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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO AYRTON SANTOS DE QUEIROZ MATERIALISMO E CONSUMO DE LUXO FALSIFICADO NO SEGMENTO JOVEM DISSERTAÇÃO DE MESTRADO BIGUAÇU 2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

AYRTON SANTOS DE QUEIROZ

MATERIALISMO E CONSUMO DE LUXO FALSIFICADO NO SEGMENTO JOVEM

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

BIGUAÇU 2014

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AYRTON SANTOS DE QUEIROZ

MATERIALISMO E CONSUMO DE LUXO FALSIFICADO NO SEGMENTO JOVEM.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Profª. Dra. Maria José Barbosa de Souza

BIGUAÇU 2014

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AYRTON SANTOS DE QUEIROZ

MATERIALISMO E CONSUMO DE LUXO FALSIFICADO NO SEGMENTO JOVEM.

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração, da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

Área de Concentração: Marketing

Biguaçu, 27 de Fevereiro de 2014.

Prof. Dr. Carlos Ricardo Rosseto Coordenador Do Programa

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Maria José Barbosa de Souza UNIVALI – Biguaçu

Orientadora

Prof. Dr. Ricardo Boeing da Silveira UNIVALI – Biguaçu

Avaliador

Prof. Dr. Prof. Dr. Miguel Angel Verdinelli UNIVALI – Biguaçu

Avaliador

Prof. Dr. Fernando Gimenez UFPR – Universidade Federal do Paraná

Avaliador Externo

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Na vida existem diversas pessoas que contribuíram para

meu desenvolvimento como pessoa, mas tive duas

pessoas que foram fundamentais para que tudo isso fosse

possível, por isso quero dedicar esse trabalho a vocês,

meus pais, Raimundo Hermógenes e Roseli Santos.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por ser minha maior fonte de inspiração e minha

fortaleza no meio das adversidades da vida, por ter sido meu companheiro em todos

os momentos.

Aos meus pais, Raimundo e Roseli, vocês nem imaginam o orgulho que tenho

de vocês, por me ensinarem o caminho da verdade, da honestidade e de acreditar

sempre no próximo, olhar com os olhos de Deus. Obrigado por todo apoio,

investimento, acreditar e confiar nesse caçula que tanto deu trabalho, amo vocês!

Vocês são minhas maiores referencias.

Agradeço também aos meus irmãos, Alexandre e Alessandra Santos, por

todo companheirismo, principalmente à minha irmã por ter deixado tudo para trás e

seguir nessa jornada junto comigo. Não foi nada fácil, mas valeu muito a pena! Você

descomplicou o complicado.

A todos os meus familiares meu muito obrigado, em especial aos meus Tios,

Antônio Medeiros e Rosineide dos Santos. Sem o apoio incondicional de vocês,

alcançar essa conquista seria muito difícil, praticamente impossível! Serei

eternamente grato por todos os momentos proporcionados e espero um dia retribuir.

E claro, não poderia esquecer-se da minha prima Roseana Medeiros, você é

demais. Externo a todos vocês meu carinho, admiração e amor.

Agradeço também a todos os professores do PPGA, em especial à minha

orientadora Profa. Maria José referencia de pessoa e professora. Muito obrigado por

todos os ensinamentos, conversas, paciência e dedicação à minha pessoa. A Profa.

Rosilene Marcon pela oportunidade e confiança. Ao Prof. Ricardo Boing pelas ideias,

debates e sugestões no nosso Grupo de estudo (GEMA). Agradeço também ao Prof.

Verdinelle e ao Prof. Rossetto por todos os ensinamentos. Quero agradecer também

ao Prof. Gimenez pela satisfação em tê-lo como membro convidado para a banca de

defesa deste estudo.

Aos meus amigos do mestrado, passamos por tudo juntos, emoções e lições

que tenho certeza que levaremos para toda a vida. Foi tudo mais fácil com vocês.

Agradeço em especial à minha amiga Ediméia pelo companheirismo, conselhos e

por nos receber tão bem. À minha amiga Josiane Luz pelas conversas, momentos

de aprendizagem e pelas várias oportunidades e amizade. Muito obrigado!

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Quero agradecer aos meus amigos e irmãos em Cristo do Francisca Mendes

I, pelas orações e amizade, igreja que mora no meu coração. Vocês são uma

benção.

À minha companheira que acompanhou todo o processo sem poder falar

nada, mas sempre estava ali, passava a madrugada comigo e fez muita companhia,

a você Polly!

Às melhores colaboradoras do PPGA, Lurdes, Carol e Cristina. Muito

obrigado pela presteza e atenção de vocês.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, por

todo o incentivo prestado a todos os bolsistas do Estado do Amazonas. Tenho

certeza que os bons frutos desta semente já estão frutificando pelo Estado e pelo

mundo.

Agradeço à UNIVALI por me receber como aluno e depois de alguns meses

como professor. À minha amiga Marisa Pigatto por toda parceria, à Direção do

Centro: CECIESA - Gestão Luciana Bervian. Muito obrigado!

E a todos que contribuíram para está conquista na minha vida direta e

indiretamente, obrigado!

Essa etapa acabou. Agora é colher os frutos e partir para o próximo desafio!

Ayrton Santos de Queiroz

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E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse

todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse

toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e

não tivesse amor, nada seria.

1 Coríntios 13:2

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RESUMO

O consumo de produtos de luxo falsificado no Brasil é uma prática que só aumenta com o passar dos anos. Hoje os consumidores desses produtos acabam trocando o valor da durabilidade pela quantidade e a sensação de estar se inserindo no mundo de status que as marcas oferecem tanto no campo pessoal quanto profissional, pois as marcas de luxo ajudam os indivíduos a projetar uma imagem de poder e sucesso. O objetivo desse estudo foi analisar a relação entre materialismo e consumo de produtos de luxo falsificados. Especificamente, o trabalho procurou identificar os níveis do materialismo do segmento jovem, verificar os fatores motivacionais do consumo de luxo falsificado, levantar o grau de associação entre as variáveis que compõe os construtos de materialismo e consumo de luxo falsificado e investigar o grau de associação desses construtos e as características sociodemográficas dos pesquisados. Foi realizada uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa, com aplicação de um survey a 378 jovens de diversas cidades de Santa Catarina, cujos dados foram coletados por meio de questionários impressos e autopreenchíveis. Na análise dos resultados da pesquisa foram aplicadas técnicas estatísticas: descritivas (média, desvio padrão, teste do qui-quadrado e correlação de Pearson) e multivariada (analise fatorial). O consumo de luxo falsificado manteve índices expressivos entre os jovens pesquisados. Os resultados mostraram que mais de 70% dos entrevistados consomem produtos de luxo falsificados, e a predominância da frequência de compra se dá pelo menos uma vez por semestre. Os jovens com idade entre 21 e 25 anos são os que mais consomem esses produtos. Esse tipo de consumo não é exclusivamente das classes sociais de menor poder aquisitivo, mas sim de todas elas e os produtos mais consumidos são roupas e bolsas. As mulheres são mais materialistas que os homens e a maior média dos jovens materialistas foi registrada na faixa etária de 17 a 20 anos. Os jovens casados são mais materialistas que os solteiros. A pesquisa revelou que quanto mais alto o poder aquisitivo maior é o índice de materialismo. Os jovens pertencentes às classes sociais A e B apresentaram-se mais materialista do que os outros grupos. Verificou-se que existe correlação entre os dois construtos: materialismo e consumo de produtos de luxo falsificados. Os índices mais altos foram registrados quando os jovens passam a medir a felicidade pelo ato de consumir, o que é está relacionado à função expressiva de valor. Nesse caso o consumo é uma forma de os jovens utilizarem as marcas para ajudar a se expressar. Constatou-se correlação entre o sucesso e a função de ajustamento social, quando os jovens medem o sucesso de uma pessoa pela quantidade e qualidade de bens materiais e utilizam as marcas de luxo para serem aceitos em determinados grupos sociais. Palavras Chave: Materialismo. Consumo de produtos de luxo falsificado. Jovens.

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ABSTRACT

The consumption of counterfeit luxury goods in Brazil is a practice that is on the increase. Today, consumers of these products end up exchanging the value of durability for quantity, and the feeling of being part of the world of high-status that luxury brands offer, both in the personal and professional arenas, because luxury brands help individuals to project an image of power and success. This study analyzes the relationship between materialism and consumption of counterfeit luxury goods. Specifically, it seeks to identify the levels of materialism in the youth segment, and the factors that motivate the consumption of counterfeit luxury goods. It also investigates the degree of association between the variables that comprise the constructs of materialism and consumption of these goods, and the degree of association of these constructs with the respondents’ socio-demographic characteristics. A descriptive, quantitative approach was used, applying a survey to 378 young people from different cities in the Brazilian state of Santa Catarina. Data were collected through printed, self-administered questionnaires. Statistical techniques were used to analyze the results: descriptive analysis (mean, standard deviation, chi- squared and Pearson’s correlation) and multivariate analysis (factor analysis). The levels of consumption of counterfeit luxury goods was significant among the young people surveyed. The results showed that over 70% of the respondents consumed counterfeit luxury products, with a predominant buying frequency of at least once per semester. Young people aged between 21 and 25 years were the age group that most consumed these products. This type of consumption is not restricted to social classes with lower purchasing power, but occurs among all classes, and the most consumed products were clothing and bags. Women were more materialistic than men, and the highest average among the materialistic young people was recorded in the 17-20 year age group. Married young people were more materialistic than singles. The research revealed that the higher the purchasing power, the higher the level of materialism. Young people belonging to social classes A and B were more materialistic than the other groups. A correlation was found between the two constructs: materialism and consumption of counterfeit luxury goods. The highest rates were recorded when young people measured happiness by the act of consumption, which is associated with a significant value function. In this case, consumption was a way for young people to express themselves through the use luxury brands. A correlation was found between success and social adjustment function, when the young people measured a person’s success by the quantity and quality of material goods, and used luxury brands to be accepted in certain social groups. Keywords: Materialism. Keywords. Consumption of counterfeit luxury goods. Young people.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 As três dimensões de materialismo de Belk (1984) .......................... 27

Figura 2 As três dimensôes e materialismo de Richins e Dawnson (1992) ..... 29

Figura 3 Grupos de Influência ......................................................................... 40

Figura 4 Motivações ao consumo de luxo falsificado de Wilcox et al (2009) ... 43

Figura 5 Aspectos motivacionais do consumo de luxo falsificado ................... 45

Figura 6 Correlação entre as variáveis ............................................................ 82

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Resumo de pesquisas sobre o materialismo pelo mundo .................. 23

Quadro 2 Classificação dos produtos e serviços de luxo ................................... 35

Quadro.3 Construto de materialismo de Richins e Dawson (1992) - .......................Centralidade ....................................................................................... 55

Quadro 4 Construto de materialismo de Richins e Dawson (1992) -................ a Felicidade ........................................................................................... 55

Quadro 5 Construto de materialismo de Richins e Dawson (1992) - Sucesso ... 56

Quadro 6 Construto de Wilcox et at (2009) - Função expressiva de valor ......... 56

Quadro 7 Construto de Wilcox et at (2009) - Função de ajustamento social...... 57

Quadro 8 Protocolo de Pesquisa ........................................................................ 60

Quadro 9 Posicionamento das hipóteses ........................................................... 91

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classes econômicas (Critério Brasil e IBGE) .................................... 53

Tabela 2 Variáveis sociodemograficas dos pesquisados ................................. 61

Tabela 3 Cidade em que residem os pesquisados ........................................... 62

Tabela 4 Gênero e estado civil dos entrevistados ............................................ 62

Tabela 5 Classificação econômica da amostra ................................................ 64

Tabela 6 Descendência dos Bisavós ............................................................... 64

Tabela 7 Religião dos entrevistados ................................................................ 65

Tabela 8 Consumo de produtos de luxo falsificado .......................................... 66

Tabela 9 Frequência de compra de produtos de luxo falsificado ..................... 67

Tabela 10 Gênero e consumo de produtos de luxo falsificado ........................... 68

Tabela 11 Idade e consumo de produtos de luxo falsificado .............................. 68

Tabela 12 Consumo de produtos de luxo falsicificado e religião ........................ 69

Tabela 13 Consumo de produtos de luxo falsificado e renda familiar ............... 70

Tabela 14 Índice de confiabilidade dos contrutos ............................................... 72

Tabela 15 Purificação do construto de materialismo .......................................... 73

Tabela 16 Questões utilizadas para mensurar o materialismo ........................... 74

Tabela 17 Estatística descritiva do construto materialismo ................................ 75

Tabela 17 Estatística descritiva do construto materialismo - Questões reversas 77

Tabela 19 Motivações para o consumo de produtos de luxo ............................. 79

Tabela 20 Correlação entre centralidade e função expressiva de valor ............. 83

Tabela 21 Correlação entre centralidade e função de ajustamento social ......... 84

Tabela 22 Correlação entre felicidade e função expressiva de valor ................. 84

Tabela 23 Correlação entre felicidade e função de ajustamento social ............. 86

Tabela 24 Correlação entre sucesso e função expressiva de valor ................... 87

Tabela 25 Correlação entre sucesso e função de ajustamento social ............... 87

Tabela 26 Correlação entre materialismo e variáveis sociodemograficas .......... 89

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTO .................................................................................................... v

RESUMO.................................................................................................................. viii

ABSTRACT ................................................................................................................ ix

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... x

LISTA DE QUADROS ................................................................................................ xi

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xii

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO .............................................................................. 18

1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 18

1.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 19

1.2 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA .............. 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 21

2.1 MATERIALISMO ................................................................................................. 21

2.1.1 TEORIAS ......................................................................................................... 21

2.1.2 Definições do materialismo ........................................................................... 25

2.1.3 Construtos de mensuração de Belk e Richins e Dawson ........................... 27

2.2 CONSUMO DE LUXO ......................................................................................... 31

2.2.1 Definições de luxo .......................................................................................... 31

2.2.2 Produtos de Luxo ........................................................................................... 33

2.2.3 Tipologias da falsificação .............................................................................. 36

2.2.4 Motivações do público consumidor de luxo falsificado ............................. 39

2.2.5 Construto de mensuração de Wilcox, Kim e Sem. ...................................... 47

2.3 HIPOTESES DA PESQUISA ............................................................................... 48

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 51

3.1 ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA ............................................ 51

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA .................................................................................... 52

3.3 TÉCNICA, INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS E VARIÁVEIS DE ANÁLISE ................................................................................................................... 54

3.4 TRATAMENTOS ESTATÍSTICOS ...................................................................... 57

3.5 PROTOCOLO DE PESQUISA ............................................................................ 59

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 61

4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA .................................................................. 61

4.2 CONSUMO DE PRODUTOS DE LUXO FALSIFICADO ..................................... 66

4.3 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS ESTATÍSTICOS ................... 70

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4.4 MATERIALISMO ................................................................................................. 74

4.5 CONSUMO DE PRODUTOS DE LUXO FALSIFICADO ..................................... 78

4.6 CORRELAÇÃO ENTRE O MATERIALISMO E CONSUMO DE LUXO FALSIFICADO .......................................................................................................... 81

4.7 GRAU DE ASSOCIAÇÃO DO CONSTRUTO MATERIALISMO E AS VARIAVÉIS SOCIODEMOGRÁFICAS DOS PESQUISADOS ...................................................... 88

4.8 VERIFICAÇÕES DAS HIPÓTESES .................................................................... 90

5 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO......................91 5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................... 92

5.2 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES ............................................................................ 94

5.3 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ........................................................................ 96

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 97

APÊNDICES ........................................................................................................... 107

ANEXO ................................................................................................................... 119

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1 INTRODUÇÃO

O crescimento do consumo no Brasil é um reflexo que abrange todas as

classes sócias, sejam elas com maior poder aquisitivo ou não. Neste contexto do

consumo, existe uma população que faz parte dele e que já é considerada

representativa: o consumo de produtos de luxo falsificado. Essa realidade não é

exclusivamente do Brasil, é também de outros países, como: Japão, China, Índia,

Rússia e Estados Unidos onde a pratica é comum.

Na perspectiva do comportamento do consumidor, um produto de luxo está

relacionado com o status que ele oferece. Hoje, não são somente pessoas ricas que

consomem produtos que apresentam status. Independente do seu nível econômico,

os consumidores podem desejar comprar estes produtos e exibi-los, como uma

forma de projetar uma imagem de riqueza ou poder. Essa projeção é usada pelos

indivíduos para aparentar pertencer a uma classe social mais elevada ou se

enquadrar em determinados eventos no dia a dia, como festas, aniversários e

outros. Nesse contexto, em que as diversas classes sociais A, B, C, D e E buscam

esse poder de ostentar riqueza, por meio do uso de marcas luxuosas, é que entra a

questão do luxo falsificado.

Como as classes sociais de poder aquisitivo mais baixo não têm o poder de

comprar o artigo de luxo original, elas recorrem ao falsificado, apesar de pesquisas

já comprovarem que as classes de poder aquisitivo maior, como a classe A, já

adquiriram ou adquirem produtos de luxo falsificado (SALES, 2010). Percebe-se que

o papel motivador desse consumo é mostrar que possui o poder aquisitivo. É nesse

sentido, que se pode perceber o quanto as pessoas são materialistas, a ponto de

adquirirem produtos de luxo falsificado para ostentar um falso status social, ao julgar

o seu comportamento ou dos outros medindo o número de bens que possui.

O materialismo é entendido sob duas diferentes abordagens: a psicológica,

relacionada à personalidade e a cultural que é voltada para valores e atitudes.

Segundo a teoria psicológica, o materialismo é um traço da personalidade. São

altamente materialistas os indivíduos que definem as posses como algo central na

sua vida. Sendo assim, as pessoas que acreditam alcançar altos índices de

satisfação por meio do consumo, são considerados materialistas de acordo com

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Belk (1984). O autor ainda define características que podem ser consideradas

subconstrutos do materialismo: a possessividade, a não generosidade e a inveja. A

possessividade refere-se à inclinação e à tendência de reter controle sobre uma

posse. A não generosidade é a má vontade para conceder ou emprestar posses a

outros. Por conseguinte, o autor ainda esclarece que a inveja é o desprazer e a má

intenção à superioridade de outro indivíduo, na felicidade, no sucesso, na reputação

ou na posse de qualquer coisa desejável.

Outra abordagem que embasa o estudo de materialismo é a cultural de

Richins e Dawson (1992). Na visão dos autores o materialismo é tratado como um

valor pessoal e que possui três dimensões fundamentais: a centralidade da

aquisição, a aquisição como busca da felicidade e o sucesso definido pelas posses.

A centralidade é o construto que indica a posição de posses e aquisição, ou seja, o

momento em que as posses de bens materiais ocupam uma posição central na vida

de um indivíduo. Já a felicidade, refere-se ao grau de esperança de um indivíduo na

ideia de que posses e bens materiais tragam felicidade e bem-estar. Nesse sentido,

o sucesso representa a tendência de um indivíduo julgar o próximo e a si mesmo,

em consonância com a quantidade e a qualidade de seus bens materiais.

O materialismo está inserido em todas as classes econômicas e atinge desde

crianças a adultos. Os indivíduos adquirem bens materiais como uma forma de

fortalecer a sua identidade por meio do consumo, ou seja, a sua realização pessoal

está ligada ao ato de consumir.

Richins e Dawson (1992), Richins (1994), Wong (1997) e Burroughs,

Rindfleisch (2002) concluíram que os consumidores materialistas, independente do

seu nível econômico, apreciam o poder da conquista e o ponderam como um

importante instrumento que norteia suas ações, atitudes, juízos e as comparações

entre objetos específicos, assim como o julgamento que uma pessoa faz sobre o

significado de uma posse. Ao abordar sobre consumo de luxo e o materialismo,

observa-se que é um fenômeno essencialmente cultural.

Veblen (1965) apontava o consumo como uma forma riquíssima de

comunicação (sendo a opção escolhida pelas pessoas para exibir uma imagem de

detentores de status). Os bens de luxo eram a expressão de um modo de vida,

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contemporaneamente traduzem a busca por um estilo de projeção social; é a

expressão permanente da satisfação pessoal.

No século XVIII surge o luxo moderno, o que propiciou isso foi o

desenvolvimento técnico trazido pela Revolução Industrial. A partir daí ganhou sua

dimensão sensual de satisfação pessoal (ALLÉRÈS 2000). Lipovetsky (2004) vê

nessa evolução a tendência desse segmento, além do sentido da acumulação

exibicionista de objetos caros.

Para compreender o consumo de luxo, é necessário o entendimento de que

luxo e prestígio, na literatura do consumo, têm conceitos díspares, embora

complementem-se em sua totalidade. De acordo com o dicionário da língua

portuguesa (2012), a palavra luxo vem do latim “luxus” que significa ostentação da

riqueza e magnificência. Definido como qualquer bem ou objeto de custo elevado e

que não é indispensável. Entende-se que prestígio é um juízo de valor sobre um alto

status social e origina-se da constatação de uma realidade. Uma marca tem

prestígio quando ela apresenta características já conhecidas e bem avaliadas por

sua qualidade e desempenho.

Como essa pesquisa tem como foco o consumo de luxo falsificado, é útil

entender o que é considerado um produto falsificado. Para isso será levado em

consideração à definição de Bamossy e Scammon (1985) que entendem que a

falsificação é uma prática fraudulenta de afixar uma denominação comercial para um

produto.

Wilke e Zaichowky (1999) afirmam que as falsificações são feitas diretamente

como uma cópia e as imitações emprestam alguns aspectos e atributos do produto

original. A indústria da falsificação, no mundo, vem crescendo e o Brasil sofrendo

pressões internacionais para combater esse comércio. Uma pesquisa feita pelo

Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE (2005) revelou que 80%

dos brasileiros já compraram produtos falsificados.

As características nacionais identificadas são que a compra é consciente e

intencional, os produtos piratas custam metade ou menos da metade do preço da

indústria e o consumo cresce nas faixas etárias mais jovens. Todas as classes

econômicas consomem produtos piratas (STREHLAU E PETERS, 2006).

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Existe uma perspectiva de que os consumidores de produtos falsificados, de

luxo, os comprem, por meio de duas funções: função de ajustamento social e função

expressiva de valor. Wilcox et al (2009) entendem que a função expressiva de valor

acontece quando as pessoas utilizam esses produtos de luxo falsificados para

conseguirem se manifestar socialmente e a função de ajustamento social quando as

marcas desses produtos são utilizadas pelas pessoas para se ajustarem

socialmente, ou seja, serem aceitas em um determinado grupo social.

Diante desta contextualização, este trabalho se propõe a responder à

seguinte questão: qual a relação entre o materialismo e o consumo de luxo

falsificado no segmento jovem?

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO

Para responder à questão de pesquisa foram definidos os seguintes objetivos.

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a relação entre materialismo e consumo de luxo falsificado no

segmento jovem de Santa Catarina.

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1.1.2 Objetivos Específicos

a) Identificar os níveis do materialismo do segmento jovem

b) Verificar os fatores motivacionais do consumo de luxo falsificado nesse

segmento

c) Levantar o grau de associação entre as variáveis que compõem os

construtos de materialismo e consumo de luxo falsificado e

d) Investigar o grau de associação desses construtos com as características

sociodemográficas dos pesquisados.

1.2 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

Ao discutir os construtos de materialismo e consumo de luxo falsificado, este

estudo aborda temas atuais que constituem interesses de discussões acadêmicas e

das práticas organizacionais e, também, busca a compreensão da relação entre o

materialismo e o consumo de produtos de luxo falsificados.

Com os resultados dessa pesquisa empírica será possível prosseguir na

compreensão da relação entre materialismo e o consumo de luxo falsificado, uma

vez que 80% dos brasileiros já compraram produtos falsificados (IBOPE, 2005). E o

que torna isso alarmante é que as compra desses produtos são feitas de forma

consciente e intencional (STREHLAU E PETERS, 2006).

Na análise de estudos científicos que envolvem os temas, nas bases de

dados, não foram encontrados trabalhos que, de forma conjunta, trabalhem os dois

construtos: materialismo e consumo de luxo falsificado. Nesse sentido, está

pesquisa se justifica quanto à sua contribuição para o campo.

Se uma pessoa tem atitudes positivas ao materialismo, isso afeta o modo

como usa o seu dinheiro. Consequentemente, vive em função dos seus bens

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materiais, o que torna uma pessoa com possível propensão a consumir produtos de

luxo falsificados.

Uma das vertentes do materialismo está ligada ao sucesso, em que os bens

materiais que esse individuo possui vai definir se ele é um sucesso ou não

(RICHINS E DAWSON, 1992), logo, para uma pessoa materialista, o sucesso é

medido pela qualidade e quantidade de produtos que ela possui. Na percepção do

consumo de luxo falsificado uma pessoa compra esses produtos para se enquadrar

dentro de um determinado grupo social e também gostam de ser vistas portando

marcas de luxo. Como nem todas as pessoas tem acesso ao luxo original acabam

recorrendo ao falsificado.

É nessa perspectiva que essa pesquisa busca relacionar o materialismo e o

consumo de luxo falsificado. Visualizando e contribuindo com as lacunas deixadas

por trabalhos como Weirich (2011) que sugeriu outras pesquisas buscassem

relacionar o consumo de luxo com outras classes econômicas, nesse sentido

buscou-se estudar o consumo de luxo falsificado com diferentes classes

econômicas. Também Santos (2012) em que o autor sugere a aplicação do

construto materialismo com outras esferas e diferentes tipos de consumidores. E

Leite (2012) em que o autor sugeriu ligar o materialismo com outros construtos.

Os resultados desse estudo poderão trazer melhor compreensão sobre o

tema e entender de que forma o materialismo se relaciona com o consumo de luxo

falsificado. A partir desse entendimento, podem-se utilizar estratégias para combater

ou até mesmo minimizar o elevado consumo de luxo falsificado no Brasil.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As teorias que servem de base para este trabalho estão fundamentadas nos

conceitos de materialismo, consumo de luxo e luxo falsificado. A seguir, serão

apresentados cada um dos temas que norteará a pesquisa.

2.1. MATERIALISMO

Com o intuito de facilitar o entendimento na definição teórica do construto de

materialismo, este item será abordado em quatro situações que integram o tema:

teorias; definições do materialismo; construtos de mensuração de Belk (1985) e

Richins e Dawson (1992) e, por conseguinte, os estudos científicos que envolveram

o construto.

2.1.1 Teorias

Na academia, o conceito de materialismo vem sendo discutido e estudado por

diversos autores, como Ward e Wackman (1971); Moschis e Churchill (1978); Belk

(1984); Rassuli e Hollander (1986), Richins e Dawson (1992); Micken e Roberts

(1999); Burroughs e Rindfleisch (2002), Ponchio, Aranha e Todd (2007), Podoshen e

Andrzejewski (2012) que, por sua vez, tem contribuído para o entendimento desse

tema. Os autores que possuem os trabalhos mais utilizados na literatura - quando o

assunto é materialismo - são Belk (1984) e Richins e Dawson (1992).

Existem diversos autores que vêm analisando o significado de materialismo

na literatura (RICHINS; DAWSON, 1992). As duas definições mais adotadas,

quando se estuda o comportamento do consumidor, assim como as duas escalas

mais utilizadas por pesquisadores dessa área para mensurar o materialismo, foram

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criadas por Belk nos seus trabalhos de 1984 e 1985 e, posteriormente, por Richins e

Dawson em 1992 e revisada por Rinchins em 2004.

O tema materialismo não é recente e nem existe uma data específica para

confirmar quando surgiu esse fenômeno, mas para Belk (1985), o consumismo

começou a ganhar força desde a revolução industrial. Para ele, esse acontecimento

seria responsável por inserir o materialismo no comportamento do consumidor. Em

outra perspectiva, Richins e Dawson (1992) propuseram que o materialismo

começou a ter destaque na vida pós-industrial e enfatizam a América do Norte como

a sociedade do consumo, em que os consumidores são grupos díspares, porém

guiados pelo mesmo desejo de consumir. Vale ressaltar que o comportamento de

consumir, de forma excessiva e atribuir um alto grau de valor ao consumo não é

exclusivamente dos americanos, como comprova as pesquisa de Belk (1985),

Richins e Dawson (1992), Belk e Ger (1995) e Watson (2003).

O Quadro 1 exemplifica as pesquisas que comprovaram tal disseminação do

materialismo, em que pesquisadores propuseram identificar ou mensurar o

materialismo em diversas localidades do mundo.

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Quadro 1 – Resumo de pesquisas sobre o materialismo pelo mundo

AUTORES RESULTADOS DA PESQUISA

Belk (1985)

Concluiu que anúncios publicitários com apelos materialistas foram encontrados no Oriente em igual proporção aos países do

Ocidente. Justifica o autor que “[...] assim como nos Estados Unidos da América, o aumento real dos rendimentos e uma

abundância de bens de consumo tornou o materialismo possível naquele país”.

Richins e Dawson (1992) Pesquisaram sobre o materialismo em diversas localidades da

América e da Europa. E concluíram que o materialismo não é só visível nos Estados Unidos

Belk e Ger (1995) O resultado sugere maneiras em que o materialismo é capaz de

crescer globalmente, apesar de sua condenação. Roménia, Turquia e a Europa Ocidental possuem índices do materialismo.

Parker, Haytko e Hermans (2002)

Avaliaram o materialismo chinês versus o norte-americano em uma amostra de estudantes universitários e, nos resultados das

pesquisas, é possível compreender que os indivíduos norte-americanos, assim como os chineses, admiram pessoas que possuem objetos muito caros e gostariam de obter bens para

impressionar os outros.

Schaefer, Hermans e Parker (2004)

Investigou as semelhanças e diferenças do materialismo entre indivíduos de 14 - 17 - anos de idade na China, no Japão e os

EUA. E verificou diferenças significativas entre os entrevistados das três nações.

Ponchio, Aranha e Todd (2007)

Pesquisaram consumidores de baixa renda no Município de São Paulo e constataram que os indivíduos mais novos tendem a ser mais materialista que os mais velhos. E que o materialismo não

está associado à renda.

Grohmann et al (2011)

Comprovaram que o nível de materialismo dos consumidores possui uma significativa influência na importância atribuída à

marca do produto. Pesquisa realizada no Brasil com consumidores de baixa renda.

Santos (2012)

Pesquisa realizada no Brasil no Estado de Santa Catarina.

Revelou que filhos de pais casados foram mais materialistas do que separados, solteiros ou viúvos.

Fonte: Adaptado pelo autor, (2013).

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Ainda, nessa perspectiva de comprovação, em que vários autores buscaram verificar

o índice de materialismo em diversos lugares com culturas diferentes, obteve-se um

resultado positivo, em relação à propagação da compreensão do tema. Belk (1985)

confirma, ao relatar em sua pesquisa que o materialismo não é exclusivamente dos

povos ocidentais, além das diferenças culturais e históricas, existem também

disparidades individuais nas manifestações deste construto do comportamento do

consumidor.

Para Belk (1984, p.291), o materialismo é “a importância que um consumidor

atribui aos bens materiais”. Para o referenciado autor, o consumidor materialista tem

seus bens materiais como algo central na sua vida e acredita que a sua satisfação

ou insatisfação está em adquirir posses materiais, ou seja, o interesse de um

indivíduo em ter e gastar. Nessa mesma ideia Ahuvia (1992), Richins e Dawson

(1992), Veer e Shankar (2011) consideram o materialismo como um valor negativo

quando envolve a colocação das posses e sua aquisição no centro da vida, com a

crença de que a aquisição de mais bens leva à felicidade. Para os autores, isso

pode conduzir à tendência para julgar a si mesmo e aos outros em termos de

quantidade e qualidade de bens.

Nessa concepção de observar o materialismo como algo positivo ou negativo,

Belk (1984) veio defender o materialismo em uma dualidade, em que o materialismo

é positivo (instrumental), quando as posses são essenciais ao indivíduo para

descobrir e alcançar valores pessoais e objetivos saudáveis na vida; por outro lado,

negativo (terminal), quando o ato de consumir tem como objetivo único apenas

possuir e acumular mais bens.

Richins e Dawson (1992) entendem o materialismo como a importância dada

à posse e aquisição de bens materiais no alcance de objetivos de vida ou estados

desejados. Ainda, nessa linha de raciocínio, Ahuvia (1992) observou que

materialistas podem ser indivíduos "fixados" em adquirir bens. Trigg (2001) escreveu

que a busca de status é um frustrante esforço interminável, pois as pessoas vão

experimentar a miséria e o desconforto por tentarem obter todas as necessidades

materiais do passado.

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Em síntese, observa-se que ambos entendem o materialismo como posse de

bens e que os indivíduos materialistas precisam adquirir tais bens para alcançar o

sucesso, objetivo, felicidade e satisfação, logo precisam consumir para se sentirem

felizes e com a sensação de objetivos alcançados.

Para Santos (2012), o construto de materialismo, durante as três últimas

décadas, tem despertado muito interesse de diversas áreas do conhecimento, como

Marketing, Ciência Política, Economia e Comportamento do Consumidor na

Psicologia Social. (BELK, 1985; GER; BELK, 1996; INGLEHART, 1990; MUNCY;

EASTMAN, 1998). No próximo item, serão apresentadas as principais definições que

norteiam o construto de materialismo, bem como os autores que abordam o tema.

2.1.2 Definições do materialismo

O consumismo é entendido como o comportamento que leva os indivíduos a

consumir mais do que eles precisam, ou seja, o consumo além da necessidade.

Essa forma de consumo surge a partir da revolução industrial. Para Belk (1985) este

acontecimento seria responsável por inserir no comportamento do consumidor o

materialismo. Por outro lado, o materialismo busca entender quais são os fatores

motivacionais desse consumo. Assim, verificar se esses estão relacionados com a

personalidade ou como um valor cultural.

Ward e Wackman (1972) definem o materialismo como uma orientação que

considera bens materiais e dinheiro como sendo importantes para a felicidade e

desenvolvimento social de uma pessoa. Moschis e Churchill (1978, p.607)

conceituaram o materialismo como "orientações enfatizando posses e dinheiro para

a felicidade pessoal e de progresso social”.

Posteriormente, Belk (1984) afirmou que o materialismo refere-se “a

importância que um consumidor atribui aos bens materiais”. Para o autor, o

consumidor materialista tem seus bens materiais como algo central na sua vida.

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Por conseguinte, Rassuli e Hollander (1986) definiram o materialismo como o

interesse em ganhar e gastar. Mais tarde, Richins e Dawson (1992) definem

materialismo como a importância atribuída à posse e à aquisição de bens materiais

no alcance de objetivos de vida ou estados desejados.

Ainda, em uma visão psicológica, Micken e Roberts (1999, p.513) apontam o

comportamento materialista como “[...] confiar a objetos a função de não apenas

revelar um traço de personalidade, mas de estabelecer uma marca de identidade”.

Nessa mesma visão, Burroughs e Rindfleisch (2002, p.349) definem como a fé do

indivíduo e que seu “bem-estar depende da posse de objetos”.

Ponchio, Aranha e Todd (2007) constataram em pesquisa que o materialismo

não está associado com a renda e, sim, com a idade: os indivíduos mais novos

tendem a ser mais materialistas que os mais velhos. E, finalmente, Podoshen e

Andrzejewski (2012), utilizando a definição baseada em valores do materialismo,

consideram os indivíduos materialistas como aqueles que acreditam que o sucesso

é julgado pelas coisas que as pessoas possuem.

Embora, Belk (1985) e Richins e Dawson (1992) tenham pontos divergentes

ao estudar o materialismo, os autores possuem algumas características similares ao

entender todo o processo de construção do conceito de materialismo. Ambos

nomeiam de materialistas os indivíduos que priorizam a aquisição de bens

mundanos, postos aqueles que não sentem essa necessidade de adquirir cada vez

mais são considerados não materialistas.

No próximo tópico, serão apresentados os dois principais construtos que

mensuram os níveis de materialismo dos indivíduos.

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2.1.3 Construtos de mensuração de Belk e Richins e Dawson

Na literatura, quando o assunto é materialismo, existem duas escalas de

mensuração que são dominantes a de Belk (1984) e Richins e Dawson (1994). Cada

uma é composta por um número de variáveis, que ponderam o pensamento sobre

materialismo.

Belk (1984, p.291) entende que o materialismo é um traço da personalidade e

que é formada pela combinação de três dimensões, como mostra a Figura 1, a

seguir:

Figura 1 – As três dimensões de materialismo de Belk (1984)

Fonte: Adaptado de Belk (1984).

Assim, como mostra a Figura 1, as três dimensões de Belk (1984),

possessividade, não generosidade e inveja são utilizadas para mensurar o grau em

que um indivíduo é materialista. Para o autor, esses traços de personalidade

representam o sentimento de alguém pelos bens do outro, a afiliação de uma

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pessoa pelos bens materiais e a disposição de uma pessoa em dar ou compartilhar

suas posses (LEITE, 2012).

Belk (1985) propôs uma escala para medir o materialista que é composta por

três subescalas que medem a personalidade dos indivíduos e que determinam o

grau de materialismo que alguém possui em sua personalidade, ou seja, é intrínseco

ao ser humano e representam sentimentos que este possui em sua formação

(LEITE, 2012). A escala de Belk conta, principalmente, com indicadores de reações

emocionais e atua como uma medida de personalidade. Em meio aos seus

resultados, o autor descobriu uma forte relação negativa entre materialismo e

felicidade.

Para Belk (1985), uma das vertentes do materialismo está ligada a inveja, que

reflete o modo como às pessoas se comportam mediante ao sucesso de uma outra.

O construto de materialismo de Belk (1985) possui a validação em dois estudos

diferentes que, somados, representavam 437 consumidores norte-americanos. Vale

apontar que o construto de 1985 baseava-se no de 1984, porém sofreu

reestruturação na adição de novas variáveis (DOS SANTOS, 2012).

Foi apresentado o construto de mensuração de Belk (1984), somente para

nível de informação e para honrar a pesquisa do autor, uma vez que por intermédio

de seus estudos muitos trabalhos no campo puderam ser realizados, além da vasta

contribuição para meio científico mundial. Porém, este trabalho utilizou, como base

para mensurar o materialismo, o construto de Richins e Dawson (1994) e Richins

(2004). Optou-se pela utilização de tal construto pelas considerações de Micken

(1995), que se empenhou em verificar a aplicabilidade dos construtos de Belk (1985)

e Richins e Dawson (1992). Em sua pesquisa, a autora afirma que os construtos de

Richins e Dawson possuem uma orientação de valor que é mais precisa (MICKEN,

1995), uma vez que o coeficiente alfa compreendeu 0,75 para o construto que

mensurou a centralidade, 0,83 para felicidade e 0,78 para sucesso.

Outra pesquisa que contribuiu para essa escolha foi a de Ponchio et al (2007),

em que os pesquisadores fizeram a aplicação das duas escalas, como um teste

piloto, para verificar a aplicabilidade no contexto de consumidores de baixa renda do

Município de São Paulo. Assim, como Micken (1995), os autores destacaram a

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escala de Richins e Dawson (1992) como a mais apropriada para o estudo e ainda

informaram que, para o contexto brasileiro, ela é mais indicada por já existir uma

validação e uma adaptação para uso da escala. Nesse sentido, espera-se, por esses

motivos explicar a utilização da escala de Richins e Dawson (1992) e não a de Belk

(1985).

O construto de Richins e Dawson (1992) teve como objetivo: compreender os

níveis de materialismo dos consumidores e avaliá-los. Os autores mensuram o

materialismo a partir de escalas de valores e atitudes que são baseadas em três

dimensões, como mostra a Figura 2, a seguir:

Figura 2 – As três dimensões de Materialismo de Richins e Dawson (1992)

Fonte: Adaptado de Richins e Dawson (1992).

Conforme a Figura 2, o primeiro construto é o sucesso, pode ser entendido

como uma indicação que favorece a disposição de um indivíduo a julgar os outros e

a si mesmo em função da quantidade e da qualidade de seus bens materiais, ou

seja, as autoras Richins e Dawson (1992), defendem a ideia de que os indivíduos

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materialistas enxergam o sucesso como uma medida em que pode possuir produtos

ou até o julgamento do sucesso pessoal e dos outros indivíduos é feito a partir das

posses e bens acumulados.

Ainda, conforme a figura 2, a felicidade é entendida como o grau de

esperança do indivíduo na ideia de que posses e bens materiais tragam felicidades e

bem estar. Para os materialistas adquirir bens é muito importante, para eles isso é

essencial para a sua satisfação (RICHINS E DAWSON, 1992)

Por conseguinte, a centralidade indica a posição de posses e aquisição, o

momento em que os indivíduos colocam suas posses materiais em uma posição

central na vida. Para os materialistas, as coisas que eles possuem são muito

importantes. Geralmente, eles costumam gastar dinheiro em coisas que não são

necessárias. Compram objetos que proporcionam um prazer pessoal e são

indivíduos que gostam do luxo em sua vida (RICHINS E DAWSON,1992).

Em busca de contribuir ainda mais para a mensuração do construto de

materialismo Richins (2004) fez uma revisão nos trabalhos que utilizaram a escala

proposta por Richins e Dawson (1992) e, nesse sentido, a autora, a partir de 15

conjuntos de dados, examinou sua confiabilidade, em conteúdo, dimensionamento,

coerência interna, validade do construto e as respostas. Após essa análise, Richins

(2004) percebeu que os resultados eram aceitáveis e de forma robusta superior ao

de Belk. A partir daí, Richins (2004) propôs a redução da escala original, composta

de 18 itens, para 15. Em que em cada dimensão existem cinco elementos dessa

contribuição para o campo. A autora ainda sugeriu uma escala de nove itens para

estudos, cujo objetivo é trabalhar apenas com o indicador global de materialismo. A

redução da escala resultou nessas afirmativas:

a) Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras;

b) Gosto de gastar dinheiro com coisas caras;

c) A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho;

d) Comprar coisas me dá imenso prazer;

e) Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais;

f) Gosto de ter coisas para impressionar os outros;

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g) Gosto muito de luxo na minha vida;

h) Às vezes, entristece-me um pouco que não possa comprar todas as coisas que

gostaria; e

i) Gastar dinheiro adquirindo bens é uma das coisas mais importantes na vida.

Ao pesquisar sobre materialismo Ponchio et al (2007) destacaram que a

escala feita por Richins e Dawson (1992) é mais apropriada para o estudo e ainda

que, para o contexto brasileiro, ela é a mais indicada, pois já existe uma validação e

uma adaptação para o uso da escala. Outro fator importante a ser destacado é a

consideração de Micken (1995), que verificou a aplicabilidade de Richins e Dawson

(1992) e em sua pesquisa concluiu que a escala de Richins e Dawson (1992), possui

uma orientação de valor mais precisa.

Nesta pesquisa optou-se utilizar a escala original do autor, contendo os 18

itens, pois se observou que vários estudos utilizaram a escala original, pois os

resultados apresentados variam de acordo com o público pesquisado, e após feita

análise fatorial desses estudos questões diferentes foram excluídas, assim tendo

diferentes alternativas excluídas, variando de pesquisa para pesquisa.

Observa-se que existem diversos autores que buscam entender o que norteia

o tema materialismo, pensando nisso, foram levantados os trabalhos que

envolveram o tema central dessa pesquisa. (APÊNDICE B).

2.2 CONSUMO DE LUXO

Neste momento, será apresentado o marco teórico dos seguintes temas: luxo,

produtos de luxo. Apesar de essa pesquisa ter como foco o luxo falsificado, é

necessário possuir um entendimento do consumo de luxo original.

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2.2.1 Definições de luxo

O luxo moderno surgiu por volta do século XVIII. Conforme indica Allérès

(2000), a partir deste momento o luxo passou a ter uma notação de satisfação

pessoal. Lipovetsky (2004) percebeu que, a partir desse século, surgiu uma

tendência para o segmento de luxo ,com o sentido da acumulação exibicionista de

objetos caros.

Silverstein e Fiske (2003) teorizou que a psicologia da satisfação do

consumidor atingiu além da natureza de um produto a ser adquirido ou consumido.

Em outras palavras, a satisfação pode ser adquirida a partir de uma melhor

experiência, um significado mais profundo, maior prazer, ou a partir de uma

percepção duradoura. Consequentemente, o luxo tem uma qualidade, a priori,

relacionada com a expectativa de realizar sonhos (KUKSOV E YING, 2012)

De acordo com o dicionário da língua portuguesa (2012), a palavra luxo vem

do latim “luxus” que significa ostentação da riqueza e magnificência e é definido

como qualquer bem ou objeto de custo elevado e que não é indispensável.

Percebe-se que os trabalhos sobre luxo tem relevância para entender o

comportamento do consumidor, uma vez que, pela cronologia dos estudos existem

algumas pesquisas que serão base para entendimento desse tema. Sendo assim,

Mason (1981) define que nem sempre o luxo é responsável por conceder prestígio

àquele que o possui. Appadurai (1986) afirma que o valor de um bem de luxo não é

propriedade essencial do objeto, mas, sim, o julgamento que uma pessoa faz sobre

um determinado valor. Nesse sentido, Serraf (1991) destaca que um produto de luxo

exerce papel de grande importância no sistema de influências interpessoais. Esse

papel está ligado à questão das aparências, pois permite que uma pessoa mostre

que possui produtos desejados, cobiçados.

Allérès (2000, p.74) afirma que “ter acesso ao mundo do luxo é adquirir um

conjunto de objetos que se vinculam à marca de notoriedade, às vezes mundial,

jamais neutra, mas carregada de historia”. Ou seja, o consumo de luxo é

estritamente para pessoas que têm poder aquisitivo para sustentar tal marca de

notoriedade.

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O Luxo, por sua vez, relaciona-se com termos como conforto, beleza e

refinamento. Ainda sobre prestígio Strehlau (2004) aborda como um benefício

resultante do uso de uma marca de luxo, mas não é automaticamente relacionado

ao bem de luxo. Dessa forma, um cartão de crédito pode trazer certo prestígio ao

seu proprietário, sem ser um bem de luxo. Hagtvedt et al (2009), entende que o luxo

é frequentemente comparado com a visão de preço e qualidade altíssima, ou seja,

pessoas que utilizam produtos de luxo têm prestígio.

A seguir, será feita uma abordagem sobre produtos de luxo e serão expressas

classificações desse tipo de produto.

2.2.2 Produtos de Luxo

Na visão de Mckendrick (1982) e Berry (1994) o conceito de consumo de luxo

é ativo, ou seja, dinâmico, pois produtos que são considerados de luxo hoje, amanhã

podem ser classificados como um produto de conforto básico ou necessário e ainda

que o que foi luxo no século XVIII hoje não é mais, pois cada individuo define o que

é luxo de acordo com o que seu grupo considera como necessário.

Para Lombard (1989) produtos de luxo são aqueles dotados de qualidade

superior, caros, raros, esteticamente bem elaborados, dotados de uma marca

famosa, adquiridos por uma clientela especial. Para o autor os produtos dotados de

qualidade superior apresentam em sua matéria-prima excepcionalidade, seja por

possuir uma matéria prima única ou rara. Os produtos caros possuem certo preço

elevado, são produtos que não podem ser comercializados para todos os públicos.

Nesse sentido, os produtos raros são oferecidos de forma limitada, ou seja, são

distribuídos de forma exclusiva. Esteticamente bem elaborados são os artigos que

levam a um consumo emocional e hedônico (prazeroso). Os produtos dotados de

uma marca famosa estão ligados a uma marca reconhecida mundialmente. Por

conseguinte, os produtos adquiridos por uma clientela especial são exclusivos e, às

vezes, chegam a ser peças únicas.

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Berry (1994) define o produto de luxo como algo de preço elevado, raro, que é

objeto do desejo de muitos, cujo domínio deve gerar prazer. O autor apresenta ainda

a seguinte taxonomia desses produtos:

a) produtos desejados com fervor (um selo que falta em uma coleção);

b) produtos considerados como necessários por uma sociedade (como os

relacionados à saúde);

c) produtos que são meios para atingir um objetivo (barbeador, por exemplo);

d) produtos com forte apelo emocional.

O citado autor defende a ideia de que o consumo de luxo centra-se no

indivíduo, negligenciando um pouco o papel de símbolo de status, ou seja, o luxo

passa a ser considerado como algo imprescindível para o uso no dia a dia. Em

síntese, o indivíduo deixa um pouco de lado os valores sociais e o status que geram

prestígio social.

Ainda na perspectiva de conceituação, Strehlau (2004) entende que o produto

de luxo pode ficar restrito ao próprio indivíduo, permanecendo na esfera do consumo

privado, sem ser exibido, longe dos olhos dos outros. Ao contrário, também pode ser

consumido com grande visibilidade, de modo que os outros o vejam. Entende-se,

assim, que a posse proporciona certo grau de prestígio social, geralmente atrelado a

uma marca. A autora ainda exemplifica: “o logotipo Chanel ou Louis Vuitton, por

exemplo, fica do lado externo do produto, de modo a poder ser visto e reconhecido

facilmente”. Nesse sentido, o luxo está ligado à questão do status ou ao sentimento

de pertencer a um grupo, assim, permite que o indivíduo receba uma distinção social

e psicológica; provoca admiração. O que vai ao encontro do que Richins e Dawson

(1992) afirmaram a respeito de materialismo. O sucesso de uma pessoa é medido

pelo que ela possui, ou seja, representa a tendência de um indivíduo julgar o

próximo e a si mesmo, em consonância com a quantidade e com a qualidade de

seus bens materiais.

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D’ Angelo (2004), com base nos trabalhos de Mckinsey & Company de 1991,

Castarède (1992) e Allérès (2000), elaborou uma listagem do que são considerados

produtos e serviços de luxo. Ele conseguiu classificar no universo do luxo as

seguintes categorias, conforme mostra o Quadro 02, sendo assim:

Quadro 2 – Classificação dos Produtos e Serviços de Luxo

Fonte: D’ Angelo (2004).

Para D’ Angelo (2004), essa relação, no primeiro momento de leitura, parece

ser inconsistente, por possuir produtos diferentes, pois:

À primeira vista, pode causar certa estranheza que numa mesma listagem sejam rotulados como “luxo” produtos tão díspares como “carros” e “bijuterias”. O motivo dessa aparente incongruência reside no fato de que, em todas as categorias mencionadas, há oportunidade de diferenciação e de sofisticação da oferta, vislumbrando um segmento de consumidores específicos. Existem, assim, carros comuns e carros de luxo – Ferrari, Jaguar, Rolls Royce; bijuterias comuns e bijuterias de luxo; e vinhos regulares e vinhos de luxo, por exemplo: Nenhuma destas categorias é, por excelência, o espaço do luxo, mas alguns de seus representantes são, inegavelmente, expressões evidentes desse universo. Em todos eles, novamente, estar-se-ia a considerar marcas e produtos destinados a um determinado nicho de mercado e francamente identificados como superiores aos bens convencionais.

Mercado Cultural Objetos de arte

Meios de transporte Automóveis, iates e aviões particulares

Imóveis Mansões, apartamentos, propriedades territoriais (ilhas, fazendas e etc.)

Produtos de uso pessoal

Vestuário, acessórios, alta costura, prê at porter, calçados, cosméticos e perfumaria, relógios, artigos de escrita e joalheria e bijuteria

Objetos de decoração e equipamentos domésticos em geral

Cristais, porcelanas, artigos de prata, antiguidade e faiança

Alimentos Bebidas (especialmente vinhos e champanhes) e especiarias

Serviços Hotéis, restaurantes, spas, voos de primeira classe etc

Lazer Coleções, esportes (polo e equitação), turismo (cruzeiros e etc.)

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Para Weirich (2011), os consumidores de produtos de luxo dão prioridade

para a qualidade do produto, independentemente do valor, mesmo que o produto

seja muito caro, mas se ele atende às necessidades, será adquirido.

O próximo item irá abordar as Tipologias da falsificação, em que serão

apresentados alguns estudos sobre o tema.

2.2.3 Tipologias da falsificação

O item anterior foi direcionado para a apresentação dos tipos de produtos de

luxo. Como essa pesquisa faz um recorte para o consumo de luxo falsificado, é

importante trazer a contribuição de alguns autores que abordam a questão dos tipos

de falsificação. Pesquisas realizadas por Bamossy e Scammon (1985); Grossman e

Shapiro (1988); Zaichkowsky (1995); Chaudhry e Walsh (1996); Baize (1996);

Delener (2000); Gentry et al. (2001); Kapferer (2003); Pérez et al (2006); Gistri

(2009), irão contribuir para o entendimento desse construto.

Na literatura, a pesquisa realizada por Bamossy e Scammon (1985), é

considerada uma das primeiras pesquisas, cujo objetivo era identificar e discutir

brevemente que fatores levam o mercado mundial permitir a prática de falsificação,

fornecer uma estrutura para auxiliar pesquisas sobre falsificação e apresentar

resultados de um estudo exploratório com foco no consumidor, em que se

pesquisam quais as experiências e percepções de falsificação de produtos os

consumidores possuem.

Os autores entendem por falsificação uma prática fraudulenta de afixar uma

denominação comercial para um produto. A imitação é uma cópia do original, não

idêntica. O propósito dessa prática fraudulenta é enganar o consumidor a adquirir

um falso produto. Para os autores, existe uma distinção entre falsificação e imitação.

Uma imitação é uma cópia do original, porém não é semelhante suficiente para

constituir uma falsificação.

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Para Grossman e Shapiro (1988), a falsificação é considerada uma infração à

marca os autores entendem que os produtos falsificados representam uma fração

cada vez maior no mundo do comércio.

A elaboração do trabalho dos autores teve como objetivo continuar os

esforços de Bamossy e Scammon (1985), em que propuseram compreender as

causas e consequências do comércio de falsificado (produto) e a eficácia de

políticas alternativas que podem ser usadas para controlá-lo. Bamossy e Scammon

(1985) idetificaram que existem dois tipos de mercados de falsificação. No primeiro,

o consumidor não pode observar a qualidade do produto que compra, nem

diferenciar uma cópia de um produto original. Isso ocorre porque o consumidor não

tem conhececimento e nem informação suficiente; portanto, pode se decepcionar ao

comprar. No segunto tipo, os consumidores sabem ou suspeitam que estejam

comprando produtos falsificados, os autores denominam isso de falsificação sem

decepção. No primeiro tipo existe a decepção, pois os consumidores não têm o

entendimento do produto e o segundo tipo não existe a decepção, pois os

consumidores sabem que estão comprando produtos falsificados.

Zaichkowsky (1995) considera a falsificação como uma cópia 100% direta do

original e ainda comenta que o produto ou a marca falsificada, é generalizada no

mercado de hoje e é claramente uma ameaça. É importante para as marcas, e

outros gestores das empresas que entendam a história deste problema, sua

evolução, e sua prevalência no mercado de hoje.

Assim como Bamossy e Scammon (1985); Grossman e Shapiro (1988);

Zaichkowsky (1995), em seus trabalhos propuseram medidas legais para coibir os

produtos falsificados, Chaudhry e Walsh (1996) também indicaram suas medidas de

prevenção ao consumo de produtos falsificados. Uma das contribuições diferentes

dos autores Chaudhry e Walsh (1996) é que eles diferenciam a falsificação em 4

tipos, a saber:

I - Parecem tanto quanto possível com o original e usam a mesma marca;

II - Parece uma duplicata do original, mas apresentam um nome diferente;

III - São reproduções que não são exatamente uma cópia; e

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IV - São imitações pouco convincentes.

Chakraborty et al. (1996) definem a falsificação como toda cópia não

autorizada vendida como produto legítimo. Para os autores Chakraborty et al. (1996)

existem dois tipos diferentes de transação: uma que ilude o consumidor e a outra

que não ilude, pois, nesta, o consumidor está ciente da falsificação quando compra o

produto. Percebe-se que a ideia vai ao encontro do que foi definido por Grossman e

Shapiro (1988), em que o consumidor compra um produto falsificado e se ilude por

falta de informação.

Baize (1999) acrescenta a questão sobre se o produto falso é concorrente ou

substituto do original. A autora Baize (1999) propõe definições de imitação: da

imitação pura (falsificação) para a imitação reflexiva. A imitação pura é a cópia

idêntica da original, nessa imitação é levado em consideração todos os aspectos

únicos. No processo de cópia, todos os esforços são voltados para a parte externa

do produto. A imitação reflexiva empresta do produto original algumas de suas

características, mas cultiva características que são específicas da própria marca

(BAIZE,1999).

Posteriormente, Wilke e Zaichowky (1999) afirmam que as falsificações são

feitas diretamente como uma cópia e as imitações emprestam alguns aspectos e

atributos do produto original. A falsificação de uma marca começa pela cópia dos

elementos da marca como cores, design e logotipo. Nessa mesma perspectiva,

Delener (2000) define falsificação simplesmente como uma imitação que pretende

fraudar as outras pessoas. Apesar dos três últimos autores terem seus trabalhos

publicados em datas diferentes, todos concordam em definir a falsificação como uma

cópia feita de um produto original.

Como afirma Gentry et al. (2001), a maior dificuldade de se tentar diferenciar

o que é uma imitação de uma falsificação deriva do fato de ambas formarem um

continuum, ou seja, uma réplica autorizada, uma produção a mais, não autorizada

pelo fabricante, boa cópia de alguns atributos importantes.

Pérez et al (2006) destacam diversos pontos relacionados com os processos

associados com a compra e consumo de luxo falsificados. Em primeiro lugar, as

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pessoas compram este tipo de produto para se identificar com determinados grupos

sociais e projetar a imagem desejada. Em segundo lugar, os padrões básicos na

tomada de decisão são: a compra de falsificações, simplesmente porque a

oportunidade surge, sem planejamento prévio. Em terceiro lugar, em busca de

aventura e do jogo social de "sentir-se inteligente em enganar os outros". A

sensação de risco, não necessariamente perigo, parece tornar a experiência

memorável.

Vale levar em consideração a afirmação de Gistri et al (2009) de que a

utilização de produtos falsificados pode ser considerada como um delicado

equilíbrio. Por um lado, o consumo de falsificações poderia ser considerado como

um meio de ser aceito em uma classe social desejada, porque permite o aumento do

conceito de um membro do grupo. Por outro lado, o indivíduo também corre o risco

de ser associado negativamente com um falso estereótipo de consumidor.

O próximo item dessa pesquisa tem como objetivo explorar os trabalhos que

buscaram entender o que motiva os indivíduos a consumir produtos de luxo

falsificado.

2.2.4 Motivações do público consumidor de luxo falsificado

Após ser feita a apresentação das definições do consumo de luxo e dos

produtos que são considerados desse segmento – bem como as tipologias das

falsificações - esse tópico irá discorrer sobre as motivações do público consumidor

de produtos luxo falsificado.

Diversos autores como Bearden e Etzel (1982); Salomon (1996); Richers

(2000); Strehlau e Peters (2006), Wilcox et al (2009), Pérez et al (2010) e (JIANG E

COVA, 2012) estudaram as razões que levam as pessoas a consumir os produtos

de luxo, que serão apresentadas, a seguir:

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Bearden e Etzel (1982) examinaram três tipos de influência dos grupos de

referência nas decisões para aquisição dos produtos e marcas, como é apresentado

na Figura 3, a seguir:

Figura 3 – Grupos de influência

Fonte: Adaptado de Bearden e Etzel (1982).

Conforme a Figura 3, no Grupo 1, a influência acontece quando o indivíduo

deseja tomar decisões com embasamento, quando ele procura por informações. O

grupo 02 é utilitário, aquele que deseja agir de acordo com os desejos dos outros

para receber reconhecimento e evitar punições ou excluído de determinado grupo.

Por conseguinte, o grupo 03 é caracterizado pela necessidade psicológica de

associação com uma pessoa ou grupo. Essas associações ocorrem de duas formas:

a primeira a pessoa tenta parecer com alguém e, a segunda, a pessoa tenta ser

alguém que faz parte de um determinado grupo social (BEARDEN E ETZEL 1982).

Na percepção dos autores, as motivações ocorrem quando existe a

necessidade de um indivíduo ser aceito ou percebido por um determinado grupo de

influência. Ainda levantam a questão de que a operacionalização do consumo é

refletida em duas distinções: luxos e necessidades. Para isso, as necessidades são

possuídas por praticamente todos, enquanto o luxo tem certo grau de exclusividade

(BEARDEN E ETZEL 1982). É nessa necessidade que entra o contexto do luxo

falsificado. Em que os grupos de influência propiciam a disseminação desse

consumo.

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Outro trabalho relevante para o entendimento dessas motivações é

representado por Salomon (1996) que acredita que o consumidor é motivado a

adquirir esses tipos de produtos de luxo pelo o status que ele oferece. Para o autor,

os consumidores têm a tendência de avaliar suas conquistas profissionais e seu

bem-estar material comparando-os com os dos outros. Vale ressaltar que essa

comparação é temporária, porque os padrões definidos pelos outros estão sempre

mudando. Na mesma visão de Bearden e Etzel (1982), Salomon (1996) confirmam a

ideia de que o status é um dos fatores predominantes para o consumo desses

produtos.

Um estudo que afirma isso no contexto brasileiro, é o de Richers (2000), ao

ressaltar que o brasileiro é um consumidor compulsivo e que ostenta a capacidade

de consumo como símbolo de status. Mais um ponto de vista que deve ser levando

em consideração é o trabalho de Bourdieu (1979), ao considerar que a elite assume

outro tipo de comportamento quando começa a ser imitada. Se novos ricos

começam a consumir marcas de luxo, é de supor que o estrato dominante vá

assumir uma nova postura para manter sua distinção social.

Kogler (2006) defende a ideia de que os indivíduos necessitam dos produtos

para uma satisfação do desejo, ou seja, o consumidor possui a ideia de que precisa

ser diferente da maioria das pessoas. Novamente, percebe-se que o status é um

fator predominante para o entendimento de que o comportamento do consumidor,

voltado para o luxo, seja ele original ou falsificado, direciona-se para o status, ser

exclusivo, ou melhor, ser único.

Para Strehlau e Peters (2006, p.7), [...] “os atributos que o cliente valoriza,

não estão na qualidade alta e na durabilidade [...] o valor está na qualidade estética,

ou seja, o quanto a falsificação é semelhante ao seu original”. A partir dessa

concepção os indivíduos não estão preocupados, apenas, com o status que a marca

oferece e sim com a qualidade da falsificação, pois se essa não for boa, vai

comprometer a sua aparência, logo compromete o seu status mediante a sociedade.

Além disso, os autores também puderam identificar que a satisfação e o status do

consumidor dependem da exibição e da conservação das diferenças, ou seja, as

pessoas utilizam os produtos como uma forma de fazer vínculos ou estabelecer

diferenças entre as pessoas que o cercam.

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Os autores Strehlau e Peters (2006, p.9) ainda identificaram que “a compra e

uso de uma marca falsificada estão relacionados com a aceitação desses produtos

entre os membros de um grupo”. Novamente, pode-se verificar a questão da

aceitação do grupo o que vai ao encontro da ideia defendida por Bearden e Etzel

(1982), em que os grupos fazem parte da influência para o consumo do luxo. Ainda

nessa perspectiva, Strehlau e Peters (2006, p.9) puderam verificar que:

Há ocasiões nas quais se podem demonstrar o conhecimento sobre as marcas genuínas e sua correspondência com as falsificadas. Isto representa saber onde comprar para obter qualidade (aparência e funcionamento) e como usar (quais ocasiões e como proceder no trato social, abordando o assunto de modo a trazer benefícios sociais). O consumidor classifica-se por meio da marca, pois ao julgar um certo consumo de uma pessoa demonstra-se ao mesmo tempo como portador de conhecimento e habilidade suficientes para isso. O produto falso pode ser uma demonstração de distinção, se usado adequadamente, por exemplo, comprá-lo no exterior ou utilizá-lo com produto legítimo. É também uma forma de distinção poder compartilhar com amigos o relatar da compra e mostrar o objeto. O consumidor tem uma oportunidade de demonstrar seu conhecimento sobre as marcas ao escolher produtos falsificados da melhor qualidade.

Um dos trabalhos que foi utilizado para o entendimento dos motivos que

levam as pessoas a consumir produtos de luxo, especificadamente o falsificado, é

de Wilcox, et al (2009). O objetivo do trabalho desses autores é verificar se as

motivações sociais guiam as pessoas a uma propensão a consumir produtos de luxo

falsificado. Após a definição desse objetivo, eles propuseram a entender que

existem duas funções que levam as pessoas a consumir os produtos de luxo: função

expressiva de valor e a função de ajustamento social. Conforme mostra a Figura 4:

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Figura 4 – Motivações ao consumo de luxo falsificado de Wilcox et al (2009)

Fonte: Adaptado de Wilcox, Kim e Sen (2009).

Conforme mostra a Figura 4, Wilcox et al (2009), entendem que a função

expressiva de valor ocorre quando os indivíduos utilizam os produtos de luxo

falsificado para se expressar. Para eles, essa função ajuda as pessoas a comunicar

suas crenças centrais, valores e atitudes. Quando um consumidor desperta essa

função para um produto, são motivados a consumi-lo como uma forma de auto

expressão.

Os autores concluíram que as pessoas que utilizam a marca de luxo para

expressar seus valores podem ser menos propensos a comprar marcas de luxo

falsificado. Como sua pesquisa foi aplicada nos Estados Unidos, é interessante

testar essa hipótese no contexto brasileiro, uma vez que o consumo de produtos de

luxo falsificado já atinge a população brasileira.

Ainda de acordo com a Figura 4, Wilcox et al (2009) entende que a função de

ajustamento social ocorre quando as pessoas utilizam a marca dos produtos de luxo

para serem aceitas socialmente.

Nesse momento a contribuição de Pérez et al (2010) pode ser mencionada,

pois as autoras buscaram entender a relação entre o consumo de produtos de luxo

falsificados e a construção de identidade, por meio desse produtos. As autoras

levantaram a ideia de que as pessoas que compram produtos dessa natureza

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buscam se adequar a três grupos de motivos: ser eficiente, divertir-se e enganar os

outros. Assim, procuram definir a sua identidade por meio desses três construtos.

Para Pérez et al (2010), ser eficiente está ligado ao contexto de otimizar

recursos, ou seja, as pessoas se acham espertas por comprarem produtos

falsificados que são sazonais. Um exemplo citado na pesquisa é a respeito da moda.

A moda nesse caso, é sazonal, ou seja, os consumidores compram produtos

originais desde que sejam clássicos. Mas, tratando-se de produtos que saem de

moda de acordo com as estações, eles optam por comprar o falso. Também os

consumidores sabem diferenciar uma boa falsificação de uma falsificação ruim; é,

nesse sentido, que eles se acham eficiente.

O segundo motivo mencionado pelas autoras Pérez et al (2010) é o de

divertir-se. Elas defendem que isso acontece por meio da aventura e o auto prazer,

ou seja, comprar produtos à margem da lei. Esse comportamento gera certo prazer

para os que compram produtos falsificados. No trabalho feito por elas Pérez et al

(2010), descobriram que a sensação de aventura parecia ter feito as experiências

mais memoráveis para os consumidores. A presença da polícia nos locais que

vendem produtos, de luxo, falsificados acrescenta emoção à experiência, além de

fazer o ato de compra uma eterna lembrança.

Posteriormente, o terceiro motivo levantado pelas autoras é a sensação de

enganar os outros, pessoas que compram produtos falsificados para ostentar a

riqueza. Um ponto que chama atenção é que “eles querem ser aceitos por um

determinado grupo ao mesmo tempo, eles parecem gostar de enganar aqueles que

querem impressionar” Pérez et al (2010, p.225). Novamente, observa-se que o

consumo de luxo falsificado está ligado à aceitação de um determinado grupo social,

o que fortifica ainda mais a ideia levantada por Bearden e Etzel (1982), Strehlau e

Peters (2006), Wilcox et al (2009) e Pérez et al (2010).

Ainda falando sobre os fatores motivacionais desse público consumidor, Jiang

e Cova (2012) entendem que esses motivos acontecem nos aspectos interpessoal e

pessoal, conforme mostra a Figura 5, a seguir:

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Figura 5 – Aspectos motivacionais do consumo de luxo falsificado

Fonte: Adaptado de Jiang e Cova, (2012).

Conforme mencionado na Figura 5, Jiang e Cova (2012) explicam que o

aspecto interpessoal acontece por três motivos: conformidade, busca por status e

salvar as aparências. A conformidade é definida como "a mudança em suas

avaliações de produtos, atitude, intenções de compra, ou compra de comportamento

como resultado da exposição às avaliações, intenções ou comportamentos dos

outros referentes compra" (Lascu & Zinkhan, (1999) apud Jiang e Cova (2012)). As

autoras Jiang e Cova (2012) definem a busca por status como um processo

motivacional pelo qual os indivíduos se esforçam para melhorar sua posição social

por meio do consumo conspícuo de produtos de consumo que atribuem e

simbolizam status.

Assim, salvar as aparências é definido como um sentido favorável à

autoimagem social do que a pessoa quer que os outros a vejam, para se encaixar

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em um determinado grupo social. Assim, essas são as três definições do que

representa o aspecto interpessoal.

O aspecto pessoal é dividido em: experiência com a marca, consciência sobre

moda e aventura. As autoras Jiang e Cova (2012) definem a experiência com a

marca, aqueles consumidores que já têm uma boa experiência com a marca de luxo

original, como esses consumidores sabem comprar produtos de luxo falsificados,

eles optam por comprar aqueles produtos que são boas falsificações, pois eles

sabem que aquela marca tem um bom reconhecimento no mercado, isso faz com

que existam boas falsificações e que não aparentem ser falsificadas.

Outro construto que as autoras Jiang e Cova (2012) levantam é a consciência

sobre moda, esse construto é voltado para os artigos de moda, que são sazonais.

Para as autoras, os consumidores estão preparados para investir em um produto de

moda mais barato, com isso eles podem economizar para comprar outro artigo de

moda após aquela estação. Uma vez que os artigos de moda entram em estação e

saem dela todos os trimestres. Essa ideia que as autoras apresentam, vai ao

encontro do que foi apresentado anteriormente por Pérez et al (2010) no quesito de

ser eficiente. Em que as autoras apresentam a ideia de que os consumidores

preferem gastar com produtos de moda falsificado, pois são sazonais, com isso, eles

se acham espertos por pouparem seus recursos e com isso eles podem investir em

outros produtos mais tarde.

O último construto apresentado por Jiang e Cova (2012) referente ao aspecto

pessoal, é a aventura. As autoras entendem que é um consumo hedônico como

aquelas facetas do comportamento do consumidor que se relacionam com a

multissensorial, fantasia e aspectos emotivos da experiência de uso do produto. O

nome escolhido foi porque os consumidores têm certo receio de serem descobertos

que utilizam produtos de luxo falsificado. Na pesquisa das autoras elas perceberam

que suas entrevistadas apresentavam uma mistura de sentimento nervoso com

animação, por isso o nome é aventura.

O que se percebe nesses conceitos é que existe uma ligação entre todos os

autores apresentados. Nesse caso, a aventura apresentada por Jiang e Cova (2012)

é praticamente o mesmo conceito proporcionado por Pérez et al (2010), eles

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expõem como uma questão de divertir-se, viver uma aventura, praticamente o

mesmo significado. O que diverge entre eles é que para Jiang e Cova (2012) a

aventura é um medo de ser descoberto por conhecidos que utilizam produtos de

luxo falsificado e para Pérez et al (2010) é um medo de ser pego comprando

produtos de luxo falsificado. Ambos os autores apresentaram conceitos diferentes,

mas em suma, percebe-se certa semelhanças nas ideias.

O próximo assunto a ser abordado nessa pesquisa é o construto de

mensuração de Wilcox, Kim e Sem (2009).

2.2.5 Construto de mensuração de Wilcox, Kim e Sem.

Um dos objetivos da pesquisa é verificar quais são os fatores motivacionais

do consumo de luxo falsificado no segmento jovem. Após ser feito um levantamento

bibliográfico, pode-se identificar o construto de mensuração de Wilcox, Kim e Sem

(2009), o construto elaborado por esses autores é baseado em duas dimensões:

a) Função expressiva de Valor

b) Função de ajustamento social

Optou-se por utilizar essas duas funções neste trabalho, pois a função

expressiva de valor aborda a forma como as marcas podem fazer com que um

indivíduo se expresse diante da sociedade. Segundo, que a função de ajustamento

social reflete como os indivíduos utilizam a marca para serem aceitos socialmente

por um determinado grupo. Como se trata de um público jovem, em que pressupõe

que estão em uma fase de ajustamento social, é útil entender quais são os fatores

motivacionais que eles utilizam para consumir produtos de luxo falsificados.

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O construto de mensuração elaborado pelos autores Wilcox, Kim e Sem

(2009) ainda não foi aplicado no contexto brasileiro, por isso se fez necessário

utilizar a técnica de tradução reversa, em que foi feita a tradução do questionário

para o português e posteriormente para o inglês, com objetivo de ver se a primeira

tradução retorna ao seu estado natural.

Os autores fizeram uma pesquisa em 2009, com o objetivo de verificar se as

motivações sociais influenciam as pessoas a consumir produtos de luxo falsificado.

No final do estudo, chegaram à conclusão de que sua escala é valida, pois para os

dois construtos, o alfa foi superior a 0,05. Os autores utilizaram uma pesquisa

quantitativa, aplicaram um Survey, com uma escala do tipo likert, em que o número

1 era discordo totalmente e 7 concordo totalmente.

A pesquisa foi feita com setenta e nove alunos de graduação em uma

grande universidade do nordeste dos Estados Unidos. Antes do preenchimento dos

questionários, os entrevistados foram solicitados a escrever a sua marca favorita de

luxo (moda), com o intuito de restringi-los a não escolher uma marca que fosse de

difícil falsificação, por exemplo, carros de luxo. No item 3.3 desse trabalho serão

apresentados os construtos junto com as variáveis de análise.

Observa-se que existem diversos autores que buscam entender o que

norteia o consumo de luxo falsificado, pensando nisso, o Apêndice C, tem o objetivo

de levantar os trabalhos que envolvem os motivos que levam os indivíduos a

consumirem produtos de luxo falsificado.

2.3 HIPOTESES DA PESQUISA

Os indivíduos materialistas buscam no consumo uma forma de projeção de

poder aquisitivo. Para eles uma pessoa só é considerada de sucesso quando possui

uma grande quantidade de bens materiais.

Essa ideia de julgar se uma pessoa é de sucesso ou não pela quantidade e

qualidade de seus bens, contribui para a ostentação do consumo, pois uma vez que

as pessoas materialistas agem dessa forma, subtende-se que elas se juguem da

mesma maneira. Até o presente momento dessa pesquisa, não foi encontrado

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nenhum trabalho que relacionasse que os jovens materialistas têm uma maior

propensão para adquirir produtos de luxo falsificado, nessa ideia percebe-se a

necessidade de relacionar esses dois temas que integram o comportamento do

consumidor.

Wilcox et al (2009) entenderam que os produtos de luxo falsificados ajudam

os indivíduos a se expressarem em determinados grupos, como pessoas que

ostentam poder aquisitivo. Além de usarem as marcas como uma forma de

aceitação/interação social. Os autores identificaram neste comportamento a função

de ajustamento social. Pensando nisso, pode-se ter as seguintes hipóteses:

H1 - Os Jovens materialistas têm uma propensão maior para a compra de

produtos de luxo falsificado quando as marcas servem como uma forma de

ajustamento social

O que justifica a criação dessa hipótese, é justamente o que os autores

Wilcox et al (2009) destacam: que um indivíduo pode comprar um produto, porque a

marca reflete a sua personalidade. Assim, a função expressiva está ligada à marca,

em que o consumidor utiliza esse produto para se expressar perante a sociedade ou

a um determinado grupo.

Ainda, na visão da justificativa da hipótese, Wilcox et al (2009), no seu

instrumento de pesquisa, os indivíduos que consome produtos de luxo falsificado,

utilizam a marca de luxo para refletir no tipo de pessoa que ele quer ser, ou seja, as

marcas de luxo são usadas para ajudar o indivíduo a se expressar ou defini-lo como

pessoa, ainda ajudando-o a se comunicar com sua autoimagem.

Os autores concluíram que as pessoas que utilizam a marca de luxo para

expressar seus valores podem ser menos propensos a comprar marcas de luxo

falsificado. Como sua pesquisa foi aplicada em outro País, é interessante testar essa

hipótese no contexto brasileiro, uma vez que o consumo de produtos de luxo

falsificado já atinge a população brasileira.

É pensando no sentido de que as variáveis sociodemograficas proporcionam

a formação de indivíduos materialistas e que eles são motivados a consumir

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produtos de luxo falsificado que ofereçam status, é que proporciona suporte para as

seguintes hipóteses:

H2 – As variáveis sociodemograficas contribuem para o índice de

materialismo nos jovens.

e

H3 - As variáveis sociodemograficas contribuem para o consumo de produtos

de luxo falsificado.

Na abordagem do próximo item serão apresentadas as metodologias

utilizadas nessa pesquisa.

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3 METODOLOGIA

Posteriormente ao referencial teórico desse estudo, apresenta-se a

metodologia de pesquisa, dividida em cinco partes: primeiro, serão apresentadas às

abordagens e estratégias de pesquisa. Segundo, o universo e amostra que norteiam

a pesquisa. Terceiro, o instrumento para coleta de dados e as variáveis de análise.

Quarto, os tratamentos estatísticos que foram aplicados para a obtenção dos

resultados. Por conseguinte o protocolo de pesquisa.

3.1. ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA

Essa pesquisa está centrada na área do Marketing, cujo foco é o

comportamento do consumidor. Tem como objetivo analisar dois construtos que

estão voltados para essa conduta, que são: materialismo e consumo de luxo

falsificado. Para mensurar e entender esse comportamento, foi aplicada uma

pesquisa descritiva de abordagem quantitativa. Essa abordagem é explicada por

Malhotra (2006), como aquela que define o problema com maior precisão, ou seja, é

a melhor opção para temas cujos dados sejam limitados. O autor ainda explica a

pesquisa descritiva, como aquela que visa conhecer a realidade e interpretá-la, por

meio da observação, descrição, classificação e interpretação de fenômenos, sem

nela interferir para modificá-la.

Ainda sobre a pesquisa descritiva, Vieira (2002) destaca que as pesquisas

descritivas podem se zelar pelas relações entre variáveis e, dessa forma, aproximar-

se das pesquisas experimentais. A pesquisa descritiva expõe as características de

determinada população ou fenômeno, mas não tem o compromisso de esclarecer os

fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.

Quanto à abordagem, enquadrada na visão positivista das ciências sociais, a

pesquisa quantitativa é caracterizada por Malhotra (2006, p.154) como a pesquisa

que “procura quantificar os dados e, normalmente, aplica alguma forma da análise

estatística”. Ainda nessa perspectiva de explicar a pesquisa quantitativa, Strieder

(2009) afirma que é usada em estudos que procuram avaliar resultados que podem

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ser mensurados e expressos em números, taxas e proporções. Para Semenick e

Bamossy (2001), a pesquisa quantitativa permite que o pesquisador possa trabalhar

os dados e, partindo de variáveis com perspectivas diferentes, tenta obter o máximo

possível de informações. Vale ressaltar que o método quantitativo tem a vantagem

de ser objetivo e imparcial, embora possa ser interpretado de forma parcial.

Para compreender da melhor forma possível, os construtos que norteiam essa

pesquisa, foi aplicada uma pesquisa survey (levantamento), com o intuito de

entender as caraterísticas dos seus comportamentos relacionados ao materialismo e

ao consumo de luxo falsificado. Para Malhotra (2006, p. 182), um levantamento “é

um interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias perguntas sobre seu

comportamento, intenções, atitudes, percepção, motivações, características

demográficas e de estilo de vida“. E Creswell (2007) ainda ressalta que o

levantamento pode ser descrito como a obtenção de dados ou informações sobre

características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como

representante de uma população alvo, por meio de um instrumento de pesquisa,

normalmente um questionário.

No próximo item serão apresentados o universo e amostra que nortearam essa

pesquisa.

3.2. UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa são os jovens consumidores de produtos de luxo

falsificados, com idade de 17 a 30 anos, do gênero masculino e feminino. De acordo

com o critério utilizado pelo Ministério da Saúde para definir a população jovem.

Fizeram parte do estudo pessoas de todas as classes econômicas, conforme

a definição do Instituto Brasileiro de Pesquisa - IBGE, que constam na Tabela 1:

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Tabela 1 – Classes econômicas

Critério Brasil IBGE

Classe Social

Intervalo de Renda (R$)

Renda Média Domiciliar Mensal (R$)

Classes Sociais

Salários Mínimos Intervalo de Renda (R$)

A1 acima de 10.894 18.607 A Acima de 25 Acima de 16.950,00

A2 de 6.537 a 10.894 8.087 B de 10 a 25 6.780,00 a 16.950,00

B1 de 4.359 a 6.536 5.271 C de 5 a 10 3.390,00 a 6.780,00

B2 de 2.616 a 4.358 3.306 D de 2 a 5 1.356,00 a 3.390,00

C1 de 1.308 a 2.615 1.951 E Até 2 Até 1.356,00

C2 de 874 a 1.307 1.100

D de 499 a 873 735

E até 498 419

Fonte: Adaptado do IBGE / ABEP – Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (Critério Brasil),

2013.

As classes econômicas segundo o IBGE e o Critério Brasil da Associação

Brasileira das Empresas de Pesquisa são as duas formas mais utilizadas em

pesquisas para definir as classes econômicas das famílias brasileiras. Optou-se

utilizar a do IBGE, pois essa se enquadra melhor ao público pesquisado.

Para a seleção da amostragem, esta pesquisa escolheu o método não

probabilístico que é compreendido por Hair Júnior et al (2005, p.200) como “a

seleção de elementos amostrais não é necessariamente feita com o objetivo a ser

estatisticamente representativa da população”. E também decidiu-se utilizar a

amostragem por conveniência que segundo Malhotra (2006, p.332), é baseada na

“procura de obter uma amostra de elementos convenientes. A seleção das unidades

amostrais é deixada a cargo do entrevistador”. Assim, o universo dessa pesquisa foi

constituído de jovens universitários de ambos os gêneros e idade entre 17 e 30

anos.

Os entrevistados pertenciam ao curso de administração de uma Universidade

em Santa Catariana. A época da pesquisa, estavam matriculados 4.177 alunos, nos

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turnos matutino, vespertino e noturno. Para esse somatório, utilizou-se o cálculo de

erro amostral aceitável para a pesquisa. Ao aplicar a fórmula descrita em Barbetta

(2003), tem-se:

no = 1 / Eo², onde o Eo retrata o erro amostral da pesquisa

Que para o universo deste trabalho, utilizando o erro amostral de 5%, sendo

0,05, tem-se:

no = 1 / Eo²

no = 1 / 0,05²

no = 400

Nesse caso:

N = 4.177

E0 = erro amostral tolerável = 5% (E0 =0,05)

n0 = 1/(0,05)² = 400

n = 4.177x400/(4.177+400) = 365.04 = 366

Portanto, a amostragem final da pesquisa resultou em 366 alunos. Este total de

alunos de graduação foi submetido ao survey, conforme será descrito no próximo

item dessa pesquisa.

3.3. TÉCNICA, INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS E VARIÁVEIS DE ANÁLISE

Para mensurar o materialismo e o consumo de luxo falsificado, foi utilizada

uma pesquisa survey (levantamento), com a utilização de um questionário impresso.

Foi feita uma aplicação na presença do pesquisador.

Os construtos e as variáveis de análise que foram utilizados para medir o

materialismo foram elaborados por Richins e Dawson (1992). Inclusive, já foi testado

por diversos autores, como: Richins e Dawson (1990); Wong (1997); Richins (2004);

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Grohmann et al. (2011). E, no Brasil, o questionário foi aplicado na pesquisa de

Moura et al. (2006) e Santos (2012) em que os pesquisadores puderam verificar a

validação das variáveis de análise.

O construto materialismo, proposto por Richins e Dawson (1992), é composto

por três dimensões: centralidade, felicidade e sucesso. Para medir a centralidade as

afirmativas utilizadas foram as constantes no Quadro 3, a seguir:

Quadro 3 – Construto de materialismo de Richins e Dawson (1992) - Centralidade

Q1 Geralmente, compro apenas aquilo de que preciso.

Q2 Tento manter a minha vida simples, no que diz respeito aos meus bens materiais.

Q3 As coisas que possuo não são muito importantes para mim.

Q4 Gosto de gastar dinheiro em coisas que não são necessárias.

Q5 Comprar coisas dá-me imenso prazer.

Q6 Gosto de muito luxo na minha vida.

Q7 Dou menos importância às coisas materiais que a maioria das pessoas que conheço

Fonte: Adaptado de Richins e Dawson (1992)

Essas perguntas avaliam a centralidade, ou seja, a indicação da posição das

posses e aquisições na vida das pessoas. Por elas pode-se perceber até que ponto

os indivíduos colocam as posses no centro de suas vidas.

Para mensurar felicidade, foram usadas as afirmativas do Quadro 4, a seguir:

Quadro 04 - Construto de materialismo de Richins e Dawson (1992) - Felicidade

Q8 Tenho todas as coisas de que preciso para ser feliz.

Q9 A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho.

Q10 Não seria mais feliz se tivesse coisas mais bonitas.

Q11 Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais coisas.

Q12 Às vezes, entristece-me um pouco que não possa comprar todas as coisas que quero.

.Fonte: Adaptado de Richins e Dawson (1992)

A segunda dimensão de Richins e Dawson (1992) avalia a felicidade no

consumo, ou seja, até que ponto as posses trazem felicidade e bem-estar pessoal

para o indivíduo.

Por conseguinte, para mensurar o sucesso, as afirmativas constantes do Quadro

5 foram utilizadas:

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Quadro 05 - Construto de materialismo de Richins e Dawson (1992) – Sucesso

Q13 Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras.

Q14 Alguns dos feitos mais importantes na vida incluem adquirir bens materiais.

Q15 Não dou muita importância à quantidade de objetos materiais que as pessoas têm como sinal de sucesso.

Q16 As coisas que tenho dizem muito sobre o sucesso que tenho tido na vida.

Q17 Gosto de ter coisas para impressionar as pessoas.

Q18 Não dou muita atenção aos objetos materiais que os outros possuem.

Fonte: Adaptado de Richins e Dawson (1992)

A terceira dimensão avalia o sucesso. Nessa parte analisa-se a tendência de

um indivíduo em julgar os outros e a si mesmo em função da quantidade e qualidade

de suas posses, olhando o sucesso a partir das posses e bens acumulados.

O construto e as variáveis de análise utilizados para verificar os motivos do

consumo de luxo falsificado foram elaborados por Wilcox et al (2009), e validados

pelos autores em sua pesquisa. Até o presente momento, não foi encontrado

nenhum trabalho que tenha aplicado esse construto no contexto brasileiro. Como se

trada de um questionário feito e aplicado em outro idioma, foi feita a técnica de

tradução reversa para poder ser aplicado neste trabalho.

A escala proposta pelos autores Wilcox et al (2009) é composta por dois

construtos: função expressiva de valor e função de ajustamento social.

Para medir a função expressiva de valor, as afirmativas são:

Quadro 06 – Construto de Wilcox et at (2009) - Função expressiva de valor

Q1 As marcas de luxo refletem no tipo de pessoa que eu quero ser.

Q2 As marcas de luxo me ajudam a me comunicar com a minha auto identidade.

Q3 As marcas de luxo me ajudam a me expressar.

Q4 As marcas de luxo me ajudam a me definir.

Fonte: Adaptado de Wilcox, Kim e Sen (2009).

Essa escala avalia se os indivíduos utilizam o produto de luxo falsificado para se

expressar socialmente. Nesse sentido, os indivíduos, por meio das marcas de luxo

falsificado, conseguem expressar suas crenças, valores e atitudes.

Para medir a função de ajustamento social, as afirmativas são:

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Quadro 7 – Construto de Wilcox et at (2009) - Função de ajustamento social

Q5 As marcas de luxo são um símbolo de status social.

Q6 As marcas de luxo me ajudam a me enquadrar em situações sociais importantes.

Q7 Eu gosto de ser visto vestindo marcas de luxo.

Q8 Eu gosto quando as pessoas sabem que eu estou usando uma marca de luxo.

Fonte: Adaptado de Wilcox, Kim e Sen (2009).

A escala da função de ajustamento social busca avaliar de que forma os

indivíduos utilizam as marcas de luxo para serem aceitos socialmente, ou seja, se

enquadrar em determinados grupos sociais.

Vale ressaltar que ambos os questionários passaram por um pré-teste para

serem mensurados os tempos de resposta e as dificuldades de compreensão no

preenchimento. Optou-se por fazer esse pré-teste para excluir os possíveis

problemas de pesquisa. E quanto ao tempo de resposta, para que os entrevistados

tivessem essa informação no ato do preenchimento do questionário.

Além dessas afirmativas, constou no questionário um bloco com perguntas

fechadas e abertas sobre os dados pessoais dos entrevistados. Essas informações

foram utilizadas para restringir a pesquisa para o público pesquisado e quantificar o

perfil dos respondentes e relacionando-os com os construtos trabalhados nessa

pesquisa.

No próximo item, serão apresentados os tratamentos estatísticos que serão

aplicados nessa pesquisa.

3.4. TRATAMENTOS ESTATÍSTICOS

Para a análise dos dados descritivos e multivariados obtidos pelo (survey),

foram utilizados o software: Statistical Package for the Social Sciences – SPSS 17.0,

Statistic 8.0 e Microsoft Excel 2007.

No primeiro momento, nas análises descritivas das amostras foram

apresentadas, por meio de médias, desvio padrão, tabelas comparativas e testes t,.

E no segundo momento, o teste de qui-quadrado, pois é um método que permite

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testar a significância da associação entre duas variáveis (BARBETTA, 2008). No

terceiro momento foi aplicada a análise fatorial, esta é definida por Aranha (2008)

como uma técnica cujo objetivo é caracterizar um conjunto de variáveis observáveis,

a fim de torná-las em um conjunto menor de variáveis hipotéticas e latentes. Por

conseguinte a correlação de Pearson.

A correlação permite verificar a relação entre variáveis. Para Triola (2008),

“existe uma correlação entre duas variáveis quando uma delas está relacionada com

a outra de alguma maneira”. Foram por essa perspectiva que foram utilizadas as

técnicas de correlação.

Todas as fórmulas utilizadas nessa pesquisa estão disponíveis no Apêndice

D. No próximo item será apresentado o protocolo de pesquisa.

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3.5 PROTOCOLO DE PESQUISA

Nesse item será apresentado o protocolo de pesquisa de forma resumida,

conforme o Quadro 8, a seguir:

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60

Quadro 8 – Protocolo de Pesquisa

Objetivo Geral

Objetivos Específicos

Variáveis Variáveis de Análise Metodologia Hipóteses

An

alis

ar a

rel

ação

en

tre

mat

eria

lism

o e

co

nsu

mo

de

luxo

fal

sifi

cad

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jove

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lism

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Felicidade

Tenho todas as coisas de que preciso para ser feliz | A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho | Não seria mais feliz se tivesse coisas mais bonitas | Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar

mais coisas | Às vezes, entristece-me um pouco que não possa comprar todas as coisas que quero.

Quantitativa Estudo descritivo

(Média, desvio padrão)

- Centralidade

Geralmente, compro apenas aquilo de que preciso | Tento manter a minha vida simples, no que diz respeito aos meus bens materiais | As coisas que possuo não são muito importantes para mim | Gosto de gastar dinheiro em

coisas que não são necessárias | Comprar coisas dá-me imenso prazer | Gosto de muito luxo na minha vida | Dou menos importância às coisas materiais que a maioria das pessoas que conheço.

Sucesso

Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras | Alguns dos feitos mais importantes na vida incluem adquirir bens materiais | Não dou muita importância à quantidade de objetos materiais que as pessoas têm

como sinal de sucesso |As coisas que tenho dizem muito sobre o sucesso que tenho tido na vida | Gosto de ter coisas para impressionar as pessoas | Não dou muita atenção aos objetos materiais que os outros possuem.

Ver

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Função de Ajustamento

Social

As marcas de luxo são um símbolo de status social |As marcas de luxo me ajudam a me enquadrar em situações sociais importantes | Eu gosto de ser visto vestindo marcas de luxo |Eu gosto quando as pessoas sabem que eu

estou usando uma marca de luxo. Quantitativa Estudo descritivo

(Média, desvio padrão)

H1 - Os Jovens materialistas tem uma propensão maior para a compra de produtos de

luxo falsificado quando as marcas servem como uma

forma de ajustamento social

Função Expressiva de

Valor

As marcas de luxo refletem no tipo de pessoa que eu quero ser | As marcas de luxo me ajudam a me comunicar com a minha auto identidade | As marcas de luxo me ajudam a me expressar | As marcas de luxo me ajudam a

me definir.

Leva

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Todas as variáveis

Todas as variáveis de análise de materialismo e consumo de luxo falsificado Correlação

H2 - As variáveis sociodemograficas

contribuem para o índice de materialismo nos

jovens

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s. Idade,

gênero, estado civil, ocupação

profissional e religião.

Todas as variáveis de análise de materialismo e consumo de luxo falsificado

Quantitativa Estudo descritivo

(Média, desvio padrão) teste T

H3 - As variáveis sociodemográficas contribuem para o

consumo de produtos de luxo falsificado.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados serão apresentados de acordo com os seguintes itens, que

são: caracterização da amostra, procedimento para análise dos dados estatísticos,

materialismo, consumo de luxo falsificado, correlação entre materialismo e consumo

de luxo falsificado e o grau de associação do construto materialismo e as variavéis

sociodemográficas dos pesquisados.

4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

A amostra final da pesquisa totalizou 378 entrevistados. A Tabela 2 destaca

as variáveis sociodemográficas e o perfil dos jovens respondentes, segmentados

por: idade, gênero, estado civil, ocupação profissional e moradia.

Tabela 2 – Variáveis sociodemograficas dos pesquisados

Variáveis Alternativas Frequência Porcentual (%)

Idade

17 - 20 anos completos 107 28,31

21 - 25 anos completos 154 40,74

26 -29 anos completos 88 23,28

Com 30 anos completos 29 7,67

Total 378 100,00

Gênero Masculino 153 40,50

Feminino 225 59,50

Total 378 100,00

Estado Civil Solteiro (a) / Separado (a) Viúvo (a) 282 74,60

Casado (a) / Mora Junto (a) 96 25,40

Total 378 100,00

Ocupação Profissional

Só estuda 44 11,60

Conta própria ou autônomo 16 4,20

Empresário 34 9,00

Estagiário 28 7,41

Empregado ou assalariado 244 64,60

Funcionário Público 10 2,62

Outra Função 2 0,52

Total 378 100,0

Moradia Moro Sozinho (a) 41 10,80

Moro com Familiares, Companheiros (a) e/ou Amigos. 337 89,20

Total 378 100,0

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Percebe-se que os jovens situavam-se nas seguintes faixas etárias: 28,31%

entre 17 a 20 anos de idade, 40,74% entre 21 a 25 anos, 30,95% entre 26 a 30 anos

com predominância feminina de 225 respondentes 59,50%. Do total dos

entrevistados 74,60% eram solteiros, separado ou viúvo, o que pode ser justificado

pelo auto índice de jovens entre 17 a 25 anos de idade, quase 70%.

A Tabela 3 mostra as cidades onde residem os participantes da pesquisa,

com destaque para Itajaí 29,62% e São José 22,78%.

Tabela 3 – Cidade em que residem os pesquisados

Cidade Número de Pesquisados Porcentual (%)

Balneário 57 15,07

Biguaçu 45 11,90

Florianópolis 12 3,17

Itajaí 112 29,62

São José 86 22,78

Itapema 15 3,97

Tijucas 51 13,49

Total 378 100

A Tabela 4 sumariza o gênero dos entrevistados e suas respectivas situações

civis. Mulheres solteiras, separadas ou viúvas representam 71,56%, enquanto

homens na mesma classificação sumarizaram (79,08).

Tabela 4 – Gênero e estado civil dos entrevistados

Gênero Situação Civil Frequência Porcentual (%)

Feminino Solteiro (a) / Separado (a) / Desquitado (a) / Viúvo (a) 161 71,56

Casado (a) / Mora junto 64 28,44

Total 225 100

Masculino Solteiro (a) / Separado (a) / Desquitado (a) / Viúvo (a) 121 79,08

Casado (a) / Mora junto 32 20,92

Total 153 100

Quando os entrevistados foram questionados quanto ao tipo de emprego, as

mulheres que trabalhavam, somaram 51,58% e o público masculino 36,77%. O

Gráfico 1 identifica o gênero dos entrevistados com suas ocupações profissionais.

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Gráfico 1 - Gênero e ocupação profissional dos entrevistados

Na Tabela 5 são apresentadas as classificações econômicas dos

respondentes da pesquisa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) que considera o salário mínimo vigente como critério, observou-se

que as classes C, D e E somaram 83,6% respondentes, o que aponta a maior

representatividade nesta pesquisa.

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Tabela 5 – Classificação econômica da amostra

Variável Alternativas Classe Frequência Porcentual (%)

Renda Mensal Bruta familiar

Até R$ 1.356,00 (Até 2 SM) E 68 18,0

De R$ 1.357,00 a R$ 3.390,00 D 122 32,3

De R$ 3.391,00 a R$ 6.780,00 C 126 33,3

De R$ 6.781,00 a R$ 16.950,00 B 52 13,8

Acima de R$ 16.951,00 A 10 2,6

Total 378 100,00

Com o intuito de verificar o nível de materialismo e consumo de luxo

falsificado por suas descendências, os entrevistados foram questionados quanto à

descendência de seus bisavós, 71,7% são descendentes de brasileiros. Embora o

estado de Santa Catarina seja conhecido por sua população com descendência

alemã e italiana. A comunidade Alemã foi representada por 35 entrevistados que

corresponde a 9,3% da amostra e a Italiana por 50 respondentes 13,2%. No entanto,

o que teve a maior representatividade nesta pesquisa foram os descendentes de

brasileiros, conforme pode ser visto na Tabela 6, a seguir:

Tabela 6 – Descendência dos Bisavós

Variável Afirmativas Frequência Porcentual (%)

Em que País nasceram seus

Bisavós

África 1 0,3

Alemanha 35 9,3

Argentina 2 0,5

Áustria 1 0,3

Brasil 271 71,7

Espanha 1 0,3

Itália 50 13,2

Japão 3 0,8

Polônia 3 0,8

Portugal 11 2,9

Total 378 100,00

Quando interrogados se possuíam alguma religião 91 dos entrevistados

responderam que não, o que representa uma porcentagem de 24,1%. A maior

representatividade nesta variável de análise é encontrada nos jovens que possuem

uma religião, que somados foram 287 tendo uma média de 75,9% nesta pesquisa.

Tais informações podem ser observadas na Tabela 7, a seguir:

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Tabela 7 – Religião dos entrevistados

Variável Alternativas Frequência Porcentual (%)

Você segue alguma religião

NÃO 91 24,1

SIM 287 75,9

Total 378 100

Ainda sobre a religião dos jovens, foi elaborado um gráfico apontando as que

se destacaram na pesquisa. Tendo como a maior representatividade a religião

católica 67,24%, a seguir no Gráfico 2:

Gráfico 2 – Religião dos entrevistados

Após ser apresentada a caracterização da amostra no próximo item serão

explorados os dados do consumo de produtos luxo falsificado.

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4.2 CONSUMO DE PRODUTOS DE LUXO FALSIFICADO

Quando os jovens foram questionados se consumiam este tipo de produtos,

70,6% dos entrevistados compravam estes tipos de produtos. Tais informações

estão descritas na Tabela 8, a seguir:

Tabela 8 – Consumo de produtos de luxo falsificado

Variável Alternativas Frequência Porcentual (%)

Você consome produtos de luxo

falsificado

SIM 267 70,6

NÃO 111 29,4

Total 378 100,0

Observou-se também que a predominância de compra de produtos de luxo

falsificado é relacionada à classe social. Nesta pesquisa as classes sociais C, D e E

somaram 83,6%, assim percebe-se que o consumo de produtos de luxo falsificado é

representativo nas classes sociais com menor poder aquisitivo.

O Gráfico 3 apresenta os principais produtos consumidos pelo o público

pesquisado, a seguir:

Gráfico 3 – Tipos de produtos de luxo falsificados

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67

Nesta pesquisa foi realizado um levantamento dos tipos de produtos que são

comprados pelos 267 consumidores de produtos de luxo falsificado. Conforme o

Gráfico 3, a porcentagem que chama a atenção são as bolsas e as roupas

consumidas, para bolsas foi 43% e Roupa 42%.

O consumo de produtos de luxo falsificados entre jovens acontece em sua

maior parcela pelo menos uma vez por semestre, pois atinge 60% dos pesquisados,

este valor está descrito na Tabela 9, a seguir:

Tabela 9 – Frequência de compra de produtos de luxo falsificado

Variáveis Frequência Porcentual (%)

Quinzenalmente 3 1,1

Mensalmente 27 10,1

Bimestralmente 23 8,6

Trimestralmente 24 8,9

Quadrimestralmente 16 5,9

Semestralmente 68 25,5

Anualmente 106 39,7

Total 267 100,00

Feita a comparação entre o gênero masculino e feminino, a Tabela 9,

sumariza que os respondentes femininos foram o maior público consumidor deste

tipo de produto, uma vez que este gênero representou o maior porcentual nesta

pesquisa. Assim, das 225 mulheres entrevistadas 74,3% consumem produtos de

luxo falsificado, tais informações são apresentadas na Tabela 10, a seguir:

Tabela 10 – Gênero e consumo de produtos de luxo falsificado

X²calc.= 3,448793; Gl = 1; p= 0,936702

Gênero

SIM

Porcentual (%)

NÃO Porcentual

(%) Total

Total (%)

Masculino 100 65,3 53 34,7 153 100

Feminino 167 74,3 58 25,7 225 100

Total 267 111

378

Somados = 60%

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68

Sobre o gênero e o consumo de produtos de luxo falsificado, pode-se

observar que não há significância (p>alpha). Assim, o consumo deste tipo de

produtos independe do gênero.

Por meio da interação entre as variáveis: idade e consumo de produtos de

luxo falsificado, observou-se na Tabela 11 que os jovens com idade entre 21 a 25

anos 40,44% são os que mais consomem produtos de luxo falsificado.

Tabela 11 – Idade e consumo de produtos luxo falsificado

Afirmativa

17 - 20 21 - 25 26 - 29 30 Total

Consumo de produtos de luxo

falsificado Freq. (%) Freq. (%) Freq. (%) Freq. (%) Freq. (%)

SIM 73 27,34 108 40,44 63 23,60 23 08,61 267 70,63

NÃO

34 30,63 46 41,44 25 22,52 6 05,40 111 29,37

Total Geral 378 100

X²calc.= 1,409758; Gl = 3; p= 0,296751

Alguns autores destacam que jovens de 18 a 25 anos tem uma propensão

maior a consumir produtos de luxo falsificado. Isso ocorre, pois os jovens nessa

faixa etária não têm rendimentos para comprar produtos de luxo originais. Assim,

eles recorrem a falsificações para obter os benefícios associados com o uso de

marcas de moda de luxo (GENTRY et. al 2001; BIAN E VELOUTSOU 2007; TATIC

E CINJAREVIC, 2012).

Porém, os dados deste estudo mostram que o consumo de produtos de luxo

independe da idade dos respondentes, ou seja, pessoas de todas as idades com

poder de compra consomem produtos de luxo falsificado. O que prova está

afirmativa é que após ser feito o teste de qui-quadrado constatou-se a

representatividade do p>0,5. Assim, foi rejeitada a correlação entre a idade e o

consumo de luxo falsificado, pois não há significância.

Conforme a Tabela 12, dos 287 respondentes que seguem uma religião,

80,52% consomem produtos de luxo falsificado. Os dados mostram que a maioria

dos que seguem uma religião 67,24% são católicos.

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69

Tabela 12 – Consumo de produtos de luxo falsificado e religião

Afirmativas Segue alguma Religião? Total

Não Sim

Consome Produtos de Luxo falsificado

SIM 52 215 267

NÃO 38 73 111

Total Geral 378

X²calc.= 9,414128; Gl = 1; p= 0,997847

Apesar da maior parte dos entrevistados que possuem uma religião

consumirem produtos de luxo falsificado, não se pode afirmar que existe uma

associação entre as duas variáveis neste tipo de consumo. Após ser feito o teste de

Qui Quadrado e chegado à conclusão de que p>alpha, nesta pesquisa rejeitou-se

está suposição, assim, o consumo de produtos de luxo falsificado independe da

formação religiosa.

A tabela 13 mostra o consumo de produtos de luxo falsificado segmentado

por faixas de renda ou classes econômicas, a seguir:

Tabela 13 – Consumo de produtos de luxo falsificado e Renda Familiar

Cla

ss

es

Afi

rma

tiv

a

(E)

Até

R$

1.3

56

,00

% (D)

De R

$

1.3

57

,00

a

R$

3.3

90

,00

% (C)

De R

$

3.3

91

,00

a

R$

6.7

80

,00

% (B)

De R

$

6.7

81

,00

a

R$

16

.950

,00

% (A)

Ac

ima

de

R$

16

.951

,00

%

To

tal

SIM 48 70% 90 73,7% 93 73,8% 29 55,7% 7 70% 267

NÃO 20 30% 32 26,3% 33 26,2 23 44,3:% 3 30% 111

Total 68 100% 122 100% 126 100% 52 100% 10 100%

Total Geral 378

X²calc.= 6,732688; Gl = 3; p= 0,919076

Um dos mitos que envolvem o consumo de produtos de luxo falsificado é de

que as classes de poder aquisitivo maior não consomem este tipo de produto. Uma

pesquisa feita por Sales (2010) chamou a atenção para este questionamento. A

autora concluiu que este tipo de consumo não é exclusivamente para as classes

sócias econômicas menos favorecidas.

Porcentagem 215\267 = 80,52%

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70

Conforme a Tabela 13, percebe-se que existe um resultado que vai ao

encontro da ideia de Sales (2010), sobre o consumo de produtos de luxo falsificado

nas classes sociais A e B, pois apesar dessas classes somadas chegarem a 62

respondentes e destes 58% consumirem produtos de luxo falsificado, assim, é

representativamente evidente o consumo destes produtos no meio social destas

classes.

Sales (2010) identificou que os consumidores de produtos de luxo falsificado

de classes mais favorecidas como a A e a B, adquirem estes produtos pelo simples

fato de poder comprar outros itens com o valor original e que, como eles podem

pagar pelo original as pessoas não irão perceber que é falsificado, pois espera-se

que seja original. A autora ainda destacou que o importante é o consumo da marca,

pois no meio social onde vivem precisa ser visto usando as marcas luxuosas,

mesmo que sejam falsificados. Para isto a autora ainda ressalta que “consumo

marcas famosas, logo existo, parece ser o lema que faz uma analogia à frase de

Descartes, e que parece ser o lema dos que produzem e consomem produtos

pirateados” (SALES, 2010, p.121).

Com o intuído de verificar se existe significância entre a renda familiar e o

consumo de produtos de luxo falsificado, foi feito o teste de Qui Quadrado (X²).

Como p>alpha, não há significância entre as variáveis. Em síntese, pode-se concluir

que o consumo de produtos de luxo falsificado não é exclusivamente das classes de

menor pode aquisitivo e sim de todas elas (A, B, C, D, e E).

4.3 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS ESTATÍSTICOS

A fim de analisar a confiabilidade interna dos construtos de materialismo e

consumo de luxo falsificado no segmento jovem, buscou-se utilizar a análise do alfa

de Cronbach. O alfa de Cronbach é conhecido como indicador de fidedignidade dos

dados, está técnica verifica o grau de concordância dos respondentes em relação a

um construto teórico aplicado. Quando os índices são superiores a 0,6 são

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71

considerados aceitáveis para validação da convergência interna da dimensão. Por

outro lado, quando o alfa não alcança um o valor de 0,6 gera-se a análise fatorial

dos itens pertencentes ao mesmo construto teórico (HAIR JÚNIOR et al., 2005).

As variáveis cujas cargas fatoriais foram baixas em relação às demais foram

retiradas com o objetivo de aumentar a confiabilidade do construto.

Assim, antes de iniciar a análise de dados estatísticos, buscou-se verificar a

confiabilidade dos construtos. Para isso, dividiu-se em fatores, os quais representam

o agrupamento das afirmativas relacionadas ao mesmo tema. Os índices de

confiabilidade são apresentados na Tabela 14, a seguir:

Tabela 14 – Índice de confiabilidade dos Construtos

Construto Variáveis Materialismo Consumo de luxo

falsificado

Materialismo

Centralidade 0,238

Felicidade 0,306

Sucesso 0,529

Consumo de luxo falsificado

Função expressiva de valor

0,944

Função de Ajustamento Social

0,806

Índice geral 0,632 0,917

Conforme a Tabela 14, as variáveis dos construtos teóricos de materialismo

de Richins e Dawson (1992), apresentaram todos os fatores com índice de

confiabilidade abaixo de 0,6 (destaques em cinza). O único construto que resultou

em índices aplicáveis foi o consumo de luxo falsificado (0,917), dos autores Wilcox,

Kim e Sen (2009).

Enfim, para os baixos alfas, foi realizada uma análise baseada na carga

fatorial, cujo objetivo foi à purificação dos fatores. Para isso, foram excluídas as

variáveis com baixas cargas fatoriais em relação às demais do mesmo fator, pois

essa ação pode elevar o índice de confiabilidade e melhorar o nível da análise.

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72

Assim, as cargas fatoriais das afirmativas do construto de materialismo seguem na

Tabela 15, a seguir:

,Tabela 15 – Purificação do construto de materialismo

Variáveis Afirmativas Cargas Fatoriais

Centralidade Felicidade Sucesso

Centralidade

A1. Geralmente, compro apenas aquilo de que preciso.

-,491

A2. Tento manter a minha vida simples, no que diz respeito aos meus bens materiais.

-,387

A3. As coisas que possuo não são muito importantes para mim.

,105

A4. Gosto de gastar dinheiro em coisas que não são necessárias.

,632

A5. Comprar coisas dá-me imenso prazer. ,552

A6.Gosto de muito luxo na minha vida. ,563

A7. Dou menos importância às coisas materiais que a maioria das pessoas que conheço

,051

Felicidade

A8.Tenho todas as coisas de que preciso para ser feliz.

-,369

A9. A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho.

,775

A10. Não seria mais feliz se tivesse coisas mais bonitas.

-,138

A11.Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais coisas.

,815

A12. Às vezes, entristece-me um pouco que não possa comprar todas as coisas que quero.

,709

Sucesso

A13. Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras.

,661

A14. Alguns dos feitos mais importantes na vida incluem adquirir bens materiais.

,735

A15. Não dou muita importância à quantidade de objetos materiais que as pessoas têm como sinal de sucesso.

-,146

A16. As coisas que tenho dizem muito sobre o sucesso que tenho tido na vida.

,437

A17. Gosto de ter coisas para impressionar as pessoas.

,688

A18. Não dou muita atenção aos objetos materiais que os outros possuem.

-,105

Média Geral do construto materialismo 3,849

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73

Observar-se na Tabela 15 que as variáveis: centralidade, felicidade e sucesso

apresentam afirmativas que estavam com cargas fatoriais baixas (destaque em

cinza) se comparadas com as demais da mesma variável. Após a exclusão dessas

afirmativas o alfa de Cronbach apresentou um índice de 0,792. Assim, como o

resultado foi superior a 0,6, é considerado aceitável, logo, o materialismo apresentou

confiabilidade satisfatória para as analises.

Em síntese, após a purificação dos dados com a utilização da análise fatorial,

o construto de materialismo, neste estudo, será representado pelas afirmativas que

constam na Tabela 16, a seguir:

Tabela 16 – Questões utilizadas para mensurar o materialismo

Variáveis N° Afirmativas Alfa de

Cronbach

Centralidade

A.4 Gosto de gastar dinheiro em coisas que não são necessárias. 0,794

A.5 Comprar objetos me dá um imenso prazer. 0,773

A.6 Gosto de muito luxo na minha vida. 0,767

Felicidade

A.9 A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho. 0,786

A.11 Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais coisas. 0,771

A.12 Às vezes, entristeço-me por não poder comprar todas as coisas que quero.

0,770

Sucesso

A.13 Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras. 0,755

A.14 Alguns dos feitos mais importantes na minha vida incluem os bens materiais.

0,762

A.17 Gosto de ter coisas para impressionar as pessoas. 0,769

Alfa de Cronbach 0,792

Portanto, para o construto de consumo de luxo falsificado, assim como

apresentado na Tabela 16, é possível identificar que as cargas fatoriais foram

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74

satisfatórias e os alfas de Cronbach altos, variando entre 0,806 e 0,944. Por esse

motivo, não foi necessária a exclusão de variáveis de análise.

4.4 MATERIALISMO

Nesta pesquisa foi utilizado o construto de Richins e Dawson (1992), que

baseia-se em três diferentes variáveis: Centralidade, Felicidade e Sucesso. No

tópico anterior deste estudo, foi calculado o alpha de Cronbach para a validação de

18 itens e, com a exclusão das afirmativas A1, A2, A3, A7, A8, A10, A15, A16 e a

A18, este alfa resultou em 0,792. Assim, as afirmativas descritivas pelo construto

são apontadas na Tabela 17. Esses referem-se ao primeiro objetivo específico desta

pesquisa, que é identificar o nível de materialismo no segmento jovem.

Tabela 17 – Nível de materialismo dos jovens

Variáveis Afirmativas Média Desvio Padrão

Centr

alid

ad

e

A.4 Gosto de gastar dinheiro em coisas que não são necessárias.

2,62 1,767

A.5 Comprar objetos me dá um imenso prazer. 3,99 1,969

A.6 Gosto de muito luxo na minha vida. 3,02 1,780

Média geral da variável Centralidade 3,209

Felic

ida

de

A.9 A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho.

3,81 1,894

A.11 Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais coisas.

4,66 1,815

A.12 As vezes, entristeço-me por não poder comprar todas as coisas que quero.

4,04 1,918

Média geral da variável Felicidade 4,169

Sucesso

A.13 Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras.

3,03 1,854

A.14 Alguns dos feitos mais importantes na vida incluem adquirir bens materiais.

3,20 1,751

A.17 Gosto de ter coisas para impressionar as pessoas. 2,74 1,752

Média geral da variável Sucesso 2,989

Média Geral do Construto 3,456

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75

Conforme a Tabela 17, a afirmativa “Gosto de gastar dinheiro com coisas que

não são necessárias”, manteve sua média 2,62 baixa em uma escala de 7 pontos. E

as afirmativas “comprar objetos me dá imenso prazer” e “gosto muito do luxo em

minha vida” mantiveram-se entre 3,02 e 3,99 pontos. Essas afirmativas referem-se à

centralidade, até que ponto os jovens deixam os bens matérias serem algo central

na sua vida. As duas últimas variáveis de análise apresentaram um valor médio

quanto à centralidade.

A afirmativa “a minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho”,

ponderou-se com uma média de 3,81, nesse caso foi a mais baixa nessa variável.

Por outro lado as afirmativas “seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais

coisas” e “As vezes, entristeço-me por não poder comprar todas as coisas que

quero” apresentaram médias 4,66 e 4,04 foram relativamente as mais altas dentro

desta variável. O reflexo disto está na forma com que os jovens deixam a sua

felicidade ser refletida pelo consumo. Ainda que comprar objetos proporcionam aos

jovens um prazer pessoal e gastar seu dinheiro com algo material está vinculado a

centralizar seus recursos em bens materiais.

Para as variáveis de análise que foram propostas para medir a variável

Sucesso, houve duas médias registradas entre 3,03 e 3,20, que são: “admiro

pessoas que possuem carros, casas e roupas caras” e “alguns dos feitos mais

importantes na vida incluem adquirir bens materiais”. Percebe-se que os jovens

fazem uma ligação entre o Sucesso e o acumulo de bens materiais. Eles medem o

Sucesso de um individuo por meio de suas posses. Ainda ressaltam que quem pode

adquirir bens matérias, de certo modo, alcança o sucesso. A afirmativa que obteve o

menor escore foi “gosto de ter coisas para impressionar as pessoas” (2,74). Para

Santos (2012, p.97), “os acadêmicos tratam o dinheiro como um recurso para trazer

bem-estar com o consumo”.

Observa-se que na Tabela 17, que os entrevistados possuem indicadores

representativos de materialismo, pois a menor média registrada foi de 2,62 na

variável Centralidade e 4,66 dentro da variável Felicidade. Assim, como Richins e

Dawson (1992) e Santos (2012), a pesquisa utilizou a média para analisar as

atitudes materialistas dos pesquisados.

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76

Vale ressaltar que a escala de materialismo e Richins e Dawson (1992)

utilizam a técnica reversa. Esse tipo de técnica serve para testar a verdade das

respostas da amostra.

Assim, esses valores foram convertidos, posteriormente, foi gerada a média

de todas as alternativas da escala proposta pelos autores que indicam as atitudes

materialistas dos jovens pesquisados. Para isso, foi feita a técnica reversa das

alternativas. A Tabela 18 aponta esses índices.

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77

Quadro 18 - Estatística descritiva do construto materialismo (Questões reversas)

Variáveis Afirmativas Média Média

Alterada C

entr

alid

ad

e

A.1 Geralmente compro apenas aquilo que preciso 4,66

A.1 Geralmente, não compro apenas aquilo que preciso. 3,34

A.2 Tento manter a minha vida simples, no que diz respeito aos meus bens materiais.

4,55

A.2 Não mantenho a minha vida simples, no que diz respeito aos meus bens materiais. 3,45

A.3 As coisas que possuo não são muito importantes para mim. 2,98

A.3 As coisas que possuo são muito importantes para mim. 5,02

A.4 Gosto de gastar dinheiro em coisas que não são necessárias. 2,62

A.5 Comprar coisas dá-me imenso prazer. 3,99

A.6 Gosto de muito luxo na minha vida. 3,02

A.7 Dou menos importância às coisas materiais que a maioria das pessoas que conheço

4,23

Média geral da variável Centralidade 3,666

A.8 Tenho todas as coisas de que preciso para ser feliz. 4,73

A.8 Não tenho todas as coisas de que preciso para ser feliz.

3.27

A.9 A minha vida seria melhor se possuísse coisas que não tenho.

3,81

Felic

ida

de

A.10 Não seria mais feliz se tivesse coisas mais bonitas. 3,93

A.10 Seria mais feliz se tivesse coisas mais bonitas. 4,07

A.11 Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais coisas.

4,66

A.12 Às vezes, entristece-me um pouco que não possa comprar todas as coisas que quero.

4,04

Média geral da variável Felicidade 3,971

Sucesso

A.13 Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras.

3,03

A.14 Alguns dos feitos mais importantes na vida incluem adquirir bens materiais.

3,20

A.15 Não dou muita importância à quantidade de objetos materiais que as pessoas têm como sinal de sucesso.

4,46

A.15 Dou muita importância à quantidade de objetos materiais que as pessoas têm como sinal de sucesso.

3,54

A.16 As coisas que tenho dizem muito sobre o sucesso que tenho tido na vida.

4,16

A.17 Gosto de ter coisas para impressionar as pessoas. 2,74

A.18 Não dou muita atenção aos objetos materiais que os outros possuem.

4,49

A.18 Dou muita atenção aos objetos materiais que os outros possuem. 3,51

Média geral da variável Sucesso 3,363

Média Geral do Construto 3,849

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Conforme a Tabela 18, foi feita a reversão de todas as variáveis de cada

construto, assim, como foi indicada por Richins e Dawnsos (1992). Percebe-se que a

média de materialismo manteve-se entre 3 a 4 pontos, atingindo 3,849. A dimensão

centralidade obteve a média geral de 3,666, Felicidade 3,971 e Sucesso 3,363.

4.5 CONSUMO DE PRODUTOS DE LUXO FALSIFICADO

Um dos objetivos específicos desta pesquisa foi verificar quais são os fatores

motivacionais do consumo de produtos de luxo falsificado no segmento jovem.

Assim, o índice de confiabilidade deste construto foi 0,917, não houve necessidade

de fazer a analise fatorial. Assim a Tabela 19, apresenta as médias de cada variável

de analise e o desvio padrão, a seguir:

Tabela 19 – Motivação para o consumo de produtos de luxo

Variáveis Afirmativas Média Desvio Padrão

Função e

xpre

ssiv

a

de v

alo

r

B.1 As marcas de luxo refletem no tipo de pessoa que quero ser.

2,45 1,742

B.2 As marcas de luxo me ajudam a me comunicar com a minha auto identidade.

2,34 1,742

B.3 As marcas de luxo ajudam a me expressar. 2,21 1,568

B.4 As marcas de luxo ajudam a me definir. 2,25 1,639

Média Geral 2,312

Função d

e

aju

sta

me

nto

socia

l B.5 As marcas de luxo são um símbolo de status social. 4,45 2,128

B.6 As marcas de luxo me ajudam a me enquadrar em situações sociais importantes.

3,09 1,906

B.7 Eu gosto de ser visto usando marcas de luxo. 2,51 1,811

B.8 Eu gosto quando as pessoas sabem que eu estou usando uma marca de luxo.

2,38 1,816

Média Geral 3,108

Média Geral do Construto 2,710

A função expressiva de valor acontece quando os indivíduos usam as marcas

de luxo para se expressarem. Embora os jovens possam estar em uma fase

constante de descoberta pessoal, as médias levantadas nesta variável foram

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relativamente baixas se comparadas a uma escala de 7 pontos. Observou-se maior

representatividade 2,45 na concordância com a afirmativa “as marcas de luxo

refletem no tipo de pessoa que quero ser”. Outra variável de análise que se

aproximou foi “as marcas de luxo me ajudam a me comunicar com minha auto

identidade” 2,34.

Na pesquisa realizada por Wilcox et. al. (2009) os autores pontuaram que as

pessoas são menos propensas a comprar produtos de luxo falsificado após a

visualização de anúncios com base em informações que discutem problemas éticos,

associados à falsificação, tais como tráfico de pessoas e terrorismo. Desde os anos

2000 com a massificação dos DVd´s, o governo Brasileiro lançou uma propaganda,

cujo foco era conscientizar a população a não consumir produtos piratas. Um Estudo

feito pela Associação Antipirataria Cinema e Música (APCM) levantou a informação

de que em 2011 foram retiradas das ruas 25.596.836 produtos falsificados. Para

Wilcox et. al. (2009) este tipo de levantamento e propaganda influencia nas duas

funções de seu estudo, pois elas podem inibir o consumo de produtos falsificados.

No geral a função expressiva de valor alcançou uma média de 2,31, o que

representa uma média baixa. Feita uma comparação com o estudo de Wilcox et. al.

(2009) em que ao aplicar seu questionário relacionaram as variáveis de análise a

uma marca (Tissot) os autores obtiveram uma média relativamente mediana de 3,45.

Apesar desta pesquisa não ter feito a relação e ter deixado os entrevistados a

vontade para relacionar, obteve-se uma média próxima ao estudo original, tendo

uma diferença de 1,14 se comparada com a pesquisa de Wilcox et al (2009)

Outro fator importante a ser destacado é que está pesquisa teve como

amostra 378 respondentes e a dos autores criadores do instrumento foram aplicadas

com 79 alunos de graduação em uma grande universidade do nordeste dos Estados

Unidos. Os resultados encontrados na função expressiva de valor são aproximados,

ou seja, os jovens não costumam consumir produtos de luxo falsificado com a

intensão de se expressar. Eles não utilizam as marcas de luxo para se definir como

pessoa, apesar de boa parte deles utilizarem estas marcas para ostentar o tipo de

pessoas que eles querem ser, por essa razão 267 jovens compram produtos de luxo

falsificado. E as classes A, B, C e D são as que se destacam nessa pesquisa como

consumidores.

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A função de ajustamento social advém quando as pessoas buscam nas

marcas de luxo um reflexo de poder aquisitivo e por meio disto serem aceitas

socialmente em diversos eventos socais, como: casamentos, formaturas e etc. Para

esta variável obteve-se uma média relativamente alta se comparada com as outras

encontradas neste construto. A variável de análise “as marcas de luxo são um

símbolo de status social” obteve uma média de 4,45.

Pesquisas como a de Mason (1991) em que o autor afirma que as marcas de

luxo são responsáveis por conceder prestígio àquele que as possui. Para Serraf

(1991) além de conceder prestígio os indivíduos que as possuem essas marcas de

luxo passam a exercer um papel de grande importância no sistema de influências

interpessoais. Esse papel está ligado à aparência, pois essas marcas ajudam a

ostentar poder, automaticamente essas pessoas passam a ser desejadas, por

usarem marcas de luxo. Nesse sentido, os dados apresentados nesta pesquisa

apontam que os jovens entendem que as marcas de luxo são um símbolo de status

social.

Outra média que se apresentou baixa foi de 3,09 que corresponde a

afirmativa “As marcas de luxo me ajudam a me enquadrar em situações sociais

importantes”. Autores como Bearden e Etzel (1982) e Strehlau e Peters (2006)

entendem que as marcas de luxo ajudam os indivíduos a se enquadrar em

determinados grupos/situações. Para os autores os indivíduos utilizam essas marcas

para serem aceitos por um determinado grupo de influência e nos eventos

importantes essas marcas acabam sendo utilizadas como uma forma de projeção da

imagem.

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81

4.6 CORRELAÇÃO ENTRE MATERIALISMO E CONSUMO DE LUXO

FALSIFICADO

O terceiro objetivo específico desta pesquisa é verificar o grau de associação

entre os construtos materialismo e consumo de luxo falsificado. O construto

materialismo é representado por três variáveis de análise, que são: centralidade,

felicidade e sucesso. Já o construto de consumo de luxo falsificado é medido por

duas variáveis: função expressiva de valor e função de ajustamento social, conforme

pode ser observado na Figura 6. Assim, para atingir este objetivo será feita a

correlação entre as variáveis de cada construto.

O objetivo da correlação é verificar o comportamento conjugado de duas

variáveis distintas, ou seja, medir o grau de associação entre elas. Para que haja

correlação entre duas ou mais variáveis é necessário que o p<0,01 (p seja menor

que 0,01). A figura 6 busca exemplificar a forma que foram feitas as correlações

entre cada construto.

Figura 6 – Correlação entre as variáveis

Conforme a Figura 6, cada linha tracejada representa um tratamento

estatístico, neste caso, a linha tracejada vermelha aponta a primeira correlação que

será feita nesta pesquisa, assim corresponde a: centralidade (Função expressiva de

valor) + (Função de ajustamento social). A linha tracejada amarela condiz a

Felicidade (Função expressiva de valor) + (Função de ajustamento social), por último

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a linha tracejada preta que representa o sucesso (Função expressiva de valor) +

(Função de ajustamento social).

Neste tópico foi utilizada a matriz de Correlação de Pearson, que é definida

como “a mensuração da associação linear entre duas variáveis”, segundo Hair

Júnior et al. (2005). E para o entendimento da matriz, Pestana e Gageiro (2003)

explicam que as correlações são classificadas, como:

a) Valores menores que 0,2 indicam correlação muito baixa;

b) Valores entre 0,2 e 0,39 baixa;

c) Valores entre 0,40 e 0,69 moderada;

d) Valores entre 0,7 e 0,9 alta; e

e) Valores acima de 0,9 muito alta.

A correlação entre a centralidade e a função expressiva de valor é

apresentada na Tabela 20, a seguir:

Tabela 20 – Correlação entre centralidade e função expressiva de valor

Variáveis Centralidade Função expressiva de Valor

Centralidade

Correlação de Pearson 1 ,359**

Sig. (2 extremidades)

,000

N 378 378

Função expressiva de

Valor

Correlação de Pearson ,359** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Conforme a Tabela 20, na correlação entre a centralidade e a função

expressiva de valor, encontrou-se um coeficiente (r=0,359). Assim a correlação foi

positiva e baixa, ou seja, à medida que os jovens visualizam o consumo como algo

central em sua vida eles consomem produtos de luxo falsificado como uma forma de

expressão de valores. De tal modo, conclui-se que essa relação pode ser avaliada

como significativa tendo como base que p<0,01.

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Na Tabela 21 será descrita a correlação entre a centralidade e a função de

ajustamento social, a seguir:

Tabela 21 – Correlação entre centralidade e Função de ajustamento social

Variáveis Centralidade Função de Ajustamento Social

Centralidade

Correlação de Pearson 1 ,397**

Sig. (2 extremidades)

,000

N 378 378

Função de

Ajustamento Social

Correlação de Pearson ,397** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Conforme a Tabela 21, a correlação entre a centralidade e a função de

ajustamento social, apresentou um coeficiente (r=0,397). Portanto, a correlação

também foi positiva e baixa. Os jovens materialistas que consomem produtos de

luxo falsificado como forma de ajustamento social, compram conscientemente esses

produtos para se enquadrarem em situações importantes, logo eles se enquadram

no meio dos grupos sociais no qual querem pertencer. Assim, essa relação é

significativa tendo como base que p<0,01.

A Tabela 22 mostra a correlação entre a felicidade e a função expressiva de

valor, a seguir:

Tabela 22 – Correlação entre felicidade e função expressiva de valor

Variáveis Felicidade Função Expressiva de Valor

Felicidade

Correlação de Pearson 1 279**

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

Função Expressiva de Valor

Correlação de Pearson 279** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

O coeficiente apresentado pela correlação entre Felicidade e Função

expressiva de valor foi (r=0,279), conforme apontado na Tabela 22, esse resultado

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indica que a correlação é positiva e baixa. A média geral do construto felicidade foi

de (4,169) a mais alta apresentada nesta pesquisa o que sugere a forte tendência

dos jovens buscarem no consumo a felicidade e a realização pessoal,

consequentemente a expressar seus valores, como o tipo de pessoa que eles

querem ser e ainda se comunicar com sua auto identidade.

Para Galhanone (2010, p.10) “os atributos de um produto de luxo tende a ser

relacionados com a autoimagem especialmente quando se trata de produtos que

apelam ao eu ideal, ou seja, aqueles com alta expressividade social (perfumes,

roupas, adornos) e com alta orientação para a imagem”. A felicidade é medida pela

auto realização no consumo de produtos que despertam poder, neste caso as

marcas que são conceituadas no mercado.

Como os jovens buscam consumir para adquirir a felicidade, à função

expressiva de valor aparece como uma forma de interligação entre o consumo e a

felicidade, pois por meio das marcas de luxo eles podem ostentar poder e valores

que ressaltem sua personalidade.

Portanto, a correlação é estatisticamente significativa (p<0,01) entre a

felicidade e a função expressiva de valor.

A correlação entre a felicidade e a função expressiva de valor é descrita na

Tabela 23, a seguir:

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Tabela 23 – Correlação entre felicidade e função de ajustamento social

Variáveis Felicidade Função de Ajustamento Social

Felicidade

Correlação de Pearson 1 ,220**

Sig. (2 extremidades)

,000

N 378 378

Função de Ajustamento Social

Correlação de Pearson ,220** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Observa-se na Tabela 23, que a correlação entre felicidade e função de

ajustamento social é estatisticamente significativa, onde p<0,01. Ao analisar a matriz

Pearson, em que o (r=0,220) conclui-se que a correlação é baixa, levando em

consideração que os valores encontrados ressaltam que os jovens materialistas

buscam e utilizam as marcas de luxo para se ajustarem socialmente, uma vez que a

média desta variável na alternativa “As marcas de luxo são um símbolo de status

social” foi de 4,45, o que apontou nesta variável de analise a maior

representatividade entre as outras do construto.

Vale ressaltar que as marcas de luxo são consideradas um símbolo de status

social, esta afirmativa vem ao encontro dos trabalhos apresentados pelos autores

Eastman et al. (1999, p. 42), Nia e Zaichkowsky (2000) Strehlau (2004). Deste

modo, com o reflexo das marcas que geram status os jovem buscam o seu

ajustamento social, ostentando o uso de marcas famosas, assim se enquadrando

em situações sociais importantes.

A Tabela 24 mostra a correlação entre o sucesso e a função expressiva de

valor, a seguir:

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Tabela 24 – Correlação entre sucesso e função expressiva de valor

Variáveis Sucesso Função Expressiva de Valor

Sucesso

Correlação de Pearson 1 ,513**

Sig. (2 extremidades)

,000

N 378 378

Função Expressiva de Valor

Correlação de Pearson ,513** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

** A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Conforme a Tabela 24 pode-se observar que a correlação entre sucesso e

função expressiva de valor, são estatisticamente significativas, pois p<0,01. Tendo

como representação (r=0, 513), isto significa que a correlação é moderada. Quando

questionados se por meio de objetos pessoais eles identificam se uma pessoa é de

sucesso eles apresentaram uma média 2,989. O reflexo do sucesso é uma variável

que está presente no consumo de luxo falsificado, pois todas as classes sociais (A,

B, C, D e E) apresentadas nesta pesquisa tem uma relação direta com o consumo

de produtos de luxo falsificado..

A correlação entre o sucesso e a função de ajustamento social é apresentada

na Tabela 25, a seguir:

Tabela 25 – Correlação entre sucesso e função de ajustamento social

Variáveis Sucesso Função de Ajustamento Social

Sucesso

Correlação de Pearson 1 ,581**

Sig. (2 extremidades)

,000

N 378 378

Função de Ajustamento Social

Correlação de Pearson ,581** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 378 378

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Conforme as informações apresentadas na Tabela 25 percebe-se que a

correlação entre as variáveis sucesso e função de ajustamento social, apresentou-se

estatisticamente significativa p<0,01. Vale ressaltar o valor encontrado (r=0,581),

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analisando este valor com base em Pestana e Gageiro (2003) significa que a

correlação é moderada.

Os jovens que são considerados materialistas dão um olhar para o sucesso

como uma indicação que favorece a disposição de um indivíduo a julgar os outros e

a si mesmo em função da quantidade e da qualidade de seus bens materiais Richins

e Dawson (1992), por outro lado a função de ajustamento social ocorre quando as

pessoas utilizam as marcas dos produtos de luxo para serem aceitas socialmente

Wilcox (2009).

Como os jovens buscam nos produtos de luxo falsificado uma aceitação

social e almejam se enquadrar perante alguns grupos de destaque, eles julgam

esses grupos por meio das marcas que são utilizadas por esses indivíduos, ou seja,

na qualidade e quantidade de bens materiais. Um fator interessante a ser destacado

é que essa exclusividade das marcas não é permanente, como explica Strehlau

(2004) que existe um gotejamento de elementos de distinção de camadas sociais

mais altas para as mais baixas, a autora explica que esse acontecimento acontece

quando as empresas aumentam as produções de seus produtos e assim

consequentemente o consumo, esse fator faz com que os produtos sejam

popularizados, perdendo o seu efeito prévio de exclusividade e de status social.

Acredita-se que é neste momento que os produtos de luxo falsificados são

apresentados como uma forma de massificação de uma marca, pois todas as

classes sociais pesquisadas consomem produtos de luxo falsificado, ou seja,

80,52% adquirem estes produtos como forma de ajustamento social, assim medindo

o seu auto sucesso e o sucesso de um individuo por meio do consumo.

Assim, Galhanone (2005) ressalta em sua pesquisa que:

É fácil verificar que os nossos papéis sociais são acompanhados por uma série de produtos e atividades, que nos ajudam a defini-los: roupas, hábitos de higiene pessoal, jóias, carros, mobiliário, atividades de lazer, consumo de alimentos e bebidas, tudo isso ajuda na percepção que temos de nosso eu (tanto por nós como os outros). Ao ponto de podermos afirmar que: “você é o que você consome” (SOLOMON, 2000).

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Portanto, feita as correlações entre as variáveis de cada construto, pode-se

observar que existe correlação entre o materialismo e o consumo de luxo falsificado,

as correlações que apresentaram maior significância foram as variáveis (Sucesso +

Função de ajustamento social) e (sucesso + Função expressiva de Valor) obtiveram

um (r=0,581) e (r=0,513) apresentando correlação moderada.

4.7 GRAU DE ASSOCIAÇÃO DO CONSTRUTO MATERIALISMO E AS VARIAVÉIS

SOCIODEMOGRÁFICAS DOS PESQUISADOS

Parte do último objetivo especifico desta pesquisa foi de investigar o grau de

associação do construto materialismo e as variáveis sociodemograficas dos

pesquisados. Neste tópico, assim como nos estudos de Richins e Dawson (1992)

serão apresentadas as relações entre o materialismo e as variáveis

sociodemográficas dos entrevistados, que são: gênero, idade, estado civil e renda

familiar.

Tabela 26 – Correlação entre materialismo e variáveis sociodemograficas

Variáveis Alternativas Média Teste t

Gênero Masculino 3,39

1,287** Feminino 3,54

Idade 17 – 24 anos completos 3,64

1,893** 25 – 30 anos completos 3,40

Estado civil Casado (a) / Mora junto. 3,68

2,265** Solteiro (a) / Separado (a) / Desquitado (a) / Viúvo (a).

3,38

Renda familiar mensal

A + B (somadas alta renda) 3,97 2,674**

C + D + E (somadas baixa renda) 3,52

Conforme a Tabela 26, às médias encontradas nesta relação os homens

possuem uma média de 3,39 e as mulheres 3,54. Observa-se que estes obtiveram

valores bem próximos. Tal resultado também foi observado anteriormente por Belk

(1984) Richins e Dawson (1992), Richins (1994) e Santos (2012), os autores adotam

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uma perspectiva de que o materialismo se comporta de forma diferente em

determinados grupos.

Percebe-se que os indivíduos com idades de 17 a 20 anos

3,642 são mais materialistas que os pesquisados com idade superior, como por

exemplo, entre 26 a 29 anos 3,316. Tal resultado confirma os estudos de Belk

(1984), Richins e Dawson (1992), Richins (1994), Ponchio (2007), Grohmann et al

(2011) e Santos (2012). Para Cameron (1977) a partir do momento em que as

pessoas alcançam uma idade mais madura, seus pensamentos sobre o futuro

tendem a diminuir, e sobre o passado, a aumentar, talvez esta afirmativa possa

explicar o porquê os jovens com faixa etária de 17 a 20 anos são mais materialistas

que os com idade superior a esta, pois os jovens nesta idade pensam no futuro e

não no presente.

Os jovens solteiros, separados, desquitados ou viúvos, apresentaram-se ser

menos materialistas 3,38 do que os que se classificaram casados ou moram juntos

3,68. Santos (2012, p.99) encontrou em sua pesquisa uma relação oposta a essa,

pois para ele “os jovens solteiros, separados ou viúvos durante a realização da

pesquisa indicaram maior índice de materialismo 3,613 em comparação com o grupo

de casados ou que moravam juntos 3,533”.

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4.8 VERIFICAÇÕES DAS HIPÓTESES

No Quadro 9, serão apresentados os resultados encontrados para cada

hipótese desta pesquisa, a seguir:

Quadro 9 – Posicionamento das hipóteses

Hipóteses Posicionamento Comentários

H1

Os Jovens materialistas tem uma propensão maior para a compra de produtos de luxo falsificado quando as marcas servem como uma forma de

ajustamento social

Aceita

A hipóteses foi aceita com base na correlação de Pearson. Verificou-se que os jovens

materialistas tem uma inclinação maior para compra de produtos de luxo falsificado

quando as marcas servem como auxilio para o ajustamento social. Logo, todos os

resultados foram significativos com base que p<0,01.

H2 As variáveis sociodemograficas

contribuem para o índice de materialismo nos jovens

Aceita A hipótese foi aceita. Verificou-se que

p<0,01, estatisticamente está correlação é significativa.

H3 As variáveis sociodemograficas contribuem para o consumo de

produtos de luxo falsificado. Rejeitada

A hipótese foi rejeitada com base no teste de qui quadrado. Observou-se que as variáveis sociodemograficas não contribuem para o consumo de produtos de luxo falsificado. A

renda, o gênero, a classe econômica e a religião não apresentaram significância,

independente o consumo acontece em todas as variáveis, pois p>alpha.

No próximo item serão apresentadas as conclusões desta pesquisa, bem

como suas limitações e contribuições do estudo.

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5 CONCLUSÃO, LIMITAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

O presente capítulo é dividido em três partes, assim: na primeira, apresentam-

se as conclusões do estudo. Em seguida, levantam-se as limitações, sugerem-se

temas para novas pesquisas e finaliza-se com as contribuições teórico-empíricas

para o avanço do conhecimento sobre o tema.

5.1 CONCLUSÕES

Esta pesquisa teve como principal objetivo analisar a relação entre

materialismo e consumo de luxo falsificado no segmento jovem. Dentre os objetivos

específicos, definiu-se: identificar os níveis do materialismo do segmento jovem,

verificar os fatores motivacionais do consumo de luxo falsificado nesse segmento,

levantar o grau de associação desses construtos e as características

sociodemograficas dos pesquisados.

Para atingir os objetivos deste estudo optou-se por uma estratégia

quantitativa. A pesquisa foi aplicada a 378 jovens do Estado de Santa Catariana.

Para o delineamento da pesquisa, foi utilizada uma pesquisa survey e os dados

foram obtidos por meio de questionários impressos, auto preenchíveis, na presença

do pesquisador.

A idade dos jovens foi caracterizada entre 17 a 30 anos, conforme a

classificação do Ministério da Saúde. Os jovens entre 21 e 25 anos apresentaram

maior representatividade 40,44%. Observou-se predominância de respondentes do

gênero feminino, solteiros e empregados ou assalariados. E também expressividade

dos jovens que moram com familiares, companheiros ou amigos.

Uma das variáveis importantes para esta pesquisa foi a classificação

econômica e nesta teve como maior representatividade dos jovens das classes

sociais C, D e E que somados atingiram uma porcentagem de 83,6%.

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Quanto à religião dos entrevistados percebe-se que 67,24% seguem a religião

católica. 70,6% dos respondentes consomem produtos de luxo falsificados tendo

como frequência de compra pelo menos uma vez por semestre 60%.

Em relação ao primeiro objetivo especifico desta pesquisa de identificar os

níveis de materialismo no segmento jovem, observou-se que a média geral do

construto foi de 3,456, o que representa uma média moderada. Porém, a dimensão

felicidade em consumir atingiu a media geral de 4,169. O gênero feminino se

apresentou mais materialista que os homens e os jovens com 17 a 20 anos também

tiveram a maior representatividade, assim como os casados foram superiores aos

solteiros. Os jovens cuja renda familiar estava acima e R$ 6.780,00 e pertencentes

às classes socais A e B foram considerados mais materialistas se comparados com

os jovens da classe social C, D e E.

O segundo objetivo especifico dessa pesquisa foi verificar os fatores

motivacionais do consumo de luxo falsificado nesse segmento. Portanto, a média

geral do construto foi considerada baixa 2,710. 70,6% jovens consomem produtos

de luxo falsificado e o gênero feminino apresentou-se consumir mais do que os

homens estes tipos de produtos. A frequência de compra ocorre pelo menos uma

vez por semestre 61% e os produtos mais consumidos pelo público pesquisado

foram CD, DVD, bolsas e roupas.

O terceiro objetivo deste estudo foi levantar o grau de associação entre as

variáveis que compõe os construtos de materialismo e consumo de luxo falsificado.

Então, feita à correlação entre as variáveis, chegou-se as seguintes conclusões:

entre a centralidade e a função expressiva de valor a correlação é positiva e baixa,

ou seja, os jovens materialistas cujas posses de bens ocupam uma posição central

em suas vidas consomem produtos de luxo falsificado quando as marcas servem

como uma função expressiva de valores. A centralidade e a função de ajustamento

social também apresentou uma correlação positiva e baixa.

A correlação apresentada pela felicidade e pela função expressiva de valor foi

considerada positiva e baixa. Os indivíduos que possuem a ideia de que os bens

materiais tragam felicidade e bem estar consomem produtos de luxo falsificado

quando as marcas servem como uma forma de expressar sua identidade. Como foi

identificada nesta pesquisa a média da variável felicidade foi moderada (4,169),

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assim percebe-se a forte tendência dos jovens adquirirem a felicidade por meio de

consumo. Feita a correlação entre felicidade e ajustamento social foi possível

concluir que estatisticamente é significativa e conclui-se que a correlação é baixa,

pois (r=0,220), assim o consumo das marcas de produtos de luxo, além de trazerem

a felicidade, ainda são usados para serem aceitos socialmente.

A última correlação feita na pesquisa foi entre sucesso e a função expressiva

de valor. Neste caso, também foi considerado que estatisticamente é significativa e

que a correlação é moderada, ou seja, os indivíduos que jugam um indivíduo em

consonância da qualidade e quantidade de seus bens materiais também usam as

marcas de produtos de luxo para expressar sua identidade. Já a correlação entre

sucesso e função de ajustamento social é moderada, uma vez que os valores em

(r=, 581) e que estatisticamente é significativa, assim, os jovens também utilizam as

marcas para serem aceitos socialmente ou pertencerem a um determinado grupo de

status.

Em síntese, todas as correlações entre o materialismo e o consumo de

produtos de luxo falsificado nesta pesquisa apresentaram-se estatisticamente

significativas. Assim, os levantamentos encontrados nesta pesquisa confirmam os

resultados apontados na fundamentação teórica, bem como a aceitação das

hipóteses. H1 – Os Jovens materialistas tem uma propensão maior para a compra

de produtos de luxo falsificado quando as marcas servem como uma forma de

ajustamento social e também H2 – As variáveis sociodemograficas contribuem para

o índice de materialismo nos jovens.

Por fim, o quarto objetivo específico deste estudo foi de investigar o grau de

associação desses construtos e as características sociodemograficas dos

pesquisados.

Em síntese, esses resultados serão apresentados em dois blocos. No

primeiro bloco serão apresentados os resultados da correlação entre o consumo de

luxo falsificado e as variáveis sociodemograficas e no segundo o materialismo e as

variáveis sociodemograficas.

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Feita a correlação entre o gênero e o consumo de produtos de luxo

falsificados os resultados mostraram que o valor de p foi maior que alfa. Concluiu-se

que não há significância bem como para a idade. A correlação entre religião e o

consumo de produtos de luxo falsificado também foi rejeitada, pois estatisticamente

não apresentou significância p>alpha.

A correlação renda familiar e o consumo de produtos de luxo falsificado

também não foi estatisticamente significativa, porém contatou-se nesta pesquisa o

mesmo resultado encontrado por Sales (2010): o consumo de produtos de luxo

falsificado independe da renda familiar, ou seja, pessoas de todas as classes sócias

consomem estes tipos de produtos, apesar de que para cada classe social o valor

de compra seja diferente.

No segundo bloco: o materialismo e as variáveis sociodemograficas. A

correlação entre o gênero, idade, estado civil e renda familiar e o materialismo é

significante p>0,01.

Automaticamente, rejeitou-se a H3 - As variáveis sociodemograficas

contribuem para o consumo de produtos de luxo falsificado, pois todos os índices

não foram significativos estatisticamente.

Contudo, espera-se que este trabalho possa contribuir para compreensão de

que o materialismo já é presente na população jovem, principalmente nos jovens

entre 17 a 21 anos de idade e de que este consumo esta relacionado com a compra

de produtos de luxo falsificado.

5.2 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES

Uma das limitações encontradas nesta pesquisa foi com o construto de

mensuração do materialismo. As varáveis do construto elaborado por Ricnhis e

Dawson (1992) apresentaram um indicie de confiabilidade muito baixo, assim foi

feito a análise fatorial para excluir as variáveis que não apresentaram confiabilidade,

o que resultou na exclusão de 9 variáveis de análise. Vale ressaltar que este

construto foi adaptado para o contexto brasileiro por duas pesquisas Moura (2005) e

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Santos (2012), e em ambas pesquisas algumas variáveis de análise não

apresentaram o indicie de confiabilidade.

Outra limitação encontrada nesta pesquisa foi que os questionários foram

auto preenchidos na presença do pesquisador. Como as afirmativas do instrumento

de pesquisa são pessoais, observou-se certo constrangimento do pesquisado em

preenchê-lo perante o pesquisador. Assim, sugere-se para pesquisas futuras a

utilização de software’s como: google docs, survey monkey e outros.

Como sugestão para pesquisas futuras sugere-se aplicar a escala do

materialismo e motivações do consumo de produtos de luxo falsificado em outros

segmentos da sociedade, como por exemplo, pessoas com idade superior a 30

anos, uma vez que o materialismo e o consumo de produtos de luxo falsificado estão

presentes em todas as faixas etárias que têm poder de consumo. Também sugere-

se estudos longitudinais ou comparativos entre cidades e países. Além de

acrescentar outro construto no modelo apresentado, como por exemplo, o

consumismo.

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5.3 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

Como contribuição teórica esta pesquisa buscou compreender quais são os

motivos do consumo de produtos de luxo falsificado, uma vez que mais de 80% da

população brasileira consome ou já consumiu estes tipos de produtos, assim

percebe-se que as motivações são distintas, mas que em geral todas as classes

sócias consomem esses produtos. Além disso, analisou a relação entre o

materialismo e o consumo de produtos falsificados.

Outra contribuição importante foi o preenchimento de lacunas teóricas citados

nos trabalhos de Weirich (2011) que sugeriu ligar o consumo de luxo com outras

classes econômicas, a partir desta contribuição pensou-se nos produtos de luxo

falsificado com o objetivo de estudar todas as classes sociais, também o trabalho de

Santos (2012) sugeriu a aplicação do construto materialismo com outras esferas e

diferentes tipos de consumidores, então, foi feitas a relação com outro construto não

contemplado pela pesquisa do autor. Além disso, Leite (2012) já tinha sugerido ligar

o materialismo com outros construtos.

Como contribuição empírica, os resultados desta pesquisa mostram que as

marcas de luxo sofrem com a falsificação e que o público quanto mais jovem for,

maior é a disposição a consumir produtos de luxo falsificados, assim as empresas

devem desenvolver estratégias para a conscientização da utilização de marcas

originais, desenvolvendo propagandas apelativas para o público específico e ainda

desenvolverem novas políticas de preços. Além disto, os dados deste estudo podem

ser utilizados para o entendimento de como os jovens se comportam na compra de

produtos originais ou falsificados.

Portando, esta pesquisa buscou preencher as lacunas encontradas pelos

autores citados, dando continuidade nos estudos que integram o comportamento do

consumidor.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO

Pesquisa sobre produtos de luxo falsificado

Esta é uma pesquisa do Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da UNIVALI e tem o objetivo de

analisar a relação do materialismo e consumo de produtos de luxo falsificado no segmento jovem. Sua

colaboração é muito importante para o sucesso da pesquisa e consiste em responder ao questionário adiante. Não

existem respostas certas ou erradas. O que importa é sua percepção a respeito de cada item da pesquisa. Os dados

serão analisados de forma agregada, sem identificação dos respondentes. Portanto, não precisa se identificar. Os

itens relacionados ao seu perfil, constantes no final do questionário, serão utilizados, apenas, para análises de

tendências de respostas.

BLOCO A - MATERIALISMO

Assinale o número que estiver mais de acordo com o seu grau de discordância ou concordância com as

afirmativas abaixo, considerando que 1 significa discordo muito e 7 concordo muito.

Afirmativas Discordo Concordo

Muito Muito

A.1 Geralmente compro apenas aquilo que preciso. 1 2 3 4 5 6 7

A.2 Tento manter a minha vida simples, no que diz respeito aos meus bens

materiais. 1 2 3 4 5 6 7

A.3 As coisas que possuo não são muito importantes para mim. 1 2 3 4 5 6 7

A.4 Gosto de gastar dinheiro em coisas que não são necessárias. 1 2 3 4 5 6 7

A.5 Comprar objetos me dá um imenso prazer. 1 2 3 4 5 6 7

A.6 Gosto de muito luxo na minha vida. 1 2 3 4 5 6 7

A.7 Dou menos importância às coisas materiais que a maioria das pessoas

que conheço. 1 2 3 4 5 6 7

A.8 Tenho todas as coisas que preciso para ser feliz. 1 2 3 4 5 6 7

A.9 A minha vida seria melhor se possuísse coisas que eu não tenho. 1 2 3 4 5 6 7

A.10 Não seria mais feliz se tivesse coisas mais bonitas. 1 2 3 4 5 6 7

A.11 Seria mais feliz se tivesse dinheiro para comprar mais coisas. 1 2 3 4 5 6 7

A.12 As vezes, entristeço-me por não poder comprar todas as coisas que

quero. 1 2 3 4 5 6 7

A.13 Admiro pessoas que possuem carros, casas e roupas caras. 1 2 3 4 5 6 7

A.14 Alguns dos feitos mais importantes na minha vida incluem os bens

materiais. 1 2 3 4 5 6 7

A.15 Não dou muita importância à quantidade de objetos materiais que as

pessoas têm. 1 2 3 4 5 6 7

A.16 As coisas que tenho dizem muito sobre o sucesso que tenho tido na

vida. 1 2 3 4 5 6 7

A.17 Gosto de ter coisas que impressionam as pessoas. 1 2 3 4 5 6 7

A.18 Não dou muita importância aos objetos materiais que os outros têm. 1 2 3 4 5 6 7

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BLOCO B – CONSUMO DE PRODUTOS DE LUXO

Afirmativas

Discordo Concordo

Muito Muito

B.1 As marcas de luxo refletem no tipo de pessoa que quero ser. 1 2 3 4 5 6 7

B.2 As marcas de luxo me ajudam a me comunicar com a minha auto

identidade. 1 2 3 4 5 6 7

B.3 As marcas de luxo ajudam a me expressar. 1 2 3 4 5 6 7

BLOCO C – CONSUMO DE PRODUTOS DE LUXO FALSIFICADO

C.1 Você consome produtos de luxo falsificado? C.1.1 [___] Sim C.1.2 [___] Não

C.2 Que tipo de produto falsificado você costuma consumir (pode assinalar mais de uma alternativa).

C.2.1 [___] Bolsa C.2.2 [___] Roupa C.2.3 [___] Relógio C.2.4 [___] Sapat

C.2.5 [___] Perfume C.2.6 [___] Tênis C.2.7 [___] Brinco/Pulseira C.2.8 [___] Jogos

C.2.9 [___] CD C.2.10 [___] DVD C.2.11 [___] Celular C.2.12 [___] Notebook

C.2.13 [___] Outro. Qual?___________________________

C.3 Com que frequência você adquire produtos de luxo falsificado?

C.3.1 [___] Quinzenalmente C.3.2 [___] Mensalmente C.3.3 [___] Bimestralmente

C.3.4 [___] Trimestralmente C.3.5 [___] Quadrimestralmente C.3.6 [___] Semestralmente C.3.7 [___] Anualmente

B.4 As marcas de luxo ajudam a me definir. 1 2 3 4 5 6

7

B.5 As marcas de luxo são um símbolo de status social. 1 2 3 4 5 6

7

B.6 As marcas de luxo me ajudam a me enquadrar em situações sociais

importantes.

1 2 3 4 5 6

7

B.7 Eu gosto de ser visto usando marcas de luxo. 1 2 3 4 5 6

7

B.8 Eu gosto quando as pessoas sabem que eu estou usando uma marca de

luxo.

1 2 3 4 5 6

7

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110

BLOCO D – DADOS PESSOAIS

Preencha os seus dados pessoais abaixo e assinale com “X” nas alternativas que dizem respeito a você.

D.1 Qual a sua idade? ________anos completos.

D.2 Gênero: D.2.1 [___] Masculino D.2.2 [___] Feminino

D.3 Estado Civil: D.3.1 [___] Casado (a) / Mora junto.

D.3.2 [___] Solteiro (a) / Separado (a) / Desquitado (a) / Viúvo (a).

D.4 Cidade em que reside ______________________________. Estado ______________________.

D.5 Que País nasceram seus bisavós? Bisavô: ___________________________. Bisavó:

____________________________.

D.6 Você segue alguma religião? [____] Sim. Qual? ________________________________.

[____] Não.

D.7 Graduação que está cursando: ___________________________ Período: [____]

D.8 Em qual campus: D.8.1 [___] Balneário Camboriú D.8.2 [___] Biguaçu

D.8.3 [___] Florianópolis (Unidade Ilha)

D.8.4 [___] Itajaí D.8.5 [___] Kobrasol D.8.6 [___] Tijucas

D.9 Ocupação Profissional: D. 9.1 [___] Só estuda D.9.2 [___] Conta própria ou autônomo

D.9.3 [___] Empresário D. 9.4 [___] Estagiário

D.9.5 [___] Empregado ou assalariado D.9.6 [___] Funcionário Público

D.9.7 [___] Outra função. Qual _________________________.

D.10 Renda familiar mensal bruta (aproximada):

D.10.1 [_____] Até 1.356,00 D. 10.2 [_____] De 1.357,00 a 3.390,00.

D.10.3 [_____] De 3.391,00 a 6.780,00 D.10.4 [_____] De 6.780,00 a 16.950,00

D.10.5 [_____] Acima de 16.951,00

D.11 Mora Sozinho (a): D.11.1 [___] Sim.

D.11.2 [___] Não. Com quem mora?____________________________.

POR FAVOR, CONFIRA SE VOCÊ PREENCHEU TODAS AS QUESTÕES.

OBRIGADO POR SUA PARTICIPAÇÃO | AYRTON SANTOS DE QUEIROZ |

[email protected]

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111

APÊNDICE B

Síntese de Contribuições teóricas do Materialismo

Autor / Tema Construto Conceito de Construto

Variáveis Objetivos dos

Autores Metodologia

Trabalho Estatístico

Amostra População

Belk (1985) Materialismo

Utilizou 24 itens para medir

materialismo. Possessividade - 9

itens. Inveja-8 itens.

Falta de generosidade-7

itens. Escala Likert 5

pontos.

A importância que um consumidor atribui aos bens

materiais

Possessividade Inveja

Não generosidade

Sugerir três medidas para

delinear o materialismo

Quantitativa

Utilizou uma análise Fatorial,

fez uma correlações entre

os itens. Aplicação de questionários.

EUA Amostra 1 = 338 Amostra 2= 99

Estudantes de negócios, secretários de escritório de seguros, estudantes

de ensino religioso, membros da fraternidade

e trabalhadores de maquinários.

Richins e

Dawson (1990) Materialismo

Adaptação de Belk (1985)

Escala Likert 5 pontos.

Entendem o materialismo como

a importância à posse e aquisição de bens materiais

no alcance de objetivos de vida ou estados desejados.

Inicio do densenvolvimentos dos construtos baseados em centralidade, felicidade e sucesso para verificar

os níveis de materialismo dos consumidores.

Descreve uma escala para

medir o materialismo

entre os indivíduos.

Quantitativa

Estatística Descritiva

Análise Fatorial (exploratória e confirmatória).

EUA Amostra 1 = 448

estudantes Amostra 2 = 191

estudantes Amostra 3 = 194

estudantes

Continua

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112

utor / Tema Construto Conceito de Construto

Variáveis Objetivos

dos Autores Metodologia

Trabalho Estatístico

Amostra População

Ellis (1992)

Materialismo

Utilizou o construto de Belk (1985): Utilizou 24 itens

para medir materialismo.

Possessividade - 9 itens.

Inveja-8 itens. Falta de

generosidade-7 itens.

Escala Likert 5 pontos.

É uma dimensão importante para o entendimento do

comportamento do consumidor

De Belk (1985) Possessividade

Inveja Não generosidade

Analisar a escala

desenvolvida por Belk, para

mensurar o materilismo.

Quantitativa Coeficiente de Correlação de

Pearson.

EUA Amostra = 148 Consumidores metropolitanos.

Richins e Dawson (1992) Materialismo

Richins e Dawson (1992) Deram uma

continuidade no desenvolvimento

do construto desenvolvido por Richins e Dawson

(1990). Escala Likert 5

pontos

Continuam definindo o materialismo

como a importância à posse e aquisição de bens materiais

no alcance de objetivos de vida ou estados desejados

centralidade, felicidade e sucesso

Aprimorar o construto capaz

de medir os níveis de

materialismo entre os

consumidores, baseados na centralidade, felicidade e sucesso.

Quantitativa

Estatística Descritiva

Análise fatorial (exploratória e confirmatória).

EUA Aplicado 03 Universidades

dos Estados Unidos. Amostras variando de 144

à 250 pessoas.

Continua

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113

Autor / Tema Construto Conceito de Construto

Variáveis Objetivos dos

Autores Metodologia

Trabalho Estatístico

Amostra População

Ger e Belk (1996)

Materialismo

Utilizou o construto de Belk (1985): Utilizou 24

itens para medir materialismo.

Possessividade - 9 itens. Inveja-8 itens.

Falta de generosidade-7 itens.

Escala Likert 5 pontos.

A importância que um consumidor atribui aos bens

materiais

Belk (1985) nas perspectivas de

Não Generosidade, Possessividade,

Inveja, com a adição de

preservação.

Verificar a percepção do

materialismo em diferentes culturas

Qualitativa e Quantitativa

Focus Group Estatística Descritiva Análise Fatorial

12 países diferentes. amostra=1.729 Estudantes de Administração

Wong (1997) Materialismo

Ger e Belk (1996) e Richins e Dawson (1992)

Os níveis de individualismo têm uma relação direta e positiva para o materialismo e

com o consumo compulsivo

Ger e Belk (1996) e Richins e Dawson

(1992)

Investigar a relação entre o

materialismo e o consumo

compulsivo

Quantitativa

Estatística Descritiva Análise

Fatorial e Regressão

EUA Amostra=200 Estudantes de

Marketing

Materialismo Richins (2004)

Richins e Dawson (1992) com o objetivo de rever o construto já desenvolvido

e propor um novo construto reduzido.

Entende o materialismo como

a importância à posse e aquisição de bens materiais

no alcance de objetivos de vida

ou estados desejados.

(Richins e Dawnso 1990)

centralidade, felicidade e

sucesso

Rever o construto já

desenvolvido por Richins e

Dawson(1992) e propor uma

redução de itens do construto original (18), para 15,. Os

itens removidos foram 9, 6 e 3.

Quantitativa

Estatística Descritiva Análise Fatorial

Foi feita uma revisão de

15 conjuntos de amostras retiradas de outros estudos, de 144 a 639 estudantes.Em síntese propôs uma

nova Medição – amostra = 402

estudantes

Continua

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114

Autor / Tema Construto Conceito de Construto

Variáveis Objetivos dos

Autores Metodologia

Trabalho Estatístico

Amostra População

Scaraboto, Zilles e Rodriguez (2005)

Materialismo e consumo de luxo

Ger e Belk (1996) e Richins e Dawson (1992)

Materialismo é a forma como os indivíduos se preocupam e envolvem-se

exageradamente com bens materiais, centralizando suas atitudes, ações e

objetivos na aquisição e posse de bens, enquanto

aspectos mais subjetivos ou

“espirituais” são desmerecidos.

Ger e Belk (1996) e Richins e

Dawson (1992)

Deliberar a respeito do tema e da

possibilidade de construir relações sobre construtos

distintos: o consumo de luxo e o

materialismo, através de uma perspectiva que

enfatiza a natureza cultural do consumo.

Não houve Não houve Não houve

Moura at al. (2006) Materialismo,

Atitude ao Endividamento e Vulnerabilidade

Social.

A partir da relação entre materialismo e

endividamento para financiamento do

consumo, já estudada (WATSON, 1998),

Richins e Dawson (2004) Entendem o

materialismo como a importância à posse e aquisição de bens materiais no alcance de objetivos de vida

ou estados desejados.

centralidade, felicidade e

sucesso

O objetivo deste trabalho é de examinar a

formação do comportamento

materialista, investigando as

variáveis predecessoras

desse comportamento na população jovem.

Quantitativa

Correlação, Teste de

Qui-Quadrado

Realizada no município de São Paulo em agosto de 2005. Por baixa renda

entendem-se a renda total de no máximo

quatro salários mínimos, que em Julho de 2004,

correspondiam a R$ 1.200,00.

Continua

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115

Autor / Tema Construto Conceito de Construto

Variáveis Objetivos dos Autores Metodologia Trabalho

Estatístico Amostra População

Grohmann at al. (2011)

Materialismo no estilo de

consumo: homens e mulheres.

De Richins e Dawnson

(1992) centralidade, felicidade e

sucesso

Richins e Dawson (2004)

Entendem o materialismo

como a importância à

posse e aquisição de

bens materiais no alcance de objetivos de

vida ou estados desejados.

De Richins e Dawnson (1992)

centralidade, felicidade e

sucesso

Verificar as relações causais entre:

materialismo e importância atribuída à marca;

materialismo e consumo compulsivo; materialismo e influência dos outros no

processo de compra. a) Verificar a influência do gênero na relação entre materialismo e marca;

b) Verificar a influência do gênero entre materialismo

e compra compulsiva; c) Verificar a influência do gênero entre materialismo

e influência dos outros.

Quantitativo e descritivo

Foi realizada uma análise preliminar dos dados, através de

Análise Fatorial Exploratória. Análise de

frequência e percentuais para caracterizar os

respondentes da pesquisa. E

Análise Fatorial

Exploratória

A pesquisa foi realizada

com consumidores que circulavam pelas principais ruas do

comércio da cidade de Santa

Maria e o cálculo da amostra obteve como

resultado 390 pessoas, porém obteve-se 326 questionários válidos (sem dados faltantes)

Podoshen e Andrzejewski

(2012) materialismo,

Consumo conspício e

fidelidade à marca

De Richins e Dawnson

(1992) centralidade, felicidade e

sucesso

Richins e Dawson (2004)

Entendem o materialismo

como a importância à

posse e aquisição de

bens materiais no alcance de objetivos de

vida ou estados desejados.

Richins e Dawson materialismo

(1992) Foi usada esta escala em

particular porque conceitua

materialismo como crenças cognitivas e porque tem sido

utilizado na literatura recente com um elevado

grau de confiabilidade

Analisar as relações entre o materialismo,

consumo conspícuo, a compra por impulso e

fidelidade à marca,

Quantitativa

Modelagem de equações estruturais

e análise de correlação

500 consumidores

residentes no Nordeste dos Estados Unidos

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116

APÊNDICE C

Síntese de Contribuições teóricas do consumo de luxo falsificado

Autor Tema

Construto Conceito de Construto Variáveis Objetivos dos

Autores Metodologia

Amostra População

Beard

en e

Etz

el (1

982)

Gru

pos d

e influ

ência

sobre

os

pro

duto

s

Grupos de Influência

Os grupos sociais influenciam as pessoas a consumirem produtos de

luxo, quando esses consumidores vivem tentando pertencer a

determinados grupos sócias (BRUCE, 1971).

Necessidades públicas

Investigar como um determinado grupo

de pessoas influência na

tomada de decisão para comprar de

produtos e marcas de luxo

Quantitativa Survey

645 membros de um painel de

consumidores no UEA.

Luxos públicos

Necessidades particulares

Luxos particulares

Chau

dhry

e W

als

h (

19

96)

Fals

ific

ação

Combate à falsificação

Definem a falsificação como toda cópia não autorizada

vendida como produto legítimo. Para os autores

existem dois tipos diferentes de transação: uma que ilude o consumidor e a outra que não o ilude, pois nesta, o consumidor está ciente da falsificação quando compra

o produto

Questões Éticas Investiga as

recentes tendências em

matéria de contrafação no

mercado internacional

Qualitativa

Foram utilizados dados secundários de uma empresa

aviária nos Estados Unidos. Questões

Criminalísticas

Continua

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117

Autor Tema

Construto Conceito de Construto Variáveis Objetivos dos

Autores Metodologia

Amostra População

Str

eh

lau

e P

ete

rs (

2006)

Fals

ific

ação d

e m

arc

as d

e L

uxo

Consumo de luxo falsificado

A falsificação de marcas de luxo não é um fato que gere

comoção para o público ou consumidores, mas sim para os

proprietários das marcas registradas que se preocupam

com os efeitos na imagem e nos resultados (HOPKINS;

KONTINIK; TURNGATE, 2003).

Focadas nas aparências

Apresentar uma proposta de

segmentação para o mercado de

falsificações de marcas de bolsas

de luxo.

Pesquisa foi quantitativa survey

de caráter exploratório e

descritivo

150 mulheres, selecionadas

através de amostra não probabilística tipo bola de neve

Comprador compulsivo

Realizadas

Focadas na oportunidade

Wilc

ox, K

im e

Sen (

2009)

Consum

o d

e luxo fa

lsific

ad

o

Motivações do consumo de luxo

falsificado

O desejo dos consumidores por falsificação de marcas de luxo

depende das motivações sociais (ou seja, para expressar si e / ou

para caber em) subjacente a suas preferências de marcas de

luxo.

Função expressiva de Valor Verificar se as

motivações sociais guiam as pessoas a

uma propensão a consumir produtos de luxo falsificado

Quantitativa Utilizaram um

Survey e uma escala do

tipo likert.

Setenta e nove alunos de graduação

(56% do sexo feminino) em uma

grande universidade do

nordeste dos Estados Unidos participaram do

estudo

Função de ajustamento social

Continua

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118

Autor Tema

Construto Conceito de Construto Variáveis Objetivos dos

Autores Metodologia

Amostra População

Pére

z e

t al (2

01

0)

Consum

o d

e luxo fa

lsific

ad

o

Motivações do consumo de luxo

falsificado e a projeção da imagem

Por meio do consumo de produtos de luxo falsificado os

indivíduos de bens de luxo obtêm benefícios reais e simbólicos que

lhes permitem expressar a desejada imagem sociais e ainda

mais a sua identidade

Ser eficiente

Explorar a relação entre o consumo de

produtos de luxo falsificados e de construção de

identidade

Qualitativa Entrevistas em profundidade

Foi realizado em Monterrey, México. 37 entrevistas com consumidores entre

19 e 65 anos de idade.

Divertir-se

Enganar os outros

Jia

ng e

Cova

(201

2)

Consum

o d

e luxo fa

lsific

ad

o

Aspecto Interpessoal

O consumo de marcas de luxo falsificado pode resultar na construção de uma imagem

positiva para as necessidades sociais.

Conformidade

Aprofundar a compreensão do consumo de luxo falsificada usando as teorias de luxo

Qualitativa Interpretativa

25 entrevistas em profundidade. De lugares diferentes (Pequim, Xangai,

Guangzhou e Wuhan).

Busca por status

Salvar as aparências

Aspecto pessoal

O consumo de produtos de luxo falsificado pode ser motivado

pela auto necessidade ou auto prazer.

Marca experiência

Consciência moda

Aventura

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ANEXO

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13

ANEXO A

Fórmulas dos trabalhos estatísticos

a) Teste Qui quadrado

b) Coeficiente de correlação de Pearson

c) Coeficiente ρ de Spearman

119