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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS ANA LUÍZA WUO MAIA VOZES DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E/OU ALTERNATIVA EM PESSOAS COM COMPROMETIMENTO DE LINGUAGEM: FACILIDADES E DESAFIOS CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

ANA LUÍZA WUO MAIA

VOZES DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR

E/OU ALTERNATIVA EM PESSOAS COM COMPROMETIMENTO DE LINGUAGEM:

FACILIDADES E DESAFIOS

CAMPINAS

2017

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ANA LUÍZA WUO MAIA

VOZES DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR

E/OU ALTERNATIVA EM PESSOAS COM COMPROMETIMENTO DE LINGUAGEM:

FACILIDADES E DESAFIOS

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para a obtenção do título de Mestra em Saúde, Interdisciplinaridade e

Reabilitação, na área de concentração Interdisciplinaridade e

Reabilitação.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Regina Yu Shon Chun

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA [DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA ANA LUÍZA WUO MAIA, E ORIENTADO PELA

PROFA. DRA. REGINA YU SHON CHUN

CAMPINAS

2017

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

ANA LUÍZA WUO MAIA

Orientador (a) PROF(A). DR(A). REGINA YU SHON CHUN

MEMBROS:

1. PROF(A). DR(A). REGINA YU SHON CHUN

2. PROF(A). DR(A). MARIA DE FÁTIMA DE CAMPOS FRANÇOZO

3. PROF(A). DR(A). DÉBORA DELIBERATO

Programa de Pós-Graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da Faculdade de

Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 07 de fevereiro de 2017

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho Heitor Elias,

a minha razão de viver.

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AGRADECIMENTOS

A Deus minha fonte de inspiração e sabedoria, que me proporciona o

fôlego de vida e a força para a jornada.

À minha orientadora, Profa Dra Regina Yu Shon Chun, minha mestra da

vida, meu exemplo de profissional e ser humano. Gratidão é pouco! Sinto-me

abençoada, honrada e lisonjeada pela oportunidade de aprender e crescer ao seu

lado. Posso dizer que é a responsável por me ensinar a ter foco, assertividade e,

acima de tudo, me auxilia e inspira na busca ao autoconhecimento!

À Profa Dra Lucia Reily e Profa Dra Fátima Françozo que compuseram minha

banca de qualificação. Profa Lucia, com quem aprendi, logo no meu primeiro ano de

Graduação, a não olhar apenas para os recursos terapêuticos, mas voltar-me às

necessidades das pessoas com deficiência! Profa Fátima, a quem sou eternamente

grata por me ensinar a importância de se considerar o papel da família e suas

especificidades, em todo o processo terapêutico, assim como suas contribuições

infindáveis acerca dos caminhos metodológicos científicos.

À Profa Dra Bete Gasparetto e Profa Dra Rita Montilha, pelo apoio e incentivo

à pesquisa, por me ensinarem e contribuirem para minha identidade profissional e

pessoal.

À Instituição na qual realizei a coleta de dados, e aos participantes deste

estudo a quem serei eternamente grata por terem sido minha fonte de inspiração

para esta pesquisa.

Ao meu filho, novamente, a razão de tudo. Minha vida!

À minha irmã Flora, minha flor, minha joia rara e minha dádiva, que me levou

à Fonoaudiologia!

Aos meus pais, parceiros da minha vida! Sem palavras para agradecer o

amor dedicado ao meu filho para que eu aqui esteja!

À minha amiga-irmã Carina e minha amiga-mãe Maria do Carmo, pelo amor,

apoio, carinho e atenção comigo nesse processo.

Aos meus amigos Lavoisier e Ana Claúdia, presentes do mestrado para a

vida!

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RESUMO

Introdução: A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) apresenta

facilidades e desafios na sua implementação. Dessa forma, faz-se necessário

abranger na prática clínica e educacional os atores sociais envolvidos nesse

processo. Objetivos: Verificar a repercussão do processo de implementação da

CSA na linguagem e na interação de seus usuários, em atividades institucionais, na

percepção de seus familiares e profissionais da Saúde e Educação. Método: A

amostra foi composta por 61 participantes, divididos em três grupos, sendo 26

pessoas com paralisia cerebral (PC) usuários de CSA (grupo de usuários – GU), 26

familiares (grupo de familiares – GF) e 9 profissionais (grupo de profissionais – GP).

A coleta de dados foi realizada em uma Instituição especializada em atendimentos

neurológicos do interior do Estado de São Paulo, por meio de levantamento do

prontuário para caracterização do perfil sociodemográfico dos usuários, registros em

vídeo das pessoas com PC e entrevistas com roteiro semiestruturado com GP e GF.

Os dados foram transcritos ortograficamente, categorizados em temas (questões

abertas e registros em vídeo) e submetidos à análise estatística descritiva (questões

fechadas). Resultados: Todos familiares referiram que as pessoas com PC utilizam

formas próprias de comunicação (olhar, expressões faciais e gestos), além da CSA

nas atividades institucionais. O uso da CSA de forma contextualizada pelos

parceiros conversacionais melhorou sua compreensão das atividades. A maioria dos

familiares e profissionais afirmou que o uso da CSA favorece a fala. Parte dos

familiares apresenta como barreira para o uso da CSA a falta de conhecimento

acerca da mesma e não vir a necessidade dos mesmos para a comunicação. A falta

de suporte e orientação, bem como as dificuldades para o uso funcional da CSA

foram barreiras apresentadas com frequência maior pelos profissionais do que pelos

familiares. O momento da implementação da CSA foi um aspecto abordado por

profissionais e familiares como um aspecto importante para o uso funcional desses

dispositivos. Conclusão: Os achados apontam repercussões positivas dos usos da

CSA principalmente na comunicação, nos contextos familiar e institucional. As

barreiras encontradas reiteram a necessidade de capacitação profissional e

ampliação da divulgação da área da CSA à população.

Palavras – chaves: sistemas de comunicação alternativos e aumentativos,

linguagem, interação social, relações profissional – família.

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ABSTRACT

Introduction: The Augmentative and Alternative Communication (AAC) presents

advantages and challenges in its implementation. Therefore, it is necessary to

broaden, in the clinical and educational practice, the social factors involved in this

process. Aim: To verify the repercussion of the process of implementation of AAC in

language and interaction of their users, in institutional activities, in the perception of

family and professionals. Method: The sample was composed of 61 participants,

divided in three groups, in which there were 26 people with cerebral palsy (CP) users

of AAC (group of users – GU), 26 family relatives (group of family relatives – GF) and

9 professionals (group of professionals – GP). The data collection was done in an

institution specialized in neurological treatment in the inland state of São Paulo, via a

survey of medical records for the characterization of a sociodemographic profile of

the users, video records of the people with CP, and interviews with a semi-structured

script with GP and GF. The data was transcribed orthographically, categorized in

themes (open question and video records) and submitted to statistical descriptive

analysis (closed questions). Results: All family relatives mentioned that people with

CP use their own means of communication (gaze, facial expressions, and gestures),

besides the AAC devices in the institutional activities. The use of AAC in context by

the communication partners improved the comprehension of the activities. Most of

the family relatives and professionals confirmed that the use of AAC benefited

speech. Part of the family relatives presents as a hurdle for the use of AAC the lack

of knowledge about it and do not see the need for these resources for

communication. The lack of support and guidance, as well as the difficulties for the

functional use of AAC were hurdles presented more frequently by the professionals

than by the family relatives. The moment of implementation of AAC was addressed

by the professionals and family relatives as an important aspect for the functional use

of these devices. Conclusion: The findings point to positive repercussions of the use

of AAC, especially in communication, in the familiar and institutional contexts. The

barriers found reiterate the necessity for professional training and extension of the

promotion of the AAC to the population.

Keywords: augmentative and alternative communication systems, language, social

interaction, professional-family relations.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Eixos temáticos do estudo e categorias de análise....................................23

Quadro 1: Descrição dos eixos temáticos, categorias e subcategorias de análise...24

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LISTA DE TABELAS

4.1. Artigo 1 ............................................................................................................... 28

Tabela 1 – Perfil das pessoas com paralisia cerebral ............................................ 35

Tabela 2 – Perfil dos familiares das pessoas com paralisia cerebral ..................... 35

Tabela 3 – Características das pessoas com paralisia cerebral quanto à fala e

linguagem na percepção dos familiares ................................................................. 36

Tabela 4 – Frequência dos contextos de uso da CSA pelas pessoas com paralisia

cerebral na percepção dos familiares .................................................................... 36

Tabela 5 – Frequência das repercussões dos usos e não - usos da CSA na

percepção dos familiares ....................................................................................... 37

Tabela 6 – Características de linguagem das pessoas com paralisia cerebral nas

atividades institucionais ......................................................................................... 39

4.2. Artigo 2 ............................................................................................................... 43

Tabela 1 – Perfil dos familiares das pessoas com paralisia cerebral ..................... 49

Tabela 2– Perfil dos profissionais .......................................................................... 50

Tabela 3 – Facilitadores do uso da CSA: favorecimento da linguagem e fala ....... 51

Tabela 4 – Facilitadores do uso da CSA: favorecimento da interação e dos

aspectos emocionais .............................................................................................. 52

Tabela 5 – Barreiras do uso da CSA ...................................................................... 53

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA SIGNIFICADO

AAC - Augmentative and Alternative Communication

ASHA - American Speech Language and Hearing Association

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa

CONEP – Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

CIF – Classificação Internacional de Funcionalidades

CSA - Comunicação Suplementar e/ou Alternativa

F - Familiares

FCM – Faculdade de Ciências Médicas

GF – Grupo de familiares

GP – Grupo de profissionais

GU – Grupo de usuários

MEC – Ministério da Educação e Cultura

OMS – Organização Mundial da Saúde

P – Profissionais

PC – Paralisia Cerebral

SSAC - Sistemas suplementares e/ou alternativos de comunicação

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

U – Usuários

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

II. OBJETIVOS .......................................................................................................... 19

2.1. Objetivo Geral ................................................................................................. 19

III. MÉTODO .............................................................................................................. 20

3.1 Desenho Metodológico .................................................................................... 20

3.2. Constituição da amostra e critérios de inclusão e exclusão ............................ 20

IV. RESULTADOS ..................................................................................................... 27

4.1. Artigo 1 ............................................................................................................ 28

4.2. Artigo 2 ............................................................................................................ 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 57

V. DISCUSSÃO GERAL ............................................................................................ 60

VI. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 63

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 64

VIII. APÊNDICES ...................................................................................................... 68

IX. ANEXOS .............................................................................................................. 77

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I. INTRODUÇÃO

A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) trata-se de sistemas

suplementares e/ou alternativos, que propiciem meios para favorecer a interação

entre o usuário e seus interlocutores ou parceiros de comunicação. A CSA apresenta

facilidades e desafios na sua implementação e, dessa forma, faz-se necessário

abranger na prática clínica e educacional os vários atores sociais envolvidos nesse

processo.

A palavra “vozes” no título remete à obra literária “Vendo Vozes”, de Oliver

Sacks1. O autor, por meio de uma “viagem ao mundo dos surdos”, propõe enxergar

a condição humana sob uma perspectiva mais abrangente, como explicitado no

trecho a seguir:

“A existência de uma língua visual, a língua de sinais, e das espantosas

intensificações da percepção e inteligência visual que acompanham sua

aquisição demonstra que o cérebro é rico em potenciais que nunca

teríamos imaginado e também revela a quase ilimitada flexibilidade e

capacidade do sistema nervoso, do organismo humano, quando depara

com o novo e precisa adaptar-se. Se esse tema nos mostra as

vulnerabilidades, os modos como (muitas vezes inadvertidamente)

podemos prejudicar a nós mesmos, ele nos mostra, da mesma forma,

nossas forças desconhecidas e inesperadas, os infinitos recursos de

sobrevivência e transcendência com que nos dotaram, juntas, a natureza e

a cultura”1.

Nesse sentido, as vozes repercutem como facilidades da implementação

da CSA nos termos do trecho: “nossas forças desconhecidas e inesperadas, os

infinitos recursos de sobrevivência e transcendência com que nos dotaram, juntas, a

natureza e a cultura”; como também em desafios - “as vulnerabilidades, os modos

como (muitas vezes inadvertidamente) podemos prejudicar a nós mesmos” (op.cit.,

p.11). Ou seja, interessam, neste estudo, as vozes dos usuários de CSA, familiares

e profissionais de modo a conhecer as repercussões dos usos e não-usos da CSA,

na linguagem e na interação de seus usuários, bem como na sua inclusão social e

educacional.

A interação constitui marca essencial nesse processo, construída por

discursos que não apresentam um território homogêneo com sentidos exclusivos,

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mas sim com distintas significações. Na apropriação do discurso, carregam-se

conceitos e valores, que transitam socialmente, incorporando, modificando e

recusando-os. E, nesse movimento de apropriação por cada indivíduo, do discurso

socialmente construído, pode-se chegar à formação de conceitos sobre o mundo e si

mesmo, bem como à constituição de sua subjetividade, marcada pelas condições de

produção materiais e ideológicas em que cada sujeito está inserido2.

Vygotsky3,4 considera o homem uma pessoa social, que por meio de suas

relações sociais, mediado pela linguagem, se constitui e se desenvolve como sujeito.

Isto é, considera a natureza social da linguagem, uma construção enunciativa-

discursiva. De acordo com Bakhtin5, todo enunciado encontra o objeto que é dirigido

ao falado, por meio de discussão e avaliação, envolto em uma neblina que lhe faz

sombra ou na luz das palavras alheias já ditas sobre ele, enredado e penetrado por

ideias comuns, ponto de vista, pareceres alheios. Pelos diálogos agitados e tensos

das palavras, valorações e acentos alheios, a palavra é orientada ao seu objeto, se

entrelaça com suas complexas interrelações, fundindo - se com umas, repelindo

outras, entrecruzando - se com terceiras. Ou como colocam Bubnova et al.6:

“As sequências de sentido pronunciadas pelas vozes constituem um

diálogo permanente, inacabado, que nos rodeia, no qual existimos

inacabados, e que a prosa artística é capaz de reproduzir graças ao

dialogismo inerente à palavra, alcançando um efeito polifônico”6.

Considerar essa polifonia dos discursos historicamente construídos é

fundamental para a melhor compreensão do papel desempenhado pelos atores

sociais envolvidos no processo de implementação da CSA, o que possibilitará aos

seus usuários, o favorecimento de maior participação social e melhor qualidade de

vida.

A inclusão social e educacional da pessoa com comprometimentos

diversos de linguagem trata-se de assunto de grande magnitude e amplo debate nos

dias atuais, em que se destaca a importância de promover tais processos desses

indivíduos, questão que preocupa tanto os profissionais da Educação e da Saúde,

como também seus familiares.

Silveira e Neves7 apontam diversos documentos que abordam o direito de

todos à educação e de que todas as crianças devem ser acolhidas pela escola,

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independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, tais

como: Parâmetros Curriculares Nacionais8; Constituição Federal Brasileira de 1988,

art. 208, inciso III9; Plano Decenal de Educação para todos, 1993 – 200310;

Declaração Mundial sobre Educação para Todos11; Declaração de Salamanca12,

firmada na Espanha em 1994.

Segundo a Declaração de Salamanca12:

• cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade

de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem,

• cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de

aprendizagem que lhe são próprias,

• os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos

implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e

necessidades,

• as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter

acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma

pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades,

• as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios

mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades

abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação

para todos; além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria das

crianças e promovem a eficiência, numa óptima relação custo-qualidade, de todo

o sistema educativo.

Nesse contexto, de acordo com o Relatório Mundial sobre a Deficiência

publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)13, a Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na sua definição de

deficiência considera os fatores ambientais, a saber, produtos e tecnologias, o

ambiente natural e o construído, suporte e relacionamentos, atitudes, serviços,

sistemas e políticas públicas. Tais fatores descrevem o mundo no qual o indivíduo

com diferentes níveis de funcionalidade deve viver e agir e, portanto, podem ser

facilitadores ou grandes barreiras à inclusão social e educacional. Desse modo,

considerando-se que a deficiência exige mecanismos de intervenções variáveis em

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complexidade e custos, a adequação dos recursos de tecnologia assistiva ao

usuário e seu ambiente, tem se mostrado uma ferramenta importante para a

promoção de independência, bem como inclusão social e educacional da pessoa

com deficiência.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da

Pessoa com Deficiência)14, nº 13.146, de 06 de Julho de 2015, define tecnologia

assistiva como “produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologia,

estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,

relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com

mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e

inclusão social”.

Dentre os recursos de Tecnologia Assistiva, como já foi apresentado, na

presente pesquisa estudou-se a CSA ou Augmentative and Alternative

Communication (AAC), terminologia descrita pela literatura internacional. A American

Speech Language Hearing Association (ASHA)15 define como área de pesquisa e de

prática clínica e educacional, com vistas a, quando necessário, suplementar,

temporária ou permanentemente, as deficiências, limitações para atividades e

participação de indivíduos com comprometimentos diversos de linguagem.

Entretanto, não há uma versão brasileira oficial e/ou consagrada. Nesse sentido, é

fundamental o incentivo à divulgação dos trabalhos científicos em periódicos

indexados e, portanto, a definição de descritores na área16.

Pelosi et al.17 classifica os sistemas suplementares e/ou alternativos de

comunicação, de acordo com sua complexidade, como demonstrado a seguir:

- Baixa Complexidade: incluem cartões e pranchas de comunicação em

formatos variados como pastas, livros, fichários, pasta-arquivo e quadros para

escrita.

- Média Complexidade: incluem comunicadores com diferentes

características (voz gravada ou sintetizada) de acesso direto ou por sistema de

varredura que permitem uma quantidade de símbolos fixa ou variável.

- Alta Complexidade: incluem computadores (notebooks, ultrabooks

touchscreen; ultrabooks conversíveis), tablets e smartphones. Recursos que

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envolvem diferentes sistemas operacionais (iOS, Android ou Windows) e aplicativos

de diferentes graus de tecnologia e custos.

A CSA e os parceiros de comunicação de seus usuários, ou seja, sua

família próxima e ampliada, amigos e colegas, profissionais da saúde e da

educação, podem influenciar na sua comunicação e participação social18. Desse

modo, ainda que os trabalhos científicos, nacionais e internacionais, tenham já

estabelecido os benefícios potenciais da intervenção com CSA, alguns importantes

desafios se colocam no campo, que motivaram o desenvolvimento desta pesquisa:

aprimorar a atuação com a CSA para alcançar resultados mais eficazes na

comunicação e participação das pessoas com comprometimentos diversos de

linguagem além de favorecer sua promoção na vida cotidiana dos usuários de CSA.

Além disso, reitera-se, a importância de conhecer a percepção das diferentes vozes

ou atores sociais envolvidos no processo de implementação dos sistemas

suplementares e/ou alternativos de comunicação (SSAC).

Chun et al.18 abordam em seu estudo que, no Brasil, o tipo de instituição

responsável pelos trabalhos com a CSA tem ultrapassado os centros especializados,

sendo ampliadas as pesquisas nas Universidades ou em parcerias com as mesmas.

Fato este que revela a expansão da CSA para além da clínica e do modelo

reabilitacional, representando uma tendência de maior diversidade de produção

científica na área.

Em outro estudo19, aponta-se a necessidade de maior atenção

especializada e atuação nas questões de comunicação e linguagem, conforme

mostram resultados de seu estudo na perspectiva dos familiares e educadores,

mostrando aspectos em que a Fonoaudiologia pode contribuir no processo de

inclusão das pessoas com comprometimento de linguagem. As autoras19 ressaltam

que para que o processo de inclusão escolar desses sujeitos seja mais eficaz faz-se

necessária a participação dos vários atores sociais envolvidos, ou seja, o esforço

conjunto dos pais e dos profissionais de Saúde e Educação.

Higginbotham et al.20 pontuam que para melhor compreensão das

repercussões da interação social na comunicação de pessoas com vulnerabilidade

comunicativa, é preciso eliminar as barreiras encontradas na área da CSA que

limitam a participação social e o papel dos diferentes interlocutores do seu processo

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de implementação. Assim, apresentam perspectivas futuras e questões importantes

nos debates da área de CSA que expandam a abordagem construída ao longo da

história desse recurso para além de mero instrumento/dispositivo de tecnologias

assistivas, mas que incorporem um quadro mais amplo de fatores humanos

associados com os aspectos sociais, interacionais, cognitivos e linguísticos

(aprendizagem, memória, atenção e desenvolvimento de linguagem).

Diante do exposto, esta pesquisa justifica-se pelo pequeno número de

trabalhos na área da CSA que abordem questões de funcionalidade, participação e

inclusão em consonância com as políticas públicas de Saúde e Educação;

necessidade de maior divulgação da CSA nos campos da Saúde e Educação; de

pesquisas científicas que valorizem a investigação e discussão acerca do papel dos

parceiros de comunicação, nas relações usuário/família, usuário/profissional e

família/profissional no processo de implementação dos SSAC; restrita formação

especializada acerca da CSA no meio acadêmico e na atuação clínica.

A presente dissertação tem por objetivo geral, verificar a repercussão do

processo de implementação da CSA na linguagem e na interação de seus usuários,

em atividades institucionais, na percepção de seus familiares e profissionais da

Saúde e Educação.

Apresenta-se no primeiro capítulo a introdução geral da pesquisa,

abordando os aspectos teórico-conceituais para o embasamento do trabalho. No

capítulo 2 são descritos os objetivos e, no capítulo seguinte, o desenho

metodológico da pesquisa.

Os resultados serão apresentados no formato de dois artigos,

respectivamente demonstrados no capítulo 4. No primeiro verificam-se as

repercussões dos usos e não-usos da CSA na percepção dos familiares de pessoas

com paralisia cerebral e a linguagem de seus usuários em atividades institucionais; e

no segundo abordam-se facilitadores, barreiras e desafios na implementação da

CSA na percepção de familiares e profissionais de uma instituição especializada.

Os capítulos seguintes tratam da discussão geral (capítulo 5), conclusão

(capítulo 6) e, para finalizar, seguem as referências bibliográficas gerais da

dissertação.

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II. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Verificar a repercussão do processo de implementação da CSA na

linguagem e na interação de seus usuários, em atividades institucionais, na

percepção de seus familiares e profissionais da Saúde e Educação.

2.2. Objetivos Específicos

1º Artigo:

- Verificar as repercussões dos usos e não-usos da Comunicação Suplementar e/ou

Alternativa (CSA) na percepção dos familiares de pessoas com paralisia cerebral

(PC) e a linguagem de seus usuários em atividades institucionais.

2º Artigo:

- Verificar facilitadores, barreiras e desafios no uso da CSA por pessoas com

paralisia cerebral, a partir da percepção dos familiares e profissionais de uma

instituição especializada.

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III. MÉTODO

3.1 Desenho Metodológico

Trata-se de estudo descritivo e de corte transversal, do Programa de Pós-

Graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM/UNICAMP

(Mestrado). Seguiu os aspectos éticos de pesquisa nos termos da Resolução

466/12 do CONEP e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade

de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (CEP/FCM/UNICAMP),

sob parecer (Anexo I) n. 1.073.898/2015 (CAAE: 43727015.0.0000.5404).

A pesquisa foi apresentada à Instituição, na qual foram coletados os

dados, para solicitação da assinatura do Termo de Anuência (Anexo II), após

concordância.

Os participantes foram convidados pela pesquisadora responsável. Após

explicação da pesquisa e anuência, foi solicitada a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, sendo um específico para os familiares

ou responsáveis legais do usuário de CSA (Anexo III) e outro para os profissionais

(Anexo IV).

3.2. Constituição da amostra e critérios de inclusão e exclusão

A amostra foi composta por 61 participantes, distribuídos em três grupos

de acordo com os critérios de inclusão descritos abaixo:

a) Grupo de Usuários (GU): 26 usuários de CSA, de ambos os sexos, há pelo menos

12 meses assistidos na instituição filantrópica especializada de uma cidade de médio

porte do Estado de São Paulo e que tenham sido introduzidos à CSA. Foram

excluídas pessoas com paralisia cerebral que não apresentaram assiduidade

(inferior a 75% de frequência, conforme normas da Instituição) aos atendimentos

institucionais (individuais e/ou grupais) realizados pelos profissionais participantes da

pesquisa.

b) Grupo de Familiares (GF): 26 familiares, sendo 23 mães, 1 pai e 2 avós maternas,

de acordo com os seguintes critérios de inclusão: responsáveis legais das pessoas

com paralisia cerebral, pertencentes a ambos os sexos e acompanhantes dos

usuários de CSA nos atendimentos institucionais. Foram excluídos os familiares que

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21

deixaram de acompanhá-los durante o período de coleta de dados, sendo que foram

substituídos na pesquisa por aqueles que assumiram tal papel.

c) Grupo de Profissionais (GP): 9 profissionais, sendo 3 fonoaudiólogos, 2

psicólogos, 2 terapeutas ocupacionais e 2 pedagogos que trabalham, participam ou

participaram do processo de implementação da CSA na instituição. Foram excluídos

os profissionais que, durante o período de coleta de dados, se desligaram da

Instituição.

3.3. Procedimentos para a coleta de dados

Os procedimentos para a coleta de dados foram realizados da seguinte

forma:

(i) Levantamento dos prontuários para caracterização do perfil

sociodemográficos dos usuários de CSA indicados pela equipe de profissionais da

Instituição: acompanhamento na Instituição e tempo de implementação da CSA;

(ii) Registros em vídeo dos usuários de CSA: gravações de alguns

episódios dos atendimentos institucionais pedagógicos e/ou terapêuticos em que a

CSA era utilizada (compostos por 5 a 12 participantes em média);

(iii) Entrevistas com roteiro semiestruturado (questões abertas e

fechadas): caracterização dos perfis sociodemográficos dos GF e GP e suas

percepções acerca das suas percepções em relação à implementação da CSA no

GU.

Para a garantia do sigilo, a identificação dos sujeitos foi realizada por

meio das letras U (usuários de CSA ou pessoas com necessidades especiais), P

(profissionais) ou F (familiares), seguidas de números arábicos. Por exemplo: U1,

P1, F1. No levantamento dos perfis sociodemográficos dos três grupos do estudo

foram abordados os seguintes aspectos:

- Grupo de Usuários (GU): idade, sexo, anos de estudo, diagnóstico,

tempo de acompanhamento na Instituição e tempo de uso da CSA.

- Grupo de Familiares (GF): idade, sexo, anos de estudo, formação,

profissão, relação de parentesco, tempo de contato com a CSA.

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22

- Grupo de Profissionais (GP): idade, sexo, formação (graduação e pós-

graduação), profissão, cargo na Instituição, tempo de atuação profissional, tempo de

experiência com SSAC e de acompanhamento dos usuários de CSA na Instituição.

3.4. Forma de análise dos dados

A pesquisadora seguiu um roteiro de questões previamente definidas,

mas o fez em contexto semelhante ao de uma conversa informal. O agendamento

das entrevistas e dos registros em vídeo dos usuários de CSA foi feito de acordo

com a disponibilidade dos participantes e de modo que não interferisse na rotina de

atividades da Instituição. As entrevistas foram registradas por escrito, gravadas em

vídeo ou áudio, de acordo com a autorização do participante. Os dados coletados

por meio das mesmas foram registrados em folhas de respostas (Apêndice I –

familiares e Apêndice II – profissionais).

Foi realizada transcrição ortográfica das entrevistas e dos registros em

vídeo dos usuários na Instituição (vozes ouvidas de modo indireto neste estudo, ou

seja, por meio de recortes de suas falas em atividades institucionais), seguida pela

análise estatística descritiva dos perfis sociodemográficos dos três grupos estudados

e das questões fechadas das entrevistas com os GP e GF.

As transcrições ortográficas dos registros em vídeo dos usuários na

Instituição e os das questões abertas das entrevistas com o GP e GF foram

categorizados segundo temas, a partir dos critérios de repetição e relevância

definidos por Turato21. O critério de repetição investiga o que há em comum entre os

discursos, destacando as colocações reincidentes e considerando todas as

emergentes. Já o critério de relevância destaca um trecho do discurso que não

apresenta necessariamente repetição no conjunto do material coletado, mas que

pode confirmar ou refutar as hipóteses iniciais da investigação.

Após diversas leituras dos dados emergiram dois eixos temáticos:

I) Repercussões dos usos e não-usos da CSA;

II) Desafios na implementação dos sistemas suplementares e/ou alternativos

de comunicação.

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23

Segue organograma (Figura 1) da constituição dos eixos temáticos e das

categorias de análise.

Figura 1 - Eixos temáticos do estudo e categorias de análise dos eixos:

Repercussões dos usos e não usos da CSA e desafios na sua implementação.

No Quadro 1 descrevem-se, detalhadamente, as categorias e subcategorias

de análise.

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24

Quadro 1 - Descrição dos eixos temáticos, categorias e subcategorias de análise

Eix

o

Te

tic

o

DESCRIÇÃO

CATEGORIA

DESCRIÇÃO

SUBCATEGORIA

DESCRIÇÃO

Rep

erc

us

es

do

s u

so

s e

o-u

so

s d

a C

SA

Englobam as repercussões do

processo de implementação da CSA na linguagem e na interação de seus usuários, em

atividades institucionais

Fala e linguagem dos

usuários

Abrangem as caraterísticas

de fala e linguagem, de acordo com a percepção dos

familiares

Oralidade Restrita

Não – oralizados

Formas Próprias de comunicação

Apresentam a produção oral de palavras isoladas

Abrangem a emissão de balbucios e choro

Incluem olhar, expressões faciais e gestos

Contextos de uso da CSA

Abordam os contextos de uso desses sistemas, a partir dos

relatos dos familiares

Casa

Escola Regular

Instituição

Englobam o uso da CSA em contextos variados, podendo apresentar-se simultaneamente

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25

Eix

o

Te

tic

o

DESCRIÇÃO

CATEGORIA

DESCRIÇÃO

SUBCATEGORIA

DESCRIÇÃO

Rep

erc

us

es

do

s u

so

s e

o-u

so

s d

a C

SA

Repercussões dos usos e não usos da CSA

Envolvem as repercussões

dos usos e não-usos desses sistemas, na

percepção dos familiares

Relação entre CSA e fala

Benefícios da CSA na comunicação

Benefícios da CSA nos aspectos emocionais

Benefícios da CSA na autonomia

Importância da CSA para uso em casa

Não necessita da CSA para entender a pessoa com PC

Apresentam a percepção de familiares acerca da complementaridade entre CSA e fala

Incluem as mudanças nas condições linguístico-cognitivas, na participação e

desempenho/funcionalidade dos usuários de CSA

Abrangem os benefícios do uso da CSA na autoestima e nas interações

Englobam os benefícios do uso da CSA em relação à independência para realização das atividades e qualidade de vida para seus usuários

Abordam a percepção dos familiares acerca dos benefícios do uso da CSA em

casa

Abrangem o papel dos familiares de intérprete das pessoas com PC, assim como sua percepção acerca das mesmas, de modo que referem não necessitarem da CSA para as compreenderem, a não ser os demais

interlocutores

Usos da linguagem

Abordam as

repercussões da CSA nos

usos da linguagem

pelas pessoas com PC,

durante as atividades

institucionais

Intenção Comunicativa

Respeito aos turnos de conversação

Respostas às solicitações do interlocutor

Usos da CSA

Abrangem as atitudes dos usuários de CSA em relação à iniciativa

comunicativa, por meio da observação de suas características de fala e linguagem

Incluem às atitudes dos usuários de CSA acerca da manutenção dos turnos de

conversação, por meio de respostas orais e/ou não – orais (gestuais, expressões faciais, olhares)

Englobam as respostas dos usuários de CSA em relação às solicitações do

interlocutor, quer sejam orais e/ou não-orais

Abordam os recursos de CSA utilizados pelas pessoas com PC, tais como símbolos ou objetos

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Eix

o

Te

tic

o

DESCRIÇÃO

CATEGORIA

DESCRIÇÃO

SUBCATEGORIA

DESCRIÇÃO

Desa

fio

s n

a im

ple

men

taç

ão

da

CS

A

Abordam os facilitadores,

barreiras e desafios no uso da CSA por

pessoas com paralisia cerebral, a partir da percepção

dos familiares e profissionais de uma instituição especializada

Facilitadores

Abrangem os benefícios da

CSA, na percepção dos

familiares e profissionais

Favorecimento da linguagem

Favorecimento da fala

Favorecimento da cognição e aprendizagem

Favorecimento da interação

Favorecimento dos aspectos emocionais

Engloba os benefícios da CSA para as condições linguísticas de seus usuários

Abrange os benefícios da CSA para o favorecimento do desenvolvimento da

oralidade

Aborda os benefícios da CSA para os aspectos cognitivos, com mudanças na participação e desempenho/funcionalidade de seus usuários

Inclui os benefícios da CSA para a interação entre seus usuários e os

interlocutores, com repercussões na participação e atenção durante as situações dialógicas

Abrange os benefícios da CSA para os aspectos emocionais, com

mudanças nas atitudes dos seus usuários e, consequentemente, nas

interações sociais

Barreiras

Englobam as dificuldades no

uso da CSA relatadas pelos

familiares e profissionais

Conhecimento acerca da CSA

Identificação da necessidade da CSA para comunicação

Suporte e orientação para o uso funcional

da CSA

Uso dos SSAC

Indicação da CSA

Abrange as barreiras de acesso à área de conhecimento da CSA

Engloba a não - identificação da necessidade do uso da CSA para favorecimento da comunicação entre o usuário e seus pares

Aborda a necessidade de suporte e orientação para o uso da CSA pelas

pessoas com PC e seus interlocutores

Inclui as dificuldades do uso da CSA em relação à não-adequação de seus recursos às necessidades da pessoa com PC

Abrange a dificuldade do uso da CSA acerca da indicação tardia desses sistemas para a pessoa com necessidades complexas de comunicação

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IV. RESULTADOS

Seguem resultados apresentados no formato de dois artigos.

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4.1. Artigo 1

REPERCUSSÕES DOS USOS E NÃO-USOS DA COMUNICAÇÃO

SUPLEMENTAR E/OU ALTERNATIVA NA PERCEPÇÃO DE FAMILIARES DE

PESSOAS COM PARALISIA CEREBRAL

REPERCUSSIONS OF THE USE AND NON-USE OF AUGMENTATIVE AND

ALTERNATIVE COMMUNICATION IN THE PERCEPTION OF FAMILY

RELATIVES OF PEOPLE WITH CEREBRAL PALSY

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RESUMO

Introdução: A família é um dos principais interlocutores nos usos de sistemas

suplementares e/ou alternativos de comunicação (SSAC) com pessoas com

comprometimentos de linguagem. Torna-se fundamental a atuação conjunta entre a

família e os profissionais responsáveis pela implementação da CSA, constituindo,

assim um espaço de escuta e acolhimento de modo a promover relações de troca

entre os diferentes parceiros conversacionais envolvidos nesse processo. Objetivo:

Verificar as repercussões dos usos e não-usos da Comunicação Suplementar e/ou

Alternativa (CSA) na percepção dos familiares de pessoas com paralisia cerebral

(PC) e a linguagem de seus usuários em atividades institucionais. Método: Trata-se

de estudo descritivo, de corte transversal, com amostra de 52 participantes, 26

pessoas com paralisia cerebral de uma instituição especializada do interior de São

Paulo e 26 familiares. Para a coleta de dados realizaram-se entrevistas

semiestruturadas com os familiares e registros em vídeo das pessoas com paralisia

cerebral em atividades pedagógicas institucionais. Resultados: Todos familiares

referiram que as pessoas com PC utilizam formas próprias de comunicação (olhar,

expressões faciais e gestos), além da CSA nas atividades institucionais. O uso da

CSA foi mais frequente concomitantemente na instituição e em casa. A maioria dos

familiares acredita que o uso da CSA não impede a fala e beneficia aspectos

emocionais e de aprendizagem. Metade dos familiares refere não necessitar da CSA

para entender a pessoa com PC. Nos registros em vídeo observou-se que todas as

pessoas com PC apresentam iniciativa discursiva e responderam às solicitações do

interlocutor. O uso da CSA de forma contextualizada pelos parceiros

conversacionais melhorou sua compreensão das atividades. Conclusão: Os

achados apontam repercussões positivas dos usos da CSA na linguagem e

interação das pessoas com PC. A maioria dos familiares relata que não necessita da

CSA para entender seus filhos, ainda que reconheçam seus benefícios para a

comunicação.

Palavras-chaves: Sistemas de comunicação alternativos e aumentativos;

linguagem; relações profissional – família; barreiras de comunicação.

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30

ABSTRACT

Introduction: Family is one of the main communication partners in the use of

Augmentative and Alternative Communication (AAC) resources with people with

language impairment. The joint work between family relatives and professionals

responsible for the implementation of AAC becomes essential, which then

establishes an environment for listening and welcoming, promoting relations of

exchange between the different communication partners involved in this process.

Aim: To verify the repercussions of use and non-use of Augmentative and/or

Alternative Communication in the perception of family relatives of people with

cerebral palsy (CP) and the language of the AAC users in the institutional activities.

Method: This is a descriptive cross-sectional study, with samples from 52

participants, of which 26 are people with cerebral palsy in a specialized institution in

the inland state of São Paulo, and 26 family relatives. For the data collection, semi-

structured interviews were performed with the family relatives, and video records of

people with cerebral palsy were done in institutional pedagogical activities. Results:

All family relatives mentioned that people with CP use their own means of

communication (gaze, facial expressions, and gestures), besides the AAC resources

in the institutional activities. The use of AAC was more frequent concomitantly in the

institution and at home. The majority of the family relatives believes that the use of

AAC does not stop the speech and it benefits both emotional and learning aspects.

Half of the family relatives mentions not needing AAC to understand someone with

CP. In the video records it was observed that all people with CP indicated discursive

initiative and answered to the requests from their communication partner. The use of

AAC in context by the conversational partners improved their comprehension of the

activities. Conclusion: The findings point to positive repercussions of the use of AAC

in language and interaction with people with CP. The majority of the family relatives

mentions they do not need AAC to understand their children, even though they

recognize its benefits for communication.

Keywords: augmentative and alternative communication systems; language; social

interaction; professional-family relations; communication barriers.

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INTRODUÇÃO

A American Speech Language Hearing Association (ASHA, 2005)

define a Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) como área de pesquisa e

de prática clínica e educacional, com vistas a, quando necessário, suplementar,

temporária ou permanentemente, as deficiências, limitações para atividades e

participação de indivíduos com comprometimentos de linguagem.

Light e McNaughton (2012) abordam que, ainda que já tenham sido

demonstradas repercussões positivas da CSA, o desafio para o futuro é maximizar e

garantir esses benefícios e intervenções efetivas do uso da CSA por meio da prática

baseada em evidências, a todos os indivíduos com necessidades complexas de

comunicação.

Chun et al. (2015) referem que, em consonância com perspectivas

internacionais (Light e McNaughton, 2012), as expectativas atuais na área da CSA

voltam-se a maior participação social nos diferentes contextos, seja na escola, em

casa ou na comunidade. No cenário nacional, Chun et al. (2013), em estudo dos

Congressos Brasileiros de CSA, destacam que as mudanças na área, nos últimos

anos, abrem perspectivas de um novo olhar da CSA no país, ao serem abordadas

questões de funcionalidade, participação e inclusão nos trabalhos analisados em

consonância com as políticas públicas de Saúde e Educação.

Higginbotham et al. (2007) pontuam que para melhor compreensão das

repercussões da interação social na comunicação de pessoas com deficiência, é

preciso eliminar as barreiras encontradas na área da CSA que limitam a participação

social e o papel dos diferentes interlocutores do seu processo de implementação.

Assim, apresentam perspectivas futuras e questões importantes nos debates da

área que expandam a abordagem construída ao longo da história desse recurso

para além de mero instrumento/dispositivo de tecnologias assistivas, mas que

incorporem um quadro mais amplo de fatores humanos associados com os aspectos

sociais, interacionais, cognitivos e linguísticos (aprendizagem, memória, atenção e

desenvolvimento de linguagem).

Nesse contexto, vários autores abordam a importância de se conhecer as

percepções dos familiares de usuários de CSA, bem como as barreiras e

facilitadores para o seu uso, como necessárias ao desenvolvimento de estratégias

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terapêuticas, por meio das quais os profissionais poderão adequar esses sistemas

às demandas de cada usuário e favorecer a melhor adesão familiar (Bailey et al.,

2006, Rackensperger, 2012, Crisp et al., 2014).

Estudo de Cesa e Mota (2015) observa um aumento de pesquisas

nacionais que incluam a família como objeto de análise. Além disso, as autoras

colocam que a implementação precoce da CSA em diferentes contextos favorece o

uso eficaz desses sistemas.

Diante do exposto, justifica-se o interesse deste artigo em abordar a família

no processo de implementação dos sistemas suplementares e/ou alternativos de

comunicação (SSAC). Portanto, o objetivo é verificar as repercussões dos usos e

não-usos da CSA na percepção de familiares de pessoas com paralisia cerebral

Verificar as repercussões dos usos e não-usos da Comunicação Suplementar e/ou

Alternativa (CSA) na percepção dos familiares de pessoas com paralisia cerebral

(PC) e a linguagem de seus usuários em atividades institucionais.

MÉTODO

Desenho Metodológico

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

(CEP/FCM/UNICAMP), sob parecer nº 1.073.898/2015 (CAAE:

43727015.0.0000.5404). Trata-se de estudo transversal, sendo que, neste artigo,

apresenta-se parte dos resultados da dissertação de mestrado de uma das autoras.

A pesquisa foi apresentada à uma Instituição filantrópica especializada

em atendimentos neurológicos do interior do Estado de São Paulo, para solicitação

da assinatura do Termo de Anuência e, após concordância, a realização da coleta

de dados.

Os participantes foram convidados pela pesquisadora responsável. Após

explicação da pesquisa e anuência, foi solicitada a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para os familiares ou responsáveis legais

da pessoa com paralisia cerebral.

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Constituição da amostra e critérios de inclusão e exclusão

A amostra foi composta por 52 participantes, sendo 26 pessoas com

paralisia cerebral e 26 familiares. Os critérios de inclusão abrangeram pessoas com

paralisia cerebral de ambos os sexos, assistidas nessa instituição, há pelo menos 3

meses da coleta de dados e que tivessem sido introduzidas à CSA. Foram excluídas

pessoas com paralisia cerebral que não apresentaram assiduidade (frequência

inferior a 75%, conforme normas da instituição) aos atendimentos pedagógicos e/ou

terapêuticos realizados pelos profissionais participantes da pesquisa.

Foram incluídos 26 familiares, sendo 23 mães, 1 pai e 2 avós maternas,

de acordo com os seguintes critérios: responsáveis legais das pessoas com paralisia

cerebral, pertencentes a ambos os sexos e acompanhantes dos usuários de CSA

nos atendimentos institucionais. Foram excluídos os familiares que deixaram de

acompanhá-los durante o período de coleta de dados, sendo que foram substituídos

na pesquisa por aqueles que assumiram tal papel.

Procedimentos para a coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de duas fontes, entrevistas com os

familiares e registros em vídeos de atividades pedagógicas e/ou atendimentos

terapêuticos institucionais com os usuários de CSA.

Foram realizadas entrevistas com roteiro semiestruturado para

levantamento das percepções de familiares, acerca da implementação da CSA na

pessoa com paralisia cerebral. A pesquisadora seguiu um roteiro de questões

previamente definidas, mas o fez em contexto semelhante ao de uma conversa

informal. O agendamento das entrevistas e dos registros em vídeo das pessoas com

paralisia cerebral foi feito de acordo com a disponibilidade dos participantes e de

modo que não interferisse na rotina de atividades da Instituição. As entrevistas foram

registradas por escrito, gravadas em vídeo ou áudio, de acordo com a autorização

do participante.

As questões das entrevistas versavam acerca da caracterização dos

modos de comunicação dos usuários de CSA; de suas condições cognitivas e

emocionais; da relação entre fala e uso dos SSAC; da indicação, suporte e

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orientação quanto ao uso da CSA; das facilidades e desafios para o uso desses

dispositivos.

Para a garantia do sigilo, a identificação dos sujeitos foi descrita por meio

da letra F (familiares), seguidas de números arábicos (F1, F2 a F26).

Forma de análise dos dados

Foi realizada transcrição ortográfica das entrevistas com os familiares e

dos registros em vídeo das pessoas com paralisia cerebral (vozes ouvidas de modo

indireto neste estudo, ou seja, por meio de recortes de suas falas em atividades

institucionais), seguida da análise estatística descritiva dos perfis sociodemográficos

dos participantes e das questões fechadas das entrevistas com os familiares.

As transcrições ortográficas das questões abertas das entrevistas com os

familiares e dos registros em vídeo dos usuários de CSA na Instituição foram

categorizados segundo eixos temáticos, a partir dos critérios de repetição e

relevância definidos por Turato (2011). Pelo critério de repetição investiga-se o que

há em comum entre os discursos, destacando-se as colocações reincidentes e

considerando-se as emergentes. Pelo critério de relevância destacam-se trechos do

discurso que não apresentam necessariamente repetição no conjunto do material

coletado, que podem confirmar ou refutar as hipóteses iniciais da investigação.

Após diversas leituras dos dados, foram estabelecidas as seguintes

categorias de análise a) caracterização de fala e linguagem na percepção dos

familiares; b) contextos de uso da CSA na percepção dos familiares; c) repercussões

dos usos e não usos da CSA na percepção dos familiares, a partir das entrevistas e

d) Usos da linguagem nas atividades institucionais, pelos registros em vídeo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Seguem resultados relativos à caracterização das pessoas com paralisia

cerebral e de seus familiares nas Tabelas 1 e 2.

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Tabela 1 – Perfil das pessoas com paralisia cerebral

Tabela 2 – Perfil dos familiares das pessoas com paralisia cerebral

Legenda: EFI – Ensino Fundamental Incompleto; EFC – Ensino Fundamental Completo; EMI – Ensino Médio

Incompleto; EMC – Ensino Médio Completo; ESI – Ensino Superior Incompleto; ESC – Ensino Superior

Completo.

Conforme apontam os resultados, 69% das pessoas com paralisia

cerebral são do gênero masculino, e 39% na faixa etária de 4 a 10 anos. Em relação

aos familiares, 68% encontram-se na faixa de 26-45 anos de idade, com maior

CARACTERÍSTICAS PARTICIPANTES(n=26) n (%)

Gênero Feminino 8 (31)

Masculino 18 (69)

Idade (anos)

4 - 10 10 (39)

11 - 15 8 (31) 16 - 20 21 - 26

26 – 30 > 31

2 (8) 3 (11) 2 (8) 1 (4)

Tempo de acompanhamento

institucional (anos)

< 5 5-10

11-14 > 15

12 (46) 7 (27) 6 (23) 1 (4)

CARACTERÍSTICAS PARTICIPANTES (n=26) n (%)

Anos de estudo

Não Alfabetizado EFI EFC EMI EMC ESI ESC

1 (4) 7 (27) 5 (19) 1 (4) 7 (27) 3 (11) 2 (8)

Idade (anos)

< 25 1 (4)

26-35 36-45 46-55 > 56

7 (26) 11 (42) 5 (19) 2 (9)

Tempo de contato com a CSA (anos)

< 5 19 (73)

6-10 3 (11)

11-15 16-19 > 20

1 (4) 2 (8) 1 (4)

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frequência dos anos de estudo, para o Ensino Fundamental Incompleto (27%) e

Médio Completo (27%).

A maioria (73%) das pessoas com PC apresentou tempo de

acompanhamento institucional das pessoas com PC foi inferior a 10 anos e o contato

dos familiares com a CSA também foi menor do que 5 anos (73%). Esses achados

apontam que a maioria das pessoas com PC encontram-se em processo de

implementação dos SSAC.

Seguem resultados por categorias de análise. Na Tabela 3 apresentam-se

as características de fala e linguagem das pessoas com paralisia cerebral na

percepção dos familiares.

Tabela 3 – Características das pessoas com paralisia cerebral quanto à fala e

linguagem na percepção dos familiares

FALA E LINGUAGEM*

PARTICIPANTES (n=26)

n(%)

Não-oralizado (balbucios e choro) Oralidade Restrita (palavras isoladas)

Formas próprias de comunicação (olhar, expressões faciais e gestos)

15 (57)

11 (43)

15 (100)

*Foram aceitas múltiplas respostas

Todos os familiares referiram que as pessoas com paralisia cerebral

utilizam formas próprias de comunicação (olhar, expressões faciais e gestos), além

de usarem a CSA nas atividades institucionais.

Segue na Tabela 4, a frequência dos contextos de uso da CSA pelas

pessoas com paralisia cerebral na percepção dos familiares.

Tabela 4 – Frequência dos contextos de uso da CSA pelas pessoas com

paralisia cerebral na percepção dos familiares

CONTEXTOS DE USO DA CSA PARTICIPANTES (n=26) n (%)

Instituição Instituição e casa Instituição, casa e escola regular Instituição e escola regular

10 (39) 11 (42) 2 (8) 3 (11)

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Verifica-se que os participantes utilizam a CSA em diferentes contextos.

No grupo estudado, o uso da CSA foi mais frequente concomitantemente na

instituição e em casa. Entretanto, observa-se dificuldades na adesão ao uso da

CSA, como mostram alguns trechos de discursos dos familiares:

“Às vezes nasce uma afta nele e em mim no mesmo lugar... Pra

que eu vou usar a prancha se eu sei o que ele quer? Eu não necessito,

mas as pessoas de fora sim.” (F8)

“Usa outras formas. Não vejo necessidade.” (F23)

Tais resultados são similares aos de Kruger et al (2011), que indicam

como um dos aspectos desfavoráveis ao uso da CSA, o fato dos familiares

acreditarem que sabem o que os filhos querem dizer, sem a necessidade de um

recurso auxiliar de comunicação. Nesse sentido, as relações mãe/filho marcadas por

um processo simbiótico, podem interferir no uso da CSA, na medida em que as

mães se identificam enquanto intérpretes da pessoa com necessidades complexas

de comunicação e, portanto, consideram entendê-la antecipadamente.

Na Tabela 5 apresenta-se a frequência das repercussões dos usos e não

usos da CSA na percepção dos familiares.

Tabela 5 – Frequência das repercussões dos usos e não - usos da CSA na

percepção dos familiares

REPERCUSSÕES DOS USOS E NÃO USOS DA CSA*

PARTICIPANTES (n=26) n (%)

CSA não inibe a fala Benefícios da CSA na comunicação Benefícios da CSA nos aspectos emocionais Benefícios da CSA na autonomia Importância da CSA para uso em casa Não necessita da CSA para entender a pessoa com PC

21 (81) 26 (100) 20 (77) 12 (46) 12 (46) 13 (50)

* Foram aceitas múltiplas respostas

A maioria dos familiares referiu acreditar que o uso da CSA não impede

a fala, como se observa em alguns trechos de relatos:

“Ajuda a fala. Vocês mostram a figura e fala o que é.” (F14)

“Estimula a fala. Ele tem a dificuldade motora, mas tem a

sensação. Ele tem vontade. Quando vê, ele associa.” (F16)

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Tais achados vão ao encontro dos resultados do estudo de Deliberato

(2009), que aponta que o uso da CSA favorece ao participante da pesquisa (estudo

de caso) formas de expressões orais, como no caso das vocalizações, palavras e

emissões orais ininteligíveis, ou seja, não inibe a fala. Romano e Chun (2014)

apresentam resultados semelhantes para crianças usuárias de CSA que corroboram

a questão do uso da CSA não inibir a fala, indicando também mudanças nas

condições linguístico-cognitivas, na participação e desempenho/funcionalidade

desse grupo.

Em relação aos aspectos emocionais e de autonomia, os resultados

encontram consonância com as colocações de Silva (2008), que destaca que a CSA

pode promover benefícios na autoestima, independência para realização das

atividades, poder de decisão, e qualidade de vida para o sujeito e para seus pares.

Trechos de discursos dos familiares demonstram a importância da CSA

em sua opinião:

“O trabalho da CSA poderia ser feito também em casa. É

estimulante para ele. Vêem a imagem, conseguem pensar naquilo. O

corpo fala.” (F4).

“Diminuiu a ansiedade.” (F5)

“Ele está mais calmo.” (F3)

Por outro lado, metade dos familiares refere não necessitar dos SSAC

para entender a pessoa com paralisia cerebral, justificando-se assim seu não uso.

Nesse sentido, reitera-se a importância de se ampliar o conhecimento da CSA para

a população, reduzir as barreiras atitudinais da implementação desses sistemas,

incluindo a promoção da capacitação e treinamento dos profissionais da Saúde e

Educação que trabalham na área da CSA e construir colaborações mais eficazes

para a adesão familiar, como discutem vários autores (Light e McNaughton, 2012).

Na Tabela a seguir são apresentadas as características de linguagem das

pessoas com paralisia cerebral nas atividades institucionais, a partir dos registros em

vídeos obtidos, nos quais foi observado que todos esses participantes utilizam-se de

suas formas próprias de comunicação, associadas ou não à produção de fala e ao

uso da CSA.

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Tabela 6 – Características de linguagem das pessoas com paralisia cerebral

nas atividades institucionais

Linguagem nas atividades institucionais PARTICIPANTES (n=26) n (%)

Iniciativa Discursiva 26 (100)

Respeito aos turnos de conversação

19 (73)

Respostas às solicitações do interlocutor

Oral Não-oral

15 (58) 26 (100)

Usos da CSA Símbolos Objetos

21 (81) 5 (19)

Tais achados são consonantes com o estudo de Romano (2016), que

mostra como repercussões positivas da CSA, o desenvolvimento linguístico-

cognitivo, a complementariedade entre fala e CSA e o favorecimento da autonomia

de comunicação.

Além disso, outros autores (Pennington et al., 2004) encontraram em

revisão de literatura, as seguintes condutas na intervenção para o favorecimento da

comunicação em pessoas com paralisia cerebral: atentar posicionamento dos

parceiros conversacionais e das crianças na interação, criar oportunidades de

comunicação e responder aos sinais comunicativos da criança. Em outra revisão

(Pennington et al., 2007) analisaram estudos que apontaram aspectos que devem

ser valorizados na intervenção para o desenvolvimento de linguagem na paralisia

cerebral, tais como: iniciativas discursivas (fixar o olhar, a expectativa dos

comportamentos em rotinas familiares, etc.), funções pragmáticas e as estruturas da

linguagem oral.

Todas as pessoas com paralisia cerebral apresentaram respostas não-

orais às solicitações do interlocutor. Resultados semelhantes são encontrados em

Deliberato (2011), cujo estudo de caso mostra que o aluno participante da pesquisa

apresentou maior frequência na utilização de expressões não-orais e que o uso de

um sistema de representação colaborou para a ampliação dos enunciados e na

possibilidade de o aluno ser compreendido na sua intenção.

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O uso da CSA de forma contextualizada pelos parceiros conversacionais

melhorou a compreensão das atividades por todos participantes com paralisia

cerebral e sua importância foi reafirmada por um dos familiares:

“Não é só trabalhar, depende de cada ponto de vista como é utilizado”

(F12).

Os achados são consoantes com Drager et al. (2004), que afirmam, a

partir de seus resultados, o contexto do vocabulário trabalhado na CSA como

fundamental para a aquisição da linguagem.

CONCLUSÃO

Os resultados mostram maior uso da CSA na instituição e em casa

simultaneamente. Todas as pessoas com paralisia cerebral usam formas próprias de

comunicação e, nesse sentido, a maioria dos familiares relata que não necessita da

CSA para entender seus filhos, ainda que todos reconheçam os seus benefícios na

comunicação. Por outro lado, os achados mostram repercussões na linguagem e

interação das pessoas com paralisia cerebral, como demonstrado na análise das

atividades institucionais e reiterado nas percepções de parte dos familiares.

Portanto, a família é um dos principais interlocutores para o uso eficaz dos

SSAC. Torna-se fundamental a atuação conjunta entre a família e os profissionais

responsáveis pela implementação desses sistemas, constituindo, assim um espaço

de escuta e acolhimento de modo a promover relações de troca entre os diferentes

parceiros conversacionais envolvidos nesse processo e, portanto, mudanças

atitudinais dos atores sociais para o uso funcional da CSA, quer sejam pelos seus

usuários e/ou parceiros conversacionais.

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43

4.2. Artigo 2

DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E/OU

ALTERNATIVA NA PERCEPÇÃO DE FAMILIARES E PROFISSIONAIS DE UMA

INSTITUIÇÃO ESPECIALIZADA

CHALLENGES IN THE IMPLEMENTATION OF AUGMENTATIVE AND

ALTERNATIVE COMMUNICATION IN THE PERCEPTION OF FAMILY

RELATIVES AND PROFESSIONALS OF A SPECIALIZED INSTITUTION

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RESUMO

Introdução: A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA), assim como os

interlocutores (parceiros de comunicação) da pessoa com deficiência, ou seja, sua

família próxima e ampliada, amigos e colegas, profissionais da saúde e da

educação, podem se constituir como um dos fatores que podem influenciar na sua

comunicação e participação social. Objetivo: Verificar facilitadores, barreiras e

desafios no uso da CSA por pessoas com paralisia cerebral, a partir da percepção

dos familiares e profissionais de uma instituição especializada. Método: Trata-se de

estudo descritivo, de corte transversal, com amostra de 35 participantes, composta

por 26 familiares de pessoas com paralisia cerebral e 9 profissionais, responsáveis

pelos atendimentos institucionais dos usuários de CSA. A coleta de dados foi

realizada por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado com os participantes.

As entrevistas foram transcritas ortograficamente. As questões fechadas foram

submetidas à análise estatística descritiva e as perguntas abertas categorizadas

segundo temas. Resultados: Todos os participantes referiram benefícios do uso da

CSA para a linguagem. A maioria deles afirmou que o uso da CSA favorece a fala.

Alguns referiram repercussões do uso da CSA nos aspectos emocionais e a maioria

relatou favorecer a interação, cognição e aprendizagem. Parte dos familiares

apresenta como barreira para o uso da CSA a falta de conhecimento acerca da CSA

e concomitantemente não vir a necessidade desses sistemas para a comunicação. A

falta de suporte e orientação para o uso funcional da CSA bem como as dificuldades

do seu uso foram barreiras apresentadas com maior frequência pelos profissionais

do que pelos familiares. O momento da implementação da CSA foi um aspecto

abordado pelos participantes como um aspecto importante para o uso funcional e

eficaz desses dispositivos. Conclusão: Os achados apontam repercussões positivas

do uso da CSA na linguagem, cognição, interação e nos aspectos emocionais, nos

contextos familiar e institucional. As barreiras encontradas reiteram a necessidade

de capacitação profissional e ampliação da divulgação da CSA à população. Dessa

forma, colocam-se alguns desafios no sentido de favorecer a expansão da área de

conhecimento da CSA, bem como a capacitação dos interlocutores para o uso eficaz

e funcional desses sistemas, quer sejam pelos seus usuários e/ou parceiros de

comunicação.

Palavras-chaves: facilitadores; barreiras de comunicação; sistemas de

comunicação alternativos e aumentativos; relações profissional – família.

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ABSTRACT

Introduction: The resources of the Augmentative and Alternative Communication

(AAC), as well as the communication partners of the person with disability, that is,

their close and broader family, friends and colleagues, health and education

professionals, can be one of the factors that may influence the person’s

communication and social interaction. Aim: To verify facilitators, barriers and

challenges when using AAC by people with cerebral palsy, from the perception of

family relatives and professionals of a specialized institution. Method: This is a

descriptive cross-sectional study, with samples from 35 participants, of which 26 are

family relatives of people with cerebral palsy, and 9 professionals, who are

responsible for an institutional treatment of AAC users. The data was collected

through interviews with a semi-structured script with the participants. The interviews

were orthographically transcribed. The closed questions were submitted to statistical

descriptive analysis and the open question were categorized according to themes.

Results: All participants mentioned the benefits to language from the use of AAC.

The majority confirmed that its use benefits speech. Some mentioned the

repercussions of the use of AAC in the emotional aspects, and the majority reported

a benefit to interaction, cognition and learning. Part of the family relatives points the

lack of knowledge about AAC as a barrier for its use, and concomitantly does not see

the need for these resources for communication. The lack of support and guidance

for the functional use of AAC, as well as the difficulties of its use, were hurdles

presented more frequently by the professionals than the family relatives. The moment

of implementation of AAC was addressed by the participants as an important aspect

for the functional and effective use of these devices. Conclusion: The findings point

to positive repercussions of the use of AAC in language, cognition, interaction, and in

emotional aspects, in the familiar and institutional contexts. The barriers found

reiterate the necessity for professional training and extension of the promotion of the

AAC to the population. So, there are some challenges to improve of expanding the

knowledge area of the AAC, as well as to enable the communication partners for the

effective and functional use of these systems, whether by their users and / or

communication partners.

Keywords: facilitators; communication barriers; augmentative and alternative

communication systems; professional-family relations.

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INTRODUÇÃO

A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) é uma área de

conhecimento na prática clínica, educacional e de pesquisa, que tem por objetivo

favorecer a linguagem, que se encontra comprometida, em sujeitos com quadros

clínicos diversos tais como a encefalopatia crônica infantil (paralisia cerebral),

deficiência intelectual, dentre outras alterações de linguagem e desenvolvimento

(Cesa et al., 2010). Trata-se de área interdisciplinar que tem avançado

significativamente, a partir da utilização de recursos de baixa e alta tecnologia, como

demonstram os trabalhos dos congressos brasileiros (Chun et al., 2013).

Light & McNaughton (2015) enfatizam a necessidade de assumir uma

visão mais holística da CSA. Os autores apresentam alguns princípios norteadores

para intervenção e pesquisa na área, quais sejam focar na participação do usuário

de CSA nos diferentes contextos e agregar os aspectos psicossociais (família,

escola, trabalho, outros contextos da vida em comunidade e cuidados em saúde), de

modo a considerar os fatores extrínsecos (ambientais) e intrínsecos de cada sujeito,

para eliminar as barreiras e favorecer a inclusão social. A partir dos anos de 1990,

utiliza-se o “Modelo de Participação” na área da CSA, avaliando-se padrões de

comunicação e as necessidades específicas do sujeito, incluindo-se oportunidades

de acesso à comunicação, bem como as barreiras ambientais (Houcarde et al.,

2004).

A CSA assim como os interlocutores (parceiros de comunicação) da

pessoa com deficiência, ou seja, sua família próxima e ampliada, amigos e colegas,

profissionais da saúde e da educação, podem se constituir como um dos fatores

ambientais que podem influenciar positiva ou negativamente na sua comunicação e

participação social (Chun et al., 2013), como abordado pela OMS ao tratar a

temática da CIF e a tecnologia assistiva (OMS, 2004). Nesse sentido, um dos

grandes temas de debate nacional e internacionalmente envolve as barreiras acerca

do acesso ao uso da CSA e, assim, intensifica-se tal problemática em relação aos

recursos de alta tecnologia, geralmente com custo elevado. Deste modo, os

possíveis benefícios de sua introdução dependerão da implementação e

consolidação de políticas públicas que visem facilitar o acesso desses sistemas aos

grupos populacionais que deles necessitem.

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Além disso, as diretrizes, normas e legislações de políticas públicas

devem abordar as necessidades específicas dos usuários de CSA, assim como

envolver a acessibilidade e inclusão social, considerando que grande parte da

população, ainda encontra-se privada de seu direito humano de acesso à

comunicação. Vale ressaltar a necessidade da participação dos usuários de CSA no

processo de formulação das políticas públicas e serem pertencentes ao grupo que

as compila, de modo a garantir que suas necessidades sejam consideradas como

abordam Deruyter et al. (2007).

Desse modo, o presente artigo tem por objetivo verificar facilitadores,

barreiras e desafios no uso da Comunicação Suplementar e/ou Alternativa por

pessoas com paralisia cerebral, a partir da percepção dos familiares e profissionais

de uma instituição especializada.

MÉTODO

Desenho Metodológico

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

(CEP/FCM/UNICAMP), sob parecer nº 1.073.898/2015 (CAAE:

43727015.0.0000.5404). Trata-se de estudo transversal, sendo que, neste artigo,

apresenta-se parte dos resultados da dissertação de mestrado de uma das autoras.

A pesquisa foi apresentada à uma Instituição filantrópica especializada

em atendimentos neurológicos do interior do Estado de São Paulo, para solicitação

da assinatura do Termo de Anuência e, após concordância, a realização da coleta

de dados.

Os participantes foram convidados pela pesquisadora responsável. Após

explicação da pesquisa e anuência, foi solicitada a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para os familiares ou responsáveis legais

da pessoa com paralisia cerebral.

Constituição da amostra e critérios de inclusão e exclusão

A amostra foi composta por 26 familiares de pessoas com paralisia

cerebral e 9 profissionais, responsáveis pelos atendimentos terapêuticos e/ou

educacionais dos usuários de CSA na instituição.

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Foram incluídos 26 familiares, sendo 23 mães, 1 pai e 2 avós maternas,

de acordo com os seguintes critérios: responsáveis legais das pessoas com paralisia

cerebral, pertencentes a ambos os sexos e acompanhantes dos usuários de CSA

nos atendimentos institucionais. Foram excluídos os familiares que deixaram de

acompanhá-los durante o período de coleta de dados, sendo que foram substituídos

na pesquisa por aqueles que assumiram tal papel.

Participaram da pesquisam, 9 profissionais, sendo 3 fonoaudiólogos, 2

psicólogos, 2 terapeutas ocupacionais e 2 pedagogos que trabalham, participam ou

participaram do processo de implementação da CSA na instituição. Foram excluídos

os profissionais que, durante o período de coleta de dados, se desligaram da

Instituição.

Procedimentos para a coleta de dados

Foram realizadas entrevistas com roteiro semiestruturado para

levantamento das percepções de familiares e profissionais, acerca da

implementação da CSA na pessoa com paralisia cerebral. A pesquisadora seguiu

um roteiro de questões previamente definidas, mas o fez em contexto semelhante ao

de uma conversa informal. Os dados coletados foram registrados por escrito em

folhas de respostas.

O agendamento das entrevistas foi feito de acordo com a disponibilidade

dos participantes da pesquisa e de modo que não interferisse na rotina de atividades

da Instituição.

Para a garantia do sigilo, a identificação dos sujeitos foi descrita apenas

por meio das letras P (profissionais) ou F (familiares), seguidas de números

arábicos. Por exemplo: P1, F1.

Forma de análise dos dados

As entrevistas foram transcritas ortograficamente. As questões fechadas

foram submetidas à análise estatística descritiva e as perguntas abertas

categorizadas segundo temas, a partir dos critérios de repetição e relevância

definidos por Turato (2011). O critério de repetição investiga o que há em comum

entre os discursos, destacando as colocações reincidentes e considerando todas as

emergentes. Já o critério de relevância destaca um trecho do discurso que não

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49

apresenta necessariamente repetição no conjunto do material coletado, mas que

pode confirmar ou refutar as hipóteses iniciais da investigação.

Em sequência às leituras dos dados, foram levantados temas, sendo

categorizados da seguinte forma, para cada um dos grupos de participantes, ou

seja, os familiares das pessoas com paralisia cerebral e os profissionais:

- Facilitadores do uso da CSA em relação à linguagem e da fala, cognição

e aprendizagem, aspectos emocionais e interação.

- Barreiras do uso da CSA que dizem respeito à atitude dos parceiros de

comunicação (interlocutores) quanto ao conhecimento acerca dos SSAC;

identificação da necessidade da CSA para comunicação; suporte e orientação para

o uso funcional da CSA; uso desses sistemas; indicação da CSA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Seguem resultados relativos à caracterização dos familiares das pessoas

com paralisia cerebral e de profissionais nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 – Perfil dos familiares das pessoas com paralisia cerebral

Legenda: EFI – Ensino Fundamental Incompleto; EFC – Ensino Fundamental Completo; EMI – Ensino Médio

Incompleto; EMC – Ensino Médio Completo; ESI – Ensino Superior Incompleto; ESC – Ensino Superior

Completo.

CARACTERÍSTICAS PARTICIPANTES (n=26) n (%)

Anos de estudo

Não Alfabetizado EFI EFC EMI EMC ESI ESC

1 (4) 7 (27) 5 (19) 1 (4) 7 (27) 3 (11) 2 (8)

Idade (anos)

< 25 1 (4) 26-35 36-45 46-55 > 56

7 (27) 11 (42) 5 (19) 2 (8)

Tempo de contato com a CSA (anos)

< 5 19 (73) 6-10 3 (11) 11-15 16-19 > 20

1 (4) 2 (8) 1 (4)

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Tabela 2– Perfil dos profissionais

Em relação aos familiares, 68% encontram-se na faixa de 26-45 anos de

idade, com maior frequência dos anos de estudo, para o Ensino Fundamental

Incompleto (27%) e Médio Completo (27%).

Um pouco mais da metade dos profissionais teve experiência com a CSA

durante a graduação. Em relação a isso, Pires (2015) coloca que são fundamentais

estudos científicos para o amadurecimento da área clínica e o embasamento teórico

na formação básica dos profissionais e, além disso, incentivo num desses aspectos

interfere diretamente no outro, de modo que possibilitará reflexões de conteúdos

programáticos regulares com as mudanças da inserção e demanda profissional,

assim como maiores investimentos de pesquisas científicas para ampliar a

divulgação e melhorar a compreensão da área de conhecimento da CSA.

Seguem resultados por categorias de análise, para cada um dos grupos

estudados, os familiares das pessoas com paralisia cerebral e os profissionais.

Nas Tabela 3 e 4 serão apresentados os facilitadores do uso da CSA em

relação ao favorecimento da i) linguagem e da fala ii) cognição e aprendizagem, iii)

aspectos emocionais e iv) interação.

CATEGORIAS PARTICIPANTES (n=9) n (%)

Tempo de Atuação profissional (anos)

< 5 5 - 10 11 - 14 > 15

3 (33,4) 4 (44,4) 1 (11,1) 1 (11,1)

Anos de estudo Graduação Pós-graduação

9 (100) 7 (77,8)

Experiência com a CSA na graduação

Sim Não

5 (55,5) 4 (44,5)

Tempo de contato com a CSA (anos)

< 5 5 (55,5)

5-10 2 (22,3)

11 - 14

> 15

1 (11,1)

1 (11,1)

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Tabela 3 – Facilitadores do uso da CSA: favorecimento da linguagem e fala

FACILITADORES DO USO DA CSA

PARTICIPANTES (n=35) Familiares (n=26) Profissionais (n=9) n (%) n (%)

Favorecimento da linguagem

26 (100) 9 (100)

Favorecimento da fala 21 (80,1) 8 (88,9)

Favorecimento da cognição e aprendizagem

14 (53,8) 6 (66,7)

Todos os familiares das pessoas com paralisia cerebral e os profissionais

referiram benefícios do uso da CSA para a linguagem, como apontam alguns

excertos de seus relatos:

“É estimulante para ele. Vêem a imagem, conseguem pensar naquilo.

O corpo fala.” (F4)

“Não conseguem soltar a voz, ele mostra o que quer.” (F24)

“Ela não pode fazer por si só. Ela pode colocar o concreto e escolher a

figura.” (P2)

“Você ter a certeza de resposta, possibilidade de se expressar.” (P9)

“Agrega para a pessoa se colocar com um ser falante.” (P4)

A maioria de ambos os grupos estudados afirmou que o uso da CSA

favorece a fala. Tais achados coincidem com os resultados do estudo de caso de

Deliberato (2009), que observou que o uso da CSA favorece a produção oral, ou

seja, não inibe a fala.

Pouco mais da metade dos participantes afirmou que a CSA favorece a

fala, atenção e expressão dos desejos, como se observa em alguns trechos de

discursos das mães e do profissional:

“Estimula a fala. Ele tem a dificuldade motora, mas tem a

sensação. Ele tem vontade. Quando vê, ele associa.” (F16)

“Melhorou atenção, procura com o olhar, o jeito.” (F14)

“Pois é um meio que a criança pode mais um pouquinho.” (F23)

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“Ele consegue demonstrar o que ele quer. Reconhece imagem:

avó, cachorro, pai, mãe, amigos, ele mesmo. É um facilitador. Auxiliar

na fala, em estrutura e organização, no conceito.” (P9)

Esses dados vão ao encontro dos achados do estudo de Romano e Chun

(2014), com crianças usuárias de CSA, que indicam também mudanças nas

condições linguístico-cognitivas (“Estimula a fala”, “tem a sensação”, “Quando vê, ele

associa”), na participação e desempenho/funcionalidade (“Melhorou a atenção,

procura com o olhar, o jeito”) desse grupo.

Tabela 4 – Facilitadores do uso da CSA: favorecimento da interação e dos

aspectos emocionais

FACILITADORES DO USO DA CSA

PARTICIPANTES (n=35) Familiares (n=26) Profissionais

(n=9) n (%) n (%)

Favorecimento da interação 23 (88,4) 7 (77,8)

Favorecimento dos aspectos emocionais

20 (76,9) 5 (55,5)

Alguns excertos de relatos dos participantes demonstram repercussões

do uso da CSA nos aspectos emocionais:

“Diminuiu a ansiedade.” (F5)

“Ele está mais calmo.” (F3)

“E para reduzir ansiedade e angústia deles, principalmente dos

pais.” (P1)

“Para ajudar a se comunicar melhor. Com a CSA ajuda quando

ele fica nervoso.” (P5)

Esses resultados são congruentes aos encontrados por Romano (2016)

que apresenta também como repercussões positivas da CSA, o desenvolvimento

linguístico - cognitivo, tendo sido mencionadas, pelos participantes de seu estudo,

percepções de mudanças nas atitudes das crianças e adolescentes sob seus

cuidados após implementação da CSA. Desse modo, o uso desses dispositivos

poderá refletir em mudanças na dinâmica familiar, resultantes da melhora nas

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relações entre os seus integrantes, especialmente em relação à pessoa com

necessidades complexas de comunicação.

A maioria dos participantes referiu que o uso da CSA favorece a

interação, como pode ser demonstrado nos excertos de trechos dos seus relatos:

“Quando alguém não conseguir entender, ele usa a pasta.” (F3)

“Mostrando a figura para tentar falar e se comunicar.” (F11)

“Favorece a interação social. Mudaria a dinâmica familiar.” (P1)

Tais achados são consonantes com Manzini et al. (2015), no qual os

resultados mostraram que para as três crianças com paralisia cerebral do estudo, de

modo geral, puderam se observar resultados positivos acerca dos procedimentos

empregados, evidenciando que o uso da CSA, favoreceu a interação das crianças

com suas mães, além de melhorar o tempo de atenção e a participação ativa das

crianças na atividade dialógica com suas mães.

Na Tabela 5 serão apresentadas as barreiras do uso da CSA na

percepção dos familiares das pessoas com paralisia cerebral e dos profissionais, as

quais dizem respeito à atitude dos parceiros comunicação (interlocutores):

desconhecimento acerca dos SSAC; não identificação da necessidade da CSA para

comunicação; falta de suporte e orientação para o uso funcional da CSA;

dificuldades do uso desses sistemas; indicação tardia da CSA.

Tabela 5 – Barreiras do uso da CSA

BARREIRAS DO USO DA CSA

PARTICIPANTES (n=35) Familiares (n=26) Profissionais (n=9) n (%) n (%)

Conhecimento acerca da CSA 11 (42,3) 3 (33,3)

Identificação da necessidade da CSA para comunicação

9 (34,6) 0 (0)

Suporte e orientação para o uso funcional da CSA

1 (3,8) 3 (33,3)

Uso dos SSAC 7 (26,9) 5 (55,5)

Indicação da CSA 1 (3,8) 4 (44,4)

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Alguns trechos de relatos dos familiares podem exemplificar o

desconhecimento acerca da CSA e concomitantemente não virem a necessidade da

CSA para comunicação:

“Pois ele sabe que pedindo, já sei o que é.” (F21)

“Entendemos tudo.” (F20)

“Às vezes nasce uma afta nele e em mim no mesmo lugar. Pra

que que eu vou usar a prancha se eu sei o que ele quer? ... Eu não

necessito, mas as pessoas de fora sim.” (F13)

“Na escola não vai ter eu, então eu que vou ter que tentar

entender o que ela quer e passar para os professores.” (F11)

Esses achados são consonantes com Kruger et al. (2011) em que seus

resultados apontam como um dos aspectos desfavoráveis ao uso da CSA no

contexto familiar, o fato dos pais afirmarem compreender seus filhos sem

necessidade do uso dos SSAC. As autoras colocam ainda que, em seu estudo, os

pais fazem uso da CSA fora do contexto familiar para que outras pessoas passem a

utilizar tal recurso e possam compreender melhor seus filhos, de forma que a CSA

seja um meio facilitador da inclusão social do filho, especialmente, no universo

escolar.

A falta de suporte e orientação para o uso funcional da CSA bem como as

dificuldades do uso desses sistemas foram barreiras apresentadas com frequência

maior pelos profissionais do que pelos familiares, como apontam alguns trechos de

relatos dos participantes:

“Não é só trabalhar, depende de cada ponto de vista como é

utilizado” (F12)

“Não estou usando aqui. Não está adequado o material.” (P3)

Esses achados são consonantes com as colocações de outros autores

(Light e McNaughton, 2013; Chun et al., 2015) ao abordarem a importância de que a

intervenção seja norteada pelas necessidades de comunicação do indivíduo e não

pelos dispositivos, especialmente com os avanços tecnológicos que podem resultar

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em um foco equivocado em relação à tecnologia, ao subjugar o foco central no

usuário de CSA.

Nesse sentido, Chun et al. (2015) abordam ainda a questão da

importância em se considerar os territórios, enquanto espaço que inclui os saberes

locais envolvidos na interação humana, a fim de valorizar a experiência dos usuários

de CSA e seus familiares como produtores de conhecimento. As autoras colocam

ainda que os territórios são envolvidos por princípios (Blackstone, Williams e Wilkins

(2007) para a consideração e discussão na prática clínica e de pesquisa, pela

comunidade envolvida com a CSA, dentre os quais, encontram congruência com o

presente estudo: destacar os parceiros de comunicação e seu papel singular na

CSA; acentuar a necessidade do foco nos papéis sociais, nas relações sociais e nas

oportunidades que as tecnologias e os serviços de CSA podem promover.

Além disso, Reily (2015) relaciona o paradigma das comunidades de

prática à consolidação da CSA no Brasil, apresentando duas razões para essa

reflexão: o sentido da CSA, dos saberes dos profissionais de vários campos de

conhecimento e dos saberes de familiares é melhorar plenamente a condição de

participação das pessoas com necessidades de comunicação; o trabalho de

proporcionar um sistema de CSA bem sucedido para alguém que o requeira é um

projeto coletivo, que necessita participação plena de muitos integrantes, além do

próprio usuário.

Apenas um dos profissionais, uma das psicólogas, apontou como barreira

a dificuldade de adesão familiar ao recurso por falta de capacitação profissional

durante a introdução da CSA, como demonstra o excerto de seu relato:

“Inclusive eu percebo em alguns cuidadores, a dificuldade de

compreender a linguagem não-verbal como forma de comunicação (...)

Tem a questão de adaptação da mãe ao método, em que ela precisa

se adequar. Quanto antes melhor, preparar ela com relação às

crianças.” (P1)

Tais resultados vão ao encontro com o que vem sendo apontado pelos

estudos recentes (Light e McNaughton, 2012; Ratcliff et al., 2008) acerca da

necessidade de capacitação dos profissionais da Saúde e Educação que atuam na

área de conhecimento da CSA e por outros autores (Crisp et al., 2014) ao apresentar

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como uma das barreiras relatadas pelas mães em sua pesquisa, o longo tempo de

espera para seleção e escolha do recurso pelos profissionais.

O momento da implementação da CSA foi um aspecto abordado também

por uma das mães em seu relato:

“Apresentou tarde, aos 8 anos (...) A comunicação alternativa

deveria ser apresentada nos pequeninhos. Ela aceitou. Eu não tinha

paciência. Eu já conhecia ela, os gestos.” (F24)

Esses achados são consonantes com as colocações de autores

anteriores (Light, McNaughton, 2012), assim como de Deliberato (2009) ao reiterar a

necessidade de reforçar aos profissionais da saúde e educação a importância da

implementação precoce da CSA.

Entre os relatos dos profissionais, observamos que alguns deles associam

o momento de implementação da CSA à condição cognitiva, como podemos

demonstrar nos trechos abaixo:

“A partir do momento de básico de cognitivo. Se não não dá para

fazer uso.” (P3)

“Sem intenção comunicativa não temos como nos comunicar e

compreensão para ter certeza da resposta.” (P9)

Entretanto, de acordo com Houcarde et al. (2004), ao fazer um

levantamento histórico da área de conhecimento da CSA, apresenta que,

atualmente, no período contemporâneo, considera-se que todas as pessoas com

alteração cognitiva, independente do grau de comprometimento, podem ser

introduzidas aos SSAC.

V. CONCLUSÃO

Os resultados mostram na percepção dos familiares e profissionais, que o

facilitador ou repercussão mais frequente para o uso da CSA foi o favorecimento da

linguagem. Para os familiares, a maior barreira relatada foi a falta de conhecimento

acerca da CSA e para os profissionais, as dificuldades no uso desses sistemas. Tais

resultados reafirmam alguns desafios encontrados na área, tais como a importância

da capacitação dos interlocutores ou parceiros conversacionais, incluindo a família e

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os profissionais, além de maior divulgação da CSA a toda a comunidade,

especialmente nos ambientes em que os SSAC estão inseridos ou necessitam ser

implementados, para o uso mais eficaz e funcional pelos atores sociais envolvidos,

quer sejam seus usuários e/ou seus parceiros de comunicação.

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V. DISCUSSÃO GERAL

Os achados apresentados nos dois artigos mostram repercussões

positivas do processo de implementação da CSA na linguagem, na interação, nos

aspectos emocionais e cognitivos. Além disso, apontam desafios para o uso dos

SSAC, ao apresentar alguns de seus facilitadores e barreiras. Em ambos os estudos

observa-se a importância de se considerar o uso contextualizado da CSA e o papel

dos parceiros de comunicação para o seu uso eficaz.

Os resultados das categorias de análise vão ao encontro do estudo de

Romano22 que apresenta como principais facilitadores, na percepção de familiares e

fonoaudiólogos, aqueles relacionados ao uso contextualizado da CSA para além do

ambiente clínico e às estratégias terapêuticas utilizadas pelos profissionais, assim

como repercussões positivas do uso desses sistemas para o desenvolvimento

linguístico-cognitivo, a complementariedade entre fala e CSA e o favorecimento da

autonomia para comunicação.

Na presente pesquisa, em relação à categoria dos contextos de uso da

CSA, foi mais frequente o ambiente institucional, de acordo com os relatos dos

familiares, que também colocaram como maior barreira para o não – uso da CSA, o

desconhecimento acerca desses dispositivos. Nesse sentido, em outro estudo 23, no

qual foi realizado grupo focal com 7 pais de pessoas com paralisia cerebral e

usuárias de CSA, os achados abordam os temas que emergiram nas discussões,

dentre os quais, correlacionam – se a este trabalho, conhecimento e habilidades

necessários para o uso dos SSAC, orientação e suporte para o uso efetivo da CSA,

incluindo as oportunidades de uso funcional desses sistemas na comunidade.

A importância de se considerar o papel dos interlocutores para a

comunicação dos usuários de CSA é abordada por outros autores24, ao colocarem

que os desafios para o uso eficaz dos SSAC podem estar relacionados à falta de

interlocutores competentes no uso dos mesmos e, consequentemente, em usuários

desses dispositivos que não apresentam um input constante e natural para esses

sistemas nas interações sociais.

Os achados apontam, especialmente, para o papel da família no uso da

CSA e com repercussões na linguagem, interação, cognição e nos aspectos

emocionais de seus usuários. Esses resultados são semelhantes aos de outro

estudo25, no qual, ao se analisarem qualitativamente as narrativas dos participantes,

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são ressaltados alguns temas relevantes para essa questão, tais como a dinâmica

familiar e como as relações entre os integrantes ocorrem especialmente no que se

trata de comunicação, mas também as mães como forças motrizes de apoio e o

encorajamento familiar como auxílio para a autonomia (autodeterminação) da

pessoa com necessidades complexas de comunicação.

Em consonância com os resultados da presente pesquisa, outro estudo26

apresenta achados que aponta como grande barreira de comunicação, a

participação dos usuários de CSA na comunidade e ressalta que a assistência para

o favorecimento de estratégias comunicativas entre esses sujeitos e a sua

comunidade tem possibilitado para a pessoa com deficiência sentimentos de

dignidade, empoderamento, autonomia, privacidade e melhor participação na

comunidade.

Os achados deste presente estudo mostraram que o uso dos SSAC foi

consideravelmente menos frequente do que as formas próprias de comunicação,

utilizadas por todos as pessoas com paralisia cerebral, o que é coincidente com

outra pesquisa27, na qual os resultados mostraram que os alunos com deficiência

dependiam mais fortemente de expressões e gestos faciais do que do uso de seus

dispositivos de CSA.

As barreiras encontradas nesta pesquisa, apontam para a necessidade de

maior divulgação da área da CSA na sociedade, como abordado por outros autores,

ao tratar a lacuna entre o estado da ciência e do estado das práticas, considerando-

se a necessidade de ampliar o conhecimento da área da CSA para a população, de

modo a reduzir as barreiras atitudinais da implementação desses sistemas, incluir a

promoção da capacitação e treinamento dos profissionais da Saúde e Educação que

trabalham na área da CSA e construir colaborações mais eficazes para a adesão

familiar28-30.

Os resultados deste estudo podem contribuir para o aumento na produção

científica que envolva crianças e adolescentes com necessidades complexas de

comunicação, como discutem Von Tetzchner e Nunes31, ao tratarem da escassez de

pesquisas que abordem o desenvolvimento de usuários de CSA em suas variadas

faixas etárias, em seus aspectos sociais, linguísticos, interacionais e cognitivos.

Nesse sentido, esses autores colocam que a falta de estudos a respeito do

desenvolvimento de crianças e jovens usuários da CSA representa carência de

conhecimento crítico na elaboração e implementação de intervenções efetivas e,

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destacam também que as modalidades dos SSAC implicam em de habilidades e

conhecimentos diferentes daqueles implícitos nos padrões esperados de

desenvolvimento da oralidade, na medida em que os gestos, as expressões faciais

e/ou os símbolos gráficos podem requerer variadas habilidades.

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VI. CONCLUSÃO

Os achados mostram repercussões na linguagem e interação das

pessoas com paralisia cerebral, como demonstrado na análise das atividades

institucionais e reiterado nas percepções de parte dos familiares.

Os resultados mostram maior uso da CSA na instituição e em casa

simultaneamente. Todas as pessoas com paralisia cerebral usam formas próprias de

comunicação e, nesse sentido, a maioria dos familiares relata que não necessita da

CSA para entender seus filhos, ainda que todos reconheçam os seus benefícios na

comunicação.

Para ambos os grupos estudados, familiares e profissionais, o facilitador

mais frequente para o uso da CSA foi o favorecimento da linguagem. Para o primeiro

grupo, a maior barreira encontrada foi a falta de conhecimento acerca da CSA e para

o segundo, dificuldades no uso desses sistemas.

Portanto, a família é um dos principais interlocutores para o uso eficaz da

CSA. Desse modo, torna-se fundamental a atuação conjunta entre a família e os

profissionais responsáveis pela implementação desses sistemas, bem como

possibilitar um espaço de escuta e acolhimento a fim de promover relações de troca

entre os diferentes parceiros conversacionais envolvidos nesse processo.

Além disso, esses resultados apontam para a necessidade de

capacitação e/ou treinamento profissional desde a sua formação, mas também da

ampliação na divulgação da área de conhecimento da CSA bem como de suas

atualizações científicas a toda a comunidade, especialmente nos ambientes em que

os SSAC estão inseridos ou necessitam ser implementados, para seu uso eficaz e

funcional pelos atores sociais envolvidos, quer sejam seus usuários e/ou parceiros

de comunicação.

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Comunicação Alternativa e Ampliada. In: Chun RYS, Reily LH, Moreira CE

(Orgs.). Comunicação Alternativa: ocupando territórios. São Carlos: Abpee,

2015, 195-210.

18. Chun RYS, Moreira EC, Dallaqua GB, Santana MTM. Análise da produção

dos congressos brasileiros de comunicação suplementar e/ou alternativa:

tendências e perspectivas. Informática na Educação: teoria & prática (on line)

2013, 16(2): 63-76.

19. Takase EM, Chun RYS. Comunicação e inclusão de crianças com alterações

de linguagem de origem neurológica na perspectiva de pais e educadores.

Rev. Bras. Ed. Esp. 2010, Marília, 16 (2), Mai-Ago, 251-264.

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66

20. Higginbotham D J, Shane H, Russell S, Caves K. Access to AAC: present,

past, and future. Augment Altern Commun 2007, 23(3): 243–57.

21. Turato ER. Tratado da Metodologia da pesquisa clínico-qualitativa:

construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas

áreas da saúde e humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, 685 p.

22. Romano N. A comunicação suplementar e/ou alternativa na percepção de

fonoaudiólogos e familiares: facilitadores e barreiras. 2016 [dissertação] –

Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP: [s.n.], 2016.

23. McNaughton D, Rackensperger T, Benedek-Wood E, Krezman C, Williams

MB, Light J. A child needs to be given a chance to succeed": parents of

individuals who use AAC describe the benefits and challenges of learning AAC

Technologies. Augment Altern Commun 2008, 24(1): 43-55.

24. Deliberato D, Von Tetzchner S. Habilidades Comunicativas de alunos

usuários de sistemas gráficos do ponto de vista de suas mães. In: Chun RYS,

Reily LH, Moreira CE (Orgs.). Comunicação Alternativa: ocupando territórios.

São Carlos: Abpee, 2015, 271-90.

25. Rackensperger T. Family influences and academic success: the perceptions

of individuals using AAC. Augment Altern Commun 2012, 28(2): 106-16.

26. Collier B, McGhie-Richmond D, Self H. Exploring communication assistants

as an option for increasing communication access to communities for people

who use augmentative communication. Augment Altern Commun 2010, 26 (1):

48-59.

27. Chung YC1, Carter EW, Sisco LG. Social interactions of students with

disabilities who use augmentative and alternative communication in inclusive

classrooms. Am J Intellect Dev Disabil 2012, 117(5): 349-67.

28. Ratcliff A, Koul R, Lloyd LL. Preparation in Augmentative and Alternative

Communication: An Update. American Journal of Speech – Language

Pathology 2008; 17 (1): 48 – 59.

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67

29. Light J, McNaughton D. The changing face of augmentative and alternative

communication: past, present, and future challenges. Augment Altern

Commun. 2012; 28 (4):197-204.

30. Crisp C, Draucker CB, Ellett ML. Barriers and facilitators to children's use of

speech-generating devices: a descriptive qualitative study of mothers'

perspectives. J Spec Pediatr Nurs, 2014, 19(3): 229-37.

31. Von Tetzchner SV, Nunes LROP. Pesquisa Transcultural em Comunicação

Alternativa: Justificativas, Objetivos e Metodologia. In: Chun RYS, Reily LH,

Moreira CE (Orgs.). Comunicação Alternativa: ocupando territórios. São

Carlos: Abpee, 2015, 227-40.

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VIII. APÊNDICES

8.1. Apêndice I

ENTREVISTA COM FAMILIARES

DATA DA ENTREVISTA: ___/___/____

Participante:

Idade: Sexo:

Anos de estudo:

Formação: Profissão:

Relação de parentesco:

Tempo de contato com a CSA:

1) Como a pessoa com necessidades especiais sob sua responsabilidade se

comunica com você e outros familiares?

( ) fala ( ) não fala

( ) usa balbucios ( ) usa o choro ( ) usa o grito

( ) usa gestos ( ) usa o olhar ( ) aponta

( ) adivinha ( ) usa expressões faciais

( ) usa CSA ( ) outro ________________________________

2) Como é a compreensão da pessoa com necessidades especiais?

( ) entende bem

( ) entende coisas do cotidiano

( ) entende muito pouco

3) Quais recursos alternativos de comunicação a pessoa sob seus cuidados utiliza?

( ) pranchas de CSA

( ) tablet

( ) Notebook

( ) outro ____________________________

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4) No caso de não utilizar a CSA, você já ouviu falar de recursos alternativos de

comunicação?

( ) sim ( ) não

5) No caso de não utilizar a CSA, a pessoa com necessidades especiais já recebeu

indicação para o uso deste recurso?

( ) sim ( ) não

Por quem?

( ) Procura espontânea da família ( ) Fonoaudiólogo: ( ) da Instituição ( ) externo –

Especificar? _________________

( ) Médico – Especificar?____________________

( ) Fisioterapeuta: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? __________________

( ) Terapeuta ocupacional: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? ___________

( ) Psicólogo: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? ______________________

( ) Pedagogo: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? ______________________

( ) Outro – Especificar?_________________

6) A pessoa com necessidades especiais recebeu suporte e orientação para o uso

da CSA?

( ) sim ( ) não

Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7) Que profissionais fazem o acompanhamento terapêutico da pessoa com

necessidades especiais em relação ao uso da CSA?

( ) Fonoaudiólogo: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? __________________

( ) Fisioterapeuta: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? __________________

( ) Terapeuta Ocupacional: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? ____________

) Psicólogo: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? _____________________

( ) Pedagogo: ( ) da Instituição ( ) externo – Especificar? ______________________

( ) Outro – Especificar?_____________________________

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8) Você observa benefícios em relação ao uso da CSA?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Se sim, qual (is) dentre as possibilidades abaixo poderiam exemplificar os benefícios

alcançados pelo uso da CSA?

( ) Na comunicação ( ) Na comunicação + interação ( ) Interação

( ) No desempenho escolar ( ) Nos aspectos emocionais e psicológicos

( ) Na autonomia e independência: Atividades de vida diária (AVDs)

( ) Outro ______________________________________

9) Você apresenta dificuldades em usar a CSA para se comunicar com a pessoa

com necessidades especiais?

( ) sim ( ) não ( ) Parcialmente

Se sim, aponte qual (is) dentre as razões a seguir poderiam explicar as dificuldades

no uso da CSA?

( ) não apresentou disponibilidade de tempo para investir no trabalho em casa com a

CSA

( ) não tenho paciência, pois acho um trabalho muito lento

( ) não é prático

( ) o recurso apresenta poucos vocábulos

( ) os temas do material não corresponde às necessidades do usuário da CSA

( ) tenho vergonha em usar

( ) a pessoa com necessidades especiais se recusa a usar a CSA

( ) os profissionais não conseguiram fazer as adaptações necessárias para o usuário

de CSA.

( ) outro __________________________________________________

10) Você acha que a CSA impede a fala?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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11) Com quem a pessoa sob seus cuidados usa a CSA?

( ) pais ( ) amigos

( ) irmãos ( ) terapeutas

( ) avós ( ) professores

( ) tios ( ) médicos

( ) primos ( ) dentista

( ) outro ______________

12) Onde a pessoa com necessidades especiais usa a CSA?

( ) Em casa ( ) Em casa + escola ( ) Escola

( ) Instituição ( ) Instituição + casa ( ) Instituição + escola

( ) Institução + casa + escola ( ) Outro ____________________

13) Você recomendaria o uso da CSA?

( ) sim ( ) não ( ) Parcialmente

Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

14) Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa?

( ) sim ( ) não

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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8.2. Apêndice II

ENTREVISTA COM PROFISSIONAIS

DATA DA ENTREVISTA: ___/___/____

Participante:

Graduação:

1. Curso: 2: Local 3: Ano de conclusão

Especialização:

1. Curso: 2: Local 3: Ano de conclusão

Mestrado:

1. Curso: 2: Local 3: Ano de conclusão

Doutorado:

1. Curso: 2: Local 3: Ano de conclusão

Profissão:

Cargo na Instituição:

Tempo de atuação profissional:

Tempo de experiência com a CSA(total - dentro e fora da Instituição):

Teve experiência com a CSA na graduação?:

Há quanto tempo acompanha usuários de CSA na Instituição?

1) Quais recursos alternativos de comunicação você utiliza em sua prática clínica na

Instituição?

( ) pranchas de CSA

( ) tablet

( ) Notebook

( ) outro ____________________________

2) Para qual (is) pessoas pode ser feita a indicação do uso da CSA?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3) Em que momento a CSA pode ser introduzida?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4) O que você entende por oferecer suporte e orientação quanto ao uso da CSA?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5) De que forma a pessoa com necessidades especiais se comunica?

( ) fala ( ) não fala

( ) usa balbucios ( ) usa o choro ( ) usa o grito

( ) usa gestos ( ) usa o olhar ( ) aponta

( ) adivinha ( ) usa expressões faciais

( ) usa CSA ( ) outro _____________

6) Como é a compreensão da pessoa com necessidades especiais?

( ) entende bem

( ) entende coisas do cotidiano

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( ) entende muito pouco

7) Como foi realizada a indicação da CSA para a pessoa com necessidades

especiais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8) Quem participou do processo de escolha e adaptação dos recursos de CSA para

o usuário?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9) Como é feito o suporte e a orientação quanto ao uso da CSA para a pessoa com

necessidades especiais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10) Você observa benefícios no uso da CSA em sua experiência profissional?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

11) Em relação à pessoa com necessidades especiais, você observa benefícios no

uso da CSA?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

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Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

12) Você apresenta dificuldades em relação ao uso da CSA?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

13) Em relação à pessoa com necessidades especiais, você observa dificuldades no

uso da CSA?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

14) Você acha que a CSA impede a fala?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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15) Você recomendaria o uso da CSA?

( ) sim ( ) não ( ) Parcialmente

Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

16) Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa?

( ) sim ( ) não

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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IX. ANEXOS

9.1. ANEXO I PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA – FCM/UNICAMP

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9.2. ANEXO II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (FAMILIARES)

Você e a pessoa com necessidades especiais sob sua responsabilidade estão

sendo convidados(as) a participarem como voluntários(as) do projeto de pesquisa:

“Vozes do processo de implementação da Comunicação Suplementar e/ou

alternativa em pessoas com necessidades especiais: facilidades e desafios”,

sob responsabilidade da pesquisadora Ana Luíza Wuo Maia Ramos, aluna do

programa de Mestrado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação, sob

orientação da Profª. Drª. Regina Yu Shon Chun, docente do Curso de

Fonoaudiologia da FCM/UNICAMP. A pesquisa foi apresentada e sua realização foi

autorizada pela Coordenação da Instituição. Caso aceite participar, você receberá

uma via deste termo, assinada pelas pesquisadoras responsáveis.

Esclarecemos que:

- O objetivo deste estudo é verificar a repercussão da implementação da

Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) na linguagem e interação, assim

como nos processos de inclusão social e educacional de pessoas com necessidades

especiais, na percepção dos seus familiares e de profissionais da Saúde e

Educação.

- Esta pesquisa justifica-se pela carência na literatura em relação às repercussões

da participação da família e demais agentes envolvidos na implementação dos

recursos alternativos de comunicação em pessoas com necessidades especiais, de

forma a contribuir para o aprimoramento da atuação profissional junto ao grupo

estudado e suas famílias, tendo em vista um uso mais eficaz da CSA pelos usuários

e, consequentemente, para o favorecimento de sua inclusão social e educacional.

- Ao participar desta pesquisa, você e a pessoa com necessidades especiais sob

sua responsabilidade poderão se beneficiar da identificação das facilidades da

implementação da CSA para um uso mais eficaz, assim como de orientações

fonoaudiológicas ministradas aos familiares e profissionais pela pesquisadora

responsável, conforme acordado previamente com a diretoria da Instituição na

apresentação da pesquisa. Além disso, os resultados poderão contribuir para a

disseminação do conhecimento das vantagens e desafios na implementação desses

recursos nas áreas de Saúde e Educação como também para a população como um

todo.

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- Você será informado(a) dos resultados da pesquisa ao término da mesma.

- Os procedimentos da coleta de dados envolvem o levantamento do prontuário do

usuário de CSA, registros em vídeo da pessoa com necessidades especiais e das

entrevistas com seus familiares e profissionais da Instituição. As gravações serão

destruídas ao término da pesquisa.

- Você participará da pesquisa por meio de uma entrevista gravada em vídeo com

perguntas sobre a CSA, linguagem, interação e processos de inclusão social e

educacional da pessoa sob sua responsabilidade.

- A pessoa com necessidades especiais sob sua responsabilidade participará do

estudo por meio da filmagem de algumas de suas atividades na Instituição e do

levantamento dos dados do prontuário relativos aos seus acompanhamentos

terapêuticos e pedagógicos institucionais.

- Não será utilizado nenhum método invasivo e pelo tipo de pesquisa não se prevê a

inclusão de grupo controle. É sabido que toda e qualquer pesquisa envolvendo seres

humanos apresenta riscos. O único desconforto previsto se refere ao tempo

despendido para você responder à entrevista, em torno de 20 minutos. Os

procedimentos poderão ser interrompidos a qualquer momento pela pesquisadora

responsável ou por sua solicitação.

- Dada a natureza do estudo, não estão previstos reembolsos nem indenizações

pela sua participação e da pessoa com necessidades especiais sob sua

responsabilidade. No caso de ocorrerem quaisquer despesas em função da

pesquisa, estas serão ressarcidas integralmente pela pesquisadora responsável. O

ressarcimento destina-se às despesas advindas pela participação exclusiva na

pesquisa, as quais não existiriam se não participasse. Este item não se aplica aos

gastos na rotina de sua participação e do usuário de CSA nas atividades

institucionais, como o transporte de casa para a Instituição e vice-versa.

- A pesquisadora responsável garante o sigilo de identidade e dos dados

confidenciais que, de algum modo, possam provocar constrangimentos ou prejuízos

a você e à pessoa com necessidades especiais sob sua responsabilidade como

voluntários(as) da pesquisa, garantindo que os dados serão utilizados

exclusivamente para fins didáticos e/ou científicos.

- Poderão ser solicitados quaisquer esclarecimentos sobre a pesquisa e tiradas

quaisquer dúvidas referentes aos procedimentos do estudo, entrando em contato

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com a pesquisadora responsável, pelos telefones ou pelos e-mails apresentados no

final deste termo.

- O telefone do Comitê de Ética da FCM/UNICAMP é divulgado para propiciar a você

eventual possibilidade de reclamações, dúvidas e denúncias referentes aos

aspectos éticos do estudo.

- A autorização pode ser retirada a qualquer momento e, nesse caso, você e pessoa

com necessidades especiais sob sua responsabilidade deixarão de participar da

pesquisa, sem nenhum prejuízo no estudo.

- Uma vez que você está ciente e não apresenta dúvidas a respeito do que foi lido e

explicado, convidamos você e a pessoa com necessidades especiais sob sua

responsabilidade a participarem da pesquisa, assinando o presente termo de

compromisso em duas vias:

Eu,_________________________________________________________________

________,RG____________________, responsável legal de

____________________________, dou meu consentimento livre e esclarecido para

a minha participação e do usuário de CSA sob minha responsabilidade na pesquisa

descrita e também, dou o meu consentimento para o levantamento de seus dados

do prontuário, bem como os registros em vídeo da minha entrevista e da pessoa

com necessidades especiais sob minha responsabilidade, sendo que essas

gravações serão destruídas ao término da pesquisa.

Contatos:

Pesquisadora Responsável: Ana Luíza Wuo Maia Ramos

Telefone: (19) 99693-5557/E-mail: [email protected]

Endereço: CEPRE/FCM/UNICAMP - Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Barão

Geraldo – CEP 13083-88, Campinas/São Paulo

Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP:

Telefones: (019) 3521-8936 ou 3521-7187/E-mail: [email protected].

Endereço: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Barão Geraldo – CEP 13083-887,

Campinas/São Paulo

( ) Aceito a realização da gravação da minha entrevista e da pessoa com

necessidades especiais sob minha responsabilidade e que os dados sejam

utilizados na presente pesquisa. Rubrica___________

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( ) Não aceito a realização da gravação da minha entrevista e da pessoa com

necessidades especiais sob minha responsabilidade e que os dados sejam

utilizados na presente pesquisa. Rubrica___________

Data:___ /___ /2015.

________________________________________

_______________________________________

Assinatura do(a) participante/ responsável legal Assinatura da pesquisadora

responsável

Ana Luíza Wuo Maia – CRFa 2 - 17.116

Responsabilidade do Pesquisador:

“Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido

uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e

os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste

documento ou conforme o consentimento dado pelo participante”.

______________________________________________________

(Assinatura do pesquisador)

Data: ____/_____/______.

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9.3. ANEXO III

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (PROFISSIONAIS DA

SAÚDE E EDUCAÇÃO)

Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa: “Vozes do

processo de implementação da Comunicação Suplementar e/ou alternativa em

pessoas com necessidades especiais: facilidades e desafios”, sob

responsabilidade da pesquisadora Ana Luíza Wuo Maia Ramos, aluna do programa

de Mestrado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação, sob orientação da Profª.

Drª. Regina Yu Shon Chun, docente do Curso de Fonoaudiologia da

FCM/UNICAMP. A pesquisa foi apresentada e sua realização foi autorizada pela

Coordenação da Instituição. Caso aceite participar, você receberá uma via deste

termo, assinada pelas pesquisadoras responsáveis.

Esclarecemos que:

- O objetivo deste estudo é verificar a repercussão da implementação da

Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) na linguagem e interação, assim

como nos processos de inclusão social e educacional de pessoas com necessidades

especiais, na percepção dos seus familiares e de profissionais da Saúde e

Educação.

- Esta pesquisa justifica-se pela carência na literatura em relação às repercussões

da participação da família e demais agentes envolvidos na implementação de

recursos alternativos de comunicação em pessoas com necessidades especiais, de

forma a contribuir para o aprimoramento da atuação profissional junto ao grupo

estudado e suas famílias, tendo em vista um uso mais eficaz da CSA pelos usuários

e, consequentemente, para o favorecimento de sua inclusão social e educacional.

- Ao participar desta pesquisa, você poderá se beneficiar da identificação das

facilidades da implementação da CSA para um uso mais eficaz, assim como de

orientações fonoaudiológicas ministradas aos familiares e profissionais pela

pesquisadora responsável, conforme acordado previamente com a diretoria da

Instituição na apresentação da pesquisa. Além disso, os resultados poderão

contribuir para a disseminação do conhecimento das vantagens e desafios na

implementação desses recursos nas áreas de Saúde e Educação como também

para a população como um todo.

- Você será informado(a) dos resultados da pesquisa ao término da mesma.

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- Os procedimentos da coleta de dados envolvem o levantamento do prontuário da

pessoa com necessidades especiais, registros em vídeo do usuário de CSA e

entrevistas com seus familiares e profissionais da Instituição. As gravações serão

destruídas ao término da pesquisa.

- Você participará da pesquisa por meio de uma entrevista gravada em vídeo, sob

sua autorização, que abordará perguntas sobre a CSA, linguagem, interação e

processos de inclusão social e educacional da pessoa com necessidades especiais.

- Não será utilizado nenhum método invasivo e pelo tipo de pesquisa não se prevê a

inclusão de grupo controle. É sabido que toda e qualquer pesquisa envolvendo seres

humanos apresenta riscos. O único desconforto previsto se refere ao tempo

despendido para você responder à entrevista, em torno de 20 minutos. Os

procedimentos poderão ser interrompidos a qualquer momento pela pesquisadora

responsável ou por sua solicitação.

- Dada a natureza do estudo, não estão previstos reembolsos nem indenizações

pela sua participação. No caso de ocorrerem quaisquer despesas em função da

pesquisa, estas serão ressarcidas integralmente pela pesquisadora responsável. O

ressarcimento destina-se às despesas advindas pela participação exclusiva na

pesquisa, as quais não existiriam se não participasse. Este item não se aplica aos

gastos na rotina de sua participação nas atividades institucionais, como o transporte

de casa para a instituição e vice-versa.

- A pesquisadora responsável garante o sigilo de identidade e dos dados

confidenciais que, de algum modo, possam provocar constrangimentos ou prejuízos

a você como voluntário (a) da pesquisa, garantindo que os dados serão utilizados

exclusivamente para fins didáticos e/ou científicos.

- Poderão ser solicitados quaisquer esclarecimentos sobre a pesquisa e tiradas

quaisquer dúvidas referentes aos procedimentos do estudo, entrando em contato

com a pesquisadora responsável, pelos telefones ou pelos e-mails apresentados no

final deste termo.

- O telefone do Comitê de Ética da FCM/UNICAMP é divulgado para propiciar a você

eventual possibilidade de reclamações, dúvidas e denúncias referentes aos

aspectos éticos do estudo.

- A autorização pode ser retirada a qualquer momento e, nesse caso, você deixará

de participar da pesquisa, sem nenhum prejuízo no estudo.

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- Uma vez que você está ciente e não apresenta dúvidas a respeito do que foi lido e

explicado, convidamos você a participar da pesquisa, assinando o presente termo de

compromisso em duas vias:

Eu,_________________________________________________________________

_________RG____________________, dou meu consentimento livre e esclarecido

para a minha participação na pesquisa descrita e também, dou o meu consentimento

para a gravação da minha entrevista, a qual será destruída ao término da pesquisa.

Contatos:

Pesquisadora Responsável: Ana Luíza Wuo Maia Ramos

Telefone: (19) 99693-5557/E-mail: [email protected]

Endereço: Cepre/FCM/UNICAMP - Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Barão

Geraldo – CEP 13083-88, Campinas/São Paulo

Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP:

Telefones: (019) 3521-8936 ou 3521-7187/E-mail: [email protected].

Endereço: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Barão Geraldo – CEP 13083-887,

Campinas/São Paulo

( ) Aceito a realização da gravação da minha entrevista e que os dados sejam

utilizados na presente pesquisa. Rubrica___________

( ) Não aceito a realização da gravação da minha entrevista e que os dados sejam

utilizados na presente pesquisa. Rubrica___________

Data:___ /___ /2015.

________________________________________

_______________________________________

Assinatura do(a) participante/ responsável legal Assinatura da pesquisadora

responsável

Ana Luíza Wuo Maia - CRFa 2 - 17.116

Responsabilidade do Pesquisador:

“Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido

uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e

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os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste

documento ou conforme o consentimento dado pelo participante”.

______________________________________________________

(Assinatura do pesquisador)

Data: ____/_____/______.