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1
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP
Departamento de Engenharia Química - LOQ
Laboratório de Química Fina - LQF
Vinicius Martin Crivelaro
“ESTUDO DA REAÇÃO DE O-ALQUILAÇÃO EMPREGANDO O CATALISADOR KF/ALUMINA”
LORENA
2012
2
VINICIUS MARTIN CRIVELARO
“ESTUDO DA REAÇÃO DE O-ALQUILAÇÃO EMPREGANDO O CATALISADOR KF/ALUMINA”
Monografia apresentada à Escola
de Engenharia de Lorena como
requisito para a conclusão do
curso de Graduação em
Engenharia Química.
Área de Concentração: Tecnologia
Química
Coordenador: Prof. Dr. Antonio Aarão Serra Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Jayne Carlos de Souza Barboza
LORENA
2012
3
Resumo
CRIVELARO, V.M. Estudo da reação de O-alquilação
empregando o catalisador KF/alumina. 2012. 47p. Monografia
apresentada como requisito parcial para a conclusão de graduação
do Curso de Engenharia Química, Escola de Engenharia Química
de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena.
O objetivo do trabalho é testar o catalisador (KF/Al2O3)
ecologicamente correto, preparado em nosso laboratório
(Laboratório de Química Fina-LQF), na reação de O-alquilação do
fenol com haletos de alquilas (clorobutano e bromobutano). Entre as
várias classes de reações, uma em particular foi tomada como base
neste trabalho, a de síntese de éteres, que são compostos de
interesse industrial. O catalisador KF/Al2O3, é higroscópico, muito
fácil de perder sua atividade, tem alto custo e é difícil de adquirir no
mercado nacional, por isso foi preparado no Laboratório de Química
Fina (LQF). O catalisador foi preparado com sucesso por um novo
método, simples, rápido e eficaz. O KF/Al2O3 foi testado em uma
reação “modelo”: preparação da dicloroaziridina (2,2,-dicloro-1,3-
difenilaziridina), a partir da formação de diclorocarbeno e uma
imina. O trabalho consiste na preparação do fenil butil éter a partir
do bromobutano e clorobutano visando testar a eficiência do
catalisador KF/Al2O3 preparado no laboratório.
Palavras-chave: KF/alumina; O-Alquilação; catalisador
ecologicamente correto; butil fenil éter.
4
Abstract
Crivelaro, V.M. Reaction studying of O-alkylation employing the
catalyst KF/alumina. 2012. 47p. Monograph presented as partial
requirement for the completion of graduate Course of Chemical
Engineering, Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São
Paulo, Lorena.
The goal of this work is to test environmentally friendly catalyst
(KF/Al2O3), that is prepared in our laboratory (Laboratório de
Química Fina), in the alkylation reaction of phenol with alkyl halides
(chlorobutane and bromobutane). Among the various types of
reactions, one in particular has been used as base in this study,
syntheses of ethers, which are compounds of industrial interest. The
catalyst is hygroscopic, very easy to lose its activity, it has high cost
and it is difficult to get to national market , therefore was prepared in
the Laboratório da Química Fina. The catalyst was prepared
successfully by a new, simple, fast and effective method. KF/Al2O3,
was tested it in a “model” reaction: preparation of dichloroaziridine
(2,2-docloro-1,3-difenilaziridina) from formation of dichlorocarbene
and an imine. The work consist on preparation of fenil butil eter from
bromobutane and chlorobutane to test the efficiency of the catalyst
KF/Al2O3 prepared in the laboratory.
Keywords: KF/alumina; O- alkylation; environmentally friendly
catalyst; fenil butil eter.
5
SUMÁRIO
1- Introdução....................................................................................08
2- Revisão Bibliográfica...................................................................08
2.1-Green Chemistry ou Química Verde.........................................08
2.1.1-Definição.................................................................................08
2.1.2- O catalisador KF/alumina ecologicamente correto ...............10
2.2- O fluoreto de potássio..............................................................11
2.3- O catalisador KF/alumina.........................................................13
2.3.1- Origem...................................................................................13
2.3.2- A escolha do KF/alumina e melhores condições de reação..............................................................................................14
2.3.2.1- Alumina...............................................................................14
2.3.2.2- Cátion potássio...................................................................14
2.3.2.3- Quantidade de KF em relação à alumina...........................15
2.3.2.4- Solventes............................................................................15
2.3.3- Metodologias de preparação.................................................16
2.3.4- Mecanismos..........................................................................16
2.3.5- Origem da basicidade............................................................19
2.3.6- Descrição de algumas reações de O-alquilação, envolvendo KF/alumina como catalisador..........................................................21
2.3.6.1- Síntese de éter corôa ........................................................21
2.3.6.2- Síntese de éter diarílico......................................................23
3- Materiais e métodos....................................................................27
3.1- Materiais...................................................................................27
3.1.1- Equipamentos.......................................................................27
3.1.2- Reagentes ............................................................................27
6
3.1.3- Solventes...............................................................................27
3.1.4- Vidrarias................................................................................27
3.1.5- Outros Materiais....................................................................28
3.2- Métodos ...................................................................................29
a)Teste de reatividade do KF/alumina ............................................29
Reação Padrão: (Reação 6)............................................................29
b)Preparação da imina (Reação 7):.................................................30
c)Reação de O-alquilação do fenol com bromobutano (Reação 8)......................................................................................................31
d)Reação de O-alquilação do fenol com clorobutano (Reação 9)...32
e)Preparação do Catalisador KF/Al2O3 (Reação 10) ......................33
4- Discussão....................................................................................33
5-Conclusão.....................................................................................35
6- Referências Bibliográficas...........................................................36
ANEXOS..........................................................................................39
Espectros de RMN...........................................................................40
Espectros de FT-IR……………………………………..……..............44
Simulações......................................................................................46
LISTA DE REAÇÕES
Reação -1: Fluoreto de potássio como base...................................17
Reação -2: Reação nucleofílica do fenol com haleto de alquila......18
Reação -3: Substituição nucleofílica, observando o estado de transição, onde há um máximo de energia......................................18
Reação -4: Formação de hexafluoreto de alumina e KOH..............19
7
Reação -5: Formação de triclometil – (3-nitrofenil) carbinol............20
Reação- 6: Síntese de éter coroa mediante KF/alumina.................22
Reação -7: Mecanismo da síntese de éter coroa mediante KF/alumina.......................................................................................22
Reação -8: Síntese de éter Ullman..................................................23
Reação -9: Preparação da dicloroaziridina......................................29
Reação -10: Formação da imina.....................................................30
Reação -11: Preparação do composto O-Alquilado........................31
Reação -12: Formação do éter........................................................32
Reação -13: Formação do catalisador.............................................33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1...........................................................................................15
Tabela 2 – Condensação de fenol à fluorbenzonitrila sob a ação de KF/alumina (SAWYER, 1993) .........................................................25
Tabela 3 – Condensação de halobenzenos à fluorbenzonitrila sob a ação de KF/alumina (SAWYER, 1993)............................................26
Tabela 4...........................................................................................34
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Exemplos de solventes próticos muito utilizados............12
Figura 2 – Exemplo de moléculas do etanol solvatando o íon fluoreto.............................................................................................12
Figura 3 – Fórmula estrutural de N,N- dimetilformamida.................12
Figura 4 – Fórmula estrutural de DMSO (Dimetilssulfóxido)...........24
8
1- Introdução
O uso de catalisadores suportados é uma das mais
eficientes técnicas de reação empregadas na atualidade, para
tornar os processos mais ecologicamente corretos. O uso do
catalisador KF/Al2O3 está em destaque nos últimos anos, por ser
empregado em muitos tipos de reação com alta seletividade.
O objetivo deste trabalho é estudar o uso do KF/Al2O3
preparado no Laboratório de Química Fina –LQF, em reações de O-
alquilação do fenol com dois tipos de haletos de alquila: 1-
clorobutano e 1-bromobutano, determinando os seus respectivos
rendimentos.
2-Revisão Bibliográfica
2.1-Green Chemistry ou Química Verde
2.1.1- Definição
Atualmente, há uma grande preocupação com a questão
ambiental. O termo “Química Verde” ou “Green Chemistry” vem
sendo largamente aplicado em estudos acadêmicos, como uma
tentativa de diminuir os impactos ambientais, causados inclusive por
atividades industriais, e mais especificamente na geração de
resíduos. A alternativa, nesse caso, seria evitar ou minimizar a
formação de resíduos, sendo esta ação mais recomendável do que
ter de tratá-lo ou eliminá-lo após a sua geração (LERNARDÃO,
2003).
No entanto, a abordagem dessa proposta é mais ampla
e têm-se as seguintes definições, segundo Melchert et al. (2012): “o
9
uso de técnicas e metodologias da química que reduz ou elimina o
uso ou geração de matéria-prima, produtos e subprodutos que são
prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente”, e de uma
maneira mais sucinta ainda “ Green Chemistry é o uso da química
para prevenção da poluição”.
Há doze princípios que devem ser seguidos para a
implementação da Química Verde (LERNARDÃO et al., 2003 e
PRADO et al., 2003):
1. Prevenção. Evitar a produção do resíduo é melhor do que tratá-
lo ou “limpá-lo” após sua geração.
2. Economia de Átomos. Tentar reunir o maior número possível de
átomos de reagentes no produto final desejado.
3. Síntese de Produtos Menos Perigosos. (produtos)
4. Desenvolvimento de Produtos Seguros. (reagentes)
Os princípios 3 e 4 acabam sendo complementares, na medida em
que reagentes e produtos deve ser menos tóxicos possível.
5. Solventes e Auxiliares mais Seguros. Tentar privar-se do uso
desses, a ponto de torná-los desnecessários.
6. Busca pela Eficiência de Energia. Processos químicos devem
ser realizados à temperatura e pressão ambientes.
7. Uso de Fontes Renováveis de Matéria-Prima.
8. Evitar a Formação de Derivados. A derivatização
desnecessária acaba exigindo reagentes adicionais para a
formação dos derivados e possível geração de resíduos adicionais.
9. Catálise. Quanto mais seletivo melhor.
10
10. Desenvolvimento para degradação. Ao final da utilização do
produto, deve degradar-se sem deixar vestígios no ambiente.
11. Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição.
Monitoramento e controle dos processos, para antecipar-se a
formação de substancias maléficas à saúde humana e ao ambiente.
12. Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de
Acidentes. Os reagentes e os processos químicos devem ser
escolhidos a fim de minimizar os acidentes químicos
Segundo a Química Verde, no qual o KF/alumina está
inserido, no item catálise “as reações catalíticas devem ser
superiores às reações estequiométricas”, em que a seletividade e a
eficiência da primeira devem ser melhores do que as da última
(LEARNDÂO et al., 2003).
2.1.2- O catalisador KF/alumina ecologicamente correto
Uma das tendências observadas na química orgânica
atual é o desenvolvimento de reagentes suportados (BLASS, 2002),
considerados ecologicamente mais corretos em relação a
catalisadores homogêneos, cuja inconveniência maior destes está
em separá-los do meio de reação e do produto (PRADO, 2003).
As qualidades ambientais atribuídas ao KF/alumina, por
ser um catalisador heterogêneo são: fácil separação do meio de
reação e do produto, ao ficar retido no filtro; requerer menores
quantidades de solvente (BLASS, 2002); ser altamente seletivo e
eficiente, levando à menor geração de resíduos e subprodutos; e
11
ainda o possível reciclo para reações posteriores (LERNARDÃO et
al., 2003; PRADO et al., 2003 e MOGHADDAM et al., 2006).
2.2- O fluoreto de potássio
A primeira observação do comportamento do fluoreto de
potássio como uma base, ocorreu a partir de um estudo realizado
por Nesmayanov et al. (1948), em que consiste da reação de KF e
ácido tricloroacético para formar clorofórmio e dióxido de carbono,
em vez do esperado ácido fluorocarboxílico. Desde então, muitos
pesquisadores têm notado que diferentes reações ocorrem na
presença de KF e, na sua ausência, até então, não era possível
realizá-las (CLARK, MILLER, 1977).
A dificuldade estava na escolha de um solvente
adequado, devido à baixa solubilidade do KF em todos os
solventes, exceto para poucos solventes próticos, dos quais são
encontradas também as inconveniências. Estes últimos são
constituídos por moléculas, cujos hidrogênios estão ligados a
átomos muito eletronegativos, como o oxigênio, nitrogênio e flúor. O
hidrogênio, com carga levemente positiva, forma ligação com íon
fluoreto, carregado negativamente, denominada ligação de
hidrogênio. Com a solvatação, os íons fluoretos ficam com cargas
deslocalizadas, além de dificultar a reação devido ás camadas de
solvente formadas em volta destes íons (CLARK, MILLER, 1980).
12
H3C C OH
O
HH Etanol Água
Figura 1 - Exemplos de solventes próticos muito utilizados
F-
H
H
O
C
CH3
O
C
CH3
H
O
C
H3C
H
O
C
H3C
Figura 2 – Exemplo de moléculas do etanol solvatando o íon fluoreto.
Uma das alternativas buscadas foi a utilização de
solventes polares apróticos com alto ponto de ebulição, que não
possuem hidrogênios ligados a átomos muito eletronegativos, e
portanto não formam ligação de hidrogênio; mas com a força dipolar
permanente mais elevada entre as suas moléculas, consegue-se
obter uma solubilidade melhor do sal KF. O exemplo desse tipo de
solvente estudado é a aplicação de N,N-dimetilformamida, cujos
nitrogênio e oxigênio ,observados em sua estrutura molecular,
tornam o solvente muito polar. Ainda assim, a solubilidade do sal
observada é insuficiente (CLARK, MILLER, 1980).
N
H3C
H3C
C
O
H
Figura 3 – Fórmula estrutural de N,N- dimetilformamida
13
A adição de éter de coroa ao sistema KF- benzeno
melhorou significativamente a solubilidade do sal (CLARK, MILLER,
1980), ao ser promovido a catálise por transferência de fase, que
consiste em éter coroa transferir os ânions, nesse caso, os íons
fluoreto, da fase aquosa ou sólida para o solvente orgânico, do qual
o KF é insolúvel. Os ânions tornam-se muito reativos ao não serem
solvatados, e assim, desimpedidos de atuar sobre o reagente na
fase orgânica (LANG, COMASSATO, 1988). Devido ao custo de
obtenção e à toxidade maiores da substância, devendo ainda
utilizá-la em excesso, tornou a aplicação inviável (CLARK, MILLER,
1980).
Devido aos insucessos da utilização do KF como uma
base, não houve mais a continuidade do estudo do sal iônico
(CLARK, MILLER, 1977). Ainda sim, segundo (CLARK e MILLER
(1980), o KF suportado em alumina começava a ser desenvolvido,
tido como algo promissor na área da química orgânica.
2.3- O catalisador KF/alumina
2.3.1- Origem
O primeiro relato da aplicação do KF/alumina como um
catalisador básico, remonta em 1979, conduzida por Ando et al.
(1979), ao observar ser um “agente útil para a alquilação” (BLASS,
2002). Nesse estudo, era observado o aumento da reatividade e/ou
seletividade, ao utilizar o KF suportado em sólido
(YAMAWAKI,1979).
14
2.3.2- A escolha do KF/alumina e melhores condições de
reação
Para otimizar a eficiência do catalisador fluoreto
suportado, quatro componentes importantes, foram investigados,
através de estudos elaborados por Ando et al. (1979 e 1982), sendo
a reação de referencia a O- alquilação de metanol com iodometano,
a temperatura ambiente.
2.3.2.1- Alumina
A alumina é considerada o melhor sólido suporte para
uma reação, em comparação com outros como montmorilonite e
celite. Na ausência de suporte sólido, o rendimento de KF esteve
muito abaixo do desejável (YAMAWAKI,1979).
Ainda o tamanho das partículas que compõem o suporte
é importante, uma vez que quanto menor for o grão, maior é a
eficiência da reação, devido a uma superfície de contato maior, e
assim uma adsorção maior de reagentes (YAMAWAKI,1979).
2.3.2.2- Cátion potássio
A ordem de reatividade dos reagentes fluoretos de
vários metais alcalinos é dada por: CsF>KF>>NaF>LiF ,todos
suportados em alumina (ANDO et al., 1982).
O CsF é um sal mais caro comercialmente, além de ser
mais higroscópico, tornando a utilização do KF mais viável (CLARK,
MILLER, 1980).
15
2.3.2.3- Quantidade de KF em relação à alumina
Quanto maior a quantidade de KF em relação à alumina,
maior é o rendimento da formação do produto desejado, mas há um
limite de adição de KF, quando em excesso, torna-se mais difícil
manusear, porque quanto maior a concentração do KF maior será o
caráter higroscópico (CLARK, MILLER, 1982).
2.3.2.4- Solventes
Quanto maior a polaridade do solvente aprótico, maior é
o rendimento da reação. (ANDO et al., 1982, tabela 1).
Solvente Tempo
(h)
Rendimento
(%)
Constante
Dielétrico
Estrutura
Molecular
DMF ( N,N-
dimetilformamida)
1 100
38
N
H3C
H3C
C
O
H
Acetonitrila 1 95 37,8
H3C C N
THF
( tetraidrofurano)
1 53 7,5 O
Benzeno 1
24
0,5
13
2,3
Hexano 1
24
0,7
30
2,38
Observação: a capacidade de uma substância conduzir a eletricidade é medida pela constante
dielétrica, em que quanto maior o seu valor, maior é a polaridade do solvente.
16
O uso de solventes apolares, como benzeno e hexano,
apresentaram a formação do produto de uma maneira inesperada,
embora com rendimentos abaixos em um tempo de reação bem
maior (24 horas).
O contato com a água inibe o comportamento do íon
fluoreto como uma base, mascarando-o, devido à interação íon-
solvente muito forte na solvatação (CLARK, MILLER, 1980); e
assim recomenda-se, o menor contato possível do catalisador
KF/alumina com a água.
2.3.3- Metodologias de preparação
A metodologia clássica de preparo do catalisador KF/Al2O3
(MOGHADDAM et. al. 2006; PERIN et al., 2005; SCHMITTILING e
SAWYER, 1991; WEINSTOCK et al., 1986) emprega aquecimento e
ativação em mufla (120°C - 300oC) a vácuo por várias horas (4 – 18
horas). A nova metodologia desenvolvida recentemente (MACIEL;
SERRA; BARBOZA, 2012) usa um forno de micro-ondas comercial
por poucos minutos em potência máxima. Neste método, o
catalisador é preparado com sucesso de forma simples, rápida e
econômica, sendo essa nova metodologia promissora em novos
estudos de reações catalisadas pelo KF/Al2O3.
2.3.4- Mecanismos
A explicação do comportamento do fluoreto de potássio
como uma base, é dada por ligação do hidrogênio de um composto
orgânico prótico, podendo ser este álcool ou ácido carboxílico, por
17
exemplo, com o íon fluoreto formando um complexo aniônico,
agente nucleofílico muito forte (CLARK, MILLER, 1980) (Reação 1).
F-.....H-ZR´ R-X R´ZR + HF + X-
FLUORETO DE POTÁSSIO COMO BASE
Reação-1: Fluoreto de potássio como base
Ao formar a ligação hidrogênio-fluoreto, ocorre o
deslocamento da densidade eletrônica do ânion para a molécula
orgânica, aumentando a nucleofilicidade desta, ao passo em que a
nucleofilicidade do anion é diminuída (CLARK, MILLER, 1980).
No entanto, para o KF suportado em alumina, talvez não
ocorra a ação direta do ânion fluoreto, e sim de algum outro
componente intermediário formado, conforme será explicado no
item 2.3.5.
Segundo o mecanismo de O-alquilação sugerido, o
primeiro passo é a retirada do próton do grupo hidroxila do fenol por
uma espécie básica formada, oriunda do KF/alumina. É formado o
nucleófilo (base de Lewis) que deve atuar sobre o carbono ligado ao
halogênio, forçando o deslocamento deste (base fraca; substituição
nucleofílica).
18
O CH3
O
:B-
H O-
O-
C X
H
H
Reação ácido-base
Substituição nucleof ílica
X=Br, Cl
Reação- 2: Reação nucleofílica do fenol com haleto de alquila
A substituição nucleofílica é bimolecular (SN2), ou seja, a
velocidade de reação depende da concentração de dois reagentes,
significando que a etapa mais lenta ou determinante da reação
corresponde ao momento da colisão de duas espécies químicas
(ALLINGER et al, 1978).
O-
C XZ
=Z-
Z-
C
X
R
R = H3C C
C
Z
X-
Reação -3 : Substituição nucleofílica, observando o estado de transição, onde há
um máximo de energia.
19
Os halogênios são bons grupos abandonadores, pois
são bases fracas e muitos estáveis na forma iônica na solução. A
ordem de facilidade dos halogênios para deixar o haleto de alquila
é: I->Br->Cl->F- (ALLINGER et al, 1978).
Conforme abordado no item 2.2, as moléculas dos
solventes próticos formam ligações de hidrogênio com os íons
fluoretos, e por seguinte, a solvatação é muito intensa, dificultando
a reação. Os fenômenos são os mesmos que devem ocorrer com
outros possíveis anions oriundos do KF/alumina e nucleófilos
formados posteriormente. O solvente melhor é o uso de solventes
polares apróticos (ANDO et al, 1982), onde os anions têm as suas
cargas estabilizadas (ALLINGER et al, 1978).
2.3.5- Origem da basicidade
Não sabe-se ao certo a origem da basicidade do
KF/alumina, havendo hipóteses a partir de algumas evidencias.
Weinstock et al. (1986) sugeriram, ao identificar a presença de
hexafluoreto de alumina, a formação do KOH a partir da reação de
KF com alumina (Reação 3), para explicar o aumento da basicidade
do KF/alumina, em que o papel direto do íon fluoreto para isto é
pouco ou nulo.
12 KF + Al203 + 3H20 2K3AlF6 + 6KOH
Reação -4: formação de hexafluoreto de alumina e KOH
20
Para confirmar a hipótese, Weintock et al. (1986)
prepararam o triclorometil- (3-nitrofenil) carbinol a partir da reação
do clorofórmio com m-nitrobenzaldeído, sob ação do KF/alumina, e
obtiveram o rendimento (82%) muito similar ao rendimento (81%) da
mesma reação, quando submetida ao KOH adicionado à alumina,
em condições de mesma basicidade para ambas as reações.
C
Cl
H
Cl
Cl C
O
H
O2N
C
H
OH
C
Cl
Cl
Cl
O2N
DMF, 0 °C
Reação -5: Formação de triclometil – (3-nitrofenil) carbinol a partir de
clorofórmio e m-nitrobenzaldeído
Entretanto, Ando et al. (1987) contestaram a hipótese,
ao questionarem a atribuição somente ao OH- para explicar a alta
reatividade do KF/alumina e concluíram que o caráter básico do
catalisador não é gerado apenas pelo hidróxido. Analisando a
basicidade de amostras de KF/Al2O3, descobriram que a mesma é
superior do que seria, caso a formação de KOH na superfície do
catalisador fosse o único fator de origem do caráter básico.
Sugeriram também que, em catalisadores contendo cargas de KF
maiores que 0,6 mmol por grama de alumina ativada, o hidróxido
formado seria recoberto por camadas superiores de KF, sendo
impossibilitado de promover basicidade. Finalmente, concluíram
que o caráter básico do catalisador tem a origem explicada por, ao
menos, três mecanismos: 1- A presença de fluoretos ativos; 2- a
presença de íons [Al-O-], que liberam hidroxilas na presença de
21
água; 3- cooperação entre íons fluoreto e superfície hidratada de
alumina.
2.3.6- Descrição de algumas reações de O-alquilação,
envolvendo KF/alumina como catalisador
O KF/alumina, catalisador básico, vem sendo utilizado
em inúmeras reações orgânicas, com alta seletividade e assim,
geração menor de resíduos e subprodutos. (BLASS, 2002).
Dentre as reações orgânicas, sob a ação da base, que
podem ser citadas, segundo Blass (2002), são: “N-alquilação de
amidas, epoxidações, diazotização, acoplamentos Sonogashira,
acoplamento de Suzuki, reações de Knoevenagel, e de Horner-
Emmons”, entre outras.
Abaixo, serão mostrados alguns estudos realizados com
KF/alumina, mais precisamente em reações de O-alquilação,
envolvendo álcoois para a formação de éteres, conforme a proposta
deste trabalho.
2.3.6.1- Síntese de éter corôa
Uma das primeiras aplicações de KF/alumina relatadas
(BLASS, 2002), envolve a formação de um éter corôa (1) a partir do
polietileno glicol (2) e ditosilato de polietileno glicol (3) (Reação5).
22
O
O
O
OO
O
n
m
HO O OHnTsO O OTsm
12 3
KF/Al2O3
CH3CN
em
que:
S
O
O
H3C O-=TsO- (Tosilato)
Reação 6- Síntese de éter coroa mediante KF/alumina (ANDO et al.,1982)
Sem a utilização do suporte alumina para KF, obteve-se
um éter correspondente difluorado (YAMAWAKI, 1980).
Outras bases poderiam ter sido utilizadas como os
hidróxidos de metais alcalinos e t-butóxido de potássio, em vez do
KF/alumina. Este tem como vantagem maior, estar na fase sólida,
sendo fácil a sua separação do meio reacional (YAMAWAKI, 1980).
O mecanismo da reação de O-alquilação tendo o tosilato
como um bom grupo abandonador:
23
O OHHOn
S
O
O
OH3C
C
O O S
O
O
CH3
B:- O O--O
n
m
O O--
O
n
O O-O
n
C
O
C
O S
O
O
CH3 S
O
O
-O
mCH3
O
OO
n
O O
Om
Reação -7: Mecanismo da síntese de éter coroa mediante KF/alumina,
2.3.6.2- Síntese de éter diarílico
Síntese de éter Ullman é a combinação do fenol com
halobenzeno para formar éter diarílico, tendo geralmente o cobre
como catalisador (SAWYER, 1993)(Reação 5).
Cu
R1R2
OOH X
R1 R2
Reação -8: Síntese de éter Ullman
Sawyer et al. (1993) estudaram a condensação de
fenóis, com diferentes grupos substituintes acoplados ao anel, os
fluorbenzonitrilas, na mesma condição, utilizando KF/alumina ,como
24
catalisador para substituir o cobre, e 18-coroa-6, como co-
catalisador para aumentar o rendimento da reação, tendo como
solvente a acetonitrila, sob refluxo.
Grupos “doadores” e “retiradores” de elétrons ligados ao
anel de 1-2 ou 1-4 fluorbenzonitrila (Figura 1), não interferiram nos
altos rendimentos da formação do produto desejado, ao utilizar o
KF/alumina como catalisador, conforme tabela da figura 1.
Ao nucleófilo, há uma perda significativa na reatividade
ao estar na forma de p-nitrofenol (entrada 13). Ao adicionar grupos
“retiradores de elétrons”, menor é a densidade eletrônica do anel e
mais precisamente no grupo hidroxila, diminuindo o poder do
nucleófilo de atacar o eletrófilo. Para –NO2, a evidência é maior por
ser um desativante forte (SAWYER, 1993).
Observando algumas limitações na escolha dos
reagentes, Sawyer et al. (1998) alteraram as condições de reação,
como elevar a temperatura para 140°C e utilizar DMSO
(Dimetilssulfóxido) como solvente, em vez da acetonitrila. Um
exemplo típico é a reação de 3-clorobenzonitrila, eletronicamente
desfavorável, com 3-metóxifenol, cujo rendimento moderado foi de
66%, que em condições mais brandas, a combinação não ocorreria.
O estudo dessa reação foi mais abrangente, ao estender outras
formas de halobenzenos, além da fluorbenzonitrila e seus derivados
(Figura 2).
S
O
CH3H3C
Figura 4 – Fórmula estrutural de DMSO (Dimetilssulfóxido)
25
OH
R1
CNF O
CN
R3
R1 R2
KF/Al2O3, CH3CN
18- coroa-6, refluxo
R3
R2
Tabela 2 – Condensação de fenol à fluorbenzonitrila sob a ação de KF/alumina (SAWYER, 1993)
Entrada R1 R2 R3 Posição de CN Tempo (h) Rendimento (%)
1 H H H 2 48 98
2 H H H 4 72 91
3 3-OMe H H 2 72 99
4 3-OMe H H 4 72 99
5 3-OMe 3-OMe H 2 36 99
6 3-OMe 3- (1-Pyrrolyl) H 2 18 98
7 3-OMe 5- NO2 H 2 18 97
8 3-OMe 3- (4- metiltiofenóxido) H 2 18 99
9 3-OMe 6-Cl H 2 18 98
10 3-OMe 3- NMe2 6-CHO 2 96 91
11 2-t butil H H 4 120 83
12 4- CO2Me H H 2 168 83
13 4-NO2 H H 2 336 13
26
OH
R1
R3
R2
O
R3
R2
KF/Al2O3, CH3CN
18- coroa-6, refluxo
R1
X
Tabela 3 – Condensação de halobenzenos à fluorbenzonitrila sob a ação de KF/alumina (SAWYER, 1993)
Entrada R1 R2 R3 X Tempo (h) Rendimento (%)
1 H 4-CHO H F 16 81
2 3-OMe 4-Ac H F 16 70
3 H 4-CO2Et H F 124 82
4 3-OMe 4-CO2Et H F 18 65
5 H 2-CONH2 H F 48 66
6 3-OMe 4-Br H F 48 36
7 4-OMe 3-CF3 H F 140 38
8 3-OMe 4- Ph H F 172 19
9 H 2-CN 3-Cl F 20 90
10 3-OMe 3-CN H F 6 68
11 2-CN 4-CN H F 18 84
12 2-CN 2-CN H F 36 88
13 4-OMe 4-CN H Br 2 78
14 4-OMe 4-CN H Cl 3 84
15 3-OMe 3-CN H Cl 6 66
16 3-OMe 4-CN H Cl 18 82
17 H 2-CN H Cl 18 68
18 4-OMe 3-CN 4- CF3 Cl 3 69
19 4-OMe 2-Cl 4-CN Cl 16 72
27
3- Materiais e métodos
3.1- Materiais
3.1.1- Equipamentos
-Aparelho de RMN - Marca: Varian (Modelo: Mercury - 300 MHz)
-Aparelho de Infravermelho – Marca Perkim-Elmer (FT-IR)
-Balança analítica - Marca: Shimadzu (Modelo: AY220)
-Lâmpada de UV - Marca: Mineralight®Lamp (Modelo: UVGL-25)
-Rotaevaporador – Marca: Fisaton (Modelo: 803)
-Placas de aquecimento – Marca Fisaton (Modelo: 753A);
-Banho Maria – Marca Fisaton (Modelo: 558)
3.1.2- Reagentes
1-Bromobutano (Hiedel); 1-clorobutano (Synth), fenol (Synth);
Sulfato de sódio anidro (Vetec), Alumina (Merck), Fluoreto de
potássio (Synth), Hidróxido de Potássio (Synth).
3.1.3- Solventes
Isohexano (Synth), hexano (Synth), acetato de etila (Vetec),
acetonitrila (Riedel), diclorometano (Synth), dimetilformamida (Carlo
Erba), álcoois (Aldrich), entre outros.
3.1.4- Vidrarias
Balões de fundo redondo e uma boca esmerilhada, béqueres,
kitasatos, termômetros, capilares, entre outros
28
3.1.5- Outros Materiais
Mangueiras de silicone, mangueiras de látex, septo de látex,
seringas, agulhas, placas cromatográficas, sílica gel, sílica gel com
indicador de umidade, entre outros.
29
3.2- Métodos
a)Teste de reatividade do KF/alumina
Reação Padrão: Formação da dicloroaziridina a partir da imina
(Reação 6)
N
N-FENILFENILMETANOIMINA
FORMAÇÃO DA DICLOROAZIRIDINA
CHCl3
CH3CNKF/Al2O3
N
ClCl
DICLOROAZIRIDINA
Reação -9: Preparação da dicloroaziridina
PROCEDIMENTO : Em um balão de 50 mL, munido com agitador
magnético, banho-maria a ~50º C e sob atmosfera de nitrogênio,
colocar ), 0,5 mmol de N-fenilfenilmetanoimina (previamente
preparado), 1g do catalisador (KF-alumina), 1,5 mmol de
clorofórmio e 3 mL de acetonitrila. Agitar e monitorar a reação em
intervalos de 15 em 15 minutos, através de cromatoplacas de sílica
suportada em alumina, utilizando como eluente isoexano e acetato
de etila (10mL:1mL) e como revelador, luz ultravioleta (UV) e vapor
de iôdo. Após 30 minutos a reação terminou. Terminada a reação,
adicionar 10mL de diclorometano e filtrar em um papel de filtro,
lavar o sólido com mais 10mL de diclorometano (recuperar o
catalisador), evaporar os solventes em um evaporador rotativo, à
temperatura de aproximadamente 50°C. Obteve-se 95% de
dicloroaziridina. Caracterização do produto : (Ver anexo).
Obs.: Esta reação é a reação padrão “modelo” é repetida toda vez
que é feito um novo lote de catalisador.
30
b)Preparação da imina (Reação 7): (CHO, 2005)
H
O NH2
MaceraçãoSem solvente
N
N-FENILFENILMETANOIMINAH2OBENZALDEÍDO ANILINA
FORMAÇÃO DA IMINA
Reação 10: Formação da imina
PROCEDIMENTO : Em um almofariz, munido de pestilo, colocar
5mmol de anilina 99% e 5mmol de benzaldeido 99%. A mistura fica
bastante viscosa. Macerar por 30 minutos à temperatura ambiente.
Monitorar a reação em intervalos de 15 em 15 minutos, através de
cromatoplacas de sílica suportada em alumina, utilizando como
eluente isoexano e acetato de etila (10mL:1mL)e como revelador,
luz ultravioleta (UV) e vapor de iôdo. Após 60 minutos a reação
terminou. Terminada a reação adicionar 10mL de diclorometano e
secar com sulfato de sódio anidro. Evaporar o solvente em
rotaevaporador a temperatura máxima de 50º C. Obteve-se 80% de
N-fenilfenilmetanoimina. Caracterização do produto : (Ver anexo).
31
c)Reação de O-alquilação do fenol com bromobutano (Reação
8):
OH
+ CH3CH2CH2CH2-Br
O
KH/AL2O3
CH3CN
REAÇÃO O-ALQUILAÇÃO COM BROMOBUTANO
Reação -11: Preparação do composto O-Alquilado
PROCEDIMENTO : Em um balão de 50 mL, munido com agitador
magnético, banho-maria a 40º a 50º C e sob atmosfera de
nitrogênio, colocar 1 mmol de fenol, 5 mmol de KF-alumina, 1,5mL
de acetonitrila e 1,25 mmol de 1-bromobutano. Agitar e monitorar a
reação em intervalos de 15 em 15 minutos, através de
cromatoplacas de sílica suportada em alumina, utilizando como
eluente isoexano e acetato de etila (10mL:1mL), e como revelador,
luz ultravioleta (UV) e vapor de iôdo. Após 30 minutos a reação
terminou. Terminada a reação, adicionar 10mL de diclorometano e
filtrar em papel de filtro, lavar o sólido com mais 10mL de
diclorometano (recuperar o catalisador), evaporar os solventes em
um evaporador rotativo, à temperatura de aproximadamente 50°C.
Obteve-se 75% de butil fenil éter. Caracterização do produto: (Ver
anexo)
.
32
d)Reação de O-alquilação do fenol com clorobutano (Reação 9)
OH
+ CH3CH2CH2CH2-Cl
O
KH/AL2O3
CH3CN
REAÇÃO DE O-ALQUILAÇÃO COM CLOROBUTANO
Reação -12: Formação do éter
PROCEDIMENTO : Em um balão de 50 mL, munido com agitador
magnético, banho-maria a 40º a 50º C e sob atmosfera de
nitrogênio, colocar 1mmol de fenol, 5mmol de KF-alumina, 1,5mL de
acetonitrila e 1,25 mmol de 1-clorobutano. Agitar e monitorar a
reação, através de cromatoplacas de sílica suportada em alumina,
utilizando como eluente isoexano e acetato de etila (10mL:1mL) e
como revelador, luz ultravioleta (UV) e vapor de iôdo. Após 24
horas, a reação não terminou. Após esse tempo, adicionar 10mL de
diclorometano e filtrar em papel de filtro, lavar o sólido com mais
10mL de diclorometano (recuperar o catalisador), evaporar os
solventes em um evaporador rotativo, à temperatura de
aproximadamente 50°C. Não foi possível isolar o produto.
Caracterização do produto : (Ver anexo).
33
e)Preparação do Catalisador KF/Al2O3 (Reação 10)
12KF + Al2O3 + 3H2O → 2K3AlF6 + 6KOH
Reação 13 : Formação do catalisador
PROCEDIMENTO :
Sob atmosfera de nitrogênio, 30 g de alumina basificada
ativada são colocadas em recipiente de vidro contendo 43,1 mL de
solução de fluoreto de potássio (24,5 g de sal). Após 15 minutos de
agitação em temperatura ambiente, o catalisador é obtido por
irradiação em forno de micro-ondas comercial de 600 W, por cerca
de 5 a 7 minutos, em potência máxima, até completa secagem, e
armazenado em atmosfera de nitrogênio.
4- Discussão
Na preparação do catalisador KF/Al2O3, empregou-se a
mesma metodologia nova, rápida e simples, desenvolvida no
Laboratório de Química Fina - LQF da EEL/USP (MACIEL; SERRA;
BARBOZA, 2012). Foram preparados diversos lotes de catalisador,
e todos eles testados com a reação padrão “modelo”
A preparação do catalisador em nosso laboratório foi um
sucesso, porque a reação “modelo” foi realizada em uma hora com
mesmo rendimento da literatura (95%), mostrando a eficiência de
nosso catalisador.
Na reação de O-alquilação do fenol empregando bromobutano
e clorobutano, esperava-se que a reação com bromobutano deveria
ser mais rápida, porque o bromo é um melhor grupo abandonador,
o que de fato ocorreu. Com o bromobutano a reação terminou em
30 minutos (temperatura de reação 40º -50º C) com rendimento de
34
75% e com o clorobutano depois de 24horas (temperatura de
reação 40º -50º C), o rendimento foi indeterminado.
Comparando os dados com a literatura (ANDO, 1982) verifica-
se que a reação do fenol com bromobutano fornece o butil fenil éter
com rendimento de 80%, em 24 horas a t.a. (Tabela 4 ).
R-X
(equiv.)
KF/Al2O3
(equiv)
Tempo de
Reação
(horas)
Condições
(Temperatura)
Rendimento
(%)
Literatura (ANDO, 1982)
R-Br
(1,0 equiv.)
5 equiv. 24 horas Agitação
(t.a..)
80%
R-Cl
(1,0 equiv.)
5 equiv. 162 horas Agitação
(t.a. C)
62%
Laboratório de Química Fina - LQF
R-X
(equiv.)
KF/Al2O3
(equiv.)
Tempo de
Reação
(horas)
Condições
(Temperatura)
Rendimento
(%)
R-Br
(1,0 equiv.)
5 equiv. 0,5 hora Agitação
(40º a 50º C.)
75%
R-Cl
(1,0 equiv.)
5 equiv. 24 horas Agitação
(40º a 50º C)
(%)
Não isolado
A caracterização dos produtos por ressonância magnética
nuclear (RMN) será descrita a seguir, onde serão mostrados os
principais sinais :
35
N-fenilfenilmetanoimina: RMN apt (CDCl3, δ, ppm, 75MHz):
160,48 (HC=N); 152,11 (Cq); 136,26 (Cq); 131,58 (CHAR); 129,23
(2CHAr); 128,90 (2CHAr); 128,84 (2CHAr); 126,04 (CHAr); 120,98
(2CHAr).
1-Benzil-2,2-dicloro-3-fenil-aziridina: RMN apt (CDCl3, δ, ppm,
75MHz): 145,16 (Cq); 133,19 (Cq); 129,31 (2CHAr); 129,13(2CHAr);
128,62(2CHAr); 128,05 (2CHAr); 124,50 (CHAr); 119,97 (CHAr); 75,48
(CCl2); 154,86 (CH).
Butil Fenil Éter : RMN apt (CDCl3, δ, ppm, 75MHz): 159,16 (Cq);
129,40 (2CHAr); 120,45 (2CHAr); 114,51 (CHAr); 67,55 (O-CH2);
31,39(CH2); 19,30 (CH2); 13,87 (CH3)
5-Conclusão
Foi possível realizar a síntese da N-fenilfenilmetanoimina com
rendimento de 85%, em uma hora, da 1-benzil-2,2-dicloro-3-fenil-
aziridina (reação “modelo”) com rendimento de 95%, em uma hora,
do butil fenil éter a partir do bromobutano com rendimento de 75%
em 30 minutos e a partir do clorobutano não foi possível isolar o
produto.
O catalisador KF/Al2O3, preparado em nosso laboratório,
apresenta uma série de vantagens: preparação simples, fácil e
rápida, pode catalisar vários tipos de reações orgânicas, tem alta
seletividade, é barato, de fácil separação do meio de reação, não
volátil, não inflamável, não poluidor, sendo o seu uso
ecologicamente correto, enfim um catalisador verde.
Os produtos e os reagentes foram caracterizados por técnica
de ressonância magnética nuclear (RMN) consequentemente, foi
36
possível iniciar numa técnica importante para quem pretende
trabalhar com produtos orgânicos.
Além disso foi possível utilizar, simuladores de espectros de
RMN dos produtos e reagentes para auxiliarem na caracterização
dos mesmos (Ver anexo : Simulações).
6- Referências Bibliográficas
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on activated alumina systems. Tetrahedron Letters, v. 27,n. 33, p.
3845-3848,1986.
41
ppm (t1)
50100150
-5000
0
5000
15
9.1
61
12
9.3
96
12
0.4
47
11
4.5
07
67
.55
4
31
.39
4
19
.29
7
13
.87
1
Vinicius-R3-BFE-230712 (BUTIL FENIL ÉTER)
O
BUTIL FENIL ÉTER
42
ppm (f1)
50100150
-20000
-15000
-10000
-5000
0
5000
14
5.1
57
13
3.1
87
12
9.3
10
12
9.1
32
12
8.6
34
12
8.0
50
12
4.5
29
11
9.9
70
75
.48
4
54
.86
0
N
C l
C l
D ic loro az iridina
43
ppm (f1)
050100150200
-25000
-20000
-15000
-10000
-5000
0
5000
10000
16
0.4
80
15
2.1
13
13
6.2
56
13
1.4
58
12
9.2
38
12
8.8
97
12
8.8
44
12
6.0
39
12
0.9
78
N
F e n if e n ilm e ta n o im in a
47
150 145 140 135 130 125 120 115
-120
-110
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
115.10(3;2)
118.50(6)
129.30(5;4)
147.00(1)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 C 147 ---2 CH 115.1 ---3 CH 115.1 ---4 CH 129.3 ---5 CH 129.3 ---6 CH 118.5 ---
1
2
3
4
5
6
NH2
Anilina
48
195 190 185 180 175 170 165 160 155 150 145 140 135 130 125
-120
-110
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
129.20(5;4)
129.80(3;2)
134.20(6)
136.90(1)
192.00(7)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 C 136.9 ---2 CH 129.8 ---3 CH 129.8 ---4 CH 129.2 ---5 CH 129.2 ---6 CH 134.2 ---7 CH 192 ---1
2
3
4
5
6
7
O
Benzaldeído
49
165 160 155 150 145 140 135 130 125 120
-120
-110
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
121.60(3;2)
126.60(6)
129.40(13;10)
129.50(5;4)
129.90(12;9)
132.00(11)
137.20(8)153.00(1)
161.00(7)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 C 153 ---2 CH 121.6 ---3 CH 121.6 ---4 CH 129.5 ---5 CH 129.5 ---6 CH 126.6 ---7 CH 161 ---8 C 137.2 ---9 CH 129.9 ---
10 CH 129.4 ---11 CH 132 ---12 CH 129.9 ---13 CH 129.4 ---
1
2
3
4
5
6 N
7 8
9 10
11
12 13
Imina
50
150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40
-120
-110
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
50.94(7)
71.94(14)
125.90(13;10)
126.84(8)
128.88(11)
130.83(5;4)
139.45(1)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 C 139.45 7.92 CH 116.68 8.43 CH 116.68 8.44 CH 130.83 25 CH 130.83 26 CH 124.32 5.27 CH 50.94 7.58 C 126.84 2.19 CH 122.2 2
10 CH 125.9 1.711 CH 128.88 2.112 CH 122.2 213 CH 125.9 1.714 C 71.94 30.2
1
2
3
4
5
6 N7
8
9
10 11
12
13
14Cl
Cl
Dicloroaziridina
51
170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10-130
-120
-110
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
13.83(10)
19.21(9)31.26(8)67.90(7)
114.50(5;1)129.20(6;2)
159.40(3)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 CH 114.5 ---2 CH 129.2 ---3 C 159.4 ---4 CH 120.6 ---5 CH 114.5 ---6 CH 129.2 ---7 CH2 67.9 1.58 CH2 31.26 0.89 CH2 19.21 0.1
10 CH3 13.83 ---
1
2
3
4
5
6
O 7
8 9
CH310
Butil fenil éter
52
160 155 150 145 140 135 130 125 120 115
-120
-110
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
115.60(5;1)
121.40(4)
129.70(6;2)
156.10(3)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 CH 115.6 ---2 CH 129.7 ---3 C 156.1 ---4 CH 121.4 ---5 CH 115.6 ---6 CH 129.7 ---
1
2
3
4
5
6
OH
Fenol
53
35 30 25 20 15
-100
-50
0
50
100
13.40(4)
22.60(1)32.90(2)35.10(3)
Carbon No. CHn Chem. Shifts Conf. Limits1 CH2 22.6 ---2 CH2 32.9 ---3 CH2 35.1 ---4 CH3 13.4 ---
1 2
3CH34
Br
Bromobutano