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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO EZEQUIEL HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MATRICULADAS EM CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA CIDADE DE TUBARÃO, SANTA CATARINA Tubarão 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

TAIANE IGNACIO EZEQUIEL

HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA CIDADE DE

TUBARÃO, SANTA CATARINA

Tubarão

2021

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

TAIANE IGNACIO EZEQUIEL

HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA CIDADE DE

TUBARÃO, SANTA CATARINA

Orientador: Prof. Thais Ceresér Vilela, Dra.

Coorientador: Prof. Lucimara Tabata Martins. Msc.

Tubarão

2021

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Nutrição, da Universidade do Sul de Santa

Catarina, como requisito parcial à obtenção do

título de Bacharel em Nutrição.

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

TAIANE IGNACIO EZEQUIEL

HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA CIDADE DE

TUBARÃO, SANTA CATARINA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi

julgado adequado à obtenção do título de

Bacharel em Nutrição e aprovado em sua

forma final pelo Curso de Nutrição da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

______________________________________________________

Professor e orientador Thaís Ceresér Vilela, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Prof. e coorientador Lucimara Tabata Martins, Ms.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Prof. Cristini da RosaTuratti, Ms.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Prof. Marília Costa de Araujo, Ms.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Tubarão, 24 de junho de 2021.

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

Esse trabalho é dedicado às crianças do

mundo inteiro, as quais merecem total

atenção e cuidado relacionados não só à

alimentação, mas também aos demais

âmbitos sociais e estruturais.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela oportunidade de chegar até aqui. Por ter proporcionado que ao longo

do percurso eu tenha recebido apoio das pessoas que me cercam, além dos privilégios que

conscientemente sei que possuo, tornando essa jornada mais tranquila para mim do que para muitos

outros.

A segunda pessoa a quem tenho mais gratidão pela realização dessa etapa é minha

orientadora Thaís Ceréser Vilela, a qual tamanho profissionalismo, simpatia e paciência tidos por

ela foram cruciais para que meu projeto fora concluído com êxito.

A minha família, pai, mãe e irmãos, agradeço por apoio e confiança a mim depositada,

minha base e inspiração. Obrigada por toda paciência e compreensão em todas as etapas realizadas

que me permitiram chegar até aqui.

Ao corpo docente e demais professores que repassaram seus conhecimentos de forma

impecável e que colaboraram com a realização deste projeto, muito obrigada!

Agradeço também aos Centros de Educação Infantil que acolheram meu projeto de braços

abertos, proporcionando a concretização do mesmo, e aos pais das crianças participantes, que

dedicaram alguns minutos do seu dia a responderem a pesquisa, obrigada!

Amigos são, com toda certeza, nossa segunda família. Agradeço aos que de alguma forma me

apoiaram no processo, especialmente a Ana Paula Thomaz e Jhonatan Westphal, por todo apoio

recebido.

Por fim, sou grata a todos que de forma direta ou indiretamente, participaram da realização

desse projeto.

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

“Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”

(PITÁGORAS, 500 a. C).

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

APRESENTAÇÃO

O projeto intitulado “Hábitos alimentares e estado nutricional de crianças matriculadas

em centros de educação infantil na cidade de Tubarão, Santa Catarina”, submetido e aprovado na

disciplina de TCC I do curso de Nutrição, pelo Comitê de Ética desta instituição, sob o Protocolo

4.213.227 será apresentado na forma de artigo científico, como permite a disciplina de TCC II do

curso de Nutrição. Em anexo, as instruções para os autores (Anexo 1) da Revista Ciência e Saúde

Coletiva, escolhida para a submissão do artigo.

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

LISTA DE SIGLAS

CEI – Centro de Educação Infantil

QFA – Questionário de Frequência Alimentar

OMS – Organização Mundial de Saúde

CEP – Comitê de Ética e Pesquisa

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

IMC – Índice de Massa Corporal

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13

MÉTODOS..............................................................................................................................14

RESULTADOS........................................................................................................................16

DISCUSSÃO........................................................................................................................... 22

REFERÊNCIAS......................................................................................................................26

ANEXOS..................................................................................................................................30

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA CIDADE DE

TUBARÃO, SANTA CATARINA

Taiane Ignacio Ezequiel1, Lucimara Tabata Martins2, Thais Ceresér Vilela3

1 Acadêmica do curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, Santa Catarina,

Brasil.

2 Mestre em Nutrição e professora do curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina,

Tubarão, Santa Catarina, Brasil.

3 Doutora em Ciências da Saúde e professora do curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa

Catarina, Tubarão, Santa Catarina, Brasil.

Correspondência: Thais Ceresér Vilela, Curso de Nutrição, Universidade do Sul de Santa Catarina,

Av. José Acácio Moreira, 787, 88704-900, Tubarão, SC, Brasil.

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RESUMO

No presente estudo, foram avaliados o estado nutricional e os hábitos alimentares de crianças com

idade entre 12 e 36 meses matriculadas em dois Centros de Educação Infantil na cidade de

Tubarão, Santa Catarina. O estudo é transversal realizado com 26 participantes. Analisaram-se os

índices antropométricos peso/estatura (P/E) peso/idade (P/I), estatura/idade (E/I) e Índice de Massa

Corporal/idade (IMC/I), e os hábitos alimentares e dados sociodemográficos através de um

Questionário de Frequência Alimentar (QFA). Verificou-se então, que 76,92% (n=20) das crianças

encontram-se com peso adequado para idade, 75% estão eutróficos na variável peso por estatura

bem como IMC para idade e relacionado a estatura para idade, 95,83% estão adequados para tal.

No que se refere às práticas alimentares verificou-se que 57,69 % das crianças perderam o interesse

por frutas, legumes ou verduras desde a introdução alimentar. Além disso, 46,15 % das crianças

começaram a ingerir alimentos que contém açúcar antes dos 2 anos de idade. Foi possível concluir

que a maioria das crianças se encontram com o estado nutricional adequado de acordo com a

classificação das curvas de crescimento preconizadas pela Organização Mundial de Saúde, e no

que diz respeito aos hábitos alimentares, a maioria dos participantes segue as recomendações

propostas pelo Guia alimentar para crianças menores de 2 anos e pelo Guia Alimentar para

População Brasileira, no entanto, a introdução de alimentos industrializados foi realizada por

alguns pais antes da idade estipulada pelos guias, além do desinteresse por frutas e verduras que

também foi relatado pela maioria.

Palavras-chave: Comportamento alimentar. Estado nutricional. Nutrição da criança.

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

ABSTRACT

In the present study, the nutritional status and eating habits of children aged between 12 and 36

months enrolled in two Early Childhood Education Centers in the city of Tubarão, Santa

Catarina, were evaluated. Cross-sectional study carried out with 26 participants.

Anthropometric indices weight/height (W/H), weight/age (W/A), height/age (H/A) and Body

Mass Index/age (BMI/A) and dietary habits and data were analyzed. sociodemographic

characteristics through a Food Frequency Questionnaire (FFQ). It was found, then, that 76.92%

(n = 20) of the children have an appropriate weight for their age, 75% are eutrophic in the

variable weight by height as well as BMI for age and related to height for age, 95.83 % are

suitable for this. With regard to eating practices, it was found that 57.69% of children have lost

interest in fruits and vegetables since the introduction of food. In addition, 46.15% of children

started to eat foods that contain sugar before 2 years of age. It was possible to conclude that

most children are in adequate nutritional status according to the classification of growth curves

recommended by WHO, with regard to eating habits, most participants follow the

recommendations proposed by the Food Guide for younger children 2 years.

Keywords: Eating behavior. Nutritional status. Child nutrition.

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

13

INTRODUÇÃO

O comportamento alimentar começa na infância e segue até a vida adulta¹. A relação entre

nutrientes, alimentos e padrões alimentares tem ligações importantes, principalmente na prevenção

ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis². As experiências do início da vida

com gostos e sabores saudáveis podem ajudar a promover uma alimentação adequada³, pois sendo

estabelecidos nos primeiros dois anos de vida podem estimular a adoção de hábitos alimentares

saudáveis que tendem a se manter na vida adulta4.

Fatores como tempo excessivo em frente a aparelhos eletrônicos, falta de atividade física e o

alto consumo de alimentos ultraprocessados estão associados a riscos aumentados de sobrepeso

ou obesidade em crianças, adolescentes e adultos5, 6. Dessa forma, o favoritismo por alimentos

doces ou adicionados de açúcar e outros componentes de alimentos industrializados, acabam

levando crianças a perderem o interesse em alimentos saudáveis preconizados para sua faixa

etária4. A introdução precoce desses alimentos, além de conter substâncias nocivas para saúde,

promovem uma ingestão inadequada de micronutrientes que por sua vez, também são considerados

fatores de risco para enfermidades, induzindo o aumento da incidência de morbidade e mortalidade

na infância 7, 8.

De acordo com o guia alimentar para crianças menores de 2 anos, elaborado pelo Ministério da

Saúde em 2019, a introdução alimentar deve iniciar a partir dos seis meses de vida, porém a

amamentação até os dois anos de idade é recomendável. A alimentação complementar deve ser

baseada em alimentos in natura, obtidos diretamente de plantas e animais, tais como as frutas,

legumes, verduras, ovos, carnes, tubérculos, grãos e cereais, sendo preferencialmente alimentos

orgânicos. Por serem alimentos in natura e minimamente processados, necessitam ser a base da

alimentação infantil e devem estar presentes diariamente nas principais refeições. Além disso, o

guia não recomenda a introdução de açúcar, melado, adoçantes e derivados até o segundo ano de

vida da criança, o uso do sal deve ser moderado e adicionado apenas em preparações culinárias e

os temperos industrializados devem ser excluídos da alimentação. Dessa forma o sobrepeso e a

obesidade infantil podem ser evitados9.

Entre os fatores que influenciam nas escolhas alimentares durante a infância, o ambiente

familiar e os amigos formam o nicho ecológico da criança, que são influenciados pela comunidade,

sociedade, mídia e oferta de alimentos. A variedade e a complexidade do ambiente das crianças

aumentam ao longo da vida10. Os pais fornecem ambientes alimentares, experiências com

alimentos e comidas para seus filhos, dessa forma, as crianças modelam-se nos hábitos dos pais,

estilo de vida, atitudes relacionadas à alimentação e satisfação ou insatisfação com a imagem

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

14

corporal11. Embora os comportamentos alimentares e o peso da criança sejam difíceis de modificar

diretamente, o estilo de vida dos pais são potencialmente um bom alvo de intervenções para evitar

padrões alimentares inadequados e o desenvolvimento do excesso de peso em crianças 12.

É crucial que as intervenções durante a infância tenham como objetivo mudanças no estilo de

vida, como a alimentação adequada e atividade física, que são estabelecidas nos primeiros anos e

acompanham ao longo da vida adulta 13. Portanto, o presente estudo objetivou avaliar os hábitos

alimentares e o estado nutricional de crianças com idade entre 12 e 36 meses matriculadas em dois

centros de educação infantil (CEI) na cidade de Tubarão - SC. O mesmo justificou-se pela

importância do diagnóstico alimentar neste grupo etário visto que estão em fase de crescimento e

formando os hábitos alimentares da vida adulta. Futuramente este estudo poderá contribuir para a

criação e desenvolvimento de programas de educação nutricional no município de Tubarão, com

reflexos na prevenção de doenças metabólicas.

MÉTODOS

O presente trabalho é um estudo epidemiológico descritivo de caráter analítico e delineamento

transversal, no qual visam examinar a existência de associação entre uma exposição e uma doença

ou condição relacionada à saúde14.

A população selecionada para a realização da pesquisa foram crianças com idade entre 12 e 36

meses, sem distinção de sexo, raça ou religião, regularmente matriculadas em dois Centros de

Educação Infantil (CEI) na cidade de Tubarão - SC, sendo uma da rede privada e outra da rede

pública de ensino. A amostra então foi realizada por conveniência, onde os pais dos alunos foram

convidados a participarem da presente pesquisa. Os alunos que pararam de frequentar o ambiente

escolar no período em que a coleta de dados ocorreu ou os responsáveis que não conseguiram

fornecer as informações suficientes para a análise dos dados, foram excluídos.

Devido a pandemia pelo vírus SARS-CoV-2, a coleta de dados necessitou ser reajustada. A

mesma, inicialmente, seria realizada presencialmente através de um formulário impresso contendo

questões socioeconômicas e demográficas relacionadas à criança e à família da mesma juntamente

a um Questionário de Frequência Alimentar (QFA). O formulário então foi transcrito para um

modelo online através da plataforma digital Google Forms®, contendo as mesmas questões do

formulário inicial. A coleta de dados antropométricos também precisou ser modificada, os pais

foram orientados a preencher no campo direcionado ao peso e altura da criança contendo as

informações contidas na caderneta da criança referente a sua última consulta periódica com um

profissional de saúde.

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

15

Segundo informações concedidas pelas diretoras dos Centros de Educação Infantil (CEIs), no

mês de maio de 2020 havia 30 crianças matriculadas nas turmas correspondentes à idade estipulada

para a pesquisa no CEI particular e 35 crianças no CEI público, respeitando o mesmo segmento de

idade. Ao todo, participaram da pesquisa um total de 26 pais, sendo 13 do segmento particular e

13 do público. Devido ao atual cenário, alguns pais não se sentiram confortáveis em responder o

formulário de forma online por segurança ou por outros motivos, diminuindo a participação

estimada inicialmente.

A partir das variáveis coletadas (peso, estatura e idade) foram avaliados os seguintes índices:

peso para idade (P/I), estatura para idade (E/I), peso para estatura (P/E) e IMC para idade através

dos valores de score- z presente nas curvas de crescimento propostas pela OMS e disponibilizadas

pelo Ministério da Saúde em 201115. Para o cálculo do IMC foi utilizada a seguinte fórmula:

Peso(kg)/estatura (m)² 16.

A classificação dos hábitos alimentares foi realizada com base nas orientações contidas no Guia

Alimentar para crianças menores de 2 anos 9 e no Guia Alimentar para População Brasileira17.

Foram classificadas como adequadas as respostas do formulário e QFA que estiveram de acordo

com as recomendações dos guias (alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente

processados), e inadequadas aquelas que não estiverem de acordo (presença de alimentos

processados e ultraprocessados, quantidades elevadas de sal e presença de açúcar nas refeições

para aqueles menores de 24 meses).

Após aplicação do questionário, os dados da planilha resultante do instrumento de coleta do

Google Forms® foram tabelados. Na descrição dos dados foram utilizadas frequências absolutas

(n) e relativas (%) para variáveis qualitativas e medidas de tendência central e dispersão para as

quantitativas. A normalidade foi identificada pelo teste de Shapiro-Wilk. O programa Excel foi

empregado para elaboração do banco de dados e o software Stata 16.118 para análise dos dados.

Foram calculadas as frequências absolutas e relativas das respostas. Os hábitos alimentares foram

classificados como adequado ou inadequado de acordo com as orientações do Guia Alimentar para

Menores de 2 anos9 bem como o Guia alimentar para população brasileira17.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Sul de

Santa Catarina pelo protocolo 4.213.227 e os resultados foram enviados aos pais que entraram em

contato com os pesquisadores via e-mail conforme orientação contida no Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE).

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16

RESULTADOS

A presente pesquisa avaliou um total de 26 crianças, sendo 11 do sexo feminino (42,31 %) e 15

do sexo masculino (57,69 %). A Tabela 1 resume as demais variáveis sociodemográficas bem

como as variáveis antropométricas dos participantes da pesquisa. Neste sentido, foi verificado que

quanto a escolaridade materna 65,38 % possuem uma carga horária de trabalho entre 5 e 10 horas

diárias.

Em relação ao peso atual, a mediana foi de 12 Kg (P25=10,5; P75: 14) e variou entre 9 e 17

Kg. Já o IMC teve uma mediana de 15,98 Kg/m2 (P25= 14,9; P75= 16,77), variando de 12,07 a

18,87 Kg/ m2.

Dessa forma, na Tabela 1 também consta a classificação do estado nutricional segundo as curvas

de crescimento preconizadas pela OMS em 2005 e 200615, peso por idade, peso por estatura, IMC

por idade e estatura por idade de forma detalhada. Verificou-se então, que 76,92% das crianças

encontram-se com peso adequado para idade, 75% estão eutróficos na variável peso por estatura

bem como IMC para idade e relacionando a estatura para idade, 95,83% estão adequados para tal.

Tabela 1. Número e porcentagem de crianças de 12 a 36 meses de idade matriculadas em Centros

de Educação Infantil na cidade de Tubarão, Santa Catarina segundo variáveis sociodemográficas

e o estado nutricional. Tubarão, 2021.

Variáveis Número Porcentagem (%)

Escolaridade materna

Ensino fundamental completo 01 3,85

Ensino médio completo 02 7,69

Ensino superior incompleto 06 23,08

Ensino superior completo 17 65,38

Renda familiar mensal

De 1 a 3 salários-mínimos 8 30,77

De 3 a 6 salários-mínimos 9 34,62

De 6 a 9 salários-mínimos 4 15,38

Acima de 9 salários-mínimos 5 19,23

Carga horária de trabalho da mãe

Abaixo de 5 horas 2 7,69

Entre 5 e 10 horas 11 42,32

Acima de 10 horas 6 23,08

Não se aplica 7 26,92

Idade materna no momento do nascimento da criança

Abaixo de 15 anos 2 7,69

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17

Entre 15 e 20 anos 3 11,54

Entre 21 e 30 anos 13 50

Acima de 3 anos 8 30,77

Sexo da criança

Feminino 11 42,31

Masculino 15 57,69

Idade da criança

Até 12 meses 10 38,54

Acima de 12 meses 16 61,54

Segmento escolar

Público 13 50

Privado 13 50

Período de permanência na escola

Matutino 03 11,54

Vespertino 15 67,69

Integral 08 30,77

Peso por idade

Baixo peso para idade 02 7,69

Peso adequado para idade 20 76,92

Peso elevado para idade 04 15,38

Peso por estatura

Magreza acentuada 02 8,33

Eutrofia 20 75

Risco de sobrepeso 02 8,33

Sobrepeso 02 8,33

IMC por idade

Magreza acentuada 02 08,33

Magreza 01 4,17

Eutrofia 20 75

Risco de sobrepeso 03 12,5

Estatura por idade

Baixa estatura para idade 01 4,17

Estatura adequada para idade 25 95,83

No que se refere às práticas alimentares verificou-se que 57,69 % das crianças perderam o

interesse por frutas, legumes ou verduras desde a introdução alimentar (Tabela 2). Além disso,

46,15 % das crianças começaram a ingerir alimentos que contém açúcar antes dos 2 anos de idade.

A Tabela 2 também apresenta alguns hábitos diários da criança. Neste sentido, 13 crianças estavam

matriculadas em centros de educação infantil públicos e 13 em centros privados.

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAIANE IGNACIO …

18

Tabela 2. Número e porcentagem de crianças de 12 a 36 meses de idade matriculadas em Centros

de Educação Infantil na cidade de Tubarão, Santa Catarina segundo hábitos alimentares e rotina

diária. Tubarão, 2021.

Variáveis Número Porcentagem (%)

Tempo de aleitamento materno

6 meses 07 26,92

1 ano 06 23,08

2 anos 08 30,77

Está sendo amamentado 05 19,23

A criança perdeu o interesse por frutas, verduras ou legumes desde a

introdução?

Sim 15 57,69

Não 11 42,31

A criança tem o hábito de receber doces/guloseimas por realizar

determinada atividade ou como forma de acalentar na hora do

choro?

Nunca 14 53,85

Raramente 12 46,15

Com que idade a criança começou a ingerir alimentos que

contenham açúcar?

Nunca ingeriu 05 19,23

Antes dos 6 meses 02 7,69

Entre 6 meses e 1 ano 01 3,85

Entre 1 e 2 anos 12 46,15

Após completar 2 anos 06 23,08

Por fim, na Tabela 3 observa-se o consumo alimentar. Verificou-se que os alimentos in

natura e minimamente processados como frutas, verduras e legumes são consumidos diariamente

pela maioria das crianças. No segmento dos alimentos processados, ultraprocessados, adicionados

de açúcar, sal e outros conservantes em sua composição, foram encontrados com uma baixa ou

nula adesão, sendo os resultados refletindo positivamente nas recomendações encontradas no Guia

Alimentar para crianças menores de 2 anos9 e no Guia alimentar para População Brasileira17.

Tabela 3. Número e porcentagem de crianças de 12 a 36 meses de idade matriculadas em Centros

de Educação Infantil na cidade de Tubarão, Santa Catarina segundo a oferta de alimentos. Tubarão,

2021.

Variáveis Número Porcentagem (%)

Leite integral ou leite em pó

Nunca ingeriu 7 26,92

Raramente 7 26,92

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19

1 a 4 vezes no mês

1 ou mais vezes ao dia

1

11

3,85

42,31

Queijo prato/mussarela/colonial

Nunca ingeriu 4 15,38

Raramente 11 42,31

1 a 4 vezes no mês

2 a 4 vezes por semana

1 ou mais vezes ao dia

6

4

1

23,08

15,38

3,85

Danoninho/Chambinho (ou outra marca)

Nunca ingeriu 5 19,23

Raramente 7 26,92

1 a 4 vezes no mês 6 23,08

2 a 4 vezes por semana 5 19,23

1 ou mais vezes ao dia 3 11,54

Pão francês/Pão de forma/Bisnaguinha

Raramente 8 30,77

1 a 4 vezes no mês 3 11,54

2 a 4 vezes por semana 13 50

1 ou mais vezes ao dia 2 7,69

Biscoito sem recheio (maria/maisena/água e sal/integral

Nunca ingeriu 2 7,69

Raramente 5 19,23

1 a 4 vezes no mês 3 11,54

2 a 4 vezes por semana 11 42,31

1 ou mais vezes ao dia 5 19,23

Biscoito recheado

Nunca ingeriu 13 50

Raramente 9 34,62

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

2 a 4 vezes por semana 2 7,69

Espessantes (maisena/farinha láctea/neston/mucilon)

Nunca ingeriu 14 53,85

Raramente 3 11,54

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

1 ou mais vezes ao dia 7 26,92

Arroz branco/integral/parboilizado

Raramente 1 3,85

1 a 4 vezes no mês 4 15,38

2 a 4 vezes por semana 6 23,08

1 ou mais vezes ao dia 15 57,69

Batata frita

Nunca ingeriu 5 19,23

Raramente 6 23,08

1 a 4 vezes no mês 10 38,46

2 a 4 vezes por semana 5 19,23

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20

Raízes e tubérculos (batata inglesa cozida/abóbora/ moranga/aipim...)

Nunca ingeriu 1 3,85

Raramente 3 11,54

1 a 4 vezes no mês 3 11,54

2 a 4 vezes por semana 8 30,77

1 ou mais vezes ao dia 11 42,31

Macarrão com ou sem molho

Raramente 4 15,38

1 a 4 vezes no mês 4 15,38

2 a 4 vezes por semana 13 50

1 ou mais vezes ao dia 5 19,23

Macarrão instantâneo

Nunca ingeriu 18 69,23

Raramente 4 15,38

1 a 4 vezes no mês 1 3,85

2 a 4 vezes por semana 2 7,69

1 ou mais vezes ao dia 1 3,85

Lasanha/pizza/hambúrguer (congelado)

Nunca ingeriu 14 53,85

Raramente 9 34,62

1 a 4 vezes no mês 3 11,54

Salgados de padaria (coxinha/pastel/esfiha...)

Nunca ingeriu 4 15,38

Raramente 14 53,85

1 a 4 vezes no mês 7 26,92

2 a 4 vezes por semana 1 3,85

Leguminosas (feijão/lentilha/ervilha fresca...)

Raramente 3 11,54

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

2 a 4 vezes por semana 6 23,08

1 ou mais vezes ao dia 15 57,69

Verduras cruas

Nunca ingeriu 2 7,69

Raramente 5 19,23

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

2 a 4 vezes por semana 7 26,92

1 ou mais vezes ao dia 10 38,46

Legumes cozidos

Raramente 6 23,08

1 a 4 vezes no mês 1 3,85

2 a 4 vezes por semana 6 23,08

1 ou mais vezes ao dia 13 50

Frutas

Raramente 2 7,69

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

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21

2 a 4 vezes por semana 3 11,54

1 ou mais vezes ao dia 19 73,08

Suco natural (ex: laranja espremida)

Raramente 5 19,23

1 a 4 vezes no mês 3 11,54

2 a 4 vezes por semana 9 34,62

1 ou mais vezes ao dia 9 34,62

Suco artificial (pó) ou caixinha

Nunca ingeriu 12 46,15

Raramente 6 23,08

1 a 4 vezes no mês 3 11,54

2 a 4 vezes por semana 5 19,23

Refrigerante

Nunca ingeriu 21 80,77

Raramente 4 15,38

1 a 4 vezes no mês 1 3,85

Carne bovina/frango grelhado ou assado

Raramente 2 7,69

1 a 4 vezes no mês 1 3,85

2 a 4 vezes por semana 8 30,77

1 ou mais vezes ao dia 15 57,69

Carne bovina/frango frito ou empanado e frito

Nunca ingeriu 6 23,08

Raramente 6 23,08

1 a 4 vezes no mês 1 3,85

2 a 4 vezes por semana 7 26,92

1 ou mais vezes ao dia 6 23,08

Peixe assado ou cozido

Nunca ingeriu 2 7,69

Raramente 7 26,92

1 a 4 vezes no mês 12 46,15

2 a 4 vezes por semana 2 7,69

Ovos mexidos ou cozidos

Raramente 5 19,23

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

2 a 4 vezes por semana 12 46,15

1 ou mais vezes ao dia 7 26,92

Embutidos (linguiça/salsicha/nuggets/salame/presunto)

Nunca ingeriu 9 34,62

Raramente 7 26,92

1 a 4 vezes no mês 6 23,08

2 a 4 vezes por semana 4 15,38

Doces (sorvete/chocolate/bala de goma...)

Nunca ingeriu 7 26,92

Raramente 9 34,62

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22

1 a 4 vezes no mês 5 19,23

2 a 4 vezes por semana 5 19,23

Salgadinho/batata chips

Nunca ingeriu 10 38,46

Raramente 11 42,31

1 a 4 vezes no mês 2 7,69

2 a 4 vezes por semana 3 11,54

Achocolatado em pó

Nunca ingeriu 15 57,69

Raramente 3 11,54

1 a 4 vezes no mês 5 19,23

2 a 4 vezes por semana 2 7,69

1 ou mais vezes ao dia 1 3,85

DISCUSSÃO

No presente estudo verificou-se os hábitos alimentares em crianças de 12 a 36 meses de idade.

Esta faixa etária é importante pois as crianças estão em crescimento e formando os hábitos

alimentares da vida adulta4. Foi observado de modo geral, que a alimentação ofertada às crianças

atendeu a maior parte das recomendações do Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos bem

como o Guia Alimentar para População Brasileira. Os presentes documentos, tem como objetivo,

fornecer recomendações e orientações, que possam ser utilizadas no dia a dia para promover uma

alimentação mais saudável e segura para as crianças, auxiliando no seu desenvolvimento e

crescimento9 17.

Segundo os dados socioeconômicos foi possível observar que a maioria das mães apresentou

ensino superior completo, dados que reiteram os resultados publicados pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas (INEP) em 201819. De acordo com o documento, 57% dos alunos matriculados

em cursos de ensino superior são do sexo feminino, para Velásquez-meléndez et al20, o nível de

escolaridade está relacionado ao potencial de interpretar informações relacionadas à proteção da

saúde, influenciando nas escolhas alimentares da população. Além disso, a variável relacionada à

carga de trabalho diária das mães mostrou que a maioria (73,07%) possui emprego, sendo que

dessas, 23,08% possuem carga horária acima de 10 horas por dia, mostrando que hoje as mulheres

lidam com as multitarefas diárias como trabalhar, estudar e criar seus filhos, assim tecendo a

complexa rede de responsabilidade doméstica, familiar e profissional. Por outro lado, Lopes et

al.,21 observaram em estudo semelhante, que mais da metade das mães não trabalhava fora e este

fato pode intervir na escolha alimentar da sua família.

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23

Os presentes dados também mostraram que a maioria das famílias das crianças apresentavam

renda superior a 3 salários-mínimos. Evidências sugerem que a renda familiar interfere na escolha

alimentar, de fato, Giesta et al.,22 verificaram maior introdução de alimentos ultraprocessados

dentre as mães de menor renda familiar e menor escolaridade. Por outro lado, Simon et al.,23

observaram em escolas particulares que mães com mais de 35 anos com elevado nível

socioeconômico introduziram mais tardiamente guloseimas nos primeiros dois anos de vida.

Assim, crianças pertencentes à famílias mais pobres e cujas mães não possuem alta escolaridade

parecem estar mais expostas, já que tal condição limita o acesso a uma alimentação de qualidade,

impactando no crescimento24.

A classificação do estado nutricional das crianças participantes foi baseada nas curvas de

crescimentos disponibilizadas pela OMS em 2005 e 200615. Foram utilizados como parâmetro os

valores de escore Z presentes nos gráficos relacionadas às variáveis coletadas (peso, estatura e

idade). Em relação ao peso por idade, a maioria dos participantes estava com o peso adequado para

idade. No estudo de Santos et al.25, realizado com escolares entre 2 e 5 anos, obtiveram resultados

semelhantes, onde 98,94% dos participantes estavam com o peso adequado para idade. Da mesma

forma, os índices peso por estatura e IMC por idade mostraram que 75% das crianças estão

eutróficas, reforçando os resultados do último relatório público do SISVAN26, que mostrou que no

ano de 2020, 87,78% das crianças de 6 a 24 meses apresentaram peso eutrófico para a idade. É

importante ressaltar que há evidências na literatura analisando possíveis associações entre o estado

nutricional de pré-escolares e o perfil sociodemográfico, econômico e nutricional de suas

famílias27.

A frequência à creche pode ser um fator de proteção para a manutenção do estado nutricional

adequado e para o desenvolvimento de comorbidades entre pré-escolares28, 29. Apesar dos

resultados positivos para a maioria das crianças, é importante ressaltar que mesmo em menor

número, as crianças classificadas com sobrepeso ou baixo peso para idade merecem atenção. Estas

crianças refletem o perfil demográfico e epidemiológico em que a população brasileira se encontra,

caracterizando-se pela conhecida transição, onde a prevalência de desnutrição comumente

encontrada a algumas décadas, vem dando espaço ao sobrepeso/obesidade, em todas as faixas

etárias29.

Em relação às práticas alimentares, foi possível observar que a maior parte das mães

amamentaram seus filhos por um período superior a 6 meses. Estes dados foram positivos pois o

aleitamento materno diminuí de forma significativa as mortes por comorbidades comuns na

infância como infecções respiratórias agudas e diarreia30. Segundo Silva et al.,31 o leite materno é

composto por 160 substâncias, que juntas se tornam o alimento perfeito para o bebê, tanto do ponto

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24

de vista nutricional quanto para imunidade. Dessa forma, essa prática pode desempenhar papel

importante na melhora da nutrição, educação e saúde da mãe e do bebê. A criança deve receber

leite materno exclusivamente até os seis meses de vida e complementado até os dois anos ou

mais32.

A perda de interesse por frutas e verduras durante a introdução alimentar foi observada em mais

da metade dos participantes (57,69%). Em um estudo semelhante, o mesmo fator analisado teve

um resultado ainda mais acentuado, segundo esse, 83% das crianças apresentaram aversão

alimentar a verduras e legumes e 45% a frutas21. O desinteresse por alimentos nutritivos como as

frutas e verduras podem levar a longo prazo ao desenvolvimento de carências nutricionais e ao

comprometimento no ganho de peso durante o crescimento33.

Positivamente, mais da metade das mães participantes afirmaram que a criança nunca recebeu

doces ou guloseimas por realizar determinada atividade ou como forma de acalentar na hora do

choro. Por outro lado, estudos sugerem que os alimentos ultraprocessados vêm sendo introduzidos

cada vez mais precocemente na alimentação de crianças menores de dois anos de idade21,22,23. Este

fato é muito importante na educação alimentar da criança, pois os pais são considerados os

primeiros mentores nutricionais influenciando na formação do comportamento alimentar futuro de

seus filhos11.

Contrariando as recomendações do Guia alimentar para crianças menores de 2 anos9, no qual

sugere aos pais a introdução de alimentos que contenham açúcar após os 2 anos de idade, apenas

42,31% seguiram as recomendações e introduziram tais alimentos após a idade estipulada pelo

Guia. A introdução inadequada de alimentos após o desmame pode favorecer a obesidade nos

primeiros anos de vida31,32.

Instrumentos de coleta de dados como Questionários de Frequência Alimentar tem se mostrado

fundamentais não só para investigações sobre a relação entre composição da dieta e a saúde, como

também para a análise do papel do consumo alimentar na etiologia de doenças crônicas não

transmissiveis34. Nesse sentido, observou-se no presente estudo, um consumo adequado para a

maioria dos alimentos presentes no QFA, como no caso das frutas, verduras cruas e legumes

cozidos, que resultou em mais da metade das crianças participantes relatando o consumo diário

dos alimentos citados. Esses resultados são antagônicos aos achados no estudo de Garcia35, nesse

estudo, realizado com crianças de seis a 24 meses, o consumo de alimentos in natura foi

classificado como abaixo do recomendado para a faixa etária, dados estes reforçados por outro

estudo de Oliveira e Assis36, onde foi observado que 93,3% das crianças não consumiram folhas e

76,7% legumes na semana em que foi realizada a coleta da dados.

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25

Em relação aos alimentos industrializados classificados como processados e ultraprocessados

(representados na tabela pelos alimentos: achocolatado em pó, bolacha recheada, suco de caixinha,

chocolates e doces, chips, dentre outros), também obteve resultados positivos, onde a maioria

referiu nunca ou raramente ter ofertado às crianças. Para o Guia alimentar para população

brasileira17, é orientado a limitação do consumo desses alimentos para todas as faixas etárias. Por

outro lado, uma pesquisa nacional de saúde (PNDS), que avaliou alimentos do mesmo grupo

dietético em crianças menores de 24 meses resultou em números divergentes, onde a maioria

(60,8%) dos participantes relatou a ingestão de alimentos como biscoitos recheados, bolachas e

doces37. A nutrição adequada é essencial para a saúde de qualquer indivíduo. Dessa forma, a

ingestão e introdução correta de alimentos nos primeiros 1000 dias da criança pode prevenir muitos

problemas metabólicos como desnutrição e obesidade.

O estudo realizado apresentou limitações importantes quanto à sua população e amostra.

Inicialmente, a baixa adesão de participantes na coleta de dados, visto que as coletas seriam

realizadas presencialmente nos centros de educação infantil e, devido a pandemia pelo vírus

SARS-CoV-2, foi necessário realizar a coleta online. Neste sentido, muitos responsáveis pelas

crianças podem não saber utilizar as ferramentas digitais e com isso não conseguirem acessar os

instrumentos utilizados. Uma outra limitação pode estar relacionada ao fato de que as respostas

dos participantes poderiam ser influenciadas por respostas que são socialmente aceitas ou

esperadas.

A partir dos presentes resultados conclui-se que a maioria das crianças se encontram com o

estado nutricional adequado de acordo com a classificação das curvas de crescimento preconizadas

pela OMS15. No que diz respeito aos hábitos alimentares, a maioria dos participantes segue as

recomendações propostas pelo Guia alimentar para crianças menores de 2 anos9 bem como o Guia

Alimentar para População Brasileira17, no entanto, a introdução de alimentos industrializados foi

realizada por alguns pais antes da idade estipulada pelos guias, além do desinteresse por frutas e

verduras que também foi relatado pela maioria. Devido aos fatos limitantes encontrados, se faz

necessário que mais pesquisas acerca do tema sejam realizadas, visto que o estado nutricional e os

hábitos nutricionais formados na infância são fatores cruciais para a prevenção de doenças

metabólicas comumente achadas na população adulta nas quais todas as organizações de saúde

realizam campanhas anualmente para o combate e prevenção, nesse âmbito, a prevenção deve ser

realizada desde a introdução alimentar.

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26

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ANEXOS

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ANEXO 1

ORIENTAÇÕES PARA LEITORES SOBRE A REVISTA CIENTÍFICA

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