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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENG ENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS BRUNO MACHADO PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE ATRAVÉS DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE ASSEGURADA JOINVILLE – SC 2006

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENG ENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

BRUNO MACHADO

PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE ATRAVÉS DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE ASSEGURADA

JOINVILLE – SC 2006

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENG ENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

BRUNO MACHADO

PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE ATRAVÉS DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE ASSEGURADA

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Leandro Zvirtes

JOINVILLE – SC

2006

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BRUNO MACHADO

PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE

ATRAVÉS DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE ASSEGURADA

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e

Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a

obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas.

Banca Examinadora

Professor: _______________________________________________________

Leandro Zvirtes, Msc. Orientador

Professor: _______________________________________________________

Lírio Nesi Filho, Dr.

Professor: _______________________________________________________

Rogério Simões, Msc.

Joinville, 28/11/2006

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“Qualidade não custa dinheiro. Embora não seja um dom, é gratuita.”

PHILIP B. CROSBY

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RESUMO

A realidade atual dos mercados consumidores vive a intensa globalização das atividades comerciais. As empresas enfrentam uma acirrada concorrência na disputa do mercado consumidor. Nesse ambiente competitivo a busca pela qualidade é o caminho para a sobrevivência. No entanto a preocupação com os custos envolvidos para atender as exigências dos consumidores é evidente. Com o passar dos anos, os consumidores têm adotado uma postura cada vez mais exigente quanto à expectativa que possuem em relação à qualidade e custo dos produtos. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de melhoria para redução dos custos oriundos da falta de qualidade de itens comprados de fornecedores de material direto. Este trabalho surgiu da necessidade de redução de custos da empresa estudada, e para isso foram analisadas as dificuldades inerentes ao processo de recebimento e desenvolvimento de itens por meio de uma pesquisa-ação. Com o auxílio de membros da empresa e da revisão bibliográfica sobre o assunto, foi desenvolvido um conjunto de propostas com o objetivo de dar consistência a um programa de qualidade assegurada dos itens comprados de fornecedores. O fortalecimento das atividades de desenvolvimento de novos itens, o acompanhamento preventivo da qualidade na casa do fornecedor e a terceirização da inspeção de recebimento são as propostas para a redução dos custos da não-qualidade através de um programa de qualidade assegurada. Atender e suplantar as necessidades dos consumidores é um fator essencial para satisfazer e criar a fidelidade do consumidor.

PALAVRAS-CHAVE: Custos da qualidade. Qualidade assegurada.

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 01 – Administração da Qualidade Total ..................................................... 23

Figura 02 – Modelo da Gestão da Qualidade Total............................................... 24

Figura 03 – Relação dos custos da qualidade....................................................... 26

Figura 04 – Composição dos custos ..................................................................... 30

Figura 05 – Estrutura dos custos operacionais totais da qualidade ...................... 31

Figura 06 – Modelo tradicional do custo da qualidade .......................................... 32

Figura 07 – Modelo tradicional dos custos da qualidade com ajustes refletidos

pelas criticas a TQM ...................................................................................... 34

Figura 08 – Zona do ótimo no modelo do custo da qualidade............................... 36

Figura 09 – Comparação entre modelos de visões tradicional e de Deming ........ 37

Figura 10 – Trabalho preventivo com reflexos nos demais custos........................ 38

Figura 11 – Curva da função de perda de Taguchi ............................................... 41

Figura 12 – Situação Atual da Garantia da Qualidade .......................................... 61

Figura 13 – Situação proposta para a Garantia da Qualidade .............................. 72

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 01 – Propostas de melhorias..................................................................... 67

Gráfico 01 – Evolução PPM Peças Plásticas ........................................................ 75

Gráfico 02 – Evolução Sucata Peças Plásticas..................................................... 76

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA......................................................................... 12

1.2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 12

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 12

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 13

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO......................................................................... 13

1.6 METODOLOGIA............................................................................................. 14

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO....................................................................... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA............................................................................. 17

2.1 QUALIDADE................................................................................................... 17

2.2 FILOSOFIA DE GERENCIAMENTO .............................................................. 19

2.2.1 Filosofia da Inspeção................................................................................... 20 2.2.2 Filosofia do Controle Estatístico da Qualidade............................................ 21 2.2.3 Filosofia da Garantia da Qualidade ............................................................. 21 2.2.4 Filosofia da Gestão da Qualidade Total ...................................................... 22

2.3 CUSTOS DA QUALIDADE............................................................................. 25

2.3.1 Classificação dos custos da qualidade........................................................ 25 2.3.2 Itens dos custos da qualidade ..................................................................... 27 2.3.3 Relacionamento entre os custos de qualidade............................................ 31

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2.4 QUALIDADE DESDE A CONCEITUAÇÃO DO PRODUTO........................... 37

2.5 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO .......................................................... 39

2.5.1 Projeto do produto....................................................................................... 39 2.5.2 Desdobramento da função qualidade.......................................................... 39 2.5.3 Engenharia da Qualidade............................................................................ 40 2.5.4 Planejamento da Qualidade ........................................................................ 41

2.6 INSPEÇÃO..................................................................................................... 42

2.6.1 Inspeção 100%............................................................................................ 43 2.6.2 Inspeção por amostragem........................................................................... 44 2.6.3 Livres de inspeção ...................................................................................... 44

2.7 MELHORIA CONTÍNUA................................................................................. 45

2.8 QUALIDADE ASSEGURADA......................................................................... 45

2.9 TERCEIRIZAÇÃO .......................................................................................... 46

3 METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................... 48

3.1 O PROBLEMA................................................................................................ 48

3.2 PESQUISA E METODOLOGIA ...................................................................... 48

3.3 ETAPAS DA PESQUISA................................................................................ 50

3.3.1 Fase exploratória......................................................................................... 50 3.3.2 Fase de pesquisa aprofundada ................................................................... 51 3.3.3 Fase de ação............................................................................................... 51 3.3.4 Fase de avaliação ....................................................................................... 51

3.4 APLICAÇÃO DA PESQUISA.......................................................................... 52

4 ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 53

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ................................................................. 53

4.1.1 Unidades ..................................................................................................... 54 4.1.2 Unidade estudada ....................................................................................... 54

4.2 CENÁRIO ATUAL .......................................................................................... 55

4.3 FORNECEDORES ......................................................................................... 55

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4.4 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ........................................................ 56

4.5 APROVAÇÃO DE NOVOS COMPONENTES................................................ 56

4.6 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA QUALIDADE ..................................... 57

4.7 RECEBIMENTO DE MATERIAL .................................................................... 58

4.8 PROBLEMAS NA LINHA DE PRODUÇÃO.................................................... 58

4.9 RECLAMAÇÕES E REIVINDICAÇÕES DE CLIENTES................................. 60

4.10 SITUAÇÃO ATUAL DA GARANTIA DA QUALIDADE.................................. 61

4.11 DIFICULDADES EVIDENCIADAS NO PROCESSO DE QUALIDADE ........ 62

4.11.1 Alto custo da não-qualidade de fornecedores ........................................... 63 4.11.2 Inspeção de recebimento de materiais ineficiente..................................... 63 4.11.3 Critérios para inspeção de recebimento .................................................... 63 4.11.4 Problemas na linha de produção............................................................... 64 4.11.5 Metas de indicadores de qualidade desatualizadas .................................. 64 4.11.6 Rejeições de lote e linha sem o devido tratamento ................................... 65 4.11.7 Falta de tempo para acompanhamento de projetos .................................. 65 4.11.8 Atraso na aprovação de novos componentes ........................................... 66

5 PROPOSTAS DE MELHORIAS ....................................................................... 67

5.1 TERCEIRIZAÇÃO DA INSPEÇÃO DE RECEBIMENTO................................ 68

5.2 REVISÃO DOS CRITÉRIOS PARA INSPEÇÃO DE RECEBIMENTO........... 69

5.3 REDIRECIONAMENTO DE MÃO-DE-OBRA E TREINAMENTOS ................ 70

5.4 REDIRECIONAMENTO DAS ATIVIDADES DO ENGENHEIRO DE

QUALIDADE.......................................................................................................... 70

5.5 REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DE METAS DOS INDICADORES DE

QUALIDADE.......................................................................................................... 71

5.6 SITUAÇÃO PROPOSTA PARA A GARANTIA DA QUALIDADE ............... 71

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 73

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6.1 CONCLUSÕES .............................................................................................. 73

6.1.1 Resultados alcançados ............................................................................... 74 6.1.2 Resultados esperados................................................................................. 77 6.1.3 Alcance dos objetivos.................................................................................. 79

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 81

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 83

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1 INTRODUÇÃO

Na realidade atual, onde vivemos a globalização dos mercados, as

empresas vêm enfrentando uma acirrada concorrência pela disputa de fatias do

mercado consumidor. Nesse ambiente competitivo no qual as empresas estão

inseridas, a busca pela qualidade é o caminho para a sobrevivência e manutenção

do mercado em longo prazo.

O mercado atual exige baixos preços e alta qualidade dos produtos. As

empresas estão constantemente em busca dessa parceria entre preço e qualidade

com o objetivo de aumentar sua competitividade frente aos concorrentes, criando

um diferencial competitivo.

Para conseguir baixo preço e alta qualidade, as empresas precisam investir

em processos robustos de desenvolvimento de produtos e ter um forte trabalho

preventivo da qualidade, buscando reduzir os custos oriundos da não-qualidade

durante o processo produtivo.

Atender e suplantar as necessidades dos clientes é fator essencial para a

manutenção do mercado.

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1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema deste trabalho é a redução dos custos da não-qualidade através de

um programa de qualidade assegurada. A redução de custos é um fator essencial

para o fortalecimento da competitividade das empresas.

1.2 OBJETIVO GERAL

Propor melhorias para o processo de recebimento de materiais e para a

redução de custos da não-qualidade na indústria de linha branca, através de um

programa de qualidade assegurada dos itens recebidos de fornecedores de

material direto.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho são apresentados a seguir:

• Propor a terceirização da inspeção de recebimento;

• Melhorar os critérios de lotes livres de inspeção no recebimento;

• Reduzir os custos de avaliação;

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• Propor direcionamento da mão-de-obra da inspeção de recebimento

para auditorias e trabalhos de prevenção da não-qualidade em

fornecedores.

1.4 JUSTIFICATIVA

Um dos principais obstáculos para a consolidação de programas de

qualidade nas empresas é a idéia errônea de que a qualidade significa

necessariamente alto custo.

O custo da não-qualidade nas empresas nos dias atuais ainda é muito

elevado. Os custos envolvidos em avaliação da qualidade são altos, porém os

custos do trabalho preventivo são bem mais baixos. Os esforços devem ser

orientados em migrar os recursos envolvidos com trabalhos de avaliação para

prevenção, obtendo reduções de custo e garantindo a qualidade a longo prazo.

Este trabalho, através das propostas de melhorias apresentadas, visa

reduzir os custos da não-qualidade através de um programa de qualidade

assegurada e investir recursos em prevenção da não-qualidade.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo das melhorias propostas nesse trabalho é direcionado para

fornecedores de material direto, inicialmente à indústria de plásticos devido ao

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grande volume de peças envolvidas e ao alto valor financeiro movimentado. As

peças plásticas apresentam alto índice de problemas de qualidade e causam

perdas de produção, refugo, sucata e retrabalho, onerando o processo produtivo.

O trabalho tem como objetivo a eliminação da inspeção de recebimento, a

qualidade assegurada dos itens recebidos de fornecedores e a redução dos

custos. Todas as melhorias apresentadas foram baseadas nas necessidades da

empresa em buscar a redução dos problemas identificados na casa do

consumidor final e na melhoria da qualidade dos produtos, nos recursos

disponíveis atualmente e na bibliografia sobre o assunto.

1.6 METODOLOGIA

Dentro do processo de fabricação da empresa estudada, existe a busca

constante pela redução de custos que contribuam para um melhor desempenho

da empresa. Com este foco, este trabalho busca propor melhorias que promovam

redução dos custos da não-qualidade de itens comprados de fornecedores de

materiais diretos.

Por buscar resposta ao problema exposto, este trabalho é classificado

como uma pesquisa. Considerando os objetivos, trata-se de uma pesquisa

exploratória porque visa familiaridade com o problema.

Com relação aos procedimentos técnicos, é uma pesquisa-ação, pois

consiste em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual as pessoas

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implicadas participam juntamente com o pesquisador, neste caso, o autor

responsável pela elaboração deste trabalho.

A pesquisa conta com quatro grandes fases:

• Fase exploratória;

• Fase de pesquisa aprofundada;

• Fase de ação;

• Fase de avaliação.

Essas fases serão explanadas no capítulo 3 e trabalhadas nos capítulos 4,

5 e 6.

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

No primeiro capítulo são apresentados os objetivos geral e específico, a

justificativa, a delimitação do trabalho, além dos procedimentos metodológicos

aplicados.

O segundo capítulo apresenta a revisão bibliográfica do tema, onde o

objetivo é explanar a respeito dos conceitos necessários para o entendimento de

cada ponto trabalhado e envolvido com o tema.

No terceiro capítulo é apresentada a metodologia utilizada no trabalho,

detalhando as fases de pesquisa.

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O quarto capítulo aborda a caracterização da empresa, no qual são

descritos a organização e os procedimentos da área estudada. Em seguida, é

apresentado o detalhamento das atividades explicitando as dificuldades.

No quinto capítulo, são apresentadas as melhorias para tornar eficiente o

procedimento estudado.

Os capítulos seguintes apresentam, nessa ordem, as considerações finais,

abrangendo as conclusões obtidas com a efetivação deste estudo, sugestões para

trabalhos futuros e as referências bibliográficas utilizadas na presente pesquisa.

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2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 QUALIDADE

O conceito de qualidade não é novo. Essa noção do conceito de qualidade

foi evoluindo ao longo do tempo, dadas as peculiaridades que cada período

apresentou na história do desenvolvimento humano (PALADINI, 1995).

Paladini (1997) menciona que dificilmente encontrar-se-á uma definição de

qualidade com tanta propriedade, em tão poucas palavras, quanto fez Juran e

Gryna (1991) ao conceituarem qualidade como a adequação ao uso.

Já Garvin (1992) prefere, em vez de um conceito, adotar diversas

dimensões da qualidade. Identificou oito categorias: desempenho, características,

confiabilidade, conformidade, durabilidade, atendimento, estética e qualidade

percebida. Afirma que cada categoria é distinta, pois um produto ou serviço pode

ser bem cotado em uma dimensão, mas não em outra, estando em muitos casos

inter-relacionadas.

Um produto de qualidade, na visão do consumidor, é aquele que atende às

necessidades e que esteja dentro de sua possibilidade de compra, ou seja, tenha

preço justo (CSILLAG, 1991).

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Crosby (1994) definiu qualidade em termos concisos, ao conceituar

qualidade como a conformidade com os requisitos. Assim, se um produto satisfaz

todos os requisitos de acordo com seu modelo-padrão, é considerado um produto

de qualidade. Se o produto for fabricado corretamente na primeira vez, então os

desperdícios seriam eliminados e a qualidade não seria dispendiosa.

Oakland (1994) afirma que a noção de qualidade depende

fundamentalmente da percepção de cada um. O que tem qualidade para algumas

pessoas pode não suprir as necessidades de outras, ou seja, o conceito de

qualidade dependeria da percepção pessoal do indivíduo.

Para Ishikawa (1993), a qualidade consiste em desenvolver, criar e fabricar

mercadorias mais econômicas, úteis e satisfatórias para o comprador. Administrar

a qualidade seria também administrar o preço de custo, o preço de venda e o

lucro.

A maioria das diversas abordagens mencionadas compartilha um ponto em

comum, que é a satisfação das necessidades do consumidor. Essa satisfação

pode estar representada, por exemplo, na adequação ao uso defendida por Juran

e Gryna (1991); nas características de produtos ou serviços que correspondam às

expectativas do cliente; nas dimensões da qualidade apresentadas por Garvin

(1992), em que o cliente prioriza uma ou mais dessas dimensões. A satisfação

mencionada pode ser encontrada ainda, na dependência da percepção pessoal de

qualidade do indivíduo, citado por Oakland (1994); no atendimento das

necessidades do cliente dentro de suas possibilidades de compra, conforme

Csillag (1991); e também na visão de Ishikawa (1993) na qual os produtos devem

ser úteis e satisfatórios para o comprador.

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O conceito de “qualidade” sempre estará associado à “avaliação da

qualidade” que por sua vez estará associada ao “avaliador”. Na realidade, o

conceito de qualidade é operacionalizado mediante a definição do objeto a ser

avaliado, do avaliador e seus motivos e de seu método de avaliação (BULGACOV,

1999).

2.2 FILOSOFIA DE GERENCIAMENTO

A idéia de que a qualidade é importante surge em 1970, com o

renascimento da indústria japonesa que, seguindo os preceitos do consultor

americano W. E. Deming faz da qualidade uma arma para vantagem competitiva

(MARTINS E LAUGENI, 2005).

Os modernos profissionais da área da qualidade lembram pouco seus

predecessores que a introduziram como filosofia. Hoje esses profissionais são

gerentes, não inspetores; planejadores e não controladores; sensíveis aos

mercados e à produção. As pressões da concorrência ampliaram sua expectativa

e os obrigaram a ligar a qualidade a outras necessidades da empresa. O resultado

é uma disciplina que agora atrai o interesse de gerentes de todos os níveis

(GARVIN, 2002).

Garvin (2002) vincula a qualidade ao sucesso na concorrência. A pesquisa

de mercado sobre qualidade, as pressões para melhoria contínua e os altos níveis

de comunicação e participação são hoje uma necessidade. Estas

responsabilidades ampliam o trabalho dos gerentes, que têm que prestar atenção

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na qualidade se quiserem ser bem-sucedidos diante da intensa concorrência em

escala mundial.

Martins e Laugeni (2005) enfatizam que um excelente projeto e um alto e

consistente nível de qualidade, aliados a preços competitivos e a condições de

bons serviços pós-vendas, fizeram com que os japoneses conquistassem fatias

expressivas de diferentes mercados de produtos. Nos dias atuais, a qualidade

está inserida no conceito de gerenciamento das empresas, pois não há como

sobreviver no mercado sem qualidade.

2.2.1 Filosofia da Inspeção

No início da industrialização, por volta de 1920, a preocupação das

empresas era produzir quantidades não muito grandes de produtos, pois poucos

podiam comprá-los. Como o volume de produção não era grande, para entregar

aos clientes os produtos com alta qualidade adotava-se a filosofia da inspeção

(BULGACOV, 1999).

A inspeção devia exercitar o dever de verificar de perto, e criticamente, o

trabalho de modo a assegurar a qualidade, descobrir os erros e trazê-los à

atenção das pessoas competentes, de forma a fazer com que o trabalho voltasse

ao padrão (GARVIN, 2002).

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2.2.2 Filosofia do Controle Estatístico da Qualidade

Por volta de 1940, em decorrência da II Guerra Mundial, a produção tornou-

se mais sofisticada e complexa. Com isso a simples inspeção no final do processo

de produção tornou-se ineficaz. Nasceu, então, o Controle Estatístico de

Qualidade com a idéia de evitar as grandes variações nos indicadores de

qualidade do produto final, por meio do controle das pequenas variações em

algumas etapas do processo de fabricação (BULGACOV, 1999).

Garvin (2002) afirma que o Controle Estatístico da Qualidade tinha como

preocupação básica o controle de um problema a ser resolvido, buscando

uniformidade do produto com menos inspeção. Os responsáveis pelo controle da

qualidade, departamentos de produção e engenharia, buscam soluções para os

problemas e a aplicação de métodos estatísticos.

2.2.3 Filosofia da Garantia da Qualidade

Segundo Bulgacov (1999), depois do término da II Guerra Mundial, a

normalização técnica de produtos expandiu-se pelo mundo. Mas somente a

especificação técnica dos produtos era insuficiente, pois havia necessidade de

garantia de que os fornecedores efetivamente entregassem produtos iguais à

amostra fornecida. Foram criadas então normas de organização do sistema

produtivo das empresas industriais, visando principalmente garantir que a

qualidade prometida ao cliente seja cumprida.

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O enfoque ao controle estatístico dá lugar à garantia de qualidade. Todas

as funções da empresa são consideradas como parte do sucesso/insucesso da

busca da qualidade e produtividade. A concorrência começa a ser representativa.

São fixados níveis mínimos aceitáveis na construção da qualidade (GARVIN,

2002).

2.2.4 Filosofia da Gestão da Qualidade Total

A gestão da qualidade total (TQM – Total Quality Management) pode ser

vista como uma abordagem organizacional focada na produção de produtos e nos

serviços de alta qualidade. TQM é uma parte integrante da organização, não um

programa isolado. Envolve todas as áreas da organização, inclusive fornecedores

(DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001).

“A redução contínua dos custos, a produtividade e a melhoria da qualidade têm demonstrado que são essenciais para as organizações se manterem em operação. Não podemos deixar de ver como a qualidade transformou-se na mais importante arma competitiva e muitas organizações estão convencidas de que o TQM é o modo de gerência do futuro. O TQM, em suas aplicações, vai muito além do que apenas garantir a qualidade do produto ou serviço – é uma maneira de gerenciar os processos da empresa para assegurar a completa satisfação do ‘cliente’, em cada etapa, tanto interna como externamente” (OAKLAND, 1994).

Especificamente, TQM pode ser vista, segundo Slack et al. (1999), como

envolvendo o seguinte:

• atendimento das necessidades e expectativas dos consumidores;

• inclusão de todas as partes da organização;

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• inclusão de todas as pessoas da organização;

• exame de todos os custos relacionados com a qualidade;

• fazer certo da primeira vez, por exemplo, enfatizando a construção da

qualidade desde o design do produto;

• desenvolvimento de sistemas e procedimentos que apóiem qualidade e

melhoria;

• desenvolvimento de um processo de melhoria contínua.

A figura 01 demonstra a abrangência da gestão da qualidade total dentro de

uma organização.

Total Total QualityQuality ManagementManagement

Garantia da QualidadeControle da Qualidade

Inspeção

Administração da Qualidade TotalAdministração da Qualidade Total

Garantia da QualidadeControle da Qualidade

Inspeção

Detecção de errosRetificação

Métodos estatísticosDesempenho do Processo

Padrões de Qualidade

Sistemas da QualidadeCusto da Qualidade

Solução de ProblemasPlanejamento da Qualidade

Envolve toda a operaçãoEstratégia da qualidade

Trabalho em equipeEmpowerment dos funcionários

Envolve consumidores e fornecedores

Figura 01 – Administração da Qualidade Total Fonte: Slack et al., 1999.

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O conceito de gerenciamento da qualidade total é um conceito abrangente

que envolve não somente aspectos de qualidade, mas também atividades de

benchmarking, projeto de produtos e de processos, suprimentos, logística e

solução de problemas, e está fortemente apoiado nas pessoas da empresa

(MARTINS e LAUGENI, 2005).

A gestão da qualidade total engloba os conceitos de inspeção por

amostragem, controle estatístico de processo, custos da qualidade zero defeitos e

controle da qualidade total (figura 02).

Inspeção por amostragemControle estatístico de processos

Custos da QualidadeZero Defeitos

Controle da Qualidade Total

Gestão da Qualidade Total

Inspeção por amostragemControle estatístico de processos

Custos da QualidadeZero Defeitos

Controle da Qualidade Total

Gestão da Qualidade Total

Figura 02 – Modelo da Gestão da Qualidade Total Fonte: Hernandez, 2003.

TQM pode ser visto como extensão lógica da maneira em que a prática da

qualidade tem progredido. Originalmente, a qualidade era atingida por inspeção,

separando os defeitos antes de serem percebidos pelos consumidores. O conceito

de controle de qualidade desenvolveu uma abordagem mais sistêmica, não

apenas para detectar, mas também para tratar os problemas de qualidade. A

garantia da qualidade ampliou a responsabilidade da qualidade ao incluir outras

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funções, além das operações diretas. Também tornou crescente o uso de técnicas

estatísticas mais sofisticadas para a qualidade. TQM envolve muito do que já

existia, mas desenvolveu seus temas exclusivos. O TQM representa uma

mudança clara nas abordagens tradicionais da qualidade (SLACK et al., 1999).

2.3 CUSTOS DA QUALIDADE

Durante muito tempo, associou-se melhoria da qualidade a aumento dos

custos dos produtos. Deming demonstrou que isso não era verdadeiro, citando

constantemente que ao aumentar a qualidade, aumenta-se a produtividade

(MARTINS e LAUGENI, 2005).

Segundo Crosby (1994), os custos da qualidade estão relacionados com a

conformidade, ou a ausência desta, aos requisitos do produto ou serviço. Assim,

se a qualidade pode ser associada à conformidade, deduz-se que os problemas

no atendimento aos requisitos e as medidas que visam evitá-los acarretam um

custo. A falta da qualidade gera prejuízo, pois quando um produto apresenta

defeitos haverá um gasto adicional por parte da empresa para correção dos

defeitos ou a produção de uma nova peça.

2.3.1 Classificação dos custos da qualidade.

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26

Segundo Robles Jr. (1996), os custos da qualidade podem ser agrupados

em categorias que se inter-relacionam. Geralmente, a aplicação de recursos em

uma categoria acarreta variações no montante de custos em outra.

Os custos da qualidade são classificados em: de prevenção; de avaliação;

falhas internas e falhas externas. Os custos da qualidade apresentam a relação

dada pela figura 03, sendo que os custos das falhas internas somadas às externas

somente diminuem quando as atividades de prevenção e de avaliação aumentam

(MARTINS e LAUGENI, 2005).

Região demelhoria

Região deoperação

Região deperfeição

CUSTO TOTAL DA QUALIDADE

Custo de prevenção + avaliação

Custo de falha

RUIM ÓTIMAQualidade

Custos

Figura 03 – Relação dos custos da qualidade Fonte: Martins e Laugeni, 2005.

Com relação à classificação dos custos da qualidade, Feigenbaum (1994) a

faz em dois grandes grupos: os custos do controle e os custos de falhas no

controle. Esses grupos se subdividem, então, em segmentos. Os custos do

controle são segregados em custos da prevenção e custos da avaliação, enquanto

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27

os custos de falhas no controle são separados em custos de falhas internas e

custos de falhas externas.

Juran e Gryna (1991) corroboram a divisão dos custos da qualidade em

custos da prevenção, custos da avaliação e custos das falhas internas e custos

das falhas externas.

Existe uma interação entre as categorias mencionadas no sentido de que

são influenciadas pelas outras. Investir recursos em prevenção, por exemplo,

possibilita uma manutenção e melhoria da qualidade e traz a redução dos custos

da qualidade (SHANK e GOVINDARAJAN, 1997).

2.3.2 Itens dos custos da qualidade

Segundo Martins e Laugeni (2005), os principais componentes que compõe

cada custo são:

• Custo de prevenção: relativo às atividades desenvolvidas para manter

em níveis mínimos os custos das falhas e de avaliação, tais como:

o Análise de novos produtos: os custos de engenharia da

confiabilidade e de outras atividades ligadas à qualidade

associadas ao lançamento de novos projetos;

o Planejamento da qualidade: ampla gama de atividades que criam

coletivamente o plano global da qualidade e os inúmeros planos

especiais;

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28

o Análise da qualidade do fornecedor: custos para a verificação das

atividades de qualidade do fornecedor anteriores a sua seleção;

auditoria nas atividades durante o contrato; esforço associado

com o fornecedor;

o Reuniões de melhoria de qualidade;

o Treinamento e educação.

• Custos de avaliação: relativos às atividades desenvolvidas para avaliar a

qualidade, associadas com a medição, avaliação e auditoria de produtos

e serviços para garantir que os mesmos atendam aos requisitos

especificados, como:

o Inspeção de recebimento, incluindo análises de laboratório para

determinar a qualidade do produto adquirido;

o Inspeção no processo: os custos da avaliação dos requisitos de

conformidade durante o processo;

o Avaliação de estoques: os custos de testes dos produtos

armazenados para avaliar sua degradação;

o Visitas técnicas a clientes;

o Planejamento de processos: os custos dos estudos de

capabilidade do processo, planejamento de inspeção e outras

atividades ligadas ao processo de fabricação.

• Custos de falhas internas: resultantes das falhas, defeitos ou falta de

conformidade às especificações de um produto e serviço antes da

entrega. Por exemplo:

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29

o Retrabalho: correção de peças, subconjuntos e produtos

acabados defeituosos, tornando-os adequados ao uso;

o Refugo (sucata): o trabalho, o material e (normalmente) as

despesas gerais dos produtos que não podem ser consertados;

o Reparos;

o Inspeção 100% para seleção de peças: custos envolvidos para

encontrar as unidades defeituosas em lotes de produtos que

contenham níveis altos e inaceitáveis de defeitos;

o Perda de rendimento: proveniente do processo de produtos

abaixo do rendimento padrão preestabelecido;

o Análise das falhas: identificação das causas dos problemas e

suas soluções.

• Custos de falhas externas: resultante de falhas, defeitos ou falta de

conformidade com as especificações de um produto e serviço após a

entrega. Por exemplo:

o Assistência técnica;

o Garantias e devoluções;

o Substituição;

o Custo de responsabilidade civil;

o Recepção, avaliação, retrabalho, novo teste e substituição de

produtos defeituosos.

Segundo Slack et al. (1999) poucos gerentes de produção duvidariam que a

administração da qualidade é uma coisa boa e necessária a ser feita. Entretanto,

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30

há um preço a pagar. Os custos de controle da qualidade podem ser elevados,

sejam eles de responsabilidade dos indivíduos ou de um departamento de controle

de qualidade.

Seguindo o modelo de Juran apud Davis, Aquilano e Chase (2001),

dividimos o custo da qualidade em três categorias principais: (a) custo de

prevenção, (b) custo de detecção/inspeção e (c) custo de falha. A terceira

categoria, o custo de falha, é subdividida em custos de falha interna e custo de

falha externa. O custo total da qualidade é a soma dos custos das três categorias.

Os percentuais característicos dos custos totais da qualidade, estimados para

cada uma das três categorias, estão apresentados na figura 04.

Categoria Feigenbaum Juran e Gryna

Custos de Prevenção 5% - 10% 0,5% - 5%Custos de detecção/inspeção 20% - 25% 10% - 50%Custos de falha 65% - 70% Interna: 25% - 40%

Externa: 20% - 40%

Custo total da qualidade 100% 100%

Figura 04 – Composição dos custos Fonte: Davis, Aquilano e Chase, 2001.

A estrutura dos custos operacionais totais da qualidade envolve os custos

da função qualidade e pode ser deduzida, de acordo com Frota (2006), conforme

a figura 05.

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31

= +

Custos Operacionais = Prevenção + Avaliação + Falhas Internas + Falhas Externas

Totais da Qualidade = 5 a 15% + 20 a 25% += Custos da Qualidade +

(10 a 40% das vendas) = Custos Controláveis

pela Gerência += Investimentos + Perdas e Prejuízos

65 a 70% do Total

Custos da Função Qualidade Custos do que ocorre quando a Função Qualidade Falha

Custos da Má-Qualidade

Custos Não-Controláveis pela Gerência

Figura 05 – Estrutura dos custos operacionais totais da qualidade Fonte: Frota, 2006.

Os custos que aparecem quando a função qualidade falha podem ser

divididos em custos de falhas internas e custos de falhas externas, de acordo com

a situação do produto no instante da falha, se dentro da empresa ou após ter sido

vendido aos clientes. Os custos da função qualidade, por seu lado, podem ser

divididos em custos de prevenção, que englobam tudo o que é feito para prevenir

defeitos e custos de avaliação, que reúnem os esforços despendidos para

remover do processo os produtos defeituosos (FROTA, 2006).

2.3.3 Relacionamento entre os custos de qualidade

Na administração tradicional da qualidade assumiu-se que os custos de

falhas reduzirão à medida que o dinheiro gasto em avaliação e prevenção

aumenta. Além disso, assumiu-se que há um valor ótimo de esforço de qualidade

a ser aplicado em qualquer situação que minimize o custo total da qualidade. O

argumento é de que deve haver um ponto a partir do qual o retorno diminui, isto é,

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32

o custo de melhoria da qualidade torna-se maior do que os benefícios obtidos. A

figura 06 resume essa idéia. À medida que o esforço de qualidade aumenta, os

custos envolvidos (controladores de qualidade extras, procedimentos de inspeção,

entre outros) aumentam proporcionalmente. Entretanto, ao mesmo tempo, os

custos de erros e produtos defeituosos diminuem porque passam a ocorrer em

menor número (SLACK et al., 1999).

Valor do esforço de qualidade

Cus

tos

Figura 06 – Modelo tradicional do custo da qualidade Fonte: Slack et al., 1999.

Shank e Govindarajan (1997) citam o exemplo de empresa que, ao alterar

voluntariamente o percentual dos custos da qualidade, dobrando os gastos com

prevenção e avaliação, conseguiu diminuir os custos de falhas internas e externas

em mais de 80 por cento. Relata ainda que para cada dólar gasto pela empresa

em prevenção, a economia oriunda será de dez dólares em termos de custos de

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33

avaliação e de falhas. Cabe salientar que os investimentos em prevenção não

ocasionam ganhos imediatos em termos de economia nas outras categorias, mas

os resultados refletem-se por diversos anos.

De acordo com Slack et al. (1999), TQM rejeita o conceito de nível “ótimo”

de qualidade e procura reduzir todos os custos conhecidos e desconhecidos de

falhas, adotando a prevenção da ocorrência de erros. Em vez de examinar os

níveis “ótimos” do esforço de qualidade, é mais comum que os proponentes de

TQM destaquem o equilíbrio entre tipos diferentes de custos da qualidade.

Segundo o autor supracitado, das quatro categorias de custos, duas (custos

de prevenção e custos de avaliação) recebem influência gerencial, enquanto as

outras duas (custos internos e externos de falhas) mostram as conseqüências das

mudanças dos custos de prevenção e avaliação. Entre as duas categorias que

recebem influência gerencial direta, em vez de enfatizar mais a avaliação (de

maneira que os maus produtos e serviços não cheguem ao consumidor), TQM

enfatiza a prevenção (evitar que erros ocorram).

Quando se aloca mais esforço à prevenção de falhas, há efeito positivo e

significativo nos custos de falhas internas, seguido de redução dos custos de

falhas externas e dos custos de avaliação. Finalmente, mesmo os custos de

prevenção podem ser reduzidos em termos absolutos, embora a prevenção

continue sendo um custo significativo em termos relativos (SLACK et al., 1999).

A figura 07, segundo Slack et al. (1999) ilustra a idéia. Inicialmente, o custo

total de qualidade pode aumentar à medida que os investimentos em alguns

aspectos de prevenção aumentam, principalmente treinamento. Entretanto,

alguma redução do custo total pode, rapidamente, ocorrer.

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34

Valor do esforço de qualidade

Cus

tos

Figura 07 – Modelo tradicional dos custos da qualidade com ajustes refletidos pelas criticas a TQM Fonte: Slack et al., 1999.

Deming apud Caravantes (1997), argumenta que a qualidade é um

melhoramento contínuo, inexistindo então um ponto que possa ser considerado

ótimo em termos de custos da qualidade.

Segundo Shank e Govindarajan (1997), o ponto fundamental da visão de

Deming sobre qualidade é de que os custos da não-conformidade e a resultante

perda da confiança do cliente são tão elevados que não torna necessária a

mensuração dos custos da qualidade. Julga que o foco na avaliação dos custos da

qualidade e na busca dos níveis ótimos de defeito é uma prova da falha para se

entender o problema. Deming apud Shank e Govindarajan (1997), visa atingir zero

defeito.

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35

Por sua vez, Juran e Gryna (1991) citam três principais objetivos que levam

as empresas à avaliação dos custos da qualidade. O primeiro seria quantificar o

tamanho do problema da qualidade em uma linguagem que tenha impacto sobre a

administração superior, argumentando que a linguagem do dinheiro é inteligível a

todos os níveis hierárquicos. Outro objetivo seria identificar as principais

oportunidades para redução dos custos da má qualidade, tendo em vista que,

encontrada a origem em alguma causa específica, torna-se mais fácil tentar

eliminar ou minimizar estes custos. Mencionam ainda a possibilidade de identificar

as oportunidades para diminuição da insatisfação dos consumidores e as

respectivas ameaças às vendas.

Alguns custos da má qualidade surgem somente após a venda e a parcela

desses custos é paga pelo fabricante na forma de despesas de garantia,

reclamações, entre outros. Arcados ou não pelo fabricante, esses defeitos elevam

os custos para o consumidor em virtude de tempo fora de uso ou outros

inconvenientes. A análise dos custos do fabricante, complementada pela pesquisa

de mercado sobre os custos da má qualidade para o consumidor, pode evidenciar

áreas vitais dos custos, levando à identificação do problema (JURAN e GRYNA,

1991).

A divergência mais acentuada entre Juran e Gryna (1991) e Deming apud

Caravantes (1997) é que este defende não existir um ponto ótimo em termos de

custos da qualidade, enquanto aquele considera a possibilidade deste ponto

ótimo.

O ponto ótimo na visão de Juran e Gryna (1991) pode ser visualizado na

figura 08.

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36

Ótimo

Zona de Projeto Zona da Indiferença Zona dos Altos de Aperfeiçoamento Custos de Avaliação

Custos das falhas > 70% Custos das falhas - 50% Custos das falhas < 40%Prevenção < 10% Prevenção - 10% Avaliação > 50%

Se nenhum projeto interativo puder ser Estude o custo por defeito detectado,encontrado, deslocar ênfase para verifique validade dos padrões; reduzacontrole. inspeção e tente auditoria das decisões.

100% defeituosos Qualidade de Conformidade 100% Bom

CURVA DO CUSTO TOTAL DE QUALIDADE

Figura 08 – Zona do ótimo no modelo do custo da qualidade Fonte: Juran e Gryna, 1991.

Segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), o aumento das despesas com

prevenção fornece retorno significativo, na forma de redução dos custos de

detecção/inspeção e dos custos de falhas e, portanto, no custo global da

qualidade.

Deming apud Davis, Aquilano e Chase (2001) sugeriu que os custos totais

da qualidade podem ser reduzidos através da melhoria de processo. Um processo

melhorado reduz o número de defeitos produzidos e os custos de prevenção e de

inspeção. Uma comparação do modelo de Deming com a visão tradicional anterior

da qualidade é apresentada na figura 09.

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37

Melhoria daqualidade

Aumento dos custos de inspeção

Aumento da qualidade do processo

Qualidade aumentaCustos aumentam

Qualidade aumentaCustos diminuem

Visão tradicional Visão de Deming

Melhoria daqualidade

Aumento dos custos de inspeção

Aumento da qualidade do processo

Qualidade aumentaCustos aumentam

Qualidade aumentaCustos diminuem

Visão tradicional Visão de Deming

Figura 09 – Comparação entre modelos de visões tradicional e de Deming Fonte: Davis, Aquilano e Chase, 2001.

Crosby (1994) afirma que o cálculo do custo da qualidade é um instrumento

para atrair a atenção da gerência e proporcionar uma base de cálculo para

verificar-se a melhoria da qualidade.

2.4 QUALIDADE DESDE A CONCEITUAÇÃO DO PRODUTO

Aceitar os relacionamentos entre as categorias de custos de qualidade

como na figura 10 tem implicação importante sobre como a qualidade é

administrada. A ênfase passa de reativa, onde se espera que algo ocorra, para

proativa, onde providências são tomadas antes de algo ocorrer. Essa mudança de

visão dos custos de qualidade é decorrência de uma mudança do enfoque de

inspeção interna (orientado para avaliação), para o enfoque de qualidade desde o

design (fazer certo logo na primeira vez) (SLACK et al., 1999).

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38

Tempo

Cus

tos

de q

ualid

ade

Falhas externas

Falhas internas

Avaliação

Prevenção

Figura 10 – Trabalho preventivo com reflexos nos demais custos Fonte: Slack et al, 1999.

Shank e Govindarajan (1997) afirmam que Crosby, como Deming,

acreditam que o custo da qualidade será minimizado por “fazer direito da primeira

vez”, defendendo que a meta de qualquer operação deva ser zero defeitos. Com

um desenvolvimento bem estruturado e com a preocupação com a qualidade

desde a conceituação do produto, investindo em recursos para prevenção da

qualidade, os custos de avaliação e falhas são reduzidos.

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39

2.5 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

2.5.1 Projeto do produto

Produtos e serviços são, normalmente, a primeira coisa que os clientes

vêem em uma empresa. Por esse motivo, é importante que sejam projetados para

atender a suas necessidades e expectativas (SLACK et al., 1999).

Toda empresa tem um produto ou serviço que deve atender às

necessidades de seus consumidores ou clientes. Seu sucesso estará diretamente

relacionado à sua capacidade de satisfazer e até mesmo suplantar as

expectativas de seus clientes. Dessa forma o projeto de seu produto, seja um bem

tangível ou um serviço, adquire alta relevância no mundo atual. O projeto do

produto passa a ser um elemento básico de vantagem competitiva, podendo ser

diferenciado quanto a seu custo, padronização, modularidade, e a sua qualidade,

robustez e inexistência de falhas. Estudos demonstram que a maioria – até 80% –

dos problemas de qualidade decorre do projeto do produto e não dos processos

produtivos (MARTINS e LAUGENI, 2005).

2.5.2 Desdobramento da função qualidade

Segundo Slack et al. (1999), o objetivo principal do desdobramento da

função qualidade é tentar assegurar que o projeto final de um produto ou serviço

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40

realmente atenda às necessidades de seus clientes. A técnica tenta captar o que

o cliente precisa e como isso pode ser conseguido.

As necessidades do consumidor devem ser traduzidas em características

do produto, depois em características do processo e finalmente em pontos de

controle incorporados nos procedimentos operacionais. Para que se tenha

sucesso no desdobramento da qualidade é necessária uma harmonia entre as

áreas de marketing, engenharia do produto, produção e engenharia de processo.

O desdobramento da qualidade se traduz na própria garantia da qualidade no

desenvolvimento de novos produtos, propiciando a qualidade de projeto adequada

para satisfação das necessidades do consumidor e qualidade de conformidade

(CAMPOS, 1992).

2.5.3 Engenharia da Qualidade

A engenharia da qualidade é uma metodologia desenvolvida por Genichi

Taguchi, que visa a otimização do projeto e do processo de um produto e ao

mesmo tempo a redução dos custos e o aumento da qualidade (MARTINS E

LAUGENI, 2005).

Segundo os autores supracitados, antes de Taguchi, pensava-se que

produzir em qualquer ponto dentro dos limites de especificação estava bom.

Taguchi acredita que se deve fixar um alvo para a qualidade, e que haverá custos

indesejáveis caso esse alvo não seja alcançado. Para ele, existe uma função de

perda de qualidade que tem valor zero quando o alvo fixado é alcançado e que

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41

tem valor positivo toda vez que a qualidade não atinge esse alvo. Essa função de

perda é representada na figura 11. A idéia é que no desenvolvimento de produtos

e de processos seja identificado e valorizado tudo aquilo que faz com que não se

atinja o alvo e se construa a curva da função de perda, avaliando financeiramente

a questão.

Perda ( $ )

Especificação inferior

Valornominal

Especificação superior

Figura 11 – Curva da função de perda de Taguchi Fonte: Martins e Laugeni, 2005.

2.5.4 Planejamento da Qualidade

O processo Robust Design for Supplier (RDFS) é um método estruturado de

definição e estabelecimento dos passos necessários para assegurar que um

produto produzido pelos seus fornecedores venha a satisfazer os requisitos de

qualidade e performance requeridos por uma empresa. A aplicação do RDFS

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oferece as diretrizes para assegurar que o planejamento preliminar da qualidade

seja empregado, antecipando a necessidade de alterações e futuras falhas,

gerando assim ações preventivas, tornando os processos e produtos livres de

defeitos e com alta qualidade, diminuindo custos de retrabalhos e possibilitando

um ciclo menor de lançamento de projeto (SGIF, 2004).

O objetivo desta etapa de projeto é considerar o projeto preliminar e

verificar se pode ser melhorado antes que o produto ou serviço seja testado no

mercado (SLACK et al., 1999).

Para SGIF (2004), no RDFS uma seqüência lógica de atividades é

determinada para facilitar o entendimento e sua implementação, visando garantir

que um produto fornecido satisfaça todos os requisitos estabelecidos, a um custo

esperado, atendendo um prazo determinado.

2.6 INSPEÇÃO

A inspeção de recebimento envolve a revisão das peças e materiais que

chegam antes dos mesmos serem combinados em subconjuntos e produtos finais

(GARVIN, 2002).

As inspeções mecânicas e os ensaios funcionais devem verificar a

conformidade do produto recebido com as especificações solicitadas

(FEIGENBAUM, 1994).

No ato do recebimento de materiais, o órgão encarregado deverá verificar o

pedido de compra que originou a entrega e conferir quantidade, preços unitários e

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43

totais e outros elementos contábeis e fiscais da nota fiscal que acompanha o

material. É importante verificar as condições da embalagem do material

observando, por exemplo, possíveis avarias que o material possa ter sofrido

durante o transporte. Caso o fornecedor não seja de qualidade assegurada, deve-

se verificar a qualidade dos materiais. Sempre que necessário, o recebedor deve

socorrer-se do cliente do material e dos órgãos de qualidade da empresa para

melhor averiguação dos elementos de qualidade do material (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

Para Oakland (1994), a inspeção deve ser feita para assegurar que

somente o material ou serviço em conformidade com os requisitos passe para o

próximo estágio.

2.6.1 Inspeção 100%

Segundo Garvin (2002), a inspeção 100% é baseada em uma revisão

cuidadosa de todas as peças e materiais recebidos. Tem um alto custo e por esse

motivo poucas fábricas hoje se baseiam nesse modelo.

A inspeção total ou 100 % é justificada quando a perda incorrida por não

inspecionar é maior do que o custo da inspeção. Se o custo de inspecionar todos

os itens de um lote for menor que o custo de perda do lote defeituoso, a decisão

econômica será de realizar a inspeção 100 por cento. Entretanto, nem todos os

itens defeituosos serão removidos, dado que os inspetores deixarão passar alguns

itens ruins e rejeitar alguns bons (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001).

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2.6.2 Inspeção por amostragem

Garvin (2002), afirma que a inspeção por amostragem consiste na

verificação de pequenas amostras das mercadorias que chegam, em geral numa

base de lote-a-lote. Caso defeitos sejam encontrados, a inspeção se amplia então

para um número maior de itens.

Para Davis, Aquilano e Chase (2001), a aceitação por amostragem é

realizada em componentes já existentes, a fim de determinar se eles estão em

conformidade com as especificações e é executada através de um plano de

amostragem.

Empresas que apresentam um alto desempenho de qualidade têm

procedimentos de amostragem de acordo com as técnicas estatísticas aceitas. Em

contraste, empresas com baixo desempenho de qualidade utilizam abordagens

não-científicas (GARVIN, 2002).

2.6.3 Livres de inspeção

Para Martins e Laugeni (2005), fornecedores que apresentam excelente

desempenho de qualidade garantindo que seus itens atendam às especificações,

devem ter os lotes fornecidos livres de inspeção, sendo estes encaminhados

direto para a produção.

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Um fornecedor e/ou item Qualidade Assegurada que for homologado

através de um programa de Qualidade Assegurada poderá ter seu material

liberado para produção sem qualquer inspeção (SGIF, 2004).

2.7 MELHORIA CONTÍNUA

As empresas fornecedoras devem constantemente implantar planos de

melhoria contínua em seus processos de manufatura relacionados à produção de

produtos. A intenção é reduzir a variação e garantir a estabilidade e capacidade do

processo enquanto o produto estiver sendo produzido e entregue. Fornecedores

devem freqüentemente: avaliar seus indicadores de qualidade e de desempenho

organizacional, revisar seus FMEAs (Análise de modo e efeitos de falhas),

diagramas de fluxo de processo e planos de controle de acordo com as últimas

informações de desempenho de entrega. Esta ação deve sempre estar

direcionada para a busca do zero defeito (SGIF, 2004).

2.8 QUALIDADE ASSEGURADA

Um fornecedor que possui materiais com qualidade assegurada tem um

nível excelente de qualidade e assegura que seus produtos estão conforme o

especificado, não sendo necessária a inspeção antes da liberação para produção

por parte da empresa que recebe o material. Normalmente, esses fornecedores

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46

são desenvolvidos pela empresa que recebe seus produtos através de um amplo

programa de qualidade e capacitação para fornecimento (MARTINS e LAUGENI,

2005).

2.9 TERCEIRIZAÇÃO

Terceirização significa “o ato ou efeito de terceirizar”, ou seja, “é a

contratação de terceiros, por parte de uma empresa, para a realização de

atividades não essenciais, visando à racionalização de custos, à economia de

recursos e à desburocratização administrativa” (HOUAISS, 2006).

A terceirização refere-se à transferência para terceiros de

responsabilidades por atividades que até então costumavam ser realizadas

internamente (FRANCO, 2005).

A recente globalização dos mercados transformou a competição entre as

empresas em um sistema extremamente complexo, onde processos e produtos

evoluem aceleradamente. A empresa que estiver disposta a liderar o mercado, ou

somente sobreviver nele, terá que se adaptar a esta situação através de

processos de fabricação complexos, sistema da qualidade minucioso, fluxo de

informações eficiente, funcionários bem treinados e motivados. Porém, tais ações

podem significar aumento de custos e, devido às incertezas do mercado tão

complexo e competitivo, em um grande risco no investimento de capital

(HERNANDEZ, 2003).

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Para Hernandez (2003), a idéia básica da terceirização é fazer com que a

empresa direcione todas as suas forças para a atividade principal da empresa e

receba de terceiros os produtos e serviços que não estão diretamente ligados ao

seu negócio.

A terceirização é a transferência de atividades para fornecedores

especializados, detentores de tecnologias próprias e modernas, que tenham esta

atividade terceirizada como atividade fim (SILVA, 1997).

É uma ferramenta para melhorar a competitividade. Pode ocorrer através de

ganhos com especialização, diminuição de custos, flexibilidade, melhoria da

qualidade, entre outros. E, conforme o tipo de ganho competitivo objetivado,

diferentes formas de relação contratante x terceiro podem existir (HERNANDEZ,

2003).

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 O PROBLEMA

Problema é o resultado indesejável de um processo (CAMPOS, 1992). Para

Gil (2002), problema é uma questão não resolvida e que é objeto de discussão,

em qualquer domínio do conhecimento.

Entende-se como problema uma questão sem solução, objeto de discussão

e de muito estudo. É um fato, algo significativo que, a princípio, não possui

respostas explicativas, pois as soluções, as respostas ou explicações, se farão por

intermédio do desenvolvimento da pesquisa (FACHIN, 2001).

O problema em questão nesse estudo trata do alto custo da não-qualidade

dos itens comprados de fornecedores, para os quais a avaliação no recebimento é

dispendiosa e demorada.

3.2 PESQUISA E METODOLOGIA

Pesquisa é o conjunto de investigações, operações e trabalhos intelectuais

ou práticos que tenham como objetivo a descoberta de novos conhecimentos, a

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invenção de novas técnicas e a exploração ou a criação de novas realidades em

busca de respostas ou soluções ao problema estudado. No resultado de uma

pesquisa não se deve atribuir verdade absoluta, pois as descobertas são sempre

renovadas e toda análise sobre um fato apresenta várias implicações de ordem

apreciativa e analítica (FACHIN, 2001).

Do ponto de vista dos objetivos gerais, esta é uma pesquisa exploratória,

pois visa conhecer os fatos e fenômenos relacionados ao tema. Tem como

objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo

mais explicito ou a construir hipóteses (GIL, 2002).

Com base nos procedimentos técnicos é classificada como uma pesquisa-

ação. A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é

concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução

de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes

representativos da situação estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo

(THIOLLENT, 1996).

Segundo Thiollent (1997), a adoção de metodologia da pesquisa-ação

requer trabalho em grupo, com seminários e reuniões nas diversas fases como

coleta de dados, interpretação, divulgação e implementação das ações.

A proposta da pesquisa-ação consiste em acoplar pesquisa e ação em um

processo no qual as pessoas implicadas participam, junto com os pesquisadores,

para chegar interativamente a elucidar a realidade, identificando problemas,

buscando e experimentando soluções. A produção e o uso de conhecimento

tornam-se simultâneos (THIOLLENT, 1997).

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O método da pesquisa-ação é utilizado para este trabalho pelo fato do

pesquisador estar diretamente envolvido com a busca de soluções para o

problema apresentado, assim como os demais participantes envolvidos na

pesquisa.

3.3 ETAPAS DA PESQUISA

O projeto de pesquisa-ação não tem uma forma totalmente predefinida, no

entanto considera-se que existem, no mínimo, quatro grandes fases. Essas fases

serão devidamente apresentadas a seguir. No inicio estas fases são seqüenciais,

mas na prática existe um tipo de oscilação ou mesmo simultaneidade entre

pesquisa e ação (THIOLLENT, 1997).

3.3.1 Fase exploratória

Nesta fase os pesquisadores e alguns membros da organização na

situação investigada começam a detectar os problemas, os atores envolvidos, as

capacidades de ação e os tipos de ação possível. É uma fase de diagnóstico da

situação e das necessidades dos autores.

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3.3.2 Fase de pesquisa aprofundada

A situação é pesquisada por meio de diversos tipos de instrumentos de

coleta de dados que são discutidos e progressivamente interpretados pelos grupos

que participam.

3.3.3 Fase de ação

A fase de ação consiste, com base nas investigações, em difundir os

resultados, definir objetivos alcançáveis por meio de ações concretas e apresentar

propostas que poderão ser negociadas entre as partes interessadas.

3.3.4 Fase de avaliação

Esta fase tem como objetivo observar, redirecionar o que realmente

acontece e resgatar o conhecimento produzido no decorrer do processo. As ações

implementadas são objeto de profunda avaliação para atender os objetivos de

controlar a efetividade das ações e extrair os conhecimentos que serão úteis para

continuar a experiência e estendê-la a outras entidades.

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3.4 APLICAÇÃO DA PESQUISA

Durante o decorrer dos próximos capítulos a aplicação da metodologia de

pesquisa poderá ser acompanhada em cada uma das fases. A fase exploratória é

aplicada para identificação das dificuldades e dos problemas do processo em

estudo. As fases de pesquisa aprofundada e de ação, na proposição de melhorias.

A fase de avaliação poderá ser acompanhada nas considerações finais.

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4 ESTUDO DE CASO

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa foco desse estudo é uma empresa multinacional do setor de

linha branca, presente a mais de 10 anos no Brasil. Hoje detentora de marcas que

são líderes de mercado, cujos lançamentos já superam a marca de 400 produtos

com vendas de aproximadamente 44 milhões de eletrodomésticos no Brasil e no

exterior.

Pioneira no setor, a empresa foi a primeira do Brasil a fabricar todos os

produtos de linha branca: refrigeradores, freezers horizontais e verticais, fogões,

lavadoras de roupa, secadoras, lava-louças, fornos de microondas,

condicionadores e depuradores de ar.

A empresa é líder em vendas, com participação de aproximadamente 40%

no mercado brasileiro através de suas marcas. Comercializa seus produtos com

mais de 100 países de diversas partes do mundo. É uma das 100 principais

empresas exportadoras do Brasil.

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4.1.1 Unidades

Todas as plantas contam com as mais modernas instalações

proporcionando produtos de qualidade e a custos acessíveis. As unidades estão

localizadas em locais estratégicos com o objetivo de oferecer um atendimento de

maior velocidade e qualidade aos clientes.

As unidades produtivas são certificadas pelo Sistema de Gestão Integrada -

SGI do Bureau Veritas Quality International - BVQI, que diz respeito às

certificações das normas OHSAS 18001: 1999 - que abrange cuidados referentes

à segurança e saúde dos trabalhadores e ISO 14001: 2004 - que estabelece

requisitos de gestão ambiental e manutenção da ISO 9001: 2000 - correspondente

à qualidade.

4.1.2 Unidade estudada

A unidade produtiva foco desse estudo, localizada na região Sul do país, é

a maior fábrica de produtos de refrigeração da América Latina. Nela são

fabricados refrigeradores, freezers (horizontais e verticais) e secadoras. Também

estão instalados os centros de tecnologia de refrigeração e de cocção e uma parte

do centro de tecnologia de condicionadores de ar. É a maior unidade da

organização no Brasil correspondendo a 60% da produção.

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4.2 CENÁRIO ATUAL

Com o passar dos anos, os consumidores têm adotado uma postura cada

vez mais exigente quanto à expectativa que possuem em relação à qualidade,

meio ambiente, responsabilidade social, saúde e segurança e custo dos produtos.

Para atender às exigências vários grupos de trabalhos foram formados

visando atender estas expectativas com o aprimoramento dos processos de

produção e gestão. Este trabalho tem como objetivo auxiliar nesse aprimoramento,

focando em trabalhos orientados aos fornecedores principalmente em relação à

redução de custo e qualidade dos itens comprados destes.

4.3 FORNECEDORES

Para atender a complexidade dos produtos e suplantar as expectativas dos

consumidores, a empresa procura fornecedores que pratiquem classe mundial em

engenharia de desenvolvimento. Isso requer uma engenharia de processo e de

produto muito bem estabelecidas, com processos estáveis e capazes,

promovendo um elevado compromisso com a qualidade. Estes fornecedores

devem contribuir para o lançamento de projetos dentro das metas de tempo, custo

e qualidade. Devem ter um sistema robusto de controle de processo de

desenvolvimento de novos componentes.

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4.4 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Para promover um desenvolvimento consistente de novos produtos a altura

da expectativa da empresa e das exigências do consumidor, várias ações foram

tomadas. Para entregar a qualidade desejada nos novos componentes, estes

passaram a ter o acompanhamento de um engenheiro de qualidade de

fornecedores, desde sua fase de conceituação até o inicio do fornecimento. Todo

o desenvolvimento é acompanhado de perto pelo fornecedor, que é consultado e

pode auxiliar na concepção do componente. Todo esse processo de aproximação

fornecedor-cliente ocorre por intermédio do engenheiro da qualidade de

fornecedores.

4.5 APROVAÇÃO DE NOVOS COMPONENTES

Para aprovação de um novo componente o fornecedor deverá demonstrar

cumprimento a todas as exigências e requisitos especificados nos desenhos de

engenharia, em especificações de materiais, em normas e regulamentações

aplicáveis acordadas. Além disso, é necessário um estudo estatístico do processo

onde deve ser constatada a capacidade de um processo estável para produção, o

que garante que o fornecedor é capaz de entregar peças dentro das exigências

requeridas. A aprovação de novos componentes é finalizada pelo engenheiro de

qualidade de fornecedores que será o responsável por garantir o atendimento a

todos os requisitos exigidos.

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4.6 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA QUALIDADE

O sistema utilizado para o acompanhamento dos indicadores da qualidade

dos componentes é o SAP R/3.

A sigla SAP (Systemanalyse und Programmentwicklung) traduzida é

sistemas, aplicações e produtos para processamento de dados, posteriormente

denominado de SAP – Systems Applications and Products. Tem como objetivo

criar uma solução única, totalmente integrada e capaz de automatizar todos os

processos inerentes a uma empresa. O sistema R/3 é uma aplicação de negócios

funcional, construída com uma estrutura modular completamente integrada que o

torna extraordinariamente flexível e expansível.

O módulo responsável pelo controle da qualidade e tem as seguintes

funções:

• Planejamento da qualidade;

• Inspeção da qualidade;

• Controle da qualidade;

• Notificações da qualidade;

• Certificados da qualidade;

• Sistema de informações de administração da qualidade.

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O acompanhamento de indicadores como índice de rejeição de lote, índice

de rejeição de linha medido em partes por milhão (PPM), emissão de relatórios de

não-conformidade (RNC), entre outros é realizado via R/3.

4.7 RECEBIMENTO DE MATERIAL

No recebimento de componentes é realizada a inspeção dos lotes

entregues pelos fornecedores. Os lotes que devem passar pela inspeção são

apontados pelo sistema SAP R/3, bem como o tipo de inspeção a ser realizada.

Segue um critério pré-definido onde os primeiros lotes de um determinado item

devem ser inspecionados 100%. Não havendo nenhuma rejeição, os lotes seguem

por um processo de comutação tendo inspeções cada vez mais brandas até

atingirem um ponto, até então denominado, de qualidade assegurada (QA).

Devido ao grande volume de fornecedores e itens recebidos, a demanda

por mão-de-obra na inspeção de recebimento é muito grande. O trabalho de

inspeção é demorado, pois a verificação realizada é abrangente.

4.8 PROBLEMAS NA LINHA DE PRODUÇÃO

Componentes rejeitados durante o processo produtivo causam diversos

problemas para a produção. As rejeições são resultantes das falhas, defeitos ou

falta de conformidade às especificações dos componentes, conforme indicado ao

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fornecedor durante o desenvolvimento do item. Essas rejeições elevam o custo de

produção, pois causam:

• retrabalho: correção das peças e/ou produtos acabados;

• refugo / sucata: o trabalho, o material e as despesas gerais dos

produtos fabricados que não podem ser consertados;

• perda de produtividade;

• análise das falhas;

• inspeção 100% do lote no processo produtivo.

Além dos problemas acima relatados, considerados falhas internas, podem

existir defeitos não identificados durante a montagem dos produtos que chegaram

à casa do consumidor final, gerando as chamadas falhas externas. As falhas

externas são identificadas através dos chamados de campo, ligações do

consumidor para a assistência técnica reivindicando reparos no produto dentro do

prazo de garantia. Essas falhas externas, considerando apenas as

responsabilidades de fornecedores, também são custos adicionais causados pelos

defeitos encontrados em itens recebidos dos fornecedores.

Os componentes rejeitados na linha de produção e os trocados na casa do

consumidor são separados e devolvidos ao fornecedor. Ao fornecedor cabe

elaborar e aplicar um plano de ação e apresentá-lo à empresa, evidenciando os

pontos de melhorias para solução dos problemas identificados.

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4.9 RECLAMAÇÕES E REIVINDICAÇÕES DE CLIENTES

Existe uma grande preocupação com relação à confiabilidade dos produtos

em campo, ou seja, na casa do consumidor final. Hoje é utilizado um sistema de

monitoramento que reúne as informações dos chamados de campo (reclamações

à assistência técnica), reparos e trocas de peças dos serviços autorizados e

também análise das peças trocadas em campo quando devolvidas para a

empresa em estudo. Neste trabalho chamaremos este indicador de Reclamação

de Defeito (RD). Há três envolvidos nas RD’s:

• os sistemas autorizados, quando realizam trocas indevidas;

• a própria empresa, quando os defeitos identificados forem

provenientes de falhas no processo de fabricação;

• e fornecedor, quando as peças deste apresentarem defeito na casa

do consumidor.

Todos estes indicadores representam custos adicionais ao processo

produtivo, que chamamos de custos da não-qualidade. Neste estudo,

consideraremos apenas os defeitos de fornecedores de materiais diretos. Essas

falhas externas geram custos com mão-de-obra do serviço autorizado, reparos,

devoluções, substituições, avaliação das peças defeituosas retornadas e recall.

Esse indicador de RD reflete exatamente a performance de qualidade dos

produtos da empresa do ponto de vista do consumidor, portanto a necessidade de

monitoramento e melhoria desses índices se torna de extrema importância.

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4.10 SITUAÇÃO ATUAL DA GARANTIA DA QUALIDADE

Hoje, o cenário da garantia da qualidade dentro da empresa pode ser

entendido conforme a figura 12. Através desta figura, podem ser visualizados os

procedimentos de acordo com as descrições dos processos dos tópicos anteriores

e os setores responsáveis pelas atividades. O desenvolvimento de produtos, o

sistema de gerenciamento da qualidade e as pessoas alocadas nas funções são

esquematizados nesta figura.

ENGENHARIA

Especificação de materiais

Projeto de Processo

Projeto de Produto

PADRÕES

Inspeção de RecebimentoFornecedores Linha de

Produção Clientes

GARANTIA DA QUALIDADE

Relatório de

não-conformidade

Auditoria do Sistema de Controle da Qualidade dos

Fornecedores

Auditoria de Processo

Auditoria de Produto

Reclamações e reivindicações de

clientes

Necessidades dos clientes

GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA-A-DIA

CUMPRIR OS PADRÕES

Desenvolvimento e Qualidade de Fornecedores

Garantia da Qualidade

Figura 12 – Situação Atual da Garantia da Qualidade Fonte: Adaptado de Campos, 1994.

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As dificuldades encontradas para a manutenção da garantia da qualidade

serão apresentadas no tópico seguinte e as melhorias propostas, no próximo

capítulo.

4.11 DIFICULDADES EVIDENCIADAS NO PROCESSO DE QUALIDADE

Durante a descrição do processo de qualidade de fornecedores pode-se

conhecer um pouco de como a questão de qualidade é trabalhada com os

fornecedores da empresa em estudo. Logicamente há muito mais trabalho com

relação à garantia da qualidade, mas para foco deste trabalho evidenciaremos a

relação direta com o fornecedor no desenvolvimento dos itens e monitoramento da

performance de qualidade destes no processo produtivo.

As dificuldades identificadas nesse processo de qualidade contribuem para

o problema que estamos trabalhando nesta pesquisa. A busca por um programa

de qualidade assegurada que possibilite a redução de custos da não-qualidade

passa necessariamente pelos pontos que serão relatados a seguir.

Nessa etapa da pesquisa aplicamos a fase exploratória, cujo objetivo é

detectar os problemas. Foram identificadas algumas dificuldades através de um

trabalho conjunto entre o pesquisador e membros das áreas envolvidas no

processo.

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4.11.1 Alto custo da não-qualidade de fornecedores

Fica evidenciado que, durante todo o processo produtivo, a não-qualidade

dos componentes recebidos de fornecedores geram um alto custo. Necessidade

de inspeção, peças defeituosas na linha de produção, problemas encontrados no

produto acabado por defeito nos componentes, tudo tem um custo envolvido que

afeta de maneira direta o preço final e também a qualidade dos produtos da

empresa.

4.11.2 Inspeção de recebimento de materiais ineficiente

O volume de lotes recebidos por dia na empresa estudada é muito elevado,

o que impossibilita o devido tratamento para cada um deles. As normas para

inspeção 100% e por amostragem não são cumpridas. Na maioria dos casos o

feeling do inspetor é utilizado. Mesmo assim é um procedimento demorado e

dispendioso, e encontra-se muita mão-de-obra concentrada realizando o trabalho

de avaliação das peças recebidas de fornecedores.

4.11.3 Critérios para inspeção de recebimento

Todo lote recebido pela empresa tem sua necessidade de inspeção

apontada pelo sistema SAP R/3. Itens classificados como qualidade assegurada e

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liberados diretamente para linha de produção só tem seu status de inspeção

alterado caso ocorra uma alteração manual no sistema.

4.11.4 Problemas na linha de produção

Mesmo existindo uma inspeção de recebimento, a linha de produção está

sujeita a peças não conformes em seu processo produtivo. A grande parte dos

lotes chega para empresa e é encaminhada diretamente para a linha de produção,

pois o componente recebido é considerado de qualidade assegurada. A parcela

dos lotes que recebe inspeção, em sua grande maioria é por amostragem, o que

não garante que todos os componentes estejam conformes. Resultado de todo

esse processo é o grande número de peças rejeitadas durante o processo

produtivo.

4.11.5 Metas de indicadores de qualidade desatualizadas

Hoje as metas dos indicadores de qualidade encontram-se desatualizadas

no sistema. Mais de 50% dos índices de rejeições de lotes e de linha (PPM) não

possuem meta cadastrada no SAP R/3. Com as metas desatualizadas, o

monitoramento das rejeições torna-se ineficaz, já que é difícil definir o foco das

ações a serem tomadas.

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4.11.6 Rejeições de lote e linha sem o devido tratamento

O portal da Internet para fornecedores disponibiliza os indicadores de

qualidade e suas metas, bem como os relatórios de não-conformidade para cada

um dos fornecedores. Para todo lote rejeitado um RNC é gerada e sua resposta é

monitorada via sistema R/3. Para os itens que excederem suas metas de PPM,

um relatório de não-conformidade também é gerado e enviado via portal para o

fornecedor, que deverá respondê-lo em até 15 dias. Como as metas de PPM não

estão atualizadas o R/3 entende como sem meta e, devido a esse fato, não emite

a RNC.

4.11.7 Falta de tempo para acompanhamento de projetos

A demanda de trabalho para os engenheiros de qualidade de fornecedores

é grande, o que impossibilita o acompanhamento eficaz junto ao fornecedor

durante todo o processo de desenvolvimento de novos componentes. Existem

hoje apenas sete engenheiros de qualidade que acompanham o desenvolvimento

de projetos. Com o volume crescente de novos projetos para atender as

exigências e expectativas do consumidor, cresce também o número de

componentes a serem desenvolvidos. A grande dificuldade é liberar tempo para o

trabalho de desenvolvimento dos engenheiros.

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4.11.8 Atraso na aprovação de novos componentes

Muitos processos para aprovação de novos itens param nas mãos dos

engenheiros de qualidade de fornecedores. A análise detalhada de todo o

desenvolvimento, dos estudos de capacidade e de toda a documentação técnica

demanda tempo, o que com um número reduzido de responsáveis tem seu fluxo

prejudicado. O envolvimento em atividades de atendimento aos problemas dos

itens de linha no dia-a-dia, demanda tempo excessivo dos engenheiros de

qualidade de fornecedores.

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5 PROPOSTAS DE MELHORIAS

A Qualidade Assegurada não pode ser apenas um sistema controlado via

SAP R/3. Qualidade Assegurada precisa ser um programa estruturado, onde os

fornecedores possam afirmar que seus produtos são fornecidos à empresa isentos

de defeitos.

Para que isso seja possível, várias ações estão sendo tomadas. Baseado

nas dificuldades relatadas neste trabalho e na estruturação do programa de

qualidade assegurada, com o objetivo de proporcionar redução dos custos da não-

qualidade, ações para melhorias foram propostas conforme tabela 01.

DIFICULDADES MELHORIAS PROPOSTAS

4.11.1 Alto custo da não-qualidade de fornecedores

5.1 Terceirização da inspeção de recebimento 5.3 Redirecionamento de mão-de-obra e treinamentos 5.4 Redirecionamento das atividades do engenheiro de qualidade

4.11.2 Inspeção de recebimento de materiais ineficiente 5.1 Terceirização da inspeção de recebimento

4.11.3 Critérios para inspeção de recebimento 5.2 Revisão dos critérios para inspeção de recebimento

4.11.4 Problemas na linha de produção 5.3 Redirecionamento de mão-de-obra e treinamentos

4.11.5 Metas de indicadores de qualidade desatualizadas

5.5 Revisão e atualização de metas dos indicadores de qualidade

4.11.6 Rejeições de lote e linha sem o devido tratamento

5.3 Redirecionamento de mão-de-obra e treinamentos

4.11.7 Falta de tempo para acompanhamento de projetos

5.4 Redirecionamento das atividades do engenheiro de qualidade

4.11.8 Atraso na aprovação de novos componentes

5.4 Redirecionamento das atividades do engenheiro de qualidade

Tabela 01 – Propostas de melhorias Fonte: Primária, 2006.

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Nesta fase do projeto foi realizada uma pesquisa aprofundada através da

coleta de dados que foram discutidos e interpretados pelo grupo de pessoas

envolvidas. Com base nessas investigações, aplicando a fase de ação, foram

definidas as propostas de ações para um programa de qualidade assegurada

visando a redução de custo.

5.1 TERCEIRIZAÇÃO DA INSPEÇÃO DE RECEBIMENTO

A inspeção de recebimento de fornecedores é um processo que não

deveria existir. Quando compramos um produto não aceitamos um produto

defeituoso ou com defeitos, sempre estamos querendo um produto isento de

problemas. Na empresa estudada esse conceito também é válido. Por mais que

possam existir problemas no processo produtivo do fornecedor, este é

responsável pela inspeção e seleção dos produtos aceitáveis a serem enviados

para o cliente, neste caso a empresa foco do estudo.

A terceirização ocorrerá em partes, primeiro atuando na unidade produtiva

de refrigeração para a família de peças plásticas. Um projeto piloto será

desenvolvido para estabelecer os padrões que serão empregados. Um espaço

físico será disponibilizado a uma empresa terceira que ficará responsável por todo

o procedimento de inspeção dos materiais recebidos. Essa empresa terceira terá

um contrato com a empresa em estudo apenas de alocação do espaço. Outro

contrato, que caberá a empresa terceirizada negociar, será com o fornecedor que

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terá seus itens inspecionados, já que todo o custo envolvido nessa atividade de

inspeção será de responsabilidade do fornecedor.

Os itens desenvolvidos pelos engenheiros de qualidade de fornecedores

pelo RDFS, depois de aprovados, passam a ser considerados Qualidade

Assegurada, já que estes passaram por um longo processo de desenvolvimento e

aprovação. Quando recebidos os lotes, estes podem ser encaminhados

diretamente para a linha de produção, sem necessidade de inspeção, salvo por

uma solicitação do fornecedor ou mesmo da empresa em estudo.

5.2 REVISÃO DOS CRITÉRIOS PARA INSPEÇÃO DE RECEBIMENTO

Os itens passam a ser monitorados através do indicador de rejeição de

linha (PPM). Caso o item ultrapasse sua meta estabelecida, o mesmo deixa de ser

considerado Qualidade Assegurada e passa a receber inspeção no recebimento

por parte da empresa terceirização, de acordo com critérios normativos.

Assim, a empresa reduz os altos custos que tem com avaliação de itens

recebidos e libera toda a mão-de-obra utilizada antes para inspecionar lotes para

um trabalho preventivo, podendo estes atuar diretamente nos fornecedores em

auditorias de processo e no auxílio à melhoria da qualidade dos produtos

fornecidos.

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5.3 REDIRECIONAMENTO DE MÃO-DE-OBRA E TREINAMENTOS

Os inspetores de qualidade de fornecedores agora não serão mais

utilizados para inspecionar material recebido. Para que estes possam

desempenhar outras funções é necessário treinamento para que possam realizar

auditorias em fornecedores. Sua importância dentro da empresa cresce, já que

estará desempenhando um papel de prevenção da qualidade. Os custos do

trabalho preventivo são menores que os custos de avaliação, o que torna a

mudança possível. Além do menor custo, o trabalho preventivo tem impacto em

longo prazo, com a melhoria da qualidade dos itens recebidos de fornecedores.

5.4 REDIRECIONAMENTO DAS ATIVIDADES DO ENGENHEIRO DE

QUALIDADE

Com mais pessoas trabalhando diretamente na casa do fornecedor, os

engenheiros de qualidade de fornecedores conseguem direcionar as atividades do

dia-a-dia para os agora auditores de fornecedores. Com isso, podem redirecionar

suas atividades exclusivamente para desenvolvimento de novos componentes e

aprovação desses itens.

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5.5 REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DE METAS DOS INDICADORES DE

QUALIDADE

As metas atualizadas são a base para o sistema SAP R/3 e o portal de

fornecedores poderem funcionar. Com base nas metas estabelecidas o R/3 envia

ao fornecedor os relatórios de não-conformidade.

Com a terceirização da inspeção de recebimento, apenas o envio dos

relatórios de não-conformidade dos lotes continuam sob a responsabilidade da

Garantia da Qualidade.

No entanto, é necessária a revisão das metas de PPM (rejeições de linha)

para que o monitoramento seja possível. Para os lotes livres de inspeção, o

monitoramento será através do indicador de PPM. Caso a meta estabelecida seja

ultrapassada ao final do mês, o item deverá ser inspecionado no recebimento. O

relatório de não-conformidade será enviado ao fornecedor e o mesmo deve

apresentar o plano de ação, que será sujeito à auditoria da empresa estudada. A

responsabilidade de verificação da implementação do plano de ação será de

responsabilidade dos novos auditores de fornecedores, antes tidos como

inspetores de recebimento.

5.6 SITUAÇÃO PROPOSTA PARA A GARANTIA DA QUALIDADE

As melhorias apresentadas neste capítulo visam facilitar e aprimorar o

processo de garantia da qualidade da empresa. No procedimento proposto, a

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inspeção de recebimento é realizada por uma empresa terceirizada e têm-se os

critérios para recebimento revistos. Com a terceirização da inspeção, a realocação

da mão-de-obra possibilita uma melhor distribuição das atividades de prevenção e

garantia da qualidade. Assim, os engenheiros de qualidade de fornecedores têm

suas atividades redirecionadas apenas para o desenvolvimento de novos itens. A

figura 13 mostra a situação da garantia da qualidade após as propostas de

melhorias.

ENGENHARIA

Especificação de materiais

Projeto de Processo

Projeto de Produto

PADRÕES

Inspeção de RecebimentoFornecedores Linha de

Produção Clientes

GARANTIA DA QUALIDADE

Relatório de

não-conformidade

Auditoria do Sistema de Controle da Qualidade dos

Fornecedores

Auditoria de Processo

Auditoria de Produto

Reclamações e reivindicações de

clientes

Necessidades dos clientes

GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA-A-DIA

CUMPRIR OS PADRÕES

Desenvolvimento e Qualidade de Fornecedores

Garantia da Qualidade

Empresa Terceirizada

Figura 13 – Situação proposta para a Garantia da Qualidade Fonte: Adaptado de Campos, 1994.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 CONCLUSÕES

Com a revisão bibliográfica foi possível constatar que o custo da não-

qualidade pode influenciar muito nos resultados da empresa. O custo da não-

qualidade tem uma ligação direta com o custo interno de processamento dos

produtos, o que pode impactar no preço final ao consumidor e diminuir a

competitividade da empresa. Por esse motivo a empresa tem o interesse em

reduzir cada vez mais custos desnecessários ao processo.

Essa etapa da pesquisa tem o objetivo de realizar a avaliação das

propostas, observar e redirecionar ações e resgatar o conhecimento produzido no

decorrer do processo.

As melhorias propostas foram resultado do trabalho de um grupo formado

pelo pesquisador e pessoas diretamente envolvidas no processo analisado. As

dificuldades apontadas pelo grupo foram apresentadas no capítulo 4, sendo

discutidas e analisadas, visando a busca de soluções para o problema em estudo.

As propostas de melhorias expostas no capítulo 5 têm como objetivo solucionar as

dificuldades do processo de qualidade assegurada. Essas melhorias foram

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desenvolvidas orientadas para a realidade da empresa, com base na revisão

bibliográfica e com o auxílio dos colaboradores da empresa.

6.1.1 Resultados alcançados

A empresa conta com diversas unidades produtivas. Para um estudo inicial,

um projeto piloto foi desenvolvido na unidade estudada, na linha de refrigeração.

Para verificar os resultados esperados com a movimentação dos inspetores

de recebimento para auditorias em fornecedores foi realizada a experiência com

uma movimentação. Neste caso, o inspetor responsável pelo recebimento de

peças plásticas foi afastado da atividade atual, treinado e teve suas atividades

direcionadas a auditorias e trabalhos preventivos diretamente na casa do

fornecedor. Os fornecedores de peças plásticas possuem itens com alto índice de

rejeição, esse motivo justifica a escolha por essa família de produtos.

O trabalho foi realizado durante dois meses e os resultados já puderam ser

vistos logo no primeiro mês da experiência. Com um trabalho orientado e focado

nos problemas identificados na empresa, a busca pela causa raiz dos problemas

na fábrica do fornecedor com o auxílio do colaborador da empresa estudada é

facilitada. O auditor da empresa conta com a experiência e conhecimento dos

defeitos que causam problemas na linha de produção e contribui para uma rápida

resposta do fornecedor às não-conformidades apontadas.

No gráfico 01 pode ser visualizada a redução no número de peças

rejeitadas na linha de produção (PPM). O trabalho foi iniciado no mês de agosto

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de 2006, onde já pode ser visualizado o início da queda do indicador neste mês e

também no mês de setembro.

PPM - Peças Plásticas

12571314 1268

812 781

1194

9681018

913845

647759 716

637 599

431329 345 330 286

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

MAI JUN JUL AGO SET

Mês

PPM

Fornecedor 1

Fornecedor 2

Fornecedor 3

Fornecedor 4

Gráfico 01 – Evolução PPM Peças Plásticas Fonte: Primária, 2006.

A redução do indicador de PPM reflete a diminuição da identificação de

peças defeituosas na linha de produção. Essa redução dos problemas possibilita

uma melhora na produtividade e reduz os custos de avaliação, retrabalho e

sucata.

O trabalho mais intenso de verificação dos problemas e prevenção de

falhas foi realizado no fornecedor 1, onde existia o maior nível de rejeição de

peças. O resultado foi a melhoria significativa da qualidade das peças entregues

pelo fornecedor 1, alcançando uma redução de quase 40% nas rejeições de peças

na linha de produção da empresa estudada.

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No curto espaço de tempo analisado, considerando os dois meses iniciais

desse trabalho, alguns resultados de redução dos custos de sucata podem ser

observados, conforme ilustra o gráfico 02.

SUCATA - Peças Plásticas

MAI JUN JUL AGO SET

Mês

Valo

r (R

$)

Fornecedor 1

Fornecedor 2

Fornecedor 3

Fornecedor 4

Gráfico 02 – Evolução Sucata Peças Plásticas Fonte: Primária, 2006.

O gráfico 02 considera os custos da peças segregadas antes da montagem

na linha de produção, bem como os custos dos produtos sucateados depois de

fabricados devido a defeitos nas peças fornecidas.

O foco na verificação e prevenção dos problemas de qualidade no

fornecedor evita que peças defeituosas sejam enviadas à empresa e com isso

reduz a incidência de problemas identificados na linha de produção.

Conseqüentemente, promove a redução dos custos de sucata.

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No gráfico 02 pode ser observada a significativa redução de custos de

sucata nos meses de agosto e setembro de 2006, na média 26% de redução.

Sendo julho o mês de referência, devido a ser o mês de início dos trabalhos, é

observado que todos os fornecedores apresentaram melhoria da qualidade de

seus produtos. A maior redução de custos foi obtida com o fornecedor 4, quase

45% , devido ao alto valor dos itens envolvidos em comparação aos demais

produtos dos outros fornecedores.

Nos gráficos 01 e 02 pode ser observado que o trabalho gera resultados

positivos para a empresa, proporcionando melhores condições de trabalho, já que

o número de peças rejeitadas passou a ser menor, e trazendo junto a redução de

custos esperada pela organização.

6.1.2 Resultados esperados

Com a terceirização da inspeção de recebimento eliminar-se-ão os custos

de avaliação de recebimento de materiais de fornecedores. A partir do momento

que uma empresa terceirizada assumir a atividade de inspecionar os materiais

recebidos, todos os custos desse procedimento serão de responsabilidade do

fornecedor.

Com a inspeção terceirizada, todos os inspetores serão transferidos para

auditorias e trabalhos preventivos nos fornecedores, a exemplo do ocorrido no

projeto piloto. Com isso, pretende-se reduzir as falhas detectadas na empresa

através de um trabalho consistente de desenvolvimento junto ao fornecedor.

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Com mais pessoas trabalhando diretamente no fornecedor com os assuntos

do dia a dia, os engenheiros de qualidade de fornecedores podem redirecionar

suas atividades, mantendo o foco unicamente em desenvolvimento dos projetos.

Fora do atendimento aos fornecedores para solução de problemas de itens de

linha, o trabalho destes engenheiros de qualidade ganha tempo para desenvolver,

de forma consistente, itens robustos que possam atender as exigências de

qualidades requeridas pela empresa estudada e pelo consumidor final. A

aprovação dos novos itens pelos engenheiros de qualidade de fornecedores

poderá ter a devida avaliação de todos os documentos exigidos, sendo aprovado

apenas quando todos os requisitos tiverem sido atendidos.

Os itens aprovados no processo de Desenvolvimento (RDFS) estão aptos a

serem fornecidos regularmente.

O programa de Qualidade Assegurada com fornecedores é um conjunto de

atividades que tem por objetivo canalizar os esforços internos e externos no

sentido de desenvolver o sistema da qualidade e conseqüentemente os produtos

dos fornecedores.

O programa envolve contínua avaliação, acompanhamento e

desenvolvimento entre a empresa e fornecedor, destacando assim os

fornecedores confiáveis e preferenciais. A empresa estudada espera que o

sistema de qualidade do fornecedor seja eficaz para que 100% dos itens

fornecidos atinjam o status de Qualidade Assegurada, reduzindo-se assim os

custos envolvidos com inspeções, falhas e avaliações desnecessárias.

A garantia de que os custos de inspeção, agora responsabilidade do

fornecedor, não serão repassados ao preço de seus produtos, vem da grande

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variedade de fornecedores de peças plásticos desenvolvidos pela empresa. Isso

possibilita a empresa mudar a participação de volume de peças de acordo com o

melhor preço apresentado pelos fornecedores. Dessa maneira, o fornecedor que

não tiver alta qualidade nos produtos e baixo custo, certamente perderá

participação e, conseqüentemente, faturamento.

6.1.3 Alcance dos objetivos

Os objetivos apresentados no capítulo 1 deste trabalho foram analisados e

as propostas de melhorias apresentadas visam o alcance desses objetivos

conforme explicitado a seguir.

• Propor terceirização da inspeção de recebimento.

A terceirização da inspeção de recebimento é uma proposta que nasceu do

trabalho de pesquisa em conjunto com as áreas envolvidas. Reuniões, discussões

e conversas com os envolvidos foram realizadas com o objetivo de encontrar uma

solução para as dificuldades encontradas para a inspeção de materiais recebidos

de fornecedores.

A terceirização surge com uma opção altamente viável, passando a

atividade para uma empresa especializada e liberando toda a mão-de-obra para

trabalhos preventivos nos fornecedores visando melhorar a qualidade dos

produtos.

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• Melhorar os critérios de lotes livres de inspeção no recebimento.

Com a terceirização da inspeção de recebimento é necessário desenvolver

critérios para a inspeção. Portanto, a análise de desempenho de qualidade será

monitorada através do indicador de rejeição de linha (PPM). Toda vez que a meta

estabelecida para o item for ultrapassada no período de um mês, o item perde o

status de qualidade assegurada e passa a receber inspeção no recebimento

conforme critérios normativos.

• Reduzir os custos de avaliação.

A redução dos custos de avaliação é uma necessidade e é alcançada

quando o desenvolvido robusto e consistente de itens apresenta resultados. Com

o desenvolvimento adequado, onde os padrões de qualidade são alcançados, a

necessidade de avaliação é reduzida. Cada vez mais teremos itens com qualidade

assegurada sendo fornecidos. O trabalho de avaliação deve ser reduzido e o foco

deve ser em trabalhos que previnam os problemas de qualidade. No trabalho

preventivo os custos são menores e os resultados muito mais consistentes. Com

pessoas dedicadas unicamente ao desenvolvimento da qualidade de novos itens,

com a terceirização da inspeção de recebimento os custos de avaliação são

reduzidos.

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• Propor direcionamento da mão-de-obra da inspeção de recebimento

para auditorias e trabalhos de prevenção da não-qualidade em

fornecedores.

Toda mão-de-obra utilizada para inspecionar lotes recebidos não será mais

necessária devido à terceirização da atividade. No entanto, a experiência destes

inspetores pode ser útil no desenvolvimento da qualidade dos fornecedores. Com

o treinamento adequado os inspetores passaram a auditores da qualidade.

Atuarão diretamente na casa do fornecedor auxiliando-o na melhoria da qualidade

dos produtos fornecidos para a empresa.

Todos esses objetivos alcançados visam atender a necessidade atual da

empresa, que é a redução de custos. As melhorias propostas buscam reduzir os

custos da não-qualidade através do programa de qualidade assegurada

apresentado.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para a melhoria contínua do programa de qualidade assegurada é

importante que este programa seja estendido para os materiais indiretos. O

volume consumido de materiais indiretos em empresas de grande porte é elevado,

e isto justifica a preocupação com a qualidade destes itens.

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A grande variedade de materiais indiretos e a dificuldade de verificação da

qualidade destes, são fatores que, hoje, impedem a aplicação deste programa

para este tipo de material.

Para que esta idéia seja possível, é necessário criar dentro da empresa

uma cultura de desenvolvimento de fornecedores e de itens de material indireto. O

acompanhamento da compra de itens deve ser estruturado de maneira similar ao

que ocorre com materiais diretos. Só assim será possível assegurar a qualidade

de fornecimento destes itens.

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