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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Roger Ramos Santana CANTEIROS DE OBRA NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA: GRAU DE UTILIZAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA 18-UM ESTUDO DE CASO FEIRA DE SANTANA 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Roger Ramos Santana

CANTEIROS DE OBRA NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA: GRAU DE UTILIZAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA 18-UM ESTUDO DE CASO

FEIRA DE SANTANA 2010

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Roger Ramos Santana

CANTEIROS DE OBRA NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA: GRAU DE UTILIZAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA 18-UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Estadual de Feira de Santana, apresentado à disciplina Projeto Final II, como requisito parcial à obtenção de título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Sérgio Tranzilo França

FEIRA DE SANTANA 2010

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Roger Ramos Santana

CANTEIROS DE OBRA NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA: GRAU DE UTILIZAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA 18-UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso para Obtenção de Título de Bacharel em Engenharia Civil

Feira de Santana, janeiro de 2010 Banca Examinadora: Sergio Tranzillo França _______________________________________________________ Universidade Estadual de Feira de Santana Eduardo Antonio Lima Costa __________________________________________________ Universidade Estadual de Feira de Santana Cristovão César Cordeiro______________________________________________________ Universidade Estadual de Feira de Santana

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste

trabalho.

Ao prof. Sérgio Tranzillo França, orientador deste trabalho, por todo o apoio, dedicação e

sugestões na elaboração desta monografia.

Aos colegas da turma do curso de Engenharia Civil pela amizade e companheirismo.

Aos meus pais por terem me proporcionado educação e carinho para que eu pudesse

enfrentar todos os desafios da vida.

À minha namorada por sua ajuda, alegria e compreensão em diversos momentos.

Aos meus irmãos pela força e doação inestimável.

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“Segurança é estar em harmonia com o trabalho, sendo assim não há palavras e nem frases que possam nos manter seguros, há somente ações.”

( Autor Desconhecido )

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo verificar o grau de aplicação das normas de segurança em

canteiros de obra na cidade de Feira de Santana. Em termos de economia nacional, a

construção civil representa uma parcela importante do que é produzido, entretanto sabe-se que

o êxito de uma atividade empresarial depende de uma peça singular, o trabalhador, em

condições de saúde e segurança. O método utilizado foi o estudo de caso. A análise do

cumprimento dos itens da NR 18 foi feita através de visita e aplicação de uma lista de

verificação aos locais de trabalhos e evidências através de fotos. Destas listas foram extraídos

índices de não conformidade dos itens analisados da NR 18 e posteriormente foram atribuídas

notas a cada obra, a partir dos valores encontrados. A conclusão deste trabalho é que, de fato,

as empresas de construção civil em Feira de Santana possuem dificuldades com relação à

aplicabilidade da NR-18 no canteiro de obras.

Palavras-Chave: Construção Civil, Normas de Segurança, NR 18.

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ABSTRACT

This work has for objective to verify the degree of application of safety's work

stonemasons norms in the city of Feira de Santana. In terms of national economy, the building

site represents an important portion of what it is produced, however it is known that the

success of a managerial activity depends of a singular piece, the worker, in conditions of

health and safety. The used method was the case study. The execution of the items of NR 18

was made through visit and application of a chech- list to the places of works and evidences

through pictures. Of these lists they were extracted indexes of no conformidade to the

analyzed items of NR 18 and later notes were attributed to each work, starting from the found

values. The conclusion of this work is that, in fact, the building site companies in Feira de

Santana have difficulties with relationship to the aplicabilidade of NR-18 in the construction

site.

Key-Words: Civil Construction, Safety Pattern, NR 18.

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SUMÀRIO

LISTA DE FIGURAS E TABELAS LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

1 INTRODUÇÃO____________________________________________________________________

12

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ______________________________________________________ 13 1.2 JUSTIFICATIVA_______________________________________________________________ 14 1.3 HIPÓTESE____________________________________________________________________ 14 1.4 OBJETIVOS__________________________________________________________________ 1.4.1 Objetivo Geral______________________________________________________________ 1.4.2 Objetivo Específico _________________________________________________________

15 15 15

1.5 METODOLOGIA ______________________________________________________________

15

2 ASPECTOS GERAIS DE SEGURANÇA DO TRABALHO________________________________

17

2.1 CONCEITO LEGAL DE ACIDENTE DE TRABALHO _______________________________ 17 2.2 CONCEITO PREVENCIONISTA DE ACIDENTE DE TRABALHO_____________________ 18 2.3 DIFERENÇA ENTRE CONCEITO LEGAL E PREVENCIONISTA DE ACIDENTE DE TRABALHO _________________________________________________________________________

19

2.4 RESPONSABILIDADE DO EMPREITEIRO________________________________________ 19 2.4.1 Preocupações Humanitárias __________________________________________________ 20 2.4.2 Custos Econômicos e Benefícios _______________________________________________ 20 2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PROFISSIONAIS __________________________________ 21 2.5.1 Riscos de Operação_________________________________________________________ 22 2.5.2 Riscos Ambientais __________________________________________________________ 22 2.5.3 Riscos no Ambiente de Trabalho _______________________________________________ 22 2.6 EPI ___________________________________________________________________________

23

3 INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL______________________________________________

25

3.1 CARACTERISTICAS DO PROCESSO DE TRABALHO NA ICC_______________________ 26 3.2 TENDÊNCIAS DO SETOR_______________________________________________________ 27 3.2.1 Números de Acidentes de Trabalho______________________________________________

28

4 PRINCIPAIS CONCEITOS DA NR 18________________________________________________

29

4.1 FINALIDADES DA NR 18 _______________________________________________________ 29 4.2 PENALIDADES PREVISTAS NA NR 18___________________________________________ 29 4.3 PCMAT______________________________________________________________________ 30 4.4 ÁREAS DE VIVÊNCIA__________________________________________________________ 32 4.4.1 Instalações Sanitárias________________________________________________________ 32 4.4.2 Vestiário__________________________________________________________________ 33 4.4.3 Refeitório/Cozinha__________________________________________________________ 34 4.5 SERVIÇOS ___________________________________________________________________ 35 4.5.1 Demolição ________________________________________________________________ 35 4.5.2 Escavações, Fundações e Desmonte de Rochas____________________________________ 35 4.5.3 Carpintaria ________________________________________________________________ 36 4.5.4 Armações de Aço____________________________________________________________ 36 4.5.5 Estruturas de Concreto_______________________________________________________ 37 4.5.6 Estruturas Metálicas_________________________________________________________ 37 4.5.7 Instalações Elétricas_________________________________________________________ 37 4.6 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE MATERIAIS E PESSOAS ___________________ 38 4.6.1 Escadas, Rampas e Passarelas _________________________________________________

39

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5 COLETA DE DADOS______________________________________________________________

40

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS VISITADAS_____________________________________ 40 5.2 RESULTADOS OBTIDOS NA LISTA DE VERIFICAÇÃO_____________________________ 44 5.2.1 Áreas de Vivência___________________________________________________________ 44 5.2.1.1 Instalações Sanitárias__________________________________________________ 44 a) Aspectos Gerais de Limpeza___________________________________________ 44 b) Vasos Sanitários____________________________________________________ 45 c) Lavatórios___________________________________________________________ 46 d) Chuveiros_________________________________________________________ 47 e) Vestiários__________________________________________________________ 47 5.2.1.2 Refeitório___________________________________________________________ 48 5.2.2 Escavações, Fundações e Desmanche de Rochas___________________________________ 49 5.2.3 Carpintaria________________________________________________________________ 50 5.2.4 Escadas, Rampas e Passarelas_________________________________________________ 51 5.2.5 Armações de Aço___________________________________________________________ 51 5.2.6 Medidas de Proteção Contra Quedas de Altura_____________________________________ 52 5.2.7 Movimentação de Pessoas e Materiais___________________________________________ 53 5.2.8 Sinalização de Segurança_____________________________________________________ 55 5.2.9 Ordem e Limpeza___________________________________________________________

56

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS______________________________________________________

57

6.1 AVALIAÇÃO GERAL__________________________________________________________ 57 6.2 SITUAÇÕES LIMITES: MAIORES E MENORES INDÍCES DE NÃO CONFORMIDADE _

58

7 CONCLUSÃO E SUGESTÕES_______________________________________________________

61

7.1 CONCLUSÃO_________________________________________________________________ 61 7.2 SUGESTÕES__________________________________________________________________

62

REFERÊNCIAS____________________________________________________________________

63

ANEXOS__________________________________________________________________________

65

ANEXO 1_________________________________________________________________________ 66

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LISTAS DE GRÁFICOS E TABELAS Tabela 1: Riscos de acidentes nas diversas etapas construtivas do empreendimento_____________ 23 Tabela 2: Grau das multas da NR 18__________________________________________________ 30 Tabela 3: Características das obras visitadas na cidade de Feira de Santana no período 24 de setembro de 2009 a 07 de outubro de 2009_______________________________________ 40 Tabela 4: Avaliação das obras em função do número de não conformidades em relação à NR 18 57 Tabela 5: Itens da NR 18 com maior índice de não conformidade________________________ 58 Tabela 6: Itens da NR 18 com menor índice de não conformidade________________________ 59

Figura 1: Fachada da Obra A___________________________________________________ 41 Figura 2: Fachada da Obra B___________________________________________________ 41 Figura 3: Fachada da Obra C___________________________________________________ 42 Figura 4: Fachada da Obra D___________________________________________________ 42 Figura 5: Fachada da Obra E___________________________________________________ 43 Figura 6: Instalação Sanitária da Obra B__________________________________________ 44 Figura 7: Falta de Higiene da Obra B_____________________________________________ 44 Figura 8: Vaso Sanitário da Obra E______________________________________________ 45 Figura 9: Porta do Banheiro da Obra B___________________________________________ 46 Figura 10: Porta do Banheiro Obra E_____________________________________________ 46 Figura 11: Lavatório Coletivo da Obra A__________________________________________ 46 Figura 12: Área do Chuveiro da Obra A__________________________________________ 47 Figura l3: Vestiário da Obra B__________________________________________________ 48 Figura 14: Vestiário da Obra C_________________________________________________ 48 Figura 15: Refeitório da Obra E_________________________________________________ 48 Figura 16: Refeitório da Obra C________________________________________________ 48 Figura 17: Bebedouro da Obra C________________________________________________ 49 Figura 18: Escavação na Obra E________________________________________________ 49 Figura 19: Mesa da Serra Circular da Obra C_______________________________________ 50 Figura 20: Mesa da Serra Circular da Obra D______________________________________ 50 Figura 21: Placa Indicando Profissionais Habilitados A Operar a Serra Circular Da Obra E___ 50 Figura 22: Passarela Instalada na Obra E__________________________________________ 51 Figura 23: Bancada de Armação da Obra C________________________________________ 51 Figura 25: Bancada de Armação da Obra E________________________________________ 51 Figura 25: Pontas de Vergalhões na Obra A_______________________________________ 52 Figura 26: Pontas de Vergalhões na Obra D________________________________________ 52 Figura 27: Fosso do Elevador da Obra B__________________________________________ 52 Figura 28: Abertura na Laje da Obra B___________________________________________ 52 Figura 29: Plataformas na Obra D_______________________________________________ 53 Figura 30: Plataformas na Obra C_______________________________________________ 53 Figura 31: Placa de Sinalização no Elevador de Carga na Obra A_______________________ 54 Figura 32: Sistema de Travamento da Cancela do Elevador da Obra D___________________ 54 Figura 33: Cancela Aberta na Obra B____________________________________________ 55 Figura 34: Sinalização no elevador da obra B______________________________________ 55 Figura 35: Sinalização na Obra A_______________________________________________ 55 Figura 36: Sinalização na Obra A_______________________________________________ 55 Figura 37: Organização do Canteiro da Obra A_____________________________________ 56 Figura 38: Nível de Organização da Obra B____________________________________________ 56 Gráfico 1: Notas das obras visitadas_____________________________________________ 58

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LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS

NR -Norma Regulamentadora EPC -Equipamento de Proteção Coletiva EPI -Equipamentos de Proteção Individual Fundacentro -Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e Medicina do Trabalho CLT -Consolidação das Leis Trabalhistas UFIR -Unidade Fiscal de Referencia ICC -Industria da Construção Civil CAT -Comunicação de Acidente do Trabalho NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção Civil PPRA – Programa de Prevenção e Riscos Ambientais SRT – Superintendência Regional do Trabalho

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1 INTRODUÇÃO

Por segurança do trabalho entende-se um conjunto de medidas administrativas, técnicas,

legais, médicas, educacionais e psicológicas e, portanto, multidisciplinares, empregadas na

prevenção de acidentes do trabalho e doenças profissionais.

Segundo a Constituição Brasileira, a redução dos riscos laborais é um dever do estado.

Esta no capítulo dois que trata dos direitos sociais, mais precisamente em seu artigo sétimo

como o vigésimo segundo direito do trabalhador.

Sendo assim, segurança do trabalho é um assunto da maior importância, que não

interessa apenas aos trabalhadores, mas também às empresas e a sociedade em geral, pois um

trabalhador acidentado, além de sofrimentos pessoais, passa a receber seus direitos

previdenciários, que são pagos por todos os trabalhadores e empresas.

A indústria da construção, mais do que a maioria das outras indústrias, vive de muitos

improvisos no dia-a-dia de suas obras. Talvez, na maioria dos casos, por ser o processo

produtivo algo empírico do mestre-de-obra que “aprendeu a fazer fazendo” e se ajustou de

forma a cumprir as condições impostas e do jeito que os operários podiam fazer, face às suas

condições de trabalho.

Por outro lado, o engenheiro, com atenção voltada para o cronograma e os custos do

empreendimento, pouco contribui para que esse quadro mude. Tudo isso gera muito

retrabalho, desperdícios e prejuízos para algumas empresas e seus operários, face aos altos

custos de construção, à relação de poder reinante nos canteiros de obra e às condições

precárias nesses ambientes de trabalho, que tem provocado inúmeros acidentes e doenças

laborais.

Sendo assim, cada vez mais a segurança no trabalho se torna alvo de debate, devido à

importância que as empresas precisam dedicar a essa área. Na busca ininterrupta pela

qualidade e produtividade, os empresários procuram formas de motivar seus funcionários, e

nesse contexto torna-se necessária a garantia da segurança de seus operários e o cumprimento

da legislação vigente no país.

Contudo, a segurança oferecida aos trabalhadores da construção, na maioria dos relatos,

não está em conformidade com as normas de segurança. Dessa forma busca-se verificar a

veracidade desses relatos e quais são as medidas que estão sendo adotadas para a redução do

número de acidentes e doenças no ambiente de trabalho.

Para ISATTO (2000), na produção capitalista, o trabalhador é explorado, e totalmente

alienado do seu produto do trabalho realizado. O ritmo de produção é determinado pelos

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chefes, administradores e o trabalhador não vê o destino de seu fruto do trabalho. O homem

está fortemente ligado ao binômio capital versus trabalho. Na sociedade moderna, é o trabalho

que define o homem como parte integrante desta e é através dele que o homem é visto.

Além disto, o trabalhador, em geral, é o que menos atenção e importância recebe, com os

administradores e empresários subestimando a necessidade de uma preparação adequada para

geri-lo. Da mesma forma, pensa Halpin.(2004), que diz que a qualidade está intimamente

ligada à melhoria das condições de segurança e higiene no trabalho, pois é muito improvável

que uma organização alcance a excelência de seus produtos negligenciando a qualidade de

vida daqueles que os produzem.

Nenhuma organização poderá produzir mais do que o potencial de seus recursos

humanos, por isso se deve treiná-los e aperfeiçoá-los, evitando assim conseqüências, tais

como lesões pessoais, perdas materiais e ambientais. Os canteiros de obras não precisam

obrigatoriamente apresentar condições arriscadas para o trabalho. A organização melhora a

produtividade e elimina riscos de ocorrência de acidentes e doenças do trabalho.

Torna-se por isso, fundamental o uso de recursos que visem à melhoria das condições de

trabalho, através de políticas de gerenciamento de segurança dentro das organizações como

investimento, onde a prevenção passa a ser o enfoque principal, pois, qualidade e

produtividade são fatores atrelados, no entanto, inconcebíveis sem investimentos e

treinamentos da mão-de-obra, de forma adequada (HALPIN, 2004).

A NR-18, Norma Regulamentadora das Condições e Meio Ambiente do Trabalho na

Indústria da Construção, surgiu para estabelecer diretrizes de segurança no ambiente da

construção, sendo esta de grande importância para se reduzir os riscos de acidentes de

trabalho e assim se obter a qualidade tão desejada, não só para a empresa, mas também para

os funcionários, através de melhores condições de trabalho nas obras de Construção Civil.

Em resumo, é grande a relevância de se esclarecer alguns dos principais conceitos acerca

da NR-18 no canteiro de obras, que mesmo apesar de ter sua ultima versão publicada em

1995, ainda causa tantas divergências e duvidas, no meio da construção civil, com relação à

sua aplicação no canteiro de obras.

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Diante do exposto, esta pesquisa faz um estudo sobre as condições de trabalho e

segurança que são oferecidas aos operários da construção civil (sub-setor edificações) na

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cidade de Feira de Santana, através de uma amostragem, avaliando sobre até que ponto as

normas de segurança são seguidas.

1.2 JUSTIFICATIVA

A opção pela escolha desse tema como objeto de estudo, se deve ao fato de que faltam

dados acerca da viabilidade prática da NR-18 em canteiros de obras, pois os que existem

abordam o tema de forma indireta. Também existe grande preocupação com relação ao

treinamento e compreensão dos envolvidos acerca da aplicabilidade e viabilidade técnica de

algumas das exigências da Norma, melhorando assim cada vez mais a qualidade dos serviços

fornecidos juntamente com o aumento da produtividade.

A prescrição excessiva de muitas de suas exigências é um dos maiores problemas da NR-

18, porém não há motivos para não cumpri-la, considerando que a mesma despertou a

indústria da construção civil para a importância do assunto apresentando um grande potencial

para desenvolvimento.

Entretanto, é de suma importância respeitar e cumprir as diretrizes impostas pela citada

norma, cabendo aos gerentes reconhecer a necessidade de mudança da mentalidade atual e

dedicar mais atenção ao desenvolvimento das políticas de gerenciamento de segurança.

Sendo assim este assunto não deve ser tratado como gasto, mas sim como investimento,

afinal de contas as más condições de higiene e segurança nos trabalhos existentes no canteiro

de obra caracterizam um atraso tecnológico e gerencial na indústria da construção.

Alem disso, a NR-18 merece atenção especial, pois trata-se da única NR que

regulamenta a segurança e condições de trabalho em canteiros de obras. Sua atual versão foi

publicada no Diário Oficial da união em 07 de julho de 1995, entrando em vigor desde então,

difundindo uma nova consciência a respeito da segurança nos canteiros, ainda que tal

motivação seja em grande parte derivada da possibilidade de aplicações de multas e outras

penalidades.

Por tal motivo, o presente estudo visa demonstrar a importância da NR-18 no canteiro de

obras de Construção Civil, através de análise feita acerca de sua aplicabilidade prática em

obras de Construção Civil de Feira de Santana.

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15

1.3 HIPOTESE

As empresas de construção civil em Feira de Santana possuem dificuldades com relação

à aplicabilidade da NR-18 no canteiro de obras.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Descrever o grau de utilização da NR 18 nos canteiros de obra da cidade de Feira de

Santana.

1.4.2 Objetivos específicos

Como objetivos secundários deste trabalho, apresentamos:

1- Revisar o referencial teórico sobre a segurança do trabalho na construção civil do

Brasil;

2-Verificar a correta aplicação da Norma Regulamentadora NR-18.

3-Identificar os problemas relacionados ao ambiente de trabalho com relação ao

cumprimento das exigências da referida norma.

1.5 METODOLOGIA

Para o bom desenvolvimento deste trabalho foi utilizada como metodologia uma

pesquisa aplicada que visou através de levantamentos analisar e propor soluções de várias

naturezas, através da aplicação de métodos práticos no ambiente em estudo.

Foi feita a abordagem do problema através da pesquisa qualitativa que visou analisar e

correlacionar os fatos através de registros e observações, baseado na documentação direta e

indireta.

A documentação direta teve como objetivo recolher, analisar e interpretar as informações

já existentes sobre o ambiente de estudo e o assunto.

Na documentação indireta, foram coletados dados diretamente no local, onde o Check-

List será uma das ferramentas utilizadas, permitindo assim a obtenção de dados relevantes,

com a finalidade de reconhecer a organização do trabalho.

Como procedimento técnico foi utilizado método do estudo de caso, que representa uma

estratégia de investigação que examina um fenômeno em seu estado natural, empregando

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16

múltiplos métodos de recolha e tratamento de dados sobre uma ou algumas entidades

(pessoas, grupos ou organizações).

Com o objetivo de organizar esta monografia, foi adotada a seguinte estrutura:

a) Na primeira etapa, capítulo 1, apresenta-se a introdução, a delimitação do trabalho, a

justificativa bem como seus objetivos e suas hipóteses. Ao final é feita a apresentação da

metodologia.

b) Nos capítulos 2 a 4, apresenta-se uma revisão bibliográfica, abordando os principais

conceitos sobre acidentes de trabalho, da NR-18 e a sua real finalidade, definindo quais são as

principais exigências da norma.

c) Nos capítulos 5 a 7, será apresentado o estudo de caso, análise dos dados coletados,

considerações finais e conclusões.

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2 ASPECTOS GERAIS DE SEGURANÇA DO TRABALHO 2.1 CONCEITO LEGAL DE ACIDENTE DE TRABALHO

A Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991 (Plano de Benefícios da Previdência Social), em

seu artigo 19, assim define acidente de trabalho:

“Acidente de trabalho é o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VI do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou ainda a redução permanente ou temporária capacidade para o trabalho”.

À luz dessa definição, fica evidente que o acidente deve ser apreciado em relação tão

somente à pessoa daí resultando que as únicas conseqüências indenizáveis dos acidentes são

as respeitantes á lesão do corpo ou a saúde (doença) ocupacional, cuja a definição se observa

no artigo 20 da citada lei. Neste artigo fica evidente em seus dois incisos que, a doença

produzida ou desencadeada somente existirá se for pertencente da relação elaborada pelo

ministério do Trabalho e da Previdência Social ou em função de condições especiais de

trabalho.

De acordo com a definição legal, Barbosa Filho (2001) afirma que a caracterização do

acidente do trabalho, assenta-se em três requisitos:

-causalidade: é um evento inesperado, não provocado;

-prejudicialidade: a sua ocorrência causa, minimamente, lesões, ou outras

conseqüências mais graves;

- nexo etiológico: é o nexo que caracteriza a relação de causa e efeito, entre a atividade

realizada e o acidente ou doença.

No que se refere ao nexo etiológico, como nem sempre é possível estabelecer uma

relação direta e exclusiva entre a conseqüência e o seu agente causador que confirme

plenamente o nexo causal, admite-se a “concausalidade”.

Segundo Pedrotti (apud BARBOSA FILHO, 2001), concausa é o elemento que

concorre com outro, formando o nexo entre a ação e o resultado entre o acidente e/ou doença

profissional ou do trabalho e o trabalho exercido pelo empregado.

A Lei 8.213/91 incorpora este parâmetro jurídico, conforme observamos no artigo 21,

notadamente no inciso I, que amplia o conceito de acidente do trabalho:

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“o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;”

Considera-se acidente de trajeto o que ocorre no percurso da residência para o trabalho

ou do trabalho para a residência. Nesses casos, o trabalhador está protegido pela legislação

que dispõe sobre acidentes do trabalho. Também é considerada como acidente do trabalho,

qualquer ocorrência que envolva o trabalhador no trajeto para casa, ou na volta para o

trabalho, no horário do almoço. Entretanto, se por interesse próprio, o trabalhador alterar ou

interromper seu percurso normal, uma ocorrência, nessas condições, deixa de caracterizar-se

como acidente do trabalho. Percurso normal é o caminho habitualmente seguido pelo

trabalhador, locomovendo-se a pé ou usando meio de transporte fornecido pela empresa,

condução própria ou transporte coletivo urbano.

Caracteriza-se, também, um acidente do trabalho, quando o trabalhador sofre algum

acidente fora do local e horário de trabalho, no cumprimento de ordens ou na realização de

serviço da empresa. Se o trabalhador sofrer qualquer acidente, estando em viagem a serviço

da empresa, não importa o meio de condução utilizado, ainda que seja de propriedade

particular, estará amparado pela legislação que trata de acidentes do trabalho.

2.2 CONCEITO PREVENCIONISTA DE ACIDENTE DE TRABALHO

Objetivando a sua prevenção, o acidente é definido como qualquer ocorrência que

interfere no andamento normal do trabalho, pois, alem do homem, podem ser envolvidos nos

acidentes outros fatores de produção, como máquinas, ferramentas, equipamentos e o tempo.

Não se tem como prever quando o fato irá gerar lesão, fazendo assim uma avaliação da

potencialidade dos riscos no ambiente do trabalho. Deve-se observar a atividade, avaliar

possibilidade de risco , registrar os resultados e por fim aplicar um método de controle.

Assim, quando adotarmos as providências necessárias para prevenir e controlar os incidentes,

estamos protegendo a segurança física dos trabalhadores, equipamentos, materiais e o

ambiente. A eliminação ou o controle de todos os incidentes deve ser a preocupação principal

de todos aqueles que estiverem envolvidos nas questões de prevenção de acidentes ou

controle de perdas.

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2.3 DIFERENÇA ENTRE CONCEITO LEGAL E PREVENCIONISTA DE

ACIDENTE DE TRABALHO

Na definição legal, o legislador define acidente com a finalidade de proteger o

trabalhador acidentado, através de uma compensação financeira, garantido-lhe o pagamento

de benefícios enquanto estiver impossibilitado de trabalhar em decorrência do acidente, ou de

indenização, se tiver sofrido incapacitante permanente. Daí percebe-se que só ocorre acidente

se dele resultar uma lesão.

Lembrando que a lesão é apenas uma das conseqüências do acidente, o conceito

prevencionista nos alerta que o acidente pode ocorrer sem que para isso origine alguma lesão.

Assim, mesmo que o acidente não traga danos á integridade física do operário, gera um

prejuízo a produção; sob os aspectos de proteção ao homem, resulta serem igualmente

importantes todos os acidentes, haja vista que não podemos prever quando um acidente

poderá ocorrer com ou sem lesão ao trabalhador. Do ponto de vista prevencionista, quando

uma ferramenta cai do alto de um andaime, por exemplo, esse fato caracteriza um acidente,

mesmo que ninguém seja atingido. E o que é mais importante: na visão prevencionista, fatos

como esse devem e podem ser evitados.

2.4 RESPONSABILIDADE DO EMPREITEIRO

É responsabilidade do empreiteiro, profissional responsável pela execução do projeto de

construção civil, verificar se está sendo feito todo possível para que exista um ambiente de

trabalho seguro tanto para a força de trabalho quanto para o publico em geral. Os fatores que

são motivadores de prática seguras no canteiro de obras são os seguintes: preocupações

humanitárias, custos econômico, normas legais.

A sociedade, por causa do alto potencial intrínseco de acidentes da indústria da

construção, toma a posição de que o empreiteiro deve aceitar as responsabilidades associadas

com ambientes perigosos e assumir o compromisso de implementação de uma prática segura e

de prevenção de acidentes.

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2.4.1 Preocupações humanitárias

Aceita-se normalmente que a vida do dia-a-dia tem riscos que podem resultar o fato de

que membros da sociedade estejam sujeitos a lesões mentais e físicas. Uma das funções da

sociedade é a de minimizar a dor e o sofrimento.

Particularmente em relação ao local de trabalho a sociedade definiu o principio de que o

empregador é responsável por providenciar um ambiente seguro para a força de trabalho. Isso

é baseado em preocupações humanitárias. Se, por exemplo, um trabalhador perde uma perna

por causa de um acidente de trabalho e passa a ter que usar cadeiras de rodas, ele é, em certo

sentido, uma vitima do local de trabalho. O trabalhador é prejudicado em sua vontade de ser

um membro participante da sociedade e de sustentar os membros de sua família.

O fato é que o desenvolvimento social, o crescimento demográfico, a necessidade de

absorção de mão-de-obra como interação social e meio de integração do homem à sociedade,

a produção de riquezas, etc., foram marcos definitivos para se obter um meio termo, que não

colocasse o empregador na obrigação incondicional de indenizar sempre, nem o empregado

na sucumbência eterna. Passou-se da responsabilidade individual e do risco profissional, para

a teoria do risco social ou da responsabilidade coletiva, operando uma transferência da

responsabilidade civil neste campo, da esfera privada para a pública.

Sobre a teoria do risco social, a responsabilidade do patrão, de caráter individual, cede à

responsabilidade coletiva; as instituições de seguro social tomam o papel até então confiado

às companhias de seguro privado; o direito social abrange também a proteção dos assalariados

acidentados; o seguro-acidente substitui a reparação dos acidentes do trabalho; o risco-

profissional torna-se risco social.

Assim, o Estado, reconhecendo ser o acidente do trabalho, antes uma responsabilidade de

todos, conseqüência da interação social, sendo os acidentes um infortúnio do trabalho, natural

interação da atividade laboral, assume o papel de indenizador, responsabilizando-se pelo risco

profissional (seguro social).

2.4.2 Custos econômicos e benefícios

Custos com segurança podem ser divididos em três categorias:

1. Custos diretos de acidentes anteriores

a) Prêmio de seguro e taxas

b) Métodos obrigatórios de prevenção de acidentes

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c) Registro pessoal de segurança

2. Custos diretos de cada ocorrência de acidente

a) Atrasos de projeto

b) Danos não-segurados

c) Perda de produção

3. Custos indiretos

a) Investigação

b) Perda de trabalhadores qualificados

c) Perda de equipamentos

Os custos diretos de acidentes anteriores influenciam diretamente a forma dos prêmios,

que tem um efeito significativo nas despesas operacionais de um empreiteiro. Os prêmios de

seguro de compensação a trabalhadores e de responsabilidade civil podem ser calculados por

sistemas de taxação manuais ou de mérito.

Ambos os métodos se baseiam em perfis da empresa, assim como é feito com seguro de

automóvel. Se a empresa tem operações perigosas, têm altos índices de acidentes, reincidência

dos mesmos, alem de gravidade no sinistro, a empresa em questão será penalizada com uma

classificação do alto risco e por conseqüência pagará altos valores de prêmios as companhias

de seguro.

Dessa forma um bom programa de segurança pode resultar em substanciais ganhos

financeiros para uma companhia. Podem ser conseguidos retornos mais altos no trabalho, e

com isso pode-se dar propostas mais baixas e se conseguir ganhar mais concorrências.

2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PROFISSIONAIS

Os riscos profissionais são os que decorrem das condições precárias inerentes ao

ambiente de ou ao próprio processo operacional das diversas atividades profissionais. São,

portanto as condições inseguras do trabalho, capazes de afetar a saúde, a segurança e o bem

estar do trabalhador.

As condições inseguras oriundas ao processo operacional, como por exemplo, máquinas

desprotegidas, pisos escorregadios, são chamadas de risco de operação. Já as condições

inseguras relativas ao ambiente de trabalho, como por exemplo, a presença de gases tóxicos,

ruído e calor intensos, são chamados de riscos de ambiente.

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2.5.1 Riscos de operação

Os riscos de operação são classificados segundo sua influencia ao organismo do ser

humano e se dividem em:

-agentes ergonômicos, que podem ser caracterizadas como fatores fisiológicos,

psicológicos e sociais.

-agentes de acidentes, que se referem a qualquer condição insegura no ambiente de

trabalho.

2.5.2 Riscos ambientais

Os riscos ambientais são aqueles inerentes ao trabalho, regulamentados pela NR-9

(PPRA), que podem causar danos á saúde do trabalhador em função de sua natureza,

concentração e tempo de exposição.

Os riscos ambientais são classificados assim como os de operação segundo sua

influencia ao organismo do ser humano e se divide como:

-agentes físicos,

-agentes químicos,

-agentes biológicos,

A ocorrência dos acidentes dependerá da atuação simultânea de uma série de fatores

relativos a condição ambiental, a atividade profissional e ao próprio individuo. Quanto ao

risco ambiental, a ocorrência de acidente dependerá de sua natureza e intensidade. Quanto ao

individuo, dependerá de sua suscetibilidade ao agente, e quanto à atividade profissional,

dependerá de suas características como a duração do processo e o tempo.

2.5.3 Riscos no ambiente de trabalho

A indústria de construção Civil é uma das que mais expõem seus operários aos riscos de

acidentes, isto por que muitas vezes ocorre falta de treinamento adequado da mão-de-obra,

falta de uso do equipamento de proteção individual (EPI), falta do equipamento de proteção

coletiva (EPC).

Também existem fatores de ordem social que contribuem para o ambiente da construção

civil ser de alto risco, como os baixos salários, que induzem o operário a alimentar-se mal,

levando-o à desnutrição e predispondo-o às doenças em geral, sendo que, como define

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Minayo (2002), todos esses fatores estão inter-relacionados com a segurança do trabalho e

contribuem para que se tenha um grande número de acidentes de trabalho.

Na tabela 1 estão relacionados os riscos mais freqüentes que podem ocorrer em várias

etapas construtivas do empreendimento, bem como os equipamentos de proteção individual

(EPI) específicos que devem ser utilizados.

Tabela 1: Riscos de acidentes nas diversas etapas construtivas do empreendimento

SERVIÇO RISCOS EPI Escavações/fundações

Soterramento, pontas vivas, quedas e cortes

Luvas de raspa

Concretagem em geral (preparo, transporte e adensamento)

Queda de nível, estouro do mangote, respingos do concreto e choque elétrico

Luvas de raspa, cinto de segurança, botas de borracha, óculos ou protetor facial

Fôrmas em geral (transporte, montagem e desforma)

Contusões nas mãos, problemas de postura, quedas de nível, ferimentos por pregos, queda das fôrmas

Luvas de raspa, óculos ou protetor facial, cinto de segurança

Serra circular, policorte, maquita, cortadora de paredes

Amputação de dedos, ferimentos nas mãos, detritos nos olhos, ruídos

Luvas de raspa, óculos ou protetor facial, protetor auricular

Armação de ferro, disco de corte, lixadeira para concreto

Ferimento nas mãos, detritos nos olhos, poeiras, quedas de nível

Luvas de raspa, cinto de segurança, máscara contra poeiras e óculos ampla visão

Fonte: MTE (www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_28

2.6 EPI

Equipamento de proteção individual (EPI) de acordo com a legislação, é todo dispositivo

ou produto de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a

saúde e a integridade física do trabalhador.

De acordo com o artigo 166 da seção IV, titulo II da CLT o EPI deverá ser adotado

sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra riscos de

acidentes e a saúde dos empregados.

Segundo Piza (1997) do ponto de vista prevencionista o EPI não evita acidentes. Ele

existe para evitar a lesão ou para atenuar sua gravidade, alem de proteger o corpo e o

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organismo contra efeitos de substancias químicas que possam determinar doenças

ocupacionais.

A Norma Regulamentadora que preceitua qual o tipo de EPI a utilizar, de acordo com os

agentes ambientais presentes no ambiente de trabalho, é a NR 6 – Equipamento de Proteção

Individual – EPI.

Os tipos de proteção individual são tão variados quanto as diferentes partes do corpo a

proteger sendo estes divididos em grupos, conforme as partes do corpo a serem protegidas:

• Proteção da cabeça;

• Proteção dos olhos e face;

• Proteção das vias respiratórias;

• Proteção auditiva;

• Proteção do tronco;

• Proteção dos membros superiores e inferiores;

• Proteção de corpo inteiro;

• Proteção contra quedas.

A empresa é obrigada a fornecer ao empregado gratuitamente o EPI adequado ao risco e

em perfeito estado de funcionamento e conservação, treinar o empregado quanto ao seu uso

adequado e tornar obrigatório o seu uso, não sendo permitido que o EPI seja de uso coletivo,

como por exemplo, óculos de segurança que fique ao lado do esmeril para que as pessoas

usem.

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3 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A indústria da construção civil é de grande importância para o desenvolvimento da

Nação, tanto do ponto de vista econômico, quanto pela quantidade de atividades que intervêm

em seu ciclo de produção, gerando consumos de bens e serviços de outros setores, como do

ponto de vista social, pela capacidade de absorção da mão-de-obra.

A reprodução do trabalho na construção civil não é realizada por meio de uma seleção e

treinamento formal, e com isto, as empresas acabam submetendo suas regras de comunicação

e estrutura organizacional aos hábitos provenientes da cultura de seus operários, cultura essa,

ainda ligada à sua origem social, em geral o campo, de onde vieram os primeiros imigrantes e

pactuam com a hierarquia de poder estabelecido no interior da estrutura de ofícios,

centralizada pelo mestre-de-obras.

A construção civil é um setor em que a cultura operária está presente na socialização da

força de trabalho e na estrutura de ofício difundida nos diversos canteiros. Dentro dessa

estrutura é que as empresas têm procurado estabelecer a sua lógica empresarial.

Deste modo, acaba criando no meio empresarial, onde o conceito de qualificação está

muito preso à educação formal, a idéia de que o trabalhador da construção civil é

desqualificado. Pelo fato da construção civil ser uma das primeiras atividades urbanas dos

migrantes internos, este setor passa a ser, muitas vezes, o portão de entrada no mercado

urbano de trabalho.

Atualmente predomina ainda, na formação do trabalhador, o aprendizado estabelecido na

relação direta entre oficial e ajudante, ou seja, a habilidade do trabalhador é adquirida no

próprio canteiro de obras - embora tenha havido iniciativas no sentido de formalizar o

processo de aquisição do saber requerido pela atividade de construção.

A carreira começa pelo posto de servente, passando depois de ajudante a oficial.

Contudo, diferentemente das corporações de artesãos da Idade Média, a passagem de ajudante

a oficial não é assegurada depois de um tempo de aprendizado. Além do conhecimento da

profissão, é necessário possuir as ferramentas essenciais ao seu trabalho.

Em virtude da complexidade e da diversidade dos conhecimentos que formam o

repertório profissional dos ofícios, o aprendizado é um processo de duração prolongada. O

aperfeiçoamento do trabalhador é também um processo extensivo. Por toda sua vida

profissional, o trabalhador de ofício desenvolve a sua habilidade, sendo a sua experiência

proporcional ao tempo de serviço na profissão.

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Além destas particularidades em relação ao operário da indústria da construção civil, o

setor se diferencia dos demais tanto pelo seu produto, quanto pelo processo produtivo

utilizado. No que se refere ao produto, eles são sempre diferentes, cada obra é única,

caracterizado como: imóvel; de grande porte e alto valor monetário. Outras características

distintivas da construção habitacional em relação às demais indústrias é o nível de precisão e

de detalhamento do projeto de engenharia e de arquitetura. O material de base na construção

(concreto, cerâmica e madeira) não possui, pela tecnologia disponível, meios de produção que

alcancem o grau de precisão dos metais e dos plásticos que suprem as outras indústrias,

devido ao porte de seu produto e a uma menor exigência nos seus limites dimensionais.

Quanto ao seu processo produtivo, apresenta locais de trabalho variados e temporários

(os canteiros possuem arranjos diferentes, peculiares a cada obra) e se apoia numa produção

quase sempre com bases artesanais, que tendem a ser parceladas em função das diferentes

fases da obra. .

3.1 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE TRABALHO NA ICC

A construção se caracteriza por possuir uma produção manufatureira em função das

dificuldades em mobilizar máquinas e equipamentos, grande parte dos trabalhos é feita pelas

próprias mãos dos trabalhadores, com uso de ferramentas e pequenos equipamentos, e

totalmente dependente de sua habilidade, de seu conhecimento técnico e dos hábitos de

trabalho criados na estrutura de ofícios.

Essas variabilidades, peculiares ao setor, levam a um processo de trabalho bastante

complexo, provocando dificuldades para se estabelecer uma solução padrão na organização

do trabalho. Os processos de trabalho na construção estão intimamente ligados aos métodos

empregados na sua produção, e ao estágio tecnológico em que se encontra o setor.

As novas técnicas empregadas, assim como a rapidez do processo de montagem das

peças pré-moldadas, afetam principalmente o trabalho do mestre que sempre trabalhou com o

conhecimento do saber prático e passa a enfrentar mudanças bruscas, que o deixam sem

referencial. Outro agravante é o fato que as informações introduzidas no novo processo, nem

sempre são suficientes para assegurar a realização das tarefas.

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3.2 TENDÊNCIAS NO SETOR

A dificuldade em se atingir a qualidade desejada do produto final, aliado à complexidade

e diversidade das tarefas realizadas por várias equipes, torna muito difícil o comando e a

coordenação da produção. Para solucionar esses problemas, as empresas têm recorrido tanto à

subcontratação de serviços específicos como à subempreitada da mão de obra. Na

subcontratação a firma contratada atua de forma complementar, onde a empresa não tem

conhecimento especializado para realizar aquele tipo de serviço; enquanto que na

subempreitada de mão-de-obra ela tem caráter substitutivo e é formada por firmas individuais.

Para enfrentar esta crise, algumas estratégias alternativas foram formuladas, segundo a

qual as empresas, sem mudar a base técnica de produção, buscam reduzir custos e aumentar a

produtividade no canteiro de obras, uma tendência de racionalização da construção. A

modernização, ou progresso técnico, está sendo orientado pela procura de métodos,

equipamentos, materiais e procedimentos que favorecem a racionalização do método

construtivo.

A evolução recente da construção civil revela uma modificação no caráter da

industrialização da construção e a emergência em adotar novas formas de racionalização,

baseada na flexibilidade da produção e na participação dos trabalhadores no controle do

processo de trabalho. A racionalização, nestes casos, consiste essencialmente, na busca de

ganhos de produtividade através da introdução de modificações na organização do trabalho.

A procura da racionalização do método construtivo é parte de um fenômeno mais geral,

que se consubstancia na procura de valorização do capital investido em atividades de

construção civil. Ao incorporar tecnologia inovadora, e conseqüentemente, diminuir o tempo

necessário à produção dos bens a que se dedicam, as empresas melhoraram suas condições de

concorrência em seus mercados específicos. Com isso, quer afirmar que, independente da

forma que assuma a mudança técnica, seu motivo principal é fundamentalmente econômico.

Estes mecanismos não representam, no entanto, uma alteração significativa no que diz

respeito à autonomia do trabalhador na condução do trabalho. As empresas continuam tendo

dificuldade de controle e dependendo do próprio trabalhador, principalmente quanto aos

aspectos de: qualidade dos serviços e dos produtos; a produtividade; e a economia na

utilização dos insumos materiais.

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3.2.1 Números de acidentes de trabalho

Conforme estatísticas oficiais, publicadas no Anuário Estatístico da Previdência Social

(AEPS) 2007, o número de acidentes do trabalho registrados em 2007 aumentou 27,5% em

relação ao ano de 2006. O salto foi de 512.232 para 653.090 casos de acidentes e doenças do

trabalho.

O significativo aumento nos registros de acidentes do trabalho em 2007 é o primeiro

reflexo oficial da adoção do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) na

sistemática de concessão de benefícios acidentários. Com a nova metodologia instituída pela

Previdência, alguns agravos, que antes eram registrados como não-acidentários, são

identificados como acidentários, com base na correlação entre as causas do afastamento e o

setor de atividade do trabalhador. E como estes casos são presumidos, não há a necessidade da

emissão da CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho). Ou seja, este acréscimo de 27,5%

nas notificações dos acidentes de trabalho representa a soma dos registros com CAT e sem

CAT.

Para distinguir estes números, a Previdência inseriu um novo campo em suas estatísticas,

denominado de “Sem CAT registrada”, a nova categoria contabiliza os agravos constatados

através do NTEP, como doenças profissionais e acidentes típicos relacionados ao ambiente de

trabalho. Ao todo, neste primeiro ano de inserção, o NTEP notificou 138.955 casos de

acidentes do trabalho, sendo que este número representa 21,27% do total de registros.

Já a quantidade de acidentes notificados pela CAT não sofreu muita alteração. Em 2006

foram registrados 512.232 acidentes. No ano passado este número subiu para 514.135, o que

representa um pequeno incremento de 0,37%. Deste total, 80,7% caracterizam-se como

acidentes típicos (decorrentes da atividade profissional), 15,3% correspondem aos acidentes

de trajeto (ocorridos entre o trabalho e a residência do trabalhador, ou vice-versa) e 4% se

referem às doenças adquiridas no trabalho, sendo a indústria da construção civil, o setor onde

mais ocorrem acidentes, computando 36.467 registros no ano passado, 12,38% das

notificações associadas à indústria, e 25,51% a mais do que fora notificado em 2006 (29.054),

alem de ser um dos setores que apresentou maior freqüência de acidentes fatais.

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4 PRINCIPAIS CONCEITOS DA NR 18

4.1 FINALIDADES DA NR – 18

A indústria da construção civil apresenta grande importância no nosso cenário nacional,

seja no aspecto econômico, pelo grande número de empregos que ela abrange ou também pela

grande diversidade de riscos que apresenta aos trabalhadores dessa área.

Conforme a FUNDACENTRO (1980), os riscos apresentam maior repercussão em

virtude das condições de trabalho e dos aspectos específicos de acordo com a construção civil

em cada país, em cada região, em cada localidade. Ainda hoje é elevado o número de

acidentes de trabalho graves e fatais, causando perdas econômicas e sociais, tanto para

empresa quanto para os trabalhadores, como também para o governo.

De acordo com SAMPAIO (1998) a NR-18 foi criada para definir diretrizes de ordem

administrativa, objetivando programar medidas de controle e sistemas preventivos de

segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho nas indústrias da

construção civil, e assim diminuir o número de acidentes.

A NR-18 trata das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção,

tendo sida criada em 8 de junho de 1978, por meio da Portaria nº 3.214; ao longo do seu

tempo de aplicação, sofreu alteração, sendo a mais recente, advinda da Portaria nº 04, de 04

de julho de 1995, passando a ter trinta e oito disposições que contemplam itens como áreas de

vivência, execução de serviços, armazenamento e estocagem de materiais, movimentação e

transporte de materiais e pessoas, proteção contra incêndio, treinamento, sinalização, ordem e

limpeza, entre outros.

4.2 PENALIDADES PREVISTAS NA NR 18

Todas as penalidades pelo descumprimento dos itens definidos na NR-18 estão definidas na

NR-28. Conforme esta norma, em seu item 28.3.1 as infrações aos preceitos legais e/ou

regulamentadores sobre segurança e saúde do trabalhador terão as penalidades aplicadas de

acordo com disposto na tabela 2 de gradação de multas, sendo que se classificam de acordo

com uma gradação que vai de 1 a 4. Note-se que o grau da infração é indicado pelo número

correspondente ao lado do item e o valor depende do número de empregados da empresa (e

não do canteiro).

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Tabela 2: Grau das multas da NR 18

Grau das multas (em UFIR)

Número de Empregados

1 2 3 4

1-10 630-729 1129-1393 1691-2091 2252-2792 11-25 730-830 1394-1664 2092-2495 2793-3334 26-50 831-963 1665-1935 2496-2898 3335-3876 51-100 964-1104 1936-2200 2899-3302 3877-4418 101-250 1105-1241 2201-2471 3303-3718 4419-4948 251-500 1242-1374 2472-2748 3719-4121 1949-5490 501-1000 1375-1507 2749-3020 4122-4525 5491-6033 Mais de 1000 1508-1646 3021-3284 4526-4929 6034-6304 Fonte: MTE (www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_28).

Se houver reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização, emprego de artifício ou

emolução com o objetivo de fraudar a lei, a multa terá aplicação conforme estabelecido no

artigo 201, parágrafo único da CLT, no valor correspondente a 6.304 UFIRs. A UFIR foi

utilizada pelo governo federal até final do ano de 1995, como forma de corrigir e atualizar

valores, embora tenha prevalecido até out/2001. A partir de 1º de janeiro de 1996, passou a

vigir a SELIC, que é base para atualização de valores e também a forma de se cobrar juros por

inadimplência. Transforma-se o valor pela UFIR pela data do crédito e atualiza-se pela UFIR

referente ao ano e, daí em diante, acrescenta-se a variação da SELIC até a data da atualização.

4.3 PCMAT

A Construção Civil está cada vez mais buscando qualidade de vida no seu ambiente de

trabalho, o que acaba por refletir na qualidade de seus produtos. Por tal motivo o PCMAT,

(Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) foi

criado, com a finalidade de desenvolver um programa preventivo de acidentes e doenças do

trabalho que deve ser feito pelas empresas, implementando assim um Sistema de Gestão e

Segurança do Trabalho, com o objetivo de eliminar grande parte dos acidentes nas várias

etapas do processo de produção, pois as causas de acidentes estão em grande parte

relacionadas à falta de planejamento; falha de projeto; materiais, ferramentas e equipamentos

inadequados; execução de obras sem procedimentos operacionais caros ou treinamento

inadequado dos trabalhadores (SAMPAIO,1998).

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Um bom programa de segurança em um canteiro de obras deve ser baseado em

doutrinação de segurança de toda pessoa nova na obra, alem de inspeção continua contra

possíveis quebras de segurança. Também se faz necessários intervalos regulares para

aumentar a concentração de segurança do pessoal em todos os níveis e programas de

documentação por escrito especificando todas as atividades de segurança.

Deve-se elaborar o PCMAT nos estabelecimentos (canteiros de obras) com vinte

trabalhadores ou mais, devendo esse programa ser desenvolvida por profissional legalmente

habilitado na área de segurança do trabalho; é de responsabilidade do empregador a sua

implantação e implementação.

Respeitando o que está definido na NR-18, o PCMAT deve abranger a seguinte

documentação: memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e

operações, levando-se em consideração os riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas

respectivas medidas preventivas; projeto de execução das proteções coletivas, em

conformidade com as etapas de execução da obra; especificação técnica das proteções

coletivas e individuais a serem utilizadas; cronograma de implementação das medidas

preventivas, definidas no PCMAT; layout inicial do canteiro de obras, contemplando

inclusive, previsão do dimensionamento das áreas de vivência; e, programa educativo

contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga

horária.

Por todos estes e outros requisitos do PCMAT estabelecidos na NR-18, ele acaba por

possuir uma implementação cara para as empresas de construção civil. As principais

dificuldades no cumprimento das normas regulamentadoras são: aumento do custo da obra,

dificuldades de implantação das suas disposições devido à resistência dos operários e à

extensão e complexidade de seus conteúdos; e, diminuição da produtividade. Porém, o motivo

que torna caro tal implementação, é que essas empresas não têm estudos que quantifiquem os

custos da aplicação das disposições previstas na NR-18 aos canteiros de obras.

O PCMAT deverá ser monitorado de forma mensal, através do engenheiro de segurança da

empresa, que deve realizar visitas rotineiras ao canteiro, analisando as suas condições e

acompanhando a implantação do mesmo, anotando as irregularidades em impresso próprio, no

qual devem constar também os prazos para a execução das providências que serão negociadas

diretamente com o engenheiro e o mestre-de-obras. Ainda haverá o controle trimestral, que

serve para realizar correções necessárias, que advenham de problemas de adequações

ocasionadas durante a implantação do PCMAT.

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Para elaboração do PCMAT, a empresa deve fazer um diagnóstico das condições de

segurança da obra, sendo que cada etapa da mesma precisa ser planejada e descrita, com

análise dos procedimentos mais seguros de realização do trabalho. Por meio desse diagnóstico

se terá a melhoria da qualidade e o aumento da produtividade. Para isso além de respeitar as

disposições da NR-18, o PCMAT também deve respeitar as exigências contidas na NR-9

(Programa de Prevenção e Riscos Ambientais) (Sampaio, 1998).

4.4 ÁREAS DE VIVÊNCIA As Áreas de Vivência estão definidas no item 18.4 da NR-18, sendo divididas em

refeitório, vestiário, área de lazer, alojamentos, banheiros e ambulatórios, as quais são áreas

feitas para as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer,

convivência e saúde, devendo ficar fisicamente separadas das áreas laborais.

As instalações podem ser de alvenaria, madeira, chapas, etc., ou mesmo constituírem se

de elementos pré-moldados de madeira ou contêineres, respeitando às especificações da

norma vigente. É importante o cuidado e o devido cumprimento em relação ao que estabelece

a NR-18, quanto às áreas de vivência, pois isto irá garantir boas condições de trabalho,

prevenindo acidentes e doenças.

Deve ser ressaltado que não se faz necessário abordar na presente monografia os

alojamentos, lavanderia e área de lazer, pois, conforme estabelece a NR-18, em seu item 30

18.4.1.1, tais áreas só serão obrigatórias quando houver trabalhadores alojados, não sendo este

o caso da obras estudadas.

4.4.1 Instalações sanitárias

Conforme dispõe a NR-18 a Instalação sanitária é o local destinado a asseio corporal

e/ou atendimento das necessidades fisiológicas de excreção, devendo servir estritamente para

este fim.

As instalações sanitárias serão feitas de acordo com o número de trabalhadores

instalados no canteiro de obras, devendo estar situadas em locais de fácil acesso ao posto de

trabalho. Quando feitas de forma adequada, as instalações sanitárias proporcionam uma

melhor qualidade de vida para os empregados da empresa, por conseqüência também

aumentam a produtividade.

Os banheiros devem ser localizados ao lado do vestiário, com o cuidado, para que

existam acessos que permitam ao trabalhador deslocar-se de uma peça para a outra sem a

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perda de privacidade. As Instalações sanitárias deverão ser mantidas em perfeito estado de

conservação e higiene, não devem estar ligadas aos locais destinados às refeições. Também

devem existir instalações independentes para homens e para mulheres, com ventilação e

iluminação adequada, entre outras características estabelecidas na NR-18, conforme o

demonstrado a seguir:

− A instalação sanitária deve ser constituída de lavatório, vaso sanitário e mictório, na

proporção de 1 conjunto para cada grupo de 20 trabalhadores ou fração;

− Serão utilizadas bacias sifonadas com caixa de descarga de sobrepor plástica, instaladas

em compartimentos individuais dotados de portas indevassáveis;

− A ventilação será natural para exterior através de aberturas (janelas) de ventilação;

− As paredes divisórias deverão ter altura de 1,20m e frestas inferiores de 15 cm;

− As portas terão altura de 1,80 m e largura de 60 cm;

− Cada compartimento deverá conter papeleira com papel higiênico e recipiente com tampa

para papeis usados;

− O piso será de cimento e antiderrapante (cimento áspero);

− O mictório será do tipo calha, com revestimento em cimento liso e uma torneira para

lavagem, ficando a uma altura de 0,50 m do piso;

− Deve existir um chuveiro para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração;

− Os chuveiros serão plásticos;

− Junto aos chuveiros, devem ser afixados cabides, um para cada chuveiro;

− Serão instalados lavatórios de louça, que devem dispor sempre de sabão e toalha;

− A limpeza das instalações sanitárias será diária, no início do expediente e às 13 horas,

realizada por funcionário específico.

4.4.2 Vestiário

O canteiro de obra que tiver operários não residentes na obra deve possuir vestiários,

conforme o item 18.4.2.9 da NR-18. Estes devem ser dotados de armários individuais com

fechadura ou cadeado, e serem mantidos em perfeito estado de conservação, higiene e

limpeza.

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Características:

− As paredes divisórias serão de alvenaria, madeira ou material equivalente, com altura de

2,50 m;

− Os pisos deverão ser de concreto, cimentado, madeira ou material equivalente;

− Devem ter cobertura que proteja contra as intempéries;

− Devem possuir ventilação correspondente 1/10 (um décimo) da área do piso;

− Devem conter bancos, com as seguintes dimensões: comprimento de 2,50m, de largura de

0,30m e altura de 0,40m.

4.4.3 Refeitório/ Cozinha

O Refeitório deve ter capacidade para atender a todos os trabalhadores no horário das

refeições, porém se a obra contar com grande número de empregados, não é necessário um

refeitório que abrigue a todos ao mesmo tempo, podendo ser divido o horário da refeição em

dois turnos. Os refeitórios devem ter uma boa iluminação e ser bem ventilados, dispondo de

lavatórios para que os funcionários lavem as mãos antes e depois das refeições.

Também devem contar com o fornecimento de água potável, filtrada e fresca, para os

trabalhadores, por meio de bebedouro ou outro dispositivo equivalente, sendo proibido o uso

de copos coletivos.

É de suma importância a qualidade da alimentação fornecida aos trabalhadores, devendo

haver total higiene, limpeza e conservação adequada desta, para evitar a proliferação de

doenças.

Características:

− O local de refeições deve ter piso de concreto, cimentado ou de outro material lavável;

− Os bancos e mesas do refeitório serão com tampos lisos e laváveis;

− Os refeitórios não podem estar situados em subsolos ou porões das edificações;

− O pé-direito mínimo da cozinha deve ser de 2,80 m (dois metros e oitenta centímetros);

− Deve contar com cobertura de material resistente ao fogo;

− É obrigatório o uso de aventais e gorros para os que trabalham na cozinha;

− Será instalado o lavatório no interior do refeitório, para lavar alimentos e utensílios.

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4.5 SERVIÇOS

4.5.1 Demolição

O procedimento de demolição deve ser programado e dirigido por um profissional

legalmente habilitado, pois se trata de um trabalho perigoso, necessitando por isso, de

bastante atenção e de pessoal com treinamento adequado. Antes de se iniciar a demolição,

devem-se verificar as linhas de fornecimento de energia elétrica, água, inflamáveis líquidos e

gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, canalizações de esgoto e de escoamento de água. O

profissional responsável pela demolição também deve estudar a estabilidade das construções

vizinhas.

As principais medidas para a execução da demolição são: Instalação de tapumes (com

altura mínima de 2,20m em relação ao nível do terreno) e galerias (para demolições com mais

de dois pavimentos) para impedir o acesso de pessoas estranhas à obra; Remoção de vidros,

ripados, estuques e outros elementos frágeis antes do início da demolição; Plataformas de

retenção de entulho (para demolições das paredes externas de edifícios com mais de três

pavimentos); Sinalização de advertência (para alertar as pessoas que passam pela obra);

Andaimes fachadeiros; Isolamento das aberturas de piso; Demolição de lajes, vigas, pilares e

paredes; Cabos-guia para o engate dos cintos de segurança; Umedecimento dos materiais para

diminuição da poeira; Retirada de acúmulo de material demolido no pavimento; Retirada de

entulho por meio de calhas fechadas e transporte de materiais e limpeza do local.

4.5.2 Escavações, Fundações e Desmonte de Rochas

Para iniciar as escavações, fundações e desmonte, é necessário que o responsável técnico

legalmente habilitado conheça as características do solo a ser escavado, para evitar riscos de

acidentes de desmoronamentos e soterramento no terreno. O profissional técnico também

deve verificar o escoramento de árvores, muros, edificações vizinhas, a retirada de rochas,

equipamentos, materiais e objetos, cabo subterrâneo de energia elétrica. O responsável

também deve verificar a elaboração do projeto e à execução de escavações a céu aberto,

sujeitando a obra à fiscalização.

A NR-18 subscreve que para a execução das escavações deverá ser observado nas

fundações e desmonte de rochas o escoramento de taludes instáveis. Os depósitos de materiais

retirados da escavação devem ser acumulados a uma distância considerável das bordas das

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escavações, para evitar desmoronamentos. O operador de bate-estacas deve ser qualificado e

ter uma equipe treinada, que deverá verificar a ventilação e monitorar o local, para evitar

infiltração ou vazamento de gás, proteção da área de fogo e sempre utilizar alarme sonoro

antes de detonações.

4.5.3 Carpintaria

O principal cuidado que deve se possuir na carpintaria é com a serra circular, pois é o

equipamento que mais oferece risco de acidentes. Por tal motivo, deve haver sinalização e

cartazes sobre utilização de equipamento de proteção individual (EPI).

A pessoa que utilizar a serra circular deve ser qualificada, e ser instruído para

permanecer, sempre que possível, afastado da “zona de rejeição” (local onde existe risco de

grave ferimento no ventre, que pode levar à morte).

As lâmpadas usadas no local da carpintaria devem ser protegidas contra impactos e piso

deve ser resistente, nivelado e antiderrapante. Também deve haver uma cobertura que proteja

contra quedas de materiais e intempéries.

4.5.4 Armações de Aço

Todas as pessoas envolvidas nas etapas da confecção da armadura (desde descarga dos

vergalhões até a colocação das armações na fôrma ou na construção in loco) devem ser

compostas por trabalhadores qualificados.

Deve se estudar um local de estocagem para os vergalhões, que seja o mais próximo

possível da central de armação. Também deve ser observada a fiação elétrica do local de

armazenagem, pois o contato com as barras pode trazer sério risco de choque elétrico aos

operários.

O transporte de vergalhões deverá ser feito por meio de gruas ou equipamentos de

guindar, devendo sinalizar e isolar a área de movimentação. Devem ser verificadas as

bancadas de dobragem e o corte de vergalhões afastados da circulação das pessoas, havendo

cobertura das bancadas com resistência necessária para execução dos serviços com segurança,

além de estar apoiadas sobre pisos firme, nivelado e antiderrapante.

Com relação à execução das armações de aço, há de se observar, o apoio e escoramento

das armações de vigas e pilares para evitar tombamento e desmoronamento. As pranchas de

madeira devem ser colocadas sobre as armações para circulação de operários. As pontas de

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vergalhões de aço têm que ter proteção. Em todos os serviços com vergalhões de aço, o

trabalhador deve utilizar equipamentos de proteção individual.

4.5.5 Estruturas de concreto

As obras com estruturas de concreto são dividas em várias fases: confecção de fôrmas,

cimbramento, colocação das armações de aço, concretagem e desforma. Deve haver o projeto

das formas, para que estas resistam a cargas máximas de serviço, devendo o uso de fôrmas

deslizantes ser supervisionado por profissional legalmente habilitado. Também deve haver

inspecionamento dos suportes, escoras de fôrmas antes da concretagem, equipamentos de

proteção, peças e máquinas do sistema transportador de concreto.

É importante a escolha das fôrmas para a qualidade da obra, para a segurança dos

operários e para o cuidado com o meio ambiente. Durante a execução, há que se utilizar

dispositivos de segurança nas caçambas transportadoras de concreto. Também deve ser feito o

estaiamento ou escoramento das fôrmas de pilares antes do cimbramento. Além disso, ainda

há de se evitar a permanência de trabalhadores perto da protensão de cabos de aço.

4.5.6 Estruturas metálicas

As estruturas metálicas são divididas em duas fases: a pré-fabricação e a montagem.

Com relação, a pré-fabricação deve se analisar o transporte dos perfis metálicos com os quais

serão construídas as estruturas metálicas, por causa das dimensões e do peso das peças.

Nas montagens próximas às linhas energizadas, há que efetuar o desligamento da rede,

afastar os locais energizados, proteger as linhas, aterrar a estrutura e os equipamentos.

Na realização do procedimento da montagem, deve ser feita a analise das peças

previamente fixadas antes de soldadas, rebitadas ou parafusadas. O piso deve ser montado

sem frestas para evitar a queda de materiais e equipamentos. Há que se colocar redes de

proteção nas colunas e suspender os pilares e vigas por equipamentos de guindar para

prumagem, marcação e fixação de peças.

4.5.7 Instalações elétricas

A NR-18 prevê, no seu item 18.21 que toda a execução e manutenção de instalação

elétrica devem ser dimensionadas por profissional legalmente habilitado, responsável também

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pela supervisão. O circuito elétrico deve estar desenergizado para execução de qualquer tipo

de serviço em instalações elétricas. É proibida a exposição de partes vivas de circuitos e

equipamentos elétricos, sendo necessário o isolamento adequado. Devem ser instalados

transformadores e estações abaixadoras de tensão em local isolado, devendo ser feito ainda, o

aterramento das estruturas e carcaças de equipamentos elétricos.

4.6 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE MATERIAIS E PESSOAS

Os equipamentos de movimentação e transporte de materiais devem ter durabilidade, alta

produtividade e custo baixo de manutenção, devendo ser dimensionados por profissional

legalmente habilitado. Já a montagem e desmontagem serão realizadas por trabalhador

qualificado, sendo a manutenção também executada por este, sob a supervisão de um

profissional legalmente habilitado.

Toda a operação de transporte pode oferecer riscos para a saúde e vida de quem trabalha

na obra, por isso devem ser usadas as medidas preventivas. Na execução do transporte deve

ser proibida a circulação de pessoas sob a área de movimentação da carga. Se o local de

lançamento de concreto não for visível pelo operador do equipamento de transporte ou bomba

de concreto, deverá ser usado um sistema de sinalização, sonoro ou visual, ou haver

comunicação pelo telefone ou radio. É importante ter grande cuidado com movimentos de

máquinas e equipamentos nas proximidades de redes elétricas, devendo manter um

afastamento de no mínimo, 5m destas.

O trabalhador deve ter atenção ao efetuar o levantamento manual, observando sempre

que seu esforço físico seja compatível com sua capacidade de força, para que ele não venha a

sofrer lesões dorsais graves ou hérnias.

Nos edifícios em construção com 12 (doze) ou mais pavimentos, ou altura equivalente é

obrigatória a instalação de, pelo menos, um elevador de passageiros, devendo o seu percurso

alcançar toda a extensão vertical da obra.

Em se tratando de elevador de passageiros, o mesmo deve ser instalado, ainda, a partir da

execução da 7ª laje dos edifícios em construção com 08 (oito) ou mais pavimentos, ou altura

equivalente, cujo canteiro possua, pelo menos, 30 (trinta) trabalhadores.

A ponta da lança e o cabo de aço de levantamento da carga devem ficar, no mínimo, a

3m (três metros) de qualquer obstáculo e ter afastamento da rede elétrica que atenda à

orientação da concessionária local.

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É proibido o transporte de pessoas nos elevadores de materiais e de qualquer trabalho

com grua sob intempéries ou outras condições desfavoráveis. Deve haver o aterramento de

grua e, quando necessário dispor de pára-raios.

4.6.1 Escadas, rampas e passarelas

Para construção de escadas, rampas e passarelas deverá ser utilizada uma madeira de boa

qualidade e resistência devendo conter corrimão e rodapé. A escada de mão só servirá para

acessos provisórios e serviços de pequeno porte, sendo proibido seu uso com montante único

e próximo a redes e equipamentos elétricos desprotegidos.

Há que se evitar ressaltos entre o piso da passarela e o piso do terreno. As rampas devem

ser mantidas limpas, desobstruídas e em condições de funcionalidade e segurança. Os apoios

das extremidades das passarelas devem ser dimensionados de acordo com o comprimento

total das mesmas e das cargas e esforços que estarão submetidas.

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5 COLETA DE DADOS Para realização deste estudo foi desenvolvida uma lista de verificação de itens que se

aplicavam a cada obra visitada. A listagem baseou-se na Norma Regulamentadora 18 e nas

sugestões de profissionais com atuação na área.

Padronizaram-se as respostas da listagem em SIM para a presença do item, NÃO para sua

ausência e NÃO SE APLICA quanto tal medida não é necessária devida à fase de execução

em que a obra se encontrava.

Tal lista de verificação, disposta no ANEXO I, foi aplicada em cinco canteiros de obras,

sub-setor edificações, na cidade de Feira de Santana, estado da Bahia, no período de julho a

outubro de 2009 e foram escolhidas por estarem em diferentes estágios de execução, tempo

atribuído para confecção do presente trabalho e por se tratar de edificações com mais de um

pavimento, que exigem certos cuidados em relação à segurança do trabalho.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS VISITADAS

Foram analisados os ambientes de trabalho associados à área de vivência, escavações e

carpintaria.

Também foram analisados vários aspectos, principalmente aqueles que dizem respeito à

saúde ocupacional e segurança na atividade laboral, levantando assim a melhoria dos locais de

trabalho e otimização dos processos produtivos.

A seguir, a caracterização das cinco obras que participaram do trabalho:

Tabela 3: Características das obras visitadas na cidade de Feira de Santana no período 24 de setembro

de 2009 a 07 de outubro de 2009

OBRA A B C D E

TIPO Comercial Comercial / Residencial

Residencial Comercial / Residencial

Templo Religioso

Número de andares executados

3 de um total de 21

7 de um total de 19

12 de um total de 12

7 de um total de 11

2 de um total de 2

Número de funcionários no momento da pesquisa

80 53 40 58 106

Fonte: O autor(2009)

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Figura 1: Fachada da Obra A Prédio comercial. Número de andares: Executados 3 de um total de 21. Número de funcionários no momento da pesquisa: 80

Figura 1 – Fachada da obra A

Figura 2: Fachada da Obra B Prédio comercial e residencial. Número de andares: Executados 7 de um total de 19. Número de funcionários no momento da pesquisa: 53

Figura 2 – Fachada da obra B

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Figura 3: Fachada da Obra C Prédio residencial. Número de andares: Executados 12 de um total de 12. Número de funcionários no momento da pesquisa: 40

Figura 3 – Fachada da obra C Figura 4: Fachada da Obra D Prédio comercial e residencial. Número de andares: Executados 7 de um total de 11. Número de funcionários no momento da pesquisa: 58.

Figura 4 – Fachada da obra D

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Figura 5: Fachada da Obra E Templo Religioso. Número de andares: Executados 2 de um total de 2. Número de funcionários no momento da pesquisa: 106.

Figura 5 – Fachada da obra E

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5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS NA LISTA DE VERIFICAÇÃO A seguir, é feita uma análise os dados obtidos com a aplicação da lista de verificação.

Tais dados refletem a totalidade das informações coletadas, em cada item. Quanto ao

PCMAT, em todas as obras, os responsáveis afirmaram que este documento existia.

5.2.1 Áreas de Vivência As Áreas de Vivência estão sub-divididas em: refeitório, vestiário, área de lazer,

alojamentos, banheiros e ambulatórios, devendo ficar fisicamente separadas das áreas

laborais. A área de lazer e alojamento não serão citados haja vista que em nenhuma das obras

visitadas existiam funcionários alojados.

5.2.1.1 Instalações Sanitárias

a) Aspectos Gerais de Limpeza

Na maioria das obras visitadas as instalações sanitárias se encontravam em bom estado de

conservação, cumprindo assim seu pré-requisito básico de higiene para que minimize os

riscos ambientais, no caso representado pelos agentes biológicos. Porem as figuras 6 e 7

representam duas obras onde foram encontradas irregularidades em termos de limpeza dos

banheiros sugerindo total falta de compromisso com a higiene. Já na figura 8 representa a

falta de recipiente que acondicionasse o lixo gerado pelos funcionários.

Figura 6: Instalação Sanitária da Obra B Figura 7: Falta de Higiene da Obra B

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Figura 8: Vaso Sanitário da Obra E

Em se tratando da proporção de número de vasos sanitários, lavatórios e chuveiros em

relação o número de funcionários, em apenas uma obra houve a não conformidade. Na obra E

foram encontrados dois lavatórios, quatro vasos sanitários e três chuveiros quando eram

necessários seis lavatórios, seis vasos sanitários e onze chuveiros para contemplar a norma em

estudo.

b) Vasos Sanitários

Em todas as obras foi desrespeitado o item 18.2.6.1-b da NR 18, que afirma que o espaço

entre a porta do banheiro e o chão tem que ter uma distância máxima de 15cm e conforme

figura 9 ficou constatada a falta de cumprimento do item acima citado. Já na figura 10, a porta

apenas estava encostada, indicando total falta de compromisso com a privacidade do

funcionário.

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Figura 9: Porta do Banheiro da Obra B Figura 10: Porta do Banheiro Obra E

c) Lavatórios Os lavatórios estão dimensionados de acordo com a norma NR-18, sendo verificada

apenas irregularidade de suas dimensões em uma obra.

De acordo com a norma, em instalações sanitárias com lavatórios coletivos, que se aplica

a obra A, o espaçamento mínimo entre as torneiras é de 0,60 (sessenta centímetros). No

levantamento feito no local, foi constatado o descumprimento deste item conforme indicado

na figura 11 logo a seguir:

Figura 11: Lavatório Coletivo da Obra A

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d) Chuveiros

Nas obras visitadas, quando se analisa o item chuveiros, todas cumprem a norma quando

se trata de área mínima, que por norma é de um metro quadrado. Por sua vez, todas

descumprem a norma quando se refere à obrigatoriedade de suportes para sabonete e cabide

para toalhas alem de não fornecer água quente através de chuveiros elétricos, o que para a

região nordeste, onde estão localizadas as obras, torna-se um componente questionável

denotando que para um país de dimensões continentais, como o Brasil, a NR 18 deveria ter

uma adequação regional. A figura a seguir ilustra a área do chuveiro de uma das obras

visitadas.

Figura 12: Área do Chuveiro da Obra A

e) Vestiário

O vestiário é um item da NR 18 em que quatro das obras analisadas descumprem mesmo

quanto ao número de armários individuais. De acordo com as figuras 13 e 14 fica evidenciada

a falta de limpeza e ventilação dos vestiários.

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Figura l3: Vestiário da Obra B Figura 14: Vestiário da Obra C

5.2.1.2 Refeitório

O refeitório foi um local que em quatro canteiros de obras foram respeitadas todas alíneas

da norma regulamentadora em estudo. Da higiene até o material que cobria as mesas havia um

total comprometimento com a norma, fato este que deveria se estender as demais instalações

da obra. Porem existiu uma obra que destoou das demais já que não cumpriu o item mais

primário: limpeza e higiene. A figura 15 demonstra um refeitório que representa as obras que

respeitaram a NR 18 e a figura 16 aquela que não acatou.

Figura 15: Refeitório da Obra E Figura 16: Refeitório da Obra C

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A figura 17 demonstra o descumprimento do item 18.4.2.11.4 da NR 18 que solicita o

fornecimento de água por meio de bebedouro ou jato inclinado já que o que foi encontrado foi

um aparelho sem uso e tomado por uma camada espessa de poeira.

Figura 17: Bebedouro da Obra C

5.2.2 Escavações, Fundações e Desmanche de Rochas.

Somente na obra E foi analisado o tópico escavações. A menos da metade da

profundidade da escavação eram colocados os materiais retirados da mesma, indicando uma

não conformidade; alem disso, a figura 18 nos mostra que materiais que não procediam da

escavação eram colocados perto do local onde era executado o serviço.

Figura 18: Escavação na Obra E

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5.2.3 Carpintaria

A figura 19 denota a falta de prudência por parte dos responsáveis pela obra C e

desconhecimentos dos riscos enfrentados pelos operários da citada obra. A coifa de proteção

que deveria estar protegendo o usuário da serra circular é simplesmente posta de lado como se

este objeto fosse um equipamento sem importância. Por sua vez a figura 20 denota como se

deve utilizar a coifa, diminuindo desta forma, com este gesto simplório, os riscos mecânicos,

por exemplo, um corte. Já a figura 21, encontrada na obra E, evidencia um bom exemplo de

aplicação da NR 18. Neste local existe uma placa que específica quais são os profissionais

que estão habilitados a operar o equipamento.

Figura 19: Mesa da Serra Circular da Obra C Figura 20: Mesa da Serra Circular da Obra D

Figura 21: Placa Indicando Profissionais Habilitados A Operar a Serra Circular Da Obra E

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5.2.4 Escadas, Rampas e Passarelas.

A figura 22 indica a inconformidade perante a NR 18, quando no local da escavação,

existia uma passarela que tinha ressaltos entre o piso da mesma e o piso do terreno

descumprindo assim a orientação da norma.

Figura 22: Passarela Instalada na Obra E 5.2.5 Armações de Aço Em apenas duas obras, o item armações de aço apresentou inconformidade quando se trata

do item 18.8.3 que recomenda que a área de trabalho onde está situada a bancada de armação

deve ter cobertura resistente para proteção dos trabalhadores contra a queda de materiais e

intempéries e, de acordo com as figuras 23 e 24, concluímos este item não foi atendido. O

operário, nestes casos, fica exposto à variação do clima se submetendo, por exemplo, a

intensa radiação solar.

Figura 23: Bancada de Armação da Obra C Figura 25: Bancada de Armação da Obra E

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Nas figuras 25 e 26, extraídas dos canteiros das obras A e D, respectivamente, as pontas

dos vergalhões estão protegidas. Uma medida de proteção ao risco mecânico muito simples e

barata que apesar disso é item que é ignorado nas demais obras visitadas.

Figura 25: Pontas de Vergalhões na Obra A Figura 26: Pontas de Vergalhões na Obra D

5.2.6 Medidas de Proteção Contra Quedas de Altura

Quanto às medidas de proteção contra quedas de altura, apenas na obra B o fechamento

provisório do vão de acesso às caixas dos elevadores estava irregular, ou seja, com altura

inferior a 1,20m, que conforme podemos ver na figura 27 tal fechamento não existia. Na

mesma obra, as aberturas do piso não apresentavam fechamento provisório resistente,

indicando risco de queda de trabalhadores, conforme se verifica na figura 28.

Figura 27: Fosso do Elevador da Obra B Figura 28: Abertura na Laje da Obra B

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Sobre o item que se refere as plataformas, principal e secundária, fica claro que os

canteiros obedecem a NR 18 já que, como todas as obras visitadas tinham mais de quatro

pavimentos, estas ficariam obrigadas a instalar em todo perímetro da obra a plataforma

principal e as secundárias a cada três pavimentos e assim o fizeram, conforme ilustra a figura

29. Porem quando se trata da avaliação do cumprimento de sua finalidade, proteção contra

queda de trabalhadores e projeção de materiais, surgiu na obra C, a inconformidade. Faltava

madeira em diversas partes, formando assim grandes vãos abertos. A figura 30 exemplifica o

que foi dito anteriormente.

Para este item a NR 18, no seu sub-item 18.13.12.1, sugere que as plataformas

secundárias podem ser substituídas por redes de segurança sendo que esta seja composta dos

seguintes elementos: rede de segurança, cordas de sustentação ou de amarração e perimétrica

da rede e conjunto de sustentação, fixação e ancoragem e acessórios de rede, sendo esta uma

medida alternativa que poderia ser utilizada pelas empresas.

Figura 29: Plataformas na Obra D Figura 30: Plataformas na Obra C

5.2.7 Movimentação de Pessoas e Materiais

Segundo NR 18, as obras que tenha mais de 30 funcionários e que tiverem mais de oito

pavimentos são obrigadas a dispor de elevador de passageiros a partir da execução da sétima

laje; todavia, nos canteiros visitados, que se enquadravam nestas características, nenhum

dispunha de elevador de passageiros configurando assim uma não conformidade.

Quando se analisa a obrigatoriedade da sinalização do valor da carga máxima permitida

nos elevadores de carga, em nenhuma obra isto foi efetivamente encontrado. De acordo com a

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figura 31 referente a obra A, existia uma placa informando apenas a proibição do transporte

de pessoas.

Figura 31: Placa de Sinalização no Elevador de Carga na Obra A

Na figura 32,observamos um detalhe do elevador da obra D, que tem um dispositivo que

impede a abertura da cancela no caso em que o elevador esteja desnivelado com o pavimento,

alem de possuir sistema de comunicação baseado em codificação luminosa.

Figura 32: Sistema de Travamento da Cancela do Elevador da Obra D

Já as figuras 33 e 34, observamos o elevador de carga da obra B, que contrasta por inteiro

da obra anteriormente citada. A primeira figura representa o sistema de comunicação dos

funcionários, que utilizava sinos, sistema este totalmente ultrapassado e que foge a solicitação

da norma que afirma que os elevadores de materiais devem ser dotados de botão, em cada

pavimento, para acionar lâmpada ou campainha junto ao guincheiro, a fim de garantir

comunicação única.

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A segunda figura mostra o risco que os funcionários estavam sujeitos diariamente quando

observamos que a cancela do elevador de carga estava aberta devido à colocação de folhas de

madeira compensada a frente da mesma. A queda era um risco iminente, que por sua vez

revela uma falha administrativa, na medida que a solução desta situação envolve apenas uma

maior participação de membros da administração da obra , por exemplo, o técnico de

segurança, que na ocasião da visita se encontrava presente no canteiro.

Figura 33: Cancela Aberta na Obra B Figura 34: Sinalização no elevador da obra B

5.2.8 Sinalização de Segurança

A sinalização foi um item que teve boa avaliação nos canteiros. A figura 35, extraída da

obra A, é uma placa que foi posta na entrada do canteiro, que reflete todo o seu interior, que é

muito bem sinalizado. É substancial informar a qualquer pessoa que percorra o canteiro, o que

representa cada local e qual são os riscos inerentes a cada etapa construtiva e cada

equipamento a ser operado. A figura 36 confirma o que foi afirmado acima.

Figura 35: Sinalização na Obra A Figura 36: Sinalização na Obra A

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5.2.9 Ordem e Limpeza

É aceitável considerar, que se uma obra é bem gerida, esta terá menores índices de não

conformidade e, portanto, terá como um item que reflita uma boa gestão, aquele que nos

remeta a idéia de organização, ordem e boa imagem transmitida aos funcionários e a

sociedade. A ordem e limpeza se fazem notórias pelas figuras 37 e 38, que refletem

respectivamente o canteiro com melhor e pior avaliação.

Figura 37: Organização do canteiro da Obra A Figura 38: Nível de organização da Obra B

As figuras são auto-explicativas, sendo que fica evidente que as mesmas denotam

claramente a política da empresa que é sinalizar, separar e organizar o espaço para assim

reduzir as chances de acidentes envolvendo seus funcionários e visitantes. A outra tem um

nível de organização inferior, que só permite afirmar que a obra está em curso, devido à

presença dos funcionários, que por sua vez ficam limitados em termos de mobilidade,

denotando uma deficiência na gestão da obra já que a produção do funcionário será reduzida.

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6 ANÁLISE DOS RESULTADOS 6.1 AVALIAÇÃO GERAL: NOTAS DE CADA OBRA Foi utilizado um método simples para obter a nota de cada obra avaliada. O número de

itens em conformidade com a NR 18 foi multiplicado pela nota máxima, no caso dez; o

número resultante foi dividido pela soma dos números de conformidades com o de não

conformidades, ou seja, o número total de itens analisados em cada obra. Assim:

(Nº de CONFORMIDADES x 10) NOTA = ___________________________________________________

(Nº de CONFORMIDADES + Nº de NÃO CONFORMIDADES)

A seguir apresenta-se os resultados obtidos com a lista de verificação, em forma tabular e

gráfica. Na Tabela 4 foram registradas as notas que cada obra obteve e para um melhor

entendimento dos dados é apresentado o gráfico 1:

Tabela 4: Avaliação das obras em função do número de não conformidades em relação à NR 18

OBRA N° DE

CONFORMIDADES N° DE

INCONFORMIDADES NOTA

A 70 16 8,14

B 55 33 6,25

C 51 39 5,67

D 60 19 7,59

E 50 26 6,58

Fonte: O Autor (2009)

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Gráfico 1: Notas das obras visitadas

NOTAS DAS OBRAS VISITADAS

8,14

6,255,67

7,59

6,58

0

2

4

6

8

10

A B C D E

OBRAS

NOTAS

Fonte: O Autor (2009)

6.2 SITUAÇÕES LIMITES: MAIORES E MENORES INDÍCES DE NÃO

CONFORMIDADE

Após a análise geral dos itens da NR 18 constatamos da lista de verificação, a necessidade

de destacar aqueles itens que se encontraram nos limites extremos, isto é, os de maior e menor

índice de não conformidade.

Foram considerados aqueles itens que apresentam-se com índices discrepantes, ou seja, os

menores, quarenta por cento, e os maiores índices, cem por cento; estes dados são

apresentados abaixo através das tabelas 5 e 6.

Tabela 5: Itens da NR 18 com maior índice de não conformidade

Item da NR 18 com mais não conformidade Quantidade Quantidade

(%) 18.4.2.8.3 -Dispõe de água quente. 5 100 18.4.2.8.4 -Há suporte para sabonete e toalha para cada chuveiro. 5 100 18.7.2 -Possui dispositivo empurrador. 5 100 18.7.2 -Lâmpadas protegidas(Carpintaria). 5 100 18.8.3.1 -Lâmpadas protegidas(Poli-Corte). 5 100

Fonte: O Autor (2009)

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Tabela 6: Itens da NR 18 com menor índice de não conformidade

Item da NR 18 com mais não conformidade Quantidade Quantidade

(%)

18.4.2.3 -Perfeito estado de conservação, higiene e limpeza. 2 40 18.4.2.5.1 -Portas em bom estado e altura da borda inferior máxima de 15cm. 2 40 18.7.2 -Carcaça do motor aterrada. 2 40 18.7.2 -Possui coifa protetora e coletor de serragem 2 40 18.8.5 -Pontas de vergalhões protegidas. 2 40

Fonte: O Autor (2009)

A partir destes dados pode-se, para um melhor entendimento, defini-los como pontos

críticos, pontos estes que são assim definidos por terem alcançado o índice igual a cem por

cento restando para os demais como pontos não críticos.

Destes itens críticos, contata-se que apenas do um tem real significância quando se avalia a

segurança propriamente dita. Dispor água quente, como foi dito no item 5.2.1.1 deste

trabalho, é questionável, estando à cidade de Feira de Santana localizada no nordeste

brasileiro. Da mesma forma, a falta de suportes para sabonete e toalha tem um valor inócuo.

Já as lâmpadas desprotegidas necessitam de uma avaliação mais criteriosa sobre sua real

potencialidade de riscos, ficando assim um ponto de alerta, haja vista, que analisando sua

localização, mesa de carpintaria e serra circular, as mesmas ficam sujeitas a projeção de

estilhaços.

Porem o item que trata do dispositivo empurrador, tem um valor de grande significado

quando se trata de segurança do trabalho. As empresas ignoram a importância deste

equipamento. Sua não utilização configure um desacordo perante a NR 18 ,que pode gerar

uma multa, alem de expor seu funcionário a uma fonte de risco, que de acordo com conceito

prevencionista, é uma falha gravíssima.

A medida de que refletimos os pontos não críticos, estes de fato, têm na sua maioria, uma

importância segundo a segurança do trabalho. Os itens relacionados conservação, higiene,

proporção do conjunto sanitário, armários individuais e portas dos banheiros com a borda

inferior com distancia máxima do chão em 15cm são itens que precisam de uma

conscientização dos gestores das obras de sua importância. A falta de higiene, por exemplo, é

um risco biológico que pode transmitir doenças a seus funcionários reduzindo a capacidade

produtiva da obra. As portas dos banheiros já têm sua importância quando se avalia a

valorização do funcionário para que este tenha um tratamento digno. Os demais itens como;

falta de vergalhões protegidos, falta de coifa protetora e de plataformas secundárias visam

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reduzir os riscos ambientais e que seguem uma idéia de não conformidade que reflete a

política empresarial, de contenção de despesas e diminuição da importância da segurança do

trabalho na medida que itens tão simples e que podem implicar em lesões são postas em

segundo plano.

Os números podem ser ferramentas importantes para compreensão de fenômenos,

gerando possibilidades de melhoria ou correção dos mesmos porem a análise destes é uma

tarefa complexa, haja vista que quando analisados sem levar em consideração o contexto ao

qual ele está envolvido, pode transmitir informações com pouca importância desprezando

assim informações importantes que valores menores, teoricamente insignificantes revelam,

que no caso, são exemplificados com os pontos críticos e não críticos.

Os valores extraídos neste trabalho evidenciam que, de fato, devem ser observados com

prudência, pois os riscos inerentes ao um dado item que obteve 40% de não conformidade são

maiores daqueles que tiveram 100% daí números importantes ficaram suprimidos. Deve-se

analisar a importância de cada item em relação à segurança do trabalho e não focar os

resultados em função dos números obtidos, devendo assim, dissociar a importância dos itens

com os números de não conformidade para daí utilizá-los para melhorar os itens avaliados

independente da porcentagem encontrada.

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7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Neste capítulo, com base nos itens da NR-18 e na avaliação da aplicação da Norma nos

canteiros de obras aplicados na cidade de Feira de Santana, são apresentadas as conclusões e

sugestões para trabalhos futuros.

7.1 CONCLUSÃO Conforme demonstraram os resultados apresentados neste trabalho, as empresas de

construção do subsetor edificações na cidade de Feira de Santana ainda carecem do

cumprimento de sua mais significativa legislação e segurança do trabalho, a NR-18. O

atendimento de todas as suas exigências certamente não implicará na eliminação total das

fatalidades porem esta atitude tem o potencial de reduzi-las consideravelmente.

Diante a hipótese principal, “As empresas de construção civil em Feira de Santana

possuem dificuldades com relação à aplicabilidade da NR-18 no canteiro de obras”,

compreende-se que a mesma foi aceita, pois com os estudos realizados em obras consultadas e

estatísticas tiradas das pesquisas contidas no referencial teórico, encontram-se índices

elevados de não conformidade sobre algumas das exigências da Norma, ou seja, os dados

analisados e apresentados denotam que todas as obras de construção civil, apresentam

descumprimento à norma, sendo que algumas com maior e outras com menor grau de não

conformidade.

Outra conclusão retirada do presente trabalho envolve as informações que os índices

indicam. Os números são rígidos e, portanto se avaliados isoladamente não apresentam

relevância. Porem quando acrescentamos ao contexto da analise de dados os conceitos da

segurança do trabalho os mesmos podem ser ferramentas importantes de transmissão de

informações. Os valores com pequenos índices de inconformidades eram mais importantes,

em termos de segurança do trabalho, pois envolviam grandes riscos, no entanto aqueles que

alcançaram elevados índices de não conformidade não tinham valores substanciais.

Duas medidas são fundamentais para que os índices de conformidade à NR-18

aumentem. O primeiro é aumentar a freqüência, abrangência e atuação educativa, por parte da

fiscalização das SRT. O segundo é a promoção, tanto da parte dos órgãos públicos, quanto da

parte de sindicatos de empresas e trabalhadores, o maior contato destes para com a questão da

segurança.

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É importante, também, conscientizar os empresários que a prevenção não é um custo a

mais para seu empreendimento, e sim um investimento. Um acidente de trabalho causa custos

diretos e indiretos não só para trabalhadores e empresas, mas para toda a sociedade. O setor

da construção já caminha no sentido de buscar soluções para essa grave questão, através de

campanhas educativas e de programas de prevenção, que visam a melhoria das condições e do

ambiente de trabalho na construção.

Apesar das mais variadas iniciativas, esta não é uma tarefa fácil e requer um esforço

conjunto de todos os envolvidos no problema, a fim de mudar a atitude dos trabalhadores, dos

empresários e do governo. É preciso motivar a sociedade em geral para a importância da

prevenção, principalmente na cidade de Feira de Santana, onde se verificou o desinteresse

pela segurança do trabalho nos canteiros de obra da cidade, haja vista as notas apresentadas

para as obras analisadas neste trabalho.

Deve-se destacar, ainda, a necessidade de serem incentivadas as pesquisas na área, visto

que, no Brasil em particular, há carência de estudos aprofundados sobre segurança do trabalho

na construção. A falta de conhecimento sobre índices de acidentes, situação dos canteiros em

relação à segurança, custos de implantação da segurança, programas de gestão da segurança e

a carência de normas, entre diversos outros temas, só contribuem para que a construção civil

mantenha-se no topo da lista de indústrias causadoras de acidentes no país.

7.2 SUGESTÕES

Como recomendação para trabalhos futuros, destaca-se:

a) Estudo comparativo, entre as notas obtidas no presente trabalho com aquelas apresentadas

apartir do check-list da NR 18 do trabalho, Contribuições Para Revisão da NR 18, pertencente

ao professor da UFRGS, Tarcísio Abreu Saurin.

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REFERÊNCIAS

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FRANÇA, SERGIO TRANZILO. Análise Crítica das Estatísticas de Acidentes do

Trabalho no Brasil. Feira de Santana, 2002. Monografia - UEFS, Universidade Estadual de

Feira de Santana

FUNDACENTRO Condições e Meio Ambiente do Trabalho Na Indústria da Construção-NR 18. São Paulo, 1996 FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico, 10. Ed. Porto Alegre: Dactilo Plus, 2001 HALPIN, Daniel W. Administração Na Construção Civil. Rio de Janeiro. LTC.CD, 2004. ISATTO, Eduardo Luis et. alii. Lean construction: diretrizes e ferramentas para o controle de perdas na construção civil . Porto Alegre, SEBRAE/RS,2000. MINAYO, Maria Cecília de S. Pesquisa Social. Teoria, Método e Criatividade. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. MORAIS, Tiago Alves; FONTENELLE, Maria Aridenise Macena. Segurança na Industria da Construção- Banco de dados. In II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO DA QUALIDADE E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Anais em cd. Fortaleza, 2001. p. 977 a 984. PIZA, Fabio de Toledo. Informações Básicas Sobre Saúde e Segurança No Trabalho. São Paulo: CIPA, 1997. SAMPAIO, Jose Carlos de Arruda. PCMAT: Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Industria da Construção. São Paulo: PINI, SindusCon, 1998. SAURIN, Tarcísio Abreu. Contribuições Para Revisão Na NR 18. Relatório de Pesquisa. Porto Alegre. UFRGS, 2000. ZOCHIO, Álvaro. Práticas de prevenção de acidentes: ABC da Segurança do Trabalho.São Paulo. Editora Atlas, 2002.

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Téchne-Revista de Tecnologia as Construção n°35. Segurança do Trabalho-NR o que? Reportagem de Eric Cozza, pp. 18-23. Editora PINI. São Paulo, 1998. http://www.deciv.ufscar.br/sibragec/trabalhos/artigos/076.pdf <Acesso em 12 de maio de 2009> http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_28 <Acesso em 29 de maio de 2009>

http://www.pinheiropedro.com.br/biblioteca/artigos_publicacoes/temas_diversos/02_artigo_9

27.php <Acesso em 09 de julho de 2009>

http://ube-167.pop.com.br/repositorio/9999/meusite/index4.html < Acesso em 11 de julho de 2009> http://www.eps.ufsc.br/disserta/eliete/capit_2/capit_2.htm < Acesso em 19 de julho 2009> http://www.segurancanotrabalho.eng.br/noticia/acideteprev.pdf< Acesso em 23 de julho de 2009> http://www.dicionariodoaurelio.com/dicionario.php?P=Seguranca< Acesso em 28 de

novembro de 2009>

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ANEXO

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Anexo I : Lista De Verificação Utilizada nas Obras Visitadas

OBRA TIPOLOGIA DA OBRA --------------------- ---------------------

Nº de Andares Total= Atual= --------------------- Nº Funcionários Pico= Atual= --------------------- ITEM – NR 18 DESCRIÇÃO Conformidade Sim Não N.A. 18.2 Comunicação Prévia

18.3 PCMAT 18.3.1 Mais de 20 funcionários (caso não vá para item 18.4.) 18.3.1.1 Contempla NR 9 18.3.1.2 PCMAT Presente na obra. 18.3.2 Elaborado por profissional (Segurança do Trabalho). 18.3.4 Documentos 18.4 ÁREAS DE VIVÊNCIA (existe?) 18.4.1 -Instalações sanitárias

-Vestiário -Alojamento -Refeitório -Cozinha -Lavanderia -Área de lazer -Ambulatório (Mais de 50 operários)

18.4.2 Instalações Sanitárias 18.4.2.3 -Perfeito estado de conservação, higiene e limpeza.

-Portas impedem devassamento. -Paredes de material. resistente e lavável. -Pisos impermeáveis e laváveis. -Ligada a locais destinada a refeições -Independente ao sexo do funcionario -Ventilação e iluminação adequadas. -Pé-direito mínimo de 2,50m.* -Situados a menos de 150m do canteiro.

18.4.2.4 Conjunto sanitário na proporção exigida. 18.4.2.5 Lavatórios 18.4.2.5.1 -90cm de altura do piso.

-60cm de espaçamento entre torneiras. -Dispõe de Lixeira

18.4.2.6 Vasos Sanitários 18.4.2.6.1 -Àrea mínima de 1,00m²

-Portas em bom estado e altura da borda inferior máxima de 15cm. -Divisórias com altura mínima de 1,80m. -Possue Lixeira.

18.4.2.6.2 Descarga em bom estado de uso. 18.4.2.7 Mictórios 18.4.2.7.1 -Altura minima de 50cm do piso.

-Espaçamento mínimo de 60cm (caso tipo calha).

18.4.2.8 Chuveiros

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18.4.2.8.1 -Área mínima de 80cm² e altura de 2,10m do piso. 18.4.2.8.2 -Piso Antiderrapante. 18.4.2.8.3 -Dispõe de água quente. 18.4.2.8.4 -Há soporte para sabonete e toalha para cada chuveiro. 18.4.2.9 Vestiário 18.4.2.9.1 Existe 18.4.2.9.2 Próximo ao alojamento e/ou entrada da obra sem

ligação com local destinado á refeições.

18.4.2.9.3 -Permite isolamento. -Piso de concreto, cimentado ou material equivalente. -Iluminação natural ou artificial. -Cobertura contra intemperes. -Armários individuais com dispositivo de trancamento. -Perfeito estado de conservação, limpeza e higiene.

18.4.2.10.10 Fornecimento de água no alojamento na proporção de 1 para grupo de 25 funcionários.(Alojamento)*

18.4.2.11 Local de Refeições 18.4.2.11.1 Existe 18.4.2.11.2 -Paredes de isolamento

-Piso congruênte com o local destinado à refeições -Cobertura contra intemperes. -Ventilação e iluminação suficiente. -Lavatório próximo. -Mesa(s) com tampo de material lavável. -Assento em número suficiente. -Dispõe de lixeira. -Ligação direta com sanitário. -Perfeito estado de limpeza e higiene.

18.4.2.11.4 Há fornecimento de água por meio de bebedouro ou jato inclinado.

18.6 ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESM. ROCHAS 18.6.7 Escavação com profundidade maior que 1,25m

possue escadas ou rampas.

18.6.8 O material retirado esta é colocado a uma distância superior a metade da profundidade.

18.6.11 O local da escavação está sinalizado. 18.6.17 Existe um Blaster. 18.6.18 Local isolado. 18.6.19 Alarme sonoro. 18.7 CARPINTARIA 18.7.1 Operador qualificado 18.7.2 -Mesa estavel e com faces inferiores, anterior e

posterior com fechamento. -Carcaça do motor aterrada. -Disco de serra intacto. -Possui coifa protetora e coletor de serragem. -Possui dispositivo empurrador. -Lâmpadas protegidas.

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-Carpintaria protegida, piso nivelado. 18.8 ARMAÇÕES DE AÇO 18.8.1 Bancada apropriada(com mesa estável, piso nivelado). 18.8.2 Armações de pilares com vigas escoradas. 18.8.3 Local onde está a bancada é coberta. 18.8.3.1 Lampadas Protegidas. 18.8.4 Existe pranchas sobre as armações nas fôrmas. 18.8.5 Pontas de vergalhões protegidas. 18.12 ESCADAS(1)RAMPAS(2)PASSARELAS(1e2>40cm) 18.12.1 Madeira de boa qualidade. 18.12.2 Escadas, rampas e pasarelas possuem corrimão. 18.12.5.1 Escada provisória com 80cm de largura e pelo menos

um patamar a cada 2,90m.

18.12.5..3 Escada de mão com máximo de 7,0m e degraus com 25 a 30 cmde vão.

18.13 MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS 18.3.1 Há equipamento de proteção coletiva 18.13.2.1 Aberturas de elev. Mat.(Guarda-corpo, fechamento) 18.13.3 Fechamento provisório de cx. Elevador (1,20m) 18.13.6 Edificio com mais de 4 PAV.(Plat. Principal) 18.13.7 Plataformas secundarias de 3 em 3 andares. 18.13.7.2 Retirada após a vedação do pa. Superior. 18.13.9 Existem telas de proteção. 18.14 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE

MATERIAIS E PESSOAS

18.14.2 Equipamentos operados por profissionais com função anotada na Carteira de Trabalho.

18.14.21 Torres dos Elevadores 18.14.21.1.1 Torres de Madeira-a)ART(anotação Responsabilidade

Tecnica) presente na obra.

18.14.21.3 Torres afastadas de redes eletricas ou isoladas. 18.14.21.16 Existe sinalização. 18.14.21.18 Dispositivo de segurança(impede abertura da cancela

se o mesmo não estiver no nivel do pavimento).

18.14.22 Elevador de Transporte de Materiais 18.14.22.2 Placa indicativa indicando carga máxima. 18.14.22.7 Botão em cada pavimento que aciona sinal sonoro ou

luminoso.

18.14.23 Elevador de Passageiros 18.14.23.1 Edifício com mais de 12 Pav.(Se sim, obrigatório) 18.14.23.1.1 Mais de 8 Pav.e com mais de 30 operarios(obrigatório

apartir da 7ª laje.).

18.14.23.3 b)Existe sistema de frenagem automática 18.14.23.4 Existe livro de inspeção com anotações diárias. 18.23 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 18.23.3 Cinto de segurança(para-quedista) é utilizado em

atividades a mais de 2,00m de altura do piso.

18.27 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA 18.27.1 O canteiro é sinalizado conforme NR 18.

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA FEIRA DE SANTANA IIcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/ROGER RAMOS SANTANA.pdf · UTILIZAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA 18-UM ESTUDO DE CASO FEIRA DE SANTANA 2010

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18.28 TREINAMENTO 18.28.1 Todos os empregados recebem treinamento periódico

e admisional.

18.29 ORDEM E LIMPEZA 19.29.1 Há organização limpeza nas vias de circulação. Fonte: O Autor (2009)