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Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca ativa de eventos adversos a medicamentos em recém- nascidos hospitalizados Sandra de Carvalho Fabretti Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de Concentração: Serviços de Saúde Pública. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Nicolina Silvana Romano Lieber. São Paulo 2016 Versão Revisada

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Page 1: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

Universidade de São Paulo

Faculdade de Saúde Pública

Busca ativa de eventos adversos a medicamentos em recém-

nascidos hospitalizados

Sandra de Carvalho Fabretti

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde Pública para

obtenção do título de Mestre em Ciências.

Área de Concentração: Serviços de Saúde

Pública.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Nicolina Silvana

Romano Lieber.

São Paulo

2016

Versão Revisada

Page 2: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

Busca ativa de eventos adversos a medicamentos em

recém-nascidos hospitalizados

Sandra de Carvalho Fabretti

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Saúde Pública

para obtenção do título de Mestre em

Ciências.

Área de Concentração: Serviços de

Saúde Pública.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Nicolina

Silvana Romano Lieber.

São Paulo

2016

Versão Revisada

Page 3: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da Publicação Biblioteca/CIR: Centro de Informação e Referência em Saúde Pública

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Page 4: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

AGRADECIMENTOS

À Prof.ª Dr.ª Nicolina Silvana Romano Lieber, minha orientadora, que me

ensinou muito, com bastante carinho, paciência e que também esteve presente em

todos os momentos importantes do meu trabalho de mestrado.

À Farmacêutica Clínica Sandra Cristina Brassica, que acompanhou e apoiou,

desde o primeiro momento, a realização da pesquisa no Hospital Universitário.

À Prof.ª Dr.ª Eliane Ribeiro, que também deu grande apoio dentro e fora do

Hospital Universitário.

Às Médicas Dr.ª Giselle Okada e Dr.ª Silvia Ibidi pelo auxílio nas questões

clínicas e práticas envolvendo os recém-nascidos hospitalizados.

À amiga Diana Cortés, que comigo dividiu a trajetória do curso de mestrado.

A toda minha família, que sempre me apoiou nos momentos importantes da

minha vida.

Ao meu esposo Eduardo, companheiro e amigo de todos os dias.

À Fernanda Yakel Stefani, que me incentivou e me ajudou desde o primeiro

rascunho do pré-projeto de pesquisa até a finalização da dissertação.

Page 5: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

RESUMO

FABRETTI, S. C. Busca ativa de eventos adversos a medicamentos em recém-nascidos hospitalizados. 108 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016.

Introdução - Os recém-nascidos são considerados vulneráveis a eventos adversos a medicamentos pela imaturidade fisiológica, pela necessidade de se considerar as proporções corporais ao determinar dosagens de fármacos, pelas limitações práticas durante a administração medicamentosa e pela alta proporção de medicamentos utilizados para o seu tratamento quando em cuidados hospitalares. Além disso, a população de recém-nascidos geralmente não é incluída nos estudos clínicos de utilização de medicamentos. Neste contexto, a terapêutica farmacológica em recém-nascidos termina na extrapolação das informações que levam à aprovação do registro de medicamentos para uso em adultos ou em crianças mais velhas. Apesar da relevância do tema, a identificação dos eventos adversos relacionados a medicamentos em hospitais ainda é realizada por meio da notificação voluntária. Estima-se que este método detecte apenas de 5 a 10% dos eventos adversos por medicamentos ocorridos em uma instituição de cuidado à saúde. Uma ferramenta conhecida como “trigger” foi demonstrada como uma técnica mais efetiva em relação ao convencional sistema de notificação voluntária em pacientes hospitalizados. Um “trigger” é definido como um “rastreador” encontrado a partir da revisão de prontuários de pacientes, permitindo selecionar os registros nos prontuários os quais existe maior probabilidade de ter ocorrido um evento adverso a medicamento. Objetivo - Utilizar rastreadores para a identificação de eventos adversos a medicamentos (EAM) em recém-nascidos hospitalizados. Métodos – Trata-se de um estudo de coorte prospectivo observacional. A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, nas unidades de cuidados intermediários neonatal convencional e terapia intensiva neonatal, durante o período de março a setembro de 2015. Foram incluídos os recém-nascidos hospitalizados que utilizaram medicamentos durante a internação. Uma lista de rastreadores foi desenvolvida para ser utilizada na identificação de EAM nesta população. Os prontuários dos recém-nascidos eram avaliados, a fim de detectar primeiramente a existência de um rastreador. Se o rastreador fosse encontrado, era registrado e seguia-se com uma revisão mais detalhada à procura de possíveis EAM relacionados. Os recém-nascidos foram acompanhados até a sua alta ou até completarem 29 dias de vida. O desempenho de cada um dos rastreadores para identificar EAM foi calculado. As frequências dos EAM foram determinadas. As características dos eventos adversos e dos medicamentos relacionados foram descritas. Resultados – O estudo incluiu 125 recém-nascidos. Foram encontrados 925 rastreadores, que foram positivos 208 vezes para identificar suspeitas de eventos adversos a medicamentos e que corresponderam ao número final de 115 EAM. A taxa de rendimento geral dos rastreadores foi 22,5%. A incidência geral de EAM foi 46,4% (IC 37,6; 55,1). A taxa geral de EAM por 1000 pacientes-dia foi 81,6 (IC 67,4; 98,0). Os EAM mais frequentes foram: diarreia (29,6%), vômito (23,5%), hipersedação (7,0%) e hiperglicemia (5,2%). Os medicamentos mais frequentes associados aos EAM foram: antibióticos (39,4%), analgésicos (13%), vitaminas (12,5%), cafeína (11,1%) e psicolépticos (8,7%). Entre os rastreadores de alto desempenho destacam-se: “hipersedação”, “prescrição de metadona/lorazepam” e “prescrição de flumazenil”. Estes rastreadores identificaram

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EAM relacionados aos analgésicos e psicolépticos, duas das classes terapêuticas mais implicadas em EAM neste estudo. Conclusões - Os EAM mais frequentes identificados pelos rastreadores foram: diarreia, vômito, hipersedação e hiperglicemia. Os medicamentos mais frequentes associados a EAM foram: antibióticos, analgésicos, vitaminas, cafeína e psicolépticos. A incidência geral de EAM de 46,4% e a taxa de incidência foi 81,6 EAM por 1000 pacientes-dia. A busca ativa de EAM por rastreadores permite uma análise focada de elementos específicos nos prontuários de pacientes. Este tipo de pesquisa permite a identificação de um maior número de EAM que podem passar despercebidos em simples revisão de prontuários. Descritores: Recém-nascido; Farmacovigilância; Efeitos colaterais e reações adversas associados a medicamentos.

Page 7: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

ABSTRACT

FABRETTI, S. C. Active Surveillance of Adverse Drug Events in Hospitalized Newborns. 108 p. Thesis of Master – Public Health School of University of Sao Paulo. Sao Paulo, 2016.

Introduction - Newborns are considered vulnerable to adverse drug events because of their physiological immaturity, to consider the body proportions to determine dosages of drugs, the practical limitations during drug administration and the high proportion of drugs used for their treatment while in hospital care. Furthermore, the population of newborns is usually not included in clinical trials for the approval of new drugs. In this context, drug therapy in children is based on extrapolation of information that lead to the approval of the drug for use in adults or in older children. Despite the relevance of the subject, the identification of adverse drug events in hospitals is still carried out through voluntary reporting. It is estimated that this method detects only 5 to 10% of the adverse events occurred by medications in a health care institution. A tool known as "trigger" is shown as a superior method compared to the conventional voluntary reporting system in hospitalized patients. A "trigger" is defined as a "flag" found from the patient chart review, allowing to select the records in the charts that are most likely to have experienced an adverse drug event. Aim - Use triggers to identify adverse drug events (ADE) in hospitalized newborns. Methodology - This is an observational prospective cohort study. The study was conducted at the University Hospital of the University of São Paulo, in the neonatal conventional intermediate care unit and in the neonatal intensive care unit, from March to September 2015. Hospitalized newborns were included using medications during hospitalization. A trigger list was made to identify ADE in this population. The triggers on this list were actively sought in medical charts of newborns. If a trigger was found, it was registered and followed up with a more detailed search for potential ADEs that occurred. Newborns were followed until their discharge or until completing 29 days of life. The performance of each trigger to identify ADE was calculated. The frequencies of ADE were determined. The characteristics of adverse events and related drugs have been described. Results - The study included 125 newborns. 925 triggers were found, which were positive 208 times to identify suspected ADE. That corresponded to the final number of 115 ADE. The overall triggers rate was 22.5% . The overall incidence of ADE was 46.4% (CI 37.6; 55.1). The overall frequency of ADEs per 1,000 patient-days was 81.6 (CI 67.4; 98.0). The most common ADE were diarrhea (29.6%), vomiting (23.5%), oversedation (7.0%) and hyperglycemia (5.2%). The most common medications associated with ADEs were antibiotics (39.4%), analgesics (13%), vitamins (12.5%), caffeine (11.1%) and psycholeptics (8.7%). Among the high-performance trigger, it stand out: "oversedation," "prescription of methadone / lorazepam" and "prescription of flumazenil." These triggers identified ADE related to analgesics and psycholeptics, two of the therapeutic classes more involved in ADE in this study. Conclusions – Frequent EAM identified by triggers were diarrhea , vomiting, hyperglycemia and oversedation . The most common medications associated with ADE were antibiotics, analgesics, vitamins, caffeine and psycholeptics. The overall incidence of EAM 46.4 % and the incidence rate was 81.6 EAM per 1000 patient-days. The active search for ADE by triggers allows a focused review of specific elements in the patient records. This kind of search allows the identification of a greater number of ADE that could go unnoticed in simple review of medical records.

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Keywords: Newborn; Pharmacovigilance; Drug-related side effects and adverse reactions

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

1.1 O MEDICAMENTO COMO TECNOLOGIA SANITÁRIA 10

1.2 EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS E SUA RELEVÂNCIA

PARA A SAÚDE PÚBLICA: A FARMACOVIGILÂNCIA. 11

1.3 DESAFIOS DO USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO

INFANTIL 13

1.4 ASPECTOS QUE CONTRIBUEM PARA A OCORRÊNCIA DE

EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS EM RECÉM-

NASCIDOS 14

1.4.1 Aspectos Relacionados à Farmacocinética e à

Farmacodinâmica 14

1.4.2 Aspectos Relacionados ao Recém-Nascido Enfermo 18

1.5 IDENTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

EM AMBIENTE HOSPITALAR 18

2. OBJETIVOS 23

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 24

3.1 TIPO DE ESTUDO 24

3.2 DEFINIÇÕES 24

3.3 LOCAL DA PESQUISA 25

3.4 POPULAÇÃO DO ESTUDO 26

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 26

3.6 PRIMEIRA FASE 27

3.7 SEGUNDA FASE 28

3.7.1 Estudo Piloto 29

3.8 TERCEIRA FASE 30

3.8.1 Amostra 30

3.8.2 Coleta de Dados 31

3.8.3 Variáveis do Estudo 33

3.8.4 Registro de Dados 33

3.8.5 Reunião de apresentação dos resultados da coleta de dados 34

3.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS 34

3.9.1 Medidas de Incidência dos EAM 35

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3.9.2 Desempenho e Categorização dos Rastreadores 36

3.9.3 Análise Estatística 37

3.10 ASPECTOS ÉTICOS 38

4. RESULTADOS 39

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO 39

4.2 EAM IDENTIFICADOS PELOS RASTREADORES 40

4.3 ANÁLISE DESCRITIVA 47

4.4 MEDIDAS DE INCIDÊNCIAS DE EAM 49

4.5 DESEMPENHO E CATEGORIZAÇÃO DOS RASTREADORES 51

5. DISCUSSÃO 56

5.1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO 56

5.1.1 Hipóteses Diagnósticas à Internação 56

5.1.2 Classificação do Recém-nascido Segundo a Maturidade ao

Nascimento e Unidade de Internação 57

5.1.3 Gênero 58

5.2 CLASSES DE MEDICAMENTOS MAIS RELACIONADAS A EAM 59

5.3 DESCRIÇÃO DOS EAM MAIS FREQUENTES 62

5.4 INCIDÊNCIA DOS EAM 65

5.5 CARACTERIZAÇÃO DOS RASTREADORES 68

5.5.1 Número de Rastreadores a cada 100 Pacientes 68

5.5.2 Desempenho e Categorização dos Rastreadores 70

5.5.3 Considerações da Aplicação de Alguns Rastreadores 72

5.6 LIMITAÇÕES 78

6. CONCLUSÕES 81

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 84

8. REFERÊNCIAS 86

APÊNDICES 98

APÊNDICE 1 – Lista final de rastreadores. 98

APÊNDICE 2 - Instrumento de coleta de dados nº 1. 101

APÊNDICE 3 - Instrumento de coleta de dados nº 2. 103

ANEXOS 105

ANEXO 1 – Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 105

ANEXO 2 - CURRÍCULO LATTES – Sandra de Carvalho Fabretti 107

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ANEXO 3 - CURRÍCULO LATTES – Nicolina Silvana Romano Lieber 108

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10

1. INTRODUÇÃO

1.1 O MEDICAMENTO COMO TECNOLOGIA SANITÁRIA

O medicamento é uma das tecnologias sanitárias mais utilizadas para o cuidado

a saúde, sendo definido como “produto farmacêutico tecnicamente obtido ou

elaborado que contém um ou mais fármacos e outras substâncias, com finalidade

profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. ” (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

1973).

Em uma sociedade, o uso de medicamentos pode ter muitas faces. Por um lado,

eles aumentam a expectativa de vida, erradicam doenças, trazem benefícios sociais

e econômicos. Por outro, mesmo quando utilizados de maneira apropriada, podem

levar à ocorrência de efeitos indesejáveis (CHAMBELA; SILVA, 2012). Desta maneira,

apesar de contribuir de forma significativa para melhorar a qualidade de vida dos

indivíduos, o uso de medicamentos não é isento de riscos (OTERO; DOMINGUEZ,

2000).

Os efeitos indesejáveis a medicamentos podem ser identificados durante a fase

de ensaios clínicos para a autorização do registro. Os ensaios clínicos são pesquisas

realizadas em seres humanos com o objetivo de verificar a eficácia do medicamento,

estabelecer a dose segura para utilização e detectar a ocorrência de possíveis

eventos adversos. Tais ensaios, entretanto, possuem uma série de limitações, entre

elas: a pequena amostra de pessoas submetidas aos ensaios clínicos, em relação ao

número dos usuários do medicamento pós-comercialização; a variabilidade dessa

população que não é contemplada nos ensaios; a existência de potenciais usuários

Page 13: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

11

que geralmente não são incluídos nos ensaios clínicos, como, por exemplo, as

gestantes e a população infantil (FIGUEIREDO et al.,2005; CHAMBELA; SILVA,

2012).

1.2 EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS E SUA RELEVÂNCIA PARA A

SAÚDE PÚBLICA: A FARMACOVIGILÂNCIA.

Os eventos adversos a medicamentos (EAM) em pacientes hospitalizados e não-

hospitalizados têm sido bastante documentados e contribuem substancialmente para

a morbidade e mortalidade, bem como para o aumento do número de internações

hospitalares (POUYANNE et al., 2000; VAN DEN BEMT et al., 2000).

Para garantir o uso seguro de medicamentos, é necessário monitorar a ocorrência

dos EAM na etapa de pós-registro / pós-comercialização de medicamentos, um

processo conhecido como farmacovigilância. Essa estratégia visa apoiar as atividades

de regulação do uso de medicamentos na área da segurança do paciente (CANO;

ROZENFELD, 2009).

A Organização Mundial da Saúde define Farmacovigilância como a “ciência e as

atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos

adversos ou qualquer outro problema relacionado a medicamentos.” (WHO, 2002).

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), um evento adverso

a medicamento é “qualquer ocorrência médica desfavorável, que pode ocorrer durante

o tratamento com um medicamento, mas que não possui, necessariamente, relação

causal com esse tratamento.” (ANVISA, 2009).

Page 14: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

12

Desta maneira, a farmacovigilância contribui para a segurança do paciente, além

de servir como indicador dos padrões da assistência clínica praticada dentro de um

serviço de saúde. (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2005).

A farmacovigilância e os estudos sobre uso de medicamentos apontam a

necessidade de se propiciar aos profissionais da saúde as habilidades necessárias

para que eles possam avaliar criticamente as informações sobre medicamentos e,

assim, decidir como o perfil de segurança de um medicamento (por exemplo,

desenvolvido a partir dos dados de uma população) poderia ser aplicado a um

paciente em particular (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2005). Além

disso, em 2013, foi criado, pelo Ministério da Saúde, o Programa Nacional de

Segurança do Paciente (PNSP), o qual tem como objetivos:

Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança

do paciente em diferentes áreas de atenção, organização e gestão de

serviços de saúde;

Implantar a gestão de risco nos estabelecimentos de saúde;

Ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do

paciente;

Produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do

paciente.

Para instituir as ações do Programa Nacional de Segurança do Paciente, foi

publicada a Resolução da Diretoria Colegiada nº 36, de 25 julho de 2013, pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Essa resolução institui, entre outras ações,

o monitoramento sistemático dos incidentes e eventos adversos em serviços de

saúde.

Page 15: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

13

1.3 DESAFIOS DO USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO INFANTIL

As dificuldades das terapias medicamentosas em pediatria iniciam-se pelo fato

de que esse não é tipo de população mais estudada no lançamento de um

medicamento. As formas farmacêuticas, assim como as doses adequadas para

administração, nem sempre estão disponíveis no mercado. Além disso, a maneira

como a população infantil responde a determinado fármaco só pode ser avaliada por

meio de ensaios clínicos (SILVA; ALMEIDA, 2004).

Existem várias razões pelas quais a indústria farmacêutica tem sido relutante

em conduzir estudos clínicos para aprovação do uso de medicamentos por crianças.

Primeiramente, o mercado para venda de medicamentos para crianças é

relativamente pequeno em comparação ao de adultos, além do investimento

financeiro para realização dos testes de medicamentos ser pouco atrativo. Outras

razões contribuem para esse cenário: fatores éticos, dificuldades para recrutar

pacientes suficientes e problemas com captação de amostras biológicas,

principalmente amostras de sangue (CONROY et al., 1999).

Para o grupo das crianças recém-nascidas, essas dificuldades são ainda maiores.

O uso de medicamentos não licenciados1 para uso em recém-nascidos ao redor do

mundo é, em grande parte, reflexo da falta de ensaios clínicos nessa população, o

que obrigada os profissionais a fazerem extrapolações a partir dos resultados de

estudos realizados em crianças mais velhas e em adultos (DOTTA, et al., 2011)

1 Medicamentos não licenciados são aqueles que não se destinam a faixas etárias específicas por não

terem sido testados nelas. Também são considerados medicamentos não licenciados aqueles que não possuem licença sanitária no país, quer seja como especialidade farmacêutica, quer seja como aqueles elaborados a partir de formulações magistrais (T`JONG, et al., 2001; CONROY, 2002).

Page 16: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

14

1.4 ASPECTOS QUE CONTRIBUEM PARA A OCORRÊNCIA DE EVENTOS

ADVERSOS A MEDICAMENTOS EM RECÉM-NASCIDOS

Os recém-nascidos são considerados vulneráveis a eventos adversos a

medicamentos pela imaturidade fisiológica, pela dificuldade de os profissionais de

saúde considerarem as proporções corporais (peso e área de superfície) ao

determinar dosagens de fármacos, pelas limitações práticas durante a administração

medicamentosa e pela alta proporção de medicamentos utilizados para o tratamento

dos recém-nascidos quando em cuidados hospitalares (SILVA; ALMEIDA, 2004).

1.4.1 Aspectos Relacionados à Farmacocinética e à Farmacodinâmica

O período pós-natal é caracterizado por alterações na composição corporal e

maturação das funções e tamanho dos órgãos. Essas alterações podem causar

alterações importantes nos processos de absorção, distribuição, metabolização e

excreção de fármacos. As taxas e os padrões de maturação fisiológica dos recém-

nascidos podem variar. Essas variações podem exibir diferenças na eficácia e na

susceptibilidade farmacológica. Recém-nascidos prematuros (nascimento com idade

gestacional menor que 37 semanas) exibem um padrão de imaturidade fisiológica

ainda maior que os recém-nascidos a termo (ALCORN; MCNAMARA, 2003; KOREN,

2005).

Em geral, recém-nascidos apresentam uma taxa de absorção reduzida. Ao

nascer, apresentam um pH estomacal alcalino (pH 6-8) e que leva em torno de 24 –

48 horas para a produção do ácido gástrico ser suficiente para que o pH alcance valor

parecido com o do adulto (pH 1-3). Após esse pico de produção de ácido clorídrico, a

Page 17: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

15

produção e a secreção de ácido diminuem e se mantêm relativamente baixa nos

primeiros meses de vida. Em geral, a motilidade intestinal do recém-nascido é

aumentada enquanto o esvaziamento gástrico é diminuído. Bebês prematuros

possuem em geral um padrão desorganizado e ineficiente da motilidade intestinal

(ALCORN; MCNAMARA, 2003).

Assim, a quantidade de fármaco absorvida no trato gastrointestinal pode ser

imprevisível; pode haver absorção de uma quantidade maior do que a habitual,

podendo resultar em concentrações plasmática maiores, ou a ocorrência de aumento

do peristaltismo pode reduzir o tempo de contato do fármaco com a superfície

intestinal, diminuindo a absorção do fármaco. Os neonatos também apresentam

baixas concentrações de ácidos biliares e lipases, o que pode diminuir a absorção de

fármacos lipossolúveis (KOREN, 2009).

Em relação à distribuição de fármacos, o recém-nascido possui uma alta

proporção de água em sua composição corporal (em torno de 70-75% do seu peso)

comparada aos adultos (50-60%). Já o recém-nascido prematuro pode ter até 85% do

seu peso corporal composto por água. A água extracelular do recém-nascido

representa 40% do seu peso, enquanto a do adulto representa 20%. Como muitos

fármacos se distribuem para compartimento extracelular, o volume desse

compartimento de água é importante para determinar a concentração do fármaco nos

sítios receptores (KOREN, 2005).

A composição corporal dos recém-nascidos afeta diretamente o volume de

distribuição de fármacos. As alterações na composição corporal estão correlacionadas

à idade gestacional e à idade pós-natal. A quantidade total de água decresce

significativamente no período pós-natal, enquanto a gordura corporal total aumenta

progressivamente nos primeiros meses de vida. Por isso, alterações, relacionadas à

Page 18: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

16

idade, na composição de gorduras, água e músculos podem promover mudanças

significativas no volume de distribuição e na concentração plasmática de fármacos.

Assim, a alta proporção de água e a baixa taxa de gordura resultam em aumento do

volume de distribuição para fármacos hidrossolúveis e um baixo volume de

distribuição para fármacos lipossolúveis em relação aos adultos (ALCORN;

MCNAMARA, 2003).

Outro fator importante que afeta a distribuição de fármacos refere-se à sua

ligação às proteínas plasmáticas. A albumina é a proteína plasmática que apresenta

maior capacidade de ligação à fármacos. Em geral, a ligação a proteínas em recém-

nascidos é reduzida. Por conseguinte, a concentração do fármaco livre (não ligado à

proteína) no plasma apresenta-se inicialmente aumentada, embora o fármaco livre

também possa ser eliminado mais rapidamente. Como o fármaco livre é o agente que

exerce efeitos farmacológicos, essa situação pode resultar em maior efeito ou

toxicidade do fármaco (KOREN, 2005). Maior quantidade de fármaco livre pode

representar maior volume de distribuição do fármaco e um aumento do clearance renal

por filtração glomerular e aumento do clearance hepático de componentes de baixa

extração nos recém-nascidos (ALCORN; MCNAMARA, 2003).

O metabolismo da maioria dos fármacos ocorre no fígado. As atividades das

oxidases dependentes do citocromo P450 e das enzimas de conjugação no

metabolismo de fármacos são significativamente menores (50-70% dos valores do

adulto) no início da vida do recém-nascido. Devido à capacidade reduzida de

metabolização de fármacos, muitos recém-nascidos apresentarão taxas de meia-vida

e depuração de fármacos mais prolongadas. Se as doses e a posologias não forem

modificadas apropriadamente, essa imaturidade predispõe o recém-nascido a eventos

adversos de fármacos que são metabolizados no fígado (KOREN, 2005).

Page 19: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

17

Os mecanismos de eliminação renal de fármacos incluem a filtração glomerular,

a secreção tubular e a reabsorção tubular. A taxa de filtração glomerular é muito mais

baixa nos recém-nascidos do que nos lactentes. Os néfrons aumentam em número

durante a gestação e a nefrogênese está completa até a 36ª semana de gestação.

Recém-nascidos prematuros apresentam menor número de néfrons, função

glomerular e tubular diminuídas (ALCORN; MCNAMARA, 2003). A função renal

melhora significativamente durante a primeira semana de vida. No final da terceira

semana, a taxa de filtração glomerular do recém-nascido corresponde a 50% da taxa

do adulto. Por conseguinte, os fármacos que dependem da função renal para sua

eliminação são depurados mais lentamente do organismo, principalmente nas

primeiras semanas de vida (KOREN, 2005).

Em relação à farmacodinâmica, a concentração do fármaco no local de ação,

ou seja, no seu receptor alvo, influencia as respostas terapêuticas ou tóxicas e, assim,

juntamente com a farmacocinética, desempenha um papel chave do tratamento

adequado ao recém-nascido. Além disso, a maturação - por exemplo, a expressão

dos receptores, a atividade do receptor, o metabolismo celular e a atividade

enzimática – inter-relaciona-se com o crescimento (TAYMAN et al., 2011;

ALLEGAERT; ANKER, 2014).

Alguns tecidos podem ser mais sensíveis a fármacos específicos no início da

vida, independentemente de uma dada concentração ou exposição, enquanto outros

serão menos sensíveis. Teoricamente, variações dependentes da idade, do número

de receptores e da afinidade do receptor para um fármaco influenciam sua resposta.

No entanto, existe pouca informação sobre o efeito da ontogenia humana sobre as

interações entre os fármacos e seus receptores (TAYMAN et al., 2011; ALLEGAERT;

ANKER, 2014).

Page 20: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

18

1.4.2 Aspectos Relacionados ao Recém-Nascido Enfermo

O recém-nascido criticamente enfermo pode receber de 15 até 20 medicações

endovenosas por dia, a maioria delas não licenciadas e sem indicação para essa faixa

etária. Eventualmente, em unidade de terapia intensiva neonatal, a gravidade poderia

ser considerada uma justificativa para prescrever e usar medicamentos não

aprovados ou sem indicação, invocando a relação risco/benefício (CARVALHO et al.,

2012).

Brassica (2009) realizou estudo descritivo sobre os medicamentos prescritos nas

primeiras 24 horas de internação para 79 pacientes admitidos na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal de um hospital universitário em São Paulo. O estudo revelou que

66% dos pacientes foram expostos a pelo menos um item não licenciado e 18% a pelo

menos um item sem indicação para uso em recém-nascidos.

Além disso, os recém-nascidos não têm habilidades eficientes de comunicação

para alertar a equipe de saúde sobre alguns sintomas que estão experimentando,

como por exemplo, náusea e dor. Essa inabilidade pode mascarar possíveis eventos

adversos a medicamentos que ocorrem durante o tratamento (KAUSHAL et al., 2001;

THIESEN et al., 2013; SAKUMA et al., 2014).

1.5 IDENTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS EM

AMBIENTE HOSPITALAR

A segurança de medicamentos é uma questão de saúde pública e, para sua

monitoração, é importante o referencial metodológico da farmacovigilância, além da

identificação dos fatores predisponentes para as reações adversas a medicamentos.

Page 21: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

19

A monitoração dos medicamentos em todos os níveis assistenciais, incluindo

hospitais, contribui para determinar a relação risco-benefício dos medicamentos e

consequentemente seu perfil de segurança (REIS, 2012).

A obtenção da informação sobre eventos adversos a medicamentos no ambiente

hospitalar pode ocorrer basicamente de duas maneiras: por sistema de vigilância

passivo ou ativo.

O sistema de vigilância passivo consiste na notificação espontânea dos eventos,

baseada na comunicação voluntária dos profissionais de saúde por meio de um

instrumento de notificação. A simplicidade e o baixo custo são as principais vantagens

do método de notificação voluntária. Entretanto, estima-se que esse método detecte

apenas de 5 a 10% dos EAM ocorridos em uma instituição de cuidado à saúde

(CAPUCHO et al., 2012).

Pelo exposto, sistemas de vigilância ativa são desejáveis nos estabelecimentos

hospitalares, complementando a vigilância passiva. A vigilância ativa busca a

monitoração intensiva, por meio de revisões de prontuários dos pacientes internados,

entrevistas com os próprios pacientes e profissionais relacionados diretamente à

assistência à saúde (CAPUCHO et al., 2012; COMOGLIO; JONES, 2012).

Uma estratégia conhecida como “trigger” foi demonstrada como uma ferramenta

superior em relação ao convencional sistema de notificação voluntária em pacientes

hospitalizados (TAKATA et al., 2008).

Um “trigger” é definido como um “sinal” ou como um “rastreador” encontrado a

partir da revisão do prontuário do paciente, o qual permite direcionar um

aprofundamento da investigação para determinar a ocorrência e a mensuração de

eventos adversos a medicamentos (ROZICH et al., 2003; RESAR et al., 2006;

GRIFFIN; RESAR, 2009).

Page 22: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

20

Em muitos casos, o tratamento de um evento adverso relacionado a medicamento

inclui a prescrição de novos medicamentos à terapêutica. Desta forma, os novos

medicamentos inclusos na prescrição podem auxiliar na busca ativa de uma reação

adversa ou de um evento adverso relacionado a medicamento (GRIFFIN; RESAR,

2009).

De acordo com esse raciocínio, a lista de rastreadores pode ser confeccionada a

partir de uma lista de medicamentos comumente utilizados para tratamento de

eventos adversos a medicamentos. Para melhorar a detecção desses eventos, os

rastreadores também podem ser listados como: resultados de exames laboratoriais,

procedimentos e intervenções da equipe de saúde, suspensão abrupta de um

medicamento no prontuário ou mesmo a transferência do paciente para uma unidade

de cuidado mais intensivo (ROZICH et al., 2003; RESAR et al., 2006; GRIFFIN;

RESAR, 2009).

Sharek et al. (2006) utilizaram a metodologia dos rastreadores em unidade de

terapia intensiva neonatal para identificar os eventos adversos (incluindo os eventos

relacionados à prática assistencial) aos quais a população neonatal está sujeita

quando internada nesse tipo de unidade. Esse estudo revelou que a ferramenta dos

rastreadores identificou 554 dos eventos adversos e somente 8% deles haviam sido

notificados pelo método voluntário.

Em outro estudo, conduzido por Takata et al. (2008), os rastreadores foram

utilizados para a identificação de eventos adversos relacionados a medicamentos em

crianças hospitalizadas (excluindo neonatos). A média de idade das crianças do

estudo foi de 5,9 anos e, dos 107 eventos adversos a medicamentos encontrados por

rastreadores, apenas 3,7% foram notificadas pelo método voluntário tradicional.

Page 23: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

21

Matlow et al. (2011) desenvolveram e validaram a ferramenta de rastreadores

pediátricos do Canadá. Os autores desenvolveram uma lista de diferentes categorias

de rastreadores, a saber: rastreadores associados ao cuidado, rastreadores da

unidade de terapia intensiva, rastreadores associados a resultados de exames

laboratoriais, rastreadores cirúrgicos e rastreadores relacionados a medicamentos.

Nesse estudo, os pesquisadores identificaram tanto os eventos adversos relacionados

à prática assistencial quanto os eventos relacionados ao uso de medicamentos.

Em 2013, Silva et al. publicaram um estudo prospectivo sobre o uso de

rastreadores para a detecção de eventos adversos em crianças internadas em

unidade de terapia intensiva pediátrica de um hospital terciário em São Paulo. Os

autores concluíram que a metodologia dos rastreadores fornece uma abordagem

sistemática para detectar e verificar a ocorrência de EAM nesta população. Dentre

seus resultados, a idade inferior a 48 meses mostrou ser um fator de risco para a

ocorrência de EAM, com Odds Ratio 2,10 (intervalo de confiança – 95% - 1,19; 3,72,

p= 0,01).

Apesar de estudos sobre a utilização de rastreadores para identificação de EAM

em população pediátrica já terem sido realizados, não houve, até o momento, algum

estudo sobre rastreadores para identificação de eventos adversos a medicamentos

exclusivamente em recém-nascidos hospitalizados.

Sharek et al (2006) utilizaram rastreadores para eventos adversos em unidade de

terapia intensiva neonatal, mas seus rastreadores identificaram eventos relacionados

ao cuidado da equipe de saúde e a medicamentos. Além disso, não deixaram claro se

todos os pacientes da unidade pertenciam à faixa etária neonatal.

Os autores Matlow et al. (2011) e Unbeck (2014) também utilizaram rastreadores

para identificação de eventos adversos (incluindo os relacionados à assistência à

Page 24: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

22

saúde), porém a população do estudo incluiu os recém-nascidos no grupo dos

pediátricos.

Já os autores Takata et al. (2008) e Silva et al. (2013) utilizaram rastreadores para

verificar eventos adversos a medicamentos, mas a seleção da população não incluiu

os recém-nascidos.

Ferranti et al. (2008) e Eshetie et al. (2015) utilizaram rastreadores para

identificação de eventos adversos a medicamentos, porém a população selecionada

incluiu os recém-nascidos juntamente com o restante da população pediátrica.

Page 25: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

23

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Buscar ativamente eventos adversos a medicamentos em recém-nascidos

hospitalizados utilizando rastreadores.

2.2 ESPECÍFICOS

2.2.1. Caracterizar os eventos adversos a medicamentos mais frequentes

identificados pelos rastreadores.

2.2.2. Estimar a incidência de eventos adversos a medicamentos.

2.2.3. Categorizar os rastreadores utilizados para a busca ativa de eventos

adversos a medicamentos.

2.2.4. Verificar o desempenho dos rastreadores para a detecção de eventos

adversos a medicamentos.

Page 26: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

24

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de um estudo constituído de três fases.

Na primeira fase, foram realizadas revisões da literatura e reuniões com a

equipe de farmácia clínica e médica do setor de Neonatologia do hospital em que foi

realizado o estudo. Essas reuniões foram realizadas com o objetivo de elaborar uma

lista de rastreadores que poderiam indicar a presença de eventos adversos a

medicamentos (EAM) em recém-nascidos hospitalizados.

Na segunda fase, foi realizado um estudo piloto no qual buscou-se adequar as

fichas de coleta de dados e a lista de rastreadores elaborados na primeira fase do

estudo. Os rastreadores de EAM foram ativamente buscados nos registros realizados

pela equipe assistencial de saúde nos prontuários, na prescrição médica e nos

resultados de exames laboratoriais dos recém-nascidos internados. Após o término

do estudo piloto, as fichas de coleta de dados e a lista de rastreadores foram revisadas

e readequadas.

A terceira fase da pesquisa consistiu na coleta de dados deste trabalho, com

os instrumentos de coleta e a lista de rastreadores revisadas.

3.1 TIPO DE ESTUDO

Estudo de coorte prospectivo observacional.

3.2 DEFINIÇÕES

Page 27: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

25

É considerado recém-nascido (RN) todo indivíduo de 0 a 28 dias de vida

completos (WHO, 2015).

Recém-nascido a termo (RNT) é aquele indivíduo que nasceu com idade

gestacional entre 37 e 41 semanas (BRASIL, 1994).

O recém-nascido pré-termo (RNPT) é considerado como o indivíduo que

nasceu com idade gestacional menor que 37 semanas (BRASIL, 1994).

Para o presente estudo foi considerada a definição de evento adverso a

medicamento descrita pela resolução da agência nacional de vigilância sanitária

(ANVISA) RDC Nº 4, de 10/02/2009, que dispõe sobre as normas de farmacovigilância

para os detentores de registro de medicamentos de uso humano, segundo a qual

“Evento adverso a medicamento (EAM) é qualquer ocorrência médica desfavorável,

que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que não possui,

necessariamente, relação causal com esse tratamento.”

3.3 LOCAL DA PESQUISA

O estudo foi realizado no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo

(HU-USP). Trata-se de um hospital de ensino voltado principalmente à medicina de

média complexidade com 236 leitos instalados e 178 leitos operacionais2, que atende

a comunidade do Bairro do Butantã além de funcionários, docentes e alunos da USP.

2 Leito instalado é aquele habitualmente utilizado para internação, mesmo que eventualmente não possa ser utilizado por um certo período, por qualquer razão. O leito operacional é aquele em utilização e passível de ser utilizado no momento do censo, ainda que esteja desocupado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Page 28: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

26

O HU-USP compõe o Programa de Hospitais Sentinela da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária.

O estudo ocorreu nos setores de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)

e de Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional (UCINCO). A UTIN

possui 6 leitos instalados e 4 operacionais. A UCINCO possui 24 leitos instalados e

16 operacionais.

O hospital conta com prontuários exclusivamente físicos, nos quais são

armazenadas todas as informações sobre a evolução clínica do paciente registradas

manualmente pela equipe de saúde. No prontuário também são armazenadas as

prescrições médicas, com os medicamentos utilizados e outros cuidados relacionados

ao tratamento do RN.

Para a verificação de resultados de exames laboratoriais dos pacientes, o

hospital conta com um sistema informatizado denominado SADT – Módulo Serviço

Auxiliar de Diagnóstico e Terapia.

Para a consulta aos mapas de leitos das unidades de internação e outros

relatórios sobre atendimento em geral, o hospital conta com o sistema SPHU.

3.4 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Recém-nascidos internados nos setores de UTIN e UCINCO do HU-USP que

atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos.

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Page 29: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

27

Foram incluídos todos os recém-nascidos internados nos setores de UTIN e

UCINCO que utilizaram pelo menos um medicamento. Os recém-nascidos incluídos

foram acompanhados até sua alta ou até o 29º dia de vida. Os RN foram

acompanhados até o 29º dia de vida para garantir que seus prontuários seriam

revisados até o 28º dia de vida completo.

Foram excluídos do estudo aqueles recém-nascidos internados que utilizaram

exclusivamente os seguintes medicamentos: pomadas emolientes para assaduras,

antissépticos para o coto umbilical e/ou uso tópico, soro fisiológico (cloreto de sódio

0,9%) para uso inalatório e/ou para limpeza nasal, vacinas BCG e hepatite B e

vitamina K oral e/ou injetável.

A vitamina K é administrada para todo recém-nascido logo após ao nascimento

e após 7 dias de vida para profilaxia da doença hemorrágica do recém-nascido3

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

De acordo com o calendário de vacinação do Ministério da Saúde, logo após o

nascimento, todo recém-nascido recebe uma dose única da vacina BCG contra a

tuberculose e a primeira dose da vacina da hepatite B (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2014).

3.6 PRIMEIRA FASE

Primeiramente, reuniões foram realizadas com a equipe de farmácia clínica e

médica da Neonatologia do HU-USP.

3 Profilaxia da Doença Hemorrágica do Recém-nascido: a vitamina K atravessa com dificuldade a barreira placentária e passa em pouca quantidade para o leite materno. A deficiência de vitamina K aumenta a tendência de hemorragias no recém-nascido. Os transtornos da coagulação e das hemorragias por carência de vitamina K podem ser revertidos com a administração da própria vitamina, a qual promove a síntese hepática dos fatores de coagulação (KANAKION MM® – ROCHE).

Page 30: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

28

Na primeira reunião, a relação de medicamentos padronizados no hospital foi

analisada, selecionando-se medicamentos comumente prescritos para os recém-

nascidos internados e os eventos mais frequentemente causados por eles.

Na segunda reunião, alguns dos rastreadores já utilizados em estudos prévios

de Sharek et al. (2006) Takata et al. (2008), Matlow et al. (2011) e Silva et al. (2013)

foram considerados para compor a lista de rastreadores do presente estudo. A equipe

também recomendou rastreadores adicionais, levando em consideração o perfil de

atendimento do HU-USP.

O processo resultou em uma lista de 50 rastreadores:

7 rastreadores antídotos: antídotos são substâncias utilizadas para

antagonizar as ações de um medicamento que esteja causando efeito

exacerbado ou tóxico (OSTERHOUDT; PENNING, 2012).

18 rastreadores clínicos: são palavras sentinelas que podem identificar

evento adverso a medicamento por meio do registro de um profissional de

saúde no prontuário do paciente (SILVA et al., 2013).

25 rastreadores laboratoriais: são exames laboratoriais cujo resultado faz

suspeitar da ocorrência de uma EAM (CANO, 2011).

3.7 SEGUNDA FASE

Nessa etapa, os instrumentos de coleta de dados foram confeccionados e um

estudo piloto foi realizado no período de 9 de dezembro de 2014 a 30 de janeiro de

Page 31: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

29

2015. O estudo piloto foi realizado na UTIN do HU-USP com o objetivo de testar as

ferramentas de coleta de dados e a lista de rastreadores determinada na 1ª fase.

3.7.1 Estudo Piloto

Foram acompanhados 18 pacientes. Após o término do estudo piloto, os

instrumentos de coleta de dados e a lista de rastreadores foram ajustados.

A lista final de rastreadores passou de 50 para 48 rastreadores, pois foram

excluídos 2 rastreadores laboratoriais: aumento de triglicérides e/ou colesterol e

aumento das bilirrubinas total, direta e indireta. A lista final de rastreadores encontra-

se no apêndice 1.

Esta decisão foi tomada porque as alterações de colesterol e triglicerídeos em

recém-nascidos ocorrem mais frequentemente pela utilização de lipídeos na nutrição

parenteral e grande parte dos recém-nascidos apresenta alterações nas bilirrubinas

que caracteriza a icterícia do recém-nascido4.

Além disso, a colestase5 - condição clínica de várias etiologias, dentre elas, o

uso de nutrição parenteral contendo lipídeos - pode alterar os valores de triglicerídeos,

4 Na maioria das vezes, a icterícia reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina e é denominada de “fisiológica”. A hiperbilirrubinemia indireta costuma se manifestar clinicamente como icterícia quando atinge níveis séricos superiores a 5 mg/dL, o que acontece em aproximadamente 60% dos recém-nascidos (RN) a termo e 80% dos prematuros tardios na primeira semana de vida, permanecendo por 30 dias ou mais em cerca de 10% dos bebês em aleitamento materno (ALMEIDA; DRAQUE, 2012).

5 Colestase é resultante da redução da síntese dos ácidos biliares ou do bloqueio (intra ou extra-hepático) da excreção dos componentes biliares para o intestino delgado. Uma das causas de colestase intra-hepática é o uso prolongado de nutrição parenteral. Como parte das expressões da colestase, existe a elevação dos níveis de bilirrubina no plasma, das enzimas fosfatase alcalina e gama-glutamiltransferase, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia (ROQUETE, 2000; FALCÃO; BUZZINI, 2011).

Page 32: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

30

colesterol e bilirrubinas (ROQUETE, 2000; FALCÃO; BUZZINI, 2011; ALMEIDA;

DRAQUE, 2012).

Apesar da terapia de nutrição parenteral total fazer parte da rotina dos cuidados

de recém-nascidos hospitalizados, de acordo com a legislação sanitária, não se trata

de um medicamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998). Por isso, esse produto não foi

incluído nas análises do presente estudo.

3.8 TERCEIRA FASE

3.8.1 Amostra

Para o cálculo do tamanho da amostra foi considerada a incidência de 10% de

EAM. Este valor foi considerado a partir de dois estudos: o primeiro, uma meta-análise

de estudos prospectivos produzida por Impicciatore et al. (2001) encontrou incidência

geral de 9,53% (95% IC 8,43, 16,17) de reações adversas a medicamentos (RAM) em

população pediátrica (de 0 a 16 anos) hospitalizada. E o segundo, uma revisão

sistemática de estudos prospectivos conduzida por Clavenna e Bonati (2009),

encontrou uma incidência global de 10,9% (95% IC 4,8, 17,0) de reações adversas

em crianças (de 0 a 18 anos) hospitalizadas.

Apesar da incidência apresentada em ambos os trabalhos estar relacionada a

RAM e não a EAM, ela foi considerada para o cálculo da amostra do estudo pelos

seguintes motivos:

até o momento da realização do estudo, não foi encontrado nenhum artigo

que verificasse a incidência de EAM exclusivamente em recém-nascidos

Page 33: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

31

hospitalizados, não havendo, portanto, parâmetros de incidência

conhecidos para essa população.

como as RAM são parte dos EAM, decidiu-se padronizar uma incidência

aproximada àquela observada na meta-análise e na revisão sistemática.

Considerou-se o valor de 10% para o cálculo da amostra, mesmo sabendo-

se que numa população a incidência de RAM provavelmente será menor

que a incidência de EAM.

Para esta fase do estudo, o tamanho da amostra foi calculado utilizando-se o

número total de recém-nascidos internados nos setores de UTIN e UCINCO do HU-

USP durante o ano de 2013. Considerou-se uma incidência esperada de 10% de EAM

em uma população de 1244 recém-nascidos, com nível de confiança de 95% e limite

de confiança de 5%. Utilizou-se o programa Epidat®, versão 4.1.

A amostra, selecionada a partir do censo de internação da UCINCO e da UTIN,

no qual constavam os recém-nascidos internados nas respectivas unidades, foi

estabelecida como 125 recém-nascidos.

A cada dia de investigação, o censo da UCINCO e da UTIN era impresso.

Seguindo o censo, os recém-nascidos internados nestas unidades foram agregados

à amostra a partir do cumprimento dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos,

sendo que todo recém-nascido constante no censo tinha a mesma chance de entrar

no estudo.

3.8.2 Coleta dos dados

A coleta foi realizada no período de 2 de março a 8 de setembro de 2015, sendo

a consulta aos prontuários realizada pelo menos 3 vezes por semana. Os recém-

Page 34: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

32

nascidos foram acompanhados até sua alta ou até o 29° dia de vida. A inclusão de

novos sujeitos foi encerrada no momento em que o 125º recém-nascido completou a

amostra.

Para acompanhamento dos RN internados, primeiramente imprimia-se o

relatório do censo ocupacional por enfermaria do sistema informatizado SPHU. Nesse

relatório constava a unidade de internação (se UCINCO ou UTIN), o nome do

paciente, a data de internação, o gênero, a idade, o registro de internação e o número

do leito ocupado no dia consultado.

Os registros de cada paciente foram revisados, guiados pela lista de

rastreadores na seguinte sequência:

prontuários,

prescrições médicas,

resultados dos exames laboratoriais acessados pelo sistema informatizado

SADT.

Se o rastreador era identificado, era registrado na ficha de coleta de dados. Em

seguida, iniciava-se a busca de possíveis EAM que poderiam ter sido indicados pelo

rastreador encontrado.

Se um EAM era identificado, era analisado de acordo com as condições clínicas

do paciente, temporalidade entre a administração do medicamento e o aparecimento

dos eventos e dados da literatura. Como referência da literatura foram utilizados o The

Pediatric and Neonatal Dosage Handbook Lexicomp™; as bases de dados Pubmed©,

Scopus© e Up To Date©.

Para a análise dos EAM deste estudo, não foram considerados os seguintes

medicamentos: pomadas emolientes para assaduras, antissépticos para o coto

Page 35: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

33

umbilical e/ou uso tópico, soro fisiológico (cloreto de sódio 0,9%) para uso inalatório

e/ou para limpeza nasal, vitamina K oral e/ou injetável e as vacinas BCG e hepatite B.

3.8.3 Variáveis do Estudo

As variáveis do estudo foram coletadas a partir dos registros dos prontuários dos

recém-nascidos que foram incluídos no estudo.

As variáveis relacionadas aos pacientes foram:

unidade de internação: UCINCO ou UTIN;

classificação do recém-nascido: RNT ou RNPT;

gênero: feminino ou masculino;

data de entrada e de saída do estudo.

As variáveis relacionadas aos eventos adversos a medicamentos foram:

número de rastreadores identificados nos prontuários;

número de rastreadores identificados que detectaram EAM;

número de EAM identificadas;

medicamentos relacionados às EAM identificadas.

3.8.4 Registro dos Dados

Page 36: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

34

Durante a revisão dos prontuários, os dados foram registrados manualmente

em fichas. Os dados sobre o perfil do recém-nascido, registro de internação,

rastreadores encontrados, EAM identificados e medicamentos relacionados, foram

registrados no Instrumento de Coleta de Dados nº 1 (APÊNDICE 2). Os medicamentos

prescritos, com dose, via de administração, posologia e dias de utilização, foram

registrados no Instrumento de Coleta de Dados nº 2 (APÊNDICE 3).

Ao término da coleta, os dados destas fichas foram transcritos em planilhas do

programa Microsoft® Excel ® versão 2013, com o objetivo de organizar os dados e a

analisá-los.

3.8.5 Reunião de apresentação dos resultados da coleta de dados

Participaram da reunião de apresentação dos resultados dois médicos da

equipe de neonatologia, a farmacêutica clínica da neonatologia e a farmacêutica da

gerência de risco do hospital.

Os eventos foram apresentados ao grupo, que reavaliou se os eventos

poderiam estar associados aos medicamentos segundo as propriedades

farmacológicas, as condições clínicas dos pacientes e a relação temporal entre a

administração dos medicamentos e o aparecimento dos eventos.

3.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS

As hipóteses diagnósticas dos recém-nascidos no momento da internação

foram registradas e contabilizadas. A proporção das hipóteses diagnósticas foi

Page 37: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

35

calculada em relação ao número total da amostra, considerando que um mesmo

recém-nascido tinha mais de uma hipótese diagnóstica no momento internação.

Os medicamentos relacionados a EAM foram agrupados de acordo com o 2º

de nível da classificação ATC - Anatomical Therapeutic Chemical - da Organização

Mundial da Saúde (WHO, 2016).

No sistema de classificação ATC, as substâncias ativas são divididas em

diferentes grupos de acordo com o órgão ou sistema em que atuam e sua terapêutica,

farmacologia e propriedades químicas. Os medicamentos são classificados em grupos

de cinco níveis diferentes: o 1º nível corresponde aos grupos principais, o 2º nível

corresponde aos subgrupos farmacológicos / terapêuticos. Os 3º e 4º níveis são

grupos farmacológicos / terapêuticos e subgrupos químicos. Já o 5º nível corresponde

à substância química. O 2º, 3º e 4º níveis são muitas vezes utilizados para identificar

subgrupos farmacológicos quando isso é considerado mais apropriado do que

subgrupos terapêuticos ou químicos (WHO, 2016).

3.9.1 Medidas de Incidência dos EAM

A incidência de EAM foi calculada pela razão entre o número de pacientes com

EAM e a população total do estudo.

A taxa de incidência foi realizada pela razão entre o número de EAM

identificados no estudo por 1000 pacientes-dia.

O cálculo do paciente-dia foi realizado considerando-se o número de dias de

internação hospitalar com a qual cada paciente incluído contribuiu durante o tempo de

observação do estudo, ou seja, desde sua inclusão até sua alta ou até o 29º dia de

vida. Os cálculos de incidência estão descritos conforme as fórmulas abaixo:

Page 38: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

36

Incidência de EAM = número de pacientes que apresentaram EAM x 100

total de pacientes avaliados

Taxa de incidência = número de EAM identificados x 1000

número de pacientes-dia do estudo

3.9.2 Desempenho e Categorização dos Rastreadores

Para análise do desempenho dos rastreadores para identificação de EAM, foi

utilizado o cálculo de rendimento proposto por Cano (2011) e Rozenfeld et al. (2013).

O desempenho dos rastreadores foi analisado por meio de três componentes. O

primeiro componente foi calculado dividindo-se o número de vezes que um rastreador

foi identificado pelo total de pacientes avaliados, multiplicado por 100 (1); o segundo,

dividindo-se o número de suspeitas de EAM identificadas pelos rastreadores pelo total

de pacientes avaliados, multiplicado por 100 (2); o terceiro, foi calculado dividindo-se

(2) por (1), multiplicado por 100. Esse terceiro componente é a proporção que define

o rendimento do rastreador e expressa, em valores relativos, o potencial de cada

rastreador em identificar EAM.

O componente 1 expressa a carga de trabalho a ser incorporada para a

identificação de EAM, pois, quanto maior o número de prontuários de pacientes

contendo rastreadores, maior a carga de trabalho dispendida para a identificação de

EAM.

O componente 2 expressa a capacidade do rastreador de identificar os EAM,

dado como o número de EAM identificados pelos rastreadores, pelo número total de

prontuários de pacientes avaliados.

Page 39: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

37

Já o componente 3 expressa o rendimento dos rastreadores, ou seja, o

potencial relativo de cada rastreador, comparado com os demais, para identificar

EAM.

Os rastreadores foram agrupados em categorias de desempenho tendo como

referência o valor do rendimento geral obtido:

- Rastreadores de baixo desempenho: aqueles que obtiveram rendimento

abaixo do valor do rendimento geral obtido.

- Rastreadores de desempenho intermediário: aqueles com rendimento entre o

valor geral até 99% de rendimento.

- Rastreadores de alto desempenho: aqueles que obtiveram 100% de

rendimento.

3.9.3 Análise Estatística

A média e o desvio-padrão foram calculados para o número de rastreadores e

o número de EAM identificados, estratificados por unidade de internação, classificação

ao nascer e gênero.

As incidências de EAM e seus respectivos intervalos de confiança foram

calculados, separados por unidade de internação.

Para a análise estatística dos resultados utilizou-se o programa R versão 3.1.2

(2014) – “Pumpkin Helmet”- Copyrigth© (2014). The R Foundation for Statistical

Computing. Plataform: i686-pc-linux-gnu (32-bit).

Page 40: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

38

3.10 ASPECTOS ÉTICOS

O trabalho foi submetido e aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa

(CEP) da Faculdade de Saúde Pública - USP e do HU-USP. Neste estudo houve

permissão para a dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

uma vez que se tratou de um estudo prospectivo observacional utilizando

exclusivamente os dados registrados nos prontuários dos pacientes, realizado junto à

equipe médica e de farmácia clínica das UTIN e UCINCO.

Page 41: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

39

4. RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO

Foram incluídos no estudo 125 recém-nascidos. A maior parte da população do

estudo foi composta por recém-nascidos a termo (65,6%, n=82) seguida dos recém-

nascidos prematuros (34,4%, n=43). Em relação ao sexo, praticamente obteve-se o

mesmo número de pacientes do sexo feminino (50,4%, n=63) e masculino (49,6%,

n=62).

A maior parte da população foi proveniente da UCINCO (68,8%, n=86) seguida

da UTIN (31,2%, n=39). A maioria dos pacientes provenientes da UCINCO eram

recém-nascidos a termo (74,4%, n=64) seguida de recém-nascidos prematuros

(25,6%, n=22), enquanto a maioria dos pacientes provenientes da UTIN eram recém-

nascidos prematuros (53,8%, n=21), seguidos de recém-nascidos a termo (46,2%,

n=18).

O número de pacientes-dia correspondeu a 1409 pacientes-dia no total, sendo

858 pacientes-dia na UCINCO e 551 pacientes-dia na UTIN.

As hipóteses diagnósticas no momento da internação durante o estudo estão

representadas na figura 1.

Page 42: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

40

Figura 1. Hipóteses diagnósticas à internação apresentados por pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015 (N=125).

Nota: *Outros: representa hipóteses diagnósticas com apenas 1 ocorrência: depressão respiratória por uso de dolantina pela mãe antes do parto (1); óbito fetal do segundo gemelar intra-útero (1); hipertensão e sobrepeso materno (1); asfixia perinatal grave (1); obstrução abdominal e íleo meconial (1); HIV positivo materno (1); adolescência materna (1); uso de misoprostol pela mãe (1); infecção do trato urinário (1) e febre sem sinais de localização (1).

4.2 EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS IDENTIFICADOS PELOS

RASTREADORES

Foram encontrados 925 rastreadores, que foram positivos 208 vezes, para

identificar suspeitas de EAM e que corresponderam ao número final de 115 EAM

confirmadas. O número de vezes em que o rastreador foi positivo é importante para o

cálculo do desempenho dos rastreadores. No entanto, para o número final de EAM,

considerou-se cada evento uma única vez, pois um mesmo evento podia ser

identificado por mais de um rastreador.

2

2

3

3

4

5

10

16

19

20

27

28

67

Mãe adolescente e gemelaridade

Desidratação grave

Convulsão

Taquicardia fetal

Suspeita de sífilis

Apnéia

Outros*

Hipoglicemia

Icterícia neonatal

Bronquiolite

Risco infeccioso

Sepse neonatal

Desconforto respiratório

Page 43: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

41

Os medicamentos relacionados a EAM foram agrupados de acordo com a

Classificação ATC - Anatomical Therapeutic Chemical - da Organização Mundial da

Saúde, e são apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Classes de medicamentos relacionados EAM em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015, de acordo com o segundo nível de classificação ATC*.

Classes de medicamentos N Frequência %

Antibióticos para uso sistêmico 82 39,4

Analgésicos 27 13,0

Vitaminas 26 12,5

Outros agentes do sistema respiratório(1) 23 11,1

Psicolépticos 18 8,7

Terapia cardiovascular 10 4,8

Diuréticos 7 3,4

Nutrientes em geral(2) 6 2,9

Antiepilépticos 3 1,4

Agentes relacionados às desordens ácidas(3) 1 0,5

Antivirais para uso sistêmico(4) 1 0,5

Corticosteroides para uso sistêmico 1 0,5

Preparações antianêmicas(5) 1 0,5

Relaxantes musculares 1 0,5

Suplemento mineral 1 0,5

Total 208** 100,0

Notas:

* Anatomical Therapeutic Chemical Classification - ATC

** Mais de uma classe de medicamentos estava envolvida nos mesmos eventos (N=115).

(1) Refere-se aos medicamentos cafeína e surfactante.

(2) Refere-se aos medicamentos glicose 10% e glicose 50%.

(3) Refere-se ao medicamento ranitidina.

(4) Refere-se ao medicamento zidovudina.

(5) Refere-se ao medicamento ferro elementar.

Page 44: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

42

O número final e a frequência de eventos adversos a medicamentos

identificados pelos rastreadores são apresentados na tabela 2.

Tabela 2 – Eventos adversos a medicamentos (EAM) identificados por rastreadores em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

EAM N Frequência %

Diarreia 34 29,6

Vômito 27 23,5

Hipersedação 8 7,0

Hiperglicemia 6 5,2

Constipação intestinal 4 3,5

Sangramento de trato gastrointestinal 4 3,5

Hipernatremia 3 2,6

Rigidez torácica 3 2,6

Queda de saturação de oxigênio 3 2,6

Taquicardia 3 2,6

Piora da função renal 2 1,7

Hipertensão arterial 2 1,7

Enterocolite necrosante 2 1,7

Síndrome de abstinência 2 1,7

Nível sérico tóxico 2 1,7

Eritema e descamação da pele 1 0,9

Hipercalcemia 1 0,9

Hipercalemia 1 0,9

Hipocalemia 1 0,9

Hiponatremia 1 0,9

Aumento da ureia 1 0,9

Bexigoma 1 0,9

Obstrução do cateter central de inserção periférica 1 0,9

Poliúria 1 0,9

Rebaixamento do nível de consciência 1 0,9

Total 115 100,0

Page 45: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

43

A descrição dos rastreadores que identificaram os EAM e respectivos

medicamentos relacionados estão apresentados no quadro 1.

Quadro 1 – Rastreadores e medicamentos relacionados a Eventos Adversos a Medicamentos (EAM) ocorridos em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Rastreadores EAM Medicamentos relacionados

Aumento da creatinina Piora da função renal vancomicina

Aumento da frequência de

evacuação Diarreia

amicacina + ampicilina

amicacina + ampicilina +

multivitamínico

amicacina + oxacilina +

multivitamínico

amicacina + oxacilina

amicacina + penicilina cristalina

ampicilina

ampicilina + cefotaxima

cafeína

cafeína + ampicilina +

cefotaxima

cafeína + multivitamínico

cefotaxima

claritromicina

claritromicina + vitaminas A e D

em associação

multivitamínico

oxacilina

penicilina cristalina

Aumento da pressão

arterial

Hipertensão arterial dobutamina + fosfolipídios

naturais (surfactante) +

rocurônio

epinefrina + norepinefrina

Aumento da ureia Piora da função renal furosemida

vancomicina

Page 46: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

44

Quadro 1 (Continuação) - Rastreadores e medicamentos relacionados a Eventos Adversos a Medicamentos (EAM) ocorridos em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Rastreadores EAM Medicamentos relacionados

Enterocolite necrosante Enterocolite necrosante cafeína + ibuprofeno

ibuprofeno

Eritema pápula rash

urticária

Eritema e descamação da

pele penicilina cristalina

Estímulo anal Constipação intestinal

fentanil

fentanil + furosemida

morfina

Flumazenil Hipersedação midazolam

Hipercalcemia Hipercalcemia

gluconato de cálcio 10% +

penicilina cristalina

amicacina + oxacilina +

multivitamínico

Hipercalemia Hipercalemia vancomicina

Hiperglicemia Hiperglicemia

cafeína

cafeína + glicose 10%

epinefrina

epinefrina + norepinefrina +

hidrocortisona

glicose 10%

glicose 50%

Hipernatremia Hipernatremia ampicilina

Hipersedação Hipersedação midazolam

Hipocalemia Hipocalemia glicose 50%

Hiponatremia Hiponatremia furosemida + hidroclorotiazida +

espironolactona

Page 47: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

45

Quadro 1 (Continuação) - Rastreadores e medicamentos relacionados a Eventos Adversos a Medicamentos (EAM) ocorridos em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Rastreadores EAM Medicamentos relacionados

Lorazepam / metadona Síndrome de abstinência midazolam + fentanil + morfina

Metadona Síndrome de abstinência fentanil

Naloxona Rigidez torácica fentanil

Naloxona Hipersedação fentanil

fentanil + midazolam + morfina

Presença de sangue nas

fezes Sangramento de TGI

cafeína

cafeína + multivitamínico

Queda de saturação de

oxigênio Hipersedação codeína + fentanil + midazolam

Queda de saturação de

oxigênio Rigidez torácica fentanil + codeína

Queda de saturação de

oxigênio

Hipersedação midazolam

Queda de saturação de

oxigênio

Queda de saturação de

oxigênio

fentanil + midazolam

fosfolipídeos naturais

(surfactante)

hidrato de cloral

Supositório de glicerina Constipação intestinal fentanil

Suspensão de

medicamento

Obstrução do cateter

central de inserção

periférica

ampicilina + gentamicina +

ranitidina

Suspensão de

medicamento Nível sérico tóxico

fenobarbital

vancomicina

Suspensão de

medicamento

Rebaixamento do nível de

consciência fentanil

Suspensão de

medicamento Síndrome de abstinência fentanil

Suspensão de

medicamento Poliúria furosemida

Suspensão de

medicamento Aumento da ureia furosemida

Page 48: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

46

Quadro 1 (Continuação) - Rastreadores e medicamentos relacionados a Eventos Adversos a Medicamentos (EAM) ocorridos em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Rastreadores EAM Medicamentos relacionados

Suspensão de

medicamento Hipersedação

hidrato de cloral

midazolam

codeína

fentanil + midazolam

Suspensão de

medicamento Vômito tramadol + multivitamínico

Suspensão de

medicamento

Bexigoma tramadol

Taquicardia Taquicardia cafeína

epinefrina

Vômito Vômito

amicacina

amicacina + ampicilina

amicacina + oxacilina

cafeína

cafeína + multivitamínico

fenobarbital

hidrato de cloral

multivitamínico

multivitamínico + ferro

elementar

penicilina cristalina

tramadol + multivitamínico

zidovudina

Vômito Síndrome de abstinência fentanil + midazolam

Vômito cor de borra de

café

Sangramento de trato

gastrointestinal

amicacina + ampicilina

ampicilina + gentamicina +

fenobarbital

Page 49: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

47

4.3 ANÁLISE DESCRITIVA

Na população total (125 pacientes) verificou-se a média de 7,4 rastreadores

(desvio padrão ± 8,5) e 0,9 EAM (desvio padrão ± 1,3) por paciente. O número de

rastreadores encontrados nos prontuários variou de 0 a 51. O número de EAM

identificados pelos rastreadores em prontuários de pacientes variou de 0 a 7, sendo

que os valores extremos de 51 rastreadores e 7 EAM foram verificados no mesmo

recém-nascido. Cinquenta e oito recém-nascidos (46,4%) apresentaram EAM.

As médias de rastreadores, as médias de EAM identificados e o número de

pacientes que tiveram pelo menos um EAM, estratificados por unidade de internação,

são apresentados na tabela 3.

Tabela 3 - Média de rastreadores, média dos eventos adversos a medicamentos (EAM) identificados e número de pacientes com pelo menos um EAM, em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Unidade de

Internação

Pacientes Rastreadores EAM

Pacientes com

pelo menos 1

EAM

N N (média ± desvio

padrão)

N (média ± desvio

padrão) N (%)

UCINCO 86 437 (5,1 ± 4,8) 49 (0,6 ± 0,8) 34 (39,5)

UTIN 39 488 (12,5 ± 12,0) 66 (1,7 ± 1,8) 24 (61,5)

Total 125 925 115 58

Notas:

UCINCO: Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convecional.

Page 50: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

48

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

As médias de rastreadores, as médias de EAM identificados e o número de

pacientes que tiveram pelo menos um EAM, estratificados por classificação ao nascer,

são apresentados na tabela 4.

Tabela 4 - Média de rastreadores, média dos eventos adversos a medicamentos (EAM) identificados e número de pacientes com pelo menos um EAM, em pacientes recém-nascidos a termo e em recém-nascidos pré-termos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Classificação

do recém-

nascido

Pacientes Rastreadores EAM

Pacientes com

pelo menos 1

EAM

N N (média ± desvio

padrão)

N (média ± desvio

padrão) N (%)

RNPT 43 460 (10,7 ± 10,2) 52 (1,2 ± 1,2) 25 (58,1)

RNT 82 465 (5,7 ± 6,9) 63 (0,8 ± 1,3) 33 (40,2)

Total 125 925 115 58

Notas:

RNPT: Recém-nascido pré-termo.

RNT: Recém-nascido a termo.

As médias de rastreadores, as médias de EAM identificados e o número de

pacientes que tiveram pelo menos um EAM, estratificados por gênero, são

apresentados na tabela 5.

Page 51: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

49

Tabela 5 - Média de rastreadores, média dos eventos adversos a medicamentos (EAM) identificados e número de pacientes com pelo menos um EAM, em pacientes do gênero feminino e masculino internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Gênero

Pacientes Rastreadores EAM

Pacientes com

pelo menos 1

EAM

N N (média ± desvio

padrão)

N (média ± desvio

padrão) N (%)

Feminino 63 505 (8,0 ± 10,1) 73 (1,2 ± 1,5) 33 (52,4)

Masculino 62 420 (6,8 ± 1,0) 42 (0,7 ± 1,0) 25 (40,3)

Total 125 925 115 58

4.4 MEDIDAS DE INCIDÊNCIA DE EAM

A incidência de EAM, estratificada por unidade de internação, é apresentada

na tabela 6.

Page 52: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

50

Tabela 6 – Incidência de eventos adversos a medicamentos (EAM) em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Unidade de

Internação

Pacientes

N

Pacientes com

EAM

Incidência de

EAM (%)

Intervalo de

Confiança (95%)

UCINCO 86 34 39,5 28,9; 50,1

UTIN 39 24 61,5 45,9; 77,2

Geral 125 58 46,4 37,6; 50,1

Notas:

UCINCO: Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional.

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

A incidência de EAM por 1000 pacientes-dia, estratificada por unidade de

internação, é apresentada na tabela 7.

Page 53: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

51

Tabela 7 - Incidência de eventos adversos a medicamentos (EAM) por 1000 pacientes-dia, em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Unidade de

Internação Paciente-dia EAM

EAM por 1000

pacientes-dia

Intervalo de

Confiança (95%)

UCINCO 858 49 57,1 42,2; 75,5

UTIN 551 56 119,8 92,6; 152,4

Geral 1409 115 81,6 67,4; 98,0

Notas:

UCINCO: Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional.

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

4.5 DESEMPENHO E CATEGORIZAÇÃO DOS RASTREADORES

Os rastreadores foram agrupados em categorias de desempenho tendo como

referência o valor do rendimento geral de todos os rastreadores, que foi 22,5% (Tabela

8).

Desta maneira, os rastreadores de alto desempenho foram aqueles que

obtiveram 100% de rendimento:

Entre os rastreadores antídotos: “prescrição de metadona/lorazepam” e

“prescrição de flumazenil”;

Entre os rastreadores clínicos: “hipersedação” e “enterocolite necrosante”;

Page 54: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

52

Entre os rastreadores laboratoriais: “aumento de creatinina”, “aumento da

ureia”, “hipercalcemia”, “hipercalemia” e “hipernatremia”.

Aqueles que obtiveram rendimento abaixo de 100% até 22,5% foram

considerados de desempenho intermediário:

Entre os rastreadores antídotos: “prescrição de naloxona”;

Entre os rastreadores clínicos: “vômito”, “aumento da pressão arterial”,

“estímulo anal/supositório”, “aumento da frequência de evacuação”,

presença de sangue nas fezes”, “vômito cor de borra de café”;

Entre os rastreadores laboratoriais: “hiperglicemia”, “hiponatremia” e

“hipocalemia”.

Os rastreadores de baixo desempenho foram aqueles que obtiveram

rendimento abaixo de 22,5%:

Entre os rastreadores clínicos: “prescrição de fenobarbital”, “queda de

saturação de oxigênio”, “taquicardia”, “eritema/pápula/rash/urticária”,

“suspensão de medicamento”, “cardioversão”, “hipotensão”, “intubação não

programada” e “transferência para a UTIN”;

Entre os rastreadores laboratoriais: “anemia”, “hipocalcemia”,

“hipofosfatemia”, “hipoglicemia”, “hipomagnesemia”, “leucocitse”,

“neutrofilia”, “plaquetopenia’, “trombocitose”.

Page 55: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

53

Alguns rastreadores, apesar de terem sido identificados nos registros dos

prontuários dos pacientes, não identificaram nenhum EAM:

Entre os rastreadores clínicos: “prescrição de fenobarbital”, “cardioversão”,

“intubação não programada”, “hipotensão”, “transferência para a UTIN”;

Entre os rastreadores laboratoriais: “hipofosfatemia”, “hipoglicemia”,

“hipomagnesemia”, “leucocitose”, “neutrofilia”, “leucopenia”, “anemia”,

“plaquetopenia” e “trombocitose”.

E finalmente, os rastreadores que não foram identificados nos registros dos

prontuários:

Entre os rastreadores antídotos: “prescrição de azul de metileno”,

“prescrição de levotiroxina”, “prescrição de anti-histamínico”, “prescrição de

neostigmina”;

Entre os rastreadores clínicos: “prejuízo da audição”, “pneumonia associada

a uso de bloqueadores de receptor do tipo H2 (ranitidina)”;

Entre os rastreadores laboratoriais: “aumento das enzimas hepáticas”,

“hipermagnesemia”, “hiperfosfatemia”, “eosinofilia”.

O rendimento de cada um dos rastreadores utilizados para a identificação de

suspeitas de eventos adversos a medicamentos é apresentada na tabela 8.

Page 56: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

54

Tabela 8 - Avaliação do desempenho dos rastreadores para identificação de suspeitas de eventos adversos a medicamentos (EAM) em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Rastreadores

Número de

vezes que um

rastreador foi

identificado

Número de

suspeitas de EAM

identificadas

(1) (2)

(3): Rendimento

do rastreador

(%)

Aumento de creatinina 1 1 0,8 0,8 100,0

Aumento da ureia 2 2 1,6 1,6 100,0

Enterocolite necrosante 2 2 1,6 1,6 100,0

Flumazenil 3 3 2,4 2,4 100,0

Hipercalcemia 1 1 0,8 0,8 100,0

Hipercalemia 2 2 1,6 1,6 100,0

Hipernatremia 3 3 2,4 2,4 100,0

Hipersedação 2 2 1,6 1,6 100,0

Metadona/ lorazepam 6 6 4,8 4,8 100,0

Hiperglicemia 17 11 13,6 8,8 64,7

Naloxona 8 5 6,4 4,0 62,5

Vômito 101 58 80,8 46,4 57,4

Aumento da pressão

arterial 4 2 3,2 1,6 50,0

Estimulo anal /

supositório 10 5 8,0 4,0 50,0

Aumento da frequência

de evacuação 200 71 160,0 56,8 35,5

Presença de sangue

nas fezes 6 2 4,8 1,6 33,3

Hipocalemia 4 1 3,2 0,8 25,0

Vômito cor de borra de

café 8 2 6,4 1,6 25,0

Taquicardia 14 3 11,2 2,4 21,4

Eritema/ pápula/ rash/

urticária 20 4 16,0 3,2 20,0

Suspensão de

medicamento 118 13 94,4 10,4 11,0

Queda saturação de

oxigênio 264 8 211,2 6,4 3,0

Anemia 9 0 7,2 0,0 0,0

Continua

Page 57: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

55

Tabela 8 - Avaliação do desempenho dos rastreadores para identificação de suspeitas de eventos adversos a medicamentos (EAM) em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, de março a setembro de 2015.

Continuação

Rastreadores

Número de vezes

que um

rastreador foi

identificado

Número de

suspeitas de

EAM

identificadas

(1) (2)

(3): Rendimento

do rastreador

(%)

Cardioversão 1 0 0,8 0,0 0,0

Fenobarbital 28 0 22,4 0,0 0,0

Hipocalcemia 10 0 8,0 0,0 0,0

Hipofosfatemia 2 0 1,6 0,0 0,0

Hipoglicemia 14 0 11,2 0,0 0,0

Hipomagnesemia 2 0 1,6 0,0 0,0

Hipomagnesemia 2 0 1,6 0,0 0,0

Hipotensão 10 0 8,0 0,0 0,0

Intubação não

programada 6 0 4,8 0,0 0,0

Leucocitose 5 0 4,0 0,0 0,0

Neutrofilia 2 0 1,6 0,0 0,0

Leucopenia 2 0 1,6 0,0 0,0

Plaquetopenia 22 0 17,6 0,0 0,0

Transferência para a

UTIN 10 0 8,0 0,0 0,0

Trombocitose 2 0 1,6 0,0 0,0

Geral 925 208 740,0 166,4 22,5

Notas:

(1): número de vezes que um rastreador foi encontrado / total de pacientes avaliados

(2): número de suspeitas de EAM identificadas pelos rastreadores / total de pacientes avaliados

(3): rendimento dos rastreadores

Page 58: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

56

5. DISCUSSÃO

Identificar a ocorrência de EAM em população neonatal hospitalizada,

incluindo-se aqueles internados em unidade de terapia intensiva, é uma atividade

complexa. Os sintomas e as alterações orgânicas podem se sobrepor aos da doença

de base e às alterações fisiológicas características desse período da vida.

Questões particulares do desenvolvimento dos recém-nascidos, principalmente

dos prematuros, da idade gestacional em que nasceram e do perfil farmacocinético e

farmacodinâmico dos medicamentos, também podem dificultar a avaliação da

ocorrência dos EAM.

Poucos eventos adversos a medicamentos nesta faixa etária são bem

documentados. Como já citado anteriormente, a dificuldade de encontrar dados mais

robustos sobre os efeitos dos medicamentos em recém-nascidos também se deve à

falta de estudos clínicos realizados exclusivamente nesta população. Desta maneira,

se não buscarmos ativamente os EAM, dificilmente iremos encontrá-los (SILVA et al.,

2012).

5.1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO

5.1.1 Hipóteses Diagnósticas à Internação

Page 59: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

57

Os diagnósticos mais frequentes no momento da internação do presente estudo

foram: desconforto respiratório (67%), sepse neonatal (28%), risco infeccioso (27%) e

bronqueolite (20%).

Eshetie et al. (2015) conduziram estudo prospectivo sobre eventos adversos a

medicamentos em um hospital universitário da Etiópia, que incluiu os pacientes

pediátricos e os neonatos. Os principais diagnósticos à internação foram: pneumonia

(27%), subnutrição (19%), sepse neonatal (17%) e meningite (9%).

Essas diferenças podem ser reflexo das características epidemiológicas da

população estudada, da complexidade do atendimento hospitalar e devido à

população do estudo, visto que os recém-nascidos foram selecionados juntamente

com crianças de maior idade.

Outros estudos sobre eventos adversos, que incluíram os recém-nascidos na

população estudada, não mencionaram as hipóteses diagnósticas mais frequentes,

impossibilitando a comparação com os dados coletados (KAUSHAL et al., 2001;

SHAREK et al., 2006; FERRANTI et al., 2008; KUNAC et al., 2009; MATLOW et al.,

2012; SAKUMA et al., 2014; UNBECK et al. 2014).

5.1.2 Classificação do Recém-nascido Segundo a Maturidade ao Nascimento e

Unidade de Internação

Os recém-nascidos prematuros apresentaram maior número relativo de EAM

(58,1%) em comparação aos recém-nascidos a termo (40,2%). Os recém-nascidos

internados na unidade de terapia intensiva tiveram um número relativo de EAM maior

(61,5%) do que aqueles que ficaram internados na unidade de cuidados intermediários

(39,5%). Esses dados sugerem que recém-nascidos criticamente enfermos e a

Page 60: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

58

prematuridade podem aumentar a ocorrência de EAM neste grupo. Isso já havia sido

comentado por Sharek et al. (2006), cujo estudo indica a natureza única da população

em unidade de terapia intensiva neonatal, ainda mais destacada pelo aumento do

risco de eventos adversos com base no menor peso ao nascer e idade gestacional,

ou seja, a prematuridade.

Sakuma et al. (2014) observaram que a incidência de eventos adversos a

medicamentos foi menor entre os recém-nascidos internados na enfermaria geral

quando comparados com aqueles internados na unidade de terapia intensiva

neonatal. Os autores atribuíram a menor incidência em recém-nascidos internados

na enfermaria geral devido ao fato de se tratarem de pacientes com quadro clínico de

menor gravidade do que aqueles internados na unidade de terapia intensiva, como

parece ter sido o caso neste estudo.

5.1.3 Gênero

Em relação ao gênero, a proporção de EAM foi maior entre os pacientes do

gênero feminino que apresentaram 33% EAM. Já entre os pacientes do gênero

masculino, 25% apresentaram EAM. No estudo de Sharek et al. (2006), em pacientes

internados em unidade de terapia intensiva neonatal, a taxa de eventos adversos

estratificada por gênero não mostrou diferença significativa entre pacientes do gênero

feminino e masculino.

O mesmo havido sido verificado no estudo de Rashed et al (2012) sobre

reações adversas em pacientes pediátricos hospitalizados – incluindo os recém-

nascidos. Os pesquisadores encontraram praticamente a mesma proporção de

Page 61: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

59

reações adversas a medicamentos entre pacientes do gênero feminino (17%) e

masculino (16,4%).

Romano-Lieber e Ribeiro (2012) realizaram estudo retrospectivo transversal no

qual buscaram identificar EAM por meio das fichas de atendimento no setor de

emergência pediátrica de um hospital universitário. Neste estudo também houve leve

predominância de EAM na população do gênero masculino, ao contrário do

normalmente verificado em adultos. Em adultos, um dos fatores que podem

parcialmente explicar maior predominância de EAM no gênero feminino são as

diferenças metabólicas e hormonais da mulher em relação ao homem (ALOMAR,

2014; ROMANO-LIEBER; RIBEIRO, 2012). No entanto, essas divergências

relacionadas ao gênero, idade e predominância de EAM ainda não são claras e

requerem mais estudos, principalmente entre os recém-nascidos.

5.2 CLASSES DE MEDICAMENTOS MAIS RELACIONADAS A EAM

No presente estudo, os antibióticos para uso sistêmico foram os mais

implicados nos eventos adversos encontrados (39,4%), seguidos pelos analgésicos

(13,0%), as vitaminas (12,5%), outros agentes do sistema respiratório (11,1%) e

psicolépticos (8,7%).

Era esperado que os antibióticos fossem a classe mais frequentemente

relacionada a ocorrência dos EAM, uma vez que são medicamentos muito utilizados

por este tipo de clínica (BRASSICA, 2009). Uma das razões para seu uso é o

predomínio de diagnósticos relacionados a infecções no momento da internação dos

recém-nascidos, como a sepse neonatal e o risco infeccioso. Os principais eventos

Page 62: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

60

relacionados aos antibióticos no estudo foram: diarreia, vômito, piora da função renal,

nível sérico tóxico do antibiótico e sangramento do trato gastrointestinal.

Eshetie et al. (2015) também notaram que a classe dos antibióticos foi a mais

relacionada aos EAM em seu estudo: dentre os diagnósticos mais comuns da

população estudada, também foram descritos aqueles relacionados a infecções, como

a pneumonia, a sepse neonatal e a meningite.

Depois dos antibióticos, outros autores também relataram, assim como

observado no presente estudo, que os analgésicos e sedativos foram os

medicamentos mais envolvidos nos EAM (KAUSHAL et al, 2001; FERRANTI et al,

2008; SAKUMA et al, 2014).

Dentre os analgésicos, os derivados de opioides foram o grupo terapêutico

mais implicado em EAM. Os principais EAM relacionados aos analgésicos opioides

foram hipersedação, síndrome de abstinência, constipação intestinal, e rigidez

torácica.

Esses eventos foram esperados, pois o principal local de ação dos analgésicos

opioides é o sistema nervoso central. Tais eventos podem ser expressos em

analgesia, alteração do padrão respiratório, hipersedação e síndrome de abstinência

(LAGO et al , 2003; SILVA et al 2007; KUMAR et al , 2010; TAKEMOTO et al, 2011;

HUDAK; TAN, 2012).

O mecanismo envolvido na rigidez torácica parece envolver os gânglios basais

e o núcleo da rafe no sistema nervoso central, mas isso não é bem esclarecido.

Fentanil está associado a rigidez torácica quando administrado em altas doses ou

maior velocidade de infusão (LEE et al, 2009; KUMAR et al, 2010). No entanto, para

Dewhirst et al (2012), assim como no presente estudo, foi verificada rigidez torácica

mesmo em doses e velocidades de infusão adequadas.

Page 63: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

61

Receptores para opioides também são encontrados no trato gastrointestinal.

Quando os medicamentos derivados de opioides se ligam a estes receptores,

promovem diminuição da motilidade intestinal e aumento do tônus dos esfíncteres, o

que causa constipação intestinal (TAKEMOTO et al, 2011).

Os analgésicos opioides são muito utilizados em recém-nascidos internados

em unidade de terapia intensiva, devido a procedimentos dolorosos e desconfortáveis

aos quais os recém-nascidos podem ser submetidos. Muitos destes pacientes

necessitam realizar procedimentos invasivos, como por exemplo, intubação traqueal,

passagem de sondas e acessos venosos. Além disso, alguns destes pacientes

necessitam de ventilação mecânica, que também exige tratamento com sedativos e

analgésicos (OLIVEIRA, 2005; PRESTES et al, 2005).

Em relação a vitaminas, nenhum dos estudos mencionou especificamente esta

classe como frequentemente implicada aos eventos adversos. Entretanto, durante a

coleta de dados, suspeitou-se que a ocorrência de EAM relacionados ao

multivitamínico utilizado na instituição poderia estar associada aos componentes

existentes na formulação.

A suspeita inicial decorreu do caso um recém-nascido que tinha frequência de

1 a 2 evacuações por dia. Após iniciar o multivitamínico, apresentou mais de 5

evacuações por dia durante 6 dias consecutivos. Este paciente também apresentou

vômito após o início do uso do multivitamínico. Naquele momento, o multivitamínico

era o único medicamento prescrito.

Houve a suspeita de que pelo menos três excipientes principais constantes na

formulação estariam relacionados aos eventos: glicerol, propilenoglicol e óleo de rícino

hidrogenado. Estes três excipientes possuem propriedades laxativas (TURNER et al.,

2014; SOUZA et al., 2014; KAIRUZ et al., 2007), que podem explicar o aumento da

Page 64: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

62

frequência de evacuação observado após o início do tratamento com o

multivitamínico, o qual é realizado por via oral ou sonda oro-gástrica. Além disso, as

EAM mais comuns descritas na bula do fabricante do multivitamínico eram: náuseas,

vômitos e diarreia. No estudo, o uso de multivitamínico também foi relacionado a

episódios de vômito.

A toxicidade de alguns excipientes utilizados nas formulações de

medicamentos como responsáveis por causarem eventos adversos em recém-

nascidos já tem sido relatada em outros estudos (LASS et al. 2012; TURNER et al.

2014; NELLIS et al. 2015; SOUZA et al., 2014).

A elevada frequência dos eventos relacionados ao uso dos multivitamínicos é

explicada em partes pela grande frequência do uso deste tipo de medicamento pelos

recém-nascidos. O tratamento com vitaminas no recém-nascido, principalmente o

prematuro, é realizado para complementar as necessidades nutricionais vitamínicas,

principalmente de vitamina A (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Em relação aos eventos adversos causados pelos agentes relacionados ao

sistema respiratório, KaushalL et al. (2001) citaram os broncodilatadores como uma

das classes mais relacionadas aos eventos adversos. No entanto, é importante

diferenciar que o presente estudo se refere ao medicamento cafeína, que possui

indicações específicas para a população neonatal. Utilizada principalmente em

prematuros, a cafeína é indicada para o tratamento da apneia neonatal. A frequência

de EAM relacionados à cafeína pode ser explicada pelo fato de ser um dos

medicamentos mais utilizados neste tipo de população. A cafeína foi relacionada aos

seguintes eventos: taquicardia, hiperglicemia, vômito, diarreia, enterocolite

necrosante e sangramento de trato gastrointestinal.

Page 65: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

63

5.3 DESCRIÇÃO DOS EAM MAIS FREQUENTES

No presente estudo, os EAM mais frequentes foram diarreia (29,6%) e vômito

(23,5%), correspondendo a mais de 50% dos eventos observados. Os medicamentos

implicados nestes eventos foram: antibióticos, vitaminas, cafeína, hidrato de cloral,

fenobarbital, ferro elementar, tramadol e zidovudina.

Em estudos semelhantes, os EAM mais frequentes também foram aqueles

relacionados aos distúrbios do trato gastrointestinal, como diarreia, vômito e náusea,

relatados tanto por Sakuma et al. (2014), correspondendo a 45% dos eventos, quanto

por Eshetie et al. (2015), correspondendo a 22,3% dos eventos.

Como discutido anteriormente, a frequência elevada dos eventos diarreia e

vômito pode ser explicada pelos tipos de medicamentos mais utilizados nesta

população. EAM relacionados a distúrbios do trato gastrointestinal são descritos como

eventos frequentes na literatura e na bula dos medicamentos, principalmente quando

se referem à classe dos antimicrobianos (TAKEMOTO, 2011).

Outros dois EAM frequentes durante o estudo foram a hipersedação (7,0%) e

a hiperglicemia (5,0%).

O evento hipersedação foi relacionado aos medicamentos midazolam, hidrato

de cloral, codeína, morfina e fentanil. Assim como discutido anteriormente, os

analgésicos opioides e os hipnóticos-sedativos (também chamados de psicolépticos)

são medicamentos muito utilizados pelos recém-nascidos internados em unidade de

terapia intensiva.

Muething et al. (2010) realizaram estudo sobre eventos adversos em hospital

pediátrico no qual o evento “hipersedação” somou 11,8% dos eventos relacionados à

classe de analgésicos opioides no grupo dos recém-nascidos internados em unidade

de terapia intensiva neonatal.

Page 66: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

64

Os medicamentos midazolam e hidrato de cloral são hipnóticos, causam

sedação sem analgesia. Por este motivo são frequentemente utilizados em

associação com algum analgésico opioide, podendo potencializar o efeito da

hipersedação (LAGO et al., 2003; SILVA et al., 2007). No entanto, durante a coleta de

dados, 3 episódios de hipersedação foram relacionados somente ao uso de

midazolam, com a utilização do seu antagonista farmacológico flumazenil para reduzir

os efeitos da sedação excessiva.

A hiperglicemia foi associada aos medicamentos cafeína, glicose (10% e 50%),

epinefrina, norepinefrina e hidrocortisona. Assim como neste estudo, outros trabalhos

relataram que a hiperglicemia é um evento frequente em recém-nascidos,

principalmente em prematuros, que pode estar associado ao uso de medicamentos

hiperglicemiantes, como os corticoides, as metilxantinas e os fármacos vasoativos

(HEY, 2005; SHAREK et al., 2006; DECARO; VAIN, 2011; MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2011).

A infusão de glicose endovenosa faz parte do tratamento da hipoglicemia nos

recém-nascidos, uma vez que os mecanismos de controle glicêmico e a reserva

energética ainda não são adequados, principalmente nos prematuros. A infusão de

glicose é utilizada como soro de manutenção para suprir as necessidades hídricas do

recém-nascido e oferecer uma velocidade de infusão de glicose capaz de mantê-lo

normoglicêmico. No entanto, essa infusão pode causar hiperglicemia, principalmente

em recém-nascidos prematuros, os quais costumam apresentar intolerância a

infusões endovenosas de glicose (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Em resumo, o perfil das EAM e a predominância do tipo de evento ou órgão

afetado também estão associados ao uso de distintos grupos terapêuticos (SANTOS;

COELHO, 2004), tais como ocorreram, por exemplo, com os antimicrobianos,

Page 67: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

65

vitaminas e cafeína relacionados a eventos do trato gastrointestinal; e com os

analgésicos opioides/sedativos relacionados ao evento hipersedação.

5.4 INCIDÊNCIA DOS EAM

A incidência geral de EAM foi 46,4%. A taxa de incidência de EAM por 1000

pacientes-dia geral foi 81,6.

Na UTIN, a incidência foi 61,5% e a taxa de incidência foi 119,8 EAM por 1000

pacientes-dia.

Na UCINCO a incidência de EAM foi 39,5% e a taxa de incidência foi 57,1 EAM

por 1000 pacientes-dia.

Na literatura, os resultados de incidência de EAM são bastante diversos. As

diferenças de incidência de EAM entre os estudos podem ser reflexo do desenho do

estudo, do tamanho da amostra, se é ou não é multicêntrico, do tipo da população

estudada – ou seja, se incluiu recém-nascidos com crianças maiores ou incluiu

exclusivamente aqueles internados em unidade de terapia intensiva neonatal - e da

metodologia adotada para a identificação dos eventos – ou seja, se houve busca ativa,

se foram utilizados rastreadores ou se notificações foram acrescidas de entrevistas.

A heterogeneidade das incidências de EAM entre os estudos também pode ser

parcialmente explicada por diferenças na quantidade e variedade de medicamentos

às quais as crianças foram expostas. Outras variáveis também podem influenciar a

incidência de EAM ou a sua análise, tais como os diagnósticos, as comorbidades, as

posologias dos medicamentos utilizados, o peso, a altura e a etnia da população

estudada (SANTOS; COELHO, 2004).

Page 68: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

66

Sharek et al. (2006) conduziram estudo retrospectivo em quinze unidades de

cuidados intensivos neonatal em hospitais dos Estados Unidos e Canadá sobre

identificação de eventos adversos utlizando rastreadores específicos para esta

população. Foram incluídos 749 pacientes e 554 eventos adversos foram identificados

pelos rastreadores, totalizando 32,4 eventos adversos por 1000 pacientes-dia. Kunac

et al. (2009) realizaram coorte prospectiva para identificação de eventos adversos a

medicamentos em um hospital pediátrico na Nova Zelândia. No grupo dos pacientes

internados na unidade de terapia intensiva neonatal, foram incluídos 406 pacientes e

28 EAM foram identificados, resultando em 19,2 EAM por 1000 pacientes-dia. No

grupo de pacientes internados na enfermaria pós-natal, foram incluídos 7 pacientes e

nenhum EAM foi identificado.

Sakuma et al. (2014) conduziram estudo retrospectivo para avaliação de

eventos adversos a medicamentos em população pediátrica, em dois hospitais do

Japão. No grupo dos recém-nascidos, 53 EAM ocorreram em uma amostra de 252

pacientes, totalizando 11,1 EAM por 1000 pacientes-dia.

Estudos prospectivos tendem a fornecer valores de incidência maiores quando

comparados aos estudos retrospectivos. Em um estudo prospectivo de coorte, a

variável de exposição, outras variáveis, e os resultados podem ser medidos mais

precisamente. Isso também é útil para exposições que podem exigir uma avaliação

subjetiva. Em um estudo de coorte retrospectivo, a exposição e as variáveis de

desfecho ocorreram e foram registrados antes do estudo ter sido iniciado. Assim, as

medidas podem não ser muito precisas ou não atender plenamente nossas

necessidades (GORDIS, 2010; SETIA, 2016).

O estudo de Kunac et al. (2009), além de ser prospectivo, utilizou mais uma

estratégia de identificação de EAM, incluindo a revisão simples de prontuários,

Page 69: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

67

entrevistas com cuidadores de pacientes e notificações reportadas pela equipe de

saúde. Este método tende a aumentar a incidência dos eventos quando comparamos

com o estudo de Sakuma et al. (2014), que foi retrospectivo e utilizou apenas a simples

revisão de prontuários.

Entretanto, ao comparar as taxas de incidência por 1000 pacientes-dia entre os

três estudos, verifica-se que a ferramenta dos rastreadores utilizada por Sharek et al.

(2006) proporcionou uma identificação maior dos eventos, mesmo sendo um estudo

retrospectivo. Dessa forma, o presente estudo corrobora a afirmação de Sharek et al

(2006), Takata et al (2008) e de Silva et al (2012) de que a identificação de eventos

adversos utilizando os rastreadores como ferramenta é maior do que quando

utilizamos outras metodologias de detecção.

Assim como verificado no presente estudo, ao conduzir um estudo prospectivo,

utilizando uma ferramenta de busca focada - ou seja, rastreadores - em circunstâncias

específicas relacionadas a EAM, em elementos específicos do prontuário, aumentam-

se as taxas de EAM observadas (SHAREK et al., 2006; TAKATA et al., 2008; GORDIS,

2010; SILVA et al., 2012; SETIA, 2016).

Além disso, a alta incidência de EAM identificada neste estudo reflete a noção

de que recém-nascidos, principalmente aqueles internados em unidade de terapia

intensiva, são uma população de alto-risco para apresentar eventos (SHAREK et al.,

2006).

Outro aspecto que pode explicar parcialmente a alta incidência de EAM neste

estudo em relação aos estudos de Sharek et al. (2006), Kunac et al. (2009) e de

Sakuma et al. (2014) é que estes últimos foram realizados em hospitais de países

desenvolvidos, cuja instituição da cultura de segurança do paciente em serviços de

saúde é mais antiga e/ou mais efetiva quando comparada a países em

Page 70: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

68

desenvolvimento, seja por questões de infraestrutura dos sistemas de saúde e/ou por

questões regulatórias. A atividade regulatória define-se como um conjunto de regras

que podem ser determinadas por meio de atos normativos, sanções e supervisão,

sobre áreas de interesse público, a fim de preservar e promover direitos fundamentais,

como por exemplo o acesso a serviços essenciais e a proteção da saúde e da vida. A

existência de políticas nacionais de monitoramento e notificação de eventos adversos

em serviços de saúde, por exemplo, é um marco regulatório importante para os países

que tem a intenção de promover a cultura da segurança do paciente (PEDREIRA et

al, 2004; CARPENTER et al, 2009; CHENG et al, 2011; OLSSON et al, 2015). É

preciso lembrar, ainda, que, apesar do Brasil fazer parte do Programa de

Monitoramento de Medicamentos da Organização Mundial da Saúde desde 2001, foi

somente em 2013, com a criação do Programa Nacional de Segurança de Paciente,

que o país instituiu obrigatoriamente ações para o monitoramento, gerenciamento e

notificação de eventos adversos em serviços de saúde (OLIVEIRA et al, 2014).

5.5 CARACTERIZAÇÃO DOS RASTREADORES

5.5.1 Número de Rastreadores a Cada 100 Pacientes

O número de rastreadores a cada 100 pacientes (componente 1), expressa a

carga de trabalho a ser incorporada no processo de identificação de EAM, pois quanto

maior o número de prontuários de pacientes contendo rastreadores, maior a carga de

trabalho dispendida para a identificação de EAM (CANO, 2011).

Page 71: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

69

Este indicador é importante para o serviço do Hospital Universitário, uma vez

que torna possível verificar a quantidade de prontuários de pacientes que devem ser

acompanhados para encontrar um EAM apontado por um rastreador em específico.

Os seguintes rastreadores clínicos foram aqueles mais identificados durante o

estudo: “queda de saturação de oxigênio” (211,2/100 pacientes); “aumento da

frequência de evacuação” (160/100 pacientes); “suspensão de medicamento”

(94,4/100 pacientes) e “vômito” (80,8/100 pacientes).

Neste grupo, verifica-se que os rastreadores “aumento de frequência de

evacuação” e “vômito” são aqueles que também identificaram dois dos mais

frequentes EAM do estudo, respectivamente, diarreia e vômito. Entretanto, os valores

encontrados para este grupo também demonstram que estes rastreadores podem

estar relacionados a sintomas frequentes na população estudada, mas que não se

referem a EAM, como por exemplo na condição clínica da sepse neonatal. Este fato

implicou maior facilidade para encontrar os rastreadores nos prontuários, porém, alta

carga de trabalho no processo de análise dos rastreadores encontrados.

Os rastreadores com taxa de identificação intermediária (de 2,4 até 22,4

rastreadores / 100 pacientes) foram, entre os rastreadores antídotos: prescrição de

flumazenil, prescrição de metadona/lorazepam; prescrição de naloxona. Entre os

rastreadores clínicos: prescrição de fenobarbital, presença de sangue nas fezes,

vômito cor de borra de café, taquicardia, eritema/pápula/rash/urticaria; hipotensão;

intubação não programada; transferência para a UTIN; aumento da pressão arterial;

estímulo anal/supositório. Entre os rastreadores laboratoriais: hipocalemia; anemia;

hipoglicemia; leucocitose; plaquetopenia; hipernatremia; hiperglicemia.

Os rastreadores com menor taxa de identificação (de 0,8 até 1,6rastreadores

/100 pacientes) foram, entre os rastreadores clínicos: enterocolite necrosante;

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70

hipercalemia; hipersedação; cardioversão / parada cardiorrespiratória. Entre os

rastreadores laboratoriais: leucopenia; hiponatremia; hipofosfatemia;

hipomagnesemia; neutrofilia; trombocitose; aumento da ureia; aumento da creatinina;

hipercalcemia.

Neste grupo, observa-se maior carga de trabalho para encontrar os

rastreadores nos prontuários, ou seja, são rastreadores mais raros. No entanto,

podem deflagrar EAM mais graves, como por exemplo a parada cardiorrespiratória.

Ressalta-se que este indicador não expressa o rendimento dos rastreadores

(ou seja, o potencial do rastreador para identificar EAM). Por exemplo, um dos

rastreadores mais identificado durante a revisão dos prontuários – “queda de

saturação de oxigênio” - foi um rastreador com rendimento muito baixo (3%), não

sendo adequado, portanto, para a rotina de identificação de EAM por este método.

5.5.2 Desempenho e Categorização dos Rastreadores

Como apresentado anteriormente, os rastreadores foram categorizados de

acordo com seus valores de rendimento em: alto desempenho, desempenho

intermediário e baixo desempenho. Ainda houve rastreadores identificados, porém

não relacionados a EAM. Houve também rastreadores que não foram identificados

nos prontuários. Os valores de rendimento dos rastreadores podem ser influenciados

pela interpretação da definição do rastreador, pela quantidade de rastreadores

incluídos no estudo e como múltiplas ocorrências do mesmo rastreador são tratadas

(UNBECK et al., 2014). Por exemplo, no presente estudo, durante 1 dia de internação

hospitalar, a equipe médica registrava 3 evoluções clínicas no prontuário dos

pacientes: uma de manhã, outra a tarde e a última a noite. Se o mesmo rastreador

Page 73: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

71

ocorria no registro das 3 evoluções, era registrado apenas uma única vez na ficha de

coleta de dados.

Os rastreadores de alto desempenho foram aqueles que obtiveram 100% de

rendimento. Eles não foram aqueles rastreadores que obtiveram a maior frequência

de registros nos prontuários, porém, quando foram encontrados, demonstraram que

um EAM ocorreu. Destacam-se os rastreadores “hipersedação”, “prescrição de

flumazenil” e “prescrição de metadona/lorazepam”. Estes foram relacionados aos

analgésicos opioides e psicolépticos, duas das classes terapêuticas mais implicadas

em EAM no estudo.

Dentre os rastreadores de baixo desempenho, destaca-se “queda de saturação

de oxigênio”. Este rastreador foi um dos mais registrados a cada 100 prontuários. No

entanto, obteve um rendimento de apenas 3%. Este rastreador não foi adequado para

a população estudada, pois necessitou de alta carga de trabalho para análise e pouco

rendimento para identificar EAM.

Os rastreadores encontrados que não identificaram nenhum EAM podem ainda

vir a identificar EAM em uma amostra maior (UNBECK et al., 2014).

Entre os rastreadores que não foram identificados nos prontuários, também

pode-se supor que, em uma amostra maior, pudessem vir a ser identificados.

Entretanto, destaca-se o rastreador “prejuízo da audição”, o qual não foi adequado

para detectar EAM pelo desenho do estudo realizado.

A avaliação da audição no recém-nascido internado é realizada pela equipe de

fonoaudiologia. No entanto, a avaliação da relação causal entre o uso de

medicamentos ototóxicos e o prejuízo da audição só é realizada pela mesma equipe

após a alta do paciente em acompanhamento ambulatorial. Durante a internação do

Page 74: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

72

recém-nascido, a equipe somente registra se o paciente fez uso de medicamento

ototóxico.

Além disso, deve-se registrar a dificuldade de detecção de alterações de

exames laboratoriais dos recém-nascidos, principalmente daqueles recém-nascidos

prematuros, que ainda se subdividem por peso e idade gestacional. Os parâmetros

bioquímicos se alteram fisiologicamente por motivos da própria imaturidade e do

desenvolvimento desta faixa-etária.

Ainda, soma-se a esses fatos a questão das doenças e comorbidades que

também alteram os referidos parâmetros, sendo bastante complexo, devido a isso,

identificar valores de exames laboratoriais como rastreadores de suspeita de EAM.

5.5.3 Considerações na Aplicação de Alguns Rastreadores

5.5.3.1 Rastreadores Antídotos

Prescrição de naloxona. Esse é um antídoto para bloquear os efeitos dos

derivados de opioides. É utilizado em casos de sedação excessiva, intoxicação ou

exacerbação dos efeitos desta classe. Especificamente, na literatura, esse rastreador

geralmente tem desempenho próximo de 100%. Ocorreu um único caso em que o

rastreador foi identificado, porém não identificou EAM. Tratava-se de um recém-

nascido com sintomas de exacerbação do medicamento naloxona, devido ao fato de

a mãe haver utilizado derivados de opioide antes do parto. Como o caso ocorreu no

período perinatal e não durante a estadia da criança na unidade de internação, a

naloxona foi registrada como um rastreador, no entanto, o caso não foi considerado

como EAM que ocorreu durante a internação do recém-nascido.

Page 75: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

73

5.5.3.2 Rastreadores Clínicos

Presença de sangue nas fezes e vômito cor de borra de café. Estes dois

rastreadores indicam o evento sangramento do trato gastrointestinal. No entanto, os

recém-nascidos podem apresentar estes dois sinais também quando deglutem

sangue materno no momento parto até 3 dias após o nascimento ou por meio de

fissuras no seio materno durante a amamentação. No entanto, para que se confirme

realmente se a origem do sangue nas fezes ou no vômito pertence ao recém-nascido,

é necessária a realização do teste de Apt-Downey. Esse teste diferencia a

hemoglobina fetal - portanto, do sangue do recém-nascido - da hemoglobina adulta –

portanto, do sangue materno. A hemoglobina fetal é resistente à solução alcalina do

teste, de cor vermelha ou rosa-pink, permanecendo sem alteração de cor. Já a

hemoglobina adulta é desnaturada na solução alcalina do teste, fazendo com que a

cor vermelha/rosa-pink se altere para a cor marrom (VILLA, 2015). Como não foi

possível confirmar, durante o estudo, a realização do teste e/ou se a mãe tinha fissuras

nos mamilos - para aqueles recém-nascidos que estavam sendo amamentados -

indica-se um olhar cauteloso para os eventos destes rastreadores, apesar da literatura

descrever o evento sangramento do trato gastrointestinal aos medicamentos que

foram administrados nesses recém-nascidos.

Aumento da pressão arterial. Só foi considerado rastreador quando este

aumento não estava relacionado ao aumento da pressão arterial fisiológica,

característica do desenvolvimento dos recém-nascidos, principalmente dos

prematuros.

Estímulo anal / uso de supositório. Esse rastreador foi utilizado para detecção

de constipação intestinal após uso de medicamentos sabidamente constipantes, como

Page 76: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Busca

74

os derivados de opioides, por exemplo. A lista de rastreadores para crianças maiores

menciona prescrição de laxativos ou uso de amolecedores fecais (TAKATA et al.,

2008). No entanto, esses medicamentos não são utilizados para recém-nascidos. O

estímulo anal geralmente é realizado com a ponta de uma haste de algodão flexível,

principalmente em recém-nascidos prematuros ou pequenos. Pode-se, ainda, utilizar

o supositório pediátrico em recém-nascidos a termo e maiores.

Vômito. Este rastreador foi utilizado em substituição do rastreador prescrição

de antieméticos. Na lista dos rastreadores pediátricos, ou seja, aplicada em crianças

maiores e adultos, existe o rastreador prescrição de antieméticos para identificar

náusea e vômito. No entanto, no caso dos recém-nascidos, dificilmente se percebe

náusea e o paciente também não consegue explicar esta sensação. Além disso, não

se utilizam antieméticos nessa faixa etária. Desta maneira, para identificar esse tipo

frequente de evento adverso a medicamento, a alternativa foi utilizar o registro da

palavra “vômito” como rastreador. No entanto, vômito é sintoma comum a várias

doenças de base, como por exemplo a sepse, que podem confundir-se com os EAM.

Apesar de ter um desempenho intermediário, é um rastreador importante para a

detecção deste tipo de distúrbio gastrointestinal causado por muitos fármacos.

Aumento da frequência de evacuação. Esse rastreador, apesar de ter um

desempenho intermediário, é importante para detectar diarreia, frequentemente

causada por vários medicamentos, principalmente os antimicrobianos, devido à

capacidade de alteração da flora intestinal. Uma das hipóteses diagnósticas à

internação mais frequente é aquela relacionada às infecções. Desta maneira, os

antibióticos são uma das classes de medicamentos mais utilizadas pelos recém-

nascidos nas unidades de internação estudadas.

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75

Na lista de rastreadores de EAM para adultos, existe o rastreador prescrição

de antidiarreicos, classe de medicamentos não utilizada na faixa etária dos recém-

nascidos. Apesar de diarreia ser um evento frequentemente relatado, os autores que

trabalharam com rastreadores em grupos que incluíam os recém-nascidos, não

utilizaram nenhum rastreador para detectá-la. Mesmo não sendo, na maioria das

vezes, um evento grave, a diarreia pode levar à desidratação, não ganho ou à perda

de peso.

No entanto, no sentido da aplicabilidade do método dos rastreadores - que é

facilitar a detecção de EAM por meio de palavras-chave - esse rastreador se afastou

um pouco dessa função. Os recém-nascidos apresentam o reflexo gastrocólico

exacerbado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Assim, a chegada do alimento ao

estômago desencadeia contrações do cólon que se propagam movimentando o

conteúdo intestinal, fazendo o recém-nascido evacuar logo após a alimentação. Por

essa razão, para suspeitar da ocorrência de EAM, deveria ser levada em

consideração, primeiramente, a frequência habitual de evacuação do recém-nascido,

para então determinar se a frequência havia aumentado e assim suspeitar se um EAM

havia ocorrido. Esse fato exigia acompanhamento diário do registro do número de

evacuações do recém-nascido ao longo do dia.

Queda de saturação de oxigênio. Não foi considerado um bom rastreador, pois

obteve um rendimento muito baixo (3%). Esse rastreador foi registrado toda vez que

a expressão “queda da saturação de oxigênio” era identificada no prontuário.

Registrado muitas vezes como parte das avaliações clínicas de rotina, por ser um

sintoma frequente em recém-nascidos com doenças relacionadas ao sistema

respiratório e à imaturidade de recém-nascidos prematuros, esse rastreador não

demonstrou aplicabilidade.

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Suspensão de medicamento. Apesar de baixo desempenho, ainda pode ser útil

na detecção de eventos graves ou no auxílio da avaliação do medicamento suspeito

de ter causado o evento. Uma variante deste rastreador foi a palavra “suspenso” ao

lado de um medicamento anteriormente prescrito. Não foi considerado rastreador

quando se tratava de término de tratamento do medicamento ou alteração da dose.

Esse rastreador é utilizado por Takata et al. (2008), que criaram uma lista de

rastreadores para utilizar em crianças maiores internadas, com um bom desempenho:

19,7%, em uma taxa geral de 3,73%. No entanto, nem sempre essas informações

estavam claras nos registros dos prontuários. Assim, o uso deste rastreador é sempre

uma interpretação e avaliação de cada caso ou de questionamento à equipe sobre o

motivo da suspensão. Provavelmente, esse foi um dos motivos do rastreador ter sido

falso positivo muitas vezes.

Eritema/pápula/urticária/rash. Só foram considerados rastreador quando essas

palavras estavam descritas nas avaliações clínicas dos prontuários e não estavam

relacionadas a dermatites de fraldas - geralmente causada por infecção por Candida

albicans - e eritema tóxico neonatal - doença benigna autolimitada, comum no período

neonatal.

Transferência para a UTIN. Esse rastreador deve ser considerado na rotina de

busca de EAM, apesar de não ter detectado nenhum evento. Como existem a Unidade

de Cuidados Intermediários e a Unidade de Terapia Intensiva, esse rastreador pode

ser útil para detectar aqueles EAM graves que podem ter ocorrido em recém-nascidos

internados na Unidade de Cuidados Intermediários e, posteriormente, transferidos

para a Unidade de Terapia Intensiva. Esse rastreador também foi utilizado por Unbeck

et al. (2014), com 20,6% de rendimento, em um geral de 22,9%, em 600 pacientes. O

presente estudo não detectou nenhum EAM a esse rastreador, talvez por identificar

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eventos muito graves e, portanto, mais raros, uma vez que pacientes da UCINCO não

são pacientes criticamente enfermos. Outra hipótese é que, em um estudo com

amostra maior, esses EAM pudessem ter ocorrido.

Intubação não programada. As exatas palavras “intubação não programada”

não foram encontradas nos registros dos prontuários. Entretanto, esse rastreador foi

identificado com as seguintes expressões: “intubação” ou “realizado IOT” - intubação

orotraqueal. No entanto, todas as vezes que esse rastreador apareceu não foram

identificados EAM.

5.5.3.3 Rastreadores laboratoriais

Rastreadores aumento da creatinina e aumento da ureia. Foram identificados

como identificadores de suspeita de piora da função renal. Só foram considerados

como tal quando não se tratava de desidratação do paciente. Além dos resultados dos

exames laboratoriais, também era considerado rastreador se houvesse a mesma

expressão registrada no prontuário.

Hiperglicemia. Foi considerada um rastreador quando o valor da glicemia no

sangue foi maior a 125mg/dL e/ou quando a palavra “hiperglicemia” era registrada no

prontuário.

Hipoglicemia. Foi considerada rastreador quando glicose sanguínea foi menor

que 40mg/dL e/ou quando a palavra “hipoglicemia” era registrada nos prontuários. No

entanto, só foram consideradas quando ocorreram após 72 horas de vida do recém-

nascido, uma vez que recém-nascidos têm grande risco para desenvolvimento de

hipoglicemia logo após o nascimento.

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5.6 LIMITAÇÕES

A qualidade das informações contidas nos prontuários é um fator limitante para

identificação de rastreadores e de suspeitas de EAM (SHAREK et al., 2006; UNBECK

et al., 2014).

Durante a revisão dos prontuários, algumas informações estavam incompletas,

porque o registro das informações nos prontuários não estava atualizado no momento

da revisão. Também ocorreram casos em que o resultado do exame laboratorial ainda

não tinha sido liberado para consulta. Houve, também, ocasiões em que o paciente

saiu da unidade de internação para realizar algum exame específico, levando junto o

prontuário.

Uma outra limitação foi buscar o restante das informações de pacientes que

haviam tido alta antes da revisão dos prontuários. Nestes casos, foi necessário

consultar o restante das informações, solicitando o prontuário no serviço de arquivo

médico e estatística do hospital.

Outras vezes, foi necessário aguardar que a equipe assistencial utilizasse o

prontuário antes da coleta dos dados, o que resultou em retornar à unidade de

internação em um horário no qual os prontuários não estivessem sendo usados pela

equipe. Ainda, pelo fato do hospital trabalhar com prontuário manual, a ilegibilidade

dos dados e o uso de abreviaturas também foi um aspecto limitante na coleta de

informações.

Além disso, a avaliação das suspeitas de EAM terminam passando também por

uma análise subjetiva do revisor, que pode ser influenciada, por exemplo, pela

experiência prática dele (SHAREK et al., 2006; MATLOW et al., 2011). Por se tratar

de um estudo de acompanhamento dos pacientes, algumas vezes era necessário

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reavaliar uma suspeita de EAM após verificar o desfecho de uma sintomatologia que

o paciente apresentava. Dessa reavaliação, a suspeita de EAM poderia ser

descartada ou mantida.

A literatura nem sempre é conclusiva sobre os EAM na faixa etária dos recém-

nascidos, fato que dificulta a análise das suspeitas de EAM. Além disso, a população

neonatal prematura ainda pode ser subdividida de acordo com a idade gestacional em

que nasceram, tornando as características em relação ao peso e maturidade

fisiológica diferentes do recém-nascido a termo.

Os rastreadores laboratoriais tiveram limitação importante na aplicação do

método, pois necessitavam sempre de interpretação sobre os valores dos resultados

dos exames laboratoriais, considerando o desenvolvimento dos recém-nascidos,

principalmente dos prematuros.

Soma-se a isso, ainda, variações dos valores dos parâmetros laboratoriais dos

recém-nascidos, principalmente nas primeiras 72 horas e na 1ª semana de vida, que

praticamente são consideradas fisiológicas. Juntamente com a doença de base, todos

estes fatores influenciam na identificação e avaliação dos EAM nesse grupo etário.

A falta de um método padrão ouro para identificação de EAM em recém-

nascidos hospitalizados também é uma importante limitação para comparação de

resultados e também dificulta a avaliação dos casos suspeitos e a comparação de

resultados, o que foi observado também por outros autores (SHAREK et al., 2006;

TAKATA et al., 2008; MATLOW et al., 2011; SILVA et al., 2012; UNBECK et al., 2014).

Além disso, não se pode extrapolar o desempenho dos rastreadores utilizados

neste estudo para toda a população de recém-nascidos hospitalizados. Como o

tamanho da amostra não foi calculada sobre a incidência de EAM que cada rastreador

pode encontrar, os rastreadores utilizados neste estudo devem ser aplicados somente

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na instituição onde o estudo foi realizado. Neste caso, sugere-se que estudos futuros

considerem um tamanho amostral no qual se leve em conta a proporção de EAM que

estes rastreadores possam identificar. De qualquer forma, não se conhecem estudos

semelhantes em nosso meio, o que faz com que os rastreadores que aqui mostraram

bom desempenho sejam considerados para pesquisa de seu desempenho em

unidades semelhantes de atendimento.

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6. CONCLUSÕES

1. Os EAM mais frequentes identificados pelos rastreadores foram: diarreia, vômito,

hipersedação e hiperglicemia. Os medicamentos mais frequentes associados a EAM

foram: antibióticos, analgésicos, vitaminas, cafeína e psicolépticos.

2. Foi observada uma incidência geral de EAM de 46,4% e taxa de incidência 81,6

EAM por 1000 pacientes-dia. No grupo dos recém-nascidos internados em Unidade

de Terapia Intensiva, a incidência geral de EAM foi 61,5% e a taxa de incidência foi

119,8 EAM por 1000 pacientes-dia. No grupo dos recém-nascidos internados em

Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional, a incidência geral de

EAM foi 39,5% e a taxa de incidência foi 57,1 EAM por 1000 pacientes-dia.

3. Os rastreadores de 100% de rendimento foram categorizados como rastreadores

de alto desempenho. Entre os rastreadores antídotos: “prescrição de

metadona/lorazepam” e “prescrição de flumazenil”. Entre os rastreadores clínicos:

“hipersedação” e “enterocolite necrosante”. Entre os rastreadores laboratoriais:

“aumento da creatinina”, “aumento da ureia”, “hipercalcemia”, “hipercalemia”,

“hipernatremia”. Destacam-se os rastreadores “hipersedação”, “prescrição de

metadona/lorazepam” e “prescrição de flumazenil” que identificaram eventos

relacionados aos analgésicos e psicolépticos, duas das classes terapêuticas mais

implicadas em EAM neste estudo.

4. Os rastreadores com rendimento entre 99 e 22,5% foram considerados de

desempenho intermediário. Entre os rastreadores antídotos consta “prescrição de

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naloxona”. Entre os rastreadores clínicos constam “vômito”, “aumento da pressão

arterial”, “estímulo anal/supositório”, “aumento da frequência de evacuação”,

“presença de sangue nas fezes”, “vômito cor de borra de café”. Entre os rastreadores

laboratoriais constam: “hiperglicemia”, “hiponatremia” e “hipocalcemia”. Destacam-se

os rastreadores “aumento da frequência de evacuação”, “vômito” e “hiperglicemia”.

Estes rastreadores identificaram os eventos diarreia, vômito e hiperglicemia

respectivamente, correspondendo aos EAM mais frequentes neste estudo.

5. Os rastreadores com rendimento abaixo de 22,5% foram considerados de baixo

desempenho. Entre os rastreadores antídotos consta “prescrição de fenobarbital”.

Entre os rastreadores clínicos constam “queda de saturação de oxigênio”,

“taquicardia”, “eritema/pápula/rash/urticária”, “suspensão de medicamento”,

“cardioversão”, “hipotensão”, “intubação não programada” e “transferência para a

UTIN”. Entre os rastreadores laboratoriais constam “anemia”, “hipocalcemia”,

“hipofosfatemia”, “hipoglicemia”, “hipomagnesemia”, “leucocitse”, “neutrofilia”,

“plaquetopenia’, “trombocitose”. Houve destaque para o rastreador “queda de

saturação de oxigênio”, o qual não foi um bom rastreador, pois necessitou de alta

carga de trabalho para análise e baixo rendimento.

6. Os rastreadores que não foram identificados em nenhum prontuário foram, entre os

rastreadores antídotos, “prescrição de azul de metileno”, “prescrição de levotiroxina”,

“prescrição de anti-histamínico”, “prescrição de neostigmina”. Entre os rastreadores

clínicos constam “prejuízo da audição”, “pneumonia associada a uso de bloqueadores

de receptor do tipo H2 (ranitidina)”, com destaque para o rastreador “prejuízo da

audição”, que não foi adequado para a população e para o desenho do estudo. Entre

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os rastreadores laboratoriais constam “aumento das enzimas hepáticas”,

“hipermagnesemia”, “hiperfosfatemia”, “eosinofilia”.

7. Os rastreadores elencados a partir deste estudo podem ser utilizados para a busca

ativa de EAM nas unidades da UTIN e da UCINCO da instituição, devendo ser

considerados para tal aqueles rastreadores que obtiveram melhor desempenho e

menor carga de trabalho para serem identificados.

8. Rastreadores auxiliam na detecção dos EAM, principalmente dos mais frequentes,

possibilitando uma análise crítica sobre o uso dos medicamentos envolvidos, além de

medidas de prevenção de ocorrência destes eventos.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ferramenta dos rastreadores utiliza a busca focada de EAM por meio da

identificação de elementos específicos nos prontuários de pacientes. Essa forma de

busca permite a identificação de um número maior de EAM, que poderiam passar

despercebidos em uma simples revisão de prontuários.

A seleção da lista de rastreadores deve considerar, além das informações da

literatura e do tipo de população estudada, as características do serviço de saúde que

serão utilizados. Deve-se considerar as expressões e palavras utilizadas pela equipe

assistencial nos registros dos prontuários, o nível de complexidade de atendimento e

também a lista de padronização de medicamentos utilizada na instituição.

Rastreadores auxiliam na detecção dos EAM, principalmente dos mais

frequentes, possibilitando uma análise crítica sobre o uso dos medicamentos

envolvidos, além de medidas de prevenção de ocorrência destes eventos.

A ferramenta dos rastreadores pode ser utilizada mesmo em serviços que

utilizam prontuário físico / manual, apesar das limitações da ilegibilidade, dificuldade

de obtenção de informações ou de localização dos prontuários. Esse aspecto é

importante em países como o Brasil, com grandes diferenças estruturais em seus

serviços de saúde.

Os resultados deste trabalho evidenciam a escassez de publicações sobre o

tema e a importância dos estudos de eventos adversos a medicamentos em recém-

nascidos, particularmente no Brasil, onde a pesquisa em farmacovigilância relativa a

esse grupo etário ainda é incipiente (SANTOS; COELHO, 2004).

Recém-nascidos hospitalizados são uma população vulnerável a EAM. Os

dados obtidos no estudo sugerem, ainda, que recém-nascidos criticamente enfermos,

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internados em unidade de terapia intensiva e prematuros podem sofrer um número

maior de EAM.

Um dos aspectos positivos do estudo é a identificação de EAM por meio de

rastreadores em recém-nascidos hospitalizados no Brasil, onde são escassos

trabalhos semelhantes. Esse fato pode fornecer características específicas dessa

população. Além disso, à medida que o conhecimento da natureza dos EAM em

recém-nascidos em diferentes cenários aumenta, o uso de rastreadores nos serviços

de saúde aumenta e suas definições se tornam melhores e mais aplicáveis (SHAREK

et al., 2006; MATLOW et al., 2011; SILVA et al., 2012; UNBECK et al., 2014).

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8. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE 1 – Lista final de rastreadores utilizada para a busca e identificação de eventos adversos a medicamentos em pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e Cuidados Intermediários Convencional, Hospital Universitário, mar-set 2015.

Nº RASTREADORES ANTÍDOTOS (RA)

RA 1 Prescrição de azul de metileno: metemoglobinemia por óxido nítrico inalado,

uso de anestésicos locais lidocaína e benzocaína

RA 2 Prescrição de difenidramina / anti-histamínico: reações de

hipersensibilidade

RA 3 Prescrição de flumazenil: hipersedação por benzodiazepínicos

RA 4 Prescrição de levotiroxina após uso de: dopamina / dobutamina /

amiodarona / fenitoína: hipotireoidismo medicamentoso

RA 5 Prescrição de metadona / lorazepan: tratamento para síndrome de

abstinência a opióides e/ou fármacos hipnóticos-sedativos

RA 6 Prescrição de naloxona: hipersedação, rigidez torácica por derivados de

opióide.

RA 7 Prescrição de neostigmina: bloqueio residual / parada respiratória após uso

de bloqueadores da junção neuromuscular

Nº RASTREADORES CLÍNICOS (RC)

RC 1 Aumento da frequência de evacuação: diarreia, intolerância a

medicamentos

RC 2 Enterocolite necrosante: após uso de AINEs; cafeína; ranitidina

RC 3 Eritema / urticária / pápula / rash – pele: reações de hipersensibilidade

RC 4 Estímulo mecânico p/ evacuação (cotonete) / supositório glicerina:

constipação intestinal

RC 5 Aumento da pressão arterial: hipertensão arterial

RC 6 Hipotensão: diminuição da pressão arterial; reações de hipersensibilidade;

hipersedação

RC 7 Intubação não programada: hipersedação, reações de hipersensibilidade

RC 8 Parada cardiorrespiratória / cardioversão: hipersedação, reações de

hipersensibilidade

RC 9 Pneumonia associada a uso prévio de ranitidina

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Nº (Continuação) RASTREADORES CLÍNICOS (RC)

RC10 Prejuízo da audição da audição: por uso de medicamentos ototóxicos

RC11 Prescrição de fenobarbital: convulsões induzidas por medicamentos que

atuam sobre o SNC ou que alteram o equilíbrio hidroeletrolítico.

RC12 Presença de sangue nas fezes: sangramento do trato gastrointestinal,

hemorragia

RC13 Queda da saturação de O2: por uso de anticonvulsivantes, hipnóticos

sedativos; surfactante

RC14 Vômito cor de “borra de café”: sangramento do trato gastrointestinal,

hemorragia

RC15 Supersedação / hipersedação: por hipnóticos-sedativos, derivados de

opióides.

RC16 Suspensão do medicamento: pode indicar o medicamento suspeito de

causar o evento adverso

RC17 Taquicardia: por uso de agonistas adrenérgicos, cafeína

RC18 Transferência para unidade de cuidado mais intensivo: pode indicar que um

evento adverso grave tenha ocorrido

Nº RASTREADORES LABORATORIAIS (RL)

RL 1 Anemia: hemorragia, uso de AINE

RL 2 Aumento da creatinina plasma: piora da função renal

RL 3 Aumento da ureia plasma: piora da função renal

RL 4 Aumento das enzimas hepáticas TGO – AST / TGP – ALT: piora da função

hepática

RL 5 Eosinofilia: reações de hipersensibilidade

RL 6 Hipercalcemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários medicamentos

RL 7 Hipercalemia: piora da função renal, desequilíbrio hidroeletrolítico comum a

vários medicamentos

RL 8 Hiperfosfatemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários

medicamentos

RL 9 Hiperglicemia: medicamentos que alteram o metabolismo dos carboidratos

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Nº (Continuação) RASTREADORES LABORATORIAIS (RL)

RL10 Hipermagnesemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários

medicamentos

RL11 Hipernatremia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários medicamentos

RL12 Hipocalcemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários medicamentos

RL13 Hipocalemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários medicamentos

RL14 Hipofosfatemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários

medicamentos

RL15 Hipoglicemia: medicamentos que alteram o metabolismo dos carboidratos

RL16 Hipomagnesemia: desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários

medicamentos

RL17 Hiponatremia desequilíbrio hidroeletrolítico comum a vários medicamentos

RL18 Leucocitose: alterações hematológicas ou na medula óssea induzidas por

medicamentos

RL19 Leucopenia: alterações hematológicas ou na medula óssea induzidas por

medicamentos

RL20 Neutrofilia: alterações hematológicas ou na medula óssea induzidas por

medicamentos

RL21 Neutropenia: alterações hematológicas ou na medula óssea induzidas por

medicamentos

RL22 Trombocitopenia: hemorragia; alterações hematológicas ou na medula

óssea induzidas por medicamentos

RL23 Trombocitose: alterações hematológicas ou na medula óssea induzidas por

medicamentos

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APÊNDICE 2 – Instrumento de coleta de dados nº 1

Nome paciente / nome da mãe Registro

internação

Data

nascimento Gênero

Peso ao

nascer

Classificação

ao nascer

Data

internação

HD(s) no momento

da internação

Data da

investigação Medicamentos utilizados

Rastreador(es)

encontrado(s)

Observações (outros achados que

podem estar relacionados a um EAM) EAM suspeita

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Data da

investigação Medicamentos utilizados

Rastreador(es)

encontrado(s)

Observações (outros achados que

podem estar relacionados a um EAM) EAM suspeita

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APÊNDICE 3 – Instrumento de coleta de dados nº 2

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ANEXO 1 – Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade

de São Paulo.

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ANEXO 2 – Currículo Lattes

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ANEXO 3 – Currículo Lattes