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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM Curso de Administração - CAD Suyanne Soares Fernandes RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA GESTÃO MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM SÃO MIGUEL-RN PAU DOS FERROS – RN 2015

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN

Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM

Curso de Administração - CAD

Suyanne Soares Fernandes

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA GESTÃO MUNICIPAL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM SÃO MIGUEL-RN

PAU DOS FERROS – RN 2015

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Suyanne Soares Fernandes

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA GESTÃO MUNICIPAL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM SÃO MIGUEL-RN

Relatório Final de Curso apresentado ao Curso de Administração/CAMEAM/UERN, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em administração.

Professor orientador: Alexandre Wállace Ramos Pereira

Área: Gestão ambiental

PAU DOS FERROS - RN 2015

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COMISSÃO DE ESTÁGIO

Membros:

_____________________________________________________________________ Suyanne Soares Fernandes

Aluna

_____________________________________________________________________ Ms. Alexandre Wállace Ramos Pereira

Professor Orientador

_____________________________________________________________________ Daniel Vieira de-Almeida

Supervisor de Estágio

_____________________________________________________________________ Ms. Wellington Ferreira de Melo

Coordenador de Estágio Supervisionado

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Suyanne Soares Fernandes

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA GESTÃO MUNICIPAL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM SÃO MIGUEL-RN

Este Relatório Final de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de

BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO

e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora designada pelo Curso de

Administração/CAMEAM/UERN, Área: Gestão ambiental.

Pau dos Ferros - RN, em _____ de __________________ de __________.

BANCA EXAMINADORA

Julgamento: _______ Assinatura: ____________________________________________ Ms. Alexandre Wallace Ramos Pereira

Orientador – UERN

Julgamento: _______ Assinatura: ____________________________________________ Ms. Francisco Jean C. de S. Sampaio

Examinador – UERN

Julgamento: _______ Assinatura: ____________________________________________ Ms. Juciê de S. Almeida Examinador – FIP-PB

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DEDICATÓRIA

Deus,

meu pai eterno.

A meus pais,

João Eudes e Ana Célia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a cima de qualquer coisa, a Deus, por te me dado força durante toda essa jornada e pelas

bênçãos concedidas diante das dificuldades.

A minha família, meu porto seguro. Minha mãe Ana Célia, meu Pai João Eudes e meu irmão João

Henrique.

Agradeço ao meu amigo e companheiro, meu namorado Ednard Sampaio. Por estar sempre presente

em todos os momentos, durante a realização do projeto, me apoiando e motivando. Obrigada pela

paciência durante esses anos de curso.

Ao meu orientador, Alexandre Wallace Ramos Pereira, por acreditar no nosso projeto, pela

competência profissional, incentivo e dedicação no desenvolvimento desse trabalho.

Aos meus colegas de classe, Mayara Queiroz, Sharlyane Fernandes, Ary Franklin, Douglas Maia,

Leandro, Paulo Dias, que estiveram junto comigo durante toda essa jornada acadêmica.

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“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do

homem foram conquistadas do que parecia impossível.”

Charles Chaplin.

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RESUMO

O crescimento populacional e o consequente aumento do consumo e descarte excessivo de bens materiais trouxeram consigo impactos negativos importantes ao meio ambiente, especialmente quando se considera a destinação final dos resíduos. Mundialmente, este é um problema que acarreta os mais diversos lugares e governos. Constata-se que, o lixo vem a ser um dos maiores desafios dos gestores públicos, sobretudo para o Executivo Municipal, que aqui no Brasil, representa o governo local, sendo este o responsável pelo gerenciamento dos resíduos em seus territórios. A Lei nº 12.305/10 que rege a PNRS (política nacional de resíduos sólidos) vem com o intuito de reunir metas e ações, em parceria, com os Estados e municípios com vistas a alcançar um novo patamar na qualidade da gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, acompanhado da extinção dos lixões no Brasil. Neste contexto, esta pesquisa visou diagnosticar o sistema de gestão dos RSU (resíduos sólidos urbanos) no Município de São Miguel-RN, buscando compreender o funcionamento das atividades de gerenciamento já implantadas. A metodologia adotada na pesquisa foi a exploratória e descritiva, por meio de consulta bibliográfica, documental e levantamento. Como contribuição maior do estudo, buscou-se analisar as ações e/ou programas voltados ao manejo dos RSU, levantando possíveis desconformidades no manuseio, tratamento e sua destinação final. Ainda, apresentou-se a dimensão atual da problemática, bem como sugestões de possíveis alternativas para o aprimoramento da gestão. Como principais resultados temos que os resíduos gerados no município como: resíduos hospitalares, entulho, domiciliares, de construção, ainda tem como destino final o lixão a céu aberto, carecendo, portanto, que a gestão municipal modifique o gerenciamento do lixo de forma que atenda a PNRS. Espera-se que este estudo possa contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento das políticas públicas voltadas a problemática do lixo no âmbito local e em outras cidades da microrregião de São Miguel.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos Urbanos. Diagnóstico. Gestão e Gerenciamento. São Miguel-RN.

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LISTA DE ABREVISTURAS E SIGLAS

ABETRE - Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos.........................................38

ABRELP - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais...................22

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.......................................................35

CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem........................................................................21

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente..................................................................................25

FGV - Fundação Getúlio Vargas..............................................................................................................38

GIRS - Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos......................................................................................27

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística..............................................................................15

IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal...........................................................................18

ICLEI - Governos locais pela sustentabilidade........................................................................................17

IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente...................................................27

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada..................................................................................28

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas...............................................................................................21

ISO - International Organization for Standardization...............................................................................22

ISWA - International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos)............27

MMA - Ministério do Meio Ambiente........................................................................................................17

NBR - Norma Brasileira...........................................................................................................................22

PMGIRS – Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.....................................62

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos.......................................................................................18

PWC – PricewaterhouseCoopers.............................................................................................................30

RSU - Resíduos Sólidos Urbanos...........................................................................................................18

RSS - Resíduos Sólidos de Saúde..........................................................................................................25

SEBRAE-MS - Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa- Mato Grosso do Sul.............17

SEMARH - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos.......................................27

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Organograma da Prefeitura de São Miguel/RN............................................................................15

Figura 2 - Geração de RSU......................................................................................................................28

Figura 3 - Linha do tempo com os principais marcos legais...................................................................56

Figura 4 - Fluxograma das implicações ao município e prefeito.............................................................59

QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade................................................23

Quadro 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento do lixo.....................................................................30

Quadro 3 - Destinação/Disposição dos resíduos....................................................................................33

Quadro 4 - Funções de diferentes atores na coleta seletiva dos resíduos secos...................................37

Quadro 5 - Síntese dos principais atores e atribuições de acordo com a PNRS....................................39

Quadro 6 - Anonimização dos sujeitos da pesquisa...............................................................................46

Quadro 7- Gerenciamento dos RSU.......................................................................................................47

Quadro 8 - Sistema de coleta e transporte.............................................................................................52

Quadro 9 - Avaliação do sistema de coleta transporte...........................................................................55

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Catadores em ascensão no País (Autônomos e cooperativados............................................37

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1- Fachada da Prefeitura Municipal de São Miguel/RN..................................................................13

Foto 2 - Fachada da secretaria...............................................................................................................16

Foto 3 - Acúmulo se garrafas pet e plásticos no lixão............................................................................49

Foto 4 - Projeto de Reciclagem em Jaguaribe- Ceará............................................................................50

Foto 5 - Garis fazendo a limpeza e coleta do lixo...................................................................................52

Foto 6 - Acondicionamento dos resíduos para coleta.............................................................................53

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Foto 7- Foco de lixo irregular...................................................................................................................54

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

EPÍGRAFE

RESUMO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 13

1.1 Caracterização da organização......................................................................................................... 13

1.2 Situação problemática....................................................................................................................... 17

1.3 Objetivos............................................................................................................................................. 18

1.4 Justificativa........................................................................................................................................ 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................................. 20

2.1 Gestão Ambiental............................................................................................................................... 20

2.2 Resíduos sólidos Urbanos................................................................................................................ 22

2.2.1 Classificação dos resíduos sólidos................................................................................................... 23

2.2.2 Tipologia dos resíduos sólidos.......................................................................................................... 24

2.3 Gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos............................................................................... 26

2.3.1Geração dos Resíduos Sólidos Urbanos........................................................................................... 28

2.3.2 Acondicionamento dos Resíduos Sólidos Urbanos.......................................................................... 28

2.3.3 Sistema de Coleta e Transporte....................................................................................................... 30

2.3.4 Tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos...................................................................................... 31

2.3.5 Disposição Final dos Resíduos Sólidos Urbanos.............................................................................. 33

2.3.5.1Lixão.............................................................................................................................................. 34

2.3.5.3 Aterro sanitário............................................................................................................................ 36

2.4 Importância da Coleta Seletiva e Catadores.................................................................................... 36

2.5 Cenário atual dos resíduos sólidos no Brasil................................................................................. 38

2.6 O município brasileiro e a gestão dos resíduos sólidos urbanos................................................. 39

2.6.1 Formação de Consórcios................................................................................................................ 40

2.7 Novo marco regulatório: Lei 12.305/2010 (PNRS)........................................................................... 41

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................................................. 43

3.1 Tipo de pesquisa................................................................................................................................ 43

3.2 Universo e amostra............................................................................................................................ 44

3.4 Coleta de dados................................................................................................................................. 44

3.5 Tratamento dos dados....................................................................................................................... 45

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................................................... 46

4.1Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos em São Miguel/RN.............................................. 46

4.1.1 Coleta Seletiva e Reciclagem........................................................................................................... 48

4.2 Situação dos RSU no município....................................................................................................... 51

4.2.1 Coleta e Transporte e Destinação final........................................................................................... 52

4.3 Governo Municipal............................................................................................................................. 56

4.3.1 Sanções do Estado......................................................................................................................... 58

5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES...................................................................... 60

5.1 Conclusões......................................................................................................................................... 60

5.2 Sugestões.......................................................................................................................................... 61

5.3 Recomendações................................................................................................................................. 62

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................... 63

APÊNDICE............................................................................................................................................ 67

Apêndice A............................................................................................................................................... 68

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1. INTRODUÇÃO

A pesquisa está organizada em 5 (cinco) capítulos, onde o primeiro capítulo tratará da

caracterização da organização em estudo, seu contexto histórico e a sua estrutura. Em seguida,

abordará a situação problemática da pesquisa, objetivo geral e os específicos, finalizando com a

justificativa. O capítulo dois abordará o referencial teórico utilizando autores reconhecidos na área em

que se baseou a pesquisa, onde traz embasamento e sustentação necessária. O terceiro capítulo é

dedicado à metodologia utilizada. O quarto capítulo, abordará a análise e discussão dos resultados

obtidos através das entrevistas realizadas durante o trabalho de campo. E por fim, o quinto capítulo

trará as conclusões desse projeto e recomendações.

1.1 Caracterização da organização

A organização objeto desse estudo, onde foi realizado o estágio, é a Prefeitura Municipal da

cidade de São Miguel/RN CEP: 59920-000; telefone: (84) 3353-3294; E-mail:

[email protected]; inscrita no CNPJ: 08.355.463/0001-88. Que fica localizada, na Rua

Padre Tertuliano Fernandes Nº 46, Centro.

Foto 1- Fachada da Prefeitura Municipal de São Miguel/RN

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

Uma organização municipal, direta e do poder executivo. A prefeitura atualmente está sob o

comando do prefeito Dário Vieira de Almeida, eleito em 2012 com 7.485 votos para o pleito de 2013-

2016. Antes do atual mandato, Dário já havia sido eleito prefeito na cidade, nos anos de 1996 e 2000.

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O poder legislativo é representado pela câmara municipal, composta por nove vereadores

eleitos para cargos de quatro anos como representantes do povo. Cabe a casa elaborar e votar em leis

fundamentais a administração. A lei que rege o município é a lei orgânica, que foi promulgada em 3 de

Abril de 1990.

A prefeitura conta com uma ouvidoria, para receber e tratar denúncias relacionadas à violação

do código de ética. Instituída pela Lei 15.507/11, a Ouvidoria do Parlamento é um canal de

comunicação entre o cidadão e a Câmara Municipal de São Miguel/RN. A missão da Ouvidoria é

compartilhar informações do legislativo Micaelense, colocando-as a serviço do interesse público,

colaborando para a transparência das ações e para formação de uma cultura que respeite os direitos

humanos, promova a cidadania e a democracia. Por meio da Ouvidoria, as pessoas podem se

manifestar e ajudar a manter o que está dando certo e a mudar o que pode ser melhorado ou

aprimorado. As sugestões, reclamações e observações podem ser encaminhadas pelo telefone (84)

3353.2078, por carta, por meio do formulário na página da câmera dos vereadores ou pessoalmente. O

prazo máximo de resposta é de 10 dias.

1.1.1 Um breve relato sobre a História da Cidade de São Miguel/RN

Vale salientar que todas as informações sobre o município de São Miguel/RN, abaixo

elencadas, foram extraídas do portal, www.camaradesaomiguel-rn.com.br.

Pela metade do século XVIII, o português Manoel José de Carvalho acompanhado de uma

comitiva formada por filhos e escravos, saiu em busca de conhecer novas terras que pudessem ser

povoadas e dessem condições de sobrevivência. Conta à tradição que durante a jornada, o português

encontrou por diversas vezes uma revoada de pássaros que considerou um sinal do céu para continuar

na expectativa de encontrar água mais à frente.

Numa altitude de mais de 700 metros acima do nível do mar, na zona oeste do estado do Rio

Grande do Norte, com um clima frio e seco, sempre a uma temperatura agradável que varia de 13º aos

23º, finalmente chegaram a uma lagoa que pela beleza das águas e a exuberância da fauna e da flora

ao redor conquistou os viajantes. No dia 29 de setembro de 1750, cuja data festejava o dia do arcanjo

São Miguel, naquele momento acabara de nascer uma vila. Manoel José de Carvalho disse, “estamos

na Lagoa de São Miguel, aqui ficarei e um povoado se construíra ao redor de onde estamos”,

comemorou.

Naquele lugar foi encontrados uma vegetação diversificada com variedade de aroeiras, paus-

d’arcos, canafístulas, marmeleiros e mandacarus, o quedava a região uma beleza singular. Durante a

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caminhada, muitos lugares foram registrados e nomes que foram dados por Manoel José de Carvalho

em determinados momentos permanecem até hoje. Como a Lagoa dos Mil Homens, pela beleza e

extensão, Lagoa São João, em homenagem ao santo protetor e Lagoa dos Cedros, pela quantidade de

cedros observados próximo ao local.

São Miguel continuou se desenvolvendo na pecuária e na lavoura, num processo lento e

gradativo, até chegar à condição de lutar por sua autonomia política. No dia 11 de dezembro de 1876,

depois de muito esforço, São Miguel desmembrou-se de Pau dos Ferros através da Lei estadual n°

776, tornando-se município do Rio Grande do Norte. Hoje, São Miguel/RN conta com uma população

estimada em de 23.100 habitantes, segundo o IBGE (2010).

1.1.2 Estrutura da Organização

As funções administrativas e a estrutura administrativa da prefeitura obedecem aos dispositivos

pertinentes a Lei Orgânica do Município e às da Lei Complementar de n° 01/2004. A organização

visando atingir decisões da administração; definir claramente suas competências, limites,

responsabilidades; e caracterizar relações de hierarquia, está estruturada da seguinte forma.

Figura 1- Organograma da Prefeitura de São Miguel/RN

Fonte: Elaborada pelo autor

SEGAP- Secretaria do Gabinete do prefeito: é a parte responsável pelo assessoramento direto

do prefeito e sua representação civil, social e política. Coordena o desempenho das funções

das demais secretarias, uniformizando a publicidade das ações do governo municipal.

CONTROLADORIA: Representação judicial e extrajudicial do município.

SAFIN- Secretaria da Administração, Finanças, Planejamento e Orçamento: administração

centralizada, do plano de cargos e carreiras e a coordenação superior da política de pessoal do

município.

Gabinete do Prefeito

SAFIN SEDUC SAÚDE SEGAP SABEM SEURB SDRMA

Controladoria

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SEDUC- Secretaria da Educação, Cultura, Esporte e Turismo: Instalação, manutenção,

administração, controle e fiscalização do funcionamento dos estabelecimentos que compõem a

rede oficial do sistema municipal de ensino.

SAÚDE- Secretaria de Saúde: Promoção de medidas de proteção à saúde de interesse

individual ou coletivo.

SABEM- Secretaria do Bem-Estar Social, Trabalho e Habitação: Coordenação, execução,

controle e avaliação de promoção social, mediante a prestação de serviços assistenciais

típicos.

SEURB- Secretaria de Serviços Urbanos, Obras, Viação e Transportes: estudo e elaboração

dos projetos das obras públicas municipais e os respectivos orçamentos.

SDRMA- Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente: atividades de conservação e

manutenção das estradas e caminhos municipais não compreendidos na zona urbana do

município.

1.1.3 A Secretaria de Serviços Urbanos, Obras, Viação e Transportes- SEURB

É a responsável pelo gerenciamento dos resíduos sólidos no município, bem como sua

remoção e destinação final, que engloba desde o domiciliar até o hospitalar, são serviços de sua

reponsabilidade.

Foto 2 – Fachada da secretaria

Fonte: Trabalho de Campo da autora, 2015.

A secretaria está localizada na Rua Francisco Fernandes no bairro Maria Manuela em São

Miguel/RN, sob o comando do secretário Adriano Mariano da Silva. A secretaria conta com 43

funcionários entre cargos efetivos e comissionados, entre esses, 17 são garis efetivos. Segundo o

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secretário, o município ainda conta com, em média 55 garis terceirizados para atender a demanda do

município.

De acordo com a lei complementar do município, a secretaria é responsável por:

Compatibilização do desenvolvimento urbano com a proteção ao meio ambiente, mediante a

racionalização do uso dos recursos naturais;

Realizar atividades de análise, controle e fiscalização do uso do solo no município;

Realizar pesquisas e diagnósticos da cidade, promovendo a atualização permanente dos

dados indispensáveis ao planejamento municipal;

Controle do uso das encostas e mananciais;

Identificação e prevenção da utilização de áreas de riscos.

1.2 Situação problemática

O mundo vem passando por grandes mudanças e avanços tecnológicos. As indústrias

passaram por essas mudanças trazendo grandes oportunidades de emprego, levando nos últimos

séculos a expressiva migração da população da zona rural para a urbana. De acordo com Leite et al

(2012, p.3) “[...] o Brasil detém uma economia em franca evolução, passando, principalmente nos

últimos cinquenta anos, de uma fase essencialmente agrícola e fornecedora de matérias-primas, para

uma fase de industrialização diversificada”.

Logo observa-se que esse crescimento nas cidades gerou um aumento significativo da

população, e o aumento visível dos níveis de poluição. “A economia do País cresceu sem que

houvesse, paralelamente, um aumento da capacidade de gestão dos problemas acarretados pelo

aumento acelerado da concentração da população nas cidades.” (MMA e ICLEI-Brasil, 2012, p. 17).

Essa falta de estrutura das cidades levaram as pessoas a construírem em áreas inapropriadas,

causando vários danos ambientais.

Os hábitos das pessoas mudaram muito, o poder de compra mudou e hoje há a tendência do

consumismo exagerado. O que antes era feito para durar anos, hoje em dia é trocado constantemente

de acordo com as inovações do mercado que impulsiona as pessoas a comprarem, trocarem de carro

todos os anos, seguir os padrões de moda e beleza que mudam constantemente. Esse aumento de

consumo exagerado atingiu níveis preocupantes de resíduos sólidos, e mesmo assim a gestão dos

resíduos sólidos não tem recebido a atenção necessária pelo poder público. “Hoje, os especialistas

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asseguram que qualquer que seja o resíduo sempre haverá uma destinação mais adequada para ele

do que simplesmente descartar.” (SEBRAE-MS, 2012, p. 9).

Apesar de todos os problemas e descasos enfrentando pela busca do gerenciamento

adequado dos resíduos, essa área foi a que mais se desenvolveu nos últimos anos na criação de leis e

políticas no combate do gerenciamento adequado. Segundo o IBAM (2001) é a área que tem maior

abrangência junto à população e que demanda também maiores recursos por parte do município. Nos

últimos anos vem assumindo papel de destaque entre a população e o governo, de um lado um povo

que quer viver em condições de higiene adequadas e do outro o governo na busca do melhor caminho

que vai desde o acondicionamento até a disposição final dos resíduos.

Hoje, quem vem sofrendo mais com RSU são os municípios. O ministério público e os órgãos

ambientais estão cada vem mais cobrando medidas de combate e erradicação dos lixões. A lei

bastante recente, nº 12.305 que rege a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), veio auxiliar no

manejo adequado dos resíduos sólidos nos municípios, punindo os prefeitos de forma rigorosa que

desobedecerem à lei. Contudo, apesar das ações e projetos que as prefeituras desenvolvem junto à

comunidade, ainda esta muito distante do que é esperado devido à carência dos municípios e falta de

competência profissional no assunto.

Percebendo-se essa necessidade encontrada nos municípios em lidar com o gerenciamento

dos resíduos sólidos urbanos, e na busca dos administradores municipais em oferecer serviços

adequados a toda população chegou-se a seguinte questão de pesquisa, como ocorre o

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em São Miguel/RN?

1.3 Objetivos

O presente estudo teve como objetivo geral analisar a gestão dos resíduos sólidos urbanos em

São Miguel-RN.

Para alcançar o objetivo geral, consideramos relevantes, os seguintes objetivos específicos:

Identificar as ações voltadas ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos no âmbito

municipal;

Discriminar a visão dos poderes executivo e legislativo municipal sobre a questão dos resíduos

sólidos urbanos;

Sugerir possíveis alternativas para o aprimoramento da gestão municipal dos resíduos sólidos

urbanos.

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1.4 Justificativa

A importância da escolha do tema “Diagnóstico preliminar da Gestão Municipal de Resíduos

Sólidos Urbanos na Cidade de São Miguel/RN”, se deu pelo fato de ser um assunto que vem ganhando

destaque no meio social, acadêmico e na mídia. É de conhecimento geral, que o mau gerenciamento

dos resíduos sólidos causa inúmeros danos que vão desde ao meio ambiente até de saúde pública.

Um problema grave, que afeta o nosso país e principalmente os municípios.

A população deve exigir regulamentos e o cumprimento das leis, uma vez que, a limpeza

urbana é um direito do cidadão, e é dever dos municípios o gerenciamento da coleta, transporte e

destinação final dos resíduos, de forma adequada ao meio ambiente. O gerenciamento adequado do

lixo despende do município um gasto maior, e o baixo poder econômico do mesmo faz com que esse

manejo seja efetuado de forma inadequada, prejudicando a saúde, o meio ambiente.

Esta pesquisa teve como foco principal, mediante a prática vivenciada ao decorrer do estágio e

estudos bibliográficos, conhecer através do órgão responsável pelo gerenciamento dos resíduos

sólidos urbanos, o que tem sido feito no Município em relação ao gerenciamento dos serviços de

limpeza urbana, visto que, a partir da lei nº 12.305 que rege a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), o município que descumprir a referida norma terá severas sanções legais.

No tocante ao município de São Miguel/RN, o gerenciamento dos resíduos ainda ocorre de

maneira que descumpre as normas exigidas pela PNRS. O município assim como os demais tiveram

um prazo até agosto de 2014 para se adequarem as novas exigências, mas contínua a depositar seus

resíduos em um lixão a céu aberto.

Ao delimitar o tema de pesquisa levamos em consideração a grande importância que tem o

assunto e que pode contribuir de forma significativa para a gestão municipal, uma vez que a partir do

diagnóstico preliminar realizado poderão ser traçadas diretrizes para o melhor gerenciamento dos

resíduos sólidos no âmbito local, visando minimizar os problemas relativos a eles.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta sessão, estarão centrados os fundamentos teórico-conceituais deste trabalho nas

discussões sobre o papel dos gestores público, principalmente o municipal, nas ações referentes ao

eficaz gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. Além disso, são utilizados os aportes teóricos

sobre resíduos sólidos referentes a sua: composição e classificação, as formas de manejo, transporte,

acondicionamento, tratamento e sua disposição final.

2.1 Gestão ambiental

Segundo Fonseca (2013, p. 8) “O crescimento ambicioso da sociedade criou um padrão de

consumo baseado na exploração dos recursos naturais, transformando-se em experiência cultural

arraigada”. Magrini (vol. 8, n.2º) destaca bem essa questão em seu artigo sobre política e gestão

ambiental, onde diz “Historicamente, a partir do momento em que as atividades produtivas do homem

adquiriram uma forma organizada, o crescimento da atividade econômica esteve sempre associada a

um aumento no uso dos recursos”.

Segundo Antunes (2014, p.5) “O valor que sustenta a norma ambiental é o reflexo no mundo

ético das preocupações com a própria necessidade de sobrevivência do Ser Humano e da manutenção

das qualidades de salubridade do meio ambiente [...]”. Fonseca (2013, p.9) ressalta que “A

conscientização humana em torno do meio ambiente é o fator preponderante para que o ser humano

continue vivo”.

Para Siqueira e Moraes (2009, p. 2116 apud Fonseca 2013, p. 8), defende que:

Ao mesmo tempo em que degradam o homem, sua qualidade de vida e seu estado de saúde, os padrões de desenvolvimento adotados vêm favorecendo a degradação ambiental por meio da exploração predatória de recursos naturais e poluição, às quais, por sua vez, têm gerado grandes impactos nas condições de saúde e qualidade de vida da população.

“A Gestão Ambiental é entendida como um processo participativo, integrado e contínuo, que

visa promover a compatibilização das atividades humanas com a qualidade e a preservação do

patrimônio ambiental.” (SABBAGH, 2011, p. 5). Antunes (2014) salienta que para assegurar uma

proteção maior do meio ambiente, vai depender do grau de consciência social em relação à

necessidade atenção prioritária ao meio ambiente necessita.

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Os autores Phillippi Jr, Roméro e Bruna (2004 p. 1) dizem que “O processo de gestão

ambiental inicia-se quando se promovem adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a

adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, gerando desta forma o ambiente urbano nas suas

mais diversas variedades de conformação e escala”. Para Rocha (2007) o método de desenvolvimento

escolhido pela sociedade, requer um suprimento contínuo e inesgotável de matéria, que depois é

devolvida ao meio ambiente de forma irregular gerando uma situação insustentável.

Segundo Phillippi Jr.; Roméro e Bruna, (2004), ele defende que, a educação é considerada

como a solução principal para todos os problemas ambientais, como se essa busca por um

desenvolvimento sustentável se desse por meio da conscientização das pessoas e não envolvesse

outros fatores igualmente importantes. Em consonância Sabbagh (2001, p.33) ressalta “[...] a educação

ambiental é considerada como um componente essencial e permanente da educação nacional,

devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,

em caráter formal e não formal”.

O manual do IPT/CEMPRE (2000) ressalta que não depende somente da prefeitura a limpeza

das ruas, mas sim da conscientização da população em não jogar lixo na rua. Fazendo campanhas

educadoras junto as comunidades para que o lixo seja jogado nos cestos. O manual ainda cita o

exemplo de países no exterior, onde é comum as pessoas que jogam lixo na rua serem multadas.

De acordo com Brollo e Silva (2001, p.2) em seu artigo sobre política e gestão ambiental,

chamam a atenção sobre a implementação de politicas ambientais condizentes com o grande

desenvolvimento. “Os sistemas adotados pela maioria das comunidades para a administração de

resíduos são resultantes de uma visão de inesgotabilidade dos recursos naturais, o que necessita de

revisão urgente, dentro da ótica do desenvolvimento sustentável”. Segundo os autores Phillip Jr,

Roméro e Bruna (2004, p.3-4) “Quanto maior for essa escala, maiores serão as adaptações e

transformações do ambiente natural, maiores serão a adversidade e a velocidade de recursos

extraídos, maiores serão a quantidade e a diversidade dos resíduos gerados e menor será a velocidade

de reposição desses recursos”.

Em consonância, Nicolella, Marques e Skorupa ( 2004, p. 10) ressalta que “Uma das formas de

gerenciamento ambiental de maior adoção pelas empresas tem sido a implementação de um sistema

de gestão ambiental, segundo as normas internacionais Série ISO 14000, visando a obtenção de uma

certificação.”

As empresas têm se defrontado com um processo crescente de cobrança por uma postura responsável e de comprometimento com o meio ambiente. Esta cobrança tem influenciado a ciência, a política, a legislação, e as formas de gestão e planejamento, sob pressão crescente dos órgãos reguladores e fiscalizadores, das organizações não governamentais e, principalmente, do próprio mercado, incluindo

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as entidades financiadoras, como bancos, seguradoras e os próprios consumidores”.

(NICOLELLA, MARQUES E SKORUPA 2004, p.10)

Segundo Fonseca (2013, p.) “[...] a questão dos resíduos sólidos busca eficácia e expansão,

através da base constitucional ambiental. Com esta base, a gestão correta e universal dos resíduos e

sua ordenação eficaz caminham para uma relação equilibrada”.

2.2 Resíduos sólidos urbanos

O conceito de resíduos vem constantemente mudando ao longo dos tempos. Atualmente

resíduos sólidos são definidos como restos das atividades humanas consideradas pelos geradores

como inúteis ou descartáveis (IPT/CEMPRE, 2000). Segundo a lei nº 12.305/10, que rege a Política

Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, resíduos sólidos são objetos, substâncias ou bem descartado

que resultam das atividades humanas, cuja destinação final se procede, ou se está obrigado a proceder

de maneira ambientalmente segura.

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (NBR 10004 2004, p.1)

Costumeiramente, resíduo sólido e lixo são termos usados de forma comum pela população no

sentido de denominar seus resíduos produzidos que, de acordo com a nova lei, devem ser coletados e

descartados de forma correta. “Há de se destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível

do lixo, pois aquilo que já não apresenta nenhuma serventia para quem o descarta, para outro pode se

tornar matéria-prima para um novo produto ou processo.” (IBAM, 2001, p.25). “Todavia, do ponto de

vista ambiental, existem três classes diferentes de poluição: a poluição atmosférica, a contaminação

das águas e os resíduos sólidos.” (PHILLIPPI JR, ROMÉRO E BRUNA 2004, p.158)

Pinho (2011, p.2) destaca que “[...] são compostos pelos resíduos gerados em residências e

aqueles originados pelos serviços de limpeza pública”. Ainda deixa claro que os resíduos, “[...]

caracteriza-se pela inesgotabilidade e geração contínua, variando em sua composição e quantidade ao

longo do tempo, em função da cultura local e do potencial econômico do gerador”. (PINHO 2011, p.1)

Segundo a Abrelp e Plastivida (2012, p.5) “A partir das definições de resíduos sólidos, rejeitos,

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destinação final e disposição final, a PNRS deixa claro que os novos sistemas a serem implantados

deverão respeitar uma ordenação básica de processos até o descarte final dos rejeitos”.

De acordo com Pinho (2011), os RSU têm outra característica pertinente, que é a possibilidade

de aproveitamento de parte do material descartado. Fazendo com que essa prática de catação informal

seja um modo de sobrevivência no Brasil e em outros países em desenvolvimento.

2.2.1 Classificação dos resíduos sólidos

A NBR (10.004/2004, p. 2) cita que “A classificação de resíduos envolve a identificação do

processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação

destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente

é conhecido”. Contudo, de acordo com Oliveira (2004, p. 40-41), “A característica do lixo é fator básico

fundamental para se determinar a forma de manuseio, acondicionamento, coleta, transporte,

tratamento e destinação final”.

De acordo com o autor, IPT/CEMPRE (2000), “São várias as formas possíveis de se classificar

o lixo. Por exemplo:”.

a) por sua natureza física: seco e molhado;

b) por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;

c) pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não inertes e inertes, conforme

mostrado no Quadro 1, abaixo.

Quadro 1 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade

Categoria Característica

Classe I (Perigosos)

Periculosidade de um Resíduo que em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar: a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Caracteriza-se por possuir propriedades como: Inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Classe II A (Não-inertes)

Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I Perigosos ou de resíduos classe II B inertes. Os resíduos classe II A – podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Classe II B (Inertes)

São aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente,

Fonte: ABNT NBR 10.004 de 2004 e Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólido (IBAM, 2001)

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2.2.2 Tipologia dos resíduos sólidos

Outra importante forma de classificação do lixo é quanto a tipologia, que está ligada à origem

de sua geração, que estão abaixo classificados de acordo com o Manual de Gerenciamento Integrado

IPT/CEMPRE (2000) e o Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos desenvolvido pelo

IBAM (2001).

Domiciliar: De acordo com o IPT/CEMPRE (2000), são originados na vida diária das

residências, compostos por resíduos úmidos e secos. Os resíduos úmidos são constituído por

restos de alimentos (cascas de frutas, verduras, sobras, etc.) Já os resíduos secos são jornais

e revistas, principalmente produtos originados a partir de plásticos, como garrafas, embalagens

em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens.

Contém alguns resíduos que podem ser tóxicos. E que cabe a prefeitura a responsabilidade de

recolher, transportar e descartar esse lixo.

Comercial: Segundo o IPT/CEMPRE (2000), são aqueles provenientes de diversos

estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, estabelecimentos

bancários, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo destes locais, dependendo do ramo comercial,

tem grande quantidade de papel, plásticos, embalagens diversos e resíduos de asseio dos

funcionários, tais como papel-toalha, papel higiênico, etc. A coleta e disposição final variam de

acordo com as leis estabelecidas pelo município, que classificam os estabelecimentos como

“pequenos geradores” e “grandes geradores”. Visto que, de acordo com o IBAM (2001), a

prefeitura pode cobrar taxas dos “grandes geradores” transformando a tarifa em fonte de

receita adicional, podendo diminuir o custo da coleta para o Município em cerca de 10 a 20%.

Público(varrição e feiras livres): São os resíduos originados dos serviços de limpeza pública

urbana, incluindo-se todos os resíduos de varrição das vias públicas; limpeza de praias; coleta

das lixeiras; limpeza de galerias, córregos e terrenos; restos de podas de árvores; corpos de

animais, etc. (IPT/CEMPRE 2000) Esse setor precisa de muitos cuidados, o acúmulo de

entulhos pode gerar a presença de bichos e insetos que sejam prejudiciais à saúde. “Parece

ser consenso considerar o lixo doméstico e comercial como lixo domiciliar. E considerar o lixo

domiciliar e o público como lixo urbano, representando a maior parcela dos resíduos sólidos

gerados nas cidades.” (OLIVEIRA, 2004).

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Resíduos de Serviços de saúde (RSS): Segundo o IBAM (2001) São os resíduos gerados

nas atividades realizadas pelas instituições destinadas à preservação da saúde da população

O IPT/CEMPRE (2000, p.29) relata que “Constituem os resíduos sépticos, ou seja, aqueles que

contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos, oriundos de locais como:

hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clinicas veterinárias, postos de saúde, etc.”. A

resolução do CONAMA (2005, nº358, Art. 2º, X) complementa que “(...) por suas

características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não

tratamento prévio à sua disposição final”.

Industrial: O IPT/CEMPRE (2000, p.30) classifica como “Aquele originado nas atividades dos

diversos ramos da indústria, tais como metalúrgica, química, petroquímica, papeleira,

alimentícia, etc.”. Segundo Guerra, Sidney e Guerra, Sérgio (2014, p.438), o resíduo industrial

é “[...] resultante de todo e qualquer processo de transformação de matérias-primas em bens”.

Ainda segundo informações do IPT/CEMPRE (2000, p.30).

O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, Iodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escórias, vidros e cerâmicas, etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico (Classe I).

Agrícola: “São resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária. Incluem embalagens

de fertilizantes e de defensivos agrícolas, rações, restos de colheita, etc.” (IPT/CEMPRE 2000,

p.30) O IPT/CEMPRE (2000) ainda acrescenta que, essa área agrícola causa uma crescente

preocupação no mundo, devido as grandes quantidades de esterco de animal geradas nas

fazendas de pecuária intensiva. O manual do IBAM (2001, p. 32), ressalta que “A falta de

fiscalização e de penalidades mais rigorosas para o manuseio inadequado destes resíduos faz

com que sejam misturados aos resíduos comuns e dispostos nos vazadouros das

municipalidades [...]”.

Entulho: De acordo com o IBAM (2001) A construção civil é a área que mais explora os

recursos naturais, sendo ela a indústria responsável por gerar mais resíduos.

O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento, porém geralmente contém uma vasta gama de materiais que podem lhe conferir toxicidade, com destaque para os restos de tintas e de solventes, peças de amianto e metais diversos, cujos componentes podem ser remobilizados caso o material não seja disposto adequadamente. (IPT/CEMPRE 2000, p. 30)

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Portos, Aeroportos, Terminais Ferroviários e Rodoviários: Segundo o IBAM(2001),

Constituem de resíduos gerados por passageiros e das atividades de transportes, como:

material de escritório, serviços de bordo, embalagens em geral, cargas mal acondicionadas,

lâmpadas, pilhas e baterias e os resíduos de atividades de manutenção dos meios de

transporte. O Ministério do Meio ambiente, e ICLEI-Brasil (2012, p. 52) complementa que “São

tidos como resíduos capazes de veicular doenças entre cidades, estados ou países”.

Radioativo: O IBAM (2001) classifica como sendo os resíduos que emitem radiações acima do

limite que é permitido pelas normas ambientais. O seu tratamento, manuseio,

acondicionamento e disposição final está a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear –

CNEN. Geralmente são acondicionadas em caixas de concreto fechadas.

2.3 Gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos

Segundo Ferrante, Lorenzo e Ribeiro (2007, p.140) “O conceito de gestão de resíduos sólidos

abrange atividades referentes à tomada de decisões estratégicas e a organização do setor para esse

fim, envolvendo instituições, políticas, instrumentos e meios”. De acordo com Guerra, Sidney e Guerra,

Sérgio (2014, p. 429) “A gestão integrada se apresenta como um conjunto de referências destinadas a

buscar o modelo de administração de resíduos mais adequado para um determinado setor, ou seja, é o

estudo que leva em consideração todas as dimensões envolvidas no caso concreto”. Sendo assim, o

IBAM (2001, p.13) defende que “Não é simplesmente um projeto, mas um processo, e, como tal, deve

ser entendido e conduzido de forma integrada [...]”.

Já o gerenciamento, segundo o IPT/CEMPRE (2000, p.3) “[...] é um conjunto de articulado de

ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que a administração municipal

desenvolve (com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos), para coletar, segregar, tratar

e dispor o lixo de sua cidade”. Ferrante, Lorenzo e Ribeiro (2007, p.140) complementam “[...] refere-se

aos aspectos técnicos e operacionais, envolvendo fatores administrativos, gerenciais, econômico,

ambientais e de desempenho, que estão relacionados com a produtividade e qualidade das atividades

de manejo, que vão desde a prevenção até a destinação final do lixo”.

A lei nº 12.305/2010 deixa claro em seu Art. 3º, as definições e diferenças entre gestão e

gerenciamento, descritos abaixo:

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X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei; XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável;

Segundo os autores Ferrante, Lorenzo e Ribeiro (2007), a composição de modelos de gestão

envolve, indispensavelmente três aspectos a serem articulados: arranjos institucionais, instrumentos

legais e mecanismos de financiamento. Após definido esses mecanismos básicos de gestão dos

resíduos, deve ser criado uma estrutura para o gerenciamento de acordo com o modelo de gestão.

Antunes (2014) salienta que a elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos,

é condição fundamental para que o Distrito Federal e os Municípios tenham acesso aos recursos da

União.

Ainda segundo Antunes (2014) é necessário para a elaboração do plano de gerenciamento de

resíduos sólidos, que seja indicado um responsável técnico que seja habilitado para elaborar,

implementar, operacionalizar e monitorar todas as etapas de criação, incluindo a disposição final

adequada.

De acordo com o manual de boas práticas no planejamento realizado pela ABRELP e ISWA

(2013), a gestão integrada dos resíduos sólidos (GIRS) é um processo mais complexo de ser realizado

em países em desenvolvimento pelo volume crescente e o tipo de resíduos produzido. Se tornando um

problema para os governantes locais e nacionais em garantir uma gestão efetiva e sustentável dos

resíduos.

A responsabilidade pela proteção do meio ambiente, pelo combate à poluição e pela oferta de saneamento básico a todos os cidadãos brasileiros está prevista na Constituição Federal, que deixa ainda, a cargo dos municípios, legislar sobre assuntos de interesse local e de organização dos serviços públicos. Por isto, e por tradição, a gestão da limpeza urbana e dos resíduos sólidos gerados em seu território, inclusive os provenientes dos estabelecimentos de serviços de saúde, é de responsabilidade dos municípios. (IBGE 2000, p. 27)

“Tradicionalmente, o que ocorre no Brasil é a competência do Município sobre a gestão dos

resíduos sólidos produzidos em seu território, com exceção dos de natureza industrial, mas incluindo-

se os provenientes dos serviços de saúde”. (IBAM 2001, p.2)

Segundo a SEMARH (2012), foi realizado pelo IDEMA em 2002 o primeiro estudo da gestão

dos resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Norte, onde foi constatado nos resultados da

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pesquisa sobre o destino final dos resíduos, que 87,50% dos municípios do RN é operado diretamente

pelas prefeituras e apenas 12,50%, é realizado por empresas privadas, em terrenos de

responsabilidade do poder público municipal.

2.3.1 Geração dos resíduos sólidos urbanos

O IPEA (2012, p.12) destaca que “A primeira etapa da gestão de resíduos sólidos diz respeito à

sua geração. Por diversos motivos - tais como disposição irregular, coleta informal ou insuficiência do

sistema de coleta pública − não necessariamente todo o resíduo sólido gerado é coletado”. Segundo o

MMA e ICLEI-Brasil (2012, p.53), “As informações sobre geração local ou regional dos resíduos são

importantes como alicerces da etapa de planejamento das ações”. Daltro Filho 1997 apud Oliveira

(2004, p.41), complementa que, “A geração de resíduos sólidos na atualidade, tem sido,

indiscutivelmente, um dos grandes desafios da humanidade”.

O MMA e ICLEI-Brasil (2012, p.53) ainda ressaltam que “A geração dos resíduos domiciliares

varia de acordo com o porte dos municípios e regiões geográficas do país, em função do vigor da

atividade econômica e tamanho e renda da população”. A ABRELP (2014, p.28) destacou que “A

geração total de RSU no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 78,6 milhões de toneladas, o que

representa um aumento de 2,9% de um ano para outro, índice superior à taxa de crescimento

populacional no país no período, que foi de 0,9%”.

Figura 2- Geração de RSU

Fonte: Pesquisa ABRELP e IBGE

2.3.2 Acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos

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Segundo o manual do IBAM (2001), o acondicionamento dos resíduos sólidos domiciliares, diz

respeito à forma de preparar o lixo adequadamente para a coleta de forma compatível com o tipo dos

resíduos e a quantidade. Oliveira (2004, p.42), complementa que “Acondicionar é a prática de colocar o

lixo em recipientes, mantendo-os fechados, para evitar o contato com vetores (barata, rato, mosca,

etc.)”.

Ainda de acordo com o IBAM (2001, p. 45), ressalta que “A qualidade da operação de coleta e

transporte de lixo depende da forma adequada do seu acondicionamento, armazenamento e da

disposição dos recipientes no local, dia e horários estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para a

coleta”. Segundo o mesmo autor, a população tem um papel muito importante no acondicionamento

adequado do lixo. O acondicionamento adequado evita acidente, proliferação de vetores, etc.

O manual do IBAM (2001) destaca ainda que a população brasileira da região norte e nordeste

do Brasil, usam recipientes feitos de pneus velhos para colocar o lixo, sendo uma forma de

aproveitamento dos pneus, mas muito pesada e pouco prática. Segundo o manual, a melhor forma de

acondicionar o lixo, quando a coleta for manual, é em sacos plásticos, pois são fechados facilmente,

são leves, não tem retorno e são acessíveis. Ainda segundo o autor, “A escolha do tipo de recipiente

mais adequado deve ser orientada em função”:

•das características do lixo;

•da geração do lixo;

•da frequência da coleta;

•do tipo de edificação;

•do preço do recipiente.

O IBAM comenta que, para lixo doméstico, são considerados três recipientes:

Sacos plásticos: “O lixo domiciliar pode ser embalado em sacos plásticos sem retorno, para

ser descarregado nos veículos de coleta”. (IBAM 2001, p.49) Segundo o autor são fechados

pela boca facilmente e devem ter volume de 20, 30, 50 ou 100 litros.

Contêineres de plástico: De acordo com o IBAM (2011. p.49) “Destinam-se ao recebimento,

acondicionamento e transporte de lixo domiciliar urbano e público. Podem ser utilizados

também como carrinho para coleta de resíduos públicos e conduzidos pelos garis nos

logradouros”.

Contêineres metálicos: “São recipientes providos normalmente de quatro rodízios, com

capacidade variando de 750 a 1.500 litros, que podem ser basculados por caminhões

compactadores”. (IBAM 2001, p. 50)

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2.3.3 Sistema de coleta e transporte

“Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para encaminhá-lo,

mediante transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a um eventual tratamento e à

disposição final”. (IBAM 2001, p.61). Em relação aos resíduos de serviços de saúde (RSS),

IPT/CEMPRE (2000) relata que a coleta e transporte desse tipo de resíduo são de responsabilidade do

gerador, mas acontece que a prefeitura acaba tendo que fazer ou fiscalizar.

Vale ressaltar que, de acordo com a PWC (2011) fica a cargo do órgão municipal, a

responsabilidade pela coleta e transporte dos resíduos domiciliares, públicos, comércio pequeno, e de

pequenas quantidades de resíduos da construção civil. Enquanto os resíduos de grandes geradores

como indústrias, portos e aeroportos são de responsabilidade do gerador a coleta e o transporte. Já os

resíduos de serviços de saúde e construção civil, devem ser coletados separadamente e em veículos

especiais. O IBAM (2001, p.61) ressalta que “O lixo dos ‘grandes geradores’ (estabelecimentos que

produzem mais que 120 litros de lixo por dia) deve ser coletado por empresas particulares, cadastradas

e autorizadas pela prefeitura”.

No quadro a seguir estão listados os responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos

mencionado.

Quadro 2- Responsabilidade pelo gerenciamento do lixo

Origem do Lixo Responsáveis

Domiciliar Prefeitura

Comercio Prefeitura*

Público Prefeitura

Serviços de Saúde Gerador (hospitais, etc.)

Industrial Gerador (indústrias)

Agrícola Gerador (agricultor)

Entulho Gerador

Portos, Aeroportos, Terminais Ferroviários e Rodoviários.

Gerador (portos, etc.)

Radioativo Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN Fonte: IPT/CEMPRE (2000, p.30) e IBAM (2001)

(*) A Prefeitura é responsável por quantidades pequenas (geralmente inferiores a 50 kg) de, acordo com a legislação municipal específica. Quantidades superiores são de responsabilidade do gerador. (IPT/CEMPRE 2000, p.30)

O manual de orientação do Ministério do Meio Ambiente e ICLEI-Brasil (2012, p. 57) relatam

que, “As informações sobre a coleta e o transporte dos diversos tipos de resíduos são importantes,

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tanto para a confirmação das quantidades geradas, como para o reconhecimento dos fluxos origem-

destino”. Vale ressaltar que:

“[...] os resíduos sólidos produzidos nas propriedades rurais são ‘tratados’ e dispostos nos próprios domicílios: a fração orgânica é utilizada para alimentar animais ou disposta diretamente no solo, onde se degrada naturalmente. Ao mesmo tempo, a parte não orgânica, que era gerada em pequena quantidade, era reaproveitada e transformada em utensílios domésticos”. (IPEA, 2012, p. 15-16)

O IPEA (2012, p.17) ainda destaca que “A evolução temporal da quantidade de resíduos

coletados apresenta algumas inconsistências, as quais dificultam sua análise. Os dados indicam um

aumento da quantidade, em termos absolutos e relativos, nos municípios pequenos e médios, porém

redução nos municípios grandes”.

2.3.4 Tratamento dos resíduos sólidos urbanos

“Define-se tratamento como uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou

o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo em ambiente ou local

inadequado [...]” (IBAM, 2001, p. 119).

Existem vários sistemas de tratamento e/ou aproveitamento de resíduos sólidos, classificados

como:

Reciclagem:

O IPT/CEMPRE (2000, p.81) destaca que “A reciclagem é o resultado de uma série de

atividades, pela qual materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados,

separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos”.

De acordo com o IBAM (2001, p.121) “Após a separação do lixo dos recicláveis aproveitáveis para a

indústria, o restante dos resíduos, que são essencialmente orgânicos, pode ser processado para se

tornar um composto orgânico, com todos os macro e micronutrientes, para uso agrícola”.

Porém “A atividade de reciclagem envolve diversas etapas e processos e não representa uma

atividade de baixo custo. Por isso, é importante que, junto com sua implementação, seja incentivada a

formação de um mercado de material reciclado, de forma a tornar o processo mais eficiente e rentável”.

(SOUSA 2012, apud ABRELP 2015, p.34)

De acordo com a PWC (2011, p. 25):

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Implantar um programa de reciclagem exige vencer alguns desafios, pois são necessários serviço de coleta distinto, equipamentos especiais e centros de triagem, o que gera aumento nos gastos com a coleta e a separação de resíduos e exige um processo de sensibilização da população, portanto, é um processo gradativo e que demanda um tempo de aculturamento da sociedade local.

O IPT/CEMPRE (2000) ressalta que a prefeitura pode ser o grande incentivador do

desenvolvimento municipal, onde de acordo com o manual para alavancar a reciclagem ele pode optar

por ser um agente: incentivados das ações no município; implementador de ações para a reciclagem; e

consumidor de produtos reciclados. O Manual ainda deixa claro que, só é possível reciclar se houver

demanda por produtos. Antes da implantação da coleta seletiva, deve verificar se há esquemas para

venda ou doação desses produtos.

Compostagem:

“Dá-se o nome de compostagem ao processo biológico de decomposição da matéria orgânica

contida em restos de animal ou vegetal” (IPT/CEMPRE 2000, p.93) De acordo com (FIORILLO 2004

apud FONSECA 2013, p. 59) “Este método foi aplicado nas primeiras comunidades agrícolas,

consistindo na transformação do resíduo orgânico em composto, através de um processo de

catalisação de microrganismos, se tornando assim em uma excelente fonte de nutrientes para os

vegetais”.

Segundo a obra do IBAM (2001), a compostagem tem como vantagem a geração de emprego

e renda e redução de resíduos dispostos em aterros ou no solo. “Como se trata de um processo que

transforma a matéria orgânica em húmus (adubo orgânico), para posterior uso agrícola, a

compostagem é também um processo de reciclagem, sendo um dos processos mais antigos que o

homem tem utilizado”. (OLIVEIRA 2004, p. 44)

Apesar de os resíduos sólidos domiciliares no Brasil apresentarem alto percentual de resíduos orgânicos, as experiências de compostagem da fração orgânica são ainda incipientes. O resíduo orgânico, por não ser coletado em separado, acaba sendo encaminhado para disposição final junto com os resíduos perigosos e com aqueles que deixaram de ser coletados de maneira seletiva. Esta forma de destinação gera, para a maioria dos municípios, despesas que poderiam ser evitadas caso a matéria orgânica fosse separada na fonte e encaminhada para um tratamento específico, por exemplo, via compostagem (Massukado, 2008 apud IPEA, 2012, p.35)

De acordo com o IPT/CEMPRE (2000, p.93) “No contexto brasileiro, a compostagem tem

grande importância, uma vez que cerca de 50% do lixo municipal é constituído por matéria orgânica”. A

compostagem apresenta algumas vantagens de acordo com IPT/CEMPRE (2000, p.93) como:

“redução de 50% do lixo destinado ao aterro; economia de aterro; aproveitamento agrícola da matéria

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orgânica; reciclagem de nutrientes para o solo; processo ambientalmente seguro; eliminação de

patógenos; economia de tratamento de efluentes”.

Recuperação Energética:

No Art. 9º §1° da lei 12.305/12, a recuperação energética dos resíduos é aceita pela legislação.

“Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos,

desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de

programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental”.

De acordo com a (EPE 2014 apud ABRELP 2015, p.30):

Os principais produtos energéticos que podem ser obtidos através do aproveitamento dos RSU são: o biogás (gerado em aterros sanitários ou na digestão anaeróbia); a eletricidade (gerada a partir do biogás ou do tratamento térmico); e o calor (produzido juntamente com a eletricidade, em processo de cogeração. Além da geração de energia, que pode ser comercializada, o tratamento com recuperação energética traz outra vantagem, que é a redução do volume de rejeitos a serem encaminhados para disposição final, contribuindo para a diminuição de área necessária para aterros sanitários.

2.3.5 Destinação final dos resíduos sólidos urbanos

De acordo com a lei 12.305/10 em seu capítulo II art 3º, explica a diferença entre destinação e

disposição ambientalmente adequada, listados no quadro abaixo:

Quadro 3 – Destinação/Disposição dos resíduos

Destinação final ambientalmente adequada: (Resíduos)

Disposição final ambientalmente adequada: (Rejeitos)

Reutilização;

Reciclagem;

Compostagem;

Recuperação;

Aproveitamento energético;

Outras destinações admitidas pelos órgãos

competentes do Sisnama, do SNVS e do

Suasa, entre elas a disposição final.

Disposição ordenada de rejeitos em aterros.

Fonte: Lei 12.305/2010.

O IBAM (2001 p. 149) cita que “Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana

não consiste apenas em remover o lixo de logradouros e edificações, mas, principalmente, em dar um

destino final adequado aos resíduos coletados”. Segundo Pinho (2011, p.86) “O sistema Nacional de

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Meio Ambiente, define que, na ausência de um sistema municipal, os Governos Estaduais são os

responsáveis pelo licenciamento ambiental e pelas fiscalizações das áreas de disposição final

resíduos”.

Segundo a PWC (2015), para que se tenha a disposição final ambientalmente adequada dos

resíduos, é necessária a construção de aterros sanitários e eliminação da existência de lixões. O

manual do IBAM (2001) destaca que os municípios brasileiros contam com um orçamento muito restrito

no que se refere à limpeza urbana, deixando assim a preocupação com a disposição final do lixo em

segundo plano, e levando-os a darem prioridade à coleta e à limpeza pública. Por essa razão é tão

comum à presença de lixão nos pequenos municípios. “[...] o município enfrenta o desafio de conseguir

recursos para manter a operação do aterro e de inserir socialmente o contingente de catadores que

sobreviviam no entorno dos lixões”. (PWC 2015, p.8)

“A destinação final adequada dos resíduos sólidos urbanos constitui um dos maiores

problemas da sociedade moderna, já que a sua composição tem-se modificado muito ao longo dos

últimos anos e a geração de lixo crescido surpreendentemente, sobretudo nos países em

desenvolvimento”. (CÂNDIDO et al 2009, p. 9)

No que se refere à disposição final dos resíduos de serviços de saúde RSS, o IBAM (2001,

p.192) citou que “O único processo de disposição final para esse tipo de resíduo é a vala séptica,

método muito questionado por grande número de técnicos, mas que, pelo seu baixo custo de

investimento e de operação, é o mais utilizado no Brasil”.

Realizou-se uma pesquisa no Rio Grande do Norte pela SEMARH em 2012, onde constatou-se

que,

A destinação no Rio Grande do Norte pode ocorrer em aterros sanitários, considerados como melhor solução técnica e ambiental, ou em vazadouros, muitas vezes em terreno aberto e sem qualquer manejo. Existem apenas dois aterros no Estado, localizados em Mossoró e Ceará-Mirim. Mas, apesar de corresponderem a menos de dois por cento das áreas de disposição dos municípios, são as que aportam à maior parte desses, pois os mesmo provêm, em sua maioria, das grandes

cidades do RN. (SEMARH 2012, p.50)

Ainda de acordo com a pesquisa da SEMARH (2012), constatou-se que metade dos resíduos

que são produzidos no estado são tratados de forma irregular, essa situação foi identificada em quase

180 (cento e oitenta) áreas irregulares.

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2.3.5.1 Lixão

“É uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos municipais, que se

caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à

saúde pública”. (IPT/CEMPRE 2000, p.251)

A SEMARH (2012, p.22) destaca que “Além dos problemas estéticos e de saúde pública, essa

prática estimula a catação dos resíduos, e propicia a ocorrência de poluição hídrica e atmosférica. Esta

última, devido ao acelerado processo de biodegradação da matéria orgânica, que atinge temperaturas

em torno de 70 graus [...]”.

De acordo com a pesquisa da PwC (2011, p. 48) ”Os resíduos sólidos depositados em lixões

não sofrem nenhum tratamento prévio. Eles são apenas dispostos em áreas afastadas da cidade, mas

que não representam locais ambientalmente adequados”.

2.3.5.2 Aterro controlado - lixão controlado

O IPT/CEMPRE (2000) classifica como uma técnica de disposição final que não causa riscos

ou danos à saúde pública e que minimiza os impactos ambientais. Já uma pesquisa mais recente

realizada pelo SEBRAE/MS (2012, p. 14) aponta que é “[...] outra forma inadequada de disposição final

de resíduos e rejeitos, que são cobertos por camadas de terra. Esse cuidado não impede a

contaminação do solo e das águas subterrâneas por substâncias tóxicas, nem a produção de gases

perigosos”.

O IBAM (2001, p. 183) destaca que “Por não possuir sistema de coleta de chorume, esse

líquido fica retido no interior do aterro. Assim, é conveniente que o volume de água de chuva que entre

no aterro seja o menor possível, para minimizar a quantidade de chorume gerado”. Porém, segundo

Oliveira (2004, p.46), “O aterro controlado é preferível ao lixão, no entanto, devido aos problemas

ambientais que causa e aos custos de operação, ele é considerado de qualidade bastante inferior ao

aterro sanitário, sendo na verdade apenas um lixão ‘melhorado’”.

De acordo com o (BNDES 2014 apud ABRELP 2015, p. 31):

Outro método disponível para fins de recuperação energética dos resíduos é a captação de biogás em aterros sanitários, para geração de energia. Nesse tipo de empreendimento há uma rede coletora dos gases gerados no processo de decomposição anaeróbia dos resíduos aterrados que os encaminha, por meio de drenos verticais e horizontais, para uma unidade de geração de energia.

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2.3.5.3 Aterro sanitário

Segundo Oliveira (2004, p.47) “No aterro sanitário, o lixo é lançado sobre o terreno e recoberto

em solo do local, de forma a isolá-lo do ambiente, formando câmaras onde o lixo é compactado e seu

volume substancialmente reduzido”. A PwC (2011) salienta que essa é uma tecnologia de disposição

final de RSU mais adequada ao nosso cenário, onde são utilizados métodos de engenharia que

garantem o recebimento e tratamento correto dos resíduos, que causam menor impacto ambiental e

proteção da saúde pública.

A SEMARH (2012, p.22) reforça dizendo que é “Considerada uma das técnicas mais eficientes

e seguras de destinação de resíduos sólidos, o aterro sanitário, permite um controle eficiente e seguro

do processo e quase sempre apresenta a melhor relação custo-benefício”.

. De acordo com a (NBR 13896/1997 da ABNT apud Lanza e Carvalho 2006, p.11)

“recomenda-se a construção de aterros com vida útil mínima de 10 anos. O seu monitoramento deve

prolongar-se, no mínimo, por mais 10 anos após o seu encerramento”.

Segundo a autora Oliveira (1998), a tendência em relação aos serviços de limpeza pública, é a

terceirização desses serviços pelas prefeituras. Onde ficava a cargo da administração somente três

funções: “planejar e definir o sistema de coleta, tratamento e disposição final dos RSU; destinar

recursos para pagamento das empreiteiras, e ainda realizar a fiscalização, ou controle efetivo dos

serviços contratados”. (OLIVEIRA, 1998, p.4)

2.4 Importância da coleta seletiva e catadores

A lei 12.305/12 classifica como a “coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme

sua constituição ou composição”. A Abrelp e GO Associados (2015, p.22) classificam a coleta seletiva

como “[...] um instrumento fundamental para atingir metas de redução e tratamento, tanto de resíduos

secos quanto de resíduos úmidos. É um projeto que envolve o setor público, a sociedade civil (cidadão)

e a indústria [...]”.

A participação da comunidade é extremamente importante para o êxito de qualquer programa

de coleta seletiva e a educação ambiental é o alicerce para que isto aconteça, ensinando a população

a identificar o que é reaproveitável, e a tomar conhecimento das consequências do desperdício [...]”.

(CUNHA 2012, p.90)

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Abaixo está listado o envolvimento dos atores no processo da coleta seletiva segundo a

ABRELP (2015).

Quadro 4 - Funções de diferentes atores na coleta seletiva dos resíduos secos

Agente Ação

Setor Público Responsável pelo planejamento, execução e controle do sistema.

Cidadão Responsável pela separação dos materiais recicláveis na fonte e disponibilização dos mesmos.

Indústria Responsável por estruturar e viabilizar o sistema de logística reversa e sua eventual interface com a coleta seletiva.

Fonte: Elaboração GO Associados apud ABRELP 2015, p. 22.

Segundo o autor para a implantação, inicialmente deve ser feito a identificação dos tipos de

resíduos existentes, para verificar os diferentes materiais existentes no lixo do município. Logo após

essa identificação, será possível definir o tamanho das instalações, os equipamentos necessários, o

pessoal envolvido e ainda as receitas e despesas. (CUNHA, 2012). Ainda segundo o autor, ressalta

que “As primeiras áreas a serem beneficiadas com a coleta seletiva são de extrema relevância, pois

funcionarão como áreas de teste, onde nestas serão experimentadas metodologias, frequências,

horários e equipamentos”. (CUNHA 2012, p.87)

Segundo o artigo do CEMPRE (Agora é lei, p3.). “A força de trabalho que faz a separação dos

materiais recicláveis atinge aproximadamente 1 milhão de pessoas no Brasil, incluindo aqueles que

percorrem as ruas das cidades para a coleta com suas carrocinhas”. O trabalho das cooperativas é de

extrema importância, pois estimasse que, “Grande parte dos resíduos gerados no país não é

regularmente coletada, permanecendo junto às habitações (principalmente nas áreas de baixa renda)

ou sendo vazada em logradouros públicos, terrenos baldios, encostas e cursos d'água.” (IBAM, 2011,

p.2).

Gráfico 1- Catadores em ascensão no País (Autônomos e cooperativados)

Fonte: CEMPRE 2010

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1999 2001 2004 2006 2009

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Com a chegada da lei, o Cempre apresentou varias melhorias na vida dos catadores. Agora

eles saíram da informalidade e passaram a ser agentes da mudança, as cooperativas são contratadas

pelos municípios para a colete. Antes existiam a exploração dos catadores e os riscos a sua saúde,

agora esses riscos foram reduzidos e aumentou a renda das cooperativas, como também a quantidade

e qualidade da matéria prima reciclada. (CEMPRE- Agora é lei)

Segundo SAFFER et al (2014) existe um programa de apoio aos catadores de materiais

recicláveis chamado Pró-catador, que tem como finalidade articular as ações do governo federal

voltadas a eles, com o intuito de melhorar as condições de trabalho, situação econômica,

oportunidades de inclusão social. O programa prevê algumas ações que vão da formação e

capacitação desses catadores até pesquisas e estudos sobre o ciclo de vida dos produtos.

2.5 Cenário atual dos resíduos sólidos no Brasil

O Compromisso Empresarial para a Reciclagem - CEMPRE destaca em seu artigo Agora é lei

(2010), que após a aprovação da lei 12.305, os municípios tiveram um prazo de 2(dois) anos para

elaborar seu plano de resíduos sólidos, contendo o diagnóstico do lixo e metas para a redução da

produção. O CEMPRE (2010) relata ainda que, os municípios que implantasse coleta seletiva com

parceria as cooperativas de catadores, teriam prioridades financeiras do governo federal.

De acordo com as informações do site do ministério de meio ambiente, de 2001 a 2014 foram

disponibilizados R$ 1,2 bilhões de reais em recursos. O MMA ainda ressalta que, dos 5.570 municípios

existentes, apenas 1.865 municípios declararam possuir um plano de gestão integrada, sendo que,

59% dos municípios brasileiros dispõem seus resíduos em lixões ou aterros controlados. Eles revelam

que apenas 2,2 mil municípios, destinam seus resíduos em aterros sanitários. (FGV/ABETRE 2007 –

corrigido pelo INCC até06/2014 apud MMA)

Contudo, a PwC (2011), cita em seu guia que os investimentos feitos pelo governo na gestão

dos resíduos é um valor muito baixo comparado a tanta coisa que precisa ser feita, sendo um valor de

R$ 88,01 habitante/ano. “Isso explica os baixos níveis de investimento e consequentemente a incorreta

forma de destinação observada na maioria dos municípios”. (PwC 2011, p.8 )

Segundo a ABRELP e ISWA (2013, p.48) “A medida que o tempo passa, as quantidades de

resíduos produzidas tornam-se cada vez maiores, tendo como consequência o aumento das

quantidades de resíduos que terminam nas unidades de destinação, muitas vezes inadequadas”.

Segundo dados do site do M.M.A., a média de lixo produzido por dia por cada brasileiro é de 1,02 Kg/

habitante/dia.

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Segundo Romani e Segala (2014), a PNRS trás um novo conceito em relação à gestão do lixo,

o conceito de responsabilidade compartilhada, onde o município continua com a responsabilidade pela

limpeza, mas agora fazem parte como corresponsáveis o setor empresarial e a sociedade civil. “No

entanto, um dos grandes desafios que o tema de resíduos sólidos traz para governos, empresas e

cidadãos é justamente a compreensão da necessidade de atuação de forma articulada com a definição

clara do seu papel e das suas responsabilidades”. (PwC 2015, p. 20)

Quadro 5- Síntese dos principais atores e atribuições de acordo com a PNRS

Atores Principais atribuições específicas Atribuições comuns

Poder público

Organizar o serviço público de limpeza urbana e de manejo de

resíduos sólidos e fiscalizar a sua prestação

-

Setor empresarial (fabricantes, importadores,

distribuidores e comerciantes)

Realizar a logística reversa no limite da proporção dos produtos colocados

no mercado interno

Assegurar o cumprimento da PNRS e de seu decreto

regulamentador

Sociedade / Consumidor Segregar, acondicionar e

disponibilizar os resíduos para coleta e exercer o controle social.

-

Fonte: Romani e Segala (2014, p.15).

“A partir desse novo cenário, os municípios têm a importante missão social de transformar suas

práticas ambientais, e o prefeito é o principal agente dessa mudança, com a oportunidade de elevar

sua cidade a novos patamares na gestão de resíduos e com diversas obrigações a serem cumpridas”.

(PwC 2001, p. 6) Segundo o artigo Agora é lei - CEMPRE (2010, p. 3) “As providências tomadas pelos

municípios fazem parte de um novo conceito: o gerenciamento integrado do lixo, que envolve diferentes

soluções, como a reciclagem e a disposição dos rejeitos em aterros que seguem critérios ambientais”.

2.6 O município brasileiro e a gestão dos resíduos sólidos urbanos

No âmbito municipal como já mencionado, segundo o PwC (2011), cabe ao prefeito a

responsabilidade de promover a mudança da realidade atual envolvendo todos no processo. As

secretarias ficam a cargo de desenvolver programas de conscientização, valorização e envolvimento da

sociedade civil. Enquanto fica a dever do poder legislativo, representando pelos seus vereadores, a

responsabilidade de adequar o município seguindo a normas estabelecidas pela lei nº 12.305/10.

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“O Ministério do Meio Ambiente, responsável pela elaboração de políticas, estratégias, planos e

programas nacionais para o controle ambiental, de acordo com a PNRS, é também responsável pela

elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos”. ( PwC 2011, p.13).

Os municípios podem contar com organizações que prestam assessoria técnica, por exemplo, o IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal (associação civil sem fins lucrativos), que objetiva o fortalecimento da gestão dos governos locais, fornecendo às municipalidades assistências técnica, administrativa e de planejamento, inclusive na área de resíduos sólidos. (PwC 2011, p.14)

“A capacitação específica dos técnicos municipais é de suma importância, tanto para que

possam compreender os novos conceitos presentes na PNRS e as suas implicações”. (PwC 2011,

p.12) Ainda ressaltam que os resíduos sólidos tem se mostrado uma preocupação maior para os

pequenos municípios, sozinhos, grande parte dos pequenos municípios não tem força econômica para

construir um aterro, uma das soluções incentivadas pelo governo é a formação de consórcios públicos,

para que assim tenha um avanço na gestão dos resíduos sólidos.

Cabe ressaltar que “Os municípios pequenos, quando associados, de preferência com os de

maior porte, podem superar as fragilidades da gestão, racionalizar e ampliar a escala no tratamento

dos resíduos sólidos, e ter um órgão preparado para administrar os serviços planejados”. (MMA e

ICLEI-BRASIL 2012, p. 21)

2.6.1 Formação de consórcios

De acordo com Amorim e Gomides (2014), A formação dos consócios vem sendo incentivada

pelo governo federal com o intuito de mudar o quadro da gestão dos resíduos, que geridos da mesma

forma que era não seria possível. A formação de consórcios entre os municípios de pequeno e grande

porte vai dar o salto necessário no avanço da gestão dos resíduos, onde podem superar a fragilidade

da gestão. A “formação de consórcio - consiste em uma associação de dois ou mais indivíduos,

empresas, organizações ou governos (ou qualquer combinação dessas entidades), com o objetivo de

participar em uma atividade comum ou de partilha de recursos para atingir um objetivo comum”. (PwC

2015, p. 23)

A Lei 11.107/2005, Lei Federal dos Consórcios Públicos regulamenta o Art. 241 da Constituição Federal e estabelece as normas gerais de contratação de consórcios públicos. Os consórcios públicos dão forma à prestação regionalizada de serviços públicos instituída pela Lei Federal de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007) e que

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é incentivada e priorizada pela Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010. ( AMORIM E GOMIDES 2014, p.21)

“É um instrumento que traz um ganho de eficiência na gestão e na execução das políticas e

despesas públicas, possibilitando o tratamento dos resíduos sólidos, a operação e a criação de aterros

sanitários em parceria com outros municípios, dentre outros serviços públicos. (PwC 2015, p.27)

Ainda segundo os autores, para a realização do consórcio há a necessidade de articulações, e

para a sua viabilização é necessário muitas vezes a intervenção do governo do Estado. O que

acontece é que há casos em que alguns municípios começam a proibir a circulação em território de

determinados resíduos que não foram gerados por eles, dificultando assim a formação de consórcios.

(PwC, 2015)

2.7 Novo marco regulatório: Lei nº 12.305/2010 (PNRS)

Segundo Antunes (2014), Após anos em tramitação, a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), foi aprovada pelo congresso nacional em 2(dois) de agosto de 2010. Uma nova lei, que deve

ser entendida como uma lei geral voltada para a proteção ambiental. “A Lei no 12.305/2010

estabeleceu prazos-limite para a disposição final ambientalmente adequada até agosto de 2014”.

(PwC, 2015)

A lei 12.305/10 no seu art. 4º estabelece princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, em que

o governo pratica suas ações junto aos seus estados e municípios, para a correta gestão e

gerenciamento adequado dos resíduos sólidos. “Um dos objetivos fundamentais estabelecidos pela Lei

12.305 é a ordem de prioridade para a gestão dos resíduos, que deixa de ser voluntária e passa a ser

obrigatória [...]” (MMA e ICLEI-BRASIL, 2012, p.23). A PNRS deixa claro ainda nos seu art. 3º, a

diferença existente entre resíduos e rejeitos, onde somente os rejeitos podem ter uma disposição final

adequada, depois de esgotados todas as formas de recuperação.

“O principal objetivo da PNRS é a proteção da saúde pública. A inadequada disposição de

resíduos gera inúmeros problemas de saúde pública. Para alcançar tal objetivo foram estabelecidas

metas teóricas tais como a redução, o reuso e a reciclação dos resíduos (3R)”. (ANTUNES 2014, p.

997)

Segundo a lei nº 12.305/12, em seu art. 7º, a PNRS tem como objetivos, a proteção da saúde

pública e da qualidade ambiental; a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e

disposição final dos resíduos sólidos ambientalmente adequados; estimula a adoção de padrões

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sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; a capacitação técnica continuada na área de

resíduos sólidos; entre outros.

No estado do Rio Grande do Norte, muito já tem sido feito em relação às novas exigências da

lei. Segundo a SEMARH (2012) foi implantado um aterro sanitário na região metropolitana de natal que

atende a 8 (oito) municípios, e está sendo construído um aterro na cidade de Mossoró que ainda de

acordo com o autor “estima-se que cerca de 50% dos resíduos em peso gerados no Estado já

possuem uma destinação adequada.” (SEMARH, 2012, p.17)

De acordo com art.18º da PNRS, “A elaboração de plano municipal de gestão integrada de

resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios

terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados [...]”. Ressalta ainda que, os recursos da

união serão priorizados para aqueles:

Municípios que optaram por soluções consorciadas para a gestão dos resíduos sólidos.

Municípios que se inseriram nos planos microrregionais de resíduos sólidos de forma

voluntária.

E para municípios que implantaram a coleta seletiva, com a participação de cooperativas ou

associações de catadores.

Segundo a lei nº 12.305/10 para a elaboração do plano municipal de gestão integrada de

resíduos sólidos, é necessário um conteúdo mínimo. Abaixo estão listados alguns desses conteúdos,

que são:

I- diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados; II- identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de rejeitos; III- identificação das possibilidades de implantação de consórcios com outros Municípios; IV- identificação dos resíduos sólidos e dos geradores; V- procedimentos operacionais e especificações mínimas a serem adotados nos serviços de limpeza urbana, incluída a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; VI- indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos; VII- regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos; VIII- definição das responsabilidades quanto à sua implementação e operacionalização, incluídas as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos; IX- metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;

Segundo os autores Amorim e Gomides (2014), em relação aos resíduos perigosos, os

responsáveis (geradores ou operadores) são obrigados pela lei a comprovarem capacidade econômica

e técnica, inscrevendo-se no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos para exercer tal

atividade.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção é dedicada à apresentação dos procedimentos metodológicos utilizados na

pesquisa, que tornaram possível a elaboração desse trabalho. Para Roesch (2012, p. 125-126), “O

capítulo da metodologia descreve como o projeto será realizado. Aconselha-se partir dos objetivos do

projeto para definir que tipo de método é mais apropriado”.

3.1 Tipo de pesquisa

Segundo Vergara (2007, p.46), “O leitor deve ser informado sobre o tipo de pesquisa que será

realizada, sua conceituação, e justificativa à luz da investigação específica.”. Assim, o tipo de pesquisa

adotada no trabalho, foi classificado segundo os critérios básicos de Vergara (2007), quanto aos fins e

quanto aos meios.

Quanto aos meios, para o delineamento adotado no desenvolvimento da pesquisa, considerou-

se: Pesquisa documental e de campo. Segundo Vergara (2005, p. 48) a pesquisa documental

caracteriza-se por ser “realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados

de qualquer natureza, ou com pessoas [...]” De acordo com Gil (2009, p.45), “vale-se de materiais que

não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os

objetivos da pesquisa”.

No que se refere à pesquisa de campo, para a autora Vergara (2005) é uma investigação

empírica realizada no local que ocorreu ou ocorre o fenômeno e que dispõe de elementos para explicá-

los. O autor Ruiz (2011, p. 50) entende que “a pesquisa de campo consiste na observação dos fatos tal

como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis presumivelmente

relevantes para ulteriores análises”.

Quanto aos fins este estudo caracterizou-se como do tipo exploratória e descritiva. Para

Vergara (2005) a pesquisa exploratória é realizada em áreas em que há pouco conhecimento

acumulado e sistematizado. Gil (2008) defende que, de todos os tipos de pesquisas, a exploratória é a

que apresenta menor rigidez no seu planejamento. Ela tem por finalidade principal, desenvolver,

esclarecer e modificar ideias e conceito.

Ainda de acordo com o autor, a pesquisa descritiva junto à exploratória, é realizada por

pesquisadores preocupados com a sua atuação prática. Por fim, Gil complementa que, “As pesquisas

descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou

fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. (GIL, 2002, p. 42)

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3.2 Universo e amostra

O universo da pesquisa compreendeu os agentes políticos municipais de São Miguel/ RN, das

quais fizeram parte o Poder Legislativo Municipal, representado pelos Vereadores, e Poder executivo

Municipal, representado pelo secretário de Serviços Urbanos, Obras, Viação e Transportes; e o

secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, os quais foram os sujeitos da pesquisa que

forneceram os dados necessários para o desenvolvimento e conclusão da pesquisa.

“O conceito de amostra é ser uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do

universo (população).” (MARCONI E LAKATOS, 2003, p.223). O tipo de amostra utilizada na pesquisa

foi do tipo, não probabilística por acessibilidade. Nesse sentido, de acordo com Gil (2008, p. 94), “O

pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam de alguma forma,

representar o universo”. Sendo assim, a pesquisa contou com um universo total de 11 respondentes,

que estão diretamente ligados ao processo de gerenciamento dos resíduos no município. A amostra

corresponde a um total de 07 entrevistados, onde somente 5 (cinco) vereadores colaboraram com a

pesquisa e outros 4 (quatro) vereadores não responderam a entrevista, faltando aos dias marcados e

em outra tentativas.

3.3 Coleta de dados

“A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que se pretende

alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado”. (MATIAS-PEREIRA, 2012, p.90). Para a

coleta de dados, foi utilizada uma entrevista semiestruturada, com questões abertas. Marconi e Lakatos

(2003, p. 197) definem que entrevista “É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente

estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas”. Para Gil (2008, p. 109), entende a

entrevista como “[...] a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula

perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação”.

Neste contexto, os dados foram coletados mediante roteiro, conforme apresentado no

Apêndice A, a partir de duas perguntas gerais dos objetivos definidos para a pesquisa, quais sejam:

Identificar as ações voltadas ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos no âmbito

municipal;

Conhecer a visão dos poderes executivo e legislativo municipal sobre a questão dos resíduos

sólidos urbanos.

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Por ser tratar de entrevistas, estas feitas com servidores do poder público, foram realizadas de

acordo com a disponibilidade dos entrevistados, entre os dias 04/04/2015 e 20/04/2015.

3.4 Tratamento dos dados

Como processo escolhido para o tratamento dos dados qualitativos utilizou-se a Análise de

Conteúdo, a partir das fases descritas por Bardin (2004). Sendo assim, utilizou-se da transcrição das

entrevistas e uma primeira leitura das informações coletadas tentando apreender, de forma ampla e

geral, o que os sujeitos pensavam acerca da temática em estudo. Ainda, foram separados e

organizados em quadros, os conteúdos das informações, a partir da fala transcrita de cada sujeito,

como forma de facilitar a análise. Portanto, os trechos das falas dos sujeitos que se relacionavam a

mesma ideia foram considerados para efeito de codificação, como unidades registro. Assim, buscou-se

destacar as generalidades e particularidades da análise, inserindo as falas dos sujeitos na íntegra, bem

como articulando-as com as referências teóricas.

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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo da pesquisa consiste na apresentação dos dados obtidos através da análise das

entrevistas realizadas com os gestores do executivo e legislativo, responsáveis pelo gerenciamento dos

resíduos sólidos urbanos (RSU) na cidade de São Miguel/RN. Os dados aqui apresentados foram

tratados e analisados a fim de gerar informações suficientes para responder, além do problema de

pesquisa, alcançar o objetivo geral e os específicos da pesquisa.

4.1 Gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em São Miguel/RN

Como ponto de partida para alcance do objetivo geral da pesquisa, o primeiro objetivo pretende

identificar as ações voltadas ao gerenciamento dos RSU no âmbito municipal. De acordo com Mansor

et al (2010, p.28) “O gerenciamento é o componente operacional da gestão de resíduos sólidos e inclui

as etapas de segregação, coleta, transporte, tratamentos e disposição final”. Em relação aos resíduos

sólidos urbanos, acrescenta que esse gerenciamento deve envolver a sociedade e diferentes órgãos da

administração pública.

Os municípios devem adequar-se às exigências da lei nº 12.305/10, caso contrário ele deixa de

receber os repasses financeiros do governo, podendo assim, o prefeito responder a um processo

administrativo pelo não cumprimento da lei, até mesmo não poder ser mais candidato. Neste sentido,

em seu art. 16 a lei deixa bem claro, “A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos, nos termos

previstos por esta Lei, é condição para os Estados terem acesso a recursos da União, ou por ela

controlado (...)”.

Para melhor entendimento e elaboração da análise, os sujeitos da pesquisa foram

anonimizados. Sendo assim, foram divididos em duas categorias:

Quadro 6- Anonimização dos sujeitos da pesquisa.

Secretários RPE (S1, S2) Representante do poder executivo –

Secretário 1 (um) e secretário 2 (dois)

Vereadores RPL (V1 a V5) Representante do poder legislativo – Vereador 1 (um) vereador 5 (cinco).

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

O município de São Miguel/RN conta com diversas secretarias, entre elas esta à secretaria de

serviços urbanos, obras, viação e transportes. Segundo a lei complementar nº 01/2004 do

município, a secretaria é responsável pela “execução dos serviços de limpeza pública, remoção e

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destino final do lixo domiciliar e do hospitalar e de outros de qualquer natureza”, como também esta a

cargo da secretaria a realização de pesquisas e diagnósticos da cidade. Enquanto a secretaria de

desenvolvimento rural e meio ambiente fica com a “realização de atividades de analise, controle e

fiscalização da poluição e degradação ambiental, no Município” (Lei nº 01/2004), atuando também no

cumprimento das leis federal, estadual relativa ao meio ambiente.

Durante a realização do trabalho de campo, no que diz respeito às ações existentes, constatou-

se que no município de São Miguel/RN, segundo o secretário de serviços urbanos, obras, viação e

transportes (RPE-S1) existe um PMGIRS no município, o mesmo está quase pronto faltando apenas a

criação de um conselho, de acordo com o entrevistado a secretaria já mandou os ofícios para as

demais secretarias do município para formar o conselho. Em consonância, a secretaria de

desenvolvimento rural e meio ambiente (RPE-S2) confirma a existência do PMGIRS, onde menciona

que foi feito o plano piloto do projeto incluindo todas as necessidades do município, como por exemplo

a reciclagem do lixo.

A determinação de meios de fiscalização, controle da implementação e operacionalização dos planos de gerenciamentos pode representar um desafio ao município. Criar uma estrutura que tenha corpo técnico capacitado e quantidade de técnicos suficiente para atendimento da demanda é também um desafio. (PwC 2011, p.54)

Quadro 7- Gerenciamento dos RSU

(RPL-V1)

Acho que eles estão vendo essa questão do consórcio com Pau dos Ferros, sendo realizado esse consórcio com os municípios que eles estão vendo essa questão, ai passará a ter uma coleta seletiva e é bem melhor para o município, porque vai aproveita os materiais recicláveis.

(RPL-V2) Tem em andamento um consórcio com os municípios daqui da região de Pau dos Ferros, São Miguel, Dr. Severiano, Coronel João Pessoa, Venha-Ver, para trazer esse lixo dessas cidades para São Miguel, e daqui ser transportado pra Pau dos Ferros.

(RPL-V3)

É o ano passado, apareceu aqui um projeto de consórcio dos municípios vizinhos Coronel, Venha Ver, Dr. Severiano e São Miguel. Mas, isso ai foi questão de obrigatoriedade mesmo porque tinha prazos pra isso acontecer. Foi votado, foi analisado, foi aprovado, mas continua tudo como antes.

(RPL-V4)

Eu não sei se funciona bem esse negócio de consórcio, a gente até votou tudo a favor, mas acho que cada município deveria tomar sua providência e fazer o seu, não ficar esperando pelo consórcio, tomar sua medida, eu acho que esse negócio de consórcio vai acarretar mais é gasto.

(RPL-V5) Tem e está em andamento na casa.

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

No município, o gerenciamento ocorre como na maioria das cidades vizinhas a São Miguel/RN,

onde em sua maioria não existe coleta seletiva, separação dos resíduos pelos cidadãos nem

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disposição final adequada De acordo com a Abrelpe e GO Associados (2015) o titular do serviço

público, no caso o município, deve implantar coleta seletiva, enquanto os geradores de resíduos devem

separar e acondicionar adequadamente.

Observou-se durante o desenvolver da pesquisa que o secretário de serviços urbanos, obras,

viação e transportes e secretária de desenvolvimento rural e meio ambiente, mostraram conhecimento

sobre o assunto referente à pesquisa e suas responsabilidades perante esse cenário, cooperando de

forma positiva ao projeto. Em relação aos representantes do poder legislativo, a primeiro momento

todos transpareceram rejeição ao falar sobre o assunto.

Vale ressaltar que, a PwC (2011) citam que a responsabilidade ambiental do município cabe a

câmara municipal como também a sua adequação às novas leis da Política Nacional do Resíduos

Sólidos. No quadro a seguir, estão listadas as falas dos vereadores referentes ao seu conhecimento

sobre a situação atual dos resíduos sólidos urbanos no município.

4.1.1 Coleta seletiva e reciclagem

Segundo o IBAM (2001), a reciclagem dos resíduos sólidos urbanos é a que mais causa

interesse da população dentre as formas de tratamento ou redução desses resíduos, dentre as causas

esta o seu apelo ambiental. A prefeitura pode atuar no incentivo a reciclagem, onde a reciclagem o

beneficiará causando menos impactos ao meio ambiente, menos gastos com coleta e transporte,

menos resíduos na disposição final e ainda gera renda aos catadores.

Em relação à coleta seletiva no município, o vereador (RPL-V1) ressalta que em São Miguel

não existe coleta seletiva, mas há projeto de implantação através do consórcio com Pau dos Ferros,

em contrapartida, após ser indagado da previsão da implantação da coleta o mesmo responde

contrariando a sua resposta, que a coleta seletiva já foi implantada no município, mas estão esperando

a liberação de Pau dos Ferros para começar. Vale ressaltar que, durante o trabalho de campo,

observou-se que no município não existe coletores para reciclagem, e no centro da cidade concentra-

se muito lixo comercial em suas calçadas e nas ruas.

É importante ressaltar que os outros vereadores (RPL-V3, V4, V5) e os secretários

entrevistados, todos responderam que não existe coleta seletiva no município. O vereador (RPL-V2)

relata que existe o projeto de implantação no município, mas ainda não foi executado. É importante

ressaltar que “Antes de iniciar qualquer projeto que envolva a coleta e reciclagem de lixo, é importante

avaliar qualitativamente e quantitativamente o perfil dos resíduos sólidos gerados em diferentes pontos

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do município”. (IPT/CEMPRE 2000, p.81) Ainda segundo o autor, a prefeitura pode incentivar a

reciclagem de 3 (três) formas, sendo o incentivador, implementador e consumidor.

O entrevistado (RPL-V3) acrescenta que, a câmara debate muito a questão dos resíduos

sólidos, por ser uma área que deveria ter mais atenção do gestor do município. Segundo o vereador,

quando há o cuidado maior com o lixo você evita outros gastos em relação à saúde, devido os

problemas que o lixo causa, mas infelizmente no município não há essa preocupação. A preocupação

do município era apenas em aprovar o consórcio intermunicipal, onde foi feito o trâmite legal, foi

aprovado, mas ainda não foi executado.

O secretário de serviços urbanos, obras, viação e transporte (RPE-S1) aponta que tudo está

sendo planejado de acordo com o Plano municipal, que está para ser concluído, para começa a pensar

na coleta seletiva no município. Em consonância o secretário de desenvolvimento rural e meio

ambiente (RPE-S2) menciona que a prefeitura tinha um consórcio com o município de Pau dos

Ferros/RN na reciclagem de plásticos, em que no lixão era feito a separação dos plásticos para depois

ser enviado. Mas, com a problemática da falta de água nos municípios essa coleta foi interrompida,

pois de acordo com o mesmo não há como as garrafas serem lavadas pela falta de água, acarretando

um acúmulo muito grande de garrafas e plásticos no lixão.

Contudo, durante o trabalho de campo, observou-se que ainda é feito a separação dos

plásticos e estes ficam acumulados na entrada no lixão, um pouco afastando dos outros resíduos. É

importante salientar que, “Embora represente somente cerca de 4 a 7% em massa, os plásticos

ocupam de 15 a 20% do volume do lixo, o que contribui para que aumentem os custos de coleta,

transporte e disposição final”. (IPT/CEMPRE 2000, p.145)

Foto 3- Acúmulo de garrafas pet e plásticos no lixão.

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

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Em relação ao aproveitamento dos plásticos, o município não desenvolve nenhuma campanha

educativa de reciclagem. Por mais que município e região sofram pela falta de água, há alternativas

que o município poderia aderir para reaproveitar esse material que esta sendo acumulado no lixão.

Envolver a comunidade e a escolas em projetos de reciclagem, como no município de Jaguaribe no

Ceará, que recicla garrafas pet durante o ano para produzir enfeites na época de natal em toda a

cidade.

Foto 4- Projeto de Reciclagem em Jaguaribe- Ceará

Fonte: Tirada pela autora, 2015.

No que diz respeito à presença de catadores no lixão do município, os vereadores (RPL-V3,

V4, V5) disseram que existe catadores, onde todos os dias retiram alguma coisa e que não existe apoio

e nenhum incentivo da administração municipal ou trabalho social desenvolvido com eles. O secretário

(RPE-S1) destacou que estão tentando regularizar essa situação dos catadores no município. A PNRS

em seu Art. 8º tem como instrumentos a coleta seletiva com ferramentas relacionadas a

responsabilidade compartilhada e o incentivo a criação de cooperativas ou associação de catadores.

Em contrapartida, o vereador (RPL-V1) menciona que no município por mais que existam

pessoas humildes, não existem moradores de rua nem catadores de lixo. Ainda ressalta que “Em São

Miguel não é registrado nem morador de rua nem catador de lixo”. Podemos observar que no decorre

da entrevista, o vereador (RPL-V1), por possuir parentesco com o prefeito da cidade, respondeu a

entrevista com respostas diferentes dos outros vereadores e secretários.

Em relação se existem trabalho social desenvolvido com esses catadores, todos os entrevistas

responderam que não tem. O secretário (RPE-S2) ressalta que “Nós não temos recursos pra isso, nós

não temos. Problema é falta de recursos em tudo”. O IPT/CEMPRE (2000, p. 83) salienta que “O

sucesso da coleta seletiva está diretamente associado aos investimentos feitos para sensibilização e

conscientização da população”.

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4.2 Situação dos RSU no Município

As secretarias responsáveis pelo gerenciamento e fiscalização tem conhecimento da

disposição incorreta desses resíduos, que no momento ocorre em um lixão a céu aberto, mas está com

um projeto em andamento de um consórcio com os municípios vizinhos para a construção de um aterro

sanitário em Pau dos Ferros/RN.

Durante o trabalho de campo, foi possível observar que a limpeza pública do município é

realizada por uma empresa terceiriza pela prefeitura, chamada MAC Construções e Serviços Ltda.

Nesse quesito, todos os entrevistados da pesquisa mostraram incerteza ao falar sobre a coleta e

transporte, se ela era terceirizada ou feita pelo município. Na fala do secretario responsável por esse

setor, a coleta é feita pela prefeitura de modo geral, mas existe uma empresa terceirizada que fica

responsável pelos garis.

“Para esses serviços, podem ser usados recursos próprios da prefeitura, de empresas sob

contrato de terceirização ou sistemas mistos, como o aluguel de viaturas e a utilização de mão-de-obra

da prefeitura”. (IBAM, 2001, p. 62) Segundo Mansor et al (2010) a minimização da quantidade de

resíduos sólidos produzidos na fonte, como fabricação, compra, uso, deve ser algo prioritário na gestão

dos resíduos, onde acarreta a redução de resíduos na disposição final.

Vale ressalta que a PwC (2011, p.53) cita que “A falta de procedimentos de controle da

quantidade e origem de resíduos sólidos urbanos gerados e recebidos no destino final, assim como a

falta de caracterização dos resíduos, representa um desafio para a realização de um diagnóstico pelo

município”.

Quadro 8 - Sistema de coleta e transporte

(RPL-V1) Não num tem empresa contratada, a prefeitura mesmo que faz a coleta.

(RPL-V2) Aqui do meu conhecimento é a prefeitura.

(RPL-V3) É feita pela prefeitura mesmo

(RPL-V4) Eu acho que é uma empresa, mas é a prefeitura né, terceiriza.

(RPL-V5) feita pela prefeitura

(RPE-S1) Não ela é feita pela prefeitura

(RPE-S2) Não é a própria prefeitura

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

4.2.1 Coleta, transporte e destinação final

“Os resíduos sólidos urbanos são os resíduos gerados nas residências, comércio e serviços

locais, que contêm normalmente matéria orgânica, embalagens, material de escritório, resíduos

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descartados em banheiros, etc.”. (MANSOR et al 2010, p.28) Segundo os representantes do executivo

e legislativo entrevistado nesta pesquisa, os garis do município coletam todo tipo de resíduos, o

município dispõe de caçamba, caminhão compactador, mercedinhas para uso na coleta. Durante o

trabalho de campo, observou-se que os garis também faziam o uso de carrinhos.

Foto 5- Garis fazendo a limpeza e coleta do lixo.

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

O IBAM (2001, p. 74) ressalta que “É importante que a guarnição de trabalhadores realize a

coleta sem deixar resíduos após a operação. Por isso é necessário o uso de uma vassoura de tamanho

médio e de uma pá quadrada”. O guia da PwC (2011) destaca que é importante que a prefeitura

desenvolva ações de conscientização junto a população, pois o serviço de varrição é de estrema

importância para evitar entupimento de esgotos além do aspecto estético da cidade

Além de não haver a coleta seletiva, observou-se que no município não é desenvolvimento

nenhuma campanha de educação ambiental junto à população, no que diz respeito ao

acondicionamento correto, a não poluição das ruas ou separação dos resíduos. “O grau de educação

da população influencia diretamente na dimensão desse serviço”. (PwC 2011, p. 22)

O (RPE-S1) comenta que é feita a coleta dos RSS em dias específicos que são segunda,

quarta e sexta e que esses resíduos são dispostos em uma vala no lixão. Em contrapartida, o (RPL-V2)

ressalta que “[...] eu citei a questão desse lixo do hospital que fica no mesmo local. Que eles disseram

que tinha um reservatório, mas não tem, você pode andar lá que você encontra seringa encontra tudo

lá no lixão”. Segundo o (RPE-S2) era perfurado um buraco no lixão onde era colocado o lixo hospitalar

e o mesmo era incinerado. Segundo o mesmo após uma vista recente ao lixão, observou que o lixo

hospitalar estava sendo misturado com o lixo do matadouro.

No município, a coleta dos resíduos na zona urbana é feita diariamente, e em relação à coleta

na zona rural, de acordo com o secretário (RPE-S1), cada bairro tem seu dia específico, “[...] na quinta-

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feira que ela vai pra zona rural, quinta e terça feira, são Estiva dos Paulinos, é Lagoinha, Riacho dos

Borges, Olho d’água Dantas e nos sábados também, também vai até a cachoeirinha”.

De acordo com o manual do IBAM (2001, p. 62) “Por razões climáticas, no Brasil, o tempo

decorrido entre a geração do lixo domiciliar e seu destino final não deve exceder uma semana para

evitar proliferação de moscas, aumento do mau cheiro e a atratividade que o lixo exerce sobre

roedores, insetos e outros animais”.

Foto 6 - Acondicionamento dos resíduos para coleta

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

Na foto 7, podemos observar o contrário, na qual a 1º e a 3º foto apresentam uma quantidade

elevada de sacos e muito lixo acumulado. Observa-se, que não há a preocupação por parte da

população em fazer a separação do lixo, em secos e úmidos; o que causa maiores danos ao meio

ambiente, já que esses resíduos vão para o lixão. O acondicionamento está incorreto, não teve o

cuidado de colocar o lixo em sacola fechada, onde o mesmo ficou exposto. Esse tipo de atitude causa

vários transtornos tanto visualmente para a cidade como na hora de ser coletado.

Apesar da coleta no município ser feita diariamente, durante as visitas ao município observou-

se a presença dos garis todos os dias na zona urbana, mas foi possível observar em várias ruas da

cidade, muito lixo acumulado para ser coletado. O IPT/CEMPRE (2000) menciona que a população

deve ser orientada sobre os horários em que o lixo será coletado, evitando grandes quantidades de lixo

na rua, muitas sacolas ou sacos de lixo, segundo o autor isso dificulta o manuseio.

Foto 7- Foco de lixo irregular

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Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

A remoção de resíduos volumosos como entulhos, material de construção, deve ser feita por

caminhões. Esse é um dos problemas que administração municipal enfrenta, pois, tem muitos casos

onde esses resíduos são descartados em áreas irregulares como terrenos públicos e particulares. Uma

das medidas é fiscalização da limpeza pública, que a população deve ser orientada sobre as áreas que

podem ser depositados esses resíduos e punindo aqueles que são pegos em flagrante. (IPT/CEMPRE,

2000)

“A coleta e o transporte dos resíduos sólidos têm sido o principal foco da gestão de resíduos

sólidos, especialmente em áreas urbanas”. (IPEA 2012, p.15) De acordo com o IPT/CEMPRE (2000) o

município deve regulamentar fiscalizar e educar as pessoas no que diz respeito ao acondicionamento

do lixo, pois assim asseguram a proteção das pessoas que lidam com o lixo e tem operações

adequadas. O sistema de coleta, transporte e destinação final dos resíduos foi avaliado junto aos

entrevistados, que classificaram esse sistema como:

Quadro 9- Avaliação do sistema de coleta transporte

(RPL-V1) Muito bom muito bom. Eles passam todos os dias né, fazendo essa coleta.

(RPL-V2) Eu acho que ele ta ultrapassado esse transporte. Questão do lixo, porque o lixo era pra ter um aterro sanitário, certo.

(RPL-V3) Precisa melhorar e muito

(RPL-V4) Já ta um pouco ultrapassado.

(RPL-V5) É eficiente, é.

(RPE-S1) Acredito que com a criação desse plano vai melhorar sim, mas no momento ta um pouco crítico. Mas o sistema de coleta é bem regular, não tem nenhum problema não.

(RPE-S2) Então tem muito a desejar ainda, não é o que a gente tem no plano ainda, mas a gente acha que um dia chega até lá né.

Fonte: Trabalho de campo da autora, 2015.

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Como podemos observar, de todos os entrevistados, apenas um vereador acredita que esse

sistema de coleta, transporte e destinação final esta adequado. De acordo com os representantes do

executivo entrevistados, o (RPE-S1) aponta que “[...] a gente acompanha aqui mas assim, a questão da

situação do do local, do do destino onde a gente coloca o lixo ta um pouco crítico lá”. O (RPE-S2)

ressalta que “A gente ainda tem que pensar muito nisso ai, até porque hoje é um problema muito sério

meio ambiente, é um problema muito sério acarreta muita coisa, ai vem à questão do chorume, vem

muita coisa que provoca efeitos e danos terríveis ao meio ambiente né”.

Infelizmente o que percebemos, é que os prazos estipulados pela lei, não estão sendo

cumpridos. Os municípios brasileiros tiveram um prazo de 4 (quatro) anos para se adaptarem as

exigências da nova lei, que acabou do dia 2 de agosto de 2014, e o número de estados que atendem a

nova lei é muito pequeno. Segundo o SEBRAE/MS (2012)

Figura 3- Linha do tempo com os principais marcos legais.

Fonte: PwC, 2011.

“A PNRS estabelece prazo até 2020 para que o Brasil tenha toda a estrutura necessária para

dar uma destinação adequada a qualquer resíduo sólido (o que antigamente se chamava de lixo)”.

Como fundamentação teórica, a PwC (2011, p. 55) cita que “[...] o prefeito que negar cumprimento à lei

federal, estadual ou municipal estará sujeito à perda de cargo e à inabilitação, pelo prazo de cinco anos

[...]”

A destinação final dos resíduos no município ainda acontece em um lixão a céu aberto, uma

realidade que cerca a maioria dos pequenos municípios, que sofrem pela falta de recursos e pela falta

de pessoas especializadas na área. Como também observa-se situação similar no município de

Lagarto/SE. Segundo Ribeiro (2013), a cidade produz em média 58 toneladas de resíduos por dia, que

são levados a três povoados da cidade, segundo o autor ”[...] descobriu diante de dados coletados por

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populares que moram próximos aos lixões que os resíduos são também queimados evitando o grande

volume dos mesmos.” (RIBEIRO 2013, p. 52)

O lixão fica um pouco afastado da cidade, mas fica próxima a comunidade Estiva dos Paulinos,

que segundo o vereador (RPL-V3) a comunidade é altamente incomodada com esse lixão. O vereador

(RPL-V1) na entrevista cita que o lixão é “[...] um local apropriado pra colocar esse... esses resíduos”,

mostrando desconhecimento acerca da lei e suas implicações.

Segundo o vereador (RPL-V2), acredita que deveria ter o aterro no município para não ter

perigo com o lixo exposto, segundo o mesmo catadores estão presentes no lixão pegando lixo e até

mesmo restos de comida. Salientando que infelizmente o município ainda tem esse problema. Em

consonância o vereador (RPL-V3), ressalta a preocupação com o lixo hospitalar, onde a disposição

desse resíduo ocorre no lixão, segundo o mesmo são jogados ao ar livre.

4.3 Governo municipal

Com o intuito de responder ao segundo objetivo da pesquisa, conhecer a visão dos poderes

executivo e legislativo municipal sobre a questão dos resíduos sólidos urbanos, este tópico foi traçado

a partir de questões da entrevista.

A PwC (2011) destaca que a PNRS instituiu que os municípios devem propor o conteúdo

mínimo da lei 12.305/10 no seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS),

já que a gestão dos resíduos são de sua competência. O autor ainda acrescenta que “Diante desse

novo momento proposto aos municípios, são necessários motivação e comprometimento da gestão

municipal com a temática ambiental para viabilizar a transformação necessária”. (PwC 2011, p.12)

Por ser a PNRS algo novo dentro da nossa constituição, o mercado carece de mão de obra

qualificada que atenda a grande demanda, já que todos os estados e municípios precisam se adequar

as normas dentro da lei. Os municípios enfrentam dificuldades por falta de pessoas capacitadas, há na

maioria dos casos falta de interesse dos governantes e necessita de conscientização da população que

é quem deve cobrar dos gestores.

É interessante salientar que, que o entrevistado (RPL-V3) menciona que na posição de

vereadora e professora sente a necessidade de apoio por parte da gestão municipal em fazer

campanhas educativas de conscientização, mas o município não toma nenhuma iniciativa, ressaltou a

escola faz a sua parte e ela educadora ensina na sala a importância do lixo e necessidade da coleta

seletiva, mas as crianças praticamente dentro da escola veem que aquela ação não está sendo usada

na prática.

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Vale ressaltar, que a maioria dos vereadores entrevistados mesmo com o pouco conhecimento

em relação à lei 12.305/10 e os secretários entrevistados mostraram preocupação em relação ao

gerenciamento inadequado dos resíduos que é feito no município. Onde acreditam que, algo urgente

deveria ser feito e veem a necessidade de ter um local apropriado para a destinação final dos resíduos

do município, longe da comunidade.

Em contrapartida aos colegas entrevistados, apenas um vereador acredita que a prefeitura tem

um local apropriado para o lixo do município, “(RPL-V1) A gente tem um lixão que é como se fosse um

aterro sanitário.” Ainda segundo o mesmo vereador, ele avalia o sistema de coleta transporte e

destinação final do município como, muito bom. Mostrando desconhecimento sobre a lei 12.305/10 e da

correta gestão dos resíduos, que de acordo com o IBAM (2001, p.150) “O processo recomendado para

a disposição adequada do lixo domiciliar é o aterro, existindo dois tipos: os aterros sanitários e os

aterros controlados”.

De acordo com o IPT/CEMPRE (2000) os serviços de saúde em geral e os hospitais geram

uma grande quantidade de RSS que devem ter uma disposição final ambientalmente adequada.

Segundo o manual, alguns desses resíduos oferecem riscos de contaminação, portanto devem ser

armazenados adequadamente para proteção de quem tem contato e disposto corretamente para a

proteção do meio ambiente e das pessoas que ali trabalham.

Em relação ao conhecimento da entidade sobre os resíduos sólidos e os problemas

acarretados da sua incorreta disposição, o vereador (RPL-V2) mencionou que, “Eu não vejo nenhuma

preocupação, porque se tivesse a preocupação teria pelo menos separado lixo de hospital, lixo de num

sei de onde pra ser diferente”. Em consonância, o vereador (RPL-V3) ressalta que a câmara debate de

vez em quando a problemática dos resíduos, onde destacou que o lixo é prejudicial à saúde e

principalmente pela forma que acontece a disposição final no município. Onde segundo o mesmo não

vê avanço nenhum, foi aprovado o plano municipal somente por aprovar.

Durante as visitas na câmara para a realização das entrevistas, o (RPL-V4) ressaltou que

comentou com outro colega, para todos se reunirem e cobrar medidas para resolver a situação do

município. O (RPE-S1) mencionou que, “Tem sim, a gente tem o conhecimento, tanto que a gente já ta

elaborando o plano pra tentar amenizar essa situação”. Na mesma linha de raciocínio, o (RPE-S2)

ressalta que, é necessário ter curso e capacitação para isso, mas o município não tem logística para

fazer. Ainda menciona a importância que se dá a essa problemática, que para algo ter sucesso

necessita de um bom orçamento, na falta dele é só balela. “Se você disponibiliza pouco recurso, o que

que você ta dizendo? É só pra fazer uma coisinha pra dizer que não ta fazendo nada”. (RPE-S2)

4.3.1 Sanções do estado

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Em relação à gestão dos resíduos sólidos urbanos no Município de São Miguel/RN e suas

implicações, os vereadores (RPL-V1 E V2) entrevistados relataram que o município já sofreu sanção

por parte do poder público estadual e que as mesmas foram respondidas. Segundo o vereador (RPL-

V1) isso aconteceu a uns 12 (doze) a 15 (quinze) anos, quando a prefeitura depositava o lixo perto de

uma comunidade na saída para Pau dos Ferros. Segundo a mesmo, alguns moradores da comunidade

ateavam fogo no lixão causando desconforto a todos da comunidade. A partir daí foram registradas

várias denúncias contra o município e veio a fiscalização a nível estadual e federal, passando a não

existir mais esse lixão.

Já os outros entrevistados da pesquisa, os vereadores (RPL-V2, V4) admitem não ter

conhecimento. Já o (RPL-V3) admite que o município recebeu uma advertência, que analisando a sua

entrevista acredito que ele estava se referenciando ao plano municipal, e ainda acrescenta que foi o

momento em que eles aprovaram o projeto de consórcio. Faz necessário ressaltar, que o município

recebe muitas cobranças do ministério público, segundo o secretário (RPE-S2), ainda menciona que

muitas das cobranças o próprio ministério público vê que o município tem condições de fazer.

É importante ressaltar, que a lei 12.305/10 que rege a Política nacional dos resíduos sólidos,

em seu art. 18º menciona que a elaboração do plano municipal de gestão integrada de resíduos

sólidos- PMGIRS é condição para que os municípios e o Distrito Federal tenham acesso aos recursos

da união ou por ela controlado. É importante destacar que, segundo a lei, são priorizados ao acesso

dos recursos: os municípios que optarem por consórcios intermunicipais com a elaboração do plano

municipal e os municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas.

Figura 4- Fluxograma das implicações ao município e prefeito

Fonte: PwC, 2011.

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Podemos observar que a disposição final no município de São Miguel já vem incomodando há

anos a população. Onde medidas só foram tomadas por causa de denúncias feitas pelos moradores e

o município infelizmente tem o seu segundo lixão aberto perto de uma comunidade que de acordo com

alguns vereadores como já foi mencionado se sente muito incomodado. Segundo o secretário (RPE-

S2),

Existe uma frustação no nosso país generalizada, porque diz assim, tem que ter isso... tem que ter. Mas o que tem que ter por trás do que tem que ter, existe planejamento, existe projeto, existe orçamento e o produto final é dinheiro. Ai quando chega no dinheiro não tem, ai como é que as pessoas fazem? Como é que a gente faz um belíssimo trabalho ou vamo dizer, a gente cumpri um belíssimo projeto se o produto final não existe. Não tem como, ai eu considero que a gente no Brasil vive uma eterna frustação.

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5. Conclusões, Sugestões e Recomendações.

Este seção é dedica à apresentação das conclusões referente aos resultados acerca do tema

proposto. Apresentam-se algumas sugestões e recomendações, como forma de melhorar o

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos no município.

5.1 Conclusões

Observa-se que os prazos previstos na lei 12.305/10 ainda não foram cumpridos pela grande

maioria dos municípios, e esta situação São Miguel também está inserido. Todo lixo produzido no

município como: resíduos hospitalares, entulho, domiciliares, de construção, tem como destino final o

lixão a céu aberto. Onde o município necessita modificar a metodologia de gerenciamento de forma

que atenda a PNRS.

Diante dos problemas observados durante o trabalho de campo, como acondicionamento e

destinação, foi possível diagnosticar também que, mesmo com a grande quantidade de garis fazendo a

coleta todos os dias no município, ainda tinha muito lixo espalhados na rua e depositados fora do

horário de coleta. Logo observa-se a necessidade da educação ambiental no município, onde a

sociedade tem um papel fundamental na sensibilização para acondicionar seus resíduos corretamente,

onde teria como benefícios a diminuição dos custos e maior qualidade da coleta, transporte e

disposição final. Como também podem cobrar de seus representantes a adequação do município a lei.

O maior problema enfrentado é a falta de recursos e pessoas especializadas para diagnosticar

as necessidades do município, desenvolver e implantar o projeto de gestão. Fazendo uso do que o

município já tem e adequar a melhores condições de destinação final. O município está na fase de

conclusão de seu plano municipal de resíduos sólidos, que vem sendo desenvolvido pela empresa por

uma empresa terceirizada.

Infelizmente ainda há a falta de interesse dos gestores em relação à temática ao tentar, mesmo

diante das dificuldades, minimizarem os impactos ambientais sofridos. Observa-se a falta de

conhecimento e preparo dos representantes legislativos na fiscalização e adequação do município às

diretrizes da PNRS. Quando o tema refere-se aos resíduos sólidos, mesmo os vereadores participando

diretamente na aprovação do projeto do plano municipal de gerenciamento integrado dos resíduos

sólidos-PMGIRS, ainda tem uma visão restrita.

Observa-se que, por mais que o município não tenha recursos suficientes, os representantes

do executivo entrevistados nessa pesquisa que estão diretamente ligados ao gerenciamento, utilizam

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os procedimentos de coleta e transportes de forma adequada. Onde todos os dias o lixo é coletado no

município, abrangendo a zona rural em dias específicos, fazendo o uso de carros apropriados tendo 17

garis efetivos e em média 55 garis terceirizados com seu equipamento de segurança e trabalho.

Tentando superar esse desafio, o município buscou uma proposta que é incentivada pela lei, a

formação de consórcio intermunicipal para a construção de um aterro sanitário, localizado em Pau Dos

Ferros/RN. Desta forma, percebe-se que o município busca por soluções mais sustentáveis que o

levem o outro patamar na gestão dos resíduos sólidos, respeitando o meio ambiente, sua população, e

adequando-se a lei. Esse consórcio leva São Miguel e os municípios vizinhos a ter uma melhor gestão

dos seus resíduos com uma melhor infraestrutura.

5.2 Sugestões

Tomando por base a análise dos dados da pesquisa sobre suas consequências e motivações

para uma gestão ambientalmente adequada. Com o intuído de estimular os gestores na busca de um

gerenciamento eficiente, dando um novo destino aos resíduos produzidos em seu município, de forma

sustentável diminuindo o desperdício dos recursos naturais.

Desenvolver campanhas educativas no que diz respeito à separação dos resíduos e seu

correto acondicionamento, bem como os horários de coleta. Evitando acumulo muito grande de

lixo espalhado em vários postos da cidade.

Prevenção e punição na disposição em lugares irregular de entulhos, e resíduos de grandes

geradores. No município há uma concentração grande de comercio, onde recebe muita gente

das cidades vizinhas.

Desenvolver um planejamento de gestão dos resíduos sólidos no município, junto com a

população, visto que, ela tem papel fundamental na gestão dos resíduos sólidos urbanos, que

vai desde a geração até a destinação final.

Cobrar dos gestores a execução do consorcio intermunicipal para destinar seus resíduos de

forma adequada.

Incentivar a coleta seletiva no município, onde a população faça a separação de seus resíduos,

distribuindo em vários pontos da cidade coletores para reciclagem. Tendo como resultados

uma quantidade menor de resíduos na disposição final.

O município pode inserir os plásticos acumulados, em oficinas de projetos sociais, nas escolas,

dando um aproveitamento a esses resíduos.

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Criação de cooperativas de catadores onde possam desenvolver suas habilidades, gerando

renda e uma condição de vida melhor a essas pessoas. Tirando os catadores existentes no

município da informalidade e do lixão, que vivem disso por não ter outra opção.

As sugestões aqui mencionadas pretendem contribuir para a melhoria da gestão dos resíduos

sólidos no município, mostrando que é indispensável uma política voltada para a gestão, pra que se

tenha um tratamento e disposição dos resíduos ambientalmente adequados.

5.3 Recomendações

Tendo em vista que é uma área de estudo muito abrangente e ainda pouco explorada, e que

tem como meta a destinação final adequada e a recuperação das áreas dos lixões. Diante desse novo,

o trabalho pretende contribuir e despertar o interesse para que novos alunos venham a pesquisar e

contribuir com a grandiosidade que é o meio ambiente, nesse cenário de grande produção de resíduos

e sua destinação final. Fazem-se as seguintes recomendações:

Incentivar pesquisa na área de resíduos sólidos, onde tem muito a explorar e contribuir.

Desenvolver pesquisas futuras abrangendo a população acompanhando o desenvolvimento do

município na área.

Ampliar a pesquisa para efeitos de comparação, fazendo um diagnóstico mais amplo

permitindo uma visão de novos horizontes.

Conclui-se que este trabalho trás um novo olhar da administração municipal aos resíduos

sólidos, no tocante ao que tem sido feito no município e a sua forma de gestão e gerenciamento dos

mesmos. Visto que, a pesquisa promoveu a inquietação dos atores envolvidos no gerenciamento, onde

mencionaram cobrar medidas do gestor municipal vendo a necessidade de sua importância em sair do

papel o PMGIRS (plano municipal de gerenciamento integrado de resíduos sólidos).

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semiestruturada com os gestores do executivo e legislativo

do município de São Miguel/RN, responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos

urbanos.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Campus Avançado Profª Maria Elisa de Albuquerque Maia – CAMEAM Curso de Administração – CAD Coordenação de Estágio Supervisionado – CES

1. Quais ações referentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos no município de São Miguel

são do seu conhecimento?

2. Qual a situação atual do município em relação aos RSU? Existe algum plano de resíduos

sólidos no município?

3. Como é feita a coleta de resíduos (carroça, caçamba, caminhão comum ou compactador)? É

feita pela prefeitura ou por outra empresa terceirizada?

4. Como você avalia esse sistema de coleta, transporte e destinação final?

5. Quais os tipos de lixo que a Prefeitura ou empresa contratada coleta?

6. A coleta dos resíduos é feita diariamente ou em dias alternados? Ela abrange toda a cidade?

7. Qual o destino final do lixo no município?

8. A entidade tem conhecimento dos problemas que a disposição final incorreta do lixo pode

causar?

9. Como avalia as questões referentes a problemática dos resíduos sólidos frente as outras

demandas em âmbito municipal?

10. Seu município já sofreu alguma sanção, por parte do Poder Público Estadual, sobre sua

disposição de lixo? Em caso afirmativo, quais as medidas tomadas?

11. A Prefeitura tem conhecimento sobre a presença de catadores na(s) unidade(s) de destino final

do lixo?

12. Existe algum trabalho social desenvolvido com os catadores?

13. Existe coleta seletiva no município ou algum projeto para sua implantação?