universidade de sÃo paulo faculdade de filosofia ciÊncias e letras de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO
PRETO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
“Distribuição da proteína Fos no encéfalo de ratos durante o medo
condicionado ao som e contexto”.
Marcos Galdiano Lopes
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP,
Como parte das exigências para obtenção do
Título de Mestre em Ciências, Área: Psicobiologia.
RIBEIRÃO PRETO – SP
- 2006 –
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO
PRETO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
“Distribuição da proteína Fos no encéfalo de ratos durante o medo
condicionado ao som e contexto”.
Marcos Galdiano Lopes
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP,
Como parte das exigências para obtenção do
Título de Mestre em Ciências, Área: Psicobiologia.
Orientador: Prof. Dr. Marcus Lira Brandão
RIBEIRÃO PRETO – SP
- 2006 –
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL
DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU
ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE
CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Lopes, Marcos Galdiano
Distribuição da proteína Fos no encéfalo de ratos durante o
medo condicionado ao som e contexto como estímulos
condicionados. Ribeirão Preto –SP. Ribeirão Preto, 2006.
70 p. : il. ; 30cm
Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP – Área de
concentração: Psicobiologia. Orientador: Brandão, Marcus Lira.
1.Medo condicionado. 2. Congelamento. 3.
Imunoistoquímica. 4. Proteína Fos.
Dedico este trabalho
Ao meu pai, Euripedes Mendes Lopes (in memorian) que está sempre em
meus pensamentos e é sempre lembrado com muito amor e carinho, mas, agradeço
principalmente minha mãe Gessi Vaz Galdiano Lopes, que com muito amor,
paciência e compreensão me ensinou a lutar pelos meus objetivos sem nunca
desistir. Amo vocês!
A toda minha família, em especial, minha irmã Mônica pelo carinho e
incentivo sempre presentes e também aos meus sobrinhos Marília e Marcelo pelos
momentos de descontração!
A minha namorada Ana Paula, pelo amor, paciência, sensibilidade e
compreensão. Você tem sido meu porto seguro, me ajudado a crescer e já faz parte
de minha vida, por isso te amo muito. Obrigado!
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me dar força e persistência para concluir mais esta etapa da minha vida.
Ao Prof. Dr. Marcus Lira Brandão, por confiar na minha capacidade profissional, e ter me
orientado.
À banca examinadora, pela atenção dispensada na análise deste trabalho.
Aos meus amigos e colegas, pelos bate-papos e conselhos. Vocês tornaram esse período muito
especial.
Aos amigos de laboratório, Raquel, Carlos Eduardo, Jorge, Karina, Cristina, Lucas, Amanda,
Júlia, Ana Carolina, Fernanda, Sueli, Cecília, Milene, Adriano, Lucas Baptista, Caio, Luciana e
Alicia, pelo agradável convívio e por me ajudarem, de alguma maneira, na realização deste
trabalho.
Ao Jorge, Raquel, Karina, Cristina e Carlos Eduardo pela contribuição especial.
Aos amigos do setor de Psicobiologia que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a
conclusão de mais essa etapa em minha vida.
À Renata BV, pela dedicação profissional e momentos agradáveis.
À Cida e Sueli pela amizade e sinceridade.
Ao Carlos Augusto (Guto) pelo apoio técnico e amizade.
À todos da secretaria de Pós – graduação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Ribeirão Preto pelos serviços prestados.
Ao Biotério Central do câmpus pelo fornecimento dos animais.
À CAPES, pelo apoio financeiro.
VOCÊ MESMO
”Lembre-se de que você mesmo é o melhor secretário de sua tarefa, o mais eficiente propagandista de seus
ideais, a mais clara demonstração de seus princípios, o mais alto padrão do ensino superior que seu espírito
abraça e a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos outros.
Não se esqueça, igualmente, de que o maior inimigo de suas realizações mais nobres, a completa ou
incompleta negação do idealismo sublime que você apregoa, a nota discordante da sinfonia do bem que
pretende executar, o arquiteto de suas aflições e o destruidor de suas oportunidades de elevação - é você
mesmo." Francisco Cândido Xavier
Abreviações
AHA: Área hipotalâmica anterior, parte central
BLA: Núcleo basolateral da amígdala
CeA: Núcleo central da amígdala
Cg: Córtex cingulado 1 e 2
CnF: Núcleo cuneiforme
DMH: Hipotálamo dorsomedial
DMPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte dorsomedial
DLPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte dorsolateral
DR: Núcleo dorsal da rafe
Ent: Córtex entorrinal
HP: Hipocampo, áreas CA1, CA2 e CA3
IC: Colículo inferior
IL: Córtex infra-límbico
LC: Locus Coeruleus
LH: Hipotálamo lateral
LPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte lateral
MeA: Núcleo medial da amígdala
MnR: Núcleo mediano da rafe
PaAP: Hipotálamo paraventricular
PMD: Núcleo pré-mamilar, parte dorsal
PrL: Córtex pré-limbico
PVA: Tálamo paraventricular
SC: Colículo superior
VLPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte ventrolateral
VMH: Hipotálamo ventromedial, parte dorsomedial
ANOVA: Análise de variância
EI: Estímulo incondicionado
EC: Estímulo condicionado
SUMÁRIO
Resumo 11
Abstract 13
Introdução 15
Objetivos 21
Materiais e Métodos 21
Animais 21
Equipamentos 22
Procedimento Experimental 23
Delineamento Experimental 24
Histologia 25
Imunoistoquímica para detecção da proteína Fos 26
Análise Quantitativa da Expressão da Proteína Fos 27
Análise Estatística 29
Resultados 31
Discussão Geral 43
Referências Bibliográficas 53
Resumo____________________________________________________________________________________11
No condicionamento clássico de medo, os animais são treinados a associar um estímulo
neutro, por exemplo, som ou contexto a um estímulo aversivo incondicionado (EI), como um
choque elétrico nas patas. Após alguns pareamentos, a presença do estímulo neutro passa
isoladamente a eliciar um estado de medo no animal, gerando uma resposta condicionada. O
congelamento é a resposta mais proeminente dos animais expostos ao estímulo condicionado,
previamente pareados com choques nas patas, sendo usualmente utilizado como medida do medo
condicionado. A técnica de imunoistoquímica para a detecção de proteína Fos foi utilizada para
mapear as estruturas encefálicas de ratos submetidos a dois tipos de condicionamento: contextual
e ao som. Duas horas após a sessão teste, os ratos foram sacrificados e perfundidos com
paraformaldeído. As estruturas encefálicas ativadas foram identificadas através da análise da
expressão neuronal da proteína Fos e um aumento significativo na expressão de núcleos neuronais
imunorreativos foram encontrados no, núcleo central (CeA) e basolateral da amígdala (BLA),
tálamo paraventricular (PVA) , área hipotalâmica anterior (AHA), substância cinzenta
periaquedutal ventrolateral (VLPAG) e núcleo cuneiforme (CnF) nos animais submetidos a
ambos tipos de condicionamento, entretanto, o córtex pré-limbico (PrL), hipotálamo
paraventricular (PaAP) e as partes dorsomedial, dorsolateral, lateral da substância cinzenta
periaquedutal e o colículo inferior (IC) apresentaram uma maior densidade de imunorreatividade
Fos ao som e o núcleo mediano da rafe (MRN) ao contexto aversivo que os grupos controles MC-
0,3 mA e CD-0,6 mA. Estes resultados confirmam o envolvimento destas estruturas no medo
condicionado e, sugerem que diferentes circuitos neurais estão subjacentes ao medo condicionado
contextual a ao som.
______________________________________________________________________________
Abstract____________________________________________________________________________________13
______________________________________________________________________________
It has been shown that unconditioned and conditioned fear activates different neural
circuits in the brain. Since conditioned fear can be elicited by several neutral stimuli such as
context, tones or light (CS) previously paired to an aversive unconditioned stimulus (e.g. foot
shocks-UCS) this work was aimed at examining the brain neural substrates that underlie the fear
behavior induced by different conditioned fear stimuli. Rats were submitted to classical fear
conditioning using tones or context as CS and foot shocks as UCS. Freezing behavior in the test
sessions induced by both types of conditioned stimuli was qualitative and quantitatively similar.
However, a distinct Fos immunoreactivity could be observed depending on the type of fear
conditioning. While the median raphe nucleus (MRN) was activated only by the contextual fear
conditioning tone-CS caused unique labeling in the inferior colliculus (IC), dorsal parts of the
periaqueductal gray, paraventricular hypothalamus (PaAP) and prelimbic area (PrL). Central
(CeA) and basolateral amygdala (BLA), paraventricular thalamus (PVA), anterior hypothalamus
(AHA), ventrolateral periaqueductal gray (VLPAG) and cuneiform nucleus (CnF) showed
significant labeling to both types of conditioned stimuli. These results support the existence of
distinct neural circuits mediating the freezing behavior triggered by tone and context as
conditioned fear stimuli. The brain activation induced by contextual fear appears to recruit brain
circuits from the MRN, whereas tone-CS recruits fear-mediated circuits from the midbrain
tectum. A core neural substrate comprised of amygdala, PVA, AHA, VLPAG and CnF seems to
subserve the fear conditioning independent of the type of the CS used.
Introdução__________________________________________________________________________________15
______________________________________________________________________________
A origem da ansiedade e de outras alterações emocionais está intimamente relacionada
com as reações de defesa dos animais, as quais ocorrem em resposta aos estímulos ou situações
de perigo normalmente encontradas no ambiente em que vivem (GRAEFF; GUIMARÃES,
1999). A ansiedade pode ser entendida como um estado emocional resultante do estado de
apreensão, incerteza e medo, freqüentemente experimentados na espécie humana e outros
mamíferos (DARWIN, 1872). Esses estados emocionais são relatados subjetivamente como
desconfortáveis e são, em grande parte, acompanhados por diversas alterações fisiológicas,
comportamentais e psicológicas, tais como taquicardia, sudorese, hiperventilação, aumento da
tensão muscular, inquietude e alerta (NUTT, 1990). Quando manifestada em níveis adequados
ou normais, a ansiedade também pode ter um valor adaptativo, à medida que contribui para a
execução de tarefas e, em última análise, para a sobrevivência dos indivíduos. Em contrapartida,
a ansiedade deve ser considerada patológica quando manifestada em excesso ou de modo
desproporcional às circunstâncias, prejudicando o desempenho dos indivíduos, ou ainda quando
associada a outros distúrbios afetivos (GRAEFF, 1993; DRATCU; LADER, 1993; NUTT,
1990).
Um conceito importante para se diferenciar medo e ansiedade é o de direção defensiva,
segundo o qual comportamentos distintos são observados quando um animal deixa uma área
onde há um predador (perigo real) ou entra em uma área onde um predador esteve ou pode estar
(perigo potencial), (BLANCHARD; BLANCHARD, 1990). Esses pesquisadores definiram como
resposta de medo aqueles comportamentos evocados na presença do predador, e como respostas
de ansiedade, os comportamentos evocados na sua ausência, por sinais associados ao mesmo
(por exemplo, seu odor). Outro conceito importante é a distância defensiva, pois diferentes tipos
de comportamentos são observados em diferentes distâncias do predador. Quando o mesmo
Introdução__________________________________________________________________________________16
______________________________________________________________________________
estiver próximo surgem respostas relacionadas ao medo e se estiver distante surgem
comportamentos relacionados à ansiedade (BLANCHARD; BLANCHARD, 1987, 1988).
Diversos trabalhos têm sido conduzidos em laboratório com o objetivo de estudar o
estresse e a ansiedade. Em ratos e em outras espécies de roedores, a apresentação de estímulos
estressantes e aversivos é capaz de promover uma condição antropomorficamente relacionada ao
medo (ALBONETTI; FARABOLLINI, 1995; BRAIN et al., 1991; VAN DIJKEN et al., 1992).
Para grande parte dos vertebrados, a presença de um predador constitui uma situação aversiva
que prontamente elicia reações de medo e ansiedade (BLANCHARD; BLANCHARD, 1988;
BLANCHARD et al., 1990). Nestas situações é freqüente o desenvolvimento de uma série de
respostas autonômicas características e a manifestação de comportamentos de defesa espécie-
específica, que teriam a finalidade de preparar os animais para a fuga ou confronto, e desta
forma, possibilitar a continuidade da espécie. Por exemplo, ratos confrontados ou ameaçados
com um predador geralmente emitem vocalizações ultra-sônicas e manifestam comportamentos
defensivos tais como alerta, congelamento, fuga e ou luta. Adicionalmente, os animais
apresentam defecação, micção e uma forte ativação do sistema nervoso simpático, que promove
piloereção, midríase, taquicardia e aumento da pressão arterial e do fluxo sangüíneo para a
musculatura estriada. Observa-se ainda um aumento característico dos níveis plasmáticos de
corticosterona e de catecolaminas.
Os modelos animais de ansiedade são divididos em dois grupos principais: modelos
baseados em medos inatos ou etologicamente fundamentados e modelos baseados em
aprendizagem associativa, descritos a seguir. Os modelos etologicamente fundamentados usam
estímulos que desencadeiam respostas incondicionadas de medo em diferentes espécies animais
frente a situações e/ou estímulos naturalmente aversivos – lugares novos e/ou intensamente
Introdução__________________________________________________________________________________17
______________________________________________________________________________
iluminados, presença de co-específicos e confronto com predadores. Esses modelos oferecem
várias vantagens sobre os modelos de punição por não empregarem estímulos nocivos, como
choques elétricos, privação de água ou de alimento e por apresentarem baixo custo operacional
(LISTER, 1990; PELOW et al., 1985).
Muitos modelos animais de ansiedade envolvem processos de aprendizagem associativa
baseados no condicionamento clássico e/ou operante do medo. No âmbito do condicionamento
clássico, podemos utilizar uma série de estímulos, originalmente neutros (EC) que, pareados com
estímulos aversivos incondicionados (EI) geram, por si só, uma resposta defensiva ao final do
condicionamento. Nesse sentido uma série de estímulos pode desempenhar este papel. No
paradigma de medo condicionado, o pareamento de um estímulo sonoro com um EI de natureza
aversiva (choque nas patas) gera, durante o teste, uma resposta condicionada de medo
(congelamento) quando um dos ECs é apresentado isoladamente (LANDEIRA-FERNANDEZ,
1996). Deste modo, esse estímulo neutro passaria a desencadear a resposta de medo/ansiedade
em decorrência de antecipar para o animal a apresentação de um estímulo aversivo. Já pelo
condicionamento operante, os animais aprendem determinadas estratégias ou tarefas, a fim de
diminuir ou suprimir as conseqüências negativas associadas com a apresentação do estímulo
aversivo. Na punição, há uma diminuição do comportamento após o estímulo aversivo. Caso as
respostas sejam seguidas pela retirada do estímulo aversivo temos a fuga e, quando são seguidas
pela evitação da apresentação do estímulo aversivo, temos a esquiva (GELLER; SEIFTER,
1960; VOGEL et al., 1971).
A resposta condicionada contextual de medo é induzida pela reexposição de um animal a
um ambiente, no qual tenha previamente recebido um estímulo aversivo ou estímulo
incondicionado. Os estímulos contextuais ou polimodais, onde os choques nas patas são
Introdução__________________________________________________________________________________18
______________________________________________________________________________
liberados têm também sido utilizados como EC (FANSELOW, 1980). O ambiente adquire,
portanto, características aversivas através do pareamento repetitivo com estímulos aversivos,
como os choques nas patas. Essa resposta de medo condicionado se expressa principalmente pelo
comportamento de congelamento, caracterizado como ausência total de movimentos do corpo e
das vibrissas (AVANZI et al., 1998, 2003; FANSELOW; BOLLES, 1979; FANSELOW;
BAACKES, 1982; FANSELOW, 1984; HELMSTETTER; TERSHNER, 1994; VIANNA et al.,
2003). O tempo da resposta de congelamento é predominantemente determinado pelas
características do choque, variando em razão do aumento da intensidade e/ou da duração do
mesmo (FANSELOW, 1986), assim como pelo tipo de EC apresentado ao animal, ou seja, se o
estímulo é uma luz ou som (SAKAGUCHI; LEDOUX; REIS, 1983), ou ainda o contexto
(FANSELOW, 1980). As respostas defensivas aos diferentes ECs de medo podem representar as
diversas formas em que a ansiedade se expressa (AVANZI; SILVA; MACEDO; BRANDÃO,
2003).
Existem dois sistemas neurais que comandam a reação de defesa nos animais: o Sistema
Encefálico Aversivo (SEA) e o Sistema de Inibição Comportamental (SIC). As reações
comportamentais nesses dois sistemas são acompanhadas por componentes subjetivos e
neurovegetativos, apresentando um grande valor na luta pela sobrevivência. (GRAEFF, 1981)
propôs a existência de um SEA que estaria envolvido com a geração de comportamentos
defensivos e a elaboração de estados motivacionais e emocionais aversivos. Esse sistema é
representado por estruturas envolvidas nos processos que compreendem agressão/defesa, tais
como hipotálamo medial, amígdala, matéria cinzenta periaquedutal dorsal, colículo inferior e
camadas profundas do colículo superior (BRANDÃO et al., 1999; GRAEFF, 1990). O SEA
processa principalmente estímulos incondicionados, produzindo um aumento expressivo da
Introdução__________________________________________________________________________________19
______________________________________________________________________________
atividade dirigida para o ataque e fuga, além de ECs que produzem respostas de esquiva ou
congelamento. Enquanto o SEA compreende as estruturas relacionadas com as estratégias de
defesa observadas em situações ameaçadoras ou de perigo iminente, o SIC é ativado em
situações conflitantes. Esse sistema seria representado principalmente pelo sistema septo-
hipocampal (SSH), o qual é constituído pelo hipocampo, córtices entorrinal, subicular, cingulado
posterior e área septal, além de suas interconexões e vias monoaminérgicas ascendentes que
inervam estas estruturas prosencefálicas. (GRAY; MCNAUGHTON, 2000).
Existe um número considerável de trabalhos mostrando que a ansiedade está associada a
um conjunto de estruturas encefálicas e pode ser modulada por alterações em sua atividade
neuronal (GRAEFF, 1990; GRAY, 1982). Entretanto, a maioria das evidências neuroanatômicas
obtidas são originárias de estudos comportamentais utilizando técnicas de lesão, estimulação ou
a manipulação farmacológica de estruturas específicas. Apesar de serem de grande utilidade,
esses métodos não avaliam o funcionamento integrado de estruturas do encéfalo em situações de
ameaça, mas apenas indicam o envolvimento de áreas isoladas na mediação da ansiedade.
O desenvolvimento recente de diversas técnicas imunoistoquímicas nos permite um
melhor conhecimento dos múltiplos sistemas neuroquímicos cerebrais envolvidos na produção
de respostas defensivas. Nelas, são utilizados anticorpos capazes de reconhecer e ligar-se
especificamente a neurotransmissores ou a suas enzimas sintetizadoras, hormônios e substâncias
neuroativas. Estes anticorpos podem ser marcados e identificados de diversas maneiras e desta
forma serem utilizados para sinalizar a localização e a distribuição encefálica de seus respectivos
antígenos bem como de neurônios contendo um neurotransmissor ou outra substância específica
que se deseje estudar (HERRERA; ROBERTSON, 1996).
Introdução__________________________________________________________________________________20
______________________________________________________________________________
Recentemente foi verificado que o processo de transcrição de alguns tipos de genes, entre
os quais o c-fos (marcador funcional da atividade neuronal), pode estar aumentado em neurônios
ativados. Esses genes pertencem à categoria dos proto-oncogenes que, em condições fisiológicas,
estão envolvidos com a regulação do crescimento e a divisão celular. Porém, os oncogenes foram
descritos primeiramente como a informação genética responsável pela indução de tumores por
vírus contendo RNA, da classe dos retrovírus. Assim, os oncogenes podem ser também
considerados como genes cuja expressão pode resultar em uma alteração celular patológica
(MORGAN; CURRAN, 1991).
Os genes celulares normais, dos quais os oncogenes retrovirais foram derivados, são mais
corretamente referidos como “proto-oncogenes”, significando que eles representam os
precursores dos oncogenes (KOVÁSCS, 1998). Os proto-oncogenes são também conhecidos
como genes de ação precoce ou imediata e caracterizados pela transcrição induzida de maneira
rápida e transitória em resposta a estímulos que promovem ativação neural (MORGAN;
CURRAN, 1991, 1995).
Em nosso estudo, utilizamos a técnica imunoistoquímica para avaliar a expressão de Fos
em estruturas encefálicas, envolvidas com a geração de estados emocionais após a reexposição
de ratos a diferentes tipos de estímulos condicionados como contexto ou som associados ao
choque nas patas (EI).
Objetivos/Materiais e Métodos__________________________________________________________________21
_____________________________________________________________________________
Objetivos
- Analisar comparativamente as respostas de congelamento, induzidas pela apresentação de
diferentes estímulos condicionados (contexto e som) em testes de aprendizagem associativa.
- Analisar a distribuição da proteína Fos em estruturas encefálicas durante a resposta de
congelamento, induzido pelo contexto e som.
Materiais e Métodos
Animais
Foram utilizados ratos Wistar machos, pesando entre 230-280g, provenientes do biotério
central da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto. Os animais foram alojados em
grupos de seis animais em gaiolas de polipropileno (30 x 32 x 18 cm), forradas com serragem,
com livre acesso a água e alimento durante todo o experimento. Os animais permaneceram em
um biotério com temperatura controlada (22 ± 2°C) e ciclo claro-escuro de 12 h, sendo o início
do período claro às 07:00h. Estes animais foram transportados individualmente para a sala
experimental em uma caixa de polipropileno forrada com serragem, medindo 28 x 17 x 13 cm.
Objetivos/Materiais e Métodos ______________________________________________________________22
______________________________________________________________________________
Equipamentos
Caixa de condicionamento:
Nos experimentos de condicionamento foram utilizadas duas caixas distintas: mesmo
contexto (caixa A) e contexto diferente (caixa B). A caixa A medindo 30 x 20 x 25 cm, possui as
duas paredes laterais e de fundo em acrílico opaco e a frente e o teto em acrílico transparente. O
assoalho da caixa é constituído por barras de metal de 5 mm de diâmetro, distando 1,2 cm entre
si, permitindo a administração de choques elétricos por meio de um gerador de choque com
misturador de voltagem (Albarsh, Brasil). A caixa B, diferente e maior, medindo 60 x 25 x 25
cm, com as paredes de acrílico pintadas de preto, frente e teto em acrílico transparente e o piso
de grades, de 5 mm de diâmetro, distando 1,5 cm entre si. A apresentação dos choques e
estímulos foi controlada por meio de um microprocessador (Insight Equipamentos, Brasil). Os
estímulos condicionados utilizados consistiram de um estímulo sonoro (som de 85 dB, 1000 Hz,
GW, Model GAG-808-G, USA), ou ainda estímulo contextual (caixa A), onde os animais foram
condicionados. Os animais dos grupos controles foram condicionados no mesmo contexto (caixa
A), com uma intensidade de choque de 0,3 mA e contexto diferente (caixa B) com uma
intensidade de choque de 0,6 mA. 24 horas após o condicionamento, todos os animais foram
testados na caixa A, onde permanecem por 10 min cada, sem apresentação de choque. Terminada
a sessão de cada animal, duas horas após a sessão teste, os animais foram perfundidos e seus
encéfalos retirados para ensaio imunoistoquímico.
Objetivos/Materiais e Métodos ______________________________________________________________23
______________________________________________________________________________
Procedimento Experimental
Sessão de condicionamento:
Os animais foram submetidos a um período de 5 min de habituação e, posteriormente, a
uma sessão de condicionamento que consiste de 10 pareamentos entre choques nas patas com
som e choque nas patas com ausência de som. A ausência do som caracteriza o grupo contexto,
que é pareado com duas intensidades de choques, 0,3 mA (condicionamento moderado) e 0,6
mA (condicionamento forte). O EI (choque) foi apresentado durante o último segundo dos 10
segundos do som (EC), com intervalo variável entre 30 e 120 segundos, totalizando 10 minutos
de teste. Os animais dos grupos controles foram condicionados na (caixa A) com intensidade de
choque igual a 0,3 mA e condicionados na (caixa B) com intensidade de choque igual a 0,6 mA,
segundo delineamento experimental.
Sessão teste:
No dia seguinte à sessão de condicionamento todos os animais foram submetidos à
sessão teste na (caixa A) durante 10 minutos. Nesta sessão, foi avaliada a resposta de
congelamento ao estímulo condicionado (som ou contexto) e os animais não receberam choque
nas patas.
O congelamento, como dito anteriormente, é caracterizado, como ausência total de
movimentos do corpo e das vibrissas. Os animais foram transportados em caixas de
polipropileno forradas com serragem para suas caixas de origem no biotério e duas horas após o
término do teste, foi realizado o ensaio de imunoistoquímica, para verificação da expressão da
Objetivos/Materiais e Métodos ______________________________________________________________24
______________________________________________________________________________
proteína Fos. Após esse tempo, os animais foram sacrificados e os encéfalos processados
de acordo com a rotina do laboratório para os ensaios de imunoistoquímica, como descrito a
seguir.
O
____________________________________________________________________________________________________________
bjetivos/Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________________________________25
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
Expressão da proteína Fos no encéfalo de ratos induzida por diversos tipos de condicionamento aversivo
GRUPOS
CONDIÇÃO
HABITUAÇÃO
CONDICIONAMENTO
10 pareamentos c/ intervalos de 30s – 120s
TESTE (10 min)
Imunoistoquímica
1 Contexto 5’ Contexto A x choque (1 seg, 0,3 mA) Contexto A Fos 2 Contexto 5’ Contexto B x choque (1 seg, 0,6 mA) Contexto A Fos
Fos 3 Contexto 5’ Contexto A x choque (1 seg, 0,6 mA) Contexto A (controle) Fos 4 Som 5’ Som (10 seg) x choque B (1 seg, 0,6 mA)
24 H
OR
AS
APÓ
S
Som A
EI (1 seg)
EC (10 seg)
0 10
Perfusão
2 H
OR
AS
APÓ
S
Congelamento (seg)
- EC: Estímulo condicionado: (Contexto A ou B e Som) - EI: Estímulo Incondicionado: (Choque nas patas) - Contexto A: Mesmo contexto - Contexto B: Contexto diferente - OBS: Pareamentos entre EC e EI foram realizados conforme esquema ao lado
Objetivos/Materiais e Métodos __________________________________________________________________26
_____________________________________________________________________________
Histologia
Duas horas após o teste, intervalo necessário para a síntese e acúmulo da proteína Fos no
sistema nervoso central (MORGAN; CURRAN, 1991), os animais foram anestesiados com
uretana a 25% (5 ml/ kg, i.p., Sigma, USA) e submetidos à perfusão intracardíaca com solução
de salina em tampão fosfato (PBS 0,1M; pH: 7,3) seguido de paraformaldeído (PFA) 4% em
(PBS 0,2 M; pH 7,4) para fixação do tecido encefálico. Os encéfalos foram removidos da caixa
craniana e imersos em PFA 4 % por duas horas, em seguida foram transferidos para solução
crioprotetora de sacarose a 30 % em PBS 0,1 M e a 4°C, por aproximadamente 48 horas. Após
este período, os encéfalos foram imersos em isopentana e congelados em gelo seco, a
temperatura de aproximadamente -40°C, durante 30 segundos. Uma vez congelados, os
encéfalos foram cortados em secções coronais com o uso de um criostato (-19 °C). Para cada
região foram coletados 3 cortes histológicos coronais, seriados, com espessura de 40 µm. Um
corte foi coletado em cubeta com PBS 0,1M, para o ensaio de imunoistoquímica, o segundo
corte foi colocado em lâmina previamente gelatinizada e posteriormente corada com NISSL,
sendo útil para localização e comparação neuroanatômica, e o terceiro corte foi colocado em
ependorf com solução anti-congelante, armazenado no freezer -20ºC para uma eventual
necessidade. Os cortes tiveram como referência as seguintes coordenadas no sentido antero-
posterior: Bregma 3.2, 1.7, -1.4, -1.8, -2.8, -4.16, -7.8, -8.0, -8.72 e -9.68 mm, segundo Atlas
(PAXINOS; WATSON, 1997).
Objetivos/Materiais e Métodos __________________________________________________________________27
_____________________________________________________________________________
Imunoistoquímica para detecção da proteína Fos
Duas horas após a sessão teste, os animais foram anestesiados com uretana (1,25 g/kg, ip;
Sigma, USA) e perfundidos transcardiacamente com 0,1M de PBS+ seguido por
paraformaldeído a 4% em 0,1M PBS (pH 7,4). Os encéfalos foram removidos, imersos (4°C)
durante 2 horas e transferidos para uma solução de sacarose a 30% em 0,1M PBS para
crioproteção. Foram congelados com isopentana e gelo seco a uma temperatura de (-40°C) e
transferidos para o criostato onde permaneceram a (-16°C). Três séries adjacentes de cortes
foram obtidas de 40μm tendo como referência (PAXINOS; WATSON, 1997). Com uma série
foi feito o NISSL, usado para comparações neuroanatômicas, outra série foi mantida como
reserva em uma solução crioprotetora a -20°C e a última série de cortes foi submetida a
sucessivas lavagens e incubações para revelação da proteína Fos, conforme o seguinte protocolo:
uma lavagem com PBS 0,1 M (5 min); incubação com 1% H2O2 em PBS 0,1 M durante 10 min
(para redução da atividade da peroxidase endógena); quatro lavagens com PBS 0,1 M (5 min
cada); incubação com o anticorpo primário (1:2000, anticorpo policlonal anti-Fos, produzido em
coelho, Santa Cruz, USA, SC-52) em PBS+ acrescido de soro albumina bovina (BSA, 1mg/ml,
Sigma) e do detergente triton - X (2µl/ml; Sigma) durante 12 horas. As secções foram lavadas
três vezes (5 minutos cada) e incubadas com anticorpo secundário (1:400, anticorpo secundário
biotinilado, kit ABC Elite, Vectastain) em PBS+ durante 1 hora. O tecido foi novamente lavado
por três vezes (5 min cada) em PBS 0,1 M e incubados por 1 hora com a solução de avidina-
biotina peroxidase (1:1500 reagentes A e B, kit ABC Elite, Vectastain), para formação dos
complexos entre a avidina e a peroxidase biotinilada, e novamente três lavagens em PBS a 0,1 M
(5 min cada); 10 min de incubação com solução de tetracloreto de 3,3’- di-amino-benzidina
Objetivos/Materiais e Métodos __________________________________________________________________28
_____________________________________________________________________________
(DAB, SIGMA), contendo 0,02% H2O2 em PBS 0,1M para revelação da atividade da peroxidase.
A di-amino-benzidina é um cromógeno que na presença de H2O2, propicia a formação de um
precipitado de cor marrom que pode ser visualizado no interior dos núcleos neuronais contendo
proteína Fos. Finalmente, os cortes foram submetidos a três lavagens consecutivas com PBS 0,1
M.
Os cortes foram montados em lâminas previamente gelatinizadas e após a secagem das
lâminas, foram desidratados através de imersão em gradiente alcoólico e xilol e cobertos com
Permount e lamínulas.
Análise quantitativa da expressão da proteína Fos
A imunorreatividade à proteína Fos (Fos-IR) foi visualizada como um produto marrom
depositado no interior dos núcleos neuronais. A contagem de células Fos-positivas foi realizada
com o auxílio de um microscópio (Olympus BX-50) acoplado a uma videocâmara (Hamatsu
Photonics C2400) a qual envia a um microcomputador uma imagem digitalizada da estrutura
selecionada. A mesma é processada por um programa de análise de imagem (Image Pro-Plus 5.0,
Media Cybernetics, USA). A contagem de células Fos-positivas foi realizada em uma área pré-
delimitada pelo experimentador, previamente definida entre 10 e 80µm2 com uma magnificação
x 100. O número total de objetos que correspondia aos sinais positivos da Fos-IR foi dividido
pela área, obtendo-se a densidade das células que apresentaram imunorreatividade Fos positiva.
Os núcleos foram contados individualmente e expressos como número de células Fos-positivas
por 0,1 mm2 (BORELLI et al., 2005; FERREIRA-NETTO,; BORELLI.; BRANDÃO, 2005;
LAMPREA et al., 2002). A nomenclatura utilizada foi baseada no Atlas de (PAXINOS;
WATSON, 1997).
Objetivos/Materiais e Métodos __________________________________________________________________29
Figura 1: Esquema representativo da revelação imunoistoquímica da proteína Fos. DAB: 3,3’- di-amino-benzidina Fonte: (SILVEIRA, et al., 1996)._____________________________________________________________________________
Objetivos/Materiais e Métodos __________________________________________________________________30
_____________________________________________________________________________
Análise Estatística
Os dados estão apresentados como média + EPM. Os resultados comportamentais foram
analisados por meio da ANOVA de uma via.
Para análise estatística da imunorreatividade à proteína Fos, foi utilizado também a
ANOVA de uma via. Em caso de significância estatística, foi aplicado o teste post-hoc de
Newman-Keuls, para a identificação de diferenças estatísticas entre os grupos. Para ambos os
testes, um valor p igual ou inferior a 0,05 foi considerado significativo.
Resultados__________________________________________________________________________________32
_____________________________________________________________________________
Resposta de congelamento
A figura 1 ilustra a média do tempo de congelamento dos quatro grupos de animais deste
estudo na sessão teste. A ANOVA de uma via indicou uma diferença estatística no tempo de
congelamento entre os grupos (F =21,48; p ≤ 0,05). A análise post hoc de Newman-Keuls
indicou que a exposição dos animais ao MC-0,6 mA e SOM-0,6 mA, provocou um aumento
significativo no tempo de congelamento quando comparado aos grupos controles MC-0,3 mA e
CD-0,6 mA (figura 1).
3, 28
Imunorreatividade à proteína Fos
Nos animais dos grupos controles, células expressando imunorreatividade à proteína Fos
foram encontradas esparsamente distribuídas, sem formar aglomerados celulares em ambos os
hemisférios cerebrais, enquanto que nos grupos submetidos ao condicionamento, estas células
apresentaram imunorreatividade Fos em várias estruturas analisadas no experimento, variando
entre moderada a alta densidade de núcleos neuronais.
A análise quantitativa da imunorreatividade Fos realizada nas estruturas telencefálicas
mostrou que houve um aumento significativo no número de neurônios Fos-IR nos núcleos
central e basolateral da amígdala dos grupos MC-0,6 mA e Som-0,6 mA, enquanto que o núcleo
pré-limbico mostrou uma significativa expressão Fos no grupo Som-0,6 mA quando comparados
aos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA (tabela 1, figuras 2 e 5).
Resultados __________________________________________________________________________________33
_____________________________________________________________________________
A imunorreatividade Fos foi também realizada e quantificada na região diencefálica,
mostrando um aumento significativo de neurônios Fos-IR nas regiões PVA dos grupos MC-0,6
mA e Som-0,6 mA, PaAP do grupo Som-0,6 mA e AHA dos grupos MC-0,6 mA e Som, quando
comparados aos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA (tabela 1, figuras 3 e 6).
A análise realizada na região mesencefálica evidenciou um aumento significativo no
número de neurônios Fos-IR nas estruturas: DMPAG, DLPAG e LPAG do grupo Som-0,6 mA,
VLPAG e CnF dos grupos MC-0,6 mA e Som-0,6 mA, MRN do grupo MC-0,6 mA e IC do
grupo Som-0,6 mA, quando comparados aos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA (tabela 1,
figuras 4 e 7).
Resultados __________________________________________________________________________________34
_____________________________________________________________________________
Estruturas MC x choque 0,3mA
CD x choque 0,6mA
MC x choque 0, 6mA
SOM x choque 0, 6mA
Estatística
MÉDIA±EPM MÉDIA±EPM MÉDIA±EPM MÉDIA±EPM F P
PrL 10,18±2,50 9,16±2,57 10,27±2,75 18,29±2,58 * F3,28=2,64 0,06
IL 6,76±2,01 7,06±2,02 9,16±2,69 14,42±2,34 F3,28=2,40 0,08
Cg1 13,43±1,77 15,02±3,08 14,66±3,06 21,52±2,98 F3,28=1,71 0,18
Cg2 9,83±2,56 11,29±3,45 9,64±1,97 15,41±2,57 F3,28=0,99 0,41
Ent 9,33±1,79 10,10±0,74 11,02±2,49 8,78±0,29 F3,28=0,37 0,77
CeA 2,98±0,33 3,28±0,52 7,05±0,58 * 6,63±1,38 * F3,28=7,02 0,001
MeA 7,09±0,91 8,45±1,33 6,48±1,30 10,07±0,68 F3,28=2,12 0,11
BLA 4,21±1,06 5,08±0,95 7,42±0,60 * 6,99±0,92 * F3,28=2,87 0,05
CA1 1,02±0,12 1,75±0,42 1,04±0,18 1,04±0,21 F3,28=1,86 0,16
CA2 1,45±0,27 2,42±0,38 2,04±0,37 1,83±0,31 F3,28=1,41 0,25
CA3 1,66±0,35 2,27±0,63 2,11±0,42 1,74±0,31 F3,28=0,43 0,72
PVA 18,51±1,27 22,50±3,56 34,67±3,34 * 31,83±4,44 * F3,28=6,51 0,005
PaAP 10,84±1,22 20,13±4,45 18,96±3,53 29,06±1,28 * F3,28=6,26 0,002
AHA 8,78±1,16 11,77±1,77 13,56±1,36 * 14,08±0,76 * F3,28=3,29 0,03
LH 9,04±0,82 8,71±1,58 8,41±1,25 10,49±1,09 F3,28=0,57 0,63
DMH 12,18±2,15 13,33±2,85 14,17±2,08 20,63±2,60 F3,28=2,40 0,08
VMHDM 20,40±2,67 17,62±2,96 17,51±2,77 18,76±3,20 F3,28=0,21 0,88
PMD 15,12±2,29 14,62±3,50 19,26±3,74 20,26±3,18 F3,28=0,78 0,51
DMPAG 7,95±1,61 10,28±2,63 12,75±2,06 17,78±2,05 * F3,28=3,93 0,01
DLPAG 7,63±1,08 9,12±2,73 12,73±1,53 15,91±1,75 * F3,28=3,92 0,01
LPAG 6,86±1,50 7,66±2,12 10,15±1,20 13,69±1,51 * F3,28=3,58 0,02
VLPAG 7,53±1,01 8,05±1,75 14,08±0,97 * 14,87±1,70 * F3,28=7,59 0,0007
MRN 3,52±0,62 5,56±0,78 6,70±0,86 * 5,82±0,98 F3,28=2,66 0,06
SC 6,62±0,90 10,04±2,23 9,09±1,57 11,96±0,69 F3,28=2,56 0,1
IC 11,59±1,04 12,06±2,52 12,16±2,03 23,49±2,21 * F3,28=8,13 0,0004
CnF 5,00±0,88 5,91±1,43 10,61±2,77 * 13,57±1,24 * F3,28=5,40 0,004
LC 8,08±1,69 9,12±1,89 12,74±1,66 12,93±1,36 F3,28=2,22 0,1
Tabela 1. Dados obtidos de ratos submetidos ao medo condicionado contextual e ao som. Número de células Fos-IR (média + EPM) em áreas encefálicas de 0,1mm N=8 animais por grupo. * indica diferenças significativas dos grupos, MC-0,6 mA e SOM-0,6 mA em relação aos grupos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA. O teste post hoc de Newman – Keuls foi utilizado para detectar diferenças entre os grupos. P ≤ 0,05.
2.
Resultados __________________________________________________________________________________35
**
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
MC-0,3 CD-0,6 MC-0,6 SOM-0,6
Con
gela
men
to (s
)
Figura 1. Média do tempo de congelamento em segundos (+ EPM) no condicionamento contextual (MC-0,6 mA) e som (SOM-0,6 mA). * indica diferenças estatísticas no tempo de congelamento em relação aos controles (MC-0,3 mA) e (CD-0,6 mA). p ≤ 0,05 foi utilizado o teste post hoc de Newman – Keuls.
_____________________________________________________________________________
Resultados __________________________________________________________________________________36
_____________________________________________________________________________
Figura 2. Fotomicrografias de cortes coronais dos núcleos do córtex pré-limbico (PrL) e núcleo
central da amígdala (CeA), de ratos mostrando a distribuição da imunorreatividade Fos após o
teste nos diferentes grupos CD - 0,6 mA, MC - 0,6 mA e Som - 0,6 mA. Barra = 200μm.
Figura 3. Fotomicrografias de cortes coronais dos núcleos do tálamo paraventricular (PVA) e da
área hipotalâmica anterior, parte central (AHA) de ratos mostrando a distribuição da
imunorreatividade Fos após o teste nos diferentes grupos CD - 0,6 mA, MC - 0,6 mA e Som - 0,6
mA. Barra = 200μm.
Figura 4. Fotomicrografias de cortes coronais dos núcleos da substância cinzenta periaquedutal,
parte dorsomedial (DMPAG), substância cinzenta periaquedutal, parte ventrolateral (VLPAG) e
colículo inferior (IC) de ratos mostrando a distribuição da imunorreatividade Fos após o teste nos
diferentes grupos CD - 0,6 mA, MC - 0,6 mA, e Som - 0,6 mA. Barra = 200μm.
As figuras 2, 3 e 4 são apresentadas seqüencialmente nas páginas seguintes. Como em nenhuma
estrutura o número de células com imunorreatividade Fos entre os grupos: mesmo contexto 0,3
mA e contexto diferente 0,6 mA se mostrou estatisticamente diferente, optamos por apresentar
nas figuras somente este último grupo CD-0,6 mA.
Resultados _____________________________________________________________________________________________________________________37
Resultados _____________________________________________________________________________________________________________________38
ltados _____________________________________________________________________________________________________________________39 Resu
Resultados __________________________________________________________________________________40
* *
*
* *
0
5
10
15
20
25
30
35
40
PrL IL Cg 1 Cg 2 Ent CeA MeA BLA CA1 CA2 CA3
Méd
ia d
o nú
mer
o de
neu
rôni
os F
os -
Posi
tivos
/ 0,
1mm
2 MC-0,3
CD-0,6
MC-0,6
SOM-0,6
_____________________________________________________________________________
Figura 5 Número de neurônios Fos-IR em estruturas telencefálicas (0,1mm2 ) de ratos nas sessões teste, (MC-0,3 mA; CD-0,6 mA; MC-0,6 mA e Som-0,6mA). As colunas representam as médias e as barras o EPM. * indica diferenças estatísticas em relação aos grupos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA. PrL: Córtex pré-limbico, IL: Córtex infra-límbico, Cg: Córtex cingulado 1 e 2, Ent: Córtex entorrinal, CeA: Núcleo central da amígdala, MeA: Núcleo medial da amígdala, BLA: Núcleo basolateral da amígdala, HP: Hipocampo, áreas CA1, CA2 e CA3. P ≤ 0,05 foi utilizado o teste post hoc de Newman Keuls.
Resultados __________________________________________________________________________________41
*
*
*
*
*
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
PVA PaAP AHA LH DMH VMH PMD
Méd
ia d
o nú
mer
o de
neu
rôni
os F
os -
Posi
tivos
/ 0,
1mm
2
MC-0,3
CD-0,6
MC-0,6
SOM-0,6
Figura 6 Número de neurônios Fos – IR em estruturas diencefálicas (0,1mm2) de ratos nas condições de teste, (MC-0,3 mA; CD-0,6 mA; MC-0,6 mA e Som-0,6mA). As colunas representam as médias e as barras o EPM. * indica diferenças estatísticas em relação aos grupos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA. PVA: Tálamo paraventricular, PaAP: Hipotálamo paraventricular, AHA: Área hipotalâmica anterior, parte central, LH: Hipotálamo lateral, DMH: Hipotálamo dorsomedial, VMH: Hipotálamo ventromedial, parte dorsomedial, PMD: Núcleo pré-mamilar, parte dorsal. P ≤ 0,05 foi utilizado o teste post hoc de Newman Keuls.
_____________________________________________________________________________
Resultados __________________________________________________________________________________42
*
*
* *
*
****
0
5
10
15
20
25
30
35
40
DMPAG DLPAG LPAG VLPAG MRN SC IC CnF LC
Méd
ia d
o nú
mer
o de
neu
rôni
os F
os -
Posi
tivos
/ 0,
1mm
2
MC-0,3 CD-0,6 MC-0,6 SOM-0,6
Figura 7 Número de neurônios Fos – IR em estruturas mesencefálicas (0,1mm2) de ratos nas condições de teste, (MC-0,3 mA; CD-0,6 mA; MC-0,6 mA e Som-0,6mA). As colunas representam as médias e as barras o EPM. * indica diferenças estatísticas em relação aos grupos controles MC-0,3 mA e CD-0,6 mA. DMPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte dorsomedial, DLPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte dorsolateral, LPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte lateral, VLPAG: Substância cinzenta periaquedutal, parte ventrolateral, MnR: Núcleo mediano da rafe, SC: Colículo superior, IC: Colículo inferior, CnF: Núcleo cuneiforme, LC: Locus Coeruleus. P ≤ 0,05 foi utilizado o teste post hoc de Newman Keuls.
_____________________________________________________________________________
Discussão Geral______________________________________________________________________________44
_____________________________________________________________________________
A reação de defesa é o resultado de alterações do padrão comportamental e
cardiovascular frente a estímulos ameaçadores ou estressantes (BANDLER; CARRIVE, 1988).
Quando um animal é confrontado com uma ameaça à sua integridade física ou à própria
sobrevivência, seja esta representada por um predador ou um agressor da mesma espécie, seja por
uma simples mudança no ambiente, ele apresenta um conjunto de respostas comportamentais e
neurovegetativas que caracterizam a reação de medo. Esse conjunto de respostas, características
da espécie, foi chamado de reações espécies-específicas (BOLLES, 1970).
A aprendizagem desempenha um papel importante quando um estímulo ativa o sistema
de medo. Estímulos neutros como som ou luz, que isoladamente não eliciam resposta de medo,
podem produzi-las através do condicionamento Pavloviano, onde o estímulo condicionado é
capaz de produzir alguma resposta condicionada de medo. Isto ocorre quando um estímulo neutro
é indicador de um estímulo naturalmente aversivo, como um choque elétrico.
Em ratos e camundongos a reação de defesa mais comum é o congelamento. O
congelamento é uma maneira efetiva de evitar um provável perigo, quando a fuga e a esquiva são
impossíveis; é uma das respostas proeminentes quando os animais são recolocados no contexto
onde receberam choques nas patas, sendo usualmente utilizado como medida do medo
condicionado, e é caracterizado, como ausência total de movimentos do corpo e das vibrissas
(BOLLES; COLLIER, 1976).
O tempo de congelamento varia com a intensidade e o número de choques, sugerindo que
esse comportamento pode ser indicativo de medo (FANSELOW; BOLLES, 1979). Neste
trabalho, a análise comportamental dos animais submetidos ao condicionamento aversivo
evidencia um aumento significativo no tempo de congelamento nos grupos MC-0,6 mA e Som-
0,6 mA em relação aos grupos controles MC-0,3 mA e MC-0,6 mA, indicando que a reexposição
Discussão Geral______________________________________________________________________________45
_____________________________________________________________________________
ao contexto ou ao som previamente pareados a choques nas patas, resultou em maior tempo de
congelamento. Estes resultados confirmam que a medida de congelamento é um método bastante
conveniente e sensível para o estudo do medo condicionado (BOUTON; BOLLES, 1980;
FANSELOW; BAACKES, 1982).
Um número considerável de trabalhos mostra que a ansiedade está associada a regiões
encefálicas específicas e pode ser modulada por alterações na atividade neuronal nestas estruturas
(GRAEFF, 1990; KUHAR, 1986; PRATT, 1992). Alguns autores têm proposto que diferentes
respostas de defesa seriam organizadas por diferentes estruturas encefálicas, de acordo com as
características do ambiente e com a intensidade de perigo ou ameaça, associadas à situação
(BLANCHARD; BLANCHARD, 1988; FANSELOW, 1991; GRAEFF, 1993, 1994).
Conhecendo-se todo o repertório de defesa de uma dada espécie, pode-se explorar o
substrato neural subjacente a cada nível de defesa pelos métodos clássicos da neurofisiologia –
ablação, estimulação elétrica e química ou pelos modernos métodos de análise de imagens
funcionais do encéfalo. Essas últimas podem compreender tanto métodos moleculares (por
exemplo, imunorreatividade da proteína Fos), que exigem o sacrifício dos animais de estudo,
quanto técnicas que permitem visualizar a atividade encefálica do organismo intacto, como a
tomografia e a ressonância magnética nuclear funcional (GRAEFF ; GUIMARÃES, 1999).
A análise imunoistoquímica da expressão da proteína Fos no tecido nervoso pode
representar uma ferramenta útil na caracterização do mapeamento metabólico neuronal
(BULLITT, 1990; SAGAR; SHARP; CURRAN, 1988). Nos experimentos conduzidos neste
estudo, esta técnica foi empregada com o objetivo de mapear as estruturas ativadas no encéfalo de
ratos pela apresentação de diferentes estímulos aversivos.
Discussão Geral______________________________________________________________________________46
_____________________________________________________________________________
Foram analisadas neste estudo, áreas encefálicas marcadas pela indução de proteína Fos
durante a resposta de congelamento induzido pelo contexto aversivo (CS) e pelo som previamente
pareados a um choque elétrico nas patas. Quanto às áreas telencefálicas, foi constatado um
aumento na densidade de núcleos neuronais Fos – IR no córtex pré-limbico (PrL) no grupo
condicionado ao som e nos núcleos central (CeA) e basolateral da amígdala (BLA) nos dois tipos
de condicionamento. Nas estruturas diencefálicas, houve uma significativa marcação de Fos no
tálamo paraventricular (PVA), no hipotálamo paraventricular (PaAP) e na área hipotalâmica
anterior, parte central (AHA), no condicionamento contextual e condicionamento ao som. No
mesencéfalo, encontramos marcação de Fos no teto mesencefálico parte dorsal, lateral e colículo
inferior (IC) no condicionamento ao som, VLPAG e CnF no grupo contextual e ao som, e MRN
no grupo MC-0,6 mA.
Do ponto de vista anatômico, vários experimentos têm demonstrado que o sistema
cerebral aversivo SCA possui um padrão altamente complexo de interconexões com outras
estruturas encefálicas que também participam da organização neural do comportamento
emocional. Assim, o SCA estabelece contato anátomo-funcional com o sistema septo-
hipocampal, o tálamo intralaminar e o córtex pré-frontal (GRAY, 1982).
O córtex pré-frontal está classicamente relacionado à memória, planejamento ou execução
de ações, organizando temporalmente o comportamento, formando, com suas conexões, memória
de seqüências comportamentais e planos ou esquemas de ação (FUSTER, 1989, 2001). O
aumento de neurônios Fos positivos em sub-regiões do córtex pré-frontal medial como córtex
pré-limbico e a ausência da participação do giro do cíngulo e córtex motor M1, revelam que estas
estruturas estão particularmente envolvidas no processo de aquisição do medo condicionado. O
córtex pré-limbico estabelece conexões diretas e indiretas com estruturas límbicas como a
Discussão Geral______________________________________________________________________________47
_____________________________________________________________________________
amígdala, estrutura olfatórias, núcleo accumbens, hipotálamo e hipocampo. A expressiva
marcação Fos no PRL já era esperada devido a evidências anteriores que apontam sua
participação na organização neural do medo induzido por estímulos sonoros (ELSWORTH, et al.,
1999; MARIEKE; MATTHEW, 2005).
As estruturas que foram marcadas neste estudo, como o tálamo paraventricular, parecem
também participar do processamento de informações associados ao medo condicionado
(BHATNAGAR et al., 2003), enquanto que o hipotálamo está diretamente envolvido nos
mecanismos neurais que controlam as funções hipofisiárias, comandando assim os aspectos
endócrinos que acompanham o comportamento emocional (PANKSEPP, 1990).
Estes resultados sugerem haver um maior envolvimento de estruturas hipotalâmicas na
reação de defesa em vista da função modulatória proposta para estas estruturas (ADAMEC, 1990;
DAVIS, 1992; GRAEFF, 1990, 1994; SHAIKH; SIEGEL, 1994). Uma das regiões hipotalâmicas
que recebe influências modulatórias provenientes direta ou indiretamente da amígdala é o núcleo
paraventricular do hipotálamo (KRETTEK; PRICE, 1978; SAWCHENKO; SWANSON, 1983),
estrutura relacionada à organização das alterações neuroendócrinas que são induzidas por
estímulos estressantes ou ameaçadores. Este núcleo é integrante do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal e controla a secreção de ocitocina, de vasopressina e de CRF (Fator Liberador de
Corticotropina). O CRF promove a secreção de corticotrofina pela glândula pituitária, que por sua
vez estimula a liberação de corticosterona, na corrente sangüínea, pelo córtex adrenal. Este
mecanismo, conhecido como resposta hormonal ao estresse, pode estar exarcebado em alguns
distúrbios emocionais como a depressão, a ansiedade e o pânico (GERACIOTTI et al., 1990;
HARBUZ; LIGHTMAN, 1992). Por outro lado, lesões de certos núcleos da amígdala parecem
Discussão Geral______________________________________________________________________________48
_____________________________________________________________________________
diminuir a ativação do eixo hipotálamo-hipofisiário que é causada pela apresentação de estímulos
estressantes (FELDMAN et al., 1994).
Foi proposto que esta ampla distribuição do CRF no encéfalo pode fornecer o substrato
anatômico necessário para a coordenação das respostas adaptativas metabólicas, comportamentais
e circulatórias a situações estressantes (CHROUSOS; GOLD, 1992; MC EWEN, 1995).
Efetivamente, os resultados obtidos neste estudo indicam que o núcleo paraventricular do
hipotálamo é uma estrutura consistentemente ativada por diferentes tipos de estímulos
estressantes (ARNOLD et al., 1992; CECCATELLI et al., 1989; CHASTRETTE; PFAFF;
GIBBS, 1991; DUNCAN; JOHNSON; BREESE, 1993; IMAKI et al., 1992; PEZZONE et al.,
1992; SHARP et al., 1991; UMEMOTO et al., 1994).
O hipocampo é outra região implicada no processamento de estímulos aversivos e na
fisiopatologia da depressão e da ansiedade que forneceria informações para circuitos emocionais
(DEAKIN; GRAEFF, 1991; DEAKIN; GRAEFF; GUIMARÃES, 1992; GRAY, 1982; GRAEFF
et al., 1996). Esta estrutura também parece estar envolvida na execução de tarefas de orientação
espacial e na organização de respostas frente a alterações do ambiente externo e a situações
novas. Curiosamente, o hipocampo foi pouco marcado nos experimentos do presente estudo.
Desta forma, a ativação do hipocampo, neste não pode ser descartada, em vista de novos estudos
utilizando outras abordagens.
O hipotálamo medial é uma região que recebe grande número de projeções provenientes
da amígdala, assim como a substância cinzenta periaquedutal dorsal. Ambas as regiões
apresentaram-se fortemente ativadas pela apresentação de estímulos condicionados e
incondicionados (PEZZONE et al., 1993). Esses resultados reforçam a idéia da existência de
Discussão Geral______________________________________________________________________________49
_____________________________________________________________________________
conexões excitatórias recíprocas, interligando estas estruturas relacionadas a processos aversivos
(BEART et al., 1988; BEITZ, 1989).
Vários estudos sobre a neurobiologia do medo e da ansiedade utilizando a estimulação
elétrica de estruturas do SNC em diversas espécies de animais, inclusive o homem, demonstraram
que a amígdala (AM), o hipotálamo medial (HM) e a substância cinzenta periaquedutal dorsal
(DLPAG), constituem o principal substrato neural responsável pela elaboração das respostas
comportamentais, afetivas e autonômicas decorrentes da apresentação de estímulos aversivos ou
situações de perigo (FERNANDEZ DE MOLINA; HUNSPERGER, 1959; NASHOLD;
WILSON; SLAUGHTER, 1969). A substância cinzenta periaquedutal, portanto, é uma estrutura
crucial na coordenação e elaboração das estratégias apropriadas a serem desenvolvidas pelos
animais em resposta a diferentes estímulos ameaçadores. Assim, as colunas dorsomedial,
dorsolateral e lateral da substância cinzenta periaquedutal estariam relacionadas à elaboração das
respostas de defesa adequadas como alerta, congelamento luta e/ou fuga.
Recentemente, foi constatado que além de seu papel fundamental na organização do medo
incondicionado a parte dorsal da substância cinzenta periaquedutal particularmente a sua coluna
dorsomedial, está envolvida embora em menor escala, na aquisição de informações condicionadas
de medo (MARTINEZ et al., 2006; MC. NAUGHTON, 2004). Neste trabalho obtivemos
evidências neste sentido com significativa marcação imunoistoquímica da coluna dorsomedial do
teto mesencefálico. As colunas dorsolateral e lateral também apresentaram uma maior densidade
de células Fos, mas em extensão menor que a dorsomedial.
A coluna ventrolateral do teto mesencefálico apresentou uma expressiva marcação de
células Fos em associação com o condicionamento contextual e ao som. Estes últimos achados
Discussão Geral______________________________________________________________________________50
_____________________________________________________________________________
confirmam resultados de trabalhos anteriores implicando a VLPAG no medo condicionado
(CARRIVE, 2000; LE DOUX et al., 1987). A coluna ventrolateral do teto mesencefálico seria,
portanto, recrutada tanto em situações ameaçadoras que não ofereçam possibilidade de fuga como
após encontros estressantes ou dolorosos. Na primeira circunstância, esta região teria a função de
promover o congelamento, com o objetivo de minimizar as chances de o animal ser detectado
pelo predador. Já na fase pós-encontro, a substância cinzenta periaquedutal ventrolateral
promoveria quiescência e hiporreatividade, com o objetivo de propiciar a recuperação do
organismo e de diminuir o impacto de encontros traumáticos (BANDLER; SHIPLEY, 1994;
FANSELOW, 1991; LOVICK, 1991, 1993; FANSELOW et al., 1995; P. WALKER; P.
CARRIVE, 2003).
Segundo (MELIK et al., 2000), vias serotonérgicas NMR-septo-hipocampo estariam
envolvidas na regulação da ansiedade relacionada ao condicionamento de medo, desencadeada
pelo estímulo contextual, sugerindo que o medo contextual é regulado por esta estrutura. Muitos
estudos têm demonstrado que o NMR está criticamente envolvido na regulação do
comportamento defensivo e respostas autonômicas de medo (HILLEGAART, 1990). Neste
estudo, o núcleo mediano da rafe apresentou importante marcação Fos após o medo condicionado
muito próximo de significância estatística (p = 0,06). Corroborando os estudos acima e outros
desenvolvidos neste laboratório (AVANZI ET AL., 1998, 2003; SILVA, 2004; BORELLI et al.,
2005) a análise post hoc indicou significativa expressão de células Fos neste núcleo após o medo
condicionado contextual.
Os colículos superior e inferior recebem projeções provenientes da substância cinzenta
periaquedutal dorsal (RADMILOVICH et al., 1991; CAMERON et al., 1995b) e são estruturas
do tronco encefálico, classicamente relacionadas à visão e à audição. No entanto, o colículo
Discussão Geral______________________________________________________________________________51
_____________________________________________________________________________
inferior e as camadas profundas do colículo superior também vêm sendo implicadas no
processamento de informações aversivas (BRANDÃO; MELO; CARDOSO, 1993; BRANDÃO,
1994). A estimulação elétrica com a microinjeção de aminoácidos excitatórios ou de antagonistas
do GABA nestas regiões provocam alterações autonômicas e comportamentais semelhantes às
observadas após a estimulação da substância cinzenta periaquedutal dorsal, que podem ser
atenuadas pelo pré-tratamento com benzodiazepínicos (SCHENBERG; DE AGUIAR; GRAEFF,
1983; BRANDÃO et al., 1988; DEAN; MITCHELL; REDGRAVE, 1988; BAGRI; DI SCALA;
SANDNER, 1991; CARDOSO; COIMBRA; BRANDÃO, 1994).
Adicionalmente, observou-se que a microinjeção de agentes serotonérgicos no colículo
inferior é capaz de induzir diminuição de ansiedade no labirinto em cruz elevado (MELO;
BRANDÃO, 1995). A expressiva marcação Fos no colículo inferior no condicionamento com o
som já era esperada em vista das inúmeras evidências apontando esta estrutura na organização
neural do medo induzido por estímulos sonoros (BRANDÃO et al., 1999).
Também não surpreende a significativa marcação do núcleo cuneiforme nos dois tipos de
condicionamento. O núcleo cuneiforme é uma estrutura mesencefálica, de localização
imediatamente ventral ao colículo inferior, que entre suas aferências recebe influências
provenientes da substância cinzenta periaquedutal dorsal (CAMERON et al., 1995a, b) e das
camadas profundas do colículo superior (MITCHELL; DEAN; REDGRAVE, 1988). Esta região é
componente da chamada área locomotora mesencefálica, classicamente relacionada ao controle
central da locomoção (SKINNER; GARCIA-RILL, 1984).
Os experimentos conduzidos neste estudo permitiram identificar uma serie de regiões encefálicas
que são ativadas pela apresentação de diferentes estímulos condicionados aversivos e que
Discussão Geral______________________________________________________________________________52
_____________________________________________________________________________
provavelmente são responsáveis pela organização de respostas defensivas características do
medo e, provavelmente, relacionadas à ansiedade.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________54
_____________________________________________________________________________
ADAMEC, R.E. Role of the amygdala and medial hypotalamus in spontaneus feline aggression
and defense. Aggressive Behavavior, v.16, p.207-222, 1990.
ALBONETTI, M.E.; FARABOLLINI, F. Effects of single restraint on the defensive behavior of
male and female rats. Physiology Behavior, v.57, p.431–437.666, 1995.
ARNOLD, F.J.L.; DE LUCAS BUENO, M.; SHIERS, H.; HANCOCK, D.C.; EVAN, G.I.;
HERBERT,J. Expression of c-fos in regions of the basal limbic forebrain following intra-
cerebroventricular corticotropin-releasing factor in unstressed or stressed male rats.
Neuroscience, v.51, p.377–390, 1992.
AVANZI, V.; CASTILHO, V. M.; ANDRADE, T. G. C. S. & BRANDÃO, M. L. Regulation of
contextual by the median raphe nucleus. Brain Research, v.790, p.178–184, 1998.
AVANZI, V.; SILVA R.C.B.; MACEDO, C.E. & BRANDÃO, M.L. Mechanisms of median
raphe nucleus in the conditioned freezing caused by light/foot-shock association. Physiology
Behavior, v.78, p.471–477, 2003.
BAGRI, A.; DI SCALA, G.; SANDNER, G. Wild running and elicited by microinjections of
bicuculline or morphine into the inferior colliculus of rats: lack of effect of periaqueductal gray
lesions. Pharmacology, Biochemistry & Behavior, v.41, p.727–732, 1992.
BANDLER, R. & CARRIVE, P. Integrated defense reaction elicited by excitatory amino acid
microinjection in the midbrain periaqueductal gray region of the unrestrained cat. Brain
Research, v.439, p.95–106, 1988.
BANDLER, R.; SHIPLEY, M.T. Columnar organization in the midbrain periaqueductal gray:
modules for emotional expression? Trends in Neuroscience, v.17, p.379–389, 1994.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________55
_____________________________________________________________________________
Battaglia, F. P.; Sutherland, G. R.; Cowen, S.L.; Naughton, MC.; Harris, K. D. Firing rate
modulation: A simple statistical view of memory trace reactivation. Neural Networks, v.18,
p.1280-1291, 2005.
BEART, P.M.; NICOLOPOULOS. L.S.; WEST, D.C.; HEADLEY, P.M. An excitatory amino
acid projection from the ventromedial hypotalamus to periaqueductal gray in the rat:
autoradiographic and electrophysiological evidence. Neuroscience Letters, v.85, p.205–211,
1988.
BEITZ, A.J. Possible origin of glutamatergic projections to the midbrain periaqueductal gray and
deep layers of the superior colliculus of the rat. Brain Research Bulletin, 23: 25 – 35, 1989.
BHATNAGAR, S., HUBER R., LAZAR, E., PYCH, L. & VINING, C. Chronic stress alters
behavior in the conditioned defensive burying test: role of the posterior paraventricular thalamus.
Pharmacology, Biochemistry & Behavior, v.76, p.343–349, 2003.
BLANCHARD, R. J. & BLANCHARD, D.C. An ethoexperimental approach to the study of fear.
Psychology Review, v.37, p.305–316, 1987.
BLANCHARD, D.C. & BLANCHARD, R. J. Ethoexperimental approaches to the biology of
emotion. Annual Review Psychology, v.39, p.43–68, 1988.
BLANCHARD, D.C. & BLANCHARD, R. J.; RODGERS, R.J. Pharmacological and neural
control of anti-predator defense in the rat. Agressive Behavavior, v.16, p.165–175, 1990.
BOLLES, R. C. Species-specific defensive reactions and avoidance learning. Psychology
Reviews, v.71, p.32–48, 1970.
BOLLES, R. C. & COLLIER, A. C. The effect of predictive cues on freezing in rat. Animal
Learned Behavior, v.4 (1A), p.6–8, 1976.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________56
_____________________________________________________________________________
BORELLI, K.G., FERREIRA-NETO C., COIMBRA N.C., BRANDÃO M.L. Fos-like
immunoreactivity in the brain associated with freezing or escape induced by inhibition of either
glutamic acid decarboxylase or GABA A receptors in the dorsal periaqueductal gray. Brain
Research, v.1051 (1-2), p.100-11, 2005.
BOUTON, M. E. & BOLLES, R. C. Conditioned fear assessed by freezing and by the supression
of three different baselines. Animal Learned Behavior, v.8 (3), p.429–434, 1980.
BRAIN, P.; KUSUMORINI, N.; BENTON, D. “Anxiety” in laboratory rodends: a brief review
of some recent behavioural developments: Behavioral Processes, v.25, p.7 –80, 1991.
BRANDÃO, M.L.; TOMAZ, C.; BORGES, P.C.L.; COIMBRA, N.C.; BAGRI, A. Defense
reaction induced by microinjections of bicuculline into the inferior colliculus. Physiology &
Behavior, v.44, p.361–365, 1988.
BRANDÃO, M.L.; MELO. L.L.; CARDOSO, S.H. Mechanisms of defense in the inferior
colliculus. Behavioral Brain Research, v.58, p.49–55, 1993.
BRANDÃO, M.L.; CARDOSO, S.H.; MELO. L.L.; MOTTA, V.; COIMBRA, NC. Neural
substrates of defensive behavior in the midbrain tectum. Neuroscience & Biobehavioral
Reviews, v.18, p.339–346, 1994.
BRANDÃO, M.L., ANSELONI, V.Z., PANDOSSIO, J.E., De ARAUJO, J. E. & CASTILHO,
V. M. Neurochemical mechanisms of the defensive behavior in the dorsal mid brain.
Neuroscience & Biobehavioral Reviews, v.23, p.863–875, 1999.
BRANDÃO, M.L. Psicofisiologia – As bases fisiológicas do comportamento: 2ª edição, São
Paulo, Ateneu, 2002.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________57
_____________________________________________________________________________
BULLITT, E. Expression of c-fos-like protein as a marker for neuronal activity following
noxious stimulation in the rat. The Journal of Comparative Neurology, v.296, p.517–530,
1990.
CAMERON, A.A.; KHAN, I.A.; WESTLUND, K.N.; CLIEFFER, K.D.; WILLIS, W.D. The
efferent projections of the periaqueductal gray in the rat: a Phaseolus vulgaris-leucoagglutinin
study. I. Ascending projections. The journal of Comparative Neurology, v.351, p.568–584,
1995a.
CAMPEAU, S.; HAYWARD, M.D.; HOPE, ROSEN, J.B.; NESTLER, E.J.; DAVIS, M.
Induction of the c-fos proto-oncogene in rat amygdala during unconditioned and conditioned
fear. Brain Research, v.565, p.349–352, 1991.
CARDOSO, S.H.; COIMBRA, N.C.; BRANDÃO, M.L. Defensive reactions evoked by
activation of NMDA receptors in different sites of the inferior colliculus. Behavioural Brain
Research, v.63, p.17–24, 1994.
CECCATELLI, S.; VILLAR, M.J.; GOLDSTEIN, M.; HOKFELT, T. Expression of c-Fos
immunoreactivity in transmitter-characterized neurons after stress. Procedings of the National
Academy of Sciences, v.86, p.9569–9573, 1989.
CHASTRETTE, N.; PFAFF, D.W.; GIBBS, R.B. Effects of daytime and nighttime stress on Fos-
like immunoreactivity in the paraventricular nucleus of the hypothalamus, the habenula, and the
posterior paraventricular nucleus of the thalamus. Brain Research, v.563, p.339–344, 1991.
DARWIN, C. The expression of emotion in men and animals. Philosophical Library, New
York, v. (reprint 1985), p.134, 1872.
DAVIS, M. The role of the amygdala in fear and anxiety. Annual Review, of Neuroscience,
v.15, p.305–135, 1992.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________58
_____________________________________________________________________________
DEAN, P.; MITCHELL, I.J.; REDGRAVE, P. Responses resembling defensive behaviour
produced by microinjection of glutamate into superior colliculus of rats. Neuroscience, v.24,
p.501–510, 1988.
DRATCU, L.; LADER, M. Ansiedade: conceito, classificação e biologia. Jornal Brasileiro de
Psiquiatria, v.42, p.19–32, 1993.
DUNCAN, G.E.; JOHNSON, K.B.; BREESE, G.R. Topographic patterns of brain activity in
response to swim stress: assessment by 2-deoxyglucose uptake and expression of Fos-like
immunoreactivity. The Journal of Neuroscience, v.13, p.3932–3943, 1993.
ESLWORTH, J.D.; ROBERT, H.R.; BRET, A.M.; FIONA, M.I. An antisense oligonucleotide
reverses the footshock-induced expression of Fos in the rat medial prefrontal cortex and the
subsequent expression of conditioned fear-induced immobility. The Journal of Neuroscience,
v.19, p.5666-5673, 1999.
FANSELOW, M.S. & BOLLES, R.C. Triggering of the endorphin analgesic reaction by a cue
previously associated with shock: Reserval by naloxone. Bulletin Psychonom. Society v.14,
p.88–90, 1979.
FANSELOW, M.S. Conditional and unconditional components of postshock freezing Pavlov.
Biology Science. v.15, p.177–182, 1980.
FANSELOW, M.S. & BAACKES, M.P. Conditioned fear-induced opiate analgesia on the
formalin test: evidence for two aversive motivational systems. Learned Motivation v.13, p.200–
221, 1982.
FANSELOW, M.S. The postshock activity burst, Animal learns. Behavioral, v.4, p.448–454,
1982.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________59
_____________________________________________________________________________
FANSELOW, M.S. Neural organization of the defensive behavior system responsible for fear.
Bulletin Review. V.1, p.429–438, 1984.
FANSELOW M.S., SIGMUNDI R.A. Species-specific danger signals, endogenous opioid
analgesia, and defensive behavior. Journal Experimental Psychology Animal Behavior
Processes. V.12 (3), p.301-9, 1986.
FANSELOW, M.S. The midbrain periaqueductal gray as a coordinatior of action in response to
fear and anxiety. In: The Midbrain Periaqueductal Gray Matter. Depaulis, A. e Bandler, R. (eds),
Plenum Press, NewYork, p.151–173, 1991.
FANSELOW, M.S.; DE COLA, J.P.; DE OCA, B.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Ventral and
dorsolateral regions of the midbrain periaqueductal gray (PAG) control different stages of
defensive behavior: dorsolateral PAG lesions enhance the defensive freezing produced by
massed and immediate shock. Agressive Behavior, v.21, p.63–77, 1995.
FELDMANS.; CONFORTI, N.; ITZIK, A.; WEIDENFELD, J. Differential effect of amygdaloid
lesion on CRF-41, ACTH and corticosterona responses following neural stimuli. Brain
Research, v.658, p.21–26, 1994.
FERNANDEZ DE MOLINA, A. & HUNSPERGER, RW. Central representation of affective
reaction in forebrain and brain system: electrical stimulation of amygdala, stria terminalis and
adjacent structures. Journal of Physiology, v.145, p.251–265, 1959.
FERNANDEZ DE MOLINA, A. & HUNSPERGER, RW. Organization of the subcortical
system governing defence and flight reactions in the cat. Journal of Physiology, v.160, p.200–
213, 1962.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________60
_____________________________________________________________________________
FERREIRA NETTO, C.; BORELLI. G. K.; BRANDÃO, M.L. Neural segregation of Fos-
distribution in the brain following freezing and escape behaviors induced by injections of eitheir
glutamate or NMDA into the dorsal periaqueductal gray of rats. Brain Research, v.1031, p.151–
163, 2005.
FUCHS, S.A.G., EDINGER, H.M. & SIEGEL, A. The organization of the hypothalamically
elicited flight behavior in the cat. Brain Research, v.330, p.77–92, 1985.
FUSTER, J. M. The prefrontal cortex: anatomy, physiology and neuropsychology of the frontal
lobe. Raven Press, New York, Estados unidos, 1989.
FUSTER, J. M. The prefrontal cortex – an update: time is of the essence. Neuron, v.30, p.319-
333, 2001.
GERACIOTI Jr, T.D.; KALOGERAS, K.T.; PIGOTT, T.A.; DEMITRACK, M.A.; ALTEMUS,
M.; CHROUSOS, G.P.; GOLD, P.W. Anxiety and the hypothalamic-pituitary-adrenal axis. In:
Handbook of Anxiety, 3. Roth, M.; Burrows, G.D. e Noyes, R. (eds), Elsevier Science
Publishers, Amsterdam, p.355–364, 1990.
GELLER, I. & SEIFTER, J. The effects of meprobamate, barbiturates, d-amphetamine and
promazine on experimentally induced conflict in the rat. Psychopharmacology, v.1, p.482–492,
1960.
GRAEFF, F. G. Minor tranquilizers and brain defense systems. Brazilian Journal of Medical &
Biological Research, v.14, p.239–65, 1981.
GRAEFF, F.G. Brain defenses systems and anxiety. In: Handbook of anxiety, 3. Roth, M.;
Burrows, G.D. e Noyes, R. (eds.), Elsevier Science Publishers, Amsterdam, p.307–54, 1990.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________61
_____________________________________________________________________________
GRAEFF, F.G. Ansiedade. In: Neurobiologia das doenças mentais. Graeff, F.G.; Brandão, M.L.
(eds), Lemos Editorial, São Paulo, p.109-144, 1993a.
GRAEFF, F.G. Role of 5-HT in defensive behavior and anxiety. Reviews in the Neurosciences,
v.4, p.181-211, 1993b.
GRAEFF, F.G. Neuroanatomy and neurotransmitter regulation of defensive behaviors and
related emotions in mammals. Brazilian Journal of Medical & Biological Research, v.27,
p.811–829, 1994.
GRAEFF, F.G.; GUIMARÃES, F.S. Fundamentos de psicofarmacologia. Editora Atheneu,
1999.
GRAY, J.A. The neuropsychology of anxiety: an enquiry into the functions of the septo-
hippocampal system. Oxford University Press, New York, p.548.
GRAY, J.A. & McNAUGHTON, N. The neuropsychology of anxiety. Second. Edition, New
York, Oxford University Press, 2000.
HARBUZ, M.S.; LIGHTMAN, S.L. Stress and the HPA axis: acute, chronic and immune
interactios. Journal of Endocrinology, v.134, p.327–339, 1992.
HELMSTETTER, F. J. & TERSHNER, S. A. Lesions of the periaqueductal gray and rostral
ventromedial medulla disrupt antinociceptive but not cardiovascular aversive conditional
responses. The Journal of Neuroscience, v.14, p.7099–7108, 1994.
HERRERA, D.G. & ROBERTSON, H.A. Activation of c-fos in the brain. Prog. in
Neurobiology v.50, p.83–107, 1996.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________62
_____________________________________________________________________________
HILLEGAART, V. Effects of application of 5-HT and 8-OH-DPAT into the dorsal and median
raphe nuclei on motor activity in the rat. Physiology behavior, v.48, p.143-148, 1990.
HOFFER, M.A. Cardiac and respiratory function during sudden prolonged immobility in wild
rodents. Psychonom. Medical, p.633–647, 1970.
IMAKI, T.; SHIBASAKI, T.; HOTTA, M.; DEMURA, H. Early induction of c-Fos precedes
increased expression of corticotropin-releasing messenger ribonucleic acid in the paraventricular
nucleus after immobilization stress. Endocrinology, v.131, p.240–246, 1992.
KOVÁSCS, K.J. C-fos as a transcriptation factor: a stressful review from a functional map.
Neurobiology International, v.33, p.287–97, 1998.
KRETTEK, J. E.; PRICE, J.L. Amygdaloid projections to subcortical structures within the basal
forebrain and brainstem in the rat and cat. The Journal of Comparative Neurology, v.178,
p.225–254, 1978.
KUHAR, M. J. Neuroanatomical substrates of anxiety: a brief survey. Trends in Neurosciences,
v.9, p.307–311, 1986.
LAMPREA, M.R.; CARDENAS, F.P.; VIANNA, D.M.; CASTILHO, V.R.; CRUZ-MORALES,
S. & BRANDÃO, M.L. The distribution of FOS immunoreactivity in rat brain following freezing
and escape responses elicited by electrical stimulation of the inferior colliculus. Brain Research.
V.950, p.186–194, 2002.
LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Context and Pavlovian conditioning. Brazilian Journal
Medical. Biology Research, v.29, p.149–173, 1996.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________63
_____________________________________________________________________________
LEDOUX, J. E.; THOMPSON, M.E.; IADECOLA, C.; TUCKER, L.W.; REIS, D.J. Local
cerebral blood flow increases during auditory and emotional processing in the conscious rat.
Science, v.221, p.576–578, 1983.
LEDOUX, J.E.; RUGGIERO, D.A.; FOREST, R.; STORNETTA, R. & REIS, D.J. Topographic
organization of convergent projections to the thalamus from the inferior colliculus and spinal
cord in the rat. Journal Comparative Neural, v.264, p.123–146, 1987.
LISTER, R.G. Ethologically-based animal models of anxiety disorders. Pharmacology
Therapy, v.46, p.321–340, 1990.
LOVICK, T.A. Interactions between descending pathways from the dorsal and ventrolateral
periaqueductal gray matter in the rat. In: The Midbrain Periaqueductal Gray Matter. Depaulis, A.
e Bandler, R. (eds), Plenum Press, New York, p.101–120, 1991.
LOVICK, T.A. The periaqueductal gray-rostral medulla connection in the defense reaction:
efferent pathways and descending control mechanisms. Behavioral Brain Research, v.58, p.19–
25, 1993.
MARIEKE, R.G.; MATHEW, D.M. Single neurons in the medial prefrontal cortex of the rat
exhibit tonic and phasic coding during trace fear conditioning. Behavioral Neuroscience, v.119,
p.1496-1510, 2005.
MARTINEZ, R.C.R.; OLIVEIRA, A.R.; BRANDÃO, M.L. Conditioned and inconditioned fear
organized in the periaqueductal gray are differentially sensitive to injections of muscimol into
amygdaloid nuclei. Neurobiology of Learning and Memory, v.85, p.58-65, 2006.
Mc NAUGHTON, N.; PHILIP, J.C. A two-dimensional neuropsychology of defense:
fear/anxiety and defensive distance. Neuroscience and Biobehavioral reviews, v.28, p.285-305,
2004.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________64
_____________________________________________________________________________
MELIK, E.; BABAR-MELIK, E.; OZGUNEN, T.; BINOKAY, S. Median raphe nucleus
mediates forming long-term but not short term contextual fear conditioning in rats. Behavioral
Brain Research, v.112, p.145-150, 2000.
MELO, L.L.; BRANDÃO, M.L. Involvement of 5-HT1A e 5HT2 receptors of the inferior
colliculus in aversive states induced by exposure to the elevated plus-maze test. Behavioral
Pharmacology, v.6, p.413–417, 1995.
MITCHELL, I.J.; DEAN, P.; REDGRAVE, P. The projection from the superior colliculus to
cuneiform area in the rat. II. Defence-like responses to stimulation with glutamate in cuneiform
nucleus and surrounding structures. Experimental Brain Research, v.72, p.626–639, 1988.
MORTON, B.E.; BLANCHARD, R.J.; LEE, E.M.C.; PANG, K.; BLANCHARD, D.C. Use of
[14C]-2-deoxyglucose to detect regional brain activities associated with fearful behavior in wild
Norway rats. Bulletin of Psychonomic Society, v.21, p.235–238, 1983.
MORGAN, J.I.; CURRAN T. Stimulus-transcription coupling in the nervous system:
involvement of the inducible proto-oncogenes fos and jun. Annual Review of Neuroscience,
v.14, p.421-451, 1991.
MORGAN, J.I.; CURRAN T. Proto-oncogenes: beyond second messengers. In:
Psychopharmacology: The Fourth Generation of Progress. Bloom, F.E.; Kupfer, D.J. (ed), Raven
Press, New York, p.631–642, 1995.
NASHOLD, B. S., WILSON, W. P. & SLAUGHTER, D. G. Sensations evoked by stimulation in
the midbrain of man. The Journal of Neuroscience, v.30, p.14–24, 1969.
NUTT, D.J. The pharmacology of human anxiety. Pharmacological Therapeutics, v.47, p.233–
266, 1990.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________65
_____________________________________________________________________________
PANKSEPP, J. The psychoneurology of fear: evolutionary perspectives and the role of animal
models in understanding human anxiety. In: Handbook of anxiety, 3. Roth, M.; Burrows, G.D. e
Noyes, R. (eds), Elsevier Science Publishers, Amsterdam, p.3–58, 1990.
PAXINOS, G. & WATSON C. The rat brain in stereotaxic coordinates. 3th ed. Academic Press,
New York, 1997.
PELLOW. S.; CHOPIN, P.; FILE, S.E. .; BRILEY, M. Validation of open: closed arm entries in
an elevated plus-maze as a measure of anxiety in the rat. Journal of Neuroscience Methods,
v.14, p.149–167, 1985.
PEZZONE, M.A.; LEE, W.S.; HOFFMAN, G.E.; RABIN, B.S. Induction of c-Fos
immunoreactivity in the rat forebrain by conditioned and unconditioned aversive stimuli. Brain
Research, v.597, p.41–50, 1992.
PEZZONE, M.A.; LEE, W.S.; HOFFMAN, G.E.; PEZZONE, KM; RABIN, B.S. Activation of
brain stem neurons by conditioned and unconditioned aversive stimuli as revealed by c-Fos
immunoreactivity. Brain Research, v.608, p.310–318, 1993.
PRATT, J. The neuroanatomical basis of anxiety. Pharmacological Therapeutics, v.55, p.149–
181, 1992.
P. WALKER,; P.CARRIVE. Role of ventrolateral periaqueductal gray neurons in the behavioral
and cardiovascular responses to contextual conditioned fear and poststress recovery.
Neuroscience, v.116, p.897–912, 2003.
RADMILOVICH, M.; BERTOLOTTO, C.; PEÑA, J.L.; PEDEMONTE, M.; VELLUTI, R. A
search for a mesencephalic periaqueductal gray-cochlear nucleus connection. Acta Physiologica,
Pharmacologica et Therapeutica Latinoamericana, v.41, p.369–375, 1991.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________66
_____________________________________________________________________________
RIZVI, T.A.; ENNIS, M.; BEHBEHANI, M.M.; SHIPLEY, M.T. Connections between the
central nucleus of the amygdala and the midbrain periaqueductal gray: topography and
reciprocity. The Journal of Comparative Neurology, v.303, p.121–131, 1991.
ROBBINS, T.W.; EVERITT, B.J. Arousal system and attention. In: The Cognitive Neuroscience.
Gazzaniga, M.S. (ed), MIT Press, Cambridge, p.703–720, 1995.
ROSEN J.B.; FANSELOW M.S.; YOUNG S.L.; SITCOSKE M. & S. MAREN. Immediate-early
gene expression in the amygdala following footshock stress and contextual fear conditioning.
Brain Research, v.796, p.132–142, 1998.
SAGAR, S.M.; SHARP, F.R.; CURRAN, T. Expression of c-fos protein in brain: metabolic
mapping at the cellular level. Science, v.240, p.1328–1331, 1988.
SAKAGUCHI, A.; LEDOUX, J. E. & REIS, D. J. Sympathetic nerves and adrenal medulla
contributions to cardiovascular conditioned emotional responses in spontaneously hypertensive
rats. Hypertension, v.5, p.728–738, 1983.
SCHENBERG, L.C.; DE AGUIAR, J.C.; GRAEFF, F.G. GABA modulation of the defense
reaction induced by electrical stimulation. Physiology & Behavior, v.31, p.429–437, 1983.
SEEMA BHATNAGAR, RYAN HUBER, ELIZABETH LAZAR, LINDDSEY PYCH,
COURTENAY VINING. Chronic stress alters behavior in the conditioned defensive burying
test: role of the posterior paraventricular thalamus. Pharmacological Biochemistry & Behavior,
v.76, p.343–349, 2003.
SENBA, E.; MATSUNAGA, K.; TOHYAMA, M.; NOGUCHI, K. Stress-induced c-Fos
expression in the rat brain: activation mechanism of sympathetic pathway. Brain Research
Bulletin, v.31, p.329–344, 1993.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________67
_____________________________________________________________________________
SILVA, R. C. B.; GÁRGARO, A.C.; BRANDÃO, M.L. Differential regulation of the expression
of contextual freezing and fear-potentiated startle by 5-HT mechanisms of the median raphe
nucleus. Behavioral Brain Research, v.151, p.93-101, 2004.
SHAIKH, M.B.; SIEGEL, A. Neuroanatomical and neurochemical mechanisms underlying
amygdaloid control of defensive rage behavior in the cat. Brazilian Journal of Medical &
Biological Research, v.27, p.2759–2779, 1994.
SHARP, F.R.; SAGAR, S.M.; HICKS, K.; LOWENSTEIN, D.; SAGAR, S.M. c-FOS mRNA,
Fos and Fos related antigen induction by hypertonic saline and stress. The Journal of
Neuroscience, v.11, p.2321–2331, 1991.
SKINNER, R.D.; GARCIA-RILL, E. The mesencephalic locomotor region in the rat. Brain
Research, v.323, p.385–389, 1984.
SMITH, Y. Anterograde tracing with PHA-L and biocytin and the electron microscope level. In:
Experimental Neuroanatomy: a Practical Approach. Bolam, J.P. (ed), IRL Press, Oxford, p.61–
79, 1992.
STONE, E.A.; ZHANG, Y.; JOHN, S.; FILER, D.; BING, G. Effect of locus coeruleus lesion on
c-Fos expression in the cerebral cortex caused by yohimbine injection or stress. Brain Research,
v.603, p.181–185, 1993.
SWANSON, L.W.; SAWCHENKO, P.E.; RIVIER, J.; VALE, W.W. Organization of ovine
corticotropin-releasing factor immunoreactive cells and fibers in the rat brain: an
immunohistochimical study. Neuroendocrinology, v.36, p.165–186, 1983.
UMEMOTO, S.; NOGUCHI, K.; KAWAI, Y.; SENBA, E.. Repeated stress reduces the
subsequent stress-induced expression of Fos in rat brain. Neuroscience Letters, v.167, p.101–
104, 1994.
Referências Bibliográficas______________________________________________________________________68
_____________________________________________________________________________
VAN DIJKEN, H.H.; MOS, J.; VAN DER HEYDEN, J.A.M.; TILDERS, F.J.H.
Characterization of stress-induced long-term behavioural changes in rats: evidence in favor of
anxiety. Physiology & Behavior, v.52, p.945–951, 1992.
VIANNA, D.M.; BORELLI, K.G.; FERREIRA-NETTO, C.; MACEDO, C.E.; BRANDÃO,
M.L. Fos-like immunoreactive neurons following electrical stimulation of the dorsal
periaqueductal gray at freezing and escape thresholds. Brain Research Bulletin, v.62, p.179–89,
2003.
VOGEL. J, R.; BEER, B.; CLODY, D. E. A simple and reliable conflict of procedure for testing
anti-anxiety agents. Psychopharmacology, v.21, p.1–7, 1971.
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo