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1 Universidade Estadual de Campinas Unicamp Instituto de Física Gleb Wataghin - IFGW Tópicos do Ensino de Física II F709 Relatório Final Visitas ao Planetário Municipal de Campinas Aluna: Aline Pinto Barbosa Ra: 058716 Professor: Dr. José Joaquim Lunazzi Campinas 1º semestre de 2010

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Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

Instituto de Física Gleb Wataghin - IFGW

Tópicos do Ensino de Física II – F709

Relatório Final

Visitas ao Planetário Municipal de

Campinas

Aluna: Aline Pinto Barbosa – Ra: 058716

Professor: Dr. José Joaquim Lunazzi

Campinas

1º semestre de 2010

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ÍNDICE

1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág.3

2. O Planetário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág.4

3. As visitas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .pág.6

3.1. A experiência lúdica “La Nube”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág.6

3.2. Apresentação da palestra sobre Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . pág.10

4. O “feedback” do público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .pág.13

5. Tentativa de adaptar a linguagem da apresentação de Óptica. . . .pág.18

6. Considerações Finais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág.18

Anexo 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .pág.20

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1. Introdução

Após a experiência com a disciplina Tópicos do Ensino de Física I (F609), em que

trabalhou-se a compreensão, confecção e montagem de experimentos de física, a

disciplina Tópicos do Ensino de Física II (F709) dá continuidade a esse objetivo de

proporcionar ao aluno do curso de Licenciatura em Física experiências práticas do Ensino

de Física, só que agora com um enfoque diferente do anterior, a saber: proporcionar aos

futuros professores uma maior aproximação com os alunos de fora da Universidade,

preferencialmente do Ensino Médio.

Tal aproximação é realizada por meio de palestras dentro ou fora da Unicamp, isto

é, realizando-se visitas às escolas ou recebendo-se alunos de escolas de Campinas e

região nos ambientes do IFGW para palestras e demonstrações de experimentos.

Outra forma interessante de aproximação se dá a partir das visitas ao Planetário

Municipal de Campinas, que, por sua vez, também recebe constantemente visitas de

várias escolas de Campinas e região. Sendo assim, os alunos desta disciplina escalados

para visitar o planetário têm a rica oportunidade de realizar experimentos lúdicos (“La

Nube”), bem como apresentar uma palestra de óptica, preparada pelo Prof. Lunazzi, a

alunos de diferentes escolas e diferentes faixas etárias.

Por indisponibilidade de horários para a realização das outras atividades, acabei

tendo que optar por essa última atividade: as visitas ao Planetário, atividade que realizei

em grupo, todas as quintas-feiras de manhã, juntamente com Andressa e Thadeu.

Porém, se hoje eu tivesse de escolher de novo e não tivesse a indisponibilidade de

horários mencionada acima, ainda assim eu escolheria a atividade de atender aos alunos

visitantes do Planetário, pois tal experiência foi muito enriquecedora em minha formação

enquanto futura professora de física. Isso porque tive a maravilhosa oportunidade de

vivenciar um contexto de Ensino de Física muito diferente do tradicional: um contexto que

desperta o interesse dos alunos por aprender, através de atividades lúdicas e interativas,

que lhes aguçam a curiosidade, e realizadas num ambiente totalmente diferente das salas

de aula tradicionais.

O “feedback” fornecido pelo público, tanto demonstrando ter gostado das atividades,

tanto participando com entusiasmo das mesmas (até mesmo das palestras de óptica),

reforça a minha crença de que nós, professores de física, somos capazes sim de despertar

o interesse de nossos alunos para o aprendizado desta ciência, mas precisamos estar

dispostos a utilizar outros elementos além de lousa e giz, a fim de incentivar a participação

e curiosidade dos alunos. Continuarei tal discussão mais adiante neste relatório.

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2. O Planetário

O Planetário Municipal de Campinas, inaugurado em 28 de outubro de 1987, foi a

primeira unidade a ser instalada das duas que compõem o Museu Dinâmico de Ciências

de Campinas (MDCC). O MDCC, por sua vez, foi resultado de uma parceria entre a

Prefeitura de Campinas, a Unicamp, a FUNCAMP (Fundação de Desenvolvimento da

Unicamp) e a ACIESP (Academia de Ciências do Estado de São Paulo), que firmaram um

convênio em 1982.

A outra instalação é denominada Espaço Ciência-Escola, possuindo três salas que

seriam usadas como laboratórios de ciências. Atualmente, porém, tais laboratórios não

estão sendo utilizados. Apenas o Planetário é que continua realizando seções escolares,

de segunda a sexta (nos horários: manhã e tarde), mediante contato prévio, estando

também aberto à comunidade aos finais de semana.

Além de um hall de entrada onde se encontram às vezes experimentos de física,

outras vezes painéis interessantes e bem ilustrativos sobre o tema Astronomia, o

Planetário também conta com um pequeno anfiteatro, onde se realizam palestras sobre o

Sistema Solar e o Universo (e onde foram apresentadas por nós as palestras sobre óptica),

bem como uma sala de projeção, com cúpula de 8m de diâmetro e capacidade para 60

pessoas, onde, através do equipamento Zeiss Skymaster ZKP2, realizam-se as “sessões

do planetário”. Durante as sessões, é apresentado o céu noturno e são identificados os

principais astros que nele aparecem. Também é simulada uma viagem espacial, na qual se

inclui a simulação de uma explosão que, por ser muito bem feita e pegar a todos de

surpresa, provoca susto em todos os alunos.

Algumas fotos tiradas por nós no Planetário se encontram abaixo:

Figura 1 – Foto do hall de entrada, contando com uma exposição sobre Astronomia.

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Figura 2 – O mesmo hall de entrada em outro dia e, portanto, com outras exposições.

Figura 3 – Os telescópios.

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Figura 4 – Mapa das constelações.

3. As visitas

Como já mencionado acima, no tópico “Introdução”, minhas visitas ao Planetário

foram realizadas em grupo, juntamente com os colegas Andressa e Thadeu. Tendo

iniciado as visitas no dia 08/04/10 e prosseguido com as mesmas durante todas as

quintas-feiras subseqüentes (no período da manhã), exceto nos dias em que as quintas-

feiras coincidiam com feriados, realizamos até o dia 10/06/10 um total de 9 visitas.

Durante as visitas realizamos duas atividades principais com os alunos e

professores visitantes do Planetário, a saber: a experiência lúdica “La Nube” e a

apresentação de uma palestra sobre óptica. Apesar de não ter sido possível apresentar a

palestra em todas as visitas (devido tanto a algumas reuniões que coincidiam com o dia da

nossa visita e que usavam justamente o espaço do anfiteatro, quanto ao fato de algumas

escolas alegarem não dispor de tempo suficiente para a realização de tal atividade),

pudemos realizar a experiência “La Nube” em todas as nossas visitas, sem exceção.

Explicações mais detalhadas do que consiste cada uma dessas atividades e

descrições da realização das mesmas em nossas visitas ao Planetário, estão presentes

nos sub-tópicos abaixo:

3.1. A experiência lúdica “La Nube”

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Na atividade “La Nube” (que poderíamos chamar de “Andando nas nuvens”), um

espelho plano (com um espaço para encaixar-se o nariz) era distribuído ao público, o qual

era instruído a colocá-lo bem embaixo dos olhos e andar, devagar, olhando apenas para o

mesmo.

Desta forma, como este refletia o céu, ou o teto (dependendo do lugar abaixo do

qual a pessoa estivesse caminhando), a pessoa tinha a impressão de estar andando, não

sobre o chão, mas sobre esse céu ou esse teto.

Conseqüentemente, no momento em que começavam a andar, a primeira sensação

experimentada pelos alunos e professores era a de total insegurança, medo e receio de

prosseguir com os passos.

Abaixo se encontram algumas fotos referentes à realização desta atividade:

Figura 5 – Atividade “La Nube”. Eu, de blusa laranja, ao lado de um aluno.

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Figura 6 – Atividade “La Nube”. Eu e André explicando a atividade.

Figura 7 – Atividade “La Nube”. Eu e Andressa acompanhando os alunos.

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Figura 8 – Atividade “La Nube”. Thadeu ao lado de um aluno.

Figura 9 – Atividade “La Nube”. Nesta foto é possível enxergar melhor o teto, cheio de

“degraus” sob o qual os alunos caminhavam.

Mas além das fotos, vale comentar também como foi a participação dos alunos em

tal atividade.

Exceto em nossa 1ª visita ao Planetário, em que a escola presente no dia estava

com tanta pressa que a atividade “La Nube” foi realizada juntamente com o lanche dos

alunos (o que fez com que muitos realizassem a atividade às pressas e sem muita

empolgação, por estarem ansiosos por se juntar aos seus colegas para o lanche), em

todos os outros oito dias de realização desta atividade, a participação dos alunos foi

bastante entusiasmada e, por vezes, também bem divertida.

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Em todos esses outros dias, os alunos estavam muito interessados, demonstrando

as mais diversas emoções: curiosidade, receio, medo, achando graça, etc. Muitas vezes,

mesmo após terem ido pro lanche, alguns voltavam e queriam repetir o experimento.

Um episódio engraçado foi o de uma aluna da 7ª ou 8ª série (não me lembro), que

esperou todos irem e quando, no fim, perguntamos se ela também queria ir, ela disse que

sim, mas que tinha medo. Realmente ela tentou ir várias vezes, mas desistia por alegar

estar com muito medo. Porém, nós insistimos com ela, incentivando, dizendo que ela

conseguia, e dando dicas, até que ela venceu o medo e percorreu o caminho completo. Só

que depois dessa primeira vez, ela empolgou e foi mais umas duas vezes de novo.

Outro episódio que nos chamou a atenção foi o de uma aluna do 5º ano (ou seja,

nossa antiga 4ª série) que, quando questionada sobre o que achou da atividade realizada,

respondeu: “Dá medo, parece que você vai cair no espelho!”.

“Cair no espelho??” – perguntamos.

Ao que ela procurou explicar melhor a sensação dizendo assim: “Eh, o céu parece

que está no chão, então dá a impressão que vamos cair!”

Achamos muito interessante um comentário tão explicativo vindo de uma aluna tão

jovem. Ajuda a refletir que mostrar a física (e a ciência em geral) assim conceitualmente,

mostrando os argumentos e incentivando os alunos à discussão, a explicitarem, bem

como elaborarem melhor os seus raciocínios, é sinônimo de usar uma boa “linguagem”

(digo, adequada) para ensiná-la a qualquer faixa etária.

No tópico “O feedback do público”, se encontram outros comentários, escritos por

alunos e professores que participaram da atividade.

3.2. Apresentação da Palestra sobre Óptica

Para esta palestra foi utilizada uma apresentação de Power Point, emprestada pelo

Prof. Lunazzi, contendo conceitos básicos sobre óptica, a saber: “imagem”, “sombra”,

“reflexão”, “refração”, “difração”, além de várias imagens estereoscópicas ao final da

mesma, que nos possibilitaram realizar uma pequena demonstração de estereoscopia com

os alunos, utilizando óculos 3D que haviam no anfiteatro para este fim. Desta forma,

trabalhamos também o conceito de visão binocular com os mesmos.

Como já tínhamos sido avisados por André (ex-aluno da Unicamp que trabalha no

Planetário) da heterogeneidade de faixas etárias dos alunos que assistiriam as palestras e,

portanto, da necessidade de adaptarmos a linguagem de tal apresentação à linguagem dos

alunos, desde o início das visitas nos preocupamos em pensar em formas de transmitir as

informações do modo mais acessível possível aos alunos de cada idade.

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Para não modificar a apresentação inicial feita pelo Prof. Lunazzi, optamos por

acrescentar alguns vídeos que acreditávamos serem capazes de tornar a apresentação

mais didática. Assim, na parte que falava das sombras, acrescentamos um vídeozinho

interessante sobre o assunto, que pode ser visualizado no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=2Ei77eRU1Z8

Também acrescentamos, na parte que falava sobre refração um videozinho

chamado “De onde vem?” (no caso, de onde vem o arco-íris), bem como um videozinho

contendo a experiência do “disco de Newton”, demonstrando que a cor branca é uma

superposição de todas as cores. Ambos os vídeos podem ser visualizados,

respectivamente, por meio dos links abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=vZDm61sZV0U

http://www.youtube.com/watch?v=b3NXsgjPSQo

Achamos interessante introduzir este assunto na palestra de óptica (sobre as cores),

mesmo este não estando contido explicitamente (apesar de estar implicitamente contido na

parte que fala sobre reflexão) na apresentação emprestada pelo Prof. Lunazzi. Assim,

resolvemos explicar aos alunos por que um objeto é verde (reflete só a luz verde), por que

o outro é branco (reflete todas as cores) e por que o outro é preto (não reflete nenhuma

cor).

A motivação para acrescentarmos esse tema na palestra veio justamente de um

comentário, ou melhor, de uma pergunta feita por um aluno do 6º ano (antiga 5ª série),

num momento em que falávamos sobre o que era “imagem”, amparados por um slide que,

dentre outras “imagens”, continha também a seguinte imagem de um buraco negro:

Figura 10 – Figura de um buraco negro, presente na apresentação da palestra de óptica.

Ao se deparar com tal imagem, o tal aluno (chamado Fábio) fez a seguinte pergunta:

“Por que é que é chamado de buraco negro, se nessa figura aí ele está todo

colorido?”

Respondemos primeiramente com uma outra pergunta, questionando-o sobre o que

ele entendia por buraco negro, ao que ele respondeu que era “um buraco que qualquer

coisa que chegasse perto dele caia dentro dele e desaparecia”. Em seguida, dissemos que

era isso mesmo, e repetimos a explicação dada por ele, só que aperfeiçoando-a. E

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aproveitamos a questão para lembrar-lhes que (até mesmo por todos aqueles motivos

expostos) ninguém nunca havia visto ou chegado perto de um buraco negro, e que,

portanto, aquela imagem era apenas uma REPRESENTAÇÃO feita do mesmo. Isso nos

ajudou a definir melhor com eles o conceito de imagem.

Em seguida, para responder definitivamente à pergunta do aluno, tivemos de

explicar que a “cor” preta nada mais é que a ausência de cores (pois os corpos negros

absorvem todas as cores, não refletindo nenhuma). Sendo assim, o buraco era chamado

buraco negro porque, devido à sua grande densidade, absorvia tudo ao seu redor. Dessa

forma, a pergunta de tal aluno foi a motivação para introduzirmos este tema nas

apresentações subseqüentes que realizamos.

Outro exemplo de participação interessante dos alunos na palestra é o de uma

aluna (também do 6º ano), que após o videozinho “de onde vem?” (que explica a refração

através da decomposição de cores que constitui o arco-íris), perguntou se era isso também

que acontecia nos CD’s, quando víamos também um certo “arco-íris” através dos mesmos.

Vale destacar aqui que, no momento dessa pergunta, o próximo tópico que iríamos

explicar aos alunos era justamente o da “difração”, em que pretendíamos citar justamente

os CD’s como um dos exemplos.

Não me lembro em que momento foi, talvez tenha sido quando estávamos dando o

exemplo da holografia, que um dos alunos também adiantou o próximo assunto,

perguntando se aquilo acontecia porque “a gente enxergava diferente com cada olho”. Os

próximos slides que íamos passar a partir deste momento consistiam justamente da

demonstração de Estereoscopia, cuja explicação se baseava justamente na questão da

“visão binocular” citada pelo aluno.

Em outra turma, fomos surpreendidos por uma pergunta que não sabíamos

responder. Quando estávamos falando de reflexão e exemplificando os diferentes tipos de

espelho, mais especificamente no momento em que citamos exemplos de utilização dos

espelhos convexos, um aluno levantou a mão e perguntou: “É verdade que os dois

retrovisores do carro têm dois espelhos diferentes?”. Primeiramente respondemos que

não, que até onde sabíamos, ambos os espelhos eram convexos. Daí a professora de

Ciências deles interferiu dizendo que o que ele estava falando tava certo sim: que um dos

espelhos dos carros era convexo enquanto o outro era plano. Pedimos desculpas por não

saber responder, mas garantimos que iríamos pesquisar à respeito. E pesquisamos,

descobrindo que, realmente, um dos espelhos retrovisores dos carros é levemente

convexo e o outro é totalmente plano. Esse foi um bom exemplo de como o conhecimento

não é unidirecional... Os alunos também podem ensinar várias coisas a nós professores:

só precisamos estar dispostos a também aprender com eles. Principalmente na atualidade,

com essa infinidade de novas informações que nos chegam a todo momento

(incapacitando-nos cada vez mais de dar conta de todas elas), é necessário que

professores tenham plena consciência de que não detêm todo o saber.

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É interessante destacar também que, nessa mesma turma (de 7º ano), já no início

da palestra contamos com a participação dos alunos. Quando, ao introduzir a palestra

comentando “o que é óptica”, um dos alunos nos perguntou o que era “ilusão de óptica”.

Basta olhar a apresentação de Power Point para perceber que tivemos muitos exemplos

de “ilusões de óptica” para dar a esse aluno, ao longo de toda a palestra. E assim fizemos:

explicamos “mais conceitualmente” o que era e, depois, ao longo de toda a palestra, fomos

destacando: “isso é uma ilusão de óptica” (por exemplo, no caso da caneta que parece

estar quebrada dentro do copo com água).

Enfim, a participação dos alunos de 6º e 7º ano nas palestras foi muito boa. Eles

não só não ficavam de conversas paralelas uns com os outros (o que nos causou uma boa

surpresa), como também participaram ativamente das palestras, comentando, expondo

dúvidas e, assim, demonstrando-se atentos e interessados do início ao fim das mesmas.

O mesmo não se pode dizer dos alunos do 8º ano e do Ensino Médio para os quais

também apresentamos tais palestras. Eles não perguntavam e muitas vezes sequer

respondiam às nossas perguntas (tentativas, em vão, de incentivá-los a interagir). Enfim, a

participação destes nas palestras foi quase nula, comparada à dos alunos das séries mais

baixas.

André Rolim já tinha nos alertado mesmo sobre isso, dizendo que apesar de os

alunos mais novos saberem menos de física que os mais velhos, geralmente era mais

prazeroso apresentar a palestra para os mais novos, porque estes participam mais, são

mais espontâneos.

O único momento da palestra em que pode-se dizer que os alunos de todas as

faixas etárias, sem exceção, participaram com prazer, comentando com os colegas,

demonstrando interesse, etc., foi durante a demonstração de Estereoscopia, enquanto

enxergavam as imagens em 3D, através dos óculos a eles distribuídos.

4. O feedback do público

Além de todos esses feedbacks, mencionados nos tópicos acima, que recebemos

informalmente dos alunos, também tivemos acesso a um feedback mais “formal” do

público, isto é, nos foram disponibilizadas as avaliações escritas que os alunos, bem como

seus professores, fizeram sobre as atividades realizadas. Abaixo estão algumas dessas

avaliações:

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Figura 11

Figura 12

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Figura 13

Figura 14

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Figura 15

Figura 16

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Figura 17

Figura 18

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Figura 19

5. Tentativa de adaptar a linguagem da apresentação de óptica

Baseando-nos na antepenúltima avaliação (Figura 17) mostrada no tópico anterior,

que, à respeito da palestra de óptica, contém o seguinte comentário de uma professora:

“A apresentação sobre Óptica foi muito boa para os alunos. Pudemos perceber

que eles possuem informações, mas não as unem aos conceitos científicos.

Apenas adequar o palavriado para as crianças da 6ª série. Mas valeu muito a

aula e acredito que eles não se esquecerão. Muito obrigada.”

construímos uma nova apresentação de slides com a finalidade de auxiliar-nos na

adaptação da linguagem da palestra à linguagem dos alunos das séries mais baixas, como

sugeriu esta professora.

Apesar de não termos chegado a realizar a apresentação com esses novos slides,

(não só porque não tivemos tempo de pedir a autorização do Prof. Lunazzi para fazê-lo,

mas também porque aquela havia sido a última palestra de óptica que tivemos

oportunidade de apresentar) deixamos tal apresentação documentada aqui, em arquivo

anexo ao final deste relatório, como uma sugestão de opção, quem sabe, para o próximo

semestre.

6. Considerações Finais

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A experiência de ter trabalhado no Planetário ao longo deste semestre foi, sem

dúvida, muito mais significativa e enriquecedora para minha formação docente do que o

que eu consigo expressar através deste relatório.

O simples fato de estar num lugar (privilegiado) em que a divulgação dos

conhecimentos científicos se dá de forma lúdica, prazerosa, interessante já nos faz refletir

sobre o quanto é importante utilizarmos muito mais do que “lousa e giz” para ensinarmos

física aos alunos. É importante pensarmos em maneiras de despertar a curiosidade dos

alunos, tornando a aprendizagem dos conteúdos da Física algo interessante e instigante

para os mesmos.

Um dos momentos em que esta reflexão ganhou mais força foi quando assisti à

“sessão do planetário” apresentada aos alunos, pois estes ficaram muito entusiasmados

com a apresentação, demonstrando muito interesse e terem achado muito legal tudo o que

viram e terem gostado de tudo o que aprenderam. Isso me fez refletir sobre a forma com

que apresentamos a Física para os alunos no “ensino tradicional”, ou seja, daquele modo

maçante que na maioria das vezes faz os alunos associarem a física a “fórmulas

complicadas e sem nenhum sentido pra eles”. Raramente a física é apresentada dessa

forma interessante, instigante, possibilitando aos alunos gostar do que estão aprendendo e

querer aprender muito mais. Será que é por isso que ouvimos de tantos alunos a frase:

“Odeio física!”? Será que tais alunos sequer sabem, de fato, o que é física? Talvez não foi

apresentado a eles o lado mais importante (essencial) dessa ciência tão encantadora.

Outro ponto de reflexão importante proporcionado pela experiência das visitas ao

planetário foi o quanto o que nos parece tão simples e trivial pode não ser (muito

provavelmente não é) simples e trivial para os nossos alunos. Percebemos isso ao

recebermos, para a realização das atividades, alunos das mais diversas faixas etárias e,

portanto, termos nos deparado constantemente com o grande desafio de adaptar nossa

linguagem, até que ficasse o mais acessível possível a cada faixa etária.

Confesso que acho esse um desafio delicioso: nós professores precisamos mesmo

conhecer melhor nossos alunos e suas linguagens, diferenças, dúvidas e motivações, para

que possamos mediar o processo de aprendizagem dos alunos da melhor maneira

possível. Mais um motivo para as experiências vivenciadas no Planetário terem sido tão

significativas em minha formação docente: ela me possibilitou estar em contato,

simultaneamente, com alunos de várias faixas etárias e realidades diferentes (lembrando

que o Planetário não recebe visitas só de escolas de Campinas, mas também várias

escolas de outros municípios do estado de São Paulo), o que por sua vez me deu

condições de fazer comparações (paralelos e contraposições) entre todos esses diversos

grupos de alunos.

Enfim, tal experiência foi única, inenarrável. E só tenho a agradecer ao Prof. Dr.

José Joaquim Lunazzi, pela bela oportunidade que nos proporcionou de realizarmos um

estágio tão “diferenciado”, bem como aos do Planetário, por terem sido tão acolhedores

conosco em todas as visitas. Muito obrigada.

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Anexo 1

Adaptação da Apresentação de Óptica, a fim de tornar a linguagem da

mesma mais acessível aos alunos das séries mais baixas.

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