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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA KARINA HATSUE TAKAHASHI Estudo de ferramentas para melhorar a produtividade em uma Indústria Farmoquímica Lorena 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

KARINA HATSUE TAKAHASHI

Estudo de ferramentas para melhorar a produtividade em uma Indústria Farmoquímica

Lorena

2013

KARINA HATSUE TAKAHASHI

Estudo de ferramentas para melhorar a produtividade em uma

Indústria Farmoquímica

Monografia apresentada a Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo para obtenção do grau de Engenheira Química. Área de Concentração: Qualidade e Produtividade e Controle de Processos Químicos. Orientador: Prof. MSc. Antonio Carlos da Silva.

Lorena

2013

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔN ICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Assessoria de Documentação e Informação

Escola de Engenharia de Lorena

Takahashi, Karina Hatsue Estudo de ferramentas para melhorar a produtividade em uma

Indústria Farmoquímica / Karina Hatsue Takahashi; orientador Antonio Carlos da Silva – Lorena, 2013.

64f. Monografia apresentada como requisito para a obtenção do título

de Graduação do curso de Engenharia Química. Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo.

1. Lean Manufacturing 2. Mapeamento do Fluxo de Valor 3.

Produtividade 4. Indústria Farmoquímica

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles

que me apoiaram e em especial aos

meus pais, Yoshito e Akemi, pelo

carinho e dedicação.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Yoshito e Akemi, que sempre

estiveram presentes nos momentos mais difíceis de minha vida, dando todo apoio

para eu atingir meus objetivos e ser quem sou hoje.

Às minhas irmãs, Hissae e Harue, pelo companheirismo.

Ao meu namorado, Eidi, pelo carinho e atenção, e por compreender meus

momentos de ausência.

Ao meu orientador Prof. MSc. Antonio Carlos da Silva, pelo auxílio no

decorrer deste trabalho, dando todo o suporte necessário.

Ao meu tutor de estágio, Rogério, pela oportunidade de acompanhar o

processo produtivo estudado neste trabalho.

Ao meu colega de trabalho e faculdade, Fabio, pelo esclarecimento de

dúvidas durante o andamento dessa monografia.

Agradeço a Deus por mais essa conquista!

Enfim, a todos que de alguma maneira me ajudaram a alcançar esta nova

realização.

"O sucesso nasce do querer, da

determinação e persistência em se

chegar a um objetivo. Mesmo não

atingindo o alvo, quem busca e vence

obstáculos, no mínimo fará coisas

admiráveis."

José de Alencar

RESUMO

Takahashi, K. H. Estudo de ferramentas para melhorar a produtividade em

uma Indústria Farmoquímica. 2013. 64f. Monografia (Trabalho de Graduação

em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de

São Paulo, Lorena, 2013.

Objetivou-se, no presente trabalho, estudar ferramentas que utilizam os conceitos

do Lean Manufacturing para melhorar a produtividade do processo de fabricação

de um dos produtos de uma Indústria Farmoquímica, utilizando-se a metodologia

de estudo de caso único. Este processo foi escolhido devido aos atrasos que

impossibilitam o seguimento do cronograma estabelecido pelo planejamento da

produção e, consequentemente, dificulta o atendimento da grande demanda deste

produto no mercado. A fim de atender esta grande demanda e manter a empresa

competitiva no mercado atual, foi utilizado como principal ferramenta, o

Mapeamento do Fluxo de Valor. Com esta ferramenta foi possível identificar o

gargalo do processo e os desperdícios por tempo de espera que afetavam o

cumprimento do planejamento da produção, bem como suas possíveis causas.

Assim, utilizando-se dos conceitos do Lean Manufacturing e outras ferramentas,

foram propostas melhorias e construiu-se o Mapa do Fluxo de Valor do Estado

Futuro. Dentre as melhorias propostas estão a melhor sincronização na produção

de lotes, realização de programas continuados de treinamentos para os

operadores, melhor distribuição de mão-de-obra e padronização das atividades da

produção. Conclui-se, a partir da comparação do estado atual com o estado futuro

proposto, que as propostas de melhorias impactam positivamente sobre

produtividade do processo desta Indústria Farmoquímica, melhorando o

atendimento da demanda e sua atuação no mercado competitivo.

Palavras Chave: Lean Manufacturing, Mapeamento do Fluxo de Valor,

Produtividade, Indústria Farmoquímica.

ABSTRACT

Takahashi, K. H. A study about tools to increase productivity in a

Pharmochemical Industry. 2013. 64f. Monografia (Trabalho de Graduação em

Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2013.

The present work’s objective is to study tools which use Lean Manufacturing

concepts to increase the productivity of a product's manufacturing process in a

Pharmochemical Industry, using the single case study method. This process was

chosen due to late deliveries which delay the planned established schedule and,

therefore increase the level of difficulty to meet market demand of the above

mentioned product. Intending to meet this high demand and keep the company’s

competitiveness the Value Stream Mapping was its main tool. With this tool it was

possible to identify the process’ bottleneck and waiting times wasted which affect

the production’s lead-time and also possible causes. Therefore using Lean

manufacturing concepts and other tools, some enhancements were proposed and

the Future State Value Stream Map was built up. Among the proposed

enhancements were better synchronization on batch production, continuous

training for workers, better work load distribution and standardization of production

activities. The work concludes that the comparison between the present state and

the future state proposed do enhance productivity of the manufacturing process in

this Pharmochemical Industry, improving the meeting demand and its performance

in the competitive market.

Key Words: Lean Manufacturing, Value Stream Mapping, Productivity,

Pharmochemical Industry.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 – Pilares do Sistema Toyota de Produção ........................................... 17

Figura 2.2 – Redução do nível de estoque (água) para expor os problemas do

processo ............................................................................................................... 22

Figura 2.3 – Etapas do Mapeamento do Fluxo de Valor ....................................... 30

Figura 2.4 – Exemplo de Mapa do Fluxo de Valor Atual de uma fábrica .............. 32

Figura 2.5 - Exemplo de Mapa do Fluxo de Valor Futuro de uma fábrica ............. 34

Figura 3.1 – Etapas da metodologia do estudo de caso ....................................... 37

Figura 4.1 – Etapas do processo de produção...................................................... 40

Figura 4.2 – Diagrama de Gantt do processo de produção atual de uma

campanha (9 lotes) iniciada com três lotes simultâneos ....................................... 42

Figura 4.3 – Mapa do fluxo de valor do estado atual ............................................ 44

Figura 4.4 – Gráfico de Pareto com tempos de ciclo ............................................ 47

Figura 4.5 – Comparação entre os tempos de ciclo dos processos e Takt Time .. 48

Figura 4.6 – Gráfico de Pareto com tempos de espera entre processos .............. 49

Figura 4.7 - Diagrama de Gantt do processo de produção de uma campanha (10

lotes) iniciada com dois lotes simultâneos ............................................................ 51

Figura 4.8 – Mapa do fluxo de valor do estado futuro ........................................... 56

Quadro 2.1 – Ícones do fluxo de materiais e informação para Mapa do Fluxo de

Valor ...................................................................................................................... 31

Quadro 2.2 – Ícones gerais para o Mapa do Fluxo de Valor ................................. 32

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Equipamentos disponíveis para cada etapa do processo de produção

.............................................................................................................................. 41

Tabela 4.2 – Resumo do Estado atual .................................................................. 45

Tabela 4.3 – Tempos de espera entre processos do estado atual ........................ 49

Tabela 4.4 – Resumo das propostas de melhoria ................................................. 54

Tabela 4.5 – Estimativas de melhorias com o estado futuro ................................. 57

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

API − Active Pharmaceutical Ingredients

JIT − Just-in-time

MFV − Mapa de Fluxo de Valor

MPT − Manutenção Preventiva Total

PCP − Programação e Controle da Produção

STP − Sistema Toyota de Produção

T/C − Tempo de ciclo

T/m − Tempo de carregamento de materiais

T/R − Tempo de Trocas ou Set-up

TE − Tempo de Espera

VSM − Value Stream Map

WIP − Work in Process

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 13

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................. 14

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................... 14

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................... 14

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 16

2.1 LEAN MANUFACTURING – MANUFATURA ENXUTA ........................... 16

2.2 AS SETE PERDAS .................................................................................. 18

2.2.1 Perda por superprodução ............................................................... 19

2.2.2 Perda por tempo de espera ............................................................ 19

2.2.3 Perda por transporte ....................................................................... 20

2.2.4 Perda por processamento em si .................................................... 20

2.2.5 Perda por movimentação ................................................................ 20

2.2.6 Perda por fabricação de produtos defeituosos ............................ 20

2.2.7 Perda por estoque ........................................................................... 21

2.3 OS CINCO PRINCÍPIOS .......................................................................... 22

2.3.1 Princípio do valor ............................................................................ 23

2.3.2 Princípio da cadeia de valor ........................................................... 23

2.3.3 Princípio do fluxo de valor ............................................................. 23

2.3.4 Princípio de produção puxada ....................................................... 24

2.3.5 Princípio da perfeição ..................................................................... 24

2.4 FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING ..................................... 24

2.4.1 Kaizen ............................................................................................... 25

2.4.2 5S ...................................................................................................... 26

2.4.3 Kanban e supermercado ................................................................. 27

2.4.4 Padronização ................................................................................... 28

2.4.5 Mapa de Fluxo de Valor .................................................................. 29

3 METODOLOGIA ............................................................................................ 35

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA METODOLOGIA ................................................... 35

3.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE PESQUISA .................................. 36

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 38

4.1 A EMPRESA ............................................................................................ 38

4.2 O PROCESSO DE PRODUÇÃO ESTUDADO ........................................ 38

4.2.1 Descrição das etapas do processo de produção ......................... 39

4.3 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR DO ESTADO ATUAL ............... 43

4.4 IDENTIFICAÇÃO DE DESPERDÍCIOS ................................................... 46

4.5 PROPOSTAS DE MELHORIAS ............................................................... 50

4.6 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR DO ESTADO FUTURO ........... 55

4.7 ANÁLISE DAS MELHORIAS PROPOSTAS ............................................ 57

5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 60

13

1 INTRODUÇÃO

Com o passar do tempo, as empresas vêm aumentando seus

investimentos em tecnologias de gerenciamento da produção, em busca de

aumentar a produtividade e a qualidade de seus produtos. Estes eventos são

explicados devido às exigências do mercado competitivo, no qual uma

organização que não se adequa a elas põe em risco sua própria sobrevivência.

Dessa forma, a indústria tem como desafio a intensa busca por métodos,

técnicas ou até mesmo filosofias de manufatura para melhorar seu processo

produtivo e alcançar a vantagem competitiva dentro do mercado atual.

Muitas empresas têm adotado os conceitos e ferramentas do Lean

Manufacturing ou Produção Enxuta para atingir seus objetivos. Esse sistema de

gestão da produção foi criado devido à necessidade da Toyota Motor Company

aumentar sua produtividade e se manter competitiva no mercado automobilístico,

no Japão, em período pós-guerra (OHNO, 1997).

1.1 JUSTIFICATIVA

Como mencionado anteriormente, manter-se competitiva no mercado atual

se tornou uma necessidade para garantir a sobrevivência de uma indústria e,

consequentemente, a melhoria na produtividade é uma das exigências que deve

ser cumprida.

A Indústria Farmoquímica estudada neste trabalho, que está localizada no

estado do Rio de Janeiro, próxima a divisa com o estado de São Paulo, também

se encontra neste cenário, cuja melhoria na produtividade garantirá uma melhor

atuação no mercado competitivo. Ademais, outro fator relevante para executar

esta melhoria no processo de produção é a necessidade de atender a grande

demanda de um de seus produtos no mercado.

Atualmente, a empresa tem encontrado dificuldades para atender esta

demanda dentro do cronograma previsto pelo planejamento da produção, que se

devem principalmente aos atrasos no processo de fabricação. Ou seja, a empresa

14

não consegue operar na sua capacidade máxima de produção instalada e

precisa, então, melhorar a produtividade.

Neste contexto, o trabalho visou estudar ferramentas para propor melhorias

na produtividade do produto em questão, para que seja seguido o cronograma

previsto pelo planejamento da produção e para que a demanda do produto no

mercado seja atendida.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é estudar ferramentas que utilizam conceitos do

Lean Manufacturing para propor melhorias na produtividade do processo de

fabricação de um dos produtos de uma Indústria Farmoquímica, utilizando-se para

isto, o Mapeamento do Fluxo de Valor como ferramenta principal deste trabalho.

1.2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são realizar a coleta e a análise de dados dos

registros de lotes produzidos no ano de 2012 e fazer o mapeamento do fluxo de

valor. A partir disto, identificar quais etapas do processo de produção estão

impactando na produtividade e assim propor ações de melhoria.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos:

15

• Capítulo1 – Introdução: Descrição do tema da pesquisa, da justificativa, do

objetivo e a apresentação da estrutura do trabalho;

• Capítulo 2 – Revisão bibliográfica: Conceitos e princípios do Lean

Manufacturing, técnica do Mapeamento do Fluxo de Valor e outras

ferramentas de apoio;

• Capítulo 3 – Metodologia: Descrição do tipo de pesquisa adotado neste

trabalho e da metodologia utilizada;

• Capítulo 4 – Resultados e Discussões: Breve descrição da empresa e do

processo de fabricação do produto estudado. Mapeamento do fluxo de

valor do estado atual, análise do mapeamento realizado e apresentação de

propostas de melhorias, bem como o mapa do fluxo de valor do estado

futuro e a análises das propostas de melhoria feitas;

• Capítulo 5 – Conclusão.

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 LEAN MANUFACTURING – MANUFATURA ENXUTA

Lean Manufacturing ou produção enxuta é considerada uma estratégia de

negócios que visa à redução de custos, o aumento da produtividade e flexibilidade

do processo para atuar no mercado competitivo e o aumento da satisfação do

cliente. Estes objetivos são alcançados utilizando-se os recursos da melhor forma

possível, ou seja, produzir mais com menos, eliminando desperdícios (LEAN

INSTITUTE BRASIL, 2012; OHNO, 1997; WOMACK; JONES; ROSS, 2004;).

Este pensamento enxuto iniciou-se no Sistema Toyota de Produção (STP)

após a Segunda Guerra Mundial, período no qual o mercado japonês sofria sérias

restrições devido às consequências da guerra. Neste cenário pós-guerra, era

demandada grande variedade de produtos fabricados em pequenas quantidades

e os recursos eram restritos. Mas atualmente, esta filosofia enxuta tem sido

difundida mundialmente por James Womack (VIDOTTO, 2010), que descreve que

o Lean Manufacturing é uma combinação das vantagens das produções

artesanais e em massa, com redução de custos por unidade, melhoria na

qualidade, emprego de mão-de-obra qualificada em todos os níveis da

organização e máquinas com operabilidade flexível (WOMACK; JONES, 2004;

WOMACK; JONES; ROSS, 2004).

O STP está sustentado pelos seguintes pilares (COSTA; MARÇAL; MELO,

2010; DENNIS, 2008; OHNO, 1997):

• Autonomação ou jidoka: fornecer aos equipamentos e operadores a

capacidade de identificar falhas e parar imediatamente o trabalho, para que

assim não sejam produzidos peças com defeitos;

• Just-in-time (JIT): produzir o produto necessário, no tempo, quantidade e

local necessários, dessa forma, reduzindo-se os estoques de matérias-

primas e produtos em processamento ao longo da linha de produção;

17

• Foco no cliente: atender o cliente no menor tempo possível, oferecendo-

lhes os produtos com a mais alta qualidade e menores custos, melhorando

constantemente seus processos;

• Padronização: fornecer a forma mais segura, fácil e eficaz de se fazer o

trabalho. Além de garantir que o conhecimento seja mantido, mesmo que

um funcionário experiente saia;

• Estabilidade: a partir do gerenciamento visual e do sistema 5S, viabilizar o

trabalho padronizado e a Manutenção Preventiva Total (MPT), que são

fundamentais para a estabilidade do método e da máquina;

• Envolvimento: envolver os colaboradores da empresa em todos os

processos para tornar o ambiente de trabalho propício à motivação de

todos.

Estes pilares são mostrados na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Pilares do Sistema Toyota de Produção (DENNIS, 2008)

18

Esta mentalidade enxuta tem como base a eliminação de desperdício, cuja

definição diz ser tudo aquilo que não agrega valor ao produto, dos quais podem

ser citados: excesso de equipamentos, materiais, peças, espaço e tempo

(GHINATO, 2000). Portanto, o que agrega valor ao produto são as operações

produtivas realizadas para cumprir os requisitos do cliente ou consumidor final

(RIANI, 2006).

2.2 AS SETE PERDAS

Em um sistema produtivo existem três tipos de atividades (WOMACK;

JONES, 2004):

• Atividades que agregam valor (AV): são atividades que, para o cliente final,

não tornam o produto ou serviço mais valioso;

• Atividades que não agregam valor (NAV): são atividades que, para o cliente

final, não tornam o produto mais valioso e não são necessárias, e portanto,

devem ser eliminadas imediatamente;

• Atividades necessárias que não agregam valor (NNAV): são atividades que

constituem perdas, mas que são necessárias para o processo produtivo

atual.

As organizações tradicionais buscam reduzir as atividades que agregam

valor, por exemplo, por meio de investimentos em tecnologias e equipamentos

mais eficientes. No entanto, esta redução afeta pouco o Lead Time, que é o

tempo de atravessamento do produto pela cadeia produtiva, pois representa

apenas 5% desse tempo. Já na produção enxuta, busca-se reduzir ou eliminar as

atividades que não agregam valor ao produto, que são definidos como

desperdícios, pois estas representam grande parte do Lead Time e sua redução

tem grande impacto na redução de tempo (SAIA, 2009).

Estes desperdícios são classificados em sete categorias (OHNO, 1997;

SHINGO, 1996):

19

• Perda por superprodução;

• Perda por tempo de espera;

• Perda por transporte;

• Perda por processamento em si;

• Perda por movimentação;

• Perda por fabricação de produtos defeituosos;

• Perda por estoque.

2.2.1 Perda por superprodução

Segundo Shingo (1996), a perda por superprodução pode ser quantitativa

ou antecipada.

A perda por superprodução quantitativa ocorre quando a produção é maior

que o volume programado ou requerido, enquanto a perda por superprodução

antecipada é decorrente da produção realizada antes do momento necessário.

Isto gera estoques, pois os produtos/peças ficam aguardando serem consumidos

ou processados pelas etapas posteriores, e consequentemente geram outros

desperdícios, como: área de estoque, deterioração, custos de energia e dentre

outros;

2.2.2 Perda por tempo de espera

Para Shingo (1996), a perda por tempo de espera pode ser classificada em

dois tipos: perda por espera do processo e perda por espera do lote.

A perda por espera do processo ocorre quando um lote fica aguardando a

liberação ou disponibilidade de um recurso, enquanto o lote precedente é

processado no mesmo. Já a perda por espera de lote acontece quando os

componentes de um lote precisam aguardar que o processamento de todo o lote

seja concluído, para que possa seguir para a etapa seguinte.

20

2.2.3 Perda por transporte

A perda por transporte ocorre devido a deslocamentos desnecessários de

pessoas, peças ou informações. Para Ghinato (2000) e Shingo (1996), o

transporte é uma atividade que não agrega valor e por isso deve ser minimizada.

2.2.4 Perda por processamento em si

A perda por processamento consiste nas atividades de processamento

desnecessárias para que o produto adquira as características desejadas ou

especificadas pelo cliente. Esta perda pode ocorrer devida a utilização

inadequada de máquinas, equipamentos e sistemas em relação à sua capacidade

de desempenhar a função (OHNO, 1997).

2.2.5 Perda por movimentação

A perda por movimentação ocorre devido à desorganização no ambiente

de trabalho, diferença entre trabalho e movimento. Refere-se à realização de

movimentos desnecessários para executar uma atividade. Este tipo de perda

pode ser eliminado por melhorias realizadas a partir de um estudo de tempos e

movimentos (GHINATO, 2000).

2.2.6 Perda por fabricação de produtos defeituosos

Perda por fabricação de produtos defeituosos ocorre quando os produtos

fabricados possuem algum parâmetro de qualidade fora do especificado. Estes

produtos defeituosos geram outros desperdícios como matérias, disponibilidade

21

de mão-de-obra e equipamentos, movimentação e armazenagem de materiais

defeituosos, entre outros (OHNO, 1997).

2.2.7 Perda por estoque

Perdas por estoque acontecem com o armazenamento em excesso de

matéria-prima, material em processamento (WIP) ou produto acabado, gerando

desperdício de espaço e investimentos.

Segundo Shingo (1996), os estoques podem ser de três tipos:

• Estoques devido ao desbalanceamento entre os processos que são

gerados pela dificuldade de coordenação entre a demanda de um item e

seu processo de obtenção, ou seja, pela falta de sincronização da

produção;

• Estoques que compensam problemas crônicos como: quebra de

equipamentos, produtos com defeitos, tempo elevado de troca de

ferramenta, mudanças nos planos de produção e tempos de

processamento com alta variação;

• Estoques devido à previsão de desequilíbrios na produção ou “estoques de

segurança” que geralmente são utilizados para eliminar os possíveis

atrasos de entrega, erros na programação da produção, superestimativas

da necessidade de estoques devido às quebras de equipamentos e

produtos defeituosos e uma programação da produção indefinida.

Para Ghinato (2000), uma grande barreira para a eliminação dessas perdas

é que os estoques possuem como vantagem o alívio dos problemas gerados pela

sincronia entre os processos, por este motivo, é muito comum nas companhias

ocidentais se utilizar estoques de segurança para amortecer as instabilidades na

produção. Entretanto, no STP, a estratégia de redução gradativa de estoques

intermediários tem sido utilizada como uma forma de identificar outros problemas

no sistema produtivo para que possam ser eliminados, pois geralmente estão

escondidos por trás dos estoques.

22

Esta redução de estoques pode ser comparada com a diminuição do nível

de água de um lago, onde o nível de água simboliza o investimento em estoques

e as pedras no fundo do lago são os problemas que os estoques acobertam

(Figura 2.2). Assim, quando se diminui o nível da água (redução dos

investimentos em estoques), as pedras (problemas) vão se tornando visíveis,

atrapalhando o fluxo. Estes obstáculos precisam ser eliminados para que o fluxo

da produção seja mais suave. Quanto mais se reduz os estoques, mais

problemas críticos aparecem na produção, possibilitando um ataque priorizado

(SHINGO, 1996).

Figura 2.2 – Redução do nível de estoque (água) para expor os problemas do processo

(WASTOWSKI, 2001)

2.3 OS CINCO PRINCÍPIOS

O Lean Manufacturing define cinco princípios fundamentais para a

eliminação de desperdícios e, que resumem todo o pensamento enxuto para

orientar as empresas a adotar essa filosofia e alcançar seus objetivos (RIANI,

2006).

Estes princípios são definidos como (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2012;

WOMACK; JONES, 2004):

• Princípio do valor;

23

• Princípio da cadeia de valor;

• Princípio do fluxo de valor;

• Princípio da produção puxada;

• Princípio da perfeição.

2.3.1 Princípio do valor

O princípio do valor deve-se definir o valor a partir da necessidade do

cliente e não da empresa. Cabe à empresa determinar qual é essa necessidade,

satisfazê-la e cobrar um valor específico para que a empresa possa obter lucros e

se manter no negócio, visando à melhoria contínua dos processos, baixos custos

e melhor qualidade (WOMACK; JONES, 2004).

2.3.2 Princípio da cadeia de valor

O princípio da cadeia de valor visa mapear com precisão o fluxo de valor

completo do produto para identificar os desperdícios no processo e implantar

ações para eliminá-los. A cadeia produtiva deve ser estudada e os processos

devem ser separados em: os que efetivamente geram valor; os que não geram

valor, mas são importantes para a manutenção do processo e da qualidade e, os

que não agregam valor e devem ser eliminados imediatamente (LEAN

INSTITUTE BRASIL, 2012).

2.3.3 Princípio do fluxo de valor

Segundo o princípio do fluxo de valor, após aplicar os dois primeiros

princípios anteriores, o fluxo de valor deve fluir de forma suave e continuamente

até que o produto chegue ao cliente final. Isto exige que as pessoas deixem de

24

lado a mentalidade que atrapalhe essa “fluidez” do processo. Consequentemente,

o produto chega mais rapidamente ao cliente e suas necessidades são atendidas

quase que instantaneamente (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2012; WOMACK;

JONES, 2004).

2.3.4 Princípio de produção puxada

No princípio da produção puxada, as empresas não mais empurram o

produto para o cliente, agora o cliente é que puxa a produção. Isto reduz os

estoques e valoriza o produto. Quando não se consegue estabelecer o fluxo

contínuo, os processos são conectados por sistemas puxados (WOMACK;

JONES, 2004).

2.3.5 Princípio da perfeição

O princípio da perfeição é a busca da perfeição a partir da aplicação da

melhoria contínua para aumentar a eficiência e eficácia do processo eliminando

todos os desperdícios, agregando valor a todas as atividades do processo. Este

objetivo deve-se manter constante em todos os envolvidos nos fluxos de valor. É

importante manter processos transparentes, de maneira que todos os envolvidos

tenham conhecimento profundo do processo e possam discutir e buscar a

melhoria contínua (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2012; WOMACK; JONES, 2004).

2.4 FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING

A Manufatura enxuta precisa do auxílio de algumas ferramentas para

aplicar os cinco princípios e atingir os objetivos. A seguir, serão descritas algumas

ferramentas do Lean Manufacturing.

25

2.4.1 Kaizen

Kaizen é um termo de origem japonesa (KAI – mudar e ZEN – melhorar)

que significa melhoria contínua, seu conceito tem como base o fato de que nada

está bom, apenas ficou melhor. Ou seja, esta ferramenta visa uma melhoria

incremental e continua em uma atividade, eliminando desperdícios e agregando

mais valor ao produto com menos investimento possível (GHINATO, 2000).

Ela pode ser implementada da seguinte forma: as pessoas na organização desenvolvem suas atividades melhorando-as sempre, por meio de reduções de custos e alternativas de mudanças inovadoras; o trabalho coletivo prevalece sobre o individual; o ser humano é visto como um dos bens mais valiosos da organização e deve ser estimulado a direcionar seu trabalho para as metas compartilhadas da empresa, atendendo suas necessidades humanas, satisfação e responsabilidade são valores coletivos (MENEZES, 2012, p.43).

Para que os conceitos do Kaizen sejam aplicados dentro de uma

organização é preciso que suas ferramentas façam parte da política da empresa

ou então que se torne uma cultura incorporada naturalmente ao grupo. Deste

modo, a prática da melhoria contínua passa a fazer parte do dia-a-dia das

pessoas que fazem parte da organização. No entanto, é preciso que a alta

administração esteja envolvida e ofereça subsídios para que estes novos valores

sejam adotados. Esta ferramenta se aplica ao desempenho dos processos, à

satisfação do cliente, à segurança dos colaboradores dentre outras (SALERMO,

2005).

Segundo Imai1 (1990 apud SAIA, 2009, p. 30), a metodologia Kaizen

possui dez mandamentos:

• Deve-se eliminar o desperdício;

• Devem ser feitas melhorias graduais continuamente;

• Todos os colaboradores devem estar envolvidos, desde operadores de

chão de fábrica a gestores;

1 IMAI, M. Kaizen: a estratégia para o sucesso competitivo. São Paulo: IMAM, 1990.

26

• As melhorias devem ser aplicadas sem a necessidade de grandes

investimentos. Melhorias simples e com grande impacto nos resultados

devem ser realizadas utilizando a criatividade;

• É aplicável em qualquer lugar, não apenas na cultura japonesa;

• Tem como base a gestão visual, de forma que, a transparência de

procedimentos, processos e valores tornam visíveis aos olhos de todos, os

problemas e desperdícios;

• Foco no chão de fábrica, local onde se cria valor;

• Orienta-se para os processos;

• Priorização das pessoas, pois acredita que o esforço de melhoria deve vir

de uma nova mentalidade e do estilo de trabalho das pessoas;

• Lema essencial para a aprendizagem organizacional: “aprender fazendo”.

2.4.2 5S

A ferramenta 5S surgiu no Japão no período pós-guerra, pois estavam

buscando ferramentas para ajudar a reconstruir o país e chegou ao Brasil

juntamente com os conceitos de Qualidade (RIANI, 2006). Seus principais

objetivos são: o empenho das pessoas em organizar o local de trabalho utilizando

apenas aquilo que for necessário; a limpeza; a padronização e disciplina na

realização do trabalho com o mínimo de supervisão (CAMPOS et al., 2005).

O programa 5S é uma ferramenta que permite a participação e

envolvimento de todos os níveis organizacionais. Por ser uma ferramenta simples,

muitas vezes não é dada a devida dedicação à manutenção do programa e ela

acaba sendo vista como uma grande faxina, isto proporciona a perda do que é

considerado mais valioso: a mudança de valores (MONTEIRO; LOYOLA; COSTA,

2011).

Com a implementação do 5S, os trabalhadores adquirem maior motivação

e empenho em suas atividades, há um menor índice de acidentes e maior

produtividade na empresa, devido à melhoria no ambiente de trabalho (CORRÊA;

CORREA, 2005).

27

O termo 5S tem origem de cinco palavras japonesas que tem os seguintes

significados (SILVA, 2003):

• SEIRI – Senso de utilização: separar os itens de acordo com a frequência

de utilização e eliminar os itens desnecessários para reduzir perdas por

procura de ferramentas;

• SEITON – Senso de organização: separar e guardar os itens de forma

organizada e em locais definidos para facilitar sua busca;

• SEISO – Senso de limpeza: manter os instrumentos e locais de trabalho

limpos;

• SEIKETSU – Senso de padronização: garantir que os sensos de limpeza,

organização e utilização sejam mantidos, a partir da padronização de

hábitos, normas e procedimentos;

• SHITSUKE – Senso de disciplina: manter com disciplina, o funcionamento

dos outros sensos citados, ou seja, manter tudo o que leva à melhoria do

local de trabalho, da qualidade e da segurança do colaborador.

2.4.3 Kanban e supermercado

O sistema Kanban é uma ferramenta de gestão de materiais através de

sinalização visual. Esta ferramenta começou a ser utilizada na década de

sessenta por engenheiros da Toyota Motors com a finalidade de controlar o fluxo

da produção de todo seu sistema para melhorar a produtividade (OHNO, 1997;

TUBINO, 1999).

O objetivo do Kanban é evitar a acumulação de estoques de produtos por

meio da produção e fornecimento daquilo que o cliente deseja no momento em

que ele precisar. Esta ferramenta funciona como um sistema de informações, por

meio de sinalizadores que autorizam e dão instruções para a produção ou para a

retirada de itens no processo. Dessa maneira, a produção é puxada pelo cliente,

conforme sua necessidade, eliminando as superproduções e estoques, como

28

também, adicionando valor ao produto e melhorando a produtividade (MENEZES,

2012).

Os estoques intermediários entre os processos são organizados pelos

supermercados, que possuem uma quantidade controlada de peças para

programar o fluxo do processo de forma puxada por meio de Kanbans. Neste

sistema, quando um processo retira uma peça do estoque do processo anterior

para processá-la, um Kanban é enviado para este processo anterior avisando-o

que a peça foi retirada e precisa ser reposta no supermercado (DENNIS, 2008;

SAIA, 2009).

2.4.4 Padronização

A padronização é utilizada para manter a estabilidade nos processos, pois

garante que as atividades sejam realizadas sempre da mesma forma e em uma

determinada sequência, utilizando-se para isto, o mesmo intervalo de tempo e

com o mínimo de desperdícios. A aplicação da padronização proporciona a

redução do Lead Time, pois evita a ocorrência de desperdícios, facilitando o fluxo

de informações e materiais, desta forma, garante elevada qualidade e alta

produtividade (PERDOMO, 2010; SILVA, 2007).

Um dos principais fatores que tornam a padronização necessária é a

presença de instabilidade na produção relacionada a fatores como: falta de peças,

não conformidade das peças, defeitos em máquinas, segurança, ergonomia e

dentre outros. Diante disso, para se chegar à padronização, existem três

elementos: determinar o Takt Time para fornecer um ritmo ao sistema de

produção do tipo puxado; definir a melhor maneira de realizar a sequência das

atividades; avaliar a quantidade de peças presentes em estoque durante o

processo (PERDOMO, 2010).

29

2.4.5 Mapa de Fluxo de Valor

O Mapa de Fluxo de Valor (MFV) ou Value Stream Map (VSM) é uma

ferramenta da produção enxuta utilizada para apresentar todos os fluxos de

material e informação ao longo do fluxo produtivo, no qual vão agregando valor

desde o fornecedor até o consumidor. Este mapeamento é aplicado para

identificar e eliminar os desperdícios encontrados ao longo do fluxo produtivo,

podendo melhorar o foco no cliente do processo e reduzir a complexidade do

processo, tornando a organização mais eficiente e eficaz (DEVELOPER WORKS

BRASIL, 2010; ROTHER; SHOOK, 2003).

O mapeamento do fluxo de valor é uma ferramenta qualitativa que,

juntamente com seu entendimento, é considerada fundamental para a análise do

processo e sua otimização, pois é possível visualizar o fluxo todo e não apenas os

processos individuais; ajuda a identificar os desperdícios e suas fontes; utiliza

uma linguagem comum para tratar dos processos de manufatura; mostra a

relação entre o fluxo de informação e o fluxo material; e é uma referência para a

implementação da produção enxuta (ROTHER; SHOOK, 2003; SOLIMAN, 1998).

De acordo com Rother e Shook (2003), o mapeamento é feito em 4 etapas,

como mostra a Figura 2.3, em forma de um ciclo, para que sempre haja

desperdícios a serem eliminados. Primeiramente escolhe-se a família de produtos

a ser mapeada, geralmente essa escolha é feita com base na importância ao

cliente final, nos produtos mais caros e mais vendidos. Depois, desenha-se o

estado atual da empresa com o qual são identificados os desperdícios. Em

seguida, faz-se o mapeamento do estado futuro no qual é apresentado como

deveria ser o fluxo de valor para eliminar os desperdícios e obter uma produção

enxuta com a implantação das melhorias propostas. E finalmente, escreve-se o

plano de trabalho e implementação para determinar os objetivos, metas e prazos

para atingir o mapa de fluxo de valor do futuro.

30

Figura 2.3 – Etapas do Mapeamento do Fluxo de Valor (ROTHER; SHOOK, 2003)

Este mapeamento é uma representação simples e de fácil compreensão

por meio de desenhos representativos, não sendo necessária a utilização de

computadores ou softwares especializados (MOREIRA; FERNENDES, 2012).

Alguns desses ícones do fluxo de materiais, fluxo de informações e ícones gerais

são mostrados nos Quadros 2.1 e 2.2.

Na parte superior do VSM está desenhado o fluxo de informação e na parte

inferior, o fluxo de material. A demanda do produto com as necessidades do

cliente está localizada no canto direito em uma caixa de dados (ROTHER;

SHOOK, 2003). Abaixo de cada etapa do processo, deve conter uma caixa de

dados com informações relacionadas ao processo produtivo, como por exemplo:

Tempo de ciclo (T/C), Tempo de Trocas ou Set-up (T/R), Disponibilidade (tempo

disponível por turno no processo) e Número de operadores necessários. Deve-se

também identificar a localização e a quantidade média de estoque (NAZARENO;

SILVA; RENTES, 2003).

A Figura 2.4 mostra um exemplo de mapa de fluxo de valor da situação

atual de uma fábrica.

31

Quadro 2.1 – Ícones do fluxo de materiais e informação para Mapa do Fluxo de Valor (SANTOS;

GOHR; SANTOS, 2011)

32

Quadro 2.2 – Ícones gerais para o Mapa do Fluxo de Valor (SANTOS; GOHR; SANTOS, 2011)

Figura 2.4 – Exemplo de Mapa do Fluxo de Valor Atual de uma fábrica (ROTHER; SHOOK, 2003)

Após desenhar o mapa da situação atual, devem-se listar todos os pontos

de melhoria para projetar a situação futura. De acordo com Rother e Shook

(2003), para se desenhar o mapa do estado futuro, que é um fluxo de valor

enxuto, é preciso seguir alguns procedimentos, como:

33

• Calcular o Takt Time, ou seja, definir o ritmo de produção para que a

empresa consiga atender a demanda do cliente. O Takt Time é calculado

pela razão entre o tempo de trabalho disponível e a demanda. O objetivo

do Takt Time é alinhar a produção à demanda, evitando desperdícios pelo

excesso de estoques intermediários entre os processos e favorecendo os

fluxos contínuos;

• Definir locais onde se pode estabelecer um fluxo contínuo de materiais

(one piece flow) evitando desperdícios, como superprodução e estoques;

• Usar supermercados e Kanbans para controlar a produção e tornar o fluxo

puxado, de forma que o próximo processo determine o quanto será

produzido;

• Definir processo puxador, de maneira que o controle de produção nesse

processo defina o ritmo para todos os processos anteriores;

• Distribuir a produção de diferentes produtos uniformemente no decorrer do

tempo no processo puxador, ou seja, nivelar o mix de produção para que a

resposta às diferentes solicitações de clientes seja mais eficiente;

• Nivelar o volume de produção, ou seja, estabelecer um ritmo de produção

consistente e nivelado, criando um fluxo previsível que facilite a tomada

rápida de ações corretivas frente aos problemas;

• Desenvolver a habilidade de fazer “toda peça todo dia” nos processos de

produção anteriores ao processo puxador por meio da redução dos tempos

de troca e dos tamanhos de lotes, esses processos serão capazes de

responder as mudanças da produção mais rapidamente.

A Figura 2.5 mostra o mapa de fluxo de valor do estado futuro da fábrica

utilizada como exemplo anteriormente.

34

Figura 2.5 - Exemplo de Mapa do Fluxo de Valor Futuro de uma fábrica (ROTHER; SHOOK, 2003)

35

3 METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA METODOLOGIA

O presente trabalho seguiu as classificações de pesquisa de Silva e

Menezes (2005) que podem ser de acordo com as propriedades da natureza,

forma de abordagem do problema, objetivos e procedimentos técnicos.

Dessa forma, esta pesquisa é de natureza aplicada, pois visa obter

conhecimentos que poderão ser utilizados na aplicação prática e na solução de

problemas da empresa envolvida (SILVA; MENEZES, 2005). A forma de

abordagem do problema é de pesquisa qualitativa, pois foi utilizado apenas o

método descritivo sem a necessidade de utilização de métodos e técnicas

estatísticas. Os objetivos seguem a pesquisa exploratória, pois permite maior

familiaridade com o tema estudado por meio de pesquisas bibliográficas e

entrevistas informais com pessoas que tiveram experiências práticas com o

problema pesquisado (GIL2, 1991 apud SILVA; MENEZES, 2005). Já o

procedimento técnico é do tipo estudo de caso, pois é um estudo que investiga

um fenômeno atual dentro de um contexto de realidade permitindo um exame

detalhado do processo organizacional em estudo, identificando fatores

particulares ao caso que possam levar a um maior entendimento da causalidade

com a utilização de múltiplas fontes de evidências (BRESSAN, 2000; YIN, 2004).

Os estudos de caso podem ser de dois tipos, de acordo com YIN (2004):

estudo de caso único (apenas um caso é analisado) ou projeto de estudo de

casos múltiplos (há mais de um caso estudado).

No presente estudo foi adotado o estudo de caso único, pois este estudo

atende o fundamento lógico descrito por Yin (2004), no qual é considerado estudo

de caso único quando o pesquisador tem a oportunidade de observar e analisar

um fenômeno inicialmente inacessível à investigação científica, ou seja, as

informações e acontecimentos deste trabalho se restringem ao ambiente de

trabalho.

2 GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa . São Paulo: Atlas, 1991.

36

3.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE PESQUISA

Para aplicar a metodologia de estudo de caso, inicialmente foi estudado o

processo de fabricação do produto em questão para melhor entendimento do

andamento do projeto.

Para realizar este trabalho, foi realizada uma coleta de dados dos registros

de lotes produzidos no ano de 2012 que estão localizados no arquivo técnico da

empresa. Nestes registros constam todas as informações do processo de

fabricação do produto estudado, como os tempos de produção de cada etapa do

processo, quantidades de matérias-primas utilizadas, temperaturas de processo e

observações de ocorrências.

Após a coleta de dados, foi realizada uma análise destes com o auxílio de

representações gráficas, planilhas e de consultas a operadores, supervisor e

coordenador de processos do setor para que, em sequência, fosse feito o

mapeamento do fluxo de valor.

O mapa de fluxo de valor e as informações adquiridas na análise dos

dados da pesquisa foram utilizados para identificar qual ou quais etapas estavam

impactando na produtividade e, utilizando-se os conceitos do Lean Manufacturing

e suas ferramentas, foram propostas ações de melhoria e foi construído o

mapeamento do fluxo de valor futuro simulando a aplicação dessas melhorias.

É importante ressaltar que alguns conceitos do Lean Manufacturing foram

adaptados devido à complexidade do processo estudado e que este estudo

focaliza o processo de produção, desde a entrada da matéria-prima na primeira

etapa de processamento até a obtenção do produto final.

A Figura 3.1 mostra as etapas da metodologia deste estudo de caso.

37

Figura 3.1 – Etapas da metodologia do estudo de caso

Coleta de dados de lotes produzidos Análise dos dados coletados

Mapeamento do fluxo de valor Identificação das etapas que impactam na produtividade

Proposição de melhorias com base em ferramentas do Lean

Manufacturing

Mapeamento do fluxo de valor futuro

38

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 A EMPRESA

Este trabalho foi realizado em uma planta farmoquímica de uma empresa

consolidada como líder em cuidados com a saúde. Essa planta está localizada no

estado do Rio de Janeiro, próxima a divisa com o estado de São Paulo, e

funciona como centro de operações farmoquímicas produzindo API (Active

Pharmaceutical Ingredients), substâncias que possuem efeito terapêutico nos

medicamentos.

A empresa está dividida em duas unidades de processo, sendo uma

monopropósito de grande escala e a outra multipropósito subdividida em duas

plantas: uma de grande escala e outra de pequena escala. A planta estudada

neste trabalho faz parte da unidade de processo multipropósito de grande escala,

ou seja, seus equipamentos podem ser utilizados para diferentes atividades em

diferentes processos de produção e com grandes possibilidades de interconexão.

Durante o decorrer deste trabalho, algumas informações não serão

expostas por se tratar de informações confidencias da empresa em questão. No

entanto, as informações disponibilizadas são suficientes para o desenvolvimento

e conclusão deste estudo, não prejudicando o entendimento do trabalho.

4.2 O PROCESSO DE PRODUÇÃO ESTUDADO

O processo de produção estudado neste trabalho foi escolhido devido às

dificuldades encontradas pela empresa para atender a demanda deste API no

mercado dentro do cronograma previsto pelo planejamento da produção, isto tem

ocorrido principalmente devido aos atrasos no processo de fabricação.

Esse processo é operado em batelada por meio de campanhas, ou seja,

são produzidos lotes sequenciados do mesmo produto para redução de setups

completos, nos quais ocorrem as limpezas dos equipamentos para que outros

39

produtos sejam fabricados, pois se trata de uma planta multipropósito. Dessa

forma, a campanha do produto em estudo possui nove lotes que são processados

sequenciados.

A maioria das atividades realizadas neste processo de produção é manual,

como carregamentos e descarregamentos de equipamentos, limpeza de

equipamentos e transporte de matérias-primas e produtos, pois se trata de uma

planta com instalações antigas. Logo, a velocidade de produção e a qualidade do

produto dependem, em grande proporção, da qualificação e disponibilidade de

mão-de-obra para a execução das etapas deste processo.

4.2.1 Descrição das etapas do processo de produção

O processo de produção estudado é constituído de seis etapas:

1) Síntese: As matérias-primas e solventes são carregados no reator R1, liga-

se a agitação e o aquecimento para que a reação química ocorra. Depois

de passar o tempo de reação, o reator é refrigerado e o produto passa para

a etapa de centrifugação;

2) Centrifugação 1: O produto formado na etapa de síntese é centrifugado em

três cargas nas centrífugas C1 e C2, nos quais são feitas lavagens com o

solvente diluído para retirar o excesso de matéria-prima que não reagiu.

Finalmente o produto é descarregado e passa para a etapa seguinte;

3) Purificação: O produto centrifugado na etapa anterior é carregado no reator

P1, juntamente com os elementos removedores de impurezas e solvente,

aquecendo-o para a solubilização do produto. Em seguida, a solução é

filtrada a quente no filtro F1 para o reator P2, com a finalidade de remover

os elementos removedores de impureza e as impurezas aderidas neste. O

produto no reator R3 é refrigerado para iniciar a cristalização e, logo em

sequencia, passa para a etapa de centrifugação;

4) Centrifugação 2: O produto purificado na etapa anterior é centrifugado em

três cargas nas centrífugas C1 e C2, nos quais são feitas lavagens com

água gelada para remover as impurezas na superfície dos cristais

formados. A água deve estar gelada para minimizar perdas durante as

40

lavagens. O produto centrifugado é descarregado e deve passar o quanto

antes para a etapa de secagem, isto é necessário para garantir que a

qualidade do produto puro seja mantida;

5) Secagem: O produto puro centrifugado na etapa anterior é carregado na

estufa S1, onde ocorre a secagem do produto por aquecimento. Após o

tempo de secagem, o produto é descarregado e passa para a etapa de

moagem;

6) Moagem: Carregamento do produto seco no moinho M1, onde este será

moído para atingir o tamanho de partícula especificado. E finalmente é

obtido o API estudado.

Estas etapas são mostradas na Figura 4.1.

Figura 4.1 – Etapas do processo de produção

41

Algumas das etapas descritas anteriormente possuem mais de um

equipamento disponível para sua execução, desse modo, é possível processar

mais de um lote por vez.

A Tabela 4.1 mostra as etapas de produção e os equipamentos disponíveis

para cada uma delas.

Tabela 4.1 – Equipamentos disponíveis para cada etapa do processo de produção

Etapa do processo de produção

Equipamentos disponíveis

No de equipamentos necessários

No de equipamentos

extras

Síntese R1, R2, R3 1 2

Centrifugação 1 (C1 e C2)* 2 -

Purificação (P1, F1, P2)* 3 -

Centrifugação 2 (C1 e C2)* 2 -

Secagem S1, S2 1 1

Moagem M1 1 -

*Esses equipamentos são necessários para o processamento de uma mesma etapa do processo de produção do lote

Nesta tabela pode-se observar que estão disponíveis três reatores para se

iniciar o processo, assim, para a otimização dos recursos, o planejamento da

produção inicia o processo com a síntese de três lotes simultâneos e segue na

linha de produção de acordo com a disponibilidade dos equipamentos posteriores.

Como as etapas seguintes não possuem equipamentos extras suficientes para a

produção desses três lotes simultâneos, no decorrer do processo de produção há

vários tempos de espera por falta de equipamento disponível devido sua

utilização no processamento de outros lotes. Isto evidencia uma característica de

um sistema empurrado de produção, que posteriormente será discutido neste

trabalho.

Dessa maneira, o tempo de produção do segundo e terceiro lote

geralmente são maiores que a do primeiro lote, como pode ser observado no

diagrama de Gantt do processo de produção de uma campanha, mostrado na

Figura 4.2.

42

Figura 4.2 – Diagrama de Gantt do processo de produção atual de uma campanha (9 lotes)

iniciada com três lotes simultâneos

O diagrama de Gantt é muito utilizado no processo de planejamento e

controle da produção, principalmente para a elaboração de cronogramas de

planejamento e acompanhamento dos processos de fabricação. Este diagrama é

construído a partir de um gráfico de barras horizontais, no qual o comprimento de

cada barra representa o tempo para a execução de uma determinada atividade

(KREMER; KOVALESKI, 2006).

Observando-se o diagrama de Gantt, percebe-se que há um tempo de

parada das estufas, no qual a Secagem dos lotes 4 e 7 poderiam ter sido iniciada,

o que consequentemente anteciparia a secagem dos lotes posteriores, reduzindo

o tempo de produção da campanha. No entanto, ao adotar esta disposição,

haveria um aumento no tempo de espera para se iniciar a Purificação de alguns

lotes e o padrão de repetição da programação de produção se tornaria mais

complexo, dificultando seu controle e o nivelamento da mix de produção. Por esse

motivo, o setor de planejamento adotou o cronograma apresentado anteriormente.

É importante ressaltar que este diagrama representa o cronograma

planejado para o processo de produção, deste modo, eventuais problemas que

podem ocorrer durante o processamento e gerar atrasos na finalização dos lotes,

não foram mapeados. Todavia, esses eventos serão tratados durante o

desenvolvimento deste trabalho.

43

4.3 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR DO ESTADO ATUAL

A coleta de dados, para realizar o mapeamento do fluxo de valor do estado

atual, foi feita a partir de consultas em registros de lotes produzidos no ano de

2012 que estão localizados no arquivo técnico da empresa. Estes registros

contêm informações de todas as etapas de fabricação do produto estudado, tais

como: tempos de produção de cada etapa, quantidades de matérias-primas

adicionadas, temperaturas de processo e observações de ocorrências durante o

processo. No entanto, para a realização deste estudo de caso foram utilizados

apenas os dados referentes aos tempos de produção, adotando-se uma média

baseada nos tempos de produção consultados nos registros dos lotes.

Vale ressaltar que houve grande variação nos tempos de espera entre as

etapas de produção, principalmente entre a etapa de Centrifugação 1 e a etapa

de Purificação, que é explicada devido o início da produção com três lotes

consecutivos e os consequentes longos tempos de espera por equipamentos

disponíveis, descrito no item 4.2.1.

Foram também obtidas informações complementares para o mapeamento

do fluxo de valor a partir de consultas a operadores, supervisor da produção,

coordenador de processos e do planejador da produção.

A simbologia adotada no mapeamento teve como base os desenhos

representativos propostos por Santos; Gohr; Santos (2011), mostrados

anteriormente nos Quadros 2.1 e 2.2.

A Figura 4.3 mostra o mapa do fluxo de valor do estado atual do processo

estudado, que foi adaptada em relação à proposta original de Rother e Shook

(2003). Este mapa descreve as etapas do processo de fabricação, os estoques

intermediários, os fluxos de produção e informações, como também o Lead Time

e tempo de processamento. Este mapeamento é importante para se observar

como funciona a dinâmica da produção, se ela é puxada ou empurrada, como

também, identificar quais atividades agregam valor ou não.

44

Figura 4.3 – Mapa do fluxo de valor do estado atual

45

Neste mapa, a parte superior compõe-se do fluxo de informações na

empresa, logo abaixo, estão localizadas as etapas do processo cujas caixas de

dados foram preenchidas apenas com as informações relevantes para este

estudo: tempo de ciclo (T/C) em horas, tempo de carregamento de materiais (T/m)

em horas e número de operadores por equipamento.

Na linha inferior, onde estão localizados os tempos dos processos, o Lead

Time foi calculado em relação ao tempo total do processo produtivo, somando os

tempos de espera dos estoques em processo (WIP) com os tempos de

processamento.

Para a execução do mapeamento do fluxo de valor atual, não foram

consideradas as quantidades de estoque de matérias-primas e de estoque de

produto final para o cálculo do Lead Time de produção, uma vez que estes dados

não são relevantes para o objetivo deste trabalho, que é propor melhorias na

produtividade do processo de fabricação.

A Tabela 4.2 mostra o resumo dos principais parâmetros do mapa de fluxo

do estado atual.

Tabela 4.2 – Resumo do Estado atual

Estado atual

Demanda 0,44 lotes/dia

13,17 lotes/mês

Campanha 9 lotes

Lead Time de produção 8,5 dias

Tempo de processamento 123,4 horas

Tempo de espera / estoque 80,7 horas

O sistema de produção do estado atual é caracterizado por produzir de

forma empurrada, a partir de ordens de produção enviadas pela área de

Programação e Controle da Produção (PCP) para que o material seja empurrado

fluxo abaixo, ou seja, para os processos subsequentes.

Dessa forma, a síntese é iniciada com três lotes em três reatores

simultaneamente, sendo que a as etapas seguintes não possuem equipamentos

disponíveis para processar todos estes lotes ao mesmo tempo, como foi mostrado

46

na Tabela 4.1. Por se tratar de um processo em batelada, uma etapa pode

somente ser iniciada após a conclusão do processamento de todo o lote na etapa

anterior, desta maneira, é gerado perda por tempo de espera, pois alguns lotes

ficam aguardando a disponibilidade de equipamentos que estão processando

lotes precedentes. Consequentemente, são formandos WIP’s durante o processo

e uma produção desnecessária para o momento.

Durante o mapeamento, foi observada uma grande variação de tempo na

execução de atividades manuais, como por exemplo, o tempo de carregamento

de materiais nos equipamentos. Outros problemas como a grande ocorrência de

manutenção nos equipamentos; ausência de operador para executar uma tarefa

ou mesmo falta de operador experiente para executá-la e sincronização

ineficiente das atividades, também ocasionam atrasos no processo de produção.

Estes problemas foram identificados durante a avaliação do mapa do fluxo

de valor atual, no qual foram observados os desperdícios, as oportunidades de

melhoria (kaizens) e as atividades que agregam valor, cuja discussão será

realizada no próximo item deste capítulo. Estas observações mostram a

necessidade da construção do mapa do fluxo de valor futuro que possa melhorar

a produtividade deste processo e reduzir essas perdas, utilizando-se para isto, os

conceitos do Lean Manufacturing. Para que assim, a empresa consiga cobrir a

demanda e se manter competitiva no mercado.

4.4 IDENTIFICAÇÃO DE DESPERDÍCIOS

Neste capítulo serão identificados os principais desperdícios observados no

mapa do fluxo de valor do estado atual do processo estudado.

Para que a empresa consiga atender a demanda do cliente, é necessário

definir o ritmo de produção, ou seja, alinhar a produção à demanda. Assim,

segundo Rother e Shook (2003), foi calculado o Takt Time:

TAKT TIME = tempo de trabalho disponível demanda do cliente

47

Como não são feitos intervalos simultâneo para todos os operadores de

cada turno, o tempo de trabalho disponível será considerado de 24 horas/dia e 30

dias/mês, pois há um revezamento de operadores para que o processo de

produção não seja interrompido. A demanda média deste produto é de 13,17

lotes/mês.

TAKT TIME = 30 dias/mês = 2,28 dias = 54,7 horas 13,17 lotes/mês

Assim, definiu-se que o Takt Time é de 1 lote a cada 54,7 horas.

Na Figura 4.4, é mostrado um gráfico de Pareto com os tempos de ciclo em

horas, ou seja, tempos que agregam valor ao produto, gerado a partir do mapa de

fluxo do estado atual.

Figura 4.4 – Gráfico de Pareto com tempos de ciclo

O gráfico de Pareto pode ser utilizado quando se quer estabelecer

prioridades a partir de um número variado de informações e dados. Dessa forma,

este gráfico ajuda a focar a atenção nos problemas mais importantes,

aumentando as chances de obtenção de bons resultados (ALVES; ALVES, 2012).

49,4%

72,1%

85,7%92,2% 96,4%

100,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

Te

mp

o (

ho

ras)

Tempo de ciclo dos processos % Acumulada

48

No gráfico apresentado, pode observar-se que a etapa de secagem possui

o maior tempo de ciclo dentre todas as etapas, tornando-se o gargalo do

processo. Isto também pode ser confirmado observando-se a Tabela 4.1 e o

diagrama de Gantt na Figura 4.2 apresentados anteriormente, pois além de ter o

maior tempo de produção, esta etapa possui apenas duas estufas disponíveis, o

que não é suficiente para o processamento dos três lotes iniciados

simultaneamente, gerando assim, tempos de espera ao longo do processo.

Na Figura 4.5, é apresentada a comparação dos tempos de ciclo de cada

etapa do processo com o Takt Time calculado.

Figura 4.5 – Comparação entre os tempos de ciclo dos processos e Takt Time

Neste gráfico, pode-se verificar que apenas o tempo de ciclo da etapa de

Secagem está acima do Takt Time e, além disso, há um desbalanceamento

evidente entre os tempos de ciclo devido à complexidade do processo de

produção.

Como não se pode transformar o fluxo deste processo em um fluxo

contínuo, visto que o uso de recursos compartilhados e a produção realizada em

batelada dificultam essa transformação, é importante identificar e analisar

individualmente os tempos de espera e WIP’s no processo.

0

10

20

30

40

50

60

70

Síntese Centrifugação

1

Purificação Centrifugação

2

Secagem Moagem

Te

mp

o (

ho

ras)

Tempo de ciclo dos processos Takt Time

Takt Time

49

A Tabela 4.3 expõe os desperdícios de tempos de espera e WIP’s do

processo com base nos dados retirados do mapa do fluxo de valor do estado

atual. A partir destes dados, foi construído o gráfico de Pareto da Figura 4.6.

Tabela 4.3 – Tempos de espera entre processos do estado atual

Tempos de espera Tempo (horas)

TE 1 Antes da Centrifugação 1 3,9

WIP 1 Antes da Purificação 65,0

TE 2 Antes da Centrifugação 2 1,5

TE 3 Antes da secagem 2

WIP 2 Antes da Moagem 8,3

Figura 4.6 – Gráfico de Pareto com tempos de espera entre processos

Como se pode verificar, o maior tempo de espera é o WIP 1 (tempo de

espera antes da Purificação) e durante a coleta de dados deste trabalho, pôde-se

observar que havia uma grande variação deste tempo com relação a cada lote

produzido. Dentre as principais causas desta variação, estão: o longo tempo de

ciclo da etapa de Secagem (gargalo), a utilização de equipamentos

compartilhados e a incapacidade de todas as etapas produzirem três lotes

80,5%

90,8%95,7%

98,1% 100,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

0

10

20

30

40

50

60

70

WIP 1 WIP 2 TE 1 TE 3 TE 2

Te

mp

o (

ho

ras)

Tempos de espera % Acumulada

50

simultâneos (solicitado pelo planejamento da produção). Isto pode ser observado

no diagrama de Gantt da Figura 4.2 apresentada anteriormente.

Os tempos TE 1 e TE 3 também são causados pela utilização de

equipamentos compartilhados entre a produção de lotes simultâneos, como as

centrífugas e estufas, assim, surgem essas esperas pelo processamento dos

lotes precedentes nestes equipamentos.

Os tempos de TE 2 e WIP 2 coletados nos registros consultados não

apresentaram com precisão suas razões. De acordo com entrevistas informais

realizadas aos envolvidos no processo de produção, esses tempos de espera

podem estar ligados tanto a falta de mão-de-obra qualificada para a realização da

tarefa ou mesmo a falta de operador disponível no momento da tarefa, devido sua

ocupação na execução de outras atividades da produção, como também ao

atraso do preparo do equipamento para receber o produto a ser processado.

Assim, pode-se dizer que estas causas estão conectadas à falta de qualificação e

distribuição de mão-de obra, como da falta de padronização das atividades da

produção.

Durante a execução deste trabalho, foram observados outros fatores que

impactam no tamanho do Lead Time, a grande variação de tempo na execução

de atividades manuais, como o tempo de carregamento de materiais nos

equipamentos, e a incidência de manutenção de equipamentos, por se tratar de

uma planta com instalações antigas.

4.5 PROPOSTAS DE MELHORIAS

Neste capítulo serão feitas propostas de melhoria de acordo com os

conceitos da produção enxuta, que reduzam os desperdícios que impactam no

Lead Time do processo, para melhorar produtividade do processo de fabricação

estudado.

Para que os tempos de WIP 1, TE 1 e TE 3 sejam reduzidos e até

possivelmente eliminados no processamento de alguns lotes, condição que

dependerá das variações dos tempos de cada etapa do processo, propõe-se

51

iniciar a produção da campanha com dois lotes simultâneos. Dessa forma, será

realizada uma utilização mais eficiente dos recursos disponíveis.

Ao adotar esta proposta, o Lead Time do processo pode ser reduzido pela

minimização dos tempos de espera entre algumas etapas do processo, como

pode ser verificado na comparação do diagrama de Gantt da Figura 4.7 com a

Figura 4.2 apresentada anteriormente. Com essa disposição, um dos reatores

utilizados para a Síntese ficará disponível para exercer outras funções, como

diluições de solventes ou recuperação do produto.

Figura 4.7 - Diagrama de Gantt do processo de produção de uma campanha (10 lotes) iniciada

com dois lotes simultâneos

É importante citar que este diagrama de Gantt representa uma proposta

para cronograma do processo de produção, desse modo, não foram mapeados

problemas eventuais que podem ocorrer durante o processamento, como paradas

por manutenção, atrasos no início de alguma etapa e dentre outros possíveis.

Ao analisar o diagrama apresentado e compará-lo com o diagrama atual da

produção, na Figura 4.2, é possível notar que os tempos TE 1 e WIP 1 foram

reduzidos por uma melhor sincronização na produção dos lotes da campanha,

que é mostrada de forma mais organizada. Nota-se também que a etapa de

Secagem é realizada em sua máxima capacidade, obtendo um aproveitamento

total das duas estufas disponíveis. Isto é importante, pois a etapa de Secagem é o

52

gargalo da produção e com essa proposta, esta etapa funciona como o processo

puxador que define o ritmo para os processos anteriores, satisfazendo o princípio

de produção puxada proposto por Womack e Jones (2004) e proporcionando o

nivelando do volume da produção.

Outro ponto importante verificado é a possibilidade de se produzir um lote

a mais durante o mesmo período de uma campanha do estado atual, ou seja,

pode-se produzir campanhas de 10 lotes com o mesmo período de tempo em que

é produzido uma campanha de 9 lotes atualmente. Sendo esta, uma vantagem de

extrema importância para que a empresa atenda a grande demanda do produto

no mercado.

Além disso, essa disposição de lotes proposta, por ser mais uniforme que a

anterior, torna o processo de produção mais flexível, permitindo que a

programação controle o nivelamento da produção para que possa atender as

flutuações da demanda.

Para realizar a manutenção deste novo ritmo de produção, propõe-se a

implementação de uma técnica já aplicada em outra unidade de processos da

empresa estudada. Esta técnica se trata de realização de reuniões duas vezes ao

dia com a presença do gestor do setor, o supervisor da produção, o responsável

pelo turno da produção, planejador do processo e outras pessoas envolvidas, nas

quais são feitas acompanhamentos do estado atual da produção comparado ao

cronograma planejado, utilizando-se ferramentas visuais, como diagramas e

quadros. Os objetivos destas reuniões seriam manter o ritmo de acordo com a

etapa de Secagem (processo puxador) e controlar a produção através do

rastreamento de atrasos e identificação de suas causas, para que possam ser

eliminados e assim, manter a melhoria contínua.

Esta técnica dispensa o uso de supermercados e Kanbans entre as etapas

do processo, pois o controle e manutenção do ritmo da produção serão realizados

diretamente pelo PCP possibilitando um fluxo mais flexível, uma vez que não é

vantajoso para o processo a manutenção de estoques de produtos intermediários

em supermercados. No entanto, vale ressaltar que o controle de reposição de

matérias-primas continuará sendo realizada por supermercado e Kanban, como

ocorre atualmente.

53

Com relação aos tempos TE 2 e WIP 2, verificou-se que a falta de

qualificação e distribuição de mão-de obra, como a falta de padronização das

atividades da produção refletem nestes tempos.

Para solucionar o problema de falta de operador experiente ou mão-de-

obra qualificada para atuar em uma determinada tarefa, propõe-se a realização de

programas continuados de treinamentos, para que os operadores se tornem

capazes de desempenhar diferentes operações. De acordo com Alvarez e

Antunes (2001), a presença de recursos humanos aptos a realizar diferentes

tarefas é importante para a necessidade de adaptação do sistema às flutuações

na demanda e alterações no ritmo de produção, assim, a flexibilidade dos

recursos humanos se torna uma peça fundamental para o adequado

funcionamento do sistema.

A melhoria na distribuição de mão-de-obra deve ser realizada para que não

haja perdas por tempos de espera devido à falta de operador para realizar uma

tarefa. Para minimizar este problema, deve-se fazer um mapeamento das

atividades da produção com o objetivo de localizar quando e onde devem se

posicionar os operadores, como também verificar se há necessidade de novas

contratações. Com esse estudo será possível melhorar o tempo útil de trabalho e

desta forma, a produtividade da produção.

A padronização das atividades da produção reduz as variações dos tempos

de operações no processo produtivo, dessa forma, facilita a sincronização das

atividades e o nivelamento do mix de produção (OHNO, 1997). Esta padronização

é realizada por um estudo de tempos e métodos, juntamente com uma análise

ergonômica do trabalho. Entretanto, ao registrar e cronometrar os tempos não é

possível garantir que o trabalho será executado de acordo com o padrão, deve-se

fornecer suporte ao trabalho por meio de gabaritos, moldes, diagramas, manuais

ou planos, para que cada elemento seja melhorado continuamente (PERDOMO,

2010).

Quanto à perda por tempo de manutenção, uma proposta de melhoria seria

o investimento em maquinário ou tecnologias que melhorassem a capacidade

produtiva, principalmente se estas paradas ocorrerem com frequência nas estufas

(gargalo). Contudo, este investimento não é considerado viável, pois com a

análise dos dados coletados, verificou-se a ocorrência de parada por manutenção

em equipamentos aleatórios, cujas instalações são antigas, propiciando um custo

54

elevado e retorno em longo prazo. Este investimento também poderia intervir no

processo de outros produtos, por se tratar de uma planta multipropósito, exigindo

um estudo mais profundo para sua aplicação. Assim sendo, essa proposta não

será tratada neste trabalho.

Vale destacar que uma proposta de melhoria efetuada para a redução de

uma determinada perda pode também refletir na melhora de outras perdas.

Assim, com base no estudo do mapa do fluxo de valor atual e nas propostas de

melhorias feitas neste capítulo, de acordo com Rother e Shook (2003), foi gerado

o resumo dessas melhorias para o processo de produção como um todo, que

segue na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Resumo das propostas de melhoria

Objetivo Ação de melhoria

Reduzir tempos de espera entre as etapas de produção por falta de equipamento disponível.

• Produção de campanhas com dois lotes simultâneos, melhorando a sincronização da produção, a utilização eficiente dos recursos disponíveis e reduzindo o Lead Time com a minimização dos tempos de espera.

• Conduzir produção puxada pela etapa de Secagem (gargalo) por meio de realização de reuniões periódicas para manter o controle e o ritmo da produção.

Reduzir falta de mão-de-obra qualificada para executar uma determinada tarefa.

• Realização de programas continuados de treinamentos, para que os operadores se tornem capazes de desempenhar diferentes operações.

Reduzir falta de operador disponível.

• Melhorar a distribuição de mão-de-obra a partir de um mapeamento das atividades da produção e verificação da necessidade de contratação de mais operadores.

Reduzir as variações dos tempos de operações no processo produtivo facilitando a sincronização das atividades.

• Padronização das atividades da produção por meio de um estudo de tempos e métodos, juntamente com uma análise ergonômica do trabalho.

55

4.6 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR DO ESTADO FUTURO

O mapa do fluxo de valor do estado futuro foi desenhado a partir das

melhorias propostas no capítulo anterior, como mostra a Figura 4.8.

Este mapa apresenta uma estimativa da redução de tempos a partir das

propostas de melhorias realizadas, considerando-se a produção iniciada com dois

lotes simultâneos em uma campanha de dez lotes e tendo como base a

experiência de operadores que realizam estas atividades e as evidências de

registros consultados que mostraram a possibilidade de executar estas tarefas em

um tempo reduzido.

Nota-se uma grande redução de tempo entre as etapas do processo pela

possibilidade de melhor sincronização da produção puxada pela etapa de

Secagem e a redução de falta de operadores para realizar as tarefas.

A padronização das atividades proporcionaria a redução dos tempos de

carregamento de materiais (T/m) e consequentemente, reduziria o tempo de

processamento neste estado futuro. Pode-se verificar que com esta padronização,

o tempo de ciclo da etapa de Secagem também sofreria uma redução estimada

de 61 horas para 60 horas, esta melhoria é importante por se tratar do gargalo do

processo.

56

Figura 4.8 – Mapa do fluxo de valor do estado futuro

57

A Tabela 4.5 expõe as estimativas das melhorias que seriam realizadas

com a implantação do mapa do fluxo de valor do estado futuro, comparadas ao

estado atual.

Tabela 4.5 – Estimativas de melhorias com o estado futuro

Atual Futuro Ganhos

Lead Time de produção 8,5 dias 5,3 dias Redução de 37,6 %

Tempo de processamento 123,4 horas 120,6 horas Redução de 2,3 %

Tempo de espera / estoque 80,7 horas 5,5 horas Redução de 93,2 %

Lotes produzidos em uma campanha 9 lotes 10 lotes Aumento de 11,1 %

É importante enfatizar que esta redução de tempos e estoques

intermediários proporciona o aparecimento de outros problemas críticos na

produção, que antes estavam ocultos, como é explicado por Shingo (1996) em

sua analogia ao nível de água de um lago. Assim, a empresa deve fazer o

máximo de esforços para implementar o mapa do fluxo de valor do estado futuro

e, no momento em que estiver em prática, deve-se redesenhá-lo para que esses

problemas ocultos sejam identificados e eliminados conforme propõe Rother e

Shook (2003).

4.7 ANÁLISE DAS MELHORIAS PROPOSTAS

Por se tratar de uma Indústria Farmoquímica, cuja planta é multipropósito,

com compartilhamento de equipamentos e dependente de atividades manuais

durante o processo, o estudo de ferramentas com conceitos do Lean

Manufacturing para melhorar sua produtividade tornou-se mais complexo.

A aplicação do mapeamento do fluxo de valor possibilita a visualização

geral de todo seu fluxo de forma simples e de fácil compreensão, como afirma

Moreira e Fernandes (2012), para que os desperdícios fossem identificados.

58

Entretanto, devido à complexidade do processo, foram utilizados fluxogramas e

gráficos de Gantt como outras formas gráficas para complementar o entendimento

do estudo.

A partir do mapeamento e das outras ferramentas gráficas, foi possível

identificar o gargalo do processo (etapa de Secagem) e os desperdícios por

tempo de espera entre as etapas, que provocavam o aumento do Lead Time e

afetavam o cumprimento do planejamento da produção, bem como suas possíveis

causas. E finalmente foram propostas melhorias e o mapeamento do fluxo de

valor do estado futuro foi desenhado.

Ao analisar as propostas de melhorias feitas, percebe-se que não foram

propostas implementações de Kanbans e supermercados como frequentemente

ocorre na aplicação de conceitos da produção enxuta. Isto é devido à

particularidade do caso estudado, no qual não é vantajoso manter estoques de

produtos intermediários em supermercados. Dessa forma, foi proposta uma

técnica de reuniões periódicas, já em funcionamento em outra planta da mesma

empresa, para que o controle e manutenção do ritmo da produção fiquem com o

planejamento da produção.

A proposta de produção em um novo ritmo, de dois lotes simultâneos

puxados pela etapa de Secagem, foi o ponto chave para melhorar a sincronização

de todo o processo e assim, reduzir em grande escala os tempos de espera entre

as etapas de produção, como pôde ser visto no mapa do fluxo de valor do estado

futuro. Além disso, esta nova disposição possibilita um processo de produção

mais flexível e a produção de mais um lotem durante o período de tempo de uma

campanha atual, campanhas de dez lotes.

Outras melhorias como a realização de treinamentos continuados para os

operadores, melhor distribuição de mão-de-obra e padronização das atividades

também seriam significativos para a redução do Lead Time.

59

5 CONCLUSÃO

A partir comparação do estado atual com o estado futuro proposto e suas

estimativas, conclui-se que as propostas de melhorias com conceitos do Lean

Manufacturing impactarão positivamente sobre o aumento da produtividade do

processo da Indústria Farmoquímica estudada, e consequente melhorará o

atendimento da demanda, garantindo uma melhor atuação no mercado

competitivo.

60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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