universidade do vale do itajaÍ univalisiaibib01.univali.br/pdf/mariana carrion.pdf · para os...

62
i UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Análise dos efeitos das ações antrópicas e variáveis ambientais sobre os padrões de uso de Tursiops truncatus da foz do Rio Itajaí-Açu Mariana Carrion Itajaí, Santa Catarina 2014

Upload: ngonguyet

Post on 30-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

i

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Análise dos efeitos das ações antrópicas e variáveis ambientais sobre os padrões de uso de Tursiops truncatus

da foz do Rio Itajaí-Açu

Mariana Carrion

Itajaí, Santa Catarina 2014

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

ii

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Análise dos efeitos das ações antrópicas e variáveis ambientais sobre os padrões de uso de Tursiops truncatus

da foz do Rio Itajaí-Açu

Mariana Carrion

Trabalho de Conclusão apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Ciência e

Tecnologia Ambiental, como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Mestre

em Ciência e Tecnologia Ambiental

Orientador: Dr. André Silva Barreto

Itajaí, Santa Catarina 2014

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

iii

Dedicatória

Aos meus pais e minha irmã, por todo cuidado e dedicação para que meus objetivos e realizações fossem alcançados.

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

iv

Agradecimentos Agradeço aos meus pais, Darcy e Paula, pelo incentivo aos estudos, e

dedicação para que eu pudesse terminar o mestrado. Também agradeço ao apoio

da minha irmã Julia, todos esses anos. Vocês, mais do que ninguém, me deram

suporte e me aturaram por horas e horas falando do meu trabalho e dos botos. Sem

vocês com certeza eu não teria conseguido. Amo vocês!

Ao meu orientador, André Silva Barreto, por me orientar não somente no

mestrado, como também na graduação. Tudo que conheço sobre cetáceos devo a

você, pelas horas de ajuda e orientação, sempre tentando me fazer entender e

compreender o máximo possível. Você é um exemplo, não só como professor e

orientador, mas também como pessoa. Muito obrigada André!!

A toda minha família, que mesmo longe sempre teve interesse e curiosidade

por tudo que faço. O apoio de vocês foi muito importante. A minha querida tia

Edmeia, que não está mais aqui para me ver realizar mais um sonho, mas que

tenho certeza que está muito feliz por tudo que conquistei na minha vida.

Aos professores João Thadeu de Menezes, Sergey Araujo e Lourival A. Alves

Jr por disponibilizarem os dados das variáveis ambientais para eu utilizar na

minha dissertação.

Ao Thilan, por esses dois anos de saída embarcada e de muitas histórias

para contar. Ao Rodrigo Sant’Ana pela ajuda e todo o suporte com o GLM.

Ao pessoal do LIBGEO, Alencar, Rafaela e Gustavo por anos de muita risada

e ajuda. Sem a convivência diária com vocês com certeza esses dois anos teriam

sido mais entediantes!

E por fim a todos os estagiários que passaram pelo Programa Botos do

Itajaí. Esse estudo não seria possível se todos vocês não tivessem passado por aqui,

e despendido um pouco do tempo de vocês para monitorar os botos.

Muito obrigada!

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

v

Sumário Lista de Figuras ..................................................................................................................................... 6

Lista de Tabelas .................................................................................................................................... 8

Resumo ..................................................................................................................................................10

Abstract..................................................................................................................................................11

Introdução .............................................................................................................................................. 1

Variáveis ambientais...................................................................................................................... 1

Ações antrópicas ............................................................................................................................. 5

Objetivos.................................................................................................................................................. 8

Objetivo Geral ................................................................................................................................... 8

Objetivos Específicos ..................................................................................................................... 8

Materiais e Métodos ............................................................................................................................ 9

Área de estudo .................................................................................................................................. 9

Análise das variáveis ambientais ............................................................................................11

Análise das ações antrópicas ....................................................................................................13

Análises estatísticas .....................................................................................................................13

Resultados ............................................................................................................................................15

Discussão ...............................................................................................................................................34

Conclusão ..............................................................................................................................................41

Referências Bibliográficas ..............................................................................................................42

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

vi

Lista de Figuras

Figura 1. Mapa da foz do Rio Itajaí-Açu, identificando o local utilizado para o registro da ocorrência de T. truncatus. Fonte: GoogleEarth, 2014. ...............................10

Figura 2. Identificação da ferramenta utilizada no estudo dentro do ArcToolbox do ArcGis 10.1............................................................................................................................................12

Figura 3. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010. .................................................................................................16

Figura 4. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010. .................................................................................................16

Figura 5. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010. .................................................................................................17

Figura 6. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010. .................................................................................................17

Figura 7. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010. .................................................................................................18

Figura 8. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010. .................................................................................................18

Figura 9. Esforço amostral e frequência média anual de ocorrência dos botos ao longo dos anos, em dias e horas. Os círculos indicam os anos que houve dragagem de aprofundamento no canal do Rio Itajaí-Açu. .....................................................................20

Figura 10. Média e desvio padrão do tamanho de grupo de Tursiops truncatus na foz do Rio Itajaí-Açu durante os anos de 2001 a 2010. .......................................................21

Figura 11. Resultado da PCA entre frequência e abundância dos botos com os tipos de embarcações e variáveis ambientais. As linhas em vermelho representam a frequência e abundância dos botos. Frequência- média mensal da frequência de ocorrência dos botos, numind_sem0- média mensal da abundância dos botos. Todas as variáveis ambientais são médias mensais. Todas as variáveis antrópicas são médias mensais da presença das embarcações na área. ............................................27

Figura 12. Resultado da PCA entre frequência e abundância dos botos com os tipos de embarcações e variáveis ambientais. Dados até o ano de 2006. As linhas em vermelho representam a frequência e abundância dos botos. Frequência- média mensal da frequência de ocorrência dos botos, numind_sem0- média mensal da

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

vii

abundância dos botos. Todas as variáveis ambientais são médias mensais. Todas as variáveis antrópicas são médias mensais da presença das embarcações na área. ..28

Figura 13. Resultado da PCA entre frequência e abundância dos botos com os tipos de embarcações e variáveis ambientais. Dados de 2007 a 2013. As linhas em vermelho representam a frequência e abundância dos botos. Frequência- média mensal da frequência de ocorrência dos botos, numind_sem0- média mensal da abundância dos botos. Todas as variáveis ambientais são médias mensais. Todas as variáveis antrópicas são médias mensais da presença das embarcações na área. ..29

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

viii

Lista de Tabelas

Tabela 1. Esforço amostral (horas) realizado no período de 2001 a 2010, para o registro da ocorrência de T. truncatus na foz do rio Itajaí-Açu. .......................................10

Tabela 3. Classes de presença de embarcações por hora, utilizadas na análise não-paramétrica. O número indica a passagem de embarcações no ponto de observação dentro de um intervalo de 5 minutos . ......................................................................................14

Tabela 4. Valores sazonais mínimos, máximos e médios das variáveis ambientais na foz do Rio Itajaí-Açu. ...................................................................................................................15

Tabela 5. Quantidade de dias e horas de esforço por ano. Quantidade de horas, porcentagem de dias com ocorrência e porcentagem de horas com ocorrência dos botos na área. ......................................................................................................................................19

Tabela 6. Resultado do teste de Kruskal-Wallis para diferença entre o tamanho de grupo durante os anos de estudo. Em negrito os valores que tiveram diferença significativa. .........................................................................................................................................22

Tabela 7. Correlação entre abundância e frequência dos botos com níveis de maré e fases da lua. Valores em negrito possuem correlação significativa. ..............................23

Tabela 8. Correlação entre a abundância dos botos e variáveis ambientais. Valores significativos (p<0,05) estão em negrito. .................................................................................24

Tabela 9. Correlação entre a frequência dos botos e variáveis ambientais. Em negrito estão os valores em que p<0,05. ..................................................................................25

Tabela 10. Correlação entre abundância e frequência dos botos e ocorrência das diferentes categorias de embarcações. Valores em negrito são significativos (p<0,05). ................................................................................................................................................26

Tabela 11. Modelos rodados na análise do GLM. som.indiv: abundância dos botos; tempminar: temperatura mínima do ar; ventomedia: velocidade média do vento. 30

Tabela 12. Valores da análise do GLM. Os valores de 1Q e 3Q representam o sumário estatístico da distribuição dos resíduos. O esforço amostral (esf.amostral) foi utilizado como variável de padronização da variável resposta. Pr é a probabilidade p para o teste em questão. ................................................................................30

Tabela 13. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença da draga. Valores com p<0,05 estão em negrito. ...............................................31

Tabela 14. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de navios. Valores com p<0,05 estão em negrito. Categoria ≤1- um navio por hora, categoria ≤2- dois navios por hora, categoria ≤3- três navios por hora, categoria>4- mais do que quatro navios por hora. ≤ ...........................................................31

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

ix

Tabela 15. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de barco de pesca grande. Em negrito estão os valores em que p<0,05. Categorias: ≤5- até cinco barcos por hora, ≤10- de seis a dez barcos por hora, ≤15- de onze a quinze barcos por hora, >15- acima de quinze barcos por hora. ................32

Tabela 16. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de lanchas. Valores com p<0,05 estão em negrito. Categorias: ≤2- até duas lanchas por hora, ≤4- de três a quatro lanchas por hora, >4- mais que cinco lanchas por hora. ................................................................................................................................32

Tabela 17. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de rebocador. Valores com p<0,05 estão em negrito. Valores acima da diagonal são para a frequência e abaixo para a abundância. Categorias: ≤1- um rebocador por hora, ≤2- dois rebocadores por hora, >3- mais que três rebocadores por hora. ................................................................................................................................................32

Tabela 18. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de fases da lua. Valores com p<0,05 estão em negrito. Categorias: ≤0,25- valores diários de exposição da lua menores de 0,25; ≤0,50- valores diários entre 0,26 e 0,50; ≤0,75- valores diários entre 0,51 e 0,75; ≤1- valores diários entre 0,76 e 1. ...........................33

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

x

Resumo Este trabalho teve como objetivo geral avaliar os efeitos de ações antrópicas e

parâmetros ambientais sobre os padrões de ocorrência dos botos na área no estuário

do Rio Itajaí-Açu. Foram utilizados dados coletados pelo “Programa Botos do Itajaí”,

que realiza monitoramento na área desde 2001, registrando a ocorrência dos botos,

bem como o tráfego de embarcações e a presença de dragas na área. Se buscou

identificar as variáveis com maior importância nos padrões de ocorrência, através da

análise de correlação, teste de Kruskal-Wallis, análise de componentes principais e de

Modelo Linear Generalizado. Na análise de correlação, dentre as variáveis ambientais

analisadas, somente o estado da maré e a temperatura da água tiveram correlação

positiva significativa com a frequência dos animais na área, enquanto a velocidade

média do vento teve correlação negativa significativa. Para os tipos de embarcações,

dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa significativa e as

embarcações de pesca pequenas tiveram correlação positiva significativa com a

frequência de T. truncatus na área. A PCA mostrou que os botos apresentaram

respostas diferentes às variáveis que os influenciam em momentos antes e após as

obras realizadas nos molhes do estuário em 2006. Na análise GLM somente a

temperatura do ar e a velocidade média do vento tiveram significância na abundância

dos botos. É recomendada a continuação dos estudos com os botos na área, para

ver se este padrão de ocorrência observado se alterará com o tempo e também

para analisar se a utilização das variáveis ambientais em uma escala temporal

menor causa alguma diferença no resultado obtido neste estudo.

Palavras-chave: Boto, dragagem, porto, ocorrência.

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

xi

Abstract This study aimed to analyze the effects of anthropogenic impacts and environmental

variables on the occurrence patterns of bottlenose dolphin in the Itajaí-Açu river

estuary. Information was collected by the “Programa Botos do Itajaí”, that has

regularly monitored the area since 2001; recording data on the occurrence of

bottlenose dolphins, as well as environmental variables, the presence of vessels and

dredging. The data analysis were analyzed using Principal Component Analysis (PCA),

Generalized Linear Model (GLM), correlation and Kruskal-Wallis tests to find out

which variables effected the occurrence patterns of dolphins. From all environmental

variables, only tidal state and water temperature had significant positive correlations

with dolphin occurrence, while wind speed had a significant negative correlation. As

for the vessel types, dredges, ships, speedboats and tugboats had significant negative

correlation, and curiously small fishery boats had significant positive correlation. The

PCA analysis indicated that the dolphins had difference responses to the variables

before and after 2006, when a large part of the access channel and jetties were

remodelled. The GLM indicated that only air temperature and wind speed had

significance in dolphin’s abundance. It is recommended that environmental variables

should be recorded in a smaller timescale to identify if there are any other variations

that could not be observed with present data. Also, considering the dynamical nature

of the responses observed during the studied period, the monitoring effort should be

maintained, in order to find out if these occurrence pattern will change in the future.

Key-words: Dolphin, dredging, harbor, occurrence.

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

1

Introdução

Variáveis ambientais

A distribuição dos organismos pode ser observada como o reflexo espacial

de seu nicho: as espécies ocorrem em locais onde as condições ambientais são

favoráveis, e estão ausentes naquelas áreas em que algum recurso necessário

esteja faltando. Interações ecológicas com outras espécies (predação, exclusão

competitiva) são importantes na definição da ocorrência de uma espécie em

determinado local, mas os limites de distribuição também sofrem alterações de

acordo com o crescimento ou diminuição da população em resposta a mudanças

nas condições ambientais. Diversos fatores que definem um nicho são essenciais

para entender os limites de distribuição e densidade populacional de uma espécie,

sendo necessário compreender como as variáveis ambientais tem influência na

distribuição e abundância dos organismos.

Os fatores físicos que afetam a abundância e distribuição dos organismos no

meio aquático não são os mesmos que afetam os organismos terrestres. A

temperatura da água, se comparada com a temperatura do ar, varia pouco durante

o dia, sazonalmente ou latitudinalmente. Por outro lado, variações na pressão,

salinidade e luz são importantes em ambientes aquáticos. Além destas, variações

da maré que ocorrem diariamente, ou mudanças entre estações do ano também

são importantes para os organismos aquáticos. Variações sazonais na distribuição

e ocorrência de organismos marinhos são bem conhecidas e estudadas para

algumas espécies. Em cetáceos, os fatores que podem afetar a forma de uso de uma

determinada área ou o tamanho de sua área de vida podem ser disponibilidade de

presas (Irvine et al.¸1981), sobrevivência dos filhotes (Scott et al., 1990) e

condições ambientais apropriadas para nascimento de filhotes (Whitehead &

Moore, 1982). Em espécies migratórias, as causas das migrações anuais são

incertas, mas alguns autores sugerem que o movimento das presas e a temperatura

da água dos oceanos sejam algumas razões para que isto ocorra (Toth et al., 2012).

O entendimento dos padrões de uso do habitat é importante para identificar

quais aspectos ambientais são relevantes para a distribuição de uma determinada

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

2

espécie. Normalmente, a distribuição dos odontocetos é mais influenciada por

fatores como disponibilidade de presa do que de fatores ambientais. Porém,

quantificar a disponibilidade desses recursos e o quanto estas influenciam a

distribuição dos cetáceos é particularmente complexo, principalmente porque a

maioria das espécies de cetáceos tem ampla distribuição, a maioria dos

comportamentos exibidos pelos animais acontece embaixo da água e estudos que

indiquem a quantidade de alimentos disponível no ambiente para estes animais

são incompletos (Moreno, 2005). Uma alternativa para isto é avaliar como a

distribuição dos cetáceos está relacionada às variáveis ambientais que influenciam

a disponibilidade de suas presas.

Delfinídeos, além de possuírem sentidos visuais e acústicos altamente

desenvolvidos, possuem um sistema cognitivo que ajuda os animais a

memorizarem seus sucessos e falhas no forrageamento, além de estabelecer

ligação entre as condições do ambiente e suas táticas de forrageamento (Ridgway,

1990). Como resultados dessas características, os animais são capazes de se

ajustar rapidamente as variações em seu habitat, como se alimentar em associação

a barcos de pesca (Fertl, 1994) ou aproveitando as agregações de peixes durante

marés (Mendes et al., 2002). Algumas variáveis ambientais que podem influenciar

na distribuição de cetáceos incluem clorofila a, temperatura da água, entre outras.

A temperatura da água é provavelmente um dos fatores que influenciam a

distribuição e o movimento de pequenos cetáceos (Shane, 1980). Wursig e Wursig

(1979) observaram que golfinhos da espécie T. truncatus são abundantes no Golfo

de San Jose, Argentina durante todo o ano, com exceção dos meses mais quentes.

Neumann (2001) observou na Nova Zelândia que a distância em que golfinhos da

espécie D. delphis se movimentam da costa variou de 9,2 km durante os meses de

verão e primavera para uma distância de 20,2 km durante o outono. O autor sugere

que dificilmente a temperatura afeta diretamente os animais, mas que esta variável

provavelmente afeta a distribuição das presas destes, influenciando indiretamente

a distribuição dos golfinhos. Na porção nordeste dos Estados Unidos, golfinhos da

espécie Lagenorhynchus acutus habitam a área durante períodos em que a

temperatura da água está baixa, porém quando a temperatura da água aumenta

esta mesma região é habitada por golfinhos da espécie Delphinus delphis,

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

3

mostrando que a variação sazonal pode influenciar de modo diferente as espécies,

uma vez que essas mudanças afetam as principais presas destas espécies, o que

pode acarretar em mudanças na distribuição dos animais (Selzer & Payne, 1988).

Por outro lado, algumas técnicas de forrageamento tem ligação com

alterações de curta duração, como as marés. No porto de Charleston, EUA,

golfinhos da espécie Tursiops truncatus são vistos frequentemente próximos a

frentes estuarinas (Dustan & Pinckney, 1989). A mesma espécie é observada em

Moray Firth, principalmente nos meses do verão, predominantemente nos

períodos de maré enchente (Mendes et al., 2002). Gregory & Rowden (2001)

observaram uma diferença na abundância dos botos em relação aos diferentes

níveis de maré. Além da diferença na abundância, eles observaram que os animais

tendem a forragear mais durante a maré cheia e se deslocar durante a maré

vazante.

Parâmetros bióticos, tais como a quantidade de clorofila a no ambiente, são

parâmetros que tem sido utilizado para identificar a distribuição e concentração da

produtividade dos oceanos, o que está relacionado à maior disponibilidade de

alimento para algumas espécies de peixes. Apesar desta variável estar ligada à

produtividade dos oceanos, é difícil encontrar a relação entre a quantidade de

clorofila e a presença de mamíferos marinhos, uma vez que estes animais não

estão distribuídos de forma homogênea de acordo com a disponibilidade de

clorofila. Um estudo feito na costa da Califórnia relatou que as maiores

quantidades de avistagem de cetáceos durante os monitoramentos foram

altamente relacionadas à diminuição da concentração de clorofila no ambiente

(Smith et al., 1986). Entretanto os autores ainda observaram que os odontocetos

tem alta correlação positiva com esta variável.

A turbidez da água também pode afetar a distribuição dos cetáceos. Isso

pode acontecer de forma direta, diminuindo a visibilidade dos cetáceos, ou

indiretamente diminuindo a penetração de luz, afetando a produção primária do

local, que terá influência na abundância das presas (Sykes, 2002). Alguns autores

relataram que aumentos na turbidez na água alteram os padrões de distribuição de

T. truncatus na costa sul de Natal, África do Sul, o que indica que sua distribuição

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

4

está provavelmente relacionada à transparência da água (Cockcroft et al., 1991).

O conhecimento da interação entre os padrões de movimentação de

cetáceos e variáveis ambientais pode fornecer um valioso conhecimento sobre a

ecologia dos animais. É comum assumir que a distribuição e movimentação de

presas influenciam a distribuição e movimentação de cetáceos tanto em escala

temporal quanto espacial. Alguns autores sugerem que qualquer estudo

relacionado à distribuição ou ecologia de cetáceos deve focar na distribuição das

presas (Barco et al., 1999).

A movimentação de alguns odontocetos tem sido correlacionada com a

ocorrência das presas, porém poucos estudos foram feitos para identificar quais

fatores influenciam a movimentação de odontocetos (Lockyer & Brown, 1981).

Golfinhos da espécie Tursiops truncatus são conhecidos por se alimentarem de uma

grande variedade de presas (Santos et al., 2001) que variam de acordo com a área

que habitam e com as flutuações sazonais. Estes tem a necessidade de se manter

próximos de grandes concentrações de presas a fim de não despender elevadas

demandas de energia durante o forrageamento (Young & Crockcroft, 1994).

Segundo Defran et al. (1999) a espécie apresenta preferência, sempre que possível,

por algumas espécies de presa, sendo a principal explicação para isso o fato de

algumas espécies possuírem maiores conteúdos energéticos (determinados pela

quantidade de proteína, gordura, carboidratos e água) do que outras. Ainda

segundo estes autores, alguns modelos de forrageamento sugerem que se estas

espécies de alta qualidade estiverem disponíveis, os animais terão preferência por

se alimentar destas presas ao invés de outras com baixo conteúdo energético. Uma

vez que estas presas não estão mais disponíveis, os animais tendem a se relocar

para outras áreas. Isto indica que a disponibilidade de presas tem grande

influência na distribuição e movimentação dos botos.

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

5

Ações antrópicas

Todos esses fatores mencionados anteriormente tem influência sobre a

distribuição dos cetáceos. Porém, algumas espécies habitam áreas costeiras, e

pensar na flutuação das variáveis ambientais, sem levar em consideração os

distúrbios causados pelas ações antrópicas é errôneo. De todos os impactos

gerados no ambiente marinho através das ações antrópicas, a poluição sonora é

provavelmente a menos estudada. Os ruídos provenientes das ações antrópicas no

oceano são gerados por uma variedade de fontes, onde algumas destas produzem

ruídos de forma intencional, e outras de forma não intencional, sendo este um

subproduto de sua atividade (Hildebrand, 2009). Todos os tipos de embarcações,

independente do tamanho, produzem ruídos embaixo da água. Estes são os

maiores contribuintes deste tipo de distúrbio devido a sua elevada quantidade,

ampla distribuição e mobilidade (Richardson et al., 1995).

Devido à sua dependência do som para obter informações sobre o ambiente,

essas atividades afetam diferentes espécies de mamíferos marinhos. Entretanto,

poucos estudos têm sido feitos para avaliar os impactos nesses animais. Casos de

abandono ou alteração de áreas de uso por populações de golfinhos já foram vistas

no Brasil para o boto-cinza, Sotalia guianensis, na Baía de Guaratuba, (PR) (Filla,

2004) e na Baía da Babitonga, (SC) (Cremer et al., 2004). Neste último caso os

autores colocaram como causa provável da perda de habitat o aumento do tráfego

de embarcações e as obras de ampliação do porto de São Francisco do Sul. O boto

T. truncatus tem maior interação com as embarcações do que outras espécies de

mamíferos marinhos; os animais surfam as ondas produzidas pelos barcos, além

de se aproximarem das embarcações e interagirem com as mesmas (La Manna et

al., 2010). Alguns estudos mostram reações diversas dos animais ao tráfego de

embarcações, como modificação das características acústicas de sua vocalização

(Buckstaff, 2004; Morisaka et al., 2005; May-Collado et al., 2008), alteração dos

padrões comportamentais (Acevedo, 1991; Lusseau, 2005; Papale et al.¸2011),

diminuição do tamanho da área de uso quando a perturbação gerada pelas

embarcações chega a limites intoleráveis (Allen & Read, 2000), entre outras. Por

exemplo, na Baia de Sarasota, Estados Unidos, houve uma redução na densidade de

Tursiops truncatus após a demolição e construção de uma ponte. A baixa na

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

6

densidade dos golfinhos foi provavelmente uma resposta às alterações geradas no

ambiente marinho. Além disso, uma mudança na densidade de presas também

pode ter causado a variação da densidade dos animais (Moore et al., 2006).

No estuário do Sado, em Portugal, durante o processo de cravação de

estacas durante a construção de um porto, os níveis sonoros produzidos atingiram

intensidades elevadas. A análise do comportamento de T. truncatus que utilizavam

a área mostrou que esta perturbação acústica causou alterações nos padrões

comportamentais (Luis, 2008). Porém, em outro estudo também realizado no

Estuário do Sado foi observado que não houve diferenças significativas nos

afastamentos ou desaparecimentos dos golfinhos na presença de embarcações.

Mesmo sendo uma área com elevado tráfego de embarcações, os animais na

maioria das vezes mantiveram seus comportamentos iniciais (Brito, 2012). Estas

diferenças nas respostas dos animais podem estar relacionadas com o tipo de

atividades que estão desenvolvendo em um determinado local, pois em locais em

que estão se alimentando os animais tendem a estarem menos sensíveis do que em

áreas onde estão socializando. Do mesmo modo, pode haver mudanças no

comportamento de acordo com as características do ambiente, que dependendo da

área, podem sofrer mais ou menos alterações ao longo do ano.

Outra ação antrópica de grande impacto são as dragagens, estando

provavelmente entre as maiores causadoras de poluição acústica em ambientes

costeiros. Estas atividades de dragagens na maior parte das vezes são realizadas

em canais de acesso a portos, pela necessidade de passagem de embarcações de

maior calado. A mobilização de componentes tóxicos (Hedge et al., 2009), a

alteração da composição e dinâmica do substrato (Cooper et al., 2011) e a

suspensão de grandes quantidades de sedimentos (Lewis et al., 2001) já foram

documentadas como possíveis causas para mudanças nas comunidades ecológicas.

Porém, pouco se sabe sobre o real efeito desta atividade em animais marinhos de

grande porte. Espera-se que estes respondam através da alteração de seus padrões

comportamentais aos elevados níveis sonoros causados durante a operação da

draga. Os ruídos gerados pela draga são predominante em baixa frequência (<1

kHz) e sua detecção pode ser feita em distâncias de até 6km, dependendo das

condições do local (Pirotta et al., 2013). Mesmo que ruídos em baixa frequência

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

7

não mascarem a ecolocalização de odontocetos, estes tem potencial para afetar a

comunicação (Weilgart, 2007) e se a perturbação persistir, os animais podem

evitar a área (Pirotta et al., 2012). Baleias da Groelândia (Balaena mysticetus)

apresentaram diferentes resposta a dragagem no mar de Beaufort, Canada,

mostrando que a resposta varia entre indivíduos da mesma espécie (Richardson et

al., 1990). Na Lagoa Guerrero Negro, México, baleias cinzentas abandonaram a área

durante as atividades de dragagem (Bryant et al., 1984). Pirotta et al. (2013)

observaram uma clara resposta de afastamento de T. truncatus da área do porto de

Aberdeen durante períodos de atividade de dragagem. Além disso, foi observada

uma diminuição no tempo de permanência dos animais na área, conforme as

atividades de dragagem se intensificavam ou persistiam.

Esta espécie tem ocorrência regular em diversos locais da costa brasileira,

tais como os estuários da Lagoa dos Patos (Fruet et al., 2011), do Rio Tramandaí

(Simões-Lopes e Fabian, 1999), em Laguna (Daura-Jorge, 2012), arquipélago das

Cagarras (Lodi et al., 2008) e arquipélago de São Pedro e São Paulo (Skaf e Secchi,

1994). Na foz do Rio Itajaí-Açu, a ocorrência de T. truncatus vem sendo monitorada

desde 2001 (Barreto et al., 2005), com coleta de dados sobre ocorrência e

comportamento. Este ambiente é utilizado pelos botos como local de alimentação,

socialização e descanso como indicam os resultados das avistagens realizadas de

2000 a 2004 (Britto, 2004), existindo variação na ocorrência dos mesmos.

Sabendo-se que existe uma grande variabilidade ambiental na área e sendo

a desembocadura do rio Itajaí-Açu um local de grande tráfego de embarcações,

tanto pesqueiras quanto mercantes, além de ser um local periodicamente

submetido a processos de dragagem devido à presença de dois portos, a pergunta

que se faz é: quais variáveis ambientais tem influência na ocorrência dos botos?

Será que, além das variáveis ambientais, as ações antrópicas tem influência sobre

os animais?

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

8

Objetivos

Objetivo Geral

Analisar os efeitos das ações antrópicas e variáveis ambientais nos padrões de uso

da foz do Rio Itajaí-Açu por botos, Tursiops truncatus, no período de 2001 a 2010.

Objetivos Específicos

Avaliar a variabilidade mensal dos parâmetros ambientais que possam

influenciar a presença de T. truncatus na área;

Analisar a ocorrência de ações humanas capazes de alterar o habitat dos

botos;

Analisar a correlação das variáveis ambientais e humanas registradas

anteriormente com os padrões de uso da área pelos botos.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

9

Materiais e Métodos

Área de estudo

A bacia hidrográfica do Rio Itajaí compreende 47 municípios, com uma

população superior a um milhão de habitantes, dividido em três sub-regiões: o Alto

Vale, o Médio Vale e o Baixo Vale, onde está localizado o estuário do Rio Itajaí-Açu,

na porção final do rio. O estuário está localizado no litoral centro norte do Estado

de Santa Catarina, desaguando no Oceano Atlântico em 26°54,7’S e 48°38,1’O.

Apresenta extensão total de aproximadamente 70 km, com largura média no canal

de saída de 225m nos últimos 20 km e uma profundidade em torno de 14m em sua

desembocadura (Schettini, 2002). Devido à presença dos portos de Navegantes e

Itajaí, o rio Itajaí-Açu tem sido dragado constantemente para manutenção da

profundidade do canal, além de ter ocorrido dragagens de aprofundamento nos

anos de 2003 (10m), 2006 (12m), 2009 (10m).

Para definir os padrões de ocorrência dos botos na região, foram utilizados

dados coletados pelo “Programa Botos do Itajaí”. Este programa realiza

monitoramento da ocorrência dos animais na área próxima aos molhes de Itajaí e

Navegantes desde 2001 (Barreto et al., 2005). O monitoramento é feito a partir dos

molhes de Itajaí e Navegantes (Figura 1), nos períodos da manhã (08:00 – 12:00)

ou tarde (13:30 – 17:00), usualmente com dois observadores. Estes realizam as

avistagens e registram a ocorrência dos botos na área sendo também anotado o

tráfego de embarcações durante o período de monitoramento. Para este estudo

foram utilizados os dados coletados no período de 2001 a 2010 (Tabela 1).

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

10

Figura 1. Mapa da foz do Rio Itajaí-Açu, identificando o local utilizado para o registro da ocorrência de T. truncatus. Fonte: GoogleEarth, 2014.

Tabela 1. Esforço amostral (horas) realizado no período de 2001 a 2010, para o registro da ocorrência de T. truncatus na foz do rio Itajaí-Açu.

Verão Outono Inverno Primavera

2001 12,7 38,7 9,0 54,8 2002 50,3 158,3 105,8 91,7 2003 83,6 97,4 100,8 60,3 2004 68,4 64,4 21,9 36,4 2005 50,2 40,0 42,9 7,9 2006 20,3 55,1 38,6 9,0 2007 125,4 55,9 23,6 16,6 2008 9,0 28,6 44,8 11,3 2009 31,7 62,3 36,2 18,3 2010 27,4 34,7 75,4 28,7

Todas as informações sobre ocorrência de animais, embarcações e de

variáveis ambientais (intensidade do vento, estado do mar e condições climáticas)

foram registradas em uma planilha de campo. Para as embarcações, foi registrado

o tipo e quantidade das mesmas e se estas estavam entrando ou saindo do canal.

Também foi anotada a presença ou não de dragas, fossem elas de manutenção ou

de aprofundamento. Todos esses dados foram anotados a cada 5 minutos

contínuos, agrupando o número de embarcações neste período.

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

11

Análise das variáveis ambientais

Pesquisou-se na literatura as variáveis ambientais que poderiam ter

influência na ocorrência dos botos. A partir dos trabalhos encontrados, foram

identificadas as seguintes variáveis:

Fases da lua (Bailey e Thompson, 2010)

Temperatura da água (Sykes, 2002; Toth et al., 2011)

Clorofila (Sykes, 2002; Young e Phillips, 2002)

Velocidade do vento (Hildebrand, 2009; Moore et al., 2012)

Descarga (Viddi et al., 2010; Pirotta et al., 2013)

Maré (Mendes et al., 2002; Bailey e Thompson, 2010)

Os dados das fases da lua foram obtidos através do site da Astronomical

Applications Department of the U.S. Naval Observatory (http://aa.usno.navy.mil

/data/docs/moonFraction.php), que informa a fração da lua que está exposta em

cada dia do ano. Foram obtidos valores para os anos de 2001 a 2010. Os valores

diários da lua foram divididos em cinco categorias: 0 quando o valor da lua naquele

dia era zero (lua nova), 1 quando o valor da lua era até 0,25 (início de crescente ou

final de minguante); 2 quando o valor da lua era até 0,50 (meia lua); 3 quando o

valor da lua era até 0,75 (final de crescente ou início de minguante) e 4 quando o

valor da lua era até 1,0 (lua cheia).

A obtenção dos valores de temperatura e clorofila foi feita através de

imagens orbitais da NASA. Para isso foi utilizado o ArcGis 10.1® e agregado ao

ArcToolBox do mesmo uma ferramenta desenvolvida pela Duke University

intitulada Marine Geospatial Ecology Tools (MGET). A vantagem desta ferramenta

(Figura 2) é a comunicação direta com o banco de dados da NASA e as devidas

calibrações dos valores aferidos pelos satélites em ambiente de processamento.

Para registro dos dados, foi utilizada a coordenada geográfica do ponto #BF5, pois

este fica próximo à desembocadura do Rio. Os dados de temperatura do período

entre Janeiro de 2001 e Junho de 2002 foram extraídos do satélite Terra, com

médias mensais e resolução espacial de 4km. Os dados entre Julho de 2002 e

Dezembro de 2010 foram extraídos do satélite Aqua, com médias mensais e

resolução espacial de 4km. A utilização de ambos os satélites ocorreu devido ao

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

12

satélite Aqua não dispor de dados para todo o período do estudo. Os dados de

clorofila também foram extraídos de dois satélites, do satélite Terra, com médias

mensais e resolução espacial de 4km para o período entre Janeiro de 2001 e Junho

de 2002, e do satélite Aqua, também com médias mensais e resolução espacial de

4km para o período entre Julho de 2002 e Dezembro de 2010.

Figura 2. Identificação da ferramenta utilizada no estudo dentro do ArcToolbox do ArcGis 10.1.

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

13

Os dados de precipitação, temperatura mínima e máxima do ar, umidade,

vento médio e vento máximo foram obtidos através dos boletins meteorológicos

mensais obtidos no Laboratório de Climatologia da UNIVALI (Araújo, 2013). Os

dados de nível do rio, descarga e média de material em suspensão foram obtidos

no Laboratório de Oceanografia Física (UNIVALI). Todas estas variáveis foram

utilizadas como médias mensais, uma vez que não existiam dados diários para a

maior parte das mesmas.

Análise das ações antrópicas

Foi avaliada a presença da draga e de outras embarcações. Estas foram

divididas em seis categorias, de acordo com suas características gerais (tamanho,

velocidade, de trânsito na área, tipo de motor, tipo de casco):

Draga

Navio

Rebocador

Embarcação de pesca grande (cerco, emalhe e espinhel)

Embarcação de pesca pequena (baleeira, arrasto e arrasto pequeno)

Lancha.

Análises estatísticas

Os dados de ocorrência de animais e de embarcações coletados

previamente (2001 a 2010) foram revisados para ser feita a inserção de variáveis

ambientais e a recodificação para uso no presente estudo (classificação dos tipos

de barcos e identificação de períodos com e sem ações humanas). Para permitir a

análise com as variáveis ambientais que possuíam apenas valores mensais, foram

gerados valores mensais (médias, somatórios, desvios padrão) destes dados. Além

desses valores, também foram gerados valores da frequência de ocorrência dos

botos e do tamanho de grupo médio por ano.

Para analisar o uso da área estudada pelos botos, foi feita a taxa de

avistagem dos animais, que foi obtida através da análise do tempo onde houve a

presença dos animais dividida pelo tempo total de esforço amostral. Também foi

analisado se existia variação entre anos do tempo em que os animais

permaneceram na área. Para verificar a variação da ocorrência dos botos, analisou-

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

14

se: a presença em cada dia, abundância e tempo total em que os animais estiveram

presentes por dia.

Foi feita a correlação das variáveis ambientais (temperatura da água,

clorofila, descarga, velocidades máxima e média do vento), maré e fase da lua com

a frequência e abundância dos botos, além da correlação com as diferentes

categorias de embarcações. Além disso, foram feitas duas análises utilizando a

análise de componentes principais (PCA): uma para os dez anos de estudo, e de

uma segunda maneira, dividindo os dados em antes (até 2006) e depois (2007 a

2010) da reforma do molhe de Itajaí. Além desse método, foi seguida a

metodologia utilizada por Pirotta et al. (2013) que utilizaram um Modelo Linear

Generalizado (GLM) para identificar quais variáveis tem maior influência na

ocorrência.

Foi feito também um teste não paramétrico de variância múltipla (Kruskal-

Wallis) para identificar se existe diferença significativa na frequência e abundância

entre horas com e sem ação humana, além de analisar a diferença entre as

categorias e quantidade de barcos presentes por hora. Para este teste a quantidade

de barcos por hora foi dividida em categorias para permitir uma categorização da

intensidade do tráfego na área (Tabela 2).

Tabela 2. Classes de presença de embarcações por hora, utilizadas na análise não-paramétrica. O número indica a passagem de embarcações no ponto de observação dentro de um intervalo de 5 minutos .

Classe 0 1 2 3 4 5 Draga 0 1-12 13-24 25-36 37-48 >48 Navio 0 1 2 3 >4 Pesca 0 1-5 6-10 11-15 >15 Lancha 0 1-2 3-4 >4 Rebocador 0 1 2 >3

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

15

Resultados O estuário do Rio Itajaí-Açu apresenta uma clara variação sazonal nos

parâmetros ambientais (Tabela 3), uma vez que está localizado em uma área onde

as estações do ano são bem estabelecidas. Apesar disso, algumas variáveis

apresentam maior sazonalidade do que outras, como a temperatura da água

(Figura 3) que apresentou diferença de 12oC entre o valor mais baixo (inverno) e o

mais alto (verão). A velocidade média do vento possui variação sazonal similar a da

temperatura da água (Figura 4), mas com a velocidade mais baixa no verão e mais

alta na primavera. A clorofila também exibe variação sazonal (Figura 5), apesar de

não tão clara quanto à temperatura da água, com o maior e menor valor na

primavera. Por outro lado, não se observou nenhum padrão sazonal claro para

velocidade máxima do vento (Figura 6), descarga do rio (Figura 7) e média do

material em suspensão (Figura 8).

Tabela 3. Valores sazonais mínimos, máximos e médios das variáveis ambientais na foz do Rio Itajaí-Açu.

verão outono inverno primavera

Temperatura água (oC)

mínima 25,66 18,84 16,68 20,82 média 27,35 22,90 19,53 23,74

máxima 28,99 26,52 20,78 27,51 Clorofila

(g.l-1) mínima 0,64 2,31 2,38 0,52 média 6,99 4,58 5,27 6,05

máxima 15,02 9,78 12,39 17,28 Velocidade média

do vento (km.h-1)

mínima 2,60 2,80 3,20 3,10 média 4,66 3,85 3,96 4,74

máxima 5,70 4,90 5,40 5,80 Velocidade

máxima do vento (km.h-1)

mínima 37,00 32,20 35,40 38,60

média 48,00 43,17 45,01 46,61 máxima 78,90 56,30 64,40 61,20

Descarga do rio (m3.s-1)

mínima 68,50 39,15 32,55 137,31 média 209,93 184,94 223,74 357,00

máxima 547,22 475,44 839,87 935,56 Material em suspensão

(mg.l-1)

mínima 4,69 8,06 9,57 12,55 média 51,81 36,28 44,42 99,93

máxima 125,25 108,38 118,83 690,15

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

16

Figura 3. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo

de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010.

Figura 4. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a

2010.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

17

Figura 5. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo

de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a 2010.

Figura 6. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a

2010.

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

18

Figura 7. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a

2010.

Figura 8. Variabilidade mensal da média da temperatura da água e do percentual de tempo de ocorrência dos botos, relativo ao esforço de avistagem no mês, durante os anos de 2001 a

2010.

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

19

Durante o período de 2001 a 2010 houve um esforço amostral de 643 dias,

com um total de 1945,58 horas, sendo 548,5 horas com a presença dos animais, o

que resulta em uma taxa de avistagem de 28,19%. Separando os dados por ano,

vemos que o esforço amostral não foi homogêneo durante o período de estudo

(Tabela 4), havendo maiores esforços nos anos de 2002 e 2003. Entretanto é

possível se eliminar parte desta variação no esforço amostral ao se avaliar a

ocorrência como o percentual do tempo do esforço com presença dos animais na

área. Deste modo pode-se observar que houve variação na frequência dos botos ao

longo dos anos, com uma aparente queda no percentual de ocorrência ao longo dos

anos (Figura 9).

Tabela 4. Quantidade de dias e horas de esforço por ano. Quantidade de horas, porcentagem de dias com ocorrência e porcentagem de horas com ocorrência dos botos na área.

Dias de esforço

Horas de

esforço

Dias com ocorrência dos botos

Horas com ocorrência

de botos

% de ocorrência

(dias)

% de ocorrência

(horas)

2001 27 115,17 11 18,58 40,7 16,13 2002 104 405,92 77 173,92 74,0 42,85 2003 109 341,92 89 163,50 81,7 47,81 2004 73 191,08 26 40,50 35,6 21,19 2005 61 143,92 33 33,58 54,1 23,33 2006 53 123,33 11 13,17 20,8 10,67 2007 61 220,42 24 43,17 39,9 19,58 2008 38 91,17 19 25,83 50,0 28,33 2009 53 146,83 33 32,50 62,3 22,13 2010 64 165,83 4 3,83 6,3 2,31

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

20

Figura 9. Esforço amostral e frequência média anual de ocorrência dos botos ao longo dos anos, em dias e horas. Os círculos indicam os anos que houve dragagem de aprofundamento no canal do Rio Itajaí-Açu.

A média do tamanho de grupo não apresentou um padrão claro, tendo uma

grande variação ao longo dos anos (Figura 10). Para verificar se houve diferença

estatística no tamanho de grupo, foi feito o teste de Krukal-Wallis. Há diferença

estatística entre todos os anos de estudo quanto ao tamanho de grupo dos botos

(Tabela 5).

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

21

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

ano

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Ta

ma

nh

o d

e g

rup

o

Figura 10. Média e desvio padrão do tamanho de grupo de Tursiops truncatus na foz do Rio Itajaí-Açu durante os anos de 2001 a 2010.

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

22

Tabela 5. Resultado do teste de Kruskal-Wallis para diferença entre o tamanho de grupo durante os anos de estudo. Em negrito os valores que tiveram diferença significativa.

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2001 2002 0,000000 2003 0,000000 0,000000 2004 0,000000 0,000041 0,000000 2005 0,000045 0,000000 0,000000 0,000000 2006 0,000001 1,000000 0,000000 0,000081 1,000000 2007 0,002964 0,000000 0,000000 0,000000 1,000000 0,264467 2008 0,000000 0,005172 0,000031 1,000000 0,000000 0,000612 0,000000 2009 0,000000 0,000000 0,037464 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 2010 0,021349 1,000000 0,000038 0,210769 1,000000 1,000000 1,000000 0,327020 0,000000

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

23

Ao se analisar a correlação entre a fase da lua e a abundância e frequência

diária dos animais, não foi observada uma correlação para os valores registrados na

área (p=0,285; Tabela 6). Por outro lado, os níveis de maré apresentaram correlação

positiva com a frequência dos animais (p=0,000), e também com a abundância dos

botos (p=0,025) (Tabela 6). Quando analisadas as variáveis ambientais com a

abundância dos botos na área (Tabela 7), pode-se observar correlação significativa

com a temperatura média da água (p=0,028) e correlação negativa com a velocidade

média do vento (p=0,003). Utilizando a frequência dos botos (Tabela 8), pode-se

observar correlação significativa positiva com a temperatura media da água

(p=0,010), além de correlação negativa com a velocidade média do vento (p=0,007).

Correlacionando a abundância dos botos na área com a presença dos diferentes tipos

de embarcação (Tabela 9), obteve-se correlação negativa com a draga (p= 0,026),

navio (p= 0,002), lancha (p= 0,011) e rebocador (p= 0,00). Este padrão se manteve

utilizando a frequência dos animais (Tabela 9) obteve-se correlação negativa também

com a draga (p= 0,00), navio (p= 0,01), lancha (p= 0,08) e rebocador (p= 0,00).

Obteve-se uma correlação positiva com a presença de embarcações de pesca

pequenas (p= 0,001).

Tabela 6. Correlação entre abundância e frequência dos botos com níveis de maré e fases da lua. Valores em negrito possuem correlação significativa.

Maré Lua

Frequência dos botos 0,0639 p=0,000

0,0721 p=0,068

Abundância dos botos 0,0146 p=0,025

0,0384 p=0,331

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

24

Tabela 7. Correlação entre a abundância dos botos e variáveis ambientais. Valores significativos (p<0,05) estão em negrito.

Abundância Clorofila Temperatura Média Água

Velocidade Média Vento

Velocidade Máxima Vento

Descarga do Rio

Clorofila -0,0628 p=0,570

Temperatura Média Água

0,2398 p=0,028

0,1871 p=0,088

Velocidade Média Vento

-0,3211 p=0,003

0,1355 p=0,219

0,2647 p=0,015

Velocidade Máxima Vento

0,1343 p=0,223

-0,1083 p=0,327

0,1167 p=0,290

0,1909 p=0,082

Descarga do Rio

-0,0949 p=0,391

-0,0159 p=0,886

-0,1304 p=0,237

0,1264 p=0,252

0,0104 p=0,925

Material em Suspensão

-0,0751 p=0,497

-0,1127 p=0,307

0,1029 p=0,352

0,1631 p=0,138

0,0466 p=0,674

0,2761 p=0,011

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

25

Tabela 8. Correlação entre a frequência dos botos e variáveis ambientais. Em negrito estão os valores em que p<0,05.

Frequência Clorofila Temperatura Média Água

Velocidade Média Vento

Velocidade Máxima Vento

Descarga do Rio

Clorofila 0,1036 p=0,348

Temperatura Média Água

0,2781 p=0,010

0,1871 p=0,088

Velocidade Média Vento

-0,2931 p=0,007

0,1355 p=0,219

0,2647 p=0,015

Velocidade Máxima Vento

0,0102 p=0,926

-0,1083 p=0,327

0,1167 p=0,290

0,1909 p=0,082

Descarga do Rio

-0,0008 p=0,994

-0,0159 p=0,886

-0,1304 p=0,237

0,1264 p=0,252

0,0104 p=0,925

Material em Suspensão

-0,0357 p=0,747

-0,1127 p=0,307

0,1029 p=0,352

0,1631 P=0,138

0,0466 p=0,674

0,2761 p=0,011

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

26

Tabela 9. Correlação entre abundância e frequência dos botos e ocorrência das diferentes categorias de embarcações. Valores em negrito são significativos (p<0,05).

Navio Dragagem

Pesca grande

Pesca pequeno

Lancha Rebocador

Abundância 0,000 0,000 0,0421 0,063 0,011 0,000 Frequência 0,003 0,005 0,951 0,001 0,008 0,000

Os resultados da análise de componentes principais (PCA) mostraram que,

utilizando todos os anos de estudo, tanto a frequência de ocorrência quanto a abundância

dos botos ficaram no mesmo quadrante que as embarcações, temperatura da água e

velocidade máxima do vento indicando que estas tem correlação positiva com as variáveis

(Figura 11). Quando analisados de forma separada, para o período até o ano de 2006

(anterior à remodelação nos molhes do Rio Itajaí-Açu) os padrões tanto para frequência de

ocorrência quanto para abundância dos animais se mantiveram parecidos se comparados à

análise gerada para todos os anos de estudo (Figura 12). Porém, para o período após 2006,

foi observada que as variáveis relacionadas aos animais ficaram em quadrantes opostos,

sendo a abundância no mesmo lado das variáveis ambientais e a frequência próxima aos

tipos de embarcações. (Figura 13).

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

27

tempagua

clorofila

precipitacao

ventomedia ventomax

descarga

media ms

Dragagem Navio

pescagrande

pescapequena

lancha

rebocador

*numind_sem0*frequencia

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

Factor 1 : 35,06%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0F

acto

r 2 :

15

,44

% tempagua

clorofila

precipitacao

ventomedia ventomax

descarga

media ms

Dragagem Navio

pescagrande

pescapequena

lancha

rebocador

*numind_sem0*frequencia

Figura 11. Resultado da PCA entre frequência e abundância dos botos com os tipos de embarcações e variáveis ambientais. As linhas em vermelho representam a frequência e abundância dos botos. Frequência- média mensal da frequência de ocorrência dos botos, numind_sem0- média mensal da abundância dos botos. Todas as variáveis ambientais são médias mensais. Todas as variáveis antrópicas são médias mensais da presença das embarcações na área.

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

28

tempagua

clorofila

precipitacao

ventomedia

ventomax

descarga

media ms

Dragagem Navio

pescagrande

pescapequena

lancha

rebocador

*numind_sem0

*frequencia

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

Factor 1 : 34,92%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

Fa

cto

r 2

: 1

5,1

4%

tempagua

clorofila

precipitacao

ventomedia

ventomax

descarga

media ms

Dragagem Navio

pescagrande

pescapequena

lancha

rebocador

*numind_sem0

*frequencia

Figura 12. Resultado da PCA entre frequência e abundância dos botos com os tipos de embarcações e variáveis ambientais. Dados até o ano de 2006. As linhas em vermelho representam a frequência e abundância dos botos. Frequência- média mensal da frequência de ocorrência dos botos, numind_sem0- média mensal da abundância dos botos. Todas as variáveis ambientais são médias mensais. Todas as variáveis antrópicas são médias mensais da presença das embarcações na área.

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

29

tempagua

clorofila

precipitacao

ventomedia

ventomax

descarga media ms

Dragagem

Navio

pescagrande

pescapequena

lancha

rebocador

*numind_sem0

*frequencia

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

Factor 1 : 35,36%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

Fa

cto

r 2

: 2

3,0

6%

tempagua

clorofila

precipitacao

ventomedia

ventomax

descarga media ms

Dragagem

Navio

pescagrande

pescapequena

lancha

rebocador

*numind_sem0

*frequencia

Figura 13. Resultado da PCA entre frequência e abundância dos botos com os tipos de embarcações e variáveis ambientais. Dados de 2007 a 2013. As linhas em vermelho representam a frequência e abundância dos botos. Frequência- média mensal da frequência de ocorrência dos botos, numind_sem0- média mensal da abundância dos botos. Todas as variáveis ambientais são médias mensais. Todas as variáveis antrópicas são médias mensais da presença das embarcações na área.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

30

Os resultados da análise do GLM permitiram observar que de todos os modelos rodados

(Tabela 10) o último modelo, que possui além do tamanho de grupo dos botos, a

temperatura mínima do ar e a velocidade média do vento possuía o menor valor de AIC,

tendo, portanto o melhor ajuste. Com a utilização deste modelo obteve-se como resposta

uma significância positiva da temperatura do ar com a abundância dos botos e uma

significância negativa da velocidade média do vento com os botos (Tabela 11).

Tabela 10. Modelos rodados na análise do GLM. som.indiv: abundância dos botos; tempminar: temperatura mínima do ar; ventomedia: velocidade média do vento.

Modelo AIC

som.indiv ~ offset(log(esf.amostral)) + clorofila + precipitacao + tempminar +

umidade + ventomedia + descarga

967,8

som.indiv ~ precipitacao+ tempminar + umidade + ventomedia + descarga +

offset(log(esfamostral))

966,77

som.indiv~precipitacao+tempminar+ventomedia+descarga+offset(log(esfamostral)) 965,54

som.indiv ~ precipitacao + tempminar + ventomedia + offset(log(esf.amostral)) 964,88

som.indiv ~ tempminar + ventomedia + offset(log(esf.amostral)) 963,32

Tabela 11. Valores da análise do GLM. Os valores de 1Q e 3Q representam o sumário estatístico da distribuição dos resíduos. O esforço amostral (esf.amostral) foi utilizado como variável de padronização da variável resposta. Pr é a probabilidade p para o teste em questão.

Call

glm.nb(formula = som.indiv ~ tempminar + ventomedia + offset(log(esf.amostral)),

data = temp, control = glm.control(maxit = 100), init.theta = 0.4749756654, link = log)

Variância dos Resíduos

Mínimo 1Q Média 3Q Máximo

-2,3246 -1,1896 -0,1633 0,2431 2,4815

Coeficiente Estimativa Erro Padrão valor z Pr

Interceção 0,31028 0,93963 0,33 0,741238

tempminar 0,13828 0,03673 3,764 0,000167

ventomedia -0,57047 0,22889 -2,492 0,012689

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

31

O resultado da ANOVA não paramétrica (Kruskal-Wallis) entre a abundância e a

frequência dos botos e a quantidade de vezes que a draga passa por hora (categorias de

presença da draga) não apresentou diferença significativa (Tabela 12). Para as categorias

de navio houve diferença significativa da categoria 0 com as categorias 1, 2 e 3 em relação a

abundância dos botos e para a frequência dos animais foi observada diferença significativa

entre a categoria 0 e todas as outras categorias (Tabela 13). Os resultados das análises de

Kruskal-Wallis também mostraram diferença significativa entre a categoria 0 e todas as

outras categorias de barco de pesca grande (Tabela 14), lancha (Tabela 15) e rebocador

(Tabela 16) tanto para a abundância quanto para a frequência dos botos.

Para as fases da lua não foram observadas diferenças significativas tanto para a

abundância quanto para a frequência de T. truncatus (Tabela 17).

Tabela 12. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença da draga. Valores com p<0,05 estão em negrito.

0 ≤12 ≤24 ≤36 ≤48 >48

0 1,000000 1,000000 1,000000 0,653222 1,000000 ≤12 1,000000 1,000000 1,000000 0,144146 1,000000 ≤24 1,000000 1,000000 1,000000 0,262069 1,000000 ≤36 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 ≤48 0,228757 0,073823 0,081405 0,810978 1,000000 >48 0,656709 0,217237 0,1834 1,000000 1,000000

Tabela 13. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de navios. Valores com p<0,05 estão em negrito. Categoria ≤1- um navio por hora, categoria ≤2- dois navios por hora, categoria ≤3- três navios por hora, categoria>4- mais do que quatro navios por hora. ≤

0 ≤1 ≤2 ≤3 >4

0 0,000000 0,000000 0,000778 0,011523

≤1 0,000000 1,000000 1,000000 1,000000

≤2 0,000000 1,000000 1,000000 1,000000

≤3 0,003010 0,607492 1,000000 1,000000

>4 0,170568 0,233196 0,881790 1,000000

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

32

Tabela 14. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de barco de pesca grande. Em negrito estão os valores em que p<0,05. Categorias: ≤5- até cinco barcos por hora, ≤10- de seis a dez barcos por hora, ≤15- de onze a quinze barcos por hora, >15- acima de quinze barcos por hora.

0 ≤5 ≤10 ≤15 >15

0 0,000000 0,000007 0,001284 0,001994

≤5 0,000000 1,000000 0,897575 1,000000

≤10 0,000108 0,951570 1,000000 1,000000

≤15 0,011331 0,423462 1,000000 1,000000

>15 0,033812 1,000000 1,000000 1,000000

Tabela 15. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de lanchas. Valores com p<0,05 estão em negrito. Categorias: ≤2- até duas lanchas por hora, ≤4- de três a quatro lanchas por hora, >4- mais que cinco lanchas por hora.

0 ≤2 ≤4 >4

0 0,000000 0,000023 0,000001 ≤2 0,000000 0,009908 1,000000 ≤4 0,000054 0,007341 0,644267 >4 0,000024 1,000000 1,000000

Tabela 16. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de presença de rebocador. Valores com p<0,05 estão em negrito. Valores acima da diagonal são para a frequência e abaixo para a abundância. Categorias: ≤1- um rebocador por hora, ≤2- dois rebocadores por hora, >3- mais que três rebocadores por hora.

0 ≤1 ≤2 >3

0 0,000000 0,000000 0,000001 ≤1 0,000000 1,000000 1,000000 ≤2 0,000001 1,000000 1,000000 >3 0,000051 1,000000 1,000000

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

33

Tabela 17. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para frequência (acima da diagonal) e abundância (abaixo da diagonal) dos botos entre categorias de fases da lua. Valores com p<0,05 estão em negrito. Categorias: ≤0,25- valores diários de exposição da lua menores de 0,25; ≤0,50- valores diários entre 0,26 e 0,50; ≤0,75- valores diários entre 0,51 e 0,75; ≤1- valores diários entre 0,76 e 1.

0 ≤0,25 ≤0,50 ≤0,75 ≤1

0 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000

≤0,25 1,000000 1,000000 1,000000 0,824644

≤0,50 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000

≤0,75 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000

≤1 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

34

Discussão

Os resultados obtidos sugerem que das variáveis ambientais utilizadas somente

maré e temperatura da água apresentaram correlação positiva significativa com a

frequência ou com a abundância dos botos na área, enquanto a velocidade média do

vento apresentou correlação negativa significativa. Já quando relacionadas às ações

antrópicas, obteve-se correlação negativa significativa para a frequência e abundância

dos animais com alguns tipos de embarcação (draga, navio, lancha e rebocador), além de

uma inesperada correlação positiva com a presença de embarcações de pesca pequenas.

Tanto a abundância quanto a frequência dos botos tiveram correlação positiva

com a temperatura da água no estuário do Rio Itajaí-Açu. Os resultados sugerem que os

animais tendem a não estar presentes na área quando as temperaturas estão mais

baixas. Isto é observado ao longo dos diferentes anos de estudo, onde durante os meses

mais frios do ano temos uma diminuição da ocorrência dos botos. Em Galveston Bay,

EUA, também foi observada uma correlação entre a temperatura da água e a presença

dos botos. Naquele local os resultados indicaram que condições com águas mais quentes

são mais favoráveis para a maior quantidade de animais (Moreno, 2005). Outro estudo

na Virginia, EUA, também observou correlação entre a temperatura da água e a presença

de Tursiops truncatus. Os animais tendiam a se afastar da baia e áreas costeiras quando a

temperatura da água ficava abaixo de 16oC, e os autores sugerem que poderia afetar os

animais diretamente como uma barreira termal (Barco et al., 1999). Em New Jersey,

EUA, foi observado que existe uma correlação entre a temperatura da água e a chegada e

partida de Tursiops truncatus sugerindo que isto seja uma possível causa para a

migração dos animais da região. Entretanto esta ausência dos animais em baixas

temperaturas não deve ser uma limitação fisiológica, uma vez que esta espécie pode

habitar locais com temperaturas mínimas variando entre 9oC e 10oC (Toth et al., 2011).

Sykes (2002) observou que a temperatura da água não possui uma correlação

com a presença de Tursiops truncatus em Dorset Coast, Inglaterra, talvez porque a

temperatura não tenha influência isolada, mas somente quando avaliada no contexto das

demais variáveis ambientais. A temperatura é conhecida por afetar a movimentação dos

cetáceos, podendo afetar sua zona termoneutra que é a faixa de temperatura em que o

organismo do animal gasta pouca ou nenhuma energia para manter sua temperatura

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

35

corporal. Isso não ocorre em outras áreas como na Baia de Sarasota, onde os botos são

adaptados a viverem em águas com temperaturas abaixo de 10oC (Wells, 1986) e

também com os botos que habitam a Baia de Monterey, com temperaturas da água

variando entre 10oC e 18oC (Wells et al.,1990). Estas diferenças de tolerância de

temperatura talvez possam ser explicadas pela disponibilidade de presas no local, já que

na Baia de Sarasota há disponibilidade de presas ao longo de todo o ano (Irvine et al.,

1981). Outra possibilidade é que a temperatura da água afete diretamente as presas, e

estas afetem a presença dos botos. Um estudo feito anteriormente levantou o hábito

alimentar de Tursiops truncatus nos estados do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Rio

Grande do Sul e Santa Catarina. Neste levantamento foram encontrados 13 trabalhos

para esta espécie, identificando 28 diferentes espécies de peixe como parte da dieta,

sendo que destas somente 12 são encontradas no Rio Itajaí-Açu (Vieira, 2011). Como o

Rio Itajaí-Açu é uma área utilizada pelos botos preferencialmente para a alimentação,

pode ocorrer que a variação da temperatura da água cause uma variação sazonal na

disponibilidade de algumas destas presas, afetando indiretamente a frequência dos

botos na área estudada.

Poucos estudos apresentam a relação entre a velocidade do vento e a presença ou

ausência de mamíferos marinhos, isso porque é difícil de imaginar qual a real influência

dessa variável sobre estes animais, uma vez que grande parte destes vive sua vida

inteira embaixo da água. Neste estudo foi observada uma correlação negativa entre a

velocidade média do vento e a frequência e abundância dos botos na foz do Rio Itajaí-

Açu. Uma possível explicação para isso pode ser um efeito na amostragem e não na

biologia dos animais. A piora no estado do mar está diretamente relacionada à

velocidade do vento, dificultando a avistagem dos botos, o que pode gerar um falso

negativo no dia. Neste caso seria anotado na planilha como um dia sem presença dos

animais e na verdade eles estavam lá, porém as condições do mar estavam ruins e

dificultaram a avistagem destes. Por outro lado, é possível que haja um motivo real para

a menor presença dos animais, caso o vento reduza a utilidade da área para estes. Uma

das fontes de ruído na banda de média frequência é a agitação superficial do mar, que

está diretamente correlacionada com a velocidade do vento. Em um estado de mar

agitado estes ruídos podem dificultar tanto a comunicação entre mamíferos marinhos

quanto a percepção do ambiente em sua volta (Hildebrand, 2009).

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

36

No estuário do Rio Itajaí-Açu foi observado que os níveis de maré têm correlação

positiva com a frequência dos botos, porém não com o tamanho de grupo. Outros

estudos apresentaram resultado similar, como em Moray Firth, Escócia, onde Tursiops

truncatus foi significativamente mais abundante durante as marés de enchente. Os

autores não sabem ao certo o porquê dessa relação, mas sugerem que a maré deve

influenciar na distribuição e comportamento das presas dos botos (Mendes et al., 2002).

Gregory & Rowden (2001) observaram uma diferença na abundância de Tursiops

truncatus em relação aos diferentes níveis de maré. Além da diferença na abundância,

eles observaram que os animais tendem a forragear mais durante a maré cheia e se

deslocar durante a maré vazante. Os autores sugerem que o motivo pelo qual os botos

apresentam maior quantidade de comportamento de deslocamento é o fato de que esta

estratégia ajudaria a diminuir o gasto energético desta atividade. Além disso, os animais

também podem estar respondendo a uma variação na disponibilidade de presas de

acordo com essa variação da maré, já que alguns peixes tendem a seguir a variação de

maré a procura de alimento. Em Aransas Pass, Texas, os níveis de maré e hora do dia

tem influência na movimentação de Tursiops truncatus em algumas partes da área de

estudo (Shane, 1980). Essa influência foi explicada pela autora por dois possíveis

motivos: como um método de alimentação, uma vez que os botos tendem a capturar

suas presas mais facilmente quando os peixes estão sendo carregados pelas correntes;

ou se manter parado contra as correntes fortes para descansar (Shane, 1980). Para a foz

do Rio Itajaí-Açu os resultados obtidos mostram que existe correlação entre a frequência

dos botos e a maré. Uma possível explicação para essa correlação seria a mesma

sugerida pelos autores acima. Como o local de estudo é utilizado pelos botos como área

de alimentação, uma variação da disponibilidade das presas relacionada às variações da

maré, deve causar as oscilações na frequência dos botos.

Assim como as variáveis ambientais, o tráfego de embarcações tem grande

importância na ocorrência dos botos na região. Neste estuário estão situados dois portos

de grande importância econômica e o tráfego de embarcações ali é constante. Entre os

diversos tipos de embarcações que passam na área, dragas, navios, lanchas e

rebocadores tiveram correlação negativa com a frequência e abundância dos botos, o

que indica que os animais tendem a evitar o local quando essas perturbações

ultrapassam os limites toleráveis. Diversos estudos identificaram os mesmos resultados,

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

37

como La Manna et al. (2010) que observaram que os indivíduos T. truncatus mudaram

seu comportamento durante a passagem de alguma embarcação, mas dificilmente

deixaram a área utilizada para alimentação, mostrando alguma tolerância a este tipo de

distúrbio. Bejder et al. (2006) observaram uma diminuição na abundância de T.

truncatus em períodos em que o movimento de barcos na região aumentou, indicando

que os ruídos gerados embaixo d’água podem ser uma fonte de distúrbio, já que podem

afetar a comunicação, orientação e a detecção de presas. Na Ilha de Lampedusa, Itália, T.

truncatus mostrou ter certa tolerância à presença de embarcações. Sem a presença de

embarcações, o tempo médio de vocalização foi de 12 minutos, já com a presença dos

barcos, essa média reduziu para menos de 50% e para menos de 16% quando esse

distúrbio foi contínuo. Uma explicação para essa diminuição na média é que os animais

param de vocalizar ao invés de deixar a área durante a perturbação, porém somente em

1,8% dos casos os animais voltaram a vocalizar após o distúrbio, o que mostra que os

botos deixam a área se a perturbação causada pelo tráfego de embarcações se tornar

demais para ser tolerada (La Manna et al., 2013). Os autores ainda sugerem que as

respostas aos distúrbios são diferentes de acordo com o tipo de embarcação: os botos

tendem a ser menos tolerantes à presença de barcos recreacionais a motor, se

comparado aos barcos utilizados para pesca. Um motivo para isso é que o ruído gerado

pelos barcos motorizados aparenta ser mais variável, dependendo da velocidade e

direção. Na população de T. truncatus monitorada próxima do porto de Aberdeen,

Escócia, não foi possível identificar se a presença de embarcações afeta de forma

positiva ou negativa os botos por causa dos diferentes tipos de reações (Sini et al., 2005).

Em determinados momentos os animais no porto de Aberdeen mostraram

comportamentos considerados positivos a alguns tipos de embarcações, principalmente

as de grande porte, por outro lado comportamentos considerados negativos foram

observados durante o tráfego de embarcações de pequeno e médio porte.

Esta diferença com relação ao tipo de embarcação também foi observada na foz

do Rio Itajaí-Açu, uma vez que houve uma correlação positiva entre a frequência dos

botos e a embarcação do tipo pesca pequena. Uma possível explicação para esta relação

positiva pode ser o tipo de atividade desta embarcação. Como o local é utilizado pelos

botos principalmente para a pesca, esta correlação pode ser explicada por uma possível

interação entre os animais e os barcos, facilitando assim o sucesso desta atividade.

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

38

Apesar de não ter sido registrada nenhuma interação direta dos botos com as

embarcações na área de estudo, esta já foi observada na Ilha de Lampedusa. Neste local,

aparentemente a tolerância ao distúrbio ocorre porque o benefício de continuar naquela

área era maior do que o distúrbio, já que a presença de barcos de pesca fornecem

maiores oportunidades de alimentação ou ainda tornam o forrageamento mais eficiente

(La Manna et al., 2013). Em Moreton Bay, Australia, existe uma população de T.

truncatus conhecida por sua interação com barcos de pesca durante a alimentação

(Chilvers et al., 2003). Wassenberg & Hill (1990) sugerem que este comportamento

ocorre porque um barco de pesca em Moreton Bay é capaz de alimentar até cinco botos

somente com o descarte gerado através desta atividade, o que faz com que todos os

botos desta população possam ser alimentados através dos descartes gerados por todos

os barcos, mas para que isso aconteça os botos tem que acompanhar a movimentação

das embarcações por longos períodos. Outros autores ainda reportam que a presença de

barcos de pesca influencia na estratégia de forrageamento dos botos, que tendem a

seguir as embarcações provavelmente porque estas reviram o fundo marinho,

facilitando a captura destes organismos ou ainda se alimentando daqueles que passam

através das redes (Pace et al., 1998).

Durante o ano de 2006, foram realizadas obras no molhe de Itajaí para

manutenção da estrutura, sendo também feita uma dragagem de aprofundamento para

aumentar o calado do canal para 12 metros. Neste período, foi observada uma queda na

frequência de ocorrência dos botos na área. A fim de entender essa variação na

ocorrência dos animais, a análise de componentes principais foi feita para dois períodos

distintos: até 2006 e após 2006. A ideia desta separação foi ver se esse período de obras

teve influência nos padrões de uso dos botos da área e se depois destes distúrbios os

animais mudaram sua tolerância a estas perturbações. O que se pode perceber é que

neste período após obras nos molhes, a tolerância dos animais aos distúrbios gerados

pelo tráfego de embarcações tornou-se menor, fazendo com que estes respondam de

forma mais rápida a estas perturbações do que se comparado ao período anterior às

obras.

Além desta obra, no ano de 2006 foram feitas dragagens de aprofundamento para

aumentar o calado da desembocadura do Rio Itajaí-Açu de 10 metros para 12 metros, o

que provavelmente repercute em impactos ambientais com efeitos diretos e indiretos

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

39

sobre habitats e organismos. As dragagens são grandes geradoras de ruídos contínuos

em regiões costeiras, normalmente em baixa frequência, porém constantes dentro de

uma área por diversos dias. No estuário do Sado notou-se uma diminuição na área

utilizada por T. truncatus durante atividades de dragagens (Luis, 2008). Estudos feitos

no Porto de Aberdeen mostraram que durante a primeira fase de operação da draga,

considerada pelo autor como a de maior intensidade, a população de T. truncatus deixou

a área, só reaparecendo no final da operação de dragagem, quando a intensidade da

atividade era relativamente menor (Pirotta et al., 2013). Ainda segundo o autor, esse

comportamento de evitar a área durante período de elevados ruídos também foi

observado em outras ocasiões, quando o canal teve que ser dragado para manter seu

calado.

Este comportamento dos animais observado em outros portos coincide com o

observado no Rio Itajaí-Açu. Em anos que foram realizadas dragagens para o

aprofundamento do canal de acesso do rio, os animais deixaram a área, retornando

somente quando estas atividades já tinham sido encerradas. Apesar de habitarem um

local altamente antropizado, os botos parecem evitar a área durante períodos de

dragagem de aprofundamento. Levando em consideração que as embarcações sempre

estiveram presentes neste local, é de se esperar que os animais tenham desenvolvido

maior tolerância aos ruídos gerados por estas. A alta disponibilidade de presas no local

pode ser o motivo pelo qual os animais tolerem distúrbios gerados por estas atividades.

Enquanto o tráfego de embarcações é limitado e, portanto previsível, o ruído gerado

pela draga é descontinuo e susceptível a causar uma resposta análoga para um risco de

predação (Pirotta et al., 2013). O fato de o distúrbio ser irregular também pode explicar

a ausência de mudanças na tolerância dos animais ao longo dos anos. Além disso, a alta

quantidade de materiais em suspensão pode prejudicar a capacidade dos animais em

perceber o ambiente além de dificultar a comunicação entre indivíduos. Os botos ainda

podem ter que escolher entre a qualidade do alimento disponível, a importância do

ambiente utilizado, e o aumento dos níveis de stress e/ou a energia gasta necessária

para capturar suas presas enquanto as atividades de dragagem estão sendo executadas.

Estas dificuldades podem fazer com que os animais abandonem a área durante períodos

em que a atividade de dragagem está causando elevados ruídos, procurando outros

lugares em que o forrageamento seja feito com maior eficiência, somente retornando ao

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

40

local quando os níveis de distúrbio diminuam. Por último, as atividades de dragagem

ainda podem causar uma mudança no comportamento das presas dos botos (Pirotta et

al., 2013).

Considerando esta variabilidade observada, é recomendada a continuação dos

estudos com os botos na área, para avaliar como este padrão de comportamento

observado se alterará com o tempo. Do mesmo modo, se recomenda analisar se a

utilização das variáveis ambientais em uma escala temporal menor causa alguma

diferença nos resultados obtidos neste estudo.

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

41

Conclusão A população de Tursiops truncatus que utiliza o estuário do Rio Itajaí-Açu

apresenta padrões de uso da área parecidos a outros locais com características

similares. Os botos toleram os distúrbios presentes na área, gerados principalmente

pelo trafego de embarcações, até níveis toleráveis. Resultados anteriores mostram que a

área é utilizada pelos animais preferencialmente para alimentação, consequentemente

fazendo parte de uma área de vida maior. Assim, uma vez que o beneficio da alimentação

no local seja menor do que o déficit gerado pelos distúrbios, causando prejuízos aos

animais, estes tendem a evitar a área, retornando ao local somente quando os distúrbios

e perturbações voltem a ser em níveis toleráveis pelos animais.

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

42

Referências Bibliográficas Acevedo, A. 1991. Behaviour and movements of bottlenose dolphins, Tursiops truncatus,

in the entrance to Ensenada De La Paz, Mexico. Aquatic Mammals. 17(3): 137-147p.

Allen, M.C.; Read, A.J. 2000. Habitat selection of foraging bottlenose dolphins in relation

to boat density near Clearwater, Florida. Marine Mammal Science. 16(4): 815-824p.

Araújo, S. A. 2013. Relatório Climatológico - Sintético mensal - Janeiro a Dezembro.

Estação meteorológica automática. Itajaí-SC. Universidade do Vale do Itajaí. Centro de

Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar. Laboratório de Climatologia. 2013. (Relatório

de pesquisa).

Barco, S.G.; Swingle, W.M.; McLellan, W.A.; Harris, R.N.; Pabst, D.A. 1999. Local

abundance and distribution of bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in the nearshore

waters of Virginia Beach, Virginia. Marine Mammal Science. 15(2): 394-408.

Barreto, A.S.; Barros, L.T.; Britto, M.K.; Ruiz, D.G. 2005. Programa Botos do Itajaí:

Ocorrência e comportamento de Tursiops truncatus em um Estuário altamente

antropizado. In: IV Encontro Sobre Conservação E Pesquisa De Mamíferos Aquáticos,

Itajaí. Livro de Resumos, p.51.

Barreto, A. S. Golfinho-nariz-de-garrafa. In: Rocha-Campos, C. C.; Câmara, I. G.; Pretto, D. J.

(Org.). Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos Aquáticos - Pequenos

Cetáceos. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 1: 27-29p.

Baumgartner, M.F. 1997. The distribution of Risso’s dolphin (Grampus griseus) with

respect to the physiography of the Northern Gulf of Mexico. Marine Mammal Science.

13(4): 614-638p.

Bailey, H.; Thompson, P. 2010. Effect of oceanographic features on fine-scale foraging

movements of bottlenose dolphins. Marine Ecology Progress Series. 481: 223-233.

Bejder, L.; Samuels, A.; Whitehead, H.; Gales, N.; Mann, J.; Connor, R.; Heithaus, M.;

Watson-Capps, J.; Flaherty, C.; Krutzen, M. 2006. Decline in relative abundance of

bottlenose dolphins exposed to long-term disturbance. Conservation Biology. 20(6):

1791-1798.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

43

Brown, J.H.; Lomolino, M.V. 1998. Biogeography. Sunderland: Sinauer Associates, 704p.

Bryant, P.J.; Lafferty, C.M.; Lafferty, S.K. 1984. Reoccupation of Laguna Guerrero Negro,

Baja California, Mexico, by gray whales. In: Jones, M.L.; Swartz, S.L.; Leatherwood, S. The

gray whales Eschrichtius robustus. Orlando: Academic Press, 600p.

Buckstaff, K.C. 2004. Effects of watercraft noise on the acoustic behavior of bottlenose

dolphins, Tursiops truncatus, in Sarasota Bay, Florida. Marine Mammal Science. 20(4):

709-725p.

Brito, I.M.B. 2012. Utilização do Estuário do Sado pela população residente de roazes

(Tursiops truncatus) e interacções com a navegação. Tese de Mestrado. Lisboa, 67p.

Britto, M. K. 2004. O efeito de ações antrópicas sobre os golfinhos flipper (Tursiops

truncatus) ocorrentes na foz do Rio Itajaí. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade

do Vale do Itajaí. 55p.

Bryant, P.J.; Lafferty, C.M.; Lafferty, S.K. 1984. Reoccupation of Laguna Guerrero Negro,

Baja California, Mexico, by gray whales. In: Jones, M.L.; Swartz, S.L.; Leatherwood, S. The

gray whale Eschrichtius robustus . San Diego: Academic Press, 375-387p.

Chilvers, B.L.; Corkeron, P.J.; Puotinen, M.L. 2003. Influence of trawling on the behavior

and spatial distribution of Indo-Pacific bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in

Moreton Bay, Australia. Canadian Journal of Zoology. 81: 1947-1955.

Cockcroft, V.G.; Ross, G.J.B.; Peddemors, V.M. 1990. Bottlenose dolphin Tursiops

truncatus distribution in Natal’s coastal waters. South African Journal of Marine Science.

9: 1-10.

Cockcroft, V.G.; Ross, G.J.B.; Peddemors, V.M. 1991. Distribution and status of bottlenose

dolphin Tursiops truncatus on the south coast of Natal, South Africa. South African

Journal of Marine Science. 11(1): 203-209.

Colbert, A.A.; Scott, G.I.; Fulton, M.H.; Wirth, E.F.; Daugomah, J.W.; Key, P.B.; Strozier, E.D.;

Galloway, S.B. 1999. Investigation of unusual mortalities of bottlenose dolphins along

the Mid-Texas Coastal Bay ecosystem during 1992. NOAA Technical Report NMFS 147.

25p.

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

44

Cooper, K.M.; Curtis, M.; Wan Hussin, W.M.R.; Barrio Frojan, C.R.S.; Defew, E.C.; Nye, V.;

Paterson, D.M. 2011. Implications of dredging induced changes in sediment particle size

composition for the structure and function of marine benthic macrofaunal communities.

Marine Pollution Bulletin. 62(10): 2087-2094p.

Cremer, M.J.; Hardt, F.A.S.; Tonello Jr, A.J.; Lopes, P.C.A.S.; Pires, J.S.R. 2004. Core areas

change in Sotalia guianensis (Cetacea, Delphinidae) population in Babitonga Bay, Santa

Catarina. Revista UNIVILLE. 9: 12-15p.

Daura-Jorge, F.G. 2012. Seasonal abundance and adult survival of bottlenose dolphins

(Tursiops truncatus) in a community that cooperatively forages with fishermen in

southern Brazil. Marine Mammal Science. 29(2): 293-311.

Defran, R.; Pryor, K. 1980. The behavior and training of cetaceans in captivity. In:

Herman, J.M. Cetacean behavior: mechanisms and functions. Nova Iorque: John Wiley

and Sons, 319-362p.

Defran, R.H.D.; Weller, D.W.; Kelly, D.L., Espinoza, M.A. 1999. Range characteristics of

Pacific coast bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in the Southern California Bight.

Marine Mammal Science. 15(2): 381-393p.

Dustan, P.; Pinckney Jr, J.L. 1989. Tidally induced estuarine phytoplankton patchiness.

Limnology and Oceanography. 34: 410-419.

Feinholz, D.M. 1996. Pacific coast bottlenose dolphins (Tursiops truncatus gilli) in

Monterey Bay, California. Tese de Mestrado. Texas A&M University. Texas. 78p.

Fertl, D. 1994. Occurrence patterns and behavior of bottlenose dolphins (Tursiops

truncatus) in the Galveston ship channel. Texas Journal of Science. 46: 299-371p.

Filla, G.F. 2004. Estimativa da densidade populacional e estrutura de agrupamento do

boto-cinza Sotalia guianensis (Cetacea: Delphinidae) na báia de Guaratuba e na porção

norte do Complexo Estuarino da Baía de Paranaguá, PR. Tese de Mestrado. Curitiba,

159p.

Fruet, P.F.; Secchi, E.R.; Di Tullio, J.C.; Kinas, P.G. 2011. Abundance of bottlenose

dolphins, Tursiops truncatus (Cetacea:Delphinidae), inhabiting the Patos Lagoon estuary,

southern Brazil: Implications for conservation. Zoologia. 28(1): 23-30.

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

45

Garlepp, L.; Logan, M. 2014. Behavioral responses of Australian fur seals (Arctocephalus

pusillus doriferus) to environmental variations. Marine Mammal Science. 30(3): 978-993.

Gregory, P.R.; Rowden, A.A. 2001. Behaviour patterns of bottlenose dolphins (Tursiops

truncatus) relative to tidal state, time of day, and boat traffic in Cardigan Bay, West

Wales. Aquatic Mammals. 27(2): 105-113.

Griffin, R.B. 1999. Sperm whale distributions and community ecology associated with

warm-core ring off Georges Bank. Marine Mammal Science. 15(1):33-51.

Hedge, L.H.; Knott, N.A.; Johnston, E.L. 2009. Dredging related metal bioaccumulation in

oyters. Marine Pollution Bulletin. 58(6): 832-840p.

Hildebrand, J.A. 2009. Anthropogenic and natural sources of ambient noise in the ocean.

Marine Ecology Progress Series. 395: 5-20.

Irvine, A.B.; Scott, M.D.; Wells, R.S.; Kaufmann, J.K. 1981. Movements and activities of the

Atlantic bottlenose dolphin Tursiops truncatus near Sarasota, FL. Fishery Bulletin. 79(4):

671-688.

La Manna, G.; Clo, S.; Papale, E.; Sara, G. 2010. Boat traffic in Lampedusa Waters (strait of

Sicily, Mediterranean Sea) and its relation to the coastal distribution of common

bottlenose dolphin (Tursiops truncatus). Ciencias Marinas. 36(1): 71-81.

La Manna, G.; Manghi, M.; Pavan, G.; Lo Mascolo, F.; Sara, G. 2013. Behavioural strategy of

common bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in response to different kinds of boat

in the waters of Lampedusa Island (Italy). Aquatic Conservation: Marine and freshwater

Ecosystems. 23(5): 745-757.

Lewis, M.A.; Weber, D.E.; Stanley, R.S.; Moore, J.C. 2001. Dredging impact on an

urbanized Florida bayou: effects on benthos and algal-periphyton. Environmental

Pollution. 115(2): 161-171p.

Lockyer, C.; Brown, S. 1981. The migration of whales. In: Aidley, D.J. Animal migration.

Nova Iorque: Cambridge University Press, 105-137p.

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

46

Lockyer, C. 1990. Review of incidents involving wild, sociable dolphins, worldwide. In:

Leatherwood, S.; Reeves, R.R. The Bottlenose Dolphin. San Diego: Academic Press, 337-

353p.

Lodi, L.; Wedekin, L.L.; Rossi-Santos, M.R.; Marcondes, M.C. 2008. Movements of the

bottlenose dolphin (Tursiops truncatus) in the Rio de Janeiro state, southeastern Brazil.

Biota Neotropica. 8(4).

Lusseau, D. 2005. Residency pattern of bottlenose dolphins Tursiops spp. in Milford

Sound, New Zealand, is related to boat traffic. Marine Ecology Progress Series. 295: 265-

272p.

Luis, A.R.F. 2008. Avaliação do impacto de construções portuárias no comportamento e

no ambiente acústico da população de golfinhos roazes (Tursiops truncatus) do Estuário

do Sado. Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa. Lisboa. 107p.

Mate, B.R.; Rossbach, K.A.; Nieukirk, S.L.; Wells, R.S.; Irvine, A.B.; Scott, M.D.; Read, A.J.

1995. Sattelite-monitored movements and dive behavior of a bottlenose dolphin

(Tursiops truncatus) in Tampa Bay, Florida. Marine Mammal Science. 11: 452-463.

May-Collado, L.J.; Wartzok, D. 2008. A comparison of bottlenose dolphin whistle in the

Atlantic Ocean: Factors promoting whistle variation. Journal of Mammalogy. 89(5):

1229-1240p.

Mendes, S.; Turrel, W.; Lutkebohle, T.; Thompson, P. 2002. Influence of the tidal cycle

and a tidal intrusion fron on the spatio-temporal distribution of coastal bottlenose

dolphins. Marine Ecology Progress Series. 239, 221-229.

Moore, S.E.; Stafford, K.M.; Mellinger, D.K.; Hildebrand, J.A. 2006. Listening for large

whales in the offshore waters of Alaska. BioScience. 56: 49-55p.

Moore, S.E.; Reeves, R.R.; Southall, B.L.; Ragen, T.J.; Suydam, R.S.; Clark, C.W. 2012. A new

framework for assessing the effects of anthropogenic sound on marine mammals in a

rapidily changing arctic. BioScience. 62(3): 289-295.

Moreno, M.P.T. 2005. Environmental predictors of bottlenose dolphin distribution and

core feeding densities in Galveston Bay, Texas. Tese de Mestrado. Texas A & M

University. Texas. 102p.

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

47

Morisaka, T.; Shinohara, M., Nakahara, F.; Akamatsu, T. 2005. Effects of ambient noise on

the whistles of Indo-Pacific bottlenose dolphin populations. Journal of Mammalogy.

86(3): 541-546p.

Neumann, D.R. 2001. Seasonal movements of short-beaked common dolphins (Delphinus

delphis) in the north-western Bay of Plenty, New Zealand: Influence of sea surface

temperature and El Nino/La Nina. Journal of Marine and Freshwater Research. 35(2):

371-374p.

Pace, D.S.; Pulcini, M.; Treossi, F. 1998. Tursiops truncatus population at Lampedusa

Island (Italy): preliminary results. European research on Cetacean. 12: 165-169.

Parra, G.J.; Corkeron, P.J.; Marsha, H. 2006. Population sizes, site fidelity and residence

patterns of Australian snubfin and Indo-Pacific humpback dolphins: Implications for

conservation. Biological Conservation. 129(2): 167-180.

Papale, E.; Azzolin, M.; Giacoma, C. 2011. Vessel traffic affects bottlenose dolphin

(Tursiops truncatus) behavior in waters surrounding Lampedusa Island, south Italy.

Journal of the Marine Biological Asssociation of the United Kingdom. 92(8): 1877-1885p.

Pinedo, M.C.; Rosas, F.C.W.; Marmontel, M. Cetáceos e Pinipede do Brasil. Manaus, 213p.

Pirotta, E.; Milor, R.; Quick, N.; Moretti, D.; Di Marzio, N.; Tyack, P.; Boyd, I.; Hastie, G.

2012. Vessel noise affects beaked whale behavior: results of a dedicated acoustic

response study. PLoS One 7(8): e42535

Pirotta, E.; Laesser, B.E.; Hardaker, A.; Riddoch, N.; Marcaux, M.; Lusseau, D. 2013.

Dredging displaces bottlenose dolphins from an urbanized foraging patch. Marine

Pollution Bulletin. 74: 396-402.

Richardson, W.J.; Fraker, M.A.; Wursig, B.; Wells, R.S. 1985. Behaviour of bowhead

whales Balaena mysticetus summering in the Beaufort Sea: Reactions to industrial

activities. Biology Conservation. 32(3): 195-230.

Richardson, W.J.; Greene Jr, C.R. 1990. Reactions of bowhead whales, Balaena mysticetus,

to drilling and dredging noise in the Canadian Beaufort Sea. Marine Environmental

Research. 29(2): 135-160p.

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

48

Richardson, W.J.; Greene Jr, C.G.; Malme, C.J.; Thomson, D.H. 1995. Marine Mammal and

noise. San Diego: Academic Press, 575p.

Ridgway, S.H. 1990. The central nervous system of the bottlenose dolphin. In:

Leatherwood, S.; Reeves, R.R. The bottlenose dolphin. San Diego: Academic Press, 69-

97p.

Santos, M.B.; Pierce, G.J.; Reid, R.J.; Patterson, I.A.P.; Ross, H.M.; Mente, E. 2001. Stomach

contents of bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in Scottish waters. Journal of

Marine Biological Association of the United Kingdom. 81(5): 873-878.

doi:10.1017/S0025315401004714.

Schettini, C.A.F. 2002. Caracterização física do estuário do Rio Itajaí-Açu, SC. Revista

Brasileira de Recursos Hídricos. 7: 123-142.

Scott, M. D., R. S. Wells and A. B. Irvine. 1990. A long-term study of bottlenose dolphins

on the west coast of Florida. In: Leatherwood, S.; Reeves, R.R. The bottlenose dolphin.

San Diego: Academic Press, 235-244pp.

Selzer, L.A.; Payne, P.M. 1988. The distribution of white-sided (Lagenorhynchus acutus)

and common dolphins (Delphinus delphis) vs. environmental features of the continental

shel of the northeastern United States. Marine Mammal Science. 4(2): 141-153p.

Shane, S.H.; 1980. Occurrence, movements and distribution of bottlenose dolphin,

Tursiops truncatus, in Southern Texas. Fishery Bulletin. 78(3): 593-601.

Silva, T. T. ; Barreto, A. S. ; Flores, P. A. C . 2010. Prevalência e severidade de lesões de

pele de Tursiops truncatus (Montagu, 1821) na costa centro-norte de Santa Catarina. In:

XIV Reunião de Trabalho de Especialistas em Mamíferos Aquáticos da América do Sul,

2010, Florianópolis. Resumos da XIV Reunião de Trabalho de Especialistas em

Mamíferos Aquáticos da América do Sul. CD-ROM.

Simões-Lopes, P.C.; Fabian, M.E. 1999. Residence patterns and site fidelity in bottlenose

dolphins, Tursiops truncatus (Montagu) (Cetacea, Delphinidae) off Southern Brazil.

Revista Brasileira de Zoologia. 16(4): 1017-1024.

Sini, M.I.; Canning, S.I.; Stockin, K.A.; Pierce, G.J. 2005. Bottlenose dolphins around

Aberdeen harbor, north-east Scotland: a short study of habitat utilization and the

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

49

potential effects of boat traffic. Journal of the Marine Biological Association of the United

Kingdom. 85(6): 1547-1554.

Skaf, M.K.; Secchi, E.R. 1994. Avistagens de cetáceos na travessia do Atlântico: Santos-

Tenerife. In: Reunião de Trabalho de Especialistas em Mamíferos Marinhos Aquáticos da

América do Sul,6. Florianópolis.

Smith, R.C.; Dustan, P.; Au, D.; Baker, K.S.; Dunlap, E.A. 1986. Distribution of cetaceans

and sea-surface chlorophyll concentrations in the California Current. Marine Biology.

91(3): 385-402.

Sykes, R. 2002. An investigation into the factors influencing the presence and seasonal

distribution of bottlenose dolphin (Tursiops truncatus) along the Dorset coast: A

preliminary investigation into a predictive model. Tese de Doutorado. University of

Southampton. 85p.

Toth, J.L.; Hohn, A.A.; Able, K.W.; Gorgone, A.M. 2011. Patterns of seasonal occurrence,

distribution and site fidelity of coastal bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in

southern New Jersey, U.S.A. Marine Mammal Science. 27(1):, 94-110.

Toth, J.L.; Hohn, A.A.; Able, K.W.; Gorgone, A.M. 2012. Defining bottlenose dolphins

(Tursiops truncatus) stocks based on environmental, physical and behavioral

characteristics. Marine Mammal Science. 28(3): 461-478.

Viddi, F.A.; Hucke-Gaete, R.; Torres-Florez, J.P.; Ribeiro, S. 2010. Spatial and seasonal

variability in cetacean distribution in the fjords of northern Patagonia, Chile. Journal of

Marine Science. 67: 959-970.

Vieira, B.G. 2011. Análise da relação entre a ocorrência de pequenos cetáceos e da

composição e abundância da ictiofauna na foz do Rio Itajaí-Açu. Trabalho de Conclusão

de Curso. Universidade do Vale do Itajaí. Itajaí. 45p.

Wassenberg, W.J.; Hill, B.J. 1990. Partitioning of material discarded from prawn trawler

in Moreton Bay, Australia. Journal of Marine e Freshwater Research. 41(1): 27-36.

Wedekin, L.L.; Neves, M.C.; Marcondes, M.C.C.; Baracho, C.G.; Rossi-Santos, M.R.; Engel,

M.H.; Simões-Lopes, P.C. 2010. Site fidelity and movements of humpback whales

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

50

(Megaptera novaeangliae) in the Brazilian breeding ground, South-western Atlantic.

Marine Mammal Science. 26(4): 787-802.

Wells, R. Structural aspects of dolphin societies. 1986. Tese de Mestrado. University of

California. 234p.

Wells, R.; Hansen, L.; Baldridge, A.; Dohl, T.; Kelly, D.; Defran, R. 1990. Northward

extension of the range of bottlenose dolphins along the California coast. In:

Leatherwood, S.; Reeves, R. The bottlenose dolphin. Nova Iorque: Academic Press. 421-

446pp.

Weilgart, L.S. 2007. The impacts of anthropogenic ocean noise on cetaceans and

implications for management. Canadian Journal of Zoology. 85(11): 1091-1116p.

Whitehead, H.; Moore, M.J. 1982. Distribution and movements of West Indian humpback

whales in winter. Canadian Journal of Zoology, 60: 2203- 2211.

Williams, J.A.; Dawson, S.M.; Slooten, E. 1993. The abundance and distribution of

bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in Doubtful sound, New Zealand. Canadian

Journal of Zoology. 71(10): 2080-2088.

Wilson, D.R.B. 1995. The ecology of bottlenose dolphins in the Moray Firth, Scotland: a

population at the northern extreme of the species’ rangies. Tese de Mestrado. University

of Aberdeen. Aberdeen. 219p.

Wilson, B.; Thompson, P.M.; Hammond, P.S. 1997. Habitat use by bottlenose dolphins:

seasonal distribution and stratified movement patterns in the Moray Firth, Scotland.

Journal of Applied Ecology. 34: 1365-1374p.

Wursig, B.; Wursig, M. 1979. Behavior and ecology of bottlenose porpoises, Tursiops

truncatus, in the South Atlantic. Fishery Bulletin. 77(2): 399-412p.

Wursig, B.; Jefferson, T.A. 1990. Methodology of photoidentification for small cetaceans.

In: Hammond, P.S.; Mizroch, S.A.; Donovan, G.P. Individual recognition of cetaceans: use

of photo-identification and other techniques to estimate population parameters.

International Whaling Comission, 12, p. 45-52.

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Carrion.pdf · Para os tipos de embarcações, dragas, navios, lanchas e rebocador tiveram correlação negativa

51

Young, D.D.; Cockcroft, V.G. 1994. Diet of common dolphins (Delphinus delphis) off the

southeast coast of sothern Africa: opportunism or specialization? Journal of Zoology.

234(1): 41-53p.

Young, R.F.; Phillips, H.D. 2002. Primary production required to support bottlenose

dolphins in a salt marsh estuarine creek system. Marine Mammal Science. 18(2): 358-

373.

Zolman, E.S. 2002. Residence patterns of bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in the

Stono River Estuary, Charleston County, South Carolina, USA. Marine Mammal Science.

18(4): 879-892.