a sua confecção foram

analisadas normas técnicas, livros e artigos do tema que mostram os requisitos

necessários para a preparação, recebimento e controle do concreto e dos seus

elementos constituintes.

Tendo como base a NBR 12654: Controle tecnológico de materiais

constituintes do concreto de 1992, e a NBR 12655: Concreto: Preparo, controle

e recebimento de 2006, foram descritos todos os procedimentos exigidos para

o recebimento e o preparo do concreto e seus elementos constituintes.

Para este trabalho foi abordado o preparo de concreto tanto para a

modalidade de concreto executado in loco como em central dosadora.

A fim de conferir maior especificidade, este trabalho foi focado no ensaio

de rompimento de corpos-de-prova como parâmetro principal para controle do

concreto e garantia da resistência mecânica.

Para obter um resultado encadeado e com melhor disposição foi feito um

resumo das principais normas técnicas, apresentando de forma simplificada as

exigências.

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15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 MATERIAIS CONSTITUINTES DO CONCRETO

2.1.1 Cimento Portland

O cimento Portland é o principal aglomerante hidráulico utilizado

atualmente para a produção de concreto estrutural. É produzido pela moagem

do clínquer, esta sendo uma mistura não homogênea de vários minerais

produzidos em reações a alta temperatura (GIAMMUSSO, 1992; MEHTA,

1994).

A composição do cimento pode variar conforme a especificação do

mesmo, ver Tabela 2-1, (NBR 8953: Concreto para fins estruturais –

Classificação pela massa especifica, por grupos de resistência e consistência,

2011).

Tabela 2-1 – Composição do cimento em função do tipo

(NBR 8953, 2011)

Cimento Tipo

Clínquer +

Gesso

(%)

Escória

siderúrgica

(%)

Material

pozolânico

(%)

Calcário

(%)

CP I Comum 100 - - -

CP I - S Comum 95 - 99 1 - 5 1 - 5 1 - 5

CP II - E Composto 56 - 94 6 - 34 - 0 - 10

CP II - Z Composto 76 - 94 - 6 - 14 1 - 10

CP II - F Composto 90 - 94 - - 6 - 10

CP III Alto-forno 25 - 65 35 - 70 - 0 - 5

CP IV Pozolânico 45 - 85 - 15 - 50 1 - 5

CP V - ARI

Alta

resistencia

inicial

95 - 100 - - 2 - 5

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16

O gesso obrigatoriamente deve ser adicionado ao cimento, na

proporcional não superior do que 5% da massa do clínquer, pois ele exerce a

função de estender o tempo de pega cujo tempo seria apenas de alguns

segundos, caso não houvesse sua adição (LAFARGE, [2000?]; MEHTA, 1994).

A escória siderúrgica é um subproduto de alto-forno do ferro gussa.

Possui propriedade de ligante hidráulico desenvolvendo características

aglomerantes de forma semelhante ao clínquer. (GIAMMUSSO, 1992;

LAFARGE, [2000?]).

As pozolanas são constituídas de diversos materiais na sua maior parte

por sílica não cristalizada, a qual reage com a cal liberada pela hidratação do

clínquer formando compostos com propriedades cimentantes, garantindo maior

compacidade. Sua característica consiste em ser resistente a certos agente

agressivos (GIAMMUSSO, 1992; MEHTA, 1994).

Na Tabela 2-2 estão classificados as exigências normativas e os limites

para cada tipo de cimento indicando qual norma trata do assunto específico.

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17

Tabela 2-2 – Parâmetros químicos, físicos e mecânicos para os tipos de cimento

(ABCP, 2003)

NBR 5733

CP II - E CP II - Z CP II - F CP V

Residuo Insoluvel (RI) NM 15 ≤ 2,5 ≤ 16,0 ≤ 2,5 ≤ 1,0

Perda ao Fogo (PF) NM 18 ≤ 4,5

Óxido de Magnésio (MgO) NM 14 ≤ 6,5

Anidrido Sulfúrico (SO3) NM 16 ≤ 1,0

Dioxido de Carbono (CO2) NM 20 ≤ 3,5 p/ C3A ≤ 8%

Pega - tempo de inicio (h) ≥ 1

Pega - tempo de fim (h) ≤ 10

Expansibilidade a quente (mm) ≤ 5,0

Expansibilidade a frio (mm) ≤ 5,0

Teor de Mat. Carbonatico (%) 0 - 10 0 - 10 6 - 10 ≤ 5,0

Teor de Escória (%) 5754 6 - 34 - - -

Teor de Mat. Pozolânico (%) NM 22 - 6 - 14 - -

Teor de Mat. (poz + esc + carb) (%) - - - -

Teor de Enxofre - sulfetos (%) NM 19 -

CLASSE 25 40 25 32 40 25 32 40 25 32

Finura - residuos na peneira 75 µm (%) 11579 ≤ 10,0 ≤ 6,0

Finura - area especifica (m²/Kg) NM 76 ≥ 240 ≥ 280 ≥ 240 ≥ 260 ≥ 280 ≥ 300

Resistência a compressão ≥ 14 (1 dia)

3 dias ≥ 8 ≥ 15 ≥ 8 ≥ 10 ≥ 15 ≥ 8 ≥ 10 ≥ 15 ≥ 8 ≥ 10 ≥ 24

7 dias ≥ 15 ≥ 25 ≥ 15 ≥ 20 ≥ 25 ≥ 15 ≥ 20 ≥ 25 ≥ 15 ≥ 20 ≥ 32

28 dias ≥ 25 ≥ 40 ≥ 25 ≥ 32 ≥ 40 ≥ 25 ≥ 32 ≥ 40 ≥ 25 ≥ 32 -

91 dias - - - - - ≥ 32 ≥ 40 ≥ 48 ≥ 32 ≥ 40 -

NBR 5735 NBR 5736

CP III CP IV

DETERMINAÇÕES QUIMICAS (%)

ESPECIFICAÇÕES NBRNBR 5732

CP I CP I - S

NBR 11578

≤ 1,0

≤ 2,0

≤ 5,0

≤ 4,5

≤ 6,5

≤ 5,0

EXIGÊNCIAS FÍSICAS E MECÂNICAS

NM 65

11582

7215

≤ 4,0

≤ 1,0 ≤ 3,0

≥ 1

≤ 10 ≤ 10

≥ 20

≥ 32

-

-

32

≥ 260

≥ 10

≤ 5,0

-

-

-

0 ≤ 5,0

≤ 6,5

≤ 6,5

≤ 4,0

≤ 5,0

≥ 1

≤ 1,5

≤ 4,5

-

≤ 4,0

≤ 3,0

≤ 5,0

≤ 5,0

-

≤ 12,0

≥ 1

≤ 10

≤ 5,0

≤ 5,0

-

≥ 1

≤ 10

≤ 5,0

≤ 5,0

-

35 - 70

-

≤ 4,5

≤ 6,5

≤ 4,0

≤ 3,0

-

-

-

-

-

-

-

≤ 1,0

≤ 8,0≤ 8,0

-

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18

2.1.2 Agregado

Os agregados utilizados para o concreto devem ser compostos por

grãos de minerais duros, compactos, estáveis, duráveis e limpos. Estes

materiais são resultantes da britagem de rochas ou areias naturais e compõem

certa de 60% a 80% do volume de concreto (GIAMMUSSO, 1992; MEHTA,

1994; NBR 7211: Agregados para concreto – Especificação, 2009).

Uma das principais funções dos agregados é de servir como material de

enchimento e quanto maior a quantidade de agregado no concreto mais

econômico tende a ser (MEHTA, 1994).

Os agregados são diferenciados em miúdos ou graúdos, a depender da

abertura da malha. Os primeiros são grãos que passam pela peneira com

abertura de 4,75 mm. Já os últimos, são os que passam pela abertura de

malha de 75 mm e ficam retidos na peneira - malha de 4,75 mm (NBR 7211,

2009).

2.1.3 Material Fino Passante

Material fino passante é todo material que passa pela peneira 75 µm por

lavagem, sendo considerado uma substância deletéria, já que quando presente

no concreto pode prejudicar a trabalhabilidade, a pega, o endurecimento e as

características de durabilidade do concreto. Argilas, materiais que se

dispersam na lavagem e materiais solúveis não são considerados como

material fino passante. (MEHTA, 1994; NM 46: Agregados – Determinação do

material fino que passa através da peneira 75 µm, por lavagem, 2003)

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19

2.1.4 Aditivos

Os aditivos são produtos químicos que adicionados ao concreto podem

evidenciar características não comuns ou, até mesmo, a melhora das

características normais do concreto. (NEVILLE, 1997)

A NBR 11768: Aditivos para concreto de cimento Portland de 2011

classifica os aditivos pelos tipos, sendo eles:

• Tipo P: Plastificantes

• Tipo R: Retardadores

• Tipo A: Aceleradores

• Tipo PR: Plastificante e retardadores

• Tipo PA: Plastificantes aceleradores

• Tipo IAR: Incorporador de ar

• Tipo SP: Superplastificantes

• Tipo SPR: Superplastificantes retardadores

• Tipo SPA: Superplastificantes acelerador

Existem aditivos tanto no estado sólido quanto no líquido. Este último é o

mais comum, posto que é diluído em água, sendo posteriormente adicionado

ao concreto. (NEVILLE, 1997)

2.2 CONCRETO HIDRÁULICO

2.2.1 Classes do Concreto

Os concretos utilizados no Brasil são classificados em 2 grupos de

resistência: grupo I e grupo II. A distinção entre os grupos consiste na

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resistência característica à compressão aos 28 dias, determinada a partir do

rompimento dos corpos-de-prova (NBR 6118, 2007).

Dentro dos grupos, os concretos com massa específica seca

(compreendida entre 2000 kg/m³ e 2800 kg/m³) são designados pela letra C,

seguida do valor da resistência característica à compressão (���) que é

expressa em MPa arredondando o valor para baixo (NBR 6118, 2007).

No grupo I, a escala de resistência varia a cada 5 MPa; no grupo II, esta

escala de resistência varia a cada 10 MPa. Nas Tabelas 2-3 e 2-4 são

mostrados os grupos com as resistências à compressão características (NBR

6118, 2007).

Tabela 2-3 – Grupo I de resistência

(NBR 6118, 2007)

Tabela 2-4 – Grupo II de resistência

(NBR 6118, 2007)

Grupo I de

resistência

Resistência caracteristica

à compressão (Mpa)

C10 10

C15 15

C20 20

C25 25

C30 30

C35 35

C40 40

C45 45

C50 50

Grupo II de

resistência

Resistência caracteristica

à compressão (Mpa)

C55 55

C60 60

C70 70

C80 80

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2.2.2 Qualidade do Concreto

A qualidade é definida por Juran apud TERZIAN (1992) como

adequação ao uso. Para a indústria da construção civil a adequação ao uso

pode ter múltiplos elementos, são eles:

• Funcionalidade

• Durabilidade

• Economia

Então, o que define se o concreto vai possuir qualidade é a sua

capacidade de atender aos requisitos mínimos previstos em norma, conforme a

utilização e a adequação aos critérios definidos no projeto (HELENE e

TERZIAN, 1992).

2.2.3 Durabilidade do Concreto

Mehta (1994) define a durabilidade do concreto de cimento Portland

como a capacidade de resistir às ações de deterioração.

O concreto é considerado durável quando desempenha as funções que

lhe foram atribuídas por um tempo previsto (NEVILLE, 1997).

Segundo Giamusso (1992), a durabilidade é caracterizada pela baixa

permeabilidade do concreto; uma vez pouco permeável, impedirá que os

agentes agressivos penetrem no concreto e ataquem a armadura.

Os agentes químicos prejudiciais - mais comuns - ao concreto são os

cloretos, sulfatos e o dióxido de carbono. Entre os agentes mecânicos que

agridem o concreto estão o impacto e a abrasão (NEVILLE, 1997).

A escolha das proporções dos materiais, utilizados em um concreto, não

deve atender apenas aos requisitos de resistência, mas também aos requisitos

de durabilidade adequada. A impermeabilidade do concreto possui um papel

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importante na durabilidade e esta não pode ser controlada no preparo do

concreto. Assim, é necessário se apoiar no teor de cimento, relação

água/cimento e a resistência à compressão (NEVILLE, 1997).

2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO

O concreto é considerado fresco desde a introdução de água à mistura

de agregados e cimento, até o momento em que se inicia a pega. Nesta fase, a

consistência é importante para conseguir com facilidade o transporte,

lançamento, adensamento e acabamento sem segregação (NEVILLE, 1997).

A quantidade de água vai influenciar diretamente na qualidade do

concreto. Grandes quantidades de água deixarão o concreto, no estado fresco,

mais fluido e melhor trabalhável. De outra sorte, quando endurecido, o deixará

com maior quantidade de vazios, logo menos resistente (NEVILLE, 1997).

Quando bem adensado, a relação água/cimento do concreto é

considerada uma grandeza inversamente proporcional a resistência, como

demonstra a Figura 2-1 (NEVILLE, 1997).

Figura 2-1 – Dependência entre a resistência e a relação água/cimento (NEVILLE, 1997)

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2.3.1 Trabalhabilidade

É a propriedade do concreto no estado fresco que determina a facilidade

e a homogeneidade com a qual podem ser misturados, lançados, adensados e

acabados (CURTI, 2008).

Os fatores que afetam a trabalhabilidade são: mistura, transporte, tempo

de uso, condições ambientais, proporção dos elementos constituintes,

propriedades dos elementos constituintes e as adições e aditivos (CURTI,

2008).

Quando necessário um concreto com altas resistências e plasticidade é

utilizado um aditivo superplastificante, não comprometendo, em regra, a

relação água/cimento.

O ensaio que mede a trabalhabilidade no concreto em estado fresco é o

abatimento do tronco de cone, normatizado pela NM 67 de 1998.

2.3.2 Exsudação

Resultado da não retenção da água pelos constituintes sólidos, a

exsudação é a segregação da água, durante a fase fresca do concreto, a qual,

por possuir a menor massa especifica, tende a ficar na superfície (NEVILLE,

1997).

Em grandes proporções, esta água pode prejudicar o concreto, uma vez

que quando evaporada favorece fissurações plásticas na superfície do concreto

(NEVILLE, 1997).

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2.3.3 Amassamento do Concreto

É o ato de misturar os elementos constituintes para formar uma pasta

uniforme e homogênea.

Com a finalidade de garantir a homogeneidade do concreto e a

manutenção de nata durante o processo, recomenda-se que o amassamento

seja realizado de forma mecânica com o uso de betoneiras. Na Figura 2-2 é

mostrado um exemplo de concreto sendo misturado em betoneira

(GIAMMUSSO, 1992).

Figura 2-2 – Mistura de concreto em betoneira (LIMA, 2010)

2.4 PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO

Quando endurecido, as principais características do concreto são sua

boa resistência mecânica à compressão e baixa resistência à tração e ao

cisalhamento. Os fatores que definem a resistência do concreto à compressão

são (GIAMMUSSO, 1992):

• Relação água/cimento;

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• Idade;

• Forma e granulometria dos agregados;

• Dimensões da fôrma a ser concretada;

• Tipo do cimento;

• Velocidade de aplicação da carga;

• Duração da carga.

Por fins práticos, adota-se como padrão, a resistência característica do

concreto aos 28 dias (���,�), podendo também utilizar as resistências aos 3 e 7

dias para informações mais rápidas (GIAMMUSSO, 1992).

Para aferir a resistência são utilizados corpos de prova, os quais são

levados a ruptura em laboratórios com a finalidade de quantificar a resistência

máxima obtida por eles (GIAMMUSSO, 1992).

Na maioria dos países do continente Americano há o predomínio de

corpos de prova cilíndricos cujas dimensões são especificadas na NBR 5738:

Concreto – Procedimento para montagem e cura de corpos-de-prova de 2003.

Enquanto que nos países europeus é comum o uso de corpos de prova cúbicos

ou prismáticos (GIAMMUSSO, 1992).

2.4.1 Permeabilidade do Concreto

O concreto é um material essencialmente poroso, pois os vazios dos

agregados não podem ser preenchidos pela pasta de cimento (PETRUCCI,

1982).

Para garantir a trabalhabilidade do concreto, nas reações de hidratação,

é acrescido mais água do que o necessário. Logo, após a evaporação, o

espaço destes grãos não serão preenchidos, formando os vazios. Além destes

espaços, inevitavelmente, incorpora-se ar à massa durante o processo de

amassamento do concreto (PETRUCCI, 1982).

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Figura 2-3 – Relação entre permeabilidade e a relação água/cimento (NEVILLE, 1997)

A Figura 2-3 mostra o aumento do coeficiente de permeabilidade em

função da relação água/cimento. Esta Figura mostra valores obtidos com

pastas nas quais 93% do cimento foram hidratados (NEVILLE, 1997).

Os capilares do concreto começam a segmentar quando a relação

água/cimento chega próxima a 0,4. Com isso, observa-se uma diferença

substancial quanto à permeabilidade das pastas na relação água/cimento maior

do que 0,4 e nas pastas com valores menores dessa relação. O aumento da

permeabilidade do concreto favorece a passagem de íons agressivos para o

interior do mesmo (NEVILLE, 1997).

2.4.2 Resistência a Compressão

É um indicador de qualidade para o concreto, já que influencia em

demais características desse material, tanto direta quanto inversamente

proporcionais (ANDRIOLO E SGARBOZA, 1993).

A resistência à compressão é a habilidade de resistir à força necessária

para causar a ruptura (ANDRIOLO E SGARBOZA, 1993).

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Concretos mais resistentes são mais impermeáveis, mais duráveis e

sofrem menos com o intemperismo, porém possuem maior retração por

secagem, menos elásticos e sujeitos a fissuras (ANDRIOLO E SGARBOZA,

1993).

A Figura 2-4 mostra um equipamento para o ensaio da resistência à

compressão.

Figura 2-4 – Equipamento para rompimento de corpo-de-prova de concreto

2.5 DOSAGEM

O estudo da dosagem de concreto é uma série de procedimentos, os

quais visam garantir a melhor proporcionalidade entre os compostos do

material. Esse estudo tem a finalidade de encontrar uma mistura trabalhável às

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condições de lançamento, tendo a maior economia de cimento com o maior

consumo de agregados, de tal forma que esse concreto, após enrijecido,

atendam as propriedades definidas pelo projetista. (ANDRIOLO E SGARBOZA,

1993)

2.5.1 Importância do Controle na Dosagem do Concreto

O projetista de estruturas especifica as principais propriedades do

concreto endurecido, enquanto que as características do concreto fresco são

determinadas pelas peculiaridades da concretagem, tais como o espaçamento

entre ferragens e se será bombeável (HELENE e TERZIAN, 1992).

A função do tecnologista de concreto é equilibrar essas propriedades e

projetar concretos mais econômicos possíveis. A compatibilidade entre as

propriedades necessárias (tanto no estado fresco, quanto no estado enrijecido)

não é obtida facilmente, uma vez que parâmetros de dosagem não crescem de

forma direta entre si (HELENE e TERZIAN, 1992).

Na fase de dosagem, é muito comum privilegiar as propriedades do

concreto fresco para facilitar a concretagem. Entretanto, essa medida acarreta

um concreto menos compacto, quando no estado enrijecido. A Tabela 2-5

demonstra as diferentes necessidades do concreto para cada estado (HELENE

e TERZIAN, 1992).

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Tabela 2-5 - Comparativo dos parâmetros de dosagem do concreto em função do estado

(HELENE e TERZIAN, 1992)

Já que a dosagem é a proporcionalidade entre os componentes do

concreto; o controle na dosagem tem a função de garantir que o mesmo atenda

as seguintes condições (HELENE e TERZIAN, 1992):

• Exigências de projeto

• Condições de exposição e operação

• Tipo de agregado disponível economicamente

• Técnicas de execução

• Custo

A dosagem é um processo que exige muito conhecimento das

características do concreto, tanto no estado fresco quanto no estado enrijecido,

e dos materiais constituintes, como, por exemplo, o cimento, os agregados e os

aditivos (HELENE e TERZIAN, 1992).

Os métodos de dosagem nos permitem obter a proporção ideal dos

materiais constituintes do concreto. Todavia esta primeira proporção deverá ser

Concreto frescoConcreto

endurecido

Para uma boa trabalhabilidade

Para uma boa resistência

Granulometria do agregado miúdo

de preferência finade preferência

grossagrossa

Relação agregado miúdo

a diminuir a aumentar a maior possível

Consumo de águaaumentar até certo

pontoa diminuir a aumentar

Granulometria total preferível contínuapreferível

descontínuaa disponível

Dimensão característica

máxima

de preferência média

de preferência pequena

a maior possível

Geometria do grão de agregado graúdo

de preferência esférica

(pedregulho)

de preferência irregular (brita)

Esférica (pedregulho)

Parâmetros de dosagem do concreto

Para redução de custo

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conferida e ajustada sempre que alterar alguma variável do processo, como

fornecedor de cimento ou agregado (HELENE e TERZIAN, 1992).

2.5.2 Agressividade Ambiental

Um fator que interfere na característica de resistir e se manter inalterado

do concreto é o meio no qual este se encontra. Ambientes mais agressivos

precisam de um maior cuidado na etapa de estudo de dosagem (NBR 12655,

2006).

A classe de agressividade é definida pela NBR 12655 de acordo com o

tipo de ambiente o qual a estrutura se encontra, conforme a Tabela 2-6:

Tabela 2-6 – Classe de agressividade ambiental

(NBR 6118, 2007)

Para garantir a qualidade do concreto, as características deste devem

ser ajustadas em função da classe de agressividade. Na Tabela 2-7 é mostrada

Classe de

agressividade

ambiental

AgressividadeClassificação geral do tipo de

ambiente para efeito de projeto

Risco de

deterioração da

estrutura

Rural

Submersa

II Moderada Urbana ¹ ² Pequeno

Marinha ¹

Industrial ¹ ²

Industrial ¹ ³

Respingos de maré

Insignificante

Grande

Elevado

1) Pode-se admiti r um microcl ima com uma class e de agres s ividade mais branda (um nível acima)

para ambientes internos s ecos (sa las , dormitórios , banheiros , cozinhas e áreas de serviço de

apartamentos res idencia is e conjuntos comercia is ou ambientes com concreto reves tido com

argamass a e pintura).

2) Pode-se admiti r uma class e de agres s ividade mais branda (um nível acima) em obras em

regiões de cl ima s eco, com umidade relativa do ar menor ou igua l a 65%, partes da es trutura

protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente.

3) Ambientes quimicamente agress ivos , tanques indus tria is , ga lvanoplastia , branqueamento em

indústrias de celulose e papel , armazéns de ferti l i zantes e indústrias químicas .

I

III

Fraca

Forte

Muito ForteIV

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31

uma correspondência entre classe de agressividade e as características

mínimas necessárias (NBR 12655, 2006).

Tabela 2-7 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto

(NBR 6118, 2007)

Algumas condições especiais de exposição merecem maior destaque

em razão de serem mais frequentes. Tais critérios devem atender às condições

especiais que são definidas pela NBR 12655 na Tabela 2-8.

Tabela 2-8 – Correlação entre as condições de exposição e parametros aceitaveis

(NBR 6118, 2007)

I II III IV

CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45

CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45

CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40

CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

Consumo de cimento por

metro cúbico de concreto

kg/m3

CA e CP ≥ 260 ≥ 280 ≥ 320 ≥ 360

Concreto TipoClasse de agressividade

Relação água/cimento em

massa

Classe de concreto

(ABNT NBR 8953)

Condições de exposição

Máxima relação

água/cimento, em massa,

para concreto com agregado

normal

Mínimo valor de fck

(para concreto com

agregado normal ou

leve)

Mpa

Condições em que é necessário um concreto de

baixa permeabilidade à água0,50 35

Exposição a processos de congelamento e

descongelamento em condições de umidade ou

a agentes químicos de degelo

0,45 40

Exposição a cloretos provenientes de

agentes químicos de degelo, sais, água

salgada, água do mar, ou respingos ou

borrifação desses agentes

0,40 45

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32

3 PROCEDIMENTOS EXIGIDOS PARA RECEBIMENTO

3.1 CONCRETO

Para garantir a qualidade do concreto, no momento do recebimento,

devem ser avaliados alguns parâmetros que interferem na qualidade final da

estrutura. Dentre os parâmetros e os ensaios, os principais são:

trabalhabilidade, exsudação e ar incorporado. (GEYER, 2006).

3.1.1 Trabalhabilidade

No ato do recebimento do concreto, é realizado o ensaio de abatimento

do tronco de cone a fim de verificar a trabalhabilidade. Este ensaio é aplicável

aos concretos plásticos e coesivos, não devendo ser aplicado aos concretos

com agregado graúdo com dimensão nominal superior a 37,5 mm.

A Figura 3-1 descreve de forma sintética a realização deste ensaio (NM

67: Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone, 1998).

Figura 3-1 – Procedimentos para execução do ensaio de abatimento do tronco de cone (ROYER, 2004)

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33

Para a confiabilidade dos resultados do ensaio a amostra de concreto

deve ser representativa de todo o lote.

A realização deste ensaio depende dos equipamentos: molde, haste de

compactação e a placa de base. Os quais têm suas especificações

normatizadas pela ABNT.

Na Figura 3-2 é mostrado este equipamento já montado, faltando está

apoiado sobre a placa de base (NM 67, 1998).

Figura 3-2 – Equipamento para realização do ensaio do tronco de cone (CLÁUDIO, 2012)

O ensaio é procedido fixando o molde sobre a placa de base. Despeja-

se o concreto em 3 camadas, compactando cada uma, com 25 golpes,

utilizando a haste de compactação. Após esta etapa, é retirado o molde e

medido o abatimento do concreto, determinado pela diferença entre a altura do

molde e a altura média do corpo de prova desmoldado (NM 67, 1998).

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Figura 3-3 – Obtenção do resultado do ensaio do abatimento do tronco de cone (CADERNO DA CONSTRUÇÃO, 2009)

O resultado é expresso em milímetros, sendo arredondado aos 5 mm

mais próximo. Na Figura 3-3 mostra um exemplo do resultado sendo obtido

(NM 67, 1998).

3.1.2 Exsudação

Os ensaios para a verificação e quantificação da exsudação no concreto

estão descritos na NBR 15558: Concreto – Determinação da exsudação de

2008.

3.1.3 Ar Incorporado

É um parâmetro aferido através do método pressométrico, o qual serve

para se determinar o teor de ar no concreto ainda fresco.

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35

Para a realização deste ensaio é encontrado no mercado dois tipos de

equipamentos adequados, ambos estão baseados na lei de Boyle. Esta lei

implica que quando a temperatura é constante, a pressão e o volume são

inversamente proporcionais (NM 47: Determinação do teor de ar em concreto

fresco – Método pressométrico, 2002).

Figura 3-4 – Equipamento para o ensaio de ar incorporado (JUSTMIX, 2010)

Ambos os equipamentos devem possuir o recipiente de medida cilíndrico

de aço ou outro material rígido que não seja passível de ataque pela pasta de

cimento; diâmetro compreendido entre 0,75 a 1,25 vezes a altura do recipiente

e capacidade mínima de 5 dm³.

Tanto o material do recipiente como a tampa devem possuir rigidez

suficiente a fim de limitar a expansão do equipamento. Na Figura 3-4 é

mostrado um exemplo de um dos equipamentos utilizados neste ensaio (NM

47, 2002).

A tampa do equipamento deve possuir válvula de ar, válvula de saída de

ar e chaves para injeção ou saída de água. Deve ser provida de um sistema de

encaixe com o recipiente de medida que garanta um fechamento estanque e

evite o aprisionamento do ar na junta entre as bordas. Deve dispor também de

uma bomba de ar manual ou outro método de injeção de ar (NM 47, 2002).

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O recipiente de calibração deve possuir volume interno compatível com

o recipiente de medida. Entre outros equipamentos utilizados durante o ensaio

estão: mola espiral, tubo descendente, desempenadeira, haste de

adensamento, régua, martelo, placa de vidro, funil, peneira e vibrador (NM 47,

2002).

Para a garantia do resultado, o equipamento deve ser calibrado com

certa frequência que assegure que está sendo utilizada a pressão adequada no

medidor (NM 47, 2002).

Para a confiabilidade dos resultados do ensaio a amostra de concreto

fresco deve ser representativa de todo o lote (NM 47, 2002).

Ao colocar o concreto no recipiente de medida este deve ser adensado

corretamente, seguindo as condições:

• Abatimento superior a 80 mm deve ser adensado manualmente

• Abatimento entre 30 mm e 80 mm deve ser adensado manualmente ou

por vibração

• Abatimento inferior a 30 mm deve ser adensado mecanicamente

Finalizado o adensamento, a superfície do concreto deve ser rasada

para evitar excesso ou falta de concreto.

Após estes passos o recipiente é tampado e o equipamento

devidamente preparado para a realização do ensaio (NM 47, 2002).

O equipamento nos fornece o teor de ar aparente (�) da amostra

ensaiada, que conforme a formula a seguir é possível encontrar o teor de ar

corrigido (�):

� = � − �

G Fator de correção do agregado

Com o teor de ar corrigido podemos encontrar o teor de ar aparente do

traço total (��), teor de ar corrigido (��) e o teor de ar aparente da fração de

argamassa (��):

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37

�� =100���

100�� − ���

�� Volume dos componentes do traço de concreto que passam pela

peneira 37,5 mm

�� Volume absoluto de todos os componentes do traço de concreto

�� Volume absoluto do agregado de dimensões superiores a 37,5

mm

�� =100���

100�� − ���

�� Volume dos componentes do traço de concreto que passam pela

peneira 37,5 mm

�� =100���

100�� − �(�� − ��)

�� Volume absoluto dos constituintes da fração de argamassa da

mistura de concreto, em m³

Como substituto ao pressométrico existe o método gravimétrico descrito

pela NBR 9833: Concreto fresco – Determinação da massa específica, do

rendimento e do teor de ar pelo método gravimétrico de 2009, que consiste em

comparar a massa específica teórica do concreto fresco com a massa

específica real do concreto fresco; esta comparação fornece o teor de ar

incorporado (PORTAL DO CONCRETO apud NBR 9833, 2012).

Para a realização do método gravimétrico é necessário:

• Balança

• Haste de socamento (16 mm de diâmetro e 600 mm de comprimento)

• Vibrador interno

• Concha

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38

• Recipiente metálico volumétrico do aparelho de ar incorporado

Para aferir a massa específica do concreto fresco, este é adensado

manual ou mecanicamente. Após o adensamento do corpo-de-prova deve ser

realizado o rasamento com o auxilio da régua para a retirada do excesso do

concreto, não deixando vazios entre o recipiente e a superfície de concreto.

Deve ser verificado o volume do recipiente antes de realizado o procedimento

(PORTAL DO CONCRETO, 2012).

Após aferida a massa específica do concreto fresco, é calculada a

massa específica teórica do concreto fresco, desconsiderando o volume de ar

incorporado. Para se calcular é necessário ter as seguintes informações:

• Massa de cimento, em Kg

• Massa de agregado miúdo seco, em Kg

• Massa de agregado graúdo seco, em Kg

• Massa da água, em Kg

• Massa especifica do cimento

• Massa especifica do agregado miúdo

• Massa especifica do agregado graúdo

Calculada a massa especifica teórica do concreto fresco é então

calculado o teor de ar aprisionado com aproximação de 0,1%

=μ�

μ�

A Teor de ar aprisionado

μ� Massa especifica teórica

μ� Massa especifica real

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3.2 CIMENTO

Para o recebimento de cimento na obra, seja este entregue em saco ou

a granel, deve ser coletada uma amostra como estabelece a NBR 5741. A NBR

12654: Controle tecnológico de materiais componentes do concreto –

Procedimento de 1992, define no mínimo os seguintes ensaios:

• Finura de peneira 0,075 µm: NBR 11579 de 1992, exemplo do

equipamento utilizado na Figura 3-5, e a ficha de ensaio no anexo 2

• Área especifica: NBR 7224 de 1996

• Tempos de início e fim de pega: NM 65 de 2003, exemplo do

equipamento utilizado na Figura 3-6

• Resistência à compressão na idade específica para o tipo de cimento

utilizado; NBR 7211 de 2009

Figura 3-5 – Equipamentos utilizados para executar o ensaio de peneiramento (CLÁUDIO, 2012)

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Figura 3-6 – Aparelho de Vicat, utilizado para aferir o tempo de pega do concreto (CLÁUDIO, 2012)

3.3 AGREGADOS

Os agregados para o concreto devem ser formados por grãos de

minérios cujas propriedades são: resistentes, compactos, estáveis, duráveis e

limpos.

Outra característica importante do agregado é a neutralidade nas

reações de hidratação, não interferindo no endurecimento do cimento nem na

proteção da armadura contra a corrosão.

Com a finalidade de garantir o cumprimento dessas condições a NBR

7389 especifica o exame petrográfico.

Para o recebimento do material no canteiro de obra a NBR 7211 (2009)

exige uma guia de remessa com pelo menos os seguintes dados:

• Nome do produto;

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• Procedência do material;

• Identificação da classificação granulométrica;

• Massa do material ou seu volume aparente;

• Data do fornecimento.

Por definição, agregado miúdo são os grãos que passam pela peneira

com abertura de malha de 4,75 mm; já os graúdos são os que passam pela

peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira cuja

abertura de malha é de 4,75 mm (NBR 7211, 2009).

3.3.1 Agregado Miúdo

Para ser utilizada no concreto, a distribuição granulométrica do agregado

miúdo deve está entre os limites estabelecidos pela NBR NM 248: Agregados –

Determinação da composição granulométrica de 2003 (Tabela 3-1).

Para materiais com distribuição granulométrica diferente das zonas

estabelecidas na Tabela 3-1, a norma recomenda que sejam feitos estudos

para comprovar a aplicabilidade. A ficha de ensaio consta do anexo 1.

Tabela 3-1 – Limites aceitáveis de retenção nas peneiras para agregados miúdos

Zona utilizável Zona ótima Zona utilizável Zona ótima

9,5 mm 0 0 0 0

6,3 mm 0 0 0 7

4,75 mm 0 0 5 10

2,36 mm 0 10 20 25

1,18 mm 5 20 30 50

600 µm 15 35 55 70

300 µm 50 65 85 95

150 µm 85 90 95 100

NOTA 3 O módulo de finura da zona util izável superior varia de 2,90 a 3,50

Peneira com abertura

de malha (ABNT NBR

NM ISO 3310-1)

Porcentagem, em massa, retida acumulada

Limites inferiores Limites superiores

NOTA 1 O módulo de finura da zona ótima varia de 2,20 a 2,90

NOTA 2 O módulo de finura da zona util izável inferior varia de 1,55 a 2,20

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(NBR 7211, 2009)

O percentual máximo para materiais finos que passam através da

peneira 75 µm, por lavagem, deve ser de 3,0%, quando o concreto será

submetido a desgaste superficial; quando não, será de 5,0%.

Para permitir o uso do agregado miúdo, a norma exige que outros

fatores estejam em conformidade. A presença de substâncias nocivas ao

concreto como torrões de argila, material pulverulento, impurezas orgânicas,

entre outros, não devem exceder o limite máximo preconizado na NBR 7211.

Em ambientes litorâneos ou com suspeita de contaminação, os teores

de sulfato e cloretos devem ser investigados e caso sejam confirmados não

devem superar limites estabelecidos (NBR 7211, 2009).

3.3.2 Agregado Graúdo

Para utilização do agregado graúdo no concreto a NBR NM 248 limita a

composição granulométrica de acordo com a Tabela 3-2. Encontra-se presente

no anexo 1 – ficha de ensaio (NBR 7211, 2009).

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Tabela 3-2 – Limites aceitáveis de retenção nas peneiras para agregados graúdos

(NBR 7211, 2009)

O percentual máximo para materiais finos, que passam através da

peneira 75 µm por lavagem, deve ser de 1,0%.

Para aceitação do agregado, também são verificados as seguintes

características:

• Forma dos grãos: Descrito na NBR 7809

• Desgaste: determinado pelo ensaio de abrasão “Los Angeles” segundo a

NBR NM 51

• Substâncias nocivas: como torrões de argila, material pulverulento,

impurezas orgânicas, etc, devem estar em conformidade com os limites

máximos estabelecidos pela NBR 7211

4,75/12,5 9,5/25 19/31,5 25/50 37,5/75

75 mm - - - - 0 - 5

63 mm - - - - mai/30

50 mm - - - 0 - 5 75 - 100

37,5 mm - - - mai/30 90 - 100

31,5 mm - - 0 - 5 75 - 100 95 - 100

25 mm - 0 - 5 5 - 25° 87 - 100 -

19 mm - 2 - 15° 65° - 95 95 - 100 -

12,5 mm 0 - 5 40° - 65° 92 - 100 - -

9,5 mm 2 - 15° 80° - 100 95 - 100 - -

6,3 mm 40° - 65° 92 - 100 - - -

4,75 mm 80° - 100 95 - 100 - - -

2,36 mm 95 - 100 - - - -

Peneira com abertura

de malha (ABNT NBR

NM ISO 3310-1)

Porcentagem, em massa, retida acumulada

Zona granulométrica

d/Dª

ª Zona granulométrica correspondente à menor (d) e a maior(D) dimensões do agregado graúdo.

° Em cada zona granulométrica deve ser aceita uma variação de no maximo cinco unidades

percentuais em apenas um dos l imites marcados com 2) Essa variação pode também estar

distribuída em vários desses l imites.

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3.4 ÁGUA

As fontes de abastecimento de água para a obra devem ser ensaiadas

conforme preconiza a NBR 12654 (1992) verificando a presença de

substâncias nocivas à durabilidade, pega e resistência. São essas substâncias:

• Sulfetos

• Cloretos

• Matéria orgânica

• Sólidos (dissolvidos, em suspensão e totais)

• pH

A NBR 1590 (Água para amassamento do concreto de 2009) estabelece

critérios avaliativos como limites aceitáveis para o uso da água no concreto.

3.5 ADITIVOS

A NBR 12654 (1992) estabelece que, antes de iniciado o fornecimento,

devem ser ensaiados por critérios de amostragem os aditivos com os materiais

já conhecidos na obra. Deve ser verificado se o mesmo apresenta

conformidade com as normas específicas para cada tipo.

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4 DETERMINAÇÕES DA NBR 12655

4.1 RESPONSABILIDADES

Esta norma exige que os concretos com fins estruturais devam ter todas

as características e propriedades definidas de maneira explícita. O responsável

tem obrigação de garantir o cumprimento dos parâmetros exigidos e guardar a

documentação que comprove a qualidade do concreto.

Abaixo são listadas as responsabilidades de cada profissional envolvido

no projeto:

4.1.1 Projeto Estrutural

• Especificação da resistência característica do concreto, ���, em todas as

pranchas. E quando necessário o valor do ��� para as etapas

construtivas.

• Especificação dos requisitos correspondentes à durabilidade e

especificidades da estrutura como: consumo mínimo de cimento, relação

água/cimento e qualquer outra propriedade necessária à estabilidade e

durabilidade da estrutura.

4.1.2 Execução da Obra

• Escolha da modalidade de preparo do concreto

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• Caso o concreto seja preparado pelo executante, este é o responsável

pelas etapas de execução do concreto e pela definição da condição de

preparo

• Escolha do tipo de concreto a ser empregado e seus elementos

constituintes, levando em consideração as características necessárias

ao projeto

• Aceitação do concreto

• Cuidados necessários pelo processo construtivo e pela retirada do

escoramento

4.2 REQUISITOS

4.2.1 Armazenamento dos Materiais Componentes

Todos os materiais constituintes do concreto devem permanecer na obra

ou na central de dosagem, separados fisicamente desde o recebimento até o

momento da mistura, com identificação no local. Os documentos que

comprovam a origem e as características dos materiais devem permanecer

arquivados (NBR 12655, 2006).

Abaixo são listadas as características próprias de cada material

constituinte do concreto:

4.2.1.1 Cimento

• Deve haver separação do cimento de acordo com a marca, tipo e classe

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• Todo cimento recebido em sacos deve ser armazenado sobre estrado

ou paletes de madeira em local fechado protegido do sol, chuva e

umidade

• Cada lote deve ser separado em pilhas respeitando os limites de

empilhamento do fabricante

4.2.1.2 Agregados

• Devem ser separados em função de sua graduação granulométrica

• Não deve haver contato direto entre diferentes graduações

4.2.1.3 Água

• Deve ser guardada em caixa estanque que impossibilite a contaminação

4.2.1.4 Aditivos

• Devem ser armazenados nas embalagens originais ou em locais que

atendam as especificações do fabricante

• Aditivos líquidos devem ser homogeneizados corretamente antes do uso

em sua embalagem original

• O recipiente de armazenamento do aditivo deve estar munido de uma

identificação contendo: marca, lote, tipo do produto, data de fabricação,

prazo de validade

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4.2.2 Medida dos Materiais e do Concreto

Os materiais para o concreto de classe C25 devem ser medidos em

massa ou em massa combinada com volume. No segundo caso, entende-se

que o cimento sempre será medido em massa e os agregados em volumes,

admitindo que no canteiro tenha uma balança de precisão para conversão de

massa em volume de agregado sempre que for necessário (NBR 12655, 2006).

4.2.3 Mistura

O concreto deve ser misturado até formar uma massa homogênea. O

equipamento utilizado para esta operação deve atender às especificações do

fabricante quanto à capacidade de carga, velocidade e tempo de mistura (NBR

12655, 2006).

4.2.4 Dosagem do Concreto

4.2.4.1 Dosagem Racional e Experimental

A dosagem do concreto deve ser definida com antecedência do início da

concretagem. O estudo relativo à dosagem deve ser realizado com os mesmos

materiais que serão utilizados para a mistura do concreto. O cálculo da

dosagem deve ser refeito sempre que for modificada alguma característica dos

materiais constituintes do concreto (NBR 12655, 2006).

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4.2.4.2 Cálculo da Dosagem

A resistência de dosagem deve atender as exigências de variabilidade

prevalecentes durante a fase construtiva. Ao cálculo da resistência de dosagem

é acrescido o desvio-padrão ��, medido pela variabilidade estatística. A

equação da resistência de dosagem então é:

��� = ��� + 1,65 × ��

Onde:

��� é a resistência média do concreto a compressão prevista para

para a idade de j dias, em megapascal (MPa)

��� é a resistência característica do concreto à compressão em MPa

�� é o desvio-padrão da dosagem em Mpa

Quando o concreto for confeccionado com os mesmos materiais, o valor

do desvio-padrão deve ser considerado com pelo menos 20 resultados

consecutivos dentro de um intervalo de 30 dias, sendo que nunca será adotado

valor menor que 2 MPa.

Desconhecido o valor do desvio-padrão, deve-se adotar o valor da

Tabela 4-1 como referência.

Tabela 4-1 – Desvio-padrão em função da condição de preparo

(NBR 12655, 2006)

Condição Desvio-padrão (Mpa)A 4B 5,5C¹ 7

¹ Para a condição de preparo C enquanto não se conhece o desvio-padrão exige o consumo mínimo de 350 Kg de cimento por metro cúbico

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4.2.4.3 Condição de Preparo do Concreto

Para o cálculo da resistência de dosagem é necessário especificar as

condições de preparo do concreto, definidas abaixo:

Condição A - cimento e agregado medido em massa, água medida em

massa ou volume sendo corrigida em função da umidade.

Condição B - cimento medido em massa, água medida em volume e

agregado medido em massa combinada com volume sendo o agregado miúdo

corrigido através da curva de inchamento.

Condição C - cimento medido em massa, agregados medidos em

volume, água medida em volume sendo corrigida em função da estimativa da

umidade nos agregados.

4.3 ENSAIOS DE CONTROLE DE ACEITAÇÃO

Para controle de aceitação do concreto no canteiro de obra são exigidos

os ensaios de consistência e de resistência à compressão para determinar a

conformidade do lote com as necessidades (NBR 12655, 2006).

4.3.1 Ensaio de Consistência

O abatimento do tronco de cone é o ensaio que verifica a consistência

do concreto executado na obra. Exige-se que este ensaio seja feito sempre que

ocorrerem alterações na umidade dos agregados e nas seguintes situações:

primeira amassada do dia; ao reinicio do preparo do concreto após 2h de

interrupção; quando há troca de operadores; e sempre que forem moldados

corpos-de-prova (NBR 12655, 2006).

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4.3.2 Ensaio de Resistência à Compressão

Este ensaio serve como critério para aceitação ou não dos lotes. A ficha

de ensaio deste experimento se encontra nos anexos 3 e 4.

Para a formação dos lotes para o ensaio de resistência à compressão, a

estrutura é dividida em lotes que atendam as especificações da Tabela 4-2. De

cada um deve ser retirada uma amostra cujo número de exemplares deve está

de acordo com o tipo de controle.

Tabela 4-2 – Limites duperiores para a formação de lotes de concreto

(NBR 12655, 2006)

Durante o processo de retirada das amostras, as mesmas devem ser

feitas de forma aleatória durante a operação de concretagem. Cada exemplar é

composto por dois corpos-de-prova que são ensaiados na mesma idade. A

constatação da resistência do exemplar é dada pelo maior valor obtido no

ensaio (NBR 12655, 2006).

São considerados tipos de controle de resistência: o estatístico por

amostragem parcial ou por amostragem total. Cada tipo de controle possui uma

forma de cálculo para o valor estimado da resistência dos lotes de concreto.

Sendo o controle estatístico do concreto por amostragem parcial o mais comum

(NBR 12655, 2006).

Compressão ou compressão e flexãoFlexão simples

Volume de concreto 50 m³ 100 m³

Número de andares 1 1

Tempo de concretagem

Limites superiores

Solicitação principal dos elementos da estrutura

3 dias de concretagem ¹¹ Este período deve estar compreendido no prazo total máximo de 7 dias, que inclui eventuais interrupções para tratamento de juntas

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4.4 CONTROLE ESTATÍSTICO DO CONCRETO

Para o controle por amostragem parcial são retiradas as amostras de

concreto de algumas betonadas, as quais devem possuir no mínimo 6

exemplares para concretos do grupo I, e 12 exemplares para concretos do

grupo II (NBR 12655, 2006).

O cálculo da resistência é dado pelas fórmulas:

���"�� = 2�� + �� +…��%�

� − 1− ��

Para lotes com números de exemplares entre 6 e 20, onde:

m = n/2. Despreza-se o maior valor de n, caso for ímpar

�� + �� +…�� valores das resistências dos exemplares em ordem

crescente

Não se deve adotar para ���"�� valor menor do que Ѱ6&', adotando para

Ѱ6 os valores da Tabela 4-3.

���"�� = ��� − 1,65��

Para lotes com mais de 20 exemplares, onde:

��� Resistencia média dos exemplares do lote em MPa

�� Desvio-padrão do lote para n-1 resultados em Mpa

Tabela 4-3 – Valores de Ѱ(

(NBR 12655, 2006)

2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 ≥16

A 0,82 0,86 0,89 0,91 0,92 0,94 0,95 0,97 0,99 1,00 1,02

B ou C 0,75 0,80 0,84 0,87 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1,00 1,02

Condição

de preparo

Números de exemplares (n)

NOTA Os valores de n entre 2 e 5 são empregados para os casos excepcionais

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho monográfico foram abordados os parâmetros exigidos

pela ABNT para o controle da qualidade do concreto. Apresentando as

principais normas técnicas e as bibliografias pertinentes à produção, controle e

aceitação do concreto, mostraram-se, resumidamente, os procedimentos e

ensaios que são necessários ao concreto e seus elementos constituintes.

A importância do controle da qualidade do concreto para garantir a

resistência e a durabilidade da estrutura foi demonstrada a partir de dados

constantes de revistas, livros e sites.

Dentre as problemáticas que foram trazidas à tona, é de suma

importância pontuar que a qualidade das edificações tem relação intrínseca

com a qualidade do concreto utilizado. Não podendo deixar de realizar,

portanto, a análise e a fiscalização do material.

Notório se faz que as regras da NBR preveem diretrizes a serem

seguidas. De outra sorte, as mesmas devem ser adaptadas às condições

ambientais.

O estudo sobre o controle da qualidade do concreto foi vital para

relembrar os parâmetros descritos nas normas e ressaltar sua importância no

dia-a-dia de uma obra. Por se tratar de um elemento bastante utilizado, o

concreto merece uma atenção especial de forma a garantir à estrutura

segurança, confiabilidade e economia.

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ANEXOS

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Anexo 1

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4