universidade do vale do itajaÍ centro de …siaibib01.univali.br/pdf/noeli maria gesser.pdf · no...

46
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA NOÉLI MARIA GESSER O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL. BIGUAÇU 2009

Upload: dodien

Post on 01-Oct-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

NOÉLI MARIA GESSER

O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL.

BIGUAÇU

2009

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se
Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

NOÉLI MARIA GESSER

O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do grau de

bacharelado de Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí – Centro de

Ensino Biguaçu. Sob orientação da Profª MSc.Ivânia Jann Lunna

BIGUAÇU

2009

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

NOÉLI MARIA GESSER

O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os requisitos

parciais para obter o grau de bacharelado em psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no

curso de psicologia.

Biguaçu – 25/06/09

Banca Examinadora

Profª_________________________________

MSc. Ivânia Jann Luna – Orientadora

Prof __________________________________

MSc. Paulo César Nascimento – Membro

Profª__________________________________

MSc. Maria Ligía Bellaguarda – Membro

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

Dedico este a minha avó Hilda, pela coragem, determinação e pela

dedicação a uma prática fundamental na década de 60, ”ser parteira”, uma

mulher que buscou se aperfeiçoar, e ir em busca de uma melhor qualidade

de vida a todas as mulheres da época. Por ela que me inspiro no meu dia-a-

dia, e que busco sempre rememorar sua trajetória.

Dedico este a todas as enfermeiras que são profissionais que tem como

prática atuar na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde,

com autonomia e consonância com os preceitos éticos e legais.

Dedico este principalmente as minhas irmãs, profissionais da área, que me

fizeram refletir e buscar tal estudo referente à Enfermagem, e por estas

terem contribuído de forma significativa.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

AGRADECIMENTOS

Tudo que idealizei, que realizei e que conquistei no decorrer da academia de

Psicologia, devo ao suporte especialmente nos momentos mais difíceis recebido dos meus

pais, familiares, amigos, namorado e professores. A essas pessoas que direta ou indiretamente

contribuíram para o meu crescimento tanto profissional quanto pessoal, tecerei os mais

sinceros agradecimentos:

À Deus, o primeiro a quem devo agradecer pela vida e pela oportunidade de ter

concluído meu trabalho, que considero um passo no caminho que tenho a percorrer.

Ao meu pai Osvaldino Huberto Gesser, fez com que muitas vezes refletisse sobre

qual o caminho a seguir.

A minha amada e cúmplice mãe Jeni Gelsleichter Gesser, que pela cumplicidade e

pelo apoio incondicional realizo esta Academia, e pelo amor dedicado a mim durante toda

minha vida.

Aos meus irmãos e amigos de todas as horas: Felício, Ângelo, Luís, Renato e Léo,

por estes fazerem parte dos melhores momentos da minha vida, e também pelo amor a mim

dedicado.

A minha irmã Vera, que com seu amor e dedicação incondicional, e a sua extrema

entrega ao acolhimento, nos momentos mais difíceis da minha vida.

Ao meu cunhado Paulo, por ser meu pai e amigo nos momentos mais difíceis da

minha vida, pelos momentos de sabedoria e pelo carinho.

A minha irmã Rose, pelos momentos de simplicidade e sabedoria.

A minha afinada avó Hilda, que nos deixou exemplos maravilhosos sobre a saúde,

pelo trabalho realizado na comunidade como parteira.

Ao meu namorado Fernando, pelos momentos maravilhosos juntos, pela

cumplicidade, grande paciência e dedicação.

A minha orientadora, Ivânia Jann Luna pelo grande apoio em busca da sabedoria,

pela paciência, pela cumplicidade nos momentos difíceis e pela grande oportunidade da

realização deste trabalho.

A coordenadora do Curso de Enfermagem, Maria Lígia, por ter aceitado participar da

banca e pelas contribuições significativas referente à prática de enfermagem, para a

elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso.

Ao Professor, Paulo César que demonstrou o seu carinho por ter aceitado o convite

para participar da banca, pelos momentos de descontração e brincadeiras que alegraram mais

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

o meu dia a dia dentro e fora da Academia e pelas significativas contribuições para a

elaboração do mesmo.

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

Talvez a primeira grandeza de uma profissão seja a de unir homens; só há um luxo

verdadeiro: o das relações humanas. (Saint-Exupéry, Terra dos Homens)

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

RESUMO

O presente estudo levou em consideração os fatores de estresse a que estão sujeitos

os profissionais de enfermagem que atuam no hospital e tem como objetivo identificar esses

fatores, nas diferentes áreas de atuação do mesmo, para isto os objetivos específicos norteiam

tais fatores de ordem profissional, que atuam no ambulatório, na emergência e na unidade de

terapia intensiva (UTI). E também a caracterização do estresse ocupacional e dos papéis e

responsabilidades do mesmo. A metodologia utilizada é a Pesquisa Bibliográfica e

exploratória, a mesma se desenvolve a partir de materiais já elaborados e publicados,

constituindo-se principalmente de livros e artigos científicos, foi a partir da revisão destes que

se obteve os seguintes resultados; o enfermeiro que atua em emergência está sujeito a fatores

de estresse intrínsecos ao trabalho como: fazer esforço físico para cumprir o trabalho,

desenvolver atividades que vão além de sua função, trabalhar com falta de material e recursos

humanos, execução de procedimentos rápidos e receber baixo salário. Os fatores ligados as

relações de trabalho são: conciliação das questões profissionais com os familiares,

relacionamento com os colegas enfermeiros, chefias e equipe médica e atender um grande

número de pessoas. Os fatores ligados aos papéis da carreira: prestar assistência ao paciente,

dedicação exclusiva a profissão e a indefinição do papel do enfermeiro. Os fatores ligados a

estrutura e cultura organizacional: a execução de tarefas distintas simultaneamente, resolução

de imprevistos que acontecem no local de trabalho, responsabilidade por mais de uma função

neste emprego, administrar ou supervisionar pessoas, restrição de autonomia profissional,

interferência da política institucional e a especialidade em que trabalha. Na unidade de terapia

intensiva, os resultados obtidos nos fatores intrínsecos ao trabalho são: desenvolvimento de

atividades que vão além da sua função, falta de material e recursos humanos, trabalhar em

instalações físicas inadequadas receber baixo salário. Os fatores ligados as relações no

trabalho: a conciliação de questões familiares e profissionais, trabalharem com pessoas

despreparadas, relacionamento com colegas enfermeiros, chefia e médicos, trabalhar em

equipe, prestar assistência a pacientes graves e atender familiar de pacientes. Fatores ligados

aos papéis da carreira: desgaste emocional com o trabalho, prestar assistência ao paciente,

dedicação exclusiva a profissão e indefinição do papel do enfermeiro. Fatores ligados a

estrutura e cultura organizacional: resolução de imprevistos no local de trabalho, ser

responsável por mais de uma função no local de trabalho, restrição da autonomia profissional,

interferência da política institucional e especialidade de seu trabalho. Este trabalho permite

concluir que os fatores de estresse, quanto às áreas de atuação obteve êxito a não ser pela

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

pesquisa que se referiu à área ambulatorial, onde não foi encontrado nenhum artigo publicado,

sobre fatores de estresse no enfermeiro, mais sim em auxiliares de enfermagem. Ressaltando

neste sentido a importância do desenvolvimento de alguma pesquisa que tenha como objetivo

a caracterização dos fatores de estresse do enfermeiro que atua em ambulatório.

PALAVRAS-CHAVE: Estresse, Profissão de Enfermagem e Contexto de Trabalho.

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

ABSTRACT

The present study took into account the stress factors the one that are subject the

nursing professionals that act at the hospital and he/she has as objective identifies those

factors, in the different areas of performance of the same, for this the specific objectives

orientate such factors of professional order, that you/they act at the clinic, in the emergency

and in the unit of intensive therapy (INTENSIVE CARE UNIT). It is also the characterization

of the occupational stress and of the papers and responsibilities of the same. The used

methodology is the Bibliographical and exploratory Research, the same grows starting from

materials elaborated already and published, being constituted mainly of books and scientific

goods, it was starting from the revision of these that it was obtained the following results; the

nurse that acts in emergency is subject the intrinsic stress factors to the work as: to do

physical effort to accomplish the work, to develop activities to be going besides his/her

function, to work with material lack and human resources, execution of fast procedures and to

receive low wage. The linked factors the work relationships are: conciliation of the

professional subjects with the relatives, relationship with the friends nurses, leaderships and

medical team and to assist a great number of people. The linked factors to the papers of the

career: to render attendance to the patient, exclusive dedication the profession and the

indefinição of the nurse's paper. The linked factors the structure and culture organizacional:

the execution of different tasks simultaneously, resolution of unexpected that happen at the

work place, responsibility for more than a function in this job, to administer or to supervise

people, restriction of professional autonomy, interference of the institutional politics and the

specialty in that he/she works. In the unit of intensive therapy, the results obtained in the

intrinsic factors to the healthy work: development of activities that they are going besides

his/her function, lacks of material and human resources, to work in inadequate physical

facilities to receive low wage. The linked factors the relationships in the work: the

conciliation of family and professional subjects, they work with people despreparadas,

relationship with friends nurses, leads and doctors, to work in team, to render attendance to

serious patients and to assist family of patient. Linked factors to the papers of the career: it

consumes emotional with the work, to render attendance to the patient, exclusive dedication

the profession and indefinição of the nurse's paper. Linked factors the structure and culture

organizacional: resolution of unexpected in the work place, to be responsible for more than a

function in the work place, restriction of the professional autonomy, interference of the

institutional politics and specialty of his/her work. This work allows to end that the stress

factors, as for the areas of performance he/she obtained success to not to be for the research

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

that referred to the area ambulatorial, where it was not found any published article, about

stress factors in the nurse, more yes in nursing assistants. Standing out in this sense the

importance of the development of some research that has as objective the characterization of

the factors of the nurse's stress that acts at clinic.

KEYWORDS: Stress, Profession of Nursing and Context of Work.

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

SUMÁRIO

l. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10 2. METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................................13 2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ..............................................................13 3. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................15 3.1 PAPÉIS E RESPONSABILIDADES DO ENFERMEIRO EM DIFERENTES LOCAIS DE ATUAÇÃO EM UM HOSPITAL......................................................................................15 3.2 O ESTRESSE .....................................................................................................................19 3.3 ESTRESSE OCUPACIONAL ...........................................................................................21 3.4 SÍNDROME DE BURNOUT.............................................................................................23 3.5 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA.............25 3.6 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UTI- UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.............................................................................................................................29 3.7 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDADE AMBULATORIAL. ............33 4. CONCLUSÃO.....................................................................................................................36 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................39

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

10

l. INTRODUÇÃO

Meu despertar para o estudo que se refere ao estresse do enfermeiro que atua

no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia,

manifestou-se na sexta fase de Psicologia, na unidade curricular para o desenvolvimento

do mesmo e da convivência familiar com duas irmãs, profissionais de enfermagem,

onde pelos relatos, queixas e desabafos referidos a profissão, despertou-me o interesse

de conhecer os aspectos da saúde mental destes profissionais. Diante da escolha do tema

e num breve levantamento bibliográfico, especificamente ao trabalho do enfermeiro,

verificasse um grande percentual de estudos psicológicos e sociológicos que têm

demonstrado que essa profissão, principalmente no âmbito hospitalar, é uma das que

sofrem com o estresse.

O presente estudo leva em consideração os fatores de estresse a que estão

sujeitos os profissionais de enfermagem que atuam no hospital e tem como objetivo

geral identificar tais fatores, nas diferentes áreas de atuação do mesmo. Para isto, os

objetivos específicos norteiam tais fatores de ordem profissional, nos profissionais que

atuam no ambulatório, na emergência e na unidade de terapia intensiva (UTI). A

caracterização do estresse ocupacional e a caracterização dos papéis e responsabilidades

do mesmo.

Neste sentido vale aqui ressaltar que o estresse tornou-se um termo popular a

partir do trabalho inicial de Selye, que definiu este, conforme (STROEBE; STROEBE,

1995), como sendo um padrão de respostas do corpo quando um organismo é exposto a

uma situação de estresse como, por exemplo, as respostas do corpo frente ao calor ou ao

frio, o corpo reagirá para manter a temperatura interna. Muitas bases dos estudos

teóricos de Selye advêm do trabalho de Cannon, mais foi a partir das investigações de

Selye que o conceito de estresse obteve a compreensão sobre as reações fisiológicas aos

estímulos aversivos o resultado dessas investigações serviu como paradigma para outras

concepções posteriores ao estresse.

O processo de estresse defendido por Selye seria o resultado da exposição

repetida à pressão, ou seja, a reação de defesa do organismo. O processo de estresse

passa por três fases que podem ser identificáveis como um conjunto de três estágios que

representam a síndrome de adaptação geral. A primeira fase seria a de alarme o

indivíduo se mobiliza frente a uma ameaça, o segundo estágio consiste na fase da

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

11

resistência, o indivíduo parece ter se adaptado mais se mantém, na ativação geral

(alarme) e o terceiro estágio trata-se da fase da exaustão que seria o resultado de uma

exposição prolongada à mesma situação de estresse, esta fase seria aquela a qual o

indivíduo deixa de ser capaz de ultrapassar a ameaça e no decorrer do processo,

fragiliza os recursos fisiológicos.

Atualmente o conceito de estresse vem sendo amplamente discutido e

utilizado, este conceito tão difundido, muitas vezes faz com este seja empregado no

senso comum, sendo utilizado no lugar de outros termos como, cansaço, ansiedade,

frustração, etc. Para Jacques (2002), o estresse passou a ser responsável pela maioria das

doenças, principalmente por aqueles relacionados à vida urbana. O mesmo autor

também nos coloca que estresse é uma noção tomada da física que significa tensão, e

que muitos autores entendem que o estresse é formado a partir de estímulos estressores,

sendo que estes podem ser provenientes tanto do meio externo um exemplo seriam as

condições de trabalho ou também do meio interno do indivíduo, ou seja, seus

sentimentos e pensamentos, e esses autores também nos colocam que o indivíduo possa

contribuir para a diminuição ou aumento da intensidade do estressor.

Neste sentido se faz necessário pontuar que um dos fatores ligados à natureza

do trabalho do Enfermeiro é a sobrecarga do trabalho, conforme Araújo (2003) tanto em

termos quantitativos como qualitativos, é outra fonte freqüentemente associada ao

estresse. O excesso de horas trabalhadas reduz as oportunidades de apoio social do

indivíduo, causando insatisfação, tensão e outros problemas de saúde.

O mesmo autor também nos coloca que a segurança e estabilidade na carreira,

são essenciais, para manter o equilíbrio deste indivíduo, pois a carreira de um indivíduo

pode gerar preocupações relacionadas a mudanças no posto de trabalho, mudanças da

profissão ou a falta de promoção. No desenvolvimento da carreira de um indivíduo,

existem diferentes estressores relacionados a cada etapa. Conforme Araújo (2003) essas

etapas são; no início da carreira quando o indivíduo pode deparar-se com discrepâncias

entre suas expectativas e a da realidade. Na fase de consolidação deste indivíduo no

mercado de trabalho pode haver um desequilíbrio, entre carreira, demanda de trabalho e

demandas familiares. E na fase da manutenção da carreira, poderemos encontrar como

resultado um descompasso entre o êxito na carreira e o fracasso pessoal.

Conforme Lautert (1999), outra característica responsável por diferentes graus

de estresse, seria o ambiente de trabalho, ou seja, permite ao indivíduo controlar as

atividades que realiza, tanto intrinsecamente, em termos da planificação e determinação

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

12

de procedimentos a utilizar, como extrinsecamente, em termos de salário, benefícios e

horários. A falta de controle sobre o trabalho, assim como a responsabilidade excessiva,

produz conseqüências psicológicas e somáticas negativas, por outro lado, o indivíduo,

muitas vezes, estão expostos a fatores situacionais que por si só geram incertezas e

ameaça, originando processos antecipatórios de enfrentamento. A falta de controle,

como nos coloca a autora, tem sido amplamente relacionada a estresse e alterações de

saúde tais como úlceras gástricas, imunossupressão e outros, assim, também a duração

da situação pode determinar um estresse agudo ou crônico.

Para tanto vale ressaltar que o presente estudo leva em consideração a realidade

socioeconômica que leva praticamente quase todos os indivíduos a desempenhar longas

jornadas de trabalho, o capitalismo que visa acima de tudo o lucro e tudo o que isto

ocasiona em nosso ambiente familiar, social e profissional. Torna-se de grande valia o

estudo e a compreensão dos fatores de estresse envolvidos no processo de trabalho, em

especial na profissão de enfermagem. Neste sentido, ressalto aqui, como autora e

acadêmica de Psicologia, que a partir dos resultados neste obtidos que há uma grande

urgência em ampliarmos os espaços de atuação da Psicologia conseqüentemente na

assistência psicológica aos profissionais de Enfermagem, onde através da interferência

assistencial, ou seja, com o "cuidado com o cuidador", possamos contribuir de forma

significativa para a melhor qualidade de vida desses profissionais.

Em seguida aborda-se como está pesquisa foi desenvolvida para tanto se faz

necessário citar qual a metodologia utilizada na mesma.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

13

2. METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia utilizada é a Pesquisa Bibliográfica e exploratória dentro de

uma abordagem de pesquisa qualitativa. Esta consiste num estudo bibliográfico, sobre

significados e características situacionais acerca do tema estudado “fatores de estresse

do enfermeiro que atua no hospital”.

A presente pesquisa, segundo Gil (1991), se desenvolve a partir de materiais já

elaborados e publicados, constituindo-se principalmente de livros e artigos científicos.

Para Gil (1991), o objetivo principal da pesquisa bibliográfica é além de proporcionar

uma visão mais ampla acerca de determinado fato, o aprimoramento de idéias ou a

descoberta de intuições.

De acordo com Richardson (1999), podemos compreender através de uma

metodologia qualitativa a complexidade de um fato, analisar a interação de variáveis,

compreender e classificar processos dinâmicos e, em um maior nível de profundidade,

entender as particularidades do comportamento dos indivíduos.

O planejamento desta pesquisa é bastante flexível, avaliando os mais variados

aspectos que dizem respeito ao fenômeno estudado. Pretende-se delinear o estudo

científico geral sobre: o estresse; conceito e processo, estresse ocupacional, fatores de

estresse na enfermagem e o contexto de trabalho do enfermeiro e da prática profissional.

2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Nesta pesquisa foram consultados estudos bibliográficos secundários, também

chamado de documentação indireta, com publicação dos últimos dez anos. Esta se refere

a materiais já elaborados e publicados. Especificamente nesta pesquisa foram utilizadas

as seguintes fontes de consulta:

• Coletar em bancos de dados, livros, periódicos, trabalhos apresentados em

congressos, monografias e teses já publicadas nos últimos dez anos.

• Coletar dados nos acervos das Bibliotecas da UNIVALI e UFSC.

• Scielo, http://www.scielo.br, considerando que essa biblioteca inclui as

principais revistas científica brasileiras.

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

14

• Banco de teses da Capes, http://www.servicos.capes.gov.br/capesdw,

considerando que dessa forma podem-se detectar quais são os novos

mestres e, doutores que iniciam sua carreira sobre o tema-foco desta

pesquisa.

Os documentos encontrados foram impressos, lidos em sua totalidade e

analisados, visando responder à pergunta orientadora da pesquisa e demais objetivos.

Conforme Gil, “na obtenção do material bibliográfico, deve-se realizar uma leitura do

mesmo, atendendo a alguns procedimentos” (GIL, 1991, p. 66). Contudo, a ordem

seguida do tratamento dos dados bibliográficos, na visão do autor acima:

• Leitura exploratória, este item tem por objetivo verificar em que medida o

material consultado interessa à pesquisa.

• Leitura seletiva, diz respeito à determinação do material que de fato será

utilizado na pesquisa.

• Leitura analítica, após a seleção dos materiais pertinentes à pesquisa deve-

se ordenar e sumariar as informações contidas no mesmo, de maneira que

possibilitem a obtenção de respostas ao problema proposto. Realizando os

seguintes passos: leitura integral da obra, identificação das idéias-chaves,

hierarquização das idéias e a sintetização das idéias.

• Leitura interpretativa, este é o item final do tratamento dos dados e, tem

por objetivo relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se

propõe uma resposta, de maneira que a interpretação se faça a partir da

ligação dos dados com conhecimentos significativos.

A metodologia aqui apresentada foi de extrema importância, pois foi a partir

desta que os objetivos foram alcançados o problema de pesquisa foi respondido. Em

seguida apresento o desenvolvimento do mesmo na seguinte seqüência das

problemáticas: papéis e responsabilidades do enfermeiro em diferentes locais de atuação

em um hospital, o estresse e o seu processo, o estresse ocupacional, a Síndrome de

Burnout e as três áreas escolhidas para a caracterização dos fatores de estresse:

Ambulatório, Unidade de Terapia Intensiva e Emergência.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

15

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 PAPÉIS E RESPONSABILIDADES DO ENFERMEIRO EM DIFERENTES

LOCAIS DE ATUAÇÃO EM UM HOSPITAL.

Neste pretende-se caracterizar alguns papéis e responsabilidades de um

enfermeiro que atua em diferentes locais no hospital, As áreas de atuação de

profissional de enfermagem são muitas mais neste trabalho em específico pretendo

pesquisar os fatores de estresse nos profissionais de saúde em três áreas: ambulatório,

emergência e unidade de terapia intensiva.

A área ambulatorial, e uma área que se destina a execução de ações para a

promoção, prevenção, recuperação e reabilitação dirigidas à família do ou ao paciente,

que não necessitada a internação. Conforme Romano (1999):

“Um ambulatório de um hospital difere daquele vinculado a um centro ou posto de saúde, quer em finalidade, em abrangência populacional ou mesmo quanto ao acesso a recursos diagnósticos terapêuticos”. (ROMANO, 1999, p.46)

Como nos coloca o autor a diferença de um ambulatório de hospital para um

ambulatório de posto de saúde se encontra principalmente na finalidade da

complexidade, o do posto de saúde se destina mais para atenção primária e já o do

hospital para uma atenção para casos mais complexos, que necessitam de intervenção,

que envolvam maior tecnologia e acompanhamento.

A unidade de emergência ou pronto socorro é uma área de atuação, que

consiste a pratica de prestar os primeiros socorros, e se necessário a partir do

diagnóstico, o encaminhamento para a internação.

A unidade de terapia intensiva é uma área de atuação, segundo Romano (1999,

apud PROASHA, 1978, P.62), que se destina a receber pacientes com estados graves,

com a possibilidade de recuperação, assistência médica e de enfermagem permanente, e

utilização de equipamentos especializados.

Nesta área é restrita a circulação de pessoas estranhas e o acesso também

restrito. Esta possui características muito semelhantes com a unidade de emergência,

porém como o autor evidencia a unidade de emergência tem fluxo maior de problemas

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

16

sociais, sendo que estes deixam de existir na unidade de terapia intensiva. Nesta o

público-alvo são os pacientes com doenças crônicas degenerativas, com um quadro de

evolução inexorável, são pacientes que necessitam de cuidados diuturnos, intensos e

durante um longo período de tempo.

Romano (1999, apud HOLLAND, 1973, P.64) nos coloca que muitos autores

discutem e questionam aspectos relacionados a reações emocionais observados na

unidade de terapia intensiva, Romano também pontua fatores ambientais que interferem

na quebra dos padrões circadianos normais, é coloca que o maior contribuinte é o

barulho elevado durante vinte quatro horas na unidade.

Referente aos papéis e responsabilidades do enfermeiro se faz necessário citar

o código de ética da Enfermagem aprovado pela Resolução COFEN 311/2007, que

passou a vigorar no dia 12 de maio de 2007, que esta profissão tem como princípio

fundamental à qualidade de vida da pessoa, família e coletividade. O profissional de

Enfermagem é aquele que atua na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da

saúde, com autonomia e consonância com os preceitos éticos e legais. O mesmo

participa como integrante da equipe de saúde, visando satisfazer as necessidades de

saúde da população em defesa dos princípios das políticas publicas de saúde e

ambientais, garantindo assim a universalidade de acesso aos serviços de saúde,

integralidade da assistência, resolutividade, integralidade da assistência, preservação da

autonomia da pessoa, participação da comunidade, hierarquização e descentralização

político–administrativa dos serviços de saúde. O profissional de enfermagem respeita a

vida, a dignidade e os direitos humanos, em todas as suas dimensões, exercendo desta

maneira suas competências para a promoção do ser humano na sua integralidade, de

acordo com os princípios éticos e bioéticas.

Conforme Coelho; Barbosa e Silva (2008) o profissional de enfermagem é

aquele que ocupa a posição de gerência ou gerencionamento de uma equipe.As autoras

ressaltam em seu artigo, que o profissional de enfermagem que trabalha como gerente

deve fazer o planejamento de tarefas, análise dos registros de ações planejadas e

executadas.

Os autores ressaltam que as ações realizadas pelos gerentes de enfermagem, ou

seja, o planejamento de tarefas é considerado um instrumento básico destes, a mesma

aponta que as atividades planejadas e executadas estão mais direcionadas as ações

administrativas organizacionais. Este fato conforme a autora não deve ser visto como

um obstáculo para a adequada prestação de assistência, uma vez que o trabalho de

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

17

enfermagem é desempenha por uma equipe que desempenham diferentes papéis,

executando assim o cuidado de forma individualizada, humanizada e integral.

Esta ainda aponta que o profissional de enfermagem que atua na gerência é

influenciado pela teoria geral da administração1, contudo constatou-se, que os gerentes

de enfermagem executam mais que planejam, e também muito das atividades planejadas

não são executadas, evidenciando uma lacuna, quanto à utilização de uma das etapas

básicas do processo administrativo.

A mesma salienta que um bom planejamento reduziria a quantidade de ações

desenvolvidas sem precisão. Conforme Coelho; Barbosa e Silva (2008):

“Muitas vezes, talvez por falta de alternativas e pela responsabilidade com o bem estar do cliente, estas tarefas extrapolam seu campo de atuação, direcionando esforços para o desempenho de ações que deveriam ser executadas por outros profissionais como assistentes sociais, psicólogos, engenheiros, dentre outros, em detrimento de atividades caracteristicamente suas, que deixam de ser realizadas e que vêm em prejuízo da clientela e da própria profissão”. (COELHO; BARBOSA; SILVA. 2008 p.6)

Neste sentido a mesma ressalta em seu artigo a resolução do código de ética de

Enfermagem na seção quatro, com intitulação: das relações com as organizações

empregadoras o enfermeiro, tem com direito no art.61 a suspensão de suas atividades,

individual ou coletivamente, quando a instituição publica ou privada, para qual trabalha

não fornecer condições dignas para o exercício de sua profissão ou o desrespeito à

legislação do setor de saúde, ressalvadas as situações de urgência ou emergência,

devendo comunicar por escrito sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem.

Conforme Coelho; Barbosa e Silva (2008):

“Os enfermeiros são preparados para administrar o serviço de enfermagem nos estabelecimentos de saúde e estudam, nas escolas durante sua formação, diversos princípios administrativos. Cabe a este profissional gerenciar as unidades, elaborando planos diários de atividades, prevendo recursos materiais e humanos necessários, fazendo escalas de plantões, revisando e controlando o estoque de medicação, supervisionando as atividades e assistindo aos pacientes. Entretanto, as atividades do enfermeiro vão além daquelas direcionadas para o provimento de condições favoráveis à realização e supervisão dos cuidados, englobando, dentre outras, ações ligadas à prática administrativa organizacional como aquisição de

1 A Teoria Geral da Administração se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, embora não deixe totalmente de lado as habilidades humanas e técnicas. Em outros termos, se propõe a desenvolver a capacidade de pensar, de definir situações organizacionais (ou empresariais) complexas, de diagnosticar e de propor soluções. (CHIAVENATO, 1983, p.20)

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

18

equipamentos e materiais, controle de custos, faturamento, seleção e contratação de pessoal”. (COELHO; BARBOSA; SILVA. 2008 p.9).

Em uma pesquisa realizada, que teve como objetivo analisar as demandas e as

expectativas oriundas da formação da prática gerencial como práxis transformadora da

prática exercida, pelos profissionais de enfermagem, a mesma teve como resultado

conforme Resck e Gomes (2008): que a formação do enfermeiro, que deve pautar os

processos de trabalho nas seguintes dimensões da pratica: no cuidado, na gerência, na

educação e na investigação cientifica, construindo desta maneira o desenvolvimento de

competências com maior interação entre ensino e serviço. A autora nos coloca que se

houver integração entre ensino e serviço, é possível construir estratégias que viabilizem

mudanças na ordem da prática profissional. E que o fluxo das informações aprendidas

durante a graduação de tal profissional, funciona como uma proposta transformadora

não só para sua formação, mas também, para as mudanças nas políticas de saúde. Neste

mesmo sentido Souza; Filha; Silva e Monteiro (2006)

“A perspectiva das diretrizes curriculares para a formação de enfermeiros é: formar enfermeiros com compreensão científica, técnica, política e ética, capazes de intervir no processo saúde-doença do ser humano, numa perspectiva crítico-transformadora voltada para o cuidar, o educar, gerenciar e pesquisar, caracterizando interesses técnicos, práticos e emancipatórios”. (SOUZA; FILHA; SILVA; MONTEIRO. 2006)

É preciso mencionar que as escolas de enfermagem, apesar das novas diretrizes

curriculares, não produziram mudanças significativas no ensino de enfermagem no país,

uma vez que ainda poucos são os profissionais formados nesta proposta, talvez por isso

sejam poucas as transformações ocorridas na prática profissional que têm contribuído

para um cuidado pautado no atendimento integral ao ser humano. Neste sentido as

autoras ressaltem que quando um profissional de enfermagem se aproxima de seu

cliente, para realização de algum procedimento mesmo que esteja preocupado com

outras necessidades, ligadas à manutenção da hemodinâmica do indivíduo, pela

observação rigorosa dos sinais vitais, do funcionamento adequado dos equipamentos,

aprisiona-se mais em aparatos tecnológicos, o que geralmente é reforçado pelas

instituições e pela própria legislação profissional. As mesmas apontam que o cuidado

sempre esteve mais ligado à atividade de enfermagem, ou seja, tendo com resultado de

muitas vezes este termo de cuidado na prática profissional não tem revelado interesse no

atendimento às dimensões existenciais do ser humano.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

19

O cuidado é compreendido como a essência da enfermagem, transcendendo

aspectos técnicos e biológicos, psico-sociais e espirituais do indivíduo, família e

comunidade, envolvendo a provisão de ajuda, atenção, respeito, amor e compreensão

mútua. Para que o cuidado seja efetivado é necessário que o meio ambiente físico, social

e administrativo valorizem o cuidado e entendam o significado do cuidar.

Na enfermagem o termo cuidado é bastante abrangente e encerra todas as

dimensões do indivíduo. Este, no seu contexto mais amplo, promove no ser cuidado

uma sensação de ser respeitado em sua individualidade e no ser que cuida a sensação de

responsabilidade pela vida do outro. É importante destacar que existem alguns fatores

que dificultam o cuidado profissional, que vão desde o déficit de conhecimento, fator

essencial, uma vez que a educação funciona como eixo central da assistência de

enfermagem prestada, até a relação dos cuidadores em cumprimento às rotinas e

divergências quanto ao trabalho. Tais fatores perpassam ainda pela precariedade dos

serviços ofertados, jornadas de trabalho exaustivas, plantão noturno, remuneração

insuficiente, competitividade profissional, excesso de responsabilidades, falta de

identificação profissional e a falta de uma ética específica menos dependente da ética e

das decisões médicas, entre outros.

Para as autoras esses fatores repercutem na integração entre o que se preconiza

nas diretrizes curriculares e o produto da formação, pois as propostas para formação de

profissionais voltados para uma prática transformadora da realidade não encontram

sustentação em uma prática fragmentada e mais preocupada em atender os interesses

dominantes, dificultando o atendimento das necessidades de saúde da população.

A introdução de novas diretrizes se faz necessária, pois conseqüentemente as

novas estruturas curriculares não possibilita a formação de profissionais críticos,

reflexivos e transformadores da realidade, há uma necessidade de mudança na visão dos

próprios docentes concernentes ao papel da universidade na comunidade, possibilitando

uma aproximação entre os discentes e esta, pelo desenvolvimento nesse aluno de

habilidades em lidar com os problemas existentes.

Em seguida aborda-se o estresse seu conceito e o seu processo.

3.2 O ESTRESSE

O estresse tornou-se um termo popular a partir do trabalho inicial de Selye,

(1976, apud, STROEBE e STROEBE, 1995) que definiu o estresse, como sendo um

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

20

padrão de respostas do corpo quando um organismo é exposto a uma situação de

estresse como, por exemplo, as respostas do corpo frente ao calor ou a frio, o corpo

reagirá para manter a temperatura interna.

Muitas bases dos estudos teóricas de Selye advêm do trabalho de Cannon, mais

foi a partir das investigações de Selye que o conceito de estresse obteve a compreensão

sobre as reações fisiológicas aos estímulos aversivos o resultado dessas investigações

serviu como paradigma para outras concepções posteriores ao estresse.

O processo de estresse defendido por Selye seria o resultado da exposição

repetida ao estresse, ou seja, a reação de defesa do organismo. O processo de estresse

passa por três fases que podem ser identificáveis como um conjunto de três estágios que

representam a síndrome de adaptação geral. A primeira fase seria a de alarme o

individuo se mobiliza frente a uma ameaça, o segundo estagio consiste na fase da

resistência, o individuo parece ter se adaptado mais se mantém, na ativação geral

(alarme) e o terceiro estágio trata-se da fase da exaustão que seria o resultado de uma

exposição prolongada a mesma situação de estresse, esta fase seria aquela a qual o

individuo deixa de ser capaz de ultrapassar a ameaça e no decorrer do processo,

fragiliza os recursos fisiológicos.

Conforme Stroebe e Stroebe (1995) há dois tipos de agentes causadores de

estresse que podem prejudicar um organismo, estes podem causar prejuízos diretos,

caso excedam a capacidade de adaptação de um determinado organismo, ou

indiretamente, como resultado de defesa do mesmo. Para o autor o estresse esta presente

em todas as fases da vida, embora suas manifestações sejam diferentes ao longo do

tempo, seus efeitos podem aparecer tanto na parte somática quanto na cognitiva, que

tem uma seqüência gradativa de uma fase a outra. Para Selye o estresse não é uma

tensão nervosa mais sim uma manifestação de uma síndrome especifica e é produzida a

partir de alterações não especificas no sistema biológico. Esta síndrome foi classificada

por Selye (1976, apud, STROEBE; STROEBE 1995) que designou por “doenças de

adaptação” as varias doenças que parecem relacionadas com o acumular de

acontecimentos da vida que induzem ao estresse. Para o autor, a doença é o preço que

organismo paga pra se defender dos agentes causadores de estresse.

Conforme Stroebe e Stroebe (1995) O modelo de Selye ao longo dos anos foi

criticado por diversas razoes umas das criticas a este modelo é que este atribui um papel

limitado aos fatores psicológicos. Muitos investigadores acreditam que os fatores

psicológicos são de grande importância para a investigação sobre o estresse. Lazarus

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

21

(1984, apud STROEBE. W; STROEBE, 1995) salienta que o conceito de Selye sobre

estresse, ou seja, a resposta frente a esses agentes causadores de estresse seja mediada

mais pela perturbação emocional, desconforto e dor, mais do que propriamente uma

resposta física direta a estímulos aversivos.

Atualmente o conceito de estresse vem sendo amplamente discutido e

utilizado, este conceito tão difundido muitas vezes faz com este seja empregado no

senso comum, sendo utilizado no lugar de outros termos como, cansaço, ansiedade,

frustração, etc. Para Jacques (2002), o estresse passou a ser responsável pela maioria das

doenças, principalmente por aqueles relacionados à vida urbana. O mesmo autor

também nos coloca que estresse é uma noção tomada da Física que significa tensão, e

que muitos autores entendem que o estresse é formado a partir de estímulos estressores,

sendo que estes podem ser provenientes tanto do meio externo um exemplo seriam as

condições de trabalho, ou também do meio interno do indivíduo, ou seja, seus

sentimentos e pensamentos, e esses autores também nos colocam que o individuo possa

contribuir para a diminuição ou aumento da intensidade do estressor.

Em seguida falarei sobre o estresse ocupacional, que é de extrema

importância a compreensão do mesmo para juntamente compreendermos e analisarmos

os fatores que levam a este.

3.3 ESTRESSE OCUPACIONAL

A percepção de que o trabalho possa ter conseqüências sobre a saúde dos

indivíduos é muito antiga, nas origens das psicodinâmicas do trabalho, conforme

Gorgati (2002). A teoria psicodinâmica refere-se a uma compreensão do psiquismo em

seus processos dinâmicos. Esta é fundamentada nos princípios da teoria psicanalítica,

cuja técnica utilizada por esta é elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos a serviço da

reestruturação, reorganização e desenvolvimento da personalidade.

Guillant (1984, apud, JACQUES, 2002), que durante os anos cinqüenta, fez as

primeiras observações sistemáticas que lhe permitiu estabelecer relações entre trabalho

e psicopatologia, fez um estudo sobre as atividades das telefonistas em Paris, no qual o

autor diagnosticou um distúrbio relacionado ao trabalho que ele denominou de síndrome

geral de fadiga nervosa caracterizado por um quadro que incluía alterações de humor e

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

22

de caráter, modificações do sono e manifestações somáticas variáveis (angústia

palpitações, sensação de aperto torácico, etc.)

Para a psicodinâmica do trabalho o mais importante é conseguir compreender

como o trabalhador mantém um certo equilíbrio psíquico. Muitos estudos sobre o

trabalho são referidos ao estresse ambiental definido por Moser (1998, apud,

JACQUES, 2002) como sendo um conjunto de condições atribuídas à vida urbana,

como ruídos, poluição do ar e aglomerações, de acordo com o autor a presença de uma

quantidade excessiva de estimulações, exige do individuo um aumento da energia

devido à adaptação a esses novos estímulos, levando o individuo a mudar o seu

comportamento, tornando-se, por exemplo, mais agressivo.

Em relação aos eventos estressores do trabalho estes podem ser conforme:

Posen (1995, apud, JACQUES, 2002), resultados dos agentes externos, que estão

presentes no ambiente físico, social ou organizacional, e esses podem ser constituídos

por eventos importantes da vida ou aborrecimentos cotidianos.

Na visão de Perkins (1995), o estresse ocupacional é produto da relação entre o

indivíduo e o seu ambiente de trabalho, em que as exigências deste ultrapassam as

habilidades do trabalhador para enfrentá-las, o que pode acarretar num desgaste

excessivo do organismo, interferindo na sua produtividade.

Nesta mesma perspectiva o estresse ocupacional é definido como, as situações

em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho, como ameaçador de suas

necessidades de realização pessoal e profissional e/ou da sua saúde física ou mental,

prejudicando a integração desta com o trabalho e com o seu próprio ambiente, na

medida em que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não conta

recursos adequados para enfrentar tais situações (FRANÇA e RODRIGUES, 1999).

Grandjean (1998) define estresse ocupacional como sendo “o estado

emocional, causado por uma discrepância entre o grau de exigência do trabalho e

recursos disponíveis para gerenciá-lo”. É um fenômeno subjetivo e depende da

compreensão individual da incapacidade de gerenciar as exigências do trabalho.

Como nos coloca Guimarães e Grubits (1999, apud BATISTA, 1996) O

estresse ocupacional dos profissionais de enfermagem é um fator importante a ser

compreendido, pois a profissão de enfermagem é caracterizada como estressante em

função da carga emocional intensa na relação entre paciente e enfermeiro, e é também

pelas responsabilidades atribuídas a este profissional. O estresse ocupacional crônico

afeta os profissionais que se ocupam em prestar assistência a outras pessoas. Entre os

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

23

profissionais de saúde, eventos potencializadores podem surgir, dependendo do tipo de

atividade exercida.

O contexto sócio-econômico a que estão sujeitos os profissionais de

Enfermagem na área da saúde no Brasil deve ser considerado. O sofrimento físico,

psíquico (e social) que os pacientes apresentam, além de que estes profissionais são

aqueles que atuam com baixos salários, falta de equipamentos, falta de profissionais e

entre outros, são fatores importantes a se considerar para pensar os processos de estresse

ocupacional.

A seguir apresenta-se uma breve explanação sobre o estudo sobre a Síndrome

de Burnout, conforme: Abreu; Stoll; Ramos; Baumgardt e Kristensen (2002), pois esta

consiste em uma resposta ao estresse ocupacional crônico, que afeta os profissionais que

se ocupam em prestar assistência a outras pessoas. Entre os profissionais de saúde,

eventos potencializadores de estresse podem surgir, dependendo do tipo de atividade

exercida.

3.4 SÍNDROME DE BURNOUT

Burn-out, ou simplesmente Burnout, é um termo (e um problema) bastante

antigo. Burn-out, no jarguão popular inglês, refere-se aquilo que deixou de funcionar

por absoluta falta de energia. Popularmente, pode aludir aquele que se acabou pelo

excesso de drogas (FRANÇA, 1987 apud BENEVIDES-PEREIRA, 2003). Enfim, trata-

se de uma metáfora para significar aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite e, por

falta de energia, não tem mais condições de desempenho físico ou mental

(BENEVIDES-PEREIRA, 2002, p. 21).

Burnout, segundo Codo (1999, p. 238), origina-se do inglês e, em português,

significa algo como “perder o fogo”, “perder a energia” ou queimar completamente

(para fora) - burn-out.

Em 1969, Bradley publicou um artigo em que utilizava da expressão staff-

burn-out, referindo-se ao desgaste de profissionais e propondo medidas organizacionais

de enfrentamento.

Acerca da origem do termo “burnout”, Skovvholt (apud FERENHOF, 2003, p.

7) esclarece que,

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

24

“No início da década de 1970, Herbert Freudenberger, era médico de uma representação comunitária que focava no abuso de drogas, na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América. Naquela época, drogaditos eram freqüentemente chamados de ‘burnouts’. Ser chamado de burnout significava que a pessoa não ligava mais para qualquer coisa, exceto drogas. Como conseqüência de um lento processo de erosão da motivação e competência, a pessoa não era capaz de muita coisa. Por esta razão, tornava-se um ‘burnout’. [...] Em 1974 Freudenberger publicou um artigo numa Revista de Psicologia e utilizou a palavra ‘burnout’ pela primeira vez”. Skovvholt (apud FERENHOF, 2003, p. 7)

A Síndrome de Burnout, segundo Ballone (2002), é definida como umas das

conseqüências mais marcantes do esgotamento físico, psíquico e se caracteriza por

exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com

relação à, praticamente, tudo e todos. Trata-se de quadro clínico resultante de má

adaptação do homem ao seu trabalho.

Benevides-Pereira (2002) e Codo (1999) têm demonstrado interesse em

estudos dessa natureza e concordam que a Síndrome de Burnout se caracteriza por

sintomas como fadiga emocional, física e mental, sentimento de fraqueza e inutilidade,

falta de admiração pelo trabalho e pela vida pessoal, baixa auto-estima e esgotamento

nervoso e despersonalização devido à relação diária cultivada com pessoas com as quais

interagem no ambiente de trabalho. Existe uma avaliação negativa do indivíduo em

relação a si mesmo, o que compromete a desenvoltura na realização do trabalho e a

relação com as demais pessoas. Os sujeitos sentem-se insatisfeitos e descontentes com

sua atuação pessoal e com seus procedimentos profissionais na ocupação que exercem.

Nesse sentido, percebe-se que, quando as relações interpessoais são estressantes e

conflituosas, aumentam os sentimentos de “queimar-se”, o que caracteriza a Síndrome

de Burnout.

Cabe lembrar que a Síndrome de Burnout pode ter seqüelas, que se manifestam

sob a forma de moléstia, falta de saúde, com alterações cardíacas e respiratórias,

gastrite, úlcera, transtorno do sono, náuseas e, com isso, há desgaste do rendimento ou

da qualidade de trabalho.

A Síndrome de Burnout acontece de maneira vagarosa e gradual, acometendo

os indivíduos progressivamente. Na fase mais aguda da síndrome, o sujeito desenvolve

táticas que consistem em modificações de atitude e conduta que abrangem a apatia e o

distanciamento emocional e pessoal do trabalho responsáveis pelo desencadeamento do

Burnout (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Algumas das variáveis podem ser

identificadas como:

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

25

Características pessoais: idade, sexo, nível educacional, estado civil, filhos,

personalidade, sentido de coerência, motivação, idealismo.

Características do trabalho: tipo de ocupação, tempo de profissão, tempo na

instituição, trabalho por turnos ou noturnos, sobrecarga, relação profissional-cliente,

tipo de cliente, relacionamento entre os colegas de trabalho, conflito de papel,

ambigüidade de papel, suporte organizacional, satisfação no trabalho, controle,

responsabilidade, pressão no trabalho, possibilidade de progresso, percepção de

iniqüidade, conflito com os valores pessoais, falta de feedback.

Características organizacionais: ambiente físico, mudanças organizacionais,

normas institucionais, clima, burocracia, comunicação, autonomia, recompensas,

segurança.

Características sociais: suporte social, suporte familiar, cultura, prestígio.

Benevides-Pereira (2002, p. 72) destaca que os indivíduos que estão nesse

processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, ou seja, investem menos tempo

e energia no trabalho, e só fazem o que é absolutamente necessário e faltam com mais

freqüência. Além de trabalhar menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta

qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo

desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade

e na quantidade de trabalho produzida é o resultado profissional do desgaste.

Porém, não se podem generalizar os níveis de Burnout, pois estes se diferem de

cultura para cultura. Conforme Benevides-Pereira (2003), nas investigações realizadas

em diferentes nações, foram evidenciados resultados diversos, indicando variações não

só para culturas, como para as categorias profissionais, e as características relativas ao

trabalho, confirmando a necessidade de estudos individualizados para cada população.

A seguir apresenta-se os fatores de estresse que colaboram para o

desencadeamento do estresse ocupacional e da Síndrome de Burnout, nos profissionais

de Enfermagem que atuam na emergência, no ambulatório e na unidade de terapia

intensa.

3.5 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO

CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDA DE DE

EMERGÊNCIA.

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

26

O enfermeiro que atua em uma unidade de emergência ou pronto socorro

trabalha com prestação dos primeiros socorros, e se necessário a partir do diagnostico, o

encaminhamento para a internação.

Os estressores relacionados a esta área de atuação, se apresentam no artigo de

Batista e Bianchi (2006) de intitulação “Estresse do Enfermeiro que Atua na

Emergência” estão mais ligados especificamente a problemas de comunicação com a

equipe; Inerente à unidade; Assistência prestada; Interferência na vida pessoal e atuação

do enfermeiro.

A carga de trabalho também se apresenta como um estressor, pois vai além

dos conflitos internos entre a equipe e a falta de respaldo do profissional, sendo a

indefinição do papel profissional um fator somatório aos estressores.

As mesmas ressaltam que, a maior fonte de satisfação no trabalho do

enfermeiro em unidade de emergência concentra-se no fato de que as suas intervenções

auxiliam na manutenção da vida humana. Já as fontes estressoras, determinam-se a

partir dos seguintes itens: número reduzido de funcionários compondo a equipe de

enfermagem; falta de respaldo institucional e profissional; carga de trabalho;

necessidade de realização de tarefas em tempo reduzido; indefinição do papel do

profissional; descontentamento com o trabalho; falta de experiência por parte dos

supervisores; falta de comunicação e compreensão por parte da supervisão de serviço;

relacionamento com familiares; ambiente físico da unidade; tecnologia de

equipamentos; assistência ao paciente e relacionamento com familiares.

Conforme Calderaro; Miasso e Webster (2008) que em seu artigo que se

intitula “Estresse e estratégias de enfrentamento em uma equipe de enfermagem de

Pronto Atendimento”, nos colocam que o âmbito do trabalho da equipe de enfermagem

vem sendo explorada pela literatura a relação entre estresse e trabalho. Sendo assim

muitos estudos realizados com enfermeiros de uma unidade de emergência de

instituição hospitalar se detectou que entre os maiores causadores de estresse, estão as

condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro e as atividades

relacionadas à administração do pessoal. Estes estudos também chamam a atenção para

a escassez de recursos humanos e materiais, o cumprimento por parte do enfermeiro de

diversas atividades burocráticas e o tempo mínimo para a realização da assistência.

Ressaltando assim que o enfermeiro age, em seu cotidiano de trabalho, com

pouca ou nenhuma consciência do estresse que enfrenta, por conseguinte o

conhecimento do processo de estresse é imprescindível para seu adequado

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

27

enfrentamento, caso contrário, não haverá resolução, o que levará o trabalhador ao

desgaste físico e emocional. Tornando necessário desta forma a identificação desses

estressores no trabalho, pois estes correspondem a um dos grandes agentes de mudança,

uma vez que desenvolvidas as possíveis soluções para minimizar seus efeitos, estas

podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e,

possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano e profissional.

No artigo de Calderaro; Miasso e Webster (2008) os resultados de pesquisa

evidenciaram que no contexto organizacional, a presença de trabalhadores com estresse

na equipe pode provocar o desenvolvimento das atividades com ineficiência,

comunicação deficitária, desorganização do trabalho, insatisfação, diminuição da

produtividade, o que trará conseqüências ao cuidado prestado à clientela. Constatou-se,

ainda, que as fontes de estresse citadas pelos profissionais estiveram relacionadas tanto

aos fatores organizacionais quanto aos de relacionamento com a equipe e clientela.

As mesmas salientam que os profissionais utilizaram estratégias de evitamento,

ou seja, demonstram comportamentos que fazem com os mesmos atuem de forma com

que o confronto seja direto ou indireto, relatando diversas ações que quando utilizadas

continuamente podem levar a um relaxamento temporário, mas não modificam a

situação geradora de estresse. Ressaltam que a identificação de estressores no trabalho

corresponde a um dos grandes agentes de mudança, uma vez que desenvolvidas as

possíveis soluções para minimizar seus efeitos, estas podem tornar o cotidiano da

equipe de enfermagem mais produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-la

mais no que se refere aos aspectos humanos e profissionais.

No artigo de Oliveira e Costa (2006) que se intitula “Relação tempo-violência

no trabalho de enfermagem em Emergência e Urgência” Que apresenta e analisa o

“tempo” no trabalho na percepção dos trabalhadores de enfermagem.

Ou seja, como as autoras nos colocam o tempo é o presente e este se manifesta

como duração e como ritmo. Já na percepção dos usuários o tempo é o agora e se

manifesta como possibilidade de alívio da dor, recuperação da saúde e manutenção da

vida.

Isto significa que o trabalhador, embora perceba e se empenhe para a

realização das atividades de forma rápida, não o faz de acordo com o tempo esperado e

requerido pelas necessidades dos usuários.

Neste sentido, as mesmas nos colocam que no trabalho, o quadro temporal é

marcado pelo tempo do relógio, pelo ritmo da demanda de usuários e pela jornada de

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

28

trabalho, sendo que estes tornam-se um fator de estresse, pois vão além da exigência de

pontualidade e regularidade, há também uma pressão para rapidez na realização das

atividades, não só pela alta demanda, mas também pela necessidade de vencer a corrida

em benefício da vida. O corpo do trabalhador precisa ajustar-se a rapidez pela

necessidade do usuário e pelas exigências institucionais. Nesse ajustamento do tempo

das atividades assistenciais, cada trabalhador reage de forma singular: alguns adoram

esse ritmo acelerado de fazer as coisas considerando o fator rapidez como prazer no

trabalho. Neste sentido evidenciam uma fala de um de seus entrevistados que coloca

assim:

(...) Essa adrenalina que rola aqui dentro oh... (mostra as veias) Faz uma falta!!! Faz uma falta!... Eu estou lá em casa, às vezes e as crianças estão brincando ou estão chorando... Eu estou tentando bagunçar com as crianças que nem eu faço aqui... (...) Que nossa!... É muito louco... Isso daqui é muito legal! Adoro! Adoro trabalhar aqui! (...) (Aham).

As autoras nos colocam que neste relato podemos considerar duas

possibilidades na relação existente entre o contexto estressante do trabalho de

emergência e seus efeitos na vida do profissional, quais sejam; os efeitos positivos para

as pessoas que conseguem absorver o estresse laboral nas ações cotidianas e o efeito da

organização científica do trabalho e os mecanismos de defesas protetores usados em

resposta pelos trabalhadores.

Isto significa que a mente do trabalhador está voltada, não só para o seu tempo

de permanência no local de trabalho, mas também para sua quantidade disponível à

realização das atividades assistenciais. Assim, o tempo se caracteriza como pressão

psicológica no sentido de aceleração do ritmo de trabalho para conseguir atingir os

objetivos assistenciais, dividindo sua atenção com todas as pessoas assistidas e os

colegas da equipe de saúde.

As autoras enfatizam uma pesquisa realizada com os profissionais que

atuavam em uma unidade de internação, e nesta constatou-se que, além de suas

atividades específicas, eles têm assumido outras que poderiam ser desenvolvidas pelos

demais trabalhadores da equipe de saúde. Tais atividades se destinam em geral, a

facilitação do serviço dos outros profissionais e não ao cumprimento de metas

estabelecidas pela própria profissão.

Evidenciando assim que na unidade de emergência e urgência, também foi

observada a utilização do tempo que deveria ser específico aos procedimentos da

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

29

enfermagem para propiciar à toda equipe de saúde as condições necessárias ao

salvamento da vida e à assistência ao doente. Portanto neste setor, o ritmo do trabalho é

ditado pela quantidade de usuários do serviço, pelo risco de vida e pelas condições de

trabalho disponibilizadas para o atendimento. Além disto, a motivação para a aceleração

do ritmo das atividades não se deve só à quantidade de usuários e a pressão dos

administradores, mas também ao significado simbólico assumido pelos trabalhadores

para este tipo de atividade, onde alguns minutos podem significar a morte.

Ressaltam as autoras que essa forma de percepção do tempo como duração,

não surge espontaneamente para o trabalhador, mas é um modo de pensar direcionado

pelas formas de organizações científicas do trabalho. Nessa perspectiva de

entendimento do tempo, o trabalhador age em conformidade com o tempo "como um

elemento-chave para a empresa" que, por meio de procedimentos racionais, maximiza o

rendimento do trabalho.

3.6 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO

CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UTI-

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

O enfermeiro que atua em UTI trabalha com pacientes em estados graves, com

a possibilidade de recuperação, assistência Médica e de enfermagem permanente, e

utilização de equipamentos especializados.

No artigo de Guerrer e Bianchi (2008) de intitulação: “caracterização do

estresse nos enfermeiros de unidade de terapia intensiva” foram identificados os

estressores como sendo: recursos inadequados, atendimento ao paciente, relações

interpessoais e carga emocional e para os enfermeiros administrativos foram levantados

como recursos inadequados, relacionados à assistência: relações interpessoais,

cobranças, sobrecarga de trabalho, reconhecimento profissional e poder de decisão.

Neste sentido as autoras, ressaltam que o nível do estresse entre os cargos e

domínios, está relacionado geralmente ao tipo de trabalho que esses enfermeiros

exercem, ou seja, os enfermeiros chefes apresentaram níveis mais elevados em

domínios com atividades administrativas, assim como os enfermeiros assistenciais

apresentaram índices mais elevados de estresse para domínios mais relacionados à

assistência do paciente. Esse dado leva à consideração de que as atividades inerentes ao

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

30

cargo são consideradas estressantes, e as instituições hospitalares, como a de ensino,

necessitam de estratégias para conscientizar os enfermeiros de que a situação

profissional precisa de investimento individual e organizacional para melhor adaptação

e menor efeito adverso para a vivência profissional.

O processo de trabalho e o estresse são avaliados no artigo de Oliveira e Costa

(2006) de intitulação “Estresse, fator de risco para a saúde do enfermeiro em Centro de

Terapia Intensiva” como este sendo para os enfermeiros problemas relacionados aos

parcos insumos materiais e humanos como sendo estressante, pelo fato de os mesmos

interferirem na qualidade do trabalho realizado, como também por terem que improvisar

e realizar, gerando assim desgaste psicofísico pelo tempo despendido, pelas idas e

vindas, acarretando por sua vez sentimentos de impotência e frustração que têm de

administrar no dia-a-dia. Outro aspecto que mantém vinculação com o estresse do grupo

é a carga horária de 12 horas contínuas que se configura como excessiva pelo nível de

atenção exigido no trabalho, as situações imprevisíveis, a pressão pelo cumprimento das

atividades, a demasiada fragmentação das tarefas e pela exigência de domínio

tecnológico. Neste sentido as autoras nos colocam que trabalhar em regime de plantão

subtrai o tempo livre do enfermeiro e dificulta o amparo social, como estratégia para

minimizar o estresse, principalmente no que diz respeito à interação com a família, à

participação em atividades sociais, lazer, entre outras. Acrescenta-se que muitos dos

trabalhadores, por possuírem duplo vínculo empregatício, estão mais sujeitos ao estresse

por ter que sair de uma instituição para a outra, muitas vezes sem a pausa necessária.

Neste sentido Oliveira e Costa (2006) nos colocam o ambiente de trabalho

como um fator gerador de estresse, na sua pesquisa o grupo destacou como fatores

estressores: o ruído dos aparelhos, o trânsito intenso do pessoal e a planta física

inadequada, questões que remetem não só ao ambiente físico, mas a própria dinâmica

do setor e as exigências impostas pela organização. Trabalhar no CTI (Centro de

Terapia Intensiva) implica atenção contínua em relação ao quadro clínico dos pacientes

e aos aparelhos a eles conectados, no intuito de identificar possíveis falhas e intervir

prontamente.

Neste sentido as autoras enfatizam que o ambiente de trabalho representa um

importante fator de risco para o estresse, visto que se trata de um local onde o

enfermeiro passa a maior parte do tempo em contato com situações geradoras de tensão,

convive com o imprevisível e tem de manter o controle contínuo dos aparelhos e

pacientes a eles conectados.

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

31

Ressaltando assim que a especificidade do trabalho na terapia intensiva

contribui para o estresse do enfermeiro, devido ao paciente crítico exigir cuidados

especiais, ou seja, as intervenções são mais complexas, a assistência ininterrupta e,

geralmente, imediata, diferenciando tal setor de outras unidades consideradas não

críticas. Essa diferenciação setorial lidar com situações inesperadas e críticas causa nos

trabalhadores manifestações de ansiedade e níveis variados de estresse. Sendo assim o

trabalho na terapia intensiva é rodeado por fatores estressantes porque o profissional

convive com pacientes instáveis hemodinamicamente, a parte ventilatória, dependente

de drogas, cuidados intensivos e levando em consideração a dependência total desse

paciente em relação a equipe de enfermagem e as demais equipes.

As autoras salientam que umas das características do trabalho da enfermagem,

e de lidar com o sofrimento do outro, e esta forma de lidar muitas vezes pode se tornar

um potencializador de problemas de ordem física e mental nos profissionais, problemas

esses, nem sempre valorizados, porém, ao contrário, naturalizados como se fizessem

parte da profissão. Esta naturalização do problema tem como resultado à exaustão

psicofísica do enfermeiro.

No artigo de Oliveira e Costa (2006), as atitudes conflitantes intra e intergrupal

foram referidas pelos enfermeiros como estressantes, por estes atuarem com diferentes

categorias profissionais que, apesar de terem como objeto de trabalho o cuidado de

pacientes críticos, possuem interesses e visões de mundo diferentes, podendo propiciar

situações geradoras de tensão no trabalho. Como os trabalhadores têm formação, cultura

e características singulares, a convivência no ambiente de trabalho, em algumas

situações, pode se tornar penosa quando os interesses são confrontados. O autor salienta

que as situações conflitantes podem também manter vinculação com a dinâmica do

setor: o número excessivo de pessoas, o ruído e a imprevisibilidade com a qual os

profissionais lidam no dia-a-dia. As maneiras de se trabalhar tais problemas seriam as

reuniões de equipe, o planejamento das atividades e a valorização dos distintos saberes

com ênfase nas experiências dos profissionais em prol da saúde dos trabalhadores e da

qualidade do trabalho.

Conforme Calderaro; Miasso e Webster (2006) que em seu artigo que se

intitula de “O Sofrimento Psíquico em Trabalhadores de UTI Interferindo no seu Modo

de Viver a Enfermagem” nos coloca que os profissionais que trabalham em ambientes

considerados críticos, como, por exemplo, as Unidades de Tratamento Intensivo (UTI),

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

32

apresentam mais chances de sofrimento psíquico, tendo em vista a complexidade das

ações ali realizadas e o estresse gerado durante a sua realização.

Neste sentido o mesmo cita em seu artigo que, as causas de estresse em uma

unidade neonatal se tornam mais significativas, por causa da natureza e das

características próprias do setor. Na unidade neonatal, os poluentes ambientais são

inúmeros e freqüentes, como os sinais sonoros produzidos pelas aparelhagens; a

superexaustão física conseqüente ao desenvolvimento do trabalho em turnos,

acarretando aumento da fadiga e da suscetibilidade às doenças e diminuição da

vitalidade; a contaminação microbiológica resultante dos eventuais recém-nascidos

portadores de moléstias transmissíveis; a poluição eletromagnética causada pela

proximidade constante com os equipamentos elétrico-eletrônicos.

O mesmo salienta em seu artigo que em um estudo acerca da banalização do

sofrimento à sua resignificação ética na organização do trabalho, realizado com 46

profissionais da enfermagem de dois hospitais, um público e outro privado, em cinco

unidades críticas, no sul do país, verificou-se que a atividade ocupacional ocasiona

alterações no estado emocional dos trabalhadores e que o sofrimento é devido a fatores

inerentes à organização do trabalho, tal como falta de condições materiais para a

prestação de assistência com qualidade e de recursos humanos.

No artigo de Salicio e Gavia (2006) que se intitula “O significado de

humanização da assistência para enfermeiros que atuam em UTI” as autoras pontuam

que ao falarmos em cuidado de enfermagem ao ser humano, seja este voltado para a

assistência direta ou para as relações de trabalho, este implica essencialmente em falar

de cuidado humanizado. Contudo ressaltam que muitas vezes devido à sobrecarga

imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e

tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o cuidado. Em seu artigo os

enfermeiros ao falarem em humanização retratam o cotidiano do trabalho em UTI, que

para eles é uns trabalhos estressantes, cansativos e desgastantes, não só pela sobrecarga

de trabalho, mas também pelo grau de cuidados que os pacientes requerem.

As mesmas ainda nos colocam que dentre os fatores que produzem estresse no

trabalho os enfermeiros referem também a organização e as condições do trabalho na

UTI. Muitas vezes a equipe de enfermagem que atua em UTI está exposta a um nível

maior de estresse, porque presta assistência direta aos pacientes e familiares e também

tem que lidar com suas próprias emoções e conflitos.

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

33

3.7 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO

CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDA DE

AMBULATORIAL.

Neste em especifico não foi possível encontrar, conforme a metodologia

apresentada nenhum tipo de registro sobre o estresse do enfermeiro que atua no

ambulatório. Tornando assim necessário exclamar a necessidade de estudos que se

referem ao mesmo.

Neste sentido ressalto a importância de citar o artigo de Spindola e Costa

(2007) que se intitula de “O estresse e a enfermagem - a percepção das auxiliares de

enfermagem de uma instituição pública”, pois o mesmo trata do que o ambiente de

trabalho da enfermagem em especifico o ambulatório, como este sendo um dos agentes

estressores que agem nos trabalhadores podendo ser oriundos do meio ambiente, do

local de trabalho, ou a assuntos pessoais.

As mesmas citam que devemos entender que o ambiente laboral é um conjunto

de condições de vida dos trabalhadores no local de trabalho, englobando tanto as

próprias características do próprio lugar quanto os elementos relacionados à atividade

em si.

Neste sentido, as autoras ressaltam que o estresse ocupacional tem sido

estudado porque interfere diretamente na vida dos trabalhadores, alterando os níveis de

satisfação, produtividade e saúde das pessoas, ocasionando dificuldades de atenção e

concentração, confusão mental, perda temporária da memória, irritabilidade, cansaço,

mal-estar generalizado e acidentes. E que atuar em um ambulatório de um hospital

público significa conviver com as dificuldades relativas ao tipo de trabalho

desenvolvido, e nos colocam que tem observado um aumento gradativo de queixas de

cansaço, desgaste físico e emocional entre os profissionais que ali atuam, especialmente

entre os integrantes da equipe de enfermagem. Outro aspecto que despertou seu

interesse foi o crescimento de afastamentos dos auxiliares de enfermagem decorrentes

de patologias associadas ao esgotamento físico e mental, como hipertensão arterial,

cardiopatia isquêmica e outras.

Tendo como resultado de pesquisa, nos relatos dos sujeitos, que ao se referirem

ao estresse definiam o mesmo como um distúrbio e que este atua em condições

desfavoráveis, nem todos percebem a influência destes fatores no seu equilíbrio

emocional. E que os mesmos fazem descrições, sobre suas atividades laborais

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

34

associadas às condições de vida das mesmas e isso demonstra que tal associação

contribui significativamente para que se sintam "estressadas", ou seja, cansadas,

desgastadas. As autoras citam como exemplo o relato de uma de suas entrevistadas que

fica evidente a relação de gênero quando se interpõem os papéis da mulher, da

trabalhadora e da mãe vivenciados pela profissional. Considerando que a Enfermagem é

uma profissão que, ainda nos dias atuais, é predominantemente feminina e que, em

muitas situações, as trabalhadoras necessitam ter mais de um vínculo empregatício,

compreender-se a dimensão da fala desta profissional ao afirmar que faz "várias coisas

ao mesmo tempo". Que remete especificamente a outra participante, que além desta fala

coloca o aspecto financeiro e associa as condições de vida às manifestações de

patologias no corpo físico, tais como a hipertensão, hiperglicemia e obesidade.

Neste sentido ressaltam que sendo assim, apesar de ultimamente os

trabalhadores terem mais acesso a informações relativas aos aspectos ergonômicos de

sua saúde, poucos são àqueles que reivindicam melhorias nas condições de trabalho,

ficando subjugados aos seus empregadores. Em geral, o ritmo de trabalho dos

profissionais de enfermagem é intenso, cansativo, pela realização de tarefas superpostas

e repetitivas, ocasionando o esgotamento físico e mental dos mesmos, e que os mesmos

não sabem identificar muitas vezes seus problemas.

As autoras ainda nos colocam que os sujeitos de seu estudo são do sexo

feminino, e seus relatos, portanto, devem ser analisados à luz das questões que

envolvem o gênero, observando-se a sobrecarga decorrente da dupla ou tripla jornada, a

multiplicidade de papéis, os conflitos da mulher-mãe trabalhadora e outras situações que

interferem diretamente em sua saúde física e mental. E nos acrescenta nos colocando

que, ultimamente o absenteísmo tem aumentado significativamente entre os auxiliares e

técnicos de enfermagem no ambulatório do Hospital onde a mesma realizou sua

pesquisa, e que este fator esta ligado a diversos outros fatores, dentre eles a

incapacidade física e/ou agravos à saúde dos mesmos. Tornado-se deste modo relevante

valorizar a saúde mental dos trabalhadores, especialmente os profissionais de

enfermagem, que necessitam estar bem fisicamente e mentalmente para interagirem

com e auxiliarem a clientela.

Neste sentido as mesmas nos colocam que a implementação de ações que

favoreçam a integração dos profissionais de Enfermagem; a melhoria das condições de

trabalho, observando-se os aspectos ergonômicos e a promoção da saúde do trabalhador;

a atuação do serviço de saúde do trabalhador na prevenção de doenças ocupacionais e

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

35

agravos à saúde são algumas medidas que deveriam ser repensadas e instituídas pelos

coordenadores de enfermagem para promover o bem-estar físico e mental dos

profissionais da área, considerando que os profissionais de enfermagem, como pessoas

que cuidam de outras pessoas, necessitam ser percebidos como seres dotados de

sentimentos e emoções. Tornando assim necessária a percepção de que a saúde no

trabalho é um direito do trabalhador.

No artigo de Spindola e Costa (2007) podemos encontrar como resultado de

pesquisa o estresse como este sendo visto pelas auxiliares de enfermagem que atuam no

ambulatório de um hospital público, como um distúrbio emocional, e quais são as

atividades profissionais e diárias que contribuem para o desenvolvimento deste.

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

36

4. CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo a caracterização dos fatores de estresse

que estão sujeitos os profissionais de Enfermagem que atuam em três grandes áreas de

um hospital, neste verificou que os artigos pesquisados e utilizados são de autoria de

profissionais da enfermagem, e que os mesmos ressaltam a importância de tal estudo,

para alcançar melhorias na qualidade de vida no trabalho.

Como acadêmica de Psicologia e irmã de duas profissionais da área de

Enfermagem, percebi que tais profissionais estão sujeitos aos fatores de estresse, de

forma direta e indireta, ou seja, seu campo é um campo de atuação que propicia a

geração do mesmo.

Este trabalho permite concluir que os fatores de estresse, quanto às áreas de

atuação obteve êxito a não ser pela pesquisa que se referiu à área ambulatorial, onde não

foi encontrado nenhum artigo publicado, sobre fatores de estresse no enfermeiro, mais

sim em auxiliares de enfermagem, tornando de grande valia tal resultado, e a publicação

do mesmo neste trabalho, ressaltando neste sentido a importância do desenvolvimento

de alguma pesquisa que tenha como objetivo a caracterização dos fatores de estresse do

enfermeiro que atua em ambulatório.

Para a caracterização dos fatores de estresse utilizarei quatro categorias: fatores

intrínsecos ao trabalho, fatores das relações de trabalho, fatores dos papéis estressores

da carreira e fatores da estrutura e cultura organizacional. Em seguida caracterizo os

fatores de acordo com a área de atuação.

Obtive como resultado de área de atuação de um enfermeiro que atua em

emergência que os fatores de estresse intrínsecos ao trabalho são: fazer esforço físico

para cumprir o trabalho, desenvolver atividades que vão além de sua função, trabalhar

com falta de material e recursos humanos, execução de procedimentos rápidos e receber

baixo salário. Os fatores ligados as relações de trabalho são: conciliação das questões

profissionais com os familiares, relacionamento com os colegas enfermeiros, chefias e

equipe médica e atender um grande número de pessoas. Os fatores ligados aos papéis da

carreira: prestar assistência ao paciente, dedicação exclusiva a profissão e a indefinição

do papel do enfermeiro. Os fatores ligados a estrutura e cultura organizacional: a

execução de tarefas distintas simultaneamente, resolução de imprevistos que acontecem

no local de trabalho, responsabilidade por mais de uma função neste emprego,

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

37

administrar ou supervisionar pessoas, restrição de autonomia profissional, interferência

da política institucional e a especialidade em que trabalha.

Já na unidade de terapia intensiva, os resultados obtidos nos fatores intrínsecos

ao trabalho: desenvolvimento de atividades que vão além da sua função, falta de

material e recursos humanos, trabalhar em instalações físicas inadequadas receber baixo

salário. Os fatores ligados as relações no trabalho: a conciliação de questões familiares e

profissionais, trabalharem com pessoas despreparadas, relacionamento com colegas

enfermeiros, chefia e médicos, trabalhar em equipe, prestar assistência a pacientes

graves e atender familiar de pacientes. Fatores ligados aos papéis da carreira: desgaste

emocional com o trabalho, prestar assistência ao paciente, dedicação exclusiva a

profissão e indefinição do papel do enfermeiro. Fatores ligados a estrutura e cultura

organizacional: resolução de imprevistos no local de trabalho, ser responsável por mais

de uma função no local de trabalho, restrição da autonomia profissional, interferência da

política institucional e especialidade de seu trabalho.

Na área ambulatorial não foi encontrado nenhum artigo referente ao estresse do

enfermeiro, mais foi encontrado sobre o estresse nos auxiliares de enfermagem e este se

torna de suma importância para podermos identificar as características do setor, para

tanto caracterizarei este, nos quatro tipos de caracterização dos fatores de estresse. Os

fatores intrínsecos: fazer esforço físico para cumprir o trabalho e receber baixo salário.

Os fatores ligados as relações de trabalho: conciliar questões profissionais e familiares.

Os fatores ligados aos papéis da carreira: desgaste emocional com o trabalho e os

fatores ligados a estrutura e cultura organizacional: responder por mais de uma função

neste emprego.

Tais fatores influenciam na qualidade de vida no trabalho deste profissional,

evidencio aqui que se torna necessário a partir destes resultados, a elaboração de

trabalhos referente à possibilidade de intervenção, pois nos estudos sobre o estresse na

profissão em especifico da enfermagem, não há clareza sobre os papéis intervenientes

da organização (hospital), ocorrendo desta maneira uma ampla discussão sobre a

influência da estrutura organizacional e os fatores de personalidade de tais profissionais

para a compreensão do estresse ocupacional e o bem estar psicológico do enfermeiro.

(STACCIARINI; TRÓCCOLI. 2000 p.46).

Neste sentido saliento neste que a produção de estudos específicos sobre a

estrutura organizacional e sobre a personalidade dos profissionais de enfermagem, são

de extrema importância para a colaboração de estudos sobre as possibilidades de

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

38

intervenção tanto na estrutura organizacional quanto a estes profissionais.

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

39

REFERÊNCIAS ABREU, K.L; STOLL; INGRID; RAMOS; SILVEIRA. Estresse ocupacional e Síndrome de Bunout no exercício profissional da psicologia. Psicologia Ciência e Profissão, vol. 22, nº 2, jun 2002. Disponível em: < http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000200004&lng=es&nrm= > Acesso em 25 de setembro de 2008. ARAÚJO, T.M. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadoras de enfermagem. Rev. Saúde Pública [online]. Vol. 37, nº 4, São Paulo, ago 2003, pp. 424-433. ISSN 0034-8910. doi: 10.1590/S0034-89102003000400006. Disponível em: < http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102003000400006 > Acesso em 16 de abril de 2009. BATISTA. L.S.A: Estresse Ocupacional e Enfermagem: Abordagem em Unidade de Atenção a Saúde Mental. Disponível em: http://www.unilestemg.br/revistaonline/volumes/02/downloads/artigo_17.pdf Acesso em 24 de setembro de 2008. BATISTA, K. M.; BIANCHI, E. R. F. Estresse do enfermeiro em unidade de emergência. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, vol.14, nº 4, pp. 534-539, julho/agosto de 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692006000400010&script=sci_arttext > acesso em 4 de abril de 2009. BALLONE, G. J. Síndrome de Burnout. In: Psiqweb Psiquiatria Geral, 2002. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/cursos/stress4.html>. Acesso em: 01 mar. 2007. BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. CALDERERO, A.R. L; MIASSO, A.I; WEBSTER, C.M.C Estresse e estratégias de enfrentamento em uma equipe de enfermagem de Pronto Atendimento. Revista Eletrônica de Enfermagem. V.10, Nº1, págs: 51-62,2008. Disponível em < http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n1/v10n1a05.htm> acesso em 12 de abril de 2009. COELHO, M.A, BARBOSA, M.A, SILVA, M.M.L. Análise dos registros de ações planejadas/executadas por gerentes de enfermagem de um hospital público. Revista.

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

40

CODO, W. Educação: carinho e trabalho. Vozes: Petrópolis: Rio de Janeiro, 1999. COREM. Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina. Disponível em < http://www.coren-sc.org.br/?pagina=empresa/resolucao311> acesso em 12 de maio de 2009. COSTA, A.L.R.C; MARZIALE, M.H.P. Relação tempo-violência no trabalho de enfermagem em Emergência e Urgência. Revista brasileira de enfermagem. Vol.59, n.3, pp. 337-343, 2006. ISSN 0034-7167. doi: 10.1590/S0034-71672006000300016. Disponível em< www.scielo.br/scielo.php?pid=S003471672006000300016&script=sci_abstract&tlng=pt – >acesso em 10 de abril de 2009. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3ª Edição. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. DEJOURS, C. A Loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. 5. ed. ampl. São Paulo: Cortez-Oboré, 1992. FRANÇA, Ana Cristina; RODRIGUES, Avelino Luiz. Stress e Trabalho: numa abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 1999. GIL. A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3a. São Paulo: Atlas, 1991. GIL, A.C. Método e Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1995. GOMES, G.C; LUNARDI FILHO. W.D; ERDMANN,W.L.O sofrimento psíquico em trabalhadores de UTI interferindo no seu modo de viver a enfermagem. Portal revista de enfermagem. 2006. Disponível em http://www.revenf.bvs.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article^dlibrary&fmt=iso.pft&lang=p acesso em 22 de abril de 2009 GORGATI. S.B; abordagem psicodinâmica no tratamento dos transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol.24 supl.3 São Paulo Dec. 2002. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S 151644462002000700010&script=sci_arttext&tlng=p t> acesso em 13 de outubro de 2008.

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

41

GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4ed. Porto Alegre: Bookman, 1998. GUERRER, F. J. L; BIANCHI, E. R.F. Caracterização do estresse nos enfermeiros de unidades de terapia intensiva. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 42, n. 2, 2008. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342008000200020&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 abril 2009. JACQUES, M, G. Saúde mental e trabalho. Petrópolis, RJ: Editoras Vozes 2002. LAUTERT, L. O estresse na atividade gerencial do enfermeiro. Revista Panam Salud Publica vol.6 n.6 Washington Dec. 1999. Disponível em<http://www.scielosp.org/ scielo.php?script=arttext&pid=S102049891999001100007> Acesso em 10 de setembro de 2008. OLIVEIRA, E.B. M; COSTA, A. Estresse, fator de risco para a saúde do enfermeiro em Centro de Terapia Intensiva. Revista Enfermagem: v. 14, nº. 4, Rio de Janeiro p. 580-585,2006.Disponível em<137107http://www.revenf.bvs.br/cgibin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article^dlibrary&fmt=iso.pft&lang=p>acesso em 02 de abril de 2009. PERKINS, V. Stress: o ponto de ruptura. São Paulo: Jovens Médicos, 1995. RESCK, G; GOMES, Z.M.R. A formação e a prática gerencial do enfermeiro inserido no processo de organização do trabalho em saúde e em enfermagem. Revista Latino-americana de Enfermagem. Vol.16, Nº 1, janeiro-fevereiro; 2008. Disponível em <www.scielo.br/pdf/rlae/v16n1/pt_11.pdf - acesso em 02 de maio de 2009. ROMANO. B.W. Princípios para a prática da psicologia clínica em hospitais. São Paulo 1999. Editora Casa do psicólogo 1999. RICHARDSON. RJ. Pesquisa Social e Técnica. 3a São Paulo: Atlas. 1999. SALICIO, D.M.B.S; GAVIA,M.A.M. O significado de humanização da assistência para enfermeiros que atuam em UTI. Revista Eletrônica de Enfermagem. Vol. 8, nº3, 2006 Disponível em < http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a08.htm> acesso em 25 de abril de 2009.

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Noeli Maria Gesser.pdf · no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia, manifestou-se

42

SAINT-EXPUPÉRY. Terra dos Homens. Pensamentos. aaldeia .net/ trabalho.Disponível em http://pensamentos.aaldeia.net/trabalho.htm acesso em 10 de junho de 2009. SOUZA, A.C; FILHA, M.J.M.M; SILVA,L.F; MONTEIRO,AV.M.F Formação do enfermeiro para o cuidado: reflexões da prática profissional. Revista brasileira de enfermagem [online]. Vol.59, n.6, pp. 805-807, 2006. ISSN 0034-7167. doi: 10.1590/S0034-71672006000600016. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672006000600016> acesso em 10 de abril de 2009. SPINDOLA. T; COSTA. E.R. O estresse e a enfermagem: a percepção das auxiliares de enfermagem de uma instituição pública. Portal revista de enfermagem. Disponível em <www.portalbvsenf.eerp.usp.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1414-814520070002&lng=pt&nrm > acesso em 28 de abril de 2009. STACCIARINI, J.M. R; TRÓCCOLI, B.T. Instrumento para mensurar o estresse ocupacional: Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE). Revista Latino americana de Enfermagem. Vol8, nº6, p.9-40, 2000. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692000000600007&script=sci_pdf&tlng=pt > acesso em 25 de abril de 2009. STROEBE. W; STROEBE. M. Psicologia Social c da Saúde: São Paulo, Editora Medicina e Saúde. 1995.