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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO
MESTRADO EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL
SUSTENTÁVEL
Marcio Roberto de Lima Martins
COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: UMA FERRAMENTA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A GESTÃO DE CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS
NA ZONA SUL DA CIDADE DO RECIFE/PE
Recife, 2013.
MARCIO ROBERTO DE LIMA MARTINS
COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: UMA FERRAMENTA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A GESTÃO DE CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS
NA ZONA SUL DA CIDADE DO RECIFE/PE
Dissertação apresentada ao programa de
Mestrado da Faculdade de Ciências da
Administração de Pernambuco, por Marcio
Roberto de Lima Martins como requisito parcial
para obtenção do grau de mestre em Gestão
do Desenvolvimento Local Sustentável.
Orientador: Prof. Dr. Fábio José de Araújo
Pedrosa.
Recife, 2013.
MARCIO ROBERTO DE LIMA MARTINS
COLETA SELETIVA DE RESIDUOS SOLIDOS: UMA FERRAMENTA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A GESTÃO DE CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS
NA ZONA SUL DA CIDADE DO RECIFE/PE
Dissertação apresentada ao Mestrado de
Desenvolvimento Local Sustentável – GDLS da
Faculdade de Ciências da Administração de
Pernambuco – FCAP, Unidade de Ensino
Superior da Universidade de Pernambuco – UPE,
como requisito parcial para a obtenção do grau
de Mestre em Gestão de Desenvolvimento Local
Sustentável, sendo objeto de defesa oral, perante
banca examinadora, em sessão pública.
Aprovada em 27 de Dezembro de 2013
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________ Prof. Dr. Luiz Márcio de Oliveira Assunção
Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável Examinador Interno
______________________________________
Prof. Dr. Ericê Bezerra Correia Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável
Examinador Interno
______________________________________ Prof. Dr. Theresa Christina Jardim Frazão
Universidade de Pernambuco Examinador Externo
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, que me permitiu e presenteou com mais esse passo em minha vida, me deu oportunidade de viver e aprender mais a cada dia. A minha querida esposa Priscila Diniz, meu amor, pela tão grande ajuda, companheirismo e por todo incentivo, me fazendo sempre acreditar que poderia chegar até aqui. Aos meus queridos pais, Edmo e Dilma, pelo amor incondicional que tanto me inspira a superar meus limites cada vez mais como uma forma de gratidão pela semente que foi plantada em mim através deles, pelo esforço em me proporcionar a oportunidade de obter uma educação. A minha sogra Lucia, pelo incansável incentivo, minha cunhada Helika por me ceder e adotar o “quarto do castigo” nos últimos momentos da construção desse trabalho, meu cunhado Israel pelo apoio. Aos síndicos e funcionários dos condomínios pesquisados, que me receberam e deram valiosas contribuições. Sem eles, não seria possível a concretização desta dissertação. Aos queridos amigos de turma Daniel, Ana Maria, Carlos, Rosana, Sandra e Willyane pela valiosa amizade, os incentivos no decorrer de nossa caminhada, em todos os momentos que passamos juntos. Valeu! Ao professor Dr. Fabio Pedrosa, pela paciência, conhecimento compartilhado, além da dedicação, principalmente nos últimos momentos na orientação acadêmica me direcionando da melhor forma. A todos os professores e funcionários do Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável da FCAP/UPE, em especial ao Coordenador Ivo Pedrosa, pela acolhida, orientações e contribuições ao longo desta jornada; e à secretária Célia Ximenes, pelo apoio e pela atenção. Aos professores da banca de qualificação da dissertação, pelas valiosas contribuições e sugestões. E a todos que contribuíram, direta e indiretamente, na execução deste trabalho.
RESUMO
O adensamento populacional nas grandes cidades provoca a crescente verticalização das construções urbanas, que incorre em impactos negativos à qualidade ambiental e, consequentemente, à qualidade de vida. São construções verticais que abarcam uma grande concentração de famílias, logo uma grande quantidade de resíduos produzidos nestes condomínios residenciais, o que constitui um aspecto ambiental poluidor de grande potencial, se não planejado e tratado adequadamente desde sua fundação. Estes impactos podem acarretar desde danos à saúde dos moradores até a poluição dos recursos do meio ambiente. Objetivou-se neste estudo a identificação e existência de ações de sustentabilidade em condomínios residenciais despertando e instruindo a população quanto às leis ambientais vigentes e sobre como cada um pode ser um agente transformador na conscientização de separar seus resíduos recicláveis. Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa realizada em 50 condomínios situados no bairro de Boa Viagem, região Sul da cidade do Recife/PE, que possuíam, como critério de inclusão, comunidades próximas, a um raio de 100 metros, ou seja, condomínios que em seu cotidiano recebem catadores e, em tese, deveriam ter uma predisposição a atividade de coleta seletiva. Como resultado constatou-se que, apesar da grande concentração de condomínios e empreendimentos, as ações de sustentabilidade são tímidas. Existem gestões, porem com orientação insuficiente que motive os moradores a se doarem à causa sustentável, ou seja, não possuem conhecimento suficiente para aderir, gerir, e sustentar uma pratica que requer gerenciamento, parcerias e acompanhamento. Portanto sugerem-se outros estudos e promoção de politicas publicas especificas a atenção dessas moradias verticais, campanhas e orientações, promovendo incentivos econômicos, programas visando à melhoria das condições de trabalho aos catadores de material reciclável desta região e às oportunidades de inclusão social e econômica.
Palavras-chaves: Condomínio residencial; Destino dos resíduos sólidos.
Coleta seletiva. Sustentabilidade
ABSTRACT
The population density in large cities causes the increasing vertical integration of urban buildings, which incurs adverse impacts to environmental quality and hence quality of life. Are vertical constructions covering a large concentration of families, so a large amount of waste produced in these residential communities, which is an environmental aspect polluter of great potential, if not planned and handled properly since its founding. These impacts can result from damage to the health of residents by the pollution of environmental resources. The objective of this study was to identify and existence of sustainability actions in arousing condominiums and instructing the population as to the environmental laws and how each can be a transforming agent in the awareness of separate their recyclable waste. This work was conducted through a survey of 50 condominiums located in Boa Viagem, southern region of Recife / PE, who had, as an inclusion criterion, nearby communities, to a radius of 100 meters, ie condos they receive in their daily scavengers and, in theory, should have a predisposition to selective collection activity. As a result it was found that despite the high concentration of condominiums and developments, sustainability actions are shy. There are efforts, but with insufficient guidance to motivate residents to donate to the cause sustainable, ie they have not enough to join, manage, and sustain a practice that requires management, partnerships and monitoring knowledge. Therefore we suggest further studies and promoting public policies specific attention these vertical housing, campaigns and guidelines, promoting economic incentives, programs aimed at improving the working conditions for waste pickers in this area and opportunities for social and economic inclusion. Keywords: residential condominium; disposal of solid waste; selective collection; sustainability
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Modelo triple bottom line e outros formatos organizacionais........27
Figura 2- Ilustração de um lixão ou vazadouro em uma área de disposição
final de resíduos sólidos.............................................................. 38
Figura 3- Ilustração de um aterro sanitário em uma área de disposição final
de resíduos sólidos...................................................................... 39
Figura 4- Ilustração de um aterro controlado em uma área de disposição
final de resíduos sólidos.............................................................. 41
Figura 5- Cestos de coleta seletiva instalados no condomínio................... 43
Figura 6- Cestos de coleta seletiva instalados em local de fácil acesso no
condomínio.................................................................................. 44
Figura 8- Entidades prestadores de serviços de manejo de resíduos sólidos,
por natureza jurídica da entidade, segundo as grandes regiões,
2008............................................................................................. 47
Destino dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos
resíduos brasil- 1989-2008.......................................................... 48
Figura 9- Quantidade de municípios, por regiões brasileira, pesquisados
sobre o aumento populacional pelo IBGE, 2012......................... 49
Figura 10- População urbana, por regiões brasileiras, no ano de 2012
(ibge,2012)................................................................................... 49
Figura 11- Destinação final dos rsu coletados no brasil (Abrelpe, 2012)...... 50
Figura 12- Quantidade de municípios por tipos de destinação adotada-
2012............................................................................................. 51
Figura 13- Objetivos da politica nacional de resíduos sólidos (PNRS)
(BRASIL,2010)............................................................................. 53
Figura 14- Mapa dos bairros da cidade do recife/PE.................................... 65
Figura 15- Mapa de localização das regiões político administrativas (RPA) do
município da cidade do recife/PE................................................ 66
Figura 16- Mapa de localização do bairro de boa viagem em recife/PE....... 68
Figura 17- Comunidade de entra- apulso, boa viagem recife/PE................. 71
Figura 18- Comunidade rosa selvagem, boa viagem, recife/PE................... 71
Figura 19- Comunidade da Borborema, boa viagem, recife/PE................... 72
Figura 20- Comunidade de sítio Cardoso, boa viagem, recife/PE................ 73
Figura 21- Comunidade de sítio Cardoso, boa viagem, recife/PE................ 73
Figura 22- Comunidade de vila Arraes, boa viagem, recife/PE.................... 74
Figura 23- Comunidade de rosa selvagem, boa viagem, recife/PE.............. 74
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
Cempre Compromisso Empresarial para Reciclagem
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DLU Diretoria de Limpeza Urbana
EMLURB Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana
FCAP Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ONU Organização das Nações Unidas
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PSMC Política de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas
RSU resíduos sólidos urbanos
SECOVI Sindicato das Empresas de Compra, Vendas, Locação,
Administração de Imóveis residenciais e comerciais
TBL triple bottom line
LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1- Quantidade de unidades autônomas dos condomínios do bairro
de Boa viagem, Recife/PE........................................................... 78
Gráfico 2 - Tempo que os condôminos estudados são constituídos............. 79
Gráfico 3- Conhecimento dos condomínios do bairro de boa viagem na
cidade do Recife/PE sobre a lei municipal 17.735/11................. 79
Gráfico 4- Aplicabilidade da Lei Municipal 17.735/11 pelos condomínios do
bairro de boa viagem na cidade do Recife/PE............................ 81
Gráfico 5- Opinião dos síndicos dos condomínios residenciais do bairro de
boa viagem na cidade do Recife/PE, sobre o provimento de
recursos para adequação da Lei municipal 17.735/11................ 82
Gráfico 6- Parcerias dos condomínios que declararam ter feito alguma
atividade de CS independente da Lei (46%) com órgãos públicos,
ou com cooperativas de catadores, no bairro de boa viagem na
cidade do Recife/PE.................................................................... 84
Gráfico 7- Motivos para não adesão a coleta seletiva nos condomínios do
bairro de Boa viagem na cidade do Recife/PE............................ 85
Gráfico 8 - Orientações, comunicados, incentivos de órgãos competentes sobre a prática de coleta seletiva................................................ 86
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quantidade de bairros das Regiões Político Administrativas (RPA) da cidade do Recife/PE............................................................... 67
Tabela 2 - Existência, anterior ou atual, de algum projeto de gestão de coleta
seletiva nos condomínios do bairro de boa viagem na cidade do
Recife/PE antes da divulgação da Lei Municipal 17.735/11........ 83
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14
1.1JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 17
1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 17
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 18
1.3 Estrutura da dissertação .............................................................................................. 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 20
2.1 Sustentabilidade e a gestão dos resíduos sólidos ............................................... 20
2.1.1 Sustentabilidade .......................................................................................................... 20
2.1.2 Sustentabilidade inserida nos condomínios residenciais ............................... 22
2.1.3 Sustentabilidade e o Triple Bottom Line .............................................................. 26
2.2.4 Definição e caracterização dos resíduos sólidos urbanos ............................. 29
2.1.6 Impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos urbanos ................. 34
2.2 Desenvolvimento Local Sustentável ......................................................................... 35
2.3 Tipos de destinação dos resíduos sólidos .............................................................. 37
2.3.1 Lixão ou vazadouros .................................................................................................. 37
2.3.2 Aterro sanitário ............................................................................................................ 38
2.3.3 Rejeitos .......................................................................................................................... 40
2.3.4 Aterro controlado ........................................................................................................ 40
2.4 Lixo não, a palavra é oportunidade .......................................................................... 41
2.5 A gestão da coleta seletiva ......................................................................................... 42
2.6 Educação ambiental ...................................................................................................... 45
2.7 Manejo dos resíduos sólidos urbanos no cenário brasileiro ............................. 46
2.8 Legislações reguladoras .............................................................................................. 51
2.8.1 A Politica Nacional de Resíduos Sólidos ............................................................ 51
2.8.2 Lei municipal nº 17.735/2011 .................................................................................. 54
2.8.3 Política de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas ...................................... 54
2.9 O Condomínio ................................................................................................................. 56
2.9.1 O SECOVI ..................................................................................................................... 57
2.9.2 O Síndico ....................................................................................................................... 58
2.9.3 O Sindico como gestor ambiental .......................................................................... 59
2.9.4 O sindico empreendedor .......................................................................................... 61
2.10 Caracterização geral da cidade do Recife ........................................................... 62
2.10.1 Processo histórico da cidade do Recife ............................................................ 63
2.10.2 Aspectos Demográficos ......................................................................................... 64
2.10.3 Aspectos Fisiográficos ............................................................................................ 65
2.10.4 O Bairro de Boa Viagem ........................................................................................ 67
3 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................... 69
3.1 Abordagem da Pesquisa .............................................................................................. 69
3.2 O Instrumento para coleta de dados ........................................................................ 70
3.3 O lócus e sujeitos da pesquisa .................................................................................. 70
3.3.1 Critérios de Inclusão .................................................................................................. 76
3.3.2 Critérios de Exclusão ................................................................................................. 76
3.4 Dimensão amostral ........................................................................................................ 77
3.5 Etapas da pesquisa ....................................................................................................... 77
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 78
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................... 88
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 91
APÊNDICE
ANEXO
14
1 INTRODUÇÃO
Em anos recentes, observa-se um crescente interesse por parte das
organizações em demonstrar responsabilidade socioambiental à sociedade. O
comércio, as relações empresariais e até mesmo as pessoas comuns, de
alguma maneira, sentem-se movidos a contribuir para a longevidade dos
recursos naturais do planeta. A prova disto são as varias campanhas e
propagandas de marketing das empresas veiculadas na mídia mostrando uma
postura diferenciada para sociedade em favor da consciência ecológica.
Nesse sentido, o desenvolvimento econômico somente pode ser
considerado sustentável se acompanhado de medidas de conservação e
preservação ambiental. Do contrário, torna-se desumano, provocando
desigualdade social, assim como desequilíbrios ambientais com negativas
consequências à vida na Terra, podendo ainda se estender às futuras
gerações.
A implementação de políticas ambientais revelou-se como alternativa
viável para minimizar problemas decorrentes do grande aumento da produção
de lixo desde o tempo antigo, observada principalmente a partir do século
XVIII, por ocasião da Revolução Industrial na Inglaterra. A partir desse ponto, a
evolução das comunidades processou-se em duas vertentes: no sentido da
extensão da posse e da propriedade individual dos bens e também na
transformação das antigas relações familiares pré-existentes (BLAYNEY,
2008).
Com o decorrer dos anos, fica evidenciada a preocupação da sociedade
em cuidar do meio ambiente, tornando clara a busca pela minimização das
degradações dos recursos naturais que, se não forem controlados, acarretará
na proliferação de epidemias causadas pelo mau uso do lixo, bem como das
fontes naturais.
Neste sentido, com o adensamento populacional das grandes cidades
promoveu uma crescente verticalização nas construções urbanas que, se não
forem controlados, podem incorrer em impactos negativos à qualidade
ambiental e à qualidade de vida. Em outras palavras, construções verticais
abarcam uma grande concentração de famílias, logo uma grande quantidade
15
de resíduos produzidos nesses condomínios residenciais, o que constitui um
aspecto ambiental poluidor de grande potencial, se não planejado e tratado
adequadamente. Estes impactos podem acarretar desde danos à saúde dos
moradores até a total poluição dos recursos do meio ambiente.
A degradação do meio ambiente natural não pode ser desvinculada de
um contexto que inclui comprometimentos da saúde física, transtornos
psicológicos e psiquiátricos, e desintegração social. Assim, patologias como
doenças infecciosas, degenerativas, cardiovasculares, crises de ansiedade e
depressão, síndrome do pânico, dependência química e exacerbação da
violência, dentre outras, são os componentes constitucionais de um mesmo
fenômeno (SIQUEIRA, 2009). Capra (2002) afirma que o esgotamento dos
recursos naturais não ocorre isoladamente, pois o homem faz parte, integra a
natureza e, logo, sofre com toda e qualquer intervenção devida e ou indevida
sobre ela.
Segundo Radicchi (2009) dados epidemiológicos vem confirmando a
estreita relação entre doenças respiratórias e poluição atmosférica e/ou
mudanças climáticas, patologias essas derivantes da Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica - DPOC (asma, bronquite, Pneumonia, Enfisema pulmonar).
A gestão e a disposição inadequada dos resíduos sólidos causam
impactos socioambientais, tais como degradação do solo, comprometimento
dos corpos d'água e mananciais, intensificação de enchentes, contribuição
para a poluição do ar e proliferação de vetores de importância sanitária nos
centros urbanos e catação em condições insalubres nas ruas e nas áreas de
disposição final (BESEN et al., 2010).
Este estudo tem por objetivo identificar ações de sustentabilidade nos
condomínios residenciais despertando a população quanto às leis vigentes e
sobre como cada um pode ser um agente transformador na conscientização de
separar seus resíduos recicláveis. A apreciação da eficácia se dá pela relação
dos resultados presumidos e aspirados com o intuito de atingir metas por meio
de parâmetros aceitáveis, ou seja, realizar o processo de forma correta
(HERRERA, 2006).
Nesse contexto, identifica-se uma questão norteadora da pesquisa por
meio da seguinte pergunta: como está sendo feita a gestão dos resíduos
16
sólidos orgânicos e recicláveis nos condomínios residenciais localizados no
Bairro de Boa Viagem, região Sul da cidade do Recife e de que forma esses
condomínios estão conduzindo tais ações em favor das leis municipais vigentes
e a Politica Nacional de Resíduos Sólidos?
Assim, o estudo proposto busca responder a essas indagações
mediante dois focos: descrever e analisar como ocorre o processo de
destinação dos resíduos sólidos entre os elos desse sistema, a partir da
legislação vigente; examinar como os síndicos, moradores dos condomínios,
cooperativas de catadores e poder público (órgãos de fiscalização e controle)
participam desse processo na cidade do Recife/PE;
Quanto à pesquisa, os condomínios foram elencados por estarem
localizados nos arredores das comunidades carentes existentes no bairro e
possuem a atividade de coleta por parte dos catadores de resíduos recicláveis.
Assim, a relevância em pesquisar a eficácia dessas atividades está em face de
conhecer, de modo mais profundo, os mecanismos e as iniciativas postas em
prática na concretização da sustentabilidade e desenvolvimento local.
Muito se tem discutido sobre o assunto sustentabilidade, o qual tem
saído da esfera conceitual e passado a ser um dos assuntos centrais em
discussões políticas, nas escolas, nas empresas, nos estabelecimentos
comerciais e também nas moradias.
A sustentabilidade tem deixado de ser um tema de desinteresse da
sociedade, uma vez que as pessoas possuem mais noção sobre o quanto as
ações do presente podem causar vantagens ou prejuízos ao futuro, e ainda
porque, outrora, a população esperava que só quem poderia fazer algo pelo
planeta eram os políticos, além do considerável crescimento populacional
gerando um maior consumo dos recursos naturais.
Os governantes precisaram formar estratégias com a contribuição da
sociedade para administrar esse crescimento bem como possuir uma
mensuração das destinações e produções de lixo reciclável e não reciclável na
cidade.
Acordos setoriais devem existir entre poder público e o setor
empresarial. Esses têm por finalidade viabilizar a logística reversa e a
17
implantação e universalização da coleta seletiva nos municípios brasileiros por
meio de regulamento específico.
1.1 JUSTIFICATIVA
Diante do exposto, este estudo justifica-se por contribuir diretamente
com as discussões atuais sobre a sustentabilidade nos condomínios
residenciais, provocando um despertamento da necessidade de um
gerenciamento de separação do lixo nas residências, conhecendo os meios
utilizados, bem como a eficácia na destinação desses resíduos entres os elos
envolvidos que são os condomínios, cooperativas e as centrais de tratamento
de Resíduos, buscando-se, na prática, evidências de como as atividades
ocorrem. Esta gestão está prevista e indicada nas leis nacionais, estaduais e
municipais vigentes.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em 2010,
possui diretrizes a qual determina que em todo pais, até 2014, não haja
nenhum lixão; a Lei municipal nº 17.735/2011 de Recife, sancionada em
setembro de 2011, obriga os condomínios a organizarem a atividade de coleta
seletiva de seus resíduos; e, em 2013, a Política de Sustentabilidade e
Mudanças Climáticas (PSMC), Lei esta que se encontra em tramitação e tem
como finalidade harmonizar a eficiência econômica e inclusão social e
produtiva, com a proteção e recuperação dos recursos e ativos ambientais.
Com base nessas informações, tem-se a necessidade de investigar de que
forma os condomínios residenciais estão conduzindo ações em favor a estas
Leis.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar a existência de ações de sustentabilidade em condomínios
residenciais de um bairro na região Sul da cidade do Recife/PE.
18
1.2.2 Objetivos Específicos
Investigar a existência da gestão dos resíduos sólidos em condomínios
residenciais de um bairro na região Sul da cidade do Recife/PE,
segundo a lei municipal vigente.
Verificar a adequação dos condomínios, através dos síndicos e
subsíndicos, da região sul do Recife/PE, à lei municipal vigente sobre
resíduos sólidos.
Propor medidas que promovam e aumentem a efetividade da coleta
seletiva, bem como interesse e a participação dos síndicos e
subsíndicos de condomínios residenciais de um bairro da região sul na
cidade do Recife/PE.
1.3 Estrutura da dissertação
Após uma busca de dados, estudos e levantamento das informações
com a intenção em responder aos objetivos pretendidos desta pesquisa, este
trabalho traz a coleta seletiva de resíduos como uma ferramenta de
sustentabilidade para a gestão de condomínios como assunto central. Nessa
visão, este trabalho consiste na estrutura a seguir.
O capitulo inicial introdutório mostra uma rápida abordagem a respeito
do tema, na tentativa de reportar uma forma clara às discussões a respeito da
sustentabilidade e onde está inserida em seu contexto ambiental, além da
delimitação da área de estudo. Nesse sentido, argumenta-se sobre o interesse
na temática, a justificativa, a relevância e a natureza da exposição do assunto,
expondo os objetivos a serem alcançados, norteados por meio dos
procedimentos metodológicos.
O capítulo seguinte apresenta a análise do referencial teórico, com o
objetivo de nortear sobre os conceitos do que irá encontrar nos capítulos que
se seguem, bem como na caracterização geral da área mediante a localização
e processo histórico do município de Recife/PE, principalmente, do bairro de
Boa Viagem. A caracterização do locus da pesquisa foi possível por meio dos
19
aspectos fisiográficos além de uma breve análise sobre os dados demográficos
e econômicos.
Nesse contexto enfatizou-se a sustentabilidade com abordagem de
conceitos-chave como a gestão dos resíduos e a coleta seletiva, dando
subsídios ao embasamento teórico da pesquisa mediante a estruturação dos
conhecimentos sobre educação ambiental bem como sua gestão,
desenvolvimento local sustentável, a gestão de sua política ambiental de
resíduos sólidos e seus tipos de destinação, o condomínio e seus
representantes legais e administrativos que são fundamentais para o
entendimento das tensões e dificuldades para ações de campanhas
governamentais gerando desenvolvimento local.
O terceiro capítulo diz respeito aos procedimentos metodológicos
adotados nesta dissertação, a qual tem seus alicerces na abordagem
quantitativa; desse modo, recorreu-se ao método descritivo e exploratório, que
tem como instrumento de coleta de dados através de questionários
estruturados com os sujeitos, às pesquisas bibliográficas, e as entrevistas
estruturadas, as quais possibilitaram o tratamento das informações apreciadas
por meio da análise de conteúdo.
O último capítulo trata dos resultados alcançados por meio dos dados
obtidos nas entrevistas através dos questionários estruturados, que são objeto
da fundamentação metodológica para análise acerca do gerenciamento da
destinação dos resíduos sólidos e orgânicos produzidos pelas residências
verticais nos condomínios elencados para o estudo.
Na conclusão, estão contempladas as deduções obtidas com uma
síntese interpretativa dos argumentos utilizados no desenvolvimento, além das
recomendações para estudos posteriores e planos de ação e metas que
promovam a gestão do desenvolvimento local sustentável.
20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Sustentabilidade e a gestão dos resíduos sólidos
2.1.1 Sustentabilidade
Mundialmente, as preocupações com a problemática ambiental se
intensificaram a partir da década de 1970. De acordo com Montero; Leite; Melo
(2012, p. 16), o relatório do Clube de Roma, de 1972, também conhecido como
Relatório Meadows, foi o que lançou o primeiro alerta sobre os limites do
crescimento. Toda essa tendência de preocupação das sociedades com o meio
ambiente foi expressamente consagrada a partir de 1972, em Estocolmo, no
texto da Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, onde é
reconhecida a interdependência existente entre a humanidade e a natureza,
destacando suas importâncias comuns fundamentais, também a necessidade
de preservação ambiental independentemente de sua utilidade econômica e de
seu valor para a humanidade.
Em 1983 a ONU instituiu a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no ano de 1987 foi publicado o relatório intitulado Nosso
Futuro Comum, também chamado de Relatório de Brundtland1 (MONTERO;
LEITE; MELO, 2012, p. 19) onde foi definido como conceito base de
desenvolvimento sustentável, ou seja, aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem
as suas próprias necessidades.
Sobre a influência da Declaração de Estocolmo e do Relatório
Brundtland, paulatinamente, a constitucionalização da proteção ambiental
passou a ser uma tendência internacional. O direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado foi reconhecido como um direito fundamental
necessário para viver em condições de dignidade. O fenômeno reflete
claramente a relevância da preocupação com a questão ecológica na nossa
época e a exigência de uma transformação do modelo de desenvolvimento
econômico implementado a partir da revolução industrial (BENJAMIN, 2007).
1 A comissão estava presidida pela primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland.
21
Segundo Silveira (2012, p.160) o entendimento desse relatório é que
para haver um desenvolvimento sustentável, é preciso que as necessidades
básicas de todos sejam atendidas, e que a todos sejam concedidas
oportunidades de realizar seus ideais de uma vida melhor.
Realizada no Rio de Janeiro em 1992, a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento foi outro significativo evento de
repercussão mundial. O evento teve como objetivo discutir os problemas
urgentes referentes à proteção ambiental e desenvolvimento econômico.
Assim, a Declaração advinda da Conferência das Nações Unidas do Rio de
Janeiro, além de ratificar todos os princípios da Declaração de Estocolmo,
acrescentou alguns pontos importantes acerca do desenvolvimento
sustentável, no sentido de que o ser humano tem direito à uma vida saudável e
em consonância com o meio ambiente (AUGUSTIN; JOHN, 2012).
Esta explanação histórica mostra que com o passar dos anos as
questões relacionadas com a manutenção e conservação de nosso
ecossistema estão se tornando comuns nas leis, nas politicas profissionais, nas
empresas, empreendimentos residenciais e comerciais. Almeida (2002)
contribui com esse pensamento:
Para ser sustentável, uma empresa ou empreendimento tem que buscar, em todas as suas ações e decisões, em todos os seus processos e produtos, incessantes e permanentes, a ecoeficiência. Vale dizer, tem que produzir mais e melhor com menos: mais produtos de melhor qualidade, com menos poluição e menos uso dos recursos naturais. (ALMEIDA, 2002, p.78)
No contexto das moradias condominiais, a consciência sustentável
torna-se cada vez mais popularizada com o passar dos anos, cresce a
consciência ecológica, mas, em contrapartida, os problemas e distúrbios
climáticos se espalham manifestando-se com cada vez mais violência e
frequência em consequência das fundações, erosões e consequente
degeneração dos ecossistemas.
Aplicar a sustentabilidade em empreendimentos residenciais não é ser
simplesmente favorável à natureza, estar enquadrado num conceito de
sustentabilidade requer ser ecologicamente correto; as ações serem
economicamente viáveis; ser socialmente justo e ser culturalmente aceito.
22
Assim empreendimentos que se baseiam nesses preceitos básicos podem ser
capazes de impactar de forma positiva as pessoas por eles afetadas,
imediatamente e no futuro. É importante frisar que esses empreendimentos
existem através do comprometimento das pessoas envolvidas, sobretudo na
qualidade de vida, podem ser identificados através do uso racional dos
recursos ambientais e da gestão do tratamento de resíduos decorrentes do
consumo e das implantações do próprio empreendimento.
Essa visão de sustentabilidade que hoje ocupa igualmente espaços de
debate acadêmico e a mídia não é neutra nem imutável. O seu significado tem
variado ao longo do tempo, em sintonia com a dinâmica social, econômica e
política que circunscreve as relações entre a sociedade e a natureza. Afinal de
contas, quem não gostaria, ou não teria curiosidade de morar em um
condomínio ou trabalhar em um empreendimento onde todas as praticas
fossem sustentáveis ou ecologicamente corretas? Louette (2007) ressalta
sobre esse envolvimento dos aspectos econômicos, ambientais e sociais:
A sustentabilidade social está relacionada a princípios éticos, de solidariedade e respeito aos direitos humanos, e é representada pela diminuição das desigualdades sociais, corrupção e violência. O desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente em nossas vidas e vem sendo discutido em teorias e práticas voltadas para o bem social. (LOUETTE, 2007)
2.1.2 Sustentabilidade inserida nos condomínios residenciais
Pensar de forma sustentável partir de empreendimentos inteligentes e
eficientes, ou quando se pensa em apenas viver de maneira ambientalmente
correta, logo remete as ideias a duas premissas opostas: soluções amparadas
em tecnologias com sistemas inteligentes, como o reuso inteligente da água; e
pessoas vivendo em meio a comunidades alternativas, vivendo de maneira
naturalista como em ecovilas.
Prudente (2006) define as ecovilas:
Pode-se defini-la como um assentamento humano, nômade ou sedentário, que busca ser sustentável ecológica, econômica, social e ideologicamente. Isso significa que as pessoas devem morar, comer e viver de forma que não cause degradação à natureza, sustentar-se
23
com recursos próprios, construir um ambiente de relações amigáveis, estimulantes e democráticas e ainda ter uma visão de mundo inspiradora, baseada em princípios humanistas, filosóficos, transdisciplinares e/ou espirituais.
Tais premissas se definirão a partir da perspectiva e caminho que o
planejamento da construção desse empreendimento ira seguir.
Neste sentido, entende-se que é no momento de ser projetado que o
empreendimento precisa atentar para uma gestão de ações sustentáveis, ou
seja, desde a concepção tecnológica sistêmica até os materiais operacionais,
da construção em si. Se não forem precisamente executadas nesta fase,
conforme planejado, será irreversível.
Gonçalves (2006) adverte que tais adventos da tecnologia, quando
apropriados devem fazer parte do desenvolvimento inicial do projeto desde as
suas primeiras etapas de concepção, e não devem ser inseridos como
“acessórios”, para que possam contribuir de fato para o resultado
arquitetônico final e o melhor desempenho do conjunto. O mesmo autor ainda
acrescenta dizendo que, em termos de recursos tecnológicos, envolvendo os
sistemas prediais, são muitas as opções para minimizar o impacto ambiental
dos edifícios, tais como painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas para geração de
energia, painéis solares para aquecimento de água, sistemas de
reaproveitamento de águas cinzas2 e outros.
Cichinelli (2008) infere que, na construção, ser sustentável é usar
materiais com procedência correta, separar e reciclar resíduos, evitar
desperdício e economizar recursos naturais.
Observando as construções desses edifícios, é evidente a necessidade
de uma organização, ou seja, uma cadeia ou um fluxo que facilite a destinação
correta dos resíduos dessa construção, portanto, se esses resíduos já
possuírem uma composição ambientalmente correta causarão o mínimo de
impacto em suas destinações.
2 As “águas cinzas” são aquelas provenientes dos lavatórios, chuveiros, tanques e máquinas de
lavar roupa e louça. Porém, quanto a este conceito, observa-se que ainda não há consenso internacional (FIORI et al, 2006). Segundo Gonçalves (2006), alguns autores não consideram como “águas cinzas” a água resultante de cozinhas, mas sim como água negra, devido às elevadas concentrações de matéria orgânica, de óleos e gorduras nelas presentes.
24
Araujo (2007) diz que o uso de matérias-primas naturais renováveis,
obtidas de maneira sustentável ou por biotecnologia não-transgênica, bem
como a reciclagem de matérias-primas sintéticas por processos tecnológicos
limpos (sem a emissão de poluentes e sem o uso de insumos agressivos)
permitem classificar um produto a partir de critérios ambientais. Como exemplo,
têm-se os produtos de limpeza biológicos, tintas a base de silicato de potássio
ou caseína de leite, plásticos biodegradáveis, chapas de plástico reciclado,
telhas recicladas, combustível vegetal (biodiesel), tijolos de solo cimento, entre
muitos outros, que podem ser incorporados ao cotidiano de qualquer
construção civil.
No Brasil, já se percebe alguma atitude na busca da arquitetura
ambientalmente sustentável, uma vez que alguns arquitetos já tem como
premissa o alcance de altos níveis de qualidade ambiental em seus projetos.
Além disso, alguns concursos de projetos de arquitetura no Brasil vêm exigindo
que as questões de sustentabilidade, principalmente nos aspectos ambientais,
sejam consideradas (MARQUES e SALGADO, 2007).
Em relação à arquitetura Gonçalves (2006) contribui:
A arquitetura sustentável deve fazer síntese entre projeto, ambiente e tecnologia, dentro de um determinado contexto ambiental, cultural e socioeconômico, apropriando-se de uma visão de médio e longo prazos, em que tanto o idealismo como o pragmatismo são fatores fundamentais.
O projeto arquitetônico deve ser acomodado no terreno, procurando,
tanto quanto possível, facilitar os escoamentos e a drenagem e, como
condicionantes, devem ser consideradas a realidade climática local, as
construções vizinhas e sua influencia no projeto, os quadrantes de maior
radiação, a amplitude térmica local, a media da umidade relativa do ar e a
direção e velocidade dos ventos predominantes (NAKAMURA, 2006).
Portanto, uma empresa que constrói edifícios, que se propõe a agir
sustentavelmente, deverá que ter um bom networking de fornecedores e
parceiros para que suas aquisições e operações possam fluir sem atropelos
mercadológicos.
25
Snell e Callahan (2006) indicam passos para se levantar construções
“verdes”, ou seja, que atendam aos conceitos de sustentabilidade:
1. Baixo impacto de construção: construção, quase por definição,
é inicialmente um ato destrutivo. O solo normalmente necessita
ser limpo e remodelado, buracos precisam ser cavados para
fundação e os recursos materiais reformulados para servirem a
edificação. A construção verde minimiza seu impacto no canteiro
de obras e no meio ambiente, utilizando materiais que criam o
mínimo de destruição ecológica através de seu uso.
2. Eficiência dos recursos durante a vida da edificação: o
impacto da construção é apenas a primeira etapa. Uma vez que
um edifício é construído, pessoas irão morar e usa-lo. Esse uso
humano requer recursos para fins como o aquecimento,
refrigeração, água e eletricidade. O edifício verde supre estas
necessidades humanas eficientemente, conservando os recursos.
3. Longa duração: recursos naturais, na forma de materiais de
construção, ferramentas e combustíveis, assim como a energia e
talento humano, vem junto na criação de uma edificação. Quanto
mais tempo a edificação durar, mais tempo levará para que o
meio ambiente tenha que disponibilizar os recursos para substituir
o edifício. Então, quanto mais o edifício durar, mais “verde” ele
é.
4. Não-toxico: para levar uma vida saudável, é preciso manter o
ambiente saudável interna e externamente. Uma construção
verde precisa prover um ambiente interno saudável sem causar
mal nenhum ao ambiente externo.
Takaoka et al (2005) relaciona os maiores problemas encontrados de
impactos ambientais à construção de edifícios, principalmente aos localizados
em regiões metropolitanas: remoção de vegetação, com perda da flora e fauna
regional típica; redução da permeabilidade do solo, causando inundações nas
áreas mais baixas e redução na recarga de agua subterrânea; produção de
“ilhas de calor”, provindas da energia solar; contaminação dos recursos
26
hídricos superficiais e subterrâneos pela poluição (esgoto urbano e efluentes
industriais); contaminação dos recursos hídricos pela agua da chuva, que
carrega consigo diferentes tipos de resíduos e lixo; escassez de agua na
superfície e sob o solo, devido a remoção de recursos hídricos mais naturais;
poluição do ar, causada pelo transporte aéreo e terrestre; poluição visual
devido a urbanização, nem sempre com preocupação paisagística e com a
proliferação de favelas; poluição sonora provinda do trafego pesado e do
constante burburinho das áreas densamente habitadas.
Porem Garcez (2008) parte do principio que o caminho em direção à
sustentabilidade não pode ficar restrito apenas às questões ambientais. Sua
efetividade não começa e termina no edifício em si, mas também – e
principalmente – no impacto que ele causará ao entorno durante seu ciclo de
vida, nos materiais usados na construção e na mão-de-obra contratada, e toda
a mobilização decorrente de sua existência. Portanto quando se trata de
sustentabilidade, o grande ponto deve ser atribuído com igual importância aos
aspectos ambientais, econômicos e sociais em longo prazo.
2.1.3 Sustentabilidade e o Triple Bottom Line
A expressão triple bottom line (TBL) foi formulada por John Elkington,
considerado uma autoridade mundial em responsabilidade corporativa e
desenvolvimento sustentável. Tal expressão foi criada em 1995 para difundir a
ideia de concepção de valor multidimensional baseada em três componentes
do desenvolvimento sustentável: people, planet & profit (pessoas, planeta &
lucros) (ELKINGTON, 2012).
Barbosa (2007) afirma que os atores fundamentais para o
desenvolvimento sustentável consistem em: proteção ao meio ambiente,
igualdade social e crescimento econômico. Esses fundamentos podem
contribuir para uma mudança de paradigma nas organizações, que tendo como
único foco o lucro, podem passar ter uma concepção de desenvolvimento
sustentável, ou seja, um conjunto de ações que juntos contribuem para o bem,
27
não só do meio ambiente, mas de toda uma sociedade dando origem ao TBL
ou Triple Bottom Line da Sustentabilidade.
O TBL surgiu para auxiliar as empresas de petróleo e gás a integrar os
três pilares do desenvolvimento sustentável – prosperidade econômica, justiça
social e proteção ao meio ambiente – nas suas transações mais importantes e
a transpor a sustentabilidade da teoria para a prática. Assim, o planejamento
estratégico das empresas passa a incorporar um novo comportamento,
intitulado triple bottom line por conta do intrínseco relacionamento das
dimensões econômicas, sociais e também ambientais (ELKINGTON, 2012).
ALVARENGA et al (2013) afirmam que o modelo do TBL, Apesar de ter
sido desenvolvido para auxiliar empresas a integrar os três pilares do
desenvolvimento sustentável, pode ser adequado do ambiente corporativo para
outros formatos organizacionais, como arranjos produtivos locais, conforme
pode ser observado na Figura 1.
Figura 1- Modelo Triple Bottom Line e outros formatos Organizacionais.
FONTE: ALVARENGA et al, 2013.
28
Neste sentido, os condomínios podem ser vistos como organizações
que, apesar de não buscarem fins lucrativos, suas ações influenciam os
aspectos ambiental, econômico e social.
Lourenço e Carvalho (2013) contribuem que o TBL deveria gerar nas
organizações e na sociedade uma reflexão acerca da importância de se
considerar não somente os aspectos ambientais, mas a questão econômica e
social. Entretanto, tal reflexão permanece ainda um grande desafio no cenário
atual. Pode-se argumentar que já é um avanço o fato de as organizações, os
meios acadêmicos e a mídia proclamarem que se deve lançar novo olhar e
cuidado em relação às questões ambientais; trata-se de um cuidado mais
proclamado, buscado e almejado do que, de fato, concretizado. Porém, o
intenso debate em torno do tema mostra um desejo a ser realizado, mesmo
que ainda não cumprido ou alcançado.
Portanto percebe-se que, dentro da temática do estudo, ou seja, o locus
e sujeitos da pesquisa, a sustentabilidade está completamente interligada
através de três contextos: ambiental, em condomínios, ao adotar e praticar a
coleta seletiva contribuirá para o aumento da vida útil dos Aterros, havendo
uma separação e destinação adequada para os resíduos, diminuirão seus
volumes que seguiriam inadequadamente para os aterros, sendo destinados
corretamente para reaproveitamento e reciclagem; no contexto social, haveria
um crescimento das cooperativas, empresas de reciclagem, bem como maiores
oportunidades aos catadores moradores próximos a esses condomínios, ou
seja, maior geração de renda aos profissionais envolvidos nesta atividade; já
no contexto econômico, em detrimento ao enfoque deste estudo, fica o
questionamento, o que os condomínios ganhariam, ao se adequarem aos
conceitos de sustentabilidade e adoção às praticas de coleta seletiva? Abre-se
nas regulamentações o espaço para discursão de propostas para se tenham
maiores vantagens econômicas para a aplicação de sustentabilidade, coleta
seletiva, em condomínios.
Para os autores Barbiere et al (2010) o processo de adaptação das
organizações ao desenvolvimento sustentável não teve precedente, até mesmo
pela rapidez em que este conceito se tornou popular. Os autores justificam este
fenômeno:
29
Talvez uma explicação plausível possa ser encontrada na teoria institucional, que mostra que, quando novos valores são institucionalizados na sociedade e se tornam “mitos” a serem seguidos em um determinado setor, as organizações respondem a essas pressões adotando esses modelos e as práticas tidas como as melhores em um dado sistema social (BARBIERI et al., 2010, p.149).
2.2.4 Definição e caracterização dos resíduos sólidos urbanos
Os Resíduos sólidos, de acordo com a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 2004), existem nos estados sólido e semissólido, que
resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. A norma ainda inclui nesta definição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Os resíduos sólidos possuem várias denominações e naturezas, origens
diferenciadas e diversas composições. A gestão dos vários tipos de resíduos
tem responsabilidades definidas em legislações específicas e implica sistemas
diferenciados de coleta, tratamento e disposição final (JACOBI & BESEN,
2011).
O Entendimento da PNRS a definição dos resíduos sólidos como:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL,2010)
Os resíduos são sobras que deixam de ter utilidade nas fontes
geradoras. Caracterizam-se como sólidos, líquidos, sendo conhecidos como
efluentes, em se tratando de geração industrial, ou como esgoto, em se
tratando de geração residencial ou comercial ou ainda gasosos, também
chamados de emissões atmosféricas (SZABÓ JUNIOR, 2010).
30
Segundo Mota (2005) a maior parte do lixo produzido na cidade
corresponde ao lixo domiciliar, provenientes de residências, estabelecimentos
industriais e comerciais. Variando conforme o padrão de vida da população,
clima, hábitos da cidade. Porem, Segundo o autor, é nas regiões do interior e
áreas rurais que são encontrados um maior número de resíduo orgânico na
composição do lixo doméstico do que nas composições encontradas nos
domicílios dos grandes centros urbanos.
Para Cruz (2006) Os resíduos são classificados, em modo geral, como
inorgânicos e orgânicos. Nos resíduos inorgânicos encontramos vidros,
papelões, ferros, metais não ferrosos, plásticos, restos de tecidos, couros,
isopor, borrachas, fios, calçados e etc., os quais são apropriados para o
reaproveitamento. Nos resíduos orgânicos estão os papéis (higiênicos,
guardanapos, lenços de papel, absorventes, fraldas descartáveis), restos de
alimentos, vegetais, frutas, pó de limpeza caseira, ossos e etc., estes, sem
possibilidade de reaproveitamento.
Segundo a (ABNT) – NBR 10004, os resíduos sólidos possuem
classificação dispostas no quadro 1.
Quadro 1- Classificação dos resíduos sólidos conforme a ABNT – NBR 10004.
CLASSE DO RESÍDUO
SÓLIDO
TIPO DE RESÍDUO
Classe I Resíduos perigosos: correspondem a um quarto do total
de resíduos gerados no território brasileiro. Precisam ser
retirados, transportados e destinados aos locais
apropriados por pessoas e empresas devidamente
qualificadas e em conformidade com as normas e leis
em vigência, pois oferecem sérios riscos ao meio
ambiente.
Classe II Resíduos não perigosos: são resíduos sólidos que não
apresentam riscos ao ser humano e ao meio ambiente.
31
Classe II A Resíduos orgânicos em geral (não inertes): embora não
sejam considerados perigosos, poluem, pois quando em
decomposição geram chorume e gás metano.
Classe II B Resíduos (inertes), ou seja, resíduos que não interagem
com o meio ambiente: não são perigosos e não poluem,
mas ocupam lugar no espaço. Devem ser
encaminhados para a reciclagem, diminuindo, assim, a
quantidade desse tipo de resíduo no planeta e a
extração de recursos naturais. Com a reciclagem dos
resíduos 2B, torna-se possível aumentarmos a vida útil
dos aterros.
Fonte: SZABÓ JUNIOR, 2010. (adaptado pelo autor)
Estes resíduos, sobretudo domiciliares, são, em sua maioria, gerados e
descartados de maneira desordenada e excessiva e não há nenhuma maneira
de parar com tais gerações, pois fazem parte do cotidiano das famílias. O
conhecimento é a chave para a população se tornar consciente e promover
uma melhor destinação através de uma melhor gestão desses resíduos.
A geração excessiva de resíduos domiciliares, sua natureza,
composição e grau de periculosidade representam risco ao ambiente e à saúde
da população (GLEISER, 2002).
As distintas etapas do gerenciamento de resíduos sólidos, desde a sua
geração até a disposição final, envolvem fatores de risco à saúde para as
populações expostas, especialmente às pessoas que trabalham em contato
direto com os resíduos e à população que mora próxima às áreas de
disposição final (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2005).
No quadro a seguir, quanto à origem, de acordo com a PNRS, os
resíduos sólidos são classificados:
32
Quadro 2 – Origem dos Resíduos Sólidos
Resíduos Sólidos Origem
a) Resíduos domiciliares Originários de atividades domésticas em residências
urbanas
b) Resíduos de limpeza urbana Originários da varrição, limpeza de logradouros e vias
públicas e outros serviços de limpeza urbana
c) Resíduos sólidos urbanos São os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) Resíduos de
estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços
Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas
alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) Resíduos dos serviços
públicos de saneamento básico
Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na
alínea “c”;
f) Resíduos industriais Os gerados nos processos produtivos e instalações
industriais;
g) Resíduos de serviços de
saúde
Os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em
regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama e do SNVS;
h) Resíduos da construção civil
Os gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil incluída os
resultantes da preparação e escavação de terrenos para
obras civis;
i) Resíduos agrossilvopastoris
Os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais,
incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas
atividades.
j) Resíduos de serviços de
transportes
Os originários de portos, aeroportos, terminais
alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de
fronteira;
k) Resíduos de mineração: Os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;
Fonte: BRASIL, 2010. (adaptado pelo autor)
33
O Quadro 3, segundo Jacobi & Besen (2011), apresenta a diversidade
de resíduos, as fontes geradoras, agentes responsáveis pela gestão e
modalidades de tratamento e disposição final existentes:
Quadro 3 – Características dos resíduos sólidos e da sua gestão
Resíduos Sólidos
Fontes geradoras
Resíduos produzidos
Responsável Tratamento e disposição final
Domiciliar (RSD)
Residências, edifícios, empresas, escolas
Sobras de alimentos, produtos deteriorados, lixo de banheiro embalagens de papel, vidro, metal, plástico, isopor, longa vida, pilhas, eletrônicos baterias, fraldas e outros
Município 1. Aterro sanitário 2. Central de triagem de recicláveis 3. Central de compostagem 4. Lixão
Comercial Pequeno Gerador
Comércios, bares, restaurantes, empresas
Embalagens de papel e plástico, sobras de alimentos e outros
Município define a quantidade
1. Aterro sanitário 2. Central de triagem da coleta seletiva 3. Lixão
Grande gerador (maior volume)
Comércios, bares, restaurantes, empresas
Embalagens de papel e plástico, sobras de alimentos e outros
Gerador 1. Aterro sanitário 2. Central de triagem de recicláveis 3. Lixão
Público Varrição e poda
Poeira, folhas, papéis e outros
Município 1. Aterro sanitário 2. Central de compostagem 3. Lixão
Serviços de saúde (RSS)
Hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios, outros
Grupo A – biológicos: sangue, tecidos, vísceras, resíduos de análises clínicas e outros. Grupo B – químicos: lâmpadas, medicamentos vencidos e interditados, termômetros, objetos cortantes e outros; Grupo C – radioativos; Grupo D – comuns; não
Município e gerador
1. Incineração 2. Lixão 3. Aterro sanitário 4. Vala séptica 5. Micro-ondas 6. Autoclave 7. Central de triagem de recicláveis
34
contaminados; papéis, plásticos, vidros, embalagens e outros;
Industrial Industrial Cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, escórias e outros
Gerador 1. Aterro industrial 2. Lixão
Portos, aeroportos, terminais
Portos, aeroportos, terminais
Resíduos sépticos, sobras de alimentos, material de higiene e asseio pessoal e outros
Gerador Central de embalagens vazias do Inpev3
Construção civil (RCC)
Obras e reformas residenciais e comerciais
Madeira, cimento, blocos, pregos, gesso, tinta, latas, cerâmicas, pedra, areia e outros
Gerador Município e gerador pequeno e grande
1. Ecoponto 2. Área de transbordo e triagem (ATT) 3. Área de reciclagem 4. Aterro de RCC 5. Lixões
Fontes: JACOBI & BESEN, 2011. (Modificado pelo Autor)
Embora esta pesquisa envolva a coleta seletiva de materiais recicláveis
(recipientes e embalagens que após o uso podem ser encaminhados para a
reciclagem e transformados em novos produtos, a exemplo dos vidros,
plásticos, papéis, papelão, ferros, aço e alumínio, dentre outros) é importante
destacar os altos índices de matéria orgânica no lixo brasileiro (cerca de 60%)
e os baixos índices de compostagem no Brasil que equivaliam a 3%, no ano de
2008 (CEMPRE, 2010).
2.1.6 Impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos urbanos
Segundo o Artigo 1º da Resolução n.º 001/86 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), Impacto Ambiental é qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que
afetem diretamente ou indiretamente: a saúde, a segurança, e o bem estar da
população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas
e sanitárias ambientais e a qualidade dos recursos ambientais.
35
A Destinação dos resíduos sólidos representa um problema atual que
tem afetado todas as cidades, principalmente grandes metrópoles (ALBERTE;
CARNEIRO; KAN, 2005).
Segundo Lanza (2009), o lixo pode desencadear diversos problemas,
entre eles o prejuízo a águas, solo, visual, presença de odores desagradáveis e
vetores causadores de doença.
O manejo adequado dos resíduos é uma importante estratégia de
preservação do meio ambiente, assim como de promoção e proteção da saúde.
Uma vez acondicionados em aterros, os resíduos sólidos podem comprometer
a qualidade do solo, da água e do ar, por serem fontes de compostos orgânicos
voláteis, pesticidas, solventes e metais pesados, entre outros (GOUVEIA,
2012). Além de impactos mais imediatos no ambiente, a disposição de resíduos
sólidos pode contribuir de maneira significativa com o processo de mudanças
climáticas. De modo geral, os impactos dessa degradação estendem-se para
além das áreas de disposição final dos resíduos, afetando toda a população.
2.2 Desenvolvimento Local Sustentável
Em consonância com o tema sustentabilidade, muito se tem comentado
sobre este tema nos últimos 20 anos. Mídias e meios acadêmicos disseminam
um pensamento de ações do presente preservando os recursos naturais
futuros, bem como a geração de oportunidades em atividades que são
multiplicadas em negócios com visão sustentável.
A expressão “desenvolvimento sustentável” foi oficializada na
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em
1992 - a ECO 92, onde também foi elaborada e estabelecida a denominada
agenda 21 – Programa Global para o desenvolvimento sustentável no Século
21 – como um instrumento de planejamento na construção de sociedades
sustentáveis (MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE, 2011).
Neste sentido, Jesus (2007, p. 26) afirma que o Desenvolvimento Local
Sustentável tem como objetivo ativar e melhorar, de forma sustentável, as
condições de vida dos habitantes de um determinado local, onde o plano de
36
ação deve ser de forma coordenada, descentralizada e focalizada, como a
participação relevante de todos os atores envolvidos no processo.
De acordo com Silva (2000, p. 41) sendo reconhecidas também as
diferenças de desenvolvimento entre os países, cabendo aos países
desenvolvidos fornecerem apoio financeiro aos países em desenvolvimento,
com o objetivo que ambos avancem em direção ao crescimento comum com
responsabilidade ambiental, no entanto, com a diferença de acordo com a
capacidade econômica.
Neste sentindo, a Declaração do Rio reconheceu a correlação de dois
direitos fundamentais do homem: o direito ao desenvolvimento e o direito a
uma vida saudável (AUGUSTIN; JOHN, 2012).
Segundo Bursztyn (2007), a partir da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente foi necessário organizar esse desenvolvimento. Passou
a ser importante estabelecer a diferença entre as práticas correntes de
crescimento econômico associado à degradação ambiental e a nova proposta
de desenvolvimento, mais condizente com a percepção econômica emergente
da escassez dos recursos naturais, tendo em vista que o termo até então
utilizado era “ecodesenvolvimento”, que tinha como premissa a
incompatibilidade entre desenvolvimento econômico e a preservação
ambiental. A partir dessa percepção crescentemente complexa, não mais se
conceberia, em tese, um modelo de desenvolvimento que não fosse
sustentável. Passaria a ser necessário equilibrar os aspectos econômico, social
e ambiental do desenvolvimento, em contraposição à ideia de se associar
desenvolvimento exclusivamente a crescimento econômico.
Veiga (2005) demonstra uma diferença elementar entre os conceitos de
desenvolvimento sustentável e ecodesenvolvimento que tinha como premissa o
crescimento econômico incompatível com a proteção ambiental e o
desenvolvimento sustentável defende ser possível associar o crescimento
econômico com a conservação ambiental.
Neste sentido, em junho de 2012, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
conhecida como Rio+20. Passados vinte anos da realização da ECO 92 - o
37
Brasil voltou a ser sede para a reunião e discussão entre 188 Estados-
membros sobre assuntos relacionados com ao desenvolvimento sustentável.
2.3 Tipos de destinação dos resíduos sólidos
Com o auxílio da intensificação das atividades industriais, os constantes
avanços tecnológicos e a crescente geração de bens de consumo, a produção
de resíduos sólidos vem aumentando gradativamente e a modernização da
sociedade vem acompanhada da necessidade de maior abastecimento e
produção de energia. Assim, esses contínuos avanços têm preocupado a
sociedade, principalmente as administrações públicas (FRANÇA; RUARO,
2009).
2.3.1 Lixão ou vazadouros
Em muitos municípios, o destino dos resíduos sólidos são lixões. Esses
são caracterizados pela decomposição do lixo no solo sem qualquer medida de
proteção ao meio ambiente e à saúde pública (PALÁCIOS, 2010).
Neste sentido, Gonçalves (2003) descreve na figura 2 que um lixão ou
vazadouro é uma área de disposição final de resíduos sólidos sem nenhuma
preparação anterior do solo, sem nenhum sistema de tratamento de efluentes
líquidos, o chorume, que por consequência penetra pela terra levando
substancias contaminantes para o solo e para o lençol freático. proliferação de
insetos, roedores e outros animais são presentes neste ambiente que podem
transmitir doenças que afetam a saúde da população.
38
FIGURA 2- Ilustração de um lixão ou vazadouro em uma área de disposição final de resíduos sólidos.
Fonte: Gonçalves, 2003
2.3.2 Aterro sanitário
Os aterros sanitários são instalações previamente planejadas em locais
onde já foram operacionalizados manuseios de resíduos sólidos visando não
causar danos ao meio ambiente. Para Serra et al. (2008) a implantação dos
aterros são realizados estudos geológicos e topográficos para a seleção da
área e verificação do tipo de solo. Também é feita a impermeabilização do solo,
os líquidos percolados devem ser captados por drenos horizontais para
tratamento e os gases liberados durante a decomposição captados por drenos
verticais. O lixo é compactado e coberto diariamente com camada de terra de
20 a 40 cm.
O aterro sanitário é a maneira mais adequada de disposição final do lixo.
Antes de entrar em operação, este tipo de aterro é preparado com nivelamento
do terreno e com impermeabilização do solo, o último tem a finalidade de evitar
que o chorume contamine o lençol freático. Esta forma de disposição do lixo
conta com técnicas de engenharia e canalização dos gases liberados pela
39
decomposição do lixo. O aterro sanitário também possui o recobrimento do lixo
diariamente, ou de acordo com as necessidades e disponibilidade de
equipamentos (ABNT, 1992). De acordo com Bahia (2003), a vida útil de um
aterro varia conforme o consumo da população durante os anos de operação
do aterro sanitário, preferencialmente um aterro sanitário deve ter vida útil
superior a 10 anos.
De acordo com a resolução nº404/2008, o Conama estabelece o aterro
sanitário de pequeno porte, ou seja, aqueles com disposição diária de até vinte
toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU). Onde é admitida a disposição
final de resíduos sólidos domiciliares, de resíduos de serviços de limpeza
urbana, de resíduos de serviços de saúde, bem como de resíduos sólidos
provenientes de pequenos estabelecimentos comerciais, industriais e de
prestação de serviços.
FIGURA 3- Ilustração de um Aterro Sanitário em uma área de disposição final de resíduos sólidos.
Fonte: Gonçalves, 2003
40
2.3.3 Rejeitos
Por definição, os rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas
todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada de acordo
com a PNRS (BRASIL, 2010). Ou seja, são os materiais que não passam em
processos de triagem, logo, não possuem valor comercial para as cooperativas
de catadores. São resíduos que poderão ser encaminhados aos aterros
sanitários para tratamento adequado, segundo a PNRS. Para a Abrelpe (2012)
os rejeitos constituem 16,7% dos RSU no Brasil, ficando a maioria para os
resíduos orgânicos, 51,4%, que em compostagens3 poderá ser reaproveitado e
transformado em adubo para agricultura e jardinagem.
2.3.4 Aterro controlado
Aterro controlado conforme demonstrado na figura 4, pouco se diferencia
dos lixões. Sua característica é apenas pelo fato do lixo não ficar exposto a céu
aberto, por ser periodicamente coberto por uma camada de terra. Nem sempre
possui sistema de drenagem dos líquidos percolados e o solo não é
impermeabilizado, também não possui captação de gases formados pela
decomposição da matéria orgânica.
Palácios (2010) contribui que pode se tratar de uma solução
intermediária para a destinação dos resíduos sólidos, mas não sendo a melhor
alternativa. O mesmo autor diz que este, geralmente, remete-se aos antigos
lixões, mas que passam por um processo de remediação, ou seja,
recobrimento e impermeabilização do lixo exposto, canalização do chorume
para tratamento adequado e remoção dos gases produzidos em diferentes
3 A compostagem é a "reciclagem dos resíduos orgânicos": é uma técnica que permite a
transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legumes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido, serragem, etc) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013)
41
profundidades do aterro. Havendo assim gerenciamento de novos resíduos
sólidos.
FIGURA 4- Ilustração de um aterro controlado em uma área de disposição final de resíduos sólidos.
Fonte: Gonçalves, 2003
2.4 Lixo não, a palavra é oportunidade
A cada ano, cerca de 60 milhões de toneladas de lixo são produzidas em
solo brasileiro. Parte desses resíduos é coletada e reaproveitada por
cooperativas e grandes companhias de reciclagem e infraestrutura. Outra
parte, jogada no meio ambiente, transforma-se em suplício para comunidades
carentes que vivem próximas de lixões e aterros. Mas há ainda uma terceira
parte que se transforma em oportunidade para pequenos e médios
42
empresários que enxergam no lixo o início de um grande negócio, COSTA
(2012).
Não se trata apenas de benevolência ou vontade de salvar o planeta. O
que os empreendedores brasileiros começam a enxergar é que a possibilidade
de se iniciar um negócio a partir de resíduos é, em muitos casos, mais lucrativa
do que utilizar matéria prima virgem. Eles também preveem que o lixo se
tornará um ativo cada vez mais valioso. De acordo com um estudo do Sebrae,
46% dos pequenos empresários pesquisados identificam oportunidades de
ganhos com resíduos – e 48,3% utilizam materiais reciclados em seu processo
produtivo. “É muito mais comum eles entrarem em negócios com resíduos por
razões econômicas do que pelo puro ato da sustentabilidade. O objetivo é o
lucro”, diz Carlos Silva Filho, presidente da Associação Brasileira das
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) (COSTA, 2012).
Não à toa, companhias do porte do Bradesco e Itaú - que não pertencem
ao setor de reciclagem - fazem leilões de seu lixo eletrônico para empresas que
o reciclam. “Esse tipo de descarte que leva a um retorno passou a ser
viabilizado em alguns nichos de negócio, mas não é sempre que isso ocorre
em grandes empresas. Depende muito da demanda por aquele lixo e da
viabilidade econômica que ele pode proporcionar”, afirma Silva Filho. Segundo
dados da Abrelpe, a geração de resíduos aumentou 1,8% em 2011 – um
porcentual que é superior à taxa de crescimento populacional do país, que
ficou em 0,9%. Ou seja, brasileiros consomem mais, descartam mais e
reciclam menos. Ainda de acordo com a associação, 6,4 milhões de toneladas
de resíduos sólidos deixaram de ser coletadas no ano de 2011 e acabaram
depositadas no meio ambiente. Segundo um levantamento do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil deixa de ganhar 8 bilhões de
reais com reciclagem de resíduos a cada ano (COSTA, 2012).
2.5 A gestão da coleta seletiva
A coleta seletiva é o termo utilizado para o recolhimento dos materiais
que são possíveis de serem reciclados, previamente separados na fonte
43
geradora. Dentre estes materiais recicláveis pode-se citar os diversos tipos de
papéis, plásticos, metais e vidros.
Szabó (2010) relata que existem seis etapas para implantação da gestão
de resíduos através da coleta seletiva: realizar um trabalho de conscientização
coletiva; definir quem serão os responsáveis pela retirada dos resíduos
recicláveis gerados; colocar os cestos de coleta seletiva em locais
estrategicamente escolhidos; fazer um acompanhamento periódico dos
resíduos gerados e dos benefícios obtidos, prestar contas, por meio de
relatórios, tabelas e planilhas, para que todos percebam que a mudança de
certos hábitos e o empenho de cada um não foi em vão e promover
periodicamente, e sempre que necessário, treinamentos que visem reciclar
conceitos que talvez estejam caindo em esquecimento e que convençam os
novos funcionários e alunos a participar efetivamente do projeto em
andamento.
FIGURA 5: Cestos de coleta seletiva instalados no condomínio.
44
Os cestos de coleta seletiva demonstrados na figura 5 e 6 foram identificados durante a pesquisa em um condomínio que possui a atividade de gestão dos resíduos no condomínio. Resíduos recicláveis são separados dos resíduos orgânicos. Na figura 5 os cestos ficam próximos aos corredores de circulação e estacionamento, na figura 6, os cestos são caracterizados de maneira estratégica, a cor azul para resíduos recicláveis e a cor verde para resíduos orgânicos. Ambos ficam localizados nas escadas de cada andar do prédio como uma maneira de facilitar o manejo e motivar os moradores.
Ainda segundo Szabó (2010), para que um projeto de gestão de
resíduos através da coleta seletiva tenha sucesso, estes seis passos precisam
ser seguidos de maneira que uma ação depende da outra, ou seja, para que se
obtenha êxito na ação posterior é necessário que a anterior tenha sido
cumprida adequadamente. Portanto deve-se seguir a sequência proposta.
A mobilização da comunidade para participar pode ser considerada
como uma das etapas mais importantes e complexas na implantação de
projetos, programas e ações de mudanças de hábitos, como é o caso da coleta
seletiva.
Segundo Vilella (2001), não se pode desenvolver qualquer programa
vinculado à sustentabilidade e à proteção ambiental sem o envolvimento dos
FIGURA 6: Cestos de coleta seletiva instalados em local de fácil acesso no condomínio.
45
cidadãos. Observa-se que a maioria das experiências de coleta seletiva são
informais, muitas vezes para geração de renda, ocorrendo problemas de falta
de sustentabilidade e/ou descontinuidade (BRINGHENTI, 2004). Assim,
destaca-se o papel dos condomínios residenciais verticalizados, como grandes
geradores de resíduos sólidos e que deveriam ser priorizados na implantação
de programas de coleta seletiva (NUNES, 2004).
2.6 Educação ambiental
A Educação Ambiental é vista hoje como uma possibilidade de
transformação ativa da realidade e das condições da qualidade de vida, por
meio da conscientização advinda da prática social reflexiva embasada pela
teoria (LOUREIRO, 2006).
Segundo Loureiro (2006), essa conscientização é obtida com a
capacidade crítica permanente de reflexão, diálogo e apropriação de diversos
conhecimentos. Esse processo torna-se fundamental para se formar
sociedades sustentáveis, ou seja, orientadas para enfrentar os desafios da
contemporaneidade, garantindo qualidade de vida para esta e futuras
gerações.
Nesse sentido, é que a legislação brasileira que trata da educação
ambiental aponta como um dos objetivos dessa educação (art. 5, IV, Lei
9.795/99): “[...] o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a
defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da
cidadania”.
Alguns dos princípios dessa educação são: o pluralismo de ideais e a
interdisciplinaridade; o reconhecimento da diversidade cultural e dos indivíduos;
a educação formal e informal; traduzir-se num processo permanente, que está
sempre aberto à crítica; apresentar o ser humano como um ser integrado e
composto de aspectos biológicos e culturais, que guarda as características que
o compõem como indivíduo/sociedade/espécie; articular reflexão e práxis,
46
mediadas pela ética; é sobretudo, uma educação holística, democrática e
participativa.4
Esta sensibilidade deve estar presente de maneira interdisciplinar na
sociedade, sendo demonstrada de diversas formas com o objetivo de alcançar
o interesse de todos em uma sociedade.
Como bem salienta Boff (2012, p. 01):
A partir de agora a educação deve impreterivelmente incluir as quatro grandes tendências da ecologia: a ambiental, a social, a mental e a integral ou profunda (aquela que discute nosso lugar na natureza). Mais e mais se impõem entre os educadores esta perspectiva: educar para o bem viver que é a arte de viver em harmonia com a natureza e propor-se repartir equitativamente com os demais seres humanos os recursos da cultura e do desenvolvimento sustentável.
2.7 Manejo dos resíduos sólidos urbanos no cenário brasileiro
Os RSU, nos termos da Lei Federal nº 12.305/10 que instituiu a PNRS,
englobam os resíduos domiciliares, isto é, aqueles originários de atividades
domésticas em residências urbanas e os resíduos de limpeza urbana, quais
sejam, os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, bem
como de outros serviços de limpeza urbana (ABRELPE,2012).
Calderoni (2003) infere que RSU tem sido um problema recorrente em
todo o país, agravado acintosamente pelas modalidades inadequadas de
disposição final e de confinamento dos rejeitos, aspecto que na voz de
inúmeros especialistas, além de gerar sérios desconfortos ambientais e
sanitários, pode inviabilizar até mesmo em médio prazo, a sociedade humana,
ao menos tal como a conhecemos.
Alguns estudos apontam que a quantidade de resíduos sólidos
domésticos gerados por habitante é proporcional ao tamanho das cidades, ou
seja, há geração maior em cidades maiores. Entre outros fatores, isso se deve
a uma circulação de mercadorias em número maior, ao consumo maior de
embalagens descartáveis e à rápida obsolescência de produtos e
equipamentos (PHILIPPI JR; OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
4 Tais princípios são os que norteiam a educação ambiental brasileira, conforme prescreve o
art.4º. da Lei 9.795/99.
47
Diariamente, o serviço de coleta publica captam das residências os
resíduos gerados. Os cidadãos descartam os resíduos sem separação tendo
em vista que, por muitas vezes, em sua região não há um serviço de coleta
seletiva estabelecido e muito menos uma divulgação ou orientação para onde
está indo esses resíduos.
Segundo panorama dos resíduos sólidos no Brasil, Abrelpe (2012),
nacionalmente, é coletado 177.995 toneladas por dia de RSU,
constitucionalmente, é de competência do poder público local gerenciar os
resíduos sólidos produzidos em suas cidades. De acordo com a Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico- PNSB realizada no ano de 2008, divulgado
pelo IBGE (2010), 61,2% das prestadoras dos serviços de manejo dos resíduos
sólidos eram entidades vinculadas à administração direta do poder público;
34,5% representam empresas privadas sob o regime de concessão pública ou
terceirização; e 4,3%, entidades organizadas sob a forma de autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios. Na Região
Nordeste, embora 75,2% dos municípios apresentassem o manejo dos
resíduos sólidos gerenciado por entidades da administração direta do poder
público, a terceirização desses serviços, se tratando do estado de
Pernambuco, é de 37,8% aproximando-se dos níveis observados nas Unidades
da Federação das Regiões Sudeste e Sul do País, conforme dados
demonstrados na figura 7 (IBGE, 2010).
Figura 7- Entidades prestadores de serviços de manejo de resíduos sólidos, por natureza jurídica da entidade, segundo as grandes regiões, 2008.
48
Ainda segundo o mesmo estudo da PNSB, o percentual de municípios
no Brasil que destinavam seus resíduos a lixões ou vazadouros a céu aberto
caiu de 72,3% para 50,8%, enquanto os que utilizavam aterros sanitários
cresceram de 17,3% para 27,7%. Ao mesmo tempo, o número de programas
de coleta seletiva dobrou, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste, onde,
respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram ter coleta seletiva
em todos os distritos. Embora este quadro demonstre mudanças significativas
nos últimos 20 anos, sobretudo nas Regiões Sudeste e Sul do País, tal cenário
de destinação ainda se configura reconhecidamente inadequado, que exige
soluções urgente e estrutural para o setor (ABRELPE, 2012). Requer
mudanças de cunho social, econômico e cultural da sociedade, conforme
demonstrado na figura 8 a seguir.
Figura 8 - Destino dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos Brasil- 1989-2008.
De acordo com o mesmo estudo panorâmico da Abrelpe (2012), que
utilizou dados da pesquisa do IBGE (2010), foram analisados um total de 401
municípios do Brasil, sendo 123 do nordeste, como descritos na figura 9, tendo
um total de 83.934.690 pessoas entrevistadas no Brasil e 18.350.494 no
nordeste como descritos na figura 10. No estudo observou-se que a geração de
RSU no Brasil cresceu 1,3%, de 2011 para 2012, onde em 2011 foram
61.936.368 t/ano, e em 2012 foram 62.730.096 t/ano, índice que é superior à
taxa de crescimento populacional urbano no país no período, que foi de 0,9%.
Apesar de superar o índice de crescimento populacional, tiveram um declínio
49
na sua intensidade. A comparação da quantidade total gerada e o total de RSU
coletados mostra que 6,2 milhões de toneladas de RSU deixaram de ser
coletados no ano de 2012 e, por consequência, tiveram destino impróprio. Esta
quantidade é cerca de 3% menor do que a constatada em 2011. Foram 401
municípios pesquisados que representam 51,3% da população urbana total do
Brasil indicada pelo IBGE em 2012.
Figura 9 - Quantidade de municípios, por regiões brasileira, pesquisados sobre o aumento
populacional pelo IBGE, 2012.
Figura 10 - População urbana, por regiões brasileiras, no ano de 2012 (IBGE,2012).
50
Conforme indicado na Figura 9 a situação da destinação final dos RSU
no Brasil manteve-se inalterada em relação a 2011. O índice de 58%
correspondente à destinação final adequada no ano de 2012 permanece
significativo, porém a quantidade de RSU destinada inadequadamente cresceu
em relação ao ano anterior, totalizando 23,7 milhões de toneladas que
seguiram para lixões ou aterros controlados, que do ponto de vista ambiental
pouco se diferenciam dos lixões, pois não possuem o conjunto de sistemas
necessários para a proteção do meio ambiente e da saúde pública (ABRELPE
2012).
Figura 11- Destinação final dos RSU coletados no Brasil (ABRELPE, 2012).
Ainda, segundo o estudo da Abrelpe (2012), num recorte à região
nordeste, de 1794 municípios pesquisados, apenas 678 demonstrou iniciativa
para coleta seletiva e, conforme a figura 10, 839 ainda destinam seus resíduos
a lugares inadequados como lixões. Analisando o cenário, em relação aos
outros estados, constata-se que a região nordeste ainda abarca a maior
quantidade de municípios destinando resíduos sólidos inadequadamente.
51
Figura 12 - Quantidade de municípios por tipos de destinação adotada-2012.
2.8 Legislações reguladoras
2.8.1 A Politica Nacional de Resíduos Sólidos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) reúne o conjunto de
princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo
Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados,
Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos (BRASIL,2010).
Aprovada pelo Senado Federal em 07 de Julho e sancionada em 02 de
agosto de 2010, a lei 12.305 instituiu a Política nacional de Resíduos Sólidos.
O projeto, de iniciativa do Senado nº 354 de 1989 (nº 203 de 1991, na Câmara
dos Deputados), tramitou pelas duas casas legislativas durante 21 anos e por
isso considera-se a legislação suficientemente amadurecida. Com a aprovação
da política, foi elaborado o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, cujo texto
passou por um processo de consulta pública, ou seja, processo participativo
em que foram recebidas sugestões de todos os setores envolvidos através de
audiências que constituíram o texto final do plano. As audiências públicas
52
regionais aconteceram no ano de 2011 nas regiões do Centro-oeste – Campo
Grande/MS, do Sul – Curitiba/PR, do Sudeste – São Paulo/SP, do Nordeste –
Recife/PE e do Norte – Belém/PA. A ultima audiência pública foi a nacional que
aconteceu no mesmo ano em Brasília.
Integra-se a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a
Política Nacional de Educação Ambiental, regulada pela Lei nº 9.795, de 27 de
abril de 1999, com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada pela Lei
nº 11.445, de 2007, e com a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005
(BRASIL,2010).
Essa legislação, além de instituir a política, destaca as diretrizes
relacionadas com uma gestão integrada e quanto ao gerenciamento dos
resíduos sólidos. Tem um viés educacional, na medida em que dispõe e
esclarece sobre princípios, objetivos e instrumentos.
Como princípios, a PNRS (BRASIL,2010) descreve a prevenção e a
precaução; o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; a visão sistêmica, na
gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social,
cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; desenvolvimento
sustentável; a e coeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento,
a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as
necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; a cooperação
entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais
segmentos da sociedade; a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos; o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como
um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor
de cidadania; o respeito às diversidades locais e regionais; o direito da
sociedade à informação e ao controle social; a razoabilidade e a
proporcionalidade.
53
Figura 13- Objetivos da Politica Nacional de resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL,2010).
Fonte: BRASIL(2010) – Adaptado pelo autor.
A PNRS também possui como prioridade as aquisições e contratações
governamentais, para produtos reciclados e recicláveis e bens, serviços e
obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e
ambientalmente sustentáveis; integração dos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; estímulo à implementação da
avaliação do ciclo de vida do produto; incentivo ao desenvolvimento de
sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos
processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a
recuperação e o aproveitamento energético; estímulo à rotulagem ambiental e
ao consumo sustentável (BRASIL,2010).
Algumas metas da PNRS se dá pelo fechamento dos lixões ou
vazadouros a céu aberto no Brasil até 2014, no lugar deles a criação de aterros
PNRS
Proteção da saúde
pública e da qualidade.
ambiental
Não geração, redução, reutilização,
reciclagem e tratamento dos resíduos.
sólidos.
Estímulo à adoção de
padrões sustentáveis de
produção e consumo. de
bens e serviços Adoção, desenvolvimento e
aprimoramento de tecnologias
limpas com menores impactos
ambientais. Redução do volume e
da periculosidade dos
resíduos perigosos.
Incentivo à indústria
da reciclagem
Gestão integrada de
resíduos sólidos.
Articulação entre as diferentes
esferas do poder público, e
destas com o setor empresarial,
oferecendo cooperação técnica e
financeira para a gestão
integrada de resíduos sólidos.
Capacitação técnica
continuada na área de
resíduos sólidos.
Regularidade, continuidade,
funcionalidade e universalização da
prestação dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos.
54
sanitários, e que apenas rejeitos poderão ser encaminhados aos aterros
sanitários, esses são a parte do lixo que não tem como ser reaproveitado
(BRASIL,2010).
2.8.2 Lei municipal nº 17.735/2011
Sancionada em 31 de agosto de 2011, a lei municipal 17.735/11 que
obriga os condomínios com vinte ou mais unidades autônomas organizem
coleta seletiva de lixo.
Nestes, deverão ser incluídos um plano específico para coleta seletiva
de lixo e instalação padronizada das lixeiras, como condição obrigatória dentre
os requisitos administrativos para concessão municipal do "habite-se". Também
deverá constar obrigatoriamente em toda convenção de condomínio
procedimentos, incentivos e divulgação para que os moradores façam sua
própria seleção de lixo, entre Papel/Papelão; Metal; Vidro; Plástico; Orgânico.
Os condomínios já constituídos terão prazo de dois anos, contados da
promulgação da presente lei, para adequar-se aos novos requisitos municipais
e adequar as suas Convenções as exigências da presente Lei.
2.8.3 Política de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas
A Política de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas (PSMC) é uma lei
de 2013 que ainda se encontra em tramitação na qual seu texto está sendo
desenvolvido pela Prefeitura da Cidade do Recife (PCR). Em outubro deste
mesmo ano aconteceram reuniões publicas para definição e construção do seu
texto. A Lei, segundo Recife (2013), tem como finalidade de incorporar a
sustentabilidade ambiental, harmonizando a eficiência econômica e inclusão
social e produtiva, com a proteção e recuperação dos recursos e ativos
ambientais, estimulando a inovação tecnológica a serviço da melhoria da
qualidade de vida.
Sobre suas diretrizes, em destaque a temática deste estudo, conforme o
texto atual da PSMC divulgado pela PCR, diz:
55
[...] a internalização, no âmbito da administração pública municipal, dos princípios de sustentabilidade, para o uso racional dos recursos naturais e bens públicos, a gestão adequada dos resíduos gerados, a melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho; e a promoção da integração das políticas setoriais que se relacionem com os objetivos da presente Lei. (RECIFE, 2013).
Sobre os objetivos, também em destaque a este estudo, é de
instrumento da PSMC:
[...] estimular a produção e consumo conscientes, fundamentados no princípio dos 05 (cinco) “R” (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar), visando à minimização da quantidade de resíduos gerados, os quais deverão receber tratamento e destinação ambientalmente adequados; [...] promover programas e iniciativas de educação para a sustentabilidade e conscientização ambiental da população com referência às temáticas tratadas nesta lei. (RECIFE, 2013)
A politica possui como uma de suas metas principais a redução das
emissões de Gases de Efeito Estufa além da diminuição da geração dos
resíduos sólidos. Segundo Recife (2013), tem como instrumentos institucionais,
dentre outros legalmente instituídos o Conselho Municipal do Meio Ambiente, o
Comitê de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas do Recife – COMCLIMA, o
Grupo Executivo de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas – GECLIMA, os
órgãos setoriais municipais, as Conferências Municipais de Meio Ambiente e
Sustentabilidade.
O projeto de lei demonstra, como um dos instrumentos de apoio, os
incentivos fiscais, financeiros e econômicos para estimular ações de mitigação
e de adaptação às mudanças do clima e sustentabilidade e um Programa de
Premiação e de Certificação em Sustentabilidade Ambiental do Recife, a qual
será concedida, segundo Recife (2013), a empreendimentos públicos e
privados, a pessoas jurídicas e personalidades, bem como as boas práticas
comunitárias que atendam, de forma exemplar, aos regulamentos da lei para
sua concessão e um dos critérios presentes aqui destacados é a redução da
geração de resíduos.
56
2.9 O Condomínio
O condomínio é o direito de propriedade exercido em comum. Segundo
Ferreira (1999) A origem do latim “condominium”, que significa copropriedade.
Esse significado é comporto pelas palavras “COM”, “junto”, mais “DOMINIUM”,
“poder sobre, comando” originada de “DOMINUS”, “senhor”, derivado de
“DOMUS”, “casa”. Outros autores mostram a construção da palavra indicando o
“com=conjunto” e “domínio=propriedade.
Segundo Souza (2007) e o Código Civil de 2002, o condomínio Edilício5
ou em edificações é o conjunto de moradias caracterizado pela existência de
partes exclusivas e partes comuns. O autor ainda infere que ocorre a
comunhão no sentido técnico toda vez que algo pertence a duas ou mais
pessoas ao mesmo tempo em virtude de um direito real. Tabosa filho (2011) diz
que é a coparticipação no domínio de algo, que se divide em duas áreas:
comuns e privadas.
No condomínio, há a delimitação das quotas-partes em que se divide
entre os condôminos. O condomínio horizontal é denominado assim, quando
apresenta-se como uma propriedade exclusiva e autônoma das unidades que o
compõem, juntamente com um condomínio do terreno e das partes comuns do
prédio.
Propriedade individual, exclusiva, sobre a unidade autônoma,
subordinada embora a sérias restrições.(...) Condomínio sobre o solo, sobre os
elevadores do edifício, sobre a caixa-d’água, sobre o saguão da entrada, sobre
as partes enfim que interessam ao prédio como unidade arquitetônica.(...) A
nosso ver há uma co-propriedade e uma propriedade individual, que vivem
juntas (PEREIRA, 2002).
O condomínio edilício funde o domínio singular com o domínio comum,
formando um "[...] direito diferente, que amalgama as noções de propriedade e
de co-propriedade[...]"(PEREIRA,2002).
5 O Código Civil de 2002 traz o Condomínio Edilício por corresponder à forma de construção
própria das cidades, sendo as leis emanadas dos “edis” ou “edil”, termo que designa a pessoa que tem a função de vigiar a lei das edificações. Em outras palavras, é a pessoa que cuida da cidade, fazendo prevalecer às posturas e os regulamentos no planejamento e organização do Município.
57
Levenhagem (2002), diz que o instituto da propriedade horizontal
significa uma forma de parcelamento da propriedade, onde coexistem
compartimentos autônomos, de propriedade exclusiva, com compartimentos
destinados ao uso comum de quantos sejam os proprietários daqueles. [...].
Trata-se de direito novo, híbrido na sua origem, mas com identidade
perfeitamente determinada.
2.9.1 O SECOVI
O Sindicato das Empresas de Compra, Vendas, Locação, Administração
de Imóveis residenciais e comerciais, o SECOVI, mais conhecido como
Sindicato da Habitação, é o que representa todos os condomínios residenciais
e comerciais com bases localizadas em todo o Brasil. O primeiro SECOVI
Iniciou suas atividades em 1942 no Rio de janeiro (AMARAL, 2012), anos
depois surgiram novas bases que se espelharam por todo o país. O sindicato é
reconhecido como o único Representante Legal dos condomínios residenciais
e comerciais, Administradoras de Condomínios, Administradoras de Imóveis e
Imobiliárias.
Segundo Tabosa Filho (2011), do ponto de vista legal, o sindicato é o
órgão criado para fins de estudo, coordenação e representação legal da
categoria econômica a ele ligada. O autor ressalta que o sindicato sobrevive da
contribuição confederativa, sendo, portanto, o pagamento desta taxa anual
obrigatório a todos, estando o condomínio associado ou não, amparado pela
Lei art. 8º. CF/88. Aos condomínios que optam por associar-se, o pagamento
se torna uma taxa assistencial mensal.
Tabosa Filho (2011) relaciona prerrogativas dos sindicatos da categoria,
baseando-se no estatuto de uma das unidades do SECOVI, respeitando suas
bases territoriais:
Representar os direitos da categoria;
Indicar, na forma da lei, representantes perante os órgãos de jurisdição municipal;
Arrecadar a contribuição assistencial – art. 8º. CF/88 e a contribuição sindical das entidades integrantes da categoria;
Conciliar divergências e conflitos entre os associados;
58
Celebrar convenções ou contratos coletivos de trabalho e prestar assistência em acordos e dissídios coletivos.
O sindicato que tem uma base social forte consegue ir muito além do
que consta na letra da lei (TABOSA FILHO, 2011). Neste sentido, o SECOVI é
uma entidade que trabalha pautada na assistência a funcionários através de
cursos de capacitação todos os envolvidos profissionalmente em condomínios,
sobretudo os síndicos, subsíndicos.
[...] foram oferecidos cursos de capacitação, oficinas e workshops para profissionais do segmento, e, entre muitas outras melhorias, foram instaurados novos departamentos e coordenações, no intuito de aperfeiçoar a atuação do Sindicato dentro e fora do Secovi Rio (AMARAL, 2012)
2.9.2 O Síndico
O sindico é o responsável pela gestão de um ou mais condomínios. O
mesmo é eleito pela assembleia geral dos Condôminos, sendo o responsável
direto do condomínio, pronto para manter a ordem, a disciplina, a segurança, a
legalidade, o bem-estar dos edifícios (AMARAL, 2009).
O síndico é aquele que faz tudo para garantir a segurança estrutural do
edifício, ou seja, aquilo que todos deveriam fazer pelo condomínio, e não o
fazem por falta de tempo ou disponibilidade, comodismo ou omissão (AMARAL,
2009).
No Brasil, desde 1964 que a existência da figura do síndico é uma
exigência legal quando da criação de uma Lei Federal que estabeleceu as
bases para o funcionamento de um Condomínio. A Lei determina a existência
de uma convenção, criada e aprovada pela assembleia de condôminos, e a
eleição de um síndico para se responsabilizar pela fiscalização e cumprimento
dessas normas (AMARAL, 2009).
O Síndico é o representante do Condomínio perante seus moradores e
terceiros, sendo eleito por assembleia Geral e mediante termo de
compromisso, com mandato de 02 (dois) anos, podendo ser reeleito por igual
59
período tantas vezes quantas forem às decisões de assembleias convocadas
para este fim, tendo sobre ele varias atribuições, além daquelas já previstas
nas Leis 10.406/02 e 4.591/64, Convenção de Condomínio e assembleia Geral
como representar legalmente o condomínio frente a questões judiciais, exercer
e fiscalizar a administração da edificação, sua vigilância, moralidade ou
segurança, bem como os serviços que interessam a todos os moradores,
prestar contas e fazer cumprir o que foi estabelecido como lei no regimento
interno do condomínio (AMARAL, 2009).
2.9.3 O Sindico como gestor ambiental
A preocupação com a preservação do meio ambiente também deve fazer
parte da rotina dos condomínios. Um grande responsável por esse manejo
ambiental e sustentável nestes condomínios é o gestor administrativo, ou seja,
o síndico. É ele que deve estar atento para todas as normatizações de seus
edifícios, bem como gerir com postura e inteligência os recursos de maneira
sustentável, otimizar os custos para esses investimentos gerando qualidade de
convivência condominial.
A lei municipal do Recife 17.735/11 determina que os condomínios com 20
ou mais unidades autônomas organizem a coleta seletiva de lixo. Logo, o
Sindico é o grande responsável para o cumprimento e efetivação desta lei em
seus condomínios.
Edifícios novos já nascem com o conceito de green buildings, ou edifícios
verdes. São entregues com medidores individuais de consumo de água e gás
(ou ao menos previsão para instalação) e sensores de presença em todas as
áreas comuns. Alguns contam com sistemas de captação e reuso de água de
chuva e placas coletoras de energia solar para as áreas comuns.
No caso de edifícios antigos a adaptação à tendência da sustentabilidade
nem sempre é simples. Muitas vezes, é preciso investir num autêntico “retrofit
verde”, ou seja, atualizar as instalações com base no conceito da economia de
recursos naturais.
60
Em Recife, foi sancionada a Lei municipal Nº 16.759/2002 que obriga todo
novo prédio construído a oferecer a medição individual de água. Individualizar
outros consumos também pode significar economia de água.
Fontes alternativas também podem ajudar os condomínios na economia de
água. É o caso do uso da água de chuva e do aproveitamento da água de
lençóis freáticos. Por isso, deve-se sempre buscar o tratamento correto, em
função do uso que se pretende dar à água obtida. Reter água de chuva trata-
se, em princípio, de desviar a tubulação das calhas do telhado para um
gradeamento que retenha galhas e folhas e, em seguida, para um reservatório
que alimente exclusivamente pontos de água não potável.
Se a água representa o segundo maior custo no cálculo das taxas
condominiais, o gasto com a energia elétrica também não deve ser
negligenciado – e até mesmo por uma questão de cidadania, já que
economizando e evitando desperdícios estaremos contribuindo para o
abastecimento do mercado brasileiro de energia elétrica. A medida mais
sensata é a instalação, nas áreas comuns, de equipamentos de controle
colaborando para o uso racional do sistema de iluminação. Os equipamentos
mais conhecidos são as minuterias (permitem que lâmpadas permaneçam
acesas temporariamente, a um toque nos botões de comando) e os sensores
de presença (acionam a iluminação ao detectar a presença de alguém ou algo
em movimento).
Diferentemente do consumo de água e energia elétrica, a produção de lixo
não pesa no bolso dos condôminos. Porém, é preciso conscientização para
entender que reduzir o lixo é responsabilidade de todo cidadão.
A expressão gestão ambiental ainda parece estranha, mas os síndicos
devem proceder corretamente também na questão ambiental, evitando que
recaia sobre eles uma eventual responsabilização.
Gestão ambiental privada é parte integrante do sistema de gestão global de uma organização e constitui-se em um processo administrativo, dinâmico e interativo de recursos, que tem como finalidade: equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas e ajudar a proteger a saúde humana (FLORIANO, 2007).
61
É importante ressaltar, que muito além de ser um modismo, a gestão
ambiental deve ser encarada com total prioridade pelos condomínios. Pouco se
fala a respeito, mas o meio ambiente está protegido constitucionalmente.
Dessa forma, é imprescindível que os condomínios exerçam esse papel de
conscientização e responsabilidade, para que mais tarde o síndico não seja
responsabilizado civil, criminal e administrativamente por eventuais danos
ocasionados ao meio ambiente.
Em prédios que é realizada a coleta seletiva, por exemplo, o síndico deve
estar sempre atento, pois os funcionários não devem trabalhar em nenhuma
separação, os resíduos devem ser separados pelos próprios geradores
moradores em seus apartamentos, é da responsabilidade do funcionário do
edifício apenas o direcionamento correto ao resíduo orgânico e reciclável nos
tambores devidamente sinalizados dentro do condomínio.
2.9.4 O sindico empreendedor
Errado é quem pensa que ser sindico é apenas ter isenção de taxa
condominial, faz algumas melhorias no condomínio e assina documentos. Está
sob a responsabilidade do sindico, a saúde financeira, estrutural e até
comportamental de onde ele for eleito para gerir. Na atualidade dos
condomínios, é exigido do sindico uma postura de um verdadeiro profissional
empreendedor. Segundo Chiavenato (2003) Henri Fayol, na teoria clássica da
administração, define que o ato de administrar é prever, organizar, comandar,
coordenar e controlar, e essas, em tese, são a essência que se espera estar
implícita na vida diária do sindico.
Leite (2012) ressalta as principais características do comportamento
empreendedor e que algumas descritas no quadro 4 podem ser compatíveis
com a figura do sindico.
62
Quadro 4- Características de um empreendedor.
Fonte: LEITE, 2012 (adaptada pelo autor).
2.10 Caracterização geral da cidade do Recife
O Recife representa o núcleo da Região Metropolitana, mantendo uma
estreita relação com o espaço desta Região, a qual se expressa na sua
TIPOS DE
CARACTERÍSTICAS DO
EMPREENDEDOR
CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO DO EMPREENDEDOR
1. REALIZAÇÃO
1.1 Busca de oportunidade e iniciativa: faz as coisas antes de serem solicitadas ou forçadas pelas circunstâncias.
1.2 Persistência: age diante de um obstáculo significativo, age repetidamente ou muda de estratégia para enfrentar um desafio ou superar um obstáculo, assume responsabilidade pessoal pelo desempenho, necessária ao atendimento de metas e objetivos.
1.3 Correr riscos calculados: avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente, age para reduzir os riscos ou controlar os resultados.
1.4 Exigência de qualidade, eficiência e eficácia: encontra maneiras de fazer coisas de jeito melhor, mais rápido ou mais econômico, age de maneira a fazer coisas que satisfaçam ou excedam padrões de excelência, desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo, ou que o trabalho atenda aos padrões de qualidade previamente combinados.
1.5 Comprometimento: esmera-se em manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo, acima do lucro a curto prazo.
2. PLANEJAMENTO
2.1 Busca por informações: dedica-se pessoalmente a obter informações de fornecedores e clientes, consulta especialista para obter assessoria técnica.
2.2 Estabelecimento de metas: estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que possuem significado pessoal, define metas de longo prazo, claras e específicas, estabelece objetivos de curto prazo mensuráveis.
Planejamento e monitoramento sistemáticos: planeja dividindo tarefas de grande porte e subtarefas com prazos definidos, constantemente revisa seus planos levando em conta os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais, mantém registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões.
3. PODER
3.1 Persuasão a rede de contatos: age para desenvolver e manter relações comerciais.
3.2 Independência e autoconfiança: busca autonomia em relação às normas e controles de outros, mantém seu de vista mesmo diante da oposição ou de resultados desanimadores, expressa confiança na sua própria capacidade de complementar uma tarefa difícil ou enfrentar um desafio.
63
dinâmica interna e externa. E, ainda, sob qualquer aspecto que se queira
destacar (demográfico, cultural, econômico, político-institucional, ambiental,
patrimônio histórico, dentre outros), o Recife é a síntese mais significativa
desse contexto (RECIFE, 2013).
2.10.1 Processo histórico da cidade do Recife
A origem do Recife remonta à quarta década do Século XVI, quando era
uma estreita faixa de areia protegida por uma linha de arrecifes que formava
um ancoradouro. Devido as suas características físicas favoráveis, o local
passou a abrigar um porto. E no entorno dele, que servia a Vila de Olinda,
formou-se um povoado com cerca de 200 habitantes, em sua maioria,
marinheiros, carregadores e pescadores. O assentamento ocupava a península
correspondente ao que é hoje o Bairro do Recife (RECIFE, 2013).
Por se tratar de região portuária, a atividade comercial desenvolveu-se
rapidamente impulsionando o crescimento do povoado. Sua história se iniciou
em 1534 juntamente com as capitanias hereditárias e em 1537, a constituição
da Vila do Recife é registrada. No século XVII, com o desenvolvimento
econômico da colônia, o porto prosperou favorecendo a expansão da vila que
toma forma de cidade, que era usada como porto para carregar a produção
local e receber outras da metrópole. Seu nome foi dado pela grande
quantidade de recifes no litoral da região. A atividade açucareira também
cresceu e as margens dos cursos d’água passaram a ser ocupadas por
engenhos e casebres, enquanto os rios tornaram-se caminhos navegáveis para
transporte dos produtos (RECIFE, 2013).
A cidade exibe em sua paisagem características muito marcantes de sua
multiculturalidade, resultante de uma combinação de forças de diversas
origens, entre elas pode-se destacar o papel dos indígenas, dos portugueses,
dos negros, dos holandeses, dos franceses e dos judeus, dentre outros. Cada
um desses elementos tem as suas influências registradas ora no conjunto de
práticas e representações mentais elaboradas pelo conjunto dos indivíduos, ora
nas formas concretas registradas na paisagem. Cada elaboração, cada registro
64
faz com que a cidade se apresente com uma unidade datada que revela a
época em que foi originada e o conjunto de técnicas que foi elaborado em sua
construção (GOMES, 2006).
Em 1630, Olinda, então centro da capitania, é invadida e incendiada por
holandeses atraídos pela cana-de-açúcar. Contudo, os invasores se
estabeleceram nas terras baixas do Recife, seja porque o sítio de Olinda não
favorecia aos seus interesses militares e comerciais, seja pela semelhança do
Recife com a Holanda. Desse modo, colonos, soldados, habitantes de Olinda e
imigrantes judeus iniciaram a ocupação da Vila do Recife (RECIFE, 2013).
A partir do Século XVIII, o desenvolvimento da cidade se apóia no
comércio externo e a urbanização portuguesa incide predominantemente sobre
o antigo território holandês, de forma espontânea, caracterizada por ruas
estreitas, que se abrem em pátios onde se destaca a construção religiosa. No
Século XIX, a cidade já apresenta um tecido densamente urbanizado que
corresponde ao atual centro histórico surgido dos aterros das áreas alagadas e
mangues, a partir da ocupação holandesa (RECIFE, 2013).
2.10.2 Aspectos Demográficos
Recife, contabilizada com uma população de 1.537.704 habitantes,
capital do Estado de Pernambuco, situa-se no litoral nordestino e ocupa uma
posição central, a 800 km das outras duas metrópoles regionais, Salvador e
Fortaleza, disputando com elas o espaço estratégico de influência na Região.
Com área de 218,435 Km2, sua densidade demográfica é de 7.037,61
Hab/Km2 (IBGE,2010).
65
Figura 14- Mapa dos bairros da Cidade do Recife/PE.
Fonte: IBGE, 2010.
2.10.3 Aspectos Fisiográficos
A capital Pernambucana possui em sua composição territorial; Morros:
67,43% Planícies: 23,26%, Aquáticas: 9,31%,Extensão de praia: 8,6 km, com
clima quente e úmido de temperatura média de 25,2°C, altitude de 4 metros e
com coordenadas geográficas de latitude 8º 04' 03'' S e longitude 34º 55' 00'' W
(GOMES, 2006). Ainda possui uma divisão territorial de 94 bairros, 6 Regiões
Político Administrativas(RPA) como descritas na figura 13 e tabela 1.
66
Figura 15- Mapa de localização das Regiões Político Administrativas (RPA) do município da
cidade do Recife/PE.
Fonte: Prefeitura da cidade do Recife, 2013.
67
Tabela 1: Quantidade de bairros das Regiões Político Administrativas (RPA) da cidade do
Recife/PE.
RPA LOCALIZAÇÃO QUANTIDADE DE
BAIRROS
RPA 1 Centro 11 bairros
RPA 2 Norte 18 bairros
RPA 3 Nordeste 29 bairros
RPA 4 Oeste 12 bairros
RPA 5 Sudoeste 16 bairros
RPA 6
Sul 8 bairros
Total 94 bairros
Fonte: RECIFE, 2013.
2.10.4 O Bairro de Boa Viagem
O bairro de Boa Viagem está na área sul da cidade do Recife, localizado
na RPA 6, microrregião 6.1,possui uma população de 122.922 habitantes
(IBGE, 2010). O bairro de Boa Viagem e do Pina (porção mais ao norte do
complexo) correspondem à zona litorânea da Cidade do Recife (PE), possuem
uma área de 738,1 hectares e cerca de 8 km de extensão. A área tem como
limites: ao norte o Bairro de Brasília Teimosa e o Porto de Recife, ao sul a
Praia de Piedade que pertence ao município de Jaboatão dos Guararapes, o
Parque dos Manguezais, o Canal do Rio Jordão e o Canal Setúbal e a leste o
Oceano Atlântico (ATLAS, 2000). Em Boa Viagem, a infra-estrutura é precária
uma vez que o bairro cresceu rápido e as obras para o saneamento básico não
68
foram devidamente planejadas e executadas. O sistema de esgotamento
sanitário da Cidade de Recife é um sistema do tipo convencional, ou seja, trata-
se de um sistema com ligações prediais isoladas, redes de coleta localizadas
sob as vias públicas, transporte dos efluentes por coletores tronco, estações de
bombeamento, emissário de recalque e tratamento por processos físicos e
biológicos. A limpeza urbana de Recife é responsabilidade da Empresa de
Manutenção e Limpeza Urbana (EMLURB) que executa e fiscaliza os serviços
através de sua Diretoria de Limpeza Urbana (DLU) (ATLAS, 2000).
Figura 16: Mapa de localização do Bairro de Boa Viagem em Recife/PE.
Fonte: PREFEITURA DO RECIFE, 2013.
69
3 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo, serão apresentados os procedimentos metodológicos
utilizados para a execução deste estudo, procedendo-se com a abordagem e o
tipo de pesquisa escolhidos, assim como o lócus, os sujeitos da pesquisa e
meios de coleta e tratamento dos dados e das informações levantadas.
3.1 Abordagem da Pesquisa
O presente estudo foi desenvolvido através de um método descritivo e
exploratório, com uma abordagem metodológica quantitativa.
A pesquisa exploratória foca na maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a facilitar a construção de hipóteses.
Esse tipo de pesquisa tem como principal objetivo o aprimoramento de ideias
ou a descoberta de intuições, novas ideias. A pesquisa exploratória é
extremamente flexível, ou seja, de todos os tipos de pesquisa, estas são as
que apresentam menor rigidez no planejamento de modo que quaisquer
aspectos relativos ao fato estudado têm importância. Grande parte das
pesquisas do tipo envolve levantamento bibliográfico, documental e entrevista
ou questionário envolvendo pessoas que tiveram alguma experiência com o
problema (GIL, 2011).
A pesquisa descritiva objetiva a descrição de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Esse tipo de
estudo tem como característica mais significativa a utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação
sistemática. Segundo Malhotra (2001, p. 108), a pesquisa descritiva “tem como
principal objetivo a descrição de algo”, um evento, um fenômeno ou um fato.
Os termos descritiva, descrição e descrever referem-se ao fato de esse tipo de
pesquisa apoiar-se na estatística descritiva para realizar as descrições da
população (mediante amostra probabilística) ou do fenômeno, ou relacionar
70
variáveis. Assim, a pesquisa descritiva pura tem natureza quantitativa, mas
pode ser quantitativa e qualitativa ao mesmo tempo, se representar descrição
de amostra não-probabilística.
Com relação a pesquisas quantitativas, Lima (2008) afirma que o
método survey, ou levantamento amostral de dados, é atualmente o que
melhor representa as características da pesquisa quantitativa, isso porque
corresponde à realização de pesquisa de campo na qual a coleta de dados é
realizada por meio de aplicação de questionário e formulário, representando
escalas de medidas, junto à amostra estatisticamente representativa da
população. O método survey corresponde a levantamento de caráter amostral
em que o pesquisador precisa coletar dados, que quando registrados,
selecionados e processados permitam a realização de exercícios de descrição,
interpretação e análise comparativa (análise de correlação), capazes de
legitimar explicações a respeito de fatos, atitudes, preferências, crenças e
comportamentos. Colabora ainda nos estudos de natureza prospectiva na
medida em que permite a formulação de previsões que expressão as crenças
que as pessoas têm sobre eventos futuros (LIMA, 2008).
3.2 O Instrumento para coleta de dados
O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário
estruturado (anexo 1) elaborado pelo próprio autor do estudo, visando alcançar
os objetivos da pesquisa.
3.3 O lócus e sujeitos da pesquisa
A pesquisa foi realizada em 50 condomínios situados no bairro de Boa
Viagem, região Sul da cidade do Recife/PE, que possuíam comunidades
próximas, dentro de um raio de 100 metros, ou seja, condomínios que em seu
cotidiano recebem catadores e, em tese, deveriam ter uma predisposição a
atividade de coleta seletiva.
O bairro de Boa viagem possui 7 comunidades de baixa renda:
Borborema, Entra Apulso, Ilha do Destino, Rosa Selvagem, Sítio Wanderley,
Vila Arraes e Sítio Cardoso; todas as comunidades citadas possuem
71
moradores catadores que fazem parte de cooperativas ou fazem um trabalho
independente para sustento de suas famílias (RECIFE,2013). De acordo com
os condomínios pesquisados, semanalmente esses catadores realizam coletas
dos resíduos recicláveis. O que reflete, por parte dos síndicos, uma cooperação
com estes trabalhadores contribuindo para uma sustentabilidade social.
Figura 17- Comunidade de Entra- apulso, Boa Viagem Recife/PE.
Figura 18- Comunidade Rosa Selvagem, Boa viagem, Recife/PE.
72
A figura 18 demonstra uma das entradas da comunidade Rosa
Selvagem do Bairro de Boa Viagem, onde posteriormente e a esquerda
observam-se condomínios residenciais e empresariais, o que demonstra e
justifica a proximidade desta comunidade de baixa renda a condomínios de
maior poder aquisitivo.
Figura 19- Comunidade da Borborema, Boa viagem, Recife/PE.
Na figura 19 a comunidade Borborema do Bairro de Boa Viagem, onde posteriormente à direita observam-se também condomínios residenciais praticamente vizinhos da comunidade.
73
Figura 20- Comunidade de Sítio Cardoso, Boa Viagem, Recife/PE.
Figura 21- Comunidade de Sítio Cardoso, Boa Viagem, Recife/PE.
A figura 20 e 21 trata-se da comunidade de sítio Cardoso no mesmo bairro, onde se observa também à direita condomínios residenciais.
74
Figura 22- Comunidade de Vila Arraes, Boa Viagem, Recife/PE.
A figura 22 trata-se da comunidade de vila Arraes no mesmo bairro, onde se observa posteriormente condomínios residenciais.
Figura 23- Comunidade de Rosa Selvagem, Boa Viagem, Recife/PE.
A figura 23 trata-se da comunidade de Rosa Selvagem no mesmo bairro, onde se observa posteriormente condomínios residenciais.
75
De acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação
e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais em Pernambuco -
SECOVI-PE, um condomínio, ao ser constituído com CNPJ, já passa a fazer
parte do banco de dados do sindicato. Tendo em vista que os dados da
empresa são interligados ao Ministério do Trabalho e a Receita Federal. Neste
contexto, segundo dados disponibilizados do Sindicato, a cidade do Recife
possui um total de 5.910 condomínios, e cerca de 8000 cadastrados com CNPJ
em todo o Estado de Pernambuco. A região do Bairro de Boa Viagem,
Recife/PE, possui um total de 1315 condomínios cadastrados, número que
inclui condomínios empresariais e residenciais. Dentre estes 320 são
associados ao sindicato, de condomínios residenciais nesta região obtém-se a
quantidade de 135 condomínios residenciais no bairro associados ao SECOVI-
PE.
O SECOVI é o sindicato que representa os condomínios residenciais e
comerciais. Foi fundado em 1990 e é reconhecido pelo Ministério do Trabalho
(processo nº 24330.008241/90), como o único Representante Legal dos
condomínios residenciais e comerciais, Administradoras de Condomínios,
Administradoras de Imóveis e Imobiliárias (SECOVI-PE, 2013). Um dos
critérios de inclusão, e fator de delimitação da pesquisa, foi de selecionar
apenas os condomínios associados no sindicato, visto que os condomínios que
estão associados a este órgão possuem mais caraterísticas organizacionais de
seus serviços administrativos, tendo mais informações sobre melhoria no
edifício através de informativos e cursos realizados pelo sindicato, levando
assim a uma melhor gestão do condomínio.
Segundo Tabosa Filho (2011), do ponto de vista legal, o sindicato é o
órgão criado para fins de estudo, coordenação e representação legal da
categoria econômica a ele ligada. O autor ressalta que o sindicato sobrevive da
contribuição confederativa que, estando o condomínio associado ou não ao
mesmo, é, por lei, obrigado a pagar.
Como justificativa da escolha do bairro de boa viagem, na região sul, é
estabelecido que se trata da área mais populosa da cidade, cerca de 100.300
habitantes (IBGE, 2010), sendo a que mais concentra condomínios
residenciais, por este fato a pesquisa focou-se nesta região.
76
Para justificar esta perspectiva Martins e Theóphilo (2009) ressaltam que
nem sempre é possível obter as informações de todos os elementos da
população, pois há limitações, principalmente, em relação ao atendimento de
considerações de ordem metodológica. Portanto, apesar de ser compreensível
que um estudo de todos os elementos da população possibilite um preciso
conhecimento das variáveis que estão sendo pesquisadas, o uso e a busca de
amostras significativas, ou que de fato, represente o melhor possível toda a
população estudada é a forma mais segura e abrangente para o pesquisador.
A amostragem nesta pesquisa será definida como intencional. Sobre isto
Martins e Theóphilo (2009) referem que o investigador se dirige
intencionalmente a grupos de sujeitos dos quais deseja saber opiniões que se
relacionem à temática da pesquisa.
Portanto, a população amostral foi composta de síndicos e/ou
subsíndicos dos 50 condomínios residenciais da região estudada, visto que
estes indivíduos possuem o maior domínio e conhecimento administrativo
sobre os seus edifícios e são os responsáveis legais dos mesmos.
3.3.1 Critérios de Inclusão
Os critérios de inclusão para participação na pesquisa foram: síndicos e/
ou subsíndicos dos 50 condomínios escolhidos de maneira intencional, pois se
tratava de condomínios que eram associados ao SECOVI-PE e estavam
situados a um raio de até 100 metros das comunidades de baixa renda
localizadas também na região do Bairro de Boa Viagem.
3.3.2 Critérios de Exclusão
Os critérios de Exclusão para não participação no estudo foram:
Síndicos e subsíndicos que se negaram a participar da pesquisa, condomínios
não próximos às comunidades carentes no bairro de Boa Viagem e
condomínios que não estivessem associados ao SECOVI-PE.
77
3.4 Dimensão amostral
Para desenvolvimento dos estudos que integram o presente projeto
foram analisados dados de 50 Condomínios do Bairro de Boa Viagem em
Recife/PE. Verificou-se que será possível estimar a aplicabilidade da lei
municipal de maneira fidedigna, visto que o total de condomínios associados no
SECOVI-PE no bairro de Boa viagem é de 135.
3.5 Etapas da pesquisa
A pesquisa foi realizada em 3 etapas que foram decorreram no período
de março à junho de 2013. A primeira etapa consistiu na disponibilização dos
dados dos condomínios situados em Boa viagem cadastrados e associados no
SECOVI-PE. Após essa etapa, foram estabelecidos contatos, tanto telefônicos
como presenciais, para o agendamento da aplicação do instrumento de coleta
de dados. No terceiro momento, e última etapa foram coletados os dados com
os síndicos e ou subsíndicos dos condomínios do bairro de Boa viagem que
constavam nos critérios de inclusão da pesquisa.
78
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo serão explanados os resultados obtidos na coleta de
dados desta pesquisa, bem como a discussão destes resultados à luz da
literatura.
No Estudo, foram coletados 50 condomínios do bairro de Boa viagem na
região Sul da cidade do Recife/Pe. Traçou-se o perfil dos condomínios
pesquisados, para isto, observou-se o quantitativo de unidades autônomas
residenciais, constatou-se que a maior parte da coleta, 30%, possuem de 30 a
40 unidades autônomas, como dispostos no gráfico 1.
Gráfico 1- Quantidade de unidades autônomas dos condomínios do bairro de Boa viagem, Recife/PE.
Com relação ao tempo de existência, a maior parte da coleta, 30%,
possuem mais de 21 anos de existência, sendo 24% entre 11 a 15 anos, 22%
entre 16 a 20 anos, 12% entre 6 a 10 anos e 12 % de 0 a 5 anos de existência
conforme demonstra o gráfico 2 a seguir.
30%
10%20%16%
0%
24% 20 a 30
31 a 40
41 a 50
51 a 60
61 a 70
79
Gráfico 2 - Tempo que os condôminos estudados são constituídos
Sobre o conhecimento sobre a Lei Municipal 17.735/11 nos condomínios
estudados observou-se que 52% dos entrevistados possuem algum
conhecimento, enquanto 48% não possuíam conhecimento ou não
aparentaram interesse fazer a coleta seletiva em cumprimento a qualquer Lei.
Caracterizada, como objetivo central, pela obrigatoriedade da gestão de coleta
seletiva nos condomínios residenciais com vinte ou mais unidades autônomas.
Logo, com base nos dados coletados, percebe-se uma quantidade ainda
insuficiente de conhecimento sobre a lei, tendo em vista que esta já se
encontra sancionada desde o ano 2011. Conforme o artigo 1 da lei municipal
os condomínios já constituídos anteriormente a dois anos, contados da
promulgação da lei, para adequar-se aos novos requisitos municipais e
adequar as suas Convenções as exigências da presente Lei ( RECIFE, Lei nº
17.735, de 31 de agosto de 2011). Conforme demostrado com o gráfico 3.
Gráfico 3- Conhecimento dos condomínios do bairro de boa viagem na cidade do Recife/PE sobre a lei municipal 17.735/11.
80
Com relação à aplicabilidade da Lei municipal 17.735/11 nos
condomínios estudados, conforme o gráfico 4, apenas 20% possuem as
atividades de coleta seletiva bem como as diretrizes da gestão em seus
regimentos internos conforme previstos na referida, mesmo, de acordo com a
totalidade da amostra, sendo condomínios que estão a cem metros das
comunidades que possuem catadores e que, segundo os próprios indivíduos
estudados, esses catadores tem como rotina coletar os resíduos nos
condomínios semanalmente de maneira informal. Tais coletas se tornam mais
difíceis, pois, segundo relato de alguns catadores e em concordância com o
resultado descrito no gráfico 3, os resíduos, na maioria das vezes não estão
separados por suas devidas modalidades ou ficam inacessíveis por não
estarem separados pelos moradores, e consequentemente não segregados em
lugares adequados ou direcionados para este fim.
Nesse contexto, a Resolução nº 275 de 25 de abril de 2001 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, descreve que a reciclagem de
resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o
consumo de matérias-primas, recursos naturais não-renováveis, energia e
água; e ainda considerando que as campanhas de educação ambiental,
providas de um sistema de identificação de fácil visualização, de validade
nacional e inspirado em formas de codificação já adotadas internacionalmente,
sejam essenciais para efetivarem a coleta seletiva de resíduos, viabilizando a
reciclagem de materiais, resolve:
Art.1º - Estabelecer o código de cores para os diferentes tipos de
resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem
como nas campanhas informativas para a coleta seletiva (CONAMA, 2008).
81
Gráfico 4- Aplicabilidade da Lei Municipal 17.735/11 pelos condomínios do bairro de boa viagem na cidade do Recife/PE.
Com relação à opinião dos sujeitos da pesquisa quanto aos custos para
adequação da lei, ou seja, investimentos em compra de tambores coloridos
conforme as cores representativas de cada resíduo reciclável, divulgação,
treinamento de funcionários e palestras informativas aos moradores, conforme
observado no gráfico 5, as respostas ficaram divididas e até ausentes. Apesar
de acharem o investimento válido para uma boa gestão, porem não primordial,
os entrevistados, apesar de se demonstrarem divididos, foram unanimes em
uma opinião, declararam que tais investimentos eram relativos e o provimento
iria depender muito do momento financeiro do condomínio, ou seja, na pratica
esse recurso só iria ser aprovado numa assembleia em ultimo caso. Segundo
pesquisa Cempre (2007), o custo médio da coleta seletiva em 17 programas de
coleta seletiva, tanto em condomínios empresariais como em residenciais, em
torno de (US$ 115), R$ 260,00 segundo o cambio oficial do dia 15 de
dezembro de 2013. Sendo esse custo, em média, cinco vezes maior do que o
da coleta convencional. O que justifica a divisão de opiniões dos entrevistados,
pois, segundo os relatos, é mais cômodo não fazer investimentos onde não se
vê um retorno de maneira clara.
82
Gráfico 5- Opinião dos síndicos dos condomínios residenciais do bairro de boa viagem na cidade do Recife/PE, sobre o provimento de recursos para adequação da Lei municipal 17.735/11.
Durante a pesquisa foi questionado se antes da divulgação da Lei
17.735/11 existia, ou existiu, alguma gestão de coleta seletiva no condomínio.
Conforme tabela 2, a menor parte da amostra (46%) respondeu favorável a
existir alguma gestão. Este dado, apesar de insuficiente, mostra-se relevante,
visto que quase a metade da população do estudo já realizava ou realizou
algum tipo de coleta seletiva em seu condomínio. Conforme Junkes (2002)
contribui dizendo que a separação dos materiais recicláveis cumpre um papel
estratégico na gestão integrada de resíduos sólidos sob vários aspectos:
ambiental, ou seja, estimulando o hábito da separação do lixo na fonte
geradora para o seu ideal aproveitamento e a melhora da qualidade da matéria
orgânica para a compostagem; social, promovendo a educação ambiental
voltada para a redução do consumo e do desperdício; e econômico, gerando
trabalho e renda e melhora a qualidade de vida das famílias.
Segundo Waite (2005), entre as vantagens ambientais da coleta seletiva
destacam-se: a redução do uso de matéria-prima virgem e a economia dos
recursos naturais renováveis e não renováveis; a economia de energia no
reprocessamento de materiais se comparada com a extração e produção a
partir de matérias-primas virgens e da valorização das matérias-primas
secundárias, e a redução da disposição de lixo nos aterros sanitários e dos
83
impactos ambientais decorrentes. Os materiais recicláveis tornaram-se um bem
disponível e o recurso não natural em mais rápido crescimento.
Tabela 2 - Existência, anterior ou atual, de algum projeto de gestão de coleta seletiva nos condomínios do bairro de boa viagem na cidade do Recife/PE antes da divulgação da Lei Municipal 17.735/11.
Existência de gestão de
coleta seletiva
Quantidade de
entrevistados
Percentual de
entrevistados
Sim 23 46%
Não
27 54%
Totais 50 100%
Dentre os 46% dos entrevistados, ou seja, os que responderam
positivamente sobre alguma gestão de coleta seletiva no condomínio antes da
divulgação da Lei, na tabela 2, foi questionado sobre a existência de alguma
parceria com algum órgão publico ou cooperativa de catadores na comunidade
mais próxima para a recolha dos resíduos separados pelos condomínios, 58%
responderam não possuir nenhuma parceria, ou seja, a maioria dos
condomínios entrevistados que declararam fazer a gestão de coleta seletiva
não possuem parcerias. Portanto, percebe-se que existem catadores que
buscam os resíduos recicláveis nos condomínios estudados, porém sem
nenhum compromisso de parceria ou contrato. Um estudo realizado pela
Pesquisa Nacional de Saneamento básico 2008 (IBGE, 2010b) afirma que
existiam no país 994 (18%) municípios com coleta seletiva, sendo 653
municípios (66%) que a praticavam em parceria com catadores organizados
em cooperativas e associações. Em 279 municípios, os catadores atuavam de
forma independente. Logo, este estudo demonstra que a maioria dos
municípios do estudo da PNSB possuem parceria, ao contrário do que revela a
pesquisa do bairro de Boa viagem em Recife/PE, visto que 58% dos
condomínios não possuem nenhum tipo de parceria com as cooperativas.
84
A ampliação de coleta seletiva em parceria com organizações de
catadores decorre principalmente da opção feita das esferas dos governos.
Observa-se que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei n. 12.305
de 2010, estabelece como prioridade a coleta seletiva formal dos municípios
por meio da contratação de organizações de catadores para a prestação do
serviço. Estas políticas tem o objetivo de fortalecer as organizações de
catadores e integrá-las aos sistemas municipais de gestão de resíduos sólidos,
visando à geração de renda e de postos de trabalho.
Gráfico 6- Parcerias dos condomínios que declararam ter feito alguma atividade de CS independente da Lei (46%) com órgãos públicos, ou com cooperativas de catadores, no bairro de boa viagem na cidade do Recife/PE.
Aos condomínios que declararam não possuir gestão de coleta seletiva
(54%) foi questionado qual o motivo que os leva a esta não adesão. Conforme
o gráfico 7, A falta de orientação ou conhecimento desmotiva o condomínio a
ter a coleta seletiva com 42%, logo em seguida os condomínios relatam a falta
de espaço físico para acomodação dos tambores caracterizados com as cores
relativas aos resíduos recicláveis com 22%, dificuldade financeira e educação
dos condôminos também são elencados com 11% dos motivos, Falta de
conhecimento sobre cooperativas em comunidades próximas aos condomínios,
9%, e por ultimo, com o escore de 5%, os condomínios se sentem inseguros
85
em firmar parceria com cooperativas, tendo todos os condomínios da amostra
proximidade com comunidades que possuem catadores. Constata-se, através
dos dados demonstrados, que o grande vilão da falta de iniciativa para uma
ação de sustentabilidade é o conhecimento sobre parcerias e esclarecimentos
sobre o trabalho dos catadores, que podem ser adquiridos através de
orientações, palestras e de projetos de sustentabilidade que estão disponíveis
em empresas ou até mesmo nos órgãos competentes.
Besen, (2006b Apud Tavares; Freire, 2003) afirmam que é contraditória
a forma que o povo brasileiro age, visto que estes demonstram ser cuidadosos
com sua higiene pessoal e doméstica, mas relapsos com a limpeza das ruas. O
que transparece é que não há uma integração entre o espaço público e o
privado, ou seja, não se enxerga o espaço público como sendo de sua
responsabilidade, mas do governo. É preciso migrar de uma consciência
ambiental para uma consciência sustentável.
Gráfico 7- Motivos para não adesão a coleta seletiva nos condomínios do bairro de Boa viagem na cidade do Recife/PE.
86
Dados do IBGE (2000) revelaram que 451 (6,4%), dos 5670 municípios
brasileiros, possuíam programas de coleta seletiva de materiais recicláveis;
(IBGE, 2002b: 345-348 e 357), Já os dados revelados pelo censo 2010,
revelam que existem 994 (18%) dos municípios que realizam coleta seletiva
sendo 653 municípios (66%) praticavam parceria com catadores, logo do ano e
2000 á 2010 houve um crescimento de 543 municípios declarando realizar
coleta seletiva, ou seja, um crescimento de 54,63%, demonstrando a adesão e
a melhoria de gestão da coleta seletiva. Dados ainda do censo 2010, destacam
que cerca dos 50% dos municípios que possuem coleta seletiva, afirmam
desenvolver parceria com catadores, porem destes, 20% citaram ter
interrompido a coleta seletiva por falta de local adequado, má aceitação por
parte da comunidade e falta de campanha de conscientização, dados estes que
confirmam o demonstrado no estudo conforme demonstrado no gráfico 7, que
42% dos entrevistados declararam a falta de orientação como fato que
desmotiva o condomínio a realizar a coleta seletiva, dado importante revelado
demonstrando que existe uma educação ambiental deficiente no foco do
estudo.
Gráfico 8 - Orientações, comunicados, incentivos de órgãos competentes sobre a prática de coleta seletiva.
87
Quando questionado aos condomínios estudados se em alguma época
receberam alguma orientação, comunicado ou até mesmo incentivo de órgãos
competentes ou fiscalizador, conforme o gráfico 8, 66% dos condomínios
afirmam nunca haver recebido qualquer tipo de comunicação de nenhuma
empresa ou órgão competente, como Prefeitura da Cidade do Recife e
EMLURB para um despertamento sobre os benefícios da coleta seletiva.
Os dados do Estudo do IBGE (2010) demonstram que a maior parte dos
municípios brasileiros ainda não resolveu satisfatoriamente o problema do
gerenciamento dos RSU, bem como o estudo aqui em questão, e que os
modelos tradicionais de gestão apresentam uma série de problemas e não
trazem soluções. As propostas alternativas têm sido timidamente
implementadas e frequentemente interrompidas, o que tem tornado difícil um
avanço qualitativo. As administrações municipais têm dificuldades técnicas e
gerenciais para a realização da coleta, tratamento e destinação final e para a
cobrança adequada dos munícipes pelos serviços prestados, para financiar os
altos custos da coleta terceirizada e para minimizar os impactos ambientais de
seu tratamento.
88
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os resultados aqui obtidos nesta pesquisa trazem subsídios para
discussões sobre o manejo e a necessidade de atenção quanto à destinação
dos resíduos oriundos de moradias verticais situadas em Recife, bairro de Boa
viagem.
Pôde ser percebido na amostragem em questão que o bairro de Boa
Viagem, apesar de ser um local com uma grande concentração de
condomínios e diversificação de empreendimentos, as ações de
sustentabilidade são tímidas. Os condomínios fazem uma pequena gestão sem
qualquer orientação ou campanha que motive os moradores a se doarem à
causa sustentável.
Os condomínios, em sua maioria não possuem conhecimento suficiente
para aderir, gerir, e sustentar uma pratica que requer gerenciamento, parcerias
e acompanhamento. Em 2014 a PNRS determina a não existência dos lixões
ou vazadouros, somente aterros sanitários ou controlados e as destinações dos
resíduos deverão ser encaminhadas para reciclagem ou compostagem. É
recomendável que haja campanhas locais de conscientização, formação de
comissões fiscalizadoras que atendam, ensinem, acompanhem os locais de
coleta, ou seja, agentes de sustentabilidade.
Com relação ao conhecimento dos síndicos sobre as leis municipal e
nacional, percebeu-se que, apesar do resultado não demonstrar grande
disparidade, o que predominou foi o conhecimento empírico, ou seja, os
síndicos demonstravam que tinham consciência da existência de leis
reguladoras que determinavam procedimentos e instalações, porem suas
ações eram independentes destes direcionamentos e tendo em vista, como
também demonstrado na pesquisa, que na maioria dos condomínios não houve
nenhuma abordagem, atendimento ou orientação sobre a existência
diferenciada da coleta Seletiva.
É importante frisar que o custo para adesão aos procedimentos de
coleta seletiva em um condomínio não são caros, apesar dos estudos
demonstrados pelo Cempre do ano de 2007 afirmarem ao contrario, o que se
conclui é que, para os condomínios estudados esse não é o maior problema,
89
demonstrando, consequentemente, resultados divididos. Portanto o que se
constata é o desinteresse e não o custo. Foi notório perceber que a
disseminação massificada de informações ou uma campanha de
conscientização e apoio aos procedimentos dos condomínios eram deficientes,
o que caracteriza uma profunda necessidade de investimentos em educação
ambiental, sobretudo em parceria com entidades representativas como o
SECOVI-PE, cooperativas e prefeituras. No entanto, foi percebida uma
abertura e disposição em síndicos a se envolverem com ações, caso elas
existissem, pois os mesmos afirmaram que não se comprometem por não
sentirem segurança em orientações passadas apenas por catadores informais.
Curiosamente se percebe, com esses dados analisados, condomínios
desassistidos de informação e orientação, que por se tratar de uma região de
um considerável ajuntamento vertical de famílias, que consequentemente
tornam-se um dos maiores geradores de resíduos sólidos e orgânicos nocivos
ao meio ambiente, estes são locais onde menos se percebe maior rigor de
fiscalização, sistematização de ações ou até mesmo incentivos para uma maior
efetividade na gestão desses resíduos.
Em todos os sujeitos da pesquisa e dados analisados não se percebeu
atuação, na pratica, de entidades publicas que valorizassem o tão rico
ajuntamento de famílias que geram diariamente quantidades significativas de
resíduos. O bairro de Boa Viagem é um lugar onde os moradores, em sua
maioria, são pessoas esclarecidas e tem uma situação financeira diferenciada,
são, portanto, uma sociedade aberta a contribuir para questões sociais, mas o
que se percebeu presente na opinião dos entrevistados é a falta de uma
campanha ou ação mais palpável.
Apesar de a pesquisa detectar alguns condomínios praticando a coleta
seletiva, constata-se que ainda é bem presente a destinação dos resíduos sem
separação, ou seja, o lixo reciclável e o orgânico sendo segregados no mesmo
lugar e a coleta da prefeitura é feita de maneira tradicional. O que dificulta o
trabalho dos catadores e consequentemente, em alguns casos, como os
resíduos não estão separados, os sacos onde estão acondicionados são
violados, proporcionando uma desordem que dificulta a coleta tradicional.
90
Diante do exposto, é importante que mais pesquisas aprofundem sobre
os resíduos sólidos gerados pelos condomínios. Entidades publicas e/ou
privadas devem dar mais atenção a estas concentrações verticais de famílias
geradoras. Fica o questionamento, será que serão alcançadas as metas
propostas na PNRS para 2014? São varias as leis existentes e sancionadas
para as moradias e estabelecimentos comerciais, algumas descritas neste
trabalho, que determinam a destinação correta dos resíduos, a gestão e a
aplicação da coleta seletiva sob pena de multa pelo não cumprimento de tais
determinações, entretanto, não se percebe nestas leis nenhuma vantagem
motivadora para o cumprimento nem o direcionamento aos ajuntamentos
verticais. Conforme descrito neste trabalho, apesar do não direcionamento
específico aos condomínios, levantou-se uma discussão resultando em um
projeto de lei, a Política de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas, o qual se
espera que estas questões relativas à sustentabilidade econômica sejam
respondidas ao passo que esta lei seja sancionada. Ainda constata-se que há
lacunas a serem fechadas no que diz respeito a leis especificas para
sustentabilidade em condomínios que sugere outros estudos e promoção de
politicas publicas especificas a essas moradias verticais promovendo incentivos
econômicos, programas visando à melhoria das condições de trabalho aos
catadores de material reciclável desta região e às oportunidades de inclusão
social e econômica.
Quanto mais for identificada sustentabilidade nas moradias verticais
maior será a compensação do impacto causado pelo mesmo desde sua
fundação.
91
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ANEXO 1
LEI MUNICIPAL DO RECIFE Nº 17.735 /2011
OBRIGA QUE OS CONDOMÍNIOS COM VINTE OU MAIS UNIDADES
AUTÔNOMAS ORGANIZEM COLETA SELETIVA DE LIXO. O POVO DA
CIDADE DO RECIFE, POR SEUS REPRESENTANTES, DECRETOU, E EU,
EM SEU NOME, SANCIONO PARCIALMENTE A SEGUINTE LEI:
Art. 1º. Deve ser incluída, dentre os requisitos administrativos para concessão
municipal do "habite-se", um plano específico para coleta seletiva de lixo e
instalação padronizada das lixeiras, em condomínios com vinte ou mais
unidades autônomas. § 1º Deverá constar obrigatoriamente em toda
convenção de condomínio procedimentos, incentivos e divulgação para que os
moradores façam sua própria seleção de lixo, entre Papel/Papelão; Metal;
Vidro; Plástico; Orgânico. § 2º Os condomínios já constituídos terão dois anos,
contados da promulgação da presente lei, para adequar-se aos novos
requisitos municipais e adequar as suas Convenções as exigências da
presente Lei.
Art. 2º VETADO. Art. 3º VETADO. Art. 4º VETADO. Art. 5º Esta lei entrará em
vigor a partir da data de sua publicação.
Recife, 31 de Agosto de 2011.
João da Costa Bezerra Filho Prefeito do Recife.
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APENDICE 1
QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL
Projeto de pesquisa:
COLETA SELETIVA DE RESIDUOS SOLIDOS: UMA FERRAMENTA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A GESTÃO DE CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS
NA ZONA SUL DA CIDADE DO RECIFE/PE
Questionário
1) Total de Unidades Autônomas
20 a 30
31 a 40
41 a 50
51 a 60
61 a 70
71 ou mais
2) Tempo que o condômino é constituído
0 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
103
16 a 20 anos
21 anos ou mais
3) O condomínio tem conhecimento sobre a Lei Municipal 17.735/11?
Sim Não
4) A Lei Municipal 17.735/11 já se encontra aplicada em seu condomínio?
Sim Não
5) De acordo com a Lei Municipal, consta na convenção de
condomínio/Regimento Interno os procedimentos, incentivos e divulgação para
que os moradores façam sua própria coleta seletiva?
Sim Não
6) Acha que a providencia de recursos para adequação desta Lei é custosa
para o condomínio?
Sim Não
7) Antes da divulgação desta lei, já existia algum projeto de gestão de coleta
seletiva em seu condomínio?
Sim Não
8) Se Sim, o condomínio possui alguma parceria ou contato com um órgão
publico ou com alguma cooperativa de catadores na comunidade mais próxima
para a recolha dos resíduos sólidos separados?
Sim Não
104
9) Se não, qual o motivo da não adesão? Indique abaixo:
( ) A administração do condomínio não tem conhecimento sobre
cooperativas de catadores na comunidade mais próxima;
( ) O condomínio se sente inseguro em firmar parceria com cooperativas;
( ) A falta de orientação ou conhecimento desmotiva o condomínio para
iniciar uma ação de coleta seletiva.
10) O condomínio já recebeu algum tipo de orientação, comunicado e/ou
incentivo da prefeitura ou órgão fiscalizador sobre a pratica de coleta seletiva
em condomínios?
Sim Não
11) É de interesse do condomínio adequar-se a lei municipal caso haja
orientação por parte da prefeitura ou outros meios orientadores?
Sim NÃO