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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA USP KAREN YUMI ISHIHARA CONFORTOS E DESCONFORTOS PERCEBIDOS PELOS ACOMPANHANTES DE PUÉRPERAS INTERNADAS NA UNIDADE DO ALOJAMENTO CONJUNTO SÃO PAULO 2018

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Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO€¦ · conforto holístico, conforme a Teoria de Kolcaba na qual foi baseado o estudo, todas as necessidades devem ser atendidas, em todas as dimensões,

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA USP

KAREN YUMI ISHIHARA

CONFORTOS E DESCONFORTOS PERCEBIDOS PELOS

ACOMPANHANTES DE PUÉRPERAS INTERNADAS NA UNIDADE DO

ALOJAMENTO CONJUNTO

SÃO PAULO

2018

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KAREN YUMI ISHIHARA

CONFORTOS E DESCONFORTOS PERCEBIDOS PELOS

ACOMPANHANTES DE PUÉRPERAS INTERNADAS NA UNIDADE

DO ALOJAMENTO CONJUNTO

Trabalho de Conclusão de Residência

apresentado ao Programa de Residência

em Enfermagem Obstétrica da Escola de

Enfermagem da Universidade de São

Paulo (USP) em parceria com o Hospital

Universitário da USP.

Orientadora: Profª. Drª. Isília Aparecida

Silva

Colaboradoras: Drª. Gilcéria Tochika

Shimoda

Drª. Ilva Marico Mizumoto Aragaki

SÃO PAULO

2018

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Nome: Karen Yumi Ishihara

Título: Confortos e desconfortos percebidos pelos acompanhantes de

puérperas internadas na unidade do alojamento conjunto

Trabalho de conclusão de residência apresentado ao Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São

Paulo, em parceria com o Hospital Universitário da USP

Aprovada em: _____/_____/_____

Banca Examinadora

Orientador: Prof. Dr. _______________________________________________

Instituição:__________________ Assinatura: ___________________________

Prof. Dr._____________________Instituição: ___________________________

Julgamento:___________________Assinatura:__________________________

Prof. Dr._____________________Instituição: ___________________________

Julgamento:___________________Assinatura:__________________________

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, por me dar muita saúde e sabedoria para chegar até aqui.

Às minhas orientadoras, Profª Dra. Isília Aparecida Silva, Enfª Dra. Gilcéria Shimoda

e Enfª Dra. Ilva Aragaki, por todo suporte e dedicação dados à este trabalho.

Ao Prof. Dr. Clóvis Sousa , pela assessoria estatística da pesquisa.

À Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e Hospital Universitário da

Universidade de São Paulo, pelos dois anos de muitas oportunidades e aprendizado,

contribuindo para o meu crescimento profissional.

Às minhas colegas enfermeiras e residentes, que conviveram comigo diariamente, e

mesmo com a rotina exaustiva da residência, compartilhamos momentos incríveis,

dentro e fora do hospital.

Aos acompanhantes das puérperas, pela participação no trabalho, trazendo

informações valiosas para o mesmo.

Aos meus familiares, especialmente meus pais, Marisa Harada Ishihara e Leonardo

Yuji Ishihara, que sempre me incentivaram e estiveram presentes em todas as

etapas da minha vida.

Ao meu namorado Arthur Naoto Yonemura, por ser tão compreensivo e paciente

comigo, que me apoiou e esteve ao meu lado em todas as minhas dificuldades.

E a todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação e do

desenvolvimento deste trabalho.

Muito obrigada!

Karen

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Resumo

A presença do acompanhante de puérperas internadas no Alojamento

Conjunto (AC) traz diversos benefícios às mulheres, principalmente nos âmbitos

psicossocial e emocional. Porém, sua inserção nas instituições hospitalares ainda

enfrenta dificuldades, relacionadas principalmente ao espaço físico e à falta de

preparo da equipe multiprofissional em inclui-los no plano de assistência à mulher e

ao recém-nascido, o que nos leva à preocupação com relação aos desconfortos

gerados a eles, nesse ambiente. O objetivo da pesquisa foi compreender os

elementos geradores de conforto e/ou desconforto aos acompanhantes das

puérperas internadas no AC do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo

(HU-USP) e as suas relações com algumas variáveis de interesse para este estudo,

baseando-se na Teoria do Conforto desenvolvida por Kolcaba. Trata-se de um

estudo observacional quantitativo e complementado por dados qualitativos, realizado

com acompanhantes de puérperas internadas no AC do HU-USP. Os dados foram

coletados, por meio de uma entrevista semiestruturada e aplicação de uma escala

de Likert, com questões relacionadas à percepção de conforto e desconforto nas

dimensões física, ambiental, social e psicoespiritual. A amostra foi constituída por 50

participantes, sendo 38 (76%) deles, o companheiro da paciente, 7 (14%) eram a

mãe e 5 (10%) eram outros, como amiga ou irmã. Os resultados mostraram que os

acompanhantes sentem-se desconfortáveis, principalmente nas dimensões do bem-

estar físico e do ambiente, com destaque para a temperatura dos quartos e

corredores do hospital e a localização dos sanitários disponíveis para eles,

dificultando o atendimento de suas necessidades de higiene e necessidades

fisiológicas. Em contraponto, os relacionamentos interpessoais e o apoio dos

profissionais de saúde foram os principais pontos que lhes trouxeram conforto,

elementos pertencentes às dimensões sociocultural e psicoespiritual, sendo

enfatizado o apoio, a paciência e a atenção dada pela equipe de saúde, fornecendo

informações necessárias, esclarecendo dúvidas e prestando uma ótima assistência

ao binômio mãe-filho. Algumas associações também apresentaram valores

significativos, como a questão da experiência anterior dos acompanhantes, em que

o elemento ‘relacionamento do acompanhante com outras pacientes’ da dimensão

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sociocultural foi melhor avaliado por aqueles que estavam tendo a primeira

experiência como acompanhante em maternidade (82,1% de Muito Bom/Ótimo) do

que aqueles que já tiveram experiências anteriores (45,5% de Muito Bom/Ótimo).

Outra associação estatisticamente significativa observada, foi em relação ao grau de

escolaridade dos acompanhantes. O elemento que apresentou valor significante

(p=0,012) foi a preocupação, pertencente à dimensão psicoespiritual, em que

aqueles com ensino fundamental apresentaram uma frequência bem elevada de

‘Pouco Preocupado/Despreocupado’ (92,9%), do que aqueles com ensino médio e

superior (37,9% e 57,1% respectivamente). O estudo conclui que, para se atingir o

conforto holístico, conforme a Teoria de Kolcaba na qual foi baseado o estudo, todas

as necessidades devem ser atendidas, em todas as dimensões, ambiental, bem

estar físico, sociocultural e psicoespiritual. Embora tenha sido observado o incentivo

da equipe de saúde quanto a inserção do acompanhante na assistência e nos

cuidados com a puérpera e a criança, ainda há elementos que precisam ser

considerados visando um melhor conforto, como proporcionar um descanso

satisfatório e disponibilizar banheiro e chuveiro próximo à unidade aos

acompanhantes.

Palavras chaves: Alojamento Conjunto, Acompanhantes de pacientes, Conforto

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Sumário

1. Introdução 9

1.1. Problematização e descrição do cenário clínico 11

2. Objetivos 12

3. Metodologia 12

3.1. Referencial teórico – a Teoria do Conforto de Kolcaba 12

3.2. Tipo de estudo 14

3.3. Local de estudo 15

3.4. População e amostra 16

3.5 Procedimento de coleta de dados 17

3.6 Tratamento dos dados 18

3.7 Aspectos éticos 18

4. Resultados 20

4.1 Projeto Piloto 20

4.2 Perfil dos acompanhantes das puérperas internadas no AC 21

4.3 Avaliação dos acompanhantes quanto aos elementos que

geram conforto ou desconforto durante a permanência com as

puérperas internadas em AC

24

4.3.1 Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao ambiente

25

4.3.2 Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao bem-estar físico

38

4.3.3 Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao aspecto sociocultural

45

4.3.4 Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao aspecto psicoespiritual

51

4.4 Associação entre a avaliação dos elementos qe geram conforto

ou desconforto pelos acompanhantes e o grau de parentesco com a

puérpera, o tipo de acomodação, experiência anterior como

acompanhante e o grau de escolaridade

56

5. Discussão 78

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6. Conclusões 84

7. Considerações finais 85

8. Referências 87

Apêndice I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 90

Apêndice II – Formulário de Coleta de Dados 92

Anexo I – Carta de Anuência do Hospital Universitário 98

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1. INTRODUÇÃO

Antigamente, por volta do século XV, as mulheres pariam em suas próprias

casas, com assistência de parteiras e familiares. A partir do século XX, a maioria dos

partos passou a ocorrer nos hospitais. Assim sendo, havia a separação da mãe e do

bebê em unidades diferentes, pois acreditava-se que dessa maneira seria reduzido o

risco de contaminação. Com o passar do tempo, estudos mostraram que esta

separação gerava medo e insegurança às mães, além da perda da sua autonomia.

Através de pesquisas e movimentos sociais, iniciou-se um movimento que resultou

em uma proposta de manter mãe e filho juntos na maior parte do tempo de

internação, denominada Rooming-in Unit, com o objetivo de humanizar o nascimento

e incentivar o aleitamento materno.1

Na década de 1990, o sistema de Alojamento Conjunto (AC) foi implantado

nas maternidades dos hospitais do Brasil, com o intuito de, após o nascimento,

manter o recém-nascido (RN) sadio junto com a mãe durante todo o período de

internação até sua alta hospitalar. Desse modo, a mãe pode amamentar o seu filho e

desenvolver os cuidados a ele, ao mesmo tempo em que é cuidada pelos

profissionais da saúde, que atendem às necessidades do binômio mãe-filho.2

O AC é considerado uma estratégia importante para o sucesso do aleitamento

materno, através da amamentação sob livre demanda, evitando que o RN receba

outros tipos de alimento que não o leite materno, além de oferecer às mães e seus

acompanhantes orientações necessárias da equipe de saúde. Além disso, o AC

também proporciona outros benefícios, como a construção do vínculo mãe-bebê, a

inclusão do pai e familiares nesse processo e a participação destes no cuidado ao

RN.1

Segundo a Lei nº 8.080, é obrigação das maternidades do Sistema Único de

Saúde (SUS) manter, às mulheres, o direito da presença de um acompanhante à

sua escolha durante todo o período de trabalho de parto, o parto e o puerpério. Além

disso, os hospitais devem manter, em local visível, informações sobre tal direito. A lei

entrou em vigor em 1990 e foi regulamentada em 2005 pela Lei nº 11.108.3

A partir de então, as maternidades depararam-se com novos desafios: era

necessário o redimensionamento do espaço físico para receber esses novos

integrantes; e também foi preciso preparar a equipe de saúde na inserção do

acompanhante, para que estes criem um vínculo e, conjuntamente, possam

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influenciar de forma positiva e potencializar a assistência no cuidado humanizado ao

binômio mãe-filho.4

Porém, mesmo com a aprovação da lei, sua implementação não ocorreu em

todas as instituições do país. Gestores e profissionais da saúde alegavam falta de

infraestrutura e não reconheciam o acompanhante como fator importante para a

assistência à mulher e como uma fonte de oferta de apoio e segurança, gerando um

processo mais humanizado5. Um estudo desenvolvido em uma maternidade em

Campinas (SP) com o intuito de conhecer as percepções dos profissionais de saúde

sobre a presença do acompanhante mostrou rejeição inicial, preconceito e medo do

que os acompanhantes poderiam questionar em relação à conduta profissional6.

Um estudo publicado em 2014 por Vaz e Pivatto4, que avaliou a opinião das

puérperas com relação à experiência de ter um acompanhante no processo do parto

e puerpério, apresentou resultado bastante positivo, principalmente nos âmbitos

psicossocial e emocional. Mães relataram que, além de os acompanhantes ajudarem

nos cuidados com elas e com o RN, também transmitem segurança e conforto, já

que é um período frequentemente associado a medos e anseios. Dentre as diversas

dificuldades elencadas por elas estão a necessidade de um melhor relacionamento

com a equipe de saúde, a falta de privacidade e o não direito do acompanhante de

passar a noite no AC. Para uma melhor assistência, sugeriram que a equipe

oferecesse maior atenção ao usuário, melhoria na acomodação dos acompanhantes

e a ampliação dos horários de visita.4

A presença do acompanhante também é importante durante o trabalho de

parto e o parto, oferecendo-lhe suporte físico, segurança, apoio e conforto.

Pesquisas mostraram que a participação do acompanhante contribui de forma

positiva em todo esse processo, com a diminuição de complicações e da duração do

trabalho de parto, redução da taxa de cesariana, redução de analgesia intraparto,

incentivo ao aleitamento materno e redução no risco de depressão pós-parto.7,8

Em uma pesquisa descritivo-exploratória, os acompanhantes de pacientes

hospitalizados com doença crônica foram questionados sobre as situações que lhe

trazem conforto e desconforto no hospital. Eles relataram que a boa interação com a

equipe de saúde foi um dos pontos que lhes trouxeram conforto, pois, desta forma,

eles puderam receber apoio e todas as informações necessárias. Outro fator

benéfico citado por eles foi poder permanecer ao lado do paciente durante sua

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internação e acompanhar a sua evolução clínica. Por outro lado, os acompanhantes

relataram como situações geradoras de desconforto no hospital: falta de privacidade

e comodidade, descanso inadequado em cadeiras, mudança nos hábitos e rotinas,

preocupações, odores desagradáveis, e também relacionaram a questão financeira,

já que muitas vezes não puderam exercer sua atividade profissional, resultando em

uma diminuição na renda familiar e causando-lhes angústia. Além disso, a

permanência no hospital acarreta maiores gastos com comunicação, transporte e

alimentação.9

1.1. PROBLEMATIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DO CENÁRIO CLÍNICO

No Brasil, pode-se observar que a permanência do acompanhante nas

maternidades dos hospitais ainda enfrenta dificuldades em relação à estrutura física

e ao acolhimento do paciente e seu familiar pelos profissionais de saúde, gerando

diversos desconfortos.4,5,9

O Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) também

enfrentou muitas dificuldades durante a trajetória até a inserção do acompanhante

24 horas por dia no AC. Em 2002, iniciou-se o direito da presença do acompanhante

no setor materno-infantil, para que pudesse oferecer apoio às mulheres no Centro

Obstétrico (CO). Porém, pela inadequação da estrutura física e a não aceitação da

equipe de saúde, esta prática foi interrompida. Com a regulamentação da Lei 11.108

de 2005, o hospital passou por um período de adequação gradativo quanto à

inserção do acompanhante.8

No AC, a conquista deste direito foi ainda mais difícil e tardia. No início de

2014, o acompanhante tinha o direito de permanecer junto ao binômio diariamente,

porém em horário restrito, das 10 às 19h00, sendo possível disponibilizar apenas

uma poltrona por enfermaria, por falta de espaço físico e número de poltronas

insuficiente para todos os leitos. No ano seguinte, com a redução de leitos na

maternidade (de quatro para três leitos por enfermaria) e compra de poltronas

reclináveis, foi possível disponibilizar uma para cada acompanhante e liberada sua

permanência 24h por dia, durante todo o período de internação da puérpera e do

bebê. Após essa reestruturação da área física, a taxa de acompanhante no AC

elevou-se acentuadamente e, nos dias atuais, mantém uma média de 84,6%.

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Além da adequação do ambiente, houve a necessidade de a equipe de saúde

inserir este novo integrante na assistência e nos cuidados ao binômio, oferecendo-

lhe acomodação, alimentação, orientações, apoio e um bom relacionamento

interpessoal.

Diante deste cenário, mesmo com melhorias perceptíveis no que diz respeito

à presença do acompanhante junto à mãe e ao RN, questiona-se se estes sentem-

se confortáveis durante sua permanência no hospital e que elementos ainda podem

provocar desconforto.

2. OBJETIVOS

1- Caracterizar o perfil dos acompanhantes das puérperas internadas no AC do HU-

USP.

2- Identificar os elementos percebidos pelos acompanhantes das puérperas como

geradores de conforto ou desconforto na unidade do AC.

3- Conhecer a avaliação dos acompanhantes quanto aos elementos que geram

conforto ou desconforto durante a permanência com as puérperas internadas em

AC.

4- Verificar se existe associação entre os elementos que geram conforto ou

desconforto pelos acompanhantes com suas experiências anteriores como

acompanhantes, seu grau de escolaridade, o tipo de acomodação que se

encontram no AC (apartamento ou enfermaria) e o grau de parentesco com a

puérpera.

3. METODOLOGIA

3.1 REFERENCIAL TEÓRICO – A TEORIA DO CONFORTO DE

KOLCABA

Para a avaliação dos elementos geradores de conforto e desconforto pelos

acompanhantes, este estudo foi desenvolvido tomando como base a Teoria de

Kolcaba, desenvolvida em 199110. Para sua utilização, é imprescindível

compreender a definição de conforto e sua origem e entender as relações entre os

conceitos gerais que envolvem a teoria, para elucidar a prática e gerar perguntas de

pesquisa11.

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O conforto, definido por Morse12 (1998, p. 72), é “um estado de bem-estar que

pode ocorrer em qualquer estágio do processo saúde-doença”, podendo ser

temporário, auxiliando o paciente a suportar o sofrimento, ou de longo prazo, quando

o paciente atinge uma condição mais permanente de bem-estar. Para a obtenção do

conforto são necessárias estratégias diretas e indiretas. As diretas, como o próprio

nome diz, estão relacionadas com o toque, a voz e o olhar; já as indiretas são ações

que proporcionam tranquilidade e proteção ao paciente, a fim de minimizar o seu

sofrimento12.

Para Kolcaba10, o conforto é um “estado de bem-estar imediato por ter as

necessidades humanas de alívio, tranquilidade e transcendência atendidas nos

quatro contextos de experiência”. Ao desenvolver sua teoria, Kolcaba cita três

estados de conforto: alívio, tranquilidade e transcendência. O alívio trata-se de

atender as necessidades imediatas e específicas que estão causando desconforto

ao paciente. No segundo tipo, envolve um estado de tranquilidade, satisfação e

contentamento, na qual o paciente busca seu estado de conforto a partir do seu

bem-estar. E a transcendência define-se como a superação dos problemas e do

desconforto quando eles não podem ser evitados. Intervenções com o intuito de

buscar o conforto no estado de transcendência são direcionados a um bom

relacionamento enfermeiro-paciente para a transmissão de apoio, carinho e

compromisso, proporcionando uma melhoria do ambiente. Para que se atinja o

estado de conforto, é necessário que esses três tipos de conforto sejam atendidos.10

Além disso, Kolcaba10 também descreve o conforto em quatro dimensões. O

conforto físico procura atender às necessidades fisiológicas do indivíduo. O

psicoespiritual ou emocional inclui o conforto da consciência interna, como a

autoestima, a sexualidade e a identidade; e também abrange os valores pessoais, o

apoio, a liberdade para tomar decisões, o respeito, o reconhecimento, entre outros.

A dimensão social, posteriormente ampliada para sociocultural, abrange os

relacionamentos interpessoais, familiares e com a sociedade, envolvendo as

finanças, tradições familiares e práticas religiosas. O conforto ambiental pertence a

um contexto externo da experiência humana, incluindo iluminação, barulho, cor e

temperatura. Para que se atinja esse conforto, é necessário um espaço limpo,

seguro e agradável.10,13

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Portanto, os três tipos de conforto ocorrem dentro desses quatro contextos

citados e, se forem combinados entre si, forma-se uma grade bidimensional 3 x 4,

com 12 células no total, chamada de Estrutura Taxonômica do Conforto (Figura 1),

criada por Kolcaba10, e, conjuntamente, representam o conforto holístico. Assim,

cada atributo de conforto pode ser relacionado a uma célula, associando um tipo e

dimensão do conforto. Por serem interdependentes, uma mudança em qualquer

aspecto do conforto gera mudança em toda a estrutura.10,12,14

Fonte: (Kolcaba KY. A taxonomic structure for the concept comfort. Image J Nurs Sch. 1991. 23(4):237-40.)

ESTADO

CONTEXTO Alívio Tranquilidade Transcendência

Físico

Psicoespiritual

Ambiental

Sociocultural

Figura 1. Estrutura Taxonômica do Conforto.

O desconforto, no âmbito hospitalar, deve ser amenizado pela equipe de

enfermagem, proporcionando conforto e bem-estar. As intervenções não devem ser

focadas apenas nos pacientes internados, mas também nos acompanhantes,

oferecendo-lhes apoio emocional e um ambiente agradável e seguro, evitando ao

máximo situações que geram desconforto.9

3.2 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa observacional de natureza quantitativa,

complementada com dados qualitativos.

Uma pesquisa quantitativa geralmente utiliza amostras grandes para que seus

resultados possam ser quantificados e apresentar dados que retratem a realidade de

uma população alvo do estudo, descrevendo as causas de determinado fenômeno,

as relações entre variáveis, entre outros. Para auxiliar na coleta de dados, utilizam-

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se instrumentos padronizados e que sejam neutros, para que os resultados não

sejam influenciados15.

A abordagem quantitativa do estudo também verificou a associação entre a

avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto pelos

acompanhantes das puérperas internadas no AC e algumas variáveis qualitativas,

como o tipo de acomodação na internação, experiência anterior como

acompanhante, grau de escolaridade e tipo de parentesco com a puérpera, através

da realização de testes estatísticos apropriados.

Para enriquecer os resultados da pesquisa, foram coletados e categorizados

dados qualitativos quanto a opinião dos acompanhantes sobre os motivos da

avaliação realizada quanto aos elementos que geram conforto ou desconforto,

complementando assim os dados quantitativos.

3.3 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado na maternidade do HU-USP, denominado Alojamento

Conjunto, situado no quinto andar do hospital. O HU-USP é um hospital de ensino,

público, de nível secundário de complexidade, situado na região oeste da cidade de

São Paulo, que atende a população residente na região do Butantã, bem como a

comunidade da USP. A unidade de AC possui 32 leitos obstétricos, sendo onze

quartos individuais e sete enfermarias com três leitos para o binômio mãe-filho, além

de um quarto individual e uma enfermaria com três leitos destinados a pacientes da

ginecologia. Todos os quartos e enfermarias possuem banheiro próprio, de utilização

exclusiva das pacientes.

O tempo de permanência da puérpera e do RN no AC é de, no mínimo, 60

horas após o parto. Durante este período, é permitido o registro de até dois

acompanhantes, à escolha da paciente, para que possam revezar entre si, podendo

permanecer no hospital durante todo o período de internação do binômio mãe-filho,

até sua alta hospitalar. Nas enfermarias, está disponível, ao lado do leito da

puérpera, uma poltrona reclinável para o seu acompanhante, já os apartamentos

possuem um sofá-cama. Os banheiros dos apartamentos e das enfermarias são de

uso exclusivo às puérperas, para os acompanhantes, o acesso ao banheiro

encontra-se no segundo andar do hospital, não havendo disponibilidade de chuveiro

para o banho. O acompanhante tem direito a café da manhã, almoço e jantar,

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diariamente, no refeitório do hospital, localizado no primeiro andar. Além disso, a

unidade dispõe de dois saguões com cadeiras e uma televisão em cada um.

Todas as informações e orientações para o acompanhante em relação às

rotinas da unidade são realizadas verbalmente e por escrito, assim que a enfermeira

realiza o cadastro do acompanhante no “Sistema de Informação de Pacientes”, no

momento da admissão da puérpera no AC. Além disso, existem cartazes afixados no

hospital e, também, um folder que é entregue no momento da internação da mulher

no HU.

Ainda, é oferecida uma atividade educativa realizada por uma enfermeira

diariamente às 10h00 da manhã, com duração aproximada de 45 minutos, em um

dos saguões do AC. Essa atividade é composta de uma aula expositiva com a

utilização de um álbum seriado, onde são abordados assuntos relacionados aos

cuidados e alimentação da puérpera, cuidados ao RN, aleitamento materno e seus

benefícios, registro do RN no AC, entre outros. Em seguida, é apresentado um vídeo

sobre o banho do RN e o curativo do coto umbilical. Todas as pacientes e seus

acompanhantes que ainda não participaram da atividade são convidados,

independentemente do tipo de acomodação.

3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população desse estudo foram os acompanhantes de puérperas internadas

no AC, cujos RN permaneceram juntos à mãe durante todo o período da internação.

Foram incluídos na pesquisa aqueles acompanhantes que permaneceram a

maior parte da internação junto ao binômio mãe-filho, maiores de 18 anos, que não

possuíssem qualquer déficit cognitivo ou transtorno mental.

O período de coleta de dados foi de setembro a novembro (90 dias). O cálculo

amostral foi feito com base no tamanho da população (para o fator de correção da

população finita ou fcp) (N):480; Frequência % hipotética do fator do resultado na

população (p): 50%+/-5%; Limites de confiança como % de 100 (absoluto+/-%) (d):

5%; e Efeito de desenho (para inquéritos em grupo – EDFF):1, sendo o tamanho da

amostra calculado de 214 acompanhantes, com intervalo de confiança de 95%.

No entanto, devido às dificuldades apresentadas no desenvolvimento do

estudo, a amostra final foi de 50 acompanhantes.

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3.5 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada após, no mínimo, 48 horas de internação da

puérpera no AC, antes da sua alta hospitalar, em qualquer período do dia,

assegurando que, desta forma, os participantes pudessem ter vivenciado as normas

e rotinas do hospital, sendo capazes de identificar e avaliar os elementos que lhes

causaram conforto e/ou desconforto.

Os dados foram coletados pela pesquisadora e uma colaboradora desse

estudo, enfermeira do AC, que foi treinada pela pesquisadora na forma de preencher

o questionário e conduzir a entrevista com os participantes, com o intuito de

padronizar a forma de executar esta etapa.

Inicialmente, para a seleção dos possíveis participantes da pesquisa, foi

realizada uma visita à beira do leito em todos os apartamentos e enfermarias,

perguntando às puérperas que já estavam internadas há pelo menos 48 horas no

AC, se tiveram a presença de um acompanhante na maternidade. Em caso

afirmativo, foi questionado sobre quem passou a maior parte do tempo como seu

acompanhante. Em seguida, a puérpera foi esclarecida em relação à pesquisa e ao

convite que seria feito ao seu acompanhante. Este, quando presente, foi abordado

pela pesquisadora e convidado a participar do estudo, recebendo todas as

orientações quanto à pesquisa.

As entrevistas foram realizadas em uma sala privativa dentro da própria

unidade, de forma a manter sua privacidade e facilitar a comunicação, após

assinarem e estarem de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (Apêndice I), e gravadas com gravador de voz, após o consentimento do

participante.

A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário

semiestruturado (Apêndice II), dividido em duas partes: a primeira refere-se ao

levantamento do perfil do participante do estudo, e a segunda parte é formada por

entrevista semiestruturada, com 24 perguntas no total, relacionadas ao conforto ou

desconforto do acompanhante no hospital, divididas nas quatro dimensões do

conforto de Kolcaba10 – os contextos físico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental.

Dentre estas quatro dimensões, foi solicitado ao acompanhante uma avaliação para

cada elemento gerador de conforto ou desconforto, cujas opções de respostas foram

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18

baseadas na escala de Likert, sendo solicitada sua justificativa, para a indicação do

grau contido na escala, após cada item avaliado.

A duração total para a coleta junto ao participante foi de, aproximadamente,

20 minutos.

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

O conteúdo das entrevistas referentes a cada elemento gerador de conforto

ou desconforto avaliado foi transcrito e organizado em planilha Microsoft Excel,

para categorização das respostas. Também, foi garantido o anonimato de todos os

participantes da pesquisa, com identificação P1, P2, P3 etc., em que a letra “P”

refere-se ao acompanhante e o número, à sequência dos entrevistados.

Sobre o tratamento dos dados quantitativos, estes foram organizados e

analisados pelo programa estatístico SPSS® (Statistical Package for the Social

Sciences) versão 22.0 e apresentados através de tabelas e de forma descritiva. Para

verificar a associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado o Teste Exato de

Fisher, pois mais de 20% das frequências esperadas foram menores que 5, por

causa do número pequeno da amostra, e admitindo-se um erro de primeira espécie

de 5%.

O conteúdo das respostas foram organizados por meio da categorização, com

agrupamento de dados com mesmos sentidos, destacando seus aspectos mais

relevantes e facilitando a análise do material coletado. A classificação foi realizada a

partir de uma analogia ou semelhança, utilizando algum dos critérios a seguir:

semântico, sintático ou léxico16.

3.7 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo seguiu os preceitos éticos de pesquisa com seres humanos,

conforme a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.17

Antes de participar da pesquisa, os acompanhantes foram informados quanto

à proposta do estudo e seu objetivo, podendo esclarecer suas dúvidas e, ao

concordarem em participar, assinaram o TCLE (Apêndice I) em duas vias. Foi

ressaltado também, que a participação era voluntária e todos os dados coletados

seriam mantidos em sigilo, sob responsabilidade da pesquisadora.

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19

Os riscos relacionados à participação da pesquisa referentes a possíveis

constrangimentos durante a entrevista não foram observados de forma aparente. A

fim de minimizá-los, foram garantidos a privacidade, o sigilo e o anonimato dos

participantes. Ainda, tiveram a liberdade de desistir do estudo a qualquer momento,

sem prejuízos na assistência à paciente no serviço. Paticipar do estudo não trouxe

benefícios imediatos à puérpera ou ao acompanhante, porém os resultados

contribuirão futuramente para a melhora da inserção do acompanhante no AC.

O estudo foi submetido e aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e do Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (CEP-HU-USP)

sob o número CAAE: 67851517.0.3001.0076, registro CEP-HU-USP: 1646/17. A

coleta de dados foi iniciada após o recebimento da carta de aprovação do

Coordenador do CEP-HU-USP (Apêndice III).

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20

4. RESULTADOS

4.1. PROJETO PILOTO

Inicialmente, foi realizado um projeto piloto com uma amostra de 14

participantes para a identificação de falhas e de possíveis dificuldades na aplicação

do formulário. O formulário inicial era formado por perguntas semiestruturadas, com

apenas quatro questões norteadoras, cada uma relacionada a uma dimensão do

conforto. Ao final do pré-teste, observou-se que a população em estudo apresentava

dificuldades na compreensão das questões preestabelecidas, devido à sua

complexidade, chegando até mesmo a solicitar sua desistência na participação da

pesquisa. As respostas obtidas eram restritivas e traziam pouquíssimas informações

acerca do que era perguntado, de modo que não se conseguiam elementos que

pudessem permitir o alcance dos objetivos do estudo.

Baseando-se na experiência do projeto piloto e buscando uma melhor

compreensão do objetivo do estudo, foi necessária uma nova estratégia de coleta de

dados. Assim, foi criado um instrumento ilustrativo, contendo todas as questões

ordenadas por dimensão e por elementos geradores de conforto ou desconforto de

Kolcaba10, com as opções de respostas de avaliação do tipo Likert – "(1) Péssimo",

"(2) Ruim", "(3) Bom", "(4) Muito bom" e "(5) Ótimo" para as perguntas de 1 a 22;

Extremamente ansioso”, “(2) Muito ansioso”, “(3) Ansioso”, “(4) Pouco ansioso” e “(5)

Nada ansioso” para a pergunta 23 e “(1) Extremamente preocupado”, “(2) Muito

preocupado”, “(3) Preocupado”, “(4) Pouco preocupado” e “(5) Despreocupado” para

a pergunta 24. Após cada pergunta, foi solicitado ao participante justificar a sua

resposta.

Para o conforto ambiental, foram avaliados: o espaço físico da maternidade, a

iluminação durante o dia e durante a noite, a temperatura durante o dia e durante a

noite, o barulho durante o dia e durante a noite, a limpeza, a segurança, a

privacidade e o ambiente em geral da maternidade. No conforto físico, avaliaram-se

o descanso durante o dia e durante a noite, a poltrona ou o sofá utilizado, as

refeições realizadas no refeitório do hospital e o atendimento das necessidades de

higiene e necessidades fisiológicas. Para o conforto sociocultural, questionou-se

sobre o relacionamento do acompanhante com a paciente, com outras pacientes,

com outros acompanhantes e com os profissionais de saúde, além do conforto com

relação à parte religiosa. E, no conforto psicoespiritual, foram avaliados o apoio

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21

recebido por parte dos profissionais de saúde, o sentimento de ansiedade e

preocupação.

Frente a esta necessidade de readequação do método de coleta de dados e

ao curto período de tempo restante para coleta de dados, não foi possível atingir o

tamanho da amostra inicialmente calculada, totalizando ao final de novembro, uma

amostra de 50 acompanhantes, sendo necessário interromper a etapa da coleta de

dados para a finalização do relatório da pesquisa.

4.2. PERFIL DOS ACOMPANHANTES DAS PUÉRPERAS

INTERNADAS NO AC

A Tabela 1 apresenta os dados de caracterização dos participantes.

A faixa etária foi de 18 a 79 anos, com uma média de 32,46 anos (dp =

12,799).

Em relação ao tipo de acompanhante entrevistado, 38 (76%) eram o

companheiro da paciente, 7 (14%) eram a mãe e 5 (10%) eram outros, como amiga

ou irmã. Quanto ao estado civil dos 38 (100%) companheiros, 8 (21%) eram

casados, enquanto 30 (79%) conviviam em união estável.

No que se refere à escolaridade, 7 (14%) dos acompanhantes possuíam

ensino fundamental incompleto, 7 (14%) completaram o ensino fundamental, 9

(18%) possuíam ensino médio incompleto, 20 (40%) concluíram o ensino médio, 4

(8%) tinham o ensino superior incompleto, e apenas 3 (6%), o superior completo.

Quanto ao tipo de acomodação em que as puérperas estavam internadas, 41

(82%) encontravam-se alojados na enfermaria e somente 9 (18%) ficaram em

quartos individuais.

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22

Tabela 1. Dados sociodemográficos e de caracterização dos acompanhantes

do AC do HU-USP. São Paulo, 2017.

Variáveis n %

Tipo de acompanhante Companheiro 38 76,0

Mãe 7 14,0

Outro 5 10,0

Total 50 100,0

Estado civil Casado 8 16,0

União estável 30 60,0

Não se aplica 12 24,0

Total 50 100,0

Escolaridade Fundamental

incompleto 7 14,0

Fundamental completo 7 14,0

Médio incompleto 9 18,0

Médio completo 20 40,0

Superior incompleto 4 8,0

Superior completo 3 6,0

Total 50 100,0

Tipo de acomodação Enfermaria 41 82,0

Quarto 9 18,0

Total 50 100,0

Experiência anterior

como acompanhante

Não 39 78,0

Sim 11 22,0

Total 50 100,0

A grande maioria dos acompanhantes nunca teve experiência anterior como

acompanhante em maternidade, totalizando 39 (78%) acompanhantes que estavam

tendo essa experiência pela primeira vez, enquanto que 11 (22%) já estiveram em

maternidade acompanhando familiar outras vezes. Destes 11 (100%), 8 (72,7%)

eram os companheiros, 2 (18,2%) eram as mães e em apenas 1 (9,1%) caso era a

irmã. Além disso, destes acompanhantes, 6 (54%) tiveram experiências anteriores

no mesmo hospital em que se encontravam, ou seja, o HU-USP, como mostra a

Tabela 2. Nesta tabela, observa-se que a presença de acompanhante nas

maternidades é recente, mais frequente a partir de 2010.

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Tabela 2. Ano e local da experiência anterior como acompanhante de

maternidade. São Paulo, 2017.

Ano e local – experiência anterior como

acompanhante n %

2005 - HU 1 9,1

2010 - Hospital Sarah 1 9,1

2011 - Hospital Nipo-Brasileiro 1 9,1

2012 - Hospital Sarah 1 9,1

2012 - HU 1 9,1

2013 - Santa Casa de Santo Amaro 1 9,1

2014 - HU 2 18,1

2015 - HU 1 9,1

2016 - Hospital Pirajussara 1 9,1

2016 - HU 1 9,1

Total 11 100,0

Os acompanhantes apresentaram ocupações bastante distintas, que foram

agrupadas de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)18. Assim, 5 (10%) acompanhantes

relataram ter ocupações administrativas, 4 (8%) ocupações técnicas, científicas,

artísticas e assembleias, 6 (12%) ocupações das indústrias, de transformação e

construção civil; 9 (18%) ocupações do comércio e atividades auxiliares; 4 (8%)

ocupações voltadas aos transportes e comunicações; 10 (20%) ocupações da

prestação de serviços e 12 (24%) outras ocupações, conforme apresentado na

Tabela 3.

Tabela 3. Ocupação dos acompanhantes da maternidade do HU-USP, segundo

a Classificação Brasileira de Ocupações do IBGE. São Paulo, 2017.

Ocupação n %

Ocupações administrativas 5 10,0

Ocupações técnicas, científicas, artísticas e

assembléias

4 8,0

Ocupações das Indústrias de transformação e

construção civil

6 12,0

Ocupações do comércio e atividades auxiliares 9 18,0

Ocupações dos transportes e comunicações 4 8,0

Ocupações da prestação de serviços 10 20,0

Outras ocupações, ocupações mal definidas ou

não declaradas

12 24,0

Total 50 100,0

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4.3. AVALIAÇÃO DOS ACOMPANHANTES QUANTO AOS

ELEMENTOS QUE GERAM CONFORTO OU DESCONFORTO DURANTE A

PERMANÊNCIA COM AS PUÉRPERAS INTERNADAS EM AC

Após a etapa de dados sociodemográficos e de caracterização, deu-se início

à segunda parte da coleta de dados por meio do instrumento ilustrativo, buscando

identificar e compreender elementos que geram conforto ou desconforto aos

acompanhantes. A Tabela 4 apresenta as notas mínima e máxima de cada elemento

avaliado pelos acompanhantes, bem como a média e o desvio-padrão.

Podemos observar que todos os elementos receberam, ao menos uma vez,

sua nota máxima 5 (Ótimo), porém, nem todos tiveram a indicação de nota mínima 1

(Péssimo). Baseando-se nas médias, as variáveis melhor avaliadas foram

“Relacionamento com a paciente”, com média de 4,74, que diz respeito ao

relacionamento entre o acompanhante e a paciente durante a internação na

maternidade, “Relacionamento com outras pacientes” também com média de 4,74, e

“Apoio dos profissionais de saúde” com média de 4,48. Por outro lado,

“Higiene/necessidades fisiológicas”, “Ansiedade” e “Temperatura – Noite” foram os

três itens com menores médias de avaliação, com médias 3,0, 3,20 e 3,38

respectivamente.

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Tabela 4. Avaliações mínima, máxima, média e desvio-padrão das variáveis

avaliadas pelos acompanhantes da maternidade do HU-USP. São Paulo, 2017.

Variáveis n Mínimo* Máximo* Média Desvio-padrão

Espaço físico 50 2 5 3,74 0,8992

Iluminação – Dia 50 3 5 3,86 0,9037

Iluminação – Noite 50 2 5 3,66 1,0224

Temperatura – Dia 50 1 5 3,62 1,0476

Temperatura – Noite 50 2 5 3,38 1,0079

Barulho – Dia 50 3 5 3,98 0,8919

Barulho – Noite 50 1 5 4,28 0,9485

Limpeza 50 1 5 4,18 1,0437

Segurança 50 2 5 4,32 0,9134

Privacidade 50 1 5 3,66 1,2056

Ambiente em geral 50 3 5 4,28 0,8091

Descanso – Dia 50 1 5 3,66 1,1886

Descanso – Noite 50 1 5 3,5 1,2495

Poltrona/sofá 50 1 5 3,42 1,1968

Refeições 50 2 5 4,22 0,975

Higiene/necessidades fisiológicas 50 1 5 3,0 1,3401

Relacionamento com paciente 50 3 5 4,74 0,5646

Relacionamento com outras pacientes 50 2 5 4,74 0,8806

Relacionamento com outros acompanhantes

50 2 5 4,1 0,953

Relacionamento com profissionais de saúde

50 2 5 4,44 0,8609

Religião 50 2 5 4,18 1,024

Apoio dos profissionais de saúde 50 2 5 4,48 0,9089

Ansiedade** 50 1 5 3,2 1,1952

Preocupação*** 50 1 5 3,66 1,2224

* 1 = Péssimo; 2 = Ruim; 3 = Bom; 4 = Muito bom; 5 = Ótimo **1 = Extremamente ansioso; 2 = Muito ansioso; 3 = Ansioso; 4 = Pouco ansioso; 5 = Nada ansioso ***1 = Extremamente preocupado; 2 = Muito preocupado; 3 = Preocupado; 4 = Pouco preocupado; 5= Despreocupado

Apresentaremos a seguir as avaliações realizadas para cada item, dentro das

quatro dimensões de conforto citadas por Kolcaba10 com as suas frequências

absolutas e relativas para cada variável, seguidas das justificativas dadas pelos

acompanhantes para cada elemento avaliado.

4.3.1. Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em relação ao

ambiente

Ao analisar a Tabela 5, que se refere ao conforto ambiental, podemos

observar que em todos os itens as avaliações dadas com maior frequência foram

Bom, Muito bom e Ótimo.

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26

A temperatura durante a noite e a privacidade foram os aspectos que mais

apresentaram frequência de Péssimo e/ou Ruim.

Tabela 5. Frequências absoluta e relativa da percepção do conforto e

desconforto dos acompanhantes da maternidade do HU-USP em relação ao

ambiente. São Paulo, 2017. (continua) Variáveis Avaliação n %

Espaço físico Ruim 2 4,0

Bom 22 44,0

Muito bom 13 26,0

Ótimo 13 26,0

Total 50 100,0

Iluminação – Dia Bom 24 48,0

Muito bom 9 18,0

Ótimo 17 34,0

Total 50 100,0

Iluminação – Noite Ruim 6 12,0

Bom 19 38,0

Muito bom 11 22,0

Ótimo 14 28,0

Total 50 100,0

Temperatura – Dia Péssimo 1 2,0

Ruim 4 8,0

Bom 22 44,0

Muito bom 9 18,0

Ótimo 14 28,0

Total 50 100,0

Temperatura – Noite Ruim 10 20,0

Bom 20 40,0

Muito bom 11 22,0

Ótimo 9 18,0

Total 50 100,0

Barulho – Dia Bom 17 34,0

Muito bom 15 30,0

Ótimo 18 36,0

Total 50 100,0

Barulho – Noite Péssimo 1 2,0

Bom 11 22,0

Muito bom 10 20,0

Ótimo 28 56,0

Total 50 100,0

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Tabela 5. Frequências absoluta e relativa da percepção do conforto e

desconforto dos acompanhantes da maternidade do HU-USP em relação ao

ambiente. São Paulo, 2017. (continuação) Variáveis Avaliação n %

Limpeza Péssimo 1 2,0

Ruim 3 6,0

Bom 8 16,0

Muito bom 12 24,0

Ótimo 26 52,0

Total 50 100,0

Segurança Ruim 2 4,0

Bom 9 18,0

Muito bom 10 20,0

Ótimo 29 58,0

Total 50 100,0

Privacidade Péssimo 2 4,0

Ruim 7 14,0

Bom 14 28,0

Muito bom 10 20,0

Ótimo 17 34,0

Total 50 100,0

Ambiente em geral Bom 11 22,0

Muito bom 14 28,0

Ótimo 25 50,0

Total 50 100,0

Como é possível observar, a dimensão do ambiente foi avaliada por meio de

vários elementos: o espaço físico, a iluminação, a temperatura, o barulho, a limpeza,

a segurança, a privacidade e o ambiente de uma forma geral. A classificação

apontada pelos acompanhantes para cada um desses quesitos foi complementada

por uma justificativa que buscava esclarecer melhor a avaliação feita. As

justificativas dos acompanhantes foram ilustradas com algumas de suas falas

apresentadas para cada classificação.

Elemento espaço físico

O quesito Espaço físico foi avaliado como Ruim por apenas 2 (4%) dos

acompanhantes. A justificativa apresentada para essa avaliação centrou-se no

espaço e especialmente na distribuição e organização do mobiliário do quarto, que

dificultou a mobilidade de seus ocupantes:

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“Ali você não tem liberdade pra nada, o espaço em si mesmo né, ela pegou justamente aquele canto de lá, que ali se eu me mexo, eu me bato na cama, passamos o bercinho pro meu lado justamente pra facilitar pra ela, pra eu pegar a bebê, dar pra ela. Até o quarto ele é grande, mas não é bem distribuído.” (P13)

A maioria, 22 (44%) dos acompanhantes avaliou o espaço físico como Bom,

justificando que a acomodação onde estava era ampla, proporcionando livre

movimentação (P04), ou ainda, que o espaço não era considerado como ideal, mas

ainda assim era Bom (P09):

“Porque tem um espaço suficiente para o que a gente precisa fazer, e assim, sem deixar desconforto, tipo, atrapalhar pra movimentar o bebê, então é bom.” (P04) “O espaço pra transitar eu acho que é pequeno, achei pequeno, só isso, eu achei bom. O quarto podia ser um pouco maior, mas também não é nada demais.” (P09)

O espaço físico também recebeu avaliação de 13 (26%) acompanhantes em

cada uma das classificações Muito bom e Ótimo, cujas justificativas centraram-se,

assim como na classificação Bom, na sua amplitude e facilidade de transitar pela

unidade:

“Porque é tudo bem amplo, né, tudo tem espaço, nada muito apertado, é aconchegante.” (P07) “Aqui é fácil de andar, é muito amplo, você não fica esbarrando em tudo.” (P26)

Elemento iluminação durante o dia

Quanto ao quesito Iluminação durante o dia, a classificação que apareceu

com maior frequência foi Bom, avaliado por 24 (48%) dos acompanhantes. As

justificativas referidas por eles foi referente tanto à boa iluminação dentro dos

quartos como à iluminação natural proporcionada pelas amplas janelas nos quartos:

“Luminosidade boa pra ler, pra caminhar, pra tirar dúvidas de alguma coisa que tá escrito na parede, algum recado, acho boa a iluminação.” (P49)

“De dia tem as janelas que são grandes, então tem bastante iluminação fica sempre claro os quartos.” (P35)

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Ainda, foi referido que, devido às venezianas quebradas, havia claridade em

excesso no quarto, incomodando o bebê, porém, ainda assim, foi avaliado como

Bom:

“Por causa do bebê... Eu até falei com a minha mulher, será que a gente pode fechar um pouco as janelas, por causa da iluminação de fora pra dentro, por causa do olho da bebê que é muito difícil de abrir, e pra quando ela abrir não dar de cara com aquela claridão. Eu tentei fechar as venezianas, mas não consegui, estavam quebradas.” (P23)

A Iluminação durante o dia também recebeu 9 (18%) e 17 (34%) avaliações

Muito bom e Ótimo, respectivamente, com justificativas semelhantes àqueles que

avaliaram como Bom, referindo a boa iluminação e a iluminação natural através das

janelas:

“O ambiente fica bom pra gente cuidar das crianças, não é aquele ambiente escuro, por conta da janela, não é muito claro né, não atrapalha as crianças.” (P43)

“Não tem o que reclamar não, é ótimo, fica tudo muito claro, as luzes ficam acesas o dia todo.” (P40)

Elemento Iluminação durante a noite

A iluminação no período da noite recebeu 6 (12%) avaliações Ruim, sendo as

justificativas referentes à claridade em excesso, chegando a incomodar não só o

acompanhante, mas também a paciente, o bebê e outras pessoas da enfermaria, ou

ao fato das luzes de cabeceira não estarem funcionando, o que permitiria restringir a

iluminação para o leito individual:

“As luzes seriam muito forte. A noite uma mãe precisa trocar o bebê e ao outra não, aí acontece de uma acender a luz e pegar no quarto inteiro, então acho que isso pode atrapalhar, até mesmo a mãe que tá ali em recuperação e o bebê.” (P46)

“No caso das iluminarias de cabeceira, só uma no quarto funciona, então a noite pra dormir, a gente apaga as do teto, e fica uma só. Essa noite mesmo, pra trocar lá, como tava todo mundo dormindo, nós ficamos com a lanterna do celular pra trocar ela, pra limpar bem, que ela tinha feito o “2” né. Então deixa um pouquinho ali a desejar.” (P13)

Assim como durante o dia, a Iluminação durante a noite também recebeu

mais avaliações Bom, totalizando 19 (38%). Os acompanhantes justificaram sua

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avaliação dizendo não ter tido problemas com a iluminação e ter bom funcionamento

das lâmpadas:

“A noite no quarto todas as luzes ficou funcionando normalmente também, ficou ligado pra amamentar o bebê durante a noite, funcionando também corretamente, as luzes do corredor também tinha luzes ligadas.” (P22)

Porém, apesar das avaliações acima, na categoria Bom, outros

acompanhantes apresentaram algumas queixas, como pouca iluminação nos

quartos, claridade em excesso incomodando a visão, e também a falta de

funcionamento das lâmpadas de cabeceira:

“Acho que poderia ser mais iluminado, mais fácil pra ver as coisas.”

(P09)

“Eu tô aqui faz 4 dias, aí a gente combinou lá de apagar a luz, 22h00 a gente apaga e fica lá. Aí quem acende é só as enfermeiras, né. Aí bate aquele clarão, chega a doer o olho, rs, incomoda.” (P02) “Eu usei a luz do banheiro pra não ficar forte pra bebê. Eu fui ligar uma luzinha que tem fraquinha que tem atrás da cama, mas só funcionava a luz forte, então eu preferi deixar ela desligada e usei a do banheiro e desliguei a do quarto.” (P23)

Ainda, 11 (22%) acompanhantes classificaram como Muito bom, e 14 (28%)

classificaram como Ótimo, e suas justificativas também se basearam no bom

funcionamento das lâmpadas dos quartos, náo apresentando problemas com a

iluminação durante a noite:

“Porque a noite, você pode controlar, pode deixar acesa, pode deixar apagada, ou as lâmpadas que ficam em cima das camas, aí apaga as de cima e acendem essas, aí não incomodam nem o bebê e nem quem tá descansando. (P48) “Sempre tá tudo funcionando quando a gente precisa, os equipamentos também funcionando, os interruptores, luzes você não vê nenhuma queimada, tanto individual como grupo, tá ótima.” (P49)

Elemento temperatura durante o dia

A avaliação da temperatura apresentou variações devido ao período da

coleta de dados, que se estendeu durante as estações do inverno e da primavera. A

temperatura durante o dia recebeu 1 (2%) avaliação Péssimo e 4 (8%) avaliações

Ruim, e as justificativas para essas avaliações variaram entre sensações de calor e

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frio. Enquanto alguns justificaram sua avaliação referindo muito calor e com pouca

ventilação, outros acharam a unidade gelada, necessitando de um sistema melhor

de aquecimento no hospital:

“Precisa de mais ventilação no quarto né, pelo menos um ar condicionado ou um ventilador dentro do quarto né, que é muito quente, não entra quase ventilação, é muito abafado, principalmente no calor, no verão é muito quente né?” (P39) “Acho que no inverno é frio, achei frio, talvez pudesse ter um sistema melhor de calefação.” (P09)

Foram 22 (44%) acompanhantes que classificaram como Bom, e desses 22,

17 (77,3%) disseram que a temperatura estava agradável, com boa ventilação, e que

não sentiram nem calor e nem frio, ou, ainda, citaram o aquecedor como fator

importante para manter a temperatura do quarto boa:

“Não é calor e nem frio, é uma temperatura boa.” (P50) “No caso que a gente tá no inverno né, então eu sinto muito vento no quarto, tanto que eu tento manter a porta fechada por causa do vento. Então eu não posso colocar “ruim”, porque tem o aquecedor, então vou colocar “bom”. (P04)

Ainda, mesmo avaliando a temperatura como boa, alguns participantes

sentiram frio e, outros, calor:

“Eu achei gelado, sinceramente, no quarto.” (P08) “Acho que é bom porque tem as janelas né, só que acho que faz um pouco de calor.” (P29)

Este item foi classificado como Muito bom por 9 (18%) participantes, e 14

(28%) Ótimo. As justificativas dadas por eles centraram-se no fato da temperatura

dos quartos estarem agradáveis, sem queixas de calor ou frio, além de citarem a

presença do aquecedor como um fator essencial para manter a temperatura dos

quartos estáveis durante o dia:

“Fica na temperatura ambiente ideal, não fica nem muito frio, nem muito quente.” (P32) “Eu achei boa, ainda mais fica ligado o aquecedor né, tá excelente dentro do quarto, então muito bom.” (P06)

Elemento temperatura durante a noite

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Quanto ao quesito Temperatura durante a noite, também foram apresentadas

justificativas variadas em relação à sensação de calor e frio devido ao período de

coleta da pesquisa. Para este item, não houve avaliação péssima, mas 10 (20%)

pessoas acharam a temperatura Ruim, com justificativas tanto de sensação de frio,

com presença de vento advinda das janelas, como de calor, com pouca ventilação

devido às janelas fechadas dos quartos:

“Um pouquinho abafado, por causa dos bebês algumas mães não deixam abrir um pouquinho a janela, por mais que tenha a tela, elas preferem que feche tudo pra não entrar ar gelado.” (P34) “A noite é frio, parece que tá na rua. Tudo gelado, a poltrona também é gelada, você não tem coberta, só com a roupa do corpo. Você deita lá, do jeito que fica lá, ficou.” (P02)

As avaliações com relação à Temperatura durante a noite, assim como

durante o dia, também apresentaram maior frequência de classificações Bom,

totalizando 20 (40%). As justificativas também não foram diferentes, mencionando o

conforto com relação à temperatura da unidade, citando, também, a importância da

presença do aquecedor nos quartos, mantendo uma temperatura agradável:

“Tava bom porque nem tava quente, nem tava frio, nem precisava cobrir, a temperatura daqui é boa.” (P19) “É bom porque tem o aquecedor, até que dá pra ajudar, não é ruim não.” (P15)

Além dessas justificativas, ainda foram citadas sensações de calor, devido às

janelas dos quartos ficarem fechadas ou, ao contrário, sensações de frio devido a

entrada de vento através das portas e janelas, demonstrando preocupação,

principalmente com o bebê:

“Poderia ser mais arejado, porque é um calor miserável aquele quarto ali. Mas daí eu entendo também, por causa dos nenês né? Mas é bom, poderia ser melhor, um pouco mais fresquinho.” (P41) “Porque dependendo do bebê, ele precisa tá bem aquecido né, porque eles são mais sensíveis né. Aí também eu acho que deixam a desejar, que nem as pessoas entram pra dar a refeição, deixa a porta aberta entendeu? O pessoal da limpeza também deixa a porta aberta. Eu acho que deve mais ter o bom senso de fechar a porta né.” (P10)

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A temperatura durante a noite foi avaliada por 11 (22%) e 9 (18%)

acompanhantes como Muito bom e Ótimo, respectivamente, os quais também

deram justificativas relacionadas à temperatura do ambiente agradável ou à

importância do uso de aquecedor:

“Por causa do aquecedor, tá muito bom, então não tive nenhum desconforto como acompanhante.” (P04) “Fica na temperatura ambiente ideal, não fica nem muito frio, nem muito quente.” (P32)

Elemento barulho durante o dia

Com relação ao Barulho durante o dia, as avaliações foram bem distribuídas e

não houve resultados Ruim ou Péssimo. Foram 17 (34%) avaliações Bom, 15

(30%) Muito bom e 18 (36%) classificações Ótimo. Apesar das diferentes

avaliações, as justificativas apresentadas pelos acompanhantes foram bastante

semelhantes, referindo que quase não se ouviu barulho no hospital, ou se houve

algum ruído não o incomodou ou, ainda, citaram o choro dos bebês como o único

barulho, mas totalmente compreensível por estarem alojados em uma maternidade:

“Eu não senti barulho, tudo ótimo, os funcionários falam tudo baixinho, tudo organizadinho, não incomoda a gente.” (P33) “Sem barulho, um silêncio, tem nenhuma reclamação.” (P08) “Tem a questão dos bebês que choram, que é normal, mas é bom, aqui não é tão barulhento, é silencioso, e sempre na medida do possível né, só os bebês mesmo chorando.” (P35)

Porém, houve uma queixa de ruído no hospital durante o dia, causando

incômodo não só ao acompanhante, mas especialmente ao bebê, classificando este

item apenas como Bom:

“Como é dia e os residentes geralmente entram de manhã né, e algumas vezes não só a minha filha, mas o filho da minha colega de quarto também, ele ta dormindo e qualquer coisa faz barulho né, o residente faz barulho, a mãe faz barulho, aí acaba assustando o bebê. A minha por exemplo, ela já se assustou várias vezes, com o barulho assim. Mas isso é normal.” (P47)

Elemento barulho durante a noite

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Na avaliação do Barulho durante a noite, apenas 1 (2%) acompanhante

classificou como Péssimo, fazendo crítica ao fato dos profissionais acordarem o

bebê durante a noite, fazendo-o chorar e incomodando as pessoas da enfermaria:

“Porque quando a pessoa tá dormindo, acho que não precisaria acender a luz, tirar a roupinha do bebê de madrugada, eu acho um pouquinho desumano tanto pra mãe, pro acompanhante e principalmente pro bebê. Porque daí ele chora, acorda os outros. [...] É meio difícil, principalmente o acompanhante, porque ele não dorme, pelo menos no meu caso, ele dá aquela cochilada boa, mas no primeiro barulhinho ele já tá alerta pra ver se não é com a paciente.” (P13)

Foram totalizadas 11 (22%) classificações Bom, 10 (20%) Muito bom e 28

(56%) avaliações Ótimo. Apesar das diferentes classificações, as justificativas

dadas pelos acompanhantes foram bastante semelhantes, a ausência de barulho ou

ruídos pequenos e não incômodos, ou sobre o choro dos bebês ser o único barulho

relatado no período noturno:

“Durante a noite é um silêncio. Em vista do dia e pelo fato de ter bem menos gente trabalhando do que o período da tarde, então a noite é ótimo, não tem barulho nenhum.” (P18)

“Não tem barulho, a não ser os bebezinhos chorando.” (P17)

Ainda, foram relatados por alguns acompanhantes, embora tenham

classificado como Bom, a presença de barulho externo excessivo, incomodando as

pessoas dentro do hospital:

“A noite o barulho também é muito bom, tirando o pancadão... Tem um pancadão aí na rua, não sei por onde, domingo a noite esse povo aumentava o som, tem que chamar a polícia, nossa! Mas aqui na maternidade é muito bom, o problema é na rua, que o barulho chega até aqui.” (P46)

Elemento limpeza

A limpeza foi avaliada por 1 (2%) acompanhante como Péssimo, e 3 (6%) como

Ruim. A justificativa referida por eles é relacionada à necessidade de melhorar a

higienização da unidade, tanto em sua frequência como na qualidade:

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“Aquele banheiro eu nunca vi ele ser lavado nesses dias que eu estou aqui, sai um cheiro tao ruim de la, um cheiro de mofo uma coisa assim, nojenta. Agora no paninho, não sinto cheiro de desinfetante [...].” (P13)

“Quando eu cheguei tinha algumas coisas no chão, tinha um

talher debaixo dos móveis, alguns eu joguei fora. Os banheiros não têm pano pra secar os pés, no caso, se tá molhado você pode escorregar.” (P22)

Para a classificação Bom, a frequência foi de 8 (16%) acompanhantes, alguns

relataram uma limpeza adequada, falando que os quartos estavam sempre limpos,

enquanto outros, apesar de avaliarem como Bom, referiram ainda que é necessário

realizar a higienização da maternidade com maior frequência e mais rigorosa:

“Toda hora elas passam, limpam, perguntam se tá precisando de alguma coisa.” (P06) “Eu achei que faltou elas fazer algumas coisas, no tempo que a gente tava, limpar o banheiro mais vezes ao dia, higienizar ali onde a gente pega água, o chão principalmente, faltou um pouco.” (P36)

Foram 12 (24%) acompanhantes que classificaram como Muito bom, e

referiram estar satisfeitos com a limpeza da unidade, porém alguns acrescentaram

que houve demora na limpeza do local, mas que não influenciou na sua avaliação:

“Acho que tá adequado assim pra uma maternidade. Às vezes acho que o pessoal demora um pouco pra limpar.” (P09)

No quesito Limpeza, foram 26 (52%) acompanhantes que acharam Ótimo, e

referiram que a equipe da limpeza estava sempre presente e realizava a higiene da

unidade adequadamente e com frequência:

“Super limpo, nunca tem nada sujo, sempre a mulher tá vindo, limpando, organizando, prestando atenção se tem alguma coisa suja.” (P03) “Porque as mulheres são muito atenciosas, você vê em cada canto, elas trabalhando, sempre limpando, nunca deixando sujo, ótimo.” (P11)

Elemento segurança

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No que diz respeito à Segurança, 2 (4%) acompanhantes avaliaram como

Ruim, referindo falha na quantidade de seguranças ou no controle do acesso dos

acompanhantes, como dizem as falas abaixo:

“Eles não pedem documento. Desculpa, se eu chegar lá embaixo e falar assim, hoje mesmo eu falei "sou acompanhante da E...", falei o nome completo e falei o quarto. [...] Ninguém pediu documento, entendeu? Então eu acho que tá falho dos dois lados.” (P01) “Que segurança? Não tem segurança, devia ter mais segurança, pelo menos uns dois seguranças pra tomar conta aqui das entradas da maternidade.” (P31)

Além disso, 9 (18%) acompanhantes classificaram como Bom, 10 (20%)

Muito Bom e 29 (58%) acharam Ótimo, e a justificativa dada por eles foi que os

seguranças exerceram sua função adequadamente, estão sempre presentes ou

exigem a presença do crachá aos acompanhantes o tempo todo:

“Todos os lugares onde eu andei, tem segurança em todo lugar, na entrada e saída, o controle é bem grande né? Tem controle e isso aí é necessário.” (P39) “Sempre me perguntavam do crachá, no refeitório não entra sem crachá, eles sempre perguntam quem é, pra onde vai, com quem está, pra saber quem sou eu, eu acho muito bom.” (P26)

Elemento privacidade

Quanto à privacidade dos acompanhantes na unidade do AC, 2 (4%)

acompanhantes avaliaram como Péssimo e 7 (14%) avaliaram como Ruim. As

justificativas citadas por eles foi a necessidade de se retirar do quarto para que

outras pacientes da enfermaria sejam examinadas, sentindo-se incomodado

principalmente à noite, durante o sono. Também, alguns companheiros que estavam

acompanhando suas esposas salientaram o constrangimento de estar próximo das

outras puérperas no momento da amamentação, reconhecendo que a presença

masculina pode ser constrangedora e interferente na privacidade delas:

“Isso é um pouco ruim né, principalmente pra quem tá de acompanhante, tem que levantar várias vezes de madrugada, alguém te chama pra você sair. Isso daí é um pouco incômodo.” (P07)

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“Porque eu tô no quarto com mulheres né, e elas muitas vezes amamenta e eu como homem, é meio constrangedor pra elas né?” (P43)

E ainda, 14 (28%) classificações somaram o resultado Bom. As justificativas

referidas por grande parte dos acompanhantes foi que acreditaram ter uma boa

privacidade, sabendo respeitar o espaço do outro, ou que estar em um quarto

individual foi um fator importante para assegurar a sua privacidade:

“Eu particularmente, não me incomodo, se você souber conviver com as outras pessoas ali no ambiente, se torna um ambiente bom né, respeitar a posição do outro, o espaço.” (P36) “Apartamento é bem mais privado.” (P44)

Ao contrário, alguns acompanhantes relataram falta de privacidade por estar

dividindo a enfermaria com outras pessoas, mesmo avaliando como Bom:

“Porque assim, você não tem muita privacidade, porque você tá dividindo o quarto.” (P11)

Foram 10 (20%) avaliações Muito bom e 17 (34%) Ótimo. As justificativas dadas

nas duas classificações foram semelhantes, referindo que tiveram privacidade e não

se importaram em estar no mesmo quarto que outras pacientes e acompanhantes,

ou que o quarto individual foi indispensável para sentir que tinha privacidade:

“Eu tenho minha privacidade, a paciente tem a dela, tá ótimo, não interferiu em nada não.” (P42) “No caso eu estou ótimo, porque tem um quarto só pra mim e minha esposa, então assim, não tive que passar nenhum problema que tivesse que, por exemplo, trocar a minha esposa ou fazer alguma coisa com uma pessoa.” (P04)

Embora tivessem mencionado a percepção de ter privacidade e ter avaliado

como Ótimo, foi comentado sobre a sensação de constrangimento durante a

amamentação na enfermaria, interferindo na privacidade não só do acompanhante,

como também da puérpera:

“Porque não tem como ter privacidade, é as mulher que vai ter que dar mamar, a gente só fica constrangido quando tem muitas mulher dando mamar, outro marido pode pensar alguma coisa, mas pra mim tá ótimo, tá tranquilo.” (P45)

Elemento ambiente em geral

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Quando questionado aos participantes sobre o Ambiente em geral, nenhum

deles respondeu Ruim ou Péssimo, 11 (22%) acompanhantes atribuíram o conceito

Bom, 14 (28%) indicaram a classificação Muito bom e 25 (50%) avaliaram como

Ótimo. Embora os conceitos fossem distintos, observamos que as justificativas

apresentadas foram semelhantes, em geral os acompanhantes elogiaram o

ambiente agradável oferecido pela unidade e, também, comentaram sobre o bom

atendimento da equipe de saúde:

“Porque é um ambiente agradável né, de maternidade mesmo assim, não tem nenhum barulho, nenhuma bagunça, o pessoal dá uma atenção.” (P07) “Muito organizado, limpo, profissional, adequado pra receber uma criança no mundo e cuidar duma gestante em perfeitas condições.” (P26)

Alguns justificaram que, apesar de o ambiente ser bom, não é o ideal,

deixando claro que ele ainda pode ser melhorado:

“Acho que é muito monocromático ainda, acho que podia ter uma cara de alegria, de vida chegando.” (P09) “Eu achei o ambiente limpo, bem limpo, só acho que deveria ter uma reformas, questão de janela, o teto, algumas coisas assim que eu acho que deveria ter.” (P10)

4.3.2. Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao bem-estar físico

Com relação à dimensão do bem-estar físico foram avaliados os seguintes

itens: o descanso, referente ao período diurno e noturno, a poltrona/sofá utilizado

pelos acompanhantes, as refeições realizadas no refeitório do hospital e o

atendimento das necessidades de higiene e necessidades fisiológicas.

Na Tabela 6 estão dispostos os itens que dizem respeito ao bem-estar físico

do acompanhante na maternidade. Esta foi a dimensão que mais apresentou notas

Péssimo e Ruim, com destaque para o item “Higiene e necessidades fisiológicas”

que obteve 7 (14%) avaliações Péssimo e 12 (24%) Ruim, totalizando 38%

avaliações negativas.

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As refeições realizadas no refeitório do hospital foi o único quesito que

apresentou apenas 3 (6%) avaliações Ruim, e a grande maioria 27 (54%) avaliou

como Ótimo.

Tabela 6. Frequências absoluta e relativa da percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes da maternidade do HU-USP em relação ao bem-estar físico. São Paulo, 2017. Variáveis n %

Descanso – Dia Péssimo 1 2,0

Ruim 8 16,0

Bom 16 32,0

Muito bom 7 14,0

Ótimo 18 36,0

Total 50 100,0

Descanso - Noite Péssimo 3 6,0

Ruim 7 14,0

Bom 18 36,0

Muito bom 6 12,0

Ótimo 16 32,0

Total 50 100,0

Poltrona/sofá Péssimo 4 8,0

Ruim 5 10,0

Bom 19 38,0

Muito bom 10 20,0

Ótimo 12 24,0

Total 50 100,0

Refeições Ruim 3 6,0

Bom 10 20,0

Muito bom 10 20,0

Ótimo 27 54,0

Total 50 100,0

Higiene/necessidades

fisiológicas

Péssimo 7 14,0

Ruim 12 24,0

Bom 16 32,0

Muito bom 4 8,0

Ótimo 11 22,0

Total 50 100,0

Elemento descanso durante o dia

Com relação ao Descanso durante o dia, 1 (2%) dos acompanhantes considerou

Péssimo e 8 (16%) disseram que é Ruim, citando como justificativas a falta de

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conforto com relação à poltrona, a necessidade de ficar acordado para auxiliar nos

cuidados com os bebês e o fato de estarem em outro ambiente que não é a própria

casa, impedindo que eles tenham um bom descanso:

“Dor nas costas, essa cadeira torta, não consegui nem andar, preciso ir pra casa, pra começar a andar, ter que trabalhar.” (P02) “Eu não tenho tempo pra cochilar, porque eu tenho que ajudar minha filha, ruim né, cansativo.” (P40) “É muito desconfortável. Na verdade, eu acho que não tem um lugar melhor que você descansar na sua própria casa né [...] É que você não tem o conforto e a liberdade do descanso, tanto porque você tem outras pessoas ali né, você tem aquela restrição do que você vai fazer, o que você vai falar, então acho que isso não é culpa do hospital né, isso vai de cada pessoa.” (P05)

Este elemento teve a classificação Bom como a mais frequente, dada por 16

(32%) acompanhantes. As justificativas referidas por eles foi de que conseguiram

descansar bem durante o dia, mesmo precisando cuidar da criança:

“Dá pra descansar, você tem que olhar a criança, quando acorda, chora, você precisa ficar atento a isso, mas dá pra você descansar, normal.” (P39)

Além disso, alguns acompanhantes classificaram como Bom, mas não se

mostraram totalmente satisfeitos com o seu descanso, mencionando alguns motivos

como acordar com o choro dos bebês e precisar realizar cuidados com eles, ou

ainda que a poltrona não era confortável para o descanso:

“Não dá pra descansar muito por causa do pequeno né, então o descanso é bom, as vezes a gente quer dormir e a gente tem que acordar com o choro das crianças, pra ajudar a mãe, mas é bom.” (P18) “A cadeira que é disponível pra gente, ela não é ruim, mas não tem aquele total conforto, mas é boa. Mas como eu te falei, frio.” (P17)

A avaliação Muito bom foi assinalada por 7 (14%) acompanhantes e Ótimo,

por 18 (36%). Eles relataram que puderam ter um bom descanso e não tiveram

problemas em dormir durante o dia, enquanto outros, apesar da classificação,

disseram que o seu sono era interrompido pelo choro dos bebês, contribuindo para

aumentar o seu cansaço:

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“Além de você ter uma poltrona que parece uma cama, ainda tem o Wi-fi, você pode tá usando, pra mim é ótimo.” (P03) “Porque não atrapalha em nada né, a gente só dorme e acorda, só acorda quando o nenê chora né? Se não eu ia ficar dormindo.” (P45) (Ótimo)

Elemento descanso durante a noite

O quesito Descanso durante a noite foi avaliado de forma parecida com o item

anterior, o descanso durante o período diurno. Para 3 (6%) acompanhantes o

descanso foi Péssimo, e para 7 (14%) o descanso foi Ruim. As justificativas dadas

para essas classificações também centrou-se na dificuldade de encontrar uma

posição na poltrona reclinável ou no choro dos bebês e na necessidade de auxílio

nos cuidados, que fazem o seu sono ser intermitente durante a noite:

“Porque aquela cadeira, você não deita, você não senta, acho que poderia ser uma coisa mais confortável, apesar que a gente não vem pra dormir né, mas um bom descanso né.” (P13) “O bebê chorou muito, nem ela nem eu conseguiu descansar, eu levanto toda hora pra pegar o bebê pra ela, pra mãe dar mamar.” (P34)

Foram calculadas 18 (36%) avaliações Bom, a classificação com maior

frequência para este quesito. Porém, apesar de alguns participantes referirem que

realmente dormiram bem durante a noite, muitos já não compartilharam dessa

mesma experiência, descrevendo as mesmas dificuldades durante o período

noturno, quanto à poltrona e ao choro dos bebês:

“Ela pegou uma cadeira, puxou a cadeira, colocou um lençol, eu botei os pés pra cima, ô menina, dormi que foi uma beleza, não me incomodei de jeito nenhum, descansei bastante.” (P19) “Descansei em termos né, porque a bebezinha chorou a noite toda.” (P43) “Ontem eu dormi bem, eu vou colocar bom porque como eu falei, na hora de dormir, a cadeira não é muito boa, não é igual minha casa né, fora de casa não é o mesmo conforto né.” (P11)

No total, foram 6 (12%) e 16 (32%) acompanhantes que avaliaram,

respectivamente, como Muito bom e Ótimo, justificando que, quando a criança está

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tranquila, não tem problemas para descansar durante a noite e conseguem dormir

sossegados:

“Porque a noite fica mais calmo, mais silencioso e as crianças dormem mais.” (P39) “A noite é mais tranquilo ne, só depende da tranquilidade da minha menina, ela chorando daí não tem tranquilidade pra dormir.” (P24)

Elemento poltrona/sofá

Com relação à Poltrona/sofá utilizado pelos acompanhantes, para os 5 (10%)

acompanhantes que classificaram como Ruim e 4 (8%) como Péssimo, a

justificativa mencionada por eles foi a falta de conforto com relação à poltrona que

utilizaram para descansar, relatando dificuldade em se ajeitarem nela, presença de

poltronas danificadas com necessidade de manutenção, ou até o barulho

proveniente das poltronas ao se movimentar, podendo incomodar os bebês:

“Não tem uma posicão que de pra você dormir legal, não é oferecido uma roupa de cama, e nem um travesseiro, então você tem que se ajeitar ali mesmo, de usar até o braço da poltrona como travesseiro.” (P13) “Horrível, não tem como, principalmente umas que estão quebradas, elas não abaixam totalmente, e eu mesma praticamente tenho passado a noite toda fico muito encolhida ou fico sentada.” (P40) “A poltrona não é muito confortável, porque quando a gente se movimenta, ela faz muito barulho, com isso acaba até acordando as crianças, eu acho que deve ser pelo material dela.” (P42)

Nenhum dos acompanhantes que estavam nos quartos individuais

reclamaram dos sofás que eles tinham disponíveis para descanso.

Assim, 19 (38%) acompanhantes avaliaram como Bom, sendo a classificação

mais frequente neste quesito. A justificativa dada por eles foi que a poltrona/sofá

eram confortáveis, podendo ser comparados a uma cama:

“Porque é confortável a poltrona, tem como ela ficar assento e ela inclina também, ela pode inclinar e virar cama, eu achei boa.” (P10) “Me ajudou a estar descansando o corpo ali, é confortável, a mulher até queria levar embora o sofá.” (P23)

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Ainda assim, o Bom de muitos acompanhantes foi considerado como regular,

pois não descreveram esse mesmo conforto, citando como incômodos o barulho da

poltrona, principalmente para os bebês, o estado das poltronas, que se encontravam

quebradas ou estragadas, ou ainda que o tamanho da poltrona não era adequado ao

porte físico do acompanhante:

“Eu não sei se é o tecido... as vezes a poltrona tá encostada na parede, você movimenta um pouco, ela faz barulho bem alto, aí não é muito bom pra criança.” (P46)

“É bom, mas a que eu tava, tava um pouco danificada, tava rasgada um pouquinho, mas nada que atrapalhe de deitar, de ser desconfortável.” (P16)

“Acho que ele não é confortável pra uma pessoa do meu tamanho, do meu peso, rs, tanto de largura, quanto a almofada em si.” (P09)

Calculou-se 10 (20%) acompanhantes que classificaram como Muito bom, e

12 (24%) participantes que deram a nota Ótimo, elogiando as poltronas e os sofás

utilizados por eles, comparando até mesmo a uma cama:

“Ela inclina, fica como se fosse uma cama também, dá pra gente deitar, é confortável também, não é dura, parece materiais novos, então achei bem confortável.” (P22) “O sofá é ótimo, eu queria um desses lá em casa, nossa, uma delícia, não é nem muito mole, ele tá na medida, tem um colchãozinho legal, é reto, coluna fica legal, é realmente confortável.” (P24)

Elemento refeições

Os acompanhantes tinham direito de consumir o café da manhã, o almoço e o

jantar no refeitório do hospital em horários estipulados. Quanto à este quesito,

apenas 3 (6%) participantes avaliaram esse item como Ruim. As justificativas

estavam relacionadas ao próprio sabor da comida, por não estar acostumado com o

tipo de comida de São Paulo ou por não ter recebido orientações sobre o direito e os

horários das refeições oferecidas no refeitório do hospital:

“Na verdade, não que seja ruim pra todo mundo, mas pra mim porque eu não sou muito acostumada com a comida daqui, entendeu? Então não é toda comida que tem lá que eu gosto, as vezes tem uns tipos de coisas que eu não sei nem o que é. Daí se tivesse alguém e pudesse perguntar, era bem melhor.” (P12)

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“Eu não como aqui, porque quando eu acordo, eu já vou pra casa né, aí eu tomo café lá. (Perguntei se foi orientada sobre o direito de ter as refeições no hospital) Não, ninguém me falou nada, ruim.” (P21)

Ainda, 10 (20%) acompanhantes avaliaram como Bom, mas as justificativas

foram divididas, enquanto alguns elogiaram as refeições do hospital, outros não

estavam satisfeitos com o sabor delas:

“As refeições são boas, não tem do que reclamar não.” (P30)

“De gosto achei ruim, de número de refeições achei bom, acho que poderia ter um lanche a mais assim que poderia vir junto.” (P09)

A avaliação Muito bom foi dada por 10 (20%) acompanhantes e a resposta

Ótimo por 27 (54%), elogiando a comida, tanto em sabor como em quantidade:

“Comida boa, bem feita, variações também, achei ótima, alimentação ótima, tanto o café, o almoço e a janta pra mim foi ótimo até agora.” (P03) “Porque o café da manhã, almoço e janta é ótimo, alimentação muito boa, saudável, pode repetir quantas vezes quiser, não tem ninguém servindo as misturas." (P14)

Elementos higiene/necessidades fisiológicas

O quesito Atendimento às necessidades de higiene e necessidades

fisiológicas dos acompanhantes foi o que obteve a pior média de avaliação, em que

7 (14%) acompanhantes avaliaram como Péssimo e 12 (24%), como Ruim, fazendo

queixas com relação à localização do banheiro para os acompanhantes, solicitando

um banheiro para eles no mesmo andar em que as pacientes estão internadas

(quinto andar), além de reclamarem quanto à impossibilidade de tomar banho no

hospital:

“Não tem lugar de tomar banho, eu uso o banheiro do segundo andar, só a noite mesmo que o banheiro é muito longe, daí eu prefiro segurar até de manhã [...]. Podia ter um banheiro aqui no andar mesmo, pra gente não ter que descer. A gente não pode se ausentar muito tempo, que nem, minha esposa ta dormindo, a minha menina tá se engasgando direto, aí você sai, não é muito tempo mas eu fico

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preocupado, se tivesse um aqui no corredor seria mais rápido.” (P24)

A classificação mais frequente foi Bom, com 16 (32%) avaliações. Porém,

pelas justificativas dadas pelos acompanhantes, observa-se que a avaliação Bom foi

dada com o intuito de ser uma avaliação regular, uma vez que muitos

acompanhantes criticaram o fato de o banheiro estar localizado em outro andar:

“Pra eu poder ir usar o banheiro eu tinha que ir prum outro andar, isso me deixou meio chateado, porque é um pouco longe né, eu to no quinto andar e eu tenho que ir pro segundo andar. Se tivesse um banheiro no próprio andar, facilitaria muito.” (P26)

Porém, alguns acompanhantes se demonstraram satisfeitos com o banheiro

que utilizaram, referindo estar sempre limpo e organizado:

“Porque eles estão sempre lá no banheiro, vendo se tá tudo ok, se recolheu o lixo, não fica nada amontoado.” (P12)

Para as classificações Muito Bom e Ótimo, foram, respectivamente, 4 (8%) e 11

(22%) respostas dadas pelos acompanhantes. As justificativas foram positivas com

relação ao banheiro, relatando uma boa higiene e a presença de produtos

higiênicos:

“Os banheiros dos acompanhantes do segundo andar estão sempre limpos, sempre bem cuidados, e sempre com as coisas que tá necessitado, como papel higiênico, essas coisas.” (P35) “Toda vez que eu vou, em qualquer lugar, sempre tem sabonete, papel higiênico, tá limpo o banheiro, tá ótimo.” (P36)

4.3.3. Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao aspecto sociocultural

A percepção dos acompanhantes em relação ao conforto sociocultural

(Tabela 7) demonstrou que o relacionamento destes com a paciente a quem

acompanham, com as outras pacientes, com os outros acompanhantes e, também,

com os profissionais de saúde foram bastante positivos.

O item melhor avaliado da pesquisa enquadra-se neste domínio, o

“relacionamento com a paciente”, que apresentou 40 (80%) respostas Ótimo, 7

(14%) Muito bom e 3 (6%) Bom, não apresentando nenhum Ruim ou Péssimo.

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Além do relacionamento, a religião também foi avaliada de forma positiva,

com 28 (56%) Ótimo. Vale ressaltar que nenhum dos itens relacionados ao conforto

sociocultural obteve a resposta Péssimo.

Tabela 7. Frequências absoluta e relativa da percepção do conforto e

desconforto dos acompanhantes da maternidade do HU-USP em relação ao

aspecto sociocultural. São Paulo, 2017.

Variáveis Classificação n %

Relacionamento com a

paciente

Bom 2 4,0

Muito bom 8 16,0

Ótimo 40 80,0

Total 50 100,0

Relacionamento com

outras pacientes

Ruim 1 2,0

Bom 12 24,0

Muito bom 13 26,0

Ótimo 24 48,0

Total 50 100,0

Relacionamento com

outros acompanhantes

Ruim 2 4,0

Bom 14 28,0

Muito bom 11 22,0

Ótimo 23 46,0

Total 50 100,0

Relacionamento com

profissionais de saúde

Ruim 1 2,0

Bom 9 18,0

Muito bom 7 14,0

Ótimo 33 66,0

Total 50 100,0

Religião Ruim 3 6,0

Bom 13 26,0

Muito bom 6 12,0

Ótimo 28 56,0

Total 50 100,0

Quanto à dimensão sociocultural, os acompanhantes avaliaram o seu

relacionamento com a paciente, com outras pacientes da unidades, com outros

acompanhantes e com os profissionais de saúde.

Elemento relacionamento com a paciente

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Quanto ao Relacionamento do acompanhante com a paciente, nenhum

acompanhante relatou problemas no relacionamento com a puérpera. Assim, 2 (4%)

avaliaram como Bom, 8 (16%) deram a nota Muito bom e 40 (80%) disseram ser

Ótimo. Independente da avaliação dada, as justificativas foram similares, referindo

um bom relacionamento com a paciente, ajudando nos cuidados com a paciente e

com o bebê:

“A gente se ajudou bastante, como é o nosso primeiro filho também né, então os dois tiveram a mesma ansiedade pra aprender, o mesmo cuidado, o mesmo pensamento. Então a gente não teve dificuldade em se relacionar dentro da maternidade não.” (P05)

“Acho que não mudou muita coisa não, o convívio é o mesmo, um ajuda o outro, quando ela precisa descansar, eu fico com o bebê.” (P15)

Elemento relacionamento com outras pacientes

Com relação ao Relacionamento do acompanhante com outras pacientes,

apenas 1 (2%) acompanhante considerou o seu relacionamento Ruim com outras

pacientes. A justificativa dada para esta avaliação foi o fato de não ter tido contato

com elas:

“Nunca falei com ninguém” (P50)

Para as classificações Bom e Muito bom, foram somados 12 (24%) e 13

(26%) avaliações. As justificativas referidas foram que não tiveram problemas com

as outras pacientes, mas conversaram apenas o básico, mantendo-se cada um no

seu espaço, enquanto outros acompanhantes já referiram, até mesmo, um vínculo

de amizade com elas:

“Como eu sou um cara reservado, não tive muito contato né, a não ser ‘oi, boa tarde/boa noite’. Muito bom, cada um respeitando o espaço de si.” (P14) “A gente vai se conhecendo, a gente nunca viu, nunca se conheceu, novas amizades nova que vai fazendo ne?” (P31)

Foram totalizadas 24 (48%) respostas Ótimo, com justificativas também

relacionadas à criação de um vínculo de amizade com outras pacientes:

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“Porque a gente começa a ter um cotidiano igual né, aí começa criando amizade, começa a conversar e vai trocando informações, é ótimo.” (P11) “Me dei muito bem com as pacientes que tá no quarto tudo junto, a gente realmente se deu bem, fiz amizade com todo mundo.” (P40)

Elemento relacionamento com outros acompanhantes

O Relacionamento entre os acompanhantes também foi questionado, e

apenas 2 (4%) acompanhantes disseram que este relacionamento foi Ruim, que não

tiveram nenhum contato com outros acompanhantes:

“Não tive contato.” (P17)

As justificativas dadas por 14 (28%) acompanhantes que avaliaram como

Bom e 11 (22%) que deram Muito bom foram bastante semelhantes, referindo uma

boa comunicação entre os acompanhantes, sem relatos de conflitos entre eles, ou

que preferiram cada um respeitar o espaço do outro, mantendo pouco contato com

outros acompanhantes:

“Porque a gente vê que eles ficam no espaço que foi reservado, respeitam o espaço de cada um, conversa quando quer conversar, que é o particular de cada um e a gente entende né.” (P27) “Eles também são bastante comunicativos, algumas das histórias deles também parecem um pouco com a minha né, e a gente acabou conversando e criando uma espécie de amizade também.” (P47)

Ainda, foi referido por alguns acompanhantes que não tiveram contato com

outros acompanhantes, por falta de oportunidade, por serem mais reservados ou por

estarem em quartos individuais, mas mesmo assim deram essas avaliações:

“A mesma coisa, eu não sou muito de conversar.” (P21) “Não conheci ninguém não, tem uma mulher que chegou lá agora, tá com um rapaz, mas não troquei ideia com ele não.” (P20) “Eu não conversei com nenhum outro acompanhante, eu fiquei só lá no quarto com ela.” (P25)

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Para 23 (46%) dos acompanhantes o relacionamento foi Ótimo, referindo um

vínculo criado entre os acompanhantes, mantendo uma boa comunicação e, até

mesmo, ajuda um para com o outro:

“Porque conforme eles entram, você vai conhecendo, uns ajudam os outros, pra mim foi ótimo.” (P03) “Começa a conversar, começa a pegar uma certa intimidade, uma certa amizade, aí começa a tomar café junto, almoçar junto.” (P11)

Porém, alguns acompanhantes também referiram um contato diminuído com

os outros acompanhantes, dizendo conversar somente o necessário:

“Os pais das crianças também chega, fala 'boa tarde', dá os parabéns e tal, e pronto, mantém o respeito, só isso.” (P02)

Elemento relacionamento com profissionais de saúde

Quando foram questionados sobre o seu Relacionamento com os

profissionais de saúde, a avaliação Ruim foi atribuida apenas por 1 (2%)

participante, sendo que a justificativa foi baseada no tratamento que o

acompanhante recebeu de alguns profissionais de saúde, citando a “arrogância”

como um dos motivos:

“Se todos fossem assim igual você tava ótimo, mas tem umas pessoas que são um pouco arrogantes.” (P16)

Este elemento também recebeu 9 (18%) avaliações Bom pelos

acompanhantes, elogiando a forma como a equipe de saúde os atendeu, com

atenção, esclarecendo dúvidas:

“O que eu precisei, fui atendida, fui esclarecida, vocês dão atenção que a gente pede.” (P13)

Alguns acompanhantes, apesar dos elogios feitos, complementaram relatando

seu incômodo com o comportamento de alguns profissionais:

“Tem gente que é super de boa, tem outros que é bem ignorante, chato, mas isso aí em todo lugar tem.” (P15) “Por causa que são humildes, no que você precisar eles tão ali pra te ajudar e cuidam bem, eles dá muita atenção pra paciente. Tem uns

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que é arrogante, acho que não veio legal de casa, aí quer descontar, mas fazer o que, né?” (P48)

Para a classificação Muito bom foram calculadas 7 (14%) avaliações dadas

pelos acompanhantes, e 33 (66%) para a classificação Ótimo. A justificativa deles

foi centrada em elogios aos profissionais de saúde, principalmente pela atenção,

educação e assistência prestada à paciente e à criança:

“Atenção, o carinho que eles têm com as crianças, com a paciente, paciência que eles têm também de explicar, de tirar dúvida, assim que você chama, eles aparecem, pra mim foi ótimo.” (P03) “Ah, isso eu posso deixar ótimo, isso eu tenho certeza, porque eu não tive problema com nenhum profissional, inclusive todos eu tenho que elogiar, todos explicaram, usaram linguagem fácil pra gente que não é da área, sabe? Quando eles falavam alguma coisa que a gente não entendia, eles explicavam o que que era.” (P04)

Elemento religião

Quando ao quesito Religião, somente 3 (6%) acompanhantes classificaram como

Ruim. As justificativas mencionadas foram que sentiram falta de mais estímulo com

a parte religiosa dentro do hospital, ou que apesar de acreditar em Deus, não

relaciona a religião com a sensação de conforto:

“Sinceramente a questão religiosa do hospital não percebi, não vi uma coisa religiosa, santidade, umas pessoas vir e fazer uma oração, alguém entrar e falar do amor de Deus, e isso eu acho importante e acho que faltou.” (P14) “Eu não sou muito de religião, eu não vou muito pra essa parte. Eu confio, eu tenho fé mesmo, mas eu não nessa parte de religião.” (P48)

A religião recebeu 13 (26%) avaliações Bom dos acompanhantes, e as

justificativas apresentadas foram a percepção do respeito existente entre as pessoas

de diferentes religiões ou que acreditam a religião ajuda a trazer conforto, através da

igreja e orações:

“Porque a gente vê um certo respeito, a gente não vê atrito, a gente não encontra conflitos, cada um expressa a sua fé, conforme o respeito de cada um.” (P27)

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“Olha, não tenho do que reclamar não. Sou católico, eu gosto de ir na igreja, tenho fé em Deus, as vezes vou pra algum templo, às vezes em casa mesmo, oro, agradeço muito, peço muita sabedoria.” (P01)

Para os 6 (12%) acompanhantes que avaliaram como Muito Bom, e os 28

(56%) que avaliaram como Ótimo, as justificativas foram semelhantes. Os

acompanhantes descreveram que existe uma relação de respeito um para com o

outro no que se refere à religião:

“Acho que religião, cada um tem a sua né, isso é de cada um, não vi ninguém privando ninguém de fazer uma oração, de tá com um terço, ou alguma coisa, uma imagem, então pra mim também tá ótimo.” (P28)

Ainda, foi citado por eles que a religião lhes ajudam a trazer mais conforto

utilizando, principalmente, as orações para se aproximarem do Deus que acreditam,

enquanto outros apesar da crença, dizem não praticá-la:

“Eu sou evangélico né, aí eu faço minha oração, com isso não tive problema não, ninguém me atrapalhou, eu acho ótima mesmo.” (P08) “Eu particularmente não sou um cara muito religioso, eu sou católico, mas não sou muito praticante, eu respeito qualquer religião também, cada um acredita naquele seu ideal, eu sou bem tranquilo sobre isso.” (P11)

4.3.4. Percepção do conforto e desconforto dos acompanhantes em

relação ao aspecto psicoespiritual

Por fim, foi questionado aos acompanhantes alguns itens relacionados ao

conforto psicoespiritual, como o apoio recebido pelos profissionais de saúde, a

ansiedade e a preocupação deles durante a internação da puérpera e do bebê. A

Tabela 8 nos mostra a avaliação dada pelos acompanhantes para esses elementos.

Podemos observar que a grande maioria, 36 (72%) dos acompanhantes

sentiram-se apoiados pelos profissionais da maternidade, classificando o apoio

como Ótimo.

Com relação à ansiedade, os acompanhantes apresentaram-se, em sua

maioria, Ansiosos 17 (34%) ou Pouco ansiosos 12 (24%). Somente 5 (10%)

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acompanhantes se sentiram Extremamente ansiosos durante a internação do

binômio mãe-bebê no hospital.

Quanto à preocupação, os participantes da pesquisa relataram não estarem

demasiadamente preocupados, apenas 7 (14%) estavam se sentindo Muito ou

Extremamente preocupados.

Tabela 8. Frequências absoluta e relativa da percepção do conforto e

desconforto dos acompanhantes da maternidade do HU-USP em relação ao

aspecto psicoespiritual. São Paulo, 2017.

Variáveis n %

Apoio dos profissionais Ruim 2 4,0

Bom 8 16,0

Muito bom 4 8,0

Ótimo 36 72,0

Total 50 100,0

Ansiedade Extremamente ansioso 5 10,0

Muito ansioso 8 16,0

Ansioso 17 34,0

Pouco ansioso 12 24,0

Nada ansioso 8 16,0

Total 50 100,0

Preocupação Extremamente

preocupado

4 8,0

Muito preocupado 3 6,0

Preocupado 15 30,0

Pouco preocupado 12 24,0

Despreocupado 16 32,0

Total 50 100,0

Elemento apoio dos profissionais de saúde

Ao perguntar aos acompanhantes sobre o apoio recebido pelos profissionais

de saúde, para 2 (4%) acompanhantes, esse quesito foi Ruim e a justificativa dada

por eles foi que a equipe de saúde não apoiou os acompanhantes:

“Eu não, porque eles vem conversar mas não com nós, acompanhantes.” (P50) “Ruim, ninguém me deu apoio.” (P02)

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Todos os 8 (16%) acompanhantes que deram a nota Bom e os 4 (8%) que

deram Muito bom elogiaram a assistência prestada pelos profissionais do AC,

sentindo-se apoiados e auxiliados por eles:

“Porque eles ajudam mesmo, explicando as coisas. Eles auxiliam quando a criança não sabe mamar, quando as pessoas não têm experiência, no horário do banho, fala o horário certinho, tá mais organizado.” (P34)

E ainda, 36 (72%) participantes classificaram como Ótimo, todos eles

referindo que se sentiram apoiados e que receberam uma ótima assistência da

equipe de saúde:

“Todos os médicos e todas as enfermeiras em geral todas em excelente condição de tratar com a gestante. Eu sou pai de meu terceiro filho, mesmo assim eles tiveram toda a paciência de explicar novamente como ela tem que fazer pra amamentar, como segurar a criança, nota mil, pela paciência, pela prestatividade da enfermeira e dos médicos, não tenho do que reclamar em momento algum.” (P26)

Elemento ansiedade

Para a avaliação do elemento Ansiedade a escala apresentada aos

participantes, apresentava as seguintes alternativas como categorias:

“Extremamente ansioso”, “Muito ansioso”, “Ansioso”, “Pouco ansioso” ou “Nada

ansioso”, também acompanhadas da solicitação de justificativa de resposta para a

sua alternativa de classificação.

Assim, 5 (10%) acompanhantes classificaram sua ansiedade como

Extremamente ansioso e 8 (16%) como Muito ansioso. As justificativas para

tamanha ansiedade foram: ansiedade pela alta hospitalar, ansiedade pela primeira

experiência de ser pai, ansiedade pela saúde do bebê:

“Porque eu já estou aqui há 4 dias e geralmente a alta sai em 3 dias, [...] você quer ver a sua família bem, quer que saia logo daqui né, porque não é um lugar muito legal pra se ficar.” (P14) “É o período que fica muito ansioso né, conhecendo o bebê passo a passo, cada dia é uma coisa diferente, é uma ansiedade boa.” (P42) “Aqui dentro nem tanto, mas tava mais antes, quando fizeram exame na neném, um rapaz achou que tivesse com a clavícula quebrada, mas não tava.” (P12)

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A classificação Ansioso foi a mais frequente entre os participantes,

totalizando 17 (34%) respostas, seguida de Pouco ansioso, avaliado por 12 (24%)

acompanhantes. As justificativas referidas também centraram-se no desejo de poder

ir para casa com o binômio mãe-bebê, na saúde e bem-estar da criança e no fato de

ser pai pela primeira vez:

“Pelo fato de você ter logo a questão da alta né, ver sua esposa em casa, que você sabe que aqui é cansativo né, tanto pra sua esposa, como pra criança, então você fica ansioso pra você terminar logo essa etapa.” (P05) “[...] Eu tô ansioso porque ela tá com dificuldade na amamentação, os enfermeiros, médicos, sempre juntos, ajudando ela a tentar resolver esse problema.” (P26) “A gente fica mais com medo né, eu sou pai pela primeira vez, então fica naquilo de ‘será que eu vou fazer certo?’. Mas, pelo contrário, todos me deram atenção, me falaram faz assim, faz assim, então não teve muita ansiedade, mas sim, foi bem tranquilo, até que foi legal.” (P22)

Ainda, 8 (16%) acompanhantes classificaram como Nada ansioso, relatando

não ter motivos para a ansiedade:

“Porque eu já tenho um filho também né, se emocionar pra quê? Já se foi, se fosse o primeiro, fora isso tá tudo normal, tudo ok.” (P02)

Elemento preocupação

Ao questionar os acompanhantes sobre a sua Preocupação, 4 (8%) se

classificaram como Extremamente preocupados, justificando tamanha

preocupação devido à saúde da puérpera e do bebê:

“Porque é cesárea né, tem que ter mais cuidado. E com a minha filha também, muito, extremamente preocupado, porque é uma criancinha né, muitas vezes ela mamava e eu sou muito sem jeito pra fazer as coisas, então a mãe dela cochilava assim, eu ficava pregado nela, entendeu, pra ver se ela não golfava, mesmo a mãe dela ta impossibilitada de ta ajudando, de tá fazendo as coisas, eu ficava sempre atento pra olhar ela (a bebê) e ver se não acontecia aquilo. E com a mãe também, né, por causa dos pontos, sempre que ela precisava pegar as coisas eu fazia, entendeu, essa era minha extrema preocupação.” (P43)

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Apenas 3 (6%) acompanhantes consideraram-se Muito preocupados. As

justificativas mencionadas foram relacionadas à questão financeira ou à saúde do

bebê:

“Preocupado porque eu tô esperando meu serviço que me prometeram, que eu saí do meu, aí eu estou esperando a resposta. E agora nasceu a criança, eu fico mais preocupado ainda.” (P20) “Minha única preocupação foi da alta pra minha filha, que ela não tava mamando direito, só isso, o resto tudo ok.” (P02)

Dos 15 (30%) acompanhantes que se avaliaram como Preocupados, os

motivos citados foram a preocupação com a saúde do bebê e/ou da mãe,

preocupação por ser pai pela primeira vez e não saber se está prestando os

cuidados corretamente, e a preocupação financeira e com o trabalho:

“Por questão do meu filho né, ele está no banho de luz desde ontem né, e não teve uma melhora [...]” (P10) “No caso eu tô preocupado porque que nem eu te falei, primeira vez que eu tenho filho né, então aquela coisa de como lidar, de como proceder.” (P04) “Porque eu tenho um trabalho que só depende mim, que eu sou autônomo, então o tempo que eu fico aqui é o tempo que eu não trabalho, mas eu preciso estar aqui, pela cirurgia que ela fez, [...] eu sou preocupado com a minha situação financeira e de vida, porque eu tenho mais dois filhos que estão na casa da minha sogra.” (P26)

No total, 12 (24%) acompanhantes se classificaram como Pouco

preocupados. Enquanto alguns justificaram um pouco de preocupação com relação

à saúde da criança e da puérpera, outros referiram não ter muita preocupação pois

recebem uma boa assistência no hospital e isso os tranquiliza:

“A minha filha tá aqui e ligar pra minha filha ‘como é que tá, tá bem? Ah não, mãe, hoje deu pressão alta’ aí eu já me preocupo um pouco, acho que todo mundo se preocupa, sobre doença, quem não se preocupa com a saúde né?” (P19) “Um pouco, né, por causa do bebê que tá amarelinho né, aí ele tá ali pegando luz.” (P21) “Ela tá tendo todo o atendimento que precisa, então eu não tenho com o que me preocupar tanto, ela não tá mal, então estou bem.” (P12)

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E 16 (32%) acompanhantes se consideraram Despreocupados, alguns

referiram não estar preocupados com nada e, também, devido à boa assistência

prestada pelo hospital:

“Porque vendo o suporte que eles dão aqui, eles deixam completamente despreocupado, qualquer pergunta que você tem, eles tiram sua dúvida, então não tenho nenhuma preocupação quanto a isso.” (P03)

4.4. ASSOCIAÇÃO ENTRE A AVALIAÇÃO DOS ELEMENTOS QUE

GERAM CONFORTO OU DESCONFORTO PELOS ACOMPANHANTES E O

GRAU DE PARENTESCO COM A PUÉRPERA, O TIPO DE

ACOMODAÇÃO, EXPERIÊNCIA ANTERIOR COMO ACOMPANHANTE E O

GRAU DE ESCOLARIDADE

Devido ao fato de que a amostra foi pequena, foi necessário utilizar o Método

de Fisher para os testes de associação. Além disso, para que pudesse obter

melhores resultados, foram agrupados os conjuntos de análises Péssimo e Ruim, e

o mesmo foi feito com Muito bom e Ótimo.

Foram realizados testes de associação da percepção do conforto e

desconforto dos acompanhantes com o grau de parentesco com a puérpera, com o

tipo de acomodação, com experiência anterior como acompanhante em

maternidades e com o grau de escolaridade. Para cada associação, foram feitas

tabelas divididas de acordo com as quatro dimensões de conforto citadas por

Kolcaba10.

Na Tabela 9 é apresentado o teste de associação entre a avaliação dos

elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao ambiente e ao grau

de parentesco do acompanhante com a puérpera. O resultado não mostrou

nenhuma diferença estatisticamente significativa (p > 0,05) entre a avaliação

realizada pelos companheiros, mães e outros tipos de acompanhantes (irmã/amiga).

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Tabela 9. Associação entre grau de parentesco do acompanhante com a

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao ambiente. São Paulo, 2017. (continua) Variáveis Parentesco

Total Companheiro Mãe Outro

Espaço físico Péssimo/ruim n 1 1 0 2 (%) 2,6% 14,3% 0,0% 4,0% Bom n 17 2 3 22 (%) 44,7% 28,6% 60,0% 44,0% Muito bom/Ótimo n 20 4 2 26 (%) 52,6% 57,1% 40,0% 52,0%

p=0,535 Total n 38 7 5 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Dia Bom n 17 3 4 24

(%) 44,7% 42,9% 80,0% 48,0%

Muito bom/Ótimo n 21 4 1 26 (%) 55,3% 57,1% 20,0% 52,0%

p=0,354 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Noite Péssimo/Ruim n 5 1 0 6 (%) 13,2% 14,3% 0,0% 12,0% Bom n 13 2 4 19 (%) 34,2% 28,6% 80,0% 38,0% Muito bom/Ótimo n 20 4 1 25 (%) 52,6%0 57,1% 20,0% 50,0%

p=0,436 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Dia Péssimo/Ruim n 5 0 0 1 (%) 13,2% 0,0% 0,0% 2,0% Bom n 13 4 5 22 (%) 34,2% 57,1% 100,0% 44,0% Muito bom/Ótimo n 20 3 0 23 (%) 52,6% 42,9% 0,0% 46,0%

p=0,079 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Noite Péssimo/Ruim n 5 2 3 10 (%) 13,2% 28,6% ¨60,0% 20,0% Bom n 17 3 0 20 (%) 44,7% 42,9% 0,0% 40,0% Muito bom/Ótimo n 16 2 2 20 (%) 42,1% 28,6% 40,0% 40,0%

p=0,103 Total n 38 7 5 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Dia Bom n 13 2 2 17 (%) 34,2% 28,6% 40,0% 34,0% Muito bom/Ótimo n 25 5 3 33 (%) 65,8% 71,4% 60,0% 66,0%

p=1,000 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Noite Péssimo/Ruim n 0 1 0 1 (%) 0,0% 14,3% 0,0% 2,0% Bom n 8 1 2 11 (%) 21,1% 14,3% 40,0% 22,0% Muito bom/Ótimo n 30 5 3 38 (%) 78,9% 71,4% 60,0% 76,0%

p=0,243 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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Tabela 9. Associação entre grau de parentesco do acompanhante com a puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao ambiente. São Paulo, 2017. (continuação) Variáveis Parentesco

Total Companheiro Mãe Outro

Limpeza Péssimo/Ruim n 2 2 0 4 (%) 5,3% 28,6% 0,0% 8,0% Bom n 6 1 1 8 (%) 15,8% 14,3% 20,0% 16,0% Muito bom/Ótimo n 30 4 4 38 (%) 78,9% 57,1% 80,0% 76,0%

p=0,294 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Segurança Péssimo/Ruim n 2 0 0 2 (%) 5,3% 0,0% 0,0% 4,0% Bom n 5 3 1 9 (%) 13,2% 42,9% 20,0% 18,0% Muito bom/Ótimo n 31 4 4 39 (%) 81,6% 57,1% 80,0% 78,0%

p=0,341 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Privacidade Péssimo/Ruim n 7 2 0 9 (%) 18,4% 28,6% 0,0% 18,0% Bom n 11 1 2 14 (%) 28,9% 14,3% 40,0% 28,0% Muito bom/Ótimo n 20 4 3 27 (%) 52,6% 57,1% 60,0% 54,0%

p=0,826 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Ambiente da maternidade

Bom n 9 2 0 11 (%) 23,7% 28,6% 0,0% 22,0% Muito bom/Ótimo n 29 5 5 39 (%) 76,3% 71,4% 100,0% 78,0%

p=0,710 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Na Tabela 10, a associação do grau de parentesco foi realizada com o

conforto em relação ao bem-estar físico e, também, não foi apontado nenhum valor

significativo (p>0,05), para todos os itens avaliados.

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Tabela 10. Associação entre grau de parentesco do acompanhante com a

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao bem-estar físico. São Paulo, 2017. Variáveis Parentesco

Total Companheiro Mãe Outro

Descanso – Dia Péssimo/Ruim n 6 1 2 9 (%) 15,8% 14,3% 40,0% 18,0% Bom n 11 4 1 16 (%) 28,9% 57,1% 20,0% 32,0% Muito bom/Ótimo n 21 2 2 25 (%) 55,3% 28,6% 40,0% 50,0%

p=0,368 Total n 38 7 5 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Descanso - Noite Péssimo/Ruim n 7 2 1 10 (%) 18,4% 28,6% 20,0% 20,0% Bom n 13 3 2 18

(%) 34,2% 42,9% 40,0% 36,0%

Muito Bom/Ótimo n 18 2 2 22 (%) 47,4% 28,6% 40,0% 44,0%

p=0,924 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Poltrona/sofá Péssimo/Ruim n 7 2 0 9 (%) 18,4% 28,6% 0,0% 18,0% Bom n 13 3 3 19 (%) 34,2% 42,9% 60,0% 38,0% Muito bom/Ótimo n 18 2 2 22 (%) 47,4% 28,6% 40,0% 44,0%

p=0,694 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Refeições Péssimo/Ruim n 1 0 2 3 (%) 2,6% 0,0% 40,0% 6,0% Bom n 8 2 0 10 (%) 21,1% 28,6% 0,0% 20,0% Muito bom/Ótimo n 29 5 3 37 (%) 76,3% 71,4% 60,0% 74,0%

p=0,084 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Higiene/necessidades fisiológicas

Péssimo/Ruim n 15 3 1 19 (%) 39,5% 42,9% 20,0% 38,0% Bom n 10 2 4 16 (%) 26,3% 28,6% 80,0% 32,0% Muito bom/Ótimo n 13 2 0 15 (%) 34,2% 28,6% 0,0% 30,0%

p=0,267 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

A associação do grau de parentesco com o conforto no âmbito sociocultural

(Tabela 11) foi apresentada a seguir, sem valor estatisticamente significativo

(p>0,05). Podemos observar que, independentemente de quem está acompanhando

a puérpera, não houve diferença no que se refere à avaliação com relação aos

relacionamentos interpessoais dentro do hospital.

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Tabela 11. Associação entre grau de parentesco do acompanhante com a

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao conforto sociocultural. São Paulo, 2017. Variáveis Parentesco

Total Companheiro Mãe Outro

Relacionamento com a paciente

Bom n 1 1 0 3 (%) 2,6% 14,3% 0,0% 4,0% Muito bom/Ótimo n 37 6 5 47 (%) 97,4% 85,7% 100,0% 96,0%

p=0,570 Total n 38 7 5 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outras pacientes

Péssimo/Ruim n 0 0 1 1 (%) 0,0% 0,0% 20,0% 2,0% Bom n 8 3 1 12

(%) 21,1% 42,9% 20,0% 24,0%

Muito bom/Ótimo n 30 4 3 37 (%) 78,9% 57,1% 60,0% 74,0%

p=0,121 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outros acompanhantes

Péssimo/Ruim n 0 1 1 2 (%) 0,0% 14,3% 20,0% 4,0% Bom n 11 1 2 14 (%) 28,9% 14,3% 40,0% 28,0% Muito bom/Ótimo n 27 5 2 34 (%) 71,1% 71,4% 40,0% 68,0%

p=0,073 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 0 0 1 (%) 2,6% 0,0% 0,0% 2,0% Bom n 5 2 2 9

(%) 13,2% 28,6% 40,0% 18,0% Muito bom/Ótimo n 32 5 3 40 (%) 84,2% 71,4% 60,0% 80,0%

p=0,381 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Religião Péssimo/Ruim n 2 1 0 3 (%) 5,3% 14,3% 0,0% 6,0% Bom n 10 2 1 13 (%) 26,3% 28,6% 20,0% 26,0% Muito bom/Ótimo n 26 4 4 34 (%) 68,4% 57,1% 80,0% 68,0%

p=0,774 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

O resultado da associação do grau de parentesco com o conforto

psicoespiritual (Tabela 12) não mostrou valor estatisticamente significativo (p > 0,05)

para nenhuma das variáveis avaliadas. No entanto, observa-se que as maiores

frequências de avaliações Extremamente/Muito ansiosos 12 (31,6%) e

Extremamente/Muito preocupados 7 (18,4%) vieram dos acompanhantes

companheiros das puérperas.

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Tabela 12. Associação entre grau de parentesco do acompanhante com a puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao conforto psicoespiritual. São Paulo, 2017. Variáveis Parentesco

Total Companheiro Mãe Outro

Apoio dos profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 0 1 2 (%) 2,6% 0,0% 20,0% 4,0% Bom n 5 2 1 8

(%) 13,2% 28,6% 20,0% 16,0%

Muito Bom/Otimo n 32 5 3 40 (%) 84,2% 71,4% 60,0% 80,0%

p=0,176 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Ansiedade Extremamente ansioso/Muito ansioso

n 12 0 1 13

(%) 31,6% 0,0% 20,0% 26,0%

Ansioso n 13 2 2 17

(%) 34,2% 28,6% 40,0% 34,0% Pouco ansioso/Nada ansioso

n 13 5 2 20

(%) 34,2% 71,4% 40,0% 40,0%

p=0,364 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Preocupação Extremamente preocupado/Muito preocupado

n

7 0 0 7

(%) 18,4% 0,0% 0,0% 14,0% Preocupado n 13 2 0 15 (%) 34,2% 28,6% 0,0% 30,0% Pouco preocupado/Despreocupado

n 18 5 5 28

(%) 47,4% 71,4% 100,00% 56,0%

p=0,253 Total n 38 7 5 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

As Tabelas 13 a 16 analisam a associação do tipo de acomodação (quarto ou

enfermaria) em que o acompanhante estava alojado junto com a puérpera e o RN

com a percepção de conforto nas quatro dimensões: ambiental, físico, sociocultural e

psicoespiritual. Nenhum resultado expressivo foi identificado em nenhum dos

domínios, como mostram os resultados nas tabelas a seguir.

Apesar de não haver nenhum dado estatisticamente significativo (p>0,05),

podemos observar na Tabela 13 que alguns itens foram melhor avaliados por

aqueles que estavam no quarto individual do que aqueles que estavam na

enfermaria dividindo o cômodo com outras pessoas.

Desse modo, o quesito Espaço físico, foi melhor avaliado pelos

acompanhantes acomodados em quarto individual, pois nenhum deles avaliou como

Péssimo/Ruim enquanto que para 2 (4,9%) dos que estavam em enfermaria o

fizeram, sendo uma das queixas mencionadas o excesso de mobiliário e de pessoas

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circulando nas enfermarias, o que não foi citado pelos participantes que se

encontravam nos quartos individuais.

A iluminação durante o período noturno também também foi pior avaliada

pelos acompanhantes das enfermarias, pois para 6 (14,6%) a iluminação era

Péssimo/Ruim, enquanto que nenhum acompanhante que estava em quarto

individual avaliou dessa forma, provavelmente porque nos quartos individuais não

existe a mesma dificuldade de acender a luz durante a noite, podendo ocasionar

incômodos para outras pessoas.

A privacidade também foi um item melhor avaliado por participantes que

estavam alojados nos quartos individuais, em que, 7 (77,8%) deles avaliaram com

Muito Bom/Ótimo pois, segundo eles, tinham mais liberdade e se sentiam mais à

vontade e apenas 1 (11,1%) avaliou como Péssimo/Ruim. Para os acompanhantes

que estavam em enfermarias, 20 (48,8%) avaliaram como Muito Bom/Ótimo,

enquanto 8 (19,5%) avaliaram como Péssimo/Ruim, sendo que alguns

acompanhantes que estavam nas enfermarias se queixaram também do fato de

serem solicitados a se retirar quando os profissionais precisavam examinar as outras

pacientes do quarto, interrompendo o seu sono, interferindo diretamente no seu

descanso.

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Tabela 13. Associação entre o tipo de acomodação do acompanhante junto à

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao ambiente. São Paulo, 2017. (continua) Variáveis Tipo de acomodação

Total Enfermaria Quarto

Espaço físico Péssimo/Ruim n 2 0 2 (%) 4,9% 0,0% 4,0% Bom n 19 3 22 (%) 46,3% 33,3% 44,0% Muito bom/Ótimo n 20 6 26 (%) 48,8% 66,7% 52,0%

p=0,651 Total n 41 9 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Dia Bom n 19 5 24

(%) 46,3% 55,6% 48,0%

Muito bom/Ótimo n 22 4 26 (%) 53,7% 44,4% 52,0%

p=0,721 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Noite Péssimo/Ruim n 6 0 6 (%) 14,6% 0,0% 12,0% Bom n 15 4 19 (%) 36,6% 44,4% 38,0% Muito bom/Ótimo N 20 5 25 (%) 48,8% 55,6% 50,0%

p=0,759 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Dia Péssimo/Ruim n 4 1 5 (%) 9,8% 11,1% 10,0% Bom n 17 5 22 (%) 41,5% 55,6% 44,0% Muito bom/Ótimo n 20 3 23 (%) 48,8% 33,3% 46,0%

p=0,669 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Noite Péssimo/Ruim n 7 3 10 (%) 17,1% 33,3% 20,0% Bom n 18 2 20 (%) 43,9% 22,2% 40,0% Muito bom/Ótimo n 16 4 20 (%) 39,0% 44,4% 40,0%

p=0,399 Total n 41 9 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Dia Bom n 16 2 17 (%) 39,0% 22,2% 36,0% Muito bom/Ótimo n 25 7 32 (%) 61,0% 77,8% 64,0%

p=0,563 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Noite Péssimo/Ruim n 1 0 1 (%) 2,4% 0,0% 2,0% Bom n 10 1 11 (%) 24,4% 11,1% 22,0% Muito bom/Ótimo n 30 8 38 (%) 73,20% 88,9% 76,0%

p=0,723 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

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Tabela 13. Associação entre o tipo de acomodação do acompanhante junto à puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao ambiente. São Paulo, 2017. (continuação)

Variáveis Tipo de acomodação Total

Enfermaria Quarto

Limpeza Péssimo/Ruim n 4 0 4 (%) 9,8% 0,0% 8,0% Bom n 7 1 8 (%) 17,1% 11,1% 16,0% Muito bom/Ótimo n 30 8 38 (%) 73,2% 88,9% 76,0%

p=0,839 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Segurança Péssimo/Ruim n 2 0 2 (%) 4,9% 0,0% 4,0% Bom n 8 1 9 (%) 19,5% 11,1% 18,0% Muito bom/Ótimo n 31 8 39 (%) 75,6% 88,9% 78,0%

p=1,000 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Privacidade Péssimo/Ruim n 8 1 9 (%) 19,5% 11,1% 18,0% Bom n 13 1 14 (%) 31,7% 11,1% 28,0% Muito bom/Ótimo n 20 7 27 (%) 48,8% 77,8% 54,0%

p=0,424 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Ambiente da maternidade

Bom n 10 1 11 (%) 24,4% 11,1% 22,0% Muito bom/Ótimo n 31 8 39 (%) 75,6% 88,9% 78,0%

p=0,662 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Na Tabela 14, embora os resultados não sejam estatisticamente significantes

(p>0,05), há uma diferença percentual relevante para o estudo, no que se refere ao

tipo de acomodação e a avaliação dos itens referentes ao bem-estar físico.

Observa-se que o descanso dos acompanhantes que estavam nos quartos

individuais apresentou avaliação melhor do que aqueles que se encontravam nas

enfermarias, tanto durante o dia, em que 6 (66,7%) avaliaram como Muito

Bom/Ótimo contra 19 (46,3%) dos acompanhantes que estavam em enfermaria,

como durante a noite, em que 6 (66,7%) avaliaram como Muito Bom/Ótimo contra

16 (39,0%) dos que encontravam-se acompanhando a puérpera em enfermaria.

Através das falas dos acompanhantes, podemos observar que essa diferença pode

ser explicada pelo fato de que os acompanhantes que estão em enfermaria com

outras pessoas precisam sair do quarto durante o exame físico das outras

puérperas, além de acordarem com o choro dos bebês ou com a claridade das

lâmpadas, influenciando em seu descanso.

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Tabela 14. Associação entre o tipo de acomodação do acompanhante junto à

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao bem-estar físico. São Paulo, 2017. Variáveis Tipo de acomodação

Total Enfermaria Quarto

Descanso – Dia Péssimo/Ruim n 7 2 9 (%) 17,1% 22,2% 18,0% Bom n 15 1 16 (%) 36,6% 11,1% 32,0% Muito bom/Ótimo n 19 6 25 (%) 46,3% 66,7% 50,0%

p=0,386 Total n 41 9 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Descanso – Noite Péssimo/Ruim n 9 1 10 (%) 22,0% 11,1% 20,0% Bom n 16 2 18

(%) 39,0% 22,2% 36,0%

Muito bom/Ótimo n 16 6 22 (%) 39,0% 66,7% 44,0%

p=0,394 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Poltrona/sofá Péssimo/Ruim n 7 2 9 (%) 17,1% 22,2% 18,0% Bom n 15 4 19 (%) 36,6% 44,4% 38,0% Muito bom/Ótimo n 19 3 22 (%) 46,3% 33,3% 44,0%

p=0,705 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Refeições Péssimo/Ruim n 3 0 3 (%) 7,3% 0,0% 6,0% Bom n 9 1 10 (%) 22,0% 11,1% 20,0% Muito bom/Ótimo n 29 8 37 (%) 70,7% 88,9% 74,0%

p=0,815 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Higiene/necessidades fisiológicas

Péssimo/Ruim n 16 3 19 (%) 39,0% 33,3% 38,0% Bom n 13 3 16 (%) 31,7% 33,3% 32,0% Muito bom/Ótimo n 12 3 15 (%) 29,3% 33,3% 30,0%

p=1,000 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

A Tabela 15 apresenta os resultados da associação entre o tipo de

acomodação do acompanhante e a avaliação dos itens referentes ao conforto

sociocultural. Não há diferença estatisticamente significativa (p>0,05) nos

relacionamentos interpessoais dos acompanhantes dos diferentes tipos de

acomodação. A questão religiosa também não apresentou associação

estatisticamente significativa (p>0,05).

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Tabela 15. Associação entre o tipo de acomodação do acompanhante junto à

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao conforto sociocultural. São Paulo, 2017. Variáveis Tipo de acomodação

Total Enfermaria Quarto

Relacionamento com a paciente

Bom n 2 0 3 (%) 4,9% 0,0% 4,0% Muito bom/Ótimo n 39 9 47 (%) 95,1% 100,0% 96,0%

p=0,544 Total n 41 9 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outras pacientes

Péssimo/Ruim n 0 1 1 (%) 0,0% 11,1% 2,0% Bom n 11 1 12

(%) 26,8% 11,1% 24,0%

Muito bom/Ótimo n 30 7 37 (%) 73,2% 77,8% 74,0%

p=0,143 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outros acompanhantes

Péssimo/Ruim n 1 1 2 (%) 2,4% 11,1% 4,0% Bom n 13 1 14 (%) 31,7% 11,1% 28,0% Muito bom/Ótimo n 27 7 34 (%) 65,9% 77,8% 68,0%

p=0,218 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 0 1 (%) 2,4% 0,0% 2,0% Bom N 8 1 9 (%) 19,5% 11,1% 18,0% Muito bom/Ótimo n 32 8 40 (%) 78,0% 88,9% 80,0%

p=1,000 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Religião Péssimo/Ruim n 2 1 3 (%) 4,9% 11,1% 6,0% Bom N 12 1 13 (%) 29,3% 11,1% 26,0% Muito bom/Ótimo n 27 7 34 (%) 65,9% 77,8% 68,0%

p=0,364 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Na Tabela 16 são apresentados os resultados da associação entre o tipo de

acomodação do acompanhante e a avaliação dos itens referentes ao conforto

psicoespiritual. Observa-se que, independentemente da acomodação em que o

acompanhante estava alojado, todos se sentiram apoiados pelos profissionais de

saúde, não havendo nenhuma diferença estatisticamente significativa (p>0,05). O

mesmo ocorreu para a avaliação quanto aos sentimentos de ansiedade e

preocupação (p>0,05), em que, até mesmo as justificativas mencionadas para cada

item foram semelhantes.

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Tabela 16. Associação entre o tipo de acomodação do acompanhante junto à

puérpera e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto

referentes ao conforto psicoespiritual. São Paulo, 2017. Variáveis Tipo de acomodação

Total Enfermaria Quarto

Apoio dos profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 1 2 (%) 2,4% 11,1% 4,0% Bom n 8 0 8

(%) 19,5% 0.0% 16,0%

Muito bom/Ótimo n 32 8 40 (%) 78,0% 88,9% 80,0%

p=0,146 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Ansiedade Extremamente ansioso/Muito ansioso

n 9 4 13

(%) 22,0% 44,4% 26,0% Ansioso n 14 3 17 (%) 34,1% 33,3% 34,0% Pouco ansioso/Nada ansioso n 18 2 20 (%) 43,9% 22,2% 40,0%

p=0,373 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Preocupação Extremamente preocupado/Muito preocupado

n 6 1 7

(%) 14,6% 11,1% 14,0% Preocupado n 10 5 15 (%) 24,4% 55,6% 30,0% Pouco preocupado/Despreocupado

n 25 3 28

(%) 61,0% 33,3% 56,0%

p=0,186 Total n 41 9 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Foram realizados testes de associação para analisar se a avaliação dos

elementos geradores de conforto ou desconforto é diferente entre os

acompanhantes que já tiveram experiência anterior como acompanhantes em

maternidade daqueles que estão vivenciando pela primeira vez (Tabelas 17 a 20).

Os elementos avaliados referentes ao ambiente apresentaram resultados

pouco relevantes quando associados com a experiência anterior ou não dos

acompanhantes em maternidade, como podemos observar na Tabela 17, em que

não se obteve valor estatisticamente significativo (p>0,05) para nenhum item

avaliado.

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Tabela 17. Associação entre experiencia anterior como acompanhante em

maternidade e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou

desconforto referentes ao ambiente. São Paulo, 2017. (continua) Variáveis Experiência anterior

Total Não Sim

Espaço físico Péssimo/Ruim n 1 1 2 (%) 2,6% 9,1% 4,0% Bom n 16 6 22 (%) 41,0% 54,5% 44,0% Muito bom/Ótimo n 22 4 26 (%) 56,4% 36,4% 52,0%

p=0,262 Total n 39 11 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Dia Bom n 18 6 24

(%) 46,2% 54,5% 48,0%

Muito bom/Ótimo n 21 5 26 (%) 53,8% 45,5% 52,0%

p=0,738 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Noite Péssimo/Ruim n 4 2 6 (%) 10,3% 18,2% 12,0% Bom n 15 4 19 (%) 38,5% 36,4% 38,0% Muito bom/Ótimo n 20 5 25 (%) 51,3% 45,5% 50,0%

p=0,791 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Dia Péssimo/Ruim n 5 0 5 (%) 12,8% 0,0% 10,0% Bom n 18 4 22 (%) 46,2% 36,4% 44,0% Muito bom/Ótimo n 16 7 23 (%) 41,0% 63,6% 46,0%

p=0,377 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Noite Péssimo/Ruim n 7 3 10 (%) 17,9% 27,3% 20,0% Bom n 16 4 20 (%) 41,0% 36,4% 40,0% Muito bom/Ótimo n 16 4 20 (%) 41,0% 36,4% 40,0%

p=0,819 Total n 39 11 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Dia Bom n 13 4 17 (%) 33,3% 36,4% 34,0% Muito bom/Ótimo n 26 7 33 (%) 66,7% 63,6% 66,0%

p=1,000 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Noite Péssimo/Ruim n 0 1 1 (%) 0,0% 9,1% 2,0% Bom n 8 3 11 (%) 20,5% 27,3% 22,0% Muito bom/Ótimo n 31 7 38 (%) 79,5% 63,6% 76,0%

p=0,221 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

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Tabela 17. Associação entre experiencia anterior como acompanhante em

maternidade e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou

desconforto referentes ao ambiente. São Paulo, 2017. (continuação) Variáveis Experiência anterior

Total Não Sim

Limpeza Péssimo/Ruim n 2 2 4 (%) 5,1% 18,2% 8,0% Bom n 7 1 8

(%) 17,9% 9,1% 16,0%

Muito bom/Ótimo n 30 8 38 (%) 76,9% 72,7% 76,0%

p=0,341 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Segurança Péssimo/Ruim n 2 0 2 (%) 5,1% 0,0% 4,0% Bom n 5 4 9 (%) 12,8% 36,4% 18,0% Muito bom/Ótimo n 32 7 39 (%) 82,1% 63,6% 78,0%

p=0,214 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Privacidade Péssimo/Ruim n 6 3 9 (%) 15,4% 27,3% 18,0% Bom n 11 3 14 (%) 28,2% 27,3% 28,0% Muito bom/Ótimo n 22 5 27 (%) 56,4% 45,5% 54,0%

p=0,591 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Ambiente da maternidade

Bom n 7 4 11 (%) 17,9% 36,4% 22,0% Muito bom/Ótimo n 32 7 39 (%) 82,1% 63,6% 78,0%

p=0,229 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

A Tabela 18 nos mostra que não importa a experiência anterior ou não do

acompanhante, a avaliação com relação ao bem-estar físico é semelhante, não

trazendo nenhum valor estatisticamente significativo (p>0,05).

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Tabela 18. Associação entre experiencia anterior como acompanhante em

maternidade e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou

desconforto referentes ao bem-estar físico. São Paulo, 2017. Variáveis Experiência anterior

Total Não Sim

Descanso – Dia Péssimo/Ruim n 8 1 9 (%) 20,5% 9,1% 18,0% Bom n 12 4 16 (%) 30,8% 36,4% 32,0% Muito bom/Ótimo n 19 6 25 (%) 48,7% 54,5% 50,0%

p=0,811 Total n 39 11 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Descanso – Noite Péssimo/Ruim n 6 4 10 (%) 15,4% 36,4% 20,0% Bom n 15 3 18

(%) 38,5% 27,3% 36,0%

Muito bom/Ótimo n 18 4 22 (%) 46,2% 36,4% 44,0%

p=0,304 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Poltrona/sofá Péssimo/Ruim n 7 2 9 (%) 17,9% 18,2% 18,0% Bom n 14 5 19 (%) 35,9% 45,5% 38,0% Muito bom/Ótimo n 18 4 22 (%) 46,2% 36,4% 44,0%

p=0,902 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Refeições Péssimo/Ruim n 3 0 3 (%) 7,7% 0,0% 6,0% Bom n 6 4 10 (%) 15,4% 36,4% 20,0% Muito bom/Ótimo n 30 7 37 (%) 76,9% 63,6% 74,0%

p=0,294 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Higiene/necessidades fisiológicas

Péssimo/Ruim n 15 4 19 (%) 38,5% 36,4% 38,0% Bom n 11 5 16 (%) 28,2% 45,5% 32,0% Muito bom/Ótimo n 13 2 15 (%) 33,3% 18,2% 30,0%

p=0,529 Total N 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Foi observado associação significativa apenas em um item do que se refere à

dimensão sociocultural, apresentado na Tabela 19. Assim, para o elemento

Relacionamento com outras pacientes, houve diferença estatisticamente significativa

(p= 0,013), em que 5 (45,5%) dos acompanhantes com experiência anterior

avaliaram este item como Ótimo/Muito bom, enquanto que 32 (82,1%) dos

acompanhantes que estavam tendo a primeira experiência como acompanhante

deram essa mesma avaliação. Essa diferença pode estar relacionada ao fato de que

aqueles que estão vivenciando a experiência como acompanhantes pela primeira

vez provavelmente estão mais abertos aos relacionamentos por precisarem de mais

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ajuda ou orientação do que aqueles que já passaram por essa experiência

anteriormente.

Tabela 19. Associação entre experiencia anterior como acompanhante em maternidade e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao conforto sociocultural. São Paulo, 2017. Variáveis Experiência anterior

Total Não Sim

Relacionamento com a paciente

Bom n 1 1 3 (%) 2,6% 9,1% 4,0% Muito bom/Ótimo n 38 10 47 (%) 97,4% 90,9% 96,0%

p=0,534 Total n 39 11 50 % 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outras pacientes

Péssimo/Ruim n 0 1 1 (%) 0,0% 9,1% 2,0% Bom n 7 5 12

(%) 17,9% 45,5% 24,0%

Muito bom/Ótimo n 32 5 37 (%) 82,1% 45,5% 74,0%

p=0,013 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outros acompanhantes

Péssimo/Ruim n 1 1 2 (%) 2,6% 9,1% 4,0% Bom n 9 5 14 (%) 23,1% 45,5% 28,0% Muito bom/Ótimo n 29 5 34 (%) 74,4% 45,5% 68,0%

p=0,125 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 0 1 (%) 2,6% 0,0% 2,0% Bom n 5 4 9 (%) 12,8% 36,4% 18,0% Muito bom/Ótimo n 33 7 40 (%) 84,6% 63,6% 80,0%

p=0,219 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Religião Péssimo/Ruim n 3 0 3 (%) 7,7% 0,0% 6,0% Bom n 8 5 13 (%) 20,5% 45,5% 26,0% Muito bom/Ótimo n 28 6 34 (%) 71,8% 54,5% 68,0%

p=0,279 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Os resultados obtidos pelos participantes que já tinham experiência anterior

como acompanhantes em maternidade e daqueles que estavam vivendo esta

experiência pela primeira vez não trouxe resultados estatisticamente significativos

(p>0,05) na associação com a avaliação dos elementos Apoio dos profissionais de

saúde, a Ansiedade e a Preocupação, referentes ao conforto psicoespiritual (Tabela

20).

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Apesar de associação não significativa, houve uma frequência maior de

avaliação Extremamente ansioso/Muito ansioso 12 (30,8%) e Extremamente

preocupado/Muito preocupado 6 (15,4%) para aqueles que estavam vivenciando a

experiência como acompanhantes pela primeira vez, como observa-se na Tabela 20.

Tabela 20. Associação entre a experiencia anterior como acompanhante em

maternidade e a avaliação dos elementos geradores de conforto ou

desconforto referentes ao conforto psicoespiritual. São Paulo, 2017. Variáveis Experiência anterior

Total Não Sim

Apoio dos profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 1 2 (%) 2,6% 9,1% 4,0% Bom n 5 3 8

(%) 12,8% 27,3% 16,0%

Muito bom/Ótimo n 33 7 40 (%) 84,6% 63,6% 80,0%

p=0,204 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Ansiedade Extremamente ansioso/Muito ansioso

n 12 1 13

(%) 30,8% 9,1% 26,0% Ansioso n 12 5 17 (%) 30,8% 45,5% 34,0% Pouco ansioso/Nada ansioso n 15 5 20 (%) 38,5% 45,5% 40,0%

p=0,387 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Preocupação Extremamente preocupado/Muito preocupado

n 6 1 7

(%) 15,4% 9,1% 14,0% Preocupado n 12 3 15 (%) 30,8% 27,3% 30,0% Pouco preocupado/Despreocupado

n 21 7 28

(%) 53,8% 63,6% 56,0%

p=1,000 Total n 39 11 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Por fim, foi analisado se o grau de escolaridade dos acompanhantes tinha

alguma associação em relação à avaliação dos elementos geradores de conforto ou

desconforto realizada pelos mesmos. A tabela 21 apresenta os resultados da

associação entre o grau de escolaridade com os elementos referentes ao conforto

ambiental, em que não foi encontrado nenhum resultado estatisticamente

significativo (p>0,05) ou valores relevantes.

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73

Tabela 21. Associação entre o grau de escolaridade dos acompanhantes e a

avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao

ambiente. São Paulo, 2017. (continua) Variáveis Escolaridade Total

Fundamental Médio Superior

Espaço físico Péssimo/Ruim n 1 1 0 2 (%) 7,1% 3,4% 0,0% 4,0% Bom n 5 13 4 22 (%) 35,7% 44,8% 57,1% 44,0% Muito bom/Ótimo n 8 15 3 26 (%) 57,1% 51,7% 42,9% 52,0%

p=0,834 Total n 14 29 7 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Dia Bom n 8 15 1 24

(%) 57,1% 51,7% 14,3% 48,0%

Muito bom/Ótimo n 6 14 6 26 (%) 42,9% 48,3% 85,7% 52,0%

p=0,177 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0%

Iluminação – Noite Péssimo/Ruim n 1 5 0 6 (%) 7,1% 17,2% 0,0% 12,0% Bom n 8 9 2 19 (%) 57,1% 31,0% 28,6% 38,0% Muito bom/Ótimo n 5 15 5 25 (%) 35,7% 51,7% 71,4% 50,0%

p=0,394 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Dia Péssimo/Ruim n 2 2 1 5 (%) 14,3% 6,9% 14,3% 10,0% Bom n 8 13 1 22 (%) 57,1% 44,8% 14,3% 44,0% Muito bom/Ótimo n 4 14 5 23 (%) 28,6% 48,3% 71,4% 46,0%

p=0,249 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Temperatura – Noite Péssimo/Ruim n 4 5 1 10 (%) 28,6% 17,2% ¨14,3% 20,0% Bom n 5 14 1 20 (%) 35,7% 48,3% 14,3% 40,0% Muito bom/Ótimo n 5 10 5 20 (%) 35,7% 34,5% 71,4% 40,0%

p=0,362 Total n 14 29 7 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Dia Bom n 5 12 0 17 (%) 35,7% 41,4% 0,0% 34,0% Muito bom/Ótimo n 9 17 7 33 (%) 59,7% 58,6% 100,0% 66,0%

p=0,092 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Barulho – Noite Péssimo/Ruim n 0 1 0 1 (%) 0,0% 3,4% 0,0% 2,0% Bom n 4 7 0 11 (%) 28,6% 24,1% 0,0% 22,0% Muito bom/Ótimo n 10 21 7 38 (%) 71,4% 72,4% 100,0% 76,0%

p=0,546 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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Tabela 21. Associação entre o grau de escolaridade dos acompanhantes e a

avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao

ambiente. São Paulo, 2017. (continuação) Variáveis Escolaridade

Total Fundamental Médio Superior

Limpeza Péssimo/Ruim n 2 1 1 4 (%) 14,3% 3,4% 14,3% 8,0% Bom n 2 6 0 8 (%) 14,3% 20,7% 0,0% 16,0% Muito bom/Ótimo

n 10 22 6 38

(%) 71,4% 75,9% 85,7% 76,0%

p=0,442 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Segurança Péssimo/Ruim n 1 1 0 2 (%) 7,1% 3,4% 0,0% 4,0% Bom n 4 5 0 9 (%) 28,6% 17,2% 0,0% 18,0% Muito bom/Ótimo

n 9 23 7 39

(%) 64,3% 79,3% 100,0% 78,0%

p=0,475 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Privacidade Péssimo/Ruim n 2 4 3 9 (%) 14,3% 13,8% 42,9% 18,0% Bom n 4 10 0 14 (%) 28,6% 34,5% 0,0% 28,0% Muito bom/Ótimo

n 8 15 4 27

(%) 57,1% 51,7% 57,1% 54,0%

p=0,281 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Ambiente da maternidade

Bom n 3 6 2 11 (%) 21,4% 20,7% 28,6% 22,0% Muito bom/Ótimo

n 11 23 5 39

(%) 78,6% 79,3% 71,4% 78,0%

p=0,894 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Na Tabela 22, são apresentados os testes de associação entre o grau de

escolaridade dos acompanhantes e os elementos do conforto físico. Apesar de não

apresentar resultado estatisticamente significativo (p>0,05), podemos destacar

alguns valores relevantes nesta tabela. Chama a atenção a questão do descanso

durante o dia, que apresentou uma frequencia elevada de Muito Bom/Ótimo pelos

acompanhantes que possuíam o ensino superior 6 (85,7%) quando comparados aos

de ensino fundamental 5 (35,7%) e ensino médio 14 (48,3%). Ao contrário, durante a

noite, os acompanhantes de ensino superior apresentaram maior insatisfação com o

descanso, com 3 (42,9%) de avaliações Péssimo/Ruim, comparados aos de ensino

médio e fundamental, com 5 (17,2%) e 2 (14,3%), respectivamente.

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Tabela 22. Associação entre o grau de escolaridade dos acompanhantes e a

avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao

bem-estar físico. São Paulo, 2017. Variáveis Escolaridade

Total Fundamental Médio Superior

Descanso – Dia Péssimo/Ruim n 4 4 1 9 (%) 28,6% 13,8% 14,3% 18,0% Bom n 5 11 0 16 (%) 35,7% 37,9% 0,0% 32,0% Muito bom/Ótimo

n 5 14 6 25

(%) 35,7% 48,3% 85,7% 50,0%

p=0,169 Total n 14 29 7 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Descanso – Noite Péssimo/Ruim n 2 5 3 10 (%) 14,3% 17,2% 42,9% 20,0% Bom n 5 11 2 18

(%) 35,7% 37,9% 28,6% 36,0%

Muito bom/Ótimo

n 7 13 2 22

(%) 50,0% 44,8% 28,6% 44,0%

p=0,666 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Poltrona/sofá Péssimo/Ruim n 3 4 2 9 (%) 21,4% 13,8% 28,6% 18,0% Bom n 4 13 2 19 (%) 28,6% 44,8% 28,6% 38,0% Muito bom/Ótimo

n 7 12 3 22

(%) 50,0% 41,4% 42,9% 44,0%

p=0,764 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Refeições Péssimo/Ruim n 2 1 0 3 (%) 14,3% 3,4% 0,0% 6,0% Bom n 2 5 3 10 (%) 14,3% 17,2% 42,9% 20,0% Muito bom/Ótimo

n 10 23 4 37

(%) 71,4% 79,3% 57,1% 74,0%

p=0,314 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Higiene/necessidades fisiológicas

Péssimo/Ruim n 6 10 3 19 (%) 42,9% 34,5% 42,9% 38,0% Bom n 4 9 3 16 (%) 28,6% 31,0% 42,9% 32,0% Muito bom/Ótimo

n 4 10 1 15

(%) 28,6% 34,5% 14,3% 30,0%

p=0,902 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Na Tabela 23 é apresentada os resultados da associação entre o grau de

escolaridade dos acompanhantes e a avaliação feita por eles dos elementos do

conforto sociocultural. Observa-se que a maioria dos acompanhantes avaliaram

positivamente todos os elementos de relacionamento interpessoal e religião, não

apresentando associação estatisticamente significativa (p>0,05) entre a avaliação

dos elementos e o grau de escolaridade dos acompanhantes.

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Tabela 23. Associação entre o grau de escolaridade dos acompanhantes e a

avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao

conforto sociocultural. São Paulo, 2017. Variáveis Escolaridade

Total Fundamental Médio Superior

Relacionamento com a paciente

Bom n 2 0 0 3 (%) 14,3% 0,0% 0,0% 4,0% Muito bom/Ótimo

n 12 29 7 47

(%) 85,7% 100,0% 100,0% 96,0%

p=0,234 Total n 14 29 7 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outras pacientes

Péssimo/Ruim n 1 0 0 1 (%) 7,1% 0,0% 0,0% 2,0% Bom n 5 7 0 12

(%) 35,7% 24,1% 0,0% 24,0%

Muito bom/Ótimo

n 8 22 7 37

(%) 57,1% 75,9% 100,0% 74,0%

p=0,143 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com outros acompanhantes

Péssimo/Ruim n 2 0 0 2 (%) 14,3% 0,0% 0,0% 4,0% Bom n 4 9 1 14 (%) 28,6% 31,0% 14,3% 28,0% Muito bom/Ótimo

n 8 20 6 34

(%) 57,1% 69,0% 85,7% 68,0%

p=0,273 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Relacionamento com profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 0 1 0 1 (%) 0,0% 3,4% 0,0% 2,0% Bom n 4 5 0 9 (%) 28,6% 17,2% 0,0% 18,0% Muito bom/Ótimo

n 10 23 7 40

(%) 71,4% 79,3% 100,0% 80,0%

p=0,523 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Religião Péssimo/Ruim n 1 2 0 3 (%) 7,1% 6,9% 0,0% 6,0% Bom n 3 9 1 13 (%) 21,4% 31,0% 14,3% 26,0% Muito bom/Ótimo

n 10 18 6 34

(%) 71,4% 62,1% 85,7% 68,0%

p=0,922 Total n 14 29 7 50 % 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

O único resultado estatisticamente significativo encontrado na associação

com o grau de escolaridade é apresentado na Tabela 24, que apresenta esta

associação com os elementos do conforto psicoespiritual. Observa-se que a

Preocupação foi percebida diferentemente (p =0,012) em cada grau de escolaridade,

com uma frequência muito maior 13 (92,9%) de Pouco

preocupado/Despreocupado dos acompanhantes cuja escolaridade é o ensino

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fundamental, quando comparados àqueles com ensino médio e superior 11 (37,9%)

e 4 (57,1%), respectivamente).

Tabela 24. Associação entre o grau de escolaridade dos acompanhantes e a

avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto referentes ao

conforto psicoespiritual. São Paulo, 2017. Variáveis Escolaridade

Total Fundamental Médio Superior

Apoio dos profissionais de saúde

Péssimo/Ruim n 1 1 0 2 (%) 7,1% 3,4% 0,0% 4,0% Bom n 4 4 0 8

(%) 28,6% 13,8% 0,0% 16,0%

Muito bom/Ótimo n 9 24 7 40 (%) 64,3% 82,8% 100,0% 80,0%

p=0,387 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Ansiedade Extremamente ansioso/Muito ansioso

n 2 9 2 13

(%) 14,3% 31,0% 28,6% 26,0% Ansioso n 5 8 4 17 (%) 35,7% 27,6% 57,1% 34,0% Pouco ansioso/Nada ansioso n 7 12 1 20 (%) 50,0% 41,4% 14,3% 40,0%

p=0,409 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Preocupação Extremamente preocupado/Muito preocupado

n 0 6 1 7

(%) 0,0% 20,7% 14,3% 14,0% Preocupado n 1 12 2 15 (%) 7,1% 41,4% 28,6% 30,0% Pouco preocupado/Despreocupado

n 13 11 4 28

(%) 92,9% 37,9% 57,1% 56,0%

p=0,012 Total n 14 29 7 50 (%) 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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5. DISCUSSÃO

Apesar de o AC ser uma unidade destinada para o desenvolvimento de laços

afetivos com o binômio mãe-bebê e que permite, por lei, o direito de um

acompanhante à escolha da puérpera5, os resultados deste estudo revelaram que

alguns desconfortos referidos pelos próprios acompanhantes dificultam a sua

presença durante todo o período de internação da mulher.

Ao buscar na literatura o conforto do acompanhante na maternidade,

percebeu-se que os estudos centravam-se durante o período do trabalho de parto e

parto, e poucos tratavam sobre a unidade do AC, até porque a inserção do

acompanhante na maternidade ainda é recente. No entanto, observamos que,

alguns estudos, realizados com acompanhantes de diversas unidades hospitalares,

obtiveram resultados bastante semelhantes ao desse estudo, os quais, tomamos

como base para a discussão.

Ao analisar as avaliações obtidas dos elementos do conforto ambiental, o item

Espaço físico, apesar de outros estudos evidenciarem a falta de infraestrutura dos

hospitais para receber e acolher os acompanhantes4,5,19, estes pareceram não se

importar com a estrutura física, ao contrário, as avaliações foram, em sua maioria,

positivas, com relatos de um espaço amplo, permitindo a livre movimentação pelos

quartos e corredores da unidade.

Com relação à Iluminação da maternidade, não foram observadas diferenças

significativas nas avaliações entre o período diurno e noturno. Porém, observa-se

que os acompanhantes perceberam a iluminação natural como um fator importante

durante o dia. Não houve relatos de iluminação insuficiente na maternidade, porém,

alguns citaram o não funcionamento das lâmpadas individuais localizadas nos leitos

das pacientes, sendo necessário ligar a lâmpada central do quarto, podendo

incomodar outras pessoas e até mesmo acordar os bebês, indicando necessidade

de manutenção contínua da estrutura hospitalar.

A Temperatura também foi avaliada separadamente entre o dia e a noite, e os

resultados obtidos apresentaram uma pequena diferença. O período noturno teve

uma média de avaliação um pouco menor que o período diurno, com 3,38 e 3,62

respectivamente. Nos relatos feitos pelos sujeitos da pesquisa, observou-se uma

queixa maior de frio durante a noite, pois, além da queda de temperatura natural ao

fim do dia, eles não tiveram acesso a um cobertor, utilizavam somente a roupa que

estavam vestidos. Percebeu-se também que as avaliações quanto à temperatura

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variaram conforme o período em que os dados foram coletados, inverno e

primavera, sendo que as melhores avaliações correspondiam aos dias de

temperatura amena e as piores aos dias de muito frio ou calor, fato bastante

compreensível, visto que o AC não possui ambiente climatizado. Os desconfortos

com o frio, de acordo com o relato dos acompanhantes, foram reduzidos com o uso

de aquecedor ambiente, disponível na unidade.

Um estudo qualitativo realizado com acompanhantes de crianças internadas

em unidade pediátrica também compartilha dessa opinião, em que a queixa dos

acompanhantes com relação ao frio na unidade pediátrica foi unânime, citando a

corrente de ar formada quando deixam a porta aberta, podendo piorar o quadro

clínico da criança hospitalizada.19

Ao comparar a avaliação do Barulho com os achados científicos, notou-se

que os resultados obtidos não caminharam para o mesmo lado. No presente estudo,

uma grande parcela dos acompanhantes não se queixou com relação ao barulho, ou

por não ter ouvido, ou por ter sido discreto, não chegando a incomodar.

Já no estudo realizado no Rio Grande do Sul com acompanhantes de

pacientes internados em pronto-socorro, clínica médica e cirúrgica, foram feitas

queixas com relação à presença de barulho advindo da equipe de saúde, através de

risadas e conversas altas, influenciando diretamente em sua privacidade20. Também

foi mencionada a presença de ruídos dos equipamentos como um dos fatores que

interferiu no sono dos acompanhantes de crianças internadas com doença

oncológica.21

A partir desses estudos, é possível observar que, apesar de avaliados

separadamente, os elementos do conforto estão diretamente relacionados, como

nos casos em que a presença de ruídos que interrompeu o sono ou nos que

prejudicaram a privacidade dos acompanhantes.

Uma pesquisa que buscou conhecer a experiência do acompanhante de

paciente oncológico no hospital apresentou resultados correspondentes aos obtidos

neste estudo com relação à Limpeza. A maioria dos participantes considerou a

higienização dos quartos e banheiro adequada, porém também referiram não ser a

ideal, podendo ser melhorada22. Ainda, em ambos os estudos há alguns relatos de

presença de sujidade no ambiente e odores desagradáveis, levando a um

desconforto com relação ao ambiente em que se encontram.

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Não foram encontrados estudos com os acompanhantes de pacientes

hospitalizados que relatam a questão da segurança do hospital. Mas podemos

verificar que a Segurança, embora não tenha sido unânime, foi bem avaliada pela

maioria dos participantes desta pesquisa, pela presença de agente de segurança

nos acessos de entrada e saída do hospital e controle rigoroso dos acompanhantes

que ali circulam, exigindo a presença do crachá sempre visível. No entanto, apesar

de somente dois acompanhantes terem avaliado mal o elemento segurança,

preocupa-nos o fato de que a justificativa dada por eles retratou problemas quanto a

falta de controle de acesso dos acompanhantes na entrada do hospital e na entrada

da maternidade, que se localiza no quinto andar, tornando a unidade de AC

vulnerável, expondo as pacientes, seus recém-nascidos e os profissionais do local a

sérios riscos.

Quanto à Privacidade, observou-se uma avaliação melhor daqueles que se

encontravam nos quartos individuais do que dos que estavam nas enfermarias. Isso

se deve ao fato de estarem em um quarto junto com outras pessoas até então

desconhecidas, diminuindo a sua liberdade, enquanto que nos quartos individuais os

acompanhantes referiram se sentir mais à vontade, resguardando a sua privacidade.

Por outro lado, observou-se que a enfermaria, onde mãe, bebê e

acompanhante dividem o quarto com outras mães, bebês e acompanhantes, nem

sempre está relacionada apenas à falta de privacidade, mas também como uma

oportunidade de compartilhar informações e aprendizados, pois todos vivenciam a

chegada de uma nova vida na família. Um estudo realizado em 2011 em Santa

Catarina também apresentou resultados semelhantes, ressaltando a importância da

interação dessas famílias.5

Diversos estudos buscaram compreender o conforto dos acompanhantes com

relação ao bem-estar físico. O Descanso dos acompanhantes foi bastante relatado,

porém de forma negativa. Assim como este, os estudos referiram um descanso

insatisfatório dos acompanhantes, citando alguns motivos em comum, o sono

intermitente devido às atividades rotineiras da unidade e a necessidade de auxiliar

nos cuidados da paciente hospitalizada.5,19,23,24 No entanto, para alguns

acompanhantes, há o entendimento de que em uma maternidade, a falta de

descanso é inerente a esta situação específica de nascimento de um novo membro

da família, devido ao choro do bebê e à necessidade de ajudar a puérpera nos seus

cuidados e nos cuidados com o seu filho.

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O descanso também está diretamente relacionado ao local onde lhe é

oferecido para repouso. Neste estudo, os acompanhantes que estavam nas

enfermarias tinham disponível uma poltrona reclinável, enquanto aqueles que

estavam nos quartos individuais tinham acesso a um sofá-cama. Nenhum

acompanhante que utilizou o sofá-cama para descanso relatou falta de conforto,

pelo contrário, avaliavaram de forma positiva. Porém, nos estudos encontrados, nem

mesmo a poltrona estava disponível para todos os acompanhantes, que precisavam

se instalar em cadeiras de plástico, não surpreendendo o fato de que os mesmos

referiram dificuldade em se acomodar, causando-lhes dores no corpo e desgaste

físico.5,19,23

Um artigo que analisou a ergonomia dos Sistemas de Descanso para

acompanhantes pediátricos concluiu que todos os sistemas encontrados

apresentavam alguma deficiência por ordem antropométrica, funcional, estética ou

até higiênica, como no caso de um hospital que inseriu colchonetes no chão para os

acompanhantes descansarem.24

Assim como em outros hospitais estudados, as refeições para os

acompanhantes também eram servidas no refeitório do hospital. Eles tinham direito

ao café da manhã, almoço e jantar em horário preestabelecidos, diminuindo os

gastos da família. O estudo atual apresentou resultados semelhantes aos existentes

na literatura19,21,23. A comida do hospital, no geral, foi avaliada como sendo de boa

qualidade, saudável e em quantidade suficiente.

Porém, isso não ocorreu em um hospital do sul do Brasil, em que o

acompanhante referiu uma alimentação inadequada, baseada muitas vezes em

lanches. O estudo ainda diz que, para se ter uma refeição preparada pelo serviço de

nutrição, era necessária uma autorização, e esta era relacionada à condição

financeira do acompanhante e à idade do paciente.22

Ainda, uma pesquisa realizada com mães que estavam acompanhando as

crianças durante a sua internação, elas sugeriram que as refeições não fossem

feitas no refeitório, pois precisavam deixar a criança sozinha ou sob o cuidado de

outra pessoa, sentindo-se inseguras.19 Mas, apesar dos acompanhantes desse

estudo fazerem suas refeições longe do local de acomodação da puérpera, esse fato

não foi motivo de queixa.

Outro elemento avaliado foi o Atendimento às necessidades de higiene e

fisiológicas do acompanhante, o item com a pior média do estudo. O motivo para

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tamanha insatisfação foi, principalmente, a localização do banheiro para os

acompanhantes da maternidade, que se encontrava, exclusivamente, no 2˚ andar,

sendo necessário atravessar o corredor e descer três andares para chegar até lá.

Além de todo esse percurso para poder realizar as suas necessidades, não havia

disponibilidade de chuveiro para banho para os acompanhantes, devendo os

mesmos ir até sua residência, exigindo tempo e gastos financeiros, além do

desconforto do “ir e vir”. Em algumas situações, também era preciso deixar a

puérpera sem acompanhante, apesar do serviço prever o cadastro de dois

acompanhantes para se revezarem durante o período de internação da puérpera.

Quanto ao conforto relacionado ao âmbito sociocultural, as avaliações foram

todas positivas e correspondem com os resultados dos demais estudos. Observa-se

nítidamente a preferência das puérperas de que o acompanhante seja o seu

companheiro, assim como já foi observado em outros estudos5,24. Os relatos dos

acompanhantes sobre o seu relacionamento com a puérpera são centrados na boa

comunicação entre eles e, principalmente, na importância de participar dos cuidados

com a puérpera e o bebê, além de estabelecer vínculo afetivo e de proporcionar

segurança à mulher4,5,19,21,26.

O Relacionamento com outras paciente e outros acompanhantes demonstrou-

se importante tanto para a puérpera como para o acompanhante, pois, de acordo

com os relatos, essas interações dentro da enfermaria proporcionaram, além da

criação de um vínculo, que eles chamaram até mesmo de amizade, também o

compartilhamento entre todos de informações e conhecimentos, bem como

ajudarem-se uns aos outros, reforçando o que diz outro estudo.5

Porém, nesta pesquisa, também houve relatos de pouco contato com outras

pacientes e acompanhantes por aqueles que estavam nos quartos individuais, não

tendo muita oportunidade de compartilhar aprendizados e estabelecer vínculos de

parcerias, visto que esses acompanhantes restringiram-se aos limites do seu local

de acomodação, não compartilhando áreas comuns como, por exemplo, a sala de

televisão.

A equipe de saúde foi bastante elogiada pelos acompanhantes, que referiram

terem sido educados e atenciosos, esclarecendo dúvidas e oferendo informações

necessárias. Diversos estudos apontam a importância do estabelecimento deste

vínculo, pois as mães e acompanhantes necessitam sentir segurança e confiança

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nos profissionais que prestam assistência a ela e ao seu bebê, além de tornar o

ambiente hospitalar mais amigável.4,9,19,22,23,26

Neste âmbito, também foi questionado sobre a religião e os resultados

apresentados estavam de acordo com os achados da literatura. Apontou-se a

religiosidade como uma fonte de apoio para os acompanhantes, utilizando a fé e a

crença para agradecimentos e enfrentamento das dificuldades. A religião é citada

como sustento e promoção de conforto para os acompanhantes.22,26

Por fim, os acompanhantes também avaliaram a questão do conforto

psicoespiritual. Com relação ao apoio recebido por parte dos profissionais de saúde,

as justificativas dadas pelos acompanhantes correspondem aos achados na

literatura. Os participantes da pesquisa não hesitaram em dizer que os profissionais

foram importante ponto de apoio para eles. Os relatos demonstraram que através

das orientações, dos ensinamentos, do apoio emocional e da atenção dada pela

equipe de saúde foi estabelecido um vínculo de confiança entre eles.23,25

O sentimento de Ansiedade também apresentou um valor considerável, sendo

o motivo mais citado pelos acompanhantes, a ansiedade pela alta hospitalar. O fato

de estar dentro do hospital, por si só, gera ansiedade e desconforto. Os participantes

dessa pesquisa, mencionaram o desejo de ir embora, para poder vivenciar a

chegada de um novo ser em casa, em um lugar onde se sentem confortáveis, junto

da família.

Além disso, observou-se diversos relatos de ansiedade com relação ao parto,

pelas dúvidas e medos que sentem durante o trabalho de parto da parturiente e pela

vontade de conhecer o bebê prestes a chegar. Esta ansiedade ficou diminuída ou

até mesmo ausente após o nascimento da criança, encontrando-se tranquilos no AC.

A Preocupação com relação à saúde do paciente e a preocupação financeiras

foram bastante citadas neste estudo e também mencionadas em outros estudos. Os

acompanhantes se sentem preocupados com a saúde do paciente internado e, por

isso, estão sempre presentes, auxiliando nos cuidados e procurando informações

pelos profissionais. Porém, ao mesmo tempo, isso acarreta uma outra preocupação

fora no ambiente hospitalar, a financeira. Foram relatados sentimentos de ansiedade

e angústia, pois sua permanência no hospital gera aumento nos gastos com

transporte e alimentação e diminuição da renda familiar, por não estar exercendo

sua atividade profissional9,23, quando os acompanhantes companheiros eram

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trabalhadores autônomos ou informais, não usufruindo da licença paternidade,

prevista em lei.

Apesar de os elementos terem sido avaliados separadamente, todos estão

envolvidos nos diversos contextos do conforto, descritos por Kolcaba. Como cita em

sua teoria, para atingir o conforto holístico, todos os elementos das quatro

dimensões, ambiental, bem-estar físico, sociocultural e psicoespiritual, devem ser

atendidos10. A partir dos resultados deste estudo, observa-se que o conforto holístico

dos acompanhantes não foi atingido, e que alguns elementos do conforto

apresentaram mais queixas e críticas, enquanto outros, principalmente aqueles

pertencentes à dimensão sociocultural, foram bastante elogiados, demonstrando que

se sentiram confortáveis nos relacionamentos interpessoais.

6. CONCLUSÕES

De acordo com o objetivo e a partir dos resultados encontrados neste estudo,

foi possível a realização da caracterização dos acompanhantes, deixando claro a

preferência da puérpera em ser acompanhada pelo seu companheiro, pai da

criança.

Através das avaliações e relatos feitos pelos acompanhantes, foram

identificados elementos geradores de desconforto aos acompanhantes que se

encontravam no AC de um HU, como o descanso insatisfatório, a poltrona, muitas

vezes quebradas ou danificadas, a temperatura desagradável, a disponibilidade de

banheiro para atendimento às necessidades de higiene e necessidades fisiológicas

somente em outro andar, a falta de chuveiro para banho e a ansiedade,

principalmente pela saúde da puérpera e do bebê e a ansiedade para receber alta

hospitalar.

Além disso, ficou evidente que a dimensão sociocultural, que se trata dos

relacionamentos do acompanhante com as pacientes, acompanhantes e

profissionais de saúde, e a questão religiosa foram muito bem avaliados pelos

acompanhantes, e foram elementos que lhes trouxeram conforto durante a sua

permanência no AC. Ainda, o apoio recebido pela equipe de saúde também merece

destaque, pois os acompanhantes referiram que tiveram atenção, educação e

paciência para com eles.

Por fim, nem todas as associações estudadas apresentaram resultados

estatisticamente significativos. Não houve associação significativa entre os

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elementos que geram conforto ou desconforto pelos acompanhantes com o grau de

parentesco com a puérpera ou com o tipo de acomodação. Apesar disso, foi possível

observar que itens como Espaço físico, Iluminação durante a noite, Privacidade e

Descanso foram melhor avaliados por acompanhantes que estavam em quartos

individuais do que por aqueles que estavam em enfermarias compartilhando o

quarto com outras pessoas. E ainda, que acompanhantes companheiros das

puérperas referiram maior nível de ansiedade e preocupação.

A associação dos elementos geradores de conforto e desconforto entre os

participantes que já tiveram experiências anteriores como acompanhantes com

aqueles que estavam vivenciando pela primeira vez apresentou um valor significativo

(p= 0,013) no elemento Relacionamento com outras pacientes da dimensão

sociocultural, o que pode estar relacionado ao fato de que aqueles que não possuem

experiência anterior precisam de mais ajuda e, portanto, são mais abertos aos

relacionamentos, às informações e orientações.

Outro valor significativo encontrado foi na associação do conforto e

desconforto dos acompanhantes com o grau de escolaridade deles. O elemento que

apresentou associação foi a Preocupação, presente no conforto psicoespiritual, em

que os acompanhantes com ensino fundamental se mostraram menos preocupados

do que aqueles com ensino médio ou superior (0,012).

Apesar do número amostral pequeno, que não permitiu alcançar resultados

mais robustos para os testes de associação pretendidos nesse estudo, conclui-se

que os resultados apresentados trazem contribuições para a prática, agregando

novo conhecimento para a área.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de os resultados obtidos trazerem grande contribuição para a prática,

buscando compreender os elementos que geram confortos e desconfortos aos

acompanhantes de puérperas internadas no AC, o estudo apresentou limitação

devido à impossibilidade de se atingir a amostra previamente calculada de 214

participantes, para o período em que a pesquisadora teria disponibilidade para a

realização da pesquisa, sendo possível a coleta de dados de apenas 50

acompanhantes. Isto dificultou a análise estatística no que se refere aos testes de

associação entre as características dos acompanhantes, local de acomodação e

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avaliação dos elementos geradores de conforto ou desconforto, levando a resultados

inconclusivos.

Também observou-se que a escala utilizada para avaliação do conforto, por

ser uma escala subjetiva, apresentou avaliações distintas, mas com justificativas

bastante semelhantes, o que dificultou no estabelecimento de critérios para a

avaliação.

Assim, para futuros estudos, sugere-se a inclusão de um qualificador na

escala de avaliação tipo Likert denominado “Regular”, visto que o qualificador

“Bom” para os acompanhantes desse estudo foi compreendido de duas formas,

avaliação boa ou regular. Além disso, sugere-se fusão dos qualificadores “Muito

Bom” e “Ótimo” para somente “Ótimo”, uma vez que as justificativas para essas duas

avaliações foram bastante semelhantes. Assim sendo, a proposta de escala de

avaliação para os elementos geradores de conforto ou desconforto ficaria da

seguinte forma: “Péssimo”, “Ruim”, “Regular”, “Bom” e “Ótimo”.

Porém, ainda assim, com a estratégia utilizada para a coleta de dados, foi

possível colher informações importantes que enriqueceram o nosso entendimento

sobre a inserção do acompanhante na maternidade.

De acordo com os resultados apresentados, observa-se que a estrutura física

da maternidade ainda necessita de melhorias para que se possa trazer conforto ao

acompanhante, incentivando a sua permanência durante toda a internação da

puérpera. Foi sugerido pelos próprios acompanhantes o aumento do espaço físico

para melhor movimentação pelas enfermarias, facilidade de acesso aos sanitários e

instalação de chuveiro para banho dos acompanhantes, e melhores condições para

o seu descanso, como a manutenção das poltronas quebradas ou danificadas e

oferecimento de cobertores. Houve, também, a solicitação de que fosse oferecido

suco junto com as refeições.

Por outro lado, os resultados mostraram que a equipe de saúde parece estar

preparada para receber os acompanhantes e inserí-los nos cuidados com o binômio

mãe-bebê, demonstrando apoio, paciência e oferecendo as informações

necessárias, favorecendo o fortalecimento do vínculo afetivo com o bebê e criando

um elo de confiança com os profissionais de saúde.

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90

Apêndice I

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Meu nome é Karen Yumi Ishihara, orientanda da Profa. Dra. Isilia Aparecida

Silva.

O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar da pesquisa intitulada

“Confortos e desconfortos percebidos pelos acompanhantes de puérperas

internadas na unidade do Alojamento Conjunto”, que tem como objetivo de

compreender os elementos geradores de conforto e/ou desconforto aos

acompanhantes das puérperas internadas no Alojamento Conjunto do Hospital

Universitário da USP.

Ao concordar em participar da pesquisa, o(a) sr(a). responderá um

questionário relacionado aos seus dados pessoais e informações sobre conforto e

desconforto, que terá uma média de duração 20 minutos, a qual será realizada em

local privativo, na mesma unidade em que o(a) sr(a). se encontra.

As informações serão gravadas, após a sua autorização, registradas e

mantidas em sigilo, guardadas em local seguro sob minha responsabilidade. Ainda,

as informações que o (a) sr(a). fornecer, serão utilizadas somente para os fins desta

pesquisa, sem qualquer ganho pessoal ou econômico das pesquisadoras e serão

tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua

identidade.

Participar da pesquisa poderá lhe trazer riscos relacionados aos possíveis

constrangimentos durante a entrevista. Sua participação não trará benefício

imediato, porém os resultados poderão contribuir futuramente, na melhora da

inserção do acompanhante no Alojamento Conjunto. O(a) sr(a). não terá nenhum

benefício financeiro para a participação no estudo e nenhum prejuízo financeiro.

Entretanto, se esta pesquisa lhe trouxer despesas o (a) sr(a). terá direito ao

ressarcimento. Se o (a) sr(a). tiver danos decorrentes dessa pesquisa, o (a) sr(a).

terá direito a indenização.

O(a) sr(a). é livre para decidir em participar ou não do estudo, podendo

desistir a qualquer momento, não havendo nenhum tipo de prejuízo na assistência à

paciente que o(a) sr(a). está acompanhando e nem para o(a) sr(a). Se tiver alguma

dúvida sobre o estudo, poderá entrar em contato com a pesquisadora pelo telefone

da unidade do Alojamento Conjunto do HU (5º andar): Tel.: (11) 3091-9411,

Endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 2565 – Cidade Universitária – CEP: 05508-000 –

São Paulo SP, em serviço por 24 horas/semana.

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91

Rubrica da pesquisadora: ______________

Rubrica do participante da pesquisa:_______________

Este estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) da

Escola de Enfermagem da USP (EEUSP) e do Hospital Universitário da USP (HU-

USP). Qualquer dúvida com relação aos aspectos éticos desta pesquisa o(a) sr(a)

poderá entrar em contato com estes comitês nos seguintes endereços: CEP da

EEUSP na Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419 - sala 202, telefone 3061-8858, e-

mail: [email protected] ; CEP do HU-USP na Av. Prof. Lineu Prestes, 2565, telefone

3091-9457, email: [email protected] .

Este documento possui duas vias, sendo que uma ficará em seu poder e a

outra arquivada sob minha responsabilidade, todas rubricadas e assinadas. Esta

pesquisa atende todas as especificações da resolução 466/12 que aprova as

diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos.

Declaro que após ser esclarecido sobre o estudo, seus objetivos e finalidades,

e ter entendido o que me foi explicado, aceito participar do presente Projeto de

Pesquisa.

Nome e Assinatura do(a) participante da pesquisa

____________________________________________________________

Assinatura da Pesquisadora ______________________________________

São Paulo, de de 2017

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92

APÊNDICE II

Formulário de Coleta de Dados Nº ______

Parte 1 - Dados sociodemográficos ou de caracterização

1.1. Nome (iniciais): _____________

1.2. Idade: _____ anos

1.3. Parentesco com a paciente internada:

( ) Companheiro ( ) Mãe Outros:

______________________

1.4. Se companheiro, situação conjugal:

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) União estável Outros:

______________

1.5. Tipo de acomodação:

( ) Quarto ( ) Enfermaria

1.6. Escolaridade:

( ) Fund. Completo ( ) Fund. Incompleto ( ) Médio Completo

( ) Médio Incompleto ( ) Sup. Completo ( ) Sup. Incompleto

1.7. Ocupação: _________________________

1.8. Teve experiência anterior como acompanhante em maternidade?

( ) Sim . Quando e onde? ______________________________________

___________________________________________

( ) Não

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93

Parte 2 – Entrevista

2.1. Percepção do conforto e desconforto em relação ao ambiente

2.1.1. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

espaço físico da maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.2. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

Iluminação da maternidade durante o dia?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.3. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

Iluminação da maternidade durante a noite?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.4. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

temperatura da maternidade durante o dia?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.5. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

temperatura da maternidade durante a noite?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

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94

2.1.6. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

barulho da maternidade durante o dia?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.7. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

barulho da maternidade durante a noite?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.8. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

limpeza da maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.9. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

segurança da maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.10. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

privacidade da maternidade, o fato de estar com outras pessoas?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.1.11. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

ambiente da maternidade no geral?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

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95

2.2. Percepção do conforto e desconforto em relação ao bem-estar físico

2.2.1. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

seu descanso durante o dia, aqui na maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.2.2. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

seu descanso durante a noite, aqui na maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.2.3. Durante a sua permanência como acompanhante na maternidade, como o(a)

Sr.(a) avalia a poltrona/sofá?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.2.4. Durante a sua permanência como acompanhante na maternidade, como o(a)

Sr.(a) avalia as suas refeições?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.2.5. Durante a sua permanência como acompanhante na maternidade, como o(a)

Sr.(a) avalia o atendimento das necessidades de higiene e necessidades

fisiológicas?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

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96

2.3. Percepção do conforto e desconforto em relação ao conforto sociocultural

2.3.1. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

relacionamento com a paciente aqui na maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.3.2. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

relacionamento com as outras pacientes aqui na maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.3.3. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

relacionamento com os outros acompanhantes aqui na maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.3.4. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

relacionamento com os profissionais de saúde aqui na maternidade?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.3.5. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

seu conforto com relação a parte religiosa?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

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97

2.4. Percepção do conforto e desconforto em relação ao conforto

psicoespiritual

2.4.1. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia o

apoio recebido por parte dos profissionais de saúde?

1

Péssimo

2

Ruim

3

Bom

4

Muito Bom

5

Ótimo

Por que?:

2.4.2. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia a

sua ansiedade?

1

Extremamente

Ansioso

2

Muito ansioso

3

Ansioso

4

Pouco ansioso

5

Nada ansioso

Por que?:

2.4.3. Durante a sua permanência como acompanhante, como o(a) Sr.(a) avalia sua

preocupação?

1

Extremamente

preocupado

2

Muito

preocupado

3

Preocupado

4

Pouco

preocupado

5

Despreocupado

Por que?:

3. O(a) Sr(a) gostaria de falar mais alguma coisa?

Encerrar e agradecer a participação.

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Anexo I