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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIEGO TREVISAN BRUNELLI EFEITOS DO TREINAMENTO COMBINADO SOBRE AS RESPOSTAS INFLAMATÓRIAS E MORFOFUNCIONAIS EM HOMENS OBESOS DE MEIA- IDADE Campinas 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DIEGO TREVISAN BRUNELLI

EFEITOS DO TREINAMENTO COMBINADO SOBRE AS RESPOSTAS

INFLAMATÓRIAS E MORFOFUNCIONAIS EM HOMENS OBESOS DE MEIA-

IDADE

Campinas

2017

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DIEGO TREVISAN BRUNELLI

EFEITOS DO TREINAMENTO COMBINADO SOBRE AS RESPOSTAS

INFLAMATÓRIAS E MORFOFUNCIONAIS EM HOMENS OBESOS DE MEIA-

IDADE

Tese de doutorado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação da Faculdade

de Educação Física da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do título

de Doutor em Educação Física, na Área de

Atividade Física Adaptada.

Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Regina Cavaglieri

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL

DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO DIEGO TREVISAN

BRUNELLI, E ORIENTADO PELA PROFA. DRA.

CLÁUDIA REGINA CAVAGLIERI

Campinas

2017

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COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Cláudia Regina Cavaglieri

Orientadora

Profa. Dra. Neiva Leite

Prof. Dr. Reury Franck Pereira Bacurau

Prof. Dr. José Rodrigo Pauli

Profa. Dra. Fúlvia de Barros Manchado Gobatto

A Ata da Defesa de Doutorado com as respectivas assinaturas dos Membros da

Comissão Examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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“Há os que se queixam do vento. Os que

esperam que ele mude. E os que

procuram ajustar as velas.”

William G.Ward

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por me dar força e direção durante todas as etapas da minha vida

profissional.

À minha orientadora, professora Dra. Cláudia Regina Cavaglieri, pelo acolhimento e

confiança em me aceitar como aluno em seu laboratório, conhecimento e sabedoria

das mais diversas situações profissionais passados a mim, e pelo carisma e atenção

sempre presentes no ambiente acadêmico e profissional.

À minha família, em especial meus pais Amadeo Leonardo Brunelli e Rosana

Trevisan Brunelli, por todo o amor, carinho, e compaixão depositados em mim

durante toda a minha jornada acadêmica e profissional até aqui.

Aos meus avós, José Trevisan (in memoriam) e Isaura Santiago Trevisan, por todo o

amor, carinho e incentivo.

À todos os meus amigos e colegas do Laboratório de Fisiologia do Exercício (FISEX)

da FEF-UNICAMP, por todas as ajudas, parcerias, análises, treinos, congressos,

entre outros momentos, que sempre me fizeram crescer pessoalmente e

profissionalmente.

À todos que, de alguma forma, participaram dessa caminhada e me ajudaram a

chegar até aqui.

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RESUMO

A prática regular de exercícios físicos (como o treinamento aeróbio e o de força) tem

sido proposta como promotora de efeitos anti-inflamatórios na inflamação crônica

subclínica associada à obesidade. Entretanto, não foram observados estudos que

investigaram os efeitos isolados do treinamento combinado (treinamento aeróbio

associado ao treinamento de força; TC) na inflamação crônica subclínica de

indivíduos obesos na meia-idade sem nenhuma doença manifesta associada. Assim,

o objetivo do presente estudo foi verificar as respostas pró e anti-inflamatórias e

funcionais decorrentes do TC realizado por 24 semanas em homens obesos de

meia-idade. Trinta homens obesos (48,73 ± 1,04 anos; índice de massa corpórea:

31,00 ± 0,29 kg/m²) foram distribuídos aleatoriamente em grupo controle (GC; n=13)

e grupo treinamento combinado (TC; n=17). O programa de TC foi composto pela

realização do treinamento de força (6-10 RM) e treinamento aeróbio (50–85% do

VO2pico) na mesma sessão, com frequência de três vezes na semana e duração de

aproximadamente 60 minutos por sessão. Os testes de antropometria, uma

repetição máxima (1RM) para leg press e supino reto, aptidão aeróbica (VO2pico) e

coletas de sangue para determinação das concentrações séricas de proteína C-

reativa (PCR), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6), IL-10, IL-

15, resistina, adiponectina e leptina foram realizadas antes (M1) e após 8 (M2), 16

(M3) e 24 (M4) semanas do período experimental. Foram observados aumentos

significativos no 1RM do supino reto e leg press, VO2pico e nas concentrações séricas

de adiponectina e IL-15 do grupo TC durante e após o desenho experimental.

Concomitantemente, foram observadas diminuições significativas na porcentagem

de gordura e nas concentrações séricas de PCR, resistina e leptina do grupo TC

durante e após o período do estudo. Em conclusão, este protocolo de treinamento

preconizado para a manutenção da saúde mostrou-se eficiente para promover

diminuições nos marcadores inflamatórios associados à obesidade e doenças

crônicas não transmissíveis e ainda melhorar as capacidades funcionais, a

composição corporal e a resistência à insulina de indivíduos obesos na meia-idade,

sem intervenção da dieta e perda de peso evidenciada.

Palavras-chave: Obesidade; Inflamação; Treinamento aeróbio; Treinamento de

força; Resistencia à insulina.

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ABSTRACT

Regular exercise training (e.g. aerobic and resistance training) has been proposed as

a promoter of anti-inflammatory effects in subclinical inflammation associated with

obesity. However, no previous study has investigated the isolated effects of

combined training (aerobic training associated with resistance training; CT) on

chronic subclinical inflammation in obese middle-aged men with absence of overt

disease. Thus, the aim of the present study was to investigate the effects of 24

weeks of CT on functional capabilities and pro- and anti-inflammatory markers

associated with obesity in obese middle-aged men. Thirty obese men (48.73 ± 1.04

years; body mass index: 31.00 ± 0.29 kg∙m-2) underwent 24 weeks of combined

training [CT (n = 17); aerobic (50–85% of VO2peak) and resistance (6-10 RM) training)]

3 x per week, 60 minutes per session, or a control group (N = 13). Anthropometric

measures, maximal strength for leg press and bench press, peak oxygen uptake

(VO2peak) and serum concentrations of C-reactive protein (CRP), tumor necrosis

factor- α (TNF- α), interleukin-6 (IL-6), IL-10, IL-15, resistin, leptin and adiponectin

were determined before (M1) and after 8 (M2), 16 (M3) and 24 (M4) weeks of the

experimental design. Significant increases were observed in the maximal strength for

bench press and leg press, VO2peak and serum concentrations of adiponectin and IL-

15 for CT during and after the experimental period. Concomitantly, significant

decreases were observed in percentage body fat and serum concentrations of CRP,

resistin and leptin for CT during and after the experimental period. In conclusion, 24

weeks of moderate-high-intensity combined training reduced markers of subclinical

inflammation associated with obesity and non-communicable diseases and also

improved insulin resistance and functional capabilities of obese middle-aged men,

regardless of dietary intervention and weight loss.

Keywords: Obesity; Inflammation; Aerobic training; Resistance training; Insulin

resistance.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 12

2.1. Contexto geral da obesidade e suas implicações na saúde ........................... 12

2.2. Inflamação crônica subclínica associada à obesidade ................................... 14

2.3. Papel anti-inflamatório do exercício físico e sua contribuição no combate à

obesidade .............................................................................................................. 18

3. OBJETIVO ............................................................................................................. 22

3.1. Geral ............................................................................................................... 22

3.2. Específico ....................................................................................................... 22

4. METODOLOGIA .................................................................................................... 23

4.1. Casuística e Desenho experimental ................................................................ 23

4.2. Avaliação clínica inicial ................................................................................... 25

4.3. Antropometria e composição corporal ............................................................. 26

4.4. Avaliação nutricional ....................................................................................... 26

4.5. Coletas de sangue .......................................................................................... 27

4.6. Dosagens de resistência à insulina ................................................................. 27

4.7. Análise dos marcadores pró- e anti-inflamatórios ........................................... 27

4.8. Avaliação da força muscular ........................................................................... 28

4.9. Avaliação cardiorrespiratória ........................................................................... 28

4.10. Protocolo de treinamento combinado ............................................................ 29

4.11. Análises estatísticas ...................................................................................... 31

5. RESULTADOS ...................................................................................................... 32

6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 39

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 43

8. REFÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................................... 48

ANEXOS ................................................................................................................... 59

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, a obesidade vem sendo considerada como problema mundial de

saúde, afetando grande parte da população e tornando-se uma das principais

causas de redução na qualidade de vida, morbidade e mortalidade (GUYENET et al.,

2012; NG et al., 2014). A obesidade e, em especial o acumulo de tecido adiposo

visceral, geralmente está associado ao desenvolvimento da síndrome metabólica e

diversas doenças como dislipidemias, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares,

doença pulmonar obstrutiva crônica, diversos tipos de câncer, depressão, entre

outras (SCHWARZ et al., 2011; THOMAS et al., 2011, GLEESON et al., 2011), e a

inflamação parece estar etiologicamente ligada a patogênese de todas estas

condições (GLEESON et al., 2011).

A obesidade por si só, na ausência de doença manifesta, é frequentemente

acompanhada por inflamação sistêmica subclínica marcada pelo aumento dos níveis

circulantes de marcadores inflamatórios como a interleucina-6 (IL-6), fator de

necrose tumoral -α (TNF-α), proteína C-reativa (PCR), leptina e resistina (BASTARD

et al., 2006; HAJER et al., 2008; RASOULI & KERN, 2008; GLEESON et al., 2011).

Adicionalmente, os níveis circulantes de adiponectina, um marcador anti-

inflamatório, demonstraram estar reduzidos na obesidade (SCHUTTE et al, 2010).

Como já bem descrito na literatura, níveis elevados de marcadores inflamatórios são

fortes preditores de risco de doenças cardiometabólicas e mortalidade em pessoas

de meia-idade (ARSENAULT et al., 2009).

Nesse contexto, mudanças nos hábitos de vida e de conduta têm sido

propostas no intuito de minimizar os prejuízos fisiológicos decorrentes dos hábitos

contemporâneos e do avançar da idade. Dentre estas, tem-se observado grande

expansão na aplicação de intervenções de estilo de vida, como a dieta e o exercício

físico, no intuito de combater a inflamação crônica de baixo grau associada à

obesidade. Com relação à dieta, sabe-se que a restrição calórica pode ser

tratamento primário razoável para a redução da inflamação crônica associada à

obesidade (KLEIN et al., 2004; DONNELLY et al., 2009), entretanto, a perda de peso

pela dieta se torna menos efetiva como uma intervenção anti-inflamatória a longo

prazo (JAKICIC & OTTO, 2005).

Por outro lado, a prática regular de exercícios físicos (como o treinamento

aeróbio e o de força) tem sido proposta como promotora de efeitos anti-inflamatórios

no musculo esquelético e no tecido adiposo (BRUUNSGAARD, 2005; GLEESON et

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al., 2011), especialmente em indivíduos que já possuem valores aumentados de

biomarcadores inflamatórios (GLEESON et al., 2011; YOU et al., 2013). Dentre os

mecanismos pelo qual o exercício pode promover efeito anti-inflamatório, incluem-

se: a redução da gordura visceral; aumento da produção e liberação de miocinas

anti-inflamatórias derivadas do músculo esquelético; um efeito no tecido adiposo que

reduz a hipóxia e a inflamação local do tecido adiposo; diminuição sistêmica da

adesão de leucócitos e produção de citocinas por células endoteliais; e um efeito no

sistema imunológico que diminui o número de células pró-inflamatórias e reduz a

produção de citocinas pró-inflamatórias (PETERSEN & PEDERSEN, 2005;

GLEESON et al., 2011; YOU et al., 2013). Entretanto, existem alguns fatores que

podem influenciar os efeitos do treinamento físico na inflamação crônica, tais como o

grau de obesidade e o estado de saúde dos indivíduos antes do início dos

programas de treinamento, tipo de doença pré-existente, duração e regularidade do

treinamento físico (YOU et al., 2013).

Diversos estudos utilizando o treinamento aeróbio ou o treinamento de força

no tratamento da inflamação crônica observaram resultados positivos após o período

experimental (MARCELL et al., 2005; CAMPBELL et al., 2009; DONGES et al., 2010;

ARIKAWA et al., 2011; PHILLIPS et al., 2012). No entanto, posicionamentos e

diretrizes como as do American College of Sports Medicine (HASKELL et al., 2007),

têm proposto programas de treinamento que combinam o treinamento aeróbio e o

treinamento de força, conhecido como treinamento concorrente ou combinado (TC),

a fim de proporcionar os benefícios morfofuncionais respectivos de ambos os

protocolos. Porém, poucos estudos investigaram os efeitos do TC como uma

intervenção terapêutica para o tratamento da inflamação crônica, principalmente

quando associada à obesidade.

Balducci et al. (2010) observaram que o TC proporcionou mais benefícios do

que o treinamento aeróbio ou de força isolados na redução da inflamação em

indivíduos com diabetes do tipo 2. No entanto, 12 semanas de treinamento de força

ou treinamento aeróbio com cargas moderadas não alterou a PCR sérica de homens

e mulheres com diabetes (JORGE et al., 2011). Similarmente, 21 dias de TC não

promoveram efeitos positivos nos marcadores inflamatórios de indivíduos obesos

com diabetes do tipo 2 (LUCOTTI et al, 2011). Essas discrepâncias com relação aos

resultados observados nos estudos anteriores podem estar relacionadas a fatores

como a intensidade do exercício e a duração do treinamento (número de sessões).

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Em estudo prévio de Libardi et al. (2011), homens com sobrepeso na meia-

idade não apresentaram reduções nas concentrações séricas de PCR, TNF-α e IL-6

após 16 semanas de TC de moderada a alta intensidade. Embora a intensidade

utilizada tenha sido de moderada a alta, possivelmente o período relativamente curto

de treinamento (16 semanas), a falta de alteração no peso corporal e/ou composição

corporal (perda de gordura) e o baixo nível de inflamação sistêmica em homens de

meia-idade com sobrepeso, podem explicar, em parte, por que não foram

observadas alterações nos marcadores inflamatórios sistêmicos após o período

experimental. Além disso, não foram encontrados estudos que investigaram os

efeitos do treinamento combinado (sem restrição calórica) na inflamação crônica

subclínica de indivíduos obesos adultos sem nenhuma doença manifesta associada,

justificando assim a necessidade de mais estudos investigando os efeitos do TC na

inflamação crônica subclínica associada à obesidade.

Com base na investigação prévia do TC em homens com sobrepeso na meia-

idade (LIBARDI et al., 2011) e outras que utilizaram o treinamento aeróbio ou de

força de moderada a alta intensidade em indivíduos obesos adultos (CAMPBELL et

al., 2009; ARIKAWA et al., 2011; PHILLIPS et al., 2012), a hipótese do presente

estudo foi que homens obesos de meia-idade poderiam reduzir a inflamação crônica

subclínica e melhorar a força muscular e a aptidão cardiorrespiratória após um

período prolongado (> 16 semanas) de TC de moderada a alta intensidade.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Contexto geral da obesidade e suas implicações na saúde

A população mundial adulta cresce devido a fatores como queda de

mortalidade e fecundidade, melhorias nas práticas sanitárias e avanços nas mais

diversas áreas medicinais. O perfil de morbidade e mortalidade sofreu intensas

modificações, em que ocorreu diminuição e até erradicação de algumas doenças

infectocontagiosas, contudo houve o aumento das doenças crônicas não-

transmissíveis (ACSM, 2007). No entanto, o envelhecimento biológico é

normalmente associado ao aumento progressivo da massa de gordura corporal

(principalmente a gordura visceral) e perda de massa magra, particularmente o

músculo esquelético (sarcopenia) (STRASSER et al., 2012). Bemben et al. (1995)

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observaram que a gordura corporal subcutânea em membros inferiores e superiores

de homens de 20 a 79 anos foram similares em todas as faixas etárias, porém, a

gordura abdominal apresentou aumento significativo com o avanço da idade.

Adicionalmente, estudos relatam aumentos de até 40% na gordura intra-abdominal

após a quinta década de vida (SPIRDUSO et al., 1995; HUNTER et al., 2005).

NG et al. (2014) observaram que o aumento da gordura corporal e a

prevalência da obesidade vem dramaticamente crescendo e atingindo também

grande parte das crianças e adultos por todo o mundo. A organização Mundial de

Saúde estima que mais de 1,9 bilhões de adultos no mundo possuem sobrepeso,

onde destes 600 milhões são obesos (WHO, 2016). Só no Brasil, o quadro atual de

sobrepeso corresponde aproximadamente cerca de 50% da população, onde destes

17,8% são obesos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

O Índice de Massa Corpórea (IMC), calculado pela divisão do peso (kg) pela

estatura (m) ao quadrado (m²), é uma das ferramentas mais simples e úteis para

calcular-se o grau de sobrepeso ou obesidade em que um indivíduo se encontra. Em

adultos, os valores do IMC para a classificação do sobrepeso e da obesidade,

independentemente do sexo e idade, é de 25 a 29,9 para o sobrepeso e ≥30 kg/m2

para a obesidade (WHO, 2016). Ambos são definidos como um acúmulo anormal ou

excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde, no entanto, sabe-se que a

obesidade (IMC ≥30 kg/m2) pode acarretar danos mais severos a ela (NG et al.,

2014; WHO et al., 2016). Esta morbidade se revela com um problema multifatorial, e

dentre os fatores que podem culminar num quadro de obesidade temos: fatores

genéticos; excesso de consumo de macronutrientes, especialmente lipídeos;

balanço positivo entre ingestão de alimentos e gasto energético; inatividade física; e

fatores hormonais (HILLS et al., 2010; SCHWARZ et al., 2011).

A obesidade geralmente está associada ao desenvolvimento da síndrome

metabólica e diversas outras doenças crônicas como dislipidemias, diabetes tipo 2,

doenças cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crônica, diversos tipos de

câncer, depressão, problemas ósteo-articulares, hipertensão arterial, entre outras

(SCHWARZ et al., 2011; THOMAS et al., 2011, GLEESON et al., 2011), e a

inflamação parece estar etiologicamente ligada a patogênese de todas estas

condições (GLEESON et al., 2011).

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2.2. Inflamação crônica subclínica associada à obesidade

Até o final da década de 1940, o tecido adiposo (TA) era caracterizado como

uma forma de tecido conjuntivo que, por acaso, continha gotículas lipídicas e não

tinha nenhuma conexão com o metabolismo do organismo. No entanto, esse

panorama começou a mudar a partir das observações de que esse tecido tinha

papel fundamental na homeostase dos nutrientes, servindo como local de

armazenamento de calorias após a alimentação e fonte de ácidos graxos livres

circulantes durante o jejum (BATHIJA et al., 1979). A partir das descobertas de

fatores séricos derivados do TA como a adipisina, o TNF-α e a leptina em meados

da década de 1980, o TA passou a ser considerado como órgão endócrino central

da homeostase energética (HASLAM & JAMES, 2005). Hoje em dia, temos a noção

de que o TA é um órgão extremamente complexo que exerce papéis importantes

sobre a fisiologia e a fisiopatologia do organismo dos seres humanos (ROSEN &

SPIEGELMAN, 2014).

O TA está presente em diversos segmentos do organismo, no entanto, sua

grande maioria se encontra nos compartimentos subcutâneo e visceral (OUCHI et

al., 2011; ROSEN & SPIEGELMAN, 2014). Quando em condições de obesidade, o

TA se expande nestes e em outros depósitos pelo corpo como o coração, os rins e

túnica adventícia dos vasos sanguíneos (OUCHI et al., 2011). Ademais, o TA é

composto primariamente por adipócitos e pré-adipócitos, macrófagos, células

endoteliais e leucócitos, e pode ser classificado em tecido adiposo branco (TAB) ou

tecido adiposo marrom (TAM), conforme sua localização e especificidade.

Com relação ao TAM, os adipócitos marrons são células altamente

especializadas que dissipam a energia química armazenada sob a forma de calor

por meio da proteína de desacoplamento-1 (UCP-1), uma proteína específica do

TAM localizada na membrana interna das mitocôndrias que desacopla a oxidação de

combustível da síntese de ATP (ROSEN & SPIEGELMAN, 2014; LUO & LIU, 2016).

Por outro lado, o TAB tem como principais funções: Armazenar energia na

forma de lipídeos e auxiliar na mobilização e distribuição de lipídios no organismo;

Atuar como um órgão endócrino e produzir inúmeros fatores bioativos que se

comunicam com outros órgãos e modulam uma série de vias metabólicas (LUO &

LIU, 2016).

Dentre os fatores secretados pelo TAB, incluem-se as adipocinas (que são

citocinas secretadas pelo TA) como a leptina, resistina, adiponectina, apelina,

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visfatina, TNF- α, IL-6, IL-18, inibidor do ativador do plasminogênio (tipo 1) (PAI-1),

proteína quimiotática de monócitos 1 (MCP1), entre outras (OUCHI et al., 2011;

ROSEN & SPIEGELMAN, 2014; LUO & LIU, 2016), as quais podem influenciar

funções importantes da homeostase metabólica como o apetite, balanço energético,

sensibilidade insulínica, angiogênese, inflamação, funções cardiovasculares e o

comportamento e crescimento celular (GLEESON et al., 2011; YOU et al., 2013,

LUO & LIU, 2016) (Figura 1). As ações das adipocinas são mediadas principalmente

pela ligação aos seus respectivos receptores na membrana das células alvo que

desencadeiam vias particulares de sinalização intracelular, onde prejuízos na

biossíntese, secreção e transdução sinalizadora dessas proteínas estão associados

ao desenvolvimento da obesidade e seus distúrbios relacionados (LUO & LIU, 2016).

Figura 1. Funções fisiológicas das adipocinas. Adipocinas, as citocinas derivadas do tecido adiposo, atuam

para regular a sensibilidade à insulina, inflamação, função cardiovascular, comportamento e crescimento celular, resultando no

desenvolvimento de doenças metabólicas induzidas pela obesidade. FGF21 – Fator de crescimento de fibroblastos 21; PAI – 1

- inibidor do ativador do plasminogênio (tipo 1); MCP1 - proteína quimiotática de monócitos 1. Adaptado de Luo & Liu (2016).

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Adicionalmente, à medida que o TAB passa a estocar mais triglicerídeos, seja

pelo excesso de ingestão calórica e/ou pelo baixo gasto energético decorrentes da

inatividade física, os adipócitos presentes no TAB passam a aumentar de tamanho

(hipertrofia) e/ou número (hiperplasia). Este aumento no TAB, principalmente pela

hipertrofia dos adipócitos, leva ao desajuste nas diversas funções metabólicas

relacionadas a esse tecido, desencadeando alterações que incluem hipóxia,

disfunção endotelial, inflamação e morte celular (OUCHI et al., 2011; ROSEN &

SPIEGELMAN, 2014) (Figura 2). Essas alterações que ocorrem no TAB estão

associadas a aumentos no recrutamento de células inflamatórias e na produção e

liberação de adipocinas pró-inflamatórias nos adipócitos como a IL-6, IL-18, TNF-α,

leptina, resistina, entre outras, gerando assim uma inflamação crônica local no tecido

adiposo (BASTARD et al., 2006; HAJER et al., 2008; RASOULI & KERN, 2008;

OUCHI et al., 2011; GLEESON et al., 2011) (Figura 2). Consequentemente, o

aumento dos níveis circulantes de IL-6 passa a estimular a produção e liberação

hepática da PCR, aumentando os níveis séricos desse marcador inflamatório de fase

aguda e gerando assim um estado inflamatório crônico sistêmico no organismo

(PETERSEN & PEDERSEN, 2005).

Concomitante a essas alterações, observam-se alterações nos subtipos de

macrófagos e células T presentes no TAB de obesos. Com relação aos macrófagos,

indivíduos obesos tendem a expressar um fenótipo “M1 ou classicamente ativados”,

enquanto os macrófagos em indivíduos magros tendem a expressar um fenótipo “M2

ou alternativamente ativados”. Funcionalmente, os macrófagos M1 são associados à

produção de citocinas pró-inflamatórias que estimulam/potencializam a inflamação e

os macrófagos M2 são associados à reparação de tecidos lesados e à resolução da

inflamação (GORDON, 2003; OUCHI et al., 2011; ROSEN & SPIEGELMAN, 2014).

Por isso, tem sido sugerido que macrófagos M1 promovem a resistência à insulina e

macrófagos M2 protegem contra a resistência à insulina induzida pela obesidade

(ODEGAARD & CHAWLA, 2011; OUCHI et al., 2011) (Figura 2).

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Figura 2. Modulação fenotípica do tecido adiposo. O tecido adiposo pode ser descrito por pelo menos três

classificações funcionais e estruturais: Magro com função metabólica normal, Obeso com disfunção metabólica parcial e Obeso

com disfunção metabólica total. À medida que a obesidade se desenvolve, os adipócitos sofrem hipertrofia devido ao aumento

do armazenamento de triglicerídeos. Com obesidade limitada, é provável que o tecido retenha uma função metabólica

relativamente normal, tenha baixos níveis de ativação das células imunitárias e uma função vascular suficiente. Contudo,

alterações qualitativas no tecido adiposo em expansão podem promover a transição para um fenótipo metabolicamente

disfuncional. Os macrófagos no tecido adiposo magro expressam marcadores de um estado “M2 ou alternativamente ativados”,

enquanto que a obesidade leva ao recrutamento e acúmulo de macrófagos “M1 ou ativados de forma clássica”, bem como

células T, no tecido adiposo. Adipocinas anti-inflamatórias, incluindo a adiponectina e a proteína secretada relacionada a

frizzled – 5 (SFPR5), são produzidas preferencialmente pelo tecido adiposo magro. Em estados de obesidade, o tecido adiposo

gera grandes quantidades de fatores pró-inflamatórios incluindo a leptina, resistina, proteína de ligação ao retinol – 4 (RPB4),

lipocalina 2, proteína 2 semelhante à angiopoietina (ANGPTL2), fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-6 (IL-6), IL-18,

quimiocina-CC ligante 2 (CCL2), quimiocina-CXC ligante 5 (CXCL5) e Nicotinamida fosforibosiltransferase (NAMPT). Indivíduos

obesos com tecido adiposo em estado de disfunção metabólica intermediária possuem melhores parâmetros metabólicos,

menor expressão dos marcadores inflamatórios e melhor função vascular em comparação aos indivíduos com tecido adiposo

em estado de disfunção metabólica total. O tecido adiposo metabolicamente disfuncional pode estar associado a níveis mais

elevados de necrose dos adipócitos, e os macrófagos M1 estão dispostos em torno destas células mortas em estruturas tipo

coroa. Adaptado de Ouchi et al. (2011).

Nesse contexto, a obesidade por si só, na ausência de doença manifesta, é

frequentemente acompanhada por uma inflamação sistêmica subclínica marcada

pelo aumento dos níveis circulantes de marcadores inflamatórios como a

interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral -α (TNF-α), proteína C-reativa (PCR),

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leptina e resistina (BASTARD et al., 2006; HAJER et al., 2008; RASOULI & KERN,

2008; GLEESON et al., 2011).

Como já bem descrito na literatura, níveis elevados de marcadores

inflamatórios são fortes preditores de risco de doenças cardiometabólicas e

mortalidade em pessoas de meia-idade (ARSENAULT et al., 2009). Assim,

mudanças nos hábitos e no estilo de vida, como a prática regular de exercícios

físicos, têm sido amplamente propostos e estudados no intuito de combater a

inflamação crônica de baixo grau associada à obesidade.

2.3. Papel anti-inflamatório do exercício físico e sua contribuição no combate

à obesidade

Atualmente, a inatividade física é considerada um dos principais fatores de

risco associados à mortalidade global e estima-se que indivíduos inativos

fisicamente possuem 20% a 30% maiores chances de óbito quando comparados a

indivíduos fisicamente ativos (WHO, 2010). O estilo de vida sedentário associado à

falta de exercícios físicos são considerados fatores-chave para o desenvolvimento

da obesidade, além de distúrbios cardiometabólicos como inflamação crônica,

diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares (NOCOM et al., 2008).

Por outro lado, a prática regular de exercícios físicos físico esta associada a

inúmeros benefícios na saúde física e mental de homens e mulheres, diminuindo

praticamente todas as causas de mortalidade (ACSM, 2011). Evidências têm

demonstrado que o exercício físico regular reduz o risco de doença coronariana e

acidente vascular cerebral, diabetes, hipertensão, câncer de cólon, câncer de mama

e depressão (WHO, 2002; 2007; 2010; 2016; GLEESON et al., 2011). Nesse sentido,

o engajamento e a regularidade em programas de treinamento físico têm sido

amplamente utilizados como uma estratégia terapêutica não farmacológica tanto

para a promoção e manutenção da saúde quanto prevenção e tratamento de várias

doenças (ACSM, 2007; WHO, 2010; GLEESON et al., 2011).

Adicionalmente, o treinamento físico aumenta o gasto energético e utiliza,

como substrato na produção de energia, parte da gordura corporal que, de outra

forma, se acumularia em indivíduos que consomem mais energia do que necessário

na dieta, reduzindo assim o risco no desenvolvimento da obesidade e adiposidade

excessiva (GLEESON et al., 2011). Além disso, promove a saúde cardiovascular ao

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melhorar o perfil lipídico do sangue, diminuindo as concentrações dos triglicerídeos

plasmáticos e partículas de colesterol de baixa densidade (LDL) e aumentando a

concentração do colesterol de alta densidade (HDL) (KRAUS et al., 2002).

Concomitante, inúmeras evidências têm sugerido que o efeito protetor de um

estilo de vida fisicamente ativo no combate às doenças associadas à inflamação

crônica (como no caso da obesidade) são atribuídos aos efeitos anti-inflamatórios do

exercício físico (BRUUNSGAARD, 2005; PETERSEN & PEDERSEN, 2005;

GLEESON et al., 2011; YOU et al., 2013), cujos efeitos parecem ser mais

evidenciados em indivíduos que já possuem valores aumentados de biomarcadores

inflamatórios (GLEESON et al., 2011; YOU et al., 2013). Dentre os mecanismos pelo

qual o exercício pode promover efeito anti-inflamatório, incluem-se: a redução do TA,

principalmente o TA visceral; aumento da produção e liberação de citocinas anti-

inflamatórias derivadas do músculo esquelético (miocinas); um efeito no tecido

adiposo que reduz a hipóxia e a inflamação local do tecido adiposo; diminuição

sistêmica da adesão de leucócitos e produção de citocinas por células endoteliais; e

um efeito no sistema imunológico que diminui o número de células pró-inflamatórias

e reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias (PETERSEN & PEDERSEN, 2005;

GLEESON et al., 2011; YOU et al., 2013) (Figura 3). Entretanto, fatores como o grau

de obesidade, estado de saúde dos indivíduos antes do início dos programas de

treinamento, tipo de doença pré-existente, duração e regularidade do treinamento

físico podem influenciar os efeitos do treinamento físico na inflamação crônica, (YOU

et al., 2013).

Dentre os meios e métodos de treinamento físico, o treinamento de força e o

treinamento aeróbio são estratégias bastante utilizadas e recomendadas (HASKELL

et al., 2007; ACSM, 2011), principalmente para indivíduos na meia-idade e idosos no

intuito de minimizar as mudanças fisiológicas decorrentes do processo de

envelhecimento. Especificamente, o treinamento de força promove aumentos de

massa muscular esquelética, agilidade e força, contribuindo assim na melhora das

capacidades funcionais do indivíduo. Por outro lado, o treinamento aeróbio promove

maior gasto energético durante as sessões e contribui no aumento da capacidade e

potência aeróbia (TANAKA, SWENSEN, 1998, ACSM, 2007; FOSCHINI et al., 2007;

HASKELL et al., 2007; SCHWAB, KLEIN, 2008; SOUZA et al., 2008; HÄKKINEN et

al., 2008; ACSM, 2011).

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Figura 3. Possíveis mecanismos que contribuem para o efeito anti-inflamatório do exercício. A

ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal e do sistema nervoso simpático leva à liberação de cortisol e adrenalina do

córtex adrenal e medula, respectivamente. Esses hormônios inibem a liberação do TNF por monócitos. A IL-6 produzida pela

contração do músculo esquelético também regula negativamente a produção de TNF pelos monócitos e pode estimular ainda

mais a liberação de cortisol. Elevações agudas na IL-6 estimulam a liberação de IL-1RA de monócitos e macrófagos,

aumentando assim os níveis circulantes dessa citocina anti-inflamatória. O treinamento físico mobiliza células T (Treg), que são

uma das maiores fontes de produção da citocina anti-inflamatória IL-10, e diminui a proporção de monócitos inflamatórios

(CD14low

CD16+) comparado aos monócitos clássicos (CD14hiCD16-). Após o exercício, monócitos CD14

hiCD16- expressam

receptores Toll-like 4 (TLR4) e assim induzem uma redução na resposta inflamatória marcada pelos baixos níveis de citocinas

pró-inflamatórias e diminuição na infiltração do tecido adiposo. O exercício também aumenta as concentrações plasmáticas das

principais quimiocinas inflamatórias das células; elevações sucessivas dessas quimiocinas podem levar a uma regulação

negativa de seus receptores, resultando numa infiltração no tecido adiposo reduzida. Reduções na massa do tecido adiposo e

no tamanho do adipócito, atrelada à infiltração diminuída de macrófagos e à mudança de um fenótipo M1 para M2 nos

macrófagos podem contribuir para na redução da liberação de citocinas pró-inflamatórias (como IL-6 e TNF) e aumentar a

liberação de citocinas anti-inflamatórias (como adiponectina e IL-10) do tecido adiposo. Adaptado de Gleeson et al. (2011).

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Adicionalmente, resultados interessantes no tratamento da inflamação crônica

foram observados após períodos de treinamento aeróbio ou treinamento de força

(MARCELL et al., 2005; CAMPBELL et al., 2009; DONGES et al., 2010; ARIKAWA et

al., 2011; PHILLIPS et al., 2012). Com relação ao treinamento aeróbio, Marcell et al.

(2005) verificaram que um protocolo de treinamento aeróbio de moderada a alta

intensidade realizado por 16 semanas aumentou as concentrações séricas de

adiponectina e diminuiu a PCR sérica em pacientes diabéticos com sobrepeso. Do

mesmo modo, Arikawa et al. 2011 observaram em seu estudo que 16 semanas de

treinamento aeróbio à 65% – 85% da frequência cardíaca máxima prevista para a

idade reduziram os níveis séricos de PCR em mulheres jovens, especialmente nas

que eram obesas. Ainda, um protocolo de treinamento aeróbio de moderada

intensidade realizado por 12 meses reduziu a PCR de mulheres obesas (CAMPBELL

et al., 2009). Já em relação ao treinamento de força, 12 semanas de treinamento de

força de moderada a alta intensidade diminuíram as concentrações séricas de PCR,

leptina e TNF-α em mulheres obesas (PHILLIPS et al., 2012). Concomitante, Donges

et al. (2010) verificaram que 10 semanas de treinamento de força a 75% de 1RM

reduziram os níveis de PCR em indivíduos com sobrepeso após o período

experimental.

Diretrizes como as do American College of Sports Medicine (HASKELL et al.,

2007) tem proposto programas de treinamento que combinam o treinamento aeróbio

e o treinamento de força, conhecido como treinamento concorrente ou combinado

(TC), a fim de proporcionar os benefícios morfofuncionais respectivos de ambos os

protocolos. De fato, o estudo de Libardi et al. (2012) verificou que os ganhos de

aptidão cardiorrespiratória e força máxima após 16 semanas de TC em adultos com

sobrepeso na meia-idade foram semelhantes quando comparados aos protocolos de

treinamento de força ou treinamento aeróbio isolados, reforçando assim o uso do TC

como uma interessante metodologia de treinamento. Entretanto, poucos são os

estudos que investigaram os efeitos do TC no tratamento da inflamação crônica,

principalmente quando associada à obesidade, e as respostas observadas após os

períodos de treinamento são controversas.

Em jovens, Lopes et al. (2016) verificaram que 12 semanas de TC de

moderada a alta intensidade diminuiu a PCR, a leptina e a gordura corporal e

melhorou parâmetros de força e aptidão cardiorrespiratória de adolescentes obesos,

mesmo sem intervenção de dieta. Em adultos, Balducci et al. (2010) verificaram que

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um protocolo de TC de alta intensidade realizado por um período prolongado

proporcionou mais benefícios do que o treinamento aeróbio ou de força isolados na

redução dos marcadores inflamatórios associados à inflamação em indivíduos com

diabetes do tipo 2. Por outro lado, no estudo de Jorge et al. (2011), os autores não

observaram mudanças nas concentrações séricas de PCR de homens e mulheres

com diabetes após 12 semanas de treinamento de força ou treinamento aeróbio com

cargas moderadas. Similarmente, 21 dias de TC não promoveram efeitos positivos

nos marcadores inflamatórios de indivíduos obesos com diabetes do tipo 2

(LUCOTTI et al, 2011). No estudo de Libardi et al. (2011), homens com sobrepeso

na meia-idade não apresentaram reduções nas concentrações séricas de PCR,

TNF-α e IL-6 após 16 semanas de TC de moderada a alta intensidade.

Essa controvérsia nos resultados dos estudos anteriores pode estar

relacionada a fatores como: a intensidade do exercício e a duração do treinamento

(número de sessões); período relativamente curto de treinamento (16 semanas);

falta de alteração no peso corporal e/ou composição corporal (perda de gordura); e o

baixo nível de inflamação sistêmica em homens de meia-idade com sobrepeso.

Nesse sentido, mais estudos envolvendo indivíduos que já possuem marcadores

inflamatórios aumentados e protocolos prolongados (> 16 semanas) de TC de

moderada a alta intensidade são necessários no intuito de verificar os possíveis

efeitos anti-inflamatórios advindos do TC.

3. OBJETIVO

3.1. Geral

Este estudo teve como objetivo verificar as respostas pró e anti-inflamatórias

e morfofuncionais decorrentes do TC (aeróbio associado ao de força) em homens

obesos de meia-idade durante 24 semanas.

3.2. Específico

Este estudo teve como objetivos específicos:

Verificar se alterações nos marcadores inflamatórios relacionados à

obesidade (IL-6, IL-10, IL-15, TNF-α, adiponectina, resistina, leptina e PCR)

estavam ligadas a programas de treinamento superiores a 16 semanas;

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Verificar possíveis correlações entre gordura corporal e biomarcadores pró e

anti-inflamatórios.

4. METODOLOGIA

4.1. Casuística e Desenho experimental

O projeto foi submetido e aprovado (07/12/2011) no Comitê de Ética em

Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP (parecer n° 1278/2011)

(Anexo 2).

A divulgação do projeto procedeu-se por folders, cartazes nas portarias da

universidade, via internet, anúncio em jornais da cidade, visitas a locais como postos

de saúde e praças públicas. Como critérios de inclusão, os sujeitos deveriam ser do

sexo masculino, ter hábito de vida não-ativo (frequência de atividade física regular

menor que duas sessões por semana) (FLORINDO; LATORRE, 2003), não ter

participado regularmente de nenhum programa de treinamento ao longo dos últimos

12 meses precedentes ao início do experimento e possuir índice de massa corpórea

(IMC) dentro da faixa de 30 - 34,9 kg/m2.

Inicialmente, 269 pessoas foram triadas, sendo que 184 foram excluídas

ainda na entrevista inicial (anamnese) por não atenderem os critérios de inclusão ou

ainda por relatarem alguma característica enquadrada nos critérios de exclusão

(Figura 4). Com relação aos critérios de exclusão, foram excluídos os voluntários

que apresentassem na avaliação clínica (exame físico geral, cardiológico e

ergometria) e/ou nos exames laboratoriais qualquer patologia ou outros

complicadores que poderiam ser fatores de risco ou impedimento para a prática

regular de atividade física proposta, tais como: doença arterial coronariana,

hipertensão arterial severa, diabetes mellitus (insulina-dependente), doença

pulmonar obstrutiva crônica, doenças ósteo-articulares limitantes, ou que estivesse

utilizando qualquer medicação que pudesse interferir nas respostas fisiológicas aos

testes ou ao treino.

Dos 85 indivíduos que foram selecionados, 54 indivíduos foram aprovados na

avaliação clínica inicial e teste ergométrico e puderam dar sequencia as avaliações,

sendo aleatoriamente distribuídos em grupo controle (GC; n= 27) e grupo

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Treinamento Combinado (TC; n= 27). Como critérios de descontinuidade, foram

adotados: a) a falta de motivação ou indisponibilidade do voluntário em frequentar as

sessões de treinamento; b) frequência às sessões de treinamento inferior a 85%

e/ou mais que três faltas consecutivas; c) demais riscos aos voluntários que

pudessem vir a ocorrer, mesmo após a liberação clínica; d) desistência voluntária ao

estudo. Neste contexto, 17 voluntários do grupo CT e 13 voluntários do grupo CG

finalizaram voluntariamente o período experimental (Figura 4).

Figura 4. Esquematização do processo de divulgação e triagem até a finalização dos grupos

Todos os participantes foram informados sobre a importância em manter os

mesmos hábitos alimentares por todo o estudo, entretanto, nenhuma intervenção

alimentar foi realizada durante o período experimental. Todos os sujeitos foram

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informados sobre os objetivos e riscos do projeto antes de assinarem o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo 1).

A composição corporal, a avaliação cardiorrespiratória, os testes de força

(1RM), a avaliação nutricional e coletas sanguíneas para determinação das

concentrações séricas da IL-6, IL-10, IL-15, TNF-α, adiponectina, resistina, leptina e

PCR foram realizadas antes (M1) e após 8 (M2), 16 (M3) e 24 (M4) semanas do

período experimental (Figura 5). Enquanto que as dosagens séricas de insulina,

glicemia e o HOMA-IR (homeostasis model assessment) foram realizadas antes

(M1) e após (M4) o período experimental.

Figura 5. Desenho Experimental

4.2. Avaliação clínica inicial

A avaliação clínica inicial foi realizada por médico cardiologista, sendo

constituída de anamnese e um teste de esforço de acordo com a III Diretrizes da

Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico (MENEGHELO et al.,

2010), tendo o objetivo de diagnosticar e afastar a possibilidade da ocorrência de

eventos cardíacos durante o treinamento físico proposto.

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O teste ergométrico foi realizado em esteira rolante utilizando-se o protocolo

de Bruce et al. (1963), no qual o incremento de carga foi realizado com aumento de

velocidade e inclinação da esteira até a exaustão voluntária. Somente os voluntários

que apresentaram respostas fisiológicas normais das variáveis ao teste de esforço

foram aprovados para participação no projeto. Dos 85 indivíduos selecionados, 31

foram excluídos por apresentarem respostas que impediam a participação no

estudo. Dentre essas: resposta hipertensiva da pressão arterial, resposta compatível

com isquemia, arritmias cardíacas, alterações da ausculta cardíaca-pulmonar, entre

outras.

4.3. Antropometria e composição corporal

A massa corporal foi aferida em balança (FilizolaTM, São Paulo, Brasil) com

resolução de 0,1 kg e a estatura foi obtida por um estadiômetro de madeira

(resolução de 0,1 cm), e assim tiveram seu IMC calculado (kg/m2). Após, foi

realizada a medida da circunferência da cintura no ponto médio entre a ultima

costela e a crista ilíaca com uma fita inelástica com resolução de 0,1 cm. Todos os

indivíduos foram avaliados pelo mesmo avaliador e com vestimentas adequadas.

A composição corporal foi avaliada pela técnica de espessura do tecido

celular subcutâneo, sendo aferidas as seguintes dobras cutâneas: abdominal,

suprailíaca, axilar-média, subescapular, tricipital, bicipital, peitoral, perna e coxa

mediais. As medidas foram realizadas por um único avaliador experiente com um

adipômetro científico (Lange, Cambridge Scientific Industries, Cambridge, MD, EUA)

(SLAUGHTER et al., 1984). A gordura corporal relativa (% gordura) foi calculada

(SIRI, 1993) a partir da estimativa da densidade corporal (JACKSON, POLLOCK,

1978).

4.4. Avaliação nutricional

Três registros alimentares (RA) foram entregues aos voluntários por

nutricionistas treinados que os instruíram individualmente a preencherem estes com

o auxílio de um modelo de RA e modelo fotográfico de medidas caseira. Foi

solicitado que informassem todos os alimentos e bebidas ingeridas durante os dias

estabelecidos, dias diferentes e não consecutivos (dois dias de semana e um dia de

final de semana).

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No ato do recebimento dos RA preenchidos após uma semana da data

solicitada, a equipe de nutricionistas verificou, com a presença do voluntário, se o

preenchimento foi ou não satisfatório para que as informações de consumo

pudessem ser recopiladas com maior precisão. Os RA foram analisados pelo

programa informático Dietpro versão 5i. A avaliação do consumo alimentar foi

realizada a partir da média dos dados dos três RA preenchidos.

4.5. Coletas de sangue

Amostras de sangue (~20ml) foram obtidas por punção venosa em tubos a

vácuo seco e com anticoagulante (EDTA) em todos os momentos de avaliação,

sempre no mesmo horário (entre 7:00h e 9:00h da manhã) e após período de

abstinência de exercício superior a 72 horas e jejum de 12 horas. Estas foram

coletadas, processadas e centrifugadas para a obtenção do plasma e o soro,

estocando-os em biofreezer -80º C e posteriormente realizando as análises

bioquímicas.

4.6. Dosagens de resistência à insulina

As dosagens séricas de insulina foram determinadas em duplicata pelo

método de quimiluminescência por meio da utilização de kits (Roche Diagnostics,

Burgess Hill, West Sussex, UK) e analisador bioquímico automático (ARCHITECT

i2000 SR, Abbot Diagnostics, Illinois, USA). As concentrações séricas de glicose

foram realizadas por um analisador automático (Technicon RA 1000 Chemistry

Analyzer) com a utilização de kits comerciais (LABORLAB, São Paulo, Brazil). A

resistência à insulina em jejum foi determinada pelo HOMA-IR (homeostasis model

assessment) sendo calculada com a utilização dos valores basais da insulina e da

glicose em jejum pela fórmula: HOMA-IR = (insulina x glicose)/22,5 (MATTHEWS et

al., 1985). As unidades de medidas para a insulina e glicose são microunidades por

mililitro e milimol por litro, respectivamente.

4.7. Análise dos marcadores pró- e anti-inflamatórios

As concentrações séricas de IL-6, IL-10, IL-15, TNF-α, PCR, leptina,

adiponectina e resistina foram determinadas pelo método ELISA (enzyme-linked

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immunosorbent assay) de acordo com as especificações dos kits de alta

sensibilidade (R&D Systems, Minneapolis, USA). O coeficiente de variação pela- e

entre- as amostras e a sensibilidade foram:

→ 7,4%, 6,5% e 0,039 pg/mL para a IL-6;

→ 4,6%, 7,8% e 0,09 pg/mL para a IL-10;

→ 3,4%, 6,6% e 2 pg/mL para a IL-15;

→ 3,1%, 7,2% e 0,106 pg/mL para o TNF-α;

→ 3,8%, 6,0% e 0,010 ng/mL para o PCR;

→ 3,0%, 3,5% e 7,8 pg/mL para a leptina;

→ 2,8%, 5,9% e 0,246 ng/ml para a adiponectina;

→ 3,8%, 7,8% e 0,026 ng/mL para a resistina.

4.8. Avaliação da força muscular

Previamente ao início do estudo foi empregado um protocolo de familiarização

na tentativa de reduzir os efeitos da aprendizagem dos testes dos dois exercícios

utilizados no teste de uma repetição máxima (1RM). Todos os sujeitos do grupo

experimental foram testados, em situação semelhante ao protocolo adotado, em

duas sessões distintas intervaladas por período de 48 horas de descanso. Para

determinação dos resultados dos testes de 1RM de ambos os exercícios utilizados

no momento inicial utilizou-se o valor da maior carga obtida após o teste e re-teste.

Para a avaliação da força muscular de membros inferiores e membros

superiores, utilizou-se o teste de 1-RM de acordo com as descrições de Brown et al.

(2001), utilizando dois exercícios que fizeram parte dos programas de treinamento. A

ordem de execução dos exercícios testados foi: supino reto em banco horizontal e

leg press 45º. O intervalo entre os exercícios foi de três minutos.

4.9. Avaliação cardiorrespiratória

Este teste foi realizado seguindo as descrições de Libardi et al. (2011) em

todos os momentos de avaliação do estudo, a fim de ajustar a intensidade de

exercício aeróbio realizado no grupo TC e verificar os efeitos do treino nesta

variável.

Para esta avaliação os voluntários executaram um protocolo de esforço em

esteira ergométrica (Quinton, modelo TM55, EUA), com coleta contínua dos gases

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expirados respiração a respiração (CPX Ultima, Medgraphics, EUA). O protocolo

consistiu em uma velocidade inicial de aquecimento de 4km/h por 2 minutos,

seguidos de acréscimos de 0,3km/h a cada 30 s, com uma inclinação constante de

1% (JONES & DOUST, 1996) até a exaustão física. Em seguida foi realizado um

período de 4 minutos de recuperação sendo o primeiro minuto a 5 km/h, reduzindo-

se 1km/h a cada minuto. Para a aquisição da frequência cardíaca utilizou-se uma

interface (CPX Ultima, Medgraphics, EUA). A pressão arterial foi medida pelo

método auscultatório (manômetro de coluna de mercúrio), na posição em pé na

esteira ergométrica no pré e pós-esforço máximo atingido, com um minuto de

recuperação. A escala de Percepção Subjetiva do Esforço (Escala de Borg) foi

aplicada a cada minuto durante o teste para obtenção da sensação subjetiva do

esforço executado à medida que a carga de trabalho aumentava.

O consumo de oxigênio pico (VO2pico) foi determinado pela média dos últimos

30 segundos precedentes a exaustão (HEUBERT et al., 2005), a ventilação (VE),

frequência cardíaca (FC) e velocidade atingidos na exaustão física, bem como os

valores correspondentes ao limiar ventilatório (LV), detectado como o primeiro ponto

de inflexão das curvas de produção de CO2 (VCO2) e da ventilação (VE), ou seja,

onde ocorreu a perda da linearidade destas variáveis em relação ao incremento

linear do consumo de oxigênio (VO2) (WASSERMAN et al., 1973). O ponto de

compensação respiratória (RCP) foi identificado em duplicata mediante o uso do

equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2), equivalente ventilatório de dióxido de

carbono (VE/VCO2), considerando o aumento abrupto do VE/VCO2, de acordo com

os critérios propostos por McLellan (1985).

4.10. Protocolo de treinamento combinado

O protocolo de TC foi composto pela realização do treinamento de força e o

treinamento aeróbio na mesma sessão, divididos em três etapas (E1, E2 e E3), cada

qual com oito semanas de duração.

Na E1 os participantes realizaram o treinamento de força utilizando uma

periodização linear com seis exercícios (Leg press, Extensão do joelho, Flexão do

joelho, Supino reto, Puxador alto, Rosca direta), aplicados com 3 séries de 10

repetições e descanso de 1 minuto entre as séries (ACSM, 2009). A ordenação dos

exercícios foi alternada por segmento nessa fase. Em seguida, os participantes se

deslocavam para a pista de atletismo e realizavam 30 minutos de treinamento

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aeróbio, com exercícios de caminhada ou corrida com variação da intensidade,

sendo 5 minutos abaixo do LV, 10 minutos no LV, 10 minutos acima do LV e abaixo

do RCP, 5 minutos abaixo do LV, intensidades correspondentes a 50-85% VO2max

(ACSM, 1998).

Na E2, a sessão de treinamento de força foi realizada com os mesmos

exercícios e séries da E1, porém, com 8 repetições e pausa de 1 minuto e 30

segundos entre as séries (ACSM, 2009). Nessa etapa a ordenação dos exercícios foi

realizada por articulação. Para o treinamento aerobio, ajustes nas zonas de

intensidade de treinamento e no tempo de permanência em cada uma delas foram

realizadas, sendo assim prescritas com 5 minutos abaixo do LV, 10 minutos acima

do LV e abaixo do RCP, 10 minutos no RCP e 5 minutos abaixo do LV.

Na E3, as sessões de treinamento de força continuaram com os mesmos

exercícios das etapas anteriores, entretanto, realizadas com 6 repetições e

descanso de 1 minuto e 30 segundos entre as séries. Nessa etapa a ordenação dos

exercícios foi estrutural, em que se priorizou a execução de grupos musculares

maiores e grupos menores posteriormente. Para o treinamento aeróbio, a prescrição

utilizada foi: 3 minutos no LV, 12 minutos acima do LV e abaixo do RCP, 10 minutos

no RCP, 5 minutos no LV.

Nas três etapas do TC a duração total das sessões foi de aproximadamente

60 minutos. Em ambas as sessões, o voluntário realizava o protocolo de treinamento

de força e na sequencia se deslocava até a pista de atletismo para a realização do

protocolo de treinamento aeróbio. A intensidade do treinamento aeróbio foi

determinada pela velocidade de corrida encontrada no ponto do LV e RCP durante o

teste cardiorrespiratório, uma vez que o mesmo foi realizado em esteira com

inclinação de 1% para reproduzir as condições de treinamento na pista de atletismo

(JONES, DOUST, 1996). Ainda, reajustes semanais nas cargas utilizadas no

treinamento de força foram mediados com a aplicação de testes de repetições

máximas na ultima sessão de cada semana, e em todas as etapas as cargas de

treinamento foram aplicadas com aproximadamente 70 a 85% do 1RM determinado

durante os momentos de avaliação. Com esse procedimento, buscou-se manter um

aumento progressivo da sobrecarga do treinamento durante todas as semanas do

estudo.

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4.11. Análises estatísticas

Inicialmente, os dados foram organizados de acordo com grupos (TC vs. GC)

e momentos (M1, M2, M3 e M4). Em seguida, a distribuição dos dados foi testada

com o teste de Shapiro-Wilk. Para verificar diferenças entre os grupos no momento

inicial (M1) utilizou-se o teste t-student não pareado. Para verificar as diferenças

entre os grupos, momentos e grupos*momentos utilizou-se a analise de variância

(Modelo Misto) para medidas repetidas, na qual grupos e momentos foram

considerados fatores fixos e sujeitos fatores randômicos. Quando uma interação

grupos*momentos foi apontada, aplicou-se o teste post-hoc de Tukey. Para verificar

a existência de associações entre os valores iniciais das citocinas analisadas e a

magnitude de mudança pré - pós intervenção destas citocinas realizamos analise de

correlações entre os valores de concentração pré intervenção e o delta percentual

de mudança (∆%) das concentrações para cada citocina. Enquanto que para

verificar a existência de associações entre as mudanças do perfil inflamatório e as

mudanças das demais variáveis do estudo, realizamos analise de correlações entre

o ∆% da PCR, marcador inflamatória com significado clinico (Pearson et al., 2003), e

o ∆% das demais variáveis do estudo. Da mesma forma, foram realizadas as

análises de correlações entre o ∆% do HOMA com o ∆% das demais variáveis do

estudo. Todas as análises de correlações foram realizadas pelo teste de correlação

de Pearson com os dados do grupo TC. O nível de significância utilizado foi de p <

0,05. Para todas as analises o software utilizado foi o SAS® 9.3 (SAS Institute Inc.,

Campus Drive, Cary, North Carolina, USA). Todos os resultados estão apresentados

por meio dos valores das médias ± EP.

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5. RESULTADOS

Todos os resultados apresentados foram publicados no periódico científico

internacional “Medicine & Science in Sports & Exercise” (Brunelli et al., 2015; Anexo

3).

O test t-Student revelou não haver diferenças significantes entre os grupos no

M1 para todas as variáveis estudadas (p <0,05).

A tabela 1 apresenta os resultados dos testes de antropometria, aptidão

cardiorrespiratória (VO2pico) e de força muscular (1RM). Foram observados

diminuições na porcentagem de gordura para o TC no M2 (p=0,0021), M3

(p=0,0001) e M4 (p=0,0001) em comparação ao M1, e em M4 (p=0,0125) quando

comparado ao M2. Além disso, a massa livre de gordura apresentou aumento

significante para o TC em M2 (p=0,0021), M3 (p=0,0001) e M4 (p=0,0001) quando

comparados ao M1, e em M4 (p=0,0125) quando comparado ao M2. Não foram

observadas alterações significantes para a circunferência de cintura, peso corporal e

IMC nos momentos avaliados em ambos os grupos (p < 0,05).

Com relação à aptidão cardiorrespiratória, foram observados aumentos

significantes no VO2pico do TC em M2 (p=0,0096), M3 (p=0,0091) e M4 (p=0,0035)

quando comparados ao M1, e do GC em M3 (p=0,0001) comparado ao M2.

Adicionalmente, os testes de post hoc demonstraram aumentos significantes

no 1RM do supino reto para o TC em M2 (p=0,0051), M3 (p=0,0001) e M4

(p=0,0001) comparados ao M1, em M3 (p=0.0004) e M4 (p=0.0001) comparados ao

M2, e em M4 (p=0,0085) comparado ao M3. Ainda, foi observada uma redução no

1RM do supino reto do GC em M2 (p=0,0277), M3 (p=0,0063) e M4 (p=0,0041)

quando comparados ao M1. Além disso, uma diferença significante entre os grupos

no 1RM do supino reto foi observada no M4 (p=0,0195). Já com relação ao 1RM do

leg press, foram observados aumentos significantes para o TC em M3 (p=0,0001) e

M4 (p=0,0001) comparados ao M1, e em M4 (p=0,0401) comparado ao M2.

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Tabela 1. Antropometria, aptidão cardiorrespiratória e força máxima durante todo o período experimental

TC GC

Variável M1 M2 M3 M4 M1 M2 M3 M4

Idade (anos) 49,29 ± 1,31 - - - 48,0 ± 1,72 - - -

Altura (m) 1,74 ± 0,01 - - - 1,75 ± 0,03 - - -

Peso (kg) 93,54 ± 1,64 93,65 ± 1,65 92,83 ± 1,69 92,69 ± 1,85 94,84 ± 3,06 92,76 ± 2,72 94,94 ± 2,88 95,02 ± 3,04

IMC (kg/m2) 30,95 ± 0,40 30,98 ± 0,38 30,70 ± 0,39 30,65 ± 0,40 31,01 ± 0,42 30,66 ± 0,42 31,07 ± 0,46 31,09 ± 0,52

Massa de gordura (%) 35,96 ± 1,40 32,02 ± 1,66 a

31,30 ± 1,71 a

28,59 ± 1,63 a,b

32,35 ± 1,75 31,77 ± 1,53 30,57 ± 1,68 31,10 ± 1,80

Massa livre de gordura (%) 64,04 ± 1,40 67,98 ± 1,66 a

68,70 ± 1,71 a

71,41 ± 1,63 a,b

67,65 ± 1,75 68,23 ± 1,53 69,43 ± 1,68 68,90 ± 1,80

CC (cm) 103,04 ± 1,28 102,45 ± 1,27 101,52 ± 1,47 100,74 ± 1,35

101,82 ± 1,25 103,05 ± 1,23 102,04 ± 1,25 102,49 ± 1,40

VO2pico (ml/kg/min) 28,02 ± 1,00 30,97 ± 1,18 a 30,56 ± 1,14

a 31,09 ± 1,00

a 29,05 ± 1,20 27,29 ± 1,12 31,01 ± 1,36

b 29,02 ± 1,10

1RM - Supino reto (Kg) 68,25 ± 3,85 72,81 ± 3,52a

78,25 ± 3,56 a,b

82,63 ± 4,07 a,b,c,d

71,00 ± 3,74 62,40 ± 2,68 a 62,60 ± 3,52

a 61,73 ± 3,63

a

1RM - Leg Press (kg) 302,81 ± 18,14 324,06 ± 14,07

347,50 ± 13,63 a

365,19 ± 14,99 a,b

310,00 ± 19,01 305,50 ± 16,36 330,83 ± 14,43 332,73 ± 19,89

IMC = índice de massa corpórea. CC = Circunferência de cintura. a

Significantemente diferente de M1; b Significantemente diferente de M2;

c Significantemente diferente de M3;

d

Diferença significante entre grupos. p<0,05.

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A tabela 2 apresenta os valores dos macronutrientes da ingesta alimentar de

ambos os grupos durante todos os momentos de avaliação. Não foram observadas

diferenças estatisticamente significantes para as calorias totais e na ingestão de

carboidratos, lipídeos e proteínas intra e entre os grupos (p < 0,05).

Tabela 2. Características alimentares durante os momentos de avaliação do estudo

VARIÁVEL

TC GC

M1 M2 M3 M4 M1 M2 M3 M4

Calorias totais (kcal) 2423,35 ±

161,38

2436,37 ±

102,75

2330,71 ±

121,10

2643,07 ±

250,97

2112,55 ±

138,63

2274,31 ±

156,79

2316,56 ±

228,06

2284,70 ±

246,01

Carboidratos (g) 296,62 ±

20,19

289,21 ±

14,28

273,02 ±

15,79

298,82 ±

17,24

228,75 ±

13,95

253,72 ±

19,78

260,54 ±

21,56

269,98 ±

25,84

Lipídeos (g) 85,09 ±

8,09

87,15 ±

5,50

81,96 ±

6,72

76,64 ±

7,11

86,65 ±

6,49

85,58 ±

6,34

113,01 ±

7,34

101,40 ±

12,71

Proteinas (g) 107,01 ±

9,17

111,16 ±

9,27

103,24 ±

6,01

118,20 ±

12,67

89,72 ±

7,72

98,50 ±

8,13

101,88 ±

5,81

101,17 ±

11,08

Já a tabela 3 apresenta os valores da insulina, glicose e do índice Homa-IR

dos grupos TC e GC antes (M1) e após (M4) o período experimental. Foram

observadas reduções significativas na insulina (p=0.0181), glicose (p=0.0318) e no

índice Homa-IR (p=0.0312) do TC em M4 quando comparado ao M1. Além disso,

uma correlação positiva entre o ∆% Homa-IR e ∆% resistina (r = 0,60; p = 0,0168) foi

observada no TC.

Tabela 3. Glicose, insulina e índice Homa-IR antes e após o período experimental

TC GC

VARIÁVEL M1 M4 M1 M4

Insulina (mcUI/mL) 13,65 ± 1,38 9,86 ± 0,68 a 11,03 ± 1,46 14,15 ± 1,65

Glicose (mg/dL) 96,69 ± 2,12 89,87 ± 2,22 a 97,38 ± 1,83 96,96 ± 3,10

Homa-IR 3,22 ± 0,34 2,35 ± 0,23 a 2,86 ± 0,42 3,63 ± 0,52

a Significantemente diferente de M1. p<0,05.

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Com relação aos marcadores relacionados à inflamação crônica subclínica

associada à obesidade, foi observada uma redução significante na PCR do TC em

M4 (p=0,0047) comparado ao M1 (Figura 6). Ainda, foi encontrada uma correlação

inversa moderada significante entre os valores basais da PCR com o ∆% da PCR

para o TC (r = -0,54; p = 0,0484). Além disso, o ∆% da PCR mostrou uma correlação

direta moderada significante com o ∆% da porcentagem de gordura no TC (r = 0,63;

p = 0,0160).

Figura 6. Valores das concentrações séricas da proteína C-

reativa (PCR) nos diferentes momentos de

avaliações. aDiferença significante comparado ao

M1. p<0,05.

Na figura 7 encontram-se os valores das concentrações séricas das citocinas

pró e anti-inflamatórias estudadas. A IL-15 apresentou aumento significante para o

grupo TC em M3 (p=0,0003) e M4 (p=0,0004) comparados a M1, e em M4

(p=0,0200) na comparação entre os grupos (Figura 7C). Foi observado ainda um

aumento significativo na concentração sérica de TNF-α para o grupo GC em M3

(p=0,0142) e M4 (p=0,0218) comparados a M1 (Figura 7B). Adicionalmente,

observaram-se reduções significantes na IL-10 do GC em M4 (p=0,0430) comparado

a M1, e em M3 (p=0,0127) e M4 (p=0,0026) comparados a M2 (Figura 7D). Não

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foram observadas diferenças estatisticamente significantes na IL-6 entre os grupos e

momentos em todo o período experimental (Figura 7A; p<0,05).

Figura 7. Valores das concentrações séricas de IL-6 (Figura 7A), TNF-alfa (Figura

7B), IL-15 (Figura 7C) e IL-10 (Figura 7D) nos diferentes momentos de

avaliações. adiferença significante comparado ao M1; bdiferença significante

comparado ao M2; ddiferença significante na comparação entre grupos.

A figura 8 apresenta as concentrações séricas das adipocinas nos diferentes

momentos de avaliação entre os grupos. Com relação à leptina, foi observada uma

diminuição significante no grupo TC em M2 (p=0,0132) e M4 (p=0,0015) comparados

a M1. Enquanto que um aumento para o grupo GC em M3 (p=0,0031) e M4

(p=0,0062) comparados a M1, e M3 (p=0,0104) comparado a M2. Adicionalmente,

foram observadas diferenças significativas da leptina na comparação entre os

grupos em M3 (p=0,0001) e M4 (p=0,0001) (Figura 8A).

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A resistina apresentou alterações significativas para o grupo TC em M3

(p=0,0003) e M4 (p=0,0001) comparados a M1. Para o grupo GC, foram observadas

aumentos significantes da resistina em M3 (p=0,0001) comparado a M1, e em M3

(p=0,0001) e M4 (p=0,0043) comparados a M2. Ainda, foram observadas diferenças

significativas da resistina na comparação entre os grupos em M3 (p=0,0001) e M4

(p=0,0001) (Figura 8B).

Com relação à Adiponectina, foi observado aumento significativo para o grupo

TC em M3 (p=0,0223) e M4 (p=0,0001) comparados a M1, e em M3 (p=0,0191) e

M4 (p=0,0001) comparados a M2. Ainda, foi observada um aumento significante

para o GC em M2 comparado a M1 (p=0,0332) (Figura 8C).

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Figura 8. Valores das concentrações séricas de leptina

[Figura 8A], resistina [Figura 8B] e adiponectina

[Figura 8C] nos diferentes momentos de avaliações.

adiferença significante comparado ao M1; bdiferença

significante comparado ao M2; ddiferença

significante na comparação entre grupos.

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6. DISCUSSÃO

A proposta do presente estudo foi verificar os efeitos de 24 semanas de TC

de moderada a alta intensidade (treino aeróbio com 50-85% do VO2pico e treino de

força com 6-10 RM) nos marcadores pró- e anti-inflamatórios associados à

obesidade e nas capacidades morfofuncionais de homens obesos de meia-idade. Os

principais achados do presente estudo foram as diminuições na porcentagem de

gordura, índice HOMA-IR e nas concentrações séricas de insulina, glicemia, PCR,

resistina e leptina para o grupo TC após o período experimental. Ainda, foram

observados aumentos nos testes de força máxima de membros inferiores e

superiores, VO2 pico e nas concentrações séricas de adiponectina e IL-15 para o

grupo TC após o período experimental. Confirmando nossa hipótese inicial, nossos

resultados sugerem que o TC de moderada a alta intensidade podem diminuir a

inflamação crônica subclínica associada à obesidade, independente de alterações

na dieta e redução de peso evidenciada, e ainda promover diminuições na massa de

gordura corporal e aumentos na massa livre de gordura e aptidão cardiorrespiratória

e de força dos indivíduos após o período de treinamento.

Diversos estudos sugerem que o estilo de vida inativo associado ao balanço

energético positivo leva ao acumulo de gordura visceral e isso é acompanhado por

redução nos níveis de oxigênio do tecido adiposo, desencadeando recrutamento de

células inflamatórias, aumentos na quantidade de macrófagos pró-inflamatórios e na

secreção de citocinas e adipocinas inflamatórias como IL-6, TNF-α e leptina, levando

assim ao desenvolvimento de um estado inflamatório crônico no tecido adiposo

(GLEESON et al., 2011; PHILLIPS et al., 2012; YOU et al, 2013). Esta inflamação

crônica gerada no tecido adiposo leva ao aumento nas concentrações séricas de

citocinas pró-inflamatórias como a IL-6 e o TNF-α, estimulando assim a produção e

secreção hepática da PCR e consequentemente um estado inflamatório crônico

sistêmico de baixo-grau (YOU et al, 2013). Estudos ressaltam a hipótese de que o

treinamento aeróbio e/ou de força podem promover efeitos anti-inflamatórios no

tecido adiposo (GLEESON et al., 2011; PHILLIPS et al., 2012; YOU et al, 2013),

podendo assim agir como uma intervenção terapêutica a longo prazo eficaz no

tratamento da inflamação crônica associada a obesidade. Entretanto, grande parte

dos estudos que investigaram esta hipótese ressaltam a necessidade da perda de

peso para possíveis efeitos anti-inflamatórios (CHURCH et al., 2010; FISHER et al.

2011; LIBARDI et al., 2012). O presente estudo demonstrou que o TC realizado com

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cargas de moderada a alta intensidade por 24 semanas e de acordo com as

recomendações do American College of Sports Medicine (HASKELL et al., 2007)

para promoção e/ou manutenção da saúde em adultos pode promover um efeitos

anti-inflamatórios e diminuir marcadores da inflamação subclínica de indivíduos

obesos de grau 1 (IMC > 30 e < 34,9) na meia-idade, mesmo sem alterações nos

padrões alimentares e perda de peso evidenciada.

Um dos fatores que pode influenciar o efeito anti-inflamatório do exercício é o

grau inicial de inflamação dos indivíduos testados. No presente estudo, os valores

séricos basais de PCR do grupo TC classificavam os indivíduos como tendo risco

moderado (valores de PCR >1,0 mg·L e <3,0 mg·L) de doenças cardiovasculares

(PEARSON et al., 2003). Após o período de treinamento, os valores apresentaram

redução significante de aproximadamente 118% nos valores séricos da PCR, sendo

que muitos dos voluntários passaram a categoria de baixo risco de doenças

cardiovasculares (valores de PCR <1,0 mg·L) (PEARSON et al., 2003). Além disso,

para examinar se os efeitos do programa de TC em homens obesos foram

mediados, pelo menos parcialmente, pela perda de gordura corporal, nós

analisamos a relação entre o ∆% da porcentagem de gordura e o ∆% da PCR. Nós

observamos que ∆% da PCR apresentou uma correlação direta e moderada com o

∆% da porcentagem de gordura (r = 0,63; p = 0,0160), indicando assim relação entre

a redução da PCR e da gordura corporal. Em contrapartida, em estudo prévio de

nosso grupo, no qual homens de meia-idade com sobrepeso iniciaram o programa

de TC com um valor médio de 1,5 mg·L na PCR, nós não observamos mudanças

significantes na PCR após 16 semanas de TC com cargas semelhantes ao do

presente estudo (LIBARDI et al., 2012). Talvez esta discrepância com relação aos

resultados possa estar relacionada à continuidade no programa de TC, pois no

presente estudo observamos mudança na PCR na vigésima quarta semana e as

cargas de treinamento foram semelhantes até a décima sexta semana, e ainda nas

mudanças observadas na porcentagem de gordura após o período de intervenção,

fato este reforçado pela correlação observada no presente estudo entre o ∆% do

percentual de gordura e ∆% da PCR. Ainda, outro resultado interessante observado

no presente estudo foi a correlação inversa e moderada entre o ∆% da PCR e os

seus valores das concentrações séricas no momento inicial (M1), sugerindo assim

que indivíduos que possuem valores aumentados deste marcador antes do período

experimental podem apresentar maiores mudanças após o treinamento. Nesse

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sentido, os resultados do presente estudo corroboram a outras investigações que

ressaltam que talvez não seja necessária a perda de peso associada ao treinamento

para possíveis efeitos anti-inflamatórios na inflamação subclínica associada à

obesidade (PHILLIPS et al., 2012; YOU et al., 2013).

É sabido que valores aumentados nas concentrações séricas de PCR, TNF-α

e IL-6 (como no caso da obesidade) contribuem no aumento da resistência à insulina

(FESTA et al., 2000; PRADHAN et al., 2001). Adicionalmente, desajustes na

produção e secreção de adipocinas como resistina, leptina e adiponectina no tecido

adiposo estão diretamente relacionadas a mudanças na resistência à insulina por

meio de modulações negativas na sensibilidade dos receptores de insulina e leptina

e consequentemente alterações na captação e transporte de glicose,

gliconeogênese hepática, entre outros (RAJALA & SCHERER, 2003; BOUASSIDA et

al., 2010), levando assim ao desenvolvimento da resistência à insulina e diabetes na

obesidade (STEPPAN et al., 2001). No presente estudo, o GC apresentou aumentos

significantes nas concentrações séricas do TNF-α, leptina, resistina e ainda uma

tendência a aumento da insulina no M4 comparado ao M1 (p=0,0964), sugerindo

assim possível piora na inflamação crônica sistêmica e resistência à insulina

associadas à obesidade.

Todavia, foram observadas diminuições significantes nas concentrações

séricas de insulina, glicemia, leptina e resistina e no índice HOMA-IR do grupo

treinado, o que sugere uma possível melhora da inflamação crônica e

consequentemente na resistência a insulina associadas à obesidade após as 24

semanas de TC, mesmo sem modificações significantes no peso corporal, IMC e

circunferência de cintura. De Fato, existem várias maneiras em que o TC pode ter

melhorado a sensibilidade a insulina, dentre estas a regulação positiva da expressão

de GLUT4, ativação crônica do eixo AMPK, facilitação da transdução do sinalizador

de insulina no nível de PI3K e AS160, bem como aumentos na expressão de

diversas proteínas envolvidas na utilização e no turnover da glicose e de lipídeos

(HAWLEY & LESSARD, 2008). Desta maneira, futuros estudos que investiguem os

mecanismos biológicos subjacentes da sensibilidade a insulina advindos do TC são

necessários para possíveis afirmações sobre quais vias moleculares podem ser as

responsáveis pela melhora da inflamação crônica e resistência a insulina associadas

à obesidade.

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Outros resultados importantes observados no presente estudo foram os

aumentos nas concentrações séricas de IL-15 e adiponectina do grupo TC já após

16 semanas de TC. É sabido que a IL-15 é expressa no músculo esquelético

humano e tem sido identificada como fator anabólico de crescimento muscular

(QUINN et al., 1997; FURMANCZYK & QUINN, 2003). Além disso, NIELSEN et al.

(2008) demonstraram que a IL-15 sérica apresenta correlações inversas com a

porcentagem de gordura corporal e gordura corporal total e suas concentrações

apresentam-se diminuídas na obesidade. Entretanto, 12 semanas de treinamento

aeróbio associado a uma dieta extremamente hipocalórica (600-800 kcal/day)

diminuiu as concentrações de IL-15 em obesos, possivelmente por possível perda de

tecido muscular decorrente da natureza da dieta associada ao treinamento aeróbio

(CHRISTIANSEN et al., 2010). Nesse sentido, o aumento na porcentagem de massa

magra e as diminuições da porcentagem de gordura observados do grupo TC no

presente estudo podem ter contribuído para o aumento nas concentrações séricas

de IL-15 deste grupo. Adicionalmente, foi observado que a administração de IL-15

in-vitro inibe o acúmulo de lipídeos na diferenciação de pré-adipocitos e ainda

estimula a secreção de adiponectina nos adipócitos, sugerindo que a IL-15 atua num

eixo endócrino musculo-gordura e desempenha papel importante na regulação entre

gordura e músculo na composição corporal (QUINN et al., 2005). Além disso, os

efeitos sobre a massa de tecido adiposo e sua capacidade aparente de estimular a

secreção de adiponectina podem reforçar a teoria da IL-15 como uma citocina

importante no que diz respeito à sensibilidade à insulina. Assim, os aumentos da IL-

15 e da adiponectina observados no TC do presente estudo podem ter influenciado

as melhoras observadas nos parâmetros de resistência à insulina. Entretanto, nós

não observamos uma correlação significante entre o ∆% da IL-15 e da adiponectina

com o ∆% do Homa-IR. Futuros estudos envolvendo os mecanismos de ação da IL-

15 no tecido adiposo e no músculo esquelético e ainda medidas diretas da massa

muscular ou hipertrofia são necessários para determinar se essa citocina pode ser

importante na modulação da inflamação e regulação da adiposidade.

Adicionalmente, as concentrações séricas de adiponectina são inversamente

correlacionadas com a % de gordura corporal, concentração sérica de insulina em

jejum e tolerância a glicose diminuída (GOLDSTEIN & SCALIA, 2004), onde

diminuições da adiponectina sérica estão associadas ao desenvolvimento da

diabetes e ao aumento da prevalência e severidade da aterosclerose (KAWANO et

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al., 2005). Por outro lado, aumentos nas concentrações séricas de adiponectina

reduzem a expressão de moléculas de adesão nas células endoteliais (OUCHI et al.,

1999) e promovem propriedade anti-inflamatória pela inibição da produção de

citocinas inflamatórias pelos macrófagos (via inibição da sinalização do eixo NFKB)

(OUCHI et al., 1999, 2000). Dâmaso et al. (2014) demonstraram que o TC foi mais

eficaz do que apenas o treinamento aeróbio para reduzir os parâmetros relacionados

a inflamação subclínica na obesidade e ainda aumentar os valores séricos da

adiponectina em adolescentes obesos após um ano de intervenção. Corroborando a

este achado, o presente estudo observou aumento de aproximadamente 48% na

concentração sérica de adiponectina do grupo treinado após 24 semanas de TC,

sugerindo assim que esta metodologia de treinamento por períodos prologados pode

ser eficaz para o tratamento da inflamação crônica subclínica associada à

obesidade.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta do presente estudo foi verificar as respostas pró e anti-

inflamatórias e morfofuncionais decorrentes do TC realizado por 24 semanas em

homens obesos de meia-idade. Foram observadas diminuições na porcentagem de

gordura, índice HOMA-IR e nas concentrações séricas de insulina, glicemia, PCR,

resistina e leptina para o grupo TC após o período experimental. Ainda, foram

observados aumentos nos testes de força máxima de membros inferiores e

superiores, VO2 pico e nas concentrações séricas de adiponectina e IL-15 para o

grupo TC após o treinamento. Confirmando nossa hipótese inicial, nossos resultados

sugerem que períodos prolongados de TC podem diminuir a inflamação crônica

subclínica associada à obesidade em homens obesos de meia-idade, independente

de alterações na dieta e redução de peso evidenciada, e ainda promover

diminuições na massa de gordura corporal e aumentos na massa livre de gordura e

nas aptidões cardiorrespiratória e de força dos indivíduos após o período

experimental.

Com relação às variáveis antropométricas, a massa livre de gordura e a

massa de gordura mostraram-se reduzidas para o grupo TC em oito semanas de

treinamento, e esses valores diminuíram ainda mais após 24 semanas de TC, o que

era esperado por conta das dos efeitos advindos do treinamento aeróbio e de força.

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Curiosamente, o peso corporal, o IMC e a circunferência de cintura também

mostraram-se reduzidos durante e após 24 semanas de TC, no entanto, esta

redução não foi estatisticamente significantemente. Dentre as variáveis funcionais,

como esperado, o VO2pico aumentou após 8 semanas e esse valor permaneceu

aumentado após as 24 semana de TC. Enquanto que a força máxima de membros

superiores e inferiores apresentaram-se aumentados em todos os momentos de

avaliação (8, 16 e 24 semanas), demonstrando assim que o protocolo de TC

utilizado no presente estudo foi eficaz para a promoção da saúde nos adultos

obesos de meia-idade.

Dentre as citocinas mensuradas no presente projeto, a IL-15 mostrou-se

aumentada no grupo TC já após 16 semanas de TC, mantendo seu nível aumentado

após as 24 semanas do período experimental. A PCR, um marcador clínico de risco

cardiovascular, mostrou-se diminuída apenas após 24 semanas de TC.

Curiosamente, nós não observamos alterações significantes nas concentrações de

TNF-α, IL-6 e IL-10 do grupo treinado. Entretanto, o grupo controle apresentou

aumento significativo do TNF-α após o período experimental, provavelmente

decorrentes do estivo de vida sedentário, má alimentação (qualidade dos

macronutrientes) e, genericamente, pelo envelhecimento. Assim, este protocolo de

treinamento preconizado para a melhora/manutenção da saúde de indivíduos

adultos mostrou-se eficiente para manter os níveis séricos do TNF-α, evitando assim

possível piora do quadro inflamatório dos voluntários.

Com relação às adipocinas, a leptina, um marcador inflamatório, mostrou-se

reduzida no grupo treinado após 8 semanas do período experimental, e essa

diminuição persistiu após as 24 semanas de TC, provavelmente decorrente da

redução do tecido adiposo e consequente melhora metabólica promovida pelo

protocolo de treinamento. A resistina também apresentou diminuições significantes

para o grupo treinado, entretanto após 16 semanas do período experimental, e essa

redução foi mantida após as 24 semanas do período experimental. Por outro lado, a

adiponectina, um marcador anti-inflamatório, aumentou significantemente após 16

semanas de treinamento, sugerindo assim um efeito anti-inflamatório do protocolo de

TC de moderada a alta intensidade utilizado no presente estudo. Nesse contexto,

estes resultados observados sugerem que as adipocinas parecem ser mais

sensíveis a mudanças (como observado no presente projeto) após períodos de TC

de moderada a alta intensidade. Entretanto, mais estudos que investiguem estes

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marcadores após períodos curtos (8 semanas) e prolongados (> 16 semanas) em

indivíduos obesos na meia-idade são necessários para tais afirmações.

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Tabela 4. Síntese das alterações de todas as variáveis investigadas no presente estudo, em todos os momentos de avaliação.

TC GC

Variável M1 M2 M3 M4 M1 M2 M3 M4

Peso (kg) ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔

IMC (kg/m2) ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔

Massa de gordura (%) ↔ ↓ ↓

↓↓

↔ ↔ ↔ ↔

Massa livre de gordura (%) ↔ ↑ ↑ ↑↑ ↔ ↔ ↔ ↔

Circunf. de cintura (cm) ↔ ↔ ↔ ↔

↔ ↔ ↔ ↔

VO2pico (ml/kg/min) ↔ ↑ ↑ ↑ ↔ ↔ ↔ ↔

1RM - Supino reto (Kg) ↔ ↑

↑↑

↑↑↑

↔ ↓ ↓

1RM - Leg Press (kg) ↔ ↔

↑↑

↔ ↔ ↔ ↔

Insulina ↔ - - ↓ ↔ - - ↔

Glicose ↔ - - ↓ ↔ - - ↔

HOMA-IR ↔ - - ↓ ↔ - - ↔

PCR ↔ ↔ ↔ ↓ ↔ ↔ ↔ ↔

IL-6 ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔

IL-15 ↔ ↔ ↑ ↑ ↔ ↔ ↔ ↔

IL-10 ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔

TNF-α ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↑ ↑

Leptina ↔ ↓ ↔ ↓ ↔ ↔ ↑↑ ↑

Resistina ↔ ↔ ↓ ↓ ↔ ↔ ↑↑ ↑

Adiponectina ↔ ↔ ↑ ↑ ↔ ↑ ↔ ↔

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Em conclusão, 24 semanas de TC realizado com cargas de moderada a alta

intensidade (treino aeróbio com 50-85% do VO2pico e treino de força com 6-10 RM) e

de acordo com as recomendações do American College of Sports Medicine

(HASKELL et al., 2007) para promoção da saúde em indivíduos adultos diminuíram

marcadores da inflamação crônica subclínica associada a obesidade e contribuíram

para melhora da resistência à insulina do grupo exercitado. Além disso, este

protocolo mostrou-se eficiente para reduzir a massa de gordura corporal, aumentar a

massa livre de gordura e melhorar a aptidão cardiorrespiratória e de força de

homens obesos de meia-idade, independentemente de intervenção na dieta e perda

de peso evidenciada.

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ANEXOS

1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PROJETO DE PESQUISA: EFEITOS DO TREINAMENTO CONCORRENTE

SOBRE AS RESPOSTAS INFLAMATÓRIAS E MORFOFUNCIONAIS EM

HOMENS OBESOS DE MEIA-IDADE

Responsável pelo projeto: Profa. Dra. Cláudia Regina Cavaglieri

Local do desenvolvimento do projeto: Faculdade de Educação Física/ Laboratório de Fisiologia do

Exercício (FISEX) da Faculdade de Educação Física da UNICAMP.

Eu,___________________________________________________________, ___ anos de idade,

RG_________________, residente à Rua (Av.)_________________________________,

voluntariamente concordo em participar do projeto de pesquisa acima mencionado, que será

detalhado a seguir, e sabendo que para sua realização as despesas monetárias serão de

responsabilidade da instituição.

É de meu conhecimento que este projeto será desenvolvido em caráter de pesquisa científica

que terá duração de 24 semanas e tem como objetivo avaliar os efeitos do treinamento concorrente

(treinamento aeróbio + treinamento força) em indivíduos obesos. Os voluntários serão divididos de

maneira aleatória em grupo treinamento concorrente e grupo controle. O grupo controle realizará

todas as avaliações e testes dos grupos de treino, entretanto não realizará exercícios físicos

sistematizados durante a intervenção. Para esse ultimo grupo serão oferecidas, posteriormente ao

término da intervenção, atividades físicas orientadas por profissionais do FISEX-FEF/UNICAMP.

Para a participação na pesquisa será realizada inicialmente uma avaliação clínica e

cardiológica, por médico especialista, para afastar qualquer risco ou contraindicações da minha

participação na pesquisa.

Estou ciente de que serei submetido a uma série de avaliações funcionais (composição

corporal, capacidade aeróbia e força muscular) e coletas sanguíneas para determinação do estado

geral de saúde. Todas as avaliações serão realizadas por profissionais especializados e capacitados

nas dependências do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação

Física/UNICAMP, seguindo todas as exigências que compõem a resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde sobre regulamentação em pesquisas em seres humanos.

Também fui informado que os testes e exames que realizarei, ocasionam o mínimo incomodo

e não trazem risco para minha integridade física, sendo que poderei abandonar o projeto a qualquer

momento.

Estou ciente de que estes testes serão realizados nas fases pré, durante e após o período

experimental, o que despenderá certa quantidade de horas.

O programa de treinamento terá duração de 24 semanas, com 3 sessões semanais e

aproximadamente 60 minutos/sessão. Os exercícios serão prescritos individualmente de acordo com

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as respostas obtidas nas avaliações iniciais. Este treinamento será supervisionado por profissionais

de Educação Física e realizado nas dependências da Faculdade de Educação Física/Unicamp.

Estou ciente ainda, de que, as informações obtidas durante as avaliações laboratoriais e

sessões de exercícios do programa de treinamento serão mantidas em sigilo e não poderão ser

consultadas por pessoas leigas, sem a minha devida autorização. As informações assim obtidas, no

entanto, poderão ser usadas para fins de pesquisa científica, desde que a minha privacidade seja

sempre resguardada.

Li e entendi as informações precedentes, sendo que eu e os responsáveis pelo projeto já

discutimos todos os riscos e benefícios decorrentes deste, onde as dúvidas futuras que possam vir a

ocorrer poderão ser prontamente esclarecidas, bem como o acompanhamento dos resultados obtidos

durante a coleta de dados.

Campinas, ___ de ____________ de 201_ .

____________________________________

Sr. Voluntário (a)

____________________________________

Profa. Dra. Cláudia Regina Cavaglieri

Responsável pelo projeto – f. (19) 3521-6625

O contato do Comitê de Ética em Pesquisa abaixo é para dúvidas, denuncias e/ou

reclamações relacionadas aos aspectos éticos da pesquisa, demais questionamentos devem ser

efetuados junto ao pesquisador responsável.

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Caixa Postal 6111 13083-970 Campinas, SP

Fone: (019) 3521-8936 Fax: (019) 3521-8925 [email protected]

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2. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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3. Artigo publicado no Periódico Científico “Medicine & Science in Sports & Exercise",

volume 47, nº 10, p. 2207-2215, 2015.

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4. Resumos publicados em anais de eventos científicos nacionais e internacionais.

- Resumo publicado nos anais do 5th International Congresso on Physical Activity and

Public Health (ICPAPH)

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- Resumo publicado nos Anais do IX Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde

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- Resumo publicado nos Anais do: V Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e

Exercício.

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- Resumo publicado nos Anais do evento: 1st PanAmerican Congress of

Physiological Sciences 2014 – Pág 73.