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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Variabilidade e estrutura genética de populações de Alabama argillacea (Hüeb.) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil: subsídios para o manejo da resistência à toxina Cry1Ac em algodão geneticamente modificado Vitor Antonio Corrêa Pavinato Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Entomologia Piracicaba 2010

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Variabilidade e estrutura genética de populações de Alabama argillacea (Hüeb.) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil: subsídios para o

manejo da resistência à toxina Cry1Ac em algodão geneticamente modificado

Vitor Antonio Corrêa Pavinato

Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Entomologia

Piracicaba 2010

Vitor Antonio Corrêa Pavinato

Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas

Variabilidade e estrutura genética de populações de Alabama argillacea (Hüeb.) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil: subsídios para o manejo da resistência à

toxina Cry1Ac em algodão geneticamente modificado

Orientador: Prof. Dr. CELSO OMOTO

Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Entomologia

Piracicaba 2010

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Pavinato, Vitor Antonio Corrêa Variabilidade e estrutura genética de populações de Alabama argillacea (Hüeb.) (Lepidoptera:

Noctuidae) no Brasil: subsídios para o manejo da resistência à toxina Cry1Ac em algodão geneticamente modificado / Vitor Antonio Corrêa Pavinato. - - Piracicaba, 2010.

121 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2010. Bibliografia.

1. Algodão 2. Curuquerê - Genética - Resistência 3. Genética ecológica 4. Marcador molecular 5Organismos geneticamente modificados 6. Variação genética I. Título

CDD 633.51 P338v

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

3

Aos meus pais José Alberto Pavinato

e Eliete Fátima Corrêa Pavinato

DEDICO

À minha avó Zoraide Sinicato Corrêa

OFEREÇO

4

5

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Celso Omoto pela orientação, pelos importantes ensinamentos, pela

motivação e pela oportunidade concedida.

À Dra. Maria Imaculada Zucchi pelo importante ajuda e orientação e

ensinamentos na área de genética de populações.

Ao Prof. Dr. José Baldin Pinheiro pela oportunidade, apoio e incentivo para a

realização de uma etapa desse trabalho no Laboratório de Diversidade Genética e

Melhoramento da ESALQ/USP.

Ao Dr. Samuel Martinelli pela construção da biblioteca enriquecida em SSR

Ao Biólogo e colega Miklos Maximiliano Bajay pela importante ajuda no desenho

dos primers e durante meu aprendizado das técnicas moleculares utilizadas no trabalho.

Ao Engenheiro Agrônomo Marcelo Mattos Cavallari e à Bióloga Aluana Abreu

pela ajuda com análise dos dados de genética de populações.

Ao Biólogo Felipe Antonio Domingues pela ajuda com o trabalho de linha – básica

de suscetibilidade, durante seu estágio no Lab. de Resistência de Artrópodes a

Pesticidas.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Entomologia pelos

conhecimentos transmitidos.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

financiamento do projeto de pesquisa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão de bolsa de estudos.

À Monsanto do Brasil pelo suporte técnico na coleta de populações

Aos amigos Nádia F. Bertan Casarin, Eloisa Salmeron, Felipe Antonio

Domingues, Gislaine O. Campos, Danielle Thomazoni, Edgar Francisco Gaona Mena,

Oderlei Bernardi, Karina Cordeiro Albernaz, Oscar A. Batista Neto e Silva, Miklos

Maximiliano Bajay, Thiago Luiz da Mata, Carlos Eduardo de Araujo Batista, Giuliana

Etore do Valle, Fatima Bosetti, Glauber Campacci Pavan, Milene Möller pelo agradável

convívio durante os últimos anos.

Às bibliotecárias Eliana M. Garcia e Silvia M. Zinsly da ESALQ/USP pelo auxílio

na formatação das referências bibliográficas.

6

7

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do

nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos

lugares. É tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre,

à margem de nós mesmos.”

Fernando Pessoa

8

9

SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................................... 11

ABSTRACT ................................................................................................................... 13

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... 15

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 17

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 19

2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 23

2.1 Revisão bibliográfica ............................................................................................. 23

2.1.1 Características bioecológicas de Alabama argillacea (Hüebner) ........................ 23

2.1.2 Resistência de insetos a plantas geneticamente modificadas ............................ 25

2.1.3 Marcadores moleculares ..................................................................................... 29

2.1.4 Marcadores moleculares microssatélites e genética de populações .................. 32

2.2 Material e métodos ............................................................................................... 37

2.2.1 Coleta das populações ....................................................................................... 37

2.2.2 Criação em laboratório........................................................................................ 39

2.2.3 Caracterização da suscetibilidade de Alabama argillacea à toxina Cry1Ac. ....... 40

2.2.3.1 Linha-básica de suscetibilidade ...................................................................... 40

2.2.3.2 Determinação e validação da concentração diagnóstica para o monitoramento

da suscetibilidade .......................................................................................................... 43

2.2.4 Desenvolvimento e caracterização dos microssatélites ...................................... 43

2.2.4.1 Extração e quantificação de DNA ................................................................... 43

2.2.4.2 Construção de biblioteca genômica enriquecidas em microssatélites ............ 45

2.2.4.3 Seleção, seqüenciamento dos clones positivos e desenho de primers .......... 48

2.2.4.4 Amplificações iniciais e otimização dos primers ............................................. 49

2.2.4.5 Caracterização dos locos microssatélites ....................................................... 50

2.2.5 Estudo da variabilidade genética e estrutura populacional ............................. 50

2.2.5.1 Genotipagem dos locos microssatélites ......................................................... 50

2.2.5.2 Variabilidade genética intrapopulacional ........................................................ 51

2.2.5.3 Variabilidade interpopulacional e estrutura genética ...................................... 51

2.3 Resultados e discussão ........................................................................................ 53

2.3.1 Caracterização da suscetibilidade de Alabama argillacea à toxina Cry1Ac. ....... 53

10

2.3.1.1 Linha-básica de suscetibilidade ...................................................................... 53

2.3.1.2 Caracterização da curva de concentração–resposta de inibição de

crescimento... ................................................................................................................ 59

2.3.1.3 Determinação e validação da concentração diagnóstica para o monitoramento

da suscetibilidade .......................................................................................................... 65

2.3.2 Desenvolvimento e caracterização dos microssatélites ...................................... 70

2.3.2.1 Construção de biblioteca genômica enriquecidas em Microssatélites ............ 70

2.3.2.2 Seleção, seqüenciamento dos clones positivos e desenho de primers .......... 70

2.3.2.3 Amplificações iniciais e otimização dos primers ............................................. 76

2.3.2.4 Caracterização dos locos microssatélites ....................................................... 80

2.3.3 Estudo da variabilidade genética e estrutura populacional... ............................... 84

2.3.3.1 Variabilidade genética intrapopulacional ......................................................... 84

2.3.3.2 Variabilidade interpopulacional e estrutura genética populacional .................. 89

3 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 109

REFERÊNCIAS.... ....................................................................................................... 111

11

RESUMO

Variabilidade e estrutura genética de populações de Alabama argillacea (Hüeb.) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil: Subsídios para o manejo da resistência à

toxina Cry1Ac em algodão geneticamente modificado

Algodão geneticamente modificado que expressa a toxina Cry1Ac de Bacillus thuringiensis Berliner tem sido plantado no Brasil desde 2006. Entre as pragas-alvo da tecnologia, Alabama argillacea (Hüeb.) é uma espécie monófoga e apresenta alto potencial de risco de evolução da resistência. Para a implantação de um programa de manejo da resistência de A. argillacea à toxina Cry1Ac no Brasil, os principais objetivos do trabalho foram: a) estabelecer a linhas-básicas de suscetibilidade à toxina Cry1Ac em populações de A. argillacea e definir concentrações diagnósticas para o monitoramento da resistência e b) isolar e caracterizar locos microssatélites para avaliar a variabilidade e estruturação genética de populações de A. argillacea no Brasil. As linhas-básicas de suscetibilidade foram estimadas por meio de bioensaio de imersão de discos de folhas em soluções contendo a toxina Cry1Ac para populações de A. argillacea coletadas nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, durante as safras agrícolas de 2008 e 2009. Foram isolados e caracterizados dez locos microssatélites. Para avaliar a variabilidade genética foram estimadas as heterozigosidades observadas e esperadas. Para o estudo da estruturação genética foram estimadas as estatísticas F e feita a análise de agrupamento (distância de Nei) e análise Bayesiana. Baseado na estimativa da CL50 foram encontradas variações naturais de até seis vezes na suscetibilidade à toxina Cry1Ac entre as populações testadas. A partir da análise conjunta dos dados de concentração-mortalidade das populações testadas, foram definidas as concentrações diagnósticas de 10 e 32 µg de Cry1Ac/ml de água para futuros programas de monitoramento da resistência. O número médio de alelos por loco foi de 7,1 (variando de dois a 23 alelos). As heterozigosidades observada e esperada médias foram de 0,532 e 0,329. O índice de fixação intrapopulacional médio (f≈ FIS) foi de 0,268, com variação entre os locos de -0,008 a 0,736. O índice de fixação da espécie (FIS) estimado através da análise de variância foi de 0,244 (IC 95% de 0,093 a 0,418). O valor de FST estimado foi de 0,036 (IC 95% de 0,007 a 0,080). Esse valor de FST não diferiu significativamente de zero, indicando a ausência de estruturação genética. Contudo foi detectado certo grau de endogamia intrapopulacional. A estruturação espacial da variabilidade genética não foi detectada, pois as populações avaliadas apresentaram uma coesão que é mantida pela alta taxa de migração (6,7 migrantes por geração). Entretanto, foi identificada indícios de estruturação genética determinada pelo tempo, uma vez que tanto o agrupamento baseado em distâncias genéticas quanto à análise Bayesiana identificaram grupos que são formados por populações coletadas em safras agrícolas diferentes. As causas ligadas a essa mudança na variabilidade genética não puderam ser identificadas, entretanto pode se inferir que possivelmente causas naturais ou práticas de manejo estejam determinando eventos de gargalo genético. Devido ao intenso fluxo gênico entre populações de A. argillacea no Brasil, estratégias de manejo da resistência devem ser implantadas no âmbito nacional. Palavras-chave: Alabama argillacea; Algodão geneticamente modificado; Marcadores

microssatélites; Variabilidade genética; Estrutura genética

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ABSTRACT

Variability and genetic structure of Alabama argillacea (Hüeb.) (Lepidoptera: Noctuidae) populations in Brazil: Basis for managing resistance to Cry1Ac toxin in

genetically modified cotton

Genetically modified cotton expressing Cry1Ac toxin of Bacillus thuringiensis Berliner has been planted in Brazil since 2006. Among target pests of this technology, Alabama argillacea (Hüeb.) is a monophagous species and offers a high potential risk of resistance evolution. In order to implement a resistance management program of A. argillacea to Cry1Ac toxin in Brazil, the objectives of this research were: a) to establish baseline susceptibility to Cry1Ac toxin in A. argillacea populations and define diagnostic concentrations for resistance monitoring and b) to isolate and characterize microsatellite loci to evaluate the variability and genetic structure of A. argillacea populations in Brazil. The baseline susceptibility data were estimated with leaf-disc bioassays by dipping into different concentration of Cry1Ac solution. Populations of A. argillacea were collected in Bahia, Goiás, Mato Grosso and Mato Grosso do Sul States, during 2008 and 2009 cotton-growing seasons. Ten microsatellite loci were isolated and characterized. The genetic variability was evaluated estimating observed and expected heterozygosities. For the studied of genetic structure, the F statistics was estimated, and Cluster analysis (Nei´s distance) and Bayesian analysis were performed. Based on estimation of LC50, natural variation up to 6-fold was detected in the susceptibility to Cry1Ac among tested populations. Based on analysis of concentration-mortality data by combining all populations, diagnostic concentrations of 10 and 32 µg of Cry1Ac/ml of water were defined for monitoring resistance. The mean number of alleles per loci was 7.1 (varying from 2 to 23 alleles). The observed and expected heterozigosities was 0,523 e 0, 395. The mean intrapopulation fixation index (f ≈ FIS) 0,268, varying from -0.008 to 0.736 between loci. The species fixation index (FIS) estimated by analysis of variance was 0.244(95% CI of 0.093 to 0.418). The estimated value of FST was 0.036 (95% CI of 0.007 to 0.080). The FST value was not significantly different from zero, indicating absence of genetic structure However, some degree of intrapopulational inbreeding was detected. Spatial structure of genetic variability was not detected because tested populations showed cohesion kept by high migration rate (6.7 migrants per generation). However, evidence of genetic structure across time was detected by Cluster analysis of genetic distance as well as by Bayesian analysis with group formation by population collection seasons. Factors affecting changes in genetic variability were not identified; however, natural factors or management practices may be determining some genetic bottleneck events. Due to intense gene flow among A. argillacea populations in Brazil, resistance management strategies must be implemented in a national basis. Keywords: Alabama argillacea; Genetically modified cotton; Microsatellite markers;

Genetic variability; Genetic structure

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A) Preparo das placas para bioensaio de imersão de discos de folhas: células contendo 500 µL de solução de ágar a 2,5%; camada de papel filtro sobre a camada de ágar; discos de folhas que foram imersos em soluções de Cry1Ac (µg de I.A. / ml de água); B) transferência de lagartas de A. argillacea para cada célula após a secagem da solução contendo toxina Cry1Ac; e C) material utilizado para a realização do bioensaio de imersão de discos de folhas: a) pincel para a transferência das lagartas; b) filme plástico para selagem das placas ................................................................................... 42

Figura 2 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade das populações de Alabama argillacea coletadas nos estados da Bahia (BA-1, BA-3 e BA-4), Mato Grosso (MT-1), Mato Grosso do Sul (MS-1) e a suscetível de referência (LAB) à toxina Cry1Ac ........................................................................................................................................ 57

Figura 3 – Caracterização da resposta de inibição de crescimento para a população de A. argillacea do estado de Bahia (BA-3) à toxina Cry1Ac ............................................... 63

Figura 4 – Caracterização da resposta de inibição de crescimento para a população de A. argillacea do estado de Mato Grosso (MT-1) à toxina Cry1Ac .................................... 64

Figura 5 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac mediante agrupamento de dados obtidos com as caracterizações de curvas de concentração-resposta de quatro populações de A. argillacea coletadas nas safras 2007/2008. ......... 68

Figura 6 – Freqüências de motivos microssatélites perfeitos, interrompidos, compostos e compostos interrompidos isolados em A. argillacea. ....................................................... 72

Figura 7 – Porcentagem de motivos microssatélites encontrados nos 117 insertos de A. argillacea seqüenciados que apresentaram pelo menos uma região microssatélite. ...... 72

Figura 8 – Porcentagem de motivos microssatélites encontrados nos primers obtidos para A. argillacea. ........................................................................................................... 75

Figura 9 – Freqüência dos motivos dinucleotídeos que são acessados pelos primers obtidos para A. argillacea ................................................................................................ 75

Figura 10 – Teste inicial utilizando os primers 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23; e três indivíduos de A. argillacea escolhidos ao acaso nas populações diferentes à temperatura de 60°C ....................................................................................................... 79

Figura 11 – Gel de acrilamida 7% com os testes dos primers isolados na primeira triagem. Primers que acessam os locos Aar14, Aar15, Aar16, Aar19, Aar21 e Aar23 em A. argillacea. .................................................................................................................... 79

Figura 12 – Histograma das freqüências alélicas dos dez locos microssatélites, estimados para ≈20 indivíduos de A. argillacea. O eixo Y indica a freqüência alélica e o eixo X indica o tamanho do alelo, em pares de base ...................................................... 83

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Figura 13 – Padrão de divergência genética entre as populações de A. argillacea, definido pelo agrupamento UPGMA, a partir das distâncias genéticas de Nei (1978). Correlação cofenética igual a 0,99%. Para testar a consistência dos nós foram realizadas 1000 reamostragens por bootstrap. ............................................................... 99

Figura 14 – Resultado da análise obtida para a determinação do valor de agrupamento que melhor representa a variabilidade genética das populações de A. argillacea estudadas: K variando de 1 a 15, com cinco repetições cada K, burn in de 50.000 permutações e seguidas por 500.000 permutações MCMC ......................................... 100

Figura 15 – Resultado obtido para K=2, através do programa Structure 2.2. O numero de K que melhor representa o conjunto de dados determinou a formação de dois grupos, que se distinguem apenas pelo ano em que as populações desses grupos foram coletadas; a) as populações foram ordenadas segundo suas proximidades geográficas, e b) foram ordenadas segundo ano de coleta. Essas informações não foram determinadas a priori para a análise bayesiana ........................................................... 101

17

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac em populações de Alabama argillacea .................................................................................. 56

Tabela 2 – Modelo de regressão não-linear para estimativa dos parâmetros EC50 e EC99

para a população de A. argillacea da Bahia (BA-3) ......................................................... 61

Tabela 3 – Modelo de regressão não – linear para estimativa dos parâmetros EC50 e EC99 para a população de A. argillacea Mato Grosso (MT-1) .......................................... 62

Tabela 4 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac mediante agrupamento de dados obtidos com as caracterizações de curvas de concentração-resposta de quatro populações de A. argillacea coletadas nas safras 2007/2008 .......... 69

Tabela 5 – Primers desenhados para A. argillacea a partir das regiões microssatélites . 73

Tabela 6 – Característica dos dez locos microssatélites obtidos para Alabama argillacea: Sequência do primer forward (F) e reverse (R) ............................................................... 82

Tabela 7 – Estimativas de variabilidade genética para os locos microssatélites utilizados em A. argillacea ............................................................................................................... 85

Tabela 8 – Estimativa de parâmetros descritivos de variabilidade genética nas onze populações de A. argillacea ............................................................................................ 86

Tabela 9 – Probabilidade do Teste Exato de Fisher para aderência ao equilíbrio de Hardy-Weinberg .............................................................................................................. 87

Tabela 10 – Freqüência alélica encontrada em cada loco microssatélite encontrada em cada população de A. argillacea ..................................................................................... 90

Tabela 11 – Alelos privados obtidos em 70 alelos de marcadores microssatélites. Loco, alelo, freqüência que ocorrem na população que são encontrados e população de origem ............................................................................................................................. 92

Tabela 12 – Estimativa das estatísticas F de Wright, através da análise de variância das freqüências alélicas e do numero de migrantes por geração (Nem) em onze populações naturais de A. argillacea. Intervalo de confiança (IC) de 95% de probabilidade .............. 94

Tabela 13 – Estimativa do parâmetro θ par-a-par entre as populações .......................... 95

Tabela 14 – Distâncias genéticas de NEI (1978), calculadas entre as populações ........ 98

18

19

1 INTRODUÇÃO

As plantas geneticamente modificadas (GM) resistentes a insetos são uma das

novas tecnologias para controle de pragas. Desde meados dos anos 90 tem sido

crescente a utilização de plantas GM contendo genes da bactéria entomopatogênica

Bacillus thuringiensis Berliner que codificam proteínas com ação inseticida, na

agricultura mundial. O Brasil ocupa a terceira posição no quadro mundial em relação à

área plantada com cultivares transgênicos, ficando atrás dos EUA e da Argentina

(INTERNATIONAL SERVICE FOR THE ACQUISITION OF AGRI-BIOTECH

APPLICATIONS - ISAAA, 2008). Das variedades transgênicas para controle de insetos

plantadas no Brasil, destacam-se as de algodão e de milho. O algodão Bollgard®

(Monsanto) foi aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)

no Brasil em 2005. Essa variedade possui o gene proveniente de Bacillus thuringiensis

(Bt) que codifica a proteína inseticida Cry1Ac. Essa proteína tem como pragas-alvos, os

seguintes insetos da ordem Lepidoptera na cultura do algodão no Brasil: Alabama

argillacea (Hüeb.), Heliothis virescens (Fabr.) e Pectinophora gossypiella (Saund.).

Recentemente, em 2009, a CTNBio aprovou a liberação de mais duas variedades de

algodão GM resistentes a insetos, o algodão Bollgard® II (Monsanto) que expressa as

toxinas Cry1Ac e Cry2Ab2 e o algodão Widestrike® (Dow AgroSciences Industrial Ltda)

que expressa as toxinas Cry1Ac e Cry1F de B. thuringiensis. Além de controlarem as

pragas alvos do algodão Bollgard®, outras espécies são controladas por essas novas

variedades, tais como: Helicoperva zea (Hüeb.), Spodoptera exigua (Hüeb.), Spodoptera

eridania (Cramer), Pseudoplusia includens (Walker), Trichoplusia ni (Hüeb.)

(Widestrike®) e Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Bollgard® II e Widestrike®).

Um dos problemas da utilização indiscriminada de uma tecnologia para o manejo

de pragas é a evolução da resistência. Com isso, esforços devem ser tomados para

frear ou mitigar a evolução da resistência, a fim de manter o uso sustentável de uma

tecnologia e permitir que não ocorra o seu desuso. Sendo assim, as primeiras ações

que devem ser tomadas, dentro de programas de manejo da resistência é a

caracterização de linhas–básicas de suscetibilidade, a definição de concentrações

diagnósticas e a implementação de programas de monitoramento da evolução da

resistência (ROUSH; MILLER, 1986; MARÇON et al,. 2000; WU et al., 2002; ALI et al.,

20

2006). O monitoramento é eficiente de acordo com a habilidade de detectar alelos raros

que conferem resistência quando estes estão em baixa freqüência na população, pois

assim é possível direcionar as estratégias de manejo antes da resistência se tornar um

problema (ROUSH; MILLER, 1986; ANDOW; HUTCHINSON,1998)

A principal estratégia de manejo da resistência a proteínas inseticidas expressas

por plantas GM tem sido baseada na manutenção de uma área de refúgio, onde são

plantadas variedades convencionais não transgênicas da mesma cultura próximas à

área de plantio da variedade GM que expressa uma ou mais toxinas em alta dose

(GOULD, 1998). Contudo, para o sucesso dessa estratégia é necessário que ocorra às

seguintes condições: a) gene da resistência seja de caráter recessivo, b) a concentração

da toxina expressa seja alta o suficiente para matar os indivíduos heterozigotos da

população e c) que o cruzamento entre indivíduos que carregam o gene da resistência e

indivíduos suscetíveis ocorra ao acaso (ALSTAD; ANDOW, 1995).

Estudos de variabilidade genética, estrutura populacional e fluxo gênico são de

grande importância dentro do contexto de manejo pró-ativo da resistência de insetos a

plantas GM (CAPRIO; TABASHNIK, 1992; CAPRIO et al., 2000). Como o fluxo gênico é

uma força coesiva que mantém a uniformidade da variabilidade genética entre as

populações de uma espécie e é responsável em trazer variação nas populações, é por

meio desse fluxo que os alelos que conferem resistência são espalhados para outras

populações. Além disso, como a estrutura populacional e variabilidade genética variam

entre populações, a freqüência dos alelos que conferem resistência pode estar também

distribuída desigualmente. Portanto, entendimento da estrutura genética e do fluxo

gênico intra-específico entre as populações de uma espécie-praga permite o

delineamento de práticas de manejo mais eficientes com o objetivo de se retardar a

evolução da resistência (CAPRIO; TABASHNIK, 1992) e identificar unidades evolutivas

distintas que são áreas focos para o manejo da resistência.

Conhecimentos de processos ecológicos que influenciam a variabilidade genética

entre populações são de grande relevância para refinar as estratégias de manejo da

resistência (GOULD, 1998). Esses estudos permitem entender a estruturação

hierárquica da diversidade genética, padrões e processos que determinam a

diferenciação genética e o fluxo gênico entre populações de insetos. Marcadores

21

moleculares têm sido utilizados para os estudos reportados para os principais alvos de

controle da primeira geração de plantas GM, e envolvem, por exemplo, insetos-pragas

como Ostrinia nubilalis (Hüeb.) (BOURGUET et al., 2000; COATES et al., 2004; 2005),

Helicoverpa armigera (Hüeb.) (SCOTT et al., 2006), e Spodoptera frugiperda (J.E.

Smith) (MARTINELLI et al., 2006; 2007).

Dentre os insetos-alvo do controle das plantas de algodão Bt, A. argillacea é uma

das espécies que apresenta o mais elevado risco para evolução da resistência (FITT et

al., 2006). A. argillacea é uma espécie monófaga que se alimenta exclusivamente de

algodão (Gossypium spp.). Características como a sua alimentação apenas em plantas

de algodão e a alta mobilidade das lagartas e dos adultos desta praga elevam a

probabilidade da exposição continuada deste inseto ao longo do tempo às toxinas de Bt

e deste modo aumentam o risco de evolução da resistência (FITT et al., 2006).

Portanto, o objetivo do trabalho foi de realizar um estudo genético ecológico em

populações de A. argillacea no Brasil para obter subsídios para o manejo pró-ativo da

resistência à toxina Cry1Ac expressa em algodão GM. Para tanto, foram conduzidos (a)

estudos para caracterização das linhas-básicas de suscetibilidade à proteína Cry1Ac de

Bt para verificar se existe variabilidade natural na resposta à toxina dependente da

localidade geográfica e (b) estudos da variabilidade e estrutura genética de populações

de A. argillacea mediante uso de marcadores microssatélites para avaliar se a

variabilidade genética está estruturada dentro ou entre populações no Brasil e testar se

ocorre fluxo gênico entre as populações de A. argillacea.

22

23

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão bibliográfica

2.1.1 Características bioecológicas de Alabama argillacea (Hüebner)

Alabama argillacea (Hüebner) é uma espécie nativa das Américas do Sul e

Central, e é encontrada em todos os países do continente. A distribuição geográfica

dessa espécie abrange o extremo meridional da Argentina e toda região algodoeira dos

Estados Unidos (CALGAGNOLO, 1965). No Brasil, A. argillacea é o principal inseto-

praga da cultura do algodão, podendo reduzir em até 67% a produtividade da cultura

(RAMALHO, 1994).

As lagartas de A. argillacea, também conhecida como curuqurê-do-algodoeiro,

atacam o limbo das folhas, devorando-as quase totalmente, e quando o ataque se dá

por ocasião abertura das maçãs, ocorre à maturação forçada das mesmas, diminuindo a

resistência das fibras. Na América Tropical, o seu ataque pode ocorrer em qualquer

época do ano ou durante todo o ciclo da planta dependendo das condições climáticas de

cada região (SILVA et al., 1980). As lagartas alimentam-se das folhas e quando em altas

densidades populacionais, podem desfolhar completamente o algodoeiro, reduzindo

assim consideravelmente a produtividade da planta (GRAVENA; CUNHA 1991;

JÁCOME et al., 2001; QUIRINO; SOARES 2001). A produção do algodão, peso do

capulho e das sementes, e a porcentagem de uniformidade das fibras foram

influenciadas pelos níveis de população das pragas até os 135 dias, não proporcionando

mais danos econômicos após este período (MARCHINI et al., 1976). Em algodão mocó

(Gossipium hirsutum var. Maria Galante), o ataque de A. argillacea é responsável pelo

retardo do ciclo floral da planta em aproximadamente um mês (SEARA, 1970). A.

argillacea é uma espécie monófoga durante o estágio larval, sendo encontrada apenas

se alimentando de folhas de algodão, por essa razão, esta espécie-praga tem grande

importância para essa cultura (AZEVEDO et al., 2002).

A. argillacea é uma espécie que possui hábito migratório. Essa praga surge, na

cultura do algodão, em épocas distintas de ocorrência entre estados e países, devido ao

24

fato dessa espécie realizar migrações cíclicas (SILVEIRA NETO, 1972; HENDRICKS,

1975). Mediante estudos de flutuação populacional, foi observado que A. argillacea

ocorre na cultura do algodão no Brasil, nos meses de janeiro a julho. Essa espécie

ocorre a partir de dezembro, na região Centro-Sul do país (LADEIRA, 1957). No estado

de São Paulo, A. argillacea começa a surgir também no mês de dezembro e permanece

até julho, apresentando pico populacional no mês de abril (SILVEIRA NETO, 1972;

BOTELHO, 1976). Nos estado de Minas Gerais e Goiás infestações dessa praga podem

ocorrer a partir de novembro (GALLO et al., 2002). Na região Nordeste, no município de

Canindé, Ceará, A. argillacea surge na cultura do algodão Mocó nos primeiros dias do

mês de janeiro, permanecendo na região até o início do mês de maio (SANTOS, 1980).

As infestações no estado de São Paulo iniciam-se com adultos provenientes da região

Centro-Norte que em seguida se dirigem para a região Centro-Sul do país e norte da

Argentina, que partem por fim para a região Norte do Brasil. Ocorrem de três a cinco

gerações de A. argillacea em todo o ciclo do algodoeiro, sendo que cada geração

ocorrem em um período médio de 24 dias. Com isso as primeiras gerações que ocorrem

na cultura em determinado ano são de adultos migrantes provenientes de outra região

produtora adjacente, as gerações intermediárias são de indivíduos que estabelecem a

população na área, e as ultimas gerações são de indivíduos migrantes responsáveis

pela colonização de outras regiões (CALCAGNOLO, 1965). Com a expansão da cultura

do algodão para a região dos Cerrados nos últimos anos, a ocorrência dessa praga está

em sincronia com as épocas de cultivo nas diferentes regiões produtoras de algodão no

Brasil.

O controle populacional de A. argillacea tem sido feito principalmente mediante

a utilização de inseticidas sintéticos. Contudo, métodos alternativos de controle têm sido

sugeridos. A utilização de agentes microbianos, como Beauveria bassiana (Bals.) Vuill.,

Metharizium anisopliae (Metsch.) Sorok. e Bacillus thuringiensis, mostraram ser

eficientes para o controle de A. argillacea (MARTINS et al., 2007). Além disso, a

utilização de variedades de algodão que apresentam algum tipo de resistência ao

ataque de A. argillacea também tem se mostrado eficientes no controle da praga

(SANTOS; BOIÇA JUNIOR, 2001). Dentro desse contexto, a utilização de plantas

geneticamente modificadas que expressam toxinas Cry, provenientes de B.

25

thuringiensis, são as mais novas alternativas para o controle desse inseto na cultura do

algodão no Brasil. Entretanto, as características bioecológicas de A. argillacea como

hábito alimentar monófago e grande capacidade de dispersão, aumentam a exposição

do inseto à proteína inseticida de B. thuringiensis, aumentando assim os riscos de

evolução de resistência a toxinas expressas por plantas GM (FITT et al., 2006).

2.1.2 Resistência de insetos a plantas geneticamente modificadas

Plantas geneticamente modificadas que expressam toxinas provenientes de

Bacillus thuringiensis são as mais novas tecnologias para o controle de pragas

agrícolas. Nos EUA são plantadas desde 1996, com a liberação comercial do algodão Bt

Bollgard® (Monsanto) que expressa à toxina Cry1Ac. No Brasil a liberação comercial da

primeira variedade ocorreu em 2005, com a aprovação do algodão Bollgard®. Mais

recentemente, em 2009, houve a liberação comercial de mais duas variedades, o

algodão Bollgard® II (Monsanto) que expressa às toxinas Cry1Ac e Cry2Ab2 e o algodão

Widestrike® (Dow AgroSciences) que expressa às toxinas Cry1Ac e Cry1F. Apesar de

essas novas tecnologias trazerem uma maior variedade de toxinas para o sistema de

produção do algodão, todas expressam a toxina Cry1Ac. Portanto essa toxina ainda irá

impor uma pressão de seleção para as pragas alvos de seu controle (ALI et al., 2006).

As plantas GM provaram ter sucesso em termos de controle de pragas,

permitindo a redução do uso de inseticidas químicos (BETZ et al., 2000; FERRÉ; VAN

RIE, 2002). Os cristais protéicos (também chamados de δ-endotoxinas) de Bt são

extremamente tóxicos para determinadas pragas, contudo são pouco ou não-tóxicos

para a maioria dos insetos benéficos e outros organismos não-alvos (CROFT, 1990).

As toxinas de Bt são protoxinas que necessitam ser ativadas pelas proteases do

sistema digestivo de insetos para se tornarem tóxicas. As toxinas ativadas se ligam a

receptores específicos nas microvilosidades das membranas celulares das células

epiteliais do mesêntero (HOFFMANN et al., 1988; VAN RIE et al., 1989). Ao serem

ativados, esses receptores específicos desencadeiam a formação de poros no epitélio

do mesêntero, e essa formação modifica o equilíbrio osmótico que leva a lise celular e

26

ruptura do sistema digestivo, causando a morte do inseto (KNOWLES; ELLAR, 1987;

GILL et al.,1992; SCHNEPF et al.,1998). A ligação da toxina nos receptores é específica

por isso sua atividade depende da presença de receptores específicos no mesêntero

dos insetos (VAN RIE et al., 1989).

Devido à expressão contínua das toxinas inseticidas, as plantas GM que contém

os genes de Bt exercem uma elevada pressão de seleção, na direção da sobrevivência

dos genótipos resistentes nas populações de insetos-pragas alvos do controle. O

potencial de evolução de resistência de populações de insetos às toxinas de Bt é uma

das principais ameaças e limitações ao emprego dessa tecnologia no manejo de pragas

agrícolas (GOULD, 1998; BATES et al., 2005; FITT et al., 2006).

A resistência envolve a sobrevivência e reprodução diferencial de organismos

expostos à pressão de seleção que resultaria na mortalidade da maioria dos indivíduos

de uma população. A resistência a toxinas (inseticidas naturais e sintéticos) provêm do

estresse imposto por essas substâncias que agem na variabilidade genética existente

de populações naturais. Segundo Dobzhansky (1951), a resistência é uma característica

“pré-adaptativa”, genética e hereditária. Na evolução da resistência ocorre uma

substituição de alelos: o alelo para a suscetibilidade é substituído, ao longo das

gerações, pelo alelo que confere resistência. Os alelos que conferem resistência surgem

ao acaso por mutação e ocorrem em baixas freqüências. Com a pressão de seleção,

esses alelos passam a ocorrer com maior freqüência, alterando assim a proporção entre

os alelos existentes na população. Esta substituição pode ocorrer em um ou em vários

locos e é favorecida pela forte seleção que o pesticida promove na variação genética

inicial (ROUSH; McKENZIE, 1986).

Em princípio, o mecanismo de resistência ao Bt poderia ser localizado em cada

um das diferentes etapas do modo de ação das proteínas Cry, tais como: solubilização,

transformação proteolítica, passagem através da membrana peritrófica, sítio de ação na

membrana plasmática das células do mesêntero, formação dos poros, e lise osmótica

das células (FERRÉ; VAN RIE, 2002). Considerando que diversos mecanismos têm sido

observados em linhagens resistentes selecionadas em laboratório, apenas dois

mecanismos de resistência têm sido relatados. O mecanismo de resistência mais

importante tem sido aquele ligado à diminuição da sensibilidade dos sítios de ação da

27

toxina. Em segundo lugar está o mecanismo relacionado à pro-ativação das δ-

endotoxinas pelas proteases do sistema digestivo (TABASHNIK, 1994).

Pelo fato de Bt ter sido utilizado comercialmente por mais de três décadas sem

relatos de desenvolvimento de resistência nas populações de campo, alguns autores

presumiram que a evolução da resistência a essas toxinas seria improvável

(TABASHNIK, 1994). Entretanto, foram observados casos de resistência a biopesticidas

formulados à base de Bt em populações de campo da traça-das-crucíferas, Plutella

xylostella L. (TABASHNIK 1991, 1994). Além disso, foram detectadas mudança e

diminuição da suscetibilidade de populações naturais de Heliothis virescens e

Helicoverpa zea às proteínas purificadas Cry1Ac e Cry1Ab (STONE; SIMS, 1993; ALI et

al., 2006). Já em relação a plantas GM, já foram reportados a capacidade de

Helicoverpa armigera (Hüeb.) em desenvolver resistência, quando submetida à pressão

de seleção com algodão Bt, que expressa à toxina Cry1Ac, em condições de laboratório

na China (FENGXIA et al., 2003; LU et al., 2004). Contudo o único caso de resistência a

Cry1Ac, presente em planta GM foi de H. zea, nos estados de Arizona e Mississipi,

EUA, onde a área de refúgio plantada é menor que 20% (TABASHNIK et al., 2008)

Nos países em que se tem utilizado com sucesso a tecnologia das plantas GM

resistentes a insetos, os programas de manejo da resistência tem se baseado na

expressão das toxinas inseticidas em altas doses associadas à manutenção de áreas

refúgio e monitoramento da suscetibilidade a estas proteínas nas populações de insetos.

A área de refugio consiste no plantio de variedade convencionas que não expressam

a(s) toxina(s), juntamente com as plantas GM (GOULD, 1998; BATES et al., 2005;

TABASHNIK, 2008).O uso de concentrações diagnósticas em um programa de

monitoramento da resistência, permite que um número maior de insetos seja testado

apenas nas concentrações com maior capacidade de informar sobre a suscetibilidade a

um determinado inseticida e/ou biopesticida na população da praga, e

conseqüentemente, os resultados podem ser obtidos de uma forma mais rápida, precisa

e prática (ROUSH; MILLER, 1986) Contudo, para um programa monitoramento da

resistência ser eficiente, esse necessita de métodos de bioensaios sensíveis, capazes

de identificar a presença de indivíduos resistentes quando esses estão em baixa

freqüência na população. Sims et al. (1996) compararam a sensibilidade relativa de dois

28

métodos de bioensaio de ingestão com a avaliação da mortalidade e da inibição de

crescimento como critérios de resposta e concluíram que os ensaios onde foi avaliada a

inibição de crescimento larval utilizando concentrações subletais da proteina Cry1Ac

foram mais sensíveis que os ensaios de concentração-resposta.

Muitas vezes os programas de monitoramento da resistência são negligenciados,

pois a ao invés de ocorrer a sua implementação concomitante com o inicio do uso de

uma determinada tecnologia para o controle de pragas, essa ocorre quando a

resistência de insetos já é um problema no campo (SIMS et al., 1996). Sobre estratégias

de manejo e programas de monitoramento da resistência, existe uma discussão a

respeito de quando se deve introduzir uma variedade GM e desenvolver áreas de

refúgio: a primeira abordagem diz respeito a uma prática de manejo pró-ativa da

resistência, no qual a uma interpretação conservativa dos dados disponíveis é utilizada

para o desenvolvimento de estratégias de manejo da resistência. Essa abordagem

empregaria uma área de refúgio relativamente grande associada ao plantio inicial de

plantas transgênicas, além de envolver uma série de estudos envolvendo a planta

transgênica, ecologia dos insetos e outros aspectos antes de haver a liberação da planta

para o plantio comercial; a segunda abordagem seria a introdução rápida das plantas

transgênicas combinada com práticas de manejo adaptativa da resistência. Essa prática

adotaria uma interpretação menos conservativa dos dados disponíveis, mas utilizaria

uma abordagem contínua de monitoramento e avaliação dos dados para estar sempre

adotando práticas de manejo condizentes com a situação. Essa prática de manejo

depende da nossa habilidade de identificar alelos raros que conferem resistência

quando esses ainda estão em baixa freqüência nas populações (ANDOW;

HUTCHINSON,1998).

Sendo assim, percebe-se que tanto as práticas de utilização conservativa quanto

as táticas de manejo adaptativo depende de geração de conhecimento sobre o

complexo de pragas que são alvos de controle de determinada planta GM e informações

sobre os aspectos agroecológicos do ambiente. Portanto, conhecer a diversidade

genética dos insetos pragas, e como essa está estruturada em unidades populacionais

menores dentro do complexo ecossistema permite entender os processos que

determinam essa distribuição espacial além de permitir isolar locais e populações com

29

maior potencial para a evolução da resistência, uma vez que a estrutura populacional e

a variabilidade genética divergirem entre populações, da mesma forma os alelos que

conferem resistência também podem estar distribuídos desigualmente. Dessa forma

percebe-se a importância de se entender os padrões de distribuição da variabilidade

genética e fluxo gênico para se determinar áreas foco para o monitoramento e

desenvolver estratégias para mitigar a evolução da resistência nesses locais. (CAPRIO

et al., 2000).

2.1.3 Marcadores moleculares

A genética de populações sofreu uma revolução nas últimas décadas, após o

advento dos marcadores moleculares. Essa revolução se deve ao fato de hoje, ser

possível estudar genética de qualquer organismo existente, sem a necessidade de se

ter um organismo mutante que manifesta diferenças visíveis, como ervilhas lisas e

rugosas, ou Drosophila spp. com olhos vermelhos ou brancos.

E essa revolução veio com a abundância de dados experimentais gerados pelo

uso de métodos moleculares nos estudos dos polimorfismos genéticos. Presente em

todos os organismos, os polimorfismos moleculares permitem que as populações sejam

estudadas independentemente da espécie ou do hábitat, e sem a necessidade de

cruzamentos controlados, genes mutantes ou de quaisquer estudos genéticos anteriores

(HARTL, 2008)

Sendo assim, marcador molecular é todo e qualquer fenótipo molecular

proveniente de um gene expresso, como no caso de isoenzimas, ou de um segmento

específico de DNA (correspondendo a regiões expressas ou não do genoma). A

revolução neste plano se iniciou com o descobrimento e utilização de marcadores

isoenzimáticos a partir do ano de 1959, ampliando vastamente o número de marcadores

genéticos e possibilitando a aplicação da técnica praticamente todas as espécies de

plantas e animais (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).

Os marcadores isoenzimáticos são formas distintas de uma mesma enzima, que

não precisam estar num mesmo indivíduo, com função catalítica idêntica ou similar que

diferem entre si pela a seqüência de aminoácidos. O princípio básico da técnica consiste

30

na utilização de eletroforese em gel e na visualização da atividade enzimática por meio

de métodos histoquímicos. Trata-se de uma técnica de fácil manipulação, ainda muito

utilizada, custo relativamente baixo, e que permite analisar vários sistemas

isoenzimáticos e grande número de indivíduos. Os marcadores isoenzimáticos são do

tipo co-dominantes. Apresentam como propriedade mais expressiva, a base genética

simples envolvida ligada a essas enzimas (SOLTIS; SOLTIS, 1989), entretanto com

limitações na cobertura reduzida dos genomas investigados, devido ao pequeno número

de locos que podem ser detectados, e o baixo nível de polimorfismo identificado por loco

(ALFENAS, 1998; BORÉM; CAIXETA, 2006).

Outro marcador molecular desenvolvido foi o RFLP – “Restriction Fragment

Lenght Polymorphism” (polimorfismo no tamanho de fragmentos de restrição). O

desenvolvimento dessa técnica só foi possível a partir de descobertas das enzimas de

restrição na década de 60. Esse marcador possibilitou detectar diferenças entre

indivíduos por meio de cortes no DNA estudado. Com esta técnica, o DNA genômico de

um indivíduo pode ser isolado e digerido com enzimas de restrição, os fragmentos

obtidos são separados em um gel num processo denominado eletroforese, gerando

fragmentos de tamanho e número variáveis que evidenciam o polimorfismo genético. Os

fragmentos são transferidos para uma membrana de náilon ou nitrocelulose – técnica

denominada “Southern blot”. A próxima etapa consiste na hibridização do DNA das

amostras já imobilizadas em membranas, com uma sonda radioativa de DNA

complementar ao fragmento de interesse. A última etapa é a auto-radiografia, ou seja,

exposição da membrana hibridizada com a sonda radioativa a um filme de raios-X,

revelando a presença de bandas, que são os marcadores RFLP (HELENTJARIS et al.,

1986). Uma das principais vantagens desse marcador é a sua expressão co-dominante,

que permite distinguir indivíduos homozigóticos de indivíduos heterozigóticos, outra

vantagem que merece destaque é a possibilidade de utilização de sondas heterólogas,

permitindo o mapeamento comparativo entre as espécies. As principais desvantagens

são o trabalho que envolve a execução das várias etapas, o alto custo e o uso de

radioatividade (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).

Com o desenvolvimento de uma tecnologia simples e eficiente que automatizou

a reação em cadeia da polimerase – PCR “Polymerase Chain Reaction” pelo

31

pesquisador Kary Mullis permitiu uma revolução na biologia molecular e

conseqüentemente no desenvolvimento e aplicação de marcadores moleculares, tais

como RAPD, STS, SCARS, AFLP, SNPs e microssatélites. Através deste processo é

possível multiplicar “in vitro” e em escala exponencial cópias de um segmento específico

de DNA, na presença da enzima DNA polimerase (MULLIS; FALOONA, 1987).

O RAPD – “Random Amplified Polymorphic” DNA (DNA polimórfico amplificado

arbitrariamente) – é basicamente uma variação do protocolo de PCR, difere em duas

características, utiliza um primer único e menor ao invés de um par de primers e este

tem seqüência alvo desconhecida. Esta técnica permite a detecção de fragmentos

aleatórios de DNA. Em relação aos RFLPs, os RAPDs são mais baratos, requerem

pouco tempo e não necessitam de radioisótopos, entretanto são marcadores

dominantes, ou seja, não é possível distinguir os genótipos dos heterozigotos, e

conseqüentemente não é possível se estimar a freqüências alélicas e genotípicas de um

determinado loco, a não ser que se assuma equilíbrio de Hardy-Weinberg para aquele

loco e população. Outra desvantagem deste marcador é que se trata de uma técnica

muito sensível e que, portanto, não possui reprodutibilidade entre laboratórios

(WILLIAMS, 1990).

AFLP – “Amplified Fragment Length Polymorphisms” (polimorfismos de

comprimento de fragmentos amplificados) são marcadores moleculares desenvolvidos

por Zabeu (1993); cuja técnica combina a digestão de fragmentos de DNA com enzimas

de restrição de corte raro e enzimas de corte freqüente e a amplificação desses

fragmentos por PCR (VANTOAL et al., 1996). Assim sendo, o DNA de um indivíduo é

clivada com uma combinação de duas enzimas, uma de corte raro, outra de corte

freqüente e esses fragmentos após serem clivados são ligados às extremidades dos

adaptadores específicos de cada enzima de restrição, que servem de sítios de ligação

dos primers para posterior reação de PCR; os produtos dessa amplificação são

separados em gel de poliacrilamida desnaturante e o polimorfismo é identificado pela

presença ou ausência de bandas (VOS et al., 1995). Os marcadores AFLP também são

dominantes. Contudo, apresenta como vantagens a visualização em um único gel de um

grande número de fragmentos gerados, proporcionando uma amostragem ampla e

simultânea de um genoma, grande poder de detecção de variabilidade genética, e

32

apresentam maior robustez e reprodutibilidade quando comparado com marcador

RAPD.

Os marcadores moleculares os SNPs – “Single Nucleotide Polymorphisms”

(polimorfismo de um único nucleotídeo) são mais recentes. Os SNPs são alterações de

uma única base no genoma, ocorrendo a cada 600 pares de bases aproximadamente,

quando se compara segmentos correspondentes do genoma entre indivíduos da mesma

espécie. Esses polimorfismos ocorrem quando há substituições de um único nucleotídeo

A, C, G, T em uma determinada posição do genoma com freqüência alélica mínima de

1% em uma população (BROOKES, 1999). Os SNPs são, portanto, marcadores

genéticos baseados na detecção de polimorfismos resultantes de alterações de

nucleotídeos, que devido à freqüência em que ocorrem são considerados importantes

ferramentas para obtenção de mapas genéticos de alta resolução. A via direta para

identificação de SNP é o seqüenciamento de fragmentos de DNA, amplificados por

PCR, com primers desenhados para este fim. A identificação também pode ser feita por

análise eletrônica de variação pontual (KWOK, 2001).

2.1.4 Marcadores moleculares microssatélites e genética de populações

Microssatélites, também conhecidos como sequências de repetição simples –

“Simple Sequence Repeats” (SSR), ou repetições curtas em “tandem” – “Short Tandem

Repeats” (STR), são regiões de DNA repetitivo não codificantes compostos por

pequenos motivos de um a seis nucleotídeos repetidos em “tandem”, que são

encontrados em quase todos os genomas de procariotos e eucariotos (FERREIRA;

GRATTAPAGLIA, 1998; TOTH; GASPARI; JURKA, 2000; ZANE; BARGRLLONI;

PATARNELLO, 2002). Estão presentes em regiões codificantes e não-codificantes e

geralmente são caracterizados por um alto grau de polimorfismo. São muito utilizados

como marcadores moleculares por possuírem um atributo particular que é ter uma alta

taxa de mutação quando comparados com o restante do genoma (JARNE; LAGODA,

1996).

A forma como se originam e a dinâmica de mutação dos microssatélites no

genoma dos organismos ainda é incerta (SCHLOTTERER, 2000), entretanto sabe se

33

que a taxa de mutação dos microssatélites é muito alta quando comparada com outras

partes do genoma, variando de 10-6 a 10-2 nucleotídeos por loco por geração (SIA et. al.,

2000). Muitos mecanismos já foram sugeridos para explicar as altas taxas de mutação

dos microssatélites, incluindo erros durante a recombinação, “crossing-over” desigual e

“slippage” da DNA polimerase durante a replicação ou reparo do DNA (STRAND et al.,

1993). Sobre as teorias da dinâmica de mutação dos microssatélites duas são mais

aceitas e dizem que essa pode estar associada ao sistema de reparo pela DNA

polimerase ou ainda, ser conseqüência do processo de recombinação (SCHLOTTERER;

TAUTZ, 1992; FIELD; WILLS, 1996). Durante o processo de recombinação o “crossing-

over” desigual pode ser responsável pela alta taxa de polimorfismo destes marcadores,

que por problemas no pareamento dessas seqüências durante o quiasma, aumenta a

taxa de mutação das regiões microssatélites e são estas mutações que tornam estes

marcadores tão informativos (STRAND et al., 1993; SCHLÖTTERER et al., 1998). Já

sobre mutações ligadas a eventos de “slippage”, ou deslizamento da DNA polimerase

durante a replicação, acredita-se que na replicação de uma região repetitiva, as fitas de

DNA separam-se e une-se novamente de forma incorreta, o que geraria cópias de

trechos de DNA (alelos) com diferentes tamanhos ou números de repetições de um

determinado motivo no próximo ciclo de replicação, por meio da inserção ou deleção de

uma unidade de repetição. Esse tipo de evento possivelmente gera alta taxa de mutação

dos microssatélites, numa freqüência de 10-4 e 10-3 por loco e por gameta em cada

geração (SCHLOTTERER; TAUTZ 1992; SCHLOTTERER, 2004).

O polimorfismo de um loco microssatélite é resultado do número de repetições do

motivo que o caracteriza. Portanto, os diferentes alelos que um loco microssatélite pode

apresentar distinguem-se uns dos outros pelo número de repetições dos motivos

microssatélites. Um loco microssatélite homozigoto tem o mesmo número de repetições

em ambos os cromossomos homólogos, entretanto um loco heterozigoto tem um

número de repetições do motivo para cada alelo de cada cromossomo homólogo. Por

exemplo, um alelo pode ter nove repetições e outro dez (OLIVEIRA et al., 2006). O

número de repetições é um fator crucial para determinar a dinâmica evolutiva do DNA

microssatélite, e por isso é importante conhecer quais parâmetros influenciam o

comprimento das repetições.

34

Os microssatélites são classificados conforme a composição das seqüências

repetidas: (a) repetições perfeitas, quando não apresentam nenhuma interrupção, por

exemplo: GTGTGTGTGTGTGT; (b) repetições imperfeitas, quando são interrompidas

por bases que não correspondem ao motivo, por exemplo: GTGTGTGTAGTGTGTT; (c)

repetições compostas, quando duas ou mais repetições (classes) de microssatélites

estão dispostas adjacentes, por exemplo: GTGTGTGTGTGTCACACACACACA

(BORÉM; CAIXETA, 2006).

Apesar das seqüências microssatélites variarem de um indivíduo para outro, as

seqüências de DNA que as flanqueiam são bastante conservadas entre indivíduos da

mesma espécie. Conhecendo essas regiões é possível desenhar primers (iniciadores)

capazes de amplificar, através de PCR, as regiões adjacentes e as que contêm os

microssatélites. Os produtos de amplificação podem ser visualizados em gel de

poliacrilamida desnaturante ou não desnaturante, em gel de agarose de alta resolução

ou por meio de primers fluorescentes em seqüenciador automático. O polimorfismo

entre bandas é decorrente dos tamanhos diferentes entre as seqüências repetitivas

(SOUZA, 2001; BORÉM; CAIXETA, 2006). Esses marcadores são, portanto, facilmente

detectados através de PCR, produzindo resultados altamente reprodutíveis se

comparado a outros tipos de marcadores moleculares (TAUTZ; TRICK; DOVER, 1986;

WRIGHT; BENTZEN, 1994; O’CONNELL; WRIGHT, 1997).

Os microssatélites são marcadores moleculares úteis em um grande número de

análises. Sua aplicação vai desde o mapeamento gênico a estudos forenses,

abrangendo áreas de estudo como a da genética de populações e conservação e

manejo de recursos naturais (JARNE; LAGODA, 1996). São marcadores ideais para

estudos de genética e evolução de populações devido ao alto poder discriminatório, à

robustez, confiabilidade, praticidade operacional e por serem mais informativos

geneticamente (SLATKIN, 1995).

Além disso, apresentam as seguintes características, que fazem com que seja

preferencialmente escolhido como marcador molecular: são marcadores co-dominantes;

são amplamente distribuídos no genoma dos eucariotos; são multialélicos; são

facilmente amplificados via PCR; e os primers uma vez desenvolvidos, podem ser

facilmente compartilhados entre laboratório (SCHLÖTTERER, 2004).

35

Contudo o emprego da tecnologia envolve algumas limitações, como o grande

trabalho para o desenvolvimento dos primers específicos para os locos microssatélites

de cada espécie. Entretanto, pelo fato das sequências que flanqueiam os microssatélites

serem altamente conservadas, os mesmos primers obtidos para uma espécie podem ser

utilizados para outras espécies relacionadas (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).

O desenvolvimento de marcadores microssatélites para espécies do grupo dos

lepidópteros é extremamente difícil por razões não compreendidas. Entretanto novas

descobertas demonstraram que muitas seqüências de microssatélites de lepidópteros

existem em múltiplas cópias no genoma, e possuem regiões flanqueadoras iguais ou

quase semelhantes. Essas descobertas forneceram uma convincente explicação para a

baixa eficiência de isolamento de microssatélites em lepidópteros, e também deram luz

para o entendimento da dinâmica evolutiva das sequências microssatélites nesse grupo

de insetos (ZHANG, 2004). A abundância de microssatélites encontrada em genomas

de lepidópteros é considerada baixa, quando comparada com outros grupos

taxonômicos. Dentre 20 trabalhos reportados em literatura que foram feitos o isolamento

de locos microssatélites, em 80% dos casos não mais do que cinco locos polimórficos

foram encontrados (ZHANG, 2004; JI; ZHANG, 2004). Além disso, é importante o fato

de que a eficiência de clonagem também é baixa. Enquanto que a eficiência foi de 14%

para a clonagem de sequências contendo microssatélies em Locusta migratória (L.),

para H. armigera essa eficiência foi em torno de 2,5% (JI, 2003; ZHANG, 2003). Esses

resultados mostram a baixa freqüência de microssatélites nos genomas de lepidópteros.

O isolamento de locos microssatélites em lepidópteros também é complicado por causa

da ocorrência de famílias de DNA microssatélites. Essas famílias possuem as regiões

flanqueadoras semelhantes (NEVE; MENGLÉZ, 2000), e na maioria dos casos essas

regiões possuem DNA repetitivo. A associação de microssatélites com regiões

flanqueadoras que possuem DNA repetitivo parece ser característica dos microssatélites

de lepidópteros (JI; ZHANG, 2004). Contudo, em estudo de genética de populações,

apenas a ocorrência de microssatélites cópia-única é usada para acessar o polimorfismo

de populações naturais. Isso determina conseqüentemente, que as regiões

flanqueadoras dos microssatélites isolados devem ser únicas no genoma do organismo

estudado. Sendo assim, os microssatélites de lepidópteros são considerados

36

redundantes, pois as várias regiões flanqueadoras semelhantes podem ser amplificadas

utilizando um mesmo conjunto de primers desenvolvidos para acessar apenas um loco

microssatélite. As conclusões a respeito das características dos locos microssatélites de

lepidópteros (baixa freqüência e alta redundância) são as de que os microssatélites

estão em estágios iniciais de evolução, e que muitas dessas seqüências

experimentaram eventos recentes de propagação e multiplicação. Portanto, as regiões

flanqueadoras dos microssatélites de lepidópteros ainda não acumularam mutações

suficientes para promover a diferenciação dessas regiões, resultando baixa proporção

de microssatélites únicos (ZHANG, 2004).

Em estudos de genéticas de populações, a escolha do marcador determina o

grau de resolução das suas análises de variabilidade genética e estrutura populacional.

Dentre as possibilidades de marcadores moleculares, hoje os microssatélites são

amplamente utilizados por permitir esse grau de resolução, e tem sido amplamente

utilizados em estudos de populações de pragas-alvo do controle de plantas transgênicas

e no contexto do manejo integrado de pragas (COATES; HELLMICH; LEWIS, 2005; JI,

2003; SCOTT et al., 2006).

Uma população, sob o ponto de vista genético, é definida como um conjunto de

indivíduos de uma mesma espécie, que compartilham o mesmo pool gênico, isto é,

indivíduos que compartilham seus genes através de reprodução (FALCONER;

MACKAY, 1989). Em genética de populações os parâmetros utilizados para descrever

uma população são: as freqüências alélicas e genotípicas, que se referem,

respectivamente, à quantidade observada de um determinado alelo frente ao total de

alelos da população e a quantidade observada de indivíduos com um determinado

genótipo frente ao total de indivíduos da população, as heterozigosidades esperada (HE)

e observada (HO) e a diversidade genética, que é medida da variabilidade genética da

população, que permitem identificar os alelos e identificar o número de indivíduos

heterozigotos, bem como a quantidade de indivíduos homozigotos diferentes (WEIR,

1996). Esses parâmetros além de descrever populações individuais são necessários

para se estudar a variabilidade genética entre populações e como essa variabilidade

está estruturada no espaço. A alteração genética de uma população pode ser avaliada

pela mudança nas suas freqüências gênicas, o que torna a estimativa da freqüência de

37

heterozigotos fundamental nos estudos evolutivos (NEI, 1978). Além disso, as

mudanças e distribuição das freqüências alélicas entre as populações de uma espécie

determinam o grau de estruturação da variabilidade genética existente. Sendo assim os

fatores que determinam a estruturação são: deriva genética, migração, mutação,

seleção, sistema reprodutivo e número de gerações (HARTL, 2008).

O entendimento da estrutura genética e do fluxo gênico intra-específico entre

populações e subpopulações de uma determinada espécie de inseto-praga é essencial

para se delinear melhores de práticas de manejo com o objetivo de retardar a evolução

da resistência a qualquer tática de controle de insetos, uma vez que é por meio dos

eventos de migração que os alelos que conferem resistência são rapidamente

distribuídos entre as populações de um inseto-praga (CAPRIO; TABASHNIK, 1992;

TABASHNIK, 1991). Portanto a escolha do marcador molecular microssatélite foi feita

baseada nas suas características únicas e no seu grau de resolução que melhor irá

responder os questionamentos que irão auxiliar nos estudos sobre evolução da

resistência.

2.2 Material e métodos

2.2.1 Coleta das populações

As populações de A. argillacea foram coletadas nas regiões produtoras de

algodão no Brasil, em quatro estados sobre a variedade comercial cultivada (Gossipium

hirsutum L.), e também foram coletados indivíduos em G. hirsutum L. var. Maria

Galante, que é uma variedade selvagem de algodão, comumente conhecido como

algodão arbóreo ou mocó. Nas coletas, preferencialmente foram amostrados formas

larvais ou então pupas do inseto. As coletas foram realizadas buscando a máxima

variabilidade possível. Os pontos de amostragem da praga foram distribuídos dentro de

cada região de coleta. Esses indivíduos foram armazenados adequadamente,

juntamente com o substrato para alimentação para lagartas, e foram trazidos para o

Laboratório de Resistência de Artrópodes a Pesticidas, Departamento de Entomologia e

Acarologia, ESALQ-USP. Os insetos provenientes de cada localidade foram criados em

38

laboratório de acordo com a metodologia descrita a seguir (item 2.2.2) e foram utilizados

tanto para a caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac quanto

para o estudo de variabilidade, estrutura genética e fluxo gênico da espécie no Brasil. As

regiões de coleta, a identificação de cada população, o local (município) de origem e a

data de coleta estão expressos no Quadro 1.

Região População Município Coordenadas Geográficas

Data de Coleta

Bahia BA-1 Barreiras 44°59’32,9”O 12°08’53,4”S

13/02/2008

BA-2 Luis Eduardo Magalhães 45°47’53,7”O 12°05’57,9”S

24/02/2008

BA-3 Roda Velha 45°49’23,2”O 12°41’36,9”S

17/03/2008

Goiás GO-1 Montevidiu 51°08'27,9"S 17°29'11,9”O

17/03/2008

Mato Grosso MT-1 Campo Verde 55°09’58,6”S 15°32’44,0”O

26/06/2008

Mato Grosso do Sul MS-1 Chapadão do Sul 52°36’59,4”S 18°46’44,0”O

17/03/2008

Bahia BA-4 São Desidério 44°59'03,2”S 12°21'07,6”O

05/03/2009

Goiás GO-2 Cristalina 47°36'45,4"S 16°17'00,2"O

16/03/2009

Mato Grosso MT-2 Rondonópolis 54°40’09,3”S 16°42’07,5”O

12/03/2009

MT-3 Primavera do Leste 54°17’58,5”S 15°33’34,9”O

18/03/2009

Mato Grosso do Sul MS-2 Chapadão do Sul 52°38’34,7”S 18°46’24,0”O

25/03/2009

Paraíba PB-1 Campina Grande 35°52’56,3”S 07°13’51,6”O

13/09/2009

Quadro 1 – Identificação das populações de Alabama argillacea amostradas nas diferentes regiões, municípios, coordenadas geográficas e datas de coleta

39

2.2.2 Criação em laboratório

Os adultos de A. argillacea foram criados em laboratório, em gaiolas de PVC

revestidas com papel sulfite, que foi utilizado com substrato para postura, e alimentados

com solução de mel 30%. As gaiolas permaneceram em sala climatizada regulada a 25

± 1ºC, umidade relativa (UR) acima de 60% e fotofase de 14h. A cada dois dias foi feita

a troca das gaiolas, da solução de mel, e a separação das posturas. Essas posturas

foram colocadas em recipientes plásticos de 10 ml com tampa juntamente com papel

filtro umedecidos e acondicionados em câmara climatizada regulada a 25 ± 1ºC,

umidade relativa (UR) 60% e fotoperíodo de 14:10 (claro:escuro) até a eclosão das

lagartas. As lagartas neonatas foram transferidas para placas de Petri de vidro,

juntamente folhas novas de algodão (cultivar Delta Opa)l e permaneceram nesses

recipientes até a fase de pupa. Para cada população foram separadas em torno de dez

placas de Petri com aproximadamente 10 lagartas por placa, sendo que nos estádios

larvais mais próximos do estágio de pupa, foram deixadas em torno de cinco lagartas

por placa. As folhas de algodão foram trocadas e as placas limpas a cada dois dias nos

primeiros instares, e todos os dias após o terceiro instar até a fase de pupa. Essas

placas foram acondicionadas em sala climatizada regulada a 25 ± 1ºC, umidade relativa

(UR) 30% e fotofase de 14h até as lagartas se tornarem pupas. As pupas foram

separadas do restante das lagartas e colocadas sobre vermiculita, em placas de Petri, e

foram acondicionadas em sala climatizada, regulada para umidade relativa (UR) para

60%, sendo que a vermiculite foi umedecida a cada dois dias. Uma parte das lagartas

(10%) foi utilizada para a manutenção das populações, e o restante e foi utilizada para a

realização dos bioensaios de caracterização da linha-básica de suscetibilidade e

validação da concentração diagnóstica.

40

2.2.3 Caracterização da suscetibilidade de Alabama argillacea à toxina Cry1Ac.

2.2.3.1 Linha-básica de suscetibilidade

As caracterizações da linha-básica de suscetibilidade das populações de A.

argillacea (Quadro 1) foram realizadas por meio de bioensaios de imersão de discos de

folhas de algodão em soluções contendo toxina Cry1Ac, obtida a partir do biopesticida

MVP II (Dow Agrosciences, San Diego, EUA), e 0,1% do agente surfactante Triton X-

100 . Os discos, após a imersão nas diferentes concentrações, foram colocados em

placas de acrílico de 12 células de 2,0 cm de diâmetro (Costar, Cambridge,

Massachusetts, EUA) contendo no fundo 500 µL de solução de ágar 2,5% e sobre essa

camada, disco de papel de filtro. Após a secagem da toxina foi realizada a transferência

de uma lagarta neonata (24 h após eclosão) de A. argillacea em cada célula. As lagartas

do tratamento testemunha foram dispostas sob o mesmo substrato sem a presença da

toxina. Para cada concentração foram utilizadas aproximadamente 96 lagartas

neonatas, divididas em oito repetições. Essas placas foram fechadas com filme plástico

e esse foi perfurado com alfinete entomológico para haver trocas gasosas entre as

células e o ambiente da câmara climatizada, a fim de evitar o acúmulo de água dentro

de cada célula (Figura 1). Essas placas foram mantidas em câmara climatizada regulada

a 27 ± 1ºC e fotofase de 14 h. Os bioensaios foram avaliados cinco dias após a

transferência das lagartas. Os critérios de resposta avaliados foram a mortalidade e a

inibição de crescimento.

A mortalidade foi observada pela constatação visual das condições diagnóstico-

toxicológicas características da toxina, que são: não desenvolvimento das lagartas, ou

seja, não ultrapassam o primeiro instar, as lagartas apresentam sinais de dessecação e

as folhas contendo a toxina não apresentam sinais de consumo. As concentrações

utilizadas foram definidas a fim de compreender as porcentagens de mortalidade entre o

intervalo de 5 a 95%. Os dados de mortalidade obtidos com os bioensaios foram

submetidos à análise de regressão utilizando o modelo de Probit, por meio do programa

PoloPlus (LeOra Software, 2002) e as estimativas dos seguintes parâmetros foram

obtidas: CL50 e CL95 (Concentração Letal capaz de causar mortalidade em 50% e 95%

41

da população, respectivamente); intervalo de confiança a 95% (IC 95%) das

concentrações letais; o coeficiente angular (± erro padrão) da regressão de Probit. Para

a comparação das linhas–básicas obtidas foram comparados os limites dos intervalos

de confiança a 95% (IC 95%) das CL50s e CL95s estimadas para cada população. As

estimativas foram consideradas significativamente diferentes (p < 0,05) quando os IC

95% não se sobrepuseram. O teste de igualdade e paralelismo de retas, que compara

os valores de coeficiente angular (parâmetro β) e os valores de intercepto das retas no

eixo Y (parâmetro α) entre as retas obtidas com a regressão de Probit, foi utilizado para

confirmar as diferenças estatisticamente com um nível de significância. As retas foram

consideradas não paralelas se os valores de β apresentaram diferenças significativas (p

< 0,05). Já as retas foram consideradas diferentes se os valores de α e de β foram

significativamente diferentes (p < 0,05). Contudo as retas foram consideradas

significativamente diferentes se o teste de hipótese H0 tanto para o paralelismo, quanto

para o de similaridade foram rejeitados.

Para a avaliação da inibição de crescimento, foram obtidos os valores de peso

agrupando as lagartas sobreviventes em cada tratamento, de cada repetição. Para os

dados de peso médio foi realizado análise de regressão não-linear utilizando o modelo

de regressão logístico não-linear seguinte: peso=W0/ [(1+(concentração/EC50)B], onde

W0 é o peso esperado da testemunha, concentração é a quantidade de toxina Cry1Ac

por ml de água, EC50 é a concentração efetiva capaz de reduzir 50% do peso da lagarta

e B parâmetro de angulação da função logística (SIMS; BERBERICH, 1996). Para o

calculo da EC99 e seu respectivo intervalo de confiança (IC 95%) a seguinte equação

modificada foi utilizada: peso=W0 / [(1+(100-1)(concentração / EC99)B]. Através desse

modelo foi possível obter as estimativas dos parâmetros EC50 e EC99 e seus respectivos

intervalos de confiança a 95% de probabilidade (IC95).

42

Figura 1 – A) Preparo das placas para bioensaio de imersão de discos de folhas: células contendo 500 µL de solução de ágar a 2,5%; camada de papel filtro sobre a camada de ágar; discos de folhas que foram imersos em soluções de Cry1Ac (µg de I.A. / ml de água); B) transferência de lagartas de A. argillacea para cada célula após a secagem da solução contendo toxina Cry1Ac; e C) material utilizado para a realização do bioensaio de imersão de discos de folhas: a) pincel para a transferência das lagartas; b) filme plástico para selagem das placas

A

B

C

43

2.2.3.2 Determinação e validação da concentração diagnóstica para o

monitoramento da suscetibilidade

As duas abordagens para a caracterização da suscetibilidade permitiram

determinar as concentrações diagnósticas que foram utilizadas no monitoramento da

suscetibilidade de A. argillacea à toxina Cry1Ac. Foi feita uma regressão de Probit

agrupando todos os dados obtidos com as caracterizações das linhas-básicas de

suscetibilidade das populações da safra agrícola de 2007/2008. As estimativas dos

parâmetros: CL50, CL95 e CL99 (concentração letal de 50, 95 e 99%, respectivamente),

intervalo de confiança a 95% (IC 95%) para cada concentração letal e o coeficiente

angular (± erro padrão) da regressão de Probit também foram obtidas (item 2.2.3.1). Foi

feita a comparação dos resultados obtidos com a caracterização da linha–básica de

suscetibilidade com os dados obtidos com a regressão para o modelo de resposta de

inibição de crescimento.

Os procedimentos de bioensaio foram os mesmos utilizado para a

caracterização da linha-básica de suscetibilidade, Foram testadas aproximadamente

500 lagartas neonatas, divididas em repetições de 12 lagartas. Foram estimados a

porcentagem de mortalidade em cada repetição e a média dessa estimativa e seu

respectivo erro padrão em cada população estudada.

2.2.4 Desenvolvimento e caracterização dos microssatélites

2.2.4.1 Extração e quantificação de DNA

A extração de DNA foi realizada com adultos provenientes de lagartas coletadas

no campo. Esses adultos foram armazenados a -20ºC até o momento da extração de

DNA. Para a extração do DNA foi utilizado o protocolo CTAB descrito por Doyle e Doyle

(1990) com modificações. O DNA foi extraído a partir do tórax de indivíduos adultos de

A. argillacea macerados da seguinte maneira: (1) Em tubos plásticos de tipo

44

“Eppendorff’s” de 1,5 mL identificados foi adicionado um tórax, devidamente separado

do restante do corpo; (2) foram adicionados 500 µL de tampão de extração CTAB pré-

aquecido, os tubos foram fechados e agitados para ressuspender o tecido no tampão;

(3) foram levados ao banho-maria (65ºC) por 60 minutos, agitando-os manualmente a

cada 10 minutos; (5) após serem retirados do banho-maria e com a mistura em

temperatura ambiente foram adicionados 700 µL de clorofórmio-álcool isoamílico (24:1)

e os tubos foram agitados por 10 minutos invertendo-os no mínimo 20 vezes até fazer

uma emulsão homogênea; (6) os tubos foram centrifugados por 5 minutos a 12000 rpm;

(7) o sobrenadante foi transferido para novos tubos também marcados; (8) foram

adicionados 2,5x do volume do volume da solução (≈ 1500 µl) de isopropanol gelado,

que foi misturado suavemente ao sobrenadante que estava no tubo e esse foi deixado

em repouso, por 60 minutos, a -20°C, para formar um precipitado; (9) os tubos foram

centrifugados durante 10 minutos a 12000 rpm; (10) suavemente foi descartado o

máximo de sobrenadante invertendo os tubos sem perder o pélete; e após a secagem

do precipitado à temperatura ambiente; (11) foram adicionados 300 µL de etanol 70%

(v/v) para lavar o precipitado, deixando-o imerso por 5 a 10 minutos, invertendo-o

suavemente; (12) os tubos foram centrifugados durante 5 minutos a 12000 rpm; (13) foi

retirado o máximo do etanol sem perder o pélete; (14) foi adicionado novamente 300 µL

de etanol 70% (v/v) para lavar o precipitado, invertendo-o suavemente; (15) os tubos

foram centrifugados durante 5 minutos a 12000 rpm; (16) foi retirado o máximo do

etanol e o pellet secou em temperatura ambiente; (17) cada precipitado foi dissolvido

em 50 µL de tampão TE (10 mM Tris-HCl, 1 mM de EDTA, pH 8,0) acrescido de 1%

RNAse (10mg/mL) e deixando-se sobre a bancada no decorrer da noite. As amostras

foram então armazenadas a –20ºC.

A quantidade de DNA presente em cada amostra foi estimada pela intensidade

de fluorescência emitida pelo corante Sybr Safe® (Invitrogen) sob UV em géis de

agarose a 0,8% (p/v). Essa intensidade foi comparada a de padrões com pesos

moleculares e concentrações específicas e conhecidas de DNA (DNA do fago λ).

45

2.2.4.2 Construção de biblioteca genômica enriquecidas em microssatélites

Para a construção da biblioteca genômica enriquecida em microssatélites foram

utilizados DNA do tórax de dois indivíduos adultos de Alabama argillacea que foi

extraído utilizando o protocolo descrito anteriormente. O protocolo utilizado para a

construção da biblioteca foi o descrito por Billotte et al. (1999), com modificações.

Inicialmente foi feita a digestão do DNA genômico utilizando enzima de restrição. A

digestão de aproximadamente 30,0 μg de DNA (1000 ng/μL) foi feita utilizando 5,0 μL

enzima RsaI (10 U/ μL). Foram adicionados na reação 10,0 μL de tampão de reação (50

mM Tris-HCL, p H7,8; 10 mM MgCl2; 10 mM DTT; 25 μg/ml BSA), 10,0 μL de

espermidina (40mM) e água milliQ autoclavada para completar 100 μL. O material foi

incubado a 37º C por 6 horas.

Em seguida foi realizada a ligação dos adaptadores. Os adaptadores Rsa21 (5’

– CTC TTG CTT ACG CGT GGA CTA – 3’) e Rsa25 (5’ – TAG TCC ACG CGT AAG

CAA GAG CAC A – 3’) foram ligados aos fragmentos digeridos de extremidade abrupta

com a enzima T4 DNA ligase. Para isso foram utilizados 1,5 μL do adaptador Rsa21 (10

μM) e 1,5 μL do adaptador Rsa 25 (10 μM), 5,0 μg do DNA genômico digerido, 5,0 μL do

tampão 5X (50 mM Tris-HCL, pH7,8; 10 mM MgCl2; 10 mM DTT; 25 μg/ml BSA), 2,0 μL

de T4 DNA ligase (1U / μL) e água milliQ autoclavada para completar 25,0 μL. Esta

reação foi incubada a 20°C por 2 horas.

Após a ligação dos adaptadores foi realizada uma reação de amplificação para

gerar uma maior quantidade de DNA para a seleção. Os fragmentos foram amplificados

utilizando 5,0 μL do produto da ligação; 2,0 μL do primer Rsa21 (10 μM), 5 μL de

tampão 10 X (50 mM KCl; 10 mM de Tris-HCl pH 8,9); 1,5 μL de MgCl2 (50, mM); 4 μL

(2,5 mM) de dNTP) 5,0 μL (3U) de Taq polimerase e água milliQ autoclavada para

completar 50,0 μL. Esta reação foi submetida a uma etapa inicial de desnaturação a

95°C por 4 minutos, seguida de 20 ciclos de 94°C por 30 segundos, 60°C por 1 minuto e

72°C por 1 minuto, e uma etapa de extensão de 72°C por 8 minutos foi adicionado após

o último ciclo. Os fragmentos amplificados foram purificados utilizando o Kit “Qiaquick

PCR purification kit” (Qiagem).

46

A seleção dos fragmentos contendo seqüências ricas em GA/CT, AT/TA e

CA/GT foi feita por meio de hibridização com sondas biotiniladas, biotina - III(CT)8 e

biotina - III(GT)8 e recuperados com estreptavidina ligadas a “beads” magnéticas

utilizando o kit Streptavidine-Magnesphere da Promega (Promega, USA). Para

realização das lavagens, as esferas magnetizadas foram atraídas por um imã

posicionado lateralmente ao tubo em um suporte. A fração enriquecida contendo os

fragmentos de DNA previamente ligados aos adaptadores foi incubada a 95°C por 15

minutos para a desnaturação da dupla fita. Ao DNA desnaturado foram adicionados 3 µL

de cada oligonucleotídeo marcado com as biotinas. Esta solução de hibridização foi

incubada a temperatura ambiente sob constante agitação e após 20 minutos foi

adicionada às esferas magnetizadas previamente lavadas seguindo as recomendações

do fabricante. A suspensão contendo as esferas magnetizadas e o complexo DNA-

sonda foi incubada por 10 minutos à temperatura ambiente sob suave agitação. Após a

incubação, foram realizadas lavagens conforme descrito por Billotte et al. (1999) e os

fragmentos selecionados foram recuperados através de lavagem com 250 µL de água

milliQ autoclavada.

Após a seleção dos fragmentos enriquecidos, estes foram submetidos a uma

PCR utilizando como primer o adaptador Rsa21. A amplificação foi realizada utilizando

20 µL do produto da ligação; 4,0 µL do primer Rsa21 (20 µM); 10 µL de tampão 10 X (50

mM KCl; 10 mM de Tris-HCl pH 8,9); 4,0 µL de MgCl2 (2,0 mM); 8 µL de dNTP (2,5

mM), 5U de Taq polimerase (Invitrogen) e água milliQ autoclavada para completar 100,0

µL. Esta reação foi submetida a uma etapa inicial de desnaturação a 95°C por 1 minuto,

seguida de 25 ciclos de 94°C por 40 segundos, 60°C por 1 minuto e 72°C por 2 minutos.

Um passo prolongado de extensão de 72°C por 5 minutos foi adicionado após o último

ciclo.

Em seguida, 3 µL dos produtos da PCR foram ligados a 1 µL do vetor pGEM-T

(kit Promega), segundo o protocolo fornecido com o vetor plasmidial, e foram

transformados em XL1-Blue SuperCompetent. As células transformadas foram

plaqueadas em meio LB sólido contendo ampicilina (100 µg/ml), 60 µL IPTG (24 mg/ml)

e 60 µL X-Gal (20 mg/ml). As placas foram incubadas invertidas a 37 °C por 18 horas

em estufa para o crescimento de colônias.

47

Os clones positivos (colônias brancas) foram selecionados com a ajuda de

palitos estéreis. Cada colônia selecionada foi colocada em dos poços de uma placa de

ELISA com fundo em U com 80 µL de meio LB contendo ampicilina (100µg/ml). As

placas foram incubadas a 37 °C overnight em estufa para o crescimento de colônias.

Após esse período as placas foram armazenadas em freezer -20°C por 30 minutos e

então foram armazenadas em refrigerador -80°C com glicerol 50% (p/v).

Após o crescimento das colônias foi realizada uma reação de amplificação dos

insertos diretamente das colônias obtidas na etapa anterior, utilizando o primer Rsa21,

com o objetivo e verificar a eficiência do procedimento de enriquecimento e clonagem.

Colônias individuais foram transferidas com um palito estéril para o tubo de PCR

contendo 30,5 µL de água milliQ autoclavada. Esta suspensão de células foi utilizada

em uma reação com volume final de 45,0 µL contendo as seguintes reagentes: 5,0 µL

de tampão 10X (50 mM KCl; 10mM de Tris-HCl, pH 8,9), 4,0 µL de MgCl2 (2,5 mM), 4,0

µL de dNTP (2,5 mM), 2,5 µL de Rsa21 (10 mM), 1,0 µL de Taq DNA polimerase (5

U/µL). Esta reação foi submetida a uma etapa inicial de desnaturação a 95ºC por 4

minutos, seguido de 30 ciclos de 94ºC por 30segundos, 52ºC por 45segundos, 72ºC por

1 minuto e 30 segundos e uma etapa final de extensão a 72ºC por 8 minutos. Para

controle, 10 µL do volume da reação foram utilizados na eletroforese em gel de agarose

1,5% (p/v).

Com o objetivo de isolar o DNA plasmidial das colônias recombinantes para

posterior sequenciamento foi colocado 1 ml de meio Circle Grow contendo 100 µg/ml de

ampicilina em cada pocinho da microplaca; foram inoculadas colônias individuais com o

auxílio de pipeta multicanal; a placa foi selada com adesivo e furada com o auxilio de

uma agulha para aeração durante o crescimento; esta placa foi incubada a 37ºC em

agitador a 300 rpm durante 22h; o adesivo foi trocado e a placa foi centrifugada por 6

minutos a 3000 rpm, para sedimentar as células; o sobrenadante foi descartado e a

placa foi mantida invertida sobre papel absorvente por 1 minuto; foi adicionado a cada

pocinho 240 µL de solução GTE [Glicose 20%, Tris 1 M (pH 7,4), EDTA 0,5 M (pH 8,0)],

a placa foi selada com adesivo e feita a ressuspensão das células agitando-as no vortex

por 2 minutos; a placa foi centrifugada por 6 minutos a 4000 rpm e o sobrenadante foi

descartado; foi adicionado a cada pocinho 80 µL de GTE, a placa foi selada com

48

adesivo para etanol e agitada no vortex por 5 minutos; foi transferido 60 µL de cada

suspensão de células para placa com fundo em U contendo 5 µL de RNAse (10 mg/mL);

foram adicionados a cada pocinho 60 µL de NaOH 0,2M – SDS 1% (p/v), a placa foi

selada com adesivo e a solução foi misturada 10 vezes por inversão e incubada 10

minutos à temperatura ambiente; após esse período a placa foi centrifugada

brevemente; foram adicionados a cada pocinho 60 µL de KOAc 3 M, a placa foi selada

com adesivo e a solução foi misturada 10 vezes por inversão, centrifugada brevemente;

o adesivo foi removido e a placa incubada em estufa a 90ºC por exatos 30 minutos; a

placa foi esfriada em gelo por 10 minutos e centrifugada por 4 minutos a 4000 rpm; foi

fixada com fita adesiva uma placa filtro no topo de uma placa de fundo em U, foi

transferido todo o volume para a placa filtro, e centrifugada por 4 minutos a 4000 rpm, a

20ºC; foi removida a placa filtro e adicionado ao filtrado 110 µL de isopropanol; a placa

foi selada com adesivo e a solução foi misturada 20 vezes por inversão e centrifugada

por 45 minutos a 4000 rpm a 20ºC; o sobrenadante foi cuidadosamente descartado e

foram adicionados 200 µL de etanol 70% (v/v) gelado; a placa foi centrifugada por 5

minutos a 4000 rpm a 20ºC, e o sobrenadante descartado; a placa foi invertida sobre

papel absorvente, centrifugada invertida por 600 rpm. A placa secou por 60 minutos à

temperatura ambiente e o pellet foi ressuspendido em 60 µL de água milliQ (overnight).

2.2.4.3 Seleção, seqüenciamento dos clones positivos e desenho de primers

Os fragmentos contendo clones positivos para SSR foram extraídos das

colônias que apresentaram o incerto (colônias brancas) e os plasmídeos foram

seqüenciados em seqüenciador automático. Foi realizada uma reação com 1μg do

plasmídeo, 8 μL do Big-Dye v.3.1 (Applied Biosystem) e água milliQ para completar

20μL. Os cromatogramas, produzidos pelo sequenciador, foram analisados, a fim de

checar a qualidade do seqüenciamento, utilizando o programa CHROMAS 2.2.1

(http://www.technelysium.com.au/chromas.html).

Os pares de primers que flaqueam as regiões de microssatélites foram

desenhados com o auxilio dos seguintes programas: WEBTROLL

(http://www.bioinformatica.ucb.br/troll.html), utilizado para identificar as regiões de

sequências repetitivas, ou seja, regiões que contem os motivos microssatélites repetidos

49

em tandem nos fragmentos seqüenciados; PRIMER3 (http://fokker.wi.mit.edu/cgi-

bin/primer3/primer3_www_slow.cgi), que foi utilizado para localizar as regiões que

flanqueiam as sequências microssatélites e posteriormente a obtenção de sugestões de

primers que mais se adéquam aos critérios como: temperatura de anelamento dos

oligonucleotídeos, variando entre 55 e 70 ºC, a diferença de temperatura de anelamento

entre os pares de primers de no máximo de 3 ºC e conteúdo GC no mínimo de 50% e

máximo de 60%; GENE RUNNER (http://www.generunner.net/), utilizado para testar a

qualidade dos primers pré-selecionados; e novamente o programa CHROMAS 2.2.1 que

também foi utilizado para testar a qualidade dos primers, contudo este teste é realizado

na própria sequência genômica seqüenciada, a fim de observar se os primers que foram

desenhados acessam uma região que foi bem seqüenciada, permitindo assim ter uma

maior certeza sobre a qualidade e precisão desses primers obtidos.

2.2.4.4 Amplificações iniciais e otimização dos primers

Primeiramente foram feitos testes para se determinar as melhores condições de

amplificação dos primers desenhados. Esses testes iniciais foram necessários para se

determinar a reação e o ciclo de amplificação que puderam ser utilizadas nas

otimizações dos primers. As amplificações iniciais foram feitas com cinco indivíduos

provenientes das populações naturais e 3 primers escolhidos ao acaso Em uma reação

de amplificação utilizando um dos primers selecionados, para um volume final de 20µL,

foram utilizados cerca de 10 ηg do DNA genômico; 0,4 µL do primer foward (10 µM) e

0,4 µL do primer reverse (10 µM); 2,5 µM de cada desoxirribonucleosídeo trifosfato

(dNTP); 2,0 µL solução tampão Buffer 10 X (50 mM de KCl; 10 mM de Tris-HCl, pH 8,9);

2,0 µL de MgCl2 (2,5 mM); 5,0 µL de BSA (2,5µg / ml) e 1 U de Taq DNA polimerase.

As reações de amplificação foram realizadas em um termociclador MyCyclerTM (BIO-

RAD, Inc.) programado para uma desnaturação inicial de 2 minutos a 95ºC, seguido de

45 ciclos com 1 minuto de desnaturação a 95ºC, 1 minuto de anelamento a 60ºC e 1

minuto de extensão a 72ºC, finalizando com uma etapa de extensão final de 5 minutos a

72ºC.

Para a determinação das condições ideais de amplificação de cada primer

sintetizado, as reações foram submetidas a diferentes temperaturas de anelamento. Foi

50

realizado um teste inicial utilizando quatro temperaturas (48, 52, 56 e 60°C), o mesmo

ciclo, para os 23 pares de primers, em três indivíduos das populações naturais

escolhidos ao acaso. Outros testes também foram realizados para otimização dos

primers que não apresentaram amplificação no teste com as quatro temperaturas. Esses

testes foram realizados submetendo as reações de PCRs com variação de temperatura

em gradiente, variação nas concentrações de MgCl2, DNA e BSA. O objetivo dessas

otimizações foi de obter um mínimo de 10 primers que acessam locos microssatélies

polimórficos. Os produtos da PCR foram observados em géis de agarose a 1,5%. A

partir desses resultados foi possível determinar a temperatura de anelamento dos

primers utilizados para a genotipagem dos locos microssatélites.

2.2.4.5 Caracterização dos locos microssatélites

A caracterização dos locos obtidos nas otimizações foi feita em uma população

de campo de A. argillacea com aproximadamente 20 indivíduos, escolhida ao acaso,

buscando locos altamente polimórficos. Essa caracterização foi feita em géis de

poliacrilamida 7% revelados com nitrato de prata, segundo procedimento descrito por

Creste e colaboradores (2001). Os dados obtidos após leitura dos géis foram

submetidos à análise utilizando o programa MStools, que é um suplemento

desenvolvido para Microsoft Excel®, e foi utilizado para estimar as estatísticas

descritivas de cada loco como: HO, HE, número de alelos por loco, amplitude alélica e o

PIC (Polymorphism Information Content).

2.2.5 Estudo da variabilidade genética e estrutura populacional

2.2.5.1 Genotipagem dos locos microssatélites

Os locos obtidos por meio da otimização e caracterização foram utilizados para

a genotipagem dos indivíduos das populações de A. argillacea coletadas, para o estudo

de genética de populações, em géis de poliacrilamida 7% desnaturante, corado com

nitrato de prata (CRESTE; TULMANN NETO; FIGUEIRA, 2001). O tamanho da amostra

(N) utilizado foi de aproximadamente 20 adultos de cada população natural coletada. Os

51

dados de freqüência alélica e genotípica de cada loco por população, obtida através das

leituras dos géis, foram analisados utilizando os programas computacionais

desenvolvido para estudo de genética de populações.

Após a leitura dos géis foi feito um teste utilizando o programa MICRO-CHEKER

(VAN OOSTERHOUT et al., 2004) a fim de observar erros de genotipagem e a presença

de alelos nulos nos locos utilizados. A constatação de presença de alelos nulos também

foi feita através do teste para Equilíbrio de Hardy-Weinberg, onde foi utilizado como

critério para definir que um loco possui alelos nulos, quando esse não aderiu às

proporções de Equilíbrio de Hardy-Weinberg em todas as populações.

2.2.5.2 Variabilidade genética intrapopulacional

Para as estimativas dos parâmetros descritivos populacionais como: de número

médio de alelos por população (nA), número médio de alelos por loco (A),

heterozigosidade observada (HO) e esperada (HE) por loco e as heterozigosidades

observadas (HO) e esperadas (HE) médias por população, além das estimativas do

índice de fixação intrapopulacional médio por loco e por população, foi utilizado o

programa GDA (LEWIS; ZAYKIN, 2006). Foi feito o teste para equilíbrio Hardy-Weinberg

utilizando o teste de aderência (teste exato de Fisher), conforme definido por Weir

(1996) utilizando o programa TFPGA (MILLER, 1997). O valor de significância foi

ajustado realizando a correção de Bonferroni, e para isso foi dividido o valor de alpha a

95% de probabilidade (α = 0,05) pelo número de locos (10 locos). Foi realizado o teste

de desequilíbrio de ligação entre os locos, ajustando o valor de significância (p-value)

para o nível nominal 5%, através do programa FSTAT (GOUDET, 2009).

2.2.5.3 Variabilidade interpopulacional e estrutura genética populacional

Para o estudo da variabilidade interpopulacional e estruturação genética de A.

argillacea no Brasil, inicialmente foram obtidos as estimativas de diversidade e

freqüência alélica por loco e por população, utilizando o programa FSTAT (GOUDET,

52

2001). Além disso, foram obtidas as estimativas de alelos exclusivos (ou privados) de

cada loco em cada população, utilizado o programa GDA, uma vez que a distribuição

desses alelos entre as populações pode indicar a similaridade e determinar o grau de

isolamento entre as populações.

As estimativas das estatísticas F de Wright (FIS, FST e FIT) foram obtidas através

do método proposto por Weir e Cockerham (1984) (FIS ≈ f; e FST ≈ θ), utilizando o

programa GDA que assume o modelo aleatório de acordo com Weir (1996), em que as

populações amostradas são consideradas como representativas da espécie e com uma

história evolutiva comum, e que assume também o modelo de alelos infinitos. Além

disso, foram obtidas as estimativas de RST, que é uma estatística análoga ao FST de

Wright, desenvolvida por Slatkin (1995), mas que assume o modelo de mutação

stepwise para os locos microssatélites. Também foram obtidas as estimativas de FST

par-a-par, entre as 11 populações (onde FST ≈ θ), utilizando também o programa FSTAT,

com o objetivo de observar quais são as contribuições de cada pareamento de

populações para a estimativa de FST total.

Para o cálculo das distâncias genéticas de Nei (1978) e da consistência dos nós

dos agrupamentos empregando o procedimento de reamostragem por 10000 bootstrap

foi utilizado o programa TFPGA. Para a construção dos dendrogramas, a partir das

distâncias de Nei (1978) e dos valores de bootstrap, e utilizando o critério de

agrupamento UPGMA foi empregado o programa NTSYSpc 2.1.

Para aumentar a robustez das análises, também foi utilizada a estatística

bayesiana para verificar a estruturação da variabilidade genética e o fluxo gênico entre

as populações. Para isso foi utilizado o programa STRUCTURE 2.2 (PRITCHARD et al.,

2002). Para a estimativa do número de populações (K) foi utilizado o modelo de

ancestralidade “admixture”, com alelos correlacionados (“correleted”) e K variando de

um a 16, foi definido a variação de K para cinco agrupamentos a mais do número

original de populações. Para cada valor de K foram realizadas cinco interações

independentes com 50.000 permutações burn in e 500.000 permutações que utilizam o

algoritmo Monte Carlo cadeia de Markov (MCMC). Para estimar qual valore de K que se

ajusta aos dados, foi utilizado o procedimento descrito por Evanno e colaboradores

53

(2005). Os gráficos dos resultados do STRUCTURE 2.2, foram editados utilizando o

programa DISTRUCT 1.1 (ROSENBERG, 2004).

2.3 Resultados e discussão

2.3.1 Caracterização da suscetibilidade de Alabama argillacea à toxina Cry1Ac.

2.3.1.1 Linha-básica de suscetibilidade

A CL50 estimada para a toxina Cry1Ac para a população de laboratório (LAB) foi

de 0,16 µg de Cry1Ac / mL de água, com intervalo de confiança de 95% (IC 95%) de

0,09 – 0,28 e coeficiente angular (± erro padrão) de 1,49 (± 0,19). A CL50 estimada para

essa população se deve ao aumento na proporção de indivíduos resistentes, uma vez

que essa população não foi exposta à toxina. Isso se deve ao fato de que a população

LAB apresenta baixa variabilidade genética e tenha sofrido eventos de depressão

endogâmica durante o tempo que está sendo criada em laboratório. Dessa forma, a

amplitude de resposta à toxina dessa população foi baixa. Portanto, a caracterização da

resposta dessa população ao aumento da toxina serviu de controle permitindo realizar a

comparação das respostas das outras populações em relação a uma população de

laboratório que não tinha sido exposta à toxina Cry1Ac.

A caracterização da suscetibilidade através das curvas de concentração-

resposta permitiu observar a existência de variabilidade natural de até seis vezes na

resposta à toxina nas populações coletadas em diferentes locais e estados produtores

de algodão (Tabela 1). A CL50 estimada para a toxina Cry1Ac na população coletada na

Bahia, município de Barreiras (BA-1), foi de 0,96 µg de Cry1Ac / mL de água, IC 95% de

0,58 – 1,63 e coeficiente angular (± erro padrão) de 1,62 (± 0,21). Já a CL50 estimada na

população coletada na Bahia, município de Roda Velha (BA-3), foi de 0,45 µg de Cry1Ac

/ mL de água, com IC 95% de 0,37 - 0,56 e coeficiente angular (± erro padrão) de 1,40

(± 0,10). Para a população coletada em Mato Grosso, município de Campo Verde (MT-

1), a CL50 estimada para a toxina Cry1Ac foi de 0,50 µg de Cry1Ac / mL de água, com IC

95% de 0,38 - 0,64 e coeficiente angular (± erro padrão) de 1,38 (± 0,10). Para a

54

população coletada em Mato Grosso do Sul, município de Chapadão do Sul (MS-1), a

CL50 estimada para a toxina Cry1Ac foi de 0,53 µg de Cry1Ac / mL de água, com IC 95%

de 0,25 – 0,92 e coeficiente angular (± erro padrão) de 1,16 (± 0,17). E por fim para a

população coletada na Bahia, município de São Desidério (BA-4), a CL50 estimada para

a toxina Cry1Ac foi de 0,22 µg de Cry1Ac / mL de água, com IC 95% de 0,08 – 0,39 e

coeficiente angular (± erro padrão) de 1,72 (± 0,23).

Comparando os valores de CL50 percebe-se que não houve diferenças

significativas na resposta ao aumento da concentração da toxina Cry1Ac entre as

populações BA-3, MT-1 e MS-1, pois os valores de CL50 são semelhantes e os

intervalos de confiança estimados para esse parâmetro se sobrepuseram. Além disso,

quando comparado a razão relativa de suscetibilidade entre essas populações, foi

possível observar que as respostas dessas populações foram semelhantes. A

população BA-1 se assemelhou as populações MT-1 e MS-1 pela sobreposição dos

intervalos de confiança, mas foi a que apresentou os maiores valores das concentrações

letais de 50 e 95%, e a que apresentou a maior razão relativa de suscetibilidade.

Percebe-se nitidamente que essa população respondeu significativamente a toxina.

Comparando-se os intervalos de confiança das CL50s e CL95s estimadas, a resposta da

população BA-4 se comportou igualmente a resposta das populações BA-3, MT-1 e MS-

1, e diferiu da população BA-1. Interessante notar que a resposta dessa população foi à

única mais próxima da resposta da população de laboratório (Tabela 1).

Já através do teste de paralelismo de retas foi possível confirmar a hipótese que

as retas são paralelas (p >0,05). Entretanto as retas não são semelhantes (p < 0,05).

Foram testadas então as retas de cada população par-a-par, a fim de se determinar

quais delas são semelhantes e quais divergem significativamente pela comparação dos

valores de intercepto (parâmetro β) e do coeficiente angular (parâmetro α). Foram

consideradas conclusivamente semelhantes aquelas que diferiram significativamente no

teste de similaridade de retas. As populações BA-3 MT-1 e MS-1 foram

significativamente semelhantes entre si (p > 0,05). A população BA-1, apesar da análise

dos IC 95% CL50s e CL95s estimadas ter apresentado semelhança a população MS-1,

através desse teste pode se confirmar que são significativamente semelhantes(p >

0,05). Contudo BA-1 diferiu significativamente de BA-3 e MT-1 (p < 0,05). Todas as

55

populações apresentaram respostas distintas em relação à população de laboratório,

exceto a população BA-4 (p > 0,05).

As linhas-básicas de suscetibilidade das populações BA-3, MT-1 e MS-1 foram

bastante próximas. A resposta da população BA-4 foi mais próxima da população LAB

(Tabela 1, Figura 2).

Tabela 1 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac em populações de Alabama argillacea

População N1

Coeficiente

angular

(± erro padrão)

2 g.l.2

CL50

(µg de I.A.3/ml de

água)

(95% I.C.)

CL95

(µg de I.A.c/ml de água)

(95% I.C.)

RR4

LABc 171 1,49 ± 0,19 4,31 3 0,16 (0,09 – 0,28) 1,98 (0,68 – 33,32) ---

BA-1b 176 1,62 ± 0,21 2,62 3 0,96 (0,58 – 1,63) 19,38 (7,97 – 105,21) 6,00

BA-3ª 631 1,40 ± 0,10 2,78 5 0,45 (0,37 – 0,56) 6,66 (4,75 – 10,15) 2,81

BA-4c 399 1,72 ± 0,23 6,23 5 0,22 (0,08 – 0,39) 1,28 (1,15 – 5,30) 1,37

MT-1a 588 1,38 ± 0,10 1,00 5 0,50 (0,38 – 0,64) 7,70 (5,31 – 12,47) 3,12

MS-1ab 261 1,16 ± 0,17 3,85 3 0,53 (0,25 – 0,92) 13,60 (4,04 – 466,55) 3,31 1 Número de lagartas testadas 2 graus de liberdade

3 µg de Cry1Ac / mL de água

4 Razão relativa de suscetibilidade: CL50 da população de campo / CL50 da população de laboratório

* significância ao teste de paralelismo de retas: letras iguais não apresentaram diferenças significativas à α = 0,05.

57

Figura 2 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade das populações de Alabama argillacea coletadas nos estados da Bahia (BA-1, BA-3 e BA-4), Mato Grosso (MT-1), Mato Grosso do Sul (MS-1) e a suscetível de referência (LAB) à toxina Cry1Ac

O conhecimento da suscetibilidade de uma espécie de inseto-praga a

inseticidas entre regiões geográficas é importante para se avaliar o risco potencial de

evolução de resistência, entender se a variação na suscetibilidade entre diferentes

populações está associada com o histórico de uso de um inseticida e para mensurar o

quanto programas de manejo da resistência estão sendo eficientes (US EPA, 2001).

Variações significativas na suscetibilidade a um inseticida entre regiões geográficas de

uma espécie geralmente indica alto riso para evolução de resistência (KINSINGER;

McGAUGHEY, 1979).

Diferenças geográficas na suscetibilidade à toxina Bt em várias espécies –

alvos do controle de plantas GM já foram reportadas, incluindo, Ostrinia nubilalis nos

58 Estados Unidos (MARÇON et al., 1999; REED; HALLIDAY, 2001) na Espanha

(GONZALEZ-NUÑEZ et al., 2000), e Alemanha (SAEGLITZ et al., 2006); Helicoverpa

zea nos Estados Unidos (SIEGFRIED et al. ,2000); e Diabrotica virgifera virgifera

LeConte no Centro-Oeste dos EUA no cinturão do milho (SIEGFRIED et al., 2005).

Contudo a variação na suscetibilidade entre populações de regiões geográficas dessas

espécies estudadas, em geral, foram relativamente baixas, com diferenças entre as

CL50s menores que sete vezes. Contudo, a variação da suscetibilidade de populações

de Diatraea saccharalis a toxina Cry1Ab presente em milho transgênico foi ligeiramente

maior (≤ 10 vezes a diferença entre CL50s) que a variação na suscetibilidade reportada

nos estudos anteriores (HUANG et al., 2008).

Já para a principal praga-alvo de controle do algodão transgênico nos Estados

Unidos, os resultados para as caracterizações das linhas-básicas de populações de

diferentes regiões geográficas se assemelharam aos resultados obtidos com as pragas

de milho. Antes da introdução do algodão Bt, uma notável variação, acima de oito

vezes, foi encontrada na suscetibilidade de Heliothis virescens de regiões geográficas

diferentes nos Estados Unidos (STONE; SIMS, 1993; LUTTRELL et al., 1999), contudo

essas populações de campo apresentaram suscetibilidade semelhante as populações

de laboratório, que nunca tiveram contato com a toxina Bt (LUTTRELL et al., 1999).

Após vários anos de uso comercial do algodão Bt, as populações de campo de Heliothis

virescens apresentaram a mesma suscetibilidade que as populações de laboratório

(HARDEE et al., 2001; ALI; LUTRELL; YOUNG, 2006).

Comparando os dados obtidos para A. argillacea no Brasil, as populações de

campo não apresentaram diferenças na suscetibilidade maiores que seis vezes. Dentre

as populações estudadas, apenas as resposta das populações BA-1 e BA-4 se

diferenciaram das respostas das outras populações. A população BA-1 foi a que

apresentou a maior diferença em relação à população suscetível de laboratório, sendo

essa diferença maior que seis vezes. Contudo, comparando essa população com as

outras, a diferença na suscetibilidade não ultrapassa cinco vezes. Já a população BA-4,

que foi coletada no estado da Bahia, em uma região próxima a da população BA-1, foi a

que apresentou a suscetibilidade mais próxima da população de laboratório. Curioso,

que essa população diferiu das outras em relação à safra de coleta. Enquanto que as

59

outras foram coletadas na safra agrícola de 2007/2008, essa ultima foi coletada na safra

agrícola de 2008/2009, mais precisamente no inicio do ano de 2009.

As diferenças na suscetibilidade a toxina Bt entre populações de A. argillacea

observadas aqui estão mais ligadas a variações naturais entre as populações do que

causada por pressões seletivas causada pela exposição à toxina Bt. Como reportado

para outras espécies de insetos-pragas, essas diferenças podem estar relacionadas a

diferenças no valor adaptativo (crescimento e desenvolvimento) de cada população

(ROSSITER; YENDOL; DUBOIS, 1990; MARÇON et al., 1999), variações incontroláveis

nas condições dos bioensaios, ou outros fatores não genéticos (SIMS et al., 1996).

Portanto, os resultados obtidos com as caracterizações das linhas-básicas das

populações de campo de A. argillacea sugerem que estão ainda permanecem

suscetíveis à toxina Cry1Ac, mesmo após quatro anos do início da utilização da

tecnologia do algodão GM. Os dados obtidos com as caracterizações das

suscetibilidades foram utilizados para se estabelecer as concentrações diagnósticas

que poderão ser utilizadas em programas de monitoramento da evolução da resistência

de A. argillacea a toxina Bt. Além disso, as linhas-básicas obtidas também poderão ser

utilizadas como referencia para se compara as alterações na suscetibilidade de outras

populações da espécie, coletadas futuramente, como um indicativo de potencial de

evolução de resistência da espécie a toxina Cry1Ac.

2.3.1.2 Caracterização da curva de concentração–resposta de inibição de

crescimento

Para as populações BA-3 e MT-1 os valores de peso médios obtidos se

ajustaram ao modelo de regressão logístico não–linear e assim permitiu estimar as

EC50 e EC99 (concentração capaz de inibir o crescimento em 50% e 99%,

respectivamente) para cada população (Tabelas 2 e 3).

Para a população coletada na Bahia, município de Roda Velha (BA-3), a EC50

estimada foi de 0.093, IC 95% de 0,061 – 0,125. Já a EC99 estimada foi de 29,65 com

IC 95% de -4,82 – 64,12 (tabela 2). Já para a população proveniente do município de

Campo Verde, Mato Grosso (MT-1), a EC50 estimada foi de 0,067 com IC 95% de 0,048

60 – 0,086. A EC99 estimada para essa população foi de 17,27 com IC 95% de -0,15 –

34,70 (tabela 3). É possível observar que existe variabilidade na resposta de inibição de

crescimento entre as duas populações. Mesmo havendo sobreposição dos intervalos de

confiança (IC 95%) da estimativa da EC50 entre as populações, os valores de cada

concentração foram significativamente diferentes e, além disso, o IC 95% da EC50 da

população MT-1 não abrange o valor de EC50 estimado para a população BA-3. Já em

relação a EC99, apesar de o IC 95% da estimativa de EC99 da população BA-3 abranger

todo o IC 95% dessa concentração letal da população MT-1, esse intervalo é muito

extenso, não permitindo afirmar com precisão a semelhança dessa estimativa entre as

populações.

Apesar de haver variabilidade na resposta entre as duas populações avaliadas, o

comportamento das curvas obtidas pela regressão linear não-logística foi semelhante.

Isso pode ser visto na extremidade final das curvas de ambas as populações, onde a

concentração de 10 µg de Cry1Ac / mL foi capaz de reduzir o desenvolvimento em

99%. (Figuras 3 e 4)..

61

Tabela 2 – Modelo de regressão não-linear para estimativa dos parâmetros EC50 e EC99 para a população de A. argillacea da Bahia (BA-3)

Fonte g.l.a Soma de

Quadrados Quadrado

Médio p-valueb

Modelo 3 34159,9 11386,6 < 0,0001

Erro 5 90,5659 18,1132

Total não corrigido

8 34250,4

Parâmetro Estimativa Erro padrão Intervalo de Confiança 95%

(IC 95%) W0c 136,9 4,2381 126,0 – 147,8

Bd 0,7972 0,0673 0,624 – 0,970

EC50e 0,0931 0,0125 0,061 – 0,125

EC99f 29,649 13,409 -4,818 – 64,116

a graus de liberdade

b valor de significância ao ajuste ao modelo de regressão logístico não - linear

c peso esperado da testemunha d parâmetro de angulação da função logística e concentração efetiva capaz de reduzir 50% do peso da lagarta f concentração efetiva capaz de reduzir 99% do peso da lagarta

62

Tabela 3 – Modelo de regressão não – linear para estimativa dos parâmetros EC50 e EC99 para a população de A. argillacea Mato Grosso (MT-1)

Fonte g.l. Soma de

Quadrados Quadrado

Médio p-value

Modelo 3 18165,9 6055,3 < 0,0001

Erro 5 37,0692 7,4138

Total não

corrigido 8 18202,9

Parâmetro Estimativa Erro padrão Intervalo de Confiança 95%

(IC 95%) W0 104,8 2,7225 97,782 – 111,8

b 0,8285 0,0634 0,665 – 0,991

EC50 0,0674 0,00748 0,048 – 0,086

EC99 17,2770 6,7799 -0,151 – 34,705 a graus de liberdade b valor de significância ao ajuste ao modelo de regressão logístico não - linear c peso esperado da testemunha d parâmetro de angulação da função logística e concentração efetiva capaz de reduzir 50% do peso da lagarta

f concentração efetiva capaz de reduzir 99% do peso da lagarta

63

Figura 3 – Caracterização da resposta de inibição de crescimento para a população de A. argillacea do estado de Bahia (BA-3) à toxina Cry1Ac

64

Figura 4 – Caracterização da resposta de inibição de crescimento para a população de A. argillacea do estado de Mato Grosso (MT-1) à toxina Cry1Ac

As caracterizações das respostas de inibição de crescimento para as

populações BA-3 e MT-1 permitiram estimar com maior precisão as concentrações

diagnósticas para o monitoramento da evolução da resistência de A. argillacea a

proteína inseticida Cry1Ac. Apesar de haver variabilidade na respostas de inibição de

crescimento das duas populações, as estimativas da EC99 juntamente com os

respectivos IC 95% para cada população serviram de confirmação para as

concentrações letais determinadas como concentrações diagnósticas. A confiabilidade

desse método de bioensaio em identificar genótipos resistentes em populações

naturais quando esses se encontram em baixa freqüência foi levada em consideração

na utilização das estimativas dos parâmetros EC50 e EC99 para auxiliar a escolhas das

concentrações diagnósticas. Além disso, esse método de bioensaio permite uma

adequada discriminação entre lagartas suscetíveis de resistentes utilizando uma

concentração muito menor da toxina (SIMS et al., 1996)

65

2.3.1.3 Determinação e validação da concentração diagnóstica para o

monitoramento da suscetibilidade

A caracterização da linha-básica de suscetibilidade e da resposta de inibição de

crescimento permitiu se determinar com maior precisão as concentrações diagnósticas

com potencial para serem utilizadas no monitoramento da alteração da suscetibilidade

de A. argillacea ao uso de plantas GM que expressão a toxina Cry1Ac. Entretanto,

percebe-se que existe uma grande amplitude de variação da resposta à toxina entre as

populações. Por isso, foi então feita caracterização da linha-básica agrupando em um

mesmo conjunto de dados todos os valores de mortalidade obtidos com as

caracterizações das linhas-básicas das quatro populações de campo da safra 2007-

2008 (BA-1, BA-3, MS-1, MT-1) (Figura 5). Isso foi feito objetivando aumentar a

sensibilidade da análise de regressão e da estimativa da dos parâmetros: CL95 e CL99;

coeficiente angular e IC 95% das concentrações letais (Tabela 4).

Com as caracterizações das linhas-básicas das populações coletadas na safra

agrícola de 2007/2008 pode se estimar a CL95 que poderia ser escolhida como

concentração diagnóstica. Observando os valores obtidos, essa concentração está

próximo a de 10 µg de Cry1Ac / mL de água. Os limites superiores dos IC 95% de das

CL95 e CL99 foram escolhidos como ponto de partida para determinação das

concentrações diagnósticas. Para aumentar a probabilidade de escolha de

concentrações diagnósticas ideais, valores totais de EC99 (concentração que

efetivamente causa redução em 99% no desenvolvimento larval) para a toxina Cry1Ac

também foram estimados. Os valores estimados para a EC99 das populações BA-3 e

MT-1 e a análise das curvas obtidas com o modelo de regressão logístico não-linear,

permitiram definir as concentrações diagnósticas com mais acuidade, uma vez que os

bioensaios de resposta de inibição de crescimento são mais sensíveis em se detectar

genótipos resistentes (SIMS et al., 1996). As concentrações diagnósticas definidas

foram as que determinam os menores valores de peso médio das lagartas e estão

próximo aos valores de EC99 determinados.

Sendo assim, com base na análise de Probit dos dados agrupados foi possível

determinar as concentrações de 10 e de 32 µg de Cry1Ac / mL de água como

66 concentrações diagnósticas, que correspondem respectivamente as CL95 e CL99 da

caracterização da linha-básica dos dados agrupados.

Um dos componentes mais importantes da estratégia de manejo da resistência é

a habilidade de monitorar efetivamente a evolução da resistência em populações da

praga alvo de controle (DENNEHEY, 1987). A habilidade em se detectar a resistência é

necessária para (1) se determinar quando as falhas no controle são determinadas pela

presença de indivíduos resistentes na população, (2) avaliar a extensão e a distribuição

das populações resistentes, e (3) testar a efetividade dos programas de manejo em

reduzir a freqüência dos indivíduos resistentes (HALLIDAY; BURNHAM, 1990).

A resistência a inseticidas químicos e microbianos tem sido tradicionalmente

monitorada e comparada utilizando caracterizações de linhas-básicas de populações de

campo obtidas através da regressão de Probit. Essa abordagem permite calcular a

razão de resistência (CL50 da testada dividida pela CL50 da população suscetível de

referência) e a comparação estatística das CL50s e do coeficiente angular obtido com a

regressão de Probit (ROBERTSON; PREISLER, 1992). Similarmente, estudos para se

caracterizar linha- básica de insetos alvos de controle de plantas GM gerou estimativas

de CL50s e coeficiente angulares de diferentes populações expostas à toxina Bt.

Contudo as estimativas de CL50s e de coeficiente angulares permitem distinguir

fenótipos resistentes em populações naturais quando estes estão já em alta freqüência,

e essa abordagem não é suficientemente sensível para detectar a presença de

indivíduos resistentes quanto são raro nas populações (freqüência entre 10-4 e 10-3)

(ROUSH; MILLER, 1986; HALLIDAY; BURNHAM, 1990). Uma alternativa a

caracterização e comparação de linhas-básicas de suscetibilidade envolvem a

determinação e o uso de concentrações diagnósticas ou discriminatórias em programas

de monitoramento (FFRENCH-CONSTANT; ROUSH, 1990). Com o uso de

concentrações diagnósticas, um número maior de insetos é testado apenas nas

concentrações mais informativas sobre as mudanças nas freqüências dos fenótipos

resistentes em populações naturais, conseqüentemente os resultados podem ser

obtidos de uma forma rápida de precisa (ROUSH; MILLER, 1986)

Após a determinação das concentrações diagnósticas deveriam ter sido feitas a

validação das mesmas, realizando bioensaios de imersão de discos de folhas contendo

67

toxina Cry1Ac apenas nas concentrações determinadas. Contudo, por problemas

ocorridos durante a criação em laboratório das populações de A. argillacea obtidas de

campo, na safra agrícola de 2008/2009, foi possível apenas validar a concentração de

10 µg de Cry1Ac / mL de água.

Essa validação foi feita apenas em uma população, utilizando em torno de 500

indivíduos da população da Bahia, coletada no município de São Desidério. A

porcentagem de mortalidade 97,08% (± 1,00) na concentração diagnóstica. Contudo,

diferenças nos valores de mortalidade em populações naturais, utilizando essa

metodologia são esperadas (MARÇON et al., 2000). Entretanto, em programas de

manejo da resistência onde os objetivos são identificar os genótipos resistentes quando

esses são menos raros na população, a determinação das concentrações diagnósticas

para o monitoramento das mudanças na suscetibilidade deve ser criteriosa e mais

precisa possível. Pois, mesmo pequenos erros na estimativa de CL99 e EC99 podem

causar erros consideráveis na estimativa da freqüência de indivíduos resistentes

quando essas concentrações são utilizadas como concentrações diagnósticas (ROUSH;

MILLER, 1986). Portanto, a concentração diagnóstica final pode apenas ser designada

após a validação empírica feita testando em várias populações da praga (MARÇON,

2000). Sendo assim, para uma melhor determinação dessas concentrações há a

necessidade de validar essas em outras populações naturais de A. argillacea.

68

Figura 5 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac mediante agrupamento de dados obtidos com as caracterizações de curvas de concentração-resposta de quatro populações de A. argillacea coletadas nas safras 2007/2008.

Tabela 4 – Caracterização da linha-básica de suscetibilidade à toxina Cry1Ac mediante agrupamento de dados obtidos com as caracterizações de curvas de concentração-resposta de quatro populações de A. argillacea coletadas nas safras 2007/2008

População Na

Coeficiente

angular

(± erro padrão)

2 g.l.b

CL50

(µg de I.A.c/ml de água)

(95% I.C.)

CL95

(µg de I.A.c/ml de

água)

(95% I.C.)

CL99

(µg de I.A.c/ml de água)

(95% I.C.)

LAB 171 1,49 ± 0,19 4,31 3 0,16 (0,09 – 0,28) 1,98 (0,68 – 33,32) 5,66 ( 1,43 – 253,42)

Conjunto 1668 1,34 ± 0,63 2,29 5 0,52 (0,45 – 0,60) 8,77 (6,88 – 11,64) 28,22 (20,31 – 41,65) a Número de lagartas testada

b graus de liberdade c µg de Cry1Ac / mL de água

70 2.3.2 Desenvolvimento e caracterização dos microssatélites

2.3.2.1 Construção de biblioteca genômica enriquecidas em Microssatélites

A extração do DNA genômico a partir do tórax de indivíduos adultos de A.

argillacea forneceu uma concentração de aproximadamente 250 ηg/µL de DNA e foram

utilizados aproximadamente 5 μg na reação. Na digestão com a enzima Rsal o DNA

genômico foi digerido não foi gerado nenhum tamanho preferencial de fragmento, assim

foi produzido o perfil adequado para a construção da biblioteca. A ligação dos

adaptadores foi importante para garantir que cada fragmento tivesse uma terminação

comum e conhecida. A pré-amplificação foi realizada com sucesso, confirmando a

ligação dos adaptadores aos fragmentos e gerando uma maior quantidade de DNA para

a seleção. Não houve a amplificação aparente de fragmentos preferenciais, o que

poderia ser prejudicial nas etapas posteriores da construção da biblioteca, pois levaria a

clonagem e seqüenciamento de fragmentos preferenciais, obtenção de microssatélites

redundantes e aumentando o tempo e os custos para a identificação de microssatélites.

A eficácia do enriquecimento foi verificada através dos produtos de PCR obtidos

diretamente de colônias individuais e foi confirmada com a técnica de seqüenciamento.

Cerca de 90% dos clones analisados apresentaram presença de motivos de sequências

repetitivas, sendo que muitas das seqüências apresentavam mais de uma região

microssatélite.

2.3.2.2 Seleção, seqüenciamento dos clones positivos e desenho de primers

Dos 117 insertos que foram seqüenciados, 109 apresentaram regiões

microssatélites, sendo que muitos apresentaram mais de uma região. Foram

encontrados 236 motivos microssatélites no total e os motivos encontrados

apresentaram as seguintes freqüências: 89% perfeitos, 6% interrompidos, 2%

compostos perfeitos e 3% compostos interrompidos (Figura 6). Dentre os motivos

encontrados nas 109 sequências, os pentanucleotídeos foram os mais abundantes,

sendo 48%, seguidos pelos motivos dinucleotídeos e mononucleotídeos com 35% e

71

13% respectivamente (Figura 7). Vinte e três dessas sequências puderam ser utilizadas

para o desenho dos primers das regiões flanqueadoras dos motivos microssatélites

(Tabela 5). As seqüências restantes não foram utilizadas, pois a região flanqueadora

era também um microssatélite ou estava muito próximo de uma das extremidades da

seqüência impossibilitando o desenho dos primers. Dentre as 23 primers obtidos, 87 %

apresentaram motivos dinucleotídeos e 13 % apresentaram motivos trinucleotídeos

(Figura 8). Dentre os motivos dinucleotídeos os mais abundantes, nos microssatélites

isolados, foram às repetições AC/CA, seguida das repetições TG/GT, AG/GA TC/CT

(Figura 9).

72

Figura 6 – Freqüências de motivos microssatélites perfeitos, interrompidos, compostos e compostos interrompidos isolados em A. argillacea

Figura 7 – Porcentagem de motivos microssatélites encontrados nos 117 insertos de A. argillacea seqüenciados que apresentaram pelo menos uma região microssatélite

73

Tabela 5 – Primers desenhados para A. argillacea a partir das regiões microssatélites

(continua)

Primers Motivoa Classificação Produto

Pbb

TAc ºC

Seqüência (Primer)

1 (AC)33 Perfeito 236 60 F TTACACCCAGACACAGGACA R GTAGTGGTCGTGCGTTTTGA

3 (CA)8 (CACG)4 Composto 248 59 F CTAGTGATTCTGCGCCATGT R TTCTCATTGAAGGCGGTTCT

3 (AC)14 Perfeito 189 59 F CGATGGAGCCGTTCTACTG R TTGGAGTCTGCGTTTCTTCA

4 (TG)8 Perfeito 215 59 F TGTCGCCTCGATTACTCTCA R CAACCCAACACAAACACACA

5 (GT)8 Perfeito 213 64 F GAACTTAATACAGTCCCCACCA R AGTCAGCTCGTATTTACCGTGA

6 (CA)13 Perfeito 212 63 F GTTTCACGACCTACTAGCAAGC R GGGTTTCGTTATTCGTCATCT

7 (AC) 5 CCATAT (AC)11

Interrompido 235 62 F CCCGTCTTACACCACCCTAC R CGCAGTTAGCATACGTGACA

8 (AAG)5 Perfeito 180 61 F GACCATCTTGCTGGAGGAG R TGACGTGGGATTGATAAAGTTG

9 (AC)10 Perfeito 239 57 F CCATGTGTGAAATGTTCCAG R TACAGGAAAGCGGGATCG

10 (AC)8 Perfeito 223 61 F ACTTCGCTGTCCGTCAGTC R GCTATCACAGTTCTTGCGACA

11 (AG)32 (GA)10 Composto 233 63 F CGGACACGTTTTGTTATATTGG R CTTAACGCACTCTCTCTCTCG

12 (AC)6 GCAA (AC)7

Interrompido 197 60 F GCCATGACAACAAATAAAGCA R GTGGTGATCTGTGAGCGTGT

74 Tabela 5 – Primers desenhados para A. argillacea a partir das regiões microssatélites

(conclusão)

Primers Motivoa Classificação Produto

Pbb

TAc ºC

Seqüência (Primer)

13 (ATA)4 Perfeito 250 62 F TTTGTTCCATCTAAGGCTACG R GCGGACTATGAGAGTGAAGGA

14 (GT)9 Perfeito 185 58 F TCACACTGATGCGTGATTGA R TCGATTGAAAACCTCCTCCT

15 (GT)6 Perfeito 245 62 F TCCATAGAAGACAGCGATTTTG R CCCACAAACCACACTAAAGGA

16 (CT)10 CACT (ACTC)3

Interrompido 194 62 F GTCCCTATGCGTGGACAGTA R TTCTGGCTAGTTTTGTTCCCTA

17 (CA)9 A (AC)5

Imperfeito 170 56 F CTTGCGGTTTGAGGCTCT R TCCATTAAAGCGATCAATGC

18 (AC)10 Perfeito 242 56 F AGCCATGTGTGAAATGTTCC R AAGAAAAGCGGGGATCGT

19 (TG)7 (TC)5 (TG)5

Composto 166 62 F GCCAGGTTTCTCTCTCTCGAT R TGACGCACACACACAAAGAG

20 (AC)22 Perfeito 193 62 F AGTCCAAATCCAACCACGAG R GAGCACTTACTGTGTGCCAGA

21 (GAA)6 Perfeito 177 61 F CACGAAAATGCTTACAACACG R CAAAGGGTCAAAAGTCAAAACC

22 (TG)8 Perfeito 167 59 F GCACACACCGGGTCTTTAT R CTCCAAAGTCACATCGTCCA

23 (CA)7 Perfeito 239 62 F TTGACTATGGGTGGAGTGAGG R TGGTCAGACTTCCTGCACAT

a Repetição de nucleotídeos em tandem que caracterizam uma região microssatélite.

b Pares de bases.

c Temperatura de Anelamento do primer.

75

Figura 8 – Porcentagem de motivos microssatélites encontrados nos primers obtidos para A. argillacea

Figura 9 – Freqüência dos motivos dinucleotídeos que são acessados pelos primers obtidos para A. argillacea

76

O grau de eficiência, da metodologia utilizada para isolar locos microssatélites

presentes no genoma de A. argillacea pôde ser avaliada pela razão entre eficiência de

clonagem vezes a razão número de sequências com microssatélites utilizada dividido

pelo número total de seqüências clonadas com microssatélites. O resultado dessa

estimativa é de uma eficiência de 19,53%.

Já a eficiência de isolamento de locos de microssatélites através dos primers

desenhados, pode ser medida através da razão entre número total de microssatélites

em condições de serem utilizados, sobre o número total de microssatélites isolados. A

razão de eficiência foi de 9,74%.

2.3.2.3 Amplificações iniciais e otimização dos primers

Dos 23 primers sintetizados, apenas dez foram utilizados no estudo de genética

de populações. Através da primeira triagem, utilizando quatro temperaturas de

anelamento (48, 52, 56 e 60ºC), com o objetivo de abranger um espectro de condições

maior, foi possível isolar inicialmente seis pares de primers (Figura 10). As condições de

PCR utilizadas para esta séria de triagens foram às mesmas determinadas nos testes

iniciais para os primers sintetizados para A. argillacea. Contudo, desses seis, um não

apresentou polimorfismo (primer 15) em gel de poliacrilamida 7%, sendo assim, esse foi

descartados. Apenas os primers 14, 16, 19, 21 e 23 foram isolados. Pode – se ver que

esses primers foram os únicos que acessaram locos polimórficos nesse teste (Figura

11).

Na tentativa de se isolar dez pares de primers dos 23 sintetizados, uma série de

testes foi realizada. Foram então testados seis pares de primers, utilizando a mesma

reação, mas submetendo as reações em gradiente de temperatura. Três foram

posteriormente descartados, pois não apresentaram polimorfismo e as amplificações

geraram produtos de amplificação inespecíficos (05 e 20), ou não apresentaram produto

de amplificação (18) Apenas os primers 13 e 17 apresentaram polimorfismo e produtos

de amplificação satisfatório.

Após esse teste, uma série de outros foram realizados alterando as condições da

reação de PCR, como: alteração na concentração de primers, MgCl2, dNTP’s, de DNA,

77

temperatura de anelamento e número de ciclos. Desses testes foram isolados três

pares de primers: 06, 10 e 11. As condições de amplificação utilizadas para o par de

primers 06 e 11foram: para um volume final de 20µL, foram utilizados cerca de 6 ηg do

DNA genômico; 0,4 µL do primer foward (10 µM) e 0,4 µL do primer reverse (10 µM);

2,5 µM de cada desoxirribonucleosídeo trifosfato (dNTP); 2,0 µL solução tampão Buffer

10 X (50 mM de KCl; 10 mM de Tris-HCl, pH 8,9); 0,5 µL de MgCl2 (0,625 mM); 5,0 µL

de BSA (2,5µg / ml) e 3 U de Taq DNA polimerase. As reações de amplificação foram

realizadas em um termociclador MyCyclerTM (BIO-RAD, Inc.) programado para uma

desnaturação inicial de 2 minutos a 95ºC, seguido de 35 ciclos com 1 minuto de

desnaturação a 95ºC, 1 minuto de anelamento a 50ºC, para o primer 06; 1 minuto de

anelamento a 56ºC para o primers 11, e 1 minuto de extensão a 72ºC, finalizando com

uma etapa de extensão final de 5 minutos a 72ºC.

Já para o primers 10, as condições utilizadas foram: para um volume final de

20µL, foram utilizados cerca de 6 ηg do DNA genômico; 0,4 µL do primer foward (10

µM) e 0,4 µL do primer reverse (10 µM); 2,5 µM de cada desoxirribonucleosídeo

trifosfato (dNTP); 2,0 µL solução tampão Buffer 10 X (50 mM de KCl; 10 mM de Tris-

HCl, pH 8,9); 0,5 µL de MgCl2 (2,5 mM); 3,0 µL de BSA (2,5µg / ml) e 3 U de Taq DNA

polimerase. As reações de amplificação foram realizados em um termociclador

MyCyclerTM (BIO-RAD, Inc.) programado para uma desnaturação inicial de 2 minutos a

95ºC, seguido de 35 ciclos com 1 minuto de desnaturação a 95ºC, 1 minuto de

anelamento a 56ºC e 1 minuto de extensão a 72ºC, finalizando com uma etapa de

extensão final de 5 minutos a 72ºC.

Essa etapa do trabalho foi a mais demorada e a que foi mais trabalhosa. Muitos

dos testes realizados não serviram para separar pares de primers, outros apenas

serviram para se chegar próximo de uma condição ideal para a amplificação. Outros

testes determinaram as condições idéias, mas quando foi feita a caracterização dos

primers otimizados, esses não apresentaram polimorfismo ou apresentaram produtos

de amplificação inespecíficos.

Dos 23 pares de primers, dez foram apresentaram condições satisfatórias para

amplificação, quatro não apresentaram polimorfismo, e nove não apresentaram

produtos de amplificação satisfatórios e foram descartados. Portanto os primers

78 escolhidos para a genotipagem e avaliação da variabilidade e estrutura genética foram

aqueles que apresentaram maior especificidade, melhores amplificações e

polimorfísmo.

79

Figura 10 – Teste inicial utilizando os primers 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23; e três indivíduos de A. argillacea escolhidos ao acaso nas populações diferentes à temperatura de 60°C

Figura 11 – Gel de acrilamida 7% com os testes dos primers isolados na primeira triagem. Primers que acessam os locos Aar14, Aar15, Aar16, Aar19, Aar21 e Aar23 em A. argillacea

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

14

15

16

19 r21

23

80 2.3.2.4 Caracterização dos locos microssatélites

Os locos Aar06, Aar10, Aar11, Aar13, Aar14, Aar16, Aar17, Aar19, Aar21 e

Aar23, que são acessados pelos primers: 06, 10, 11, 13, 14, 16, 17, 19, 21 e 23,

respectivamente, foram caracterizados quanto à amplitude de variação alélica, número

de alelos, HO, HE, conteúdo de informação polimórfica (PIC) e se o loco se ajusta as

proporções de equilíbrio de Hardy – Weinberg. Para isso, foram feitas as genotipagens

de uma população (≈ 20 indivíduos) escolhida ao acaso, em gel de acrilamida 7% e

posterior leitura desses géis.

Dos dez locos caracterizados, três desses apresentaram alto grau de

polimorfismo, possuindo cada um deles de cinco a 11 alelos (Aar16, Aar19 e Aar11),

sendo o loco Aar11, que apresentou o maior valor de PIC. Cinco desses locos

apresentaram grau de polimorfismo intermediário com número de alelos variando de

três a quatro. E por fim dois locos apresentaram baixo grau de polimorfismo (locos

Aar13 e Aar23). A heterozigosidade observada (HO) variou de 0,000 a 0,630, sendo que

os menores valores pertencem aos locos Aar06 e Aar13 e o maior valor pertence ao

loco Aar19. Já a heterozigosidade esperada (HE) variou de 0,114 a 0,920, com o menor

valor atribuído ao loco Aar13, e o maior valor ao loco Aar11. Os valores de PIC

variaram de 0,104 a 0,870, sendo o menor determinado pelo loco Aar13 e o maior pelo

loco Aar11. Apenas o loco Aar06 não se ajustou as proporções de equilíbrio de Hardy-

Weinberg (p < 0,005) (Tabela 6). Os baixos valores de HO dos locos Aar06 e Aar13

foram determinados pela baixa proporção de heterozigotos nesses locos na população

estudada. Já os valores altos de HO foram determinados pela grande porcentagem de

indivíduos heterozigotos. Os valores de HE foram determinados pelo número de alelos e

pela distribuição da freqüência dos alelos em cada loco. Pode-se notar que os locos

que apresentaram os maiores valores de HE são aqueles que possuem um maior

número de alelos e uma distribuição homogênea das freqüências desses alelos na

população. Já os que possuem os menores valores de HE são os que apresentaram

menor número de alelos.

No total, foram encontrados 42 alelos distribuídos entre os dez locos

caracterizados. Os alelos encontrados em cada loco e as freqüências relativas desses

81

alelos estimados para ≈20 indivíduos de A. argillacea estão representadas graficamente

na Figura 12.

Tabela 6 – Característica dos dez locos microssatélites obtidos para Alabama argillacea: Sequência do primer forward (F) e reverse (R)

Loco Seqüências dos pares

de primers (5´- 3´) Motivo

T (°C)

Amplitude alélica (bp)

Na HOb HE

c PICd P value EHWe

Aar06 F: GTTTCACGACCTACTAGCAAGC R: GGGTTTCGTTATTCGTCATCT

(CA)13 60 196 – 200 3 0,000 0,420 0,363 0,0016*

Aar10 F: ACTTCGCTGTCCGTCAGTC R: GCTATCACAGTTCTTGCGACA

(AC)8 56 269 – 273 3 0,300 0,347 0,311 1,0000

Aar11 F: CGGACACGTTTTGTTATATTGG R: CTTAACGCACTCTCTCTCTCG

(AG)32(GA)10 56 196 – 270 11 0,333 0,920 0,870 0,0062

Aar13 F: TTTGTTCCATCTAAGGCTACG R: GCGGACTATGAGAGTGAAGGA

(ATA)4 60 250 – 259 2 0,000 0,114 0,104 0,0303

Aar14 F: TCACACTGATGCGTGATTGA R: TCGATTGAAAACCTCCTCCT

(GT)9 60 206 – 212 4 0,412 0,586 0,484 0,3280

Aar16 F:GTCCCTATGCGTGGACAGTA R:TTCTGGCTAGTTTTGTTCCCTA

(CT)10CACT(ACTC)3 62 230 – 240 5 0,579 0,815 0,760 0,6478

Aar17 F: CTTGCGGTTTGAGGCTCT R: TCCATTAAAGCGATCAATGC

(CA)9A(AC)5 60 178 – 182 3 0,350 0,304 0,265 1,0000

Aar19 F: GCCAGGTTTCTCTCTCTCGAT R: TGACGCACACACACAAAGAG

(TG)7(TC)5(TG)5 60 194 – 242 6 0,632 0,735 0,668 0,1682

Aar21 F: CACGAAAATGCTTACAACACG R: CAAAGGGTCAAAAGTCAAAACC

(GAA)6 60 180 – 186 3 0,500 0,422 0,345 1,0000

Aar23 F: TTGACTATGGGTGGAGTGAGG R: TGGTCAGACTTCCTGCACAT

(CA)7 60 310 – 312 2 0,400 0,467 0,351 0,6331 a Número de alelos encontrados no loco.

b Heterozigosidade observada.

c Heterozigosidade esperada. d Conteúdo de informação polimórfica. e Grau de significância ao teste exato de Fisher para Equilíbrio de Hardy-Weinberg – Correção de Bonferroni α=0,005. *

Não se ajusta as proporções do Equilíbrio de Hardy – Weinberg.

83

Figura 12 – Histograma das freqüências alélicas dos dez locos microssatélites, estimados para ≈20 indivíduos de A. argillacea. O eixo Y indica a freqüência alélica e o eixo X indica o tamanho do alelo, em pares de base

84 2.3.3 Estudo da variabilidade genética e estrutura populacional

2.3.3.1 Variabilidade genética intrapopulacional

Através do uso de marcadores moleculares microssatélites foi possível observar

variabilidade genética nas populações de A. argillacea estudadas. O número de alelos

encontrados nos dez locos microssatélites isolados variou de dois a 23. No total foram

identificados 71 alelos. A heterozigosidade observada média entre os locos foi de 0,541,

variando de 0,205 a 0,938. Já a heterozigosidade esperada média entre os locos foi de

0,396, com variação de 0,173 a 0,717. O índice de fixação intrapopulacional, também

chamado de coeficiente de endogamia foi de 0,268, com variação de -0,039 a 0,736.

(Tabela 7)

Já em relação a estimativas de variabilidade genética obtidas para cada

população, o número médio de alelos encontrados, foi de 4,281, variando de 3,70 alelos

ao máximo de cinco alelos. A heterozigosidade observada e esperada média foram

0,523 e 0,395, respectivamente. A maior heterozigosidade observada foi a da

população MT-3 e a menor foi a da população MS-1. Já em relação à heterozigosidade

espera, o maior valor foi o da população GO-1 e o menor valor foi da população GO-2.

Os índices de fixação intrapopulacional (f) estimados para cada população através das

heterozigosidades (HO e HE), estão apresentados na tabela 8. O valor médio foi de

0,017, com variação de 0,098 a 0,405 (Tabela 8).

Através do teste exato de Fisher foi possível verificar quais populações não se

ajustaram as proporções de equilíbrio de Hardy-Weinberg para cada loco estudado

Podemos ver que todas as populações estão em EHW para a maioria dos locos.

Contudo podemos notar que o teste Exato de Fischer deu significativo (p < 0,005) para

a maioria das populações no loco Aar06, na população MT-1 para o loco Aar11, nas

populações MS-2 e MT-3 para o loco Aar14 e apenas na população MT-3 para o loco

Aar16 (Tabela 9). O teste para verificar se existe desequilíbrio de ligação entre os locos,

nas populações estudadas, foi feito com o valor de significância (p-value) para o nível

nominal de 5% de 0,0001. Nenhum desequilíbrio foi detectado entre todos os locos (p >

0,0001).

85

Tabela 7 – Estimativas de variabilidade genética para os locos microssatélites utilizados em A. argillacea

Loco Aa HOb HE

c fd

Aar06 7,0 0,657 0,173 0,736

Aar10 7,0 0,429 0,369 0,140

Aar11 23,0 0,938 0,451 0,519

Aar13 3,0 0,205 0,178 0,130

Aar14 5,0 0,590 0,369 0,376

Aar16 6,0 0,735 0,575 0,218

Aar17 5,0 0,255 0,265 -0,039

Aar19 9,0 0,740 0,717 0,031

Aar21 4,0 0,370 0,364 0,016

Aar23 2,0 0,491 0,495 -0,008

Média 7,1 0,541 0,396 0,268 a Número de alelos total por loco polimórfico b Heterozigosidade observada por loco

c Heterozigosidade esperada por loco

d Ìndice de fixação intrapopulacional estimado para cada loco.

86

Tabela 8 – Estimativa de parâmetros descritivos de variabilidade genética nas onze populações de A. argillacea

População Na nAb HO

c HEd fe

BA-2 11 4,300 0,436 0,548 0,211

BA-3 20 4,200 0,350 0,513 0,321

BA-4 22 4,100 0,441 0,489 0,098

GO-1 20 4,500 0,434 0,559 0,225

GO-2 24 4,200 0,355 0,474 0,255

MS-1 20 4,500 0,326 0,547 0,405

MS-2 24 4,300 0,389 0,513 0,245

MT-1 20 3,700 0,376 0,523 0,281

MT-2 24 4,400 0,367 0,531 0,314

MT-3 24 5,000 0,471 0,540 0,131

PB-1 24 3,900 0,395 0,511 0,230

Média 4,281 0,523 0,395 0,248 a Número de indivíduos amostrados. bNúmero médio de alelos por população. c Heterozigosidade observada média.

d Heterozigosidade esperada média.

e Índice de fixação intrapopulacional.

87 Tabela 9 – Probabilidade do Teste Exato de Fisher para aderência ao equilíbrio de Hardy-Weinberg

População Aar06 Aar10 Aar11 Aar13 Aar14 Aar16 Aar17 Aar19 Aar21 Aar23

BA-2 0,015 0,537 0,157 1,000 0,520 0,537 1,000 0,554 1,000 0,554

BA-3 0,001 1,000 0,006 0,030 0,328 0,648 1,000 0,168 1,000 0,633

BA-4 0,130 0,353 0,076 0,025 0,659 0,034 1,000 0,213 1,000 1,000

GO-1 0,003 0,149 0,058 1,000 0,281 0,644 0,538 0,149 0,276 1,000

GO-2 0,000 0,365 0,019 1,000 0,695 1,000 1,000 1,000 0,164 0,391

MS-1 0,002 0,149 0,007 0,151 0,021 0,645 1,000 0,597 1,000 0,543

MS-2 0,000 1,000 0,012 1,000 0,005* 0,328 0,272 1,000 0,235 0,038

MT-1 0,004 0,619 0,002 1,000 0,656 0,603 1,000 0,647 1,000 0,367

MT-2 0,040 0,113 0,438 1,000 0,048 0,199 0,525 0,684 0,151 0,150

MT-3 0,089 0,538 1,000 0,056 0,002 0,002 0,000 0,387 0,538 1,000

PB-1 0,000 0,501 0,075 0,501 0,015 0,684 0,398 1,000 1,000 1,000

Em negrito: não se ajusta as proporções do Equilíbrio de Hardy – Weinberg com grau de significância α = 0,005.

Esses valores representam as estimativas médias desses parâmetros nas

populações e servem para mostrar a variabilidade genética encontrada nos locos

microssatélites isolados. As estimativas de índice de fixação intrapopulacional obtidas

para cada loco representam as diferenças entre as freqüências de heterozigotos reais

encontradas nas populações, em relação à freqüência de heterozigotos esperadas,

baseadas no número de alelos e nas freqüências desses, por loco e por população.

Diferenças significativas entre HO e HE são influenciadas por eventos que alteram a

freqüência dos genótipos homozigotos em relação à freqüência dos genótipos

heterozigotos, como a endogamia e a seleção natural (HARTL; CLARK, 2007). Como

não podemos ter certeza sobre a ligação desses locos microssatélites com alelos de

genes que possam estar aumentando o valor adaptativo de determinados indivíduos na

população, pela forma que esses microssatélites foram isolados, apenas podemos

então inferir que os valores de índice de fixação intrapopulacional podem ter sido

influenciados por eventos de endogamia. Entretanto, pelos dados apresentados na

tabela 7, podemos descartar essa possibilidade, pois existe uma grande variação

nesses valores. Podemos então aceitar que o número de indivíduos utilizados não foi

88 suficiente para amostrar toda variabilidade genética dos locos Aar06, Aar11, Aar14 e

Aar16.

O índice de fixação intrapopulacional é determinado pela variação das

estimativas dos parâmetros HO e HE. Quanto maior as diferenças entre essas

estimativas na população, maior será o valor de f estimado, uma vez que as estimativas

de HE são obtidas através das freqüências alélicas e informa sobre a quantidade de

heterozigotos esperados na população em relação à freqüência encontrada dos alelos,

e o parâmetro HO informa sobre o número total de heterozigotos contados na

população. Havendo então uma grande diferença entre HE em relação à HO, essa deve

estar relacionada à endogamia, pois essa aumenta a freqüência de genótipos

homozigotos em detrimento aos heterozigotos na população. Nesse caso, como os

valores de índice de fixação intrapopulacional são obtidos através desses valores

estimados para cada loco e calculado então o valor médio para cada população,

podemos considerar então que valores altos indicam então haver certo grau de

endogamia na população. Entretanto, não podemos afirmar com certeza, pois não

podemos descartar a possibilidade de erro amostral.

Para os locos Aar14 e Aar16 os desvios no equilíbrio de Hardy-Weinberg

podem estar relacionados a problemas de amostragem, não estando relacionados com

desvios causados pela endogamia, uma vez que para os outros locos essas populações

não apresentaram desvios significativos. Já em relação ao loco Aar06 em que a maioria

das populações apresentou desvios no EHW, esse fato deve estar relacionado com a

presença de alelos nulos, que podem ter determinado um excesso de genótipos

homozigotos levando assim os desvios no EHW observados. Alelos nulos ocorrem

quando a região que flanqueia os microssatélites sofre mutação na porção de

anelamento do primer, não permitindo assim que esse se ligue corretamente (DAKIN;

AVISE, 2004). Com isso não ocorre à amplificação do segmento que contem o

microssatélite. A conseqüência disso pode ser vista em uma amostra de uma

população, onde uma parte dos indivíduos tem seus alelos amplificados e outra parte

não. Outra possível causa da ocorrência de alelos nulos seria a amplificação diferencial

dos alelos de tamanhos diferentes (WATTIER et al., 1998), e a erros de genotipagem,

que por motivos relacionados às condições da eletroforese, os dois alelos por

89

possuírem tamanhos poucos discrepantes acabam sendo lidos como sendo apenas um

só. Em ambos os casos ocorrem erros de genotipagem que levam a um excesso de

homozigotos na amostra, determinando os desvios no EHW.

Para testar a presença de alelos nulos nos locos e nas populações foi então

utilizado o programa Micro-Checker. Esse programa testa a presença de alelos nulos

comparando as freqüências observadas dos alelos, com a esperada sobre equilíbrio de

Hardy-Weinberg. Foram então detectados a presença de alelos nulos, em todas as

populações, para os locos Aar06 e Aar11. Contudo, esses não apresentaram desvios

no EHW em todas as populações e, portanto, foram mantidos nas análises, por serem

locos informativos.

2.3.3.2 Variabilidade interpopulacional e estrutura genética populacional

Através das estimativas das freqüências alélicas foi possível observar a

diversidade existente em cada loco estudado, nas onze populações de A. argillacea.

Podemos afirmar que A. argillacea apresenta grande variabilidade genética, que pode

ser confirmada pela diversidade alélica encontrada. Foram identificados 71 alelos totais

existentes nas populações estudadas sendo que 90,15% são compartilhados entre

todas as populações (Tabela 10). Através estimativa de alelos exclusivos, pode se

verificar que apenas 9,85%, ou seja, apenas sete alelos são restritos a algumas

populações (Tabela 11). Das 11 populações, seis possuem alelos exclusivos. Contudo,

dentre essas populações, o número de alelos exclusivos é baixo, variando de um ao

máximo de dois (GO-2). Portanto a maioria dos alelos é compartilhada entre todas as

populações estudadas indicando assim, de forma indireta, que existe fluxo gênico entre

essas populações. As estimativas de alelos exclusivos indicam que apenas o loco

Aar06 possui 14,3% de seus alelos restritos a população MS-1. O loco Aar11 possui

8,7% de seus alelos restritos a duas populações, GO-1 e GO-2. Os locos Aar14 e Aar16

possuem cada um 20% de alelos de seus exclusivos nas populações MT-1 e MS-2,

respectivamente. Já os locos Aar19 e Aar21, possuem 11,1% e 25% de alelos

exclusivos, respectivamente.

90

Tabela 10 – Freqüência alélica encontrada em cada loco microssatélite encontrada em cada população de A. argillacea

(continua)

Loco BA-2 BA-3 BA-4 GO-1 GO-2 MS-1 MS-2 MT-1 MT-2 MT-3 PB-1

Aar06

N 8 12 22 10 23 9 13 9 18 13 24

196 - 0,083 0,045 - 0,022 - 0,077 - 0,139 0,231 - 0,125 0,167 - 0,100 - - - 0,111 0,167 0,115 -

200 0,750 0,750 0,182 0,700 0,152 0,444 0,423 0,333 0,389 0,115 0,292

202 - - 0,682 0,100 0,804 0,444 0,462 0,278 0,306 0,500 0,604

208 0,125 - 0,045 - 0 - - - - 0,038 0,104

210 - - 0,045 0,100 0,022 - 0,038 0,278 - - -

212 - - - - - 0,111 - - - - -

Aar10

N 11 20 20 20 23 20 18 20 24 22 24

213 0,091 - - 0,025 - 0,025 - - 0,042 - -

217 - - - 0,050 - 0,025 - - 0,021 - -

265 - - 0,050 0,150 0,065 0,050 0,028 0,025 0,083 0,045 0,063

269 0,182 0,125 0,050 0,100 0,152 0,100 0,111 0,100 0,042 0,091 0,042

271 0,636 0,800 0,850 0,650 0,696 0,650 0,750 0,700 0,750 0,795 0,833

273 0,091 0,075 0,050 0,025 0,087 0,150 0,083 0,175 0,063 0,045 0,063

275 - - - - - - 0,028 - - 0,023 -

Aar11

N 10 12 8 9 15 11 9 11 11 15 13

192 - - - - - 0,091 0,111 - 0,091 - -

196 - 0,083 - - - - 0,167 - 0,091 - -

218 - - - 0,056 - 0,091 0,056 - - 0,033 -

220 0,100 0,125 0,063 0,167 - 0,091 0,056 0,182 0,136 0,067 0,192

224 0,100 0,125 0,125 - 0,067 - - - - 0,033 -

228 0,100 0,167 0,313 - - 0,182 - - 0,045 0,100 0,231

230 - - - 0,056 0,067 - 0,167 0,182 - 0,033 0,154

236 0,100 0,042 - - 0,100 - 0,111 0,091 0,227 0,133 -

238 0,100 - - - - - - - - 0,033 -

240 - 0,042 - 0,278 - 0,182 - - - - -

242 0,05 0,042 - 0,056 - - - - - - -

244 0,15 0,042 0,063 - - - - - 0,091 - -

253 - - - 0,056 - - - - - - -

254 - 0,167 - 0,111 0,033 0,091 - - - 0,033 0,038

258 0,100 - 0,063 - 0,067 - 0,111 0,091 0,045 - 0,077

260 0,100 0,042 0,125 0,056 0,167 0,091 0,222 0,273 0,045 0,167 -

270 - 0,125 - - 0,067 0,091 - - 0,091 0,033 -

91

Tabela 10 – Freqüência alélica encontrada em cada loco microssatélite encontrada em cada população de A. argillacea

(continuação)

Loco BA-2 BA-3 BA-4 GO-1 GO-2 MS-1 MS-2 MT-1 MT-2 MT-3 PB-1

Aar11

N 10 12 8 9 15 11 9 11 11 15 13

284 - - - 0,167 0,033 - - 0,091 - 0,067 0,038

290 0,100 - 0,188 - 0,100 0,091 - - 0,045 0,133 0,077

298 - - - - 0,133 - - 0,091 0,091 0,067 0,115

330 - - 0,063 - - - - - - 0,067 -

332 - - - - 0,100 - - - - - 0,077

334 - - - - 0,067 - - - - - -

Aar13

N 11 17 20 20 24 20 22 20 24 22 24

247 0,045 - - - - 0,025 0,023 - - 0,045 0,042

250 0,818 0,941 0,95 0,925 0,833 0,9 0,841 0,95 0,917 0,841 0,833

259 0,136 0,059 0,05 0,075 0,167 0,075 0,136 0,05 0,083 0,114 0,125

Aar14

N 10 17 21 12 24 18 15 18 24 23 24

198 - - - - - - - 0,056 - - -

206 0,45 0,529 0,405 0,500 0,458 0,500 0,767 0,556 0,563 0,565 0,688

208 0,400 0,382 0,381 0,208 0,521 0,306 0,167 0,167 0,292 0,348 0,208

210 0,100 0,059 0,214 0,208 0,021 0,194 - 0,222 0,146 0,065 0,104

212 0,05 0,029 - 0,083 - - 0,067 - - 0,022 -

Aar16

N 11 19 22 18 21 19 17 15 8 13 23

220 0,045 - - - - 0,026 - - - - -

230 0,182 0,211 0,091 0,222 0,143 0,132 0,029 0,300 0,188 0,077 0,087

234 0,227 0,237 - 0,083 - 0,237 0,235 - 0,500 0,269 -

236 0,409 0,158 0,295 0,417 0,381 0,342 0,206 0,467 - 0,423 0,413

238 0,136 0,237 0,591 0,139 0,476 0,237 0,529 0,200 0,313 0,192 0,457

240 - 0,158 0,023 0,139 - 0,026 - 0,033 - 0,038 0,043

Aar17

N 11 20 22 19 24 20 18 18 19 20 24

178 - 0,025 0,045 0,079 - 0,025 0,028 - 0,026 0,075 0,021

180 0,864 0,825 0,818 0,789 0,979 0,800 0,861 0,972 0,763 0,900 0,854

182 0,136 0,150 0,136 0,132 0,021 0,175 0,028 0,028 0,026 0,025 0,125

190 - - - - - - 0,028 - - - -

200 - - - - - - 0,056 - 0,184 - -

92

Tabela 10 – Freqüência alélica encontrada em cada loco microssatélite encontrada em cada população de A. argillacea

(conclusão)

Loco BA-2 BA-3 BA-4 GO-1 GO-2 MS-1 MS-2 MT-1 MT-2 MT-3 PB-1

Aar19

N 11 19 22 20 22 18 17 20 22 22 23

192 0,045 - 0,091 - 0,023 0,056 0,029 0,100 - 0,136 0,043

194 0,045 0,026 0,068 0,05 0,068 0,056 0,059 - 0,091 0,023 -

196 0,091 0,368 0,409 0,300 0,477 0,306 0,412 0,375 0,455 0,386 0,457

198 0,409 0,342 0,182 0,350 0,295 0,333 0,324 0,350 0,341 0,227 0,326

200 0,227 0,158 0,068 0,125 0,023 0,139 0,029 0,050 0,045 0,114 0,065

204 0,045 - 0,023 0,025 - 0,028 - - 0,023 - -

206 - 0,053 - - - - - - - - -

240 - - 0,159 0,05 0,114 - 0,147 0,025 0,045 0,114 0,109

242 0,136 0,053 - 0,100 - 0,083 - 0,100 - - -

Aar21

N 11 20 22 17 23 20 19 19 24 19 23

177 0,022

180 0,864 0,725 0,818 0,735 0,804 0,850 0,763 0,711 0,813 0,789 0,652

183 0,091 0,250 0,068 0,235 0,152 0,125 0,211 0,289 0,167 0,158 0,239

186 0,045 0,025 0,114 0,029 0,022 0,025 0,026 0,021 0,053 0,109

Aar23

N 11 20 21 20 24 20 23 20 24 23 24

310 0,591 0,65 0,405 0,525 0,604 0,750 0,543 0,475 0,688 0,522 0,521

312 0,409 0,35 0,595 0,475 0,396 0,760 0,457 0,525 0,313 0,478 0,479

Tabela 11 – Alelos privados obtidos em 70 alelos de marcadores microssatélites. Loco, alelo, freqüência que ocorrem na população que são encontrados e população de origem

População Alelo (pb) Freqüência Loco

MS-1 212 0,111 Aar06

GO-2 334 0,067 Aar11

GO-1 253 0,056 Aar11

MT-1 198 0,056 Aar14

MS-2 190 0,028 Aar17

BA-3 206 0,053 Aar19

GO-2 177 0,022 Aar21

93

O índice de fixação intrapopulacional da espécie, estimado pelo processo da

análise de variância, com base nos dez locos microssatélites, 71 alelos e nas onze

populações apresentou valor de 0,244 (IC 95% de 0,093 a 0,418). A estimativa de f não

foi significativamente igual a zero, mostrando haver certo grau de endogamia

intrapopulacional. Esse valor de endogamia intrapopulacional médio indica haver certo

grau de cruzamento entre parentes, e também é o componente que mais influência a

endogamia total entre as populações estudadas. Já o FST estimado a partir do

parâmetro theta (θ) (WEIR; COCKERHAM, 1984) foi de 0,036, com (IC 95% de 0.007 a

0,080). A estimativa de RST foi de 0,040. A estimativa de θ total foi significativamente

igual a zero, e indicam ausência de estruturação genética. O parâmetro Nem foi

estimado com base na estimativa de θ, e resultou no valor de 6,694 indivíduos adultos

migrantes em condições de se acasalar por geração (Tabela 12).

Para refinar as estimativas de θ com o objetivo de observar o grau de

diferenciação entre pares de populações foi então estimado o θ par-a-par. Podemos

observar que os valores dessa estimativa variaram de -0,0019 a 0,1082. As diferenças

calculadas entre pares de populações estimativas não foram significativamente

diferentes de zero para a maioria das interações, indicando não haver diferenciação

genética entre as populações, mesmo entre as que estão mais distantes

geograficamente. Entretanto apenas dois valores θ par-a-par foram superiores a 0,1 e

ambos foram obtidos entre a população GO-2 e as duas populações da Bahia, BA-2 e

BA-3, e todas as estimativas com a população GO-1 não foram possíveis calcular o

valor de significância, apesar das não haver diferenciação significativas, que podem ser

observadas pelos baixos valores de θ estimados. (Tabela 13).

94

Tabela 12 – Estimativa das estatísticas F de Wright, através da análise de variância das freqüências alélicas e do numero de migrantes por geração (Nem) em onze populações naturais de A. argillacea. Intervalo de confiança (IC) de 95% de probabilidade

f F θ RST *Nem

Estimativa 0,244 0,271 0,036 0,040 6,694

Limite Superior (IC 95%) 0,400 0,435 0,074 -

Limite Inferior (IC 95%) 0,073 0,090 0,008 -

* Número médio de migrantes por geração calculada através da estimativa de FST.

Tabela 13 – Estimativa do parâmetro θ par-a-par entre as populações

BA-2 BA-3 BA-4 GO-1 GO-2 MS-1 MS-2 MT-1 MT-2 MT-3 PB-1

BA-2 BA-3 -0,0095

BA-4 0,0978 0,0971 GO-1 -0,0068 -0,0019 0,0878

GO-2 0,1045 0,1082 0,0182 0,0974 MS-1 0,0029 0,0105 0,0380 0,0022 0,0362

MS-2 0,0526 0,0421 0,0394 0,0422 0,0308 0,0142 MT-1 0,0320 0,0440 0,0571 0,0036 0,0522 0,0196 0,0201

MT-2 0,0347 0,0140 0,0737 0,0443 0,0680 0,0059 0,0086 0,0484 MT-3 0,0500 0,0570 0,0231 0,0495 0,0171 0,0108 0,0136 0,0193 0,0226

PB-1 0,0752 0,0669 0,0104 0,0501 0,0202 0,0211 0,0065 0,0231 0,0550 0,0147 NS: Não significativo (P < 0,05). ** não foi possível calcular.

96

Os valores de FST obtidos através do estimador θ (WEIR; COCKERHAM, 1984)

tanto o total, quanto os par-a-par, ficaram entre o intervalo de 0 e 0,10, com

predominância de valores abaixo de 0,5, indicando que a estruturação genética entre as

populações de A. argillacea estudadas ficou entre baixa e moderada, sendo a baixa

estruturação predominante. Segundo Hartl e Clark (2007) valores de FST entre 0 e 0,05

indicam baixa estruturação genética; valores entre 0,05 e 0,15 indicam estruturação

genética moderada, valores entre 0,15 e 0,25 estão relacionados à estruturação alta e

valores acima de 0,25 indicam uma forte estruturação genética.

A estimativa de RST, que assume outro modelo mutacional para estimar o grau

de diferenciação entre as populações corroborou com o resultado estimado para FST. As

estimativas de FST geralmente diferem das estimativas de RST, uma vez que cada uma

assume um modelo diferente de mutação dos alelos. O parâmetro FST assume o

modelo de Alelos Infinitos (IAM), enquanto que o parâmetro RST baseia – se no modelo

de mutação stepwise (SMM), que também é o modelo mais indicado para estimar

diferenciação genética entre populações, uma vez que é o modelo que mais próximo

chega da explicação da forma como os microssatélites evoluem. Sendo assim, espera –

se que a estimativa de RST seja maior que a do FST (SLATIKIN, 1995). Nos resultados

obtidos, pode – se notar que a estimativa de RST foi maior que a do FST, entretanto não

podemos afirmar que foram diferentes significativamente. Isso se deve ao fato de que, o

modelo de SMM ser capaz de explicar a evolução de todos os locos microssatélites,

uma vez que outras formas de evolução dos mesmos podem ocorrem (BALLOUX;

LUGON-MOULIN, 2002). Sendo assim, para o calculo de fluxo gênico médio entre as

populações, foi utilizado o a estimativa do parâmetro FST.

Já a estimativa de fluxo gênico, indicou haver uma taxa alta de migração total

entre as populações. Govindajaru (1989) distinguiu três níveis de fluxo gênico: alto Nem

> 1, Intermediário (0,25 < Nem < 0,99) e baixo Nem < 0,25. Em relação à ocorrência de

deriva genética, essa causa diferenciação populacional se Nem <1, mas não resultará

se Nem > 1 (SLATKIN; BARTON, 1989). A estimativa obtida nesse estudo foi de

(6,694), indicando haver alto fluxo gênico entre as populações sendo capaz, portanto,

de impedir que haja perdas significativas na variabilidade genética determinada por

deriva entre as populações.

97

Os baixos valores das estatísticas F de Wright, da estimativa de e RST, das

estimativas de diferenciação entre cada par de populações e o alto valor de Nem podem

ser indicativos de que a espécie no Brasil possui estrutura de metapopulação com certo

alto grau de panmixia (acasalamentos ao acaso). Isso sem se deve ao fato de fluxo

gênico alta ser capaz de manter a coesão entre todas as populações, evitando assim as

suas diferenciações. Para testar se existe algum grau de estruturação genética

relacionado com a distância geográfica, foram então utilizadas duas abordagens para

análise de dados. Primeiramente foram estimadas as distâncias genéticas segundo

modelo de Nei (NEI, 1978) e construído o dendrograma utilizando o critério de

agrupamento UPGMA, e assim inferir sobre possível diferenciação genética entre as

populações. E a outra abordagem, baseada em estatística Bayesiana foi utilizada para

observar se existe estruturação genética entre as populações.

As distâncias genéticas de Nei (1978) calculadas entre as populações variaram

de 0,0078 a 0,1367. Esta análise revela que as populações estudadas não apresentam

distâncias genéticas significativas. Contudo, os resultados obtidos com o calculo das

distâncias de Nei corroboram com os valores obtidos com as estimativas de FST par-a-

par, e mostram que os valores mais significativos de distâncias foram entre a população

GO-2 e as populações BA-2 e BA-3. Além disso, podemos notar que a distância entre

BA-2 e BA-4 foi alta apesar de ambas estarem próximas geograficamente (Tabela14).

Podemos notar que não houve agrupamento das populações por estado. Uma

vez que as distâncias genéticas entre as populações não são capazes de determinar

essa resolução de agrupamento. Percebe – se que a resolução dos agrupamentos é

baixa, evidenciada pela baixa consistência dos nós obtidos por reamostragem por

bootstrap (Figura 13). Essa baixa resolução indica não haver diferenciações

significativas entre populações. Entretanto apenas podemos observar consistência no

primeiro nó, que agrupou as populações por safra. É importante ressaltar que as

distâncias genéticas são de pequena amplitude e que dessa forma, determinam essa

baixa resolução.

Tabela 14 – Distâncias genéticas de NEI (1978), calculadas entre as populações

BA-2 BA-3 BA-4 GO-1 GO-2 MS-1 MS-2 MT-1 MT-2 MT-3 PB-1

BA-2

BA-3 0,0078 BA-4 0,1367 0,1065

GO-1 0,0101 0,0024 0,1113 GO-2 0,1352 0,1155 0,0236 0,1194

MS-1 0,0257 0,0289 0,0562 0,0180 0,0459 MS-2 0,1026 0,0612 0,0498 0,0653 0,0389 0,0485

MT-1 0,0530 0,0519 0,0732 0,0192 0,0630 0,0370 0,0374 MT-2 0,1100 0,0590 0,0922 0,0828 0,0834 0,0580 0,0224 0,0749

MT-3 0,0884 0,0810 0,0272 0,0793 0,0206 0,0305 0,0232 0,0323 0,0367 PB-1 0,1058 0,0702 0,0168 0,0658 0,0263 0,0329 0,0159 0,0356 0,0737 0,0216

99

Figura 13 – Padrão de divergência genética entre as populações de A. argillacea, definido pelo agrupamento UPGMA, a partir das distâncias genéticas de Nei (1978). Correlação cofenética igual a 0,99%. Para testar a consistência dos nós foram realizadas 1000 reamostragens por bootstrap

Através da análise de estrutura populacional, realizada pelo programa Structure

2.2 (PRITCHARD et al., 2002) utilizando o modelo admixture, que considera que as

populações a priori mantém certa coesão genética; e determinando haver correlação

entre as populações (o parâmetro correleted) indicou não haver estruturação espacial

da variabilidade genética entre as populações estudadas.

Dentre as possibilidades para o valor de K, que variaram de 1 a 16, o valor obtido

através do método proposto por Evanno (2005) foi de dois grupos (Figura 14). A partir

desse valor de K, foi então obtida à melhor saída de dados para esse parâmetro, entre

as cinco repetições de permutações. Pode se observar através da análise bayesiana

que não existe estruturação geográfica da variabilidade genética, entretanto podemos

observar uma tendência à estruturação temporal dessa variabilidade (Figura 15).

100

Figura 14 – Resultado da análise obtida para a determinação do valor de agrupamento que melhor representa a variabilidade genética das populações de A. argillacea estudadas: K variando de 1 a 15, com cinco repetições cada K, burn in de 50.000 permutações e seguidas por 500.000 permutações MCMC

101

Figura 15 – Resultado obtido para K=2, através do programa Structure 2.2. O numero de K que melhor representa o conjunto de dados determinou a formação de dois grupos, que se distinguem apenas pelo ano em que as populações desses grupos foram coletadas; a) as populações foram ordenadas segundo suas proximidades geográficas, e b) foram ordenadas segundo ano de coleta. Essas informações não foram determinadas a priori para a análise bayesiana

Entretanto, como foi observada com o dendrograma construído a partir das

distâncias genéticas de Nei (1978) (figura 13), a análise bayesiana também identificou

certa diferenciação entre as populações determinadas pelo ano em que essas foram

coletadas. Através desses dados podemos concluir que houve de 2008 para o ano de

2009, mudanças na variabilidade genética nas populações de A. argillacea. Apesar de

estas distâncias serem de baixa amplitude elas indicam uma estruturação entre safra.

Foi feito a mesma análise novamente, entretanto, atribuindo o valor de K=2,

repetindo cinco permutações, agrupando as populações da safra de 2008 em um grupo

e as de 2009 em outro. O resultado obtido mostra que 70% dos indivíduos coletados no

ano de 2008 formam um grupo 61% dos indivíduos da safra de 2009 formam outro

grupo. Esses resultados indicam haver diferenciação entre os indivíduos coletados em

anos diferentes.

a

b

102

Para verificar se existe diferenciação dentro de cada safra. Foi então feita análise

separando as populações coletadas em anos diferentes. Foram atribuídos o mesmo

modelo e os mesmos parâmetros, definidos para a análise anterior, apenas mudando a

amplitude de variação de K, que foi de um a dez agrupamentos. Contudo através dessa

análise não foi possível observar estruturação genética dentro de cada ano.

Por fim foi realizada a estimativa de θ, reunindo as populações de 2008 em um

grupo e as populações de 2009 em outro. Foram estimados o θ dentro de cada grupo, e

entre grupos. Os valores do parâmetro θ estimados dentro de cada grupo foram de:

0,010, com IC 95% de -0,001 a 0,026, para o grupo um, composto pelas populações

BA-2, BA-3, GO-1, MS-1 e MT-2 (Safra 2008); e 0,024, com IC 95% de 0,005 a 0,044

para o grupo dois, formado pelas populações BA-4, GO-2, MS-2, MT-2, MT-3 e PB-1

(Safra 2009). Já o valor obtido entre grupos foi de 0,039, e IC 95% de 0.003 a 0.090,

sendo essas estimativas diferentes de zero, evidenciando haver, apesar de baixa, certo

grau de diferenciação entre safras.

Os resultados mostram que não existe estruturação genética significativa entre

as populações das diferentes regiões geográficas. Contudo, foi possível observar certa

diferenciação entre populações coletadas em anos diferentes. As mudanças na

variabilidade genética observadas na safra de 2009 em relação à de 2008, podem estar

ligadas a eventos estocásticos que alteram a aleatoriamente, ou a eventos

determinísticos, como a seleção natural. Entretanto, apenas podemos inferir sobre

ocorrência de mudanças aleatórias, uma vez que não é possível saber sobre a

ocorrência de seleção natural nos locos estudados, pois a princípio os locos

microssatélites neutros, ou seja, pois não é possível saber a ligação deles com genes

funcionais.

A espécie se trata de um inseto herbívoro com alta capacidade de dispersão.

Através de estudos com marcação e recaptura, e monitoramento da ocorrência da

espécie na cultura do algodão, realizados anteriormente, foi possível determinar o

estágio fenológico da planta que inicia a infestação da praga e em que época do ano

essas infestações ocorrem. No Brasil, A. argillacea inicia sua dispersão na região

nordeste, e segue sentido Sul, para a região Centro-Oeste, passando pelos estados de

Mato-Grosso, Mato-Grosso do Sul, Goiás, até atingir o estado de São Paulo e Minas

103

gerais. Por fim, retorna, seguindo o plantio de algodão, a região de onde se iniciou a

sua dispersão. Podemos inferir que esse comportamento esteja por si só, influenciando

as mudanças nas freqüências e na diversidade de alelos encontradas nos locos

estudados, uma vez que a cada evento de dispersão um número reduzido de migrantes

partem para colonizar outra região, determinando dessa forma, eventos de gargalho de

garrafa, seguido de eventos de colonização com rápido crescimento populacional. Além

disso, pelo fato de a cultura do algodão não ocorrer o ano todo, o período em que a

planta não é cultivada, determina uma drástica redução populacional que

conseqüentemente altera a variabilidade genética através de eventos de deriva. Dessa

forma, a estruturação da variabilidade genética temporal pode ocorrer.

Todavia, não se pode descartar a possibilidade das práticas de manejo estar

influenciando a diversidade genética de A. argillacea, uma vez que a mortalidade

causada pelo uso de inseticidas, ou outra forma de controle que seja capaz de reduzir

drasticamente a densidade populacional da praga, pode estar determinando também

eventos de gargalho de garrafa.

Recentemente, muitos estudos examinando a diferenciação genética entre

populações de lepidópteros - pragas, que são alvos do controle de plantas GM, têm

sido feitos, com o objetivo de avaliar e entender processos que estejam determinando

possíveis diferenciações genéticas entre as suas populações e quais seriam as

implicações dessa diferenciação no manejo da resistência a toxina expressa por essas

plantas. Muitos desses estudos tem se concentrado nas espécies de lepidópteros que

causam os maiores prejuízos na agricultura e que apresentam maior risco para

evolução da resistência. Uma das espécies mais estudadas nos Estados Unidos e

Europa é Ostrinia nubilalis (Hübner), que causa grandes prejuízos na cultura do milho e

é a principal praga alvo do controle do milho transgênico. Estudos populacionais com

essa espécie já foram realizados com marcadores Alozimáticos até marcadores

baseados em polimorfismo de DNA (BOURGUET et al., 2000; KRUM et al., 2008;

COATES et al., 2004; 2005). Entretanto, todos esses trabalhos mostraram não haver

estruturação da variabilidade genética mesmo entre populações isoladas

geograficamente. Contudo, muitos desses trabalhos erram na escolha dos marcadores

moleculares, que não foram suficientemente robustos em acessar o polimormismo

104 existente entre as populações, levando assim a resultados errôneos (MARÇON et al.,

1999; COATES et al., 2004). Já outros trabalhos, fora inconclusivos, pois os autores

não tomaram o cuidado em separar nas análises, insetos de O. nubilalis pertencente a

raça feromônio “Z” da “E”, e insetos que possuem padrão de voltinismo diferentes

(univoltina, bivoltina etc), e assim os resultados obtidos levaram a conclusões erradas a

cerca da diferenciação genética. Bourguet e colaboradores, estudando a estruturação

da variabilidade genética dessa espécie na França, não encontraram estruturação

significativa entre populações distantes, mas encontrou entre populações próximas. Já

Krum et al. (2009) estudando a variabilidade genética de O. nubilalis nos Estados

Unidos, utilizando marcador AFLP e RAPD, não identificou diferenciação genética

significativas entre a maior parte das populações, entretanto identificou uma

estruturação moderada entre as populações do Norte em relação as do Sul, devido aos

padrões de voltinismo encontrados entre essas regiões. Já Kim e colaboradores,

(2009), estudando O. nubilalis nos Estados Unidos, tomando os devidos cuidados em

não amostrar populações de raças ferômonio diferentes e de mesmo padrão de

voltinismo, e amostrando um grande número de insetos, dentro de um transecto Norte –

Sul de 270 Km, que cruzou com outro transecto Leste – Oeste também de 270 Km,

também não identificaram estruturação genética espacial significativa. Através das

análises de FST par – a – par, e estudando a taxa de migração entre cada população

puderam concluir que a dimensão geográfica da espécie é grande, e que mesmo ter

havido uma expansão geográfica seguindo a expansão da agricultura, essa não

determinou eventos de gargalos significativos. Sendo assim, os autores corroboram

com a realização do monitoramento da resistência em escala geográfica, e que da

mesma forma que o fluxo gênico pode retardar a evolução da resistência ele pode

espalhar os alelos que conferem resistência, quando a resistência já estiver

desenvolvida.

Outra espécie de inseto que também causa grandes prejuízos na agricultura

mundial e também é alvo de plantas transgênicas é Helicoverpa armigera (Hübner). Os

trabalhos de genética de populações mais importantes realizados com essa espécie

são provenientes da Austrália, nestes foram utilizados marcadores microssatélites

(SCOTT et al., 2006; ENDERSBY et al., 2006). Scott e colaboradores, estudando

105

populações de H. armigera coletadas na reigão do Vale Murrumbidge, Austrália,

durante três safras agrícolas, identificou uma variação nos níveis de estruturação da

variabilidade genética entre as safras. Durante a safra de 2001/2002, não foram

identificadas diferenciações significativas entre as populações. Na safra 2002/2003,

foram identificadas diferenciação significativas entre as populações, e, além disso,

foram identificados três principais “tipos” genéticos: os primeiros tipos foram

constituídos das primeiras duas gerações da espécie naquele, de indivíduos já

presentes nos locais que estavam saindo da diapausa, e a progênies desses indivíduos;

o segundo tipo foi constituído da terceira geração, além dos imigrantes externos; e o

terceiro tipo foi determinado por outros imigrantes de outras regiões. E por fim, foi

identificada alta estruturação genética na safra de 2002/2003 por conta da expansão da

agricultura do algodão e pelo uso mais intenso de inseticidas sintéticos, que

determinaram mudanças na dinâmica populacional da espécie na região. Outro

trabalho, entretanto, não identificou estruturação genética entre populações de H.

armigera, próximas e distantes. Esse trabalho foi realizado em duas regiões, uma

próxima do Vale Murrumbidge, Austrália, outra região mais distante, em Queensland,

Austrália. Foram coletadas 14 populações dentro dessas duas regiões, e sobre

diferentes plantas hospedeiras. Apesar de essas variáveis poderem atuar determinando

a distribuição da variabilidade genética e a direção do fluxo gênico, nenhuma

estruturação foi evidenciada (ENDERSBY et al., 2006).

No Brasil, os trabalhos de variabilidade genética tem se concentrado em

espécies pragas que são controladas pelas principais variedades de plantas

transgênicas plantadas no país. Dentre essas espécies, Spodoptera frugiperda se

destaca como sendo a de maior importância para o manejo da resistência, pois além de

atacar plantas de milho, essa espécie também se alimenta de algodão, estando

portanto exposta continuamente a toxinas do tipo Cry. Sendo assim, Martinelli et al.

(2006) realizaram um estudo de variabilidade genética dessa praga visando responder

se existe diferenciação genética entre populações de S. frugiperda na cultura do milho e

na cultura do algodão, e se essa diferenciação está relacionada com a planta

hospedeira, ou com a proximidade geográfica. Para tanto, foram utilizados marcadores

RAPD, que apesar de ser um marcador dominante, em desuso atualmente, foi capaz de

106 respoder essa pergunta. As populações de S. frugiperda estudadas formam grupos

devido a proximidade espacial, ao invés da preferência pela planta hospedeira. Para

confirmar esses resultados, foram utilizados em outro estudo, marcadores AFLP, que

confirmaram os resultados anteriores (MARTINELLI et al., 2007)

Dentro do contexto do manejo da resistência de insetos a plantas GM, pode –

se perceber a importância de estudos que buscam avaliar a variabilidade genética e

entender quais processos determina a estruturação espacial dessa variabilidade. Sendo

assim, os conhecimentos da área de genética de populações, cada vez mais estão

conseguindo responder questões e auxiliar o direcionamento de pesquisas e a tomada

de decisões para se delinear melhores práticas de manejo da resistência de insetos à

táticas de controle populacional de pragas.

No presente estudo foi possível observar variabilidade na resposta das

populações naturais de A. argillacea a toxina Cry1Ac. Entretanto essa variabilidade não

está ligada a mudanças na suscetibilidade das populações.

Já o estudo de genética de populações, conseguiu identificar que não existem

unidades evolutivas que da espécie, que possam estar passando por processos de

diferenciação genética isoladamente, uma vez que não foi identificada estruturação da

variabilidade genética da espécie no Brasil. Contudo foi identificada indícios de

estruturação genética temporal, uma vez que as populações coletadas em duas safras

apresentaram certa diferenciação genética.

Sendo assim, práticas de manejo da resistência de A. argillacea à toxina

Cry1Ac necessitam ser realizadas uma vez que a espécie possui variabilidade natural

na resposta à toxina, dessa forma a espécie mostrou ter potencial para a evolução da

resistência. Além disso, práticas de manejo da resistência não devem ser decididas

localmente ou regionalmente, mas em escala nacional, uma vez que não existe

diferenciação genética entre as populações da espécie. Outro aspecto importante a ser

considerado é o alto fluxo gênicos encontrado entre as populações de A. argillacea no

Brasil, e os eventos de gargalho genéticos seguidos de eventos fundadores. A alta

coesão genética entre as populações, determinada pelo intenso fluxo gênico influência

dois aspectos importantes para a evolução da resistência: se por um lado, para os

alelos que conferem resistência poderem se fixar em uma determinada população

107

demorará mais tempo, por outro, quando a resistência se tornar problema em um local,

a dispersando desse alelos através do fluxo gênica, será rápida, atingindo rapidamente

todas as populações da espécie no Brasil. Já os eventos de gargalho podem determinar

a rápida fixação de alelos que conferem resistência de uma ano para outro.

108

109

3 CONCLUSÕES

Há variabilidade natural na resposta das populações de A. argillacea à toxina

Cry1Ac;

Os locos microssatélites foram eficientes para detectar variabilidade genética

dentro e entre as populações de A. argillacea no Brasil;

Existe pequena estruturação da variabilidade genética entre as populações nas

diferentes safras, porém não existe estruturação entre populações de diferentes

regiões;

Ocorre alta taxa de migração entre as populações de A. argillacea no Brasil.

110

111

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