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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
JULIANA CRISTINA BITTENCOURT
PANIFICAO TRADICIONAL NA CIDADE DE FLORIANPOLIS:
PERFIL ACIDENTRIO E MAPEAMENTO DA ADEQUAO AOS PROGRAMAS
LEGAIS DE SST
Florianpolis
2015
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JULIANA CRISTINA BITTENCOURT
PANIFICAO TRADICIONAL NA CIDADE DE FLORIANPOLIS:
PERFIL ACIDENTRIO E MAPEAMENTO DA ADEQUAO AOS PROGRAMAS
LEGAIS DE SST
Monografia apresentada ao Curso de
Especializao em Engenharia de Segurana
do Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina como requisito parcial obteno do
ttulo de Engenheiro de Segurana do
Trabalho.
Orientador: Prof. Ms. Jos Humberto Dias de Toldo.
Florianpolis
2015
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JULIANA CRISTINA BITTENCOURT
PANIFICAO TRADICIONAL NA CIDADE DE FLORIANPOLIS:
PERFIL ACIDENTRIO E MAPEAMENTO DA ADEQUAO AOS PROGRAMAS
LEGAIS DE SST
Esta Monografia foi julgada adequada
obteno do ttulo de Engenheiro de Segurana
do Trabalho e aprovada em sua forma final
pelo Curso de Engenharia de Segurana do
Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina.
Florianpolis, 11 de outubro de 2015.
______________________________________________________
Professor e orientador Jos Humberto Dias de Toldo,Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina
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Dedico este trabalho ao meu querido Rodrigo,
cujo apoio pude contar desde o incio desta
caminhada, me incentivando como se o meu
sonho fosse dele prprio.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Professor Ms. Jos Humberto Dias Toldo pelo suporte,
consideraes e correes com tanta presteza e esclarecimento.
Ao coordenador do curso, Prof. Carlos Roberto Bavaresco, pela solicitude e
prontido no auxlio em toda e qualquer necessidade encontrada pelo caminho.
Ao FUMDES pelo apoio recebido durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Sindipan Grande Florianpolis, na figura do senhor Maurcio Machado, sem
sua confiana e seu empenho, este trabalho no teria sido possvel.
A todos os empresrios que confiaram em mim ao prestar informaes para que
esta pesquisa se viabilizasse.
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Reunir-se um comeo, permanecer juntos um progresso, e trabalhar juntos
um sucesso (Henry Ford).
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RESUMO
Apesar de possurem caractersticas de indstria e produo, as empresas de
panificao tradicional possuem a peculiaridade de se constiturem quase que exclusivamente
de pequenos negcios, fato que dificulta o acesso a recursos financeiros e tecnolgicos para
investimentos em melhorias de infraestrutura e capacitao de recursos humanos. Deste
modo, este trabalho teve como objetivo identificar o perfil acidentrio na panificao
tradicional da cidade de Florianpolis, no perodo de 2002 a 2014, atravs de pesquisa
documental na Base de Dados Histricos da Previdncia Social, alm de realizar o
mapeamento da adequao das padarias tradicionais de Florianpolis aos Programas Legais
de Sade e Segurana do Trabalho do Ministrio do Trabalho e Emprego, atravs de
levantamento aplicado por questionrios enviados aos proprietrios das padarias por
intermdio do Sindicato Patronal das Panificadoras e Confeitarias da regio Sindipan
Grande Florianpolis. Nos resultados obtidos ficou clara a relevncia da problemtica dos
riscos ergonmicos e mecnicos no ambiente panaderil nos acidentes com afastamento
superior a 15 dias, no perodo entre 2002 e 2014. Do levantamento, ao todo, 14 padarias
responderam pesquisa. O PPRA, da mesma forma que o PCMSO, apresentou resultados
que indicam o carter meramente burocrtico e pouco funcional deste documento nas
empresas. Observa-se que nos contatos feitos presencialmente ou por via telefnica para a
apresentao da pesquisa, um nmero relevante de representantes das empresas demonstrou
desconhecer destes programas preventivos de sade e segurana do trabalho. A adequao das
instalaes eltricas e das mquinas e equipamentos segundo as NRs 10 e 12, mostrou um
panorama muito favorvel, com a grande maioria das empresas j adequadas s normas ou
com o processo em andamento. Sem descuidar do fato de que os participantes da pesquisa
so empresas de micro e pequeno porte, o que compromete a viabilidade acesso aos meios
tcnicos adequados de forma isolada, a soluo para a otimizao dos recursos despendidos
pelas mesmas para a sade e segurana do trabalho, com melhores resultados, pode estar no
estabelecimento de parcerias entre as empresas.
Palavras-chave: Panificadoras. Perfil Acidentrio. Programas Legais de Sade e Segurana.
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ABSTRACT
Despite having industry and production characteristics, traditional bakery companies have the
peculiarity to constitute almost exclusively of small businesses, a fact that complicates access
to financial and technological resources for investment in infrastructure improvements and
training of human resources. Thus, this study aimed to identify the Accident profile in the
traditional bakery in the city of Florianopolis, in the period 2002-2014, through documentary
research on Historical Data Base of Social Security, and perform the mapping of the adequacy
of traditional bakeries Florianopolis to Legal Health and Safety Programs of the Ministry of
Labor and Employment, through a survey applied by questionnaires sent to owners of
bakeries through the employers' association of bakeries and patisseries in the area - Sindipan
Florianopolis. The results became clear the relevance of the issue of ergonomic and
mechanical hazards in the baking environment in accidents with higher remoteness than 15
days, between 2002 and 2014. The participants were a total of 14 bakeries. The PPRA, just as
the PCMSO, presented results that indicate the merely bureaucratic and not very functional
character of this document in companies. It is observed that the contacts made in person or by
telephone to the presentation of research, a significant number of business representatives
showed disregard the preventive programs of health and safety, PCMSO and PPRA. The
suitability of electrical installations and machines and equipment according to NR's 10 e 12,
showed a very favorable panorama, with the vast majority of companies have already adapted
to the standards or the process going. Without neglecting the fact that survey participants are
micro and small companies, which would jeopardize the viability access to appropriate
technical means of isolation, the solution to the optimization of resources spent by them for
the SST, with better results, may be in establishing partnerships between companies.
Keywords: Bakeries. Accident profile. Health and Safety Legal Programs.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1: Florianpolis e Regio .............................................................................................. 16
Figura 2: Taxa de Incidncia de Acidentes (Brasil/Santa Catarina) ......................................... 46
Figura 3: BENEFCIOS CONCEDIDOS POR CID REFERENTE AO CNAE 1091-1/02
(BRASIL-ACUMULADO 2009-2012) .................................................................................... 48
Figura 4: BENEFCIOS CONCEDIDOS POR CID REFERENTE AO CNAE 1091-1/02
(FLORIANPOLIS-ACUMULADO 2002-2014) .................................................................. 49
Figura 5: CAT REGISTRADAS REFERENTES AO CNAE 1091-1/02 (FLORIANPOLIS-
ACUMULADO 2002-2014)..................................................................................................... 50
Figura 6: Adequao das panificadoras participantes NR 1. ................................................. 53
Figura 7: Adequao das panificadoras participantes NR 5. ................................................. 54
Figura 8: Adequao NR 5 em panificadoras com mais de 19 funcionrios. ........................ 54
Figura 9: Adequao das panificadoras participantes NR 6. ................................................. 55
Figura 10: Adequao das panificadoras participantes NR 7. ............................................... 56
Figura 11: Adequao das panificadoras participantes NR 9. ............................................... 57
Figura 12: Adequao das panificadoras participantes NR 10 .............................................. 57
Figura 13: Adequao das panificadoras participantes NR 12 (mquinas e equipamentos) . 59
Figura 14: Adequao das panificadoras participantes NR 12 (layout e medidas
administrativas). ....................................................................................................................... 59
Figura 15: Adequao das panificadoras participantes NR 14. ............................................. 60
Figura 16: Adequao das panificadoras participantes NR 17. ............................................. 60
Figura 17: Adequao das panificadoras participantes NR 23. ............................................. 61
Tabela 1: Iluminncias em lux para panificao (valores mdios) .......................................... 41
Tabela 2:Acidentes em nmeros absolutos, Cnae 1091-1/02 Brasil ........................................ 47
Tabela 3: Acidentes em nmeros absolutos, Cnae 1091-1/02 Santa Catarina ......................... 47
Tabela 4:Agentes causadores de acidentes, Florianpolis (2002-2014)................................... 51
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SUMRIO
1. Introduo ......................................................................................................................... 11
1.1. Tema .......................................................................................................................... 12
1.2. Delimitao do tema .................................................................................................. 12
1.3. Problema de pesquisa ................................................................................................. 12
1.4. Justificativa ................................................................................................................ 13
1.5. Objetivos .................................................................................................................... 13
1.5.1. Objetivo geral ..................................................................................................... 13
1.5.2. Objetivos especficos .......................................................................................... 14
1.6. OPES METODOLGICAS ................................................................................. 14
1.6.1. Classificao da pesquisa ..................................................................................... 14
1.6.2. Campo de pesquisa ............................................................................................... 16
1.6.3. Delineamento da pesquisa ........................................................................................ 17
2. Referencial terico ............................................................................................................ 20
2.1. Panificao ................................................................................................................. 20
2.1.3.1 Riscos fsicos ............................................................................................... 22
2.1.3.2 Riscos qumicos........................................................................................... 24
2.1.3.3 Riscos ergonmicos..................................................................................... 25
2.1.3.4 Risco mecnicos .......................................................................................... 26
2.1.3.5 Riscos biolgicos......................................................................................... 28
2.2 Legislao .................................................................................................................. 28
2.2.1 Normas regulamentadoras .................................................................................. 30
2.2.1.1 NR 01- Disposies gerais ......................................................................... 31
2.2.1.2 NR 04 Servio Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho 31
2.2.1.3 NR 05- Comisso Interna de Preveno de Acidentes ........................... 32
2.2.1.4 NR 06- Equipamento de Proteo Individual ......................................... 33
2.2.1.5 NR 07 - Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional ............ 35
2.2.1.6 NR 09 Programa de Preveno de Riscos Ambientais........................ 36
2.2.1.7 NR 10 Instalaes e Servio de Eletricidade ........................................ 37
2.2.1.8 NR 12 Proteo em Mquinas e Equipamentos .................................. 37
2.2.1.9 NR 14 - Fornos ........................................................................................... 39
2.2.1.10 NR 17 Ergonomia ................................................................................... 39
2.2.1.11 NR 23 Proteo contra incndios .......................................................... 42
2.3 Acidentes de trabalho ................................................................................................. 43
2.3.1 O conceito legal .................................................................................................. 43
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2.3.2 A comunicao e as estatsticas de acidentes de trabalho .................................. 44
3 resultados e anlises.......................................................................................................... 46
3.1 Perfil acidentrio CNAE 1091-01: Brasil e Santa Catarina ....................................... 46
3.2 Principais CIDS geradoras de benefcios ................................................................... 48
3.3 RESULTADOS ......................................................................................................... 52
3.3.1 Informaes Gerais ............................................................................................. 52
3.3.2 NR 1 Ordem de Servio .................................................................................. 53
3.3.3 NR 5 Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA) .......................... 53
3.3.4 NR 6 - Equipamento de Proteo Individual (EPI) ............................................ 55
3.3.5 NR 7 Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional .......................... 55
3.3.6 NR 9 Programa de Preveno de Riscos Ambientais ...................................... 56
3.3.7 NR 10 Instalaes Eltricas ............................................................................. 57
3.3.8 NR 12 Segurana no Trabalho em Mquinas e Equipamentos ....................... 58
3.3.9 NR 14 Fornos .................................................................................................. 60
3.3.10 NR 17 Ergonomia ............................................................................................ 60
3.3.11 NR 23 Proteo contra Incndios .................................................................... 61
4. Concluses e consideraes finais .................................................................................... 62
REFERNCIAS ....................................................................................................................... 66
ANEXOS .................................................................................................................................. 75
APNDICE A Questionrio de Verificao ......................................................................... 76
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1. INTRODUO
Segundo o Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) (2008) o termo padaria
geralmente designa um estabelecimento comercial de produtos panificados e outras categorias
alimentares. Entretanto, sua caracterizao original a de indstria: para o IBGE (2015) as
padarias tradicionais - com produo de produtos panificados com venda predominante de
produtos fabricados no prprio estabelecimento - se enquadram na seo de indstrias de
transformao, diviso de fabricao de produtos alimentcios na subclasse 1091-1/02 da
Classificao Nacional de Atividades econmicas (CNAE).
O consumo de po pelo brasileiro vem crescendo e atualmente de 32,61 kg de
pes/ano per capita. A tendncia que este crescimento se mantenha, pois percebe-se uma
demanda reprimida de produtos panificados no Brasil comparado ao consumo de outros
pases (SEBRAE; ESPM, 2008).
O nmero de empresas que compem o setor no Brasil tem se mantido em 63,2
mil nos ltimos anos, sendo que aproximadamente 95,4% delas possuem at 35 funcionrios
(ITPC; ABIP, 2014). Segundo o Sindipan (informao verbal1)1 atualmente existem
aproximadamente 500 panificadoras na regio da Grande Florianpolis, no entanto, deste total
apenas 50 participam ativamente das atividades junto ao sindicato patronal.
Esta indstria, por seu carter produtivo, apresenta grande potencial para o
surgimento de doenas osteomusculares, mesmo com o amparo de equipamentos e mquinas
(SESI MG, 2014). Ademais o trabalho com mquinas fonte de diversos perigos fsicos ao
trabalhador (MENEGON; RODRIGUES, 2011) sendo causa de leses e traumatismos.
No ano de 2012 o nmero total de acidentes de trabalho, dentro do segmento da
panificao tradicional foi de 2.392 no Brasil, sendo 156 em Santa Catarina. Considerando-se
o nmero mdio de vnculos de trabalho, para cada 1.000 trabalhadores segurados neste
segmento industrial, as taxas de incidncia brasileira e catarinense so 19,23 e 18,45
respectivamente (MPS, 2015).
notrio que a quase totalidade de empresas de panificao se enquadra na
categoria de micro e pequenas empresas aproximadamente 95,2% segundo levantamento
realizado em convnio firmado entre a Associao Brasileira das Indstrias de Panificao e
Confeitaria (ABIP), o SEBRAE e o Instituto Tecnolgico da Panificao e Confeitaria
1 Informao coletada em reunio com o Sindipan, realizada no dia 15 de julho de 2015.
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(ITPC), em 2012 - por conseguinte enfrentam como principais desafios a escassez de recursos
financeiros e tecnolgicos para investimento em capacitao dos funcionrios e melhorias de
infraestrutura (CESIT, 2005).
No entanto, de acordo com a Lei Complementar n 123/2006 Estatuto Nacional
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, no que se refere s obrigaes de sade,
segurana e higiene do trabalho - salvo a possibilidade de formao de consrcios para acesso
aos Servios Especializados em Segurana e Medicina do Trabalho - no h qualquer
tratamento diferenciado s MPEs. Portanto, as empresas que no cumprem as NRs do MTE
alm de colocar em risco a sade e a segurana do trabalhador, sujeitam-se a multas,
interdio do estabelecimento e, conforme o caso, ao pagamento de altas indenizaes s
vtimas (KREIN; BIAVACHI, 2012).
Tendo em vista o acima exposto, e ponderando o fato de que apesar das padarias
possurem caractersticas de indstria e produo, possuem recursos limitados por serem
predominantemente pequenas empresas, considerou-se pertinente avaliar se as empresas de
panificao da Grande Florianpolis que se caracterizam por produo prpria, esto
seguindo as Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego a que esto
obrigadas para, de posse desta informao, contribuir com recomendaes aos empresrios, a
fim de promover as adequaes necessrias.
1.1. TEMA
A Segurana do Trabalho no Setor da Panificao.
1.2. DELIMITAO DO TEMA
A temtica da pesquisa a adequao das panificadoras da cidade de
Florianpolis (SC) s Normas Regulamentadoras (NRs) de Sade e Segurana do Trabalho
(SST) do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE).
1.3. PROBLEMA DE PESQUISA
Ser que as panificadoras da Grande Florianpolis, SC, esto cumprindo as NRs a
que esto obrigadas a fim de promover a sade e segurana no trabalho?
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1.4. JUSTIFICATIVA
As dificuldades das pequenas empresas em promover a sade e segurana do
trabalho (SST) referem-se escassez de informaes, de pessoal tcnico qualificado e de
recursos, alm do desconhecimento dos responsveis sobre os riscos que caracterizam sua
empresa, das leis e Normas Regulamentadoras (NR).
As NRs so elaboradas pelo Ministrio do Trabalho e Emprego e tem fora de lei.
Foram criadas a fim de promover a SST na empresa, sendo de observncia obrigatria para
toda empresa ou instituio que admitir empregados regidos pela Consolidao das Leis do
Trabalho (CLT). O no cumprimento das disposies legais e regulamentares sobre SST
acarretar ao empregador a aplicao das penalidades previstas na legislao pertinente.
A melhoria da sade e segurana do trabalho nas empresas, alm de incrementar a
qualidade de vida dos trabalhadores, aumenta a produtividade e reduz o custo do produto
final, pois diminui os gastos com absentesmo, acidentes, doenas ocupacionais (QUELHAS,
ALVES E FILHARDO, 2003) e rotatividade de funcionrios.
O setor de panificao representa cerca de 850 mil empregos diretos e 1,85 milho
de forma indireta, no pas (ITPC; ABIP, 2014). Entretanto se considerarmos o nmero de
acidentes e o nmero mdio de vnculos de trabalho no ano de 2012, para cada 1.000
trabalhadores segurados, 19,23 sofreram algum tipo de acidente de trabalho.
Este projeto se justifica pela necessidade de apurar as condies do setor de
panificao no mbito de sade e segurana do trabalho a fim de, no somente reconhecer as
carncias existentes quanto ao cumprimento das exigncias legais, como tambm pela
imprescindibilidade de apresentar ao setor empresarial, alternativas viveis de execuo da
responsabilidade social e econmica inerente ao tema.
1.5. OBJETIVOS
1.5.1. Objetivo geral
Investigar se as empresas do setor de panificao da cidade de Florianpolis, SC,
esto cumprindo as Normas Regulamentadoras do MTE, de forma a garantir a segurana e
sade dos trabalhadores.
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1.5.2. Objetivos especficos
Proceder pesquisa bibliogrfica bsica acerca das Normas
Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego que se aplicam
Indstria de Panificao;
Realizar pesquisa documental acerca dos dados estatsticos acidentrios
referentes ao CNAE 1091-1 (Fabricao de Produtos de Padaria e
Confeitaria) nos panoramas nacional e estadual a fim de avaliar
objetivamente se est havendo progressos com as medidas legais e as
polticas implementadas pelos governos com a finalidade de diminuir os
acidentes de trabalho;
Analisar as informaes de benefcios acidentrios concedidos referentes
ao CNAE 1091-1 (Fabricao de Produtos de Padaria e Confeitaria) nos
mbitos nacional e municipal a fim de avaliar e contextualizar as
principais carncias deste segmento econmico do ponto de vista de sade
e segurana do trabalho;
Levantar os dados junto s referidas empresas, quanto sua adequao s
normas do MTE atravs da aplicao do questionrio de verificao;
Identificar as deficincias no cumprimento das NRs (MTE) por meio da
anlise de dados;
Contribuir com recomendaes pertinentes para a adequao das empresas
s NR (MTE), conforme e caso seja necessrio.
1.6. OPES METODOLGICAS
1.6.1. CLASSIFICAO DA PESQUISA
De acordo com Crdova e Silveira (2009) esta uma pesquisa aplicada, pois alm
de envolver interesses locais, tem como objetivo gerar conhecimentos para a aplicao prtica
de um problema especfico. Ademais, o estudo apresenta abordagem quantitativa e objetivo
descritivo, porquanto possui como funo primordial a exata descrio de certas
caractersticas quantitativas da populao estudada (LAKATOS; MARCONI, 2003).
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As pesquisas descritivas, acompanhadas das exploratrias, esto habitualmente
relacionadas a estudos que buscam aplicao prtica. Alm disso, sua caracterstica mais
significativa a utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o
questionrio e a observao sistemtica (GIL, 2002).
Os procedimentos tcnicos utilizados na realizao desta pesquisa foram a
pesquisa documental e o levantamento. Consoante Severino (2007), a pesquisa documental
toma como fonte documentos diversos que ainda no sofreram tratamento analtico, tal como
as estatsticas obtidas na base de dados da Previdncia Social e com o Instituto Nacional do
Seguro Social, utilizados como base de informaes neste estudo.
Os levantamentos, por sua vez, so muito teis para o estudo de opinies e
atitudes (Gil, 2002), conforme objetivo desta pesquisa encontrar a adeso da indstria da
panificao tradicional florianopolitana s NRs do MTE e se caracterizam basicamente pela
interrogao direta do grupo cujo comportamento se deseja conhecer. O procedimento
consiste em solicitar as informaes de um nmero significativo de sujeitos do grupo
estudado, para em seguida proceder anlise quantitativa e obterem-se concluses
correspondentes ao problema pesquisado (Gil, 2002).
O levantamento foi realizado atravs de um questionrio enviado aos participantes
via e-mail. Segundo Silva e Menezes (2005), questionrio uma srie ordenada de perguntas
que devem ser respondidas por escrito pelo informante devendo estar acompanhado de
instrues. Os questionrios, na maioria das vezes, so propostos por escrito aos
respondentes. Costumam, nesse caso, ser designados como questionrios auto-aplicados,
garantindo o anonimato e consequentemente maior liberdade- das respostas. Outra
vantagem deste tipo de veculo que os questionrios no expem os pesquisados influncia
das opinies do entrevistado. Todavia, impede auxlio ao informante, quando este no entende
as perguntas e no oferece garantias que a maioria das pessoas o devolva preenchido (GIL,
2002). Segundo Lakatos e Marconi (2003), os questionrios expedidos pelo pesquisador
alcanam cerca de 25% de devoluo.
Observa-se que neste estudo, a amostra do levantamento foi no-probabilstica
intencional, visto que foram consideradas apenas as padarias associadas ao Sindipan
(Sindicato das Panificadoras e Confeitarias da Grande Florianpolis) que aceitaram participar
da pesquisa (SILVA; MENEZES, 2005).
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1.6.2. CAMPO DE PESQUISA
O Sindipan Grande Florianpolis possui 744 padarias associadas referentes s
cidades de Florianpolis, So Jos, Palhoa, Biguau, Santo Amaro da Imperatriz, Rancho
Queimado, Antnio Carlos, Angelina, Tijucas, Garopaba, guas Mornas, So Pedro de
Alcntara, Paulo Lopes, So Joo Batista, Canelinha, So Bonifcio, Nova Trento, Anitpolis,
Alfredo Wagner e Governador Celso Ramos (SINDIPAN, 2015) sendo que destas, apenas
cerca de 30 so ativas junto ao Sindicato2. Na cidade de Florianpolis, so 308 padarias
associadas (SINDIPAN, 2015) distribudas nos 675, 409km2 de rea territorial (IBGE, 2015).
A configurao da Grande Florianpolis est demonstrada na Figura 1.
Figura 1: Florianpolis e Regio
Fonte: Google Maps (2015).
O Sindipan auxiliou a pesquisa principalmente no sentido de facilitar o contato
com as empresas fornecendo os contatos e encaminhando os questionrios como
correspondncia prpria, alm de ter participado do desenvolvimento do questionrio na fase
de pr-teste do mesmo.
2 Informao coletada em reunio com o Sindipan, realizada no dia 15 de julho de 2015.
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1.6.3. DELINEAMENTO DA PESQUISA
A experincia e a perspectiva sobre Sade e Segurana do Trabalho obtida pela
autora na pequena e mdia indstria de alimentos foram a fora motriz para o delineamento
deste estudo. Devido atividade de panificao possuir um Cdigo Nacional de Atividade
Econmica (CNAE) prprio; sindicato patronal regional organizado (Sindipan) e, possuir
caractersticas e riscos de atividade industrial, optou-se por delinear a pesquisa em torno do
segmento de Panificao Tradicional: fabricao de produtos panificados (CNAE 1091-1/02).
Em uma primeira etapa, foi realizada pesquisa bibliogrfica e documental acerca
das NRs que se aplicam s panificadoras definidas como escopo deste estudo, no intuito de
embasar o questionrio empregado na fase de coleta de dados.
Realizou-se tambm pesquisa exploratria na Base de Dados Histricos da
Previdncia Social de onde se recolheu dados para estudo descritivo acerca do panorama
acidentrio do segmento econmico de Fabricao de Produtos de Panificao e Confeitaria
(subclasse 1091-1/02) no Brasil e no Estado de Santa Catarina, no perodo entre 2002 e 2012,
a fim de indicar o impacto causado pelo NTEP a partir de 2007 neste segmento econmico - e
os possveis apontamentos decorrentes.
Posteriormente, analisou-se as principais CIDS acidentrias entre 2009 e 2012 a
nvel nacional, e entre 2002 e 2014 da Cidade de Florianpolis com a colaborao de dados
cedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social no segundo item, no sentido de verificar as
principais carncias do setor de fabricao de produtos de panificados em matria de sade e
segurana do trabalho nos perodos de tempo estudados.
De posse das informaes coletadas na pesquisa documental foi analisado o perfil
acidentrio da panificao tradicional nos cenrios nacional e estadual, assim como os
padres acidentrios do municpio de Florianpolis a fim de contextualizar os dados e
construir um questionrio pertinente ao levantamento.
O questionrio desta pesquisa (APNDICE A) foi construdo em blocos temticos
segundo as Normas Regulamentadoras abordadas, com perguntas fechadas de mltipla
escolha e instrues para o seu preenchimento. Procedeu-se uma reunio em 15 de julho de
2015- com o Sr. Maurcio Machado, presidente do Sindipan para apresentar as informaes
preliminares da pesquisa e realizar o pr-teste do questionrio. O pr-teste visa evidenciar
possveis erros de formulao como, por exemplo, a linguagem inacessvel ou questes
ambguas (LAKATOS, MARCONI, 200). Foram apontadas sugestes a fim de melhorar o
entendimento das questes, as quais foram acatadas.
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A estratgia para o levantamento de dados junto aos empresrios foi definida em
consenso com o Sindipan. A tcnica utilizada para o levantamento de dados foi a observao
direta extensiva (SEVERINO, 2007) atravs de questionrios enviados aos participantes por
e-mail, pelo prprio Sindipan, s empresas associadas. Buscou-se desta forma atingir maior
retorno e maior fidedignidade de respostas, visto que este um caso em que nem todas as
pessoas esto dispostas a fornecer as respostas solicitadas, sendo que, algumas podem at
mesmo se sentir ameaadas ou constrangidas ao serem indagadas sobre o tema(GIL, 2002) e
esta uma estratgia adequada para prevenir a perda ou deformao de informaes devido
ao receio dos participantes (FODDY, 1993). Junto com os questionrios, foi enviada uma
nota, assinada pelo Sindipan, esclarecendo a importncia da pesquisa e pedindo a participao
de todos.
No entanto, diante da resistncia dos empresrios em colaborar com o estudo, foi
necessrio promover um esforo para a sensibilizao destes. Para tanto, foram realizadas
visitas e contatos telefnicos no perodo de 20 de setembro de 2015 a 02 de outubro de 2015
- a fim de esclarecer e ilustrar os objetivos da pesquisa, alm de sublinhar o carter acadmico
e a garantia de segurana das informaes. Esses contatos foram de extrema relevncia para o
andamento da pesquisa, para a aproximao com o meio empresarial e para a coleta de
informaes secundrias a serem utilizadas na interpretao dos dados.
Por fim, procedeu-se tabulamento dos dados em editor de planilhas Microsoft Ecxel
2010, e gerou-se grficos em forma de barras empilhadas para melhor visualizao e anlise
dos resultados obtidos.
1.7 ESTRUTUTRA DO TRABALHO
Esse trabalho est composto por quatro captulos assim distribudos:
No captulo 1 apresentamos o tema, o problema de pesquisa, assim como a
justificativa, os objetivos e as opes metodolgicas.
No captulo 2 consta o referencial terico composto por trs temticas principais:
a panificao seu histrico, o perfil do segmento, o panorama da sade e segurana do
trabalho no setor; a legislao bsica e as principais normas regulamentadoras do Ministrio
do Trabalho e Emprego aplicveis ao setor panaderil; e o conceito legal de acidente de
trabalho.
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No captulo 3 encontram-se os resultados: primeiramente a anlise do perfil
acidentrio do setor, nos panoramas nacional e municipal, verificado junto base de dados
histricos da Previdncia Social e do INSS, e posteriormente as informaes obtidas segundo
levantamento realizado em 14 padarias de diferentes portes da cidade de Florianpolis.
E, finalmente, no captulo 4 constam as concluses de acordo com os resultados
observados. Tambm constam algumas recomendaes para os empresrios do setor e para
futuras pesquisas.
-
2. REFERENCIAL TERICO
2.1. PANIFICAO
2.1.1 Histrico
O ramo da panificao classificado como um dos pioneiros na transformao de
alimentos, tendo acompanhado a evoluo da humanidade (SESI MG, 2014). Apesar de
haver registros do consumo de pes desde o Neoltico foi no Egito que a fabricao de pes
comeou a ser feita com farinhas de gros fabricadas em moinhos; construiu-se o primeiro
forno por volta do ano 7000 a. C; e, em torno de 3000 a. C, descobriu-se a fermentao da
massa (GUERRA, 1997).
As primeiras padarias pblicas surgiram em Roma, e com elas os primeiros
padeiros, profisso que chegou a ser comparada de artistas e sacerdotes. A expanso do
Imprio Romano foi a grande responsvel por difundir o po pela Europa (SEBRAE; ESPM,
2008).
No sculo XVII a Frana passou a se destacar como centro mundial de fabricao
de pes, desenvolvendo tcnicas aprimoradas de panificao. Ao longo dos anos houve o
aperfeioamento das mesmas, at que no perodo da revoluo industrial, as panificadoras se
equiparam, permitindo um maior desenvolvimento do ramo (SEBRAE; ESPM, 2008).
O Brasil, conheceu o po somente no sculo XIX e embora bastante vinculado aos
imigrantes portugueses, a atividade da panificao se expandiu com os imigrantes italianos
que se estabeleceram em Minas Gerais e posteriormente em So Paulo(FUNDAO
BUNGUE, 2011). A partir de 1920 que surgiram as primeiras padarias mecanizadas que se
proliferaram nos centros urbanos.
Em 1984 estimava-se ter em torno de 42 mil padarias artesanais no Brasil. Em
1994 este nmero elevou-se para cerca de 60 mil e em 1997 caiu para 55 mil (ABIP, 2007).
Nos ltimos anos nota-se uma estabilizao ao redor de 63,2 mil padarias (ITPC; ABIP,
2014).
Nos ltimos anos o negcio da panificao modificou-se muito buscando atender
as exigncias do mercado. Contudo, o pozinho continua a ser o principal produto consumido.
Fabric-lo da maneira correta, portanto, pode representar mais lucro e mais pblico para o
setor. (SINDIPAN, 2013).
Houve grande aumento na competitividade do setor na primeira dcada dos anos
2000 decorrente da entrada de novos empresrios, da concorrncia dos supermercados e dos
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negcios clandestinos (ABIP, 2007). Por isso, em termos de gesto, o negcio tambm est se
tornando mais sofisticado e abrangendo prticas do setor industrial: aumentando a
produtividade, reduzindo os custos e diversificando as ofertas (ABIP; SEBRAE, 2009).
2.1.2 Perfil do Segmento
O po francs, principal item do faturamento das padarias, considerado uma
comoditie e suas vendas, como outros produtos da cesta bsica de nossa alimentao, no
sofrem com as alteraes econmicas. Alguns economistas acreditam que o setor apresenta
uma caracterstica de blindagem contra alteraes. No ganha muito em momentos de euforia
e nem perde muito em tempos crise (ABIP; SEBRAE, 2009).
Em levantamento feito pelo Instituto Tecnolgico de Panificao e
Confeitaria(ITPC) em parceria com a Associao Brasileira da Indstria de Panificao e
Confeitaria (ABIP), atravs de pesquisa em mais de 1.200 empresas de todo o pas,acerca do
desempenho da Indstria de Panificao e Confeitaria no ano de 2014, o nmero de empresas
que compem o setor continua sendo 63,2 mil o que faz com que participe com 36,2% das
empresas da indstria de produtos alimentares e 7% da indstria de transformao. O
faturamento neste ano atingiu R$ 82,5 bilhes, o que corresponde a um crescimento de
8,02%.
O lucro bruto mdio da panificao no mercado nacional de 49,4% sobre o
faturamento bruto. Tal ndice de 65% a 75% nos produtos de fabricao prpria, sendo 67%
o percentual mais frequente. (PROPAN, 2010). Padarias artesanais produzem 79% dos
produtos do setor, 14% so fabricados por padarias industriais e 7% por padarias de
supermercados (SEBRAE PR, 2009).
O setor representa cerca de 850 mil empregos diretos e 1,85 milho de forma
indireta (ITPC; ABIP, 2014). O perfil das empresas do setor de panificao, de acordo com o
nmero de funcionrios, segundo a ABIP (2014) o que se segue:
At 7 funcionrios: 8%
De 8 a 12 funcionrios: 21,6%
De 13 a 16 funcionrios: 28,6%
De 17 a 23 funcionrios: 24,6%
-
De 24 a 34 funcionrios: 11,6%
Acima de 35 funcionrios: 4,6%
2.1.3 A Segurana do Trabalho na Panificao
Os riscos especficos do setor panederil, que podem ocasionar acidentes e
doenas, so:
2.1.3.1 Riscos fsicos
Segundo Rodrigues (2011, p. 38) riscos fsicos so aqueles ocasionados por
agentes que tem capacidade de modificar as caractersticas fsicas do meio ambiente, que, no
momento seguinte causar agresses em quem estiver nele imerso. So exemplos de riscos
fsicos os rudos, o calor, a iluminao, as vibraes, as radiaes e as presses anormais.
Em pesquisa de campo abrangendo 89 empresas e 2.139 trabalhadores, realizada
pelo SESI no estado de So Paulo entre os anos de 2003 e 2004, foram identificados como
riscos fsicos na indstria da panificao rudo e calor (SESI SP, 2005).
Saliba (2001, p.16) define o rudo como um fenmeno fsico vibratrio com
caractersticas indefinidas de variaes de presso (no caso o ar) em funo da frequncia. A
avaliao da exposio ocupacional ao rudo est regulamentada no Brasil pela NR 15, anexos
1 e 2, que se referem aos limites de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente e rudo de
impacto, respectivamente (BRASIL, 2014).
Menezes e Paulino (2001) dividem os efeitos do rudo sobre o corpo humano em
extra auditivo e auditivo. Os efeitos extra auditivos incluem hipertenso arterial (BRASIL,
2001), problemas digestrios (VIDAL, 2011a) cansao fsico e mental, manifestando-se em
forma de estresse e fatigabilidade, irritabilidade, cefaleia, alm disso, h evidncias da
diminuio do rendimento no trabalho e capacidade de concentrao em ambientes ruidosos,
o que ocasiona erros e acidentes do trabalho (MENEZES, PAULINO, 2001). Estudos tm
demonstrado que os efeitos extra-auditivos da exposio ao rudo devem merecer uma
ateno especial dos profissionais de sade, em decorrncia do amplo espectro das
repercusses observadas (BRASIL, 2001, p. 251).
Os efeitos auditivos so os traumas acsticos, efeitos transitrios e efeitos
permanentes. Dos efeitos permanentes, a perda auditiva neurossensorial por exposio
continuada a nveis elevados de presso sonora de origem ocupacional (ou PAIR perda
-
auditiva induzida por rudo) um dos problemas de sade relacionados ao trabalho mais
frequentes em todo mundo (BRASIL, 2001, p. 251). A perda auditiva mensurada atravs
de audiometria e permanente, tendo seu maior impacto na habilidade de comunicao,
afetando a qualidade de vida da pessoa implicada (VIDAL, 2011a).
O SESI SP (2005) realizou 18 avaliaes de presso sonora atravs de dosimetria
de rudo para as funes de padeiro e confeiteiro e as medies indicaram que os
trabalhadores esto expostos a nveis mdios de rudo (Lavg) acima do nvel de ao, o que
requer adoo de medidas preventivas de controle por parte da empresa.
Segundo Coutinho (2011), toda pessoa est sujeita a um balano trmico,
regulado pelo prprio corpo humano para que o saldo seja nulo. As variveis envolvidas nesse
balano so o metabolismo, resistncia trmica das vestes, temperatura, umidade, velocidade
do ar e temperatura radiante mdia. Quanto mais distantes as condies trmicas reais das
condies de conforto, maior o esforo do sistema de termorregulao para manter a
temperatura do corpo dentro dos limites normais e maior o desconforto trmico.
Ambiente quente aquele capaz de causar estresse em pessoas sadias, em virtude
das altas temperaturas (COUTINHO, 2011, p. 219). Devido o trabalho com maquinrio que
funciona a quente - como fornos, foges e estufas comum a presena de calor no
ambiente, o que em determinadas situaes pode gerar reaes fisiolgicas com
possibilidades de induzir doenas geradas pelo calor - como a desidratao (CALDAS, 2007,
COUTINHO, 2011), ou at mesmo acelerar o cansao, reduzir o nvel de vigilncia e assim
aumentar a probabilidade de acidentes ou estresse no trabalho (FIRJAM, 2013). Alm disso,
h o risco de queimaduras em superfcies quentes.
O calor um agente fsico presente no ambiente de trabalho de panificao e que
pode ser analisado tanto do ponto de vista de conforto quanto de sobrecarga trmica
(CALDAS, 2007) estando neste segundo caso relacionado ao estudo da insalubridade e
regido pela Norma Regulamentadora NR 15 (Anexo 3), onde tambm constam os limites de
tolerncia e os procedimentos para clculo da carga trmica (BRASIL, 2014).
Nos postos de trabalho de padeiro e confeiteiro de padarias da regio de So
Paulo, atravs de medidas de temperatura em conformidade com a NR-15 Anexo no3 quadro
n1, contatou-se nos dois postos de trabalho valores acima do limite de tolerncia, para
atividade moderada e regime de trabalho contnuo, devendo a empresa adotar medidas de
controle (SESI SP, 2005).
Caldas (2007), em trabalho de campo realizado em 16 padarias da regio
metropolitana de Recife em que entrevistou 72 trabalhadores, a maioria das padarias visitadas
-
no possui sistema de exausto e/ou ventilao adequado, aumentando a temperatura e o
cansao fsico dos trabalhadores.
2.1.3.2 Riscos qumicos
Os riscos qumicos so provocados por agentes que modificam a composio
qumica do meio ambiente (...) e em geral provocam leses mediatas (crnicas)
(RODRIGUES, 2011, p. 38). Os contaminantes qumicos possuem propriedades diversas e o
risco qumico ser mais bem compreendido avaliando-se como ocorrem as quatro principais
fases da contaminao: contato, toxicocintica (absoro), toxicodinmica e clnica
(surgimento dos efeitos adversos). No ambiente de trabalho, , em geral, a exposio de d
pelas formas cutnea e respiratria (PORTO; MILANEZ, 2011).
Os riscos qumicos, na panificao, se constituem os prprios insumos
alimentcios e produtos de limpeza. Segundo a Fundacentro (2009) a exposio continuada
farinha, temperos, acar, sal, alm da umidade, detergentes e outros produtos de limpeza
podem interagir com a pele e vias areas superiores dos trabalhadores deste segmento levando
a patologias cutneas e respiratrias. Desta forma, algumas doenas - como rinite, asma,
dermatites e dermatoses podem se desenvolver (FUNDACENTRO, 2009; FIRJAM, 2013).
Dermatites irritativas podem ocorrer pelo contato com farinhas midas,
fermentos, detergentes, sabes entre outros (FUNDACENTRO, 2009). Caso essas afeces
cutneas ocorram, devem ser observadas as normas sanitrias de boas prticas de manipulao
de alimentos segundo os critrios estabelecidos na Portaria do Ministrio da
Sade SVS/MS N 326, De 30 de julho de 1997 (BRASIL, 1997).
O p da farinha de trigo tambm um risco para os trabalhadores, podendo ser
inalado, desencadear irritaes cutneas ou nos olhos (FUNDACENTRO, 2009). Atualmente
amplamente reconhecido que a asma dos padeiros devida a reao de hipersensibilidade,
provocada pela inalao de antgenos da farinha de trigo (SARTI, 1997 APUD WILBUR,
1976). O risco de inalao de farinhas juntamente com enzimas e melhoradores de farinha
podem causar doenas respiratrias. Outras farinhas usadas como as de centeio, ou de soja
tambm se mostram potencialmente capazes de caus-las e seus efeitos na sade dos
trabalhadores independem da quantidade presente em suspenso no ambiente laboral (SESI
SP, 2005).
Apesar de estes agentes no constarem nos anexos da NR 15 com limites de
tolerncia estabelecidos para caracterizao de insalubridade (BRASIL, 2014), est descrito
-
na NR 9 (BRASIL, 2014) que, na ausncia destes limites estabelecidos na legislao
brasileira, devero ser adotados os limites estabelecidos pela ACGIH - American Conference
of Governmental Industrial Higyenists para fins de implementao de medidas de controle
visando a sade e a higiene ocupacional dos trabalhadores (BRASIL, 2014). No caso de
poeira de farinha inalvel, o limite de exposio estabelecido pela ACGIH de 0,5mg/m3 para
8 horas de trabalho dirias em regime de 40 horas semanais (ACGIH, 2012).
2.1.3.3 Riscos ergonmicos
Rodrigues (2011) considera riscos ergonmicos aqueles introduzidos por agentes
inadequados s limitaes dos seus usurios, em geral, provocando leses crnicas. Fatores
organizacionais do trabalho por exemplo, a jornada, os turnos, o ritmo e a monotonia
tambm so aspectos ergonmicos por influenciarem psicofisiologicamente os trabalhadores
(BRASIL, 2002; SOARES, DINIZ, 2011). Todavia alguns autores tambm os consideram
como riscos sociais, visto que causam aos trabalhadores problemas que afetam tambm sua
vida social (RODRIGUES, 2011).
O levantamento e transporte manual de peso excessivo como o transporte de
sacaria de farinha de trigo (em geral 50 kg), a manuteno de posturas inadequadas, os
movimentos repetitivos e a organizao do trabalho so de forma geral, os principais riscos
ergonmicos no setor de panificao (SESI SP, 2005; CALDAS, 2007). Todavia, h duas
grandes frentes de interesse quando se fala em riscos ergonmicos em uma panificadora,
independentemente do seu porte: produo e loja (SESI MG, 2014).
O setor de produo as atividades envolvem a manipulao de massas e
ferramentas, fatiamento, utilizao de fornos e se caracteriza por ser uma atividade dinmica
que exige postura em p e movimentao ativa dos membros superiores. O mobilirio e as
condies de iluminao afetaro muito o desempenho do trabalho e a ergonomia do
trabalhador (SESI MG, 2014).
No setor da loja se encontra o caixa (checkout), cujas atividades exigem
movimentao de membros superiores em pequenas amplitudes e com possibilidade de
postura alternada (entre sentado e em p) (SESI MG, 2014). Portanto, o posto de trabalho
deve ser adequado para no exigir a manuteno de posturas estticas, rotao de tronco, alm
de dever haver assento adequado.
Caldas (2007), em trabalho de campo realizado em 16 padarias da regio
metropolitana de Recife em que entrevistou 72 trabalhadores, constatou que os fatores
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organizacionais (jornada prolongada e falta de rotatividade entre as atividades) causam
sobrecarga e desconfortos msculo-esquelticos o que aumenta o cansao e o
descontentamento e consequentemente diminui a produtividade. Segundo a autora os
principais grupos acometidos so braos, ombros e pescoo.
2.1.3.4 Risco mecnicos
Os riscos mecnicos so, segundo Rodrigues (2011, p.37) provocados pelos
agentes que demandam contato direto com a vtima para manifestar sua nocividade. So
exemplos de agentes causadores de riscos mecnicos materiais perfuro cortantes, aquecidos,
em movimento e energizados. Tambm so riscos mecnicos as irregularidades de piso e
elementos causadores de incndios (RODRIGUES, 2011).
Os riscos mecnicos envolvidos no processo de panificao compreendem os
riscos de cortes envolvendo ferramentas manuais e queimaduras pelo manuseio de objetos
quentes, os riscos relacionados a acidentes com mquinas e equipamentos, os riscos de queda
e os riscos de choque, incndio e exploso (CALDAS, 2007; FIRJAM, 2013).
A queda de prpria altura pode ocorrer devido ao piso escorregadio. So fatores
que contribuem para esse tipo de acidente o acmulo no cho de leo e farinha provenientes
dos processos produtivos ou de gua proveniente da lavagem sistemtica do ambiente de
trabalho. Em ambos os casos deve existir e serem observados os corretos procedimentos de
trabalho e tambm ser previsto a utilizao de botas de borracha com solado anti-derrapante
(CALDAS, 2007). Desnveis no piso, escoamento de gua inadequado, falta de corrimo nas
escadas ou degraus sem espao de apoio para os ps so outros exemplos de agentes que
geram risco deste tipo de acidente.
As instalaes eltricas, quando no observadas s normas tcnicas e de
segurana, passam a constituir um risco tanto para os operrios, quanto para um eventual
eletricista que estiver prestando servio. Quando a corrente eltrica atravessa o corpo humano,
produz um conjunto de perturbaes de natureza e efeitos diversos: o choque eltrico. As
consequncias do choque eltrico dependem das condies e da intensidade da corrente,
podendo causar tetania, parada respiratria, queimaduras e fibrilao ventricular (ARAJO,
C., S., 2011).
A panificao uma atividade econmica importante do ponto de vista de
segurana do trabalho devido sua atividade de produo envolvendo mquinas e
-
equipamentos. A NR 12 Segurana no trabalho em Mquinas e equipamentos (Redao
dada pela Portaria SIT n. 197, de 17/12/10), em seu Anexo VI estabelece requisitos
especficos de segurana para mquinas de panificao e confeitaria.
Os riscos preponderantes no trabalho com mquinas e equipamentos so os riscos
de choque eltrico quando a mquina no est corretamente aterrada e as fraturas,
prensamentos, cortes e outros tipos de leses nas mos e dedos por acesso s zonas de
aprisionamento e esmagamento da mquina ou equipamento. Entretanto, Menegon e
Rodrigues (2011) salientam que uma mquina tambm fonte de outros perigos ao
trabalhador, citando entre eles o trmico, os rudos e as vibraes, os causados pelo
desrespeito aos princpios ergonmicos e os provocados por materiais ou substncias, que
podem se caracterizar, por exemplo, pelo risco de incndio ou exploso.
Mquinas tipo cilindros de massa so consideradas obsoletas ou inseguras, pois
oferecem risco na regio de convergncia dos cilindros e tambm nas partes mveis de
transmisso de fora. Por isso, h uma srie de requisitos a serem obedecidos no sentido de
eliminar os riscos de acidentes. Segundo estudo realizado por Mendes para a Previdncia
Social (2001) as calandras e cilindros utilizadas para fabricao de produtos de padaria,
confeitaria e pastelaria so responsveis por 3,4% de todos os acidentes com mquinas
(MENDES, 2001 apud SILVA, 1995) e 6,6% de todos os acidentes graves, causados por
mquinas (MENDES, 2001 apud SILVA, 1995). Na indstria de panificao, em
levantamento feito no ano de 1996 pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indstrias de
Panificao, Confeitarias e Afins de So Paulo, os acidentes com mquinas representaram
cerca de 70% dos acidentes graves, sendo mais da metade consequncias de mquinas
cilindros de massa (MELO; RODRIGUES, 2005).
Na indstria de panificao, existem vrios materiais combustveis capazes de
liberar energias calorficas, quando em combusto e que representa a carga de incndio (SESI
SP, 2005). Segundo Villar (2011) o risco de incndio desses materiais pode ser agravado por
condies como instalaes eltricas irregulares e/ou mal dimensionadas, superfcies
aquecidas, atrito, chamas abertas, cigarros e fsforos e sistemas inadequados para
abastecimento e armazenamento de gs.
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2.1.3.5 Riscos biolgicos
Para Rodrigues (2011, p. 39) riscos biolgicos so aqueles introduzidos nos
processos de trabalho pela utilizao de seres vivos como parte integrante do processo
produtivo (...) ou por deficincias na higienizao do ambiente de trabalho.
Segundo SESI SP (2005) os riscos biolgicos verificados em ambiente laboral
panaderil so sujidades e vetores (baratas, formigas e moscas) que podem contaminar os
ambientes, a matria-prima e consequentemente os trabalhadores, transmitindo doenas. Em
locais midos pode ocorrer aparecimento de fungos, que constituem um risco adicional para
esses trabalhadores (FUNDACENTRO, 2009, p. 291).
Outra possvel fonte de risco biolgico so as atividades de utilizao e limpeza
de refeitrios e banheiros/vestirios, alm da coleta e descarte de resduos slidos e lquidos, e
limpeza de caixas de esgoto (SESI SP, 2005).
2.2 LEGISLAO
Infelizmente, ainda no chegamos a um nvel de desenvolvimento em Segurana
do Trabalho que permita deixar a segurana do trabalho impor-se apenas por sua importncia
social, econmica e estratgica. Ainda existe muita explorao de mo de obra,
desconhecimento e despreparo (FERREIRA; PEIXOTO, 2012). Mesmo que todos ganhem, se
tudo for realizado corretamente, ainda necessria a fora da lei para impor medidas de
segurana.
A legislao bsica que rege a Segurana do Trabalho no Brasil composta pela
Constituio Federal (CF) de 1988; pela Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) Decreto-
lei n. 5.452/43; pela legislao bsica Lei n. 6.514 de 22/12/1977, que altera o Captulo V do
Ttulo II da CLT (arts. 154 a 201) e prev a Portaria 3.214 de 08/06/1978 Normas
Regulamentadoras (NR), atualmente em nmero de 36 entre as de contedo geral e especfico.
No Brasil, o legislador mostrou-se consciente das modificaes tecnolgicas e das
consequncias na sade do trabalhador. Tanto que foi editada a Lei no 6.514/77, que
deu nova redao aos arts. 154 a 201 da CLT, tendo sido complementada pela
Portaria no 3.214/78 (...) que trata de uma srie de normas complementares no que
diz respeito a condies de segurana no trabalho. (MARTINS, 2012, p. 665 e 668).
-
Na CLT est previsto que incumbe ao rgo de mbito nacional competente em
matria de segurana e medicina do trabalho estabelecer normas sobre a aplicao da
segurana do trabalho, coordenar, orientar, controlar e supervisionar sua fiscalizao e s
Delegacias Regionais do Trabalho, promover a fiscalizao do cumprimento das normas de
segurana e medicina do trabalho, adotar as medidas determinando as obras e reparos que se
faam necessrias, impondo as penalidades cabveis por descumprimento das normas
(BRASIL, 1943).
Cabe s empresas cumprir e fazer cumprir as normas de segurana e medicina do
trabalho e instruir os empregados, atravs de ordens de servio, quanto s precaues a tomar
no sentido de evitar acidentes de trabalho ou doenas ocupacionais, constituindo contraveno
penal por parte da empresa que deixar de cumprir as normas de segurana (BRASIL, 1943).
Visando estabelecer condies para que as MPE consigam ser eficazes e
competitivas, capazes de oferecer possibilidades de emprego produtivo e duradouro em
condies sociais adequadas, o Estado Brasileiro tomou algumas medidas no sentido de
diminuir alguns encargos e desburocratizar os trmites administrativos. Essas medidas vieram
na forma do Supersimples e da Lei Complementar no 123/2006 Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
relevante apontar que quanto s obrigaes referentes a segurana e higiene do
trabalho, no h nenhum tratamento diferenciado s MPEs, salvo quanto formao de
consrcios para terem acesso a segurana e medicina do trabalho, como previsto no art. 50 da
dita lei (BRASIL, 2006): Art. 50. As microempresas e as empresas de pequeno porte sero
estimuladas pelo poder pblico e pelos Servios Sociais Autnomos a formar consrcios para
acesso a servios especializados em segurana e medicina do trabalho.
A constituio de consrcios de MPEs para a contratao desses servios
possibilita a reduo dos custos de contratao de empresas especializadas e maior eficincia
no acompanhamento das exigncias relacionadas segurana e medicina do trabalho, j que
as empresas que no cumprem as NRs do MTE alm de colocar em risco a sade e a
segurana do trabalhador sujeitam-se a multas, interdio do estabelecimento e, conforme o
caso, ao pagamento de altas indenizaes s vtimas (SEBRAE, 2007).
Especificamente quanto ao sistema de fiscalizao e de multas, a legislao
prioriza a orientao em detrimento da punio, uma vez que o objetivo fazer que a lei se
cumpra e no punir. Dessa forma, o auditor fiscal do trabalho, ao identificar por parte de
MPEs alguma infrao passvel de autuao, dever, inicialmente, instruir para a
-
regularizao da situao, apenas autuando se, numa segunda visita, suas instrues no
tiverem sido observadas (BRASIL, 2006).
2.2.1 Normas regulamentadoras
No ano de 1978, atravs da Portaria n 3.214 de 08/06/1978, aprovou-se as NRs
relativas segurana e medicina do trabalho do MTE. Nesse mesmo ano, foram aprovadas
outras 28 (vinte e oito) NRs, as quais sofreram vrias alteraes ao longo dos anos e hoje so
36 normas.
As normas de medicina e segurana do trabalho tm funo de especificar e
detalhar os assuntos tratados na CLT. Elas se caracterizam por acentuado intervencionismo
estatal, e constituram considervel avano, dotando os Agentes do Poder Pblico de maior
fora ante os empresrios, prevendo estabilidade aos integrantes da CIPA, possibilitando que
os sindicatos representem os trabalhadores judicialmente e versando sobre questes de
insalubridade (SAAD, 2006).
A elaborao das normas se d de acordo com a Portaria N 1.127, de 2 de
outubro 2003 do MTb, sendo elaboradas por uma comisso tripartite e paritria - ou seja,
representantes dos empregados, dos empregadores e do prprio governo - e recebendo a
anlise e sugestes da sociedade durante perodo de consulta pblica. Para Oliveira (2007, p.
125): Com essa participao tripartite, as normas regulamentadoras passaram a ter mais
legitimidade e maior aceitao dos atores sociais diretamente envolvidos.
Segundo Melo (A. S. 2011) tecnicamente as NRs podem ser classificadas em
genricas e especficas (estruturantes e no estruturantes). A seguir sero detalhadas as NR 07
e NR 09 por seu carter estruturante - ou seja, estabelecem parmetros e diretrizes que
norteiam sistemas de gesto aplicados sade e segurana do trabalhador. Tambm sero
abordadas normas genricas NR 01; NR 04; NR 05; NR 12; NR 14; NR 17 e NR 23 por
requererem iniciativas das empresas em promover medidas administrativas e organizacionais
a fim de cumprir suas obrigaes de sade e segurana do trabalho para com seus servidores,
e que esto diretamente relacionados ao segmento de panificao tradicional, objetos desta
pesquisa.
-
2.2.1.1 NR 01- Disposies gerais
Os artigos 154 e 159 da CLT asseguram, em nvel de legislao ordinria, a
existncia jurdica da NR 1, cujo contedo discorre sobre o campo de aplicao das Normas
Regulamentadoras de segurana e medicina do trabalho e os direitos e deveres do Estado, dos
empregadores e dos trabalhadores relativos a este tema (COSTA, 2012).
De acordo com a NR 1 as empresas devem propiciar aos trabalhadores os
conhecimentos e as informaes necessrias acerca dos riscos a que esto submetidos, as
habilidades e experincias de como lidar com as situaes de trabalho e de como executar o
trabalho com eficincia e segurana (BRASIL, 2009). A isso se denomina proteo cognitiva
e faz parte do treinamento e capacitao previstos em vrias NRs (BRASIL, 2010).
Segundo Fuhrmann (2012) Ordem de Servio um termo genrico que se refere
aos documentos internos, com itens de cumprimento obrigatrio, utilizados pelas empresas
para instruir seus empregados em relao aos riscos a que esto submetidos durante a
realizao de suas atividades e os procedimentos para realiz-los com segurana. As Ordens
de Servio, quando bem elaboradas, amparam tanto o empregador quanto o empregado. O
primeiro no caso de aes trabalhistas ou fiscalizaes realizadas pelos agentes do Ministrio
do Trabalho e o segundo na medida em que h melhoria da segurana no ambiente de trabalho
pelo nivelamento das informaes relativas a SST (FUHRMANN, 2012).
2.2.1.2 NR 04 Servio Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho
A CLT, no artigo 162 prev a obrigatoriedade da manuteno, por parte das
empresas, dos servios especializados em segurana e medicina do trabalho e assegura
juridicamente a existncia jurdica da NR 4. Os Servios Especializados em Segurana e em
Medicina do Trabalho (SESMT) so constitudos por profissionais com formao na rea
prevencionista - engenheiro de segurana do trabalho, mdico do trabalho, enfermeiro do
trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho e tcnico em segurana do trabalho - sendo eles
os responsveis, entre outras funes, por aplicar o conhecimento tcnico em benefcio da
qualidade do ambiente de trabalho (FERREIRA; PEIXOTO 2012).
-
Via de regra, para empresas enquadradas nos graus de risco 2,3 e 4, o
dimensionamento e a composio do SESMT ser dado de acordo com os quadros I e II da
NR 4 e se d segundo gradao do risco da atividade principal e ao nmero total de
empregados considerando como nmero de empregados o somatrio dos empregados de
todos os estabelecimentos (BRASIL, 2014)
As empresas do setor de panificao que no possuem mais de 100 empregados
esto desobrigadas de manter SESMT de modo que as aes de sade e segurana se do, em
geral, pela prestao de servios de empresas especializadas (SESI MG, 2014). Alternativa,
prevista pelo Estatuto das Micro e Pequenas Empresas, no artigo 50 a constituio de
consrcios de MPEs para a contratao desses servios possibilitando a reduo dos custos de
contratao e maior eficincia no acompanhamento das exigncias relacionadas segurana e
medicina do trabalho (CESIT, 2005).
A prpria NR 4 inclui no seu item 4.14. a possibilidade da organizao de SESMT
comum, que um SESMT com competncia de atuar em um grupo de empresas organizadas,
desde que no dimensionamento dado pela norma no seja exigido mdico ou engenheiro de
segurana:
4.14 As empresas cujos estabelecimentos no se enquadrem no Quadro II, anexo a
esta NR, podero dar assistncia na rea de segurana e medicina do trabalho a seus
empregados atravs de Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em
Medicina do Trabalho comuns, organizados pelo sindicato ou associao da
categoria econmica correspondente ou pelas prprias empresas interessadas.
4.14.1 A manuteno desses Servios Especializados em Engenharia de Segurana e
em Medicina do Trabalho dever ser feita pelas empresas usurias, que participaro
das despesas em proporo ao nmero de empregados de cada uma (BRASIL,
2014).
2.2.1.3 NR 05- Comisso Interna de Preveno de Acidentes
De acordo com o art. 163 da CLT, obrigatria a constituio de Comisso
Interna de Preveno de Acidentes (CIPA), conforme as instrues (...) contidas na NR 5 da
Portaria na 3.214/78 (MARTINS, 2012, p. 669).
Sady (2000) atenta para o fato do mais poderoso instrumento disponvel para
democratizar a gesto da sade nos locais de trabalho ser a organizao dos empregados de
cada empresa, atentos e velando pela higiene e segurana do ambiente. Este o intuito da
Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA), prevista pelos artigos 163 a 165 da
CLT. Ainda, merece realce o papel educador da Comisso, porquanto tambm seu dever
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orientar os trabalhadores quando preveno e aos riscos do trabalho, a fim de se evitar a
ocorrncia de acidentes e doenas (OLIVEIRA, 2009).
A Norma Regulamentadora 5 estabelece a obrigatoriedade das empresas pblicas
e privadas em organizar e manter uma comisso interna de preveno de acidentes. A
constituio, a organizao, as atribuies, o funcionamento, os trmites eleitorais, o
treinamento e os demais assuntos pertinentes so objetos de regulamentao da norma
(BRASIL, 2011).
A CIPA ser dimensionada segundo critrios classificao nacional de atividade
econmica e do nmero de empregados da empresa e possuir representantes dos empregados
e do empregador (BRASIL, 2011).As principais funes da CIPA so trabalhar na preveno
de infortnios laborais; apresentar sugestes ao empregador na busca da melhoria das
condies de trabalho, visando extinguir ou diminuir as possveis causas de acidentes e as
doenas ocupacionais (COSTA, 2012), funcionando como elo entre os trabalhadores e os
empregadores.
O artigo 165 da CLT impede a despedida arbitrria dos representantes dos
empregados na CIPA, entendendo-se como despedida arbitrria a que no se funde em motivo
disciplinar, tcnico, econmico ou financeiro e garantindo reintegrao ao cargo em caso de
desobedincia desta regra. Este artigo justifica-se como uma proteo aos constituintes da
CIPA, para que no sofram represlias das entidades patronais ao denunciar condies
inseguras de trabalho (COSTA, 2012).
Empresas com at 19 empregados esto desobrigadas de constituir CIPA, devendo
apenas designar um responsvel para o cumprimento das obrigaes da NR 5, de acordo com
o item 5.6.4:Quando o estabelecimento no se enquadrar no Quadro I, a empresa designar
um responsvel pelo cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos
de participao dos empregados, atravs de negociao coletiva. (BRASIL, 2011).
2.2.1.4 NR 06- Equipamento de Proteo Individual
A sexta Norma Regulamentadora, cujo ttulo Equipamento de Proteo
Individual (EPI), tem a sua existncia jurdica assegurada, em nvel de legislao ordinria,
nos artigos 166 a 167 da CLT e estabelece definies legais, forma de proteo, requisitos de
comercializao e responsabilidades (empregador, empregado, fabricante, importador e
Ministrio do Trabalho e Emprego) (BRASIL, 2015).
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A interpretao da NR 6, principalmente no que diz respeito responsabilidade do
empregador, de fundamental importncia para a aplicao da NR 15, na caracterizao e/ou
descaracterizao da insalubridade (SESI,2008).
O artigo 166 da CLT diz que a empresa obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente equipamento de proteo individual (EPI) adequado ao risco e em perfeito
estado de conservao e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral no ofeream
completa proteo contra os riscos de acidentes e danos sade dos empregados (BRASIL,
1943).
A lei dita tambm que o uso do EPI obrigatrio quando no existirem medidas
de preveno coletivas suficientes ou quando a a proteo coletiva for tecnicamente invivel,
abrindo a possibilidade das empresas que no possuam recursos financeiros para instalar um
sistema coletivo optarem pelo uso do EPI. Desse modo, a prtica que deveria ser exceo
torna-se a regra na realidade brasileira; e a prioridade, que deveria ser eliminar o agente
agressivo esquecida, passando-se a conviver com ele. A lgica de segregar o agente nocivo
perdida e segrega-se o trabalhador, que tem os sentidos limitados pela utilizao incmoda
do EPI (SADY, 2000 apud OLIVEIRA, 1998).
Consoante o artigo 158 da CLT ato faltoso a recusa injustificada do empregado
em usar o EPI. Todavia, tambm se considera inconcebvel que o empregador adote uma
posio de espera, na expectativa de uma atitude proativa do empregado quanto ao uso do
EPI. Melo (M., B. F., V., 2011) pondera que a conscientizao sobre os motivos que
justifiquem o uso do EPI necessria para que o trabalhador o aceite como algo intrnseco a
sua atividade, e no uma imposio. De acordo com a jurisprudncia (Enunciado n. 289, do
TST):
O simples fornecimento do aparelho de proteo pelo empregador no exime o
mesmo do pagamento de adicional de insalubridade, cabendo-lhe tomar as medidas
que conduzem diminuio ou eliminao da nocividade, dentre as quais as
relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.
A falta de registros de treinamento, distribuio e reposio do EPI caracterizam a
omisso do empregador, sendo ato faltoso passvel das penalidades previstas na NR 28. a
chamada ficha de entrega de EPIs, prevista na NR 6, que comprova que a empresa est
fornecendo os EPIs com Certificado de Aprovao, na frequncia e datas necessrias e
adequados s atividades desempenhadas pelos seus empregados (MORAES, 2002). A falha
mais comum que geralmente ocorre em pequenas empresas o fornecimento de EPIs sem que
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haja treinamento de segurana e da correta utilizao, higienizao e guarda dos EPIs, assim
como o registro dos mesmos (FUHRMANN, 2012).
2.2.1.5 NR 07 - Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional
Os artigos 168 e 169 da CLT relacionam-se com a Norma Regulamentadora 7,
que estabelece a obrigatoriedade de elaborao e implantao de Programa de Controle
Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO) por parte de todos os empregadores e instituies
(SESI, 2008). Para Sady (2000) o PCMSO se trata de uma interveno muito importante da
administrao pblica na questo da sade ocupacional, pois impe aos empregadores que
utilizem instrumental tcnico de clnica epidemiolgica no monitoramento sanitrio da
empresa.
O PCSMO tem validade de 1 ano e est sob a responsabilidade do mdico do
trabalho (coordenador), empregado da empresa ou terceirizado, registrado no Conselho
Regional de Medicina do Estado (BRASIL, 2013). Anualmente deve ser emitido um relatrio
em que constem todas as aes de sade que foram executadas, assim como o planejamento
para o prximo ano (LIMA, 2011).
A norma obriga a realizao de exames mdicos admissionais, peridicos,
demissionais e complementares (em outras situaes especficas), sendo o custo do
empregador. O mdico poder exigir outros exames complementares, a seu critrio, para
apurao da capacidade ou aptido fsica e mental do empregado em razo da funo que
deva exercer (MARTINS, 2012, p. 666). Atravs do monitoramento dos exames o
empregador pode oferecer melhores condies de trabalhos aos seus empregados e se prevenir
de problemas judiciais futuros (CESIT, 2005).
Saad (2006) aponta para a importncia dos exames admissionais na preveno de
acidentes de trabalho motivados por ato inseguro, uma vez que estes exames iro colaborar na
seleo de trabalhadores com aptido fsica e cognitiva para o servio a ser desempenhado.
Lima (2011, p.70) destaca: O PCSMO deve desenvolver duas aes bsicas: a
promoo de sade e a preveno de doenas. Deve ser parte integrante do conjunto de
iniciativas da empresa no campo de sade e segurana do trabalho e estar articulado com o
disposto nas demais normas (ARAJO, N., M., C., 2011).
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2.2.1.6 NR 09 Programa de Preveno de Riscos Ambientais
A NR 9 estabelece a obrigatoriedade do Programa de Preveno de Riscos
Ambientais (PPRA) para todas as empresas, independente da gradao de risco ou nmero de
empregados (BRASIL,2014). Este um programa que visa o gerenciamento das aes de
segurana do trabalho na empresa, na medida em que estabelece um plano e um cronograma
de aes para melhoria das situaes encontradas, com o intuito final de resguardar a sade e
a integridade dos trabalhadores (ARAJO, N., M., C., 2011).
As diretrizes do PPRA so a antecipao, o reconhecimento, a avaliao e o
controle dos riscos existentes no ambiente de trabalho, levando em considerao a proteo
do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 2014). A NR 9 tem sua existncia
jurdica assegurada, em nvel de legislao ordinria, nos artigos 176 a 178 da CLT.
Segundo o item 9.5.1 da NR 9, os riscos ambientais so os agentes fsicos,
qumicos e biolgicos existentes nos ambientes de trabalho que, em funo de sua natureza,
concentrao ou intensidade e tempo de exposio, so capazes de causar danos sade dos
trabalhadores (BRASIL, 2014). Apesar disso, como pondera Fuhrmann (2012) os riscos de
acidentes e os ergonmicos tambm esto presentes na maioria dos ambientes de trabalho, por
conseguinte a sua ausncia no PPRA pode ser considerada uma falha grave, j que o
Programa no visa apenas atender NR 9, mas principalmente manter a sade a segurana
das pessoas as quais ampara.
O PPRA dever conter as etapas descritas no item 9.3.1 da NR 9:
a) antecipao e reconhecimentos dos riscos;
b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliao e controle;
c) avaliao dos riscos e da exposio dos trabalhadores;
d) implantao de medidas de controle e avaliao de sua eficcia;
e) monitoramento da exposio aos riscos;
f) registro e divulgao dos dados.
O desenvolvimento deste programa de gesto de riscos importante para que a
empresa mantenha seu ambiente de trabalho dentro dos parmetros legais existentes e previna
a ocorrncia de doenas ou acidentes que muitas vezes acarretam prejuzos humanos e
materiais que, em alguns casos, comprometem inclusive a manuteno da prpria empresa
(CESIT, 2005).
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2.2.1.7 NR 10 - Instalaes e Servio de Eletricidade
A NR 10 fixa os requisitos mnimos para que os trabalhos que envolvam energia
eltrica sejam seguros e salubres (BRASIL, 2010). De modo geral, explica Martins (2012,
p.667) dever haver proteo aos empregados para evitar perigos com choque eltrico ou
outros tipos de acidentes. Os itens de proteo exigidos pela norma so o aterramento das
instalaes eltricas, a proteo contra descargas eltricas, dispositivos que desliguem os
equipamentos automaticamente sempre que houver funcionamento irregular representando
risco iminente (SESI SP, 2005), alm de dar outras recomendaes.
O projeto eltrico deve atender s regulamentaes legais e tcnicas pertinentes, e
ser assinado por profissional legalmente habilitado. Outra exigncia a manuteno de
esquemas unifilares atualizados das instalaes eltricas dos seus estabelecimentos com as
especificaes do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteo.
O MTE (BRASIL, 2010) comenta que o enorme descaso com as instalaes eltricas faz com
que estas exigncias provoquem espanto e questionamentos. No entanto, esta documentao
imprescindvel para que no haja erros ou surpresas que conduzam a eventos indesejveis.
2.2.1.8 NR 12 Proteo em Mquinas e Equipamentos
Os artigos 184 a 186 referem-se segurana em mquinas e equipamentos,
incluindo a obrigatoriedade da adoo de dispositivos de partida e parada (MARTINS, 2012).
Os artigos citados so disciplinados pela NR 12, cujo contedo prev as medidas de segurana
e medicina do trabalho nos ambientes ligados instalao, operao e manuteno de
mquinas e de equipamentos, visando prevenir acidentes de trabalho (COSTA, 2012).
A norma regulamentadora NR 12 se refere a equipamentos novos e usados,
abordando questes relacionadas a medidas prevencionistas e de higiene do trabalho que
devem ser observadas nas fases de projeto, fabricao, importao, comrcio e operao das
mquinas e equipamentos, visando garantir a sade e a integridade fsica dos trabalhadores
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(BRASIL, 2015). A NR 12 tem a sua existncia jurdica assegurada, em nvel de legislao
ordinria, nos artigos 184 a 186 da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) (SESI, 2008).
Segundo a referida norma, a concepo de mquinas deve atender ao princpio de
falha segura, ou seja, o sistema de segurana deve ser projetado de tal forma, que quando
ocorrer uma falha o sistema entre em um estado seguro. A norma discorre, entre outros sobre
(BRASIL, 2015):
A exigncia e normatizao do arranjo fsico e instalaes do ambiente de instalao das mquinas, assim como as reas de circulao correlatas: determinaes quanto
organizao do espao sendo que as reas de circulao ao redor das mquinas devem ser
devidamente dimensionadas e demarcadas. Observa-se que as vias principais de
circulao devem permanecer desobstrudas e ter espaamento mnimo de 1,20m de
largura;
As instalaes e dispositivos eltricos: dispe sobre os quadros de energia, as instalaes eltricas e as baterias de mquinas e equipamentos no que tange seu correto projeto (de
acordo com a NR 10) e utilizao, de modo a prevenir acidentes por choques, incndios
ou exploses. Observa que as carcaas e demais partes condutoras que tambm possam
ficar sob tenso, tambm devem ser aterradas conforme norma tcnica vigente;
Os sistemas de segurana: exige sistemas de segurana- caracterizados como protees fixas, protees mveis e dispositivos de segurana interligados - nas zonas de perigo das
mquinas e equipamentos. considerada perigosa qualquer zona dentro ou ao redor de
uma mquina ou equipamento, onde haja risco de leso ou sade do trabalhador, como
por exemplo, a regio do batedor nas amassadeiras e de convergncia dos rolos nos
cilindros;
Os dispositivos de parada de emergncia: as mquinas devem estar equipadas com dispositivos de parada de emergncia que, entre outras exigncias, devem estar
posicionados em locais de fcil acesso e visualizao pelos operadores em seu posto de
trabalho e demais pessoas e mantidos desobstrudos para o uso em caso de situao de
perigo latente ou existente;
A manuteno preventiva e corretiva: deve ser obedecida a forma e periodicidade determinada pelo fabricante e realizada conforme normas tcnicas vigentes por pessoa
qualificada, alm de obedecer princpios de segurana como o desligamento da energia
eltrica, bloqueio mecnico e demais medidas necessrias para evitar o movimento
acidental de partes basculadas ou articuladas. Os registros das manutenes devem ser
feito e disponibilizado aos trabalhadores;
Sinalizao de segurana: compreende a utilizao de cores, smbolos, inscries, sinais luminosos ou sonoros, entre outros. A sinalizao adverte os trabalhadores e terceiros
sobre os riscos a que esto expostos, alm de informar as instrues de operao e
manuteno. A sinalizao de segurana deve ficar destacada, claramente visvel e ser de
fcil compreenso, estando escrita em portugus do Brasil.
O manual de instrues: as mquinas e equipamentos devem possuir manual de instrues fornecido pelo fabricante ou importador com informaes relativas segurana
e escritas em portugus do Brasil. Se inexistente ou extraviado, cabe ao empregador, sob
responsabilidade de profissional legalmente habilitado, reconstituir o manual de mquinas
ou equipamentos que apresentem riscos conforme previsto na Norma. As microempresas
e empresas de pequeno porte que no disponham de manual de instrues de mquinas e
equipamentos fabricados antes de 24/6/2012 podem elaborar uma ficha de informaes
contendo os seguintes elementos: a) tipo, modelo e capacidade; b) descrio da utilizao
prevista para a mquina ou equipamento; c) indicao das medidas de segurana
existentes; d) instrues para utilizao segura da mquina ou equipamento; e)
periodicidade e instrues quanto s inspees e manuteno; f) procedimentos a serem
adotados em situaes de emergncia, quando aplicvel. Esta ficha pode ser elaborada
pelo empregador ou pessoa designada por este.
E ao treinamento e capacitao: o trabalhador que realizar a operao, manuteno, inspeo e demais operaes em mquinas e equipamentos deve estar habilitado,
qualificado, capacitado ou autorizado para este fim. Portanto, deve receber capacitao
especfica abordando os riscos existentes e as medidas de proteo necessrias, nos
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termos da Norma - para o tipo de mquina em que ir exercer suas funes,
providenciada pelo empregador. O contedo programtico e demais exigncias relativas
capacitao so objetos da NR 12. A capacitao dos trabalhadores de microempresas e
empresas de pequeno porte poder ser ministrada por trabalhador da prpria empresa que
tenha sido capacitado nos termos da norma em entidade oficial de ensino de educao
profissional
A NR 12 estabelece requisitos de segurana mnimos e especficos a serem
aplicados para amassadeiras, batedeiras, cilindros, modeladoras, laminadoras, fatiadoras para
pes e moinho para farinha de rosca, em seu anexo VI Mquinas para panificao e
confeitaria de 17 de dezembro de 2010.
2.2.1.9 NR 14- Fornos
A NR 14 estabelece que a construo dos fornos deve ser slida e com
revestimento de material refratrio, em local adequado e de forma a garantir que no haja
acmulo de gases nocivos. Essas medidas visam garantir que o calor radiante no ultrapasse
os limites de tolerncia estabelecidos pela norma de insalubridade, alm de maximizar a
segurana e o conforto do trabalhador (BRASIL, 1983).
Quando houver utilizao de combustvel lquido ou gasoso, deve se precaver
contra exploses e retrocesso da chama, alm de dimensionar corretamente a chamin
dimensionada para facilitar a sada dos gases queimados (BRASIL, 1983). Em geral, os
fornos a gs vm equipados com sensor de chama, que corta imediatamente o suprimento de
combustvel caso a chama se apague.
2.2.1.10 NR 17 Ergonomia
A NR 17 Ergonomia, prevista pela legislao ordinria - Consolidao das
Leis do Trabalho (CLT), em seus artigos 198 e 199 e traz orientaes qualitativas e
abrangentes acerca da adaptao do ambiente de trabalho s condies psicofisiolgicas dos
trabalhadores e integrao dos objetivos de maximizao do conforto, segurana e eficincia
(VIDAL, 2011b). So inovaes trazidas pela NR 17 a relao entre o organismo e a
estruturao dos postos de trabalho e dos movimentos exercidos no ato de trabalho; e o
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tratamento dado s prevenes das leses steo-musculares por esforo repetitivo
(SADY,2000).
A definio internacional de ergonomia aprovada no ano de 2000 pela
International Ergonomics Association (IEA) e adotada pela Associao Brasileira de
Ergonomia (ABERGO, 2015) a que se segue:
Ergonomia (ou Fatores Humanos) a disciplina cientfica que trata da compreenso
das interaes entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a
profisso que aplica teorias, princpios, dados e mtodos, a projetos que visam
otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas. (IEA, 2015).
A NR 17 trata sobre o manuseio de materiais (levantamento, transporte e
descarga), o mobilirio, os equipamentos, as condies ambientais de trabalho e a organizao
do trabalho, enfatizando que devem estar adequados s caractersticas psicofisiolgicas dos
trabalhadores e natureza do trabalho a ser executado (BRASIL, 2007).
Apesar da norma dizer que cabe ao empregador realizar a anlise ergonmica do
trabalho para avaliar a adequao das condies de trabalho, no Manual de Aplicao da
Norma Regulamentadora no17 (BRASIL, 2002), o MTE vem esclarecer que esta anlise deve
ser empreendida quando a atividade em anlise for complexa e exigir a presena de um
ergonomista para auxiliar a ao do auditor-fiscal.
Sobre o transporte manual de cargas a norma faz distino de sexo e de idade,
alm de estabelecer que com vistas a limitar e facilitar o transporte manual de cargas devero
ser usados meios tcnicos apropriados. A NR 17 tambm diz que o peso utilizado no
transporte de cargas no poder, de maneira nenhuma, causar danos sade dos trabalhadores
ou comprometer sua segurana. Este item vem contornar o problema gerado pelo choque de
interpretao com o art. 198 da CLT, que define limites de levantamento de peso (60kg para
homens e 20 kg para mulheres) e de transporte individual de cargas (40kg) muito superiores
aos parmetros recomendados internacionalmente para conforto e segurana no trabalho
(VIDAL, 2011b). O fato de a legislao ainda permitir o manuseio de carga com limites muito
elevados, no justifica a manuteno deste procedimento. Caso sejam constatados
acometimentos sade e segurana dos trabalhadores onde haja manuseio de cargas, o
auditor-fiscal poder exigir modificaes (BRASIL, 2002).
Recomenda-se que mobilirio seja concebido com regulagens de adaptao
antropomtricas (BRASIL, 2002) a fim de atender as requisies da norma a esse respeito. O
espao e a organizao do trabalho tambm devem permitir alternncias de posturas ao longo
do perodo de trabalho, pois no existe nenhuma postura fixa que seja confortvel.
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No que diz respeito s condies ambientais, a norma busca caracterizar
ambientes adequados ao trabalho, estabelecendo ambientes confortveis, seguros e eficientes
(VIDAL, 2011b). A norma faz referncia a nveis de rudo, umidade, velocidade do ar e
temperatura contidos na norma do INMETRO NBR 10152. No entanto, estas condies
somente so exigidas para locais de trabalho onde so exigidas ateno e solicitao
intelectual constante (ABNT, 1987).
A CLT, em seu artigo 175 estabelece as condies de iluminamento dos locais de
trabalho, devendo esta ser adequada, natural ou artificial, e apropriada natureza da atividade.
A NR 17 est de acordo com a CLT, e d outras determinaes como por exemplo, que a
iluminao no deve provocar ofuscamentos, reflexos incmodos, sombras e contrastes
excessivos. Quanto aos nveis mnimos de iluminamento a serem observados nos locais de
trabalho, a NR 17 remete aos valores de iluminncia estabelecidos na norma ABNT NBR
5413 (BRASIL, 2007).
A norma ABNT NBR 5