universidade de sÃo paulo escola de engenharia de...
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ANA VALÉRIA FREITAS MAIA
UTILIZAÇÃO DO INTERMEDIATE BULK CONTAINER EM INDÚST RIAS DO
SEGMENTO QUÍMICO
Lorena – SP
2013
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Engenharia de Lorena
ANAVALÉRIA FREITAS MAIA
UTILIZAÇÃO DO INTERMEDIATE BULK CONTAINER EM INDÚST RIAS DO
SEGMENTO QUÍMICO
Monografia de conclusão de curso apresentado a Escola de Engenharia de Lorena EEL-USP como requisito parcial para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Industrial Química. Orientador: Professor Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira
Lorena – SP
2013
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos:
A Deus pela benção da vida.
Aos meus pais que não mediram esforços para que o meu objetivo fosse
alcançado, sempre aconselhando, protegendo e apoiando. Foram meus
incentivadores e minha mão amiga em todos os momentos. Agradeço a Deus por
terem me dado pais tão especiais, sou uma pessoa abençoada por tê-los ao meu
lado.
Ao meu irmão Antonio, meu orgulho, em quem eu sempre me espelhei para tentar
ser uma aluna melhor. Em todos os momentos esteve ao meu lado vibrando com
minhas conquistas e me incentivando nas derrotas.
Ao Gabriel pelo companheirismo, paciência e dedicação.
Ao orientador e amigo Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira pelas horas
dedicadas, por não ter medido esforços na ajuda para a conclusão deste trabalho.
Além de orientador, um amigo incentivador nas horas difíceis.
As minhas amigas que acompanharam todas as etapas desta conquista, tornando
esta etapa muito mais prazerosa.
A toda minha família que são mais que especiais e me deram força para vencer a
distância.
A todos os membros da Escola de Engenharia de Lorena, pela oportunidade,
aprendizado e concretização do curso de engenharia química.
A recompensa valeu a pena, vocês são responsáveis pela minha vitória.
RESUMO
MAIA, A. V. F. Utilização do intermediate bulk container em indúst rias do
segmento químico. 2013. 50 f. Monografia – Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.
Este trabalho fez um estudo comparativo entre dois tipos de embalagens bastante
usadas da indústria química: IBC (intermediate bulk container), do tipo composto
rígido, e tambor. Foram analisados fatores ambientais, econômicos, ergonômicos,
riscos de acidentes químicos e produtividade na carga e descarga. Um estudo de
caso foi realizado, para isso foram coletados dados através de questionários e
entrevistas. Apurou-se que a utilização do IBC é mais vantajosa do que de
tambores para os cinco fatores analisados. Por outro lado, constatou-se que a
embalagem mais utilizada na indústria química continua sendo o tambor, devido:
(i) - aos equipamentos e/ou estruturas já instalados nas plantas químicas que
foram projetados para serem alimentados por tambores e (ii) – ao volume padrão
do IBC, que é cinco vezes maior do que o volume padrão de tambores,
favorecendo o uso deste último quando são utilizadas quantidades menores de
insumos químicos.
ABSTRACT
MAIA, A. V. F. Utilization of intermediate bulk container in chemi cal industry
segment. 2013. 50 f. Monografia – Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.
This final paper makes a comparative study between two types of packing utilized
in the chemical industry: The Intermediate Bulk Container, IBC, of rigid composed
type and drum. Some factors were analyzed: environmental, economic, ergonomic
risks of chemical accidents and productivity in loading and unloading cargo. A
study case had been applied and the data were collected through questionnaires
and interviews. It has been found that the IBC has advantages over the drums in
all the five factors analyzed. In contrast, it has been detected that, in spite of the
IBC's advantages over the drums, the most common utilized packing in chemical
industry is still drums because (i) - the equipment/structure that are assembled in
the chemical industries were designed to be fed by drums (ii) - the IBC's standard
volume is five times greater than the drums, which favors the use of the last one
when a small amount of raw material is necessary.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APICS American Production and Inventory Control Society
IBC Intermediate Bulk Container
IEA International Ergonomics Association
MMC Movimentação Manual de Cargas
PVC Policloreto de Vinil
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Imagem da embalagem IBC. Fonte: Schuetz, 2013 .............................. 14
Figura 2: Exemplos de operações unitárias. ......................................................... 18
Figura 3: Exemplos de processos unitários. ......................................................... 18
Figura 4: Comparação em relação ao volume IBC x Tambor. .............................. 21
Figura 5: Comparação em relação ao espaço IBC x Tambor. .............................. 21
Figura 6: Tempo gasto no descarregamento do tambor e IBC. ............................ 22
Figura 7: Quantidade de IBC x Tambor em container tipo exportação. ................ 22
Figura 8: Atividades Comuns da Logística Reversa. ............................................. 24
Figura 9: Esquema da logística reversa da embalagem IBC ................................ 25
Figura 10: Caracterização das empresas entrevistadas ....................................... 32
Figura 11: Questionário sobre tambores. .............................................................. 33
Figura 12: Questionário sobre IBC ........................................................................ 34
Figura 13: Perguntas que compõe a entrevista..................................................... 34
Figura 14: Imagem enviada pela empresa F. ........................................................ 42
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Respostas obtidas nos questionários. .................................................. 37
Tabela 2 - Comparação em relação ao custo das embalagens. ........................... 39
Tabela 3 - Relação entre o tempo necessário para descarregar as embalagens. 43
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Comparação em relação à logística reversa. ....................................... 38
Gráfico 2: Comparação ergonômica entre Tambor e IBC - Esforço físico ............ 40
Gráfico 3: Comparação ergonômica entre Tambor e IBC – Tipo de descarregamento .................................................................................................. 41
Gráfico 4: Comparação em relação aos riscos de acidente com produto químico ao manusear tambor e IBC. .................................................................................. 42
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Tipos de IBC ........................................................................................ 20
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................... .................................................. 16
2.1 INDÚSTRIA QUÍMICA ................................................................................. 16
2.2 EMBALAGENS ............................................................................................ 18
2.2.1 EMBALAGENS RETORNÁVEIS E DESCARTÁVEIS .................................. 19
2.3 INTERMEDIATE BULK CONTAINER .......................................................... 20
2.3.1 DIFERENÇAS ENTRE TAMBOR E IBC ...................................................... 21
3 FATORES RELEVANTES PARA EMBALAGENS DE PRODUTOS QUÍMICOS ................................................................................................................ 23
3.1 AMBIENTAIS ............................................................................................... 23
3.2 ECONÔMICOS ............................................................................................ 25
3.3 ERGONÔMICOS ......................................................................................... 26
3.4 RISCOS DE ACIDENTES QUÍMICOS ......................................................... 27
3.5 PRODUTIVIDADE NA CARGA E DESCARGA ........................................... 28
4 METODOLOGIA ....................................... ......................................................... 30
4.1 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................ 30
4.2 IBC x TAMBORES ....................................................................................... 30
4.3 OBJETO DA PESQUISA ............................................................................. 30
4.4 ETAPAS DO TRABALHO ............................................................................ 31
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................ ............................................. 36
5.1 PRIMEIRA PARTE: QUESTIONÁRIO COM COMPRADORES ................... 36
5.1.1 FATORES AMBIENTAIS ............................................................................. 38
5.1.2 FATORES ECONÔMICOS .......................................................................... 39
5.1.3 FATORES ERGONÔMICOS ....................................................................... 39
5.1.4 RISCOS DE ACIDENTES QUÍMICOS ......................................................... 41
5.1.5 PRODUTIVIDADE NA CARGA E DESCARGA DE PRODUTOS QUÍMICOS ............................................................................................................. 42
5.2 SEGUNDA PARTE: ENTREVISTAS COM ENGENHEIROS ....................... 44
6 CONCLUSÃO ......................................... ........................................................... 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ................................................. 47
13
1 INTRODUÇÃO
Os produtos químicos fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas,
esses produtos auxiliam para que a vida seja mais saudável, agradável, trazendo
melhorias e inovações para o dia a dia. A indústria química é a responsável pela
fabricação desses produtos, e está presente como matérias-primas, como produto
de consumo ou como bens duráveis.
São vários os setores em que a indústria química atua, estando presente
nos cuidados pessoais (sabonete, shampoo, cremes, maquiagens), cuidados com
a casa (detergentes, sabões, ceras), revestimentos decorativos (tintas, vernizes),
na agricultura (fertilizantes, defensivos agrícolas), óleos, gases, farmacêuticos e
entre outros.
O constante crescimento das indústrias químicas e o consumismo
desenfreado da população vêm desencadeando um problema ao longo de
décadas, os resíduos sólidos. Para que a gestão destes resíduos seja feita de
maneira sustentável e eficiente, deve existir uma ligação muito forte entre toda
cadeia de suprimentos, desde a compra de matérias-primas até o consumidor
final, pois o problema não ocorre apenas nos produtores finais, mas também nos
fornecedores das matérias-primas.
A sociedade, preocupada cada vez mais com a questão ambiental, está
envolvida na gestão desses resíduos, fazendo com que as empresas comecem a
investir em soluções para este problema.
Um dos pilares muito importantes em uma cadeia de suprimento é a
logística, que tradicionalmente tinha como objetivo disponibilizar a mercadoria no
tempo e condições desejadas e hoje vai além da entrega, pois foi possível
perceber que a logística tem condição de fazer a gestão desses resíduos,
iniciando então um conceito diferente, a logística reversa.
Rogers (1998) considera a logística tradicional como o processo de
planejar, programar e controlar o fluxo, o custo efetivo de matérias-primas, o
processo produtivo, informações dos produtos acabados e afins, do ponto de
origem até ao ponto de consumo. Tudo isso com a finalidade de atender os
requisitos do cliente.
14
Uma opção para diminuir a quantidade dos resíduos sólidos é a escolha da
embalagem onde a matéria prima é entregue, se a embalagem escolhida
conseguir que o volume transportado seja maior, menos embalagens serão
utilizadas. Outro ponto a ser analisado é se a embalagem é retornável ou
reutilizável, fazendo com que a embalagem seja utilizada mais de uma vez,
poupando recursos naturais.
Uma embalagem retornável que vem sendo muito utilizada atualmente é o
IBC (Intermediate Bulk Container) do tipo composto rígido (Figura 1) que vem se
revelando uma opção vantajosa para a substituição dos tambores. O IBC é uma
embalagem reutilizável, de polietileno, engaiolado por aço galvanizado e
paletizado e destina-se ao envase de 1000 litros de substâncias líquidas, podendo
ser utilizada nos volumes intermediários entre tambores de 200 litros e granéis.
Figura 1: Imagem da embalagem IBC. Fonte: Schuetz, 2013
15
O IBC do tipo composto rígido mostra-se uma opção relevante de
embalagem, que em comparação com os tambores pode apresentar pontos
positivos como sendo ambientalmente sustentável, permite aumentar a
lucratividade de uma empresa química, apresenta vantagens ao ser descarregado
e pode diminuir os riscos de acidentes com manuseio.
Este trabalho fez um estudo comparativo entre dois tipos de embalagens
bastante usadas da indústria química: IBC, do tipo composto rígido, e tambor.
Os seguintes fatores foram analisados: ambientais, econômicos,
ergonômicos, riscos de acidentes químicos e produtividade na carga e descarga.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 INDÚSTRIA QUÍMICA
A indústria química está presente em praticamente todos os bens de
consumo e em todas as atividades econômicas, oferecendo soluções e
contribuindo para a melhoria dos processos e a qualidade dos produtos. Intensivo
em capital, em conhecimento e em recursos humanos qualificados, o segmento
produz uma grande quantidade e variedade de insumos para todos os setores.
(ABIQUIM, 2010).
Após quase um século de predominância da Europa, a indústria química
migrou para outras regiões do mundo. Entre 1880 e a Primeira Guerra Mundial, a
Alemanha dominava o setor, mas hoje a liderança cabe aos Estados Unidos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria química teve grande crescimento no
Japão, que se tornou, nas três últimas décadas do século 20, o segundo maior
produtor mundial (CIÊNCIAHOJE; 2011).
No início do século 19, já existiam no Brasil substâncias e materiais
produzidos com base em processos químicos, como açúcar, aguardente,
medicamentos, potassa, barrilha, salitre, cloreto de amônio e cal. De meados do
século 19 até cerca de 1960 o Brasil ganhou mais de 150 unidades industriais
nesse setor. A partir de 1965, a indústria química brasileira se modernizou, em
especial com a implantação de três polos petroquímicos e de unidades fabris com
tecnologia mais avançada (CIÊNCIAHOJE; 2011).
Nos últimos anos, as empresas químicas globais desfrutaram de uma alta
demanda e de margens elevadas, à medida que os preços globais atingiram os
maiores valores dos últimos dez anos. (GALEMBECK; 2007)
A indústria química brasileira teve um faturamento líquido de US$ 158
bilhões em 2011. Esta cifra coloca o Brasil na sétima posição no ranking mundial
de fabricantes de produtos químicos. (WONGTSCHOWSKI; 2012).
Os números apontam um crescimento previsto da economia brasileira de,
pelo menos, 4% ao ano entre 2010 e 2020, implicaria uma demanda de produtos
17
químicos em 2020, da ordem de US$ 260 bilhões, 80% superior à de 2008.
(WONGTSCHOWSKI; 2011).
Por seu poder de transformação, a química está presente nas diversas
soluções oferecidas à sociedade, especialmente contribuindo para a melhora da
qualidade de vida. Além disso, oferece produtos que vão desde o complexo da
saúde, da higiene e beleza, passando pelas possibilidades de melhora do meio
ambiente (redução de emissão de CO2), redução do consumo de energia,
construção civil, entre outras. Por essas razões, não há sequer um país
desenvolvido que não tenha também uma indústria química forte.
(WONGTSCHOWSKI; 2012).
American Production and Inventory Control Society (APICS; 2013) define o
processo industrial como agregação de valor aos materiais através de mistura,
separação e reações químicas. Podendo esse processo ser contínuo ou em
batelada, com rígido controle.
A indústria química recebe a matéria-prima e gera produtos. A matéria-
prima pode ser separada em frações sem sofrer transformação química ou em
outros produtos sofrendo transformação química. Este poder de transformação
também pode ser chamado de processo químico. (SILVA; 2013)
Para Shreve (1977) processamento químico pode ser definido como o
processamento industrial de matérias-primas química, que leva à obtenção de
produtos com valor industrial realçado. Em todas as operações químicas, estão
intimamente envolvidas operações físicas com transferência de calor e controle
de temperatura, que são necessárias para garantir bons rendimentos.
Processo químico é descrito por Foust (1982) como um conjunto de etapas
que envolvem modificações de composição química, ou que envolvem certas
alterações físicas no material que está sendo preparado, processado, separado
ou purificado.
Quando a matéria-prima não sofre transformação química, para a obtenção
de produtos, dizemos que ela foi submetida a uma operação unitária. (SILVA;
2013)
A figura 2 apresenta alguns tipos de operações unitárias:
18
Bombeamento de fluidos Filtração Processos de separação Troca de calor Misturação Extração
Transporte de sólidos Destilação Secagem Redução de tamanho Evaporação Peneiração
Figura 2: Exemplos de operações unitárias. (Adaptado de SILVA; 2013)
Para Silva (2013), processo químico industrial, também chamado processo
unitário, é a aplicação dos princípios da química, da física e da físico-química
(quando necessário, apoiadas por outras ciências) para a transformação da
matéria-prima em produtos.
A figura 3 apresenta alguns tipos de processos unitários:
Nitração Polimerização Sulfonação Fermentação Alquilação Aminação
Esterificação Carboxilação Oxidação, Etc Hidrogenação
Figura 3: Exemplos de processos unitários. (Adaptado de SILVA; 2013)
2.2 EMBALAGENS
Em todos os pontos da cadeia produtiva, das matérias-primas até os bens
de consumo, são utilizadas embalagens, que são essenciais para proteção e
manipulação, facilitando o transporte e o armazenamento.
A escolha do tipo de embalagem utilizada no armazenamento da matéria-
prima até o produto final tem um impacto expressivo sobre a cadeia produtiva,
incrementando o custo do produto final.
Moura e Banzato (1997) definem embalagem como um sistema integrado
de materiais e equipamentos utilizados para levar os bens e produtos, através dos
canais de distribuição. Também pode ser um elemento ou conjunto de elementos
destinados a envolver, conter e proteger produtos durante a sua movimentação,
transporte, armazenagem, comercialização e consumo.
Ballou (2001) mostra que a embalagem também deve facilitar a estocagem
e o manuseio; promover melhor utilização de equipamentos de transportes;
fornecer proteção a produtos; promover a venda de produtos; alterar a densidade
de produtos; facilitar o uso de produtos; fornecer valor de reutilização a clientes.
19
2.2.1 EMBALAGENS RETORNÁVEIS E DESCARTÁVEIS
Nos vários tipos de embalagens conhecidas podemos classifica-las em
dois grupos como retornáveis ou descartáveis, podendo as descartáveis ser
recicladas ou não após o consumo.
Cortez (2012) mostra a definição para embalagem descartável e
embalagem retornável.
Embalagem descartável: pode ter uma estrutura menos robusta,
requerendo menos matéria-prima em sua composição e energia para o seu
processamento, o que implica num ganho ambiental. Ainda atende a esta
demanda uma grande variedade de matérias-primas e tecnologias existentes,
contando com diferentes propriedades de barreiras, formatos, funcionalidade,
apresentação entre outros. Por ser descartada após o consumo do produto, esta
embalagem deve prever formas de desmontagem e reciclagem ou
reaproveitamento das matérias-primas utilizadas em sua estrutura.
Embalagem retornável: são aquelas que retornam à indústria para
reenvase do produto, estas devem passar pelas etapas de transporte, pelo
processo de lavagem e esterilização, os quais possuem seus potenciais impactos
ambientais, porém há um menor consumo dos recursos naturais usados para
fabricação das embalagens e estas não serão lançadas no meio ambiente,
gerando resíduos.
Manuilova (2003) mostra a importância da reutilização de embalagens
dizendo que é a opção ambientalmente correta. Reutilizar é uma forma importante
e conveniente de salvar recursos. No entanto chama a atenção, por exemplo, o
impacto ambiental do transporte em longas distâncias, que pode até sobrepor
qualquer economia energética. Por esta razão, as decisões de gestão de resíduos
devem ser feitas localmente, tendo em conta todos os fatores relevantes,
incluindo técnica, questões ambientais, econômicas e de mercado local. Também
de acordo com a prática de gestão de resíduos, reciclagem e incineração são as
próximas opções, enquanto a disposição em aterros é a última escolha.
Vários fatores tem influenciado o uso de embalagens retornáveis nas
indústrias, os destaques são para a crescente conscientização ecológica, que
pode trazer às indústrias pontos positivos diante a sociedade e também ganhos
20
empresariais, com projetos bem estruturados pode-se notar ganhos expressivos
quando utilizadas embalagens retornáveis.
2.3 INTERMEDIATE BULK CONTAINER
Os IBC’s foram utilizados pela primeira vez no Brasil na década de 80, pois
os exportadores brasileiros buscavam embalagens práticas e econômicas para
carga de 1000 kg ou mais de produto e que pudessem ser movimentados e
armazenados em todos os portos do mundo, sem problema logístico.
“[...] os primeiros modelos, feitos em borracha, surgiram durante a II Guerra Mundial para usos militares, no transporte aéreo de combustíveis. Após a II Guerra, surgiram os contentores confeccionados em lona de PVC, e a sua utilização foi aceita largamente no Japão.” (SANWEY, 2013)
O IBC é definido pela United Nations Economic Commission for Europe,
UNECE, como uma embalagem portátil rígida ou flexível, idealizada para um
manuseamento mecânico, sendo resistente às tensões produzidas durante o
manuseio e transporte. (UNECE, 2005).
Os IBC’s podem ser classificados quanto ao tipo de embalagem, podendo
ser rígidas, semi-rígidas ou flexíveis.
Segundo a Portaria nº 204 do MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES os IBC’s
podem se enquadrar em seis categorias:
Tipos de IBC Descrição Básica
METÁLICO Composto de um corpo metálico e dos equipamentos estrutural e de serviço apropriados.
PLÁSTICO RÍGIDO Consiste em um corpo de plástico rígido, podendo ser dotado de equipamento estrutural com equipamento de serviço apropriado.
PAPELÃO Composto por um corpo de papelão, com ou sem tampos de fundo e de topo separados, com forro, se necessário, e pelos equipamentos estrutural e de serviço apropriados.
MADEIRA Consiste em um corpo de madeira, rígido ou desmontável, com forro, e os equipamentos estrutural e de serviço apropriados.
FLEXÍVEL Consiste em um corpo feito de película plástica ou tecido, ou outro material flexível, ou combinação de materiais, juntamente com o equipamento de serviço e os dispositivos de manuseio adequados.
COMPOSTO
Consiste em um equipamento estrutural, em forma de armação externa rígida, envolvendo um recipiente interno de plástico, juntamente com outros equipamentos estruturais e de serviço; é construído de modo que a armação externa e o recipiente interno, uma vez montados, passem a ser uma unidade integrada, que é enchida, esvaziada, armazenada e transportada como tal.
Quadro 1: Tipos de IBC (adaptada da Portaria nº 204 do Ministério dos Transportes)
21
Segundo a UNECE (2005), o IBC deve ser resistente ou adequadamente
protegido da deterioração do ambiente externo e deve ser lacrado para que não
haja vazamento do conteúdo nas condições normais de transporte, incluindo o
efeito de vibrações ou de variações de temperatura, umidade ou pressão. O tipo
de material que o IBC e seus acessórios são fabricados deve ser compatível com
o conteúdo, de modo que não ocorra ataque à embalagem e seus acessórios,
deteriorando-os tornando a utilização perigosa e para que também não ocorra
reação ou decomposição formando compostos nocivos ou perigosos.
2.3.1 DIFERENÇAS ENTRE TAMBOR E IBC
Segundo Tankpool (2013), as principais diferenças entre o IBC e o tambor
são:
I. Comparação em relação ao volume IBC x Tambor. O IBC substitui o volume de cinco tambores no espaço de quatro. (Figura 4)
Figura 4: Comparação em relação ao volume IBC x Tambor. Fonte: Tankpool, 2013
II. Comparação em relação ao espaço IBC x Tambor. Ao utilizar o tambor a empresa consumidora desperdiça 24% de espaço. (Figura 5)
Figura 5: Comparação em relação ao espaço IBC x Tambor. Fonte: Tankpool 2013
22
III. Comparação em relação à descarga IBC x Tambor. Na figura 6 é listado o tempo gasto no descarregamento do tambor e IBC. Pode-se perceber que o tempo de descarregamento do IBC é bem inferior e necessita de menos pessoas para realizar o trabalho. Vale ressaltar que os IBCs já estão prontos para serem movimentados, pois vêm paletizados enquanto que tambores podem ser paletizados, mas requerem tempo extra e custo do palete.
Figura 6: Tempo gasto no descarregamento do tambor e IBC. Fonte: Tankpool, 2013
IV. Comparação em relação ao transporte de IBC x Tambor em container tipo exportação. Consegue-se transportar 18 IBC’s ou 72 tambores. Quando utilizado o IBC aumenta-se o volume transportado em 3600 litros e outro ponto é o tempo consideravelmente menor para o carregamento como pode-se comparar na figura 7.
Figura 7: Quantidade de IBC x Tambor em container tipo exportação. Fonte: Tankpool, 2013
23
3 FATORES RELEVANTES PARA EMBALAGENS DE PRODUTOS
QUÍMICOS
3.1 AMBIENTAIS
A forma como as embalagens são utilizadas e descartadas geram resíduos
que podem ocasionar vários problemas ambientais, uma opção para esta situação
é a reutilização das embalagens. Quanto mais vezes a embalagem for utilizada,
menos resíduos serão produzidos, mas para que este ciclo de reutilização
aconteça é preciso contar com o apoio da logística reversa.
O conceito inicial de logística reversa era muito limitado e descrevia o tema
como o processo contrário ao fluxo direto de produtos na cadeia de suprimentos.
Aos poucos, com o aumento da preocupação com a preservação do meio
ambiente este conceito evoluiu e vem sendo impulsionado pelas questões legais
e pela conscientização dos consumidores, que cada vez mais estão cobrando por
serviços sustentáveis.
A logística reversa é definida por Rogers e Tibben-Lembke (1998) como o
processo de mudança de mercadorias do seu destino final típico para fins de
captura de valor, ou eliminação adequada. A logística reversa envolve desde
produtos avariados que são devolvidos aos fornecedores até a reutilização de
embalagens.
“[...] logística reversa é compreendida como a atividade responsável pelo planejamento e gerenciamento deste fluxo reverso de produtos. Esta atividade tem a finalidade de promover a valorização dos bens recuperados com redução de custos, permitir ganhos por diferenciação de imagem corporativa e atendimento às questões ambientais impostas pela legislação ou pelo próprio mercado consumidor.” (CHAVES; ALCÂNTARA, 2009)
A figura 8 apresenta as atividades envolvidas na logística reversa.
24
Figura 8: Atividades Comuns da Logística Reversa. (Adaptado de Rogers e Tibben-Lembke, 1998)
Chaves e Batalha (2006) defendem que a logística contribui para o sucesso
das organizações não somente por propiciar aos clientes a entrega de produtos
ou serviços nos padrões de tempo e espaço demandados, mas também por
promover suporte ao produto após sua venda ou consumo.
“[...] O foco de atuação da logística reversa envolve a reintrodução dos produtos ou materiais na cadeia de valor pelo ciclo produtivo ou de negócios. Portanto, o descarte do produto deve ser a última opção a ser analisada.” (CHAVES; BATALHA, 2006)
Existem vários fatores que explicam a viabilidade da aplicação da logística
reversa. Fuller e Allen (1995) apresentam cinco:
• Econômicos: o custo da produção devido à necessidade de evitar ou diminuir o impacto ao meio ambiente;
• Governamentais: legislação e questão ambiental envolvida;
• Responsabilidade Corporativa: comprometimento das empresas fabricantes com a coleta de seus produtos depois de utilizados;
• Tecnológicos: avanços tecnológicos da reciclagem e projetos de reaproveitamento e reutilização;
• Logísticos: coleta de produtos.
25
A figura 9 apresenta o esquema da logística reversa da embalagem IBC.
Figura 9: Esquema da logística reversa da embalagem IBC adaptado de Tankpool, 2013
Segundo a UNECE para ser reutilizado o IBC precisa passar por uma
manutenção de rotina passando pela limpeza, as válvulas devem ser avaliadas,
se necessário devem ser removidas e substituídas. (UNECE, 2005)
3.2 ECONÔMICOS
Pompermayer e Lima (2002) mostram que lucro deixou de ser propriedade
do resultado das vendas, passando a ser função resultante dos custos incorridos,
sendo que, para chegar ao lucro, é preciso conter custos. O lucro pode ser
máximo se o custo for mínimo.
Cooper e Slagmulder (2000) ressaltam que a sobrevivência das empresas
encontra-se vinculada à capacidade das mesmas de reduzirem seus custos ao
mesmo tempo em que desenvolvem produtos com a qualidade e a funcionalidade
desejadas pelos clientes, mas que garantam os lucros pretendidos.
“Os sistemas tradicionais focalizam a apuração dos custos em três elementos: materiais utilizados na produção, mão-de-obra empregada e custos indiretos de fabricação, tendo os dois primeiros como elementos principais na composição dos custos dos produtos.” (POMPERMAYER & LIMA; 2002)
26
3.3 ERGONÔMICOS
A International Ergonomics Association define ergonomia como uma
disciplina científica relacionada com a compreensão das interações entre seres
humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica os
princípios teóricos, dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar e
desempenho geral do sistema humano.
LAVILLE (1977) mostra que o desempenho do homem no trabalho é de
grande complexidade, e a Ergonomia ampliou progressivamente o campo de suas
bases científicas. ABRAHÃO (2000) comenta que a ergonomia vem sendo
solicitada, cada vez mais, para atuar na análise de processos de reestruturação
produtiva, sobretudo no que se refere as questões relacionadas à caracterização
da atividade e à inadequação dos postos de trabalho, em especial quando há
mudanças de tecnologia.
“[...] modificações relativas à natureza da tarefa, em particular, pelos novos padrões tecnológicos têm se concretizado através da automação das tarefas manuais, repetitivas e monótonas, onde o papel reservado ao homem é, sobretudo, voltado para o controle e a manutenção do processo. Assim, nos processos de produção contínua, por exemplo, a tarefa do operador é transformada, e ele assume o papel de supervisão e controle dos processos.” (ABRAHÃO, 2000)
Segundo Iida (1992), a análise dos postos de trabalho é o estudo de uma
parte do sistema onde um trabalhador atua. Deve ser feita a análise da tarefa, da
postura, dos movimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e
psicológicas. Esta análise deve ser feita a partir das interações que ocorrem entre
o homem, a máquina e o ambiente.
A movimentação manual de cargas (MMC) é considerada uma das
principais causas de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho.
MMC é qualquer operação de transporte e sustentação de uma carga, por um ou
mais trabalhadores que, devido às suas características ou condições ergonômicas
desfavoráveis, comporte riscos para os mesmos, nomeadamente na região dorso
lombar. Quando se fala de movimentação e carga de transportes não se entende
unicamente a movimentação de objetos pesados em grandes distâncias, mas
27
também, dependendo das condições, movimentações em pequenas distâncias
com objetos mais leves que podem causar tantos problemas como os anteriores.
Alguns fatores podem influenciar o risco de lesão por MMC. (NUNES, 2012)
A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (2007) mostra
cinco características nos carregamentos que faz com que o risco de lesões
lombares aumente. São elas:
• Cargas pesadas: não há um limite exato de peso que seja seguro, um peso
de 20 kg a 25 kg é pesado para ser sustentado pela maior parte das
pessoas;
• Cargas grandes: se as cargas forem muito grandes, não é possível
observar as regras básicas de elevação e transporte, nomeadamente
manter a carga tão próxima do corpo quanto possível, pelo que os
músculos se cansam mais rapidamente;
• Difíceis de segurar: pode fazer com que o objeto escorregue e provoque
um acidente; cargas com extremidades aguçadas ou com materiais
perigosos podem causar lesões aos trabalhadores;
• Desequilibradas ou instáveis: causam a distribuição irregular da carga
pelos músculos e cansaço, devido ao fato de o centro de gravidade do
objeto estar distante do centro do corpo do trabalhador;
• Difíceis de alcançar: se para alcançar a carga for necessário esticar os
braços, dobrar ou torcer o tronco, é necessário uma maior força muscular;
MIGUEZ (2005) complementa dizendo que algumas consequências de
lesões lombares, podem ser a perda de produtividade e a incapacidade para o
trabalho.
3.4 RISCOS DE ACIDENTES QUÍMICOS
Perigo pode ser qualquer coisa potencialmente causadora de danos —
materiais, equipamentos, métodos ou práticas de trabalho. Em quanto que o risco
é a possibilidade, elevada ou reduzida, de alguém sofrer danos provocados pelo
perigo. A avaliação de riscos é o processo que mede os riscos para a segurança
28
e saúde dos trabalhadores decorrentes de perigos no local de trabalho. É uma
análise sistemática de todos os aspectos relacionados com o trabalho, que
identifica aquilo que é susceptível de causar lesões ou danos; a possibilidade de
os perigos serem eliminados e, se tal não for o caso; as medidas de prevenção ou
proteção que existem, ou deveriam existir, para controlar os riscos. (BSI, 2007).
“Quando se verificarem riscos para a segurança e saúde devem reavaliar-se os elementos de risco identificando as causas e os fatores individuais, nomeadamente a inadaptação física ou a suscetibilidade individual e tomar rapidamente as medidas corretivas adequadas; deve proceder-se a uma nova avaliação, de modo a verificar a eficácia das medidas corretivas adotadas.” (NUNES, 2012)
Os produtos químicos que se libertam no decorrer de numerosas atividades
representam um risco frequente a que estão expostos um grande número de
trabalhadores. Entende-se por contaminante químico toda a substância orgânica
ou inorgânica, natural ou sintética que durante o seu manuseamento, fabrico,
transporte, armazenamento ou utilização se incorpora no ar na forma de gases,
poeiras, fumos, vapores, nevoeiros, aerossóis com efeitos irritantes, corrosivos,
asfixiantes ou tóxicos em quantidades que podem causar danos à saúde das
pessoas (doenças profissionais) ou danos pessoais e /ou materiais. (NUNES,
2012)
3.5 PRODUTIVIDADE NA CARGA E DESCARGA
Segundo Girotto (2006) após a abertura econômica e política brasileira, as
indústrias foram o primeiro setor a sentir mudanças, devido à grande pressão das
concorrências, fazendo surgir a necessidade de cortes de custos. Antes desse
período, grandes espaços eram dedicados ao armazenamento de materiais, uma
vez que havia a oportunidade de se inflacionar as matérias-primas e logo
repassá-las para o próximo elo da cadeia, estando processado ou não.
Os armazéns servem para estocar os materiais de forma adequada,
levando em consideração as necessidades de cada um dos materiais. Rago
(2002) apresenta que o processo de armazenagem, representa um custo alto,
29
perdendo apenas para o transporte e igualando-se à manutenção de estoques,
sendo a armazenagem uma função agregada ao sistema logístico.
Para Vieira (2008) a otimização dos espaços no armazém é um tema
preocupante, sendo necessário utilizar ao máximo a sua capacidade de
armazenagem.
Características das embalagens como tamanho (dimensões), peso,
resistência a empilhamentos são importantes aspectos na otimização dos
espaços.
30
4 METODOLOGIA
4.1 MÉTODO DE PESQUISA
Foi realizada uma pesquisa qualitativa buscando uma compreensão mais
aprofundada do contexto envolvido. O método de pesquisa realizado foi o estudo
de caso utilizando a coleta de dados em seis indústrias químicas.
Embora o estudo de caso não permita a generalização dos resultados,
pode ser feita uma comparação entre as embalagens pesquisadas. Com a
comparação então foi possível apreender a situação dessas embalagens na
indústria química, compreender e interpretar os resultados.
4.2 IBC x TAMBORES
A comparação foi feita entre tambores e o IBC do tipo composto rígido de
polietileno, engaiolado por aço galvanizado e paletizado em madeira ou aço
misto. Esta embalagem comporta 1000 litros, o equivalente a cinco tambores de
aço ou cinco bombonas plásticas de 200 litros. Este IBC é um recipiente
reutilizável, destinado ao envase de substâncias líquidas compatíveis com
polietileno nas áreas Química, Petroquímica, Alimentícia e Farmacêutica. O
processo de envase pode ser automatizado para produtos perigosos ou não e
para manuseio, em razão do desenho especial do palete, com acesso pelos
quatro lados, podem ser usados equipamentos convencionais automáticos e
semi-automáticos. (TANKPOOL, 2013).
A comparação entre as embalagens foi realizada a partir da avaliação dos
aspectos ambientais, econômicos, ergonômicos, riscos de acidentes químicos e
produtividade na carga e descarga.
4.3 OBJETO DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em indústrias químicas de médio/grande porte,
sendo que todas utilizam os dois tipos de embalagem: IBC e tambores. Foram
31
utilizados dois instrumentos de pesquisa, em momentos distintos: questionários
padronizados e entrevistas.
Todos os respondentes trabalham em indústrias químicas ligadas ao
segmento de tintas.
4.4 ETAPAS DO TRABALHO
I. Aprofundamento da revisão bibliográfica;
II. Aplicação de um questionário fechado;
III. Análise dos dados do questionário fechado;
IV. Realização de entrevistas abertas
V. Análise dos dados das entrevistas
VI. Apresentação dos resultados e discussão.
Primeira etapa: Aprofundamento da revisão bibliográfica
Na primeira etapa foi realizado um aprofundamento da revisão bibliográfica
sobre a indústria química, sobre a embalagem IBC e também sobre todos os
aspectos estudados.
Segunda etapa: Aplicação de um questionário fechado
Inicialmente, a partir do referencial teórico, foram elaborados dois
questionários fechados, um sobre tambores (figura 11) e outro sobre IBC (figura
12).
O questionário foi enviado para seis compradores de médias e grandes
indústrias químicas, todos eles pessoas chaves envolvidas no processo de
escolha da embalagem que será comprada.
O nome das empresas em que trabalham, bem como o nome de cada um
dos funcionários é preservado por questão de sigilo.
O objetivo deste questionário foi apurar pontos comuns referentes a
temática do trabalho, tendo em vista, um aprofundamento a ser feito,
posteriormente com engenheiros.
32
Na figura 10 é apresentado o ramo de atividade de cada empresa, bem
como o porte.
Empresa Porte da Empresa Ramo de atividade
A Médio Fabricante de tintas e vernizes para repintura automotiva.
B Médio Produção de tintas e thinneres.
C Médio Fabricante de Especialidades Químicas para tintas (Microbicidas).
D Grande Produção de tintas.
E Grande Tintas para calçados.
F Grande Fornecedora de tintas e compostos químicos para couros.
Figura 10: Caracterização das empresas entrevistadas
Terceira etapa: Análise dos dados do questionário fechado
Nesta etapa os dados coletados nos questionários foram analisados e
tabelados para melhor visualização. A análise das respostas possibilitou a
obtenção de um comparativo entre os dois tipos de embalagens pesquisados.
Quarta etapa: Realização de entrevistas abertas
Foram realizadas entrevistas com três engenheiros que responderam cinco
perguntas (figura 13).
Foram entrevistados três gerentes que trabalham nas empresas A, D e F,
que tem suas funções ligadas à área de processo, trabalhando diretamente na
produção e atuam nesta área há mais de 10 anos, sendo um deles Engenheiro
Químico e outros dois Engenheiros de Produção.
As entrevistas foram gravadas com intuito de possibilitar a esta autora uma
interpretação bem mais precisa do conteúdo fornecido por cada um dos
entrevistados. O objetivo destas entrevistas foi aprofundar questões que surgiram
após a análise dos questionários respondidos pelos compradores.
33
Médio
Grande
10 a 20 min
20 a 30 min
30 a 60 min
60 a 90 min
1 pessoa
2 pessoas
3 pessoas
4 pessoas
Sempre estão palletizados
São empilhados quando armazenados
Por meio de bombas
Manualmente
Alto risco (4)
Moderado (3)
Pequeno (2)
Não há risco (1)
Intenso (4)
Moderado (3)
Pequeno (2)
Não há esforço (1)
Nunca
As vezes
Sempre
Não há diferença
R$ 100 - R$ 200
R$ 200 - R$ 300
R$ 300 - R$ 400
Em qual faixa de preço esta o valor cobrado pelas empresas químicas para venda do produto em tambor? (diferença do
custo do produto granel e em tambor por tonelada)
Porte da empresa
Questionário para empresa que utiliza tambores.
Qual o tempo necessário para descarregar 4 tambores?
Em relação aos tambores...
Como ocorre o descarregamento dos tambores nos tanques/reatores?
Em relação ao risco de acidente ao manusear o tambor, como você classificaria?
Em relação a ergonomia ao descarregar o tambor, como você classificaria o esforço físico?
Na resposta da pergunta anterior quantos trabalhadores foram necessários?
Ramo de atividade da empresa:
Os tambores utilizados geralmente contam com logística reversa, ou seja, são recolhidos e reutilizados?
Figura 11: Questionário sobre tambores.
34
Médio
Grande
10 a 20 min
20 a 30 min
30 a 60 min
60 a 90 min
1 pessoa
2 pessoas
3 pessoas
4 pessoas
Sempre estão palletizados
São empilhados quando armazenados
Por meio de bombas
Manualmente
Alto risco (4)
Moderado (3)
Pequeno (2)
Não há risco (1)
Intenso (4)
Moderado (3)
Pequeno (2)
Não há esforço (1)
Nunca
As vezes
Sempre
Não há diferença
R$ 100 - R$ 200
R$ 200 - R$ 300
R$ 300 - R$ 400
Em qual faixa de preço esta o valor cobrado pelas empresas químicas para venda do produto em IBC? (diferença do custo
do produto granel e em IBC por tonelada)
Porte da empresa
Questionário para empresa que utiliza IBC.
Qual o tempo necessário para descarregar 1 IBC?
Em relação aos IBC's...
Como ocorre o descarregamento dos IBC's nos tanques/reatores?
Em relação ao risco de acidente ao manusear o IBC, como você classificaria?
Em relação a ergonomia ao descarregar o IBC, como você classificaria o esforço físico?
Na resposta da pergunta anterior quantos trabalhadores foram necessários?
Ramo de atividade da empresa:
Os IBC's utilizados geralmente contam com logística reversa, ou seja, são recolhidos e reutilizados?
Figura 12: Questionário sobre IBC
Figura 13: Perguntas que compõe a entrevista
Qual a proporção comprada entre tambores e IBC mensalmente?
Qual a principal vantagem do IBC em relação ao tambor?
Qual a principal vantagem do tambor em relação ao IBC?
Se o IBC é tão mais vantajoso, porque a indústria química continua usando tambores?
Qual a porcentagem de fornecedores que oferecem produtos em IBC?
35
Quinta etapa: Análise das entrevistas
As entrevistas gravadas foram analisadas minuciosamente, tendo sido
ouvidas mais de 3 vezes por esta autora, para que nenhum detalhe fosse
esquecido e que um eventual viés de pesquisa pudesse ser minimizado. Todos os
pontos apresentados pelos entrevistados foram analisados e discutidos.
Sexta etapa: Apresentação dos resultados e discussão
Por fim foi apresentado o comparativo IBC x Tambor mostrando as
vantagens/desvantagens na utilização do IBC em função do seguintes fatores:
ambientais, econômicos, ergonômicos, riscos de acidentes químicos e
produtividade na carga e descarga.
36
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 PRIMEIRA PARTE: QUESTIONÁRIO COM COMPRADORES
A tabela 1 apresenta as respostas obtidas juntos aos compradores, através
do questionário fechado que lhes foi aplicado. No total foram feitas nove
perguntas e os compradores foram identificados de A a F.
37
Tabela 1 - Respostas obtidas nos questionários.
Empresa
Porte da empresa
Tipo de embalagem Tambor IBC Tambor IBC Tambor IBC Tambor IBC Tambor IBC Tambor IBC
10 a 20 min x x x x x x x x x
20 a 30 min x x
30 a 60 min x
60 a 90 min
1 pessoa x x x x x x
2 pessoas x x x x x x
3 pessoas
4 pessoas
Sempre estão palletizados x x x x x x x x x x
São empilhados quando armazenados x x x x x
Por meio de bombas x x x x x x x x x x x
Manualmente x x x
Não há risco (1)
Pequeno (2) x x x x x x
Moderado (3) x x x x x x
Alto risco (4)
Não há esforço (1) x
Pequeno (2) x x x x x
Moderado (3) x x x x x
Intenso (4) x
Nunca x x x
As vezes x x x x x
Sempre x x x x
Não há diferença
R$ 100 - R$ 200 x x x
R$ 200 - R$ 300 x x x x x x x
R$ 300 - R$ 400 x x
Em relação a ergonomia ao descarregar o tambor/IBC, como você classificaria o esforço físico?
Os tambores/IBC utilizados geralmente contam com lo gística reversa, ou seja, são recolhidos e reutilizados?
Em qual faixa de preço esta o valor cobrado pelas e mpresas químicas para venda do produto em tambor/IBC ? (dif erença
do custo do produto granel e tambor/IBC por tonelad a)
Qual o tempo necessário para descarregar 4 tambores ou 1 IBC?
Na resposta da pergunta anterior quantos trabalhado res foram necessários?
Em relação aos tambores ou IBC...
Como ocorre o descarregamento dos tambores nos tanques/reatores?
Em relação ao risco de acidente ao manusear o tambo r/IBC, como você classificaria?
E F
Médio Médio Médio Grande Grande GrandeQuestionário enviado às empresas.
A B C D
38
5.1.1 FATORES AMBIENTAIS
Os resultados obtidos para embalagem IBC mostram-se muito favoráveis
ambientalmente. Das empresas questionadas quatro responderam que os IBC’s
usam conceitos de logística reversa, ou seja, sempre são recolhidos ou
reutilizados. Nas outras duas empresas, algumas vezes são recolhidos ou
reutilizados, e outras, não.
Para os tambores, o cenário é alarmante, pois três empresas disseram que
os tambores nunca são recolhidos ou reutilizados e as outras três responderam
que algumas vezes são recolhidos e outras, não. O descarte desses tambores no
meio ambiente pode trazer vários danos, acumulando esses resíduos, além do
desperdício de recursos naturais utilizados. O resultado da pesquisa é mostrado
no gráfico 1.
Gráfico 1: Comparação em relação à logística reversa.
39
5.1.2 FATORES ECONÔMICOS
Para analisar os resultados sobre a faixa de preço por tonelada cobrado
pelas empresas que fornecem os produtos nas embalagens estudadas, foi
utilizada a média entre estas faixas, sendo a faixa de R$ 100,00 à R$ 200,00 foi
feita a média que é R$ 150,00 e como fator para ponderar os resultados foi
utilizado o número de empresas que responderam nesta faixa. No caso para o
IBC foram três empresas, o que resultou no montante de R$ 450,00. Foi seguida
esta sistemática para todas as faixas de custo e depois foi somado o resultado
obtido e dividido pelo número de empresas que responderam, obtendo-se assim a
média ponderada. A tabela 2 apresenta a média ponderada calculada, onde é
possível constatar que o valor médio cobrado para o fornecimento da embalagem
em tambor é 41,66% maior do que a embalagem IBC.
Esta diferença de valor envolvido na escolha da embalagem pode
representar uma redução de custo expressiva para as indústrias químicas.
Tabela 2 - Comparação em relação ao custo das embalagens.
Faixa preço (R$/tonelada)
Preço Médio (R$/tonelada)
para cada faixa
Quantidad e de
empresas que utilizam
Tambor
Preço Médio x Qtd
empresas que utilizam
Tambor
Quantidade de
empresas que utilizam
IBC
Preço Médio x Qtd
empresas que utilizam
IBC Não há
diferença - 0 0 0 0
Entre 100 e 200 150,00 0 0 3 R$ 450,00
Entre 200 e 300 250,00 4 R$ 1.000,00 3 R$ 750,00
Entre 300 e 400 350,00 2 R$ 700,00 0 0
Total - 6 R$ 1.700,00 6 R$ 1.200,00
Média ponderada
- R$ 283,33 R$ 200,00
5.1.3 FATORES ERGONÔMICOS
Com base nas respostas obtidas no questionário para a questão: “Em
relação a ergonomia ao descarregar o tambor/IBC, como você classificaria o
esforço físico?” constatou-se a ergonomia relacionada a cada tipo de embalagem,
40
sendo mais vantajoso o uso do IBC em relação ao tambor. Para o IBC, cinco
empresas disseram que o esforço foi considerado pequeno e uma empresa
informou que não há esforço, enquanto que para os tambores o esforço foi
classificado como moderado ou esforço intenso. O gráfico 2 mostra os resultados
obtidos.
Ainda em relação à ergonomia, os resultados do questionamento se os
tambores e IBC’s estão sempre paletizados, revelam que todas as empresas
apontam que sim, ou seja, que os IBC’s sempre estão paletizados, enquanto
quatro delas informaram que os tambores estão sempre paletizados. A
paletização é relevante em relação à ergonomia, já que quando as embalagens
estão paletizadas o transporte pode ser feito por empilhadeiras.
Gráfico 2: Comparação ergonômica entre Tambor e IBC - Esforço físico
A pesquisa também evidenciou a relação ergonômica na forma como o
produto é descarregado nos tanques e reatores (gráfico 3). Todas as empresas
descarregam os IBC’s por meio de bomba, enquanto que para tambores três
utilizam bombas, 1 descarrega manualmente e 2 descarregam das duas
maneiras, manualmente ou utilizam bomba depende da aplicação.
41
Gráfico 3: Comparação ergonômica entre Tambor e IBC – Tipo de descarregamento
Os resultados obtidos revelaram que o tipo de embalagem tem influência
ergonômica no ambiente do trabalhador.
5.1.4 RISCOS DE ACIDENTES QUÍMICOS
Os resultados obtidos para a questão “Em relação aos riscos de acidente
ao manusear o tambor/IBC, como você classificaria?” não revelaram grande
discrepância dos resultados entre as embalagens, mas uma análise detalhada
das respostas aponta que o IBC foi considerado mais seguro. Nenhuma delas foi
classificada como de alto risco de acidente ao serem manuseadas. No gráfico 4
são apresentados os resultados obtidos.
Na figura 14 é possível perceber a segurança que a gaiola de aço
galvanizado trás à embalagem IBC, protegendo de riscos de acidentes com
produto químico durante o transporte.
42
Gráfico 4: Comparação em relação aos riscos de acidente com produto químico ao manusear
tambor e IBC.
Figura 14: Imagem enviada pela empresa F.
5.1.5 PRODUTIVIDADE NA CARGA E DESCARGA DE PRODUTOS
QUÍMICOS
43
Este aspecto analisado leva em conta a produtividade em relação ao tempo
e quantidade de pessoas na descarga e também a relação de espaço por
tonelada de produto que cada embalagem utiliza na armazenagem.
Ao avaliar as respostas obtidas no tempo necessário para descarregar
quatro tambores e um IBC, foi realizada a média entre estas faixas de tempo, por
exemplo, sendo que para a faixa de 10 a 20 minutos, foi feita a média que é 15
minutos e como fator para ponderar os resultados foi utilizado o número de
empresas que responderam nesta faixa, no caso para tambores foram três
empresas, o que resultou 45 minutos. Foi seguida esta sistemática para todas as
faixas de tempo e depois foi somado o resultado obtido e dividido pelo número de
empresas que responderam, obtendo assim a média ponderada. Os resultados
obtidos estão na tabela 3 e revela que o tempo médio gasto para descarga dos
IBC é menor em relação ao tambor, registrando uma diferença de 8,33 minutos.
Tabela 3 - Relação entre o tempo necessário para descarregar as embalagens.
Faixa de tempo
Média entre as faixas de
tempo
Empresas que
utilizam Tambor
Tempo x Empresas
que utilizam Tambor
Empresas que
utilizam IBC
Tempo x Empresas
que utilizam IBC
10 a 20 min 15 min 3 45 min 6 90
20 a 30 min 25 min 2 50 min 0 0
30 a 60 min 45 min 1 45 min 0 0
60 a 90 min 75 min 0 0 0 0
Total - 6 140 6 90
Média ponderada
- 23,33 min 15 min
Pesquisou-se também a quantidade de funcionários necessários para
realizar a descarga de quatro tambores e de um IBC. As respostas mostraram
que quatro empresas utilizam dois funcionários para descarga dos tambores e
duas empresas utilizam somente um funcionário. No caso da descarga do IBC, a
situação se inverte, sendo que para quatro empresas são utilizados apenas um
funcionário para descarga do IBC e em duas empresas são usados dois
funcionários.
Estes resultados mostram o desperdício de mão de obra quando são
utilizados tambores, pois uma quantidade menor de funcionários poderia realizar
44
o trabalho em um tempo menor de execução. Portanto, a utilização do IBC além
de diminuir os custos correspondentes a embalagem, também diminui os custos
da mão de obra utilizada.
Em paralelo, foi analisada a relação espaço/volume referente às duas
embalagens. Um mesmo espaço é ocupado por um palete com quatro tambores
que armazenam cerca de e 800 litros, por outro lado, um único IBC armazena
neste mesmo espaço 1000 litros de produto. Esta diferença corresponde a 20% a
mais em volume quando utilizado o IBC, fazendo com que o espaço nos
almoxarifados seja otimizado.
Outra questão pesquisada foi sobre o empilhamento de tambores e IBC,
questão esta que teve a sua análise prejudicada, já que nem todas as empresas
responderam.
5.2 SEGUNDA PARTE: ENTREVISTAS COM ENGENHEIROS
O objetivo destas entrevistas foi analisar a razão de tambores serem mais
utilizado que o IBC, mesmo com as várias vantagens que o IBC mostrou oferecer
nos fatores pesquisados, conforme apurado junto aos compradores.
Na pergunta sobre a quantidade, em porcentagem, comprada de IBC
mensalmente em comparação aos tambores às respostas foram 20% e 30%,
sendo que um dos entrevistados não respondeu, pois não tinha uma estimativa
precisa para dar. Este resultado corrobora o já apurado junto aos compradores e
mostra que o IBC ainda é pouco utilizado quando comparado ao tambor.
Sobre o ponto de vista dos entrevistados a principal vantagem que o IBC
oferece é referente à armazenagem, maior volume armazenado no mesmo
espaço e custo da embalagem.
A principal vantagem que o tambor apresenta, segundo os três
entrevistados, é devido ao fato do tambor possuir capacidade de 200 litros, o que
permite a opção de comprar uma quantidade de matéria-prima menor, fato real
este que ocorre em muitos processos químicos. Sendo assim, as respostas
apuradas revelam que esta é a grande vantagem dos tambores em relação ao
IBC, pois possibilita a aquisição de quantidades menores de insumos químicos
45
utilizados esporadicamente. Neste caso, quando comprado 1000 litros ficaria
inutilizado na planta por um tempo muito grande e o prazo de validade poderia
expirar.
Foi perguntado também se existe problema na compra de matérias-primas
em tambores e IBC e quais seriam as porcentagens de produtos que estão
disponíveis para serem comprados nas duas embalagens. Aqui as respostas
foram bem divergentes. O primeiro respondente disse que 90% dos produtos são
oferecidos nas duas embalagens. O segundo enfatizou que quando se fala de
especialidades químicas ou em produtos com alta viscosidade, muitas vezes só
estão disponíveis em quantidades menores e só são oferecidos em tambores. O
terceiro entrevistado destacou que alguns produtos precisam de um estudo prévio
se podem ser armazenados em IBC, principalmente em relação à compatibilidade
do produto que será armazenado com a embalagem e com os acessórios do IBC.
Outra questão analisada foi à razão da indústria química continuar
utilizando tambores. As respostas mostram que a escolha da embalagem leva em
conta a estrutura operacional já instalada na linha de produção, pois em várias
etapas de um processo a planta não tem estrutura para descarregar o IBC nos
reatores, enquanto que para tambores já existe uma estrutura de
descarregamento montada, com encaixe padronizado. O ponto principal na
decisão da compra do IBC é o tipo de embalagem que a planta conseguirá
operacionalizar.
Uma observação relevante destacada por um dos entrevistados foi de que
a área de suprimentos e industrial deve estar sempre em contato direto avaliando
a possibilidade da compra de matérias-primas em IBC, levando em conta que
existem atividades do processo de produção que podem ser substituídos os
tambores por IBC, aproveitando as várias vantagens que o IBC pode oferecer.
46
6 CONCLUSÃO
O presente estudo constatou que o IBC possui mais vantagens quando
comparado com o tambor em relação aos fatores ambientais, econômicos,
ergonômicos, riscos de acidentes químicos e produtividade na carga e descarga.
Em relação aos fatores ambientais, o uso da embalagem IBC é mais
favorável, pois usando de conceitos de logística reversa, eles são recolhidos e
reutilizados, poupando recursos naturais e diminuindo resíduos sólidos.
Do ponto de vista econômico, quando comparados o valor agregado a cada
embalagem existe um ganho expressivo estimado em cerca de 42% na utilização
do IBC, o que pode trazer reduções significativas de custos às empresas.
O IBC também é vantajoso em relação ao tambor sobre o ponto de vista
ergonômico, pois o esforço físico foi classificado como pequeno para descarga
além do que, para descarregar a matéria-prima contida no IBC nos
tanques/reatores é utilizada bomba.
Em relação aos riscos de acidentes químicos, o IBC possui menor risco,
sendo classificado como de risco pequeno pela maioria das empresas.
O IBC também possui maior produtividade na carga e descarga em relação
ao tambor devido ao menor tempo gasto e a menor quantidade de funcionários
necessários na execução do trabalho. Além disso, o IBC armazena 20% a mais
de volume no mesmo espaço utilizado por tambores.
Por outro lado, constatou-se que a embalagem ainda mais utilizada na
indústria química continua sendo o tambor, devido:
(i) aos equipamentos e/ou estruturas já instalados nas plantas químicas
que foram projetados para serem alimentados por tambores e
(ii) ao volume padrão do IBC, que por ser cinco vezes maior do que o
volume padrão de tambores, favorece o uso deste último quando são
utilizadas quantidades menores de insumos químicos
Logo o IBC apesar de apresentar vantagens expressivas ainda não é
largamente utilizado na indústria química. Ressalte-se que esta conclusão se
limita ao universo pesquisado, não podendo ser ampliada para a indústria química
de uma forma generalizada.
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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