universidade estadual de londrina · anexo iv – questionário par-q ... causas da perda de peso...
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Universidade
Estadual de Londrina
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
EFEITO DA PERDA DE PESO NO DESEMPENHO NO SPECIAL JUDO FITNESS TEST
Vinicius Henrique Fernandes de Oliveira
LONDRINA – PARANÁ
2012
DEDICATÓRIA
A Deus, por me dar forças e ser extremamente piedoso comigo...
A minha família, principalmente meus pais Paulo Henrique de Oliveira e Mara
Fernandes de Oliveira, que estiveram presentes em todos os momentos de minha
vida, me ajudando e auxiliando nas horas mais difíceis...
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Orientador Nilo Massaru Okuno, que me auxiliou e muito, na elaboração
e finalização de todas as etapas deste trabalho.
A minha família, por acreditar na minha competência e me dar força e motivação.
A minha avó Berenice Balbino (in memorian) que me acompanhou nas etapas de
minha vida e não está presente na finalização deste trabalho.
Aos meus professores de judô Eidi Kawazoe e Paulo Minoru Kawazoe que nunca
desistiram e me auxiliaram na pratica do judô tendo papel fundamental na minha
vida de atleta e praticante desta modalidade.
Aos meus amigos e atletas que participaram e colaboraram com este estudo,
Amanda Oliveira, Bruno Sassada, Camilla Astley, Débora Souza, Eidi Kawazoe,
Fabiana Morita, Marcelo Horiuti, Rubia Estela, Tales Kawazoe. Vinicius Kawazoe.
Aos professores, que contribuíram com valiosas informações, e nos proporcionaram
momentos de sabedoria onde adquirimos grandes conhecimentos.
Aos Professores Lúcio Flávio e Marcelo Missaka que fizeram parte da comissão
examinadora, auxiliando-me no aperfeiçoamento deste trabalho.
i
OLIVEIRA, Vinicius Henrique Fernandes. Efeito da perda de peso no desempenho no Special Judô Fitness Test. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2012.
RESUMO
A prática da redução de peso é comumente utilizada em diversas modalidades de
luta, em especial deste estudo, no judô. Assim, este estudo teve como objetivo
verificar a influência da perda rápida de peso no desempenho de atletas judocas de
Londrina. Para tanto, 10 atletas de ambos os sexos foram selecionados, praticantes
da modalidade de judô há no mínimo dois anos, sem estarem envolvidos em outras
atividades físicas. Para realizar a avaliação do desempenho, os atletas realizaram o
Special Judô Fitness Test (SJFT) proposto por Stercowicz et al. (1999), onde o
estudo foi dividido em dois momentos, sendo que no primeiro momento (M1) os
participantes foram divididos em dois grupos (G1 e G2), sendo que G1 realizou o
teste em seu estado normal de peso e G2 perdeu peso 48 horas antes da realização
do teste. Após uma semana, (M2), foi invertido o tratamento do grupo (cross-over).
Para análise dos resultados aplicou-se o teste de normalidade dos dados de
Shapiro-Wilk, o teste t de Student para comparação do desempenho do teste SJFT
nos dois momentos (M1 e M2), e ANOVA para medidas repetidas para comparar as
variáveis nas condições sem a perda de peso e com perda de peso antes e após a
intervenção. O nível de significância adotado para as análises foi de P<0,05. Pode-
se observar que a perda de peso dos atletas não influenciou no desempenho dos
mesmos. Sendo assim, o estudo demonstrou que 48 horas de redução de peso
antes do teste SJFT não foi suficiente para alterar o desempenho, porém os
resultados ao serem analisados pelo tamanho do efeito (effect size) encontrou um
efeito moderado.
Palavras-chave: judô, perda rápida de peso, desempenho.
ii
OLIVEIRA, Vinicius Henrique Fernandes. Effect of weight loss on Special Judo Fitness Test performance. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2012.
ABSTRACT
The weight reduction practice is commonly used in various forms of struggle
modalities, especially in this study, in judo. Thus, this study aimed to assess the
effect of rapid weight loss in judo athletes performance from Londrina. Therefore, 10
athletes of both sexes were selected, practitioners of judo for at least two years
without being involved in other physical activities. To conduct the performance
evaluation, the athletes performed the Special Judo Fitness Test (SJFT) proposed by
Stercowicz et al. (1999), and the study was divided in two phases, with the first
moment (M1) participants were divided into two groups (G1 and G2), where G1
performed the test on his normal weight and lost weight G2 48 hours prior to testing.
After one week, (M2), was inverted treatment group (cross-over). To analyze the
results we applied the test of data normality Shapiro-Wilk test, the Student t test for
comparison of test performance SJFT the two moments (M1 and M2), and repeated
measures ANOVA to compare the variables in conditions no weight loss and weight
loss before and after the intervention. The significance level for the analyzes was P
<0.05. It can be seen that the weight loss of athletes no influence on their
performance. Thus, the study showed that at 48 hours of weight reduction before
testing SJFT was not enough to change the performance, but the results to be
analyzed by the effect size found a moderate effect.
Keywords: judo, rapid weight loss, performance.
iii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características físicas dos grupos antes do inicio do estudo ...................14
Tabela 2 - Perfil apresentado dos atletas no teste SJFT quanto a sua influência no
peso e frequência cardíaca em estado normal e com a redução ..............................15
iv
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I – Teste “ Special Judô Fitness Test” (SJFT) .............................................24
ANEXO II – Questionário sobre perda rápida de peso.............................................26
ANEXO III – Recordatório alimentar .........................................................................28
ANEXO IV – Questionário Par-Q...............................................................................30
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Resultado do desempenho dos atletas em número de jogadas e seu
índice com (CRP) e sem redução de peso (SRP) .....................................................16
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................I
ABSTRACT...............................................................................................II
LISTA DE TABELAS................................................................................III
LISTA DE ANEXOS.................................................................................IV
LISTA DE FIGURAS.................................................................................V
1. INTRODUÇÃO................................................................................01
1.1 Justificatica .....................................................................................03
1.2 Objetivo ..........................................................................................03
2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................04
2.1 Judô.................................................................................................04
2.2 Alimentação.....................................................................................05
2.3 Desidratação em atleta....................................................................06
2.4 Tipos e Efeitos da perda e ganho rápido de peso (WC- weight
cycling)......................................................................................................07
2.5 Perda de peso e desempenho no judô...........................................08
3. METODOLOGIA.............................................................................10
3.1 Amostra...........................................................................................10
3.2 Avaliações e coleta de dados..........................................................10
3.3 Instrumentos utilizados....................................................................11
3.4 Processo de perda de peso.............................................................11
3.5 Teste: Special Judô Fitness Test (SJFT)........................................12
3.6 Análise estatística...........................................................................13
4 RESULTADOS................................................................................14
5 DISCUSSÃO...................................................................................17
6 CONCLUSÃO.................................................................................19
2
REFERÊNCIA..........................................................................................20
ANEXO I...................................................................................................24
ANEXO II..................................................................................................26
ANEXO III.................................................................................................28
ANEXO IV.................................................................................................30
1
1 INTRODUÇÃO
A alimentação é de total importância para qualquer ser humano, pois só assim
é que podemos manter nossas funções vitais de forma equilibrada. Quando se trata
de atletas, há uma maior preocupação em realizá-la de forma correta, pois o fato do
gasto energético dessa população ser maior, a mesma deve ser realizada de forma
que não prejudique o desempenho e a prática dos exercícios físicos (GUYTON,
1996).
Apesar de se ter o conhecimento sobre sua importância, é muito comum,
atletas deixarem de se alimentar e hidratar, com o intuito de manter ou diminuir o
peso para eventuais competições, como no caso das modalidades de luta. No Judô
não é diferente, muitos atletas acabam reduzindo seu peso em um período muito
curto de tempo antes das competições e recuperando-a logo em seguida, pois
acreditam que assim estarão competindo contra adversários mais fracos por
competirem em categorias abaixo da sua (SEIKOU et.al, 2002).
Esses mesmos atletas, para conseguirem reduzir seu peso, acabam adotando
algumas estratégias que não são bem vistas pela literatura, por apresentarem um
risco à saúde dos mesmos. Dentre elas estão à restrição alimentar, exercícios físicos
intensos e a desidratação – realizada normalmente por meio da restrição de líquidos;
sendo também relatado em alguns estudos a indução de vômitos e ingestão de
laxativos e diuréticos, tudo na tentativa de reduzir o peso corporal (ARTIOLI, G.G. et
al, 2011).
Sabemos que a restrição de ingestão de água, aliada a alimentação acaba se
tornando um grande potencial de risco, pois para que ocorram as reações químicas
de nosso organismo, boa parte é realizada em meio líquido, pois no corpo humano a
água é o principal constituinte (entre 56%) além de regular e manter a temperatura
normal do nosso corpo (GUYTON, 1996). Fato que também pode contribuir para um
mau desempenho destes individuos em suas competições.
O maior problema disso tudo, é que esses atletas podem estar colocando em
risco o seu desempenho em competições e consequentemente meses de
treinamento, além de sua saúde. Artioli (2011), em seu estudo relatou que a redução
de peso de forma aguda pode levar a redução de densidade óssea, causar
desequilíbrios hormonais, afetar a função cognitiva, aumentar as chances de
2
transtornos alimentares, deprimir o sistema imune, além de causar hipertermia e até
a morte.
No Judô, o atleta precisa possuir algumas capacidades, como um nível
técnico-tático alto, além de força, flexibilidade, potência, capacidade aeróbia e
resistência anaeróbica (Artioli et al. 2007). Fatores como estes, que precisam estar
aliados a uma boa nutrição, pois quando se trata de atletas de alto nível, os mesmos
podem se encontrar em níveis equivalentes e parecidos. Nesse caso qualquer
alteração com relação ao estado nutricional do atleta, pode comprometer suas
capacidades mencionadas acima, podendo determinar o resultado final de uma luta.
Sendo assim, não somente a prática da modalidade, mas também fatores que
envolvam alimentação precisam ser estudadas, analisadas e realizadas em futuros
estudos da melhor maneira possível, para que esses atletas possam ter um bom
desempenho no decorrer de seus propósitos, sejam eles competitivos ou uma
melhor qualidade de vida.
3
1.1 Justificativa
Vários estudos demonstram a importância da alimentação e das
causas da perda de peso em atletas sobre seu desempenho físico, mais
especificamente em modalidades de luta, onde acabam surgindo diversos métodos
para se realizar a redução do peso, e por muitas vezes não serem realizados de
maneira correta, tornam-se prejudicial à saúde e ao desempenho (Artioli et al. 2007).
Alguns estudos foram realizados demonstrando que a perda de peso antecedente a
uma tarefa influencia no desempenho (Artioli et al, 2006). No entanto, com algumas
horas de recuperação, é verificado que o desempenho é semelhante a situação sem
a perda de peso (Artioli, 2011). Além disso, a grande limitação de vários dos estudos
foi a não realização do teste especifico no judô (Sterkowicz, 1999).
Uma maneira de avaliar de forma especifica o desempenho é por meio do
teste “Special Judô Fitness Test” (SJFT), proposto por Sterkowicz et al (1999). Esse
teste é baseado na característica de intermitência da modalidade e gesto técnico
especifico com o intuito de avaliar a capacidade anaeróbica dos atletas e seu
desempenho (Souza, 2007).
Acredita-se, que os possíveis resultados apresentados, poderão contribuir
com os procedimentos e conscientização dos atletas em relação à perda rápida de
peso, colaborando na busca de estratégias para um bom desempenho competitivo
dos mesmos.
1.2 Objetivo
Com isso, o objetivo principal deste estudo foi verificar a influência da perda
rápida de peso em judocas no desempenho subsequente em um teste especifico de
judô (Special Judô Fitness Test).
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Judô
O Judô teve seu inicio no Japão em 1882, fundado pelo professor Jigoro
Kano, que ao analisar uma técnica de luta praticada naquela época conhecida até os
tempos de hoje como jiu-jitsu procurou sistematizá-la, transformando-a em uma arte.
O Judô, que significa “caminho suave” (JU- suavidade e gentileza; DO- via o
caminho), teve seu princípio em uma arte de luta onde o objetivo era utilizar á força
do adversário, ou seja, de não opor resistência á força do mesmo e utilizá-la a seu
favor. Com isso, os dois princípios fundamentais do Judô se tornaram o equilíbrio e a
não resistência.( LASSERRE, Robert. 1975).
O Judô chegou no Brasil em 1910, onde passou a ser ensinado em uma
academia em São Paulo pelo professor Takaharu Saigo. Mais tarde, em 1938, chega
ao Brasil um grupo nipônico que tinham como líder o professor Ryuzo Ogawa,
fundando no país a Academia Ogawa. A partir disso os ensinamentos do professor
Jigoro Kano passam a ser difundidos, sendo que em 18 de março de 1969 foi
fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo reconhecida por decreto no ano
de 1972 (LASSERRE, Robert. 1975).
Com a entrada do Judô nas Olimpíadas o esporte começa a ganhar força no
país e a ganhar mais adeptos à modalidade, sendo ensinado em academias e
clubes e visto como esporte saudável e não relacionado com a violência. Com isso,
surgem diversos lutadores brasileiros que posteriormente passaram a ganhar títulos
ao país.
Sua prática geralmente é realizada em áreas denominadas de tatame,
composto por EVA ou lona plástica revestida de pó de borracha. Para a realização
das aulas o atleta necessita de um uniforme conhecido como judogui e uma faixa ao
qual caracteriza o estágio em que o atleta se encontra (LASSERRE, Robert. 1975).
O Judô caracterizado por lutas de curta duração (em torno de sete minutos) é
de alta intensidade e esforço intermitente. Descrito como um esporte de combate, o
atleta tentar usar a força do adversário contra ele mesmo, para que então possa o
desequilibrar passando á controlá-lo com o intuito de derrubar seu oponente de
costas no tatame para que então se possa obter a vitória (Barroso et.al. 2008).
5
Os torneios de judô são geralmente divididos por categorias, que são
definidas por de idade, gênero e faixas rígidas de peso, que visam equilibrar as
disputas, minimizando as diferenças de peso, força e velocidade entre os
competidores. Com isso o peso corporal passa a ser uma preocupação entre atletas
por ser um fator determinante para a classificação de determinada categoria
(Barroso et.al. 2008).
Segundo o autor Filaire et al (2001) o judô é um esporte anaeróbio e
predominantemente lático, onde seu desempenho depende de uma série de fatores,
que vão desde a composição corporal, biotipo, dedicação e preparação técnica até o
estado psicológico.
2.2 Alimentação.
A alimentação é uma questão que ganha atenção e vem sendo estudada por
alguns autores no que diz respeito aos atletas. Geralmente, há um corte grande de
calorias nas refeições com atletas que procuram reduzir seu peso. Porém, essas
dietas de baixas calorias acabam se tornado prejudiciais no desempenho desses
indivíduos, pois além de reduzir a quantidade de energia na hora da atividade, tem
também um efeito negativo direto na massa magra e gasto energético basal (WELLE
et al., 1984).
Segundo Currie & Mourse (2005), alguns atletas acabam adquirindo distúrbios
alimentares na tentativa de perder peso, algo que acaba se tornando um risco de
grande potencial para a saúde. Em seu estudo, detectou-se distúrbios como: bulimia,
anorexia, exercícios excessivos ou compulsivos, anorexia atlética, compensação
com desintoxicação ou jejum, dentre outros.
Para que não haja riscos a saúde, recomenda-se que a redução de peso seja
feita a partir de uma redução da alimentação de forma gradual, principalmente no
que se refere nas reduções maiores que dois por cento do peso corporal que por si
só devem ser evitadas, e juntamente sem a restrição de líquidos e outros métodos
que levem a desidratação.
Recomenda-se que durante o período de redução de peso a quantidade de
carboidratos ingeridos, deva ser baixo, e, logo em seguida após a pesagem e início
6
da luta, a ingestão desses macronutrientes sejam realizadas de forma elevada. Com
isso, deve-se realizar um programa de treinamento onde a redução possa ser feita
de forma regulada a longo prazo (Barbosa et.al. 2004).
2.3 Desidratação em atleta
A hidratação é uma questão muito estudada por diversos autores, por ser um
fator que pode influenciar no desempenho de atletas. Pois um atleta em estado de
euhidratação pode desempenhar sua atividade em melhores condições e, sendo
assim, se esse mesmo atleta obtiver uma hidratação de forma inadequada, sua
performance pode ser afetada negativamente (MARINS et al., 2000).
Uma das formas de desidratação, além da restrição de água, é a perda de
líquidos pela sudorese, onde atletas de luta passam a treinar com sacos plásticos e
borracha, além de serem realizadas em ambientes muito quentes. Com o aumento
da sudorese durante o exercício combinada com esses fatores, o organismo sofre
um aumento da osmolaridade afetando a concentração de sódio no plasma (Sawka,
1992). Com o aumento da desidratação, a capacidade de redistribuição do fluxo
sanguíneo para a periferia, a sensibilidade hipotalâmica para a sudorese e a
capacidade aeróbia referente ao debito cardíaco acabam sendo diminuídos
(Armstrong, 1997).
Com isso, a combinação inadequada de ingestão de líquidos, combinados
com a atividade física e o estresse gerado pelo calor, poderá afetar o organismo
prejudicando o desempenho decorrente de fatores fisiológicos.
As respostas fisiológicas decorrentes desses fatores geralmente são: a
diminuição do volume plasmático, aumento da frequência cardíaca submáxima,
redução do débito cardíaco, redução do volume sistólico, aumento do fluxo
sanguíneo cutâneo, diminuição da produção de suor, redução do fluxo sanguíneo
nos músculos ativos, decréscimo do fluxo sanguíneo no fígado, aumento da
concentração de lactato, aumento da percepção de esforço, redução do tempo total
de realização do exercício, diminuição do VO2máx, aumento da temperatura retal,
diminuição da pressão arterial, diminuição do rendimento mental, alterações
gastrintestinais, aumento da osmolaridade sanguínea, maior utilização do glicogênio
7
muscular, lesões por calor, maior risco de hipertermia, e maior incidência de
câimbras (Marins JCB, Dantas EHM et al, 2000).
Sendo assim, a ingestão de líquidos, antes e durante os exercícios, diminuem
os efeitos da desidratação sobre o sistema cardiovascular, na regulação da
temperatura corporal e no desempenho, reduzindo também a incidência de sintomas
da desidratação como dores de cabeça, fadiga, diminuição do apetite, intolerância
ao calor, boca seca dentre outros (Biesek S, Alves LA, Guerra I, 2005).
Por esses fatos, fica claro a importância da ingestão de água para qualquer
ser humano, principalmente praticantes de alguma modalidade esportiva que vise
rendimento competitivo.
2.4 Tipos e efeitos da perda e ganho rápido de peso (WC – weight cycling).
Entre as estratégias mais utilizadas para diminuir o peso estão: restrição
alimentar severa, realização de exercícios intensos, e desidratação – alcançada pela
restrição da ingestão de líquidos (Brownell et al, 1987).
O ciclo de “ganhar e perder peso”, quando realizada de forma constante por
esses atletas, em sua carreira competitiva se torna prejudicial à sua saúde, por
interferir diretamente no sistema cardiovascular e por prejudicar até mesmo no
crescimento, dependendo da idade biológica que esse indivíduo se encontra. Esses
fatos podem se tornar mais evidente principalmente quando realizados na fase de
puberdade, podendo se tornar um hábito no decorrer de sua vida, fazendo que
distúrbios possam surgir e que o indivíduo possa ter dificuldades na redução de
peso a cada tentativa (Artiolli et al, 2006).
O maior problema de se realizar o weight cycling (WC) é que, com o ganho
rápido de peso após uma redução, acaba-se gerando algumas adaptações
fisiológicas como o aumento eficiente do corpo em utilizar e armazenar energia
(aumento na eficiência alimentar), juntamente com a diminuição da taxa metabólica
basal (TBM), isso faz com que nas próximas tentativas de redução, tenha-se que
restringir uma quantidade energética maior, tornando-se cada vez mais difícil a
perda de peso. Acredita-se que, com essa prática constante, ao voltar o peso
8
normal, o individuo encontre-se com uma quantidade de gordura corporal maior
distribuída de modo centralizado (Artiolli, Franchini, Lancha Junior, 2006).
Dentre os tipos de perda de peso estão: a redução rápida de peso e redução
gradual de peso. No que se refere à perda rápida, apesar de ser definida como
aquela que é obtida em menos de duas semanas, sabe-se que ela é realizada até
horas antes da pesagem. As técnicas mais comuns são: a restrição alimentar e de
fluidos, exercícios com roupas de borracha, e utilização de saunas, onde lutadores
do sexo masculino podem reduzir seu peso corporal de 4,5 a 4,9 % em 12 a 24
horas (Rossi, 2005).
Deve-se uma preocupação maior com essa prática de WC por conta de seus
efeitos que podem ocorrer. Dentre eles estão: diminuição do volume plasmático e
sanguíneo; redução da função cardíaca, associada ao aumento da frequência
cardíaca, diminuição do volume de ejeção e do débito cardíaco; diminuição da
concentração sérica de testosterona; diminuição do fluxo sanguíneo renal e do
volume de filtração glomerular; aumento da perda de eletrólitos; diminuição da
atividade do sistema imunológico; piora do estado de humor; aumento do risco de
transtornos alimentares; e até mesmo interrupção temporária do crescimento (Artiolli
et.al, 2007).
Diante desse fato é provável que judocas brasileiros de elite compitam em
condições metabólico-fisiológicas que tendem a diminuir a força e a potência
muscular, assim como acelerar o processo de fadiga. Isso torna óbvia a relação
negativa com a performance em lutas. Além disso, a constante utilização de tais
métodos coloca em risco a saúde desses atletas.
2.5 Perda de peso e desempenho no judô
Devido às categorias de peso que existem no judô, assim como em outros
esportes de combate, os atletas acabam se utilizando da perda rápida de peso
dentre um prazo de uma semana, redução esta que acarreta na perda em mais de
5% de sua massa corporal, no qual o objetivo é lutar com adversários mais fracos,
como considerado por muitos (Artioli, Gualano, et al, 2010;. Artioli, Iglesias, et al,
2010;. Perriello, 2001).
9
Em um estudo feito sobre perda rápida de peso (Artioli, et al, 2011) atletas da
modalidade de luta após realizarem a redução de 5% do peso atual, passaram por
uma recuperação de quatro horas, onde após realizaram uma simulação de luta e
em seguida o teste de Wingate para membros superiores. Como resultado do
estudo, as variáveis: composição corporal, desempenho, glicose e lactato que foram
analisadas antes e após a redução de peso, não obtiveram nenhuma alteração
significativa nos atletas durante os testes.
Totsuka (1998) em seu estudo relatou que atletas universitários de judô após
a redução rápida de peso, onde como teste realizaram saídas de alta potência
durante exercício intermitente dos membros superiores como avaliação, constatou
uma diminuição significativa no desempenho destes membros.
No estudo de Degoutt (2006), atletas que foram induzidos a perda rápida de
peso, após realizarem simulações de torneios de lutas dentre 5 minutos, obtiveram
como resultados finais uma diminuição no desempenho físico de pressão manual e
na força isométrica de remada horizontal avaliada durante 30 segundos, que é
indicador de capacidade anaeróbia. Além disso, foi verificado aumento significativo
em fatores psicológicos e hormonais prejudiciais.
Em um estudo (Lion et al, 2010) onde atletas em uma bicicleta ergométrica
realizaram o exercício sem a ingestão de líquidos, mostrou que, após alguns testes
de equilíbrio a desidratação influencia negativamente na postura de manutenção dos
atletas por afetar sensorialmente no controle do equilíbrio , havendo um declínio no
desempenho dos mesmos quando se á uma perda de peso maior de 2% como neste
caso.
Por fim, atletas de judô que praticam tais métodos vistos pela literatura,
podem estar prejudicando um ou mais desses componentes que parecem implicar
diretamente no desempenho dos mesmos, tanto em suas competições como em
seus treinamentos. Porém, estudos revelam que quatro horas de recuperação após
tais praticas da redução, já podem ser o suficiente para a recuperação, onde
informações como estas que podem auxiliar estes atletas em suas competições e
pratica esportiva.
10
3 METODOLOGIA
3.1 Amostra
Foram selecionados 10 atletas praticantes de judô, ambos os sexos, com
idade acima de 15 anos, de uma academia de judô em Londrina. Todos os atletas
eram praticantes da modalidade há no mínimo dois anos, estavam participando de
campeonatos de nível regional, não estavam envolvidos em nenhuma outra prática
de atividade física e não apresentaram nenhum tipo de doença e/ou uso de
medicamentos.
Para tentar diagnosticar algum problema que impossibilite a participação do
estudo, os atletas responderam ao questionário de PAR-Q (Anexo IV), ao qual caso
alguma resposta fosse positiva eles seriam excluídos do estudo. Além disso, os
atletas não apresentaram nenhum tipo de limitação física ou técnica durante a
realização do estudo que o poderia impedi-los de realizar o teste proposto por este
trabalho.
Após receberem as informações sobre os procedimentos do estudo, todos
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
3.2 Avaliações e coleta de dados
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes procedimentos: 1)
Aferição do peso corporal antes e após a desidratação; 2) Idade; 3) Aplicação do
Special Judô Fitnees Test (SJFT) de Sterkowicz (1999). (Anexo I)
Para tentar diminuir a margem de erro do teste SJFT, adotou-se os seguintes
critérios: A) todos os atletas obtiveram um conhecimento prévio dos procedimentos a
serem executados e informados que se for preciso, poderiam interromper a sua
execução; B) realizaram uma familiarização dos procedimentos técnicos; C) terá
avaliadores para cada função (técnico, cronometrista e anotador); D) Materiais de
acordo com as normas oficiais (tatame, cronômetro, apito, frequencímetro, câmera
de vídeo e fotográfica).
11
Os atletas responderam antes dos testes (SJFT) a um questionário histórico
alimentar (Anexo III) para tabulação dos dados apresentados por eles.
3.3 Instrumentos utilizados
Para realização do teste SJFT proposto por Sterkowicz (1999), foi utilizado um
dojô (tatame) de borracha granulada (pó de pneu), revestido com lona
emborrachada da marca LonaLeve®, para o amortecimento das projeções;
cronômetros da marca Mondaine®, para marcar o tempo total dos atletas durante o
teste; frequencímetro da marca Polar®, para verificar os batimentos cardíacos por
minuto (bpm); fita métrica da marca Westerwe®, para medir a distância entre Tori
(executante do golpe) e Ukês (atleta arremessado); fita adesiva da marca
Esparadrapo®, para marcar a localização dos Ukês e Tori; uma câmera filmadora da
marca Panasonic®, para registrar a execução do teste; uma maquina fotográfica da
marca Panasonic® FS 42, para registrar alguns movimentos do teste; um apito da
marca Fox-40® Pearl, para marcar o inicio e final de cada período do teste. Os
atletas utilizaram judogui (uniforme) trançado das marcas Shinai® e Shiroi®.
3.4 Processo de perda de peso
Para a realização do teste, os atletas foram submetidos a um processo de
desidratação e restrição alimentar para realização da segunda parte do estudo,
onde, no segundo momento do SJFT os mesmos perderam a maior quantidade de
peso possível. Sendo assim, todos os atletas realizaram os dois testes, que se
dividiu no primeiro momento (M1) onde o grupo controle (G1) estava em seu estado
normal de peso, sendo que (G2) já estavam desidratados. Uma semana após o
teste, os grupos realizaram um segundo momento (M2) onde foram invertidos os
tratamentos do grupo (cross-over).
Na realização da segunda parte, os atletas foram orientados a diminuírem sua
ingestão calórica diária de forma semelhante e mais próxima ao qual utilizam em
12
pré-competição por um período de 48 horas, sendo assim, estariam realizando uma
simulação da perda rápida de peso como se estivessem em fase de pré-competição
para as próximas 48 horas.
Tanto no G1 como no G2, os atletas foram submetidos anteriormente ao teste
SJFT, a estarem respondendo um questionário sobre a alimentação adotada por
eles durante o estudo, e, quais métodos utilizaram (se houve algum) para a perda
rápida de peso no momento G2. (Anexo II)
3.5 Teste: Special Judô Fitness Test (SJFT)
Na realização do teste, foi executado o seguinte protocolo: dois judocas
(ukês) de massa corporal semelhante (da mesma categoria) a do executante, foram
posicionados a 6 metros de distância um do outro, onde o executante (tori) ficou a
três metros de distância dos judocas que seriam arremessados. O teste é dividido
em três períodos, aonde o executante realizou o golpe ippon-seoi-naguê em: A) 15
segundos; B) 30 segundos; C) 30 segundos, com intervalo de 10 segundos entre os
mesmos, com um total de 95 segundos.
Com a utilização de um sinal sonoro (apito), em cada período, o executante
se deslocou em sua velocidade máxima e arremessou os parceiros (ukês) utilizando
a técnica (ippon-seoi-naguê) no maior número de vezes possíveis dentro do tempo
estipulado (Anexo1).
A frequência cardíaca (FC) dos atletas foi mensurada logo após o teste e
após um minuto. Os resultados foram somados e divididos pelo total de arremessos
realizados, calculando-se assim os índices.
Índice= FC final (bpm) +FC 1 min após o final do teste (bpm)
Número total de arremessos
13
3.6 Análise estatística
A análise da normalidade foi realizada por meio do teste de Shapiro-Wilk.
Caso a distribuição seja normal, os dados foram apresentados por meio de média e
desvio padrão. A comparação do desempenho no SJFT nas condições sem perda
de peso e com perda de peso foi realizada pelo teste t de Student. A análise do peso
nas condições sem a perda de peso e antes e após a perda de peso foi realizada
por meio de ANOVA para medidas repetidas e utilizada a correção de Bonferroni. O
nível de significância para as análises foi de P < 0,05.
14
4 RESULTADOS
Na tabela 1 são apresentadas as características dos atletas em média ±DP
antes de iniciar as intervenções propostas pelo estudo.
Tabela 1. Características físicas dos grupos antes do inicio do estudo.
Média ±DP
Idade
±20,0
±4,1
Altura
±1,68
±0.08
Peso
±68,83
±16,31
IMC
±24,08 ±3,48
Nota: Os resultados estão expressos em média e desvio padrão (±DP).
A tabela 2 apresenta os dados obtidos de todos os atletas na intervenção
SJFT (Special Judô Fitness Test) aplicada sobre o desempenho dos atletas em seus
estados normais de peso quanto ao: peso, frequência cardíaca final e após um
minuto, e logo após com os atletas em estado de perda de peso após sua redução,
quanto às características da frequência cardíaca e peso durante o teste. O peso
após a redução foi significantemente menor do que a situação inicial (P < 0,05), mas
para as demais variáveis não foi verificado diferença significativa (P > 0,05).
15
Tabela 2. Perfil apresentado dos atletas no teste SJFT quanto a sua influência no
peso e frequência cardíaca em estado normal e com a redução.
M ±DP
Peso inicial
Peso após redução
68,8
67,4*
±16,3
±15,8
F.C Final (bpm) SRP
F.C Final (bpm) CRP
184,2
185,0
±10,3
±6,1
F.C. Após 1 min (bpm) SRP
F.C. Após 1 min (bpm) CRP
157,7
156,0
±11,8
±10,3
Nota: Os resultados estão expressos em média (M) e desvio padrão (±DP). Sem redução do peso (SRP) e com redução do peso (CRP). * Diferença significante em relação ao peso inicial (P < 0,05).
A figura 1 mostra os resultados de desempenho dos atletas após realizarem o
teste SJFT nos dois momentos do estudo, onde se realizou em primeiro momento
em estado normal do peso e em segundo após a sua redução. Com isso, chegou-se
a um determinado número de golpes realizados e seu índice, calculados como
mostra a tabela a seguir.
Como visto, os resultados não apresentaram nenhuma diferença significativa
tanto no número de jogadas como em seus índices quando comparada as situações
com e sem a redução de peso. Apesar disso, os dados indicou um efeito effect size
moderado a favor da situação sem a perda de peso para ambas as variáveis
(número de jogadas: ES = 0,53; índice = 0,51).
16
Figura 1. Resultado do desempenho dos atletas em número de jogadas e seu índice com (CRP) e sem redução de peso (SRP).
17
5 DISCUSSÃO
Este estudo buscou investigar o efeito da perda rápida de peso no
desempenho em atletas de judô. Para analisar o desempenho, foi verificado o efeito
desta perda em 48 horas no teste SJFT (Stercowicz et al., 1999), com o objetivo de
avaliar se a redução de peso utilizada foi suficiente para alterar o desempenho
destes atletas durante o teste específico de judô.
O principal achado deste estudo foi que os atletas não obtiveram nenhuma
alteração significativa no desempenho durante o teste realizado após as quarenta e
oito horas da redução de peso comparado com o teste realizado em estado normal
de peso, no entanto, com effect size moderado (ES= 0,53) a favor da situação sem a
redução de peso.
Isso indica que a perda do peso pode afetar em pequena magnitude no
desempenho, o que pode ser determinante em situações de competição. No
entanto, essa ausência de diferença analisado a partir do teste de comparação pode
ser devido ao número reduzido de sujeitos, o que diminui o poder estatístico e a
pequena variação do peso nas situações sem e com a perda de peso.
Como se pode observar na tabela 2, apesar da diferença ser significante, a
média de peso dos atletas antes da pratica da redução não foi tão diferente do peso
encontrado após a redução rápida de peso (2% de perda de peso), o que nos leva a
crer que os resultados poderiam ser maiores se essa diferença também fosse maior.
Quanto à frequência cardíaca pode-se observar que os alguns atletas
obtiveram maior alteração quando em estado de perda de peso, onde a mesma se
apresentou alta após o teste e após o um minuto de recuperação, mas ainda foi
insuficiente para influenciar de modo significativo o desempenho segundo os
resultados e testes aplicados nos dados no estudo realizado.
A figura 1 mostra o resultado do desempenho quando observamos o número
de jogadas no teste SJFT. Pode-se observar que a média de golpes realizados tanto
no modo da perda rápida de peso quanto em estado normal do peso, foram de certa
maneira semelhantes. O índice apresentado também não foi tão diferente nos dois
casos com a redução de peso e sem a redução de peso (CRP/SRP) como visto na
figura, mostrando assim que os atletas apesar de se colocarem em condições de
perda de peso, os mesmos não foram suficientes para causar alguma alteração
maior e significativa durante o teste.
18
O número de arremessos está relacionado ao desempenho anaeróbio, e a
diminuição da frequência cardíaca após o teste está relacionada à aptidão aeróbia.
Como o cálculo do índice envolve as duas variáveis, o mesmo parece ser um
indicativo da combinação da aptidão aeróbia e da aptidão anaeróbia do judoca.
(Franchini et al., 2001).
Lembrando que o teste realizado SJFT, tem como duração 95 segundos, e
que em uma luta de judô o tempo da luta pode durar de 5 minutos se a mesma
terminar com pontuação diferente de ambos os atletas sem os mesmos terem
realizado algum tipo de golpe declarado como perfeito pelo árbitro (ippon), podendo
ser aumentado mais três minutos com o golden escore caso termine a primeira luta
empatada, chegando- se ao final num total de 8 minutos.
Por esta razão, acreditasse que o efeito moderado encontrado pela análise de
Effect size pode ser relevante considerando que se o tempo do teste SJFT fosse o
mais próximo do tempo real de uma luta de judô e por haver uma maior demanda de
golpes dos atletas durante esses oito minutos, poderia ocasionar ao final, resultados
com maior diferença.
Porém, estudos como de (Artioli et al., 2011) onde atletas da modalidade de
luta após realizarem a redução de 5% do peso atual, passaram por uma
recuperação de quatro horas, sendo que após realizaram uma simulação de luta e
em seguida o teste de Wingate para membros superiores. O resultado do estudo
mostrou que, as variáveis: composição corporal, desempenho, glicose e lactato que
foram analisadas antes e após a redução de peso, não obtiveram nenhuma
alteração significativa nos atletas durante os testes.
Por esta razão, ressaltamos que, quatro horas de recuperação parece ser
suficiente para que o atleta não sofra nenhuma alteração no seu desempenho que o
prejudique após a redução de seu peso.
Vale ainda ressaltar que, neste estudo o número de atletas e o controle da
perda de peso durante o processo, mostram-se como limitações deste trabalho,
servindo como recomendação para futuros estudos nesta área. Recomendasse
também que se possível sejam feitas um acompanhamento de um nutricionista para
verificar qual tipo de macro e micronutrientes ocasionam ou não a perda de
desempenho e também considerar avaliações do estado maturacional dos atletas.
Destaca-se, porém, que apesar dessas limitações, o presente trabalho apresenta
19
indícios que o desempenho pode sofrer mudanças se as variáveis e a metodologia
do estudo forem controladas de melhor maneira.
6. CONCLUSÃO
O trabalho permite concluir que a perda de peso realizada 48 horas antes do
teste SJFT para avaliação da variável desempenho neste estudo, não foi suficiente
para alterar significativamente esta variável.
O fato se deve a porcentagem da perda de peso ter sido pequena do total de
atletas, que parece não ser suficiente para causar tamanho resultado esperado.
Porém, segundo os resultados avaliados pelo Effect size, ao qual detectou um efeito
moderado (ES= 0,53), pode ser um indicativo de que o desempenho pode ser
afetado se a perda de peso for maior que os 2% obtidos. O tempo da avaliação do
teste SJFT também parece ser um dos fatores, sendo que, se o tempo do mesmo
fosse maior e mais próximo a de uma luta de judô, os resultados poderiam ser
diferentes.
Com isso, recomendasse para próximos estudos que o número de atletas e a
perda de peso possam ser maiores e mais bem controladas.
20
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24
ANEXO I
Na realização do teste, determinou-se o seguinte protocolo: dois judocas (ukês) de massa corporal semelhante (mesma categoria) à do executante são posicionados a 6 metros de distância um do outro, enquanto o executante (tori) fica a 3 metros de distância dos judocas que serão arremessados. O teste é dividido em três períodos: 15 segundos (A), 30 segundos (B) e 30 segundos (C) com intervalos de 10 segundos entre os mesmos, num total de 95 segundos. Após um comando sonoro (apito), durante cada um dos períodos, o executante deverá deslocar-se na velocidade máxima e arremessar os parceiros (utilizando a técnica ippon-seoi-naguê) o maior número de vezes possível. A frequência cardíaca (FC) do atleta é medida imediatamente ao final do teste e também após um minuto. Os resultados são somados e dividido pelo total de arremessos realizados, calculando-se assim, o índice.
25
Tori e Ukê (frente à frente) estão em posição natural, com os pés paralelos e afastados, e mãos em Kumikata (pegada). Tori puxa com as duas mãos o Ukê à frente, avança o pé direito adiante e um pouco para o interior do pé direito do Ukê. Rodando sobre este pé, girando o quadril, coloca-se o pé esquerdo paralelo ao pé direito e diante do pé esquerdo do Ukê. Durante esta rotação do corpo, o Tori larga a sua mão direita da gola do Ukê e coloca este braço sob a axila direita do mesmo; combinando com uma ligeira flexão de pernas. Neste momento, o Ukê está sobre o dorso do Tori que mantém firmemente o contato por uma tração enérgica e contínua com o braço esquerdo em direção à anca esquerda. O braço direito ajuda este movimento continuando a carregar o Ukê em direção ao alto do seu ombro direito. A projeção será uma combinação da ação dos braços e do desequilíbrio para diante do Ukê, com a extensão das pernas do Tori.
26
ANEXO II
Questionário sobre perda rápida de peso pré-competitiva. Responda as questões com o máximo de atenção e seriedade.
AS QUESTÕES REFEREM-SE Á PERDA DE PESO PARA COMPETIR EM UMA DETERMINADA CATEGORIA DE PESO.
A Universidade Estadual de Londrina agradece sua colaboração! INFORMAÇÕES GERAIS: Data de hoje: / / .
1. Idade: anos.
2. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
3. Quantos anos você tinha quando começou a praticar judô? anos.
4. Quantos anos você tinha quando começou a competir judô? anos.
5. Peso atual: kg.
6. Altura: m.
7. Assinale o seu nível competitivo, marcando um “X” nas competições: em que apenas
participou sem obter medalhas, nas que obteve medalha, e nas que nunca
participou:
Competição regional (londrinense, jogos regionais e etc.) ( ) participação sem medalha ( )obtive medalha ( ) nunca participei
Competição estadual (campeonato paranaense, jogos abertos, e etc.)
( ) participação sem medalha ( )obtive medalha ( ) nunca participei Competição nacional (campeonato brasileiro, JUBs e etc.) ( ) participação sem medalha ( )obtive medalha ( ) nunca participei Competição internacional (sul-americanos, pan-americanos, mundiais, universitários, olimpíadas e etc.) ( ) participação sem medalha ( )obtive medalha ( ) nunca participei
8. Em quantas competições você lutou no mínimo no ultimo anos (2011, incluindo não-
oficiais)? .
9. Em quantas competições você obteve medalha no ultimo ano (2011, incluindo não-
oficiais)? .
HISTÓRICO DE PESO E DE DIETAS.
10. Em qual categoria você compete atualmente? Até kg.
11. Você subiu de categoria nos dois últimos anos?
( )sim. Em quais categorias competiu? .
( )não, lutei na mesma categoria nos últimos dois anos.
12. Quanto estava pesando na ultima férias de judô (janeiro de 2011)? Kg.
13. Você já perdeu peso para competir?
( ) Sim ( continue respondendo as demais questões).
( ) Não, nunca perdi peso para lutar (não é necessário responder as demais
questões- obrigado pela colaboração).
14. Qual foi a maior quantidade de peso que você já perdeu para competir? kg
15. Quantas vezes você teve que perder peso para competir no ultimo ano
(2011)? vezes.
16. Quantos quilos você costuma perder antes das competições? kg.
17. Em quanto tempo você costuma “tirar” o peso antes das competições? dias
27
18. Com que idade você começou a perder peso para competir? anos.
19. Quantos quilos você costuma ganhar na semana depois de uma competição?
kg por semana.
28
ANEXO III
Recordatório alimentar
Nome do entrevistado: . Data de nascimento: / / , Idade: . Sexo: . Telefone p/ contato: , Peso: . Estatura: . DESJEJUN
1. O que você comeu ou bebeu logo que acordou?
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE
PERIODO DA MANHÃ
2. O que você comeu ou bebeu entre o desjejum e o almoço?
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE
29
ALMOÇO
3. O que você comeu ou bebeu no almoço?
ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE
PERIODO DA TARDE
4. O que você comeu ou bebeu entre o almoço e o jantar?
ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE
JANTAR
5. O que você comeu ou bebeu no jantar?
ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE
CEIA
6. O que você comeu ou bebeu depois do jantar?
ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE
30
ANEXO IV Questionário Par-Q
Este questionário tem objetivo de identificar a necessidade de avaliação clínica antes do início da atividade física. Caso você marque mais de um sim, é aconselhável a realização da avaliação clínica. Contudo, qualquer pessoa pode participar de uma atividade física de esforço moderado, respeitando as restrições médicas.
Por favor, assinale “sim” ou “não” as seguintes perguntas:
1) Alguma vez seu médico disse que você possui algum problema de coração e recomendou que você só praticasse atividade física sob prescrição médica?
sim não
2) Você sente dor no peito causada pela prática de atividade física?
sim não
3) Você sentiu dor no peito no último mês? sim não
4) Você tende a perder a consciência ou cair como resultado do treinamento?
sim não
5) Você tem algum problema ósseo ou muscular que poderia ser agravado com a prática de atividades físicas?
sim não
6) Seu médico já recomendou o uso de medicamentos para controle de sua pressão arterial ou condição cardiovascular?
sim não
7) Você tem consciência, através de sua própria experiência e/ou de aconselhamento médico, de alguma outra razão física que impeça a realização de atividades físicas ?
sim não
Gostaria de comentar algum outro problema de saúde seja de ordem física ou psicológica que impeça a sua participação na atividade proposta? __________________________________________________________________________
________________________________________________________________
Declaração de Responsabilidade
Estou ciente das propostas do Projeto:
___________________________________________________________________________.
Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR Q” e afirmo estar liberado para participação na atividade citada acima. Nome do participante: _________________________________________________________ Nome do responsável se menor de 18 anos: _________________________________________________
______________
Data _____________________________________
Assinatura