universidade estadual de campinas – unicamp … · universidade estadual de campinas – unicamp...

94
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP INSTITUTO DE BIOLOGIA CARLA ALOIA CODIMA “MAPEAMENTO METABÓLICO DE Trichoderma harzianum P49P11 EM FERMENTAÇÃO SUBMERSA VISANDO AUMENTO DE PRODUÇÃO DE GLICOSIL HIDROLASES” “METABOLIC MAPPING OF Trichoderma harzianum P49P11 IN SUBMERGED FERMENTATION AIMING INCREASE PRODUCTION OF GLYCOSYL HYDROLASES” Campinas – SP 2019

Upload: others

Post on 19-Nov-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP INSTITUTO DE BIOLOGIA

CARLA ALOIA CODIMA

“MAPEAMENTO METABÓLICO DE Trichoderma harzianum P49P11 EM FERMENTAÇÃO SUBMERSA VISANDO AUMENTO DE PRODUÇÃO DE

GLICOSIL HIDROLASES”

“METABOLIC MAPPING OF Trichoderma harzianum P49P11 IN SUBMERGED

FERMENTATION AIMING INCREASE PRODUCTION OF GLYCOSYL HYDROLASES”

Campinas – SP

2019

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

Carla Aloia Codima

“MAPEAMENTO METABÓLICO DE Trichoderma harzianum P49P11 EM FERMENTAÇÃO SUBMERSA VISANDO AUMENTO DE PRODUÇÃO DE

GLICOSIL HIDROLASES”

“METABOLIC MAPPING OF Trichoderma harzianum P49P11 IN SUBMERGED FERMENTATION AIMING INCREASE PRODUCTION OF GLYCOSYL

HYDROLASES”

DISSERTAÇÃO apresentada ao Instituto

de Biologia da UNICAMP como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título

de Mestra em Genética e Biologia

Molecular na área de Genética de

Microrganismos.

DISSERTATION presented to Institute of

Biology of UNICAMP for partial fulfillment

of the requirements for the degree of

Master in Genetic and Molecular Biology in

the area of Genetics of Microorganisms.

Orientador(a): Dra. Priscila da Silva Delabona

ESTE TRABALHO CORRESPONDE A

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA CARLA ALOIA

CODIMA E ORIENTADA PELA PROFA.

DRA. PRISICILA DA SILVA DELABONA

CAMPINAS, SP 2019

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPESORCID: https://orcid.org/0000-0002-5200-5722

Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas

Biblioteca do Instituto de BiologiaMara Janaina de Oliveira - CRB 8/6972

Codima, Carla Aloia, 1986- C648m CodMapeamento metabólico de Trichoderma harzianum P49P11 em

fermentação submersa visando o aumento de produção de glicosil hidrolases /Carla Aloia Codima. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

CodOrientador: Priscila da Silva Delabona. CodCoorientador: Geizecler Tomazetto. CodDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de

Biologia.

Cod1. Glicosídeo hidrolases. 2. Hidrólise enzimática. 3. Trichoderma. 4.

Bioreatores. I. Delabona, Priscila da Silva. II. Tomazetto, Geizecler, 1979-. III.Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Metabolic mapping of Trichoderma harzianum P49P11 insubmerged fermentation aiming increase production of glycosyl hydrolasesPalavras-chave em inglês:Glycosyl hydrolasesEnzymatic hydrolysisTrichodermaBioreactorsÁrea de concentração: Genética de MicroorganismosTitulação: Mestra em Genética e Biologia MolecularBanca examinadora:Priscila da Silva Delabona [Orientador]Aline Carvalho da CostaCristiane Sanchez FarinasData de defesa: 04-02-2019Programa de Pós-Graduação: Genética e Biologia Molecular

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

1698892

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

Comissão Examinadora:

Dra. Aline Carvalho da Costa

Dra. Cristiane Sanchez Farinas

Dra. Priscila da Silva Delabona

Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se

encontra no processo de vida acadêmica da aluna.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

Agradecimento

A Deus e a São José por permitirem a oportunidade de cursar a pós-

graduação.

À Universidade Estadual de Campinas, seu corpo docente, direção e

administração que oportunizaram esta conquista.

Ao Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – CTBE e

ao Laboratório Nacional de Biociências – LNBio pelo uso das instalações.

Às orientadoras Priscila Delabona e Geizecler Tomazetto, pelo empenho,

dedicação e paciência por me guiarem ao longo deste projeto.

Aos colegas de laboratório, especialmente a Deise, pelas experiências e

aprendizados que compartilharam comigo.

A minha família, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

A todos que participaram da minha formação, muito obrigada!

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de

Financiamento 001. Número do processo: 1698892.

This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001. Process number:

1698892.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

RESUMO

Diversos micro-organismos como fungos e bactérias são capazes de

produzir enzimas lignocelulósicas para a degradação de biomassas. Fungos

filamentosos, em específico, têm sido tradicionalmente utilizados para produção de

complexos enzimáticos aplicados na hidrólise destes materiais, devido a capacidade

de produção de coquetéis enzimáticos com alta atividade e especificidade.

Visando o aprimoramento da etapa da hidrólise na produção de bioetanol,

o objetivo desse trabalho foi investigar o potencial do micro-organismo Trichoderma

harzianum P49P11 quanto à produção de enzimas degradadoras de biomassa. A

linhagem do fungo isolada na Amazônia foi sequenciada e revelou a presença de 689

CAZymes - carbohydrate-active enzymes - preditas em seu genoma. Também foram

feitas anotações funcionais para genes relacionados a produção de metabólitos

secundários, devido aos fungos serem conhecidos pela vasta produção de compostos

bioativos e por esses apresentarem possível influência na regulação de CAZymes.

O cultivo do micro-organismo em biorreatores, utilizando celulose cristalina

como fonte de carbono, foi analisado em tempo real quanto aos parâmetros de pH,

temperatura, agitação, aeração e demanda de oxigênio. Através da comparação com

resultados de biomassa do fungo e do espectrômetro de gases, pode-se distinguir

comportamentos específicos na fase de crescimento do micro-organismo como a

variação de pH, DO e aeração e na fase estacionária, a produção enzimática. A

composição do sobrenadante durante o cultivo foi analisada pelo espectrômetro de

massas, revelando a presença de 42 metabólitos (47,62% aminoácidos, 21,43%

açúcares e 14,28% compostos orgânicos). Também foi analisado o secretoma do

micro-organismo e constatada a presença de 108 proteínas totais, sendo que 50 são

CAZymes (40 glicosil hidrolases, 5 carboidrato esterases, 5 proteínas com atividades

auxiliares, 12 domínios com ligação a carboidratos associados a outro domínio

catalítico), que participam do processo de hidrólise da biomassa. O fungo é candidato

à aplicação em larga escala, pois sua produtividade enzimática alcançou 10,14

FPU/L.h, em 72 horas de cultivo, com atividade enzimática específica de 220 U/ml em

xilanase - representando a degradação de hemicelulose pelas enzimas GH10, GH11

e GH30 encontradas no secretoma - e 2,21 U/ml de β-glucosidase – representando a

degradação de celulose por GH3, GH30-3, GH30-7, presentes no secretoma.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

ABSTRACT

Several microorganisms such as fungi and bacteria are able to produce

lignocellulosic enzymes for the degradation of biomasses. Filamentous fungi, in

particular, have been traditionally used to produce enzymatic complexes applied to the

hydrolysis of these materials due to the capacity of producing enzymatic cocktails with

high activity and specificity.

Aiming to improve the hydrolysis step in the production of bioethanol, the

objective of this study was investigating the potential of the microorganism

Trichoderma harzianum P49P11 for the production of biomass-degrading enzymes.

The isolated fungus strain from the Amazon was sequenced and revealed the

presence of 689 CAZymes - carbohydrate-active enzymes - predicted in its genome.

Functional annotations have also been made for genes related to the production of

secondary metabolites due to the fungi being well-known for the vast production of

bioactive compounds and also because they have a potential influence on the

regulation of CAZymes.

The culture of the microorganism in bioreactors, using crystalline cellulose

as carbon source, was analyzed in real time for parameters as pH, temperature,

agitation, aeration and oxygen demand. Through the comparison with biomass results

of the fungus and the gas spectrometer, specific behaviors can be distinguished in the

growth phase of the microorganism such as pH variation, DO, aeration and in the

stationary phase, the enzymatic production. The composition of the supernatant during

the culture was analyzed by the mass spectrometer, revealing the presence of 42

metabolites (47.62% amino acids, 21.43% sugars and 14.28% organic compounds).

We also analyzed the secretome of the microorganism and found the presence of 108

total proteins, of which 50 are CAZymes (40 glycosyl hydrolases, 5 carbohydrate

esterases, 5 proteins with auxiliary activities, 12 carbohydrate-binding modules

associated with another catalytic domain), which participate in the biomass hydrolysis

process. The fungus is a candidate for large scale application, due to the enzymatic

productivity reached 10.14 FPU / Lh, in 72 hours of culture, with specific enzymatic

activity of 220 U / ml in xylanase - representing the degradation of hemicellulose by

the enzymes GH10, GH11 and GH30 found in the secretome - and 2.21 U / ml β-

glucosidase - representing the degradation of cellulose by GH3, GH30-3, GH30-7,

present in the secretome.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

Lista de Abreviaturas e Siglas AA – proteínas com atividades auxiliares

CAZy - plataforma de dados com enzimas degradadoras de carboidrato

CAZymes - enzimas degradadoras de carboidrato

CBH - celobiohidrolases

CBM - módulo de ligação a carboidrato

CE - carboidrato esterases

CMCase - carboximetilcelulase

CTBE - Centro Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol

DNS - ácido 3-5 dinitrosalicílico

DO – demanda de oxigênio

E2G - etanol de segunda geração

FPase - atividade em papel filtro

Gasfloo- aeração

GH - glicosil hidrolases

GT - glicosil transferases

IUMBM - União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular

LNBio - Laboratório Nacional de Biociências

LPMO - mono-oxigenases líticas de polissacarídeo

MS – metabolismo secundário

NRPS - peptídeos não-ribossomais

PCA – Análise de componentes principais

PKS – policetídeo sintase

PL - liases polissacarídicas

T1- PKS – policetídeo sintase do tipo 1

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 13

2.1 ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO (E2G) ................................................................. 13 2.2 COMPOSIÇÃO DA BIOMASSA ................................................................................. 13 2.3 CELULOSE CRISTALINA ......................................................................................... 17 2.4 CONVERSÃO DA BIOMASSA AO BIOETANOL ............................................................. 18 2.5 HIDRÓLISE .......................................................................................................... 19 2.6 PRODUÇÃO ENZIMÁTICA ....................................................................................... 19 2.7 ENZIMAS ENVOLVIDAS NA HIDRÓLISE DA BIOMASSA ................................................ 20 2.8 PRODUÇÃO ENZIMÁTICA POR MICRO-ORGANISMOS ................................................. 24 2.8.1 O FUNGO TRICHODERMA HARZIANUM COMO PRODUTOR DE ENZIMAS ....................... 25 2.9 GENOMA ............................................................................................................. 26 2.10 METABOLISMO CELULAR ...................................................................................... 28 2.11 SECRETOMA ....................................................................................................... 30

3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 32

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 32

4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 33

4.1 FLUXOGRAMA DE TRABALHO ................................................................................. 33 4.2 MICRO-ORGANISMO ............................................................................................. 33 4.3 GENOMA ............................................................................................................. 34 4.3.1 CULTIVO DA LINHAGEM E EXTRAÇÃO DO DNA ........................................................ 34 4.3.2 SEQUENCIAMENTO E ANOTAÇÃO ........................................................................... 34 4.4 PRÉ-INÓCULO PARA FERMENTAÇÃO ...................................................................... 35 4.5 FERMENTAÇÃO SUBMERSA ................................................................................... 35 4.6 AMOSTRAGEM ..................................................................................................... 35 4.7 CONCENTRAÇÃO DE CELULOSE E CÉLULA .............................................................. 36 4.8 PRODUÇÃO DE CO₂ ............................................................................................. 36 4.9 ATIVIDADES ENZIMÁTICAS E PROTEÍNAS TOTAIS ..................................................... 38 4.10 ANÁLISE DE PERFIS METABÓLICOS ........................................................................ 39 4.11 SECRETOMA ....................................................................................................... 39 4.12 MICROSCOPIA ÓPTICA .......................................................................................... 40

5 RESULTADOS .................................................................................................... 41

5.1 GENOMA ............................................................................................................. 41 5.1.1 SEQUENCIAMENTO .............................................................................................. 41 5.1.2 PREDIÇÃO DE FUNÇÃO PARA CAZYMES ................................................................ 41 5.1.3 PREDIÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS ........................................................... 43 5.2 ANÁLISE DOS PARÂMETROS DURANTE O PROCESSO FERMENTATIVO ........................ 44

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

5.3 ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO DE CÉLULAS E CELULOSE .......................................... 47 5.4 ANÁLISE DA PRODUÇÃO ENZIMÁTICA ..................................................................... 48 5.5 SECRETOMA ....................................................................................................... 50 5.6 METABOLOMA ..................................................................................................... 53 5.7 MICROSCOPIA ..................................................................................................... 56

6 DISCUSSÕES ..................................................................................................... 57

6.1 O ESTUDO GENÔMICO .......................................................................................... 57 6.2 CRESCIMENTO DO MICRO-ORGANISMO .................................................................. 59 6.3 PRODUÇÃO ENZIMÁTICA ....................................................................................... 60 6.4 METABOLOMA ..................................................................................................... 63

7 CONCLUSÕES ................................................................................................... 64

7.1 PERSPECTIVAS .................................................................................................... 65

8 REFERÊNCIA ..................................................................................................... 66

9 APÊNDICE .......................................................................................................... 81

9.1 TABELA COMPLETA DE CAZYMES PREDITAS NO GENOMA DE T. HARZIANUM P49P11 81 9.2 TABELA DE PROTEÍNAS RELACIONADAS COM METABOLISMO SECUNDÁRIO PREDITAS

NO GENOMA DE T. HARZIANUM P49P11 ................................................................ 88 9.3 GRÁFICOS GERADOS EM TEMPO REAL AO LONGO DOS 5 PROCESSOS

FERMENTATIVOS PELO SOFTWARE BIOCOMMAND BATCH CONTROL ........................ 89 9.4 TABELA COMPLETA DE CAZYMES ENCONTRADAS NO SECRETOMA DE T. HARZIANUM

P49P11 ............................................................................................................. 91

10 ANEXO ................................................................................................................ 93

10.1 DECLARAÇÃO DE BIOSSEGURANÇA ....................................................................... 93 10.2 DECLARAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS ................................................................... 94

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

11

1 INTRODUÇÃO

Dentro do contexto de mudanças climáticas e da tentativa de encontrar um

combustível a partir de fontes renováveis para substituição dos combustíveis fósseis,

surge como alternativa, a produção de etanol de segunda geração (E2G) (ROBAK et

al., 2018). O biocombustível apresenta alta octanagem e alta temperatura de

vaporização, além de mostrar a capacidade de diminuir em até 86% a taxa de emissão

de gases do efeito estufa, quando comparado a gasolina (SPYRIDON et al., 2016;

WANG, 2007).

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, tendo grande

importância para o agronegócio brasileiro (CONAB, 2018). A partir do cultivo de cana

de açúcar, uma grande quantidade de subprodutos agroindustriais, abundantes e

baratos, é gerada, como por exemplo o bagaço, que pode constituir de matéria-prima

para a produção de etanol de segunda geração (CONAB, 2018; ZABED et al., 2016;

YUSUF et al., 2011). A safra de cana-de-açúcar destinada a etanol 2017/2018

produziu aproximadamente 343 mil toneladas, sendo que, 20-30% do peso é

composto de bagaço (NETO e MELO, 2005; CONAB, 2018), ou seja, em torno de 96

mil toneladas de bagaço foram produzidas. Atualmente esta matéria prima tem sido

usada para combustão no processo de aquecimento de caldeiras dentro das

refinarias. No entanto, podem ser destinadas a produção de bioetanol (CONAB, 2018;

REYNOL, 2009).

São necessárias 4 etapas para a produção do biocombustível, sendo elas:

pré-tratamento (a qual permite a maior exposição dos polissacarídeos ao ataque

enzimático), hidrólise (etapa na qual ocorre a despolimerização dos açúcares

constituintes da biomassa para a disponibilização de açúcares fermentescíveis como

produto), fermentação (o consumo de açúcares por micro-organismos através do

metabolismo energético gerando etanol) e por fim a destilação (etapa de separação

e concentração do etanol produzido) (SPYRIDON et al., 2016; ROBAK et al., 2018).

Um dos principais gargalos econômicos deste processo relaciona-se ao

processo de hidrólise através de enzimas específicas, necessárias à degradação dos

polímeros da biomassa. O alto custo da produção enzimática representa um dos

parâmetros com maior influência na precificação final do bioetanol (JOHNSON, 2016;

DRUZHININA & KUBICEK, 2017).

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

12

Diversos micro-organismos como fungos e bactérias são capazes de

produzir enzimas lignocelulósicas para a degradação da biomassa (DRUZHININA &

KUBICEK, 2016). Fungos filamentosos, em específico, têm sido tradicionalmente

utilizados para produção de complexos enzimáticos aplicados na hidrólise destes

materiais, devido a capacidade de produção de coquetéis enzimáticos com alta

atividade e especificidade (DE FRANÇA PASSOS et al., 2018).

O fungo filamentoso Trichoderma harzianum, conhecido por ser bioagente

de fungos patógenos de plantas, recebe atenção pela habilidade de degradar paredes

celulares. Devido a presença de diversas sequências de enzimas degradadoras de

carboidratos em seu genoma, bem como altos níveis de atividade enzimática, com

destaque para β-glucosidase e endoglucanases, muitos trabalhos sugerem a

utilização deste micro-organismo na produção de coquetéis (DE SOUZA et al., 2018;

HORTA et al., 2014; DELABONA et al., 2013; GÓMEZ-MENDOZA, 2014). Porém, a

composição do meio altera qualitativamente e quantitativamente a secreção de

proteínas, portanto, faz-se necessário o estudo genômico para compreender o

potencial biotecnológico de produção enzimática da espécie.

A localização dos genes responsáveis pelas enzimas degradadoras de

carboidratos (CAZymes) e de genes relacionados ao metabolismo secundário na

mesma região cromossômica demonstra a possibilidade de corregulação (FANELLI et

al, 2018). Além disso, o mapeamento destes genes pode promover a descoberta de

um número muito maior de substâncias do que aquelas já conhecidas e que

apresentem importância econômica (YAEGASHI et al., 2014; BARAL et al., 2018).

Compreender a dinâmica do metabolismo do micro-organismo pode ajudar a

elucidar fatores de influência na produção enzimática. Nesse contexto, insere-se o

presente trabalho, que teve como alvo o estudo genético do potencial biotecnológico

do micro-organismo Trichoderma harzianum P49P11 em produzir enzimas e o

entendimento bioquímico envolvido durante o processo fermentativo em biorreator, a

fim de compreender os fatores que possam influenciar a produção enzimática.

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Etanol de segunda geração (E2G)

O impacto ambiental, devido ao grande uso de combustíveis fósseis não

renováveis, provoca a busca por energias sustentáveis. O etanol de segunda-geração,

produzido a partir de matéria-prima lignocelulósica, surge como alternativa promissora

para substituir os combustíveis fósseis no mercado de energia nos próximos anos,

uma vez que apresenta alto índice de octanagem e alta temperatura de vaporização,

além de reduzir a produção de gases do efeito estufa, já que utiliza biomassa vegetal

como matéria prima (ROBAK, 2018; ZABED et al., 2016; SPYRIDON et al., 2016).

A produção de E2G utiliza como fonte de carbono principal a biomassa

proveniente especialmente de resíduos agroindustriais. O Brasil, por ter sua posição

consolidada no mercado agroindustrial, possui como subprodutos altas quantidades

de bagaço e palha de cana-de-açúcar, casca de arroz, sabugo e palha de milho,

produtos considerados de baixo custo e alta disponibilidade (LYND et al., 2008). Estes

compostos agrícolas são materiais lignocelulósicos formados principalmente por

celulose, hemicelulose e lignina que podem servir como fonte de biomassa na

produção de açúcares fermentescíveis (SPYRIDON, 2016).

Para que estes subprodutos sejam fermentados a etanol, a biomassa passa

por processos como pré-tratamento, hidrólise, fermentação e destilação (ZABED et

al., 2016; SPYRIDON, 2016).

2.2 Composição da biomassa

A biomassa é formada por material lignocelulósico, constituído

principalmente por três componentes: celulose, hemicelulose e lignina, além de, em

menores proporções, compostos nitrogenados, sais minerais, resinas, taninos, fenóis

e ácidos graxos (SUN & CHENG, 2002; MENON & RAO, 2012). O teor dos diferentes

componentes presentes varia entre espécies, variedade, condições de crescimento e

maturação (KIM et al., 2010; LIMA, 2002). A Tabela 1 apresenta a composição média

de celulose e hemicelulose em diferentes materiais lignocelulósicos.

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

14

Tabela 1. Composição média de celulose e hemicelulose em diferentes materiais lignocelulósicos.

Referência Material Celulose% Hemicelulose% Figueiredo et al., 2010 bagaço 40 30

Phan et al., 2006 fibra de coco 64 -

LV e WU et al., 2012 planta de milho 42.4 29.6

Ahmad et al., 2011 biomassa de palma 18.85 -

Perepelkins et al., 2004 fibra de algodão 97-98 -

Tyriaki et al., 2014 casca de amêndoa 21.7 27.7 Adaptado de GUPTA et al., 2016

A Figura 1 representa esquematicamente a organização das fibras

lignocelulósicas contendo celulose, hemicelulose, lignina e pectina na parede da

célula vegetal.

Figura 1. Esquema simplificado da estrutura organizacional das fibras lignocelulósicas na parede celular vegetal mostrando seus principais constituintes: celulose (amarelo), hemicelulose (azul), lignina (laranja) e pectina (vermelho). (BIDLAK et al., 1992).

A celulose (Figura 2) é um polímero linear constituído por unidades

monoméricas de celobiose, as quais são formadas por duas unidades de D-glicose,

unidas por ligações glicosídicas β-1,4 e ligações de hidrogênio, formando uma cadeia

polimérica (SUN & CHENG, 2002). As moléculas de celulose têm forte tendência para

formar ligações de hidrogênio intermoleculares (responsáveis por determinar a

rigidez) e intramoleculares (responsáveis por formar a fibra celular) (BRAGATTO,

2007). Desta forma, múltiplas ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxilas das

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

15

distintas cadeias justapostas de glicose originam fibras compactas, insolúveis em

diversos solventes, as quais constituem a parede celular dos vegetais (OGEDA e

PETRI, 2010, GUPTA et al., 2016).

Figura 2. Estrutura molecular do polímero de celulose (GUPTA et al., 2016).

As unidades de celulose se alinham compondo a estrutura em forma de

microfibrilas (Figura 1). Cada microfibrila consiste em aproximadamente 36 cadeias

lineares de glicose. Estas fibras constituem regiões cristalinas, moléculas altamente

ordenadas, estabilizadas por ligações de hidrogênio, além de regiões amorfas, onde

as moléculas se encontram desordenadas (Figura 3). A estrutura cristalina da celulose

se adere a outras cadeias por ligação de hidrogênio e força de Van der Waals,

formando uma estrutura altamente insolúvel (BRAGATTO, 2007; GUPTA et al., 2016).

Figura 3. Estrutura da celulose destacando a região cristalina e amorfa (SUN & CHEN, 2002).

A hemicelulose (Figura 4) é um heteropolímero composto

predominantemente por hexoses e pentoses tais como L-arabinose, D-xilose, D-

glicose, D-manose, D-galactose e ácidos urônicos (ácido D-glucorônico, β-

galacturônico e metilglucorônico) ligadas por ligação glicosídica β-1,4, formando uma

estrutura principal composta por um tipo específico de resíduo com curtas

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

16

ramificações. São classificadas conforme o açúcar predominante na cadeia principal

e a ramificação lateral, por exemplo arabino-xilanas, xilanas, galactomananas. Devido

a sua estrutura complexa, uma variedade de enzimas é necessária para a sua

degradação (POLIZELI et al., 2005; COLLINS et al., 2005).

A hemicelulose está intrinsicamente associada à celulose. A especificidade

da interação hemicelulose-celulose existe em função da semelhança estrutural entre

a cadeia principal deste polissacarídeo, de modo que as hemiceluloses contribuem

com o alinhamento e organização das microfibrilas de celulose, dando estabilidade e

flexibilidade ao agregado (SANTOS et al, 2012; SUN & CHENG, 2002).

Figura 4. Estrutura de hemicelulose mostrando sua cadeia principal e laterais (MUSSATTO, 2002).

A lignina (Figura 5) é uma macromolécula aromática considerada uma fonte

potencial de valiosos insumos para a indústria química, por exemplo na produção de

espumas e fibras de carbono (ROBAK, 2018; RAGAUSKAS et al., 2014). Possui

natureza química bem distinta dos carboidratos, sendo caracterizada por uma

estrutura aromática de natureza fenólica, como por exemplo, acetovanilina, ácido p-

cumárico, ácido ferúlico, ácido p-hidroxibenzóico, ácido p-hidroxibenzaldeído, ácido

siríngico, ácido vaníllico, siringaldeído, hidroquinona e vanilina. Os tipos de moléculas

presentes na composição da molécula de lignina, bem como suas proporções,

dependem da sua origem (SUN et al., 2010).

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

17

Figura 5. Modelo de estrutura da lignina (FENGEL e WEGNER, 1989).

Existem outros componentes presentes na biomassa que não constituem a

parede celular vegetal, sendo estes: a) os extrativos, por serem extraíveis em água,

solventes neutros ou volatilizados a vapor, por exemplo as resinas e fenóis; b) as

cinzas, materiais inorgânicos como por exemplo carbonatos alcalinos, alcalinos

terrosos e oxalatos (KLINKE et al., 2004).

2.3 Celulose cristalina

Estudos prévios realizados pelo nosso grupo compararam a indução da

secreção enzimática de T. harzianum P49P11 em diferentes substratos, utilizando

bagaço explodido deslignificado, lactose e celulose cristalina. As análises indicaram

que em bagaço, a atividade de β-glicosidase (~2,55 U/ml) e FPAse (~0,78 FPU)

apresentam valores próximos de celulose (~2,45 U/ml e ~0,88 FPU), sendo mais baixa

em lactose (~0,62 U/ml e ~0,22 FPU). Ao quantificar proteínas totais secretadas pelo

fungo, o meio utilizado com celulose cristalina se mostra com valores próximos, mas

acima dos apresentados com o uso do bagaço (~0,46 mg/mL em celulose e 0,32

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

18

mg/ml em bagaço) e maiores quando comparado ao meio de lactose (~0,16 mg/ml).

Resultados similares foram encontrados por Delabona (2013), quando investigou a

melhor fonte de carbono indutora de celulases, atingindo a produção de 7,15mg/L.h

de proteínas totais com biofermentação em bagaço explodido e deslignificado e

6,01mg/L.h de proteínas totais em celulose.

Estudos utilizando a celulose cristalina como indutora na produção de

glicosil hidrolases, assim como o bagaço de cana-de-açúcar, são bem documentados

(DELABONA et al., 2013; COSTA et al., 2016; LIU et al., 2017; HORTA et al., 2018).

A celulose cristalina possui sua composição caracterizada composta de 86% (±0,49)

de celulose, 14,9% (±0,22) de hemicelulose, 0,97% de lignina (±0,08) e 0,15% de

cinzas (±0,04) (BRAGA et al., 2018).

Apesar de o foco da pesquisa ser a produção de enzimas aplicadas na

degradação do bagaço de cana-de-açúcar, este não foi utilizado no momento como

substrato da fermentação devido a variação da composição, causando variação nas

análises químicas do sobrenadante. Além disso, diferentes pré-tratamentos utilizados

na fibra do bagaço causam diversidades na secreção de proteínas pelo micro-

organismo devido a diferentes necessidades de expressão de enzimas conforme a

organização e composição das fibras lignocelulósicas (ROBAK et al., 2018; GÓMEZ-

MENDOZA et al., 2014; PAULOVA et al., 2015).

2.4 Conversão da biomassa ao bioetanol

São usados dois tipos de abordagens para a conversão da biomassa em

bioetanol, sendo estes o processo termoquímico e o processo bioquímico (ROBAK,

2018). O primeiro envolve temperaturas altas para gaseificação (800 - 1000 °C) ou

pirólise (400 – 650 °C) da biomassa, reações catalíticas não biológicas e destilação

(FOUST, et al., 2009). Já o uso da conversão bioquímica não necessita de condições

extremas. Outra vantagem é que a rota bioquímica apresenta alta eficiência na

degradação da biomassa por utilizar enzimas específicas, portanto, se torna a técnica

mais utilizada. Este último processo é dividido em 4 etapas: pré-tratamento para

exposição das fibras da biomassa, hidrólise, fermentação e destilação (SPYRIDON et

al., 2016).

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

19

2.5 Hidrólise

Uma etapa prévia de pré-tratamento da biomassa é necessária, a fim de

remover a lignina, diminuir a cristalinidade da celulose e melhorar a área de exposição

das fibras lignocelulósicas para a hidrólise ser eficiente (BHATTACHARYA, 2008).

A proposta da etapa de hidrólise é converter os polímeros presentes na

biomassa em açúcares fermentescíveis para posterior fermentação (ROBAK, 2018).

Existem dois tipos de abordagens para a degradação dos polímeros de

celulose e hemicelulose – a hidrólise química e enzimática. O uso de ácidos em

grande quantidade faz com que a hidrólise ácida seja menos atrativa (HAMELINK et

al., 2005). A alternativa mais promissora consiste na utilização de um coquetel

enzimático capaz de hidrolisar os polissacarídeos em açúcares fermentescíveis,

porém, o alto custo desses biocatalisadores pode ser um fator limitante no processo

de obtenção do etanol de segunda geração (MARCUSCHAMER et al., 2012; ROBAK,

2018).

Uma análise técnica-econômica feita por Johnson (2016) mostra que o

custo da produção de enzimas celulolíticas representa um dos parâmetros com maior

influência na precificação final de etanol 2G. É neste ponto que muitos micro-

organismos desempenham um importante papel na produção de enzimas para

hidrólise da biomassa, pois estes produzem coquetéis enzimáticos capazes de

degradar os componentes da biomassa lignocelulósica e assim, reduzir o custo das

enzimas.

2.6 Produção enzimática

As enzimas lignocelulósicas são produzidas principalmente através de

cultivos microbianos. Distinguem-se dois tipos: fermentação no estado sólido e

fermentação submersa, sendo o teor de água no meio o fator que distingue estes

processos. Tratando-se de fungos filamentosos, a limitação de água pode ocasionar

a desnaturação de enzimas-chave no metabolismo celular e influenciar os processos

de germinação, esporulação e formação de metabólitos, além de diminuir a taxa de

crescimento microbiano e tornar mais longo o período de aclimatação das células

(GERVAIS & MOLIN, 2003).

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

20

A fermentação submersa é caracterizada essencialmente pelo alto teor de

água que facilita a distribuição de nutrientes e homogeneidade do sistema. Apesar de

ter maior risco de contaminação, suas vantagens, como por exemplo controle de pH,

temperatura e aeração fazem com que a maioria das enzimas comerciais sejam

produzidas através desta técnica de cultivo (SINGHANIA et al., 2010; DE FRANÇA

PASSOS et al., 2018; PEREIRA Jr. et al., 2008).

Nos processos de fermentação em estado submerso, os fungos

filamentosos sofrem diversas mudanças morfológicas. Geralmente as células dos

fungos apresentam três principais fases. A primeira fase corresponde à dilatação e

germinação dos esporos, extensão das hifas e ramificações. Na segunda fase ocorre

a formação das redes de hifas ou “biopellet”. E na terceira fase ocorre a autólise das

células (EL-ENSHASY, 2007). À medida que as hifas se estendem, o crescimento

celular dos fungos filamentosos ocorre devido ao aumento da formação das pontas.

Novas pontas formadas pela ramificação geram novos ramos que possibilitam o

aumento do crescimento superficial, melhorando a captação de nutrientes e secreção

de produtos (EL-ENSHASY, 2007).

A secreção de enzimas por fungos filamentosos se restringe principalmente

às pontas das hifas em crescimento (EL-ENSHASY, 2007). Bader (1993) propões um

modelo matemático o qual segrega as células em dois tipos – jovens e adultas –

apenas as células adultas produziriam enzimas celulolíticas. Velkovska (1997) explica

a produção enzimática baseado na ideia de que haja micélios primários e secundários,

sendo esses responsáveis pela síntese enzimática. Um modelo matemático para

descrever a produção de celulases pelo mesmo micro-organismo utilizado neste

trabalho (T. harzianum P49P11) foi desenvolvido baseado, entre outros fatores, no

crescimento celular, atingindo resultados aproximados com a cinética de produção

enzimática em biorreatores (GELAIN, 2015).

2.7 Enzimas envolvidas na hidrólise da biomassa

A secreção enzimática em células de eucariotos se inicia após a tradução

no ribossomo. As proteínas sintetizadas como precursoras, carregam um peptídeo

sinal para reconhecimento da maquinaria celular. Estes peptídeos consistem em uma

sequência de aminoácidos que direciona as proteínas ao compartimento celular

correto como por exemplo, a secreção celular (SALLESE, G., et al, 2009). Após a

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

21

síntese, as proteínas precursoras são encaminhadas ao retículo endoplasmático onde

são enoveladas e adquirem glicolisações. Posteriormente, as proteínas são

transportadas através de vesículas para o complexo golgiense, onde as modificações

pós traducionais são completadas. Finalmente ocorre o último estágio, quando as

vesículas que transportam as proteínas deixam o complexo golgiense e se fundem à

membrana plasmática, completando a exocitose (VALKONEN et al., 2003).

As enzimas de interesse a serem produzidas para hidrólise enzimática são

aquelas que são secretadas e capazes de degradar a biomassa, como por exemplo

celulases, hemicelulases e ligninases (VAN DICY e PLETSCHKE, 2012; BOURNE E

HENRISSAT, 2001; MINIC, 2008).

Podem ser classificadas de acordo com a especificidade ao substrato,

conforme a IUMBM – International Union of Biochemistry and Molecular Biology

propõe. Seguindo este modelo de classificação, as celulases podem ser agrupadas

com outras hemicelulases e polissacarídeos, sendo nomeadas de glicosil-hidrolases -

GHs - (EC 3.2.1.x) por agirem sobre o mesmo substrato (LYND, 2002). Com a

identificação e caracterização de muitas GHs, essa classificação se tornou

insuficiente. Um novo agrupamento das enzimas em famílias, baseado na similaridade

da sequência de aminoácidos, foi proposto e organizado no banco de dados CAZy -

Carbohydrate-Active Enzymes (HENRISSAT, 1991; CAZy, 2018). Devido as

informações obtidas sobre a estrutura terciária das proteínas, uma unidade maior

chamada - clã - foi definida de acordo com o tipo de enovelamento. Assim, duas ou

mais famílias se organizam nos 17 clãs existenste de GHs, nomeados como GH-A a

GH-Q (CAZy, 2018).

As glicosil hidrolases são uma classe de enzimas que catalisam a hidrólise

da ligação glicosídica entre dois ou mais carboidratos ou entre um carboidrato e uma

unidade não-carboidrato (LOMBARD et al, 2013). Portanto, celulases são glicosil

hidrolases que catalisam a hidrólise das ligações β-1,4 liberando açúcares

fermentesíveis (ZHANG & LYND, 2004). São classificadas em três grandes grupos,

de acordo com o sítio de clivagem: endoglucanases (clivam ligações internas da fibra

celulósica); exoglucanases (atuam na região externa da celulose) e β-glucosidases

(hidrolisam oligossacarídeos solúveis em glicose) (BAYER et al., 1998).

Endoclucanases, também conhecidas como carboximetilcelulase

(CMCase), (E.C. 3.2.1.4), são responsáveis por iniciar a degradação da fibra,

quebrando ligações internas da estrutura amorfa. Liberam glicose, celobiose e

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

22

celodextrina como produto, criando extremidades não redutoras para atuação

subsequente das exoglucanases (LYND et al, 2002).

Exoglucanases, incluindo celobiohidrolases - CBH - (E.C.3.2.1.91) e

glucanohidrolases - GHs – (E.C.3.2.1.74), têm maior afinidade por celulose insolúvel

ou microcristalina, liberando glicose e principalmente celobiose como produto. A CBH

hidrolisa os terminais redutores (CBH I) e não redutores (CBH II) da molécula,

pertencentes às famílias GH 7 e 6, respectivamente. Essas enzimas geralmente

sofrem inibição pelo seu produto de hidrólise - ácido glucorônico e ácido celobiônico

(ZHANG e LYND, 2004). A CBH I, em particular, aparece como sendo a enzima mais

importante para indústria na conversão da celulose, sendo considerada enzima chave

no processo de hidrólise, pois é capaz de hidrolisar a celulose cristalina

extensivamente, sendo predominante excretada pela maioria dos micro-organismos

produtores de celulases (BECKHAM et al., 2011). As glucanohidrolases atuam

liberando glicose nos terminais do polímero celulósico (LYND et al, 2002).

β-glucosidases (E.C.3.2.1.21) hidrolisam celobiose e oligossacarídeos

solúveis em glicose. Assim como a celobiohidrolase, sofrem inibição por seu produto

de hidrólise (LYND et al., 2002).

Os 3 grupos de enzimas celulásicas agem em conjunto, portanto, atuam

sinergicamente de modo que um grupo de enzimas gera produto para atuação do

outro grupo (HORN et al, 2012). São descritos 4 tipos de sinergismo: a) Endo-exo: as

endoglucanases agem na região amorfa da fibra, formando terminais redutores e não

redutores para posterior reação dos grupos CBHI e CBHII; b) Exo-exo: CBHI e CBHII

atuam simultaneamente na hidrólise dos terminais redutores e não redutores

disponibilizados pela ação das endoglucanases; c) Exoglucanase β-glucosidases: que

removem celobioses e celodextrinas como produto final das duas enzimas; d)

sinergismo intramolecular: ocorre entre o domínio catalítico e o módulo de ligação ao

carboidrato - CBM - carbohydrate-binding modules (LYND et al., 2002; CASTRO et

al., 2010). Estes módulos CBM são descritos como proteínas únicas, conhecidas por

facilitar a aproximação do domínio catalítico ao substrato, funcionando como âncora

na adsorção destes dois componentes. (LYND et al., 2002; BORASTON et. al., 2004).

Remover o CBM diminui a atividade das celulases no substrato insolúvel (IRWIN et

al., 1993; COLUSSI et al, 2011), ou adicioná-lo, aumenta a atividade enzimática

(MELLO e POLIKARPOV, 2014).

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

23

Figura 6. Estrutura de CBH1 demonstrando domínio catalítico, linker e CBM de Trichoderma sp. Adaptado de BECKHAN et al., 2011

As hemicelulases são divididas entre enzimas que degradam a cadeia

principal e aquelas que degradam a cadeia lateral (SHALLOM e SHOHAM, 2003).

Devido a hemicelulose ter uma composição mais variada quando comparada à

celulose, requer um número maior de enzimas para ocorrer a hidrólise (VAN DYK e

PLETSCHKE, 2012). Um sistema enzimático incluindo endo e exo-xilanase,

mananases, β-xilosidase, α-glicuronidase, α-arabinofuronosidase torna-se necessário

para a hidrólise completa. Sendo as β-1,4-endoxilanase (E.C. 3.2.1.8) e as β-D-

xilosidases (E.C. 3.2.1.37) – coletivamente chamadas de xilanases – as principais

enzimas envolvidas na degradação da xilana, maior componente da hemicelulose

(JUTURU e WU, 2013).

A degradação de pectina envolve diversos grupos de enzimas devido a sua

composição heterogênea, entre elas a pectina liase, a pectina metil esterase e

poligalacturonase. Por conta das ramificações laterais, arabinofuranosidase e

galactosidase também participam nas reações de despolimerização (SWEENEY, XU,

2012).

Existem outros tipos de enzimas classificados pelo CAZy tais como as

transferases glicosídicas (GTs), as quais geram novas ligações glicosídicas, as liases

polissacarídicas (PLs), responsáveis pela clivagem de um polissacarídeos através de

uma reação do tipo β-eliminação (não hidrolítica) e as esterases de carboidratos

(CEs), as quais hidrolisam as ligações éster de grupamentos acetil que determinados

polímeros de carboidratos possuem (BORASTON et al., 2004).

A biomassa apresenta alta recalcitrância e cristalinidade, dificultando o

acesso de celulases à celulose. Em 2013, uma nova classe de enzimas foi adicionada,

denominada de atividades auxiliares (AAs). Este grupo é relatada como ajudante na

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

24

desconstrução das fibras lignocelulósicas, seja quebrando as ligações de hidrogênio

ou atacando as fibras por mecanismos de oxidação. As proteínas com essas

características foram agrupadas em diferentes famílias e sub-famílias, de acordo com

os mesmos requisitos das demais classes organizadas no CAZy (EZEILO et al., 2017;

LEVASSEUR et al., 2013). Dentre as AAs, destacam-se AA9, AA10 e AA13, que

incluem as enzimas capazes de oxidar a biomassa lignocelulósica, principalmente a

celulose e hemicelulose, chamadas de mono-oxigenases líticas de polissacarídeo

(LPMOs) (HORN et al., 2012). A família de enzimas AA9 (antigas GHF-61),

encontradas apenas em fungos, são capazes de oxidar celulose, xiloglucano e xilano.

As famílias AA11 e AA13 possuem LPMOs descritas para bactérias e fungo, sendo

responsáveis por degradarem quitina e amido, respectivamente (LEVASSEUR et al.,

2013).

Enzimas oxiredutoras agem através do mecanismo de oxidação ao invés

de hidrólise, gerando como produto espécies reativas de oxigênio - ROS - que acabam

por agir sobre a despolimerização da celulose e hemicelulose (MARTINEZ, 2009).

A produção de peróxido de hidrogênio por vários fungos propõe uma via de

degradação baseada na reação de Fenton: H2O2 + Fe2+ + H+ à H2O + Fe3+ + •OH.

Esta reação é uma rota bem reconhecida da produção de •OH em sistemas biológicos.

Segundo Baldrian (2008), o H2O2 é produzido, por exemplo, por fungos da podridão

branca, Phanerochaete chrysosporium, pela ação de enzimas como a glioxal oxidase,

glucose oxidase e álcool arílico oxidase, no processo de decomposição da madeira.

2.8 Produção enzimática por micro-organismos

Celulases podem ser produzidas por um grande número de organismos,

por exemplo bactérias, actinobactérias, fungos, plantas e animais. Dentre esses, a

maior parte das enzimas comerciais hemicelulolíticas são produzidas por fungos

filamentosos (MUSSATTO e TEIXEIRA, 2010).

A fim de buscar a produção de um coquetel enzimático eficiente, realizam-

se diversos estudos comparativos dos secretomas de distintas linhagens de micro-

organismos, bem como a variação do meio de cultura e alimentações, devido as

diferentes estratégias utilizadas pelos organismos na hidrólise da biomassa (GUO et

al., 2018).

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

25

Os gêneros Penicillium, Aspergillus e Trichoderma correspondem a mais

de 50% dos estudos publicados na literatura sobre a produção de celulases em 2017,

sendo Trichoderma o maior dentre eles, apresentando-se candidato na aplicação da

rota biotecnológica da hidrólise enzimática da biomassa (DE FRANÇA PASSOS et al.,

2018; DRUZHININA et al., 2011).

2.8.1 O fungo Trichoderma harzianum como produtor de enzimas

A espécie Trichoderma harzianum, pertencente ao filo Ascomycota, ordem

Hypocreales e família Hypocreaceae, é um fungo filamentoso, assexual, encontrado

comumente em solos tropicais, material orgânico em decomposição e ecossistemas

rizosféricos, numa proporção de 101 a 103 esporos por grama de solo (DRUZININA et

al., 2011; SAMUELS, 2006). Este micro-organismo é utilizado há anos como

biocontrole de fitopatógenos e como auxiliar no crescimento de plantas (MASTOURI,

2010). Nos últimos anos, tem também despertado o interesse pela capacidade de

produção de enzimas degradadoras da biomassa (AL ROCHA et al., 2016). O

Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) utilizou por muitos

anos esta espécie como sendo produtora de enzimas celulolíticas, a fim de explorá-la

para formulação de coquetel enzimático eficiente.

Entre as espécies capazes de produzir celulases e hemicelulases, a

espécie Trichoderma reesei é mais amplamente estudada e utilizada na indústria

(BISCHOF et al., 2016). No entanto, a espécie Trichoderma harzianum também

demonstra capacidade de produzir complexos celulolíticos, sendo que essa apresenta

atividade de β-glucosidase ainda maior que aquela (DE SOUZA et al., 2018;

BENOLIEL et al., 2013; AL ROCHA et al., 2016).

Delabona e colaboradores (2013) avaliaram a influência de diferentes

componentes de meio reacional para indução de celulases em T. harzianum P49P11

utilizando experimento de misturas em biorreator. Em um segundo estudo foi proposto

um cultivo em alta densidade de células utilizando 2 fases (crescimento em glicerol e

indução de enzimas celulolíticas utilizando bagaço de cana pré-tratado), com esta

nova estratégia dobrou-se a produção de glicosil hidrolases (DELABONA et al., 2016).

O secretoma deste fungo cultivado em bagaço de cana explodida e deslignificado,

identificou a expressão de 12 diferentes famílias de enzimas degradadoras de

biomassa, dentre elas uma GH61 (DELABONA et al., 2013), família esta que foi

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

26

reclassificada como LPMO, (LEVASSEUR et al., 2013). Estudos sobre o perfil

transcriptômico da linhagem T. harzianum IOC-3844 foi delineado quando crescido

em diferentes substratos (lactose, avicel e bagaço de cana deslignificado), permitindo

a identificação de sequências gênicas com potencial aplicação à hidrólise enzimática

(HORTA et al., 2014). A enzima celobiohidrolase I (CBH1) obtida da mesma linhagem

foi caracterizada bioquímica e biofisicamente e revelou um potencial para aplicações

biotecnológicas, mostrando alta atividade contra Avicel (COLUSSI et al., 2011). Melo

e Polikarpov (2014) clonaram CBM de CBH1 de T. harzianum e verificaram aumento

da hidrólise da celulose quando suplementada em coquetel comercial. A predição

genômica da cepa T. harzianum B97 mostrou a presença de 266 GHs, 40 CBMs, 69

CEs, 89 GTs, 76 AAs e 7 PLs (FANELLI et al., 2018).

As linhagens estudadas de Trichoderma harzianum têm mostrado

resultados promissores quanto à habilidade de produzir enzimas envolvidas na

degradação da biomassa lignocelulósica, no entanto, o uso de mutantes, espécies

geneticamente modificadas, são utilizadas para o melhoramento da produção em

larga escala (LOPEZ-RAMIREZ et al., 2018), assim, o estudo genético do micro-

organismo se faz necessário.

2.9 Genoma

Apesar da espécie Trichoderma harzianum P49P11 ser promissora na

produção enzimática, poucos estudos mostram os dados sobre a genômica, quanto a

capacidade de produção de coquetéis enzimáticos envolvidos na biodegradação

(FERREIRA et al., 2017).

Devido ao interesse industrial na capacidade de produzir enzimas

celulolíticas, estudos genômicos, baseados na busca de sequências de CAZymes,

foram realizados em algumas linhagens da espécie T. harzianum (Tabela 2) e

mostraram que a linhagem de T. harzianum B97 e T. harzianum T6776 apresentaram

números maiores de sequências para glicosil hidrolases que encontrados no genoma

de outras espécies do gênero, como por exemplo T. reesei QM6a que apresentou 199

GHs (FANELLI et al., 2018). O estudo desenvolvido por Ferreira (2017) comparou a

presença de CAZymes no genoma da linhagem de T harzianum T6776 e T. reesei

RUT-C30 e concluiu que, apesar do coquetel enzimático produzido por T. reesei RUT-

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

27

C30 ser mais eficiente na hidrólise, T. harzianum T6776 contém mais CAZymes em

seu genoma, o que mostra seu potencial na aplicação industrial.

Tabela 2. Comparação de sequências genômicas de CAZymes preditas em diferentes espécies de Trichoderma.

Espécie GH GT PL CE CBM AA Referência

T. harzianum B97 266 89 7 69 42 76 FANELLI et al., 2018

T. harzianum T6776 259 101 6 22 46 42 FERREIRA et al., 2017

T. reesei RUT-C30 198 92 5 20 35 40 FERREIRA et al., 2017

T. reesei QM6a 199 92 5 16 55 32 FANELLI et al., 2018

A localização de genes de CAZymes e de genes relacionados ao

metabolismo secundário na mesma região (telomérica) demonstra a possibilidade de

corregulação destes (FANELLI et al., 2018; MARTINEZ et al., 2008; KELLER et al.,

2005). Um exemplo é o gene LAE1, conhecido por regular a expressão de celulases

(SEIBOTH et al., 2012), que está associado também ao desenvolvimento assexual e

atividade micoparasitária, modulando a produção de ambos, CAZyme e metabolismo

secundário (FANELLI et al., 2018). No genoma de T. reesei, Martinez (2008)

encontrou 25 clusters que continham tanto CAZymes como genes associados ao

metabolismo secundário. A predição de genes para RNPSs (peptídeos não-

ribossomais), um tipo de metabólito secundário que forma canais iônicos nas

membranas celulares resultando em atividade antimicrobiana e anticancerígena

(WANG et al., 2007), mostrou que T. reesei possui 8 genes, T. atroviride possui 9

genes, T. virens possui 22 genes, T. pleuroti TPhu1 e T. aggressivum f. europaeum

CBS 4333.95 possuem ambos 18 genes para este grupo (ZEILINGER et al., 2016;

MARIK et al., 2017). Schirbock e colaboradores (1994) identificaram 2 NRPSs que

eram produzidos e atuavam em sinergia com quitinases e β-glucanases. A predição

de genes de metabólitos secundários da espécie Aspergillus nidulans mostrou o

potencial de 56 vias putativas, mas nem sempre expressas (YAEGASHI et al., 2014).

A biossíntese de metabólitos secundários em fungos está relacionada com

genes encontrados em clusters, muitos adquiridos por meio de transferência

horizontal e a maioria deles silenciados quando submetidos a condições laboratoriais

(MUKHERJEE, et al., 2013). Embora, por muitos anos, métodos analíticos e químicos

tenham sido utilizados a fim de descobrir produtos naturais, nos últimos anos,

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

28

metodologias para decifrar o código genético e identificar essas substâncias em micro-

organismos vêm sendo e adotadas (BLIN et al., 2017; WEBER et al., 2016). O

mapeamento destas sequências gênicas pode promover a descoberta de um número

muito maior de substâncias do que aquelas já conhecidas por serem expressas e que

apresentem importância econômica (YAEGASHI et al., 2014; BARAL et al., 2018)

2.10 Metabolismo celular

O metabolismo central ou primário de fungos filamentosos é similar a outros

eucariontes (THRANE et al., 2007). São produzidos durante a fase de crescimento

exponencial do micro-organismo e formados como parte do metabolismo energético.

Enquanto o metabolismo primário é comum aos demais eucariontes, o metabolismo

secundário, ou exo-metabolismo, se mostra espécie-específico.

Os metabólitos secundários são produzidos durante a fase estacionária de

crescimento, ou seja, a produção “não associada” ao crescimento celular. Esses

metabólitos não são componentes essenciais para a reprodução do organismo

(THRANE et al., 2007; BARAL et al., 2018). Incluem uma ampla variedade de

compostos envolvidos na sinalização, desenvolvimento e interação com outras

espécies (VINALE et al., 2009). São frequentemente bioativos e de baixa massa

molecular, conhecidos por desempenhar atividades anti-bacterianas, anti-fungicas ou

anti-tumorais (BANSAL e MUKHERJEE, 2016; MEDEMA et al., 2011). Em geral, os

metabólitos secundários parecem ser formados quando grande quantidade de

precursores de metabólitos primários é acumulada utilizando vias bioquímicas únicas

e incomuns, como por exemplo acetil-CoA e mevalonato (ZEILINGER et al., 2016

KELLER et al., 2005).

O gênero Trichoderma é conhecido por produzir uma gama de metabólitos

secundários (MARIK et al., 2017). Com base na literatura, mais de 100 compostos

foram obtidos do metabolismo secundário deste grupo (ZEILINGER et al., 2016).

Podem ser classificados, de maneira geral, de acordo com a principal via biossintética

em peptídeos não-ribossomais (NRPSs), terpenóides e policetideos (NEUMANN et

al., 2015).

Os peptídeos não-ribossomais constituem o grupo mais importante

economicamente e são, em sua maioria, produzidos por espécies de Trichoderma

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

29

(NEUMANN et al., 2015; ZEILINGER et al., 2016). São formados pela união de dois

ou mais aminoácidos fora do ribossomo e que, muitas vezes, sofrem modificações

posteriores. Um exemplo deste grupo é a ciclosporina, conhecida por ser

imunossupressora (EVANS et al., 2011). O maior grupo dentro de NRPSs são os

chamados peptailbols, que recebem este nome por se tratar de um peptídeo com a

presença de aminoácidos não proteinogênicos, como α-aminoisobutirato (Aib), na

região N-terminal, e por possuírem grupamentos álcoois na região C-terminal. Estes

peptaibols apresentam natureza anfipática, permitindo a formação de canais iônicos

nas membranas lipídicas, podendo estar relacionados com atividade antimicrobiana

(MARIK et al., 2017). Epipolitiodioxopipirazinas (ETPs) são metabólitos secundários

pertencentes a NRPSs. São altamente reativos e tóxicos devido a presença de pontes

dissulfeto, as quais reagem com proteínas gerando espécie reativa de oxigênio. Um

exemplo de ETP é a gliotoxina, um composto imunossupressor e também conhecido

como sendo biocontrolador de patógenos em plantas (GARDINER et al., 2005).

Sideróforos também fazem parte de NRPSs. São metabólitos ferro-quelados, por

exemplo coprógeno, que são excretados por espécies de Trichoderma quando o ferro

se encontra deficiente no meio de cultura (ZEILINGER et al., 2016; SEGARRA et al.,

2010). Vinale (2009) descreveu um composto sideróforo descoberto em T. harzianum

e nomeado como ácido harziânico que apresenta afinidade com o íon Fe3+ e atividade

antifúngica.

Outro grupo de metabólitos secundários são os terpenóides, como a

tetraciclina (ZEILINGER et al., 2016). As espécies de Trichoderma são conhecidas

pelo sucesso na competição de espaço e nutrientes com outros micro-organismo,

parte é devido a secreção de terpenóides, os quais roubam ferro do meio e tornam a

competição inviável à outra espécie (SEGARRA et al., 2010).

Os policetídeos podem ser dividos em 3 classes: moléculas complexas ou

reduzidas, sintetizadas por PKSs do tipo I (t1-PKS); policetídeos aromáticos

sintetizados por PKSs do tipo II (t2-pks), que possuem um sistema enzimático

multifuncional; moléculas sintetizadas por PKSs do tipo III (t3-pks), formadas por

enzimas biossintéticas (HOPWOOD et al., 1990). Este grupo de metabólitos estão

envolvidos na interação fungo-planta em relação a respostas defensivas da célula

vegetal e na produção de fitotoxinas, além de serem responsáveis pela pigmentação

de conídios e resistência a estresse (ATANASOVA et al., 2013a; MUKHEERJE et al.,

2012).

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

30

Muitos outros metabólitos secundários são descritos na literatura como

pironas, aminoglicosídeos, compostos β-lactâmicos, entre outros (MEDEMA et al.,

2011).

Tabela 3. Genes preditos para metabolismo secundário em espécies de Trichoderma.

Espécie NRPs PKS PKS/NRPS Terpenos

T. reesei 8 11 2 6

T. atroviride 9 15 1 7

T. virens 22 18 4 11

T. atrobrunneum 8 18 5 5 Fonte: FANELLI et al., 2018; ZEILINGER et al., 2016

O metabolismo secundário é geralmente o resultado de muitas enzimas e

seus respectivos genes e nem sempre há relação um-para-um entre um gene e um

metabólito (SCHMOLL et al., 2009).

Entender a dinâmica do metabolismo do micro-organismo pode ajudar a

compreender o comportamento do fungo durante o processo fermentativo a fim de

desenvolver estratégias de cultivo em meio indutor que aumente a produtividade

enzimática, e assim, a viabilização do uso de coquetéis lignocelulolíticos na

sacarificação da biomassa.

2.11 Secretoma

Devido a capacidade de produzir enzimas lignocelulolíticas, o mapeamento

das proteínas secretadas pelo micro-organismo e, portanto, presentes no

sobrenadante, se torna importante para a compreensão da estratégia utilizada pelo

fungo no processo de hidrólise da biomassa (HORTA et al., 2018). A composição do

secretoma das espécies de fungos filamentosos depende das características

biológicas do micro-organismo, bem como resposta às condições ambientais

(PAPAGIANI et al., 2004).

O estudo feito por Gómez-Mendoza (2014) compara o secretoma do fungo

T. hazianum T4 em diversos meios de cultura e conclui que apesar do sobrenadante

apresentar maior atividade enzimática quando crescido em bagaço de cana, a maior

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

31

variabilidade de proteínas secretadas se encontra quando a fermentação foi realizada

utilizando celulose como fonte de carbono (total de 352 proteínas crescido em celulose

e 207 proteínas crescido em bagaço de cana). A análise do extrato enzimático, quando

a linhagem T. harzianum IOC3844 foi cultivada em celulose parcialmente

deslignificada, detectou a presença de total de 117 proteínas, sendo 83 proteínas

classificadas como GHs e, dentre este grupo, a família GH3 se mostrou mais

abundante (17%), seguido de GH5 (11%) e GH7 (10%) (AL ROCHA et al., 2016).

Resultados similares foram encontrados com a mesma linhagem utilizada neste

trabalho (T. harzianum P49P11) quando cultivado em bagaço de cana, na qual

apresentou 24 proteínas da família GH sendo, em sua maioria, as famílias GH3 (21%),

GH10 e GH11 (16,66%) (DELABONA et al., 2013).

A secreção de enzimas pelo micro-organismo depende da espécie

utilizada, bem como do meio de cultura e das condições de cultivo (HORTA et al.,

2018; NAUOM et al., 2018; AL ROCHA et al., 2016).

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

32

3 OBJETIVOS

Este projeto teve como objetivo investigar o potencial de produção

enzimática da espécie Trichoderma harzianum P49P11 através do estudo genômico

da busca de enzimas degradadoras de carboidratos e do estudo do micro-organismo

durante o processo fermentativo em biorreatores.

3.1 Objetivos específicos

Entre os objetivos específicos estão:

a) Realizar o estudo genômico da cepa T. harzianum P49P11 quanto a

presença de CAZymes e de genes relacionados com o metabolismo

secundário;

b) Avaliar a produção de CO2.

c) Avaliar o crescimento fúngico e o consumo do substrato ao longo do

processo fermentativo;

d) Avaliar a atividade enzimática presente no sobrenadante de T.

harzianum P49P11 ao longo do cultivo;

e) Avaliar o secretoma de T. harzianum P49P11 durante a fermentação

em batelada;

f) Avaliar a presença compostos encontrados no sobrenadante durante o

processo fermentativo;

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

33

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Fluxograma de trabalho

Abaixo segue fluxograma (Figura 7) mostrando esquematicamente como

as amostras, a partir da fermentação em batelada, foram fracionadas em porções para

destinação das diversas análises a fim de mapear os compostos químicos envolvidos

durante todo o processo.

Figura 7. Fluxograma de trabalho para as diversas análises a serem realizadas a partir do crescimento do fungo Trichoderma harzianum P49P11

4.2 Micro-organismo

Foi utilizado o micro-organismo Trichoderma harzianum P49P11, isolado

na Floresta Amazônica (DELABONA et al., 2012), depositado na EMBRAPA

ALIMENTOS (Rio de Janeiro-RJ) sob número BRMCTAA 115 e concedido para este

estudo pela EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO (São Carlos-SP).

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

34

4.3 Genoma

4.3.1 Cultivo da linhagem e extração do DNA

O fungo Trichoderma harzianum P49P11 foi repicado em placas contendo

meio PDA e crescido em estufa a 29 ºC por 7 dias. Após este período, uma solução

de esporos foi ressuspendida (em 20ml Tween 80 (0,1%v/v)) e transferida para o meio

de inóculo (10 g/l sacarose, 1 g/l peptona vegetal, 1 ml/l tween 80, 50 ml/l meio

Mandels (MANDELS, 1969)), onde se manteve em shaker (New Brunswick Scientific)

por 72h nas condições de 200 rpm de agitação, a 29 ºC. A solução foi filtrada e os

micélios macerados. Para a extração de DNA foi utilizado o kit de extração Qiagen

Dneasy Plant Mini Kit conforme especificações do fabricante.

4.3.2 Sequenciamento e anotação

O genoma foi sequenciado através da plataforma de sequenciamento

Illumina HiSeq 2500, facilitadora encontrada no CTBE, utilizando biblioteca pared-end.

Os dados do sequenciamento foram submetidos a análise qualitativa utilizando o

programa FastQC, seguido do refinamento de dados utilizando o programa

Trimmomatic versão 032 (BOLGER et al., 2014).

A anotação funcional de genes quanto a presença de metabólitos

secundários foi feita através da plataforma antiSMASH fungal version – Antibiotic and

Second Metabolism Analysis Shell 4.0 a partir do carregamento do arquivo FASTA

(WEBER et al., 2016; BLIN et al., 2017).

A anotação funcional de CAZymes foi realizada através da base de dados

dbCAN versão 4, utilizando o pacote HMMER 3.1b. (YIN, et al., 2012). Os resultados

foram manualmente acessados e confrontados com a base de dados BLAST, Priam

e Pfam para identificar a melhor correspondência. Foram consideradas apenas as

funções preditas, com e-value menor ou igual a 10-8.

A plataforma SignalP foi utilizada a fim de identificar proteínas que

continham o peptídeo sinal para exportação celular, ou seja, aquelas proteínas com

potencial presença no secretoma.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

35

4.4 Pré-inóculo para fermentação

O fungo foi repicado em placas contendo meio PDA e crescido em estufa a

29 ºC por 7 dias. Uma suspensão de solução salina 0.9% contendo 10⁷ esporos/ml foi

preparada para inoculação do biorreator.

4.5 Fermentação submersa

Os ensaios foram realizados com cinco réplicas biológicas em batelada,

utilizado fermentador de 3L (BioFlo 115 fermenter - New Brunswick Scientific Co) com

impelidor Rushton, volume final de 1,5L. O meio de cultura do fermentador era

composto por: 20 g/l de celulose cristalina - Celufloc®, 1 g/l peptona vegetal, 1 ml/l

tween 80, 50 ml/l meio Mandels (MANDELS, 1969), 0,5% v/v anti-espumante P2000

Dow Chemical, Brazil. Seguindo as condições operacionais do biorreator: agitação

200 – 400 rpm; pH 5.0 - 6.0 controlado pela adição de ácido (HCl) ou base (NaOH);

O2 dissolvido 30%; temperatura 29 °C; fluxo de ar 0,35 - 0,7 vvm, DO mínima

estabelecida em 30% e para isto, acionada a cascata de agitação e aeração quando

necessária. O processo foi monitorado através do software BioCommand Batch

Control. Foram coletadas amostras nos tempos 48h, 72, 96h e 120h de cultivo.

4.6 Amostragem

Alíquotas de 10 ml foram retiradas da fermentação nos tempos de 48 horas,

72 horas, 96 horas e 120 horas. As amostras foram centrifugadas a 10.000 rpm por

10 minutos. O sobrenadante foi destinado à quantificação de proteínas totais,

atividade enzimática e análise de secretoma, enquanto que o sedimento foi destinado

à quantificação de celulose e célula.

Para a segunda filtração, com destinação à espectrometria de massas para

análise de compostos do sobrenadante, foi utilizado o filtro PTFE 0,45 µm hidrofílico

(Analítica). O sobrenadante foi separado, congelado em nitrogênio líquido e

armazenado a - 80 °C para posterior análise dos metabólitos em espectrômetro de

massas.

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

36

4.7 Concentração de celulose e célula

A concentração de celulose residual foi estimada segundo Ahamed e

Vermette (2009). O sedimento resultante da amostra centrifugada foi seco em estufa

a 80 ºC até atingir massa constante. O resultado dessa etapa corresponde à massa

seca total, a qual foi suspensa em 3 ml de uma solução de ácidos (ácido acético 80 %

(v/v) e ácido nítrico puro na proporção de 10:1) e fervida por 30 minutos em banho de

água termostatizado a 99 °C. Após, a amostra foi resfriada, centrifugada (3000 G por

20 min) e lavada com água destilada. Esse processo foi realizado 3 vezes, por fim a

massa foi seca em estufa a 80 ºC até atingir massa constante novamente, sendo o

sólido resultante composto principalmente por celulose. A concentração de células foi

estimada pela diferença entre a massa seca total e a celulose.

4.8 Produção de CO₂

A produção de CO₂ pelo cultivo em batelada foi mensurada através dos

gases de saída do fermentador por espectrometria de gases de exaustão (HPR 20

QIC Gas Analysis System, Hiden Analytical, Inglaterra). O equipamento utilizou

amostragens do ar comprimido injetado utilizado para aeração e gases de exaustão

dos fermentadores.

A fim de calcular a produção de CO2 durante a fermentação foram

necessárias, segundo Kolling (2017), (a) - a massa molar média do ar atmosférico de

entrada (considerada constante durante o cultivo, devido à alteração da composição

ter sido relativamente pequena); (b) - a vazão volumétrica de ar de entrada, obtida

através do software BioCommand, a qual foi considerada igual à vazão de saída para

efeitos de cálculo; (c) - as porcentagens mássicas dos gases de interesse presentes

no ar de entrada do fermentador (CO2), obtidas através de análise do ar de entrada

pelo espectrômetro de massas; (d) – as porcentagens mássicas do CO2 nos gases de

exaustão dos fermentadores, obtidas através de análise dos gases de exaustão pelo

espectrômetro de massas.

Para obtenção da massa molar média do ar atmosférico (m), utilizou-se a

composição volumétrica média do ar como sendo: 78,10% de nitrogênio (N2); 20,96%

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

37

de oxigênio (O2); 0,94% de argônio (Ar). A partir dessa composição volumétrica, é

possível encontrar a massa molar média do ar atmosférica através da equação:

mar = fN2 . mN2 + fO2 . mO2 = far . mar ( 1 )

Onde: m é a massa molar de cada componente f é a fração volumétrica de

cada componente no ar atmosférico.

Aplicando as frações volumétricas e massas molares de cada componente

na equação, temos:

m ar = 0,7810 x 28,01 + 0,2096 x 32,00 + 0,0094 x 35,95 = 28,96 g/ mol

Utilizando-se a massa molar média, é possível obter a vazão mássica de

ar em cada instante do cultivo a partir da equação abaixo:

mar,t=mar . Qar,t / VCATP ( 2 )

Onde: mar,t é a vazão mássica de ar no instante t;

mar é a massa molar do ar;

Qar,t é a vazão volumétrica de ar no instante t;

VCATP é o volume em litros de 1 mol de gás em condições ambientais

de temperatura e pressão, correspondente a 24,76 L/mol para 29 °C

e 1 atm (condições de cultivo), calculada pela Equação de

Clapeyron.

Como passo seguinte, foram obtidas as porcentagens mássicas de CO2

produzido no tempo t através das equações 3.

%CO2 produzido, t = %CO2 exaustão,t – %CO2 entrada,t ( 3 )

A partir destes valores foi possível obter as vazões mássicas de CO2

produzido através da equação 4.

mCO2 produzido,t = %CO2 produzido,t . mar,t ( 4 )

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

38

A linha de expurgo do equipamento serviu para acompanhamento da

composição de gases injetados, a fim de garantir que a modificação ocorrida fosse

proveniente do resultado da fermentação e não da composição de ar.

O espectrômetro de gases também foi programado para medir a produção

de etanol da mesma forma caso ocorresse.

4.9 Atividades enzimáticas e proteínas totais

Os ensaios enzimáticos de FPase foram determinados de acordo com a

metodologia descrita por Ghose (1987), sendo 3 mg de papel de filtro Whatman n° 1,

100 µL de tampão citrato 50 mM pH 4,8 e 50 µL de sobrenadante da amostragem da

fermentação. A reação foi mantida por 1 hora à 50 °C, quando então foi interrompida

pela adição de 300 µL do reagente ácido 3-5 dinitrosalicílico (DNS). Em seguida a

reação foi aquecida a 99 °C durante 5 minutos e 2 mL de água destilada foi adicionada

para posterior leitura da absorbância a 540 nm. Uma unidade de FPU/mL é calculada

como sendo a razão de 0,37 e a concentração da enzima necessária para liberar 0,2

mg de glicose.

A atividade de xilanase foi determinada segundo metodologia descrita por

Miller (1959), sendo 10 µL da solução enzimática, 40 µL de tampão citrato 50 mM -

pH 4,8 e 50 µL de solução de xilana (beechwood) 0,50%. A reação foi mantida a 50

°C por 10 minutos e interrompida pela adição de 100 µL do reagente DNS seguida

pelo aquecimento a 98 °C para a quantificação dos açúcares redutores liberados a

partir da curva padrão de xilose.

Para a determinação da atividade de β-glicosidase, o procedimento de

reação foi o mesmo utilizado pela quantificação da atividade de xilanase exceto o

substrato utilizado, sendo este 4-p-nitrofenol-β-D-glicopiranosídeo 1 mM (p-β-NPG

Sigma). A reação foi mantida a 50 °C por 10 minutos, quando então foi interrompida

com 100 µL de solução de Na2CO3 1 M. O nitrofenol liberado foi quantificado por

espectrofotometria a 400 nm.

A concentração de proteínas totais foi determinada segundo Bradford

(1976), sendo 80 µL de enzima e 20 µL de Bradford com leitura da reação feita a 495

nm em espectrofotômetro.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

39

4.10 Análise de perfis metabólicos

A extração dos metabólitos foi realizada a partir de cinco réplicas biológicas

segundo metodologia descrita por Caldana (2011). Os metabólitos foram extraídos a

partir de 100 µl de sobrenadante e adicionado 1 mL de uma mistura gelada a -20 °C

do tampão methyl-tert-butyl-ether (1:3:1, v/v/v). As amostras foram homogeneizadas

em termostato por 30 minutos a 4 °C, seguida por fase de ultra-sonificação com gelo

por 10 minutos. Após este período, 650 µL de uma mistura do tampão composto por

água e metanol (3:1, v/v) foi adicionada. As amostras foram homogeneizadas em

vortex e centrifugadas a 14.000 rpm por 5 min/ 4 °C. Em seguida, ~500 µL da fase

apolar orgânica contendo lipídeos foram removidos da porção superior de cada

amostra restando, assim, somente a fase polar. Alíquotas de 150 e 300 µL da fase

polar foram transferidas para novos tubos e secas em um concentrador à vácuo. A fim

de volatilizar os metabólitos, as amostras foram derivatizadas. O volume de 1 µL das

amostras derivatizadas foi injetado em uma coluna Combi-PAL autosampler (Agilent

Technologies GmbH, Alemanha) acoplada ao equipamento CG/MS Pegasus HT,

LEGO. Os cromatogramas foram importados do programa Leco Chroma TOF software

(versão 4.51.6.0) para R software, sendo a detecção dos picos, alinhamento dos

tempos de retenção e busca em bibliotecas, realizadas através do uso do pacote

TargetSearch do Bioconductor.

As substâncias foram quantificadas pela intensidade do pico e massa. A

intensidade foi normalizada pelo peso-seco, seguido da soma da contagem total de

íons e substituição global, conforme descrito por Giavalisco (2011).

A fim de correlacionar os compostos orgânicos presentes no sobrenadante,

obtidos como resultado da análise do espectrômetro de gases, foi realizada a análise

multivariada denominado PCA – Principal Component Analysis, através do programa

R.

4.11 Secretoma

A concentração de proteínas totais foi determinada segundo a metodologia

descrita Bradford (1976). Alíquotas equivalentes dos diferentes cultivos em batelada

foram misturadas para a constituição de uma única amostra (pool das réplicas) a fim

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

40

de se obter um screening da variedade de proteínas presentes no secretoma. Vinte

microgramas do extrato proteico foram submetidos a eletroforese em gel desnaturante

de poliacrilamida (SDS-PAGE). O gel foi corado com Coomassie Brilliant Blue, e as

bandas visíveis foram cortadas, reduzidas e alquiladas. Em seguida, essas bandas

foram submetidas a digestão com tripsina e tratadas conforme protocolo interno da

facilitadora do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio). Os peptídeos obtidos

foram separados por gradiente de hidrofobicidade em coluna C18 (75 mm x 100 mm)

em sistema de cromatografia EASY-nLC system acoplado a uma interface de ESI

nanospray em um espectrômetro de massa do tipo LTQ Velos Orbitrap (Therm o

Fisher Scientific). Os dados brutos gerados da espetrometria de massas

(arquivos.raw) foram processados no programa MASCOT Search Engine tendo como

parâmetros uma clivagem perdida pela tripsina, modificação fixa de

carbamidometilação, modificação variável de oxidação da metionina, 10 ppm de

tolerância de massas para MS, 1 Da de tolerância de massas para MS/MS. Para

validar a identificação de proteínas, os arquivos gerados pelo Mascot (arquivos .dat)

foram analisados pelo programa Scaffold Q+ (Proteome Software Ink., Portland, OR)

com parâmetros para identificação de proteínas com mínimo de confiança de 95%

(protein threshold), ao menos 2 peptídeos identificados para cada proteína (peptide

threshold) e falso positivo (FDR) igual ou menor que 3% e, 50% de chance de

identificação do aminoácido, FDR 0,39%. Em seguida, o perfil MS/MS foi pesquisado

e comparado contra o genoma do fungo Trichoderma harzianum P49P11.

4.12 Microscopia óptica

A observação do processo fermentativo foi realizada a partir de 20 µl da

amostra utilizando o equipamento microscópio Eclipse E100 (Nikon, Tokyo, Japan)

acoplado com a câmera digital DS-Fi2 e o software NIS-Elements. As imagens foram

capturadas após o ajuste de foco com as lentes objetivas de 40X/0.65NA e

20X/0.65NA.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

41

5 RESULTADOS

5.1 Genoma

A fim de investigar as informações genéticas da linhagem T. harzianum

P49P11 na produção de enzimas degradadoras da biomassa, o genoma de novo do

fungo foi sequenciado e anotações funcionais para CAZymes e metabólitos

secundários foram feitas.

5.1.1 Sequenciamento

O sequenciamento a partir do Illumina HiSeq 2500 resultou em 27 milhões

de reads de 2x100 pares de bases (pb), contendo 49,05% de CG. A cobertura do

genoma foi de aproximadamente 130X. A predição de genes resultou na identificação

de 11755 genes (Tabela 4).

Tabela 4. Caracteristicas gerais do genoma de T. harzianum P49P11

Tamanho do genoma (pb) 41485224

n° contigs 780

maior contig 597410

CG % 49,05

N50 181635

L50 74

genes preditos 11755

5.1.2 Predição de função para CAZymes

Devido a importância de enzimas degradadoras da biomassa, foi realizada

uma investigação na busca de sequências correspondentes as famílias de CAZymes

no genoma do fungo.

A partir da anotação automática do programa dbCAN, inicialmente foram

preditas o total de 689 CAZymes, sendo 303 GHs, 104 CEs, 96 AAs, 100 GTs, 77

CBMs e 9 PLs.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

42

Cada sequência foi manualmente confrontada utilizando a ferramenta

Blastp para checar alinhamento, e-value e função. Aquelas com atividade

desconhecida não foram consideradas. Assim, foi gerado um total de 340 CAZymes.

Dentre essas, 213 são GHs, 60 CBMs, 41 AAs, 20 CEs e 8 PLs. A família de glicosil-

transferases (GT) não foi tratada neste trabalho.

Dentre a família de CBMs, a maior representação foi o domínio CBM1 (21

genes), que apesar de historicamente estar relacionado ao módulo de ligação a

celulose, também apresentam relação ao domínio de quitina (LIMON et al., 2004),

seguida da família CBM50 (17 genes), também relacionada a ligação com quitina.

Dentre as GHs, a família GH18 apresentou maior número de sequências,

contendo 24 sequências genicas, o que corresponde a atividades de quitinase. Muitas

delas apresentaram peptídeo sinal, mostrando que a expressão é seguida de

secreção enzimática. Algumas, além do domínio catalítico GH18, apresentam domínio

para CBM1, CBM50 e CBM18 (módulos estes que estão associados à aproximação

da enzima com o substrato de quitina).

A classe de proteínas com atividades auxiliares AA3 foi a maior

representante deste grupo (21 genes), com atividades de glicose oxidase e celobiose

desidrogenase (LEVASSEUR et al., 2013). Uma das proteínas AA9 (anteriormente

classificadas como GH61) encontradas chama atenção por conter o domínio CBM na

mesma sequência gênica. As proteínas AA9 desempenham função de clivagem da

cadeia celulósica através da oxidação dos carbonos, enquanto que CBM1 está

relacionada a celulose (CAZY, 2018).

Um total de 18 CEs foram encontradas e classificadas em 7 grupos

diferentes, sendo o maior deles CE5 (6 genes), com atividades de cutinase e acetil

xilana esterase.

Tabela 5. Número de sequências genéticas por família de CAZymes encontradas no genoma do fungo T. harzianum P49P11

CAZyme Número de

sequências CAZyme

Número de

sequências CAZyme

Número de

sequências

AA1 3 PL7 5 GH31 5

AA2 5 PL8 1 GH35 1

AA3 21 PL20 2 GH36 1

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

43

AA5 1 GH1 4 GH37 2

AA6 1 GH2 13 GH38 3

AA9 3 GH3 14 GH43 3

AA11 5 GH4 1 GH45 1

CBM1 21 GH5 9 GH47 6

CBM6 1 GH6 1 GH49 1

CBM13 1 GH7 3 GH54 2

CBM18 9 GH10 3 GH55 9

CBM20 1 GH11 4 GH66 1

CBM21 1 GH12 3 GH64 5

CBM24 2 GH13 8 GH65 1

CBM50 17 GH15 2 GH67 1

CBM43 2 GH16 17 GH71 6

CBM48 1 GH17 2 GH72 5

CBM66 1 GH18 24 GH75 3

CBM67 1 GH20 3 GH76 7

CE1 6 GH23 1 GH78 2

CE4 2 GH24 1 GH79 3

CE5 6 GH25 1 GH89 2

CE8 1 GH26 1 GH92 6

CE9 1 GH27 5 GH115 1

CE10 2 GH28 4 GH127 1

CE14 1 GH30 6 GH128 4

CE15 1

A tabela completa detalhada das sequências preditas depois da checagem

e filtragem de dados se encontra no apêndice do trabalho.

5.1.3 Predição de metabólitos secundários

O genoma do fungo foi submetido a plataforma antiSMASH fungal version

que foi criada para identificar sequências genéticas para enzimas associadas a

metabólitos secundários (MS). O total de 54 sequências foram encontradas sendo 8

terpenos, 21 t1-pks, 10 NRPS, 4 clusters que contêm tanto o domínio para pks quanto

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

44

para NRPS, 3 enzimas putativas para ácidos graxos e 8 genes classificadas como

outras (proteínas que pertencem ao metabolismo secundário, mas não apresentam

características das demais classes descritas).

Dentre essas sequências, 8 enzimas para metabólitos secundários foram

encontradas próximos de CAZymes (Tabela 6) indicando possível corregulação

(Martinez et al.,2008).

Tabela 6. Sequências genéticas para metabólitos secundários encontradas próximas de CAZymes.

Cluster para MS CAZyme Atividade enzimática

terpeno CBM13/GH142 arabinofuranosidase

terpeno CE4 N-acetilglucosamina deacetilase

terpeno GH31 α -xilosidase

T1-pks CE12 lipase

T1-pks GH74 GH74

T1-pks GT21 glicosilceramida sintase

NRPS AA3 oxiredutase

NRPS GH10 endo-xilanase

A tabela completa com proteínas relacionadas ao metabolismo secundário

se encontra no apêndice deste trabalho.

5.2 Análise dos parâmetros durante o processo fermentativo

Os ensaios em quintuplicata em biorreator de 3L foram realizados e

retiradas amostras em 48h, 72h, 96h e 120h, as quais foram fracionadas para as

diversas análises como mostrado anteriormente pelo fluxograma de atividades (Figura

7).

As fotos abaixo (Figura 8) ilustram o processo fermentativo realizado em

quintuplicata neste trabalho, utilizando celulose cristalina como fonte de carbono para

o micro-organismo.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

45

Figura 8. Foto dos biorreatores com 72 horas de cultivo utilizando T. harzianum em meio celulose cristalina.

Figura 9. Perfil traçado ao longo do processo fermentativo através do software BioCommand Batch Control com o fungo T. harzianum e celulose cristalina como fonte de carbono. As linhas da figura representam: agitação (vermelho), demanda de oxigênio (azul), aeração (rosa), pH (verde) e temperatura (marrom). As amostragens do processo ocorreram em 48h, 72, 96 e 120h, conforme demonstram as barras verticais em preto.

O processo fermentativo foi monitorado através do software BioCommand

Batch Control, mostrando o perfil de agitação, demanda de oxigênio (DO), aeração e

pH na figura acima (Figura 9). As 5 réplicas apresentaram gráficos de comportamento

muito parecidos (apêndice).

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

46

Também foi acompanhado o perfil de saída de CO2 com o espectrômetro

de gases de exaustão (Figura 10), como modelo indireto para medir o crescimento

microbiano em processos fermentativos, visto que se torna uma solução para

acompanhamento quando aplicado em larga escala (SAUCEDO-CASTAÑEDA et al.,

1994).

Figura 10. Produção de CO2 em g/L.h ao longo do processo fermentativo com o fungo T. harzianum em meio indutor de celulose cristalina como fonte de carbono.

Conforme os dados obtidos pelo espectrômetro de gases, o ponto de 42

horas representa o maior volume de liberacão de CO2 (Figura 10). O valor máximo

encontrado foi de 0,84 g/L.h de CO2 produzidos e mensurados na composição do ar

exalado.

O comportamento gráfico da produção de gás carbônico se mostra

coerente com o trabalho apresentado por LOPEZ-RAMIRES (2018) em que monitorou

o comportamento de gás produzido durante a fermentação por T. harzianum PBLA

como forma de inferir o crescimento celular no processo.

O espectrômetro de gases foi programado para medir a produção de etanol,

caso isso ocorresse, porém, os valores se mantiveram estáveis em zero ao longo do

cultivo, mostrando não ocorrer fermentação alcoólica por este micro-organismo.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

47

5.3 Análise da concentração de células e celulose

Os dados coletados sobre o crescimento de biomassa presente (Figura 11),

mostram que houve maior concentração de células próximo de 48h, sendo em média

3,64 g/l, os quais se tornam coerentes quando comparados com o resultado do

espectrômetro de gases (Figura 10) onde neste mesmo ponto demonstrou a maior

liberação de CO2 nas amostragens (0,54 g/L.h).

A partir de 72h a quantidade de células presentes e o consumo de celulose

tem pouca variação - o que sugere que o cultivo esteja em fase estacionária de

crescimento do micro-organismo.

A técnica utilizada para mensurar celulose (AHAMED E VERMETTE, 2009)

apresenta desvio da quantificação da celulose presente no meio, pois o ponto zero

horas, ou seja, com 20 g/l, foi submetido a análise e demonstrou valor próximo a 7g/l

de celulose. No entanto, o desvio se mantém ao longo da análise, pois em diversos

trabalhos utilizando a mesma técnica e o mesmo micro-organismo, o comportamento

gráfico é semelhante (GELAIN, 2015). Assim, pode-se considerar o comportamento

dos gráficos de célula e celulose, mas não o valor nominal para quantificação.

Figura 11. Concentração de células (azul) e consumo de celulose (vermelha) em g/L ao longo do tempo (h) pelo cultivo de T. harzianum em fermentação submersa utilizando celulose cristalina como fonte de carbono.

A razão da produção de CO2 e a biomassa apresenta diferentes valores ao

longo da fermentação (Tabela 7), resultado obtido devido a oxidação de diferentes

compostos metabólicos do fungo ao longo do processo. Conforme mostra a tabela

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

48

abai

xo, a

rela

ção

deca

i ao

long

o do

pro

cess

o, q

uand

o em

48h

atin

ge s

ua c

orre

laçã

o

máx

ima.

Tabe

la 7

. Com

para

ção

da b

iom

assa

pre

sent

e na

s am

ostra

s do

reat

or c

om a

pro

duçã

o de

CO

2 men

sura

da p

elo

espe

ctrô

met

ro d

e ga

ses

de e

xaus

tão.

Tem

po (h

) Bi

omas

sa (g

/l)

CO

2 (g/

l.h)

CO

2/Bi

omas

sa(g

/h.g

)

48h

3,45

98

0,54

0,

16

72h

2,83

18

0,19

0,

06

96h

2,29

90

0,07

0,

03

120h

2,

1866

0,

03

0,01

3

5.4

Aná

lise

da p

rodu

ção

enzi

mát

ica

A fim

de

ve

rific

ar

a at

ivid

ade

enzi

mát

ica

espe

cífic

a da

s en

zim

as

degr

adad

oras

de

celu

lose

e h

emic

elul

ose,

fez

-se

anál

ises

qua

ntita

tivas

com

o

sobr

enad

ante

, con

form

e m

etod

olog

ias

desc

ritas

. Os

resu

ltado

s de

mon

stra

m a

mai

or

prod

ução

de

xila

nase

e β

-glic

osid

ase

(Fig

ura

12) e

m 7

2 ho

ras

do in

icio

do

proc

esso

,

quan

do a

prim

eira

atin

ge v

alor

es d

e 22

0,6

± 21

,5 U

/ml,

enqu

anto

a s

egun

da a

tinge

seu

pico

ao

mes

mo

tem

po, c

hega

ndo

aos

valo

res

de 2

,21

± 0,

3 U

/ml,

indi

cand

o se

trata

r do

pont

o m

áxim

o de

pro

duçã

o en

zim

átic

a.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

49

Figura 12. Atividade enzimática de xilanase e β -glicosidase em U/ml das amostras retiradas ao longo do tempo (h) no cultivo de T. harzianum em fermentação submersa utilizando celulose cristalina como fonte de carbono.

Figura 13. Atividade de FPase (FPU/ml) e quantificação de proteínas totais (mg/ml) das amostras retiradas ao longo do tempo (h) pelo cultivo de T. harzianum em fermentação submersa utilizando celulose cristalina como fonte de carbono.

A Figura 13 representa o gráfico com atividade de FPase (azul) e a

quantificação de proteínas totais (vermelho). O ponto de máxima concentração de

proteínas totais e FPase se encontra nas amostragens de 72 e 96 horas de cultivo,

com a concentração de 1,0 ± 0,05 mg/ml de proteínas totais e 0,73 ± 0,05 FPU/ml de

atividade de FPase em 72h, o que representa uma produtividade de 10,14 FPU/L.h.

Quando comparado os dados de FPU/ml e a quantificação de proteínas totais (Figura

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

50

13), observa-se que há correlação dos valores de aproximadamente 1:1 e, portanto,

que as proteínas totais presentes no sobrenadante correspondem diretamente às

enzimas específicas degradadoras do substrato.

5.5 Secretoma

Alíquotas do sobrenadante referentes as diferentes replicas dos cultivos em

batelada foram misturadas para a constituição de uma única amostra (pool das

replicas) para o tempo referente as amostragens em 72 horas e outro pool para

amostras no tempo de 96 horas a fim de se fazer análise qualitativa do secretoma.

Estes foram escolhidos devido a presença de maior concentração de proteínas totais

quantificado por Bradford (Figura 13). As amostras foram aplicadas em gel SDS-

PAGE (Figura 14) porém, apenas a amostragem de 72h foi cortada, tratada e

submetida ao espectrômetro de massas devido a sua maior produtividade em

FPU/L.h.

Figura 14. Gel SDS-PAGE com pool de amostra de 72h e 96h de fermentação.

A análise do secretoma, quando crescido em meio celulose cristalina,

identificou um total de 108 proteínas (2304 espectros), sendo 50 proteínas

classificadas como CAZymes. Dessas, foram relatadas 40 GHs, 5 CEs, 5 AAs e 12

CBMs juntamente com outro domínio catalítico. As GHs, maior grupo presente no

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

51

secretoma, foram distribuídas em 27 famílias. A Tabela 8 contém a identificação das

proteínas encontradas (ID), bem como sua classificação segundo o banco de dados

CAZy, número EC, a presença de peptídeo sinal para secreção celular (SignalP) e a

quantidade de espectros gerados.

Tabela 8. CAZy encontradas no secretoma de T. harzianum P49P11 em 72 horas de cultivo em biorreator, utilizando celulose cristalina como fonte de carbono.

Identificação da Proteína (ID) CAZy Classificação Número EC SignalP Espectro

THAR_003918 AA2 L-ascorbato peroxidase 1.11.1.11 não 6 THAR_001001 AA2 catalase peroxidase 1.11.1.21 não 7 THAR_001205 AA5 glioxal oxidase 1.2.3.15 sim 11 THAR_011135 CE1 feruloil-esterase 3.1.1.73 não 6 THAR_011592 CE5 acetil-xilana-esterase 3.1.1.72 sim 6 THAR_004037 CE5 acetil-xilana-esterase 3.1.1.72 sim 2 THAR_007672 CE8 pectinase-esterase 3.2.1.11 sim 2

THAR_000687 CBM1/CE15 metil-transferases 3.2.1.- sim 12

THAR_005835 CBM1/AA9 celulase 3.2.1.4 não 2

THAR_005820 CBM1/GH11 endo-xilanase 3.2.1.8 não 3

THAR_010035 CBM1/GH5 endoglucanase 3.2.1.4 sim 4

THAR_009333 CBM1/GH5-5 endoglucanase 3.2.1.4 sim 3

THAR_010517 CBM1/GH6 celobiohidrolase 3.2.1.91 sim 10

THAR_004903 CBM1/GH7 celobiohidrolase 3.2.1.91 sim 20

THAR_000270 CBM1/GH7 endoglucanase 3.2.1.7 sim 5

THAR_001807 CBM24/GH71 α-endo-glucanase 3.2.1.59 sim 8

THAR_004055 CBM42/GH54 arabinofuranosidase 3.2.1.55 sim 7

THAR_007975 CBM43/GH72 β-glucanosiltransferase 2.4.1- sim 6

THAR_011525 CBM6/GH43 β-xilosidase 3.2.1.37 sim 9

THAR_004929 GH10 endo-xilanase 3.2.1.8 sim 16 THAR_005508 GH10 endo-xilanase 3.2.1.8 sim 7 THAR_000744 GH11 endo-xilanase 3.2.1.8 não 7

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

52

THAR_002305 GH115 α -glucoronidase GH115 não 8 THAR_005887 GH12 endoglucanase 3.2.1.4 não 5 THAR_009992 GH16 GH16 GH16 sim 7 THAR_000837 GH16 β-galactosidase 3.2.1.103 sim 5 THAR_007593 GH18 chitinase 3.2.1.14 sim 11 THAR_007271 GH2 galactosidase 3.2.1.23 sim 4 THAR_002920 GH20 acetil-hexosaminidase 3.2.1.52 sim 6 THAR_000369 GH25 lisozima 3.2.1.17 sim 3 THAR_011476 GH27 α-galactosidase 3.2.1.22 sim 2 THAR_003667 GH28 rhaminosidase 3.2.1.40 não 3 THAR_010018 GH3 β-glucanase 3.2.1.21 não 21 THAR_004907 GH30 endo-xilanase 3.2.1.136 sim 11 THAR_004578 GH30-3 β-glucanase 3.2.1.75 sim 7 THAR_004421 GH30-5 galactanase 3.2.1.164 sim 6 THAR_000685 GH30-7 β-glucanase 3.2.1.75 não 5 THAR_000440 GH31 α-glucosidase 3.2.1.20 sim 7 THAR_004256 GH35 galactosidase 3.2.1.23 sim 3 THAR_007910 GH38 manosidase 3.2.1.24 sim 3 THAR_011570 GH49 dextranase 3.2.1.11 não 7 THAR_008676 GH55 exo-glucanase 3.2.1.58 não 13 THAR_007389 GH55 endoglucanase 3.2.1.39 sim 8 THAR_006343 GH55 endoglucanase 3.2.1.39 sim 4 THAR_001809 GH62 α-arabinofuranosidase 3.2.1.55 sim 6 THAR_011501 GH64 endoglucanase 3.2.1.39 não 2 THAR_000346 GH71 α-endo-glucanase 3.2.1.59 sim 6 THAR_009358 GH92 manosidase GH92 sim 14 THAR_002783 GH92 manosidase GH92 sim 3

Para a degradação de celulose, o fungo utilizou a secreção de

endoglucanases (CBM1-GH5-5, GH12, GH55, GH71) agindo na cadeia interna,

formando terminais redutores e não redutores. A secreção de exoglucanases (GH55,

CBM1-GH6 e CBM1-GH7) permitiu a liberação de celobiose no meio que,

posteriormente, foi convertida em glicose pela ação de β-glucosidases (GH3, GH30-

7, GH30-3,) e α-glucosidase (GH31).

Os resultados demonstram que o fungo Trichoderma harzianum P49P11

possui os 4 modelos de atividade sinérgica para degradação de celulose, pois há

presença de endoglucanases, exoglucanases, celobiohidrolases e β-glucosidases

(CASTRO et al, 2010; LYND et al., 2002).

Já para a degradação de hemicelulose o micro-organismo utilizou de

enzimas tais como endo-xilanases (GH10,GH11,GH30), β-xilosidases (CBM6-GH43),

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

53

arabinofuranosidase (GH62, CBM62-GH54), galactosidase (GH2, GH27, GH35),

galactanase (GH30-5), manosidase (GH38, GH92), feruloil-esterase (CE1) e acetil-

xilan-esterase (CE5), entre outras.

Embora o genoma revele grande quantidade de sequências para GHs18,

apenas 1 foi expressa frente ao meio de cultura utilizado, visto que não há presença

de quitina e esta pode estar presente devido ao crescimento de hifas.

O secretoma contém a enzima metiltransferase (CE15), a qual está

associada em regulação de CAZymes (SEIBOTH et al., 2012) e desenvolvimento

morfológico como esporulação (AGHCHEH et al., 2013).

Apesar de encontrados 4 grupos de proteínas com atividades auxiliares,

apenas 1 deles (AA5) foi predita para ser encontrada no secretoma, devido a presença

do peptídeo sinal na sua sequência. A enzima em questão (EC 1.2.3.15) é ferro

dependente e participa da degradação de lignina (LEVAUSSER et al., 2013), que

compõe aproximadamente 1 % da composição de celulose cristalina, caracterizada

nos laboratórios do CTBE. As demais enzimas foram classificadas como enzimas que

participam do processo interno da célula.

Das 50 proteínas encontradas no secretoma, 35 delas apresentaram

peptídeo sinal para secreção celular, as demais corresponderam a proteínas

intracelulares provavelmente como resultado de eventos de lise de células, apoptose

ou mecanismos não convencionais de secreção de proteínas.

5.6 Metaboloma

A fim de compreender o perfil das substâncias encontradas no sobrenadante,

resultantes de metabólitos e de produtos da hidrólise da biomassa, foi realizado o

metaboloma de T. harzianum P49P11 cultivado em celulose cristalina como fonte de

carbono durante 120 horas.

Após o pré-processamento dos dados obtidos por espectrometria de massas

foram detectados 42 compostos durante a cinética do crescimento do fungo conforme

observado na Figura 15.

Das substâncias encontradas 47,62% são aminoácidos, responsáveis pela

síntese de proteínas, seguido de açúcares (mono e dissacarídeos) com um total de

21,43% e compostos orgânicos num total de 14,28%.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

54

O perfil de metabólitos apresentados na Figura 15 revela uma separação

Os compostos foram divididos em dois grandes grupos – um grupo de

substâncias com maior concentração (grupo superior) e um grupo com substâncias

de menor concentração (grupo posterior). Do grupo de substâncias mais concentradas

- ácido glucurônico, leucina e glutamina – apresentaram menores valores em 48 horas.

Já substâncias como valina, myo inositol, tirosina e ácido aspártico tiveram maior

concentração após 96 horas. Alguns compostos foram encontrados com a mesma

intensidade durante todo o tempo de cultivo (glicerol 3 fosfato, ácido 4 amino butírico,

glicina, ácido cítrico, ácido lático, glicose, uréia e fosfato).

A fim de identificar compostos possivelmente correlacionados foi realizado

um procedimento matemático denominado Principal Component Analysis (PCA) -

Análise de Componentes Principais (ACP), que é definido como uma transformação

linear ortogonal (ortogonalização de vetores) para converter um conjunto de dados

para um sistema de coordenadas de forma que a maior variância fica ao longo da

Figura 15. Heat map dos metabólitos encontrados no sobrenadante da biofermentação com T. harzianum P49P11.

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

55

primeira coordenada denominada primeiro componente, a segunda maior variância

fica ao longo da segunda coordenada e assim por diante.

A Figura 16 mostra o PCA realizado para as 3 réplicas fermentativas dos

dados de metabólitos identificados como 1, 2 e 3 nos tempos de 48, 72, 96 e 120

horas.

Figura 16. PCA para dados de metabólitos encontrados nas amostragens de 48 horas (triângulo azul), 72 horas (quadrado verde), 96 horas (cruz rosa) e 120 horas (circulo vermelho).

Pela ferramenta matemática PCA podemos correlacionar metabólitos com

o tempo de amostragem. O tempo de 48 horas tem forte correlação para os açúcares

celobiose, xilose e arabinose.

Em 72 horas a correlação está entre o aminoácido glicina e a base

nitrogenada uracila que constitui o RNA, o qual será traduzido em proteína. Além

disso, a uracila é um componente de várias coenzimas que atuam em conjunto com

enzimas em processos de metabolismo de carboidratos, o que pode estar relacionado

com a produção enzimática mais elevada nesta amostra. Em 72 horas, também é o

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

56

tempo de alta correlação para o ácido glucorônico, conhecido por ser produto

repressor da enzima CBH.

Os tempos de 96 e 120 horas apresentaram alta correlação para a maioria

dos aminoácidos, assim como para a putrescina, molécula orgânica que se forma pela

decomposição de aminoácidos, o que pode explicar a diminuição da síntese proteica

e atividade enzimática

5.7 Microscopia

Abaixo (Figura 17 e Figura 18) são representadas imagens realizadas em

microscópio óptico com 20 μl de meio de cultura das amostragens nos tempos de 48

e 72 h.

Figura 17. A) Microscopia óptica da amostra do cultivo em 48h com aumento de 20x. B) Microscopia óptica da amostra do cultivo em 72h com aumento de 20X.

Figura 18. C) Microscopia óptica da amostra do cultivo em 96h com aumento de 40x. D) Microscopia óptica da amostra do cultivo em 120h com aumento de 20X.

A B

C D

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

57

As imagens demostram a presença de esporos e hifas em todos os tempos

da fermentação, entretanto foi observado o predomínio de hifas em 48 e 72 horas de

cultivo (Figura 17 A e B). A presença de ambos – hifas e esporos – em todas as

amostras era esperada devido ao meio de cultura utilizado - celulose cristalina, 20 g/l

- conforme demostrou o artigo de Delabona, 2016, no qual foi acompanhado o

crescimento e morfologia de hifas e esporos do fungo T. harzianum em diversos meios

de cultura e constatou que, quando usado celulose, sempre há presença de ambas

fases morfológicas da espécie em questão.

A diminuição da biomassa ao longo do processo fermentativo, demonstrada

pelo gráfico da Figura 11, parece estar relacionada com o processo de esporulação

visto pelas imagens microscópicas obtidas a partir das amostras retiradas ao longo do

cultivo em reator.

6 Discussões

6.1 O estudo genômico

O estudo realizado por Horta (2018) demonstra que T. harzianum e T.

reesei compartilham um fundo genético amplamente comum sendo que pequenas

diferenças podem ser detectadas ao comparar seus desempenhos enzimáticos.

Sabendo que T. reesei é utilizado em escala industrial na produção de coquetéis

enzimáticos, surge a necessidade de aprofundar os estudos genômicos de T.

harzianum, que embora seja uma linhagem selvagem, tem demonstrado ser

promissora para produção de enzimas degradantes da biomassa.

O estudo de sequências genômicas de CAZymes em T. harzianum P49P11

revelou a presença de um total de 689 sequências preditas pelo programa dbCAN.

Dentre o grupo de GHs, a família GH18 (EC 3.2.1.14), com atividade para quitinase,

mostra maior representatividade, com 24 genes. Outro grande grupo são enzimas

endoglucanases, exoglucanases β-glucosidases (GH3, GH5, GH6, GH7, GH12,

GH30-3, GH30-7, GH55 e GH64). Os dados são esperados devido a atividade

micoparasitária realizada pelo gênero Trichoderma, que utilizam a estratégia

combinada de ataque da parede celular de outros fungos (composta principalmente

por quitina e β-glucano) por processo de hidrólise, além de secreção de metabólitos

secundários que exercem funções antimicrobianas diversas (DRUZHININA et al.,

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

58

2011; BENÍTEZ et al., 2004; NAUOM et al., 2018). Horta (2018) também identificou

maior porcentagem de GH18 que incluem principalmente quitinases (EC 3.2.1.14) e

endo-β-N-acetilglucosaminidases para a linhagem de T. harzianum CBMAI0020.

Fanelli (2018) também encontrou a maior porcentagem de GHs18 no genoma de

Trichoderma atrobrunneum. O estudo feito por Kubicek (2011) das espécies

Trichoderma virens e Trichoderma atroviride, mostraram que a família GH18 foi a

maior representante de glicosil hidrolases no genoma destas espécies. O estudo

também encontrou os domínios de ligação CBM 1, CBM18 e CBM50, relatados como

domínios de ligação a quitina, junto das proteínas GH18. Os mesmos dados também

foram vistos no presente estudo para a linhagem T. harzianum P49P11.

O fungo apresenta destaque na literatura pela produção de β-glicosidases

justamente por possuir a estratégia de hidrólise da parede de fungos na competição

com outros micro-organismos, bem como pela atividade decompositora de matéria

orgânica. O genoma de Trichoderma harzianum P49P11 revelou numerosas

sequências gênicas para enzimas degradadoras de carboidratos, como

endoglucanasase, celobiohidrolases, xilanases, entre outras, importantes na

produção de coquetel enzimático para hidrólise da biomassa.

Quando analisadas sequências para proteínas envolvidas no metabolismo

secundário, foram encontradas 8 sequências que continham tanto proteínas

envolvidas no metabolismo secundário quanto CAZymes, indicando possível

corregulação. Martinez (2008) sugere tratar-se da estratégia do micro-organismo na

competição por nutrientes, visto que a secreção de antibióticos ou agentes

microbianos estaria associada as enzimas degradadoras de carboidratos. Não foram

encontrados clusters com sequências relacionadas ao MS e enzimas degradadoras

da parede celular de fungo (quitinases ou glucanases) indicando não haver relação

direta com atividade micoparasitária. Contudo, outros metabólitos secundários, que

funcionam como agentes anti-microbianos, podem estar relacionados, como por

exemplo NRPS.

Os terpenos foram representados por enzimas, chamadas de terpeno

ciclases ou esqualeno sintases, que agem sobre farnesil-difosfato, substância

intermediária na biossíntese de tricotecenos a partir de Acetil-CoA (MALMIERCA et

al., 2013). Alguns estudos apresentam as moléculas de farnesol e ácido farnesóico,

produzidas a partir de farnesil-difosfato, envolvidas na repressão de desenvolvimento

de hifas no fungo filamentoso Candida albicans, no entanto, metabólitos secundários

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

59

são espécie-específicos, podendo não haver relação com a espécie Trichoderma

harzianum (HORNBY et al., 2001; HOGAN D., 2004). Malmierca (2013) estudou os

genes envolvidos na via de biossíntese de tricotecenos em T. arundinaceum e

concluiu que os compostos produzidos por esta via são, em geral, tóxicos para animais

e plantas e fazem parte do sucesso de adaptação do micro-organismo ao ambiente.

NRPS e PKS representam a maior porcentagem de proteínas relacionadas

ao metabolismo secundário em Trichoderma, estando de acordo com o estudo de

Atanavosa (2013). Estão envolvidos na interação Trichoderma-planta ou Trichoderma-

microrganismo (MUKHERJEE et al., 2012). Alguns PKSs estão envolvidos no

desenvolvimento sexual de fungos (NOWROUSIAN et al., 2009). Neste trabalho não

foi possível correlacionar metabólitos secundários e CAZymes. Faltam estudos que

descrevam metabólitos secundários e suas funções para a espécie em questão, tendo

em vista que o fungo T. harzianum P49P11 possui sequências genicas para tais

produtos.

6.2 Crescimento do micro-organismo

O comportamento do crescimento pelo micro-organismo pode ser notado

nas análises de produção de CO2 (Figura 10), quantificação de células (Figura 11) e

DO (Figura 9).

Na primeira etapa o fungo passa por uma fase de adaptação ao meio de

cultura, conhecida como fase Lag. Entre 24h de cultivo, aproximadamente, e 48h, o

micro-organismo demonstra características da fase log, onde o crescimento é

exponencial, pois apresenta a DO baixa (Figura 9) e maior produção de CO2 (Figura

10), resultado de seu metabolismo ativo. Pode-se perceber o pico da produção de

CO2, que ocorreu em aproximadamente 42 h (Figura 10), marcando o final da fase de

crescimento exponencial (SAUCEDO-CASTAÑEDA et al., 1994). Neste período

observa-se também a necessidade de aeração do processo, pela variação de aeração

mostrada em rosa pelo software BioCommand. Há também uma leve alteração de pH,

característica desta etapa de desenvolvimento. Nesta fase, o fungo produz

principalmente metabólitos primários, aqueles responsáveis por mantê-lo vivo e

estável. Apesar de apresentar atividade enzimática para a degradação do substrato,

esta ainda não é intensa, pois será resultado de metabolismo secundário que se

intensificará na fase seguinte - estacionária.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

60

Quando o cultivo se encontra com 96 horas, parece ser próximo ao final da

fase estacionária, pois sua produção enzimática não é tão maior que a apresentada

na amostragem anterior (72 horas), tampouco a produção de CO2 (Figura 10). A DO

(Figura 9) se mostra ainda estável, bem como a quantidade de células envolvidas no

processo (Figura 11). É na fase estacionária que os metabólitos secundários são

produzidos em maior quantidade, sendo ilustrada neste trabalho pelo período entre

48 e 96 horas. A mensuração da produção enzimática celulolítica se encontra em

maior concentração, visto pelas atividades e produtividades apresentadas. Este se

mostra um momento essencial para as análises do secretoma a fim de se fazer o

screening das proteínas produzidas e secretadas, visto que o valor de proteínas totais

também é maior neste período (1 mg/ml).

A partir do ponto de amostragem de 96 horas em diante a DO sobe e os

níveis de CO₂ chegam próximos a zero (0,03 g/L.h) antes de completar 120 horas, se

igualando as condições iniciais do reator, quando inoculado apenas esporos. O fungo

demostra estar na fase de declínio, visto também através da microscopia (Figura 18-

C), a qual demostrou a existência de poucas hifas e o predomínio de esporos.

6.3 Produção enzimática

A presença de hifas está relacionada com a secreção de proteínas no meio,

segundo EL-ENSHASY (2007). Esta relação também pode ser observada no presente

trabalho, pois a maior quantificação de proteínas do processo fermentativo se

encontra próximo do ponto de 72 horas de cultivo (Figura 13), quando atingiu 1mg/ml,

o que coincide com as imagens microscópicas, as quais demostram haver maior

concentração de hifas no mesmo tempo (Figura 17). Com a amostragem de 72 horas

foi feito o estudo das proteínas presentes no sobrenadante.

O secretoma revelou o total de 108 proteínas sendo 50 CAZymes (Tabela

5). Dessas, houve concentração em enzimas da família GH (40 GHs), pertinente ao

meio de cultura indutor utilizado - celulose cristalina. O estudo do secretoma feito por

Delabona (2013) com o mesmo micro-organismo, porém utilizando bagaço de cana

como fonte de carbono, revelou a presença de 24 GHs. Devido a diferenças na forma

de cultivo, o mesmo estudo revelou a ausência de enzimas pectinases e α-

arabinofuranosidase no sobrenadante e sugeriu a suplementação de coquetel com

essas. Contudo, este trabalho encontrou ambas enzimas presentes no genoma do fungo

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

61

(CE8, GH54 e GH62), com a presença de peptídeo sinal nas sequências, revelando que

o fungo é capaz de secretar as enzimas em questão, dependendo das condições de

cultivo. A enzima α-arabinofuranosidase foi também encontrada no estudo do secretoma,

(GH54 e GH62), sendo que GH54 apresenta CBM42 (domínio cuja função consiste em

aproximação da enzima ao substrato arabinofuranose) junto do domínio catalítico,

revelando alta especificidade da enzima ao substrato. Nauom (2018) relatou a presença

de α-arabinofuranosidase no secretoma da linhagem T. harzianum ALL42. Castro, (2016)

também observou a presença de α-arabinofuranosidase em cultivo de T. reesei Rut-C30

utilizando como fonte de carbono celulose, mas não em soforose. Portanto, o fungo tem

o potencial de produzir tais enzimas, dependendo das condições de cultivo, sem a

necessidade de suplementação do coquetel enzimático.

A família AAs foram representadas no secretoma apenas por AA2 e AA5,

no entanto, somente a última teria atividade enzimática sobre lignina (EC 1.2.3.15),

visto que as demais não apresentam peptídeo sinal e foram caracterizadas como

enzimas que participam de atividades celulares internas. O genoma de T. harzianum

P49P11 revela as sequências genômicas para diversas famílias de AAs, inclusive para

AA9 com a presença de peptídeo sinal. O trabalho de Al Rocha (2016) encontrou 1%

do secretoma de T. harzianum IOC 3844 constituído de AA9, portanto, o fungo não

secretou as enzimas quando cultivado em celulose cristalina.

O estudo do secretoma de T. harzianum ALL42 (Nauom et al., 2018) relatou

a presença de galactose-oxidase (AA5-2), contudo, não foi encontrado no secretoma

e nem no genoma no presente estudo, utilizando a linhagem T. harzianum P49P11.

Devido ao meio de cultura indutor utilizado, houve maior expressão de

celulases e hemicelulases, mostrando o potencial do micro-organismo na degradação

da biomassa lignocelulósica. A elevada concentração de enzimas degradadoras de

carboidratos é importante fator para a etapa de hidrólise da biomassa na produção de

E2G.

O fungo utilizado neste estudo revelou atividade enzimática para a

degradação de celulose representada pela atividade de β-glicosidase e FPase (endo-

glucanases e exo-glucanases). Para a degradação da hemicelulose, presente no meio

de cultura utilizado, foi considerada a atividade de xilanase.

Quando observado os dados do secretoma, a análise mostra a presença

das proteínas GH10, GH11 e GH30 no sobrenadante, confirmando a atividade

enzimática de xilanase observada. As enzimas GH3, GH30-3 e GH30-7 também

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

62

aparecem nos dados obtidos do espectrômetro de massas, indicando estarem

envolvidas na atividade de β-glicosidase e GH5, GH6, GH7, GH12, GH55 e GH64

estão relacionadas a endo e exoglucanases confirmadas pela atividade de FPase.

As atividades enzimáticas mensuradas neste trabalho se mostraram

maiores em 72 horas de cultivo (Figura 12 e Figura 13), amostra na qual a

quantificação de proteínas totais também atingiu seu ponto máximo, em torno de 1

mg/ml. Quando calculada a produtividade, o fungo obteve valores de 10,14 FPU/L.h

em celulose cristalina. A mesma cepa, em meios otimizados, atingiu a produção de

16,8 FPU/L.h (DELABONA, 2013). Benoliel (2013) utilizou T. harzianum L04, e

reportou a produção enzimática alcançada como sendo 15,4 FPU/L.h. Estes valores

são compatíveis aos reportados pela literatura em diversos cultivos por outras

espécies de fungos produtores de celulases, como o T. reesei RUT-C30 relatado por

Bigelow et al. (2002), em cultivo com bagaço pré-tratado, o qual chegou a produção

máxima de 3.1 FPU/L.h. Kovacs et al. (2009), descreveu a produtividade de T.

atroviridae como sendo 9,2 FPU/L.h.

O trabalho de Florencio (2016), comparou a produção celulolítica de T.

harzianum P49P11, mesma cepa utilizada neste trabalho, com T. reesei Rut-C30

utilizando bagaço explodido como substrato e constatou a maior produção de enzimas

pelo primeiro em detrimento do segundo. Os valores constatados pelo estudo quanto

a atividade produzida por T. harzianum foram de (26.1 ± 5 IU/L) para β - glicosidase,

(53.0 ± 16 IU/L) para avicelase e (21.2 ± 4 FPU/L) para FPase, enquanto que o extrato

enzimático produzido por T. reesei foi de (6.3 ± 0 IU/L) para β - glicosidase, (9.1 ± 1

IU/L) para Avicelase e (5.2 ± 0 FPU/L) para FPAse. De Souza (2018) também

comparou atividades enzimática entre T. harzianum 422 e T. reesei Rut-C30 quando

ambos fermentados em meio lactose e concluiu resultados melhores com a linhagem

de T. harzianum. O fungo A. niger DR02, conhecido por ser um grande produtor de β-

glicosidase, obteve a máxima atividade em 120 horas de fermentação, atingindo o

valor de 1.16 IU/ml (ROBL, 2013). Quando comparada a produção por T. harzianum

P49P11 no mesmo substrato utilizado por Robl, Delabona (2013) obteve 8.33 IU/ml.

A presença de açúcares como celobiose, xilose e glicose no sobrenadante,

apresentado pelos dados do espetrômetro de massas, na análise do sobrenandante

do cultivo (Figura 15), indicam a ação das enzimas hemicelulolíticas presentes agindo

no processo de hidrólise da celulose e hemicelulose constituintes da celulose

cristalina.

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

63

Desta forma, pode-se considerar que a estipe em questão neste trabalho

apresenta potencial para aplicações em larga escala na indústria.

6.4 Metaboloma

O valor de glicose apresentou-se constante ao longo das amostragens. A

glicose promove o recrutamento nuclear de CRE1, principal fator de transcrição que

medeia a repressão catabólita de carbono, um mecanismo que favorece a assimilação

de fontes de carbono com altos rendimentos de energia, ao invés daquelas que

rendem menos energia (PORTNOY et al., 2011). Braga (2018) avaliou a expressão

gênica de T. harzianum P49P11 em diferentes fontes de carbono e encontrou a

transcrição de CRE1 expressa de maneira constante até 96 horas de cultivo, momento

em que teve maior expressão. Portanto a diminuição da produção enzimática após 72

horas indica não estar correlacionada com o desencadeamento da repressão

catabólica por glicose. O estudo feito por Makela (2018) também concluiu que o gene

CreA em A. niger não está relacionado com a absorção de açúcares e sugere que

outros genes, também repressores de expressão de enzimas glicosídicas estejam

envolvidos.

Pela ferramenta matemática PCA podemos correlacionar metabólitos com

o tempo de amostragem. O tempo de 48 horas tem forte correlação para os açúcares

celobiose, xilose e arabinose. Esses açúcares, de alguma forma, podem estar

ocasionando a expressão de algum fator repressor de celulases, como por exemplo,

o ACE1. O papel repressor de ACE1 foi sugerido em estudos demonstrando que a

deleção do gene ace1 resulta em aumento da expressão de todos os principais genes

de celulase e hemicelulase em culturas induzidas por soforose e celulose (PORTNOY

et al., 2011). Braga (2018) também avaliou a expressão de ACE1 em cultivo de T.

harzianum em celulose cristalina e encontrou um valor elevado logo nos primeiros

tempos de cultivo, desta forma, não podemos descartar que a presença de açúcares

na célula como celobiose, xilose e arabinose pode ser capaz de ativá-lo

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

64

7 Conclusões

Com base nos resultados discutidos neste trabalho, conclui-se que:

1. A análise genômica revelou a presença de inúmeras sequências de

CAZymes, importantes para a constituição de coquetel enzimático na

aplicação da fase de hidrólise da biomassa;

2. O fungo apresenta diversas sequências gênicas para GHs com

atividades enzimática hemicelulolíticas;

3. Quando cultivado em biorreator, o micro-organismo passa por uma fase

de adaptação ao meio, seguido da fase de crescimento exponencial

(fase lag), as quais ocorrem antes de 48h;

4. A fase de crescimento é caracterizada por alteração no pH, fluxo de gás,

alteração de DO, resultados do aumento metabólico como visto na

correlação de massa e produção de CO2;

5. A análise de CO2 se mostra útil na inferência do crescimento celular, já

que o pico da produção demarca o final do crescimento exponencial

pelo fungo e inicio da fase estacionária.

6. As enzimas de interesse (glicosil-hidrolases) são produzidas na fase

estacionária e sua maior produtividade é atingida em 72h;

7. A análise do secretoma encontrou 50 enzimas relativas a degradação

de carboidratos, concluindo que o fungo apresenta secreção para

glicosil hidrolases.

8. O secretoma revelou que o micro-organismo libera as 4 tipos de

enzimas que atuam sinergicamente na degradação da celulose, sendo

elas endoglucanases, exoglucanases e celobiohidrolases e β-

glicosidases , revelando sua estratégia eficiente na hidrólise enzimática.

9. Foram detectados 42 metabólitos durante a cinética do crescimento do

fungo e dentre esses, os destaques foram para os aminoácidos -

47,62%; açúcares (mono e dissacarídeos) - 21,43% e compostos

orgânicos - 14,28%.

10. O tempo de 48 horas tem forte correlação para os açúcares celobiose,

xilose e arabinose. Esses açúcares de alguma forma podem estar

ocasionando a expressão de algum repressor de hemicelulases.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

65

O gênero Trichoderma é conhecido por ser grande produtor de enzimas

celulolíticas. A linhagem T. harzianum P49P11 vem ganhando destaque em diversos

trabalhos na área de hidrólise como mostrado nesta dissertação.

7.1 Perspectivas

A fim de compreender o comportamento do micro-organismo durante o

processo fermentativo, a análise transcriptômica dos metabólitos secundários se faz

importante, uma vez que se tem o genoma da linhagem e a confirmação da presença

das sequências genômicas, para melhor compreensão das cinéticas químicas

envolvidas no processo de fermentação, bem como a correlação com CAZymes, visto

que podem estar no mesmo cluster.

O cultivo do micro-organismo com variação de íons Fe2+ no meio de cultura

pode ser uma estratégia de melhoramento na etapa de produção enzimática, visto que

a celulose e alguns metabólitos, como os terpenos, podem sequestrar o metal e

prejudicar a função de enzimas ferro-dependentes, como por exemplo AA5, presente

no secretoma.

O estudo do metabolismo primário se torna essencial na compreensão do

metabolismo celular do fungo envolvido para a discussão de futuras estratégias de

cultivo e alimentação, uma vez que o micro-organismo se mostra geneticamente

potencial na rota biotecnológica do etanol de segunda geração.

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

66

8 REFERÊNCIA

AGHCHEH, Razieh Karimi; DRUZHININA, Irina S.; KUBICEK, Christian P.

The putative protein methyltransferase LAE1 of Trichoderma atroviride is a key

regulator of asexual development and mycoparasitism. PLoS One, v. 8, n. 6, p.

e67144, 2013.

AHAMED, A.; VERMETTE, P. Effect of culture medium composition on

Trichoderma reesei’s morphology and cellulase production. Bioresource Technology, v. 100, n. 23, p. 5979 – 5987, 2009

AHMAD, Tanweer et al. Oil palm biomass–Based adsorbents for the

removal of water pollutants—A review. Journal of Environmental Science and Health, Part C, v. 29, n. 3, p. 177-222, 2011.

AL ROCHA, Vanessa et al. Characterization of the cellulolytic secretome of

Trichoderma harzianum during growth on sugarcane bagasse and analysis of the

activity boosting effects of swollenin. Biotechnology progress, v. 32, n. 2, p. 327-

336, 2016.

ARO, Nina et al. ACEI of Trichoderma reesei is a repressor of cellulase and

xylanase expression. Applied and environmental microbiology, v. 69, n. 1, p. 56-

65, 2003.

ATANASOVA, Lea et al. Comparative transcriptomics reveals different

strategies of Trichoderma mycoparasitism. BMC genomics, v. 14, n. 1, p. 121, 2013.

ATANASOVA, Lea et al. The polyketide synthase gene pks4 of Trichoderma

reesei provides pigmentation and stress resistance. Eukaryotic cell, p. EC. 00103-13,

2013.

BADER, J.; KLINGSPOHN, U.; BELLGARDT, K.H.; SCHUGERL, K.

Modeling and simulation of the growth and enzyme production of Trichoderma reesei

Rut C30. Journal of Biotechnology, v. 29, n. 1-2, p. 121–135, 1993

BALDRIAN, Petr; VALÁŠKOVÁ, Vendula. Degradation of cellulose by

basidiomycetous fungi. FEMS microbiology reviews, v. 32, n. 3, p. 501-521, 2008.

BANSAL, R.. MUKHERJEE, P. Identification of novel gene cluster for

secondary metabolism in Trichoderma genomes. Microbiology, v.85, n. 2, p. 185-190,

2016.

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

67

BARAL, Bikash; AKHGARI, Amir; METSÄ-KETELÄ, Mikko. Activation of

microbial secondary metabolic pathways: Avenues and challenges. Synthetic and Systems Biotechnology, 2018.

BAYER et al. Cellulose, cellulases and cellulosomes. Current Opinion in Structural Biology, v. 8, p. 548-557, 1998

BECKHAM et al. Applications of computational science for understanding

enzymatic deconstruction of cellulose. Current Opinion in Biotechnology, v. 22, p.

231–238, 2011

BENÍTEZ, Tahía et al. Biocontrol mechanisms of Trichoderma

strains. International microbiology, v. 7, n. 4, p. 249-260, 2004.

BENOLIEL, Bruno; TORRES, Fernando Araripe Gonçalves; DE MORAES,

Lidia Maria Pepe. A novel promising Trichoderma harzianum strain for the production

of a cellulolytic complex using sugarcane bagasse in natura. SpringerPlus, v. 2, n. 1,

p. 656, 2013.

BHATTACHARYA, Deepanjan; GERMINARIO, Louis T.; WINTER, William

T. Isolation, preparation and characterization of cellulose microfibers obtained from

bagasse. Carbohydrate Polymers, v. 73, n. 3, p. 371-377, 2008.

BIDLACK et al. Molecular Structure and componente integration of

secondary cell wall in plants. Proceedings of the Oklahoma Academy of Science,

v. 72, p. 51-56, 1992

BISCHOF, Robert H.; RAMONI, Jonas; SEIBOTH, Bernhard. Cellulases

and beyond: the first 70 years of the enzyme producer Trichoderma reesei. Microbial cell factories, v. 15, n. 1, p. 106, 2016.

BLIN, Kai et al. antiSMASH 4.0—improvements in chemistry prediction and

gene cluster boundary identification. Nucleic acids research, v. 45, n. W1, p. W36-

W41, 2017.

BOLGER, Anthony M.; LOHSE, Marc; USADEL, Bjoern. Trimmomatic: a

flexible trimmer for Illumina sequence data. Bioinformatics, v. 30, n. 15, p. 2114-

2120, 2014.

BORASTON, A.B., Bolam, D.N., Gilbert, H.J., Davies, G.J. Carbohydrate-

binding modules: fine-tuning polysaccharide recognition. Biochem. J. 382, 769–781.

2004.

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

68

BOURNE, Y., HENRISSAT, B.,. Glycoside hydrolases and

glycosyltransferases: Families and functional modules. Curr. Opin. Struct. Biol. 11,

593–600. 2001.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of

microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v. 72, n. 1-2, p. 248 – 54, 1976.

BRAGA, C. M. Avaliação da influência da fonte de carbono sobre a expressão de genes associados à degradação da biomassa vegetal visando a definição de estratégia para o melhoramento genético do fungo Trichoderma harzianum P49P11. Tese (Doutorado em Biotecnologia) Universidade Federal de São

Carlos – UFSCAR. 2018

BRAGATTO, J. Avaliação da composição química da parede celular de plantas de tabaco (Nicotiana tabacum) que superexpressam o gene ugdh de soja, que codifica a enzima UDP-glicose desidrogenase (EC 1.1.1.22). Piracicaba,

2007. 73 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) - Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz/USP. 2007.

BRAKHAGE, Axel A. Regulation of fungal secondary metabolism. Nature Reviews Microbiology, v. 11, n. 1, p. 21, 2013.

CALDANA, Camila et al. High-density kinetic analysis of the metabolomic

and transcriptomic response of Arabidopsis to eight environmental conditions. The Plant Journal, v. 67, n. 5, p. 869-884, 2011

CASTRO AM, Pereira Jr N: Production, properties and applica-tion of

cellulases in the hydrolysis of agroindustrial residues. Quím Nova. 2010.

CAZy, 2018. Disponível em: < www.cazy.org>. Acesso em: 01 de outubro

de 2018.

COLLINS, T.; GERDAY, C.; FELLER, G. Xylanases, xylanase families and

extremophilic xylanases. FEMS Microbiology Reviews, v. 29, p. 3-23, 2005.

COLUSSI, Francieli et al. Purification, and biochemical and biophysical

characterization of cellobiohydrolase I from Trichoderma harzianum IOC 3844. J Microbiol Biotechnol, v. 21, n. 8, p. 808- 817, 2011.

CONAB. Quarto levantamento da produção de cana-de-açúcar. V-4/Safra

207/2018. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana>.

Acesso em 20 de novembro de 2018.

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

69

COSTA P. S; BÜCHLI F; ROBL D.; DELABONA P. S; RABELO S. C;

PRADELLA J. G. C. Enhancement of Penicillium echinulatum glycoside hydrolase

enzyme complex. ISSN 1367-5435. J Ind Microbiol Biotechnol. DANIEL JFS, Filho ER. Peptaibols of Trichoderma. REVIEW. Nat Prod Rep

2007, 24:1128–1141

DE FRANÇA PASSOS, Douglas; PEREIRA, Nei; DE CASTRO, Aline

Machado. A comparative review of recent advances in cellulases production by

Aspergillus, Penicillium and Trichoderma strains and their use for lignocellulose

deconstruction. Current Opinion in Green and Sustainable Chemistry, 2018.

DE SOUZA, Marcella Fernandes; DA SILVA, Ayla Sant’Ana; BON, Elba PS.

A novel Trichoderma harzianum strain from the Amazon Forest with high cellulolytic

capacity. Biocatalysis and Agricultural Biotechnology, v. 14, p. 183-188, 2018.

DELABONA, Priscila et al. Enhanced cellulase production by Trichoderma

harzianum by cultivation on glycerol followed by induction on cellulosic substrates.

Journal of industrial microbiology & biotechnology, v. 43, n. 5, p. 617-626, 2016.

DELABONA, Priscila et al. Experimental mixture design as a tool to

enhance glycosyl hydrolases production by a new Trichoderma harzianum P49P11

strain cultivated under controlled bioreactor submerged fermentation. Bioresource technology, v. 132, p. 401-405, 2013(a)

DELABONA, Priscila et al. The relation between xyr1 overexpression in

Trichoderma harzianum and sugarcane bagasse saccharification performance.

Journal of biotechnology, 2017 doi.org/10.1016/j.jbiotec.2017.02.002

DELABONA, Priscila et al. Understanding the cellulolytic system of

Trichoderma harzianum P49P11 and enhancing saccharification of pretreated

sugarcane bagasse by supplementation with pectinase and α-L-arabinofuranosidase.

Bioresource technology, v. 131, p. 500-507, 2013(b)

DELABONA, Priscila et al. Use of a new Trichoderma harzianum strain

isolated from the Amazon rainforest with pretreated sugar cane bagasse for on-site

cellulase production. Bioresource technology, v. 107, p. 517-521, 2012 (a).

DELABONA, Priscila et al. Using Amazon forest fungi and agricultural

residues as a strategy to produce cellulolytic enzymes. Biomass and bioenergy, v.

37, p. 243-250, 2012 (b).

DRUZHININA, I. S.; KUBICEK, C. P. Familiar stranger: ecological genomics

of the model saprotroph and industrial enzyme producer Trichoderma reesei breaks

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

70

the stereotypes. In: Advances in applied microbiology. Academic Press, 2016. p.

69-147.

DRUZHININA, Irina S. et al. Trichoderma: the genomics of opportunistic

success. Nature reviews microbiology, v. 9, n. 10, p. 749, 2011.

DRUZHININA, Irina S.; KUBICEK, Christian P. Genetic engineering of

Trichoderma reesei cellulases and their production. Microbial biotechnology, v. 10,

n. 6, p. 1485-1499, 2017.

EL-ENSHASY, A. Filamentous fungal cultures–process characteristics,

products, and applications. In: Bioprocessing for Value-Added Products from Renewable Resources. 2007. p. 225-261.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2013: ano base 2012. Rio de Janeiro: EPE, 2013. 288p.

EVANS, Bradley S.; ROBINSON, Sarah J.; KELLEHER, Neil L. Surveys of

non-ribosomal peptide and polyketide assembly lines in fungi and prospects for their

analysis in vitro and in vivo. Fungal genetics and biology, v. 48, n. 1, p. 49-61, 2011.

EZEILO, Uchenna Regina et al. Enzymatic breakdown of lignocellulosic

biomass: the role of glycosyl hydrolases and lytic polysaccharide

monooxygenases. Biotechnology & Biotechnological Equipment, v. 31, n. 4, p.

647-662, 2017.

FANELLI, Francesca et al. Genomic characterization of Trichoderma

atrobrunneum (T. harzianum species complex) ITEM 908: insight into the genetic

endowment of a multi-target biocontrol strain. BMC genomics, v. 19, n. 1, p. 662,

2018.

FENGEL, D., Wood, W.G. Chemistry, Ultrastructure, Reactions. Walter de

Gruyter & Co, Berlin, 613 pp., 1989

FERREIRA FILHO, Jaire Alves et al. Carbohydrate-active enzymes in

Trichoderma harzianum: a bioinformatic analysis bioprospecting for key enzymes for

the biofuels industry. BMC genomics, v. 18, n. 1, p. 779, 2017.

FIGUEIREDO, J. A. et al. Cellulose and derivatives from wood and fibers

as renewable sources of raw-materials. In: Carbohydrates in Sustainable Development I. Springer, Berlin, Heidelberg, 2010. p. 117-128.

FLORENCIO, Camila et al. Secretome analysis of Trichoderma reesei and

Aspergillus niger cultivated by submerged and sequential fermentation processes:

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

71

enzyme production for sugarcane bagasse hydrolysis. Enzyme and microbial technology, v. 90, p. 53-60, 2016.

FOUST, Thomas D. et al. An economic and environmental comparison of a

biochemical and a thermochemical lignocellulosic ethanol conversion

process. Cellulose, v. 16, n. 4, p. 547-565, 2009.

GARDINER, Donald M.; WARING, Paul; HOWLETT, Barbara J. The

epipolythiodioxopiperazine (ETP) class of fungal toxins: distribution, mode of action,

functions and biosynthesis. Microbiology, v. 151, n. 4, p. 1021-1032, 2005.

GELAIN, Lucas; DA CRUZ PRADELLA, José Geraldo; DA COSTA, Aline

Carvalho. Mathematical modeling of enzyme production using Trichoderma harzianum

P49P11 and sugarcane bagasse as carbon source. Bioresource technology, v. 198,

p. 101-107, 2015.

GERVAIS, P. & MOLIN, P. The role of water in solid-state fermentation.

Biochemical Engineering Journal, v. 13, p. 85-101, 2003.

GHOSE, T.K. Measurement of cellulase activities. Pure and Applied Chemistry, v. 59, n. 2, p. 257–268, 1987.

GIAVALISCO, Patrick et al. Elemental formula annotation of polar and

lipophilic metabolites using 13C, 15N and 34S isotope labelling, in combination with

high-resolution mass spectrometry. The Plant Journal, v. 68, n. 2, p. 364-376, 2011.

GÓMEZ-MENDOZA, Diana Paola et al. Secretomic survey of Trichoderma

harzianum grown on plant biomass substrates. Journal of proteome research, v. 13,

n. 4, p. 1810-1822, 2014.

GUO, Hongliang; WANG, Xiao-Dong; LEE, Duu-Jong. Proteomic

researches for lignocellulose-degrading enzymes: A mini-review. Bioresource technology, 2018.

GUPTA, V. K. et al. Cellulose: a review as natural, modified and activated

carbon adsorbent. Bioresource technology, v. 216, p. 1066-1076, 2016.

Hamelinck, C., van Hooijdonk,G., Faaij, A. 2005. Ethanol from

Lignocellulosic Biomass: Techno-Economic Performance in Short, Middle- and Long-

Term. Biomass and Bioenergy. 384-410

HENRISSAT, Bernard. A classification of glycosyl hydrolases based on

amino acid sequence similarities. Biochemical Journal, v. 280, n. 2, p. 309-316,

1991.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

72

HOGAN, Deborah A.; VIK, Åshild; KOLTER, Roberto. A Pseudomonas

aeruginosa quorum-sensing molecule influences Candida albicans

morphology. Molecular microbiology, v. 54, n. 5, p. 1212-1223, 2004.

HOPWOOD DA, Sherman DH. Molecular genetics of polyketides and its

comparison to fatty acid biosynthesis. Annu Rev Genet 1990; 24, 37–66.

HORN, S. J. et al. Novel enzymes for the degradation of cellulose.

Biotechnology for Biofuels, v. 5, n. 45, p. 1-12, 2012.

HORNBY, Jacob M. et al. Quorum sensing in the dimorphic fungusCandida

albicans is mediated by farnesol. Applied and environmental microbiology, v. 67,

n. 7, p. 2982-2992, 2001.

HORTA, Maria Augusta Crivelente et al. Network of proteins, enzymes and

genes linked to biomass degradation shared by Trichoderma species. Scientific reports, v. 8, n. 1, p. 1341, 2018.

HORTA, Maria Augusta Crivelente et al. Transcriptome profile of

Trichoderma harzianum IOC-3844 induced by sugarcane bagasse. PloS one, v. 9, n.

2, p. e88689, 2014.

IRWIN DC, Spezio M, Walker LP, Wilson DB (1993) Activity studies of 8

purified cellulases - specificity, synergism, and binding domain effects. Biotechnol Bioeng. 1993

JOHNSON, Eric. Integrated enzyme production lowers the cost of cellulosic

thanol. Biofuel Bioproducts & Biorefining, v.10, p.164-174, 2016

JUTURU, V.; WU, J. C. Insight into microbial hemicellulases other than

xylanases: a review. Journal of Chemical Technology & Biotechnology, v. 88, n. 3,

p. 353-363, 2013.

KAMIDA, et al. Biodegradação de Efluênte têxtil por Pleurotus sajor-caju.

Quimica Nova, v. 28, n. 4, p. 629-632, 2005

KELLER, Nancy P.; TURNER, Geoffrey; BENNETT, Joan W. Fungal

secondary metabolism—from biochemistry to genomics. Nature Reviews Microbiology, v. 3, n. 12, p. 937, 2005.

KIM JH, Block DE, Mills DA. Simultaneous consumption of pentose and

hexose sugars: An optimal microbial pheno-type for efficient fermentation of

lignocellulosic biomass. Appl Microbiol Biotechnol. 88(5):1077-85. 2010

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

73

KLINKE et al. Inhibition of etanol producing yeast and bactéria by

degradation products produced during pre-treatment of biomass. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 66, p. 10-26, 2004.

KOLLING, Daniel. Ampliação de escala do processo de produção de enzimas lignocelulolíticas por fungo filamentoso em fermentação submersa. Dissertação de mestrado (Engenharia Química, Universidade de Campinas).

Campinas-SP, 2017.

KOVACS, Krisztina et al. Enzymatic hydrolysis of steam-pretreated

lignocellulosic materials with Trichoderma atroviride enzymes produced in-

house. Biotechnology for biofuels, v. 2, n. 1, p. 14, 2009.

KUBICEK et al. Metabolic engineering strategies for the improvement of

cellulase production by Hypocrea jecorina. Biotechnology for Biofuels v. 2, p.19,

2009

LEVASSEUR, A., Drula, E., Lombard, V., Coutinho, P.M., Henrissat, B.,

Expansion of the enzymatic repertoire of the CAZy database to integrate auxiliary

redox enzymes. Biotechnol Biofuels 6, 41. 2013.

LIMA, D. U. Interação molecular entre celulose e hemiceluloses e suas implicações biológicas e tecnológicas. Campinas, 2002, 101 f. Tese (Doutorado

em Biologia Vegetal) Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, 2002.

LIMON, M. C. et al. Increased antifungal and chitinase specific activities of

Trichoderma harzianum CECT 2413 by addition of a cellulose binding

domain. Applied microbiology and biotechnology, v. 64, n. 5, p. 675-685, 2004.

LIU, Zhuo et al. Improvement of ethanol production from crystalline cellulose

via optimizing cellulase ratios in cellulolytic Saccharomyces

cerevisiae. Biotechnology and bioengineering, v. 114, n. 6, p. 1201-1207, 2017.

LOMBARD, V.; RAMULU, H. G.; DRULA, E.; COUTINHO, P. M.;

HENRISSAT, B. Thecarbohydrate-active enzymes database (CAZy) in 2013. Nucleic Acids Research,v.42, n. 1, D490-5, 2014.

LOPEZ-RAMIREZ, N. et al. Effect of stirring on growth and cellulolytic

enzymes production by Trichoderma harzianum in a novel bench-scale solid-state

fermentation bioreactor. Bioresource technology, v. 265, p. 291-298, 2018.

LV, Gaojin; WU, Shubin. Analytical pyrolysis studies of corn stalk and its

three main components by TG-MS and Py-GC/MS. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis, v. 97, p. 11-18, 2012.

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

74

LYND et al. How biotech can transform biofuels. Nature Biotechnology, v.

26, p. 169- 172, 2008.

LYND et al. Microbial cellulose utilization: fundamentals and biotechnology.

Microbiology Molecular Biology Reviews, New York, v. 66, p. 506-577, 2002.

MÄKELÄ, Miia R. et al. The fungus Aspergillus niger consumes sugars in a

sequential manner that is not mediated by the carbon catabolite repressor

CreA. Scientific reports, v. 8, 2018.

MALMIERCA, Mónica G. et al. Relevance of trichothecenes in fungal

physiology: disruption of tri5 in Trichoderma arundinaceum. Fungal genetics and biology, v. 53, p. 22-33, 2013.

MANDELS M., J., W.: Production of cellulases. Advances in Chemistry

Series 391- 414 (1969).

MARCUSCHAMER et al. Challenge of Enzyme Cost in the Production of

Lignocellulosic Biofuels. Biotechnology and Bioengineering, v. 109, 1083-1087,

2012.

MARIK, Tamás et al. Diversity profile and dynamics of peptaibols produced

by green mould Trichoderma species in interactions with their hosts Agaricus bisporus

and Pleurotus ostreatus. Chemistry & biodiversity, v. 14, n. 6, p. e1700033, 2017.

MARTINEZ, Diego et al. Genome sequencing and analysis of the biomass-

degrading fungus Trichoderma reesei (syn. Hypocrea jecorina). Nature biotechnology, v. 26, n. 5, p. 553, 2008.

MARTINEZ, Diego et al. Genome, transcriptome, and secretome analysis

of wood decay fungus Postia placenta supports unique mechanisms of lignocellulose

conversion. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 106, n. 6, p.

1954-1959, 2009.

MASTOURI, Fatemeh; BJÖRKMAN, Thomas; HARMAN, Gary E. Seed

treatment with Trichoderma harzianum alleviates biotic, abiotic, and physiological

stresses in germinating seeds and seedlings. Phytopathology, v. 100, n. 11, p. 1213-

1221, 2010.

MEDEMA, Marnix H. et al. antiSMASH: rapid identification, annotation and

analysis of secondary metabolite biosynthesis gene clusters in bacterial and fungal

genome sequences. Nucleic acids research, v. 39, n. suppl_2, p. W339-W346, 2011.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

75

MELLO, Bruno Luan; POLIKARPOV, Igor. Family 1 carbohydrate binding-

modules enhance saccharification rates. AMB Express, v. 4, n. 1, p. 36, 2014.

MENON, Vishnu; RAO, Mala. Trends in bioconversion of lignocellulose:

biofuels, platform chemicals & biorefinery concept. Progress in energy and combustion science, v. 38, n. 4, p. 522-550, 2012.

MERINO, S.T.; CHERRY, J. (2007). Progress and challenges in enzyme

development for biomass utilization. Olssen, L. Ed. Biofuels. Springer-Verlag, 95-

120.

MILLER, G.L. Use of Dinitrosalicylic Acid Reagent for Determination of

Reducing Sugar. Analytical Chemistry, v. 31, n. 3, p. 426–428, 1959

MINIC, Zoran. Physiological roles of plant glycoside hydrolases. Planta, v.

227, n. 4, p. 723, 2008.

MUKHERJEE, Prasun K. et al. Trichoderma research in the genome

era. Annual review of phytopathology, v. 51, p. 105-129, 2013.

MUKHERJEE, Prasun K.; HORWITZ, Benjamin A.; KENERLEY, Charles M.

Secondary metabolism in Trichoderma–a genomic perspective. Microbiology, v. 158,

n. 1, p. 35-45, 2012.

MUSSATTO, I.S. Influência do Tratamento do Hidrolisado Hemicelulósico de Palha de Arroz na Produção de Xilitol por Candida guilliermondii. Lorena, 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) Curso

de Engenharia Química. Faculdade de Engenharia Química de Lorena, 2002.

NAUOM, Stephanie et al. Biochemical and Molecular Study of Trichoderma

harzianum Enriched Secretome Protein Profiles Using Lectin Affinity

Chromatography. Applied biochemistry and biotechnology, p. 1-13, 2018.

NEUMANN, Nora KN et al. The peptaibiotics database–a comprehensive

online resource. Chemistry & biodiversity, v. 12, n. 5, p. 743-751, 2015.

NIELSEN, Jens; JEWETT, Michael C. (Ed.). Metabolomics: a powerful tool in systems biology. Springer Science & Business Media, 2007.

NOGUEIRA, Karoline Maria Vieira et al. Evidence of cAMP involvement in

cellobiohydrolase expression and secretion by Trichoderma reesei in presence of the

inducer sophorose. BMC microbiology, v. 15, n. 1, p. 195, 2015.

NOWROUSIAN, Minou. A novel polyketide biosynthesis gene cluster is

involved in fruiting body morphogenesis in the filamentous fungi Sordaria macrospora

and Neurospora crassa. Current genetics, v. 55, n. 2, p. 185-198, 2009.

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

76

OGEDA, Thais Lucy; PETRI, Denise F.Siqueira. Hidrólise enzimática de

biomassa. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo - SP. Quim. Nova, v. 33, n. 7, p. 1549- 1558, 2010

PAPAGIANNI, Maria. Fungal morphology and metabolite production in

submerged mycelial processes. Biotechnology advances, v. 22, n. 3, p. 189-259,

2004.

PAULOVA, Leona et al. Lignocellulosic ethanol: technology design and its

impact on process efficiency. Biotechnology advances, v. 33, n. 6, p. 1091-1107,

2015.

PEREIRA JR. N, Couto MAPG, Santa Anna LM: Biomass of ligno- cellulosic

composition for fuel ethanol production and the context of biorefinery. Series on Biotechnology. 1st ed. 2008.

PEREPELKIN, K. E. Renewable plant resources and processed products in

chemical fibre production. Fibre Chemistry, v. 36, n. 3, p. 161-176, 2004.

PHAN, Ngoc Hoa et al. Production of fibrous activated carbons from natural

cellulose (jute, coconut) fibers for water treatment applications. Carbon, v. 44, n. 12,

p. 2569-2577, 2006.

POLIZELI et al. Xylanases from fungi: properties and industrial applications.

Appl Microbial Biotechnology, v. 67, p. 577–591, 2005.

RAGAUSKAS, Arthur J. et al. Lignin valorization: improving lignin

processing in the biorefinery. Science, v. 344, n. 6185, p. 1246843, 2014.

REINO JL, Guerrero RF, Hernández-Galán R, Collado IG. Secondary

metabolites from species of the biocontrol agent Trichoderma. Phytochem Rev 2008,

7:89–123.

REYNOL, Fábio. Bagaço de qualidade. Agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, 2009.

ROBAK, Katarzyna; BALCEREK, Maria. Review of second generation

bioethanol production from residual biomass. Food technology and biotechnology,

v. 56, n. 2, p. 174, 2018.

ROBL, Diogo et al. The capability of endophytic fungi for production of

hemicellulases and related enzymes. BMC biotechnology, v. 13, n. 1, p. 94, 2013.

SALLESE, M.; GIANNOTTA, M.; LUINI, A. Coordination of the secretory

compartments via inter organelle signalling. Semin Cell Dev Biol, v. 20, n. 7, p. 801-

9, Sep 2009.

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

77

SAMUELS, G. Trichoderma: systematics, the sexual state, and ecology.

Phytopathology, v.96, n. 2, p. 195-206, Feb 2006.

SANTOS et al. Potencial da Palha de Cana-de-açúcar para Produção de

Etanol. Quím. Nova, v. 35, p. 1004 – 1010. 2012

SAUCEDO-CASTANEDA, Gerardo et al. On-line automated monitoring and

control systems for CO2 and O2 in aerobic and anaerobic solid-state

fermentations. Process Biochemistry, v. 29, n. 1, p. 13-24, 1994.

SCHELLER, Henrik Vibe et al. Biosynthesis of pectin. Physiologia Plantarum, v. 129, n. 2, p. 283-295, 2007.

SCHIRMBÖCK, M. et al. Parallel formation and synergism of hydrolytic

enzymes and peptaibol antibiotics, molecular mechanisms involved in the antagonistic

action of Trichoderma harzianum against phytopathogenic fungi. Applied and Environmental Microbiology, v. 60, n. 12, p. 4364-4370, 1994.

SCHMOLL, Monika et al. The G-alpha protein GNA3 of Hypocrea jecorina

(anamorph Trichoderma reesei) regulates cellulase gene expression in the presence

of light. Eukaryotic cell, v. 8, n. 3, p. 410-420, 2009.

SCHMOLL, Monika; KUBICEK, Christian P. Regulation of Trichoderma

cellulase formation: lessons in molecular biology from an industrial fungus. Acta microbiologica et immunologica Hungarica, v. 50, n. 2-3, p. 125-145, 2003.

SEGARRA, Guillem et al. Trichoderma asperellum strain T34 controls

Fusarium wilt disease in tomato plants in soilless culture through competition for

iron. Microbial ecology, v. 59, n. 1, p. 141-149, 2010.

SEIBOTH et al. The putative protein methyltransferase LAE1 controls

cellulase gene expression in Trichoderma reesei. Molecular Microbiology, v. 84, p.

1150–1164, 2012

SHALLOM, D.; SHOHAM, Y. Microbial hemicellulases. Current Opinion in Microbiology, v. 6, p. 219–228, 2003.

SILVA, Roberto do Nascimento. Estudos de sinalização celular em

Hypocrea jecorina (Trichoderma reesei) durante a expressão dos genes de celulase

(cbh1 e cbh2) em presença de celulose e soforose e durante o antagonismo contra

Pythium ultimum. 2008. 129 f., il. Tese (Doutorado em Biogolia Molecular) -

Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

SIMÕES Neto, D. E.; Melo, L. J. O. T. Lançamento de novas variedades

RB de cana-de-açúcar. Recife: Imprensa Universitária/UFRPE, 2005. 28p.

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

78

SINGHANIA, R. R.; SUKUMARAN, R. K.; PATEL, A. K.; LARROCHE, C.;

PANDEY, A. Advancement and comparative profiles in the production technologies

using solid-state and submerged fermentation for microbial cellulases. Enzyme and Microbial Technology, v. 46, n. 7, p. 541 – 549, 2010

SPYRIDON, Achinas; EUVERINK, Willem; JAN, Gerrit. Consolidated

briefing of biochemical ethanol production from lignocellulosic biomass. Electronic Journal of Biotechnology, v. 19, n. 5, p. 44-53, 2016.

STEPHANOPOULOS, George; ARISTIDOU, Aristos A.; NIELSEN, Jens.

Metabolic engineering: principles and methodologies. Academic press, 1998.

STEWART D. Lignin as a base material for materials applications:

Chemistry, application and economics. Industrial Crops and Products, v. 27, p. 202-

207, 2008.

SUN, Ran et al. Effect of lignin content on enzymatic hydrolysis of furfural

residues. Bioresources, v. 6, n. 1, p. 317-328, 2010.

SUN, Y.; CHENG, J. Hydrolysis of lignicellulosic materials for etanol

production: a review. Bioresource Technology, v. 83, p. 1-11, 2002.

SWEENEY, M. D.; XU, F. Biomass converting enzymes as industrial

biocatalysts for fuels and chemicals: recent developments. Catalysts, v. 2, p. 244-263,

2012.

THRANE, Ulf et al. The exo-metabolome in filamentous fungi.

In: Metabolomics. Springer, Berlin, Heidelberg, 2007. p. 235-252.

TIRYAKI, Bahar et al. Comparison of activated carbon produced from

natural biomass and equivalent chemical compositions. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis, v. 105, p. 276-283, 2014.

V.A.L, R. Caracterização proteômica, identificação de proteínas acessórias e avaliação do potencial hidrolítico de um preparado celulásico obtido a partir de bagaço de cana por Trichoderma harzianum visando à aplicação na produção de etanol. 247f. Tese (Doutorado em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos) – Universidade Federal do Rio de Janeiro.RJ.

2014

VALKONEN, M. Functional studies of the secretory pathway of filamentous

fungi. The effect of unfolded protein response on protein production. 2003. 114p + app.

68p Faculty of ScienceDepartment of Biosciences Division of Plant Physiology,

University of Helsinki, Helsinki, Finland.

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

79

VAN DYK, J. S.; PLETSCHKE, B. I. A review of lignocellulose bioconversion

using enzymatic hydrolysis and synergistic cooperation between enzymes—Factors

affecting enzymes, conversion and synergy. Biotechnology Advances, v. 30, n. 6, p.

1458 – 1480, 2012.

VÁSQUEZ, M. P.; SILVA, J. N. C.; SOUZA, M. B.; PEREIRA Jr., N.

Enzimatichydrolysis optimization to ethanol production by Simultaneous

saccharification and fermentation. Applied Biochemistry and Biotechnology, v.

137/140, n. 12, p. 141-154, 2007.

VELKOVSKA, S.; MARTEN, Mark R.; Ollis, David F. Kinetic model for batch

cellulase production by Trichoderma reesei RUT C30. Journal of Biotechnology, v.

54, n. 2, p. 83 – 94, 1997.

VINALE, F. et al. Factors affecting the production of Trichoderma harzianum

secondary metabolites during the interaction with different plant pathogens. Letters in applied microbiology, v. 48, n. 6, p. 705-711, 2009.

WALDRON, K.W.; FAULDS, C.B. Cell wall polysaccharides: composition

and structure (1sted.) G.J.

Boons, Y.C. Lee, A. Suzuki, N. Taniguchi, A.G.J. Voragen (Eds.), Comprehensive

Glycoscience, from Chemistry to Systems biology. Volume 1, Introduction to

Glycoscience. Synthesis of Carbohydrates, Elsevier, Oxford (2007), pp. 181-200.

WANG, M.; WU, M.; HUO, H. Life-cycle energy and greenhouse gas

emission impacts of different corn ethanol plant types. Environmental Research Letters. 2, 2007

WEBER, Tilmann; KIM, Hyun Uk. The secondary metabolite bioinformatics

portal: Computational tools to facilitate synthetic biology of secondary metabolite

production. Synthetic and Systems Biotechnology, v. 1, n. 2, p. 69-79, 2016.

YAEGASHI, Junko; OAKLEY, Berl R.; WANG, Clay CC. Recent advances

in genome mining of secondary metabolite biosynthetic gene clusters and the

development of heterologous expression systems in Aspergillus nidulans. Journal of industrial microbiology & biotechnology, v. 41, n. 2, p. 433-442, 2014.

YIN, Yanbin et al. dbCAN: a web resource for automated carbohydrate-

active enzyme annotation. Nucleic acids research, v. 40, n. W1, p. W445-W451,

2012.

YUSUF, N.N.A.N.; KAMARUDIN, S.K.; YAAKUB Z. Energy Conversion and Management, v. 52, p. 2741–2751, 2011

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

80

ZABED, H. et al. Fuel ethanol production from lignocellulosic biomass: an

overview on feedstocks and technological approaches. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 66, p. 751-774, 2016.

ZEILINGER, Susanne et al. Secondary metabolism in Trichoderma –

Chemistry meets genomics. Fungal biology reviews, v. 30, p. 74 -90, 2016

ZHANG, Y. H. P. & LYND L. R. Toward an aggregated understanding of

enzymatic hydrolysis of cellulose: noncomplexed cellulase systems. Biotechnology and Bioengineering, v. 88, p. 797-824, 2004.

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

81

9 APÊNDICE

9.1 Tabela completa de CAZymes preditas no genoma de T. harzianum P49P11

Familias Identificação da sequência genética (ID)

E-value Coverage SignalP

AA1_2 THAR_000073_T0 1.2e-160 0.988235294117647 sim AA1_2 THAR_008942_T0 4.5e-152 0.988235294117647 sim AA1_3 THAR_005941_T0 7.5e-122 0.987179487179487 não AA11 THAR_000535_T0 3.1e-74 0.979057591623037 sim AA11 THAR_001386_T0 5.5e-67 0.947643979057592 não AA11 THAR_003014_T0 1.8e-65 0.926701570680628 sim AA11 THAR_011086_T0 2.1e-60 0.973821989528796 não AA11 THAR_011401_T0 1.4e-61 0.979057591623037 sim AA2 THAR_003918_T0 2.3e-25 0.701960784313725 não AA2 THAR_000471_T0 3E-20 0.67843137254902 sim AA2 THAR_000772_T0 1.5e-13 0.890196078431372 não AA2 THAR_001001_T0 3.1e-12 0.894117647058824 não AA2 THAR_006684_T0 9.9e-24 0.674509803921569 não AA2 THAR_007037_T0 4.5e-25 0.694117647058824 sim AA2 THAR_008437_T0 1.8e-60 0.984313725490196 não AA3_2 THAR_000251_T0 1.8e-102 0.994736842105263 não AA3_2 THAR_000497_T0 1.4e-109 0.987719298245614 não AA3_2 THAR_003240_T0 3.8e-110 0.987719298245614 não AA3_2. THAR_004924_T0 4.7e-103 0.989473684210526 não AA3_2. THAR_006673_T0 2.8e-109 0.992982456140351 não AA3_2. THAR_006969_T0 1.1e-116 0.991228070175439 não AA3_2. THAR_008068_T0 2.1e-125 0.994736842105263 não AA3_2. THAR_010267_T0 6.1e-95 0.824561403508772 não AA3_2. THAR_010541_T0 8.9e-103 0.987719298245614 sim AA3_2. THAR_011428_T0 3.9e-97 0.992982456140351 não AA3_3. THAR_005787_T0 2E-258 0.996615905245347 não AA3_3. THAR_011465_T0 1E-260 0.996615905245347 Não AA3. THAR_000806_T0 9.4e-71 0.508090614886731 Não AA3. THAR_000941_T0 1.2e-93 0.516181229773463 não AA3. THAR_001138_T0 3.4e-85 0.496763754045307 não AA3. THAR_003274_T0 2.6e-71 0.508090614886731 não AA3. THAR_004138_T0 2.5e-74 0.508090614886731 não AA3. THAR_004739_T0 6.7e-42 0.514563106796116 não AA3. THAR_006001_T0 7.8e-50 0.503236245954693 não AA3. THAR_006006_T0 3.1e-72 0.509708737864078 não AA3. THAR_010797_T0 1.5e-69 0.5 não AA5_1. THAR_001205_T0 3.5e-110 0.660746003552398 sim AA6. THAR_002158_T0 1.8e-85 0.979487179487179 não AA9. THAR_005835_T0 1.2e-64 0.990909090909091 não

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

82

AA9. THAR_007278_T0 6.9e-51 0.986363636363636 não AA9. THAR_010209_T0 3.6e-62 0.986363636363636 sim CBM1. THAR_000270_T0 1.6e-10 0.931034482758621 não CBM1. THAR_000270_T0 1.6e-10 0.931034482758621 não CBM1. THAR_000687_T0 2.6e-13 0.931034482758621 não CBM1. THAR_000827_T0 2.6e-15 0.96551724137931 não CBM1. THAR_001764_T0 7.4e-12 0.96551724137931 sim CBM1. THAR_003698_T0 1.8e-11 0.896551724137931 não CBM1. THAR_004903_T0 2.4e-15 0.96551724137931 sim CBM1. THAR_005786_T0 6E-12 0.96551724137931 sim CBM1. THAR_005820_T0 2.5e-12 0.931034482758621 não CBM1. THAR_005835_T0 3.1e-14 0.931034482758621 não CBM1. THAR_007412_T0 1.1e-11 0.96551724137931 sim CBM1. THAR_007972_T0 4.8e-12 0.96551724137931 sim CBM1. THAR_008532_T0 5.3e-12 0.931034482758621 sim CBM1. THAR_008657_T0 1.7e-14 0.931034482758621 sim CBM1. THAR_009333_T0 8.4e-14 0.931034482758621 sim CBM1. THAR_009793_T0 2.9e-08 0.551724137931034 sim CBM1. THAR_010035_T0 9.5e-13 0.931034482758621 sim CBM1. THAR_010517_T0 1.5e-14 0.931034482758621 sim CBM1. THAR_010562_T0 1.4e-14 0.931034482758621 sim CBM1. THAR_011077_T0 5.5e-07 0.862068965517241 não CBM1. THAR_011716_T0 2.7e-11 0.96551724137931 não CBM13. THAR_008129_T0 2.2e-11 0.675531914893617 não CBM18. THAR_004120_T0 1.8e-10 0.815789473684211 não CBM18. THAR_003952_T0 3.7e-08 0.842105263157895 não CBM18. THAR_004355_T0 2.9e-06 0.868421052631579 sim CBM18. THAR_005327_T0 1.6e-06 0.842105263157895 sim CBM18. THAR_005327_T0 9.5e-12 0.947368421052632 sim CBM18. THAR_005843_T0 4.8e-10 0.815789473684211 não CBM18. THAR_008187_T0 2.1e-11 0.815789473684211 sim CBM18. THAR_008480_T0 3.5e-09 0.815789473684211 sim CBM18. THAR_009314_T0 3.2e-09 0.921052631578947 não CBM20. THAR_000186_T0 2.7e-27 0.933333333333333 não CBM21. THAR_001306_T0 3.1e-31 0.981308411214953 não CBM24. THAR_001807_T0 1.5e-29 0.986842105263158 sim CBM24. THAR_003952_T0 1.6e-17 0.973684210526316 não CBM50. THAR_001037_T0 3.4e-07 875 não CBM50. THAR_001416_T0 4.6e-05 0.95 não CBM50. THAR_004119_T0 1.8e-06 825 sim CBM50. THAR_004119_T0 2.1e-06 0.95 sim CBM50. THAR_004119_T0 4.5e-05 675 sim CBM50. THAR_005389_T0 3.1e-05 0.95 sim CBM50. THAR_005390_T0 1.2e-05 0.95 sim CBM50. THAR_005390_T0 3.4e-06 0.75 sim CBM50. THAR_005390_T0 6.2e-05 825 sim CBM50. THAR_005390_T0 6.7e-08 0.95 sim CBM50. THAR_005698_T0 1.8e-08 0.95 sim CBM50. THAR_005698_T0 2.2e-07 0.95 sim CBM50. THAR_005698_T0 3.1e-05 825 sim

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

83

CBM50. THAR_005700_T0 1.5e-05 0.95 não CBM50. THAR_006979_T0 5.7e-15 0.95 não CBM50. THAR_008187_T0 7.1e-07 0.95 sim CBM6. THAR_011525_T0 8.2e-38 0.891304347826087 sim CBM66. THAR_004971_T0 4.8e-31 0.987096774193548 sim CBM67. THAR_005838_T0 2.3e-15 0.755681818181818 não CBM43. THAR_004634_T0 3.3e-19 0.975903614457831 sim CBM43. THAR_007975_T0 1.8e-17 0.975903614457831 sim CBM48. THAR_000336_T0 9.1e-11 0.697368421052632 não CBM50. THAR_003952_T0 5.9e-06 875 não CBM42. THAR_004055_T0 7.5e-60 0.985294117647059 sim CE1. THAR_011135_T0 3.5e-22 0.585903083700441 não CE1. THAR_003442_T0 4.5e-12 0.806167400881057 não CE1. THAR_004369_T0 2E-17 0.66079295154185 sim CE1. THAR_005356_T0 3.8e-44 0.991189427312775 não CE1. THAR_005933_T0 2.6e-10 0.797356828193833 não CE1. THAR_006560_T0 5.5e-45 0.885462555066079 Não CE10. THAR_008859_T0 2.3e-29 0.63049853372434 sim CE10. THAR_010584_T0 1.1e-34 0.665689149560117 não CE14. THAR_004108_T0 2.4e-10 0.967741935483871 não CE4. THAR_001372_T0 7.6e-24 0.961538461538462 não CE4. THAR_004355_T0 2.9e-30 0.915384615384615 sim CE5. THAR_000827_T0 2.6e-40 0.994708994708995 sim CE5. THAR_001806_T0 4.9e-40 0.989417989417989 não CE5. THAR_004037_T0 6.3e-45 0.978835978835979 sim CE5. THAR_007040_T0 7.7e-45 0.994708994708995 sim CE5. THAR_009153_T0 6.4e-47 0.978835978835979 não CE5. THAR_011592_T0 9.8e-43 0.994708994708995 sim CE8. THAR_007672_T0 7.1e-74 0.923611111111111 sim CE9. THAR_004816_T0 2.4e-115 0.967828418230563 não CE15. THAR_000687_T0 5.3e-94 0.992565055762082 sim CBM13. THAR_008704_T0 5.1e-23 0.686170212765957 não GH1. THAR_002525_T0 3.2e-81 0.834498834498835 não GH1. THAR_003513_T0 7.1e-161 0.986013986013986 não GH1. THAR_006410_T0 6.3e-87 0.62004662004662 não GH1. THAR_008072_T0 1.3e-92 0.983682983682984 sim GH10. THAR_004929_T0 1.6e-102 0.99009900990099 não GH10. THAR_005508_T0 2.9e-102 0.99009900990099 sim GH10. THAR_011482_T0 1.1e-96 0.976897689768977 sim GH11. THAR_000744_T0 9.3e-76 0.994350282485876 não GH11. THAR_005820_T0 2.7e-55 0.954802259887006 não GH11. THAR_008614_T0 6.7e-63 0.96045197740113 sim GH11. THAR_009498_T0 1.2e-57 0.937853107344633 sim GH12. THAR_002453_T0 5.2e-24 0.865384615384615 não GH12. THAR_004031_T0 1E-45 0.961538461538462 sim GH12. THAR_005887_T0 3.9e-50 0.980769230769231 não GH127. THAR_006454_T0 8.8e-170 0.988549618320611 não GH128. THAR_000137_T0 2.6e-53 0.964285714285714 não GH128. THAR_000867_T0 4.6e-66 0.982142857142857 sim GH128. THAR_003299_T0 7.5e-64 0.977678571428571 não

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

84

GH128. THAR_008879_T0 2.3e-57 0.982142857142857 sim GH13_1. THAR_004747_T0 2.3e-111 0.996710526315789 sim GH13_40. THAR_004751_T0 1.8e-176 0.994444444444444 não GH13_40. THAR_008965_T0 1.7e-150 0.997222222222222 não GH13_40. THAR_009309_T0 2.4e-140 0.991666666666667 não GH13_40. THAR_010145_T0 1.2e-156 0.994444444444444 não GH13_40. THAR_011042_T0 2.9e-179 0.994444444444444 não GH13_40. THAR_011485_T0 2.1e-63 0.561111111111111 não GH13_8. THAR_000336_T0 2.7e-135 0.996350364963504 não GH15. THAR_000186_T0 2.9e-78 0.950138504155125 não GH15. THAR_007733_T0 1.3e-77 0.991689750692521 não GH16. THAR_000837_T0 3E-38 0.984126984126984 sim GH16. THAR_004233_T0 2.4e-14 0.867724867724868 sim GH16. THAR_004531_T0 3.5e-19 0.857142857142857 não GH16. THAR_005269_T0 2.3e-37 0.957671957671958 sim GH16. THAR_005834_T0 3.2e-31 0.989417989417989 sim GH16. THAR_006545_T0 2.1e-23 0.941798941798942 sim GH16. THAR_006796_T0 7.6e-25 0.936507936507937 sim GH16. THAR_007189_T0 9E-37 0.91005291005291 não GH16. THAR_007388_T0 3.7e-28 0.867724867724868 não GH16. THAR_007426_T0 8.2e-21 0.703703703703704 sim GH16. THAR_008379_T0 1.8e-19 0.878306878306878 não GH16. THAR_008619_T0 8.6e-20 0.962962962962963 sim GH16. THAR_009253_T0 3.2e-22 0.735449735449735 sim GH16. THAR_009992_T0 2E-22 0.656084656084656 sim GH16. THAR_010677_T0 1.8e-21 0.867724867724868 sim GH16. THAR_010717_T0 5.9e-21 0.783068783068783 sim GH16. THAR_011421_T0 8.2e-22 0.830687830687831 sim GH17. THAR_001074_T0 1.2e-33 0.906752411575563 não GH17. THAR_009884_T0 3.7e-15 0.308681672025723 não GH18. THAR_000052_T0 4.6e-54 0.929054054054054 sim GH18. THAR_000134_T0 9.5e-27 0.689189189189189 sim GH18. THAR_000351_T0 1.2e-22 0.679054054054054 não GH18. THAR_001735_T0 1.2e-80 0.945945945945946 não GH18. THAR_001764_T0 1.1e-23 0.665540540540541 sim GH18. THAR_002244_T0 3.3e-55 0.864864864864865 sim GH18. THAR_002509_T0 7.7e-21 0.658783783783784 sim GH18. THAR_003110_T0 1.1e-17 0.736486486486487 sim GH18. THAR_004120_T0 4.2e-45 0.851351351351351 não GH18. THAR_005327_T0 7E-67 0.959459459459459 sim GH18. THAR_005387_T0 1.4e-63 0.790540540540541 não GH18. THAR_005437_T0 1.2e-56 0.949324324324324 não GH18. THAR_005786_T0 9.2e-24 0.662162162162162 sim GH18. THAR_006627_T0 4.1e-66 0.945945945945946 não GH18. THAR_007252_T0 3.9e-53 0.952702702702703 não GH18. THAR_007412_T0 3.6e-24 0.966216216216216 sim GH18. THAR_007593_T0 4E-80 0.942567567567568 sim GH18. THAR_007972_T0 1.1e-24 0.972972972972973 sim GH18. THAR_008187_T0 9.3e-53 0.962837837837838 sim GH18. THAR_008532_T0 1E-22 0.918918918918919 sim

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

85

GH18. THAR_010053_T0 2E-52 0.574324324324324 não GH18. THAR_011077_T0 1.3e-23 0.976351351351351 não GH18. THAR_011370_T0 7.4e-22 0.939189189189189 não GH18. THAR_011716_T0 7.9e-25 0.675675675675676 não GH2. THAR_000030_T0 1.8e-80 0.69281914893617 não GH2. THAR_000061_T0 5.4e-110 0.702127659574468 sim GH2. THAR_000670_T0 2.6e-70 0.69813829787234 não GH2. THAR_001174_T0 9.4e-69 0.662234042553192 sim GH2. THAR_001270_T0 6.6e-105 0.409574468085106 não GH2. THAR_001271_T0 7.2e-99 0.565159574468085 não GH2. THAR_002127_T0 1E-92 0.700797872340426 não GH2. THAR_002476_T0 3.4e-58 0.628989361702128 não GH2. THAR_002650_T0 1E-81 0.628989361702128 não GH2. THAR_006022_T0 4.1e-64 0.748670212765957 não GH2. THAR_007271_T0 7.8e-100 0.517287234042553 sim GH2 THAR_011069_T0 1.3e-84 0.66340425531915 não GH2. THAR_010106_T0 2.8e-91 0.515957446808511 não GH20. THAR_002920_T0 6.2e-87 0.979228486646884 sim GH20. THAR_004871_T0 4.7e-86 0.973293768545994 sim GH20. THAR_008104_T0 4.9e-55 0.967359050445104 não GH23. THAR_003171_T0 5.4e-10 0.666666666666667 sim GH24. THAR_010575_T0 2.7e-40 0.992700729927007 sim GH25. THAR_000369_T0 4.6e-49 0.966101694915254 sim GH26. THAR_011071_T0 1.6e-20 0.392739273927393 sim GH27. THAR_004612_T0 3.7e-09 568 sim GH27. THAR_006134_T0 3.8e-20 0.306666666666667 sim GH27. THAR_008502_T0 1.4e-113 0.930666666666667 sim GH27. THAR_008721_T0 2.9e-121 0.925333333333333 não GH27. THAR_011476_T0 6.7e-13 0.309333333333333 sim GH28. THAR_000455_T0 5.5e-72 0.966153846153846 não GH28. THAR_003667_T0 7E-56 0.849230769230769 não GH28. THAR_007938_T0 2.3e-49 0.556923076923077 sim GH28. THAR_008613_T0 1.3e-73 0.950769230769231 sim GH3. THAR_000350_T0 4.7e-45 0.953703703703704 sim GH3. THAR_000436_T0 7.1e-63 0.976851851851852 não GH3. THAR_001847_T0 5.9e-59 0.976851851851852 sim GH3. THAR_002984_T0 3.5e-59 0.986111111111111 sim GH3. THAR_003784_T0 1.9e-59 0.976851851851852 não GH3. THAR_004056_T0 3.9e-67 0.986111111111111 sim GH3. THAR_004869_T0 3.6e-57 0.958333333333333 Não GH3. THAR_005656_T0 3E-58 0.986111111111111 sim GH3. THAR_005837_T0 1.2e-60 0.981481481481482 sim GH3. THAR_007472_T0 2.3e-63 0.972222222222222 não GH3. THAR_009799_T0 1E-62 0.884259259259259 não GH3. THAR_010018_T0 3.5e-62 0.981481481481482 não GH3. THAR_010020_T0 2.1e-53 0.976851851851852 sim GH3. THAR_010188_T0 1.5e-62 0.972222222222222 sim GH30_3. THAR_004150_T0 1.6e-232 0.995192307692308 não GH30_3. THAR_004578_T0 8.3e-177 0.987980769230769 sim GH30_5. THAR_004421_T0 4.3e-138 0.992924528301887 sim

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

86

GH30_7. THAR_000685_T0 1.2e-182 0.988610478359909 não GH30_7. THAR_004907_T0 1.4e-171 0.993166287015945 sim GH30_7. THAR_005519_T0 2.7e-170 0.988610478359909 sim GH31. THAR_000440_T0 8.8e-148 0.997658079625293 sim GH31. THAR_002474_T0 1.3e-104 0.995316159250585 não GH31. THAR_006200_T0 9.8e-149 0.995316159250585 sim GH31. THAR_007959_T0 7E-119 0.997658079625293 não GH31. THAR_008902_T0 2.5e-144 0.985948477751756 não GH35. THAR_004256_T0 1.3e-91 0.98371335504886 sim GH36. THAR_006039_T0 1.1e-234 0.995639534883721 sim GH37. THAR_002948_T0 4.7e-153 0.993890020366599 não GH37. THAR_005893_T0 2.4e-138 0.90020366598778 sim GH38. THAR_007910_T0 1.2e-85 0.947955390334573 não GH38. THAR_009645_T0 3.3e-14 0.386617100371747 não GH38. THAR_009645_T0 3.9e-34 0.368029739776952 não GH4. THAR_002532_T0 1.1e-53 0.972067039106145 não GH43_11. THAR_003461_T0 3.7e-146 0.996575342465753 não GH43. THAR_004971_T0 9.4e-59 0.983870967741935 sim GH43_29. THAR_011525_T0 1.4e-85 0.996296296296296 sim GH45. THAR_007893_T0 2.2e-78 0.98989898989899 não GH47. THAR_001942_T0 2.4e-168 0.995515695067265 sim GH47. THAR_003552_T0 2.1e-164 0.997757847533632 não GH47. THAR_006028_T0 1E-160 0.995515695067265 não GH47. THAR_007175_T0 2.6e-108 0.773542600896861 não GH47. THAR_007235_T0 1.5e-131 0.997757847533632 sim GH47. THAR_009919_T0 2.7e-142 0.995515695067265 sim GH49. THAR_011570_T0 7E-114 0.644808743169399 não GH5_15. THAR_006012_T0 2.5e-128 0.996677740863787 não GH5_22. THAR_006670_T0 7.2e-131 0.996478873239437 não GH5_24. THAR_003886_T0 3.3e-160 0.996825396825397 não GH5_31. THAR_004420_T0 3.6e-47 0.982332155477032 não GH5_5. THAR_009333_T0 8.8e-122 0.992957746478873 sim GH5_5. THAR_010035_T0 6.4e-117 0.98943661971831 sim GH5_5. THAR_010789_T0 2.8e-99 0.992957746478873 sim GH5_5. THAR_010970_T0 3.7e-117 0.992957746478873 sim GH5_9. THAR_004801_T0 3.8e-106 0.993464052287582 não GH54. THAR_004055_T0 4E-151 0.990506329113924 sim GH54. THAR_005812_T0 1.2e-158 0.993670886075949 sim GH6. THAR_010517_T0 9.9e-93 0.938775510204082 sim GH62. THAR_001809_T0 2.7e-130 0.996402877697842 sim GH64. THAR_007057_T0 3.1e-82 0.994550408719346 sim GH64. THAR_009134_T0 1.8e-93 0.994550408719346 sim GH64. THAR_011420_T0 1.4e-110 0.997275204359673 não GH64. THAR_011501_T0 1.2e-42 0.517711171662125 não GH64. THAR_011749_T0 7.4e-21 0.302452316076294 sim GH65. THAR_005613_T0 2E-80 0.983870967741935 sim GH67. THAR_006102_T0 3.5e-270 0.995515695067265 sim GH7. THAR_000270_T0 1E-135 0.995180722891566 sim GH71. THAR_000346_T0 4.6e-137 0.994666666666667 sim GH71. THAR_001807_T0 2.7e-143 0.994666666666667 sim

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

87

GH71. THAR_004376_T0 1.2e-76 992 sim GH71. THAR_006809_T0 5.6e-142 0.946666666666667 sim GH71. THAR_008133_T0 1.2e-118 976 sim GH71. THAR_009267_T0 7.6e-137 968 sim GH72. THAR_002610_T0 1.7e-113 0.987179487179487 sim GH72. THAR_004634_T0 6.4e-129 0.987179487179487 sim GH72. THAR_004945_T0 2.7e-124 0.983974358974359 sim GH72. THAR_007975_T0 2.7e-128 0.987179487179487 sim GH72. THAR_008421_T0 5.3e-105 0.919871794871795 sim GH75. THAR_007480_T0 2.5e-73 0.986363636363636 sim GH75. THAR_008498_T0 6.6e-75 0.954545454545455 sim GH75. THAR_009026_T0 9.2e-86 0.954545454545455 sim GH76. THAR_002139_T0 1.4e-54 0.829608938547486 sim GH76. THAR_003009_T0 3E-90 0.941340782122905 não GH76. THAR_004516_T0 5.1e-108 0.963687150837989 sim GH76. THAR_007196_T0 2.3e-106 0.958100558659218 sim GH76. THAR_007934_T0 1.5e-73 0.865921787709497 não GH76. THAR_011000_T0 9.8e-106 0.960893854748603 sim GH76. THAR_011331_T0 9.7e-100 0.955307262569832 sim GH78. THAR_001856_T0 5.8e-82 0.98015873015873 sim GH78. THAR_005838_T0 7.2e-146 0.998015873015873 não GH79. THAR_000540_T0 9.3e-86 0.953846153846154 sim GH79. THAR_009362_T0 3.5e-60 0.927472527472528 não GH79. THAR_010148_T0 2.5e-40 0.868131868131868 sim GH89. THAR_002630_T0 4.1e-198 0.972850678733032 não GH89. THAR_004624_T0 1.2e-157 0.83710407239819 sim GH92. THAR_002783_T0 1.4e-154 0.993890020366599 sim GH92. THAR_003467_T0 8.6e-162 0.989816700610998 não GH92. THAR_004063_T0 2.5e-145 0.993890020366599 sim GH92. THAR_004878_T0 6.4e-150 0.995926680244399 sim GH92. THAR_005346_T0 3.4e-168 0.989816700610998 não GH92. THAR_009358_T0 7E-164 0.991853360488798 sim GH55. THAR_000659_T0 2.1e-293 0.993243243243243 sim GH55. THAR_001144_T0 1.3e-255 0.983783783783784 sim GH55. THAR_006020_T0 8.5e-220 0.990540540540541 não GH55. THAR_006343_T0 5.2e-230 0.987837837837838 sim GH55. THAR_007389_T0 3E-160 0.947297297297297 sim GH55. THAR_008676_T0 1.9e-292 0.991891891891892 não GH55. THAR_009148_T0 4.5e-219 0.983783783783784 sim GH55. THAR_010479_T0 2.6e-201 0.97972972972973 sim GH55. THAR_011063_T0 5.3e-296 0.987837837837838 sim GH115. THAR_002305_T0 1.4e-228 0.822094691535151 não GH7. THAR_004903_T0 3.2e-185 0.992771084337349 sim GH142. THAR_008704_T0 2.1e-181 0.968684759916493 não PL20. THAR_000172_T0 2.8e-112 0.986899563318777 sim PL20. THAR_000682_T0 1.1e-101 0.995633187772926 sim PL7_4. THAR_003273_T0 3.8e-56 0.995327102803738 não PL7_4. THAR_007394_T0 6.1e-87 0.995327102803738 sim PL7_4. THAR_007479_T0 6E-63 0.995327102803738 sim PL7_4. THAR_010941_T0 3E-82 0.995327102803738 sim

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

88

PL7_4. THAR_011665_T0 1.9e-59 0.742990654205608 não PL8. THAR_000891_T0 3.2e-45 0.976833976833977 sim

9.2 Tabela de proteínas relacionadas com metabolismo secundário preditas no genoma de T. harzianum P49P11

Identificação da sequência genética (ID) Metabólito Secundário THAR_011498_T0 Proteína relacionada com ácido graxo THAR_009578_T0 Proteína relacionada com ácido graxo THAR_002638_T0 Proteína relacionada com ácido graxo THAR_003487_T0 nrps THAR_001675_T0 nrps THAR_005375_T0 nrps THAR_010153_T0 nrps THAR_010151_T0 nrps THAR_000316_T0 nrps THAR_000942_T0 nrps THAR_009676_T0 nrps THAR_005506_T0 nrps THAR_005119_T0 nrps THAR_001423_T0 Outros THAR_009322_T0 Outros THAR_005627_T0 Outros THAR_000377_T0 Outros THAR_007616_T0 Outros THAR_000979_T0 Outros THAR_005501_T0 Outros THAR_008756_T0 Outros THAR_003076_T0 t1pks THAR_003695_T0 t1pks THAR_002206_T0 t1pks THAR_002200_T0 t1pks THAR_001676_T0 t1pks THAR_003802_T0 t1pks THAR_005366_T0 t1pks THAR_004263_T0 t1pks THAR_006856_T0 t1pks THAR_010405_T0 t1pks THAR_009666_T0 t1pks THAR_009591_T0 t1pks THAR_006771_T0 t1pks THAR_010535_T0 t1pks THAR_005865_T0 t1pks THAR_000576_T0 t1pks THAR_009016_T0 t1pks THAR_004861_T0 t1pks THAR_005504_T0 t1pks

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

89

THAR_008100_T0 t1pks THAR_005092_T0 t1pks THAR_009415_T0 t1pks-nrps THAR_005256_T0 t1pks-nrps THAR_008063_T0 t1pks-nrps THAR_010120_T0 t1pks-nrps THAR_008706_T0 terpene THAR_001371_T0 terpene THAR_005581_T0 terpene THAR_009627_T0 terpene THAR_009628_T0 terpene THAR_001155_T0 terpene THAR_004299_T0 terpene THAR_007958_T0 terpene

9.3 Gráficos gerados em tempo real ao longo dos 5 processos fermentativos pelo software BioCommand Batch Control

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

90

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

91

9.4 Tabela completa de CAZymes encontradas no secretoma de T. harzianum P49P11

Identificação da Proteína (ID) CAZy NEC Classificação Espectro

THAR_001001_T0 AA2 EC 1.11.1.21 catalase peroxidase 4 THAR_001001_T0 AA2 EC 1.11.1.21 catalase-peroxidase 4

THAR_003918_T0 AA2 EC 1.11.1.11 L-ascorbato peroxidase 7

THAR_001205_T0 AA5 EC 1.2.3.15 glioxal oxidase 11 THAR_005835_T0 CBM1/AA9 EC 3.2.1.4 celulase 2 THAR_000687_T0 CBM1/CE15 EC 3.2.1.- metil-transferases 15 THAR_005820_T0 CBM1/GH11 EC 3.2.1.8 endo-xilanase 5 THAR_010035_T0 CBM1/GH5 EC 3.2.1.4 β -glucanase 6 THAR_009333_T0 CBM1/GH5-5 EC 3.2.1.4 endoglucanase 4 THAR_010517_T0 CBM1/GH6 EC 3.2.1.91 celobiohidrolase 16 THAR_004903_T0 CBM1/GH7 EC 3.2.1.91 celobiohidrolase 26 THAR_000270_T0 CBM1/GH7 EC 3.2.1.7 endoglucanase 6 THAR_001807_T0 CBM24/GH71 EC 3.2.1.59 glucanase 12 THAR_004055_T0 CBM42/GH54 EC 3.2.1.55 arabinofuranosidase 7 THAR_007975_T0 CBM43/GH72 EC 2.4.1- β -glucanosiltrans 7 THAR_011525_T0 CBM6/GH43 EC 3.2.1.37 β -xilosidase 12 THAR_011135_T0 CE1 EC 3.1.1.73 feruloil-esterase 7 THAR_011592_T0 CE5 EC 3.1.1.72 acetil-xilan-esterase 5 THAR_004037_T0 CE5 EC 3.1.1.72 acetil-xilan-esterase 3 THAR_007672_T0 CE8 EC 3.2.1.11 pectina-esterase 2 THAR_004929_T0 GH10 EC 3.2.1.8 endo-xilanase 32 THAR_005508_T0 GH10 EC 3.2.1.8 endo-xilanase 6

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

92

THAR_000744_T0 GH11 EC 3.2.1.8 endo-xilanase 9 THAR_002305_T0 GH115 Gh115 α -glucoronidase 6 THAR_005887_T0 GH12 EC 3.2.1.4 endoglucanase 6 THAR_000837_T0 GH16 EC 3.2.1.103 β -galactosidase 5 THAR_009992_T0 GH16 GH16 GH16 6 THAR_007593_T0 GH18 EC 3.2.1.14 chitinase 15 THAR_007271_T0 GH2 EC 3.2.1.23 galactosidase 3

THAR_002920_T0 GH20 EC 3.2.1.52 acetil-hexosaminidase 5

THAR_000369_T0 GH25 EC 3.2.1.17 lisozima 3 THAR_011476_T0 GH27 EC 3.2.1.22 α -galactosidase 2 THAR_003667_T0 GH28 EC 3.2.1.40 rhaminosidase 3 THAR_010018_T0 GH3 EC 3.2.1.21 β -glucosidase 22 THAR_004907_T0 GH30 EC 3.2.1.136 endo-xilanase 8 THAR_004578_T0 GH30-3 EC 3.2.1.75 β -glucanase 5 THAR_004421_T0 GH30-5 EC 3.2.1.164 galactanase 6 THAR_000685_T0 GH30-7 EC 3.2.1.75 β -glucosidase 4 THAR_000440_T0 GH31 EC 3.2.1.20 α -glucosidase 4 THAR_004256_T0 GH35 EC 3.2.1.23 galactosidase 4 THAR_007910_T0 GH38 EC 3.2.1.24 manosidase 3 THAR_011570_T0 GH49 EC 3.2.1.11 dextranase 6 THAR_007389_T0 GH55 EC 3.2.1.39 β -glucanase 9 THAR_006343_T0 GH55 EC 3.2.1.39 endoglucanase 2 THAR_008676_T0 GH55 EC 3.2.1.58 exo-glucanase 15 THAR_001809_T0 GH62 EC 3.2.1.55 arabinofuranosidase 13 THAR_011501_T0 GH64 EC 3.2.1.39 β -glucanase 2 THAR_000346_T0 GH71 EC 3.2.1.59 glucanase 5 THAR_009358_T0 GH92 GH92 manosidase 15 THAR_002783_T0 GH92 GH92 manosidase 3

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

93

10 Anexo

10.1 Declaração de biossegurança

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP … · universidade estadual de campinas – unicamp instituto de biologia carla aloia codima “mapeamento metabÓlico de trichoderma

94

10.2 Declaração de direitos autorais