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Dicas Para Calculo Da PenaTRANSCRIPT
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Universidade Estácio de Sá - 2014.2
Direito Penal 1 – Resumo AV.1
Conceito
O que é Direito Penal?
Opção 1) O conjunto de normas jurídicas por meio das quais o Estado combate
o crime sob ameaça da pena.
Opção 2) Direito Penal é o conjunto de normas positivadas por parte do Estado
que tendem a proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, patrimônio,
liberdade sexual, honra, etc.), pelo fato desses bens serem importantes, o
Estado pode punir (apenar) de maneira mais severa os infratores (os que lesam
tais bens).
Fontes do Direito Penal
Fonte é o lugar de onde o direito provém.
a. Material/Substancial/de Produção – Somente a união, através do
Congresso Nacional, pode ser fonte de produção material de Direito
Penal (art. 22, I, da CRFB/88).
b. Formal/Conhecimento/Cognição
B1. Formal Imediata – Lei Nacional
B2. Formal Mediata – Costumes e Princípios Gerais de Direito
OBS: Medida provisória apesar de ter força de lei jamais poderá ser
fonte formal de Direito Penal, por força de vedação do Art.62 §1º, I, b
da CRFB/88. A única forma, por isso fonte formal, de levar ao
conhecimento da sociedade as normas de Direito Penal, de forma
imediata é a lei. Esta lei será ordinária, via de regra, mas
excepcionalmente poderá ser lei complementar (não é muito utilizada
p/ crimes) e deve ser sancionada e promulgada pelo Presidente da
República ou Chefe do Poder Executivo Federal.
OBS²: Os costumes não revogam leis penais, mas servem por serem
comportamentos repetidos, uniformes, e com certeza de
obrigatoriedade de certa localidade, como fonte formal indireta. O
legislador deve estar atento aos costumes da sociedade de modo a
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retirar do ordenamento jurídico aquelas normas que não mais são
aceitas pelo costume:
Ex. O legislador observando o costume da sociedade brasileira, aliado
ao princípio constitucional que reconhece como entidade familiar não
somente o casamento revogou o crime de adultério.
PS: Estados e Municípios nunca podem definir crimes! Art.62 §1/CF88
Princípios Limitadores do Poder Punitivo Estatal
Princípio da Legalidade
-Taxatividade – A lei deve ser redigida de forma clara (taxativa)
-Anterioridade – Aplica-se a lei em vigor na data da prática do fato (a lei
deve ser anterior ao fato); salvo se a lei em vigor for mais benéfica do
que a revogada.
-Reserva Legal - somente a lei, em seu sentido mais estrito, pode
definir crimes e cominar penalidades, pois “a matéria penal deve ser
expressamente disciplinada por uma manifestação de vontade de aquele
poder estatal a que, por força da Constituição, compete à faculdade de
legislar, isto é, o poder legislativo”.
“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”
Princípio da Irretroatividade Art.5º, XL da CF/88.
Intranscendência / Personalidade da Pena, Art.5º, XLV, CF/88.
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.
Individualização da pena Art.5º, XLVI CF/88.
Humanidade das Penas Art.5º, XLVII, XLVIII, XLIX da CF/88.
Ne Bis In Idem – Ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo
crime.
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Culpabilidade e Proporcionalidade.
Culpabilidade – Desejando-o ou aceitando-o ou por culpa (negligência,
imprudência ou imperícia) este princípio impede a responsabilidade
penal objetiva (o indivíduo não pode ser responsabilizado pela simples
produção de um resultado). Se ele não quis, não aceitou, produziu ou
não foi displicente em relação ao mesmo não há culpabilidade.
Ex. “A” dirigindo o veículo de forma prudente é surpreendido em baixo
de uma passarela por uma vítima que se projeta a frente de seu veículo,
ocorrendo à morte da mesma. Por força do princípio da culpabilidade
este resultado objetivamente não pode ser
Imputado a “A”. Não houve dolo nem culpa, houve um fato exclusivo da
vítima. Em DP, prevalece a responsabilidade subjetiva (querer).
Proporcionalidade – O princípio da proporcionalidade tem por finalidade
precípua equilibrar os direitos individuais com os anseios da sociedade.
Adequação Social: Princípio dirigido ao legislador servindo como
orientador na observação dos fatos que outrora eram socialmente
inadequados e que atualmente são socialmente aceitos.
Ex. O legislador revogou o crime de adultério.
Princípio da Fragmentariedade – O DP não pode proteger todos os bens,
escolhendo os de mais importância.
Princípio da Intervenção Mínima (Ultima Ratio) – Este princípio se dirige
ao legislador, orientando que o DP não pode ser invocado p/ solucionar
todos os conflitos sociais. O DP somente pode ser invocado quando
outros ramos do Direito forem incapazes de resolver estes conflitos. A
intervenção do DP apenas se justifica quando o bem jurídico a ser
protegida pelo Estado a esta sendo de forma deficiente por outro ramo
do Direito. Art.163/CP
Princípio da Insignificância (Bagatela) – Este princípio não tem previsão
legal. Trata-se de uma criação jurisprudencial que acarreta a exclusão
da tipicidade material do fato. A tipicidade penal é igual à tipicidade
formal mais tipicidade material.
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TP = TF + TM
Tipicidade formal é o enquadramento do fato praticado ao modelo de
comportamento reprovável que a norma penal prevê, mas p/ que haja a
intervenção do Estado exige-se a Tipicidade Material, que é a análise
concreta da lesão ao bem jurídico protegido. A jurisprudência
estabelece quatro vetores p/ aplicação do princípio em questão, a saber:
a. Mínima ofensividade da conduta do agente;
b. Nenhuma periculosidade social da ação;
c. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
d. Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Este princípio constitui causa supralegal de exclusão da Tipicidade Penal
em face ausência da Tipicidade Material.
Princípio da Lesividade / Expressa proteção de bens jurídicos: Dirige-se
ao legislador, orientando-o a não incriminar;
Condutas internas ou que ainda não tenham capacidade de lesar
o bem jurídico (cogitação e atos de preparação);
Situações existentes (o ser);
Condutas imorais, pecaminosas;
Condutas que não transcendam a pessoa do agente. Ex. Suicídio
OBS. Não é crime a autolesão, porque o comportamento não ultrapassa
a pessoa do agente. Salvo se for para indício de crime (estelionato), por
força do Princípio da Lesividade.
Norma Penal
Podemos inicialmente afirmar que as normas tidas penais cumprem a
finalidade de punir determinadas condutas descritas no Código Penal e
estão em direção ao que promana a legalidade como princípio, além da
conduta do agente que a norma proíbe ou manda determinada conduta.
É por isso que as normas penais incriminam ou não conforme o previsto
em lei.
Lei Penal = Norma Penal
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Incriminadora - tem por escopo definir as infrações penais, proibindo
ou impondo condutas, desse modo, o seu não cumprimento se sujeita a
penalidade. Podem ser primárias ou secundárias.
1. Primárias - “preceptum iuris”: são aquelas que descrevem
perfeitas e detalhadamente a conduta proibindo ou impondo;
2. Secundárias - “sanctio iuris”: tem por objetivo a
individualização da pena em abstrato.
Ex. Art.121 – Matar Alguém (Norma primária)
Reclusão: Seis meses a 20 anos (Norma secundária)
Não Incriminadora – possuem tais finalidades como:
a. Tornar licitas determinadas condutas;
b. Afastar a culpabilidade do agente;
c. Esclarecer determinados conceitos;
d. Fornecer princípios penais p/ aplicação de Lei Penal.
As normas penais não incriminadoras classificam-se em: Permissivas
(justificante e exculpante) e Explicativas/Finais/Complementares.
Justificantes - afasta a ilicitude da conduta do agente, por exemplo: Arts.
23, 24 e 25, 26, 27 e 28§1º Todos do CP.
Exculpantes - elimina a culpabilidade, isentando o agente de pena, por
exemplo: art. 26 “caput” e 28 do CP, art.23, art.128, I,II CP.
Explicativas: visam esclarecer ou explicitar conceitos. P. ex. os arts. 327 e
150, § 4º, do Código Penal, quando tratam sobre o conceito de “funcionário
público” e de “casa”. Complementares: fornecem princípios gerais para a
aplicação da lei penal. P. ex. o art. 59, do CP, quando trata sobre a
aplicação de pena.
Norma Penal em Branco ou Primariamente Remetida - São aquelas nas
quais, embora haja uma descrição da conduta proibida, se faz necessário
um complemento por outro dispositivo vigente, como as leis, os decretos,
portarias, regulamentos, entretanto, desde que sejam proibitórios ou
impostos pela norma penal.
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A exemplo temos a Lei n. 11.343/2006, conhecida como a Lei de Drogas.
As normas penais em branco podem ser classificadas como: Homogêneas e
Heterogêneas.
Homogêneas - em que seu complemento provém da mesma fonte
legislativa. P. ex. o artigo 237, do CP, conjuntamente com o art. 1.521, do
Código Civil. Ambas as normas foram produzidas pelo mesmo veículo
normativo e pela mesma origem, ainda que dispositivos distintos.
Ex. O art. 237 CP é uma norma penal em branco sem sentido amplo porque
só terá aplicação mediante complementação contida no Art. 1521 CC, que
define os impedimentos que acarretam a nulidade do casamento.
Heterogêneas - seu complemento é proveniente de norma diversa daquela
que a editou. P. ex. a Lei de Drogas, em seu artigo 28, complementado pela
autarquia federal vinculada ao Poder Executivo, a ANVISA, do Ministério da
Saúde.
É importante assinalar que, a fonte de produção é necessária para
distinguir as normas penais em branco heterogêneas das homogêneas.
Ex. O art. 33 da Lei 11.343/06 define o tráfico ilícito de drogas sem definir
o que vem a ser drogas, mas o art.1º §único combinado com art.66, todos
da referida lei estabelecem que a complementação dar-se-á por uma
portaria da ANVISA, que vem a ser a de nº344/98. Somente responderá no
exemplo de tráfico ilícito de drogas se a droga estiver enumerada no seu
complemento, que no caso é a portaria mencionada.
Interpretação Analógica: Espécie de interpretação expressiva onde existe
uma norma penal que define situações pontuais, fórmulas casuísticas e
logo após esta mesma norma estabelece uma formação genérica que
permite ao aplicador do Direito aplicar esta norma a fatos (não previstos),
mas que se assemelham aqueles casuisticamente.
Ex. Art.121§2º, I, onde o legislador estabeleceu fórmulas casuísticas,
pontuais (mediante paga ou promessa de recompensa) e em seguida criou
a fórmula genérica (ou qualquer outro motivo torpe). Torpeza é algo
desprezível, que evidencia afastamento de caráter. O legislador não tinha
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como prever de forma exaustiva todas as hipóteses que pudessem
qualificar o crime de homicídio, sendo assim escolheu duas formas
desprezíveis igualmente torpes, a paga e promessa de recompensa,
admitindo o enquadramento pela interpretação analógica de motivos outros
que analogicamente à paga e promessa de recompensa fossem igualmente
torpes (matar alguém por inveja cobiça e outros.).
Analogia:
Analogia é o processo de auto integração legal, de suplemento legislativo,
aplicável diante da ausência de lei reguladora de um fato, sendo de se
invocar a aplicação de outra lei que regula fato semelhante. A possibilidade
de aplicação da analogia em matéria de Direito Penal é possível por força
do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), restringindo esta
analogia àquela que a doutrina denomina In Bonan Partem. A analogia In
Bonan Partem pressupõe a ausência de lei e se aplica em qualquer espécie
de norma penal. Já a analogia In Malan Partem não se aplica em matéria de
DP, por força do Princípio da Legalidade.
A analogia in malam partem é aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu,
reguladora de caso semelhante.
Trata-se de medida com aplicação impossível no Direito Penal moderno,
pois este é defensor do Princípio da Reserva Legal, e ademais, lei que
restringe direitos não se admite analogia.
A analogia in Bonan partem é admitida em DP quando se trata de norma
penal não incriminadora de modo a beneficiar aquele que não tem amparo
de uma norma penal específica aplicável ao seu caso, mas por existir outra
norma aplicável a um fato semelhante.
Obs. Interpretação analógica é diferente de Analogia.
Conflito (Concurso) Aparente de Normas:
Decorre quando para um fato, aparentemente, existe duas ou mais normas
que poderão incidir. Para que seja resolvido, necessita-se a observância de
princípios, como: a) Especialidade; b) Subsidiariedade; c) Consunção; d)
Alternatividade.
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Requisitos:
-Unidade de fato;
-Pluralidade de normas aparentemente aplicadas ao fato;
-Efetiva aplicação de uma norma.
Princípios solucionáveis do Conflito Aparente de Normas:
-Especialidade
-Subsidiariedade {Explícita (art.132 CP) e Implícita}
-Alternatividade
-Consunção
(Crime Progressivo; progressão criminosa; ante e post pactum impunível).
Especialidade: Orienta a analisar qual norma será analisada abstratamente,
aplicando-se a norma especial em detrimento da norma geral. A norma
especial possui em sua estrutura todos os elementos da norma geral
acrescido de outros que a fazem diferente, especial. Ela possui um
acréscimo.
Ex. O art.121 §3º é uma norma geral, quando comparado ao art. 303 da lei
9503/97 Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Este último artigo possui o
elemento específico “na direção de veículo automotor”.
O art.121 CAPUT, quando analisado c/ Art.123, evidencia-se uma norma
geral, porquanto o Art.123 possui todos os elementos da norma geral
Art.121 (Matar alguém) “Matar o próprio filho”, acrescido dos elementos
que a tornam especial de natureza temporal (“durante ou logo após o
parto”) e de natureza psicofisiológica.
Subsidiariedade: Este princípio determina a aplicação de uma norma
principal que contém todos os elementos de outras normas secundárias
(subsidiariedade implícita) ou se aplique a norma principal porque a própria
norma considerou subsidiária (subsidiariedade explícita).
A norma subsidiária está contida na norma principal. Nelson Hungria
chamava a norma subsidiária de “Soldado Reserva”, pois se não aplicável à
norma principal chama-se o “Soldado Reserva”.
Ex. Arts. 146 (Constrangimento Legal), 147 (Ameaça), 155 (Furto), 129
(Agressão Física) {Normas Implícitas).
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Art.132 {Norma Explícita}
Alternatividade: Este princípio é aplicável com reserva por alguns
doutrinadores na medida em que alguns não o reconhecem como princípio
solucionador de conflito aparente de normas. Estes doutrinadores afirmam
que não existem mais de uma norma regulando um só fato, mas, na
realidade o que existe é uma norma de ação múltipla ou conteúdo variado
que define mais de uma conduta penalmente e igualmente criminosa, que,
se praticadas mais de uma delas e em um mesmo contexto, teremos um só
crime, não havendo portanto, para parte da doutrina, conflito.
Ex. Art.33 da Lei de Drogas que prevê 18 ações criminosas.
Art.122 do CP que prevê três condutas reprováveis: instigar/induzir ou
prestar auxílio. Se o indivíduo instiga alguém ao suicídio e também lhe
presta auxílio teremos um só crime (homicídio).
Consunção ou Absorção: Este princípio via de regra está relacionado à
prática de um crime fim cujo meio necessário, indispensável, para
consumá-lo também configura crime. O crime-meio será absorvido pelo
crime fim.
Ex. O indivíduo quer furtar (art.155) de determinada casa (crime-fim), mas
para fazê-lo ingressa no domicílio alheio sem o consentimento do
proprietário (art.150 – crime meio). Responderá somente pelo crime de
furto ficando o crime de violação de domicílio (ante factum impunível = O
Fato Anterior é Impunível).
Ex². O indivíduo falsifica assinatura em um cheque de terceira pessoa
(art.298) para induzir determinada empresa a vender determinado bem, o
que ocorre diante da fraude (art.171 – Estelionato). Neste particular onde o
cheque uma vez depositado não haverá mais a possibilidade de lesionar
outros patrimônios, o STJ, através da súmula 17 (XVII) aplicou o princípio
da consunção/absorção, somente punindo o crime fim (Estelionato) que
absorveu o crime meio (falsificação de documento particular).
Conflito de Leis no Tempo
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Hipóteses:
-Novatio Legis Incriminadora
-Novatio Legis In Pejus
-Novatio Legis in Mellius {art.2º e §único do CP}
-Abolitio Criminis {art.2º e §único do CP}
N. Legis Incriminadora – Surge uma lei definindo um fato como crime. Se
aplica o art. 1º do CP sendo esta lei irretroativa.
N. Legis In Pejus – Nova lei que prejudica a pena do indivíduo.
N. Legis in Mellius – Lei que beneficia o indivíduo.
Abolitio Criminis – Revogação da norma penal incriminadora onde o fato
deixa de ser crime. (art.2º CAPUT CP)
Obs. Só cessam os efeitos penais, os efeitos civis não.
Post Factum – Quando o bem jurídico violado no fato antecedente sofre
nova violação.
Leis Excepcionais e Temporárias.
Art.3º - São leis ultra ativas, aplicando-se aos fatos ocorridos durante a sua
vigência temporal, mesmo após a sua auto revogação (temporária) ou após
cessados os motivos que a fizeram ser promulgada (guerra, calamidades
públicas, epidemia, eventos).
Tempo do Crime (art.4º)
Teorias
-Atividade – Adotada pelo Código Penal
-Resultado
-Ubiquidade/Mista
Obs. Aos crimes permanentes e crimes continuados, aplicam-se a lei em
vigor quando cessada a sua permanência ou continuidade, ainda que mais
grave. (Novatio Legis In Pejus). Súmula 711 do STF.
Ex. Sujeito “A” com 17 anos e 10 meses efetua disparo de arma de fogo
com dolo de matar “B”, acertando-o em local fatal. “B” foi socorrido e veio a
falecer três meses após. Qual a lei a ser aplicada ao caso? O E.C.A ou o C.P
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R: E.C.A, porque nos termos do Art.4º CP, considera-se praticado o crime
no momento da ação ou omissão, que no caso foi o momento do disparo
da arma de fogo. Na época que houve a atividade “A” era menor de 18
anos, aplicando-se o E.C.A por força da Teoria da Atividade.
Crime Permanente: Aquele crime cujo momento da ação ou omissão se
prolonga no tempo por vontade do sujeito ativo, a cada dia ele renova a
ação ou omissão criminosa. Neste caso aplica-se a lei que se encontrar em
vigor no momento em que cessar a atividade criminosa.
Ex. “A” com 17 anos e 11 meses sequestra vítima “B” levando-a a um
cativeiro, condicionando sua liberdade a um pagamento de liberdade. Após
40 dias sobreveio à modificação do Art.159 que previu uma pena superior
àquela norma penal previa por ocasião do arrebatamento da vítima. Dois
dias após esta modificação “B” é liberada e “A”, hoje maior de idade, vem a
ser preso. Neste caso aplica-se a Novatio Legis In Pejus pois já na vigência
da nova lei “A” optou em renovar a ação criminosa.
Crime Continuado: Ficção jurídica. A lei grave só se aplica aos crimes
continuados.
Lugar do Crime (art.6º) – Para crimes que tangenciam dois ou mais países
soberanos.
Teorias
-Atividade
-Resultado
-Mista/Ubiquidade
Atividade: Considera-se lugar do crime o lugar onde ocorreu a
ação/omissão.
Resultado: Considera-se lugar do crime o lugar onde ocorreu o resultado.
Mista: Considera-se lugar do crime tanto o lugar da ação/omissão bem
como o lugar do resultado (Adotado pelo CP. Art.6º)
1. O que ocorre quando estivermos diante de uma norma penal em branco
e o seu complemento for modificado? Haverá Abolitio Criminis?
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R: A modificação do complemento da lei penal em branco pode acarretar
Abolitio Criminis (ou não), a depender da transitoriedade/excepcionalidade
ou não da lei a ser complementada. Se a norma penal em branco for de
caráter duradouro a alteração de seu complemento vai acarretar Abolitio
Criminis Art.2º,CAPUT CP. Se, ao contrário, a norma penal em branco
possuir natureza temporária ou excepcional (art.3º CP) a modificação de
seu complemento não acarretará Abolitio Criminis.
2. O Art.2º, IV – lei 1521/51 – Lei Contra Economia Popular, que neste
particular, somente possui eficácia em período excepcional de alta
inflacionária, prevê a venda de gêneros alimentícios acima do preço de
tabela. A tabela em outra ocasião era publicada e alterada pela SUNAB,
através de portaria, que complementava o dispositivo legal acima
indicado. Se o sujeito vende um bem, por R$35,00 quando a tabela
fixou o preço do mesmo por R$20,00 não poderá este indivíduo invocar
Abolitio Criminis. Salvo se por ocasião do seu julgamento a tabela da
SUNAB tenha modificado o valor daquele bem para R$100,00.
Princípios
-Territorialidade {Pura, Temperada (Art.5º, CAPUT)}
-Extraterritorialidade {Incondicionada (Art.7º, §1º CP) e Condicionada
(Art.7º, §2º CP)
Territorialidade - Segundo o princípio da territorialidade a lei penal só
tem aplicação no território do Estado que a editou, não importando a
nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
Pura: É aquela que dispõe que só a lei brasileira aplica-se sempre ao
crime cometido no território nacional.
Temperada: Em regra, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no
Brasil, regra que não é absoluta, ressalvado os Tratados e Convenções
Internacionais, quando excepcionalmente poderá a lei estrangeira ser
aplicada a delitos cometidos total ou parcialmente em território
nacional. Denomina-se este princípio de intraterritorialidade, quando a
lei estrangeira é aplicada no território nacional, de fora para dentro do
país.
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OBS: O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5 -
CP).
Extraterritorialidade - O princípio da extraterritorialidade consiste na
possibilidade de aplicar a lei penal brasileira em crimes ocorridos no
exterior. Neste sentido, acerca da aplicação da lei penal no tempo e no
espaço, podemos afirmar que, se um funcionário público a serviço do
Brasil praticar na Itália, crime de corrupção passiva (art. 317 do CP)
ficará sujeito à lei penal brasileira.
A lei penal brasileira é aplicada no Brasil, mas também pode ser aplicada
em crimes cometidos no exterior em razão do princípio da
extraterritorialidade incondicionada. É assim denominado porque não
há qualquer condição para a aplicação da lei brasileira. De outra parte,
para aplicarmos o princípio da extraterritorialidade condicionada, a lei
penal brasileira depende da verificação de alguns requisitos, que são:
* entrar o agente no território nacional
* ser o fato punível também no país em que foi praticado
* estar o crime incluído entre aquelas pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição.
* não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, pior outro motivo,
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
As hipóteses de extraterritorialidade condicionada dizem respeitos aos
crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir,
praticados por brasileiros ou praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
Pelo princípio da extraterritorialidade se sujeita à lei brasileira, embora
cometido em outro país, o crime de TORTURA, quando a vítima é
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
(art. 2° da Lei 9.455/97).
Princípios que orientam a extraterritorialidade:
-Da nacionalidade ativa
-Da defesa ou proteção
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-da justiça universal ou universalidade ou cosmopolita
-Da representação ou da bandeira ou do pavilhão.
Princípio da personalidade ativa (nacionalidade ativa): aplica-se a lei da
nacionalidade do sujeito ativo.
Princípio da defesa (real ou proteção): aplica-se a lei da nacionalidade
do sujeito passivo ou do bem jurídico lesado.
Princípio da justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do
país onde for encontrado.
Princípio da Bandeira – Se aplica a fatos ocorridos no interior de
embarcação, ou aeronave que se encontre em território estrangeiro e ali
não for julgado, nos termos do art. 7º, II, C do CP. Este princípio só se
aplica subsidiariamente, ou seja, se não aplicável algum dos princípios
acima. O fato tem que ocorrer em naves ou embarcações privadas a
serviço do governo brasileiro.
Teoria do Crime / Delito
Infração penal – Qualquer conduta que pode ser enquadrada em uma
norma penal incriminadora, que ofende o bem jurídico de uma terceira
pessoa e que é passível de punição por parte do Estado.
Bem Jurídico – Qualquer elemento material ou imaterial que pode ser
objeto de uma relação de direito.
Ex. direito a vida, direito a propriedade etc.
Sujeito Ativo (Da infração penal) – Sujeito ativo é aquele que ofende o
bem jurídico. Podem ser pessoas físicas ou jurídicas, neste caso, apenas
em crimes ambientais. Art. 225 § 3º CF.
Crime/Delito – Infração de maior potencial ofensivo, punida com
pena de reclusão ou detenção, podendo incluir multa cumulativa ou
alternativa.
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Contravenção Penal – Infração de menor potencial ofensivo, punida com
prisão simples ou multa.
OBS: Crime é Diferente de Infração Penal
Conceito Analítico de Crime: Crime é todo fato típico, antijurídico/ilícito e
culpável.
Crime Fato
Típico Ilícito Culpável
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Conduta Nexo Causal Resultado Tipicidade
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Ação ou Omissão
Dolosa ou
Culposa
Voluntariedade
Conduta: Toda ação ou omissão, humana, voluntária, dolosa ou culposa,
dirigida a uma finalidade (Teoria Finalista da Ação).
Causas que afastam a conduta, por ausência de voluntariedade, não
havendo crime.
-Ato reflexo
-Estado de Inconsciência
-Força Física Irresistível
-Caso Fortuito/Força Maior
Ato Reflexo - Existe movimento humano, mas não é voluntário. OBS:
Cuidado com o ato reflexo provocado, proposital (a pessoa
propositadamente se coloca num ato reflexo propositadamente para atingir
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o resultado) – esse configura a conduta (ex. O agente segura uma arma e
de propósito leva um choque que o faz atirar numa pessoa).
ESTADOS DE INCONSCIÊNCIA - O fato não é licito, nem típico. O movimento
é humano, mas desprovido de voluntariedade. Ex: sonambulismo; hipnose.
Força Física Irresistível - O ser humano é movimentado (ação estranha).
OBS. Coação moral irresistível exclui a exigibilidade de conduta diversa que
por sua vez exclui o resultado (permanece o injusto penal). Já a coação
física é a exclusão da conduta.
Classificação do crime quanto à conduta.
-Comissivo (Ação)
-Omissivo (Omissão) {Próprio/perfeito e Impróprio/Comissivo por Omissão
Art. 13 § 2º, a, b e c CP}.
Comissivo (Ação) – São aqueles praticados mediante uma conduta positiva,
ativa, através de uma ação que viola o comando proibitivo contido na
norma penal. A grande totalidade dos crimes são de natureza comissiva.
Ex. Matar alguém (Art.121 CP), onde se viola o comando normativo de não
matar.
Omissivo Próprio- São aqueles onde o agente viola o comando mandante
da norma penal, quedando-se ou permanecendo inerte deixando de fazer,
omitindo-se no fazer no que a norma manda.
Omissivo Impróprio – São aqueles para quais existem normas penais
incriminadoras próprias onde o indivíduo consuma o crime sem estar
vinculado ao resultado final. Normalmente decorre do dever genérico de
cuidado.
Ex. Art.135 CP (Omissão de Socorro).
Comissivo por Omissão – Crime de decorre de um dever específico de
proteção, cuidado, vigilância ou em virtude de comportamento anterior
praticado por certas pessoas que se colocam na posição de agentes
garantidores. Estes agentes deixam de fazer o que a norma determina e
não impedem a ocorrência do resultado provocada pela sua omissão. A
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fonte geradora da função de garantidor se encontra no art. 13 § 2º, a, b, e
c. O dever se agir para evitar o resultado se dirige aos agentes
garantidores.
Neste particular a relação de casualidade/nexo causal, não é física, mas,
normativa. Quem nada faz, não produz nada, mas o agente garantidor, por
força da norma acima citada responde pelo resultado provocado pelo
fortuito ou por outrem na medida em que a lei considera a sua omissão
penalmente relevante. Eles respondem penalmente, em razão da sua
omissão por um crime que é essencialmente comissivo por omissão.
Esses crimes são próprios dos agentes garantidores. Somente podem ser
agentes garantidores aqueles que se enquadrarem nas alíneas a, b e c do
§2º do Art.13 do CP.
Classificação dos crimes quanto ao sujeito ativo:
-Crime Comum
-Crime Próprio
-Crime de Mão Própria ou de Atuação Pessoal
Crime Comum – Crime que pode ser praticado por qualquer pessoa, não
tendo a norma penal exigido qualificação ou qualidade do sujeito ativo.
Configura a grande totalidade dos crimes.
Ex: Art.121 CP
Crime Próprio – Crime cuja norma penal estabeleceu qualidades do sujeito
ativo, podendo ele praticar sozinho ou com outra pessoa que sabe sobre a
sua qualificação.
Ex. Art. 123 CP e Art.312 CP – Peculato
Crime de Mão Própria – Ação Pessoal – Crime que somente pode ser
praticado pela pessoa individualmente, ninguém podendo fazer por ele.
Ex. Art.342 CP – Falso Testemunho e Crime Militar de Deserção.
Resultado: Modificação do mundo exterior pela conduta humana.
Quanto ao resultado os crimes podem ser.
-Material (Crime de resultado)
-Formal
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-Mera conduta
Material - Tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico (este é
indispensável para a consumação). Estes crimes constituem a maioria na
legislação penal.
Ex. Homicídio, exige-se a extinção da vida.
Formal - Tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico, mas a
consumação é antecipada na conduta e o resultado naturalístico descrito é
dispensável. A doutrina chama esses crimes formais de crimes de
consumação antecipada.
Ex. Crimes de corrupção passiva e ativa (art.317, 333 CP); concussão
(art.316 CP); perigo de contágio de moléstia venérea (art.130, §1º CP).
Mera conduta - Tipo penal que descreve uma mera conduta e não tem
resultado naturalístico.
Ex. Art. 135 CP – omissão de socorro; Art. 150 CP – invasão de domicílio;
Art.330 CP – Desobediência
Tipicidade – Subsunção (inclusão) do fato à norma, ao tipo penal.
Tipo penal – Modelo de comportamento reprovável.
Elementos do Tipo Penal
-Descritivos/Objetivos
-Normativos
-Subjetivos do tipo
Descritivos – São aqueles elementos que estão contidos em todos os tipos
penais. São elementos de fácil compreensão quanto ao seu significado.
Qualquer pessoa sem nível cultural elevado descobre o seu significado com
facilidade. Todos os verbos contidos numa norma penal são elementos
objetivos descritivos.
Ex. Matar, destruir, subtrair.
Normativos – São aqueles que dependem de uma valorização jurídica, que
exige conhecimento específico quando ao seu significado.
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Ex. Expressões jurídicas como “justa causa”, “documento”, “ato de ofício”.
Subjetivos do tipo – Aquele que indica um especial fim de agir. É o que a
doutrina chama de “Dolo Expressivo”. Normalmente expressado pelas
expressões “com intuito de”, “para fim de”, “com o fim de”.
Ex. Art.319 CP – Prevaricação, exige que o agente público deixe de praticar
o ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoa.
PS – Há crimes sem resultado e nexo causal, bastando para configuração do
fato típico a presença da conduta e da tipicidade. Esses crimes são os
formais e de mera conduta. Somente em relação aos crimes materiais é que
se exige, para configuração do fato típico, a conduta, o nexo causal, a
tipicidade e o resultado.
Espécies do Tipo
-Normal
-Anormal
Normal – Tipo penal que somente contém elementos objetivos/descritivos
Ex: Art. 121 CP – matar alguém
Anormal – Tipo penal que contêm além de elementos objetivos/descritivos,
tem elementos normativos e subjetivos do tipo.
Ex. Art. 319 – Prevaricação
Nexo Causal/ Relação de causalidade
Teoria da Conditio Sine Qua Non (Condição sem a qual não) ou Equivalência
das condições
Processo hipotético eliminatório de Thyren.
Concurso de causas
Absolutamente independentes – Sempre rompem o nexo causal. O agente
não responde pelo resultado.
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-Pré-existente
Ex. “A” desfere um tiro de revólver em “B”, que vem a falecer pouco depois,
não por consequência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira
veneno;
-Concomitante
Ex. “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer
exclusivamente por força de um colapso cardíaco;
-Superveniente
Ex. “A” ministra veneno na alimentação de “B” que, quando está tomando a
refeição, vem a falecer em consequência de um desabamento;
Relativamente Independentes – Não rompem o nexo causal. O agente
responde pelo resultado.
-Pré-existente
Ex. “A” golpeia “B”, hemofílico, que vem a falecer em conseqüência dos
ferimentos;
-Concomitante
Ex. “A” desfecha um tiro em “B”, no exato instante em que está sofrendo
um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a eclosão do
êxito letal;
-Superveniente (Art.13º, §1º - Só não responderá pelo resultado se este
não estiver dentro de uma linha lógica de desdobramento causal.
Ex. num trecho de rua, um ônibus que o sujeito dirige, colide com um
poste que sustenta fios elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um
passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua morte.