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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA ROGÉRIO ALÉSSIO A REAVALIAÇÃO ANUAL DAS HABILIDADES TÉCNICAS PARA O USO DE ARMAS DE FOGO POR POLICIAIS MILITARES Florianópolis 2010

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

ROGÉRIO ALÉSSIO

A REAVALIAÇÃO ANUAL DAS HABILIDADES TÉCNICAS PARA O USO DE

ARMAS DE FOGO POR POLICIAIS MILITARES

Florianópolis

2010

ROGÉRIO ALÉSSIO

A REAVALIAÇÃO ANUAL DAS HABILIDADES TÉCNICAS PARA O USO DE

ARMAS DE FOGO POR POLICIAIS MILITARES

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Gestão Estratégica em Segurança Pública e aprovada em sua forma final pelo Curso de Especialização em Gestão Estratégica em Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Orientador: Cel PM Valter Cimolin, Prof Msc.

Florianópolis

2010

“O que se ouve, se esquece; o que se vê, é lembrado; e o que se faz se aprende”.

Cel Nilson Giraldi

Dedico este trabalho a minha mulher Rita de

Cássia, a meus filhos, André Luís, Pedro

Henrique, Roan Henrique e João Felipe,

razões da minha luta por uma vida melhor. A

meus queridos pais, seu Osmar e dona

Dalvis, aos quais devo tudo que sou, e a

todos parentes e amigos que sempre me

apoiaram em minha carreira.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, pela saúde e pela vida que possuo.

Ao meu orientador, Coronel PM Valter Cimolin, oficial cativante, sereno e

correto dentre tantas outras qualidades, tendo minha admiração.

Ao amigo, Major PM Padilha que se prontificou, sem nada pedir em troca, em

dar apoio na confecção deste trabalho, disponibilizando por diversos momentos seu

tempo e conhecimento.

Ao amigo Roberto Ribeiro Liberato que me deu apoiou na confecção dos

gráficos e tabelas que se encontram inclusos neste trabalho.

Aos Tenentes Coronéis Luís Roberto De Carlos, Gilmar Luís Mônego, Dinoh

Corte, Márcio José Cabral e Ângelo Bertoncini, pela amizade, colaboração e parceria

ocorrida durante todo CSP na formação da equipe de trabalho.

Aos companheiros de curso, pelo entrosamento e pelas horas alegres de

convivência, o que tornou menos difícil a permanência longe da minha família.

Às coordenações do Curso Superior de Polícia Militar e do Curso de

Especialização em Gestão Estratégica em Segurança Pública, pelo empenho,

dedicação e auxílio irrestrito que propiciaram durante todo transcorrer do curso.

Aos professores que de forma dedicada, clara e objetiva transmitiram seus

conhecimentos para minha especialização.

À Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, pelos excepcionais momentos

de aventuras e lutas que me propiciou nestes vinte sete anos no exercício da função de

policial militar e por proporcionar mais este período de engrandecimento profissional.

.

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa exploratória que visa analisar a reavaliação anual das

habilidades técnicas para o uso de armas de fogo por policiais militares. A metodologia

usada foi a pesquisa bibliográfica e empírica, que foi aplicada sobre dez por cento do

efetivo da 6ª Região de Polícia Militar (6ª RPM). A PMSC tem em seu efetivo: homens e

mulheres, que diuturnamente são escalados para trabalharem em todos os municípios

catarinenses, nas mais variadas formas e processos, objetivando a manutenção da

ordem, a tranqüilidade e segurança de seus habitantes. Para que este estado de coisas

se mantenha, há que se ter disponível um profissional capacitado, que possa atuar

junto à sociedade de forma efetiva e de modo eficaz e eficiente. Todavia, tem-se

observado que falta uma instrução de qualidade voltada à requalificação anual do

policial militar (PM), para o uso da arma de fogo, haja vista as formas inconstantes com

que estas ocorrem. Neste sentido pretende-se identificar os problemas existentes

quando da realização das instruções de tiro de revitalização do efetivo da PMSC;

evidenciar que a capacitação técnica profissional do PM para o uso da arma de fogo é

um pré-requisito fundamental para que haja uma prestação de serviço de excelência, e,

por fim produzir conhecimentos para serem utilizados pela corporação. Ficou

confirmado através das pesquisas realizadas, que os PM necessitam ter uma instrução

de revitalização de tiro policial de qualidade de tal forma que realmente lhe ofereça uma

capacitação técnico-profissional para bem cumprirem suas missões.

Palavras-Chave: Polícia Militar. Reavaliação anual. Tiro policial. Capacitação Técnico-

profissional. Normatização da Instrução.

ABSTRACT

This is an exploratory study aims to analyze the annual reassessment of technical skills

for the use of firearms by military police. The methodology used was literature research

and empirical, and applied to ten percent of the effective of the 6th Military Police

Region (6th RPM). The PMSC has in their effective: men and women, who are

scheduled to work day and night in all the municipalities of Santa Catarina, in various

forms and processes, aimed at keeping the peace, tranquility and safety of its

inhabitants. For this state of affairs continues, it is necessary to have available a trained

professional who can work together effectively to society. However, it has been

observed that a lack of quality education focused on the redevelopment of the annual

military police (MP) for the use of firearms, given the fickle ways with which they occur.

In this sense it is intended to identify existing problems when carrying out the

instructions of the actual shooting of revitalization of the PMSC; evidence that the PM's

professional technical training for the use of firearms is a fundamental prerequisite for

there to be a provision of service excellence, and ultimately produce knowledge for use

by the corporation. It has been confirmed by surveys carried out that MP need to have a

statement from police shooting revitalization of quality in such a way that really provides

a technical and professional capabilities and to fulfill their missions.

Keywords: military police. Annual reassessment. Police shot. Technical and vocational

training. Standardization of Instruction.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Unidades operacionais e número de PM da 6ª RPM estudados.............. 44

Tabela 2 – Habilitação dos tipos de armas por PM.................................................... 45

Tabela 3 – Instrução tiro 2007, 2008 e 2009.............................................................. 46

Tabela 4 – Tipo de instrução nas revitalizações de tiro.............................................. 48

Tabela 5 – Percentuais dos tipos de armas utilizadas nas revitalizações.................. 49

Tabela 6 – Número de tiros realizados nas revitalizações.......................................... 51

Tabela 7 – Nos três anos de instruções de tiro real, sentiu-se................................... 52

Tabela 8 – Avaliações formais arquivadas................................................................. 53

Tabela 9 – Número de tiros executados foi suficiente para capacitá-lo...................... 54

Tabela 10 – Qual nível alcançado nas instruções de tiro........................................... 56

Tabela 11 – Quantas vezes sacou a arma na eminência de usá-la........................... 57

Tabela 12 – Completando a pergunta anterior, sentiu-se.......................................... 58

Tabela 13 – Quantos tiros executou em ocorrências nos anos analisados................ 60

Tabela 14 – Ao fazer uso real do armamento, sentiu-se............................................ 61

Tabela 15 – Sugestões para melhoria da instrução de tiro......................................... 62

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual de PM por Unidades que compõem a 6ª RPM...................... 45

Gráfico 2 – Percentual de PM habilitados por armas mais usadas na 6ª RPM.......... 46

Gráfico 3 – Percentual de PM que participaram da instrução de tiro.......................... 47

Gráfico 4 – percentual em análise à forma de como ocorreram as instrução............. 48

Gráfico 5 – Percentual dos tipos de armas mais utilizadas nas revitalizações........... 50

Gráfico 6 – Percentual do número de tiros por PM..................................................... 51

Gráfico 7 – Percentuais do grau de confiança nas instruções de revitalização.......... 52

Gráfico 8 – Percentual de PM que tenham sido ou não avaliados formalmente........ 53

Gráfico 9 – Percentual relacionados a terem sido suficientemente capacitados........ 55

Gráfico 10 – Avaliação percentual do nível alcançado nas instruções de tiro............ 56

Gráfico 11 – Percentuais de números de saques por PM da 6ª RPM........................ 58

Gráfico 12 – Percentuais de como se sentiram ao fazerem o saque da arma........... 59

Gráfico 13 – Percentual de número de tiros realizados por PM em ocorrências........ 60

Gráfico 14 – Percentual de como se sentiu ao fazer uso efetivo da arma de fogo..... 61

Gráfico 15 – Análise do percentual das quatro sugestões mais citadas pelos PM..... 62

LISTA DE SIGLAS

6ª RPM – 6ª Região de Polícia Militar.

BCG – Boletim do Comando Geral.

BPM – Batalhão de Polícia Militar.

Cal – Calibre.

CEPM – Centro de Ensino de Polícia Militar.

CFO – Curso de Formação de Oficiais.

CMB – Centro de Material Bélico.

Cmdo – Comando.

CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

CTTC – Curso Técnico de Tiro de Combate.

DALF – Diretoria de Apoio Logístico e Finanças.

DT – Departamento de Tiro.

DH – Direitos Humanos.

DIE – Diretoria de Instrução e Ensino.

DP – Diretoria de Pessoal.

EB – Exército Brasileiro.

LBO – Lei de Organizações Básicas.

NGE – Normas Gerais de Ensino.

NPCI – Normas para o Planejamento e Conduta da Instrução.

Nº/nº – Número.

OBM – Organização Bombeiro Militar.

OPM – Organização Policial Militar.

PM – Polícia Militar ou policial militar.

PMSC – Polícia Militar de Santa Catarina.

PT – Pistola.

RACE – Reserva de Armas do Centro de Ensino.

Sd – Soldado.

SINARM – Sistema Nacional de Armas.

SPL – Especial.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 14

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA....................................................................... 16

1.1.1 Justificativa.................................................................................................... 17

1.2 HIPÓTESES....................................................................................................... 19

1.3 OBJETIVOS....................................................................................................... 20

1.3.1 Geral............................................................................................................... 20

1.3.2 Específicos.................................................................................................... 20

1.3 METODOLOGIA................................................................................................ 21

1.4.1 Método de estudo......................................................................................... 21

1.4.2 Método de procedimento.............................................................................. 22

1.4.3 Técnicas utilizadas na coleta de dados...................................................... 22

1.4.4 Delimitação da população e amostragem da pesquisa............................. 23

1.4.5 Tratamento dos resultados obtidos............................................................ 23

1.4.6 Limitações do estudo pesquisado.............................................................. 24

1.5 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS CAPÍTULOS...................................................... 24

2. A INSTITUIÇÃO POLÍCIA MILITAR.................................................................... 26

2.1 HISTÓRICO DO USO DE ARMAMENTO NAS POLÍCIAS MILITARES............ 26

2.2. A INSTRUÇÃO DE TIRO NA POLICIA MILITAR DE SANTA CATARINA........ 28

2.2.1 Histórico......................................................................................................... 28

2.3 REFERENCIAL TEÓRICO DO TIRO POLICIAL................................................ 32

2.3.1 Conceito de arma de fogo............................................................................ 32

2.3.2 Necessidade do uso da arma de fogo......................................................... 32

2.3.3 Ensino Policial Militar................................................................................... 34

2.3.4 Conceito de instrução................................................................................... 35

2.3.5 Conceito de Instrução de tiro policial......................................................... 36

2.3.6 Objetivos da Instrução de tiro policial........................................................ 37

2.3.7 Metodologia de instrução de tiro policial................................................... 38

2.3.8 tiro de defesa ou condicionado................................................................... 39

2.3.9 Treinamento continuado............................................................................... 40

2.3.10 Dificuldades na execução do tiro.............................................................. 41

2.3.11 Conseqüências do mau treinamento para o policial............................... 42

3. AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO APLICADO................................................. 44

3.1 QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PM DA 6ª RPM.......................................... 44

4. CONCLUSÃO...................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 67

APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados............................................ 69

APÊNDICE B – Questionário para coleta de dados............................................ 72

ANEXO A – Respostas dos questionamentos ao Departamento de Tiro......... 73

14

1 INTRODUÇÃO

A 05 de maio do ano de 1835, com a denominação de Força Policial, foi

criada a PMSC por Feliciano Nunes Pires, então Presidente da Província do estado ao

assinar a Lei Provincial de Nº 12, tendo esta como missão a manutenção da ordem e da

tranqüilidade pública da província, sendo inicialmente sua área de atuação a vila de

Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) e localidades circunvizinhas.

Hoje com 175 anos de existência a PM tem um efetivo aproximado de 11.500

(onze mil e quinhentos) homens e mulheres1, que diuturnamente são escalados para

trabalhar em todos os 293 municípios catarinenses, nas mais variadas formas e

processos, de forma incansável objetivando a manutenção da ordem, a tranqüilidade e

a segurança de seus habitantes.

Nesse contexto pode-se asseverar que a PM Catarinense somada aos

demais órgãos dos poderes constituídos, têm de forma constante propiciado para que o

Estado pudesse se desenvolver e crescer com tranqüilidade, atendendo o que prevê a

sua Constituição.

Para que este estado de coisas se mantenha de forma harmônica, há que se

ter um aparato logístico de qualidade, e, principalmente, ter disponibilidade de um

material humano capacitado, para que possa atuar junto à sociedade de forma efetiva e

de modo eficaz e eficiente.

Quanto à logística é fato dizer que atualmente a PM dispõe de uma série de

meios que somados produzem um aparelhamento de boa qualidade para promover as

condições necessárias para que seus homens tenham condições de trabalho no

desempenho de suas funções, e desta forma a produzirem segurança de excelência.

Com relação ao material humano, é observado que o policial militar (PM)

quando da sua formação passa por uma série de promoções de esforços no sentido da

obtenção de um padrão de qualidade profissional. Este deixa o banco escolar, tão

somente, após ter se ambientado com um número grande de conhecimento técnico-

1 Diretoria de Pessoal (DP) da PMSC, Florianópolis em 21 de outubro de 2010.

15

profissional, pautado na ética e moralidade, deixando transparecer ao final deste, um

visível entusiasmo e vontade de bem servir com qualidade a coletividade.

Entretanto, observa-se que no transcorrer da sua carreira profissional o PM

tem perdido esse entusiasmo, fator que acreditamos ter sido adquirido naturalmente

pela falta de um acompanhamento instrutivo profissional de qualidade que o mantenha

vivaz as suas atribuições. Oportunizando o surgimento de uma série de ocorrências

desaprovadas pela corporação e sociedade, tendo como conseqüência o freqüente

afastado do comprometimento pessoal de PM relacionado aos compromissos que jurou

cumprir perante a bandeira nacional no exercício da sua profissão de mantenedor da

ordem e segurança pública.

Como não é possível a realização de treinamentos constantes de tiro, faz

com que tenhamos profissionais não tão eficientes quanto à capacitação para o uso da

arma de fogo, causando insegurança no uso dessas armas durante o atendimento de

ocorrências policiais.

A Diretriz de Procedimentos Permanente2 Nº 035/CMDO/2001, (BCG nº 085,

de 06 novembro 2001, p. 1206), tem por finalidade regular o porte e o emprego de

armas de fogo e munições pelos integrantes da Corporação, e assim a define quanto ao

conceito relacionado aos PM no exercício de suas atividades:

Entendendo-se que o trabalho dos policiais militares é de alta relevância para a proteção das pessoas e da comunidade e que qualquer ameaça à vida e à segurança destas e dos próprios policiais, deve ser encarada como uma ameaça à estabilidade social em geral. Sabendo-se que o porte e o emprego de armas de fogo e munições, embora não desejados, tanto pelo potencial de letalidade como pelo alto grau de complexidade que representam, são necessários para a segurança da comunidade e também dos policiais, o que torna inevitável ainda à utilização desses recursos, por parte da polícia, porém, seu emprego somente é admitido em situações excepcionais para a preservação da vida própria ou de terceiros e no estrito cumprimento do dever legal, sob a égide da legislação em vigor e desta regulamentação.

Fato inerente à profissão PM está o de utilizar a arma de fogo como meio

auxiliar no desempenho de sua função, no entanto lhe deve ser proporcionado à

capacitação constante relacionada a cada arma a que foi habilitado, bem como ter

habilidade prática de como e quando utilizá-la no transcorrer da sua vida profissional.

2 Conjunto de ordens expressas pelo CMDO Geral da PMSC para adoção de procedimentos relacionados a atividades pertinentes a Corporação.

16

Observa-se que as instruções de tiro têm sido aperfeiçoadas nos últimos

anos, motivadas pelas melhorias relacionadas às logísticas, onde temos observado a

construção de estandes modernos e a disponibilidade de um número maior de

munições.

Todavia permanece faltosa uma instrução de qualidade voltada à

requalificação anual do profissional de segurança, haja vista as formas inconstantes

com que estas ocorrem, não havendo uma formatação específica instrucional para cada

arma que a PM tem disponibilizado aos seus profissionais.

Fica evidenciada esta situação, quando é constatado e posso afirmar que em

25 anos de profissão, em raras oportunidades verificou-se ter sido viabilizada pela PM a

prática de tiro com carabinas puma Calibre (Cal) .38 especial (SPL) e de espingardas

Cal 12, objetivando a manutenção da qualificação para o uso destes armamentos.

Não basta delinear uma formação de qualidade aos nossos profissionais,

precisamos manter esta qualidade viva através de um constante treinamento de

reavaliação que produza efeitos reais quanto às habilidades no manuseio e destreza no

uso das armas as quais o policial foi habilitado. Tornando-se imprescindível para bem

atender os anseios da coletividade, bem como primordial pelo valor estratégico

relacionado à qualificação profissional e aos resultados observados nos atendimentos

de ocorrências.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O treinamento teórico e prático de armamento e tiro, relativo à manutenção

anual do efetivo pronto da PM de Santa Catarinense, tem sido sempre realizado de

forma paliativa, com o objetivo mínimo de justificar um treinamento técnico-profissional

do seu efetivo junto à sociedade.

A forma didática inconstante que é utilizada para aplicação do atual modelo

de treinamento, somada as variáveis das quantidades de munição que são

disponibilizadas, bem como a falta da prática de tiro com todas as armas a que o

17

policial militar foi habilitado, faz com que verifiquemos registros de várias ocorrências de

fatos desaprovados pela sociedade que são veiculados constantemente junto à mídia

em prejuízo dos valores institucionais.

Tais fatos induzem a avaliar como sendo fruto do uso inadequado do

armamento pelo PM, motivado pela falta de preparo, e principalmente pela inexistência

de um modelo de manutenção periódica que dê seqüência a uma capacitação técnica

dos conhecimentos necessários para o bom desempenho de sua função profissional.

Sendo assim, a condição de preparo para o exercício da atividade

profissional do PM, não depende exclusivamente de uma aplicação anual de matérias

teóricas, de técnicas de abordagens com o emprego da arma de fogo, onde não se

produza uma avaliação do que foi trabalhado, somado a uma uniformidade de instrução

de forma a realmente qualificá-lo para o emprego do armamento para o qual foi

habilitado. Tendo como conseqüência, deixar de ter a produção de conhecimento das

reais habilidades técnico-profissional dos profissionais de segurança.

Desta forma se torna importante a apreciação das atuais técnicas de

capacitação profissional, objetivando vislumbrarmos propostas que proporcionem novas

técnicas na formatação das instruções técnico-profissionais relacionadas ao emprego

do armamento.

Analisou-se a solução de problemas que podem ser identificados nas

instruções de revitalizações anuais, oportunizando a melhoria de atuação do PM nas

suas áreas de atividades, a fim de atender de forma eficiente e eficaz as demandas dos

serviços que se apresentam na sociedade catarinense.

1.1.1 Justificativa

A Diretoria de Instrução e Ensino (DIE) é o órgão de Direção Setorial do

Sistema de Ensino e Pesquisa da PMSC, incumbido do planejamento, coordenação,

controle e avaliação das atividades de ensino e pesquisa da corporação.

18

Com o escopo de regular o atual sistema de ensino da corporação, no ano

de 2009, foram assinadas as atuais Normas Gerais de Ensino (NGE), em substituição

as Normas para Planejamento e Conduta da Instrução (NPCI), ficando formatado nas

disposições gerais do Sistema de Ensino, que a PM manterá um sistema de ensino

próprio compreendendo o ensino básico, o ensino profissional técnico, o ensino

superior e a educação continuada.

Em análise as NGE, podemos observar que o ensino técnico profissional de

formação, para todos os níveis hierárquicos, se encontra bem capitulados e supridos de

um montante de recursos que os tornem eficazes para a preparação do profissional de

segurança, somado ainda a uma grande preocupação das autoridades responsáveis

pelos recém inclusos no sentido de bem lapidá-los a uma formação de excelência.

As propostas desse processo anual de revitalização, não têm atendido a uma

efetiva requalificação do policial no aspecto manuseio e uso de armas de fogo para as

quais tem sido habilitado.

O que se tem observado na prática, é uma inconstância quanto a sua

aplicação, começando pela disponibilidade de munição que geralmente é fornecida em

quantidades desiguais de ano para outro, e sempre muito aquém daquela necessária

para realmente avaliar as condições práticas a que se encontra cada PM ou viabilizar

para que os menos capacitados adquiram destreza.

Ocorre que no transcorrer da sua atividade profissional de mantenedor da

ordem pública, os PM deixam de receber de forma continuada um adestramento

qualificado para o manuseio adequado dos armamentos aos quais foi habilitado, bem

como as instruções práticas de tiro tem sido apresentadas nas formas pouco eficazes e

inconstantes no transcorrer da sua carreira profissional.

Tem-se por evidência que os profissionais da PMSC, devem ofertar à

sociedade bons serviços, momento em que se torna mister que o PM aprimore suas

competências como servidor.

Para tanto a PMSC deve fortalecer o capital humano e intelectual, otimizando

sua produtividade, ampliando seu nível de resolutividade e atuação, no intuito de

reduzir a criminalidade e a violência, objetivando aumentar a satisfação relacionado a

19

segurança dos cidadãos usuários e consequentemente fortalecendo a imagem da

Instituição.

Observou-se que os atuais procedimentos adotados nas instruções

periódicas de manutenção das habilidades para o uso do armamento, apresentam

alternativas para que possamos produzir um estudo com o intuito de darmos uma

contribuição para uma melhor formatação das habilidades do profissional de segurança

no transcorrer de sua carreira profissional.

1.2 HIPÓTESES

Este trabalho monográfico tem como objetivo produzir um questionamento

sobre os atuais procedimentos relacionados à instrução de armamento e tiro, inerentes

a manutenção da tropa, com o intuito de verificar as falhas relacionadas aos

procedimentos que ora vigem.

Tendo a PM a função de manter a ordem e a segurança pública do Estado

de Santa Catarina, faz com que haja a necessidade de um constante adestramento de

qualidade do seu efetivo, objetivando dar melhores condições para o bom desempenho

da missão.

A anualidade de instrução de armamento e tiro para a qual o PM, é

comprovadamente um período mínimo necessário para a manutenção das qualidades

laborativas do nosso profissional, entretanto, é posto que a atual formatação apresente

uma série de falhas que colocam em risco o comprometimento profissional do policial

militar.

Desta forma podemos observar que nas práticas de tiro, quando da

revitalização em estandes de tiros, muitos PM deixam transparecer certa insegurança

quanto aos procedimentos, fato provocado com o visível nervosismo da maioria destes

profissionais, motivado pela pouca prática relacionada ao uso do armamento a que foi

habilitado.

20

Não obstante a uma série de problemas registrados nas instruções de

armamento e tiro, nota-se sempre que o PM, após a instrução procura se justificar do

resultado obtido, culpando a pouca prática, o número de tiro realizado, o tempo

disponibilizado e que se o deixasse treinar mais, com certeza obteria um melhor

resultado. Não sendo rara às vezes em que são solicitadas cargas extras de munição

por parte de alguns policiais, para que possa ter novo treinamento no afã de corrigir

alguns erros até então apresentados.

Neste sentido tem-se a pretensão de analisar a qualidade das instruções de

revitalização de armamento e tiro, na forma como atualmente é ofertada, onde não

ocorrem as condições didáticas necessárias para que o resultado seja de qualidade e

realmente venham a reavaliar com esmero as condições técnico-profissionais do PM

como operador de segurança pública.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Fazer um estudo do processo de reavaliação anual das habilidades teóricas

e práticas do PM, quanto ao uso de armas de fogo para a qual foi habilitado.

1.3.2 Específicos

Identificar os problemas existentes quando da realização das instruções de

tiro de revitalização do efetivo da PMSC.

21

Evidenciar que a capacitação técnica profissional do PM para o uso da arma

de fogo é um pré-requisito fundamental para que haja uma prestação de serviço de

excelência.

Produzir conhecimentos através de pesquisa, tomando como base uma

amostragem do efetivo da 6ª RPM, que possam ser utilizados pela corporação como

insumo para formatação de um plano estratégico para instrução de reavaliação no uso

de armas de fogo, objetivando a melhoria da qualidade técnico-profissional do seu

efetivo.

1.4 METODOLOGIA

Será produzida nas características de pesquisa na forma exploratória

descritiva, tendo como base a reflexão de referências em reportagens, livros, manuais,

normas, diretrizes, internet e outras monografias. Quanto à natureza será quantitativa

em análise a aplicação de um questionário a um percentual de dez por cento do efetivo

da 6ª RPM, o qual será estratificado em tabelas e gráficos para análise e estudo.

1.4.1 Método de estudo

Na consecução deste trabalho foi empregado o método descritivo, uma vez

que foi aplicada a Técnica de Amostragem Estratificada Proporcional, haja vista que a

amostragem é proporcional ao número da população existente em cada uma das

Unidades Operacionais tomadas como processo de estudo.

22

1.4.2 Método de procedimento

Os métodos utilizados foram o comparativo e estatístico. Sendo que o

emprego do método comparativo se fez justificável, haja vista a necessidade de

confrontação das respostas obtidas.

Os resultados dos dados estatísticos foram comparados, a fim de ser

confirmada ou refutada a hipótese apresentada.

A pesquisa foi produzida na forma exploratória bibliográfica descritiva, sendo

quantitativa em análise dos dados numéricos estatísticos obtidos.

1.4.3 Técnicas utilizadas na coleta de dados

Os dados foram coletados mediante a aplicação de um questionário, não

havendo a necessidade de identificação.

Este questionário foi dirigido aos PM que passaram pelo processo de

revitalização nos anos de 2007, 2008 e 2009, contendo quinze perguntas no total,

sendo quatorze fechadas, e uma aberta para alguma citação que o entrevistado

pudesse colaborar.

Os dados foram tabulados e utilizados na produção de tabelas e gráficos, de

forma a possibilitar a análise dos resultados obtidos.

Os questionários foram aplicados individualmente, sendo alguns de forma

direta pelo próprio pesquisador e outros auxiliados pela seção de Planejamento,

Instrução e Ensino (P-3) das OPM envolvidas na pesquisa.

23

1.4.4 Delimitação da população e amostragem da pesquisa

O presente trabalho foi elaborado junto aos policiais militares que trabalham

nas três Unidades Operacionais da 6ª RPM, mediante o emprego de um questionário

aplicado a um percentual de dez por cento de seu efetivo, o qual foi estratificado em

tabelas e gráficos para análise e estudo.

A amostragem ocorreu mediante uma seleção aleatória simples, onde os PM

pesquisados tiveram sua seleção prevista pelas próprias Unidades Operacionais,

perfazendo um total de setenta e cinco PM, dos 10 por cento analisados, do efetivo do

entorno de 750 homens e mulheres da 6ª RPM.

Deste total, trinta e cinco foram apresentados pelo 9º Batalhão de Polícia

Militar (BPM), sendo seu efetivo total de trezentos e trinta seis. Do 19º BPM, foram

apresentados vinte e cinco, sendo seu efetivo de duzentos e cinqüenta PM. Do

Grupamento Especial de Içara, foram apresentados quinze, do seu efetivo total de

cento e quarenta e cinco PM.

Optou-se por extrair os dados dos anos de 2007, 2008 e 2009, em razão da

disponibilidade de dados a serem analisados num período mais próximo, bem como da

possibilidade da rotatividade dos PM, motivadas por transferências, e ainda pelas

formações recentes de policiais militares.

1.4.5 Tratamento dos resultados obtidos

Será discorrido sobre a tabulação das respostas dos questionamentos

formulados na pesquisa, tendo como proposta uma análise estatística descritiva básica,

mediante o cálculo das médias aritméticas e percentuais, utilizando-se de tabelas e

gráficos para permitir uma melhor visualização dos resultados obtidos.

24

1.4.6 Limitações do estudo pesquisado

Com referência ao questionário, acredita-se que possa haver uma limitação

quanto a real formatação de seu resultado, haja vista que as pessoas ao preenchê-los,

relatam o que o que lembram ter realizado ou pensam ter efetivamente ocorrido num

tempo passado sem total segurança de seu real acontecimento.

Houve certa limitação em se conseguir material bibliográfico pertinente ao

tema junto a outros órgãos do Sistema de Segurança Pública do Estado, como a Polícia

Federal e Polícia Civil.

O material encontrado referente ao tema central hora proposto, ficou restrito

a consultas de monografias confeccionadas por outros oficiais da PMSC, monografias

baixadas da internet de outras PM da Federação, manuais de instrução de tiro

confeccionados por PM, livros e revistas, não sendo encontrado material junto a

Bibliotecas das Universidades Particulares, Estaduais ou Federais do Estado de Santa

Catarina.

1.5 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS CAPÍTULOS

O presente trabalho de pesquisa apresentará um estudo que será dividido

em quatro capítulos:

- No primeiro, e presente capítulo, é apresentado a introdução com o tema e

a sua delimitação, as hipóteses e os problemas que levaram a esta pesquisa, seguindo

da justificativa para a sua realização, os objetivos propostos e a metodologia a ser

utilizada.

- No segundo capítulo se mostrará um histórico de como tem ocorrido as

instruções de armamento e tiro nas PM. Na sua seqüência será apresentado um breve

histórico de como a PMSC tem tratado o assunto. Por último serão analisadas as

25

questões relacionadas aos conceitos de arma de fogo, de instrução de tiro policial,

necessidade do uso da arma de fogo, objetivos da instrução, metodologias de

instrução, tiro condicionado e continuado, dificuldades e conseqüências do mau

treinamento para o PM.

- No terceiro capítulo será realizada avaliação de um questionário aplicado a

um percentual de dez por cento do efetivo da 6ª RPM, no intuito de analisar a atual

forma de como ocorrem as instruções de armamento e tiro nas revitalizações anuais.

- Finalizando o trabalho, serão apresentados na conclusão os resultados

obtidos e as considerações finais contendo sugestões que se entendem pertinentes

serem adotadas.

26

2. A INSTITUIÇÃO POLÍCIA MILITAR

2.1 HISTÓRICO DO USO DE ARMAMENTO NAS POLÍCIAS MILITARES

Segundo Flecha Campos (2003), as PM do Brasil sempre tiveram ligação

com o Exército Brasileiro (EB), desempenhando um papel constitucional de Força

Auxiliar Reserva prevista no Artigo 144, § 6º, da Constituição Federal, onde a atuação

das PM foi mais intensa durante o período do regime militar.

Neste sentido, as instruções e treinamentos ofertados aos PM sempre

tiveram o foco voltado para a área militar, momento que o tratamento das questões de

segurança pública no combate aos crimes e contravenções, não tinham como foco a

segurança pública voltada para o bem estar do cidadão, mas sim como assunto de

segurança nacional a ser controlada pelo EB como força armada terrestre.

Como foi citado anteriormente as PM sempre estiveram atreladas ao EB, e

com este espírito, nada mais acertado que os treinamentos de manuseio do armamento

e do tiro propriamente dito fossem seguidos mediante a aplicação de conhecimentos

contidos em manuais de tiro de combate ofertados por esta entidade.

É sabido que os Exércitos tratam seus oponentes como inimigos e como tal

devem ser eliminados a qualquer custo, onde para tanto visualiza o uso do tiro como

combate ao extremo, tendo seus manuais a premissa da eliminação do seu opositor.

De acordo com Flecha Campos (2003), essa cultura de enfrentamento do

risco iminente tem sido repassada às PM brasileiras, principalmente no período pós 1ª e

2ª Guerra Mundial e mais recentemente no transcorrer do regime militar, com a

transferência de armamentos de grossos calibres, como: fuzis e metralhadoras de uso

coletivo.

As Forças Armadas influenciaram diretamente no treinamento de tiro das

PM; entretanto com a Constituição de 1988 e a Declaração dos Direitos Humanos, os

treinamentos de armamento e tiro passaram a ser voltados ao estrito comprimento da

lei na área da Segurança Pública.

27

Neste sentido, várias PM da Federação voltaram a se preocupar com a

formação de seus instrutores de tiro, a fim de atender aos anseios da sociedade no

combate a criminalidade, todavia constata-se a inexistência de uma metodologia

padronizada de ensino de tiro.

Alves (1997) relata em seu trabalho monográfico, e aqui é citado para melhor

visualizarmos que inclusive a PMSC contemplava seus profissionais com instruções de

tiro de natureza militarizada, foi que em 17 de junho de 1988 que a PMSC, criou o

Curso Técnico de Tiro de Combate (CTTC), conforme BI nº 068/ 88/ Cmdo Geral,

totalizando até o ano de 1993, quando foi suspenso, a formação de 5 (cinco) cursos de

Oficiais e 4 (quatro) de Sargentos.

Esta formação de atiradores não deixou de ser um paço importante para uma

formatação da instrução de tiro, entretanto, esta buscava tão somente treinar o PM para

o tiro efetivamente de combate, não visualizando, como premissa, o bem estar da

coletividade, bem como não buscava a disseminação ou formação de instrutores de

tiro, mas sim de atiradores profissionais.

Flecha Campos (2003), visualiza que as PM possuem vários métodos de

ensino, conforme enumeramos abaixo: 1- Sem métodos: as corporações PM que não possuem uma metodologia

padrão de ensino da instrução de tiro policial;

2- Métodos militares: aquelas que ainda se encontram norteadas aos

manuais de instrução de tiro de combate do Exército, tratando a pessoa do delinqüente

como inimigo;

3- Métodos estrangeiros: corporações PM que adotam metodologia de

treinamento proveniente de outras nações, porém que não correspondem à realidade

da sociedade brasileira (doutrina Israelense e dos Estados Unidos da América do

Norte);

4- Métodos desportivos: aquelas que adotam treinamento nas modalidades

de tiro desportivo, a partir de regulamentos de clubes de tiro, relacionados ao

aprendizado empírico;

5- Método de tiro policial defensivo: às corporações PM, que estão à frente,

no sentido de investimento e resultados no treinamento policial voltado às questões

28

atuais de criminalidade, procurando aplicar métodos científicos, dando uma ênfase

especial na questão da segurança da ação policial, aliando ao respeito à legislação

brasileira e aos Direitos Humanos;

2.2. A INSTRUÇÃO DE TIRO NA POLICIA MILITAR DE SANTA CATARINA

2.2.1 Histórico

Em seu trabalho monográfico, Alves (1997) discorre que foi criada a Diretoria

de Ensino (DE) da PMSC, em 22 de outubro de 1974, sendo que em 14 de março de

1983, mediante o decreto nº 19.237, foi aprovado o regulamento que dispõe sobre as

Leis de Organizações Básicas da Polícia Militar (LOB). Sendo este o órgão de direção

setorial do sistema de ensino com a incumbência do planejamento, coordenação,

fiscalização e controle das atividades de formação, especialização e aperfeiçoamento

dos PM catarinenses.

Já em 21 de abril de 1988, através do Decreto Lei número 1.513 esta

Diretoria foi extinta, passando a chamar-se Diretoria de Instrução e Ensino (DIE), que

além de englobar todas as atribuições atinentes a anterior, passou a responder também

pelas duas determinações contidas no artigo 45, itens XI e XII, com a seguinte redação:

“XI – Elaborar as normas para o planejamento e conduta da instrução (NPCI) e

coordenar as atividades de instrução da Corporação; XII – Preparar o relatório anual de

instrução.”

Consta que até o ano de 1996, a DIE editava a NPCI, detalhando a

sistemática da instrução descentralizada, baseada num calendário descentralizado

dispersivo, ficando a critério das Organizações Policiais Militares (OPM) e Organizações

de Bombeiros Militares (OBM) a aplicação das instruções, sendo que a própria DIE não

tinha como controlar e fiscalizar se as instruções eram de fato cumpridas.

29

Alves (1997) informa-nos ainda que: a falta de credibilidade dos relatórios

anuais, bem como pelas deficiências apresentadas nas instruções, em 1997, a DIE

procurou utilizar-se de um novo método que propiciasse com maior eficiência o

cumprimento dos objetivos firmados quanto às instruções.

Procurou sanar as deficiências relacionadas à falta de operacionalização do

calendário; falta de fiscalização: falta de controle dos participantes, por postos e

graduações e a não cobertura de todas as OPM e OBM do estado.

Ao elaborar tais normas a corporação começa a preocupar-se de maneira

mais intensa aos assuntos relacionados diretamente com a instrução de sua tropa, pois

a criação de uma diretoria para tratar dos assuntos relacionados ao tema, passa a ter o

controle de uma gama de pessoas que a partir de então passaram a ter

responsabilidade direta com o aperfeiçoamento e preparo da tropa.

De acordo com Bernardes (2008), o Diretor de Ensino da PMSC, atendendo

orientações do comando geral da corporação, buscando sanar esses problemas de

instrução continuada, em virtude do aumento da violência e das ocorrências envolvendo

PM em confrontos armados, aliado a falta de credibilidade dos relatórios anuais.

Passou-se, a partir de 1997, buscar nova metodologia que possibilitasse

cumprir com rigor e eficiência os objetivos precípuos a qual a instrução se destinava

tendo como principal fato motivador as seguintes deficiências:

- Nem todas as OPM tinham condições de participar com a grande maioria

de seu efetivo nas instruções programadas, pois não haviam instrutores devidamente

capacitados por falta de um curso regular para instrutores de armamento e tiro;

- A responsabilidade pela instrução ficava a cargo do chefe da 3ª seção das

OPM que designavam normalmente oficiais e sargentos para ministrar a instrução

apenas com o conhecimento adquirido no curso de formação, sem nenhum treinamento

específico na área;

- Cada instrutor seguia seu próprio modelo de instruir, fazendo da maneira

como mais lhe convinha, tratando o treinamento de maneira empírica fato este que

ficava muito aquém da real necessidade;

30

- Não havia um controle efetivo do número de participantes, nem tão pouco

da qualidade do treinamento por parte da Diretoria de Instrução que era o órgão setorial

a quem cabia o controle e a fiscalização.

Como resultado, as instruções passaram a ser controladas e monitoradas

mensalmente pela DIE, através de relatórios que eram enviados pelas OPM, que

estipulava o número de PM que deveriam participar das instruções e a periodicidade

com que as instruções deveriam ser realizadas.

Ainda segundo Bernardes (2008), a DIE passou também a percorrer o

interior do estado para contribuir e fiscalizar semanalmente o transcorrer das instruções,

não só no tocante a armamento e tiro como também em outros assuntos não menos

importantes, tais como Direitos Humanos, prática de abordagem em pessoas,

residências e veículos, entre outros.

Com estas inovações, já naquela época, notava-se uma nova mentalidade

nos padrões de instrução e ensino, sendo que em determinados meses do ano chegou

a ser registrado, um aproveitamento de mais de 60% do efetivo, fato este que

apresentou melhoras e motivou vários policiais a buscar um melhor conhecimento de

sua área de atuação.

Até meados de 2009 as instruções e treinamentos foram ainda norteados

pela NPCI, que passou por várias modificações através dos anos sempre com o

objetivo de acompanhar as mudanças pelas quais passam os aspectos relacionados à

segurança pública em nosso país, bem como a inclusão de novos armamentos de

dotação na PMSC.

Há pouco tempo a DIE passou a funcionar no bairro da Trindade, local onde

era o Centro de Ensino da Policia Militar (CEPM), principal órgão de formação

profissional dos PMSC e onde sempre funcionou a Escola de Formação de Oficiais e o

Curso de Formação de Sargentos até então principal órgão de formação profissional

dos PM do Estado.

Com o escopo de regular o atual sistema de ensino da corporação, no ano

de 2009, foram editadas as atuais NGE, em substituição as NPCI, ficando formatado

nas disposições gerais do Sistema de Ensino, que a PM manterá um sistema de ensino

31

próprio compreendendo o ensino básico, o ensino profissional técnico, o ensino

superior e a educação continuada.

Silva (2010) faz referência a atual formatação do Departamento de Tiro (DT)

com a seguinte redação:

Salienta-se que ainda não existe uma proposta bem definida quanto a uma

padronização por matérias das instruções de revitalizações anuais, que dê uma

seqüência efetiva de qualidade da capacidade técnico-profissional adquirida na

formação em análise da forma como devem ser aplicadas as instruções de todas as

matérias previstas nas revitalizações anuais.

Esta situação fez com que o DT, incorporasse novas atribuições, tais como a

coordenação das instruções de tiro dos cursos de formação e aperfeiçoamento e a

administração da Reserva de Armas (RACE) do CEPM.

Atualmente a reserva de armas movimenta um volume de aproximadamente

200.000 munições por ano, possui um grande número de equipamentos e armas que,

devido ao uso intenso requerem manutenção preventiva e reparativa constante.

Além da manutenção de 1° escalão, a RACE realiza a manutenção de 2° e

3° escalões, haja vista contar em seu quadro de colaboradores PM capacitados para

esta atividade.

Outra atribuição relevante do DT é o controle dos treinamentos de tiro

realizados em toda a PMSC, através da análise e homologação dos Planos e Relatórios

Finais de Ensino, encaminhando-os para a devida publicação em Boletins do Comando

Geral (BCG) da PMSC.

Compõem o efetivo do DT os seguintes PM: 1 Tenente Coronel PM Chefe do

Departamento; 1 Major PM Sub Chefe do Departamento; 1 Soldado PM Armeiro e Aux.

Administrativo; 3 Soldados PM Sentinelas da Reserva de Armas; 3 Soldados PM

Sentinelas do Estande de Tiro Cel Uriarte; 1Cabo PM Responsável pela manutenção do

Estande de Tiro Coronel Uriarte.

32

2.3 REFERENCIAL TEÓRICO DO TIRO POLICIAL

2.3.1 Conceito de arma de fogo

Artefatos engenhosos dotados de propriedades relacionadas ao lançamento

de projéteis à distância, utilizando-se para sua projeção, o poder expansivo dos gases

resultantes da combustão de um propelente, geralmente a pólvora.

Instrumentos que arremessam projéteis, empregando a força expansiva dos

gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que,

normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à

combustão do propelente, além de dar direção e estabilidade ao projétil. (DIRETRIZ

035/CMDO/2001, p. 1)

Cerqueira (1986, p. 2) relata que: “Arma de fogo – são engenhos dotados de

propriedades em expelir projétil utilizando para sua projeção, a força expansiva dos

gases resultantes da combustão da pólvora, estando, pois, situados na categoria de

arremessos complexos.”

Para Campos (2009) arma de fogo é: “Instrumento que serve para ataque ou

defesa, que utiliza a força de um propelente (pólvora) para disparar seus projéteis; em

inglês: “Firearm”.”

2.3.2 Necessidade do uso da arma de fogo

Antes de fazer o uso da arma de fogo, o PM deve estar ciente do por que

desenvolve suas atividades no terreno que esta ocupando em determinado momento,

bem como estar orientado de como e onde vai desenvolver esta atividade, pois seu

papel principal é a da manutenção da ordem pública, com esmero, responsabilidade e

segurança.

33

Neste contexto há que se vislumbrar uma capacitação técnico-profissional do

policial, deve ser de tal qualidade que realmente ocorra à proteção devida e necessária

da comunidade e do próprio profissional de segurança.

Como o policiamento ostensivo é realizado em locais públicos, é muito provável que uma situação de emprego real do armamento ocorra nas ruas. Seja decorrente de uma abordagem, ou mesmo sendo o policial surpreendido na rotina do policiamento, o combate em local aberto, além dos riscos que oferece ao policial, representa elevado risco para a população. (OLIVEIRA, 2000, p. 289).

Há que se visualizar que é difícil dar a proteção devida à sociedade, pois que

esta, muitas vezes deve ser protegida dela mesma, ou seja, os cidadãos que a

compõem por momentos podem desenvolver ações de delinqüência sem ser inimigo

desta, mas sim tido como algoz de uma irregularidade momentânea que deve ser

trabalhada pelo profissional de segurança.

Saber dosar o cumprimento de uma ação para que esta não se transforme

em uma violência policial, dependendo da situação, local e diversos fatores contextuais,

faz com que o PM tenha poucos segundos para refletir e tomar atitudes mais drásticas,

como a de tirar a vida de uma pessoa para proteger outras e inclusive a sua própria.

A mídia nos últimos anos vem de forma veemente veiculando ações policiais

voltadas ao exagero do emprego da força letal, entretanto seria hipocrisia afirmar que o

bom policial é aquele que nunca precisará fazer uso de sua arma de fogo ou que o

policial não deve portar arma de fogo no desempenho de suas atividades, haja vista ser

inusitada o surgimento de uma ocorrência em que o policial venha se deparar com uma

pessoa armada no intuito de ferir ou mesmo matar outras pessoas.

A função primordial do PM é de proteger a sociedade, daí a devida

preocupação com o correto emprego da arma de fogo que deve acontecer de forma

constante.

No processo de salvaguardar a coletividade, é posto que o policial faça uso

da arma de fogo em legítima defesa própria ou defesa de terceiros, bem como no

estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito. O Código Penal

Brasileiro (Decreto-lei 2.848/40) no seu artigo de nº vinte e três cita que: “Art. 23. Não

há crime quando o agente pratica o fato: II – em legítima defesa; III – em estrito

cumprimento do dever legal ou no exercício regular de um direito.”

34

Em contrapartida é fato que o cidadão infrator não tem a devida preocupação

com a correção da maioria de seus atos, e de forma alguma ao fazer uso de algum

armamento o faz objetivando o esmero de somente providenciar o acerto que tenha

visualizado como seu desafeto. Já o agente de segurança sempre é obrigado a

aguardar pela ocorrência de um ato criminoso que justifique a utilização de arma de

fogo, fatores que requerem autoconfiança, determinação e principalmente muito

treinamento.

2.3.3 Ensino Policial Militar

Alves (1997, p. 13) cita que: “Prioritariamente o ensino e fundamentalmente a

instrução, são os meios disponíveis aos Comandos Operacionais para dotarem o PM

das melhores condições operacionais”.

Não obstante Alves (1997, p. 13) informa que:

É a atividade desenvolvida pela Corporação com a finalidade de proporcionar ao seu pessoal a necessária habilitação para ocupação, em qualquer situação, dos cargos previstos em sua Organização e para o exercício das funções que lhes correspondem. O ensino objetiva educar o indivíduo, criando e desenvolvendo hábitos imprescindíveis ao bom desempenho das funções, moldar e aprimorar o caráter e o físico do profissional, capacitando-o ao tê-lo como instrumento para o exercício de suas funções, fortalecendo as convicções democráticas e a crença na lei, na ordem e na justiça.

Segundo, Da Silva (2009, p. 59): “As missões listadas na Nota para Boletim

nº 017 (DIE, 2001), principalmente a sistematização, disseminação e implementação de

conhecimento técnico profissional, ficam prejudicadas e relegadas ao segundo plano,

haja vista esta carência de efetivo com qualificação”. Momento em que:

A PMSC tem a disposição diversos policiais com qualificação nas mais diversas áreas de estudo e atuação do Departamento de Tiro, os quais poderiam ser aproveitados de forma esporádica nas funções de instrutores e consultores. Esta situação já ocorreu em algumas situações e traz a vantagem de captar e utilizar o conhecimento e habilidades de policiais que realizaram cursos ou estudos em áreas específicas. Cita como exemplo, a realização de um treinamento de tiro no Método Giraldi, onde apesar de não existir servindo no Departamento de Tiro nenhum policial com treinamento de professor ou instrutor deste método, poderiam ser convocados oficiais habilitados, para realizar os procedimentos de planejamento e operacionalização de um curso. Não haveria a necessidade de transferência de pessoal, a disponibilização de

35

efetivo seria temporária, restrita apenas ao período necessário para a realização dos trabalhos específicos. A manutenção de um cadastro de profissionais, especialistas nas diversas áreas de atuação, facilitaria o emprego em casos pontuais, bastando para isto a convocação pelo Comando Geral da corporação. (DA SILVA, 2009, p. 59).

Em consulta ao DT, é um anseio daquela chefia e dos demais integrantes,

que este seja elevado à condição de Centro de Treinamento de Atuação Policial

Armada (CTAPA). Esta situação vislumbraria a possibilidade de aumentar o quadro de

colaboradores, mesmo que isto reflita no aumento de atribuições.

Segundo Da Silva (2009, p. 60), para implantação completa de um CTAPA

seria necessário o seguinte efetivo orgânico: 01 Chefe do Centro – Tenente-Coronel ou

Major; 01 Sub Chefe do Centro – Capitão ou Tenente; 01 Chefe das Seções – Capitão

ou Tenente; 01 Responsável pelo Complexo de Treinamento – Sargento; 01

Responsável pela Reserva de Armas – Sargento; 01 Responsável pelo Estande “in

door” - Cabo / Soldado; 01 Responsável pelo Simulador de Tiro - Cabo / Soldado; 08

Sentinelas da Reserva de Armas e do Estande – Cabo / soldado.

2.3.4 Conceito de instrução

Consiste no processo permanente de ensino-aprendizagem que tem por

objetivo propiciar as pessoas a serem orientadas e ou atualizadas de forma constante,

sendo estes objetivos de cunho profissional ou social.

Para a PM do Estado de São Paulo (1993)

A instrução policial militar consiste no conjunto de procedimento formais que a corporação utiliza para propiciar a aquisição de conhecimentos, atitudes e habilidades que otimizem a qualificação do policial militar de forma que sua conduta resultante contribua para a busca da excelência do serviço prestado pela Polícia Militar.

Segundo Alves (1997): é o ato ou efeito de instruir-se mediante o ensino, a

instrução primária, através de conhecimentos adquiridos, podendo ser de cunho militar,

cultural, de saber geral, como explicação a ser fornecida para um determinado fim ou

propósito; o esclarecimento ou ordem dada a uma pessoa que tem por missão algum

processo de negociação ou forma de empreendimento, mediante a utilização de dados,

36

informações, que de forma convenientemente codificada e formatada em

computadores, fazendo parte de uma parcela de um determinado programa, tem por

finalidade provocar a execução de uma cooperação ou de uma seqüência de

operações.

De forma contínua nos assevera Alves (1997, p. 14) que:

Instrução Policial Militar é a atividade desenvolvida pelas OPM, tendo em vista a manutenção e o desenvolvimento do preparo individual do policial e do adestramento das Unidades para o cumprimento de suas missões específicas. A instrução objetiva assegurar ao policial militar, já qualificado, a habilitação permanente e atualizada ao desempenho de suas missões de policiamento ostensivo.

Neste sentido, a instrução é o aprimoramento técnico constante de ordem

ocupacional: social ou profissional dos indivíduos, que ocorrem através de ações

repetidas e que têm por fim possibilitar um melhor desempenho.

2.3.5 Conceito de Instrução de tiro policial

Para que o policial militar possa cumprir com qualidade sua missão,

necessita de capacitação e treinamentos constantes, pois sem as habilidades

necessárias não conseguirá defender a si próprio e desta forma, a sociedade.

Os profissionais de segurança necessitam de constante treinamento de

manutenção, para que possam desempenhar suas funções com qualidade, sempre

escolhendo a melhor técnica de atuação.

Em situação real de tiro com arma de fogo, estes são executados geralmente

pelo policial em situação tensa, momento em que se encontra envolvido pela agitação

que a ocorrência de forma natural propicia. Neste sentido o treinamento deve ser

realizado em condições semelhantes, sendo o mais realista possível, preparando o

profissional para as hostilidades que podem ser por ele encontradas em serviço.

Fato que pode ser confirmado por Oliveira (2000, p. 246):

O policial deve ser rápido, por quê as situações do combate policial ocorrem em frações de segundo, nos quais são efetuados muitos disparos. O atirador deve estar treinado para a tomada de decisões em tempo muito reduzido, como se deslocar de uma posição para outra, recarregar a arma e decidir se faz ou não uso prático da mesma.

37

Com relação aos treinamentos de tiros de precisão, estes têm sua função

restrita aos momentos iniciais do aprendizado de tiro, devendo ser empregados de

forma instrutiva para o iniciante da prática do tiro, ou seja, até ter absorvido os

conhecimentos dos princípios fundamentais do tiro3, analisando-se ainda os fatores

inerentes às reações fisiológicas do atirador e da arma que utiliza.

2.3.6 Objetivos da Instrução de tiro policial

É imprescindível que a instrução de manutenção das habilidades técnicas

relacionadas ao uso da arma de fogo, seja objeto constante da vida do PM, no tocante

ao manuseio e tiro em instrução de revitalização, pois que a sociedade paga e espera

ser atendida com qualidade quando precisar.

Para Alves (1997, p. 15) a instrução continuada de tiro policial tem por

objetivos dar:

Fixação dos conhecimentos adquiridos na fase do ensino, ampliando-se e atualizando-se em função de novos conceitos e experiências obtidas, bem como da manutenção do condicionamento físico, agilidade e reflexos positivos que irão auxiliá-lo para o serviço; familiarizar o policial militar com a arma, habilitando-o para usá-la como instrumento de defesa, sempre procurando aumentar e aperfeiçoar seus conhecimentos, acompanhando a evolução da sociedade, para um melhor desempenho de suas missões; aplicar as técnicas do tiro com precisão e confiabilidade.

Neste sentido, a instrução de tiro policial, deve promover a interação entre

superiores e subordinados, nos diferentes níveis hierárquicos, capacitando-os para os

trabalhos individuais ou em equipes.

Com o PM acostumado à arma, conhecendo os fundamentos de tiro, devem

ser viabilizados treinamentos em pistas de tiro que simulem a realidade, envolvendo

deslocamentos, apresentando-se alvos representando pessoa em atitude agressiva e

outras em situação de vítimas.

3 Rol de procedimentos que devem ser condicionados ao raciocínio humano, para que, somados as atividades do corpo de forma repetitiva, faça com que o atirador obtenha aptidões necessárias de poder atirar bem com uma arma de fogo, ou seja, em ao utilizar tal artefato, faça com que seus projéteis atinjam os objetivos propostos.

38

Segundo Giraldi (1994, p. 05):

Na pista policial, o Policial Militar não toma conhecimento antecipado do que vai encontrar na pista; será surpresa para ele, e, os problemas que se lhe apresentarem têm que ser por ele resolvidos sem qualquer auxílio. É a imitação de uma ação policial de rua verdadeira, mostrando suas qualidades e defeitos. É a aplicação técnica, tática e psicológica, base do tiro defensivo.

Para um melhor aproveitamento e aperfeiçoamento do PM, objetivando a

possibilidade de verificar suas reações frente a um combate, o ideal seria que todos os

PM do estado, pudessem usar com freqüência o simulador de tiro da PMSC, que se

encontra disponível no DT, o qual tem por objetivo deixar as instruções de tiro com o

máximo de realismo.

A instrução neste simulador, objetiva capacitar o policial militar a enfrentar

situações reais, momento em que durante o combate virtual ele terá simulações

orgânicas de envolvimento a situações de estresse apresentadas em um combate real,

com reações relacionadas à perda da visão periférica, sudorese, aumento da força e da

pressão arterial, dentre outras.

2.3.7 Metodologia de instrução de tiro policial

A metodologia da instrução de tiro deverá ser voltada para a praticidade e

objetividade, procurando da realidade das ocorrências, vislumbrando a

acompanhamento das mudanças ocorridas na sociedade e legislação.

Para Alves (1997, p. 15) a metodologia da instrução de tiro deve:

Fazer com que o policial passe a agir e reagir racionalmente, criando ou aperfeiçoando-lhes reflexos, fixando normas de comportamento ao cumprimento de sua missão específica. O instruendo aprende ouvindo e fazendo, ou seja, primeiramente deve receber toda teoria e depois colocá-la em prática, sendo esta a metodologia básica e fundamental.

Para melhor controle das ações, visualização de erros e agilidade dos

processos, as instruções de tiro devem ser ministradas separadamente por armas e por

capacidade de aprendizado do instruendo.

O atirador para obter um grau maior de capacitação, deverá ser

condicionado mediante um treinamento tal que lhe propicie as qualidades mínimas para

39

a execução de suas atividades como profissional de segurança, pois o policial deve

estar preparado tecnicamente para agir em situações reais, executando com qualidade

o tiro condicionado.

2.3.8 Tiro de defesa ou condicionado

A formação do agente de segurança deve estar harmonicamente relacionada

com a realidade da sociedade na qual ele irá prestar seus serviços. É visto que a

realidade modifica-se de forma gradual e constante, sendo que cada mudança ocorre

com maior rapidez, fazendo com que aqueles que queiram permanecer no mercado se

antecipem no tocante a utilização de novos métodos, caso contrário estará fadado ao

abandono e deixara de existir.

Para Castilho (1997, p. 16) o tiro instintivo é:

Aquele que é disparado sem o uso das miras da arma. Feito com a arma à altura do ombro, com o atirador concentrado no alvo e a arma é disparada como quem aponta um dedo, isto é, instintivamente. Esse tipo de tiro deve ser praticado a uma curta distância, já que sua aplicação prática é em situações de defesa onde a ameaça está próxima e eminente.

Esta técnica de tiro é resultado do agrupamento de conhecimentos

relacionados à vivência policial, momento em que se observou que o enquadramento e

alça e maça de tiro para execução de um disparo, resultaria num acréscimo muito

grande de tempo daquele necessário para se executar um tiro, haja vista uma série de

fatores, tais como a proximidade do objetivo a ser atingido, tamanho do alvo, e mesmo

a necessidade urgente de fazer o disparo.

O tiro de defesa ou condicionado, é comumente chamado de tiro instintivo, porém não sendo este instintivo e sem condicionado com muito treino. O tiro de defesa é aquele que o atirador não usa as miras da arma, podendo ser com a arma à altura da cintura ou do ombro. O atirador fica com a atenção para o alvo e a arma deve ser apontada e disparada igualmente quando se aponta um dedo a frente. Este tiro é feito ou praticado a distâncias curtas, pois sua aplicação real ou prática é em situações de defesa próxima e iminente. (INSTRUÇÃO DA POLÍCIA MILITAR; MÓDULO X; TÉCNICAS E TÁTICAS DE TIRO POLICIAL, 1998, p. 25).

O treinamento constante de alinhamento da arma com o alvo e o

acionamento do gatilho de forma lenta e progressiva, nos deu este modelo de tiro. Tal

40

modelo faz com que o PM se torne condicionado e vivaz para o emprego da arma de

fogo nas formas e situações pelas quais geralmente vivencia no seu dia-a-dia de

trabalho.

Não obstante, Castilho (1997, p. 46) assevera: “O treinamento é um processo

social positivo. Cabe-lhe atender, com igual diligência, as aspirações da empresa, as

dos empregados e as da coletividade, para que não se converta numa prática

puramente acadêmica e onerosa.”

2.3.9 Treinamento continuado

Procedimento adotado para que as instruções sofram solução de

continuidade. Diz-se da programação de instruções em períodos programados e

sempre no período mais curto de tempo, visando um preparo técnico mais

aperfeiçoado.

Para Alves (2001, p. 36):

O tiro, por estar associado ao esporte, possui características deste, que concerne o seu treinamento. Como um atleta o policial treinará para automatizar os seus movimentos buscando dar aos músculos aquilo que alguns autores chamam de “memória muscular” (diz-se que se o praticante executar um movimento 2000 vezes, este movimento será “arquivado” em sua memória).

Neste sentido o policial que treinar exaustivamente para o uso da arma de

fogo, num momento de necessidade agirá automaticamente, utilizando-se das técnicas

que tenha exercitado em seu treinamento continuado.

Alves (2001, p. 36) ainda apregoa que: “Somente policiais bem treinados

poderão fazer uso correto das armas de fogo, e assim, poder usufruir das qualidades do

equipamento em uso.”

Na busca da excelência profissional com ênfase à melhores resultados

segundo Bernardes (2008 apud Gil, 1994, p. 63): “O treinamento é visto como um meio

para suprir as carências dos indivíduos em termos de conhecimento, habilidades e

atitudes, para que estes desempenhem as tarefas necessárias para alcançar os

objetivos da organização.”

41

Há que se analisar que o treinamento continuado tem por objetivo ofertar ao

policial as qualidades necessárias para que mantenham vivazes seus conhecimentos

adquiridos na sua formação, propiciando-lhe qualificação e consequentemente lhe

garantindo a própria segurança e da sociedade em que labora.

2.3.10 Dificuldades na execução do tiro

Alves, (1997), discorre que é normal do ser humano vacilar antes de efetuar

um disparo de arma de fogo contra outra pessoa, mesmo que esta seja um marginal

estando armado. Esta forma de vacilo tem natureza na repulsa de ferir o próximo; nas

complicações que esse fato trará a pessoa que efetuou o disparo, mesmo quando em

legítima defesa; pela falta de treinamentos adequados; por não saber o momento exato

em que deve atuar; pela falta de melhor preparo psicológico, má formação técnico-

profissional; pela falta de equipamentos e armamentos adequados, dentre outros

fatores.

Cita ainda Alves (1997, p. 20) que:

Até mesmo para policiais experientes em ações de rua, poderá se perder no desenvolvimento de uma ação, sendo que sua reação poderá ser das mais variadas possíveis, ou seja, poderá ficar estático perante um tiroteio ou entrar em pânico, perdendo totalmente o controle da ocorrência.

É posto que o PM para sobreviver na sociedade violenta da atualidade, tem

que quebrar estas barreiras de hesitações e vacilos, sendo que uma das formas de

fazer com que o profissional de segurança modifique este tipo de comportamento é o

relacionado aos treinamentos de tiro de defesa ou condicionado.

Para tanto estes treinamentos devem ser o mais próximo da realidade

possível, devendo ser utilizados alvos do tipo humanóides que sejam móveis ou

pendulares, com o objetivo de se assemelharem o máximo possível de um ser humano.

Poderia se pensar que é um exagero provocar uma situação o mais próximo

possível da realidade, para se efetuar um disparo de arma de fogo, com o intuito de no

combate vir a matar o seu semelhante. Entretanto, nos cursos de direitos humanos é o

42

que realmente é apregoado, ou seja, caso haja a necessidade de atirar em outrem para

salvaguardar a sua vida ou a do próximo, assim deve ser procedido.

Desta forma com treinamentos constantes, há que se vislumbrar o

crescimento técnico-profissional de tal sorte que capacitará o policial a efetuar disparos

precisos em locais paralisantes de um possível agressor, sem, contudo, haver a

necessidade de realmente o matar.

2.3.11 Conseqüências do mau treinamento para o policial

A qualquer momento o PM, como profissional de segurança pode ser

requisitado para atender uma ocorrência, não importando se está ou não de serviço,

devendo atuar de forma legalista no cumprimento de seu dever, inclusive com a

possibilidade de emprego da arma de fogo.

Segundo Cerqueira (1986, p. 1):

Não basta colocar uma arma nas mãos do policial militar sem lhe dar as condições mínimas necessárias de adestramento e exigir dele que se combata o delinqüente. É preciso muito mais. É preciso dar-lhe um armamento moderno e eficiente e um adestramento eficaz, capaz de desenvolver-lhe sentimentos de autoconfiança no manuseio do armamento colocado em suas mãos pelo estado desenvolvendo, no policial militar, segurança suficiente para somente sacar a arma que porta quando todos os outros recursos falharem e a utilizar, quando necessário, dentro dos limites impostos pela legislação penal e com a eficácia necessária, para evitar ou fazer parar um delito iniciado sem, no entanto trazer conseqüências desastrosas iguais as que muitas vezes tomamos conhecimento.

Na sociedade é observado diuturnamente que muitos cidadãos infratores

utilizam-se da arma de fogo para praticarem crimes. Há que se observar que este

infrator não tem compromisso algum em seguir as regras de convivência em

comunidade, desrespeitando de forma contumaz os regulamentos e leis.

Para este cidadão infrator tais atitudes são normais, sabendo tão somente

que se por ventura for pego em flagrante cumprirá uma pena e retornará à sociedade

para continuar praticando crimes.

O mesmo não ocorre com o policial que tem um compromisso profissional de

somente usar o seu armamento na forma da lei, em sua defesa, em defesa da

43

sociedade e de seus cidadãos. Devendo desta forma, se necessário, fazer uso da arma

de fogo que estiver em seu poder, de forma competente.

Ocorre que nem sempre este profissional tem recebido a instrução de

capacitação adequada para realmente habilitá-lo a fazer uso de forma contínua no

transcorrer de sua carreira de agente de segurança.

É sabido que a manutenção das habilidades técnicas para o uso de armas

de fogo por PM, depende de uma seqüência de instruções continuadas que os

mantenham qualificados para o uso deste artefato.

Quando deixa de ocorrer uma qualificação adequada para o uso da arma de

fogo, surge uma série de problemas que trazem conseqüências nada desejáveis tanto

para o profissional quanto para sua corporação ou sociedade como um todo.

Vislumbra-se que a má preparação do PM tem por conseqüência desmotivá-

lo, haja vista que deixa de ter confiança na qualidade de seu desempenho no momento

em que se fizer necessário o uso da arma de fogo que possui em seu poder e deveria

ser seu suporte máximo.

Os riscos são muitos se analisarmos o quanto é prejudicial, tanto para o

próprio policial quanto para a sociedade ter em seu meio um profissional da segurança

sem confiança em fazer uso de seu armamento.

Em conseqüência, se torna natural o surgimento de fatores inusitados que

são veementemente reprovados pela sociedade e rechaçados pela mídia, ocasionando

como conseqüência o descrédito por parte da sociedade que lhe paga para ser

protegida.

44

3. AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO APLICADO

No presente capítulo será abordado as avaliações dos dados dos

questionários aplicados, com o intuito de apresentar discussões em análise das

questões objetos da pesquisa.

Estes questionamentos foram aplicados a um percentual de fator dez do

efetivo da 6ª RPM, sendo que os resultados obtidos foram copilados em tabela e na

seqüência em gráficos para melhor visualização e estudo das respostas.

3.1 QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PM DA 6ª RPM

A tabela de número um resume a amostragem da quantidade de PM

analisados por OPM pertencentes a 6ª RPM, bem como o número de PM total avaliado

na pesquisa.

Para melhor ser visualizada esta tabela, seus dados foram estratificados em

percentuais no gráfico a seguir.

Tabela 1 – Unidades Operacionais e número de PM da 6ª RPM, estudados nos anos

2007, 2008 e 2009.

Fonte: Questionário de Pesquisa.

OPM 9o BPM 19o BPM Gu Esp Içara

No PM 35 25 15

TOTAL 75

45

33%

20%

47%9 BPM

19 BPM

Gu Esp Içara

Gráfico 1 – Percentual de PM por Unidades Operacionais que compõem a 6ª RPM.

A tabela dois representa o número de PM habilitados por arma, sendo estas

as mais empregadas na PMSC.

Na seqüência é apresentado um gráfico, para melhor ser visualizada a

tabela.

Tabela 2 – É habilitado para quais tipos de armas.

Armas Estudadas Número de PM Percentual Habilitado

Revólver 75 100%

PT.100 .40 74 98,67%

Carabina Puma .38 75 100%

Espingarda Calibre 12 75 100%

Fuzil Carabina .556 11 14,66%

Mtr/Carabina .40 12 16%

Fonte: Questionário de Pesquisa.

46

Gráfico 2 – Percentual de PM habilitados por armas.

A tabela três representa o total de PM que participou da instrução de

revitalização nos anos propostos, momento em que pode ser observado que todos os

entrevistados participaram das instruções de revitalização nos anos estudados.

Há que se considerar que nos anos propostos, as instruções de

revitalizações ocorreram, na sua maioria, com o uso do revólver e pistolas, tão

somente.

Na seqüência um gráfico foi formatado em percentual, para melhor ser

visualizada a tabela.

Tabela 3 – Participou das instruções de tiro de revitalização dos 2007, 2008 e 2009.

Fonte: Questionário de Pesquisa.

Anos 2007 2008 2009

No PM 75 75 75

Percentual anual 100% 100% 100%

PM revitalizados 100%

75 74 75 75

11 12

Rev (100%)

Pist .40 (98,67%)

Car .38 (100%)

Cal 12 (100%)

Fuzil .556 (14,66%)

Mtr/Car .40 (16%)

47

100%/2009 100%/2007

100%/2008

2007 (75 PM)

2008 (75 PM)

2009 (75 PM)

Gráfico 3 – Análise do percentual de PM que participaram da instrução de tiro de revitalização da 6ª RPM nos anos de 2007, 2008, e 2009.

A tabela de número quatro representa a forma como ocorreram as instruções

de revitalização, tendo como análise as formatações teóricas, práticas ou ambas.

Neste quadro é observado que grande parte dos entrevistados optou por

responder ter participado de ambas as formas de instrução, ou seja, teórica e prática,

entretanto, verificou-se que somente certo número afirma ter participado de uma

avaliação prática.

O número de PM que afirmaram ter participado tão somente da instrução

prática, são quase que coincidentes nos anos analisados, provavelmente por

pertencerem a uma mesma OPM.

Neste sentido pode-se afirmar que no período analisado a instrução de

revitalização, ficou prejudicada, pois há que serem ministradas aulas teóricas antes da

prática, para reavivar o instruendo sobre uma série de fatores relacionados ao uso da

arma de fogo, tais como: manuseios somados a montagem e desmontagem, segurança

em estande de tiro, fundamentos de tiro e outros.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

48

Tabela 4 – Tipo de instrução nas revitalizações de tiro. Anos Somente Teóricas Somente Práticas Ambas Total por ano

2007 0 24 51 75

2008 0 23 52 75

2009 0 25 50 75

Total avaliado 0 72 153 225

Média anual 0 24 51 75

Porcentagem 0% 32% 68% 100%

Fonte: Questionário de Pesquisa.

0%

32%

68%

Teóricas

Práticas

Ambas

Gráfico 4 – Retrata o percentual de PM relacionadas à análise da forma de como

ocorreram as instruções na 6ª RPM, nos anos de 2007, 2008 e 2009.

A tabela número cinco nos mostra os tipos de armamentos que os PM

utilizaram nas revitalizações dos anos propostos para esta pesquisa.

É observado que os treinamentos ocorreram na grande maioria com a

utilização do revólver .38 especial (SPL) e da pistola (PT) .40, possivelmente pela

praticidade da instrução, pelo emprego diário que é mais comum e pelo fornecimento

de munições pelo Centro de Material Bélico (CMB) da PMSC, pois sua recarga é a mais

prática e barata do que as demais munições que têm de serem adquiridas, na sua

grande maioria, originais de fábrica.

49

Há uma série de irregularidades ocorridas neste processo, que podem ser

vistas num primeiro momento, onde muitos PM informaram ter atirado somente com

revólver num determinado ano e no outro somente com pistola.

Neste sentido é sabido que a grande maioria dos PM, ao assumirem o

serviço operacional, prefere, e é orientada a se armar com a PT .40, haja vista seu

maior poder de fogo, momento em que seria muito desconfortável, perigoso e muito

menos didático, treinar com um armamento e atuar com outro, pondo por conseqüência

em risco a integridade física do usuário do armamento e por conseqüência a sociedade

em que esteja exercendo suas atividades.

Nesta tabela, num segundo momento é notado que poucos entrevistados

afirmaram terem realizado treinamentos com a carabina puma calibre (Cal) .38 SPL e

com a espingarda Cal 12, fator que também se torna muito preocupante, haja vista que

estas armas possuem um maior poder de fogo, e características peculiares, sendo

necessário uma melhor e maior familiarização com a mesma.

Não obstante, a grande maioria das guarnições faz uso deste armamento no

seu dia-a-dia de serviço de rádio-patrulhamento, estando à mão para uso a qualquer

momento sem que haja um devido treinamento.

Para melhor ser visualizada a tabela é apresentado na seqüência um gráfico

formatado em percentuais.

Tabela 5 – Percentuais dos tipos de armas utilizadas pelos PM nas revitalizações de

2007, 2008 e 2009.

Fonte: Questionário de Pesquisa.

Anos Revólver Pistola Carabina Cal 12 .556 Mtr/Car .40

2007 63 68 8 21 5 3

2008 60 70 10 25 3 3

2009 57 72 9 29 4 3

Total 180 210 27 75 12 9

Média 60 70 9 25 4 3

Percentual 80% 93,33% 12% 33,33% 5,33% 4%

50

Gráfico 5 – Percentual de tipos de armas mais utilizadas nas revitalizações da 6ª RPM.

A tabela de número seis tem por objetivo mostrar o número de tiros dados no

transcorrer das revitalizações dos anos propostos deste trabalho.

Em análise aos números contidos na tabela, em primeiro momento, é

verificado que há uma grande alternância das disponibilidades de munições ofertadas

aos PM nos anos avaliados.

A maioria informou ter atirado aproximadamente trinta tiros (56% dos

entrevistados), onde se levou em conta as médias aritméticas para menor dos que

fizeram um número maior do que trinta tiros (20% dos entrevistados), e para maior dos

que fizeram uso de até dez tiros (7% dos entrevistados), somados aos que deram até

vinte tiros (17% dos entrevistados), teremos uma média aproximada de: 30 tiros ou

menos, por atirador nos anos em que foi realizada esta pesquisa.

Sem sombra de dúvida o número algo em torno de trinta tiros a ser

executado por um profissional de segurança, que tem por instrumento de serviço a

utilização da arma de fogo para lhe dar segurança, bem como segurança para a

sociedade, é muito aquém da quantidade necessária para manter um profissional

capacitado em suas qualidades técnicas.

Também nesta tabela é apresentado um gráfico formatado em percentuais

para melhor ser visualizada.

80%

93,33%

12%

33,33%

5,33% 4%

Rev (60 PM)

Pist .40 (70 PM)

Car .38 (9 PM)

Cal 12 (25 PM)

Fuzil .556 (4 PM)

Mtr/Car .40 (3 PM)

51

Tabela 6 – Número de tiros realizados nas revitalizações de 2007,2008 e 2009.

Anos Até 10 Até 20 Até 30 Até 40 Nº PM

2007 5 12 44 14 75

2008 3 14 42 16 75

2009 7 12 41 15 75

Total PM Amostragem 15 38 127 45 75 x 3 = 225

Média de tiros 5 12,67 42,33 15 75

Parciais Tiros 6ª RPM 150 760 3840 1800 Soma Igual a

Total Treino 6ª RPM 6550

Total Treino por PM 6550 : 75 PM : 3 Anos = 29,11

Tiros Revitalização 29,11 por PM

Fonte: Questionário de Pesquisa.

56,44%

6,67%16,89%

20%

Até 10

Até 20

Até 30

Até 40

Gráfico 6 – Percentual do número de tiros realizados ao número de PM nas

revitalizações de 2007,2008 e 2009.

A tabela de número sete representa a forma como se sentiu o PM nas

instruções teóricas e práticas de Armamento e Tiro, quando das revitalizações.

Observou-se que grande parte dos entrevistados optou por se sentir

confiante, alguns optaram por pouca confiança e nenhum optou por se ver inseguro.

É fato que em estande de tiro é menos estressante a tarefa da utilização da

arma de fogo, do que numa situação real, principalmente quando o instrutor colabora de

forma paciente com o aprendizado do instruendo.

52

Bom que o resultado se fez desta maneira, pois se vislumbra que a matéria,

pelo menos neste sentido está sendo bem orientada.

Na seqüência foi produzido um gráfico com base nesta tabela para melhor

ser visualizada a questão.

Tabela 7 – Quando utiliza de armas de fogo em estande de tiro se sente:

Fonte: Questionário de Pesquisa.

77%

23%0%

ConfiantePouco ConfianteInseguro

Gráfico 7 – Percentuais do grau de confiança nas instruções de revitalização da 6ª

RPM.

A tabela número oito questiona o instruendo se observou ter sido arquivado

algum material relacionado às avaliações durante as instruções práticas, analisados os

dos resultados obtidos nos alvos utilizados.

Neste quadro foi observado que a metade se manifestou de forma positiva, e

a outra metade de forma negativa, talvez por escolha dos instrutores envolvidos, em

arquivar as pontuações ocorridas ou outra forma de avaliação, haja vista ter sido

analisadas três OPM distintas nos levantamento de dados.

Confiante Pouco Confiante Inseguro Total de PM

No PM 58 17 0 75

Percentual 77,33% 22,67% 0% 100%

53

Há que se verificar ainda que no ano de 2009, todos os PM que

freqüentaram as revitalizações de armamento e tiro, assinaram um documento proposto

pelo Cmdo Geral da PMSC. Haja vista a necessidade deste em se salvaguardar,

momento que muitos PM, quando processados, alegavam junto a Auditoria da Justiça

Militar, ou a Justiça Comum, não terem freqüentado instruções de revitalização nos

últimos anos, ou no ano do fato ocorrido.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

Tabela 8 – Nas instruções de revitalização passou por alguma forma de avaliação

formal que tenha sido arquivada.

Anos Sim Não Total PM/Média/%

2007 39 36 75

2008 35 40 75

2009 41 34 75

Total dos três anos 115 110 225

Média dos Três anos 38,34 36,66 100

Percentual 51,11% 48,89% 100%

Fonte: Questionário de Pesquisa.

48,89%

51,11%

Sim

Não

Gráfico 8 – Percentual de PM que tenham sido ou não avaliados formalmente

nos anos de 2007, 2008 e 2009.

54

A tabela nove tem por objetivo nos prover de informações quanto a

satisfação do instruendo revitalizado, relacionado ao número de tiros realizados em

instrução.

Um número expressivo se manifestou insatisfeito com a atual quantidade de

munições fornecidas para treinamento. Em análise deste questionamento, relacionado

ao de número quatro, verificou-se que a quantidade de tiros nos anos propostos para

estudo, foi de aproximadamente trinta tiros por ano por PM, ficando visualizado que

esta é uma quantidade inexpressiva para uma boa qualificação do profissional da área

de segurança.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

Tabela 09 – Número de tiros executados nas instruções de revitalização dos anos 2007,

2008 e 2009, foi suficiente para dazedita-lo nas habilidades técnicas para o uso de

armas de fogo.

Fonte: Questionário de Pesquisa.

Anos Sim Não Total de PM

2007 28 47 75

2008 25 50 75

2009 26 49 75

Total 79 146 225

Média dos três anos 26,34 48,66 75

Percentual 35,12% 64,88% 100%

55

35,12%

64,88%

Sim

Não

Gráfico 9 – Percentual de PM da 6ª RPM, relacionados a informação de terem

sido suficientemente capacitados nas habilidades técnicas para o uso de armas

de fogo nos anos de 2007, 2008 e 2009.

A tabela de número dez nos informa em percentuais o nível alcançado pelo

PM nas instruções de tiro, quanto aos resultados obtidos nos alvos.

Nenhum PM informou ter obtido resultados com acertos abaixo de cinqüenta

por cento, não importando o local do acerto e a pontuação obtida nos alvos, do critério

de avaliação ou pontuação utilizada pelo instrutor, no sentido de informar que ao

acertar em qualquer local do alvo, obteve resultado positivo, haja vista o espaço de

tempo que ocorreram os processos de revitalizações.

Um número próximo a sessenta por cento afirmou ter obtido um bom

resultado, ou seja, acima de setenta por cento de acerto nos alvos.

Destaca-se que no estudo deste quesito, em que somente os acertos foram

analisados, e não as pontuações aferidas nos alvos, os acertos se reduziriam em muito.

Ato contínuo em que pode ser observado que num contexto real em

atendimento de ocorrência, há que se observar a influência de uma série de fatores,

tais como: naturais relacionadas à situação climática, à luminosidade do local e ao tipo

de terreno; tipos de arma e aprestos de segurança que deve ser utilizado para atender

a ocorrência; proteção com colete balístico; um rol extenso de fatores que se somam

para reduzir a qualidade da atenção do PM com relação ao emprego do armamento,

56

caso haja necessidade de daze-lo. Ficam os seguintes questionamentos: o uso de um

equipamento não letal resolveria o problema? Se a ocorrência for com menores? Qual

percurso para facilitar o deslocamento até o local crítico? Haverá reforço se houver

necessidade?

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

Tabela 10 – Nível alcançado nas instruções de tiro, sendo bom: acertos de 70% ou

mais dos tiros no alvo; regular: acertos entre 50 a 70% dos tiros no alvo e ruim: acertos

abaixo de 50%.

Anos Bom Regular Ruim Total de PM

2007 41 34 0 75

2008 43 32 0 75

2009 46 29 0 75

Total 130 95 0 225

Média nos três anos 43,33 31,67 0 75

Percentual 57,77% 42,23% 0% 100%

Fonte: Questionário de Pesquisa

0%

57,77%

42,23%Bom

Regular

Ruim

Gráfico 10 – Avaliação Percentual do nível alcançado nas instruções de tiro.

A tabela de número onze exprime o número de vezes que os PM da

amostragem sacaram de suas armas na iminência de fazer uso.

57

Ao final da análise concluiu-se que cada um dos PM sacou 9,8 vezes de sua

arma em ocorrências policiais por ano analisado.

Não obstante, se produzida a totalidade da população de PM das três OPM,

em análise aos dez por cento estudados, multiplicado por dez, que perfaz o total do

efetivo, tendo como média aritmética os três anos estudados teremos a cifra de um total

de sete mil, trezentas e cinqüenta vezes o número de saques de armas realizadas por

policiais militares na 6ª RPM por ano, quando em atendimento de ocorrências.

Logo os números totais e subtotais apresentados abaixo, se analisado o

montante do efetivo existente na 6ª RPM, sempre será multiplicado por dez.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

Tabela 11 – Quantas vezes nos anos de 2007, 2008 e 2009, os PM entrevistados da 6ª

RPM, sacaram da arma na eminência de fazer uso.

Anos Nenhuma 5 Vezes 10 Vezes 20 Vezes

2007 12 26 12 25

2008 16 22 14 23

2009 16 23 9 27

Total Parcial 44 71 35 75

Média 14,66 23,67 11,67 25

Percentual 19,56% 31,56% 15,56% 33,32%

Sub Total dos Saques 0 x 44= 00 5 x 71= 355 10 x 35 = 350 20 x 75 = 1500

Total Amostragem 355 + 350 + 1500 = 2205

Média Ano Amostragem 2205 : 3 = 735

Total Ano 6ª RPM 735 x 10 = 7350

Efetivo 6ª RPM 750

Média Saques PM Ano 9,8

Fonte: Questionário de Pesquisa

58

33,32%

15,56%31,56%

19,56%

Nenhuma5 Vezes 10 Vezes20 Vezes

Gráfico 11 – Percentuais de saques por PM entrevistados da 6ª RPM, nos anos de

2007, 2008 e 2009.

A tabela de número doze tem por objetivo complementar a anterior, no

sentido de verificar o grau de confiança apresentado pelo PM quando do saque da

arma na eventualidade de utilizá-la.

Foi observado que somente uma pequena minoria se sentiu insegura, ou

seja, quatro por cento dos entrevistados.

Cinqüenta e nove por cento se sentiram confiantes, e uma quantidade

expressiva de trinta e sete por cento dos entrevistados se sentiu pouco confiante.

Nota-se que há uma grande parcela sentindo-se pouco confiante, perfazendo

um total pouco acima de quarenta por cento se somados aos que se sentiram

inseguros.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

Tabela 12 – Completando a pergunta anterior sentiu-se:

Confiante Pouco Confiante Inseguro Total de PM

No PM 44 28 3 75

Percentual de PM 58,67% 37,33% 4% 100%

Fonte: Questionário de Pesquisa.

59

4%

58,67%

37,33% Confiante

Pouco Confiante

Inseguro

Gráfico 12 – Percentuais de como os PM se sentiram nos anos de 2007, 2008 e 2009

ao fazerem o saque da arma de fogo na iminência de fazer uso.

A tabela número treze tem por objetivo expressar a quantidade de tiros que

os PM avaliados da 6ª RPM, alegam ter efetuado em ocorrências.

É observado que o número total de tiros realizados durante o período

avaliado, perfaz um total que ao ser subdividido de forma aritmética pelos anos, obtem-

se um resultado na casa de setenta e um, vírgula trinta e quatro tiros por período, que

ao final nos dá uma média aproximada de ponto noventa e cinco tiros por PM, ou seja,

quase um tiro ao ano por PM avaliado.

Considerando que qualquer disparo de arma de fogo realizada por um PM

deve surtir como efeito o ato de propiciar que se cesse o ato criminoso em andamento

na sua mais profunda necessidade, ou seja, não pode haver disparo de arma de fogo

com o simples intuito de fazer com que o criminoso preste atenção nas determinações

do PM.

Neste sentido, de forma inequívoca, verifica-se o quanto é importante a

realização de uma reavaliação da forma como vem ocorrendo as instruções de

manutenção da tropa, haja vista que esta é que vai determinar a qualidade da atuação

do profissional de segurança quando do emprego da arma de fogo.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

dos dados avaliados, para melhor ser visualizada o questionamento.

60

Tabela 13 – Quantos tiros executou em serviço nos anos de 2007, 2008 e 2009.

Tiros 2007 2008 2009

Quantidade 93 65 56

Total 214

Média de Tiros PM 71,34

% de Tiros por PM 0,95

Fonte: Questionário de Pesquisa

71,3475

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Número de PM Média Tiros Ano

0,95% de TirosAno por PM

Gráfico 13 – Percentual de número de tiros realizados por PM.

A tabela de número quatorze complementa a pergunta anterior ao indagar os

entrevistados no sentido de verificar-se a forma de como se sentiu ao fazer uso de

algum armamento nos anos observados.

É observado que somente uma pequena minoria se sentiu insegura, ou seja,

três por cento dos entrevistados.

Cinqüenta por cento se sentiram confiantes, e uma quantidade expressiva de

quarenta e sete por cento dos entrevistados se sentiu pouco confiável.

Nota-se que há uma grande parcela sentindo-se pouco confiável, perfazendo

um total de cinqüenta por cento dos entrevistados se somados aos que se sentiram

inseguros.

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

61

Tabela 14 – Em complemento a pergunta anterior como se sentiu ao usar algum

armamento nos anos citados.

Fonte: Questionário de Pesquisa.

50,67%

2,66%

46,63%

Confiante

Pouco Confiante

Inseguro

Gráfico 14 – Percentual de como se sentiu ao fazer uso de algum armamento em

ocorrência.

A tabela de número quinze objetivou oportunizar os entrevistados a darem

sua contribuição relacionada a este trabalho monográfico.

Estas foram expostas em quatro itens, conforme citações na seqüência

elencadas:

- Em primeiro lugar, com 25 indicações, foi proposta a importância da

utilização de um maior número de tiros durante as instruções de revitalização;

- Em segundo, com 22 indicações, foi proposto que um maior número de

instruções durante o ano propicia melhoria no atendimento de ocorrências;

- Em terceiro, com 14, foi proposto para que o treinamento fosse o mais

próximo possível de uma situação real;

- Em quarto, com 11, ficou a citação de que deve haver uma padronização

na PMSC das instruções de tiro de formação e revitalização.

Confiante Pouco Confiante Inseguro Total de PM

No PM 38 35 2 75

Percentual 50,67% 46,63% 2,66% 100%

62

Também é apresentado na seqüência um gráfico expresso em percentuais

para melhor ser visualizada a questão.

Tabela 15 – Sugestões para melhoria da instrução de tiro, citada por 10% do efetivo da

6ª RPM, no ano de 2010.

Item Sugestões dos PM para as Instruções de Tiro Quantidade Percentual

1 Maior número de tiros nas instruções revitalização 25 34,72%

2 Maior número de instruções durante o ano 22 30,56%

3 Treinamentos se aproximarem de situação real 14 19,44%

4 Padronização das instruções de tiro 11 15,28%

Total de sugestões analisadas 72 100%

Fonte: Questionário de Pesquisa.

34,72%

30,56%

19,44%

15,28%

Ítem 1 - 25

Ítem 2 - 22

Ítem 3 - 14

Ítem 4 - 11

Gráfico 15 – Percentual de Sugestões dos quatro itens mais apresentados.

63

5. CONCLUSÃO

Em face do exposto, mediante a revisão da bibliografia, análise e discussão

dos dados obtidos neste estudo, resta concluir que o treinamento teórico e prático de

armamento e tiro, relativo à manutenção anual do efetivo pronto da PMSC, tem sido

realizado de forma não padronizada, com o objetivo mínimo de justificar um treinamento

técnico-profissional a fim de cumprir um plano de ensino (PGE/PMSC).

Fica, portanto, evidente que a instrução de revitalização relacionada ao

manuseio e emprego do armamento é a condição de preparo do policial, que tem por

objetivo obter-se uma análise da reavaliação anual das habilidades técnicas para o uso

de armas de fogo por PM, sendo objeto de grande preocupação, por relacionar-se

diretamente com o desempenho de sua missão.

Observa-se que o ensino técnico-profissional de formação, para todos os

níveis hierárquicos, se encontra bem capitulado e suprido de um montante de recursos

que os tornem eficaz para a preparação do profissional de segurança, quanto à

formação profissional, entretanto, o processo anual de revitalização, não têm atendido a

uma efetiva capacitação do PM no aspecto manuseio e uso de armas de fogo para as

quais tem sido habilitado.

A didática de ensino-aprendizagem difusa utilizada nos treinamentos de

revitalização da tropa, somada as variáveis das quantidades de munição que são

disponibilizadas, inferior ao desejado, bem como a falta da prática de tiro com todas as

armas a que o PM é habilitado, faz com que haja registros de várias ocorrências de

fatos desaprovados pela sociedade, que são veiculados constantemente junto à mídia

em prejuízo dos valores institucionais da PMSC.

Ficou comprovado na pesquisa que os PM efetuam algo em torno a 30 tiros

ao ano nas instruções de revitalização, bem como foi confirmado pelo Sub Ch DT da

PMSC. Sendo que, com certeza, tal quantidade de disparos em instrução, não mantém

um profissional de segurança habilitado para o emprego da arma de fogo em sua

atividade profissional.

64

A anualidade da instrução de revitalização para o uso do armamento é, com

certeza, insuficiente para a manutenção das habilitades do profissional, frente às

inúmeras adversidades que enfrenta no cotidiano, momento em que é observada, nas

práticas de tiro, certa insegurança dos PM, motivado pela deficiência da manutenção e

readequação da respectiva instrução.

Esta insegurança aumenta quando em situação real de tiro em ocorrências

PM, como foi observado no momento em que, somente 50% dos entrevistados se

sentiram seguros e os outros 50% se sentiram pouco confiantes ou inseguros;

No questionário foi apurado que os PM sacam de sua arma, em média,

aproximadamente 10 vezes ao ano, sendo que executam um tiro real a cada dez destes

saques, o que ao final nos dá um montante anual de aproximadamente de 11.500 (onze

mil e quinhentos) tiros realizados pelos PM ao ano no Estado de Santa Catarina, se

associar-mos ao efetivo aproximado da PMSC na atualidade.

Com relação à instrução continuada, um terço do efetivo entrevistado não

teve instruções teóricas de tiro em cada ano no período de 2007, 2008 e 2009. Este

índice sugere que há uma falha neste importante item de preparação dos PM, pois há

que serem ministradas aulas teóricas antes da prática, para reavivar o instruendo sobre

uma série de fatores relacionados ao uso da arma de fogo. Embora a pesquisa seja

local, podemos afirmar que no Estado a condição seja a mesma.

Foi verificado que o DT da PMSC tem sido reestruturado, objetivando

acompanhar a constante evolução da disciplina de tiro policial. É vista esta situação

quando este departamento passou a desempenhar novas atribuições, momento em que

incorporou outros setores relacionados ao assunto, como o ocorrido com a RACE.

Foi observado ainda, e é conveniente salientar, que uma das atribuições de

relevante importância que passou a ser desempenhada pelo DT, recentemente, foi o

controle dos treinamentos de tiro realizados em toda a PMSC, mediante análise e

homologação dos Planos e Relatórios Finais de Ensino que são encaminhados para

publicação em BCG.

Não obstante, voltamos a frisar que a PMSC, não tem formatado um trabalho

de instrução continuada que realmente dê qualidade a manutenção da tropa, para o uso

do armamento ao qual foi habilitado, momento em que, a instrução continuada, realizada

65

de forma adequada, é o fator que possibilitará o arcabouço necessário para o

desenvolvimento da competência e responsabilidade do profissional de polícia.

Neste sentido, mesmo com as limitações desta pesquisa e, principalmente,

pela complexidade da matéria, entende-se que há prioridade deste setor sobre as

demais atividades de treinamento PM, quando se fala em ter-se um profissional de

segurança pública capacitado para atuar junto da atual realidade social.

Constatou-se que vários aspectos evidenciam que a política de instrução na

área de tiro na PMSC pode ser melhorada, bem como, a utilização de materiais e

equipamentos que possibilitem ao PM treinar o mais próximo possível da realidade,

neste sentido, torna-se necessário dar-se atenção aos programas de instrução e

treinamento, para que o serviço policial acompanhe a evolução do contexto social.

Por fim é sugerida a adoção de algumas posturas objetivando a preparação

do profissional de segurança pública, na seguinte ordem:

a. Exigir dos Comandantes das OPM a aplicação da instrução de armamento

e tiro a todo efetivo;

b. Mudança da periodicidade da instrução, sugerindo-se que seja, no

mínimo, realizada por três vezes ao ano;

c. Seja disponibilizado aos PM algo em torno de 100 (cem) tiros por armas

curtas (revólveres e pistolas) e 50 (cinqüenta) por armas longas (carabinas,

espingardas e fuzis), em cada uma das três revitalizações a ocorrerem anualmente;

d. Que os PM tenham instruções teóricas e práticas de tiro nas revitalizações

em todos os armamentos para os quais foram habilitados, e sejam distribuídos por

capacidade individual, haja vista a necessidade de serem mais bem trabalhados

aqueles menos afinados com o processo;

e. Construção de estandes de tiro com infra-estrutura de baixo custo nos

Batalhões e Companhias isoladas, sabendo-se que existem locais abertos que

oferecem segurança, podendo ser utilizados para prática do tiro autorizados pelo

Ministério do Exército;

f. Formatação de um programa de informática global e sistematizado para o

estado, em que seja possível ser registrado o aproveitamento e avaliado as instruções

66

teóricas e práticas de manutenção de tiro de todos policiais, nas OPM e no DT da

DIE/PMSC;

g. A realização de cursos de instrutores de tiro divididos por armas e níveis,

com o intuito de resgatar o interesse dos Oficiais e Sargentos relacionados ao assunto,

objetivando a difusão e melhoria da instrução de tiro policial;

h. Formatação de uma instrução de tiro voltada para manutenção da tropa de

forma pedagógica institucional, mediante normalizações a serem aplicadas pelas OPM

com fiscalização do DT da PMSC;

i. Estruturação do DT da PMSC de tal forma que passe a buscar técnicas

modernas junto a outras instituições policiais a nível nacional e internacional;

j. Sejam disponibilizados sistemas de treinamentos virtuais nas RPM do

Estado, pois tais equipamentos têm a capacidade de simularem a realidade, fator

essencial para a manutenção das habilidades para o uso da arma de fogo pelo PM;

k. Por último que a PMSC passe a dar maior importância à matéria, haja

vista a complexidade da matéria.

Ao finalizar esta pesquisa exploratória, foram identificados diversos

problemas quando da realização das instruções de tiro de revitalização do efetivo da

PMSC, não obstante, ficou evidenciada que a capacitação técnica profissional do PM

para o uso da arma de fogo é um pré-requisito fundamental para que haja uma

prestação de serviço de excelência, e, neste sentido, foi possível produzir

conhecimentos, que podem ser utilizados pela corporação como insumo para

formatação das instruções de revitalização futuras.

67

REFERÊNCIAS

ALVES, Amarildo de Assis. A influência da instrução de tiro no atendimento eficaz de ocorrências que envolvem o emprego de arma de fogo, monografia, Florianópolis, Santa Catarina, Centro de Ensino Superior da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, 1997. ALVES, Serafim David. A Educação continuada de tiro na Polícia Militar de Santa Catarina, monografia, Florianópolis, Santa Catarina, Centro de Ensino Superior da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, 2001. BERNARDES, José Carlos. Proposta para normatização do treinamento continuado e sua relação com o emprego tático do armamento da Polícia Militar de Santa Catarina, monografia, Florianópolis, Santa Catarina, Centro de Ensino Superior da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, 2008. BRASIL. Código Penal Brasileiro, 12º ed. São Paulo, Saraiva, 1997.

BRASIL. Código Penal Militar, Decreto-lei nr. 1.001, de 21 de outubro de 1969.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, Senado Federal, 1988. CASTILHO JÚNIOR, O. Instrução de Tiro na Corporação Associada à Táticas Modernas de Confronto. Mecanismos de Treinamento. Monografia apresentada ao Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Polícia Militar. São Paulo: PMSP, 1997. CAMPOS, Alexandre Flexa. A importância da preparação do policial quanto ao uso da força letal, monografia, Goiânia, Goiás, Academia de Polícia Militar do Estado de Goiás, 2003. CAMPOS, Alexandre Flexa. A qualificação do Policial Operador de Segurança Pública. 1. ed. DGM: LTr, 2009. DE CERQUEIRA, Erinaldo Soares. Eficácia da Instrução do Tiro Policial na Atividade Operacional. Trabalho Técnico Profissional. Santa Catarina, Centro de Ensino Superior da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina. 1986. ESTADO DE SANTA CATARINA – PMSC DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO. Instrução da Polícia Militar Módulo X. Técnicas e Táticas de tiro Policial, 1998. _____ Polícia Militar. Normas para planejamento e conduta da instrução. 1995.

68

GIRALDI, Nilson. Manual do Tiro Defensivo na preservação da vida. Método Giraldi. São Paulo: PMESP, 2007. Não paginado. OLIVEIRA, Sílvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira Thomsom learning, 2002. OLIVEIRA. João Alexandre Voos de; GOMES, Gersom Dias; FLORES, Érico Marcelo. Tiro de combate policial – uma abordagem técnica. RS: Gráfica e Editora São Cristóvão, 2000. SANTA CATARINA. Assembléia Legislativa. Constituição do Estado de Santa Catarina. Promulgada em 5 de outubro de 1989. SANTA CATARINA. Polícia Militar. Diretriz de procedimento permanente nº 035/CMDO. 2001. SANTA CATARINA. Polícia Militar do Estado de Santa Catarina. Diretoria de Instrução e Ensino. Instrução Modular da PMSC. Florianópolis: PM, 2002. SANTA CATARINA. Polícia Militar. Normas Gerais de Ensino. 2009. SILVA, Fernando André da. A Reestruturação do Departamento de Tiro para a Melhoria do Treinamento dos Polícias Militares, monografia, Florianópolis, Santa Catarina, Centro de Ensino Superior da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, 2009. SILVA, Fernando André da. Sub Chefe do Departamento de Tiro da Polícia Militar de Santa Catarina, entrevista concedida em novembro de 2010.

69

APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados

QUESTIONÁRIO - “Não precisa se identificar”

Finalidade: pesquisa destinada para elaboração de trabalho monográfico para

conclusão do CSPM (Curso Superior de Polícia Militar), tendo como tema “A

reavaliação anual das habilidades técnicas para o uso de armas de fogo por policiais

militares”.

Quesitos para preenchimento:

- Ser Policial Militar pronto da 6ª Região de Polícia Militar;

- Estar servindo na 6ª RPM desde o início de 2007;

- Ter executado mensalmente alguma atividade operacional.

1. A que Unidade Operacional da 6ª RPM pertence:

( ) 9º BPM ( ) 19º BPM ( ) Gu Esp Içara

2. É habilitado para quais tipos de armas:

( ) Revólver .38 SPL ( ) Pistola .40 ( ) Carabina

( ) Cal 12 ( ) .556 ( ) Mtr/Carabina .40

3. Nos últimos três anos você participou de quais instruções de revitalização:

( ) 2007 ( ) 2008 ( ) 2009

4. Na revitalização as instruções de armamento e tiro foram em:

2007 - ( ) Teóricas ( ) Práticas ( ) Ambas

2008 - ( ) Teóricas ( ) Práticas ( ) Ambas

2009 - ( ) Teóricas ( ) Práticas ( ) Ambas

70

5. Quais armas utilizou nas instruções de revitalização:

2007 - ( ) Rev ( ) Pistola ( ) Carab ( ) Cal 12 ( ) .556 ( ) Mtr/Car .40

2008 - ( ) Rev ( ) Pistola ( ) Carab ( ) Cal 12 ( ) .556 ( ) Mtr/Car .40

2009 - ( ) Rev ( ) Pistola ( ) Carab ( ) Cal 12 ( ) .556 ( ) Mtr/Car .40

6. Quantos tiros efetuou em média a cada ano de instrução de revitalização por

arma:

2007 - ( ) Até 10 ( ) Até 20 ( ) Até 30 ( ) Até 40

2008 - ( ) Até 10 ( ) Até 20 ( ) Até 30 ( ) Até 40

2009 - ( ) Até 10 ( ) Até 20 ( ) Até 30 ( ) Até 40

7. Quando utiliza arma de fogo em instrução em estande de tiro se sente:

( ) Confiante ( ) Pouco confiante ( ) Inseguro

8. Ao realizar instrução de armamento e tiro prático, passou por alguma forma de

avaliação formal tendo sido arquivado o seu desempenho:

2007 - ( ) Sim ( ) Não

2008 - ( ) Sim ( ) Não

2009 - ( ) Sim ( ) Não

9. O número de tiros que tem executado nas instruções de revitalização, tem sido

suficiente para deixá-lo capacitado, para fazer uso da arma que treinou:

2007 - ( ) Sim ( ) Não

2008 - ( ) Sim ( ) Não

2009 - ( ) Sim ( ) Não

10. Ao término das instruções de tiro de revitalização acredita ter alcançado que

nível para o emprego da arma de fogo:

- Bom: acerto de 70% ou mais dos tiros no alvo, não importando o local do

acerto;

71

- Regular: acertos entre 50 a 70% dos tiros no alvo, não importando o local do

acerto;

- Ruim: acertos abaixo de 50%, não importando os locais acertados no alvo.

2007 - ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim

2008 - ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim

2009 - ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim

11. Quantas vezes estando de serviço têm sacado de alguma arma de fogo e

somente passando pela eminência de fazer uso:

2007 - ( ) Nenhuma ( ) Até 5 vezes ( ) Até 10 vezes ( ) Mais de 10 vezes

2008 - ( ) Nenhuma ( ) Até 5 vezes ( ) Até 10 vezes ( ) Mais de 10 vezes

2009 - ( ) Nenhuma ( ) Até 5 vezes ( ) Até 10 vezes ( ) Mais de 10 vezes

12. Em complemento a pergunta anterior, ao sacar a arma sentiu-se:

( ) Confiante ( ) Pouco confiante ( ) Inseguro

13. Não importando o tipo de armamento, caso tenha efetuado disparos de armas de

fogo em ocorrências, quantos tiros executou nos anos de:

2007 - ( ) tiros 2008 - ( ) tiros 2009 - ( ) tiros

14. Em complemento a pergunta anterior, ao fazer uso efetivo de algum armamento

nos anos citados, sentiu-se sempre:

( ) Confiante ( ) Pouco confiante ( ) Inseguro

15. Caso tenha algo a citar relacionado às instruções de tiro que venha colaborar

com a instrução de revitalização, escreva nas linhas abaixo:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

“Muito Obrigado!”

72

APÊNDICE B – Questionário para coleta de dados

O presente questionário tem por objetivo analisar a forma didática como o

Departamento de Tiro da PMSC vem tratando as questões relacionadas as

revitalizações anuais.

Neste sentido, foi elaborada uma série de questionamentos, na seguinte

ordem:

1. Solicito narrar o histórico do Departamento de Tiro da Polícia Militar do Estado de

Santa Catarina a partir da fase em que a Diretoria de Instrução e Ensino passou a

funcionar no imóvel do Centro de Ensino de Polícia Militar?

2. Relacionada à instrução de tiro continuada (revitalização), existe alguma norma em

vigência que a estruture?

3. Existe alguma orientação sobre o número de munição a ser utilizada pelos PM nas

revitalizações como ocorre na formação?

4. Com relação ao armamento é previsto a utilização de quais nas revitalizações, ou

esta fica na possibilidade de haver disponibilidade da munição pelo centro de material

bélico?

5. Qual a visão do departamento de tiro com relação a revitalização dos PM?

6. Quais as perspectivas de melhoria do processo de instrução continuada para o futuro

na PMSC?

7. Será também estudada uma formatação que melhore a condição da capacitação

continuada?

ROGÉRIO ALÉSSIO

TEN CEL PM ALUNO CSPM 2010

73

ANEXO A – Respostas dos questionamentos feitos ao Departamento de Tiro da

Polícia Militar de Santa Catarina.

Resposta 1:

A Diretoria de Instrução e Ensino passou a funcionar recentemente no imóvel onde está

localizado o Centro de Ensino da Policia Militar, no bairro da Trindade. Esta situação fez

com que o Departamento de Tiro incorporasse novas atribuições, tais como a

coordenação das instruções de tiro dos cursos de formação e aperfeiçoamento

realizados no CEPM e a administração da Reserva de Armas do Centro de Ensino

(RACE). Convém ressaltar que esta reserva de armas movimenta um volume de

aproximadamente 200.000 munições por ano, possui um grande número de

equipamentos e armas que, devido ao uso intenso requerem manutenção preventiva e

reparativa constante. Além da manutenção de 1° escalão, a RACE realiza a

manutenção de 2° e 3° escalões, haja vista contar em seu quadro de colaboradores

policiais capacitados para esta atividade. Outra atribuição relevante do Dpto de Tiro é o

controle dos treinamentos de tiro realizados em toda a PMSC, através da análise e

homologação dos Planos e Relatórios Finais de Ensino, encaminhando-os para a

devida publicação em BCG.

Compõem o efetivo do Departamento de Tiro os seguintes policiais:

- 1 Ten Cel PM – Chefe do Departamento;

- 1 Maj PM – Sub Chefe do Departamento;

- 1 Sd PM – Armeiro e Aux. Administrativo;

- 3 Sd PM – Sentinelas da Reserva de Armas;

- 3 Sd PM – Sentinelas do Estande de Tiro Cel Uriarte (SC-401);

- 1 Cb PM – Responsável pela manutenção do Estande de Tiro Cel Uriarte (SC-401).

É um anseio da chefia e dos demais integrantes do Departamento de Tiro, que este

seja elevado à condição de Centro de Treinamento de Atuação Policial Armada. Esta

situação vislumbra a possibilidade de aumentarmos o quadro de colaboradores, mesmo

que isto reflita no aumento de atribuições.

74

Resposta 2:

A aproximadamente 4 anos atrás a revitalização não era desenvolvida de forma

institucional, sendo que cada OPM seguia uma programação diferente, tanto na carga

horária, quanto no armamento empregado e quantidade de munições. Nos últimos

anos, a revitalização entrou no Plano Geral de Ensino, tornando obrigatória a realização

anual. Num primeiro momento a quantidade de munição era bastante reduzida. Hoje,

de modo geral são realizados aproximadamente 30 disparos com arma de porte por

policial, sendo que cada OPM intensifica a instrução de acordo com sua disponibilidade.

Resposta 3:

No momento ainda não, fica de acordo com a disponibilidade de cada OPM. Porém, a

comissão de revisão dos programas de treinamento de tiro formatou um roteiro para ser

empregado na revitalização, que constará de 50 disparos, distribuídos de forma de

abranger também conceitos e exercícios táticos individuais e em dupla.

Resposta 4:

A previsão é para que seja utilizada a arma de porte para qual o policial está habilitado,

revólver ou pistola. Diante da disponibilidade de munição, poderão ser empregados

outros armamentos.

Resposta 5:

Reconhecemos que as instruções de revitalização estão muito aquém do ideal. Temos

que garantir que todo policial tenha acesso, pelo menos a uma instrução de tiro por

ano. Uma proposta, que é utilizada atualmente na PMERJ, é que cada PM ao retornar

de férias, no primeiro dia de sua apresentação, participe de uma instrução de tiro real.

Resposta 6:

Os desafios são muitos. Esperamos conseguir realizar, já no ano de 2011, dois cursos

formação de instrutores de tiro, um em cada semestre, de forma que a PMSC contaria

com 70 instrutores, distribuídos no estado, com condições de ministrar instruções de

habilitação e revitalização com todo o armamento de dotação da corporação.

75

Pretendemos ainda, criar um projeto de estande de tiro padrão, a fim de facilitar as

OPM que tenham necessidade e recursos para sua construção.

Faz-se necessário também, a criação de um mecanismo de controle e

acompanhamento das condições de técnicas de cada policial. Neste sentido, estamos

estudando a possibilidade de implantar uma caderneta de tiro eletrônica, utilizando o

ambiente do sistema SIGAME. De posse das informações contidas nesta caderneta,

cada instrutor poderá adequar a instrução, aglutinado em turmas os policiais com

habilidades técnicas semelhantes. Com isto, teríamos turmas mais homogêneas.

Importante ressaltar que a aquisição de um sistema de treinamento de tiro virtual

(Simulador de tiro), trouxe novas perspectivas de treinamento. Instalado no final de

2009, e implantado em 2010, este equipamento começou a ser utilizado primeiramente

de forma experimental e gradualmente está sendo incorporado na instrução dos cursos

de formação e aperfeiçoamento, bem como nas instruções da tropa. Por tratar-se de

uma novidade para nós, aos poucos nos acostumando e verificando a forma com que

seria encaixado nas instruções. Cabe ressaltar que o equipamento permite tanto a

instrução de tiro básica, como exercitarmos a decisão do tiro, através da simulação de

cenários realísticos, que permitem a interação do instruendo com o evento

apresentado. Estas situações são difíceis de simular sem o uso desta tecnologia.

Resposta 7:

É mister que a instrução de revitalização contemple outros tipos de armas além das de

porte. Estudamos também a inserção obrigatória da espingarda nas revitalizações, pois

se trata da principal arma de apoio, sobretudo hodiernamente, com a disseminação da

cultura de utilização de alternativas não-letais.

FERNANDO ANDRÉ DA SILVA

MAJ SUB CH DEPARTAMENTO DE TIRO PMSC