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1 Universidade Estácio de Sá - 2014.2 Direito Penal 1 – Resumo AV.1 Conceito O que é Direito Penal? Opção 1) O conjunto de normas jurídicas por meio das quais o Estado combate o crime sob ameaça da pena. Opção 2) Direito Penal é o conjunto de normas positivadas por parte do Estado que tendem a proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, patrimônio, liberdade sexual, honra, etc.), pelo fato desses bens serem importantes, o Estado pode punir (apenar) de maneira mais severa os infratores (os que lesam tais bens). Fontes do Direito Penal Fonte é o lugar de onde o direito provém. a. Material/Substancial/de Produção – Somente a união, através do Congresso Nacional, pode ser fonte de produção material de Direito Penal (art. 22, I, da CRFB/88). b. Formal/Conhecimento/Cognição B1. Formal Imediata – Lei Nacional B2. Formal Mediata – Costumes e Princípios Gerais de Direito OBS: Medida provisória apesar de ter força de lei jamais poderá ser fonte formal de Direito Penal, por força de vedação do Art.62 §1º, I, b da CRFB/88. A única forma, por isso fonte formal, de levar ao conhecimento da sociedade as normas de Direito Penal, de forma imediata é a lei. Esta lei será ordinária, via de regra, mas excepcionalmente poderá ser lei complementar (não é muito utilizada p/ crimes) e deve ser sancionada e promulgada pelo Presidente da República ou Chefe do Poder Executivo Federal. OBS²: Os costumes não revogam leis penais, mas servem por serem comportamentos repetidos, uniformes, e com certeza de obrigatoriedade de certa localidade, como fonte formal indireta. O legislador deve estar atento aos costumes da sociedade de modo a

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Dicas Para Calculo Da Pena

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Universidade Estácio de Sá - 2014.2

Direito Penal 1 – Resumo AV.1

Conceito

O que é Direito Penal?

Opção 1) O conjunto de normas jurídicas por meio das quais o Estado combate

o crime sob ameaça da pena.

Opção 2) Direito Penal é o conjunto de normas positivadas por parte do Estado

que tendem a proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, patrimônio,

liberdade sexual, honra, etc.), pelo fato desses bens serem importantes, o

Estado pode punir (apenar) de maneira mais severa os infratores (os que lesam

tais bens).

Fontes do Direito Penal

Fonte é o lugar de onde o direito provém.

a. Material/Substancial/de Produção – Somente a união, através do

Congresso Nacional, pode ser fonte de produção material de Direito

Penal (art. 22, I, da CRFB/88).

b. Formal/Conhecimento/Cognição

B1. Formal Imediata – Lei Nacional

B2. Formal Mediata – Costumes e Princípios Gerais de Direito

OBS: Medida provisória apesar de ter força de lei jamais poderá ser

fonte formal de Direito Penal, por força de vedação do Art.62 §1º, I, b

da CRFB/88. A única forma, por isso fonte formal, de levar ao

conhecimento da sociedade as normas de Direito Penal, de forma

imediata é a lei. Esta lei será ordinária, via de regra, mas

excepcionalmente poderá ser lei complementar (não é muito utilizada

p/ crimes) e deve ser sancionada e promulgada pelo Presidente da

República ou Chefe do Poder Executivo Federal.

OBS²: Os costumes não revogam leis penais, mas servem por serem

comportamentos repetidos, uniformes, e com certeza de

obrigatoriedade de certa localidade, como fonte formal indireta. O

legislador deve estar atento aos costumes da sociedade de modo a

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retirar do ordenamento jurídico aquelas normas que não mais são

aceitas pelo costume:

Ex. O legislador observando o costume da sociedade brasileira, aliado

ao princípio constitucional que reconhece como entidade familiar não

somente o casamento revogou o crime de adultério.

PS: Estados e Municípios nunca podem definir crimes! Art.62 §1/CF88

Princípios Limitadores do Poder Punitivo Estatal

Princípio da Legalidade

-Taxatividade – A lei deve ser redigida de forma clara (taxativa)

-Anterioridade – Aplica-se a lei em vigor na data da prática do fato (a lei

deve ser anterior ao fato); salvo se a lei em vigor for mais benéfica do

que a revogada.

-Reserva Legal - somente a lei, em seu sentido mais estrito, pode

definir crimes e cominar penalidades, pois “a matéria penal deve ser

expressamente disciplinada por uma manifestação de vontade de aquele

poder estatal a que, por força da Constituição, compete à faculdade de

legislar, isto é, o poder legislativo”.

“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia

cominação legal.”

Princípio da Irretroatividade Art.5º, XL da CF/88.

Intranscendência / Personalidade da Pena, Art.5º, XLV, CF/88.

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de

considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos

penais da sentença condenatória.

Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o

agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença

condenatória transitada em julgado.

Individualização da pena Art.5º, XLVI CF/88.

Humanidade das Penas Art.5º, XLVII, XLVIII, XLIX da CF/88.

Ne Bis In Idem – Ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo

crime.

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Culpabilidade e Proporcionalidade.

Culpabilidade – Desejando-o ou aceitando-o ou por culpa (negligência,

imprudência ou imperícia) este princípio impede a responsabilidade

penal objetiva (o indivíduo não pode ser responsabilizado pela simples

produção de um resultado). Se ele não quis, não aceitou, produziu ou

não foi displicente em relação ao mesmo não há culpabilidade.

Ex. “A” dirigindo o veículo de forma prudente é surpreendido em baixo

de uma passarela por uma vítima que se projeta a frente de seu veículo,

ocorrendo à morte da mesma. Por força do princípio da culpabilidade

este resultado objetivamente não pode ser

Imputado a “A”. Não houve dolo nem culpa, houve um fato exclusivo da

vítima. Em DP, prevalece a responsabilidade subjetiva (querer).

Proporcionalidade – O princípio da proporcionalidade tem por finalidade

precípua equilibrar os direitos individuais com os anseios da sociedade.

Adequação Social: Princípio dirigido ao legislador servindo como

orientador na observação dos fatos que outrora eram socialmente

inadequados e que atualmente são socialmente aceitos.

Ex. O legislador revogou o crime de adultério.

Princípio da Fragmentariedade – O DP não pode proteger todos os bens,

escolhendo os de mais importância.

Princípio da Intervenção Mínima (Ultima Ratio) – Este princípio se dirige

ao legislador, orientando que o DP não pode ser invocado p/ solucionar

todos os conflitos sociais. O DP somente pode ser invocado quando

outros ramos do Direito forem incapazes de resolver estes conflitos. A

intervenção do DP apenas se justifica quando o bem jurídico a ser

protegida pelo Estado a esta sendo de forma deficiente por outro ramo

do Direito. Art.163/CP

Princípio da Insignificância (Bagatela) – Este princípio não tem previsão

legal. Trata-se de uma criação jurisprudencial que acarreta a exclusão

da tipicidade material do fato. A tipicidade penal é igual à tipicidade

formal mais tipicidade material.

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TP = TF + TM

Tipicidade formal é o enquadramento do fato praticado ao modelo de

comportamento reprovável que a norma penal prevê, mas p/ que haja a

intervenção do Estado exige-se a Tipicidade Material, que é a análise

concreta da lesão ao bem jurídico protegido. A jurisprudência

estabelece quatro vetores p/ aplicação do princípio em questão, a saber:

a. Mínima ofensividade da conduta do agente;

b. Nenhuma periculosidade social da ação;

c. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;

d. Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Este princípio constitui causa supralegal de exclusão da Tipicidade Penal

em face ausência da Tipicidade Material.

Princípio da Lesividade / Expressa proteção de bens jurídicos: Dirige-se

ao legislador, orientando-o a não incriminar;

Condutas internas ou que ainda não tenham capacidade de lesar

o bem jurídico (cogitação e atos de preparação);

Situações existentes (o ser);

Condutas imorais, pecaminosas;

Condutas que não transcendam a pessoa do agente. Ex. Suicídio

OBS. Não é crime a autolesão, porque o comportamento não ultrapassa

a pessoa do agente. Salvo se for para indício de crime (estelionato), por

força do Princípio da Lesividade.

Norma Penal

Podemos inicialmente afirmar que as normas tidas penais cumprem a

finalidade de punir determinadas condutas descritas no Código Penal e

estão em direção ao que promana a legalidade como princípio, além da

conduta do agente que a norma proíbe ou manda determinada conduta.

É por isso que as normas penais incriminam ou não conforme o previsto

em lei.

Lei Penal = Norma Penal

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Incriminadora - tem por escopo definir as infrações penais, proibindo

ou impondo condutas, desse modo, o seu não cumprimento se sujeita a

penalidade. Podem ser primárias ou secundárias.

1. Primárias - “preceptum iuris”: são aquelas que descrevem

perfeitas e detalhadamente a conduta proibindo ou impondo;

2. Secundárias - “sanctio iuris”: tem por objetivo a

individualização da pena em abstrato.

Ex. Art.121 – Matar Alguém (Norma primária)

Reclusão: Seis meses a 20 anos (Norma secundária)

Não Incriminadora – possuem tais finalidades como:

a. Tornar licitas determinadas condutas;

b. Afastar a culpabilidade do agente;

c. Esclarecer determinados conceitos;

d. Fornecer princípios penais p/ aplicação de Lei Penal.

As normas penais não incriminadoras classificam-se em: Permissivas

(justificante e exculpante) e Explicativas/Finais/Complementares.

Justificantes - afasta a ilicitude da conduta do agente, por exemplo: Arts.

23, 24 e 25, 26, 27 e 28§1º Todos do CP.

Exculpantes - elimina a culpabilidade, isentando o agente de pena, por

exemplo: art. 26 “caput” e 28 do CP, art.23, art.128, I,II CP.

Explicativas: visam esclarecer ou explicitar conceitos. P. ex. os arts. 327 e

150, § 4º, do Código Penal, quando tratam sobre o conceito de “funcionário

público” e de “casa”. Complementares: fornecem princípios gerais para a

aplicação da lei penal. P. ex. o art. 59, do CP, quando trata sobre a

aplicação de pena.

Norma Penal em Branco ou Primariamente Remetida - São aquelas nas

quais, embora haja uma descrição da conduta proibida, se faz necessário

um complemento por outro dispositivo vigente, como as leis, os decretos,

portarias, regulamentos, entretanto, desde que sejam proibitórios ou

impostos pela norma penal.

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A exemplo temos a Lei n. 11.343/2006, conhecida como a Lei de Drogas.

As normas penais em branco podem ser classificadas como: Homogêneas e

Heterogêneas.

Homogêneas - em que seu complemento provém da mesma fonte

legislativa. P. ex. o artigo 237, do CP, conjuntamente com o art. 1.521, do

Código Civil. Ambas as normas foram produzidas pelo mesmo veículo

normativo e pela mesma origem, ainda que dispositivos distintos.

Ex. O art. 237 CP é uma norma penal em branco sem sentido amplo porque

só terá aplicação mediante complementação contida no Art. 1521 CC, que

define os impedimentos que acarretam a nulidade do casamento.

Heterogêneas - seu complemento é proveniente de norma diversa daquela

que a editou. P. ex. a Lei de Drogas, em seu artigo 28, complementado pela

autarquia federal vinculada ao Poder Executivo, a ANVISA, do Ministério da

Saúde.

É importante assinalar que, a fonte de produção é necessária para

distinguir as normas penais em branco heterogêneas das homogêneas.

Ex. O art. 33 da Lei 11.343/06 define o tráfico ilícito de drogas sem definir

o que vem a ser drogas, mas o art.1º §único combinado com art.66, todos

da referida lei estabelecem que a complementação dar-se-á por uma

portaria da ANVISA, que vem a ser a de nº344/98. Somente responderá no

exemplo de tráfico ilícito de drogas se a droga estiver enumerada no seu

complemento, que no caso é a portaria mencionada.

Interpretação Analógica: Espécie de interpretação expressiva onde existe

uma norma penal que define situações pontuais, fórmulas casuísticas e

logo após esta mesma norma estabelece uma formação genérica que

permite ao aplicador do Direito aplicar esta norma a fatos (não previstos),

mas que se assemelham aqueles casuisticamente.

Ex. Art.121§2º, I, onde o legislador estabeleceu fórmulas casuísticas,

pontuais (mediante paga ou promessa de recompensa) e em seguida criou

a fórmula genérica (ou qualquer outro motivo torpe). Torpeza é algo

desprezível, que evidencia afastamento de caráter. O legislador não tinha

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como prever de forma exaustiva todas as hipóteses que pudessem

qualificar o crime de homicídio, sendo assim escolheu duas formas

desprezíveis igualmente torpes, a paga e promessa de recompensa,

admitindo o enquadramento pela interpretação analógica de motivos outros

que analogicamente à paga e promessa de recompensa fossem igualmente

torpes (matar alguém por inveja cobiça e outros.).

Analogia:

Analogia é o processo de auto integração legal, de suplemento legislativo,

aplicável diante da ausência de lei reguladora de um fato, sendo de se

invocar a aplicação de outra lei que regula fato semelhante. A possibilidade

de aplicação da analogia em matéria de Direito Penal é possível por força

do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), restringindo esta

analogia àquela que a doutrina denomina In Bonan Partem. A analogia In

Bonan Partem pressupõe a ausência de lei e se aplica em qualquer espécie

de norma penal. Já a analogia In Malan Partem não se aplica em matéria de

DP, por força do Princípio da Legalidade.

A analogia in malam partem é aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu,

reguladora de caso semelhante.

Trata-se de medida com aplicação impossível no Direito Penal moderno,

pois este é defensor do Princípio da Reserva Legal, e ademais, lei que

restringe direitos não se admite analogia.

A analogia in Bonan partem é admitida em DP quando se trata de norma

penal não incriminadora de modo a beneficiar aquele que não tem amparo

de uma norma penal específica aplicável ao seu caso, mas por existir outra

norma aplicável a um fato semelhante.

Obs. Interpretação analógica é diferente de Analogia.

Conflito (Concurso) Aparente de Normas:

Decorre quando para um fato, aparentemente, existe duas ou mais normas

que poderão incidir. Para que seja resolvido, necessita-se a observância de

princípios, como: a) Especialidade; b) Subsidiariedade; c) Consunção; d)

Alternatividade.

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Requisitos:

-Unidade de fato;

-Pluralidade de normas aparentemente aplicadas ao fato;

-Efetiva aplicação de uma norma.

Princípios solucionáveis do Conflito Aparente de Normas:

-Especialidade

-Subsidiariedade {Explícita (art.132 CP) e Implícita}

-Alternatividade

-Consunção

(Crime Progressivo; progressão criminosa; ante e post pactum impunível).

Especialidade: Orienta a analisar qual norma será analisada abstratamente,

aplicando-se a norma especial em detrimento da norma geral. A norma

especial possui em sua estrutura todos os elementos da norma geral

acrescido de outros que a fazem diferente, especial. Ela possui um

acréscimo.

Ex. O art.121 §3º é uma norma geral, quando comparado ao art. 303 da lei

9503/97 Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Este último artigo possui o

elemento específico “na direção de veículo automotor”.

O art.121 CAPUT, quando analisado c/ Art.123, evidencia-se uma norma

geral, porquanto o Art.123 possui todos os elementos da norma geral

Art.121 (Matar alguém) “Matar o próprio filho”, acrescido dos elementos

que a tornam especial de natureza temporal (“durante ou logo após o

parto”) e de natureza psicofisiológica.

Subsidiariedade: Este princípio determina a aplicação de uma norma

principal que contém todos os elementos de outras normas secundárias

(subsidiariedade implícita) ou se aplique a norma principal porque a própria

norma considerou subsidiária (subsidiariedade explícita).

A norma subsidiária está contida na norma principal. Nelson Hungria

chamava a norma subsidiária de “Soldado Reserva”, pois se não aplicável à

norma principal chama-se o “Soldado Reserva”.

Ex. Arts. 146 (Constrangimento Legal), 147 (Ameaça), 155 (Furto), 129

(Agressão Física) {Normas Implícitas).

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Art.132 {Norma Explícita}

Alternatividade: Este princípio é aplicável com reserva por alguns

doutrinadores na medida em que alguns não o reconhecem como princípio

solucionador de conflito aparente de normas. Estes doutrinadores afirmam

que não existem mais de uma norma regulando um só fato, mas, na

realidade o que existe é uma norma de ação múltipla ou conteúdo variado

que define mais de uma conduta penalmente e igualmente criminosa, que,

se praticadas mais de uma delas e em um mesmo contexto, teremos um só

crime, não havendo portanto, para parte da doutrina, conflito.

Ex. Art.33 da Lei de Drogas que prevê 18 ações criminosas.

Art.122 do CP que prevê três condutas reprováveis: instigar/induzir ou

prestar auxílio. Se o indivíduo instiga alguém ao suicídio e também lhe

presta auxílio teremos um só crime (homicídio).

Consunção ou Absorção: Este princípio via de regra está relacionado à

prática de um crime fim cujo meio necessário, indispensável, para

consumá-lo também configura crime. O crime-meio será absorvido pelo

crime fim.

Ex. O indivíduo quer furtar (art.155) de determinada casa (crime-fim), mas

para fazê-lo ingressa no domicílio alheio sem o consentimento do

proprietário (art.150 – crime meio). Responderá somente pelo crime de

furto ficando o crime de violação de domicílio (ante factum impunível = O

Fato Anterior é Impunível).

Ex². O indivíduo falsifica assinatura em um cheque de terceira pessoa

(art.298) para induzir determinada empresa a vender determinado bem, o

que ocorre diante da fraude (art.171 – Estelionato). Neste particular onde o

cheque uma vez depositado não haverá mais a possibilidade de lesionar

outros patrimônios, o STJ, através da súmula 17 (XVII) aplicou o princípio

da consunção/absorção, somente punindo o crime fim (Estelionato) que

absorveu o crime meio (falsificação de documento particular).

Conflito de Leis no Tempo

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Hipóteses:

-Novatio Legis Incriminadora

-Novatio Legis In Pejus

-Novatio Legis in Mellius {art.2º e §único do CP}

-Abolitio Criminis {art.2º e §único do CP}

N. Legis Incriminadora – Surge uma lei definindo um fato como crime. Se

aplica o art. 1º do CP sendo esta lei irretroativa.

N. Legis In Pejus – Nova lei que prejudica a pena do indivíduo.

N. Legis in Mellius – Lei que beneficia o indivíduo.

Abolitio Criminis – Revogação da norma penal incriminadora onde o fato

deixa de ser crime. (art.2º CAPUT CP)

Obs. Só cessam os efeitos penais, os efeitos civis não.

Post Factum – Quando o bem jurídico violado no fato antecedente sofre

nova violação.

Leis Excepcionais e Temporárias.

Art.3º - São leis ultra ativas, aplicando-se aos fatos ocorridos durante a sua

vigência temporal, mesmo após a sua auto revogação (temporária) ou após

cessados os motivos que a fizeram ser promulgada (guerra, calamidades

públicas, epidemia, eventos).

Tempo do Crime (art.4º)

Teorias

-Atividade – Adotada pelo Código Penal

-Resultado

-Ubiquidade/Mista

Obs. Aos crimes permanentes e crimes continuados, aplicam-se a lei em

vigor quando cessada a sua permanência ou continuidade, ainda que mais

grave. (Novatio Legis In Pejus). Súmula 711 do STF.

Ex. Sujeito “A” com 17 anos e 10 meses efetua disparo de arma de fogo

com dolo de matar “B”, acertando-o em local fatal. “B” foi socorrido e veio a

falecer três meses após. Qual a lei a ser aplicada ao caso? O E.C.A ou o C.P

?

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R: E.C.A, porque nos termos do Art.4º CP, considera-se praticado o crime

no momento da ação ou omissão, que no caso foi o momento do disparo

da arma de fogo. Na época que houve a atividade “A” era menor de 18

anos, aplicando-se o E.C.A por força da Teoria da Atividade.

Crime Permanente: Aquele crime cujo momento da ação ou omissão se

prolonga no tempo por vontade do sujeito ativo, a cada dia ele renova a

ação ou omissão criminosa. Neste caso aplica-se a lei que se encontrar em

vigor no momento em que cessar a atividade criminosa.

Ex. “A” com 17 anos e 11 meses sequestra vítima “B” levando-a a um

cativeiro, condicionando sua liberdade a um pagamento de liberdade. Após

40 dias sobreveio à modificação do Art.159 que previu uma pena superior

àquela norma penal previa por ocasião do arrebatamento da vítima. Dois

dias após esta modificação “B” é liberada e “A”, hoje maior de idade, vem a

ser preso. Neste caso aplica-se a Novatio Legis In Pejus pois já na vigência

da nova lei “A” optou em renovar a ação criminosa.

Crime Continuado: Ficção jurídica. A lei grave só se aplica aos crimes

continuados.

Lugar do Crime (art.6º) – Para crimes que tangenciam dois ou mais países

soberanos.

Teorias

-Atividade

-Resultado

-Mista/Ubiquidade

Atividade: Considera-se lugar do crime o lugar onde ocorreu a

ação/omissão.

Resultado: Considera-se lugar do crime o lugar onde ocorreu o resultado.

Mista: Considera-se lugar do crime tanto o lugar da ação/omissão bem

como o lugar do resultado (Adotado pelo CP. Art.6º)

1. O que ocorre quando estivermos diante de uma norma penal em branco

e o seu complemento for modificado? Haverá Abolitio Criminis?

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R: A modificação do complemento da lei penal em branco pode acarretar

Abolitio Criminis (ou não), a depender da transitoriedade/excepcionalidade

ou não da lei a ser complementada. Se a norma penal em branco for de

caráter duradouro a alteração de seu complemento vai acarretar Abolitio

Criminis Art.2º,CAPUT CP. Se, ao contrário, a norma penal em branco

possuir natureza temporária ou excepcional (art.3º CP) a modificação de

seu complemento não acarretará Abolitio Criminis.

2. O Art.2º, IV – lei 1521/51 – Lei Contra Economia Popular, que neste

particular, somente possui eficácia em período excepcional de alta

inflacionária, prevê a venda de gêneros alimentícios acima do preço de

tabela. A tabela em outra ocasião era publicada e alterada pela SUNAB,

através de portaria, que complementava o dispositivo legal acima

indicado. Se o sujeito vende um bem, por R$35,00 quando a tabela

fixou o preço do mesmo por R$20,00 não poderá este indivíduo invocar

Abolitio Criminis. Salvo se por ocasião do seu julgamento a tabela da

SUNAB tenha modificado o valor daquele bem para R$100,00.

Princípios

-Territorialidade {Pura, Temperada (Art.5º, CAPUT)}

-Extraterritorialidade {Incondicionada (Art.7º, §1º CP) e Condicionada

(Art.7º, §2º CP)

Territorialidade - Segundo o princípio da territorialidade a lei penal só

tem aplicação no território do Estado que a editou, não importando a

nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.

Pura: É aquela que dispõe que só a lei brasileira aplica-se sempre ao

crime cometido no território nacional.

Temperada: Em regra, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no

Brasil, regra que não é absoluta, ressalvado os Tratados e Convenções

Internacionais, quando excepcionalmente poderá a lei estrangeira ser

aplicada a delitos cometidos total ou parcialmente em território

nacional. Denomina-se este princípio de intraterritorialidade, quando a

lei estrangeira é aplicada no território nacional, de fora para dentro do

país.

Page 13: Universidade Estácio de Sá - Direito Penal

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OBS: O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5 -

CP).

Extraterritorialidade - O princípio da extraterritorialidade consiste na

possibilidade de aplicar a lei penal brasileira em crimes ocorridos no

exterior. Neste sentido, acerca da aplicação da lei penal no tempo e no

espaço, podemos afirmar que, se um funcionário público a serviço do

Brasil praticar na Itália, crime de corrupção passiva (art. 317 do CP)

ficará sujeito à lei penal brasileira.

A lei penal brasileira é aplicada no Brasil, mas também pode ser aplicada

em crimes cometidos no exterior em razão do princípio da

extraterritorialidade incondicionada. É assim denominado porque não

há qualquer condição para a aplicação da lei brasileira. De outra parte,

para aplicarmos o princípio da extraterritorialidade condicionada, a lei

penal brasileira depende da verificação de alguns requisitos, que são:

* entrar o agente no território nacional

* ser o fato punível também no país em que foi praticado

* estar o crime incluído entre aquelas pelos quais a lei brasileira

autoriza a extradição.

* não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, pior outro motivo,

não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

As hipóteses de extraterritorialidade condicionada dizem respeitos aos

crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir,

praticados por brasileiros ou praticados em aeronaves ou embarcações

brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território

estrangeiro e aí não sejam julgados.

Pelo princípio da extraterritorialidade se sujeita à lei brasileira, embora

cometido em outro país, o crime de TORTURA, quando a vítima é

brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

(art. 2° da Lei 9.455/97).

Princípios que orientam a extraterritorialidade:

-Da nacionalidade ativa

-Da defesa ou proteção

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-da justiça universal ou universalidade ou cosmopolita

-Da representação ou da bandeira ou do pavilhão.

Princípio da personalidade ativa (nacionalidade ativa): aplica-se a lei da

nacionalidade do sujeito ativo.

Princípio da defesa (real ou proteção): aplica-se a lei da nacionalidade

do sujeito passivo ou do bem jurídico lesado.

Princípio da justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do

país onde for encontrado.

Princípio da Bandeira – Se aplica a fatos ocorridos no interior de

embarcação, ou aeronave que se encontre em território estrangeiro e ali

não for julgado, nos termos do art. 7º, II, C do CP. Este princípio só se

aplica subsidiariamente, ou seja, se não aplicável algum dos princípios

acima. O fato tem que ocorrer em naves ou embarcações privadas a

serviço do governo brasileiro.

Teoria do Crime / Delito

Infração penal – Qualquer conduta que pode ser enquadrada em uma

norma penal incriminadora, que ofende o bem jurídico de uma terceira

pessoa e que é passível de punição por parte do Estado.

Bem Jurídico – Qualquer elemento material ou imaterial que pode ser

objeto de uma relação de direito.

Ex. direito a vida, direito a propriedade etc.

Sujeito Ativo (Da infração penal) – Sujeito ativo é aquele que ofende o

bem jurídico. Podem ser pessoas físicas ou jurídicas, neste caso, apenas

em crimes ambientais. Art. 225 § 3º CF.

Crime/Delito – Infração de maior potencial ofensivo, punida com

pena de reclusão ou detenção, podendo incluir multa cumulativa ou

alternativa.

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Contravenção Penal – Infração de menor potencial ofensivo, punida com

prisão simples ou multa.

OBS: Crime é Diferente de Infração Penal

Conceito Analítico de Crime: Crime é todo fato típico, antijurídico/ilícito e

culpável.

Crime Fato

Típico Ilícito Culpável

|

Conduta Nexo Causal Resultado Tipicidade

|

Ação ou Omissão

Dolosa ou

Culposa

Voluntariedade

Conduta: Toda ação ou omissão, humana, voluntária, dolosa ou culposa,

dirigida a uma finalidade (Teoria Finalista da Ação).

Causas que afastam a conduta, por ausência de voluntariedade, não

havendo crime.

-Ato reflexo

-Estado de Inconsciência

-Força Física Irresistível

-Caso Fortuito/Força Maior

Ato Reflexo - Existe movimento humano, mas não é voluntário. OBS:

Cuidado com o ato reflexo provocado, proposital (a pessoa

propositadamente se coloca num ato reflexo propositadamente para atingir

Page 16: Universidade Estácio de Sá - Direito Penal

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o resultado) – esse configura a conduta (ex. O agente segura uma arma e

de propósito leva um choque que o faz atirar numa pessoa).

ESTADOS DE INCONSCIÊNCIA - O fato não é licito, nem típico. O movimento

é humano, mas desprovido de voluntariedade. Ex: sonambulismo; hipnose.

Força Física Irresistível - O ser humano é movimentado (ação estranha).

OBS. Coação moral irresistível exclui a exigibilidade de conduta diversa que

por sua vez exclui o resultado (permanece o injusto penal). Já a coação

física é a exclusão da conduta.

Classificação do crime quanto à conduta.

-Comissivo (Ação)

-Omissivo (Omissão) {Próprio/perfeito e Impróprio/Comissivo por Omissão

Art. 13 § 2º, a, b e c CP}.

Comissivo (Ação) – São aqueles praticados mediante uma conduta positiva,

ativa, através de uma ação que viola o comando proibitivo contido na

norma penal. A grande totalidade dos crimes são de natureza comissiva.

Ex. Matar alguém (Art.121 CP), onde se viola o comando normativo de não

matar.

Omissivo Próprio- São aqueles onde o agente viola o comando mandante

da norma penal, quedando-se ou permanecendo inerte deixando de fazer,

omitindo-se no fazer no que a norma manda.

Omissivo Impróprio – São aqueles para quais existem normas penais

incriminadoras próprias onde o indivíduo consuma o crime sem estar

vinculado ao resultado final. Normalmente decorre do dever genérico de

cuidado.

Ex. Art.135 CP (Omissão de Socorro).

Comissivo por Omissão – Crime de decorre de um dever específico de

proteção, cuidado, vigilância ou em virtude de comportamento anterior

praticado por certas pessoas que se colocam na posição de agentes

garantidores. Estes agentes deixam de fazer o que a norma determina e

não impedem a ocorrência do resultado provocada pela sua omissão. A

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fonte geradora da função de garantidor se encontra no art. 13 § 2º, a, b, e

c. O dever se agir para evitar o resultado se dirige aos agentes

garantidores.

Neste particular a relação de casualidade/nexo causal, não é física, mas,

normativa. Quem nada faz, não produz nada, mas o agente garantidor, por

força da norma acima citada responde pelo resultado provocado pelo

fortuito ou por outrem na medida em que a lei considera a sua omissão

penalmente relevante. Eles respondem penalmente, em razão da sua

omissão por um crime que é essencialmente comissivo por omissão.

Esses crimes são próprios dos agentes garantidores. Somente podem ser

agentes garantidores aqueles que se enquadrarem nas alíneas a, b e c do

§2º do Art.13 do CP.

Classificação dos crimes quanto ao sujeito ativo:

-Crime Comum

-Crime Próprio

-Crime de Mão Própria ou de Atuação Pessoal

Crime Comum – Crime que pode ser praticado por qualquer pessoa, não

tendo a norma penal exigido qualificação ou qualidade do sujeito ativo.

Configura a grande totalidade dos crimes.

Ex: Art.121 CP

Crime Próprio – Crime cuja norma penal estabeleceu qualidades do sujeito

ativo, podendo ele praticar sozinho ou com outra pessoa que sabe sobre a

sua qualificação.

Ex. Art. 123 CP e Art.312 CP – Peculato

Crime de Mão Própria – Ação Pessoal – Crime que somente pode ser

praticado pela pessoa individualmente, ninguém podendo fazer por ele.

Ex. Art.342 CP – Falso Testemunho e Crime Militar de Deserção.

Resultado: Modificação do mundo exterior pela conduta humana.

Quanto ao resultado os crimes podem ser.

-Material (Crime de resultado)

-Formal

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-Mera conduta

Material - Tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico (este é

indispensável para a consumação). Estes crimes constituem a maioria na

legislação penal.

Ex. Homicídio, exige-se a extinção da vida.

Formal - Tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico, mas a

consumação é antecipada na conduta e o resultado naturalístico descrito é

dispensável. A doutrina chama esses crimes formais de crimes de

consumação antecipada.

Ex. Crimes de corrupção passiva e ativa (art.317, 333 CP); concussão

(art.316 CP); perigo de contágio de moléstia venérea (art.130, §1º CP).

Mera conduta - Tipo penal que descreve uma mera conduta e não tem

resultado naturalístico.

Ex. Art. 135 CP – omissão de socorro; Art. 150 CP – invasão de domicílio;

Art.330 CP – Desobediência

Tipicidade – Subsunção (inclusão) do fato à norma, ao tipo penal.

Tipo penal – Modelo de comportamento reprovável.

Elementos do Tipo Penal

-Descritivos/Objetivos

-Normativos

-Subjetivos do tipo

Descritivos – São aqueles elementos que estão contidos em todos os tipos

penais. São elementos de fácil compreensão quanto ao seu significado.

Qualquer pessoa sem nível cultural elevado descobre o seu significado com

facilidade. Todos os verbos contidos numa norma penal são elementos

objetivos descritivos.

Ex. Matar, destruir, subtrair.

Normativos – São aqueles que dependem de uma valorização jurídica, que

exige conhecimento específico quando ao seu significado.

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Ex. Expressões jurídicas como “justa causa”, “documento”, “ato de ofício”.

Subjetivos do tipo – Aquele que indica um especial fim de agir. É o que a

doutrina chama de “Dolo Expressivo”. Normalmente expressado pelas

expressões “com intuito de”, “para fim de”, “com o fim de”.

Ex. Art.319 CP – Prevaricação, exige que o agente público deixe de praticar

o ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoa.

PS – Há crimes sem resultado e nexo causal, bastando para configuração do

fato típico a presença da conduta e da tipicidade. Esses crimes são os

formais e de mera conduta. Somente em relação aos crimes materiais é que

se exige, para configuração do fato típico, a conduta, o nexo causal, a

tipicidade e o resultado.

Espécies do Tipo

-Normal

-Anormal

Normal – Tipo penal que somente contém elementos objetivos/descritivos

Ex: Art. 121 CP – matar alguém

Anormal – Tipo penal que contêm além de elementos objetivos/descritivos,

tem elementos normativos e subjetivos do tipo.

Ex. Art. 319 – Prevaricação

Nexo Causal/ Relação de causalidade

Teoria da Conditio Sine Qua Non (Condição sem a qual não) ou Equivalência

das condições

Processo hipotético eliminatório de Thyren.

Concurso de causas

Absolutamente independentes – Sempre rompem o nexo causal. O agente

não responde pelo resultado.

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-Pré-existente

Ex. “A” desfere um tiro de revólver em “B”, que vem a falecer pouco depois,

não por consequência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira

veneno;

-Concomitante

Ex. “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer

exclusivamente por força de um colapso cardíaco;

-Superveniente

Ex. “A” ministra veneno na alimentação de “B” que, quando está tomando a

refeição, vem a falecer em consequência de um desabamento;

Relativamente Independentes – Não rompem o nexo causal. O agente

responde pelo resultado.

-Pré-existente

Ex. “A” golpeia “B”, hemofílico, que vem a falecer em conseqüência dos

ferimentos;

-Concomitante

Ex. “A” desfecha um tiro em “B”, no exato instante em que está sofrendo

um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a eclosão do

êxito letal;

-Superveniente (Art.13º, §1º - Só não responderá pelo resultado se este

não estiver dentro de uma linha lógica de desdobramento causal.

Ex. num trecho de rua, um ônibus que o sujeito dirige, colide com um

poste que sustenta fios elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um

passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua morte.