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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Enfermagem BRUNO FERNANDO MONETA MORAES PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE TERAPIA INTENSIVA DE ACORDO COM SEU TURNO DE TRABALHO, SONO, CRONOTIPO E QUALIDADE DE VIDA CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Enfermagem

BRUNO FERNANDO MONETA MORAES

PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE

TERAPIA INTENSIVA DE ACORDO COM SEU TURNO DE

TRABALHO, SONO, CRONOTIPO E QUALIDADE DE VIDA

CAMPINAS

2016

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BRUNO FERNANDO MONETA MORAES

PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE TERAPIA

INTENSIVA DE ACORDO COM SEU TURNO DE TRABALHO, SONO,

CRONOTIPO E QUALIDADE DE VIDA

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade

de Enfermagem da Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP, para obtenção do título de

Mestre em Ciências da Saúde. Área de

Concentração: Enfermagem e Trabalho.

Orientadora: Profa. Dra. Milva Maria Figueiredo De Martino

Co-Orientadora: Profa. Dra. Jaqueline Girnos Sonati

CAMPINAS

2016

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO BRUNO FERNANDO MONETA MORAES,

ORIENTADO PELA PROF. DRA. MILVA MARIA FIGUEIREDO DE MARTINO.

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

BRUNO FERNANDO MONETA MORAES

Orientador(a) PROF(A). DR(A). MILVA MARIA FIGUEIREDO DE MARTINO

MEMBROS:

1. PROF(A). DR(A). MILVA MARIA FIGUEIREDO DE MARTINO__________________________

2. PROF(A). DR(A). ERIKA DA SILVA MACIEL________________________________________

3. PROF(A). DR(A). ERIKA CHRISTIANE MAROCCO DURAN_____________________________

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 10 de junho de 2016

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DEDICATÓRIA

A Deus e aos Seres de Luz que me acompanham e me auxiliam perenemente;

Ao Luiz Feliciano dos Santos Junior, meu grande amor e companheiro de todas as

horas;

À Celina, Natália, Francisca e Daniela Carreira, meus anjos da guarda na Terra;

À Maria de Fátima Xavier Simoni Maia, enfermeira, amiga, companheira, mãe do

coração;

Aos meus pais, Maria Helena e José Nain, meus irmãos, César e Milena e meus

sobrinhos, meus alicerces;

Às Tias Elza e Jô e ao Tio Edson, meus queridos.

À Joice Marçal, companheira de Mestrado e grande amiga;

Às enfermeiras Grácia Maria Garcia Silva, Dinaura Souza de Matos, Cláudia

Soler, Valdirene César, Lucinéia Amaral, Juliana Thimóteo e Juliana Sutilo, grandes

exemplos, colegas, amigas!

Às professoras de Enfermagem da PUC-SP, meus exemplos!

Às professoras de Enfermagem do CEUNSP, colegas de profissão, pelo carinho e

incentivo a todo o momento!

À Daniela Said e Margaret Said, por contribuírem profundamente com este sonho!

A todos os trabalhadores de enfermagem de Unidades de Terapia Intensiva, por

lutar de forma sagaz pela vida e dignidade do ser humano.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e ao nosso Mestre Jesus, pela imensa luz que nos guia e nos faz

evoluir como seres humanos e como espíritos, no amor, na caridade e na sabedoria. À nossa

Mãe Maria Santíssima, terna, doce, protetora, candeeiro no caminho da vida, minha

devoção e gratidão!

Agradeço ao Luiz, meu companheiro, amigo, cúmplice, grande incentivador, pela

paciência, pela dedicação, pela força, pelos catorze anos de sua presença em minha vida, por

acreditar em mim e por sonhar junto a mim esse sonho!

Agradeço a todos que trilharam comigo esse caminho, retirando pedras e tornando

tudo mais fácil:

Aos meus pais, Maria Helena e José Nain e meus irmãos, César e Milena, pelo alicerce e pela

base que me deram... sem essa formação, eu não teria conseguido... e por compreenderem as

ausências, necessárias para a concretização desse projeto!

Fátima Maia, Marina Maia e João Maia, por me abrigarem em sua casa com tanto carinho

e tanto desprendimento, permitindo-me horas de estudo em seu lar;

Francisca, Celina, Margaret, Jô, pelas orações e vibrações de paz e auxílio, pela força, pelos

momentos de riso e lazer, que tanto me fizeram bem durante essa caminhada;

Tia Elza, minha mãe do coração, pelo simples fato de existir em minha vida;

Aos meus sobrinhos, em especial, Natália, um anjinho em minha vida!

A todos os colaboradores e gestores das Unidades de Terapia Intensiva: Hospital Santa

Lucinda de Sorocaba, Santa Casa de Sorocaba, Hospital Evangélico de Sorocaba, Hospital

Santo Antonio de Votorantim, Hospital São Camilo de Salto e Hospital de Clínicas da

Unicamp!

Especialmente, quero agradecer às Professoras Doutoras Milva Maria Figueiredo

De Martino e Jaqueline Girnos Sonati, pela dedicação extrema... mais que orientadoras,

foram conselheiras, amigas e incentivadoras... foram minha grande referência durante o

desafio do Mestrado; ao Professor Doutor José Luiz Tatagiba Lamas, à Doutora Priscila

Rangel Dordetto e ao Grupo GEPPA, meus primeiros contatos na Unicamp e minhas

inspirações!

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“Sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é

mais que sagrado (...) a massa que faz o pão vale a luz

do seu suor! Lembra que o sono é sagrado e alimenta de

horizontes o tempo acordado de viver!”

Ronaldo Bastos & Beto Guedes

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RESUMO

Atualmente, vê-se grande influência da atividade profissional no cotidiano dos

indivíduos, o que impacta em seu comportamento socio-familiar, fisiológico e em sua

qualidade de vida. A Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva, como campo

profissional, liga-se diretamente ao âmbito produtivo do trabalho. Considerando a

assistência ininterrupta a pacientes graves, essa área profissional tem suas jornadas

laborais organizadas em diferentes turnos. Porém, essa forma de divisão do trabalho

pode alterar significativamente os ritmos biológicos e o padrão circadiano, sobretudo

do ciclo vigília-sono, impactando na saúde e na qualidade de vida desses

profissionais. Nesse contexto, esta pesquisa descritiva, transversal, de caráter

quantitativo, buscou descrever o perfil dos profissionais de enfermagem de terapia

intensiva, de acordo com seu turno de trabalho, cronotipo e sono, relacionando

essas características aos escores de qualidade de vida, através de três instrumentos

de coleta de dados: questionário de dados individuais, que incluiu aspectos

sociodemográficos, do turno e trabalho, sono e saúde; Questionário de

Matutinidade-Vespertinidade de Horne e Östberg, para classificação da preferência

cronotípica; e o instrumento de avaliação de qualidade de vida WHOQOL-Bref.

Responderam aos questionários 224 profissionais de enfermagem, auxiliares,

técnicos e enfermeiros, de seis unidades de terapia intensiva, nas cidades de

Sorocaba, Votorantim, Salto e Campinas. Os dados foram analisados por meio de

estatística descritiva e testes de comparação e associação, adotando-se o nível de

significância p>0,05. Houve predomínio de sujeitos do sexo feminino, casados, com

mais de dez anos de profissão, com, pelo menos, cinco anos de experiência em UTI

e com único emprego. Quanto ao cronotipo, prevaleceram os indivíduos indiferentes

(58,93%) e apenas 7,58% dos sujeitos estavam em turnos discordantes de sua

preferência cronotípica. Na avaliação geral sobre a qualidade de vida, o domínio

físico apresentou média de 69,53 (dp=14,56) enquanto o meio ambiente, média de

56,82 (dp=13,86). Na comparação entre os turnos, os trabalhadores da manhã

apresentaram menores médias no domínio social e em facetas dos domínios físico e

psicológico, em relação aos outros sujeitos. Na comparação entre as categorias, os

enfermeiros apresentaram melhor qualidade de vida geral, médias superiores no

domínio meio ambiente e psicológico em relação às outras categorias de

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enfermagem. Algumas variáveis cofundidoras foram comparadas em relação aos

domínios e facetas do WHOQOL-Bref. A prática de atividade física influenciou

positivamente todos os itens, exceto a satisfação com a saúde; os sujeitos que

tinham menor tempo médio de sono diário apresentaram menores escores para

todos os itens, exceto para o domínio meio ambiente; trabalhar em mais de um

emprego reduziu a percepção de satisfação com o sono, qualidade de vida geral e o

domínio social; os problemas de saúde e o uso de substâncias estimulantes

influenciaram negativamente os resultados da percepção de qualidade de vida geral,

satisfação com a saúde e o sono. Conclui-se que os hábitos da vida diária,

condições de saúde, o tempo médio de sono e o duplo vínculo empregatício

influenciam diretamente a percepção de qualidade de vida dos trabalhadores de

UTI-Adulto, contudo, esta não foi influenciada naqueles indivíduos em turno de

trabalho discordante de sua preferência circadiana.

Linha de Pesquisa: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem

Descritores: Sono; Trabalho em Turnos; Enfermagem; Terapia Intensiva; Qualidade

de Vida, Ritmo Circadiano.

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ABSTRACT

Nowadays, there is a great influence of the professional activity in daily life, which

impacts on their social, family and physiological behavior, and in their quality of life.

Nursing in Intensive Care Unit, as a professional field, is connected directly to the

productive work environment. Considering the continuous care of the critically ill

patients, this area has its working days organized in different work shifts. This form of

division of labor can significantly alter the biological rhythms and the circadian

pattern, especially the sleep-wake cycle impacting on health and quality of life of

these professionals. In this context, this descriptive, cross-sectional and quantitative

research, sought to describe the profile of intensive care nursing professionals,

according to their work shift, chronotype and sleep, relating these characteristics to

quality of life scores, through three data collection instruments as follows:

questionnaire of individual data , which included sociodemographic characteristics,

and the shift work, sleep and health; Morningness-Eveningness Questionnaire of

Horne and Östberg, to classification of chronobiological preference; and the

assessment instrument of quality of life WHOQOL-Bref. Replied to these

questionnaires, 224 professionals of nursing, auxiliary, technicians and nurses, in six

Intensive Care Units in the cities of Sorocaba, Votorantim, Salto and Campinas, in

São Paulo State. Data were analyzed using descriptive statistics and comparison

and association tests, adopting the significance level of p>0.05. There were female

subjects prevalence, married , with over ten years of professional experience, with at

least five years of experience in ICU and working in only one job. In assessing the

chronotype prevail individuals of indifferent type (58.93%) and only 7.58% of the

subjects were in discordant shifts of their chronobiological preference. In the general

assessment of the quality of life, the physical domain averaged 69.53 (SD = 14.56)

while domain environment, mean 56.82 (SD = 13.86). Comparing the shifts, the

morning workers had lower averages in the social domain and in aspects of physical

and psychological domains, in relation to the other subjects. Comparing the different

categories, the nurses showed better overall quality of life, higher averages in the

environment domain and facets of psychological and environmental fields, in relation

to other categories of nursing

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Some confused variables were compared in relation to domains of WHOQOLBref

facets. The physical activity positively influenced all items except the satisfaction with

health; the subjects who had lower average daily sleep time had lower scores for all

items except for the environmental domain; work in more than one job reduced the

perception of satisfaction with sleep, general quality of life and the social field; health

problems, average sleep time and the use of stimulants negatively affected the

results of the perception of overall quality of life, satisfaction with health and sleep. It

follows that the habits of daily life, health and the double employment directly

influence the perception of quality of life of the adult workers of the Intensive Care

Unit, but it was not affected in individuals in discordant shift their circadian

preference.

Keywords: Sleep; Shift-Work; Nursing; Intensive Care; Quality of Life, Circadian

Rhythm.

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LISTA DE FIGURAS

Pág

Figura 1Localização da glândula pineal no núcleo supraquiasmático do hipotálamo

anterior........................................................................................................................25

Figura 2Distribuição, em porcentagem, dos profissionais de enfermagem de UTI-A por

renda mensal, em Salários Mínimos (SM).................................................................41

Figura 3Distribuição, em porcentagem, dos sujeitos, por horário do segundo vínculo

empregatício...............................................................................................................43

Figura 4Distribuição, em porcentagem, da frequência de atividade física dos profissionais

de enfermagem de UTI-A (em vezes por semana)...................................................45

Figura 5Distribuição, em porcentagem, do tempo médio de sono por turno de trabalho dos

profissionais de enfermagem de UTI-A...................................................................... 46

Figura 6Distribuição, em porcentagem, da preferência cronotípica dos profissionais de

enfermagem de UTI-A................................................................................................48

Figura 7Distribuição dos escores do MEQ dos profissionais de enfermagem de UTI-A, em

cada turno de trabalho................................................................................................ 49

Figura 8Distribuição dos escores de Qualidade de Vida dos profissionais de enfermagem

de UTI-A, por domínio.................................................................................................50

Figura 9Distribuição das frequências das respostas de percepção de qualidade de vida

geral (Q1) dos profissionais de enfermagem de UTI-A............................................. 50

Figura 10Distribuição das frequências das respostas de percepção de saúde geral (Q2)

dos profissionais de enfermagem de UTI-A...............................................................51

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LISTA DE TABELAS

Pág

Tabela 1 Características individuais dos profissionais de enfermagem de UTI-A................... 40

Tabela 2 Características profissionais dos trabalhadores de enfermagem de UTI-A............. 41

Tabela 3Características profissionais quanto aos turnos dos trabalhadores de

enfermagem de UTI-A................................................................................................42

Tabela 4 Hábitos e problemas de saúde dos profissionais de enfermagem de UTI-A............ 44

Tabela 5Descanso semanal, média de sono, uso de substâncias estimulantes e indutores

do sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A................................................46

Tabela 6Descanso semanal, média de sono, uso de substâncias estimulantes e indutores

do sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A do plantão noturno..................47

Tabela 7Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio

Físico do WHOQOL-Bref...........................................................................................52

Tabela 8Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio

Psicológico do WHOQOL-Bref..................................................................................54

Tabela 9Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio

Social do WHOQOL-Bref..........................................................................................55

Tabela 10Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio

Ambiental do WHOQOL-Bref....................................................................................56

Tabela 11

Comparação da média do escore do Morningness-Eveningness Questionnaire

(MEQ) entre os diferentes turnos de trabalho dos profissionais de enfermagem de

UTI-A...........................................................................................................................

58

Tabela 12Associação dos cronotipos aos turnos fixos de trabalho e às categorias

profissionais de enfermagem da UTI-A......................................................................58

Tabela 13Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação aos diferentes turnos

de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A...........................................59

Tabela 14Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação às diferentes

categorias de enfermagem da UTI-A..........................................................................61

Tabela 15

Comparação entre os domínios, percepções de QV geral, satisfação com a

saúde e sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A praticantes e não

praticantes de atividade física....................................................................................

62

Tabela 16Comparação dos escores do WHOQOL-Bref dos profissionais de enfermagem

de UTI-A entre as diferentes durações de sono referidas em 24h...........................63

Tabela 17Comparação dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref dos profissionais de

enfermagem de UTI-A quanto ao número de vínculos empregatícios......................64

Tabela 18Comparação dos escores da Q1 e Q2 do WHOQOL-Bref entre os profissionais

de enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios..65

Tabela 19Comparação dos escores da Q16 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de

enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios........66

Tabela 20

Comparação entre os escores da Q1 e Q16 do WHOQOL-Bref entre os

profissionais de enfermagem de UTI-A classificados como matutinos dos turnos

diurno e noturno.........................................................................................................

66

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMIB Associação de Medicina Intensiva Brasileira

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEQ Morningness-Eveningness Questionnaire

NSQ Núcleo Supraquiasmático

OMS Organização Mundial de Saúde

PSQI Pittsburgh Sleep Quality Index

QV Qualidade de Vida

RDC Resolução de Diretoria Colegiada

SAS Statistical Analysis System

SM Salários Mínimos

UTI Unidade de Terapia Intensiva

UTI-A Unidade de Terapia Intensiva Adulto

WHOQOL World Health Organization – Quality Of Life

WHOQOL-Bref Instrumento de Qualidade de Vida da Organização

Mundial de Saúde – Versão Abreviada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17

2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 22

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 23

3.1 Ritmo Circadiano ..................................................................................... 23

3.2 O Papel da Glândula Pineal e da Melatonina na Ritmicidade Biológica . 24

3.3 O Ciclo Vigília-Sono ................................................................................ 25

3.4 O Trabalho em Turnos na Enfermagem .................................................. 26

3.5 Aspectos de Saúde e Sono no Trabalho em Turnos na Enfermagem .... 28

3.6 Qualidade de Vida ................................................................................... 30

4 OBJETIVOS .................................................................................................. 34

4.1 Objetivo Primário ..................................................................................... 34

4.2 Objetivos Secundários ............................................................................ 34

5 MÉTODOS .................................................................................................... 35

5.1 Tipo de Estudo ........................................................................................ 35

5.2 Local de Estudo ...................................................................................... 35

5.3 Sujeitos ................................................................................................... 35

5.4 Instrumentos de Coleta de Dados ........................................................... 36

5.4.1 Levantamento de Dados Individuais ........................................................... 36

5.4.2 Instrumento para Percepção de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref ........... 36

5.4.3 Questionário de Identificação do Cronotipo – Morningness-Eveningness

Questionnaire ...................................................................................................... 37

5.5 Coleta de Dados ..................................................................................... 38

5.6 Processamento e Análise dos Resultados .............................................. 38

5.7 Aspectos Éticos ....................................................................................... 39

6 RESULTADOS .............................................................................................. 40

6.1 Dados sociodemográficos, profissionais, hábitos de vida e saúde ......... 40

6.2 Classificação da Preferência Cronotípica por meio do Morningness-

Eveningness Questionnaire .......................................................................... 48

6.3 Avaliação de Qualidade de Vida por meio do WHOQOL-Bref ................ 49

7 DISCUSSÃO ................................................................................................. 67

8 CONCLUSÃO ............................................................................................... 84

9 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 86

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APÊNDICE 1 .................................................................................................... 97

ANEXO 1........................................................................................................ 100

ANEXO 2........................................................................................................ 105

ANEXO 3........................................................................................................ 109

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17

1 INTRODUÇÃO

O trabalho, atualmente, significa para o homem, além de sua

subsistência, o desenvolvimento de suas relações sociais. Todas as atividades

laborais humanas compreendem atos produtivos, no intuito de modificar ou

produzir algo, sendo atividades organizadas e realizadas em conjunto.

Trabalhar permite ao homem modificar a natureza e modificar-se, uma vez que

influencia seu modo de pensar e agir e, desse modo, é considerada uma

atividade inerente ao ser humano(1). Entretanto, vê-se grande influência da

atividade profissional no cotidiano dos indivíduos, o que pode impactar em seu

comportamento social, familiar, comprometimentos fisiológicos que podem

refletir em sua saúde, seu bem-estar e em sua qualidade de vida. Por vezes, o

ser humano despende mais tempo dedicando-se a seu trabalho, desde o

momento em que deixa sua casa, até o seu retorno, do que permanecendo

com pessoas de sua família e amigos(2).

A Enfermagem, como área do conhecimento e campo profissional da

Área de Saúde, está diretamente ligada ao âmbito produtivo do trabalho e

recebe influência dos processos de produção. As atividades profissionais na

Enfermagem relacionam-se à produção do cuidado de forma coletiva,

integrando processos, normas, instrumentos e tecnologias(1). O produto final

dessas atividades é consumido no ato de sua produção, no momento em que a

assistência é prestada.

No Brasil, a equipe de enfermagem, atualmente, é composta por três

categorias, de acordo com o nível de formação: auxiliares de enfermagem e

técnicos de enfermagem, profissionais de nível médio e técnico e os

enfermeiros, profissionais de nível universitário, cujas atribuições são

regulamentadas pela Lei do Exercício Profissional número 7498/1986. Suas

atribuições estão descritas nessa legislação, mas variam de acordo com a sua

especialidade e seu local de trabalho, havendo uma grande variedade de

especializações e uma gama de locais em que o enfermeiro e sua equipe

podem atuar, desde indústrias e ambientes administrativos até hospitais

terciários com alta tecnologia, atuando junto ao usuário e grupos sociais na

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18

promoção de saúde, prevenção, intervenção em quadros de adoecimento e

reabilitação(3).

No âmbito hospitalar está presente num setor para cuidados a pacientes

críticos e altamente dependentes de cuidados intensivos, com grande arsenal

tecnológico e que exige muita concentração de seus profissionais: a Unidade

de Terapia Intensiva (UTI). Conforme definição contida nas Resoluções da

Diretoria Colegiada (RDC) número 7 (2010) e número 26 (2012), a UTI é uma

área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção

profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e

tecnologias necessárias para a recuperação de pacientes graves. De acordo

com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), em seu censo de

2010, havia, no Brasil, 25.367 leitos em 2.342 UTIs, em 1421 estabelecimentos

de saúde. Do total de UTIs, 1.267 eram classificadas como UTIs de adulto.

Ainda, de acordo com esse censo, 39,5% das UTIs brasileiras eram privadas,

33,5% eram filantrópicas e 25,2% eram públicas. Nessas unidades de alta

complexidade, o cuidado é realizado por uma equipe multiprofissional e

multidisciplinar, das quais os profissionais de enfermagem fazem parte(4-6).

De acordo com a Resolução número 293/2004 do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN), para o atendimento de enfermagem a pacientes que

requerem cuidados intensivos, a equipe de enfermagem deveria ser composta

por 52 a 56% de enfermeiros, sendo os demais técnicos de enfermagem. No

entanto, de acordo com as RDCs 7 e 26, a proporção de enfermeiros e

técnicos é determinada pela quantidade de leitos de UTI e não pela

complexidade dos pacientes. Segundo a RDC 7, para o funcionamento

adequado das UTIs, deve-se ter um enfermeiro para cada oito leitos ou fração

e um técnico de enfermagem para cada dois leitos ou fração, além de um

técnico de enfermagem de apoio. A RDC 26, atualmente vigente, aumentou o

número de leitos para cada enfermeiro de oito para dez, manteve a proporção

de técnicos e extinguiu o técnico de apoio. Essa normativa foi amplamente

criticada pelos órgãos de classe no ano de sua publicação, porém, continua

vigente(4,5,7).

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19

O trabalho na UTI, como nos demais setores hospitalares, tem sua rotina

de trabalho segmentada em turnos, que podem ser de diferentes durações e

em distintos intervalos. Geralmente, a divisão dos horários de trabalho nesse

setor compreende os períodos matutino, vespertino e noturno. A jornada diária

pode variar entre seis e 12 horas noturnas ou diurnas, dependendo da carga

horária semanal estipulada pelas instituições hospitalares. Geralmente,

compreendem os horários diurnos entre 7h e 13h para as manhãs, das 13h às

19h para o período vespertino e das 19h às 7h para as noites alternadas, com

período de descanso de 36 horas neste último, podendo ainda sofrer várias

combinações, adaptações e durações, de acordo com o funcionamento dos

hospitais(8,9).

No entanto, essa forma organizacional do trabalho da enfermagem em

UTI pode contribuir para alterações nos ritmos biológicos em relação aos

horários de trabalho, seja diurno ou noturno. Os ritmos circadianos,

amplamente estudados pela Cronobiologia, são determinados por eventos

internos e externos, com duração cíclica de 24 horas (±4 horas), gerando os

padrões temporais dos seres vivos. Entre seus fatores endógenos, destaca-se

a secreção hormonal e, entre os sincronizadores externos, a luminosidade,

calor, temperatura ambiental, alimentação e atividades sociais, incluindo a

jornada de trabalho(10). Esses sincronizadores externos interferem fortemente

no ciclo endógeno, alterando o ritmo biológico(11).

Um dos ritmos biológicos de maior relevância para os trabalhadores em

turnos é o ciclo vigília-sono. Este é regulado pelas células do Núcleo

Supraquiasmático (NSQ) do hipotálamo anterior e constitui no padrão

circadiano mais proeminente no comportamento humano (12,13).

De forma conceitual, as pessoas são classificadas em três grupos de

acordo com seu perfil cronobiológico: matutinos, vespertinos e intermediários

ou indiferentes, sendo a maior parte da população situada no último grupo(14).

A sincronização dos horários sociais, incluindo a jornada profissional,

depende de uma tendência individual pela escolha e pela preferência dos

horários para realizar suas atividades, bem como o melhor horário para acordar

e dormir. Trata-se de parâmetros biológicos e comportamentais diferentes entre

as pessoas, que alteram a expressão dos ritmos circadianos nos diferentes

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indivíduos. Suas características se classificam de acordo com as preferências

para determinar os períodos de atividade e de repouso durante as 24 horas do

dia(15).

Estudos recentes mostram que a avaliação do cronotipo do indivíduo é

importante na determinação dos períodos de melhor desempenho laboral e

para uma maior qualidade de vida no que se refere aos diferentes domínios,

isto é, fatores físicos, sociais, psicológicos, ambientais e dos distúrbios

relacionados a eles(16).

O perfil cronobiológico pode, então, minimizar ou potencializar os efeitos

negativos das alterações do ciclo vigília-sono. Consequentemente,

compreender questões tais como cansaço, sonolência excessiva e duração e

qualidade do sono inadequadas em trabalhadores da Terapia Intensiva é de

grande interesse atualmente, uma vez que esses fatores estão associados a

um maior risco de acidentes de trabalho. Há evidências de que trabalhadores

de enfermagem cujo cronotipo é concordante com o turno de trabalho

apresentam maiores escores de qualidade de vida(17).

O termo Qualidade de Vida (QV) tem sido utilizado por vários segmentos

da sociedade, abrangendo principalmente os aspectos subjetivos e mostrando

a necessidade do ser humano buscar o equilíbrio interno e externo. A

Organização Mundial de Saúde conceitua a QV como a “percepção do

indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores

nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações”(18). O Ministério da Saúde conceitua “Qualidade de Vida” como

o “grau de satisfação das necessidades da vida humana – como alimentação,

acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde, lazer e

elementos materiais – tendo como referência noções subjetivas de conforto,

bem-estar e realização individual e coletiva(19).

Mediante a grande importância desse conceito e a necessidade de

avaliar a QV da população, em seus diversos aspectos, o WHOQOL-Group

desenvolveu um instrumento para a avaliação da QV, que pôde ser utilizado

internacionalmente. Inicialmente, esse instrumento, denominado WHOQOL-

100, era composto por 100 questões, o que caracterizava um instrumento

muito longo. Assim, o grupo adequou o questionário para uma versão curta,

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21

denominado WHOQOL-Bref (WHOQOL-Breve em português). Esse

questionário contém 26 questões divididas em quatro domínios, mais fácil de

ser aplicado e mais rápido de ser respondido(20).

O Whoqol-Bref tem sido aplicado em alguns segmentos profissionais,

demonstrando uma preocupação atual com a saúde do trabalhador. Para a

enfermagem, alguns estudos já foram elaborados nesse sentido, contudo,

ainda poucos têm focado avaliar de forma conjunta o cronotipo, a carga de

trabalho e a qualidade de vida(21).

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22

2 JUSTIFICATIVA

Vários estudos apontam que o turno de trabalho e o cronotipo

influenciam significativamente na Qualidade de Vida (QV) das pessoas bem

como seu desempenho no trabalho, como Lima(2), De Araújo(17), Mendes e De

Martino(13) e Ferreira et al(12). Ainda, estudos como o Rios et al(22) e Conceição

et al(20), têm debatido a QV dos trabalhadores de enfermagem, sobretudo os

atuantes em Unidades de Terapia Intensiva.

Neste contexto, a relevância do presente estudo está em investigar a

percepção de qualidade de vida de profissionais de enfermagem da terapia

intensiva, considerando seu turno de trabalho e a preferência circadiana, com o

intuito de identificar os fatores que influenciam os escores da QV. Isto permitiu

que, ao término da pesquisa, fossem sugeridas estratégias que contribuam

para a melhoria da QV, evitando-se, assim, potenciais agravos à saúde

decorrentes dessa alteração.

Além disso, os resultados deste estudo poderão contribuir com a

mudança da carga horária de trabalho do profissional de Enfermagem e a

adequação do turno de trabalho ao cronotipo apresentado, melhorando os

aspectos da QV dessas pessoas.

Para tanto foram elencadas as seguintes hipóteses:

H1: Os escores de qualidade de vida dos profissionais que atuam em

turnos diurnos e noturnos são diferentes.

H2: Os trabalhadores da UTI têm sua preferência cronobiológica

compatível com seu turno de trabalho.

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23

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Ritmo Circadiano

A cronobiologia é uma vertente das Ciências Biológicas que estuda as

características temporais dos seres vivos, bem como seus ritmos biológicos, ou

seja, a ritmicidade dos seres vivos de acordo com sua interação com o meio

ambiente. Os organismos vivos possuem diferentes ciclos fisiológicos durante

diferentes períodos, os quais são organizados de acordo com estímulos

externos ambientais, sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais(11).

Essa ritmicidade biológica, que é um processo que apresenta

periodicidade variável no tempo, é explicada pelo conceito de relógio biológico

ou oscilador endógeno e é caracterizada por fenômenos fisiológicos,

comportamentais e bioquímicos a intervalos regulares. Podem se manifestar

em períodos que vão desde milissegundos até anos. Dentre os ritmos

biológicos mais evidentes, está o ciclo claro-escuro, importante para todas as

espécies, que apresenta uma variação circadiana, ou seja, entre 20 e 28 horas

de duração. O termo “circadiano” (circa – quase, dies – dia) foi utilizado

pioneiramente por Franz Halberg, para se referir aos ritmos que tenham

duração de 24 horas (±4 horas), como o ciclo sono-vigília, repouso-atividade,

claro-escuro e a temperatura corporal de um mamífero(23).

Nos seres humanos há numerosas variáveis fisiológicas e psicológicas

que apresentam ritmicidade de 24 horas, incluindo a temperatura corporal, o

ciclo sono-vigília, variáveis hemodinâmicas, fatores imunológicos e endócrinos,

variáveis de ansiedade e humor e padrão cognitivo. Em condições normais em

que se realizam atividades durante o dia e tem-se o sono noturno, o sistema

circadiano é sincronizado com as 24 horas do dia solar e pelas condições

externas, que regulam o relógio biológico(24). Entretanto, os ritmos circadianos

humanos são fortemente influenciados por fatores exógenos ou ambientais.

Esses fatores são chamados de sincronizadores ou zeitgebers, um neologismo

alemão que significa doador de tempo. Os zeitgebers significam agentes

arrastadores dos ritmos biológicos, ou seja, estão relacionados a um processo

de ajuste temporal de organismos a ciclos ambientais (como sincronização do

ritmo da temperatura central com o claro/escuro ambiental). Para os seres

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humanos, os zeitgebers predominantes são as atividades sociais, como as

refeições; estímulos auditivos, como os despertadores e outros estímulos

ambientais, como a luminosidade, que sugerem, por exemplo, a hora do dia(11).

Os relógios biológicos respondem de maneira distinta a estímulos dos

zeitgebers ambientais: pode haver atraso ou adiantamento no ajuste temporal

ou ainda não resposta(25).

3.2. O Papel da Glândula Pineal e da Melatonina na Ritmicidade Biológica

A melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal, foi isolado pela

primeira vez em 1958 por Lerner et al. Desde então, essa substância passou a

ser fundamental no estudo dos ritmos biológicos e é considerada o marcador

mais confiável para análise da ritmicidade circadiana, além de estar

relacionada aos mais diversos ciclos endócrinos do corpo humano(26).

A regulação da melatonina se dá pelo ciclo claro-escuro, sendo que sua

produção é estritamente noturna. A glândula pineal é atingida por projeções

diretas ou indiretas, através do sistema nervoso autônomo (SNA), estimulado

pelas projeções de iluminação direta nas células retinianas, isto é, o ciclo de

iluminação ambiental é percebido pelas células da retina que, através do SNA,

enviam informações de luminosidade para a pineal (Figura 1).

Em suma, a secreção de melatonina tem o papel de sinalizar para o

meio interno, pela alternância nos seus níveis endógenos, se é noite ou se é

dia no meio externo(27). Frente a isso, nota-se a imprescindibilidade da pineal

para todo o sistema neuroendócrino, responsável pela organização temporal de

vários eventos fisiológicos e comportamentais necessários à adaptação aos

aspectos temporais cíclicos, entre eles, o ciclo sono-vigília e o da temperatura

corporal(11).

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3.3 O Ciclo Vigília-Sono

O homem é considerado um ser de comportamento diurno. Após um dia

normal de despertar, em alerta, ao fim do dia, o ser humano se sente cansado

e pronto para dormir. Além disso, o ambiente mais frio e mais quieto à noite

proporciona condições ideais para o sono(28). Por definição, o sono é um estado

comportamental reversível de desligamento perceptual aos estímulos do meio

ambiente, regulado por processos fisiológicos e comportamentais e é,

geralmente (mas não necessariamente), acompanhado por decúbito postural,

imobilidade comportamental, olhos fechados e todos os outros indicadores que

comumente se associam ao sono(29).

O ciclo sono-vigília, bem como a necessidade, a profundidade e duração

do sono, além de hábitos pessoais, são regulados por fatores circadianos

(Processo C) e fatores homeostáticos (Processo S). Os fatores do ritmo

circadiano (C) relacionam-se à alternância dia-noite, pela diferença de

luminosidade e está sob o controle do NSQ do hipotálamo. Este núcleo é

responsável pela organização cíclica e temporal do organismo e do ciclo sono-

vigília, sendo influenciado pela luz do ambiente durante o dia (através do feixe

Figura 1: Localização da glândula pineal no núcleo supraquiasmático do

hipotálamo anterior.

http://homepage.smc.edu/wissmann_paul/intranetstuff/dept/scienceLRC/wissman

n_site/pineal.htm

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26

retino-hipotalâmico) e pela melatonina (produzida pela glândula pineal) durante

a noite. A secreção da melatonina ocorre de forma intensa nesse período,

sendo responsável pelo início e manutenção do sono(30).

O processo S relaciona-se aos fatores de homeostase e representam a

“necessidade de dormir”, provavelmente vinculada à acumulação de uma

molécula metabólica hipnogênica, a adenosina no prosencéfalo basal durante o

estado de vigília e privação de sono. De forma resumida, o processo

homeostático está relacionado ao “acúmulo de horas sem sono” durante as

atividades do dia. Quando os processos C e S se cruzam, o indivíduo sente a

necessidade de dormir(31,32). Assim, o sistema homeostático tende a propiciar o

sono após o período de vigília, independentemente de saber se é dia ou noite;

já o sistema circadiano promove a vigília na presença de luminosidade e o

sono na sua ausência. Devido à complexidade desta interação, é geralmente

aceito que a qualidade do sono e descanso é melhor quando o horário de sono

é regularmente sincronizado com os ritmos circadianos internos e com o ciclo

claro-escuro(33).

A harmonia entre os processos circadianos dá condições para que o

indivíduo tenha certa regularidade na duração do sono, uma vez que existe,

então, uma sincronização entre os ritmos biológicos e o ambiente. Contudo,

essa regularidade pode ser afetada em situações em que o horário e a duração

habituais do sono são modificados pelo indivíduo, tais como em voos

transmeridionais, folgas e férias, trabalho em turnos e compromissos sociais.

Esses fatores comprometem o sono saudável dos indivíduos e pode acarretar

em problemas de saúde física, psicológica e social(34).

3.4. O Trabalho em Turnos na Enfermagem

A enfermagem, como profissão da saúde, foi reconhecida desde a

segunda metade do século XIX, por meio das experiências e atuação de

Florence Nightingale, durante a Guerra da Criméia, que permitiu que o cuidado,

antes, milenarmente, desenvolvido por diferentes grupos em distintos cenários,

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ganhasse especificidade no conjunto da divisão do trabalho social. Esse fato

fez com que o cuidado de enfermagem fosse reconhecido como um campo de

atividades especializadas, úteis e indispensáveis para a sociedade. A partir daí,

seu exercício passou a exigir formação e produção de conhecimentos. Em

nosso país, atualmente, a enfermagem corresponde a 50% do total de

trabalhadores da saúde, que, somam, aproximadamente, 3,5 milhões de

pessoas. Segundo o DATASUS, em 2010, o Brasil contava com 287 mil

enfermeiros, 626 mil técnicos de enfermagem e 533 mil auxiliares de

enfermagem, ou seja, uma força de trabalho que supera 1,4 milhões de

pessoas(35-36).

A maior parte dessa força de trabalho realiza, em seu cotidiano,

atividades relacionadas ao cuidado, de forma ininterrupta. Para tanto, a

enfermagem representa um grande contingente que tem sua atividade laboral

dividida em turnos de trabalho, para que não haja cessação de suas atividades

durante o dia ou à noite.

O trabalho em turnos, por definição, é aquele no qual há continuidade da

produção ou da prestação de serviços, que pode ser realizado no período

diurno e noturno, com ou sem interrupção, durante os sete dias da semana ou

em dias úteis. Trata-se de um regime laboral bastante adotado por indústrias

de manufatura com linha de produção contínua e de alto volume. Ademais, o

trabalho por turnos, há muito tempo, vem sendo praticado pelas áreas de

saúde, como a enfermagem, nas quais se exige cuidado ininterrupto,

configurando um dos ramos profissionais em que este regime é mais

antigo(37,38).

A segmentação do trabalho de enfermagem em turnos tem uma ampla

variabilidade de horários e formas de escalação, de acordo com a necessidade

e políticas institucionais e segue um padrão atual de organização do trabalho.

Segundo Smith et al (1998)(39), os principais sistemas de turno, na atualidade,

são: jornadas de seis ou oito horas, fixas pela manhã, tarde ou noite; jornadas

alternadas de oito ou 12 horas; jornadas de 12 horas fixas, diurnas ou

noturnas; jornadas fixas em horário comercial. Desses padrões, a enfermagem

está inserida em todos, dependendo da área de atuação. Os turnos podem

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apresentar um padrão de alternância, que pode ser no sentido horário ou anti-

horário e, ainda, ter uma rotatividade lenta ou rápida. Padrões de alternância e

de organização dos turnos podem trazer consigo implicações ao trabalhador,

sobretudo à sua saúde e vida social(39).

3.5 Aspectos de saúde e sono no trabalho em turnos na Enfermagem

As características da organização das jornadas de trabalho, bem como a

incorporação de tecnologias e inovações, hierarquização e gestão por

resultados têm repercutido em aspectos da vida do trabalhador. Todos esses

aspectos podem desencadear conflitos na relação do homem com seu

trabalho, possibilitando alterações em sua percepção de qualidade de vida e

danos à sua saúde.

O trabalho em turnos pode determinar efeitos negativos para os

trabalhadores, tanto de ordem psicológica como fisiológica, sobretudo àqueles

que desenvolvem seu plantão no período noturno. Esses malefícios incluem

insônia, fadiga e sonolência diurna, com redução da atenção, distúrbios de

humor, alterações cognitivas, aumento do risco de acidentes de trabalho, além

de prejuízos à vida social do indivíduo(40,41). Tais prejuízos à saúde têm relação

direta com a redução do tempo e/ou qualidade de sono dos trabalhadores em

turnos, além do reduzido tempo para atividades físicas e de lazer. Muitos

estudos apontam para riscos cardiovasculares, diabetes e obesidade em longo

prazo, sobretudo em virtude de intervalos irregulares entre os plantões, fato

este que altera o ciclo vigília-sono e altera as condições de descanso do

profissional. Para o sexo feminino, os riscos são ainda superiores, se for

considerada a jornada doméstica paralela à jornada profissional e fatores

biológicos endógenos, como as labilidades hormonais no período pré-

menopausa. As deficiências de estrogênio durante a menopausa são

associadas a disfunções endoteliais e vasculares através da redução da

complacência das grandes artérias, resultando em hipertensão sistólica. As

queixas de diminuição da qualidade do sono também são experimentadas com

a menopausa(42).

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Poulsen et al (2014)(43) estudaram 7305 profissionais da saúde do sexo

feminino da Dinamarca e concluíram que o Diabetes Mellitus era notavelmente

prevalente entre as trabalhadoras de saúde, condição influenciada diretamente

pela obesidade e inatividade física e indiretamente por condições ocupacionais.

Ainda, Gangwisch et al (2013)(44) demonstrou, através do Estudo de Saúde da

Enfermagem, nos Estados Unidos, que o sono de curta duração em

enfermeiros tinha maior probabilidade de se relacionar com Diabetes Mellitus,

índices de massa corporal acima de 30kg/m2 e trabalho em turnos. Aqueles

profissionais com período de sono de seis horas ou cinco horas ou menos

apresentaram aumento significativo na prevalência de hipertensão, sobretudo

em mulheres com mais de 60 anos.

Num estudo nacional com 60 enfermeiros, quase dois terços

apresentaram má qualidade do sono na avaliação com o Índice de Qualidade

de Sono de Pittsburgh (Pittsburgh Sleep Quality Index – PSQI), característica

usualmente encontrada em trabalhadores de turnos e associada à falta de

exercícios físicos e ao perfil de trabalho da enfermagem(45).

A tolerância ao trabalho em turnos, em especial no período noturno,

pode ter fatores individuais de tolerância e ser mais ou menos prejudicial de

acordo com as características individuais. Num estudo comparativo entre

enfermeiros com menos de um ano e mais de seis anos de trabalho noturno,

foram evidenciados alguns fatores individuais de tolerância à rotação de turnos

e ao labor à noite, como idade, gênero, cronotipo e ter tarefas domésticas,

como cuidar de crianças em casa. Profissionais mais jovens apresentaram

melhor tolerância, ao passo que ter crianças em casa foi fator de menor

tolerância ao trabalho noturno rotativo. Além disso, os profissionais menos

experientes no horário da noite apresentaram maior consumo de álcool e

ansiedade, enquanto os enfermeiros com mais de seis anos nesse período

demonstraram maiores índices de massa corporal consumo de cafeína

excessiva e sinais de depressão. Num estudo neozelandês realizado com

enfermeiros que trabalhavam em turnos, com mais de 50 anos de idade, houve

relatos de impactos negativos na vida social e familiar, alterações no padrão de

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sono e dificuldade de lidar com a rotatividade dos turnos, à medida que a idade

aumenta(46,47).

Nesse contexto, admite-se que o trabalho por turnos pode ser

responsável pela desorganização dos ritmos biológicos pelas frequentes

mudanças nos horários de descanso e labor, o que determina adaptações do

organismo, que podem levar a desfechos no sono, na saúde física e

psicológica, na vida familiar e social, no desempenho, tolerância e segurança

no trabalho(48).

3.6 Qualidade de Vida

O termo “qualidade de vida” (QV) foi citado precipuamente em 1920 por

Arthur C. Pigou (1877-1959), um economista inglês, num livro sobre economia

e bem-estar. Nessa obra ele discutiu o suporte governamental para pessoas de

classes sociais menos favorecidas e o impacto sobre suas vidas e sobre o

orçamento do Estado. Nessa época, o termo não foi valorizado e caiu no

ostracismo. No entanto, esse termo voltou à tona e foi difundido por Lyndon

Johnson que, em 1964, era o então presidente dos Estados Unidos. Nessa

ocasião, Johnson declarou que os objetivos não poderiam ser medidos por

meio do balanço dos bancos, mas, sim por meio da qualidade de vida que

proporcionam às pessoas. Vale ressaltar que, nessa época, aquele país sofria

os efeitos devastadores do acelerado crescimento industrial e tecnológico,

provocado pelo pós-guerra, sobre o meio-ambiente(49).

Atualmente, o termo QV tem sido discutido e empregado em diversos

estudos das mais variadas áreas do conhecimento humano, como no

jornalismo, ciências políticas, sociologia, medicina, enfermagem, psicologia,

economia, geografia, história social e filosofia(49). Dentre suas definições mais

clássicas, está a que foi determinada pela Organização Mundial de Saúde:

“percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e

sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações”(19). No entanto, sua abrangência

remonta a áreas sociais, da psique, de conceitos objetivos e subjetivos que

permeiam a existência do homem. Dentre as muitas expressões conceituais

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vigentes, a QV seria um todo que pode ser compreendida pela análise de suas

partes, em aspectos estruturados por domínios e facetas que estão

relacionadas aos componentes de ordem física, emocional, do ambiente e das

relações sociais(50).

A QV refere-se tanto à esfera objetiva como à subjetiva das percepções

humanas. Na primeira, relacionada às condições e modos de vida, considera

aspectos como alimentação, habitação, acesso aos serviços de saúde,

trabalho, saneamento básico, educação e transporte, isto é, bens materiais ou

de consumo que norteiam a sobrevivência humana em sociedade. Já a esfera

subjetiva permeia o estilo de vida e considera aspectos históricos, sociais,

culturais e de interpretação individual sobre as condições de vida da pessoa.

Além disso, abrange aspectos emocionais, expectativas, possibilidades de

indivíduos ou grupos acerca de suas realizações e da percepção que os

indivíduos têm de suas próprias vidas, em aspectos abstratos como o prazer,

felicidade, angústia e tristeza(51).

Numa dimensão mais abrangente, Minayo et al (2000)(52) afirma que a

qualidade de vida apoia-se nos pilares da história, em que, de acordo com seu

desenvolvimento tecnológico, econômico e social, ao longo do tempo, uma

sociedade altera seus parâmetros para esse conceito; da cultura, em que os

valores da sociedade são pautados e vivenciados de acordo com suas crenças

e tradições; e das classes sociais, na qual a ideia de qualidade de vida pode

estar apoiada na migração de uma classe para outra considerada superior.

Nesse âmbito, consideram-se, também, concepções de renda, saúde e

educação de uma população, refletidas em seu índice de desenvolvimento

humano (IDH).

Em suma, a qualidade de vida pauta-se em aspectos materiais da vida

do ser humano, mas, também, em questões inerentes à sua essência, como

valores, tradições e princípios. Com isso, não existe uma única definição de

qualidade de vida, tampouco é uma tarefa fácil defini-la devido à ampla

abrangência de seus conceitos. As dimensões da qualidade de vida devem

delinear-se aos seus pilares e identificar os domínios a serem avaliados, uma

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vez que cada domínio identifica um foco particular de atenção e agrupa

diversos aspectos(53).

Nas áreas de saúde e trabalho, a qualidade de vida é atribuída a fatores

sociais que são influenciados pelas políticas de saúde e pelas formas de

organização laboral. Alguns estudos, como o de Souza e Figueiredo (2004)(54)

apontam os impactos na saúde e qualidade de vida do trabalhador a partir a

influência da atividade profissional no cotidiano das pessoas, bem como seu

acesso a recursos sociais, educação, saúde, lazer, entre outros. Com isso, a

qualidade de vida tornou-se uma preocupação recente na ótica das instituições

empregadoras, uma vez que, partindo-se da premissa de que o homem é um

ser bio-psico-sócio-espiritual, a dissociação de qualquer aspecto relacionado

ao seu bem-estar pode influenciar no seu desempenho no trabalho. Fatores

como ergonomia, segurança no desempenho da função, lazer, relacionamento

interpessoal, bem-estar físico e emocional, satisfação com o trabalho,

remuneração e sentido à vida são influenciadores da qualidade de vida no

trabalho. Portanto, quanto melhores forem as condições laborais do indivíduo,

mais satisfatória será sua atuação no ambiente de trabalho(54). No tocante à

saúde, a qualidade de vida tem se voltado para a percepção da condição de

saúde do indivíduo, bem como a influência do processo saúde-doença nas

esferas sociais, psicológicas e físicas(52).

Para os trabalhadores da área de saúde, as pesquisas de qualidade de

vida são relativamente recentes. Contudo, o número de publicações neste

sentido tem aumentado significativamente nos últimos anos. Isso se deve à

reestruturação dos sistemas de saúde, que têm exigido, cada vez mais, uma

prática ampliada, com bases sólidas e com a ampliação exponencial da gama

de conhecimento científico. Com isso, no âmbito da saúde coletiva, tem-se hoje

a discussão das condições de saúde dos trabalhadores dessa área e a

preocupação com os diversos aspectos da qualidade de vida desses

trabalhadores(55). Isso vem à tona devido às dificuldades encontradas no

exercício das profissões, devido à alta carga emocional, baixa remuneração,

complexidade de procedimentos e longas jornadas de trabalho impostas a essa

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área de atuação, o que pode influenciar negativamente em todos os aspectos

de sua qualidade de vida(56,57).

Entre os efeitos experimentados por profissionais de saúde, no âmbito

do trabalho, em estudos recentes, estão desordens de saúde mental e física

como Burnout, depressão, dificuldades de relacionamento social e com

pacientes, estresse, aumento de cortisol salivar, alterações metabólicas e de

índice de massa corporal. Essas alterações podem resultar em insatisfação

com o trabalho, aumentar o índice de absenteísmo e prejudicar a percepção de

qualidade de vida em todos os seus domínios(58).

Em suma, o estudo da qualidade de vida nos trabalhadores de saúde,

sobretudo na área de enfermagem torna-se imprescindível para a

compreensão de sua relação com o trabalho, uma vez que a influência da

organização do trabalho em diferentes turnos pode acarretar em alterações

fisiológicas, bioquímicas e comportamentais oriundas da mudança em seus

ritmos biológicos, como o ciclo vigília-sono. Esse fenômeno pode manifestar-se

nesses profissionais na forma de doenças físicas e psicológicas, ocasionando

afastamento do trabalho, limitações na vida cotidiana e, por consequência,

impactando negativamente em sua percepção de qualidade de vida.

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34

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Primário

Avaliar a percepção de qualidade de vida dos profissionais de

enfermagem de terapia intensiva de acordo com seu turno de trabalho e

categoria de enfermagem.

4.2 Objetivos Secundários

– Identificar a preferência circadiana dos profissionais;

– Conhecer o tempo médio de sono desses indivíduos;

– Verificar os escores de qualidade de vida dessa população;

– Relacionar os escores de qualidade de vida com o cronotipo,

turno de trabalho e categoria de enfermagem.

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35

5 MÉTODOS

5.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo observacional, descritivo, do tipo transversal, com

abordagem quantitativa.

5.2 Local do Estudo

A pesquisa foi realizada em Unidades de Terapia Intensiva de Adultos

de seis instituições hospitalares: três em Sorocaba-SP, uma em Salto-SP, uma

em Votorantim-SP e uma em Campinas-SP. Das seis unidades pesquisadas,

uma realizava o atendimento de pacientes conveniados e particulares, três

atendiam pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), conveniados e

particulares e duas atendiam somente pacientes do SUS. Duas instituições são

consideradas hospitais-escola, ainda que outros dois recebam alunos de

cursos técnicos e de graduação de enfermagem. O número de leitos oferecidos

variou entre seis e 50 leitos.

5.3 Sujeitos

Os sujeitos do estudo foram selecionados por amostragem não-

probabilística. O tamanho amostral foi calculado considerando o objetivo de

comparar os turnos (manhã, tarde e noite) com relação aos escores de

qualidade de vida (WHOQOL-Bref). Para o cálculo considerou-se a

metodologia de um cálculo amostral para um modelo de ANOVA. Nesse

cálculo foi assumido um nível de significância de 5%, um poder do teste de

80%, um tamanho de efeito de 0,25, que segundo Cohen (1988)(59) pode ser

considerado um tamanho de efeito de grau médio, e três grupos de

comparação. O cálculo resultou em uma amostra total de 159 indivíduos (53

indivíduos por turno). Para a realização do cálculo amostral foi utilizado o

software G*Power 3.1.9.2(60,61).

Todos os indivíduos trabalhadores da área de enfermagem das UTI-A,

das três categorias de enfermagem (auxiliares de enfermagem, técnicos de

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enfermagem e enfermeiros), foram convidados a participar da pesquisa, exceto

os que estavam em afastamento, férias ou folga no momento da pesquisa. Ao

todo, 239 sujeitos aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Desse total, 224 sujeitos foram

considerados para análise estatística. Os 15 sujeitos restantes foram excluídos

por não responderem adequadamente uma ou mais questões dos instrumentos

propostos para avaliação do cronotipo e/ou da qualidade de vida. No entanto,

os indivíduos que deixaram de responder algum item do questionário de dados

individuais foram considerados para a análise e os dados faltantes foram

apresentados como “sem resposta” nas tabelas descritivas no capítulo

“Resultados”.

5.4 Instrumentos para Coleta de Dados

5.4.1 Levantamento de Dados Individuais

Trata-se de um instrumento autopreenchível constituído por 30 questões

abertas e fechadas acerca das condições sócio demográficas, dados laborais,

atividades como estudo, lazer e sono e aspectos de saúde, como uso de

estimulantes, indutores de sono, problemas de saúde, uso de medicamentos e

atividade física. (Apêndice 1).

5.4.2 Instrumento para Percepção de Qualidade de Vida WHOQOL-

Bref (Anexo 1)

Esse instrumento foi desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Vida da

Organização Mundial de Saúde (World Health Organization – Quality of Life). É

um questionário derivado do WHOQOL-100, sendo uma versão mais breve

deste. O instrumento foi traduzido e validado para a língua portuguesa por

Fleck et al(62,63). Durante o processo de validação, o instrumento mostrou

características satisfatórias de consistência interna, validade discriminante,

validade de critério, validade concorrente e fidedignidade teste-reteste. O

WHOQOL-Bref alia um bom desempenho psicométrico com praticidade de

uso(62).

Para responder as 26 questões deste instrumento autopreenchível, o

sujeito considerou aspectos vivenciados nos últimos 15 dias. O instrumento é

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37

dividido da seguinte forma: duas questões gerais, referentes, respectivamente,

à vida e à saúde. As demais 24 perguntas são divididas em quatro domínios e

suas respectivas facetas:

Físico – dor e desconforto físico, dependência de medicação e/ou

tratamento médico, energia e fadiga, locomoção, sono e repouso,

atividades da vida cotidiana e capacidade para o trabalho;

Psicológico – ato de aproveitar a vida, sentido da vida,

capacidade de concentração, satisfação consigo mesmo e com a

aparência física e sentimentos negativos;

Relações sociais – apoio e suporte social, relações pessoais e

vida sexual; e

Meio ambiente – segurança física e proteção, ambiente físico,

recursos financeiros, disponibilidade de informações,

oportunidades de lazer, condições de moradia, acesso aos

serviços de saúde e meio de transporte.

Cada resposta é composta por cinco itens opcionais em escala tipo

Likert que variam de um a cinco pontos. Os resultados dos domínios foram

transformados em valores entre zero e 100 pontos, de acordo com as

orientações do Grupo WHOQOL(64), sendo o pior resultado mais próximo de

zero e melhor resultado mais próximo de 100.

5.4.3 Questionário de Identificação do Cronotipo – Morningness-

Eveningness Questionnaire

Para a identificação da preferência cronotípica, foi utilizada a versão

traduzida para o português do Morningness-Eveningness Questionnaire (MEQ)

(Anexo 2). Esse instrumento foi desenvolvido por Horne & Östberg(65) em 1976

e foi traduzido para a Língua Portuguesa por Benedito-Silva et al(66) em 1990.

Ele é composto por 19 questões relacionadas a situações cotidianas. Nesse

instrumento autorrespondível, o respondente pode registrar seus horários

preferenciais em relação às suas atividades diárias e o escore total pode variar

entre 16 e 86 pontos. Para este estudo, de acordo com o escore resultante, os

sujeitos foram classificados em três categorias de preferência cronotípica

abaixo:

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38

16 a 41 pontos: indivíduos vespertinos;

42 a 58 pontos: indivíduos indiferentes;

59 a 86 pontos: indivíduos matutinos.

5.5 Coleta de Dados

Os dados foram coletados pelo próprio pesquisador, in loco, no horário

de trabalho dos respondentes, após a assinatura do TCLE (Apêndice 1), no

qual constavam informações sobre o estudo riscos, benefícios, a participação

de forma voluntária e a garantia do anonimato. Após a assinatura desse

documento, o pesquisador fez uma breve explanação sobre o estudo e a forma

correta de resposta dos instrumentos. Os questionários, então, foram

entregues, agrupados na seguinte ordem, em páginas numeradas:

Levantamento de Dados Individuais (páginas 1 a 3); WHOQOL-Bref (páginas 4

a 8) e MEQ (páginas 9 a 12). O preenchimento dos instrumentos foi

acompanhado individualmente e orientações para esclarecimento de dúvidas

foram fornecidas quando solicitadas. A coleta de dados transcorreu entre

agosto de 2015 e janeiro de 2016.

5.6 Processamento e Análise dos Resultados

Os resultados obtidos através dos instrumentos utilizados foram

inicialmente armazenados em planilha do Microsoft Excel Plus 2010.

Para as comparações envolvendo a variável atividade física com relação

às variáveis de qualidade de vida foi aplicado o teste não-paramétrico de

Mann-Whitney. O teste de Mann-Whitney é similar ao teste t não-pareado e é

aplicado quando a variável qualitativa apresenta apenas dois níveis. As

comparações envolvendo as variáveis turno e categoria com relação às

variáveis quantitativas e ordinais foram realizadas por meio do teste de

Kruskal-Wallis seguido do pós-teste de Dunn, ou por meio do modelo de Anova

seguido do pós-teste de Tukey, de acordo a distribuição dos dados(67).

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39

Para estudar as associações entre a classificação obtida pelo

instrumento MEQ e as variáveis turno e categoria profissional foi aplicado o

teste Qui-quadrado. Este teste é utilizado quando se quer verificar se existe

associação entre duas variáveis qualitativas(67).

Para todas as análises foi considerado um nível de significância igual a

5% e o software estatístico SAS versão 9.4 foi utilizado para a realização das

mesmas.

5.7 Aspectos Éticos

O presente projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) através da

Plataforma Brasil, respeitando-se os trâmites determinados na Resolução

466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foi aprovado em maio de 2015 pelo

órgão supracitado, conforme parecer número 1.047.641, CAAE

43731215.80000.5404 (Anexo 3).

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40

6 RESULTADOS

Os resultados deste estudo serão apresentados em formas de tabelas,

quadros e figuras, a fim de demonstrar a caracterização da amostra por meio

de estatística descritiva e relações entre as variáveis de interesse. Nas tabelas

que contém dados de caracterização, os itens figurados como “sem

informação” referem-se aos indivíduos que deixaram o item sem resposta.

6.1 Dados sociodemográficos, profissionais, hábitos de vida e

saúde

Foram considerados neste estudo 224 voluntários das UTIs de Adulto de

seis hospitais gerais. Do total, a maioria (70,09%), era do sexo feminino,

casados (45,74%), e 57,40% referiram ter filhos (Tabela 1). A média de idade

foi de 36,12 (dp=8,26) anos, com mínimo de 20 e máximo de 62 anos.

Tabela 1: Características individuais dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)

Variáveis n %

Gênero Masculino 67 29,91

Feminino 157 70,09

Estado civil Solteiro 63 28,25

Casado 102 45,74

Viúvo 2 0,90

União estável 26 11,66

Separado 25 11,21

Outros 5 2,24

Sem informação = 1 Filhos Não 95 42,60

Sim 128 57,40

Sem informação = 1 Número de filhos 0 95 44,19

1 53 24,65

2 45 20,93

3 19 8,84

4 2 0,93

5 1 0,47

Sem informação = 9

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41

Em relação à informação sobre renda mensal (Figura 2), 43,72%

referiram receber entre três e cinco salários mínimos, seguidos daqueles com

menos de três salários mínimos (29,77%). Apenas 9,77% afirmaram ter mais

de sete salários-mínimos mensais. O valor do salário mínimo considerado

neste estudo foi de 788 reais, valor vigente no ano de 2015.

Na Tabela 2 é possível observar as características profissionais dos

sujeitos pesquisados.

Tabela 2: Características profissionais dos trabalhadores de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)

Variáveis N %

Perfil do Hospital 100% SUS 149 66,52

SUS/Convênios/Particulares 61 27,23

Convênios/Particulares 14 6,25

Categoria de Enfermagem Auxiliar de Enfermagem 36 16,07

Técnico de Enfermagem 133 59,38

Enfermeiro 55 24,55

Tempo na Profissão

Menos de 1 ano 4 1,79

Entre 1 e 2 anos 5 2,24

Entre 2 e 5 anos 27 12,11

Entre 5 e 10 anos 60 26,91

Mais de 10 anos 127 56,95

Sem informação = 1

Tempo de UTI-Adulto Menos de 1 ano 23 10,36

Entre 1 e 2 anos 25 11,26

Entre 2 e 5 anos 54 24,32

Entre 5 e 10 anos 60 27,03

Mais de 10 anos 60 27,03

Sem informação = 2

29,77%

43,72%

16,74%

9,77%

Menos que 3 SM Entre 3 e 5 SM Entre 5 e 7 SM Mais que 7 SM

Figura 2 – Distribuição, em porcentagem, dos profissionais de

enfermagem de UTI-A por renda mensal, em Salários Mínimos (SM).

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42

Observou-se que a maioria dos sujeitos (66,52%) trabalhava em

hospitais com atendimento exclusivo ao SUS, constituiu-se por técnicos de

enfermagem (59,38%); a maior parte (56,95%) trabalhava na profissão há mais

de dez anos e 27,03% trabalhavam em UTI entre cinco e 10 anos e há mais de

dez anos.

Tabela 3 - Características profissionais quanto aos turnos dos trabalhadores de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016. (n=224)

Variáveis n %

Turno

Fixo 222 99,11

Rotativo 2 0,89

Horário do Turno Manhã - 6h/dia 47 21,17

Tarde - 6h/dia 47 21,17

Diurno - 8h/dia 4 1,80

Diurno 12x36h 28 12,61

Noite 6h/dia 1 0,45

Noite 12x36h 95 42,79

Sem informação = 2 Tempo no turno atual

Menos de 1 ano 24 10,81

Entre 1 e 2 anos 37 16,67

Entre 2 e 5 anos 58 26,13

Entre 5 e 10 anos 49 22,07

Mais que 10 anos 54 24,32

Sem informação = 2

Número de vínculos

1 144 64,29

2 78 34,82

Mais que 2 2 0,89

Em relação ao turno de trabalho e vínculos empregatícios (Tabela 3),

apenas dois sujeitos (0,89%) classificaram seu turno como rotativo, sendo que

a maioria estava alocada em turnos fixos. Para esses 99,11% (n=222), o

horário do turno variou conforme a instituição hospitalar, visto que uma das

instituições adota plantões diurnos de 12 horas (com 36 horas de descanso) e

as outras adotam plantões de seis horas pela manhã e seis horas à tarde (com

descanso de 18 horas), podendo, no entanto, haver, esporadicamente,

plantões de 12 horas.

Em relação à distribuição dos sujeitos nos horários dos turnos, 42,79%

trabalhavam no plantão noturno (12 horas de trabalho por 36 horas de

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43

descanso). Do total de sujeitos em turno fixo (n=222), a maioria (26,13%)

admitiu estar no horário fixo atual há entre dois e cinco anos, seguidos dos que

afirmaram estar há mais de dez anos no horário atual (24,32%). Dos 54

sujeitos que estavam fixos no turno atual há mais de 10 anos, 66,66% eram do

plantão noturno.

Quando questionados sobre o número de vínculos empregatícios,

predominaram os sujeitos com vínculo único (64,29%). Dos indivíduos com

duplo vínculo (n=78), 32,05% eram do plantão noturno.

Dos sujeitos que tinham dois vínculos empregatícios (n=78), houve

predomínio do segundo emprego no horário noturno (12 horas de trabalho por

36 horas de descanso – 12x36h), seguidos dos que trabalhavam num outro

vínculo no horário diurno (12x36h) (Figura 3).

Quanto ao fato de conciliar estudo e trabalho, 22,32% dos sujeitos

(n=50) estavam estudando no momento e destes, 98,00% estavam

matriculados em cursos presenciais, que variaram entre duas e 40 horas

semanais. A grande maioria cursava a graduação e no período da manhã

(66,00% e 64,00%, respectivamente). Dos cursos universitários realizados

pelos sujeitos, prevaleceu a graduação em Enfermagem (36,00%), seguida de

pós-graduação lato sensu (16,00%) e stricto sensu (10,00%). Ainda, 26,00%

12,50%15,00%

1,25%

25,00%

1,25%

33,75%

11,25%

Manhã6h/dia

Tarde6h/dia

Diurno8h/dia

Diurno12x36h

Noturno6h/dia

Noturno12x36h

Outros

Figura 3 – Distribuição, em porcentagem, dos sujeitos, por horário

do segundo vínculo empregatício.

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44

dos sujeitos que conciliam trabalho e estudo estavam cursando graduação fora

da área de enfermagem e apenas 4,00% se dedicavam a cursos de idioma.

Os sujeitos foram questionados quanto a alguns hábitos e problemas

de saúde (Tabela 4). Nesse sentido, 31,7% afirmaram ter algum distúrbio de

saúde, 8,04% eram fumantes e apenas um sujeito (0,45%) considerou-se

etilista. Quanto à atividade física, a maioria (57,59%) admitiu não ter essa

prática e 42,41% praticam-na, numa frequência que variou de uma a sete

vezes na semana (Figura 4). Dos 95 sujeitos que referiram dedicar-se aos

exercícios físicos, 41,05% trabalhavam à noite, 61,05% eram técnicos de

enfermagem e 24,21% eram enfermeiros.

Tabela 4: Hábitos e problemas de saúde dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)

Variáveis n %

Problemas de Saúde Não 153 68,30

Sim 71 31,70

Tabagismo

Não 194 86,61

Sim 18 8,04

Ex-tabagista 12 5,36

Etilismo Não 221 99,55

Sim 1 0,45

Sem informação = 2 Prática de Atividade Física

Não 129 57,59

Sim 95 42,41

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45

A população estudada também respondeu sobre seu período de

descanso semanal para atividades de lazer. Conforme a Tabela 5 houve uma

diferença muito pequena, sendo que 50,22% julgam inadequado esse período

de descanso por semana, enquanto 49,78% o consideram adequado. Dos que

referiram não estar satisfeitos com o tempo de descanso semanal (n=112),

45,53% tinham dois ou mais vínculos empregatícios e 58,03% trabalhavam em

algum turno diurno.

Quanto ao tempo de sono médio num período de 24 horas (n=223), a

maioria admitiu dormir, em média, 6 horas (32,29%), seguidos daqueles que

dormem, em média, 8 horas (21,97%). No entanto, 19,73% admitiram ter uma

média de sono de cinco horas ou menos. Na figura 5 é possível observar a

comparação do tempo médio de sono por turno de trabalho. Para esta

descrição, os sujeitos dos turnos da manhã, tarde, diurno de oito horas e diurno

de 12 horas foram re-categorizados em grupo diurno (n=127), bem como os

sujeitos dos turnos noturno de seis horas e noturno de 12 horas compuseram o

grupo noturno (n=96).

8,51%

14,89%

38,30%

15,96% 17,02%

1,06%

4,26%

1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes 6 vezes 7 vezes

Figura 4 – Distribuição, em porcentagem, da frequência de atividade

física dos profissionais de enfermagem de UTI-A (em vezes por

semana).

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Tabela 5: Descanso semanal, média de sono, uso de substâncias estimulantes e indutores do sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)

Variáveis n %

Se julga adequado seu período de descanso semanal Não 112 50,22 Sim 111 49,78

Sem informação = 1 Tempo médio de sono em 24h

Menor ou igual a 5h 44 19,73 6h 72 32,29 7h 42 18,83 8h 49 21,97

Maior ou igual a 9h 16 7,17 Sem informação = 1

Uso de substâncias estimulantes Não 144 64,29

Sim 80 35,71

Uso de indutores do sono Não 204 91,07 Sim 20 8,93

Ainda quanto aos hábitos, do total de sujeitos, 35,71% referiram fazer

uso de substâncias estimulantes e 8,93% admitiram fazer uso de substâncias

indutoras do sono (Tabela 5).

Na figura 5, observa-se que os sujeitos do plantão noturno são mais

prevalentes nos extremos do gráfico, representando a maior parte dos

indivíduos que dormem cinco horas ou menos, contudo, também, sendo a

maioria que dorme nove horas ou mais. No entanto, nota-se diferença

considerável nas demais médias de sono entre os sujeitos de ambos os turnos.

8,52%

18,84%

13,00%15,25%

1,34%

11,21%13,45%

5,83% 6,73% 5,83%

Menor ou igual a5h

6h 7h 8h Maior ou igual a9h

Diurno Noturno

Figura 5 – Distribuição, em porcentagem, do tempo médio de sono por

turno de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A.

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47

Quando essa análise é realizada considerando apenas os trabalhadores

do plantão noturno (n=96), os que julgam inadequado seu período de descanso

semanal representam 48,95%, a maioria, 57,30%, dorme seis horas ou menos,

35,41% fazem uso de alguma substância estimulante e 10,41% fazem uso de

substâncias indutoras do sono (Tabela 6). Considerando, ainda, somente os

sujeitos que dormem menos de oito horas diárias (n=158), 39,24% fazem uso

de alguma substância estimulante.

Tabela 6: Descanso semanal, média de sono e uso de substâncias estimulantes e indutores do sono entre os profissionais de enfermagem de UTI-A do plantão noturno. Estado de SP, 2016 (n=96)

Variáveis n %

Se julga adequado seu período de descanso semanal Não 47 48,95 Sim 49 51,05

Tempo médio de sono em 24h Menor ou igual a 5h 25 26,04

6h 30 31,26 7h 13 13,54 8h 15 15,62

Maior ou igual a 9h 13 13,54

Uso de substâncias estimulantes Não 62 64,59

Sim 34 35,41

Uso de indutores do sono Não 86 89,59 Sim 10 10,41

No Quadro 1 é possível observar os três problemas de saúde mais

incidentes, bem como os três indutores de sono e estimulantes mais utilizados.

Quadro 1 - Problemas de saúde, estimulantes e indutores do sono mais frequentes nos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016.

Problemas de Saúde (n=71)

Uso de Estimulantes (n=80)

Uso de Indutores do Sono (n=20)

Hipotireoidismo 21,12% Café/Cafeína 93,75% Benzodiazepínicos 75,00% Hipertensão Arterial 18,30% Energéticos 21,25% Zolpidem 15,00%

Alterações Osteomusculares 18,30% Pó de Guaraná 5,00% Levomepromazina 10,00%

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48

6.2 Classificação da Preferência Cronotípica por meio do

Morningness-Eveningness Questionnaire

No que tange à classificação geral da preferência cronotípica (Figura 6),

houve a predominância de indivíduos indiferentes, seguidos dos sujeitos

matutinos e, por fim um reduzido percentual de vespertinos.

Para avaliar as médias dos escores do MEQ por turno de trabalho, os

indivíduos que trabalham nos períodos da manhã, da tarde, diurno 8 horas e

diurno 12x36 horas foram re-categorizados em turno diurno (n=126). Os

sujeitos que trabalhavam no noturno por 6 ou 12 horas foram re-categorizados

em turno noturno (n=96). A mediana, bem como os quartis e valores mínimo e

máximo do MEQ foram maiores para o turno diurno (Firgura 7), demonstrando

maior tendência à matutinidade.

29,02%

58,93%

12,05%

Matutino Indiferente Vespertino

Figura 6 – Distribuição, em porcentagem, da preferência cronotípica

dos profissionais de enfermagem de UTI-A.

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49

6.3 Avaliação de Qualidade de Vida por meio do WHOQOL-Bref

Na análise da qualidade de vida, através do WHOQOL-Bref, houve uma

diferença entre o domínio meio ambiente e os demais domínios, conforme está

demonstrado na Figura 8. O domínio físico apresentou os maiores escores,

com média de 69,53 (dp=14,56), apresentando, também, maior valor mínimo

entre os quatro domínios. O domínio psicológico foi o segundo a apresentar os

maiores escores com média de 68,21 (dp=14,61), apresentando, também, o

segundo maior valor mínimo dentre os quatro domínios. O domínio social teve

média de 67,37 (DP=18,13) com valor mínimo de zero.

16

26

36

46

56

66

76

86

Diurno Noturno

Figura 7 – Distribuição dos escores do MEQ dos profissionais de

enfermagem de UTI-A, em cada turno de trabalho.

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50

O domínio meio ambiente apresentou a menor média entre os quatro

domínios, 56,82 (dp=13,86) e demonstrou menor valor máximo.

Quanto à percepção de qualidade de vida geral (Q1) e saúde geral (Q2),

as respostas dos sujeitos estão demonstradas nas figuras 9 e 10.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

Físico Psicológico Social Meio Ambiente

0,45%

10,71%

31,25%

53,13%

4,46%

Muito Ruim Ruim Nem Ruim NemBoa

Boa Muito Boa

Figura 8 – Distribuição dos escores de Qualidade de Vida dos

profissionais de enfermagem de UTI-A, por domínio.

Figura 9 – Distribuição das frequências das respostas de percepção de

qualidade de vida geral (Q1) dos profissionais de enfermagem de UTI-A.

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51

Com base nas figuras 9 e 10, é possível observar a distribuição dos

sujeitos de acordo com a qualidade de vida geral e a satisfação com a saúde. A

maioria dos sujeitos avaliou sua qualidade de vida geral como boa (53,13%). A

média do escore da qualidade de vida geral (Q1) foi de 3,50 (dp=0,76). Quanto

à percepção de saúde (Q2), mais da metade dos indivíduos (52,23%) estavam

satisfeitos com ela. A média do escore para a satisfação com a saúde (Q2) foi

de 3,57 (dp=0,89), pouco maior que a média da qualidade de vida geral.

0,45%

15,63%

20,98%

52,23%

10,71%

MuitoInsatisfeito

Insatisfeito Nem InsatisfeitoNem Satisfeito

Satisfeito Muito Satisfeito

Figura 10 – Distribuição das frequências das respostas de percepção de

saúde geral (Q2) dos profissionais de enfermagem de UTI-A.

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52

A Tabela 7 traz a distribuição dos sujeitos por facetas do Domínio Físico

do WHOQOL-Bref. Na questão sobre dor e desconforto (Q3), prevaleceram os

sujeitos que referiram nenhuma ou muito pouca influência de dor nas

atividades diárias, embora, quase 8,93% referiram bastante ou extrema

influência. Nota-se esta mesma tendência para a dependência de

medicamentos ou tratamento médico (Q4), ainda que, 7,15% necessitassem

bastante ou extremamente desses recursos no seu dia-a-dia. Em relação à

energia e fadiga (Q10), mobilidade (Q15), atividades da vida cotidiana (Q17) e

capacidade para o trabalho (Q18), a maioria demonstrou satisfação. No

entanto, os resultados foram relativamente equilibrados para sono e repouso

(Q16), com 28,13% de indivíduos insatisfeitos ou muito insatisfeitos, 33,93%

não se sentiam satisfeitos nem insatisfeitos e 37,94% estavam satisfeitos ou

muito satisfeitos com seu sono e repouso.

Tabela 7: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Físico do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)

Facetas do Domínio Físico

Dor e desconforto (Q3) n %

Extremamente 1 0,45

Bastante 19 8,48

Mais ou Menos 43 19,20

Muito Pouco 84 37,50

Nada 77 34,38

Necessidade de medicação ou tratamentos (Q4) n %

Extremamente 1 0,45

Bastante 15 6,70

Mais ou Menos 19 8,48

Muito Pouco 85 37,95

Nada 104 46,43

Energia e fadiga (Q10) n %

Nada - -

Muito Pouco 24 10,71

Médio 109 48,66

Muito 74 33,04

Completamente 17 7,59

Mobilidade (Q15) n %

Muito Ruim 2 0,89

Ruim 8 3,57

Nem Bom Nem Ruim 15 6,70

Bom 104 46,43

Muito Bom 95 42,41

Continua...

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53

Sono e Repouso (Q16) n %

Muito Insatisfeito 12 5,36

Insatisfeito 51 22,77

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 76 33,93

Satisfeito 69 30,80

Muito Satisfeito 16 7,14

Atividades da vida cotidiana (Q17) n %

Muito Insatisfeito 1 0,45

Insatisfeito 25 11,16

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 49 21,88

Satisfeito 131 58,48

Muito Satisfeito 18 8,04

Capacidade para o trabalho (Q18) n %

Muito Insatisfeito - -

Insatisfeito 8 3,57

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 38 16,96

Satisfeito 148 66,07

Muito Satisfeito 30 13,39

Na Tabela 8 observa-se a distribuição dos profissionais de enfermagem

de UTI-A quanto às facetas do domínio Psicológico. Nesse domínio, a maioria

dos sujeitos referiu aproveitar bastante sua vida (Q5), ainda que, mais da

metade, admita aproveitá-la mais ou menos ou pouco. No entanto, 85,26%

acham que sua vida tem bastante ou extremo sentido (Q6). Mais da metade

dos sujeitos (59,37%) aceitam completamente ou muito sua aparência física

(Q11), muito embora 10,27% aceitem-na muito pouco ou, simplesmente, não a

aceitem. Essas respostas assemelham-se à satisfação consigo mesmo (Q19),

em que a maioria está satisfeita ou muito satisfeita. Quanto à capacidade de

concentração (Q7), grande parte dos sujeitos referiu concentrar-se bastante ou

extremamente, ainda que, mais de um terço tenha referido concentrar-se mais

ou menos. Com relação a sentimentos negativos (Q26), 63,39% os sentem às

vezes e 21,87% os têm frequentemente ou muito frequentemente.

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54

Quanto às facetas do Domínio Social, a distribuição dos sujeitos está

demonstrada na Tabela 9.

Tabela 8: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Psicológico do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)

Facetas do Domínio Psicológico

Aproveitar a vida (Q5) n %

Nada 4 1,79

Muito Pouco 42 18,75

Mais ou Menos 81 36,16

Bastante 84 37,50

Extremamente 13 5,80

Sentido para a vida (Q6) n %

Nada - -

Muito Pouco 6 2,68

Mais ou Menos 27 12,05

Bastante 97 43,30

Extremamente 94 41,96

Capacidade de concentração (Q7) n %

Nada - -

Muito Pouco 10 4,46

Mais ou Menos 78 34,82

Bastante 117 52,23

Extremamente 19 8,48

Aceitação da aparência física (Q11) n %

Nada 5 2,23

Muito Pouco 18 8,04

Médio 68 30,36

Muito 80 35,71

Completamente 53 23,66

Satisfação consigo mesmo (Q19) n %

Muito Insatisfeito 2 0,89

Insatisfeito 18 8,04

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 49 21,88

Satisfeito 116 51,79

Muito Satisfeito 39 17,41

Sentimentos negativos (Q26) n %

Sempre 8 3,57

Muito frequentemente 11 4,91

Frequentemente 38 16,96

Às Vezes 142 63,39

Nunca 25 11,16

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55

Tabela 9: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Social do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)

Facetas do Domínio Social

Relações Sociais (Q20) n %

Muito Insatisfeito 4 1,79

Insatisfeito 23 10,27

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 49 21,87

Satisfeito 111 49,55

Muito Satisfeito 37 16,52

Vida sexual (Q21) n %

Muito Insatisfeito 9 4,02

Insatisfeito 14 6,25

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 52 23,21

Satisfeito 100 44,64

Muito Satisfeito 49 21,88

Apoio dos amigos - Suporte social (Q22) n %

Muito Insatisfeito 2 0,89

Insatisfeito 12 5,36

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 71 31,70

Satisfeito 115 51,34

Muito Satisfeito 24 10,71

Observa-se nesse domínio, que a maioria dos indivíduos está satisfeita

ou muito satisfeita com suas relações sociais (Q20), vida sexual (Q21) e apoio

que recebem dos amigos (Q22), havendo um equilíbrio entre os três itens

desse domínio.

Na Tabela 10 é possível observar a distribuição dos sujeitos nas facetas

do domínio meio ambiente. Este foi o domínio com os menores índices de

satisfação e, por consequência, o domínio com menores escores médios

(Figura 8).

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56

Tabela 10: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Ambiental do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)

Facetas do Domínio Ambiental

Segurança e Proteção (Q8) n %

Nada 1 0,45

Muito Pouco 10 4,46

Mais ou Menos 74 33,04

Bastante 115 51,34

Extremamente 24 10,71

Ambiente Físico Saudável (Q9) n %

Nada 8 3,57

Muito Pouco 34 15,18

Mais ou Menos 130 58,04

Bastante 48 21,43

Extremamente 4 1,79

Recursos Financeiros (Q12) n %

Nada 21 9,38

Muito Pouco 58 25,89

Médio 113 50,45

Muito 23 10,27

Completamente 9 4,02

Disponibilidade de Informações (Q13) n %

Nada 1 0,45

Muito Pouco 31 13,84

Médio 108 48,21

Muito 76 33,93

Completamente 8 3,57

Oportunidades de lazer (Q14) n %

Nada 4 1,79

Muito Pouco 74 33,04

Médio 106 47,32

Muito 34 15,18

Completamente 6 2,68

Ambiente onde mora (Q23) n %

Muito Insatisfeito 3 1,34

Insatisfeito 16 7,14

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 43 19,20

Satisfeito 98 43,75

Muito Satisfeito 64 28,57

Acesso aos serviços de saúde (Q24) n %

Muito Insatisfeito 21 9,38

Insatisfeito 52 23,21

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 65 29,02

Satisfeito 73 32,59

Muito Satisfeito 13 5,80 Continua...

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57

Meio de transporte (Q25) n %

Muito Insatisfeito 10 4,46

Insatisfeito 19 8,48

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 51 22,77

Satisfeito 90 40,18

Muito Satisfeito 54 24,11

Apenas as facetas segurança e proteção (Q8), ambiente no lar (Q23) e

meio de transporte (Q25) obtiveram maiores índices de satisfação, uma vez

que 62,05% referiram sentir-se bastante ou extremamente seguros em seu

cotidiano, 72,32% julgaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o

ambiente no lar e 64,29% admitiram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com

seu meio de transporte. Quanto à salubridade do ambiente físico (Q9), 58,04%

referiram “mais ou menos” e 18,75% admitiram que seu ambiente físico é muito

pouco ou nada saudável. Mais da metade dos sujeitos (50,45%) jugaram como

“médio” a disponibilidade de dinheiro para satisfazer suas necessidades (Q12)

e 35,27% referiram ter muito pouco ou nada de recursos financeiros para o seu

cotidiano. Seguindo essa tendência, 48,21% dos profissionais referiram como

“médio” o acesso a informações no seu dia-a-dia (Q13), contudo, 37,50%

admitiram ter acesso a muitas informações ou disponibilidade completa a elas.

Para as oportunidades de lazer (Q14), a maioria assinalou a opção

“médio” (47,32%) e 34,83% têm muito pouco ou não têm momentos de lazer.

As respostas para o acesso aos serviços de saúde apresentaram certo

equilíbrio, mas seguiram a mesma tendência, visto que 29,02% se julgam nem

satisfeitos nem insatisfeitos com este item.

Ainda no domínio meio ambiente, 32,59% referiram estar insatisfeitos ou

muito insatisfeitos com os serviços de saúde disponíveis para si, enquanto

38,39% estão satisfeitos ou muito satisfeitos.

Para comparar a média dos escores do cronotipo entre os diferentes

turnos de trabalho dos sujeitos com turno fixo, utilizou-se o Modelo de Anova,

conforme demonstrado na Tabela 11. Nota-se que os sujeitos do plantão diurno

de 12 horas apesentaram maior escore médio (57,66) de classificação de

cronotipo, seguidos dos sujeitos do turno da manhã (56,83), enquanto os

indivíduos do turno noturno tiveram escore médio menor (48,63). O modelo de

Anova mostrou que houve diferença estatisticamente significante entre, pelo

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58

menos, dois turnos de trabalho em relação à média do escore do MEQ. Após o

pós-teste de Tukey, concluiu-se que houve diferença estatisticamente

significante na comparação da média do escore do MEQ entre os sujeitos do

período noturno e diurno e entre os indivíduos do período noturno e os da

manhã. Não houve diferença estatisticamente significativa na comparação da

média dos escores do cronotipo entre as diferentes categorias de enfermagem,

pelo Modelo de ANOVA.

Tabela 11 - Comparação da média do escore do Morningness-Eveningness Questionnaire (MEQ) entre os diferentes turnos de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016. (n=222)

Turno de Trabalho n % Escore do MEQ

p-valor Média DP

Manhã 47 21,17% 56,83 9,07

< 0,0001* Tarde 47 21,17% 52,66 9,65

Diurno 32 14,41% 57,66 7,06

Noturno 96 43,25% 48,63 9,41

* p-valor obtido por meio do modelo de ANOVA

Na Tabela 12 é possível observar a análise comparativa entre as três

classificações do cronotipo em relação aos diferentes turnos fixos de trabalho e

às diferentes categorias profissionais de enfermagem, através do teste Qui-

Quadrado.

Tabela 12: Associação dos cronotipos aos turnos fixos de trabalho (n=222) e às categorias profissionais de enfermagem da UTI-A (n=224). Estado de SP, 2016

Variável

Cronotipo

p-valor* Matutino

Indiferente Vespertino

n % n % N %

Turno de Trabalho

0,0001 Manhã 23 48,94 22 46,81 2 4,26 Tarde 13 27,66 28 59,57 6 12,77 Diurno 14 43,75 18 56,25 0 0,00

Noturno 15 15,63 62 64,58 19 19,79

Categoria Profissional

0,9496 Auxiliar de Enfermagem 10 27,78 22 61,11 4 11,11 Técnico de Enfermagem 38 28,57 80 60,15 15 11,28

Enfermeiro 17 30,91 30 54,55 8 14,55

* p-valor obtido por meio do teste Qui-quadrado.

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59

Houve diferença estatisticamente significante nas proporções dos três

cronotipos por turno trabalhado, havendo uma tendência de vespertinidade

para os trabalhadores do turno noturno. É importante ressaltar que, dos

indivíduos matutinos, 15,63% estão alocados no período noturno e, dos

sujeitos classificados como vespertinos, 4,26% estão alocados no plantão da

manhã. Não houve resultado estatisticamente significante entre a proporção

dos cronotipos por categorias profissionais.

Foi realizada a comparação dos escores dos domínios e facetas do

WHOQOL-Bref entre os diferentes turnos de trabalho, por meio do Teste de

Kruskal-Wallis (Tabela 13). Houve diferença estatisticamente significante entre,

os turnos de trabalho, quando foram comparados os sujeitos dos diferentes

turnos em relação à mediana do domínio social do WHOQOL-Bref, bem como

em relação às medianas das facetas concentração (Q7), energia para o dia-a-

dia (Q10), satisfação com a aparência física (Q11), satisfação com a vida

sexual (Q21) e satisfação com o local onde mora (Q23).

Tabela 13 - Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação aos diferentes turnos de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016.

Variáveis

Turnos Fixos de Trabalho (n=222) p-

valor* Manhã (n=47)

Tarde (n=47)

Diurno (n=32)

Noturno (n=96)

Domínio Social

Média (DP)

61,52 (15,00)

71,10 (18,94)

71,87 (16,77)

66,84 (19,12) 0,0102

Mediana 58,33 75,00 75,00 66,67

Concentração (Q7)

Média (DP)

3,55 (0,77)

3,72 (0,62)

3,91 (0,64)

3,57 (0,71) 0,0470

Mediana 4,00 4,00 4,00 4,00

Energia (Q10)

Média (DP)

3,13 (0,77)

3,40 (0,74)

3,66 (0,75)

3,40 (0,79) 0,0195

Mediana 3,00 3,00 4,00 3,00

Imagem Corporal e Aparência (Q11)

Média (DP)

3,47 (0,91)

3,74 (0,97)

4,13 (0,91)

3,66 (1,04) 0,0144

Mediana 3,00 4,00 4,00 4,00

Atividade Sexual (Q21)

Média (DP)

3,47 (1,04)

4,06 (0,82)

3,97 (0,82)

3,64 (1,08) 0,0155

Mediana 4,00 4,00 4,00 4,00

Ambiente no Lar (Q23)

Média (DP)

3,94 (0,82)

3,43 (1,02)

4,09 (0,82)

4,07 (0,93) 0,0010

Mediana 4,00 4,00 4,00 4,00

*p-valor obtido por meio do Teste de Kruskal-Wallis.

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60

Após a aplicação do Teste de Kruskal-Wallis, foi realizado o pós-teste de

Dunn para todas as comparações presentes na Tabela 13. No domínio social

do WHOQOL-Bref, houve diferença estatisticamente significativa nas

comparações entre os turnos da manhã e da tarde e da manhã e diurno.

Já, no que tange às facetas do WHOQOL-Bref, o pós-teste de Dunn

evidenciou que, a diferença na percepção de Energia (Q10) e de Imagem

Corporal e Aparência (Q11) foi estatisticamente significante apenas entre os

turno da manhã e o diurno. Para a Atividade Sexual (Q21), foram significantes

as comparações entre os turnos da manhã e da tarde e, para o Ambiente

Físico (Q23), as comparações estatisticamente significativas foram entre os

turnos da tarde e diurno e tarde e noturno. Não houve diferença significativa

entre os turnos com relação à capacidade de concentração (Q7) pelo pós-teste

de Dunn, muito embora o teste de Kruskal-Wallis tenha evidenciado p<0,05

nessa comparação. Também não houve diferença estatística significante na

comparação dos demais domínios e facetas do WHOQOL-Bref entre os turnos

de trabalho.

Foi realizada também a comparação dos escores dos domínios e facetas

do WHOQOL-Bref entre as diferentes categorias de Enfermagem, por meio do

Teste de Kruskal-Wallis (Tabela 14). Os resultados apontaram que houve

diferença estatisticamente significativa entre as categorias em relação à

mediana do domínio meio ambiente e à percepção geral de Qualidade de Vida,

bem como em relação às medianas das facetas sentimentos positivos (Q5),

ambiente físico (Q9), recursos financeiros (Q12), cuidados de saúde e sociais

(Q13) e recreação e lazer (Q14). Após a realização do pós-teste de Dunn,

houve diferença estatisticamente significativa nas comparações entre Técnicos

de Enfermagem e Enfermeiros com relação ao domínio meio ambiente.

Quanto às facetas do WHOQOL-Bref, o pós-teste de Dunn evidenciou

que houve diferença estatisticamente significante entre: Auxiliares de

Enfermagem e Enfermeiros em relação à diferença na percepção de Qualidade

de Vida Geral (Q1) cuidados de saúde e sociais (Q13) e recreação e lazer

(Q14); entre Auxiliares de Enfermagem e Enfermeiros e entre Técnicos de

Enfermagem e Enfermeiros para sentimentos positivos (Q5) e recursos

financeiros (Q12). Não houve diferença significativa entre as categorias com

relação ao ambiente físico (Q9) pelo pós-teste de Dunn, muito embora o teste

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61

de Kruskal-Wallis tenha evidenciado p<0,05 nessa comparação. Também não

houve diferença estatística significante na comparação dos demais domínios e

facetas do WHOQOL-Bref entre as diferentes categorias de enfermagem.

Tabela 14 - Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação às diferentes categorias de Enfermagem da UTI-A. Estado de SP, 2016.

Variáveis

Categorias de Enfermagem (n=224)

p valor*

Auxiliar de Enfermagem

(n=36)

Técnico de Enfermagem

(n=133)

Enfermeiro (n=55)

Domínio Meio Ambiente

Média (DP)

55,73 (14,26)

55,36 (14,06)

61,08 (12,40) 0,0307

Mediana 53,13 56,25 62,50

Qualidade de Vida Geral

Média (DP)

3,31 (0,75)

3,49 (0,77)

3,67 (0,72) 0,0395

Mediana 3,00 4,00 4,00

Sentimentos Positivos (Q5)

Média (DP)

3,03 (0,94)

3,21 (0,90)

3,56 (0,79) 0,0054

Mediana 3,00 3,00 4,00

Ambiente Físico (Q9)

Média (DP)

3,17 (0,85)

2,92 (0,72)

3,18 (0,77) 0,0281

Mediana 3,00 3,00 3,00

Recursos Financeiros (Q12)

Média (DP)

2,56 (1,03)

2,65 (0,88)

3,05 (0,85) 0,0054

Mediana 2,50 3,00 3,00

Cuidados de Saúde e Sociais (Q13)

Média (DP)

3,03 (0,77)

3,25 (0,72)

3,45 (0,79) 0,0470

Mediana 3,00 3,00 3,00

Recreação e Lazer (Q14)

Média (DP)

2,58 (0,69)

2,81 (0,83)

3,07 (0,74) 0,0084

Mediana 2,00 3,00 3,00

*p-valor obtido por meio do Teste de Kruskal-Wallis

Os sujeitos foram comparados também acerca da influência da prática

de atividade física em relação aos domínios, Percepção de QV Geral (Q1),

Percepção de Saúde Geral (Q2) e Satisfação com o Sono (Q16), conforme

descrito na Tabela 15. Por meio do Teste de Mann-Whitney, houve diferença

estatisticamente significativa entre os sujeitos que praticavam atividade física,

em relação aos que não praticavam, havendo índices mais altos de QV Geral

(Q1), percepção de QV nos domínios Físico, Psicológico, Social e Meio

Ambiente e na satisfação com o sono (Q16) para os sujeitos que afirmavam ter

essa prática regularmente. No entanto, não houve diferença significativa para a

percepção de saúde (Q2).

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Tabela 15 - Comparação entre os domínios, percepção de QV Geral, satisfação com a saúde e sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A praticantes e não-praticantes de Atividade Física. Estado de SP, 2016.

Variáveis Prática de

Atividade Física Média DP Mediana p-valor*

Domínio Físico Sim (n=95) 73,80 13,20 75,00

0,0001 Não (n=129) 66,39 14,77 67,86

Domínio Psicológico Sim (n=95) 71,93 13,84 75,00

0,0008 Não (n=129) 65,47 14,61 66,67

Domínio Social Sim (n=95) 71,23 15,36 75,00

0,0211 Não (n=129) 64,53 19,50 66,67

Domínio Meio Ambiente Sim (n=95) 60,30 12,91 62,50

0,0009 Não (n=129) 54,26 14,03 53,13

Percepção de QV Geral (Q1) Sim (n=95) 3,65 0,77 4,00

0,0069 Não (n=129) 3,40 0,74 3,00

Percepção de Saúde Geral (Q2)

Sim (n=95) 3,69 0,92 4,00 0,0850

Não (n=129) 3,48 0,87 4,00

Satisfação com o Sono (Q16) Sim (n=95) 3,36 0,97 3,00

0,0024 Não (n=129) 2,94 1,01 3,00

* p-valor obtido por meio do teste de Mann-Whitney. Resultados estatisticamente significativos em negrito.

A Tabela 16 demonstra a comparação entre as diferentes durações de

sono, em média, num período de 24h, em relação aos domínios do WHOQOL-

Bref, bem como quanto à percepção de qualidade de vida geral (Q1), saúde

geral (Q2) e satisfação com o sono (Q16), por meio do teste de Kruskal-Wallis.

Os resultados apontam que houve diferença estatisticamente significativa

entre os grupos de sujeitos de acordo com seu tempo médio de sono, uma vez

que os escores do WHOQOL para essas questões diminuíram quanto mais

curto era o período de sono médio em 24h. Após a realização do pós-teste de

Dunn, para a comparação dos escores dos domínios físico e psicológico,

constatou-se diferença significativa entre os sujeitos que dormiam cinco horas

ou menos e os que dormiam oito horas, em média, por dia e entre os

profissionais que dormiam seis e oito horas, em média, por dia. Com relação ao

domínio social, a diferença significativa foi entre os sujeitos que dormiam cinco

horas ou menos e aqueles que dormiam sete ou oito horas, em média, por dia.

Na análise da Q1, constatou-se diferença estatística significativa entre: os

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sujeitos que dormiam, em média, cinco horas ou menos em relação aos que

dormiam sete horas; os indivíduos que dormiam cinco horas ou menos e

aqueles que dormiam oito horas ou mais por dia; os sujeitos que dormiam seis

horas, em relação àqueles que dormiam oito horas ou mais por dia.

Tabela 16 - Comparação dos escores do WHOQOL-Bref dos profissionais de enfermagem de UTI-A entre as diferentes durações do sono referidas em 24h. Estado de SP, 2016.

Variáveis

Tempo médio de sono referido em 24h (n=223)

p-valor* ≤5h

(n=44) 6h

(n=72) 7h

(n=42) ≥8h

(n=65)

Domínio Físico

Média 62,74 66,82 70,49 76,81

<0,0001 DP 16,45 13,82 12,74 11,86

Mediana 60,71 71,43 71,43 75,00

Domínio Psicológico

Média 64,49 64,87 70,54 73,53

0,0033 DP 17,34 14,93 11,40 11,54

Mediana 66,67 66,67 72,92 75,00

Domínio Social

Média 59,47 66,20 70,83 72,31

0,0010 DP 17,29 19,68 14,29 17,00

Mediana 58,33 66,67 75,00 75,00

Domínio Meio Ambiente

Média 55,54 54,99 57,81 59,62

0,2145 DP 14,76 12,69 13,58 13,91

Mediana 53,13 56,25 56,25 59,38

Percepção de QV Geral (Q1)

Média 3,09 3,39 3,71 3,80

< 0,0001 DP 0,91 0,68 0,60 0,67

Mediana 3,00 3,50 4,00 4,00

Percepção de Saúde Geral (Q2)

Média 3,23 3,58 3,62 3,78

0,0092 DP 0,94 0,83 0,79 0,93

Mediana 3,00 4,00 4,00 4,00

Satisfação com o Sono (Q16)

Média 2,30 2,96 3,36 3,72

< 0,0001 DP 0,95 0,85 0,79 0,89

Mediana 2,00 3,00 3,50 4,00

*p-valor obtido por meio do Teste de Kruskal-Wallis

Quanto à percepção de saúde geral (Q2), houve diferença

estatisticamente significativa entre os indivíduos que dormiam cinco horas ou

menos e aqueles que dormiam oito horas ou mais, em média, por dia, pelo pós-

teste de Dunn. No que tange à satisfação com o sono (Q16), foram

estatisticamente significativas a comparação entre os sujeitos que dormiam

menos que cinco horas e aqueles que dormiam seis horas, em média, por dia.

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64

A Tabela 17 apresenta a comparação entre as médias dos escores dos

domínios de qualidade de vida em relação ao número de vínculos

empregatícios, por meio dos testes de Mann-Whitney e t de Student (para o

domínio Meio Ambiente).

Tabela 17: Comparação dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref dos profissionais de enfermagem de UTI-A quanto ao número de vínculos empregatícios. Estado de SP, 2016 (n=224)

Variáveis Ter mais de um vínculo

empregatício p-valor

Sim (n=80) Não (n=144)

Domínio Físico

Média 68,44 70,14

0,2137** DP 12,98 15,38

Mediana 71,43 73,21

Domínio Psicológico

Média 66,20 69,33

0,1249** DP 14,90 14,38

Mediana 68,75 70,83

Domínio Social

Média 64,48 68,98

0,0444** DP 16,60 18,79

Mediana 66,67 75,00

Domínio Meio Ambiente

Média 56,09 57,23

0,5590* DP 14,26 13,67

Mediana 56,25 56,25

*p-valor obtido pelo Teste t de Student

**p-valor obtido pelo Teste de Mann-Whitney

Valores significativos em negrito

O domínio Social foi o único a ter diferença estatisticamente significante,

mostrando que trabalhar em apenas um vínculo influenciou uma média maior

nesse domínio.

As Tabelas 18 e 19 mostram a comparação entre as médias dos escores

das da percepção de qualidade de vida geral (Q1), saúde geral (Q2) e

satisfação com o sono (Q16) com relação aos sujeitos que conciliam ou não

trabalho e estudo, que têm ou não mais de um vínculo empregatício, que têm

ou não o hábito de usar substâncias estimulantes e que têm ou não algum

problema de saúde, por meio do Teste de Mann-Whitney.

Na Tabela 18, observa-se que houve diferença estatisticamente

significativa na percepção de QV geral para os sujeitos que têm mais de um

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vínculo empregatício, os quais apresentam média mais baixa quando

comparados aos indivíduos com apenas um emprego. O fato de ter algum

problema de saúde influenciou negativamente, tanto na percepção de QV geral

quanto na percepção de saúde geral, pois os sujeitos que não relataram algum

agravo à saúde apresentaram médias mais elevadas. Houve também diferença

estatisticamente significativa na percepção de saúde geral entre os sujeitos que

fazem uso de substâncias estimulantes, os quais apresentaram média menor

neste item, frente às pessoas que não fazem uso. Conciliar trabalho e estudo

não foi relevante para esses dois itens do WHOQOL-Bref, bem como não

houve influência de mais de um vínculo empregatício na saúde nem do uso de

estimulantes na QV geral.

Tabela 18: Comparação dos escores da Q1 e Q2 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios. Estado de SP, 2016

Variáveis n Percepção de QV Geral (Q1) Percepção de Saúde (Q2)

Média DP Mediana p-valor* Média DP Mediana p-valor*

Conciliar trabalho e

estudo

Sim 50 3,56 0,73 4,00 0,6908

3,62 0,85 4,00 0,8012

Não 174 3,49 0,77 4,00 3,56 0,91 4,00

Ter mais de um vínculo

empregatício

Sim 80 3,28 0,83 3,00 0,0009

3,58 0,88 4,00 0,8304

Não 144 3,63 0,70 4,00 3,57 0,91 4,00

Uso de substâncias estimulantes

Sim 80 3,40 0,76 4,00 0,1580

3,36 0,92 4,00 0,0075

Não 144 3,56 0,76 4,00 3,69 0,86 4,00

Ter algum problema de

saúde

Sim 71 3,25 0,79 3,00 0,0005

3,15 0,94 3,00 <0,0001

Não 153 3,62 0,73 4,00 3,76 0,81 4,00

*p-valor obtido por meio do Teste de Mann-Whitney. Resultados estatisticamente significantes em negrito.

A Tabela 19 permite verificar que houve diferença estatisticamente

significante na satisfação com o sono entre os sujeitos que tinham mais de um

vínculo empregatício e que utilizavam substâncias estimulantes. Ambos tiveram

médias mais baixas com piores percepções de satisfação com o sono do que

os indivíduos com único vínculo e que não utilizavam estimulantes. Não houve

diferença estatisticamente significante na satisfação com o sono entre os

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66

profissionais que conciliavam trabalho e estudo ou que apresentavam algum

agravo à saúde.

Tabela 19: Comparação dos escores da Q16 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios. Estado de SP, 2016

Variáveis n Satisfação com o Sono (Q16)

Média DP Mediana p-valor*

Conciliar trabalho e estudo Sim 50 3,04 0,95 3,00

0,3692 Não 174 3,14 1,03 3,00

Ter mais de um vínculo empregatício Sim 80 2,86 0,90 3,00

0,0039 Não 144 3,26 1,05 3,00

Uso de substâncias estimulantes Sim 80 2,83 0,99 3,00

0,0018 Não 144 3,28 0,99 3,00

Ter algum problema de saúde Sim 71 2,97 1,07 3,00

0,1079 Não 153 3,18 0,98 3,00

*p-valor obtido por meio do Teste de Mann-Whitney. Resultados significantes em negrito.

Os indivíduos que foram classificados como matutinos pelo MEQ

(escores entre 59 e 86) foram comparados, conforme o seu turno de trabalho,

em relação à sua percepção de QV geral (Q1) e satisfação com o sono (Q16)

por meio do Teste de Mann-Whitney (Tabela 20). Dos 65 sujeitos matutinos, 50

foram categorizados em turno diurno, somando-se os profissionais que

atuavam de manhã, à tarde ou durante o dia por 12 horas. Os 15 restantes

estavam alocados no plantão noturno. No entanto, não houve diferença

estatisticamente significativa para essas variáveis.

Tabela 20: Comparação entre os escores da Q1 e Q16 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de enfermagem de UTI-A classificados como Matutinos dos turnos diurno e noturno. Estado de SP, 2016 (n=65)

Variável Turno** Média DP Mediana p-valor*

Percepção de QV Geral (Q1) Diurno (n=50) 3,70 0,74 4,00

0,1676 Noturno (n=15) 4,00 0,53 4,00

Satisfação com o Sono (Q16) Diurno (n=50) 3,44 0,84 4,00

0,9454 Noturno (n=15) 3,40 0,83 4,00

* p-valor obtido por meio do teste de Mann-Whitney.

** Os turnos da manhã, tarde e diurno foram re-categorizados para esta análise, formando dois grupos: diurno e noturno

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67

7 DISCUSSÃO

A UTI está presente na maioria dos hospitais públicos e privados do

nosso país. Trata-se de uma unidade complexa, com alto desenvolvimento

tecnológico, fármacos que requerem vigilância constante como drogas

vasoativas e sedativas, procedimentos longos e uma alta carga de

responsabilidade O trabalho da enfermagem nessa unidade ocorre

ininterruptamente, sendo o cuidado crítico o seu principal produto. Esse labor é

desenvolvido por diferentes categorias de enfermagem e requer atenção

máxima durante sua execução.

No presente estudo, 239 sujeitos, das três categorias de enfermagem,

foram inquiridos no intuito de conhecer a sua percepção de qualidade de vida,

em suas diversas facetas, de acordo com sua preferência circadiana, turno de

trabalho e tempo estimado de sono. Para tanto, foram envolvidas seis UTIs de

Adulto em quatro cidades diferentes, sendo cinco unidades na Região

Metropolitana de Sorocaba e uma na Região Metropolitana de Campinas. Do

total de sujeitos inquiridos, 224 foram considerados para as análises nesta

pesquisa.

Predominaram os sujeitos do sexo feminino, 70,09%, que, ainda nos

dias atuais, é uma característica da profissão de enfermagem. Todavia, os

achados desta pesquisa estão abaixo da média nacional e do Estado de São

Paulo. De acordo com um estudo recente sobre o perfil da enfermagem, por

iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), realizado pela

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atuam, no Estado de São Paulo, 453.665

profissionais de enfermagem, sendo que, destes, 83,3% são mulheres, número

um pouco abaixo da média nacional (85,6%)(68). A feminização da enfermagem

está relacionada a aspectos culturais e históricos, já que está atrelada ao ato

de cuidar, atribuído culturalmente às mulheres, fundindo-se às atividades de

cuidado doméstico e às ações caritativas relacionadas aos cuidados de saúde

nos primórdios dessa profissão(69).

Quanto à divisão dos sujeitos por categorias de formação,

predominaram os técnicos de enfermagem (59,38%), seguidos dos enfermeiros

(24,55%) e dos auxiliares de enfermagem (16,07%). Essa proporção foge aos

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68

dados nacionais do DATASUS (2010)(36), que traz a existência de,

aproximadamente, 43,29% de técnicos de enfermagem, 36,87% de auxiliares

de enfermagem e 19,84% de enfermeiros no país. Essa diferença pode ser

explicada pela alta complexidade dos cuidados dispensados aos pacientes nas

unidades estudadas. Pela lei do exercício profissional da enfermagem (lei

7.498/86), cuidados de maior complexidade devem ser realizados pelo

profissional enfermeiro. Conforme a Resolução 293/2004 do Conselho Federal

de Enfermagem(7), os cuidados intensivos devem ser realizados por uma

equipe de enfermagem composta por 52 a 56% de enfermeiros. Ainda, de

acordo com as RDCs 7 e 26, que regulamentam o funcionamento das UTIs no

Brasil(4,5), fazem parte da equipe de enfermagem desses setores apenas

enfermeiros e técnicos de enfermagem. O que chama a atenção nos resultados

do presente estudo é a presença de 16,07% de auxiliares de enfermagem

ainda atuando em setor crítico, o que está em desacordo com as legislações

vigentes, tanto do Ministério da Saúde quanto do conselho de classe.

Neste estudo, prevaleceram os sujeitos casados (45,74%), bem como

aqueles que tinham filhos (57,40%), muito embora haja certo equilíbrio entre ter

ou não filhos. Quanto ao número de filhos, predominaram aqueles com apenas

um (24,65%) ou dois filhos (20,93%). Esses dados podem ser comparados à

tendência para a população brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de nupcialidade legal vem aumentando

entre 2002 e 2014. Neste último ano, foram registrados mais de 1,1 milhão de

casamentos legais, tanto de cônjuges masculinos e femininos, quanto de

uniões homoafetivas, número mais expressivo do que o registrado em 2004

(mais de 800 mil casamentos legais). No entanto, ainda de acordo com o IBGE,

a taxa de fecundidade entre as mulheres brasileiras vem diminuindo

gradativamente, sendo que, no ano 2000, a média do número de filhos por

mulher era de 2,4. Já em 2015, essa taxa diminui para 1,7 filhos por mulher(70).

Dentro da categoria de enfermagem há uma variabilidade de estado

marital e ter ou não filhos ao redor do mundo. Os dados deste estudo são

corroborados por diversas pesquisas em que a maioria dos sujeitos era casada

e com filhos(22,71-73). Contudo, alguns estudos mostram achados distintos: para

Silva et al (2011)(74), houve um predomínio de sujeitos que viviam sem

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69

companheiro e que tinham filhos; já para Zencirci e Arslan (2011)(75),

predominaram os sujeitos casados, mas sem filhos.

A média de idade deste estudo mostra uma população relativamente

jovem (36,12 anos), sendo que, a maioria (48,87%) tinha entre 31 e 40 anos.

Mesmo com essa média de idade, prevaleceram profissionais com tempo de

formação superior a 10 anos (56,95%) e com grande experiência em UTI

(27,03% com mais de 10 anos). Estes resultados estão de acordo com outras

pesquisas envolvendo profissionais de enfermagem de terapia intensiva(76-79).

O trabalho na UTI requer agilidade, experiência e disposição física devido à

alta carga de trabalho da enfermagem inerente a esse setor, o que,

consequentemente, vincula-se a um perfil mais jovem, porém experiente, de

seu pessoal de enfermagem.

Quanto à renda mensal, a maioria dos sujeitos declarou receber entre

três e cinco salários-mínimos mensais (43,72%), seguidos dos que ganhavam

menos de três salários-mínimos (29,77%). Além disso, houve diferença

estatisticamente significativa no escore da questão 12 do WHOQOL-Bref, que

trata sobre os recursos financeiros entre, ao menos, duas categorias de

enfermagem (Tabela 15), sendo que a satisfação nesse item foi menor para os

auxiliares de enfermagem. A satisfação com os recursos financeiros faz parte

do domínio meio ambiente do WHOQOL-Bref, o qual apresentou menor escore

dentre os quatro domínios. Esses achados corroboram com aqueles apontados

pela Fiocruz na pesquisa de perfil da enfermagem, na qual 64,7% dos 36 mil

entrevistados na amostragem nacional revelaram receber entre R$ 1 mil e R$ 3

mil mensais(68).

Atualmente a categoria de enfermagem vem lutando pela valorização da

profissão, através do estabelecimento do piso salarial e da obrigatoriedade do

cumprimento de 30 horas semanais, projeto de lei que vem tramitando na

esfera federal desde 2000. Enquanto não há regulamentação, muitos

profissionais de enfermagem brasileiros são remunerados de forma

incompatível com o desempenho de sua função e revelam-se insatisfeitos com

os proventos, como nos mostra o estudo de Lino(80). Em outros dois estudos

nacionais sobre a qualidade de vida de trabalhadores de UTI(22,57), o domínio

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70

meio ambiente apresentou menores escores, sendo que a renda foi citada

como insuficiente pela maioria dos entrevistados nesses estudos.

Do total de sujeitos, apenas dois afirmaram desempenhar suas funções

em horários rotativos. Este foi um achado inesperado, pois se acreditava que

havia um contingente de trabalhadores que trabalhavam na cobertura de folgas

e férias, tanto no horário diurno quanto nos plantões à noite. No entanto, o que

se observou nas instituições pesquisadas foi que o colaborador contratado para

cobertura de folgas e férias era fixo do noturno ou diurno, podendo, neste

último, apenas, alternar entre os plantões da manhã e da tarde ou 12 horas

diurno, mas trabalhando em mais de uma unidade para cobertura. O que se

conclui com esse achado é que, atualmente, dá-se preferência para que o

colaborador alterne os setores hospitalares, sem, no entanto, alterar seu turno

de trabalho. Não houve estudos consistentes para comparação deste achado

com a realidade de outras instituições brasileiras. Não foram feitas análises

comparativas do cronotipo e qualidade de vida dos sujeitos de turno rotativo em

relação aos de plantões fixos, devido ao número reduzido de sujeitos nesse

regime de trabalho.

Quanto à distribuição dos sujeitos por turnos, houve um predomínio dos

trabalhadores dos turnos diurnos, 56,76%. Em geral, há um número reduzido

de trabalhadores de enfermagem no período noturno em determinadas

unidades hospitalares devido a menores demandas de trabalho. Esse fato

condiz com unidades de cuidados mínimos ou intermediários, mas não deveria

ser aplicada a cuidados intensivos. Para a análise de carga de trabalho e

dimensionamento de pessoal em UTI, devem-se levar em consideração

instrumentos próprios, como o Nursing Activities Score (NAS), índices

prognósticos como o Therapeutic Intervention Scoring System (TISS), a

Resolução 293/2004 do Conselho Federal de Enfermagem e a RDC 26/2012,

considerando, também, as características individuais de cada realidade, já que,

cada normativa, traz uma preconização distinta(81). Em um estudo realizado por

Kakushi e Évora(82), avaliando o tempo de assistência direta e indireta em UTI,

constatou-se que o uso do prontuário eletrônico, em minutos foi maior no

plantão noturno e que houve maior tempo de assistência direta ao paciente em

feriados e fins de semana, justamente quando o quadro de pessoal tende a ser

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71

menor. Portanto, os achados deste estudo estão em desacordo com a

preconização do conselho de classe e com a carga de trabalho do plantão

noturno, contudo, são corroborados com estudos semelhantes que mostram

menor força de trabalho à noite, o que, em potencial, gera sobrecarga de

trabalho aos profissionais desse turno(57,74,79).

No que tange ao número de vínculos, os resultados deste estudo

mostraram que, apenas 34,82% dos sujeitos têm dois empregos e, destes,

33,75% desenvolvem sua segunda atividade no período noturno. Esses dados

são corroborados por alguns estudos recentes, cujos resultados descritivos

mostram uma menor porcentagem de trabalhadores de enfermagem com

duplo-vínculo(74,83-85). No entanto, não há um estudo nacional que mostre a

exata proporção de trabalhadores de enfermagem que têm dois empregos

formais, contudo, o duplo-vínculo ainda é uma prática corriqueira, devido à

baixa remuneração dessa área no Brasil, o que acarreta em alta carga de

trabalho e possíveis alterações em sua qualidade de vida.

Neste estudo, os indivíduos com duplo vínculo apresentaram escores

significativamente menores de percepção de qualidade de vida geral (Q1) e na

satisfação com o sono (Q16) em relação aos demais, mas não demonstraram,

de forma estatisticamente significante, influência da dupla jornada na saúde

geral (Q2). Quanto aos domínios, ter mais de um emprego influenciou

negativamente apenas a percepção de qualidade de vida no domínio social.

Ainda, dos 78 sujeitos que relataram ter duplo-vínculo, 34,61% e 33,33%

dormiam cinco horas ou menos e seis horas por dia, respectivamente e 45,53%

referiram não julgarem adequado o seu período de descanso semanal, um

resultado que era esperado neste estudo, uma vez que a carga horária

semanal é consideravelmente mais extensa para esses indivíduos. Esses

achados podem explicar a baixa satisfação com o sono e pode ter influenciado

a menor percepção de qualidade de vida geral para esses indivíduos, além da

percepção de relações sociais diminuída. Os achados deste estudo são

diferentes dos encontrados na literatura, muito embora haja um número

reduzido de publicações que avaliam a qualidade de vida e o sono de

trabalhadores com duplo-vínculo. Num estudo nacional de 2007 com 126

técnicos e auxiliares de enfermagem de um hospital-escola de São Paulo(57),

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foram correlacionados os domínios de qualidade de vida do WHOQOL-Bref ao

número de empregos. Houve correlação negativa de fraca intensidade nos

domínios desse instrumento, exceto para meio ambiente, indicando que,

quanto maior o número de empregos, menor a percepção de QV nesses

domínios, isto é, não houve correlação com o domínio que inclui a satisfação

com o sono (físico). Num outro estudo com 30 profissionais de enfermagem

com dois ou mais vínculos, a sobrecarga de trabalho e o pouco tempo para o

lazer foram considerados, pelos sujeitos, agentes motivadores de estresse, o

que poderia impactar na sua percepção de saúde(86).

Neste estudo também foi analisada a influência de conciliar trabalho e

estudo, uma vez que atividades acadêmicas ou cursos de aperfeiçoamento

exigem dedicação e podem reduzir o tempo para o sono e outras atividades

nos horários de folga. Apenas 22,32% dos indivíduos desta pesquisa relataram

estar matriculados em algum curso. No entanto, ao contrário do esperado,

esses indivíduos apresentaram médias maiores de QV Geral e Saúde Geral,

embora a diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Da mesma

forma, a satisfação com o sono não apresentou relevância estatística na

comparação entre os dois grupos, mas, numericamente, a média foi menor

para aqueles que conciliavam trabalho e estudo.

Esses dados diferem do estudo de Ferreira e De Martino(87), em que

estudantes de enfermagem apresentaram privação de sono e sonolência

diurna no período letivo. Os achados da presente pesquisa, no entanto, podem

ser justificados pela satisfação proporcionada pelo aprimoramento profissional

e aquisição de novos conhecimentos, o que, indiretamente, influencia de forma

positiva na qualidade de vida, como evidenciado no estudo de Fontana e

Brigo(88). Nessa pesquisa, com 25 técnicos de enfermagem que cursavam a

graduação, o estudo foi fator de melhora na percepção de qualidade de vida,

ainda que de forma conceitual, mesmo reconhecendo o desgaste promovido

pela conciliação das atividades acadêmicas com o trabalho.

Na análise dos problemas de saúde e hábitos de vida, os achados foram

positivos, uma vez que a grande maioria dos sujeitos não referiram problemas

de saúde, tampouco fumavam ou ingeriam bebidas alcoólicas. Dentre os

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problemas de saúde referidos por 31,07% dos sujeitos, prevaleceram o

hipotireoidismo, a hipertensão arterial e as alterações osteomusculares. Para

Barboza et al(89), as doenças osteomusculares estão presentes nos

profissionais de enfermagem devido à necessidade de força física durante o

exercício da profissão e a inobservância de princípios ergonômicos.

Considerando a UTI, associa-se este fato ao manejo de pacientes acamados,

em anasarca, com alto grau de dependência e com mobilidade prejudicada. No

estudo de Serranheira et al(90), com 1.396 enfermeiros da área hospitalar em

Portugal, houve prevalência de 60,9% de lombalgias num período de 12

meses. Num estudo semelhante em duas UTIs de Ribeirão Preto com 48

enfermeiras, a prevalência de lombalgia em 12 meses foi de 91,7%, mostrando

que os sintomas osteomusculares são comuns em trabalhadores de

enfermagem, sobretudo de Terapia Intensiva(91). Num estudo sobre o

adoecimento da enfermagem com 49 trabalhadores de UTI(92), os principais

achados também foram o hipotireoidismo e a hipertensão arterial, o que vem

corroborar com os achados deste estudo.

O fato de o indivíduo apresentar algum problema de saúde foi

significativo para reduzir seus escores para qualidade de vida geral (Q1) e

saúde geral (Q2), porém, não foi significativo para satisfação com o sono

(Q16). Esses achados são semelhantes aos de Teixeira(93), a qual avaliou 23

enfermeiros portadores de doenças crônicas. Em seu estudo, a doença

crônica, como a hipertensão e o hipotireoidismo, impacta diretamente nas

esferas comportamental e física dos profissionais, com influência em seu

cotidiano, trabalho e qualidade de vida.

Quanto aos hábitos de vida, mais da metade dos sujeitos estudados

referiram não aderir à prática de atividade física. Isso influenciou

significativamente a redução dos escores para todos os domínios, para a

satisfação com o sono (Q16) e para a qualidade de vida geral (Q1), em relação

aos que tinham essa prática. Quanto à percepção de saúde (Q2), ainda que o

valor de p não tenha sido significativo, a média do escore foi menor para os

indivíduos sedentários. Portanto, ainda que a frequência semanal tenha variado

entre os sujeitos praticantes de atividade física, este hábito influenciou

positivamente a qualidade de vida em, praticamente, todos os seus aspectos.

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Nos estudos de Acioli et al, com 246 profissionais de saúde de unidades de

terapia intensiva(94) e de Freire et al, com 59 profissionais da mesma área(95), a

qualidade de vida dos sujeitos praticantes de exercícios físicos foi superior em

diversos aspectos, sobretudo na saúde física. Em ambos os estudos, os

técnicos de enfermagem foram a categoria profissional mais ativa, dado que

corrobora também os achados desta pesquisa.

Entre as categorias de enfermagem, o tempo médio de sono diário

apresentou variabilidade quanto ao horário do turno de trabalho. Dentre os

sujeitos que referiram dormir cinco horas ou menos, a maioria trabalhava no

horário noturno, o que era um resultado esperado, uma vez que vários estudos

apontam a redução da qualidade e do tempo de sono para os profissionais que

trabalham à noite. Isso se deve ao fato da conciliação de dupla jornada

profissional, jornada doméstica, afazeres diários relacionados a serviços que

funcionem em horário comercial, além dos fatores que prejudicam o sono

durante o dia, como ruídos, trânsito, obras, claridade, calor, entre outros(74,83,96).

Esses dados também estão parcialmente de acordo com o estudo de Allen et

al(97), no qual 20 enfermeiros intensivistas canadenses foram avaliados quanto

à duração do sono entre turnos rotativos. Nessa pesquisa, o tempo médio de

sono entre turnos noturnos consecutivos foi significativamente menor que a

média do sono entre os intervalos dos demais turnos.

A privação de sono nos profissionais de enfermagem de UTI, sobretudo

nos que conciliam dois vínculos noturnos, pode acarretar alterações cognitivas,

especialmente quando sobrepostas à disfunção do ritmo circadiano, inerente

aos trabalhadores do noturno, o que, indiretamente, pode impactar na

qualidade de vida(97). Neste estudo, as médias dos domínios, exceto o Meio

Ambiente e da percepção de qualidade de vida geral (Q1), de saúde (Q2) e a

satisfação com o sono (Q16) foram gradativamente menores quanto menor era

a média de sono diário, com diferença relevante entre os sujeitos que dormiam

cinco horas ou menos e aqueles que dormiam oito horas diárias, em média.

Além de haver impacto direto na percepção da qualidade de vida, o

tempo médio de sono reduzido pode associar-se ao uso de substâncias

estimulantes, como artifício para manter-se acordado por mais tempo em

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virtude do trabalho. O uso de estimulantes no cotidiano dos profissionais

estudados nesta pesquisa foi significativo para reduzir os escores de

percepção de saúde (Q2) e satisfação com o sono (Q16), mas não foi

significativo para a qualidade de vida geral (Q1). O uso de substâncias como a

cafeína, pó de guaraná, energéticos e outros foi referida por 35,71% dos

sujeitos e por mais de um terço dos indivíduos que referiam dormir menos de

oito horas por dia, revelando, assim, um fato preocupante. Embora não haja

estudos relacionando as facetas de qualidade de vida e o consumo de

substâncias estimulantes em profissionais de saúde, em diversos estudos o

uso desses artifícios está relacionado ao turno noturno ou jornadas

excessivamente longas, para que o profissional mantenha seu nível de atenção

e estado de alerta e com o intuito de não haver sonolência durante o turno da

noite, sobretudo entre profissionais com menor experiência nesse horário. No

entanto, o alto consumo de cafeína tem sido associado a distúrbios de saúde e

de sono nesses profissionais, em longo prazo(46,47,98,99).

Na análise geral, os escores dos domínios de qualidade de vida do

WHOQOL-Bref foram satisfatórios, com médias acima de 65,00, exceto para o

domínio meio ambiente (média de 56,82). Não existe um consenso do Grupo

WHOQOL no tocante aos pontos de corte para categorização dos escores de

qualidade de vida. Em apenas um trabalho há uma menção de categorização

dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref em pior ou melhor QV, levando-

se em consideração valores abaixo ou acima da mediana de cada domínio,

respectivamente(100). No entanto, essa classificação não foi pautada em

estudos anteriores. Portanto, a análise dos resultados dos domínios é realizada

comparando-se os resultados com estudos anteriores semelhantes.

Para a questão de saúde geral (Q2), a maioria estava satisfeita ou muito

satisfeita (62,94%) com seu estado de saúde e, para a questão sobre

qualidade de vida geral (Q1), a maioria (57,59%) a considerou boa ou muito

boa. No entanto, ao considerar apenas a média do escore de ambas as

questões (Tabela 7), estas foram menores que as de outro estudo envolvendo

enfermeiros(101).

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A análise das médias ou da proporção de respostas para as questões

qualidade de vida geral (Q1) e satisfação com a saúde (Q2) é pouco explorada

em estudos vigentes na literatura, uma vez que, a grande maioria dos estudos

citados a seguir, consideram apenas as médias dos quatro domínios do

WHOQOL-Bref. Ainda assim, observando os dados do presente estudo,

acredita-se que o índice de sujeitos com algum tipo de doença, com reduzido

tempo de descanso semanal, trabalhadores de duplo-vínculo e o sedentarismo

podem ter influenciado a redução das médias para essas questões.

Os achados do presente estudo se assemelham a outras pesquisas com

profissionais de enfermagem, nas quais o domínio meio ambiente apresentou

média inferior aos demais(21,22,57,83,102-105). Este fato pode ser associado,

sobretudo, à insatisfação com a renda mensal, uma vez que quase três quartos

dos sujeitos recebem até cinco salários mínimos mensais, como já foi citado

anteriormente.

Os rendimentos baixos para as categorias de enfermagem é uma

realidade nacional e influencia a satisfação de anseios pessoais e pode

interferir negativamente na percepção de qualidade de vida no domínio meio

ambiente(57).

Além disso, a unidade de terapia intensiva é um setor em que há grande

volume de ruídos oriundos de alarmes sonoros de diversos equipamentos,

iluminação artificial, além de procedimentos complexos e convívio com a dor e

a perda, o que reduziu a percepção de salubridade do ambiente físico (Q9)

para os profissionais de enfermagem, fato corroborado por um estudo

nacional(57). Embora a questão sobre ambiente físico não seja específica para

ambiente de trabalho, acredita-se que a maior parte dos respondentes

considerou o ambiente de UTI para responder a esse item, devido ao fato de

haver a descrição “clima e barulhos” entre parênteses na questão. A

insatisfação com o acesso aos serviços de saúde (Q24) também influenciou a

redução da média do domínio meio ambiente, fato que pode ser explicado por

uma possível insatisfação com os convênios médicos disponibilizados pelos

hospitais empregadores, embora não haja estudos que descrevam esse fato de

forma concreta. Os resultados da avaliação desse domínio podem demonstrar

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aspectos a serem melhorados, tanto no aspecto laboral quanto pessoal desses

profissionais.

Ainda no que tange à análise do domínio meio ambiente, houve

diferença significante entre o escore geral do domínio e entre as facetas sobre

acesso aos serviços de saúde (Q13), recreação e lazer (Q14) e recursos

financeiros (Q12) para as três categorias de enfermagem (Tabela 14), sendo

que os enfermeiros obtiveram os maiores escores nessas facetas.

A comparação entre as facetas do WHOQOL-Bref com relação às

categorias de enfermagem constituiu-se num estudo raro e, portanto, de difícil

comparação com a literatura. No entanto, em duas pesquisas com técnicos e

auxiliares de enfermagem, utilizando o WHOQOL-Bref, o domínio meio

ambiente apresentou menores escores que os demais e, num estudo com 264

profissionais de enfermagem das três categorias, um maior grau de

escolaridade influenciou positivamente o escore do domínio meio ambiente(83).

É possível inferir, neste estudo, que melhores condições de renda mensal e o

cargo ocupado influenciaram as demais facetas desse domínio, determinando

maior média para os enfermeiros (61,08).

Na comparação entre as facetas e a média do domínio meio ambiente

de acordo com o turno trabalhado, houve diferença estatisticamente

significativa apenas para a faceta ambiente onde mora (Q23) (p=0,001), sendo

que os sujeitos dos plantões diurno (12x36h) e noturno (12x36h) apresentaram

maiores médias quando comparados aos turnos da manhã e da tarde, ambos

com duração de seis horas. Esse achado corrobora a pesquisa de Oliveira(106).

Em seu estudo com 167 enfermeiras de UTI, Centro Cirúrgico e Clínica Médica,

o escore do domínio meio ambiente foi menor para as profissionais com maior

número de plantões no mês. Os profissionais dos turnos da manhã e tarde

estão diariamente no hospital e isso pode influenciar um menor tempo de

dedicação à família e aos amigos ou, ainda, a sua percepção de tempo livre

fora do trabalho. No estudo de Arroyo et al(107), os enfermeiros que trabalhavam

em turnos de 12 horas tiveram maior percepção de tempo livre em casa,

quando comparados aos profissionais que exerciam sua função em turnos de 7

horas diárias.

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Não obstante não haja diferença estatisticamente significativa entre os

escores do domínio meio ambiente em relação aos diferentes turnos de

trabalho, as médias foram superiores também para os turnos diurno e noturno

(56,64 e 57,71, respectivamente) quando comparadas aos turnos da manhã e

da tarde (56,45 e 55,19, respectivamente), indicando melhores tendências para

a percepção do meio ambiente para esses profissionais.

O domínio físico apresentou a maior média neste estudo, em

comparação com os demais domínios (69,53), o que é corroborado por outras

pesquisas semelhantes(21,102,103). Esse resultado certamente foi proporcionado

pelo fato da maioria dos sujeitos não conviver ou conviver muito pouco com dor

e desconforto (Q3), não necessitar ou necessitar pouco de medicação e

tratamento médico (Q4), ter mobilidade boa ou muito boa (Q15), estar satisfeita

ou muito satisfeita com o desempenho das atividades da vida cotidiana (Q17) e

com sua capacidade para o trabalho (Q18). Esses resultados bastante

satisfatórios podem ser explicados pelo perfil mais jovem dos profissionais

estudados, cuja média de idade foi 36,12 anos (DP=8,26), pela maioria ter

apenas um vínculo empregatício (64,29%), pela ausência de problemas de

saúde em 68,30% dos sujeitos, além de baixos índices de etilismo (0,45%) e

tabagismo (8,04%). Ademais, há uma grande parcela dos sujeitos que são

praticantes de atividade física (42,41%), embora esta porcentagem esteja

abaixo da média nacional, que era de 54,1% em 2013(108).

A única faceta do domínio físico a apresentar menores índices de

satisfação foi sono e repouso (Q16), com apenas 37,94% de sujeitos satisfeitos

ou muito satisfeitos. Todavia, chama a atenção o fato de 28,13% estarem

insatisfeitos ou muito insatisfeitos com esse item, parcela que chega a quase

um terço da amostra estudada. Como foi discutido anteriormente, o tempo

médio de sono reduzido, a conciliação de trabalho e estudo e trabalhar em

mais de um vínculo empregatício foram determinantes para a redução da

satisfação nessa faceta. Os achados deste estudo estão de acordo com os de

uma pesquisa iraniana, em que 1456 enfermeiros foram avaliados quanto à

qualidade de vida, relacionada à qualidade e duração do sono. Nesse estudo,

os profissionais que apresentaram duração média de sono maior que 9 horas

por dia obtiveram maiores escores em todos os domínios da qualidade de vida,

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enquanto a duração média de sono menor que cinco horas por dia foi

associada aos menores escores naquela avaliação(109). Isso vem ressaltar a

importância da duração e qualidade do sono para a saúde e qualidade de vida

das pessoas.

Na comparação entre as três categorias de enfermagem, não houve

resultado estatisticamente significativo para o domínio físico nem para cada

uma de suas facetas, pelo teste de Kruskal-Wallis. Quando esses dados foram

comparados entre os diferentes turnos, apenas a faceta energia e fadiga (Q10)

mostrou diferença estatisticamente significante pelo teste de Kruskal-Wallis

(p=0,0195). No pós-teste de Dunn, a diferença evidenciada foi entre os turnos

da manhã, com menor média (3,13 – dp=0,77) e o diurno, com maior média

(3,66 – dp=0,75). Isto também pode ser explicado pela maior percepção de

tempo livre àqueles profissionais que trabalham em turnos de 12 horas. Para

esses profissionais, o fato de permanecerem 36 horas fora do ambiente de

trabalho determina maior sensação de tempo livre e menor sensação de fadiga,

ainda que a jornada seja mais longa, como mostra o estudo de Arroyo et al(107).

Na avaliação do domínio social, este apresentou a segunda menor

média (67,37 – dp=18,13), ainda que, consideravelmente acima da média do

domínio meio ambiente. Contudo, é notável o fato de ser o único domínio em

que o valor mínimo foi zero (Figura 8). Além disso, na comparação entre os

turnos, os trabalhadores do horário da manhã demonstraram menor média no

domínio social, bem como na satisfação com a vida sexual (Q21), quando

comparados aos outros turnos. Esses achados são diferentes daqueles

disponíveis na literatura, uma vez que, em outros estudos, são apontados

prejuízos nas relações sociais para os trabalhadores noturnos ou de turnos

alternados, pela incompatibilidade de horários com as pessoas da família,

amigos e cônjuges que, muitas vezes, desempenham suas funções em horário

comercial(21,110-112). Neste, estudo, porém, o turno noturno não influenciou

negativamente o domínio social. Este foi um dado de difícil comparação com a

literatura pela escassez de trabalhos acerca da vida sexual de trabalhadores de

turno.

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Quanto ao domínio psicológico, sua média de 68,21 (dp=14,61)

demonstra um resultado satisfatório, mesmo estando abaixo do valor

apresentado por estudos semelhantes(21,102). Esse dado positivo certamente

está relacionado às respostas satisfatórias na maioria de suas facetas, já que

85,26% dos sujeitos creem que sua vida tem bastante ou extremo sentido (Q6),

a capacidade de concentração (Q7) é bastante ou extrema em 60,71% dos

profissionais, estão satisfeitos ou muito satisfeitos consigo mesmos (Q19)

69,20% dos sujeitos e 74,55% da amostra refere ter sentimentos negativos

apenas às vezes ou nunca os têm (Q26).

Essas facetas também não apresentaram diferenças estatisticamente

significativas na comparação em relação aos diferentes turnos e às diferentes

categorias de enfermagem. Contudo, os profissionais dos turnos da manhã

apresentaram média significativamente menor na faceta imagem corporal e

aparência (Q11) em relação àqueles do plantão diurno. Quando a comparação

foi feita entre as categorias, os enfermeiros tiveram média significativamente

superior aos auxiliares e aos técnicos de enfermagem no que tange à faceta

aproveitar a vida (Q5). Isso pode ser explicado pelo fato de, proporcionalmente,

a porcentagem de auxiliares de enfermagem e técnicos de enfermagem com

mais de um vínculo empregatício (63,88% e 32,33%, respectivamente) ser

superior à de enfermeiros (25,45%), mostrando que o tempo livre entre os

plantões é maior para os enfermeiros, fato que pode gerar mais oportunidades

de lazer e descanso.

No estudo de Spiller et al com 109 profissionais de saúde de Curitiba-

PR(104), os resultados do domínio psicológico foram correlacionados

positivamente aos escores do domínio físico, isto é, quanto melhores as

percepções de saúde, capacidade, dor e desconforto, atividades do dia-a-dia e

trabalho, melhores seriam as percepções no domínio psicológico, como

autoimagem e aproveitamento da vida. Seguindo esse raciocínio, pode-se

atribuir que os menores escores no domínio físico influenciaram na menor

percepção de imagem corporal para os trabalhadores do turno da manhã,

como já evidenciado anteriormente.

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81

Por fim, na análise da percepção cronotípica, evidenciou-se que a

maioria dos profissionais foi classificada como indiferente, seguidos daqueles

com preferência matutina e vespertina, conforme figura 6. Esses achados

corroboram vários estudos de preferência cronotípica publicados

anteriormente, tanto com profissionais da saúde quanto com a população em

geral(21,75,113,114). Essa análise torna-se fundamental para o trabalhador de

turnos, que necessita adaptar seus horários habituais a escalas de

revezamento. O cronotipo pode relacionar-se a essa capacidade de adaptação,

todavia, pode influenciar o desempenho de atividades diárias no momento em

que mudanças nos hábitos de sono são exigidas em função do trabalho(113).

A preferência cronotípica do ser humano é caracterizada conforme a

característica cronobiológica endógena do indivíduo e é manifestada por

preferências de horário em relação ao bem-estar e ao melhor rendimento nos

diferentes momentos do dia: o tipo matutino possui a preferência de dormir

mais cedo e acordar mais cedo e seu melhor desempenho físico e mental

ocorre pela manhã. Isto significa que esses indivíduos caracterizam-se por um

adiantamento de fase do ciclo vigília-sono, o que propicia o adormecer e

despertar mais cedo. O tipo vespertino prefere dormir mais tarde e acordar

mais tarde, tendo o fim da tarde e início da noite como melhor horário de

desempenho físico e mental. Isto significa que esses indivíduos caracterizam-

se por um arrastamento de fase de seu ciclo vigília-sono, o que determina o

adormecer e despertar mais tarde. Os tipos indiferentes, no entanto, têm uma

plasticidade de horário maior, adaptando-se aos horários de acordo com a

rotina e necessidades do dia(115,116).

Neste estudo, a distribuição da preferência cronotípica foi analisada de

forma geral e relacionada aos diferentes turnos de trabalho e categorias de

enfermagem. Primeiramente, a figura 7 trouxe a distribuição do escore do MEQ

entre os turnos diurno e noturno e foi possível observar menores valores do

mínimo, da mediana e do máximo para os trabalhadores da noite. Analisando a

tabela 12, essa tendência se manteve quando o plantão diurno foi desdobrado

em manhã, tarde e diurno de 12 horas, sendo o p-valor significante para as

diferenças entre eles, de acordo com o modelo de ANOVA. Na tabela 13 é

possível, também, observar que o turno de trabalho associou-se ao cronotipo

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apresentado, havendo diferença na distribuição dos cronotipos por turno. Nos

resultados é possível observar que há maior proporção de indivíduos matutinos

nos plantões da manhã e no diurno de 12 horas e maior proporção de

indivíduos vespertinos e indiferentes no plantão noturno. No entanto, não

houve diferença estatisticamente significativa na distribuição de cronotipos nem

nas médias do MEQ nas diferentes categorias de enfermagem.

Na análise desses resultados, então, é possível afirmar que a maioria

dos sujeitos está alocada adequadamente nos turnos de trabalho, ainda que,

em todas as instituições pesquisadas, não haja avaliação da preferência

cronotípica para a alocação de profissionais de enfermagem nos diferentes

turnos. Essa concordância da preferência cronotípica com o horário trabalhado

é um fator positivo para a saúde e aspectos da qualidade de vida dos

profissionais, além do bom desempenho em seu trabalho, ao desenvolver os

cuidados de enfermagem(41).

Contudo, chama a atenção o fato de haver 17 profissionais (7,58%)

alocados em turnos inadequados a seu perfil cronotípico, embora não exista

diferença estatisticamente significativa na percepção de qualidade de vida geral

(Q1) e satisfação com o sono (Q16) nos indivíduos matutinos que trabalham

em plantões noturnos (Tabela 21). Porém, conforme estudos anteriores, os

tipos matutinos que estão escalados para trabalhar à noite e, da mesma forma,

os tipos vespertinos que desempenham suas atividades no horário da manhã,

não possuem uma boa adaptação, uma vez que seu ritmo endógeno

permanece dissociado de seu ritmo de trabalho. Isso pode levar à redução da

qualidade de sono, a não reparação do sono diurno, sobretudo para aqueles

que trabalham à noite e à sonolência excessiva durante o dia(75). Ademais, a

inadaptação ao turno de trabalho pode, além da dissociação dos ritmos

biológicos, afetar o aspecto social e psicológico desses profissionais, oriunda

do desnivelamento entre seu sistema circadiano e os sincronizadores

ambientais, o que, em médio e longo prazo, pode acarretar em perturbações de

desempenho no trabalho, na vida familiar e social e na saúde, ou seja, fatores

que são envolvidos diretamente na percepção de qualidade de vida. O sono,

associado à restauração das funções fisiológicas durante a noite, na ausência

de luminosidade, é um dos fatores mais importantes a serem estudados, pela

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sua relevância na qualidade de vida e no trabalho, quando há o desequilíbrio

entre o cronotipo e o turno de trabalho(8).

O fato de não haver influência para a percepção de qualidade de vida

geral e satisfação com o sono àqueles sujeitos em turnos discordantes de sua

percepção cronotípica pode ser explicada pelo reduzido número de sujeitos

nessa situação, o que pode ter impedido uma diferença estatística significativa.

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84

8 CONCLUSÃO

Conclui-se que os hábitos da vida diária, condições de saúde e o duplo

vínculo empregatício influenciaram diretamente na percepção de qualidade de

vida dos trabalhadores de UTI-Adulto.

A maioria dos sujeitos trabalhava durante o dia, em turnos fixos,

estavam naquele horário há mais dois anos e tinham apenas um vínculo

empregatício.

Entre os sujeitos que tinham mais de um emprego, a maioria tinha um

vínculo noturno e isso influenciou negativamente a percepção de qualidade de

vida geral, o domínio social e a satisfação com o sono.

Os indivíduos do plantão noturno referiram ter menor tempo médio de

sono por dia e mais da metade dos sujeitos referiu dormir seis horas ou cinco

horas ou menos por dia.

Quanto à preferência circadiana, os sujeitos classificados como

indiferentes constituíram a maioria e seguiu-se, portanto, uma tendência

populacional.

Grande parte dos indivíduos estava alocada em turnos de trabalho

concordantes com sua preferência circadiana.

Trabalhar no turno da manhã e pertencer à categoria de nível médio

influenciou negativamente a percepção de qualidade de vida para os

profissionais de enfermagem dessa área.

Na análise geral e dos domínios da qualidade de vida, o domínio meio

ambiente foi o pior avaliado e o domínio físico foi o melhor pontuado. Houve

predomínio, também, da percepção de qualidade de vida geral como boa ou

muito boa e de indivíduos satisfeitos ou muito satisfeitos com sua saúde.

Os indivíduos que praticavam atividade física tiveram melhor percepção

de qualidade de vida geral, maior satisfação com o sono e maiores escores em

todos os domínios.

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Os sujeitos que consumiam algum tipo de substância estimulante

tiveram menor satisfação com a saúde e com o sono e os que admitiram ter

algum problema de saúde demonstraram menor satisfação com sua saúde e

tiveram menor percepção de qualidade de vida geral.

Em suma, conclui-se que o turno de trabalho e o tempo médio de sono

influenciaram diretamente a percepção de qualidade de vida, contudo, esta não

foi influenciada naqueles indivíduos em turno de trabalho discordante de sua

preferência circadiana.

O presente estudo apresenta limitações pelo fato de utilizar o

Morningness-Eveningness Questionnaire, o qual não é específico para análise

da preferência circadiana de trabalhadores de turno, sobretudo o turno noturno.

Isso pode ter influenciado no escore do cronotipo para esses trabalhadores,

devido às situações cotidianas simuladas nesse questionário. No entanto, não

há nenhum outro instrumento que seja validado para o português para esse

fim, o que limita os estudos de preferência circadiana em trabalhadores de

turno no Brasil.

Sugere-se que, com vistas a estes resultados, que as instituições

pesquisadas adotem rotinas de trabalho que permitam ao trabalhador noturno

ter pausas para descanso durante sua jornada, além da urgente

regulamentação da carga horária semanal da enfermagem, em trâmite nas

esferas federais há mais de 15 anos, o que permitiria maior tempo de descanso

no período intrajornadas. Ademais, a pesquisa da preferência circadiana para

alocação do trabalhador no horário mais adequado é uma política que deve ser

adotada nas instituições hospitalares, a fim de minimizar os impactos do

trabalho por turnos na saúde e qualidade de vida.

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Revista Espaço Para a Saúde. 2013 dez;14(1):72-81;

106. Oliveira FDM. Qualidade de vida de enfermeiras e sua relação com o

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Turnos de 7 horas versus 12 horas en enfermería intensiva: vivir a

contratiempo. Enferm Intensiva. 2013;24(3):98-103;

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96

108. Brasil. Ministério do Esporte. A prática de esporte no Brasil –

Diagnóstico Nacional do Esporte. Diesporte, 2015. [acesso em 2016

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109. Zamanian Z, Nikeghbal K, Khajehnasiri F. Influence of sleep on quality

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110. Rodrigues VF. Principais impactos do trabalho em turnos: estudo de

caso de uma sonda de perfuração marítima. R. Un. Alfenas. 1998;4:199-

207;

111. Prata J, Silva IS. Efeitos do trabalho em turnos na saúde e em

dimensões do contexto social e organizacional: um estudo na indústria

eletrônica. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho. 2013 mai-

ago;13(2):141-54;

112. Rotenberg L, Portela LF, Marcondes WB, Moreno C, Nascimento CP.

Gênero e trabalho noturno: sono, cotidiano e vivências de quem troca a

noite pelo dia. Cad. Saúde Pública. 2001 mai-jun;17(3):639-49;

113. Alam MF, Tomasi E, Lima MS, Areas R, Menna-Barreto L.

Caracterização e distribuição de cronotipos no sul do Brasil: diferenças

de gênero e estação de nascimento. J Bras Psiquiatr. 2008;57(2):83-90;

114. BaHammam AS, Almistehi W, Albatli A, AlShaya S. Distribution of

chronotypes in a large sample of young adult Saudis. Ann Saudi Med.

2011 mar-abr;31(2):183-6;

115. De Martino MMF, Ceolim MF, Avaliação do cronotipo de um grupo de

enfermeiros de hospitais de ensino. Rev Ciênc Méd. 2001 jan-

abr;10(2):19-27;

116. Marques MD, Golombek D, Moreno CRC. Adaptação temporal. In:

Marques N, Menna-Barreto L. Cronobiologia: princípios e aplicações. 2ª.

Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003, 485p.

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97

APÊNDICE 1

Levantamento de Dados Individuais

Projeto: PERFIL CRONOBIOLÓGICO, SONO E QUALIDADE DE VIDA DOS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE TERAPIA INTENSIVA

Sujeito n°. Grupo (0) F (1) R Hospital

1. Gênero

( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade (anos):__________

3. Estado Marital

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo

( ) União estável ( ) Separado ( ) Outros

4. Tem filhos? ( ) sim ( ) não Quantos:__________________

5. Grau de Escolaridade:

( ) Médio incompleto ( ) Médio completo ( ) Superior incompleto

( ) Superior completo ( ) Pós-graduação

6. Há quanto tempo você trabalha na área de enfermagem (anos)?

( ) < 1 ( ) > 1 e < 2 ( ) > 2 e < 5

( ) > 5 e < 10 ( ) > 10

7. Desse total, quanto tempo em UTI (anos)?

( ) < 1 ( ) > 1 e < 2 ( ) > 2 e < 5

( ) > 5 e < 10 ( ) > 10

8. Seu turno de trabalho nesta UTI é: ( ) fixo ( ) rotativo

Para uso do pesquisador

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98

8.1. Se fixo, qual é o turno em que você trabalha nesta UTI?

( ) Matutino (6h) ( ) Vespertino (6h) ( ) Diurno (8h)

( ) Diurno (12h) ( ) Noturno (6h) ( ) Noturno (12h)

( ) Outro_________________________

9. Há quanto tempo está nesse horário (anos)?

( ) < 1 ( ) > 1 e < 2 ( ) > 2 e < 5

( ) > 5 e < 10 ( ) > 10

10. Possui quantos vínculos empregatícios?

( ) 1 ( ) 2 ( ) Mais que 2

10.1. Qual horário do turno no seu(s) outro(s) vínculo(s)?

( ) Matutino (6h) ( ) Vespertino (6h) ( ) Diurno (8h)

( ) Diurno (12h) ( ) Noturno (6h) ( ) Noturno (12h)

( ) Outro_________________________

11. Qual é o período de trabalho semanal (horas)?_____________________

12. Qual é a sua renda salarial mensal, considerando todos os vínculos?

( ) < 3 Salários mínimos ( ) > 3 e < 5 Salários mínimos

( ) > 5 e < 7 Salários mínimos ( ) > 7 Salários mínimos

13. Você está estudando no momento? ( ) sim ( ) não

13.1. Se sim, qual curso?___________________________________

13.2. Qual é a carga horária semanal (horas)?_________________________

13.3. Em qual horário? ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite

14. Você julga seu período de descanso semanal adequado, considerando atividades

como lazer e convívio familiar? ( ) sim ( ) não

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99

15. Em geral, quanto tempo você dorme num período de 24h?

( ) < 5 horas ( ) 6 horas ( ) 7 horas

( ) 8 horas ( ) > 9 horas

16. Você faz ou já fez uso de medicamentos ou substâncias estimulantes (p.ex. café,

energéticos, inibidores de sono) de forma frequente? ( ) sim ( ) não

16.1. Se sim, qual(is)?____________________________________________

17. Você faz ou já fez uso de medicamentos ou substâncias indutoras do sono de

forma frequente? ( ) sim ( ) não

17.1. Se sim, qual(is)?____________________________________________

18. Você tem algum problema de saúde? ( ) sim ( ) não

18.1. Se sim, qual(is)?____________________________________________

19. Você considera-se fumante?

( ) Sim ( ) Não ( ) Sou Ex-Fumante

20. Você considera-se etilista?

( ) Sim ( ) Não ( ) Sou Ex-Etilista

21. Você pratica atividade física regularmente?

( ) Sim ( ) Não

21.1. Frequência de exercícios físicos semanal: _________________ dias/semana

Muito obrigado pela sua participação!

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100

ANEXO 1

Questionário de Qualidade de Vida - WHOQOL-Bref

Instruções:

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza

sobre qual resposta dar em uma questão, por favor, escolha, entre as alternativas, a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha

em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule o número que lhe parece a melhor resposta.

Muito Ruim Ruim

Nem Ruim Nem Boa

Boa Muito Boa

1

Como você avaliaria sua qualidade de

vida?

1 2 3 4 5

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito

Satisfeito Muito

Satisfeito

2 Quão satisfeito(a)

você está com sua saúde?

1 2 3 4 5

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101

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

Nada

Muito Pouco

Mais ou Menos

Bastante Extrema-

mente

3

Em que medida você acha que

sua dor (física) te impede de fazer o que você precisa?

1 2 3 4 5

4

O quanto você precisa de um

tratamento médico para levar sua vida diária?

1 2 3 4 5

5 O quanto você aproveita sua

vida? 1 2 3 4 5

6

Em que medida você acha que a

sua vida tem sentido?

1 2 3 4 5

7 O quanto você consegue se concentrar?

1 2 3 4 5

8 Quão seguro(a)

você se sente em sua vida diária?

1 2 3 4 5

9

Quão saudável é o seu ambiente

físico (clima, barulho, poluição,

atrativos)?

1 2 3 4 5

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102

As questões seguintes perguntam sobre o quão completamente você tem se sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.

Nada

Muito Pouco

Médio Muito Completa-

mente

10 Você tem energia

suficiente para seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

11 Você é capaz de

aceitar sua aparência física?

1 2 3 4 5

12

Você tem dinheiro suficiente

para satisfazer suas

necessidades?

1 2 3 4 5

13

Quão disponíveis para você estão

as informações de que precisa no seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

14

Em que medida você tem

oportunidade de lazer?

1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos da sua vida nas últimas duas semanas.

Muito Ruim Ruim

Nem Bom Nem Ruim

Bom Muito Bom

15 Quão bem você é

capaz de se locomover?

1 2 3 4 5

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103

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito

Satisfeito Muito

Satisfeito

16 Quão satisfeito(a)

você está com seu sono?

1 2 3 4 5

17

Quão satisfeito(a) você está com

sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

18

Quão satisfeito(a) você está com

sua capacidade para o trabalho?

1 2 3 4 5

19

Quão satisfeito(a) você está com

consigo mesmo(a)?

1 2 3 4 5

20

Quão satisfeito(a) você está com suas relações

pessoais (amigos, parentes,

conhecidos, colegas)?

1 2 3 4 5

21 Quão satisfeito(a)

você está com sua vida sexual?

1 2 3 4 5

22

Quão satisfeito(a) você está com o apoio que recebe de seus amigos?

1 2 3 4 5

23

Quão satisfeito(a) você está com as condições do local

onde mora?

1 2 3 4 5

24

Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos

serviços de saúde?

1 2 3 4 5

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104

25

Quão satisfeito(a) você está com seu meio de transporte?

1 2 3 4 5

A questão seguinte refere-se acom que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.

Nunca

Algumas Vezes

Frequente- mente

Muito Frequente

Sempre

26

Com que frequência você tem sentimentos negativos, tais

como mau humor, desespero,

ansiedade ou depressão?

1 2 3 4 5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?

Quanto tempo você levou para preencher este questionário?

Você tem algum comentário sobre este questionário?

OBRIGADO PELA COLABORAÇÃO!

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105

ANEXO 2

QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS MATUTINOS E

VESPERTINOS

1. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal e com liberdade total de planejar o

seu dia, a que horas você se levantaria?

Entre 5h e 6h30 (5);

Entre 6h30 e 7h45 (4);

Entre 7h45 e 9h45 (3);

Entre 9h45 e 11h (2);

Entre 11h e 12h (1);

2. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal e com liberdade total de planejar

sua noite, a que horas você se deitaria?

Entre 20h e 21h (5);

Entre 21h e 22h15 (4);

Entre 22h15 e 00h30 (3);

Entre 00h30 e 1h45 (2);

Entre 1h45 e 3h (1);

3. Até que ponto você depende do despertador para acordar de manhã?

Nada dependente (4);

Não muito dependente (3);

Razoavelmente dependente (2);

Muito dependente (1);

4. Você acha fácil acordar de manhã?

Nada fácil (1);

Não muito fácil (2);

Razoavelmente fácil (3);

Muito fácil (4);

5. Você se sente alerta durante a primeira meia hora depois de acordar?

Nada alerta (1);

Não muito alerta (2);

Razoavelmente alerta (3);

Muito alerta (4);

6. Como é o seu apetite durante a primeira meia hora depois de acordar?

Muito ruim (1);

Não muito ruim (2);

Razoavelmente bom (3);

Muito bom (4);

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106

7. Durante a primeira meia hora depois de acordar, você se sente cansado?

Muito cansado (1);

Não muito cansado (2);

Razoavelmente em forma (3);

Em plena forma (4);

8. Se você não tem compromisso no dia seguinte e, comparando com sua hora

habitual, a que horas você gostaria de ir deitar?

Nunca mais tarde (4);

Menos que uma hora mais tarde (3);

Entre uma e duas horas mais tarde (2);

Mais do que duas horas mais tarde (1);

9. Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo sugeriu o horário das 7h às 8h,

duas vezes por semana. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal, o que você

acha de fazer exercícios nesse horário?

Estaria em boa forma (1);

Estaria razoavelmente em forma (2);

Acharia isso difícil (3);

Acharia isso muito difícil (4);

10. A que horas da noite você se sente cansado e com vontade de dormir?

Entre 20h e 21h (5);

Entre 21h e 22h15 (4);

Entre 22h15 e 00h45 (3);

Entre 00h45 e 2h (2);

Entre 2h e 3h (1);

11. Você quer estar no máximo de sua forma para fazer um teste que dura duas horas

e que você sabe que é mentalmente cansativo. Considerando apenas o seu bem-estar

pessoal, qual destes horários você escolheria para fazer esse teste?

Das 8h às 10h (6);

Das 11h às 13h (4);

Das 15h às 17h (2);

Das 19h às 21h (0);

12. Se você fosse se deitar às 23h, em que nível de cansaço você se sentiria?

Nada cansado (0);

Um pouco cansado (2);

Razoavelmente cansado (3);

Muito cansado (5);

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107

13. Por alguma razão você foi dormir várias horas mais tarde do que é seu costume.

Se, no dia seguinte, você não tiver hora certa para acordar, o que aconteceria com

você?

Acordaria na hora normal, sem sono (4);

Acordaria na hora normal, com sono (3);

Acordaria na hora normal e dormiria novamente (2);

Acordaria mais tarde do que seu costume (1);

14. Se você tiver que ficar acordado das 4h às 6h para realizar uma tarefa e não tiver

compromissos no dia seguinte, o que você faria?

Só dormiria depois de fazer a tarefa (4);

Tiraria uma soneca antes e dormiria depois (3);

Dormiria bastante antes e tiraria uma soneca depois (2);

Só dormiria antes de fazer a tarefa (1);

15. Se você tiver que fazer duas horas de exercício físico pesado e considerando

apenas o seu bem-estar pessoal, qual destes horários você escolheria?

Das 8h às 10h (4);

Das 11h às 13h (3);

Das 15h às 17h (2);

Das 19h às 21h (1);

16. Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo sugeriu o horário das 22h às 23h,

duas vezes por semana. Considerando apenas seu bem-estar pessoal, o que você

acha de fazer exercícios nesse horário?

Estaria em boa forma (1);

Estaria razoavelmente em forma (2);

Acharia isso difícil (3);

Acharia isso muito difícil (4);

17. Suponha que você possa escolher o seu próprio horário de trabalho e que você

deva trabalhar cinco horas seguidas por dia. Imagine que seja um serviço interessante

e que você ganhe por produção. Qual o horário que você escolheria? (Marque a hora

do início).

18. A que horas do dia você atinge seu melhor momento de bem-estar?

Entre 5h e 8h (5);

Entre 8h e 10h (4);

Entre 10 e 17h (3);

Entre 17h e 22h (2);

Entre 00h e 5h (1);

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

1 5 4 3 2 1

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19. Fala-se em pessoas matutinas e vespertinas. As primeiras gostam de acordar

cedo e dormir cedo, as segundas, de acordar tarde e dormir tarde. Com qual desses

tipos você se identifica?

Matutino (6);

Mais matutino que vespertino (4);

Mais vespertino que matutino (2);

Vespertino (0).

ESCORE TOTAL:______________________

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ANEXO 3