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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS GUILHERME ARRUDA FIORINI VIABILIDADE TÉCNICA DE REFORÇO EM PROTENSÃO EXTERNANO VIADUTO DO km 206 + 600 m DA SP-310 São Carlos 2019

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  • UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

    ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

    GUILHERME ARRUDA FIORINI

    VIABILIDADE TÉCNICA DE REFORÇO EM PROTENSÃO

    EXTERNANO VIADUTO DO km 206 + 600 m DA SP-310

    São Carlos

    2019

  • GUILHERME ARRUDA FIORINI

    VIABILIDADE TÉCNICA DE REFORÇO EM PROTENSÃO

    EXTERNANO VIADUTO DO km 206 + 600 m DA SP-310

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

    ao Curso de Engenharia Civil da Escola de

    Engenharia de São Carlos, Universidade de

    São Paulo, como parte dos requisitos

    necessários à obtenção do título de

    Engenheiro.

    Orientador: Prof. Dr. Rogério Carrazedo

    São Carlos

    2019

  • FOLHA DE AVALIAÇÃO OU APROVAÇÃO

    Elemento obrigatório. Deixe esta folha em branco, pois a folha de aprovação

    será entregue no dia da defesa.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais Luiz Odécio Fiorini Canhassi e Benedita Aparecida Arruda

    Fiorini por todo o apoio nesses anos, ao meu irmão Gabriel A. Fiorini pela amizade e

    exemplo e a toda a minha família.

    Ao meu orientador Professor Dr. Rogério Carrazedo pela confiança e auxílio ao

    longo do desenvolvimento deste trabalho.

    Aos amigos de longa data pelos momentos de descanso e aos amigos que

    conheci nesta jornada pelo companheirismo e novas perpectivas.

    A todos os meus amigos da empresa COPEM pela troca de experiências e

    amadurecimento, em especial ao Paulo dos Santos Netto pelo auxílio neste trabalho e ao

    Leandro Silva Souza pela oportunidade de contato com o viaduto tema deste trabalho.

    A ENESCIL por permitir e disponibilizar todas as informações necessárias sobre

    o projeto de reforço que realizaram.

    A Arteris Centrovias por permitir e disponibilizar informações e as imagens

    necessárias para a elaboração deste projeto.

  • RESUMO

    FIORINI, G. A. Viabilidade técnica de reforço em protensão externa no

    viaduto do km 206 + 600 m da SP-310. 2019. 145 f. Monografia (Trabalho de

    Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

    São Carlos, 2019.

    O presente trabalho busca avaliar a viabilidade técnica de reforço por protensão

    externa no viaduto do km 206 + 600 da SP-310 (Rodovia Washington Luís), o qual já

    passou por um projeto de reforço por polímero reforçado por fibra de carbono no ano de

    2005. Foram discutidas as principais causas de patologias que afetam as estruturas de

    pontes e viadutos. Da mesma forma, procurou-se abordar as principais formas de

    reforços de estruturas de pontes e viadutos e suas vantagens e desvantagens como

    soluções. O projeto de reforço original se mostrou necessário, uma vez que a

    superestrutura do viaduto apresentava patologias concentradas na face inferior da laje,

    além da alteração do trem-tipo nas normas nacionais nas últimas décadas. Assim como

    no projeto de reforço original foi proposta uma sobre laje, assim como, quando

    necessário, reforço por protensão externa nas seções com déficit de resistência para as

    novas cargas. Também foi realizado o dimensionamento dos blocos de ancoragem

    responsáveis por transferir a ação da protensão para a estrutura da laje.

    Palavras-chave: Reforço estrutural; Concreto armado; Protensão externa;

    Viaduto.

  • ABSTRACT

    FIORINI, G. A. Technical feasibility of reinforcement in external prestress

    in the km 206 + 600 m overpass of SP-310. 2019. 145 f. Monografia (Trabalho de

    Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

    São Carlos, 2019.

    The present work addresses the technical feasibility of reinforcement by external

    prestressing on the km 206 + 600 overpass of the SP-310 (Washington Luís Highway),

    which has already undergone a carbon fiber reinforced polymer reinforcement project in

    2005. The main causes of pathologies affecting bridge and viaduct structures are

    discussed. Likewise, it seeks to address the main forms of reinforcement of bridge and

    viaduct structures and their advantages and disadvantages as solutions. The original

    reinforcement project was necessary, since the viaduct superstructure presented

    pathologies concentrated in the underside of the slab, besides the alteration of the type

    train in the national norms in the last decades. As in the original reinforcement project, a

    over slab was proposed, as well as, when necessary, external prestressing reinforcement

    in the sections with resistance deficit for the new loads. The design of the anchor blocks

    responsible for transferring the prestressing action to the slab structure was also

    performed.

    Key words: Structural reinforcement; Reinforced concrete; External prestressing;

    Overpass

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Vista do viaduto do km 206 + 600 m da SP-310 ........................................ 4

    Figura 2 - Pilar degradado pela ação de íons de sulfato ............................................. 8

    Figura 3 - Desprendimento do concreto e corrosão da armadura por ataque de cloretos 9

    Figura 4 - Fissuras causadas por reação álcali-agregado em edifício público. ............. 11

    Figura 5 - Face inferior da laje superior da ponte sobre o córrego Palmital, BR-040/MG,

    com presença de eflorescência. ............................................................................. 12

    Figura 6 - Reforço por acréscimo de barras de armadura ......................................... 17

    Figura 7 - Reforço por adição de chapas metálicas .................................................. 19

    Figura 8 - Vista inferior do tabuleiro do viaduto do km 206 + 600 m da SP-310 ........ 22

    Figura 9 - Dispositivos metálicos utilizados para a ancoragem das cordoalhas nas

    extremidades da viga ........................................................................................... 25

    Figura 10 - Seção transversal do viaduto antes do reforço de 2005 ........................... 44

    Figura 11 - Seção transversal considerada do viaduto para o projeto de reforço de 2005

    da ENESCIL ...................................................................................................... 45

    Figura 12 - Presença de eflorescência na laje inferior .............................................. 46

    Figura 13 - Presença de eflorescência na borda da superestrutura ............................. 46

    Figura 14 - Presença de eflorescência nas extremidades do viaduto .......................... 47

    Figura 15 - Exposição e corrosão das armaduras da laje inferior ............................... 48

    Figura 16 - Fissuração e corrosão da laje inferior .................................................... 48

    Figura 17 - Constatação de corrosão pelo seu efeito no concreto .............................. 49

    Figura 18 - Uma das avarias ocorridas no reforço da viga de borda. ......................... 50

    Figura 19: Eflorescência, corrosão e avarias devido ao tráfego de caminhões com altura

    excessiva............................................................................................................ 51

    Figura 20 - Modelo adotado para a determinação dos esforços (Unidades em cm) ...... 52

    Figura 21 - Numeração das vigas principais do modelo ........................................... 53

    Figura 22 - Numeração das transversinas do modelo ............................................... 53

    Figura 23 - Numeração das propriedades dos elementos de barra do modelo ............. 55

    Figura 24 - Numeração das propriedades dos elementos de placa do modelo ............. 55

    Figura 25 - Disposição das cargas estáticas. ........................................................... 56

    Figura 26 - Disposição de armadura positiva nas transversinas de vão ...................... 58

    Figura 27 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a transversina V108 ............... 59

    Figura 28 - Equilíbrio da seção para momento fletor negativo .................................. 60

    Figura 29 - Equilíbrio da seção para momento fletor positivo .................................. 61

    Figura 30 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a transversina V108 ............... 63

    Figura 31 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a transversina V108 ....... 64

    Figura 32 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a transversina V108 ...... 67

    Figura 33 - Disposição de armadura positiva nas transversinas dos apoios 1 e 6 ......... 68

    Figura 34 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a transversina V101 ............... 69

    Figura 35 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a transversina V101 ............... 71

    Figura 36 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a transversina V101 ....... 72

  • Figura 37 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a transversina V101 ...... 75

    Figura 38 - Disposição de armadura positiva nas transversinas dos apoios 2 e 5 ......... 76

    Figura 39 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a transversina V103 ............... 77

    Figura 40 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a transversina V103 ............... 79

    Figura 41 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a transversina V103 ....... 80

    Figura 42 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a transversina V103 ...... 83

    Figura 43 - Disposição de armadura positiva nas transversinas dos apoios 3 e 4 ......... 84

    Figura 44 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a transversina V106 ............... 85

    Figura 45 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a transversina V106 ............... 87

    Figura 46 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a transversina V106 ....... 88

    Figura 47 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a transversina V106 ...... 91

    Figura 48 - Seções para verificação das longarinas intermediárias ............................ 92

    Figura 49 - Disposição de armadura positiva nas longarinas intermediárias ............... 92

    Figura 50 - Geometria da seção da longarina V17 ................................................... 93

    Figura 51 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a longarina V17 ..................... 94

    Figura 52 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a longarina V17 .................... 97

    Figura 53 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a longarina V17 ............. 98

    Figura 54 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a longarina V17 .......... 101

    Figura 55 - Seções para verificação das longarinas centrais ................................... 102

    Figura 56 - Disposição de armadura positiva nas longarinas centrais ...................... 102

    Figura 57 - Geometria da seção da longarina V15 ................................................. 103

    Figura 58 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a longarina V15 ................... 103

    Figura 59 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a longarina V15 .................. 105

    Figura 60 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a longarina V15 ........... 107

    Figura 61 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a longarina V15 .......... 110

    Figura 62 - Seções para verificação das longarinas de extremidade ........................ 111

    Figura 63 - Disposição de armadura positiva nas longarinas de extremidade ........... 111

    Figura 64 - Geometria da seção da longarina V1 .................................................. 112

    Figura 65 - Envoltória de momento fletor (ELU) para a longarina V1 ..................... 113

    Figura 66 - Envoltória de esforço cortante (ELU) para a longarina V1 .................... 115

    Figura 67 - Envoltória de momento fletor (ELU-FAD) para a longarina V1 ............ 116

    Figura 68 - Envoltória de esforço cortante (ELU-FAD) para a longarina V1 ............ 119

    Figura 69 - Regiões com resistência insuficiente para momento positivo (ELU) para a

    longarina V15 ................................................................................................... 126

    Figura 70 - Representação de monocordoalha engraxada ....................................... 126

    Figura 71 - Sistema de ancoragem para barras DYWIDAG ................................... 127

    Figura 72 - Perda por atrito e ancoragem para a monocordoalha engraxada ............. 128

    Figura 73 - Representação da seção do bloco de ancoragem .................................. 129

    Figura 74 - Equilíbrio da seção com protensão para momento fletor positivo ........... 132

    Figura 75 - Regiões com resistência insuficiente para momento positivo (ELU) para a

    longarina V1 .................................................................................................... 136

    Figura 76 - Elevação do bloco de ancoragem ....................................................... 140

    Figura 77 - Armação para fretagem para monocordoalhas engraxadas .................... 144

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Parâmetros para as curvas S-N (Woeller) para os aços dentro do concreto. 38

    Tabela 2 - Propriedades geométricas das seções dos elementos ................................ 53

    Tabela 3 - Propriedades dos materiais do modelo ................................................... 54

    Tabela 4 - Resumo de verificações para as transversinas de vão ............................. 120

    Tabela 5 - Resumo de verificações para as transversinas dos apoios 1 e 6 ............... 121

    Tabela 6 - Resumo de verificações para as transversinas dos apoios 2 e 5 ............... 121

    Tabela 7 - Resumo de verificações para as transversinas dos apoios 3 e 4 ............... 122

    Tabela 8 - Resumo de verificações para as longarinas intermediárias ...................... 122

    Tabela 9 - Resumo de verificações para as longarinas centrais ............................... 123

    Tabela 10 - Resumo de verificações para as longarinas de extremidade .................. 124

    Tabela 11 - Resumo de verificação para momento positivo (ELU) nas longarinas

    centrais após reforço ......................................................................................... 135

    Tabela 12 - Resumo de verificação para momento positivo (ELU) nas longarinas de

    extremidade após reforço ................................................................................... 139

  • SUMÁRIO

    Capítulo 1. Introdução ...................................................................................................... 1

    1.1. Considerações Iniciais ....................................................................................... 1

    1.2. Justificativa ........................................................................................................ 3

    1.3. Objetivos ............................................................................................................ 3

    Capítulo 2. Patologias em pontes e viadutos .................................................................... 5

    2.1. Causas físicas de patologias em pontes de concreto armado ............................. 7

    2.2. Causas químicas de patologias em pontes de concreto armado ......................... 8

    Capítulo 3. Métodos de reforço ...................................................................................... 14

    3.1. Níveis de Intervenção ...................................................................................... 14

    3.2. Opções de reforço ............................................................................................ 15

    3.2.1. Reforço por meio de aumento da seção transversal ................................. 16

    3.2.2. Reforço por meio de chapa metálica ........................................................ 18

    3.2.3. Reforço por meio de fibras sintéticas ....................................................... 21

    3.2.4. Reforço por meio de protensão externa .................................................... 24

    Capítulo 4. Métodos de Cálculo ..................................................................................... 27

    4.1. Roteiro de Cálculo – Reforço estrutural .......................................................... 27

    4.1.1. Verificação ao Momento Fletor ................................................................ 28

    4.1.2. Verificação à Força Cortante .................................................................... 32

    4.1.3. Verificação Quanto ao Estado Limite Último de Fadiga ......................... 36

    4.1.4. Verificação quanto ao estado limite de serviço (ELS) ................................. 38

    4.2. Perdas de protensão do reforço ........................................................................ 40

    4.2.1. Perdas imediatas de protensão .................................................................. 40

    4.2.2. Perdas progressivas de protensão ............................................................. 42

    4.3. Metodologia ..................................................................................................... 43

    Capítulo 5. Informações sobre o viaduto avaliado ......................................................... 44

    5.1. Dados sobre o viaduto ...................................................................................... 44

    5.2. Patologias apresentadas na superestrutura ....................................................... 45

    Capítulo 6. Avaliação do viaduto ................................................................................... 52

    6.1. Modelo adotado ............................................................................................... 52

    6.2. Cargas atuantes ................................................................................................ 56

    6.2.1. Cargas permanentes .................................................................................. 56

  • 6.2.2. Cargas variáveis ........................................................................................ 56

    6.3. Verificação das transversinas de vão ............................................................... 58

    6.3.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ..................................................... 58

    6.3.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ..................................................... 62

    6.3.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) ............................................ 64

    6.3.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ........................................... 67

    6.4. Verificação das transversinas dos apoios 1 e 6 ................................................ 68

    6.4.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ..................................................... 68

    6.4.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ..................................................... 70

    6.4.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) ............................................ 72

    6.4.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ........................................... 74

    6.5. Verificação das transversinas dos apoios 2 e 5 ................................................ 76

    6.5.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ..................................................... 76

    6.5.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ..................................................... 78

    6.5.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) ............................................ 80

    6.5.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ........................................... 82

    6.6. Verificação das transversinas dos apoios 3 e 4 ................................................ 84

    6.6.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ..................................................... 84

    6.6.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ..................................................... 86

    6.6.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) ............................................ 88

    6.6.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ........................................... 90

    6.7. Verificação das longarinas intermediárias ....................................................... 92

    6.7.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ..................................................... 93

    6.7.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ..................................................... 96

    6.7.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) ............................................ 98

    6.7.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ......................................... 100

    6.8. Verificação das longarinas centrais ............................................................... 102

    6.8.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ................................................... 103

    6.8.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ................................................... 105

    6.8.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) .......................................... 106

    6.8.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ......................................... 109

    6.9. Verificação das longarinas de extremidade ................................................... 111

    6.9.1. Verificação ao momento fletor (ELU) ................................................... 112

  • 6.9.2. Verificação de esforço cortante (ELU) ................................................... 114

    6.9.3. Verificação de momento fletor (ELU-FAD) .......................................... 115

    6.9.4. Verificação de esforço cortante (ELU-FAD) ......................................... 118

    6.10. Resumo das verificações ............................................................................ 120

    Capítulo 7. Reforço estrutural proposto ....................................................................... 125

    7.1. Proposta de reforço ........................................................................................ 125

    7.2. Reforço por protensão das longarinas centrais .............................................. 125

    7.3. Reforço por protensão das longarinas de extremidade .................................. 136

    7.4. Dimensionamento do bloco de ancoragem .................................................... 140

    7.4.1. Ancoragem para as longarinas centrais .................................................. 140

    7.4.2. Ancoragem para as longarinas de extremidade ...................................... 142

    7.5. Armadura de fretagem ................................................................................... 144

    Capítulo 8. Conclusão .................................................................................................. 145

    Referências Bibliográficas ............................................................................................ 147

    Apêndice – Desenhos do Projeto de Reforço ............................................................... 152

  • 1

    CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

    1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    Nas últimas décadas com o crescimento do país, tanto econômico quanto

    populacional, e ao aumento das demandas de mercado houve incremento na quantidade

    e intensidade do tráfego nas estradas brasileiras. Além disso houve aumento do limite

    de carga para veículos de transporte de carga, conforme observado nas mudanças da

    Legislação de Pesos e Dimensões, que teve seu início em 1960. Devido a essas

    alterações da frota e de legislações foi necessário que as normas técnicas referentes a

    estruturas também fossem alteradas para se adequar as novas tendências nas estradas.

    Com as técnicas e tecnologias disponíveis atualmente as estruturas contam com

    materiais com produção e fabricação com maior controle, possibilitando a construção de

    estruturas mais resistentes e esbeltas do que aquelas construídas no passado. Devido a

    menor resistência com que as pontes e viadutos contavam na época, aliada com o passar

    do tempo, intempéries e sem devida manutenção, o surgimento de patologias é

    inevitável. Com a presença destas patologias as estruturas contam com menor

    capacidade portante, assim como menor tempo de vida útil que, associadas as mudanças

    de carga, podem levar à ruína da estrutura.

    Um caso recente que recebeu destaque da mídia nacional foi o viaduto na

    Marginal Pinheiros na cidade de São Paulo/SP que cedeu na madrugada de 15 de

    Novembro de 2018. O Ministério Público acionou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas

    (IPT) para inspecionar o viaduto após o incidente. Segundo o IPT1 foram encontrados

    pilares de sustentação fissurados, vigas com armação expostas, drenagem precária e

    vários pontos de infiltração ao longo da estrutura. Foi apontado também no laudo que as

    placas que deveriam amortecer o impacto do tráfego estavam desgastadas, o que

    dificulta a movimentação da estrutura. Por fim, os técnicos concluem que as anomalias

    que foram constatadas na inspeção são resultado de carência de manutenção periódica.

    1 https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do

  • 2

    Segundo reportagem do portal de notícias G12, o custo estimado com as obras,

    com requalificação da estrutura, foi de R$ 26,5 milhões. Ainda segundo o portal de

    notícias, a Prefeitura de São Paulo havia gastado no ano de 2018, até a data do

    incidente, R$ 2,4 milhões para a manutenção e recuperação de pontes e viadutos na

    capital paulista, porém previa-se inicialmente R$ 44,7 milhões no Orçamento do ano

    para este fim.

    Conforme explicita Mendes (2009), através do cadastro do Departamento

    Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) de pontes da malha rodoviária federal

    (não concessionadas e geridas pelo DNIT), cerca de 90% das pontes foram projetadas

    para o trem tipo de 240 kN ou de 360 kN. Ainda segundo o autor, cerca de 70% das

    pontes possuem idade superior a 30 anos.

    O Sistema de Gerenciamento de Pontes (SGO) permite cadastrar as

    características das pontes e os resultados das inspeções realizadas. O sistema conta com

    avaliação das pontes conforme as suas condições de estabilidade no níveis:

    1- Precária: Pontes com presença de danos que provocam insuficiência estrutural

    com risco de colapso;

    2- Sofrível: Pontes com presença de danos que provocam insuficiência estrutural

    sem risco de colapso;

    3 a 5- Boas: Pontes para quais não há danos ou há danos que não geram

    insuficiência estrutural.

    Segundo o SGO, conforme mostrado por Mendes (2009), cerca de 12% das

    pontes avaliadas se encontram na categoria 1 e 2, ou seja, em condições precárias ou

    sofríveis. A maioria dessas pontes possui idade superior a 30 anos.

    Uma alternativa para adequar a pontes e viadutos que se encontram nestas

    situações inadequadas seria a demolição e posterior reconstrução destas obras, porém

    possuem custo elevado. Com o avanço dos métodos de reforço estrutural, tanto em

    capacidade estrutural quanto em custo, este passou a ser uma alternativa procurada, pois

    na maioria dos casos, um reforço simples da estrutura existente já propicia um aumento

    da capacidade portante suficiente para atender os requisitos normativos.

    2

    https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/11/16/prefeitura-de-sp-gastou-537-do-orcamento-previsto-para-manutencao-de-viadutos-em-2018.ghtml

  • 3

    1.2. JUSTIFICATIVA

    Um projeto de reforço pode ser realizado de várias maneiras e várias dúvidas

    podem surgir ao decorrer projeto, como cargas a serem abordadas, parcela resistente da

    estrutura original a ser considerada e viabilidade do método de reforço.

    Nas últimas décadas os métodos de reforço por polímero reforçado com fibra e

    por protensão externa receberam grande destaque. Várias obras receberam reforço

    através desses métodos, sendo um exemplo o viaduto do km 206 + 600 m da SP-310,

    cujo reforço foi realizado através de polímero reforçado com fibra.

    Este trabalho trata da possibilidade do reforço desse viaduto ter sido realizado

    com protensão externa, portanto adotando todos os requisitos de projeto e cálculo para

    um reforço de protensão externa. Busca-se verificar se a adoção de reforço por

    protensão poderia ter sido uma opção viável tecnicamente para o viaduto.

    1.3. OBJETIVOS

    O presente trabalho busca avaliar a viabilidade técnica de uma solução de

    reforço ativo em protensão externa na superestrutura do viaduto do km 206 + 600 m da

    SP-310 (Washington Luis), apresentado na Figura 1.

    Para que seja possível avaliar essa viabilidade é necessário estabelecer metas

    mais específicas. Dessa forma, pretende-se com este trabalho:

    Reunir informações e diretrizes a partir de bibliografia existente a respeito das

    principais patologias que atingem as superestruturas de pontes, assim como dos

    principais métodos de reforço, com foco na protensão externa;

    Avaliar o viaduto estudado quanto aos motivos que levaram a necessidade do

    reforço;

    Determinar as cargas que devem ser consideradas sobre a superestrutura;

    Determinar a envoltória de esforços que atua sobre a superestrutura;

    Avaliar as considerações de cálculo a serem feitas e realizar o dimensionamento

    do reforço por protensão externa;

    Avaliar a viabilidade técnica do projeto de reforço por protensão externa

    determinado.

  • 4

    Figura 1 - Vista do viaduto do km 206 + 600 m da SP-310

    Fonte: Google Maps, imagem de dezembro de 2017.

  • 5

    CAPÍTULO 2. PATOLOGIAS EM PONTES E

    VIADUTOS

    As causas que provocam a deterioração de pontes e viadutos são variadas. Uma

    classificação destas causas adotada no Manual de recuperação de pontes e viadutos

    rodoviários do DNIT, proposta originalmente em 1991 pelo RILEM, Réunion

    International des Laboratoires d’Essais et des Recherches sur les Materiaux et les

    Constructions, aponta que há cinco grandes grupos de causas:

    Fatores intrínsecos;

    Fatores resultantes do tráfego rodoviário;

    Fatores ambientais;

    Fatores resultantes do tipo e intensidade da manutenção;

    Fatores correlacionados à atividade humana.

    a) Fatores intrínsecos

    Os fatores intrínsecos são aqueles ligados intrinsicamente à estrutura, ou seja, a

    estrutura pode conter fatores que contribuam mais suscetivelmente a danos ou a

    degradação desta.

    Exemplifica-se como os principais fatores intrínsecos a qualidade e a idade do

    concreto. No caso da qualidade do concreto pode-se afirmar que características

    primárias tais como a quantidade e qualidade do cimento, tamanho e propriedades de

    agregados, aditivos, adições, além da relação água/cimento possuem grande influência

    na qualidade do mesmo. Ressalta-se que outras características como resistência,

    porosidade, permeabilidade, densidade, compacidade e baixa fissuração são

    indispensáveis na avaliação de durabilidade da estrutura.

    b) Fatores resultantes do tráfego rodoviário

    Os fatores resultantes do tráfego rodoviário são provenientes da utilização da

    estrutura, portanto de natureza externa. Nas últimas décadas observou-se um crescente

    aumento nas cargas rodoviárias e das velocidades com que os veículos transitam, bem

  • 6

    como a diminuição entre eixos destes, portanto muitas pontes sofrem danos com esta

    mudança, decorrentes principalmente pelo aumento dos efeitos dinâmicos.

    É possível observar facilmente esta mudança da frota de veículos através das

    mudanças nas normas de pontes e viadutos. Na norma NB-6/60 de 1960 o veículo tipo

    máximo possuía peso total de 36 tf, conforme apontado por Luchi (2006). Já para a

    norma NBR 7188:2013, atualmente em vigor, o veículo tipo padrão é de 450 kN ou 45

    tf,.

    c) Fatores ambientais

    Os fatores ambientais podem ser de natureza climática ou atmosférica. No

    primeiro caso se manifestam como variações de temperatura, sazonais ou diárias,

    tempestades e pressão do vento e são independentes da atividade humana. Para o

    segundo caso destaca-se a poluição atmosférica, chuva ácida e águas contaminadas por

    produtos químicos nocivos são decorrentes da atividade humana e degradam tanto as

    superestruturas como as infraestruturas.

    d) Fatores resultantes do tipo e intensidade da manutenção

    A manutenção, preventiva ou corretiva, através da limpeza, proteção

    anticorrosiva e de medidas corriqueiras de conservação, é um importante fator na

    durabilidade da estrutura. No caso da manutenção de rotina inadequada ou insuficiente

    há a propagação da degradação da estrutura, mesmo que esta tenha sido bem construída

    com materiais e equipamentos adequados.

    e) Fatores correlacionados à atividade humana

    Podem-se subdividir os fatores citados em dois outros grupos, no caso de haver

    ou não a intervenção humana, como fatores objetivos ou subjetivos. A idade das

    estruturas é um fator objetivo e intrínseco, por exemplo, assim como o fogo é um fator

    ambiental e subjetivo.

  • 7

    2.1. CAUSAS FÍSICAS DE PATOLOGIAS EM PONTES DE

    CONCRETO ARMADO

    a) Trincas e fissuras do concreto no estado fresco

    As principais causas de trincas e fissuras no concreto durante o estado fresco

    são:

    Assentamento plástico do concreto (Causado por exsudação excessiva);

    Retração plástica do concreto (Causada por evaporação rápida e cura

    inadequada);

    Retração térmica inicial (Causada por insuficiência de armadura ou por

    inadequada armação nas juntas de construção).

    b) Trincas e fissuras do concreto endurecido

    As principais causas de trincas e fissuras no concreto após seu endurecimento

    são:

    Retração pós-secagem (Causada por encurtamento normal do concreto, com

    perda de umidade);

    Corrosão de armaduras (Causada por aumento do volume das armaduras

    proveniente da corrosão da mesma).

    Reações expansivas dos elementos componentes do concreto.

    c) Fissuras do concreto na fase de utilização da estrutura

    As principais causas de fissuras no concreto na fase de utilização são:

    Variações de temperatura e retração residual (Causada por restrições ou

    impedimentos à livre movimentação da estrutura, decorrentes de aparelhos de

    apoio comprometidos ou bloqueados).

    d) Fissuras do concreto causadas pelo tráfego de cargas móveis

    Esse tipo de fissuras surge a partir de cargas móveis não previstas ou que se

    alteram ao longo do tempo, além do dimensionamento insuficiente.

  • 8

    2.2. CAUSAS QUÍMICAS DE PATOLOGIAS EM PONTES DE

    CONCRETO ARMADO

    As patologias no concreto podem ser causadas também por componentes

    químicos. As principais causas de patologias químicas em concreto são listadas a seguir:

    a) Ataques de sulfatos

    As fissuras decorrentes do ataque de sulfatos são resultado de reações químicas

    expansivas destes com o concreto. Os sulfatos se encontram no solo, na água do mar ou

    em elementos que estejam contaminados e que se encontram no concreto ou no cimento

    que adentraram em concretos úmidos e permeáveis.

    As soluções de sulfato podem reagir com o aluminato tricálcico do cimento

    hidratado ou com a alumina do agregado, o que pode levar a expansões, fissuração,

    desprendimento do concreto, amolecimento e desintegração, conforme apresentado na

    Figura 2.

    Figura 2 - Pilar degradado pela ação de íons de sulfato

    Fonte: Mazer et al, 2014.

  • 9

    O ataque de sulfatos ocorre principalmente em estruturas que permaneçam em

    temperaturas não maiores do que 30°C durante grande parte de sua vida útil.

    b) Ação de íons cloreto

    Uma característica do concreto é apresentar uma camada passiva que envolve as

    armaduras, garantindo proteção contra corrosão para as mesmas. No caso do cobrimento

    da armadura ser insuficiente ou se a permeabilidade do concreto for considerável, essa

    camada protetora existente pode ser rompida caso a quantidade de íons cloreto seja

    acima do limite crítico.

    No caso de haver o rompimento desta camada a armadura pode sofrer o efeito da

    corrosão, fenômeno eletroquímico, que causa a expansão da armadura. A expansão é

    decorrente da corrosão, que produz óxido de ferro e hidróxido de ferro, que possuem

    volume superior à armadura original. Como consequência do aumento de volume da

    armadura há o aumento das tensões radiais ao redor desta, o que ocasiona no

    aparecimento de trincas radiais no concreto. As trincas podem se propagar ao longo da

    armadura e, no caso de haver um conjunto de barras paralelas, ocasionar a delaminação

    do concreto da estrutura, conforme apresentado na Figura 3.

    Figura 3 - Desprendimento do concreto e corrosão da armadura por ataque de cloretos

    Fonte: http://asope.com.br.

  • 10

    Os cloretos podem ser facilmente encontrados no cloreto de sódio, abundantes

    em regiões marinhas e também no cimento utilizado, nos aditivos, em agregados sem

    lavagem adequada, na água utilizada no preparo ou na cura do concreto.

    c) Carbonatação do concreto

    A carbonatação ocorre quando o dióxido de carbono (CO2) reage com o

    hidróxido de cálcio existente na pasta de cimento hidratada do concreto, ocasionando a

    formação de carbonato de cálcio, o que resulta em uma diminuição na alcalinidade

    deste. Com a queda do valor do pH, de 13 para próximo de 9, a proteção contra a

    corrosão fornecida pelo concreto à armadura diminui. Com o passar do tempo, se não

    houver nenhum tipo de reparo, a profundidade da carbonatação continuará a crescer de

    maneira que as armaduras deixam de estar passivadas.

    Segundo Silva (2007), o avanço da carbonatação está diretamente relacionado

    com a facilidade com que o CO2 consegue se difundir na estrutura. A difusão do CO2 no

    concreto acontece por meio de poros capilares interconectados, microfissuras ou por

    bolhas de ar.

    A umidade do ar também é fundamental para que a carbonatação ocorra. Roy et

    al. (1996) explica que a carbonatação ocorre com maior intensidade em valores

    medianos de umidade, entre 50% e 75 %. Já no caso de baixa umidade, abaixo de 25%,

    a carbonatação pode ser considerada insignificante. Para os casos em que a umidades é

    elevada, acima de 75%, a própria umidade presente nos poros restringe a difusão do

    CO2 no concreto.

    d) Reação álcali-agregado

    A reação entre os álcalis do cimento e os minerais reativos, como certos tipos de

    sílica e carbonatos, presentes no agregado resulta em um gel, que ocupa mais volume e,

    portanto, causa expansão e o aparecimento de trincas, geralmente se afastando da fonte.

    A reação álcali-agregado é um fenômeno de longo prazo levando vários anos

    para que possa se manifestar. A Figura 4 apresenta as fissuras causadas pelo fenômeno

    descrito.

  • 11

    Figura 4 - Fissuras causadas por reação álcali-agregado em edifício público.

    Fonte: Couto, 2008.

    Algumas características que ajudam a identificar a presença de reação álcali-

    agregado são:

    Presença de gel exsudando das fissuras;

    Fragmentos cônicos provenientes da superfície do concreto, resultantes

    da pressão interna da reação;

    Descoloração do concreto, assim como umidade persistente;

    Movimentação de partes fraturadas do concreto.

    e) Agressividade do meio ambiente

    A agressividade do meio ambiente também pode se manifestar pela poluição

    atmosférica, através do dióxido de carbono e pelas chuvas ácidas, que reduzem a vida

    útil da estrutura ao penetrarem em trincas e fissuras pré-existentes.

    f) Eflorescência

    Conforme explicado por Mehta e Monteiro (2014), quando a água da chuva ou

    do vapor d’água, com pouco ou nenhum íon de cálcio, entram em contato com a pasta

    de cimento ocorre a hidrólise ou a dissolução dos elementos que contêm cálcio em sua

    composição. Esse processo continua até que a maior parte do hidróxido de cálcio seja

    removida por lixiviação. Com a remoção do hidróxido de cálcio os componentes

  • 12

    cimentícios da pasta de cimento ficam suscetíveis à decomposição química. Como

    consequência há o aparecimento de géis de sílica e alumina com baixa ou nenhuma

    resistência, conforme apresentado na Figura 5.

    Figura 5 - Face inferior da laje superior da ponte sobre o córrego Palmital, BR-040/MG, com

    presença de eflorescência.

    Fonte: Manual de recuperação de pontes e viadutos, DNIT, 2010.

    Por muitas vezes o produto dessa lixiviação reage com o dióxido de carbono

    presente na atmosfera e resulta em uma crosta esbranquiçada de carbonato de cálcio na

    superfície, sendo conhecido como eflorescência.

    g) Corrosão das armaduras

    Além da corrosão em virtude de ataque de sulfatos, cloretos, carbonatação e

    reação álcali-agregado, a corrosão também pode ser provocada ou facilitada por:

    Corrosão sob tensão

    Ações que estão sob tensão elevada são suscetíveis a corrosão acelerada, como

    pode ocorrer com os cabos de aço protendidos, o que acarreta a estrutura à ruptura

    frágil.

    Corrosão de desgaste por atrito

    Ocorre quando há contato e atrito entre duas peças metálicas sujeitas à vibração,

    situação comum em pontes com trechos móveis.

  • 13

    Corrosão por corrente elétrica errante

    Este mecanismo de corrosão, conhecido também como eletrólise, acontece ao

    haver uma corrente elétrica de uma fonte externa que alcança um elemento estrutural

    enterrado, por exemplo. Apesar de ser uma corrosão localizada, age de maneira mais

    rápida do que os outros tipos de corrosão.

  • 14

    CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE REFORÇO

    Os objetivos da intervenção sobre a obras podem ser variados, tais como reparar

    problemas de projeto, recuperação estrutural da capacidade portante decorrentes de

    patologias, atualização de trem-tipo, aumento de capacidade de certos elementos,

    ampliação das dimensões da obra, dentre outros.

    3.1. NÍVEIS DE INTERVENÇÃO

    Com base no pré-diagnóstico da estrutura deve-se determinar a solução mais

    adequado quanto à situação em que se encontra a estrutura. A partir das patologias

    manifestadas e danos observados no pré-diagnóstico, conforme Tejedor (2013), pode-se

    resumir os níveis de intervenção em:

    a) Atuações de urgência

    Devido a danos graves de alto risco para a estrutura ou para algum elemento

    estrutural é necessário uma atuação rápida. Normalmente esse tipo de atuação é

    provisório e busca manter o serviço desempenhado pela obra e/ou evitar riscos aos

    usuários até que seja realizado o diagnóstico da situação, redija-se o projeto e execute-se

    a atuação definitiva.

    b) Atuações de prevenção e/ou proteção

    Esse tipo tem o objetivo de fornecer proteção aos elementos estruturais a fim de

    evitar ou reduzir a propagação de seu processo de degradação, fornecer proteção contra

    a ação do fogo, corrosão, desgaste superficial ou ambiente agressivo, dentre outras

    situações. Com esse objetivo pode–se propor limitação de carga de uso, controle

    periódico nos pontos críticos ou proteção diretamente no elemento estrutural.

  • 15

    c) Atuações de reparação ou reabilitação

    No caso da degradação comprometer o elemento estrutural, é necessário reparar

    a região afetada a fim de recuperar suas condições iniciais. Essa atuação pode variar

    significativamente em complexidade e importância, tanto em função das características

    do elemento, da sua localização e em sua condição de degradação. Recomenda-se um

    diagnóstico preciso para determinar a extensão de trabalhos de reparação ou reabilitação

    em regiões degradadas.

    d) Atuações de reforço

    Se houver erros no projeto ou se a obra estiver diante de novas solicitações que

    superem a capacidade portante para qual fora projetada inicialmente, deve-se realizar o

    reforço dos elementos estruturais. O reforço ocorre pela incorporação de sistemas que

    buscam corrigir ou aumentar a capacidade do elemento estrutural.

    e) Atuações de substituição

    No caso de haver incapacidade estrutural do elemento, opta-se pela substituição

    deste, já que o reforço dificilmente será aplicável. Esta substituição pode ser feita ao se

    eliminar o elemento e substituí-lo por outro novo ou anular sua função mecânica ao

    introduzir um novo elemento resistente.

    3.2. OPÇÕES DE REFORÇO

    Como qualquer outro problema de engenharia, o reforço de uma estrutura pode

    apresentar mais de uma solução. As considerações a serem levadas em conta em um

    projeto de reforço estão relacionadas ao custo de aplicação, desempenho do reforço,

    durabilidade do reforço, facilidade e rapidez na instalação. Entre as opções de reforço

    estrutural mais empregadas em vigas de concreto armado, conforme Almeida (2001),

    destaca-se:

  • 16

    Reforço por meio de aumento da seção transversal;

    Reforço por meio de chapas e perfis metálicos;

    Reforço por meio de mantas de fibras sintéticas;

    Reforço por meio de protensão externa.

    3.2.1. REFORÇO POR MEIO DE AUMENTO DA SEÇÃO

    TRANSVERSAL

    Em serviços de recuperação ou reforço de estruturas é frequente a necessidade

    de aumentar o número de barras existentes, ou para adequar e ampliar a capacidade

    resistente do elemento, ou para complementar a área de armadura no caso de corrosão,

    conforme mostrado na Figura 6.

    No caso de adição de novas barras de aço para reforçar a estrutura o nível de

    detalhamento requerido é bem elevado. Isso se dá pelo fato de que se não houver uma

    cuidadosa verificação da melhor maneira de arranjá-las, é possível que haja a introdução

    de complicações no trabalho de recuperação que possam reduzir a durabilidade da

    estrutura. Deve-se lembrar de que independentemente do material de reposição

    (argamassas, concreto convencional ou projetado), as armaduras sempre serão

    obstáculos para a concretagem.

    Por isso é necessário e indispensável que o detalhamento tenha boa

    representação gráfica, sempre incluindo o cobrimento das armaduras, o espaçamento

    entre as barras, o sistema de ancoragem e emendas e ângulos de dobramento e

    curvatura.

  • 17

    Figura 6 - Reforço por acréscimo de barras de armadura

    Fonte: Souza e Ripper, 1998.

    No caso de ser constatada redução maior do que 15% da área das barras corroída

    é necessário a adição de uma nova barra, conforme explicado por Souza e Ripper

    (1998), podendo ser desconsiderado em casos mais sérios.

    Nos casos das emendas entre uma barra de reforço e a existente possui uma

    importância ainda maior do que nos casos de uma construção nova. No caso do reforço

    é necessário contemplar a necessidade de ocupar o menor comprimento possível, para

    que não seja necessário remoção adicional de concreto, e o mínimo de espaço

    transversal, a fim de diminuir a obstrução para o material de reposição, conforme Souza

    e Ripper (1998).

    O comprimento de ancoragem necessário pode ser significativamente reduzido

    no caso de se utilizar resina epoxídica ou graute para a transferência de esforços aço-

    concreto, sendo a amarração em função do concreto intacto. Experiências demonstram

    que no caso da resina o comprimento de ancoragem pode ser reduzido, em média, para

    0,4 lb e para 0,7 lb no caso de preenchimento com graute.

    A aplicação de reforço por concreto armado em pontes e viadutos apresenta

    vantagens e desvantagens, conforme indicado por Zucchi (2015). Essas características

    do método são listadas a seguir:

  • 18

    Vantagens:

    Materiais de uso comum e de fácil acesso;

    Técnica corriqueira nos canteiros de obra.

    Desvantagens:

    Interferência arquitetônica/aumento de sessão;

    Cuidado com a aderência das camadas;

    Suspensão do uso da estrutura para execução do reforço e para ganho de

    resistência;

    Sujeira e nível elevado de ruído.

    3.2.2. REFORÇO POR MEIO DE CHAPA METÁLICA

    Uma maneira de reforçar a capacidade resistente de maneira eficiente e de rápida

    execução é através de chapas ou perfis metálicos. Esse método é recomendado

    principalmente para situações que necessitam de emergência ou que não permitem

    grandes alterações na geometria da estrutura. O reforço é realizado através da colagem

    ou chumbamento de chapas ou por chumbamento de perfis metálicos, em ambos os

    casos com ajuda de resinas injetadas, conforme descrito por Souza e Ripper (1998). Em

    termos de concepção, se trata de uma técnica simples, porém é exigente quanto ao

    processo executivo e à necessidade de um minucioso procedimento de cálculo.

    A respeito de superfície de concreto que receberá o reforço, é necessário garantir

    a rugosidade deste já que uma maior rugosidade garante um maior aumento da

    aderência química entre as partes. Entretanto, a superfície não pode ser demasiadamente

    rugosa, pois torna difícil a aplicação da resina, o que pode levar a descontinuidades na

    película de cola. Uma superfície praticamente lisa também não é adequada, como

    explica Souza e Ripper (1998), pois pode acarretar em dificuldades em termos de

    compatibilidade com a estrutura da superfície de aço. É recomendada a utilização de

    jatos de areia para garantir uma superfície de uniforme rugosidade, entretanto caso não

    seja possível a utilização de tal meio é possível o uso de forma contínuo e cuidadoso de

    percussão provocada por martelo de agulhas. Em seguida deve-se limpar a superfície

    com jatos de água sob pressão e secar a superfície com jatos de ar comprimido. No caso

    de haver fissuras na superfície de aplicação de reforço, estas deverão ser seladas de

    maneira adequada antes da execução do reforço.

  • 19

    No caso de colagem de chapas metálicas, a superfície destas devem ser objeto de

    cuidadoso tratamento a fim de garantir máxima capacidade aderente. As superfícies à

    colar devem ser protegidas com filme autocolante apropriado, a fim de evitar qualquer

    inconveniente, só sendo retirado imediatamente antes da aplicação da chapa. Já as

    superfícies que não serão coladas devem receber tratamento em pintura anticorrosiva.

    Quanto às resinas a serem utilizadas, estas devem ser de alta capacidade de aderência e

    de resistência mecânica, como resinas de poliésteres e, principalmente, de resinas

    epoxídicas, conforme descrito por Souza e Ripper (1998).

    Após a aplicação da resina, e com a chapa em condições de ser colada, deve-se

    tomar cuidado com o posicionamento correto de cada peça. Após a fixação deve-se

    manter as placas submetidas a uma ligeira pressão até que haja o endurecimento

    completo da resina por no mínimo 24 horas, a depender da cola e das condições do

    ambiente.

    Ainda segundo Souza e Ripper (1998), é comum a introdução de um pino

    (chumbador) na extremidade da chapa a fim de garantir contribuição mecânica à

    transferência de esforços, visto que as superfícies providenciam apenas aderência

    química. Quanto as eventuais juntas entre as peças de chapas metálicas, estas devem ser

    soldadas de topo e receber aplicação de escova de aço e o mesmo tratamento primário,

    aliado a tinta anticorrosiva.

    Figura 7 - Reforço por adição de chapas metálicas

    Fonte: Souza e Ripper, 1998.

  • 20

    Para o caso de se reforçar a estrutura por meio de perfis metálicos, a preparação

    de superfície segue da mesma maneira a realizada para chapas metálicas. A diferença

    entre os métodos está no sistema que, nesse caso, conta com presença de chumbadores,

    geralmente através de buchas expansivas, com posterior injeção de resina para

    preenchimento de vazios após o aperto dos chumbadores.

    Após o posicionamento e fixação do perfil deve-se realizar a vedação ao redor

    de todo o perímetro do reforço, garantindo pontos por onde será feita a injeção da

    resina, aproximadamente a cada 20 cm, e também ao redor dos chumbadores.

    Conforme Souza e Ripper (1998), vários ensaios já foram realizados e

    comprovam que os elementos reforçados por este método se comportam, no estado

    limite último, como peças de concreto armado tradicionais e com armadura total igual a

    soma da armadura no interior da peça e do reforço. Já para o comportamento em

    serviço, este apresenta melhor comportamento do que aquele de estruturas tradicionais.

    A aplicação de chapas e perfis metálicos como reforço de pontes e viadutos

    apresenta vantagens e desvantagens, conforme indicado por Souza e Ripper (1998).

    Essas características do método são listadas a seguir:

    Vantagens:

    Permite uma melhoria significativa da capacidade resistente;

    Manutenção da seção geométrica do elemento original;

    Intervenções sem interrupção do uso da estrutura;

    Rapidez de execução;

    Evita demolição;

    Controle do fendilhamento;

    Reposição do monolitismo do elemento por meio da eliminação de fendas por

    injeção de resina;

    Ausência de ruído excessivo ou pó.

    Desvantagens:

    Sensibilidade aos agentes atmosféricos com possibilidade de corrosão das

    chapas, por umidade ou sais, ou deterioração da cola, por efeito da temperatura;

    Possibilidade de descolamento da extremidade da chapa.

  • 21

    3.2.3. REFORÇO POR MEIO DE FIBRAS SINTÉTICAS

    Compósitos são formados a partir da combinação de dois ou mais materiais. As

    formas de componentes mais utilizadas são as fibras, partículas, lâminas, flocos, fillers e

    matrizes. A matriz atua como o corpo do compósito e serve para unir os macro-

    componentes e dar forma ao compósito. Já as fibras, partículas, lâminas, flocos e fillers

    são componentes estruturais do sistema e determinam a estrutura interna do compósito.

    Com o avanço na ciência dos compósitos nas últimas décadas foi possível a

    produção de plásticos com propriedades que possibilitam seu uso em uma grande gama

    de aplicações especiais em diversas áreas.

    Antes do século XX os materiais compósitos plásticos utilizados eram baseados

    em produtos naturalmente resinosos como piche, albumina e caseína. Em 1847

    Berzelius produziu as primeiras resinas laminares sintéticas, precursoras das resinas

    fenólicas introduzidas posteriormente. Durante várias décadas pequenas quantidades de

    papel e tecido eram impregnadas com resina fenólica e formavam lâminas. Foi somente

    com a produção de poliéster insaturado reforçado com fibra de vidro que a era dos

    compósitos plásticos teve início, conforme explicitado por Beber (2003).

    Os polímeros reforçados com fibras têm sido utilizados com grande êxito em

    diversas indústrias, como a aeroespacial, automotiva, naval e de armamentos desde a

    década de 1940, conforme Beber (2003). Algumas de suas principais virtudes são a alta

    resistência, baixo peso próprio, elevada durabilidade e facilidade de assumir formas

    complexas.

    O principal motivo de se reforçar polímeros com fibras, segundo Taylor (1994),

    é aumentar a sua rigidez, sua resistência à tração, à compressão e ao impacto, assim

    como aumentar sua resistência à fadiga. As principais fibras disponíveis

    comercialmente para realizar o reforço são a fibra de vidro, a aramida e o carbono.

    Ainda sobre as características dos polímeros reforçados com fibras, estes são

    capazes de suportar tensões mais elevadas do que cada elemento individual, já que há

    uma redistribuição das tensões entre as fibras e a matriz. A distribuição de tensões

    depende da estrutura do compósito, da natureza e da eficiência da aderência. Além

    disso, a interface entre a fibras e a matriz está sob um estado de tensões de cisalhamento

    quando o compósito está sob a ação de cargas, conforme o ACI (1996).

  • 22

    O ACI (1996) também aponta que os polímeros reforçados com fibras

    apresentam propriedades de amortecimento interno, o que possibilita uma melhor

    absorção de energia dinâmica, possibilitando a redução da transmissão da energia para

    as estruturas adjacentes. Essa característica é extremamente vantajosa para estruturas

    com cargas dinâmicas, como é caso de pontes e viadutos, sujeitos à ação de carga

    móveis.

    Um aspecto que também tem grande influência nas propriedades dos compósitos

    é proporção entre matriz e fibras, além da própria orientação das fibras. É possível

    orientar as fibras a fim de melhorar a resistência e a rigidez em uma direção desejada.

    Os polímeros reforçados com fibras de carbono ou carbon fiber reinforced

    polymers (CFRP) possuem grande destaque para o reforço estrutural de elementos de

    concreto armado devido ao alto desempenho mecânico de suas fibras, o que permite

    uma grande redução nas dimensões dos elementos empregados para este fim. A Figura

    8 apresenta uma situação em que tipo de reforço foi aplicado.

    Atualmente os compósitos de CFRP com fins de reforço estrutural são

    comercializados sob a forma de sistemas de reforço. Portanto, possuem além dos

    materiais, toda a pesquisa e desenvolvimento utilizados no produto, assim como suporte

    técnico, manuais e treinamento, conforme apontado por Beber (2003).

    Figura 8 - Vista inferior do tabuleiro do viaduto do km 206 + 600 m da SP-310

    Fonte: Relatório técnico, Laboratório de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos,

    Fevereiro de 2006.

    O reforço por CFRP pode se dar através de dois modos, sendo estes os sistemas

    pré-fabricados e os sistemas curados in situ. O primeiro caso é formado por sistemas

    laminados semirrígido de CFRP do tipo unidirecional, resultado da impregnação de um

    conjunto de feixes ou camadas contínuas de fibras por meio de uma resina termorrígida,

    com controle de espessura e largura do compósito, conforme explicado por Beber

  • 23

    (2003). Para o segundo caso trata-se de um sistema de fibras contínuas em forma de

    fios, mantas ou tecidos, em estado seco ou pré-impregnado, que são aplicados sobre um

    adesivo epóxi espalhado previamente sobre a superfície de concreto a ser reforçada.

    Para os sistemas pré-fabricados, o agente adesivo é um material distinto do

    CFRP. Já no caso de sistemas curados in situ, o agente adesivo, denominado resina de

    saturação, é a própria resina que impregna as fibras e desempenha o papel de matriz do

    compósito.

    Mesmo não sendo considerados como adesivos, deve-se destacar a imprimação

    do substrato através do primer e a regularização da superfície através do putty, os quais

    têm a capacidade de complementar e potencializar a eficiência destes adesivos. O

    primeiro possui a característica de adentrar na superfície do concreto por capilaridade a

    fim de melhorar a propriedade adesiva da superfície. Já o segundo elimina pequenas

    irregularidades na superfície, evitando que haja o aprisionamento do ar e garantir uma

    superfície uniforme, conforme Beber (2003).

    A aplicação de polímeros reforçados com fibras, em especial fibra de carbono,

    como reforço de pontes e viadutos apresenta vantagens e desvantagens, conforme

    indicado por Beber (2003). Essas características do método são listadas a seguir:

    Vantagens:

    A resistência do compósito de fibra de carbono depende da proporção de fibra e

    resina. No caso de aplicação em reforço estrutural utilizam-se compósitos com

    valores de resistência da ordem de três a cinco vezes maiores que a resistência

    do aço;

    Possui grande resistência a fadiga, porém a solicitação deve ser paralela à

    direção das fibras;

    Apresenta densidade da ordem de 1,5 g/cm³, valor que representa cerca de 20%

    da densidade do aço;

    Apresenta baixa deterioração devido a ação de agentes agressivos, químicos,

    físicos ou biológicos, além de possuírem maior resistência a ação do fogo em

    relação ao aço;

    Tempo de instalação curto, o que resulta em curto período de interrupção do

    tráfego;

  • 24

    Desvantagens:

    Deve-se atentar a ação da radiação ultravioleta sobre o compósito de fibra de

    carbono;

    Uma superfície irregular pode levar à possibilidade de ocorrer modos de ruptura

    frágeis;

    Custo elevado dos materiais compósitos.

    3.2.4. REFORÇO POR MEIO DE PROTENSÃO EXTERNA

    A utilização da técnica de protensão no concreto remete a data de 1928, cuja

    primeira patente pertence a Eugène Freyssinet, mesmo que antes já houvessem sido

    realizados testes razoavelmente significativos por Johnson (1886) e Doehring (1888),

    conforme indicado por Souza e Ripper (1998). Um dos principais desafios no princípio

    era a permanência da protensão no aço, visto que na época a indústria e os materiais

    eram inferiores aos encontrados atualmente.

    Já a utilização da protensão exterior teve início na década de 1950 em países

    como Bélgica, Alemanha, França e também no Brasil, introduzida no país por Walter

    Pfeil. Entretanto, nessa época, a protensão exterior não trouxe resultados expressivos de

    imediato, principalmente por problemas de corrosão nos cabos sob tensão, sensíveis a

    ataques químicos.

    No final da década de 1960 e durante a década de 1970 muitas pontes

    construídas em concreto protendido, com cabos embutidos no concreto, apresentavam

    problemas tais como deformações excessivas e fissuração transversal, causados pelo

    próprio desconhecimento do comportamento do material ao longo do tempo, como

    fluência, relaxação, retração e variação de temperatura. Dessa forma foi necessário

    realizar a recuperação dessas obras, sendo utilizado a protensão exterior, o que resultou

    em um aprofundamento da técnica e sua correlação com a durabilidade, conforme

    Souza e Ripper (1998). Como resultado as maiores obras da década de 1980, em termos

    de vãos a serem transpostos, foram realizados com a utilização de protensão exterior.

    Para a protensão externa um aspecto muito relevante é a garantia da eficiência da

    ancoragem, de acordo com Souza e Ripper (1998). Diferente dos cabos aderentes ao

    concreto, no caso de falha na ancoragem o cabo se ressentirá por todo seu comprimento

    e deixará de ser eficiente como elemento resistente, conforme mostrado na Figura 9.

  • 25

    Figura 9 - Dispositivos metálicos utilizados para a ancoragem das cordoalhas nas extremidades

    da viga

    Fonte: Vitório, 2013.

    Segundo Pinheiro (2018) no caso de se utilizar cordoalhas, estas podem estar

    dispostas rente à superfície do elemento ou unidas dentro de um duto. Se os cabos

    estiverem rentes à superfície e em menor quantidade é comum a utilização de

    ancoragem e desviadores metálicos, fixados à estrutura normalmente por meio de barras

    retas protendidas de aço. Entretanto, para o caso de dutos é mais comum a utilização de

    blocos de ancoragem e desviadores em concreto armado, fixados por meio de armaduras

    passivas e também pelas mesmas barras.

    A aplicação de protensão externa como reforço de pontes e viadutos apresenta

    vantagens e desvantagens, conforme indicado por Daly (1998) e Pinheiro (2018). Essas

    características do método são listadas a seguir:

    Vantagens:

    Custo menor em comparação com outros métodos que exigem a reconstrução do

    tabuleiro da ponte ou viaduto;

    O equipamento necessário para o método é de peso reduzido e de fácil

    manuseio, principalmente se o sistema adotado para a protensão for o sistema de

    monocordoalha;

    Por apresentar peso relativamente baixo, o peso próprio da viga ou laje sofre

    pouca variação, enquanto suas resistências à flexão e ao esforço cortante são

    aumentadas;

  • 26

    Uma das características que proporcionam o ganho de resistência por protensão

    é a excentricidade do cabo, que pode ser aumentada por desviadores na face

    inferior de vigas e lajes;

    Na protensão externa as perdas por atrito são menores do que no caso de

    protensão de cabos internos;

    Por se tratarem de cabos externos, estes podem ser facilmente inspecionados, re-

    protendidos, ou, caso seja necessário, substituídos;

    Em muitos casos o reforço por protensão externa pode ser realizado sem

    ocasionar na interrupção do tráfego da via;

    Dependendo dos esforços acrescidos em uma possível ampliação da obra, este

    reforço pode isentar a necessidade de vigas adicionais.

    Desvantagens:

    Por se tratar de um método externo está susceptível a ação do fogo, corrosão

    eletroquímica e impacto;

    A ruína em um só ponto pode inutilizar todo o cabo, havendo significativa perda

    do reforço total da obra;

    Deve-se levar em conta a concentração de tensão nos pontos onde é feita a

    ancoragem dos cabos;

    Devido a excentricidade dos cabos, deve-se verificar que a diminuição da altura

    livre sob a ponte ou viaduto não cause problemas;

    A dissociação entre o cabo e a estrutura faz com que se deformem de maneira

    diferente, podendo haver efeitos de segunda ordem devido à diferença entre os

    deslocamentos sofridos pela estrutura e pelo cabo.

  • 27

    CAPÍTULO 4. MÉTODOS DE CÁLCULO

    A primeira etapa a ser realizada em qualquer intervenção é levantar informações

    sobre a obra estudada. Projetos estruturais, traçado viário, memorial de cálculo, época

    de construção e ensaios técnicos sobre a estrutura são algumas das informações que

    ajudam no projeto de reforço.

    Após levantar essas informações iniciais é necessário analisar se o projeto

    executado era adequado. Deve-se, por exemplo, confirmar se as armaduras utilizadas

    nas plantas do projeto eram compatíveis com as normas técnicas vigentes no período da

    construção.

    Realizada a análise dá-se prosseguimento a inspeção da ponte quanto à forma

    geométrica e condição física da obra. No primeiro caso é verificado se a estrutura

    construída é compatível com a estrutura projetada. Para o segundo caso é determinado o

    quadro patológico da ponte, possíveis anomalias, ensaios de resistência do concreto,

    verificação das armaduras quanto à sua proteção contra corrosão, posicionamento e

    quantidade.

    4.1. ROTEIRO DE CÁLCULO – REFORÇO ESTRUTURAL

    A partir das normas vigentes atualmente deve-se determinar as cargas e aplicá-

    las na geometria final da obra. A partir dos esforços gerados pelas cargas determinadas,

    realiza-se a combinação destes para cada caso dimensionamento, obtendo-se assim o

    momento fletor solicitante de cálculo e a força cortante solicitante de cálculo.

    São utilizados os coeficientes de ponderação dos esforços presentes na NBR

    8681:2003. Os esforços gerados pela combinação destas ações devem ser resistidos pela

    estrutura existente e pelo reforço.

    Para determinação da seção resistente deve-se conhecer a resistência à

    compressão do concreto (fck) empregado e a área de aço existente, bem como a sua

    posição em relação à seção transversal.

  • 28

    4.1.1. VERIFICAÇÃO AO MOMENTO FLETOR

    O cálculo do reforço por protensão externa para combate aos momentos fletores

    e/ou forças cortantes se baseia em adotar uma área de aço de protensão e realizar a

    verificação de momento resistente de cálculo ao compará-lo com o momento fletor

    solicitante de cálculo.

    Para a determinação da posição vertical da armadura de protensão, é necessário

    determinar o traçado longitudinal dos cabos de maneira que respeite os raios mínimos

    de curvatura apresentados pela literatura ou pelo fabricante da cordoalha empregada.

    Neste trabalho o objetivo principal é o reforço à flexão, portanto a

    excentricidade em relação ao centro geométrico do elemento deve ser máximo, o que

    resulta em menor força exigida pelos cabos e, consequentemente, menor área de

    armadura de protensão. Entretanto, é preciso considerar que a excentricidade empregada

    não traga problemas quanto ao gabarito vertical, risco de incêndio ou atos de

    vandalismo.

    Define-se a máxima tensão (σpi) aplicada pelo aparelho de protensão com base

    no aço comercial escolhido para a armadura de protensão. A norma NBR 6118:2014

    define na seção 9.6.1.2.1 os limites de tensão que podem ser empregados na armadura

    de protensão. Para armadura pós-tracionada a tensão limite é definida como 74% da

    resistência à tração (fptk) ou 87% da tensão de escoamento convencional (fpyk) para aços

    de relaxação normal e de 0,74 fptk ou 0,82 fpyk para aços de relaxação baixa. No caso de

    cordoalhas engraxadas com aço de relaxação baixa esses limites podem ser aumentados

    para 0,80 fptk e 0,88 fpyk. No caso de aços CP-85/105, fornecidos em barras, os limites

    são 0,72 fptk ou 0,88 fpyk.

    Deve-se definir também o nível de protensão que será imposto, com base nas

    exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e proteção das armaduras,

    classificadas em função da agressividade ambiental. O nível de protensão é indicado na

    Tabela 13.4 da norma NBR 6118:2014.

    Definida a geometria, o que inclui a armadura existente e de protensão, além da

    quantidade de armadura existente, dá-se prosseguimento a primeira estimativa da área

    de aço de protensão. Para este trabalho a área de aço de protensão será estimada a partir

    do estado limite último (ELU).

    Através do equilíbrio da seção, busca-se determinar a posição da linha neutra,

    logo:

  • 29

    Msd = Rcc ∙ zcc + Rsc ∙ zsc + Rst ∙ zst [Eq. 1]

    Sendo:

    Msd: Momento fletor solicitante de cálculo;

    Rcc: Força resultante no concreto comprimido;

    zcc: Distância entre o centro de aplicação das forças de compressão no concreto e o

    centro de aplicação das forças nas armaduras de protensão;

    Rsc: Força resultante nas armaduras passivas sob compressão;

    zsc : Distância entre o centro de aplicação das forças nas armaduras passivas

    comprimidas e o centro de aplicação das forças nas armaduras de protensão;

    Rst: Força resultante nas armaduras passivas sob tração.

    Para continuar a estimativa de aço de protensão é necessário admitir a hipótese

    de domínio no estado limite último e por meio de relações de compatibilidade da seção

    indeformável é determinada a altura da linha neutra (x) que confirma a hipótese do

    domínio adotado. A partir da altura da linha neutra e o domínio de deformação

    encontra-se os valores de braço de alavanca. É possível determinar o alongamento

    máximo da armadura de protensão devido à flexão do elemento (Δεpd), que somado à

    deformação de pré-alongamento (Δεpi), fornece a deformação total da armadura de

    protensão (εpd), e, consequentemente, a tensão na armadura (σpd). Também se deve

    determinar o alongamento nas armaduras passivas (εsd).

    De acordo com o item 17.2.2 da NBR 6118:2014, no caso de armaduras ativas

    não aderentes, deve-se considerar um acréscimo de tensão (Δσp) que depende da relação

    vão/altura útil:

    Relação vão/altura útil igual ou menor do que 35:

    Δσp = 70 +fck

    100∙ρp≤ 420 MPa [Eq. 2]

    Relação vão/altura útil maior do que 35:

    Δσp = 70 +fck

    300∙ρp≤ 420 MPa [Eq. 3]

  • 30

    ρp =Ap

    bc∙dp [Eq. 4]

    Sendo:

    ρp: Taxa geométrica da armadura;

    Ap: Área de aço da armadura de protensão;

    bp: Largura da mesa de compressão;

    dp: Altura útil da armadura de protensão.

    Entretanto a norma não é muito clara em que momento do cálculo deve ocorrer o

    acréscimo de tensão. Emerick (2002) apresenta de forma mais clara como considerar o

    acréscimo de tensão para armaduras não aderentes.

    Relação vão/altura útil igual ou menor do que 35:

    σp = σpn + 70 +fck

    100∙ρp≤ σpe + 420 MPa ≤ fpyk (MPa) [Eq. 5]

    Relação vão/altura útil maior do que 35:

    σp = σpn + 70 +fck

    300∙ρp≤ σpe + 200 MPa ≤ fpyk (MPa) [Eq. 6]

    Tensão de cálculo (σpd):

    σpd = σp/γs [Eq. 7]

    Sendo:

    σpn: Tensão na armadura protendida devido ao pré-alongamento;

    σpe: Tensão efetiva na armadura protendida (Tensão após todas as perdas);

    É necessário fazer uma estimativa da armadura de protensão, já que não se

    conhece o valor deste, então realizar um processo iterativo até chegar a um resultado

    para armadura.

    Sabe-se também que, por equilíbrio, a força de compressão no concreto (Nc)

    deve ser igual a força total nas armaduras (Ntd), ou seja:

  • 31

    Nc = Ntd = Rp + Rst + Rsc = Ap,ef ∙ σpd + Asc ∙ σsc + Ast ∙ σst [Eq. 8]

    Sendo:

    Rp: Força resultante nas armaduras de protensão;

    σpd: Tensão na armadura de protensão;

    σsc: Tensão na armadura passiva comprimida;

    σst: Tensão na armadura passiva tracionada;

    Dessa forma determina-se a área de concreto comprimida (Ac), ao se conhecer a

    respectiva tensão submetida:

    Nc = Ac ∙ σcd [Eq. 9]

    O valor de tensão de compressão no concreto (σcd) pode varia para cada domínio

    de deformação. A seção 8.2.10.1 da NBR 6118:2014 fornece o diagrama de tensão-

    deformação para compressão no concreto sendo igual a 85% da resistência à

    compressão axial do concreto de cálculo (fcd) ou, se ainda estiver no patamar elástico,

    utiliza-se a seguinte equação:

    σcd = 0,85 ∙ fcd ∙ [1 − (1 −εc

    εc2)n

    ] [Eq. 10]

    Sendo:

    εc2: Deformação específica de encurtamento do concreto no início do patamar elástico,

    sendo igual a 2‰ no caso de concretos até a classe C50;

    εc: Deformação de encurtamento do concreto, obtida na análise da compatibilidade de

    deformações de cada domínio na seção plana;

    n: Coeficiente igual a 2 para concretos até a classe C50.

    Portanto, confirmado o domínio de deformação considerado, determina-se a

    posição real da linha neutra x e com este valor, os valores dos braços de alavanca para a

    armadura de protensão e para a armadura passiva:

  • 32

    𝑧 = 𝑑 −𝜆∙𝑥

    2 [Eq. 11]

    Sendo:

    𝑑: Distância da fibra mais comprimida ao centro geométrico das armaduras passiva ou

    de protensão;

    𝜆: Coeficiente igual a 0,8 para concretos até a classe C50.

    Conhecida a força resistida nas armaduras de protensão e armaduras passivas e

    seus respectivos braços de alavanca, é possível obter o momento fletor resistente do

    elemento (Mrd):

    Mrd = Rcc ∙ zcc + Rsc ∙ zsc + Rst ∙ zst [Eq. 12]

    O valor do momento resistente de cálculo deve ser superior ao momento fletor

    solicitante de cálculo; caso contrário, deve ser considerada outra armadura de protensão

    (alterando a área de armadura ou adotar um aço mais resistente), de forma a atender a

    verificação.

    Com base no estado limite último, deve-se garantir que no ato da protensão as

    tensões máximas no concreto sejam menores do que 70% de sua resistência

    característica na data da protensão (fcj), que no caso de reforço estrutural, considera-se

    que o concreto possui resistência final. Também se deve garantir que as tensões

    máximas de tração não superem em mais de 20% a resistência à tração no concreto

    (fct,m).

    4.1.2. VERIFICAÇÃO À FORÇA CORTANTE

    O dimensionamento de vigas de concreto armado e protendido pela NBR

    6118:2014 é baseado na analogia com o modelo de treliça de banzos paralelos associada

    a mecanismos resistentes complementares (Vc). A norma admite dois modelos cálculo,

    sendo:

    Modelo I: Considera inclinação das bielas comprimidas em 45° e Vc com valor

    constante;

  • 33

    Modelo II: Considera inclinação das bielas comprimidas arbitrada entre 30° e

    45°, enquanto Vc é considerado com valor reduzido.

    A norma prevê que para vigas protendidas pode-se descontar da força cortante

    solicitante de cálculo (Vsd) o efeito da projeção da força de protensão na sua direção. A

    norma também prevê que a parcela correspondente aos mecanismos resistentes

    complementares deve ser aumentada a fim de levar em conta o efeito da redução da

    tensão nos estribos que ocorre com a inclinação das bielas comprimidas.

    De acordo com a NBR 6118:2014 a resistência de uma viga ao esforço cortante

    está garantida se a seguintes verificações forem satisfeitas:

    a) A força cortante solicitante de cálculo (Vsd) for menor do que a força cortante

    resistente de cálculo relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto

    (VRd2):

    Vsd < VRd2 [Eq. 13]

    b) A força cortante solicitante de cálculo (Vsd) for menor do que a força cortante

    resistente de cálculo relativa à ruína por tração diagonal (VRd3), dada como a

    soma das forças resistidas pelo estribo (Vsw) e pelo concreto (Vc):

    Vsd < VRd3 = Vsw + Vc [Eq. 14]

    O cálculo das forças resistentes depende do modelo adotado. Para ambos os

    modelos deve-se sempre prever uma armadura mínima visando impedir a ruptura brusca

    do aparecimento das fissuras inclinadas.

    Modelo I

    A força cortante resistente de cálculo relativa à ruína das diagonais comprimidas

    de concreto é dada por:

    VRd2 = 0,27 ∙ αv ∙ fcd ∙ bw ∙ d [Eq. 15]

    αv = (1 −fck

    250) [Eq. 16]

  • 34

    Sendo:

    bw: Menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d;

    fck: Resistência à compressão característica do concreto, dada em MPa.

    Já a parcela das forças resistidas pelos estribos da força cortante resistente de

    cálculo relativa à ruína por tração diagonal é dada por:

    Vsw = (Asw

    s) ∙ 0,9 ∙ d ∙ fywd ∙ (sen α + cos α) [Eq. 17]

    Sendo:

    Asw: Área da seção transversal dos estribos;

    s : Espaçamento entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento

    estrutural;

    fywd: Tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor de fyd;

    α: Ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do

    elemento.

    Já a parcela do concreto, resistida por mecanismos complementares, é dada por:

    𝑉𝑐 = 0 , na flexo-tração com linha neutra fora da seção;

    𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 , na flexão simples e na flexo-tração com linha neutra dentro da seção;

    𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 ∙ (1 +𝑀0

    𝑀𝑑) ≤ 2 ∙ 𝑉𝑐0 , na flexo-compressão;

    𝑉𝑐0 = 0,6 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑑 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑 [Eq. 18]

    𝑓𝑐𝑡𝑑 =𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓

    𝛾𝑐 [Eq. 19]

    𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7 ∙ 𝑓𝑐𝑡,𝑚 [Eq. 20]

    Sendo:

    𝑓𝑐𝑡,𝑚: Resistência média do concreto à tração direta;

    𝛾𝑐: Coeficiente de ponderação da resistência do concreto.

  • 35

    Modelo II

    A força cortante resistente de cálculo relativa à ruína das diagonais comprimidas de

    concreto é dada por:

    VRd2 = 0,54 ∙ αv ∙ fcd ∙ bw ∙ d ∙ sin2 𝜃 ∙ (𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃) [Eq. 21]

    Sendo:

    𝜃: Ângulo de inclinação das bielas comprimidas em relação ao eixo longitudinal do

    elemento.

    Já a parcela das forças resistidas pelos estribos da força cortante resistente de

    cálculo relativa à ruína por tração diagonal é dada por:

    Vsw = (Asw

    s) ∙ 0,9 ∙ d ∙ fywd ∙ (cotg α + cotg θ) ∙ sen α [Eq. 22]

    Já a parcela do concreto, resistida por mecanismos complementares, é dada por:

    𝑉𝑐 = 0 , na flexo-tração com linha neutra fora da seção;

    𝑉𝑐 = 𝑉𝑐1 , na flexão simples e na flexo-tração com linha neutra dentro da seção;

    𝑉𝑐 = 𝑉𝑐1 ∙ (1 +𝑀0

    𝑀𝑑) ≤ 2 ∙ 𝑉𝑐1 , na flexo-compressão;

    Com:

    𝑉𝑐1 = 𝑉𝑐0 , quando 𝑉𝑠𝑑 < 𝑉𝑐0

    𝑉𝑐1 = 0 , quando 𝑉𝑠𝑑 = 𝑉𝑅𝑑2

  • 36

    4.1.3. VERIFICAÇÃO QUANTO AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE

    FADIGA

    A fadiga é fenômeno relacionado a ações dinâmicas repetidas, que pode ser

    compreendido como um processo que resulta em alterações progressivas e permanentes

    na estrutura interna do material sob a ação de oscilação de tensões.

    A norma NBR 6118:2014 considera válida a regra de Palmgren-Miner, a qual

    supõe que os danos de fadiga se acumulam linearmente com o número de ciclos

    aplicado a determinado nível de tensões.

    Para a verificação de fadiga a norma considera a seguinte combinação frequente

    de ações:

    Fd,ser = ∑ Fgikmi=1 + ψ1 Fq1k + ∑ ψ2j Fqjk

    nj=2 [Eq. 23]

    Sendo:

    Para pontes rodoviárias:

    ψ1 = 0,5, para verificação das vigas;

    ψ1 = 0,7, para verificação das transversinas;

    ψ1 = 0,8, para verificação das lajes de tabuleiro;

    Para o cálculo de tensões decorrentes de força cortante em vigas deve-se reduzir

    a contribuição do concreto. Tanto para o Modelo I, quanto para o Modelo II, deve-se

    considerar apenas 50% do valor de Vc. Além disso, para o Modelo II, é necessário

    corrigir o valor do ângulo θ pela seguinte expressão:

    𝑡𝑔 𝜃𝑐𝑜𝑟 = √𝑡𝑔 𝜃 ≤ 1 [Eq. 24]

    A norma também considera que para o cálculo dos esforços solicitantes e a

    verificação das tensões, admite-se o modelo linear elástico com relação dos módulos de

    elasticidade do aço e do concreto com valor de 10.

  • 37

    Verificação da fadiga do concreto

    A verificação para o concreto em compressão, segundo a NBR 6118:2014, é

    dada como:

    ηc ∙ γf ∙ σc,máx ≤ fcd,fad [Eq. 25]

    fcd,fad = 0,45 ∙ fcd [Eq. 26]

    ηc =1

    1,5−0,5∙(|σc1|/|σc2|) [Eq. 27]

    Sendo:

    γf: Coeficiente com valor de 1,0;

    ηc: Fator que considera o gradiente de tensões de compressão no concreto;

    |σc1|: Menor valor, em módulo, da tensão de compressão a uma distância não maior que

    300 mm da face sob a combinação relevante de cargas;

    |σc2|: Maior valor, em módulo, da tensão de compressão a uma distância não maior que

    300 mm da face sob a mesma combinação de cargas usada para o cálculo de |σc1|.

    Verificação da fadiga da armadura

    Para a verificação da fadiga da armadura a norma NBR 6118:2014 exige que

    seja satisfeita a seguinte relação:

    𝛾𝑓 ∙ ∆𝜎𝑆𝑠 ≤ ∆𝑓𝑠𝑑,𝑓𝑎𝑑 [Eq. 28]

    Sendo:

    ∆𝜎𝑆𝑠: Máxima variação de tensão calculada para a combinação frequente de cargas;

    ∆𝑓𝑠𝑑,𝑓𝑎𝑑: Resistência à fadiga para o aço (curvas S-N), os quais constam na Tabela 1;