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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS Sobre as formas de tratamento do singular do espanhol no espaço do Vale Central da Costa Rica Relações entre imaginário e funcionamento Francimara do Nascimento Oliveira São Paulo, 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS

Sobre as formas de tratamento do singular do espanhol no espaço do Vale Central

da Costa Rica

Relações entre imaginário e funcionamento

Francimara do Nascimento Oliveira

São Paulo, 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS

Sobre as formas de tratamento do singular do espanhol no espaço do Vale Central

da Costa Rica

Relações entre imaginário e funcionamento

Francimara do Nascimento Oliveira – Nº. USP 7192596

Trabalho de Graduação Individual

apresentado ao Departamento de Letras

Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e

Ciências Humanas da Universidade de São

Paulo.

Orientadora: Profa. Dra. María Teresa Celada

São Paulo, 2015

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Banca Examinadora

Profa. Dra. Karolin Moser

Profa. Dra. Maria Zulma Moriondo Kulikowski (USP)

Profa. Dra. María Teresa Celada (orientadora)

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Sumário

Introdução ...................................................................................................................... 05

1. As formas de tratamento do singular no espanhol e na Costa Rica .......................... 09

2. As formas de tratamento do singular no plano do imaginário no espaço do vale

central da Costa Rica...................................................................................................... 12

3. As formas de tratamento do singular no plano do funcionamento no espaço do vale

central da Costa Rica ..................................................................................................... 26

4. A relação entre o imaginário e o funcionamento do real – Língua imaginária X língua

fluída ..............................................................................................................................36

Referências bibliográficas ............................................................................................. 38

Anexos .......................................................................................................................... 41

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Introdução

As perguntas disparadoras deste breve estudo tiveram sua gênese no primeiro semestre

de 2014, enquanto era estudante do 4º ano de espanhol do curso de Letras na Universidade de

São Paulo, e tive a oportunidade de passar um semestre dando aulas de português em San José

na Costa Rica. Embora o novo trabalho não me requeresse a língua espanhola, a vida no país

sim, e sendo estudante de letras, em processo de inscrição nessa língua e interessada em

questões do funcionamento dela, observava com um olhar questionador dois usos que, sob

minha percepção, pareciam bastante regulares na fala dos costarriquenses: em primeiro lugar,

a recorrência do tratamento “de usted” em diferentes práticas de interlocução, algumas

fortemente marcadas por uma relação assimétrica (muitas vezes vinculadas a questões de

poder) entre os interlocutores, funcionamento bastante regular desta forma de tratamento em

diversos espaços de fala hispânica, e outras marcadas por uma relação mais simétrica entre os

participantes dessas práticas, algo novo para mim. Em segundo lugar, a possível coexistência

de duas formas tratamento, a “ustedeante” e a “voseante”, em interlocuções que, para mim,

deveriam manter uma única forma até o final, já que estavam quase sempre marcadas por uma

relação, como se poderia dizer a partir da leitura de Carricaburo (1997), de “reciprocidade” na

“solidariedade” ou “confiança” entre os participantes, algo, na minha perspectiva, no mínimo,

curioso. Tratar de entender os porquês destes dois usos naquele espaço seria o objetivo geral

desta pesquisa, algo praticamente impossível, como se verá.

Passado um tempo de minha estadia no país, tratei de procurar entender qual era a

fronteira que delimitava o uso das duas formas de tratamento presentes naquele espaço, o

“voseo” e a “de usted”, algo bastante complexo, como já veria, no nível do imaginário dos

próprios costarriquenses, muito mais para mim, estudante de espanhol como língua

estrangeira.

Depois de alguns meses tecendo hipóteses, comecei a perguntar diretamente aos meus

alunos, costarriquenses, falantes de língua espanhola naquele espaço, sobre uma possível

delimitação que determinasse o funcionamento daquelas formas de tratamento, tentando, até

este momento, estabelecer uma ponte entre as formas “o senhor” e “você”, presentes no

português falado no espaço de São Paulo, minha cidade de origem. As respostas eram, no

entanto, bastante diversas. Alguns me diziam que sempre usavam a forma “de usted”,

qualquer que fosse o seu interlocutor; outros que usavam o “voseo” quando estavam falando

com amigos; outros, ainda, observavam que o emprego da forma vinculada ao pronome “vos”

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estava restrito a práticas de interlocução com o parceiro afetivo, esposo (a) e/ ou namorado

(a). A primeira conclusão a que cheguei, portanto, foi a de que essa fronteira que eu buscava

entre significados mais ou menos estáveis vinculados àquelas formas de tratamento não era

algo fácil de ser estabelecido e que não era possível uma equivalência com as formas

presentes em minha língua. Minha tentativa de fazer uma mera transposição do português

para a língua falada naquele espaço – ilusão que nos constitui como falantes – era algo

extremadamente simplista e reducionista em relação à riqueza e à complexidade do

funcionamento das formas que observava. Como bem aponta Cintrão (2004), mesmo no nível

da tradução, não é possível estabelecer uma equivalência abarcadora de todas as

possibilidades de discurso, muito menos no nível do real da fala. De fato, já percebia, pelas

respostas que me deram os falantes, tão diferentes umas das outras, que os usos observados

não se tratavam de algo que uma perspectiva da língua apegada ao estruturalismo me pudesse

explicar, visto que não existia uma “fórmula” fechada que pudesse dar conta de restringir ou

delimitar a presença de uma ou outra forma em todas as práticas de interlocução.

Foi então que, ainda na Costa Rica, tive acesso a trabalhos da área da Análise do

Discurso (doravante AD), teoria que me pareceu ser mais adequada para tratar tais questões e

que talvez pudesse ser suporte para um possível projeto de pesquisa, já que, segundo Orlandi

(2010, p. 16), a AD não concebe a língua como sendo “um sistema abstrato”, mas a entende

mais bem “como acontecimento e não como estrutura”, ou melhor, como postula Pêcheux

(1990a) como “estrutura no acontecimento”. Essa concepção permite, assim, estudar questões

que não reduzam a língua a um conjunto de significados prévios, fechados, ou que

correlacionem empiricamente um significado a uma forma linguística, e que não envolvam,

portanto, o contexto de produção de um enunciado. As formas de tratamento sob essa

perspectiva (a AD) seriam estudadas a partir de amostras da língua em funcionamento.

Para dar início ao possível projeto de pesquisa, o primeiro passo consistiu na leitura de

textos acadêmicos que já tivessem abordado o tema: as formas de tratamento do singular

presentes na Costa Rica, e a partir de um eles (um artigo de Medrano, um costarriquense

estudioso da língua) soubemos da existência de uma oposição, nesse país, entre duas

comunidades linguísticas1. Vejamos o que observa o autor:

[En Costa Rica] se han identificado dos comunidades lingüísticas bien definidas: la

del Valle Central y la de Guanacaste (provincia al norte del país y limítrofe con

Nicaragua) que se diferencian no solo por aspectos fonéticos y léxicos, sino

1 Graças às indicações e comentários realizados pela Profa. Moser como membro da banca deste TGI, tivemos

acesso ao “Atlas Lingüístico-Etnográfico de Costa Rica” (ALECORI), de Miguel Ángel Quesada Pacheco (2010,

pp. 13-14). Nesse trabalho, fala-se de uma divisão em sete “comunidades”, delimitadas pelas sete províncias do

país (Guanacaste, Alajuela, San José, Cartago, Heredia, Puntarenas e Limón).

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especialmente por aquellos de índole pragmática. La primera variedad es la de

prestigio, por ser la de la capital, centro irradiador y de concentración económica y

demográfica. La segunda, históricamente más emparentada con el español de

Nicaragua, siempre ha sido menospreciada por vallecentraleños quienes consideran

a los guanacastecos como groseros y faltos de tacto al hablar (MEDRANO, 2002, p.

131).

O espaço com o qual trabalharemos é o que fica delimitado no trabalho desse

estudioso como Vale Central, onde está San José – cidade em que vivi, fato que favoreceu a

possibilidade de ter acesso a determinados instrumentos de pesquisa, como já veremos –.

Cabe ressaltar que nesta etapa conhecemos também a pesquisa de outra estudiosa da área, a

alemã Karolin Moser, com a qual, dentre muitas contribuições, tomamos conhecimento do

termo “ustedeo”, que, segundo a pesquisadora, “se refiere al funcionamento informal de la

forma usted” (MOSER, 2011, p. 439). Dentre os textos que lemos e que contribuíram para

nosso estudo estão os de MOSER (2002, 2003, 2006, 2010 e 2011), e os dos estudiosos

costarriquenses VARGAS (1979) e MEDRANO (2002), este último já citado aqui2.

Os trabalhos de Moser responderam a nossa primeira pergunta, que indagava sobre a

presença da forma “usted” em interlocuções simétricas de confiança. Tratava-se, portanto, do

“ustedeo”, uma marca da língua espanhola nesse espaço. Porém, havia ainda a questão

referente à observação de um possível “deslizamento” entre as duas formas de tratamento em

uma mesma interlocução.

Nosso movimento de pesquisa a partir daí seria o de, primeiro, tentar conhecer qual

era o imaginário dos falantes desta região da Costa Rica sobre as formas de tratamento do

singular, já que os poucos com que tínhamos falado não nos haviam possibilitado chegar a

uma conclusão; depois, confirmar se nossas percepções sobre o deslizamento de formas (entre

as de “usted” y o “voseo”) se confirmavam no discurso e, em caso afirmativo, tentar entender

por que esse deslizamento acontecia. Por fim, pretendíamos verificar se as projeções feitas

pelos falantes se aproximavam ou distanciavam do funcionamento.

Para tratar tais questões montamos um corpus que diz respeito às percepções que os

falantes desta região têm sobre as formas de tratamento do singular, através da elaboração de

um questionário online, por meio da ferramenta “formulário” do Google docs, enviado a um

grupo de 54 pessoas, que responderam a perguntas que formulamos com o objetivo de

conhecer quais projeções (Pêcheux, 1990) faziam sobre o uso das formas de tratamento do 2 Consideramos relevante registrar que também fizemos a leitura de artigos e textos que abordavam as formas de

tratamento no espanhol, de modo geral, e que serão mobilizados neste trabalho: Carricaburro (1997); Hummel

(2010); Morales (2010) e Paredes (2010); e alguns capítulos do livro de Couto, L. R.; Dos Santos, C. R. As

formas de tratamento em português e em espanhol – variação, mudança e funções conversacionais/ Las fomas

de tratamiento en español y portugués – variación, cambio y funciones conversacionales. Niterói: Editora da

Universidade Federal Fluminense, 2011., que neste trabalho não serão especificamente citados.

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singular no espaço da Costa Rica, ou seja, sobre como antecipavam certas formas linguísticas.

E, para tratar das questões relacionadas ao funcionamento de tais formas, montamos também

um pequeno corpus de propagandas de rádio e publicidades de Facebook, como veremos com

mais detalhe. Este era um procedimento que, estando já no Brasil, nos permitia entrar em

contato, de algum modo, com amostras do funcionamento da língua daquele espaço.

Neste ponto já cabe esclarecer que no presente trabalho de graduação individual (TGI)

não nos deteremos profundamente sobre este segundo corpus, pois apenas abordaremos

algumas das publicidades coletadas. Porém, cabe antecipar que foi através dele que pudemos

detectar a existência de algo que não havia sido notado durante a estadia no país, a presença

de um terceiro elemento que compõe a série das formas de tratamento do singular nesse

espaço, o “tuteo”. Este, como veremos, pode aparecer de modo exclusivo ou materializando

deslizamentos a partir das formas “de usted”, do “voseo” ou entre ambos.

O trabalho é, desta maneira, dividido em quatro partes. Na primeira delas (Sobre as

formas de tratamento do singular no espanhol e na Costa Rica) fazemos um breve panorama

teórico das formas de tratamento do singular do espanhol e das especificidades da situação na

Costa Rica. Na segunda (As formas de tratamento do singular no plano do imaginário) já

passamos a abordar parte do corpus e, para tanto, trabalhamos com um questionário realizado

por Vargas (1979) em 1972 e com o nosso, produzido em 2015, como já antecipamos, como

parte do desenvolvimento deste projeto. Assim, colocamos ambos instrumentos em relação

para ter ideia de como funcionam as antecipações feitas pelos falantes sobre as formas de

tratamento. Numa terceira parte (As formas de tratamento do singular no plano do

funcionamento), tratamos das formas não mais no nível do imaginário, mas na esfera do

discurso, especificamente do publicitário, trazendo a mostra alguns casos de nossos corpora

de propagandas de rádio e Facebook. E, por fim, estabelecemos, a título de conclusão (em A

relação entre o imaginário e o funcionamento do real – Língua imaginária X língua fluída),

uma relação entre o imaginário e o real, relacionando os comentários feitos a partir da analise

de alguns fragmentos dos dois corpora, que estão integralmente nos Anexos I e II. O primeiro

diz respeito ao corpus do imaginário, já que nele estão as respostas às perguntas dissertativas

dadas pelos sujeitos do questionário e o segundo se refere ao corpus do funcionamento, já que

neles estão transcritas as propagandas de rádio e as publicidades do Facebook.

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1. Sobre as formas de tratamento do singular no espanhol e na Costa Rica

Vários foram os estudiosos que trataram das formas de tratamento do singular no

espanhol e várias foram as metodologias empregadas nestes estudos. Uma das pesquisadoras,

Carricaburo (1997), plasma um modo de “organização” (ORLANDI, 1996) desse aspecto da

língua levando em consideração a regularidade de uso nos espaços do mundo de fala

espanhola e estabelece uma série de “normas” – “peninsular” e “hispanomericana” (“américa

voseante”/ “tuteante”/ “tuteante-voseante”) – dos modos de tratamento do outro nesse mundo,

tendo como base os propósitos de Brown e Gilman (1960), que analisam essas formas a partir

dos conceitos de “poder” e “solidariedade”.

Carricaburo (ibid.) organiza as formas pronominais e verbais da língua espanhola em

um “sistema dual ou triádico, constituido por una forma de respeto, el usted, frente a dos

menos formales, el tú y el vos”. (CARICABURO, 1997, p. 9) e indo além da oposição

formal/informal, ou de “poder” e “solidariedade”, a autora propõe o trabalho com outros

termos que tentam expressar os distintos graus de distanciamento que podem ser estabelecidos

numa prática de interlocução. Diz ela que o “voseo” e/ou o “tuteo” podem expressar

“familiaridad, informalidad, solidariedad y el acercamiento psicológico” (ibid., p. 9) e o

pronome e as formas verbais de “usted” evocar “la formalidad o el poder” (ibid., p. 9). Claro

está, porém, que estas concepções não são estáticas e não podem ser atribuídas a priori a uma

ou outra forma, já que esse paradigma proposto pela autora pode ser rompido a depender do

contexto de produção do enunciado.

Assim, a própria Carricaburo (ibid.) aponta para a existência de um

[…] usted solidario y formal que se emplea entre iguales cuando se quiere mantener una

distancia, o cuando entran en juego distintas variantes, por ejemplo, mayor edad de uno pero

mayor prestigio social del otro y puede expresar también distancia psicológica o

distanciamiento momentáneo, como es el caso del padre que al reprender al hijo pasa al usted.

Como já dissemos, a autora apresenta as formas de tratamento fazendo uma divisão

entre “norma peninsular” e “norma hispanoamericana”. Esta última é ainda subdividida entre

“América tuteante”, “América voseante” e “América tuteante-voseante”. Tais normas são

sistematizadas em alguns quadros, importantes instrumentos de organização da língua, e que

ao longo de nossa trajetória como estudantes do espanhol como língua estrangeira nos

marcam muito. Por isso, como forma de sintetizar o que dissemos nos pareceu conveniente

trazê-los aqui:

La norma peninsular

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Número Informalidad/ Solidariedad/

Familiaridad/ Acercamiento

Formalidad/ Cortesía/

Poder/ Distanciamiento

Singular Tú Usted

Plural Vosotros/as Ustedes Quadro 1 (CARICABURRO, 1997, p. 10)

La norma Hispanoamericana

América Tuteante

Número Informalidad/ Solidariedad/

Familiaridad/ Acercamiento

Formalidad/ Cortesía/

Poder/ Distanciamiento

Singular Tú Usted

Plural Ustedes

Quadro 2 (CARICABURRO, 1997, p. 12)

América Voseante

Número Informalidad/ Solidariedad/

Familiaridad/ Acercamiento

Formalidad/ Cortesía/

Poder/ Distanciamiento

Singular Vos Usted

Plural Ustedes

Quadro 3 (CARICABURRO, 1997, p. 12)

América Tuteante-Voseante

Número Informalidad/ Solidariedad/

Familiaridad/ Acercamiento

Formalidad/ Cortesía/

Poder/ Distanciamiento

Singular Vos tú Usted

Plural Ustedes

Quadro 4 (CARICABURRO, 1997, p. 13)

Cabe observar que estes quadros são fruto de uma organização realizada a partir de

uma perspectiva de estudo, como a de Brown e Gilman (1960) ou Brown e Levinson

(1978/1987) que, segundo Medrano, se caracterizam por ter “pretensiones universalistas y

cuya aplicación, se supone, debe darse con variaciones leves para las distintas culturas”

(MEDRANO, 2002, p. 130). Porém, segundo o mesmo autor, alguns estudiosos, como Bravo

(1999 y 2002)3, “ha(n) demostrado ampliamente cómo la descripción de la cortesía verbal

debe hacerse partiendo de la especificidad de cada cultura” (ibid., p. 130), afirmação com a

qual nos identificamos, já que um de nossos objetivos é o de abordar algumas das

especificidades das formas pronominais e verbais de tratamento do espanhol falado no espaço

3 Os textos citados por Medrano são: Bravo, D. “¿Imagen ‘positiva’ vs. Imagen negativa? pragmática

sociocultural y componentes de face”. In: Oralia, 2, 1999, pp. 155-184 e Bravo, D. “Actos assertivos y cortesía –

Imagen del rol en el discurso de académicos argentinos”. In: Placencia, M. D.; Bravo, D. (eds.). Actos de habla y

cortesía en español. London: LINCOM Studies in pragmatics 5, 2002, pp. 141 – 174.

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do Vale Central da Costa Rica que, como veremos, não coincidem com a descrição registrada

nos quadros anteriores.

Carricaburo (1997, p. 45) descreve a Costa Rica como um país pertencente à chamada

“América voseante”, cujo paradigma pronominal é “hibrído” (ibid., p. 13), e o verbal,

conforme a autora (ibid., p. 16-17), que retoma a divisão em tipos proposta por Rona (1967)4,

é “monoptongado” de “tipo II”.

Moser, pesquisadora que já foi aqui apresentada, ainda que afirme que as duas

principais formas de tratamento presentes nesse espaço sejam aquelas vinculadas aos

pronomes “vos” e “usted”, o que confirmaria a classificação feita por Carricaburo, nomeia a

modalidade de tratamento do singular desse espaço como sendo, basicamente, “ustedeante”.

Isto se deve, como dito na introdução deste TGI, ao fato de que a forma de tratamento

vinculada ao pronome “usted” na Costa Rica pode estar presente tanto em interlocuções

marcadas pela “Formalidad/ Cortesía/Poder/ Distanciamiento” (ibid., p. 9), como aparece nos

quadros de 1 a 4 apresentados por Carricaburo, como também em práticas marcadas pela

“Informalidad/ Solidariedad/ Familiaridad/ Acercamiento” (ibid., p. 9), que se vinculam ao

que se conhece como “ustedeo”. Moser sintetiza tal situação desta maneira: “así es que la

norma costarricense permite el trato de usted (diacrónicamente visto, una forma

gramaticalizada de la forma Vuestra Merced> usted) en cualquier situación comunicativa,

tanto formal como informal” (MOSER, 2011, p. 439), o que faz com que as formas “de usted”

sejas as mais regularmente usadas no país.

Sobre o “voseo”, por sua vez, cabe dizer que não apresenta diferença no que diz

respeito a seu uso em práticas de interlocução no espaço que estudamos e por isso responde às

observações apresentadas por Carricaburo (1997) em relação à “norma hispanoamericana”

das Américas “voseante” e “tuteante-voseante” – registradas nos quadros 3 e 4 acima – , já

que, como aponta Moser (2011, p. 440) “el funcionamento del voseo costarricense implica

cierta confianza entre los interlocutores, lo cual significa que el voseo es una forma de

tratamiento exclusivamente informal en el español costarricense”. A autora (2011, p. 440), tal

como Carriburo (1997), apresenta um quadro explicativo que sintetiza o que estamos dizendo

em relação à projeção feita para o uso das formas de tratamento do singular no espanhol

falado na Costa Rica. Consideramos esclarecedor, pela síntese que supõe, inseri-lo a seguir:

Informal Formal

4 RONA, J. P. Geografía y morfología del voseo. Porto Alegre: Pontificia Universidad Católica, 1967, pp. 69-73.

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Segunda persona singular (usted) llama

(vos) llamás, llamas

(usted) llama

Parece-nos importante, agora, trazer aqui as observações realizadas pela estudiosa sob

uma perspectiva diacrônica. Moser (2010, p. 659) diz que o tratamento “de usted” é o

primeiro a aparecer no espaço da Costa Rica. Segundo a autora (ibid., p. 659), seu registro

data do primeiro quarto do século XVIII. Já o “voseo” tem sua primeira aparição

documentada em 1723 (ibid., p. 662). O “ustedeo”, por sua vez, data da segunda metade do

século XVIII (ibid., p. 660).

Faz-se necessário destacar que existem também registros de uso da forma de

tratamento “tuteante” nesse espaço. Segundo Moser (ibid., p. 660), o “tuteo” aparece em

finais do século XVII, no discurso religioso, a partir do século XIX já não é encontrado e no

final da década de 1990, curiosamente, volta a aparecer em registros de fala, muitas vezes

atribuído – ainda segundo a autora – às produções e traduções de novelas, filmes e programas

televisivos advindos de outros países de língua hispânica.

2. As formas de tratamento do singular no plano do imaginário no espaço do vale central

da Costa Rica

Como já antecipado, um de nossos objetivos é identificar as projeções de uso e de

sentido atribuídas pelos falantes às formas de tratamento do singular no espaço do Vale

Central da Costa Rica. Para sublinharmos a importância desta questão, que se relaciona com o

que na AD se denomina “antecipações imaginárias”, recorremos a um texto fundador dessa

teoria, de Pêcheux. O autor, a partir do tão conhecido esquema informacional de Jakobson dos

anos 60 – segundo o qual A e B seriam emissor e receptor, respectivamente, de uma

mensagem –, produz um deslocamento e passa a definir o que é discurso: negando que aí haja

mensagem, afirma que entre esses dois pontos há apenas “efeitos de sentido entre

interlocutores”:

(...) o que funciona nos processos discursivos é uma série de formações

imaginárias que designam o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao

outro, a imagem que eles fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro. Se

assim ocorre, existem nos mecanismos de qualquer formação social regras

de projeção. (PÊCHEUX, 1990b, p. 82).

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Justamente, a imagem que projetamos do outro e de nós mesmos diante deste numa

interlocução se materializa em formas linguísticas: dentre elas, as formas de tratamento, com

as quais trabalhamos neste TGI.

Para trabalhos com a finalidade de conhecer tais projeções, um dos instrumentos mais

utilizados é o questionário, que, conforme sintetiza Paredes (2010, p. 166) – num artigo no

qual discute sobre este tema e sua relação com pesquisas sobre formas de tratamento – é uma

Serie ordenada de preguntas de diferente grado de estructuración, susceptible de ser

usado tanto en la interacción cara a cara como a distancia, y por lo general elaborado

para ser aplicado a un grupo elevado de sujetos de manera individual o conjunta

(ibid.).

De fato, mediante a experiência de dar resposta a um questionário, pensamos que os

sujeitos refletem sobre seu modo de falar e podem expressar as projeções de uso, em nosso

caso para as formas de tratamento que funcionam em sua comunidade e sobre as quais

perguntávamos. Com relação a este aspecto cabe aqui citar a reflexão de Hummel (2010, p.

108): “Aunque no podemos considerar las respuestas como datos que objetivamente reflejen

el uso, ellas se refieren a algo que suele constituir un motivo de uso muy fuerte, en la medida

en que los hablantes nos dicen cuál es la imagen de uso asociada a las formas de tratamiento”.

Deste modo, como acabamos de ver com a reflexão de Pêcheux, estamos diante de “projeções

imaginárias”, o que não implica que sejam fantasiosas, porque se apoiam em sentidos e

regularidades do funcionamento da memória, mas que, por isso mesmo, por serem

imaginárias, nunca poderiam “refletir o uso de maneira objetivo”5.

Temos, assim, algumas “deficiências”, segundo Hummel (2010, p. 136), relacionadas

ao uso desse instrumento (o questionário), que, embora se distanciem do modo como aqui as

observaríamos, nos parece relevante considerar:

(…) tendencia a obtener respuestas superficiales, poco diferenciadas (Cicourel 1970:

166 y Dornyei 2003: 10), discrepancia entre representaciones de uso y uso real de

las formas lingüísticas (Dittmar 1973: 237-238), alejamiento de situaciones de uso

reales (Hyman 1955: 28), proyección de las hipótesis en las respuestas a través de

las preguntas (Cicourel 1970: 162-163), visión estática y generalizadora de los

hechos observados que subestima los cambios (Cicourel 1970: 163 y Dornyei 2003:

13), discrepancias voluntarias entre lo dicho y el uso real para dar una imagen

5 Nesse sentido, Hummel, a partir de sua perspectiva teórica, esclarece: (…) las imágenes de uso que se

desprenden de un cuestionario pueden conllevar una distorsión de los datos, puesto que los hablantes tienden a

no mencionar ni las variantes de uso ni los cambios de trato (...) Por cuidadoso que se sea, no se les ocurrirán

nunca a los hablantes todas las facetas de uso cuando les hacemos preguntas aisladas de las situaciones reales de

uso (ibid., p 108).

Nós não nos colocamos a questão nesses termos já que entendemos como não sendo iguais o lugar de um

falante e o de um estudioso da linguagem, que pode distinguir variantes, etc.

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positiva de sí mismo, acercándose a lo que se considera prestigioso (Foddy 1995: 3-

4 y Dornyei 2003: 12) (HUMMEL, 2010, p. 136).6

Tendo em conta essa série de considerações, para a realização de nosso questionário

tomamos como parâmetro um que foi aplicado em 1972 por Vargas (1979). Neste caso, os

sujeitos da pesquisa, que tinha como objetivo traçar um panorama das projeções dos falantes

sobre as formas de tratamento em funcionamento no país, foram 68 costarriquenses, em sua

maioria universitários. Trazemos aqui alguns dos resultados e observações deste estudo que

foram relevantes para o nosso trabalho (ibid., pp. 19-24):

sobre o funcionamento do “voseo” em relação ao tratamento “de usted”, a maioria das

projeções estavam relacionadas com algumas respostas que consideramos importante retomar:

“vos indica confianza, y se usa en el trato de igual a igual”; “el vos indica confianza,

familiaridad y amistad” e “el usted indica respeto y se usa con persona que no conocemos”;

sobre a imagem que têm os costarriquenses sobre o funcionamento do “tuteo” por seus

conterrâneos, em geral, as respostas tiveram um valor bastante negativo. Segundo os

entrevistados, um costarriquense que faça uso desta forma de tratamento é “pedante”;

sobre a identificação de um possível funcionamento da forma de tratamento “de usted” que

indicasse familiaridade ou confiança, assemelhando-o ao funcionamento do voseo, houve uma

maioria de respostas negativas.

Esta última observação fez com que Vargas (ibid.) chegasse à conclusão de que

haveria um processo “inconsciente” de funcionamento de um “doble usted”, já que ele,

enquanto pesquisador, notava a presença do que hoje se chama “ustedeo”, e que denominou

“otro usted”. Nesse sentido, afirma que em alguns de seus usos pareceria que o “usted”

contradiz o exposto pelos falantes que participaram de sua pesquisa e prossegue

[…] y por eso parece evidente que – aunque los habitantes no se den completa

cuenta de ello – que existe, independientemente del usted convencionalmente

aceptado como pronombre de formalidad, respeto y distancia, otro usted que se

emplea en relaciones de gran intimidad y cercanía. En cuanto a la forma es idéntico

al primero; lo que varía son las situaciones en que se aplica (VARGAS, 1979, p. 28).

No final de seu texto, Vargas (ibid.) cita as mudanças a que estão submetidas línguas

que, como o espanhol, têm uma multiplicidade de formas de tratamento. Diz também, e isso

6 Os livros citados por Hummel são: Cicourel, A. V. Methoe und Messung in der soziologie, versión alemana de

Frigga Haug. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1970; Dittman, n. Soziolinguistik. Exemplarische und Darstellung

ihrer Theorie, Empirie und Anwendung, Frankfurt am Main: Athenaum Fischer, 1973; Dornyei, Z.

Questionnaires in second lenguage research. Construcction, administration, and processing, Mahwaw/ London:

Erlbaum, 2003; Foddy, W. Constructing questions for interviews and questionnaires. Theory and practice in

social research, paperback reprint of the first edition 1993, Cambridge: Cambridge University Press, 1995 e

Hyman, H. Survey design and analysis: Principles, cases and procedures, Glencoe: Free Prees, 1955.

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muito nos interessa, que, no momento da escrita de seu texto, o “tuteo” não apresentava

“ninguna amenaza para el vos” (ibid., p. 30). Sobre o chamado “otro usted” aponta:

No se puede saber cuál será en realidad la importancia o trascendencia de ese

empleo secundario de usted como pronombre de confianza y cercanía, vacío ya de

su originaria significación de respeto y formalidad. Pero sí podría este

funcionamento ser una fuerza que con el tiempo llegara a ejercer alguna presión

desvaforable sobre el voseo, al alcanzar en ciertos aspectos una connotación

parecida (VARGAS, 1979, p. 30).

Por fim, faz uma afirmação bastante importante para o estudo que aqui realizamos:

“Una cosa parece segura: si en Costa Rica llegara el vos a encontrarse en estado de lucha

contra otro pronombre, este último sería usted y nunca tú” (ibid., p. 30).

Nosso questionário

Levando em consideração as postulações de Vargas (1979), referentes a mudanças

fatíveis com relação às formas de tratamento presentes nas interlocuções dos costarriquenses,

e observando algumas particularidades nas formas de tratamento vinculadas a uma das

questões que nos levou a realizar este trabalho, qual seja, o deslizamento entre formas “de

usted” (não sabemos se como “ustedeo”), de “voseo” e de “tuteo”, que se confirmou em nosso

corpus de publicidades de rádio, nos pareceu importante atualizar o questionário de 1972,

criando o nosso, para obter novos dados sobre as imagens que os falantes projetam acerca das

formas de tratamento e, assim, enriquecer nossa pesquisa mediante um trabalho comparativo.

Por isso, em parte repetimos perguntas do questionário de Vargas que nos pareciam

pertinentes, retiramos algumas das feitas por ele que não estavam relacionadas diretamente

com as nossas perguntas de pesquisa e acrescentamos outras que traziam amostras da língua

em funcionamento, ou seja, de publicidades que fazem parte do nosso corpus.

Nosso questionário, que pode ser acessado através do endereço

<https://docs.google.com/forms/d/1VoiZKWw0KCnjxaNBJ5VnGm7Pu4cO5ptG-

ubalZImsUQ/viewform?c=0&w=1>, foi realizado – como já antecipamos – através da

ferramenta “formulários” do Google docs e respondido por 54 costarriquenses, sendo eles: 30

pessoas do gênero feminino e 24 do gênero masculino, de idade entre 21 e 59 anos, a maioria

da faixa etária que vai dos 26 aos 40 anos. Uma boa parte dos participantes possui, no que se

refere à escolaridade, grau universitário e, embora haja representantes de várias profissões,

grande parcela deles trabalha no ramo administrativo. Mais da metade dos participantes são

nascidos em San José, e a segunda maior naturalidade é da cidade de Cartago, bastante

próxima da capital costarriquense. Estas são as duas localidades com maior representação no

que diz respeito ao local de moradia dos participantes atualmente, e este foi, também, um dos

aspectos que nos permitiu delimitar o Vale Central da Costa Rica como espaço do estudo.

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Ademais de perguntas sobre os dados pessoais, para que pudéssemos conhecer o perfil

dos participantes da enquete, o questionário era composto por seis perguntas que diziam

respeito às formas de tratamento do singular. São elas:

1. Especifique en los espacios correspondientes, si trata de “vos” o de “usted” a los

siguientes interlocutores:

Padre, madre, herman@s, niñ@s, tí@s, prim@s, novi@/ espos@, compañer@s de trabajo,

compañer@s de estudio, amig@s cercan@s, emplead@s de tiendas, emplead@s

doméstic@s, policías, médic@s, sacerdotes, profesores.

2. ¿Cómo proyecta que, en general, estos lo tratan a usted?

Padre, madre, herman@s, niñ@s, tí@s, prim@s, novi@/ espos@, compañer@s de trabajo,

compañer@s de estudio, amig@s cercan@s, emplead@s de tiendas, emplead@s

doméstic@s, policías, médic@s, sacerdotes, profesores.

3. En general, ¿qué cree usted que significa tratar a una persona de vos en lugar de

usted?

4. En algún caso, en su ciudad o su país ¿ha notado si se usa la forma “tú”? ¿Qué piensa

usted sobre un costarricense que usa esta forma de tratamiento?

5. A continuación va a escuchar una propaganda7 costarricense que pasan en una radio

del país. ¿Piensa que el uso de las formas de tratamiento refleja el uso del habla de un

costarricense? ¿Por qué?

¿Necesita comprar repuestos para tu auto y no le alcanza la plata? En la Guaca maya cuotas para

tu carro lo tenés todo. Llévate todo lo que tu auto necesita en cuotas de 6 y 12 meses con credit.

Visítanos en cualquiera de nuestras sucursales y consúltanos como funciona. Somos los primeros

en darte todo que tu auto necesita a cuotas. La guaca maya – todo y absolutamente todo para tu

auto. [transcrição da publicidade presente no questionário]

6. Observe la imagen de esta propaganda publicada en Facebook. ¿Cree que se podría

utilizar el "usted" en el lugar del "vos" en esta propaganda? ¿Esto implicaría alguna

diferencia?

7 Usamos o termo “propaganda” por ser mais genérico e amplamente mobilizado.

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Cabe dizer que optamos por estas últimas perguntas abertas, já que, conforme Vitale

(2012, p. 24), que toma como base conceitos de Boukous (1999)8, “las preguntas abiertas son

notablemente apropiadas para los cuestionarios que indagan sobre representaciones”.

Alguns resultados

Assim como Vargas (1979), sintetizamos o resultado das perguntas 1 e 2, que se

referem, de um lado, à forma de tratamento que os falantes projetam usar com determinados

interlocutores e, de outro, a como projetam que estes lhes tratam, na seguinte tabela.

Pensamos que esta permitirá observar de modo panorâmico os resultados, embora, na

sequência, elaboremos algumas considerações gerais sobre os mesmos:

Trata de

Recibe el trato de

Padre

Padre

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

22 30 2

23 26 4

41% 56% 4%

43% 48% 7%

Madre

Madre

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

24 27 3

24 24 6

44% 50% 6%

44% 44% 11%

Herman@s

Herman@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

30 19 4

27 21 5

56% 35% 7%

50% 39% 9%

8 Boukous, A. “Le questionnaire”. In: J.-L. Calvet y P. Dumont (directores), L ´enquête sociolinguistique,

París/Montreal: L ´Harmattan, 1999, pp. 15-24.

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Hij@s

Hij@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

29 16 4

20 25 5

54% 30% 7%

37% 46% 9%

Niñ@s

Niñ@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

32 17 5

13 35 6

59% 31% 9%

24% 65% 11%

Tí@s

Tí@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

12 37 4

21 29 4

22% 69% 7%

39% 54% 7%

Prim@s

Prim@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

33 16 4

35 16 3

61% 30% 7%

65% 30% 6%

Novi@/ Espos@

Novi@/ Espos@

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

36 11 5

37 11 5

67% 20% 9%

69% 20% 9%

Compañer@s de trabajo

Compañer@s de trabajo

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

25 20 9

19 22 13

46% 37% 17%

35% 41% 24%

Compañer@s de estudio

Compañer@s de estudio

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

31 17 5

27 17 9

57% 31% 9%

50% 31% 17%

amig@s cercan@s

amig@s cercan@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

35 13 5

36 11 7

65% 24% 9%

67% 20% 13%

Emplead@s de tiendas

Emplead@s de tiendas

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

5 46 2

4 48 2

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9% 85% 4%

7% 89% 4%

Emplead@s domésticos

Emplead@s domésticos

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

7 44 3

4 48 2

13% 81% 6%

7% 89% 4%

Policías

Policías

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

0 54 0

0 51 1

0% 100% 0%

0% 94% 2%

Médic@s

Médic@s

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

0 54 0

0 52 2

0% 100% 0%

0% 96% 4%

Sacerdotes

Sacerdotes

vos Usted vos/usted

vos usted vos/usted

1 49 2

3 48 2

2% 91% 4%

6% 89% 4%

Profesores

Profesores

vos usted vos/usted

vos usted vos/usted

2 48 2

0 51 3

4% 89% 4%

0% 94% 6%

Sobre estes números algumas observações se fazem necessárias:

- parece existir certa equivalência entre as projeções de uso do “voseo” e da forma “de

usted” nas relações entre pessoas pertencentes ao núcleo familiar e uma simetria entre a forma

supostamente usada e a esperada no tratamento entre estas pessoas;

- aparece uma predominância de projeção do uso do “voseo” nas relações entre amigos

próximos, companheiros de estudo, parceiro afetivo e primos, e, ao contrário, certa predileção

pelo tratamento “de usted” nas relações com empregados de lojas, empregados domésticos,

professores, sacerdotes, médicos e policiais;

- é possível detectar uma assimetria entre a forma projetada para tratar e a esperada

para ser tratado quando os interlocutores imaginários são filhos, crianças ou companheiros de

trabalho. Os entrevistados dizem tratá-los de “vos” e esperam ser tratados, por eles, de

“usted”.

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Todas estas observações apontam para uma regularidade nas respostas obtidas: em

todas elas o funcionamento das formas de tratamento é projetado de acordo com uma visão

segundo a qual respondem a esquemas bem compartimentados e a cada forma corresponde

uma determinada significação e um consequente uso. Nessa direção, é preciso dizer que não

encontramos números representativos que argumentem a favor do reconhecimento do já

citado “ustedeo”. Vejamos uma das respostas que nos parece funcionar com um bom exemplo

do que dizemos:

amig@s cercan@s

amig@s cercan@s

Vos usted vos/usted

vos Usted vos/usted

35 13 5

36 11 7

65% 24% 9%

67% 20% 13% Trata de Recibe el trato de

Na antecipação imaginária de uma relação como a de amizade próxima, se esperaria

um número maior de respostas que atestassem a possibilidade de uso do “ustedeo”, de acordo

com as descrições tanto de Moser, mobilizadas acima, quanto de Vargas (1979). No entanto,

temos um número alto, quase 70%, nos dois quadros (no de como imagina que trataria e como

antecipa que seria tratado), que registram o “voseo” para esse caso. Isto nos leva a observar

que parece operar aí uma polarização entre os significados atribuídos a estas duas formas de

tratamento: a “voseante” e a “ustedeante”. Estamos vendo que o imaginário caminha para um

padrão de funcionamento sistemático da língua. De um lado temos a forma “de usted”, usada

para relações assimétricas, e de outro, o “voseo”, usado em relações simétricas.

Já nas respostas às questões dissertativas, de número 3 a 6 (todas elas no Anexo I),

alguns pontos nos chamaram a atenção:

Na pergunta 3, que se referia ao significado que os falantes atribuem ao “voseo” em

relação à forma “de usted”, alguns termos, como “confianza” e “cercanía”, foram bastante

recorrentes nas respostas: 32 pessoas mobilizaram o primeiro e 23 o segundo. Já o termo

“informalidad” apareceu apenas 7 vezes. É interessante observar que em nenhum caso estes

termos foram usados para referir-se ao tratamento “de usted”. Assim, ainda que se observe e

ateste hoje o “ustedeo” no espanhol falado nesse espaço9, notamos que a fala dos sujeitos do

questionário está atravessada por um discurso escolarizado, advindo de instrumentos de

sistematização da língua como gramáticas normativas e dicionários, que traz efeitos de

significação prévios à enunciação, operando – tal como se diz na AD – como pré-construídos

(Pêcheux, 1988). Um dos efeitos desse funcionamento discursivo, muito vinculado ao papel

9 Não apenas na bibliografia citada, mas também mediante a experiência que tivemos ao morar nesse país.

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da memória, se materializa na divisão, quase dicotômica, segundo a qual os falantes colocam

o “voseo” num lugar de “confianza”, “cercania”, em oposição à forma “de usted”.

Vejamos uma das respostas dadas por um dos sujeitos da enquete a esta pergunta

número 3, que confirma o que acabamos de dizer:

SD 1:

1. Usted es una forma de mostrar respeto.

2. Usted se usa cuando uno no conoce a las personas y se mantiene hasta tanto esas personas no

le han hayan dado a uno un "visto bueno" voluntario para cambiar al Vos, es como cuando se usa el

Don y Doña.

3. El Vos denota confianza y cercanía.

4. El Vos cambia misteriosa e insospechadamente cuando uno se enoja!

5. El Tú no es natural de la cultura costarricense, pero considero que la influencia de novelas,

revistas televisivas y fábulas lo hacen vergonzosamente popular.

6. El Tú se respeta a otras nacionalidades como a los panameños, colombianos y venezolanos,

por ejemplo.

Por outro lado, há algumas poucas respostas que parecem caminhar gradualmente

rumo a um distanciamento desta concepção “tradicional” do significado das formas de

tratamento do singular, já que, ainda que carreguem consigo uma visão normativa, trazem

regularmente construções que estabelecem oposições: “teoria e prática” / geral e específico,

usando marcadores como “en teoria/ en práctica”; “por lo general”; “pero”; “aunque”, etc.

Citamos, aqui, dois casos:

SD 2: En teoría un grado mayor de confianza, pero en la práctica se usan ambos en grados muy

altos de intimidad. Creo que depende de la situación o el tema.

SD 3: Usar vos es más informal y normalmente implica más cercanía o intimidad con las personas,

aunque creo que en Costa Rica usar usted no es tan formal como puede ser en otros países por el

hecho de ser usado tan frecuentemente. Por eso, es común tratar a personas cercanas o amigos de

usted y que no parezca una relación distante o fría (grifos nossos).

O que observamos, então, com as respostas a esta pergunta é, de um lado, como é

possível ver na SD1, enunciados regularmente genéricos (“Usted se usa...” / “Vos denota...”)

que interpretamos como vinculados a uma memória de organização da língua muito escolar, e,

nesse sentido há, como já dissemos, uma alta mobilização de pré-construídos. E, de outro

lado, marcas do que interpretamos como materialização de uma espécie de movimento de

estranhamento por parte de alguns desses sujeitos, vistos no emprego de formas como “en

teoria/ en práctica”, “por lo general”, “aunque”, responsáveis pela introdução de oposições,

indicando-nos um possível processo de mudança de significação destas formas de tratamento

nesse espaço.

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A quarta pergunta, que se referia ao “tuteo”, quanto ao seu funcionamento neste

espaço e ao que pensam os falantes sobre os conterrâneos que fazem uso desta forma, também

nos traz algumas questões importantes. Vejamos algumas das respostas:

SD 4: Detesto que utilicen el tú. Muchos amigos cercanos y familiares lo hacen y siento que es una

pérdida de identidad. Los Ticos hablamos de vos o, por respeto o porque no conocemos a la

persona, hablamos de usted. Hablar de tú es negar nuestra identidad. (Grifos nossos).

SD 5: Es común escucharlo en uso por estos días. Creo que la influencia de la televisión ha hecho

que la gente se familiarice ms con el tú. Sin embargo, al no haber un estudio formal ni ser de uso

local, se dan muchos errores en su conjugación. Pienso que es una característica fuerte de la falta

de identidad costarricense.

SD 6: A mí varias veces me tratan de tú y no me gusta ... no es lo nuestro.

Pensando nas respostas bastante marcadas por uma memória normativa da língua,

vistas na questão anterior, número 3, poderíamos pensar que encontraríamos algum tipo de

aceitação do uso do “tuteo”, que regularmente está muito presente nas gramáticas escolares10,

porém, o que ocorre é justamente o contrário. Vemos uma rejeição da forma, pois das 54

respostas, apenas 5 não conferiram alguma carga negativa ao seu uso e o que é interessante

observar é que tal rejeição aparece vinculada a uma defesa do “voseo”. Esta, por sua vez, se

vincula a uma espécie de tomada de posição identitária, tal como podemos ver neste

fragmento da SD4: “los ticos hablamos de vos”. A observação que realizamos parece

reafirmar ainda o aspecto há pouco apontado: o não reconhecimento do “ustedeo”.

Pensamos que é relevante, neste ponto, citar também algumas das respostas nas quais

o “tuteo” não foi projetado de modo negativo:

SD 7: Sí, muchas veces, pero no pasa nada como en otros países que se sienten extraño.

SD 8: Tú ahora está siendo mayormente utilizado, y en realidad en mí caso lo utilizo mucho para

hablar con alguna mujer, siento que da un poco más de formalidad a la hora de entablar una

conversación, pero bueno es cuestión de punto de vista, a muchas personas de Costa Rica no les

gusta porque dicen que no nos pertenece, que estamos siendo influenciados por los programas de

televisión de México donde se utiliza mucho. Para mí el tú, el vos y el usted son maneras de

comunicarse igualmente válidas.

Na segunda dessas sequências temos uma série de argumentos mobilizados pelo

falante para explicar seu ponto de vista sobre uso dessa forma de tratamento, e, nesse sentido,

vale a pena dizer que das respostas que conferem algum tipo de carga negativa ao uso da

forma, muitas a relacionam, justamente, a culturas forâneas, advindas das novelas, programas

10 Esta consideração é cabível no caso do espanhol, no qual as gramáticas, dicionários e livros didáticos estão

fortemente marcados por uma memória de colonização, ainda nos países hispano-falantes americanos.

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e filmes de outros países hispânicos ou de traduções feitas em países de outra variante da

língua espanhola, como visto na seguinte resposta:

SD 9: Pienso que a esta persona le fue inculcada una corriente extranjera. Los niños, por ejemplo,

hablan de tuteo por causa de la TV.

A quinta pergunta já se aproximava mais de nosso ideal de estudo: trabalhar com o

real da língua, neste caso colocando o falante em contato com um fragmento da esfera

discursiva da publicidade, veiculada em uma rádio do país. É importante ressaltar que a peça

publicitária escolhida para compor o questionário traz um deslizamento, bastante regular neste

espaço, entre as três formas de tratamento com as que trabalhamos neste estudo, vinculadas à

mobilização do “voseo”, do “tutedo” e da forma “de usted”:

¿Necesita comprar repuestos para tu auto y no le alcanza la plata? En la Guaca maya cuotas para

tu carro lo tenés todo. Llévate todo lo que tu auto necesita en cuotas de 6 y 12 meses con credit.

Visítanos en cualquiera de nuestras sucursales y consúltanos como funciona. Somos los primeros

en darte todo que tu auto necesita a cuotas. La guaca maya – todo y absolutamente todo para tu

auto.

Perguntávamos, como já antecipamos, se a publicidade refletia o modo de falar dos

costarriquenses e o primeiro que chama a atenção nas respostas é a quebra da regularidade de

homogeneidade vista nas respostas das perguntas anteriores: metade dos que responderam

disseram que sim, que a publicidade refletia o uso real da língua, a outra metade disse que

não.

É importante destacar que a maioria dos que responderam não o fizeram porque

identificaram na publicidade a presença do “tuteo”, altamente rejeitado, como acabamos de

ver. Vejamos um caso, que, além de dizer que a peça publicitária não reflete a fala nesse

espaço, acrescenta comentários relacionando uma forte carga negativa ao uso da forma em

seu país, quase num tom prescritivo:

SD 10: Son personas adultas que están incentivando el uso de Tú, lo que es seguir en la pérdida de

nuestra idiosincrasia. Es una lástima que los medios de comunicación no protejan e incentive lo que

no es nuestra identidad.

Há ainda os que também responderam não à pergunta e sequer identificaram o

deslizamento entre as três formas, relatando que a publicidade não era reflexo da fala porque

aparecia uma ou duas das formas de tratamentp e não as três. Como visto nestas respostas:

SD 11: No, lo más usado en Costa Rica es el "Ustedeo".

SD 12: No, porque emplea "tú" y los ticos hablamos de vos o de usted.

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Tais respostas nos permitem dizer que em SD 11 o falante não identifica a presença do

tratamento “de usted” e em SD 12, por sua vez, o sujeito não reconhece nem as formas de

“usted” nem o “voseo”, dando destaque apenas ao aparecimento do “tuteo”, que é mais uma

vez rejeitado.

Por fim, também há respostas que indicam que alguns dos sujeitos da pesquisa

reconhecem o deslizamento entre as três formas e argumentam para a negação da equivalência

entre o funcionamento delas na publicidade e no real nesse espaço, dizendo sobre uma

impossibilidade de que tal movimento acontecesse numa interlocução em seu país. Vejamos

um destes casos:

SD 13: Necesitas / No le alcanza la plata / Visítanos, consúltanos

Todas las palabras encima muestran una mezcla de tratamiento voseo, tuteo y ustedeo, cosa que el

costarricense no tiene.

Ao contrário, há também os que responderam sim à pergunta e, em parte, o fizeram

porque, em oposição ao visto na SD 13, reconheceram o deslizamento entre as três formas

mobilizado na publicidade como uma das características do espanhol falado nesse espaço,

vinculando-o a comentários, de novo altamente prescritivos, em alguns casos até marcados

por uma modalidade deôntica voltados a memória escolar; ou, numa tomada de posição

identitária, atribuindo à mistura de formas uma influência de culturas forâneas, como o que é

visto nas seguinte respostas:

SD 14: Refleja porque usa tanto tuteo, ustedeo y voseo, pero está horrorosa. No deberían hacerse

esas mezclas. El problema es que a veces, hay personas que vosean y no saben hacer las

conjugaciones bien, entonces acaban por tutear...

Creo que refleja el habla de un costarricense, porque usualmente hacemos mezclas, solo que las

mezclas no se hacen al dirigirse a una misma persona; es decir, dependiendo de la persona se le

tutea, ustedea o vosea.

SD 15: En este anuncio se dan las tres formas de tratamiento: tu, vos y usted. Lo refleja totalmente,

pues en nuestro país tendemos a mezclar los tres, una vez mas debido a la influencia de culturas

latinoamericanas que usan el tu, y por querer dar un sentido de confianza sin parecer confianzudos.

Toda esta variedade de respostas nos permite inferir que, primeiro, não existe um total

reconhecimento/identificação do funcionamento destas formas no real e, ademais, existe uma

diferença bastante significativa entre imaginário e funcionamento, já que, se havia uma

regularidade bastante significativa nas respostas às perguntas que diziam respeito às

representações sobre as formas de tratamento, neste caso, que traz um fragmento do real da

língua, isso não se confirma.

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Por fim, a última pergunta do questionário, número 6, também trazia uma amostra do

real, desta vez do discurso publicitário que circula no Facebook. Apresentava uma

publicidade veiculada na página de uma empresa costarriquense, construída completamente

com a forma de tratamento voseante. Perguntamos aos sujeitos da pesquisa, como já

antecipamos, se se podia substituir a forma de tratamento mobilizada na publicidade por uma

“de usted” sem que isso acarretasse mudança de significado. Com esta pergunta estávamos

tentando propiciar respostas vinculadas ao funcionamento do “ustedeo”.

Apenas três pessoas, das 54, disseram que não haveria mudança com a substituição da

forma de tratamento. Vejamos:

SD 16: Si se puede. Me gustaría más, lo sentiría más agradable.

SD 17: Sí se podría y no es mucha la diferencia

SD 18: En mi caso creo que no implicaría diferencia alguna.

Interpretamos que esses casos apontam para a falta de uma fronteira precisa, tal como

a que havia aparecido nas perguntas 1 a 2 e, inclusive, de alguma forma, atestam o uso do

“ustedeo”.

Ao contrário, os outros 51 sujeitos da pesquisa, pautados pela ideia de distanciamento

atribuída à forma “de usted”, disseram que haveria mudança de significado e os argumentos

passavam pelos mesmos pré-construídos vinculados à memória escolar e normativa à qual se

filiavam as respostas dadas às primeiras perguntas. Citamos aqui um caso:

SD 19: No se debería porque cambia la intención del mensaje, lo hace más distante. Mientras que

el vos lo hace más cercano, como uno más del grupo.

Essa atribuição de distanciamento à forma “de usted” trouxe também reflexões sobre a

adequação ou não ao público alvo da publicidade:

SD 20: Como joven me siento más identificada con el vos, y a ese público es al que apela el

anuncio. Si el público meta fueran personas mayores se usaría la formal, usted.

É interessante notar esta homogeneidade de respostas quando a amostra é retirada do

discurso publicitário publicado através de um post escrito no Facebook, já que nos permite

levantar algumas hipóteses.

Já dissemos que há uma identificação por parte da comunidade consultada do Vale

Central costarriquense com o “voseo”, aspecto que talvez justificaria sua aparição na

publicidade nesta rede social. De fato, as propagandas do Facebook se materializam na

dimensão da escrita, o que pode favorecer um espaço para revisão dos modos que garantam a

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adequação das formas linguísticas relativas à antecipação do consumidor: em nosso caso

aparece o “voseo”, que coincide com a projeção que apareceu nas respostas de nossos sujeitos

de pesquisa. Em compensação, na publicidade de rádio trabalhada acima, apesar de haver um

script, como veremos mais adiante, a dimensão da oralidade aí envolvida abre espaço para

deslizamentos e marcas de uma certa espontaneidade por parte de quem enuncia. Por fim,

também podemos interpretar o aparecimento da forma “voseante” nesta publicidade pela

projeção estabelecida pelo relacionamento neste tipo de rede social, que pressupõe maior

proximidade entre os participantes dela, em relação à prevista numa publicidade veiculada no

rádio, como veremos mais detidamente adiante.

3. As formas de tratamento do singular no plano do funcionamento no espaço do vale

central da Costa Rica

Como foi antecipado oportunamente, uma das etapas deste trabalho consistiu na

construção de um corpus composto, em seu núcleo central, por propagandas de empresas e

órgãos (em alguns casos governamentais) costarriquenses veiculadas em rádios e, também,

por publicidades veiculadas em páginas do Facebook, através de posts escritos e/ou com

imagens.

Fazemos, neste ponto, antes de explicar o porquê da constituição desses corpora, uma

diferenciação entre propaganda e publicidade, já que, conforme aponta Carvalho (2000), a

partir dos estudos que desenvolve na área, “alguns autores, como Charaudeau (1984, p. 1)11,

consideram o termo propaganda mais abrangente que publicidade. O primeiro estaria

relacionado à mensagem política, religiosa, institucional e comercial, enquanto o segundo

seria relativo apenas a mensagens comerciais” (CARVALHO, 2000, p. 9). De acordo com

essa distinção, em nosso corpus de rádio teríamos tanto propagandas como publicidades, e em

nosso corpus de posts do Facebook, apenas publicidades.

A razão que nos levou a montar um corpus de propagandas de rádio se relaciona com

vários aspectos. Começamos por reconhecer que tais propagandas aparecem, como a maior

parte das peças desse gênero, e tal como observa Areu (2008)12, no break. Dessa maneira,

11 CHARAUDEAU, P. “Le discours propagandiste”. Le Français dan le Monde, n. 182. Paris:

Hachette/Larousse, jan. 1984, pp. 99-103. 12 Parte dessas ideias, além de estarem no texto que registramos nas Referências Bibliográficas, se encontram em

um trabalho da mesma autora, lido em fevereiro de 2011, durante a cerimônia de colação de grau do grupo de

2010 do curso de “Comunicação Social”, “Habilitação em Publicidade e Propaganda”, “Universidade Federal de

Santa Maria”.

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aproveitando os sentidos do significante em inglês, a autora observa que entram no intervalo

de um programa: assim, quebram a linearidade do pensamento ou do tratamento de um tema

(realizado por meio de um debate ou de um comentário jornalístico, por exemplo) ou da série

de evocações que sugere a música que está sendo passada. Portanto, a propaganda tem um

caráter de ruptura e, como está direcionada a uma espécie de “massa”, no caso do rádio, deve

ser capaz de atingir “qualquer ouvinte”, até aquele que não está ali pensando em ser

interpelado por ela. Segundo Lampreia (1984), a publicidade radiofônica apresenta algumas

especificidades: a principal consiste em que “todo anúncio deve ser curto, para não desviar a

atenção do ouvinte, e repetitivo, a fim de produzir a sua memorização” (ibid. p. 83) e, na

sequência, o estudioso, realiza observações que são especialmente pertinentes para o gênero

que aqui abordamos:

A palavra falada pode permitir-se ser menos precisa que a palavra escrita, pois tem

a possibilidade de recorrer à entonação da voz, ao ritmo e à cadência, como

auxiliares da sua mensagem. Por isso, a linguagem radiofônica é diferente da

linguagem escrita. Um texto destinado a ser lido na rádio não é igual ao que é escrito

para um jornal; tem de ser mais dinâmico, sob pena de se tornar monótono e

aborrecer o ouvinte. Quem elabora um anúncio radiofônico tem normalmente

consciência disso, recorrendo, por um lado, às formas pessoais de aproximação,

ao parecer dirigir-se individualmente a cada ouvinte (LAMPREIA, 1984, p. 83)

(destaques nossos).

Foram aspectos como os que sublinhamos no fragmento citado os que nos levaram a

montar um corpus com propagandas de rádio. A escolha do suporte radiofônico se deu devido

ao fato de que, estando no Brasil, a possibilidade de aceder à programação de emissoras de

rádios costarriquenses era uma saída viável e promissora: nos aproximaria de um recorte da

língua no seu funcionamento, da língua no real, que era o que queríamos e, ainda, de

produções discursivas dentro da dimensão oral, o que também era importante.

Como esse corpus funcionará neste trabalho como uma espécie de contraponto

daquele que organizamos via aplicação do questionário, propiciando comparações entre

projeções imaginárias e língua em funcionamento, nos pareceu importante contarmos com um

outro corpus de propagandas: no caso, se trata exclusivamente de “publicidades”, e

veiculadas, como já dissemos, em páginas do Facebook. Oportunamente, apresentaremos os

aspectos que consideramos produtivos na seleção deste corpus menor.

As propagandas de rádio

A coleta das peças de propaganda que fazem parte do que chamamos corpus central

foi realizada entre junho e dezembro de 2014, através do programa Apowersoft gravador

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online, que nos permitiu gravar e baixar os arquivos em formato MP3. No total foram

coletados 395 minutos e 22 segundos de áudio das rádios Ômega, Columbia, Monumental e

Exa FM, todas elas da cidade de São José.13 Deste total nem todos os minutos são de

propagandas 14 , e nem todas as propagandas foram usadas neste estudo, porque nos

interessavam apenas as que continham formas de tratamento do singular em sua composição.

Assim, como resultado dessa busca, realizamos a transcrição de 36 propagandas, sendo 7

delas não comerciais. No Anexo II aparecem registradas de maneira destacada (em diferentes

cores: vermelho para identificas as formas de “usted”, verde as de “voseo”, azul para as de

“tuteo” e roxo para as que não pudemos classificar como “voseo” ou “tuteo”) para facilitar o

reconhecimento das marcas que nelas materializam as formas de tratamento do interlocutor.

Antes de passar a abordar alguns aspectos desse corpus, consideramos importante

dizer também que, dentre os vários tipos de propaganda passíveis de serem veiculadas em

rádio, aqui temos apenas os chamados “spots”, na definição de Lampreia (1984, p. 85),

“anúncios gravados, onde podem ser incluídos os efeitos sonoros e musicais que se desejam

(jingles), podendo ser falados ou cantados. São pagos por tempo de antenas, com o mínimo de

15 segundos”.

Após a realização da coleta, seleção e transcrição das peças de propaganda, fizemos

um levantamento do aparecimento das formas de tratamento do singular e chegamos a alguns

números: em 44% delas aparece o tratamento “de usted” para se dirigir ao seu

ouvinte/possível consumidor; em 26% as formas do “voseo”; 13% delas apresentam um

deslizamento entre as formas relativas ao “voseo” e ao tratamento “de usted”; 9% um

deslizamento entre formas del “tuteo” e do tratamento “de usted”; 4% entre as três formas de

tratamento (“voseo”, “tuteo” e “de usted”); e em outros 4% aparece apenas o “tuteo”. Esses

números trazem dados que apontam para uma diversidade de usos e de deslizamentos entre as

formas de tratamento do singular, fato que rompe, já de início, com a ideia de polarização

13 É importante dizer que a rádio Ômega tem como público alvo pessoas de todas as faixas etárias, já que

pretende ser uma emissora de entretenimento familiar. As rádios Columbia e Monumental, por sua vez, têm

como público alvo pessoas adultas e são emissoras com programação bastante focalizada nos noticiários e

esportes, sobretudo nas notícias relacionadas ao futebol. Por fim, a rádio Hexa FM tem como público alvo

pessoas jovens e tem uma programação musical e de entretenimento pensada para esta faixa etária. Essa série de

dados que aqui trazemos foram retiradas dos sites oficiais das emissoras.

Uma vez que nosso corpus de propagandas funciona neste estudo como contraponto do recolhido no que diz

respeito ao plano imaginário, no questionário aplicado, e considerando que não nos debruçamos de maneira

detida sobre ele, não registramos nas transcrições das peças publicitárias, presentes no Anexo II, suas condições

de produção - tais como emissora na qual cada uma foi veiculada, horário e programa em cujo intervalo entram -

que seriam importantes para um trabalho de análise do discurso focalizado no estudo do funcionamento da

língua. 14 Cabe esclarecer que o trabalho de coleta se iniciou antes mesmo de delimitarmos nosso escopo (a propaganda)

e é por isso que muitas das horas não foram utilizadas aqui, porque tratavam de outros tipos textuais.

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estática do significado atribuído a essa formas pelos sujeitos de nossa pesquisa. Vejamos

alguns casos mais de perto.

Como dissemos, dentro de nosso corpus, sete das propagandas coletadas não são

comerciais. E cabe observar que, deste conjunto menor, seis são construídas com a forma de

tratamento “usted” e apenas uma (SD 22) traz formas relativas ao “tuteo”. Dentre as

primeiras, citamos este caso:

SD 21. El dengue es una enfermedad que se puede prevenir. Por eso converse con sus vecinos y

organice su comunidad. Eliminando o reciclando los residuos….El primer responsable en prevenir

el dengue es usted. Un mensaje del ministerio de salud.

E, a seguir, aquela que apresenta formas de tuteo:

SD 22. Es posible que las futuras generaciones tengan la ocasión de preguntarse ¿En qué

estarían pensando nuestros padres? ¿Por qué no reaccionaron cuando tuvieron la oportunidad? Lo

que hace falta es que actuemos ahora. No desperdicies el agua, cuida nuestras fuentes, zona de

recargas, ríos y quebradas, siembra un árbol, siembra vida. Todavía estamos a tiempo. Un

mensaje de acueductos y alcantarillados.

Em nenhuma dessas propagandas aparece registrado o “voseo” e nem deslizamentos

parecidos àquele das formas da publicidade escolhida para compor o questionário.

A partir desse conjunto de observações, podemos levantar algumas hipóteses:

Com relação à primeira propaganda, poderíamos dizer que há aí uma materialização da

projeção apresentada nas respostas do questionário a respeito dos sentidos vinculados à forma

de tratamento “de usted”, que “crea distancia”, provocada, neste caso, pelo objeto da

publicidade. Aliás, é relevante observar que a projeção ou antecipação do objeto, daquilo “do

que se fala”, também entra no jogo imaginário entre interlocutores a que se refere Pêcheux

(1990) e que apresentamos na segunda parte deste estudo, quando falamos do plano do

imaginário. Nos casos que trazemos se discorre sobre enfermidades e questões relacionadas à

proteção do meio ambiente, por exemplo, e aí é importante o “como se fala” e, portanto, como

se significa a relação com esse objeto na interlocução com o ouvinte, e em quais “formas de

dizer” se materializa. De acordo com essa interpretação, tendemos a vincular as formas de

terceira pessoa que aí aparecem ao tratamento “de usted”, e não ao “ustedeo”.

Na SD 22, é interessante notar o aparecimento de formas verbais relacionadas ao

“tuteo”, tão rejeitado pelos costarriquenses, como já dito neste trabalho. Poderíamos

interpretar esse fato de língua como uma variação do significado tradicional de “usted”, ou,

então, como uma espécie de grau alternativo de distanciamento, que se situaria entre as

formas do “voseo” / “ustedeo” e o tratamento “de usted”. E ainda poderíamos levantar outra

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interpretação: que se trate de uma possível “saída” para a ambiguidade advinda do uso da

forma “usted”, que pode ter dois significados bastante diferentes ao se relacionar com o

“ustedeo” ou o tratamento “de usted”.

Passamos, agora, a abordar alguns aspectos na série das publicidades.

Se a antecipação do objeto (“de que se fala”, tão vinculado a “como se fala”) se

materializava, na interlocução das propagandas, mediante formas relativas ao “usted”, em

algumas das publicidades temos “objetos” que levam ao surgimento do “voseo”. É o caso da

que segue:

SD 23: Hacé realidad el sueño de mamá con pequeñas cuotas de amor. Sólo tenés que comprar el

regalo de mamá en Gollo. Ingresá a mi mamaessolovuelo.co. Registrá el número de tu factura o

recibo de abono. Elegí el sueño de tu mamá y participá para hacerlo realidad.

Aqui a forma de tratamento usada se materializa, sobretudo, em verbos (e muitos deles

na forma imperativa, com valor exortativo na maioria dos casos), que interpretamos como

marcas de aproximação com o ouvinte, reforçadas por outros fragmentos tais como: “mamá”

e “cuotas de amor”15. Aquilo do que se fala (dar um presente no dia das mães) é algo que se

apresenta como vinculado à esfera do familiar, projetado como próximo a qualquer pessoa (ao

locutor, ao interlocutor) e esses sentidos permeiam o texto.

Por outro lado, também temos casos em que ocorre o inverso, a exemplo do que

observávamos nas propagandas, quando a projeção do consumidor é marcada por um

tratamento “de usted”, como nesta publicidade:

SD 24: Farmagro presenta agroconsejos: Señor ganadero, mejore la nutrición de sus apartos,

fertilizándolos y abonándonos con la fomigadora Sthil SR 850 (…) Llámenos al 2547-9797 o

encuéntrenos en farmagro.co.cr y Facebook. (…)

Neste caso, o objeto, cuja marca é “Farmagro” e que se vincula ao universo de um

“Señor ganadero”, leva a uma projeção de interlocução marcada por uma relação de poder e a

um tratamento “de usted” de solidariedade ou de reconhecimento do lugar do outro e até do

próprio lugar (o do locutor que fala em representação de uma empresa) diante desse outro.

Na série das publicidades há algumas que nos interessa comentar porque apresentam

marcas do “voseo” e do tratamento de terceira pessoa, fazendo, como veremos, um jogo de

oposição entre elas:

15 Sem ânimo, como já antecipamos, de realizar uma análise aprofundada, poderíamos apenas fazer uma alusão

ao possível vínculo desses imperativos com a “intenção” – que se inscreve na orientação argumentativa marcada

pelo objetivo de “vender” – por parte do locutor de instar o destinatário à realização dessas ações: “hacé”,

“ingresá”, “registrá”, “elegí” e “partícipá’.

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SD 25:

- Pero, ¿qué es este bronceado salvaje? Veo que te salió el préstamo para el crucero.

- Así es. Me aprobaron y le di viaje.

- Ay, yo lo he pensado, pero me da como pereza con eso del fiador. ¿Cómo hiciste vos?

- Le dije a la mejor fiadora que tengo en la vida. A mí misma.

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SD 25 se inicia com um diálogo entre duas amigas, estabelecendo aí uma relação de

proximidade entre os interlocutores, muito produtiva no conjunto da peça publicitária, que se

marca mediante o “voseo”. Já num segundo momento, quando aparece uma voz em off que se

dirige ao ouvinte da rádio, o possível consumidor do produto vendido, aparece o tratamento

de terceira pessoa que, de acordo, com nossa análise, interpretamos, não como “ustedeo”, mas

como sendo “de usted”. Esse deslizamento parece estar vinculado ao objeto

“créditos”/”solicitar créditos”, “o mesmo” da interlocução do diálogo que, no entanto, se

ressignifica (e já não é o mesmo) na interlocução entre a voz do BN e o ouvinte potencial do

rádio. A análise que realizamos coincide com as antecipações de oposição em relação às

formas “vos” e “usted”, feitas pelos sujeitos de nossa pesquisa.

Vejamos agora dois casos particulares, entre os quais há uma clara relação:

SD 26: ¿Tiene alguna duda en cuanto recibirá de pensión en el futuro? Entre a BN vital.com y

calcule cuál será el monto de su pensión y cuánto aumentaría al iniciar hoy mismo un plan

voluntario. Además conozca el plan de pensión colectivo empresarial, en el que el patrón y el

trabajador reciben grandes beneficios. BN vital, su futuro en las mejores manos.

SD 27: Con BN vital su futuro está en las mejores manos, por eso con tan solo entrar a bnvital.com

y realizar dos trámites, usted puede aprovechar al máximo las ventajas de tu operadora. Uno:

calcule cuál será el monto de tu pensión y cuánto aumentaría al iniciar hoy mismo un plan

voluntario. Dos: actualice tu información personal, especialmente tu correo electrónico, por el que

recibirá el estado de cuentas de su pensión. BN vital, tu futuro en las mejores manos.

As duas publicidades são da mesma empresa e buscam promover o mesmo produto,

um seguro. Aqui a projeção da forma de tratamento usada, assim como aconteceu no caso das

propagandas, pode ser explicada pelo objeto, que “pede” uma interlocução marcada por

distancia, por reconhecimento do lugar do outro (e do próprio lugar do locutor diante desse

outro), e por isso está construída com a forma de tratamento “de usted”. Porém, isso não se

mantém na SD 27, quando aparecem os pronomes possessivos de segunda pessoa do singular

– que não podemos saber se se relacionam com o “tuteo” ou com o “voseo” – e não os de

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terceira, que se condiriam com o uso das formas verbais e de outras formas a estas últimas

vinculadas.16

Moser (2006), trabalhando com amostras do discurso familiar, e, justamente, com a

alternância entre formas “ustedeantes” e “voseantes” numa mesma enunciação, diz sobre uma

“função mitigadora” (ibid., p. 107), que explicaria essa mudança quando ocorrida em um

momento de pedido ou exortação, por exemplo, com o uso de imperativos. No caso a seguir

podemos ter um exemplo desta “função mitigadora”. A publicidade se inicia com a forma

“ustedeante” e logo, em um momento de exortação, faz um pequeno deslizamento para o

“tuteo”: “encuéntralo”.

SD 28: ¿Tiene problema de agua? ¿Sufre escasez de agua? ¡No se preocupe! Ya está Ecotanque,

adquiera Ecotanque, el mejor tanque. Encuéntralo en su ferretería de confianza o en la casa del

tanque. Ecotanque es el mejor tanque. Se lo recomendamos este Ecotanque.

O que podemos observar é que as formas de terceira pessoa que aparecem nessa

textualidade podem se relacionar com o “ustedeo” e que este não daria conta de certos

momentos do relacionamento com o outro, porque pode ser interpretado, quando não se está

cara a cara com o interlocutor, como o tratamento “de usted”, o que implicaria distância e

uma série de outros sentidos. Esta é uma possível interpretação para este deslizamento da

forma de tratamento para o “tuteo”.

Neste ponto, consideramos oportuno colocar duas perguntas, que acreditamos que

sejam produtivas: com base nas observações que acabamos de fazer sobre o “ustedeo”, o

“tuteo” no espaço do Vale Central da Costa Rica estaria ocupando séries de sentido

vinculadas a essa forma de tratamento (“o ustedeo”)? Ou o “ustedeo” estaria implicando a

perda de suas especificidades e o “tuteo” viria a significar essa zona? Não sabemos, mas esses

podem ser argumentos para o aparecimento da forma “tuteante” neste espaço.

Vejamos, então, mais detidamente, o caso que levamos para o questionário, e que

funciona na direção do que acabamos de formular:

16 Tudo o que estamos observando tem a ver com o nível da formulação que postula Pêcheux (1988) e que é

retomado por Orlandi (2010, p. 35). Nesse nível, segundo os autores, opera um “esquecimento”, vinculado à

ilusão de que quando enunciamos dizemos “aquilo que queremos” da melhor forma possível, e por isso o

fazemos de uma forma e não de outra. Em nosso caso, a alternância entre formas de terceira e segunda pessoa do

singular responde a essa ilusão de dizer da melhor forma possível ou aquilo que pensamos que reflete melhor o

mundo “que vemos”, e “que se apresenta como evidente”. De fato, o deslizamento materializa, sem que o sujeito

se “dê conta disso”, a procura por essa adequação do dizer.

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SD 29: ¿Necesita comprar repuestos para tu auto y no le alcanza la plata? En la Guaca maya cuotas

para tu carro lo tenés todo. Llévate todo lo que tu auto necesita en cuotas de 6 y 12 meses con

credit. Visítanos en cualquiera de nuestras sucursales y consúltanos como funciona. Somos los

primeros en darte todo que tu auto necesita a cuotas. La guaca maya – todo y absolutamente todo

para tu auto.

A publicidade em questão também se inicia com formas de terceira pessoa e,

imediatamente, já no primeiro enunciado, desliza para formas de segunda do singular: “tu

auto” e, depois, para “tenés”, uma forma “voseante” (à qual podemos vincular o fragmento

“tu carro”). Neste último caso, interpretamos que “En la Guaca maya cuotas para tu carro lo

tenés todo” funcionaria como uma espécie de slogan da marca que opera, de modo

cristalizado e na repetição, uma aproximação entre consumidor e empresa. Por sua parte, nos

casos de exortação, os verbos no imperativo, “llévate”, “visítanos” e “consúltanos”, deslizam

para o “tuteo”. Se, como diz Moser (2006), a alternância de formas acontece em situações

exortativas por uma questão de mitigação (uma interpretação que consideramos plausível e

produtiva para a análise), por que, então, a forma “voseante” não se mantém, sendo que já

implica um deslizamento? E mais: por que o segundo movimento ou deslizamento se expressa

com uma forma que não é tradicionalmente utilizada neste espaço de enunciação

costarriquense: o “tuteo”?

Este é um caso que reforça nossa hipótese de que o aparecimento da forma “tuteante”

tem um significado próprio em determinadas situações, que não é nem o comumente atribuído

ao tratamento “de usted” ou ao “ustedeo”, e nem o da forma “voseante”, já que se assim fosse,

não ocorreria o deslizamento aqui observado. Devido ao fato desta forma aparecer em quase

todos os casos com sentido exortativo, no uso de imperativos, provavelmente seu significado

estaria muito mais relacionado a uma “proteção” da “face” do outro, nos termos de Brown e

Levinson (1978/1987), que talvez se aproximaria ao significado tradicional do tratamento “de

usted”. O que acontece, porém, é que, em determinadas situações, como por exemplo, a de

uma publicidade, em que não se pode entender quando a forma “usted” está funcionando com

seu significado tradicional ou como “ustedeo”, o “tuteo” materializaria a “procura” de uma

forma que desambigue e seja capaz de estabilizar sentidos.

As publicidades do Facebook

O processo de coleta de publicidades neste suporte (todas registradas no Anexo II) foi

um pouco menos trabalhoso que no caso das publicidades de rádio. Isso porque é possível

selecionar apenas aquelas que apresentam características relevantes ao nosso estudo. Assim,

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em setembro de 2014, ingressamos às páginas de sete empresas, Best Brands, ICE, Kolbi, Dos

pinos, Fashion Price, Movistar e Aliss, e coletamos um total de 43 publicidades que foram

postadas em formato de imagem, compostas de recursos verbais e não-verbais, e que tinham

formas de tratamento do singular em sua composição.

Optamos pela composição deste corpus para que funcionasse como um referente ou

como uma possibilidade de comparação com o das publicidades de rádio, sobretudo,

pensando no fato de que as peças publicitárias do Facebook, como já antecipamos, se

relacionam de alguma maneira à dimensão da escrita. Em compensação, também como já

dissemos, as do rádio mantêm alguma relação com a dimensão da oralidade.

Do número total de publicidades coletadas, 89% apresentam o “voseo”, como no caso

da que utilizamos no questionário, a SD 30; 9% apresentam algum possível deslizamento

entre as formas “voseante” e “tuteante”, como as SD 31 e 32 (dizemos “possível” porque

podemos considerar que houve algum esquecimento de acento e se trataria da forma

“voseante” e não de deslizamento); e, por fim, em 2% (ou seja, apenas uma publicidade, a SD

33) aparece o “tuteo”. Cabe observar que em nenhuma delas apareceu a forma “usted”.

Vejamos as propagandas às quais acabamos de fazer referência:

SD 30: ¡Seguí viviendo la fiebre del fútbol con tu teléfono de #laSele! Adquirí GRATIS tu avvio

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SD 31: Vení y aprovecha nuestra gran variedad de frutas plásticas y fruteros para decorar en

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SD 32: ¿Ya tenés la nueva app de electricidad? Descargá ya nuestra nueva app ICE-

ELECTRICIDAD. Podrás revisar nuestras agencias, obtener consejos, y hacer reportes

SD 33: Ven aprovechar!!!! Qué chiva! y DIVERTIDO es ir a Aliss...

É nítida a diferença entre a regularidade no uso das formas de tratamento neste suporte

em relação ao observado nas publicidades radiofônicas. Durante muito tempo, quando ainda

não havíamos realizado o questionário, tentamos encontrar respostas para esta disparidade.

Hoje podemos concluir que a projeção dos sujeitos de nossa pesquisa com relação ao “voseo”,

plasmada em suas respostas ao questionário, está refletida no funcionamento das publicidades

veiculadas neste meio, diferente do que, em boa parte, ocorre no suporte “rádio”. E isto se

deveria à relação que é estabelecida entre empresa e consumidor nesta rede social, bastante

diferente da que ocorre nas produções trabalhadas no item anterior.

Nesse sentido, é preciso esclarecer que para que um potencial “cliente” veja uma

publicidade publicada no Facebook, ele, premeditadamente, precisa entrar na página dessa

empresa ou ter dado um like para que o anúncio apareça em sua timeline. Assim, o público-

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alvo de uma publicidade veiculada neste suporte está preparado para recebê-la, o que não é o

caso das publicidades de rádio. Tais observações nos permitem dizer que a relação entre

empresa-consumidor é muito mais “próxima” – de fato há um contato prévio estabelecido

num modo de acesso a esse rede – e isso se materializa mediante a aparição do “voseo”.

Confirma-se, assim, como já observamos, a projeção feita pelos sujeitos de nossa pesquisa a

esse respeito.

4. A relação entre o imaginário e o funcionamento real – Língua imaginária X língua

fluída

Como viemos dizendo ao longo do trabalho, tratamos de usar os fundamentos da AD

para este estudo. Nessa perspectiva, trazemos outro conceito apresentado por Orlandi (2002,

p. 22), que faz uma distinção importante entre “língua imaginária” e “língua fluída”. A

primeira, sinteticamente, é a que “os analistas fixam por suas sistematizações”. A segunda,

por sua vez, é a que “não se deixa imobilizar nas redes de sistemas e fórmulas” (ibid).

Apresentamos estes conceitos porque têm relação direta com o tratado ao longo deste

estudo. De um lado, através da enquete realizada, pudemos ver a representação da “língua

imaginária”, sem espaço para lacunas, relativamente ordenada e com regras bastante

delimitadas sobre o funcionamento das formas de tratamento. De acordo com nossa

interpretação, isto se relacionava com uma memória de saberes relativos à escola e à

gramática normativa mobilizada nesse espaço. Nessa sistematização imaginária da língua

temos, basicamente, duas formas de tratamento do singular, “voseo” e tratamento “de usted”,

com significados bastante diferentes e plenamente estabilizados. De outro lado, nas amostras

dos corpora mobilizados, temos a “língua fluída”, que não cabe na fórmula projetada pelos

falantes, polarizada e fixa. Nessas amostras diferentes formas de tratamento vão

materializando o modo em que a relação de interlocução se ressignifica. Dizemos isso com

base em reflexões de Celada e Locoselli (2015)17 , que abordam justamente o fenômeno

contrário: em determinadas cenas de filmes as autoras analisam como um tratamento de “vos”

pode se manter ao longo de toda uma cena sem necessariamente se vincular a sentidos fixos:

proximidade, familiaridade, simetria, etc. São muitos mais os sentidos que podemos vincular

17 Tais reflexões foram feitas durante a oficina Recortes lingüístico-discursivos en las prácticas de enseñanza de

español como lengua extranjera, apresentada no XVI Congresso de professores de espanhol organizado pelo

APEESP em julho de 2015 em São Carlos.

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à série que associamos a uma forma de tratamento e ela se ajustará em cada interlocução

específica. 18

Essa disparidade entre “língua imaginária” e “língua fluída” é confirmada, por

exemplo, quando, no plano do funcionamento, ocorrem deslizamentos das formas e a

redistribuição semântica delas. Vimos exemplos de tais fenômenos com o “ustedeo” ou com

aparecimento bastante significativo do “tuteo” – algo completamente negado pelos sujeitos do

questionário – que, cabe dizer, não se materializa mediante o pronome sujeito em nenhum

caso (não aparece “tú”), fato que, talvez, justifique essa falta de identificação com a forma.

Essas observações que fazemos ganham mais força ainda quando trazemos aqui algo

que apareceu em uma das respostas dadas ao questionário, na pergunta referente a uma

possível mudança de significado no caso de que a forma “voseante” fosse substituída por uma

“ustedeante” na publicidade do Facebook. Vejamos:

SD 34: Me parece que puede ser así:

"Sigue viviendo la fiebre del futbol!!

Con su teléfono de la sele

Saque cuentas, el teléfono le sale regalado

Adquiera gratis su Avivio”

Creo q es mejor así.

Já dissemos que a projeção feita pelos falantes para as publicidades publicadas na rede

social em questão é de que sejam construídas com a forma “vos”, e a explicação dada por

eles, materializando ideias de uma perspectiva normativa escolarizada, é a de que a forma

“usted denota distanciamento”. Vemos, porém, que quando o falante faz um movimento de

passar a publicidade de uma forma “voseante” (a qual atribui um sentido de “proximidade”)

para uma forma marcada pelo “usted” (que não reconhece como “ustedeo” e a qual atribui

sentidos de distanciamento), logo no começo conjuga o imperativo do verbo “seguir” na

forma “tuteante” (sigue), e não na conjugação da terceira pessoa (siga) como faz com os

demais verbos (destacados na SD 34). Esse deslize, imperceptível para esse sujeito, nos indica

que o “tuteo” não tem, nesse espaço, o significado que observa Carricaburo (1997), segundo a

qual denotaria “informalidad/ solidariedad/ familiaridad/ acercamiento”, o coloca,

inconscientemente, no deslizamento, no mesmo lugar que a forma “usted”, projetada como

“formal”. Esse deslize, portanto, diz respeito a como formas relativas ao “tuteo” estão

entrando na série das formas de tratamento para dar conta de sentidos que aí estão dispersos,

18 Cabe fazer uma observação de que comumente nas práticas de ensino de espanhol como língua estrangeira as

formas de tratamento são significadas de modo muito pobre, as vezes quase unívoco, e a observação do

funcionamento das formas de tratamento em San José em comparação às nossas experiências de aprendizagem

de espanhol foi um grande motivador para a realização deste trabalho.

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pouco delimitados, ambíguos; e isto é mais um aspecto da forte mudança e consequente

redistribuição de significados da referida série.

Em nossas análises, como o leitor deve ter observado, cabe, para concluir, realizar dois

reconhecimentos. As vezes vacilamos na atribuição de sentidos às formas abordadas e, além

disso, nossas reflexões tentaram introduzir perguntas, sem querer dar necessariamente

respostas. O desejo foi abrir e não fechar. De fato, estamos diante de uma zona do

funcionamento da língua – muito vinculada ao outro e a nós mesmos na interlocução com esse

outro – marcada pela instabilidade das formas linguísticas, pela reacomodação constante

destas e por uma ressignificação consequente que só pode nos convidar a continuar

perguntando.

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ANEXO 1 - Corpus do imaginário

Respostas às questões 3 a 6 do questionário (perguntas dissertativas).

3. En general, ¿qué cree usted que significa tratar a una persona de vos en lugar de usted?

Cariño, relacionamiento…

Confianza.

Es más de confianza solo se usa para personas cercanas.

Significa confianza y cercanía.

Confianza y proximidad.

Es una cercanía, en CR es señal de aprecio y cariño a las demás personas.

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En teoría denota más cercanía y menos formalidad, en practica (en mi entorno) lo utilizo con gente

de ciertas zonas como por ejemplo la gente de Cartago (San José, Alajuela, Heredia nos tratamos de

Ud).

Que hay una cierta cercanía, confianza.

1. Usted es una forma de mostrar respeto.

2. Usted se usa cuando uno no conoce a las personas y se mantiene hasta tanto esas personas no le

hayan dado a uno un "visto bueno" voluntario para cambiar al Vos, es como cuando se usa el Don y

Doña.

3. El Vos denota confianza y cercanía.

4. El Vos cambia misteriosa e insospechadamente cuando uno se enoja!

5. El Tú no es natural de la cultura costarricense, pero considero que la influencia de novelas,

revistas televisivas y fábulas lo hacen vergonzosamente popular.

6. El Tú se respeta a otras nacionalidades como a los panameños, colombianos y venezolanos, por

ejemplo.

Por lo general se piensa que es un trato más informal y amigable. Algunas personas piensan que

puede der irrespetuoso usarlo en algunos casos.

Más cercanía y confianza. Personas de la misma edad o menos.

Confianza.

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Cercanía e informalidad.

Vos lo usan en otros países, y en Costa Rica no se da mucho.

Por la región que soy sería un poco inusual y extraño escucharlo.

Depende del país.

Vos es trato de cercanía y confianza. Viene de un trato familiar y de cierta apertura con mi

interlocutor. "Usted" casi siempre implica formalidad y distancia emocional, a menos de que quien lo

use lo haga por hábito arraigado.

Relación cercana de parentesco o amistad.

Es una situación que denota cercanía.

Cercanía /confianza /bienestar.

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En lo personal, yo trato a las personas de "vos" cuando existe mucha confianza.

Pero por ejemplo a una persona mayor o a alguien que no conozca siempre le trato de "usted"

Más cercanía. Una situación más informal.

Denota más confianza y cercanía en el trato de la persona. De mi experiencia universitaria, algunos

compañeros que usaban el "vos" al tratar un profesor, era interpretado por el profesor como una

"falta de respeto.

Mis padres son de San José, acostumbrados desde la niñez, para usar el "usted", yo crecí en Cartago,

donde predominantemente se usa el "vos". Por esto, mi uso de usted/vos es una mezcla. Para mí, el

usted demuestra un mayor respeto. Y el vos es más afectivo o cercano.

Significa más confianza, una relación más cercana.

En teoría un grado mayor de confianza, pero en la práctica se usan ambos en grados muy altos de

intimidad. Creo que depende de la situación o el tema.

Tratar en vos a una persona es un sinónimo de confianza con personas en las que se tiene una

relación de mucho tiempo.

Desde mi punto de vista es cuestión de costumbre, en Costa Rica depende el lugar si utiliza más uno

que el otro, por ejemplo donde yo vivía hasta los 18 años las personas solo utilizan el "usted", el vos

es muy extraño escucharlo, pero en otras zonas de Costa Rica, por ejemplo la provincia de

Guanacaste o en Cartago sí es muy frecuente utilizarlo, otra observación podría ser que el vos se

utiliza mayormente cuando es un trato un poco menos de confianza. El usted se utiliza más entre

personas conocidas.

Considero que utilizo el vos cuando me encuentro con personas a las que les tengo más confianza.

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Tratar a alguien de vos significa más confianza. Tratar a alguien de usted crea distancia y refleja ya

sea respeto (sacerdote, policía, médico, profesor) o severidad de algún comentario (hijos, esposo).

Para romper el hielo nada más.

Cercanía y confianza.

El uso del vos es más informal. Se usa en relaciones de confianza entre amigos y hermanos.

Actualmente se hace un uso exagerado del vos y es más común en el Valle Central.

El uso de usted es más normal, hace la comunicación más clara y agradable.

Tiendo asociar el uso exagerado del vos con el aburguesamiento de la juventud.

Cercanía y confianza.

Depende de la zona del país, en ciertas partes del país como Alajuela o Heredia no se utiliza el vos.

Mientras que en otras zonas como Guanacaste o Cartago es común.

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Confianza, cercanía y afinidad.

Usar vos es más informal y normalmente implica más cercanía o intimidad con las personas, aunque

creo que en Costa Rica usar usted no es tan formal como puede ser en otros países por el hecho de

ser usado tan frecuentemente. Por eso, es común tratar a personas cercanas o amigos de usted y que

no parezca una relación distante o fría.

Es la forma de tratamiento no formal de preferencia en mi país. Además, por su informalidad, tiende

a ser usado más por los jóvenes, especialmente en zonas urbanas. La gente mayor y del campo

prefieren el usted para cualquier ocasión, formal e informal.

De usted es mayor respeto y vos es para mayor confianza.

Me parece que es un tema de respeto. Si hay una relación cercana se utiliza más el vos.

Confianza, amistad cercana.

En Costa Rica nada en particular.

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Confianza, cercanía.

Confianza.

No veo mucha diferencia, lo que creo es que el vos se utiliza en casos de mayor confianza con la otra

persona. Aunque también hay personas que utilizan el vos en forma cotidiana y permanente sin tomar

en cuenta la forma de tratamiento de la otra persona.

Soy de Cartago,y en mi ciudad es normal usar "vos" en ámbito cercano (núcleo familiar y amigos).

El usted tiene varios usos: respeto (personas mayores), se usa para desconocidos o gente no cercana

(ámbito laboral), y dentro del círculo cercano tiene un uso muy particular: se usa para demostrar

distanciamiento o enojo. Por ejemplo, cuando alguien de este círculo me trata de "usted" es porque

está molesto por algo o necesita hablar de un tema serio (Ej: necesito hablar con usted / no esperaba

esto de usted / ¿usted qué se está creyendo?). Dato curioso: no pasa lo mismo en todo el país,

personas de San Ramón (por ejemplo) sólo usan el usted aún dentro de su círculo cercano.

Más confianza.

Cultura, es la forma de hablar en mi país.

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Más confianza. Depende de la zona geográfica y de la edad, se utiliza más uno u otro.

Cercanía, confianza, uso coloquial.

Yo considero que el "vos" o "tú" es usado de una forma más informal y la utilizas para esas personas

con las que tienes mucha confianza.

Usar el "vos" significa más confianza.

4. En algún caso, en su ciudad o su país ¿ha notado si se usa la forma “tú”? ¿Qué piensa usted

sobre un costarricense que usa esta forma de tratamiento?

Pienso que a esta persona le fue inculcada una corriente extranjera. Los niños, por ejemplo, hablan de

tuteo por causa de la TV.

Si se usa.

No me agrada, se pasa de la línea de confianza.

Es una forma común no tan popular.

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Detesto que utilicen el tú. Muchos amigos cercanos y familiares lo hacen y siento que es una pérdida

de identidad. Los Ticos hablamos de vos o por respeto o porque no conocemos a la persona hablamos

de usted. Hablar de tú es negar nuestra identidad.

Yo lo uso con mis familiares. No me molesta.

Que es algo "polo" porque en nuestro país la gente se trata de vos y tu suena extraño.

Es súper extraño y fingido, en mi entorno nadie lo utiliza.

Es común escucharlo en uso por estos días. Creo que la influencia de la televisión ha hecho que la

gente se familiarice más con el tú. Sin embargo, al no haber un estudio formal ni ser de uso local, se

dan muchos errores en su conjugación. Pienso que es una característica fuerte de la falta de identidad

costarricense.

1. El Tú no es natural de la cultura costarricense, pero considero que la influencia de novelas,

revistas televisivas y fábulas lo hacen vergonzosamente popular y fuera de contexto en nuestra Costa

Rica.

2. El Tú es naturalmente respetable entre personas de otras nacionalidades como a los panameños,

colombianos y venezolanos, por ejemplo y de cualquiera de ellos hacia nosotros. Cada quien habla a

su manera y no es necesario corresponder de vuelta como el otro, en otras palabras zapatero a su

zapato.

Sí, me impacta negativamente. El tú no es tico. Acá solo se debería usar el vos o usted. Creo que

tiene mucho que ver con la influencia de la televisión. Por ejemplo, las novelas mexicanas y fábulas

traducidas en México están causando que la población emplee esta forma de tratamiento.

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Si hay gente que lo usa en mi país natal pero es muy chocante para mí. En Panamá sólo se habla de

tú, pero yo no lo utilizo nunca ni en Panamá ni en Costa Rica.

Es polo.

Se usa, pero no es común y no es bien aceptado.

Los que hablan de tú o son muy "nice" o ven mucho Dora la Exploradora.

Si muchas veces pero no pasa nada como en otros países que se sienten extraño.

A mí varias veces me tratan de tú y no me gusta ... no es lo nuestro.

Si es un costarricense de nacimiento y crianza, el uso del "tú" me parece artificial, inapropiado,

alienado y alienante. Es algo adoptado y que imita a la televisión o a las traducciones del cine. No es

natural, y franco, me choca viniendo de un compatriota.

Hago la salvedad de que si mi interlocutor es hija o hijo de extranjeros venidos de un país en el que

se habla de tú, o si es tico por naturalización pero vino a Costa Rica ya para cuando había aprendido

a hablar, lo anterior no aplica: en ese caso es parte de su formación e identidad. Fuera de estas

excepciones, me choca.

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Desgraciadamente en CR han tratado de ponerlo de moda. Pienso que es una polada hablar de tú en

CR, sobre todo cuando ni se sabe conjugar: ejemplo: tú sabés...

Usar tú en lo personal para mi implica una gran confianza hacia la persona.

A veces. Por seguir culturas externas.

Me parecen personas incultas.

Me parece que es algo copiado de otras nacionalidades, como por ejemplo la

Mexicana.

No lo veo mal, pero cuando lo escucho no me gusta, pero lo respeto aunque me choque.

Es un polo influenciado por todas las novelas mexicanas.

No me gusta para nada. Creo que el uso de "tu" no corresponde a la forma de hablar de los ticos.

Es una pérdida de identidad.

El "tú" está mal utilizado, y me parece que quien lo use, se escucha mal y bastante polo.

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Alguna gente le habla en tú a niños pequeños, me parece que los puede confundir. Deberían usar solo

una o dos formas, no tres. Igual en publicidad o letreros la gente usa mucho el tú. Por dicha no es tan

usual en la forma hablada aun.

Depende de con quien se utiliza representa una falta de respeto, ya que se utiliza cuando hay una

relación de confianza.

Tú ahora está siendo mayormente utilizado, y en realidad en mí caso lo utilizo mucho para hablar con

alguna mujer, siento que da un poco más de formalidad a la hora de entablar una conversación, pero

bueno es cuestión de punto de vista, a muchas personas de Costa Rica no les gusta porque dicen que

no nos pertenece, que estamos siendo influenciados por los programas de televisión de México donde

se utiliza mucho. Para mí el tú, el vos y el usted son maneras de comunicarse igualmente válidas.

Si hay personas que hablan de "tú", es poco común, pero sí pasa. Considero que realmente ni se

utiliza bien

Sí he notado que hay gente ridícula que usa TÚ. Yo lo detesto y me cae re-mal la gente que lo usa.

Los ticos no hablamos de TU...eso es copiado y suena bastante horrible.

Poco, pienso que es cursi e informal.

Es raro.

Claro que se usa. Más de lo que percibimos. Actualmente hay una tendencia a asociar el trato del "tú"

con la influencia de la tv mexicana y colombiana.

Sin embargo el uso del "vos" también se ha acentuado por la influencia de la tv nacional, dominada

por la clase burguesa del país.

No veo a mal el uso medido del "tú" en nuestra forma de comunicarnos.

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Sí, lo he notado y no me gusta. Los costarricenses no hablamos de tú.

En algunos círculos sociales se utiliza, me parece pedante y no es propio de la cultura costarricense.

Sí, más entre los jóvenes y entre mujeres. Me parece polo, los ticos ni siquiera lo sabemos conjugar

bien. Viví fuera del país (Brasil) y cuando otros hispanoparlantes me hablaban de tú al principio me

chocaba mucho porque lo sentía medio irrespetuoso, ya luego me acostumbré y lo aprendí a

conjugar.

Usar tú es muy poco común. Las pocas veces que lo he escuchado en Costa Rica son personas que

tienen descendencia de algún otro país o cuando hablan con un extranjero que utiliza esa palabra muy

seguido y terminan acostumbrándose y hablando de la misma manera. Pienso que es extraño

escuchar un costarricense hablando de tú.

El tuteo es de influencia extranjera, introducido en Costa Rica principalmente a través de las

telenovelas y otros programas de televisión importados de Venezuela y México.

Si he escuchado personas hablar de "tú", y considero que lo emplea sin tener conocimiento de él,

incluso muchas veces lo mezclan con el vos.

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Me parece inapropiado y ridículo.

Juega de no ser tico.

Es innecesaria.

He escuchado diferentes personas usar el tú, pero por motivos de cultura, pero cuando un tico lo

utiliza me molesta, no me gusta.

Cuando se habla con una persona de otra nacionalidad o de la misma, solo que se está enseñando

algo.

Sí se utiliza pero en casos muy aislados, no es muy común, se escucha en la mayoría de casos en las

relaciones de pareja. Y pienso que una persona que utiliza la forma "tú" ha sido fuertemente

influenciada por una cultura foránea.

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Sí, hay gente que lo utiliza pero es chocante al oído. En términos generales no me agrada cuando la

gente habla de "tú", no es criollo y me hace pensar que en Costa Rica se habla de "vos o usted, y

punto". Me parece que es mucha influencia de la televisión y otros medios, y que los costarricenses

que deciden comenzar a hablar usando "tú" son faltos de identidad. Además, muchas veces ni

siquiera saben conjugar bien los tiempos.

Sí, recientemente muy a menudo. Una completa pérdida de identidad. En buen tico, una polada.

No me gusta.

Sí se utiliza, yo utilizo más "tú" para hablar con mi mama. Pero es poco utilizado. Generalmente las

personas consideran extraño.

Sí la utilizan, me parece absurda.

En el caso de mi ciudad no usamos el "vos" sino el "tú" o el "usted". Como dije anteriormente es para

casos informales (amigos, familiares, vecinos, etc)

"Tú" casi no se usa. Si algún costarricense lo usa puede ser porque tiene familia extranjera o porque

lo aprendió de las telenovelas

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5. A continuación va a escuchar una propaganda costarricense que pasan en una radio del país.

¿Piensa que el uso de las formas de tratamiento refleja el uso del habla de un costarricense?

¿Por qué?

Necesitas / No le alcanza la plata / Visítanos, consúltanos.

Todas las palabras encima muestran una mezcla de tratamiento voseo, tuteo y ustedeo, cosa que el

costarricense no tiene.

Sí, porque es una forma normal de trato entre costarricenses.

Son personas adultas que están propagándose incentivando el uso de tú, que es seguir en la pérdida

de nuestra idiosincrasia. Es una lástima que los medios de comunicación no protejan e incentive no

nuestra identidad.

Refleja porque usa tanto tuteo, ustedeo y voseo, pero está horrorosa. No deberían hacerse esas

mezclas. El problema es que a veces, hay personas que vosean y no saben hacer las conjugaciones

bien, entonces acaban por tutear...

Creo que refleja el habla de un costarricense, porque usualmente hacemos mezclas, solo que las

mezclas no se hacen al dirigirse a una misma persona; es decir, dependiendo de la persona se le tutea,

ustedea o vosea.

Sí y no. Esta es una mezcla de vos y usted. Lo que parece que está mal empleado porque confunde.

No refleja en nada al costarricense, ni por hablar de "tú" ni por la palabra "auto".

Sí. De cierto grupo que tiene menos acceso a la educación. Porque no tienen conciencia de que

mezclan tú, usted y vos. Solo tratan de sonar "sofisticados" o a la moda.

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Definitivamente que sí. Aunque no deje de retumbar por los oídos, tampoco se puede uno ofender

porque algunos policías por ejemplo lo traten a uno de una manera impropia, pero sí me parece

terrible que encargados de servicio al cliente lo hagan pues han de haber sido entrenados tanto en

temas técnicos y básicos de su trabajo así como de trato adecuado.

En esta propaganda en particular me parece natural y cuando dice Tu auto se refiere a Tuyo y no al

Tú. Es un lugar de uso popular y nadie espera a la Real Academia pero al menos son consistentes en

toda la grabación y no hacen cambios de vos al usted...!

No. Habla de tú. Consúltanos en lugar de consultános.

No. Mezcla el usted con el vos pero no acentúa correctamente y muchas veces las conjugaciones

terminan sonando como si hablara de "tu".

Sí, la gente usa mal estas palabras.

Sí, es parte del ser costarricense el modo como nos expresamos y es posible reconocerlo y

diferenciarlo de otros hispanoparlantes, el vocismo es algo muy nuestro y definitivamente el anuncio

lo hace muy identificable con nosotros los ticos.

No mucho porque tutea, igual por mi trabajo estoy acostumbrado a escuchar el tuteo.

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Sí, usan el tú.

Me parece que sí refleja el habla nuestro.

Es horrible. Es inconsistente. La conjugación de los verbos mezcla el uso del tú, del vos y del usted.

Lo que refleja no es el modo de hablar de un tico que sepa hablar apropiadamente. Refleja ignorancia

y descuido.

No, de un tico polo tal vez.....

Sí, puesto que debería reflejar el habla del tico, la mayoría de emisoras o al menos las que escucho

con mayor frecuencia hacen referencia a usted.

No. Habla de tú.

No entiendo la pregunta.

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En este anuncio el locutor inicia con "necesita" (usted), y luego cambia a "tú".

Escuchando esto creo que hay una confusión, o que el mismo locutor está viciado de tanto anuncio y

programas de tv que se escucha en nuestro país.

Sí. Muchos costarricenses confunden ambos usos en un mismo discurso. FATAL!!

No refleja nuestra forma de hablar.

Debería de usar la palabra "su". Nuevamente, el uso de "tu" refleja una pérdida de identidad del

costarricense.

Sí, porque el costarricense habla de tú, de usted y de vos...todo revuelto.

Terrible, en los primeros 10 segundos ya había apelado al interlocutor de tres formas distintas.

Lamentablemente alguna gente utiliza ese recurso pensando que le puede llegar a más público.

No, el costarricense tiene muchas formas de hablar.

Lo escucho totalmente normal, si lo comparara con otras personas de otros países creo que la única

variable es el acento.

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Realmente me parece haber escuchado más comerciales de "usted", como por ejemplo "su carro". Es

complicado, porque suena más impersonal, y al vos/tu ser mas de confianza podría ser mejor

aceptado por más personas.

Tienen una mezcla de usted, tú y vos. Desgraciadamente hay muchos ticos que hablan así...yo al

tratarse de un medio masivo como la radio, la gente inevitablemente termina imitando y/o aceptando

lo que escucha sin cuestionarse si está bien o mal. Además, las casas publicitarias que imagino son

las que redactan los comerciales deberían tener un filólogo que revise eso antes de que se grabe y de

que salga al aire.

No, lo más usado en Costa Rica es el "Ustedeo"

No, ya que está dirigido a segmento meta.

Sí. La pausa y prosa del locutor. Aunque refleja el uso de lenguaje de un locutor de radio, que tiene

un estilo timbre y pronunciación particular.

También podría creer que es colombiano de la región de Bogotá o el eje cafetero.

Sí.

No. Se hace el tuteo.

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No, está en tú.

No, el hecho de usar la palabra tú, no refleja el acento costarricense. También la pronunciación de la

doble r es diferente a la que usaría un tico.

En este anuncio se dan las tres formas de tratamiento: tú, vos y usted. Lo refleja totalmente, pues en

nuestro país tendemos a mezclar los tres, una vez más debido a la influencia de culturas

latinoamericanas que usan el tú, y por querer dar un sentido de confianza sin parecer confianzudos.

No, porque emplea "tú" y los ticos hablamos de vos o de usted

Si.

Identidad de cultura percepción social colectiva de un grupo y diferenciación social dentro de su

cultura.

Para nada, vos y usted son más comunes.

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No, debido al constante uso del tú.

Me parece que no refleja el hablar cotidiano de un tico, al principio de la propaganda el locutor

utiliza el "ustedeo" y automáticamente cambia al "tuteo" para crear un acercamiento con los

interlocutores, pero me parece que no es la forma correcta.

Tristemente refleja lo que se observa en la calle: el uso del "tú" ni siquiera se enseña como parte de

las clases de español en educación pública, por tanto, la gente no sabe cómo conjugarlo ni cómo usar

los pronombres correctos.

No, un enredo.

No, se escucha muy "lejano" a la generalidad costarricense. Seria mejor usar conjugar los verbos en

la persona "usted" como: "darle".

El segundo anuncio tiene acento mexicano.

No. Tutea. Nosotros no tuteamos.

Considero que sí. Es común que los comerciales o propagandas sean hecho de una forma informal

(usando tú o vos) para hacerte sentir parte de ellos...

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Sí refleja el uso de un costarricense. Porque el "Tu" usado en el anuncio es de pertenencia, no tiene

relación con el tema de "vos" y "tu".

Es diferente decir: Ese es tu carro?

A decir: Cómo estás? Muy bien y tú?

6. Observe la imagen de esta propaganda publicada en Facebook. Cree que se podría utilizar

el "usted" en el lugar del "vos" en esta propaganda? ¿Esto implicaría alguna diferencia?

Sí, como muchas otras propagandas en ustedeo creo que el impacto o impresión del lector sería

diferente. Por ejemplo, a mí no me gusta que me voseen las personas que no conozco, ya que eso

implicaría exceso de confianza.

Suena mejor con el vos.

Pues de la forma que lo quieren hacer es por cercanía si se usara usted sería demasiado formal.

Claro que sí, solo que para vender tal vez quieren transmitir un sentido de confianza y cercanía, en

dado caso, deberían utilizar el vos.

Creo que sí marcaría mucha diferencia. Empezando por la marca, representa mucho al tico, es el

ICE, hay cercanía, esa proximidad y confianza. Sí creo que el vos es mucho más tico que el tú.

En referencia al producto, el "usted" establecería una distancia mayor entre la marca, la propaganda

y el comprador, como si no se deseara confianza o convencimiento....

En este caso, la marca ya la relaciono con el vos.

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Sí, es diferente, es como el consejo de un amigo y no como algo que te recomienda alguien que no

te conoce.

No, la forma en la que utilizar el "vos" hace sentir la propaganda más cercana, como que le hablan a

uno directamente, además es más popular el uso del lenguaje con respecto al deporte popular en el

país.

No se debería porque cambia la intención del mensaje, lo hace más distante. Mientras que el vos lo

hace más cercano, como uno más del grupo.

Aquí el Vos funciona perfecto pues se le quiere dar un sentido de pertenencia popular y total.

Considero la persona culta se adapta aunque internamente sienta resistencia, pero nunca debe de

"volcarse' o dejarse influenciar. Es como un llamado a la tolerancia.

Pareciera lenguaje de empresa pública el uso del Tú, pero ya generalizado a la empresa privada

también... como que la convivencia en comunidad les heredara el Tú!

Podría sí, pero le quitaría el acercamiento amigable y creo que podría afectar a la compañía.

Sí se podría utilizar, pero estaría dirigido a un público distinto quizá más adulto dejando de lado un

nicho de mercado importante que utiliza más el teléfono celular.

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Seria más seria la propaganda.

Sí se podría utilizar el usted, pero sería menos "nuestro", más formal y no tan cercano a los posibles

compradores.

No habría diferencia para mí, aunque así como está no hubiera notado el tuteo

Sí, lo usamos siempre. No sería informal como se podría pensar.!!

Es un mensaje dirigido a todo público. Si se utilizara el "usted" sonaría a muy formal.

Pienso que está muy bien así. El usted le quitaría el trato familiar que haría de esta una oferta

atractiva, porque sería ya distante y demasiado formal.

Sí se podría usar. Se volvería un asunto más formal y distante.

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No. Es más cercano y coloquial así.

No me abrió.

Me parece que puede ser así:

"Sigue viviendo la fiebre del futbol!!

Con su teléfono de la sele

Saque cuentas, el teléfono le sale regalado

Adquiera gratis su Avivio.

Creo q es mejor así.

Creo que no sería tan cercano e informal. Esa es la intención del anuncio. Hablar como a un amigo o

conocido de confianza.

Igual que el anterior lo cambiaria. El uso de "vos" demostraría más cercanía y empatía conmigo.

Claro que se podría cambiar a "usted" y sería aún más tico. Suena más respetuoso en "usted" que en

"vos".

Se podría, pero no es el tono que ha utilizado Kolbi como marca. Ese tratamiento es parte de la

personalidad de la marca desde el inicio, y no mezclan voces. Me parece muy lindo y acorde a su

público meta.

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Sí, sería una propaganda más seria.

No veo cómo podría ser utilizado el "Usted" el Tú está mejor relacionado a este tipo de frases

cuando se habla de pertenencias, objetos, el usted es para ser utilizado en referencia a una persona

por ejemplo "usted va a comprar un teléfono" se habla directamente a la persona, si se habla de un

objeto podría ser "su teléfono" o "tú teléfono".

Usar usted sería más impersonal.

Si usa usted, crea cierta distancia...si usa el vos, se acerca más al lector, lo que crea más confianza y

aceptación.

Intentan verse más amigable, el usted es más formal, creo que le llegaría menos a la gente pues

como dijimos anteriormente el tú y vos son para romper el hielo.

No.

Sí se puede. Me gustaría más, lo sentiría más agradable.

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Sí, porque vos es más cálido.

Tendría el mismo impacto. El uso del voceo es para identificar al costarricense.

Implicaría MUCHÍSIMA DIFERENCIA a nivel de comunicación, me parece que el uso del vos está

mejor empleado para darle cercanía al consumidor con la marca.

Sí, podría usarse la palabra "usted" y me parece que no estaría mal, solamente le daría un tono más

formal. Aun así me parece que para el tipo de promoción y estando relacionado con un evento

deportivo, usar la palabra "vos" es adecuado.

Como joven me siento más identificada con el vos, y a ese público es al que apela el anuncio. Si el

público meta fueran personas mayores de usaría la formal, usted.

La imagen no la pude ver, me sale un oración que dice imagen sin título.

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Me parece que al usar usted no se genera conexión e intimidad con el cliente.

Me molesta más tu auto mejor su auto en el video.

El tú de pertenencia, posesión es común pero tú de pronombre es molesto.

Sonaría más impersonal.

Si se usa el usted, tendría que cambiar el uso de Tú.

Usted es para distanciarse del interlocutor.

Se puede utilizar pero no es lo más adecuado ya que la propaganda perdería fuerza, al usar el

"voceo" se inyecta más dinamismo a las palabras, se insta de una forma más directa a que el

interlocutor tome una acción. Se intenta crear un ambiente de confianza, como si una persona

allegada estuviera aconsejando algo realmente importante.

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Podría usarse, sin embargo, según creo, el objetivo de la propaganda es dar a entender que la marca

en cuestión es algo que suena como lo que estamos acostumbrados a escuchar en nuestro círculo de

confianza. De hecho, el slogan publicitario de la marca es "somos de los mismos", por tanto, creo

que la idea de usar el "vos" es justo vender un concepto de cercanía con el cliente, y no cabe realizar

publicidad que utilice "usted", ya que significa (en una manera un poco inconsciente) cierto recelo o

desconfianza.

Sí se podría usar. El tratamiento sería más formal.

Sí se podría y no es mucha la diferencia.

Creo que si empieza utilizando "vos" tiene q mantenerlo en toda la propaganda. Utilizar el "vos"

también parece más empático y jovial. Si usa "usted" da la impresión de más formalidad.

No. El usted no es cercano. Se usa más a nivel de San José pero en provincias es distinto.

En mi caso creo que no implicaría diferencia alguna.

Si se usa usted sería muy formal y serio.

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ANEXO 2 – Corpus do funcionamento (discurso publicitário)

TRANSCRIÇÃO DAS PROPAGANDAS DE RÁDIO

1. La municipalidad de Cartago y la teja le invita a celebrar en grande el día de las

madres….venga y disfrute en familia. Municipalidad de Cartago, unidos continuamos

construyendo el progreso de Cartago.

2. El dengue es una enfermedad que se puede prevenir. Por eso converse con sus vecinos y

organice su comunidad. Eliminando o reciclando los residuos….El primer responsable en

prevenir el dengue es usted. Un mensaje del ministerio de salud.

3. Tengo claro que es muy importante cuando conduzco durante el día o la noche hacerme

visible en carretera. Debemos hacer un esfuerzo por adquirir mejores dispositivos de seguridad,

como el casco, chaleco refractivo y protectores especiales. Hagámonos visibles y valoremos la

vida. Yo respeto, yo gano, ¿y usted? Si todos respetamos, todos ganamos. Un mensaje de MOPT

Y COSEVI.

4. Manténgase alerta y actue para reducir el impacto del virus Chicungunya. Esta enfermedad se

propaga por medio de las picaduras de los mosquitos Aedis Aegypti y albopitos. Disminuya la

posibilidad de contagio. Evite las picaduras de mosquitos, elimine los depósitos que detengan

agua. Dedique al menos 10 minutos a la semana para mantener limpia su casa y alrededores para

asegurar un entorno libre de criaderos de los mosquitos. Caja costarricense de Seguro Social.

5. El dengue es una enfermedad contagiosa que puede causar su muerte o la de un ser querido.

Se transmite por la picadura de un mosquito infectado. Si no hay mosquito, no hay dengue. Por

eso, limpie su patio y alrededores, elimine o recicle todo los objetos que acumulen agua, tape

correctamente los recipientes donde almacena agua y limpie las pilas, canoas, caños y bebederos

de animales continuamente. El primer responsable en prevenir el dengue es usted. Ese es un

mensaje del ministerio de salud.

6. Es posible que las futuras generaciones tengan la ocasión de preguntarse ¿En qué estarían

pensando nuestros padres?, ¿Por qué no reaccionaron cuando tuvieron la oportunidad? Lo que

hace falta es que actuemos ahora. No desperdicies el agua, cuida nuestras fuentes, zona de

recargas, ríos y quebradas, siembra un árbol, siembra vida. Todavía estamos a tiempo. Un

mensaje de acueductos y alcantarillados.

7. El uso consciente de la energía reducirá su factura por servicio eléctrico. Revise

periódicamente las instalaciones eléctricas. Apague las luces que no necesita, y reduzca el uso

del calentador de agua en la ducha. Reducir el gasto en electricidad es provechoso para usted y

para Costa Rica. Compañía nacional de fuerza y luz. Servicio y energía.

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8. El regalo de mamá está en Pazoca. Lindos vestidos, zapatos, perfumes, joyería, y todo lo que

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9. Universidad Hispanoamericana, matriculáte ya. Decíle adiós a las fotocopias. En la

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factura o recibo de abono. Elegí el sueño de tu mamá y participá para hacerlo realidad.

15. Pero ¿qué este bronceado salvaje? Veo que te salió el préstamo para el crucero.

Así es. Me aprobaron y le di viaje.

Ay, yo lo he pensado, pero me da como pereza con eso del fiador. ¿Cómo hiciste vos?

Le dije a la mejor fiadora que tengo en la vida. A mí misma.

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24. - Miren todas estas frutas. Hay cítricos, tropicales y exóticas.

- Hmmmm. Las uvas, manzanas y peras, que son mis favoritas.

- Ay, vean esos melocotones. Las ciruelas y las cerezas. ¡Qué rico!

- Uy, un aguacate.

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25. – Ei, que buena compu. ¿Cómo hiciste con el préstamo?

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