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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO LARISSA MOREIRA SPINOLA DE CASTRO OSTEOGÊNESE IN VITRO SOBRE VITROCERÂMICA 100% CRISTALINA E ALTAMENTE BIOATIVA (BIOSILICATO ® ): EFEITOS DO CONDICIONAMENTO DE SUPERFÍCIE E DOS PRODUTOS DE DISSOLUÇÃO IÔNICA RIBEIRÃO PRETO 2009

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Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE … · aos produtos de dissolução iônica do Biosilicato® inibe a progressão de culturas osteogênicas sobre lamínulas de vidro bioinerte,

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO

LARISSA MOREIRA SPINOLA DE CASTRO

OSTEOGÊNESE IN VITRO SOBRE VITROCERÂMICA 100% CRISTALINA E

ALTAMENTE BIOATIVA (BIOSILICATO®): EFEITOS DO CONDICIONAMENTO DE

SUPERFÍCIE E DOS PRODUTOS DE DISSOLUÇÃO IÔNICA

RIBEIRÃO PRETO

2009

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE … · aos produtos de dissolução iônica do Biosilicato® inibe a progressão de culturas osteogênicas sobre lamínulas de vidro bioinerte,

LARISSA MOREIRA SPINOLA DE CASTRO

OSTEOGÊNESE IN VITRO SOBRE VITROCERÂMICA 100% CRISTALINA E

ALTAMENTE BIOATIVA (BIOSILICATO®): EFEITOS DO CONDICIONAMENTO DE

SUPERFÍCIE E DOS PRODUTOS DE DISSOLUÇÃO IÔNICA

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia

de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para

a obtenção do título de Mestre em Odontologia.

Área de Concentração: Biologia Oral

Orientador: Prof. Dr. Paulo Tambasco de Oliveira

RIBEIRÃO PRETO

2009

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Catalogação na Publicação

Serviço de Documentação Odontológica

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Castro, Larissa Moreira Spinola de

Osteogênese in vitro sobre vitrocerâmica 100% cristalina e altamente bioativa (Biosilicato®): efeitos do condicionamento de superfície e dos produtos de dissolução iônica. Ribeirão Preto, 2009.

98 p. : il. ; 30 cm

Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Biologia Oral.

Orientador: Oliveira, Paulo Tambasco de.

1. Vitrocerâmica bioativa. 2. Cultura de células.

3. Osteogênese. 4. Reações de superfície.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Larissa Moreira Spinola de Castro

Osteogênese in vitro sobre vitrocerâmica 100% cristalina e altamente bioativa

(Biosilicato®): efeitos do condicionamento de superfície e dos produtos de

dissolução iônica.

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia

de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para

a obtenção do título de Mestre em Odontologia.

Aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr.____________________________________________________________

Instituição:________________________Assinatura: _________________________

Prof. Dr.____________________________________________________________

Instituição:________________________Assinatura: _________________________

Prof. Dr.____________________________________________________________

Instituição:________________________Assinatura: _________________________

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DEDICATÓRIA

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A Deus, que está presente em minha vida, me iluminando e guiando sempre.

Aos meus pais, Eduardo Augusto e Maria da Glória, fonte inesgotável de

amor e compreensão. Os sacrifícios e o incentivo de vocês tornaram possível esta

conquista.

Aos meus avós Pedruca (in memoriam) e Diva e à tia Sonia, por todos esses

anos de apoio e acolhida que tornaram possível ao desenvolvimento deste trabalho.

À vó Eduarda e à tia Yvette, por todo o carinho que sempre tiveram por mim.

À tia Doly (in memoriam), pelo amor incondicional e por todos os exemplos

maravilhosos que deixou, que nos fazem lembrá-la sempre com muita saudade.

Aos meus irmãos Alessandra, Fábio e Rafaela, que mesmo quando distantes

estiveram sempre presentes em minha vida.

Aos meus cunhados Leandro e Thaís, pela amizade e conselhos, e às minhas

sobrinhas Marina e Beatriz, por fazerem minha vida mais feliz.

Ao meu noivo Walter, pelo amor, companheirismo e lealdade. É difícil colocar

em palavras o quanto seu apoio e carinho representaram para mim durante esses

anos de convivência, mas posso dizer que foram essenciais ao cumprimento desta

etapa.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

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Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Tambasco de Oliveira, por sempre ter

acreditado em meu trabalho e por todos esses anos de amizade e aprendizado,

essenciais ao meu crescimento pessoal e profissional.

Ao amigo Lucas Novaes Teixeira, pelos conselhos, pela paciência, pelas

risadas e por estar sempre disposto a ajudar as pessoas à sua volta. Suas ações

falam por você e estou certa de que te farão atingir seus objetivos.

Ao amigo Roger Rodrigo Fernandes, por ter sido sempre compreensivo,

atencioso e dedicado. Reconheço todos os sacrifícios que faz por seus amigos e

pelo laboratório e devo a você muitas das coisas que sei hoje.

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AGRADECIMENTOS

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À Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,

representada por seu diretor, Prof. Dr. Osvaldo Luiz Bezzon, pela acolhida durante

os cursos de graduação e pós-graduação.

Ao Prof. Dr. Adalberto Luiz Rosa, pela iniciativa e empenho em desenvolver

os Laboratórios de Cultura de Células e de Biologia Molecular da Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto, onde desenvolvi este trabalho.

Aos Profs. Drs. Márcio Mateus Beloti e Karina Fittipaldi Bombonato-Prado,

pela disponibilidade, paciência e amizade.

À Fabiola Singaretti de Oliveira, pela amizade e pelo auxílio nos experimentos

de expressão de RNAm e Western blotting.

Ao Prof. Dr. Antonio Nanci e ao Dr. Ji-Hyun Yi, ambos do Laboratory for the

Study of Calcified Tissues and Biomaterials da Université de Montréal, pelos ensaios

de microscopia eletrônica de varredura e microscopia de força atômica.

Aos amigos do Laboratório de Cultura de Células: Larissa Bellesini, Alice

Petri, Annelissa Zorzeto, Grasiele Crippa, Karina Pereira, Luciana Maia, Luciana

Batista, Olívia Cherubim, Renan, William Maximiano, Rayana, Glauce, Maidy e

Karen Sebastião, pelos bons momentos compartilhados e por fazerem do

Laboratório um excelente ambiente de trabalho.

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Aos Profs. Drs. Oscar Peitl Filho e Edgar Dutra Zanotto, da Universidade

Federal de São Carlos, pela solicitude em me atender e esclarecer minhas dúvidas.

Aos funcionários do Laboratório de Materiais Vítreos da Universidade Federal

de São Carlos (LaMaV-UFSCar), pelo preparo do material utilizado neste estudo e

do Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais (CCDM-UFSCar),

pelos ensaios de quantificação iônica.

Às alunas de iniciação científica Nayra, Emanuelle e Nathália, pelas

contribuições ao desenvolvimento deste projeto.

À Junia Ramos, pelo auxílio prestado nos procedimentos do Laboratório.

Aos amigos e colegas de graduação e pós-graduação, por tornarem mais fácil

o cumprimento desta etapa.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e ao

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo

auxílio financeiro ao trabalho e pela bolsa de mestrado FAPESP concedida.

Aos funcionários da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

trabalho.

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RESUMO

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RESUMO

CASTRO, L. M. S. Osteogênese in vitro sobre vitrocerâmica 100% cristalina e

altamente bioativa (Biosilicato®): efeitos do condicionamento de superfície e

dos produtos de dissolução iônica. 2009. 98 p. Dissertação (Mestrado) –

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão

Preto, 2009.

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do condicionamento de superfície

de uma vitrocerâmica 100% cristalina e altamente bioativa (Biosilicato®) e de seus

produtos de dissolução iônica sobre diferentes parâmetros do desenvolvimento do

fenótipo osteogênico in vitro. Previamente ao plaqueamento de células osteogênicas

de calvárias de ratos, discos de Biosilicato® foram condicionados, por 3 dias, em

meio de cultura suplementado, com ou sem soro fetal bovino a 10%. Células

osteogênicas expostas aos produtos de dissolução iônica do Biosilicato® foram

também cultivadas sobre lamínulas de vidro bioinerte. Discos de Biosilicato e

lamínulas de vidro foram utilizados como controles. Os resultados mostraram que o

tratamento de superfície de Biosilicato® aumenta expressivamente a concentração

de silício e cálcio no meio de cultura. Em 1, 3 e 7 dias, foram determinados os

maiores valores de viabilidade celular em superfícies de Biosilicato® condicionado,

enquanto que entre os grupos de lamínulas de vidro, observou-se menor viabilidade

em culturas expostas aos produtos de dissolução iônica do Biosilicato®. Em 3 dias,

células sobre todas as superfícies de Biosilicato® apresentavam-se menos

espraiadas quando comparadas àquelas sobre lamínulas de vidro; neste período, a

topografia das superfícies dos grupos de Biosilicato® caracterizava-se por rede de

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cavidades na submicro e nanoescala, enquanto que a lamínula apresentava

superfície plana. Alterações no padrão de marcação das proteínas citoesqueléticas

actina, vimentina, tubulina e vinculina, da subunidade de integrina α5 e da

fibronectina eram observadas apenas em células crescidas sobre as superfícies de

Biosilicato®. Ao final da fase proliferativa (7 dias), foram observados maiores níveis

relativos de expressão de RNA mensageiro para Runx2, sialoproteína óssea (BSP) e

fosfatase alcalina (ALP) em culturas crescidas sobre superfícies condicionadas de

Biosilicato®; a exposição aos produtos de dissolução iônica aumentou a expressão

de Runx2 e ALP nos grupos de lamínula de vidro. Em 14 dias, culturas sobre

Biosilicato® condicionado em meio de cultura com soro exibiam áreas mais extensas

de mineralização. Os resultados deste estudo mostraram que o condicionamento de

superfícies de Biosilicato® previamente ao plaqueamento celular favorece aspectos

da interação célula-substrato, promovendo maior viabilidade celular e aumentando

e/ou acelerando o desenvolvimento do fenótipo osteogênico in vitro. A exposição

aos produtos de dissolução iônica do Biosilicato® inibe a progressão de culturas

osteogênicas sobre lamínulas de vidro bioinerte, apesar de aumentar a expressão

de marcadores osteoblásticos.

Palavras-chave: osteogênese, cultura de células, vitrocerâmica bioativa, tratamento

de superfície, dissolução iônica, diferenciação celular.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

CASTRO, L. M. S. In vitro osteogenesis on a highly bioactive glass ceramic

(Biosilicate®): effects of surface conditioning and of its ionic dissolution

products. 2009. 98 p. Thesis (Masters Degree) – Faculdade de Odontologia de

Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.

The aim of the present study was to evaluate the effect of surface conditioning

of a highly bioactive, fully crystalline glass-ceramic in the Na2O-CaO-SiO2-P2O5

system (Biosilicate®) and of its ionic dissolution products on key parameters of the

development of the osteogenic phenotype in vitro. Rat calvaria-derived osteogenic

cells were plated on Biosilicate® discs that were pre-conditioned either with

supplemented culture medium or serum-free medium for 3 days. In addition,

osteogenic cells grown on bioinert glass coverslips were exposed to the ionic

dissolution products of the Biosilicate®. The results showed that the supplemented

culture medium used for the Biosilicate® surface conditioning exhibited a high

concentration silicium and calcium. At 1, 3, and 7 days, cell viability was significantly

higher for the conditioned Biosilicate® sufaces, whereas reduced cell viability was

observed for cultures grown on glass coverslips and exposed to the ionic dissolution

products of Biosilicate®. At day 3, cells grown on Biosilicate® groups were less

spread compared with those on glass coverslips. At the same time point, whereas

the surface topography of glass coverslips was smooth, Biosilicate® discs exhibited a

network of submicron and nanoscale pits. Changes in the labeling pattern of the

cytoskeleton proteins actin, vimentin, tubulin and vinculin, and of α5 integrin and

fibronectin were only observed for cells grown on Biosilicate® surfaces. At the end of

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the proliferative phase (day 7), expression levels of Runx2, alkaline phosphatase

(ALP) and bone sialoprotein (BSP) mRNAs were significantly higher for cultures

grown on conditioned Biosilicate® surfaces; the exposure of cells to the ionic

dissolution products increased Runx2 and ALP mRNA levels. At day 14, significantly

more extensive areas of matrix mineralization were detected for cultures grown on

Biosilicate® discs that were pre-conditioned with supplemented culture medium. The

results showed that the conditioning of Biosilicate® surfaces with culture medium prior

to cell plating supports key aspects of cell-substrate interactions, increasing and/or

accelerating expression of the osteoblastic cell phenotype. Furthermore, the

exposure of cells to the ionic dissolution products of Biosilicate® inhibits the

progression of osteogenic cell cultures on bioinert glass coverslips, despite its

positive effect on expression of osteoblastic markers.

Key-words: osteogenesis, cell culture, bioactive glass-ceramic, surface conditioning,

ionic dissolution products, osteoblast, cell differentiation.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Microscopia eletrônica de varredura de culturas osteogênicas crescidas

sobre superfícies de lamínula de vidro (A e B) e Biosilicato® (C-H), em diferentes

condições, aos 3 dias. Nos grupos de Biosilicato®, as células estavam menos

espraiadas e interagiam com substrato cuja topografia caracterizava-se pela

presença de cavidades na submicroescala (detalhe em D e F). Notem-se em E

(cabeças de seta), formações esféricas associadas à superfície celular, que ocorriam

apenas nos grupos de Biosilicato®. Asteriscos em D, F e H indicam superfície celular

adjacente ao substrato. Barras de escala: A, B, C, E e G = 10 µm; D, F e H = 1 µm;

D e F (detalhe) = 0,5 µm. .........................................................................................60

Figura 2. Rugosidade de superfície por MFA (áreas de 5x5 e 1x1 µm; média ±

desvio padrão, em nm) de lamínulas de vidro e discos de Biosilicato®, em diferentes

condições, após 3 dias de exposição às condições de cultura, em áreas destituídas

de células. ................................................................................................................61

Figura 3. Topografia por MFA (A, C, E e G, 5x5 µm; B, D, F e H, 1x1 µm) de

superfícies de lamínulas de vidro (A e B) e Biosilicato® (C-H), em diferentes

condições, após 3 dias de cultivo celular, em áreas destituídas de células. ............62

Figura 4. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de

lamínula de vidro (1-3) e Biosilicato® (4-6), em diferentes condições, em 1 dia.

Marcações em verde (A e D) e branco pálido (B e C) indicam citoesqueleto de actina

e, em azul, núcleos celulares (A-D). Em vermelho, as proteínas citoesqueléticas

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vinculina (B), vimentina (C) e tubulina (D). Notem-se alterações no padrão de

marcação das proteínas citoesqueléticas e menor espraiamento de células

cultivadas nas três superfícies de Biosilicato® (4-6). Barra de escala para A-C = 50

µm e para D = 20 µm. ..............................................................................................65

Figura 5. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de

lamínula de vidro (1-3) e Biosilicato® (4-6), em diferentes condições, em 3 dias. (A)

Células viáveis exibem fluorescência verde, enquanto que células mortas,

fluorescência vermelha (LIVE/DEAD®). (B e C) Duplas marcações (B) actina (em

branco pálido)/vimentina (em vermelho) e (C) actina (em verde)/tubulina (em

vermelho), em que se notam alterações citoesqueléticas em células sobre as

superfícies de Biosilicato®, as quais exibem menor espraiamento. Nesses grupos, a

distribuição de vimentina e tubulina era predominantemente perinuclear, com áreas

circulares semelhantes a vacúolos, destituídas de marcação (C4 e C5, cabeças de

seta). (D) Marcação para vinculina (em vermelho) ocorre, em células sobre lamínulas

de vidro, em região perinuclear e em pontos de adesão focal, enquanto que em

células sobre superfícies de Biosilicato®, concentra-se ao redor dos núcleos. Áreas

circulares destituídas de marcação eram também visualizadas (D5 e D6, cabeças de

seta). (E e F) Dupla marcação subunidade de integrina α5 (E, em

vermelho)/fibronectina (F, em verde) evidencia padrões de marcação semelhantes,

indicando colocalização. Sobre superfícies de Biosilicato®, a reduzida marcação para

α5 associa-se à redução da fibrilogênese de fibronectina (E4-6 e F4-6). Em azul,

núcleos celulares (B-F). Barra de escala para A e B = 50 µm; para C e D=20 µm e

para E e F = 25 µm. .................................................................................................67

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Figura 6. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de

lamínula de vidro (1-3) e Biosilicato® (4-6), em diferentes condições, em 7 dias.

Fluorescência vermelha indica, em A, marcação para BSP, e em B, a atividade, in

situ, de ALP (em detalhe, aspecto macroscópico). Notem-se áreas mais extensas

imunomarcadas para BSP e com atividade de ALP em culturas sobre superfícies de

Biosilicato®. Em azul, núcleos celulares. Barra de escala para A1-3 = 50 µm, para

A4-6 e B1-6 = 100 µm e para detalhes em B1-6 = 2 mm. ........................................69

Figura 7. Viabilidade celular (média ± desvio padrão, em densidade óptica) de

culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínulas de vidro e

Biosilicato®, em diferentes condições, determinada pelo ensaio colorimétrico MTT,

em 1, 3 e 7 dias. .......................................................................................................70

Figura 8. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfície de

lamínula de vidro (A e B) e Biosilicato® (C e D), aos 3 dias. Fluorescência vermelha

indica células no ciclo celular, em atividade proliferativa (Ki-67 positivas). Em verde,

citoesqueleto de actina e em azul, núcleos celulares. Note-se que, sobre a superfície

de Biosilicato, a maioria das células Ki-67 positivas exibe também marcação pela

faloidina. Barra = 100 µm. ........................................................................................71

Figura 9. Índice de proliferação celular (média ± desvio padrão) de culturas

osteogênicas crescidas sobre lamínulas de vidro e superfícies de Biosilicato® (D-F)

em diferentes condições, determinado pela proporção de células Ki-67 positivas em

3 dias. .......................................................................................................................72

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Figura 10. Número total de células (média ± desvio padrão) de culturas

osteogênicas sobre superfícies de lamínulas de vidro e Biosilicato®, em diferentes

condições, em 7 dias. ...............................................................................................72

Figura 11. Expressão relativa de RNAm (média ± desvio padrão) para os

marcadores de diferenciação osteoblástica Runx2, BSP e ALP em culturas

osteogênicas sobre superfícies de lamínula de vidro e Biosilicato®, em diferentes

condições, aos 7 dias. Os valores foram normalizados pelo gene constitutivo

GADPH e calibrados pelos valores obtidos para o grupo Lamínula. ........................74

Figura 12. Atividade de ALP (média ± desvio padrão, em µmol de timolftaleína/h/mg

de proteína) em culturas osteogênicas sobre superfícies de Biosilicato®, em

diferentes condições, em 10 dias. ............................................................................75

Figura 13. Formação de matriz calcificada (média ± desvio padrão) em culturas

osteogênicas sobre superfícies de Biosilicato®, em diferentes condições, em 14 dias ..76

Figura 14. Aspectos macroscópicos de culturas osteogênicas sobre superfícies de

Biosilicato®, em diferentes condições, coradas por Fast red, em 10 dias (A, C e E), e

por vermelho de Alizarina, em 14 dias (B, D e F). Enquanto que a atividade de ALP

foi maior sobre Biosilicato em 10 dias, áreas mais extensas de matriz calcificada

(escuras) foram observadas no grupo B+MS. Barra de escala = 3 mm....................76

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Concentração (em ppm) dos elementos cálcio, fósforo e silício em meios

de cultura suplementados, com ou sem soro fetal bovino, utilizados para o

condicionamento de discos de Biosilicato® por 3 dias..............................................59

Tabela 2. Análise comparativa (Pós-teste de Fischer) da rugosidade de superfície, por

MFA, de lamínulas de vidro e discos de Biosilicato®, em diferentes condições.............62

Tabela 3. Valores de média ± desvio padrão e significância estatística encontrados

nos ensaios de viabilidade celular (MTT) em 1, 3 e 7 dias; índice de proliferação

celular (% de Ki-67 positivas) aos 3 dias e número total de células em 7 dias, em

culturas osteogênicas sobre lamínulas de vidro e Biosilicato®, em diferentes

condições ..................................................................................................................73

Tabela 4. Análise comparativa (Pós-teste de Fischer) da viabilidade celular (MTT)

em 1, 3 e 7 dias; índice de proliferação celular (% de Ki-67 positivas) aos 3 dias e

número total de células em 7 dias, em culturas osteogênicas sobre lamínulas de

vidro e Biosilicato®, em diferentes condições ...........................................................73

Tabela 5. Expressão relativa de RNAm (média ± desvio padrão) para Runx2, BSP e

ALP aos 7 dias; atividade de ALP aos 10 dias e mineralização aos 14 dias em

culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínula de vidro e

Biosilicato®, nas diferentes condições ......................................................................77

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Tabela 6. Análise comparativa (Pós-teste de Fischer) da expressão relativa de

Runx2, BSP e ALP aos 7 dias; atividade de ALP aos 10 dias e mineralização aos 14

dias em culturas osteogênicas crescidas sobre lamínulas de vidro e Biosilicato®, nas

diferentes condições .................................................................................................77

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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................28

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................32

3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................................43

4 MATERIAL E MÉTODO.........................................................................................45

4.1 Preparação dos biomateriais ...........................................................................46

4.2 Isolamento das células e cultura primária de células osteogênicas.................47

4.3 Grupos experimentais......................................................................................48

4.4. Análise da dissolução dos elementos cálcio, fósforo e silício pelo método de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES).................................................................................49

4.5 Avaliação das respostas celulares...................................................................49

4.5.1 Análise da morfologia celular por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e caracterização da topografia de superfície por microscopia de força atômica (MFA)....................................................................................................49

4.5.2 Imunolocalização de proteínas citoesqueléticas, da matriz extracelular e da subunidade de integrina α5.........................................................................50

4.5.3 Viabilidade, proliferação celular e número total de células........................51

4.5.4 Expressão de RNAm para marcadores da diferenciação osteoblástica....53

4.5.5 Atividade de ALP.......................................................................................55

4.5.6 Formação de matriz calcificada.................................................................56

4.6 Análise estatística............................................................................................57

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5 RESULTADOS.......................................................................................................58

5.1 Análise da dissolução dos elementos cálcio, fósforo e silício por ICP-OES ....59

5.2 Análise da morfologia celular por MEV e caracterização da topografia de superfície por MFA ................................................................................................59

5.3 Imunolocalização de proteínas citoesqueléticas, da matriz extracelular e da subunidade de integrina α5 ....................................................................................63

5.4 Viabilidade, proliferação celular e número total de células ..............................70

5.5 Expressão de RNAm de marcadores da diferenciação osteoblástica .............74

5.6 Atividade de ALP .............................................................................................75

5.7 Formação de matriz calcificada .......................................................................75

6 DISCUSSÃO..........................................................................................................78

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................85

8 REFERÊNCIAS......................................................................................................87

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1 INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

Pesquisas na área de Biomateriais buscam o desenvolvimento de materiais

para implantação que favoreçam o reparo tecidual rápido e controlado, resultando

em regeneração tecidual (BRUNSKI; PULEO; NANCI, 2000). Os benefícios desses

biomateriais incluem facilidades para sua produção e esterilização, além de

proporcionar reduzida morbidade (MOORE; GRAVES; BAIN, 2001).

A produção de biomateriais deve ser baseada na compreensão e

quantificação das reações celulares em substratos naturais e artificiais. Esse

princípio baseia-se em evidências de que a superfície do material se constitui em

fator crítico na determinação de sua biocompatibilidade e no processo de integração

com os tecidos biológicos (NANCI et al., 1998). Segundo Schwartz e Boyan (1994),

eventos biológicos na interface osso-implante são influenciados por diversas

características da superfície do biomaterial, tais como composição química, energia

de superfície e topografia.

Entre os principais biomateriais para implantação em osso utilizados nas

áreas de Odontologia e Ortopedia estão os vidros e as cerâmicas de cálcio e fósforo

(por exemplo, Bioglass® 45S5 e hidroxiapatita, respectivamente), os metais (titânio e

aço cirúrgico) e os polímeros (poli (ácido lático) e polimetilmetacrilato). No espectro

de biocompatibilidade, as cerâmicas de cálcio e fósforo e alguns vidros, como o

Bioglass® 45S5, são considerados materiais bioativos (HENCH; WILSON, 1984).

O desenvolvimento de vitrocerâmicas a partir da cristalização total ou parcial

de vidros com composições semelhantes à do Bioglass® 45S5 tem o objetivo de

aprimorar as propriedades mecânicas do material para a produção de arcabouços

(scaffolds) para aplicação em defeitos ósseos. Entre as vitrocerâmicas, destaca-se o

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Biosilicato®, um material nacional altamente bioativo e 100% cristalino desenvolvido

pelo Laboratório de Materiais Vítreos da Universidade Federal de São Carlos

(LaMaV-UFSCar; ZANOTTO et al., 2004). Moura et al. (2007) demonstraram que o

Biosilicato® apresenta bioatividade semelhante à do Bioglass® 45S5 quando imerso

em fluido corporal simulado K-9, com níveis superiores quando comparado a

vitrocerâmicas disponíveis no mercado.

Respostas teciduais favoráveis à implantação de materiais vítreos bioativos

são atribuídas, pelo menos em parte, às reações de trocas iônicas ocorridas em sua

superfície, que resultam na formação de uma camada de hidroxicarbonatoapatita,

que, por sua vez, irá promover a ligação desse material à matriz extracelular do

tecido ósseo (HENCH, 1991). Estudos in vitro demonstram que esses materiais

bioativos podem afetar o processo de formação óssea não somente pelo contato

direto com sua superfície, mas também pelos efeitos de seus produtos de sua

dissolução iônica (VALERIO et al., 2004). De fato, o perfil de expressão gênica de

células osteoblásticas humanas é modificado quando culturas são expostas aos

produtos de dissolução iônica do Bioglass® 45S5 (SEPULVEDA; HENCH, 2002;

XYNOS et al., 2000a; 2000b; 2001), com a estimulação de sete famílias de genes

que incluem reguladores do ciclo celular e de apoptose, além daqueles relacionados

a fatores de crescimento (XYNOS et al., 2001).

Quando em contato com fluidos biológicos, as reações que ocorrem na

superfície de materiais vítreos bioativos promovem liberação de íons e alterações do

pH local e de sua topografia. Além disso, tanto em condições experimentais in vitro

como in vivo, ocorre adsorção de proteínas do plasma/soro na superfície reativa

desses vidros. É, portanto, fundamental a participação dessas proteínas adsorvidas

no processo de interação de células com o material (ANSELME, 2000). Assim, uma

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das estratégias que visam a favorecer a neoformação tecidual nos sítios de

implantação é a modificação bioquímica da superfície de vidros, incluindo o

condicionamento com soluções contendo proteínas (DUCHEYNE; QIU, 1999). No

caso dos materiais vítreos bioativos, não só ocorrerá adsorção seletiva de proteínas,

como também alteração na dinâmica de crescimento e maturação da camada de

fosfato de cálcio (EFFAH-KAUFMANN et al., 2000).

Apesar de a cristalização do Biosilicato® permitir a formação de áreas mais

extensas de matriz mineralizada quando comparada à de vidros bioativos (MOURA

et al., 2007), ainda não se conhecem os efeitos do condicionamento prévio de sua

superfície e dos seus produtos de dissolução iônica sobre diferentes parâmetros do

desenvolvimento do fenótipo osteogênico in vitro. A melhor compreensão desses

fenômenos, por certo, trará contribuição significativa para o entendimento da

dinâmica do processo de diferenciação osteoblástica e de formação de matriz óssea

sobre vitrocerâmicas bioativas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A perda de um órgão ou de uma parte do corpo gera, além de importantes

alterações funcionais, transtornos sociais e psicológicos. Muitas lesões do tecido

ósseo não são adequadamente tratadas devido à dificuldade deste em regenerar

defeitos extensos (MARTINA et al., 2005). Além disso, com o aumento da

expectativa de vida da população, tornam-se mais freqüentes as fraturas,

diagnósticos de neoplasias e, consequentemente, a necessidade de se

desenvolverem técnicas e materiais que promovam a regeneração óssea (GREEN

et al., 2002; RODRIGUES et al., 2003).

Avanços na Medicina e Odontologia modernas têm possibilitado o

desenvolvimento de procedimentos terapêuticos que proporcionam uma melhor

qualidade de vida. Nesse contexto, a reconstrução de defeitos ósseos tornou-se um

procedimento realizado com frequência em cirurgias periodontais, buco-maxilo-

faciais e ortopédicas. O desenvolvimento e a aplicação de biomateriais como

substitutos ósseos têm facilitado o tratamento de pacientes com inúmeros problemas

estéticos e funcionais. A disponibilização dessas técnicas proporciona novas opções

terapêuticas aos pacientes mutilados, como a substituição total ou parcial de ossos

por implantes.

Materiais autógenos, alógenos e xenógenos têm sido aplicados como

substitutos ósseos (SEPULVEDA; JONES; HENCH, 2002). Embora o osso autógeno

seja considerado o padrão ouro para este procedimento, desvantagens associadas à

sua disponibilidade, necessidade de uma segunda cirurgia e morbidade pós-

operatória do sítio doador limitam sua utilização (AICHELMANN-REIDY; YUKNA,

1998; BANWART; ASHER; HASSANEIN, 1995; YOUNGER; CHAPMAN, 1989).

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Apesar de materiais alógenos e xenógenos representarem alternativas ao osso

autógeno, sua utilização pode ser limitada por sua baixa capacidade osseoindutora,

menores taxas de osseointegração, riscos de transmissão de doenças e rejeição

(HELM; DAYOUB; JANE, 2001; PILITSIS; LUCAS; RENGACHARY, 2002).

Em virtude dessas dificuldades, muitos estudos vêm sendo realizados nos

últimos anos visando ao desenvolvimento e à produção de materiais, naturais ou

sintéticos, capazes de substituir o tecido ósseo (PULEO et al., 1991). Esses

materiais, genericamente conhecidos como biomateriais, devem apresentar

propriedades mecânicas semelhantes às do osso e permitir a osseointegração, com

a deposição de matriz óssea diretamente sobre sua superfície, além de incluir

facilidades em sua disponibilização, esterilização e proporcionar reduzida morbidade

pós-operatória (MOORE; GRAVES; BAIN, 2001).

Inicialmente, biomateriais desenvolvidos para substituir tecidos perdidos

tinham como princípio apresentar características que possibilitassem sua função

com mínima reação adversa do hospedeiro (HENCH; POLAK, 2002), ou seja, estes

materiais deveriam ser quimicamente bioinertes (BEST et al., 2008; HENCH, 1980).

Nesse sentido, foram produzidos biomateriais como o aço inoxidável, ligas de

cromo-cobalto e de titânio, vários polímeros (HENCH et al., 2000) e algumas

cerâmicas, como a de alumínio e zircônia (NAVARRO et al., 2008). Embora a

aplicação de materiais bioinertes possa ser interpretada como clinicamente

satisfatória, o que justificaria seu uso atual, a possibilidade de formação de cápsula

fibrosa na interface osso-implante representaria um fator limitante para a utilização

desses materiais no tecido ósseo (HULBERT et al., 1987; KOKUBO; KIM;

KAWASHITA, 2003).

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Com o intuito de aprimorar as interações entre elementos teciduais (células e

matriz extracelular) e biomateriais, estabeleceram-se várias estratégias, como o

desenvolvimento de diferentes topografias, a produção de materiais reabsorvíveis e

o uso de materiais com reatividade de superfície controlada (HENCH, 1980). Com

efeito, superfícies de biomateriais bioinertes que induziam a formação de cápsula

fibrosa, quando modificadas em sua topografia, apresentavam aumento significativo

de propriedades osseocondutoras (GRIZON et al., 2002), resultado de maior

embricamento mecânico e conseqüente redução da mobilidade do implante em

relação aos tecidos circunjacentes (HENCH, 1980). Materiais reabsorvíveis, cujo

objetivo final é sua total reposição por tecido regenerado, são representados por

polímeros, como o poli (ácido lático)-poli (ácido glicólico) e as cerâmicas, como a de

tricálcio fosfato. Apesar de alguns resultados satisfatórios obtidos com o uso desses

materiais e de seu potencial como carreador de moléculas biologicamente ativas

(CARSON; BOSTROM, 2007), sua fragilidade mecânica, propriedades adesivas

deficientes e a formação de subprodutos ácidos em sua decomposição os tornam

inadequados para aplicação óssea (GENTLEMAN; POLAK, 2006; HENCH, 1980;

HENCH, 1991).

Outra estratégia utilizada para solucionar os problemas de adesão da

interface tecido-implante foi o desenvolvimento de materiais bioativos, ou seja,

capazes de induzir respostas biológicas específicas na região interfacial que

resultem na íntima ligação da matriz extracelular à sua superfície (HENCH; WEST,

1996). Essa classe de biomateriais inclui vidros bioativos (Bioglass® 45S5),

vitrocerâmicas bioativas (Ceravital® e A-W), hidroxiapatita densa (Calcitite®) e

compósitos bioativos (Palavital®, PE-HA, e Bioglass® reforçado por metais) (HENCH,

1991).

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Na década de 70, Hench publicou os primeiros trabalhos sobre o Bioglass®

45S5, um vidro bioativo pertencente ao sistema quaternário de óxidos (46.1% SiO2,

24.4% Na2O, 26.9% CaO e 2.6% P2O5, em mol) (HENCH et al., 1971). Diversos

estudos ratificaram a bioatividade desse material vítreo, demonstrando sua

capacidade em promover a proliferação e diferenciação de células da linhagem

osteoblástica (DUCHEYNE; QIU, 1999; HATTAR et al., 2005; LOSSDORFER et al.,

2004; XYNOS et al., 2000b).

Apesar de seus efeitos benéficos no reparo ósseo, o uso do Bioglass® 45S5 e

de outros vidros bioativos em engenharia de tecido ósseo tem sido limitado, em

virtude de suas propriedades mecânicas inadequadas à produção de arcabouços

(scaffolds) (DIEUDONNE et al., 2002). O desenvolvimento de vitrocerâmicas, obtidas

por meio da cristalização controlada de vidros (CHEN; THOMPSON; BOCCACCINI,

2006; JAMES, 1995), tem buscado não apenas melhorar as propriedades mecânicas

dos materiais vítreos, como as vitrocerâmicas Ceravital® e A-W, contendo apatita e

wolastonita (ERNEST LEITZ, 1975; KOKUBO et al., 1985), como também

proporcionar outras propriedades importantes ao material, como a usinabilidade

(Bioverit®; HENCH; WILSON, 1993). Todavia, apesar de apresentarem propriedades

mecânicas superiores às dos vidros bioativos, a introdução de algumas fases

cristalinas poderia diminuir acentuadamente sua bioatividade (HENCH; WEST,

1996). Estudo relacionado a uma nova vitrocerâmica, pertencente ao sistema

quaternário P2O5-Na2O-CaO-SiO2, 100% cristalina, denominada Biosilicato® (patente

WO 2004/074199; ZANOTTO et al., 2004), desenvolvida pelo Laboratório de

Materiais Vítreos da Universidade Federal de São Carlos (LaMaV-UFSCar), mostrou

que a cristalização total de um vidro com composição semelhante à do Bioglass®

45S5, além de aprimorar suas propriedades mecânicas, proporciona índice de

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bioatividade superior aos de vitrocerâmicas comercializadas atualmente (MOURA et

al., 2007).

Evidências de estudos sobre o mecanismo de interação de materiais bioativos

com o tecido ósseo sugerem que, quando em contato com fluidos corpóreos, ocorre

uma mudança gradual em sua superfície em função de alterações no pH que

resultam em dissolução, precipitação e reações de trocas iônicas (HENCH; POLAK,

2002). Essas alterações de pH estão relacionadas à composição do material, à

razão área de superfície por volume de solução e à dosagem e taxa de agitação do

sistema (ZHANG; HUPA; HUPA, 2008). Minutos após a exposição a fluidos

corpóreos, ocorre a perda de íons sódio da superfície do material pela troca com

íons hidrogênio ou hidrônio (Estágio 1). A depleção de sódio causa quebra da rede

sílica, bem como das ligações Si-O-Si (Estágio 2). Como resultado, ocorre a

formação de grupos silanóis, Si(OH)4, que se repolimerizam em uma camada de

sílica-gel, SiO2 (Estágio 3) (LEVY et al., 2007). Em seguida, íons cálcio e fosfato

migram e se agregam sobre esta superfície, formando uma camada de fosfato de

cálcio amorfo (Estágio 4). A incorporação de íons hidroxila e carbonato, provenientes

dos líquidos circundantes, induzem à nucleação e cristalização de hidroxiapatita

carbonatada, muito semelhante à fase mineral da matriz óssea (Estágio 5)

(SARAVANAPAVAM et al., 2003).

Estudos demonstram que o efeito bioativo do Bioglass® 45S5 sobre células

osteoblásticas ocorre tanto pelo contato direto com a superfície quanto por seus

produtos de dissolução iônica (SILVER; DEAS; ERECIŃSKA, 2001; XYNOS et al.,

2000a). Effah-Kaufmann; Ducheyne e Shapiro (2000) demonstraram que

osteoblastos próximos a discos de Bioglass® 45S5 porosos exibiam atividade de

fosfatase alcalina (ALP) significativamente maior se comparada à de células

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crescidas diretamente sobre a superfície do material. De fato, pelo menos sete

famílias de genes são ativadas quando osteoblastos humanos em culturas primárias

são expostos aos produtos da dissolução iônica de vidros bioativos, incluindo genes

que codificam proteínas relacionadas à proliferação e diferenciação celulares

(HENCH et al., 2000; LOTY et al., 2001; XYNOS et al., 2001). Mais recentemente,

Tsigkou et al. (2009) demonstraram que os produtos de dissolução iônica do

Bioglass® 45S5 aumentam a expressão de RNAm para osteonectina, sialoproteína

óssea (BSP) e ALP, além de favorecer a deposição e mineralização da matriz

extracelular em osteoblastos fetais humanos cultivados em meio de cultura não

suplementado. Os autores sugerem que esses efeitos sejam devidos ao aumento na

concentração de silício no meio extracelular.

Matsuoka et al. (1999) demonstraram que o cálcio, presente na composição

de materiais vítreos bioativos, induz a quimiotaxia e proliferação de células da

linhagem osteoblástica. O fosfato inorgânico também exerce várias funções, como a

indução de expressão de osteopontina, proliferação e apoptose (CHRISTODOULOU

et al., 2005), estimulando a diferenciação terminal dos osteoblastos (BRAN et al.,

2008). Esse íon também atua como molécula sinalizadora do início da

mineralização, através do aumento da produção local de fatores de crescimento

(IGF-I, insulin-like growth factor I, e TGF-β1, transforming growth factor β1, da sigla

em inglês) e de prostaglandina E2 (LOSSDÖRFER et al., 2004). Estudos

demonstraram que a sílica possui efeito mitogênico sobre osteoblastos (VALERIO et

al., 2004) e estimula a síntese de colágeno tipo I (REFFITT et al., 2003). Além disso,

os abundantes grupos silanóis (SiOH) encontrados na superfície da sílica-gel e

resultantes da ligação da sílica com o hidrogênio presente nos fluídos corpóreos,

contribuem para a nucleação da apatita (LI et al., 1992).

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Concomitantemente às alterações de superfícies que materiais bioativos

sofrem quando em contato com fluidos corpóreos, ocorrem outros eventos, como os

efeitos da solução e do substrato sobre atividade celular e a adsorção de proteínas e

fatores de crescimento na superfície do material (DUCHEYNE; QIU, 1999). Essas

moléculas, uma vez adsorvidas, se ligam a integrinas presentes na membrana

plasmática, ativando vias de sinalização celular (RADIN et al., 2005). Assim, todos

esses fenômenos culminarão com a incorporação gradual destes materiais ao tecido

ósseo em formação (DUCHEYNE, 1994).

Muitos fatores são conhecidos por afetar a dissolução e os processos

subsequentes que levam à formação da camada de hidroxicarbonatoapatita e a

bioatividade dos materiais vítreos. Entre eles, a razão área de superfície/volume de

solução (SEPULVEDA; JONES; HENCH, 2002) e o tipo de solução utilizada (RADIN

et al., 1997; RADIN et al., 2000). A maioria dos métodos de avaliação in vitro da

bioatividade desses materiais utiliza a taxa de formação da camada de apatita como

medida qualitativa (GATTI et al., 2006). A solução comumente utilizada para essas

avaliações, o fluido corpóreo simulado, contém íons inorgânicos em concentrações

que correspondem àquelas encontradas no plasma sanguíneo humano (PELTOLA

et al., 2000). Contudo, segundo El-Ghannam, Ducheyne e Shapiro (1997), o uso de

soluções contendo apenas eletrólitos para avaliar as reações que resultam na

formação de mineral não é adequado, uma vez que no organismo, o material é

exposto a fluidos mais complexos, que apresentam macromoléculas. De fato, um

dos primeiros eventos a ocorrer in vivo é a adsorção de proteínas na superfície do

material (CHEN; THOMPSON; BOCCACCINI, 2006).

Por outro lado, trabalhos demonstram que quando vidros bioativos são

expostos a soluções que mimetizam o ambiente fisiológico, ou seja, na presença de

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proteínas, a maturação do fosfato de cálcio amorfo em hidroxiapatita não ocorre

prontamente. A presença de uma camada protéica adsorvida à superfície interfere

em suas reações de trocas iônicas com a solução, aumentando a dissolução de íons

silício e atrasando a nucleação e o crescimento da hidroxiapatita (DUCHEYNE; QIU,

1999; FOPPIANO et al., 2006; EFFAH-KAUFMANN et al., 2000; RADIN et al., 1997;

SEPULVEDA; JONES; HENCH, 2002). Matsuoka et al. (1999) observaram que a

adição de componentes orgânicos ao fluido corporal simulado utilizado para o

condicionamento da cerâmica A-W reduz significativamente a taxa de crescimento

dos cristais de hidroxiapatita. Em outro estudo, Lu, Pollack e Ducheyne (2001)

mostraram que a adsorção de uma única proteína (fibronectina) reduz

significativamente a eletronegatividade inicial da superfície do Bioglass® 45S5,

retardando a formação da camada de fosfato de cálcio amorfo. Esses autores

atribuíram o atraso na formação da hidroxiapatita ao fato de as proteínas adsorvidas

ao material competirem pela ligação com íons cálcio, promovendo redução em sua

disponibilidade para a formação da camada de fosfato de cálcio amorfo. Este fato

leva à exposição da rede de sílica subsuperficial, gerando um aumento em sua

dissolução (RADIN et al., 2000). De fato, Moura et al. (2007) observaram que,

quando exposto às condições de cultura na ausência de células por períodos de até

72 h, a superfície do Biosilicato® sofre reações que resultam na formação de uma

camada de fosfato de cálcio amorfo sobre sílica gel, não sendo observada a

formação da camada de hidroxiapatita. A presença das proteínas, contudo, não

bloqueia as reações de superfície desses materiais. A difusão do cálcio e do fósforo

conduz a um contínuo espessamento da camada de fosfato de cálcio amorfo sob a

camada de proteínas adsorvidas (DUCHEYNE; QIU, 1999).

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O processo de imersão do Bioglass® 45S5 em meio de cultura para a

deposição da camada de fosfato de cálcio amorfo previamente ao plaqueamento

celular mimetiza o que ocorre no sítio de implantação in vivo, pois nessa condição, o

material se torna perfundido com fluidos corpóreos (OONISHI et al., 1997). Além

disso, esse procedimento atenua as variações de pH decorrentes da liberação de

íons básicos dos materiais bioativos, minimizando os danos celulares relacionados

ao pH (PRICE et al., 1997) e promove a adsorção de moléculas biológicas à camada

de fosfato de cálcio amorfo em formação (XYNOS et al., 2000b). A presença de uma

camada protéica adsorvida à superfície de vidros e vitrocerâmicas bioativos é

importante por fornecer sítios para ancoragem para células do tecido ósseo, como

osteoblastos e células osteoprogenitoras (DUCHEYNE; QIU, 1999).

Estudos recentes têm buscado favorecer a interação de vidros bioativos e

tecidos através da modificação de sua superfície com a adsorção de proteínas que

promovam respostas celulares específicas (CHEN et al., 2007; EL-GHANNAM;

DUCHEYNE; SHAPIRO, 1995; GARCÍA; DUCHEYNE; BOETTIGER, 1998;

NAVARRO et al., 2008; SODERLING et al., 1996). Esse método baseia-se na

crescente informação sobre o papel da membrana celular e das proteínas

matricelulares na adesão e crescimento celulares (DETTIN et al., 2006). É aceito na

literatura que as células não se aderem diretamente a nenhum substrato, sejam

estes matrizes extracelulares ou substratos artificiais. Essa ligação ocorre por meio

de componentes da matriz extracelular, como a fibronectina e o colágeno, que são

adsorvidos ao substrato natural ou sintético (CHEN et al., 2008).

El-Ghannam, Ducheyne e Shapiro (1995) demonstraram que o tratamento

prévio de um vidro bioativo para produzir uma superfície de fosfato de cálcio amorfo,

seguido pela incubação em soro a 10% previamente ao plaqueamento celular,

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resulta em rápida invasão de células que expressam o fenótipo osteoblástico e

depositam extensa área de matriz extracelular calcificada (EL-GHANNAM;

DUCHEYNE, SHAPIRO, 1995). García, Ducheyne e Boettiger (1998), em estudo

avaliando o efeito do tratamento de superfície de vidros bioativos para produzir

fosfato de cálcio amorfo ou uma camada de HCA, demonstraram que essa

estratégia promove uma maior adesão celular, mediada por fibronectina, em

comparação com superfícies não tratadas, vidro não reativo e hidroxiapatita

estequiométrica sintética. Os autores concluíram que esse fenômeno é resultante de

uma melhor interação entre célula-receptor de fibronectina, o que sugere que o

aumento na adesão celular dependente de substrato resultou de alterações na

conformação da fibronectina adsorvida.

Em estudo recente, Moura et al. (2007) mostraram que o Biosilicato® 100%

cristalino promove o aumento significativo do potencial osteogênico de células

derivadas de calvárias de ratos em relação aos controles de Biosilicato® vítreo e

Bioglass® 45S5, favorecendo a formação de áreas mais extensas de matriz

mineralizada ao final de 14 dias de cultura primária. Todavia, ainda são necessários

estudos para avaliar o potencial bioativo dos produtos de dissolução iônica deste

biomaterial e/ou o efeito de seu condicionamento de sua superfície com proteínas do

soro.

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3 PROPOSIÇÃO

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3 PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos do condicionamento de

superfície e dos produtos da dissolução iônica do Biosilicato® sobre os seguintes

aspectos da osteogênese in vitro: 1) concentração dos elementos cálcio, fósforo e

silício nos meios utilizados para os condicionamentos; 2) morfologia celular e

topografia de superfície em 3 dias; 4) organização do citoesqueleto e expressão de

marcadores da diferenciação osteoblástica em 1, 3 e 7 dias; 5) viabilidade,

proporção de células no ciclo celular e número total de células em 1, 3 e 7 dias; 6)

atividade de fosfatase alcalina em 7 e 10 dias e 7) detecção de áreas de matriz

calcificada em 14 dias.

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4 MATERIAL E MÉTODO

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4 MATERIAL E MÉTODO

4.1 Preparação dos biomateriais

Discos de Biosilicato®, de 12 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura, foram

adquiridos junto ao LaMaV-UFSCar (São Carlos, SP). Sílica de alta pureza,

carbonato de cálcio, carbonato de sódio e fosfato de sódio foram usados para obter

a composição do Biosilicato® vítreo. Os materiais foram pesados e misturados por 30

min em garrafa de polietileno. A fusão ocorreu em temperaturas entre 1250 e

1380°C por 3 h em forno elétrico (Rapid Temp 1710 BL, CM Furnaces Inc.,

Bloomfield, NJ, EUA). As amostras foram, então, colocadas em molde cilíndrico de

grafite nas dimensões de 10 mm por 30 mm e submetidas à fusão a 460°C por 5 h.

Para obtenção do Biosilicato® 100% cristalino, os cilindros contendo Biosilicato®

vítreo passaram por ciclo de tratamento térmico. Os cilindros de Biosilicato® foram

cortados em discos na espessura de 3 mm, usando lâmina de diamante. Por fim, os

discos, de 12 mm de diâmetro, foram polidos com lixas de carbeto de silício na

gramatura de 400, imersos em álcool isopropílico e limpos em ultrassom. Em

seguida, estes foram lavados e armazenados em álcool isopropílico, para evitar

modificações na superfície causadas pela umidade do ar. Para os experimentos com

cultura de células, os discos foram previamente esterilizados em calor seco a 180°C

em forno de Pasteur por 2 h. Dispositivos de Teflon em forma de argola, com

diâmetro interno de 9 mm e externo de 10 mm e 1 mm de altura, foram produzidos

pela Oficina de Precisão da PCARP-USP e, previamente à sua utilização, foram

lavados em ultrassom e autoclavados. Lamínulas de vidro bioinerte (Fisher

Scientific, EUA), utilizadas nos experimentos, foram também autoclavadas para os

experimentos com cultura de células.

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4.2 Isolamento das células e cultura primária de células osteogênicas

Para a obtenção de células da linhagem osteoblástica, utilizou-se o modelo

experimental de cultura primária de calvárias de ratos recém-nascidos (BELLOWS et

al., 1986; NANCI et al., 1996; IRIE et al., 1998). Células osteogênicas foram obtidas

por meio de digestão enzimática sequencial, com solução de tripsina (Gibco,

Invitrogen, Grand Island, NY, EUA) e colagenase tipo II (Gibco), de fragmentos de

calvárias de ratos Wistar recém-nascidos, com 2 a 4 dias de vida pós-natal (DE

OLIVEIRA et al., 2003). Foram utilizadas apenas células isoladas na 2ª e 3ª

digestão, de 15 e 25 minutos, respectivamente, já que aquelas obtidas na 1ª

digestão, de 5 minutos, não são capazes de desenvolver formações nodulares

mineralizadas (BELLOWS et al., 1986).

As células enzimaticamente isoladas, em suspensão, foram contadas em

hemocitômetro e plaqueadas na densidade de 2x104 células/poço sobre discos de

Biosilicato® e lamínulas em diferentes condições (descritas no item 4.3), em placas

de poliestireno de 24 poços (Corning Inc., Corning, NY, EUA). As células foram

cultivadas em meio essencial mínimo, modificação α (α-MEM; Gibco), suplementado

com 10% de soro fetal bovino (Gibco), 50 µg/mL de gentamicina (Gibco), 5 µg/mL de

ácido ascórbico (Gibco), 7 mM de β-glicerofosfato (Sigma, St. Louis, MO, EUA) e

incubadas a 37°C em atmosfera úmida contendo 5% de CO2 e 95% de ar

atmosférico. O meio de cultura foi trocado a cada 2-3 dias e a progressão da cultura,

avaliada por microscopia de fase em culturas crescidas sobre lamínulas de vidro

(transparentes), visto que discos de Biosilicato® são opalescentes e não permitem a

visualização de células por luz transmitida.

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4.3 Grupos experimentais

Para avaliar os efeitos do condicionamento de superfície e dos produtos da

dissolução iônica do Biosilicato® sobre diferentes aspectos da osteogênese in vitro,

foram utilizadas estratégias que resultaram na definição dos seguintes grupos

experimentais:

a) Biosilicato, constituído de discos de Biosilicato®;

b) B+MS, em que discos de Biosilicato® foram condicionados por imersão em

1 mL de meio de cultura com suplementos por 3 dias, incluindo soro fetal bovino a

10%, previamente ao plaqueamento celular;

c) B+M, cujos discos de Biosilicato® foram condicionados por 3 dias por

imersão em 1 mL de meio de cultura com suplementos, mas destituído de soro fetal

bovino, previamente ao plaqueamento celular;

d) Lamínula, de lamínulas de vidro bioinerte (Fisher Scientific);

e) L+B, de lamínulas de vidro bioinerte (Fisher Scientific), expostas, durante o

cultivo celular, aos produtos de dissolução iônica de discos de Biosilicato®,

posicionados a 1 mm das lamínulas pela interposição de argolas de Teflon (Oficina

de Precisão, PCARP-USP);

f) L+MSc, em que células sobre lamínulas de vidro bioinerte (Fisher Scientific)

foram expostas, durante os três primeiros dias de cultura, ao meio utilizado para a

preparação do grupo B+MS.

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4.4. Análise da dissolução dos elementos cálcio, fósforo e silício pelo método

de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente

(ICP-OES)

A quantificação de cálcio, fósforo e silício nos meios de cultura utilizados para

condicionar as superfícies de Biosilicato® dos grupos B+MS e B+M foi realizada no

Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais (CCDM UFSCar/UNESP,

São Carlos, SP), utilizando ICP-OES (Vista, Varian Inc., Palo Alto, CA, EUA)

(MONTASER; GOLIGHTLY, 1992). Para calibração do ICP-OES, foram utilizadas

soluções analíticas preparadas de soluções estoque de 1000 mg/L de cálcio, fósforo

e silício em meio aquoso. Amostras de meio de cultura com suplementos, com ou

sem soro fetal bovino a 10%, foram utilizadas como controles. Os resultados foram

expressos em ppm.

4.5 Avaliação das respostas celulares

4.5.1 Análise da morfologia celular por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e

caracterização da topografia de superfície por microscopia de força atômica (MFA)

Aos 3 dias de cultura primária, a morfologia das células aderidas e espraiadas

foi avaliada por MEV. As células foram fixadas com solução de glutaraldeído a 5%

(Sigma) tamponada com cacodilato de sódio a 0,06 M, pH 7,2 (Sigma), desidratadas

em série crescente de alcoóis e secas a vácuo. As amostras foram avaliadas em

microscópio eletrônico de varredura JEOL JSM-7400F (Jeol, Tóquio, Japão),

operado a 1-2 kV. No mesmo tempo experimental, a topografia das superfícies de

Biosilicato® e lamínula de vidro bioinerte foi caracterizada, qualitativa e

quantitativamente na escala nanométrica, por MFA em modo de contato intermitente

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(JEOL JSPM-5200, Jeol, Tokyo, Japão), utilizando-se áreas de 5x5 e 1x1 µm.

Ambas as análises foram realizadas no Laboratory for the Study of Calcified Tissues

and Biomaterials, da Universidade de Montreal (Montreal, QC, Canadá). As imagens

digitalizadas foram processadas com o programa Adobe Photoshop (versão 7.0.1).

4.5.2 Imunolocalização de proteínas citoesqueléticas, da matriz extracelular e da

subunidade de integrina α5

Em 1, 3 e 7 dias, as células foram fixadas em paraformaldeído a 4% em

tampão fosfato a 0,1 M, pH 7,2 (PB), por 10 min à temperatura ambiente (TA), ou em

solução de acetona e metanol (1:1, Merck, Darmstadt, Alemanha) por 10 min a 4°C

(para integrina α5). Em seguida, foram processadas rotineiramente para

imunofluorescência indireta (DE OLIVEIRA; NANCI, 2004; SCHWARTZ FO et al.,

2007; DE OLIVEIRA et al., 2007). A permeabilização foi feita com solução de Triton

X-100 a 0,5% em PB por 10 min, seguida de bloqueio com leite desnatado a 5% em

PB por 30 min. Foram utilizados anticorpos primários para BSP (1:200, WVID1-9C5,

Developmental Studies Hybridoma Bank – DSHB, Iowa City, IA, EUA), fibronectina

(1:100, clone IST-3, Sigma), vinculina (1:400, clone hVIN-1, Sigma), vimentina

(1:100, clone V9, Dako Cytomation, Copenhagen, Dinamarca), tubulina (1:200,

Sigma) e para a subunidade de integrina α5 (1:1000, Chemicon-Millipore, Lawrence,

MA, EUA), seguidos de anticorpos secundários conjugados com fluoróforo Alexa

Fluor 594 (fluorescência vermelha; 1:200, Molecular Probes, Eugene, OR, EUA) ou

Alexa Fluor 488 (fluorescência verde; 1:200, Molecular Probes). Eventualmente, foi

utilizada faloidina conjugada com Alexa Fluor 488 (fluorescência verde; 1:200,

Molecular Probes) para visualização do citoesqueleto de actina. Todas as

incubações dos anticorpos foram feitas em atmosfera úmida por 60 min à TA. Entre

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cada incubação, as amostras foram lavadas três vezes (5 min cada) em PB. Antes

da montagem para observação microscópica, as amostras foram lavadas,

rapidamente, com água destilada e os núcleos celulares, marcados com 4',6-

diamidino-2-phenylindole, dihydrochloride (DAPI, Molecular Probes) a 300 nM por 5

min. Os discos foram montados diretamente em lâminas de vidros e, em seguida,

após montagem de lamínula de vidro Fisherbrand 12 mm (Fisher Scientific) com

meio de montagem anti-fade (Prolong Gold®, Molecular Probes) sobre as superfícies

contendo células, as amostras foram examinadas utilizando microscópio de

fluorescência Leica modelo DMLB (Leica, Bensheim, Alemanha) acoplado a uma

câmara digital Leica DC 300F. As imagens adquiridas foram processadas com o

programa Adobe Photoshop (versão 7.0.1).

4.5.3 Viabilidade, proliferação celular e número total de células

Nos tempos de 1, 3 e 7 dias, a viabilidade celular foi determinada,

quantitativamente, pelo ensaio colorimétrico MTT (Tretrazolium {brometo de [3-(4,5-

dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazolio]} (Sigma). O MTT é um sal de cor amarela que é

reduzido em cristais de formazan, de cor púrpura, por proteinases mitocondriais,

ativas apenas em células viáveis (MOSMANN, 1983). Para realização do

experimento, alíquotas de MTT a 5 mg/mL em solução salina tamponada (PBS,

phosphate buffered saline) foram preparadas, procedendo-se à incubação das

culturas primárias com essa solução a 10% em meio de cultura, por 4 h a 37°C, em

atmosfera úmida contendo 5% de CO2 e 95% de ar atmosférico. Após esse período,

as culturas foram lavadas com 1 mL de PBS aquecido. Em seguida, foi adicionado 1

mL de solução de isopropanol ácido (100 mL de isopropanol e 134 µL de HCl) em

cada poço sob agitação por 5 min., para a solubilização completa do precipitado

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formado. Alíquotas de 100 µL foram retiradas dos poços e transferidas para placa de

96 poços para medida colorimétrica em espectrofotômetro (570–650 nm; µQuanti,

Bio-Tek Instruments Inc., Winooski, VT, EUA). Os dados foram expressos em

densidade óptica. Qualitativamente, a viabilidade celular foi avaliada, em 3 dias, pelo

kit comercial para determinação de viabilidade/citotoxicidade LIVE/DEAD®

Viability/Cytotoxicity for mammalian cells, de acordo com as instruções do fabricante

(Molecular Probes). Células viáveis foram marcadas com fluorescência verde, pela

reação da calceína com esterase intracelular, enquanto que células mortas,

evidenciadas por fluorescência vermelha, pela ligação do homodímero-1 de etídio a

ácidos nucléicos.

Em 3 dias, foi determinado o índice de proliferação celular pela

imunomarcação ao antígeno nuclear Ki-67, cuja expressão ocorre apenas em

células em atividade proliferativa (SCHOLZEN; GERDES, 2000). Células foram

fixadas em paraformaldeído a 4% em PB, por 10 min à TA. Em seguida, as células

foram processadas para imunofluorescência indireta, como descrito anteriormente.

Utilizou-se anticorpo primário anti-Ki-67 (1:70, Diagnostic BioSystems, Pleasanton,

CA, EUA), seguido de anticorpo secundário conjugado com Alexa Fluor 594

(fluorescência vermelha; 1:200, Molecular Probes). Foram avaliadas, por

epifluorescência, 5 amostras de cada grupo, em objetiva de 20X, determinando-se a

proporção de células Ki-67 positivas presentes em 5 campos microscópicos por

amostra.

Aos 7 dias, foi realizada a contagem do número total de células por

hemocitômetro. O meio de cultura foi aspirado e os poços, lavados três vezes com

PBS a 37°C, para remoção de células não aderidas. Em seguida, os poços foram

preenchidos com solução de 1,5 mL de EDTA a 1 mM, 1,3 mg/mL de colagenase e

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tripsina a 0,25% em PBS, para remoção das células aderidas. Essa etapa foi

monitorada pela observação em microscópio de fase invertido. Amostras da

suspensão de células em solução enzimática foram utilizadas para a contagem e os

resultados foram expressos como número total de células por poço.

4.5.4 Expressão de RNAm para marcadores da diferenciação osteoblástica

A análise da diferenciação osteoblástica por reação em cadeia da polimerase

em tempo real (Real-time PCR) foi realizadas utilizando-se o sistema TaqMan, no

aparelho ABI7500 (Applied Biosystems, Foster City, CA, EUA). Após 7 dias de

cultivo celular, ao final da fase proliferativa e início da fase de diferenciação

osteoblástica, foi realizada a extração do RNA total através do kit SV Total RNA

Isolation System (Promega, Madison, WI, EUA), de acordo com as especificações do

fabricante. Em seguida, o RNA total foi quantificado em diferentes comprimentos de

onda (260, 280, 230 e 320 nm) e sua integridade, avaliada através de eletroforese

em gel de agarose desnaturante a 1,5% (m/v). Os tampões para a realização da

eletroforese foram preparados com água previamente tratada com

dietilpirocarbonato (DEPC, Sigma). Para o preparo da água, foi adicionado 1 mL de

DEPC em 999 mL de água deionizada, sendo essa mistura incubada à TA por 24 h

e autoclavada por 40 min. O gel foi preparado dissolvendo-se 3 g de agarose

(Gibco) em 144 mL de água previamente tratada com DEPC. Em seguida, a mistura

foi aquecida e, então, foram adicionados 20 mL de tampão de corrida (10X) (50 mM

acetato de sódio, Merck; 5 mM EDTA, Merck; 100 mM de ácido 3-[N-

morfolino]propanosulfônico, MOPS, Sigma) e 36 mL de formaldeído a 12,3 M

(Merck). A mistura foi despejada em fôrmas adequadas para moldagem do gel.

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Para o preparo das amostras, foram adicionados, para um volume final de

10µL: a) cerca de 4 µg de RNA total; b) 2 µL de tampão de corrida (5X); c) 3,5 µL de

formaldeído a 12,3 M; e, d) 10 µL de formamida (Merck). Essa mistura foi aquecida a

85°C por 10 min e, em seguida, submetida a resfriamento a 4°C. No momento de

aplicação das amostras no gel, foram adicionados 2 µL de brometo de etídeo (10

mg/mL, Sigma). A eletroforese foi conduzida a 40 V durante 2 h, utilizando-se

tampão de corrida (1X). Após esse período, o gel foi visualizado através de

iluminação com luz ultravioleta (UV) a 300 nm. A integridade do RNA foi verificada

pela visualização de duas subunidades ribossômicas características das células

eucarióticas (18S e 28S). Em seguida, foi confeccionada a fita de cDNA a partir de

1µg de RNA total. Esse procedimento foi realizado em termociclador Mastercycle

Gradient (Eppendorf, Hamburg, Alemanha) por meio de reação com a enzima

transcriptase reversa, utilizando-se o kit High Capacity cDNA Reverse Transcription

Kit (Applied Biosystems).

Para a reação de PCR em tempo real, foram utilizadas sondas TaqMan®

(Applied Biosystems), sendo as reações feitas em aparelho ABI7500 (Applied

Biosystems). As reações foram realizadas em triplicata, com volume final de 15 µL e

quantidade de cDNA correspondente a 12,5 ng do RNA inicial. A reação de

amplificação foi composta por: a) 50°C por 2 min; b) 95°C por 10 min e, c) 40 ciclos

a 95°C por 15 s e 60°C por 1 min (desnaturação e extensão). Os resultados foram

analisados com base no valor de Ct (cicle threshold ou ciclo limiar), sendo esse o

ponto correspondente ao número de ciclos em que a amplificação das amostras

atinge um limiar (determinado entre o nível de fluorescência dos controles negativos

e a fase de amplificação exponencial das amostras), permitindo a análise

quantitativa da expressão do fator avaliado. Foi analisada a expressão de RNAm

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para os seguintes genes: fator de transcrição relacionado ao runt 2 (Runx2), ALP e

BSP. Como controle endógeno, foi utilizada a expressão de GADPH, gene

constitutivo. Os valores de Ct do controle endógeno foram aplicados para a

normalização dos níveis de expressão do gene alvo. Uma amostra negativa (água)

foi submetida à reação com cada par das sequências dos primers utilizados. O

método comparativo de 2-ddCt foi utilizado para comparar a expressão de RNAm das

culturas primárias crescidas sobre discos de Biosilicato® e lamínulas de vidro

bioinerte, nas diferentes condições experimentais.

4.5.5 Atividade de ALP

No período de 7 dias, foi realizado ensaio para visualização da atividade de

ALP in situ. O meio de cultura foi removido e os poços foram lavados com Solução

de Hank’s (Hank’s Balanced Salts,Sigma), 9,8 g/L e NaHCO3 Hybrimax® (Sigma),

350 mg/L), aquecida a 37ºC. Após esse procedimento foi incubado, em cada poço, 1

mL de solução tampão Tris (Sigma) a 120 mM, pH 8,4; contendo Fast red TR

(Sigma) a 1,8 mM, naftol-ASMX-fosfato (Sigma) a 0,9 mM e dimetilformamida

(Merck) 1:9, por 30 min em atmosfera úmida contendo 5% de CO2 e 95% de ar

atmosférico. Após esse período, os poços foram lavados com solução de PB e os

núcleos celulares, marcados com DAPI, como descrito anteriormente. As

preparações foram visualizadas por microscopia de fluorescência, em epiluminação.

Para a quantificação da atividade de ALP, primeiramente determinou-se o

conteúdo de proteína total, usando o método de Lowry modificado (LOWRY et al.,

1951). Aos 10 dias de cultura primária sobre discos de Biosilicato®, as proteínas

foram extraídas inicialmente de cada poço por choque térmico, com 5 ciclos de

temperatura entre -20°C e 37°C por 3 h. Em seguida, foram misturadas com solução

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de Lowry (Sigma), na proporção 1:1, por 20 min à TA. O extrato foi diluído em

reagente de fenol de Folin e Ciocalteau (Sigma) por 30 min à TA. A absorbância foi

avaliada a 680 nm utilizando espectrofotômetro (Cecil CE 3021, Cambridge, Reino

Unido). O conteúdo de proteína total foi calculado através de curva padrão

determinada a partir de albumina bovina e expresso em µg/mL. A atividade de ALP

foi, então, avaliada através da liberação de timolftaleína por hidrólise do substrato de

timolftaleína monofosfato, utilizando kit comercial, de acordo com as instruções do

fabricante (Labtest Diagnóstica, Belo Horizonte, MG, Brasil). Para isso foram

utilizados tubos de ensaio branco, padrão e testes. Em todos os tubos foram

adicionados 50 µL de substrato e 0,5 mL de tampão dietanolamina a 0,3 mmol/mL,

pH 10,1. No tubo padrão foram acrescentados 50 µL da solução padrão. Os tubos

foram mantidos a 37ºC por 2 min. Em seguida, foram adicionados, em cada tubo

teste, 50 µL do lisado de células dos mesmos poços utilizados para medida da

proteína total. Os tubos foram mantidos a 37ºC por 10 min. Após esse período,

foram adicionados em todos os tubos, branco, padrão e testes, 2 mL do reagente de

cor (Na2CO3 a 0,09 µmol/mL e NaOH a 0,25 µmol/mL) e, em seguida, a absorbância

foi medida em espectrofotômetro (Cecil), utilizando-se comprimento de onda de 590

nm. A atividade de ALP, em µmol de timolftaleína/h/mL, foi calculada a partir da

medida do tubo padrão e normalizada pelo conteúdo de proteína total.

4.5.6 Formação de matriz calcificada

Aos 14 dias, culturas primárias crescidas sobre discos de Biosilicato®, nas

diferentes condições experimentais, foram lavadas em solução de Hanks (Sigma),

fixadas em álcool etílico a 70% a 4ºC por 60 min e lavadas em PBS e água

destilada. Em seguida, foram coradas com vermelho de Alizarina (Sigma) a 2%, pH

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4,2, à TA por 15 min, lavadas profusamente em água destilada, deixadas a secar, e

observadas por microscopia de fluorescência, em epiluminação. A proporção de

áreas marcadas com vermelho de Alizarina nas culturas primárias foi determinada a

partir das imagens macroscópicas das superfícies dos discos, obtidas digitalmente

com câmara de alta resolução (Canon EOS Digital Rebel, 6.3 megapixels, com lente

macro EF100 f/2.8) e processadas nos programas Adobe Photoshop e Image Tool

(UTHSC, San Antonio, TX, EUA) (DE OLIVEIRA et al., 2008).

4.6 Análise estatística

Para cada cultura primária (pelo menos 2 para cada análise), os experimentos

foram realizados em quintuplicata e os resultados quantitativos, submetidos ao teste

não-paramétrico de Kruskal-Wallis, para dados independentes e mais de duas

amostras (nível de significância: 5%). Quando apropriado, foi aplicado o pós-teste de

comparações múltiplas de Fischer, baseado em postos.

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5 RESULTADOS

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5 RESULTADOS

5.1 Análise da dissolução dos elementos cálcio, fósforo e silício por ICP-OES

A análise por ICP-OES revelou que o condicionamento do Biosilicato® por 3

dias em meio de cultura, na presença ou não de soro fetal bovino, promoveu

aumento expressivo da concentração de cálcio, respectivamente, da ordem de 240 e

210%, e de silício, de 3200 e 2100%. Não se detectaram alterações relevantes na

concentração de fósforo em ambos os condicionamentos (Tabela 1).

Tabela 1. Concentração (em ppm) dos elementos cálcio, fósforo e silício em meios de cultura

suplementados, com ou sem soro fetal bovino, utilizados para o condicionamento de discos de

Biosilicato® por 3 dias

Cálcio Fósforo Silício

Meio de cultura com soro 78 225 2,4

Meio de cultura com soro + Biosilicato® 188 231 77

Meio de cultura sem soro 70 238 3,5

Meio de cultura sem soro + Biosilicato® 150 233 73

5.2 Análise da morfologia celular por MEV e caracterização da topografia de

superfície por MFA

Aos 3 dias de cultura primária, as células estavam aderidas e espraiadas

sobre as superfícies planas de lamínulas de vidro, exibindo morfologia poligonal,

com projeções citoplasmáticas alongadas e contatos célula-célula (Figura 1, A e B).

Sobre as superfícies de Biosilicato®, as células apresentavam-se aderidas, com

morfologia poligonal ou fusiforme, mas menos espraiadas, interagindo com substrato

constituído de cavidades na submicroescala (Figura 1, C-H). Algumas células

exibiam acúmulos de formações arredondadas em sua superfície, com aspectos

semelhantes aos do substrato (Figura 1, E). Além disso, observou-se que células

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espraiadas sobre as diferentes superfícies de Biosilicato® pareciam ocupar plano

inferior ao do substrato circunjacente (Figura 1, D-H).

Figura 1. Microscopia eletrônica de varredura de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínula de vidro (A e B) e Biosilicato® (C-H), em diferentes condições, aos 3 dias. Nos grupos de Biosilicato®, as células estavam menos espraiadas e interagiam com substrato cuja topografia caracterizava-se pela presença de cavidades na submicroescala (detalhe em D e F). Notem-se em E (cabeças de seta), formações esféricas associadas à superfície celular, que ocorriam apenas nos grupos de Biosilicato®. Asteriscos em D, F e H indicam superfície celular adjacente ao substrato. Barras de escala: A, B, C, E e G = 10 µm; D, F e H = 1 µm; D e F (detalhe) = 0,5 µm.

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A análise da topografia dos materiais por MFA revelou diferenças

estatisticamente significantes para os valores de rugosidade de superfícies de

lamínulas de vidro e Biosilicato® em áreas de 5x5 e 1x1 µm (p<0,05 e p<0,01,

respectivamente). Em ambas as análises, a rugosidade de lamínulas de vidro

(0,6±0,2 e 0,4±0,1 nm, respectivamente) era significativamente menor se comparada

às dos grupos de Biosilicato® (Figuras 2 e 3, e Tabela 2). Enquanto que os três

grupos de Biosilicato® apresentavam rugosidades semelhantes entre si em leituras

de 5x5 µm (Biosilicato = 110,1±19,5; B+MS = 114,6±10,6; B+M = 114±33,7, em nm),

a superfície B+MS exibia rugosidade na nanoescala (22,9±6,7) com valores

inferiores aos observados para os grupos Biosilicato (47±13,4) e B+M (39,1±8,1), em

análise de 1x1 µm (Figuras 2 e 3, e Tabela 2).

Figura 2. Rugosidade de superfície por MFA (áreas de 5x5 e 1x1 µm; média ± desvio padrão, em nm) de lamínulas de vidro e discos de Biosilicato®, em diferentes condições, após 3 dias de exposição às condições de cultura, em áreas destituídas de células.

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Tabela 2. Análise comparativa (Pós-teste de Fischer) da

rugosidade de superfície, por MFA, de lamínulas de

vidro e discos de Biosilicato®, em diferentes condições

5x5 µ m 1x1 µ mBiosilicato x Lamínula 1% 0,1%Biosilicato x B+MS NS 0,1%Biosilicato x B+M NS NSLamínula x B+MS 1% 1%Lamínula x B+M 0,1% 0,1%B+MS x B+M NS 1%

ComparaçãoMFA

Figura 3. Topografia por MFA (A, C, E e G, 5x5 µm; B, D, F e H, 1x1 µm) de superfícies de lamínulas de vidro (A e B) e Biosilicato® (C-H), em diferentes condições, após 3 dias de cultivo celular, em áreas destituídas de células.

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5.3 Imunolocalização de proteínas citoesqueléticas, da matriz extracelular e da

subunidade de integrina α5

No tempo de 1 dia, as células apresentavam-se aderidas e espraiadas sobre

todas as superfícies avaliadas, com expressiva redução em seu espraiamento sobre

as superfícies de Biosilicato® (Figura 4).

Sobre os grupos de lamínulas de vidro, o citoesqueleto de actina organizava-

se em feixes de fibras de estresse (stress fibers), distribuídos por todo o citoplasma,

estendendo-se aos limites celulares (Figura 4, A1-3). Células menos espraiadas

podiam ser observadas mais frequentemente nos grupos L+B e L+MSc. Sobre as

superfícies de Biosilicato®, as células apresentavam alteração no padrão de

marcação para faloidina, com redução expressiva das fibras de estresse, o que

dificultava a visualização dos limites celulares (Figura 4, compare A4-6 com A1-3).

Embora células aderidas às superfícies condicionadas de Biosilicato® também

apresentassem essa alteração, isso ocorria em menor intensidade, sendo possível

visualizar células com citoesqueleto de actina aparentemente inalterado (Figura 4,

A5 e 6).

Células cultivadas sobre lamínulas de vidro exibiam marcação para vinculina

predominantemente na região perinuclear e em pontos de adesão focal (Figura 4,

B1-3). Nos grupos de Biosilicato®, a ausência de marcação para vinculina ocorria em

células que apresentavam regiões citoplasmáticas destituídas de actina (Figura 4,

B4-6). Além disso, raramente se observava padrão compatível com o de adesões

focais. Notadamente, a expressão de vinculina era menor no grupo Biosilicato

quando comparada àquela observada nas células crescidas sobre as superfícies

condicionadas (Figura 4, compare B4 com B5 e 6).

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No mesmo período, marcação para vimentina nos grupos de lamínula de vidro

revelava rede de filamentos citoplasmáticos mais densamente distribuída em região

perinuclear, estendendo-se à periferia das células, mas aquém dos limites celulares

(Figura 4, C1-3). Nas superfícies de Biosilicato®, as células, menos espraiadas,

exibiam vimentina predominantemente perinuclear. No entanto, com a ausência de

marcação por faloidina, não se notava também a expressão de vimentina (Figura 4,

C4-6).

A marcação para tubulina em superfícies de lamínula de vidro caracterizou-se

por arranjos complexos de filamentos densamente agrupados em região perinuclear,

estendendo-se a domínios periféricos do citoplasma, próximos à rede de actina

cortical (Figura 4, D1-3). Sobre as superfícies de Biosilicato®, a tubulina distribuía-se,

predominantemente, em região perinuclear (Figuras 4, D4-6).

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Figura 4. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínula de vidro (1-3) e Biosilicato® (4-6), em diferentes condições, em 1 dia. Marcações em verde (A e D) e branco pálido (B e C) indicam citoesqueleto de actina e, em azul, núcleos celulares (A-D). Em vermelho, as proteínas citoesqueléticas vinculina (B), vimentina (C) e tubulina (D). Notem-se alterações no padrão de marcação das proteínas citoesqueléticas e menor espraiamento de células cultivadas nas três superfícies de Biosilicato® (4-6). Barra de escala para A-C = 50 µm e para D = 20 µm.

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Apesar de, em 1 dia, terem sido observadas alterações no padrão de

marcação de proteínas citoesqueléticas em células sobre as superfícies de

Biosilicato®, a análise qualitativa de viabilidade celular em 3 dias, utilizando o kit

Live/Dead®, revelou que a maioria das células aderidas às superfícies de Biosilicato®

e de lamínulas de vidro era viável (Figura 5, A1-6), embora se observasse reduzida

densidade celular nos grupos L+B e L+MSc. Aos 3 dias, as células se distribuíam

mais uniformemente nas superfícies de lamínulas de vidro e Biosilicato®, apesar de

em algumas áreas iniciarem a formação de agregados celulares (Figura 5, B1-6).

Nos grupos de lamínulas de vidro (Figura 5, 1-3), as proteínas citoesqueléticas

actina (Figura 5, B e C), vimentina (Figura 5, B), tubulina (Figura 5, C) e vinculina

(Figura 5, D) mantinham o mesmo padrão descrito no dia 1, sendo mais evidente o

menor espraiamento e menor densidade celular nos grupos L+B e L+MSc (Figura 5).

Em todas as superfícies de Biosilicato®, a redução no espraiamento celular era ainda

mais evidente em 3 dias, o que estava diretamente relacionado à redução das

dimensões nucleares. Alterações no padrão de marcação de proteínas

citoesqueléticas eram mais evidentes no grupo Biosilicato se comparado aos grupos

B+MS e B+M. Enquanto que a marcação para actina mantinha-se semelhante ao

observado em 1 dia, com exceção para áreas de agregados celulares, em que se

notavam fibras de estresse, vimentina, tubulina e vinculina (Figura 5, B4-6, C4-6 e

D4-6, respectivamente) distribuíam-se perinuclearmente, com áreas circulares

semelhantes a formações vacuolares destituídas de marcação. Em culturas sobre

lamínulas de vidro, a integrina α5 colocalizava-se frequentemente com a fibronectina

extracelular (Figura 5, E1-3 e F1-3, respectivamente), mas não com a vinculina.

Sobre superfícies de Biosilicato®, a reduzida marcação para α5 relacionava-se à

redução da fibrilogênese de fibronectina (Figura 5, compare E1-3 com E4-6).

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Figura 5. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínula de vidro (1-3) e Biosilicato® (4-6), em diferentes condições, em 3 dias. (A) Células viáveis exibem fluorescência verde, enquanto que células mortas, fluorescência vermelha (LIVE/DEAD®). (B e C) Duplas marcações (B) actina (em branco pálido)/vimentina (em vermelho) e (C) actina (em verde)/tubulina (em vermelho), em que se notam alterações citoesqueléticas em células sobre as superfícies de Biosilicato®, as quais exibem menor espraiamento. Nesses grupos, a distribuição de vimentina e tubulina era predominantemente perinuclear, com áreas circulares semelhantes a vacúolos, destituídas de marcação (C4 e C5, cabeça de seta). (D) Marcação para vinculina (em vermelho) ocorre, em células sobre lamínulas de vidro, em região perinuclear e em pontos de adesão focal, enquanto que em células sobre superfícies de Biosilicato®, concentra-se ao redor dos núcleos. Áreas circulares destituídas de marcação eram também visualizadas (D5 e D6, cabeça de seta). (E e F) Dupla marcação subunidade de integrina α5 (E, em vermelho)/fibronectina (F, em verde) evidencia padrões de marcação semelhantes, indicando colocalização. Sobre superfícies de Biosilicato®, a reduzida marcação para α5 associa-se à redução da fibrilogênese de fibronectina (E4-6 e F4-6). Em azul, núcleos celulares (B-F). Barra de escala para A e B = 50 µm; para C e D=20 µm e para E e F = 25 µm.

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Aos 7 dias, ao final da fase proliferativa, as culturas sobre os diferentes

substratos exibiam confluência, com formações de multicamadas celulares. Nessas

áreas, observava-se marcação para BSP, predominantemente perinuclear, em

região compatível com complexo de Golgi, e em grânulos de secreção, distribuídos

por todo o citoplasma. Nas três superfícies de Biosilicato®, áreas de multicamadas

celulares, BSP positivas, eram mais extensas se comparadas àquelas observadas

em lamínulas de vidro, em que as marcações eram apenas ocasionais (Figura 6, A1-

6).

Macroscópica e microscopicamente, a atividade de ALP in situ era

substancialmente mais intensa nos substratos bioativos, em áreas de multicamadas

celulares, destacando-se nos grupos B+MS e B+M. Em lamínulas de vidro, foram

observadas áreas positivas para Fast red em menor quantidade e extensão, não

necessariamente associadas a formações de multicamadas (Figura 6, B1-6).

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Figura 6. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínula de vidro (1-3) e Biosilicato® (4-6), em diferentes condições, em 7 dias. Fluorescência vermelha indica, em A, marcação para BSP, e em B, a atividade, in situ, de ALP (em detalhe, aspecto macroscópico). Notem-se áreas mais extensas imunomarcadas para BSP e com atividade de ALP em culturas sobre superfícies de Biosilicato®. Em azul, núcleos celulares. Barra de escala para A1-3 = 50 µm, para A4-6 e B1-6 = 100 µm e para detalhes em B1-6 = 2 mm.

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5.4 Viabilidade, proliferação celular e número total de células

O ensaio colorimétrico MTT revelou diferenças significantes na viabilidade das

culturas crescidas sobre as diferentes superfícies avaliadas nos tempos de 1, 3 e 7

dias (p<0,01 para cada tempo; Figura 7 e Tabelas 3 e 4). Em 1 dia, foram

observados maiores valores de densidade óptica nos grupos B+MS, B+M e

Lamínula. Aos 3 dias, células crescidas sobre os grupos B+MS e Lamínula exibiam

maior viabilidade, seguidas pelas culturas sobre os demais grupos de Biosilicato®.

Aos 7 dias, grupos de Biosilicato® condicionado (B+MS e B+M) apresentaram

maiores valores de viabilidade celular, seguidos pelas superfícies controles de

Biosilicato® e Lamínula. Lamínulas expostas aos produtos de dissolução iônica do

Biosilicato® exibiam os menores valores de viabilidade celular ao final do 7° dia.

Figura 7. Viabilidade celular (média ± desvio padrão, em densidade óptica) de culturas osteogênicas crescidas sobre superfícies de lamínulas de vidro e Biosilicato®, em diferentes condições, determinada pelo ensaio colorimétrico MTT, em 1, 3 e 7 dias.

O ensaio de imunolocalização da proteína nuclear Ki-67 revelou que a maior

parte da população celular sobre superfícies de lamínulas de vidro encontrava-se em

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proliferação (Figura 8, compare A com B). Nos grupos de Biosilicato®, células Ki-67

positivas eram mais frequentemente associadas a áreas de multicamadas celulares

(Figura 8, compare C com D). A determinação da proporção de células Ki-67

positivas mostrou diferenças estatisticamente significantes no índice de proliferação

dos diferentes grupos avaliados (p<0,01; Figura 9 e Tabelas 3 e 4). Foram

observados valores maiores de proliferação em células crescidas sobre Lamínula e

L+MSc aos 3 dias, embora fosse baixa a densidade celular nos campos

microscópicos observados no grupo L+MSc. Não houve diferença estatisticamente

significante entre a proporção de células Ki-67 positivas presentes nos três grupos

Biosilicato® e L+B.

Figura 8. Epifluorescência de culturas osteogênicas crescidas sobre superfície de lamínula de vidro (A e B) e Biosilicato® (C e D), aos 3 dias. Fluorescência vermelha indica células no ciclo celular, em atividade proliferativa (Ki-67 positivas). Em verde, citoesqueleto de actina e em azul, núcleos celulares. Note-se que, sobre a superfície de Biosilicato, a maioria das células Ki-67 positivas exibe também marcação pela faloidina. Barra = 100 µm.

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Figura 9. Índice de proliferação celular (média ± desvio padrão) de culturas osteogênicas crescidas sobre lamínulas de vidro e superfícies de Biosilicato® (D-F) em diferentes condições, determinado pela proporção de células Ki-67 positivas em 3 dias.

Diferenças estatisticamente significantes foram observadas no número total

de células em 7 dias (p<0,01; Figura 10 e Tabelas 3 e 4), sendo maior para B+MS,

seguido de B+M e Biosilicato. Lamínulas de vidro exibiam os menores valores

(Lamínula = L+MSc > L+B).

Figura 10. Número total de células (média ± desvio padrão) de culturas osteogênicas sobre superfícies de lamínulas de vidro e Biosilicato®, em diferentes condições, em 7 dias.

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Tabela 3. Valores de média ± desvio padrão e significância estatística encontrados nos ensaios

de viabilidade celular (MTT) em 1, 3 e 7 dias; índice de proliferação celular (% de Ki-67 positivas)

aos 3 dias e número total de células em 7 dias, em culturas osteogênicas sobre lamínulas de

vidro e Biosilicato®, em diferentes condições

% de Ki-67 positivas Número de células1 dia 3 dias 7 dias 3 dias 7 dias

Lamínula 0,08±0,01 0,16±0,01 0,15±0,03 86,33±4,81 11,06±3,98L+B 0,04±0,01 0,05±0 0,09±0,02 72,52±6,46 6,77±1,71L+MSc 0,05±0,01 0,09±0,02 0,09±0,03 76,44±13,34 9,42±2,6Biosilicato 0,05±0,01 0,08±0,01 0,16±0,02 63,96±9,39 14,1±2,95B+MS 0,08±0,01 0,16±0,01 0,23±0,04 66,83±13,27 20,4±3,85B+M 0,08±0,01 0,14±0 0,23±0,03 64,59±7,14 16,93±3,3Kruskal-Wallis p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01

GruposMTT

Tabela 4. Análise comparativa (Pós-teste de Fischer) da viabilidade celular (MTT) em 1, 3 e 7

dias; índice de proliferação celular (% de Ki-67 positivas) aos 3 dias e número total de células

em 7 dias, em culturas osteogênicas sobre lamínulas de vidro e Biosilicato®, em diferentes

condições

% de Ki-67 positivas Número de células1 dia 3 dias 7 dias 3 dias 7 dias

Biosilicato x L+B 5% NS 0,1% NS 0,1%Biosilicato x Lamínula 0,1% 0,1% NS 0,1% 1%Biosilicato x B+MS 0,1% 0,1% 0,1% NS 0,1%Biosilicato x L+MSc NS NS 0,1% 5% 0,1%Biosilicato x B+M 0,1% 1% 0,1% NS 5%L+B x Lamínula 0,1% 0,1% 0,1% 1% 0,1%L+B x B+MS 0,1% 0,1% 0,1% NS 0,1%L+B x L+MSc 1% 5% NS NS 1%L+B x B+M 0,1% 0,1% 0,1% NS 0,1%Lamínula x B+MS NS NS 0,1% 1% 0,1%Lamínula x L+MSc 0,1% 0,1% 0,1% NS NSLamínula x B+M NS 5% 0,1% 0,1% 0,1%B+MS x L+MSc 0,1% 0,1% 0,1% NS 0,1%B+MS x B+M NS 5% NS NS 5%L+MSc x B+M 0,1% 5% 0,1% 5% 0,1%

MTTComparação

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5.5 Expressão de RNAm de marcadores da diferenciação osteoblástica

Em 7 dias, os ensaios de PCR em tempo real mostraram diferenças nos

níveis de expressão de Runx2, BSP e ALP (p<0,01 para cada marcador; Figura 11 e

Tabelas 5 e 6). Culturas crescidas sobre B+MS e B+M apresentaram os maiores

níveis de Runx2. Para os grupos de lamínulas de vidro, os maiores valores foram

observados em L+B e L+MSc. A expressão de BSP foi significativamente maior no

grupo B+M, seguido de B+MS. Não houve diferença estatisticamente significante

para a expressão de BSP em culturas sobre Biosilicato e Lamínula, enquanto que

L+B e L+MSc apresentaram os menores valores. A expressão de ALP foi maior em

culturas crescidas sobre B+MS e B+M, sendo os menores valores observados para

Biosilicato. Entre os grupos de lamínula de vidro, L+MS apresentava níveis

estatisticamente superiores a L+B e Lamínula.

Figura 11. Expressão relativa de RNAm (média ± desvio padrão) para os marcadores de diferenciação osteoblástica Runx2, BSP e ALP em culturas osteogênicas sobre superfícies de lamínula de vidro e Biosilicato®, em diferentes condições, aos 7 dias. Os valores foram normalizados pelo gene constitutivo GADPH e calibrados pelos valores obtidos para o grupo Lamínula.

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5.6 Atividade de ALP

Em 10 dias, a atividade de ALP foi significativamente maior em culturas

osteogênicas sobre Biosilicato, quando comparado a B+MS e B+M (p<0,01; Figura

12 e Tabelas 5 e 6). Não foi possível avaliar a atividade de ALP nas culturas sobre

lamínulas de vidro, uma vez que estas se destacavam do substrato entre o 8º e o

10º dia.

Atividade de ALP

05

1015202530354045

Biosil icato B+MS B+M

Grupos Experimentais

µmol

de

tim

olft

aleí

na/h

/mg

Figura 12. Atividade de ALP (média ± desvio padrão, em µmol de timolftaleína/h/mg de proteína) em culturas osteogênicas sobre superfícies de Biosilicato®, em diferentes condições, em 10 dias.

5.7 Formação de matriz calcificada

Aos 14 dias, culturas osteogênicas sobre as superfícies de Biosilicato®

exibiam áreas fortemente coradas por vermelho de Alizarina, as quais eram mais

extensas no grupo B+MS. Áreas focais nos limites de alguns discos exibiam

coloração vermelha mais clara. A análise quantitativa revelou áreas

significativamente maiores de matriz calcificada para B+MS, não havendo diferenças

entre Biosilicato e B+M (p<0,01; Figuras 13 e 14 e Tabelas 5 e 6).

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Mineralização

0

10

20

30

40

50

60

70

Biosilicato B+MS B+M

Grupos Experimentais

% d

e m

atri

z m

iner

aliz

ada

Figura 13. Formação de matriz calcificada (média ± desvio padrão) em culturas osteogênicas sobre superfícies de Biosilicato®, em diferentes condições, em 14 dias.

Figura 14. Aspectos macroscópicos de culturas osteogênicas sobre superfícies de Biosilicato®, em diferentes condições, coradas por Fast red, em 10 dias (A, C e E), e por vermelho de Alizarina, em 14 dias (B, D e F). Enquanto que a atividade de ALP foi maior sobre Biosilicato em 10 dias, áreas mais extensas de matriz calcificada (escuras) foram observadas no grupo B+MS. Barra de escala = 3 mm.

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Tabela 5. Expressão relativa de RNAm (média ± desvio padrão) para Runx2, BSP e ALP aos 7

dias; atividade de ALP aos 10 dias e mineralização aos 14 dias em culturas osteogênicas

crescidas sobre superfícies de lamínula de vidro e Biosilicato®, nas diferentes condições

Atividade de ALP MineralizaçãoRunx2 BSP ALP 10 dias 14 dias

Lamínula 1,0±0,06 1±0,06 1±0,07 - -L+B 1,21±0,15 0,52±0,02 1,02±0,06 - -L+MSc 1,33±0,04 0,3±0,02 1,17±0,09 - -Biosilicato 1,77±0,17 0,95±0,07 0,62±0,01 34,18±7,99 51,93±5,31B+MS 2,7±0,08 2,41±0,15 2,3±0,03 26,82±7,8 59,84±3,49B+MS 2,86±0,14 6,57±0,16 2,57±0,03 24,9±7,67 45,85±7,19Kruskal-Wallis p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01

GruposRNAm em 7 dias

Tabela 6. Análise comparativa (Pós-teste de Fischer) da expressão relativa de Runx2, BSP e

ALP aos 7 dias; atividade de ALP aos 10 dias e mineralização aos 14 dias em culturas

osteogênicas crescidas sobre lamínulas de vidro e Biosilicato®, nas diferentes condições

Atividade de ALP MineralizaçãoRunx2 BSP ALP 10 dias 14 dias

Biosilicato x L+B 1% 1% 1% - -Biosilicato x Lamínula 0,1% NS 1% - -Biosilicato x B+MS 5% 0,1% 0,1% 1% 5%Biosilicato x L+MSc 5% 0,1% 0,1% - -Biosilicato x B+M 1% 0,1% 0,1% 0,1% NSL+B x Lamínula 5% 0,1% NS - -L+B x B+MS 0,1% 0,1% 0,1% - -L+B x L+MSc NS 5% 1% - -L+B x B+M 0,1% 0,1% 0,1% - -Lamínula x B+MS 0,1% 1% 0,1% - -Lamínula x L+MSc 0,1% 1% 1% - -Lamínula x B+M 0,1% 0,1% 0,1% - -B+MS x L+MSc 0,1% 0,1% 5% - -B+MS x B+M NS 5% 5% NS 1%L+MSc x B+M 0,1% 0,1% 0,1% - -

ComparaçãoRNAm em 7 dias

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6 DISCUSSÃO

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6 DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo mostraram que o pré tratamento de

superfícies de Biosilicato® por 3 dias com meio de cultura, na presença ou não de

soro fetal bovino, afeta eventos iniciais de interação célula-substrato de culturas

osteogênicas, aumentando a viabilidade, a proliferação e a população celular nos 7

primeiros dias, com maior expressão de Runx2, BSP e ALP. Áreas mais extensas de

matriz calcificada foram observadas em superfícies de Biosilicato® condicionadas em

meio com soro. Além disso, células sobre Biosilicato® exibiam menor espraiamento e

alterações no padrão de marcação de proteínas citoesqueléticas, quando

comparadas àquelas sobre lamínulas de vidro. A presença dos produtos de

dissolução iônica do Biosilicato® reduziu significativamente a viabilidade e o número

total de células aderidas a lamínulas de vidro, embora tenha promovido maior

expressão de Runx2 nessas células.

Em Medicina Regenerativa, o desenvolvimento de vitrocerâmicas a partir de

composições de vidros bioativos fundamenta-se na necessidade de se produzirem

arcabouços (scaffolds) capazes de preencher defeitos ósseos, proporcionando não

apenas propriedades mecânicas adequadas, mas também bioatividade, com a

indução à diferenciação osteogênica e interação química com a matriz extracelular

(HENCH, 1991). Apesar de estudo anterior comprovar a alta bioatividade do

Biosilicato® e sua capacidade de promover o aumento de áreas de matriz

mineralizada in vitro quando comparado a vidros bioativos, incluindo Bioglass® 45S5

(MOURA et al., 2007), torna-se necessário compreender os efeitos da interação da

superfície desses materiais com fluidos biológicos contendo proteínas e o impacto

que esse fenômeno exerce sobre a neoformação tecidual na região interfacial. De

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fato, estratégias de condicionamento/tratamento de superfícies bioativas, assim

como de disponibilização de proteínas ou peptídios bioativos, têm sido exploradas

experimentalmente com o objetivo de se estimular a resposta celular nos processos

de reparo tecidual quando esses materiais são implantados no organismo (EL-

GHANNAN et al., 1995; EL-GHANNAM; DUCHEYNE; SHAPIRO, 1997; GARCÍA;

DUCHEYNE; BOETTIGER, 1998; MORTIN; SHELTON, 2003). No presente estudo,

utilizou-se o pré tratamento de superfície de Biosilicato® com meio de cultura por 3

dias com base nas observações de Moura et al. (2007), indicando que após 72

horas em condições de cultura sem células, com RÁrea/Volume igual a 1 cm-1, ocorria a

formação de camada superficial de fosfato de cálcio amorfo (estágio 4 das reações

de superfície; HENCH, 1991). Com isso, nos grupos B+MS e B+M, as células, no

momento do plaqueamento, interagiam com superfícies de Biosilicato® com

características químicas e topográficas que diferiam daquelas encontradas no

controle (MOURA et al., 2007). De fato, demonstrou-se por MEV e MFA que o grupo

Biosilicato exibia, após 3 dias de cultivo celular, superfície com topografia

caracterizada por rede de cavidades na submicro e nanoescala. Além disso, o

tratamento prévio do Biosilicato® por 3 dias reduzia substancialmente a exposição

das células aos produtos de dissolução iônica gerados pelas reações de superfície.

Os meios de cultura utilizados para condicionamento apresentavam níveis elevados

de silício e cálcio, detectados por ICP-OES, sendo aqueles suplementados com

soro, avaliados em relação aos seus efeitos sobre o crescimento e a diferenciação

celular sobre superfícies bioinertes, de lamínulas de vidro.

No modelo de cultura primária de células osteogênicas derivadas de calvária

de ratos, a digestão enzimática sequencial de fragmentos de osso imaturo promove

o isolamento de população celular heterogênea constituída de células

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osteoprogenitoras, pré-osteoblastos, osteoblastos diferenciados, osteócitos e

fibroblastos (BELLOWS et al., 1986; AUBIN, 1998; NANCI et al., 1996; DE

OLIVEIRA et al., 2003). Em condições osteogênicas padrão, desenvolvem-se, in

vitro, formações nodulares que se assemelham a aspectos do tecido ósseo imaturo,

e que resultam da expansão clonal de células osteoprogenitoras e de seu processo

de diferenciação osteoblástica (NANCI et al., 1996; BELLOWS et al., 1986;

BELLOWS; AUBIN, 1989; STEIN; LIAN, 1993). Durante esse processo, formam-se

estruturas tridimensionais de multicamadas celulares, as quais estão relacionadas

ao início da diferenciação osteoblástica in vitro, ao final da fase proliferativa, por

volta de 7 dias; nessa fase, observa-se a expressão do fator de transcrição Runx2

(MARIE, 2008; PERINPANAYAGAM et al., 2005), da proteína matricelular BSP

(BECK, 2003; HUNTER; GOLDBERG, 1993) e da enzima ALP (STEIN; LIAN, 1993),

razão pela qual são utilizados frequentemente como marcadores osteoblásticos. A

expressão do fenótipo osteogênico in vitro pode ser influenciada por: 1) taxa de

adesão e proliferação das células osteogênicas, incluindo as osteoprogenitoras, 2)

proporção de osteoblastos ativos e seu tempo de vida (JILKA et al., 1998; JILKA et

al., 1999) e 3) nível de atividade osteoblástica.

Neste trabalho, os tratamentos de superfícies de Biosilicato® promoveram

aumento da viabilidade celular e do número total de células, associado ao de

expressão de marcadores da diferenciação osteoblástica, se comparados à

superfície não tratada. Isso se deve, provavelmente, ao fato de as células dos

grupos B+MS e B+M interagirem, nos momentos iniciais, com superfícies menos

reativas/mais estáveis do material bioativo (camada de fosfato de cálcio amorfo),

proporcionando ambiente mais adequado aos processos de adesão, proliferação e

diferenciação celulares (EL-GHANNAM; DUCHEYNE; SHAPIRO, 1997; MORTIN;

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SHELTON, 2003). De fato, em culturas sobre lamínulas de vidro expostas aos

produtos de dissolução iônica do Biosilicato® (grupos L+B e L+MSc), observou-se

redução significativa da viabilidade celular, embora as células viáveis aos 7 dias

exibissem maior expressão de Runx2 se comparada ao controle (grupo Lamínula).

Concentrações elevadas de silício e cálcio, como as observadas nos meios

utilizados para condicionamento, podem afetar a viabilidade de células em cultura

(CHRISTODOULOU et al., 2005), embora se atribuam a esses elementos, efeitos

relevantes sobre proliferação e diferenciação celulares (MATSUOKA et al., 1999;

TSIGKOU et al., 2009; XYNOS et al., 2000a; 2000b).

Análises morfológicas por MEV e microscopia de fluorescência mostraram

que as células estavam menos espraiadas sobre as superfícies de Biosilicato®, se

comparadas às de lamínula de vidro, o que tem sido relacionado, para a linhagem

osteoblástica, a um maior grau de diferenciação celular (HENCH et al., 2000;

XYNOS et al., 2000b). Apesar de a redução do espraiamento ser descrita em células

crescidas sobre substratos vítreos bioativos, devido provavelmente à sua alta

energia de superfície (MORTIN; SHELTON, 2003), não se pode excluir a

possibilidade de aspectos topográficos na submicro e nanoescala das superfícies de

Biosilicato® terem contribuído para a ocorrência desse fenômeno (JAGER et al.,

2007; SHWARTZ FO et al., 2007). Além disso, como se observaram células menos

espraiadas nos grupos L+B e L+MSc, a presença dos produtos de dissolução iônica

devem também exercer algum papel nesse processo.

A avaliação por epifluorescência revelou alteração nos padrões de marcação

das proteínas citoesqueléticas actina, vinculina, vimentina e tubulina, da subunidade

de integrina α5 e de fibronectina nos grupos com superfícies de Biosilicato®,

bioativas. Em trabalho anterior, Moura et al. (2007) relataram redução expressiva da

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marcação para actina em células osteogênicas sobre vidros bioativos e Biosilicato®

nos primeiros dias de cultura, a qual estava associada a alterações na montagem da

fibronectina extracelular, e que a reorganização da actina em fibras de estresse

ocorria em áreas de formação de multicamadas celulares. No presente estudo, a

estratégia de condicionar as superfícies com meio de cultura previamente ao

plaqueamento celular não impediu que essas alterações ocorressem, apesar de

observadas em menor freqüência e intensidade. A análise por MEV revelou que

parte dessas alterações poderia ser atribuída à ocorrência de formações globulares

sobre as células, as quais se assemelhavam às características da superfície do

material, e que possivelmente impediam a visualização das marcações em áreas

focais. Ao que parece, as alterações citoesqueléticas estão relacionadas ao contato

direto das células com o substrato bioativo e não aos seus produtos de dissolução,

uma vez que células dos grupos L+B e L+MSc e aquelas em multicamadas sobre

Biosilicato®, que interagem entre si e não diretamente com o substrato,

apresentavam os aspectos usuais de marcação para as proteínas avaliadas.

Estudos posteriores deverão verificar se as alterações citoesqueléticas estão

associadas com modificações nos níveis de expressão de RNAm e de proteínas.

Apesar de os 3 grupos de Biosilicato® terem exibido expressiva formação de

matriz calcificada em 14 dias, o que está relacionado à sua alta bioatividade, áreas

maiores foram observadas para o grupo tratado com meio de cultura contendo

proteínas do soro (B+MS). Nesse grupo, a adsorção de proteínas durante os 3 dias

de condicionamento possivelmente afetou as interações célula-substrato nos

momentos iniciais da cultura (GARCÍA; DUCHEYNE; BOETTIGER, 1998), sendo

que para os demais grupos isso ocorreu mais tardiamente. Para o grupo B+MS, a

adsorção prévia de proteínas deve ter contribuído para o desenvolvimento de

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topografia de dimensões menores na nanoescala, maior viabilidade celular aos 3

dias, assim como maior número de células ao final da fase proliferativa, os quais

poderiam justificar a ocorrência de áreas mais extensas de matriz calcificada. Com

efeito, pequenas diferenças em topografias na nanoescala podem afetar parâmetros

de diferentes tipos celulares, incluindo o fenótipo osteoblástico (OH et al., 2009;

MILNER; SIEDLECKI, 2007; KUNZLER et al., 2007; NGUYEN et al., 2007). No

entanto, não houve correlação, nos tempos avaliados, entre os níveis de expressão

de RNAm dos marcadores osteoblásticos utilizados e de atividade de ALP e a

quantidade de matriz calcificada dos grupos de Biosilicato®. No caso da ALP,

trabalhos recentes têm demonstrado não haver uma relação direta entre níveis de

atividade dessa enzima e a quantidade de matriz óssea-símile in vitro (HOEMANN;

EL-GABALAWY; MCKEE, 2008; DE OLIVA et al., 2009). Além disso, há evidências

de que a expressão de BSP é variável em osteoblastos diferenciados (LIU;

MALAVAL; AUBIN, 1997). Esses aspectos justificam a busca de pesquisadores por

novas moléculas que desempenhem papel fundamental durante a sequência de

diferenciação osteoblástica e cujos níveis estejam diretamente relacionados à

formação óssea (MOFFATT et al. 2008; MOFFATT; THOMAS, 2009).

Os resultados do presente estudo reforçam a necessidade de se

desenvolverem tratamentos prévios de superfícies de vidros e vitrocerâmicas

bioativos com soluções contendo ou não proteínas como estratégia importante para

se promoverem respostas biológicas ainda mais satisfatórias.

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7 CONCLUSÃO

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7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados deste estudo, pode-se concluir que:

• O condicionamento de superfícies de Biosilicato® por 3 dias com meio de

cultura, adicionado ou não de soro, resulta em aumento de sua bioatividade,

favorecendo a adesão, viabilidade e proliferação celular e expressão de

marcadores da diferenciação osteoblástica, observando-se áreas mais

extensas de matriz mineralizada para o grupo B+MS.

• A presença dos produtos de dissolução iônica do Biosilicato®, com níveis

elevados de silício e cálcio, reduz significativamente a proliferação e

viabilidade celulares, mas aumenta o potencial osteogênico de culturas sobre

lamínulas de vidro bioinerte.

• As alterações no padrão de marcação de proteínas do citoesqueleto, da

subunidade de integrina α5 e da proteína matricelular fibronectina ocorre em

períodos iniciais das culturas sobre superfícies de Biosilicato® e estão

provavelmente relacionadas ao contato direto das células com o substrato

bioativo.

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8 REFERÊNCIAS

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