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Engenharia de Segurança do Trabalho QUALIDADE DO AR INTERNO JOSÉ EDSON BASTO Eng. de Segurança do Trabalho Eng. Mecânico ITAJAÍ - 2007

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Page 1: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

Engenharia de Segurança do Trabalho

QUALIDADE DO AR INTERNO

JOSÉ EDSON BASTO

Eng. de Segurança do Trabalho Eng. Mecânico

ITAJAÍ - 2007

Page 2: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

SUMÁRIO TABELAS........................................................................................................................................................... 6

1. A IMPORTÂNCIA DO AR............................................................................................................................. 8

2. QUALIDADE DO AR INTERNO ................................................................................................................. 10

2.2 Requisitos para a Garantia da Qualidade do Ar Interno....................................................................... 14

3. CONFORTO TÉRMICO ............................................................................................................................. 14

3.1 Avaliação do Conforto Térmico............................................................................................................. 16

4. SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO................................................................................................................. 19

4.1 Componentes do Sistema de Climatização .......................................................................................... 20

5. FILTROS DE AR.......................................................................................................................................... 25

6. PADRÕES DE PARTÍCULAS ..................................................................................................................... 27

7. CONTAMINANTES...................................................................................................................................... 31

7.1 Contaminantes Químicos Interiores...................................................................................................... 31

7.1.a Compostos Orgânicos Voláteis .................................................................................................... 31

7.1.b Materiais particulados .................................................................................................................. 32

7.1.c Contaminantes Biológicos.............................................................................................................. 33

7.1.d Componentes Químicos ................................................................................................................ 33

7.1.e Contaminantes gerados por Ocupantes ........................................................................................ 34

7.2 Contaminantes Químicos Exteriores..................................................................................................... 34

7.3 Agentes Desconhecidos................................................................................................................. 35

8. DOENÇAS ASSOCIADOS À QUALIDADE DO AR INTERNO.................................................................. 35

8.1 Doenças Ocupacionais Das Vias Aéreas Inferiores ............................................................................. 36

8.1.1 Doença do Legionário ou Legionelose ......................................................................................... 36

8.1.2 Asma Ocupacional........................................................................................................................ 36

8.1.3 Pneumonia..................................................................................................................................... 37

8.1.4 Pneumonite de Hipersensibilidade ............................................................................................... 38

8.1.5 Fibrose Pulmonar Idiopática ......................................................................................................... 38

8.2 Doenças Ocupacionais das Vias Aéreas Superiores ........................................................................... 39

8.2.1 Rinites Alérgicas e Irritativas ......................................................................................................... 39

9. LEGISLAÇÃO SOBRE QUALIDADE DO AR INTERNO............................................................................. 41

10. PADRÕES DE QUALIDADE DO AR........................................................................................................ 44

Parâmetros Físicos............................................................................................................................. 44

Parâmetros Químicos ......................................................................................................................... 44

Parâmetros Biológicos........................................................................................................................ 44

11. METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DO AR ................................................................... 46

11.1 Determinação de Parâmetros físicos .................................................................................................. 47

11.2 Controle microbiológico....................................................................................................................... 48

11.3 Determinação de aerodispersóides .................................................................................................. 49

11.4 Determinação de CO (Dióxido de Carbono).................................................................................... 50 2

11.5 Contador de Partículas ..................................................................................................................... 51

12. MEDIDAS PARA CORREÇÃO DOS PROBLEMAS DE QUALIDADE DO AR........................... 52

12.1 Sistemas de Supervisão e Controle Predial ..................................................................................... 53

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 2

Page 3: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

12.2 Ionização Negativa............................................................................................................................. 54

12.3 Lâmpadas Ultravioletas...................................................................................................................... 55

13. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO ..................................................................................................................... 55

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................ 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................ 59

ANEXOS.......................................................................................................................................................... 62

A.1 PORTARIA Nº 3.523, DE 28 DE AGOSTO DE 1998 .................................................................. 62

A.2 RESOLUÇÃO - RE Nº 9, DE 16 DE JANEIRO DE 2003............................................................. 70

A.3 Fluxograma de um Plano de Gerenciamento de Qualidade do Ar .............................................. 79

A.4 GUIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS EM CONTROLE

DE QUALIDADE DE AR DE INTERIORES. Volume I - Guia nº 01 2003 ....................................................... 80

A.5 RECOMENDAÇÃO NORMATIVA ABRAVA PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA E

HIGIENIZAÇÃO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR......................................................................... 86

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 3

Page 4: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Quando você não

respira, nada mais

importa!!!

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Page 5: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

RESUMO O presente trabalho pretende apresentar os requisitos para manter a qualidade do ar em ambientes

climatizados, mostrando os principais aspectos que interferem na obtenção de um ambiente salubre e

adequado para a realização das diversas atividades laborais. A insalubridade apresentada em ambientes

climatizados pode ser associada à baixa qualidade do ar insuflado nestes locais, assim como a formação,

movimentação e dispersão de contaminantes. Devido à complexidade de variáveis impostas, assim como a

integração quase constante entre trabalhadores e enfermidades, o Ambiente Hospitalar foi escolhido para

servir como estudo de caso, possibilitando-se avaliar os parâmetros e os requisitos determinantes para o

enfoque do presente trabalho.

Os ambientes chamados “doentes” apresentam uma série de características de insalubridade

provocando diversos sintomas nos ocupantes e por conseqüência, diminuição da produtividade e aumento

do absenteísmo nestas situações. Um dos aspectos principais para minimizar o problema é a necessidade

de se ampliar a discussão acerca das medidas de prevenção e inibição dos fatores nocivos à saúde, assim

como a purificação do ar, a salubridade e o conforto.

Neste sentido é fundamental manter sob análise freqüente os textos da Legislação vigente e as

implicações na garantia da Qualidade do Ar Interno (QAI), visto que as referidas normalizações foram

introduzidas recentemente no âmbito da saúde e segurança do trabalho, estando estas ainda em fase

praticamente experimental.

Um dos objetivos é apresentar um levantamento bibliográfico que permita descrever a importância

da qualidade do ar e os processos envolvidos em um sistema de climatização, além da importância destes

para as atividades desenvolvidas nos ambientes climatizados. Procura-se ainda apresentar os problemas

inerentes, assim como os constituintes nocivos do ar, os quais contribuem para uma série de sintomas

apresentados pelos ocupantes. Apresentados tais fatores é possível determinar e avaliar os requisitos

básicos para a qualidade do ar no interior dos ambientes sujeitos a processos de climatização.

Palavras Chave: Segurança do Trabalho, Qualidade do Ar Interno, Síndrome dos Edifícios Doentes,

Doenças Relacionadas aos Edifícios, Climatização, Ventilação, Ambientes Hospitalares.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 5

Page 6: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

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TABELAS

TABELA DE CONVERSÃO DE VÁRIAS UNIDADES

Comprimento 1m=3,281pés=39,37pol Área 1m²=10,76pés²=1.550pol²

Volume 1m³=35,3pés³=1.000litros Volume 1galão(USA)=3,8litros 1galão(GB)=4,5 litros Massa 1kg=2,2 lb 1lb=0,45kg 1 onça=28,35g

Pressão 1atm=1,033kgf/cm²=14,7lbf/pol²(PSI) Pressão 1bar=100kPa=1,02atm=29,5polHg Energia 1kWh=860kcal 1kcal=3,97Btu Energia 1kgm=9,8J 1Btu=0,252kcal Potência 1kW=102kgm/s=1,36HP=1,34BHP=3.413Btu/h Potência 1TR=3.024kcal/h=200Btu/min=12.000Btu/h

Temperatura ºF=32+1,8.ºC K=273+ºC R=460+ºF

COMPRIMENTO cm m km in ft mi 1 centímetro (cm) 1 0,01 0,00001 0,3937 0,0328 0,000006214

1 metro (m) 100 1 0,001 39,3 3,281 0,0006214

1 quilômetro (km) 100000 1000 1 39370 3281 0,6214 1 polegada (in) 2,54 0,0254 0,0000254 1 0,08333 0,00001578

1 pé (ft) 30,48 0,3048 3,048 12 1 0,0001894

1 milha terrestre (mi) 160900 1609 1,609 63360 5280 1

PRESSÃO atm PSI(lbf/in²) Kgf/cm² Bar mmHg(Torricelli) mH2O in. Hg Pascal(Pa)

atm 1 14,6959 1,033 1,01325 760 10,33 29,92 101325

PSI(lbf/in²) 0,0680 1 0,07031 0,06895 51,71 0,70307 2,04 6894,8

Kgf/cm² 0,96778 14,2234 1 0,98 735,514 10 28,9572 98066,5

Bar 0,9869 14,5 1,02 1 750,061 10,195 29,53 10000

mmHg 0.001315789 0.01933677 0.00135951 0.001333224 1 0,01360 0,03937 133,3224

mH2O 0,09678 1,42234 0,10 0,0980872 73,5514 1 2,89572 9803,1176

in. Hg 0,03342 0,49119 0,03453 33900 25,4 0,34534 1 3386,5

Pascal(Pa) 0,000009869 0,0001450377 0,00001019716 0,00001 0,007500617 0,000102 0,0002952 1

Page 7: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Prefixos das unidades SI

Nome Símbolo Fator de multiplicação da unidade yotta Y 1024 = 1 000 000 000 000 000 000 000 000 zetta Z 1021 = 1 000 000 000 000 000 000 000 exa E 1018 = 1 000 000 000 000 000 000 peta P 1015 = 1 000 000 000 000 000 tera T 1012 = 1 000 000 000 000 giga G 109 = 1 000 000 000

mega M 106 = 1 000 000 quilo k 10³ = 1 000 hecto h 10² = 100 deca da 10 deci d 10-1 = 0,1 centi c 10-2 = 0,01 mili m 10-3 = 0,001

micro µ 10-6 = 0,000 001 nano n 10-9 = 0,000 000 001 pico p 10-12 = 0,000 000 000 001

femto f 10-15 = 0,000 000 000 000 001 atto a 10-18 = 0,000 000 000 000 000 001

zepto z 10-21 = 0,000 000 000 000 000 000 001 yocto y 10-24 = 0,000 000 000 000 000 000 000 001

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Page 8: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

1. A IMPORTÂNCIA DO AR É sabido que o ar é uma mistura gasosa determinante para a vida humana devido principalmente ao

processo que se dá no interior das células de seu corpo onde os alimentos são transformados em energia,

pela reação com o oxigênio presente no ar inspirado. Este processo é conhecido como respiração e permite

a produção da energia que será utilizada na manutenção da vida e no desenvolvimento dos movimentos

diversos de uma pessoa.

Durante o processo de respiração o ar ao ser inalado passa através das vias respiratórias onde

sofre algumas modificações quanto às proporções de seus elementos básicos, devido a um processo de

umidificação pela mistura deste ar com uma parcela de dióxido de carbono. O oxigênio presente no ar é

absorvido na corrente sanguínea e o dióxido de carbono é exalado para a atmosfera. A figura 1 mostra o

intercâmbio destes gases quando o ar chega aos alvéolos os quais compõem a parte mais funcional do

pulmão.

A qualidade do ar é muito importante principalmente para os órgãos vitais do homem como, por

exemplo, o cérebro, uma vez que este necessita de oxigenação constante para que possa cumprir todas as

suas funções. Quando o cérebro percebe a necessidade de uma quantidade maior de oxigênio, envia

estímulos aos músculos do peito e diafragma, fazendo-os funcionar com maior aceleração e vigor.

É sabido que homem pode sobreviver vários dias sem a ingestão de alimentos e alguns dias sem

ingestão de água. Em média, o consumo de alimentos e de água diários de um homem é da ordem de 1

quilo e 2 litros respectivamente. Quanto ao ar a autonomia restringe-se à sobrevivência por alguns minutos

sem inalação deste. Segundo VERANI (2003) e PEREIRA FILHO (2003), normalmente o homem inspira em

média cerca de 10 a 15 mil litros de ar por dia. A variação deste valor se dá em função das diversas

atividades físicas desenvolvidas.

Figura 1 – Transferência de O2 e CO no sangue Fonte SILVA Jr. et al (2003) 2

Na tabela 1, tem-se a composição química aproximada do ar seco, tomando-se como base, cerca

de 10.000 moléculas de ar. É necessário esclarecer que o ar como encontrado na atmosfera, é composto de

uma parcela seca (mistura de vários gases) em contato com outra parcela formada por vapor de água.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 8

Page 9: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Tabela 1 - Composição do Ar Seco

Concentração por volume Componente % ppm

Nitrogênio 78.084

Oxigênio 20.946

Dióxido de Carbono (CO2) 0.0033

Neônio 11.18

Hélio 5.24

Criptônio 1.14

Xenônio 0.087

Hidrogênio 0.5

Metano 2

Óxido Nitroso 0.5

Fonte ASHRAE (1999)

Para uma utilização favorável do ar é necessário que este contenha no mínimo 19.5 % em volume

de oxigênio (O2), mantendo isenção de produtos químicos prejudiciais à saúde. É desejável também que o

ar se apresente em temperaturas e pressões tais que não ocorram queimaduras ou congelamentos dos

órgãos do aparelho respiratório como, por exemplo, os cílios nasais, que são responsáveis pela retenção de

partículas e impurezas provenientes deste ar. Juntamente com os gases e vapor d, podem ser encontrados

em suspensão na atmosfera outros elementos tais como poeiras, polens, cinzas, compostos orgânicos e

microorganismos.

A tabela 2 mostra os efeitos no homem devido à variação da concentração de oxigênio no ar em

pressão atmosférica.

Tabela 2 – Efeitos da concentração de O2

% vol. O Efeitos Fisiológicos 2

20.9 Concentração Normal.

19.5 Concentração mínima legal.

19 - 16 Início de sonolência.

Perda de visão periférica, respiração intermitente, dificuldade de

coordenação, aumento do volume da respiração, aumento da freqüência

cardíaca, redução da capacidade de pensar e agir.

16 - 12

Falta de raciocínio, pobre coordenação muscular sendo que o esforço

muscular leva à fadiga, que pode causar danos permanentes ao coração. 12 - 10

Náusea, vômito, incapacidade para movimentos vigorosos inconsciência

seguida por morte. 10 - 6

Respiração espasmática, movimentos convulsivos e morte em minutos.

< 6

Fonte VERANI (2003)

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 9

Page 10: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Deve-se salientar que a Norma Regulamentadora 15 em seu anexo 11 diz ainda que a

concentração mínima de Oxigênio em ambientes que com presença de substâncias do tipo asfixiantes

simples, deve ser de 18 (dezoito) por cento em volume.

2. QUALIDADE DO AR INTERNO

Durante muito tempo, a maioria dos profissionais, ao projetar uma edificação, preocupava-se quase

que exclusivamente com a estética e funcionalidade desta, sem, no entanto dar muita importância aos

aspectos ambientais e energéticos envolvidos em tal empreendimento. Como grande parte das atividades

ainda são realizadas em ambientes fechados surgiu então a necessidade de realizar-se o condicionamento

do ar possibilitando a plena ambientação de homens e máquinas nestes ambientes. Os trabalhadores

passam de 80 a 90% de seu tempo em ambientes fechados. A figura 2 ilustra esta condição de vida da

maioria das pessoas.

Figura 2 – Operações Cotidianas desenvolvidas por trabalhadores - Fonte ENCICLOPEDIA DE SALUD Y

SEGURIDAD EN EL TRABAJO

O processo de projetar um edifício pautava-se em considerar que um sistema de climatização ou de

condicionamento de ar interno teria condições de garantir os requisitos necessários para a salubridade do

ambiente, independente do consumo de energia para tal atividade. Este quadro manteve-se até a primeira

grande crise energética mundial, ocorrida no início da década de 70, onde a produção de petróleo entrou

em crise e a população dos paises em geral, passou a considerar com maior preocupação, os fatores

energéticos nos projetos de uma forma generalizada.

Neste instante, o consumo de energia de sistemas de climatização passa a receber uma atenção

muito especial, uma vez que o custo para realizar operações de tratamento de ar como refrigeração,

umidificação, desumidificação, filtragem etc, é extremamente elevado. Os sistemas passam a ter reduzido

os seus períodos de operação.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 10

Page 11: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Outro ponto importante é o fato de que os edifícios passaram a serem construídos observando-se

uma preocupação com a impermeabilização e a climatização de seus ambientes internos. Inicia-se o

desenvolvimento de técnicas de utilização de energias alternativas no projeto de edificações, destacando-se

o emprego de conhecimentos de solarimetria e aplicações bioclimáticas. Estas ações embora eficientes,

não representam uma redução significativa no consumo de energia nas edificações em geral. Uma nova

ação se fez necessária e o principal foco desta passa a ser a redução das taxas de renovação de ar nos

ambiente climatizados.

É sabido que os equipamentos de ventilação e condicionamento de ar consomem uma quantidade

demasiada de energia, em relação aos outros equipamentos que permitem a realização das diversas

atividades de uma organização. Em função dos processos de impermeabilização e climatização de seus

ambientes internos tem-se uma redução das taxas de infiltração de ar externo assim como as taxas de

renovação e a vazão de insuflamento calculada em função do número de ocupantes, de modo que estes

passassem a diminuir o consumo de energia elétrica.

A taxa de ar indicada para ser insuflada em um ambiente de modo a manter a salubridade deste,

era estimada em 27 m3/h para cada ocupante. A contenção de gastos indicou uma severa redução nesta

taxa, passando a serem adotados, meros 8 m3/h. A função principal das taxas de insuflamento é baixar a

concentração de CO2 presente no ambiente, assim como os odores, através da diluição destes.

A diluição e remoção dos contaminantes tornam-se deficiente. Com a diminuição dos períodos de

operação os sistemas passam a trabalhar com capacidade inferior àquela para qual foram projetados,

produzindo assim distribuição não homogênea de ar no ambiente.

O resultado disto é danoso. Percebe-se o aparecimento de bolsões de ar estagnado, que são locais

extremamente favoráveis para o desencadeamento de sintomas diversos, prejudiciais aos ocupantes. Dutos

e canalizações de ambientes climatizados, além dos aparelhos condicionadores de ar, passam a

apresentar-se como um excelente habitat para diversas colônias de fungos e bactérias. Em meio a esta

situação passou-se a perceber o surgimento de sintomas indesejados nos ocupantes dos edifícios em

questão, tornando-os susceptíveis ao desenvolvimento de diversas doenças, as quais em alguns casos

tornam-se crônicas, ocorrendo por fim, uma queda acentuada nos níveis de produção.

Segundo NTT (2003) é corriqueiro mensurar em até 100% o nível de contaminação do ar de um

ambiente climatizado em relação ao nível de contaminação do ar externo. Isto se deve ao acúmulo de

umidade e poeira que ocorre em ambientes climatizados e, portanto a proliferação de micróbios e bactérias

é muito maior do que em ambientes abertos. Outro aspecto responsável pela contaminação de um ambiente

é a concentração de pessoas, sendo que estas são responsáveis pela liberação CO2, odores e aumento da

carga térmica devido ao seu metabolismo.

Segundo NIOSH (1987), dentre os principais sintomas de pessoas ocupantes dos ditos ambientes

destacam-se as infecções, as reações alérgicas e irritantes, dores de cabeça e articulares, irritação nos

olhos, nariz e garganta, tosse seca, dermatites, fadiga, sonolência, dificuldade de concentração,

sensibilidade a odores, congestão, sinusite, falta de ar, rinite alérgica, asma brônquica, doença do

Legionário, perda de produtividade e por fim, a ausência freqüente ao trabalho conhecida como

absenteísmo.

Um termo bastante difundido em função dos sintomas relacionados anteriormente e apresentado

por MCQUISTON e PARKER (1994) é "Síndrome dos Edifícios Doentes" (SED), que denomina a situação

dos edifícios que possuem um número superior a 20% de ocupantes portando os sintomas descritos por

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 11

Page 12: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

NIOSH (1987) por pelo menos duas semanas e que esses sintomas desaparecem ao deixar de freqüentar o

edifício.

Uma divisão nesta denominação se faz necessária para caracterizar os edifícios novos ou que

sofreram alguma reforma arquitetônica ou manutenção do sistema de climatização, e, por conseguinte os

sintomas apresentados anteriormente pelos ocupantes, diminuíram ou desapareceram ao longo do tempo.

Os edifícios enquadrados nesta situação passam a serem chamados de “Edifícios Temporariamente

Doentes” e aqueles onde os sintomas permanecem mesmo após as medidas corretivas, são chamados de

“Edifícios Permanentemente Doentes”.

Alguns autores preferem o termo ”Doenças Relacionadas Aos Edifícios” (DRE) uma vez que

entendem que o primeiro termo não tem embasamento científico para ser aplicado. Segundo dados de

NIOSH (1987) apresentados na tabela 3, nota-se que 52% dos problemas relacionados à Qualidade do Ar

Interior, têm sua causa associada aos Sistemas de Climatização.

Tabela 3 – Distribuição dos agentes relacionados à Qualidade do Ar Interior

Agente % de ocorrência

Sistemas de Climatização 52

Contaminantes químicos interiores 20

Contaminantes químicos exteriores 10

Contaminantes Biológicos 5

Agentes desconhecidos 13

Fonte NIOSH (1987)

Como visto, o sistema de climatização tem uma parcela muito maior de influência na qualidade do

ar do que os outros componentes. Os fatores que determinam uma situação de Climatização Inadequada

são bastante conhecidos e podem ser separados em sete grandes grupos, os quais são apresentados a

seguir.

a) Valores baixos de taxa de ar externo

As normas técnicas indicam uma taxa de ar externo da ordem de 27 m3/h por pessoa no interior do

ambiente. O insuflamento de ar em taxas inferiores influencia na má diluição de contaminantes e

odores.

b) Perfil defeituoso de distribuição do ar no ambiente interno

Ocorre em função da colocação de divisórias ou tapumes e outros apetrechos em ambientes onde

estas situações não foram previstas. Outra possibilidade é a ocorrência de curtos circuitos no

processo de insuflamento e a captação do ar de retorno.

c) Falhas no projeto do sistema de climatização

Projeto inadequado para a situação proposta como, por exemplo, carga térmica mal especificada,

número de trocas de ar insuficiente, equipamentos especificados com capacidade inferior à

necessária, baixa qualidade dos equipamentos, assim como tomadas de ar externo, alocadas em

locais de muita concentração de contaminantes.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 12

Page 13: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

d) Controle deficiente das condições ambientais

Ocorre devido à colocação dos equipamentos de controle em locais inadequados, ou mesmo

quando os referidos equipamentos apresentam qualidade duvidosa ou deficiência de

funcionamento.

e) Procedimentos inadequados ou defeituosos de manutenção dos sistemas de climatização.

Os procedimentos de manutenção devem ser elaborados de forma que a manutenção seja sempre

realizada de maneira preventiva e poucas vezes corretiva. Devem também ser especificados

visando sempre uma maior eficiência. A manutenção periódica dos sistemas de climatização é um

dos pontos fundamentais para a qualidade do ar interior, uma vez que diversos contaminantes,

assim como fungos e bactérias tendem a desenvolver-se em elementos dos referidos sistemas. O

sistema de filtragem é responsável por reter partículas externas, eliminar partículas internas

geradas no próprio ambiente e por parte da diluição de odores liberados pelo homem, ou por

máquinas e materiais usados nas atividades.

f) Alterações no perfil da Construção Civil do Edifício

Um projeto de climatização é definido para uma determinada geometria do ambiente. Muitas vezes,

estas geometrias sofrem alterações em função da necessidade de adequação do ambiente a outras

atividades diferentes daquelas inicialmente previstas, porém o sistema de climatização não sofre

alterações na mesma proporção.

g) Usuários não habilitados ou mal informados

Os usuários e operadores dos sistemas de climatização devem ter compreensão acerca do

funcionamento dos equipamentos e assim espera-se evitar que os mesmos apliquem comandos

incorretos, diminuindo a performance dos referidos equipamentos.

Outros fatores que influem na QAI estão associados aos contaminantes internos infiltrados ou

gerados no sistema de climatização e dutos como vapores, gases, poeiras, fungos, bactérias. Tem-se ainda

os contaminantes gerados no próprio ambiente como CO2 exalado da respiração de pessoas, fibras de lã de

vidro desprendidas de isolamento térmico ou acústico, escamas de pele, fios de cabelo, perfumes, odores,

fuligem, poeira e contaminantes presentes na roupa dos trabalhadores, compostos orgânicos voláteis (COV)

e Ozônio (O3).

Em função do exposto, surge a necessidade da intervenção dos profissionais capacitados,

principalmente os de Engenharia de Segurança do Trabalho, no intuito de se garantir a salubridade e a

qualidade do ar interno nos ambientes climatizados. Uma análise da eficácia da legislação passa a ser

ponto primordial nestas questões.

Fica claro, portanto que os edifícios necessitam ter sua concepção baseada no conforto ambiental e

no consumo econômico de energia, função que pode ser determinada pela automação de processos e

projeto arquitetônico fundamentado nas cargas térmicas e trocas de ar. Os fatos mostram a necessidade de

se estimar a eficiência nos processos de climatização e de se tomar extremo cuidado com os produtos

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 13

Page 14: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

envolvidos desde a construção até a utilização das edificações, possibilitando a garantia da qualidade do ar

nestes ambientes.

2.2 Requisitos para a Garantia da Qualidade do Ar Interno

Para uma plena qualidade do ar foram identificados quatro requisitos fundamentais, os quais são

descritos a seguir.

A) - Excelência de Qualidade de Filtros e Sistemas de Filtragem

Em ambientes naturais ou hospitalares a qualidade do sistema de filtragem é cercada de exigências

conforme as áreas de riscos e as atividades desenvolvidas. A pureza do ar em ambientes de tratamento de

saúde auxilia o tratamento de enfermos e impede que trabalhadores e visitantes adquiram problemas de

saúde.

B) - Captação de Ar externo de boa qualidade para renovação

Os pontos de captação de ar externo têm influência direta na qualidade do ar interno, uma vez que

cerca de 10 % do ar insuflado no ambiente é tomado deste local. Em centros cirúrgicos o ar insuflado é

obtido totalmente do ar externo, uma vez que não se pode recircular contaminado pelos procedimentos

cirúrgicos. Assim sendo é de extrema importância que o externo seja captado longe de fontes de

contaminantes e que também possua boa qualidade.

C) - Processos Eficientes de Limpeza e Higienização dos sistemas de climatização e dos Ambientes

A contaminação gerada no interior deve ser removida através de limpeza e higienização. Este

procedimento permite que o ar de recirculação apresente menores índices de contaminação, diminuindo

assim a proliferação de fungos, bactérias e outros contaminantes. Todos os procedimentos de limpeza

devem ser planejados e executados dentro de normas e padrões de qualidade.

No caso de hospitais e estabelecimentos de saúde, estes procedimentos têm um componente

fundamental que é o fato da necessidade de utilização de produtos químicos específicos para cada área de

risco. Após o serviço de higienização, deve-se manter um plano para manutenção e monitoramento da

qualidade do ar, mantendo um padrão de qualidade rígido ao longo do tempo reduzindo-se assim, a

necessidade de novas intervenções.

D) - Controle preciso de Temperatura e Umidade privilegiando o Conforto Térmico

Este ponto influencia diretamente a produtividade dos trabalhadores. Trabalhadores de

Estabelecimentos de Saúde, por exemplo, estão sempre em estado de tensão e o conforto térmico permite

que estes possam executar de forma satisfatória, suas atividades.

3. CONFORTO TÉRMICO

A Qualidade do Ar Interno de um ambiente esta intimamente ligada à sensação de conforto térmico

experimentado pelos ocupantes e é função específica dos sistemas de climatização uma vez que os

parâmetros monitorados por estes são a temperatura, a umidade e a velocidade do ar. O conforto térmico é

um fator subjetivo que indica o estado de espírito de uma pessoa em função de sua satisfação com as

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 14

Page 15: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

características térmicas que um ambiente oferece. Em termos energéticos significa que um homem sentirá

conforto térmico se o balanço de todas as trocas de calor entre este e o ambiente forem nulos.

O conforto térmico de um indivíduo esta associado além das condições ambientais e de sua

vestimenta, ao seu processo de metabolismo, sendo que da energia contida nos processos térmicos

realizados pelo organismo, 20 % é utilizada e 80 % é eliminada na forma de calor, afim de que o seu

equilíbrio térmico seja mantido.

Em condições adversas, o organismo necessita que o seu sistema termo-regulador seja acionado

de forma extrema, o que provoca fadiga térmica, câimbras, esgotamento e por conseqüência, a queda de

rendimento no desenvolvimento de atividades. O metabolismo de pessoas é afetado por diversos fatores

sendo possível citar a idade, a digestão, o ambiente, o nível de atividade, o estado patológico. A medição do

metabolismo se dá observando-se um indivíduo saudável, em jejum de 12 horas em posição deitada.

Um sistema de climatização operando ineficientemente pode permitir uma combinação de

temperatura elevada com umidade também elevada. Essa combinação segundo VERGARA (2001),

aplicada ao ambiente climatizado, reduz a capacidade do corpo humano de manter a sua temperatura

interna correta.

O excesso de calor diminui sobremaneira a produtividade. Segundo HOUSSAY (1984) quando a

temperatura do ambiente ultrapassa 30 oC a produtividade cai aproximadamente 20% sendo que o número

de ocorrência de erros ou falhas aumenta 70%. Um ambiente que fornece conforto térmico aos ocupantes

apresenta como vantagens, um maior rendimento e produtividade dos trabalhadores, além de menor índice

de acidentes e menor incidência de doenças.

Tabela 4 – Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade

Tipo de Atividade Kcal/h

100 Sentado em Repouso

Trabalho Leve

Sentado, movimentos moderados com braços e tronco 125

Sentado, movimentos moderados com braços e pernas 150

De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços 150

Trabalho Moderado

Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas 180

De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação 175

De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação 220

Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 300

Trabalho Pesado

Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos 440

Trabalho fatigante 550

Fonte: Manuais de Legislação Atlas (2003).

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Page 16: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

3.1 Avaliação do Conforto Térmico O método de avaliação de conforto térmico mais conhecido e aceito internacionalmente é o

Predicted Mean Vote (PMV) ou Voto Médio Predito (Estimado), o qual foi desenvolvido pelo professor

dinamarquês Ole Fanger. Este método foi desenvolvido através de experiências de laboratório com

aproximadamente 1300 pessoas.

O PMV consiste em atribuir valores para a sensibilidade humana às variações de temperatura,

sendo que o mesmo é assumido como zero para o conforto térmico, negativo para a sensação de frio e

positivo para a sensação de calor. A figura 3 apresenta os valores atribuídos para as sensações térmicas.

As experiências realizadas por Fanger tinham como objetivo final, obter dados para formular uma

equação que permitisse estimar a sensação térmica média de um grupo de pessoas conhecendo-se as

condições ambientais e o metabolismo destas. O resultado das análises apontou como equacionamento

geral a seguinte função:

PMV = f ( ICT, M )

onde:

f = função de….

ICT = Índice de carga térmica

M = Energia do metabolismo

O índice de carga térmica indica um valor de temperatura aparente a qual é determinada pela

relação entre umidade relativa e temperatura do ar.

A equação geral obtida é a seguinte:

ICTePMV DUAM

•+•=⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛•−

)032.0352.0(042.0

onde:

ADu = Área superficial do corpo (DuBois), (m2)

DuBois é uma equação que determina a área da superfície de uma pessoa (m2) através da relação entre o

seu peso (P) dado em kg e sua altura (h) dada em cm. Esta equação é apresentada na seguinte forma:

ADu=( P0,425 x h0,725) x 0.007184

Figura 3 – Atribuição de valores para a sensação térmica - Fonte Autor

O PMV é bastante influenciado por variáveis como tipo de roupa, velocidade do ar, atividade física e

temperatura do ar. Fanger em seu trabalho desenvolveu uma tabela que indica o PMV em função da

combinação das referidas variáveis, sendo que parte dela esta mostrada no quadro 1.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 16

Page 17: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Devido à impossibilidade de ter-se ambientes onde todos os ocupantes estejam plenamente

satisfeitos com as condições térmicas, é necessário obter o PPD que representa a porcentagem de

pessoas insatisfeitas com o conforto térmico do ambiente e juntamente com o PMV, realizar uma

comparação com os valores recomendados pela Norma ISO 7730 de 1994. Esta comparação pode ser

verificada através da figura 4.

Figura 4 - Porcentagem de insatisfeitos em função do PMV - Fonte RUAS (2001)

Uma análise na figura possibilita observar-se que se 5% dos ocupantes estiveram insatisfeitos com

as condições ambientais ter-se-á uma condição de neutralidade térmica como mostrado na figura 3.

Tomando-se como exemplo o ponto PMV=(1.0) tem-se que a porcentagem de insatisfeitos com a situação

de Levemente Quente é de aproximadamente 26%. Para um PMV=(-2.0) aproximadamente 75% dos

ocupantes estarão insatisfeitos com a condição FRIO.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 17

Page 18: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Quadro 1 – Relação entre PMV, tipo de roupa, velocidade do ar, temperatura e atividade física

Fonte RUAS (2001)

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 18

Page 19: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

4. SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO O conceito de climatização surge da necessidade de utilizar-se recursos eletro-mecânicos com a

finalidade de promover condições de conforto para os ocupantes de recintos ou ambientes ditos confinados.

Segundo a Portaria 3523 do Ministério da Saúde, o conceito Climatização é definido como:

“Conjunto de processos empregados para se obter por meio de equipamentos em recintos fechados, condições específicas de conforto e boa qualidade do ar adequadas ao bem estar dos ocupantes.”

Esta definição leva em conta apenas o aspecto humanista, porém deve-se lembrar ainda que neste

contexto de necessidade de climatização, devem ser incluídos equipamentos, computadores e diversas

outras máquinas, uma vez que tais elementos podem ter sua atuação comprometida ao serem submetidos a

condições ambientais diferentes daquela para qual foram projetados. No entanto este trabalho, por estar

focado em aspectos de segurança do trabalho, ater-se-á a questão de climatização de ambientes do ponto

de vista apenas da saúde dos indivíduos.

É possível verificar uma enorme gama de situações onde a necessidade de climatizar o ambiente se

torna premente. Exemplos destas aplicações são encontrados em aviões, hospitais, trens, automóveis,

submarinos, escritórios, cozinhas comerciais, salas de aula, ambientes de manipulação de remédios e

alimentos, salas de informática, câmaras frigoríficas, auditórios, salas de exposição, museus, cinemas,

saunas, shopping center, bancos, edifícios públicos, restaurantes etc.

As condições específicas de conforto e boa qualidade do ar mencionadas na definição referem-se

principalmente às variáveis de temperatura, umidade, pressão, velocidade, pureza e distribuição entre

outras, e a necessidade de estas apresentarem-se em condições adequadas ao bem estar dos ocupantes

do recinto. Além das variáveis mencionadas deve-se ter ainda em mente a necessidade de eliminação dos

gases, odores e outros contaminantes, deixando o ar “limpo”. Para tal é necessário associar a Ventilação ao

processo de climatização de um ambiente.

Tecnicamente falando, define-se ventilação como sendo a movimentação do ar no interior das

edificações com o intuito de renovar o ar “viciado” e promover a entrada de ar de melhor qualidade.

Segundo PEREIRA FILHO (2003) a Ventilação é o processo de retirar ou fornecer ar por meios naturais ou

mecânicos de um ambiente. A definição apresenta ainda a indicação de que tal processo de ventilação seja

dividido em dois grupos para atividades laborais, sendo que o primeiro contempla a Ventilação para

Ambientes Comerciais como forma de eliminar fumos, odores e calor. O segundo grupo apresenta a

Ventilação para Ambientes Industriais como forma de controlar principalmente a concentração de vários

contaminantes e a redução do calor.

Uma outra divisão é feita quando da Ventilação em função da quantidade de contaminantes no

interior do ambiente climatizado. Pode-se ter a Ventilação Local Exaustora (VLE) a qual é utilizada quando a

fonte de contaminantes é bem conhecida e localizada. Porém, a mais comumente utilizada, embora de

custo mais elevado, é a Ventilação Geral Diluidora (VGD) a qual é utilizada quando existem diversas fontes

de contaminantes no ambiente, e a concentração destes é bastante variada. O processo consiste de

tratamento e insuflamento de ar em vazões suficientes para promover a diluição dos contaminantes no

interior do ambiente.

Os processos de climatização têm como característica, efetuar a mistura de uma parcela de ar do

exterior com outra exaurida do ambiente a ser climatizado. Quando uma das partes ou mesmo as duas

estiverem em condições inadequadas, fatalmente a qualidade do ar estará comprometida. Como exemplo,

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Page 20: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

tome-se uma quantidade elevada de CO2 concentrada em uma área de um ambiente onde o insuflamento

de ar seja insuficiente para efetuar a diluição do mesmo. Certamente os ocupantes da referida área do

ambiente passarão a sentir sintomas indesejáveis, uma vez que a diluição do CO2 naquela situação

apresenta-se de forma insuficiente.

Algumas aplicações podem requerer um grau maior de sofisticação, porém o principio de

funcionamento de um sistema de climatização é aquele conforme mostrado na figura 5.

Figura 5 - Esquema de um Processo de Climatização Típico - Fonte BRASIL (2002)

4.1 Componentes do Sistema de Climatização

Um Sistema de Climatização é constituído de diversos equipamentos que executam diversos

processos que permitem adequar o ambiente às condições requeridas de conforto. O ar é aspirado da

atmosfera através de um ventilador, a seguir passa por um sistema de condicionamento composto de filtros,

serpentinas de resfriamento e desumidificação, umidificadores, resistências de aquecimento, sendo

finalmente levados ao ambiente através de dutos e a vazão de insuflamento é controlada por difusores e

grelhas.

O ar interno é então levado para o exterior através de um exaustor ou ventilador, sendo que parte

deste é misturado ao ar externo para ser, após sofrer novo tratamento, insuflada novamente no ambiente.

Este processo de mistura de parte do ar de retorno com o ar externo é uma maneira de diminuição dos

custos de purificação do ar. Somente em atividades bastante específicas, onde a pureza do ar é

fundamental, todo o ar de insuflamento será proveniente do ar exterior.

Na prática, os procedimentos de escolha dos equipamentos de climatização são baseados em

função da capacidade de refrigeração destes, necessária para remover a carga térmica e prover vazão de

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Page 21: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

insuflamento para a situação que se apresenta. Os sistemas de climatização e condicionamento de ar

possuem algumas características em função de sua utilização e do público a que atendem.

Os sistemas de climatização podem ser do tipo Expansão Direta ou Expansão Indireta sendo que a

condensação pode ser realizada por Ar ou Água. Nos Sistemas de Expansão Direta o refrigerante ao

evaporar resfria diretamente o ar a ser insuflado no ambiente. Já nos Sistemas de Expansão Indireta o

refrigerante resfria um líquido intermediário chamado de refrigerante secundário, que normalmente é água

gelada. Os sistemas de climatização por Expansão Direta normalmente encontrados no mercado são

apresentados a seguir.

a) Condicionadores de ar de janela

São aparelhos compactos, dito autônomos, de baixo custo e de baixa capacidade de

refrigeração (até 2.5 TR). São utilizados principalmente em residências e locais onde existe

pequena concentração de pessoas. São instalados em paredes ou janelas e são de fácil

manutenção e limpeza. Possuem o sistema de aquecimento por reversão de ciclo (bomba de calor),

porém podem não possuir a função de renovação do ar, ou mesmo os usuários podem não se

atentar a essa função no painel de controle do equipamento.

Apresentam como desvantagem o fato de ter pequena capacidade de refrigeração, custo

energético elevado (KW/TR) nível de ruído elevado, distribuição do ar realizada a partir de um único

ponto e alterações nas fachadas dos edifícios.

Figura 6 – Aparelhos de Condicionamento de Ar do Tipo Janela - Fonte Catálogo Hitachi (1995)

b) Sistemas Tipo Split

São aparelhos bastante versáteis e semelhantes aos condicionadores de janela, porém

estes são divididos em duas partes interligadas por conexões onde a primeira (evaporadora)

condiciona o ar e é instalada no interior do ambiente e a segunda (condensadora) é colocada no

exterior do edifício. Estes apresentam maior capacidade de refrigeração (até 5 TR), controle maior

sobre processos de filtração e renovação de ar. Não deve entretanto ser utilizado em locais

impermeáveis, devido ao fato de que a renovação do ar é influenciada pela infiltração deste por

frestas.

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Page 22: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Apresentam a vantagem de não interferirem na arquitetura do edificio, porém apresentam

dificultades quando da necessidade de se aplicar recarga de refrigerante devido a grande perda de

carga a ser evacuada.

Figura 7 – Unidades de Condicionadores de Ar Tipo Split - Fonte Catálogo Carrier

c) Sistemas tipo self-contained

São condicionadores que apresentam como principal característica o fato de abrigarem em

seu gabinete todos os equipamentos inerentes ao processo de climatização como filtragem,

umidificação, desumidificação, aquecimento, refrigeração, ventilação e insuflamento e insuflam o ar

através de rede de dutos. Operam com condensação à água ou a ar. Podem ser utilizados em

ambientes que acomodem grande quantidade de ocupantes ou em locais onde necessita-se de alta

qualidade do ar insuflado. Quando atuam como equipamentos de condensação de água,

necessitam de torre de arrefecimento sendo que não operam como bombas de calor. Operam

normalmente na faixa de 5 a 30 TR. Permite atualizar variações nas demandas de ar insuflado

apresentando ainda baixa custo de manutenção e reposição de peças.

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Page 23: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 8 – Equipamento Self Container e diagrama de Instalação de uma unidade de condenção por água -

Fonte CREDER (1996)

Os sistemas de Expansão Indireta são bastante conhecidos por possuirem uma unidade de

resfriamento de água chamada CHILLER. A água ao ser resfriada é conduzida para as Unidades

Condicionadoras para água gelada (Fan Coils) que compreendem um conjunto de serpentinas acopladas a

um ventilador e um sistema de filtragem por onde passa o ar a ser condicionado. A capacidade destes

equipamentos varia entre 20 a 220 TR para compressores alternativos e de 250 a 1000 TR para

compressores centrífugos. Em alguns casos podem ser projetados para que a condensação seja realizada

também por ar.

As vantagens deste sistema residem no fato de que apresentam maior economia no custo de

operação, controle bastante preciso das condições ambientais, alta eficiência em cargas parciais, facilidade

de manutenção e menor área ocupada devido à centralização do equipamento em um único local. No

entanto, estes equipamentos apresentam uma maior complexidade construtiva, além de necessitarem de

resistências ou caldeiras para promoverem aquecimento no ambiente.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 23

Page 24: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 9 – Instalação Tipo Fan-Coil/Chiller - Fonte CREDER (1996)

Como visto, as instalações que utilizam equipamentos tipo CHILLERS ou SELF-CONTAINEDS

necessitam de torres de resfriamento para promover a condensação. As torres são equipamentos que

utilizam vaporização flash para reduzir a temperatura do ar. Este processo consiste de evaporar-se micro-

gotas de spray de água produzido pela passagem desta por bicos atomizadores.

Ao evaporar nestas condições a água retira calor do ar, promovendo assim a dimuição da

temperatura de uma grande área ao redor do conjunto ventilador aspersor. É necessario monitorar os

parâmetros físicos para que não haja saturação nas condições de umidade relativa do ar. A figura abaixo

mostra o esquema de uma Torre de Refrigeração onde o ar é admitido pela parte inferior e é forçado a

passar através de um fluxo de água, saindo porteriormente pela parte superior.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 24

Page 25: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 10 – Esquema de Torre de Refrigeração - Fonte CREDER (1996)

5. FILTROS DE AR Quando da climatização artificial de ambientes é necessário prover sistemas que protejam os

ocupantes e as máquinas de impurezas contidas no ar, provenientes do ar exterior ou produzidas no próprio

local. Para tal função são utilizados filtros tanto na tomada de ar na parte externa dos edifícios quanto no

interior de dutos de circulação. Estes são responsáveis também pela pureza do ar a ser insuflado no

ambiente climatizado. Sistemas projetados com bom programa de manutenção, boa estanqueidade, boas

taxas de renovação de ar e ainda associados a sistemas de filtragens com eficiência elevada apresentam

na maioria dos casos, elevada qualidade do ar.

A eficiência de filtragem deve ser determinada em função da alta capacidade de retenção de

partículas e da vazão de ar externo de modo a assegurar-se duas condições de contorno bem definidas. A

primeira implica em conseguir-se uma boa diluição dos contaminantes de modo que estes atinjam um nível

aceitável de contaminação interna em função do número de ocupantes e da atividade desenvolvida. A

segunda condição implica em determinar-se a quantidade de ar externo que pode ser reduzida do fluxo

inicial, ao se utilizar filtros na recirculação sem prejudicar a qualidade do ar interno. Para estas duas

condições é necessário assumir-se que o ar externo esteja em conformidade com as regulamentações

ambientais. Outro fator que influencia diretamente na capacidade de filtragem é a estanqueidade do sistema

e a limpeza periódica de dutos e filtros.

Para as diversas atividades desenvolvidas em ambientes climatizados existem regulamentações

quanto ao tipo e qualidade de filtragem. Em caso de partículas em suspensão são disponibilizados filtros

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Page 26: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

grossos, finos e absolutos, sendo que cada tipo tem uma eficiência média para um determinado tamanho

das referidas. A ABNT regulamenta os diversos tipos de filtros e suas eficiências para utilização em diversos

tipos de ambientes. A tabela 5 apresenta a classificação dos filtros utilizados no Brasil.

O Ministério da Saúde exige que sejam utilizados em edificações e escritórios, no mínimo filtros do

tipo G1. Em estabelecimentos de saúde como clínicas e hospitais que possuem áreas que necessitam de

ventilação, a exigência segundo BROWN (1993) é de que sejam utilizados filtros absolutos capazes de reter

microorganismos. O custo do sistema de filtragem esta intimamente ligado a sua capacidade de manter o

ar limpo. Sistemas que necessitem de ar ultralimpo tem um custo elevado de energia e de implantação.

Quando da necessidade de sistemas de filtragem com alto índice de eficiência pode-se adotar os

filtros HEPA (high efficiency particulate air), que apresentam 99,97% de eficiência com relação a partículas

de 0.3 µm e podem reter 99% ou mais dos agentes micro biológicos. Uma das desvantagens desse

sistema é a elevada perda de carga que este impõe aos sistemas de climatização, interferindo

enormemente no fluxo de ar.

Tabela 5 - Classificação de Filtros

Classe de Filtro Eficiência %

G0 30-59 Grossos

G1 60-74

G2 75-84

G3 85 e acima

F1 40-69 Finos

F2 70-89

F3 Acima de 90

A1 85-94,9 Absolutos

A2 95 – 99,96

A3 99,97 e acima

Métodos de ensaios

Classe G: teste gravimétrico, conforme ASHRAE 52-76.

Classe F: teste colorimétrico, conforme ASHRAE 52-76

Classe A: teste DOP, conforme U.S Militar Standard 282.

Fonte ABNT NBR 6401 (1980)

Para o caso de odores, microorganismos, COV etc, devem ser utilizados os filtros de carvão ativado

que efetuam a limpeza através de adsorção, associados ou não com filtros biocidas que contém agentes

bactericidas, fungicidas e algicidas, associados ou não entre si.

No processo de seleção de filtros deve-se prever um estágio de filtro grosso para tomada de ar

externo, pelo menos de classe G1. Este limitará a entrada de agentes e sujeira no prédio protegendo

primeiramente os equipamentos do sistema de climatização. Se a qualidade do ar externo não atende aos

requisitos mínimos em termos de gases e odores, deve ser instalado um filtro de carvão ativado juntamente

com o primeiro.

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Page 27: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

A figura 11 apresenta exemplos de filtros antibactericidas e antimicrobianos utilizados

principalmente no combate a mofos, fungos e bactérias existentes no ar. de carvão ativido. Na figura 11.a

tem-se um exemplo típico de um filtro HEPA utililizado em ambientes super-críticos.

Figura 11 – Filtros Antibactericidas e antimicrobianos – Fonte www.troxbrasil.com.br

Figura 11.a – Filtros HEPA – Fonte www.troxbrasil.com.br

6. PADRÕES DE PARTÍCULAS

O material particulado suspenso no ar é constituído de aerodispersóides ou aerosóis, isto é,

dispersão de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante reduzido. Os aerosóis são classificado de

acordo com sua formação como mostrado a seguir.

- POEIRAS – são partículas sólidas resultantes da desintegração mecânica de substâncias orgânicas ou

inorgânicas (rochas, minérios, metais, carvão, madeira, grãos, pólens, etc), seja pelo manuseio, operações

de esmagamento, de moagem, trituração, detonação e outros.

- FUMOS – são pequeníssimas partículas sólidas resultantes da condensação, ressublimação ou reação

química de vapores, geralmente, provenientes da volatização de metais em fusão ( fumos de óxidos de

zinco, de chumbo, etc.).

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 27

Page 28: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

- FUMAÇA – são partículas resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos (fumaças

industriais).

- NÉVOAS – são aerosóis constituído por partículas líquidas (gotículas) resultantes da condensação de

vapores, ou dispersão mecânica de líquidos ( névoa de ácido crômico, de ácido sulfúrico, tinta pulverizada e

agrotóxicos).

Além das partículas não biológicas, provenientes principalmente da combustão do cigarro e de

combustíveis, que estão associadas a agravos na saúde, destacam-se os bioaerossóis, que correspondem

ao material biológico transmitido pelo ar. Os contaminantes biológicos incluem microrganismos (bactérias,

fungos, vírus), ácaros, pólen, traças, pêlo e fezes de animais.

As bactérias e fungos são os mais freqüentemente associados com biocontaminantes e com

queixas quanto à qualidade de ar de interiores. A figura 12 apresenta as características principais de

partículas e aerodispersóides como tamanhos, métodos de avaliação de tamanhos, equipamentos de

coleta, velocidade terminal de queda etc.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 28

Page 29: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 12 – Características de partículas e aerodispersóides - Fonte MESQUITA et al (1977)

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 29

Page 30: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Partícula Tamanho da Partícula (microns)

Lã de vidro 1000 Areia da praia 100 - 10000 Névoa 70 - 350 Fertilizante 10 - 1000 Fibras Têxteis 10 - 1000 Isolação de fibra de vidro 1 - 1000 Grão de poeira 5 - 1000 Ácaros da poeira 100 - 300 Pó de serra 30 - 600 Pó de chá 8 - 300 Café 5 - 400 Pó de osso 3 - 300 Cabelo 5 - 200 Pó de cimento 3 - 100 Poeira Têxtil 6 - 20 Esporos 3 - 40 Pó de carvão 1 - 100 Pó de ferro 4 - 20 Pó de face (maquiagem) 0.1 - 30 Poeira de Talco 0.5 - 50 Asbesto 0.7 - 90 Pigmentos de Pintura 0.1 - 5 Poeira metalúrgica 0.1 - 1000 Argila 0.1 - 50 Tonalizador da copiadora 0.5 - 15 Gotas líquidas 0.5 - 5 Anthrax 1 - 5 Poeira atmosférica 0.001 - 40 Sal do mar 0.035 - 0.5 Bactérias 0.3 - 60 Bromo 0.1 - 0.7 Fumo do óleo 0.03 - 1 Fumo do tabaco 0.01 - 4 Vírus 0.005 - 0.3 Poeira atmosférica típica 0.001 to 30 Açúcares 0.0008 - 0.005 Pesticidas e Herbicidas 0.001 Dióxido de carbono 0.00065 Oxigênio 0.0005

1 micron é a milionésima parte do metro

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 30

Page 31: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

7. CONTAMINANTES É evidente a necessidade de que ambientes climatizados devem ser “controlados” por

equipamentos sofisticados que monitoram diversas variáveis de conforto térmico e salubridade e minimizem

o consumo de energia elétrica. Mesmo com tal sofisticação, o ar de um ambiente climatizado pode

apresentar uma distribuição de contaminantes que são provenientes de diversos locais e equipamentos.

Grande parte das fontes de contaminantes ocorre principalmente nos sistemas de climatização. A estrutura

da edificação, o mobiliário, o carpete, odor e carga térmica dos ocupantes e contaminantes do ar externo

também contribuem para a distribuição destes no ar interno.

Como visto no item 2.2, dentre os agentes causadores de doenças pulmonares, 52% são

associados aos Sistemas de Climatização e o restante tem sua origem ligada a diversos tipos de

Contaminantes e Agentes desconhecidos. Torna-se necessário proceder-se à identificação dos mesmos,

mostrando-se suas origens, formas de proliferação, seus efeitos, as maneiras de identificá-los e os

procedimentos de controle dos mesmos.

7.1 Contaminantes Químicos Interiores

Muito dos poluentes encontrados no ar de ambientes internos provém do próprio meio, ou seja,

estão contidos em tintas de paredes ou móveis, tapetes, produtos de limpeza, computadores, copiadoras e

o próprio ocupante, o qual produz dióxido de carbono através da respiração. São encontrados também

aerossóis biológicos provenientes de suor e perfumes. Nos locais onde é permitido fumar, a condição de

contaminação de um ambiente piora extremamente, devido aos cerca de 4000 compostos químicos

presente no cigarro. Alguns equipamentos como aquecedores, fogões e quaisquer outros aparelhos em que

haja combustão são fontes internas de dióxido de carbono. Os principais grupos de contaminantes químicos

interiores serão apresentados a seguir.

7.1.a Compostos Orgânicos Voláteis

Dentre os tipos de contaminantes químicos internos descritos, pode-se identificar os Compostos

Orgânicos Voláteis, que são aqueles que possuem em sua constituição, carbono e hidrogênio e, volatilizam-

se à temperatura ambiente. Materiais de construção da edificação, acabamento, decoração e de mobiliário

permanecem eliminando COV em ambientes fechados por tempos indeterminados. Outras fontes são os

processos de combustão, emissões metabólicas de microorganismos e fotocopiadoras. No quadro a seguir

são apresentados os principais compostos e suas fontes.

Quadro 2 - Principais compostos orgânicos encontrados no ambiente interno

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 31

Page 32: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Composto Fontes de Emissão

Acetona Cosméticos

Álcoois Álcool de Limpeza, agentes de limpeza

Aromáticos Tintas, Adesivos, gasolina, combustão

Tintas, Adesivos, gasolina, combustão Alifáticos

Benzeno Fumaça de Cigarros, Escapamento de Veículos

Tetracloreto de Carbono Fungicidas, Inseticidas

Clorofórmio Produtos utilizados em lava-louças e lava roupas, produtos de limpeza

Diclorobenzeno Desodorantes de ambientes, naftalina

Formaldeído Madeira Prensada

Cloreto de Metileno Solventes de Tintas e Tintas

Estireno Fumaça de Cigarro

Tetracloretileno Roupas lavadas a seco

Tricloroetano Roupas lavadas a seco e aerossóis

Tricloroetileno Cosméticos, partes eletrônicas, bebidas, desodorizantes

Terpenos Perfumados, tecidos, fumaça de cigarros, alimentos, betume

Fonte REEVE (1994)

Produtos à base de aerossóis e umidificadores melhoram o transporte dos compostos orgânicos

para a fase vapor o que facilita a absorção destes pelo sistema respiratório. Devido à quantidade elevada

de fontes de COV é muito difícil determinar-se a detecção da uma fonte específica e a concentração isolada

do contaminantes, Portanto, é possível ter-se situações onde uma fonte relativamente pequena pode

solicitar baixas taxas de ar para diluição, embora sua toxidade seja elevada. O custo e o tempo para

identificação e medida são elevados e o total medido é desprezado, uma vez que os valores de

concentração são bastante pequenos. Segunto MACINTYRE (1990) normalmente escritórios apresentam

níveis de contaminação da ordem de poucos µg/m3 (microgramas por metro cúbico) até alguns mg/m3

(miligramas por metro cúbico).

Os principais sintomas relacionados à exposição a esses compostos são cansaço, dores de cabeça,

tonturas, fraqueza, sonolência, irritação dos olhos e pele. Um composto pode interagir com outro e por

conseqüência os sintomas podem se agravar, ou seja, os elementos juntos apresentam potencialização

maior em relação a efeitos do que a soma dos efeitos de vários compostos. Um agravante deste quadro é a

combinação com condições desfavoráveis de temperatura e umidade do ar. Uma indicação dos órgãos de

saúde é que se minimize o tempo de permanência em ambientes com elevada quantidade de fontes de

COV.

7.1.b Materiais particulados

São contaminantes produzidos através da mistura física e química de diversas substâncias

presentes em suspensão no ar como sólidos ou sob a forma líquida (gotículas, aerossol). Os mecanismos

de formação podem ser através de atrito entre partes moveis ou pela ação de umidificadores. Algumas

atividades como varrer, tirar pó ou aspirar facilitam o movimento das partículas, colocando-as em

suspensão e em contato com o ar.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 32

Page 33: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Estes contaminantes representam a forma mais visível de poluição e não exigem instrumentação

sofisticada para sua detecção, podem ser notados a olho nu. O tamanho das partículas pode variar de

0,005 a 100 µm, sendo que o problemático para a saúde são as partículas pequenas o bastante para passar

pelas vias aéreas superiores e alcançar os pulmões, embora em avaliações de qualidade do ar a faixa de

estudo esteja entre 0,1 a 10 µm. No caso de partícula maiores que 15 µm, estas são grandes demais para

serem inaladas.

A composição química dos materiais particulados é bastante variável, podendo constituir-se de

amianto, fibras minerais, fibras sintéticas, esporos fúngicos, restos de insetos e resíduos alimentares, pólen,

aerossóis de produtos de consumo e alérgenos.

7.1.c Contaminantes Biológicos

De acordo como HOUSSAY (1994) os contaminantes biológicos são constituídos por bactérias,

fungos, leveduras, grão de pólem, ácaros, esporos etc. Contaminantes biológicos são bastante conhecidos

por causarem doenças infecciosas, tuberculose além de hipersensibilidade. Podem apresentar alto grau de

toxidade causando diversos efeitos desagradáveis.

A hipersensibilidade à pneumonia desenvolvida por diversas pessoas, esta associada à inalação de

esporos de fungos, sendo que em edifícios chamados doentes as queixas são freqüentes. O nível de

hipersensibilidade é determinado pela susceptividade das pessoas a tal exposição.

Os fatores que determinam a proliferação de contaminantes biológicos são umidade elevada do

ambiente, ventilação reduzida, poucas aberturas nos edifícios, sistemas de aquecimento com temperaturas

elevadas. Pessoas e animais domésticos liberam fungos e bactérias. A umidade elevada é responsável pelo

aumento das populações de ácaros e o crescimento de fungos sobre superfícies úmidas.

Um dos principais contaminantes biológicos relacionado a sistemas de climatização é a

LEGIONELLA PNEUMOPHILA, a qual é responsável por um tipo de pneumonia conhecida como “Doença

dos Legionários”. Esta se desenvolve em meios aquáticos como águas estagnadas, umidificadores,

bandejas de condensação e torres de refrigeração e são insufladas no ar através dos dutos, sendo

posteriormente inaladas na forma de aerossóis.

7.1.d Componentes Químicos

De acordo com MACINTYRE (1990), em edifícios climatizados é bastante comum encontrar a

proliferação de componentes químicos. Dentre os componentes gerados pode-se destacar os seguintes:

- Monóxido de carbono (CO) produzido a partir da combustão de matérias que contém Carbono em sua

constituição em locais com nível insuficiente de Oxigênio. Ocorrem geralmente em aquecedores de água,

fogões e aparelhos que se destinem a aquecimento. Ocorre também da fumaça de cigarros e emissões de

veículos quando a captação do ar para sistemas de climatização esta localizada próxima à rua. O CO

possui alta afinidade com a hemoglobina reduzindo a capacidade dos glóbulos vermelhos de transportar

oxigênio para os tecidos, provocando a morte de células por inanição.

– Dióxido de carbono (CO2) produzido através de combustão de combustíveis fósseis e processos

metabólicos. Este é responsável pelo controle da frequência de respiração de uma pessoa. O aumento do

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 33

Page 34: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

nível de CO2 provoca a sensação de falta de ar e por conseqüência a frequência respiratória é aumentada

para compensação deste efeito. Sua concentração em ambientes climatizados depende principalmente do

número de ocupantes, uma vez que estes emitem-no através do processo de respiração.

- Óxido de nitrogênio (NO) é resultado de combustões a alta temperatura, como queima de combustíveis de

veículos. Entra em ambientes através dos sistemas de captação quando estes estão colocados no nível da

rua. Pode interferir no transporte de oxigênio para os tecidos produzindo efeitos parecidos como os do CO e

ainda edema pulmonar quando em grandes concentrações.

- Dióxido de nitrogênio (NO2) produzido em ambientes internos a partir da queima de combustíveis

orgânicos em aparelhos como fogões a gás e aquecedores de ambiente, além de fumaça de cigarro. O NO2

age como um agente irritante, afetando os olhos, pele e a mucosa do nariz, sendo que em altas

concentrações pode afetar também a garganta e o trato respiratório. Devido ao fato de ser pouco solúvel em

água provoca mínima irritação no trato respiratório superior, agindo ativamente no trato inferior. A exposição

a pequenas concentrações pode aumentar a possibilidade de infecções respiratórias.

- Dióxido de enxofre é subproduto de combustão de combustíveis fósseis e compostos a base de enxofre,

apresentando cheiro característico em altas concentrações. Apresenta alta solubilidade em água sendo

absorvido pelas membranas do sistema respiratório, formando ácido sulfúrico e sulfuroso. Causa danos não

só aos ocupante como também aos equipamentos e móveis, uma vez que em contato com umidade produz

produtos corrosivos.

- Amônia (NH3) utilizado principalmente como refrigerante em sistemas de refrigeração de grande porte e

também em produtos de limpeza. Apresenta alta solubilidade em água e é bastante tóxico apresentando

cheiro característico. Afeta diretamente o trato respiratória superior uma vez que estes são bastante úmidos.

7.1.e Contaminantes gerados por Ocupantes

As atividades desenvolvidas pelos ocupantes e por conseqüência o metabolismo associado a estas,

alteram a qualidade do ar por diminuição da concentração de oxigênio e aumento da concentração de

dióxido de carbono. Respiração, transpiração e a preparação de alimentos adicionam vapor d’água, bem

como outras substâncias que geram odores à atmosfera interna.

7.2 Contaminantes Químicos Exteriores

Os contaminantes químicos exteriores mais conhecidos são aqueles provenientes de descargas de

automóveis e de gases de chaminés de fabricas. Dentre os gases pode-se destacar os monóxidos e

dióxidos de carbono, o dióxido de nitrogênio, o dióxido de enxofre, o ozônio, vapores de chumbo e metais

pesados. A contaminação dos ambientes pelos elementos citados se dá principalmente em função de

entradas de ar, localizadas no nível do terreno ou próximas ao tráfego. Na figura 13 é possível visualizar a

contaminação do sistema de climatização, devido à proximidade da captação do ar externo com fontes

emissoras de contaminante.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 34

Page 35: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 13 – Contaminação na captação de ar externo - Fonte NTT (2003)

Outra variável que permite a contaminação é o fato de os equipamentos não se encontrarem em

boas condições de manutenção permitindo assim, a dispersão dos contaminantes pelo sistema de

ventilação e climatização.

7.3 Agentes Desconhecidos

A chamada deste item apenas ressalta a necessidade de investigações acerca da ocorrência de

diversas sintomalotogias indicadas por ocupantes, sem que os agente causadores pudessem ser

identificados. Como visto anteriormente, estes são responsáveis por um elevado nível de problemas

pulmonares.

8. DOENÇAS ASSOCIADOS À QUALIDADE DO AR INTERNO Em função dos problemas na qualidade do ar em ambientes climatizados, várias doenças que

afetam o sistema respiratório podem ser difundidas nestes locais. Estas doenças podem ser diagnosticadas

e definidas clinicamente em função dos sintomas apresentados pelos ocupantes os quais podem ser

atribuídos aos contaminantes existente no ar.

As doenças respiratórias adquiridas em ambientes de trabalho são conhecidas como Doenças

Pulmonares Ocupacionais. Estas são causadas pela inalação de partículas, névoas, vapores ou gases

nocivos no ambiente de trabalho. Estas substâncias podem se depositar nas vias aéreas ou nos pulmões,

dependendo de tamanho e do tipo de partículas que as compõem. Partículas maiores tendem a ficar retidas

nas narinas ou nas vias aéreas, sendo que as menores tendem a atingir os alvéolos pulmonares.

Existem alguns fatores que permitem identificar doenças relativas à qualidade do ar de edifícios.

Freqüentemente deve-se monitorar fatores como tosse, rouquidão, catarro, dores no peito, náuseas,

tonturas, febres, arrepios e dores musculares. Segundo NIOSH (1987), algumas das principais doenças

relacionadas aos problemas citados, assim como os sintomas, são relacionadas a seguir.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 35

Page 36: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

8.1 Doenças Ocupacionais Das Vias Aéreas Inferiores

8.1.1 Doença do Legionário ou Legionelose

A doença do legionário é causada pela bactéria Legionella pneumophila e por outras espécies de

Legionella. A doença do legionário tende a ocorrer em épocas como o final do verão e início do outono. A

bactéria Legionella vive em meios aquáticos e tendem a se propagar pelos de sistemas de climatização de

edifícios. A doença do legionário pode produzir sintomas diversos desde simples tonturas, podendo

entretanto, ser letal.

Os principais sintomas são fadiga, febre, cefaléia e dores musculares, tosse seca, dificuldade

respiratória, diarréia, confusão mental e outros distúrbios mentais.

8.1.2 Asma Ocupacional

É definida como sendo um espasmo reversível das vias respiratórias, tornando a respiração difícil.

Estes espasmos estão associados à inalação de partículas ou de vapores, e são bastante freqüentes em

ocupante sensíveis a produtos irritantes. A figura 14 apresenta o sistema respiratório acometido de asma.

Pode-se perceber a inflamação indicada pelos tons avermelhados nos pulmões.

Os sintomas são dificuldade respiratória, sensação de opressão no peito, sibilos (chio de peito),

tosse, espirros, coriza e lacrimejamento. Estes ocorrem predominantemente horas depois que o trabalhador

termina sua jornada de trabalho. Em alguns casos podem desaparecer por um período de tempo, surgindo

a seguir. Esta característica por vezes dificulta o estabelecimento da relação entre os sintomas e a

qualidade do ar.

Figura 14 – Quadro típico de Asma - Fonte www.medlineplus.gov

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 36

Page 37: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

8.1.3 Pneumonia

A pneumonia é uma infecção dos pulmões que, envolve os alvéolos e os tecidos circunjacentes.

Freqüentemente, a pneumonia é a doença terminal de indivíduos portadores de outras doenças crônicas

graves. A pneumonia é um conjunto de diversas doenças diferentes. Na figura 15 tem-se em destaque o

efeito de entupimento causado pela pneumonia.

São associadas a diversas bactérias como Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae,

Staphylococcus aureus, Legionella, Haemophilus influenzae e também vírus como a gripe e a varicela.

Alguns fungos também causam pneumonia.

Os sintomas comuns da pneumonia são a tosse, dor toráxica, calafrios, febre e dificuldade

respiratória.

Figura 15 – Quadro típico de Pneumonia - Fonte www.medlineplus.gov

8.1.3.a Pneumonia Pneumocócica

O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a causa bacteriana mais comum de pneumonia. O

indivíduo infectado com um dos oitenta tipos conhecidos de pneumococos adquire uma imunidade parcial

contra a reinfecção desse tipo, mas não se torna imune aos demais tipos. Geralmente, a pneumonia

pneumocócica inicia após uma infecção viral do trato respiratório superior (resfriado, faringite ou gripe) ter

lesado suficientemente os pulmões, a ponto de permitir que pneumococos infectem a área.

O paciente apresenta tremores e calafrios, acompanhados por febre, tosse, dificuldade respiratória

e dor torácica (no lado do pulmão afetado). Também são comuns a náusea, vômito, fadiga e dores

musculares. Freqüentemente, o escarro apresenta uma cor de ferrugem devido à presença de sangue.

Existe uma vacina que protege até 70% dos indivíduos contra infecções pneumocócicas graves.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 37

Page 38: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

8.1.3.b - Pneumonia Viral

É um tipo de pneumonia causada por alguns tipos de vírus como por exemplo o vírus sincicial

respiratório, o adenovírus, o vírus da parainfluenza, vírus da influenza, vírus do sarampo e o vírus da

varicela.

8.1.3.c - Pneumonia por Fungos

É um tipo de pneumonia causada por fungos, destacando-se três tipos em especial: o Histoplasma

capsulatum, que causa a histoplasmose, o Coccidioides immitis, que causa a coccidioidomicose, e o

Blastomyces dermatitidis, que causa a blastomicose. Após serem inalados os fungos podem causar uma

pneumonia aguda ou crônica.

Os principais sintomas são tosse, febre, dores musculares e dor torácica sendo que estes podem

persistir por meses.

8.1.4 Pneumonite de Hipersensibilidade

A pneumonite por hipersensibilidade é uma manifestação clínica de um grupo de doenças

pulmonares, resultantes da sensibilização por exposições recorrentes a inalações de partículas antigênicas e

material orgânico. É uma inflamação que atinge os alvéolos pulmonares sendo causada por reação alérgica

a poeiras orgânicas inaladas e substâncias químicas. As poeiras orgânicas são aquelas que contêm

microrganismos ou proteínas. A exposição às poeiras produz sensibilização dos linfócitos e formação de

anticorpos, acarretando a inflamação dos pulmões e um acúmulo de leucócitos nas paredes dos alvéolos.

Pode ser chamada de alveolite alérgica extrínsica . É uma resposta imune à partículas que são

menores que 5 μ e que chegam nos bronquíolos terminais, respiratórios e alvéolos. A resposta dependerá da

partícula inalada. Clinicamente é uma dispnéia, sibilância, febre, tosse seca, mal estar geral e fadiga, após

exposições periódicas.

Os principais sintomas são febre, tosse, calafrios e dificuldade respiratória, perda de apetite, náusea

e vômito sendo que a freqüência dos sintomas é de quatro a oito horas após a exposição aos

contaminantes. A evolução é progressiva, com perda de peso. Não há sintomas agudos da exposição. Pode

evoluir cronicamente para cor pulmonale. Com a evolução da doença aparecem opacidades regulares e

irregulares, difusas, aumento da trama traqueobrônquica, redução volumétrica dos pulmões e faveolamento.

8.1.5 Fibrose Pulmonar Idiopática

A fibrose pulmonar é causada por muitas doenças, especialmente por aquelas que envolvem

alterações do sistema imune e são provenientes de vírus, micoplasmas, tuberculose disseminada, poeiras

minerais (sílica, carbono, limalha metálica, asbesto), poeiras orgânicas, gases, fumaças e vapores. O termo

idiopático significa “de origem desconhecida”. A figura 16 mostra um sistema respiratório acometido de

fibrose pulmonar com o pulmão direito apresentando faixas de cicatrização e formação de cavidades.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 38

Page 39: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 16 – Quadro típico de Fibrose Pulmonar Idiopática - Fonte www.medlineplus.gov

Os sintomas mais comuns são dificuldade respiratória, tosse, perda de apetite, perda de peso,

cansaço, fraqueza e dores vagas no tórax. O esforço excessivo do coração pode levar a uma insuficiência

cardíaca.

8.2 Doenças Ocupacionais das Vias Aéreas Superiores

8.2.1 Rinites Alérgicas e Irritativas

Rinites Alérgica são provenientes de Animais de laboratório, grãos de café verde, farinha de trigo,

poeira de cereais, cedro vermelho,anidrido trimetílico e ftálico,isocianatos, papel cópia não carbonado.

Existem mais de 200 substâncias listadas como causa de Rinites Irritativas, entre eles os halogênios (flúor,

cloro, bromo, iodo), e seus compostos, dos ácidos fortes, e de solventes orgânicos com baixo ponto de

evaporação.

As figuras abaixo mostram quadros típicos de Rinite e Dermatite respectivamente.

Figuras 17e18 – Quadro Típico de Rinite e Dermatite - Fonte www.medlineplus.gov

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 39

Page 40: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

O quadro a seguir apresenta as principais doenças associadas aos Edifícios.

Quadro 3 – Doenças associadas aos Edifícios

Patologia Agente Causador Fisiopatologia Apresentação Clínica

Bactéria Legionella

Pneumofilia

Infecção Respiratória

por bactérias viáveis

dispersas no ar

Tosse seca febre,

mialgia, calafrios.

Pode evoluir para

morte

Legionelose

Reação Inflamatória

com granulomas e

fibrose causadas por

reações de

hipersensibilidade

Febre, mialgia, tosse e

pneumonias

recorrentes

Pneumonite de

Hipersensibilidade

Antígenos associados

com fungos, bactérias

protozoários, insetos e

endotoxinas

Os mesmos da

Pneumonite de

Hipersensibilidade

Resposta Inflamatória

transitória e sem

formação de

granulomas

Febre, mialgia e

astenia, sem sintomas

ou seqüelas

pulmonares

Febre do umidificador

Ácaros, fungos

alérgenos de animais,

toxinas bacterianas

Irritação inespecífica

ou exacerbação de

inflamação alérgica

preexistente

Plurido e obstrução

nasais, coriza,

espirros, tosse, sibilos

e dispnéia

Rinite e Asma

Exposição a produtos

irritativos como lã de

vidro, produtos de

limpeza

Dermatite de contato

irritativo ou alérgica

Plurido, descamação,

eritema, pápulas ou

vesículas

Eczema ou Dermatite

de Contato

Fonte www.alergohouse.com.br

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 40

Page 41: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

O quadro a seguir apresenta um resumo dos principais contaminantes e seus sintomas

característicos

Quadro 4 – Contaminantes e seus efeitos

NO O Chumbo e Material CO CO SO2 2 3 2 Dióxido Dióxido Ozônio Metais Particulado Monóxido Dióxido

de de Pesados de de Enxofre Nitrogênio Carbono Carbono

Queimação nos olhos X X X

Ardência nas narinas X X X X X

Falta de ar X X X X X X X

Rinite X X X X X

Sinusite X X X X X

Tosse X X X X X

Pressão alta X X X X X X

Stress X X X X X X

Enxaqueca X X X X X

Escamação da pele X X

Dor nos ossos X X

Dor de cabeça X X X X X

Tontura X X X X

Ansiedade X X X X

Perda dos sentidos X X X X X

Entupimento do nariz X X X X

Dor de ouvido X X X X

Pressão sobe o coração X X X X X

Fonte NIOSH (1987)

9. LEGISLAÇÃO SOBRE QUALIDADE DO AR INTERNO Os ambientes que apresentam condições severas de contaminação ou de conforto são tidos como

insalubres e dependendo da gravidade podem ser caracterizados como portadores de periculosidade.

Segundo BRASIL – CLT (2003) a insalubridade tem os seguintes termos:

“Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.”

A legislação brasileira sobre Qualidade do Ar Interno resumia-se a procedimentos de manutenção

dos sistemas de climatização e conforto térmico. Os parâmetros sobre o projeto e manutenção de sistemas

de condicionamento de ar sempre foram pautados pelas normas da ABNT e similares estrangeiras. Um

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 41

Page 42: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

certo destaque para o assunto foi obtido após a morte do ex-ministro de comunicações Sérgio Motta. Este

senhor foi vitimado por uma infecção hospitalar proveniente de alto grau de sujidade nos Dutos de

Condução de Ar no hospital onde estava internado. Verificou-se então, que as condições de salubridade

não mais poderiam ser pautadas pelos parâmetros determinados pelas normas previstas na legislação

anterior.

Surge então a Portaria 3523 de 28 de agosto de 1998, cujo texto tem por objetivo, a minimização

dos riscos potenciais à saúde dos ocupantes em função de sua permanência em ambientes climatizados,

procurando criar um Plano de Manutenção dos Sistemas de Climatização de Edifícios Públicos,

Residenciais, etc, mais completo do que os utilizados até então.

Nesta portaria está contemplada também a exigência da limpeza e desinfecção de dutos e sistemas

de ar condicionado com capacidade superior a 5 TR em edifícios públicos, hotéis, hospitais etc, e de

verificações semestrais nos Sistemas de Climatização, além da limpeza e higienização dos mesmos.

Regulamenta ainda a definição de parâmetros físicos e composição física, química e biológica, além das

tolerâncias e métodos de controle, bem como os pré-requisitos de projetos de instalação e de execução de

sistemas de climatização.

Esta portaria define ainda que, o seu descumprimento configura infração sanitária, acarretando

pesadas multas para os infratores, remetendo-os as penalidade previstas na Lei n° 6.437, de 20 agosto de

1977. Com o passar do tempo, verificou-se que a portaria precisava identificar instrumentos que

mensurassem sua eficácia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em função desta

preocupação, redigiu então, a Resolução 176 de 24 de outubro de 2000, a qual cria os Padrões

Referenciais de Qualidade do Ar Interno e determina ainda a necessidade de um responsável técnico,

quando de instalações de grande porte.

Os resultados obtidos com a resolução 176, mostraram que esta ainda teria que ser aperfeiçoada,

uma vez que os trabalhadores dos edifícios públicos, continuavam apresentando sintomas de doenças

relacionadas aos sistemas de climatização. Em 16 de janeiro de 2003, a ANVISA editou a Resolução 9, com

a finalidade de sanar as falhas identificadas na resolução 176.

A Resolução 9 trouxe novidades como a determinação de recolhimento regular de amostras do ar

de qualquer área de trabalho, sendo que anteriormente apenas áreas com superfície superior a 3000

metros quadrados estavam obrigadas a tal atividade. Outra alteração diz respeito à determinação dos

limites máximo de contaminação através de contaminantes biológicos e químicos.

Atualmente as normas e legislações acerca de qualidade do ar utilizadas no Brasil são aquelas

indicadas a seguir.

- Portaria no 3523 de 28/08/1998 do Ministério da Saúde

- Resolução ANVISA nº 9, 16 de janeiro de 2003

- RDC 50 ANVISA - Regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de

projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

- RENABRAVA I - Recomendação Normativa ABRAVA para Execução de Serviços de Limpeza e

Higienização de Sistemas de Distribuição de Ar.

- RENABRAVA II – Qualidade do Ar Interior em Sistemas de Condicionamento de Ar e Ventilação para

Conforto

- NBR 6401 - Instalações centrais de ar condicionado para conforto – Parâmetros básicos de projeto.

- NBR 5413 – Iluminância de Interiores.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 42

Page 43: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

- NBR 7256 - Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) – Requisitos para projeto

e execução das instalações.

- NBR 3422 - Agentes químicos no ar – Coleta de aerodispersóides por filtração.

- NBR 9547 - Material particulado em suspensão no ar ambiente – Determinação da concentração total pelo

método do amostrador de grande volume.

- NBR 14679 - Sistemas de condicionamento de ar e ventilação – Execução de serviços de higienização.

- Resolução CONAMA No 3 de 28/06/90

- NBR 13.971 - Sistemas de Refrigeração, Condicionamento de Ar e Ventilação - Manutenção programada

- Norma ANSI / ASHRAE 52.1 (Gravimetric and Dust-Spot Procedures for Testing Air-Cleaning Devices

Used in General Ventilation for Removing Particulate Matter).

- Norma ANSI/ASHRAE 62-2004 - Ventilation for Acceptable Indoor Air Quality. (em manutenção

permanente) e projetos de adenda publicados em 2004.

- Norma ANSI/ASHRAE 129-1997- Measuring Air-Change Effectiveness.

- Norma ASHARAE 55-1992 – Thermal Environmental Conditions for human occupancy

- Norma Regulamentadora 07 do Ministério do Trabalho e Emprego – Programa de Controle Médico e

Saúde Ocupacional - PCMSO

- Norma Regulamentadora 09 do Ministério do Trabalho e Emprego – Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais - PPRA

- Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho e Emprego – Atividade e Operações Insalubres.

- Norma Regulamentadora 31 do Ministério do Trabalho e Emprego – Segurança e Saúde no Trabalho em

Serviços de Saúde

- Lei n. 8078 de 11 de setembro de 1990 – Lei do Consumidor

- Lei 10257 de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade

- Lei 6437 de 20 de agosto de 1977 – Infrações à Lei Sanitária Federal

- Lei 9695 de 20 de agosto de 1998 – Altera os arts. 2, 5 e 10 da lei 6437

- Medida Provisória n. 2190-34 de 23 de agosto de 2001 – altera dispositivos das leis 9782 e 6437

- NHO 02 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Análise Qualitativa da Fração Volátil (Vapores

Orgânicos) em colas, tintas e vernizes por Cromatografia Gasosa / Detector de Ionização de Chama.

- NHO 03 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Análise Gravimétrica de Aerodispersóides

Sólidos coletados sobre Filtros de Membrana.

- NHO 04 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Método de Coleta e Análise de Fibras em

Locais de Trabalho – análise por microscopia ótica de constraste de fase.

- NHO 07 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Calibração de Bombas de Amostragem

Individual pelo Método da Bolha de Sabão.

- Guia de Contratação de Empresas Prestadoras de Serviços em Controle de Qualidade do Ar de Interiores

Brasindoor

- Limites Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos e Índices Biológicos de Exposição

(BELs) - ACGIH 2005.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 43

Page 44: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

10. PADRÕES DE QUALIDADE DO AR A seguir são apresentados em forma de tabela os padrões de qualidade do ar indicados pela IAQA

(Associação Internacional de Qualidade do Ar em Interiores). O Brasil adota vários destes parâmetros como

referência para suas normas, efetuando alguns ajustes para a necessidade sócio econômico do país.

Tabela 6 - Padrões Recomendados para Ambientes Confinados

IAQA 01 Parâmetro Limite/Escala Referência

Parâmetros Físicos o ASHRAE 55 1.1 Temperatura Verão 20 – 24 C

Inverno 22 – 26 oC

1.2 Umidade Relativa 30 % - 65 % Florida Dept.Man.Ser

1.3 Movimento do Ar 0.25 m/s WHO/OMS

3.0 Filtragem 25% - 30% Efeitos da Poeira ASHRAE 52.1

4.0 Pressurização 1 - 5 Pascals Florida solar Energy Center;

Lstiburek 35.1 Partículas Respiráveis 50 µg/m State of Califórnia, Air

Resources Board 35.2 Particulados em Sistemas

HVAC Limpos

1.0 µg/m NADCA 1992-01

Parâmetros Químicos

6.1 Monóxido de Carbono 9 ppm EPA- National Ambient Air

Quality Standard

6.3 Ozônio 0.05 ppm OMS / WHO 3 7.1 Total da Volatilidade Orgânica de

Compostos

3 µg/m (0.64 ppm) Molhave, 1990

7.2 Formaldeído 0.06 µg/m3 (0.05 ppm) Health & Welfare Canada

Parâmetros Biológicos

8.1 Fungos e Bioaerossóis 300 UFC/m3 total Robertson, 1997

50 UFC/m3 individual

(excetuando Cladosporium)

8.2 Bactéria, Bioaerosóis (culturable) 500 CFU/m3 total OMS / WHO

Fonte www.waysoflife.comoO Brasil através da Resolução CONAMA n 3 estabelece a qualidade mínima aceitável do ar

exterior usado para renovação. Os limites da tabela 7 são também válidos para o ar interior. A tabela 8

indica os limites recomendados para alguns contaminantes importantes do ar interior.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 44

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Tabela 7 – Limites de concentração do ar exterior

Poluente Tempo de amostragem Padrão primário

(µg/m3)

Dióxido de Enxofre (SO2) 24 horas (1)

MAA (3)

365

80

Partículas Totais em

Suspensão (PTS)

24 horas (1)

MGA (2)

240

80

Partículas inaláveis 24 horas (1)

MAA (3)

150

50

Fumaça 24 horas (1)

MAA (3)

150

60

Monóxido de Carbono (CO) 1 hora (1)

8 horas

40000 (35 ppm)

10000 ( 9 ppm)

Ozônio 1 hora (1) 160

Dióxido de Nitrogênio (NO2) 1 hora (1)

MAA (3)

320

100

Fonte CONAMA (1990)

Notas

Padrão Primário: São concentrações de poluentes, que ultrapassados, poderão afetar a saúde da

população

(1) Não deve ser excedido mais que uma vez por ano

(2) Média Geométrica Anual

(3) Média Aritmética Anual

Tabela 8 - Padrões Adicionais de Qualidade do Ar Interior

Poluente Padrão primário Fonte

desejável até 1000 ppm

máx. 2000 ppm Dióxido de Carbono (CO2) ASHRAE / SMACNA

Componentes Orgânicos

Voláteis 3 ASHRAE max 300 a 1000 µg/m

3max. 0.12 µg/m Formaldeído WHO / ASHRAE

(0,1 ppm)

até 750 UFC/ m3 (a)

(bactérias e fungos viáveis)

HBI

Healthy Buildings Internacional Padrão microbiológico

Fonte CONAMA (1990)

(a) aceitável desde que não inclua espécies infecciosas ou alergênicas. Verificando-se a ocorrência de tais

espécies, mesmo com contagens totais menores, devem ser tomadas medidas corretivas.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 45

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QUALIDADE DO AR INTERNO

11. METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DO AR Para determinar-se a Qualidade do Ar de um ambiente climatizado, é necessário lançar mão de

metodologias destinadas a tal finalidade. Existem diversas metodologias disponíveis, sendo que a aceitação

ou não dos resultados obtidos, cabe aos órgãos regulamentadores.

No Brasil a metodologia adotada para estes casos é aquela sugerida pelas Resoluções e

Regulamentos Técnicos da ANVISA em concordância com as normas técnicas da ABNT. Estas

normalizações determinam os parâmetros a serem avaliados, de forma a obter-se o nível de qualidade do ar

em um determinado local climatizado. A ANVISA indica em sua resolução 9 que os edifícios com

características diferenciadas como serviço médico e de saúde, restaurantes e creches devem ter suas

amostragens realizadas de forma isolada e com critérios diferenciados.

Os parâmetros fundamentais sugeridos e definidos pelas regulamentações para serem avaliados

são os seguintes:

- Material particulado

- Umidade relativa, Temperatura e Velocidade do ar

- Fungos, bolores e bactérias

- Dióxido de Carbono (CO2)

São definidos também outros parâmetros para uma análise mais completa da qualidade do ar,

embora estes não sejam adotados corriqueiramente. A ANVISA coloca como prioridade a medição dos

parâmetros fundamentais citados anteriormente. Os parâmetros complementares são os seguintes:

- Monóxido de Carbono (CO)

- Formaldeídos

- Dióxido de Nitrogênio (NO2)

- Compostos Orgânicos Voláteis (COV)

- Compostos Orgânicos Semi-Voláteis (COS-V)

- Ozônio (O3)

- Avaliação do nível de satisfação dos usuários

O monitoramento da concentração de CO2 é bastante importante uma vez que no ambiente interior

ele é produzido mais fortemente pelo metabolismo dos ocupantes, indicando assim se o sistema de

climatização esta bem dimensionado para atender esta demanda. No entanto, na Consulta Pública 109 da

ANVISA este monitoramento não esta mais previsto, sendo substituído pela contagem de partículas

inaláveis.

A resolução 9 da ANVISA ainda em vigor determina a metodologia apresentada nos próximos itens,

a fim de permitir a avaliação da qualidade do ar interno. A tabela 9 apresenta o número mínimo de amostras

em função da área construída.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 46

Page 47: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Tabela 9 - Número mínimo de amostras em função da área construída

Área Construída (m2) Número mínimo de amostras

Até 1000 1

1000 a 2000 3

2000 a 3000 5

3000 a 5000 8

5000 a 10000 12

10000 a 15000 15

15000 a 20000 18

20000 a 30000 21

Acima de 30000 25

Fonte ANVISA (2003)

11.1 Determinação de Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos a serem avaliados são a temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. O

objetivo é quantificar temperatura e umidade como marcadores epidemiológicos de saúde e a velocidade do

ar como marcador epidemiológico de conforto ambiental.

Os limites admitidos para estes parâmetros são:

Temperatura: 23°C a 26°C no verão

20°C a 22°C no inverno

Umidade: 40% a 65% no verão

35% a 65% no inverno

Velocidade: 0,025 m/s a 0,25 m/s

As medições de temperatura e umidade devem ser realizadas com um termohigrômetro dotado de

sensor de temperatura do tipo termo-resistência e sensor de umidade do tipo capacitivo ou por

condutividade elétrica. A faixa de operação deve ser 0 a 70 oC com exatidão de ± 0.8 o C para temperatura

e 5 a 95 % com ± 5% do valor medido para umidade. No caso da velocidade do ar deve ser utilizado

anemômetro do tipo fio aquecido ou fio térmico com faixa de medição de 0 a 10 m/s e exatidão de ± 4% do

valor medido. Os equipamentos devem ser calibrados anualmente.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 47

Page 48: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 19 – Termo-Higrômetro e Anemômetro de Fio Aquecido - Fonte Catálogo Energética Equipamentos

de Qualidade do Ar

O número de amostragens é definido conforme a área construída do edifício. Os pontos de

amostragens devem ser distribuídos uniformemente e os instrumentos devem estar localizados a uma

distância de 1.5 m do chão. A tabela 10 apresenta o número mínimo de amostras em função da área

construída.

11.2 Controle microbiológico

Este contempla a pesquisa da microbióta fúngica, aplicando-se a coleta, encubação, contagem total

e identificação dos fungos e bactérias presentes no ar de ambientes internos climatizados. O objetivo é

quantificar e identificar os fungos de maneira que estes sejam utilizados como marcadores epidemiológicos

da Qualidade do Ar.

É possível através desta analise obter-se uma avaliação do ambiente em relação à

hipersensibilidade dos indivíduos. A resolução traz em seu texto um fator que relaciona o número de fungos

do ar interno com o ar externo. Através desta relação pode-se determinar que um ambiente é dito tolerável

se a contagem de fungos for no máximo 50% maior do que o ambiente externo. O número de fungos é

dado em relação a unidades formadoras de colônias (UFC) e o limite para o ambiente interno é de 750

ufc/m3. É preciso salientar que os fungos não podem ser dos tipos patogênicos e toxicogênicos.

A coleta de amostras é realizada utilizando-se um impactador linear do tipo Andersen, podendo este

apresentar 1, 2 ou 6 estágios. A figura 20 mostra um Impactador Andersen de 1 estágio. O processo

consiste de aspirar o ar com uma vazão de 28.3 l/min durante um período de 5 a 15 minutos, fazendo-o

passar por um elemento filtrante e forçando-o a depositar-se em uma placa de petri contendo o meio de

cultura. Para coleta de fungos, os meios de cultura indicados são o Agar Extrato de Malte, Agar Sabouraud

ou o Agar Batata. Para a coleta de bactérias deve-se utilizar o Agar Sangue de Carneiro.

Figura 20 – Impactador Andersen de 1 estágio - Fonte Catálogo Energética Equipamentos de Qualidade do

Ar

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 48

Page 49: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

O processo procura simular a maneira como fungos ou bactérias são inalados pelo sistema

respiratório e os estágios em que ocorrem. A figura a seguir ilustra este processo de inalação.

Figura 21 – Relação entre o número de estágios do amostrador e os estágios de inalação do sistema

respiratório - Fonte Catálogo Energética Equipamentos de Qualidade do Ar

As amostras são então lacradas com fita de teflon e enviadas ao laboratório de análises para

encubação, contagem e identificação de fungos, conforme rotina de embalagem com nível de

biossegurança 2. O tempo de incubação mínimo é de 7 dias em uma temperatura de 25 oC permitindo-se

assim o crescimento total dos fungos.

O número de amostragens é definido conforme a área construída do edifício. Os pontos de

amostragens devem ser distribuídos uniformemente e os instrumentos devem estar localizados a uma

distância de 1.5 m do chão. A tabela 10 apresenta o número mínimo de amostras em função da área

construída.

11.3 Determinação de aerodispersóides

Este procedimento permite a contagem de particulados aerodispersos, através do método de

gravimetria. O objetivo é quantificar a matéria particulada no ar ambiental (poeira). A matéria particulada é

um marcador epidemiológico que indica a deficiência de filtragens ou acúmulo de sujidade em dutos ou

ainda em ambientes interiores. O limite para considerar-se o ambiente adequado é 80 mg/m3 de

aerodispersóides totais no ar.

O procedimento de amostragem consiste de aspirar o ar do ambiente interno por intermédio de uma

bomba de amostragem com vazão recomendada de 2 l/min, fazendo-o passar por um porta-filtro onde se

encontra uma unidade de filtro. Esta unidade é constituída de uma mistura de ésteres de celulose com

porosidade de 5 µm e diâmetro de 37 mm. O tempo de amostragem é fixado em função do volume a ser

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 49

Page 50: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

amostrado, sendo que este pode variar de 50 a 400 l. Como exemplo tome-se um volume de 50 litros com

uma vazão de 2 l/min, tem-se que o tempo de amostragem será de 25 minutos.

A metodologia consiste de pesar-se os filtros (em balança de precisão) na preparação junto à

portas-filtros e posteriormente à amostragem. A diferença de massas aplicada ao volume amostrado indica

a concentração de aerodispersóides. A bomba deve ser calibrada por calibrador específico ou através do

método de bolhas. A figura 22 apresenta uma bomba de amostragem sendo calibrada. Os filtros, quando de

sua colocação nos porta filtros, devem ser deixados em repouso por no mínimo 3 horas para que sua massa

fique estabilizada e também para que os efeitos eletrostáticos sejam minimizados. Um filtro testemunha

deve ser mantido em local reservado a fim de se avaliar possíveis alterações na balança.

O número de amostragens é definido conforme a área construída do edifício e apresentado na

tabela 10. Os pontos de amostragens devem ser distribuídos uniformemente e os instrumentos devem estar

localizados a uma distância de 1.5 m do chão.

Figura 22 – Calibração de Bomba de Amostragem - Fonte Autor

11.4 Determinação de CO2 (Dióxido de Carbono)

Este procedimento determina a contagem de CO2 através de sensor eletrônico. O objetivo é

quantificar os níveis residuais de CO2 uma vez que este gás é utilizado como um marcador epidemiológico

de renovação de ar externo, em função da quantidade de ocupantes e do metabolismo destes. O limite para

ambientes é de 1.000 ppm de dióxido de carbono (CO2).

O processo consiste de leitura direta dos valores instantâneos do indicados no visor do

equipamento. As amostragens devem ser realizadas a 1.5 m do chão e o número destas é aquele definido

pela tabela 10.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 50

Page 51: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 23 – Medidor de CO2 - Fonte Catálogo Energética Equipamentos de Qualidade do Ar

11.5 Contador de Partículas

Este equipamento tem a função de avaliar o material particulado em salas limpas. Em alguns casos

pode-se utilizá-lo para avaliar-se também outros ambientes e o ar externo. Nestas situação é necessário

acoplar ao equipamento, um acessório chamado Isodiluidor permite a operação do contador de partículas

em mais altas concentrações.

Um contador de partículas com o isodiluidor acoplado, é mostrado na figura 24. A amostra de ar é

captada através de uma bomba de sucção à uma taxa de fluxo constante da ordem 1 cfm, sendo que este

passa por um feixe de raio laser. As partículas presentes dispersam a luz a medida que atravessam o feixe

luminoso. Esta luz é focalizada sobre um fotodetector o qual converte o sinal ótico em um sinal elétrico. O

contador processa então o sinal elétrico gerando impulsos que permitem a realização do dimensionamento

e contagem das partículas.

Quatro canais de faixas granulométricas (0,5 μm – 5 μm; 5 μm – 10 μm; 10 μm – 25 μm; >25 μm)

permitem a separação das partículas. Assim é possível determinar-se numericamente as concentrações de

particulado existente no ar e estimar o seu possível destino nos diferentes ramos do trato respiratório.

Figura 24 - Contador de partículas com o isodiluidor acoplado - Fonte Autor

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 51

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QUALIDADE DO AR INTERNO

12. MEDIDAS PARA CORREÇÃO DOS PROBLEMAS DE QUALIDADE DO AR A atuação à frente de problemas de qualidade do ar em ambientes climatizados é constituída de

diversos procedimentos. Quando do projeto da edificação, várias medidas preventivas podem ser tomadas

para evitar ou minimizar os ditos problemas.

Neste sentido, vale a pena ressaltar medidas como evitar a construção de lajes de teto, acima dos

forros falsos sem revestimento de massa lisa. Outro ponto é que a utilização destes forros falsos com fins

de isolamento térmico ou acústico, constituídos de material fibroso desprotegido, favorece a acumulação de

poeira e a proliferação de microorganismos. Projetar locais isolados para a instalação de máquinas

copiadoras e impressoras e também para fumantes, permite o controle de contaminantes produzidos nestes

espaços.

No caso de construções mais velhas ou reformadas, num primeiro instante deve-se considerar uma

coleta de dados acerca das características de operação e funcionalidade dos sistemas de climatização do

ambiente em questão. Os dados a serem coletados são:

- Determinação das quantidades de ar de fornecimento, retorno e exaustão.

- Condições de manutenção de difusores, termostatos, ventiladores e registros.

- Existência de procedimentos de operação

- Conhecimento dos funcionários acerca da operação e manutenção dos sistemas

- Comissionamento do sistema, ajustes, testes e balanceamento após a instalação.

- Existência de Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC)

- Medição da umidade e temperatura externas e internas

- Medição de Vazão do Sistema

- Tipo de sistema utilizado: de volume constante, de volume variável

- Existência de odores, poeira excessiva ou mancha nos filtros.

- Existência de problemas de higiene que podem introduzir contaminantes do ar como fungos e bactérias

- Ocorrência de fontes pontuais de contaminação (máquinas ou equipamentos de combustão)

- Atividades insalubres nas proximidades do edifício

- Posicionamento das tomadas externas de ar

- Avaliação de concentração de contaminantes como dióxido e monóxido de carbono, dióxidos de nitrogênio

e enxofre, compostos orgânicos voláteis etc.

- Diferenças de pressão que podem remover os contaminantes de uma área para outra ou para fora do

edifício

- Dados sobre densidade de ocupantes e atividades desenvolvidas

- Questionamento acerca de queixas

- Outros dados dependendo da complexidade do sistema e/ou do ambiente

Após o levantamento dos dados característicos pode-se lançar mão de processos ou metodologias

capazes de corrigir os problemas identificados de qualidade do ar. Algumas destas metodologias são

descritas nos próximos subitens.

Para o caso de construções novas ou em projeto pode-se levar a cabo as seguintes medidas:

- Projetar paredes mais robustas aproveitando-se a inércia térmica dos materiais de construção.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 52

Page 53: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

- Prever Áreas envidraçadas somente onde possibilitem a utilização da luz natural. É necessário rever a

idéia de belos prédios totalmente envidraçados, porém mesmo assim necessitando de luz artificial e

conseqüentemente sistemas de ar condicionado maiores.

- Dimensionar onde for possível, ambientes com profundidade máxima de 3,5 metros, para a qual a

iluminação natural ainda é satisfatória. A partir dessa profundidade, torna-se necessária iluminação artificial.

- Utilizar lâmpadas que produzam maior iluminação por kW consumido.

- Utilizar protetores externos - brises nas fachadas mais expostas à radiação solar. Protetores internos são

benéficos no aspecto de impedir a radiação direta sobre o usuário, porém boa parte do calor permanece no

ambiente.

- Sempre que possível, privilegiar a ventilação natural. Nos projetos de ar condicionado deve-se observar as

normas pertinentes e adotar soluções tecnológicas que minimizam o consumo de energia.

- Privilegia a utilização de sistema de ar condicionado central com utilização de caixas VAV (volume variável

de acordo com a variação da carga térmica) e não de VAC ( volume constante ).

- Utilizar controles que incorporem variadores de freqüência atuando sobre motores de bombas e

ventiladores. Desse modo o consumo será proporcional à carga térmica, que é variável ao longo do dia e

dos meses.

- Analisar a relação tonelada de refrigeração por consumo de energia elétrica na escolha dos equipamentos,

principalmente compressores das centrais de água gelada.

- Utilizar tecnologias de termo-acumulação e co-geração, onde aplicável.

- Projetar sistemas que garantam condições de temperatura, velocidade do ar e umidade relativa que

satisfaçam o conforto térmico e não permitam proliferação de fungos, mofos, vírus e bactérias.

12.1 Sistemas de Supervisão e Controle Predial

Os chamados sistemas inteligentes são providos de Sistemas de Supervisão e Controle Predial

(SSCP), os quais apresentam como característica principal, a automatização de 60 a 70% dos sistemas de

climatização. A questão de economia de energia é um dos principais focos destes sistemas. Segundo

BETTONI (2003) as principais características de um sistema de supervisão é a operacionalidade que

permite regular as condições ambientais em função da variação das características do ar interno e externo.

As tecnologias existentes para controle predial são basicamente as mesmas encontradas nos

sistemas direcionados às indústrias. Aparentemente, a grande diferença entre o controle predial e o

industrial é meramente comportamental. Parte desta diferença deve-se às especificidades dos processos.

Para a melhor aplicação destes é necessário também se ter um plano de gerenciamento de

qualidade do ar. Um modelo deste plano é apresentado no Anexo A.3. Foram desenvolvidos vários

algoritmos otimizados de controle bastante específicos e dedicados para o setor predial sendo que a

principal técnica utilizada é o Sistema Digital de Controle Distribuído. Este sistema é constituído de

Processadores de gerenciamento, Controladores de sistema e Controladores de campo conforme mostrado

na figura a seguir.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 53

Page 54: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 25 - Fluxograma de Controle em edifícios inteligentes - Fonte BETTONI (2003)

12.2 Ionização Negativa

Uma alternativa bastante eficaz para solucionar o problema de Qualidade do Ar, é a utilização de

sistemas de purificação ar baseados em ionização negativa. Os ambientes climatizados que possuem

materiais sintéticos como plásticos, fibras, aparelhos elétricos, computadores, motores, fumos, poeiras,

reduzem drasticamente a concentração de íons negativos, aumentando a de íons positivos, o que torna o

ambiente insalubre.

O processo de ionização negativa é baseado no efeito de Bricard onde os contaminantes presentes

no ar ao adquirem uma carga negativa, têm aumentado sua massa e precipitam-se ao chão na forma de

poeira.

Quando pequenos íons são gerados permanentemente na presença de um aerossol composto de

partículas neutras (sem carga), as partículas adquirem a mesma carga muito rapidamente devido à difusão

dos íons para as partículas. A precipitação do aerossol ocorre então com uma taxa dependente da

densidade total da carga dos pequenos íons e da mobilidade das partículas.

Figura 26 – Processo de Ionização Negativa - Fonte www.ways-of-life.com

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 54

Page 55: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

12.3 Lâmpadas Ultravioletas

Outra alternativa para o controle de contaminantes orgânicos são as lâmpadas ultravioleta de baixa

pressão de onda curta, projetadas para produzir raios Ultra Violeta de comprimento de onda médio de

253.7nm. Este comprimento de onda tem a capacidade de exterminar a maioria dos microorganismos

presentes no ar.

A tecnologia ultravioleta de desinfecção é bastante utilizada em dutos de ar devido a dificuldade de

acesso a estes locais. A figura a seguir mostra o desenho esquemático de dois tipos bastante comuns de

lâmpadas ultravioletas, encontrados facilmente no mercado.

Figura 27 – Esquema de Lâmpadas Ultravioleta - Fonte www.waysoflife.com

13. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO A operação de HIGIENIZAÇÃO consta de limpeza mecânica dos ambientes, onde estão instaladas

as máquinas, os equipamentos de refrigeração e/ou insuflamento, de todos os dutos do sistema.

Os serviços de higienização são realizados considerando-se diversos critérios típico para sistemas

de climatização. O processo de limpeza e higienização deve ser realizado na totalidade dos equipamentos

do sistema de climatização instalado, compreendendo-se casas de máquinas, maquinário, tomadas de ar

externo, salas de umidificação, filtros, serpentinas, dutos principais, derivações, grelhas de saída, enfim tudo

que se relacione com o sistema.

A Limpeza pode ser do tipo mecânica incluindo todos os acessórios como registros, difusores

grelhas e "dumpers", componentes do sistema. Os locais onde haja móveis e/ou equipamentos sensíveis

deverão receber um tratamento especial com proteção de forma a evitar contaminação por detritos ou

sujeiras decorrentes da execução dos serviços de limpeza dos dutos, das casas de máquinas ou dos

próprios equipamentos.

A limpeza deverá se processar sempre na direção do fluxo de ar, ou seja, deve se iniciar na origem

do insuflamento - (casa de máquinas e nas próprias máquinas), devendo sempre ter o cuidado de deixar a

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 55

Page 56: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

parte já limpa protegida de contaminações decorrentes das limpezas subseqüentes. Para tanto deverá

existir sempre uma obstrução entre os trechos já limpos e os trechos á serem limpos.

O serviço deverá ser executado com utilização de equipamentos apropriados às dimensões físicas,

formato e tipo de revestimento da superfície a ser limpa, sendo capaz de remover com eficiência todo e

qualquer tipo de sujidade que for encontrado, sem danificar as características superficiais específicas do

material a ser limpo.

Todo o serviço deverá ser constantemente monitorado, de forma a permitir o acompanhamento no

tempo real de sua execução, conservando sempre uma iluminação adequada para garantir a sua qualidade,

bem como permitir um perfeito acompanhamento por parte da fiscalização.

A remoção da sujeira do interior dos dutos deve ser executada com utilização de métodos

industriais de alta potência, com sistemas de coleta e acondicionamento dos poluentes removidos de forma

que impeça a contaminação do ambiente, das instalações existentes e que disponha das seguintes

características:

- velocidade de aspiração do ar não inferior a 10m/s

- Ao menos com duas etapas de filtragem (pré - filtragem mínima de 85% gravimétrico e filtragem

final absoluta em 99,99%)

- os filtros devem permitir o controle da perda de pressão do ar, por meio de manômetros com

identificação dos limites operacionais)

Os materiais recolhidos no processo de limpeza deverão ser removidos para locais apropriados, sob

inteira responsabilidade da Empresa contratada para execução dos serviços, sendo vedada a estocagem

dos resíduos nas dependências do Estabelecimento.

Nos casos em que se constate a presença de gorduras, graxas, etc., a limpeza deverá ser feita com

produto adequados à sua remoção, garantindo a não contaminação química do produto no sistema, com a

completa remoção dos resíduos do produto utilizado.

Após a Higienização (limpeza), deve-se proceder a descontaminação de todo o sistema de

climatização, que deverá ser feita com base nos resultados do diagnóstico inicial. O tratamento de

descontaminação se fará com aplicação de fungicidas, e/ou bactericidas e/ou inseticidas, adequados, com

utilização do produto recomendado para o tipo de contaminação encontrado ao longo de todas as

superfícies de contato com o ar insuflado para os ambientes de trabalho.

Esta condição refere-se principalmente a dutos e/ou dos equipamentos envolvidos na operação,

conforme o caso, observando todas as recomendações e/ou exigências existentes nas legislações

nacionais e/ou internacionais. Não se deve proceder à utilização de quaisquer produtos corrosivos nas

partes metálicas ou que favoreçam reações químicas com os materiais em que serão aplicados,

comprometam a sua vida útil, ou possibilitem a odorização dos ambientes.

Todos os produtos descontaminantes a serem usados deverão ser, reconhecidos, registrados e

autorizados oficialmente pelo Serviço Público Federal competente, e classificados como não tóxicos ou

nocivos ao bem estar dos usuários. Fará parte desse tratamento a aplicação de produtos inibidores para

conter novas contaminações e impedir a proliferação de fungos, bactérias e/ou insetos.

A figura 28 mostra o esquema de um processo de limpeza mecânica em dutos de sistemas de

climatização. Um robô faz o trabalho de inspeção nos dutos, verificando o grau de sujidade dos mesmos e

coletando amostras dos elementos existentes. A seguir, a área a ser limpa é isolada, sendo então

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 56

Page 57: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

conectada a um aspirador de poeiras. Outro robô, como mostrado na figura 29, dotado de escovas caminha

no sentido oposto, promovendo a retirada da sujeira, a qual é captada pelo aspirador.

Figura 28 – Esquema de limpeza de dutos – Fonte www.canair.com.br

Figura 29 – Robô para Limpeza de Dutos – Fonte www.canair.com.br

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 57

Page 58: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

BIBLIOGRAFIA

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Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 58

Page 59: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

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Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 59

Page 60: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

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NIOSH. Occupational Respiratory Diseases, USA, 1987, 801 p.

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Page 61: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

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OLIVEIRA, M.G., Makaron, P.E., Mororne, L.C. Aspectos epidemiológicos dos acidentes de trabalho em um

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www.alergohouse.com.br, consulta em 14 de janeiro de 2005

www.cabano.com.br, consulta em 20 de abril de 2004

www.canair.com.br , consulta em 15 de maio de 2004

www.troxbrasil.com.br, consulta em 21 de novembro de 2004

www.ways-of-life.com, consulta em 15 de abril de 2005.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 61

Page 62: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

ANEXOS A.1 PORTARIA Nº 3.523, DE 28 DE AGOSTO DE 1998

PORTARIA Nº 3.523, DE 28 DE AGOSTO DE 1998

O Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 87, Parágrafo único, item II, da Constituição

Federal e tendo em vista o disposto nos artigos 6º, I, "a", "c", V, VII, IX, § 1º, I e II, § 3º, I a VI, da Lei nº 8.080, de 19 de

setembro de 1990;

considerando a preocupação mundial com a Qualidade do Ar de Interiores em ambientes climatizados e a ampla e crescente

utilização de sistemas de ar condicionado no país, em função das condições climáticas;

considerando a preocupação com a saúde, o bem-estar, o conforto, a produtividade e o absenteísmo ao trabalho, dos

ocupantes dos ambientes climatizados e a sua inter-relação com a variável qualidade de vida;

considerando a qualidade do ar de interiores em ambientes climatizados e sua correlação com a Síndrome dos Edifícios

Doentes relativa à ocorrência de agravos à saúde;

considerando que o projeto e a execução da instalação, inadequados, a operação e a manutenção precárias dos sistemas de

climatização, favorecem a ocorrência e o agravamento de problemas de saúde;

considerando a necessidade de serem aprovados procedimentos que visem minimizar o risco potencial à saúde dos

ocupantes, em face da permanência prolongada em ambientes climatizados, resolve:

Art. 1º - Aprovar Regulamento Técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação

visual do estado de limpeza, remoção de sujidades por métodos físicos e manutenção do estado de integridade e

eficiência de todos os componentes dos sistemas de climatização, para garantir a Qualidade do Ar de Interiores e

prevenção de riscos à saúde dos ocupantes de ambientes climatizados.

Art. 2º - Determinar que serão objeto de Regulamento Técnico a ser elaborado por este Ministério, medidas

específicas referentes a padrões de qualidade do ar em ambientes climatizados, no que diz respeito a definição

de parâmetros físicos e composição química do ar de interiores, a identificação dos poluentes de natureza física,

química e biológica, suas tolerâncias e métodos de controle, bem como pré-requisitos de projetos de instalação e

de execução de sistemas de climatização.

Art. 3º - As medidas aprovadas por este Regulamento Técnico aplicam-se aos ambientes climatizados de uso

coletivo já existentes e aqueles a serem executados e, de forma complementar, aos regidos por normas e

regulamentos específicos.

Parágrafo Único - Para os ambientes climatizados com exigências de filtros absolutos ou instalações especiais,

tais como aquelas que atendem a processos produtivos, instalações hospitalares e outros, aplicam-se as normas

e regulamentos específicos, sem prejuízo do disposto neste Regulamento.

Art. 4º - Adotar para fins deste Regulamento Técnico as seguintes definições:

a) ambientes climatizados: ambientes submetidos ao processo de climatização.

b) ar de renovação: ar externo que é introduzido no ambiente climatizado.

c) ar de retorno: ar que recircula no ambiente climatizado.

d) boa qualidade do ar interno: conjunto de propriedades físicas, químicas e biológicas do ar que não apresentem

agravos à saúde humana.

e) climatização: conjunto de processos empregados para se obter por meio de equipamentos em recintos

fechados, condições específicas de conforto e boa qualidade do ar, adequadas ao bem-estar dos ocupantes.

f) filtro absoluto: filtro de classe A1 até A3, conforme especificações do Anexo II.

g) limpeza: procedimento de manutenção preventiva que consiste na remoção de sujidade dos componentes do

sistema de climatização, para evitar a sua dispersão no ambiente interno.

h) manutenção: atividades técnicas e administrativas destinadas a preservar as características de desempenho

técnico dos componentes ou sistemas de climatização, garantindo as condições previstas neste Regulamento

Técnico.

i) Síndrome dos Edifícios Doentes: consiste no surgimento de sintomas que são comuns à população em geral,

mas que, numa situação temporal, pode ser relacionado a um edifício em particular. Um incremento substancial

na prevalência dos níveis dos sintomas, antes relacionados, proporciona a relação entre o edifício e seus

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 62

Page 63: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

ocupantes.

Art. 5º - Todos os sistemas de climatização devem estar em condições adequadas de limpeza, manutenção,

operação e controle, observadas as determinações, abaixo relacionadas, visando a prevenção de riscos à saúde

dos ocupantes:

a) manter limpos os componentes do sistema de climatização, tais como: bandejas, serpentinas, umidificadores,

ventiladores e dutos, de forma a evitar a difusão ou multiplicação de agentes nocivos à saúde humana e manter

a boa qualidade do ar interno.

b) utilizar, na limpeza dos componentes do sistema de climatização, produtos biodegradáveis devidamente

registrados no Ministério da Saúde para esse fim.

c) verificar periodicamente as condições física dos filtros e mantê-los em condições de operação. Promover a sua

substituição quando necessária.

d) restringir a utilização do compartimento onde está instalada a caixa de mistura do ar de retorno e ar de

renovação, ao uso exclusivo do sistema de climatização. É proibido conter no mesmo compartimento materiais,

produtos ou utensílios.

e) preservar a captação de ar externo livre de possíveis fontes poluentes externas que apresentem riscos à saúde

humana e dotá-la no mínimo de filtro classe G1 (um), conforme as especificações do Anexo II.

f) garantir a adequada renovação do ar de interior dos ambientes climatizados, ou seja no mínimo de

27m3/h/pessoa.

g) descartar as sujidades sólidas, retiradas do sistema de climatização após a limpeza, acondicionadas em sacos

de material resistente e porosidade adequada, para evitar o espalhamento de partículas inaláveis.

Art. 6º - Os proprietários, locatários e prepostos, responsáveis por sistemas de climatização com capacidade

acima de 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/H), deverão manter um responsável técnico habilitado, com as

seguintes atribuições:

a) implantar e manter disponível no imóvel um Plano de Manutenção, Operação e Controle - PMOC, adotado para

o sistema de climatização. Este Plano deve conter a identificação do estabelecimento que possui ambientes

climatizados, a descrição das atividades a serem desenvolvidas, a periodicidade das mesmas, as recomendações

a serem adotadas em situações de falha do equipamento e de emergência, para garantia de segurança do

sistema de climatização e outros de interesse, conforme especificações contidas no Anexo I deste Regulamento

Técnico e NBR 13971/97 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

b) garantir a aplicação do PMOC por intermédio da execução contínua direta ou indireta deste serviço.

c) manter disponível o registro da execução dos procedimentos estabelecidos no PMOC.

d) divulgar os procedimentos e resultados das atividades de manutenção, operação e controle aos ocupantes.

Parágrafo Único - O PMOC deverá ser implantado no prazo máximo de 180 dias, a partir da vigência deste

Regulamento Técnico.

Art. 7º - O PMOC do sistema de climatização deve estar coerente com a legislação de Segurança e Medicina do

Trabalho. Os procedimentos de manutenção, operação e controle dos sistemas de climatização e limpeza dos

ambientes climatizados, não devem trazer riscos a saúde dos trabalhadores que os executam, nem aos

ocupantes dos ambientes climatizados.

Art. 8º - Os órgãos competentes de Vigilância Sanitária farão cumprir este Regulamento Técnico, mediante a

realização de inspeções e de outras ações pertinentes, com o apoio de órgãos governamentais, organismos

representativos da comunidade e ocupantes dos ambientes climatizados.

Art. 9º - O não cumprimento deste Regulamento Técnico configura infração sanitária, sujeitando o proprietário

ou locatário do imóvel ou preposto, bem como o responsável técnico, quando exigido, às penalidades previstas

na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo de outras penalidades previstas em legislação específica.

Art. 10 - Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

JOSÉ SERRA

ANEXO I

PLANO DE MANUTENÇÃO, OPERAÇÃO E CONTROLE - PMOC

1 - Identificação do Ambiente ou Conjunto de Ambientes:

Nome (Edifício/Entidade)

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 63

Page 64: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Endereço completo Nº

Complemento Bairro Cidade UF

Telefone Fax

2 - Identificação do ( ) Proprietário, ( ) Locatário ou ( ) Preposto:

Nome/Razão Social CIC/CGC

Endereço completo Tel./Fax/Endereço Eletrônico

3 - Identificação do Responsável Técnico:

Nome/Razão Social CIC/CGC

Endereço completo Tel./Fax/Endereço Eletrônico

Registro no Conselho de Classe ART*

*ART = Anotação de Responsabilidade Técnica

4 - Relação dos Ambientes Climatizados:

Tipo de Atividade Nº de Ocupantes Identificação do Ambiente

ou Conjunto de

Ambientes

Área Climatizada Carga Térmica

Fixos Flutuantes Total

- - - - -

- - - - -

- - - - -

- - - - -

NOTA: anexar Projeto de instalação do sistema de climatização.

5 - Plano de Manutenção e Controle

Descrição da atividade Periodicidade Data de Executado Aprovado

execução por por

a) Condicionador de Ar (do tipo "expansão direta" e "água gelada")

Verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão no gabinete,

na moldura da serpentina e

na bandeja;

- - - -

limpar as serpentinas e

bandejas

- - - -

verificar a operação dos

controles de vazão;

- - - -

verificar a operação de

drenagem de água da

bandeja;

- - - -

verificar o estado de

conservação do isolamento

termo-acústico;

- - - -

verificar a vedação dos - - - -

painéis de fechamento do

gabinete;

verificar a tensão das correias

para evitar o escorregamento;

- - - -

lavar as bandejas e

serpentinas com remoção do

- - - -

biofilme (lodo), sem o uso de

produtos desengraxantes e

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 64

Page 65: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

corrosivos;

limpar o gabinete do

condicionador e ventiladores

(carcaça e rotor).

- - - -

verificar os filtros de ar: - - - -

- filtros de ar (secos) - - - -

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

medir o diferencial de

pressão;

- - - -

verificar e eliminar as frestas

dos filtros;

- - - -

limpar (quando recuperável)

ou substituir (quando

descartável) o elemento

filtrante.

- - - -

- filtros de ar (embebidos em

óleo)

- - - -

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

medir o diferencial de

pressão;

- - - -

verificar e eliminar as frestas

dos filtros;

- - - -

lavar o filtro com produto

desengraxante e inodoro;

- - - -

pulverizar com óleo

(inodoro) e escorrer,

mantendo uma fina película

de óleo.

- - - -

b) Condicionador de Ar (do tipo "com condensador remoto" e "janela")

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão no gabinete,

na moldura da serpentina e

na bandeja;

- - - -

verificar a operação de

drenagem de água da

bandeja;

- - - -

verificar o estado de

conservação do isolamento

termo-acústico (se está

preservado e se não contém

bolor);

- - - -

verificar a vedação dos - - - -

painéis de fechamento do

gabinete;

levar as bandejas e

serpentinas com remoção do

- - - -

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 65

Page 66: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

biofilme (lodo), sem o uso de

produtos desengraxantes e

corrosivos;

limpar o gabinete do

condicionador;

- - - -

verificar os filtros de ar. - - - -

- filtros de ar - - - -

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar e eliminar as frestas

dos filtros;

- - - -

limpar o elemento filtrante. - - - -

c) Ventiladores

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar a fixação; - - - -

verificar o ruído dos

mancais;

- - - -

lubrificar os mancais; - - - -

verificar a tensão das correias

para evitar o escorregamento;

- - - -

verificar vazamentos nas

ligações flexíveis;

- - - -

verificar a operação dos

amortecedores de vibração;

- - - -

verificar a instalação dos - - - -

protetores de polias e

correias;

verificar a operação dos

controles de vazão;

- - - -

verificar a drenagem de água; - - - -

limpar interna e

externamente a carcaça e o

rotor.

- - - -

d) Casa de Máquinas do Condicionador de Ar

verificar e eliminar sujeira e

água;

- - - -

verificar e eliminar corpos

estranhos;

- - - -

verificar e eliminar as

obstruções no retorno e

tomada de ar externo;

- - - -

- aquecedores de ar

verificar e eliminar sujeira,

dano e corrosão;

- - - -

verificar o funcionamento

dos dispositivos de

- - - -

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 66

Page 67: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

segurança;

limpar a face de passagem do

fluxo de ar.

- - - -

- umidificador de ar com tubo difusor (ver obs. 1)

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar a operação da

válvula de controle;

- - - -

ajustar a gaxeta da haste da

válvula de controle;

- - - -

purgar a água do sistema; - - - -

verificar o tapamento da

caixa d'água de reposição;

- - - -

verificar o funcionamento

dos dispositivos de

segurança;

- - - -

verificar o estado das linhas

de distribuição de vapor e de

condensado;

- - - -

- tomada de ar externo (ver obs. 2)

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar a fixação; - - - -

medir o diferencial de

pressão;

- - - -

medir a vazão; - - - -

verificar e eliminar as frestas

dos filtros;

- - - -

verificar o acionamento

mecânico do registro de ar

("damper")

- - - -

limpar (quando recuperável)

ou substituir (quando

descartável) o elemento

filtrante;

- - - -

- registro de ar ("damper") de retorno (ver obs. 2)

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar o seu acionamento

mecânico;

- - - -

medir a vazão; - - - -

- registro de ar ("damper") corta fogo (quando houver)

verificar o certificado de

teste;

- - - -

verificar e eliminar sujeira

nos elementos de

fechamento, trava e

- - - -

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 67

Page 68: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

reabertura;

verificar o funcionamento

dos elementos de

fechamento, trava e

reabertura;

- - - -

verificar o posicionamento

do indicador de condição

(aberto ou fechado);

- - - -

- registro de ar ("damper") de gravidade (venezianas automáticas)

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar o acionamento

mecânico;

- - - -

lubrificar os mancais; - - - -

Observações:

1. Não é recomendado o uso de umidificador de ar por aspersão que possui bacia de água no interior do duto de

insuflamento ou no gabinete do condicionador.

2. É necessária a existência de registro de ar no retorno e tomada de ar externo, para garantir a correta vazão de ar no

sistema.

e) Dutos, Acessórios e Caixa Pleno para o Ar

verificar e eliminar sujeira

(interna e externa), danos e

corrosão;

- - - -

verificar a vedação das portas

de inspeção em operação

normal;

- - - -

verificar e eliminar danos no

isolamento térmico;

- - - -

verificar a vedação das

conexões.

- - - -

- bocas de ar para insuflamento e retorno do ar

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar a fixação; - - - -

medir a vazão; - - - -

- dispositivos de bloqueio e

balanceamento

- - - -

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

verificar o funcionamento; - - - -

f) Ambientes Climatizados

verificar e eliminar sujeira,

odores desagradáveis, fontes

de ruídos, infiltrações,

armazenagem de produtos

químicos, fontes de radiação

de calor excessivo, e fontes

- - - -

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 68

Page 69: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

de geração de

microorganismos;

g) Torre de Resfriamento

verificar e eliminar sujeira,

danos e corrosão;

- - - -

Notas:

1) As práticas de manutenção acima devem ser aplicadas em conjunto com as recomendações de manutenção mecânica da

NBR 13.971 - Sistemas de Refrigeração. Condicionamento de Ar e Ventilação - Manutenção Programada da ABNT, assim

como aos edifícios da Administração Pública Federal o disposto no capítulo Práticas de Manutenção, Anexo 3, itens 2.6.3 e

2.6.4 da Portaria nº 2.296/97, de 23 de julho de 1997, Práticas de Projeto, Construção e Manutenção dos Edifícios Públicos

Federais, do Ministério da Administração Federal e Reformas de Estado - MARE. O somatório das práticas de manutenção

para garantia do ar e manutenção programada visando o bom funcionamento e desempenho térmico dos sistemas, permitirá

o correto controle dos ajustes das variáveis de manutenção e controle dos poluentes dos ambientes.

2) Todos os produtos utilizados na limpeza dos componentes dos sistemas de climatização, devem ser biodegradáveis e

estarem devidamente registrados no Ministério da Saúde para esse fim.

3) Toda verificação deve ser seguida dos procedimentos necessários para o funcionamento correto do sistema de

climatização.

6 - Recomendações aos usuários em situações de falha do equipamento e outras de emergência:

Descrição:

-

-

-

-

-

-

-

ANEXO II

CLASSIFICAÇÃO DE FILTROS DE AR PARA UTILIZAÇÃO EM AMBIENTES CLIMATIZADOS, CONFORME

RECOMENDAÇÃO NORMATIVA 004-1995 da SBCC

Classe de filtro Eficiência (%)

Grossos G0 30-59

- G1 60-74

- G2 75-84

- G3 85 e acima

Finos F1 40-69

- F2 70-89

- F3 90 e acima

Absolutos A1 85-94, 9

- A2 95-99, 96

- A3 99, 97 e acima

Notas:

1) métodos de ensaio:

Classe G: Teste gravimétrico, conforme ASHRAE* 52.1 - 1992 (arrestance)

Classe F: Teste colorimétrico, conforme ASHRAE 52.1 - 1992 (dust spot)

Classe A: Teste fotométrico DOP TEST, conforme U.S. Militar Standart 282

*ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating, and Air Conditioning Engineers, Inc.

2) Para classificação das áreas de contaminação controlada, referir-se a NBR 13.700 de junho de 1996, baseada

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 69

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QUALIDADE DO AR INTERNO

na US Federal Standart 209E de 1992.

3) SBCC - Sociedade Brasileira de Controle da Contaminação. A.2 RESOLUÇÃO - RE Nº 9, DE 16 DE JANEIRO DE 2003

O Diretor da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere a Portaria nº 570, do

Diretor Presidente, de 3 de outubro de 2002;

considerando o § 3º, do art. 111 do Regimento Interno aprovado pela Portaria n.º 593, de 25 de agosto de 2000, republicada no DOU de 22

de dezembro de 2000,

considerando a necessidade de revisar e atualizar a RE/ANVISA nº 176, de 24 de outubro de 2000, sobre Padrões Referenciais de Qualidade

do Ar Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo, frente ao conhecimento e a experiência adquiridos no

país nos dois primeiros anos de sua vigência;

considerando o interesse sanitário na divulgação do assunto;

considerando a preocupação com a saúde, a segurança, o bem-estar e o conforto dos ocupantes dos ambientes climatizados;

considerando o atual estágio de conhecimento da comunidade científica internacional, na área de qualidade do ar ambiental interior, que

estabelece padrões referenciais e/ou orientações para esse controle;

considerando o disposto no art. 2º da Portaria GM/MS n.º 3.523, de 28 de agosto de 1998;

considerando que a matéria foi submetida à apreciação da Diretoria Colegiada que a aprovou em reunião realizada em 15 de janeiro de 2003,

resolve:

Art. 1º Determinar a publicação de Orientação Técnica elaborada por Grupo Técnico Assessor, sobre Padrões

Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, em anexo.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

CLÁUDIO MAIEROVITCH PESSANHA HENRIQUES

ANEXO

ORIENTAÇÃO TÉCNICA ELABORADA POR GRUPO TÉCNICO ASSESSOR SOBRE PADRÕES REFERENCIAIS DE QUALIDADE DO AR

INTERIO R EM AMBIENTES CLIMATIZADOS ARTIFICIALMENTE DE USO PÚBLICO E COLETIVO

I - HISTÓRICO

O Grupo Técnico Assessor de estudos sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados

artificialmente de uso público e coletivo, foi constituído pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, no âmbito da

Gerência Geral de Serviços da Diretoria de Serviços e Correlatos e instituído por membros das seguintes instituições:

Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e de Qualidade do Ar de Interiores/BRASINDOOR, Laboratório Noel Nutels

Instituto de Química da UFRJ, Ministério do Meio Ambiente, Faculdade de Medicina da USP, Organização Panamericana de

Saúde/OPAS, Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho -

FUNDACENTRO/MTb, Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial/INMETRO, Associação Paulista de

Estudos e Controle de Infecção Hospitalar/APECIH e, Serviço de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde/RJ, Instituto de

Ciências Biomédicas - ICB/USP e Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Reuniu-se na cidade de Brasília/DF, durante o ano de 1999 e primeiro semestre de 2000, tendo como metas:

1. estabelecer critérios que informem a população sobre a qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de

uso público e coletivo, cujo desequilíbrio poderá causar agravos a saúde dos seus ocupantes;

2. instrumentalizar as equipes profissionais envolvidas no controle de qualidade do ar interior, no planejamento, elaboração,

análise e execução de projetos físicos e nas ações de inspeção de ambientes climatizados artificialmente de uso público e

coletivo.

Reuniu-se na cidade de Brasília/DF, durante o ano de 2002, tendo como metas:

1. Promover processo de revisão na Resolução ANVISA-RE 176/00

2. Atualiza -la frente a realidade do conhecimento no país.

3. Disponibilizar informações sobre o conhecimento e a experiência adquirida nos dois primeiros anos de vigência da RE 176.

II - ABRANGÊNCIA

O Grupo Técnico Assessor elaborou a seguinte Orientação Técnica sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em

ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, no que diz respeito a definição de valores máximos

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 70

Page 71: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

recomendáveis para contaminação biológica, química e parâmetros físicos do ar interior, a identificação das fontes poluentes de

natureza biológica, química e física, métodos analíticos ( Normas Técnicas 001, 002, 003 e 004 ) e as recomendações para

controle (Quadros I e II ).

Recomendou que os padrões referenciais adotadas por esta Orientação Técnica sejam aplicados aos ambientes climatizados de

uso público e coletivo já existentes e aqueles a serem instalados. Para os ambientes climatizados de uso restrito, com

exigências de filtros absolutos ou instalações especiais, tais como os que atendem a processos produtivos, instalações

hospitalares e outros, sejam aplicadas as normas e regulamentos específicos.

III - DEFINIÇÕES

Para fins desta Orientação Técnica são adotadas as seguintes definições, complementares às adotadas na Portaria GM/MS n.º

3.523/98:

a) Aerodispersóides: sistema disperso, em um meio gasoso, composto de partículas sólidas e/ou líquidas. O mesmo que aerosol

ou aerossol.

b) ambiente aceitável: ambientes livres de contaminantes em concentrações potencialmente perigosas à saúde dos ocupantes

ou que apresentem um mínimo de 80% dos ocupantes destes ambientes sem queixas ou sintomatologia de desconforto, 2

c) ambientes climatizados : são os espaços fisicamente determinados e caracterizados por dimensões e instalações próprias,

submetidos ao processo de climatização, através de equipamentos.

d) ambiente de uso público e coletivo: espaço fisicamente determinado e aberto a utilização de muitas pessoas.

e) ar condicionado: é o processo de tratamento do ar, destinado a manter os requerimentos de Qualidade do Ar Interior do

espaço condicionado, controlando variáveis como a temperatura, umidade, velocidade, material particulado, partículas

biológicas e teor de dióxido de carbono (CO2).

f) Padrão Referencial de Qualidade do Ar Interior : marcador qualitativo e quantitativo de qualidade do ar ambiental interior,

utilizado como sentinela para determinar a necessidade da busca das fontes poluentes ou das intervenções ambientais

g) Qualidade do Ar Ambiental Interior: Condição do ar ambiental de interior, resultante do processo de ocupação de um

ambiente fechado com ou sem climatização artificial.

h) Valor Máximo Recomendável: Valor limite recomendável que separa as condições de ausência e de presença do risco de

agressão à saúde humana.

IV - PADRÕES REFERENCIAIS

Recomenda os seguintes Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados de uso público e coletivo.

1 - O Valor Máximo Recomendável - VMR, para contaminação microbiológica deve ser

750 ufc/m3 de fungos, para a relação I/E 1,5, onde I é a quantidade de fungos no ambiente interior e E é a quantidade de

fungos no ambiente exterior.

NOTA: A relação I/E é exigida como forma de avaliação frente ao conceito de normalidade, representado pelo meio ambiente

exterior e a tendência epidemiológica de amplificação dos poluentes nos ambientes fechados.

1.1 - Quando o VMR for ultrapassado ou a relação I/E for > 1,5, é necessário fazer um diagnóstico de fontes poluentes para

uma intervenção corretiva.

1.2 - É inaceitável a presença de fungos patogênicos e toxigênicos.

2 - Os Valores Máximos Recomendáveis para contaminação química são:

2.1 - 1000 ppm de dióxido de carbono - ( CO2 ) , como indicador de renovação de ar externo, recomendado para conforto e

bem-estar2.

2.2 - 80 µg/m 3 de aerodispersóides totais no ar, como indicador do grau de pureza do ar e limpeza do ambiente

climatizado4.

NOTA: Pela falta de dados epidemiológicos brasileiros é mantida a recomendação como indicador de renovação do ar o valor =

1000 ppm de Dióxido de carbono - CO2

3 - Os valores recomendáveis para os parâmetros físicos de temperatura, umidade, velocidade e taxa de renovação do ar e de

grau de pureza do ar, deverão estar de acordo com a NBR 6401 - Instalações Centrais de Ar Condicionado para Conforto -

Parâmetros Básicos de Projeto da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas5.

3.1 - a faixa recomendável de operação das Temperaturas de Bulbo Seco, nas condições internas para verão, deverá variar de

230C a 260C, com exceção de ambientes de arte que deverão operar entre 210C e 230C. A faixa máxima de operação deverá

variar de 26,50C a 270C, com exceção das áreas de acesso que poderão operar até 280C. A seleção da faixa depende da

finalidade e do local da instalação. Para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de

200C a 220C.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 71

Page 72: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

3.2 - a faixa recomendável de operação da Umidade Relativa, nas condições internas para verão, deverá variar de 40% a 65%,

com exceção de ambientes de arte que deverão operar entre 40% e 55% durante todo o ano. O valor máximo de operação

deverá ser de 65%, com exceção das áreas de acesso que poderão operar até 70%. A seleção da faixa depende da finalidade e

do local da instalação. Para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de 35% a 65%.

3.3 - o Valor Máximo Recomendável - VMR de operação da Velocidade do Ar, no nível de 1,5m do piso, na região de influência

da distribuição do ar é de menos 0,25 m/s.

3.4 - a Taxa de Renovação do Ar adequada de ambientes climatizados será, no mínimo, de 27 m3/hora/pessoa, exceto no caso

específico de ambientes com alta rotatividade de pessoas. Nestes casos a Taxa de Renovação do Ar mínima será de 17

m3/hora/pessoa, não sendo admitido em qualquer situação que os ambientes possuam uma concentração de CO2, maior ou

igual a estabelecida em IV-2.1, desta Orientação Técnica.

3.5 - a utilização de filtros de classe G1 é obrigatória na captação de ar exterior. O Grau de Pureza do Ar nos ambientes

climatizados será obtido utilizando-se, no mínimo, filtros de classe G-3 nos condicionadores de sistemas centrais, minimizando o

acúmulo de sujidades nos dutos, assim como reduzindo os níveis de material particulado no ar insuflado2.

Os padrões referenciais adotados complementam as medidas básicas definidas na Portaria GM/MS n.º 3.523/98, de 28 de

agosto de 1998, para efeito de reconhecimento, avaliação e controle da Qualidade do Ar Interior nos ambientes climatizados.

Deste modo poderão subsidiar as decisões do responsável técnico pelo gerenciamento do sistema de climatização, quanto a

definição de periodicidade dos procedimentos de limpeza e manutenção dos componentes do sistema, desde que asseguradas

as freqüências mínimas para os seguintes componentes, considerados como reservatórios, amplificadores e disseminadores de

poluentes.

V - FONTES POLUENTES

Recomenda que sejam adotadas para fins de pesquisa e com o propósito de levantar dados sobre a realidade brasileira, assim

como para avaliação e correção das situações encontradas, as possíveis fontes de poluentes informadas nos Quadros I e II.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 72

Page 73: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 73

Page 74: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Observações - Os poluentes indicados são aqueles de maior ocorrência nos ambientes de interior, de efeitos conhecidos na

saúde humana e de mais fácil detecção pela estrutura laboratorial existente no país.

Outros poluentes que venham a ser considerados importantes serão incorporados aos indicados, desde que atendam ao

disposto no parágrafo anterior.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 74

Page 75: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

VI - AVALIAÇÃO E CONTROLE

Recomenda que sejam adotadas para fins de avaliação e controle do ar ambiental interior dos ambientes climatizados de uso

coletivo, as seguintes Normas Técnicas 001, 002, 003 e 004.

Na elaboração de relatórios técnicos sobre qualidade do ar interior, é recomendada a NBR-10.719 da ABNT - Associação

Brasileira de Normas Técnicas.

1 World Health Organization. Indoor air quality: biological contaminants; Copenhagen, Denmark, 1983 ( European Series nº

31).

2 American Society of Hearting, Refreigerating and Air Conditioning Engineers, Inc. ASHARAE Standard 62 - Ventilation for

Acceptable Indoor Air Quality, 2001

3 Kulcsar Neto, F & Siqueira, LFG. Padrões Referenciais para Análise de Resultados de Qualidade Microbiológica do Ar em

Interiores Visando a Saúde Pública no Brasil - Revista da Brasindoor . 2 (10): 4-21,1999.

4 Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, Resolução n.º 03 de 28/06 /1990.

5 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6401 - Instalações Centrais de Ar Condicionado para Conforto -

Parâmetros Básicos de Projeto, 1980.

6 Siqueira, LFG & Dantas, EHM. Organização e Métodos no Processo de Avaliação da Qualidade do Ar de Interiores - Revista da

Brasindoor, 3 (1): 19-26, 1999.

7 Aquino Neto, F.R; Brickus, L.S.R. Padrões Referenciais para Análise de Resultados da Qualidade Físico-química do Ar de

Interior Visando a Saúde Pública. Revista da Brasindoor, 3(2):4 -15,1999

NORMA TÉCNICA 001

Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem e Análise de Bioaerosol em Ambientes Interiores.

MÉTODO ANALÍTICO

OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle ambiental da possível colonização, multiplicação e disseminação de fungos em

ar ambiental interior.

DEFINIÇÕES:

Bioaerosol: Suspensão de microorganismos (organismos viáveis) dispersos no ar.

Marcador epidemiológico: Elemento aplicável à pesquisa, que determina a qualidade do ar ambiental.

APLICABILIDADE: Ambientes de interior climatizados, de uso coletivo, destinados a ocupações comuns (não especiais).

MARCADOR EPIDEMIOLÓGICO: Fungos viáveis.

MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Amostrador de ar por impactação com acelerador linear.

PERIODICIDADE: Semestral.

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:

- selecionar 01 amostra de ar exterior localizada fora da estrutura predial na altura de 1,50 m do nível da rua.

- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação

e razão social, seguindo a tabela abaixo:

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 75

Page 76: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferenciadas, tais como serviço médico,

restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isoladamente.

- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do

piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada.

PROCEDIMENTO LABORATORIAL: Método de cultivo e quantificação segundo normatizações universalizadas. Tempo mínimo de

incubação de 7 dias a 250C., permitindo o total crescimento dos fungos.

BIBLIOGRAFIA: "Standard Methods for Examination of Water and Wastewater".

17 th ed. APHA, AWWA, WPC.F; "The United States Pharmacopeia". USP, XXIII ed., NF XVIII, 1985.

NIOSH- National Institute for Occupational Safety and Health, NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), BIOAEROSOL

SAMPLING (Indoor Air) 0800, Fourth Edition.

IRSST - Institute de Recherche en Santé et en Securité du Travail du Quebec, Canada, 1994.

Members of the Technicael Advisory Committee on Indoor Air Quality, Commission of Public Health Ministry of the Environment

- Guidelines for Good Indoor Air Quality in Office Premises, Singapore.

NORMA TÉCNICA 002

Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem e Análise da Concentração de Dióxido de Carbono em Ambientes

Interiores.

MÉTODO ANALÍTICO

OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle do processo de renovação de ar em ambientes climatizados.

APLICABILIDADE: Ambientes interiores climatizados, de uso coletivo.

MARCADOR EPIDEMIOLÓGICO: Dióxido de carbono ( CO2 ).

MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Equipamento de leitura direta.

PERIODICIDADE: Semestral.

FICHA TÉCNICA DOS AMOSTRADORES:

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:

- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação

e razão social, seguindo a tabela abaixo:

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferenciadas, tais como serviço médico,

restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isoladamente.

- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do

piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada.

PROCEDIMENTO DE AMOSTRAGEM: As medidas deverão ser realizadas em horários de pico de utilização do ambiente.

NORMA TÉCNICA 003

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 76

Page 77: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem. Determinação da Temperatura, Umidade e Velocidade do Ar em

Ambientes Interiores.

MÉTODO ANALÍTICO

OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle do processo de climatização de ar em ambientes climatizados.

APLICABILIDADE: Ambientes interiores climatizados, de uso coletivo.

MARCADORES: Temperatura do ar (°C ) Umidade do ar ( % ) Velocidade do ar ( m/s).

MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Equipamentos de leitura direta. Termo-higrômetro e Anemômetro.

PERIODICIDADE: Semestral.

FICHA TÉCNICA DOS AMOSTRADORES:

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:

- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação

e razão social, seguindo a tabela abaixo:

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferen-ciadas, tais como serviço médico,

restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isolada-mente.

- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do

piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada, para o Termo-higrômetro e no espectro de ação do difusor para o

Anemômetro.

Norma Técnica 004

Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem e Análise de Concentração de Aerodispersóides em Ambientes

Interiores.

MÉTODO ANALÍTICO

OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle de aerodispersóides totais em ambientes interiores climatizados.

APLICABILIDADE: Ambientes de interior climatizados, de uso coletivo, destinados a ocupações comuns (não especiais).

MARCADOR EPIDEMIOLÓGICO: Poeira Total (µg/m3).

MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Coleta de aerodispersóides por filtração (MB-3422 da ABNT).

PERIODICIDADE: Semestral.

FICHA TÉCNICA DO AMOSTRADOR:

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 77

Page 78: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:

- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação

e razão social, seguindo a tabela abaixo:

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferenciadas, tais como serviço médico,

restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isoladamente.

- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do

piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada.

PROCEDIMENTO DE COLETA: MB-3422 da ABNT.

PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO DAS BOMBAS: NBR- 10.562 da ABNT

PROCEDIMENTO LABORATORIAL: NHO 17 da FUNDACENTRO

VII - INSPEÇÃO

Recomenda que os órgãos competentes de Vigilância Sanitária com o apoio de outros órgãos governamentais, organismos

representativos da comunidade e dos ocupantes dos ambientes climatizados, utilizem esta Orientação Técnica como

instrumento técnico referencial, na realização de inspeções e de outras ações pertinentes nos ambientes climatizados de uso

público e coletivo.

VIII - RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Recomenda que os proprietários, locatários e prepostos de estabelecimentos com ambientes ou conjunto de ambientes dotados

de sistemas de climatização com capacidade igual ou superior a 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/h), devam manter um

responsável técnico atendendo ao determinado na Portaria GM/MS nº 3.523/98, além de desenvolver as seguintes atribuições:

a) providenciar a avaliação biológica, química e física das condições do ar interior dos ambientes climatizados;

b) promover a correção das condições encontradas, quando necessária, para que estas atendam ao estabelecido no Art. 4º

desta Resolução;

c) manter disponível o registro das avaliações e correções realizadas; e

d) divulgar aos ocupantes dos ambientes climatizados os procedimentos e resultados das atividades de avaliação, correção e

manutenção realizadas.

Em relação aos procedimentos de amostragem, medições e análises laboratoriais, considera-se como responsável técnico, o

profissional que tem competência legal para exercer as atividades descritas, sendo profissional de nível superior com habilitação

na área de química (Engenheiro químico, Químico e Farmacêutico) e na área de biologia (Biólogo, Farmacêutico e Biomédico)

em conformidade com a regulamentação profissional vigente no país e comprovação de Responsabilidade Técnica - RT,

expedida pelo Órgão de Classe.

As análises laboratoriais e sua responsabilidade técnica devem obrigatoriamente estar desvinculadas das atividades de limpeza,

manutenção e comercialização de produtos destinados ao sistema de climatização.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 78

Page 79: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

A.3 Fluxograma de um Plano de Gerenciamento de Qualidade do Ar

Fonte – EPA (traduzido)

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 79

Page 80: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

A.4 GUIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS EM CONTROLE DE QUALIDADE DE AR DE INTERIORES. Volume I - Guia nº 01 2003

INTRODUÇÃO

Para a contratação de uma empresa, com o objetivo de realizar analises, gerenciamentos e manutenção

dos sistemas de ar condicionado, visando manter ou melhorar a qualidade do ar que é oferecido aos

usuários dos ambientes, deve-se observar que os seguintes passos:

a) Trata-se de um serviço especializado, que envolve hoje com os novos conceitos higiênico-sanitário e de

qualidade de vida, o conhecimento técnico-científico da área específica e as soluções tecnológicas

adequadas;

b) A meta a ser atingida deve ser sempre a “boa qualidade do ar que se respira”. Preservar diretamente a

saúde das pessoas que ocupam os ambientes climatizados e garantir a produtividade da empresa;

c) As propostas apresentadas pelos prestadores de serviços dão uma idéia bastante clara de sua

capacidade técnica. Sempre que for possível, deve se pedir as referencias destas empresas, sobretudo a

sua filiação e entidades que possam dar suporte técnico e científico. Desta forma, existem características

técnicas importante a serem observadas e garantidas numa proposta, bem como características comerciais

e éticas o que passamos a expor em seguida:

ITENS QUE DEVEM SER OBSERVADOS EM UMA PROPOSTA TÉCNICA Comercial e ética.

Para avaliação de uma proposta comercial algumas solicitações devem ser feitas com objetivos específicos

de comprovação ética e profissional. Desta forma:

1. Sempre deve ser solicitado de todas as empresa participantes o contrato social, com o objetivo de

avaliação de sua ligação com outras empresas também participantes do processo de licitação. É muito

freqüente composição em licitações de empresas de parentes ou empresas de um mesmo dono ou grupo

de donos com razões sociais distintas. Outro ponto a ser observado é se o serviço a ser executado está

claramente descrito nos objetivos da empresa, evitando-se com isso o exercício ilegal de atividades.

2. Solicitar curriculum vitae dos profissionais envolvidos diretamente ao trabalho com função específica de

decisão ou de conhecimento, com objetivo de comprovação de capacidade técnico e/ou científica. Procure

nunca se deixar enganar por listas de clientes, pois estas em via de regra são simplesmente confeccionadas

e na vigência de utilizá- las, confira a veracidade dos fatos.

3. Procure observar se seu prestador de serviço é afiliado de alguma Sociedade Científica ou se possui

alguma forma de certificação como, por exemplo “Selo de Qualidade” em sua área de atuação, emitido pela

Sociedade Científica.

4. Tome sempre muito cuidado com associações de empresas que simulam organizações científicas com

objetivo de atrair um mercado em potencial. 5. Peça sempre uma forma de otimização dos custo de forma a

obter a melhor relação custo-benefício.

Técnica. Uma proposta para um serviço técnico é, antes de tudo, uma descrição dos procedimentos do prestador de

serviço. Propostas que contenham uma descrição detalhada dos serviços, com todos os passos da

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 80

Page 81: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

metodologia utilizada dispostos numa ordem lógica são a primeira garantia de um bom resultado. Assim,

recomendamos a seguinte estrutura:

1. Diagnóstico de situação é sempre a primeira procedência em relação ao ambientes interiores, o qual

determinará que providências a serem tomadas.

2. Localização precisa de focos de contaminação do sistema através de análises microbiológicas e análises

complementares, quando necessárias;

3. Identificação da existência de microrganismos patogênicos;

4. Determinação dos níveis de contaminação e comparação com os padrões referenciais;

5. Diagnostico de imprecisões em sistemas de barreiras (filtros) e erros de projetos ou instalações do

sistema;

6. Diagnostico de incorreções nos procedimentos de manutenção higiênico - sanitária;

7. Higienização das casas de máquinas, entrada do ar externo e elementos das centrais de tratamento de

ar;

8. Higienização da rede de dutos (quando claramente demonstrado através da busca de fontes ativas);

9. Coleta de resíduos;

10. Diagnóstico final;

11. Recomendações preventivas.

Com esta estrutura apresentada, o passo seguinte é observar a metodologia utilizada em cada uma das

etapas.

1 - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.

As análises de avaliação ambiental, tem por objetivo traçar um diagnóstico de situação atual. Este

diagnóstico determinará a presença ou ausência de riscos de agravo a saúde dos usuários em ambientes

interiores. O Diagnóstico laboratorial é um procedimento que visa o atendimento da Portaria Ministerial nº.

3523/GM de 28/08/1998 e Resolução nº RE 176 de 24/10/2000 e sua revisão Resolução nº RE 9 de

16/01de 2003 .

Os serviços de análises microbiológicas serão periódicos, com intervalos semestrais, sendo que a análise

inicial será usada como base para posterior realização de serviços e/ou intervenções que se fizerem

necessárias, após o diagnóstico inicial.

Norma Técnica 01 Controle microbiológico de ar (ar ambiental).

- Inclui: Pesquisa de microbiota fúngica (contagem total, diferencial e identificação).

Objetivo: Quantificar fungos. Estes elementos são marcadores epidemiológicos da qualidade do ar. Esta

análise permite ainda, uma boa avaliação do ambiente, no que concerne a fenômenos de

hipersensibilidade.

Norma Técnica 02 Determinação de CO2 (Dióxido de Carbono). - inclui: Contagem de CO2, através de sensor eletrônico.

Objetivo: Quantificar os níveis residuais de CO2. Este gás é utilizado como um marcador epidemiológico de

renovação de ar externo, entretanto originário da respiração humana.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 81

Page 82: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Norma Técnica 03 Determinação de Temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. - inclui: Determinação da temperatura, umidade e velocidade do ar ambiental.

Objetivo: Quantificar temperatura e umidade como marcadores epidemiologicos de saúde. Estas variáveis

físicas estão ligadas a fenômenos gripais tais como a febre da umidade. Quantificar a velocidade do ar

como marcador epidemiológico de conforto ambiental.

Norma Técnica 04 Determinação de aerodispersoides.

- inclui: Contagem de particulados aerodispersos, através de gravimetria.

Objetivo: Quantificar a matéria particulada no ar ambiental. Estes elementos são marcadores

epidemiológicos de deficiencia de filtragens e/ou acúmulo de sujidade em dutos ou ainda em ambientes

interiores.

2 - LOCALIZAÇÃO DOS FOCOS DE CONTAMINAÇÃO Na vigência de serem encontradas situações adversas com ambientes em condições não aceitas pelo

Padrão Referencial, definido pela Resolução RN 176, haverá a necessidade de busca das fontes poluentes

ativas no sistema, as quais deverão ser realizadas através das análises que se seguem:

A localização dos focos de contaminação deve ser realizada através de uma série de coletas nos diferentes

pontos do sistema. Estas devem ser coletadas nos seguintes pontos:

1. Bandejas de condensação da máquina de ar condicionado.

2. Dutos de insuflamento

3. Coleta do ar insuflado

4. Coleta do ar de retorno

5. Coleta do ar de mistura

6. Coleta do ar de renovação do ar externo

Controle microbiológico de ar (ar insuflado, ar de retorno, ar de mistura e renovação do ar

externo).

- Inclui: Pesquisa de microbiota fúngica (contagem total, diferencial e identificação).

Objetivo: Quantificar fungos. Estes elementos são marcadores epidemiológicos da qualidade do ar segundo

as variáveis do sistema de climatização, permitindo avaliar fontes primárias, secundárias e terciárias.

Perfil diagnóstico - Destinado a máquinas não tratadas.

- inclui: Contagem padrão em placa de bactérias heterotróficas.

Pesquisa de microbiota fúngica (contage m total, diferencial e identificação).

Pesquisa de algas.

Pesquisa de protozoários.

Pesquisa de Legionella sp.

Obs.: realizada em dois materiais (água e biofilme), por amostra.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 82

Page 83: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

Objetivo: Qualificar e quantificar o ecossistema formado na bandeja de condensado, caracterizando a

magnitude e complexidade da principal fonte poluente primária no sistema.

Pesquisa de Legionella sp.

Objetivo: Agente patogênico causador da pneumonia por Legionella e da febre de Pontiac.

Avaliação microbiológica de dutos (bioparticulado). - inclui: Contagem padrão em placa de bactérias heterotróficas

Pesquisa de fungos (contagem total).

Avaliação do particulado total

Avaliação do potencial imunoalergênico

Objetivo: Quantificar os níveis residuais advindos da fonte contaminante e desenvolvidas secundariamente

nos ambientes.

Avaliação microbiológica de superfícies.

- inclui: Contagem padrão em placa de fungos e bactérias

Pesquisa de ácaros.

Avaliação do particulado total

Avaliação do potencial imunoalergênico

Objetivo: Quantificar os níveis residuais advindos da fonte terciária contaminante. Todas as amostragens de

ar devem ser feitas com um Impactador em Cascata, com vazão fixa, acelerador linear e baixa vazão (25 a

35 l/min), permitindo a cultura de estruturas fúngicas viáveis em ambientes comuns. É importante ressaltar

este ponto, pois existem muitas metodologias para coleta de ar, porém uma grande maioria destes

equipamentos possui vazão variável e trabalha em alta vazão. Metodologias de quantificação de partícula

precipitável viável (partículas pesadas), tais como a simples abertura de placas não são aceitas.

Análises complementares: Gravimetria do particulado de superfície pode ser de grande utilidade na avaliação de procedimentos de

higienização. Trata-se de um método não padronizado ainda no Brasil, porém já normatizado em alguns

países desenvolvidos. Este método avalia os índices de reprodução de matéria particulada (poeira) na

superfície dos dutos, utilizando a razão peso (massa) por metro quadrado de superfície. Quando de sua

utilização deve -se aplicar padrões internacionais.

3 - IDENTIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE MICROORGANISMOS PATOGÊNICOS Feitas as coletas, o material segue para um laboratório especializado em “Indoor Environment”, para que

seja identificado o ecossistema presente no ambiente e nas fontes poluentes, verificando-se a existência ou

não de microorganismos patogênicos.

4 – DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO E COMPARAÇÃO COM OS PADRÕES REFERENCIAIS Uma vez identificados os microorganismos, o passo seguinte é determinar em que quantidade estão

presentes, independente das espécies presentes. É importante lembrar que as estruturas fúngicas podem

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 83

Page 84: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

ser vistas como proteínas em suspensão e que quando inaladas em determinada quantidade, podem induzir

processos alérgicos, iniciando-se pelos mais susceptíveis.

Esta quantificação é a base para a classificação dos ambientes e auxilia na indicação das medidas de

remediação a se adotar.

5 – DIAGNÓSTICO DE IMPRECISÕES EM SISTEMAS DE BARREIRAS (FILTROS) E ERROS DE PROJETOS OU INSTALAÇÕES A empresa prestadora de serviços deve, durante os procedimentos de diagnóstico, aplicar um “check- list”

de inspeção nas instalações, observando características de filtragem no sistema (entrada da máquina,

retorno e renovação de ar externo) bem como todo um escopo de observação quanto a características de

projeto, instalação e operação do sistema, detectando e informando inadequações, erros de projetos ou

inconformidades na operação do sistema, através de um relatório.

6 – DIAGNÓSTICO DE INCORREÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA A Empresa prestadora de serviços deve, durante os procedimentos de diagnóstico, avaliar as condições

higiênico-sanitárias no processo de manutenção, relatar as inconformidades e sugerir os procedimentos

mais adequados para cada situação específica.

7 – HIGIENIZAÇÃO DAS CASAS DE MÁQUINAS, ENTRADA DO AR EXTERNO E LEMENTOS DAS CENTRAIS DE TRATAMENTO DO AR As casas de máquinas devem ser limpas, a entrada do ar exterior (caso seja dutada) deve ser

desempoeirada, aspirada e limpa. Os elementos das centrais devem ser desempoeirados, aspirados e as

partículas deve ser recuperadas. Outros elementos das centrais merecem atenção especial. São eles: a

serpentina de resfriamento, que deve ser limpa por sopro de ar comprimido e lavada, quando possível, com

detergente neutro biodegradável; a bandeja de condensado, que deve ser limpa com detergente neutro

biodegradável, ou ainda receber tratamento especial quando necessário.

8 – HIGIENIZAÇÃO DA REDE DE DUTOS Para a higienização de dutos, quando necessário e indicado através dos procedimentos diagnósticos,

recomenda-se que as propostas mencionem a garantia da qualidade dos ambientes, desde a proteção de

móveis e equipamentos dos ambientes onde estão os dutos, bem como a padronização e adequação de

escotilhas na abertura de janelas de inspeção e de acoplamento da central de depressão. Todos os trechos

da rede onde o serviço será realizado devem ser inspecionados antes, com a utilização de robôs com

câmera ou sondas filmadoras e gravados em VHS. Após esta inspeção, deve ser feita a limpeza a seco da

rede de Insuflamento e de retorno (quando houver), assim como todos os acessórios da rede, tais como

dampers, spliters, etc. São Indicados para este procedimento as diretrizes previstas na recomendação

normativa da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento)

– Renabrava I, para execução de serviços de limpeza e higienização de sistemas e distribuição de ar

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 84

Page 85: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

9 – COLETA DE RESÍDUOS Os resíduos devem ser criteriosamente coletados, de forma a não proporcionarem uma contaminação

ambiental e consequentemente a recontaminação do sistema de climatização. Todos os critérios de

segurança individual (EPIs) devem ser utilizados no processo de coleta e transporte dos resíduos. Os

resíduos sólidos deve ser acondicionado em sacos plásticos, identificados e dispostos em aterro sanitário

ou incinerado.

10 – DIAGNÓSTICO FINAL É indispensável a inclusão de um diagnóstico final. Este, juntamente com a inspeção visual, garantirá a

qualidade do serviço executado, bem como certificará as boas condições ambientais frente às autoridades

de fiscalização sanitária. Este diagnóstico deve ter o mesmo teor do diagnóstico inicial, ou seja, as mesmas

coletas e análises nos mesmos pontos amostrados, determinando um processo comparativo que demonstre

a evolução interveniente.

11 – RECOMENDAÇÕES PREVENTIVAS. As recomendações preventivas são um escopo de medidas que deverão ser apresentadas ao cliente, de

forma a permitir que os serviços de higienização, quando prestados, perdurem por maior tempo possível,

sendo eliminada toda e qualquer inconformidade de operação e/ou manutenção. Estas medidas são

personalizadas atendendo às características de cada instalação.

CRITÉRIOS DE SEGURANÇA A Empresa prestadora de serviço deve assegurar que seus funcionários apresentem-se em seus clientes

devidamente uniformizados e munidos de EPIs ( Equipamento Individual de Segurança ). A Empresa

prestadora de serviços deve ainda garantir a integridade do ambiente, acabamentos de interiores e demais

bens patrimoniais de seu cliente.

ARRANJO AMOSTRAL O procedimento amostral deve ser compatibilizado a legislação vigente (Resolução nº RE 176 de 24 de

0utubro de 2000 e sua revisão a Resolução RE 9 de 16 de janeiro de 2003). Desta forma são computados a

metragem quadrada de área climatizada e definido o número de pontos na tabela abaixo.

CUIDADOS ADICIONAIS Todo prestador de serviços pretende que seu serviço seja bem realizado e seus efeitos sejam sensíveis.

Assim, é recomendável que as propostas prevejam outras ações a serem executadas pelo contratante,

quando este estiver ligado ao processo de gerenciamento da qualidade ambiental, tais como:

procedimentos de manutenção do sistema de ar condicionado, procedimentos básicos de higienização do

ambiente (superfícies fixas) e paisagismo interior.

Este documento foi aprovado pelo Conselho Científico da BRASINDOOR – Sociedade Brasileira de Meio

Ambiente e Controle de Qualidade de Ar de Interiores. Este documento foi produzido pela Comissão

Tecnológica de Higienização, composta pelos seguintes membros:

·

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 85

Page 86: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

A.5 RECOMENDAÇÃO NORMATIVA ABRAVA PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR RENABRAVA I - REVISÃO I 1. OBJETIVO

Este documento tem por objetivo estabelecer os procedimentos e diretrizes ABRAVA para execução dos

serviços de limpeza e higienização corretiva de sistemas de distribuição de ar contaminados.

Assinala-se que estes serviços, embora muito importantes e necessários, não garantem, por si só, uma boa

qualidade do ar interior, que depende também de diversos outros fatores, não abordados nestas

Recomendações.

2. NORMAS E DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

- NBR 13.971 - Sistemas de Refrigeração, Condicionamento de Ar e Ventilação - Manutenção Programada.

- Portaria 3523, de 28 de agosto de 1998, do Ministério da Saúde.

3. CONDIÇÕES GERAIS

A empresa executora dos serviços objeto destas Recomendações deverá:

3.1 - ter em seus quadros no mínimo um engenheiro experiente em sistemas de ventilação e tratamento

de ar, com registro no CREA;

3.2 - possuir e fornecer todos os equipamentos especializados para execução adequada dos serviços de

limpeza e higienização requeridos;

3.3 - empregar mão de obra qualificada, e assegurar que seus funcionários tenham recebido treinamento

para utilizar os equipamentos e os produtos especializados necessários à execução dos serviços. Para

tanto deverá, se solicitada, apresentar os manuais utilizados no treinamento;

3.4 - obter e manter atualizados os seguintes documentos:

- PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional), conforme NR do Ministério do Trabalho;

- PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), conforme NR 09 do Ministério do Trabalho;

- Registro no CREA da empresa e do engenheiro responsável;

- ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do serviço a ser executado;

3.5 - obter e manter atualizados os registros nos órgões competentes, juntamente com a metodologia de

utilização fornecida pelo fabricante, de todos os produtos químicos utilizados no processo de limpeza;

3.6 - apresentar uma proposta técnica detalhada dos serviços oferecidos, incluindo:

- relatório de inspeção prévia da instalação, especificando os problemas de sujeira e contaminação

constatados;

- descrição dos serviços requeridos, metodologia de execução, equipamentos e produtos a serem

utilizados, método de avaliação dos resultados, etc.;

3.7 - ter acesso aos desenhos e últimas revisões do sistema a ser higienizado (sempre que disponíveis),

para permitir melhor planejamento e execução os serviços.

4. CONDIÇÕES ESPECIFICAS PARA A LIMPEZA DE SISTEMAS DE AC

4.1 .Escopo dos serviços

a) A contratada deverá se responsabilizar pela remoção dos contaminantes e depósitos presentes os

sistemas de distribuição de ar, o que inclui, onde necessário:

- superfície interna dos dutos de insuflamento, retorno e ar exterior;

- difusores, grelhas e outros acessórios;

- tomada de ar exterior, incluindo dampers e grelhas;

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 86

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QUALIDADE DO AR INTERNO

- casa de máquinas, quando utilizadas como plenum de retorno do sistema;

- filtros, providenciando, se necessário, sua substituição;

- dampers corta-fogo, verificando especialmente se há depósitos de sujeira no batente de encosto da

lâmina;

- atenuadores de ruído;

- caixas VAV;

- interior dos gabinetes de tratamento de ar, incluindo revestimento interno dos painéis, serpentinas, volutas

e rotores de ventiladores, bandeja de condensados;

- drenos, verificando se estão desobstruídos e com sifonagem suficiente para impedir qualquer aspiração de

contaminantes no fluxo de ar.

b) A contratada deverá garantir que o trabalho foi executado de acordo com estas Recomendações e

comprovar a eficácia do trabalho executado a través de diagnóstico visual e laboratorial.

4.2 Inspeção do sistema de AC e preparação do local

Antes do início de qualquer trabalho de limpeza a contratada deverá efetuar uma inspeção visual do sistema

e uma analise dos desenhos fornecidos pela contratante, para determinar os métodos apropriados, as

ferramentas e os equipamentos necessários para a adequada realização dos serviços.

Deverá ser estabelecido, de comum acordo com a contratante, um cronograma determinando o início e o

fim de cada fase da limpeza.

4.3 Saúde e segurança

A contratada deverá cumprir todas as exigências municipais, estaduais e federais aplicáveis, para proteção

dos usuários do edifício, dos funcionários da contratada e do meio ambiente; não deverão ser empregados

processos ou materiais que possam trazer mais riscos para a saúde dos ocupantes dos locais; a

descontaminação dos equipamentos utilizados e a remoção da sujeira recolhida durante a limpeza devem

seguir todas as exigências aplicáveis.

4.4 Responsabilidade

A contratada deverá se responsabilizar por danos causados às instalações, equipamentos, móveis e objetos

pertencentes à contratante, bem como pela segurança dos ocupantes e de seus próprios funcionários

durante a realização dos serviços.

Não se responsabilizará por danos resultantes de técnicas de limpeza inadequadas ou imprudentes

empregadas por terceiros.

4.5 Relatórios

A contratada deverá fornecer, na conclusão dos trabalhos:

- relatório de execução dos serviços;

- comprovação da eficácia do trabalho executado;

- relação das áreas do sistema que apresentaram danos e/ou necessitam de reparos;

- localização das aberturas de acesso eventualmente feitas nos dutos.

5. PROCEDIMENTOS / METODOLOGIA

A contratada deverá elaborar e implementar procedimentos de execução que descrevam a metodologia a

ser empregada para, no mínimo, as seguintes atividades:

5.1 Forros falsos

A contratada poderá remover e reinstalar as placas de forro para obter acesso aos sistemas de AC e rede

de dutos.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 87

Page 88: Apostila de Qualidade Do Ar Interno ITAJAi

QUALIDADE DO AR INTERNO

5.2 Aberturas de acesso

a) A contratada deverá realizar as aberturas necessárias para permitir a limpeza interna de 100% da rede

de dutos.

b) Deverá utilizar as aberturas de acesso existentes, sempre que possível.

c) Deverá realizar as aberturas necessárias de forma a que possam ser adequadamente fechadas e

vedadas, restabelecendo a integridade e estanqueidade originais do duto.

d) Os fechamentos das aberturas de acesso deverão ser devidamente isoladas para prevenir perdas /

ganhos térmicos e evitar condensação em sua superfície, tomando os devidos cuidados para que seja

reconstituída a barreira de vapor.

e) As técnicas de realização das aberturas não devem comprometer a integridade da estrutura do sistema.

f) Não devem ser realizadas aberturas em dutos flexíveis; estes devem ser desconectados em suas

extremidades, removidos para verificação e limpeza apropriadas, e reinstalados, ou se necessário,

substituídos.

g) Todas as aberturas de acesso que forem executadas devem ser claramente marcadas e seu local deve

ser indicado nos desenhos do sistema de AC.

5.3 Limpeza

É de responsabilidade da contratada selecionar os métodos de remoção dos poluentes que deixem o

sistema limpo. A limpeza deverá ser executada, preferencialmente, através de escovação mecânica, ou de

sopro de ar comprimido, em todas as partes do sistema.

a) a contratada deve limpar todos os acessórios da rede de dutos, removendo os quando possível, incluindo

splitters, grelhas, dampers, grelhas e difusores, caixas VAV e outros.

b) Limpeza das unidades de tratamento de ar:

- serpentinas de resfriamento - os métodos de limpeza não podem ocasionar danos ou impedir a troca

térmica ou provocar corrosão da superfície da serpentina; devem ser de acordo com as recomendações do

fabricante da serpentina, quando disponíveis - as serpentinas devem ser completamente enxaguadas com

água limpa para remover quaisquer resíduos;

- interior dos gabinetes;

- filtros (se aplicável), ou substitui-los.

c) A contratada deverá limpar os plenuns das casas de máquinas;

d) Dutos de chapa:

- não deverá ser utilizado nenhum método, ou combinação de métodos, que possa danificar potencialmente

o sistema ou afetar sua integridade;

- a contratada deve limpar 100% da rede de dutos, incluindo os de tomada de ar exterior, de insuflamento

(com os flexíveis) e de retorno;

- qualquer que seja a metodologia empregada, de acordo com o disposto anteriormente, deverá prever a

recuperação dos resíduos removidos por equipamento de coleta adequado;

- o equipamento de coleta dos resíduos deve ter potência suficiente para manter todas as áreas que estão

sendo limpas sob pressão negativa e ter vazão de ar suficiente para garantir o arraste das partículas,

garantindo a eficácia da limpeza.

e) Dutos de lã de vidro

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 88

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QUALIDADE DO AR INTERNO

- elementos de isolamento acústico ou térmico de lã de vidro presentes em qualquer parte dos

equipamentos e rede de dutos devem ser limpos de maneira a não provocar a liberação de partículas de lã

de vidro nos ambientes;

- a metodologia empregada deve ser de aspiração das superfícies ou sopro de ar comprimido seco

(conforme padrões e recomendações da NAIMA);

- devem ser empregados métodos que não causem danos aos componentes de dutos em lã de vidro;

- se houver qualquer evidência de dano, deterioração, delaminação, crescimento de fungos ou bactérias, ou

umidade, a ponto de uma recuperação da área danificada seja impossível, deverá ser recomendado à

contratante sua substituição.

f) Todos os equipamentos de sucção de sujidade devem ser equipados de barreiras suficientes para impedir

o retorno do material recolhido ao ambiente.

- quando o equipamento de sucção de material particulado estiver sendo usado dentro de ambientes

internos deverá ser equipado com filtro absoluto (99,97% de eficiência para partículas de 0,3 microns),

perfeitamente ajustado de forma a impedir qualquer fuga de ar;

- quando o equipamento de sucção de material particulado estiver sendo usado externamente, ao ar livre,

poderá ser equipado unicamente com filtros de 85% de eficiência gravimétrica, tomando-se as devidas

precauções para que o material particulado liberado não entre novamente nas instalações; a liberação de

sujidade no ar livre não deve violar quaisquer padrões, códigos ou regulamentos relativos à proteção do

meio ambiente.

g) Não deverá haver qualquer emanação de vapores ou odores nocivos durante o processo de limpeza.

5.4 Agentes biocidas

a) Só devem ser aplicados agentes biocidas se houver suspeita razoável de crescimento ativo de

microorganismos, ou se tiverem sido detectados níveis inaceitáveis de contaminação no interior dos dutos.

b) A aplicação de agentes biocidas para controlar o crescimento de contaminantes biológicos deve ser

executado após a remoção da sujidade.

c) Devem ser utilizados apenas agentes biocidas registrados nos orgões brasileiros competentes (Ministério

da Agricultura ou Ministério da Saúde).

d) Os agentes químicos usados devem ser aplicados de acordo com as instruções do fabricante.

e) Os agentes químicos usados não devem provocar danos ou corrosão potencial na rede de dutos, e não

devem interferir nas propriedades do revestimento externo usado nas redes de dutos.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 89