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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO ASPECTOS DESTACADOS DA NACIONALIDADE BRASILEIRA: AQUISIÇÃO, PERDA E REAQUISIÇÃO. DANIELA LIMAS PEREIRA Itajaí-SC. Novembro 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

ASPECTOS DESTACADOS DA NACIONALIDADE BRASILEIRA: AQUISIÇÃO, PERDA E REAQUISIÇÃO.

DANIELA LIMAS PEREIRA

Itajaí-SC. Novembro 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

ASPECTOS DESTACADOS DA NACIONALIDADE BRASILEIRA: AQUISIÇÃO, PERDA E REAQUISIÇÃO.

DANIELA LIMAS PEREIRA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Direito. Orientadora: MSc. MÁRCIA SARUBBI LIPPMANN

Itajaí-SC. Novembro 2008

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AGRADECIMENTO

À professora orientadora Márcia Sarubbi

Lippmann pela forma paciente e incansável

com que leu e releu meu texto,

demonstrando confiança, e com suas críticas

que sempre foram construtivas e

procedentes.

À minha amiga Camila Dias pela força

incentivadora e compreensão.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Deolindo José Pereira e Maria

Teresinha de Limas Pereira que foram um

exemplo de vida e coragem, demonstrando

sempre a importância da educação.

Aos meus dois irmãos Deolindo José Pereira

Júnior e Marcos Vinicius Pereira que sempre

estão ao meu lado me compreendendo e

me apoiando nas minhas decisões.

Ao meu noivo Marcos Martins Puhl, pelo

amor, respeito, pela paciência, pela

compreensão e pelo apoio.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a

Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a

Banca Examinadora e a Orientadora de toda e qualquer responsabilidade

acerca do mesmo.

Itajaí, 20 de novembro de 2008.

Daniela Limas Pereira Graduanda

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade

do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Daniela Limas

Pereira, sob o título Aspectos destacados da nacionalidade brasileira, foi

submetida em 20 de novembro de 2008 à banca examinadora composta

pelos seguintes professores:Márcia Sarubbi Lippmann, e Luciana Coelho

aprovada com a nota 7,5(sete vírgula cinco).

Itajaí,20 de novembro de 2008 .

MSc. Márcia Sarubbi Orientadora e Presidente da Banca

MSc. Antonio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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ROL DE CATEGORIAS

AQUISIÇÃO: Formada do vocábulo latino acquisitio (ação de adiquirir), é

empregado na linguagem jurídica para indicar o ato ou fato, em virtude

do qual se opera a transferência do domínio ou propriedade de uma

coisa móvel ou imóvel, ou a sua posse, ou a transferência de um direito,

para uma pessoa, que assim se torna proprietária dela, ou titular deste

direito Aquisição da nacionalidade – Expressão utilizada em Direito Público

para indicar ou mostrar que uma pessoa adquiriu a nacionalidade de um

país, isto é, que, segundo as leis do mesmo país, é considerada como

pertencente a ele, tida como nacional ou nacionalizada. A

nacionalidade, em regra, se adquire pelo nascimento no país, ainda de

que pais estrangeiros, desde que não residindo nele em função ou a

serviço de seu governo.Mais a nacionalidade também se adquire pela

naturalização, que pode ser compulsória ou voluntária.1.

ESTADO: deriva do latim status (estado, posição, ordem, condição), é

vocábulo que possui sentidos próprios no Direito Público e no Direito

Privado. Estado. No sentido do Direito Público, Estado, segundo conceito

dado pelos juristas, é o agrupamento de indivíduos, estabelecidos ou

fixados em um território determinado e submetidos à autoridade de um

poder público ou soberano, que lhe dá autoridade orgânica. É a

expressão jurídica mais perfeita da sociedade, mostrando-se também a

organização política de uma nação, ou de um povo. Entretanto, há

distinção entre as expressões povo, nação, sociedade e estado2.

1 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de Janeiro, Volume I A-C pág. 181 e 182 2 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de Janeiro, Volume I A-C, p 627

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EXPULSÃO: Medida administrativa tomada pelo presidente da República

para retirar do território nacional um estrangeiro que se mostra prejudicial

aos interesses do País. Diferente da Extradição, que é julgada pelo

Supremo Tribunal Federal, a pedido do país de origem do estrangeiro, a

expulsão é uma decisão tomada pelo Poder Executivo. O pedido

normalmente é feito via diplomática de governo a governo, e o Supremo

Tribunal Federal é a autoridade competente a se pronunciar sobre o

pedido. Em regra, é concedida a extradição de cidadão do país

requisitante, salvo em casos de crime político. Brasileiros natos não podem

ser extraditados. Os naturalizados podem sofrer o processo, nos casos

previstos pela Constituição (Art. 5º, inciso LI). O andamento do pedido de

extradição no Supremo Tribunal Federal depende de que o extraditando

seja preso no Brasil e colocado à disposição da Justiça até que termine o

processo (Prisão Preventiva para Extradição). Ele será submetido a

interrogatório e terá direito a se defender por meio de advogado. A

Procuradoria-Geral da República também deve se manifestar na ação.3

Extradição: (extraditio) – Entrega à autoridade competente e pelos meios

regulares do individuo que, tendo praticado um delito dentro do território

de sua jurisdição, se refugia em território estranho à esta, onde é

capturado. Em quase todos os paises a sua concessão independe do

tratado; alguns deles julgam necessário haver convenção a respeito. Os

criminosos políticos, por princípio quase universal, estão excluídos da

extradição. No Brasil, são também excluídos, além deste delito, o de

opinião e o praticado por nacional. A extradição pode ser: a)

interestadual, quando se verifica, mediante o cumprimento de

formalidades especiais, entre unidades da própria Federação;

b)internacional, quando por via diplomática o governo de uma nação

pede ao de outra que lhe entregue certo individuo que homiziou no seu

3 www.centraljuridica.com/diconario/g/1/l/e/dicionario_juridico/dicionario_juridico.htm

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território , por haver praticado um crime no pais de onde saiu, a fim de

que , perante a sua justiça, seja julgado ou cumpra a pena que lhe foi

imposta. Não será concedida a extradição de estrangeiro, por crime

político ou de opinião, e, em caso nenhum, a de brasileiro (Constituição

Federal)4.

NAÇÃO: Por sua origem etimológica, do latim natio, de natus (nascido), já

se tem a idéia de que nação significa a reunião de pessoas, nascidas em

um território dado, procedentes da mesma raça, falando o mesmo

idioma, tendo os mesmos costumes e adotando a mesma religião,

formando, assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo

as mesmas características raciais e se mantêm unidos pelos hábitos,

tradições, religião e língua.. Mas, a rigor, os elementos território, língua,

religião, costumes e tradição, por si sós, não constituem o caráter de

nação. São requisitos secundários, que se integram na sua formação.

O elemento dominante, que se mostra condição subjetiva para evidencia

de uma nação assenta no vinculo que une estes indivíduos, determinando

entre eles a convicção de um querer viver coletivo. É, assim, a consciência

de sua nacionalidade, em virtude de qual se sentem constituindo um

organismo ou agrupamento, distinto de qualquer outro, com vida própria,

interesses especiais e necessidades peculiares. Nesta razão, o sentido de

nação não se anula porque seja esta fracionada entre vários Estados, ou

porque varias nações se unam para a formação de um Estado. O estado

é uma forma política, adotada ´por um povo, que constitui uma nação,

ou por vários povos de nacionalidades diferentes, para que se submetam

a um poder publico soberano, emanado de sua própria vontade, que lhes

vem dar unidade política. A nação preexiste sem qualquer espécie de

organização legal. Mesmo no conceito da teoria clássica, em que é tido

como a pessoa jurídica, constituída pelo conjunto de indivíduos que 4 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista ampliada e atualizada livraria Freitas bastos s.a rio de janeiro, p.454

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formam o Estado, apresenta-se como distinta deste para mostra-se a

depositária da soberania, em que assenta a organização política,

fundada em sua vontade. E mesmo que, comumente, seja empregado

em sinonímia de Estado, em realidade significa a substancia humana que

o forma, atuando aquele em seu nome e no seu próprio interesse, isto é,

pelo seu bem estar, por sua honra, por sua independência e por sua

prosperidade5.

NACIONALIDADE: Exprime a qualidade ou a condição de nacional,

atribuída a uma pessoa ou coisa, em virtude do que se mostram

vinculadas à nação, ou ao Estado, a que pertencem ou de onde se

originam. Revelada a nacionalidade, sabe-se, assim, a que nação

pertence a pessoa ou a coisa. E, por essa forma, se estabelecem os

princípios jurídicos que possam ser aplicados quando venham as pessoas a

ser agentes de ato jurídico e as coisas objeto destes mesmos atos. A

nacionalidade, em regra, é decorrente do fato do nascimento, quanto às

pessoas, ou da origem ou feitura, quanto às coisas.

E coisa e pessoas têm a nacionalidade do Estado, sob cuja jurisdição

territorial se tenham formado (coisas) ou nascido (pessoas).Mais, em

relação às pessoas, a nacionalidade pode alterar-se pela adoção de

outra. E as coisas também podem tomar nova nacionalidade. A mudança

de nacionalidade sempre decorre de ato ou de fato que se diz de

naturalização. Mas, a nacionalidade assim adquirida não se diz

propriamente qualidade de nacional, sim qualidade de nacionalizado.A

adoção de nova nacionalidade jamais é admitida por presunção. E

indispensável que a pessoa, que não deseja conservar a nacionalidade

de origem, ou deseja a que decorre do fato de nascimento demonstre

por fato positivo o desejo de a mudar, adotando, outra nacionalidade, ou

seja aquela do pais em que reside ou para aonde se transplantou. Em

5 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista

ampliada e atualizada livraria Freitas Bastos S.A., Rio De Janeiro, p.1048

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relação às coisas a troca ou a mudança de nacionalidade diz-se,

propriamente, nacionalização. Naturalização é privativa as pessoas. A

questão da nacionalidade é de relevância em Direito, visto que , por ela,

é que se determina, em vários casos, a aplicação da regra jurídica, que

deve ser obedecida em relação às pessoas e aos atos que pretendam

praticar, em país estrangeiro, notadamente no que se refere aos Direitos

de Família, de Sucessão6.

NACIONALIDADE DERIVADA: A nacionalidade derivada é adquirida

mediante naturalização, definida como o ato pelo qual alguém adquire a

nacionalidade de outro país. Costuma ocorrer mediante solicitação,

escolha ou opção do indivíduo e por concessão do Estado cuja

nacionalidade é solicitada7.

NACIONALIDADE ORIGINÁRIA: Nacionalidade de origem vide

nacionalidade natural. Nacionalidade Natural: Embora a questão de

nacionalidade se apresente como essencialmente jurídica, notadamente

porque resulta num vinculo de ordem jurídica, que prende as pessoas e

coisas a determinado Estado, una-se da expressão simplesmente para a

nacionalidade adquirida pelo nascimento, da que provem por

naturalização. Por sua origem, em verdade, elas se distinguem: a de

nascimento é efetivamente natural, a outra é uma nacionalidade que se

deriva da mudança ou adoção de outra nacionalidade que vem substituir

a que tinha pelo nascimento. A nacionalidade natural é igualmente dita

de nacionalidade de origem ou originaria, porque, em regra, é fixada pelo

lugar de nascimento. E a nacionalidade firmada pelo jus-soli. Há teoria ,

porem, que procura determinar a nacionalidade, não em razão do solo,

6 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista ampliada e atualizada livraria Freitas Bastos S.A Rio De Janeiro, p. 1047 e 1048 7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalidade

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em que se nasceu mais em decorrência do sangue, de que se proveio. É

a nacionalidade emanada do jus sanguinis8.

NATURALIZAÇÃO: Formado de naturalizar (tornar natural), é o vocábulo

usado na terminologia jurídica, para indicar o ato pelo qual o estrangeiro,

renunciando sua nacionalidade de origem, adota a de outro pais. Nestas

condições, pela naturalização, o estrangeiro torna-se cidadão do país,

cuja nacionalidade adotou. Não se diz cidadão nato, que o adjetivo é

próprio aos nascidos no pais ou nativos. Diz-se naturalizado. Embora, o

naturalizado fique equiparado ao nacional, não se investe nos mesmos

direitos assegurados ao nacional. Há direitos políticos e, mesmos, certas

funções que são privativas do cidadão nato, dos quais não pode

participar o cidadão naturalizado. A naturalização difere da

nacionalização, A naturalização é a mudança da nacionalidade do pais

de origem pelo pais de adoção. Vide: Nacionalizar.A nacionalização

exprime toda ação de passar para o poder exclusivo do Estado tudo que

se encontrava em posição diferente ou de integrar, como pertencente à

nação, tudo que não lhe pertencia. Os princípios fundamentais para a

naturalização são fixados na Constituição brasileira, nos incisos III e IV do

art.129, E, por eles, a nacionalidade brasileira, conseqüente da

naturalização, adquire-se de modo tácito ou expresso. Decorrem daí duas

espécies de naturalização9.

PÁTRIA: Do latim pátria, de pater (pai), entende-se, vulgarmente, o lugar

ou pais em que se nasce ou que se teve origem. Nesta circunstância,

demonstrando a pátria uma relação de origem natural, um fato humano,

toda pessoa terá sempre uma pátria porque, em qualquer lugar, há de ter

nascido. É, portanto, em sentido próprio, a significação de um fato ou 8 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista

ampliada e atualizada livraria Freitas Bastos S.A Rio De Janeiro, p. 1048 9 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de

Janeiro, Volume III, p.1052

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acontecimento, que não pode ser destruído pelas leis civis ou políticas.

Entanto, empregam-no na acepção da nacionalidade, cujo sentido é

tecnicamente mais exato que se pode referir à situação jurídica que

decorre do nascimento ou da naturalização. Pátria traz sempre consigo a

idéia de origem ou primitividade, ligada a um fato, independentemente

da vontade humana. Vide: Nascimento, Nacionalidade, Naturalização.

Para a pessoa que perde a nacionalidade, diz-se apátrida ou sem-pátria.

Mas, pátria, aí não tem sentido próprio. É tida em significação de

nacionalidade, pois que a realidade é contrária ao principio de ordem

natural: nasce-se sempre em alguma parte. Entanto, apátrida ou sem-

pátria, a rigor, entende-se aquele cujo o lugar de nascimento não se sabe

ou é desconhecido, embora geralmente determine a pessoa que se viu

privada de sua nacionalidade10

POVO: Do latim populus (grande número de homens), em sentido vulgar,

provindo de sua etimologia, significa a multidão de indivíduos ou de

pessoas, acidentalmente reunidos, sem qualquer interesse que os prenda

ou uma. É, assim, indicativo de uma porção de homens ou um grande

numero de pessoas, sem referência ao aspecto político ou jurídico, em

que se apresentem. Juridicamente, povo designa a totalidade de pessoas,

que habita um território dado, já se apresentando como elemento

formador de uma nacionalidade. É assim a população de um território ou

a massa de indivíduos que compõem um Estado. E, nesta razão, vem,

geralmente, qualificado: povo brasileiro, povo inglês, povo norte-

americano, povo russo, povo etc., a fim de que, pela qualificação, seja

determinada a extensão do território, em que se encontram, e feita

alusão à organização política, a que pertencem. Embora, povo, como

vocábulo jurídico, não se confunda com a palavra nação, que significa

este mesmo povo vinculado por um interesse comum e subjugado por

10 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de

Janeiro, Volume III, p.1130

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uma firme consciência de sua nacionalidade, representa o elemento

fundamental do Estado, que nele exerce, em principio, promana dele e

em nome dele é exercido. Vide: Nação, Estado, Sociedade11

POPULAÇÃO:� Totalidade de habitantes de um pais ou de uma região.

População designa igualmente, o conjunto de pessoas, em determinado

território ou pais, que constitui ou forma uma classe: população escolar12

REAQUISIÇÃO: Ato ou efeito de readquirir , Readquirir . Adiquirir

novamente13

11 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de Janeiro, Volume III, p.1190 12 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de Janeiro, Volume III, p. 1177

13 DINIZ, Maria Helena, Vocabulário Jurídico – Volume 4, Editora Saraiva, São Paulo, 1998, p.43.

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SUMÁRIO

RESUMO...............................................................................................................XV

INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

CAPÍTULO 1.............................................................................................................4

1.1- UMA INTRODUCAO SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA NACIONALIDADE...................................................................................................4 1.1.2- Estado, Nação, Pátria E País, Povo e População....................................6 1.1.3- Nacionalidade sua Origem: espécies e Características.......................9 1.1.4-O Perfil da Nacionalidade na atualidade..............................................11 1.2- NATUREZA JURÍDICA....................................................................................16 1.3-CONCEITO DE NACIONALIDADE.................................................................18

CAPÍTULO 2 ..........................................................................................................22 2.1- NACIONALIDADE ORIGINÁRIA E DERIVADA..............................................22 2.1.1- Nacionalidade Originária ou primária..................................................22 2.1.2- Ius Solis e Ius Sanguinis............................................................................27 2.1.3- Nacionalidade Secundária ou Derivada.............................................31 2.1.4.- Espécie e Requisitos para a Naturalização no Brasil...........................34 2.1.4.1-Naturalização Comum..........................................................................34 2.1.4.2- Naturalização Extraordinária................................................................36 2.1.4.3-Naturalização Especial..........................................................................37 2.1.4.4- Naturalização Provisória.......................................................................38 2.2 - DIFERENÇAS CONSTITUCIONAIS ENTRE NATOS E NATURALIZADOS.........39 2.3- IGUALDADE DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS DOS PORTUGUESE...............42

CAPÍTULO 3 ..........................................................................................................44 3.1- PERDA DA NATURALIZAÇÃO.......................................................................44 3.2-REAQUISIÇÃO DA NATURALIZAÇÃO...........................................................49 3.3- ANÁLISE JURISPRUDENCIAL.........................................................................52

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................63

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS....................................................................67

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RESUMO

O presente trabalho monográfico tem como objetivo

fazer uma breve abordagem a respeito da Nacionalidade brasileira no

que tange a sua aquisição, perda e reaquisição.O tema é atual e é de

extrema importância, pois esclarece a necessidade da implementação e

dos preceitos de Direito Internacional no que tange a nacionalidade, nas

normas brasileiras.Aborda-se incialmente questões introdutórias e históricas

acerca do presente instituto, conceituação e natureza jurídica. Analisa-se

a nacionalidade originária e derivada, assim como seus critérios de

atribuição e espécies e por derradeiro trata-se das formas de perda e

reaquisição na nacionalidade pátria.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o estudo da

Nacionalidade brasileira, com a intenção de abordar os aspectos jurídicos

concernentes a aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade no ordenamento

jurídico pátrio.

A nacionalidade compreende a situação do indivíduo

em face do Estado, podendo ser, nacional ou estrangeiro. Trata-se, na

realidade, de um direito superior, garantido pela Declaração Universal dos

Direitos Humanos.

Nacional é o sujeito natural do Estado que, em seu

conjunto, constitui o povo. O estrangeiro se define por exclusão, sendo

aquele ao qual o direito do Estado não atribui a qualidade de nacional.

Do direito brasileiro decorrem duas classes de

nacionais: os natos e os naturalizados, contudo, a distinção entre ambas

as categorias é tênue, já que a Constituição Federal de 1988 impede a

criação ou tratamento diferenciado para o naturalizado enumerando,

taxativamente, quais são os cargos e funções privativas de brasileiros

natos.

Quanto ao estrangeiro, assegura-se aos residentes no

país, paridade com os brasileiros, no tocante aos direitos à vida, à

liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, facultando-se a

qualquer pessoa, em tempos de paz, a entrada, permanência ou saída

do país, com seus bens.

Neste texto, o Direito de Nacionalidade será abordado

em seus mais diversos aspectos, tratando, inicialmente, de sua

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2

conceituação jurídica e suas espécies, compreendidas entre primária e

secundária.

Serão comentados ainda os sistemas e as formas de

aquisição de nacionalidade, apresentando, inclusive, variantes modos

existentes de aquisição no direito comparado.

Para tanto, principia-se, no Capítulo 1: 1.1- Uma

Introdução sobre a Evolução Histórica da Nacionalidade; 1.1.2- Estado,

Nação, Pátria e País, Povo e População; 1.1.3- Nacionalidade sua Origem:

Espécies e Características; 1.1.4- O Perfil da Nacionalidade na Atualidade;

1.2- Natureza Jurídica e1.3- Conceito de Nacionalidade.

No Capítulo 2: 2.1-Nacionalidades Originária e

Derivada; 2.1.1- Nacionalidade Originária ou Primária; 2.1.2- Ius Solis e Ius

Sanguinis; 2.1.3- Nacionalidade Derivada ou Secundária; 2.1.4- Histórico da

Nacionalidade no Brasil; 2.1.5- Espécies e Requisitos para a Naturalização

Brasileira; 2.1.5.1- Naturalização Comum; 2.1.5.2- Naturalização

Extraordinária; 2.1.5.3-Naturalização Especial; 2.1.5.4- Naturalização

Provisória; 2.2- Diferença Constitucionais entre Natos e Naturalizados e 2.3-

Igualdade de Direito Civis e Políticos dos Portugueses.

No Capítulo 3: 3.1-Perdas da Nacionalidade; 3.2-

Reaquisição da Nacionalidade e 3.3-Analise Jurisprudencial.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das

reflexões sobre o tema.

Para a presente monografia foram levantadas as

seguintes hipóteses:

� A nacionalidade é um instituto de direito

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3

interno que, todavia encontra repaldo no Direito

internacional.

� A nacionacionalidade brasileira é dividida em

duas tipologias originária e derivada.

� A nacionalidade brasileira pode ser perdida e

readquirida sem restrições.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na

Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de

Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados

expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da

Pesquisa Bibliográfica.

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4

CAPÍTULO 1

HISTÓRICO EVOLUTIVO DA NACIONALIDADE

1.1 UMA INTRODUÇÃO SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA

NACIONALIDADE

Independentemente do local ou qualquer outro fator,

todo relacionamento social encontra seus fundamentos nas razões de

afinidade entre as pessoas. Um grupo de amigos, uma sociedade de

bairro, uma associação de classe, sempre acaba se unindo pelos

interesses que têm em comum e pelos objetivos que almejam, e sobre

todos paira o maior instinto da raça humana: a preservação.

Na formação de um Estado o processo não é muito

diverso; normalmente a sua aparição resulta da união de um povo

reunido em um território delimitado, sob o governo de um representante a

quem é delegada a função de comandá-lo, administrá-lo e atender aos

interesses reivindicados.

Segundo Bastos14:

É um truísmo afirmar que o homem é um animal social.

Com efeito, tem sido esta a sua situação em todos os

tempos, a de viver em sociedade. Quer nos parecer

que nunca será possível identificar uma razão

específica para a formação da sociedade. Ela se

14 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional - Celso Bastos Editor, São Paulo, 2002.

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confunde com o próprio evoluir do homem,

perdendo-se, portanto, mas origens da própria

espécie humana.

Aliás, em geral, sempre foi possível visualizar

graficamente a identidade de um Estado: bastava um mapa e uma

bandeira do território soberano. As leis, os costumes e tradições, o povo,

tudo era representado por estes símbolos.

Na visão de Miranda15: “Não surpreende,

naturalmente, a variedade histórica das formas por que o Estado aparece,

em correlação com as causas locais do acontecimento".

Aliás, em geral, sempre foi possível visualizar

graficamente a identidade de um Estado: bastava um mapa e uma

bandeira do território soberano. As leis, os costumes e tradições, o povo,

tudo era representado por estes símbolos.

Segundo Miranda16:

Seria dizer, na situação atual das coisas, o homem é um

ser preso a terra, e, para que uma determinada ordem

jurídica possa ser exclusiva num determinado espaço,

ela tem necessariamente de dispor de uma parcela do

globo terrestre" nessa linha de raciocínio prossegue em

seguida observando que eliminar o território seria

eliminar o próprio Estado, o que não é verdade.

Já com relação ao povo, a regra não é a mesma, pois

de fato todo Estado é a organização soberana de um povo. Eliminar um

povo e substituí-lo por outro seria o mesmo que destruir um Estado e

constituir um outro.

15 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002, p.21 16 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002, p.21

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Na opinião de Miranda17:

No plano da antropologia histórica, revelam-se

processos mais importantes, a conquista, a migração, a

aglutinação por laços de sangue ou por laços

econômicos, a evolução social pura e simples para

organizações cada vez mais complexas.

1.1.2 Estado , Nação, Pátria e País, Povo e População

Apesar de abarcar características de patriotismo, o

conceito de povo não se confunde com o conceito de nação, que

envolve pessoas unidas por sentimentos históricos e culturais, com

passado, presente e futuro, a preservação das tradições.

Na visão de Doria18:

Para o autor, nação é primeiro o conjunto de homens

que derivam de uma origem comum, com a mesma

raça, a mesma língua, certa fé predominante, as

mesmas tradições, o mesmo destino histórico, não

importando suportar o jugo de governo estrangeiro

durante certa época, podendo até mesmo ser

partilhado às vezes.

Apesar de abarcar características de patriotismo, o

conceito de povo não se confunde com o conceito de nação, que

envolve pessoas unidas por sentimentos históricos e culturais, com

passado, presente e futuro, a preservação das tradições.

17 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002, p.21 18 DORIA, Sampaio, Direito Constitucional, 4a edição, vol 1 tomo 1 Max Limonad, 1958

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Segundo Miranda19: “Há grande dificuldade em

distinguir povo de nação, uma vez que o Estado Moderno de tipo europeu

emergiu na história como Estado Nacional, tendo sido a nação o instituto

a lhe conferir unidade e coesão”.

No princípio a raça, a crença, bem como a língua, era

utilizada para identificar um Estado, sendo que até hoje, alguns Estados

adotam uma religião oficial. No Brasil, à época do Império, a religião

oficial era a católica.

Na visão de Azambuja20:

A nação é a base para um Estado sólido. Essa clássica

afirmação levou a doutrina a confeccionar um dos

conceitos de Estado como nação politicamente

organizada. "Os Estados formados pela força, pela

sujeição de nações diferentes, cedo ou tarde se

esfacelam ou desaparecem".

O Estado Democrático de Direito, dotado de

liberdade de crença e de pensamento, e igualdade de raças, veio

separar oficialmente a figura do Estado da figura da nação.

Na opinião de Ferreira Filho21: “Durante “longos

séculos, o estrangeiro foi considerado como o inimigo e não raro se lhe

recusava qualquer direito”.

Na Constituição brasileira o único resquício aparente

de um elemento ligado à nação é a adoção do português como idioma

oficial da República Federativa do Brasil (artigo 13 caput), no entanto, em

19 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002 20 AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado - Globo, 28a Edição, Porto Alegre, 1991,p.23 21 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 29a edição 2002 p.110

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momento algum se proíbe a utilização de outra língua no país,

respeitando-se assim a forma de expressão, o que leva a crer que se trata

de um dispositivo neutro.

Comenta Miranda22:

Entre nação e pátria existe coincidência no essencial,

todavia, a nação é um conceito cultural

acompanhado de vivências dominantes afetivas; a

pátria pertence toda ela ao domínio da afetividade.

Na Constituição brasileira o único resquício aparente

de um elemento ligado à nação é a adoção do português como idioma

oficial da República Federativa do Brasil (artigo 13 caput), no entanto, em

momento algum se proíbe a utilização de outra língua no país,

respeitando-se assim a forma de expressão, o que leva a crer que se trata

de um dispositivo neutro.

Na opinião de Miranda23:

Por sua vez, o termo população também se relaciona

com o tema nacionalidade, outrossim, diverge do

conceito de nação e de povo, por abranger todas as

pessoas que definitivamente habitam um determinado

território, sejam elas nacionais ou estrangeiras. "Do

conceito de povo distingue-se claramente o de

população. O Povo corresponde a um conceito

jurídico e político, a população a um conceito

demográfico e econômico. O primeiro é uma unidade

de ordem, a segunda a simples soma de uma

22 Novo Aurélio Século XXI Editora Nova Fronteira, 3a edição 1999. 23 MIRANDA, Jorge, Manual de Direito Constitucional Tomo III Estrutura Constitucional do Estado, 2a edição Coimbra Editora Limitada. 1988 p.59

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multiplicidade de homens atomisticamente

considerados.

Ainda no que diz respeito à pátria, se crê que os

símbolos, mencionados no parágrafo 1o do artigo 13 da Constituição

Federal, a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais foi uma forma que

o constituinte encontrou de positivar o significado desse instituto.

Entretanto, cabe ressalvar que o termo lá utilizado

(República Federativa do Brasil) é a denominação do Estado, sendo a

pátria, o Brasil.

1.13 Nacionalidade sua Origem , Espécies e Características

Conforme já colocado, o instituto da nacionalidade

originou-se do conceito de povo, cabendo lembrar que ambos se

resumem os grupos de pessoas unidas por afinidade, visando, sobretudo

preservar-se.

Na visão de Ferreira Filho24:

O nacional é o sujeito natural do estado. O conjunto

de nacionais é que constitui o povo sem o qual não

pode haver Estado. De acordo com o direito

internacional público o nacional está preso ao Estado

por um vínculo que o acompanha em suas

deslocações no espaço, inclusive no território de

outros Estados.

24 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 29a edição 2002 p. 109.

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É possível citar as famílias, as tribos e as ordens como

às raízes do instituto da nacionalidade, sempre traçando objetivos

comuns, unidos por um vínculo, esses grupos procuraram não se misturar

uns com os outros visando a perpetuação. As famílias e os grupos étnicos

valorizavam mais a hereditariedade, os integrantes de um tronco comum

correspondiam aos sentidos dos nacionais, enquanto os demais seriam os

estrangeiros.

Segundo Bueno25: “Sob o seu aspecto jurídico a

nacionalidade designa o laço que une o indivíduo a um Estado

determinado. A teoria da nacionalidade é, portanto, aquela que tem por

objeto indicar o Estado de que depende cada um.

Esse fato ensejou a possibilidade de muitos poderem

se apresentar como polipádridas, e deu origem ao sistema eclético da

nacionalidade, no qual os critérios do ius soli e do ius sanguinis convivem

harmonicamente.

Segundo a Emenda26:

Grande parte dos Estados que se organizaram ou

reorganizaram entre o fim século XVIII e início do

século XX adotaram esse sistema. Os descendentes de

um imigrante italiano que se radicou no Brasil são

exemplos disso, embora nascidos no Brasil são italianos

perante a legislação do país de seu ancestral que

adota o ius sanguinis, e brasileiros pois aqui se adota o

ius solis.

25 BUENO, Pimenta. Direito publico brasileiro e análise da Constituição do Império. Rio de

Janeiro, Nova Edição, 1958 26 Os Estados Unidos da América adotaram inicialmente o ius soli em 1787, e através da

quarta emenda de 1866 adotou-se na prática o sistema eclético.

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Aqueles que não estabelecem nenhum vínculo com

nenhum Estado passaram a ser considerados apátridas.

Definida a formação de grupos nacionais oriundos do

critério "ius sanguinis", bem como o estabelecimento quase que definitivo

do mapa terrestre, viu-se praticamente esgotada a possibilidade de

surgirem novos grupos. O movimento de expansão dos povos foi

substituído pelo de circulação, o que levou ao surgimento de uma nova

modalidade de nacionalidade, diversa daquela adquirida com o

nascimento.

1.1.4 O Perfil da Nacionalidade na Atualidade

Conforme exposto, nota-se que ao longo do tempo o

instituto da nacionalidade sofreu influências dos fenômenos da

preservação das origens e da proteção do território conquistado.

Atualmente, com a aceleração do fenômeno da

internacionalização, o instituto veio sofrer novas mutações.

Dois fatores se destacam como os principais a

exercerem essa influência: a valorização do indivíduo

independentemente de sua origem, e o preenchimento das necessidades

do mercado de trabalho mundial aliado à exploração da economia

global.

Não é de hoje que a economia colabora com a

mudança das regras da nacionalização e integração do estrangeiro.

Analisando-se bem, não foi à toa que a Constituição de 1891 trouxe no

seu bojo a regra da nacionalização tácita, afinal o Brasil necessitava de

um povo que se estabelecesse definitivamente a fim de desenvolver

economicamente um país que acabara de ser formado.

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Durante muito tempo, o isolamento geográfico e o

fechamento das fronteiras foram valorizados. Recebia tratamento

privilegiado aquele que possuísse vínculo com o Estado onde vivia. O

povo e o país se desenvolviam sem grandes influências dos demais

Estados, por isso cada país tratava os nacionais e estrangeiros da forma

que melhor julgava adequada.

No entanto, com a revolução tecnológica e o

desenvolvimento econômico, vários países tiveram seus mercados de

trabalho alterados repentinamente, ou com excesso, ou com falta de

mão de obra, o que ensejou um aumento na movimentação de pessoas

que procuravam adequar-se aos espaços e a funções que surgiam.

Paralelamente, a valorização do individuo como ser

humano, independente de suas origens, fez com que os países

flexibilizassem suas regras quanto à nacionalidade aproximando cada vez

mais o nacional do estrangeiro.

Na opinião de Ferreira Filho27 :

A identidade da natureza humana acabou por ser

reconhecida e, mercê do estoicismo e do cristianismo

especialmente, aos estrangeiros se foram

reconhecendo direitos a ponto de se equipararem

eles aos próprios nacionais, salvo participação no

governo.

Segundo Ferreira Pinto28:

27 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 29a edição

2002 p.110

28 FEREIRA, Pinto, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 11a edição, São Paulo, 2001.

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No entanto é curioso observar que quando da

formação do Estado Federativo norte americano,

processo semelhante ocorreu. A Constituição

americana de 1797 não aludia expressamente o

problema da cidadania e foi somente através da

décima quarta emenda de 1866 que se adotou a

aquisição da nacionalidade pelo nascimento ou pela

naturalização. Esta mesma emenda, admitiu a dupla

cidadania a da União e a do Estado Membro em que

residisse o cidadão. Essa dupla cidadania também foi

aceita pela Suíça, na Constituição de 1874 e pela

Alemanha em 1929 na Carta de Weimar.

No Brasil, a adoção da dignidade da pessoa humana

como princípio fundamental solidificou a idéia que naturalmente não

deve haver distinção entre nacional ou estrangeiro. Os objetivos firmados

pelo constituinte no artigo 3oda Constituição reforçam a tese. Ao afirmar

que deseja construir uma sociedade livre, justa e solidária e promover o

bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação, revela ele, a sua intenção de

tratar a nacionalidade apenas como um fenômeno jurídico que implica

na relação entre indivíduo e Estado.

Na visão de Di Ruffia29:

Para encerrar invoca-se o pensamento de Di Ruffia

que afirma que, o povo é formado pelo conjunto de

pessoas que, em razão de sua pertença ao Estado (a

chamada cidadania; estabelecida com base em

29 DI RUFFIA, Paolo Biscaretti, Direito Constitucional (Instituições de Direito Público). Tradução Maria Helena Diniz São Paulo, Revista dos Tribunais, 1984

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critérios fixados por oportunas normas jurídicas), estão

submetidas de modo pertinente e institucional à

autoridade do governo; porém não se as está

considerando individualmente, em um momento

determinado (caso em que surgiria o conceito

estático de população), mas sim estimando-as através

das continuas vicissitudes e sucessões das gerações,

em sua multiforme e complexa unidade.

Na visão de Dal Ri Junior30:

Não obstante, pode-se inferir que os princípios

basilares da cidadania surgiram na Grécia antiga.

Contudo, naquele contexto grego, não se conhecia

“o termo cidadania, nem o significado que este

adquiriu na modernidade.

Havia, entretanto, a noção de “virtude cívica”,

elemento pelo qual se reconhecia os “cidadãos” – homens adultos, livres e

comprometidos com os interesses da polis a qual pertenciam.

É evidente o fator discriminatório na determinação do

status de cidadão, uma vez que eram excluídos da participação político-

social as mulheres, os escravos e os metecos. Portanto, o sistema

oligárquico grego excluía grande parte da população, vez que eram

poucos que detinham o status de cidadão.

Na opinião de Dal Ri Junior31:

30 DAL RI JUNIOR, Arno. Evolução histórica e fundamentos políticos-jurídicos da cidadania. In: DAL RI JUNIOR, Arno; OLIVEIRA, Odete Maria de (Orgs.). Cidadania e nacionalidade: efeitos e perspectivas nacionais, regionais, globais. Ijuí: Unijuí, 2002. p. 26.

31 DAL RI JUNIOR, Arno,. Na Roma antiga, Civitate era o conjunto de cidadãos que constituíam uma cidade e, deste modo, não se confunde com a Urbs, conjunto de edificações. Já Civitas tem o mesmo significado

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15

Evoluindo-se historicamente, o conceito de cidadania,

em Roma, se aprimora, na medida em que é

outorgado ao cidadão romano um rol de direitos e

deveres. A influência grega é identificada no mundo

romano, onde a concepção de “cidadão” foi

empregada, desenvolvendo-se, deste modo, a Civitas

Romana.

A discussão entre a questão do pertencimento do

indivíduo ao Estado (nacionalidade) e o pertencimento do indivíduo à

comunidade política (cidadania) é discutida por Enrico Grosso da

seguinte maneira: Foi procurado demonstrar, precedentemente, que a

idéia de cidadania dominante na Grécia clássica, mais do que estar

conexa com o pertencimento étnico a um povo e aos seus destinos, ou

com o conceito de status da pessoa, ressaltando as relações entre

indivíduo e autoridade, se confunde, ao invés, com a noção de

participação política. A cidadania é um atributo que compete a cada

homem livre, enquanto tenha a capacidade e a vontade de participar do

governo da coisa pública. Ela assume de fato, algumas vezes, a função

de instrumento de integração política de populações inteiras,

independentemente de suas origens, podendo ser englobadas na vida da

polis por meio do reconhecimento coletivo da politeia.

Nas palavras de Barbalet32

32 BARBALET, J. M. Cittadinanza: diritti, conflitto e disuguaglianza sociale. Torino: Liviana, 2004. p. 30. Na versão consultada, em italiano: “La differenza principale fra la cittadinanza nella città-stato della Grécia clássica e quella nel moderno Stato democratico nazionale sta nell’ambito o nell’estensione della comunità política in ciascuno di essi. Per Aristotele la cittadinanza era lo status privilegiato del gruppo dominante entro la città-stato. Nel moderno Stato democratico la base della cittadinanza è la capacità di partecipare all’esercizio del potere politico attraverso la procedura elettorale. Perciò nel moderno Stato nazionale la partecipazione dei cittadini implica l’appartenenza giuridica a una comunità politica fondata sul suffragio universale e quindi anche l’appartenenza a una

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Com propriedade, J. M. Barbalet aponta as principais

diferenças entre os conceitos de cidadania na Grécia

clássica e no Estado moderno: A diferença principal

entre a cidadania na cidade-Estado da Grécia

clássica e aquela no moderno Estado democrático

nacional reside no âmbito ou na extensão da

comunidade política existente em cada um deles.

Para Aristóteles, a cidadania era o status privilegiado

do grupo dominante dentro da cidade-Estado. No

moderno Estado democrático, a base da cidadania é

a capacidade de participar do exercício do poder

político por meio do procedimento eleitoral. Portanto,

no moderno Estado nacional, a participação dos

cidadãos implica o pertencimento jurídico a uma

comunidade política fundada no sufrágio universal e,

conseqüentemente, também ao pertencimento a uma

comunidade civil fundada no Estado de direito. Para

Aristóteles, o status da cidadania era limitado àqueles

que participavam efetivamente das deliberações e do

exercício do poder. Hoje a cidadania nacional se

estende a toda sociedade.

Na Grécia e em Roma o estrangeiro não tinha direitos,

pois estes derivavam exclusivamente da religião, da qual o estrangeiro era

excluído. Não podia ser proprietário, não podia casar-se, os filhos nascidos

da união de um cidadão e uma estrangeira eram considerados bastardos,

o estrangeiro não poderia contratar com cidadãos e não podia exercer o

comércio; lhe era vedado herdar de um cidadão e transmitir seus bens a

um cidadão por herança. comunità civile fondata sullo Stato di diritto. Per Aristotele lo status della cittadinanza era limitato a coloro che partecipavano effetivamente alle deliberazioni e all’esercizio del potere; oggi la cittadinanza nazionale si estende a tutta la società.”

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Quando se verificou a necessidade de fazer justiça

para o estrangeiro, foi criado um Tribunal especial. Roma tinha pretor para

julgar o estrangeiro, o pretor peregrinus e, em Atenas, o juiz dos

estrangeiros era o polemarca, o magistrado encarregado dos cuidados

de guerra e de todas as relações com os inimigos. Na Índia antiga, os

nascidos fora do território eram considerados impuros, em nível abaixo dos

parias e dos sudras.

No Egito, só os ribeirinhos do Nilo eram puros, o resto da

terra era sede de impurezas. O egípcio não abraçaria um grego, não se

serviria da faca de um grego, não comeria da carne de um boi que

tivesse sido cortado com a faca de um grego, nem comeria na

companhia de estrangeiros.

Na Caldéia e na Assíria, não havia reconhecimento de

direitos do estrangeiro. Já na Pérsia revelou-se certa tolerância para com

determinados povos estrangeiros, o mesmo ocorrendo na China antiga.

Às vezes, as cidades gregas celebravam entre si

convênios de ajuda judicial em que determinavam que juízes seriam

competentes para litígios que viessem a ocorrer entre pessoas das

diferentes cidades. Vigia em Roma originariamente o jus civile para os

cidadãos romanos e jus peregrinum para os estrangeiros. Diante dos

contatos entre peregrinos de origens diversas e de peregrinos com

cidadãos romanos foi criado o jus gentium, destinado a disciplinar estas

relações jurídicas. Aí existe uma manifestação de Direito Internacional

Privado, segundo alguns autores, pois que encerrava uma solução para o

conflito entre regimes jurídicos diversos. O Jus gentium não representava

um sistema de normas indiretas, indicadoras de direito aplicável, mas era

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ele próprio um sistema uniforme de normas diretas, substantivas, a ser

aplicado a romanos e peregrinos sem distinções.

1.2 NATUREZA JURÍDICA

No que dizer respeito à natureza jurídica, a

nacionalidade, no sistema do Direito Positivo brasileiro, é material e

formalmente constitucional, salvo-conduto que o assunto fundamental

monopoliza a forma do Estado, a forma do governo, o estilo de obtenção

e a destreza do poder político, o consignação dos órgãos públicos, o

alcance de sua ação, os direitos fundamentais , as garantias

constitucionais e a ordem econômica e social.

Segundo Moraes33:

Por ilação, no que concerne à natureza, a

nacionalidade, no sistema do Direito Positivo brasileiro,

é material e formalmente constitucional, visto que a

matéria constitucional açambarca a forma do Estado,

a forma do governo, o modo de aquisição e o

exercício do poder político, o estabelecimento dos

órgãos públicos, os limites de sua ação, os direitos

fundamentais , as garantias constitucionais e a ordem

econômica e social.

É assinalada a Revolução Francesa como estirpe da

natureza de direito constitucional da nacionalidade, natureza essa

recentemente concretizada.

33 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3

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Na visão Tavares34: “è apontada a Revolução

Francesa como origem da natureza de direito constitucional da

nacionalidade, natureza essa atualmente consolidada”.

Nesta acepção, o que diz reverência à pertinência

para adequar a nacionalidade, todo país é aberto para constituir as

cláusulas legais sobre nacionalidade, consentida, contundida, adequada

os princípios de Direito Internacional.

Para Moraes35:

Neste sentido, o que diz respeito à atribuição para

regular a nacionalidade, cada país é livre para

estabelecer as normas jurídicas sobre nacionalidade,

atendidos, contundo, certos princípios de Direito

Internacional.

O pátrio é elemento natural de uma sociedade estatal

com capacidade intrínseco a sua individualidade, que motiva fixação e

conhecimento constantes. A nacionalidade relaciona-se

consecutivamente com a soberania de cada Estado. Trata-se de uma

junção processual de direito público interno. Apesar de não ter natureza

obrigacional, desta conexão atribuída por lei, transcorrem direitos e

obrigações.

Na visão Silva36:

O nacional é membro natural de uma comunidade

estatal com aptidão intrínseca a sua personalidade,

que determina sujeição e participação permanentes.

34 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.673 35 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 36 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p. 319

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A nacionalidade relaciona-se sempre com a

soberania de cada Estado. Trata-se de um liame legal

(não contratual) de direito público interno. Embora

não tenha natureza obrigacional, deste vínculo,

imposto por lei, decorrem direitos e obrigações.

1.3 CONCEITO DE NACIONALIDADE

Portanto, que valores ligados à afetividade, ainda

interferem na elaboração de normas que regulamentam a aquisição da

nacionalidade. No entanto, atualmente não têm o condão de impedir

que indivíduos sejam privados de exercer direitos fundamentais, os quais

devem ser respeitados independentemente do local em que vivem ou do

Estado com quem mantém vínculo político jurídico.

Na opinião de Tavares37:

A nacionalidade é a ligação juridicamente

estabelecida entre um indivíduo e determinado

Estado. Daí decorre a distinção entre nacionais e

estrangeiros, tendo como parâmetro a existência ou

não daquele entrelaçamento.

A nacionalidade é o acordo juridicamente constituído

entre uma pessoa e determinado Estado. Daí transcorre a altivez entre

nacionais e estrangeiros, aproxima-se assim como parâmetro a vivência

ou não daquele entrelaçamento.

Para Moraes38:

37 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.673

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A nacionalidade, no esteio da melhor doutrina, é o

vínculo jurídico-político que une uma pessoa a um

determinado Estado, para considerá-la como

integrante da população deste.

A nacionalidade, no apoio do mais perfeito

ensinamento, é o liame jurídico-político que acopla um indivíduo a um

determinado Estado, para considerá-la como integrante da população

deste.

Na visão de Moraes39:

Nacionalidade é o vínculo jurídico que liga um

individuo a certo e determinado Estado fazendo deste

individuo um componente do povo, da dimensão

pessoal deste Estado, capacitando-o a exigir sua

proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres

impostos.

Nacionalidade é a junção legal que congrega um

individuo a certo e determinado Estado fazendo deste individuo um

elemento do povo, da extensão pessoal deste Estado, capacitando-o a

estabelecer sua assistência e sujeitando-o a realização de obrigações

estabelecidas.

Para Araújo40: “... é de suma importância, visto que

aqueles reconhecidos como nacionais integram o povo do respectivo país

e, somados aos estrangeiros residentes, formam a população do país”.

38 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 39 MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional, 15º ed.,Atlas, São Paulo, 2004,p.214

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22

É de compêndio seriedade, salvo-conduto que aquele

distinguido como nacionais agregam o povo do concernente país e,

adicionado aos estrangeiros residentes, aperfeiçoam a população do

país.

Na visão de Moraes41:

Neste sentido, a nacionalidade corresponde a um

vinculo jurídico, porquanto é da qualidade de

nacional que decorrem direitos subjetivos e deveres

jurídicos para os indivíduos, tais como a entrada no

território do Estado da nacionalidade e o serviço

militar obrigatório, nos termos dos arts. 5º, XV, 22, XV, e

143, caput, da Constituição da República.

A nacionalidade surge-nos, porquanto destarte como

o adjacência que invocar, há um andamento, o acoplar que liga o

individuo à particular concepção social que é o Estado, como igualmente

o contíguo de anverso e obrigação da decorrente.

Segundo Tavares42:

A nacionalidade surge-nos, pois assim como o termo

que evoca, a um tempo, o vinculo que liga o individuo

à particular formação social que é o Estado, como

outrossim o conjunto de direitos e deveres (o particular

estatuto) daí decorrente.

40 ARAÚJO, Luiz Alberto David, Curso de Direito Constitucional, 9 ºed., Saraiva, São Paulo, 2005, p.215 41 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 42 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.674

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A nacionalidade é por decorrência porque vínculo

que conectar o individua a um Estado assentado. Qualquer pessoa pode

nascer hoje em dia sem ter a sua pátria. A ela está atrelada por motivados

laços, provocando direitos e obrigações.

Na opinião de Ferreira43:

A nacionalidade é por conseqüência aquele laço que

une o individuo a um Estado determinado. Nenhuma

pessoa pode nascer hoje em dia sem ter a sua pátria.

A ela está vinculada por determinados laços, gerando

direitos e obrigações.

43 FERREIRA, Pinto, Curso de Direito Constitucional, 11ºed., Saraiva, São Paulo, 2001,p.162

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CAPÍTULO 2

AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

2.1- NACIONALIDADE ORIGINÁRIA E DERIVADA

2.1.1- Nacionalidade Originária ou Primária

A nacionalidade é originária quando deriva do

nascimento. Cognomina-se, ainda, primária ou atribuída. Este tipo de

nacionalidade transcorre, via de regra, de dois discernimento que ocorre

no período do nascimento.

Na opinião de Dolinger44:

A nacionalidade é originária quando decorre do

nascimento. Denomina-se, também, primária ou

atribuída [16]. Este tipo de nacionalidade decorre, via

de regra, de dois critérios que incidem no momento

do nascimento: o ius soli e o ius sanguinis e que, às

vezes, se combinam em critério eclético .

A nacionalidade, como a ocasião de obtenção, é

aquinhoar em nacionalidade originária, do mesmo modo designada de

primária ou de origem, e nacionalidade derivada, igualmente instituida de

secundária ou de eleição.

Segundo Moraes45:

A nacionalidade, quanto ao momento de aquisição,

é dividida em nacionalidade originária, também

44 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado – parte geral. 5ª edição. Rio de Janeiro: Renovar, 2000,p. 141 45 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p14-15.

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denominada de primária ou de origem, e

nacionalidade derivada, também designada de

secundária ou de eleição.

O ensinamento qualifica a nacionalidade como de

origem, ou originária, ou primária ou nata e nacionalidade, apanhada ou

decorrente de naturalização.

Na opinião de Tavares46: “A doutrina classifica a

nacionalidade como de origem, ou originária, ou primária ou nata e

nacionalidade, adquirida ou decorrente de naturalização”.

É ato donairoso, já que nem um país é compelido a

naturalizar esse ou aquele estrangeiro. É, assim sendo, uma capacidade

do conveniente poder Executivo.

Segundo Amorim47: naturalização: "é vínculo político. É

ato gracioso, pois nenhum país é obrigado a naturalizar esse ou aquele

estrangeiro. É, portanto, uma faculdade do próprio poder Executivo."

Ensina Miranda48:

Que a originária é a nacionalidade “que resulta do

fato mesmo do nascimento, ou porque se determine

qual a ligação de sangue à massa dos nacionais de

um Estado, ou qual a ligação à ocorrência do

nascimento no território de um Estado, ou qual a 46 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.676 47 AMORIM, Edgar Carlos de. Direito Internacional Privado. Forense: Rio de Janeiro, 2001. 48 MIRANDA, Pontes, Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n.1, de 1969, t.4, p. 351

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relação tida por suficiente pelo Estado de que se trata

para que o nascimento forme o laço da

nacionalidade”. Percebe-se que não é apenas o

nascimento que, em tais circunstâncias, determina a

nacionalidade. Outro elemento sempre se agrega

para fins de atribuir determinada nacionalidade em

função do nascimento.

Comenta Moraes49:”A nacionalidade originária é

adquirida por fato natural, ou seja, pelo nascimento”.

A nossa Carta Magna conjetura extenuante e

taxativamente as proposições de obtenção da nacionalidade originária,

ou seja, exclusivamente serão brasileiros natos aqueles que atestarem os

pré-requisito constitucionais das hipóteses únicas do art. 12, inciso I.

Na opinião de Moraes50:

A Constituição Federal prevê exaustiva e

taxativamente as hipóteses de aquisição da

nacionalidade originária, ou seja, somente serão

brasileiros natos aqueles que preencherem os

requisitos constitucionais das hipóteses únicas do art.

12, inciso I. Como ressalta Francisco Rezek, analisando

hipótese semelhante, “seria flagrante, na lei, o vício de

inconstitucionalidade, quando ali detectássemos o

intento de criar, à margem da Lei Maior, um novo

caso de nacionalidade originária.

49 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15. 50 MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional, 15º ed.,Atlas, São Paulo, 2004,p.216

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São dois os discernimentos para a consignação da

nacionalidade primária: o discernimento da genealogia sangüínea, ou ius

sanguinis, pelo como se adjudica a nacionalidade em cátedra do vinculo

de sangue, reputando-se pátrio os descendentes de nacionais, o

discernimento da origem territorial, ou ius solis, pelo qual se comina a

nacionalidade a quem nasce na jurisdição do Estado de que se trata.

Salienta Silva51:

São dois os critérios para a determinação da

nacionalidade primária: (a) o critério da origem

sangüínea, ou ius sanguinis, pelo qual se confere a

nacionalidade em função do vinculo de sangue,

reputando-se nacionais os descendentes de

nacionais; (b) o critério da origem territorial, ou ius solis,

pelo qual se atribui a nacionalidade a quem nasce no

território do Estado de que se trata.

O episódio do nascimento é que, em veracidade,

origina a nacionalidade primária, alistar, entretanto, a um daquele

discernimento. A adoção de um ou de seguinte destes é enigma político

de cada Estado. Em geral, os Estados de emigração, como a maioria dos

europeus, selecionam a regra do ius sanguinis, com base na qual a

abaixamento de sua população pela saída para outros países não

envolver em abatimento dos integrantes da nacionalidade.

Comenta Silva52:

51 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p.320 52 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p.

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O fato do nascimento é que, em verdade, determina

a nacionalidade primária, relacionado, porém, a um

daqueles critérios. A adoção de um ou de outro

destes é problema político de cada Estado. Em geral,

os Estados de emigração, como a maioria dos

europeus, preferem a regra do ius sanguinis, com base

na qual a diminuição de sua população pela saída

para outros países não importará em redução dos

integrantes da nacionalidade. Os Estados de

imigração, como a maioria dos americanos, acolhem

a do ius solis, pela qual os descendentes da massa dos

imigrantes passam a integrar a sua nacionalidade, o

que não ocorreria se perfilhassem critério do sangue.

Para a atribuição da nacionalidade originária, aquela

se alcança pelo nascimento, podem-se apontar dois sistemas legislativos:

jus soli e jus sanguinis. Ressalte-se, contudo, que esses sistemas não são

adotados de forma inflexível, admitindo-se temperamentos.

2.1.2-Ius Solis e Ius Sanguinis

No sistema do jus soli, a nacionalidade originária é

obtida em virtude do território onde o indivíduo tenha nascido do lugar do

nascimento. Logo, não importa a nacionalidade dos pais. Trata-se de

sistema largamente usado durante a Idade Média, época em a terra, o

solo, era o centro de gravidade da economia, feudalismo, e da

Sociedade, senhores feudais e servos, da época. Na América, o jus soli

também tem grande aplicação, pois é região de imigração, sendo

conveniente para os Estados dessa região, por meio desse critério, evitar a

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formação de minorias estrangeiras sob a proteção de outros Estados. É o

sistema adotado no Brasil.

Pelo critério do jus soli, serão nacionais aqueles que

nascerem no território do Estado, independentemente da nacionalidade

de seus ascendentes.

A condição de existência e sobrevivência da espécie

humana é a vida social sendo que, todos vêm ao mundo como membro

de uma família, de uma cidade, de uma nação.

Na opinião Guimarães53: “Os critérios determinadores

da nacionalidade originária são o ius sanguinis e o ius solis”.

Pelo critério do ius soli, serão nacionais aqueles que

nascerem no território do Estado, independentemente da nacionalidade

de seus ascendentes. Por outro lado, o critério do ius sanguinis entende

que será nacional todo aquele que descender de nacionais

independentemente do território do nascimento.

Na visão de Moraes54:

Cabe frisar que a nacionalidade primária se

materializa através dos critérios ius soli- aquisição da

nacionalidade do país em cujo território tenha havido

o nascimento, inerente aos Estados de imigração- e ius

sanguinis- aquisição da nacionalidade dos país à

época do nascimento, imanente aos Estados de

emigração.

53 GUIMARÃES, Francisco Xavier da Silva, Nacionalidade- Aquisição, Perda e Reaquisição, Editora Forense, 2ºed.,Rio de Janeiro, 2002,p. 12 54 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15.

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Art. 12 - São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda

que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam

a serviço de seu país;

A primeira hipótese é a de indivíduos "nascidos na

República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que

estes não estejam a serviço de seu país" (artigo 12, I, a, CF). O legislador

optou aqui claramente pelo critério do ius solis, ainda que atenuado pela

previsão de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu país, não se

atribuindo, nesse caso, a nacionalidade brasileira aos seus filhos nascidos

na República Federativa do Brasil.

Salienta Moraes55:

Cabe assinalar que o critério ius sanguinis, na

sistemática da Constituição de 1988, opera-se em

combinação com o elemento funcional ou com os

elementos residência e opção, ex vi do disposto no

art. 12, I, alíneas b e c, respectivamente.

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe

brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço

da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de

mãe brasileira, desde que sejam registrados em

repartição brasileira competente ou venham a residir

na República Federativa do Brasil e optem, em

55 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15.

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qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,

pela nacionalidade brasileira;

Pelo sistema do jus sanguinis, a nacionalidade

originária obtém-se de acordo com a dos pais, à época do nascimento.

Trata-se de nacionalidade obtida de acordo com a filiação. Se os pais

tiverem nacionalidades diferentes, prevalecerá a do pai. Se o filho for

natural, ou de pai desconhecido, seguirá a nacionalidade da mãe. (15) Se

ambos os pais forem desconhecidos, não será possível a adoção do jus

sanguinis, fixando-se a nacionalidade pelo critério do jus soli. O critério do

jus sanguinis foi adotado na Antigüidade Clássica e Oriental.

Posteriormente, com a Revolução Francesa, movimento que pôs fim ao

Antigo Regime e, com ele, lembranças do feudalismo, passou a ser mais

utilizado. Simetricamente ao que acontece com o sistema do jus soli, o jus

sanguinis é adotado pelos países de emigração, sobretudo os europeus,

que desejam manter vínculos com seus nacionais.

O critério do jus sanguinis entende que será nacional

todo aquele que descender de nacionais independentemente do

território do nascimento.

Nas palavras de Keesing56:

Tomando a questão da descendência ou

ascendência como princípio de continuidade social,

tem-se a hipótese de que a conservação das linhas de

descendência podem ter uma função importante

para a definição da situação dentro da sociedade, no

que diz respeito à posição e autoridade, influência

sobre a sucessão e a herança, como orientação da

56 KEESING, Félix. Antropologia cultural. 2 ed. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1972, v. 2.

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interdependência e, nas relações mútuas entre

parentes. (16)

Segundo Tavares57:

O critério da origem sangüínea (jus sanguinis)

considera como nacionais os descendentes de

nacionais. Corresponde, pois, esse critério à

nacionalidade genitora. O critério da origem territorial

(jus soli) considera nacional aquele que nascer em

território do respectivo Estado. Corresponde, pois, ao

local do nascimento.

2.1.3-Nacionalidade Secundária ou Derivada

A aquisição de nacionalidade brasileira secundária

resulta de manifestação de vontade, observados os requisitos legais. A

Constituição Federal apresenta hipóteses no seu artigo 12, II, não mais

contemplando a denominada "naturalização tácita" – presente nas

Constituições de 1824 e 1891 –, mas somente a "naturalização expressa".

Na visão de Moraes58:

A nacionalidade derivada é adquirida por fato

voluntário, posterior ao nascimento, quer dizer, pela

naturalização. Cumpre grifar que a aquisição da

nacionalidade secundária é, em regra, informada por

dois critérios, quais sejam: ius domicilii- aquisição da

nacionalidade do país em cujo território tenha sido

fixado domicílio- e o ius laboris- aquisição da 57 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.677 58 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15.

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nacionalidade do país em favor do qual foram

prestados serviços relevantes.

A nacionalidade secundária ou derivada é a que se

adquire por vontade própria, após o nascimento, em regra pela

naturalização, tácita ou expressa, portanto, naquela há solicitação e,

nesta, aceitação de nacionalidade oferecida.

Segundo Silva59:

Os modos de aquisição da nacionalidade secundária

dependem da vontade: (a) do indivíduo, nos casos

em que se lhe dá o direito de escolher determinada

nacionalidade, a vista de alternativas que se lhe

oferecem, como prevê no art. 12, I, c (esclarecimento

infra), e II, a, da Constituição; (b) do Estado, mediante

outorga ao nacional de outro, espontaneamente ou a

pedido, como fora, para a primeira hipótese, a

grande naturalização concedida pela Constituição de

1891 (art. 69, IV e V) e como agora, a hipótese do art.

12, II, b, em que se reconhece a aquisição da

nacionalidade pelo fato residência há mais de quinze

anos no Brasil (redação da ECR- 3/94), bastando o

pedido do interessado, havendo aqui uma

combinação da vontade do individuo com a do

Estado. Esse modo de aquisição da nacionalidade

secundaria variam de Estado para Estado.

Nacionalidade secundária, por seu turno “é a que se

adquire” em seguida do aparecimento, ou aquele, ao nascer, o indivíduo

59 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p.321

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incluir outra, ou outras nacionalidades, e não ainda a de que se trata, ou

assim como entre a obtenção da nacionalidade e a data do nascimento

interceder no equívoco de período em que o individuo não teve

nacionalidade.

Nas palavras de Tavares60:

Nacionalidade secundária, por seu turno “é a que se

adquire” depois do nascimento, ou porque, ao nascer,

a pessoa tenha outra, ou outras nacionalidades, e não

ainda a de que se trata, ou porque entre a aquisição

da nacionalidade (secundária) e a data do

nascimento medeie lapso de tempo em que o

individuo não teve nacionalidade.

Segundo de Amorim61: naturalização “é vínculo

político”. É ato gracioso, pois nenhum país é obrigado a naturalizar esse ou

aquele estrangeiro. É, portanto, uma faculdade do próprio poder

Executivo. �

A proveniência da nacionalidade derivada,

geralmente, se dá pelo casamento ou naturalização, mas pode resultar

também de certos modos mais complexos, estabelecidos pela legislação

interna de certos países e que determinam a aquisição automática, ou a

pedido, da nova nacionalidade.

2.1.4 Espécies e Requisitos para a naturalização brasileira��

60 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.676 61 AMORIM, Edgar Carlos de. Direito Internacional Privado. Forense: Rio de Janeiro, 2001.

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Conforme exemplifica a Lei 6.815, de 19 de agosto de

1980, sobre as espécies e requisitos para a naturalização brasileira.

A naturalização se divide em: comum, extraordinária,

especial e provisória.

2.1.4.1 Naturalização Comum

Caso o estrangeiro tenha interesse em se tornar um

cidadão brasileiro deverá preencher os requisitos descritos no artigo 112

da Lei nº. 6.815/80, e requerer esta modalidade junto ao Departamento de

Polícia Federal mais próximo do local de residência, o qual, além de outras

providências, certificará se o interessado sabe ler e escrever a língua

portuguesa, considerada a sua condição.

Art. 112. São condições para a concessão da

naturalização:

I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;

II - ser registrado como permanente no Brasil;

III - residência contínua no território nacional, pelo

prazo mínimo de quatro anos, imediatamente

anteriores ao pedido de naturalização;

IV - ler e escrever a língua portuguesa,

consideradas as condições do naturalizando;

V - exercício de profissão ou posse de bens

suficientes à manutenção própria e da família;

VI - bom procedimento;

VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou

condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso

a que seja cominada pena mínima de prisão,

abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e

VIII - boa saúde.

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§ 1º não se exigirá a prova de boa saúde a

nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois

anos.

§ 2º verificada, a qualquer tempo, a falsidade

ideológica ou material de qualquer dos requisitos

exigidos neste artigo ou nos arts. 113 e 114 desta Lei,

será declarado nulo o ato de naturalização sem

prejuízo da ação penal cabível pela infração

cometida.

§ 3º A declaração de nulidade a que se refere o

parágrafo anterior processar-se-á

administrativamente, no Ministério da Justiça, de ofício

ou mediante representação fundamentada,

concedido ao naturalizado, para defesa, o prazo de

quinze dias, contados da notificação.

Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112,

item III, poderá ser reduzido se o naturalizando

preencher quaisquer das seguintes condições:

I - ter filho ou cônjuge brasileiro;

II - ser filho de brasileiro;

III - haver prestado ou poder prestar serviços

relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça;

IV - recomendar-se por sua capacidade profissional,

científica ou artística; ou

V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor

seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de

Referência; ou ser industrial que disponha de fundos

de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas

de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade

comercial ou civil, destinada, principal e

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permanentemente, à exploração de atividade

industrial ou agrícola.

Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um

ano, nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item

IV; e de três anos, no do item V.

Concedida ao estrangeiro residente no Brasil pelo

prazo mínimo de quatro anos, que atenda as demais exigências do artigo

112, da Lei 6.815/80.

2.1.4.2- Naturalização Extraordinária

Esta é destinada aos estrangeiros que vivem no Brasil

há mais de quinze anos e têm interesse em adquirir a nacionalidade

brasileira, já que se estabeleceu em território nacional, além do

cumprimento das demais exigências descritas no art. 12, alínea b da

Constituição Federal.

A naturalização extraordinária que se processa pela

forma simplificada está prevista no artigo 12, inciso II, letra "b", da

Constituição Federal de 1988, in verbis:

os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes

na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e

sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Podemos perceber da leitura deste dispositivo legal a

presença de três requisitos que devem ser preenchidos pelo estrangeiro

que deseja se tornar brasileiro:

a) Residência na República Federativa do Brasil há

mais de 15 anos ininterruptos - Não é qualquer saída do território nacional

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que se configura como causa interruptiva do prazo. Viagens ao exterior

que não tenham o ânimo de mudar a residência para outro país são

permitidas. A contagem desse prazo deve ser feita do requerimento para

trás, ou seja, os quinze anos devem ser anteriores ao pedido de

naturalização.

b) Ausência de condenação penal – a nosso ver, trata-

se, aqui, de qualquer tipo de condenação penal, seja por crime culposo

ou doloso, qualquer que seja a pena. Caso a Constituição Federal

quisesse se referir a determinado tipo de condenação penal teria o feito.

c) Requerimento – o estrangeiro deve manifestar sua

vontade de se tornar brasileiro.

Concedida ao estrangeiro residente no Brasil há mais

de quinze anos, sem condenação penal, desde que requeira a

nacionalidade brasileira. Esta forma de naturalização está prevista no

artigo 12, inciso II, alínea "b", da Constituição Federal de 1988.

2.1.4.3- Naturalização Especial

A naturalização especial destina-se ao estrangeiro

casado com diplomata brasileiro há mais de cinco anos, ou ao estrangeiro

que conte com mais de dez anos de serviços ininterruptos empregado em

Missão diplomática ou em Repartição consular brasileira.

Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência,

exigindo-se apenas a estada no Brasil por trinta dias,

quando se tratar:

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I - de cônjuge estrangeiro casado há mais de

cinco anos com diplomata brasileiro em atividade; ou

II - de estrangeiro que, empregado em Missão

Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil,

contar mais de 10 (dez) anos de serviços ininterruptos.

Art. 115. O estrangeiro que pretender a

naturalização deverá requerê-la ao Ministro da

Justiça, declarando: nome por extenso, naturalidade,

nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dia, mês e

ano de nascimento, profissão, lugares onde haja

residido anteriormente no Brasil e no exterior, se satisfaz

ao requisito a que alude o artigo 112, item VII e se

deseja ou não traduzir ou adaptar o seu nome à

língua portuguesa.

§ 1º. A petição será assinada pelo naturalizando e

instruída com os documentos a serem especificados

em regulamento.

§ 2º. Exigir-se-á a apresentação apenas de

documento de identidade para estrangeiro, atestado

policial de residência contínua no Brasil e atestado

policial de antecedentes, passado pelo serviço

competente do lugar de residência no Brasil, quando

se tratar de:

I - estrangeiro admitido no Brasil até a idade de 5

(cinco) anos, radicado definitivamente no território

nacional, desde que requeira a naturalização até 2

(dois) anos após atingir a maioridade;

II - estrangeiro que tenha vindo residir no Brasil

antes de atingida a maioridade e haja feito curso

superior em estabelecimento nacional de ensino, se

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requerida a naturalização até 1 (um) ano depois da

formatura.

§ 3º. Qualquer mudança de nome ou de

prenome, posteriormente à naturalização, só por

exceção e motivadamente será permitida, mediante

autorização do Ministro da Justiça.

Concedida ao cônjuge casado há mais de cinco anos

com diplomata brasileiro em atividade e aos empregados em missão

diplomática brasileira ou repartição consular do Brasil, com mais de 10

anos de serviço ininterruptos. Esta hipótese está prevista no artigo 114 da

lei 6.815/80.

2.4.1.4- Naturalização Provisória

Caso o estrangeiro tenha ingressado no Brasil durante

os primeiros cinco anos de vida, e tenha se estabelecido definitivamente

no território nacional, poderá requerer, junto ao Departamento de Polícia

Federal ou ao protocolo geral do Ministério da Justiça, enquanto menor,

por intermédio de seu representante legal.

Art. 116. O estrangeiro admitido no Brasil durante

os primeiros 5 (cinco) anos de vida, estabelecido

definitivamente no território nacional, poderá,

enquanto menor, requerer ao Ministro da Justiça, por

intermédio de seu representante legal, a emissão de

certificado provisório de naturalização, que valerá

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como prova de nacionalidade brasileira até dois anos

depois de atingida a maioridade.

Parágrafo único. A naturalização se tornará

definitiva se o titular do certificado provisório, até dois

anos após atingir a maioridade, confirmar

expressamente a intenção de continuar brasileiro, em

requerimento dirigido ao Ministro da Justiça.

Concedida para os que foram admitidos no Território

Nacional durante os primeiros cinco anos de vida e a requerem antes da

maioridade se aqui definitivamente radicados. Nesta hipótese, poderá o

estrangeiro requerer, junto ao Departamento da Polícia Federal ou ao

protoloco geral do Ministério da Justiça, enquanto menor, por intermédio

de seu representante legal;

2.2- DIFERENÇA CONSTITUCIONAIS ENTRE NATOS E NATURALIZADOS

Nato é o brasileiro que adquire a nacionalidade pelo

nascimento, ou seja, quem nasce na República Federativa do Brasil.

A Constituição, no art. 12, I, traz os pressupostos para

que alguém seja considerado necessariamente, e de direito, brasileiro

nato.

A primeira situação é a dos nascidos na República

Federativa do Brasil, regra do ius soli, quer sejam filhos de pais brasileiros ou

de pais estrangeiros. A origem do sangue aqui não importa, excetuados

aqueles que sejam filhos de pais estrangeiros, quando estejam, no Brasil, a

serviço do seu país. Mas se o pai estiver aqui por conta própria, ou a

serviço de outro país que não o seu, seu filho, aqui nascido, será brasileiro

nato.

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Salienta Silva62:

A Constituição reputa brasileiro nato aquele que

adquire a nacionalidade brasileira pelo fator

nascimento. É dizer brasileiro nato é quem nasce na

Republica Federativa do Brasil.

A segunda posição é a dos nascidos no exterior, de pai

brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da

República Federativa do Brasil. Concessão aqui ao princípio do ius

sanguinis, pois a nacionalidade brasileira é reconhecida em função da

nacionalidade do pai e da mãe, ou de ambos. Importa esclarecer que

não vem ao caso a natureza da nacionalidade do pai ou da mãe nem da

filiação. Tanto faz que o pai seja nato ou naturalizado. É preciso, no

entanto, que tenha nacionalidade brasileira no momento do nascimento

do filho, para que este seja tido como brasileiro nato. Isso envolve o

disposto no art. 227, § 6º, segundo o qual os filhos, havidos ou não da

relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e

qualificações, logo qualquer que seja a origem da relação filial.

A terceira hipótese é a dos nascidos no exterior, de pai

brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República

Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade

brasileira. Regra do ius sanguinis, com opção. Esse requisito já vem da

Constituição do Império (art. 6º, III), confirmado na de 1891 (art. 69, § 2º).

Manifestada a opção, o efeito pretendido depende

exclusivamente da vontade do interessado. Diante dos termos do vigente

texto constitucional, o momento da fixação da residência no País constitui

o fato gerador da nacionalidade, que fica sujeita a uma condição

confirmativa, a opção.

62 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p326

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A quarta circunstância é a dos nascidos no exterior,

registrados em repartição brasileira competente. Nossos constituintes,

através de um acordo parlamentar, suprimiram o texto anterior, que previa

que seriam natos também os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou

mãe brasileira, desde que fossem registrados em repartição brasileira

competente. Nos anais do processo revisional, não se tem justificativa

dessa supressão.

A eliminação da possibilidade da aquisição da

nacionalidade originária que favorecia o brasileiro é de estranhar. Tal

possibilidade poderia gerar um brasileiro nato que nada teria com o Brasil,

já que a concessão da nacionalidade não estava na dependência de

residência no território brasileiro. Nem poderia ocorrer até que um

brasileiro nato nunca viesse a conhecer seu país e talvez nem se

expressasse na língua portuguesa.

O Brasil, por sua vez adota o critério misto. São

brasileiros os nascidos em território nacional, bem como os nascidos em

território estrangeiro, desde que filho de pais brasileiros, se estes estiverem

a serviço do país. Não estando a serviço, poderá o filho optar a qualquer

tempo pela nacionalidade brasileira ao regressar ao Brasil.

A Constituição de 1891 (art. 69, IV e V) concedeu

naturalização tácita aos estrangeiros que, achando-se no Brasil em

15/11/1889, não declarassem, dentro de seis meses, o ânimo de conservar

a nacionalidade de origem, bem como aos estrangeiros que tivessem

filhos brasileiros.

As limitações ao brasileiro naturalizado são somente as

enunciadas textualmente: a) os cargos de Presidente e Vice-Presidente da

República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado

Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, a carreira diplomática,

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oficial das Forças Armadas, Ministro de Estado da Defesa (art.12, § 3º); b) a

função de membro do Conselho da República (art. 89, VII); c) a

possibilidade de extradição (art. 5º, LI); d) o brasileiro naturalizado há

menos de dez anos não pode ser proprietário de empresa jornalística e de

radiodifusão sonora e de sons e imagens (art. 222).

2.3-Igualdade de direitos civis e políticos dos portugueses

Não se poderia abordar o tema nacionalidade, sem

tratar da figura da Igualdade de direitos civis e políticos dos portugueses

no Brasil e dos brasileiros em Portugal. Este instituto cria a figura dos “quase

brasileiros”, ou seja, portugueses que tem os mesmos direitos e deveres de

um brasileiro naturalizado, sem todavia, terem que abrir mão de sua

nacionalidade de origem.

Brasil e Portugal, conscientes da necessidade de

reafirmar, consolidar e desenvolver os particulares e fortes laços que unem

os dois povos, estabeleceram em 1981 um regime de igualdade de direitos

para os cidadãos nacionais do outro país residentes no seu território. Esse

regime é atualmente regulado pelo Tratado de Amizade, Cooperação e

Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil,

assinado em Porto Seguro em 21 de Abril de 2000.

Os portugueses com capacidade civil, maiores de 21

anos e com residência habitual no Brasil, isto é, com autorização de

permanência definitiva, têm direito de requerer às autoridades brasileiras a

igualdade de direitos civis.

Os portugueses que tenham residência habitual no

Brasil há mais de (3) três anos podem também requerer, além daquela, a

igualdade de direitos políticos. O gozo de direitos políticos no estado de

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residência (Brasil) implica no entanto a suspensão dos mesmos direitos no

estado de nacionalidade (não podem se recensear eleitoralmente nem

votar).

Para esse efeito as autoridades brasileiras exigem a

emissão pelo Consulado português competente, respectivamente, de

Certificado de Nacionalidade Portuguesa (direitos civis) ou Certificado de

Não Privação de Direitos Políticos (direitos políticos).

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CAPÍTULO 3

PERDA E REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

3.1- PERDA DA NACIONALIDADE

Trata-se agora da perda da nacionalidade,esta

somente ocorre nas hipóteses do artigo 12 §4º da Constituição Federal

que são eles:

1) tiver cancelada sua naturalização, por sentença

judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (ação de

cancelamento de naturalização).

2) adquirir outra nacionalidade (naturalização

voluntária), salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária

pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma

estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição

para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

Este artigo da Constituição de 88 é taxativo, sendo

absolutamente vedada a sua ampliação.

Perde a condição de brasileiro o naturalizado que

apresentar sua naturalização invalidada por sentença judicial, o que só

advir em virtude de atividade maléfica à veemência nacional. Nessa

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circunstância, a perda da nacionalidade não procede da pretensão do

nacional, mas sim por cominação normativa.

Comenta Tavares63:

Perde a condição de brasileiro o naturalizado que tiver

sua naturalização cancelada por sentença judicial, o

que só ocorrerá em virtude de atividade nociva ao

interesse nacional. Nessa situação, a perda da

nacionalidade não provém da vontade do nacional,

mas sim por imposição normativa.

Na opinião de Silva64: “O primeiro caso de perda da

nacionalidade decorrerá da aplicação de pena principal ou acessória

proferida em processo judicial, em que se tenha propiciado ao

interessado ampla defesa”.

Salienta Tavares65:

Como regra geral, perderá também a nacionalidade

brasileira aquele que adquirir outra nacionalidade.

Encontra-se na Convenção sobre Nacionalidade, de

Montevidéu, de 1933, no art. 1º, que “a naturalização

perante as autoridades competentes de qualquer dos

países signatários implica a perda da nacionalidade

de origem”. A Constituição Brasileira, porém, ressalva

duas hipóteses. Em primeiro, no caso de se tratar de

um reconhecimento de nacionalidade estrangeira 63 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.685 64 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p332 65 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, p.686

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originária. Em segundo lugar, quando se tratar de

imposição de naturalização, por norma estrangeira,

ao brasileiro residente no Estado estrangeiro, como

condição para sua permanência ou para que possa

exercer os direitos civis.

Nas palavras de Silva66:

A segunda causa de perda da nacionalidade,

indicada no art. 14,§4º, II, decorre da aquisição de

outra por naturalização voluntária, entendendo-se,

aqui, por naturalização toda forma de aquisição de

nacionalidade secundária depende da vontade do

interessado.

Nas palavras de Mello67·: "A perda da nacionalidade é

individual; ela não atinge os filhos, a esposa, etc. É o que está consagrado

no art. 5 da Convenção de Montevidéu de 1933."

Além do preceito da Magna Carta, Lei infra-

constitucional nº. 818/49, regula a matéria, da seguinte forma:

Art. 22 - Perde a nacionalidade o brasileiro:

I - que, por naturalização voluntária, adquirir outra

nacionalidade;

II - que, sem licença do Presidente da República,

aceitar, de governo estrangeiro, comissão, emprego

ou pensão;

66 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p333 67 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, v. 2, 12. ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2000, P.930

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III - que, por sentença judiciária, tiver cancelada

naturalização, por exercer atividade nociva ao

interesse nacional.

Art. 23 - A perda da nacionalidade, nos casos do art.

22, I e II, será decretada pelo Presidente da República,

apuradas as causas em processo que, iniciado de

ofício, ou mediante representação fundamentada,

correrá no Ministério da Justiça e Negócios Interiores,

ouvido sempre o interessado.

Art. 24 - O processo para cancelamento da

naturalização será da atribuição do Juiz de Direito

competente para os feito da União, do domicílio do

naturalizado, e iniciado mediante solicitação do

Ministro da Justiça e Negócios Interiores, ou

representação de qualquer pessoa.

Art. 25 - A representação que deverá mencionar,

expressamente, a atividade reputada nociva ao

interesse nacional, será dirigida à autoridade policial

competente, que mandará instaurar o necessário

inquérito.

Art. 26 - Ao receber a requisição ou inquérito, o Juiz

mandará dar vista ao Procurador da República, que

opinará, no prazo de cinco dias, oferecendo a

denúncia ou requerendo o arquivamento.

Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público

Federal requerer o arquivamento, o Juiz, caso

considere improcedentes as razões invocadas,

remeterá os autos ao Procurador Geral da República,

que oferecerá denúncia, designará outro órgão do

Ministério Público, para oferecê-la, ou insistirá no

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pedido de arquivamento que não poderá, então, ser

recusado.

Art. 27 - O Juiz, ao receber a denúncia, marcará dia e

hora para qualificação do denunciado, determinando

a citação, que se fará por mandado.

§ 1º Se não for ele encontrado a citação será feita por

edital, com o prazo de quinze dias.

§ 2º Se o denunciado não comparecer no dia e hora

determinados, prosseguir-se-á, à sua revelia, dando-se-

lhe, neste caso, curador.

Art. 28 - O denunciado ou seu procurador, a partir da

audiência em que for qualificado, terá o prazo de

cinco dias, independente de notificação, para

oferecer alegações escritas, requerer diligências e

indicar o rol de testemunhas.

Parágrafo único. Quando se trata de revel, o prazo

será concedido ao curador nomeado.

Art. 29 - Decorrido o prazo do artigo anterior,

determinará o Juiz a realização das diligências

requeridas pelas partes, inclusive inquirição de

testemunhas, e outras que lhe parecerem necessárias,

tudo no prazo de vinte dias.

Art. 30 - O Ministério Público Federal e o denunciado, a

seguir, terão o prazo de quarenta e oito horas, cada

um, para requerer as diligencias, cuja necessidade ou

conveniência tenha resultado da instrução.

Art. 31 - Esgotados estes prazos, sem requerimento das

partes, ou concluídas as diligências requeridas e

ordenadas, será aberta vista dos autos, ao Ministério

Público, e ao denunciado que terão três dias, cada

um, para o oferecimento das razões finais.

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Art. 32 - Findos estes prazos, serão os autos conclusos

ao Juiz que, dentro de dez dias, em audiência, com a

presença do denunciado, e do órgão do Ministério

Público, procederá à leitura da sentença.

Art. 33 - Da sentença que concluir pelo cancelamento

da naturalização caberá a apelação, sem efeito

suspensivo, para o Tribunal Federal de Recursos, no

prazo de quinze dias, contados da audiência em que

se tiver realizado a leitura, independente de

notificação. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de

27/12/73)

Parágrafo único. Será, também, de quinze dias, e nas

mesmas condições, o prazo para o Ministério Público

Federal apelar da sentença absolutória. (Redação

dada pela Lei nº 6.014, de 27/12/73)

Art. 34 - A decisão que concluir pelo cancelamento

da naturalização, depois de transitar em julgado, será

remetida, por cópia, ao Ministério da Justiça e

Negócios Interiores, a fim de ser apostilada a

circunstância em livro especial de registro (art. 43).

(Redação dada pela Lei nº 3.192, de 04/07/57)" .

3.2- REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

A reaquisição da nacionalidade é prevista na Lei de

estrangeiros (Lei nº 818/49) segundo o disposto no art. 36, tendo sua origem

na Constituição de 1946.

Art. 36. O brasileiro que, por qualquer das causas do

art. 22, nº. I e II desta lei, houver perdido a

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nacionalidade, poderá readquiri-la por decreto, se

estiver domiciliado no Brasil.

A reaquisição da nacionalidade brasileira só será

possível se a sua perda decorreu de um dos motivos previstos na

Constituição Federal em seu art.22, inc. I e II e que o requerente esteja

domiciliado no Brasil, dependendo a sua concessão, contudo, de decreto

do Presidente da República, sem efeito retroativo.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,

agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

II - desapropriação;

A exceção à regra da reaquisição de nacionalidade

se dá quando do cancelamento da naturalização por sentença judicial, a

menos que este tenha sido rescindido.

Nesse contexto, a reaquisição da nacionalidade

se dá quando dos motivos elencados o art. 36 da Lei 818/49:

Art. 36 - O brasileiro que, por qualquer das causas do

art. 22, números I e II, desta lei, houver perdido a

nacionalidade, poderá readquiri-la por decreto, se

estiver domiciliado no Brasil.

§ 1º O pedido de reaquisição, dirigido a Presidente da

República, será processado no Ministério da Justiça e

Negócios Interiores, ao qual será encaminhado por

intermédio dos respectivos Governadores, se o

requerente residir nos Estados ou Territórios.

§ 2º A reaquisição, no caso do art. 22, nº I, não será

concedida, se apurar que o brasileiro, ao eleger outra

nacionalidade, o fez para se eximir de deveres a cujo

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cumprimento estaria obrigado, se conservasse

brasileiro.

§ 3º No caso do art. 22, nº. II, é necessário tenha

renunciado à comissão, ao emprego ou pensão de

Governo estrangeiro.

Para salientar Silva68

Aquele que teve a naturalização cancelada nunca

poderá recuperar a nacionalidade perdida, salvo se o

cancelamento for desfeito em ação rescisória. O que

a perdeu por naturalização voluntária poderá

readquiri-la, por decreto do Presidente da República,

se estiver domiciliado no Brasil (Lei 818/49).

A condição básica para tal preposto é a residência e

domicílio do ex-nacional no Brasil, isto é, respectivamente, o indivíduo

deve deter o ânimo definitivo de residir do território nacional e o ânimo de

permanecer num determinado local.

Comenta Silva69:

O indivíduo readquire a nacionalidade no mesmo

status que possuía antes de perdê-la: se era brasileiro

nato, voltará a ser brasileiro nato; se naturalizado,

voltará a ser naturalizado.

Observa-se a existência dos elementos objetivos

(domicílio) e subjetivos (residência), que deve conter ex-nacional para a

obtenção da re-nacionalização.

Na visão de Silva70: 68 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p334 69 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p334

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Cumpre notar que a reaquisição da nacionalidade

opera a partir do decreto que a conceder, não tendo

efeito retroativo, mas o readquirente recupera a

condição que perderá: se era brasileiro nato, voltará a

ser brasileiro nato; e se naturalizado, retornará essa

condição.

A reaquisição de nacionalidade possui efeitos ex

nunc, assim, as condições de brasileiro nato adquirida pela naturalização

passam a vigorar a partir da declarada a naturalização, restando o

período em que se manifestou estrangeiro, eximido de qualquer

obrigação pertinente à nova condição.

3.3- JURISPRUDÊNCIA

1. EXTRADIÇÃO. Passiva. Pena. Prisão perpétua. Comutação prévia assegurada. Detração do tempo cumprido como prisão preventiva no Brasil. Efeito secundário e automático do deferimento do pedido. Exigência, porém, que toca ao Poder Executivo. Inteligência do art. 91, II, da Lei nº 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro. Precedentes. O destinatário do disposto no art. 91, II, do Estatuto do Estrangeiro, é o Poder Executivo, a que incumbe exigir, do Estado estrangeiro requerente, o compromisso de efetivar a detração penal, como requisito para entrega do extraditando. 2. RECURSO. Embargos de declaração. Pretensão de alteração do teor decisório. Inexistência de omissão, obscuridade ou contradição. Inadmissibilidade. Embargos rejeitados. Embargos declaratórios não se prestam a modificar capítulo decisório, salvo quando a modificação figure conseqüência inarredável da sanação de vício de omissão, obscuridade ou contradição do ato embargado.

70 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p335

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E M E N T A: EXTRADIÇÃO PASSIVA - ACORDO DE EXTRADIÇÃO (MERCOSUL) - NACIONAL URUGUAIO - TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES - INVESTIGAÇÃO PENAL AINDA EM CURSO - POSSIBILIDADE - ALEGAÇÃO DE VÍCIOS FORMAIS NA FORMULAÇÃO DO PEDIDO EXTRADICIONAL - INOCORRÊNCIA - PRETENDIDO REEXAME DOS FATOS SUBJACENTES À INVESTIGAÇÃO PENAL - NEGATIVA DE AUTORIA - INADMISSIBILIDADE - SISTEMA DE CONTENCIOSIDADE LIMITADA - MODELO QUE SÓ NÃO SE APLICA AO BRASILEIRO NATURALIZADO (CF, ART. 5º, LI) - SATISFAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS E ATENDIMENTO DAS CONDIÇÕES REFERENTES AO PEDIDO EXTRADICIONAL - EXIGÊNCIA DE DETRAÇÃO PENAL - EXTRADIÇÃO DEFERIDA. PROCESSO EXTRADICIONAL E SISTEMA DE CONTENCIOSIDADE LIMITADA: INADMISSIBILIDADE DE DISCUSSÃO SOBRE A PROVA PENAL PRODUZIDA PERANTE O ESTADO REQUERENTE. - A ação de extradição passiva não confere, ordinariamente, ao Supremo Tribunal Federal, qualquer poder de indagação sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre o contexto probatório em que a postulação extradicional se apóia, não cabendo, ainda, a esta Corte Suprema, o exame da negativa de autoria invocada pelo extraditando em sua defesa. Precedentes. Doutrina. - O sistema de contenciosidade limitada, que caracteriza o regime jurídico da extradição passiva no direito positivo brasileiro, não permite qualquer indagação probatória pertinente ao ilícito criminal cuja persecução, no exterior, justificou o ajuizamento da demanda extradicional perante o Supremo Tribunal Federal. - Revelar-se-á excepcionalmente possível, no entanto, a análise, pelo Supremo Tribunal Federal, de aspectos materiais concernentes à própria substância da imputação penal, sempre que tal exame se mostrar indispensável à solução de controvérsia pertinente (a) à ocorrência de prescrição penal, (b) à observância do princípio da dupla tipicidade ou (c) à configuração eventualmente política tanto do delito atribuído ao extraditando quanto das razões que levaram o Estado estrangeiro a requerer a extradição de determinada pessoa ao Governo brasileiro. Inocorrência, na espécie, de qualquer dessas hipóteses. VALIDADE CONSTITUCIONAL DO ART. 85, § 1º, DA LEI Nº 6.815/80. -

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As restrições de ordem temática, estabelecidas no Estatuto do Estrangeiro (art. 85, § 1º) - cuja incidência delimita, nas ações de extradição passiva, o âmbito material do exercício do direito de defesa -, não são inconstitucionais, nem ofendem a garantia da plenitude de defesa, em face da natureza mesma de que se reveste o processo extradicional no direito brasileiro e, ainda, em decorrência do próprio modelo de contenciosidade limitada adotado pelo ordenamento positivo nacional. Precedentes. EXTRADIÇÃO PASSIVA E BRASILEIRO NATURALIZADO - POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL - TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES - NECESSIDADES, EM TAL HIPÓTESE, DE QUE SE DEMONSTRE "COMPROVADO ENVOLVIMENTO" DO BRASILEIRO NATURALIZADO (CF, ART. 5º, LI) - EXCEÇÃO CONSTITUCIONAL AO MODELO DE CONTENCIOSIDADE LIMITADA - INAPLICABILIDADE DESSA REGRA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA AO SÚDITO ESTRANGEIRO, EMBORA O CO-AUTOR DO MESMO FATO DELITUOSO OSTENTE A CONDIÇÃO DE BRASILEIRO NATURALIZADO. - O brasileiro naturalizado, em tema de extradição passiva, dispõe de proteção constitucional mais intensa que aquela outorgada aos súditos estrangeiros em geral, pois somente pode ser extraditado pelo Governo do Brasil em duas hipóteses excepcionais: (a) crimes comuns cometidos antes da naturalização e (b) tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins praticado em qualquer momento, antes ou depois de obtida a naturalização (CF, art. 5º, LI). - Tratando-se de extradição requerida contra brasileiro naturalizado, fundada em suposta prática de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, impõe-se, ao Estado requerente, a comprovação do envolvimento da pessoa reclamada no cometimento de referido evento delituoso. - A inovação jurídica introduzida pela norma inscrita no art. 5º, LI, "in fine", da Constituição - além de representar, em favor do brasileiro naturalizado, clara derrogação do sistema de contenciosidade limitada - instituiu procedimento, a ser disciplinado em lei, destinado a ensejar cognição judicial mais abrangente do conteúdo da acusação (ou da condenação) penal estrangeira, em ordem a permitir, embora excepcionalmente, ao Supremo Tribunal Federal, na ação de extradição passiva, o exame do próprio mérito da "persecutio criminis" instaurada perante autoridades do Estado

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requerente. Precedentes: Ext 688/República Italiana, Rel. Min. CELSO DE MELLO - Ext 934/República Oriental do Uruguai, Rel. Min. EROS GRAU - Ext 1.074/República Federal da Alemanha, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.. - Não se aplica, contudo, ao súdito estrangeiro, em sede extradicional, essa mesma regra constitucional de tratamento mais favorável (CF, art. 5º, LI), não obstante o co-autor do fato delituoso ostente a condição de brasileiro naturalizado. EXTRADIÇÃO - DUPLA TIPICIDADE E DUPLA PUNIBILIDADE. - O postulado da dupla tipicidade - por constituir requisito essencial ao atendimento do pedido de extradição - impõe que o ilícito penal atribuído ao extraditando seja juridicamente qualificado como crime tanto no Brasil quanto no Estado requerente. Delito imputado ao súdito estrangeiro - tráfico ilícito de entorpecentes ("transporte") - que encontra, na espécie em exame, plena correspondência típica na legislação penal brasileira. - Não se concederá a extradição, quando se achar extinta, em decorrência de qualquer causa legal, a punibilidade do extraditando, notadamente se se verificar a consumação da prescrição penal, seja nos termos da lei brasileira, seja segundo o ordenamento positivo do Estado requerente. A satisfação da exigência concernente à dupla punibilidade constitui requisito essencial ao deferimento do pedido extradicional. - Observância, na espécie, do postulado da dupla punibilidade, eis que atendida, no caso, a exigência fundada no Acordo de Extradição (MERCOSUL), que impõe, tão-somente, ao Estado requerente, que instrua o pedido com declaração formal "de que a ação e a pena não estejam prescritas de acordo com sua legislação" (Artigo 18, n. 4, III). Desnecessidade, em tal caso, de oferecimento de cópia dos respectivos textos legais, exceto se o Supremo Tribunal Federal reputar indispensável essa produção documental. Inexistência, na espécie, de qualquer dúvida objetiva sobre a subsistência da pretensão punitiva do Estado requerente. NOTA DIPLOMÁTICA E PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. - A Nota Diplomática, que vale pelo que nela se contém, goza da presunção "juris tantum" de autenticidade e de veracidade (RTJ 177/485-488). Trata-se de documento formal cuja eficácia jurídica deriva das condições e peculiaridades de seu trânsito por via diplomática. Presume-se, desse modo, a

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sinceridade da declaração encaminhada por via diplomática, no sentido de que a pretensão punitiva ou executória do Estado requerente mantém-se íntegra, nos termos de sua própria legislação. Essa presunção de veracidade - sempre ressalvada a possibilidade de demonstração em contrário - decorre do princípio da boa-fé, que rege, no plano internacional, as relações político-jurídicas entre os Estados soberanos. A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - Artigo 3º, n. 1, "a" - outorga, à Missão Diplomática, o poder de representar o Estado acreditante ("État d'envoi") perante o Estado acreditado ou Estado receptor (o Brasil, no caso), derivando, dessa eminente função política, um complexo de atribuições e de poderes reconhecidos ao agente diplomático que exerce a atividade de representação institucional de seu País, aí incluída a prerrogativa de fazer declarações, como aquela a que se refere o Acordo de Extradição/MERCOSUL (Artigo 18, n. 4, III). DETRAÇÃO PENAL E PRISÃO CAUTELAR PARA EFEITOS EXTRADICIONAIS. - O período de duração da prisão cautelar do súdito estrangeiro, no Brasil, decretada para fins extradicionais, ainda que em processo de extradição julgado extinto por instrução documental deficiente, deve ser integralmente computado na pena a ser cumprida no Estado requerente. - Essa exigência - originariamente estabelecida no Código Bustamante (art. 379), hoje fundada no Estatuto do Estrangeiro ou, quando houver, em tratado de extradição específico (como o Acordo de Extradição/MERCOSUL) - objetiva impedir que a prisão cautelar, no Brasil, quando decretada para fins extradicionais, culmine por prorrogar, indevidamente, o lapso temporal da pena de prisão a que estará eventualmente sujeito, no Estado requerente, o súdito estrangeiro cuja entrega foi reclamada ao Governo brasileiro. EMENTA: EXTRADIÇÃO. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS FORMAIS. IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES DO EXTRADITANDO. EXTRADIÇÃO DEFERIDA. 1. A transmissão da Nota Verbal por via diplomática basta para conferir-lhe autenticidade, sendo dispensável a tradução por profissional juramentado. Ademais sequer cabe discutir eventual vício na Nota Verbal se

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os documentos que a acompanham contêm narração dos fatos que deram origem à persecução criminal no Estado requerente, viabilizando-se, assim, o exercício da defesa. 2. Assente a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de que o modelo que rege, no Brasil, a disciplina normativa da extradição passiva não autoriza a revisão de aspectos formais concernentes à regularidade dos atos de persecução penal praticados no Estado requerente. 3. O Supremo Tribunal limita-se a analisar a legalidade e a procedência do pedido de extradição (Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, art. 207; Constituição da República, art. 102, Inc. I, alínea g; e Lei n. 6.815/80, art. 83): indeferido o pedido, deixa-se de constituir o título jurídico sem o qual o Presidente da República não pode efetivar a extradição; se deferida, a entrega do súdito ao Estado requerente fica a critério discricionário do Presidente da República. 4. Extradição deferida, nos termos do voto da Relatora. EMENTA: EXTRADIÇÃO. Prisão preventiva. Inadmissibilidade. Pedido fundado em causa por cujos fatos o extraditando já foi definitivamente condenado no Brasil. Indeferimento do pedido de prisão. Extinção do processo, com julgamento de mérito. Aplicação do art. 77, V, da Lei nº 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro, e do art. 3, letra "a", nº 1, do Tratado de Extradiçao entre Brasil e Itália. Precedente. Já havendo condenação definitiva do extraditando pelo mesmo fato, não se defere pedido de prisão preventiva para fim de extradição, mas se lhe extingue o processo, com julgamento de mérito. EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM. EXTRADIÇÃO. FALTA DE INTIMAÇÃO DOS ADVOGADOS DEVIDAMENTE CONSTITUÍDOS PARA A SESSÃO DE JULGAMENTO EM PLENÁRIO. DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO PARA A DEFESA. NULIDADE DECLARADA. I - A falta de intimação dos advogados constituídos para a sessão de julgamento da Extradição é causa de nulidade, quando implica prejuízo à defesa. Precedentes. Súmula 523 desta Corte. II - Petição recebida como questão de ordem, para sujeitar o pedido de nulidade à Sessão Plenária. III - Nulidade declarada, a partir da

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data de publicação da Pauta de Julgamento, omissa em relação à nova defensoria do extraditando. IV - Questão resolvida, com determinação de novo julgamento, com a devida celeridade. EMENTA: HABEAS CORPUS. Reiteração de pedido já julgado. Não conhecimento. Precedentes. Embargos recebidos como agravo. Agravo improvido. Não se conhece de habeas corpus que se limita a repetir pedidos, sem inovação. EMENTA: EXTRADIÇÃO. Prisão preventiva. Inadmissibilidade. Pedido fundado em causa por cujos fatos o extraditando já foi definitivamente condenado no Brasil. Indeferimento do pedido de prisão. Extinção do processo, com julgamento de mérito. Questão de ordem resolvida nesse sentido. Aplicação do art. 77, V, da Lei nº 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro, e do art. 3, letra "a", nº 1, do Tratado de Extradiçao entre Brasil e Itália. Precedente. Já havendo condenação definitiva do extraditando pelo mesmo fato, não se defere pedido de prisão preventiva para fim de extradição, mas se lhe extingue o processo, com julgamento de mérito. E M E N T A: EXTRADIÇÃO PASSIVA DE CARÁTER INSTRUTÓRIO - TRATADO DE EXTRADIÇÃO ENTRE O BRASIL E O PERU (DECRETO Nº 5.853/2006) - SUPOSTA PRÁTICA DOS DELITOS DE "FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS", "PECULATO" E "ENRIQUECIMENTO ILÍCITO" - OBSERVÂNCIA, NA ESPÉCIE, QUANTO AOS CRIMES DE "FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS" E DE "PECULATO", DOS CRITÉRIOS DA DUPLA TIPICIDADE E DA DUPLA PUNIBILIDADE - DELITO DE "ENRIQUECIMENTO ILÍCITO" QUE NÃO ATENDE, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA, AO REQUISITO DA DUPLA TIPICIDADE - EXTRADIÇÃO DEFERIDA, EM PARTE. EXTRADIÇÃO - DUPLA TIPICIDADE E DUPLA PUNIBILIDADE. - O postulado da dupla tipicidade - por constituir requisito essencial ao atendimento do pedido de extradição - impõe que o ilícito penal atribuído ao extraditando seja juridicamente qualificado como crime tanto no Brasil

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quanto no Estado requerente. Delito imputado à súdita estrangeira - "Enriquecimento ilícito" - que não encontra, na espécie em exame, correspondência típica na legislação penal brasileira. Observância, no que concerne aos crimes de "Enriquecimento ilícito" e de "Peculato" do postulado da dupla tipicidade. O que realmente importa, na aferição do postulado da dupla tipicidade, é a presença dos elementos estruturantes do tipo penal ("essentialia delicti"), tais como definidos nos preceitos primários de incriminação constantes da legislação brasileira e vigentes no ordenamento positivo do Estado requerente, independentemente da designação formal por eles atribuída aos fatos delituosos. - Não se concederá a extradição, quando se achar extinta, em decorrência de qualquer causa legal, a punibilidade do extraditando, notadamente se se verificar a consumação da prescrição penal, seja nos termos da lei brasileira, seja segundo o ordenamento positivo do Estado requerente. A satisfação da exigência concernente à dupla punibilidade constitui requisito essencial ao deferimento do pedido extradicional. Observância, na espécie, do postulado da dupla punibilidade. EXISTÊNCIA DE FAMÍLIA BRASILEIRA, NOTADAMENTE DE FILHO COM NACIONALIDADE BRASILEIRA ORIGINÁRIA - SITUAÇÃO QUE NÃO IMPEDE A EXTRADIÇÃO - COMPATIBILIDADE DA SÚMULA 421/STF COM A VIGENTE CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. - A existência de relações familiares, a comprovação de vínculo conjugal ou a convivência "more uxorio" do extraditando com pessoa de nacionalidade brasileira constituem fatos destituídos de relevância jurídica para efeitos extradicionais, não impedindo, em conseqüência, a efetivação da extradição do súdito estrangeiro. Precedentes. - Não impede a extradição o fato de o súdito estrangeiro ser casado ou viver em união estável com pessoa de nacionalidade brasileira, ainda que com esta possua filho brasileiro. - A Súmula 421/STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República, pois, em tema de cooperação internacional na repressão a atos de criminalidade comum, a existência de vínculos conjugais e/ou familiares com pessoas de nacionalidade brasileira não se qualifica como causa obstativa da extradição. Precedentes.

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EMENTA: EXTRADIÇÃO. Pedido deferido. Desistência da execução. Admissibilidade. Revogação do decreto de prisão. Trânsito em julgado do deferimento. Irrelevância. Extinção do processo executório e libertação do extraditando. Questão de ordem resolvida nesse sentido. Precedente. Ainda que haja transitado em julgado acórdão que deferiu pedido de extradição, pode o Estado requerente desistir-lhe da execução, pondo fim ao proceso executório. EMENTA: EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. TRÁFICO DE ENTORPECENTES, PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO, EXTORSÃO E RECEPTAÇÃO. DUPLA TIPICIDADE E DEMAIS REQUISITOS ATENDIDOS. Pedido de extradição instrutória formalizado pelo Reino da Noruega. Tráfico de entorpecentes, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, extorsão e receptação. Atendimento do requisito da dupla tipicidade. Crimes não prescritos em ambas as legislações. Identificação do extraditando. Indicação do local e circunstâncias dos crimes. Extradição deferida. EMENTA: EXTRADIÇÃO. Passiva. Pena. Prisão perpétua. Inadmissibilidade. Necessidade de comutação para pena privativa de liberdade por prazo não superior a 30 (trinta) anos. Concessão com essa ressalva. Interpretação do art. 5°, XLVII, "b", da CF. Precedentes. Só se defere pedido de extradição para cumprimento de pena de prisão perpétua, se o Estado requerente se comprometa a comutar essa pena por privativa de liberdade, por prazo ou tempo não superior a 30 (trinta) anos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia procurou identificar a realidade

da Aquisição da Nacionalidade Originária, com a sua atual e perspectiva

para a sua iminente realidade que é para se adquirir está nacionalidade.

Para tanto, no primeiro momento foi demonstrado

como foi a Evolução da Nacionalidade nós países e quem foram os

primórdios deste tipo, como se surgiu e seus conceitos.

No segundo momento, fez-se uma análise da

nacionalidade originária e a derivada, como elas são adquiridas,as

diferenças constitucionais entre natos e naturalizados, como se adquire a

à naturalização.

Os métodos de determinação da nacionalidade de

origem obedecem a três sistemas o do jus sanguinis (direito de sangue)

segundo o qual a nacionalidade decorre da filiação, o do jus soli (direito

de solo) que fixa a nacionalidade no lugar de nascimento, e o misto, que

combina a filiação com o lugar de nascimento.

A aquisição automática aplica-se a certas pessoas,

como resultado de reconhecimento, da legitimação, ou da adoção.

Variam as condições de atribuição de nacionalidade,

de acordo com a legislação vigente nos diferentes países.

No Brasil há três formas de aquisição de nacionalidade:

a) pelo nascimento; b) pela nacionalização; c) pela naturalização.

Brasileiros natos são: a) todos os indivíduos nascidos no

território nacional, ainda que de pais estrangeiros, exceto se estes

estiverem a serviço de seu país; b) os filhos de brasileiros, nascidos no

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exterior, se os pais estiverem a serviço do Brasil; c) filhos de brasileiro, ou

brasileira, nascidos no exterior se vierem a residir no Brasil e optarem pela

nacionalidade brasileira dentro de quatro anos após atingirem a

maioridade.

No terceiro momento, apresentou-se a como se perda

a nacionalidade e como se readquire a nacionalidade e fazendo uma

abordagem geral, buscando na jurisprudência casos de perda e

reaquisição.

Em suma, a nacionalidade pode ser perdida: a) por

mudança de nacionalidade; b) pelo casamento; c) pela naturalização; d)

por cessão ou anexação territorial; e) pela renúncia pura e simples; f) por

algum ato incompatível com a qualidade de nacional ou considerado

como falta; g) pela presunção de renuncia em conseqüência de

residência prolongada em país estrangeiro, sem intenção de regresso.

Em algumas legislações existe presunção de renuncia

da nacionalidade no caso de indivíduo naturalizado que se instala em

outro país, geralmente o seu país de origem. Presume-se que o

naturalizado arrependeu-se. Em alguns casos a pessoa se naturaliza para

beneficiar-se das leis locais, e evita que sua naturalização seja conhecida

pela autoridade do país de origem, que poderia cassar a nacionalidade

originária.

Além do conteúdo supracitado, encontra-se na Lei n.º

6.815, de l9 de agosto de l980, normalização sobre a situação jurídica do

estrangeiro no Brasil, criação do Conselho Nacional de Imigração e outras

providências.

O direito de escolher sua nova nacionalidade é um dos

direitos primordiais do homem, desde que ele seja juridicamente capaz, e

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desde que seja-lhe compensador fazer tal mudança, ou, conforme visto,

convém que homem avalie se é-lhe proveitoso inclusive acumular títulos

de nacionalidades.

Assim, o que é licito, possível e que proporciona algum

bem ao ser humano, por que não ser objeto de persecução?

Por fim retoma-se a hipótese levantada na pesquisa,

trazendo a seguintes conclusões:

Como já fora mencionado, são duas vertentes de

análise principais para se estudar a relação entre o

Direito internacional e o Direito interno: o dualista e o

monista. A prima facie pode-se dizer que o dualismo

pressupõe que o Direito Internacional e o Direito

interno são noções diferentes, pois estão

respectivamente fundamentados em duas ordens:

interna e externa. O monismo pressupõe que o Direito

Internacional e o Direito Interno são elementos de uma

única ordem jurídica e, sendo assim, haveria uma

norma hierarquicamente superior regendo este único

ordenamento. Esta teoria, ainda, apresenta duas

posições: uma, que defende a primazia do Direito

interno, e, outra, a primazia do Direito Internacional.

A naturalização é divida em duas tipologias as

originarias que são adquiridas de duas formas pelo ius

solis Pelo critério do jus soli, serão nacionais aqueles

que nascerem no território do Estado,

independentemente da nacionalidade de seus

ascendentes ou ius sanguinis, O critério do jus sanguinis

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entende que será nacional todo aquele que

descender de nacionais independentemente do

território do nascimento. já a nacionalidade derivada

é adquirida por fato voluntário, posterior ao

nascimento, quer dizer, pela naturalização.

Não, pois com aperda da aquisição a punição é uma

Ação de Cancelamento de Naturalização, que é

proposta pelo Ministério Público Federal, e uma vez

perdida a nacionalidade mediante sentença

transitada em julgado somente será possível readquiri-

la por meio de ação rescisória e nunca por novo

processo de naturalização. A reaquisição da

nacionalidade brasileira só será possível se a sua

perda decorreu de um dos motivos previstos na

Constituição Federal em seu art.22, inc. I e II e que o

requerente esteja domiciliado no Brasil, dependendo

a sua concessão, contudo, de decreto do Presidente

da República, sem efeito retroativo. A exceção à

regra da reaquisição de nacionalidade se dá quando

do cancelamento da naturalização por sentença

judicial, a menos que este tenha sido rescindido

Por fim, o conhecimento obtido com a presente

monografia foi de extrema importância para a vida acadêmica e

profissional da aluna, pois estimulou o interesse pelo assunto.

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