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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres, SESI-165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba SP Fernanda Paiva Lemos Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP, como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Gestão Ambiental. Piracicaba 2015

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Page 1: Universidade de São Paulo€¦ · Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP,

Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello

Ayres, SESI-165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba – SP

Fernanda Paiva Lemos

Monografia apresentada ao Departamento de Economia,

Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz

de Queiroz” – ESALQ/USP, como requisito parcial para obtenção do

título de Graduação em Gestão Ambiental.

Piracicaba

2015

Page 2: Universidade de São Paulo€¦ · Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP,

Fernanda Paiva Lemos

Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres,

SESI-165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba – SP

Orientador:

Profº. Dr. Antônio Ribeiro de Almeida Júnior

Monografia apresentada ao Departamento de Economia,

Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura

“Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP, como requisito parcial para

obtenção do título de Graduação em Gestão Ambiental.

Piracicaba

2015

Page 3: Universidade de São Paulo€¦ · Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP,

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha família, a qual sempre me incentivou e estimulou,

desde criança, a entrar em contato com a natureza, aprofundando minha admiração por ela

(natureza) e fazendo com que, mais tarde, surgisse a motivação para lutar em prol da

manutenção desses ambientes naturais.

Agradeço às minhas amigas e amigos que depositaram confiança em minha capacidade e

sempre estiveram caminhando ao meu lado, especialmente a Nádia (além de grande amiga,

ótima conselheira), Larissa, Marco, Mariana, Cláudia, Gabriel e Carlos.

Ao grupo de extensão PET-Ecologia (e seus participantes queridos) pela oportunidade de

participar durante dois anos extremamente gratificantes, pois me auxiliou e serviu de base

para a ideia e concretização deste trabalho.

Ao colégio Mello Ayres e seus estudantes, principalmente às coordenadoras Nomaiacy e

Maria da Penha e ao professor Fábio, que me receberam e possibilitaram a realização do

estudo.

Ao colégio SESI-165, principalmente à Vânia, demonstrando grande abertura à minha

pesquisa, assim como seus estudantes.

Ao corpo pedagógico do colégio Waldorf Novalis e seus estudantes, pela delicadeza e

dedicação ao me receberem e especialmente à professora Marcia e ao professor e colega de

curso, Victor Hugo, que demonstrou grande disposição em me auxiliar.

Ao Andrés Enrique Lai Reyes, que se dispôs alegremente a me auxiliar

consideravelmente durante o desenvolvimento da pesquisa, possibilitando a realização da

mesma com maior qualidade.

Por fim, agradeço especialmente ao orientador Antônio Almeida pela atenção, confiança,

auxílio e ricos momentos de reflexão.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 5

RESUMO ......................................................................................................................... 7

ABSTRACT ..................................................................................................................... 8

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 10

3. APROFUNDANDO OS CONCEITOS DE PERCEPÇÃO ....................................... 15

3.1. PERCEPÇÃO INDIVIDUAL: SENSORIAL E RACIONAL ................................ 15

3.2. PERCEPÇÃO SOCIAL E COMUNITÁRIA ........................................................ ..16

3.3. PERCEPÇÃO ÉTICA DO MEIO AMBIENTE...................................................... 17

4. OBJETIVOS ............................................................................................................... 18

5. METODOLOGIA....................................................................................................... 19

6. OS COLÉGIOS .......................................................................................................... 22

6.1. “ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR ELIAS DE MELLO AYRES” ................. 22

6.2. A PEDAGOGIA WALDORF ................................................................................. 23

6.2.1. Colégio “Waldorf Novalis” .................................................................................. 24

6.3. O SISTEMA SESI DE ENSINO ............................................................................. 27

6.3.1. Colégio “SESI-165” ............................................................................................. 28

67. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 29

7.1. PALAVRAS RELACIONADAS À NATUREZA ................................................. 29

7.2. LAZER QUE MAIS AGRADARIA ....................................................................... 32

7.2.1. Por Gênero ............................................................................................................ 33

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7.3. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS GOSTAM DE FAZER NO

COLÉGIO .............................................................................................................................. 35

7.4. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS GOSTAM DE FAZER NO TEMPO

LIVRE ................................................................................................................................... 38

7.5. FATORES QUE MAIS INCOMODAM NA CIDADE DE PIRACICABA-SP .... 41

7.6. FATORES QUE MAIS AGRADAM NA CIDADE DE PIRACICABA-SP ......... 42

7.7. PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE O PLANETA ENFRENTA OU PODE

ENFRENTAR NOS PRÓXIMOS ANOS ............................................................................. 43

7.8. ARBORIZAÇÃO URBANA .................................................................................. 45

7.9. OPINIÃO SOBRE O RIO PIRACICABA .............................................................. 47

7.10. PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELOS DANOS AO AMBIENTE ..................... 51

7.11. MÍDIAS DIGITAIS............................................................................................... 52

7.11.1. Tempo de Conexão ............................................................................................. 52

7.12. PRINCIPAIS OBJETIVOS PARA O USO DAS MÍDIAS DIGITAIS PELOS

ESTUDANTES ................................................................................................................... ..54

7.12.1. Televisão............................................................................................................. 54

7.12.2. Computador ........................................................................................................ 55

7.12.3. Celular ................................................................................................................ 56

7.13. PRINCIPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE ........ 57

8. CONCLUSÕES FINAIS ............................................................................................ 58

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 61

ANEXOS ........................................................................................................................ 66

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Entrada do Colégio “E.E. Prof. Elias de Mello Ayres”. ................................... 20

Figura 2 - Entrada do Colégio “Waldorf Novalis”. ........................................................... 21

Figura 3 – Entrada do Colégio “SESI-165”.. .................................................................... 21

Figura 2 e 5 - Horta e Jardim do Colégio “Mello Ayres” ................................................. 23

Figura 6- Bairro Monte Alegre .......................................................................................... 25

Figura 7 e 8 - “Horta e composteira”; coletor de água da chuva (a ser recolocado).

“Colégio Waldorf Novalis” ...................................................................................................... 26

Figura 9 - “Casa na Árvore” e “mesa de tênis de mesa” construídos pelos estudantes do

“Colégio Waldorf Novalis” para momentos de recreação........................................................ 26

Figura 10 e 11 – Lago projetado e construído pelos estudantes; Sala de aula com janelas

amplas e vista para o bosque. Colégio Waldorf Novalis .......................................................... 27

Figura 12 – Pátio do Colégio “SESI – 165” ...................................................................... 28

Figura 13 - Oficina e jogo sobre conceitos ecológicos. Colégio "SESI-165" .................. 29

Figura 14 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio "Waldorf Novalis" ........... ..31

Figura 15 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “Mello Ayres”. .................. 31

Figura 16 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “SESI-165”. ....................... 32

Figura 17 – Média de atividades para lazer. ................................................................. 33

Figura 18 – Escolha de atividades para lazer do gênero feminino. .............................. 33

Figura 19 – Escolha de atividades para lazer do gênero masculino. ............................ 34

Figura 20 – Atividades que os estudantes mais apreciam no colégio. ......................... 35

Figura 21 - Média de atividades curriculares no colégio. ............................................ 36

Figura 22 - Média de atividades culturais/artísticas/musicais no colégio .................... 37

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Figura 23 - Média de atividades em meio natural no colégio. ..................................... 37

Figura 24 – Atividades que os estudantes mais apreciam em seu tempo livre. ............ 39

Figura 25 - Médias de atividades em meio natural no tempo livre. ............................. 39

Figura 26 - Médias de atividades relacionadas às mídias digitais no tempo livre. ...... 39

Figura 27 - Médias da atividade "dormir" no tempo livre. ........................................... 40

Figura 28 – Fatores que mais incomodam na cidade de Piracicaba – SP. .................... 41

Figura 29 – Fatores que mais agradam na cidade de Piracicaba – SP. ......................... 42

Figura 30 - Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos

anos. ..................................................................................................................................... 43

Figura 31 – Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos

anos. Gráfico unificado (de todos os colégios). .................................................................. 44

Figura 32 – Presença de árvores no bairro em que os estudantes residem. .................. 45

Figura 33 – Opinião sobre a presença de árvores no espaço urbano. ........................... 46

Figura 34 – Opinião dos estudantes sobre a presença de peixes no Rio Piracicaba. .... 47

Figura 35 – Opinião dos estudantes sobre a qualidade da água do Rio Piracicaba. ..... 48

Figura 36 – Opinião dos estudantes sobre a preservação da mata ao redor do Rio

Piracicaba............................................................................................................................. 50

Figura 37 – Opinião dos estudantes sobre o odor do Rio Piracicaba. .......................... 50

Figura 38 – Principal responsável pelos danos ao meio ambiente. .............................. 51

Figura 39 – Tempo de mídia dos estudantes por escola ............................................... 52

Figura 40 – Opções de maior interesse para utilização da Televisão. .......................... 54

Figura 41 – Opções de maior interesse para utilização do Computador. ..................... 55

Figura 42 – Opções de maior interesse para utilização do Celular. ............................. 56

Figura 43 – Principais fontes de informação sobre meio ambiente .............................. 57

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RESUMO

Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres, SESI-

165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba – SP

Este estudo buscou conhecer e analisar de forma quantitativa e qualitativa as percepções

ambientais dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres, SESI-165 e Waldorf

Novalis, em Piracicaba – SP, assim como identificar os fatores que podem influenciar na

percepção adquirida por eles. Para tanto, os métodos utilizados foram: aplicação de

questionário, mesclando questões de múltipla escolha e questões abertas, possibilitando maior

desenvolvimento das respostas pelos estudantes e análise de alguns dados obtidos utilizando o

software SAS (Statistical Analysis System). Com os resultados obtidos, foi possível realizar

algumas considerações: tanto o ambiente escolar quanto atividades de cunho ambiental

propostas pelos colégios podem influenciar na percepção dos estudantes; o tempo (excessivo)

em que os adolescentes permanecem conectados às mídias digitais dificulta as vivências

práticas em meio à natureza que estimulem sensações e sentimentos de pertencimento e

conexão do indivíduo com a natureza. O estudo da percepção ambiental pode servir como

uma ferramenta para diagnóstico que possibilite e auxilie o planejamento e elaboração de

projetos, políticas públicas e ações em prol da conscientização ambiental.

Palavras-chave: Percepção ambiental, psicologia ambiental, mídias digitais, ambiente

escolar

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ABSTRACT

Environmental perception of students from eighth year in schools: Mello Ayres, SESI-

165 and Waldorf Novalis in the city of Piracicaba – SP

The purpose of this study was to know and analyze quantitatively and qualitatively the

environmental perception of students from eighth year in schools: Mello Ayres, SESI-165 and

Waldorf Novales, at Piracicaba-SP, as well as identify the factors that could influence in

perception acquired by them. Therefore, the methods used were a questionnaire, merging

multiple choice questions and open questions, enabling further development of responses by

students and analyzing some data using SAS software (Statistical Analysis System). With the

results obtained, it was possible to make some considerations: both the school ambience as

environmental activities proposed by schools can influence in perception of students; time

(excessive) that teenagers remain connected to the digital media prevents them from practices

in nature which stimulate sensations and feelings of belonging and individual connection with

nature. The study of environmental perception can serve as a tool for diagnosis that enables

and assists the planning and preparation of projects, policies and actions for environmental

awareness.

Keywords: Environmental perception, environmental psychology, digital media, school

environment

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1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista o crescimento populacional mundial, o número atual de habitantes do

Planeta Terra (hoje beirando 7,2 bilhões), e a perspectiva para 2050 de 9,6 bilhões de

habitantes, segundo relatório da ONU (2015), torna-se mais evidente a preocupação de alguns

setores da sociedade com a preservação dos recursos naturais existentes, que são finitos.

Historicamente, não houve grande preocupação com a preservação e manutenção da

qualidade ambiental. O crescimento das cidades ocorreu de maneira desordenada e sem

planejamento e, até recentemente, os recursos naturais não foram considerados fatores de

grande importância. Outro elemento decisivo, é que hoje a maior parte da população se

encontra em ambientes urbanos, o que fez com que os seres humanos se afastassem do meio

rural e natural, desconectando-se da natureza e, portanto, transformando sua percepção.

Outro fator de grande importância que mudou a forma de ver, sentir e perceber o mundo e

que alterou significativamente o comportamento humano foi o rápido crescimento e

desenvolvimento das tecnologias, principalmente das mídias digitais aos quais a população

fica conectada grande parte do dia, afetando a relação entre os seres humanos, o homem com

ele mesmo e com o ambiente.

Contudo, a questão ambiental vem ganhando espaço globalmente, a partir da Conferência

da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Ambiente Humano, realizada em

Estocolmo em 1972, fomentando debates e ações decisivas, alterando significativamente a

geopolítica mundial e inspirando novos modelos de civilização, surgindo em 1987 o relatório

Nosso futuro comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, dando

contornos ao conceito de desenvolvimento sustentável.

Após esse período, ocorreram diversas convenções e eventos ambientais internacionais

importantes, como a Conferencia da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992 e mais recentemente, em 2012, a

“Rio+20”, entre muitas outras.

A importância da pesquisa em percepção ambiental para o planejamento do ambiente foi

ressaltada pela UNESCO (1973): “uma das dificuldades para a proteção dos ambientes

naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos

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mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio econômicos que

desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes”.

Portanto, surge a necessidade de se identificar as diferentes percepções ambientais e seus

fatores de influência, para dessa forma, possibilitar estratégias mais eficazes de ações para

sensibilização e conscientização ambiental, transformando o comportamento humano em prol

do ambiente.

Tendo em vista a importância dessa temática, a realização deste trabalho consiste na

tentativa de identificação e no estudo da percepção ambiental de estudantes dos colégios:

“Escola Estadual Professor Elias de Mello Ayres”, “SESI-165” e “Escola Waldorf Novalis”,

todos eles localizados na cidade de Piracicaba, no estado de São Paulo, assim como a

identificação de fatores que podem influenciar essa percepção.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Segundo Coimbra (2009), a essência da questão ambiental situa-se precisamente no

relacionamento da espécie humana com o conjunto do mundo natural. O ser humano e o

mundo natural são termos relativos, há compromisso entre ambos e laços de interesse mútuo.

O fundamento relacional é a qualidade ambiental para o planeta e qualidade de vida para a

espécie humana. Portanto, não se deve mais focalizar o homem como elemento extrínseco ao

meio ambiente e superior a ele.

Frente a essa complexa realidade, um campo que tem sido explorado é o da psicologia

ambiental, projetada na Europa e nos Estados Unidos, a partir do século XX e no Brasil, a

partir da década de 1970.

Segundo Cavalcante e colaboradores (2011), a psicologia ambiental possui como objetivo

o estudo das relações entre pessoas e o ambiente, a influência do espaço físico nos seres

humanos e a compreensão da construção de significados e os comportamentos relativos aos

diversos espaços da vida, bem como as modificações e influências suscitadas pela

subjetividade humana no ambiente.

Esse campo possui o enfoque nas relações entre os comportamentos sócio espaciais

humanos (territorialidade, privacidade, apropriação, aglomeração etc.) e os diversos processos

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psicossociais (percepção, cognição, representações e simbolizações) nos quais se baseiam

nosso comportamento.

“A psicologia ambiental é distinguível dos campos tradicionais da percepção porque a

maioria dos estímulos de que esta última se ocupa, embora provenientes do meio físico, foram

deles extraídos e aplicados a indivíduos cativos na situação controlada de laboratório [...] Isso

constitui um procedimento muito adequado aos cientistas, e muito nos ensinou acerca das

características dos estímulos e dos vários modos como as pessoas lhes respondem, mas diz-

nos muito pouco sobre o meio ambiente” (LEE, 1977, p. 13).

Uma área relacionada às questões socioambientais, localizada no campo da psicologia

ambiental, é a percepção ambiental, que também permite recolocar o homem como parte do

ambiente e não isolado deste.

O termo percepção é definido como: ato ou efeito de perceber; combinação dos sentidos

no reconhecimento de um objeto; recepção de um estímulo; ideia; imagem; representação

intelectual etc. (DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2014).

Percepção é um substantivo que se aplica ao ato, ao processo de perceber. Perceber um

fato, um fenômeno ou uma realidade, significa captá-los bem, dar-se conta deles com alguma

profundidade, não apenas superficialmente (COIMBRA, 2009).

Segundo o princípio de supersoma da Gestalt (“exposto ao olhar”), concebido na primeira

metade do século XX, segue o pressuposto de que é através do todo, ou melhor, da percepção

da totalidade é que a razão pode decodificar e assimilar uma imagem ou um conceito

(RIBEIRO et. al. 2009).

Supersoma é considerada como a indivisibilidade do todo por meio de suas partes, pois o

todo é maior que a soma de suas partes (RIBEIRO et. al. 2009).

A percepção é o primeiro passo no processo de conhecimento. Se a percepção é falha, os

juízos e raciocínios chegarão a conclusões falsas ou equivocadas (COIMBRA, 2009).

Portanto, a percepção ambiental objetiva perceber o ambiente em que se está inserido. Ela

pode auxiliar na tomada de consciência do ambiente pelo ser humano. Se há falha ou

equívoco na percepção sobre as questões ambientais, o comportamento humano acaba sendo

pautado por conclusões também equivocadas.

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Em virtude de um novo modo de perceber o meio ambiente, influenciado pela ampliação

da discussão sobre o assunto e sobre o papel dos cidadãos em relação a esta questão, é

possível notar algumas mudanças em direção a uma maior conscientização dos padrões de

consumo (BEDANTE, 2004). Segundo Drumwright (1994, apud BEDANTE, 2004), as

decisões de compra, por exemplo, têm sido influenciadas pelo aumento da sensibilidade e da

consciência ambiental.

O nível de conscientização ambiental de cada indivíduo está diretamente relacionado com

o grau de percepção ambiental do mesmo, de acordo com Macedo (2005 apud FREITAS,

2009).

Tendo em vista a relação íntima entre a importância da percepção e a mudança de

comportamento e atitude do indivíduo, segundo Bettman (1973, apud BEDANTE, 2004), as

consequências de um comportamento adotado podem ser boas ou más com grau de valor

diferente para cada indivíduo, dependendo de suas crenças.

Seguindo esse raciocínio, para citar um exemplo, Dowling (1986, apud BEDANTE,

2004) define risco percebido tendo como base a avaliação dos possíveis resultados negativos e

da probabilidade de que esses resultados ocorram, partindo inicialmente da percepção de que

o receptor tem da negatividade da sequência de suas ações. E dessa forma, o indivíduo que

considerar sua própria atitude como negativa, estará mais susceptível e disposto a mudá-la.

Para Abram (1997) e Ferreira e Coutinho (2000), a percepção ambiental é

condicionada por fatores inerentes ao próprio indivíduo, fatores educacionais e culturais

transmitidos pela sociedade e fatores afetivos e sensitivos derivados das relações do

observador com o ambiente.

Segundo Rodaway (1994), a percepção tem duas dimensões que devem ser reconhecidas:

a percepção como sensação e a percepção como cognição. A percepção como sensação é a

relação cinética e bioquímica, entre a pessoa e o mundo, que está submetida a uma coleção de

estímulos ambientais. Essa relação é mediada pelos órgãos dos sentidos Já a percepção como

cognição refere-se a um processo mental, o qual envolve memória, associações e processos de

construção de pensamentos, os quais são mediados pela cultura. O processo de compreensão

de uma cultura não deve separar a questão biológica da cultural, pois uma pode refletir e/ou

influenciar a outra, além de sempre caminharem juntas na evolução humana (RODAWAY,

1994).

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O estudo sobre percepção ambiental ocorre de maneira interdisciplinar, e começou a ser

incluído nas mais diversas áreas do conhecimento, além da Psicologia, como a Arquitetura,

Geografia, Filosofia, Antropologia, entre outras, e mais recentemente, como auxílio para

iniciativas na educação ambiental.

Na Arquitetura, a disseminação das pesquisas sobre a temática envolvendo percepção

ambiental ocorreu a partir da constituição do grupo “Man and Biosphere – 13” (MAB) na

UNESCO, na década de setenta, cujo foco das questões era a Percepção do Meio Ambiente. O

projeto da UNESCO enfatizava o estudo da percepção do meio ambiente como fundamental

para a gestão de lugares e paisagens que tinham importância para a humanidade (UNESCO,

1973).

O marco importante do desenvolvimento da percepção ambiental na área da Geografia foi

a sugestão do termo Geografia Humanística pelo geógrafo chinês Yi-Fu Tuan (1930): “essa é

uma forma de fazer Geografia que não prioriza gerar um conhecimento objetivo e/ou teórico,

mas um conhecimento que advém das percepções, representações, atividades e valores dos

Homens em geral”.

Assim, essa visão da geografia visa alcançar uma compreensão do mundo, através do

estudo das relações das pessoas com o meio ambiente, de seu comportamento geográfico, de

seus sentimentos e de suas ideias em relação aos espaços e aos lugares (RIBEIRO, 2009).

Segundo Oliveira (2001), o conceito de paisagem não se restringe ao âmbito da natureza,

mas envolve o ser humano com consciência, afetividade e conhecimento crítico; espaço seria

definido como espaço vivido e lugares, como dimensão existencial e perceptiva.

Já no campo da Filosofia, existem estudos sobre imaginação e afetividade e sua relação

com o ambiente, e estudos das dimensões simbólicas da relação ser humano-ambiente, por

exemplo.

Para Merleau-Ponty (1994, apud RIBEIRO, 2009), o ser humano está no mundo com o

seu corpo e é através dele que nós o conhecemos. O mundo pulsa entre os meios múltiplos de

significados, pois ele é um campo de percepções, compreensões, pensamentos e sentidos.

Existe um campo de estudo conhecido como “Media Ecology”, podendo ser traduzido

como “Ecologia das Mídias” e consiste no estudo da mídia como um “meio”, segundo

McLuhan (1964): “o meio é a mensagem”, pois acredita que o meio é que impacta

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significativamente as relações humanas, não a mensagem específica que enviamos ou

recebemos. Segundo ele, são os materiais com os quais trabalhamos, e os métodos que

escolhemos para trabalhar com as tecnologias, por exemplo, que possuem maior significância.

Para McLuhan (1964, apud STRATE, 2008) o meio é a mensagem porque o conteúdo

não pode existir sem o “meio”. Assim, considerando apenas o fato do avanço das tecnologias

e a rápida troca desses itens tecnológicos, já é suficiente para impactar o ser humano e suas

relações com os outros e com o ambiente, independente da mensagem e da intenção que esteja

sendo passada para quem o utiliza.

De acordo com Marx (1867, apud DUARTE, 1995), a tecnologia revela a maneira como

o homem lida com a natureza.

Segundo a concepção de Marx (1867, apud CARVALHO, 2014), o aumento da

produtividade na lógica capitalista passa a ser o ponto crucial: quanto mais se produz, mais se

consegue vender e portanto mais se obtém lucro, permitindo assim a ampliação do capital.

Quanto menos força de trabalho se utiliza, com o uso de instrumentos mais avançados

(tecnologia), maior tende a ser a taxa de lucro e, consequentemente, maior a acumulação.

Assim, “a produção capitalista só desenvolve, portanto, a técnica e a combinação do

processo social de produção na medida em que mina, ao mesmo tempo, as fontes originárias

de toda riqueza: a terra e o trabalhador” (MARX, 1867, apud DUARTE, 1995).

Tendo em vista a importância do tema apresentado a respeito da percepção ambiental

adquirida pelo ser humano e sua transdisciplinaridade, surge o questionamento sobre a

influência do avanço das tecnologias (principalmente das mídias digitais) nesse processo e

como essa realidade impacta a relação do homem com o meio natural.

Dessa forma, procura-se entender os fatores sociais, ambientais, psicológicos, culturais e

subjetivos que envolvem a relação do ser humano com o ambiente e, assim, o estudo da

percepção ambiental serve como diagnóstico para análises e para maior entendimento sobre o

comportamento humano e seus estímulos, expectativas, julgamentos etc. e a identificação da

diferença de valores para cada individuo/comunidade.

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3. APROFUNDANDO OS CONCEITOS DE PERCEPÇÃO

Segundo Coimbra (2009), existe diversos tipos de percepção, como exemplo: percepção

individual (sensorial e racional); percepção social ou comunitária e percepção ética do meio

ambiente.

3.1. PERCEPÇÃO INDIVIDUAL: SENSORIAL E RACIONAL

Levando em consideração o processo de conhecimento da espécie humana, nada pode

estar no intelecto sem que antes tenha passado pelos sentidos. Os sentidos, como órgãos de

relação do organismo animal com o seu mundo exterior, têm sua modalidade própria de

apreender o objeto conhecido e enviar sua representação para o sistema nervoso central, por

intermédio das sensações. Uma vez elaborado pelo cérebro, essa imagem impressa que vem

dos sentidos converte-se em imagem expressa para o sujeito cognoscitivo. O estoque de

sensações dá lugar a um estoque de ideias (confusas e desorganizadas) que, quando

relacionadas com outras ideias, o sujeito faz um juízo (afirmando ou negando qualquer

atributo). Depois, quando concatena juízos e discorre mentalmente sobre eles, parte para um

raciocínio (COIMBRA, 2009).

Essa ideia descrita por Coimbra mostra em linhas gerais, o circuito do conhecimento,

segundo a lógica aristotélica, que parte do princípio que o processo da percepção e do

conhecimento racional não se origina da ação de parte isolada do ser, mas sim de uma ação

integrada dos processos, levando em conta o ser cognoscitivo por inteiro.

Assim, considerando o meio ambiente como objeto de conhecimento, a percepção

sensorial desempenha grande papel ao detectar sinais específicos da qualidade ambiental, seja

ela boa ou positiva, seja má ou negativa. É por meio deles que se pode aferir os sintomas e

incômodos da poluição ou da degradação ambiental, por exemplo (COIMBRA, 2009).

Essa percepção sensorial é responsável por fornecer ao ser humano indicadores valiosos

de qualidade de vida.

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A percepção sensorial é o processo alimentador do conhecimento racional que formulará

juízos e encadeará raciocínios (COIMBRA, 2009).

Já a percepção racional é um processo aperfeiçoado de conhecimento, desenvolvida no

âmbito da inteligência, apta a trabalhar com elementos imateriais de maneira concatenada,

seguindo a lógica estrutural do pensamento (por exemplo: premissas, nexo entre elas,

consequência, conclusão) (COIMBRA, 2009).

É importante ressaltar, que todos os bancos de dados pessoais, sinais, linguagem,

representações, formaram-se a partir do mundo natural e da observação da natureza, pois

estão contidas nela todas as formulações matemáticas, científicas, técnicas, filosóficas etc.

Ainda segundo Coimbra (2009), as percepções sensoriais e racionais são inseparáveis

como duas faces da mesma moeda.

3.2.PERCEPÇÃO SOCIAL E COMUNITÁRIA

A sociedade tem suas representações sociais sobre o meio ambiente que traduzem o modo

de ver ou a opinião corrente sobre a realidade ambiental. Essas representações variam de

acordo com as diferentes regiões e realidades sociais, porém, estão ligadas à cultura

dominante (COIMBRA, 2009).

Da perspectiva de Moscovici (1978, apud Mazzotti, 1997), é interessante e válido ressaltar

que as representações sociais organizam as condutas e atitudes das pessoas e, nesse sentido,

são verdadeiras para o grupo social que as construiu. A representação confere certa identidade

grupal e orienta as ações de determinado grupo social.

Essas representações geralmente resultam de fatores históricos, culturais e naturais.

“Considerando a realidade do Brasil, a par com o desperdício e as variadas agressões ao

meio ambiente – frutos da inconsciência, da ignorância ou da ganância -, convive uma

sensibilização vaga e tímida acerca dos problemas ambientais da região e do país”

(COIMBRA, 2009).

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Assim, é importante ressaltar a importância dos efeitos do processo histórico do país,

exploratório de recursos sociais e naturais, influenciando a percepção social e coletiva da

população.

Outro fator de grande influência dessa percepção envolve os meios de comunicação de

massa, que apesar de produzirem e transmitirem mensagens de interesse ambiental, ainda são,

muitas vezes, inadequados ou reducionistas.

3.3.PERCEPÇÃO ÉTICA DO MEIO AMBIENTE

A origem etimológica da palavra “ética” vem do grego “ethos”, que significa “modo de

ser” ou “caráter” (DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO).

Segundo Vaz (1999, apud Ferreira, 2007), o uso da palavra “ética”, correspondendo a um

tipo determinado de saber, que tem por objetivo específico a práxis, ou seja, a excelência do

agir humano em sua essencial destinação: a realização do Bem na vida do indivíduo e da

cidade, por meio do qual podemos desenvolver hábitos fundamentados em valores e

princípios que possam tonar possível e agradável a morada do homem no planeta.

Segundo Coimbra (2009), e ética desenvolve no espírito humano uma percepção de valor

intrínseco das coisas e das ações que compõem o universo. As percepções sensoriais

processam-se mediante os sentidos, que fazem a ligação entre o mundo interior da pessoa e o

seu universo exterior.

De acordo com o campo filosófico aristotélico-tomista, o “sentido” ético é desenvolvido

com o desempenho dos outros sentidos. Haveria no íntimo do ser humano uma sorte de

“órgão ético”, algo entre o inato e o adquirido, que acusa o valor moral das nossas ações.

Seria como um “núcleo interior sólido”, de força espiritual, que desabrocha na consciência.

Segundo Coimbra (2009), há dupla necessidade ético-ambiental: respeitar os limites da

natureza e cuidar do planeta considerado “nossa casa”, condições absolutas para alcançar uma

convivência harmoniosa dos seres humanos entre si e com o ecossistema planetário.

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Tendo em vista os conceitos sobre percepção apresentados, pode-se propor que os

diferentes conceitos não são totalmente separáveis e limitados, são complementares e com

alto potencial de transformação.

Por isso a importância de se identificar ações que podem influenciar de forma positiva

essas percepções, para estabelecer maior conexão entre o ser humano e a natureza, em prol da

preservação do meio ambiente físico e de fatores subjetivos e simbólicos do imaginário

humano.

4. OBJETIVOS

Os objetivos da presente pesquisa envolvem, primeiramente, conhecer e analisar as

percepções ambientais dos estudantes do oitavo ano dos colégios: “Escola Estadual Professor

Elias de Mello Ayres”, no bairro São Dimas, “Waldorf Novalis”, localizado no bairro Monte

Alegre e “SESI - 165”, no bairro Ipanema, todos localizados em Piracicaba - SP, através de

aplicação de questionários.

Assim, espera-se que as respostas obtidas através dos questionários e visitas às escolas

permitam identificar se há diferenças entre as percepções, os valores desses diferentes grupos

analisados e se há influências do ambiente escolar e do método pedagógico no processo.

Outra questão a ser analisada com a pesquisa é a existência de influência do uso das

mídias digitais pelos estudantes das escolas em suas percepções ambientais.

Como objetivo secundário, através de todos os processos citados, espera-se também

apontar algumas práticas e ações que sejam mais eficazes na tomada de consciência e

responsabilidade do indivíduo com o ambiente em que está inserido.

O estudo e identificação da percepção ambiental de cada grupo cultural, nesse caso, dos

estudantes de diferentes ambientes e métodos educacionais, é uma ferramenta fundamental

para possibilitar estratégias e ações na tentativa de sensibilizar os estudantes e seu senso de

responsabilidade com relação às questões socioambientais e reaproximá-los da natureza, para

que dessa forma, estes possam protegê-la e valorizá-la, tornando essa relação mútua benéfica

a todos.

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5. METODOLOGIA

Existem diferentes tipos de enfoque para realização de uma pesquisa, de acordo com seu

objetivo específico: o enfoque quantitativo e o qualitativo, por exemplo.

O enfoque quantitativo utiliza coleta de dados para responder às questões da pesquisa e

testar hipóteses estabelecidas previamente, confia na medição numérica, na contagem e

frequentemente no uso da estatística para estabelecer com exatidão os padrões de

comportamento de uma população (SAMPIERI, 2006).

O enfoque qualitativo, em geral, é utilizado para descobrir e refinar as questões de

pesquisa. Segundo Grinnell (1997, apud Sampieri, 2006), às vezes, mas não necessariamente,

hipóteses são comprovadas. Com frequência esse enfoque está baseado em método de coleta

de dados sem medição numérica, como as descrições e observações. Seu propósito consiste

em “reconstruir” a realidade, tal com é observada pelos atores de um sistema social

predefinido, não se reduz ao estudo de suas partes, considera o todo (SAMPIERI, 2006).

A ênfase do estudo qualitativo não está em medir as variáveis envolvidas no fenômeno,

mas sim entendê-lo.

Já o modelo multimodal (triangulação), é a convergência ou fusão dos enfoques de

pesquisa quantitativo e qualitativo, agregando assim maior profundidade ao estudo, com uma

perspectiva mais complexa, considerando tanto os fatores objetivos quanto os subjetivos da

pesquisa.

Com relação ao tipo de estudo de uma pesquisa, segundo a classificação de Danhke

(1989, apud Sampieri, 2006), pode ser divido em: exploratórios, descritivos, correlacionais e

explicativos.

Ainda segundo Danhke (1989, apud Sampieri, 2006), os estudos exploratórios servem

para preparar o campo e possuem o objetivo de examinar um tema ou problema de pesquisa

pouco estudado, do qual se tem muitas dúvidas; os estudos descritivos procuram especificar

as propriedades, características e perfis importantes de pessoas, grupos, comunidades ou

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qualquer fenômeno que se submeta à análise; o tipo correlacional tem como objetivo avaliar a

relação entre dois ou mais conceitos, categorias ou variáveis (em determinado contexto) e o

explicativo está destinado a responder às causas dos acontecimentos, fatos, fenômenos físicos

ou sociais.

Considerando os fatores citados, o estudo foi realizado mesclando o exploratório, o

descritivo e o correlacional, buscando atingir enfoque tanto quantitativo, utilizando dados

exatos e softwares de análises estatísticas, quanto qualitativo, na tentativa de aprofundar os

detalhes, com observações, levando em consideração o contexto estudado.

O software específico utilizado na análise de alguns dados foi o SAS (Statistical Analysis

System), que consiste em um sistema integrado de aplicações para análise de dados.

Tendo em vista a complexidade das questões sociais e ambientais e a importância da

identificação da percepção ambiental de determinado grupo social, é necessário conhecer

primeiramente, o contexto em que os diferentes grupos estão envolvidos.

Como mencionado anteriormente, a amostragem escolhida para o projeto envolve o

estudo com estudantes do oitavo ano dos colégios: “Escola Estadual Professor Elias de Mello

Ayres” (Figura 1), “Waldorf Novalis” (Figura 2) e “SESI-165” (Figura 3), em Piracicaba, no

interior do estado de São Paulo, que possuem algumas diferenças quanto à pedagogia de base

utilizada, mas possuem algumas iniciativas de conscientização ambiental.

Figura 3 - Entrada do Colégio “E.E. Prof. Elias de Mello Ayres”. Fonte: Fotos da autora. Data: 28/set/2015

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Figura 4 - Entrada do Colégio Waldorf Novalis. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015

Figura 5 - Entrada do Colégio “SESI-165”. Fonte: Fotos da autora. Data: 09/out/2015

Após o primeiro contato com os colégios envolvidos na pesquisa, visitas foram realizadas

a fim de conhecer o ambiente escolar, assim como conversas com alguns representantes

pedagógicos sobre atividades ambientais educativas proporcionadas pelas escolas.

Para identificação da percepção ambiental, existem alguns métodos. Segundo Faggionato

(2002), diversas são as formas de se estudar a percepção ambiental, como questionários,

mapas mentais, representação fotográfica, desenhos etc.

O método escolhido para coleta de dados para este trabalho consiste na aplicação de

questionário (ANEXO A - Questionário), semi-aberto, contendo uma mescla de questões

abertas, possibilitando maior elaboração por parte do entrevistado e questões fechadas, de

múltipla escolha.

Com relação à estruturação do questionário, as perguntas foram separadas em partes:

identificação do entrevistado (colégio em que estuda, idade, bairro em que mora etc.);

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vivências e afinidades, considerando o ambiente escolar e extraescolar; questões ambientais

(em eixos principais: problemas ambientais; produção agrícola e origem dos alimentos;

arborização urbana e recursos hídricos) e utilização das mídias digitais.

Os questionários foram respondidos presencialmente pelos estudantes, em sala de aula,

com duração de aproximadamente trinta minutos.

6. OS COLÉGIOS

6.1.“ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR ELIAS DE MELLO AYRES”

O colégio público “Mello Ayres” está localizado no bairro São Dimas (que completou

cinquenta anos em 2015), e possui aproximadamente 1.200 estudantes, de Ensino

Fundamental e Médio. Foi classificada como a terceira escola pública da cidade com maior

média no ENEM 2014 (JORNAL DE PIRACICABA, agosto de 2015).

A escola possui alguns professores engajados na área da educação ambiental e criaram

um projeto de horta (Figura 4) e jardim (Figura 5), implementados pelos próprios estudantes,

que também auxiliam nos cuidados diários, como regar, colher, replantar etc.

Em comemoração ao Dia da Árvore (21 de setembro no hemisfério sul), foram plantadas

algumas mudas de árvores pelo colégio, firmando a parceria entre a escola e a SEDEMA

(Secretaria de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba), que fornecerá outras mudas ao longo

do ano, com objetivo de deixar o ambiente escolar mais agradável.

As iniciativas citadas acima fazem parte do projeto “Jardim Sensorial”, em parceria com

professores da ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade

de São Paulo) por meio do Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência),

realizado em 2014, envolvendo professores, funcionários e justamente os estudantes do atual

oitavo ano (a série escolhida para a pesquisa) (PIBID ESALQ, 2015).

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Figura 6 e 5 - Horta e Jardim, “Colégio Mello Ayres”. Fonte: Fotos autora. Data: 28/set/2015

6.2. A PEDAGOGIA WALDORF

A Pedagogia Waldorf possui valores diferenciados dos colégios tradicionais, baseada nos

conceitos da Antroposofia (palavra derivada do grego anthropós, homem, e sophia,

sabedoria), criada em 1919 pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), contemplando

um currículo de atividades diversas.

Segundo Lanz (1979), a pedagogia Waldorf se baseia, fundamentalmente, no encontro

entre homens; em primeiro lugar, aquele entre professor e aluno. Essa relação aluno-professor

é o cerne dessa pedagogia, pois o professor é considerado mensageiro de determinada matéria,

com a responsabilidade de apresentá-la ao aluno, levando em consideração a integração desta

em um cosmo total.

A Pedagogia Waldorf tem como base o conceito de que o desenvolvimento de cada ser

humano ocorre de forma particular, portanto, o ensino deve levar em conta as diferentes

características de cada indivíduo, buscando atingir clareza do raciocínio, equilíbrio emocional

e iniciativa da ação.

Para isso, o currículo de atividades dos estudantes é desenvolvido a partir do estímulo do

“pensar, sentir e querer”, o “sentir” como elemento mediador, respeitando as etapas de

desenvolvimento do indivíduo, que ocorrem em períodos de sete anos (os setênios).

Segundo Steiner (apud LANZ, 1979), a relação íntima entre o aluno e o professor está

ligada aos três princípios pedagógicos: a imitação no primeiro setênio; a autoridade baseada

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no amor, no segundo, e o juízo próprio, resultado da observação e da vivência própria, no

terceiro.

O professor é responsável por determinada classe ao longo de oito anos, durante o

segundo setênio (do primeiro até o oitavo ano), lecionando as matérias mais tradicionais,

como história, geografia, física, matemática etc. No terceiro setênio, as matérias são

lecionadas por professores especializados, porém, a figura do professor tutor ainda

permanece.

Assim, o currículo permeia tanto as disciplinas comuns a todos os colégios tradicionais,

como Matemática, Química, Geografia, História etc. mesclados com atividades lúdicas e

artísticas, envolvendo também agricultura, jardinagem, euritmia (desenvolvendo gestos e os

movimentos do corpo humano), artesanato, educação musical com cantos e instrumentos.

As artes e os trabalhos manuais e artesanais ocupam na pedagogia Waldorf um lugar

de destaque, pois não se trata de formar artistas e artesãos, mas sim, de proporcionar

aos jovens o contato com diversos materiais e atividades básicas da humanidade,

como fiar, tecer, forjar, modelar, esculpir, pintar etc. Assim, os jovens que passam

por essas experiências adquirem maior respeito e admiração pelos trabalhos

manuais, além de adquirirem uma sensibilidade mais aprofundada (LANZ, 1979).

Outro aspecto relevante a ser levado em consideração nessa pedagogia, é o estímulo às

crianças para não se exporem tanto aos meios tecnológicos, como televisão, computadores,

vídeo games, pois influencia os processos mentais, físicos e psíquicos das crianças. Portanto,

propõe atividades que incentivem e desenvolvam a admiração e respeito pela beleza do

mundo, entre outros aspectos.

6.2.1. Colégio “Waldorf Novalis”

Historicamente, por volta do ano de 1965, o bairro Monte Alegre na cidade de Piracicaba,

onde o colégio “Waldorf Novalis” está localizado, foi formado pelos trabalhadores (em sua

maioria, imigrantes) da Usina Monte Alegre. Hoje em dia é possível notar algumas

construções que restaram daquela época (Figura 6).

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Figura 6 - “Bairro Monte Alegre”. Fonte: “Blog do Ronco”. Data: Março/2013.

O colégio “Waldorf Novalis”, criado em 1999, é fruto do projeto da “Associação Arcanjo

Gabriel” (atualmente “Associação Pedagógica Novalis – APN”), sociedade civil sem fins

lucrativos, de caráter educacional, cultural e beneficente, que possui como objetivo o

desenvolvimento e manutenção de Escolas Waldorf na cidade de Piracicaba.

A pesquisa foi realizada com estudantes do oitavo ano (dezesseis estudantes), que

correspondem à faixa etária de treze anos, portanto, estão no segundo setênio, segundo a

pedagogia Waldorf.

O foco durante o segundo setênio consiste em trabalhar com os sentimentos da

criança/jovem, estimulando sua fantasia, criatividade e o despertar da consciência do próprio

corpo.

No colégio “Waldorf Novalis”, os estudantes juntamente com os professores, também

construíram uma horta e uma composteira (Figura 7) (recipiente ou local para que ocorra o

processo de compostagem dos resíduos).

A compostagem é a “reciclagem dos resíduos orgânicos”: é uma técnica que permite a

transformação de restos orgânicos (sobra de alimentos em geral, podas de jardim, serragem

etc) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico,

tendo como produto final o composto orgânico (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE –

MMA).

Há também iniciativas como implantação de coletor de água da chuva (Figura 8) para ser

utilizada em diversas finalidades, como exemplo, na irrigação da horta.

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O ambiente em que o colégio está inserido é agradável, com a presença de muitas árvores

e diferentes espaços construídos pelos próprios estudantes para auxiliar no aprendizado e

diversão, incluindo as salas de aulas (Figuras 9, 10 e 11).

Figura 7 e 8 - “Horta e composteira”; coletor de água da chuva (a ser recolocado). “Colégio Waldorf

Novalis”. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015.

Figura 9 - “Casa na Árvore” e “mesa de tênis de mesa” construídos pelos estudantes do “Colégio Waldorf

Novalis” para momentos de recreação. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015.

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Figuras 10 e 11 – Lago projetado e construído pelos estudantes; Sala de aula com janelas amplas e vista

para o bosque. Colégio Waldorf Novalis. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015.

6.3. O SISTEMA SESI DE ENSINO

O SESI (Serviço Social da Indústria) foi criado em Julho de 1946, com o desafio de

desenvolver uma educação de excelência voltada para o mundo do trabalho e aumentar a

produtividade da indústria. Na tentativa de oferecer soluções para as empresas industriais do

Brasil, o SESI utiliza uma rede integrada que engloba atividades de educação, segurança e

saúde do trabalho e qualidade de vida.

O Sistema SESI de Ensino oferece educação básica integral para os trabalhadores da

indústria e seus dependentes, com objetivo de formar pessoas para o mercado de trabalho. As

escolas SESI estimulam a criatividade, capacidade de inovação, empreendedorismo,

responsabilidade social e ambiental dos estudantes. São aproximadamente 175 escolas no

Estado de São Paulo.

O Ensino Fundamental possui diversas parcerias e projetos para estimular o

desenvolvimento dos estudantes, como torneios, prêmios e incentivo a tecnologias como,

principalmente, conhecimentos na área da robótica (Programa Robótica nas Escolas).

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6.3.1. Colégio “SESI-165”

O Colégio “SESI – 165” está localizado no bairro Ipanema, de origem simples na

periferia da cidade de Piracicaba.

O projeto de implantação do “SESI-165” nesse local é recente, começando em 2013 e não

possui espaço físico “natural” (presença de árvores estabelecidas, terra e vegetação)

privilegiado, apenas um pátio amplo cimentado, com algumas plantas (Figura 12).

Porém, existem iniciativas para auxílio ao desenvolvimento de conscientização social e

ambiental, como exemplo, uma parceria com um grupo de extensão da “Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz”, campus da USP (Universidade de São Paulo) em Piracicaba, na

tentativa dos estudantes universitários e os estudantes do ensino fundamental do SESI – 165

trocarem conhecimentos sobre conceitos ecológicos, e assim, poderem aplica-los,

interdisciplinarmente, aos conceitos de informática, na criação de games ecológicos

educativos.

Os estudantes do oitavo ano do SESI-165 também tiveram a oportunidade de participar

de oficinas e brincadeiras (Figura 13) com esse mesmo grupo de extensão universitária, sobre

algumas temáticas ecológicas, como a importância dos insetos polinizadores.

Figura 12 – Pátio do Colégio SESI – 165. Fonte: Foto da autora. Data: 09/out/2015.

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Figura 13 – Oficina e jogo sobre conceitos ecológicos. Colégio SESI-165. Fonte: Fotos da autora. Data:

02/set/2015.

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como dito anteriormente, o questionário foi respondido pelos estudantes do oitavo ano

(faixa etária de treze e quatorze anos) presencialmente em sala de aula, com duração de

aproximadamente trinta minutos, abrangendo todos os estudantes presentes da classe

específica.

Entre os estudantes que responderam ao questionário, vinte e oito (dezesseis do gênero

masculino e doze do gênero feminino) estudam no colégio “Mello Ayres”, vinte e cinco

(quinze do gênero feminino e dez do gênero masculino) no “SESI-165” e dezesseis (nove do

gênero masculino e sete do gênero feminino) no colégio “Waldorf Novalis”.

7.1. PALAVRAS RELACIONADAS À NATUREZA

O primeiro exercício do questionário envolveu a citação das “quatro primeiras palavras

que vêm à sua mente quando pensa em natureza” (ANEXO A - Questionário), na tentativa de

analisar através do processo de associação de palavras, as representações sociais relacionadas

aos estudantes e ao meio natural.

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Segundo Jodelet (1985), as representações sociais são modalidades de conhecimento

prático orientadas para a comunicação e compreensão do contexto social, material e ideativo

em que vivemos, sendo socialmente elaboradas e compartilhadas, contribuindo para a

construção de uma realidade comum.

O estudo das representações sociais é importante, pois permite identificar como os

sujeitos classificam e categorizam determinado assunto, refletindo formas de construção da

realidade e atribuição de significados (ANDRADE, 2002).

O método utilizado na tentativa de identificar essas representações consistiu na livre

associação de palavras, considerada como a relação entre ideias ou emoções através da

contiguidade, continuidade ou semelhança (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,

1980, pg.11).

Com isso, o objetivo da questão específica correspondeu à identificação do conjunto de

palavras que os estudantes associam à natureza, para dessa forma, conhecer as representações

simbólicas que possuem.

A partir das respostas obtidas na questão “cite as quatro primeiras palavras que vem à sua

mente quando pensa em natureza”, a análise foi realizada através da ferramenta conhecida

como diagrama de Pareto (Figura 14, 15 e 16).

O diagrama de Pareto é a forma de colocar dados coletados em um gráfico de barras

verticais, ordenando as frequências das ocorrências. Assim, é possível coletar métricas sobre

quantas vezes ocorre cada problema ou causa (VALLE, 2007).

O Princípio de Pareto se baseia na regra 80/20, ou seja, 20% das ocorrências causam 80%

dos problemas (VALLE, 2007).

Nesse caso, foi possível verificar a frequência das palavras citadas pelos estudantes dos

colégios estudados, confirmando o princípio citado acima, concentrando a frequência

principalmente nas palavras: árvore, animais e água (para “Mello Ayres” e “SESI-165”). O

número total de palavras citadas pelo colégio “Waldorf Novalis” e “Mello Ayres”

corresponde a trinta e quatro e para o colégio “SESI-165”, trinta e dois.

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Analisando cuidadosamente todas as palavras citadas pelos estudantes dos diferentes

colégios (ANEXO B – Palavras citadas), foi possível perceber algumas palavras que remetem

a admiração, sensações e sentimentos, como: beleza, paz, liberdade, bem – estar e preguiça

(para estudantes do “Mello Ayres”); paz, verdadeiro e beleza (para estudantes do “SESI-165”)

e pureza, beleza, vida, sonho, essencial, cativante, tranquilidade, solidão, paz, alegria e amor

(para estudantes da “Waldorf Novalis”, em maior variedade e frequência de citações).

Figura 14 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “Waldorf Novalis”.

Figura 15 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “Mello Ayres”.

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Figura 16 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “SESI-165”.

7.2. LAZER QUE MAIS AGRADARIA

A questão “que tipo de lazer mais lhe agradaria?” possibilitava aos estudantes a escolha

de uma entre seis figuras/fotos entre as opções: (A) camping, (B) clube, (C) shopping, (D)

jogar vídeo game, (E) mexer no computador e (F) praia deserta.

Utilizando o software de análise estatística SAS (Statistical Analysis System), um teste

Tukey foi realizado com o objetivo de avaliar se houve diferença significativa entre as médias

das escolhas realizadas pelos estudantes dos colégios (Figura 17).

Verificando os resultados obtidos, foi possível concluir que não houve diferença

significativa entre as escolhas dos três colégios estudados, mas sim, entre as médias das

atividades escolhidas por eles.

Resultados obtidos: com 95% de confiança, as opções “camping” e “praia deserta” não

obtiveram diferença significativa entre si; as opções “praia deserta” e “computador” também

não apresentaram diferença significativa entre si, porém, as opções “camping” e

“computador”, apresentaram diferença significativa e as opções “computador”, “clube”,

“vídeo game” e “shopping” também não apresentaram diferença significativa.

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Portanto, pode-se concluir que estatisticamente, a quantidade (média) de escolha

realizada pelos estudantes das opções indicadas, apenas apresentou diferença significativa

entre “camping” e “computador” e “camping” e “praia deserta” de “clube”, “vídeo game” e

“shopping”, mostrando que há maior preferencia por atividades envolvendo o meio natural do

que atividades em meio urbano ou digital, no que se refere a uma opção ideal de lazer.

Figura 17 – Média de atividades para lazer. Médias de atividades seguidas pela mesma letra não diferem

(95% de confiança).

7.2.1. Por Gênero

Analisando ainda a mesma questão, aplicando o teste de Tukey no SAS (Statistical

Analysis System), para confirmar se houve diferença estatística significativa entre os gêneros

para as atividades de lazer, os resultados obtidos podem ser verificados nos gráficos abaixo:

0,6

0,7

0,8

0,9

CampingPra_Des.

Comput.Clube

Vid_Game

Shopping

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Figura 18 – Escolha de atividades para lazer do gênero feminino. Médias de atividades

seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).

Figura 19 – Escolha de atividades para lazer do gênero masculino. Médias de atividades

seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).

Assim, houve diferença significativa entre os gêneros na ordem das escolhas de lazer

que mais os agradariam e a média das escolhas por atividade entre o mesmo gênero.

Para o gênero feminino, “praia deserta” é a opção que mais agradaria. Entre as opções,

“praia deserta” difere de “clube”, “shopping” e “vídeo game” e “praia deserta” e “camping”

diferem significativamente de “vídeo game” (opção de menor interesse).

Para o gênero masculino, “camping” é a opção que mais agradaria. Entre as opções,

apenas “camping” difere significativamente de “shopping” e “computador”.

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7.3. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS APRECIAM NO

COLÉGIO

Analisando as respostas do questionário (Figura 20), na terceira questão “quais atividades

você mais gosta de fazer no colégio?”, houve pequena variação entre as respostas dos

estudantes dos colégios. As porcentagens indicadas dizem respeito à quantidade citada de

determinada atividade.

Tanto no colégio “Mello Ayres” quanto no colégio “Waldorf Novalis”, as duas atividades

mais citadas foram: “atividade física” e “atividade em meio natural”. As atividades mais

citadas pelos estudantes do colégio “SESI-165” foram: “atividades curriculares” e “atividades

físicas” também.

Entre os estudantes do “Mello Ayres”, as atividades físicas citadas (36%) envolveram,

principalmente: jogar futebol e Educação Física; os estudantes da “Waldorf Novalis” citaram

(34%) atividades como: jogar futebol e salto à distância, por exemplo, e os estudantes do

colégio “SESI – 165” (35%) citaram: Educação Física e jogar basquete.

Com relação às “atividades em meio natural”, os estudantes do “Mello Ayres” citaram

(56%), em sua maioria: horta e jardim, demonstrando o quanto foi significativa para eles essa

iniciativa. Os estudantes da “Waldorf Novalis” citaram (21%): “deitar na grama embaixo da

sombra das árvores”, subir em árvores e atividades ao ar livre.

Os estudantes da “Waldorf Novalis” também citaram consideravelmente (21%)

“atividade Corporal/Artística/Musical”, entre elas: dança, euritmia, atividades artísticas e

tocar instrumento musical, ressaltando assim o quanto essas atividades são estimuladas pelo

colégio e o quanto os estudantes se envolvem.

As atividades que se destacaram (46%) no colégio “SESI-165” foram as “atividades

curriculares”, permeando atividades como: robótica, informática e ciências. Com destaque

significativo a influencia dos projetos na área de robótica e tecnologia, despertando o

interesse desses estudantes.

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Figura 20 – Atividades que os estudantes mais apreciam no colégio.

Analisando os resultados obtidos após a realização do teste de Tukey no SAS (Statistical

Analysis System) para confirmar se houve diferença estatística significativa entre as médias

das atividades escolhidas pelos estudantes, foi possível identificar essa diferença entre os

colégios para as atividades: “curricular”, “cultural/artística/musical” e em “meio natural”.

Em relação às atividades curriculares (Figura 21), o colégio “SESI-165” se destacou dos

demais, pois apresentou maior preferência por este tipo de atividade, enquanto os estudantes

dos outros colégios apresentaram maior preferência por outro tipo de atividade.

Figura 21 - Média de atividades curriculares no colégio. Médias de atividades seguidas pela

mesma letra não diferem (95% de confiança).

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37

Considerando o teste realizado no SAS para a preferência de atividades

“culturais/artísticas/musicais” (Figura 22), o colégio “Waldorf Novalis” e “SESI-165” não

apresentaram diferença estatística significativa. Em relação ao colégio “Mello Ayres”, o

colégio “Waldorf Novalis” apresentou diferença significativa, pois seus estudantes

demonstraram maior preferência por esse tipo de atividade. Contudo, o colégio “SESI-165”

também não apresentou diferença significativa em comparação ao “Mello Ayres”.

Figura 22 - Média de atividades culturais/artísticas/musicais no colégio. Médias de atividades

seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).

Por fim, levando em consideração a preferência dos estudantes pelas atividades em “meio

natural” (Figura 23), o teste realizado no SAS confirmou diferença estatística significativa

entre os colégios. Os estudantes do “Mello Ayres” demonstraram maior preferência por esse

tipo de atividade no colégio em comparação aos demais. Entre os estudantes do “SESI-165” e

da “Waldorf Novalis”, não houve diferença significativa.

Figura 23 - Média de atividades em meio natural no colégio. Médias de atividades seguidas

pela mesma letra não diferem (95% de confiança).

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38

7.4. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS APRECIAM EM SEU

TEMPO LIVRE

Observando os resultados da quarta questão do questionário “quais atividades você mais

gosta de fazer em seu tempo livre?” (Figura 24), houve variação nas respostas dos estudantes

dos colégios “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis”.

Tanto os estudantes do “Mello Ayres” (54%), quanto os do “SESI-165” (24%), citaram

em sua maioria atividades relacionadas às mídias digitais, como exemplo, jogar vídeo game,

assistir televisão, utilizar o computador e celular. Em segundo lugar, 17 e 18% das atividades

citadas nos colégios, respectivamente, foram relacionadas à “atividade física”.

Os estudantes do colégio “Waldorf Novalis” citaram em sua maioria (17%) atividades

“em meio natural”, como exemplo, “passear e dançar no jardim”, subir em árvores e passear

na chácara.

Em segundo lugar, 14% das atividades citadas pelos estudantes da “Waldorf Novalis”

foram: “atividade física”, “atividade corporal/artística/musical” e “atividades de

entretenimento”, como ouvir música, assistir filmes e seriados.

Com o resultado dessas análises, é possível perceber o grande interesse por parte dos

estudantes da faixa etária estudada (treze e quatorze anos) em atividades físicas e atividades

relacionadas às mídias digitais e entretenimento em seu tempo livre.

Os estudantes do colégio “Waldorf Novalis” se destacam, principalmente, no interesse

por atividades “em meio natural” em seu tempo livre também. Isso pode ser explicado pela

afinidade que possuem com esse meio, além da oportunidade que esses estudantes possuem

de desfrutar desse ambiente no próprio colégio (disponível em tempo integral).

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Figura 24 – Atividades que os estudantes mais apreciam em seu tempo livre.

Considerando o teste realizado no SAS, os estudantes da “Waldorf Novalis”

demonstraram maior preferência por atividades em “meio natural” em seu tempo livre,

apresentando diferença significativa dos estudantes do “Mello Ayres”. Porém não houve

diferença estatística significativa em comparação aos estudantes do “SESI-165” (Figura 25).

Levando em consideração a preferência dos estudantes do “SESI-165” e do “Mello

Ayres”, não houve diferença estatística significativa entre si.

Figura 25 - Médias de atividades em meio natural no tempo livre. Médias de atividades

seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).

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40

Tendo em vista a preferência dos estudantes por atividades relacionadas às mídias digitais

em seu tempo livre, os estudantes do “Mello Ayres” se destacaram dos demais, demonstrando

maior preferência por esse tipo de atividade. Os estudantes dos colégios “SESI-165” e

“Waldorf Novalis” não apresentaram diferença significativa entre si (Figura 26).

Figura 26 - Médias de atividades relacionadas às mídias digitais no tempo livre. Médias de

atividades seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).

Por fim, tendo em vista a preferência dos estudantes pela atividade “dormir”, os

estudantes do “SESI-165” e da “Waldorf Novalis” não apresentaram diferença estatística

significativa entre si, demonstrando maior preferência por esse tipo de atividade. Porém, os

dois colégios demonstraram diferença significativa com relação aos estudantes do “Mello

Ayres” (Figura 27).

Figura 27 - Médias da atividade "dormir" no tempo livre. Médias de atividades seguidas pela

mesma letra não diferem (95% de confiança).

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41

O teste Tukey no SAS também foi realizado para as demais atividades citadas pelos

estudantes dos colégios estudados, porém não demonstrou diferença estatística significativa

entre eles para preferência dessas atividades.

7.5. FATORES QUE MAIS INCOMODAM NA CIDADE DE PIRACICABA –

SP

Na questão “o que mais lhe incomoda em sua cidade?” também houve pequena variação

nas respostas dos estudantes (Figura 28). As porcentagens indicadas também mostram relação

à quantidade citada de determinado fator de incômodo.

Os colégios “Mello Ayres” e “Waldorf Novalis” tiveram 34% e 21% das citações,

respectivamente, sendo a poluição o fator de maior incômodo. O fator com maior número de

citação (24%) pelos estudantes do “SESI-165” foi o trânsito e em segundo lugar (16%), a

poluição também.

Figura 28 – Fatores que mais incomodam na cidade de Piracicaba – SP.

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7.6. FATORES QUE MAIS AGRADAM NA CIDADE DE PIRACICABA – SP

Em contrapartida, na questão “o que mais lhe agrada em sua cidade?” (Figura 29) os

colégios “Mello Ayres” e “SESI-165” tiveram 26% e 39% das citações, respectivamente,

relacionadas a “lugares turísticos” como fator que mais os agrada na cidade de Piracicaba, em

São Paulo.

Já entre os estudantes da “Waldorf Novalis”, 31% das citações foram relacionadas à

“natureza/vegetação/arborização”.

Porém, entre as citações relacionadas aos lugares turísticos de Piracicaba, o Rio

Piracicaba, Rua do Porto e Engenho Central foram bastante ressaltados, podendo ser

considerados também, de certa forma, como contendo “natureza/vegetação/arborização”.

Assim, é possível perceber a admiração dos estudantes por locais que possuem alguma

preservação do ambiente natural.

Figura 29 – Fatores que mais agradam na cidade de Piracicaba – SP.

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7.7. PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE O PLANETA ENFRENTA OU PODE

ENFRENTAR NOS PRÓXIMOS ANOS

Na questão: “cite três problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos

próximos anos”, os quatro problemas ambientais mais citados foram os mesmos nos três

colégios, apenas houve variação na ordem em que foram mais citados (Figura 30).

Os quatro problemas ambientais mais citados pelos estudantes, não necessariamente

nessa ordem, foram: desmatamento, mudanças climáticas, problemas com os recursos hídricos

(poluição e/ou escassez) e poluição, no geral (principalmente poluição do ar).

Outros problemas ambientais relevantes foram citados, como extinções (de ecossistemas,

espécies e habitats) e geração de lixo.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center, com sede em Washington,

nos Estados Unidos, em que 45.350 pessoas foram entrevistadas, abrangendo quarenta países,

a mudança climática é uma preocupação que atinge grande parte dos países do mundo,

principalmente os menos desenvolvidos economicamente.

Os entrevistados foram solicitados a indicar seu nível de preocupação sobre sete temas:

mudanças climáticas, a instabilidade econômica, ISIS (Estado Islâmico), governos ou

ciberataques às empresas, as tensões entre a Rússia e seus vizinhos e disputas territoriais entre

a China e os países vizinhos (SCIENTIFIC AMERICAN, 2015).

Segundo a pesquisa, os dados mais elevados estão na América Latina, onde 61% da

população afirma estar muito preocupada com o fenômeno das alterações climáticas,

principalmente no Peru e no Brasil, países que possuem alto índice de desmatamento.

Tendo em vista as informações retiradas da pesquisa norte americana realizada em 2015,

é possível perceber que a preocupação com relação às alterações climáticas se confirma

também para os estudantes dos colégios estudados (Figura 31), juntamente com o

desmatamento, que é um fator agravante das mudanças do clima.

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Figura 30 - Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos anos.

Figura 31 – Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos anos. Gráfico

unificado (de todos os colégios).

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7.8. ARBORIZAÇÃO URBANA

Com relação à arborização urbana, também não houve grande variação nas respostas dos

estudantes dos colégios estudados, mesmo existindo variedade entre os bairros onde residem.

Apenas a maioria dos estudantes do colégio “Mello Ayres” considera que a arborização de

seus bairros está abaixo do ideal.

A questão “com relação à presença de árvores, você considera que seu bairro: (A) é

excessivamente arborizado; (B) é pouco arborizado ou (C) está ideal” obteve como resposta

(Figura 32):

- 32%, 84% e 56% dos estudantes dos colégios “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf

Novalis”, respectivamente, considera que a presença de árvores no bairro em que residem está

ideal;

- A maior parte dos estudantes do “Mello Ayres” (57%) considera que a presença de

árvores no bairro em que residem está abaixo do ideal;

- Pequena parte dos estudantes dos colégios “Mello Ayres” (11%), “SESI-165” (8%) e

“Waldorf Novalis” (13%) considera que a presença de árvores no bairro em que residem é

excessiva.

Figura 32 – Presença de árvores no bairro em que os estudantes residem.

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É importante ressaltar que os bairros em que os alunos residem não correspondem

necessariamente aos bairros em que os colégios estão inseridos.

Segundo o estudo realizado pelo pesquisador Flávio Henrique Mendes da “Escola

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”, campus da USP – Universidade de São Paulo,

Piracicaba está abaixo do índice ideal (de 20% a 30%) de cobertura arbórea, com apenas

9,8%.

“Dos bairros mapeados, o Santa Cecília possui mais árvores, com 20,9%, seguido pela

Cidade Jardim, com 20,6%, Vila Independência com 14,5%, São Judas com 13% e São

Dimas com apenas 5,5%.” (G1 – PIRACICABA E REGIÃO, 2015).

Segundo Lima Neto e Melo & Souza (2009), o Índice de Cobertura Arbórea (ICA) pode

ser considerado como o percentual da soma das áreas de copa arbórea em relação à área total

da rua ou bairro.

Tendo em vista as respostas dos estudantes e os dados sobre cobertura arbórea da cidade

de Piracicaba, é possível perceber uma diferença entre as percepções dos estudantes e os

dados reais da cidade, que estão muito abaixo do índice ideal, principalmente os estudantes do

“SESI-165”.

Isso talvez possa ser explicado pelo fato do colégio não possuir índice significativo de

elementos naturais. Assim, a base de comparação da arborização para eles não possui

realidades distintas, ou seja, os dois ambientes em que frequentam possuem pequena

quantidade de árvores.

Também é importante ressaltar que a diferença de percepção pode estar relacionada com

a diferença do índice de arborização entre os bairros em que os estudantes residem.

Na questão “em relação à arborização urbana, você diria que: (A) no espaço urbano,

árvores causam mais problemas do que benefícios ou (B) no espaço urbano, árvores causam

mais benefícios do que problemas” (Figura 33), grande parte dos estudantes dos colégios

estudados assinalaram a segunda alternativa: 86% dos estudantes do “Mello Ayres”; 92% dos

estudantes do “SESI-165” e 100% dos estudantes da “Waldorf Novalis”.

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Figura 33 – Opinião sobre a presença de árvores no espaço urbano.

Segundo Silva Filho e colaboradores (2002, apud FREI; 2008) entre os benefícios

propiciados pela arborização estão: bem estar psicológico ao ser humano, sombra para

pedestres e veículos, redução da poluição sonora, proteção e direcionamento do vento,

melhoria na qualidade do ar, redução da amplitude térmica e abrigo para pássaros e insetos.

Portanto, não há duvidas de que as árvores proporcionam mais benefícios que problemas

no ambiente urbano, desde que devidamente planejadas e manejadas.

7.9. OPINIÃO SOBRE O RIO PIRACICABA

Analisando a questão: “considerando sua opinião sobre o Rio Piracicaba, dê uma nota

de 0 a 5 para os itens abaixo (sendo 0: péssimo; 1: ruim; 2 e 3: regular; 4: bom e 5: ótimo):

(A) Presença de peixes; (B) Qualidade da água; (C) Preservação da mata ao redor do rio e (D)

Odor, foi possível perceber que os estudantes dos colégios estudados consideram bem

negativa a situação em que o rio se encontra.

Além de já terem identificado problemas como poluição, relacionado ao Rio

Piracicaba na questão “o que mais lhe incomoda na cidade de Piracicaba – SP?” os estudantes

puderam opinar sobre fatores específicos.

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Considerando o item “presença de peixes” (Figura 34), a opinião geral dos estudantes

do colégio “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis” é “regular”, sendo 36%, 48% e

56%, respectivamente e “ruim”, 36%, 40% e 19%, respectivamente.

Tendo em vista os últimos períodos de estiagem no estado de São Paulo, não foi rara a

ocorrência de episódios de grande mortandade de peixes do Rio Piracicaba.

Milhares de peixes foram encontrados mortos na tarde desta quarta-feira (12) no Rio

Piracicaba (SP). Várias espécies diferentes boiavam às margens do manancial, que

vive a seca mais rigorosa para o período nos últimos 50 anos. Não foi a primeira

mortandade verificada neste verão no trecho (G1 PIRACICABA E REGIÃO, 2014).

Figura 34 – Opinião dos estudantes sobre a presença de peixes no Rio Piracicaba.

Com relação ao item “qualidade da água” (Figura 35), a avaliação também foi bastante

negativa, acumulando a maior parte das respostas em “ruim” e “péssimo”.

A porcentagem dos estudantes do colégio “Mello Ayres” para a opção “ruim” foi 39% e

50% para “péssimo”. Para os estudantes do “SESI-165”, 56% classificaram como “ruim” e

24%, “péssimo”. Por fim, os estudantes da “Waldorf Novalis”, 38% classificaram como

“ruim” e 44%, “péssimo”.

Segundo a pesquisa realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP),

com objetivo de avaliar a poluição doméstica fluvial na zona urbana do município de

Piracicaba, envolvendo 365 dias de coleta e análises, foi possível identificar a influência das

ocupações agrícolas, urbanas e industriais na qualidade e quantidade de água disponível.

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Além disso, foi registrado porcentagens além do limite máximo permitido pelas entidades

ambientais de elementos como fosfato (trinta e duas vezes a mais) e carbono orgânico

particulado e dissolvido (VENDRAMINI et. al. 2011).

Assim, há forte coerência entre a percepção dos estudantes do oitavo ano e os índices

encontrados na pesquisa citada acima.

Figura 35 – Opinião dos estudantes sobre a qualidade da água do Rio Piracicaba.

O item “preservação da mata ao redor do rio” (Figura 36) foi o que mais obteve

distribuição significativa entre as classificações, porém, com destaque às opções “regular”

para o colégio “Waldorf Novalis” (56%) e “Mello Ayres” (36%), e “bom” para o “SESI-165”

(36%).

De acordo com Ferras e colaboradores (2001, apud LUCAS et. al. 2010), a Bacia do Rio

Piracicaba é uma das mais degradadas do país devido à elevada taxa de ocupação urbana, do

desenvolvimento industrial e intensa atividade agrícola.

Devido à grande citação do Rio Piracicaba, Engenho Central e Rua do Porto em outras

questões, é possível que essa percepção dos estudantes esteja mais relacionada à parte urbana

do rio.

Assim, vale retomar brevemente o histórico da ocupação da orla urbana do Rio

Piracicaba, com uma política de reapropriação das margens do rio, iniciada em princípios dos

anos 1970, através de uma série de ações articuladas de longo prazo.

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As ações em torno dessa política tinham por princípio a reapropriação do vasto

trecho da orla do rio (...), conformando um complexo de áreas públicas ao longo das

suas margens urbanas. Apesar de reconhecido, seu potencial paisagístico, turístico e

para o lazer não havia sido aproveitado até então, carecendo de ações efetivas para

dotá-lo de uma necessária infraestrutura (OTERO, 2012).

Mais tarde, surgiu o Projeto Beira-Rio, que estabelece um conjunto de diretrizes para

intervenções públicas e particulares às margens do Rio Piracicaba, tendo por princípio “a

preservação do patrimônio cultural, considerado como a integração entre o natural e o

construído”, de acordo com Otero (2012, apud VANALE, 2014).

Porém, é importante ressaltar também, que a partir dos anos 2000, houve um

aquecimento do mercado imobiliário no município de Piracicaba. Um dos locais que

despertou a atenção do setor imobiliário foi, justamente, a área junto à orla do rio Piracicaba,

devido à valorização da região e expressiva qualificação urbanística e paisagística após os

investimentos e estruturação do local (VANALE, 2014).

Figura 36 – Opinião dos estudantes sobre a preservação da mata ao redor do Rio Piracicaba.

O último item “odor” foi o que recebeu a pior avaliação (Figura 37). Grande parte das

classificações se concentrou em “péssimo”, sendo 75%, 48% e 56%, para “Mello Ayres”,

“SESI-165” e “Waldorf Novalis”, respectivamente.

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Todos os itens para avaliação relacionados ao Rio Piracicaba possuem íntima ligação

entre si, na medida em que a falta de preservação da mata ciliar às margens pode contribuir

para a piora da qualidade da água, influenciando assim na presença de peixes e no mau odor.

Figura 37 – Opinião dos estudantes sobre o odor do Rio Piracicaba.

7.10. PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELOS DANOS AO AMBIENTE

Analisando os resultados obtidos na questão “qual seguimento você classifica como

principal responsável pelos danos ao meio ambiente?” (Figura 38) a maior parte dos

estudantes escolheu a opção “sociedade em geral” e em seguida, o “setor industrial”.

Assim, para a “sociedade em geral”: 55% do “Mello Ayres”; 56% do “SESI-165” e 63%

da “Waldorf Novalis”.

Para o “setor industrial”: 38% do “Mello Ayres”; 28% do “SESI-165” e 25% da

“Waldorf Novalis”.

É válido ressaltar que apesar dos estudantes morarem em uma região de produção

agrícola significativa, apenas uma pequena porcentagem dos estudantes do Colégio “Waldorf

Novalis” (6%) assinalou o “setor agrícola” como principal responsável pelos danos ao

ambiente.

Todos os setores indicados são responsáveis, em diferentes níveis, pelos impactos ao

meio ambiente.

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Figura 38 – Principal responsável pelos danos ao meio ambiente.

7.11. MÍDIAS DIGITAIS

7.11.1. Tempo de conexão

Utilizando o software de análise estatística SAS (Statistical Analysis System), o teste

Tukey foi realizado com objetivo de avaliar se dois ou mais grupos, no caso específico os

colégios, diferem entre si de maneira significativa com relação à média de tempo que os

estudantes permanecem conectados às diferentes mídias digitais (celular, computador e

televisão).

Verificando os resultados obtidos (Figura 39), ressaltando o índice de confiança de 95%,

é possível identificar diferença significativa entre os colégios estudados para o tempo de

conexão do celular apenas.

Os colégios “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis” não apresentaram diferença

significativa entre si com relação ao tempo de conexão nas mídias digitais: computador e

televisão.

Porém, com relação ao tempo médio de conexão no celular, “Mello Ayres” e “SESI –

165” apresentaram diferença do colégio “Waldorf Novalis”, que obteve tempo médio

significativamente menor que os demais.

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Figura 39 – Tempo de mídia dos estudantes por escola. Médias de escolas seguidas pela mesma letra não

diferem (95% de confiança).

O tempo de conexão dos jovens nas mídias digitais nos últimos anos tem aumentado

consideravelmente.

Uma pesquisa do IBOPE Media (2013), mostra que em dez anos o consumo da internet

aumentou 50%. Em 2003, apenas 35% dos brasileiros acessavam a rede e, em 2013, o número

alcançou 85%.

Os dados obtidos pelas respostas dos estudantes dos colégios estudados seguem essa

tendência e como destaque, o tempo médio de conexão, principalmente do celular, é

extremamente alto e pode trazer consequências significativas para o desenvolvimento

humano, principalmente para os jovens.

Entre as diversas críticas à utilização dessas mídias, segundo Carr, a natureza caótica e

descentralizada da internet está diminuindo a nossa capacidade de concentração e

contemplação profundas (GALILEU, 2010).

Também há comentários positivos. Segundo a pesquisa realizada pelo neurocientista

Small (2008), da Universidade da Califórnia, a área no cérebro das pessoas responsável pela

tomada de decisões e raciocínio complexo apresentou maior atividade com os estímulos da

internet.

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Porém, é válido ressaltar que enquanto os estudantes permanecem conectados a essas

mídias durante grande parte de seu dia, acabam deixando de admirar e vivenciar outras

atividades práticas em meio natural, por exemplo.

7.12. PRINCIPAIS OBJETIVOS PARA O USO DAS MÍDIAS DIGITAIS

PELOS ESTUDANTES

As análises a seguir fazem parte do questionamento sobre as principais finalidades do

acesso dos estudantes às diferentes mídias digitais. Nessa questão, os estudantes puderam

classificar mais de uma opção com o mesmo nível de importância.

7.12.1. Televisão

As opções de maior interesse escolhidas pelos estudantes dos diferentes colégios

estudados foram semelhantes. Os estudantes classificaram “filmes” como principal interesse

ao permanecerem conectados à televisão, seguido por “seriados” (Figura 40).

Como opções de menor interesse, escolheram entre: “ver jornal” e “novela” ou

“programas informativos” (para “Mello Ayres” e “SESI-165”) e “esportes” (para “Waldorf

Novalis” e “SESI-165”).

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Figura 40 – Opções de maior interesse para utilização da Televisão.

7.12.2. Computador

Tendo em vista as opções de maior interesse escolhidas para a mídia “computador”,

houve maior divergência entre os colégios (Figura 41).

A principal opção escolhida entre os estudantes do “Mello Ayres” e do “SESI-165” foi:

“música e vídeos”, sendo 64% e 57% dos estudantes desses colégios, respectivamente.

Entre os estudantes do colégio “Waldorf Novalis”, a opção escolhida como a principal

finalidade para conexão ao computador foi “pesquisa” (58% dos estudantes). Como segunda

opção, também escolheram “música e vídeos” (50%).

A rede social “facebook” corresponde à segunda opção mais assinalada pelos estudantes

do “SESI-165” (52%). Para os estudantes do “Mello Ayres”, a segunda opção escolhida foi

“jogos” (43%).

É válido ressaltar a pequena porcentagem para “notícias”.

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Figura 41 – Opções de maior interesse para utilização do Computador.

7.12.3. Celular

Para uso efetivo do celular, as opções classificadas pelos estudantes foram relativamente

parecidas (Figura 42). Como finalidade mais relevante (entre 60 e 80%, aproximadamente),

classificaram “whatsapp (aplicativo social) e/ou SMS (mensagem de texto)”.

Em seguida, as opções escolhidas foram “facebook e/ou outras redes sociais” (59% e

79% para “Mello Ayres” e “SESI-165”, respectivamente). Para os estudantes da “Waldorf

Novalis” essa opção não foi muito relevante (29%).

A opção “vídeos e/ou músicas” também corresponde a uma das principais finalidades

para conexão ao celular.

Novamente “notícias” obteve menor relevância na classificação das opções pelos

estudantes.

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Figura 42 – Opções de maior interesse para utilização do Celular.

Em entrevista para a revista Super Interessante (2008), Bauerlein (professor e autor norte

americano): “segundo o instituto Nielson Media Research, nove entre os dez sites mais

populares entre os adolescentes são redes de relacionamento”. O que ressalta novamente a

tendência dos adolescentes em passarem a maior parte de seu tempo conectados às mídias

digitais, para utilizarem, principalmente, as redes sociais.

7.13. PRINCPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE

No último item do questionário, a questão envolvia a classificação das principais fontes

de informação consultadas ou recebidas pelos estudantes sobre meio ambiente (Figura 43).

As principais fontes classificadas como principais foram: “escola” (principalmente para o

“Mello Ayres” e “Waldorf Novalis”) e “internet” (principalmente para o “SESI-165”).

Existem alguns pontos importantes que devem ser ressaltados, como: a pequena consulta

ao jornal e à família como meios relevantes de fontes de informações.

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Figura 43 – Principais fontes de informação sobre meio ambiente.

Outro fator a ser considerado é a qualidade da informação que os estudantes recebem,

pois classificaram a internet como uma das fontes principais. Porém, quando questionados

sobre a finalidade em que utilizam as mídias digitais de acesso à internet, a porcentagem de

itens escolhidos como relevantes, como “notícias”, “programas informativos” e “pesquisa”,

por exemplo, é extremamente baixa.

Dessa forma, a escola como principal fonte de informação sobre meio ambiente também

cumpre papel fundamental na medida em que, além de repassar e aprofundar informações e

conhecimentos relevantes, pode despertar o interesse e curiosidade do aluno.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo da percepção ambiental dos grupos sociais é de extrema importância para

conhecer e identificar valores que estes possuem a respeito do ambiente e das relações

envolvidas com o ser humano.

O desenvolvimento da pesquisa com os colégios envolvidos permitiu ressaltar algumas

observações:

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- Os estudantes do oitavo ano dos colégios: “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf

Novalis” apresentaram interesse, admiração e/ou curiosidade por atividades de lazer que

envolvem contato com a natureza, como “camping” e “praia deserta”. Ou seja, seria

interessante incentivar e criar oportunidades para concretizá-las, pois pode ser extremamente

benéfico.

- Existe influência do próprio ambiente, nesse caso, o escolar, nas observações e

percepções ambientais dos estudantes. O ambiente escolar que busca preservar suas áreas

naturais estimula a admiração e preferência dos estudantes por atividades e vivências em meio

natural.

Como exemplo, é possível citar a relação entre a escassez de elementos naturais, como

árvores, vegetações, terra etc. no colégio “SESI-165” com a porcentagem de estudantes desse

colégio (mais de 80%) que considera ideal a arborização do bairro em que residem (que está

consideravelmente abaixo do índice ideal de arborização), pois não possuem realidade distinta

para comparação.

Assim como os estudantes da “Waldorf Novalis”, que possuem oportunidade de maior

contato com elementos naturais no próprio colégio, demonstraram maior interesse em

atividades em meio natural em seu tempo livre também.

- Outro fator relevante é a relação entre práticas de cunho ambientais realizadas pelo

colégio no estímulo ao contato e admiração de elementos naturais pelos estudantes. Os

estudantes do “Mello Ayres”, por exemplo, se destacaram na escolha por atividades em meio

natural no colégio (a grande maioria citou horta e jardim como atividades que mais os

agrada).

Essa mesma turma participou do projeto de implantação de horta e jardim sensorial no

colégio e apreciaram essa iniciativa.

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- O tempo em que os estudantes permanecem conectados às mídias digitais,

principalmente ao celular, com objetivo de utilizarem as redes sociais, é consideravelmente

alto.

É válido ressaltar que o tempo excessivo em que permanecem conectados às mídias

equivale a menos tempo (em quantidade e qualidade) em que poderiam desfrutar de vivências

e sensações em conexão com a natureza.

Os estudantes do colégio “Waldorf Novalis” se destacaram na média de tempo

(consideravelmente inferior aos demais) em que permanecem conectados ao celular, podendo

desfrutar mais de atividades em meio natural em seu tempo livre, como dito anteriormente.

Já que a aquisição e inclusão das mídias digitais se tornou realidade constante na maior

parte dos colégios, é importante estimular práticas que tentem incluir conceitos ecológicos aos

meios digitais utilizados pelos estudantes, como exemplo, os games ecológicos desenvolvidos

pelos estudantes do “SESI-165”.

Porém, não substituem práticas e vivências reais de conexão ao meio natural, que

permitem estímulos às sensações e sentidos dos indivíduos.

- A escolha das palavras citadas pelos estudantes do colégio “Waldorf Novalis” na

primeira questão (ANEXO A – Questionário), envolveu maior quantidade de substantivos

abstratos e demonstraram valor diferenciado em relação à natureza como elemento intrínseco

ao indivíduo (exemplo das palavras citadas: vida e essencial) e como fonte de sensações e

sentimentos (como exemplo: pureza, beleza, sonho, cativante, tranquilidade, solidão, paz,

alegria e amor).

É válido refletir a respeito dos fatores que podem ter influenciado na escolha das

palavras, como: tempo significativamente reduzido de conexão às redes sociais e mídias

digitais; maior contato com a natureza, tanto no colégio quanto no tempo livre e maior

incentivo à realização de atividades culturais, musicais e artísticas, como estímulo e

desenvolvimento da sensibilidade.

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- Tendo em vista a escola como principal fonte recebida/consultada pelos estudantes

sobre assuntos ligados ao ambiente, assim como significativa fonte de vivências, é de extrema

importância que a mesma informe e desperte o interesse dos mesmos, a curiosidade e a prática

de atividades envolvendo o meio natural.

Com a realização da pesquisa foi possível identificar que há necessidade de aprofundar

os estudos na área da percepção ambiental, principalmente de métodos adequados para

auxiliar no conhecimento da percepção dos grupos de interesse.

Para finalizar, o estudo serve de ferramenta de base e auxílio para: gestão ambiental,

elaboração de projetos na área da educação ambiental e políticas públicas, assim como a

realização de práticas que estimulem a conexão do ser humano com a natureza, entre outros

fatores.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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ANEXO A

Questionário sobre a percepção ambiental dos estudantes dos colégios “Mello

Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis”.

Idade: ______

Gênero: Masculino Feminino

Cidade/Estado de origem: _____________ /_____

Bairro onde mora: _________________________

Ano: _______ ___

Há quantos anos você estuda nesse Colégio? ____________

Caso tenha estudado em outro colégio, identifique: Público Privado

1- Cite as quatro primeiras palavras que vem à sua mente quando pensa em natureza:

1. __________________________ 2. __________________________

3. __________________________ 4. __________________________

2- Que tipo de lazer mais lhe agradaria?

(Assinale o círculo ao lado de apenas uma das opções que mais lhe agrada)

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3- Quais atividades você mais gosta de fazer no colégio?

_____________________________________________________________________

4- Quais atividades você mais gosta de fazer em seu tempo livre?

_____________________________________________________________________

5- O que mais lhe incomoda em sua cidade?

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_____________________________________________________________________

6- O que mais lhe agrada em sua cidade?

_____________________________________________________________________

7- Cite três problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos

anos:

1_________________________________________________________________

2_________________________________________________________________

3_________________________________________________________________

8- Assinale as alternativas que representam consequências geradas pela monocultura (a

cultura exclusiva de um produto agrícola):

Perda da biodiversidade do ecossistema.

Aumento da qualidade de água dos recursos hídricos.

Redução do número de trabalhadores.

Diminuição do número de animais polinizadores.

Geração de renda para o produtor.

Não necessita da aplicação de produtos químicos.

Perda da fertilidade do solo.

Mecanização da produção.

·.

9- Você acredita que o alimento que consome:

É proveniente da agricultura familiar e não possui risco de contaminação por

produtos químicos (agrotóxicos), portanto, são alimentos orgânicos.

É proveniente da agricultura familiar e produtos químicos podem ter sido

utilizados, deixando resquícios no alimento.

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É proveniente da produção em larga escala, mecanizada e sem utilização de

produtos químicos (pesticidas, herbicidas, adubo químico etc).

É proveniente da produção em larga escala, mecanizada e com utilização de

produtos químicos para controle de pragas, portanto, o alimento pode estar

contaminado.

Não sei.

10- Você possui informação a respeito da origem do alimento que consome?

Sim Não

Se sim, de qual fonte recebe essa informação? ___________________________

11- Com relação à presença de árvores, você considera que seu bairro:

É excessivamente arborizado.

É pouco arborizado.

Está ideal.

12- Em relação à arborização urbana, você diria que:

No espaço urbano, árvores causam mais problemas do que benefícios.

No espaço urbano, árvores causam mais benefícios do que problemas.

13- Considerando a sua opinião sobre o Rio Piracicaba, dê uma nota de 0 a 5 para os

itens abaixo (sendo 0: péssimo; 1: ruim; 2 e 3: regular; 4: bom e 5: ótimo):

_______ Presença de peixes _______ Qualidade da água

_______ Preservação da mata ao redor do rio _______ Odor

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14- Qual seguimento você classifica como principal responsável pelos danos ao meio

ambiente?

O governo As indústrias O setor agrícola

A sociedade em geral O setor comercial

15- Quanto tempo você permanece conectado em cada mídia digital e para qual

finalidade?

Televisão

não utilizo

menos de 1h

por dia

entre 1h e

menos de 2h por dia

entre 2h e

menos de 4h por dia

entre 4h e

menos de 6h por dia

entre 6h e

menos de 8h por dia

mais de 8h por

dia

Para qual objetivo? (Enumere de 1 a 8, sendo 1 a opção de

maior interesse e 8, menor interesse):

_____ Ver Jornal

_____ Novela

_____ Seriados

_____ Programas informativos

_____ Filmes

_____ Desenhos animados

_____ Esportes

_____ Outros: __________________________

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Computador

não utilizo

menos de 1h

por dia

entre 1h e

menos de 2h por dia

entre 2h e

menos de 4h por dia

entre 4h e

menos de 6h por dia

entre 6h e

menos de 8h por dia

mais de 8h por

dia

Para qual objetivo? (Enumere de 1 a 7, sendo 1 a opção de

maior interesse e 7, menor interesse):

_____ Facebook

_____ Email

_____ Sites de música / vídeos

_____ Notícias

_____ Jogos

_____ Pesquisa

_____ Outros: __________________________

Celular (uso efetivo)

não utilizo

menos de 1h

por dia

entre 1h e

menos de 2h por dia

entre 2h e

menos de 4h por dia

entre 4h e

menos de 6h por dia

entre 6h e

menos de 8h por dia

mais de 8h por

dia

Para qual objetivo? (Enumere de 1 a 9, sendo 1 a opção de

maior interesse e 9, menor interesse):

_____ Facebook e outras redes sociais

_____ Whatsapp ou SMS (mensagem de texto)

_____ Telefonar

_____ Jogos

_____ Notícias

_____ Despertador

_____ Tirar fotos

_____ Vídeos / Músicas

_____ Outros: __________________________

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16- Quais são as suas principais fontes de informação sobre meio ambiente? (Enumerar

de 1 a 7, sendo 1 a mais importante e 7 a menos importante, as opções abaixo):

______ Internet ______ Televisão ______ Jornal

______ Escola ______ Família ______ Amigos

______ Outro: ______________________

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ANEXO B

Palavras Citadas