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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduacão em Genética Antonio Terto da Silva Junior Evolução cromossômica e mapeamento de genes no cromossomo X de Drosophila sturtevanti (grupo saltans). Recife 2014

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i

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduacão em Genética

Antonio Terto da Silva Junior

Evolução cromossômica e mapeamento de genes no cromossomo X de Drosophila sturtevanti (grupo saltans).

Recife

2014

ii

Antonio Terto da Silva Junior

Evolução cromossômica e mapeamento de genes no cromossomo X de Drosophila sturtevanti (grupo saltans).

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Genética da Universidade Federal

de Pernambuco como parte dos requisitos

exigidos para obtenção do título de Mestre em

Genética.

Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cassia de Moura

Coorientadora: Profa. Dra. Tania Tassinari Rieger

Recife

2014

iii

Catalogação na fonte Elaine Barroso

CRB 1728

Silva Junior, Antonio Terto da Evolução cromossômica e mapeamento de genes no cromossomo X de Drosophila sturtevanti (grupo saltans)/ Recife: O Autor, 2014. 49 folhas : il., fig., tab.

Orientadora: Rita de Cássia de Moura Coorientadora: Tania Tassinari Rieger Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco,

Centro de Ciências Biológicas, Genética, 2014.

Inclui bibliografia

1. Mosca- genética 2. Mapeamento cromossômico I. Moura, Rita de

Cássia de (orientadora) II. Rieger, Tania Tassinari (coorientadora) III. Título

595.774 CDD (22.ed.) UFPE/CCB- 2014- 171

iv

Antonio Terto da Silva Junior

Evolução cromossômica e mapeamento de genes no cromossomo X de Drosophila sturtevanti (grupo saltans).

Aprovado em 10/03/2014

____________________________________________

Profa. Dra. Rita de Cássia de Moura

Departamento de Biologia – UPE (Orientadora)

Banca Examinadora:

____________________________________________

Profa. Dra. Neide Santos

Departamento de Genética - UFPE

____________________________________________

Profa. Dra. Cláudia Rohde

Núcleo de Biologia - CAV - UFPE

____________________________________________

Profa. Dra. Vilma Loreto da Silva

Departamento de Genética - UFPE

Recife

2014

v

Dedico aos meus pais, pelo carinho e

incentivo desde o inicio da minha

formação.

vi

Agradecimentos

Agradeço a Dra. Tania Tassinari Rieger (minha coorientadora) e ao Dr.

José Ferreira dos Santos por me receberem no LED como aluno no ano de 2009

e participarem desde então do meu desenvolvimento acadêmico e cientifico.

Agradeço ainda pela orientação e apoio para o desenvolvimento da minha

dissertação.

Agradeço a Dra. Rita de Cassia de Moura por me acolher como

orientando de mestrado e principalmente por abrir meus horizontes e ampliar

minha visão com relação ao mundo científico.

Agradeço a Dra. Vilma Loreto da Silva e a Dra. Neide Santos por

oferecerem ajuda quanto à estrutura necessária para realização do projeto e a

Dra Ana Cristina Lauer Garcia e sua aluna Geórgia Oliveira pela ajuda na

identificação das espécies.

Agradeço a todos os docentes que contribuíram com minha formação

acadêmica durante a realização do mestrado em genética da UFPE. Agradeço

ainda aos funcionários do Departamento de Genética Romildo, Zizi, Nara e

Henrique que sempre foram solícitos.

Agradeço ao CNPq pela bolsa de Mestrado.

Agradeço aos meus companheiros de laboratório Adiles, Morse, Tyago,

Milena e Darlene que me ajudaram infinitamente, tanto no meu trabalho como na

minha vida, dando apoio, conselhos e tornando todos os dias no LED divertidos.

Além disso, agradeço a Evilis, Diego, Augusto, Luciana, Nicole, Rafaela,

Fernanda Ito, Júlio, Italo e vários outros que fizeram parte da historia do LED e

que mesmo depois de irem, sabem que são “pra sempre LED”.

vii

Agradeço a Jéssica, a mulher da minha vida, pelo apoio, carinho e ajuda

desde o inicio do meu mestrado, com o qual sem ela não teria nem conseguido

ingressar.

Agradeço a minha família e a todos que contribuíram nessa etapa da

minha vida.

vii

Resumo

Drosophila sturtevanti é a espécie de moscas com maior dispersão no grupo

saltans, ocorrendo desde a América central até o sul do Brasil. O grupo saltans é

um dos quatro maiores grupos do subgênero Sophophora e consiste de 21

espécies. O cariótipo de D. sturtevanti apresenta seis cromossomos, com o

primeiro par metacêntrico, correspondendo aos cromossomos sexuais, o segundo

par também metacêntrico, menor que o primeiro, e o terceiro par acrocêntrico.

Porém, não há na literatura fotomapa descrito para as espécies do grupo, sendo

os dados citogenéticos escassos. Este trabalho visa ampliar os estudos evolutivos

no subgênero Sophophora através da comparação dos marcadores encontrados

nos braços XL e XR de D. sturtevanti, D. prosaltans e D. willistoni e do

mapeamento, por hibridização in situ, dos genes Ubi e E71 em D. sturtevanti, com

a posterior comparação dos resultados encontrados com dados relatados para

espécies próximas. A relação dos braços XL e XR de D. sturtevanti com os de D.

willistoni e os de D. prosaltans demonstrou a presença de padrões conservados

entre essas espécies e possibilitou inferir que os braços XL e XR de D. sturtevanti

correspondem aos elementos A e D de Müller, respectivamente. A localização

dos genes Ubi e E71 no braço XR de D. sturtevanti e sua conservação de

localização também no braço XR de D. willistoni deu maior embasamento para se

afirmar que esse braço politênico corresponde ao elemento D de Müller.

Palavras chave: Subgênero Sophophora; Relações evolutivas; Elementos de

Müller; Mapeamento cromossômico.

viii

Abstract

Drosophila sturtevanti is a fruit fly species with greater dispersion in saltans group,

occurring from Central America to Southern Brazil. The saltans group is one of the

four major groups of the Sophophora subgenus and consists of 21 species. From

cytogenetic point of view, the karyotype of D. sturtevanti has six chromosomes,

including two metacentric, two acrocentric and two other smaller metacentric.

However, in the literature does not exist a photo map described for the species of

the group, being the cytogenetic data scarce. This work aims to extend

evolutionary studies in the Sophophora subgenus by comparing the makers found

in the XL and XR arms of D. sturtevanti, D. prosaltans and D. willistoni and the

mapping, by in situ hybridization, the Ubi and E71genes in D. sturtevanti with

subsequent comparison of the results with data reported for closely related

species. The relation of XL and XR arms of D. sturtevanti with D. willistoni and D.

prosaltans showed the presence of conserved patterns between these species

and allowed to infer that the XL and XR arms of D. sturtevanti correspond to A and

D Müller elements, respectively. The location of Ubi and E71 genes in XR arm of

D. sturtevanti and their location conserved also in XR arm of D. willistoni gave

better basis for claiming that this polytene arm corresponds to Müller D element.

Key words: Sophophora subgenus; evolutionary relations; Müller elements;

chromosomal mapping.

ix

Sumário

Resumo vii

Abstract viii

Lista de Figuras x

Lista de Abreviaturas xi

1. Introdução 1

2. Revisão da Literatura 3

2.1. Características gerais e importância do gênero Drosophila 3

2.2. Cromossomos politênicos 5

2.3. Comparação de elementos politênicos

2.4. A espécie Drosophila sturtevanti Duda, 1927

2.5. Genes de resposta ao estresse e desenvolvimento

2.6. Mapeamento gênico por hibridização in situ em drosofilídeos

6

9

12

14

3. Objetivos 17

4. Material e métodos 18

4.1. Linhagem utilizada, cultivo e manutenção dos estoques

4.2. Tratamento das laminas e lamínulas

4.2.1. Convencional

4.2.2. Hibridização

4.2.3. Lamínulas

4.3. Preparação citológica

4.4. Preparação da Sonda

4.4.1. Amplificação e marcação de plasmídeos

4.4.2. Hibridização in situ Permanente (PISH)

4.5. Análise Microscópica

5. Resultados

5.1. Fotomapa de D. sturtevanti

5.2. Comparação dos braços XL de D. sturtevanti com outras espécies de Drosophila

5.3. Confecção do braço XR de D. prosaltans e comparação dos braços XR de D. sturtevanti, D. willistoni e D. prosaltans

18

18

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19

19

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20

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21

22

22

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26

5.4. Localização dos genes Ubi e E71 28

6. Discussão 35

7. Conclusões 40

8. Referências Bibliográficas 41

9. Currículo Lattes 47

x

Lista de Figuras

Figura 1

Imagem da fêmea à esquerda (A) e do macho à direita (B) de Drosophila sturtevanti.

10

Figura 2

Fotomapa dos cromossomos politênicos de Drosophila sturtevanti, linhagem DIR. Os

centrômeros estão voltados à esquerda. Setas indicam regiões de pufes.

29

Figura 2

Continuação do Fotomapa dos cromossomos politênicos de Drosophila sturtevanti, linhagem

DIR. Os centrômeros estão voltados à esquerda. Setas indicam regiões de pufes.

30

Figura 3

Correlação entre o braço XL de D. sturtevanti (central) com os braços XL de D. prosaltans

(acima) e D. willistoni (abaixo). Mostrando em azul a correlação de pufes importantes.

31

Figura 4

Correlação entre o braço XR de D. prosaltans publicado por Cavalcanti (acima) e o braço XR

confeccionado no presente trabalho (abaixo). As linhas azuis indicam as relações entre as

seções nos dois braços politênicos. As setas do braço descrito por Cavalcanti (acima) indicam

regiões de contrição em que o cromossomo quebra facilmente.

32

Figura 5

Braço XR de D. prosaltans confeccionado no presente trabalho, com subseções.

32

Figura 6

Correlação entre o braço XR de D. sturtevanti (central) com os braços XR de D. prosaltans

(acima) e D. willistoni (abaixo). Mostrando diversos pontos de similaridade. Em azul escuro são

mostrados os pontos de correspondência mais importantes.

33

Figura 7

Braços cromossômicos XR de D. sturtevanti, mostrando a localização dos genes Ubi (A) e E71

(B) através de hibridização in situ permanente. As barras em azul indicam a correspondência

da marcação nas seções do braço XR. As setas indicam a localização do gene hibridizado.

34

Figura 8

Esquema comparativo da correspondência dos elementos de Müller em Drosophila

melanogaster, Drosophila willistoni e Drosophila sturtevanti considerando a localização de

genes de copia única e a sequência da localização desses genes no elemento D.

39

xi

Lista de Abreviaturas

BCIP – Bromo-cloro indolil fosfato

CAV – Centro Acadêmico de Vitória

Dpp – Decapentaplegic

E71 – Hormonio de Resposta ao hormônio ecdisona

hsp – heat shock protein

HSR – Heat Shock Response

LED – Laboratório de Experimentação em Drosophila

NBT – Azul de nitro tetrazólio

ORFs – Open Reading Frame

PISH – Hibridização in situ Permanente

SAP – Estreptoavidina/ Fosfatase alcalina

Ubi – Ubiquitina

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UPE – Universidade de Pernambuco

1

1. Introdução

A espécie Drosophila sturtevanti é membro do grupo saltans de Drosophila,

apresentando ampla distribuição geográfica na região neotropical, sendo

encontrada desde o México, ilhas do Caribe, até o Sul do Brasil. O cariótipo de D.

sturtevanti é constituído por seis cromossomos, com o primeiro par metacêntrico,

correspondendo aos cromossomos sexuais, o segundo par também metacêntrico,

menor que o primeiro, e o terceiro par acrocêntrico. Drosophila sturtevanti é pouco

caracterizada do ponto de vista citogenético, não possuindo um fotomapa de

referência publicado para a espécie, uma vez que a maior parte dos estudos

relacionados a esta espécie são restritos a elementos de transposição.

Com a descrição de um mapa de alta resolução para D. sturtevanti foi

possível estabelecer uma comparação direta entre o genoma dessa espécie e o

de espécies próximas. Nesse sentido a escolha de D. prosaltans para

comparação, deve-se ao fato dessa espécie ser a única do grupo saltans que

possui uma maior caracterização citogenética, com um desenho mapa publicado,

o que possibilita uma comparação inicial dentro do grupo saltans. Estando na

base do subgênero Sophophora junto ao grupo saltans, o grupo willistoni

(representado por D. willistoni) se mostra de grande importância para

comparações dentro deste subgênero. Diferente de D. sturtevanti, D. willistoni é

uma espécie amplamente conhecida e estudada, tanto do ponto de vista

citogenético como evolutivo.

A comparação entre os braços do cromossomo X de D. sturtevanti (grupo

saltans), D. prosaltans (grupo saltans) e D. willistoni (grupo willistoni) possibilita

ampliar o entendimento sobre as relações evolutivas existentes dentro do

subgênero Sophophora. Para tal, utilizamos como marcadores o padrão de

2

bandas, interbandas e pufes e a localização dos genes Ubi e E71 por hibridização

in situ permanente.

3

2. Revisão da Literatura

2.1 . Características gerais e importância do gênero Drosophila

A ordem Diptera é composta por insetos que possuem um par de asas,

representados por moscas e mosquitos, que são grupos numerosos e

pertencentes à classe Insecta. Dentro desta ordem destaca-se a família

Drosophilidae constituída por cerca de 3952 espécies distribuídas em 73 gêneros

(Gottschalk, 2008), tendo ampla importância, pois seus representantes estão

envolvidos em aspectos agronômicos ou de saúde humana (Grimaldi e Engel,

2005).

A família Drosophilidae caracteriza-se por possuir dois pares de asas,

sendo o primeiro par membranoso e funcional e o segundo, chamado de halteres,

modificado como órgão de equilíbrio. Possui aparelho bucal do tipo sugador, em

forma de probóscide, apresenta tórax segmentado em três regiões, sendo o

protórax e o metatórax pequenos e fusionados ao mesotórax. Apresenta pernas

compostas por cinco segmentos tarsais que possuem grande importância

sistemática e nas fêmeas o abdome é originalmente segmentado, enquanto que

os machos apresentam os últimos segmentos fusionados, o que denota o

dimorfismo sexual das espécies dessa família. Adicionalmente, é observada

metamorfose completa com larvas ápodas e vermiformes, cabeça reduzida e

retrátil com pupas imóveis (Buzzi, 2002).

A maioria dos drosofilídeos é caracterizada por colonizar frutos caídos e se

alimentarem dos fungos que se desenvolvem nesses frutos. No entanto, algumas

espécies colonizam o fruto ainda na árvore, sendo consideradas insetos pragas e

causando danos a diversos cultivares (Santos et al., 2003; Fernandes e Araújo,

2011). A família tem distribuição em regiões temperadas e tropicais, habitando os

4

mais diversos ecossistemas, de forma que algumas espécies são consideradas

cosmopolitas e outras estão restritas a determinadas partes do planeta. Na

América são encontrados diversos gêneros de drosofilideos devido à complexa

fauna associada a alterações climáticas que promovem a especiação. Nesse

sentido destacam-se os grupos willistoni e saltans com ampla distribuição na

região neotropical (Gao et al., 2011).

Dentre as espécies de moscas a mais estudada tem sido Drosophila

melanogaster, que embora sem importância agronômica é um valioso modelo em

ensino e pesquisa nas áreas de genética, desenvolvimento e evolução. Portanto,

devido a sua frequente utilização como organismo modelo para pesquisa desde o

início do Século XX, a espécie tornou-se a melhor caracterizada e de maior

interesse nas áreas citadas acima (Da Lage et al., 2007; Van der Linde et al.,

2010). O amplo conhecimento gerado nestas áreas permitiu a crescente aplicação

de D. melanogaster também como modelo experimental para o estudo de

diversas condições clínicas humanas. Desta forma, análises comparativas entre

diferentes genomas de espécies do gênero Drosophila apontam de forma

definitiva D. melanogaster como modelo de estudos do sistema imune inato e seu

combate à infecções fúngicas (Hoffmann, 2007; Huang et al., 2010), bacterianas

(Valanne et al., 2011; Buchon et al., 2013) ou virais (Kawai e Akina, 2006; Sabin

et al., 2010), de desordens humanas relacionadas à perda de homeostase,

incluindo o metabolismo de açúcares e lipídios (Leopold e Perrimon, 2007;

Pospisilik et al., 2010) e dos mecanismos de funcionamento cerebral (Fortini e

Bonini, 2000; Vosshall, 2007; Chiang et al., 2011).

Embora seja o grupo de organismos eucariontes superior com o maior

número de genomas sequenciados, o gênero Drosophila ainda desperta diversas

5

dúvidas e controvérsias, tanto sobre a relação interna entre os subgêneros

Sophophora e Drosophila, quanto sobre as relações externas com outros grupos,

como o gênero Zaprionus. Neste sentido, têm-se acumulado evidências de que o

subgênero Drosophila seja um grupo parafilético, necessitando de ampla revisão

taxonômica para refletir a real relação filogenética entre os grupos de espécies

(Robe et al., 2005; Da Lage et al., 2007; Katoh et al., 2007; Yang et al., 2012). A

ampliação da análise genômica e evolutiva destas espécies, bem como a inclusão

de outras espécies, trará novas hipóteses fundamentais e novas informações que

contribuirão para o esclarecimento das relações filogenéticas no subgênero

Sophophora.

2.2 . Cromossomos politênicos

Os cromossomos politênicos são cromossomos gigantes formados a partir

de uma série de ciclos endomitóticos que ocorrem durante a interfase de células

específicas. Esses cromossomos são distribuídos em ordens distintas de insetos

(Diptera, Collembola, Lepidoptera e Orthoptera) e mais raramente em

protozoários, tecidos de mamíferos e células de angiospermas (Zhimulev, 1996;

Zhimulev e Koryakov, 2009).

Cromossomos politênicos se formam a partir do pareamento dos filamentos

homólogos de DNA, cromômero a cromômero, e duplicação do seu material a

cada ciclo endomitótico. As várias cromátides idênticas alinhadas lado a lado,

formam um bandeamento natural, produzido pelo pareamento dos cromômeros

paralelos das cromátides. Este bandeamento representa marcadores estruturais

que possibilitam mapeá-los e estabelecer blocos sintênicos com espécies

próximas. O estudo destes marcadores passou a ser mais informativo a partir do

sequenciamento do genoma de D. melanogaster (Adams et al., 2000),

6

contribuindo para a comparação e o estabelecimento das relações evolutivas dos

elementos cromossômicos entre diversas espécies (Schaeffer et al., 2008).

As bandas e interbandas estão diretamente relacionadas com a

condensação da cromatina e a espessura do politênico, a depender do número de

endomitoses que o núcleo sofreu, de forma que no núcleo politênico de D.

melanogaster são encontrados 1024 filamentos formando o cromossomo

politênico. As regiões de alargamento do cromossomo politênico são

denominadas de pufes e estão intimamente ligados a atividade gênica. Os pufes

são regiões descondensadas em sítios específicos em que ocorre a transcrição

de genes localizados naquela região. O padrão de pufes difere em tecidos

distintos do mesmo indivíduo e em diferentes estágios do desenvolvimento, mas é

constante em um tecido no mesmo estágio de desenvolvimento. Muitos pufes

podem ser induzidos em laboratório por diversos agentes, como o hormônio

ecdisona, modificações de temperatura e etanol (Zhimulev, 1996; Mitrofanov,

2007). Inicialmente acreditava-se que cada região de pufe representava a

atividade de um único gene, atualmente sabe-se que ocorrem vários genes que

são transcritos juntos (Kolesnikova et al., 2011).

2.3 . Comparação de elementos politênicos

A nomenclatura dos cromossomos politênicos é baseada em padrões

distintos, algumas vezes sendo usados números romanos, e em outras, arábicos.

Muitos autores dividem todo o complemento cromossômico em 100 seções, mas

isso não ocorre sempre. Entretanto, todos usam as letras L (left, esquerdo) e R

(right, direito) para identificar os dois braços do mesmo cromossomo. Em 1940,

Müller propôs um método para comparar os cromossomos politênicos. Na sua

7

proposta ele utilizou os braços cromossômicos de D. melanogaster como padrão

para comparação de elementos politênicos entre as espécies e determinou uma

nomenclatura de A-F para esses braços que passaram a ser conhecidos como

elementos de Müller (Müller, 1940). Nesse sistema o X de D. melanogaster

representa o elemento A; IIL, B; IIR, C; IIIL, D; IIIR, E e o IV corresponde ao

elemento F. Assim, Müller propôs que estes elementos estariam presentes em

todas as espécies de drosofilídeos, podendo ocorrer reorganizações (inversões,

translocações, fusões) durante a diversificação das espécies. Com a criação e

padronização do método, para determinar as relações entre os cromossomos

politênicos, foi possível comparar mapas citogenéticos, utilizando a localização de

marcadores físicos e genéticos localizados nos braços politênicos, demonstrando

assim blocos de sintênia que possibilitam inferir sobre a reorganização dos

elementos de Müller. Desta forma, foi reunido desde a década de 40 um grande

conjunto de informações sobre a evolução cromossômica na família Drosophilidae

(Campos et al., 2007; Clark et al., 2007; Schaeffer et al., 2008).

As primeiras análises genéticas no gênero Drosophila foram realizadas a

partir do desenvolvimento dos mapas de cromossomos politênicos de D.

melanogaster (Bridges, 1935). Este autor propôs uma nomenclatura alfanumérica

para a divisão de cada braço em 20 unidades (seções) e para cada uma delas

seis subunidades de A-F (sub-seções), no intuito de atribuir uma designação para

cada uma das bandas presentes. Esta codificação do mapa cromossômico

permitiu a identificação de alterações cromossômicas, pontos de quebra e a

localização de genes associados. Estes mapas, inicialmente produzidos como

desenhos realizados em câmara clara, tiveram a sua resolução ampliada pela

8

produção de mapas fotográficos de mosaico por Lefevre (1976) e aperfeiçoados

por mapas de microscopia eletrônica por Sorsa (1988a, b, c).

O subgênero Sophophora apresenta uma variedade de rearranjos que

alteraram a organização dos elementos de Müller (Schaeffer et al., 2008). Apesar

da conservação dos marcadores encontrados nos braços politênicos homólogos,

os cariótipos das espécies desse subgênero têm mudado através de eventos de

fusão de braços cromossômicos seguidos por eventos de rearranjos do tipo

inversão. Em D. ananassae, por exemplo, o cromossomo X (elemento A)

geralmente acrocêntrico foi modificado em um cromossomo metacêntrico a partir

de uma inversão pericêntrica. Também em D. ananassae o elemento F, que

geralmente é um cromossomo pontual, se apresenta como um metacêntrico de

tamanho equivalente a seu elemento A (Schaeffer et al., 2008).

O cromossomo X de D. willistoni (grupo willistoni), metacêntrico, é

resultado de uma fusão dos elementos A e D de Müller. Essa correspondência

também pode ser vista em D. pseudoobscura e D. persimillis, pertencentes ao

grupo obscura (Schaeffer et al., 2008). É provável que a distribuição dos

elementos politênicos em D. willistoni (AD, BC, EF) e D. melanogaster (A, BC,

DE, F) sejam derivadas da organização que é encontrada em D. pseudoobscura

(AD, B, C, E, F) de forma que teria ocorrido a união dos elementos B e C para dar

origem a um arranjo hipotético AD, BC, E, F que com a união dos elementos E e

F deu origem ao arranjo de D. willistoni, enquanto uma translocação entre AD e E

deu origem a D. melanogaster (Sturtevant e Novitski, 1941). No entanto, a

ausência da fusão entre os elementos A e D em D. subobscura, uma espécie

próxima a D. pseudoobscura e D. persimilis, sugere que as fusões nos grupos

obscura e willistoni não são homólogas (Schaeffer et al., 2008). O cromossomo

9

pontual de D. melanogaster que representa o elemento F de Müller está

intimamente ligado ao cromossomo 3 de D. willistoni de forma que o elemento E e

F sofreram uma fusão (Papaceit e Juan, 1998).

Além de estabelecer relações dentro do gênero Drosophila, as inferências

sobre os elementos de Müller possibilitaram também estabelecer relações entre

os gêneros Drosophila e Zaprionus. Com a utilização do mapa produzido por

Campos et al. (2007) e a localização de seis genes cópia única foi possível

estabelecer a relação dos elementos cromossômicos entre D. melanogaster e Z.

indianus. Desta maneira, os elementos de Müller A, B, C, D, E e F correspondem

aos cromossomos politênicos X, II, IV, III, V e VI de Z. indianus, respectivamente

(Campos et al., 2007). Portanto, embora morfologicamente distinto de Drosophila,

o gênero Zaprionus também conserva a homologia de elementos cromossômicos

proposta por Müller (1940).

2.4 . A espécie Drosophila sturtevanti Duda, 1927

Drosophila sturtevanti pertence ao subgrupo sturtevanti do grupo saltans de

Drosophila. Esta espécie foi descrita por Sturtevant (1942) como membro do

subgênero Sophophora. O subgrupo sturtevanti foi estabelecido por Magalhães

(1962), utilizando caracteres morfológicos, e inclui as espécies D. rectangularis,

D. milleri e D. sturtevanti. As espécies D. magalhaesi e D. dacunhai, foram

incluídas posteriormente neste subgrupo (Mourão e Bicudo, 1967; Bicudo, 1979).

Estas cinco espécies são morfologicamente similares, o que torna o grupo

potencialmente informativo para estudos de especiação.

No que diz respeito à distribuição geográfica, D. sturtevanti apresenta

grande dispersão, sendo encontrada desde o México e ilhas do Caribe até o Sul

10

do Brasil. Esta ampla distribuição torna D. sturtevanti importante para estudos

com a finalidade de esclarecer as relações existentes entre o grupo saltans e

outros grupos de Drosofilídeos.

Os estudos citogenéticos para esta espécie são escassos, sendo a maioria

dos trabalhos relacionados a estudos de evolução mediados por elementos P de

transposição (De Setta et al., 2007). Entre os trabalhos, pode-se citar Dobzhansky

e Pavan (1943) que descreveram o complemento mitótico de D. sturtevanti como

2n=6, com o primeiro par metacêntrico, correspondendo aos cromossomos

sexuais, o segundo par também metacêntrico, um pouco menor que o primeiro

par, e o terceiro par acrocêntrico. No mesmo trabalho os autores apresentam um

desenho parcial (apenas pontas e bases) dos cromossomos politênicos de D.

prosaltans (outro representante do grupo saltans), onde sugerem que D.

sturtevanti apresenta pontas e bases similares, facilitando o reconhecimento dos

elementos. Contudo, segundo Dobzhansky e Pavan (1943), D. prosaltans

apresenta uma translocação entre o cromossomo sexual (metacêntrico maior) e o

Figura 1 - Imagem da fêmea à esquerda (A) e do macho à direita (B) de D. sturtevanti.

B

A

11

autossomo acrocêntrico, de forma que um dos metacêntricos dessa espécie não

corresponde ao encontrado em D. sturtevanti. Além disso, estes autores afirmam

ainda que o complemento cromossômico de D. sturtevanti é ancestral em relação

ao encontrado em D. prosaltans, ou seja, a distribuição dos elementos

cromossômicos dessa espécie teria surgido a partir de um ancestral com a

distribuição semelhante à encontrada em D. sturtevanti.

Posteriormente, Cavalcanti (1948) publicou um desenho mapa de

referência para os cromossomos politênicos de D. prosaltans. O desenho mapa

da espécie, mesmo não oferecendo total resolução dos seus cromossomos,

possibilitou uma comparação do padrão de bandas, interbandas e pufes dessa

espécie, permitindo relacionar este padrão com o de espécies próximas. Desta

forma, D. prosaltans tornou-se uma espécie de interesse para comparações

dentro do grupo saltans, uma vez que é a única espécie do grupo que possui uma

maior caracterização citogenética (Cavalcanti, 1948). D. prosaltans é bastante

dispersa, apresentando distribuição geográfica que vai desde o norte do México,

passando pela América central, sul do Brasil e Paraguai. A espécie possui

número cromossômico 2n=6, com dois pares de cromossomos metacêntricos e

um par acrocêntrico assim como D. sturtevanti. Em contrapartida, assim como em

D. sturtevanti, a maior parte dos estudos relacionados a D. prosaltans estão

restritos a estudos de evolução mediados por elementos de transposição (Castro

e Carareto, 2004).

Quando os cromossomos mitóticos de D. prosaltans e D. sturtevanti são

comparados se verifica que um dos metacêntricos dessa espécie é claramente

mais longo que o outro e o acrocêntrico é muito menor do que qualquer um dos

metacêntricos (Dobzhansky e Pavan 1943). No entanto, não há na literatura um

12

mapa de alta resolução dos cromossomos politênicos de D. sturtevanti ou D.

prosaltans, assim como nenhum dentro do grupo saltans, disponível para uma

melhor caracterização citogenética e genômica.

2.5 . Genes de resposta ao estresse e desenvolvimento

As proteínas de resposta ao estresse conhecidas como hsps (heat shock

proteins) foram descritas inicialmente como proteínas induzidas pelo aumento

brusco de temperatura, no entanto, respondem também à presença de metais

pesados e agentes como arsênicos e etanol (Zhimulev, 1996). A resposta ao

choque térmico e os genes Hsps foram descobertos em Drosophila pelo padrão

de ativação de pufes nos cromossomos politênicos em resposta ao calor e

estresse oxidativo (Ritossa, 1962; 1996). O estresse sofrido pela célula causa

uma resposta chamada de Heat Shock Response (HSR) ou resposta ao choque

térmico que resulta em um aumento extremamente rápido na expressão de hsps.

Estas proteínas estão agrupadas em famílias definidas pelo seu peso

molecular denominadas HSP100, HSP90, HSP70, HSP60, HSP40 e HSP20, que

inclui a Ubiquitina, todas bastante conservadas e encontradas desde procariotos

até o homem (Jolly e Morimoto 2000). Muitas destas proteínas têm função de

chaperonas, uma classe de proteínas caracterizadas pela capacidade de modular

a estrutura e dobramento de outras proteínas, processo muito importante, pois

converte cadeias lineares de polipeptídeos em estruturas tridimensionais que

possibilitam que as proteínas exerçam todas as suas atividades vitais (Kim et al.,

2007). Essas proteínas são abundantemente expressas em múltiplos

compartimentos da célula e compreendem uma significativa fração da maquinaria

celular (Bukau et al., 2006; Ron e Walter 2007).

13

A Ubiquitina pertence à família das menores proteínas Hsps, sendo

constituída por 76 aminoácidos e encontrada em todos os animais, leveduras,

bactérias e plantas superiores, sendo altamente conservada (Jolly e Morimoto

2000). Atua como marcador de proteínas, para degradá-las, e está envolvida em

processos de reparo de DNA e na sinalização para endocitose (Mukhopadhyay e

Riezman, 2007). Em D. melanogaster o gene da Ubiquitina está localizado na

seção 63F do braço 3L (Izquierdo, 1994) e caracteriza-se por não ser diretamente

estimulado pelo aumento da temperatura, mas pelos pulsos do hormônio

ecdisona. Em D. willistoni a ubiquitina está localizada na seção 27A do braço XR

(Rieger, 1999; Schaeffer et al., 2008).

O hormônio ecdisona aciona e coordena muitas das transições de

desenvolvimento do ciclo de vida da Drosophila. Pulsos de ecdisona ocorrem

durante toda a fase embrionária, na fase larval, pré-pupa, pupa e adulto,

regulando numerosos processos fisiológicos, incluindo mudanças celulares,

diferenciação e morte (Enright et al., 2004). Assim como os demais hormônios

esteróides, a ecdisona penetra nas células e liga-se com alta afinidade a

receptores que são fatores de transcrição. Estes receptores se ligam a elementos

de resposta e estimulam a ativação de genes específicos que levam ao

desenvolvimento adequado do organismo (Beckstead et al., 2001). Esta cascata

de ativação gênica favorece o aparecimento de um padrão de pufes

característicos ativos. Dentre estes genes de resposta ao hormônio ecdisona esta

o gene E71.

Em D. melanogaster o gene E71 esta localizado na seção 71E do braço 3L

(Restifo e Gregory, 1986), em D. willistoni está localizado na seção 29A do braço

XR (Rieger, 1999; Schaeffer et al., 2008). Com a localização de genes

14

conservados evolutivamente, como é o caso da Ubiquitina e o E71, é possível

inferir sobre como esses marcadores se comportaram durante a evolução.

2.6 . Mapeamento gênico por hibridização in situ em drosofilídeos

A técnica de hibridização in situ tem sido aplicada em cromossomos de

diversos organismos, principalmente para localização de sequências repetitivas.

No entanto, combinada aos cromossomos politênicos de dípteros ela é

especialmente informativa, tendo sido utilizada em diversos gêneros, tais como

Bactrocera (Drosopoulou et al., 2012), Aedes (Timoshevskiy et al., 2013),

Anopheles (Hall et al., 2013), Zaprionus (Campos et al., 2007), entre outros,

também para localização de genes cópia única. A metodologia de hibridização in

situ tem-se mostrado extremamente útil para estudos evolutivos em Drosophila,

pois, através da comparação da localização dos genes em D. melanogaster e em

outras espécies do gênero é possível identificar blocos de sintenia gênica e de

rearranjos cromossômicos entre as espécies, como nos grupos willistoni, obscura

e repleta (Schaeffer et al., 2008, Rohde e Valente, 2012). O posicionamento dos

fragmentos do arcabouço genômico das 12 espécies de Drosophila foi bastante

facilitado pelos dados gerados através de hibridização in situ disponíveis na

literatura (Bhutkar et al., 2008).

O grupo willistoni inclui vários níveis de divergência evolutiva, incluindo

espécies em status nascendi, subespécies e espécies crípticas (Garcia et al.,

2006). Devido à sua importância como modelo evolutivo, D. willistoni foi incluída

como única espécie Neotropical no projeto que resultou no sequenciamento

completo do genoma de 11 espécies de Drosophila (Clark et al., 2007), além de

D. melanogaster (Adams et al., 2000). A análise de 31 fragmentos do arcabouço

15

cromossômico correspondentes a 65% do genoma de D. willistoni (total 235,5 Mb)

revelou-a como a mais diferente entre as 12 espécies, com o maior genoma e as

maiores ORFs, sendo também a única a não possuir genes para selenoproteínas

(Clark et al., 2007; Bhutkar et al., 2008). Com o objetivo de ampliar o estudo

evolutivo entre as espécies estudadas pelo Consórcio Genoma de Drosophila,

foram publicados novos fotomapas para D. willistoni, onde, com a localização de

nove genes estruturais, foi apontado o posicionamento dos fragmentos do

arcabouço cromossômico de D. melanogaster nos cromossomos de D. willistoni

(Schaeffer et al., 2008).

Dados relatados recentemente identificaram a localização dos genes

Hsp70 e Hsp83 em D. sturtevanti (Monte, 2013), sendo verificada uma

conservação na localização desses genes em relação a D. willistoni. Em ambas

as espécies os genes Hsp70 e Hsp83 estão localizados respectivamente nos

braços III e XR, correspondendo aos elementos E e D de Muller, fortalecendo as

relações existentes entre os grupos saltans e willistoni.

O gene Period foi localizado em D. willistoni apresentando pelo menos dois

sítios principais, localizados nos braços XL e III (Monte, 2009). Pela conservação

dos elementos politênicos, estes genes devem apresentar a mesma localização

em D. sturtevanti. Os genes E71 e Ubi foram localizados no braço XR de D.

willistoni (Rieger, 1999; Schaeffer et al., 2008) que corresponde ao elemento D de

Müller. Por inferência, os genes E71 e Ubi estariam localizados no braço XR de D.

sturtevanti de modo que a localização desses genes preencherá as lacunas

existentes na correlação dos elementos cromossômicos.

Os dados relatados sobre localização gênica em drosofilídeos revelam a

importância e eficácia na identificação de blocos sintênicos entre espécies

16

próximas e possibilita uma maior correlação entre Drosophila willistoni e D.

sturtevanti, ampliando assim as informações sobre as relações evolutivas do

subgênero Sophophora (Schaeffer et al., 2008).

17

3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral

Comparar os braços XL e XR e localizar genes nos cromossomos

politênicos de Drosophila sturtevanti, através de hibridização in situ permanente

no intuito de contribuir para o entendimento da evolução cromossômica no

subgênero Sophophora.

3.2. Objetivos Específicos

1. Aprimorar o fotomapa de referência para os cromossomos politênicos de D.

sturtevanti;

2. Confeccionar o fotomapa do braço XR de D. prosaltans;

3. Comparar os braços XL e XR de D. sturtevanti com os de D. prosaltans e D.

willistoni;

4. Localizar por hibridização in situ permanente os genes Ubi (gene de resposta

ao estresse) e E71 (gene de resposta ao hormônio ecdisona);

5. Comparar o posicionamento dos genes Ubi e E71 em D. sturtevanti, D.

willistoni e D. melanogaster, gerando novos dados sobre as reorganizações

cromossômicas sofridas pelas espécies no subgênero Sophophora.

18

4. Material e Métodos

4.1. Linhagem utilizada, cultivo e manutenção dos estoques

As linhagens DIR e DIR 2 (Dois Irmãos Recife) foram coletadas no campus

da UFRPE por nossa equipe em 2009 e 2013, respectivamente e estabelecidas

no Laboratório de Experimentação em Drosophila (LED). A linhagem DIR é de D.

sturtevanti, utilizada para construção do fotomapa e localização dos genes. A

linhagem DIR 2 é de D. prosaltans utilizada para construção do fotomapa do

braço XR. As linhagens foram mantidas em recipientes de 60 mL tampados com

rolhas de espuma. Em cada um destes foi colocado o meio de cultura, onde

ocorreu a postura dos ovos e o posterior desenvolvimento das larvas utilizadas

nas preparações citológicas. As larvas foram mantidas sob luz e temperatura

constantes (22-24 °C) e alimentadas com fermento biológico todos os dias a fim

de se obter um desenvolvimento satisfatório das larvas para posterior obtenção

dos cromossomos politênicos.

O preparo do meio de cultura foi realizado com farinha de milho (150 g),

aveia (50 g) e centeio (25 g), fermento biológico (10 g), mel (30 g), banana (100 g

diluídas em 100 ml de água), antifúngico (Metil parabeno, 1,5 g em 30 ml de

etanol) e os ácidos fosfórico e propiônico (6 ml cada diluídos em 12 ml de água

destilada). O meio foi preparado no micro-ondas durante 15 min sendo

homogeneizado a cada 1 min.

4.2 . Tratamento das lâminas e lamínulas

4.2.1. Convencional

As lâminas foram lavadas com detergente e deixadas para secar por 24 h

protegidas de poeira. Após a secagem foram imersas em uma solução de gelatina

19

comestível dissolvida em água destilada na proporção 7,5 g/L. Após secarem

foram armazenadas em caixas a 4°C.

4.2.2. Hibridização

Após a lavagem inicial as lâminas foram imersas em álcool 70% a

temperatura ambiente por 1h, depois em solução SSC/Denhardt’s a 65° C por 2 h

e 30 min e fixadas em etanol-acético (3:1) por 30 min. Depois de secas foram

armazenadas a 4º C.

4.2.3. Lamínulas

As lavagens das lamínulas foram feitas, inicialmente, com detergente

comercial, etanol e ácido clorídrico. Após a secagem foram imersas em solução

de silicone/clorofórmio na proporção de 1:50.

4.3. Preparação citológica

Larvas de 3º estágio são ideais para a preparação de cromossomos

politênicos, pois eles se apresentam de forma mais desenvolvida. Com o auxílio

de pinças segurou-se os lados anterior e posterior do corpo da larva (dentículos

do aparelho bucal e seção posterior) e puxou-se até retirada da porção anterior

com as glândulas salivares. A glândula foi colocada na lâmina e adicionou-se o

fixador (3 ác. propiônico:2 água destilada:1 ác. lático). Após 3 min o excesso de

fixador foi retirado com papel filtro e para preparação de lâminas pela coloração

convencional foi adicionado o corante orceína-lacto-acética (2%) por 3 min. O

material foi esmagado e espalhado sob a lamínula. Retirou-se o excesso de

corante e para evitar o ressecamento do material as bordas da lamínula foram

seladas com esmalte.

Na preparação das lâminas para hibridização foi seguida a mesma

metodologia das preparações coradas. Entretanto, foi adicionada uma gota de

20

ácido propiônico a 45% e o fixador (3 ác. propiônico:2 água destilada:1 ác. lático)

por 3 min, sem a adição do corante. Após a preparação as lâminas ficaram na

horizontal por no mínimo 18 h na geladeira (4° C). Após este período as lamínulas

foram retiradas com nitrogênio líquido e as lâminas passaram por banhos de

estringência, onde foram colocadas por 2 h em álcool 70%, passaram por uma

solução de SSC 2% em banho-maria (65° C) por 30 min, um banho em álcool

70% (65° C) por 5 min, um banho em álcool 95% (65° C) por 5 min e outros dois

banhos em álcool 70% e 95% de 10 min cada, conforme descrito em Campos et

al. (2007).

4.4. Preparação da Sonda

4.4.1. Amplificação e marcação dos plasmídeos

Os fragmentos dos genes Ubi e E71 foram clonados do genoma de

Drosophila melanogaster. Os fragmentos dos genes foram inseridos em

plasmídeos e os clones utilizados foram amplificados em Escherichia coli (DH5

alfa) no meio LB com o antibiótico ampicilina (100 µg/mL) (Ausubel et al., 2002).

Para a utilização como sondas, os plasmídeos completos foram marcados com

biotina (dUTP), utilizando o sistema BioNick DNA (Invitrogen).

4.4.2. Hibridização in situ permanente (PISH)

A hibridização in situ permanente foi realizada em tampão contendo 50%

de formamida a 37° C por 40 h, utilizando 500 ng de DNA marcado para cada

lâmina. A revelação foi realizada com estreptoavidina/fosfatase alcalina (SAP),

azul de nitro tetrazólio (NBT) e bromo-cloro indolil fosfato (BCIP), em condições

de estringência de 50% (2X SSC à 37o C) (Silva Valenzuela et al., 2006). As

lâminas foram contra coradas com orceína-lacto-acética (2%) e montadas em

Entellan (Merck) ®.

21

A técnica de PISH exige uma frequência de núcleos marcados superior a

30% para se considerar a marca consistente.

4.5 . Análise Microscópica

O material foi analisado em microscópio sob contraste de fase para

determinar o local e o número de marcações nos cromossomos politênicos das

lâminas hibridizadas. Os cromossomos marcados por hibridização in situ foram

fotografados utilizando o fotomicroscópio (Leica) na objetiva de 100X sob

contraste de fase no Departamento de Genética da UFPE.

22

5. Resultados

5.1. Fotomapa de D. sturtevanti

A confecção do fotomapa de D. sturtevanti foi realizada por Monte (2013) e

a inserção de subseções foram feitas neste trabalho. No fotomapa de referência

de D. sturtevanti os cromossomos politênicos da espécie foram divididos em 100

seções, tendo cada braço de 15 a 24 seções e de 3 a 6 subseções em cada

seção. Todos os braços foram orientados com as regiões centroméricas para o

lado esquerdo e as regiões teloméricas para o lado direito (Fig.2). A identificação

dos braços foi baseada na tendência a permanecerem conectados e na

comparação e reconhecimento dos padrões de bandas, interbandas e pufes

homólogos aos de D. prosaltans e outras espécies.

O par I de D. sturtevanti, correspondente ao cromossomo X, apresenta

morfologia submetacêntrica, pois o braço XL é menor que o XR, sendo também o

menor de todos os braços politênicos. O braço XL foi subdividido em 15 seções,

da seção 1 a 15, apresentando como principais marcas de reconhecimento a

ponta aberta e constrições evidentes na subseção C da seção 10, subseção A da

seção 11 e subseção A da seção 13, bem como as regiões de pufes bem

evidentes na seção 3, subseções B a E da seção 6, seção 9, subseções A a C da

seção 10 e seção 13. Por sua vez, o braço XR foi subdividido em 20 seções, da

seção 16 a 35 apresentando marcas bem caracterizadas e de fácil identificação.

Apresentou ainda ponta em forma de leque seguida de três bandas de forte

marcação (subseções C e D da seção 35), além de grandes pufes nas seções 18

e 27 e constrições na subseção E da seção 17 e subseção B da seção 21. É

importante destacar uma sequência na seção 25 que pode ser visualizada como

bandas sobressalentes na posição horizontal.

23

O cromossomo II apresenta-se metacêntrico, embora o braço IIL seja

levemente menor que o braço IIR. O braço IIL foi subdividido em 20 seções, de 36

a 55 cujas principais marcas de identificação são o grande pufe na seção 49 e

outro menor na seção 45. Para este braço foram observadas constrições na

subseção A da seção 39, subseção B da seção 44 e subseção A da seção 50. O

braço IIR foi dividido em 21 seções, da 56 a 76. Apresenta ponta em forma de

bulbo com duas bandas evidentes pontilhadas (subseção D da seção 76),

finalizando em uma constrição após uma banda bem evidente. Entretanto, a

constrição mais evidente está na subseção A da seção 65. O maior pufe do braço

está localizado na seção 73.

O cromossomo III representa o único par acrocêntrico, sendo o maior dos

braços politênicos da espécie e foi subdividido em 24 seções, da 77 a 100 e

mostra ponta fusiforme (seções 77 e 78). Os maiores pufes deste cromossomo

são visualizados nas subseções C e D da seção 85 e seção 90. A banda da

subseção A da seção 83 tem aspecto pontilhado. A única constrição evidente

ocorre na subseção B da seção 98.

5.2. Comparação dos braços XL de D. sturtevanti com D. prosaltans e D.

willistoni

Após a confecção do mapa de referência para D. sturtevanti, e posterior

inserção de subseções, foi possível comparar o braço XL desta espécie com os

braços XL das espécies D. willistoni descrito em fotomapa por Schaeffer et al.,

(2008) e D. prosaltans descrito em desenho mapa por Cavalcanti (1948),

observando suas relações de padrão de bandas, interbandas e pufes. Estes

marcadores refletem o padrão de ativação gênica no 3° estágio larval e

24

possibilitam uma relação direta entre os elementos cromossômicos de espécies

que possuem mapas politênicos descritos (Fig.3).

Baseado nos padrões de bandas, interbandas e pufes presentes nos

cromossomos politênicos das espécies analisadas, os braços politênicos

apresentaram um padrão conservado (Fig.3). A ponta do braço XL de D.

prosaltans se apresenta fechada, enquanto que D. sturtevanti e D. willistoni

apresentam ponta aberta. Na comparação do padrão de bandas, interbandas e

pufes entre D. sturtevanti e D. prosaltans podem ser visualizados blocos de

sintênia que se repetem por todo o cromossomo, com especial destaque para

regiões de constrição que ocorrem na subseção C da seção 10 e subseção A da

seção 11 de D. sturtevanti às quais são correspondentes às seções 8 e 6 de D.

prosaltans, respectivamente.

Em D. sturtevanti cinco regiões de pufes se destacam: seção 3, subseções

B a E da seção 6, seção 9, subseções A a C da seção 10 e seção 13 (Fig. 3),

sendo observada correspondência destes pufes em D. prosaltans: o pufe na

seção 3 de D. sturtevanti corresponde a seção 15 de D. prosaltans; o pufe das

subseções B a E da seção 6 de D. sturtevanti corresponde a seção 13 de D.

prosaltans; o pufe da seção 9 tem correspondência com a seção 8 de D.

prosaltans; o pufe das subseções A a C da seção 10 encontra correspondência

com o da seção 7 de D. prosaltans e o pufe da seção 13 de D. sturtevanti tem

correspondência com o da seção 4 de D. prosaltans demonstrando um padrão

conservado de ativação gênica que reflete na expressão desses pufes.

Por outro lado, D. sturtevanti aparentemente apresenta uma duplicação

entre as subseções A e B da seção 6 e a subseção A da seção 7 do braço XL.

Essa característica não foi visualizada no braço descrito de D. prosaltans, não

25

sendo encontrada uma similaridade clara para essas regiões. Porém, é

importante destacar que o braço XL descrito para D. prosaltans é um desenho

que, mesmo possibilitando uma primeira comparação para a espécie, não oferece

total resolução do padrão de bandas, interbandas e pufes da espécie. De maneira

geral, os padrões encontrados entre D. prosaltans e D. sturtevanti apresentam

uma similaridade que reflete a relação existente entre as duas espécies.

Na comparação entre os padrões de bandas encontrados nos braços XL

de D. sturtevanti e D. willistoni foram localizadas diversas regiões de similaridade.

Entre elas destacam-se a constrição encontrada na subseção A da seção 11 de

D. sturtevanti e sua correspondência na subseção A da seção 5 de D. willistoni,

além da correspondência encontrada entre os pufes das subseções B a E da

seção 6, seção 9, subseções A a C da seção 10 e seção 13 de D. sturtevanti

respectivamente na subseção A da seção 9; nas subseções D e E da seção 6;

nas subseções C e D da seção 5 e subseção B da seção 3 de D. willistoni. Esta

comparação revelou um padrão conservado de pufes ativos em ambas as

espécies.

Outro pufe que pode ser destacado, presente na seção 3 de D. sturtevanti,

foi relacionado com a seção 14 de D. willistoni, porém, esta mesma região de D.

willistoni parece estar duplicada na seção 13 desta espécie, característica não

encontrada para esta seção em D. sturtevanti. Da mesma forma, a duplicação

visualizada entre as subseções A e B da seção 6 e a subseção A da seção 7 do

braço XL de D. sturtevanti, não foi visualizada em D. willistoni não sendo

encontrada uma correspondência clara para essas regiões. De maneira geral

esses dois elementos cromossômicos apresentam blocos de similaridade.

26

Na comparação do padrão de bandas, interbandas e pufes do braço XL de

D. sturtevanti, D. prosaltans e D. willistoni foi observado um padrão conservado

entre as espécies do presente estudo.

5.3. Confecção do braço XR de D. prosaltans e comparação dos braços XR

de D. sturtevanti, D. willistoni e D. prosaltans.

Estendendo a comparação dos padrões de bandas, interbandas e pufes,

foi confeccionado o braço politênico XR de D. prosaltans. A confecção de um

mapa parcial de alta resolução torna ainda mais claro o padrão de marcas

encontradas nesse braço politênico e possibilita uma comparação direta e

especifica desses marcadores com os de espécies próximas. Nesse sentido,

primeiro foi utilizada a descrição de Cavalcanti (1948) para identificação do braço

XR de D. prosaltans, então, foi confeccionado o braço XR e estabelecida à

relação entre as seções do braço produzido por Cavalcanti e o braço

confeccionado no presente trabalho (Fig. 4).

A relação entre os braços XR foi estabelecida conservando as 18 seções

em que o cromossomo havia sido dividido anteriormente, que correspondem da

seção 18 a 35 com posterior inserção de subseções estabelecidas de A a F. A

seção 23 chamou atenção por ser bem maior que todas as outras seções

encontradas nesse braço politênico, além do grande pufe encontrado nas

subseções A e B da seção 29 e a ponta em leque encontrada na seção 35 (Fig.

5).

Após a confecção e relação das seções do braço XR de D. prosaltans, foi

possível comparar os padrões encontrados no braço politênico dessa espécie

com os encontrados em D. sturtevanti e D. willistoni. Nesse sentido destaca-se a

27

ponta dos braços politênicos das três espécies que se apresentam em forma de

leque, sendo esta uma característica marcante desse braço politênico e que ajuda

na sua identificação. Esta ponta esta localizada nas subseções C e D da seção 35

de D. sturtevanti, seção 35 de D. prosaltans e subseção B da seção 36 de D.

willistoni (Fig. 6).

Na comparação entre os braços XR de D. sturtevanti e D. prosaltans são

visualizados diversos pontos de similaridade no decorrer do cromossomo, com

especial atenção para os grandes pufes nas seções 18 e 27 do braço XR de D.

sturtevanti que possui correspondência na seção 20 e subseções A e B da seção

29 de D. prosaltans, sendo o pufe da seção 20 de D. prosaltans bem menor que o

encontrado em D. sturtevanti. Duas constrições marcantes são encontradas na

subseção E da seção 17 e subseção B da seção 21 de D. sturtevanti, tendo

relação com a subseção A da seção 20 e subseção B da seção 23 de D.

prosaltans, sendo as constrições de D. sturtevanti bem mais acentuadas que as

encontradas em D. prosaltans. Na seção 25 do braço XR de D. sturtevanti é

encontrada uma sequência de bandas sobressalentes na horizontal, não sendo

encontrada uma correspondência dessas bandas em D. prosaltans. A seção 23

de D. prosaltans, estabelecida pela comparação com o mapa descrito por

Cavalcanti (1948), é relativamente grande e são encontrados poucos pontos de

similaridade na correlação dessa região com o braço XR de D. sturtevanti.

Comparando o braço XR de D. sturtevanti com o braço XR de D. willistoni

foi observado diversos pontos de similaridade. Os maiores pufes desse braço

politênico, nas seções 18 e 27, de D. sturtevanti encontram correspondência nas

subseções A e B da seção 19 e subseção A da seção 29 respectivamente de D.

willistoni. As constrições na subseção E da seção 17 e subseção B da seção 21

28

de D. sturtevanti também estão presentes na subseção B da seção 18 e subseção

C da seção 23 de D. willistoni respectivamente. Chama atenção o pufe das

subseções A e B da seção 20 de D. willistoni que não encontra correspondência

em D. sturtevanti e a sequência de bandas sobressalentes na horizontal

encontradas na seção 25 de D. sturtevanti que não encontra correspondência em

D. willistoni.

Assim como na comparação do braço XL de D. sturtevanti, D. prosaltans e

D. willistoni o braço XR também demonstrou a presença de padrões de bandas,

interbandas e pufes conservados entre essas espécies.

5.4. Localização cromossômica dos genes Ubi e E71

Os genes Ubi e E71 foram hibridizados nos cromossomos politênicos de D.

sturtevanti para estabelecer a relação da localização desses genes com D.

willistoni e D. melanogaster para obter mais informações que possibilitem inferir

sobre a sintênia dos elementos de Müller em D. sturtevanti.

O gene Ubi foi mapeado em D. sturtevanti na subseção B da seção 26 do

braço cromossômico XR e apresentou 62% de frequência de hibridização (Fig.

7a). Na hibridização do gene E71 foi evidenciada a localização do mesmo na

subseção B da seção 27 do braço XR, com 40% de frequência de hibridização

(Fig. 7b). Na hibridização de ambos os genes não foram encontradas outras

marcações significativas.

29

Figura 2 – Fotomapa dos cromossomos politênicos de Drosophila sturtevanti, linhagem DIR. Os centrômeros estão voltados à esquerda. Setas indicam regiões de pufes. Escala: 10µm

30

Figura 2 – Continuação do Fotomapa dos cromossomos politênicos de Drosophila sturtevanti, linhagem DIR. Os centrômeros estão voltados à esquerda. Setas indicam regiões de pufes. Escala: 10µm

31

XL D. prosaltans Cavalcanti, 1948

XL D. willistoni Schaeffer et al., 2008

XL D. sturtevanti Monte, 2013; Presente

Trabalho.

Figura 3 – Relação entre o braço XL de D. sturtevanti (central) com os braços XL de D. prosaltans (acima) e D. willistoni (abaixo). Mostrando em azul a correlação de pufes importantes.

32

Figura 4 – Relação entre o braço XR de D. prosaltans publicado por Cavalcanti (acima) e o braço XR confeccionado no presente trabalho (abaixo). As linhas azuis indicam as relações entre as seções nos dois braços politênicos. As setas do braço descrito por Cavalcanti (acima) indicam regiões de contrição em que o cromossomo quebra facilmente.

D. prosaltans

Figura 5 – Braço XR de D. prosaltans confeccionado no presente trabalho, com subseções.

XR

XR

XR

33

Figura 6 – Relação entre o braço XR de D. sturtevanti (central) com os braços XR de D. prosaltans (acima) e D. willistoni (abaixo). Mostrando diversos pontos de similaridade. Em azul escuro são mostrados os pontos de correspondência mais importantes.

XR D. prosaltans Presente Trabalho.

XR D. sturtevanti Monte, 2013;

Presente Trabalho.

XR D. willistoni Schaeffer et al.,

2008

34

Figura 7 – Braços cromossômicos XR de D. sturtevanti, mostrando a localização dos genes Ubi (A) e E71 (B) através de hibridização in situ permanente. As barras em azul indicam a correspondência da marcação nas seções do braço XR. As setas indicam a localização do gene hibridizado.

XR

A B

35

6. Discussão

A confecção do fotomapa de referência para os cromossomos politênicos

de D. sturtevanti permite localizar marcadores físicos que possibilitam a relação

com espécies que possuem mapas descritos, de modo que é possível fazer

inferências de como esses marcadores se comportaram durante a evolução,

esclarecendo assim divergências dentro do grupo saltans. A comparação dos

marcadores existentes nos braços XL e XR de D. sturtevanti com os braços XL e

XR de D. prosaltans (em especial o braço XR aqui descrito) e D. willistoni,

possibilitou uma análise inicial das relações existentes dentro do grupo saltans e a

comparação com o grupo willistoni, ambos pertencentes ao subgênero

Sophophora.

A comparação entre braços do cromossomo X de D. sturtevanti e D.

prosaltans apresentada neste trabalho evidenciou que existe a conservação do

braço XR. Contudo o braço XL e o cromossomo III de D. prosaltans

correspondem respectivamente ao cromossomo III (acrocêntrico) e ao braço XL

de D. sturtevanti quando se observa os cromossomos mitóticos dessas espécies.

Estas evidências corroboram o trabalho de Dobzhansky e Pavan (1943), o qual

indica que o complemento mitótico de D. sturtevanti é ancestral em relação ao de

D. prosaltans, pois o cariótipo desta ultima é oriundo de um evento de

translocação. Neste trabalho também foi possível observar que o padrão de

bandas, interbandas e pufes é conservado com relação aos cromossomos XL e

XR, mesmo com a quebra cromossômica presente em D. prosaltans.

Os braços XR e XL de D. sturtevanti e D. willistoni ao serem comparados

permitiram inferir sobre a sua correspondência quanto aos elementos de Müller.

Dessa forma, considerando a sintênia estabelecida entre D. willistoni e D.

36

melanogaster por Schaeffer et al. (2008), onde foi visto que o metacêntrico X de

D. willistoni (grupo willistoni) foi gerado a partir da fusão dos elementos A e D de

Müller (X e o braço autossômico 3L de D. melanogaster), evento também

encontrado em D. pseudoobscura e D. persimillis ambas do grupo obscura

(Schaeffer et al., 2008), propomos que os braços XL e XR de D. sturtevanti

correspondem respectivamente aos elementos A e D de Müller. Da mesma forma

pode-se inferir a partir dessa comparação que os braços XL e XR de D.

prosaltans correspondem aos elementos A e D de Müller, ao passo que mesmo

com a translocação presente nessa espécie, os elementos de Müller

permaneceram conservados.

Apesar da conservação dos elementos politênicos nas espécies do

presente estudo, duplicações nos braços XL de D. sturtevanti e D. willistoni foram

encontradas. Estas duplicações são possivelmente resultado da atividade de

elementos de transposição presentes no genoma dessas espécies, os quais

também podem ser responsáveis pela ocorrência de inversões observadas

(Kobayashi e Bicudo 1997; Rohde e Valente, 2012; Monte, 2013). Elementos de

transposição, particularmente elementos P, são encontrados nos principais

grupos de espécies de Drosophila (melanogaster, obscura, saltans e willistoni)

tendo uma grande importância nas alterações que causam variabilidade dentro

das espécies (Castro e Carareto, 2004). Portanto, é sugerido que estes elementos

são provavelmente os responsáveis pelo evento que deu origem ao cariótipo de

D. prosaltans.

A localização do gene Ubi na subseção B da seção 26 do cromossomo XR

de D. sturtevanti possibilitou inferir sobre a correspondência deste braço politênico

com o elemento D de Müller (Fig. 8). Esta correspondência também foi observada

37

em D. willistoni para o gene Ubi (Schaeffer et al., 2008), assim como em D.

melanogaster onde este gene está localizado no braço 3L (Izquierdo, 1994).

Embora tenha sido observada a conservação quanto a localização do gene Ubi no

braço cromossômico XR de D. sturtevanti e D. willistoni, a localização na

subseção B da seção 26 difere da localização esperada (seção 24) pela

comparação do padrão de bandas. Esta localização diferente é possivelmente

oriunda de uma pequena inversão.

A localização do gene E71 em D. sturtevanti na subseção B da seção 27

do braço XR corrobora com a inferência de que esse braço politênico corresponde

ao elemento D de Müller (Fig. 8). Esse gene também se encontra localizado no

braço XR de D. willistoni (Schaeffer et al., 2008) e no 3L de D. melanogaster

(Restifo e Gregory, 1986), correspondendo para ambas às espécies ao elemento

D de Müller.

O gene Hsp83 localizado por Monte (2013) no cromossomo XR de D.

sturtevanti fortalece ainda mais a hipótese de que este braço politênico

corresponde ao elemento D de Müller, pela corespondente localização desse

gene no braço XR de D. willistoni (Schaeffer et al., 2008) e no braço 3L de D.

melanogaster (Holmgren et al., 1981). No braço cromossômico III de D.

sturtevanti, Monte (2013) localizou o gene Hsp70, indicando correspondência com

o elemento E de Muller, pois este gene apresenta conservação da localização no

cromossomo lll de D. willistoni (Bonorino et al., 1993) e no braço 3R de D.

melanogaster (Livak et al., 1978). A relação dos elementos politênicos utilizando

os genes mapeados no presente trabalho e a comparação do padrão de bandas,

interbandas e pufes possibilitou inferir que os elementos de Müller permanecem

conservados em D. sturtevanti (Fig. 8).

38

A localização dos genes Ubi, E71 e Hsp83 no mesmo elemento politênico

de D. melanogaster, D. willistoni e D. sturtevanti possibilitou relacionar o

posicionamento desses genes nas três espécies (Fig. 8). Dessa forma, D.

willistoni e D. sturtevanti conservam o posicionamento dos genes da base à ponta

do cromossomo, sendo a sequência: Ubi – E71 – Hsp83 (Fig. 8). No entanto,

quando comparados com D. melanogaster, foi possível verificar uma alteração do

posicionamento dos genes Ubi e E71 provavelmente oriundo de uma inversão

entre esses genes, que deu origem a sequência de posicionamento da base à

ponta: E71 – Ubi – Hsp83 em D. melanogaster (Izquierdo, 1994; Restifo e

Gregory, 1986; Holmgren et al., 1981) (Fig. 8). Enquanto o gene Hsp83 mantém

sua localização conservada nas três espécies analisadas, sendo mais próximo a

ponta do elemento politênico.

Ainda que os dados apresentados no presente trabalho sejam de grande

contribuição para o estudo evolutivo das espécies em pauta, é importante a

realização de novos estudos de comparação entre os elementos cromossômicos

de D. sturtevanti e espécies próximas, no intuito de revelar novos blocos de

sintênia que possam elucidar as relações existentes entre os grupos saltans e

willistoni, bem como com outras espécies de drosofilídeos. Além disso, é

importante a identificação de novos marcadores a partir da localização de genes

em D. sturtevanti, em especial os genes Dpp e Period, os quais foram mapeados

em D. willistoni e D. melanogaster. Estes estudos poderão contribuir para futuras

inferências sobre rearranjos existentes durante a evolução e diversificação das

espécies.

39

E71

D. melanogaster

X 2L 2R 3L 3R 4

D. willistoni

XL XR IIR III IIL

D. sturtevanti

XL XR IIR IIL III

Elemento A Elemento B Elemento C Elemento D Elemento E Elemento F Figura 8 - Esquema comparativo da correspondência dos elementos de Müller em Drosophila melanogaster, Drosophila willistoni e Drosophila sturtevanti considerando a localização de genes de copia única e a sequência da localização desses genes no elemento D.

Hsp70 Hsp83

Hsp70 Hsp83

Hsp70 Hsp83

E71

Ubi

E71

Ubi

(Monte, 2013; Presente Trabalho)

(Bonorino et al., 1993; Rieger, 1999; Schaeffer et al., 2008)

(Holmgren et al., 1981; Restifo e Gregory, 1986; Izquierdo, 1994)

Ubi

40

7. Conclusões

1. Na comparação do braço XL e XR entre D. sturtevanti, D. prosaltans

e D. willistoni foram encontradas correspondências de bandas,

Interbandas e pufes ativos que refletem as relações existentes entre

essas espécies e possibilitaram inferir, por sintênia estabelecida

entre D. willistoni e D. melanogaster, que estes braços politênicos

correspondem aos elementos A e D de Müller.

2. A confecção do braço XR de D. prosaltans possibilitou uma melhor

visualização do padrão de bandas, interbandas e pufes encontrados

nesse elemento politênico e tornou a comparação com D. sturtevanti

ainda mais informativa.

3. A localização dos genes Ubi e E71 no braço XR de D. sturtevanti

possibilitou relacionar esta localização com D. willistoni e D.

melanogaster de modo que a conservação da localização destes

genes nessas espécies fortaleceu ainda mais a hipótese de que

esse braço politênico corresponde ao elemento D de Müller.

4. A localização dos genes Ubi, E71 e Hsp83 mostrou a conservação

da posição em D. willistoni e D. sturtevanti, enquanto que em D.

melanogaster a posição dos genes Ubi e E71 está invertida. Já o

gene Hsp83 tem seu posicionamento conservado nas três espécies

analisadas.

41

8. Referências Bibliográficas

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47

9. Curriculum vitae (Lattes)

Antonio Terto da Silva Junior

Curriculum Vitae

_________________________________________________________________

Dados pessoais

Nome Antonio Terto da Silva Junior

Nascimento 03/10/1990 - recife/PE - Brasil

CPF 089.731.354-22

_________________________________________________________________

Formação acadêmica/titulação

2012 Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Genética.

Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, Brasil

Título: Evolução cromossômica e mapeamento de genes no

cromossomo X de Drosophila sturtevanti (grupo saltans).

Orientador: Rita de Cassia de Moura

Co-orientador: Tania Tassinari Rieger

Bolsista do (a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico

2008 - 2011 Graduação em licenciatura plena em ciências biológicas.

Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, Brasil

Bolsista do (a): UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO/PROACAD

_________________________________________________________________

Formação complementar

48

2009 - 2010 GN006-INTRODUÇAO A GENÉTICA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO/PROACAD,

UFPE, Brasil.

Bolsista do (a): UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO/PROACAD

_________________________________________________________________

Atuação profissional

1. Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Vínculo institucional

2010 – 2011

Vínculo: Outro (bolsista pibic), Enquadramento funcional: SEMANAL, Regime:

Dedicação exclusiva.

_________________________________________________________________

Projetos

Projetos de pesquisa

2012 – Atual

Evolução cromossômica e mapeamento de genes no cromossomo X de

Drosophila sturtevanti (grupo saltans).

Descrição: Este projeto visa ampliar os estudos evolutivos no gênero Drosophila,

através do mapeamento de genes evolutivamente conservados, nos

cromossomos politênicos de Drosophila sturtevanti e da comparação de

marcadores convencionais dos braços XL e XR de Drosophila sturtevanti com os

de Drosophila prosaltans e Drosophila willistoni.

Situação: Em andamento Natureza: Projetos de pesquisa

49

Alunos envolvidos: Mestrado acadêmico (3);

Integrantes: Antonio Terto da Silva Junior (Responsável); Tânia Tassinari Rieger;

Rita de Cassia de moura.

2011 - 2012

Subprojeto: “Localização cromossômica do gene HSP70 por hibridização in situ

em Drosophila sturtevanti Duda, 1927 (grupo saltans).”

Situação: Concluído Natureza: Projetos de pesquisa

Integrantes: Antonio Terto da Silva Junior (Responsável); Fernanda Ito dos

Santos; Tânia Tassinari Rieger.

2010 - 2011

Análise do complemento mitótico em Drosophila Sturtevanti Duda, 1927 (grupo

saltans).

Descrição: O projeto tem como objetivo ampliar estudos evolutivos no gênero

Drosophila, descrever o complemento mitótico da linhagem de trabalho e

comparar os resultados com dados relatados para a espécies próximas buscando

novos dados sobre as relações filogenéticas no subgênero Sophophora.

Situação: Concluído Natureza: Projetos de pesquisa

Integrantes: Antonio Terto da Silva Junior (Responsável); Tânia Tassinari Rieger.