universidade de Évora · vii resumo actualmente, a legislação apenas permite utilizar a madeira...

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VI Índice Resumo………………………………………………………………………………...VII Abstract……………………………………………………………………………….VIII 1. Introdução…………………………………………………………………………….1 2. Revisão bibliográfica………………………………………………………………….3 2.1. A madeira em enologia……………………………………………………...3 2.1.1. A origem da sua utilização………………………………………...3 2.1.2. Maturação e envelhecimento de vinhos…………………………...4 2.2. Estrutura e propriedades físicas da madeira………………………………...5 2.3. Composição química da madeira……………………………………………7 2.3.1. Factores que influenciam a composição química das madeiras….11 2.3.1.1. A Queima………………………………………………12 2.3.1.2. Espécies botânicas……………………………………...15 2.4. Interesse da madeira em enologia………………………………………….19 3. Material e métodos…………………………………………………………………..21 3.1. Amostras, reagentes e padrões……………………………………………..21 3.2. Pré-preparação das amostras sólidas……………………………………….22 3.3. Extracção dos compostos da madeira……………………………………...22 3.4. Análise GC-MS…………………………………………………………….23 3.5. Identificação dos compostos voláteis……………………………………...25 3.6. Quantificação dos compostos detectados………………………………….26 3.7.Analise estatística…………………………………………………………..26 4. Resultados e discussão……………………………………………………………….27 4.1.Caracterização das aparas de madeira……………………………………...27 4.1.1. Identificação dos compostos voláteis……………………………………27 4.1.2.Quantificação dos compostos voláteis……………………………………34 4.1.2.1. Derivados dos polissacáridos…………………………………..39 4.1.2.2. Derivados da lenhina e polifenóis……………………………...41 4.1.2.3. Derivados dos lipídos…………………………………………..44 4.1.2.4. Outros…………………………………………………………..45 5. Conclusão……………………………………………………………………………48 6. Referências bibliográficas…………………………………………………………...50

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Page 1: UNIVERSIDADE DE ÉVORA · VII Resumo Actualmente, a legislação apenas permite utilizar a madeira de carvalho e de castanheiro, pelo que é imperativo estudar outras espécies, que

VI

Índice

Resumo………………………………………………………………………………...VII

Abstract……………………………………………………………………………….VIII

1. Introdução…………………………………………………………………………….1

2. Revisão bibliográfica………………………………………………………………….3

2.1. A madeira em enologia……………………………………………………...3

2.1.1. A origem da sua utilização………………………………………...3

2.1.2. Maturação e envelhecimento de vinhos…………………………...4

2.2. Estrutura e propriedades físicas da madeira………………………………...5

2.3. Composição química da madeira……………………………………………7

2.3.1. Factores que influenciam a composição química das madeiras….11

2.3.1.1. A Queima………………………………………………12

2.3.1.2. Espécies botânicas……………………………………...15

2.4. Interesse da madeira em enologia………………………………………….19

3. Material e métodos…………………………………………………………………..21

3.1. Amostras, reagentes e padrões……………………………………………..21

3.2. Pré-preparação das amostras sólidas……………………………………….22

3.3. Extracção dos compostos da madeira……………………………………...22

3.4. Análise GC-MS…………………………………………………………….23

3.5. Identificação dos compostos voláteis……………………………………...25

3.6. Quantificação dos compostos detectados………………………………….26

3.7.Analise estatística…………………………………………………………..26

4. Resultados e discussão……………………………………………………………….27

4.1.Caracterização das aparas de madeira……………………………………...27

4.1.1. Identificação dos compostos voláteis……………………………………27

4.1.2.Quantificação dos compostos voláteis……………………………………34

4.1.2.1. Derivados dos polissacáridos…………………………………..39

4.1.2.2. Derivados da lenhina e polifenóis……………………………...41

4.1.2.3. Derivados dos lipídos…………………………………………..44

4.1.2.4. Outros…………………………………………………………..45

5. Conclusão……………………………………………………………………………48

6. Referências bibliográficas…………………………………………………………...50

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VII

Resumo

Actualmente, a legislação apenas permite utilizar a madeira de carvalho e de

castanheiro, pelo que é imperativo estudar outras espécies, que foram abandonadas pela

sua falta de características para a tanoaria, mas que com o aparecimento de alternativos

poderão despertar algum interesse. Neste sentido, esta pesquisa visa estudar a

composição volátil das madeiras de carvalho, castanheiro, cerejeira e acácia, e verificar

o efeito da tosta nas mesmas.

Os compostos voláteis das madeiras foram extraídos por PLE utilizando o ASE e

os extractos foram analisados por cromatografia gasosa (GC-MS). Foram detectados e

quantificados 54 compostos, 45 dos quais foram identificados. Verificou-se que os

extractos de castanheiro seguido dos de carvalho foram os mais ricos em compostos

voláteis, e os de acácia apresentaram os menores teores destes compostos. Por ultimo,

verificou-se que a tosta afecta a composição volátil das madeiras, tanto

quantitativamente como qualitativamente. No geral esta aumenta os teores totais dos

compostos voláteis potencialmente extraíveis.

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VIII

“Volatile composition of wood chips for

enological use”

Abstract

Current legislation only allows the use of oak and chestnut woods, so it is

imperative to study other species, that in past were not used because of their lack of

characteristics for cooperage. Nowadays, used as alternatives, the interest of these

woods is becoming more relevant. Thus, this research aims to study volatile

composition of oak, chestnut, cherry and acacia woods, and the effect of toasting

process on these compounds.

The volatile compounds of wood were extracted by PLE using ASE and the

extracts were analyzed by gas chromatography coupled with mass-spectrometry (GC-

MS). We detected and quantified 54 compounds, 45 of which have been identified. It

was found that the chestnut and oak extracts were the richer in volatile compounds, and

the acacia had the lowest levels of these compounds. Finally, it was verified that the

toasting level affect the volatile composition of woods, both quantitatively and

qualitatively. In general, increasing toasting level led to an increase of total volatile

compounds potentially extractable.

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1. Introdução

Na Bíblia menciona-se pela primeira vez a videira: “Noé que era agricultor,

começou a lavrar a terra e plantou a primeira vinha. Tendo bebido do seu vinho,

embriagou-se”. As alusões que a ele se fazem, tanto no Antigo como no Novo

Testamento, são numerosas (Génes (Gn 9)).

O vinho acompanhou o Homem na sua caminhada. Perde-se nos tempos a

origem desta bebida tão apreciada na nossa época. A sua produção é mesmo anterior à

própria escrita. Ninguém sabe exactamente como é que surgiu. No entanto existem

vestígios arqueológicos de sementes de uva, de variedades usadas para a vinificação,

que datam do período de transição entre a passagem de uma cultura nómada para uma

cultura sedentária (Dominé, 2006).

Há pelo menos 2000 anos (Jackson, 2000 citado por Kozlovic et al., 2010) que

as vasilhas de madeira são usadas para o transporte e conservação de vinhos (Jordão et

al., 2006). Existem alusões ao transporte de vinho em vasilhas de madeira no ano de 41

a.c., altura em que se julga ter havido um considerável desenvolvimento da actividade

de fabrico de vasilhas. Pensa-se que as técnicas de tanoaria foram introduzidas na

Península Ibérica pelos celtas no século VI a.c. (Canas e Caldeira, 2009).

No domínio da vitivinicultura, cedo se reconheceu a influência da madeira na

qualidade dos vinhos (Ribéreau-Gayon et al., 1976; Monties, 1987; Dubois, 1989;

Moutounet et al., 1999), e este aspecto foi decisivo para a reconquista da importância e

para a evolução da actividade de tanoaria no fabrico de vasilhas destinadas inicialmente

ao transporte, e mais tarde à conservação e ao envelhecimento de vinhos (Togores,

2003).

Com o passar do tempo, e paralelamente a todo o desenvolvimento e progresso

da nossa cultura, o aparecimento e aperfeiçoamento de novas tecnologias enológicas,

fez com que a qualidade final do produto fosse cada vez mais enaltecida pelos

consumidores. É notável o crescente interesse pelo uso de madeiras, quer na sua

utilização em tonéis de fermentação e envelhecimento, quer na forma de alternativos

como as aparas, aduelas e dominós.

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No que respeita ao envelhecimento de vinhos, os trabalhos realizados nas

últimas décadas têm confirmado o papel determinante da madeira utilizada nas

características sensoriais das bebidas envelhecidas (Jaarsveld et al., 2008 a e b). Os

mesmos estudos têm evidenciado, para além da enorme variabilidade anatómico-

estrutural e química das madeiras, uma importante influência de outros factores tais

como a espécie botânica e a origem geográfica, assim como das operações de tanoaria

(secagem e tratamentos térmicos) nas características físico-químicas da madeira, o que

tem revelado importantes repercussões na qualidade das bebidas alcoólicas envelhecidas

(Natali et al., 2006).

A investigação científica tem sido centrada, fundamentalmente, nas espécies de

carvalho provenientes de França (Q. robur e Q. sessiliflora) e dos Estados-Unidos (Q.

alba), existindo um menor conhecimento relativo às madeiras de outras proveniências

ou a madeiras de outras espécies. Embora existam indicações antigas sobre a utilização

de outras madeiras, como é o caso da acácia, da cerejeira e do castanheiro, os estudos

sobre estas têm sido bastante limitados ou mesmo inexistentes. Contudo, ultimamente

têm surgido alguns estudos que procuram avaliar a composição e propriedades

enológicas das madeiras de castanheiro, tendo mesmo alguns ensaios mostrado que esta

pode ser uma boa alternativa às madeiras de carvalho (Belchior et al., 2001; Caldeira et

al., 2005; Caldeira et al., 2006; Flamini et al., 2007; De Rosso et al., 2008; De Rosso et

al., 2009; De Simóm et al., 2009b).

Actualmente, a utilização de fragmentos de madeira de carvalho e de castanheiro

na elaboração de vinhos foi regulamentada em 2005 pela Organisation Internationale de

la Vinge et du Vin (OIV) através da Resolution Oeno 3/2005, a qual foi posteriormente

transposta para a regulamentação comunitária pelo regulamento (CE) nº1507/2006.

Assim, torna-se imperativo, estudar outras espécies botânicas que apenas foram

abandonadas pela sua falta de características adequadas para a tanoaria, mas que na

forma de alternativos poderão vir a tornar-se importantes no envelhecimento de vinhos

uma vez que possibilitariam a obtenção de vinhos com características diferenciadas.

Assim, o objectivo principal deste trabalho é a determinação da composição

volátil de diversas espécies botânicas, tais como o Carvalho Nacional, a Cerejeira, a

Acácia e o Castanheiro Nacional, sob a forma de aparas sujeitas a um grau de tosta

médio e sem tosta, com o intuito de avaliar o seu potencial interesse para fins

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enológicos. É de salientar que, embora a madeira de carvalho tenha sido extensivamente

estudada, este trabalho contemplará o estudo da sua composição volátil uma vez que se

pretende efectuar neste trabalho um estudo comparativo da constituição volátil de

diversas espécies botânicas.

2. Revisão Bibliográfica

2.1. A Madeira em Enologia

2.1.1.A origem da sua utilização

A origem do envelhecimento dos vinhos coincide com a necessidade do seu

transporte desde as zonas de produção até aos pontos de consumo. O primeiro

testemunho que corrobora este facto encontra-se no III milénio a.c., na Mesopotâmia

onde não existiam vinhas, e o vinho como produto de luxo importava-se das

“montanhas”, isto é da zona norte-noroeste: Siria e Arménia (Togores, 2003).

O vinho viajava das zonas de produção até ao sul em ânforas de barro cozido de

aproximadamente 10 litros de capacidade sendo transportado mediante caravanas ou por

via fluvial. Ao longo de toda a história houve uma notável evolução destes recipientes,

contudo eram bastante frágeis, uma vez que estavam sujeitos a grandes e atribuladas

viagens ao longo do seu transporte, pelo que, foram introduzidos recipientes fabricados

em couro curtido e impermeabilizado com resinas de grande ductilidade e resistência ao

transporte. Contudo, estas matérias conferiam ao vinho aromas e sabores desagradáveis

que empobreciam as suas características organolépticas (Johnson e Piereck, 2009).

Nos países do norte, os depósitos de grande volume onde se elaboravam e

armazenavam os vinhos, eram construídos em madeira, visto tratar-se de um material

abundante na região e que podia ser trabalhado com relativa facilidade (McGovern et

al., 1996).

Após a queda do Império Romano e, passados muitos anos, surge novamente o

apreço e gosto pelo vinho. O seu transporte continuou a ser feito em recipientes de

madeira, sobretudo em vasilhas de carvalho, devido à disponibilidade desta espécie

botânica nas regiões produtoras de vinho, aliada ao facto de apresentar uma baixa

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permeabilidade, elevada dureza e resistência. Para além do carvalho eram também

utilizadas madeiras de cerejeira e castanheiro no fabrico dos recipientes (Togores,

2003). Assim, inevitavelmente, durante o transporte/armazenamento os vinhos

permaneciam em contacto com a madeira durante períodos de tempo relativamente

longos estando sujeitos a processos de oxidação (Johnson e Piereck, 2009). Com o

passar do tempo, os consumidores foram-se acostumando aos vinhos transportados

nestas condições uma vez que estes adquiriam propriedades organolépticas

diferenciadas.

Actualmente os vinhos que são sujeitos ao contacto mais ou menos prolongado

com madeira, nas diversas técnicas enológicas, são cotados de uma qualidade superior,

ao aportarem características únicas, tanto ao nível do aroma como do sabor. Hoje em

dia, a madeira é quase vista como mais um “ingrediente” a adicionar durante o processo

de produção do vinho. A madeira poderá, então, ter-se tornado uma “moda” (Belchior

et al., 2001), que já mudou o perfil dos vinhos e até o gosto dos consumidores.

2.1.2. Maturação e envelhecimento de vinhos

Durante o processo de envelhecimento em madeira, o vinho sofre uma série de

transformações profundas que originam importantes modificações na vivacidade e

intensidade da cor, na sua estrutura e adstringência, e ainda na sua composição volátil.

Para além das modificações ao nível das características sensoriais, o envelhecimento

confere limpidez e estabilidade ao vinho (Garde-Cerdám e Ancín-Azpilicueta, 2006).

Ao envelhecerem, os vinhos tintos sofrem primeiramente alterações na sua cor,

esta perde intensidade e vivacidade, a coloração púrpura ou violácea passa

progressivamente para um vermelho menos profundo, cada vez mais alaranjado, diz-se

portanto que o vinho adquire cor de vermelho tijolo ou telha. Durante este processo, o

bouquet intensifica-se e o gosto modifica-se, aumentando a sensação de volume e

diminuindo a adstringência. O aroma do vinho novo altera-se e o bouquet torna-se mais

intenso, fino e agradável (Peynaud, 1993).

O desenvolvimento do bouquet depende da presença de substâncias

particularmente volátil, da diminuição do potencial redox, que se prolonga depois do

desaparecimento do oxigénio. O potencial limite de oxidação-redução alcançado deriva

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da natureza do vinho e da estanquicidade do recipiente de conservação, assim como da

sua temperatura (Benavent e Cano, 2003).

Nos vinhos brancos, a coloração escurece, passando de amarelo pálido para tons

dourados. Os aromas primários, isto é, varietais e frescos perdem-se e as características

organolépticas modificam-se consideravelmente (Peynaud, 1993).

De um modo geral, as transformações globais que se produzem durante a

maturação e envelhecimento do vinho podem ser decompostas num certo número de

fenómenos, tais como: entrada de oxigénio pelos poros da madeira (Mosedale e Puech,

1998); modificações nos compostos polifenólicos, nomeadamente, reacções de

polimerização de antocianas e taninos, degradação de antocianas, desaparecimento de

taninos pouco condensados e formação de outros de elevado peso molecular; melhoria

organoléptica devido a modificações do aroma por evolução dos aromas primários e

secundários, e aporte de compostos voláteis e polissacáridos provenientes da madeira;

possível aumento da acidez volátil pelo ácido acético existente na madeira; e ainda a

estabilização do vinho por precipitação de matéria coloidal, proteínas, sais tartáricos e

matéria corante entre outros (Benavent e Cano, 2003).

Durante a maturação em madeira é notório o aporte de compostos fenólicos,

aromáticos e polissacáridos provenientes da madeira. A extracção destes compostos é

superior quanto mais nova é a barrica (madeira) e maioritariamente durante os primeiros

meses de contacto desta com o vinho. Estes compostos contribuem para a estabilidade e

complexidade do aroma (Benavent e Cano, 2003; Jordão et al., 2006).

2.2. Estrutura e propriedades físicas da madeira

Genericamente, a madeira é um material heterogéneo, anisótropo e higroscópico

proveniente do tronco, ramos e raízes das árvores. Uma secção transversal de um tronco

ou dos ramos, ilustrada na figura 1, apresenta da periferia para o interior uma série de

zonas perfeitamente diferenciadas, das quais se destacam as seguintes estruturas: a casca

exterior ou suber (E) que constitui a casca morta ou ritidoma e protege a madeira das

condições adversas do clima, assim como das agressões mecânicas (Togores, 2003); a

casca interior ou tecido vivo (D), que realiza funções condutoras da seiva elaborada

desde as folhas até às restantes partes da planta, também conhecida como liber ou

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floema (Citron, 2005); o lenho ou xilema (C), tecido secundário, constituinte

fundamental das árvores, formado por células arquitectonicamente organizadas e

harmonizadas, de modo a desempenharem as funções vitais de transporte, suporte e

reserva (Citron, 2005); e ainda a medula (A), que se localiza no centro e é formada por

tecido parenquimatoso primário,

originário do primeiro ano de

crescimento da árvore (Togores,

2003).

Entre as camadas E e D,

encontra-se o câmbio suberoso ou

felogene, que ocasiona o crescimento

em espessura da madeira, produzindo

a casca para o exterior e a madeira

para o interior do tronco, sendo

unicamente activa quando as

condições climáticas são favoráveis, o

que acontece na primavera e no verão nas zonas temperadas. O câmbio libero-lenhoso

ou câmbio vascular, isto é, o meristema secundário que garante o engrossamento do

tronco, diferenciando xilema para o interior e floema para o exterior, localiza-se entre as

camadas D e C (Togores, 2003).

Para além das estruturas acima enumeradas, existem outros elementos

anatómicos numa secção de tronco, nomeadamente os anéis de crescimento situados de

forma concêntrica, os raios lenhosos dispostos no sentido radial e os possíveis módulos

de madeira (Togores, 2003).

O lenho é constituído por anéis de crescimento, que resultam da actividade

sazonal do câmbio, e cujo número é indicador da idade da madeira. Sendo as espécies

usadas em tanoaria cultivadas em zonas temperadas, em cada anel de crescimento é

possível distinguir duas camadas: uma correspondente à formação de Primavera e outra

à de final de Verão ou Outono (Citron, 2005). A madeira de verão é mais resistente,

pelo que é menos permeável que a da primavera, sendo portanto a madeira mais pesada

e menos porosa quando o ano de crescimento é longo. Contudo, a madeira também será

menos aromática e com maior riqueza de extractos e polifenóis (Togores, 2003).

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Nas árvores adultas, a zona mais periférica do lenho é constituída por vários

anéis de crescimento, fisiologicamente activos, conduzindo a seiva bruta ascendente, e é

designada por borne ou alburno (C). A partir de certa idade começa a ser possível

distinguir o cerne, durame ou coração (B), localizado mais interiormente e, que

corresponde, ao cilindro de xilema fisiologicamente inactivo (Citron, 2005).

A formação do durame resulta do fenómeno de duramização que se traduz num

conjunto de lentas e progressivas modificações anatómicas, físicas e químicas ocorridas

nas camadas mais antigas, as mais interiores, do borne (Togores, 2003).

Do ponto de vista tecnológico, as alterações associadas à duramização são de

importância capital, visto que se encontram na origem das propriedades físicas e

mecânicas, e ainda de características químicas directamente envolvidas na aptidão da

madeira para tanoaria, nomeadamente, bom isolamento térmico, fácil fendimento,

suficiente dureza e durabilidade, boa flexibilidade, porosidade ligeira e composição

química adequada (Keller, 1987; Feuillat e Keller, 1997). Deste modo pode afirmar-se

que o durame ou cerne é por excelência a madeira mais indicada para o uso em tanoaria.

Quanto aos aspectos estruturais, as madeiras costumam classificar-se quanto ao

grão, em madeiras de grão grosseiro, médio e fino. Isto é, a madeira considera-se como

tendo grão fino quanto menor for o diâmetro dos vasos, no caso das folhosas (Citron,

2005).

Face ao exposto, é necessário ter presente que existe uma grande variabilidade

associada à madeira. Para além da variabilidade entre espécies diferentes, existe ainda

uma grande variabilidade entre os indivíduos da mesma espécie, o que se reflecte

significativamente ao nível da composição química da madeira pelo que, este aspecto,

será abordado em seguida neste trabalho.

2.3. Composição química da madeira

A composição química da madeira não pode ser definida com precisão para uma

determinada espécie de árvore ou, até mesmo, para uma mesma árvore. Esta varia com a

parte da árvore (raiz, caule, ou ramo), tipo de madeira, localização geográfica, clima, e

condições do solo (Sarni et al., 1990). A compilação de vários dados analíticos obtidos,

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ao longo dos anos, por diversos laboratórios que se dedicam a esta área de investigação

têm permitido estabelecer valores médios para a composição química de diversos tipos

de madeira.

Na figura 2 apresenta-se um esquema da composição química da madeira que é

usada em tanoaria.

Figura 2 - Composição química da madeira, adaptado de Mosedale et al., (1998).

As madeiras possuem dois principais componentes químicos: a lenhina (18-

35%) e os hidratos de carbono (65-75%), ambos são materiais poliméricos complexos.

Também se encontram presentes na madeira (geralmente 4-10%), pequenas quantidades

de outros materiais, principalmente na forma de extraíveis orgânicos e minerais

inorgânicos (cinzas) (Jaarsveld et al., 2008a; Alañón et al., 2010). No geral, a madeira

tem uma composição elementar de cerca de 50% de carbono, 6% de hidrogénio, 44% de

oxigénio, e vestígios de diversos iões metálicos (Pettersen, 1984).

Os compostos de massa molecular elevada são fundamentalmente constituídos

por polissacarídeos (são hidratos de carbono que, por hidrólise, originam uma grande

quantidade de monossacarídeos), tais como a celulose e as hemiceluloses, a lenhina

(Jaarsveld et al., 2008a) e ainda por outros polímeros quantitativamente pouco

importantes, como é o caso das proteínas (Pettersen, 1984).

A celulose representa cerca de 45% do peso seco da madeira e é o principal

componente da parede celular das madeiras. Em termos químicos, a celulose é um

polímero homogéneo e linear, cuja unidade base é um dímero de glucose (Pettersen,

1984; Haluk e Irmouli, 1997). A celulose apresenta uma estrutura com zonas cristalinas

e zonas amorfas, formando microfibras rígidas, em virtude de se formarem ligações, por

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pontes de hidrogénio, dentro da mesma cadeia ou entre cadeias diferentes (Biermann,

1987). O número de unidades de açúcar existentes numa cadeia molecular é referido

como o grau de polimerização, o qual pode ser muito variável (Garde-Cerdán e Ancín-

Azpilicueta, 2006).

As hemiceluloses representam cerca de 20-30% da matéria seca, são misturas de

polissacarídeos de composição heterogénea, e de estruturas mais ou menos ramificadas,

que fazem parte da estrutura das paredes celulares da madeira (Pettersen, 1984; Haluk e

Irmouli, 1997). Estes compostos são sintetizados na madeira quase que inteiramente a

partir da glucose, manose, galactose, xilose, arabinose, e resíduos de ácido

galacturónico (Mosedale e Puech, 1998). Geralmente, as hemiceluloses apresentam um

peso molecular muito menor que a celulose, estão intimamente associadas com esta, e

parecem contribuir para a componente estrutural da planta (Jaarsveld et al., 2008a). Por

vezes as hemiceluloses estão presentes de forma anormal, em grandes quantidades

quando a planta está sob stress, por exemplo, a madeira de compressão tem um teor de

galactose superior ao normal, assim como um maior teor de lenhina (Pettersen, 1984).

Os resíduos de xilose contêm frequentemente o grupo acetilo, o qual é

facilmente hidrolisado, originando ácido acético, o que explica a natureza ligeiramente

ácida da madeira do cerne (Fengel e Wegener, 1989). Uma percentagem mais pequena

das hemiceluloses é constituída por glucomananas (Fengel e Wegener, 1989; Haluk e

Irmouli, 1997).

A lenhina é uma substância fenólica constituída por uma série irregular de

diversas ligações hidroxi- e metoxi- substituídos por unidades fenilpropano. O tipo de

lenhinas é variável entre os vários tipos de plantas, sendo a lenhina de carvalho, tal

como as de outras angiospérmicas, constituída principalmente por unidades siringilo e

guaiacilo e, em menor proporção, por unidades fenilo, unidades estas derivadas dos

álcoois p-cumarílico, coniferílico, e sinapílico, considerados os precursores da

biossíntese das lenhinas nas plantas (Pettersen, 1984). Morfologicamente, trata-se de

uma substância termoplástica, amorfa e isotrópica, que interpenetra as fibras de

celulose. Trabalhos realizados nas duas últimas décadas (Monties, 1987; Haluk e

Irmouli, 1997), apontam para a existência de diversos tipos de lenhina na madeira de

carvalho, em função da solubilidade específica: lenhinas extraíveis e lenhinas insolúveis

ou lenhinas de Klason (Canas e Caldeira, 2009).

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Os compostos extraíveis representam cerca de 10 % da composição da matéria

seca e apresentam uma grande influência nas propriedades e qualidades tecnológicas da

madeira. Estes compostos podem ser derivados dos biopolímeros de massa molecular

elevada ou ser depostos pela seiva, sem participar na estrutura da parede celular

(Pettersen, 1984).

As três principais classes de polímeros (celulose, hemicelulose e lignina) são

insolúveis e não afectam directamente o sabor transmitido aos vinhos. A sua degradação

e as mudanças de composição resultantes da aplicação de calor durante os tratamentos

térmicos a que a madeira é sujeita, originam a degradação destes polímeros e a

formação de diferentes compostos de baixo peso molecular (Litchev, 1989; Pocock et

al., 1994; Conner et al., 1999; Pérez-Coello et al., 1999; Puech et al., 1999 citados por

Jaarsveld et al., 2008a), que podem passar para os vinhos conferindo-lhes sabores e

aromas característicos.

O extenso conjunto de compostos orgânicos da madeira integra ainda ácidos

gordos, álcoois, glúcidos, compostos terpénicos, norisoprenóides, carotenóides,

esteróides e lactonas (Benavent e Cano, 2003). Para além destes, os compostos

fenólicos representam uma importante classe de compostos pois influenciam, de forma

muito significativa, algumas das propriedades mais importantes da madeira que

condicionam a sua apetência para a tanoaria, bem como as características organolépticas

e físico-químicas dos produtos que contactam com a madeira. Alguns investigadores

relataram que a fracção fenólica pode afectar a composição e a volatilidade de alguns

compostos aromáticos (Dufour e Bayonove, 1999; Escalona et al., 2002 citados por

Jordão et al., 2008).

De um modo geral é possível afirmar que os compostos voláteis encontrados em

madeiras de carvalho por diferentes autores variam de acordo com o método de

extracção, o solvente utilizado e o método analítico.

Na bibliografia encontram-se descritos, como os principais constituintes das

madeiras, as seguintes classes de compostos voláteis: fenóis voláteis, tais como o

guaiacol e o eugenol (Pérez-Coelho et al., 1998; Cadahía et al., 2003; Jordão et al.,

2006; Jaarsveld et al., 2008a; De Rosso et al., 2009; Kozlovic et al., 2010); aldeídos

fenólicos, nomeadamente, a vanilina e o siringaldeído (Pérez-Coelho et al., 1998;

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Jordão et al., 2006; Jaarsveld et al., 2008a; De Rosso et al., 2009; Kozlovic et al.,

2010); wiskhy lactonas, fundamentalmente os isómeros cis e trans de -β-metil-γ-

octalactona (Jaarsveld et al., 2008a; De Simóm et al., 2009a) assim como os aldeídos

furânicos (furfural e seus derivados) (Jordão et al., 2006; Natali et al., 2006; Jaarsveld

et al., 2008a; De Simóm et al., 2009a).

Dos compostos acima enumerados, apenas alguns deles estão originalmente

presentes na madeira em quantidades significativas, nomeadamente o eugenol (Cadahía

et al., 2007 citado por De Simóm et al., 2009b), e alguns aldeídos fenólicos, tais como a

vanilina (Pérez-Coelho et al., 1998; Jordão et al., 2006; Jaarsveld et al., 2008a), a

maioria destes compostos são intensificados durante o processamento da madeira,

especialmente no processo de queima (Masson et al., 1995; De Simón et al., 1996;

Mosedal e Puech, 1998; Doussot et al., 2002; Jordão et al., 2006; Jaarsveld et al.,

2008a).

2.3.1. Factores que influenciam a composição química das madeiras

A madeira apresenta uma composição muito variável, do ponto de vista

quantitativo e qualitativo, dependendo esta da origem geográfica, da espécie botânica

(variabilidade interespecífica), da árvore, da idade da madeira, clima e solo

(variabilidade intraespecífica) (Garde-Cerdán et al., 2006; Prida e Puech, 2006; De

Rosso et al., 2009; Koussissi et al., 2009). O conhecimento dos factores que controlam

a expressão de tal variabilidade é fundamental para os técnicos de tanoaria, enologia,

entre outros, por forma, a optimizar a exploração da madeira e tornar possível a previsão

dos seus efeitos no envelhecimento dos vinhos (Pérez-Coelho et al., 1998; Jordão et al.,

2006; Natali et al., 2006; Vichi et al., 2007; Koussissi et al., 2009).

Para além dos factores anteriormente citados, a composição da madeira é

bastante volúvel, variando de acordo com as técnicas de tanoaria, particularmente pelo

tipo de secagem (natural ou artificial) (Jaarsveld et al., 2008c; e Sefton, Francis,

Pocock, e Williams, 1993 citados por Kozlovic et al., 2010) e do grau de tosta

(Jaarsveld et al., 2008c, e Chatonnet, Boidron, e Pons, 1989, Hale et al, 1999 citados

por Kozlovic et al., 2010).

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No caso específico da tecnologia de fabrico de barricas, após a obtenção das

aduelas, estas estão fortemente hidratadas (40-60% de humidade relativa), pelo que é

necessário proceder à sua secagem (Taransaud, 1976). Durante a secagem, a madeira

sofre enormes variações nas características químicas, físicas e mecânicas, onde também

poderão ainda intervir aspectos biológicos, tratando-se portanto de um processo

complexo de maturação (Garde-Cerdán et al., 2006).

O tratamento térmico, para além da simples necessidade da vergatura das

aduelas, provoca alterações da estrutura e da composição química das madeiras, e por

consequência da composição química dos vinhos (Pérez-Coelho et al., 1998; Vichi et

al., 2007; Canas e Caldeira, 2009).

Estas modificações, qualitativas e quantitativas, dependem da intensidade e da

duração da “queima” realizada. O tratamento térmico tradicional é constituído por um

período inicial de vergatura, recorrendo-se a uma fogueira de lenha de carvalho, com

humedecimentos superficiais no interior e no exterior, seguido de um segundo período,

a queima, com tempo e temperatura variável em função do nível ou grau desejado

(Garde-Cerdán et al., 2006).

Neste trabalho, as aparas de madeira em estudo, pertencem a quatro espécies

botânicas diferentes e apresentam dois níveis de tosta (não tostado e tosta média). Sendo

a espécie botânica e o nível de queima, dois dos mais importantes factores que

condicionam a composição química das madeiras dedicar-lhes-ei particular atenção

neste trabalho.

2.3.1.1. Queima

Uma prática comum usada em tanoaria e, considerada como o passo tecnológico

mais importante, é o processo de queima da madeira, como ilustrado na figura 3. No

caso das aparas, a queima é efectuada em “torradores” mas o efeito da temperatura é

considerado idêntico.

Em todo este procedimento, o aumento da temperatura provoca uma alteração na

estrutura física, que é crucial para facilitar a criação das aduelas (Alañón et al., 2010).

No entanto, o aspecto mais marcante é a modificação da composição química da

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madeira, originada pela degradação térmica dos polímeros que a constituem. (Kozlovic

et al., 2010).

Devido à alta temperatura atingida durante o processo de tosta, as ligações

químicas entre os polímeros são quebradas e a hemicelulose e a lenhina, em particular,

são degradadas uma vez que são menos estruturadas do que a celulose (Jordão et al.,

2006). A sua degradação dá origem a um grande número de novos compostos que

desempenham um papel importantíssimo no desenvolvimento do aroma do vinho

(Koussissi et al., 2009).

Figura 3 - Processo de queima da madeira (Fonte: trefethenfamilyvineyards).

A variabilidade de temperatura durante a tosta é alta, devido à variação na

intensidade do fogo e do movimento de convecção do ar. A consequência é que, apesar

de as madeiras serem descritas como tendo o mesmo nível de tosta, isso não é

totalmente correcto uma vez que pode haver variações consideravelmente elevadas.

Consequentemente, não existe uma definição universal de níveis de tosta, quer sejam

físicos ou químicos (Matricardi e Waterhouse, 1999 citados por Jaarsveld et al., 2008c).

Na bibliografia não se encontram referidos valores de temperaturas e tempos de

queima específicos para cada nível de tosta. Este binómio tempo-temperatura, a que as

madeiras são sujeitas, é bastante variável originando, portanto, variações significativas

na quantidade de compostos extraíveis das madeiras.

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O grau de tosta aplicado nas madeiras afecta fortemente o corpo, sabor e aroma

das bebidas envelhecidas. Concretamente, uma forte intensidade de tosta pode conduzir

ao aparecimento de notas “queimadas”, as quais são consideradas como desagradáveis

para os consumidores (Vichi et al., 2007). Deste modo, a monitorização das variações

(incremento/diminuição) na concentração de certos compostos voláteis, tais como o

furfural, a vanilina e o guaiacol, tem sido utilizada para determinar e controlar o grau de

tosta das madeiras (Chatonnet, 1999).

De um modo geral, o aumento do grau de tosta provoca uma diminuição dos

aromas de coco, sendo ainda notório o incremento das notas de “torrado”, de especiarias

e de fumo. As notas de baunilha também se intensificam com o incremento do grau de

tosta, mas diminuem quando se atinge um grau de tosta demasiado elevado (Marín,

2005).

A queima afecta profundamente a quantidade e a qualidade dos compostos

voláteis potencialmente extraíveis da madeira (Natali et al., 2006). Em particular, a

degradação dos lipídos gera cis e trans wiskhy lactonas, os quais são caracterizados por

possuírem um carácter lenhoso e de coco (McCafferty et al., 1999 citados por Natali et

al., 2006). No entanto, as suas concentrações aumentam consideravelmente durante a

secagem da madeira e a sua formação também pode ocorrer durante o processo de

queima através da desidratação dos lipídos precursores de 2-metil-3-(3,4-dihidroxi-5-

metoxibenzo)-ácido octanóico presente na madeira de carvalho (Cerdán et al., 2002

citados por Jaarsveld et al., 2008a). O precursor de whisky lactonas não é estável e a

hidrólise destes compostos durante a secagem natural da madeira origina o isómero cis,

que é quatro vezes mais odorífero que a forma trans (Chatonnet, 1999).

Segundo Alañon et al., (2010), durante o processo de tosta, a degradação térmica

dos hidratos de carbono, da celulose e da hemicelulose produz hexoses, pentoses e

polissacarídeos de cadeia curta. Trabalhos anteriores estudaram os compostos voláteis

derivados de hidratos de carbono tais como o furfural, o 5-metilfurfural, o 5-

hidroximetilfurfural (5-HMF) e o álcool furfurílico (Nishimura et al., 1983; Chatonnet e

Dubourdieu, 1998).

Durante o processo de queima, outras substâncias voláteis, também são

formadas como resultado da interacção entre os açúcares e aminoácidos, conhecida

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como reacção de Maillard. Estes incluem, 2-hidroxi-3-metil-2-ciclopenteno-1-ona

(cicloteno), 3-hidroxi-2-metil-4H-pirano-4-ona (maltol), 2,3-dihidro-3, 5-diidroxi -6-

metil-4H-pirano-4-ona (DDMP), 4-hidroxi-2,5-dimetil-3(2H)-furanona (furaneol) e 2,3-

dihidro-5-hidroxi-6-metil-4H-pirano-4-ona (dihidromaltol) (Cutzach et al., 1997 e

Chatonnet e Henry, 1997 citados por Alañon et al., 2010). Além destes compostos, o 2-

furaldeído e os seus derivados (5-metoxi-2-furaldeído e 5-metil-2-furaldeído), também

têm sido descritos como produtos da degradação de açúcares durante o processo de

queima das madeiras (Alañon et al., 2010).

A termodegradação das lenhinas conduz ao aparecimento de vários fenóis

voláteis, que derivam das unidades guaiacilo e siringilo. Para além destes, a degradação

térmica da lenhina origina fenilcetonas, aldeídos e ácidos fenólicos que contribuem para

o aroma com notas de fumo e baunilha, respectivamente (Natali et al., 2006; Vichi et

al., 2007). Acompanhando a evolução da temperatura, observam-se diferentes

evoluções destes compostos. Assim, numa primeira fase, até aos 120ºC, verifica-se a

formação de aldeídos, enquanto que, a presença de ácidos foi observada a temperaturas

superiores a 160ºC. Numa segunda fase, em função da temperatura e do tempo, observa-

se uma descida progressiva destes compostos. Estes dados traduzem o fenómeno de

formação e posterior termólise dos aldeídos e dos ácidos (Maga, 1985).

2.3.1.2. Espécies botânicas

As árvores produtoras de madeira com interesse para a tanoaria pertencem à

Divisão Angiospermae, Classe Dicotyledones, Ordem Fagales e Família Fagaceae,

sendo vulgarmente designadas por folhosas (Canas e Caldeira, 2009).

A madeira tem sido usada desde longa data para o envelhecimento de várias

bebidas alcoólicas, sendo a madeira de carvalho a mais utilizada no envelhecimento de

aguardentes e vinhos.

Os carvalhos enquadram-se no Género Quercus, representado por mais de 250

espécies de árvores que crescem na sua maioria nas regiões temperadas, tropicais e

subtropicais do hemisfério Norte (Benavente e cano, 2003). As espécies de carvalho

distribuem-se por quatro subgéneros: Sclerophyllodrys, Cerris, Quercus e

Erytrobalanus, contudo as espécies utilizadas em tanoaria pertençam apenas ao

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Subgénero Quercus: Q. robur L., Q. pyrenaica Willd., Q. faginea Lam., Q. sessiliflora

Salisb., Q. bicolor Willd., Q. stellata Wangenh., Q. lyrata Walt., e Q. alba L (Hidalgo,

2003).

De todas as espécies, as mais utilizadas para o fabrico de barricas e tonéis

surgem na Europa, nomeadamente as espécies Q. sessiliflora e, sobretudo, Q. robur,

que ocupam a maior área e constituem a mais importante fonte de madeira para tanoaria

(Canas et al., 1998; Benavent e Cano, 2003; Garde-Cerdán et al., 2006; Clímaco, 2008).

Actualmente, em Portugal existem apenas quatro espécies de carvalho com

interesse para tanoaria, que obedecem à seguinte distribuição (Carvalho, 1997, Paiva,

2001 citados por Jordão et al., 2006): a noroeste predomina o carvalho roble ou

alvarinho (Q. robur L.); a nordeste, em zonas mais continentais, domina o carvalho

negral ou pardo (Q. pyrenaica Willd.) (Jordão et al., 2006); no centro (Beiras e Trás-os-

Montes) predomina o pedamarro (Q. faginea Lam. Subsp. faginea), espécie endémica

da Península Ibérica; da Beira Litoral ao Algarve sobressai o carvalho cerquinho ou

português (Q. faginea Lam. Subsp. broteroi (Cout.) Samp.) (Canas e Caldeira, 2009).

A variabilidade entre as espécies de carvalho, e inclusivamente dentro de cada

uma delas, manifesta-se nos aspectos anatómicos, mecânicos, físicos e químicos, e

aporta efeitos diferentes durante o envelhecimento dos vinhos, de acordo com as

distintas propriedades da madeira utilizada.

A madeira de carvalho tem uma série de características que a torna ideal para o

uso enológico, são de destacar as suas boas propriedades mecânicas, indispensáveis para

a resistência das barricas e tonéis (Canas et al., 1999). A facilidade de corte por

fendilhamento e a aptidão que possuem para ser moldadas e dobradas de modo a dar

forma às barricas, constituem algumas das características mais relevantes. O facto de

serem bons isolantes térmicos permite que as temperaturas se mantenham baixas no

interior das barricas. Esta espécie possui uma ligeira porosidade favorável às

microoxidações e fenómenos físico-químicos que intervêm no envelhecimento dos

vinhos, embora insuficiente para permitir perdas de líquido (Togores, 2003). Por último,

confere aos líquidos com que está em contacto uma coloração e aromas particulares

devido às substâncias extraídas, fundamentalmente, os aldeídos fenólicos do tipo

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benzóico (vanilina e siringaldeído) e, em pequenas quantidades, do tipo cinâmico

(coniferaldeído) (Togores, 2003; De Simón et al., 2009b).

Segundo vários autores, a madeira de carvalho é o material utilizado por

excelência para o fabrico de recipientes de madeira capazes de conter líquidos, neste

caso particular o vinho. No entanto, para além do carvalho, na bibliografia encontra-se

descrita a utilização de madeiras provenientes de variadas espécies, tais como: a acácia

(De Simón et al., 2009b; De Rosso et al., 2009; Kozlovic et al., 2010), o castanheiro, a

cerejeira (De Simón et al., 2009b; De Rosso et al., 2009), amoreira (De Simón et al.,

2009b) a faia, o freixo, a bétula, o álamo, o pinheiro e o abeto (Togores, 2003), entre

outras.

No passado, o castanheiro (Castanea sativa) foi amplamente utilizado na região

do Mediterrâneo devido à elevada disponibilidade e baixo custo. Esta madeira é

caracterizada por maior porosidade do que o carvalho (De Rosso et al., 2009), hoje em

dia caiu quase em desuso (Canas et al., 1999). O castanheiro pertence ao Género

Castanea e à espécie Castanea sativa Mill., que se desenvolve nas regiões temperadas

do hemisfério norte e que é única na Europa (Berrocal del Brio et al., 1998 citados por

Canas e Caldeira, 2009).

Um estudo recente, realizado na Estação Vitivinícola Nacional, por Canas et al.,

(2009), evidenciou o interesse do castanheiro, como madeira a utilizar no

envelhecimento, realçando a aceleração que induz no envelhecimento, devido

fundamentalmente às suas características químicas.

A β-metil-γ-octolactonas é frequentemente citada na literatura científica como

sendo um composto marcador do envelhecimento em madeira de carvalho pelo aroma a

coco (Günther e Mosandl, 1986). Em contrapartida, a presença deste composto na

madeira de castanheiro é praticamente nula (Clímaco, 1987). Assim, a utilização do

castanheiro para o envelhecimento de vinhos pode ser interessante do ponto de vista

enológico pois permitiria a obtenção de vinhos com características organolépticas

diferenciadas envolvendo custos mais reduzidos, uma vez que este tipo de madeira

apresenta um custo inferior ao do carvalho.

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Segundo Canas et al., (1999), os compostos de baixo peso molecular extraíveis,

tais como os ácidos vanílico e siríngico, presentes na madeira de carvalho, foram

também identificados em madeira de castanheiro (De Simon et al., 1996). Os aldeídos

fenólicos, vanilina, siringaldeído, e sinapaldeído à excepção do coniferaldeído,

presentes na madeira de carvalho, também foram identificados nas madeiras de

castanheiro.

A cerejeira (Prunus avium) é o nome dado a várias espécies de árvores

originárias da Ásia, algumas frutíferas, outras produtoras de madeira nobre. Estas

árvores classificam-se no sub-gênero Cerasus incluído no gênero Prunus (Rosaceae).

Esta é caracterizada pela alta porosidade e permeabilidade ao oxigénio e é normalmente

usada para tempos curtos de envelhecimento (De Rosso et al., 2009).

Vários compostos aromáticos foram encontrados nos extractos de madeira de

cerejeira, embora em baixa abundância. No entanto, foi observada uma quantidade

elevada de trimetoxifenol. Estes extractos foram também caracterizados por possuírem

valores muito baixos de eugenol e de metoxieugenol (De Rosso et al., 2009).

O ensaio conduzido por De Simón et al., (2009), que analisou várias espécies de

madeiras (carvalho, castanheiro, cerejeira, acácia, freixo), permitiu concluir que na

madeira de cerejeira, os compostos mais abundantes foram o siringato de metil, o 3,4,5-

trimetoxifenol e o ácido benzóico, com uma abundância de salicilato de benzil e

vanilato de metilo, bem como de propiosiringona. Esta madeira apresenta ainda

concentrações muito baixas de aldeídos e fenilcetonas, vanilina e siringaldeído.

A acácia (Robinia pseudoacacia) é nativa do sudeste dos Estados Unidos, mas

tem sido amplamente plantada e naturalizada noutras regiões temperadas da América do

Norte, Europa, África do Sul e na Ásia, sendo também considerada uma espécie

invasora em algumas áreas. A sua madeira caracteriza-se pela dificuldade em moldar as

aduelas para o fabrico de barricas e pela baixa porosidade (Citron, 2005, De Rosso et

al., 2009).

Segundo o ensaio conduzido por Kozlovic et al., (2010) os barris de acácia são

menos "agressivos" do que os de carvalho, e os vinhos aportam características menos

marcadas a madeira. De acordo com este autor, o envelhecimento em barris de acácia

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torna os vinhos mais suaves, de textura fina, realçando a doçura natural da fruta com um

carácter mais pronunciado a baunilha e picante. Os resultados deste estudo indicam que

o envelhecimento em barris de acácia influencia positivamente a qualidade dos vinhos,

e apontaram para um significativo aumento da concentração de furfural, 5-metilfurfural,

guaiacol e trans-isoeugenol (De Rosso et al., 2009).

Noutro estudo dirigido por De Simón et al., (2009), que analisou várias espécies

de madeiras (carvalho, castanheiro, cerejeira, acácia, freixo), observou-se que a madeira

de acácia não queimada era a mais pobre em compostos derivados da lenhina, dos

lipídos e dos hidratos de carbono, sendo o sinapaldeído o composto mais abundante,

seguido do álcool coníferílico, 2,4-dihidroxibenzaldeído, siringaldeído, coniferaldeído,

e, por fim, o 3,4,5-trimetoxifenol.

A amoreira (Morus alba e Morus nigra) é originária do sudoeste Asiático, a sua

madeira é macia e elástica, apresenta uma porosidade média, e é caracterizada por

possuir uma baixa libertação de compostos voláteis (Citron, 2005).

2.4. Interesse da madeira em Enologia

O uso de madeira durante os processos de fermentação e / ou envelhecimento de

vinhos é uma prática comum a todas as regiões produtoras de vinho. Como descrito

anteriormente, neste processo, o vinho sofre importantes mudanças no seu aroma, cor,

sabor e adstringência. A complexidade do aroma é realçada devido à extracção de

diversos compostos presentes na madeira, que são transferidos para o vinho durante o

processo de contacto entre este e a madeira.

Numa adega, a madeira surge de variadíssimas formas nos diferentes processos

de produção de vinho: a partir de balseiros de grandes dimensões, barricas e, nos

últimos anos, surgiram como alternativa as aparas, mais conhecidas por “chips”, que

aparecem no mercado sob variadas formas (pó, aparas, cubos, dominós, aduelas,

segmentos e bastões), pois as barricas são caras, têm uma vida útil reduzida e possuem

uma difícil higienização e são de difícil manuseamento, ocupando muito espaço na

adega (Natali et al., 2006; Jaarsveld et al., 2008a; De Simón et al., 2009). As

desvantagens associadas à utilização de barricas levaram ao desenvolvimento de

técnicas alternativas de envelhecimento de modo a tornar este processo menos

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dispendioso, assegurando que a madeira liberte os seus compostos para o vinho

(Jaarsveld et al., 2008a; Rodríguez-Bencomo et al., 2008b; De Simón et al., 2009) e

acelerando o processo de maturação dos vinhos.

Para além do carvalho e das restantes espécies em cima descritas, existem

referências de diversas espécies florestais, como o Pinheiro bravo, o Eucalipto, o

Mogno e a Macacaúba (Nobre da Veiga, 1954 citado por Canas e Caldeira, 2009) que

eram utilizadas no fabrico de vasilhas para o transporte e a conservação de vinhos. Ao

longo do tempo, verificou-se que algumas madeiras não apresentavam as características

mais adequadas para os fins enológicos, o que conduziu ao seu gradual abandono. Por

exemplo, a reduzida porosidade da madeira de Acácia e a transmissão de aromas e

sabores estranhos aos vinhos pelas madeiras de Eucalipto e de Pinheiro bravo, são

apontadas como as principais razões para o fim da sua utilização.

Por sua vez, razões de ordem económica e a “moda” também contribuíram para

a alteração das espécies florestais usadas em tanoaria, provocando a exclusão quase

completa do castanheiro e o destaque da madeira de carvalho. (Flamini et al., 2007).

Actualmente, muitos autores consideram que apenas a madeira de carvalho apresenta

aptidões para a obtenção de vinhos de qualidade (Puech et al., 1990, Haluk e Irmouli,

1997). Alguns mencionam, inclusivamente, que as madeiras de Q. robur e de Q.

sessiliflora são particularmente aptas ou preferidas para este fim (Keller, 1987, Haluk e

Irmouli, 1997, Moutounet et al., 1989), devido às suas propriedades mecânicas e

características anatómicas e químicas apresentadas.

Nos últimos anos tem-se verificado um aumento considerável da procura de

carvalho americano, tanto nos países tradicionalmente vitícolas como nos novos países,

motivado pelo menor preço e pela mais rápida disponibilização, assim como pelo amplo

conhecimento das suas aptidões (Clímaco, 2008).

As madeiras de carvalho de origem francesa e americana foram, nas últimas

décadas, objecto de aprofundado estudo com vista à sua utilização em tanoaria, o que

conduziu ao reconhecimento das suas potencialidades para o envelhecimento de vinhos.

Já em relação às espécies de castanheiro e de carvalho, bem como de outras espécies

botânicas cultivadas em Portugal, assiste-se ainda a um sensível desconhecimento das

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suas características químicas, bem como das suas potencialidades para o

envelhecimento.

Recentemente a OIV (Organisation Internationale de la Vigne et du Vin)

aprovou o uso de chips (Resolução Oeno 3 / 2005) e aduelas como alternativa para as

barricas, este facto abre uma enorme janela para o uso de outras espécies para além do

carvalho, que possuam propriedades pouco desejadas em tanoaria, neste sentido o

objectivo principal deste trabalho foi caracterizar as madeiras de carvalho, castanheiro,

cerejeira e acácia com base na sua composição volátil. Pretendeu-se também avaliar as

modificações na composição das madeiras provocadas pelos processos de queima,

realizados em tanoaria, com o intuito de avaliar o interesse e viabilidade enológica

destas espécies.

3. Material e métodos

3.1. Amostras, reagentes e padrões

As madeiras usadas neste ensaio foram amostras comerciais fornecidas pela

empresa Tonnellerie J.M.Gonçalves em sacos de aproximadamente 500g cada, de

Carvalho Nacional (Quercus robur), de origem portuguesa-Beiras (lote:P0331/11),

Castanheiro Nacional (Castanea sativa), de origem portuguesa-zona de Carrazeda de

Ansiães (lote:CASp03222/11), Cerejeira (Prunus cerasus), com origem no centro de

França (lote:CE0312/11) e Acácia (espécie desconhecida), também originária do centro

de França (lote:AC0300/11). Cada espécie foi estudada para diferentes níveis de tosta,

isto é, foram analisadas madeiras sem tosta e sujeitas a um nível de tosta médio.

Todas as madeiras estudadas sofreram o processo de secagem natural com

tempos de secagem de 25 meses para a cerejeira e acácia, 22 meses para o castanheiro e

32 meses para o carvalho. Relativamente às madeiras queimadas, no caso da tosta média

todas as espécies foram sujeitas a um processo de tosta de 2 horas a uma temperatura de

sensivelmente 200ºC.

No processo de extracção, foi utilizado o diclorometano para cromatografia,

como solvente de extracção, o qual foi fornecido pela Panreac (Montcado i Reixac

(Barcelona) Espanha) e o sulfato de sódio anidro (Na2SO4 (Chenische Fabrik Lehrte),

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como agente exsicante. Neste processo foi ainda utilizada terra de diatomáceas

(DIONEX, ASE prep de Diatomaceous Earth), uma célula de inox de 10 mL e filtros de

celulose. O padrão interno utilizado foi o 3-octanol, fornecido por Extrasyntese

(GENAY France).

As amostras analisadas por GC-MS foram previamente filtradas utilizando

filtros de membranas (Pall Corporation, Nyloflo, Nylon Membrane Filter, 0,45µm, 13

mm; Máxico).

Na determinação dos índices de Kovat utilizou-se uma mistura de padrões de

alcanos (C7-C30), fornecida pela SUPELCO Analytical (Bellefonte USA).

3.2. Pré-preparação das amostras sólidas

Dado que as madeiras adquiridas encontravam-se na forma de “chips”, aparas,

houve a necessidade de as triturar com o intuído de reduzir ao máximo o seu tamanho

em pequenos fragmentes (pó), por

forma, a aumentar a superfície de

contacto com o solvente de extracção e,

assim, maximizar posteriormente o

processo de extracção. Para este fim as

madeiras foram trituradas com o auxílio

de um “moinho”, ficando com o

aspecto que mostra a figura 4.

Figura 4 - Aspecto das madeiras antes e após a sua

fragmentação.

3.3. Extracção dos compostos da madeira

A extracção sólido-liquido dos compostos voláteis das diferentes espécies

botânicas de madeiras (sem tosta e tosta média) foi realizada por PLE (Extracção com

Liquído Pressurizado- Pressurized Liquid Extraction) vulgarmente conhecido como

ASE (Accelarated Solvent Extraction), marca registada da Dionex que comercializou o

sistema denominado ASE 100.

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Ao longo da bibliografia encontrada, o ASE tem sido proposto como um método

de extracção exaustivo bastante eficiente uma vez que permite extracções mais rápidas e

completas (Giergielewicz-Mozajska et al., 2001), e demonstra também ser um método

preciso, que possibilita a redução do volume de solvente e dos tempos de extracção,

sem degradação térmica dos compostos voláteis (Richter et al., 1996; Giergielewicz-

Mozajska et al., 2001).

Para cada espécie e tipo de tosta (tosta média e sem tosta) foram efectuadas 3

repetições o que perfez um total de 24 amostras.

De cada uma das amostras foram pesadas aproximadamente 3 g de madeira

previamente triturada, seguida de homogeneização com 1.5 g de terras de diatomáceas

e, a mistura resultante, foi colocada na célula de extracção (devidamente acondicionada

com filtros de celulose nas extremidades).

Após a preparação da célula, esta foi colocada no forno do equipamento

iniciando-se o processo de extracção, atendendo às seguintes condições: temperatura de

150 º C, pressão máxima de 1700 psi, utilizando diclorometano como solvente de

extracção. Após alguns ensaios, com vista à optimização do processo de extracção, foi

considerado que 3 ciclos estáticos de extracção com 7 minutos de duração cada, seriam

suficientes para extrair o maior número e quantidade de compostos, tendo sido estas as

condições de extracção utilizadas para cada amostra.

Após a extracção no ASE, o extracto (aproximadamente 30 mL) foi seco com

Na2SO4, adicionado 1 mL de uma solução de 3-octanol em diclorometano de

concentração 0,08mg/mL e, em seguida, a mistura resultante foi filtrada.

Posteriormente, procedeu-se à sua concentração no rotavapor (BUCHI Rotavapor R-

114) até se obter um volume de aproximadamente 2mL. A amostra obtida antes de ser

injectada no GS-MS foi previamente filtrada.

3.4. Análise GC-MS

Na cromatografia gasosa a amostra é vaporizada e injectada numa coluna

cromatografica e a amostra é transportada através da coluna com o auxílio de um gás

inerte (a fase móvel). Existem vários tipos de colunas que podem ser usadas em

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cromatografia gasosa mas as mais usadas actualmente são as colunas capilares que usam

uma fase estacionária líquida que se encontra adsorvida a um sólido inerte.

A separação dos compostos é conseguida com a escolha correcta da temperatura

a que a coluna é submetida, existem separações que são conseguidas a temperatura

constante (isotérmicas), nestas separações as interacções entre a fase estacionária e o

analito é o factor mais importante para a separação. Geralmente este modo de separação

funciona para misturas de compostos com pontos de ebulição semelhantes mas com

características químicas ligeiramente diferentes que vão interactuar de forma diferente

com a fase estacionária.

Por vezes o método isotérmico não funciona, pois os componentes mais voláteis

são separados, os componentes menos voláteis demoram a eluir, saindo como picos mal

definidos, os componentes mais voláteis não são separados e os menos voláteis eluem

mais rapidamente. Assim, surge como alternativa o gradiente de temperaturas, visto

conseguir uma boa separação de compostos de amostras em menor tempo.

Os extractos foram analisados por cromatografia gasosa, utilizando um

cromatógrafo gasoso (Thermo Finnigan-Trace GC) equipado com um detector selectivo

de massas (Thermo Finnigan Polaris Q) e um injector automático. Para a análise dos

compostos assim como para a determinação dos índices de Kovat foram usadas duas

colunas capilares de diferentes polaridades: ZB-Wax 30 m, 0,25 mm de diâmetro e 0,25

µm de espessura de filme (Zebron Capillary GC column; Phenomenex USA) e Rtx-5

(Crossbond 5% diphenil – 95% dimetil polysiloxane) 30 m, 0,25 mm de diâmetro e 0,25

µm de espessura de filme (RESTEK, USA). Com base em trabalhos anteriores, a coluna

ZB-Wax foi usada neste trabalho para a quantificação dos compostos voláteis devido à

sua melhor selectividade para compostos polares (Mehran et al., 1991; Bartle e Myers,

2002).

As condições cromatográficas utilizadas foram as seguintes: o gás de arraste foi

o hélio com fluxo constante de 1,0 mL/min; o programa de gradiente térmico consistiu

nas seguintes etapas: a coluna foi mantida inicialmente a 40º C por um minuto e depois

foi aquecida a 4 ºC/min até atingir 100 ºC, em seguida, prosseguiu-se com um novo

aquecimento de 8 ºC/min até aos 250 ºC, onde se manteve 10 minutos; o volume de

amostra injectado foi 1,0 μL a uma temperatura de 250 ºC, no modo splitless.

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A detecção por espectrometria de massa foi feita por impacto electrónico (EI) no

modo de varredura completa, utilizando uma energia de ionização de 70 eV, avaliando

uma gama m/z de 40-450 em ciclos de s-1

e a temperatura da linha de transferência foi

de 230ºC.

3.5. Identificação dos compostos voláteis

Os compostos foram identificados por comparação dos seus tempos de retenção

e dos espectros de massa com os existentes na literatura e na biblioteca de espectros de

massa (NIST e Wiley), como mostra a figura 5.

Figura 5 - Representação esquemática que ilustra a identificação de um composto através da biblioteca

de espectros de massa.

Finalmente, para todos os compostos detectados foram calculados os respectivos

índices de retenção lineares (Kovat), utilizando duas colunas capilares distintas (coluna

apolar Rtx-5 e polar ZB-Wax).

Em 1958, Kováts introduz o sistema de índices de retenção, que ficaria

conhecido pelo seu nome, e que se baseava também em séries de n-alcanos. Com este

sistema, Kováts elimina a extrapolação ao recorrer aos n-alcanos que eluem

imediatamente antes e depois do composto a ser investigado. Desta forma os pontos de

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referência seriam fixos ao se atribuir a cada n-alcano um índice de retenção I (I=100n),

em que n corresponde ao número de carbonos do n-alcano (Barata, 2008).

Os índices de kovat foram então utilizados como forma de auxílio na

identificação dos compostos presentes nas nossas amostras, recorrendo-se para esta

determinação a uma mistura de padrões de alcanos (C7-C30). Por não variarem de

acordo com as condições cromatográficas, podem ser comparados com valores

tabelados e citados na literatura. Os índices de kovat foram determinados para cada

composto através da expressão abaixo apresentada, encontrando-se na tabela 1 os

valores determinados neste trabalho.

I.K= 100*[(n+(tr-trn-1))/(trn+1-trn-1)]

Onde:

n -- Nº de carbonos do n-alcano;

tr -- Tempo de retenção do composto em estudo;

trn-1 -- Tempo de retenção do carbono n-1;

trn+1 -- Tempo de retenção do carbono n+1;

3.6. Quantificação dos compostos detectados

As determinações quantitativas de todos os compostos identificados foram

realizadas pelo método do padrão interno, utilizando as áreas dos picos obtidos.

3.7. Análise estatística

Os teores totais em compostos do aroma das madeiras em estudo foram

submetidos a uma análise de variância (ANOVA), considerando dois factores de

variação: a espécie botânica e o nível de tosta. O teste de comparação de médias

utilizado foi o Tukey-Kramer Multiple-Comparison Test, para um nível de confiança de

95%. A análise foi efectuada com o programa NCSS 6.0 (Statistical & Power Analysis

Software, Kaysville, UT, USA).

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27

4. Resultados e Discussão

4.1. Caracterização das aparas de madeira

Os trabalhos desenvolvidos por diversos grupos de investigação que se dedicam

ao estudo desta área do conhecimento, e sobre os quais incidiu a revisão bibliográfica

apresentada neste trabalho, contribuíram de forma significativa para um conhecimento

mais aprofundado da composição físico-química da madeira de carvalho, com particular

incidência nos carvalhos francês e americano. No que diz respeito a carvalhos de outras

proveniências, o número de trabalhos é mais restrito e no caso concreto dos carvalhos

portugueses a informação existente é igualmente limitada. No que se refere à incidência

da queima na composição de carvalhos portugueses, os primeiros trabalhos foram

publicados por Canas et al., (1998), Canas et al., (2000b), Canas, (2003), e Caldeira,

(2004).

Relativamente ao uso de outras madeiras no envelhecimento, embora existam

indicações antigas sobre a sua utilização, como é o caso da acácia, cerejeira e do

castanheiro, os estudos sobre estas madeiras têm sido respectivamente inexistentes ou

limitados. No que se refere ao uso do castanheiro o trabalho de Belchior et al., (1998)

evidenciou o potencial interesse desta madeira, dada a qualidade sensorial das

aguardentes obtidas.

4.1.1. Identificação dos compostos voláteis

Os compostos identificados em pelo menos uma das quatro espécies de madeira

em estudo, com níveis de tosta diferentes (sem tosta e tosta média), são apresentados na

tabela 1, tendo sido agrupados por classes de compostos. Na tabela são indicados os

tempos de retenção (tr), os índices de retenção linear (LRI) para duas colunas distintas,

os fragmentos (m/z) com a respectiva abundância relativa e ião molecular (a negrito) e,

ainda, as respectivas notas aromáticas para cada composto identificado.

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Tabela 1 - Principais compostos voláteis identificados nas quatro madeiras analisadas.

Nome comum Nome IUPAC

Tr

(min)

Fragmentos

m/z

LRI

Coluna

apolar

LRI

Coluna

polar

Notas

Aromáticas

DERIVADOS DOS POLISSACÁRIDOS

Aldeidos furânicos

Furfural 2-Furancarboxaldehyde 15,07 95(100),

96(40)

(-)

834(a)

1458

1444(b)

Pão, amêndoa

doce (i),

ligeiramente

tostado,

caramelo (h)

5-Metilfurfural 5-Methyl-2-

furancarboxaldehyde 17,67

109(100),

110(70)

1068

965(a)

1563

1551(b)

Amêndoa,

caramelo(i),

picante,

tostado(h)

5-Hidroximeti-

furfural

5-Hydroxymethyl-2-

furancarboxaldehyde 30,23

97(100),

69(70),

126(20)

1353

1235(a)

2492

2466(b)

Inodoro(n)

Maltol 3-Hydroxy-2-methyl-4H-

pyran-4-one 23,98

126(100),

71(35)

1219

1111(a)

1950

1938(b)

Tostado(n)

Álcoois

Álcool furfurílico

(isómero) 2-Furanmethanol 19,43

97(100),

81(80),

98(70)

(-)

866(u)

1651

1669(t)

Fermento, açúcar

torrado(v)

Ácidos

Ácido acético Ethanoic acid 10,11 43(100),

45(15),

(-)

602(g)

1291

1464(f)

Vinagre(f)

Heterociclos azotados

Piridina Pyridine 6,84

79(100),

52(95),

51(90)

(-)

753(u)

1171

1193(t)

Cacau, amêndoa

torrada, pão

fresco(s)

DERIVADOS DA LENHINA E POLIFENÓIS

Fenóis voláteis

Eugenol 2-Methoxy-4-(prop-2-

enyl) phenol 28,58

164(100),

77(40),

103(40)

1465

1359(a)

2335

2139(b)

Cravo, mel(i)

picante, canela(h)

Guaiacol 2-Methoxyphenol 22,58

81(100),

109(80),

124(95)

1193

1089(a)

1849

1833(b)

Fumo, doce,

remédios (i)

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4-Propilguaiacol

4-Propyl-2-

methoxyphenol 31,23

137(100),

166(30)

(-)

1461(a)

2589

2083(b)

Couro, animal(m)

Alilsiringol

(isómero)

2,6-dimetoxi-4-propen-2-

il-fenol 30,58

194(100),

91(70), 119

(50)

1713

1605(a)

2525

2511(b)

Picante, fumo(m)

Aldeidos fenólicos

Vanilina 4-Hydroxy-3-

methoxybenzaldehyde 30,80

151(100),

152(85)

1507

1399(a)

2555

2518(b)

Baunilha(i)

Benzaldeído Phenylmethanal 16,43

105(100),

77(65),

106(20)

(-)

962(a)

1507

1493(b)

Amêndoas

amargas(h)

Coniferaldeído 3-Methoxy-4-

hydroxycinnamaldehyde 37,08

178(100),

77(100)

1670

1747(a)

(-)

3096(b)

Baunilha,

madeira(n)

2,4-Dihidroxi –benzaldeído

(?)

Benzaldehyde, 2,4-

dihydroxy 37,11 137, 138

1570

-

(-)

-

-

Siringaldeído 4-Hydroxy-3,5-

dimethoxybenzaldehyde 34,54

182(100),

181(75)

1776

1643(a)

2935

2904(b)

Baunilha (i)

Esteres fenólicos

Homovanilato de

metilo(?)

4-Hydroxy-3-methoxy

benzeacetic acid, methyl

ester

39,38 137(100),

196(30)

(-)

1518(a)

(-)

2565(b)

Caramelo,

manteiga,

baunilha(i)

Fenilcetonas

Acetosiringona

2-(4-Hydroxy-3-

methoxyphenyl)-

acetaldehyde

35,05 181(100),

196(70)

(-)

1744(a)

2982

2953(b)

Frutado, doce(v)

Álcoois

Álcool

Coniferílico

4-(1-trans)-3-Hydroxy-

prop-1-enyl-2-

methoxyphenol

39,05

137(100),

180(65),

124(65)

1917

1745(a)

(-)

3213(b)

-

Álcool benzílico

Hydroxy methylbenzene 22,80

79(100),

77(65),

108(35)

(-)

-

1864

1879(p)

Doce, floral(m)

Álcool fenil

etílíco(?)

2-Phenylethanol 23,26

91(100),

92(55),

122(10)

(-)

1110(w)

1897

1931(w)

Doce, floral,

picante(v)

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Ácidos

Ácido benzóico Benzenecarboxylic acid 29,72

105(100),

122(70),

77(65)

(-)

1310(u)

2442

-

Balsâmico(v)

DERIVADOS DOS LIPÍDOS

Lactonas

cis-β-Metil-γ-

octalactona

cis-4-Methyl-5-

butyldihydro-2(3H)-

furanone

22,91 40(100),

99(50)

(-)

1325(a)

1872

1928(b)

Doce, coco(j)

madeira (k,l)

Ácidos

Ácido propanóico Propanoic acid 17,42

73(100),

45(70),

74(30)

(-)

668(g)

1552

1547(3)

Fruta, floral(q)

Ácido butanóico Butanoic acid 18,86

41(100),

60(80),

55(60),

73(35),

(-)

827(g)

1620

1627(d)

Suor, queijo

desagradável(h)

Ácido

hexadecanóico Hexadecanoic acid 36,66

55(100),

43(90),

73(75),

60(40)

(-)

1984(x)

(-)

2820(d)

Óleo(v)

Aldeidos

2-Nonenal 2-Nonenal 16,77

41(100),

55(75),

140(5)

(-)

1142(y)

1522

1510(z)

Verde, seboso(v)

DERIVADOS DOS CAROTENÓIDES

Outros furânicos

1-(2-Furanil)-

etanona(?)

Ethanone, 1-(2-furanyl) 16,9

95(100),

110(20)

(-)

912(c)

1493

1483(c)

-

Outros

Tolueno Toluene 19,03

91(100),

92(40),

65(30)

1147

770(c)

1630

-

Caramelo,

fruta(v)

OUTROS

Acetato de 2-

metoxi-4-alilfenilo Acetate of 2-methoxy-4-

allylphenyl

26,53

164(100),

103(60),

165(5)

(-)

-

2154

-

-

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Vinil benzoato Benzoic acid, vinyl ester 19,11

41(100),

148(5),

105(10)

(-)

-

1635

-

-

Ácido 2-furóico* 2-Furancarboxylic acid 23,91

112(50),

95(50)

(-)

1079(e)

1943

-

-

Ácido

homovanílico

Benzeneacetic acid, 4-

hydroxy-3-methoxy 34,91

137(100),

138(50),

182(55)

(-)

-

2969

3008(1)

-

Álcool linear C14-

C18(?)

- 28,84

208(100),

177(70)

(-)

-

2359

-

-

Álcool linear C14-

C18 insaturado(?)

- 30,97

41(100),

180(60)

(-)

-

2564

-

-

Antiarol 3,4,5-trimethoxyphenol 35,84 169(30),

184(25)

1727

-

(-)

2960(3)

-

Benzilacetona(?)

2-Butanone, 4-phenyl 22,51 43(100),

148(5)

(-)

-

1844

-

-

Esqualeno Hexamethyl-

2,6,10,14,18,22-

tetracosahexaene

35,73

81(100),

41(50),

123(25),

410(5)

(-)

2790(2)

(-)

-

-

cis ou trans

Propenilsiringol

cis or trans-2,6-

Dimethoxy-4-(1-

propenyl)phenol

32,47 194(100),

91(50)

(-)

-

2718

-

-

1,2-di-2-furanil 2-

hidroxietanona*

Ethanone, 1-(2-furanyl)-

2-hydroxy

24,56

95(100),

97(25),

126(10)

1220

-

1994

-

-

Guaiacilacetona

2-Propanone, 1-(4-

hydroxy-3-

methoxyphenyl)

31,75

137(100),

180(30),

122(30)

1643

-

2643

-

-

16-Heptadeceno-

2,5,8-triona

16-Heptadecen-2,5,8-

trione 41,63

127(100),

170(100),

155(65),

280

1782

-

(-)

-

-

2,4-Nonadienal ou

2,4-octadienal

2,4-Nonadien-1-al ou

2,4-Octadien-1-al 21,79

81(100),

40(70),

43(60),

124(5)

(-)

-

1794

-

-

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Metil siringato(?)

4-Hydroxy-3,5-

dimethoxy-benzoic acid,

methyl ether

40,73

168(100),

167(75),

212(80),

194(5)

(-)

-

(-)

-

-

trans

Benzalacetona trans-4-Phenyl-3-buten-2-

one

25,93

43(100),

146(5),

131(5)

(-)

-

2103

-

-

Legenda: Tr expresso em minutos representa o tempo de retenção referente a cada composto; LRI indica os índices

de retenção linear (em primeiro os valores calculados experimentalmente através de uma mistura de padrões saturada

de alcanos (C7-C30), utilizando uma coluna apolar (Rtx-5) e uma polar (ZB-Wax) e em baixo os valores

bibliográficos referenciados pelos diversos autores); m/z indica os fragmentos de massa com a respectiva abundância

relativa dentro de parênteses, sendo o ião molecular apresentado a negrito; (?) Não existe certeza quanto à

identificação; * Coelui com outros compostos; - Não encontrado na bibliografia; (-) Não foi possível calcular através

da mistura de padrões saturada de alcanos (C7-C30) utilizada; (a)Coluna RTX-5, De Simon et al., 2009a; (b)Coluna

Carbo-Wax e DB-5, De Simon et al., 2009a; (c)De Simón, 2009a; (d)Coluna DB-5, Jordan, 2002; (e)Coluna DB-5,Vichi

et al., 2007; (f)Coluna DB-Wax, Caldeira et al.,2008; (g)Coluna HP-5, Vichi et al., 2007; (h)Coluna SPB-1, Diaz-

Maroto et al., 2008; (i)Rodriguez-Bencomo et al., 2008b; (j)Mosedale e Puech, 1998; (k)Piggott et al., 1995; (l)Garde-

Cerdán e Ancín-Azpilicueta , 2006; (m)Sáenz-Navajas et al., 2010; (n) Togores, 2003; (o)Gomes da Silva e Chaves das

Neves, 1999; (p) Zhao et al, 2011; (q) pherobase; (r)Barata et al., 2011; (s)Maga e Sizer, 1973; (t)Coluna ZB-Wax,

Yanagimoto et al., 2004; (u) Coluna DB-1, Leffingwell e Alford., 2005; (v) pherobase; (w) Coluna DB-5 e ZB-Wax,

Ferreira et al., 2001; (x) Coluna DB-5, Priestap et al., 2003; (y)Zehentbauer e Reineccius, 2002; (z)Coluna ZB-Wax,

Valim et al., 2003; (1) Coluna ZB-Wax, Coralia et al., 2001; (2)Coluna HP-5, Kilic et al., 2004; (3)Coluna Stabil-Wax,

Natali et al., 2006.

A análise GC-MS dos extractos das aparas de madeira revelou a presença de

compostos já anteriormente identificados em madeiras de carvalho. Além destes foram

ainda identificados nas madeiras analizadas outros compostos voláteis que não se

encontram mencionados na inúmera bibliografia consultada, tais como o acetato de 2-

metoxi-4-alilfenilo (acetate of 2-methoxy-4-alifenilo), vinil benzoato (benzoic acid,

vinyl ester), antiarol (3,4,5-trimethoxyphenol) e esqualeno (hexamethyl-

2,6,10,14,18,22-tetracosahexane).

Como pode ser observado, na tabela 1 foram identificados 35 compostos por

comparação do seu espectro de massa com os de uma biblioteca comercial e ainda com

os relatados na literatura. Esta identificação foi posteriormente confirmada através da

comparação dos índices de retenção calculados experimentalmente durante o presente

ensaio com os referidos na literatura. Face aos resultados obtidos pode concluir-se que

se obtiveram óptimos resultados, principalmente nos valores obtidos para a coluna

polar, uma vez que eram muito próximos dos existentes na bibliografia (com excepção

do composto 4-propilguaiacol que apresenta valores um pouco dispares, contudo a sua

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identificação parece estar correcta). Para além destes foram ainda identificados 10

compostos dos quais não existe certeza da veracidade da sua identificação, uma vez que

alguns deles coeluem com outros compostos.

Nas madeiras em estudo, tal como está descrito na tabela 1, foram identificados

compostos derivados dos polissacáridos, pertencentes à classe dos aldeidos furânicos,

nomeadamente o furfural, 5-metilfurfural, 5-hidroximetilfurfural e o maltol, e que já

haviam sido referidos noutros ensaios por Chatonnet et al., (1998), Natali et al., (2006),

e Nishimura, Ohnishi, Masuda, Koga e Matsuyama, (1983), Nishimura et al., (1989)

citados por Alañon et al., (2010). Quanto à sua importância odorante, Caldeira (2004)

refere a existência de correlações positivas significativas entre o teor dos aldeídos

furânicos e os descritores caramelo, frutos secos e baunilha, tendo as correlações mais

elevadas sido verificadas para o 5-hidroximetilfurfural. Por outro lado, Hidalgo (2003) e

Marín (2005) atribuem, ainda, a estes compostos aromas a amêndoa e odores tostados.

O ácido acético, proveniente da hidrólise do grupo acetilo dos resíduos de xilose

(Fengel e Wegener, 1989), também foi identificado nas amostras em estudo.

Quanto aos compostos derivados da lenhina e dos polifenóis destacam-se, nas

madeiras analisadas, as classes dos fenóis voláteis, aldeidos fenólicos, ésteres fenólicos

(homovanilato de metilo), fenilcetonas (acetosiringona), álcoois (ácool coniferílico e

benzílico), e ácidos (ácido benzóico). Segundo Aiken e Noble, (1984), estes compostos

contribuem fundamentalmente com aromas defumados, picantes e baunilha.

De acordo com Fengel e Wegener (1989), a degradação térmica da lenhina leva

ao aparecimento de vários fenóis voláteis, os quais se apresentam, na grande maioria, na

forma monometoxilada para os que derivam das unidades guaiacilo e na forma

dimetoxilada, para os que derivam das unidades siringilo (Nabeta et al., 1986). Para

além desta origem, Chatonnet (1995) refere a possibilidade da formação de fenóis

voláteis a partir da degradação oxidativa dos aldeídos fenólicos.

O eugenol, o guaiacol, o 4-propilguaiacol e o isómero de alilsiringol foram os

principais fenóis voláteis identificados neste ensaio. Alguns destes compostos foram

também anteriormente relatados em madeiras de carvalho (Perez Coello et al., 1998;

Nonier et al., 2005; Nonier et al., 2006) e chips de carvalho (Morales et al., 2004;

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Guchu et al., 2006; Natali et al., 2006). Estes compostos são caracterizados por

possuírem um baixo limiar de percepção (Boidron et al., 1994 citados por Natali et al.,

2006).

Na classe dos aldeídos fenólicos foram identificados a vanilina, o benzaldeído, o

coniferaldeído, o 2,4-dihidroxibenzaldeído e o siringaldeído. Estes são também

termodegradáveis em ácidos fenólicos e em fenóis voláteis, de acordo com Chatonnet,

(1995).

Dos compostos derivados dos lipídos, no presente ensaio foi identificado o

isómero cis da β-metil-γ-octalactona, pertencente à classe das lactonas. A β-metil-γ-

octalactona (γ-lactona do ácido 4-hidroxi-3-metil-octanóico) tem sido o composto

odorante da madeira mais estudado, este possui dois isómeros cis e trans a que são

atribuídos aromas a coco e a carvalho, sendo o seu potencial odorante resultante dos

baixos limiares de detecção, embora o isómero cis apresente um limiar de detecção mais

baixo que o trans (Maga, 1996). Alguns ácidos derivados dos lipídos foram ainda

identificados nas madeiras analisadas, nomeadamente os ácidos propanóico (Caldeira et

al., 2005), butanóico e hexadecanóico, também presentes em madeiras de carvalho

segundo Flamini e Traldi, (2010).

Têm sido ainda identificados em madeira de carvalho, não queimada, alguns

aldeídos, aos quais se encontram associados aromas desagradáveis. De acordo com

Chatonnet e Dubourdieu, (1998), estes compostos resultam da degradação dos ácidos

gordos. Nas madeiras em análise foi fundamentalmente identificado o 2-nonenal.

Os norisoprenóides são compostos odorantes resultantes da degradação dos

carotenóides (Kanasawud e Crouzet, 1990), referente a esta classe foi identificado o

tolueno nas madeiras estudadas.

4.1.2. Quantificação dos compostos voláteis

Como pode ser observado, na tabela 2 foram detectados 54 compostos que

posteriormente foram quantificados, para as diferentes espécies em estudo sujeitas a

uma tosta média e na ausência de tosta. Destes apenas 46 foram identificados,

encontrando-se descritos na tabela 1.

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Tabela 2 - Quantificação dos compostos voláteis detectados (mg /100g de aparas (expresso em 3-octanol)).

Composto

Carvalho Nacional Castanheiro Nacional Cerejeira Acácia

Sem Tosta Tosta Média Sem Tosta Tosta Média Sem Tosta Tosta Média Sem Tosta Tosta Média

Piridina 6,55±1,34 2,13±0,43 0,99±0,07 2,57±2,48 2,07±0,07 0,62±0,24 2,30±0,90 1,14±1,06

Acido acético(?)

6,71±0,32 17,96±1,41 1,31±0,42 nq 1,63±0,47 10,45±2,04 1,11±0,30 4,24±2,07

Furfural 100,80±0,04

925,93±109,36 60,87±28,29 515,28±53,72 nq 122,74±13,48 6,84±1,85 22,80±0,21

1-(2-Furanil)-etanona(?)

3,20±0,83 4,61±0,27 8,18±8,36 nq nq nq nq nq

Benzaldeído nq nq nq 3,20±0,62 18,26±1,86 39,43±2,61 1,05±0,04 nq

2-Nonenal 5,92±0,70 6,85±1,39 1,26±0,50 nq nq nq 1,35±0,15 nq

Ácido propanóico nq 5,81±0,08 nq nd nd nd nd nd

5-Metilfurfural 15,55±1,05 183,40±26,91 11,63±3,13 82,08±1,15 nq 49,03±0,78 1,48±0,15 20,10±3,39

Ácido butanóico nq nd nd nd nd 6,51±1,73 nq nd

Tolueno 5,96±0,52 nq 3,55±1,03 1,49±0,43 6,81±6,37 11,11±1,03 6,29±0,77 2,10±0,48

Vinil benzoato nq 5,75±1,12 nq nq 20,71±3,87 42,55±2,19 nq 6,41±5,34

Álcool furfurílo (isómero) 6,21±0,48 3,39±1,68 2,81±0,76 nq 1,42±0,15 2,03±0,21 1,75±0,42 5,69±0,88

2,4-Octadienal ou 2,4-

nonadienal 4,00±0,41 2,93±0,29 nq nq 0,73±0,05 1,43±0,20 8,84±1,39 0,66±0,21

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Benzilacetona(?)

nd 6,54±0,39 0,61±0,25 3,99±0,67 7,10±0,95 15,40±3,46 nq 1,10±0,10

Guaiacol 4,49±0,27 7,53±1,91 nq nq nq nq 3,00±1,98 1,82±1,29

n.i. 5,72±1,50 39,90±7,49 nq 33,60±2,49 nq 29,89±2,95 3,63±1,58 10,36±1,42

Álcool benzílico 1,76±0,21 nq nq nq nd nd nq nq

cis-β-Metil-γ-octalactona 18,22±0,58 14,77±3,57 nq nq nq nq nq nd

Álcool fenil etílico(?)

nq nq 0,95±0,25 0,88±0,24 1,79±0,08 nq nq nq

BHT 1, 06±0,28 1,81±0,65 0,57±0,27 0,77±0,17 0,77±0,21 nq 2,06±0,83 1,07±1,07

Ácido 2-furóico(*)

nq nq nq nq nq nq nq nq

Maltol 6,94±1,06 59,45±12,25 8,45±0,02 18,08±5,19 nq 10,42±1,08 4,12±1,54 4,49±4,27

n.i. nd 9,57±1,50 nq 26,04±6,57 nq nq 1,36±0,91 nq

1,2-di-2-furanil 2-

hidroxietanona(*)

nd 20,82±5,74 4,92±1,00 nq nq nq nq nq

n.i. 47,33±2,37 60,35±5,18 57,33±6,10 99,27±11,11 4,60±0,50 50,84±2,98 108,66±21,76 34,97±1,19

trans Benzalactona 20,57±3,13 1,90±0,39 4,56±0,73 3,27±0,21 42,53±2,91 56,12±7,08 6,22±0,08 5,29±3,20

Acetato de 2 metoxi-4-

alilfenilo

74,84±0,81 30,41±3,36 36,96±10,61 20,28±0,10 4,74±0,52 13,05±1,34 18,03±2,27 10,94±6,31

Eugenol 57,04±4,78 81,05±0,93 86,15±8,45 144,28±6,64 46,23±3,29 76,09±0,36 99,39±1,99 90,79±22,83

Álcool linear C14-C18(?)

13,71±1,62 14,24±5,46 10,62±4,30 nq 5,35±0,31 5,29±0,34 11,44±1,16 4,09±0,54

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Ácido benzóico nd nd nd nd nq 197,97±29,22 nq nq

5-Hidroximetilfurfural 112,07±10,63 602,87±40,16 95,44±35,54 nq nq 165,71±28,56 nq 19,32±6,84

Alilsiringol (isómero) 44,76±4,28 53,99±8,31 59,41±16,49 nq 15,11±0,20 40,78±1,45 37,14±4,96 12,97±6,19

Vanilina 64,54±1,27 591,32±111,09 87,13±18,07 1377,61±64,88 35,14±6,56 347,90±40,37 44,79±6,49 nq

Álcool linear C14-C18(?)

insaturado

12,75±3,72 nq 5,78±5,49 nq 15,63±0,24 64,39±8,16 9,02±1,84 nq

4-Propilguaiacol 66,27±12,96 223,41±44,79 nq 419,13±166,73 nq nq 30,07±10,17 47,34±5,19

Guaiacilacetona 6,63±1,13 65,53±7,74 nq 64,24±4,70 nq nq nd 8,65±1,75

cis ou trans Propenilsiringol 86,66±8,58 189,06±43,95 185,90±65,53 394,77±11,10 16,49±1,63 217,76±7,65 190,39±43,80 12,93±11,84

n.i. 22,20±4,74 101,63±15,50 18,17±7,11 248,35±7,35 nq 81,11±14,95 nq nq

n.i. 607,62±12,20 397,12±59,06 336,29±53,64 204,07±17,94 368,72±2,21 323,62±6,66 263,42±20,26 nq

Siringaldeído 194,10±27,28 972,30±86,70 179,53±35,49 2552,75±240,62 92,25±16,92 860,56±59,07 132,36±18,39 170,38±7,91

n.i. 70,60±6,01 290,54±25,65 79,80±10,99 710,29±19,35 66,46±6,27 139,87±22,35 123,47±16,90 95,57±32,86

Ácido homovanílico 79,65±11,66 141,66±19,23 17,42±3,99 236,78±11,50 nq nq 62,52±7,06 48,52±32,82

Acetosiringona nd 55,33±8,62 nq 167,19±28,10 nq 72,21±15,12 nq nq

n.i. 28,68±0,72 103,55±26,28 18,82±0,78 94,05±13,08 nq nq 22,20±2,00 23,34±12,12

Esqualeno 249,88±101,17 184,19±19,19 7,71±1,59 nq 64,96±13,24 nq 143,42±27,42 nq

Antiarol nd nd 32,06±25,13 nq 379,74±38,87 479,948±41,19 20,84±1,06 nq

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Ácido hexadecanóico 109,96±20,91 109,09±79,45 51,79±1,06 nq 118,14±14,49 nd 107,46±24,07 nq

Coniferaldeído 681,73±43,98 1857,65±192,99 518,65±28,89 2876,85±254,23 209,44±9,33 1619,29±118,82 nq nq

2,4-Dihidroxibenzaldeído(?) nd nd 207,68±218,56 nq 193,68±9,87 1582,22±164,16 nq 1836,70±659,50

n.i. 1161,85±34,72 640,84±152,18 434,24±35,89 nq 240,19±28,70 nd 463,43±96,43 nq

Álcool coniferílico 390,80±100,66 226,49±11,15 276,47±23,30 120,22±40,11 63,44±20,69 nd 438,79±22,25 78,78±44,01

Homovanilato de metilo(?) 84,42±13,37 108,19±28,15 61,90±5,74 nq nq nd nq nq

Metil siringato(?) 71,88±15,87 217,47±47,49 138,29±42,42 369,43±53,61 nq nd nd nd

16-Heptadeceno-2,5,8-triona 68,99±16,32 237,60±32,13 82,68±15,97 547,62±31,38 89,89±3,74 395,07±45,27 69,86±0,21 201,34±36,59

Total 4556,66a 8949,41b 3199,46ad 11433,63c 2138,28d 7133,82b 2773,10d 4222,10a

Legenda: (?) Não existe certeza quanto à identificação; (*) Coelui com outros compostos; n.i. - Composto detectado mas não identificado; nq - Composto identificado mas não quantificado; nd -

Composto não detectado; A quantificação de cada composto é apresentada com a média das 3 repetições mais ou menos o seu desvio padrão; Letras diferentes na linha denotam uma diferença

significativa com nível de confiança de 95% no teste Tukey-Kramer Multiple Comparison Test.

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Os valores elevados do desvio padrão, das várias variáveis, estarão relacionados,

por um lado, com alguma variabilidade associada ao método de análise, e

fundamentalmente com a elevada variabilidade associada à madeira. Com efeito,

estudos de outros autores (Masson et al., 1995; De Simon et al., 1996; Mosedale e

Savill, 1996; Canas et al., 2000c; Doussot et al., 2002) apresentaram também elevadas

variabilidades relativamente ao teor de vários compostos.

4.1.2.1.Derivados dos polissacáridos

As principais substâncias derivadas dos polissacáridos são os aldeídos furânicos

os quais resultam principalmente da termodegradação dos açúcares. De acordo com o

mecanismo proposto por Hodge, (1967), as hexoses, constituintes da celulose, originam

o 5-hidroximetilfurfural e o 5-metilfurfural, enquanto as pentoses, constituintes

principais das hemiceluloses, originam o furfural.

O teor de aldeídos furânicos existentes nas madeiras é extremamente afectado

pelo tratamento térmico a que estas se encontram sujeitas. Deste modo, o aumento do

teor em aldeídos furânicos por influência da temperatura tem sido verificado em

aquecimentos de amostras de carvalho à escala laboratorial (Marsal e Sarre, 1987;

Canas, 2003) e, ainda, nas operações de queima realizadas nas condições de tanoaria,

em madeira de carvalho (Nomdedeu et al., 1988; Canas, 2003) e em madeira de

castanheiro (Canas, 2003).

De um modo geral, os resultados do presente ensaio, mostram que as madeiras

de carvalho, castanheiro, cerejeira e acácia não queimadas apresentam quantidades

relativamente reduzidas de furfural, 5-metilfurfural, e 5-hidroximetilfurfural. Contudo,

com o incremento da tosta, o teor destes compostos aumenta, estando este resultado de

acordo com o obtido por Canas et al., (1999), Caldeira et al., (2005), Jordão et al.,

(2006), Nonier et al., (2006) e De Simón et al., (2009b).

No que diz respeito aos produtos de degradação térmica dos polissacáridos, o

furfural é o composto mais abundante, enquanto a produção de 5-metilfurfural e de 5-

hidroximetilfurfural é mais limitada (Nabeta et al., 1986; Marsal e Sarre, 1987). Este

facto resulta da degradação preferencial das hemiceluloses e da maior estabilidade

térmica da celulose, em virtude da sua natureza cristalina (Bourgois e Guyonnet, 1988;

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De Simón et al., 2009a). Apesar de esta informação corroborar os resultados do actual

ensaio, os valores encontrados para o furfural e 5-hidroximetilfurfural são muito

próximos.

Pode ainda afirmar-se, após análise dos teores em aldeidos fenólicos, que o

carvalho é a espécie botânica que apresenta uma maior concentração destes compostos,

seguido do castanheiro, da cerejeira e, por último, da acácia que apresenta teores mais

reduzidos.

Neste ensaio verificou-se também que os teores de maltol aumentavam nas

madeiras queimadas, relativamente ao carvalho e ao castanheiro. Relativamente às

restantes madeiras não foi possível a sua quantificação para os dois tratamentos

térmicos, pelo que não foi exequível a sua comparação. De Simón et al., (2009a) obteve

o mesmo resultado quando analisou aparas de carvalho verificando, portanto, o aumento

dos seus teores quando se aumentava o grau de tosta. Este composto tem como origem a

degradação das hexoses na presença de azoto, o qual apesar do seu baixo teor, está

também presente nas madeiras (Bourgois e Guyonnet, 1988). Em todas as espécies

analisadas, os teores de maltol são muito reduzidos, contudo, as madeiras de carvalho

sujeitas a uma tosta média apresentaram os maiores teores deste composto.

Em particular, a degradação térmica dos polissacáridos leva à formação do

álcool furfurílico. Atendendo aos resultados obtidos, pode concluir-se que o incremento

no grau de tosta provoca uma diminuição do teor deste composto no carvalho e o seu

aumento na cerejeira, embora os níveis deste composto sejam reduzidos nas quatro

espécies botânicas analisadas neste trabalho. Segundo Chatonnet, (1995), este composto

aumentava com a intensidade da queima.

O ácido acético é um produto secundário da degradação térmica da madeira

(Fengel e Weneger, 1989; Bourgois e Guyonnet, 1988), o qual resulta da hidrólise dos

grupos acetilo das hemiceluloses. O aumento da intensidade da queima da madeira de

carvalho, realizada nas condições de tanoaria, induziu um aumento ligeiro do ácido

acético livre, restando a maior parte do ácido acético sob a forma de grupos acetilados

(Chatonnet e Boidron, 1989). Este facto foi também verificado no presente estudo, isto

é, foi notório o aumento dos teores deste composto para o carvalho, cerejeira e acácia,

embora todas as madeiras apresentassem teores muito baixos.

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Por último, o aquecimento também conduz ao aparecimento de heterociclos

azotados, tais como a piridina (Maga, 1985; Nabeta et al., 1986; Chatonnet, 1995). Esta

constatação está de acordo com os resultados obtidos neste trabalho uma vez que a

piridina foi identificada em todas as madeiras analisadas embora em quantidades muito

pouco significativas. Contudo, observou-se uma diminuição dos teores deste composto

com o aumento da intensidade da tosta.

4.1.2.2.Derivados da lenhina e polifenóis

Dos compostos identificados e quantificados neste estudo pertencentes à classe

dos fenóis voláteis, derivados da lenhina e dos polifenóis são de destacar o eugenol, o

guaiacol, o 4-propilguaiacol e o isómero do alilsiringol. De um modo geral e de acordo

com os resultados obtidos noutros ensaios (Maga, 1985; Dubois, 1989; Fengel e

Wegener, 1989), a degradação térmica da lenhina conduz ao aparecimento de vários

fenóis voláteis, pelo que os teores destes devem aumentar quando a intensidade de tosta

aumenta.

O eugenol, como seria de esperar, aumenta ligeiramente a sua concentração

quando as madeiras são sujeitas a uma tosta média em relação às madeiras não

queimadas, sendo este facto notório para o carvalho, castanheiro e cerejeira. Contudo,

na acácia pode considerar-se que existe um ligeiro decréscimo na concentração deste

composto, quando estas são queimadas. As madeiras que possuíam maiores teores deste

composto eram o castanheiro e a acácia.

O teor em eugenol nas madeiras de carvalho parece ser bastante influenciado

pela espécie em estudo (Nabeta et al. 1986; Garcia-Romero et al., 1998; Doussot et al.

2000). Por outro lado, o teor deste composto tende a variar dentro da própria árvore,

Masson et al., (1997) verificaram que o teor de eugenol variava desde a medula da

árvore até à parte exterior do tronco. O processo de secagem da madeira também é de

extrema importância na variabilidade dos teores deste composto (Masson et al., 2000).

O guaiacol foi identificado nas 4 espécies de madeiras em estudo, contudo, a sua

quantificação só foi possível para o carvalho pois nas restantes espécies estudadas neste

trabalho, este composto aparece com teores muito reduzidos. Quando as madeiras de

carvalho eram tostadas os teores de guaiacol aumentavam ligeiramente. Estes dados

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estão de acordo com os resultados obtidos por outros investigadores (Marín, 2005;

Diaz-Maroto et al., 2008; De Simón et al., 2009a; De Simón et al., 2010), cujos estudos

evidenciaram que os teores em guaiacol aumentavam ligeiramente quando as madeiras

foram submetidas a tratamento térmico.

O 4-propilguaiacol foi também identificado nas 4 espécies em estudo, no

entanto, apenas foi quantificado no carvalho, na acácia e no castanheiro (tosta média).

De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, constata-se que a queima origina o

aumento do teor deste composto, tal como verificado por Diaz-Maroto et al., (2008). É

de salientar que, na classe dos fenóis voláteis, o 4-propilguaiacol surge como o

composto mais abundante nas madeiras comparativamente com os restantes compostos

quantificados pertencentes a esta família.

Estudos recentes em diferentes espécies de madeiras de carvalho evidenciaram

que, quando as madeiras são sujeitas à queima, os teores do isómero do alilsiringol

aumentam (Cadahía, 2003; De Simón et al., 2010). No presente ensaio verificou-se que

os teores deste composto aumentam quando as madeiras de carvalho e de cerejeira são

queimadas, mas que diminuem na acácia. No caso do castanheiro, não foi possível

estabelecer uma relação entre o efeito da queima e o teor deste isómero uma vez que o

teor deste composto não foi quantificável nas madeiras sujeitas à tosta média

Os aldeídos fenólicos (vanilina, benzaldeído, coniferaldeído e siringaldeído)

foram identificados nas madeiras analisadas constituindo um outro grupo de compostos

que resultam da degradação térmica das lenhinas. Diversos estudos mostraram que os

seus teores são muito reduzidos na madeira não queimada de carvalho (Chatonnet e

Boidron., 1989; Nomdedeu et al., 1988; Canas, 2003) e de castanheiro (Canas et al.,

2000c). O processo de queima, nas madeiras de carvalho e castanheiro, provoca um

aumento significativo no teor destes aldeídos fenólicos (Nomdedeu et al., 1988;

Chatonnet e Boidron., 1989; Dubois, 1989; Natali et al., 2006). Este facto vem

comprovar os valores obtidos no presente ensaio, isto é, de um modo geral pode

afirmar-se que os compostos pertencentes a esta classe aumentam drasticamente, com a

queima, nas diferentes espécies botânicas estudadas neste trabalho.

Em particular, o coniferaldeído e o siringaldeído são os aldeidos fenólicos que

surgem em maiores quantidades nas madeiras analisadas, sendo que o primeiro

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composto é extremamente abundante nas madeiras de carvalho, castanheiro e cerejeira,

principalmente quando estas foram submetidas a tratamento térmico. No caso do

siringaldeído, embora apresente valores elevados em todas as madeiras, é no castanheiro

com tosta média que as suas concentrações são mais elevadas.

A vanilina é o composto que contribui de forma mais significativa para o aroma,

devido ao seu baixo limiar de detecção olfactivo (Maga, 1985) e provavelmente, por

essa razão, tem sido o mais estudado. No presente estudo, os seus teores aumentam

bastante quando as madeiras são queimadas, estando estes resultados de acordo com os

trabalhos de diversos autores (Caldeira et al., 2005; Díaz-Maroto et al., 2008; De Simón

et al., 2009ª; De Simón et al., 2010).

O aquecimento da madeira origina também a libertação de fenilcetonas, no

entanto a sua origem não se encontra bem esclarecida (Maga, 1985; Chatonnet e

Boidron, 1989). Contudo, Faix et al,. (1987) num estudo que incidiu na pirólise da

lenhina verificaram o aparecimento de diversos compostos, nomeadamente a

acetovanilona, a acetosiringona e, ainda, de outras fenilcetonas.

Relativamente às madeiras estudadas neste trabalho apenas foi identificada a

acetosiringona, a qual apresenta valores quase vestigiais nas madeiras não queimadas,

não sendo possível a sua quantificação. Contudo os resultados obtidos apontam para que

os seus teores aumentem quando a madeira é queimada, tendo sido esta tendência

também observada por outros autores (De Simón et al., 2009a; De Simón et al., 2010).

Segundo Chatonnet e Boidron, (1989), a madeira de carvalho não queimada apresenta

apenas quantidades vestigiais de acetovanilona mas, após a queima, estes autores

identificaram a acetovanilona, a propiovanilona e a butirovanilona, referindo que só

aparecem a partir da queima média. Por sua vez, Nishimura et al. (1983) verificaram

também o aumento da propiovanilona e da acetosiringona com o incremento no grau de

tosta

O tipo de lenhinas é variável entre os vários tipos de plantas, sendo a lenhina de

carvalho, tal como as de outras angiospérmicas, constituída principalmente por unidades

siringilo e guaiacilo e, em menor proporção, por unidades fenilo, unidades estas

derivadas dos álcoois p-cumarílico, coníferílico e sinapílico, considerados os

precursores da biossíntese das lenhinas nas plantas (Fengel e Wegener, 1989).

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Assim, o álcool coníferílico foi também identificado nas 4 espécies de madeiras

estudadas. Por observação da tabela 2, o teor deste composto diminui significativamente

nas madeiras sujeitas ao processo de queima. Pelo contrário, o carvalho e a acácia, na

ausência de tosta, apresentam os teores mais elevados deste álcool.

Quanto aos ácidos derivados das lenhinas e polifenóis apenas foi identificado o

ácido benzóico, que foi detectado nas madeiras de cerejeira e acácia.

4.1.2.3.Derivados dos lípidos

A formação de lactonas durante o aquecimento da madeira poderá resultar da

oxidação térmica dos ácidos gordos. Com efeito, têm sido identificadas várias lactonas

resultantes da degradação térmica dos lipídos (Grosh, 1982). Derivado destes

compostos, tem sido identificado as β-metil-γ-octalactonas, que têm sido encontradas

por vários autores na madeira de carvalho e castanheiro (Clímaco 1987, Clímaco et al.

1990, Climaco e Borralho 1996). No presente ensaio foi identificado o isómero cis de β-

metil-γ-octalactona nas 4 espécies, apenas não foi detectado nas madeiras de acácia com

tosta média. Contudo, encontrava-se com teores relativamente baixos pelo que a sua

quantificação apenas foi possível para o carvalho. Neste caso, os teores de cis-β-metil-γ-

octalactonas, quase não variaram pela acção da queima, o que também foi verificado

por Artajona, (1991) que não encontrou relação entre a queima das quartolas de

carvalho e o teor de β-metil-γ-octalactonas. Por outro lado Marin, (2005) e Díaz-Maroto

et al., (2008), notaram que este composto diminuiu quando as madeiras eram

queimadas. Segundo Hidalgo, (2003) os teores de lactonas diminuem sensivelmente de

uma madeira não queimada para a tosta ligeira e, posteriormente, à medida que se

aumenta o grau de tosta os seus teores aumentam. No entanto, se o aquecimento for

prolongado, pode ocorrer a sua destruição, tal como verificado por Marsal e Sarre,

(1987) num estudo de queima realizado com madeira de carvalho. Chatonnet e Boidron,

(1989) verificaram que a queima da madeira de carvalho, realizada em condições de

tanoaria, originava o aumento do teor de β-metil-γ-octalactonas. Os mesmos autores

verificaram ainda que o isómero dominante na madeira de carvalho queimada e não

queimada era o isómero cis. À semelhança do que foi referido anteriormente para o

eugenol existe uma grande variabilidade nos teores de cis-β-metil-γ-octalactonas

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(Masson et al., 1995; De Simon et al., 1996; Mosedale et al., 1996; Masson et al. 1997;

Canas et al., 2000c).

Relativamente aos ácidos derivados dos lipídos, foram identificados nas

madeiras analisadas os ácidos propanóico, butanóico e hexadecanóico. O ácido

propanóico foi apenas identificado nas madeiras de carvalho (sem tosta e tosta média) e

castanheiro (sem tosta), contudo não foi possível efectuar a sua quantificação. Quanto

aos teores de ácido hexadecanóico, apontam para uma diminuição com o efeito da

queima. Segundo Caldeira, (2004) para a maioria dos ácidos não se detectou efeito da

queima, com excepção do ácido propanóico, cujo teor aumentou com o nível de queima,

atingindo o máximo na queima forte.

4.1.2.4. Outros

Para além dos compostos anteriormente referidos foram ainda identificados

outros compostos, tais como o acetato de 2-metoxi-4-alilfenilo, cujos teores diminuíram

pela acção da queima nas madeiras de carvalho, castanheiro e acácia, e aumentaram na

madeira de cerejeira. No caso do ácido homovanílico verificou-se um aumento dos seus

teores com a queima nas madeiras de carvalho, castanheiro e acácia (quanto à cerejeira,

não foi possível a sua quantificação). É ainda notório que o castanheiro apresenta os

teores mais elevados para este composto, seguido do carvalho. Foi também identificado

nas madeiras estudadas, com excepção do carvalho, o antiarol que se apresenta em

concentração relativamente elevada na cerejeira comparativamente às restantes espécies

estudadas.

O esqualeno foi detectado em todas as espécies em estudo, sendo possível ainda

afirmar que os seus teores diminuem quando as madeiras são queimadas. Por sua vez, o

cis ou trans-propenilsiringol também foi detectado e quantificado nas 4 espécies de

madeiras e, os valores apresentados na tabela 2, mostram que a queima aumentou os

seus teores, excepto na acácia.

O composto 16-heptadeceno-2,5,8-triona foi detectado em todas as madeiras

estudadas, sendo de salientar um grande aumento dos seus teores nas madeiras

queimadas. Por outro lado, os teores de trans-benzalacetona diminuem em todas as

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madeiras sujeitas a tosta média. É também possível verificar que a cerejeira é a espécie

que apresenta maiores teores deste composto.

Tal como mostra a tabela 2, foram ainda detectados compostos que

apresentavam picos e respectivos espectros de massa muito bem definidos, embora não

tenha sido possível a sua identificação estes foram quantificados, ao analisar os seus

teores é notória uma tendência para que a maioria aumente quando as madeiras eram

queimadas.

O composto BHT foi também identificado neste ensaio, contudo não pertencia à

composição química das madeiras mas sim dos reagentes, este composto é usado de

modo a evitar a oxidação dos mesmos, ao eliminar os radicais livres.

De um modo geral, para cada espécie, sem tosta e com tosta foi calculado o

somatório total dos seus compostos e após a análise destes valores verifica-se que nas

madeiras queimadas o total de compostos voláteis é significativamente superior ao das

madeiras não queimadas. Este facto foi também verificado em inúmeros ensaios

descritos na literatura, nos quais as madeiras de carvalho não queimadas possuíam

apenas alguns dos compostos em quantidades apreciáveis sendo que, uma grande parte

deles, era formada posteriormente durante os processos de tratamento térmico (Sefton et

al., 1993; Haluk e Irmouli, 1997; Chatonnet, 1999; Hale et al., 1999; Doussot et al.,

2002; Caldeira, 2004; Natali et al., 2006).

Os teores totais referentes aos compostos do aroma quantificados nas madeiras

analisadas foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA), considerando dois

factores de variação: a espécie botânica (A, B, C, D) e o nível de tosta (1 e 2). O teste de

comparação de médias foi realizado para um nível de confiança de 95%. Após a análise

estatística é possível afirmar que existem diferenças significativas entre as espécies

botânicas (p=0,002210), entre as madeiras sem tosta e tosta média (p=0,000002) e entre

a interacção da espécie e respectiva tosta (p=0,009321).

Deste modo, foi possível verificar que não houve diferenças significativas entre

o carvalho sem tosta, o castanheiro sem tosta e a acácia sujeita a uma tosta média, por

sua vez, também não foram encontradas diferenças entre o castanheiro sem tosta, a

cerejeira sem tosta e a acácia sem tosta. O mesmo se verificou para o carvalho sujeito à

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tosta média e a cerejeira com o mesmo nível de tosta. Por fim o castanheiro (tosta

média) possuía diferenças significativas relativamente às restantes espécies com

diferentes níveis de tosta.

Cada espécie apresentou um perfil sensivelmente característico, a acácia embora

com quantidades relativamente pequenas para os diversos compostos identificados,

apresentou teores elevados de eugenol, siringaldeído, ácido homovanílico, ácido

coníferílico, 2,4-dihidroxibenzaldeído e 16-heptadeceno-2,5,8-triona. No ensaio dirigido

por De Rosso et al., (2008), a acácia apresentou valores significativos de vanilina,

siringaldeído e 2,4-dihidroxibenzaldeído, e baixos teores de eugenol.

Neste trabalho, foi ainda notório que, nas madeiras de acácia queimadas, os

teores da maioria dos compostos baixaram significativamente.

Quanto aos extractos de castanheiro e carvalho estes caracterizaram-se por

possuir uma grande riqueza em compostos voláteis, fundamentalmente aldeídos

fenólicos, fenóis voláteis e aldeídos furânicos, tal como também foi verificado por De

Rosso et al., (2008).

Nos extractos de madeira de cerejeira, foram identificados vários compostos

voláteis, mas na sua maioria com teores reduzidos, contudo alguns compostos

fundamentalmente nas madeiras queimadas apresentavam teores significativamente

elevados, tais como a vanilina, o cis ou trans- propenilsiringol, o siringaldeído, o

antiarol, o coniferaldeído e o 16-heptadeceno-2,5,8-triona.

Em suma, pode ainda observar-se que a madeira de castanheiro com tosta média

foi a que apresentou um valor total de compostos voláteis mais elevado, seguido do

carvalho, da cerejeira e, por último, da acácia.

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5. Conclusão

No presente trabalho foi estudada a influência de diferentes espécies botânicas

(carvalho, castanheiro, cerejeira e acácia) e do grau de tosta na composição química

volátil das diversas madeiras.

No que respeita à espécie botânica, os ensaios realizados evidenciaram que, em

termos globais, o carvalho e o castanheiro são as espécies mais ricas em compostos

voláteis potencialmente extraíveis, sem tosta e com tosta média, respectivamente.

Quando as madeiras são queimadas, neste caso particular sujeitas a uma tosta

média, verificou-se um aumento significativo dos teores totais de compostos voláteis

existentes nas madeiras. O efeito da tosta foi mais pronunciado nas madeiras de

castanheiro e cerejeira. Este facto leva-nos a concluir que as madeiras reagem de

maneira diferente às mesmas condições de tosta, o que estará relacionado com as

características físico-quimicas de cada uma das espécies.

Porém, quando os compostos presentes nas madeiras são analisados

individualmente, verifica-se que as diferentes espécies botânicas apresentam perfis

diferentes. Por observação da tabela 2 constata-se que existem diferenças nos teores de

algumas famílias de compostos em função da espécie botânica, como é o caso dos

derivados furânicos (furfural, 5-metilfurfural, 5-hidroximetilfurfural) cujas

concentrações apresentam valores mais baixos na cerejeira e na acácia. Na cerejeira

foram encontrados teores elevados de antiarol, composto que não encontramos referido

na literatura.

Com a queima, verificou-se de um modo geral e para todas as espécies, o

aumento, fundamentalmente, dos aldeídos furânicos, fenóis voláteis e aldeídos

fenólicos, o que demonstra o indiscutível impacto da tosta na composição química das

madeiras, tanto quantitativamente como qualitativamente.

Foram ainda identificados alguns compostos para os quais não encontramos

referências na bibliografia, tais como: acetato de 2-metoxi-4-alilfenilo (acetate of 2-

methoxy-4-alifenilo), vinil benzoato (benzoic acid, vinyl ester), antiarol (3,4,5-

trimethoxyphenol) e esqualeno (hexamethyl-2,6,10,14,18,22-tetracosahexane).

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O carvalho tem sido ao longo do tempo citado pelas suas características

enológicas como a melhor espécie destinada para este fim. No caso do carvalho

nacional aqui estudado, este apresenta um elevado teor em compostos voláteis

potencialmente extraíveis, o que lhe confere um bom potencial para o envelhecimento

de bebidas alcoólicas.

O castanheiro é caracterizado por possuir uma boa porosidade, no presente

ensaio este apresentou uma elevada composição química volátil, superior ao carvalho na

grande maioria dos compostos detectados. Este pode ser portanto uma óptima

alternativa às madeiras de carvalho, tanto para a construção de barricas como na forma

de aparas, ao induzir um envelhecimento mais acelerado quando comparado com o

carvalho.

A cerejeira parece ser uma madeira bastante equilibrada relativamente à sua

composição química, no entanto a maioria dos compostos voláteis nela presentes

encontram-se em pequenas quantidades. Esta é caracterizada por possuir uma grande

porosidade o que torna limitada a sua utilização para o fabrico de barricas. Contudo

penso que poderá apresentar bons resultados na forma de aparas quando não se pretenda

aportar aos vinhos características muito marcadas a madeira e quando se visa acelerar o

envelhecimento.

No presente ensaio, a acácia foi a espécie que apresentou os teores mais baixos

dos diversos compostos voláteis detectados, no entanto penso que não deveria desde já

ser desprezada. A acácia bem como as restantes espécies deveriam ser alvo de mais

estudos de modo a comprovar o seu potencial para o envelhecimento de produtos

enológicos.

Este estudo foi conduzido nas condições da prática de tanoaria, pelo que não foi

possível assegurar o controlo de importantes factores que antecedem a obtenção das

aparas, designadamente as condições de exploração florestal e a idade das árvores, por

sua vez os diferentes períodos de secagem e o empirismo que envolve a queima das

madeiras, originam uma enorme variabilidade na composição química volátil das

madeiras. Assim todos estes factores deverão ser ponderados em trabalhos futuros,

tendo, no entanto, presente que o seu controlo significa uma grande discrepância das

condições tecnológicas actuais usadas nas diversas tanoarias.

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6. Referências bibliográficas

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