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1 UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Thaís Benedetti Haddad Cappellanes AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA COM OU SEM A ASSOCIAÇÃO DE ANTIMICROBIANO EM RADIOMUCOSITE ORAL Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Biologia Odontológica Orientador: Prof. Dr. Celso Silva Queiroz Co-orientador: Prof. Dr. Silvio Boraks TAUBATÉ-SP 2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Thaís Benedetti Haddad Cappellanes

AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA COM OU SEM A ASSOCIAÇÃO DE ANTIMICROBIANO EM RADIOMUCOSITE ORAL

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Biologia Odontológica Orientador: Prof. Dr. Celso Silva Queiroz Co-orientador: Prof. Dr. Silvio Boraks

TAUBATÉ-SP

2008

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THAÍS BENEDETTI HADDAD CAPPELLANES AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA COM OU SEM

A ASSOCIAÇÃO DE ANTIMICROBIANO EM RADIOMUCOSITE ORAL

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Biologia Odontológica

Data:_____________________________

Resultado:_________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr.__________________________________ Universidade de Taubaté

Assinatura:________________________________

Prof. Dr.__________________________________ Universidade _____________

Assinatura:________________________________

Prof. Dr.__________________________________ Universidade _____________

Assinatura:________________________________

3

.

4

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Celso da Silva Queiroz, pela experiência, ensinamentos, incentivo na

busca de novos conhecimentos e principalmente pela oportunidade de poder realizar

esse projeto de vida.

Ao Prof. Dr. Sílvio Boraks, pelo respeito, confiança e estímulo em meu crescimento

pessoal e profissional.

Á Dra Célia Regina Soares, exemplo de dedicação e competência profissional, sem

a qual seria impossível a realização desse estudo.

Ao Prof. Dr. Miguel Mizziara, equipe médica e funcionários do Instituto de Câncer Dr.

Arnaldo Vieira de Carvalho, pela colaboração, amizade e exemplo de

profissionalismo.

Ao Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, por acolher e viabilizar o

desenvolvimento desse projeto.

À Universidade de Taubaté, pela oportunidade de ampliar meus conhecimentos.

À CAPES, pela bolsa de estudos, sem a qual não teria sido possível realizar esse

projeto.

À Profª. Drª Ana Christina Elias Claro, pela dedicação, sensibilidade e equilíbrio nos

momentos difíceis.

Ao Prof. Dr. Davi Romeiro, pela orientação precisa no desenvolvimento desse

trabalho.

À querida amiga Drª Tania Urbine Tamayo, pela solidariedade e importante

colaboração com o material utilizado no estudo.

5

Aos meus pais, pelo empenho para que eu pudesse realizar meus objetivos de vida.

À minha irmã Vânia, por todo carinho, dedicação e ajuda na realização desse

trabalho.

Aos meus jovens colegas de curso, agradeço a oportunidade pelo rico e gratificante

convívio.

Aos colegas de equipe da Clínica de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do

Hospital Municipal do Campo Limpo, pela amizade e incentivo.

À Srª. Adriana Pellogia, pela incansável ajuda e orientação.

À Srª. Rita Ortega, pela competência profissional, apoio e inestimável colaboração.

Ao meu marido, Prof. Dr. Carlos Alberto Cappellanes, pela paciência, pelo estímulo,

pela orientação científica e pelo apoio fundamental nos momentos críticos, para que

eu pudesse realizar esse sonho.

Aos meus filhos, por todo carinho e compreensão pelos momentos em que estive

ausente.

E, finalmente, aos pacientes, que voluntariamente confiaram em meu trabalho e

ajudaram no meu crescimento profissional.

6

Fernando Sabino

7

RESUMO

A radioterapia tem importante aplicação clínica no tratamento das neoplasias malignas de cabeça e pescoço. A mucosite oral causada pelo efeito das radiações ionizantes, nos tecidos normais, manifesta-se como processo inflamatório reativo, com alta prevalência e diferentes graus de envolvimento tecidual. Os avanços alcançados com os laseres de baixa potência, assim como o uso de alguns fármacos, indicam a possibilidade de adoção de uma estratégia eficaz na terapia da mucosite oral. O presente estudo teve como objetivo avaliar a aplicação do laser de baixa potência associado ou não ao uso de antimicrobiano tópico (clorexidina gel 0,2%) no tratamento da mucosite oral. Quatorze pacientes portadores de neoplasia maligna na região de cabeça e pescoço, com indicação de tratamento radio e ou radioquimioterápico foram alocados em dois grupos: Grupo I: laser e Grupo II: laser e clorexidina. Os pacientes foram submetidos a tratamento profilático e terapêutico durante oito semanas. O grau de severidade da mucosite foi avaliado pelo método da OMS e a dor pela escala visual analógica (EVA). Os resultados mostraram que não houve diferença significativa entre a aplicação do laser isolado ou associado ao uso do antimicrobiano tópico. A laserterapia promoveu redução da dor e do grau de severidade da mucosite oral induzida pela radioterapia. Novos estudos devem ser realizados com a finalidade de serem estabelecidos protocolos padronizados e efetivos na abordagem terapêutica da mucosite oral. Palavras-chave: Mucosite. Radioterapia. Clorexidina. Laser. Laserterapia.

8

ABSTRACT

Radiotherapy has an important clinical role in the treatment of the malignant tumors of head and neck. Oral mucositis induced by radiotherapy is a reactive inflammatory process of the oral mucosae with high prevalence and different degrees of tissue involvement. The advances reached with low power lasers devices, as well as the use of some medicines, indicate the possibility of adoption of an efficient strategy in handling with the oral mucositis. The aim of the present study was to evaluate the application of the low power laser associated or not with topical antimicrobials use in oral mucositis treatment. Fourteen patients with head and neck cancer undergoing radiotherapy, with or not associated chemotherapy, were located in two groups: Group I: laser and Group II: laser and clorexidine. All the patients were submitted to prophylactic and therapeutical treatment during eight weeks. The grade and severity of mucositis was evaluated using the WHO scale and pain was measured by visual analogue scale (VAS). The study showed that there is not significant difference between the use of laser application only or associated with topical antimicrobials. Lasertherapy promoted decrease of the pain and the severity grade of oral mucositis induced by radiotherapy. New studies must be developed in order to establish standardized and effective protocols in oral mucositis management. Keywords: Mucositis. Radiotherapy. Clorexidine. Laser. Lasertherapy.

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores de densidade energética do LBI em função do efeito 42

Tabela 2 - Densidade energética do LBI em função da inflamação 42

Tabela 3 - Fórmula da saliva artificial 50

Tabela 4 - Especificação de equipamento Laser de Baixa Potência (LBI) 50

Tabela 5 - Escala para avaliação da severidade dos sinais e sintomas da

mucosite oral

52

Tabela 6 - Médias e desvios-padrão do grau de mucosite e de dor de cada

indivíduo dos grupos I e II

55

Tabela 7 - Distribuição dos valores médios do grau de mucosite e dor para

os grupos I (laser) e II (laser+perioxidin®)

56

Tabela 8 - Distribuição dos valores médios do grau de mucosite em

função dos grupos e tempos observados

56

Tabela 9 - Distribuição dos valores médios do grau de dor em função dos

grupos e tempos observados

57

Tabela 10 - Análise individual do grau de mucosite e de dor nos pacientes

do grupo I (laser), durante oito semanas

60

Tabela 11- Análise individual do grau de mucosite e de dor nos pacientes

do grupo II (laser + perioxidin®), durante oito semanas

61

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fases do desenvolvimento da mucosite oral 28

Figura 2 - Diversificação dos aspectos clínicos da mucosite oral 33

Figura 3 - Mucosite oral (casos clínicos) 38

Figura 4 - Mucosite oral associada à Candidíase oral 38

Figura 5 - Foto do equipamento LBI utilizado no estudo 51

Figura 6 - Demonstração da aplicação do Laser de Baixa Potência 51

Figura 7 - Escala Visual Analógica (Mensuração da Dor) 53

Figura 8 - Distribuição dos valores médios do grau de mucosite no grupo I

(laser)

58

Figura 9 - Distribuição dos valores médios do grau de dor no grupo I (laser) 58

Figura10 - Distribuição dos valores médios do grau de mucosite no grupo II

(laser + perioxidin®)

59

Figura11- Distribuição dos valores médios do grau de dor no grupo II

(laser + perioxidin®)

60

11

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANVISA

cGy

CEP

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Centigray

Comitê de Ética em Pesquisa

Gy

DNA

EVA VAS

FGF

Gray

Ácido Desoxirribonucléico

Escala Analógica Visual = Visual Analogic Scale

Fibloblast Growth Factor

IAVC

INCA

IgA

J

Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

Instituto Nacional do Câncer

Imunoglobulina A

Joule

Laser Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

LBI

MS

NCI

OMAS

OMS

OMRS

PDGF

Laser de baixa intensidade

Ministério da Saúde

National Cancer Institute

Oral Mucositis Assesment Scale

Organização Mundial da Saúde

Oral Mucosa Rating Scale

Platelet derived Growth Factor

12

QT

RAD

RT

UNITAU

WHO

Quimioterapia Radiation Absorved Dose

Radioterapia

Universidade de Taubaté

World Health Organization

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 REVISÃO DA LITERATURA 18

2.1 RADIOTERAPIA 18

2.1.1 Aspectos biológicos da radioterapia 21

2.2 QUIMIOTERAPIA 25

2.3 MUCOSITE 26

2.4 ANTIMICROBIANOS 34

2.5 LASER 39

3 PROPOSIÇÃO 46

4 MÉTODO 47

4.1 ASPECTOS ÉTICOS 47

4.2 SELEÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS 47

4.2.1 Critérios de inclusão 48

4.2.2 Critérios de exclusão 48

4.3 PREPARAÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS 48

4.4 PROTOCOLO DE TRATAMENTO 49

4.4.1 Saliva artificial 49

4.4.2 Laser 50

4.5 FASE CLÍNICA 51

4.5.1 Tratamento profilático 51

4.5.2 Tratamento terapêutico 52

4.6 AVALIAÇÃO DA MUCOSITE ORAL 52

4.7 AVALIAÇÃO DA DOR 53

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA 54

5 RESULTADOS 55

6 DISCUSSÃO 62

7 CONCLUSÃO 71

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

72

77

ANEXOS

79

14

1 INTRODUÇÃO

O câncer bucal é uma doença de alta incidência, responsável por elevadas

taxas de mortalidade em indivíduos com faixa etária economicamente ativa em

nosso país, ou por ocasionar sérias limitações, que impedem ou dificultam a

reintegração familiar, social e profissional. De acordo com as estimativas do Instituto

Nacional do Câncer (INCA), para o ano de 2008, são previstos cerca de 14.160

novos casos de câncer da cavidade oral, segundo localização primária desses

tumores, considerando taxas brutas de incidência por cem mil habitantes (BRASIL,

2008).

O diagnóstico precoce do câncer bucal é de fundamental importância

para o tratamento e cura dessa complexa patologia, devendo-se destacar a

relevância do cirurgião-dentista, tanto no processo de diagnóstico e detecção das

alterações das estruturas da boca, como em sua atuação junto a uma equipe

multidisciplinar (BORAKS, 2001).

As modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento das neoplasias

malignas da cavidade oral, em suas fases iniciais, incluem a cirurgia e radioterapia,

sendo a quimioterapia, geralmente empregada como recurso coadjuvante do

tratamento. A escolha pela melhor e mais adequada opção terapêutica é

determinada pela extensão, localização, tipo histológico da lesão, estadiamento da

doença, condição clínica do paciente, e pelos objetivos do tratamento – curativo ou

paliativo (PARISE JUNIOR, 2000).

A radioterapia aplicada como tratamento eletivo, ou como terapia

coadjuvante, nas neoplasias malignas de cabeça e pescoço, favorece a preservação

anatômica e funcional das áreas acometidas, porém, pode determinar o

15

desencadeamento de efeitos colaterais adversos, que englobam reações agudas e

complicações tardias. As reações agudas de maior prevalência são a mucosite oral,

a xerostomia, a disgeusia e as reações cutâneas. As complicações tardias envolvem

necrose tecidual, osteorradionecrose, cáries de irradiação e hipotireoidismo.

(PARISE JUNIOR, 2000).

A mucosite oral decorrente da ação da radiação ionizante, nos tecidos

normais, manifesta-se como intensa reação inflamatória das membranas mucosas

que revestem a cavidade bucal e orofaringe, levando à atrofia e necrose, com

conseqüente desenvolvimento de áreas ulceradas que predispõem processos

infecciosos secundários agravantes (TOMMASI, 2002).

A mucosite oral tem manifestação clínica entre o quinto e o sétimo dia a

partir do início da radioterapia ou quimioterapia, com maior envolvimento da mucosa

não-queratinizada (BENSADOUN et al., 2001). É um fenômeno reversível, porém,

em função do grau de severidade das lesões, compromete a qualidade de vida do

paciente e, em alguns casos, pode levar à interrupção do tratamento da patologia de

base. Provoca dor intensa, dificuldade de alimentação, da fala, do uso de próteses e

da higiene bucal, sendo agravada pela xerostomia e/ou hipossalivação, dependendo

do número de glândulas envolvidas (BORAKS, 1999). Além disso, por haver um

maior comprometimento das áreas não-queratinizadas, como as mucosas do lábio,

mucosa jugal, assoalho bucal, face ventral da língua e do palato mole, as lesões da

mucosite costumam ser mais intensas nos indivíduos etilistas, tabagistas e naqueles

submetidos à quimioterapia coadjuvante (TOMMASI, 2002).

Alguns autores consideram que idade, gênero, estado nutricional,

microbiota bucal, higiene bucal, função salivar e contagem de neutrófilos constituem

16

fatores de risco e podem estar associados com o aumento ou diminuição da

severidade da mucosite (BARASCH; PETERSON, 2003).

A deterioração da saúde bucal e os sintomas resultantes da falta de

saliva têm uma influência significativa sobre a qualidade de vida do paciente

oncológico durante e após o tratamento (JENSEN et al., 2003). Apesar da mucosite

não representar um risco de vida, pode causar dor severa e ter grande impacto no

estado nutricional e na qualidade de vida do paciente, podendo resultar em sérias

complicações clínicas, muitas vezes envolvendo necessidade de hospitalização com

altos custos, administração de nutrição enteral ou parenteral e uso de narcóticos.

Além disso, o dano causado à superfície mucosa aumenta o risco de instalação de

infecções secundárias, podendo constituir porta de acesso para infecções sistêmicas

generalizadas (BENSADOUN et al., 2001).

Muitos pesquisadores têm se dedicado ao estudo da mucosite oral, radio

e/ou quimioinduzida, na tentativa de estabelecer protocolos efetivos de tratamento

na abordagem desse angustiante quadro patológico, empregando terapêuticas

diversas, porém, sem resultados clínicos efetivos. As manobras terapêuticas

envolvem o emprego de antimicrobianos, analgésicos e antiinflamatórios, de uso

tópico ou sistêmico, agentes sialogogos, protetores celulares, fatores de crescimento

tecidual e aplicabilidade dos aparelhos de laser de baixa potência, com a finalidade

de obtenção de uma resposta orgânica satisfatória e não, apenas com atuação

paliativa.

A aplicação do laser de baixa potência, através de seus efeitos teciduais

diretos (bioestimulação, melhora da reparação tecidual, redução da dor e da

inflamação), tem mostrado novas perspectivas de abordagem terapêutica da

mucosite oral.

17

A proposta desse estudo foi avaliar um protocolo que associa o uso do

laser de baixa potência com o uso de antimicrobiano, no tratamento da mucosite

oral, em pacientes submetidos a tratamento radioterápico na região de cabeça e

pescoço.

18

2 REVISÃO DA LITERATURA

Visando um melhor entendimento do assunto a ser abordado, a revisão

da literatura foi dividida em cinco temas pertinentes ao projeto:

2.1 Radioterapia

2.2 Quimioterapia

2.3 Mucosite

2.4 Antimicrobianos

2.5 Laser

2.1 RADIOTERAPIA

Logo após sua descoberta em 1895, por Whilhelm C. Roentgen, os

raios-X foram utilizados para diagnóstico e terapia. A falta de conhecimentos

técnicos e científicos desencadeou o aparecimento de inúmeras e graves

complicações, levando as aplicações terapêuticas ao descrédito. Porém, os

progressos da física médica na década de trinta, permitiram a quantificação das

doses de radiação e o estabelecimento da relação entre a quantidade e efeito

biológico (SHABERLE; SILVA, 2000).

Do ponto de vista físico, as radiações podem ser classificadas em

eletromagnéticas e corpusculares. As radiações eletromagnéticas, representadas

pelos raios gama e os raios x, consistem em ondas com diferentes comprimentos e

mesma velocidade. As radiações corpusculares são aquelas que possuem massa

(elétrons, prótons e nêutrons) (BORAKS,1999; SEGRETO; SEGRETO, 2000).

19

Para fins biológicos, as radiações podem ser classificadas em ionizantes

e não-ionizantes. As radiações não-ionizantes são aquelas que não possuem

energia suficiente para realizar ionização de átomos biologicamente importantes. Em

contraste, as radiações ionizantes têm a propriedade de promover um efeito

biológico (SEGRETO; SEGRETO, 2000).

Em 1953, com a finalidade de expressar a quantidade de radiação

absorvida pelos tecidos, foi proposta, inicialmente, uma unidade internacional= rad

(radiation absorbed dose), que é a diferença entre a radiação aplicada e a que

atravessa os tecidos. A partir de 1980, esta unidade foi substituída pelo ¨Gray¨ (Gy),

que corresponde a 1rad e representa sempre a absorção de 1J/kg (BORAKS,1999;

JHAM; FREIRE, 2006).

As radiações ionizantes podem retardar ou paralisar o metabolismo

celular ou mesmo destruir células vivas, dependendo da absorção pelos tecidos, da

intensidade e do tempo. O corpo humano possui um conjunto de tecidos com

diferentes níveis de radiossensibilidade. Baseando-se na lei de Bergonie e

Tribondeau datada de 1906: “o efeito das radiações é maior nas células menos

diferenciadas e com maior capacidade proliferativa”, pode-se dizer que a

radiossensibilidade é inversamente proporcional ao grau de diferenciação celular, o

que confere uma seletividade parcial às células tumorais, com maior poder de

divisão celular (BORAKS, 1999). De acordo com a maior ou menor sensibilidade às

radiações ionizantes, os tecidos podem ser classificados em três grupos:

a) Radiossensíveis: são os tecidos destruídos por doses de até 2500

rads - tecido sanguíneo, epitélio mucoso, tecidos germinativos do testículo e ovário;

20

b) Radioreativos: são os tecidos destruídos por doses situadas entre

2500 e 5000rads - pele e anexos, endotélio vascular, glândulas salivares, ossos e

cartilagens jovens;

c) Radioresistentes: são os tecidos destruídos por doses superiores a

5000rads - tecido renal, hepático, glândulas endócrinas, hipófise, tireóide,

paratireóides, pâncreas, glândula supra-renal, ossos e cartilagens maduras.

Em princípio, o tratamento radioterápico é planejado de acordo com o

tipo de tumor e o estágio da doença. Porém, há outros fatores que influenciam na

decisão terapêutica e incluem a localização anatômica, o potencial envolvimento dos

tecidos adjacentes, evidência clínica de disseminação nodal regional, tipo histológico

e grau, margens tumorais, status de desempenho do paciente, fatores psicossociais,

preferências pessoais do paciente e terapia prévia. (PARISE JUNIOR, 2000).

Em geral, as aplicações são diárias, obedecendo a intervalos

programados pelo médico. Durante o tratamento é feito um acompanhamento das

reações do organismo ao tratamento. A reação orgânica é um dos fatores

importantes na determinação da duração do tratamento, assim como a resposta do

tumor às aplicações. Altas doses de radiação destroem o tumor, mas também

podem atingir os tecidos normais causando efeitos colaterais, que podem determinar

a interrupção do tratamento (JHAM; FREIRE, 2006).

A maioria dos pacientes submetidos a radioterapia recebe uma dose

total de 50-70Gy como dose curativa. As doses são fracionadas em um período de

cinco a sete semanas, uma vez ao dia, cinco dias por semana, com dose diária de

aproximadamente 2Gy, sendo que cada sessão dura, em média, de cinco a vinte

minutos (CAIELLI et al.,1995).

21

As doses fracionadas compõem os 5Rs da radiobiologia, com base nos

seguintes fundamentos: reoxigenação, redistribuição, recrutamento, repopulação e

regeneração (CAIELLI et al.,1995).

2.1.1 Aspectos Biológicos da Radioterapia

Segreto e Segreto (2000) descreveram que o uso da radiação ionizante,

como agente terapêutico, promove a ionização do meio onde incide, tornando-o

eletricamente instável. Assim, as radiações ionizantes agem sobre o DNA nuclear

determinando a morte ou perda de capacidade de reprodução da célula. Como o

conteúdo do DNA duplica durante a mitose, células com alto grau de atividade

mitótica são mais radiossensíveis do que aquelas com baixa taxa de mitose. A ação

da radiação pode ser direta ou indireta:

a) ação direta: a molécula de DNA é clivada, o que interfere no

processo de duplicação;

b) ação indireta: A água é dissociada em H+ e OH-, sendo que o OH-

reage com as bases do DNA, interferindo no processo de duplicação. Como a água

representa a maior parte do conteúdo celular, o efeito indireto é proporcionalmente

mais importante que o direto. A presença de oxigênio induz à formação de radicais

livres peroxidantes, que não permitem a recombinação para a molécula original,

levando ao aumento de radicais livres, com maior potencial lesivo.

Segundo Murad e Katz (1996), ocorre o “efeito oxigênio”: quando a

célula fixa oxigênio, aumenta sua radiossensibilidade em até três vezes.

22

As alterações provocadas pelas radiações ionizantes sobre as células

podem ser divididas em alterações morfológicas nucleares e alterações morfológicas

citoplasmáticas (BORAKS, 1999):

a) alterações morfológicas nucleares: vacuolização e picnose do

núcleo, aumento de volume dos cromossomos, fragmentação dos cromossomos,

aumento excessivo do núcleo, presença de colorações atípicas;

b) alterações morfológicas citoplasmáticas: vacuolização,

degeneração das estruturas citoplasmáticas e presença de colorações atípicas.

Também existem diferenças na resposta radiobiológica entre o tecido

normal e o tumoral, assim como entre os diferentes tecidos normais. A resposta está

relacionada com a capacidade da célula em reparar ou não as lesões

radioinduzidas, onde podemos agrupar os tecidos de resposta rápida e os de

resposta lenta.

Os tecidos de resposta rápida, tais como, pele, mucosas, tecido

hemocitopoiético, tecido linfóide, aparelho digestivo, ovário e certos tumores são

aqueles que apresentam as manifestações clínicas de lesão em curto período de

tempo depois da irradiação e possuem alta atividade mitótica (fase bastante

radiossensível do ciclo celular) e grande susceptibilidade à apoptose.

Os tecidos de resposta lenta, como o tecido ósseo, conjuntivo, muscular

e nervoso, são aqueles que apresentam suas alterações em tempo mais prolongado

após irradiação e que possuem baixa atividade proliferativa e menor susceptibilidade

à apoptose.

Durante a radioterapia, são usadas habitualmente doses fracionadas de

radiação em campos localizados. No entanto, é inevitável que parte do tecido normal

seja incluído no campo a ser irradiado. É de suma importância que a tolerância dos

23

tecidos normais seja respeitada. Se a dose de tolerância for ultrapassada, poderão

ocorrer alterações importantes e irreversíveis, pois a dose de tolerância varia em

relação às das características biológicas do tecido, do volume de tecido irradiado,

tipo de radiação e fracionamento da dose. Logo, a dose deve estar no máximo da

potência necessária, produzindo efeitos colaterais mínimos aceitáveis (BORAKS,

1999).

Segreto e Segreto (2000) relataram que a exposição a doses baixas e

freqüentes determina como efeitos biológicos mais relevantes a mutação e a

carcinogênese. Nas doses maiores de radiação, há o predomínio de morte celular e

não de transformação celular, podendo ocorrer lesão nas células da camada basal

da epiderme, que sofrem apoptose e /ou morte clonogênica, assim como lesão nos

melanócitos, com deposição de melanina na derme, que se não for fagocitada,

determina presença de hiperpigmentação.

Alterações vasculares, como a obliteração, são causadas parcialmente

pela liberação de fatores de crescimento derivado de plaquetas – PDGF (¨platelet

derived growth factor¨) e o FGF (¨fibroblast growth factor¨) das células endoteliais –

que atuam como fatores parácrinos para o crescimento de músculo liso, acarretando

espessamento da camada íntima dos vasos. Após a irradiação, a pele pode

apresentar radiodermite aguda ou crônica. Dependendo do sítio de irradiação, pode

haver o envolvimento de outras áreas do corpo como: orofaringe, esôfago, intestino,

bexiga, tecido hemocitopoiético, órgãos reprodutivos, rim, sistema nervoso, ossos e

cartilagens, olhos e pulmões. Além disso, nos casos de irradiação do corpo inteiro,

com doses únicas acima de 0,5Gy, há ocorrência da Síndrome aguda da radiação

(SAR), observada após a explosão da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki,

testes nucleares no Pacífico e em acidentes como os de Chernobyl e Goiânia, onde

24

observa-se a falência em três órgãos e sistemas: hemocitopoiético (doses entre 1 a

10Gy), gastrointestinal (doses entre 10 e 50Gy) e sistema nervoso central (doses

acima de 50Gy) (SEGRETO; SEGRETO, 2000).

As alterações provocadas pela irradiação de uma parte do corpo, em

geral, nos pacientes que se submetem ao tratamento radioterápico, muitas vezes é

mascarada, pois esses pacientes encontram-se debilitados em função do próprio

tumor ou pela extensão da lesão (BORAKS,1999).

As complicações relacionadas ao tratamento radioterápico dos pacientes

portadores de neoplasias malignas da cabeça e pescoço envolvem as reações

agudas e as complicações tardias. As reações agudas abrangem os quadros de

mucosite, xerostomia, perda do paladar e reações cutâneas. Já as complicações

tardias estão relacionadas à necrose tecidual, osteorradionecrose e hipotireoidismo

(PARISE JUNIOR, 2000).

Fatores de risco, como idade, gênero, status nutricional, microbiota

bucal, higiene bucal, função salivar e contagem de neutrófilos têm sido associados

com aumento ou diminuição da severidade da mucosite (BARASCH; PETERSON,

2003). Em relação à idade, pode ser observado um aumento na prevalência de

mucosite em pacientes pediátricos comparados a adultos com o mesmo tipo de

tumor (SONIS; SONIS; LIBERMAN, 1978).

Em relação ao aumento na prevalência e severidade da mucosite em

pacientes mais velhos, alguns dados biológicos indicam um aumento na

sensibilidade à radioterapia pela redução do reparo enzimático/DNA. Os pacientes

idosos devem ser observados com maior atenção durante a radioterapia,

principalmente porque a perda de eletrólitos ou fluídos não são bem tolerados

(GEINITZ; ZIMMERMANN; MOLLS, 1999). Outro fator agravante está relacionado

25

às modificações que ocorrem na mucosa bucal do idoso, como a diminuição da

espessura do epitélio bucal, que interfe diretamente na ingestão alimentar e na

perda do apetite, por desencadear um aumento da sensibilidade da mucosa oral,

com sensação de ardor (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000).

2.2 QUIMIOTERAPIA

Quimioterapia (QT) é o nome genérico atribuído ao tratamento de

qualquer doença por meio de substâncias químicas tóxicas. Pode, também, ser

definida como o método que utiliza compostos químicos (quimioterápicos) no

tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao

câncer, a quimioterapia é denominada de QT antineoplásica ou antiblástica

(FREIRE, 2004).

Segundo Freire (2004) a quimioterapia pode ser feita com a aplicação de

um ou mais quimioterápicos. O uso de drogas isoladas (monoquimioterapia)

mostrou-se ineficaz na maioria dos tumores, sendo de uso restrito. No entanto, a

poliquimioterapia tem sua eficácia comprovada, tendo como objetivos atingir

populações celulares em diferentes fases do ciclo celular, utilizar a ação sinérgica

das drogas, diminuir o desenvolvimento da resistência às drogas e promover maior

resposta por dose administrada, podendo ser usada em combinação com a cirurgia

e a radioterapia.

As modalidades terapêuticas mais importantes adotadas no tratamento

do carcinoma espinocelular da cavidade oral, em suas fases iniciais, são a cirurgia e

a radioterapia, sendo que a quimioterapia tem seu papel estabelecido em pacientes

com doença recidivada ou metastática, com finalidade paliativa. O aumento de

26

interesse, nessa área, decorre da aplicação de alguns novos agentes

quimioterápicos, como taxanos, gemcitabina, inibidores de topoisomerase I e

análogos de platina, que demonstraram atividade antitumoral, em uso isolado ou em

associações, na utilização da quimioterapia em caráter neo-adjuvante (indução),

antes do tratamento local com cirurgia e radioterapia, apresentando altas taxas de

resposta e ainda da combinação de quimioterapia e radioterapia, com o intuito de

potencializar a atividade antitumoral e a prevenção de metástases (PARISE

JUNIOR, 2000).

As complicações orais decorrentes da radioterapia, assim como da

quimioterapia, variam em padrão, duração e número, sendo que nem todo paciente

é susceptível ao desenvolvimento de efeitos colaterais. Os agentes antineoplásicos

afetam tanto as células normais como as células neoplásicas, acarretando um maior

dano às células malignas em função das diferenças quantitativas entre os processos

metabólicos dessas duas populações celulares. Diversos órgãos e sistemas podem

ser atingidos, provocando efeitos colaterais e toxicidade. A mucosite quimioinduzida

constitui um fator de desconforto e de limitação do tratamento, pois ocorre uma

interferência no ciclo celular das células da mucosa oral, impedindo sua renovação e

favorecendo a instalação do quadro de mucosite (FREIRE, 2004).

2.3 MUCOSITE

A mucosite induzida pelas radiações ionizantes é um processo

inflamatório reativo da mucosa bucal decorrente da radioterapia aplicada a pacientes

portadores de câncer (95% dos pacientes portadores de carcinoma espinocelular)

27

de cabeça e pescoço em geral, e da boca em particular, cujo feixe central atingiu a

mucosa bucal (BORAKS, 1999).

Squier (1990) relatou que a radioterapia poderia comprometer as células

do epitélio bucal, que têm proliferação rápida, durante o tratamento das neoplasias

de cabeça e pescoço. Ocorreria atrofia e ulceração, sendo que a ulceração seria

mais evidente na mucosa de revestimento do que na mucosa mastigatória e pele.

Haveria, ainda, hialinização do colágeno, hipovascularização e isquemia. Essas

alterações resultariam em redução da função protetora da mucosa, comprometendo

sua capacidade de regeneração, sua resistência à entrada de microorganismos

patogênicos e risco de instalação de infecções locais e sistêmicas.

A mucosite oral caracteriza-se pela interação de diversos fatores que

ocorrem durante o curso do tratamento radioterápico, porém o seu mecanismo

fisiopatológico ainda permanece desconhecido. Sonis (1998) propôs que esse

processo poderia ser responsável por envolver a liberação de radicais livres de

oxigênio que ativariam fatores de transcrição envolvidos na expressão de uma

variedade de proteínas, principalmente as citocinas pró-inflamatórias.

Posteriormente, Sonis et al. (1999), com base em experimentos laboratoriais e

clínicos, descreveram a mucosite como um complexo biológico que ocorreria em

quatro fases, sendo que cada fase seria interdependente e decorrente dos efeitos da

radioterapia ou da quimioterapia sobre o epitélio, assim como de ações mediadas

por citocinas , das condições dos pacientes submetidos a transplante de medula e

da microbiota bucal. Essas fases foram, primeiramente, divididas em: fase

inflamatória ou vascular, fase epitelial, fase bacteriológica ou ulcerativa e fase

reparativa. Atualmente, segundo Peterson (2006), essas fases são definidas em

cinco níveis de desenvolvimento (Figura 1).

28

Boraks (2001) relatou que a mucosite manifesta-se, inicialmente, como

um eritema, evoluindo com necroses extensas e superficiais da mucosa bucal e

formação de exsudato fibrinoso, em sua porção superficial, associada à candidíase.

Sugeriu que alterações vasculares causariam diminuição do aporte sanguíneo à

área irradiada, envolvendo os tecidos normais circunvizinhos à região tumoral, que

sofreriam de forma mais acentuada os efeitos das radiações. A ulceração seria o

fator responsável pelo desencadeamento da colonização bacteriana da lesão e da

liberação das toxinas, aumentando a destruição tecidual. A mucosite oral tem

manifestação clínica entre o quinto e o sétimo dia a partir do início da radioterapia ou

quimioterapia, com maior envolvimento da mucosa não-queratinizada (BENSADOUN

et al., 2001). Apresenta um quadro clínico de intensa reação inflamatória das

membranas mucosas que revestem a cavidade bucal e orofaringe, levando à sua

atrofia e necrose. Como conseqüência, há o aparecimento de áreas de ulcerações

que predispõem a instalação de processos infecciosos secundários agravantes

(BORAKS, 2001; TOMMASI, 2002) (Figura 2).

Figura 1 - Fases do Desenvolvimento da Mucosite Oral (adaptada de PETERSON, 2006)

29

Tommasi (2002) definiu a mucosite como uma intensa reação

inflamatória das membranas mucosas que revestem a cavidade bucal e orofaringe,

envolvendo perda ou diminuição da capacidade de renovação celular da camada

basal do epitélio, com atrofia e necrose, com conseqüente aparecimento de áreas de

ulcerações que predispõem a instalação de processos infecciosos secundários

agravantes. Além disso, referiu que o reflexo das alterações sofridas pelas glândulas

salivares, durante a radioterapia, é traduzido por um quadro irreversível de intensa

hipossalivação, diminuição do pH salivar, aumento na concentração dos íons cálcio,

sódio, potássio, cloreto e magnésio. Assim, o paciente portador dessa

hipossalivação, apresenta manifestações como xerostomia, sede excessiva,

dificuldade de usar próteses, desconforto bucal noturno, acúmulo de muco,

queimação bucal, dificuldade de realização das funções bucais, alterações na

percepção dos sabores, alterações dos tecidos moles da boca, cárie de radiação,

doença periodontal e modificações da microbiota. Sugeriu como medida paliativa

sobre a xerostomia, o uso de substitutos de saliva ou salivas artificiais, referindo,

porém, que esses substitutos deixam muito a desejar pelo seu efeito fugaz e

ineficácia na defesa imunológica.

Mudanças qualitativas dos componentes da saliva total podem ser

alterações causadas pela radioterapia, doenças sistêmicas, medicamentos,

inflamação da mucosa, assim como pelo próprio tumor. Como a saliva tem papel

fundamental na manutenção da integridade da mucosa irradiada, a ocorrência de

hipossalivação e xerostomia presentes em quase todos os pacientes, contribui para

o desequilíbrio da microbiota bucal (BORAKS, 2001).

A mucosite oral e a gastrintestinal podem afetar 100% dos pacientes sob

quimioterapia de alta dosagem e transplante de medula óssea (BARASCH;

30

PETERSON, 2003) e 80% dos pacientes que recebem radioterapia para câncer de

cabeça e pescoço (RUBENSTEIN; PETERSON; SCHUBERT, 2004). Os sintomas se

desenvolvem entre o segundo e o décimo dia, a partir do inicio da terapia, e podem

durar duas, três ou mais semanas (SETO et al., 1985). Alguns autores afirmam que

a mucosite resultante das modificações no epitélio da mucosa bucal, em decorrência

da diminuição da renovação celular, é geralmente notada em doses em torno de

2000cGray, quando a terapia é administrada em doses diárias de 200cGray

(CAIELLI; MARTHA; DIB, 1995).

Segundo Boraks (2001), o 21º dia (30Gy) representa um ponto chave, já

que depois da terceira semana, são observados sintomas generalizados como

distúrbios na alimentação e infecção secundária.

Parise Junior (2000) descreveu o desenvolvimento inicial da mucosite,

provocada pelas radiações ionizantes, após 30Gray (terceira semana de

tratamento), com desconforto, odinofagia ou disfagia e comprometimento nutricional.

Para esse autor, a manifestação clínica mais intensa da mucosite é a ulceração, que

constitui porta de entrada para infecções bacterianas, além de rico potencial em

induzir seqüelas.

Segundo Berger e Kilroy (2001) existem alguns fatores que contribuem

para a instalação da mucosite orofaríngea, relacionados como diretos e indiretos. Os

fatores diretos incluem os agentes quimioterápicos, o tempo e dosagem de

administração, a dose total e tempo de radioterapia, as injúrias à mucosa por trauma

causado pelo uso de próteses, doença periodontal, microbiota bucal, disfunção de

glândulas salivares e susceptibilidade do paciente. Os fatores indiretos incluem a

mielossupressão, imunossupressão, redução da secreção salivar de Ig A e infecções

de etiologia bacteriana, viral ou fúngica.

31

Fatores de risco, como idade, gênero, status nutricional, microbiota

bucal, higiene bucal, função salivar e contagem de neutrófilos têm sido associados

com aumento ou diminuição da severidade da mucosite (BARASCH; PETERSON,

2003).

Quanto ao gênero, Chiara (1996) relatou uma incidência de mucosite

significativamente maior para o sexo masculino. Ainda permanece mal esclarecida a

influência da idade e do gênero na incidência da mucosite bucal (BARASCH;

PETERSON, 2003).

Não há evidências suficientes para concluir que cuidados bucais básicos

como escovação, fio dental e enxaguatórios possam prevenir ou tratar a mucosite,

apesar da importância da higiene na manutenção da saúde bucal. Entretanto, os

pesquisadores estudam exaustivamente a eficácia de produtos que possam eliminar

ou diminuir drasticamente a quantidade e patogenicidade dos microorganismos

envolvidos com a radiomucosite (BORAKS, 1999).

A graduação da mucosite é imprescindível e tem como finalidade

primordial, a classificação do grau de severidade das lesões e o acompanhamento

da evolução dos sinais e sintomas (BORAKS, 2001).

Existem alguns métodos de se avaliar o grau de severidade da mucosite.

Um dos métodos adotados pelos autores é o método preconizado pela Organização

Mundial da Saúde (OMS) ou World Health Organization (WHO), que gradua a

mucosite em função das alterações da mucosa bucal, como eritema e ulceração, em

combinação a comprometimentos subjetivos e funcionais, como dor e capacidade de

ingestão de alimentos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1979). O método

desenvolvido pelo National Cancer Institute (NCI) tem uma escala, adotada para

pacientes sob radioterapia, baseada apenas em sinais objetivos, outra escala para

32

pacientes sob quimioterapia e transplantados de medula óssea, que contempla

também elementos subjetivos, como a capacidade de engolir. Alguns grupos de

estudo desenvolveram escalas mais direcionadas às ferramentas de pesquisa

tentando eliminar completamente os aspectos subjetivos ou avaliá-los de forma

independente para depois integrá-los a uma avaliação compreensiva como a Oral

Mucosa Rating Scale (OMRS) (SCHUBERT et al., 1992). A Oral Mucositis

Assessment Scale (OMAS) é uma escala bastante minuciosa, pois avalia o tamanho

das úlceras e a severidade do eritema em relação à localização anatômica das

lesões. Também são considerados outros aspectos subjetivos, como a dor e a

capacidade de engolir, mas avalia sinais e sintomas de forma separada (SONIS et

al., 1999; SPIJKERVET et al., 1989).

Para Berger e Kilroy (2001), um protocolo padronizado é essencial para

a prevenção e tratamento da mucosite induzida pela radio e/ou quimioterapia,

embora a efetividade e segurança desses tratamentos não estejam bem

estabelecidos. Para esses autores, a mucosite não é apenas responsável por

intensa sintomatologia dolorosa, mas também por determinar limitação no estado

nutricional e diminuir a vontade do paciente em dar continuidade ao tratamento. A

severidade do quadro, com extensas úlceras, compromete a qualidade de vida

desses pacientes e, muitas vezes, requer hospitalização, com nutrição enteral ou

parenteral e uso de narcóticos. Além disso, pode comprometer o tratamento

antineoplásico, resultando em sérias complicações clínicas, com geração de altos

custos.

Anthony et al. (2006) afirmam que a resposta da mucosa do paciente

submetido a tratamento do câncer parece ser controlada por fatores gerais (gênero,

raça, doença de base) e fatores teciduais específicos (tipo epitelial, sistema

33

endócrino intrínseco, meio local microbiano e função). Acreditam que a interação

desses elementos, associada ao caráter genético, freqüentemente imprimem o risco,

curso e severidade da injúria da mucosa.

Figura 2 – Diversificação dos aspectos clínicos da mucosite oral (Casos clínicos do Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, 2008)

34

2.4 ANTIMICROBIANOS

Baker (1982) mencionou existirem sete fatores responsáveis pela perda

de defesa microbiológica em pacientes irradiados, propiciando o aparecimento de

mucosite:

a) dano anatômico (aumenta a permeabilidade tissular);

b) alterações fisiológicas (trocas na composição das proteínas da saliva);

c) dificuldade de mobilidade da língua;

d) redução da secreção salivar (mais de 90% após uma dose total de 40Gy);

e) alterações na secreção de IgA (a diminuição do nível de IgA na saliva pode

reduzir a atividade antimicrobiana da saliva);

f) alteração do turn-over celular (diminuição da atividade mitótica na camada basal);

g) alteração na microbiota (aumento de Lactobacillus).

Spijkervet et al. (1990) avaliaram pacientes portadores de neoplasias

malignas de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia, referindo ser conduta

adequada, a prevenção da mucosite pela eliminação seletiva da microbiota bucal

desses pacientes.

Spijkervet (1991) relatou que entre outros microrganismos presentes na

microbiota bucal, o Streptococcus viridans é o mais importante para o

desenvolvimento da radiomucosite. Além disso, para esses autores, quando existe

envolvimento das glândulas salivares no campo de atuação da radiação, a secreção

salivar diminui drasticamente, o pH salivar diminui para cinco ou quatro e isto

contribui para o aumento da microbiota.

Kusler e Rambur (1992) observaram que a erradicação dos bacilos

Gram-negativos da orofaringe é extremamente difícil, provavelmente devido ao curto

35

tempo de contato dos antimicrobianos com a mucosa oral, onde o enxágüe não

garante um tempo de contato adequado.

Epstein et al. (1991) sugeriram o uso de clorexidina gel, de uso tópico na

mucosa bucal, para a redução de Streptococcus mutans e Lactobacillus spp, em

pacientes tratados por radioterapia. Esses autores relataram que a clorexidina

demonstrou possuir um largo espectro de atividade antimicrobiana tópica, onde seu

mecanismo de ação se faz através de uma interação com a membrana

citoplasmática, levando a um extravasamento de componentes intracelulares e

precipitação de conteúdo citoplasmático. Pelo fato de não ser absorvida pelo trato

gastrointestinal, ainda não houveram relatos de toxicidade sistêmica. Os efeitos

colaterais que podem ocorrer na cavidade bucal incluem a pigmentação

acastanhada dos tecidos e alteração de paladar.

Epstein, Freilich e Le (1993) descreveram que o desenvolvimento de

candidíase na mucosa bucal pode estar relacionada à xerostomia, uso de próteses,

etilismo e tabagismo, que constituem fatores coadjuvantes no desenvolvimento de

fungos do gênero Candida spp.

Singh, Scully e Joyston-Bechal (1996) afirmaram que as infecções orais

constituem um problema decorrente da radio e quimioterapia. Além disso,

observaram que pacientes com neutropenia resultante da quimioterapia, têm risco

de septicemia por infecção por microorganismos componentes da microbiota bucal,

em particular, o -streptococcus hemolíticos ou bactérias Gram-negativas. No caso

de pacientes irradiados, relataram a quebra da homeostase, havendo um aumento

da colonização por fungos e bactérias Gram-negativas.

Scully e Epstein (1996) relataram que o uso tópico do gluconato de

clorexidina ajuda a reduzir microorganismos como S.mutans e Lactobacillus e

36

embora a clorexidina tenha demonstrado ineficiência em alguns estudos, os autores

atestam o seu valor clínico, particularmente no controle da placa bacteriana e, em

alguns casos, na redução da candidíase oral.

Boraks (1999) relatou como efeito colateral indesejável da radioterapia, o

aumento significativo da microbiota bucal, notando-se o desenvolvimento excessivo

de bactérias como Streptococcus spp, Lactobacillus spp, Candida spp entre outros.

Refere, também, não existirem evidências suficientes para concluir que cuidados

bucais básicos como escovação, fio dental e enxaguatórios possam prevenir ou

tratar a mucosite, apesar da importância da higiene na manutenção da saúde bucal.

Entretanto, os pesquisadores estudam exaustivamente a eficácia de produtos que

possam eliminar ou diminuir drasticamente a quantidade e patogenicidade dos

microorganismos envolvidos com a radiomucosite.

Epstein, Silverman Junior e Paggiarno (2001) recomendaram o uso tópico de

hidroclorato de benzidamina para o tratamento da mucosite oral, relacionada com a

radioterapia de média dosagem, por sua ação antiinflamatória, analgésica e

antimicrobiana.

Bensadoun et al. (2001) afirmaram que um protocolo padronizado é essencial

ao tratamento da mucosite radio e/ou quimioinduzida, embora a eficácia e segurança

da maioria dos protocolos não esteja bem estabelecida. Relatam que

simultaneamente aos cuidados orais básicos (higiene oral e controle de placa), uso

de colutórios bucais (soluções salinas, bicarbonatadas, clorexidina, água pura), de

substâncias de ação protetora da mucosa oral (anti-ácidos, sucralfato, caolin-

pectina, Zilactin), de anestésicos tópicos (lidocaína, benzocaína, cocaína, anti-

histamínicos), de analgésicos (não-esteroidais, não-opiáceos e opióides), de

antiinflamatórios (não-esteroidais, esteroidais e misoprostol), de agentes

37

antimicrobianos sistêmicos (antibióticos, anti-fúngicos e anti-virais) e de uso tópico

(clorexidina, povidine, iodo, soluções antibióticas e anti-fúngicas), muitos agentes

têm sido testados como as citocinas e os fatores de crescimento (epidermal growth

factors: TGF 3, KGF-1, KGF-2,GM-CSF, GCSF), protetores biológicos das

mucosas (amifostina, pentoxifilina, IL-11), crioterapia (“ice chips”), e aplicação do

laser de baixa intensidade.

El-Sayed et al. (2002) em estudo realizado para avaliar a toxicidade e

eficácia microbiológica de soluções para bochechos em pacientes submetidos a

radioterapia, empregaram soluções contendo bacitracina, clotrimazol e gentamicina,

de uso diário. Os autores não encontraram significativos efeitos colaterais e os

colutórios foram bem tolerados pelos pacientes. A avaliação microbiológica mostrou

eliminação dos fungos em todos os pacientes. A maioria dos pacientes teve

redução de bacilos Gram-negativos.

Castro et al. (2002), com o intuito de evitar a ocorrência de infecções

oportunistas como candidíase, recomendaram o uso de bochechos diários com

digluconato de clorexidina 0,2% ou 0,1% em solução aquosa, de acordo com a

tolerância do paciente. Se ainda houver instalação da candidíase, deve ser

administrada medicação tópica (nistatina, solução oral) ou sistêmica (anfoterecina B,

fluconazol, cetoconazol, itraconazol) (Figura 3 e 4).

Labbate, Lhen e Denardin (2003), em estudo desenvolvido com o

objetivo de avaliar o efeito protetor do gluconato de clorexidina a 0,12% (dois

bochechos diários) sobre a mucosa oral, durante o tratamento radioterápico

fracionado, observaram que não houve eliminação das lesões da mucosa, mas

ocorreu diminuição significativa de efeitos deletérios sobre a mucosa bucal.

38

Rubenstein, Peterson e Schubert (2004) relataram que o uso de

preparações tópicas contendo ingredientes como lidocaína, benzocaína, leite de

magnésia, kaolin, pectina, clorexidina e difenidramina têm sido difundidos e

utilizados amplamente, porém sem a existência de evidências significativas de sua

eficácia no tratamento da mucosite oral.

Almeida et al. (2004) preconizaram, para o tratamento e controle da

candidíase, o uso de antifúngicos tópicos e sistêmicos, sendo que, nas candidíases

orais associadas à radioterapia, utiliza-se suspensão oral, cem mil unidades por ml,

quatro vezes ao dia ou mais, com orientação de permanência do líquido na boca por

alguns minutos, e depois, sua deglutição. Referiram que a orientação de higiene oral

contribui com a diminuição na contagem dos microrganismos e melhora a ação do

fármaco. Citam ainda, que os imidazóis, como o clotrimazol e o cetoconazol,

também podem ser administrados, embora o uso do cetoconazol demande teste das

funções hepáticas. E, em casos raros de infecção sistêmica, parece que o

fluconazol, um triazol, é mais eficaz do que o cetoconazol e menos tóxico para a as

células hepáticas.

Figura 3 – Mucosite oral (IAVC, 2008) Figura 4 – Mucosite oral associada à candidíase oral (IAVC, 2008)

39

2.5 LASER

O laser (“Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation”)

apresenta propriedades terapêuticas e tem sido empregado no tratamento das mais

diversas patogenias. O uso da terapia a laser, em baixa intensidade, vem sendo

pesquisado com o objetivo de estabelecer novos protocolos preventivos e de

tratamento dos quadros de mucosite (FREIRE, 2004).

Nos últimos anos vêm se acumulando evidências clínicas de que o uso

do laser de baixa potência pode reduzir a dor e a inflamação causadas pela

mucosite (RUBENSTEIN; PETERSON; SCHUBERT, 2004).

O laser de baixa intensidade (LBI), associado aos seus três

reconhecidos mecanismos de ação (analgésico, antiinflamatório e bioestimulação),

pode ser um método de escolha no controle da mucosite oral, podendo trazer

grandes avanços no campo da oncologia (BENSADOUN et al., 2001).

Segundo Genovese (2000), os aparelhos de laser de baixa potência, ou

baixa intensidade, também denominados SOFT-LASER, LASER MOLE ou LASER

FRIO, promovem emissão de radiações de baixa potência, sem potencial destrutivo.

Seus efeitos terapêuticos envolvem ação analgésica, antiinflamatória e de

bioestimulação, que variam de forma individual. Pode ser aplicado de forma puntual,

em varredura ou por zona, depositando uma quantidade elevada de fótons que são,

em parte, repelidos ao tentarem penetrar no meio biológico. O restante é absorvido

pelos tecidos, sendo que essa absorção se efetua nas camadas superficiais. A

energia depositada nos tecidos se transforma imediatamente em outro tipo de

energia ou efeito biológico, que são os chamados efeitos primários ou diretos

(bioquímico, bioelétrico e bioenergético). Esses efeitos primários ou diretos,

40

provocados pela mesma absorção e desenvolvidos no próprio tecido e tecidos

vizinhos, provocam dois grandes efeitos secundários ou indiretos (estímulo à

microcirculação e estímulo ao trofismo celular).

a) Efeitos primários ou diretos:

a.1) Efeito bioquímico - controla a produção de substâncias liberadas nos

fenômenos de dor e inflamação, como as prostaglandinas, prostaciclinas, histamina,

serotonina, bradicinina e leucotrienos. Modifica as reações enzimáticas normais,

tanto no sentido de excitação como de inibição, como são a produção de ATP e a

síntese das prostaglandinas. Além disso, deve-se destacar ainda como efeito

bioquímico, a ação fibrinolítica dos raios laser.

a.2) Efeito bioelétrico - toda célula tem em seu interior mais cargas negativas do que

positivas. No meio exterior, existem substâncias de cargas positivas como o Sódio e

Potássio. A diferença de potencial decorrente da existência de diferentes

concentrações de íons positivos ou negativos dentro ou fora da célula, mantém a

pressão osmótica da membrana celular, determinando a permeabilidade dessa

membrana e agindo no limiar da condução da dor, impedindo que os estímulos

dolorosos se transmitam aos centros superiores. Em condições patológicas, as

células não podem manter seu potencial de membrana, isto é, o gradiente iônico de

ambos os lados dessa membrana se transforma, podendo chegar a zero ou inclusive

inverter-se. Então, as ações terapêuticas do laser se manifestam das seguintes

formas: de modo direto, atuando sobre a mobilidade iônica; ou de modo indireto,

aumentando a quantidade de ATP produzida pela célula. O efeito bioelétrico da

radiação laser ajuda a normalizar o potencial de membrana, atuando como

reequilibrante e normalizador da atividade funcional da célula.

41

a.3) Efeito bioenergético: pode-se admitir que as radiações laser proporcionam às

células, tecidos e organismos, em conjunto, uma energia válida e que estimula, em

todos os níveis, o trofismo, normalizando as deficiências e equilibrando as

desigualdades.

b) Efeitos secundários ou indiretos: estímulo à microcirculação e estímulo ao

trofismo celular.

b.1) Estímulo à microcirculação - em circunstâncias normais, o esfíncter pré-capilar

funciona de forma periódica, ativando ou cessando o funcionamento da

microcirculação. Parece que a radiação laser tem uma ação indireta sobre o

esfíncter pré-capilar, por meio de mediadores químicos, paralisando-o e produzindo

sua abertura constante e, portanto, determinando um estímulo à microcirculação,

pela liberação de histamina.

b.2) Estímulo ao trofismo celular: a aplicação de laser de baixa intensidade promove

aumento da produção de ATP, com aumento da velocidade de mitose. Há aumento

da neoformação vascular e da multiplicação celular.

Com a evolução dos equipamentos de laser de baixa intensidade, a

dosimetria energética é calculada em função do tempo de aplicação. Genovese

(2000) menciona os valores de densidade energética (Tabela 1). Essas indicações

referem-se à unidade de superfície irradiada, e não à totalidade de densidade

energética aplicada ao paciente em função da patologia.

42

Tabela 1 - Valores de densidade energética do LBI em função do efeito

Tipo de Efeito Densidade Energética

efeito antiálgico 2 a 4 J/cm²

efeito antiinflamatório 1 a 3 J/cm²

efeito regenerativo 3 a 6 J/cm²

efeito circulatório 1 a 3 J/cm²

Relata ainda que quando há necessidade de efeito antiinflamatório, o

cálculo da densidade energética deve ser baseado em função das modalidades de

inflamação (GENOVESE, 2000) (Tabela 2).

Tabela 2 - Densidade energética do LBI em função da inflamação

Estágio de Inflamação Densidade energética

Inflamação aguda doses baixas de 1 a 3 J/cm²

Inflamação subaguda doses médias de 3 a 4 J/cm²

Inflamação crônica doses altas de 5 a 7 J/cm²

Genovese (2000) afirmou que essas indicações dosimétricas devem ser

consideradas a título de orientação, pois é o cirurgião-dentista quem deverá

determinar, variar ou alternar as doses de aplicação em função da resposta do

paciente/ou do tipo da lesão. Entretanto, o autor aconselhou não ultrapassar a

dosimetria energética de 12J/cm² por unidade de superfície, já que se pode produzir

um efeito inibidor. O número de sessões realizadas com aplicações de laser de

43

baixa intensidade é variável em função da patologia. No entanto, se depois de

algumas sessões não forem observadas melhora das condições clínicas, é

aconselhável optar por outra modalidade terapêutica.

Bensadoun et al. (1999) afirmaram que o uso do laser de hélio-neônio de

baixa energia parece ser uma técnica simples e atraumática para prevenção e

tratamento da mucosite de várias origens. Os autores notaram uma significativa

diminuição da dor e descrevem que a terapia a laser é capaz de reduzir a

severidade e duração da mucosite oral causada pela radioterapia e que o laser tem

um grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos

efeitos indesejáveis da radioterapia.

Migliorati et al. (2001), em estudo piloto realizado no Hospital Sírio Libanês –

São Paulo realizou uma pesquisa para avaliar a eficácia da terapia a LASER de

baixa intensidade, com comprimento de onda de 780nm, para o controle da dor

associada à mucosite oral em onze pacientes que se submeteram a transplante de

medula óssea. A severidade da mucosite foi graduada pela tabela da Organização

Mundial da Saúde (OMS) e a dor foi medida com o uso da escala visual analógica

(EVA). A maioria dos pacientes associou a aplicação diária do laser como

satisfatória para ao alívio da dor e não se verificou presença de infecções ou

sangramento, apesar das altas doses de quimioterapia recebidas.

Azevedo, Magalhães e Dias (2003) descreveram que, em relação às

contra-indicações, o laser não deve ser aplicado em pacientes que fazem uso de

medicações fotossensíveis, para que sejam evitadas interações indesejáveis.

Também não recomendam a sua utilização em pacientes debilitados, em virtude da

baixa energia celular dificultar a absorção de luz benéfica. Referem, ainda, que

44

outros tipos de complicações podem ser decorrentes de negligência em relação às

normas de segurança.

Sandoval et al. (2003) em estudo prospectivo em pacientes submetidos

a radio, quimio ou radioquimioterapia com mucosite oral e tratados com laser de

baixa potência, constataram alívio imediato da dor na maioria dos casos, relatando

uma boa aceitação desse método pelos pacientes.

Rubenstein, Peterson e Schubert (2004) observaram que, nos últimos

anos, vêm se acumulando evidências clínicas de que o uso do laser de baixa

potência pode reduzir a dor e a inflamação causadas pela mucosite.

Catão (2004) recomendou a laserterapia na prevenção e tratamento da

mucosite oral, podendo ser aplicada isoladamente ou em associação a tratamento

medicamentoso, proporcionando alívio da dor, conforto ao paciente, controle da

inflamação, manutenção da integridade da mucosa bucal e melhora da reparação

tecidual.

Kühn et al. (2005), em estudo comparativo realizado em cinqüenta

pacientes submetidos a radioterapia e quimioterapia, com laser de baixa potência e

com comprimentos de onda de 685nm e 830nm , concluíram que o laser de 830nm

mostrou superioridade terapêutica quando comparado com o laser de 685nm.

Genot e Klastersky (2005), em estudo de revisão da literatura,

confirmaram as evidências de que o laser de baixa potência pode reduzir o grau de

severidade da mucosite oral induzida pela radio ou quimioterapia, embora sejam

necessários mais pesquisas no campo da prevenção.

Estudo realizado para avaliação da efetividade do laser InGaAIP, com

comprimento de onda de 685nm, para prevenção da xerostomia e mucosite oral em

pacientes portadores de neoplasia maligna de cabeça e pescoço, mostrou que os

45

pacientes que foram submetidos à associação de radioterapia e laser apresentaram

uma incidência de xerostomia, mucosite oral e dor significativamente menor quando

comparados ao grupo de radioterapia sem laser (LOPES; MAS JUNIOR; ZANGARO,

2006).

Bensadoun et al. (2006) afirmaram que a mucosite é reconhecida como

o fator principal nas limitações do tratamento dos pacientes portadores de câncer de

cabeça e pescoço, onde a prevenção e o tratamento da mucosite são fundamentais

na melhora da qualidade de vida e do controle da doença. Afirmam que muitos

tratamentos tópicos e sistêmicos são realizados, mas poucos têm mostrado

significativa eficácia. Os autores acreditam que a evolução das técnicas de

radioterapia e o emprego da laserterapia podem ter um impacto importante no

campo da oncologia, assim como na prevenção da mucosite.

46

3 PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar a aplicação do laser de baixa

potência no tratamento da mucosite oral, aplicado isoladamente ou associado ao

uso de antimicrobiano tópico (clorexidina gel 0,2%), em pacientes portadores de

neoplasia maligna de cabeça e pescoço, após serem submetidos à radioterapia.

47

4 MÉTODO

4.1 ASPECTOS ÉTICOS

Após a aprovação do projeto pelos Comitês de Ética em Pesquisa da

Universidade de Taubaté (Protocolo CEP/UNITAU no 0251/07) e do Instituto de

Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (CEP/ICAVC), foram selecionados 14

pacientes portadores de neoplasia maligna de cabeça e pescoço.

Os pacientes foram atendidos no Setor de Radioterapia do Instituto de

Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, São Paulo – SP. Todos os participantes ou

seus responsáveis legais assinaram um termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, de acordo com os princípios enunciados na Declaração de Helsinque,

Finlândia (1964) – ratificada em Edimburgo (2000), expressa nas Resoluções nº

196/96 e nº251/97 do CNS/MS – Normas de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos

(BRASIL 1996, 1997).

O pesquisador responsável orientou os pacientes sobre os objetivos do

estudo, os procedimentos a serem adotados, assim como os riscos envolvidos.

Os pacientes foram informados de que todo material de pesquisa contido

neste estudo será considerado confidencial. Essas informações poderão ser

reveladas, se necessário, a critério do pesquisador responsável ou do Centro de

Ensino e Pesquisa (CEPE).

4.2 SELEÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS

48

Quatorze pacientes portadores de neoplasia maligna da região de

cabeça e pescoço, com indicação de tratamento radio e/ou radioquimioterápico,

foram selecionados e alocados em dois grupos de tratamento:

Grupo I (n=8) – LASER

Grupo II (n=6) – LASER + Clorexidina 0,2% / (Perioxidin® gel)

Grupo I : Nesse grupo, seis pacientes foram submetidos à radioterapia

e dois pacientes foram tratados com radio e quimioterapia associados.

Grupo II : No grupo II, quatro pacientes foram submetidos à radioterapia

exclusiva e dois pacientes receberam tratamento com associação de radio e

quimioterapia. Nesse grupo, os pacientes foram orientados a usar o Perioxidin®, na

forma de gel, três vezes ao dia, com início a partir da primeira sessão de laserterapia

até o final do tratamento clínico.

4.2.1 Critérios de inclusão

Pacientes de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, submetidos a

tratamento antineoplásico com radio e radioquimioterapia.

4.2.2 Critérios de exclusão

Gestantes, pacientes menores de dezoito anos e pacientes submetidos

a tratamento quimioterápico exclusivo.

49

4.3 PREPARAÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS

Foi realizada avaliação clínica, incluíndo anamnese minuciosa, exame

clínico intra-oral e preparo odontológico profilático, previamente ao tratamento

antineoplásico. Os pacientes foram acompanhados durante todo o tratamento

radioterápico, sendo orientados sobre a importância da manutenção de higiene oral

adequada, cuidados gerais relativos à hidratação corporal e dieta balanceada. Os

pacientes receberam informação sobre os procedimentos de uso do laser de baixa

potência e orientação sobre a necessidade de uso de proteção ocular, de acordo

com as normas internacionais de segurança.

4.4 PROTOCOLO DE TRATAMENTO

4.4.1Saliva artificial

Após a primeira sessão de radioterapia, todos os pacientes foram instruídos

a usar saliva artificial (Tabela 3), para controle de xerostomia, em virtude de possível

redução do fluxo salivar durante o tratamento radioterápico. Sua aplicação foi

preconizada na posologia de três vezes ao dia, ou mais, ou conforme necessidade

individual (BORAKS, 2001).

50

Tabela 3 – Fórmula da Saliva Artificial (adaptada de BORAKS, 2001)

Saliva Artificial, para 1000 ml de saliva/900 ml de água destilada

cloreto de sódio 674,0mg

cloreto de potássio 960,0mg

cloreto de magnésio hexidratado 40,8mg

cloreto de cálcio dihidratado 106,8mg

fosfato de potássio hidrogenado 274,0mg

metil-p-hidroxibenzoato 10,0mg

propil-p-dihidroxibenzoato 100,0mg

carboxi metil celulose de sódio 8,0g

sorbitol 70% 24,0g

4.4.2 Laser

Para o protocolo de profilaxia da mucosite oral, em ambos os grupos de

estudo, Grupos I e II, foi utilizado um equipamento de laser baixa intensidade, com

comprimento de onda na faixa de 660nm, luz visível, vermelho, em meio ativo de

GaAlAs, potência de 30 mW de emissão contínua (Tabela 4).

Tabela 4 – Especificações do equipamento de Laser de baixa potência (LBI)

Quanto ao risco (Anvisa) Classe II (médio risco) Tipo de emissão CW (emissão contínua)

Área de saída do laser (ponta da caneta) 0,03 cm²

Diâmetro (fibra/saída do laser) 2 mm Emissor de Luz laser - InGaAIP (660 nm - vermelho) Potência óptica do Laser 30 mW

Comprimento de onde de luz 660 nm +/-10 nm

Registro M.S. Anvisa nº 80022400015

Fabricante Kondortech Equipamentos Odontológicos Ltda.

51

Figura 5 - Foto do equipamento LBI utilizado no estudo

Figura 6 - Demonstração da aplicação do LBI (Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, 2008)

4.5 FASE CLÍNICA

4.5.1 Tratamento profilático

As aplicações foram realizadas três vezes por semana, com dosagem

profilática estabelecida em 4,0J/cm², em varredura, com abrangência de toda a

mucosa oral.

52

4.5.2 Tratamento terapêutico

Os pacientes que desenvolveram quadro de mucosite oral, em ambos

os grupos de estudo, I e II, durante o protocolo profilático, foram tratados com

laserterapia, em protocolo terapêutico, com aplicação de dosagem de 8J/cm², nas

respectivas áreas comprometidas pela mucosite oral. Todos os pacientes tiveram

seguimento clínico a partir do início da terapêutica antineoplásica até a conclusão do

tratamento médico ou da remissão total das lesões bucais, envolvendo controle pós-

radioterapia.

4.6 AVALIAÇÃO DA MUCOSITE ORAL

A avaliação da mucosite foi realizada através do exame clínico, sendo

adotado o método preconizado pela Organização Mundial da Saúde / World Health

Organization (1979), o qual tem como parâmetro os sinais e sintomas da mucosite

oral (Tabela 5).

Tabela 5 – Escala para avaliação da severidade dos sinais e sintomas da mucosite oral OMS

(adaptada de World Health Organization, 1979)

Severidade Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

Sinais

e

Sintomas

Sem

alteração

Dor com

eritema

Eritema, úlcera,

possível ingestão

de alimentos

sólidos

Úlcera,

somente

ingestão de

líquidos

Incapacidade

de ingestão por

via oral

53

4.7 AVALIAÇÃO DA DOR DURANTE O TRATAMENTO DA RADIOMUCOSITE

Nos pacientes com quadro de mucosite foi utilizada uma escala visual

analógica (EVA) para mensuração da dor, segundo o Instituto Nacional do Câncer

(BRASIL, 2008) (Figura 7). Essa escala consiste na identificação visual da dor, onde

o paciente classifica de zero a dez, os valores compatíveis com a sintomatologia

dolorosa da seguinte forma:

a) Dor leve ( 0 -1- 2 e 3 )

b) Dor moderada ( 4 - 5 e 6 )

c) Dor intensa ( 7- 8 - 9 e 10 )

Figura 7- Escala Visual Analógica (EVA) EVA- traduzida de McCaffery e Pasero (1999), p.67.

54

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados referentes à aplicação das escalas de severidade dos sinais e

sintomas da mucosite oral e da dor foram analisados pelo teste de Mann-Whitney,

para comparação das variáveis entre os Grupos I e II.

Os resultados foram considerados estatisticamente significativos ao nível

de 5% (p< 0,05).

55

5 RESULTADOS

Na Tabela 6, são descritos os valores médios referentes a aplicação das

escalas de avaliação do grau de mucosite oral (OMS) e da dor (EVA), para cada

indivíduo do grupo I (laser) e do grupo II ( laser + Perioxidin®).

A análise geral dos dados obtidos para comparação dos valores médios

do grau de severidade dos sinais e sintomas da mucosite oral (OMS) e dos padrões

de dor (EVA), incluindo todos os sujeitos de pesquisa, indica que os valores obtidos

Grupo I - Laser Pacientes Mucosite Dor

1 1,25±0,89 0,75±0,71 2 0,75±0,71 1,25±2,31 3 1,67±0,82 1,17±1,17 4 0,38±0,52 2,50±2,73 5 1,63±1,41 3,75±3,49 6 0,00±0,00 0,00±0,00 7 2,29±1,80 4,29±3,40 8 1,13±0,64 1,00±0,82

Grupo II – Laser + Perioxidin®

Pacientes Mucosite Dor 1 1,14±1,07 1,00±1,15 2 1,00±0,93 1,13±1,36 3 0,88±0,99 2,25±3,15 4 1,29±0,95 2,57±2,44 5 0,80±0,84 1,20±1,30 6 0,60±0,55 3,00±2,83

Tabela 6 – Médias e desvios-padrão do grau de mucosite e de dor de cada indivíduo nos grupos I e II

56

não apresentaram diferenças significativas (p>0,05) entre os grupos I (laser ) e II

(laser + Perioxidin®) (Tabela 7).

Tabela 7 – Distribuição dos valores médios (média ± desvio padrão) do grau de mucosite e dor para os grupos I (laser) e II (laser + Perioxidin®)

Mucosite Dor

Grupo I (Laser) 1,13 ± 0,74 1,83 ± 1,51

Grupo II (Laser +

Perioxidin®)

0,95 ± 0,24 1,85 ± 0,85

p Valor 0,6434 0,8456

Teste Mann-Whitney

A comparação da distribuição dos valores médios (média e desvio

padrão) entre os diferentes grupos, em relação aos valores da mucosite oral durante

8 semanas, não foram estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 8).

Tabela 8 - Distribuição dos valores médios (média ± desvio padrão) do grau de mucosite em função dos grupos e tempos observados

1ª.Sem 2ª.Sem 3ª.Sem 4ª.Sem 5ª.Sem 6ª.Sem 7ª.Sem 8ª.Sem

Grupo I

(Laser)

0,00

±0,00

0,50

±0,75

0,87

±0,83

1,25

±1,03

1,85

±1,21

1,85

±1,34

2,00

±1,26

1,60

±0,89

Grupo II

(Laser +

Perioxidin®)

0,00

±0,00

0,16

±0,40

1,00

±0,89

1,66

±0,51

0,83

±0,98

1,75

±0,50

1,50

±0,57

2,00

±0,49

p valor NA 0,4343 0,7123 0,4112 0,1934 0,8234 0,2435 0,9123

NA – Não aplicável. Teste Mann-Whitney

57

A comparação da distribuição dos valores médios (média e desvio

padrão) entre os diferentes grupos, em relação aos valores da dor durante oito

semanas, não foram estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 9).

Tabela 9 - Distribuição dos valores médios (média ± desvio padrão) do grau de dor em função dos grupos e tempos observados

1ª.Sem 2ª.Sem 3ª.Sem 4ª.Sem 5ª.Sem 6ª.Sem 7ª.Sem 8ª.Sem

Grupo I

(Laser)

0,00

±0,00

0,37

±0,74

1,00

±1,30

1,50

±2,13

2,85

±3,38

4,42

±2,87

3,33

±3,14

4,00

±2,16

Grupo III

(Laser +

Perioxidin®)

0,00

±0,00

0,83

±2,04

2,50

±2,51

2,33

±1,86

1,16

±1,94

3,25

±1,70

2,50

±3,10

4,50

±2,12

p valor NA 0,1934 0,2192 0,2312 0,1129 0,4302 0,4101 0,8192

NA – Não aplicável. Teste Mann-Whitney

O comportamento do grupo I (laser), ao longo do tempo (oito semanas),

em relação a mucosite oral, mostra um desenvolvimento progressivo das lesões a

partir da primeira até a quinta semana. Observa-se, então, remissão da mucosite

oral a partir da sétima semana até o final do tratamento (Figura 8).

58

Figura 8 – Distribuição dos valores médios do grau de mucosite no grupo I (laser)

No grupo I (laser), a distribuição dos valores médios dos valores da dor,

ao longo do tempo (Figura 9), evidencia um aumento contínuo do processo álgico,

atingindo nível máximo na sexta semana, ocorrendo declínio até a sétima semana.

Ocorre nova exacerbação do processo da dor, progredindo até a oitava semana.

Figura 9 - Distribuição dos valores médios do grau de dor no grupo I (laser)

59

A distribuição dos valores médios do grau de mucosite oral no grupo II

(laser + Perioxidin®), ao longo do tempo, mostra um processo de evolução crescente

da mucosite a partir da segunda semana, atingindo um pico máximo na quarta

semana (Figura 10). Observa-se um declínio no período entre a quarta e quinta

semana. Ocorre um aumento da incidência das lesões, atingindo seu ponto máximo

na sexta semana. A seguir, ocorre remissão e nova exacerbação do quadro clínico.

Figura 10 – Distribuição dos valores médios do grau de mucosite no grupo II (laser + Perioxidin®)

O comportamento do grupo II (laser + Perioxidin®), ao longo do tempo,

em relação à mensuração da dor, os valores médios do grau de dor indicam um

aumento progressivo da sintomatologia dolorosa até a terceira semana, ocorrendo

um declínio até a quinta semana. Houve um aumento da dor na sexta semana, na

sétima semana houve uma regressão dos sintomas e aumentou novamente na

oitava semana (Figura 11).

60

Figura 11 - Distribuição dos valores médios do grau de dor no grupo II (laser + Perioxidin®)

A análise individual dos resultados referentes ao grau de mucosite oral e

mensuração da dor nos diferentes grupos estudados, estão representados nas

Tabelas 10 e 11.

Grau de Mucosite

Pacientes 1a semana

2a semana

3a semana

4a semana

5a semana

6a semana

7a semana

8a semana

1 0 0 1 2 2 2 2 1

2 0 1 1 0 0 1 1 2

3 0 2 2 2 2 2

4 0 0 0 0 1 0 1 1

5 0 0 0 2 2 3 3 3

6 0 0 0 0

7 0 0 2 2 4 4 4

8 0 1 1 2 2 1 1 1

Tabela 10 – Análise individual do grau de mucosite e de dor nos pacientes do grupo I (laser), durante oito semanas

61

Grau de Dor

Pacientes 1a semana

2a semana

3a semana

4a semana

5a semana

6a semana

7a semana

8a semana

1 0 1 1 0 0 2 1 1

2 0 0 0 0 0 5 0 5

3 0 2 3 1 0 1

4 0 0 0 0 6 5 5 4

5 0 0 0 3 5 8 8 6

6 0 0 0 0

7 0 0 3 6 8 8 5

8 0 0 1 2 1 2 1

Tabela 11 – Análise individual do grau de mucosite e de dor nos pacientes do grupo II (laser + Perioxidin®), durante oito semanas

Grau de Mucosite

Pacientes 1a semana

2a semana

3a semana

4a semana

5a semana

6a semana

7a semana

8a semana

1 0 0 2 2 0 2 2

2 0 0 0 2 2 1 1 2

3 0 0 0 1 0 2 2 2

4 0 0 2 2 2 2 1

5 0 0 1 2 1

6 0 1 1 1 0

Grau de dor

Pacientes 1a semana

2a semana

3a semana

4a semana

5a semana

6a semana

7a semana

8a semana

1 0 0 2 3 0 1 1

2 0 0 0 0 1 3 2 3

3 0 0 0 0 0 5 7 6

4 0 0 5 4 5 4 0

5 0 0 2 3 1

6 0 5 6 4 0

62

6 DISCUSSÃO

As neoplasias malignas da cavidade oral, em sua grande maioria, são

constituídas pelos carcinomas espinocelulares, com uma incidência de 90 a 96%

dos casos (TOMMASI, 2002). Essa patologia requer uma ação terapêutica

multidisciplinar, onde é primordial a integração de diversas especialidades da área

da saúde, com o objetivo de promover uma completa abordagem do paciente,

empregando recursos preventivos, curativos e de suporte local e sistêmico.

Os tratamentos propostos para abordagem das neoplasias malignas de

cabeça e pescoço podem associar a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia,

porém, independente do tipo de recurso terapêutico utilizado, poderão sobrevir

complicações na cavidade oral, onde cerca de 50% dos pacientes desenvolvem

reações adversas decorrentes dos efeitos tóxicos da radioterapia, quimioterapia ou

da associação de ambos. A associação entre a radioterapia e quimioterapia provoca

um aumento da severidade do quadro clínico, em virtude da ação de efeitos

potencializadores e sinérgicos (PARISE JUNIOR, 2000).

Embora reversível, a mucosite oral é responsável por um intenso

quadro álgico, com desenvolvimento de extensas úlceras, podendo constituir porta

de entrada para processos infecciosos locais e sistêmicos, que podem ser

agravados pela xerostomia e/ou hipossalivação (BENSADOUN et al., 2001;

BORAKS, 2001; TOMMASI, 2002). A dificuldade de ingestão alimentar provoca

déficit ponderal, diminui a qualidade de vida e aumenta o grau de comprometimento

orgânico em indivíduos já debilitados pela doença de base. Nos casos mais severos,

a mucosite oral pode levar à necessidade de internação hospitalar para suporte

nutricional, controle da dor e de infecções, com geração de altos custos de

63

tratamento. Em situações extremas, o tratamento do câncer precisa ser

interrompido, envolvendo a piora do quadro geral do paciente (BERGER; KILROY,

2001).

O manejo terapêutico da mucosite oral decorrente da radio e/ou

quimioterapia tem se constituído em um grande desafio para os pesquisadores.

Muitos protocolos de tratamento foram desenvolvidos, porém sem apresentarem

resultados satisfatórios e efetivos, apenas com atuação paliativa.

Do ponto de vista médico e odontológico, ainda permanecem

desconhecidos os mecanismos das bases fisiopatológicas da etiologia da mucosite

oral radio e/ou quimioinduzida. Anthony et al. (2006) afirmaram que a resposta da

mucosa bucal do paciente submetido a tratamento antineoplásico parece ser

controlada por fatores gerais (gênero, raça, doença de base) e fatores teciduais

específicos (tipo epitelial, sistema endócrino intrínseco, meio local microbiano e

função) e acreditam que a interação desses elementos, associada ao caráter

genético, freqüentemente imprime o risco, curso e severidade da injúria da mucosa.

Singh, Scully e Joyston-Bechal (1996) consideraram, como fator

agravante do quadro da mucosite, a ocorrência de infecções orais, onde a quebra

da homeostase seria responsável pelo aumento da colonização por fungos e

bactérias Gram-negativas. Boraks (1999), também relata como efeito colateral

indesejável da radioterapia, o aumento significativo da microbiota bucal, notando-se

o desenvolvimento excessivo de bactérias como Streptococcus spp, Lactobacillus

spp, Candida spp entre outros.

O uso da clorexidina na mucosa bucal, em forma de gel, foi sugerido

por Epstein, Silverman Junior e Paggiarino (2001) com a finalidade de promover a

redução de Streptococcus mutans e Lactobacillus spp, em pacientes tratados por

64

radioterapia, pelo fato da clorexidina ter demonstrado possuir um largo espectro de

atividade antimicrobiana com uso tópico. Da mesma forma, Scully e Epstein (1996)

também a relataram a indicação de uso tópico do gluconato de clorexidina, como

recurso terapêutico, no controle e redução de microorganismos como S.mutans e

Lactobacillus. No entanto, embora a clorexidina possua uma atuação no controle e

diminuição da colonização bacteriana da mucosa bucal e os autores atestem seu

valor clínico, as propriedades antimicrobianas da clorexidina não parecem possuir

uma ação benéfica em pacientes que recebem RT e QT (LIONEL et al.,2006).

Os manuais de orientação clínica publicados, segundo a orientação de

grupos de estudo da mucosite oral como o Multinational Association of Supportive

Care in Cancer / International Society for Oral Oncology (2005), não recomendam a

utilização da clorexidina, em função da determinação de alguns efeitos colaterais

que incluem a inflamação, desconforto bucal, alteração do paladar e pigmentação

dental (RUBENSTEIN; PETERSON; SCHUBERT, 2004). Apesar de existirem

opiniões conflitantes e inconclusivas quanto ao uso desse antimicrobiano, Lionel et

al. (2006) relataram que a explicação para o insucesso de alguns tratamentos

preventivos pode estar relacionada a mecanismos fisiopatológicos da mucosite oral,

ainda não totalmente elucidados.

Com base nos estudos clínicos, fica evidente a necessidade de uma

atuação medicamentosa, nos casos de infecções locais, sendo indicado o uso de

agentes antimicrobianos tópicos e sistêmicos, assim como a necessidade da

instituição de medidas preventivas de higiene e controle bucal. Sendo assim, essa

pesquisa utilizou a clorexidina (Perioxidin® gel 0,2%) para avaliar sua eficácia na

prevenção e controle da microbiota bucal e verificar se esse antimicrobiano

65

ofereceria um efeito potencializador em atuação conjunta com o laser de baixa

potência.

Nesse ponto, devemos justificar a indicação de uso da saliva artificial na

fase de preparação dos pacientes. Segundo Boraks (2001), as mudanças

qualitativas dos componentes da saliva total ocorrem por alterações causadas pelo

próprio tumor, radioterapia, doenças sistêmicas, medicamentos, assim como a

inflamação da mucosa. Como a saliva tem papel fundamental na manutenção da

integridade da mucosa irradiada, pois possui fatores antimicrobianos, lisosima e

anticorpos, a ocorrência de hipossalivação e xerostomia presentes em quase todos

os pacientes, contribui para o desequilíbrio microbiano do ecossistema bucal.

Embora a saliva artificial não contenha elementos orgânicos, julgamos sua utilização

importante como fator coadjuvante na lubrificação da mucosa oral e diminuição do

desconforto causado pela xerostomia. Além disso, é de extrema importância

ressaltar a necessidade de acompanhamento constante do paciente durante o

tratamento antineoplásico, observando e orientando sobre os aspectos relativos aos

cuidados de higiene oral, esclarecendo suas dúvidas, diminuindo suas angústias e

fazendo com que o ele se torne colaborativo, com o objetivo de se obter bons

resultados terapêuticos.

Deve ser mencionado que a escolha do equipamento do LBI, no

espectro de luz visível, vermelho, foi feita em consenso com os estudos publicados

na literatura, para a terapêutica da mucosite oral (BENSADOUN et al.,1999; LOPES;

MAS JUNIOR; ZANGARO, 2006; SANDOVAL et al., 2003), mas também devemos

salientar que estudos realizados com LBI, luz invisível, infra-vermelho, têm

alcançado resultados positivos no controle da dor e da inflamação, inclusive

demonstrando superioridade em alguns protocolos realizados (KÜHN et al., 2005).

66

Esses dados indicam clara indicação de realização de novas pesquisas, para

estabelecimento de um protocolo padronizado.

A análise dos dados coletados nesse estudo (n=14), mostra na Tabela

6, os valores das médias e desvios-padrão de cada indivíduo dos grupos I e II,

referentes à avaliação da evolução do grau de mucosite e da dor durante o

transcorrer do tratamento radioterápico. Quando analisamos as médias do grau de

mucosite e da dor de cada indivíduo, nos diferentes grupos, podemos notar que o

grau de mucosite variou de zero a dois na escala da OMS. Esta característica clínica

pode ser atribuída ao uso e ação do laser durante o período de radioterapia. Diante

desses dados, não podemos afirmar que a utilização do laser tenha impedido o

aparecimento da mucosite, no entanto, ele pode ter contribuído na inibição da

evolução ou progressão das lesões. Em relação à mensuração da dor, os valores

obtidos mostram que o grau da dor variou de zero a quatro na escala EVA, em

ambos os grupos. Visto que a escala de dor (EVA) tem uma graduação de zero a

dez, podemos inferir que houve um controle da dor e um importante efeito do laser

sobre a analgesia. Esses dados são coerentes com as observações clínicas, onde

se constatou que, mesmo aqueles pacientes que desenvolveram mucosite com

graus de zero a três (OMS), referiram melhora da dor com as aplicações do laser

(LBI), conseguindo realizar o tratamento antineoplásico sem necessidade de se

submeterem a procedimentos invasivos, internação hospitalar, uso de narcóticos e

mantendo ingestão de dieta via oral.

A observação clínica mostrou que o uso do antimicrobiano (Perioxidin®

gel 0,2%), em relação à proposta desse estudo, não apresentou efetividade no

sentido de promover um possível efeito sinérgico quando usado em associação ao

laser (LBI), evitando o aparecimento das lesões da mucosite oral ou modificando a

67

microbiota bucal. Os pacientes apresentaram Candidíase oral, com necessidade da

administração de medicação antifúngica, na proporção de quatro pacientes para o

grupo I (Laser), com n=8 e de três pacientes para o grupo II (Laser+Perioxidin®),

com n=6.

A análise geral dos resultados estatísticos obtidos para comparação

entre os valores médios do grau de severidade dos sinais e sintomas da mucosite

oral e dos padrões de dor incluindo todos os sujeitos de pesquisa revela que não

foram encontradas diferenças significativas (p>0,05) entre os grupos I (Laser) e II

(Laser+Perioxidin®), onde podemos inferir que o laser em associação ao

antimicrobiano, usado nessa concentração, não apresentou um efeito de atuação

representativo (Tabela 7). O desvio-padrão encontrado, embora alto, é sugestivo da

necessidade de aumento do número de sujeitos de pesquisa, porém vale afirmar

que, em alguns casos, o paciente foi avaliado em graduação nível quatro, na escala

de da OMS, pelo fato de ter submetido a colocação de sonda naso-gástrica, por

indicação de seu estado geral, pelos efeitos decorrentes da quimioterapia e não em

função da presença de lesões na mucosa oral.

Entretanto, quando os valores médios do grau de mucosite oral são

analisados, durante as oito semanas de tratamento (Figura 7), no grupo I (Laser),

verificamos que os indivíduos apresentaram quadro de mucosite oral a partir da

primeira semana, com desenvolvimento progressivo das lesões até a quinta

semana. No entanto, não podemos dissociar a possível ação preventiva da

aplicação do laser de baixa potência na inibição da mucosite oral no início do

tratamento antineoplásico. Além disso, verificou-se remissão da mucosite após a

sétima semana, quando as doses de radiação já se encontram em seus níveis

68

máximos. Esses dados podem ser interpretados como uma ação direta do laser no

processo de reparação tecidual.

Da mesma forma, quando os valores médios do grau de dor são

analisados, durante as oito semanas de tratamento no grupo I (Laser), constatamos

que a maioria dos pacientes apresentou um quadro doloroso moderado, embora

crescente entre a primeira e sexta semana de tratamento, apresentando graduação

máxima de dor em nível quatro da escala de dor adotada (EVA). Este fato pode

estar associado à ação de analgesia do laser (Figura 9). Os relatos clínicos dos

pacientes, referindo alívio da sintomatologia álgica após aplicação do laser, estão de

acordo com os dados contidos nos trabalhos científicos (BENSADOUN et al., 1999;

CATÃO, 2004; KÜHN et al., 2005; MIGLIORATI et al., 2001).

O comportamento do grupo II (Laser + Perioxidin®) em relação ao

desenvolvimento da mucosite oral, ao longo do tempo, apresenta um processo de

evolução crescente da mucosite a partir da segunda semana, atingindo um pico

máximo na quarta semana (Figura 10), diferente do grupo I (Laser), onde o grau

máximo de aparecimento das lesões ocorreu entre a quinta e sétima semanas.

Observa-se um aumento da incidência das lesões, atingindo seu ponto máximo na

sexta semana, quando há remissão e nova exacerbação do quadro clínico. Isto

poderia significar uma ineficácia do laser, mas um dado clínico deve ser

considerado: alguns pacientes estavam sob tratamento quimioterápico e este fato

pode ser um elemento indicativo de exacerbação das manifestações clínicas da

mucosite e da dor, podendo mascarar uma possível .efetividade de ação do laser.

Portanto, seria justificado propor um estudo com um número maior de indivíduos sob

radioterapia, mas deve-se levar em consideração a dificuldade em se alocar os

indivíduos em grupos homogêneos, porque atualmente, a grande maioria dos

69

tratamentos antineolplásicos, utiliza recursos terapêuticos associados (Cirurgia, RT

e QT), visando uma abordagem completa da patologia de base. Esse é um dado

relevante, pois reflete a atual conduta utilizada pelos serviços de oncologia.

O comportamento do grupo II (Laser + Perioxidin®), ao longo do tempo,

em relação à mensuração da dor, evidencia um padrão de dor oscilatório. Quando

avaliamos a Figura 11, podemos observar que houve um ponto máximo de dor na

oitava semana, o que poderia induzir ao pensamento de uma não atuação

analgésica do laser (LBI). No entanto, devemos ressaltar que as oito semanas

correspondem ao período total do tratamento radioterápico e o nível máximo de dor

atingido encontra-se estabelecido, dentro da escala EVA, em grau máximo quatro, o

que significa dor moderada. Logo, podemos inferir na validade de ação de analgesia

do laser, onde os pacientes apresentam uma resposta clínica satisfatória,

conseguindo se alimentar, sem necessidade de SNG e uso de narcóticos.

Apesar do pequeno número da amostra (n=6), se fizermos breve uma

comparação entre os dois grupos de estudo, poderemos verificar que a ação do

antimicrobiano não produziu interferências no panorama de progressão da mucosite

ao longo do tempo, durante a radioterapia. Além disso, o uso do antimicrobiano

(clorexidina) , na concentração usada (0,2%, em forma de gel), não impediu o

desenvolvimento de candidíase oral e não promoveu potencialização da ação do

laser (LBI).

A observação clínica e os relatos dos pacientes demonstraram uma

nítida efetividade do laser no controle da dor. Um fator de extrema importância está

na constatação da remissão das lesões durante o curso do tratamento radioterápico,

mesmo quando a dosagem atingiu níveis máximos, dentro do planejamento

70

terapêutico. Os dados revelam que os valores obtidos durante a laserterapia,

avaliados pelas escalas de graduação da mucosite (OMS) e da dor EVA),

apresentaram níveis reduzidos, demonstrando que o LBI deve ser considerado como

elemento coadjuvante na estratégia de abordagem terapêutica da mucosite oral.

O trabalho desenvolvido no setor de radioterapia do IAVC ofereceu uma

oportunidade de ampliar os conhecimentos, desenvolver o estudo em total plenitude

e atuar em consonância com a equipe médica, trazendo benefícios imediatos e

diretos para o paciente, validando o conceito da importância da atuação de uma

equipe multidisciplinar no manejo do paciente submetido a tratamento das

neoplasias malignas da região de cabeça e pescoço.

71

7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados desse estudo, pode-se concluir que:

O uso de antimicrobiano tópico (clorexidina 0,2%, gel bioadesivo), associado

à laserterapia, não apresentou efeito sinérgico no tratamento da mucosite

oral.

A aplicação profilática do laser de baixa potência, na dosagem de 4J/cm²,

não inibiu o aparecimento da mucosite oral.

Houve remissão da dor e das lesões da mucosite instaladas na mucosa oral,

durante a terapêutica com o laser de baixa intensidade, com a dosagem de 8

J/cm², durante a radioterapia.

É importante a realização de novas pesquisas no campo da laserterapia, com

o objetivo do estabelecimento de protocolos padronizados.

72

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77

APÊNDICES

APÊNDICE A - Características dos pacientes atendidos no Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

Paciente Grupo I Laser

(nº prontuário)

Sexo Diagnóstico Tipo de

Tratamento

Candidíase

Oral

325906 M CEC palato Cirurgia/RT

327876 M CEC base de língua Cirurgia/RT/QT X

327670 M CEC de lábio Cirurgia/RT X

330427 M CA laringe Cirurgia/RT

325784 M CEC de orofaringe Cirurgia/RT X

s/n M CA laringe Cirurgia/RT

332623 M CA orofaringe Cirurgia/RT/QT X

328368 M CA orofaringe Cirurgia/RT

Média de radiação: 60 Gray; RT: radioterapia; QT: quimioterapia; CA: carcinoma; CEC: carcinoma espinocelular; Instalação da mucosite oral: final da 2ª semana / início da 3ª semana de radioterapia

Paciente Grupo II Laser +

Perioxidin®

(nº prontuário)

Sexo Diagnóstico Tipo de

Tratamento

Candidíase

Oral

326450 F CA palato Cirurgia/RT X

326038 M CA base de língua Cirurgia/RT X

325331 M CEC de orofaringe Cirurgia/RT

327324 M CA de língua Cirurgia/RT

327436 M CA de laringe Cirurgia/RT/QT

332870 M CA de orofaringe Cirurgia/RT/QT X

Média de radiação: 60 Gray; RT: radioterapia; QT: quimioterapia; CA: carcinoma; CEC: carcinoma espinocelular; Instalação da mucosite oral: final da 2ª semana / /início da 3ª semana de radioterapia

78

APÊNDICE B – Ficha clínica

79

ANEXOS

ANEXO A – Termo de consentimento livre esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

TÍTULO: Avaliação da aplicação de LASER de baixa potencia com ou sem a

associação de antimicrobiano em mucosite oral.

PESQUISADORES: C.D. Thais Benedetti Haddad Cappellanes

Prof. Dr. Celso Silva Queiroz

1 INTRODUÇÃO: A mucosite oral constitui um quadro decorrente das complicações

do tratamento das neoplasias malignas em pacientes submetidos à radioterapia. Em

função da gravidade das lesões, compromete a qualidade de vida e muitas vezes,

pode levar a interrupção do tratamento da patologia de base, complicando ainda

mais a condição clinica desses pacientes.

2. PROPÓSITO: Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa clínica

cujo objetivo será avaliar a efetividade do Laser de baixa potência com ou sem a

associação de antimicrobiano no tratamento da mucosite induzida pela radioterapia.

3 DESCRIÇÃO DO ESTUDO: Serão selecionados pacientes com radiomucosite, os

quais serão alocados em 2 grupos de estudo: Grupo I – Laser e Grupo II – Laser +

Clorexidina 0,2%.

4 DESCONFORTO, RISCOS E BENEFÍCIOS ESPERADOS: Todo procedimento ao

qual o paciente será submetido não oferece nenhum tipo de trauma ou desconforto.

O estudo não oferece riscos ao paciente, desde que as normas de segurança para a

80

utilização do laser sejam monitoradas pelo pesquisador responsável e pelo paciente,

o qual será devidamente instruído. Não haverá nenhum tipo de ressarcimento para o

paciente, no entanto, todos serão tratados devidamente com o intuito de se

restabelecer a condição biológica da cavidade bucal.

5 COMPENSAÇÃO: Remissão da dor, melhora da condição nutricional e da

qualidade de vida do paciente.

6 CONFIDENCIALIDADE DOS REGISTROS: Concordando em participar desta

pesquisa, você permite acesso aos dados obtidos durante o estudo aos

pesquisadores nele envolvidos, aos membros do Comitê de Ética responsáveis pela

análise deste projeto e à possível agência financiadora. Os resultados deste projeto

de pesquisa poderão ser apresentados em congressos ou em publicações, porém

sua identidade não será divulgada.

7 DIREITO DE PARTICIPAR, RECUSAR OU SAIR: Ao participar você concorda em

cooperar com os procedimentos que serão executados e que foram descritos acima,

não abrindo mão dos seus direitos legais ao assinar o termo de consentimento

informado. Sua participação neste estudo é voluntária e você poderá recusar-se a

participar ou interromper sua participação a qualquer momento, sem penalidade ou

perda dos benefícios aos quais tem direito.

8 CONTATOS: Se ainda houver qualquer dúvida sobre o estudo, você poderá

receber mais esclarecimentos falando com:

Prof.: Dr. Celso Silva Queiroz

Aluna: Thaís B H Cappellanes

Departamento de Odontologia – UNITAU

Telefone: (12) 3625 4150 ou 3625 4140

81

ANEXO B - Consentimento do sujeito de pesquisa

Consentimento do sujeito de pesquisa

Eu,_________________________________________________________________

___________________________________________________________________

nascido em ___/___/___ , na cidade de ________________________, estado ( )

R.G:_____________________ residente em _______________________________

___________________________________________________________________

Desejo participar da pesquisa sobre “Avaliação da aplicação de LASER de baixa

potencia com ou sem a associação de antimicrobiano em mucosite oral”, e autorizo

a liberação dos dados obtidos nesta pesquisa, assim como sua publicação em

revistas científicas especializadas, apresentação em Congressos e Jornadas

Científicas; sem restrições a utilização da documentação fotográfica necessária e

pertinente a essa pesquisa, desde que minha identidade seja preservada.

Declaro que minha participação é voluntária e que fui devidamente esclarecido sobre

os objetivos, metodologia e a realização dessa pesquisa. Confirmo também que

recebi cópia deste termo de consentimento.

_____________________________________

Assinatura

Data: ___/___/___

82

ANEXO C - Protocolo da aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Taubaté

83

ANEXO D- Protocolo da aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

84

ANEXO E – Termo de compromisso com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e Complementares

85

ANEXO F- Certificado de registro do laser

86

Anexo G – Registro do Perioxidin / ANVISA

87

Autorizo cópia total ou parcial desta obra, apenas

para fins de estudo e pesquisa, sendo

expressamente vedado qualquer tipo de reprodução

para fins comerciais, sem prévia autorização

específica do autor.

Thais Benedetti Haddad Cappellanes

Taubaté, julho de 2008.

88