universidade estadual de campinas faculdade de...

98
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Educação Física GABRIELA SIMONE HARNISCH DESENVOLVIMENTO DO JUDÔ PARALÍMPICO: INDICATIVOS PARA O FORTALECIMENTO DA MODALIDADE A PARTIR DAS FEDERAÇÕES ESTADUAIS CAMPINAS 2017

Upload: trandung

Post on 30-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação Física

GABRIELA SIMONE HARNISCH

DESENVOLVIMENTO DO JUDÔ PARALÍMPICO: INDICATIVOS PARA

O FORTALECIMENTO DA MODALIDADE A PARTIR DAS

FEDERAÇÕES ESTADUAIS

CAMPINAS

2017

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

GABRIELA SIMONE HARNISCH

DESENVOLVIMENTO DO JUDÔ PARALÍMPICO: INDICATIVOS PARA O

FORTALECIMENTO DA MODALIDADE A PARTIR DAS FEDERAÇÕES

ESTADUAIS

Orientador: Prof. Dr. José Julio Gavião de Almeida

CAMPINAS

2017

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da

Universidade Estadual de Campinas como parte do

requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em

Educação Física, na Área de Atividade Física Adaptada.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA

GABRIELA SIMONE HARNISCH, E ORIENTADA

PELO PROF. DR. JOSÉ JULIO GAVIÃO DE

ALMEIDA.

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos
Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

COMISSÃO EXAMINADORA

PROF. DR. JOSÉ JULIO GAVIÃO DE ALMEIDA

Orientador

PROF. DR. EDISON DUARTE

Membro Titular Interno

PROFª. DRª. MARIA LUIZA TANURE ALVES

Membra Titular Interna

PROF. DR. DOUGLAS ROBERTO BORELLA

Membro Titular Externo

PROF. DR. VALBER LAZARO NAZARETH

Membro Titular Externo

A Ata da Defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida

acadêmica da aluna.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Ao amor.... ao amor que chega até mim todos os dias

(principalmente por meio da mamãe, do papai, do Rafa, da

Maria e do Vagner) e me faz seguir em frente.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

AGRADECIMENTOS

Agradecer, que coisa interessante para ser feita em uma tarde chuvosa de domingo.

Melhor do que isso é ter a quem agradecer. É ter um Deus maior do que tudo e todas as coisas que

me permitiu chegar até aqui. É ter um pai e uma mãe que me amam e me apoiam em (quase) todas

as minhas decisões. É ter um irmão para ser o meu alicerce. É ter uma cunhada para, acima de tudo,

ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos os rumos que eu tomar.

Diante de um cenário tão incrível, ainda restam tantas pessoas para tomarem seus

postos neste momento. Agradeço aos meus amigos de toda a vida. Meus familiares. A família

Hollmann que me acolheu com tanto esmero. Aos amigos que fiz durante a pós graduação,

destacando a Aline (que dividiu seu quarto e sua vida comigo), Jalusa (que foi pra Campinas

comigo, mas também retornou para o Paraná comigo), Bruna, Romana, Choco (as vezes chamado

de Maicon), Dieguinho, Thálita, Ortega, Sidi, Mari Piculli, Mari Borges, aos demais colegas do

Laboratório de Atividade Motora Adaptada (LAMA) e que compõem a gloriosa Gavião

Corporation.

Ao acolhimento recebido pelo querido Prof. Gaviãozinho, aquele que não desistiu

de mim nem quando eu quis ir embora. Professor, você é meu maior exemplo de humildade,

sabedoria e amor a Educação Física. Obrigada por acreditar em mim antes mesmo de me conhecer,

quando eu era só a menina do Paraná que queria estudar na FEF.

Agradeço a quem me impulsionou para a pós graduação e a vida acadêmica: Prof.

Douglas R. Borella, obrigada por sempre acreditar em mim. Agradeço também pelas suas

contribuições neste trabalho e hoje ser um colega de trabalho tão amigo e paciente.

Agradeço também aos demais professores da banca, Prof. Edison Duarte pelos

ensinamentos. Profª Malu (também conhecida como Maria Luiza Tanure Alves) por ser, além de

professora que ensina, uma amiga que abraça. Ao Prof. Valber Lázaro Nazareth pelo carinho nas

suas leituras e sua disponibilidade.

Fico extremamente agradecida também a Simone, Secretária de Pós Graduação da

FEF/UNICAMP pelos esclarecimentos e paciência de sempre.

Agradeço ao Programa de Pós Graduação em Educação Física da FEF/UNICAMP

pela oportunidade. À Federação Paranaense de Judô por permitir a coleta de dados do presente

estudo. À Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais pela disponibilidade de

sempre. À CAPES pelo apoio financeiro em parte do período de doutoramento. À Universidade

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Estadual do Oeste do Paraná e todos os docentes pela minha formação inicial e pela oportunidade

de trabalhar com vocês. Aos meus alunos do curso de Educação Física da Unioeste pela

receptividade e o carinho.

Agradeço as dificuldades que tive, pois elas me impulsionaram para frente. Às

dúvidas que me fizeram refletir para que este trabalho se tornasse realidade. Às críticas pela

motivação em estudar mais a cada dia. E ao destino que Deus trilhou para mim, por permitir que

eu vivesse este momento.

À todos vocês, os meus mais sinceros agradecimentos e a minha eterna gratidão!

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Resumo

O judô voltado a pessoas com Deficiência Visual (DV) é um esporte paralímpico em constante

ascensão no território brasileiro, bem como no mundo inteiro. Com isso, são necessários avanços

em relação às políticas públicas, formação de professores, renovação de atletas, aumento no

número de entidades filiadas que oferecem a modalidade, competições em nível regional e estadual,

dentre outras estratégias para o desenvolvimento do esporte. Neste sentido, o objetivo do presente

estudo foi de verificar indicativos passíveis de ações que fortaleçam o Judô Paralímpico brasileiro

por meio das federações estaduais de judô. Para o desfecho da pesquisa, a mesma caracterizou-se

como qualitativa de cunho descritivo, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário

elaborado, testado e aplicado pelos pesquisadores. Na sequência, tal questionário foi aplicado à 85

professores filiados à Federação Paranaense de Judô, participantes do Curso anual obrigatório de

Credenciamento de Técnicos que desejam atuar ao longo do ano. Os dados foram submetidos

análise de conteúdo e posteriormente à tratamento qualitativo. Os resultados demonstraram que 53

professores estão cursando ou já concluíram a graduação em Educação Física. Quanto à formação

no judô, 29 são graduados acima de 3º dan, podendo assim, responder por uma associação/entidade

de judô. Ainda, enfatiza-se que apenas 25, dentre os 85 participantes, possuem ambas as formações.

Ainda, verificou-se que apenas 34,11% dos participantes se sentem preparados para ministrar aulas

de judô para pessoas com DV, justificando a necessidade de conhecer as características da

deficiência, a falta de experiência, a falta de conhecimento da modalidade de cunho paralímpico,

dentre outras justificativas. Apesar disso, 68% da amostra relatou já ter ministrado aulas de judô

para pessoas com DV em algum momento, justificando que o judô é um esporte para todos, que

necessita apenas de algumas adaptações quanto aos métodos de ensino para que haja sucesso na

aprendizagem. Os professores ainda realizaram sugestões para que a modalidade se desenvolvesse

de forma mais efetiva no estado, destacando-se a realização de cursos regionais e estaduais para

formação de professores; a efetivação de parcerias com universidades, órgãos governamentais,

instituições especializadas no atendimento a pessoas com DV; a realização de competições

regionais e estaduais como forma de motivação para professores e atletas e a necessidade de

maiores investimentos na modalidade, podendo ser revertidos em centros de excelência em judô

paralímpico. Por fim, espera-se que as contribuições realizadas no presente estudo sejam passíveis

de ações para que o desenvolvimento do judô paralímpico no estado do Paraná se desenvolva com

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

mais efetividade, podendo ser até modelo para outros estados e entidades que representam o judô

em território brasileiro.

Palavras Chave: Esporte Paralímpico; Judô - Desenvolvimento; Pessoas com deficiência visual.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Abstract

Judo for people with Visual Impairment (VI) is a paralympic sport in constant grow, not only in

Brazil, but also worldwide. Having said that, advances in public policies, teacher training, athlete

replenishment, expansion of affiliated entities that offer the sport, regional and state competitions

and other strategies for the development of the sport are needed. Therefore, the present study aims

to verify indications for actions that improve Brazilian Paralympic Judo through the state

federations of judo. The research was characterized as a descriptive study with a qualitative

approach, having as data collection instrument a questionnaire that was drawn up, tested and

applied by the researchers. The questionnaire was applied to 85 teachers affiliated to the Judo

Federation from the state of Paraná, who were attending the annual Course of Accreditation for

Coaches, a course for teachers who are interested in taking action throughout the year. The data

were submitted to content analysis and then to qualitative treatment. The results showed that 53

teachers are attending or have already finished their degree in Physical Education. Regarding to

judo qualification, 29 are graduated above third dan grade (sandan), and can thus have

administrative autonomy for an association or judo entity. It should be emphasized that only 25 of

the 85 participants have both formations – a degree and judo qualification. Also, it was verified

that only 34.11% of the participants feel prepared to teach judo classes for people with VI,

justifying it with personal lack of awareness about this impairment, lack of experience and lack of

knowledge about the paralympic mode, among other justifications. Despite this, 68% of the sample

reported having already taught judo classes to people with VI at some point, justifying that judo is

a sport to everyone, a sport that only needs some adaptation about teaching methods. Teachers also

made suggestions for effective development of the modality in the state, with special emphasis on

regional and state courses for coaching qualification. The suggestions also envolved partnerships

with universities, government agencies, institutions specialized in care for people with VI and the

accomplishment of regional and state competitions as a form of motivation for teachers and

athletes, as well as the necessity of greater investments in the modality, resulting in excellence

centers of paralympic judo. Finally, it is expected that the contributions made in this study shall

result an impact to further assistance on actions for the development of paralympic judo in the state

of Paraná, which has the potential to even be a model for other states and entities that represent

judo in Brazilian territory.

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Keywords: Paralympic Sport; Judo - Development; Visually impaired persons.

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Lista de quadros

Quadro 1 – Sistema de graduações do judô ................................................................................... 23

Quadro 2 - Regras para pontuação no Ranking Mundial de Judô para cegos ............................... 34

Quadro 3 – Mecanismos de Informação ........................................................................................ 46

Quadro 4 - Graduação dos participantes no judô .......................................................................... 59

Quadro 5 - Tempo de experiência enquanto professores de judô.................................................. 60

Quadro 6 - Percepção sobre o preparo para atuar junto de alunos com DV.................................. 61

Quadro 7 - Procura pela prática do judô por tamanho do município ........................................... 63

Quadro 8 - Estratégias para desenvolvimento do judô paralímpico no Paraná ............................. 65

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Lista de figuras

Figura 1 - Happo-Kuzushi – oito direções de desequilíbrio .......................................................... 22

Figura 2 – Organização técnica do judô ........................................................................................ 22

Figura 3 - Identificação no judogui ............................................................................................... 36

Figura 4 - Forma de conduzir os atletas ao centro do tatame ........................................................ 36

Figura 5 - Posição das mãos para inicio do combate ..................................................................... 37

Figura 6 - Posição dos pés para início do combate ....................................................................... 37

Figura 7 - Gesto para indicar o tempo restante de luta em atletas com DA .................................. 38

Figura 8 - Gestos para punições em atletas com surdez ................................................................ 40

Figura 9 - Número de atletas em diferentes classes (2007-2015).................................................. 51

Figura 10 - Estratégias de desenvolvimento por meio da formação de professores...................... 77

Figura 11 - Sugestões para desenvolvimento do judô paralímpico ............................................... 79

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Lista de abreviaturas e siglas

CBDV – Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais

CBJ – Confederação Brasileira de Judô

COB – Comitê Olímpico Brasileiro

CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro

DV – Deficiência Visual

FIJ – Internacional Judô Federation

FPRJ – Federação Paranaense de Judô

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBSA – Internacional Blind Sports Federation

LogMAR – Logaritmo do Ângulo Mínimo da Resolução

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

Sumário

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 17

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 19

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 20

1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 20

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................... 20

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 21

2.1 JUDÔ ....................................................................................................................................... 21

2.1.1 O Professor de Judô .............................................................................................................. 28

2.2 JUDÔ PARALÍMPICO ........................................................................................................... 31

2.2.1 Adaptações às regras ............................................................................................................ 34

2.2.2 O judoca com Deficiência Visual ......................................................................................... 41

2.2.3 Desenvolvimento do Judô Paralímpico ................................................................................ 47

3 MÉTODO ................................................................................................................................... 53

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 53

3.2 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ................................................................... 53

3.3 PARTICIPANTES .................................................................................................................. 54

3.4 CURSO NA F. PR. J. .............................................................................................................. 54

3.5 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS .............................................................. 56

3.6 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................................ 56

3.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ................................................................................................. 57

4 RESULTADOS .......................................................................................................................... 59

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................................................... 68

5.1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES ........................................................................................ 68

5.4 ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO JUDÔ PARALÍMPICO ................ 76

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 81

7 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 84

APÊNDICES ................................................................................................................................. 91

Apêndice I – Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) .............................................. 92

Apêndice II – Instrumento para coleta de dados ........................................................................... 94

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

ANEXOS ....................................................................................................................................... 96

Anexo I – Curso de Credenciamento de Técnicos – F.Pr.J. .......................................................... 97

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

17

1 INTRODUÇÃO

O judô é um esporte de origem asiática, incluído no rol de modalidades olímpicas

desde 1964 para homens e 1992 para as mulheres (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ

– CBJ, 2016). Tal esporte é classificado dentre as modalidades de luta como de curta distância,

devido ao constante estado de contato existente durante os combates (GOMES, 2008; GOMES et

al., 2010). Ainda, pode-se afirmar que o judô é uma prática esportiva que, oriunda de uma cultura

oriental, possui uma estrutura que ora assemelha-se apenas a prática competitiva (federações, ligas

e torneios) e ora apresenta-se como reflexo de seu arcabouço cultural – estrutura hierárquica,

utilização da língua originária e padrões tradicionais de saudação (DRIGO et al, 2011).

A modalidade apresenta expressivo número de praticantes no Brasil, tendo

representantes em todos os seus estados perante a CBJ, órgão máximo da modalidade no território

brasileiro. No ano de 2015, a CBJ possuía 32.611 atletas federados, desde a categoria sub-13 (CBJ,

2016; OLYMPIC, 2017; SILVA, 2017). O judô é o único esporte no Brasil que conquista medalhas

há nove edições dos Jogos Olímpicos de maneira consecutiva (Los Angeles - 1984, Seul - 1988,

Barcelona - 1992, Atlanta - 1996, Sydney - 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres – 2012, Rio

de Janeiro - 2016). Após o encerramento dos Jogos Olímpicos RIO/2016, O judô brasileiro possui

22 medalhas, sendo quatro ouros, três pratas e quinze bronzes (CBJ, 2016).

O referido esporte também está presente nas paralímpiadas, desde 1988 no masculino,

e de 2004, no feminino. Na competição de caráter paralímpico, podem participar pessoas com

deficiência visual (DV), que após o procedimento de classificação oftalmológica, alcançam status

de elegibilidade, seguindo as normas específicas da modalidade (COMITÊ PARALÍMPICO

BRASILEIRO – CPB, 2016; CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS DE

DEFICIENTES VISUAIS – CBDV, 2016).

Nos jogos paralímpicos, a trajetória brasileira no judô ao longo dos anos conquistou 22

medalhas, sendo quatro ouros, nove pratas e nove bronzes. No Rio-2016, quem mais uma vez

garantiu o seu lugar no pódio foi Antonio Tenório, medalhista em seis edições da competição,

tendo garantido até então, quatro medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze (CBDV, 2016).

Nas paralímpiadas Rio-2016, participaram atletas brasileiros com idade superior à 35

anos de idade que já participaram de edições dos Jogos Paralímpicos por mais de três vezes. Ainda,

uma categoria de peso ficou sem representante brasileiro. Tais dados refletem a falta de praticantes

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

18

da modalidade, visto que uma categoria o Brasil ficou sem representante e em outras atletas novos

não se destacaram (CBDV, 2016).

Em contrapartida, pessoas com Deficiência Visual representam 35.774.392 pessoas no

Brasil, sendo que dentre essas, 6.562.910 pessoas declaram que em relação a visão, não conseguem

enxergar de modo algum, ou seja, enquadram-se como pessoas com cegueira (Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística - IBGE, 2010). Neste sentido, verifica-se que há um expressivo número

de pessoas com DV que poderiam participar de competições de judô paralímpico, porém, não é o

que está revelado nos dados das competições já realizadas.

Para tanto, pesquisas vêm sendo realizadas enfatizando o judô paralímpico, afim de

fomentar a literatura e auxiliar professores e técnicos em suas intervenções. Destacam-se os estudos

realizados sobre a modalidade em suas diferentes formas de manifestação: iniciação (MIARKA et

al., 2011; GUTIÉRREZ-SANTIAGO et al., 2013; HARNISCH et al., 2014; HARNISCH, 2014);

rendimento (GROSSO, 2006; GOMES, MORATO e ALMEIDA, 2011; GUTIÉRREZ-

SANTIAGO et al., 2011; GONZÁLEZ, GUTIÉRREZ-SANTIAGO e AYÁN, 2012; SILVA et al.,

2015). Com ampla relação com o objetivo da presente pesquisa, o estudo realizado por Miarka et

al. (2011) acerca da expansão do judô praticado por pessoas com deficiência concluiu que,

Utilizar mecanismos políticos igualitários para promover a integração do judô adaptado e

a procura pela prática dessa modalidade por deficientes são propostas que requerem

ajustes na modalidade. Talvez seja necessário um olhar mais humanitário para construção

de estratégias que envolvem inclusão, principalmente em discussões traçadas sobre o

movimento olímpico. Em um contexto geral, um caminho claro para a uma maior inclusão

de indivíduos com deficiência no judô seria a construção de um perfil garantindo um

número maior de atletas envolvidos com esse esporte. A participação requer uma sólida

estrutura de apoio dos pais, familiares e amigos para impulsioná-los. Além disso, este

perfil é claramente dependente de todos os níveis de governo e de compromissos de

associações e clubes (MIARKA et al., 2011, p. 259).

Com isso, pesquisar, testar e utilizar estratégias para o fortalecimento do judô

paralímpico por meio das federações estaduais da modalidade torna-se relevante, afim de encontrar

meios acessíveis para que mais pessoas com DV pratiquem judô, com mais professores de judô

que se sintam preparados para atuar junto da referida população e também para que haja mais fácil

acesso as regulamentações e participação em competições.

Neste ínterim, surge a pergunta norteadora para a presente pesquisa: porque o Brasil

não possui um número expressivo de praticantes de judô paralímpico, já que é um esporte olímpico

consagrado? Quais estratégias para o seu constante desenvolvimento podem ser utilizadas para que

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

19

este dado seja revertido? Que indicativos podemos fornecer para que o judô paralímpico possa se

desenvolver de forma mais expressiva?

Concomitante aos questionamentos apresentados, o objetivo do presente estudo é de

verificar indicativos passíveis de ações que fortaleçam o Judô Paralímpico brasileiro por meio das

federações estaduais de judô.

1.1 JUSTIFICATIVA

No Brasil, o judô paralímpico é regido pela Confederação Brasileira de Desportos de

Deficientes Visuais (CBDV), que organiza duas competições anuais da modalidade: I e II etapa do

Grand Prix Internacional Infraero de Judô para cegos.

Na primeira etapa de 2016 do Grand Prix INTERNACIONAL Infraero de Judô para

cegos, realizada na cidade do Rio de Janeiro/RJ, de 04 a 06 de março de 2016, participaram 174

atletas oriundos de 15 países, sendo eles Argentina, Alemanha, Brasil, Canadá, Cazaquistão, Coréia

do Sul, Cuba, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Mongólia, Porto Rico, Romênia, Rússia,

Ucrânia e Uzbequistão. Na referida competição, poderiam participar os atletas de associações

filiadas a CBDV, bem como, atletas de outros países.

Dentre os brasileiros, participaram atletas de 27 equipes/associações, oriundas de 12

estados brasileiros: Distrito Federal, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,

Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Sendo elas:

ABASC/PR, ACACE/PE, ACERGS/RS, ADEVIBEL/MG, ADEVIRN/RN, ADVEG/GO,

ADVIMS/MS, AEPA/PA, AJCS/MS, AMEI/SP, APADV/SP, APNH/SP, ASJEC/ES, BOTO

CINZA/SE, CAD/SP, CAIRA/MS, CEIBC/RJ, CESEC/SP, ILBES/ES, INS. ATHLON/SP, INS.

REAÇÃO/RJ, ISMAC/MS, OADV/RJ, PROVISÃO CAMPINEIRA/SP, PROVISÂO/SP,

ROGÉRIO SAMPAIO/SP e UNIACE/DF. Assim, é possível perceber que 15 estados brasileiros

não foram representados na principal competição do judô paralímpico brasileiro, ou seja, mais da

metade (CBDV, 2016).

Ainda, durante a edição de 2016 dos Jogos Paralímpicos, os medalhistas brasileiros

foram quatro atletas, sendo dois deles já medalhistas em edições anteriores da competição, e outro

que já havia participado sem medalhas. Assim, percebe-se que em 2016, a seleção brasileira em

casa revelou apenas uma atleta, medalhista de prata. Ressalta-se a ausência de atletas em uma

categoria de peso, evidenciando assim a necessidade de estratégias para o desenvolvimento da

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

20

modalidade que se efetivem para que mais atletas sejam revelados e, consequentemente, melhores

resultados sejam alcançados.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Verificar indicativos passíveis de ações que fortaleçam o Judô Paralímpico brasileiro

por meio das federações estaduais de judô.

1.2.2 Objetivos Específicos

Indagar se os professores e técnicos de judô convencional se sentem ou não preparados para

ministrar aulas de tal modalidade para pessoas com Deficiência Visual;

Analisar a perspectiva de professores de judô em relação a obstáculos e barreiras para o

desenvolvimento do judô paralímpico;

Averiguar, junto a professores e técnicos, quais estratégias devem ser utilizadas para que o judô

paralímpico tenha avanços mais expressivos e a partir disso descrever uma proposta de

desenvolvimento para a modalidade.

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

21

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura foi organizada pautando-se em três partes: Judô; Judô

enquanto esporte paralímpico e o desenvolvimento do judô paralímpico.

2.1 JUDÔ

O judô é uma modalidade de luta que carrega em seu nome o significado “Caminho da

Suavidade”. A arte marcial foi criada pelo Mestre Jigoro Kano no ano de 1882 com o princípio de

“ceder para vencer”, de forma que fosse mais do que uma arte de ataque e defesa, mas sim um

modo de vida (KANO, 2008; WILSON, 2011; MESQUITA, 2014; OLIVIO JUNIOR e DRIGO,

2015; SILVA, 2017).

Reportando-se a história da modalidade, Watson (2011, p. 31) descreveu que “Kano

foi um homem de múltiplas habilidades”. Jigoro Kano fez treze viagens oficiais ao exterior com o

objetivo de relatar acerca da forma com que a Educação Física era conduzida nos países ocidentais.

O mestre, ainda fez parte do Comitê Olímpico Internacional e foi o fundador da Associação de

Esporte de Esporte Amador do Japão, sendo assim, uma pessoa fundamental para o

desenvolvimento e massificação do esporte olímpico japonês (WATSON, 2011).

Posteriormente a implantação do referido esporte, em 1895 criou o Go Kyô (grupo de

40 técnicas de projeção) e organizou uma sequência pedagógica para o ensino do Judô, que depois

foi revisada em 1908 e 1920 e atualizada com poucas modificações em 1982 e 1997 (KANO, 2008).

Tal sequência é utilizada pelos professores de judô em suas aulas, com os fundamentos técnicos

organizados da seguinte maneira:

Ukemis (amortecimento das quedas): ushiro-ukemi (queda para trás); yoko-ukemi (queda para

os lados); mae-ukemi (queda para frente) e zempô-kaeten (rolamento sobre o ombro para frente);

Shintai (Formas de se deslocar sobre o tatame): ayumi-ashi (caminhar normal) e tsugi-ashi

(caminhar sem ultrapassar o pé da frente, deslizando o pé sobre o tatame);

Shisei (posturas): shizentai (um pé ligeiramente à frente do outro, distribuindo o peso de forma

equilibrada entre as pernas); jigotai (um pé ligeiramente à frente do outro e com os joelhos

levemente flexionados, com o peso do corpo distribuído igualmente sobre ambas as pernas);

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

22

Kumi-kata (pegadas): podendo ser de maneira que oportunize a aplicação da técnica preferida

(tokuii-waza) ou que dê consistência e neutralização na pegada d adversário;

Kusushi (desequilíbrio): consiste nas oito direções de desequilíbrio em que se tenta colocar o

adversário, afim de diminuir sua condição de defesa e reação, conforme apresentado na figura

01:

Fonte: Baseado em Mesquita (2014).

Tsukuri (preparação): a movimentação necessária para que a queda seja bem sucedida;

Naguê-waza (técnicas de projetar) e katame-waza (técnicas de dominar no solo), conforme

apresentado na figura 2:

Fonte: Franchini (2008); Mesquita (2014);

Figura 1 - Happo-Kuzushi – oito direções de desequilíbrio

Figura 2 – Organização técnica do judô

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

23

A aplicação dos fundamentos apresentados anteriormente pode acontecer de duas

maneiras durante a prática do judô: por meio do kata ou do handori. O kata possui a tradução literal

“forma”, sendo praticado seguindo um sistema formal de técnicas combinadas. Existem oito katas,

sendo eles: nate-no-kata (formas de projeção); katame-no-kata (formas de domínio no solo); kime-

no-kata (formas de ataque e defesa); ju-no-kata (formas de ataque e defesa de forma gentil);

kodokan goshin-jutsu (formas de ataque e defesa); itsutsu-no-kata (cinco formas que não foram

concluídas por Jigoro Kano); koshiki-no-kata (formas antigas de ataque e defesa); seiryoku-zenyo-

kokumin-taiku (formas de Educação Física nacional no Japão). Já o handori tem como objetivo

derrubar o oponente e evitar a queda por meio de maneiras dinâmicas de ataque e defesa (WILSON,

2011; MESQUITA, 2014).

Ainda, para que a modalidade pudesse se organizar de forma hierárquica, Jigoro Kano

propôs uma forma de graduação, que ao longo do tempo sofreu adequações para que pudesse se

adaptar ao mundo contemporâneo, chegando ao seguinte formato no ano de 2011, conforme os

padrões propostos pela Confederação Brasileira de Judô:

Quadro 1 – Sistema de graduações do judô

Faixa Graduação Idade Mínima Carência

Branca Iniciante ------------- -----------

Cinza 7º Kiû 5 anos 3 meses

Azul 6º Kiû 7 anos 3 meses

Amarela 5º Kiû 9 anos 6 meses

Laranja 4º Kiû 11 anos 12 meses

Verde 3º Kiû 12 anos 12 meses

Roxa 2º Kiû 13 anos 12 meses

Marrom 1º Kiû 14 anos 24 meses

Preta 1º Dan 16 anos 1 ano

Preta 2º Dan 20 anos 4 anos

Preta 3º Dan 25 anos 5 anos

Preta 4º Dan 31 anos 6 anos

Preta 5º Dan 37 anos 6 anos

Vermelha e Branca 6º Dan 44 anos 7 anos

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

24

Vermelha e Branca 7º Dan 52 anos 8 anos

Vermelha e Branca 8º Dan 60 anos 8 anos

Vermelha 9º Dan 69 anos 9 anos

Vermelha 10º Dan 78 anos 9 anos

Fonte: Confederação Brasileira de Judô (2011)

Porém, a partir de 2011 adotou-se, para praticantes até 11 anos de idade, a utilização

de ponteiras – colocação da cor da próxima graduação nos 20 centímetros das extremidades da

faixa – afim de que os judocas possam realizar mais exames de faixa e permanecer por menos

tempo com a mesma graduação, tornando mais rápida a troca de faixas (CBJ, 2011).

Franchini (2008) ressalta que a progressão nas faixas torna a prática de judô

motivadora, permitindo sempre a verificação do estágio que o praticante se encontra, permitindo

que sejam traçados objetivos em relação a prática a partir da progressão nas graduações.

Além das premissas técnicas e hierárquicas determinadas para o judô no momento da

sua criação, Jigoro Kano estabeleceu dois princípios fundamentais para a os praticantes: “auxílio e

prosperidade mútuos (jita-kyoei) e mínimo esforço e máxima eficácia (seiryoku-zenyo)”

(FRANCHINI, 2008, p. 30). Virgílio (1986) relata também outras diretrizes a serem seguidas por

quem pratica judô:

Conhecer-se é dominar-se, e dominar-se é triunfar;

Quem teme perder já está vencido;

Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo,

humildade;

Quando verificares, com tristeza, que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso no

aprendizado;

Nunca te orgulhes de haver vencido um adversário; quem venceste hoje poderá derrotar-te

amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância;

O judoca não se aperfeiçoa para lutar; luta para se aperfeiçoar;

O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam e paciência para

ensinar o que aprendeu aos seus companheiros;

Saber cada dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem, é o caminho do verdadeiro

judoca;

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

25

Praticar o judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como ensinar o corpo

a obedecer.

Para Kano (2008), essa modalidade de luta, arte marcial ou esporte de combate pode

ser considerada uma disciplina física, mental e social, sendo que suas lições podem ser aplicadas

na vida diária, a partir do princípio que governa todas as técnicas, que qualquer que seja o objetivo,

ele é mais facilmente alcançado através do uso, com máxima eficiência, da mente e do corpo, e

este pode ser aplicado em todas as atividades cotidianas de seus praticantes, de forma que a partir

disso levará uma vida melhor e mais racional.

Segundo Virgílio (1986) o judô foi desenvolvido de maneira que os valores entre corpo

e mente fossem valorizados, havendo a necessidade do equilíbrio mental e físico através da

disciplina, nos movimentos harmoniosos, na desvalorização do individualismo, na superação da

marcialidade, na fraternidade, no desenvolvimento interior, na estética e eficiência, na superação

da força, dentre outros princípios antigos da cultura oriental.

Com o intuito de ampliar o número de adeptos ao judô no mundo, entre os anos de

1912 e 1913, Jigoro Kano obteve seus primeiros indícios de sucesso na tentativa de

internacionalização de sua arte marcial. A partir de então, alguns de seus alunos foram direcionados

a difusão do judô pelo mundo. Yoshiaki Yamashita ficou com a imcumbência de levar o judô aos

Estados Unidos da América, Gunji Koisumi na Grã-Bretanha; Ishiguro e Kawaishi na França,

Bélgica, Espanha e Países Baixos; Mitsuyo Maeda, Tomita, Satake, Ono e Ito que viajaram pelas

Américas, inicialmente nos EUA, passando depois pela América Central, até que chegaram ao

(TAVARES JUNIOR, SILVA e DRIGO, 2014).

Os enviados de Jigoro Kano, acompanhados de Shimisu, Raku, Okura, Matsuura e

Akiyama e demais imigrantes japoneses que estavam no Kasato Maru, rodaram o Brasil (Ribeirão

Preto, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Recife, Belém e Manaus) realizando desafios

e demonstrações, participando de lutas com regras estipuladas pelos próprios lutadores, muitas

vezes oferecendo prêmios em dinheiro, àqueles que porventura os derrotassem, vencendo muitas

vezes adversários maiores e mais pesados, colaborando para a implantação do judô em território

brasileiro. O judô se desenvolveu principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro em

locais onde o clima era propício ao plantio, já que a agricultura e o manejo da terra eram as

principais formas de subsistência dos imigrantes. Sua prática ficou restrita às colônias japonesas,

já que estas não se miscigenaram de imediato à cultura brasileira, sendo o judô e suas estruturas

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

26

tradicionais conservadas por seus pioneiros (TAVARES JUNIOR, SILVA e DRIGO, 2014;

SILVA, 2017).

Contribuindo para o desenvolvimento do judô em solo brasileiro, a modalidade ganhou

força com a introdução no currículo dos cursos de licenciatura em Educação Física, destacando-se

a Universidade Federal do Rio de Janeiro como pioneira neste aspecto. Tal feito aconteceu por

meio da iniciativa do professor Rudolf Hermanny, um dos maiores incentivadores do judô em

âmbito escolar e universitário (MESQUITA, 2014).

A institucionalização do judô no Brasil começou a ocorrer com a fundação da

Federação Paulista de Judô, em 17 de abril de 1958, seguida pela instauração das Federações do

Rio de Janeiro (09/ago/1962), Paraná (07/out/1961) e Minas Gerais (10/jun/1961). O primeiro

Campeonato Brasileiro de Judô ocorreu em 1954, na cidade do Rio de Janeiro e o segundo em

1957, na cidade de Belo Horizonte. Em 1965, também no Rio de Janeiro, o Brasil foi sede do 4º

Campeonato Mundial de Judô, o que colocou de vez o país, no cenário mundial do esporte. A

Confederação Brasileira de Judô, instituição que regulamenta o judô olímpico brasileiro nos dias

atuais, foi criada em 1969 (TAVARES JUNIOR, SILVA e DRIGO, 2014).

Conforme ocorrido no Brasil, a modalidade se expandiu por todo o mundo, até que no

ano de 1960 teve sua primeira participação nos Jogos Olímpicos em Roma, e no ano de 1992 em

Barcelona a categoria feminina foi acrescentada no programa olímpico (Comitê Olímpico

Brasileiro – COB, 2016). Esses fatos contribuíram para que o judô fosse mais praticado, e tivesse

mais pessoas interessadas em conhecer o Caminho da Suavidade.

O então esporte olímpico, conquistou mais espaço e algumas poucas conquistas

internacionais começaram a aparecer, colaborando para o desenvolvimento da modalidade que

ganhava inúmeros adeptos no Brasil que não eram descendentes de japoneses, mas que aos poucos

se consolidaram como atletas e professores. O número de judocas continuou crescendo de maneira

exponencial e a modalidade espalhou-se pelos quatros cantos do país, sendo hoje o esporte de luta

mais praticado do Brasil, com um número de adeptos estimados, no ano de 2014, em mais de

2.000.000 (TAVARES JUNIOR, SILVA e DRIGO, 2014).

Mesquita (2014), afirmou que o Brasil tem grande destaque na conquista de medalhas

e promoção de eventos internacionais, tendo o apoio e parceria da IJF e do COI, sendo assim uma

referência mundial na modalidade, seja nos resultados em competição, bem como, na organização

e quantidade de praticantes.

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

27

Neste sentido, no ano de 2016 a CBJ revelou que possui 55.178 atletas federados, ou

seja, cadastrados junto ao referido órgão regulamentador da modalidade. Dentre estes, 36.050

constam com suas anuidades em situação irregular, não podendo atuar como técnico, atleta, árbitro

ou dirigente durante qualquer competição organizada pela Confederação, restando assim 19.128

pessoas confederadas em situação regular, podendo atuar nos diferentes contextos da modalidade,

conforme explanado acima (CBJ, 2016).

Apesar do expressivo número de atletas participantes de competições e dos bons

resultados em competições, este não é o único caminho a ser trilhado pelo judoca. Mesquita (2014)

enfatiza as qualidades que podem ser desenvolvidas durante a prática do judô: tenacidade (nunca

desistir até o último segundo do combate; respeito e admiração; humildade e receptividade;

vaidade; espírito cavalheiresco; paciência; modéstia e disciplina; amizade.

A partir das qualidades a serem desenvolvidas pelo judoca, verifica-se que os

benefícios com a prática do judô vão muito além da vitória em competições, mas com acréscimos

nos aspectos físico e mental. Quando Jigoro Kano criou o judô, o seu anseio era tornar a modalidade

um estilo de vida (KANO, 2008).

Com base em tais benefícios, a busca pela prática da modalidade aumentou. Logo,

professores de judô passaram a oferecer aulas para várias populações, dentre estas crianças,

adolescentes, idosos e pessoas com deficiência, foco para este estudo. Em sua criação, no ano de

1882, o judô já demonstrava os primeiros indícios que se tornaria uma modalidade em que pessoas

com deficiência obteriam sucesso durante as práticas, quando ao justificar a criação da nova

modalidade esportiva, o mestre Jigoro Kano afirmou que buscava “um esporte que pudesse ser

praticado por todos e que, ao mesmo tempo, fosse desafiante e competitivo” (KANO, 2008, p. 25).

Mas, na época da criação do referido esporte, Jigoro Kano não fez inferências sobre a

prática de judô ser adaptável para pessoas com deficiência, até porque no século XIX ainda não

havia conscientização da possibilidade de sua inclusão da pessoa com deficiência no meio

esportivo (MIARKA et. al., 2011).

Apesar disso, dentre os autores consultados para o desfecho deste capítulo –

VIRGILIO, 1986; KANO, 2008; FRANCHINI, 2008; MIARKA et al., 2011; WILSON, 2011;

TAVARES JUNIOR, SILVA e DRIGO, 2014; MESQUITA, 2014; OLIVIO JUNIOR e DRIGO,

2015; SILVA, 2017 – apenas Miarka et al. (2011) e Mesquita (2014) abordam brevemente o judô

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

28

paralímpico, evidenciando assim a carência em publicações que enfatizem a participação de

pessoas com deficiência visual em literaturas voltadas ao judô.

2.1.1 O Professor de Judô

Conforme explanado anteriormente (quadro 01), o judô possui um modelo hierárquico

pautado em graduações. Tais graduações são elucidadas por meio de faixas com diferentes cores.

Quanto maior o nível de graduação, mais elevado deve ser o conhecimento referente e modalidade

e tudo que a envolve, destacando a compreensão dos fundamentos técnicos, organização de

competições, arbitragem, ser professor da modalidade, atuação como técnico em competições.

Concomitante a isto, as graduações também possuem a finalidade de determinar quem

pode responder como professor de judô por uma entidade filiada. A Federação Paranaense de judô

regulamenta que a mínima graduação exigida para ministrar aulas é faixa marrom, porém com a

supervisão direta de um 3º dan ou acima. Ou seja, toda entidade deve ter um judoca que tenha

amplo conhecimento da modalidade enquanto responsável (FEDERAÇÃO PARANAENSE DE

JUDÔ, 2014).

Ao longo da carreira enquanto judoca, os conhecimentos são testados por meio de

exames/provas realizadas para a troca de graduação. Ou seja, a CBJ disponibiliza para todas as

Federações Estaduais vinculadas os conhecimentos a serem testados em cada uma das graduações.

Estes conhecimentos, em sua maior parte, são relacionados ao saber fazer/realizar fundamentos da

modalidade, como se utilizar do mesmo, os princípios filosóficos e históricos do judô, contribuição

na divulgação e progresso do judô. As avaliações são realizadas pela Comissão Estadual de Grau,

composta por professores com vasto conhecimento judoístico. Mas, conhecimentos específicos

sobre judô paralímpico não constam nos exames de graduação no judô (F.PR.J., 2011).

Uma pesquisa realizada por Drigo et al. (2011), acerca dos documentos existentes para

promoção de faixas pretas no Brasil evidenciou que os judocas aprendem essencialmente fazendo;

a figura do mestre é claramente responsável por toda formação do aprendiz, tanto formal como

legalmente e os exames acontecem por meio da apresentação dos movimentos técnicos a uma banca

examinadora formada por outros mestres que avaliarão o aprendiz.

Com isso é possível evidenciar que tais condutas realizadas são em virtude de o judô

ser uma modalidade esportiva oriental e seguir princípios rígidos de uma cultura milenar, que leva

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

29

em consideração aspectos como obediência e respeito ao extremo. Ao longo do processo de ensino

e aprendizagem da modalidade os professores replicam os ensinamentos de seus mestres,

normalmente sem questionar ou modificar. Assim, os métodos de ensino no judô tornam-se

artesanais, de modo que os professores se utilizam estratégias parecidas com o que lhes foi

ensinado. Porém, vale enfatizar que tal método possui grande aceitação social perante os

praticantes e professores da modalidade (GOMES et al., 2013; OLIVIO JUNIOR; DRIGO, 2015).

Olivio Junior e Drigo (2015) identificaram que, apesar do modelo artesanal ainda

persistir, transformações na sociedade de forma geral aconteceram exigindo mudanças no espaço

do judô. Tais mudanças podem ser elencadas por meio dos aspectos biológico, comportamental,

tecnológico e legislativo. Diante deste contexto, “há a necessidade de repensar o valor da

aprendizagem do judô e caminhar, em direção à mudança estrutural da sociedade moderna, em que,

o saber fazer aos poucos são substituídos pelo saber cientifico e tecnológico” (p. 36).

Além do problema já apresentado para a formação do faixa preta de judô, as entidades

responsáveis pela modalidade no país ainda não exigem de seus professores a formação em cursos

de graduação em Educação Física, pautando-se nas normativas legais existentes. Quanto a tal

assunto, primeiramente a Resolução CONFEF 46/2002 regulamentou o exercício profissional em

Educação Física, englobando as modalidades de lutas, artes marciais e esportes de combate,

inclusive o judô. Após tal resolução, houve a reação por parte de professores. Com isso, o Supremo

Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento decidiu que

Quanto aos artigos 1º e 3º da Lei n. 9.696/1998, não se verificam as alegadas violações,

porquanto não há neles comando normativo que obrigue a inscrição dos professores e

mestres de danças, ioga e artes marciais (karatê, judô, tae-kwon-do, kickboxing, jiu-jitsu

capoeira etc.) nos Conselhos de Educação Física, porquanto, à luz do que dispõe o art. 3º

da Lei n. 9.696/1998, essas atividades não são caracterizadas como próprias dos

profissionais de educação física (RS – RECURSO ESPECIAL 1.012.692).

Ainda, apresenta-se as justificativas elucidadas quanto as ates marciais:

Antes de atividade corporal, as artes marciais possuem ensinamentos teóricos que

consubstanciam, até mesmo, o modo de o artista marcial portar-se perante as mais diversas

situações. Não é por acaso a denominação utilizada é arte marcial. Este tipo de artista não

é um praticante de educação física, pois, como na dança e na ioga, não busca, em primeiro

lugar um aprimoramento físico, mas sim portar-se de acordo com princípios próprios da

arte, desenvolvidos em sua longa tradição (RS – RECURSO ESPECIAL 1.012.692).

Porém, vale enfatizar que tal regulamentação só se aplica quando o objetivo da

atividade oferecida seja o aprendizado da modalidade, neste caso, o judô. Quando o foco for a

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

30

melhora da saúde, condicionamento físico, qualidade de vida, entre outros, o profissional em

questão deve se adequar a resolução 46/2002 do CONFEF, que dispõe sobre a conclusão do curso

de graduação em Educação Física (bacharelado) para atuar enquanto profissional de Educação

Física.

Em suma, são necessários apenas os conhecimentos oriundos do judô, sem a

necessidade da graduação em Educação Física (bacharelado). O objetivo de tal curso de graduação

em relação aos seus egressos é

torná-lo apto a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da

saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-

desportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas,

recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar

a prática de atividades físicas, recreativas ou esportivas (CNE, 7/2004).

Porém, para ser um professor de judô com todas as qualificações que a profissão exige,

é necessário o conhecimento além da prática como atletas-praticantes e uma formação mais

específica, como a graduação em Educação Física. Para que o judô seja ensinado com maior riqueza

de conhecimentos científicos, a graduação proporcionará conhecimentos acerca de aspectos

fisiológicos e biomecânicos que poderão ser ensinados por meio de bases didático-pedagógicas

(MOLARI; TOLEDO, 2013; GOMES et al., 2013).

Ainda, para se trabalhar com o judô paralímpico exige-se os conhecimentos acerca da

pessoa com DV. Tais conhecimentos podem ser aprendidos ao longo da graduação em Educação

Física por meio da disciplina que visa o aprendizado das características da pessoa com deficiência.

Ou seja, com estes conhecimentos justifica-se mais uma vez a importância da formação em

Educação Física para as intervenções docentes junto de pessoas com DV (SILVA, 2015).

Silva (2015, p. 111), ainda defende que

Tradicionalmente a sociedade, o currículo, os professores e os formadores de professores

não se debruçam sobre renovar estratégias, estabelecer novas formas de selecionar os

conteúdos, entre outros conhecimentos que um formado deve ter, ao contrário, se eximem

de se adaptar à pessoa com deficiência.

Assim, compreende-se que o professor de judô que não concluiu o curso de graduação

em Educação Física não possui ampla gama de conhecimentos sobre ser humano (aspectos físicos,

motores, psicológicos), treinamento esportivo, condicionamento físico, prevenção de lesões

esportivas, prescrição de exercícios físicos, inclusive acerca da DV. Conhecimentos estes

necessários para ministrar aulas adequadas aos diferentes públicos que buscam a prática da

modalidade.

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

31

2.2 JUDÔ PARALÍMPICO

Na década de 1970, começaram as atividades de judô para pessoas com deficiência

física, intelectual, visual e auditiva em todo o mundo. Tal fato culminou com a realização do I

Campeonato Mundial de Judô e Karatê para Surdos em 1979, na cidade de Tóquio, no Japão Mais

tarde, houve a primeira participação oficial de um atleta com DV no Campeonato de Katá Senior

Nacional dos Estados Unidos, em 1986 (MIARKA et al., 2011).

Concomitante ao movimento realizado em todo o mundo, Vieira e Souza Junior (2006)

enfatizam que a prática efetiva do judô para pessoas com DV (cegueira e baixa visão) teve início

no Brasil em 1982, no Instituto Benjamin Constant – IBC, de forma sistemática, pelo professor

Carmelino de Souza Vieira. Mesquita (2014), ainda destaca a importante participação do professor

Fernando da Cruz, na década de 1990 no desenvolvimento do judô paralímpico brasileiro.

Com a expansão da prática do judô por pessoas com DV, a modalidade tornou-se o

primeiro esporte de origem asiática a ingressar no programa paralímpico. A estreia em

Paralimpíadas foi em 1988, em Seul, e só lutaram os homens com DV, e no ano de 2004, em

Atenas, as mulheres tiveram a sua primeira participação (COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO,

2016).

Em jogos paralímpicos, desde a implementação da modalidade, o Brasil apresenta

representantes. A primeira participação brasileira no masculino aconteceu em 1988, com o

destaque dos brasileiros Jaime Oliveira, Julio Silva e Leonel Cunha que trouxeram para o solo

brasileiro as medalhas de bronze. No feminino, Karla Cardoso e Danielle Bernardes em Pequim,

no ano de 2004, também lograram as medalhas de bronze. Vale destacar o atleta brasileiro que

subiu cinco vezes consecutivas ao pódio em Paralímpiadas: Antonio Tenório (Atlanta/1996;

Sydney/2000; Atenas/2004; Pequim/2008; Londres/2012), tornando-se uma referência para o judô,

bem como, para o esporte paralímpico (MESQUITA, 2014).

Destarte, para que o judô paralímpico acontecesse de maneira satisfatória, regras foram

estabelecidas para que exista igual condição de participação entre diferentes equipes e atletas, e

estas também definem a elegibilidade das pessoas para a participação esportiva, em sua

manifestação de rendimento, pensando no esporte de cunho paraolímpico (PEDRINELLI e

NABEIRO, 2012).

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

32

Cerqueira, Gomes e Almeida (2012) comentam que no judô paralímpico o modelo

regimental em relação à organização de competições e as regras seguido é o da IJF (International

Judô Federation), órgão que rege o judô olímpico. Porém, o Comitê Paralímpico Brasileiro (2013),

complementa que o órgão que organiza a modalidade é a Confederação Brasileira de Desportos de

Deficientes Visuais (CBDV), que segue a regulamentação da International Blind Sports Federation

(IBSA), que deixou de ser Association para se tornar Federation, mas a abreviação permaneceu

como antes.

Os atletas com DV praticantes de judô são cadastrados nos órgãos representativos da

IJF para fins de graduação, como todos os demais judocas. Além disso, são registrados na IBSA e

as instituições que a representam para regulamentar a participação em competições direcionadas a

pessoas com DV.

No judô paralímpico, como no olímpico, os atletas são organizados de acordo com a

idade e o peso aferido nas competições. Porém, no convencional as competições podem acontecer

nas faixas etárias sub-11, sub-13, sub-15, sub-18, sub-21, sênior e veteranos. Já no paralímpico,

acontecem somente as competições (pan americano e mundial) de jovens (12 à 21 anos de idade)

e adulto (acima de 18 anos).

Não há divisão de categorias com base na classificação oftalmológica, apesar dos

atletas serem submetidos a uma avaliação para que haja a identificação necessária às condições

mínimas exigidas. Assim, estas são elegíveis conforme a acuidade visual que possuem,

considerando o melhor olho com a melhor correção, ou seja, todos os atletas que utilizam lentes de

contato ou lentes corretivas também deverão usá-las para o enquadramento nas classes. Esta

classificação é explicada por meio da tabela de LogMAR1 pela International Blind Sports

Federarion (2013), a qual ao ser utilizada em outras modalidades paralímpicas para pessoas com

DV, pode criar uma classificação específica e divisões de categorias ou caracterizar-se como

1 A tabela de LogMAR é usada para aferir a acuidade visual do indivíduo (AV). o termo LogMAR é derivado do

logarítmo do Ângulo Mínimo da Resolução, no qual as dimensões das letras aumentam sistematicamente em

progressão geométrica. O tamanho de letra de cada linha é designada como o logaritmo de base 10 da acuidade visual

decimal, para que a linha 6/6 (ou 20/20) seja 0,00 LogMAR e a linha 6/60 (ou 20/200) seja 1.0 LogMAR. Nessa tabela,

o espaço entre as linhas e as letras varia de forma proporcional, e a quantidade de cinco letras por linha é padronizada

para uma amostragem mais consistente da acuidade entre as linhas (IBSA, 2013).

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

33

instrumento elegível ou não para sua prática em competições. Tal classificação apresentação a

seguir:

B1: atletas que apresentam a acuidade visual com LogMAR menor que 2,60;

B2: atletas que apresentam a acuidade visual com o LogMAR variando entre 1,50 e 2,60 e/ou

campo visual menor ou igual a 10 graus;

B3: atletas que apresentam a acuidade visual com o LogMAR variando entre 1,40 e 1,0 e/ou

campo visual com menor que 20 de graus;

O processo de classificação esportiva é organizado em duas etapas, sendo que, a

primeira é a realização de exames oftalmológicos para a verificação da acuidade e campo visual.

Posteriormente, os atletas são submetidos a exames por classificadores internacionais, que

obrigatoriamente devem ser oftalmologistas, os quais apresentam a classificação final e indicam se

o atleta se enquadra, ou não, nos parâmetros da classificação funcional estabelecidos pela IBSA.

Para tanto, os resultados apresentados nos dois laudos oftalmológicos devem obrigatoriamente

apresentar os mesmos resultados.

Além disso, o Manual de Classificação da IBSA (2013), afirma que os classificadores

médicos determinam o status da classificação realizada, que pode ser: confirmada (quando

verificado que a acuidade visual não irá mudar com o passar do tempo), e em reavaliação (quando

verificado que a acuidade visual poderá mudar com o tempo, e pós a nova avaliação, o a capacidade

visual poderá ser confirmada, não havendo a necessidade de nova avaliação).

Quanto a classificação oftalmológica, a pesquisa realizada por Mashkovskiy et al.

(2016) evidenciou que o desempenho competitivo no judô é significativamente determinado pela

DV. As justificativas apresentadas foram pautadas na análise de 1640 combates oficiais realizados

entre 2007 e 2015, tendo a visão um grande impacto sobre as capacidades funcionais de treinar e

realizar atividades cotidianas. Atletas com perda parcial da visão (B2 e B3) têm maiores chances

de vencer cada luta quando comparados aos competidores com cegueira (B1). Assim, os

pesquisadores sugeriram a realização de, além dos exames oftalmológicos, procedimentos de

classificação com parâmetros específicos do judô, como a coordenação, a estabilidade da postura,

avaliação do impacto da perda de visão sobre o treinamento e as atividades diárias.

Tal evidência demonstrou que nos dois anos anteriores a realização da pesquisa, houve

diminuição no número de pessoas totalmente cegas (B1) em competições oficiais. As hipóteses

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

34

estabelecidas para tal fato é devido a redução das oportunidades para ganhar lutas de atletas B2 ou

B3 (MASHKOVSKIY et al., 2016).

Com este pensar, a IBSA publicou os critérios de pontuação para o Ranking Mundial

de Judô para cegos no ciclo paralímpico 2017-2020. Dentre as regulamentações expressas, destaca-

se a alteração de pontuação durante Jogos Paralímpicos, Campeonato Mundial e Jogos Mundiais,

Copa do Mundo e Campeonatos Continentais. Além da pontuação adquirida por meio da

classificação final na competição, haverá a pontuação por cada um dos combates realizados, tendo

em vista a classificação oftalmológica dos competidores, conforme explicito no quadro 02:

Quadro 2 - Regras para pontuação no Ranking Mundial de Judô para cegos

Lutas Pontos

B1 Vencedor contra B3 50

B1 Vencedor contra B2 40

B1 Vencedor contra B1 30

B2 Vencedor contra B3 40

B2 Vencedor contra B2 30

B2 Vencedor contra B1 20

B3 Vencedor contra B3 30

B3 Vencedor contra B2 20

B3 Vencedor contra B1 10

Fonte: CBDV, 2017

Neste sentido, compreende-se a que a IBSA já tem verificado a necessidade de divisão

dos competidores de acordo com a classe funcional, porém, ainda com o reduzido número de

praticantes outras diretrizes têm sido implementadas, como a pontuação para o Ranking Mundial,

apresentada no quadro 02.

Contudo, evidencia-se a necessidade de ampliar o número de praticantes de judô para

que novos procedimentos de classificação sejam testados, aprimorados e tenham condições de

implantação.

2.2.1 Adaptações às regras

Tendo em vista as características de pessoas com deficiência visual, adquiridas por

meio de déficits e peculiaridades próprias, a International Blind Sports Federation (IBSA), aderiu

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

35

algumas recomendações da International Judo Federation (IJF) a serem aplicadas na

regulamentação da modalidade de cunho paralímpico visando, principalmente, a segurança dos

atletas envolvidos.

Desta forma, são poucas as adaptações realizadas às regras para a realização do judô

paralímpico, o que é confirmado por Cerqueira, Gomes e Almeida (2012, p. 165), os quais explicam

que são poucas as diferenças observadas entre o judô olímpico e paralímpico, pois existem apenas

“algumas adaptações que visam a segurança dos atletas, e desse modo as estratégias pedagógicas

aplicadas para o treinamento podem seguir a mesma tendência”.

Neste sentido, destacam-se as adaptações, explicitas no documento da IBSA (2016):

Área de competição

A dimensão da área de combate deverá ter o tamanho máximo permitido pela FIJ, de

10x10 metros, com área de segurança de 3 à 4 metros. A área de combate continua tendo a área de

perigo, que deverá ter uma cor em contraste. Um adesivo azul e branco será colocado a uma

distância de 1,50 metros um do outro para que os atletas se posicionem para iniciar o combate.

Uniforme

Todos os atletas classificados como B1 deverão ter no judogui (uniforme de judô) um

círculo vermelho com diâmetro de 7 centímetros no ombro, sendo que o centro do círculo deverá

ser posicionado cerca de 15 centímetros do ombro.

Quando o atleta também possuir a deficiência auditiva, o judogui deverá possuir

também um círculo amarelo de 7 centímetros, a ser colocado nas costas à cerca de 15 cm da gola

do judogui e no centro do mesmo.

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

36

Fonte: IBSA (2016)

Controle da luta:

Primeiramente, ao assumir o controle do shiai-jo (área de competição), os árbitros

devem se certificar de que a superfície do tatame está de acordo com as regras de segurança da

IBSA.

Posteriormente, os árbitros laterais deverão conduzir os atletas a partir da borda do

shiai-jo até suas posições de início de combate, e logo após retornam às sua cadeiras.

Fonte: IBSA (2016).

Após os árbitros retornarem às suas cadeiras, o árbitro central deverá certificar-se que a

pegada dos atletas estão corretas, ou seja, a mão da manga abaixo do cotovelo do adversário e a

Figura 3 - Identificação no judogui

Figura 4 - Forma de conduzir os atletas ao centro do tatame

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

37

mão da gola na altura da clavícula, não podendo realizar pressão em suas pegadas. Se houver um

problema com o Kumi Kata , o árbitro deverá instruir primeiro o competidor branco (shiro) para

obter seu controle , em seguida, instruir o competidor azul (ao) para obter a sua aderência. A ordem

deverá ser invertida na próxima vez que o problema ocorrer.

Fonte: IBSA (2016)

Já a posição das pernas deverá ser de pés paralelos e pernas estendidas de frente para o

adversário, em shizentai (postura natural). Após este procedimento, o árbitro poderá anunciar

hajimê (início do combate).

Fonte: IBSA (2016)

Quando o atleta também possuir a deficiência auditiva, o árbitro deverá permanecer ao

lado do mesmo para ajudá-lo no momento da saudação, com um leve toque em suas costas ao

comando da saudação, e para o início da luta.

Figura 5 - Posição das mãos para inicio do combate

Figura 6 - Posição dos pés para início do combate

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

38

Durante o combate, quando os atletas estiverem lutando na área de perigo ou próximos

do limite da área de combate, o árbitro deverá anunciar, do centro da área, a palavra jogai, para que

os atletas saibam sua localização no shia-jô.

Além disso, quando o árbitro anunciar matê (parar a luta), ele deve ter o cuidado de

não perder de vista os dois atletas, estando sempre o mais próximo possível. Posteriormente, o

árbitro deverá conduzir os atletas até as suas marcas, reiniciando o combate de acordo com o

processo inicial, tanto nas pegadas como nas posturas dos atletas. Quando o atleta também possuir

deficiência auditiva, no momento do matê, o árbitro deverá tocar duas vezes no ombro ou na

omoplata do atleta e conduzi-lo para sua marca inicial de combate.

Para a aplicação do sonomama (não se mover), quando o atleta também possuir

deficiência auditiva, o árbitro deverá tocar levemente em sua cabeça no comando. Quando o árbitro

for anunciar o reinício do combate ele comandará yoshi (continuar) e tocará novamente na cabeça

do atleta.

Enfatiza-se que durante o combate, cabe ao árbitro

anunciar jogai repetidamente quando os atletas estiverem próximos a saírem da área de competição.

1 minuto antes de fim da luta , deverá soar um sinal de tempo curto, indicando aos atletas que o

combate se encerrará ao final do minuto.

Fonte: IBSA (2016)

Ao final da luta, após anunciar soremadê o árbitro deverá conduzir os atletas para as

suas marcas iniciais de combate. Se necessário o árbitro deverá pedir para que os atletas arrumem

seus judoguis. Para indicar que um dos atletas amarre sua faixa ou arrume seu judogui, o árbitro

deverá pegar as mãos do atleta e cruzá-las na altura da cintura. Após o árbitro anunciar o resultado

Figura 7 - Gesto para indicar o tempo restante de luta em atletas com DA

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

39

do combate, os árbitros laterais sairão de suas cadeiras e conduzirão os atletas até a borda do shiai-

jô, onde os assistentes da organização se encarregarão dos atletas.

Quando o atleta também possuir deficiência auditiva, o árbitro lateral deverá se

aproximar do atleta para ajudá-lo a fazer a saudação final do combate, tocando em suas costas para

inclinação do tronco e em seguida o conduz até a borda do shiai-jô.

Ao contrário das regras de competição da IJF , o técnico do atleta com DV poderá se

manifestar durante todo o decorrer dos combates, fornecendo instruções verbais ao seu atleta.

Formas de Avaliação

Toda vez que o árbitro anunciar uma avaliação, ele deverá adicionar ao convencional

gesto de yuko, wazari ou ipon, o anúncio em voz alta de aô (judogui azul) ou shirô (judogui

branco), dependendo de qual atleta adquiriu a pontuação. O mesmo procedimento deverá ser

realizado ao final do combate para indicar o atleta vencedor.

Neste caso, quando o atleta também possuir deficiência auditiva, o árbitro deverá traçar

a inicial da avaliação na palma da mão do atleta, sendo Y- yuko, W-wazari, I- ipon. Em seguida

elevar a mão do atleta para a altura de seu peito (quando a vantagem é sua) ou em direção ao outro

atleta (quando a vantagem não é sua).

Além de fazer o gesto convencional para desfazer uma avaliação (torikeshi), o árbitro

deve anunciar aô ou shirô, dependendo de qual atleta perdeu a vantagem. Quando o atleta também

tiver deficiência auditiva, o árbitro irá traçar um grande X na palma da mão do atleta.

Ações proibidas e penalidades

Os árbitros e juízes estão autorizados a aplicarem penalidades de acordo com a intenção

ou situação, visando o melhor interesse do esporte e com o intuito de salvaguardar o atleta B1 dos

atletas B2/B3, tendo em vista que todas as ações que a Federação Internacional de Judô

regulamenta como shidô (punição) são válidas.

O atleta é passível de shido caso fique se movendo repetidamente no momento de fazer

a pegada e antes do anúncio de hajimê. Para o atleta que é B1, a orientação de suas saídas da área

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

40

de combate são efetivamente consideradas. Portanto, se o árbitro percebe que as saídas fazem parte

de uma estratégia de luta, o atleta deverá ser punido com shidô.

A regra da IJF que determina que os atletas são passíveis de shidô todas as vezes que

pisarem fora da área de combate com os dois pés, não é aplicada no judô paralímpico, porém, ao

ser evidenciado que os atletas não atendem a orientação de jogai, estes podem estar passíveis de

shidô. Aos atletas, deve ser atribuído tempo suficiente para mudar de direção e retornar a área de

competição, atentando-se bastante aos atletas B1 e com surdez.

Quanto ao ato de atacar ou bloquear abaixo da linha da cintura, que no judô olímpico é

passível de hansokumakê (desclassificação) na primeira ação realizada, a recomendação na

modalidade paralímpica é que os atletas, na primeira ocorrência sejam punidos com shidô, e se a

ação persistir, os mesmos sejam punidos com hansokumakê. Em relação a esta regra, a IBSA deixa

grifado que os árbitros devem ter bastante atenção

Para indicar falta de combatividade a um dos atletas, depois do gesto apropriado, o árbitro

deverá se aproximar do atleta que cometeu a falta, elevar seu braço com a palma da mão voltada

para baixo e fazer a rotação dos dedos embaixo da mão do atleta indicando a falta cometida.

Quando o atleta, além da DV, também tiver surdez, o árbitro deverá fazer a mesma

operação e também tocar na parte de cima da mão do atleta: com um dedo, dois dedos, três dedos,

dependendo do nível da punição (shidô até o 3º). Quando a punição é Hansoku makê

(desclassificação), o árbitro traça um h na palma da mão do atleta, conforme apresentado na figura

08:

Fonte

IBSA (2016).

Figura 8 - Gestos para punições em atletas com surdez

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

41

Em síntese, nos eventos de competição, praticamente, não há mudanças nos aspectos

técnicos entre os atletas do Judô Olímpico e do Paralímpico, mas sim há algumas adaptações nos

aspectos táticos e várias adaptações na comunicação entre atletas e árbitros. As regras seguidas são

da IJF, e apenas algumas visando, principalmente, a segurança dos atletas sofrem modificações.

2.2.2 O judoca com Deficiência Visual

É de extrema relevância a ampla compreensão das características que cercam a DV

para justificar, principalmente, os motivos que tornam necessárias as adaptações as regras, ao

processo de ensino e a ampliação dos elementos para o desenvolvimento da modalidade são de

suma importância para compreender a relevância do presente estudo.

Munster e Almeida (2006, p.29) descrevem que a DV “é caracterizada pela perda

parcial ou total da capacidade visual, em ambos os olhos, levando o indivíduo a uma limitação em

seu desempenho habitual, onde a avaliação deve ser realizada após melhor correção óptica ou

cirúrgica”. Silva, Vital e Mello (2012, p. 51) contribuem que DV “refere-se à perda visual que não

pode ser corrigida com lentes de prescrição regular”. Haddad e Sampaio (2010a, p. 7)

complementam que “Deficiência Visual é um termo empregado quando a diminuição da visão é

caracterizada por perda da função visual (como acuidade visual, campo visual, etc.) por alterações

orgânicas”.

A partir dos conceitos apresentados, percebe-se que a DV pode acontecer em dois

níveis de funcionamento:

Cegueira: caracterizada pela ausência total de visão ou a simples percepção de luz. Baixa

visão: caracteriza-se pela capacidade, quando menos, para a percepção de massas, cores e

formas, e por limitação para ver de longe, embora com possibilidade para discriminar e

identificar objetos e materiais situados no meio próximo a uma distância de poucos

centímetros; quando mais, a poucos metros (MARTÍN; RAMIREZ, 2003, p.27).

Neste pensar, a DV engloba a perda total ou parcial da visão, que adotam a

nomenclatura de cegueira e baixa visão, respectivamente. A cegueira “é empregada para a perda

total da visão e para condições nas quais o indivíduo utilize, de forma predominante, dos recursos

de substituição da visão" (HADDAD; SAMPAIO, 2010a, p. 8). Na cegueira a acuidade visual é

igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica. A baixa visão “é

empregada para níveis menores de perda visual, nos quais o indivíduo possa ser auxiliado, de forma

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

42

significante, por recursos para melhor resolução visual” (HADDAD; SAMPAIO, 2010a, p. 8). N

baixa visão, a acuidade visual fica entre 0,3 e 0,5 no melhor olho, com a melhor correção óptica.

Os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor

que 60º; ou ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DA SAÚDE – OMS, 2002).

Neste sentido, para que o diagnóstico da DV seja feito, é necessário compreender as

afecções que causam as perdas e anomalias das funções visuais, destacando que as alterações na

visão podem ser causadas por anomalias que afetam a córnea (ceratite, distrofias corneanas,

ceratocone); que afetam a úvea (albinismo, aniridia, coloboma); que afetam o cristalino (cataratas

congênitas, afacia cirúrgica por catarata congênita, subluxação do cristalino); que afetam a retina

(coriorretinite, acromatopsia, degeneração macular, desprendimento da retina, fibroplasia

retrolental, retinopatia diabética, retinose pigmentar); que afetam o nervo óptico (atrofia óptica);

que afetam a pressão intra-ocular (glaucoma); que afetam a mobilidade ocular (nistagmo,

estrabismo); que afetam a refração ocular (hipermetropia, miopia, astigmatismo); ambliopia e as

de maior incidência, que são as perdas funcionais da visão (acuidade visual diminuída, alterações

no campo visual, anomalias relacionadas com a percepção das cores ou com a adaptação às

condições de iluminação ambiental) (MARTÍN; RAMIREZ, 2003).

Dentre estas, destacam-se as mais comuns indicadas por Martín e Ramirez (2003). A

acuidade visual representa “o inverso do ângulo visual, ou seja, da menor distância angular entre

dois pontos que podem ser vistos como separados” (MESSIAS; JORGE; CRUZ, 2010, p. 96).

Martín e Ramirez (2003, p. 37), explicam de forma mais simples que a acuidade visual diminuída

é identificada como “sensação de visão confusa, escuridão, visão nebulosa, como se houvesse uma

película no olho, independentemente de que se possa ler a letra pequena a curta distância ou não”.

Haddad e Sampaio (2010b, p. 79) concluem que “a acuidade visual pode ser definida como a

capacidade de discriminação de detalhes de alto contraste”.

Já o campo visual é entendido como a visão com presença de escotomas (áreas sem

visão), com posição e densidade variáveis, interferindo na dinâmica de leitura e orientação no

ambiente (SAMPAIO; HADDAD, 2010, p. 46). Acerca do campo visual, a disfunção pode ser no

campo visual central ou no campo visual periférico (SAMPAIO; HADDAD, 2010b). As lesões no

campo visual “podem afetar toda a periferia por igual, produzindo redução concêntrica, que pode

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

43

ser muito acentuada só deixa intacta a visão central. Pode afetar uma porção desigual da periferia,

abertura nasal ou temporal ou redução superior ou inferior” (MARTÍN; RAMIREZ, 2003, p. 38).

A alteração na percepção das cores identifica-se com “discriminações, identificações e

classificações errôneas ou inseguras dos objetos pela sua cor, com erros no emparelhamento de

cores que combinam com as de confusão” (MARTÍN; RAMIREZ, 2003, p. 39).

Ainda dentre as anomalias mais comuns na visão, as referentes à luminosidade

ambiental tratam-se da “alteração da sensibilidade da retina à intensidade da luz pode produzir

efeitos contraditórios. Há pessoas que se desenvolvem melhor em condições de meia ou baixa

iluminação, ficando ofuscados em ambientes luminosos” (MARTÍN; RAMIREZ, 2003, p. 39).

Além das características já apresentadas referentes a DV, a mesma ainda pode ser

classificada de acordo com o período que aconteceu, podendo ser congênita ou adquirida. O

primeiro tipo refere-se às pessoas que já nasceram sem o recurso da visão ou que a perderam até

os cinco anos de idade; elas não possuem imagens pré-formadas ou não retêm imagens visuais

úteis, nem ideias de cores, inclusive a imagem corporal de si mesmo, caso tenham nascido com a

deficiência ou caso já tenha se passado muitos anos após a perda da visão ocorrida até por volta

dos 5 anos de idade. O segundo tipo se refere às pessoas que perderam a visão em algum momento

da vida (após os cinco anos de idade) por causas diversas; desta maneira, possuem imagens mentais

anteriores à deficiência e mesmo que, com o passar do tempo, perca a recordação dessas imagens,

realiza suas tarefas cotidianas baseadas em referências visuais (com padrões de pessoas videntes)

(CAZÉ e OLIVEIRA, 2008).

Vale ressaltar que na DV, diferente das demais deficiências, a congênita é

considerada mesmo se a criança adquiriu até o cinco anos de idade, tendo em vista que é nessa

faixa etária que a maturação visual se aperfeiçoa, ou seja, em que a acuidade visual da criança se

iguala à do adulto. Perdendo a visão até essa idade, não existe retenção de imagens visuais, pois a

criança não poderá ter como base uma memória visual para suas construções mentais (ORMELEZI,

2006).

Quanto aos aspectos motores, Bueno (2003, p 146) explica que

O desenvolvimento motor, em si mesmo, não é mais lento nas crianças cegas. A motivação

pelo deslocamento se desenvolve num ritmo diferente em função da carência de entrada

de informação visual. Um exemplo, é a diferença observada no desenvolvimento da

conduta de alcançar objetos, aspecto que ressalta o papel da visão no desenvolvimento das

crianças videntes, já que a visão proporciona uma associação entre as características táteis

e auditivas de um objeto. Essa associação, na maioria das crianças cegas, demora mais

tempo para se produzir devido à falta de visão.

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

44

Portanto, é importante que a criança com DV tenha oportunidades de realizar atividades

físicas que lhe permitam ter prazer com o movimento e lhe possibilitem interagir com outras

pessoas, com e sem deficiência, contribuindo para a participação responsável e independente

(BUENO, 2003). Porém, ao iniciar atividades com intervenção junto de pessoas com DV, é

importante conhecer todas as características que envolvem tal deficiência, bem como, realizar a

avaliação funcional da visão, ou seja, como a pessoa com DV consegue se utilizar positivamente

dos resquícios de visão que tem, ou de outros sentidos da visão. Neste ínterim, devem ser

considerados fatores relacionados à acuidade visual e outros fatores biológicos; além do contexto

socioeconômico, as oportunidades e experiências de cada um, as habilidades e preferências

pessoais, pois estes fatores influenciam diretamente no desempenho de cada pessoa (CHOU, 2010;

OLIVEIRA FILHO e ALMEIDA, 2013).

Na prática de atividades físicas voltadas as pessoas com DV, Seabra Júnior e Manzini

(2008), relatam vários itens que devem ser observados:

Buscar informações relativas à anamnese médica, social, psicológica, familiar e acadêmica do

aluno, como parâmetros básicos, sem portanto, limitá-lo a um prognóstico final;

Conferir com a equipe de profissionais envolvida os alunos propensos a descolamento de retina

e outras possíveis deficiências, como glaucoma, as especificas considerações e contra-

indicações;

Abordar com a mesma expressão e tom de voz;

Iniciar as atividades com diferentes possibilidades de assistência para que uma delas tenha

sucesso;

Apresentar o aluno como qualquer outro;

Incluir o aluno em todas as atividades dando oportunidades de liderança;

Alertar o aluno sobre qualquer impropriedade no seu vestuário;

Não sair de uma conversa sem comunicar o aluno, tampouco chegar a um grupo de alunos sem

comunicar a sua chegada;

Cuidar para que ninguém demonstre excesso de proteção;

Não generalizar predicados ou defeitos do aluno a todos os outros;

Instruir a todos, que os alunos com DV deverão saber quem é o aluno que está ao seu lado;

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

45

Observar se o aluno com DV congênita desconhece todas as possibilidades gestuais, usando a

percepção tátil e o estimulo verbal para introduzi-lo no mundo do movimento;

Vivenciar situações cotidianas dos alunos e experimentar todo tipo de informação e ambiente

que os alunos participam.

Porém, na ausência da visão, os sentidos remanescentes – principalmente o tato e a

audição – têm de se adaptar para funcionarem sem a integração que a visão proporciona

imediatamente. É a partir deles que a criança com deficiência visual estabelecerá sua percepção do

mundo que o cerca (RODRIGUES, 2006).

Mas, cabe ressaltar que não existem fundamentos para afirmar que a criança com

deficiência visual tem maior capacidade auditiva que a criança sem deficiência; é o constante uso

da audição que permite desenvolvê-la mais rapidamente (COBO, RODRIGUEZ E BUENO, 2003).

Almeida et al. (2010) reportam-se à Lieberman (2002), citando quatro tipos de

adaptações para que as atividades físicas e esportivas sejam acessíveis à pessoas com DV:

Modificações nos equipamentos: em aulas de judô, materiais com marcações táteis podem

auxiliar o melhor desenvolvimento das aulas.

Nas regras: aumentando o número de tentativas para cada atividade, permitindo mais chances

de acerto. Tais modificações devem acontecer, principalmente, em práticas de forma inclusiva.

No ambiente: no caso do judô sugere-se cores demarcatórias do tatame em contraste para

auxiliar alunos com baixa visão; laterais do tatame com rebaixamento; pisos táteis no acesso ao

tatame e ao local para a prática do judô.

Quanto às instruções: dentre os cinco sentidos existentes (tato, olfato, paladar, visão e audição),

um deles não estará presente. Na ausência da visão, os demais sentidos devem ser explorados.

Para tanto , alguns mecanismos de informação podem ser utilizados durante as aulas para

pessoas com DV. O quadro apresentado abaixo trata-se uma adaptação feita por Harnisch

(2014), através dos autores Almeida e Oliveira Filho (2001) e Oliveira Filho e Almeida (2005),

referente aos mecanismos de recepção de informações das pessoas com DV:

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

46

Quadro 3 – Mecanismos de Informação

Estímulos Informação

Auditivos Verbal

Explicativa

Táteis

Professor Aluno

Aluno Professor

Indireta

Propriocepção Proprioceptiva

Fonte: Oliveira Filho e Almeida, 2005; Harnisch (2014)

Para melhor compreensão, Harnisch (2014), explica cada um dos mecanismos

apresentados. Os estímulos auditivos são subdivididos em verbal explicativo, que são indicações

explicativas por meio das palavras; e sinalética, que são as sinalizações não verbais, mas que

incluem as vocais. Este pode ainda ser dividido em instruído, que é quando uma pessoa realiza

instruções sem precisar explicar verbalmente, podendo-se utilizar da forma vocal, que é quando o

professor chama a pessoa com DV com sinalizações por meio de palmas, estalar dos dedos, dentre

outros; ou de outras formas, podendo ser com a utilização de aparelhos eletrônicos que emitem

sons, dentre outras formas de estímulos sonoros. Ainda, encontra-se a maneira não instruído, que

é quando a pessoa recolhe sinais sonoros do meio, como o barulho de carros, animais, entre outros.

As maneiras táteis, podem ser diretas, tanto o professor tocando no aluno, quanto o

aluno tocando no professor para sentir os movimentos; e a maneira indireta refere-se a perceber

através do tato, os materiais no ambiente que auxiliem no processo de aquisição de informações

(HARNISCH, 2014; ALMEIDA et al., 2010; COBO, RODRIGUEZ e BUENO, 2003; OLIVEIRA

FILHO e ALMEIDA, 2005).

A forma proprioceptiva é originária da percepção do corpo no espaço, considerando-

se equilíbrio, postura, dentre outros. Machado apud Harnisch (2014) afirma que a propriocepção

“permite, sem auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber o seu movimento”.

Direta

Vocal

Outros Instruído

Sinalética

Não Instruído

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

47

Portanto, para que a informação seja assimilada pelo aluno com DV, deve-se haver a

atenção a utilização de mecanismos adequados aos níveis de complexidade a aprendizagem dos

alunos; a aptidão dos alunos em relação às exigências solicitadas; nível das tarefas condizentes com

os objetivos; explorar o ambiente de forma harmônica com a natureza das tarefas e dos alunos

envolvidos; incentivar a autonomia crescente do desenvolvimento motor; propiciar independência

do aluno cada vez maior; preocupação com a segurança; conhecimento dos docentes sobre as

propostas especificas a serem desenvolvidas (ALMEIDA et al, 2010).

Quanto ao treinamento, apesar da relevância em treinamentos de forma inclusiva

(pessoas com DV juntamente com pessoas sem DV), em pesquisas realizadas com o objetivo de

verificar as diferenças entre o judô olímpico e paralímpico em relação ao tempo de combate

evidenciou que as estruturas de tempo são diferentes, de modo que nas lutas de pessoas com DV

as sequências de técnicas são mais curtas e necessitam de períodos de pausa mais longos devido ao

comprometimento da visão. Neste ínterim, os estudos concluíram que adaptações devem ser

realizadas ao treinamento de judô para pessoas com DV, afim de buscar melhores condições físicas

durante as competições (GONZALEZ, GUTIÉRREZ-SANTIAGO e AYAN, 2012; GUTIÉRREZ-

SANTIAGO et al., 2013)

O mesmo grupo de pesquisadores ainda analisou os mesmos dados comparando

mulheres e homens com DV, evidenciando que existem diferenças significativas na estrutura dos

combates de homens e mulheres, enfatizando novamente a exigência de adequação aos métodos de

treinamento para cada público (GUTIÉRREZ-SANTIAGO et al.; 2011)

Por fim, enfatiza-se a importância dos professores de Educação Física buscarem

vivências e conhecimento sobre a DV, para que possam subsidiar o processo de ensino e

aprendizagem, bem como, o treinamento de pessoas com deficiência visual, no contexto das

práticas motoras e esportivas.

2.2.3 Desenvolvimento do Judô Paralímpico

O desenvolvimento do judô foi um dos objetivos traçados para o judô no momento de

sua criação, no ano de 1882, pelo professor Jigoro Kano. A expansão da prática também aconteceu,

passando a ser um esporte acessível a diversas populações, como crianças, adolescentes, idosos e

pessoas com deficiência (KANO, 2008).

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

48

Com isso, Kano presenciou a ampliação da prática do judô ao mesmo tempo que

assistiu a mudanças drásticas nas suas finalidades educativas originais e seu sentido humanista.

Esta transformação intensificou-se com sua morte. Assim, muitos professores, discípulos de Kano

saíram da Kodokan (academia de judô que deu origem ao judô) e não puderam seguir com a

transmissão dos conhecimentos deixados por ele (SANTOS, 2015).

Atrelado a isto, o autor corrobora que o forte desenvolvimento do judô se deu em

virtude do mesmo ter se tornado um esporte de rendimento, sendo este um modelo único de

referência para a evolução de sua prática, a necessária vinculação aos órgãos reguladores

(federações) que detêm o poder de validar e oficializar as graduações e a centralização da expressão

máxima de sua prática no ato competitivo (SANTOS, 2015).

O acontecido com o judô, ou seja, ter se tornado um esporte puramente de rendimento

é chamado de esportivização. Breda et al. (2010, p.33) apontam que "o processo de esportivização

das lutas trouxe novas formas de prática, locais de inserção, métodos de ensino e difusão, o que

vem sendo novamente alterado com o processo de espetacularização dos eventos de lutas".

Rufino e Darido (2012), complementam que nem todas as modalidades de lutas

sofreram esse processo, tomando formas diferenciadas. No judô, aconteceu tornando-se um esporte

olímpico e, consequentemente, de alto rendimento que visa o alcance de bons resultados em

competições, deixando de lado os aspectos relacionados a filosofia e a disciplina.

Santos (2015, p. 192) revela que

A nova configuração do judô, no entanto, distancia-se muito do judô Kodokan original, a

partir do intenso processo de esportivização, submetendo-se à cultura desportiva ocidental

impondo uma grande quantidade de novas interpretações que distorceram sua perspectiva

e propósito inicial.

Porém, ao evidenciar a produção acadêmica voltadas as lutas, artes marciais e esportes

de combate, a maior parte foi direcionada à análise do judô e da capoeira, o que reflete a tradição

dessas atividades no Brasil. O judô, conforme os autores, ocorreu em virtude da forte presença

japonesa no país, conjuntamente com a tradição olímpica que a modalidade apresenta (CORREIA;

FRANCHINI, 2010).

Neste sentido,

recomenda-se que as Federações e órgãos administrativos do Judô invistam em

treinamento, cursos de reciclagem e na preparação dos professores para que os aspectos

científicos do treinamento esportivo de alto nível possam ser incorporados à prática dos

professores de Judô (senseis), com o objetivo de detectar e promover talentos (separar a

linha de massificação da linha de competição). Neste aspecto, as Universidades, através

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

49

dos cursos de Educação Física, teriam uma grande influência e respaldo científico para

promover tal integração (ciência e prática). E os Governos (Federal, Estadual e Municipal)

juntamente com as Entidades esportivas (Federações e Confederações) e empresários

seriam os responsáveis pela criação, planejamento e manutenção de centros de

treinamentos espalhados pelo país (BEZERRA; SOUZA; SILVA, 2008, p.1).

Acerca do desenvolvimento do judô e ampliação do número de praticantes, Correia e

Franchini (2010), revelaram que fica evidente a extensão e a intensidade da proliferação de

federações e confederações representativas das diferentes modalidades ou sistemas de lutas, bem

como a projeção pelos diferentes canais de mídia na disseminação de informação e de eventos

ligados ao segmento. Revistas especializadas, programas televisivos, materiais para a prática,

páginas na internet e, com especial destaque, a cinematografia, demonstram que o fenômeno se

converte em um grande empreendimento. Ainda, ressalta-se os inúmeros projetos de lei procurando

inserir e regulamentar as lutas, as artes marciais e os esportes de combate como elementos

estratégicos das secretarias estaduais e municipais como parte do fomento de políticas de esporte,

lazer, educação e cultura (CORREIA; FRANCHINI, 2010).

Com isso, percebe-se a importância da realização de cursos e reciclagens para professores

e técnicos. Percebendo isso, a CBJ criou a regulamentação de que todos os técnicos atuantes em

território brasileiro nas competições por ela organizadas, participassem obrigatoriamente do Curso

de Credenciamento de Técnicos, oferecido anualmente pelas federações estaduais, afim de

qualificar a atualizar os técnicos acerca de temáticas afins relacionadas ao judô, como treinamento

esportivo, o ensino para crianças, lesões esportivas, o ensino para pessoas com deficiência, dentre

outros temas.

Porém, ao reportar-se ao judô paralímpico, tais avanços não tão evidentes assim. Ou seja,

problemas acerca do desenvolvimento do esporte se apresentam, contrário a modalidade de cunho

olímpico, que conforme as explanações feitas anteriormente, é amplamente massificada no país.

Hipóteses são apresentadas para a diferença existente na massificação do judô olímpico e

paralímpico. Marques et al. (2009) relata que a estrutura organizacional de ambos é semelhante. O

esporte olímpico segue-se o IOC (international Olympic Committe), Comitês Olímpicos Nacionais

e Federações, enquanto o paralímpico se apoia no IPC, Comitês Paralímpicos Nacionais e

Federações.

Os autores complementam que

Nota-se, uma evolução histórica do esporte paraolímpico que passou por fases distintas

do olímpico, mas que pode, num futuro próximo, chegar ao mesmo ponto, principalmente

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

50

em relação à perspectiva comercial. Isso pode ser percebido através de uma análise da

história do esporte adaptado, que surgiu com propósitos de reabilitação e inclusão, passou

por uma fase de aceitação e divulgação e, atualmente, vem rumando deste estágio para a

comercialização de seus símbolos e produtos, adotando o modelo competitivo hegemônico

(MARQUES et al., 2009, p. 375).

Quanto às características econômicas, o esporte olímpico encontra-se mais desenvolvido do

que o paralímpico, devido, talvez a falta de conhecimento e a crença de que pessoas com deficiência

estão fadadas à inatividade. Mas, ao que tudo indica, trata-se de um fenômeno que, a cada dia,

aumenta sua legitimidade e amplia suas fronteiras. Portanto, é preciso ter ciência de que para o

esporte paralímpico alcançar o auge em seu processo de massificação, existe um longo caminho a

ser percorrido rumo a aceitação e abrangência já alcançadas pelo esporte olímpico. Ao traçar o

paralelo do ponto de vista de suas gêneses, pode-se notar que em alguns pontos ambos os objetos

se aproximam, principalmente no trabalho conjunto entre os Comitês Olímpico e Paraolímpico

Internacional e na realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. (MARQUES, 2007).

O esporte paraolímpico, é preciso destacar, é um fenômeno mais recente e se encontra,

portanto, num estágio anterior de exploração das potencialidades econômicas do esporte.

Isto pode sugerir que as características dos objetos analisados tendam a se aproximar no

futuro, visto a necessidade de busca de recursos financeiros para a própria sobrevivência

na sociedade contemporânea, porém sempre mantendo algum grau de especificidade

(MARQUES et al., 2009, p. 376).

Mashkovskiy et al. (2016) evidenciou em uma análise de combates realizados em

competições de 2007 à 2015 que o número de praticantes com cegueira (B1) tem diminuído

significativamente em virtude das menores chances de vitória em relação aos demais (B2 e B3).

Ou seja, tais evidências têm contribuído para que a ampliação do número de praticantes de judô

não aumente, conforme demonstra a figura 9:

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

51

Fonte: Mashkovskiy et al. (2016)

Porém, algumas iniciativas de sucesso acontecem no Brasil para ampliar o número de

praticantes em modalidades paraolímpicas, inclusive no judô. Destaca-se as Paralímpiadas

Escolares Nacionais, existentes desde o ano de 2009 em território brasileiro. O regulamento da

competição, dentre tantos objetivos, prevê no artigo 4 que busca “fomentar e estimular a

participação de estudantes de todo o território nacional com deficiência física, visual e intelectual

na pratica de atividades esportivas” (PARALÍMPIADAS ESCOLARES, 2016, p. 4).

A iniciativa de realizar as paralímpiadas escolares foi mais um importante passo dado

pelo movimento paralímpico nacional rumo ao desenvolvimento do país e do paradesporto. Pois,

sabendo que a educação do jovem também ocorre pela prática esportiva escolar, ideias como essas

reforçam a construção de valores de cidadania e os ideais do movimento, direcionando jovens para

a construção do entendimento da diversidade humana, solidariedade, compreensão mútua, cultura

da paz (BENFICA, 2012).

Benfica (2012) cita outras iniciativas como o projeto Paralímpicos do futuro, Circuito

Loterias Caixa; Clínicas de Desporto Paralímpico; Academia Paralímpica Brasileira e o Programa

Bolsa Atleta. Mesmo que essas iniciativas que precisam ser melhoradas e estejam voltadas para o

esporte competitivo, elas demonstram o crescimento e o amadurecimento de ideias que, além de

disseminar a prática do esporte paralímpico, busca também promover ações que possibilitem a

renovação dos atletas paralímpicos brasileiros, característica que faz parte do funcionamento

natural do esporte competitivo.

Figura 9 - Número de atletas em diferentes classes (2007-2015)

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

52

Assim, percebe-se que o esporte paralímpico tem percorrido caminhos vitoriosos na

busca do seu espaço enquanto esporte acessível, vitorioso, consagrado e com espaços em todos os

âmbitos da sociedade, principalmente no que tange a mídia, os espaços públicos, os clubes

esportivos. Porém, ainda carece de muitos avanços. Tal massificação poderá levar o esporte

paralímpico a diversificadas formas de manifestação, sendo praticado, assistido, publicado e,

consequentemente, massificado.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

53

3 MÉTODO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa se caracterizou como descritiva com caráter qualitativo. A pesquisa

descritiva é “um tipo de pesquisa que tenta descrever o status do foco do estudo. Técnicas comuns

são questionários, entrevistas, surveys normativos, estudos de caso, análise de emprego, pesquisa

observacional, estudos desenvolvimentais e estudos correlacionais” (THOMAS; NELSON;

SILVERMAN, 2012, p. 39)

Quanto ao caráter qualitativo,

É um método sistemático de investigação e, em medida considerável, segue o método

cientifico de resolução de problemas, embora haja desvios em certas dimensões [...]. A

pesquisa qualitativa progride em um processo indutivo de desenvolvimento de hipóteses

e teoria à medida que os dados são revelados. O pesquisador é o instrumento primário na

coleta e análise dos dados. Esse tipo de pesquisa caracteriza-se pela presença intensiva do

pesquisador (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012, p. 41)

Neste ínterim, foram seguidos os parâmetros propostos por Thomas, Nelson e

Silverman (2012), na busca de dados fidedignos que pudessem alcançar os objetivos propostos para

o estudo em questão.

3.2 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário elaborado, testado e aplicado pelos

pesquisadores (apêndice II). Entende-se por questionário uma “pesquisa em que as informações

são obtidas pedindo-se aos participantes que respondam às questões, em vez de observar seu

comportamento” (THOMAS, NELSON e SILVERMAN, 2012, p. 293).

O questionário foi elaborado pautado nos objetivos do estudo, que foram de verificar a

formação dos professores para atuar junto dos alunos com DV, as experiências já adquiridas com

a referida população, se os professores se sentem preparados e as estratégias propostas o

desenvolvimento do judô paralímpico no estado do Paraná.

Posteriormente a primeira elaboração do questionário, o mesmo foi aplicado enquanto

estudo piloto antes da coleta de dados. Com esta aplicação objetivou-se adequar o instrumento de

coleta de dados quanto a “fidedignidade (qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

54

resultados), validade (os dados recolhidos são necessários à pesquisa) e operatividade (vocabulário

acessível e significado claro)” (MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 100). Os autores ainda enfatizam

a importância da aplicação do pré teste, afim de que não ocorram falhas nas etapas posteriores do

estudo.

Com isso, o questionário foi adequado para a coleta dos dados. Foram formuladas

questões fechadas, que “são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre as opções

existentes” e abertas, que “permitem ao informante responder livremente, usando linguagem

própria, e emitir opiniões” (MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 101). Assim, compreende-se que

ambas são de ampla relevância e se complementam. Neste sentido, o questionário foi composto

por questões fechadas, seguidas da solicitação de justificativa para cada uma das respostas.

3.3 PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa, 85 professores e técnicos presentes no curso de

credenciamento de técnicos, promovido pela Federação Paranaense de Judô. Dentre os

participantes do curso, foram incluídos os que na data possuíam mais de 18 anos de idade, além

de, ser obrigatoriamente professor da modalidade. Justifica-se que muitos dos participantes

estavam lá para buscar mais conhecimentos acerca da modalidade e não necessariamente, por

serem professores de judô que buscam aprender para aplicar os conhecimentos com os seus alunos.

Diante disso, a amostra perfez-se de 85 professores ligados a Federação Paranaense

de Judô na data da realização do curso de credenciamento técnico, sendo 17 (20%) do sexo

feminino e 68 (80%) do sexo masculino. Os participantes eram oriundos de todas as regiões do

estado, das cidades de Arapongas, Cambé, Cascavel, Colombo, Cornélio Procópio, Curitiba,

Guarapuava, Ibiporã, Laranjeiras do Sul, Londrina, Marechal Cândido Rondon, Maringá,

Mercedes, Paranavaí, Pato Bragado, Ponta Grossa, Porto União, São José dos Pinhais, Toledo e

União da Vitória.

3.4 CURSO NA F. PR. J.

O judô brasileiro é organizado por meio de federações, ou seja, cada estado possui

uma Federação ligada ao órgão maior: CBJ. Todos os anos, cada Federação oferece aos seus

professores e técnicos o Curso de Credenciamento de Técnicos, com uma programação diferente a

cada ano. Vale enfatizar que o referido curso é obrigatório para todos os judocas que desejam atuar

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

55

como técnicos ao longo do ano. Drigo et al. (2011), enfatizou que o curso de credenciamento

técnico, oferecido anualmente, se justifica pela não necessidade de graduação em Educação Física

para atuação como técnico de judô, e somente a obrigatoriedade da graduação como faixa preta da

modalidade. Assim, ao longo dos anos os cursos objetivam auxiliar na qualificação dos professores

para a atuação como professor de judô.

Neste sentido, o curso oferecido a Federação Paranaense de Judô no ano de 2016, foi

pautado por várias palestras, sendo elas: Balanço de gastos do ano de 2015 e Esclarecimentos gerais

para o ano de 2016; tribunal de justiça desportiva; Programa de Transferência de Conhecimento do

Curso de Técnicos realizado pela CBJ; Estágio realizado por um professor paranaense no Japão e,

finalmente, o judô como ferramenta de inclusão para pessoas com deficiência.

O curso foi realizado no dia 20 de fevereiro de 2016, na cidade de Ponta Grossa, com

a participação de mais de 300 judocas (anexo I), além do presidente e vice presidente, da F.Pr.J.,

diretores de departamentos (técnico, arbitragem, rendimento, cursos, promoção de kyus e dans), e

representantes das principais entidades judoísticas do estado do Paraná.

O último curso citado, Judô como ferramenta de inclusão para pessoas com deficiência,

foi organizado em dois momentos, sendo eles: Judô Paralímpico (para pessoas com deficiência

visual) e sobre o Movimento Judô para todos (para pessoas com deficiência intelectual e/ou física).

A palestra voltada ao judô paraolímpico, foco do presente estudo, enfatizou

inicialmente aspectos voltados ao esporte paraolímpico, como a história, evolução e a classificação

esportiva. Justifica-se tal ênfase, tendo em vista que muitos professores não possuem a graduação

em Educação Física. Posteriormente, ressaltou-se as adaptações as regras em relação a judô

olímpico, o processo de ensino e aprendizagem da pessoa com DV, a classificação oftalmológica,

principais eventos (nacionais e internacionais), atletas de destaque e os procedimentos de inserção

do judoca com DV nas competições organizadas pela CBDV.

Ressalva-se que, de acordo com os registros da F.Pr.J., foi a primeira vez que houve

alguma iniciativa voltada ao judô para pessoas com deficiência no estado do Paraná. No referido

dia, estiveram presentes professores, técnicos, atletas, gestores técnicos, coordenadores dos

departamentos que compõem a F.Pr.J., bem como o presidente e o vice presidente da referida

federação.

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

56

3.5 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Para a realização da coleta de dados foram realizados os seguintes procedimentos:

Contato com a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais, órgão

regulamentador do Judô Paralímpico no Brasil, com o objetivo de ter o consentimento para a

realização da pesquisa;

Contato com a Federação Paranaense de Judô, a fim de obter autorização para a realização da

palestra e aplicação do instrumento para coleta de dados aos participantes;

Elaboração do instrumento para coleta de dados, que seu deu em três etapas: elaboração,

aplicação do teste piloto e posterior readequação;

Curso informativo sobre o judô paralímpico para os técnicos da federação paranaense de judô;

Convite para a participação da pesquisa, por meio da entrega do Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (apêndice I);

Aplicação do questionário aos participantes que aceitaram participar da pesquisa. A aplicação

deu-se após o curso que enfatizou o judô paralímpico de forma individual no anfiteatro em que

os professores se encontravam Vale explicar que cada participante recebeu uma via impressa do

questionário para responder e teve aproximadamente duas horas para responder.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados pautou-se na análise de conteúdo sugerida por Bardin (2011). Tal

análise refere-se a

um conjunto de técnica da análise das comunicações visando obter por procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadoras

(quantitativas ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições

de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011, p. 44).

Para que tal análise seja feita, Bardin (2011) estipula os passos a serem seguidos:

Organização da análise: dividida em pré análise, exploração do material e tratamento dos

resultados, a inferência e a interpretação;

Codificação: é o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e

agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das características pertinentes

do conteúdo. A organização da codificação compreende o recorte (escolha das unidades), a

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

57

enumeração (escolha das regras de contagem) e a classificação e a agregação (escolha das

categorias);

Categorização: é uma operação de classificação dos elementos constitutivos de um conjunto por

diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios

previamente definidos. Tal etapa envolve o inventário (isolar os elementos) e classificação

(repartir os elementos e impor certa organização às mensagens);

Inferência: trata-se de fazer uma análise conteúdo sobre a análise de conteúdo, ou seja, quais os

possíveis polos de atração existentes entre as respostas obtidas;

Informatização da análise das comunicações: a utilização da informática para analisar o

conteúdo.

Posterior a isto, dentro da análise de conteúdo, a técnica escolhida para o desfecho da

presente pesquisa é a análise categorial. Tal forma de análise “funciona por operações de

desmembramento do texto, ou análise temática, é rápida e eficaz na condição de se aplicar a

discursos diretos (significações manifestas) e simples (BARDIN, 2011, p. 201)

Quanto a abordagem utilizada, pautou-se na forma qualitativa, conforme já explicitado

previamente. O modelo qualitativo “enfatiza o método interpretativo em oposição à chamada

descrição rica e densa”, ainda, aborda um relato longo e detalhado dos resultados encontrados

(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012, p. 373).

Para tanto, os dados referentes as respostas de cada uma das questões foi apresentada

por meio de categorias, fundando-se com frequência absoluta (f), que é a quantidade de aparições

de determinada resposta e a frequência relativa (fr) que é a frequência dada em porcentagem

(BARDIN, 2011). Também, apresentou-se alguns discursos relevantes que se destacaram na coleta

dos dados, afim de elucidar e melhor compreender a opinião dos professores que compuseram a

amostra do presente estudo.

A abordagem não quantitativa recorre a indicadores não frequenciais suscetíveis de

permitir interferências (BARDIN, 2011, p. 144).

3.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Sabendo-se que a pesquisa envolvendo seres humanos deve ancorar-se numa série de

considerações éticas devido ao intenso contato pessoal com os participantes, ressalva-se que o

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

58

presente estudo foi elaborado de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa

Envolvendo Seres Humanos e suas complementares (Resolução 196/196 do Conselho Nacional de

Saúde), sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, no dia 06/07/2015, com o parecer

1.162.684 e CAAE: 44687115.2.0000.5404 (anexo II)

A liberdade de participar ou não da pesquisa foi assegurada aos participantes, que

poderia retirar o seu consentimento em qualquer etapa do estudo, sem nenhum tipo de dano ou

prejuízo, conforme o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (apêndice I).

Foi assegurado o sigilo à identidade dos participantes, o caráter confidencial das

informações relacionadas com a privacidade e proteção da imagem. Em relação aos dados, os

participantes terão livre acesso para análise das informações em qualquer etapa da pesquisa, os

quais poderão a qualquer momento entrar em contado com os pesquisadores por meio de telefone

e/ou endereço de correspondência eletrônica.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

59

4 RESULTADOS

Para melhor elucidação dos resultados, os mesmos serão apresentados por meio de

categorias, sendo elas a) preparo e formação para atuar como professor de judô para alunos com

DV; b) as experiências já obtidas no ensino do judô para pessoas com DV e c) estratégias de

massificação do judô paralímpico.

a) Preparo e formação para atuar como professor de judô para alunos com DV

Participaram da pesquisa 85 professores de judô, sendo 17 (fr=20%) do sexo feminino

e 68 (fr=80%) do sexo masculino. Quanto a idade, a média ficou em 34 anos, sendo a idade máxima

72 anos e a mínima 18 anos. O tempo como praticante de judô teve como média 22 anos, sendo o

máximo 55 anos e o mínimo 4 anos.

Dentre estes, 53 (f=62,35%) relataram ter a graduação em Educação Física ou estar

cursando, 17 possuíam apenas o ensino médio e 13 descreveram ter a formação em outros cursos

de graduação (história, direito, fisioterapia, gastronomia, teologia, psicologia, gestão esportiva e

matemática). Outros dois têm graduação em Educação Física e mais outro curso.

Quanto a graduação na modalidade de judô, apresenta-se o quadro 04:

Quadro 4 - Graduação dos participantes no judô

Graduação Frequência (f) Frequência

Relativa (fr)

Preta – 7º dan 1 1,18%

Preta – 6º dan 1 1,18%

Preta – 5º dan 3 3,52%

Preta – 4º dan 7 8,23%

Preta – 3º dan 17 20,00%

Preta – 2º dan 7 8,23%

Preta – 1º dan 32 37,66%

Marrom – 1º kyu 15 17,64%

Roxa – 2º kyu 1 1,18%

Verde – 3º kyu 1 1,18%

Total 85 100,00%

Fonte: dados dos pesquisadores.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

60

Ao somar a quantidade de professores que possuem a graduação mínima de faixa

marrom, graduação mínima estabelecida para poder ser professor de judô, percebe-se que apenas

dois não estão de acordo com as normas estabelecidas. Enfatiza-se que, dentre todos, apenas 29

podem ser responsáveis por uma entidade de judô, de modo que os que são faixas marrom, preta

1º e 2º dan podem ministrar aulas sob a supervisão de um professor faixa preta 3º dan ou acima.

Reportando-se aos professores que poderiam, além de professores, ser responsáveis por

uma entidade (academia/associação) que oferece aulas de judô, apenas 29 professores teriam

condições de exercer tal função.

Em relação ao tempo de experiência enquanto professor de judô, apresenta-se o quadro

05:

Quadro 5 - Tempo de experiência enquanto professores de judô

Resposta Frequência (f) Frequência

Relativa (fr)

Até 5 anos 28 32,94%

De 6 a 10 anos 23 27,06%

De 11 e 20 anos 22 25,88%

De 21 a 30 9 10,59%

Mais de 31 anos 3 3,53%

Total 85 100,00%

Fonte: dados dos pesquisadores.

Quanto ao tempo como professor de judô, a média estabelecida foi de 10,75 anos, com

o máximo de 48 anos e o mínimo 1 ano. Com o quadro 05 é possível evidenciar que a maior parcela

(67,06%) dos professores possuem mais de seis anos de experiência enquanto professor de judô.

Logo, compreende-se que ao se referir à experiência como uma das formas de adquirir e aprimorar

o conhecimento, os professores paranaenses apresentam premissas satisfatórias.

Posteriormente, os professores foram questionados acerca de se sentir preparado para

ministrar aulas de judô para pessoas com DV. Para tanto, revela-se o quadro 06:

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

61

Quadro 6 - Percepção sobre o preparo para atuar junto de alunos com DV

Resposta Frequência (f) Frequência

Relativa (fr)

Sim 29 34,11%

Não 17 20,00%

Talvez 39 45,89%

Total 85 100,00%

Fonte: dados dos pesquisadores.

Quanto aos dados apresentados, ao somar os participantes que afirmaram que “não” ou

“talvez” tem-se 56 professores, dentre os 85 participantes na pesquisa. Ou seja, 65,88 % da amostra

da presente pesquisa não se sente preparado para ministrar aulas de judô para alunos com DV.

Dentre os 17 professores que afirmaram não se sentir preparado, sete não possuem

ensino superior em Educação Física. Ainda, dois professores não justificaram suas respostas.

Dentre as justificativas elencadas, destaca-se a necessidade de conhecimentos específicos sobre a

DV, de modo que nunca receberam e/ou participaram de atividades sobre a DV e o judô

paralímpico durante a formação inicial e continuada, tanto no que tange a graduação em Educação

Física, quanto a formação de faixa preta de judô. Dois professores relataram ainda a carência de

pesquisas, cursos, livros e boletins informativos enfatizando ser um assunto a ser explorado pela

comunidade acadêmica, necessitando estrutura e suporte para os professores.

Para complementar, apresenta-se os discursos mais relevantes descritos pelos

participantes:

“O fato de me sentir capaz não me torna preparado, mas com ctz, iria buscar me preparar

e estudar para atender um aluno com tal limitação”. (P66)

“Pela falta de vivência, precisaria estudar mais e procurar material didático e cientifico

para um aprendizado”. (P37)

“Desconheço métodos e/ou técnicas pedagógicas de ensino para deficientes visuais”.

(P55)

“Sinto que não tenho estrutura e suporte para oferecer aulas de judô para este público”.

(P64)

“Nunca tive formação nesta área”. (P7)

Acerca dos participantes que relataram talvez (f=39) sentir-se preparado para a atuação

junto de alunos com deficiência visual em aulas de judô, as justificativas elucidadas por 19

participantes revelaram que existe a necessidade de estudar e se aperfeiçoar. Outros justificaram a

falta de experiência prática com alunos com DV, tendo apenas o conhecimento teórico adquirido

durante a graduação, revelando assim as lacunas ainda existentes na formação iniciais de

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

62

professores de Educação Física. Por fim, houve ainda o relato de que a falta de oportunidades não

permitiu que os conhecimentos existentes fossem colocados em prática.

Ainda sobre os que afirmaram talvez se sentir preparado, as justificativas dos

participantes em forma de discurso auxiliam para melhor compreensão:

“Tenho a certeza que poderia dar aula, mas preciso estudar mais para dar uma aula mais

completa”. (P66)

“Acredito que poderia pelo conhecimento e pela forma que consigo transmitir

conhecimento, mas nunca tive a oportunidade de tentar”. (P75)

“Não tive nem no judô nem na formação acadêmica muito conhecimento sobre o tema,

mas acredito que iria buscar aprender para atende-los da melhor forma possível”. (P14)

“Preciso me qualificar mais. Fazer cursos específicos para trabalhar com eles”. (P18)

“Necessidade de maior aprofundamento nas particularidades da deficiência visual,

conhecimento das regras paraolímpicas, suporte das entidades”. (P47)

“Os princípios do judô e do treinamento sim, apenas precisaria buscar ferramentas para

melhor orientar o aluno”. (P49)

Referente aos professores que afirmaram se sentir preparado (f=29), 8 não justificaram

suas respostas. Os demais relataram que já tiveram a experiência durante as atividades docentes no

judô, bem como, as experiências durante a graduação; que houve a busca de conhecimentos e isso

proporcionou mais conhecimentos, de modo que poucas adaptações são necessárias. Neste sentido,

elucida-se o discurso de alguns participantes:

“Na graduação aprendi muito sobre a deficiência visual o embasamento foi muito grande,

além de ter feito estágio em uma instituição”. (P68)

“Creio que eu conseguiria dar treino com algumas adaptações” (P43)

“Precisamos modificar a forma de ensino, depois que se adaptamos, não há mais

dificuldades”. (P35)

Assim, compreende-se que apesar da maioria (fr=62,35%) dos participantes estar

cursando ou já ter concluído o curso de graduação em Educação Física; somente dois professores

não possuírem a graduação mínima de faixa marrom no judô, apenas 34,11% dos participantes se

sente preparado para ministrar aulas de judô para pessoas com DV. Talvez o dado apresentado

reflita as evidências elucidadas anteriormente acerca do reduzido número de pessoas com DV

praticantes de judô no Brasil.

b) As experiências já obtidas no ensino do judô para pessoas com DV;

Quanto questionados se alguma pessoa com DV já havia procurado para participar de

aulas de judô, 58 (f) (fr=68%) participantes relataram que não e 27 (f) (fr=32%) descreveram que

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

63

sim. Dentre estes, dois revelaram que ministraram aulas de judô em grupos maiores da referida

população, sendo no Instituto Paranaense de Cegos.

Com este mesmo dado, buscou-se verificar se nas cidades com mais de 100 mil

habitantes a procura por aulas de judô era maior por parte das pessoas com DV. Porém, conforme

apresenta-se no quadro 10, não há diferenças significativas neste aspecto. Enfatiza-se que dentre

os 85 participantes do presente estudo, apenas 15 eram oriundos de cidades menores (com menos

de 100 mil habitantes).

Quadro 7 - Procura pela prática do judô por tamanho do município

Número de habitantes Sim (fr) Não (fr)

Mais de 100 mil (70 participantes) 31,42% 68,58%

Menos de 100 mil (15 participantes) 33,34% 66,66%

Fonte: dados dos pesquisadores.

Dentre os 27 (f) professores de judô que já ministraram aulas de judô para pessoas com

DV, apresenta-se o discurso dos mesmos referente a ter aceito tal desafio:

“Acredito que qualquer pessoa pode praticar judô”. (P78)

“Aceitei o desafio, no começo senti dificuldade mas depois veio a gratidão que é muito

maior”. (P68)

“Foi feito um projeto de estágio na Faculdade p/ deficientes visuais na APADEVI, foi

excelente”. P8)

“Pois não sei dizer não para ninguém que queira aprender judô” (P12)

“Sim, porque a turma era disciplinada e os outros educandos auxiliavam os alunos com

D.V. juntamente com o sensei”. (P17).

“Trabalhei no Instituto Paranaense de Cegos com turmas escolares e de rendimento. Após

este período um grupo se deslocou passando a treinar em minha academia. Participei com

estes de alguns eventos da CBDC” (P28)

“Durante a graduação fiz estágio no Instituto Paranaense de Cegos. No ano de 2014,

ministrei aulas no projeto do Instituto”. (P47)

“Porque era do projeto mais educação nas escolas”. (P57)

“Ministrava aulas normais porém cuidando com a fala e o gesto” (P65)

“Um dos deficientes participou do judô para vivenciar vários esportes e posteriormente se

consagrou no atletismo” (P1)

Com tais respostas, é possível elucidar que muitas das experiências foram

proporcionadas durante estágios na graduação, acreditando que o judô deve ser uma modalidade

acessível a todos, que com adaptações aos métodos de ensino é possível o aprendizado do judô

mesmo por aqueles que possuem ausência da visão.

Posteriormente, os participantes que perfizeram a amostra da presente pesquisa que

responderam que nunca haviam sido procurados por uma pessoa com DV (f=58) para praticar judô,

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

64

responderam se alguma pessoa com DV lhe procurasse, se ele aceitaria ministrar aulas de judô em

suas turmas. Neste questionamento, dois (f) responderam que não aceitariam, quatro (f) que talvez

e 52 (f) aceitariam ministrar aulas de judô para pessoas com DV. Neste sentido, apresenta-se as

justificativas dos professores que não aceitariam:

“Não tenho conhecimentos técnicos para atender um aluno nessas condições”. (P7)

“Porque acho que não estou em condições de prestar um bom serviço para essa pessoa”.

(P6)

Outros 4 (f) professores relataram que talvez aceitariam, explicando que

“Ainda não possuo preparação técnica, porém teria disposição e vontade”. (P71)

“Dependendo do nível da deficiência. Caso seja cegueira provavelmente não aceitaria”.

(P33)

‘Primeiramente teria que verificar se as instalações do local de treino fosse adequadas”.

(P26)

“Se eu me sentisse não preparado para esta nova experiência, precisaria procurar meios de

como tratar. Tal situação e aceitar, caso procuraria indicar alguém com experiência”. (P84)

Nos relatos apresentados sobre as justificativas de não aceitar ou talvez aceitar o aluno

com DV, percebe-se que todos estão relacionados a não sentir-se preparado para atuar junto do

aluno com DV. Ressalta-se que, dentre estes, apenas um não possui ensino superior, e outro possui

graduação em direito, já os outros quatro possuem graduação em Educação Física, na qual

deveriam ter obtido o conhecimento necessário para atuação junto de alunos com DV.

Os demais (f=52), responderam que sim, sendo que dentre estes 15 (f) não justificaram

sua escolha no referido questionamento. As justificativas apresentadas pelos demais foram que o

judô é um esporte que, além de ser para todos, é adequado às características da pessoa com DV,

devendo apenas realizar algumas adaptações quanto aos métodos de ensino. Ainda, revelaram que

a experiência em ter alunos com DV inclusos pode ser relevante na formação humana dos demais

alunos das turmas que não possuem deficiência, eliminando assim atitudes preconceituosas. Porém,

um professor revelou que criaria uma turma apenas para os alunos com DV, de forma separada.

Quanto a estes, ainda apresenta-se alguns relevantes discursos para melhor entender as

motivações para ter alunos com DV:

“Tenho interesse, no entanto que já tentei montar projeto voltados para este publico”. (P3)

“Sim, mas teria que pesquisar e coletar dados”. (P5)

“Aceitaria pois há diversas formas didaticas de ensinar judô para deficientes visuais”. (P2)

“Teria o maior prazer em desenvolver esse trabalho, principalmente pelo desejo”. (P9)

"Acredito que todos são capazes de praticar qualquer atividade física, vale das adaptações

dadas pelo professor”. (P14)

“Não vejo maiores dificuldades em lidar com este público”. (P13)

“Iria procurar informações p/ poder ajudar”. (P15)

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

65

“Este é capaz da pratica da modalidade”. (P22)

“Creio que o judô é um esporte para todos”. (P21)

“Seria um desafio como profissional”. (P25)

“Todos tem direitos iguais e devemos dar oportunidade a todos”. (P24)

“Aperfeiçoamento profissional, inclusao”. (P29)

“Considero o judô um esporte completo, que desenvolve a técnica, força, o respeito, a

disciplina, e educação, e como tal o próprio ensinamento contempla a diversidades de

conhecimento, na questão técnica as variedades de técnica permite adaptações e

variações”. (P31)

“Dar oportunidade ao aluno de conhecer o esporte”. (P34)

“Pela inclusão e também pelo aprendizado uma experiência nova”. (P37)

“Tudo que me permitir crescer, como prof. será muito bem aceito”. (P38)

Acred

“Não vejo problemas em treinar alguém com alguma limitação”. (P43)

“A aula pode ser adaptada a necessidade da pessoa. O judô é para todos”. (P41)

“Acredito na idéia judô p/ todos, acredito que o judô é uma transformação de vidas, prego

judô e executo as filosofias judoísticas, de forma que me sinto capaz de trabalhar com

pessoas com limitações”. (P39)

“O judô pode ser adaptado a necessidade da pessoa. O judô é para todos”. (p41)

“Seria uma experiencia nova”. (P42)

“Não vejo problemas em treinar alguém com alguma limitação”. (P43)

Com isso, é possível reconhecer o discurso de muitos professores, não somente para

esta justificativa, mas também para as demais de que o judô é um esporte para todos, possuindo

pressupostos do âmbito prático e conforme era o desejo de Jigoro Kano quando criou a referida

modalidade. Assim, também destaca-se o aprendizado oriundo do curso de graduação em Educação

Física e as adaptações quanto aos métodos de ensino a serem feitas.

c) Estratégias de massificação do judô paralímpico.

A última categoria elucidada trata das estratégias de massificação sugeridas pelos

professores de judô filiados a FPRJ. Em relação as sugestões oferecidas pelos professores para que

o judô paraolímpico no estado do Paraná se desenvolva com mais expressividade, apresenta-se o

quadro 12:

Quadro 8 - Estratégias para desenvolvimento do judô paralímpico no Paraná

Categoria Frequência

(f)

Formação de professores 47

Divulgação da modalidade 33

Parcerias com Instituições Especializadas em DV 16

Competições Estaduais de judô para pessoas com DV 13

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

66

Interesse dos professores 10

Investimento 7

Estrutura 6

Motivar os professores 6

Incentivo 3

Construção de Centros de Excelência de Judô Paralímpico 3

Projetos nas universidades 1

Acesso a pessoa com DV 1

Cadastro de pessoas com DV por região 1

Criação de um departamento da Federação Estadual de Judô 1

Total 148

Fonte: dados dos pesquisadores.

Com as respostas acima apresentadas, percebe-se a por meio das respostas obtidas de

muitos professores a necessidade de maiores investimentos com a formação de professores, de

modo que tal estratégia pode servir também como ferramenta para divulgação do judô paralímpico,

sendo o incentivo para melhorar a motivação e interesse dos professores de judô do estado do

Paraná.

Para tanto, demonstra-se alguns discursos revelados pelos participantes da pesquisa:

“Deveríamos ter mais cursos ensinando os professores novas formas de dar aula para

deficientes e motivar cada vez mais os professores a atenderem esse público” (P66)

“Divulgação da modalidade, especialização dos professores, muitas vezes as pessoas não

sabem que existe a possibilidade de deficientes visuais praticarem a modalidade, é preciso

também que os professores se interessem por tal modalidade e trabalhem com ela” (P84)

“Preparar profissionais da área para atender com qualidade”. (P40)

Também, em diversos momentos as respostas reportaram-se as parcerias com

Instituições Especializadas no atendimento a pessoa com DV:

“Se Maomé não vai a pedra a pedra vai a Maomé – devemos buscar um maior contato

com entidades que auxiliam tais indivíduos”. (P45)

“Talvez a FPRJ possa fechar uma parceria com entidades que fazem trabalhos com

crianças portadoras de D.V. implementando o judô nessas instituições”. (P2)

“Projetos nas escolas e instituições que atendem essas pessoas” (P8)

“Que os locais onde tem maior concentração de “Deficientes” sejam visitados e que seja

feita uma divulgação da possibilidade deles virem a ser atletas, pois nem eles imaginam

isso”. (P24)

“Deve ser oferecido as entidades e institutos de pessoas com alguma deficiência o judô,

além de capacitar os professores”. (P43)

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

67

“Deveria organizarmos e fazer parcerias em instituições especificas para deficientes

visuais”. (P60)

Enfatiza-se ainda as justificativas relacionadas a motivação e interesse por parte dos

professores paranaenses:

“Interesse e vontade por parte dos senseis, se sentirem motivados e preparados para

desenvolver os alunos”. (P10)

“Que professores tenham iniciativa de procurar pessoas e escolas para aumentar a prática

#judoparatodos”. (P68)

“Vontade! Com isso os professores procuram formas de se capacitar. Acho também que

muitos cegos não sabem que podem praticar judô, por falta de divulgação por meio das

federações e professores”. (P82)

“Alguma forma de incentivo para as academia e fazer levantamento de alunos com

deficiencia visual no estado”. (P75)

“Os professores devem procurar as pessoas com deficiência e oferecer seus serviços

mostrando os benefícios”. (P79)

Conforme apresentado por meio dos discursos dos professores, várias sugestões foram

elencadas afim de que o judô paralímpico se desenvolva com mais expressividade. Além das

apresentadas anteriormente ainda destaca-se a necessidade de maior divulgação e a realização de

competições somente para pessoas com DV.

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

68

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A discussão dos resultados pautou-se a partir de duas categorias, sendo: Formação

de professores e Estratégias para o desenvolvimento do judô paralímpico.

5.1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Em relação a formação de professores de judô, sub capítulo inicial da discussão dos

resultados, vale enfatizar a importância atribuída para tal temática, de modo que a mesma é

responsável por preparar professores para ensinar não somente técnicas e fundamentos da

modalidade, mas de adequar métodos de ensino para a população em foco. Sobre isso, Nista-

Piccolo (2011) corrobora que

Formar professores é um processo complexo que se dá numa teia de múltiplas relações,

gerada por diferentes dimensões, como a social, a política, a ética, a econômica e a

humana. Formar é dar a forma..., é conceber... e preparar, é educar... para ser professor,

que terá como ação a educação. O cuidado com os caminhos adotados nessa formação

incide na preocupação com práticas docentes copiadas pelos alunos em suas futuras

atuações como professores (p. 127).

Olivio Junior e Drigo (2015), pesquisadores consagrados na temática acerca da

formação de professores de judô, evidenciaram que o modelo de formação de professores de judô

no ano de realização do estudo (2015) ainda era artesanal, ou seja, o técnico é o ex-praticante da

modalidade. Sobre isso, os autores complementam que

A educação artesanal no judô se dá ao longo dos anos de participação em um dojô,

orientado por um sensei e progressivamente ao acumular conhecimentos dos golpes e

técnicas o aluno se tornaria um instrutor, técnico ou mestre na modalidade. Esta lógica de

formação possui grande aceitação social perante os praticantes, o público e a sociedade

brasileira em geral (OLIVIO JUNIOR; DRIGO, 2015, p. 29)

Portanto, que no Brasil, em relação à estrutura acadêmica da Educação Física, ainda

há uma lacuna de legitimidade e interpretação das necessidades da prática no que diz respeito à

formação da competência do técnico de judô, não havendo comunicação entre as federações e as

Instituições de Ensino Superior (IES). Desta forma, a perspectiva de trabalho com judô fica, por

ora, restrita apenas à prática do artesão, à experiência e ao bom senso (DRIGO et al., 2011).

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

69

Concomitante a isto, uma pesquisa de campo foi realizada por Gomes et al. (2013)

objetivando verificar a influência do curso de Educação Física em professores que lecionam Judô

para iniciantes. Para tanto, participaram 12 professores de judô, todos faixas pretas na modalidade,

sendo que dentre estes sete eram formados em Educação Física e cinco não. Após a aplicação da

técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, os resultados evidenciaram que a elaboração das aulas de

Judô se dá predominantemente a partir do conhecimento adquirido na vivência da modalidade do

professor e a graduação em Educação Física pouco influenciou nas estratégias utilizadas.

A partir das respostas encontradas, os autores concluíram que há a predominância

do método de ensino artesanal, ou seja, mesmo os professores graduados em Educação Física

utilizam estratégias parecidas com o que lhes foi ensinado. Porém, reconhecem que se exige

conhecimento além da prática como atletas-praticantes e uma formação mais específica, como a

graduação em Educação Física, para que ensinem o judô com maior riqueza de conhecimentos

científicos e bases didático-pedagógicas, que serão vivenciadas durante sua vida acadêmica

(GOMES et al., 2013)

Frente ao modelo artesanal, evidenciado nas pesquisas apresentadas por Olivio

Junior e Drigo (2015) e Gomes et. al. (2013), os autores reconhecem que transformações sociais

ocorreram e estas exigem mudanças no espaço do judô. O que mudou não foi o judô, mas sim a

sociedade em que o mesmo está inserido.

Neste pensar, percebeu-se no presente estudo que dentre os 85 participantes, 53

possuem ou cursam graduação em Educação Física, sendo ainda que dois são graduados em EF e

mais um curso. Neste sentido, o Artigo 1º da resolução 046/2002 do CONFEF que dispõe sobre a

Intervenção do Profissional de Educação Física e suas respectivas competências, dentre outros

itens, prevê

Art. 1º - O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas

diversas manifestações [...] tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o

desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou

restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal

dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da

consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes,

de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda,

para consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da

integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente,

observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no

atendimento individual e coletivo (CONFEF – RES. 046/2002).

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

70

Acerca da citação apresentada acima, Carvalho e Drigo (2007) corroboram

relatando que o conhecimento adquirido com a formação acadêmica permite que seja desenvolvida

um trabalho de melhor qualidade no Judô. Os formados em Educação Física que não tem graduação

elevada no Judô têm competência para trabalhar com iniciação da modalidade, preparação física e

psicológica competidores e com avaliação desses judocas em termos cineantropométricos,

fisiológicos, biomecânicos e de aprendizagem e de desenvolvimento motor. Porém, para que os

profissionais de Educação Física estejam preparados para tal, é necessário que,

O Projeto-Politico-Pedagógico para os cursos de formação deveriam pautar-se na

multidimensionalidade, para assegurar que, ao inserir-se no mercado de trabalho, o

profissional de Educação Física estivesse apto a observar as características da população

com a qual irá atuar; identificar suas especialidades, avaliar as reais possibilidades para a

implementação de estratégias diferenciadas para atender aos conflitos cognitivos presentes

ou por vir; diagnosticar fragilidades; definir a metodologia de ensino, a partir de objetivos

que agregam os aspectos motores, socioafetivos, políticos e culturais de seus aprendizes;

e avaliar suas ações, pautando-se na cientificidade da área e no bom senso que deve

fortalecer o pensamento crítico (MOLARI; TOLEDO, 2013, p. 263).

Molari e Toledo (2013, p. 267), explicam que “formar, na universidade, o

profissional capaz de criar parâmetros metodológicos para a reflexão crítica que educa o corpo e o

espírito, sob a luz do espirito investigativo inerente ao homem, talvez seja um dos maiores desafios

que se apresente para a definição dos conteúdos na Educação Física”, até mesmo quando se pensa

em formação para o trabalho com modalidades de luta.

Porém, os autores admitem que a maioria dos cursos de graduação em Educação

Física falham na formação de profissionais que visem trabalhar com preparação técnica e tática de

modalidades específicas. Justifica-se evidenciando que seria necessária uma carga horária de aulas

bem maior que lhe provessem um conhecimento específico suficiente para tal durante todo o curso

de graduação em Educação Física, pois o professor de Judô deve estar preparado para atender todas

as demandas e necessidades de sua clientela (CARVALHO; DRIGO, 2007). Neste ínterim,

destaca-se a justificativa apresentada pelos participantes P7 e P37 do presente estudo que revelaram

não se sentir preparado para atuar junto de pessoas com DV:

“Nunca tive formação nesta área”. (P7)

“Pela falta de vivência, precisaria estudar mais e procurar material didático e cientifico

para um aprendizado”. (P37)

Destaca-se que ambos os professores (P7 e P37), apesar do relato de terem concluído

o curso de graduação em Educação Física, não se sentem preparados. Ou seja, existem problemas

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

71

em alguns cursos de formação de professores de Educação Física para a atuação com alunos com

DV.

Concomitante a isto, aqueles (p=29) que afirmaram que se sentem preparados

relataram o contrário, ou seja, que tal sentimento se revela a partir da formação que possuem,

conforme explica o professor P68 “Na graduação aprendi muito sobre a deficiência visual o

embasamento foi muito grande, além de ter feito estágio em uma instituição”.

Molari e Toledo (2013) elucidam que em muitos cursos de graduação em Educação

Física o processo de seleção dos conteúdos relacionados as lutas se dá distante das exigências do

mercado de trabalho, pois se faz uma leitura restrita que engessa a prática, limitando-se ao ensino

de uma modalidade, que muitas vezes é escolhida de acordo com a afinidade de próprio docente.

Ainda, deve-se refletir e banir como critério de seleção de conteúdos algumas verdades absolutas

enraizadas na área. Sobre isso, Drigo et al. (2011), explica que

No Brasil, em relação à estrutura acadêmica da Educação Física, ainda há uma lacuna de

legitimidade e interpretação das necessidades da prática no que diz respeito à formação da

competência do técnico ou do mestre de judô, tornando-se uma questão mal resolvida,

tanto no âmbito das federações e confederações, ou resolvida pelo campo acadêmico, não

havendo comunicação entre estas instâncias. Desta forma, a perspectiva de trabalho com

judô fica, por ora, restrita apenas à prática do artesão, à experiência e ao bom senso

(DRIGO et al, 2011, p.61).

A partir de tal afirmação, percebe-se a importância da formação em Educação Física

para atuação em modalidades de luta, artes marciais e/ou esportes de combate, enquadrando

também o Judô. A sua relevância é confirmada por Mesquita (2014), o qual explica que o

planejamento para a implementação e desenvolvimento de aulas de judô devem ser estudados por

especialistas em todas as fases do ensino. O autor ainda complementa que assim “o professor

deverá eliminar antigos ‘chavões’ ou mitos, de uma época de treinamento empírico. Tais como: ‘é

caindo que se aprende’, ‘tem que sofrer para aprender’, ‘quando o corpo cansa a mente pensa’, etc”

(MESQUITA, 2014, P. 183).

Ainda sobre a formação de professores, reflete-se sobre a preparação dos

acadêmicos para o trabalho junto de alunos com deficiência, população alvo do judô paralímpico

e à priori neste estudo. Durante a coleta dos dados, o professor P68 enfatizou que “na graduação

aprendi muito sobre a deficiência visual - o embasamento foi muito grande [...]”. De forma

contrária, P68 explicou que “desconheço métodos e/ou técnicas pedagógicas para deficientes

visuais”, já que este não graduou-se em Educação Física.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

72

Neste ínterim, Rodrigues e Lima-Rodrigues (2013) contribuem que os professores

formadores nas universidades devem pensar sobre as opções de formação (modelos, conteúdos,

experiências) que proporcionam aos seus alunos, assumindo o compromisso de que competências

sejam desenvolvidas em todos os futuros professores, para que estes se sintam mais seguros e

capazes de lecionar de forma não discriminatória, promovendo assim a participação de todos os

alunos durante as suas aulas.

Os cursos de preparação profissional enfatizam conhecimentos básicos sobre o

movimento humano (biomecânica, anatomia, aprendizagem motora, dentre outros), chamados de

conhecimento disciplinar. Porém, a formação de um professor deve ser baseada também em outros

saberes: saber didático, saber profissional, saber disciplinar, saber reflexivo, saber pesquisar e saber

sobre o aluno (MANOEL, 2011).

O último item explicitado pelo autor – o saber sobre o aluno – talvez seja o foco do

presente estudo quando discutido perante a ótica da formação de professores. Neste sentido, a

literatura apresentada revela que os saberes acerca do aluno com deficiência ficam somente a cargo

de uma disciplina nos cursos de graduação em Educação Física, frequentemente chamada de

Educação Física Adaptada.

Segundo Cidade e Freitas (2002, p. 27) “A Educação Física Adaptada surgiu

oficialmente nos cursos de Graduação através da resolução 03/87 do Conselho Federal de

Educação, prevendo a atuação do professor de Educação Física junto às pessoas com deficiência e

outras necessidades especiais”.

A formação inicial e continuada de professores de Educação Física para lidar com

alunos com deficiência é de extrema importância. Os problemas existentes na formação dos

profissionais acarreta na falta de acesso de pessoas com DV em atividades físicas e/ou esportivas,

como também se enquadra o judô (CIDADE; FREITAS, 2002).

Uma pesquisa realizada por Teodoro (2006), visando identificar as dificuldades

vivenciadas por atletas paralímpicos, enfatizou que uma delas é o despreparo de profissionais de

Educação Física para desenvolver ações docentes no esporte paralímpico. Mesmo com todos os

avanços na formação de professores e o crescimento vivido pelo Esporte Paralímpico, uma das

maiores dificuldades enfrentadas pelos atletas é a carência de profissionais qualificados para

trabalhar junto à pessoa com deficiência (TEODORO, 2006; CARDOSO, 2011).

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

73

Silva (2015) explica que componentes ligados à pessoa com deficiência devem ser

pensados de forma a garantir uma sólida base de atuação do futuro profissional da área. O autor

sugere que uma proposta de alteração na formação de professores de Educação Física para lidar

com alunos com deficiência seria, ao invés de ter acesso a uma disciplina no currículo, o conteúdo

deveria estar presente e ser discutido em todas as disciplinas.

Sobre isso, Pena (2013, p. 44), contribui que

O Esporte Paralímpico é um conteúdo importante na formação do profissional de

Educação Física. O trabalho dos professores que ministram esse conteúdo em suas

disciplinas colabora para o desenvolvimento dessa manifestação esportiva, no Brasil, pois

a formação de recursos humanos é parte fundamental nesse processo.

Com as constatações relacionadas com a importância da formação em Educação

Física para o trabalho no judô paralímpico, revela-se a o quão relevantes são as disciplinas voltadas

ao trabalho junto de alunos com deficiência e lutas, quando, trabalhadas em consonância poderão

proporcionar uma formação sólida aos graduandos. Porém, nenhum dos autores investigados

comenta sobre a abordagem de lutas/esportes de combate com foco no aluno com deficiência,

mesmo os esportes que se enquadram no programa paralímpico, como é o caso do judô, da esgrima

em cadeira de rodas e do esporte estreante em 2020: o taekwondo.

Os participantes do estudo, quando questionados sobre as experiências já obtidas

com o judô paralímpico, revelaram que “Foi feito um projeto de estágio na Faculdade p/ deficientes

visuais na APADEVI, foi excelente” (P8), já P47 relatou que “Durante a graduação fiz estágio no

Instituto Paranaense de Cegos. No ano de 2014, ministrei aulas no Projeto do Instituto”. Ou seja,

as experiências e o conhecimento adquirido foram proporcionados pela disciplina voltada ao aluno

com deficiência durante a graduação em Educação Física. Sobre a disciplina, Silva (2015, p. 110)

defende que

Uma proposta de alteração na formação de professores de Educação Física para lidar com

a deficiência seria, ao invés de o futuro profissional ter apenas uma disciplina no currículo,

o conteúdo sobre pessoas com deficiência deveria permear e ser discutido em todas as

disciplinas.

Ou seja, o ideal seria que todas as disciplinas, inclusive a que se refere as lutas

abordasse o tema em foco e a sua aplicabilidade junto de diferentes populações, inclusive das

pessoas com deficiência.

Franchini (2008, p. 117), um dos pesquisadores mais relevantes sobre o treinamento

e preparação física no judô, no capítulo de sua obra que revela dicas para quem deseja iniciar a

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

74

prática da modalidade, descreve alguns fatores que devem ser levados em consideração na escolha

do sensei: “recomenda-se que o professor seja formado em Educação Física, possua graduação no

judô (preferencialmente acima de 3º dan) e tenha experiência no ensino da atividade”.

Assim, a partir da literatura encontrada, considera-se que o ideal é que o professor

de judô apresente ambas as formações: ser faixa preta de judô, com preferência para aqueles que

são 3º dan ou acima e ser graduado em Educação Física. Quanto ao processo de formação do faixa

preta, Drigo et al. (2011), ressalta que o praticante deverá passar no mínimo cinco anos e seis meses

de treinamento para chegar à faixa preta, caso tenha aproveitamento total em todas as fases e os

exames forem coincidentes com todos os períodos de carência.

Porém, ao consultar o programa de exame de faixas pretas, percebe-se que o mesmo

se resume em “saber fazer”. Ou seja, não evidenciam preocupações quanto ao saber ensinar, lidar

com a diversidade. O regulamento prevê que, para ter o direito de usufruir da faixa preta (1º dan),

dentre outros itens, deve ser aprovado em uma avaliação teórica sobre histórico, filosofia, ética e

disciplina; atualidades; divisão e classificação das técnicas; ortografia do vocabulário técnico e a

descrição escrita sobre o Nague no Kata2. Já a prova prática é composta pela realização Nague no

Kata; naguewaza (técnicas de projeção); Renrakuwaza (sequência de técnicas de projeção);

Kaeshiwaza (técnicas de contra golpe); Katamewaza (técnicas de solo) e uma apresentação prática

de arbitragem (F.PR.J., 2011)

Ao verificar o programa para promoção de faixa preta (3º dan), o que seria ideal,

averígua-se que além do já solicitado para 1º dan, exige-se a descrição escrita sobre o Ju no Kata

(técnicas que objetivam utilizar da força do adversário para desequilibrar – a arte de ceder);

demonstrar noções básicas de organização de eventos; provas práticas sobre Ju no Kata; Katame

no Kata (técnicas de combate de solo) e Nague no Kata.

Com isso, percebe-se as defasagens nas exigências para a promoção de faixas e

graus da F.Pr.J., que elabora suas diretrizes pautando-se em requisitos impostos pelo órgão máximo

da modalidade em território brasileiro – a Confederação Brasileira de Judô. Verifica-se, por meio

dos documentos disponíveis, que não há preocupação quanto a formação do professor de judô.

2 O kata foi desenvolvido com o propósito de ensinar os aspectos básicos das técnicas de judô e sua etiqueta apropriada.

É através dos katas que o uke (atleta que cai) e o tori (atleta que joga) podem trabalhar juntos na melhora da fluência

e dos movimentos do judoca. É, em suma, uma apresentação que demonstra as formas ideais de movimentação para a

aplicação de cada tipo de técnica. (WILSON, 2011).

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

75

Ou seja, se quem pode ministrar aulas de judô é o faixa preta, permeiam dúvidas no

tocante a sua formação, de modo que os exames de promoção de graduação não visam evidenciar

se o praticante está preparado para ser professor e difundir os conhecimentos inerentes a

modalidade. Sobre o judô paralímpico, o professor P14 revela que “não tive nem no judô nem na

formação acadêmica muito conhecimento sobre o tema, mas acredito que iria buscar aprender para

atende-los da melhor forma possível”.

Neste sentido, ficam explicita a falta de preocupação por parte da CBJ e Federações

estaduais em formar profissionais qualificados para atender crianças, adultos, idosos, sejam estes

com ou sem deficiência, tanto no processo de iniciação esportiva quando no aperfeiçoamento e

treinamento. Relacionando com os resultados encontrados na presente pesquisa, evidencia-se que

dentre os participantes (n=85), 25 deles afirmaram possuir ambas as graduações (3º dan de judô e

graduação em Educação Física). Ou seja, apenas 29% dos professores que participaram do estudo

seriam ideias, conforme exposto por Franchini (2008).

Para preencher as lacunas apresentadas acerca do conhecimento que proporcione

uma formação sólida durante a graduação para ser professor de judô, Silva (2015) sugere os

componentes optativos. Estes, devem garantir ao aluno a construção do seu conhecimento de

acordo com as especificidades e interesses pessoais adquiridos ao longo do currículo obrigatório e

de suas experiências acadêmicas. Os componentes devem ser criados de acordo com as

necessidades apresentadas pelos próprios acadêmicos e a demanda de conhecimento ofertada pelos

docentes do curso.

Porém, além da formação inicial, é importante destacar a importância da formação

continuada, que pode acontecer por meio da participação em eventos científicos, a conclusão de

cursos de pós graduação (latu sensu e scricto sensu), os estudos em grupo e também de forma

individual. Todavia, verificar a formação continuada dos professores de judô não se enquadrou nos

objetivos propostos para o presente estudo.

Neste sentido, os professores que relataram não se sentir preparado juntamente com

aqueles que talvez se sintam preparados, somam-se 56 professores. Muitos destes justificaram a

falta de conhecimentos teóricos e de experiência prática, a dificuldade de acesso a literatura

existente e a falta de oportunidades de trabalhar junto da população com DV.

O professor P21 explicou que “não estou preparado ainda, mas buscaria me preparar

para atender o aluno”. Concomitante a ele, P14 relatou que “não tive nem no judô nem na formação

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

76

acadêmica muito conhecimento sobre o tema, mas acredito que iria buscar conhecimento para

atende-los da melhor forma possível”. Já P2 justificou que “acredito que se eu tivesse a

oportunidade, estudaria um pouco e buscaria alguns materiais didáticos para complementar meus

conhecimentos”. Ou seja, os professores admitem que não se sentem preparados, mas aguardam a

procura de algum aluno com DV para que então possam buscar a qualificação que admitem ser

necessárias.

P64 admite ainda que não está preparado porque “há falta de estrutura e suporte”.

Ressalva-se a considerável quantidade de bibliográfias já publicadas sobre o assunto, conforme

evidenciou-se neste estudo (GROSSO, 2006; GOMES, MORATO e ALMEIDA, 2011; MIARKA

et al., 2011; GUTIÉRREZ-SANTIAGO et al., 2011; GUTIÉRREZ-SANTIAGO et al., 2011;

GONZÁLEZ, GUTIÉRREZ-SANTIAGO e AYÁN, 2012; GUTIÉRREZ-SANTIAGO et al., 2013;

HARNISCH et al., 2014; HARNISCH, 2014;; SILVA et al., 2015). Com isso, constata-se o

distanciamento existente entre a teoria e a prática, ou seja, os estudos publicados que deveriam

subsidiar professores de judô no tocante às suas atividades docentes, em sua maioria, não chegam

ao público alvo.

Assim, concorda-se com os achados de Bezerra, Souza e Silva (2008) já

apresentados anteriormente, o qual defende que os cursos de graduação em Educação Física que

teriam condições para promover a integração entre a comunidade acadêmica e científica e os

professores de judô que ministram aulas em academias, associações, clubes e escolas.

Por fim, percebe-se que os resultados encontrados na presente pesquisa vão de

encontro ao já existente na literatura. Ou seja, as adversidades elencadas nas pesquisas

desenvolvidas por Olivio Junior e Drigo (2015) e Gomes et al. (2013) no que concerne a formação

de professores de judô reflete nos resultados evidenciados na presente pesquisa, de modo que os

professores relataram não estarem preparados para atuação no judô junto de pessoas com DV,

apesar das poucas adaptações necessárias para tal, conforme confirmado por alguns participantes.

5.4 ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO JUDÔ PARALÍMPICO

Durante a coleta de dados, além de verificar as experiências dos professores de judô

do estado do Paraná em relação ao judô paralímpico e o preparo (ou não) existente para tal,

questionou-se os participantes acerca de sugestões para que a modalidade se desenvolva de forma

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

77

mais expressiva. Assim, apresenta-se o compilamento das respostas elencadas por meio da Figura

10:

Fonte: dados dos pesquisadores.

Quanto às observações destacas acerca da maior divulgação do judô paralímpico,

sugeriu-se a utilização de mídias sociais, vídeos, flyer’s, panfletos explicativos, bem como, as

próprias competições enquanto meio de disseminação do referido esporte. Benfica (2011), relata

que a divulgação do esporte paralímpico nacional, ainda que incipiente nos diferentes meios de

Figura 10 - Estratégias de desenvolvimento por meio da formação de professores

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

78

comunicação de massa pode influenciar positivamente na disseminação do esporte adaptado e no

consequente aumento no número de pessoas com deficiência praticantes de atividade físicas e/ou

esportivas.

A divulgação, conforme a opinião dos participantes da pesquisa, é de extrema

relevância para a modalidade, conforme explica o professor P84: “Divulgação da modalidade,

especialização dos professores, muitas vezes as pessoas não sabem que existe a possibilidade de

deficientes visuais praticarem a modalidade, é preciso também que os professores se interessem

por tal modalidade e trabalhem com ela” (P84). Quanto aos locais de divulgação, P24 defende que:

“os locais onde tem maior concentração de “Deficientes” sejam visitados e que seja feita uma

divulgação da possibilidade deles virem a ser atletas, pois nem eles imaginam isso”. (P24)

Ainda, os participantes relataram a importância da realização de cursos de curta

duração, pela facilidade em participar em virtude do pouco tempo desprendido para tal. Um

exemplo que possa ser explicitado para tal é o Curso ministrado na Federação Paranaense de Judô

durante o evento de credenciamento de técnicos para o ano de 2016. Outra possibilidade seria a

realização de cursos das delegacias regionais, facilitando pela proximidade com o local do evento.

Sobre o curso ministrado, relatos positivos puderam ser elencados, como: “Deveríamos

ter mais cursos ensinando os professores novas formas de dar aula para deficientes e motivar cada

vez mais os professores a atenderem esse público” (P66) e “Preparar profissionais da área para

atender com qualidade” (P40).

Ou seja, já que muitos problemas foram elencados acerca da formação de professores

de Educação Física e de faixas pretas, talvez proporcionar momentos de aprendizado ao longo de

cursos e competições seja uma estratégia de sucesso, sendo mais acessível, rápida e com baixo

custo para as Federações de Judô e para os professores participantes.

Outra ideia apresentada foi a de elaboração de vídeos explicativos e materiais didáticos.

A IBSA, em seu site oficial disponibiliza alguns materiais didáticos neste sentido, porém, é

limitado pelo idioma: inglês. Apesar dos avanços já obtidos neste sentido, poucos professores

preocupam-se em adequar-se a outros idiomas, afim de buscar mais fontes de aprendizado.

Porém, o que poderia ser feito por parte das Federações é a tradução dos vídeos e

disponibilização de materiais didáticos existentes, como artigos, dissertações, teses, e-books,

livros, dentre outros em seus sites.

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

79

Ainda, baseando-se nas sugestões oferecidas pelos professores, apresenta-se a figura

11, que buscou elucidar por meio de um esquema as melhores formas de desenvolver o judô por

meio das federações estaduais, utilizando-se da FPRJ como modelo para as demais. Além de

ampliar as oportunidades de formação dos professores; a realização de parcerias com diversas

instituições, governamentais ou não; investimentos em infraestrutura, competições, centros de

treinamento. Tais propostas dos técnicos de judô do Paraná podem ser melhor visualizadas na

figura 11:

Fonte: dados dos pesquisadores.

Por fim, com a figura 11 é possível vislumbrar possibilidades para desenvolvimento do

judô paralímpico, tendo como foco as federações estaduais de judô. Desta maneira, tais entidades

seriam determinantes para que aumentasse o número de atletas com DV, pela sistematização de

Figura 11 - Sugestões para desenvolvimento do judô paralímpico

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

80

cursos de qualificação de professores, pela organização de competições, dentre outras importantes

incumbências.

Os participantes do estudo revelaram a importância da efetivação de parcerias entre

Associações/ Entidades de Judô, Universidades, Instituições Especializadas no Atendimento a

pessoas com DV e órgãos governamentais.

Almeida et al. (2014), relatam a importância da efetivação de parcerias com as

universidades, de modo que as mesmas desenvolvem projetos científicos relacionados às questões

das deficiências, aspectos estes relativos ao treinamento de atletas e das diversas questões gerais

que os rodeiam. Pena (2013) corrobora que um fator importante no desenvolvimento do Esporte

Paralímpico deve-se a participação das universidades nesse processo, como a participação das

universidades em federações esportivas voltadas às pessoas com deficiência, através de vínculos

oficiais como convênios entre as partes.

Outra importante parceria citada é com órgãos governamentais. O CPB em parceria

com o Ministério do Esporte, desde 2008, criou programas, projetos e ações governamentais cujo

foco maior seja estimular a prática esportiva, da iniciação ao alto rendimento, por crianças, jovens

e adolescentes com deficiência (BENFICA, 2011).

Ainda, vale ressaltar a parceria com Instituições Especializadas no atendimento a

pessoas com DV. Nestas instituições ocorre o aprendizado de questões inerentes à própria DV,

como o ensino do braille, o uso de tecnologias assistivas e as atividades esportivas. Mas, na maior

parte das vezes, essa prática se dá em tempo da vivência limitado (COSTA, OLIVEIRA FILHO,

2012; PENA, 2013).

Assim, a parceria entre tais instituições e entidades de judô pode proporcionar

vivências do judô paralímpico, fazendo que talvez as pessoas com DV gostem da prática e tornem-

se praticantes assíduas da modalidade.

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

81

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo inicialmente dos objetivos específicos propostos para o presente estudo que

foram de constatar se os professores e técnicos de judô convencional se sentem preparados para

ministrar aulas de tal modalidade para pessoas com Deficiência Visual, percebeu-se que a maioria

(65,89%) dos participantes não se sente preparado para tal. Atrelado a isso, evidenciou-se que 53

professores, dentre os 85 participantes está cursando ou já concluiu a graduação em Educação

Física, sendo que dentre estes somente 25 também têm a graduação de faixa preta 3º dan no judô.

Outro objetivo especifico perfez-se em analisar a perspectiva de professores de judô

em relação a obstáculos e barreiras para o desenvolvimento do judô paralímpico, sendo que, a

maior parte das justificativas se dão em torno da formação de professores. O grande percentual de

65,89% dos participantes revelaram que não se sentem preparados para ministrar aulas de judô pois

não possuem conhecimento para tal, de modo que não receberam esta formação durante a

graduação em Educação Física, nem durante a formação de faixa preta. Outros ainda justificaram

que não têm experiência prática junto de pessoas com DV, apenas o conhecimento teórico ainda

não efetivado em virtude da falta de oportunidades com a referida população. Ainda, houve o relato

acerca da carência de literatura sobre o assunto, sendo um assunto a ser explorado pela comunidade

acadêmica e cientifica. Já aqueles que relataram sentir-se preparados (29 professores), justificaram

a mesma coisa, ou seja, que tal sentimento se dá em virtude da boa formação que receberam na

graduação em Educação Física.

Ou seja, já que literatura revela que o ideal é que os professores tenham ambas as

formações (Graduação em Educação Física e faixa preta 3º dan de judô), a maior parte dos

participantes do presente estudo não está adequada no que tange o aspecto relacionado a formação.

Sendo assim, a primeira adversidade para que o judô paralímpico se desenvolva com mais

expressividade se revela na formação de professores.

Além disso, muitos dos participantes graduados em Educação Física relataram que não

receberam preparo suficiente para ministrar aulas para pessoas com DV em qualquer tipo de

atividades física e/ou esportiva durante a graduação. Frente a isto, avaliações institucionais devem

ser realizadas para que tais defasagens não sejam mais evidenciadas, já que ao menos uma

disciplina que trate do trabalho junto de alunos com deficiência é de caráter obrigatório nas matrizes

curriculares dos cursos de graduação em Educação Física

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

82

Ainda, a formação do faixa preta de judô se reduz ao saber fazer e não ao saber ensinar,

que é o que se espera de quem possui tal graduação no judô. Assim, a principal hipótese apresentada

para o alarmante dado sobre não sentir-se preparado para atuar no judô paralímpico se justifica nas

lacunas apresentadas quanto a formação de faixas pretas de judô, que até então apresente um

modelo artesanal.

Quanto a outro objetivo específico proposto que foi de averiguar, junto a professores e

técnicos, quais estratégias devem ser utilizadas para que o judô tenha avanços mais expressivos,

destaca-se a necessidade da efetivação de cursos regionais e estaduais para formação de

professores; a efetivação de parcerias com universidades, órgãos governamentais, instituições

especializadas no atendimento a pessoas com DV; a realização de competições regionais e

estaduais como forma de motivação para professores e atletas e a necessidade de maiores

investimentos na modalidade, podendo ser revertidos em centros de excelência em judô

paralímpico.

Por fim, tais sugestões de estratégias foram compiladas e organizadas em formato de

esquema, apresentadas por meio das figuras 10 e 11, sendo estas respondem ao objetivo geral

pautado que foi de verificar indicativos passíveis de ações que fortaleçam o Judô Paralímpico

brasileiro por meio das federações estaduais de judô.

Almeja-se que os órgãos regulamentadores de judô se atentem aos alarmantes dados

revelados acerca da formação de faixas pretas de judô, que resume-se ao saber demonstrar

fundamentos da modalidade. Se os faixas pretas são os professores, estes devem deter

conhecimentos que vão além do saber fazer, como o saber ensinar e o saber ser, inclusive com

pessoas que apresentem a Deficiência Visual dentre as suas características. Sugere-se assim que

conteúdos referentes ao judô paralímpico se façam presentes nos regulamentos para exame e

outorga de faixas. Destaca-se a importância de requerer o conhecimento das principais adaptações

as regras e de métodos de ensino que contemplem a quem não tem a possibilidade de enxergar.

Com as contribuições realizadas, espera-se que as mesmas sejam passíveis de ações

para que o desenvolvimento do judô paralímpico no estado do Paraná se desenvolva com mais

efetividade, com a ambição que possa ser modelo para outros estados e entidades que representam

a modalidade em território brasileiro.

Também, almeja-se que esta pesquisa incite outros estudos que busquem a melhora e

o desenvolvimento do judô paralímpico no Brasil, fazendo com que esta modalidade torne-se

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

83

referência para pessoas com Deficiência Visual que busquem a prática esportiva, tendo locais

adequados para a prática, divulgação, incentivo financeiro e principalmente, professores

qualificados para desenvolver ações no judô paralímpico.

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

84

7 REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. J. G; MIRANDA, T. J.; MUNSTER, M. A.; DUARTE, E. Educação Física e

Esportes Adaptados à Pessoas com Deficiência Visual. In: SAMPAIO, M. W.; HADDAd, M. A.

O.; COSTA FILHO, H. A.; SAIULYS, M. P. C. In: Baixa Visão e Cegueira: os caminhos para

a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura Médica : Guanabara Koogan,

2010. 497-509

ALMEIDA, J. J. G; OLIVEIRA FILHO, C. W. A iniciação e o acompanhamento do atleta

deficiente visual. In: Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada, Temas em Educação

Física Adaptada, SOBAMA, 2001.

ALMEIDA, J. J. G.; MIRANDA, T. J.; STORCH, J. A.; HARNISCH, G. S.; BREDARIOL,

N. Esporte paralímpico: simbiose entre ciência e tecnologia?. ComCiência, n. 157, 2014. p. 1-3

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: edições 70, 2011.

BENFICA, D. T. Esporte paralímpico: analisando suas contribuições nas (re)significações do atleta

com deficiência. 2011. 115f. Dissertação (mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação

Física, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

BEZERRA, E. D.; SOUZA, I.; SILVA, V. S. Detecção de talentos no judô: a atuação dos senseis.

Efdeportes: Buenos Aires, n. 122, 2008.

BREDA, M.; GALATTI, L.; SCAGLIA, A.J.; PAES, R.R. Pedagogia do esporte aplicada às

lutas. São Paulo: Phorte, 2010.

BUENO, S. T. Motricidade e Deficiência Visual. In: MARTÍN, M. B.; BUENO, S. T. Deficiência

Visual: Aspectos Psicoevolutivos e Educativos. São Paulo: Santos, 2003. p. 145-154.

CARDOSO, V. D. A reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adaptado.

Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v.33, n.2, 2011. p.529-539

CARVALHO, M. C. G. A.; DRIGO, A. J. O judô dentro do contexto da regulamentação da

Educação Física. Revista Digital. Buenos Aires, n. 106, 2007.

CAZÉ, C. M. J. O.; OLIVEIRA, A. S. Dança além da visão: possibilidades do corpo cego. Pensar

a Prática, Vol. 11, n. 3, 2008.

CERQUEIRA, D.; GOMES, M.S.P.; ALMEIDA, J.J.G. Judô. In: WINCKLER, C. (orgs). Esporte

Paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012. 161-168.

CIDADE, R.; FREITAS, P, S. Educação Física e Inclusão: considerações para a prática pedagógica

na escola. Revista Integração. 2002. p.26-30.

CHOU, H. Y. M. Avaliação Funcional da visão do escolar com baixa visão. In: SAMPAIO, M.

W.; HADDAd, M. A. O.; COSTA FILHO, H. A.; SAIULYS, M. P. C. In: Baixa Visão e Cegueira:

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

85

os caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura Médica :

Guanabara Koogan, 2010. 327-345.

COBO, A. D.; RODRIGUEZ, M. G.; BUENO, S. T. Desenvolvimento cognitivo e deficiência

visual. In: MARTIN, M. B.; BUENO, S. T. Deficiência visual: aspectos psicoevolutivos e

educativos. São Paulo: Santos, 2003. p. 128-144.

COMITÊ OLIMPICO BRASILEIRO – COB. Esportes: Judô. Disponível em:

https://www.cob.org.br/pt/Esportes. Acesso em 26 abr. 2016.

COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO - CPB. Modalidades: Judô. Disponível em:

http://www.cpb.org.br/modalidades/judo/. Acesso em: 26 abr. 2016.

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS DE DEFICIENTES VISUAIS – CBDV.

Jogos Paralímpicos Rio 2016. Disponível em: http://cbdv.org.br/evento/jogos-paralimpicos-rio-

2016-1. Acesso em 15 nov. 2016.

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS DE DEFICIENTES VISUAIS – CBDV.

IBSA apresenta critérios de pontuação para definir Ranking Mundial de Judô. Disponível

em: http://cbdv.org.br/noticia/ibsa-apresenta-criterios-de-pontuacao-para-definir-ranking-

mundial-de-judo. Acesso em: 13 fev. 2017

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ – CBJ. Regulamento para exame e Outorga de

faixas e graus. 2011. Disponível em:

http://www.cbj.com.br/painel/arquivos/noticias_arquivos/1560/REGULAMENTO%20DE%20G

RADUACAO%20-%20DIVULGADO%20EM%2009%20DE%20FEV%202011.pdf. Acesso em

31 jan. 2017.

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ – CBJ. Judô. Disponível em:

http://www.cbj.com.br/. Acesso em 15 ago. 2016.

CONFEF. Resolução nº 046/2020 de 18 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre a intervenção do

Profissional de Educação Física e respectivas competências e define os seus campos de

atuação profissional. Rio de Janeiro: CONFEF, 2002. Disponível em:

http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/conteudo.asp?cd_resol=82. A

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP 7. Institui as Diretrizes

Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior

de graduação plena, Brasília, 2004.

CORREIA, W.R; FRANCHINI, E. Produção Acadêmica em Lutas, artes marciais e esportes de

combate. Motriz, Rio Claro, v.16, n.01, p.01-09, 2010.

COSTA, A. M.; OLIVEIRA FILHO, C. W. A Educação Física e o Esporte Paralímpico. In:

MELLO, M. T.; OLIVEIRA FILHO, C. W (org.). Esporte Paralímpico. São Paulo: Editora

Atheneu, 2012.

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

86

DRIGO, A. J.; SOUZA NETO, S.; CESANA, J.; GOMES TOJAL, J. B. A. Artes marciais,

formação profissional e escolas de ofício: Análise documental do judô brasileiro. Motricidade,

v.7, n.4, 2011. 49-62.

FEDERAÇÃO PARANAENSE DE JUDÔ – FPRJ. Regulamento para exame e outorga de

faixas e graus. 2011. Disponível em: http://www.paranajudo.org.br/wp-

content/uploads/REGULAMENTO_PARA_EXAME_E_OUTORGA_DE_FAIXAS_E_GRAUS

_F.PR_.J._2011_Atualizado1.pdf. Acesso em: 09 set. 2016

FEDERAÇÃO PARANAENSE DE JUDÔ – FPRJ. Normatização para filiação/vinculação de

entidades. 2014. Disponível em: http://www.paranajudo.org.br/wp-

content/uploads/Normatiza%C3%A7%C3%A3o-de-Fila%C3%A7%C3%A3o-e-

Vincula%C3%A7%C3%A3o-2014.pdf. Acesso em 31 jan. 2017.

FRANCHINI, E. Judô. São Paulo: Odysseus Editora, 2008.

GOMES, M. S. P. Procedimentos pedagógicos para o ensino das lutas: contextos e

possibilidades. 2008. 139f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação

Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

GOMES, F. R. F.; COUTINHO, F. C. M.; SUZUKI, F. S.; MASSA, M. Influência da formação

em Educação Física em professores de judô. Science in Health. v.4, n.1, 2013. 26-44.

GOMES, M.S.P.; MORATO, M.P.; DUARTE, E.; ALMEIDA, J.J.G. Ensino das Lutas: dos

princípios condicionais aos grupos situacionais. Movimento. Porto Alegre, v.16, n.02, 2010, p.

207-227.

GOMES, M. S. P., MORATO, M. P.; ALMEIDA, J. J. G. Judô paraolímpico: comparações e

relexões sobre as realidades de diferentes seleções femininas. Revista da Faculdade de Educação

Física da UNICAMP. v. 9, n. 2, p. 85-109, 2011.

GONZÁLEZ, M. Z.; GUTIÉRREZ-SANTIAGO, A.; AYÁN, C. Are judokas with visual

impairment training properly? Findings from an observational study. Journal of visual

impairment & blindness. v. 106, n. 4, 2012. 224-234

GROSSO, F. Determinação do perfil dermatoglífico, somatotípico e força de membros

superiores e inferiores de atletas brasileiros de judô deficientes visuais. 2006. 268f. Dissertação

(Mestrado em Motricidade Humana) – Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro.

GUTIÉRREZ-SANTIAGO, A; PRIETO, I; AYÁN, C.; CANCELA, J. M. T-Pattern Detection in

Judo Combat: An Approach to Training Male Judokas with Visual Impairments According to their

Weight category. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 8, n. 2, 2013. 385-

394.

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

87

GUTIÉRREZ-SANTIAGO, A; LAGE, I. P.; CAMERINO, O.; ANGUERA, M. T. The temporal

structure of judô bouts in visually impaired men and woman. Journal of Sports Sciences. v. 29,

n. 13, 2011. 1443-1451

HADDAD, M. A. O.; SAMPAIO, M. W. Aspectos globais da deficiência visual. In: SAMPAIO,

M. W.; HADDAD, M. A. O.; COSTA FILHO, H. A.; SIAULYS, M. O. C. (orgs). Baixa visão e

Cegueira – Os caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura

Médica; Guanabara Koogan, 2010a. 7-16.

HADDAD, M. A. O.; SAMPAIO, M. W. Estudo da Acuidade Visual e da Velocidade de Leitura

da Baixa Visão. In: SAMPAIO, M. W.; HADDAD, M. A. O.; COSTA FILHO, H. A.; SIAULYS,

M. O. C. (orgs). Baixa visão e Cegueira – Os caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão.

Rio de Janeiro: Cultura Médica; Guanabara Koogan, 2010b. 79-96.

HARNISCH, G. S. O processo de ensino do judô para pessoas com deficiência visual. 2014. 82

p. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Educação Física, Campinas, SP

HARNISCH, G. S. et al. Práticas pedagógicas utilizados por professores de judô no ensino de

crianças com deficiência visual. ConScientiae Saúde, São Paulo. v. 13, p. 52-55, 2014. Disponivel

em: <http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude/article/view/5178/2791>. Acesso em 30 nov.

2014.

INTERNACIONAL BLIND SPORTS FEDERATION - IBSA. Classification Rules and

Procedures. Disponível em http://www.ibsasport.org/classification/. Acesso em 22/10/2016.

INTERNATIONAL BLIND SPORTS FEDERATION – IBSA. Judo Regulations. 2016.

Disponível em: http://www.ibsasport.org/sports/files/437-Rules-IBSA-Judo-Regulations.pdf.

Acesso em 19 jul. 2016.

INTERNACIONAL BLIND SPORTS FEDERATION - IBSA. Classification Rules and

Procedures. 2013 Disponível em http://www.ibsasport.org/classification/. Acesso em 13 mai.

2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Características gerais

da população, religião e pessoas com deficiência, 2010. Disponível em:

http://loja.ibge.gov.br/censo-demografico-2010-caracteristicas-da-populac-o-e-dos-domicilios-

resultados-do-universo.html. Acesso em 15 mar. 2015

KANO, J. Judô Kodokan, traduzido por Wagner Bull-São Paulo: Cultrix, 2008.

MANOEL, E. J. Formação de professores: a necessidade da experiência, a experiência da

complementaridade. In: GIMENEZ, M.; SOUZA, M. T. Ensaios sobre contextos da formação

profissional em Educação Física. Várzea Paulista: Fontoura, 2011. 99-126.

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

88

MARQUES, R. F. R. Esporte e qualidade de vida: reflexão sociológica. 2007. 159p. Dissertação

(Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de

Campinas, Campinas.

MARQUES, R. F. R.; DUARTE, E.; GUTIERREZ, G. L.; ALMEIDA, J. J. G.; MIRANDA, T. J.

Esporte olímpico e paraolímpico: coincidências, divergências e especificidades numa perspectiva

contemporânea. Revista brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.23, n.4, 2009.

365-77.

MARTÍN, M. B.; RAMÍREZ, F. R. Visão Subnormal. In: In: MARTÍN, M. B.; BUENO, S. T.

Deficiência Visual: Aspectos Psicoevolutivos e Educativos. São Paulo: Santos, 2003. p. 145-

154.

MASHKOVSKIY, E.; MAGOMEDOVA, A.; ACHKASOV, E.; PREDATKO, K.; RYZHKOV,

P. Degree of vision impairment can influence fight outcomes in the paralympic judo. British

Journal of Sports Medicine. v. 50, n. 1 (sup), 2016. 10-11

MESQUITA, C. Judô – da reflexão à competição: o caminho suave. Rio de Janeiro: Interciência,1

ed., 2004.

MESSIAS, A.; JORGE, R.; CRUZ, A. A. V. Tabelas para medir acuidade visual com escala

logarítmica: porque usar e como construir. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia, n. 73, v. 1, p. 96-

100, 2010.

MIARKA, B.; INTERDONATO, G. C.; GREGUOL, M.; FRANCHINI, E. Paraolimpismo, judô

adaptado e suas precondições de Convivência. In: Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-

Mar, 2011.

MOLARI, M.; TOLEDO, Z. Formação Profissional em lutas. In: GAIO, R.; SEABRA JUNIOR,

L.; DESLADO, M. A. (orgs). Formação profissional em Educação Física. Várzea Paulista:

Fontoura, 2013. 263-275.

MUNSTER, M. A. V.; ALMEIDA, J. J. G. Um olhar sobre a inclusão de pessoas com deficiência

em programas de atividade motora: do espelho ao caledoscópio. In: RODRIGUES, D. Atividade

Motora Adaptada: a alegria do corpo. São Paulo: Artes Médicas, 2006. 81-91

NISTA-PICCOLO, V. L. A formação de professores em Educação Física: desafios e propostas. In:

In: GIMENEZ, M.; SOUZA, M. T. Ensaios sobre contextos da formação profissional em Educação

Física. Várzea Paulista: Fontoura, 2011. 127-146.

OLIVEIRA FILHO, C. W.; ALMEIDA, J. J. G. Pedagogia do Esporte: um enfoque para pessoas

com deficiência visual. In: PAES, R. R.; BALBINO H. F. Pedagogia do Esporte. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2005. 91-110

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

89

________. Avaliação de pessoas com deficiência visual nas aulas de Educação Física. In:

Educação Física Adaptada – o passo a passo da avaliação. 2ª ed (amp. e rev.). São Paulo: Phorte,

2013.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Programa para prevenção da cegueira: o

atendimento de crianças com baixa visão. Relatório Bangkok, 2002.

PARALÍMPIADAS ESCOLARES 2016. Regulamento Geral. 2016. Disponível em:

http://www.cpb.org.br/documents/20181/32852/Regulamento+Paralimp%C3%ADadas+Escolare

s+2016/06878b30-548b-425f-aa56-c9703b94ce13Acesso em 15 fev. 2017

PEDRINELLI, V.J.; NABEIRO, M. A prática do esporte pela pessoa com deficiência na

perspectiva da inclusão. In: WINCKLER, C. (orgs). Esporte Paralímpico. São Paulo: Atheneu,

2012. 21-25.

PENA, L. G. S. O esporte paraolímpico na formação do profissional de Educação Física: percepção

de professores e acadêmicos. 2013. 195p. Dissertação (mestrado em Educação Física)– Faculdade

de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

OLÍVIO JR, J. A.; DRIGO, A. J.. Pedagogia Complexa do Judô: um manual para treinadores de

equipes de base. 1. ed. Leme – SP: Editora Mundo Jurídico, 2015.

ORMELEZI, E. M. Inclusão educacional e escolar da criança cega congênita com problemas

na constituição subjetiva no desenvolvimento global: uma leitura psicanalítica em estudos de

caso. São Paulo: USP, 2006.

RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. Pedagogia do esporte e das lutas: em busca de aproximações.

Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 26, n. 2, 2012. 283-300.

RIO GRANDE DO SUL. Supremo Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.012.692/RS. Relator

Ministro Benedito Gonçalves. Regulamenta sobre Exercício regular de profissão, em relação a

atividades de dança, ioga e artes marciais. 2007.

RODRIGUES, D. As dimensões de adaptação de atividades motoras. In: RODRIGUES, D.

Atividade motora adaptada: a alegria do corpo. São Paulo: Artes Médicas, 2006. p. 39-47.

RODRIGUES, D.; LIMA-RODRIGUES, L. Educação Física e inclusão: desafios para a formação

de professores. In: GAIO, R.; SEABRA JUNIOR, L.; DELGADO, M. A. Formação profissional

em Educação Física. Várzea Paulista: Fontoura, 2013. 75-96.

SAMPAIO, M. W.; HADDAD, M. A. O. Avaliação Oftalmológica da pessoa com baixa visão. In:

SAMPAIO, M. W.; HADDAD, M. A. O.; COSTA FILHO, H. A.; SIAULYS, M. O. C. (orgs).

Baixa visão e Cegueira – Os caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro:

Cultura Médica; Guanabara Koogan, 2010. 45-54.

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

90

SANTOS, S. O. A Integração Oriente-Ocidente e os Fundamentos do Judô Educativo. São

Paulo: Factash editora. 2015.

SEABRA JUNIOR, M. O.; MANZINI, E. J. Recursos e Estratégias para o Ensino do aluno com

Deficiência Visual na Atividade Física Adaptada. Marília: ABPEE, 2008.

SILVA, J. P. Judô: um aprendizado para a vida. Brasília: Edição do autor, 2017.

SILVA, A.; VITAL, R.; MELLO, M.T. Deficiência, incapacidades e limitações que influenciam

na prática do esporte paralímpico. In: WINCKLER, C. (orgs). Esporte Paralímpico. São Paulo:

Atheneu, 2012. 20-61.

SILVA, J. C.; BRANDÃO, M. R. F.; BRAGANÇA, J. R.; MAGNANI, A. I. G. P.; POLITO, L. F.

P.; ZANETTI, M. C. Implicações psicológicas das lesões em atletas de judô paralímpico com

deficiência visual. Psicologia em Estudo. v. 20, n. 3, 2015. 399-409

SILVA, O. O. N. Formação Profissional em Educação Física no Brasil – história, conflitos e

possibilidades. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.

TAVARES JUNIOR, A. C.; SILVA, L. H.; DRIGO, A. J. Judô: da origem à esportivização e sua

atual relevância para o cenário esportivo brasileiro. Hominum, v. 3, ed. 16, 2014. 7-22

TEODORO, C. M. Esporte adaptado de alto rendimento praticado por pessoas com

deficiência: relatos de atletas paraolímpicos. 2006. Dissertação (Mestrado) - Universidade

Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, 2006.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física.

.6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

OLYMPIC. Judô. Disponível em: https://www.olympic.org/judo. Acesso em 20 set. 2016.

VIRGILIO, S. A arte do judô. 2.ed. São Paulo: Papirus, 1986.

VIEIRA, C. S.; SOUZA JUNIOR, W. R. (orgs) Judô paraolímpico: manual de orientação para

professores de educação física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.

WATSON, B. N. Memórias de Jigoro Kano – o início da história no Brasil. São Paulo: Cultrix,

2011.

WILSON, N. Judô – O caminho da Suavidade. São Paulo: On line editora, 2011.

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

91

APÊNDICES

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

92

Apêndice I – Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da pesquisa: O Judô Paralímpico Brasileiro: uma estratégia para o seu constante

desenvolvimento

Nome do responsáveis: Gabriela Simone Harnisch / José Júlio Gavião de Almeida

CAAE: 44687115.2.0000.5404

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este

documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos

como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o

pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se

houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o

pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou outras

pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a

qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativa e objetivos:

Tendo em vista a escassez de estudos que envolvam o judô paralímpico e a pouca

renovação de atletas, o objetivo do presente estudo é de propor estratégias para a massificação do

judô paralímpico no Brasil.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a: responder a um questionário,

composto por perguntas abertas e fechadas, afim de esclarecer as suas vivências com o judô

paralímpico.

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação

será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos

resultados, seu nome não será citado.

Contato:

Em caso de dúvidas, você poderá entrar em contato com os pesquisadores Gabriela Simone

Harnisch, rua Rio Bonito, número 139, bairro Araucária – Marechal Cândido Rondon - PR, sob o

telefone (45) 9969-8153 ou no e-mail [email protected] ou Prof. Dr. José Júlio Gavião de

Almeida, Faculdade de Educação Física - UNICAMP, Cid. Univ. Zeferino Vaz, - Campinas, SP,

Caixa-postal: 6134. Telefone (19) 3788-6618, e e-mail [email protected]

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo,

você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP

das 08:30hs às 13:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

93

13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail:

[email protected]

Consentimento livre e esclarecido:

Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, aceito participar:

Nome do(a) participante: ________________________________________________________

_______________________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do participante)

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na

elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma via deste documento ao participante. Informo

que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a

utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas

neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

______________________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

94

Apêndice II – Instrumento para coleta de dados

Este questionário trata-se do instrumento para coleta de dados referente à

tese de doutorado da aluna Gabriela Simone Harnisch, sob orientação do

Prof. Dr. José Júlio Gavião de Almeida, do Programa de Pós Graduação em

Educação Física, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Neste estudo, tem-se a intenção de propor estratégias para a massificação do judô

paralímpico no Brasil. Este questionário tem, por sua vez, a função de auxiliar a esclarecer os

objetivos expostos no trabalho.

Esta pesquisa visa contribuir para o desenvolvimento do judô paralímpico brasileiro por

meio das experiências de seus professores e técnicos, bem como, estudos da área.

1. Identificação Pessoal:

1.1 Genêro: ( ) Masculino ( ) Feminino

1.2 Idade: ____ anos.

1.3 Tempo de experiência com o Judô: Como praticante: ____________________________.

Como professor: ____________________________.

1.4 Graduação no Judô: __________________________________________________________.

1.5 Cidade e estado em que trabalha com o judô: ______________________________________.

1.6 Formação Acadêmica: ________________________________________________________.

2. Alguma pessoa com Deficiência Visual já lhe procurou para participar das suas aulas de judô?

( ) Não. (responda a questão 3)

( ) Sim. Quantas pessoas? ______. Você aceitou ministrar aulas de judô para a pessoa com

Deficiência Visual? ( ) Sim. ( ) Não. Justifique: _____________________________________

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______.

3. Se alguma pessoa com Deficiência Visual lhe procurasse para praticar judô, você aceitaria o

aluno?

( ) Sim.

( ) Não.

( ) Talvez.

Justifique: _____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

_______

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

95

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______.

4. Você se sente preparado para ministrar aulas de judô para pessoas com Deficiência Visual?

( ) Sim.

( ) Não.

( ) Talvez.

Justifique: _____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______.

5. O que você acha que deve ser feito para que o judô paralímpico no estado do Paraná se

desenvolva com mais expressividade?

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______

______________________________________________________________________________

_______.

Obrigada.

Atenciosamente.

Dda. Gabriela Simone Harnisch e Prof. Dr. José Júlio Gavião de Almeida.

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

96

ANEXOS

Page 97: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

97

Anexo I – Curso de Credenciamento de Técnicos – F.Pr.J.

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330813/1/Harnisch... · ser minha amiga. É ter um amor para caminhar ao meu lado em todos

98

Anexo II – Parecer Cosubstânciado do CEP