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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO JOSÉ PEDRO SILVEIRA FUCHS CAPACIDADE ABSORTIVA, DESEMPENHO E DINAMISMO AMBIENTAL EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: UM ESTUDO NA INDÚSTRIA DO VINHO DO SUL DO BRASIL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO BIGUAÇU SC - 2015 JOSÉ PEDRO SILVEIRA FUCHS

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1

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

JOSÉ PEDRO SILVEIRA FUCHS

CAPACIDADE ABSORTIVA, DESEMPENHO E DINAMISMO AMBIENTAL EM

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: UM ESTUDO NA INDÚSTRIA DO VINHO DO

SUL DO BRASIL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

BIGUAÇU – SC - 2015

JOSÉ PEDRO SILVEIRA FUCHS

2

JOSÉ PEDRO SILVEIRA FUCHS

CAPACIDADE ABSORTIVA, DESEMPENHO E DINAMISMO AMBIENTAL EM

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: UM ESTUDO NA INDÚSTRIA DO VINHO DO

SUL DO BRASIL

Dissertação submetida à banca examinadora como requisito

final para a obtenção do título de Mestre em Administração, do

Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Mestrado em

Administração, da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto

BIGUAÇU – SC - 2015

3

JOSÉ PEDRO SILVEIRA FUCHS

“Capacidade Absortiva, desempenho e dinamismo ambiental em pequenas e médias

empresas: um estudo na indústria do vinho do Sul do Brasil”.

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração

e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração

da Universidade do Vale do Itajaí, em Biguaçu.

Área de Concentração: Organizações e Sociedade

Biguaçu, 25 de novembro de 2015.

Profª. Drª. Rosilene Marcon

Coordenadora do Programa

Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto

UNIVALI

Orientador

Prof. Dr. Miguel Angel Verdinelli

UNIVALI

Prof. Dr. Carlos Eduardo Carvalho

UNOESC

4

AGRADECIMENTOS

Em determinado momento senti como que uma necessidade de enriquecimento cultural e

acadêmico e optei pelo mestrado da Univali.

Há um bom tempo fora da vida acadêmica, sofri bastante com detalhes operacionais que para

os colegas eram coisas aparentemente triviais mas para mim se transformavam em

gigantescos problemas.

Tive que correr atrás das soluções e o enriquecimento proporcionado pela superação destas

situações foi fantástico e me proporcionou um crescimento pessoal que eu não imaginava que

fosse alcançar.

Há muitos anos sem fazer uma simples apresentação de Power Point, tive que aprender tudo

praticamente do zero.

A mesma Providência que me fez escolher o mestrado da Univali me apresentou o meu

orientador, professor Carlos Ricardo Rossetto, cuja paixão pelo vinho serviu como um imã a

nos atrair. Acho que passamos mais tempo conversando sobre vinhos do que sobre qualquer

outra coisa, incluindo a dissertação (risos...)

Tenho que agradecer a ele pela paciência comigo, um verdadeiro “outlier” fora dos padrões

normais acadêmicos com os quais ele está acostumado a lidar.

Foi um privilégio conhecer e conviver com ele, e certamente seremos sempre grandes amigos,

como acontece com aqueles que desenvolvem uma “energia” ou linguagem similar, no nosso

caso a do vinho.

Meus sinceros agradecimentos também ao professor Carlos Eduardo Carvalho pela ajuda

especialmente na parte técnica do trabalho, vamos ser grandes amigos também, aos

professores Miguel Verdinelli e André Santos pelas dicas importantes e a todos os professores

do PPGA e às meninas da Secretaria igualmente meu grande reconhecimento.

Agradecimento especial aos colegas do mestrado pela gentileza com que me trataram, fiz

grandes amigos, em especial os amigos Thiago Sena e André Pruner, por quem torço e rezo

por sua vida acadêmica e profissional.

Enfim, encerramos esta etapa com uma sensação não somente de trabalho finalizado, mas

também de enriquecimento na nossa vida e na de outras pessoas.

Agradecimento especial ao Luis Milani, da Milantino Vinhos pela ajuda e dicas nas coletas de

dados, sem as quais a pesquisa teria sido bem mais difícil de ser realizada.

Agradeço, finalmente à minha esposa Maisa e à minha filha Bianca, pela compreensão e

paciência durante as muitas horas em frente ao computador e viagens a Biguaçu.

5

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa Maisa, com especial reconhecimento

à sua paciência, persistência, fé e perseverança, à minha filha Bianca e a

meus pais José Pedro e Eni (in memoriam), que me ofereceram educação

e formação de caráter para me tornar um ser humano mais digno e útil.

6

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo analisar as relações existentes entre a capacidade

absortiva, o dinamismo ambiental e o desempenho da firma, em uma pesquisa feita com

pequenas e médias empresas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na área de produção

de vinhos finos. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica sobre os principais conceitos

referentes a estas variáveis, adotando-se posteriormente a modelagem de equações estruturais

pela utilização do software SmartPLS 3.0, a fim de analisar tecnicamente os relacionamentos.

Esta pesquisa é de caráter quantitativo, utilizando a estratégia survey, sendo que foram

testadas e validadas escalas para mensuração das dimensões abordadas, e o modelo teórico

proposto foi ajustado para cada construto. Os testes de hipóteses revelaram relacionamento

positivo entre capacidade absortiva e desempenho, assim como também entre dinamismo

ambiental e capacidade absortiva. Foi confirmado o caráter mediador da capacidade absortiva

na relação entre o dinamismo ambiental e o desempenho da firma, mas a relação direta entre

dinamismo e desempenho não se mostrou significante, demonstrando, conforme os

resultados, que o dinamismo do ambiente não gera efeito significativo sobre o desempenho,

mas ocasiona efeito considerável sobre a capacidade absortiva. Isto significa, na prática, que

quando o gestor percebe o ambiente como dinâmico, adota práticas de absorção de

conhecimento para enfrentar esse dinamismo, tendo como resultado o aumento de

desempenho da organização. Pode-se salientar igualmente a contribuição do presente estudo

para a área de gestão estratégica, revelando o comportamento dos gestores com relação à

capacidade de absorção de conhecimento e sua ligação com o dinamismo do ambiente.

Palavras-chave: Aquisição de conhecimento, Assimilação de conhecimento, Transformação

de conhecimento, Aplicação de conhecimento, Capacidade absortiva, Dinamismo ambiental,

Desempenho, Setor vitivinícola.

7

ABSTRACT

This research analyzes the relationship between absorption capacity, environmental

dynamism andcompany performance, through a survey conducted with small and medium

sized fine wine producers in the Brazilian states of Rio Grande doSul and Santa Catarina.

First, a literature review was carried out on the main concepts of these variables; structural

equations modeling was then adopted, using the software program SmartPLS to analyze the

relationships between constructs. The research method is a quantitative survey in which pre-

tested scales were used to measure the dimensions, and the theoretical model was adjusted for

each construct. The tests of the hypotheses revealed a positive relationship between absorptive

capacity and performance, as well as between environmental dynamism and absorptive

capacity. The mediator effect was confirmed, in the relationship between environmental

dynamism and company performance, but the direct relationship between dynamism and

performance was not significant, revealing, according to the results, that environmental

dynamism does not significantly affect performance, but has considerable impact on

absorptive capacity. This means, in practice, than when managers see the ambient as dynamic,

they use practices of knowledge absorption to face this dynamism, which results in improved

performance. We also highlight the contribution of this study for strategic management,

showing managers’ behavior in relation to absorption capacity and its association with

environmental dynamism.

Keywords: Acquisition, Assimilation, Transformation, Exploitation, Absorptive capacity,

Environmental dynamism, Performance, Wine producing sector.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Transformação do conhecimento.............................................................................22

Figura 2 - Transformação das capacidades...............................................................................25

Figura 3 - Divisão esquemática da capacidade absortiva.........................................................35

Figura 4 - Formação da capacidade absortiva..........................................................................36

Figura 5 - Determinantes da capacidade absortiva...................................................................38

Figura 6 - Modelo conceitual de mensuração...........................................................................52

Figura 7 - Diagrama dos índices de mensuração de desempenho............................................69

Figura 8 – Variáveis reflexivas.................................................................................................75

Figura 9 - Variáveis formativas................................................................................................76

Figura 10 - Representação construto capacidadeabsortiva.......................................................77

Figura 11 - Modelo teórico estrutural de análise......................................................................78

Figura 12 - Modelo de mensuração para entrada no Smartpls.................................................79

Figura 13 - Cargas fatoriais entre os construtos.......................................................................81

Figura 14 - Histograma da idade da amostra............................................................................85

Figura 15 - Gráfico plotagem idade da amostra.......................................................................86

Figura 16 - Coeficientes de caminho........................................................................................95

Figura 17 - Coeficientes de caminho sem capacidade absortiva..............................................98

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Definições de capacidades dinâmicas....................................................................30

Quadro 2 - Indicadores da dimensão aquisição........................................................................64

Quadro 3 - Indicadores da dimensão assimilação.....................................................................65

Quadro 4 - Indicadores da dimensão transformação................................................................65

Quadro 5 - Indicadores da dimensão aplicação........................................................................66

Quadro 6 – Indicadores da variável dinamismo ambiental.......................................................67

Quadro 7 - Indicadores de desempenho Flatten........................................................................67

Quadro 8 - Indicadores variável desempenho...........................................................................69

Quadro 9 - Índices de ajuste do modelo....................................................................................82

Quadro 10 - Número de vinícolas.............................................................................................84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise descritiva dimensão aquisição....................................................................71

Tabela 2 -Análise descritiva dimensão assimilação.................................................................72

Tabela 3 - Análise descritiva dimensão transformação............................................................72

Tabela 4 - Análise descritiva dimensão aplicação....................................................................73

Tabela 5 - Análise descritiva variável dinamismo....................................................................73

Tabela 6 - Análise descritiva variável desempenho.................................................................74

Tabela 7 - Cargas e pesos fatoriais do modelo.........................................................................80

Tabela 8 - Estatística descritiva da idade da amostra...............................................................85

Tabela 9 - Variância explicada dos indicadores.......................................................................87

Tabela 10 - Alpha de Cronbach................................................................................................88

Tabela 11- Confiabilidade composta........................................................................................89

Tabela 12 - Cargas fatoriais cruzadas.......................................................................................90

Tabela 13 -Validade discriminante...........................................................................................90

Tabela 14 - Análise de colinearidade........................................................................................91

Tabela 15 - Variância explicada pelos construtos.....................................................................92

Tabela 16 - Poder de relacionamento........................................................................................93

Tabela 17 - Poder de ajuste do modelo.....................................................................................94

Tabela 18 - Coeficientes de caminho do modelo......................................................................96

11

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS.............................................................................................................04

DEDICATÓRIA.......................................................................................................................05

RESUMO.................................................................................................................................06

ABSTRACT.............................................................................................................................07

LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................08

LISTA DE QUADROS............................................................................................................09

LISTA DE TABELAS.............................................................................................................10

SUMÁRIO...............................................................................................................................11

1INTRODUÇÃO....................................................................................................................14

1.1 Tema..................................................................................................................................14

1.2Justificativa e Pergunta de Pesquisa.................................................................................. 16

1.3Objetivos.............................................................................................................................19

1.3.1 Geral................................................................................................................................19

1.3.2 Específicos......................................................................................................................19

2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................20

2.1Capacidades Organizacionais.............................................................................................20

2.2Capacidades Dinâmicas......................................................................................................24

2.3Capacidade Absortiva..................................................................................................... ...31

2.3.1Fundamentos Organizacionais da Transmissãoe Absorção de Conhecimento................31

2.3.2Conceito e Evolução Histórica........................................................................................32

2.3.3Determinantes da Capacidade Absortiva........................................................................38

2.3.4Discussão Sobre os Modelos de Avaliação deCapacidade Absortiva............................42

2.4Ambiente............................................................................................................................43

2.4.1Ambiente Organizacional................................................................................................43

2.4.2Dinamismo Ambiental....................................................................................................44

12

2.4.3IncertezaAmbiental.........................................................................................................47

2.4.4O Dinamismo Ambiental e a PME Vitivinicola.............................................................50

2.5Hipóteses e Modelo Conceitual Proposto de Relacionamento das Variáveis....................52

2.5.1Modelo conceitual proposto............................................................................................52

2.5.2Hipóteses do Trabalho.....................................................................................................53

3METODOLOGIA...............................................................................................................55

3.1Tipo e Estratégia de Pesquisa.............................................................................................55

3.1.1Método de Pesquisa e Técnica Analítica........................................................................56

3.2População e Amostra.........................................................................................................58

3.3Instrumento de Coleta de Dados........................................................................................59

3.3.1 Descrição das Variáveis Utilizadas paraMensuração das Dimensões dos Construtos..60

3.3.2Construção do Questionário............................................................................................61

3.3.3Tradução e Adaptação Culturaldo Questionário.............................................................63

3.3.4Estrutura Final de Variáveis para Medida de Cada Dimensão.......................................64

3.3.4.1Dimensão Aquisição....................................................................................................64

3.3.4.2Dimensão Assimilação................................................................................................65

3.3.4.3Dimensão Transformação............................................................................................65

3.3.4.4Dimensão Aplicação....................................................................................................66

3.3.4.5Mensuração Dinamismo Ambiental............................................................................66

3.3.4.6Mensuração Desempenho Organizacional...................................................................67

3.4Coleta dos dados................................................................................................................70

3.4.1Pré-teste..........................................................................................................................70

3.5Análise dos dados..............................................................................................................71

3.5.1 Análise descritiva do universo amostral........................................................................71

3.5.2 Considerações sobre o modelo de análise.....................................................................74

3.5.3Modelo Conceitual Inicial – Estrutural..........................................................................78

3.5.4Modelo de Mensuração..................................................................................................79

3.5.5Índices de Ajuste do Modelo..........................................................................................81

4ANÁLISE DOS RESULTADOS.......................................................................................83

4.1O Contexto da PME Vitivícola.........................................................................................83

4.2Caracterização das Empresas Pesquisadas........................................................................84

4.3Análise do Modelo de Mensuração Construtos Reflexivos..............................................86

13

4.3.1 Análise da Variância Média Extraída..........................................................................87

4.3.2Análise da Confiabilidade dos Indicadores..................................................................88

4.3.3Análise da Confiabilidade Composta...........................................................................89

4.3.4Análise da Validade Discriminante..............................................................................89

4.4Análise do Modelo Estrutural..........................................................................................91

4.4.1Análise dos Padrões de Colinearidade..........................................................................91

4.4.2Análise da Variância Explicada....................................................................................92

4.4.3Análise do Poder de Relacionamento...........................................................................93

4.4.4Análise dos Coeficientes de Caminho..........................................................................94

4.5Análise das Hipóteses......................................................................................................96

4.5.1Hipótese 1.....................................................................................................................96

4.5.2Hipótese 2.....................................................................................................................97

4.5.3Hipótese 3.....................................................................................................................97

4.5.4Hipótese 4.....................................................................................................................97

5 –-DISCUSSÕES, CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA

FUTUROS TRABALHOS..........................................................................................100

5.1 - DISCUSSÕES.............................................................................................................100

5.2 - CONCLUSÕES...........................................................................................................101

5.3 – LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS.........................104

REFERÊNCIAS.................................................................................................................107

APÊNDICE 1 : Capacidade Absortiva Questionário Original...........................................120

APÊNDICE 2 : Capacidade Absortiva Questionário Traduzido........................................122

APÊNDICE 3 : Capacidade Absortiva Questionário Final................................................124

APÊNDICE 4 :Questionário Dinamismo............................................................................126

APÊNDICE 5 :Coeficientes de Caminho Variável Idade...................................................127

APÊNDICE 6 :Etapas, Fundamentos e Métodos................................................................128

APÊNDICE 7 :Construção das Análises das Hipóteses......................................................129

14

1 –INTRODUÇÃO

1.1 –TEMA

O estudo da busca de vantagem competitiva é o foco principal da pesquisa estratégica

na área da administração (PORTER, 1980). Neste sentido, a investigação da reação das

organizações frente a seus ambientes operacionais tem sido a base de inúmeros trabalhos ao

longo das últimas décadas. Uma boa parte deles analisa a dualidade de visões por parte dos

pesquisadores, alguns enfatizando o determinismo ambiental como fator decisório

(PFEFFER; SALANCIK, 1978,HANNAN; FREEMAN, 1984, BAUM, 2001), enquanto

outros oferecem o olhar voluntarista, numa tentativa da organização de modificar o ambiente

no qual está inserida, utilizando seus recursos e capacidades (ROSSETTO, 2002; ALDRICH,

2008), na procura de mecanismos organizacionais que potencializem virtudes internas para

melhor enfrentar o ambiente externo (HELFAT et al., 2007).

Diante da crescente competitividade e abertura de mercados, alguns pesquisadores (LI;

LIU, 2012) chegam a afirmar que é virtualmente impossível a manutenção de vantagem

competitiva permanente, havendo a necessidade de mudança da visão das organizações para

vantagens competitivas temporárias e que se exaurem rapidamente.

Este posicionamento das organizações em relação ao ambiente externo vai ser

influenciado preponderantemente pela quantidade de informações que a firma consegue obter

deste mesmo ambiente. Esta carga excessiva de dados é fruto das características do ambiente,

gerando dinamismo, incerteza e provocando impacto nas decisões que devem ser tomadas.

Estas decisões vão depender também de outras características do ambiente, como a sua

complexidade e a munificência, ou seja, a capacidade de acesso aos recursos disponíveis no

mercado, conforme DesseBeard(1984), em uma das abordagens pioneiras sobre o tema.Esta

incerteza ambiental afeta a tomada de decisão por parte dos gestores da firma, com impacto

direto nas escolhas estratégicas que precisam ser feitas e, consequentemente, no desempenho

da mesma.

O conhecimento e a sua eficaz transferência entre indivíduos, grupos e empresas

representa a base fundamental para a formação dos pilares do arcabouço competitivo da firma

(KOGUT; ZANDER, 1992). Os processos através dos quais ela adquire e sintetiza recursos

especificamente na área de conhecimento, absorvendo e transformando estes em novas

15

aplicações, são chamados por Kogut e Zander(1992) de “capacidades combinativas”,

enquanto que para Amit e Schoemaker (1993), apenas “capacidades”.

Quando estas capacidades ou capacidades combinativas precisam ser constantemente

reconfiguradas para melhor se adaptarem às condições ambientais dinâmicas, recebem o

nome de Capacidades Dinâmicas. Elas incluem habilidades locais ou competências que são

fundamentais para adquirir vantagem competitiva para a firma. A adaptação a estas condições

ambientais dinâmicas requer também a reconfiguração e renovação de recursos e capacidades

para responder às mudanças ambientais rápidas (TEECE; PISANO; SHUEM, 1997).

O dinamismo e a complexidade do ambiente da firma vão estabelecer padrões de

reação que, por sua vez, vão exigir capacidades com nível de sofisticação e grau de

adaptabilidade variável para uma resposta eficaz à incerteza ambiental. Assim, conforme

Eisenhardt e Martin (2000), em mercados caracterizados por moderado dinamismo, estas

capacidades dinâmicas se assemelham às rotinas, enquanto que, em mercados de alta

dinamicidade, elas adquirem conotação de processos específicos, muitas vezes experimentais

e com resultados pouco previsíveis. Tal dinamismo, se por um lado apresenta ameaças aos

objetivos da firma, provocando mudanças rápidas no ambiente de negócios, por outro oferece

oportunidades que poderão ser aproveitadas em função da utilização do conhecimento

acumulado para atualizar os mecanismos usados no enfrentamento das novas realidades do

mercado (HSIEN et al., 2009; CARVALHO, 2011).

Uma destas capacidades dinâmicas, amplamente estudada e considerada um dos mais

significantes construtos nos últimos vinte anos é a Capacidade Absortiva, do inglês

AbsorptiveCapacity, mencionada no trabalho seminal de Cohen e Levinthal (1989) como a

habilidade que a firma possui para avaliar, assimilar e aplicar novos conhecimentos com

objetivos comerciais.

A capacidade absortiva é dinâmica e embutida nas rotinas e processos da firma,

tornando possível computar os estoques e o fluxo de conhecimento, utilizando-os para a

criação e sustentação de vantagem competitiva (ZAHRA; GEORGE, 2002).

Sob a perspectiva do aprendizado, a capacidade absortiva é vista como um construto

estudado no nível da firma, que expressa o efeito acumulativo do contínuo aprendizado

organizacional (VAN DEN BOSCH; WIJK; VOLBERDA, 2003).

O conceito de capacidade absortiva tem sido utilizado em vários campos de pesquisa,

tais como administração estratégica (VAN DEN BOSCH, 1999), aprendizado organizacional

(BARKEMA; VERMEULEN, 1998), administração do conhecimento (LANE; LUBATKIN,

1998) e inovatividade (HELFAT, 1997; VAN DEN BOSCH, 1999).

16

No presente trabalho, é utilizado na avaliação da capacidade de absorção de

conhecimento da pequena e média empresa rural vitivinícola, e na influência de desempenho

da mesma sob a ação do dinamismo do ambiente.

O construto se robusteceu ao longo do tempo e adquiriu caráter multidimensional,

como no trabalho de Zahra e George (2002), que apresentaram uma nova conceituação da

definição inicial de Cohen e Levinthal (1989), subdividindo a capacidade absortiva em um

conjunto de rotinas e processos através dos quais a firma adquire, assimila, transforma e

aplica o conhecimento, como citado anteriormente.

A capacidade absortiva passa a ser vista, a partir deste momento, como uma

capacidade dinâmica que influencia a habilidade da organização para criar e aplicar o

conhecimento necessário na construção de outras capacidades organizacionais (ZAHRA;

GEORGE, 2002).

Desta forma, percebe-se que a capacidade absortiva se apresenta como fonte crucial de

inovação e renovação de recursos e processos (CHANG; CHO, 2008) e, como estes são

difíceis de imitar devido à sua evolução e transformação constantes, as organizações com

sistemas de processamento de conhecimento bem desenvolvidos (e, consequentemente, com

alta capacidade absortiva) são as que provavelmente conseguirão mais inovatividade, o que,

por sua vez, irá gerar maior e melhor desempenho, acompanhado de uma prolongada

vantagem competitiva(CARRION; NAVARRO; GIMENEZ, 2012).

Neste trabalho temos a possibilidade de avaliar as relações entre a capacidade

absortiva, o desempenho e o dinamismo ambiental nas pequenas e médias empresas da área

vinícola do Sul do Brasil, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

1.2 -JUSTIFICATIVA DE PESQUISA

No trabalho de Ndiege, Herselman e Flowerday (2012) sobre a relevância da

capacidade absortiva para pequenas e grandes empresas, os autores salientam a carência de

estudos neste campo em países em desenvolvimento, e reforçam a possibilidade de

comparação destas pesquisas com as de países desenvolvidos para uma compreensão global

do construto, inclusive com relação à sua influência no desempenho das pequenas e médias

empresas.

17

Segundo Veugelers (1997), pesquisas são necessárias para identificar as características

específicas da firma geradoras de capacidade absortiva. Apesar do crescimento nos trabalhos

com relação ao tema, a pesquisa tem se concentrado em médias e grandes empresas, uma vez

que o trabalho seminal de Cohen e Levinthal (1999) coloca Pesquisa e Desenvolvimento

(P&D) como atividades padrão a serem mensuradas para a avaliação da capacidade absortiva,

área pouco desenvolvida em pequenas empresas.

O acesso a um novo contexto de pesquisa se mostra como oportunidade para preencher

esta lacuna, representada pelas significantes diferenças existentes entre mercados

desenvolvidos e economias em transição (LIN; GERMAIN, 2003). Essa medida ampliará o

entendimento sobre a atuação da capacidade absortiva no ambiente organizacional. Mahnke et

al. (2005) afirma que há pouca literatura empírica para comprovar como uma firma aumenta

sua capacidade absortiva.

Diante da contextualização do tema, se percebe que o rápido crescimento da literatura

em torno do estudo da capacidade absortiva deve-se, em parte, ao seu inter-relacionamento

com outras áreas populares da pesquisa organizacional, como alianças estratégicas,

aprendizado organizacional, administração do conhecimento e a visão baseada em recursos da

firma(LANE; PATHAK; KOKA, 2006).

Lane et al(2006) ressalta que a capacidade absortiva é um dos mais importantes

construtos a emergir na pesquisa organizacional nas décadas recentes. Em um trabalho crítico

sobre as características e direções do estudo da capacidade absortiva, expõe a necessidade de

se utilizar outros tipos de medidas para a mensuração do construto, não somente a P&D

(Pesquisa e Desenvolvimento). Isto abre um caminho para novas pesquisas, especialmente nos

países em desenvolvimento, onde normas reguladoras governamentais e mercados

inconstantes convivem lado a lado.

Jurado, Garcia e De Lucio (2008), falam da falta de pesquisas com relação à natureza

do conhecimento que é absorvido pela organização, enquanto Volberda, Fossand e Lyles

(2010), comentam que a capacidade absortiva é uma conexão vital entre o conhecimento

externo, o desempenho da organização e sua capacidade de inovar.

Camisón e Forés (2010) sustentam a ampliação dos estudos sobre capacidade

absortiva dada a importância que a busca de informações externas na área do conhecimento

tem para as organizações, e que medidas unidimensionais como atividade de P&D, número de

patentes requeridas ou número de empregados com educação de alta qualidade, são

insuficientes para capturar a riqueza de construtos complexos, como é o caso da absorção de

conhecimento ou da capacidade absortiva.

18

Corroborando a importância das pesquisas sobre capacidade absortiva, trabalhos

empíricos recentes feitos com PMEs na Europa, como os de Flatten et al. (2011) e Pérez et al.

(2012), ressaltam a necessidade de replicação destes estudos em países com culturas e

estágios de desenvolvimento macroeconômico diferentes dos europeus.

Para consolidar este cenário, o estudo de Li e Liu (2011) ressaltam estas lacunas

científicas, afirmando que a maioria dos estudos sobre capacidades dinâmicas (incluindo

capacidade absortiva) provêm de mercados desenvolvidos com normas reguladoras bem

estabelecidas, sabendo-se poucodas mesmas em mercados de economias em transição, como é

o caso dos países do BRIC, onde a China e o Brasil se inserem atualmente, o que reforça a

atualidade deste estudo e suas conclusões.

Li e Liu (2011) também abordam o papel fundamental da capacidade absortiva no

desempenho da firma e, juntamente com as pesquisas de Flatten et al. (2011), ressaltam a

influência que os níveis de capacidade absortiva possuem para alavancar o desempenho da

organização.

Além disso, surge a oportunidade de contribuir teoricamente, estendendo a

investigação ao universo das micro e pequenas empresas, área de pesquisa importante por sua

contribuição na composição da economia em geral, mas pouco abordada nos trabalhos sobre

capacidade absortiva (LI; LIU, 2011). A prática também é contemplada pelo desenvolvimento

de um instrumento novo de análise, voltado ao estudo de capacidade absortiva, especialmente

em pequenas e médias empresas.

Neste sentido,Ndiege, Herselman e Flowerday (2012) reforçam que a capacidade

absortiva é um dos mais importantes instrumentos para obtenção de vantagem competitiva e

melhoria de desempenho.

Devido à sua importância no contexto organizacional, há necessidade de mais

pesquisas que analisem detalhadamente o construto, evidenciando suas dimensões e o papel

na absorção de conhecimento externo, pela formação da base informacional tácita e explícita

da firma, além de sua influência no desempenho e na construção de vantagem competitiva no

ambiente (ZAHRA; GEORGE, 2002; TING; WANG; WANG, 2012), sendo este o objetivo

maior do presente estudo. Portanto, a pergunta de pesquisa é:

- Quais as relações entre capacidade absortiva, dinamismo ambiental e

desempenho no ambiente das Pequenas e Médias Empresas da indústria do vinho nos

Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul?

19

1.3-OBJETIVOS

1.3.1 –GERAL

Analisar as relações existentes entre a capacidade absortiva, dinamismo ambiental e

desempenho nas Pequenas e Médias Empresas da indústria do vinho nos Estados de Santa

Catarina e Rio Grande do Sul.

1.3.2 – ESPECÍFICOS

Relacionar a capacidade absortiva com o desempenho;

Avaliar o relacionamento entre o dinamismo ambiental e a capacidade absortiva;

Avaliar o relacionamento entre o dinamismo ambiental e o desempenho;

Investigar a relação entre o dinamismo e o desempenho, mediada pela capacidade

absortiva.

20

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este trabalho procura analisar as relações existentes entre a capacidade de absorção de

conhecimento, ou capacidade absortiva, o dinamismo ambiental e o desempenho nas PME’s

da área vitivinícola do Sul do Brasil.

Em função disto, a fundamentação teórica apresenta primeiramente os conceitos de

capacidades organizacionais e capacidades dinâmicas como preditores da capacidade

absortiva da firma, para em seguida serem apresentados os temas referentes ao ambiente e ao

dinamismo ambiental e sua relação com a PME vitivinícola.

2.1 – CAPACIDADES ORGANIZACIONAIS

As capacidades são desenvolvidas na firma através da interação do conhecimento

tácito e explícito individual e coletivo, formando uma base que vai alavancar o gerenciamento

de recursos, ativos e o desenvolvimento de competências e, futuramente, rotinas e processos

que, uma vez controlados e devidamente organizados, podem ser utilizados para criar e

programar estratégias (KOGUT; ZANDER, 1992).

O conhecimento explícito é aquele que pode ser formalmente transmitido por manuais,

procedimentos, símbolos e regras oficiais, enquanto que o conhecimento tácito, mais difícil de

ser sistematizado ou escrito, é conectado à experiência pessoal de quem o possui e ao seu

contexto social, (NONAKA; TAKEUCHI, 1995), o que dificulta também a sua comunicação

e formalização (REBOLLEDO; HALLEY; NAGATI, 2009).

O significado da expressão “capacidades” no contexto epistemológico organizacional

pode ser definido, de forma genérica, como o potencial de desenvolver performance

consistente dentro de um determinado campo de atividade pela repetição de aplicações de

padrões estabelecidos de comportamento (DI STEFANO et al., 2010).

Observamos nesta definição a importância dos termos “potencial” e “repetição”, que

caracterizam a capacidade como algo inicialmente estático e fruto de conhecimento adquirido,

mas que precisa ser formatado e canalizado através de rotinas repetidas e estabelecidas com

um determinado objetivo, o que caracterizará a sua transformação em um padrão repetitivo de

comportamento que definimos como “rotina organizacional”.

21

Com respeito a esta distinção sobre os tipos de conhecimento que permeiam o

ambiente organizacional, Grant (2002) afirma que existe uma forte distinção epistemológica

entre o “saber como” e “saber por que”, similar à distinção entre o conhecimento subjetivo e o

conhecimento objetivo. O “saber como” é identificado como o conhecimento tácito e o “saber

porque” como conhecimento explícito. A linha que separa os dois tipos de conhecimento

resulta da característica inerente a cada um deles, no que se refere à capacidade de

transferência. Enquanto o conhecimento explícito se revela basicamente através da

transferência de informação (codificada ou padronizada), o conhecimento tácito se mostra

através da aplicação (KOGUT; ZANDER, 1992).

Esta transferência de conhecimento vai se efetivar com uma taxa de sucesso que

depende da capacidade de transmissão e de absorção do mesmo, especialmente porque a

absorção de novos conhecimentos é proporcional à capacidade de agregação aos

conhecimentos já existentes(GRANT, 2002).Em contrapartida, outro aspecto da transferência

de conhecimento que tem relevância é o nível de retorno que o fornecedor do conhecimento

espera receber do receptor, como recompensa por esta transferência. Essa compensação é

geralmente associada ao nível de singularidade do conhecimento a ser transmitido e à sua

importância para o receptor.

Nem sempre é possível mensurar com relativa exatidão este retorno, o que pode tornar

ambígua tal relação, especialmente se o conhecimento a ser transferido for da dimensão tácita,

que não pode ser diretamente transferido a não ser pela sua aplicação operacional. Conforme a

importância estratégica do conhecimento considerado, a falta de clareza com relação à

manutenção da propriedade do mesmo pode afetar seriamente a disposição do emissor em

colocá-lo na sua forma completa à disposição do receptor (NONAKA, 1998).

Havendo sinergia e clareza na apropriação e absorção do conhecimento, o mesmo

passará da esfera individual para a coletiva, gerando capacidades e processos que evoluem

para o nível corporativo. Estas capacidades constituirão tipos específicos de conhecimento,

muitos deles difíceis de serem reconhecidos ou mesmo ativados, a não ser em determinadas

condições. Um conjunto considerável destas capacidades só tem o seu verdadeiro caráter

observado pelo desempenho, e se presume que existam quando não estão ativadas (DI

STEFANO et al., 2010).Quando a firma se encontra diante de um conjunto particular de

circunstâncias, um subconjunto dessas capacidades é ativado e aplicado.

22

Percebe-se, portanto, que uma das capacidades seminais (e talvez mais importantes) é

a de identificar ou eleger as capacidades mais apropriadas a cada conjunto de circunstâncias e

também como direcionar, manter e reconfigurar estas ao longo do tempo. Quando

perfeitamente identificadas e controladas, estas capacidades se convertem em recursos e

resultam em desempenho superior e vantagem competitiva (BARNEY, 1991).Podemos ver na

Figura 1a relativa simplicidade desta evolução:

Figura 1: Transformação do Conhecimento

Fonte: elaborado pelo autor (2015)

Uma das fontes mais consistentes de capacidades provém do conhecimento detido pela

firma, tanto na sua forma explícita como na forma tácita. Esta é a visão da RBV, nos estudos

que se iniciaram com Edith Penrose em 1959 e que se desenvolveram nas décadas seguintes,

posicionando os recursos organizacionais como fatores críticos para obtenção de vantagem

competitiva e sobrevivência da firma em longo prazo.

Estes recursos, uma vez trabalhados e direcionados dentro de determinadas estratégias

e objetivos, criam capacidades e competências que resultam em geração de valor, produzindo

vantagem competitiva perante os concorrentes (BARNEY, 1991). Ainda segundo Barney

(1991), uma organização tem posse de vantagem competitiva quando aplica uma estratégia de

geração de valor que não está sendo utilizada por nenhum competidor atual ou potencial, o

que significa que o conhecimento transformado em capacidade foi reconhecido e aplicado

com sucesso, resultando em recurso valioso e diferenciado.

Esta capacidade competitiva, entretanto, somente se tornará sustentável ao longo do

tempo se os concorrentes forem incapazes de replicá-la com a mesma eficácia. Pode-se dizer

então que o recurso em questão é valioso, raro, difícil de ser imitado e não possui substitutos

equivalentes no mercado (BARNEY, 1991). A geração destes recursos, raros ou nem tanto,

assume-se como dependente de um caminho progressivo que começa no conhecimento e

evolui para as capacidades. Esse trajeto, que começa na integração dos diversos níveis e

estoques de conhecimento existentes nas esferas individual e coletiva da firma, necessita de

um determinado padrão de homogeneidade na linguagem para sua mais perfeita assimilação,

RECURSO CAPACIDADE DESEMPENHO

23

o que vai permitir aos indivíduos o compartilhamento de blocos de conhecimento que não são

comuns entre eles (GRANT, 2002).À medida que o conhecimento se torna mais

especializado, a necessidade desta linguagem uniforme e o seu nível de sofisticação

aumentam, pois os indivíduos e grupos participantes do processo possuem normalmente alto

nível de apropriação de conhecimento próprio, necessitando de padrões mais sofisticados de

interação para coordenar o caminho da informação.

As capacidades desenvolvidas por estes grupos resultam também do reconhecimento

dos domínios de conhecimento específicos de cada um, e da sua perfeita integração. O

exercício destas capacidades construídas através dessas trocas vai gerar na organização, além

dos meios necessários para obtenção e manutenção de vantagem competitiva, a base para a

produção de mecanismos e rotinas, sobretudo o desenvolvimento da capacidade de absorção

necessária para a constante identificação e assimilação de novas fontes de conhecimento a

serem trabalhadas para transformação em novos e relevantes recursos.

A geração de “capacidades organizacionais” está intimamente ligada ao ambiente de

trabalho da organização, e ela se dá pela manipulação e arranjo dos tipos de conhecimento

disponíveis na firma para a formulação das rotinas responsáveis pela operacionalização dos

objetivos da organização. Este conjunto inicial de capacidades organizacionais não pode ser

comprado como um pacote: ele precisa ser adaptado por meio da reunião de um conjunto de

capacidades individuais forçosamente direcionadas para a constituição das rotinas

operacionais necessárias à execução das tarefas programadas (CLARK, FUJIMOTO, 1991).

Conforme Dosi, Nelson e Winter (2002), normalmente o conhecimento que gera as

capacidades organizacionais é obtido no mercado através da contratação de indivíduos

especializados em diferentes áreas, com diferentes e múltiplas habilidades e experiências.

Inicialmente, estes conhecimentos “recrutados” pela firma vão imprimir uma marca

que será o resultado de práticas e experiências trazidas de outras organizações e sistemas de

rotinas, o que significa que o aprendizado organizacional inicial será caracterizado pela

importação e replicação das experiências acumuladas pelos indivíduos externamente

(GRANT, 1996).Com a constituição das rotinas operacionais apropriadas ao seu tipo de

negócio, a firma vai paulatinamente compondo suas capacidades organizacionais pelo

comprometimento e adaptação das capacidades individuais ao seu portfólio de processos e

rotinas. Dentro deste novo contexto, conforme Dosi, Nelson e Winter (2002), o estoque de

competências ou capacidades organizacionais iniciais será uma rede multiforme, derivada das

24

experiências anteriores, onde cada indivíduo tenderá a aplicar a marca de suas experiências

passadas na nova realidade.

Em seguida, à medida que as novas rotinas e processos exigem um maior

direcionamento ou concentração de esforços em torno de objetivos detalhados, surgirão as

capacidades organizacionais geradas pela organização atual, produzidas a partir do

compartilhamento de experiências e pela interação forçada pelas novas tarefas.

Este compartilhamento de competências é gerenciado e orientado pelo corpo

administrativo da firma, que, com seus manuais e procedimentos, vai administrar rotinas e

processos que utilizarão as capacidades organizacionais internamente geradas para a produção

dos produtos e serviços específicos. O desenvolvimento destas capacidades vai depender em

grande parte dos tipos de rotinas necessários para operacionalizar os objetivos da organização

(PETERAF, 2009).

O agrupamento destes conhecimentos individuais vai, por outro lado, gerar os

fundamentos das rotinas e processos a serem desenvolvidos, estudados e projetados para a

plena execução das tarefas programadas pela equipe gerencial da organização .Conforme

Richardson (1972), as organizações tendem a se especializar em atividades para as quais as

suas capacidades oferecem vantagem competitiva. As capacidades organizacionais que

oferecem esta vantagem competitiva vão surgir a partir do eficaz gerenciamento do

conhecimento disponível na organização (KRSTIC; PETROVIC, 2011).

Tal gerenciamento, como fonte destas novas capacidades organizacionais, será o

embrião do estoque de conhecimento permanente da organização, futuro gerador de

capacidades dinâmicas na atualização e renovação do nível de competitividade da firma em

relação ao mercado .Dentre estas capacidades criadas pelo gerenciamento dos conhecimentos

disponíveis, uma das mais importantes é a absortiva, cujo nível dependerá, a princípio, da

orientação para o aprendizado atingido pelos indivíduos e pelos times de trabalho organizados

no desenvolvimento e execução das rotinas e processos internos à organização (COHEN;

LEVINTHAL, 1990).

2.2 – CAPACIDADES DINÂMICAS

Teece, Pisano e Shuen (1997, p. 515) definem capacidades dinâmicas como “[...] a

habilidade da firma de integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para

25

reagir rapidamente às mudanças do ambiente”. Justamente por causa destas habilidades foi-

lhes conferida a denominação de “dinâmicas”.

Esta definição proporciona uma visão global sobre o termo, embora não especifique

que tipos de habilidades são estas, quais são seus atributos, como elas podem ser reconhecidas

e como se originam (EASTERBY-SMITH; LYLES; PETERAF, 2009).Teece, Pisano e Shuen

(1997) reforçam a sua visão das capacidades dinâmicas como basicamente relacionadas com a

vantagem competitiva, enquanto que o próprio Teece, em trabalho de 2007, acrescenta que

estas capacidades são fonte de vantagem competitiva especialmente em ambientes de alta

mudança tecnológica.

Desta forma, as capacidades dinâmicas ficam vinculadas às mudanças e escolhas

estratégicas, consequência de caminhos e processos desenvolvidos anteriormente pela firma,

que levam a novos rumos e posições diante do mercado, nos quesitos crescimento, lucro e

vantagem competitiva (HELFAT, PETERAF, 2011).Pode-se ver na Figura 2 esta sequência

de eventos:

Figura 2: Transformação das Capacidades

Fonte : Elaborado pelo autor (2015)

Os autores argumentam que a vantagem competitiva da firma depende de seus

processos gerenciais e organizacionais, que por sua vez são moldados pela posição específica

de seus ativos e pelos caminhos disponíveis para eles. Estes processos e posições englobam as

suas competências e capacidades. Teece, Pisano e Shuen (1997) apresentam as competências

e capacidades dinâmicas como ativos que se distinguem pela sua dificuldade de imitação ou

replicação salientando que, neste caso, a referida competência seria distintiva, ou seja,

construída pela firma através de suas capacidades intrínsecas e não passível de ser comprada.

Segundo os autores, essas capacidades compreendem um conjunto de processos e

atividades aprendidas que qualificam a empresa para produzir determinados resultados.

Quando estas são mais simples, ordinárias e pouco sofisticadas, uma vez colocadas em prática

são copiadas e espalhadas por toda a indústria, num efeito osmótico.

ATIVOS E

CAPACIDADES

DINÂMICAS

VANTAGEM

COMPETITIVA DESEMPENHO

26

As Capacidades dinâmicas, ao contrário das capacidades ordinárias, são específicas,

características de cada organização e possuem raízes em sua história (TEECE, 2013).São

processos que tem a assinatura da empresa, reconhecidos como tal. Estas capacidades na sua

maioria têm natureza subjetiva e se transformam em conhecimento tácito organizacional,

difícil de ser identificado em análises contábeis e relatórios gerenciais (em sua esmagadora

maioria focados em ativos tangíveis e resultados financeiros).

Como consequência, plantas e equipamentos possíveis de serem comprados por todos

os atores da indústria não podem ser considerados como fonte de vantagem competitiva, uma

vez que se apresentam como ativos tradicionais, com relativa facilidade de aquisição e

transferência dentro da mesma, esgotando sua capacidade de inovação rapidamente pelo

efeito do espraiamento desta vantagem entre os competidores (TEECE et al., 1997).

Para Teece, Pisano e Shuen (1997), os fatores que ajudam a determinar uma

competência distinta ou capacidade dinâmica da organização são processos, posições e

caminhos. A verdadeira essência das competências e capacidades está inserida nos processos

organizacionais. Estes processos, moldados pelo tipo específico, posição dos ativos da firma e

pelos seus caminhos evolucionários é que explicam a essência das capacidades dinâmicas da

organização e sua vantagem competitiva (TEECE, 2013).

Conforme Teece, Pisano e Shuen (1997), os caminhos pavimentados para o

desenvolvimento da firma, que levam a estágios superiores de desempenho, dependem de

investimentos anteriores em ativos tangíveis e intangíveis, caracterizando um caminho

progressivo e evolucionário. Neste aspecto, posições atuais serão alteradas pelas capacidades

dinâmicas que vão resultar em novos processos levando, por sua vez, a alterações e correções

de trajetória que resultam em novas posições e caminhos, num círculo virtuoso que precisa ser

permanentemente alimentado (HELFAT; PETERAF, 2011).Ainda segundo os autores, uma

capacidade dinâmica pode ser construída através de três tipos de atividades (TEECE, 2007):

Sensing – que significa capacidade de identificar e acessar oportunidades fora da firma;

Seizing – que significa mobilizar recursos para conseguir retirar valor destas

oportunidades;

Transforming – contínua renovação das capacidades anteriores, num ciclo fechado.

As capacidades assim construídas, contudo, podem ter um ciclo de vida limitado se a

sua contínua renovação não incluir a geração de capacidades complementares que ajudem na

27

construção de novas vantagens competitivas no futuro, quando as atuais forem copiadas pelo

mercado.

Eisenhardt e Martin (2000) propuseram, numa definição mais restrita e operacional,

que capacidades dinâmicas seriam um conjunto de processos e rotinas identificáveis

(desenvolvimento de produto, tomada de decisão estratégica e formação de alianças), que

levam à configuração de novos recursos.

Estes recursos, segundo a RBV, para serem formadores de vantagem competitiva,

teriam que preencher o critério VRIN – se mostrarem valiosos (por permitirem à firma a

criação de estratégias de valor), raros (como consequência de seu valor), inimitáveis

(característicos da firma ou controlados somente por ela) e não substituíveis (DIERICKX;

COOL, 1989). Entretanto, estas condições, embora necessárias para formação de vantagem

competitiva, podem não ser suficientes (DIERICKX; COLL, 1989).Também para Eisenhard e

Martin (2000) os processos organizacionais desempenham um papel central como fonte de

resultado das capacidades dinâmicas, com efeito direto no desempenho e na vantagem

competitiva.

As capacidades dinâmicas igualmente promovem a integração e recombinação de

recursos como conhecimento e habilidades particulares que são utilizados para a renovação de

produtos e serviços (CLARK; FUJIMOTO,1991 apud EISENHARDT; MARTIN,

2000).Outros tipos de capacidades dinâmicas vão trabalhar os recursos inter-firmas,

especialmente aqueles baseados em transferência de conhecimento, desenvolvendo,

retrabalhando rotinas e recombinando redes de colaboradores com o objetivo de aumentar a

sinergia dos negócios.

Segundo os autores supracitados, em mercados pouco ou moderadamente dinâmicos,

as capacidades dinâmicas são semelhantes ao conceito tradicional de rotinas, consideradas

enquanto processos analíticos, detalhados, repetitivos e estáveis, com resultados previsíveis.

Já em mercados altamente mutáveis e dinâmicos, são processos experienciais e frágeis, com

resultados pouco previsíveis, mas muitas vezes altamente transformadores. Utilizando as

capacidades dinâmicas, as organizações podem adquirir e recombinar recursos para a geração

de novas estratégias de valor (GRANT, 1996).

Ainda segundo Eisenhardt e Martin (2000), algumas capacidades dinâmicas integram

os recursos da firma utilizando, por exemplo, habilidades superiores em manufatura e

28

desenvolvimento de produto para criar, transformar ou rejuvenescer bens e serviços, enquanto

outras capacidades dinâmicas reconfiguram elementos que são desta forma, recombinados e

realocados para utilização em novos níveis estratégicos.

Zollo e Winter (2002) enxergam as capacidades dinâmicas pela lente da busca da

eficiência através da padronização de rotinas operacionais. Os autores afirmam que uma

capacidade dinâmica é um padrão aprendido e estável de atividade coletiva, através do qual a

organização sistematicamente gera e modifica práticas operacionais com a intenção de

melhorar sua eficiência (ZOLLO; WINTER, 2002).

Esta modificação, todavia, apresenta dois olhares diferentes de análise: o primeiro, que

vê o aprendizado como um simples episódio relativamente padronizado no desenvolvimento

de rotinas operacionais mais básicas, em ambientes com pouca probabilidade de incerteza ou

mudança. Nestes casos, a tentativa de introdução de capacidades dinâmicas torna-se onerosa e

seu retorno não se mostra significativo para a organização (DIERICKX; COLL, 1989).

Ao contrário, em ambientes mais tecnológicos, competitivos e sujeitos a rápidas

mudanças, se torna necessário o desenvolvimento de capacidades dinâmicas que possam

prover a empresa com a agilidade necessária para avaliar, antecipar e reagir a mudanças

rapidamente (ZOLLO; WINTER, 2002). Nesses parâmetros, a organização trabalhará com um

tipo de aprendizado e conhecimento mais sofisticado, articulado e com processos e práxis que

precisam ser constantemente moldados e adaptados às mudanças ambientais.

Desta forma, o conhecimento que gera as competências organizacionais,

posteriormente transformadas em capacidades dinâmicas, passa por duas fases distintas: a

articulação, que compreende o compartilhamento de experiências e opiniões entre indivíduos,

por meio do qual é atingido certo grau de entendimento sobre as ações e processos necessários

à execução de determinadas tarefas; e a codificação, uma etapa posterior, quando as

informações já articuladas são transformadas em rotinas internas, através de ferramentas

como manuais, relatórios, sistemas padronizados de decisão, etc. (ZOLLO; WINTER, 2002).

Conforme os autores mencionados, para que os processos de articulação e codificação

funcionem com relativo sucesso, torna-se necessário (especialmente na fase de codificação)

que os indivíduos envolvidos tenham perfeita noção sobre as ações e procedimentos a serem

executados para uma perfeita transmissão de informações, na geração de rotinas e manuais

dentro dos diversos níveis organizacionais.

29

Helfat (2007) coloca as capacidades dinâmicas como condição básica para a

modificação do suporte de recursos da firma, e esclarece que este apoio inclui os ativos

tangíveis, intangíveis e humanos, assim como as capacidades que a organização possui,

controla ou tem acesso a partir de sua base preferencial. Estas capacidades dinâmicas terão

características diferentes conforme as tarefas a serem executadas, variando do incremento de

rotinas operacionais até o desenvolvimento de novos produtos ou associação de processos

mais complexos como, por exemplo, integração pós-fusão ou aquisição (HELFAT;

PETERAF, 2011).

Helfat e Peteraf (2011) desenvolveram o conceito de ciclo de vida das capacidades,

segundo o qual estas possuem um caminho de desenvolvimento similar ao ciclo de vida dos

produtos, com crescimento, maturidade e declínio. Este ciclo evolui para uma capacidade

dinâmica pela incorporação e padronização de rotinas operacionais, que não contribuem

diretamente para os resultados da organização, mas irão auxiliar indiretamente pela geração

de novas capacidades operacionais. Barreto (2010) apresenta uma visão das capacidades

dinâmicas, explicada a partir de quatro dimensões:

Propensão para pressentir oportunidades e ameaças;

Propensão para tomar decisões no momento certo;

Propensão para tomar decisões orientadas para o mercado;

Propensão para transformar sua base de recursos.

Segundo Li e Liu (2012), as capacidades dinâmicas geradas a partir destas dimensões

pressupõem um nível alto de estabilização ou perfeição de comportamento de mercado, o que

não parece ser a situação da maioria dos ambientes enfrentados pelas organizações na maior

parte dos países atualmente. Mesmo em mercados desenvolvidos, alterações provocadas por

variáveis sobre as quais se têm pouco controle nos tempos modernos, como conflitos

políticos, deslocamento de investimentos provocando flutuação de moedas ou alterações

macroeconômicas geradas por contágio em grupos de países, podem distorcer as funções

mercadológicas normais. Especialmente nas economias em crescimento ou transição, os

mecanismos de mercado não se apresentam maduros a ponto de originar decisões bem

orientadas, sofrendo influência de fatores políticos e locais nas suas operações de negócios.

Desta forma, os autores reduzem as quatro dimensões de Barreto (2010) para três:

Capacidade estratégica de percepção de mudanças;

Capacidade de tomar decisões no momento certo;

Capacidade de implementação de mudanças.

30

Estas capacidades se complementam para, segundo a maior parte dos pesquisadores e

da literatura sobre o assunto, promover vantagem competitiva sustentável ao longo do tempo.

Entretanto, autores como D’Aveni et al. (2010), afirmam que esta vantagem competitiva

sustentável é difícil de ser mantida em ambientes altamente competitivos.

Diferente deste cenário, a organização vai buscar uma série de vantagens competitivas

de curto prazo, pois, com o dinamismo ambiental crescente e as constantes mudanças na

demanda por parte do consumidor e na tecnologia existente, o benefício inicial se tornará

insuficiente e será superado rapidamente, exigindo, segundo Barreto (2010), percepção

estratégica, tomada de decisão no momento certo e implantação dinâmica de mudanças, para

reposicionar-se e moldar-se novamente à vantagem competitiva. Estas características, uma

vez exercitadas e colocadas em prática através das capacidades dinâmicas da organização,

possibilitarão a renovação das estratégias correntes e das bases de recursos para adaptação ao

novo ambiente (NEWEY; ZAHRA, 2009). O Quadro 1 mostra as principais definições de

Capacidades Dinâmicas encontradas na literatura:

Quadro 1 – Principais Definições de Capacidades Dinâmicas

Fonte: Chael Mazza (2013)

31

Uma das capacidades dinâmicas mais intensamente utilizadas pelas firmas é a

Capacidade Absortiva, que caracteriza a faculdade que a empresa tem de absorver

conhecimento do ambiente e utilizá-lo em proveito próprio (COHEN; LEVINTHAL, 1989).

2.3 – CAPACIDADE ABSORTIVA

Este capítulo aborda primeiramente as raízes ou fundamentos da absorção de

conhecimento, discutindo posteriormente os conceitos e evolução histórica, procurando em

seguida esmiuçar seus determinantes internos e externos, para na sequência apresentar os

modelos mais utilizados na literatura para avaliação da capacidade absortiva da firma.

2.3.1 – FUNDAMENTOSORGANIZACIONAISDODESENVOLVIMENTOE

ABSORÇÃODECONHECIMENTO.

A transferência de conhecimento tem caráter interorganizacional quando as empresas,

principalmente através de alianças, potencializam o conceito de “apropriação”, assimilando

uma quantidade considerável de conhecimento tácito e valores intrínsecos, difíceis de serem

internalizados.

Além do desenvolvimento de conhecimento com alianças, existe a possibilidade de

adquiri-lo via benchmarking que, basicamente, é definido como a busca constante de saberes

das melhores práticas e processos referentes aos mercados onde a firma atua, e a tentativa de

replicação e adaptação destas dentro da organização (CAMP, 1981), além da possibilidade de

transferência de conhecimento através de agentes externos, onde algum tipo de conhecimento,

geralmente específico, é trazido de fora para dentro da firma por terceiros. De todas as

possibilidades, o efeito da aliança parece ser o meio mais interessante de transferência de

conhecimento, por desenvolver relações de sinergia através da complementariedade

tecnológica que existe entre os parceiros (HAGEDOORN; 1983, HAGEDOORN;

SHAKEMAAD, 1994), além de instigar a adição de ativos, recursos, capacidades e

competências (HELFAT, 1997; LIEBESKIND et al., 1996).

32

Por outro lado, alianças são normalmente utilizadas para expandir a base de

conhecimento da firma, porque riscos e custos são compartilhados com os

parceiros(FLATTEN; GREVE;BRETTEL, 2011).A capacidade de absorção de conhecimento

da firma pode ser limitada pela sua possibilidade de transformar este conhecimento em

produtos e serviços que impliquem em um incremento de desempenho (LEONARD-

BARTON, 1995; NONAKA; TAKEUCHI, 1995). Assim, o conhecimento é considerado um

dos recursos mais valiosos.

Conforme Barney (1986), a visão baseada em recursos reconhece a capacidade de sua

transferência, assim como a da firma enquanto um fator crítico e determinante para obtenção

de vantagem competitiva sustentável (GRANT, 1996). O conhecimento tácito somente é

revelado através de sua aplicação e absorvido pela prática, tendo um custo alto e incerto de

transferência (KOGUT; ZANDER, 1992).No caso específico de micro e pequenas empresas,

o contexto para análise do grau de informações necessário e adquirido parece ser único, uma

vez que é grande sua dependência com relação ao nível de conhecimento do proprietário ou

gerente (AYYAGARIET et al., 2007).

Ainda segundo o autor, é grande a dependência das pequenas empresas com relação ao

estilo de liderança e personalidade de seus proprietários, o que as torna dependentes dos

mesmos quanto à facilidade do fluxo da informação de fora para dentro e, especialmente,

interno à empresa. Portanto, a transmissão de conhecimento e consequente capacidade

absortiva em micro e pequenas empresas é influenciada por seus proprietários ou gerentes.

Em um estudo de pequenas empresas no Irã, Talebi e Tajjedin (2011) concluíram que,

naquelas onde os proprietários ou gerentes detinham maiores níveis de educação e de clareza

dos objetivos, melhor tornava-se a capacidade de adquirir, assimilar e utilizar novos

conhecimentos, ou seja, uma capacidade absortiva superior (NDIEGE et al., 2012).

2.3.2- CONCEITOE EVOLUÇÃOHISTÓRICA

Em seu trabalho seminal sobre o tema, Cohen e Levinthal (1989) abordam a

importância da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) como geradores de informação para a

organização e sugerem que, além desta geração de novos conhecimentos, eles potencializam a

habilidade da firma de assimilar e implementar a informação existente. Esta habilidade faz

com que a empresa acumule ao longo do tempo uma relevante base de conhecimento.

33

Em seu estudo básico sobre o assunto, os autores sustentam que a P&D é uma das

maiores, se não a maior geradora de inovação para a firma, desenvolvendo a habilidade de

identificar e implantar o conhecimento obtido do ambiente. Eles chamaram este processo de

“capacidade de aprendizado” ou “capacidade absortiva” da organização, numa primeira

definição do que, mais tarde, se consolidou simplesmente como “capacidade absortiva”

(COHEN; LEVINTHAL, 1989).

Segundo os autores, o exercício constante das habilidades relacionadas à identificação,

assimilação e implementação de novos conhecimentos provenientes do ambiente externo

fornece a base para posteriores aplicações em pesquisa e desenvolvimento de produtos ou

serviços. Este tipo de assimilação difere da tradicional forma de aprendizado no estilo

“aprender fazendo”, que sempre foi o foco da economia industrial.

O “aprender fazendo” pressupõe a propriedade permanente de um determinado tipo de

conhecimento por parte da empresa que precisa ser assimilado pelos seus integrantes

mediante atos de rotina repetitiva e automática, caracterizando práticas operacionais, numa

herança de tempos em que o ambiente externo era estável, não apresentava perigos e nem

exigia necessidade de mudanças por parte da mesma (COHEN; LEVINTHAL, 1989).

Este aprendizado automático gera comportamento padronizado que irradia pela

organização uma eficiência limitada à tarefa em execução. Já utilizando a capacidade

absortiva, a firma pode assimilar conhecimento externo diferente daquele que é aplicado

rotineiramente nas tarefas operacionais (COHEN; LEVINTHAL, 1989).

Uma parte deste conhecimento pode se espraiar para o mercado através da interação

interorganizacional. Esta interação, segundo Lane e Lubatkin (1988), pode fomentar um

aprendizado interorganizacional através de três métodos: ativo, passivo e interativo.

Destas três formas de conhecimento, o interativo é o que proporciona à firma acréscimo de

valor único e diferenciado às suas próprias capacidades.

Conforme Spender (1996), este conhecimento está embutido no contexto histórico e

social da firma, fazendo com que ele se torne único e difícil de imitar. Lane e Lubatkin (1988)

afirmam que a única forma eficiente de absorvê-lo é por meio de interações face-a-face, que

somente são proporcionadas por alianças. Segundo estes autores, o conceito de capacidade

absortiva tem caráter dual, onde a habilidade de uma firma aprender da outra é determinada

pelas características particulares de cada uma, relativas ao processo de aprendizado conjunto.

34

Eles ressaltam a característica fundamental do aprendizado de uma organização na

relação comparativa com outra, distinguindo três dimensões ou habilidades para a capacidade

absortiva: reconhecer e avaliar conhecimento externo, assimilar estes novos conhecimentos e

posteriormente comercializá-los (LANE; LUBATKIN, 1988).

Van den Bosch et al.(1999) apresenta uma análise do conceito de capacidade absortiva

sob a ótica da sua coevolução com o ambiente de conhecimento, como dependentes entre

ambos. Segundo a sua visão, o nível de capacidade absortiva depende do ambiente no qual a

firma está inserida e da sua ligação com o mesmo – quando ocorrem mudanças neste

ambiente, a firma responderá de forma a renovar esta relação, adaptando-se às condições

ambientais.

A partir daí, o conceito de capacidade absortiva adquire um viés voltado ao

desenvolvimento de rotinas organizacionais necessárias à sua operacionalização constante e

ininterrupta (TEECE et al., 2007).

Zahra e George (2002) apresentaram o conceito de capacidade absortiva a partir de um

processo transformativo, como um conjunto de práxis organizacionais pelos quais as

organizações adquirem, assimilam, transformam e aplicam o conhecimento. Essas quatro

dimensões se sucedem em um ciclo fechado, como uma capacidade dinâmica que desperta a

habilidade da organização de criar e aplicar o conhecimento necessário para construir outras

capacidades.

Ainda segundo os autores, estas dimensões podem ser divididas em duas classes, cada

uma delas, por sua vez, dividindo-se em outras duas dimensões conforme a Figura Nº 4

seguinte:

35

Figura 4: Esquema Capacidade Absortiva

Fonte: Elaborado pelo autor (2015), conforme Zahra e George (2002)

Para Zahra e George (2002), a capacidade absortiva potencial é a habilidade da

organização de adquirir e assimilar novos conhecimentos externos, enquanto a capacidade

absortiva realizada é a aptidão da organização de transformar e aplicar estes novos

conhecimentos.

Ainda citando os pesquisadores, a capacidade absortiva potencial é a disposição da

organização de adquirir e assimilar novos conhecimentos externos, enquanto a capacidade

absortiva realizada é a habilidade da organização de transformar e aplicar estes novos

conhecimentos. A capacidade absortiva organizacional evolui da dimensão individual para a

coletiva, não sendo necessariamente a soma das capacidades absortivas individuais

(MALHOTA et al., 2005).

CAPACIDADE

ABSORTIVA POTENCIAL

AQUISIÇÃO

ASSIMILAÇÃO

CAPACIDADE

ABSORTIVA REALIZADA

TRANSFORMAÇÃO

APLICAÇÃO

36

A capacidade absortiva total da firma dependerá da articulação previamente

desenvolvida nas rotinas e processos para facilitar sua disseminação e cooperação entre as

pessoas na organização, no sucesso continuado pela geração de mudanças e adaptações.

Embora possa concluir que a capacidade absortiva na organização não ocorre sem a

presença da dimensão individual (COHEN; LEVINTHAL, 1990), é na união das capacidades

absortivas de suas respectivas unidades e departamentos que formata a estrutura absortiva

total da firma, a qual tem impacto direto no desempenho (CAMISÓN; FORÉS, 2009).

As micro e pequenas empresas operam em condições de desafios constantes e estão

sujeitas a mais pressões do ambiente que as organizações maiores (AYYAGARIET et al.,

2007).Sua capacidade de influenciar o ambiente de entorno é fraca por natureza,

principalmente por causa de suas limitações em termos de recursos e finanças, o que as torna

mais vulneráveis a mudanças ambientais (NDIEGE et al., 2012). Essas condições tornam

crítica e importante a sua capacidade absortiva, relevante quando se considera a abertura a

novas ideias e formas de operação, assim como a sensibilidade a mudanças e correções de

rumo. Na Figura 5 podemos perceber o caminho percorrido pelo conhecimento no seu

desenvolvimento, utilizando a teoria da comunicação:

Figura 5:Formação da Capacidade Absortiva

Fonte:Indarti (2010)

A partir da premissa de que o objetivo da capacidade absortiva é aplicar conhecimento

externo adquirido para fins comerciais (COHEN; LEVINTHAL, 1990), executado de forma

geral, mesmo no tocante às micro e pequenas empresas(ZAHRA;GEORGE, 2002), podemos

afirmar que o desempenho da firma tem relação direta com tal capacidade (FLATTEN et al.,

2011).

EMISSOR

OU

FONTE

CONHECIMENTO

EMITIDO PELA

FONTE

CANAIS

DIVERSOS

CAPACIDADE

ABSORTIVA

DA FIRMA

37

2.3.3 – OS DETERMINANTES DA CAPACIDADE ABSORTIVA

O fenômeno da capacidade absortiva se baseia no processo consagrado de

desenvolvimento e transferência de conhecimento, fenômeno que tem a sua explicação básica

na área da administração fornecida pela RBV (Teoria da Dependência de Recursos –

PFEFFER; SALANCIK, 1978).

A teoria da dependência de recursos vê a organização como um sistema aberto, e as

consequências disto são que a organização(INDARTI, 2010):

Não é autosuficiente;

Não consegue gerar internamente todos os recursos de que necessita;

Necessita captar recursos do meio ambiente externo (outras organizações) para sua

sobrevivência.

Conforme Pfeffer e Salancik (1978), a sobrevivência das organizações depende de sua

disponibilidade de recursos, os quais podem não ter a facilidade de aquisição pretendida

devido à hostilidade do ambiente, e a capacidade de enfrentar esta hostilidade decidirá sua

sobrevivência.

Por outro lado, para Barney (1991), os recursos da firma podem ser conceituados

como todos os ativos, capacidades, atributos, processos organizacionais, conhecimento,

informação entre outros controlados pela firma, que a tornam capaz de implementar

estratégias na melhora de sua eficiência e eficácia. Entre estas capacidades ou atributos, a

capacidade absortiva exerce um dos papéis mais relevantes no direcionamento das estratégias

da organização, e a questão que surge são os fatores que influenciam de forma mais marcante

o seu desempenho (DAGHFOUS, 2004).

Segundo Lane et al. (2002), os determinantes da capacidade absortiva têm sido

pesquisados com pouca profundidade.

De acordo com Daghfous (2004), os determinantes da capacidade absortiva podem ser

categorizados em dois grupos: fatores internos e fatores externos. Na Figura 6 pode-se ter uma

visão abrangente destas relações.

38

Figura 6 – Determinantes da Capacidade Absortiva

Fonte: elaborado pelo autor (2015), baseado em Lane et al. (2006) e Daghfous (2004)

CAPACIDADE

ABSORTIVA

FATORES

INTERNOS

FATORES

EXTERNOS

CONHECIMENTO

ANTERIOR

NÍVEL DE EDUCAÇÃO

PRESENÇA DE

ATIVADORES

IDADE E TAMANHO

DA FORMA

INVESTIMENTOS EM

R&D

ESTRUTURA

ORGANIZACIONAL E

RH

CONHECIMENTO

EXTERNO

INTERAÇÃO

APRENDIZADO

PASSIVO

APRENDIZADO

ATIVO

APRENDIZADO

INTERATIVO

39

No diagrama anterior observam-se os fatores internos que atuam como determinantes

da Capacidade Absortiva, segundo Daghfous (2004), divididos em internos e externos

conforme a sua forma de atuação sobre a empresa.

Os fatores internos são: conhecimento anterior relacionado à área, nível de educação,

presença de ativadores (gatekeepers), idade e tamanho da firma, investimentos em R&D,

estrutura organizacional e práticas de gerenciamento de recursos humanos.

Com relação ao conhecimento anterior relacionado à área, conforme Cohen e

Levinthal (1990) o estoque de informação acumulado constitui a base maior da capacidade

absortiva da firma, e este tem caráter cumulativo. De acordo com Kim (1998), a base de

conhecimento constituída pela firma é a soma das bases individuais no interior da

organização.

Este conhecimento anterior relacionado à área é fundamental, pois permite à

organização que ela, uma vez tendo monitorado os tipos de conhecimento disponíveis, tenha

condições de reconhecer o valor desses novos conhecimentos, assimilá-los e aplicá-los para os

seus objetivos comerciais (COHEN; LEVINTHAL, 1990).

Quanto ao nível de educação, este se torna proporcional aos níveis de treinamento

individual recebido pelos indivíduos na organização e sua capacidade de assimilar e utilizar

novos conhecimentos. Consequentemente, o efeito será positivo no aumento da capacidade

absortiva da firma (ROTHWELL; DODGSON, 1991). O grau e o tipo de educação ou

conhecimento próprio de cada indivíduo resultarão no incremento de habilidades que ajudarão

a combinar conhecimento novo e velho, criando distintos níveis de conhecimento

acumulativos.

Os ativadores ou intermediários do desenvolvimento e transmissão do conhecimento

(gatekeepers) têm como papel principal a redução das falhas na comunicação entre pessoas ou

grupos, construindo ligações dentro da empresa através de linguagens entendidas e

compartilhadas por departamentos e indivíduos (DAGHFOUS, 2004).

Já autores como Daghfous (2004) afirmam que o tamanho da firma afeta

positivamente a sua capacidade absortiva, pois a sua aptidão para investimento em Pesquisa e

Desenvolvimento a torna mais inovativa do que pequenas empresas, possuidoras de recursos

limitados para estes investimentos. Neste sentido, Lee e Sung (2005) sugerem que o número

de empregados é relacionado com o volume de atividades em Pesquisa e Desenvolvimento.

Por outro lado, Liao (2003) ressalta que pequenas firmas, por serem menos

burocráticas e hierárquicas do que as grandes organizações, respondem mais rápido às

40

mudanças do ambiente e podem apresentar maior flexibilidade e agilidade na área de

inovação.

Enquanto teóricos como Avermaeteet al. (2003) mostram que organizações com mais

idade têm maior probabilidade de introdução de novos produtos do que as mais jovens,

Sorensen e Stuart (2000) reforçam este posicionamento, afirmando que o clima para inovação

e as competências organizacionais também são potencializados à medida que a empresa

cresce. Entretanto, Lee e Sung (2005) alertam para a idade da firma como correlação negativa

ao desenvolvimento de sua capacidade absortiva. Este posicionamento aparentemente oposto

revela talvez que esta área de pesquisa precisa de mais estudos, e seus parâmetros de análise

talvez precisem de melhor definição para uma abordagem mais estruturada e direcionada a

resultados consistentes.

O trabalho pioneiro de Cohen e Levinthal (1989) demonstra o investimento em

Pesquisa e Desenvolvimento como uma variável que desempenha papel fundamental no

provento da capacidade absortiva da firma e, nesse sentido, boa parte das pesquisas

subsequentes, como Vinding (2000), Zahra e George (2002) e Daghfous (2004), utilizam

P&D para análise e posterior mensuração desta capacidade.

Relatos científicos posteriores reforçam a importância da Pesquisa e Desenvolvimento

na geração de capacidade absortiva nos níveis individual e organizacional, da mesma forma

como o seu papel bidirecional, ou seja, os investimentos em P&D potencializam as

habilidades dos empregados e, consequentemente, resultam no aumento da capacidade

absortiva no nível organizacional. O contrário também é possível: a capacidade absortiva

influencia o caminho, a orientação e a intensidade da Pesquisa e Desenvolvimento

(VINDING, 2000).

Ainda de acordo com Cohen e Levinthal (1990), a capacidade absortiva da firma como

organização corporativa não é a simples soma das capacidades no nível individual, mas

depende também da potencialidade em transferir ou compartilhar conhecimento através de

suas unidades, departamentos, funções e processos. Portanto, a estrutura organizacional da

firma, as redes internas de transferência de conhecimento e a comunicação interdepartamental

exercem papel importante na formação de sua capacidade absortiva (VAN DEN BOSCH et

al., 1999).

Daghfous (2004) afirma que a facilidade da mobilidade no fluxo de conhecimento

dentro da estrutura organizacional aumenta sua capacidade absortiva, pois leva ao

compartilhamento de conhecimento entre indivíduos e departamentos. Da mesma forma, o

aumento da capacitação profissional dos empregados e gerentes amplia sua permeabilidade às

41

informações, facilitando a transferência e a difusão deste conhecimento dentro da

organização.

Com relação às práticas de gerenciamento de recursos humanos, tanto Cohen e

Levinthal (1990) quanto Jones e Craven (2001) reforçam que as mesmas, através da rotação

de pessoas por diferentes funções, formação de grupos de trabalho e interação funcional

estimulam a capacidade absortiva da organização. O incentivo à leitura de literatura relevante,

o compartilhamento de conhecimento pelo oferecimento de seminários, cursos e interação

entre departamentos também alavancam capacidade absortiva (SCHMIT, 2005).Ainda

segundo Schmidt (2005), estes procedimentos podem ser utilizados para incrementar a

capacidade absortiva individual e, por consequência, da empresa como um todo.

Os fatores externos que se apresentam como determinantes da capacidade absortiva da

firma são o conhecimento externo e a interação com outras firmas (JONES; CRAVEN,

2001).A dependência da firma em relação a seu meio ambiente externo é um aspecto que

influencia sua capacidade absortiva. O relacionamento com fornecedores, clientes e outras

firmas de seu escopo de trabalho faz com que este conhecimento externo seja absorvido e

compartilhado pela organização (NONAKA; TAKEUCHI, 1995). Esta absorção provocará o

aperfeiçoamento das capacidades existentes e o surgimento de novas, melhorando a

capacidade absortiva da firma.

O trabalho de Lane et al. (2006), baseado numa pesquisa em 289 artigos sobre

capacidade absortiva, detectou duas linhas básicas de análise do construto por parte dos

pesquisadores, uma delas focando as características e a influência que o conhecimento externo

tem na capacidade de absorção e assimilação da organização, e outra debruçada sobre as

características internas da organização, que afetam a sua capacidade absortiva. No caso

específico do conhecimento externo, elementos como habilidades comuns, estratégia, bases de

conhecimento, cultura similar, estrutura de aprendizado, etc. irão incentivar e servir como

gatilhos ou caminhos para proporcionar a absorção de conhecimento. Igualmente, o conteúdo

e o tipo deste conhecimento externo são características que afetam de forma consistente a

capacidade absortiva da firma.

A interação tem sido mencionada por muitos pesquisadores como um dos

determinantes da capacidade absortiva da organização. Para Lane e Lubatkin (1998), a

interação entre firmas desenvolve em ambas a capacidade de identificar (ou avaliar), assimilar

e utilizar o conhecimento proveniente desta interação. De acordo com estes autores, há três

métodos para aprender novos conhecimentos externos: aprendizado passivo, ativo e

interativo, cada um deles atrelado a tipos diferentes de conhecimento.

42

O aprendizado passivo ocorre quando a firma adquire conhecimento articulado sobre

processos técnicos e gerenciais de fontes como periódicos, seminários, congressos e

consultores. Já o aprendizado ativo acontece no momento que a firma toma a iniciativa do

aprendizado, buscando transferência de conhecimento de outras empresas através de artifícios

de inteligência de mercado, como benchmarking e outros similares.

Por sua vez, o aprendizado interativo é promovido por uma interação mais intensa e

aproximada entre duas firmas, possibilitando a transferência não somente das capacidades

visíveis e superficiais, mas também de conhecimento tácito, elaborado e inserido nas origens e

significados das rotinas e processos (LANE; LUBATKIN, 1998).

2.3.4–DISCUSSÃODOSMODELOSUTILIZADOSPARAAVALIAÇÃODA

CAPACIDADEABSORTIVADAFIRMA.

No trabalho pioneiro de Cohen e Levinthal (1989), a Capacidade Absortiva é definida

como a habilidade de identificar, assimilar e explorar conhecimento adquirido do ambiente.

Baseado nesta definição, conclui-se que ela não é passível de mensuração direta, a não ser a

partir de medidas mais conhecidas de desempenho empresarial, tais como R&D (Pesquisa e

Desenvolvimento), padrão utilizado pelos pesquisadores em seu trabalho.

Entretanto, a atividade de R&D não apresenta uma uniformidade nas firmas por

representar uma limitação importante para a avaliação mais abrangente da capacidade

absortiva (LOWIK, 2013).

Durante a década passada, alguns autores apresentaram uma reconceituação da

capacidade absortiva, sendo a principal delas feita por Zahra e George (2002), que a dividiram

em quatro dimensões: Aquisição, Assimilação, Transformação e Aplicação.As duas primeiras,

Aquisição e Assimilação, constituem, segundo estes autores, a Capacidade Absortiva

Potencial (PACAP) e as duas últimas a Capacidade Absortiva Realizada (RACAP).

Esta subdivisão tornou mais operacional a mensuração da capacidade absortiva de uma

firma mesmo porque, conforme Levin et al. (2011), há uma série de metarotinas internas e

externas constituindo o construto de capacidade absortiva. Segundo estes autores, a primeira

dimensão Aquisição é formada pela identificação e aquisição de informações externas novas e

relevantes para as operações da firma. Conhecimento anterior influencia fortemente esta

dimensão. A segunda esfera, Assimilação, representa a inclusão, conversão e interpretação da

informação adquirida (COHEN; LEVINTHAL, 1990). Durante a terceira dimensão,

43

Transformação, o conhecimento novo e o existente são combinados, através do fomento de

rotinas que facilitam esta internalização (ZAHRA; GEORGE, 2002).

Na quarta dimensão – Aplicação - são incluídas as rotinas que propiciam à firma a

incorporação destes novos conhecimentos nas suas operações (LEVIN et al., 2011). Esta

divisão em várias dimensões (com suas respectivas rotinas) facilitou o desenvolvimento de

instrumentos de medida para uma avaliação mais consistente da capacidade absortiva.

Um instrumento comumente utilizado é o questionário desenvolvido pelos autores

Flatten, Zahra et al. (2010), que foi constituído a partir de diversas correntes de pesquisa que

abordam as fontes das rotinas constituintes de cada dimensão particular da capacidade

absortiva. Portanto, a base deste questionário é utilizada no presente trabalho, modificada em

alguns pontos por questões sugeridas no pré-teste feito com especialistas do setor. A

elaboração do instrumento de pesquisa está explicitada no ítem 3.3.

2.4 – AMBIENTE

2.4.1 – AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Na definição de Duncan (1972) em seu artigo seminal, o ambiente é constituído pela

totalidade dos fatores físicos e sociais considerados na análise do comportamento de tomada

de decisão dos indivíduos na organização. Ainda segundo ele, estes fatores podem ser internos

ou externos, caracterizando, por consequência, ambientes internos ou externos.

O ambiente interno é formado por fatores físicos e sociais relevantes da estrutura da

organização ou departamento específico, considerados pelos indivíduos nas tomadas de

decisão, enquanto o ambiente externo é composto igualmente pelos fatores físicos e sociais

relevantes fora das fronteiras da organização ou unidade específica, ponderados da mesma

forma pelos indivíduos em suas análises (DUNCAN, 1972).

Em micro, pequenas e até mesmo em médias empresas, as percepções dos que

decidem tem efeito direto no comportamento estratégico da firma, pois o poder de decisão

tende a estar mais concentrado nos proprietários ou gerentes do que em análises e

diagnósticos formais (GARCIA-PÉREZ et al., 2012).Para estas empresas, assim como

também para as grandes corporações, o ambiente apresenta nuances que determinam suas

características.

44

Para Dess e Beard (1984), as características principais do ambiente organizacional são:

Munificência, Dinamismo e Complexidade. Estas esferas foram definidas a partir da análise

de Aldrich (1979), que sugeriu seis divisões para uma possível análise ambiental: Capacidade,

Homogeneidade/Heterogeneidade, Estabilidade/Instabilidade, Concentração/Dispersão,

Consensus/Dissensus e Turbulência. O ambiente munificente seria aquele que consegue

acompanhar o crescimento da organização, com disponibilidade de recursos. O dinamismo

ambiental é definido como o nível de dificuldade para predizer mudanças nas variáveis

ambientais, enquanto que a complexidade se refere ao grau de obstáculos requerido para

entender o ambiente (SHARFMAN; DEAN, 1991).Estas dimensões são dependentes das

percepções dos membros da organização, podendo variar conforme a percepção individual.

2.4.2 – DINAMISMO AMBIENTAL

Segundo Li e Liu (2012), o dinamismo é interpretado como impredicabilidade, isto é,

o grau de mudança e inovação em uma determinada indústria, assim como a incerteza ou

impossibilidade de previsão comportamental por parte dos consumidores e concorrentes.

Firmas operando em ambientes com alto grau de dinamismo são forçadas a desenvolver

igualmente um alto grau de capacidade absortiva para minimizar o risco de obsolescência

(JANSEN et al., 2006).

Segundo D’Aveni (2010), em ambientes supercompetitivos os recursos são difíceis de

obtenção e, portanto, percepção eficiente, ajustes e implantação de mudanças no momento

certo e de acordo com as variantes ambientais, são maneiras das organizações conseguirem

vantagens competitivas de curto tempo.

Quando o dinamismo ambiental aumenta, com rápidas alterações em tecnologia,

preferências dos consumidores, recursos cada vez mais disputados e aumento da competição,

decisões estratégicas rápidas precisam ser tomadas pelos gerentes, ao mesmo tempo em que

ajustes e estratégias inovadoras devem ser implementadas (D’AVENI, 1994).Para isso, a

firma necessita desenvolver capacidades dinâmicas e de absorção do conhecimento em alto

nível, para ir de encontro às necessidades dos consumidores (COVIN; SLEVIN, 1989).

Do ponto de vista da tomada de decisão, Duncan (1972) utiliza os departamentos de

marketing e materiais para exemplificar a existência de maior ou menor dinamismo no

ambiente considerado. Segundo este autor, se as solicitações para o departamento de

marketing se mantêm estáveis e se o departamento de materiais é capaz de suprir a produção

com um percentual constante de insumos, pode-se caracterizar um ambiente estável.

45

Se, do contrário, o marketing está continuamente alterando suas abordagens como

consequência de mudanças na produção e se o departamento de materiais sofre variações em

suas solicitações, estes fatores caracterizam um ambiente dinâmico para a tomada de decisão.

Sob o ponto de vista gerencial, o dinamismo ambiental pode ser visto como a dificuldade de

prever eventos futuros e avaliar suas consequências no desempenho e na lucratividade da

firma (DUNCAN, 1972).Esta situação de imprevisibilidade gera influências consideráveis nos

custos de transação, investimento, controle e planejamento gerencial (LUO, 2001).

Tais fatores acarretam na diminuição da vantagem competitiva e afetam a sustentação

do desempenho ao longo do tempo, além de aumentar a incerteza sobre a regulamentação das

tarefas e atividades a serem executadas pelos funcionários da organização.

A imprevisibilidade ambiental acarreta também a progressão da incerteza com relação

ao retorno dos investimentos e aumenta o seu custo pela ação incremental do prêmio pago a

mais pelo risco inerente à incerteza percebida no ambiente, provocando a necessidade de

monitoramento maior dos fornecedores, preferências dos clientes e ação dos competidores,

além de elevar a necessidade de atenção às inovações e mudanças do mercado, tendo como

resultado a mudança contínua de métodos e processos (FUENTES; ALBACETE; LIORENS,

2004).

No caso específico das micro, pequenas e médias empresas, o dinamismo ambiental

representa papel decisivo no comportamento dos que decidem, em parte devido à pequena ou

nenhuma capacidade que estas organizações têm de influenciar o seu ambiente, sofrendo

diretamente a ação das mudanças e da incerteza ambiental percebida (D’AVENI, 2010).

Conforme Li e Ye (1999), neste tipo de empresa a adoção de investimentos em

tecnologia da informação tem efeito positivo no seu desempenho em ambientes de maior

dinamismo ambiental.

Nesta mesma linha de raciocínio, estudos como os de Jiao, Alon e Cui (2011)

reforçam que, conforme aumenta o dinamismo ambiental, existe a necessidade de maior

índice de inovatividade por parte das firmas para sobrevivência no ambiente cada vez mais

competitivo, no encontro às necessidades dos consumidores, e isso provoca o incremento das

capacidades dinâmicas, gerando novos produtos e processos que vão impactar diretamente no

desempenho da firma.

Quanto mais dinâmico é o ambiente, mais pertinente se torna a adoção de estratégias

de inovação para enfrentar a concorrência, o que caracteriza de certa forma um

comportamento determinista. O grau de dinamismo ambiental é considerado como fator de

restrição a determinados fluxos de financiamento e captação de recursos, que se mostram

46

avessos ao risco e à instabilidade inerentes à turbulência do ambiente dinâmico (ANDERSEN,

2005).

Por outro lado, com relação à absorção de conhecimento por parte das organizações, o

comportamento é similar à ligação existente entre os fluxos de financiamento e o dinamismo

ambiental.

Um ambiente mais dinâmico vai requerer uma capacidade de absorção de

conhecimento maior para sobrevivência da organização, e o contrário também se verifica,

caracterizando uma influência moderadora ou mediadora na conexão entre dinamismo,

capacidade de absorção de conhecimento (capacidade absortiva) e desempenho da firma (LI;

LIU, 2012), influência esta que é estudada e analisada neste trabalho.

Em uma mesma linha de pesquisa, Gray (2006), estudando as PMEs na Comunidade

Britânica, afirma que o nível da base de conhecimento médio de empresas deste porte,

especialmente as micros, é baixo se comparado às grandes organizações, em parte devido a

pouca capacidade de financiamento e investimento em aprendizado, pesquisa e

desenvolvimento.

Também neste caso, Gray (2006) afirma que é cada vez mais importante o papel da

tecnologia da informação em compensar estas limitações no enfrentamento do dinamismo

ambiental percebido, alavancando a possibilidade de absorção de conhecimento (capacidade

absortiva) e a produção de conhecimento técnico específico para a atividade considerada,

substituindo o papel da pesquisa e desenvolvimento necessários.

Gray (2006) sugere, inclusive, que a absorção de conhecimento via tecnologia da

informação, mais especificamente através da internet, realiza efetivamente uma boa parte do

papel da Pesquisa e Desenvolvimento em PMEs, fugindo do padrão tradicional de pesquisa

que sugere ambientes voltados a esta atividade. Ainda segundo o autor, a participação em

redes de relacionamento específicas utilizando a tecnologia da informação provoca um

espraiamento de conhecimento, papel este fundamental na redução da incerteza ambiental

percebida através da ótica do dinamismo, proporcionado pelo aumento da interação social e

das trocas de informação comercial e técnica entre os participantes das redes.

Para o mesmo autor, existem três canais básicos de espraiamento de conhecimento

através das PMEs que contribuem para a sua relação com o dinamismo ambiental: alianças de

valor entre as PMEs e organizações maiores (fornecedores e em alguns casos, de forma

contratual), dinamismo usual de transferência de trabalhadores no mercado entre as PMEs e

as pequenas e grandes empresas, provocando o espraiamento de conhecimento explícito e

tácito, assim como capacidades e competências dentro do mercado considerado.

47

O terceiro canal é a retirada intencional de funcionários de organizações maiores

quando se sentem bloqueados em sua atuação como empreendedores corporativos, em parte

pelo choque entre seus objetivos estratégicos pessoais e os da organização.

Isso faz com que estes trabalhadores assumam posições em PMEs próprias como

empreendedores ou em firmas de terceiros, levando consigo conhecimento que será absorvido

e espraiado pelo mercado (GRAY, 2006).

2.4.3 – INCERTEZA AMBIENTAL

O conceito de incerteza ambiental na área da Teoria das Organizações se refere à

impossibilidade da tomada de decisão com total conhecimento sobre as variáveis envolvidas

no processo (DUNCAN, 1972).O grau de incerteza é dependente da percepção individual,

variando conforme o tipo de análise do ambiente e o nível de percepção de cada indivíduo.

Algumas pessoas podem ter um alto nível de tolerância com relação à ambiguidade e

incerteza e, consequentemente, perceber situações como menos incertas do que outras menos

tolerantes.

Conforme El Nadi (2007), incerteza ou a falta de informações completas sobre o

ambiente levam a decisão do gestor ao limite da racionalidade, quando suas escolhas são

feitas sem o conhecimento de todas as alternativas disponíveis ou sem a completa noção do

alcance das suas consequências.

De acordo com a tipologia proposta por Duncan (1972), a dualidade dinamismo-

complexidade conforma-se à análise do ambiente organizacional, principalmente se o

ambiente for considerado como a fonte de informação e processamento de dados externos.

Neste caso, dinamismo e complexidade são as dimensões apropriadas para definir

incerteza (DAFT, 1998; ELENKOV, 1997; MAY, 2000).

Como o conceito de incerteza é amplo, muitos autores tentam limitá-lo, relacionando-

o com determinados componentes do ambiente, como concorrentes, fornecedores, influência

governamental, clientes e outros. Milliken (1987) sugere que existem três tipos de incerteza

ambiental: incerteza de estado, que é a percepção de incerteza que os gestores sentem com

relação aos elementos que compõem o ambiente; incerteza de efeito, ou melhor, a falta de

informação com relação aos efeitos que determinadas alterações nos componentes do

48

ambiente podem causar na empresa; e incerteza de resposta, configurada como ausência de

conhecimento sobre a resposta que a organização obterá do ambiente como resultado de suas

decisões.

A percepção ambiental por parte do indivíduo é de caráter subjetivo, baseada no

conhecimento e experiência vivenciados na área (DUNCAN, 1972; LEWIS; HARVEY, 2001)

e, tendo como fonte estas percepções, são tomadas as decisões estratégicas nas organizações

(NADKARNI; BAN, 2008). Desta forma, as verificções gerenciais de incerteza serão

influenciadas pela importância que os administradores conferem a certas variáveis ambientais,

às vezes mais valorizadas do que as características objetivas do próprio ambiente (HITT,

1982).

As ameaças e oportunidades percebidas pelos administradores com relação ao

ambiente externo determinam as ações da firma, influenciando a avaliação de suas opções

estratégicas (SHARFMAN; DEAN, 1991).Estas mesmas oportunidades e ameaças podem ser

avaliadas de forma diferente pelos atores organizacionais (ROSSETTO; ROSSETTO, 2005),

e esta percepção se torna crítica na medida em que pode se diferenciar de forma considerável

dos indicadores objetivos da realidade ambiental (STARBUCK, 1971).

Em busca de uma equalização e previsibilidade dos fatores ambientais, foram

desenvolvidos estudos que resultaram na definição de tipologias de análise que incluem, além

das dimensões, complexidade e dinamismo (DUNCAN, 1972), uma terceira dimensão

visualizada como a disponibilidade de recursos (CHILD, 1972) ou competição por recursos

(ALDRICH, 1979), que mais tarde foram englobados no conceito de munificência de Dess e

Beard (1984).Do ponto de vista gerencial, pode-se afirmar que a avaliação de incerteza éuma

função da gerência média e alta, além da alta cúpula da organização.

Conforme Rossetto e Rossetto (2003), a competitividade, aliada às incertezas

ambientais, faz com que os administradores tenham que se adequar às transformações do

ambiente, adaptando as decisões estratégicas às mudanças ambientais. Nesta pesquisa,

abordamos o efeito da incerteza ambiental sobre a organização a partir do dinamismo

ambiental, considerada por alguns autores como a dimensão de maior impacto na formação da

incerteza ambiental da firma (DUNCAN, 1972).

Segundo Duncan (1972, p.1) em um dos estudos pioneiros sobre o tema: “[...]

resultados indicam que indivíduos em unidades de decisão com características dinâmico-

complexas experimentam o maior grau de incerteza nas tomadas de decisão. Os resultados

também indicam que a dimensão estático-dinâmica do ambiente apresenta maior contribuição

para a incerteza do que a dimensão simples-complexa [...]”.

49

Podemos observar a presença do dinamismo ambiental nas conclusões de Duncan

(1972). Em estudos mais recentes como o de Rossetto e Carvalho (2009) também foi

encontrada a associação entre dinamismo e complexidade, significando que, quando o

administrador percebe o ambiente como dinâmico, também demonstra probabilidade de

percebê-lo como complexo.

A teoria da dependência de recursos baseia-se no argumento de que os ambientes são

fontes escassas de recursos, e que as organizações são dependentes destes para sua

sobrevivência(KREISER; MARINO, 2002). A falta de controle sobre tais recursos é a fonte

da incerteza ambiental. Segundo Pfeffer e Salancik (1978), há três fatores que influenciam o

nível de dependência de recursos das organizações: a importância do recurso para a firma que

define a sua dependência com relação a ele, o grau de dependência, variável conforme a

escassez do recurso (quanto mais escasso, maior a dependência), e a competição entre as

organizações pelo controle do recurso (KREISER; MARINO, 2002).

O grau de dependência com relação aos recursos necessários vai provocar o aumento

ou redução no grau de percepção de hostilidade do ambiente por parte da firma, e esta

percepção vai gerar proporcionalmente um aumento ou redução na incerteza ambiental

percebida. O impacto do nível de recursos na percepção de hostilidade do ambiente é uma

realidade objetiva, que como tal pode ser mensurada (YASAI-ARDEKANI, 1989), dando

origem a uma série de esforços por parte dos pesquisadores no sentido de estabelecer

construtos e sistemas de mensuração para os fatores e variáveis envolvidos no processo. A

ótica da teoria da dependência de recursos implica, por outro lado, em necessidade de escolha

estratégica (CHILD, 1972).

A autonomia de escolha (absoluta ou relativa) da estratégia por parte da organização

resulta no direcionamento dos esforços dos administradores para minimizar os efeitos do

ambiente e da sua incerteza ambiental inerente sobre a organização. Por outro lado, através

das tomadas de decisão, tira-se partido das condições do ambiente, ou tenta-se de alguma

forma influenciá-las, para maximizar o retorno e ocupar posição de controle sobre os meios e

recursos. O conceito de munificência de Dess e Beard (1984) amplia a visão operacional da

Teoria da Dependência de Recursos, entendida como o nível de recursos disponível para a

firma, provenientes das fontes do ambiente (TAN, 1996).O aumento da competição por estes

recursos diminui a munificência do ambiente e, consequentemente, torna concreta a incerteza

ambiental e crítica à escolha estratégica.

No caso específico de micro, pequenas e médias empresas, estudos mostram que os

administradores tendem a se focar nas mudanças provocadas pelo ambiente externo, do que os

50

administradores de grandes empresas, provavelmente porque a incerteza ambiental percebida

é maior por parte das primeiras (DEYER; ROSS, 2008).

Neste sentido, percebe-se uma tendência ao estabelecimento de alianças estratégicas

mais fortes também por parte destas empresas, com o objetivo de estabelecer vínculos

estreitos e permanentes com fornecedores, consumidores e pares da indústria, garantindo seu

acesso a recursos fundamentais e diminuindo a incerteza ambiental percebida (GARCIA-

PÉREZ et al., 2012).

Estudos como o de Sarkaret al. (2001) concluem que a utilização de alianças

estratégicas leva a um melhor desempenho de mercado, e que este efeito é mais intenso no

caso de pequenas e médias empresas em ambientes instáveis, onde a necessidade destas

alianças se revela como questão de sobrevivência em resposta às incertezas.

Como parte destas alianças estratégicas nota-se a participação das PMEs em redes de

relacionamento, o que potencializa a sua capacidade absortiva e aumenta internalização de

conhecimento a custos mais baixos, substituindo em determinado grau o efeito da pesquisa e

desenvolvimento realizados pelas grandes organizações através de seus departamentos, na

tentativa de redução da incerteza ambiental pela utilização de recursos alternativos (GRAY,

2003).

Ainda de acordo com Gray (2003), estas redes de relacionamento tem papel

importante na redução do dinamismo ambiental, fator que influencia o comportamento destas

empresas e o seu desempenho.

2.4.4 – O DINAMISMO AMBIENTAL E A PME VITIVINÍCOLA

A existência de fatores externos do ambiente é normalmente citada como tendo grande

influência na viabilidade e no crescimento de pequenas e médias empresas, além de normas

regulatórias governamentais e, mais recentemente, ambientais (COOPER, 1979; BOSKIN,

1984).

Além destes fatores, a própria estrutura da indústria no setor econômico considerado

afeta o desempenho dos negócios pequenos e médio sem forma de dinamismo percebido,

especialmente com relação à dimensão da hostilidade do ambiente que se caracteriza como

ameaça ao desempenho e ao sucesso dos negócios da firma (KHANDWALLA, 1977).

51

Isto acontece basicamente devido às limitadas bases de recursos das pequenas

empresas, além de sua alta dependência das decisões gerenciais concentradas nas mãos de

poucas pessoas (PORTER, 2000).

A maior parte dos estudos que analisam dinamismo ambiental é ancorada no universo

de médias e grandes empresas, com uma quantidade limitada de estudos em profundidade que

incluam em sua maioria pequenas empresas (MILES; COVIN; HEELY, 2000).

Além disso, o dinamismo ambiental é percebido de forma diferente pelas empresas,

especialmente as pequenas e médias. Algumas percebem o ambiente com reduzido grau de

incerteza, enquanto que, para outras, o ambiente é de elevada percepção de incerteza

(TEIXEIRA; ROSSETTO; CARVALHO, 2009).

A capacidade de absorção de conhecimento, aliada ao aprendizado constante, é um

fator crucial para redução desta incerteza e para a reação da firma às incertezas do ambiente

(LIMA, 2007), tendo como resultado níveis mais altos de produtividade e desempenho

(HALL, 1980).

De acordo com Farias (2014), o setor vitivinícola é um excelente exemplo de

adaptação e reação ao dinamismo do ambiente, pois, além das iniciativas individuais das

firmas para adaptação a novas situações de mercado, percebe-se a cooperação entre os agentes

econômicos na forma de associações e estabelecimento de vínculos cooperativos, como por

exemplo, na comercialização de produtos no exterior.

Ainda de acordo com este autor, a absorção e transmissão de conhecimento no setor

são potencializadas pela existência de várias organizações que oferecem este suporte, tais

como a EMBRAPA, a APROVALE e o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRGS),

entre outros (FARIAS, 2014).

Os conhecimentos gerados por estas instituições são compartilhados por toda a cadeia

produtiva vitivinícola. Nessa perspectiva, o processo de absorção de conhecimento se realiza

de diversas formas, principalmente através da interação dos agentes envolvidos. Esta

interação é incrementada pela proximidade e afinidade cultural, econômica e social entre os

agentes, facilitada pela linguagem similar, códigos e canais de comunicação dominados e

compartilhados por todos os participantes do processo (LUNDVEL, 1988).

Esta característica particular de relacionamento torna o referido setor da economia

apto para o estudo da capacidade absortiva, pois, além do conhecimento e capacidades

individuais que são a base para a absorção do conhecimento (COHEN; LEVINTHAL, 1989),

existe a oportunidade de investigar os canais de compartilhamento deste conhecimento,

lastreado na interação inter-firmas, com as capacidades sendo moldadas pela interação dos

52

aspectos sociais, históricos, econômicos e geográficos, numa situação de aprendizado coletivo

(MASKELL; MALMBERG, 1999).

2.5 –HIPÓTESES E MODELOCONCEITUAL PROPOSTO

2.5.1 –MODELO CONCEITUAL PROPOSTO

O modelo proposto de relacionamento das variáveis do estudo está exemplificado

abaixo na Figura 7, com as hipóteses derivadas do relacionamento teórico entre elas:

Figura 7:Modelo Conceitual

H1 H1

H3 H3

H2

Fonte: elaborado pelo autor (2015)

CAPACIDADE

ABSORTIVA

DESEMPENHO

DINAMISMO

AMBIENTAL H4

4

H4

53

2.5.2 – HIPÓTESES DO TRABALHO

A capacidade absortiva é geradora de informação para a organização (COHEN;

LEVINTHAL, 1989) que, estruturada e disseminada pelas rotinas e processos, contribuirá

para a melhoria do desempenho organizacional (CAMISÓN; FORÉS, 2009).

Esta melhoria de desempenho impactará diretamente no ambiente operacional,

ajudando a gerar vantagem competitiva, fundamental para impulsionar o seu posicionamento

estratégico (ZAHRA; GEORGE, 2002), de onde se pode deduzir que o desempenho da firma

tem relação direta com a sua capacidade absortiva (FLATTEN et al., 2011). Portanto:

- HIPÓTESE 1 – A capacidade absortiva tem efeito positivo no desempenho da firma,

ou seja, quanto maior a capacidade absortiva, melhor o desempenho.

O dinamismo ambiental descreve o grau e a imprevisibilidade das mudanças no

ambiente externo da organização (DESS; BEARD, 1984).Quando ele aumenta com mudanças

mais rápidas e imprevisívei sem tecnologia, preferências dos consumidores, disputa por

recursos e aumento da competição, a organização necessita desenvolver uma gama de

estratégias criativas para sobreviver e manter vantagem competitiva no mercado (D’AVENI,

1994), em outra perspectiva, ambientes caracterizados pelo aumento no dinamismo ambiental

forçam as organizações a cultivar e incrementar suas capacidades dinâmicas (LI; LIU, 2012).

Como a capacidade absortiva é uma das principais capacidades dinâmicas (ZAHRA;

GEORGE, 2002), pressupõe-se:

- HIPÓTESE 2 - O Dinamismo Ambiental tem efeito positivo na Capacidade Absortiva,

ou seja, quanto maior o Dinamismo Ambiental, maior a Capacidade Absortiva

necessária para reagir à instabilidade do ambiente.

54

Conforme Aldrich (1979), um alto grau de dinamismo ou turbulência ambiental

estimula a inovação, fazendo com que a organização tenha mais consciência dos sinais e

indicações da necessidade de inovar. Estas inovações, uma vez implementadas, provocam

alterações positivas em métodos e processos (FUENTES et al.,2004), criando novas

capacidades dinâmicas (TEECE; PISANO; SHUEM, 1997), que resultarão em melhoria de

desempenho da organização (TING, WANG, WANG, 2012).Portanto:

- HIPÓTESE 3 -O dinamismo ambiental tem efeito positivo no desempenho da firma,

ou seja, quanto maior o dinamismo ambiental, melhor o desempenho da firma.

O dinamismo ambiental tem influência considerável no comportamento da firma,

determinando até mesmo as opções e ações estratégicas dos “tomadores” de decisão

(SHARFMAN; DEAN, 1991).

Por outro lado, este mesmo dinamismo, ao gerar ambientes altamente voláteis e

turbulentos, provoca uma erosão nas capacidades existentes, induzindo ações reativas por

meio dos gestores, com a transformação, o aperfeiçoamento e a criação de novas capacidades

dinâmicas, entre elas a absortiva, produzindo resultados que vão modificar o desempenho da

organização (NADKARNI; BARR, 2008).Ainda segundo Eisenhardt e Martin (2000),

algumas destas capacidades dinâmicas integram os recursos da firma utilizando, por

exemplo, habilidades superiores em manufatura e desenvolvimento de produto para criar,

transformar ou rejuvenescer bens e serviços, enquanto outras capacidades dinâmicas (como a

capacidade absortiva) reconfiguram elementos (como a informação) que são desta forma,

recombinados e realocados para utilização em novos níveis estratégicos.

Em ambientes estáveis, o relacionamento entre as capacidades dinâmicas e o

desempenho da firma não é relevante, enquanto que em ambientes turbulentos este

relacionamento torna-se importante (WU, 2010; LI; LIU, 2012), podendo-se identificar um

caráter mediador da capacidade absortiva na relação entre o dinamismo ambiental e o

desempenho organizacional. Assim:

- HIPÓTESE4 – A Capacidade Absortiva media a relação entre o Dinamismo

Ambiental e o Desempenho Organizacional.

55

3 – METODOLOGIA

Neste item do estudo apresentam-se as características metodológicas da pesquisa, com

a identificação do universo pesquisado e a amostra considerada, assim como o método

estatístico utilizado e suas peculiaridades: tipo e estratégia de pesquisa, população amostral,

instrumento de coleta de dados, coleta de dados e análise dos dados. A Metodologia aplicada

na pesquisa permitirá o teste das hipóteses sugeridas pelo arcabouço teórico relacionado no

universo da amostra considerada.

Além do método estatístico apropriado utilizado, a escolha da amostra de indivíduos

ou empresas é fundamental para que se possa chegar a conclusões generalizáveis. A amostra

escolhida deve assegurar a efetiva representatividade da população elencada, para que o

resultado das análises tenha real caráter científico.

3.1 – TIPO E ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa, de caráter descritivo,

utilizando-se a técnica Survey em um determinado momento temporal (transversal) (HAIR

JR. et al., 2005; MALHOTRA, 2001). A investigação descritiva busca identificar situações,

acontecimentos, atitudes, opiniões ou características presentes em uma população.

A pesquisa Survey pode ser conceituada como a obtenção de dados ou informações

sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado ou

escolhido como representante de uma população alvo, por meio um instrumento de pesquisa,

normalmente questionário (LEMES; CASAGRANDE, 2010).Apesar do método Survey ser

recomendado para pesquisas onde o respondente compreende e consegue responder à

pesquisa sem a presença física do pesquisador, neste estudo tornou-se necessária a ida do

pesquisador em campo devido à considerável extensão do instrumento e a consequente

dificuldade de obtenção de respostas em tempo hábil. Outra consideração a ser feita é sobre a

minimização de prováveis vieses na aplicação do instrumento de pesquisa (PODSAKOFF et

al.,2003). Para evitar respostas conformistas ou de caráter político, a pesquisa foi

administrada com a garantia de anonimato aos respondentes.

Para análise do relacionamento entre as variáveis do estudo, foi executado o método

dos Mínimos Quadrados Parciais (PLS – SEM). Conforme Sarsted et al. (2014), este método

56

possibilita a estimativa de modelos com grau considerável de complexidade, mas de forma

confiável, utilizando um número relativamente pequeno de observações, sem a imposição de

suposições de distribuição em face às informações coletadas.

Como tal, essa metodologia é indicada para pesquisas de negócios familiares, em que

existe a possibilidade de um número grande de respondentes, mas, em contrapartida, com

índice de resposta não muito alto, caracterizando a dificuldade de retorno para os

questionários submetidos.

3.1.1 – MÉTODO DE PESQUISA E TÉCNICA ANALÍTICA

A técnica de análise utilizada para este trabalho é a Modelagem de Equações Estruturais

(SEM). Ao contrário dos métodos de regressão múltipla, a modelagem de equações estruturais

possibilita a incorporação de construtos chamados “LATENTES” ou não observados -

dimensões teóricas que não apresentam medidas diretas, mas que podem ser mensurados por

outros indicadores que, num determinado momento apresentam, no seu conjunto, uma boa

representação geral do significado do construto.

Além disso, utilizando a modelagem de equações estruturais, o pesquisador poderá lidar

com construtos de segunda ordem e, ao mesmo tempo, examinar uma série de

relacionamentos de dependência (CHIN, 1998).A análise dos modelos de equações estruturais

(SEM) pode ser feita a partir de dois tipos de técnicas:

Análise baseada na covariância (CB-SEM) - todos os itens são reflexivos e comparados

entre a matriz de covariância teórica e a matriz de covariância estimada, necessitando da

normalidade dos dados e de uma amostra com quantidade maior de respondentes

(RINGLE et al., 2011).

Análise baseada na variância (PLS-SEM) - permite estimar com razoável grau de

confiabilidade em modelos complexos, utilizando poucas observações, e sem impor

suposições(a priori) com relação à distribuição dos dados ou sua normalidade. Esta

característica a torna particularmente interessante para estudos exploratórios (WOLD,

1985).

Conforme Sarstedet al.(2014), ambos os métodos, o de análise de equações estruturais

baseado na covariância (CB-SEM) e o de análise de equações estruturais baseado nos

mínimos quadrados parciais ou variância (PLS-SEM), tem características distintas que os

57

tornam robustos em determinadas situações. O método CB-SEM tem aplicação mais indicada

quando o pesquisador quer determinar em que grau um modelo teórico proposto é capaz de

explicar (ou estimar) a covariância para um conjunto de dados amostrais, enquanto o PLS-

SEM tem sua aplicação na explicação da variância nas variáveis dependentes.

Além disso, pode-se afirmar que a análise de covariância (CB-SEM), utilizada por

softwares comoo AMOS, faz a verificação geral do modelo teórico apresentado como um

todo, testando sua adequação aos índices esperados, enquanto que a análise de variância feita

pelo PLS-SEM é por partes, objetivando maximizar a variância explicada dos construtos

dependentes (endógenos) e, com isso, estabelecer significância para os caminhos do modelo,

avaliando posteriormente a qualidade do modelo de mensuração (HAIRet al., 2011).

O diagnóstico do PLS é feito em estrutura de blocos no modelo de mensuração, sendo

cada bloco constituído por uma variável latente e seus indicadores. Através de um algoritmo

interativo, é analisado cada bloco e feita uma otimização de seus resultados para comparação

com o bloco seguinte. Num segundo passo, estimam-se os coeficientes de caminho do modelo

estrutural (VINZI et al., 2010).

Conforme Hair et al.(2011), a utilização da abordagem CB-SEM é uma opção se o

objetivo for apenas confirmar uma teoria já estabelecida, enquanto a aplicação do PLS-SEM

torna-se interessante se o objetivo do pesquisador for a predição ou desenvolvimento de uma

teoria, numa análise eminentemente exploratória, com suporte teórico menos robusto.

No presente estudo, a opção pelo método de análise recai sobre a análise de variância

ou PLS-SEM, basicamente pelos seguintes motivos:

A técnica de análise baseada na covariância (CB-SEM) assume que todos os itens são

reflexivos, ou seja, espelham o mesmo construto e são intercambiáveis, o que não é o

caso desta pesquisa, por conter construtos reflexivos e formativos que determinam ou

causam o próprio construto. Em contrapartida, o PLS pode trabalhar com construtos

reflexivos e formativos no mesmo modelo (CHIN, 2010).

A amostra utilizada para análise no PLS pode ser menor do que as exigências amostrais

do CB-SEM. Neste estudo, a amostra mínima é determinada pelo programa GPower 3.1

da Universidade de Hamburgo (FAUL; ERDFELDER; BUCHNER; LANG, 2009) que,

além de ser mais exigente que outros programas similares, baseia-se no construto

endógeno, que guarda a quantidade máxima de preditores ou flechas indicativas de

interrelação em sua direção.

No caso deste estudo, a quantidade mínima calculada pelo programa para o conjunto

amostral é de 68 respondentes para um f² (efeito mínimo do tamanho da amostra) de 0,15 alfa

58

(COHEN, 1998) ou erro probabilístico de 0,05 (5%), e poder estatístico de 80% (HAIR et

al.,2014). Dessa forma, obtiveram-se 77 respondentes para um universo amostral em torno de

200 integrantes, representando cerca de 38,5% da população.

O método PLS-SEM não necessita de suposições sobre a normalidade ou linearidade

dos dados (ao contrário do CB-SEM) e, além disso, proporciona aos pesquisadores maior

flexibilidade para especificação dos relacionamentos entre os seus indicadores e respectivos

construtos, sejam eles reflexivos ou formativos (HAIR et al.,2014).

Foi utilizado neste estudo o programa SmartPLS 3.0 (RINGLE et al., 2014), com a

aplicação do algoritmo em 300 interações e também o emprego do algoritmo Bootstrapping

com 5000 replicações para determinar os erros padrões, na otimização dos caminhos do

modelo.

A Modelagem de Equações Estruturais pode ser dividida em duas partes: o Modelo

Estrutural, que mostra as relações entre os diversos construtos ou variáveis latentes, eo

Modelo de Mensuração, ao descrever as ligações entre as variáveis latentes e suas medidas ou

indicadores.

3.2 – POPULAÇÃO E AMOSTRA

O primeiro passo para um estudo empírico é a seleção da população a ser analisada.

Neste estudo, o universo considerado são os produtores de vinhos finos das regiões

fabricantes dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cumpre neste momento

caracterizar quem são esses produtores. A produção de vinho, em geral, é caracterizada pela

elaboração do vinho de mesa, produzido com a variedade cientificamente conhecida como

Vitis lambrusca, e a produção de vinhos finos pela Vitisvinifera. O objeto deste estudo são os

produtores que elaboram vinhos com a variedade Vitisvinifera, considerados de qualidade

superior, e por isso conhecidos como “vinhos finos”, além de representarem parte

considerável do valor de negócios do vinho como um todo. Como informação adicional,

podemos dizer que o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda tem a maior parte da

produção de vinhos com a variedade Vitis lambrusca (vinho de mesa).

Esta restrição do universo considerado provoca uma compressão na população,

reduzindo a quantidade de pontos amostrais para um total de 180 a 200 produtores nos dois

Estados, a grande maioria das empresas de base familiar. As empresas objeto do estudo foram

selecionadas dentro do critério acima mencionado, através de contato e recomendação feita

59

pelo IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho), de Bento Gonçalves (RS) e pela ACAVITIS

(Associação Catarinense Vinhos de Altitude) de São Joaquim (SC).

A escolha da amostra utilizada pode ser considerada por conveniência(FINK, 2009) e

não probabilística, sendo que seus resultados devem ser interpretados com o devido cuidado,

levando sempre em consideração o universo utilizado da amostra e o objetivo da pesquisa:

análise do relacionamento dos construtos considerados entre os produtores de vinhos finos da

região Sul do Brasil, dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Observa-se também que o estudo tem neste momento caráter transversal, ou seja, os

resultados refletem a situação das empresas pesquisadas no momento específico da mesma,

todavia, uma limitação importante se refere à forma como são operacionalizadas e medidas as

dimensões do construto Capacidade Absortiva.

Tanto o construto global como seus construtos de segunda ordem são considerados

“variáveis latentes”, ou seja, é um conceito que não pode ser mensurado diretamente, mas sim

através de uma série de indicadores ou variáveis. Isto se deve à sua complexidade ou ao fato

de terem caráter abstrato (como, por exemplo, competência, pró-atividade, orientação para o

aprendizado, etc. –HAIR et al.,2009).Tal impossibilidade de medição direta faz com que haja

um erro associado a cada medida, ou seja, as variáveis que representarão o construto latente

carregam consigo um erro que deve ser minimamente aceitável para que estes indicadores,

somados, possam ser aceitos como representativos do construto considerado (HAIR et al.,

2005).

3.3 – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A construção do instrumento de coleta de dados (questionário) segue alguns

procedimentos: primeiramente são apresentados os indicadores ou variáveis que fazem a

avaliação ou explicação de cada construto envolvido no modelo conceitual proposto, o

resultado do pré-teste realizado para refinamento e aprimoramento das questões do

questionário e, finalmente, o procedimento a ser utilizado para coleta dos dados.

Na verificação de sua funcionalidade, foi feito um pré-teste com integrantes da

amostra final para depuração e ajuste dos questionários no sentido de diminuir ao nível

máximo possível os vieses inerentes a este tipo de pesquisa, além da eficiência do instrumento

em si.

60

As questões do formulário tem como opção de resposta a Escala do Tipo Likert de

cinco pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo plenamente). Para

mensuração do comportamento nos itens “Receita” e “Quantidade de Litros Produzidos” da

variável Desempenho, será igualmente utilizada Escala Likert de cinco pontos, variando desde

1 (muito pior) até 5 (muito melhor).

As escalas Likert oferecem a possibilidade do respondente de escolher a intensidade

de sua assertiva de acordo com o assunto abordado, neste caso específico, a avaliação dos

componentes da capacidade absortiva, dinamismo ambiental e desempenho da firma.

Conforme Beal e Dawson (2007), escalas com muitas opções ou categorias de resposta

tendem a levar a maiores vieses, o que diminui consideravelmente com a escala de cinco

pontos, ao tornar mais confortável e precisa a posição do respondente, especialmente quando

não possui um nível educacional muito elevado.

3.3.1 – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS PARAAVALIAÇÃO DAS

DIMENSÕES DOS CONSTRUTOS

O questionário básico utilizado para este estudo, no que se refere à Capacidade

Absortiva, baseia-se nos formulários validados e testados por Flatten, Zahra et al. (2011) e

Flatten, Greve e Brettel (2011), Barrionuevo (2009) e Camisón e Forés (2010), além de

perguntas propostas por especialistas no setor. Estes questionários têm em comum a estrutura

da abordagem feita por Zahra e George (2002), os quais dividiram o construto Capacidade

Absortiva em quatro dimensões: Aquisição, Assimilação, Transformação e Exploração (ou

Implementação).

Estas dimensões, por sua vez, dividem-se em dois componentes:

PACAP – CAPACIDADE ABSORTIVA POTENCIAL

RACAP – CAPACIDADE ABSORTIVA REALIZADA

A Capacidade Absortiva Potencial (PACAP) corresponde às duas primeiras

dimensões: Aquisição e Assimilação. A Capacidade Absortiva Realizada (RACAP) reporta-se

às dimensões de Transformação e Exploração.

61

O dinamismo ambiental é mensurado por indicadores desenvolvidos por Rossetto e

Carvalho (2012), seguindo proposição conceitual elaborada por Lumpkin e Dess (2001), além

de algumas questões propostas pelos especialistas.

Medir o desempenho de uma organização, seja grande ou pequena, não é tarefa fácil,

especialmente quando a mesma é, na maior parte, de constituição predominantemente familiar

(COVIN; SLEVIN, 1989).

No caso específico de pequenas e médias empresas, além da dificuldade para obter

determinados tipos de informações, elas podem não ter a confiabilidade necessária para um

estudo detalhado sobre o assunto, além de levarem a possíveis vieses em seu resultado.

Como consequência desta realidade, foram adotadas neste trabalho medidas indiretas

de desempenho, conforme o trabalho de Flatten, Greve e Brettel (2011), além dos estudos de

Covin e Slevin (1989).Segundo este mesmo estudo, a utilização de medidas subjetivas nestes

casos tende a apresentar resultados mais detalhados do que medidas absolutas de desempenho.

Muitos estudos demonstram que existe uma alta correlação entre as medidas subjetivas e

objetivas(CHANDLER; HANKS, 1993).

3.3.2 – CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO

O construto “Capacidade Absortiva” original, sugerido por Cohen e Levinthal (1989,

1990) engloba três dimensões: identificação, assimilação e exploração (aplicação do

conhecimento).Posteriormente, alguns pesquisadores propuseram uma reapresentação e

reconceitualização do construto, de forma a oferecer a possibilidade de melhor

operacionalização para sua mensuração, como é o caso de Zahra e George (2002),Liao et al.

(2003), Jansen et al. (2005), entre outros.

Nesta investigação, é adotada a configuração de Zahra e George (2002), por considerá-

la mais explicativa e em condições de fazer uma análise mais precisa com respeito às nuances

que o construto Capacidade Absortiva apresenta.

Barrionuevo (2009) também desenvolveu um questionário para mensuração de

capacidade absortiva com grande poder de captação das perspectivas do construto,

especialmente nos níveis de absorção de capacidade absortiva potencial e realizada.

Conforme Camisón e Forés (2010):

Aquisição-habilidade que a firma possui de identificar, avaliar e adquirir conhecimento

externo, adicionando valor às suas operações;

62

Assimilação- capacidade de absorver este conhecimento externo, ou seja, processos e

rotinas internos que analisam, interpretam e internalizam o conhecimento adquirido;

Transformação– meio que a firma possui de utilizar, desenvolver e aprimorar suas

rotinas e processos internos para facilitar o compartilhamento, a transferência e a

adaptação dos novos conhecimentos ao estoque de conhecimentos anteriores que a

organização possui;

Aplicação– forma de a firma utilizar rotinas e processos que permitem a aquisição,

assimilação e transformação de conhecimento para a criação de novas competências,

práticas, produtos e mecanismos organizacionais que modificam a sua base de operações.

Um dos aspectos mais importantes na avaliação de um construto é que as dimensões

sugeridas consigam abranger uma visão global deste mesmo construto, de forma que haja alto

índice de confiabilidade e validação na sua mensuração, e que os parâmetros e indicadores

utilizados sejam testáveis e avaliáveis (SHENKAR, 1995).

O questionário utilizado neste estudo, originalmente produzido por Flatten, Zahra et

al. (2010) tem sua origem numa revisão de literatura organizada em dez Top Journals de

Administração, cujo foco está no gerenciamento e em tópicos da organização que, por esta

razão, cobrem a pesquisa sobre capacidade absortiva com relevância.

Além desta revisão, os referidos autores utilizaram conjuntamente o estudo de Lane et

al. (2006),ao identificar quatro correntes de pesquisa com forte cobertura sobre o construto

capacidade absortiva: aprendizado organizacional, alianças estratégicas, gerenciamento do

conhecimento e Visão Baseada em Recursos (RBV).Para concluir, foi feita uma pesquisa em

bancos de dados como a Rede de Pesquisas em Ciências Sociais (SSRN), numa tentativa de

incluir no levantamento pesquisas relevantes não publicadas. Como resultado, foi organizado

um trabalho pela seleção comparativa das diversas correntes de pesquisa, e respectivas

dimensões da capacidade absortiva relacionadas a cada uma (FLATTEN, ZAHRA et al.,

2010).

Posteriormente, foram realizados três pré-testes com executivos e especialistas para

identificar possíveis problemas com relação à ambiguidade e dificuldade de entendimento

para responder, além da sugestão de novos itens ou indicadores que não haviam sido levados

em consideração nos levantamentos iniciais. Após estes pré-testes, o resultado foi a geração

de um questionário final a ser aplicado na pesquisa, contendo 35 itens ou proposições, sendo

9 da dimensão Aquisição, 9 da dimensão Assimilação, 9 da dimensão Transformação e 8 da

dimensão Aplicação.

63

Segundo Flatten, Zahra et al. (2010), são escassas as pesquisas sobre a dimensão

Aplicação, fazendo com que a geração de itens relevantes para sua avaliação se baseie na

sugestão de especialistas ou pessoas com reconhecido conhecimento do contexto analisado,

explicando desta forma também a pouca quantidade de itens para a mensuração desta

dimensão. Entretanto, de acordo com eles, a quantidade de itens gerados é suficiente para uma

avaliação consistente da dimensão considerada.

Este questionário original em inglês encontra-se no Apêndice 1 e sua tradução no

Apêndice 2.

3.3.3-TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO QUESTIONÁRIO

A simples transposição e aplicação de um questionário de língua inglesa a

respondentes de outra língua, como a portuguesa, pode levar a erros graves de interpretação e

entendimento, comprometendo o rigor científico da pesquisa. Como consequência, é

necessário empreender um processo de adaptação cultural para posterior validação do mesmo

(CORRÊA; PANHOCA, 2009).

Segundo Stadler apud Sato (2011), esta adaptação e aplicação de qualquer instrumento

a outra população que não seja a original para a qual foi desenvolvido requer mais que a

simples tradução, implica em levar em consideração alguns aspectos:

1) Equivalência semântica – avaliação criteriosa da equivalência gramatical e de

vocabulário;

2)Equivalência de idioma – cuidado especial na tradução de expressões características do

idioma original;

3) Equivalência cultural – o processo de tradução deve se preocupar com a utilização de

termos na língua traduzida, coerentes com as características e experiências desta população,

fazendo um esforço máximo para a adaptação do sentido original das frases e expressões para

sua perfeita compreensão dentro do objetivo determinado.

O cuidado com as equivalências nominadas acima garante que o instrumento traduzido

contenha o sentido completo da versão original, mantendo o significado, as ideias, a forma e o

valor do instrumento para o novo contexto cultural, não somente linguístico, mas também

social (CORRÊA; PANHOCA, 2009). A tradução do questionário foi feita por uma

profissional capacitada com proficiência na língua inglesa. O questionário traduzido encontra-

se no Apêndice 2.

64

A adaptação da linguagem dos questionários à realidade dos respondentes, no caso as

vinícolas pertencentes à categoria de Produtores de Vinhos Finos das regiões dos Estados de

Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foi feita no pré-teste por três (3) especialistas do setor,

estes produtores e pessoas com grande conhecimento da realidade do mercado de vinhos do

Sul do país.

Estes especialistas, no pré-teste, além de fazerem algumas adaptações na linguagem do

questionário final a ser aplicado aos respondentes, sugeriram uma série de questões que no

seu entendimento ajudariam a avaliar com mais detalhamento os construtos relacionados,

além da eliminação de proposições que, segundo eles, não teriam um nível de confiança

razoável nas respostas para esta área de atividade. Suas alterações resultaram no questionário

final que está nonos itens seguintes e no Apêndice 3.

3.3.4 – ESTRUTURA FINAL DE INDICADORESPARA MEDIDA DE CADA

DIMENSÃO APÓS TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO QUESTIONÁRIO.

3.3.4.1 – DIMENSÃO AQUISIÇÃO

Quadro 2 – INDICADORES DIMENSÃO AQUISIÇÃO

INDICADOR FATOR

Adquirir 1 - AD-01 A procura por informação importante para o nosso negócio faz parte do

nosso trabalho diário.

Adquirir 2 – AD-02 Nossa empresa motiva os funcionários a utilizarem fontes de informação da

nossa área de negócios.

Adquirir 3 – AD-03 Nossa empresa espera que os funcionários procurem informações

importantes até mesmo fora do nosso mercado.

Adquirir 4 – AD-04 Nós fazemos reuniões e discussões seguidas para discutir as demandas do

mercado e procurar soluções para os problemas.

Adquirir 5 – AD-05 As pessoas do meu grupo de trabalho são capazes de entender o

conhecimento que é mais valioso para nós.

Adquirir 6 – AD-06 Nós sabemos o suficiente sobre o nosso negócio para determinar se uma

nova informação é importante para nós.

Adquirir 7 – AD-07

Nós temos capacidade de avaliar e capturar dos nossos competidores

informações importantes e atualizadas para melhoria do nosso negócio.

Adquirir 8 – AD-08 Nos últimos 3 anos a utilização da internet tornou mais fácil obter

informação importante para tomar decisões no nosso negócio.

Adquirir 9 – AD-09

Nós temos um grau de conhecimento técnico e experiência adquiridos em

nossa atividade que nos faz capazes de produzir produtos com alta

qualidade e em condições de competir com os melhores no mercado.

Elaborado pelo autor (2015)

65

3.3.4.2 – DIMENSÃO ASSIMILAÇÃO

Quadro 3 – INDICADORES DIMENSÃO ASSIMILAÇÃO

INDICADOR FATOR

Assimilar 1 – AS-01 Na nossa empresa as informações são rapidamente transmitidas entre os

diversos setores.

Assimilar 2 – AS-02 Nossa empresa utiliza ferramentas como, por exemplo, a intranet, estudos

e/ou relatórios internos para espalhar a informação em toda a organização.

Assimilar 3 – AS-03 Nossa empresa enfatiza a troca de informações e ajuda entre os

departamentos para solucionar problemas.

Assimilar 4 – AS-04 A nossa gerência promove regularmente reuniões para discutir novas metas,

melhorias, discutir a solução de problemas e receber sugestões de iniciativas

Assimilar 5 – AS-05 A utilização da internet tem melhorado a relação com nossos fornecedores

no sentido de agilizar os contatos e resolver rápidamente problemas.

Assimilar 6 – AS-06 A nossa gerência incentiva a troca de informações entre os diversos

departamentos da empresa.

Assimilar 7 –AS-07 Nossos funcionários compartilham com boa vontade suas habilidades,

informações e sua experiência com seus colegas.

Assimilar 8 – AS-08 Nossa empresa tem capacidade de assimilar rapidamente novas tecnologias

e inovações que surgem e que são comprovadamente úteis para o nosso

negócio. Assimilar 9 – AS-09

A utilização da internet nos fornece uma quantidade de informações que nos

deixa mais preparados para enfrentar as mudanças (incertezas) do mercado.

Assimilar 10 – AS-10 Novas oportunidades para servir nossos clientes são rapidamente

percebidas. Assimilar 11 – AS-11

Nós conseguimos analisar e interpretar rapidamente as demandas do

mercado.

Elaborado pelo autor (2015)

3.3.4.3 – DIMENSÃO TRANSFORMAÇÃO

Quadro 4 – INDICADORES DIMENSÃO TRANSFORMAÇÃO

INDICADOR FATOR

Transformar 1 – TR-01 Nossos funcionários tem a habilidade de estruturar e utilizar o

conhecimento coletado no mercado.

Transformar 2 – TR-02 Nossa empresa estimula os empregados a se engajarem sempre em mais

atividades de treinamento e aprendizado contínuo.

Transformar 3 – TR-03 Nossa gerência estimula os empregados a trocar continuamente ideias

entre os diversos departamentos

Transformar 4– TR-04

Nossos funcionários são capazes de aplicar os novos conhecimentos

adquiridos em seu trabalho diário, transformando-os em conhecimento

de valor para a empresa.

Transformar 5 – TR-05 É fácil adaptar nosso trabalho para fazer uso dos novos conhecimentos

técnicos que nos são disponibilizados.

Transformar 6 – TR-06

Nossa empresa tem capacidade de utilizar a tecnologia da informação

(internet, skipe, etc.) para compartilhar o fluxo de informação dentro da

própria empresa.

Transformar 7– TR-07 Nossa empresa tem capacidade de eliminar os processos e

conhecimentos obsoletos e substituí-los por processos mais atualizados.

Transformar 8 – TR-08 As reuniões relacionadas a novos processos, novas operações e novos

produtos são muito efetivas e seus objetivos são atingidos.

Transformar 9 – TR-09 Nossa empresa tem capacidade de adaptar tecnologias e processos

desenvolvidos pelos outros para as nossas necessidades.

Elaborado pelo autor (2015)

66

3.3.4.4 -DIMENSÃO EXPLORAÇÃO (APLICAÇÃO)

Quadro5 – INDICADORES DIMENSÃO APLICAÇÃO

INDICADOR FATOR

Aplicar 1 – EX-01 Nossa empresa lança produtos e serviços que têm alta relação com as pesquisas

que ela realiza.

Aplicar 2 – EX-02 Nossa empresa analisa regularmente as tecnologias empregadas e as adapta de

acordo com os novos conhecimentos obtidos do mercado.

Aplicar 3 – EX-03

Nossa empresa dá um alto grau de prioridade à utilização das novas tecnologias

e conhecimentos adquiridos do mercado no planejamento de sua estratégia de

negócios.

Aplicar 4 – EX-04 Nossa empresa tem a capacidade de transformar o conhecimento adquirido em

novos produtos e patentes requeridas.

Aplicar 5- EX-05

Nossa empresa tem capacidade de responder às necessidades dos clientes ou às

pressões da concorrência, ganhando competitividade através da adaptação e da

ampliação do seu portfólio de produtos, além de novas capacidades e ideias

inovadoras.

Aplicar 6- EX-06

Nossa empresa tem capacidade de trabalhar de forma mais eficaz e obter

melhores resultados através da utilização de novas tecnologias e novas

abordagens na venda aos nossos clientes.

Aplicar 7 – EX-07 Nós não temos dificuldades para implementar as modificações sugeridas ou

exigidas por nossos clientes na nossa linha de produtos.

Aplicar 8 – EX-08 Nós estamos constantemente analisando e considerando como aplicar melhor o

conhecimento adquirido em nossa área de negócios.

Elaborado pelo autor (2015)

3.3.4.5 – MENSURAÇÃO DINAMISMO AMBIENTAL

O Dinamismo Ambiental é mensurado através de questionário desenvolvido por

Carvalho e Rossetto (2012), baseado em conceito proposto por Lumpkin e Dess (2001), e

também de algumas questões sugeridas pelos especialistas no contexto do trabalho, que é a

área da vinicultura no Sul do Brasil.

Os indicadores do construto dinamismo ambiental são mensurados pela escala Likert

de cinco (05) pontos, da mesma forma que o questionário para avaliação da capacidade

absortiva. Um indicador relativo a mudanças climáticas fundamentais para a atividade

vinícola foi sugerido nas entrevistas com os especialistas e acrescentado aos já existentes. O

questionário final está no Quadro 6 abaixo, também com respostas em Escala Likert de 5

pontos:

67

Quadro 6 – INDICADORES VARIÁVEL DINAMISMO AMBIENTAL

Elaborado pelo autor (2015)

3.3.4.6 – MENSURAÇÃODESEMPENHO ORGANIZACIONAL

Medir desempenho de uma empresa não é tarefa fácil, especialmente quando sua

constituição é predominantemente familiar (COVIN; SLEVIN, 1989).No caso específico de

pequenas e médias empresas, as informações obtidas podem não ter a confiabilidade

necessária para um estudo detalhado sobre o assunto, além de levarem a possíveis vieses em

seu resultado. Como consequência, foram adotadas medidas indiretas de desempenho ou

performance, conforme o trabalho de Flatten, Greve e Brettel (2011).Segundo este mesmo

estudo, a utilização de medidas subjetivas nestes casos tende a apresentar resultados mais

precisos do que medidas absolutas de desempenho, sendo que muitos estudos demonstram

uma correlação alta entre medidas subjetivas e objetivas (CHANDLER; HANKS, 1993). As

medidas subjetivas iniciais utilizadas para medir o Desempenho das firmas, formuladas para

resposta em Escala Likert de cinco (05) pontos, estão no Quadro 7 abaixo, conforme Flatten,

Greve e Brettel (2011) e Camisón (2004):

Quadro 7 – Medidas de Desempenho (FLATTEN et al., 2011)

- Crescimento nas Vendas;

- Retorno Sobre Investimentos;

- Margem Operacional de Lucro;

- Retorno Sobre o Patrimônio – ROE;

- Retenção de Clientes

INDICADOR FATOR

DIN-01 As condições econômicas que influenciam nosso mercado têm mudado muito nos

últimos 3 anos.

DIN-02 As necessidades dos nossos potenciais consumidores têm mudado muito nos últimos

3 anos.

DIN-03 A atuação dos nossos concorrentes têm mudado muito nos últimos 3 anos.

DIN-04 Nossos parceiros e fornecedores têm mudado muito nos últimos 3 anos.

DIN-05 A regulamentação do setor tem mudado muito nos últimos 3 anos.

DIN-06 A tecnologia envolvida em nossas atividades tem mudado muito nos últimos 3 anos.

DIN-07 As condições climáticas essenciais para a nossa atividade têm variado muito nos

últimos 3 anos.

DIN-08 No nosso mercado, as demandas e gostos dos consumidores são difíceis de prever.

DIN-09 As ações dos nossos competidores são difíceis de prever.

DIN-10

A utilização da internet tem nos ajudado a interagir com nossos clientes, aumentando

nossa relação com eles e ajudando a diminuir a incerteza com relação ao seu

comportamento.

68

No pré-teste feito com os especialistas no contexto da pesquisa foi sugerida a não

utilização das medidas “Retorno Sobre Investimentos”, “Margem Operacional de Lucro” e

“Retorno Sobre o Patrimônio – ROE”. Segundo os especialistas, estas medidas teriam grau de

dificuldade muito alto para sua mensuração, além de pouca confiabilidade devido aos

respondentes serem, em grande parte, vinícolas familiares pequenas e médias, como é o

contexto do estudo considerado.

Foi, neste sentido, sugerida a inclusão de um item que, segundo os especialistas, tem

condições de refletir de forma bem objetiva o desempenho do produtor de vinhos: Quantidade

de Litros Produzida no Ano Corrente em Relação ao Ano Anterior. Da mesma forma, foi

sugerida a inclusão do item- Crescimento da Base de Clientes.

Segundo os especialistas, somente a utilização da expressão “Retenção de Clientes”

não era suficiente para demonstrar o desempenho da firma nesta área, podendo até se voltar a

uma ideia de desempenho deficiente não muito clara, pois esta medida precisaria ter grau de

comparação com os competidores no mercado, e a forma para avaliar isto necessita de

crescimento e não somente retenção dos antigos clientes.

Foi incluído o item “Faturamento Bruto Anual” para uma correta mensuração do

crescimento real da firma, pois, de acordo com as condições do mercado, pode haver

incremento no volume de vendas sem necessariamente haver reflexo no faturamento,

dependendo do portfólio de produtos da organização (KOTLER, 2000).

Faturamento Bruto Anual - Este item também é mensurado de forma indireta, por

motivo já explicado, para que se possa ter uma noção mais realista do seu valor em pequenas

e médias empresas (COVIN; SLEVIN, 1989).Como o indicador “Margem Operacional de

Lucro” não será utilizado pelos motivos expostos, os especialistas sugeriram o item

“Crescimento nas Vendas em Quantidade de Produtos”, que, segundo eles, juntamente com o

indicador “Faturamento Bruto Anual”, tem condições de refletir com realismo a evolução do

desempenho da firma no caso específico de Pequenas e Médias Empresas, foco de abordagem

do presente estudo.

Crescimento nas Vendas em Quantidade de Produtos - O aspecto “Retenção de

Clientes” foi mantido, pois, juntamente com “Crescimento da Base de Clientes”, tem

condições para avaliar com relativa confiança o desempenho da organização nesta área

(FLATTEN et al., 2001).

O diagrama dos índices de mensuração de desempenho apresenta-se conforme Figura

8 abaixo:

69

Figura 8 – Diagrama dos índices de mensuração de desempenho

Fonte: elaborado pelo autor (2015)

As perguntas referentes às medidas de desempenho da firma foram formuladas com

respostas em Escala Likert variando de 1 a 5, destacando o retorno subjetivo, uma vez que é

comprovada a correlação entre indicadores subjetivos e objetivos, até mesmo uma percepção

mais realista e confiável nas respostas subjetivas para o tipo de população considerada -

pequenas e médias empresas de composição predominantemente familiar (DESS;

ROBINSON, 1984; COVIN; SLEVIN, 1989):O quadro final de indicadores de mensuração

de desempenho ficou, assim, da forma que segue no Quadro 8 abaixo:

Quadro 8 – INDICADORES VARIÁVEL DESEMPENHO

INDICADOR FATOR

DES-01 Faturamento bruto anual – Compare o faturamento da sua empresa este ano em

relação ao ano anterior.

DES-02

Crescimento nas vendas em quantidade de produtos – Analise a evolução das

vendas em quantidade de produtos em comparação com o ano anterior.

DES-03

Retenção da base de clientes–Não perdemos um número significativo de clientes

em relação ao ano anterior.

DES-04 Quantidade de litros produzida – Compare a quantidade de litros produzida pela

empresa este ano em comparação com o ano anterior.

DES-05

Crescimento da base de clientes – Conseguimos captar mais clientes este ano em

relação ao ano anterior.

Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

FATURAMENTO BRUTO ANUAL

CRESCIMENTO DA BASE DE CLIENTES

RETENÇÃO DA BASE DE CLIENTES

QUANTIDADE DE LITROS PRODUZIDA EM RELAÇÃO AO

ANO ANTERIOR

CRESCIMENTO NAS VENDAS EM QUANTIDADE DE

PRODUTOS

70

3.4 – COLETA DOS DADOS

O procedimento de coleta de dados primeiramente constou de contato com as

associações empresariais da área do vinho nos Estados do Rio Grande do Sul (IBRAVIN –

Instituto Brasileiro do Vinho) e Santa Catarina (ACAVITIS – Associação Catarinense dos

Vinhos de Altitude).

Por estes contatos, foram obtidos os dados da população alvo, os produtores de vinhos

finos desta região, como já abordado no item 3.2 (População e Amostra). Posteriormente, foi

enviado o questionário para a amostra selecionada via e-mail. Como foi percebido um retorno

abaixo do esperado nos questionários preenchidos, provavelmente devido ao tamanho do

mesmo, optou-se pela aplicação in loco, com deslocamento até os locais onde se encontram os

produtores.

3.4.1 – PRÉ-TESTE

Foi feito um pré-teste a fim de operacionalizar a validação do questionário final, que é

o instrumento utilizado para coleta dos dados. Este pré-teste foi realizado com três

especialistas na área, produtores e comercializadores de vinho com grande conhecimento do

negócio.

Foram feitas algumas adaptações, acrescentados e suprimidos itens no instrumento de

coleta, para melhorar a sua compreensão por parte dos respondentes e eliminar ao máximo a

possibilidade de vieses no entendimento do mesmo. O objetivo também era de tentar obter um

questionário ou instrumento que conseguisse, com suas questões, avaliar de forma mais

abrangente e realista as dimensões que constituem os construtos estudados. Por serem latentes

ou intangíveis, eles precisam de indicadores que, reunidos, consigam refletir da forma mais

completa o construto considerado.

Além disso, foram avaliadas eventuais diferenças estatísticas resultantes de vieses

produzidos pelos dois tipos de abordagem dos respondentes, ou seja, a resposta presencial e a

resposta remota (via e-mail), não se percebendo diferença significante ao nível de

5%(ARMSTRONG; OVERTON, 1977).

71

3.5 – ANÁLISE DOS DADOS

3.5.1 – ANÁLISE DESCRITIVA DO UNIVERSO AMOSTRAL

Neste item apresentamos a análise descritiva da amostra utilizada para este estudo com

suas características estatísticas, embora, segundo Hair, Ringle et al.(2014), para a aplicação

do software SmarPLS não haja exigências com relação à normalidade e comportamento da

distribuição quanto à assimetria e curtose.

Entretanto, optou-se por apresentar estes dados para uma maior transparência com

relação à constituição do universo amostral, o que pode, inclusive, ser interessante para

análises e discussões após a execução do programa. Conforme Finney e DiStefano (2006),

valores de assimetria fora do intervalo -2 a +2 indicam distribuição com padrão assimétrico.

Quanto à curtose, um valor positivo em excesso indica elevação em relação à

distribuição normal, enquanto que um valor muito baixo representa o achatamento excessivo

da distribuição, sendo considerados por estes autores valores normais entre-7 e +7.

As tabelas abaixo apresentam os valores mínimo e máximo, a média da distribuição, o

valor do desvio padrão e as medidas de assimetria e curtose para os indicadores de cada

dimensão e construto (ou variável), considerando a quantidade de 77 respondentes válidos.

TABELA 1 – DIMENSÃO AQUISIÇÃO

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

IND MEDIA VALOR

MÍN.

VALOR

MÁX.

DESVIO

PADRÃO

COEFIC. DE

VARIAÇÃO ASSIMETRIA CURTOSE

AQ1 1,59740 1,000000 3,0000 0,56800 35,55776 0,268262 -0,79767

AQ2 1,97403 1,000000 4,0000 0,76044 38,52212 0,228126 -0,71229

AQ3 2,25974 1,000000 4,0000 0,81761 36,18168 -0,220904 -0,94367

AQ4 2,06494 1,000000 4,0000 0,89351 43,27059 0,438570 -0,58774

AQ5 1,62338 1,000000 3,0000 0,64968 40,02000 0,559507 -0,62364

AQ6 1,53247 1,000000 3,0000 0,55213 36,02915 0,350372 -0,96202

AQ7 1,29870 1,000000 3,0000 0,51465 39,62821 1,477528 1,30188

AQ8 2,10390 1,000000 4,0000 0,66063 31,40031 0,167515 0,04427

72

Observa-se na Tabela 1 que todos os indicadores da dimensão Aquisição apresentaram médias

equidistantes, com o indicador AQ3 mostrando a maior média. Na assimetria e curtose, os

valores estão dentro dos limites estabelecidos, com maior valor de curtose no indicador AQ7.

TABELA 2 – DIMENSÃO ASSIMILAÇÃO

IND MÉDIA VALOR

MÍN.

VALOR

MÁX.

DESVIO

PADRÃO

COEF. DE

VARIAÇÃO ASSIMETRIA CURTOSE

AS1 1,84416 1,000000 3,0000 0,74454 40,37296 0,261468 -1,13918

AS2 2,11688 1,000000 4,0000 0,93152 44,00452 0,263257 -0,96230

AS3 1,93506 1,000000 4,0000 0,69467 35,89919 0,570836 0,77581

AS4 2,41558 1,000000 4,0000 0,69492 28,76813 -0,534748 -0,45064

AS5 2,07792 1,000000 3,0000 0,66424 31,96662 -0,086434 -0,68210

AS6 1,53247 1,000000 3,0000 0,64040 41,78902 0,801682 -0,36309

AS7 1,84416 1,000000 3,0000 0,70831 38,40858 0,232582 -0,96055

AS8 1,85714 1,000000 3,0000 0,66321 35,71139 0,164442 -0,70049

AS9 1,96104 1,000000 9,0000 1,03163 52,60608 4,213639 28,12620

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

Na Tabela 2observam-se valores em torno da média para todos os indicadores da

Dimensão, com índice maior para o indicador AS4. Na assimetria e curtose observa-se a

variável AS9 com valores acima do esperado, caracterizando um outlier, ou ponto fora da

curva normalmente esperada. Este indicador provavelmente terá que ser retirado quando for

procedida a análise fatorial.

TABELA 3 – DIMENSÃO TRANSFORMAÇÃO

IND MÉDIA VALOR

MÍN.

VALOR

MÁX.

DESVIO

PADRÃO

COEF. DE

VARIAÇÃO ASSIMETRIA CURTOSE

TR1 1,92208 1,000000 3,0000 0,66424 34,55851 0,086434 -0,68210

TR2 2,31169 1,000000 4,0000 0,71192 30,79670 -0,312602 -0,61503

TR3 2,03896 1,000000 3,0000 0,69664 34,16631 -0,052566 -0,89316

TR4 1,79221 1,000000 3,0000 0,73157 40,81975 0,346634 -1,05077

TR5 2,50649 1,000000 4,0000 0,57636 22,99479 0,185783 -0,57538

TR6 1,75325 1,000000 4,0000 0,72830 41,53992 0,629381 -0,09806

TR7 1,98701 1,000000 3,0000 0,75208 37,84959 0,021435 -1,20872

TR8 1,94805 1,000000 3,0000 0,72359 37,14426 0,078879 -1,05414

TR9 1,81818 1,000000 3,0000 0,60104 33,05697 0,089470 -0,33801

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

73

Na tabela 3 podem-se observar os valores também em torno da média para a Dimensão

Transformação, com estimativa maior para o indicador TR5. Na análise da assimetria e

curtose verificam-se os indicadores TR6 e TR7 com os valores mais altos, mas ambos

considerados normais.

TABELA 4 – DIMENSÃO APLICAÇÃO

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

Observamos na Tabela 4 valores médios equidistantes com maior intensidade de

média no indicador EX7 da dimensão Exploração, enquanto assimetria e curtose apresentam

níveis normais, sendo maiores, respectivamente, nos indicadores EX1 e EX4,

respectivamente, dentro dos padrões exigidos.

TABELA 5 – VARIÁVEL DINAMISMO

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

IND MEDIA VALOR

MÍN.

VALOR

MÁX.

DESVIO

PADRÃO

COEFIC. DE

VARIAÇÃO ASSIMETRIA CURTOSE

EX1 1,38961 1,000000 3,0000 0,58839 42,34231 1,239577 0,57613

EX2 2,07792 1,000000 3,0000 0,64413 30,99866 -0,071153 -0,53421

EX3 2,23377 1,000000 4,0000 0,77623 34,74972 -0,262772 -0,95469

EX4 1,58442 1,000000 4,0000 0,69492 43,85961 1,017802 0,76735

EX5 1,92208 1,000000 3,0000 0,55645 28,95049 -0,036259 0,29305

EX6 2,01299 1,000000 4,0000 0,75208 37,36120 0,169103 -0,68851

EX7 2,40260 1,000000 4,0000 0,69320 28,85191 -0,248709 -0,32631

EX8 1,97403 1,000000 3,0000 0,68775 34,83999 0,033325 -0,83495

IND MEDIA VALOR

MÍN.

VALOR

MÁX.

DESVIO

PADRÃO

COEFIC. DE

VARIAÇÃO ASSIMETRIA CURTOSE

DIN1 1,93506 1,000000 3,0000 0,69467 35,89919 0,087269 -0,88224

DIN2 2,16883 1,000000 3,0000 0,67673 31,20251 -0,217905 -0,78933

DIN3 2,45455 1,000000 4,0000 0,83580 34,05118 -0,338450 -0,59837

DIN4 2,63636 1,000000 4,0000 0,62637 23,75902 -0,207154 -0,02204

DIN5 2,19481 1,000000 4,0000 0,74408 33,90193 -0,136418 -0,77405

DIN6 2,53247 1,000000 4,0000 0,73600 29,06254 0,190166 -0,26775

DIN7 1,87013 1,000000 5,0000 0,97806 52,29890 1,046705 0,55446

DIN8 2,63636 1,000000 4,0000 0,68651 26,03992 -0,635602 0,34554

DIN9 2,89610 1,000000 5,0000 0,83641 28,88069 -0,354176 0,25765

DIN10 1,19481 1,000000 3,0000 0,43039 36,02180 2,067805 3,58996

74

Nos indicadores da Variável Dinamismo da Tabela 5, pode-se observar DIN4 e DIN9

com valores mais altos de média, enquanto DIN10 apresenta os maiores níveis de assimetria e

curtose. Dependendo da análise, poderia igualmente ser considerado um ponto um pouco fora

da estatística de distribuição da Variável Dinamismo.

TABELA 6 – VARIÁVEL DESEMPENHO

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

Na análise dos indicadores da Variável (ou Construto) Desempenho, observamos o

indicador DES3 com maior valor de média, o indicador DES5 com maior valor de assimetria

e DES4 com o valor mais alto com relação à curtose.

Conclui-se que, embora Hair, Ringle et al. (2014), assim como Henseller (2009), sejam

categóricos à orientação de que na utilização do software SmartPLS não há necessidade dos

testes de normalidade, linearidade e homocedasticidade, é interessante proceder a

investigação feita para um conhecimento maior sobre as características da amostra

populacional objeto do estudo.

3.5.2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O MODELO DE ANÁLISE

A análise de dados e resultados começa com um exame da diferença entre construtos

reflexivos e formativos, esta importante para a especificação de projetos no SmartPLS, o

software utilizado para o tratamento dos resultados deste estudo.

Construtos reflexivos representam variáveis latentes, ou seja, não mensuráveis

diretamente no ambiente de estudo, mas avaliados através de indicadores. Estes devem, na

medida do possível, ter condições de medir e representar o domínio do construto considerado

na sua essência da forma mais abrangente possível.

Estes indicadores refletirão o significado do construto e, por causa disso, devem ter

um grau de correlação alto entre si. Desta forma, eventualmente algum destes indicadores

IND MEDIA

VALOR

MÍN.

VALOR

MÁX.

DESVIO

PADRÃO

COEFIC. DE

VARIAÇÃO ASSIMETRIA CURTOSE

DES1 1,59740 1,000000 3,0000 0,56800 35,55776 0,268262 -0,79767

DES2 1,97403 1,000000 4,0000 0,76044 38,52212 0,228126 -0,71229

DES3 2,25974 1,000000 4,0000 0,81761 36,18168 -0,220904 -0,94367

DES4 2,06494 1,000000 4,0000 0,89351 43,27059 0,438570 -0,58774

DES5 1,62338 1,000000 3,0000 0,64968 40,02000 0,559507 -0,62364

75

pode ser extraídos do conjunto ou substituídos por outro sem causar danos à essência da

variável (HAIR; HULT et al., 2014).Pode-se dizer, nestas condições, que o construto é

refletido por seus indicadores.

Podemos dar como exemplo novamente a variável felicidade, que não é definida

rigorosamente por alguns indicadores, mas pode, dependendo da situação, ser representada

por alguns deles, como na figura 9 abaixo:

Figura 9 – A variável A refletida por seus indicadores 1, 2 e 3.

Por outro lado, construtos formativos são fenômenos que não ocorrem naturalmente

por si, sendo formados a partir de determinados indicadores que, no conjunto, representam

rigorosamente a variável considerada.

Cada indicador captura um aspecto específico do construto elencado, não havendo

intercâmbio ou substituição (a não ser por outro semelhante), como acontece com os

indicadores de construtos reflexivos. A falta ou supressão de um dos indicadores também

pode afetar consideravelmente a natureza e o significado do construto ou variável analisada.

Portanto, neste caso, é importante a definição dos indicadores que vão mensurar o

construto, tanto na relevância quanto na sua quantidade, para que haja a maior cobertura

possível do domínio do construto analisado.

Como exemplo podemos citar a variável desempenho que, conforme o setor de

atividade,pode ser avaliada com um número finito e conhecido de indicadores, oferecendo no

seu conjunto uma visão abrangente e precisa na área de atividade considerada. Podemos ver

na Figura 10 sua representação:

A

1

2

3

76

Figura 10 – A variável B formada ou representada pelos indicadores 1, 2 e 3.

As flechas saindo dos indicadores em direção à variável tem o seguinte significado:

estes indicadores representam a variável (ou construto) de forma total e fechada, abrangendo

os aspectos do seu domínio. Isso implica que a omissão de qualquer indicador pode resultar

na representação incompleta da natureza do construto.

Desta forma, é importante ter certeza de que estes indicadores (normalmente extraídos

da teoria) capturam a totalidade da essência do construto (DIAMANTOPOULOS;

WINKLHOFER, 2001).

Em resumo pode-se afirmar que, enquanto o modelo reflexivo tem como objetivo

maximizar a possibilidade de movimentação entre indicadores intercambiáveis na tentativa de

abraçar da forma mais abrangente a natureza da variável, o modelo formativo tenta cobrir

pelos seus indicadores todo o domínio (significado) do construto, com o mínimo de

intercambialidade entre eles.

Não há uma resposta definitiva sobre quando um construto deve ser considerado

reflexivo ou formativo, uma vez que os mesmos não possuem essa natureza. Tal condição

dependerá da análise do pesquisador, baseada na conceitualização do construto, no objetivo

do estudo e no papel que este tem perante o modelo a ser analisado (HAIR et al., 2014).

No presente estudo adotou-se o construto Capacidade Absortiva como reflexivo, galgado na

fundamentação teórica, a qual diz que o referido construto é constituído pelas dimensões

Aquisição, Assimilação, Transformação e Exploração (ZAHRA; GEORGE, 2002).

A

1

2

3

77

Capacidade Absortiva é, portanto, um construto de segunda ordem, formado em sua

essência pelas quatro dimensões anteriores, que são os construtos de primeira ordem (CHIN,

1998). Temos então a seguinte composição para o construto Capacidade Absortiva na Figura

11:

Figura 11 – Representação do Construto Capacidade Absortiva com suas dimensões.

FONTE: elaborado pelo autor (2015), conforme Zahra e George (2002)

Aquisição, Assimilação, Transformação e Exploração são os construtos de primeira

ordem que têm ação reflexiva com relação à Capacidade Absortiva. Todos eles são reflexivos,

ou seja, sua natureza é representada por indicadores explicitados na sua forma final no item

3.3.4 e na Figura 8 (Modelo Estrutural Inicial de Análise).

AQUISIÇÃO

TRANSFORMAÇÃO

APLICAÇÃO

ASSIMILAÇÃO

CAPACIDADE

ABSORTIVA

78

3.5.3 – MODELO CONCEITUAL INICIAL – ESTRUTURAL

O modelo inicial de análise, também chamado de modelo estrutural inicial provém da

teoria proposta de relacionamento das variáveis, conforme item2.5.1, constituída pelas

variáveis apresentadas para mensuração de cada construto, de acordo com o item 3.3.4 e seus

subitens, exemplificados na Figura 12 abaixo:

Figura 12 – Modelo Teórico Estrutural Inicial de Análise.

AQ – INDICADORES DA DIMENSÃO AQUISIÇÃO

AS – INDICADORES DA DIMENSÃO ASSIMILAÇÃO

TR – INDICADORES DA DIMENSÃO TRANSFORMAÇÃO

EX – INDICADORES DA DIMENSÃO APLICAÇÃO

DIN – INDICADORES DA DIMENSÃO DINAMISMO

DES – INDICADORES DA DIMENSÃO DESEMPENHO

FONTE: elaborado pelo autor (2015)

79

3.5.4 – MODELO DE MENSURAÇÃO

Pela regra dos Componentes Hierárquicos de Wetzels (2009), quando se tem num

modelo, construtos latentes de primeira ordem com seus indicadores, relacionados

diretamente de forma reflexiva ou formativa com um ou mais construtos de segunda ordem no

PLS, pode-se considerar a união de todos os indicadores dos construtos de primeira ordem de

forma hierárquica, passando então estes a serem indicadores do construto de segunda ordem

ao qual estão relacionados. Isto significa que os indicadores das dimensões Aquisição,

Assimilação, Transformação e Exploração tornam-se indicadores diretos do construto

Capacidade Absortiva no modelo Reflexivo proposto. Como já mencionado, este

procedimento está embasado pela teoria da capacidade absortiva enunciada por Zahra e

George (2002),fonte do presente estudo. O procedimento provoca uma alteração de formato

no modelo de mensuração do SmartPLS, que passa a contar apenas com a variável

Capacidade Absortiva e os indicadores de suas variáveis reflexivas (Aquisição, Assimilação,

Transformação e Exploração), conforme a figura13 seguinte:

Figura 13 – Modelo de Mensuração para entrada no programa SmartPLS

FONTE: elaborado Elaborado pelo autor (2015)

CAPACIDADE

ABSORTIVA

DESEMPENHO

DINAMISMO

INDICADORES

AQUISIÇÃO

DE AQ-01 A

AQ-09

INDICADORES

ASSIMILAÇÃO

DE

AS-01 A AS-09

INDICADORES

TRANSFORMAÇÃO

DE TR-01 A TR-09

INDICADORES

APLICAÇÃO DE

EX-01 A EX-09

80

Podemos ver na Tabela a seguir as cargas fatoriais para Capacidade Absortiva,

Desempenho e Dinamismo, significantes após a redução dos indicadores na obtenção de

valores razoáveis de variância explicada (AVE) para os construtos do modelo.

TABELA 7 – Cargas e Pesos Fatoriais

INDICADOR CAPABS DESEMPENHO DINAMISMO

AQ-04 0,514 0,000 0,000

AS-04 0,482 0,000 0,000

AS-06 0,429 0,000 0,000

DES-01 0,000 0,747 0,000

DES-02 0,000 0,883 0,000

DES-03 0,000 0,810 0,000

DES-04 0,000 0,808 0,000

DES-05 0,000 0,667 0,000

DIN-06 0,000 0,000 0,788

DIN-07 0,000 0,000 0,757

DIN-10 0,000 0,000 0,609

EX-02 0,521 0,000 0,000

EX-03 0,453 0,000 0,000

EX-04 0,566 0,000 0,000

EX-06 0,550 0,000 0,000

EX-07 0,517

0,000 0,000

EX-08 0,640 0,000 0.000

TR-01 0,535 0,000 0,000

TR-08 0,469 0,000 0,000

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

Existe ainda uma discussão entre os pesquisadores sobre a eliminação ou não de cargas

ou pesos fatoriais com valores pequenos em construtos formativos. Conforme Hair e Hult

(2014), o pesquisador cuidar ao eliminar indicadores reflexivos e, principalmente formativos

mesmo com pouca significância estatística, pois é necessário um número mínimo de variáveis

para refletir com consistência o completo domínio do construto, ou seja, sua natureza ou

significado.

Segundo os autores, tais indicadores, mesmo com baixa carga fatorial, contribuem em

parte para a construção do significado da variável. Suprimir um número excessivo de

indicadores, mesmo com pesos fatoriais baixos, pode gerar consequências negativas à

validade do modelo de mensuração. Para Henseller (2009), os indicadores ou itens de

construtos formativos não deveriam ser eliminados por estarem justificados conceitualmente

81

pela teoria. Já os indicadores de construtos reflexivos precisam ter uma carga fatorial mínima

para representarem o domínio do construto, carga esta dependente de cada projeto e da análise

do pesquisador.

No caso desta investigação, optou-se por suprimir alguns indicadores com peso baixo,

desde que sua falta não afetasse de forma decisiva os valores de variância explicada do

construto. Após algumas simulações, chegamos ao modelo da Tabela 7, que oferece a melhor

consistência para análise das hipóteses e discussão de resultados. Os indicadores restantes

conseguem com boa margem de sucesso manter a variância explicada do construto e, ao

mesmo tempo, representar seu arcabouço teórico.

As cargas fatoriais entre os construtos após a supressão dos indicadores são as seguintes

(Figura 14):

Figura 14 – Cargas Fatoriais entre os Construtos

0,468

0,073

0,376

FONTE: Elaborado pelo autor (2015)

3.5.5 – ÍNDICES DE AJUSTE DO MODELO

Os índices utilizados para os testes e conclusões de ajuste do modelo são os seguintes,

com seus respectivos valores de referência aceitáveis no Quadro 9 seguinte:

CAPACIDADE

ABSORTIVA

DESEMPENHO

DINAMISMO

82

Quadro 9 – Índices de Ajuste do Modelo

INDICADOR COEF. ITEM VALOR ESPERADO

VARIÂNCIA MÉDIA

EXTRAÍDA AVE

CORRELAÇÃO ENTRE INDICADORES E

CONSTRUTOS ACIMA DE 0,5

ALPHA DE CRONBACH AC CONSISTÊNCIA DA ESCALA ACIMA DE 0,7

CONFIABILIDADE

COMPOSTA CC CONSISTÊNCIA DA ESCALA ACIMA DE 0,6

VALIDADE DISCRIMINANTE VD UNIDIMENSIONALIDADE MAIOR CARGA

FATORIAL

FATOR DE AUMENTO DA

VARIÂNCIA VIF COLINEARIDADE DOS INDICADORES ABAIXO DE 3,3

VALIDADE PREDITIVA VP COLINEARIDADE DOS CONSTRUTOS ABAIXO DE 3,3

VARIÂNCIA EXPLICADA R² CAPACIDADE DE EXPLICAÇÃO DO

MODELO ESTRUTURAL

- DE 0,02 a0,13 –

FRACO

-DE 0,13 a 0,26 –

MÉDIO

> 0,26–FORTE

PODER DE

RELACIONAMENTO DAS

VARIÁVEIS f²

RELEVÂNCIA DOS CONSTRUTOS PARA O

AJUSTE DO MODELO

- DE 0,02 a 0,15 –

FRACO

- DE 0,15 a 0,35 –

MÉDIO

> 0,35 – FORTE

PODER DE AJUSTE DO

MODELO Q²

EXPECTATIVA DE AJUSTE DO MODELO

AJUSTADO EM RELAÇÃO AO ESPERADO

REDUNDÂNCIAS

VALORES MAIORES

DO QUE ZERO

COEFICIENTES DE CAMINHO t SIGNIFICÂNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE

OS CONSTRUTOS

VALORES MÍNIMOS

- ALPHA 5% - 1,96

- ALPHA 1% - 2,58

- ALPHA 0,1%-3,29

FONTE: Elaborado pelo autor (2015)

83

4–ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo está organizado nos tópicos: contexto da PME vitivinícola, caracterização das

empresas pesquisadas, análise do modelo de mensuração construtos reflexivos, análise do

modelo estrutural e análise das hipóteses.

4.1– O CONTEXTO DA PME VITIVINÍCOLA

O setor vitivinícola brasileiro é responsável por cerca de 63.816 ha cultivados, dos

quais aproximadamente 40.000 ha correspondem aos Estados do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina, constituintes do maior polo de produção do país (IBRAVIN,2010).

O Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor desta região, em grande parte por

ter sido o destino pioneiro na recepção de imigrantes europeus, especialmente de origem

italiana, que se localizaram a partir da segunda metade do século XIX na região serrana de seu

território, criando uma atividade econômica que hoje é altamente representativa no cenário

econômico estadual e brasileiro.

No caso de Santa Catarina, a vitivinicultura que já existia de forma artesanal no Sul do

Estado desde o século XIX, tomou impulso especialmente na serra catarinense com

investimentos relevantes feitos por muitos empresários de outras áreas, e também com a

criação em 2005 da Associação Catarinense de Vinhos de Altitude (ACAVITIS).Neste

contexto, a pequena e média empresa vitivinícola de origem familiar representa cerca de 85%

dos estabelecimentos com até 9 funcionários (IBRAVIN, 2010).

O setor de vitivinícola brasileiro tem uma característica incomum em relação aos

outros países, pois, enquanto os principais produtores mundiais admitem somente produtos

originados das variedades de uvas chamadas “finas” ou Vitis vinífera, no Brasil a

predominância ainda é da variedade conhecida como “americana” ou “híbrida” (Vitis

Lambrusca e Vitis Bourquina – UVIBRA-EMBRAPA, 2015). Atualmente, há uma lenta

migração dos produtos na direção da produção à base de uvas finas, até mesmo porque o

aumento do comércio com outros países via exportação e as exigências crescentes dos

consumidores locais, cada vez mais informados, estão provocando mudanças no mercado.

Produtores se preocupam agora em ostentar nos rótulos selos como os que dizem

DOC (Denominação de Origem Controlada do Vale dos Vinhedos), específicos para vinhos

84

oriundos de variedades de uvas finas, responsáveis por melhor remuneração ao produtor e

reconhecimento dos consumidores, além de necessárias para qualquer negociação no exterior.

A crescente globalização e facilidade de acesso a outros mercados por parte do

consumidor têm revestido de dinamicidade o ambiente no qual está inserida a indústria

vitivinícola, pois, além da concorrência com outros países (alguns com maior poder de

produção e negociação), existe a dependência climática, fator chave para o sucesso na

atividade (ROSA; SIMÕES, 2004).Estes são alguns dos motivos pelos quais foi escolhido o

setor vitivinícola de uvas finas como universo central desta pesquisa sobre capacidade

absortiva, acrescidos da importância crescente para a economia e também pelas características

na busca e utilização de tecnologia/conhecimento no processo, além da demanda crescente

por consumidores nos mercados interno e externo.

4.2 –CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

Nesta parte do estudo fazemos uma breve caracterização e descrição das empresas

pesquisadas, em uma análise mais detalhada do universo amostral elencado. Como já foi

mencionado no ítem 3.2, a amostra foi constituída por cerca de 200 empresas dos Estados do

Rio Grande do Sul e Santa Catarina, das quais se obteve 77 respondentes para os

questionários enviados e aplicados de forma presencial, gerando a presente divisão:

Quadro 10 – Número de Vinícolas

NÚMERO DE VINICOLAS

RIO GRANDE DO SUL 71

SANTA CATARINA 06

FONTE: Dados da pesquisa

As empresas são quase em sua totalidade de base familiar, algumas já na terceira ou

quarta geração, com ambiente de trabalho caracterizado pela atuação predominante de pessoas

da família e grande cooperação na absorção e transferência de conhecimento, especialmente

através das associações regionais, como a APROVALE (Associação dos Produtores do Vale

dos Vinhedos - RS), a ACAVITIS (Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos de

Altitude) e a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que formam redes

de cooperação, provendo conhecimento técnico e gerencial a toda a classe vinícola.

85

Se por um lado existe uniformidade de técnicas e processos de trabalho, podemos

observar que uma das características mais marcantes do universo amostral é a diferença de

idade entre as vinícolas, onde se observam empresas com apenas três anos de idade e outras

com mais de cem anos.

Após rodagem do programa, foram obtidos os seguintes resultados com relação à

idade do universo amostral:

Tabela 8 - Estatística Descritiva da Idade da Amostra

MÉDIA MÍNIMO MÁXIMO DESVIO

PADRÃO

COEF. DE

VAR. ASSIMETRIA CURTOSE

30,06494

3,000000

105,0000

23,50607

78,18433

1,442383

1,33837

FONTE: Dados da Pesquisa

Podemos observar a grande diferença entre os valores mínimos e máximos (03 e 105

anos), embora a assimetria e a curtose estejam dentro de padrões normais (FINNEY;

DISTEFANO, 2006). Para investigar melhor esta situação foi feita a padronização dos

valores. Podemos observar o histograma com a curva de Shapiro-Wilk para a variável Idade

da firma considerada:

Figura 15 – Histograma da Idade da Firma

FONTE – Dados da Pesquisa (2015)

86

Figura 16 – Gráfico de Plotagem da Idade da Firma

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

Nota-se que parte da distribuição se encontra entre zero e quarenta anos, com maior

concentração entre zero e vinte anos, o que caracteriza empresas familiares já na segunda

geração. Estas são constatações interessantes, que poderão ser utilizadas após a análise do

modelo para conclusões a respeito da composição da amostra.

Foram feitos testes utilizando a Idade como variável de controle, objetivando

descobrir a sua influência sobre o modelo em geral e cada construto em particular. Os

resultados obtidos revelaram que a influência desta variável é relevante sobre o modelo, pois

os coeficientes de caminho resultantes das análises no software SmartPLS não atingiram os

valores necessários para que sua presença se tornasse significante. Os índices dos coeficientes

de caminho obtidos após a rodagem do software podem ser vistos na Tabela A do Apêndice 5.

4.3– ANÁLISE DO MODELO DE MENSURAÇÃO – CONSTRUTOS REFLEXIVOS

A partir do modelo de mensuração ajustado pelas cargas fatoriais começa-se a análise

do ajuste dos construtos reflexivos, conforme os itens seguintes.

87

4.3.1 – ANÁLISE DA VARIÂNCIA MÉDIA EXTRAÍDA (AVE)VALIDADE

CONVERGENTE

A variância média extraída (AVE) representa a proporção das informações da

distribuição estatística considerada (os dados em análise), explicada por cada um dos

construtos. Em outras palavras, a variância média extraída (AVE) reflete o quanto os

indicadores estão correlacionados com seus construtos ou o quanto eles representam do

construto considerado, por isso, também é conhecida como “validade convergente”, pois a sua

verificação concede validação ao construto analisado.

Valores acima de 0,5 são considerados bons para validação de construtos em geral pelo

critério de Fornell e Larcker (HENSELLER et al., 2009) e também segundo Hair et al.

(1998), embora pesquisadores como Bollen(1989) aceitem valores próximos de 0,4 quando o

se trabalha com investigações exploratórias, sendo que, em algumas situações, (como no

presente estudo), toleram-se estimas mais baixas devido às características da pesquisa, desde

que os demais índices estejam dentro dos níveis toleráveis.

A AVE aponta se o percentual da variação “compartilhada” entre os indicadores é

grande o suficiente para que se afirme existir relação entre eles e, consequentemente,

convergência e qualidade na representação e mensuração do construto latente.

No caso deste estudo, analisamos a AVE ou validade convergente dos construtos

Capacidade Absortiva, Desempenho e Dinamismo. Para o modelo analisado temos o

resultado da Tabela 10:

TABELA 9 – Variância Média Extraída dos Indicadores

VARIÃNCIA EXTRAÍDA AVE

CAP. ABSORTIVA 0,395

DESEMPENHO 0,619

DINAMISMO 0,522

FONTE: Dados da Pesquisa

Analisando os resultados do quadro acima, é possível concluir que as variáveis

Desempenho e Dinamismo apresentam valores acima dos mínimos requeridos para validade

convergente do modelo, enquanto que Capacidade Absortiva mostra índices um pouco

abaixo, mas dentro do critério de Bollen (1989) e Ping (2007), para os quais valores em torno

de 0,4 são aceitáveis nas pesquisas exploratórias, como é o caso do presente estudo.

88

4.3.2 – ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DOS INDICADORES–ALPHA DE

CRONBACH E CONFIABILIDADE COMPOSTA

O Alpha de Cronbach é uma medida de consistência interna ou confiabilidade das

respostas da escala utilizada pelo pesquisador. Índice que calcula o relacionamento entre os

indicadores do construto analisado, ela descreve a proporção ou o grau com que eles se

relacionam com o construto latente ao qual se destinam (OLIVER et al., 2010), expondo que

a amostra analisada está livre de possíveis vieses nas respostas recebidas através do

questionário utilizado.

Apesar de ser largamente usado em pesquisas sociais, o Alpha de Cronbach tem

limitações com relação à sua utilização no PLS, pois, além de requerer que os construtos do

modelo sejam reflexivos, ele supõe uma confiabilidade idêntica entre os indicadores.

O modelo analisado possui construtos reflexivos e formativos, sem a garantia de

confiabilidade idêntica entre todos os indicadores, ou seja, sua unidimensionalidade,

especialmente com relação aos indicadores do construto Dinamismo (que avaliam ao mesmo

tempo condições climáticas e relacionamento com o consumidor), sinaliza a provável

presença de multidimensionalidade na escala (LOWIK, 2013).

De fato, ao ser avaliado, o Alpha de Cronbach demonsta os resultados expostos na

Tabela:

TABELA 10 – Alpha de Cronbach

ALPHA DE CRONBACH CA

CAP. ABSORTIVA 0,728

DESEMPENHO 0,844

DINAMISMO 0,536

FONTE: Dados da Pesquisa

De acordo com Hair et al. (2014) valores do Alpha de Cronbach entre 0,60 e 0,70 são

considerados razoavelmente ajustados para pesquisas exploratórias, e entre 0,70 e 0,90,

satisfatórios. A variável dinamismo mostra valor um pouco abaixo do exigido, situação

explicada pela sua multidimensionalidade como estabelecido acima.

89

4.3.3 – ANÁLISE DA CONFIABILIDADE COMPOSTA

Para o PLS, a Confiabilidade Composta é o índice mais utilizado para avaliação da

confiabilidade da escala, pois não assume que os indicadores tenham a mesma credibilidade

(HENSELLER, 2009).

O valor mínimo geralmente requerido para esta medida é em torno de 0,70, embora se

aceitem valores acima de 0,60 se a pesquisa for de natureza exploratória (CHIN, 2010). No

presente estudo, temos os valores mostrados pela Tabela 11:

TABELA 11- Confiabilidade Composta

CONFIABILIDADE COMPOSTA CR

CAP. ABSORTIVA 0,805

DESEMPENHO 0,889

DINAMISMO 0,764

FONTE: Dados da Pesquisa

Verificando os resultados da tabela acima, é possível concluir que estão plenamente

satisfeitos os critérios exigidos para confiabilidade composta da escala, com ambas as

variáveis latentes apresentando índices acima de 0,70.

4.3.4 – ANÁLISE DA VALIDADE DISCRIMINANTE

A validade discriminante indica que cada construto caracteriza uma dimensão diferente

dos demais. São dois os critérios utilizados para avaliação da validade discriminante:

- Critério das cargas cruzadas ou crossloadings – cada indicador deve apresentar carga

fatorial maior para o seu construto de origem do que para os demais construtos do modelo

(CHIN, 1998);

- Critério de Fornelle Larcker(1991) – o construto deve compartilhar mais variância com

seus indicadores do que com os demais construtos do modelo.

Podemos ver na Tabela 12 os valores das cargas cruzadas, ou crossloadings, entre os

indicadores e os construtos latentes:

90

TABELA 12 – CARGAS FATORIAIS CRUZADAS – “CROSS LOADINGS”

INDICADOR CAPABS DESEMPENHO DINAMISMO

AQ-04 0,514 0,160 0,243

AS-04 0,482 0,192 0,156

AS-06 0,429 0,211 0,246

DES-01 0,325 0,747 0,087

DES-02 0,460 0,883 0,267

DES-03 0,404 0,810 0,262

DES-04 0,443 0,808 0,205

DES-05 0,288 0,667 0,103

DIN-06 0,288 0,227 0,788

DIN-07 0,274 0,173 0,757

DIN-10 0,254 0,130 0,609

EX-02 0,521 0,397 0,035

EX-03 0,453 0,183 0,139

EX-04 0,566 0,272 0,331

EX-06 0,550 0,167 0,163

EX-07 0,517 0,317 0,246

EX-08 0,640 0,337 0,149

TR-01 0,535 0,299 0,092

TR-08 0,469 0,191 0,279

FONTE: Dados da Pesquisa (2015)

Pode-se observar na tabela acima que os construtos Capacidade Absortiva,

Desempenho e Dinamismo satisfazem os critérios de validade discriminante, com os

indicadores tendo mais cargas fatoriais em seus próprios construtos do que nos demais

construtos do modelo. Pelo critério de Fornell e Larcker (1981) podemos perceber na Tabela

abaixo que a validade discriminante está garantida para a presente pesquisa:

TABELA 13 – Validade Discriminante

VALIDADE DISCRIMINANTE-

FORNELL E LACKER CAPABS DESEMPENHO DINAMISMO

CAPABS 0,519

DESEMPENHO 0,495 0,787

DINAMISMO 0,376 0,249 0,722

FONTE: Dados da Pesquisa

Conforme Diamantopoulos (2001) e Henseller (2009), o critério de Fornell e Larcker

(1991) é suficiente para garantir a validade discriminante nestes casos, assim como acontece

com a análise de confiabilidade dos indicadores ou da escala, possuidora de preferência no

diagnóstico com relação ao Alpha de Cronbach no PLS.

91

Ainda de acordo com Sarsted et al. (2014), a validade discriminante pode ser analisada

de forma qualitativa, utilizando um painel de especialistas como artifício conclusivo final para

estimar que haja evidências de validade discriminante.

Para o caso desta pesquisa, depois das simulações que mostraram a queda dos valores

de variância explicada com a eliminação de indicadores de cargas fatoriais cruzadas menores,

tomou-se a decisão de manter os referidos indicadores mediante os resultados apresentados

pelo critério de análise de validade discriminante de Fornell e Lacker (1981).

Consideramos, portanto, que a variável Capacidade Absortiva possui validade

discriminante suficiente para aperfeiçoar o modelo do estudo.

4.4 – ANÁLISE DO MODELO ESTRUTURAL

4.4.1 – ANÁLISE DOS PADRÕES DE COLINEARIDADE DO MODELO – TESTE DE

COLINEARIDADE DOS CONSTRUTOS.

Os níveis de VIF (Variance Inflation Factor ) ou Fator de Expansão da Variância, numa

tradução livre) indicam até que ponto a variância de algum item se explica por outros e até

que nível isto ocorre. Algum grau de colinearidade é desejável, mostrando identidade entre os

indicadores. Entretanto, em caso de padrões de colinearidade excessivos, pode ser prejudicada

a validade preditiva do modelo (HAIR, HULT et al., 2014).

Os valores de referência são os mesmo citados no Quadro 9e, igualmente, adota-se nesta

análise o valor de corte conservador de 3,3, recomendado por Diamantopoulos e Sigauw

(2006). O resultado está na tabela 14:

TABELA 14 – Análise deColinearidade dos Construtos

CAPACIDADE

ABSORTIVA DESEMPENHO DINAMISMO

CAPACIDADE

ABSORTIVA NA 1,165 0,000

DESEMPENHO 0,000 NA 0,000

DINAMISMO 1,000 1,165 NA

FONTE: Dados da Pesquisa

92

De acordo com os resultados observados no Quadro 14, não há padrões de

colinearidade excessiva entre os construtos que possam prejudicar a capacidade preditiva do

modelo proposto neste trabalho.

4.4.2 – ANÁLISE DA VARIÂNCIA EXPLICADA – R²

A análise do modelo estrutural começa pelo cálculo do Coeficiente de Pearson ou

Variância Explicada (R²), que avalia o percentual ou porção da variância dos construtos

endógenos (ou variáveis dependentes) explicado pelo modelo estrutural, e a força de predição

dos construtos endógenos. Uma das estimativas de consistência do modelo analisado é a

correlação entre os valores preditos e os valores observados – sua maior cifra possível seria a

unidade (1), o que significaria um modelo perfeito, onde a previsão e a análise coincidem

perfeitamente (RINGLE et al., 2014).

O método PLS é voltado à otimização da variância dos índices latentes endógenos (ou

dependentes). Isto significa que os outros construtos (independentes) devem provocar uma

influência no sentido de aumentar a variância explicada destes e, consequentemente, do

modelo como um todo.

Embora muitos pesquisadores argumentem que esta otimização vai depender das

informações obtidas pela pesquisa e das características peculiares do objeto pesquisado, para

Chin (2010), valores de variância extraída (R²) até 0,19 indicam um efeito fraco, valores entre

0,19 e 0,36, efeito consistente e maiores do que 0,36, um efeito forte. Para a área das ciências

sociais e comportamentais, Cohen (1988) sugere valores de R² = 2% (ou 0,02) como de efeito

fraco, R² = 13% (0,13) de efeito médio e R² = 26% (0,26) ou acima como efeito forte.

Neste caso, Capacidade Absortiva têm um R² = 0,149 e Desempenho possui um R² =

0,244, garantindo uma capacidade preditiva satisfatória (COHEN, 1988) para o modelo

estrutural proposto, conforme podemos ver na tabela abaixo:

TABELA 15 – Variância Explicada Pelos Construtos – R²

VARIÂNCIA EXPLICADA R²

CAPACIDADE ABSORTIVA 0,142

DESEMPENHO 0,250

FONTE: Dados da Pesquisa

93

4.4.3– ANÁLISE DO PODER DE RELACIONAMENTO ENTRE AS VARIÁVEISDO

MODELO- “f²”(INDICADOR DE COHEN)e “Q²“ (INDICADOR DE

STONE-GEISSER).

Esta análise é feita através da aplicação de um algoritmo do SmartPLS chamado

Blindfolding, que indica a importância dos construtos para o ajuste geral do modelo. O

indicador de Cohen avalia o quando cada construto é importante ou eficaz para o ajuste geral

do modelo. Pode-se afirmar também que este indicador mede a razão entre a parte explicada

do modelo e a parte não explicada, o quanto cada construto consegue elucidar do modelo

geral. É o índice de comunalidades entre os construtos e as características que são

interessantes para o modelo e compartilhadas por ele:

f² = ____R²_____

( 1 – R² )

Em última análise, avalia o grau de influência das variáveis independentes nas variáveis

dependentes e a qualidade do modelo. Se esta influência estiver acima de determinados níveis,

é possível inferir que o modelo de relacionamento sugerido tem consistência razoável

(COHEN, 1988).

De acordo com Cohen (1988), efeitos entre 0,02 e 0,15 mostram relacionamento fraco,

efeitos entre 0,15 e 0,35 um efeito moderado, e acima de 0,35, efeito forte e consistente de

relacionamento entre as variáveis. Para o modelo analisado temos a Tabela 16 seguinte:

TABELA 16 – Poder de Relacionamento – f ²

FONTE – Dados da Pesquisa

CAP. ABSORT. DESEMPENHO DINAMISMO

CAP. ABSORTIVA NA 0,250 NA

DESEMPENHO NA NA NA

DINAMISMO 0,165 0,006 NA

94

Podem-se observar na tabela 16 que os relacionamentos de Capacidade Absortiva com

Desempenho e Dinamismo com Capacidade Absortiva apresentam resultados que mostram

efeito moderado na explicação do modelo para ambos os casos, ambos dentro dos padrões

exigidos pelo teste, o que não ocorre na relação do Dinamismo com Desempenho, que se

mostra insignificante, confirmando sua pouca contribuição para o modelo.

Quanto ao Indicador de Stone-Geisser (Q²), mostra-se quanto o modelo ajustado se

aproxima do que foi esperado. Um modelo perfeito teria Q² igual a 1, ou seja, reflete a

realidade, sem nenhum erro.

Na prática, valores de Q² acima de Zero para as Variáveis Endógenas são

considerados eficazes para validar o modelo. Para o padrão do presente trabalho, temos os

resultados da Tabela 17:

TABELA 17 – Poder de Ajuste – Q²

PODER DE AJUSTE – REDUNDÂNCIAS Q²

CAPACIDADE ABSORTIVA 0,026

DESEMPENHO 0.133

FONTE: Dados da Pesquisa

De acordo com os resultados do teste, com ambos os valores de Q² maiores do que zero

nas variáveis endógenas, conclui-se que é suportada a relevância preditiva do modelo

proposto.

4.4.4 – ANÁLISE DA SIGNIFICÂNCIA DAS RELAÇÕES OU COEFICIENTES DE

CAMINHO- “t valores”

São analisados os coeficientes de caminho da distribuição estatística considerada, que

avaliarão se a relação é estatisticamente significante, ou seja, se o relacionamento entre as

varáveis ou construtos é relevante a ponto de estabelecer um padrão que possa ser

considerado como modelo de representação de uma determinada teoria (JORESKÖG, 1971).

No caso do presente trabalho, examina-se a ligação entre os construtos Capacidade

Absortiva, Desempenho e Dinamismo conforme o padrão de relacionamento conceitual

proposto na Figura 7 anterior.

Para este diagnóstico, utiliza-se o software SmartPls na condição de Bootstrapping,

algoritmo que usa a geração randômica de amostras feitas, tomando por base obrigatória o

95

conjunto original de dados do pesquisador (normalmente mais de 500 amostras), com o

objetivo de chegar ao melhor resultado possível para o modelo sugerido na pesquisa.

Pode-se, de certa forma, dizer que o software “tenta se adaptar” às características da

pesquisa que está sendo feita (com base sólida em parâmetros pré-estabelecidos), e isto faz

com que ele seja utilizado em escala cada vez maior nas pesquisas sociais, inclusive pelos

mais respeitados estudiosos da estatística, como o professor americano Joseph Hair, em

detrimento de outros softwares de análise estatística, que não possuem esta capacidade de

adaptação e são mais “engessados” no que tange a resultados.

Para esta pesquisa utilizou-se o Bootstrapping com cinco mil (5.000) amostras, o que

confere maior estabilidade e confiabilidade aos resultados. Após a execução do algoritmo, o

resultado com o valor da estatística “t” para os coeficientes de caminho entre as variáveis

pode ser vislumbrado na Figura 17:

Figura 17 – coeficientes de caminho “t”

t=4,411

t=0,508

t=3,219

FONTE: elaborado pelo autor (2015)

CAPACIDADE

ABSORTIVA

DESEMPENHO

DINAMISMO

96

Observando os coeficientes referentes à estatística de caminho “t” entre as variáveis do

modelo, verificamos que, para padrões requeridos, temos:

Valor mínimo estatístico do coeficiente de caminho de 1,96 para nível de significância,

utilizado na pesquisa de 5% (ou 0,05) conforme Hair, Ringle et al.(2011) e Chin (1998).

Temos os seguintes resultados na Tabela abaixo:

TABELA 18 – Coeficientes de Caminho - t

ESTATÍSTICA DO COEFICIENTE DE CAMINHO “t” values

CAPACIDADE ABSORTIVA – DESEMPENHO 4,411

DINAMISMO – CAPACIDADE ABSORTIVA 3,219

DINAMISMO – DESEMPENHO 0,508

FONTE: Dados da Pesquisa

Observando os resultados da tabela acima, pode-se concluir que dois caminhos são

significantes para o modelo (valores acima de 1,96), ou seja, Capacidade Absortiva –

Desempenho e Dinamismo – Capacidade Absortiva, enquanto que o caminho Dinamismo

– Desempenho não apresenta valor significante aos níveis exigidos. O índice geral de ajuste

do modelo SRMR(diferença entre a correlação observada e a prevista) é de:

SRMR = 0,083-o que garante um bom ajuste para o modelo analisado - Valores entre 0,08 e

0,10 são considerados bons (HENSELLER, 2014).

4.5 – ANÁLISE DAS HIPÓTESES

4.5.1 – HIPÓTESE 1 – O nível de capacidade absortiva tem efeito positivo no

desempenho da firma, ou seja, quanto maior a capacidade absortiva, melhor o

desempenho

Conforme os resultados da análise da significância da estatística “t” dos coeficientes de

caminho (t=4,411 e >1,96), conclui-se que a Capacidade Absortiva é positivamente

relacionada com o Desempenho da firma, ou seja, na medida em que aumenta a Capacidade

97

Absortiva da firma, temos uma melhoria em seu Desempenho. Portanto, a Hipótese 1 do

trabalho é suportada pelos resultados.

4.5.2 – HIPÓTESE 2 - O Dinamismo Ambiental tem efeito positivo na Capacidade

Absortiva, ou seja, quanto maior o Dinamismo Ambiental, mais necessária a

Capacidade Absortiva para reagir à instabilidade do ambiente.

De acordo com dados apresentados, conclui-se que o Dinamismo Ambiental é

positivamente relacionado com a Capacidade Absortiva da firma (t=3,219 e >1,96), ou seja,

um aumento no Dinamismo do ambiente é correspondido proporcionalmente (valor da

estatística do coeficiente de caminho) na Capacidade Absortiva da firma. Portanto, a Hipótese

2 do trabalho é suportada pelos resultados.

4.5.3 – HIPÓTESE 3 -O dinamismo ambiental tem efeito positivo no desempenho

da firma, ou seja, quanto maior o dinamismo ambiental, melhor o desempenho

da firma.

Conforme os resultados, conclui-se que o Dinamismo Ambiental não se relaciona

positivamente com o Desempenho (t=0,508 e <1,96), ou seja, o Dinamismo não gera efeito

direto suficiente sobre o Desempenho da firma, o que significa também que um aumento no

Dinamismo do ambiente não corresponde por uma melhoria de Desempenho. O Dinamismo

apresenta apenas efeitos indiretos sobre o Desempenho, através de sua ação na Capacidade

Absortiva. Portanto, a Hipótese 3 não é suportada pelos resultados.

4.5.4 – HIPÓTESE 4– A Capacidade Absortiva media a relação entre o

Dinamismo Ambiental e o Desempenho Organizacional.

Para analisar a hipótese 4 é necessário comprovar (ou não) o efeito da mediação da

Capacidade Absortiva no modelo que está sendo aplicado. Dessa forma, pelo efeito mediador

do programa SmartPLS deve-se satisfazer três condições, conforme Sarsted, Hair et al.

(2014):

A - Comprovar se o efeito entre as variáveis restantes no modelo (efeito direto) é significante

quando se retira a provável variável mediadora;

98

B - Comprovar se o efeito indireto é significante após a provável variável mediadora ser

incluída novamente no modelo;

C -Quanto do efeito direto é absorvido pelo efeito indireto por meio da provável variável

mediadora.

Para examinar a primeira condição (A), retira-se a provável variável mediadora

Capacidade Absortiva do modelo e executa-se o algoritmo Bootstrapping com as variáveis

restantes e seus indicadores.

Figura 18 – Coeficientes de Caminho sem o Construto Capacidade Absortiva

4,751 4,558

3,510 4,922 3,125

t=2,032

3,795

3,092

2,015

FONTE: Elaborado pelo autor (2015)

A -O resultado mostra o valor da estatística “t” para o coeficiente de caminho no valor

de2,014, portanto, maior do que o valor de referência requerido de 1,96. O coeficiente de

regressão correspondente tem valor de 0,272 entre as duas variáveis, significando que o efeito

é relevante quando se retira do modelo a provável variável mediadora Capacidade Absortiva.

Para a análise da segunda condição (B), torna-se a rodar o programa completo e o

resultado é o da Figura 14 da página sendo o efeito indireto calculado multiplicando-se os

DESEMPENHO

DINAMISMO

DES-01 DES-02 DES-03 DES-04 DES-05

DIN-06

DIN-07

DIN-10

99

dois coeficientes da regressão entre Dinamismo – Capacidade Absortiva - Desempenho,

cujo resultado é o seguinte:

EFEITO INDIRETO =0,376 x 0,468=0,176

O resultado mostra um efeito significante quando a provável variável mediadora

Capacidade Absortiva é novamente incluída no modelo.

Como teste final de provável mediação (C), calcula-se o quanto do efeito direto é

absorvido pelo efeito indireto através da provável variável mediadora. São adotados os

parâmetros de análise de Sarstedt et al. (2014) e Silva et al. (2014), que estabelecem o critério

abaixo, conhecido como Cálculo da Variância Absorvida pelo Mediador:

VAF (VarianceAccounted For)= __EFEITO INDIRETO__ EFEITO TOTAL

Se VAF < 20%= NÃO HÁ MEDIAÇÃO

Se20% < VAF < 80%=MEDIAÇÃO PARCIAL

Se VAF > 80%= MEDIAÇÃO PLENA

Fonte: Ringle et al (2014)

Neste caso: EFEITO DIRETO TOTAL = (0,376 X 0,468) + 0,073 = 0,249 (24,9%)

EFEITO INDIRETO = 0,376 X 0,468 = 0,176 (17,6%)

Como resultado, temos:

Este índice (0,707 ou 70,7%), próximo do patamar de 0,80 (ou 80%) significa a

Mediação Parcial (quase plena) da variável Capacidade Absortiva entre as variáveis

Dinamismo e Desempenho, no modelo analisado.

Este resultado, portanto, suporta a Hipótese de Mediação 4, ao afirmar que a

Capacidade Absortiva atua com caráter mediador na relação entre o Dinamismo Ambiental e

o Desempenho da firma.

VAF= 0,707(70,7%)

100

5 - DISCUSSÕES, CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA

FUTUROS TRABALHOS.

5.1- DISCUSSÕES

A aplicação da Teoria da Capacidade Absortiva apresentada por Zahra e George (2002),

que é base deste estudo, ao universo das pequenas e médias empresas da área vitivinícola do

Sul do Brasil (RS e SC), se reveste de especial importância no sentido de investigar os

resultados da pesquisa em um ambiente com características considerávelmente diferentes das

aplicações usuais desta teoria em suas origens, ou seja, em mercados desenvolvidos ou em

universos de corporações industriais com níveis de sofisticação administrativa ou operacional

bem mais elevados do que os apresentados pelas empresas que são foco deste trabalho.

Adicionalmente, surge a oportunidade de observar este tema em países fora do eixo

EUA-EUROPA, onde existe maior influência de normas governamentais inconstantes e de

fatores que provocam alterações na regulação natural dos mercados.

Podemos observar nos resultados a minimização dos efeitos do dinamismo ambiental no

caso específico das PME’s da área vitivinícola pela ação das associações e cooperativas e pela

atuação das empresas estudadas na forma de redes de cooperação, fazendo com que o

dinamismo ambiental apresente efeito insignificante para o desempenho da firma.

Podemos observar nestes resultados o efeito de proteção oferecido pelas redes de

cooperação no caso das PME’s, conforme estudos de Lundvel (1988), Maskell e Malmberg

(1999) e Farias (2014), proteção esta resultante dos efeitos da proximidade e afinidade

cultural e econômica e do compartilhamento do conhecimento e experiências que geram

aprendizado coletivo.

Observamos também que o dinamismo é percebido de forma diferenciada pelas

empresas pequenas e médias (TEIXEIRA; ROSSETTO; CARVALHO, 2009), devido em

parte às suas limitadas bases de recursos e à alta concentração de decisões gerenciais nas

mãos de poucas pessoas ou de um único gestor (PORTER, 2000).

Esta situação tem efeito importante nas práticas organizacionais, pois a proteção e as

informações geradas pela rede de relacionamentos favorece e facilita a tomada de decisões

gerenciais, o que de outra forma poderia ter resultados desastrosos para as empresas.

101

Isto fica bem claro nos resultados do estudo, que conclui que o dinamismo ambiental

não tem influência no desempenho das empresas e tampouco na sua capacidade de absorção

de conhecimento (capacidade absortiva).

Com relação à capacidade absortiva, o presente estudo demonstra o seu efeito positivo e

bastante relevante no desempenho das PME’s da área vitivinícola, cuja explicação reside

justamente na ação do fornecimento de conhecimento através da rede de relacionamentos,

associações, cooperativas, etc., independentemente do tamanho ou sofisticação organizacional

e administrativa da firma, gerando possibilidade de desempenho igualitário entre todos os

integrantes da rede.

5.2 - CONCLUSÕES

Neste trabalho procurou-se analisar a pequena e média empresa vitivinícola do Sul do

Brasil sob a ótica da capacidade de absorção de conhecimento ou capacidade absortiva, e o

seu efeito no desempenho da firma pela influência do dinamismo ambiental.

Como um dos resultados da análise, concluiu-se que o dinamismo não gera efeito

significativo sobre o desempenho da firma, mas acarreta um efeito considerável sobre a sua

capacidade absortiva. Na prática, isto significa que, quando o gestor percebe o ambiente como

dinâmico, adota medidas de absorção de conhecimento para enfrentar este dinamismo.

Observou-se também nas conclusões que a capacidade absortiva gera efeito forte no

desempenho da firma, significando que, provavelmente, nas pequenas e médias empresas da

área vitivinícola ou rural, a absorção de conhecimento por parte dos gestores é fundamental

para o sucesso do empreendimento.

Além disso, observa-se que a capacidade absortiva apresenta poder de mediação quase

pleno na relação entre dinamismo e desempenho da firma, com o dinamismo do ambiente

mostrando efeitos indiretos sobre o desempenho, estes absorvidos e direcionados ao

desempenho pela capacidade absortiva (variável com maior influência no modelo),

confirmando as expectativas das hipóteses 1, 2 e 4.

102

Em ambientes dinâmicos como os do setor vitivinícola, portanto, é fundamental que as

empresas adotem ou assimilem posturas que lhes levem a uma maior absorção de

conhecimento para minimizar os efeitos do dinamismo ambiental.

Ainda com relação ao dinamismo ambiental, é interessante perceber que os resultados

deste trabalho coincidem com os encontrados por Carvalho (2011), em um estudo em hotéis

em nível de Brasil, mas com predominância da região Sul (PR, SC e RS), o qual afirma que o

dinamismo não apresenta efeitos diretos sobre o desempenho, apenas indiretos, através da

orientação empreendedora, concluindo que as organizações poderão elevar seu padrão de

desempenho quando o dinamismo as conduzir a adotar estratégias empreendedoras.

Analogamente, os resultados levam a uma conclusão similar neste estudo, onde ficou

comprovado que o efeito indireto do dinamismo sobre o desempenho se dá pela capacidade

absortiva, que atua efetivamente como mediadora, 102significando que em um aumento de

dinamismo do mercado, temos como resposta o incremento substancial de capacidade

absortiva da firma, resultando também em melhoria de seu desempenho por via indireta.

Na prática, é interessante procurar os alicerces deste mecanismo no setor vitivinícola,

construído por redes de cooperação e disseminação de conhecimento, encabeçadas

principalmente pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), conforme

Rizzonet al. (1994).

A EMBRAPA supre os papeis de disseminador de conhecimento e principal ator na

rede de cooperação do fornecimento e atualização de conhecimentos técnicos e gerenciais,

que de outra forma não teriam como ser absorvidos por pequenas e médias empresas

familiares.

Conforme Knoke (1994) e Zancan et al. (2013), as redes de cooperação com

coordenadores centrais desempenham papel crucial na estabilização e no desenvolvimento de

mercados com características de pequenas empresas e alta exposição a mudanças ambientais.

Portanto, é perfeitamente compreensível a atuação da EMBRAPA, e também das

associações regionais (especialmente IBRAVIN e APROVALE no Rio Grande do Sul, e

ACAVITIS em Santa Catarina) no fornecimento de conhecimento e capacitação gerencial que

resultam em aumento da capacidade absortiva e consequente diminuição do dinamismo

ambiental, conforme conclusão do presente trabalho.

103

É interessante também perceber que este fornecimento de conhecimento através de

atores centrais na rede de cooperação vitivinícola se desenvolve de forma igualitária e

generalizada para todos os participantes, ao contrário de outros mercados, onde a absorção de

conhecimento é protagonizada por cada firma de forma diferenciada e com resultados

igualmente diversos.

Em mercados onde a capacidade de absorção de conhecimento é de exclusiva

responsabilidade da firma, algumas conseguem absorver e transformar de forma mais

eficiente o conhecimento (COHEN; LEVINTHAL, 1990), gerando melhores resultados e

criando um ambiente mais dinâmico para os outros participantes do mercado. Isso não

acontece no mercado da pequena e média empresa vitivinícola conforme os resultados do

presente trabalho, pois a maior parte do conhecimento é transmitida de forma equânime para

todos.

Tal constatação reforça as conclusões do estudo, especialmente na não confirmação da

mediação da capacidade absortiva na relação entre o dinamismo ambiental e o desempenho,

pois, para que existisse esta mediação, a influência direta do dinamismo ambiental no

desempenho teria que ser significante e, no entanto, ela somente tem relevância de forma

indireta através da capacidade absortiva. Assim, se confirma que, para o aumento de

dinamismo ambiental haverá como resposta uma reação na capacidade de absorção de

conhecimento da organização, especialmente através da rede de cooperação e dos agentes

externos fornecedores de conhecimento.

Na prática, significa que a capacidade absortiva dos produtores vitivinícolas, associada

ao trabalho de transmissão de conhecimento feito pelos coordenadores centrais como a

EMBRAPA, é tão eficiente que reduz de forma consistente a ação do dinamismo ambiental,

ao ponto que mesmo pequenas e médias empresas familiares conseguem se manter no

mercado e produzir de forma eficiente.

Como conclusão adicional, pode-se afirmar, conforme Liao, Da-Chian e Tsuei (2009)

que, se considerarmos a organização enquanto sistema e o conhecimento como a entrada deste

sistema, a capacidade absortiva é o seu instrumento de processamento, e o desempenho o

resultado do processo.

104

No caso específico das PMEs da área vitivinícola do Sul do Brasil, o desempenho se

mostra intensamente dependente da capacidade absortiva para reduzir a incerteza ambiental

representada neste modelo pelo dinamismo do mercado, o que representa sua grande

importância na geração e manutenção deste desempenho.

Respondendo à pergunta da pesquisa, podemos inferir que as relações extraídas dos

resultados deste estudo entre a Capacidade Absortiva, o Dinamismo Ambiental e o

Desempenho são específicas do setor da PME da indústria vitivinícola do RS e SC, assim

como também se confirma o arcabouço teórico utilizado neste trabalho.

Este arcabouço teórico ressalta a adaptação às condições ambientais dinâmicas como

requerimento para a renovação de recursos e capacidades (entre elas a capacidade absortiva)

na resposta às rápidas mudanças ambientais (TEECE; PISANO; SHUEM, 1997), ou que a

capacidade absortiva torna possível utilizar os fluxos de conhecimento da organização ao criar

e sustentar desempenho e vantagem competitiva (ZAHRA; GEORGE, 2002).

Temos também como contribuição técnica desta investigação a aplicação do software

SmartPLS para as análises, ferramenta em ascenção na área das pesquisas sociais (SARSTED,

RINGLE, HAIR et al., 2014), que oferece mais flexibilidade e capacidade de checagem das

ligações entre as variáveis, adaptando-se melhor à temática social, especialmente por não

necessitar de suposições sobre normalidade ou homogeneidade dos dados analisados,

trabalhando com universos amostrais menores.

5.3 –LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

O presente estudo foi limitado ao Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha e Serra

Catarinense, que são as principais regiões brasileiras produtoras de vinhos e lidou somente

com as vinícolas que trabalham na sua maior parte com uvas do tipo Vitis vinífera, variedades

produtoras dos vinhos conhecidos como “vinhos finos”, de maior valor agregado e sem

função de alimentação ou produção de suco de uva.

O estudo tentou apresentar uma radiografia deste mercado específico, podendo ser

estendido futuramente para outras regiões brasileiras, no sentido de perceber os resultados das

105

variações provocadas pelas diferenças regionais, além da participação de vinícolas de outros

países para entender a questão da diversidade cultural e econômica.

Também se pode sugerir um trabalho mais abrangente, incluindo todo o setor

vitivinícola, e não somente o de vinhos finos, para uma avaliação mais generalizada do efeito

e da importância da capacidade de absorção de conhecimento sobre este setor da economia.

Outra limitação do estudo, geradora de sugestão para futuras pesquisas, é a

possibilidade de se ampliar o trabalho para países vitivinícolas como Portugal, Espanha, Itália

e França, por exemplo, onde se poderiam analisar as diferenças entre os níveis de capacidade

absortiva observados e seus efeitos sobre o desempenho e o dinamismo do mercado local em

relação ao ambiente do Sul do Brasil, mais ainda, sobre a economia vitivinícola do país

analisado, traçando um paralelo entre diferentes culturas.

É interessante perceber que os resultados da pesquisa revelam que o dinamismo não

possui influência expressiva direta sobre o desempenho no universo considerado, ou seja, as

PMEs da área vitivinícola. Como Duncan (1972) diz que o dinamismo é o aspecto que

apresenta maior contribuição para a incerteza no ambiente organizacional, seria importante

replicar este estudo em áreas de atividade diferentes às PMEs da área vitivinícola, para

ratificar se este resultado se confirma ou se ele é consequência das características do setor,

como o fornecimento igualitário e generalizado de conhecimento por agentes externos, como

é o caso da EMBRAPA e das associações regionais.

Também a análise do papel da capacidade absortiva em ambiente vitivinícola de outras

culturas e estágios de desenvolvimento diferentes do nosso se revela interessante pelas

conclusões que a investigação pode lançar sobre a eficiência das políticas públicas e privadas

de fornecimento de conhecimento técnico e gerencial em ambientes diversos, mas do mesmo

setor econômico.

Em termos técnicos, achamos importante como sugestão de pesquisa analisar o

desempenho da escala utilizada e desenvolvida para obter os resultados do presente estudo em

outros contextos e comparar os resultados com a escala originalmente desenvolvida por

Flatten et al (2011) em um contexto industrial e macroeconômico europeu para detectar suas

similaridades e diferenças.

106

Uma restrição técnica do estudo encontra-se ao tamanho do universo pesquisado, pois a

quantidade de vinícolas que se insere dentro do tema chega a duzentas nos dois Estados do

Sul, com uma representatividade de 77 respondentes, o que significa cerca de 38,5% de

retorno, considerado bom em termos estatísticos, mas insuficientemente para a aplicação com

um grau razoável de eficácia de programas como o software SPSS, que exige um número

maior de respondentes.

Por isso, ainda sugere-se para futuras pesquisas a expansão do estudo, incluindo todos

os tipos de vinícolas e a consequente aplicação do SPSS ou algum dos demais softwares

conhecidos na pesquisa social para comparação com os resultados obtidos com o SmartPLS,

no sentido de robustecer as conclusões na área da metodologia.

Uma outra limitação da pesquisa é a resposta ao questionário ser provida por um único

respondente, o que introduz um possível viés de visão unilateral e dependente da percepção

deste respondente com relação à organização.

Fica também a sugestão de uma pesquisa longitudinal, avaliando de que forma as

diferentes dimensões da Capacidade Absortiva podem evoluir através do tempo e seu papel no

desenvolvimento e na criação de novos conhecimentos com impacto relevante no crescimento

das empresas.

Por outro lado, seria muito interessante estudar que variáveis internas nas PME’s são

mais importantes para o desenvolvimento da capacidade absortiva e em quais dimensões da

teoria de Zahra e George (2002) se encaixam melhor estas variáveis, cujo estudo seria de

particular importância em termos práticos para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das

estruturas e habilidades organizacionais e gerenciais nas pequenas e médias empresas.

107

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120

APÊNDICE 1: QUESTIONÁRIO ORIGINAL

QUESTIONÁRIO CAPACIDADE ABSORTIVA:

Abaixo o questionário original em inglês, com sua respectiva base teórica nas quatro

dimensões, de acordo com Flatten, Zahra et al. (2010):

AQUIRE

Acquire 1 - Our management emphasizes the exchange of information and experience with companies

within the same industry - Auster and Choo (1993), Veugelers and Cassiman (1999), Wilkens et al.

(2004)

Acquire 2 - Our management engages in joint research project with companies and research institutions

beyond the industry - Jansen et al. (2005), Laursen and Salter (2006)

Acquire 3 - A periodical meeting with external experts within our industry for the accumulation of relevant

information goes without saying in our company - Auster and Choo (1993), Daft et al. (1988),

FosfuriandTribo (2008), Jones et al. (2001), Sidhu et al. (2007)

Acquire 4 - The search for relevant information concerning our industry is every-day business in our

company - Daft et al. (1988), Jansen et al. (2005), Wilkens et al. (2004).

Acquire 5 - Our management motivates the employees to use information sources within our industry -

Sidhu et al. (2007), Veugelers and Cassiman (1999)

Acquire 6 - In our company it is appreciated when employees procure information from other industries as

well - Auster and Choo (1993), Jansen et al. (2005),Veugelers and Cassiman (1999)

Acquire 7 - Our management expects that the employees deal with information beyond our industry -

Jansen et al. (2005), Laursen and Salter (2006)

ASSIMILATE

Assimilate 1 - In our company ideas and concepts are communicated cross-departmental –Shu, Wong, and

Lee (2005)

Assimilate 2 - Our management emphasizes cross-departmental support to solve problems - Schmidt (2005)

Assimilate 3 - Our company uses tools (e.g., intranet, internal studies/reports) to spread knowledge in the

whole organization - Bontis, Crossan, and Hulland (2002)

Assimilate 4 - In our company there is a quick information flow, e.g., if a business unit obtains important

information it communicates this information promptly to all other business units or departments – Bontis et

al. (2002), Hock-Hai et al. (2006), Tiwanaand McLean (2005), Vorhies and Harker (2000)

Assimilate 5 - Our management demands periodical crossdepartmental meetings to interchange new

developments, problems, and achievements - Farrell (2000), Hultet al. (2004), Kohli et al.

(1993),Pavlou and El Sawy (2006), Vorhies and Harker (2000)

Assimilate 6 - Our employees of diverse departments get along well, when communicating with each other

on across-departmental basis - Ko, Kirsch, and King (2005)

Assimilate 7 - For projects our management supports temporary exchange of personne between departments

- Schmidt (2005)

Assimilate 8 - In our company there is informal contact between employees of all levels and departments -

Shu et al. (2005)

Assimilate 9 - Our management emphasizes a shared lingo for intra-corporate communication.

Huber (1991), Hult et al. (2004), Ko et al.(2005), Szulanski (1996)

Assimilate 10 - In our company employees are conscious about whopossesses special skills and knowledge

and for who certain information is of interest - Espinosa et al. (2007), Pavlou and El Sawy (2006),Szulanski

(1996)

Assimilate 11 - Our employees share their knowledge, their information and their experience willingly with

their colleagues - Gee Woo and Young-Gul (2002), Liao (2006), Liao et al. (2007), Lin (2007), Soonhee and

Hyangsoo(2006)

Assimilate 12 - Our management is a good role model regarding the distribution of knowledge.

Lu et al. (2006), Szulanski (1996)

121

TRANSFORM

Transform 1 Our employees have the ability to structure and usecollected knowledge - Liao et al. (2007)

Transform 2 - Our management emphasizes the systematic reuse of insights out of past projects - Bontis et

al. (2002), Hock-Hai et al.(2006)

Transform 3 - Our company policy encourages our employees to engage in further training and continuous

learning - Hock-Hai et al. (2006), Nevis and DiBella (1995)

Transform 4 - Our employees are used to absorbing new knowledge as well as to prepare it for further

purposes and making it available - Collins and Smith (2006), Jansen et al.(2005) Pavlou and El Sawy

(2006)

Transform 5 - Our employees successfully link existing knowledge with new insights - Pavlou and El

Sawy (2006)

Transform 6 - Our employees cleverly transform information from internal and external sources into

valuable knowledge for our company - Tiwana and McLean (2005)

Transform 7 - Our management encourages employees to combine ideas cross-departmentally.

Collins and Smith (2006)

Transform 8 - Our management thinks that our learning capabilities are a competitive advantage for our

company - Farrell (2000), Hult et al.(2004), Teo et al (2006)

Transform 9 - Our company owns tools to enhance knowledge that secures the companys competitiveness

- Hock-Hai et al.(2006)

Transform 10 - Our employees are able to apply new knowledge in their practical work - Ettlie and Pavlou

(2006)

Transform 11 - Our management encourages employees to generate knowledge – Bontis et al.(2002)

Transform 12 - Our management provides employees with enough scope for development to use the

aggregated information for experimenting with alternative solution possibilities - Expert interview.

EXPLOIT

Exploit 1 - Our company launches innovative products/services promptly with regard to its research - Liao

(2006)

Exploit 2 - Our management supports the development of prototypes - Nambisan, Agarwal, and Tanniru

(1999)

Exploit 3 - Our company strives to convert innovative ideas into patents - Expert interview

Exploit 4 - Our company regularly reconsiders technologies and adapts them in accordance with new

knowledge - Expert interview

Exploit 5 - Our company has the ability to work more effectively by adopting new technologies – Expert

interview

122

APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO TRADUZIDO

CAPACIDADE ABSORTIVA – QUESTIONÁRIO TRADUZIDO

AQUISIÇÃO

Número do Item Item

Adquirir 1 Nossa gerência enfatiza a troca de informação e experiências com empresas

dentro da mesma indústria.

Adquirir 2 Nossa gerência se engaja em projetos conjuntos de pesquisas com empresas e

instituições de pesquisa além da indústria.

Adquirir 3

Uma reunião periódica ocorre, sem que seja comunicada dentro de nossa

empresa, com especialistas externos dentro de nossa indústria para o acúmulo de

informações relevantes.

Adquirir 4 A pesquisa por informações relevantes sobre nossa indústria é o dia a dia em

nossa empresa.

Adquirir 5 Nossa gerência motiva os funcionários a utilizarem fontes de informação dentro

de nossa empresa.

Adquirir 6 Em nossa empresa é apreciado que os funcionários também adquiram

informações advindas de outras indústrias.

Adquirir 7 Nossa gerência espera que os funcionários lidem com informações além da

nossa indústria.

ASSIMILAÇÃO

Assimilar 1 Em nossa empresa, ideias e conceitos são comunicados entre

departamentos.

Assimilar 2 Nossa gerência enfatiza o suporte entre departamentos para a solução de

problemas.

Assimilar 3 Nossa empresa utiliza ferramentas como, por exemplo, a intranet, estudos e/ou

relatórios internos para disseminar o conhecimento em toda a organização.

Assimilar 4

Em nossa empresa existe um fluxo rápido de informação, por exemplo, se uma

unidade de negócio possui informações importantes, esta imediatamente

comunica imediatamente tais informações para outras unidades de negócio ou

outros departamentos.

Assimilar 5 Nossa gerência solicita reuniões periódicas entre departamentos para trocar

novos desenvolvimentos, problemas e conquistas.

Assimilar 6 Nossos funcionários de diferentes departamentos se dão bem ao se

comunicarem uns com os outros.

Assimilar 7 Para projetos nossa gerência dá suporte para trocas temporárias entre

departamentos.

Assimilar 8 Em nossa empresa há um contato informal entre os funcionários de todos os

níveis e departamentos.

Assimilar 9 Nossa gerência enfatiza um dialeto compartilhado para comunicação dentro da

corporação.

Assimilar 10 Em nossa empresam os funcionários são cientes sobre quem possui habilidades

especiais e conhecimento e para quem algumas informações são de interesse.

Assimilar 11 Nossos funcionários dividem, com boa vontade, seus conhecimentos, suas

informações e suas experiências com seus colegas.

Assimilar 12 Nossa gerência tem papel modelo na distribuição de conhecimento.

123

TRANSFORMAÇÃO

Transformar 1 Nossos funcionários tem a habilidade de estruturar e usar conhecimento

coletivo.

Transformar 2 Nossa gerência enfatiza a reutilização sistemática de ideias de projetos

passados.

Transformar 3 Nossa política da empresa encoraja nossos funcionários a se engajarem em

treinamentos futuros e aprendizagem constante.

Transformar 4 Nossos funcionários estão acostumados a absorver novos conhecimentos assim

como a prepará-los para propósitos futuros e fazê-los disponíveis.

Transformar 5 Nossos funcionários, com sucesso, fazem ligações do conhecimento existente

com as novas ideias.

Transformar 6 Nossos funcionários, de forma inteligente, transformam as informações de

fontes internas e externas em valiosos conhecimentos para nossa empresa.

Transformar 7 Nossa gerência incentiva nossos funcionários a combinar ideias entre os

departamentos da empresa.

Transformar 8 Nossa gerência acredita que nossas capacidades de aprendizagem são uma

vantagem competitiva para nossa empresa.

Transformar 9 Nossa empresa possui ferramentas para aumentar o conhecimento que assegura

sua competitividade.

Transformar 10 Nossos funcionários são capazes de aplicar novos conhecimentos em sua prática

de trabalho.

Transformar 11 Nossa gerência encoraja os funcionários a gerarem conhecimento.

Transformar 12

Nossa gerência fornece aos funcionários um espaço suficiente para o

desenvolvimento com vistas a usar informações agregadas para a

experimentação de soluções alternativas.

APLICAÇÃO

Aplicar1 Nossa empresa lança produtos/serviços inovadores prontamente com relação à

sua pesquisa.

Aplicar2 Nossa gerência dá suporte ao desenvolvimento de protótipos.

Aplicar3 Nossa empresa se esforça para converter novas ideias em patentes.

(ENTREVISTA DE ESPECIALISTA)

Aplicar4 Nossa empresa regularmente reconsidera tecnologias e as adapta de acordo com

novos conhecimentos. (ENTREVISTA DE ESPECIALISTA)

Aplicar5 Nossa empresa tem a habilidade de trabalhar mais efetivamente através da

adoção de novas tecnologias. (ENTREVISTA DE ESPECIALISTA)

124

APÊNDICE 3 :CAPACIDADE ABSORTIVA – QUESTIONÁRIO FINAL

CAPACIDADE ABSORTIVA POTENCIAL

AQUISIÇÃO

Aquisição 1 A procura por informação importante para o nosso negócio faz parte do nosso

trabalho diário.

Aquisição 2 Nossa empresa motiva os funcionários a utilizarem fontes de informação da nossa

área de negócios.

Aquisição 3 Nossa empresa espera que os funcionários procurem informações importantes até

mesmo fora do nosso mercado.

Aquisição 4 Nós fazemos reuniões e discussões seguidas para discutir as demandas do mercado

e procurar soluções para os problemas.

Aquisição 5 As pessoas do meu grupo de trabalho são capazes de entender o conhecimento que

é mais valioso paranós.

Aquisição 6 Nós sabemos o suficiente sobre o nosso negócio para determinar se uma nova

informação é importante para nós.

Aquisição 7 Nós temos capacidade de avaliar e capturar dos nossos competidores informações

importantes e atualizadas para melhoria do nosso negócio.

Aquisição 8 Nos últimos 3 anos a utilização da internet tornou mais fácil obter informação

importante para tomar decisões no nosso negócio.

Aquisição 9

Nós temos um grau de conhecimento técnico e experiência adquiridos em nossa

atividade que nos faz capazes de produzir produtos com alta qualidade e em

condições de competir com os melhores no mercado.

ASSIMILAÇÃO

Assimilar 1 Na nossa empresa as informações são rapidamente transmitidas entre os diversos

setores.

Assimilar2 Nossa empresa utiliza ferramentas como, por exemplo, a intranet, estudos e/ou

relatórios internos para espalhar a informação em toda a organização.

Assimilar3 Nossa empresa enfatiza a troca de informações e ajuda entre os departamentos

para solucionar problemas.

Assimilar4

A nossa gerência promove regularmente reuniões para discutir novas metas,

melhorias, discutir a solução de problemas e receber sugestões de novas

iniciativas.

Assimilar5 A utilização da internet tem melhorado a relação com nossos fornecedores no

sentido de agilizar os contatos e resolver mais rapidamente os problemas.

Assimilar6 A nossa gerência incentiva a troca de informações entre os diversos

departamentos da empresa.

Assimilar7 Nossos funcionários compartilham com boa vontade suas habilidades,

informações e sua experiência com seus colegas.

Assimilar8 Nossa empresa tem capacidade de assimilar rapidamente novas tecnologias e

inovações que surgem e que são comprovadamente úteis para o nosso negócio.

Assimilar 9 A utilização da internet nos fornece uma quantidade de informações que nos

deixa mais preparados para enfrentar as mudanças (incertezas) do mercado.

Assimilar 10 Novas oportunidades para servir nossos clientes são rapidamente percebidas.

125

CAPACIDADE ABSORTIVA REALIZADA

TRANSFORMAÇÃO

Transformação 1 Nossos funcionários tem a habilidade de estruturar e utilizar o conhecimento

coletado no mercado.

Transformação 2 Nossa empresa estimula os empregados a se engajarem sempre em mais

atividades de treina mento e aprendizado contínuo.

Transformação 3 Nossa gerência estimula os empregados a trocar continuamente idéias entre os

diversos departamentos

Transformação 4

Nossos funcionários são capazes de aplicar os novos conhecimentos adquiridos

em seu trabalho diário, transformando-os em conhecimento de valor para a

empresa.

Transformação 5 É fácil adaptar nosso trabalho para fazer uso dos novos conhecimentos técnicos

que nos são disponibilizados.

Transformação 6

Nossa empresa tem capacidade de utilizar a tecnologia da informação (internet,

skipe, etc.) para compartilhar o fluxo de informação dentro da própria empresa e

melhorar o entendimento sobre as tarefas executadas no dia-a-dia.

Transformação 7 Nossa empresa tem capacidade de eliminar os processos e conhecimentos

obsoletos e substituí-los por processos mais atualizados.

Transformação 8

As reuniões relacionadas a novos processos, novas operações e novos produtos

são muito efetivas e seus objetivos são atingidos.

Transformação 9 Nossa empresa tem capacidade de adaptar tecnologias e processos

desenvolvidos pelos outros para as nossas necessidades.

APLICAÇÃO

Aplicação1 Nossa empresa lança produtos e serviços que têm alta relação com as pesquisas que

ela realiza.

Aplicação2 Nossa empresa analisa regularmente as tecnologias empregadas e as adapta de acordo

com os novos conhecimentos obtidos do mercado.

Aplicação3

Nossa empresa dá um alto grau de prioridade à utilização das novas tecnologias e

conhecimentos adquiridos do mercado no planejamento de sua estratégia de

negócios.

Aplicação4 Nossa empresa tem a capacidade de transformar o conhecimento adquirido em novos

produtos e patentes requeridas.

Aplicação5

Nossa empresa tem capacidade de responder às necessidades dos clientes ou às

pressões da concorrência, ganhando competitividade através da adaptação e da

ampliação do seu portfólio de produtos, além de novas capacidades e idéias

inovadoras.

Aplicação6

Nossa empresa tem capacidade de trabalhar de forma mais eficaz e obter melhores

resultados através da utilização de novas tecnologias e novas abordagens na venda

aos nossos clientes.

Aplicação7 Nós não temos dificuldades para implementar as modificações sugeridas ou exigidas

por nossos clientes na nossa linha de produtos.

Aplicação8 Nós estamos constantemente analisando e considerando como aplicar melhor o

conhecimento adquirido em nossa área de negócios.

126

APÊNDICE 4- QUESTIONÁRIO DINAMISMO AMBIENTAL

QUESTIONÁRIO DINAMISMO AMBIENTAL

Dinamismo 1 As condições econômicas que influenciam nosso mercado têm mudado muito nos

últimos 3 anos.

Dinamismo 2 As necessidades dos nossos potenciais consumidores têm mudado muito nos

últimos 3 anos.

Dinamismo 3 A atuação dos nossos concorrentes têm mudado muito nos últimos 3 anos.

Dinamismo 4 Nossos parceiros e fornecedores têm mudado muito nos últimos 3 anos.

Dinamismo 5 A regulamentação do setor tem mudado muito nos últimos 3 anos.

Dinamismo 6 A tecnologia envolvida em nossas atividades tem mudado muito nos últimos 3

anos.

Dinamismo 7 As condições climáticas essenciais para a nossa atividade têm variado muito nos

últimos 3 anos.

Dinamismo8 No nosso mercado, as demandas e gostos dos consumidores são difíceis de

prever.

Dinamismo 9 As ações dos nossos competidores são difíceis de prever.

Dinamismo 10

A utilização da internet tem nos ajudado a interagir com nossos clientes,

aumentando nossa relação com eles e ajudando a diminuir a incerteza com relação

ao seu comportamento.

127

APÊNDICE 5 – ANÁLISEVARIÁVEL IDADE

TABELA 19 – RESULTADO DOS TESTES DOS COEFICIENTES DE CAMINHO PARA

A VARIÁVEL IDADE

COEFICIENTE DE CAMINHO t

IDADE – CAPACIDADE ABSORTIVA 0,998

IDADE - DINAMISMO 0,070

IDADE - DESEMPENHO 0,027

REFERÊNCIA – VALOR MÍNIMO NECESSÁRIO PARA SIGNIFICÂNCIADE 0,05 é t = 1,96

128

APÊNDICE 6- ETAPAS DO ESTUDO, FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ANÁLISE

OBJETIVO GERAL – Analisar as relações existentes entre capacidade absortiva, dinamismo

ambiental e desempenho nas PME’s da indústria do vinho nos Estados de Santa Catarina e Rio

Grande do Sul.

ETAPA FUNDAMENTOS

TEÓRICOS MÉTODO

Levantamento dos construtos

Capacidade Absortiva,

Aquisição, Assimilação e

Exploração

- Flatten, Zahra, Greve,

Brettel (2011)

- Zahra e George (2002)

- Barrionuevo (2009)

- Camisón e Forés (2010)

- Especialistas de Mercado

Coleta de dados através de

Escala Likert de 5 pontos

Levantamento Dinamismo

Ambiental

- Lumpkin e Dess (2001)

- Rossetto e Carvalho

(2012)

- Especialistas de Mercado

Coleta de dados através de

Escala Likert de 5 pontos

Levantamento Desempenho

- Flatten, Greve e Brettel

(2011)

- Camisón (2004)

- Especialistas de Mercado

Coleta de dados através de

Escala Likert de 5 pontos

Elaboração do Modelo

Teórico Conceitual

- Zahra e George (2002)

- Flatten, Zahra, Greve,

Brettel (2011)

- Hipóteses

Identificação dos construtos

latentes, indicadores e

relacionamentos.

Construção do Modelo de

Mensuração e Testes

- Hair, Ringle (2014)

- Wetzels (2009)

- Chin (1998)

- Bollen (1989)

- Henseler (2009)

- Henseler, Sarsted (2013)

Modelagem estrutural e testes

do modelo de mensuração.

Análise do relacionamento

das Variáveis e Teste das

Hipóteses

H1 – Quanto maior a

cap.abs.,melhor desemp.

H2 – Quanto maior o

dinamismo, maior a cap.abs

H3 – Quanto maior o dinam.,

melhor desempenho

H4 –Cap.abs é mediadora

entre dinam. e desempenho.

Modelagem de equações

estruturais e testes através

do programa SmartPLS

129

APÊNDICE 7 – CONSTRUÇÃO DA ANÁLISE DAS HIPÓTESES

PERGUNTA DE

PESQUISA OBJETIVO GERAL

OBJETIVO

ESPECÍFICO HIPÓTESES

Quais as relações

entre Capacidade

Absortiva,

Dinamismo

Ambiental e

Desempenho no

ambiente das

PME’s da indústria

do vinho nos

Estados de Santa

Catarina e Rio

Grande do Sul?

Analisar as relações

existentes entre

Capacidade

Absortiva,

Dinamismo

Ambiental e

Desempenho nas

PME’s da indústria

do vinho nos

Estados de Santa

Catarina e Rio

Grande do Sul

Relacionar a

Capacidade

Absortiva com o

Desempenho

H1 - O nível de

Capacidade Absortiva

tem efeito positivo no

Desempenho da firma,

ou seja, quanto maior

a Capacidade

Absortiva, melhor o

Desempenho.

Avaliar o

relacionamento

entre o

Dinamismo

Ambiental e a

Capacidade

Absortiva.

H2 - O Dinamismo

Ambiental tem efeito

positivo na

Capacidade Absortiva,

ou seja, quanto maior

o Dinamismo, mais

necessária a

Capacidade Absortiva

para reagir à

instabilidade do

ambiente.

Avaliar o

relacionamento

entre o

Dinamismo

Ambiental e o

Desempenho.

H3 - O Dinamismo

Ambiental tem efeito

positivo no

Desempenho da firma,

ou seja, quanto maior

o Dinamismo

Ambiental, melhor o

Desempenho da firma.

Investigar a

relação entre o

Dinamismo e o

Desempenho,

mediada pela

Capacidade

Absortiva.

H4 - A Capacidade

Absortiva atua com

caráter mediador na

relação entre o

Dinamismo Ambiental

e o Desempenho

Organizacional.