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UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DA EDUCAÇÃO REFLEXÃO SOBRE A INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NAS MINHAS AULAS DE FILOSOFIA Gabriela Filipa Silva Ribeiro MESTRADO EM EDUCAÇÃO Área de Especialidade Educação e Tecnologias Digitais Trabalho de Projeto Orientado pelo Professor Doutor Fernando Albuquerque Costa 2016

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DA EDUCAÇÃO

REFLEXÃO SOBRE A INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

NAS MINHAS AULAS DE FILOSOFIA

Gabriela Filipa Silva Ribeiro

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Área de Especialidade Educação e Tecnologias Digitais

Trabalho de Projeto Orientado pelo Professor Doutor Fernando Albuquerque Costa

2016

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Aos meus filhos Gonçalo e Guilherme (ainda no aconchego do ventre),

o melhor presente que a vida meu deu…

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Fernando Albuquerque Costa, que aceitou orientar o meu projeto,

a quem agradeço o apoio e a disponibilidade, bem como as imprescindíveis orientações

e observações.

Aos meus alunos, pela simpatia e disponibilidade demonstrada ao realizar cada tarefa.

Ao Nelson e ao meu filho Gonçalo, que estiveram sempre comigo, pelo apoio e pelo

incentivo, perdoem a falta de disponibilidade e o tempo que deixei de vos dedicar.

Um agradecimento especial aos meus pais, Ester e António, que são a minha referência,

o meu pilar, pelas pessoas que são e a quem tudo devo.

Ao Helder e Joana, os melhores irmãos que alguém poderia desejar e ao meu sobrinho

Rodrigo, pelo carinho e pelos sorrisos com que me brindam em cada encontro.

Aos que, direta ou indiretamente, tornaram possível este trabalho.

A todos, o meu muito obrigada!

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RESUMO

Muitos professores não se sentem confortáveis para integrar tecnologias digitais na sua

prática pedagógica, talvez porque reconhecem que a maioria dos seus alunos tem mais

facilidade em utilizar tecnologias do que eles próprios e também por falta de confiança

decorrente da insuficiente formação nessa área. No entanto, face às exigências da

conjuntura atual, torna-se crucial que os professores recorram a metodologias e

estratégias diferenciadas de ensino com recurso a tecnologias que permitam estreitar e

melhorar o caminho entre o que se ensina e o que é esperado que se aprenda.

Para que a mudança se concretize é necessário que os professores se questionem sobre o

que necessitam para promover a utilização destas ferramentas, de modo a poderem fazer

as alterações necessárias nas suas práticas habituais de ensino e auxiliarem os seus

alunos.

Na tentativa de servir de exemplo a outros professores que procuram novas estratégias

de ensino, bem como integrar as tecnologias nas suas práticas pedagógicas, esta

investigação apresenta uma reflexão sobre a prática pedagógica de uma professora,

numa abordagem biográfico-narrativa, recuperando o percurso profissional com vista a

constatar as mudanças registadas, essencialmente, antes e depois da utilização de

tecnologias digitais nas aulas de Filosofia.

Palavras-chave:

Reflexão, tecnologias digitais, prática pedagógica, professor investigador, motivação.

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vi

ABSTRACT

Many teachers do not feel comfortable integrating digital technologies in their teaching,

perhaps because they recognize that most of their students find it easier to use these

technologies than they themselves, and also due to a lack of confidence caused by

insufficient training in this area. However, given the demands of the current situation, it

is crucial that teachers resort to teaching methodologies, and different strategies

presented by the use of technologies, that permit the strengthening and improvement

between what is taught and what is expected to be learned.

For change to be realized it is necessary for teachers to question what they require to

promote the use of these tools so that they can make the necessary changes in their

normal teaching practices and assist their students.

In an attempt to set an example for other teachers looking for new teaching strategies

such as integrating technology into their teaching practices, this research presents a

reflection on the pedagogical practice of a teacher, in a biographical-narrative approach,

recovering their professional career with the objective of identifying the changes

registered, essentially, before and after the use of digital technologies in philosophy

classes.

Keywords:

Reflection, digital technologies, pedagogical practice, research teacher, motivation.

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vii

Índice

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ......................................................................... 3

1.1. Apresentação e contextualização da investigação .......................................... 3

1.2. Justificação do tema ........................................................................................ 4

1.3. Problema e objetivos da investigação ............................................................. 4

1.4. Metodologia de pesquisa ................................................................................ 5

1.5. Estrutura interna do projeto ............................................................................ 6

1.6. Intervenientes no projeto... ............................................................................. 7

CAPÍTULO 2: ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................... 9

2.1. Nota introdutória ............................................................................................. 9

2.2. Integração Educativa das Tecnologias Digitais .............................................. 9

2.3. Formação de professores para a integração das tecnologias digitais ............ 13

2.4. O professor investigador (The teacher as research) ...................................... 15

2.5. Tecnologias digitais e a aprendizagem cooperativa ..................................... 19

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA ................................................................... 23

3.1. Nota introdutória ........................................................................................... 23

3.2. Opções metodológicas/atividades e estratégias de ação ............................... 24

3.3. Descrição geral do percurso metodológico ................................................... 25

3.3.1. Reflexão - recuperação retrospectiva do percurso profissional ..... 25

3.3.2. Intervenção – Integração educativa das tecnologias digitais ......... 29

3.3.2.1.Caracterização dos participantes ...................................... 29

3.2.2.2. Instrumentos de recolha de dados ................................... 31

A. QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS ................................................................ 31

B. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .............................................................. 33

C. NOTAS DE OBSERVAÇÃO DE AULAS .................................................... 36

D. ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS

PELOS ALUNOS ............................................................................................... 37

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CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .... 39

4.1.NOTA INTRODUTÓRIA ........................................................................................... 39

4.2. Reflexão sobre a recuperação do percurso profissional ..................................... 39

4.3.Indicadores estatísticos registados nos questionários aplicados aos alunos ........ 40

4.3.1. Caracterização dos participantes – dados biográficos – parte 1 ................ 40

4.3.2. Hábitos de utilização de tecnologias digitais ............................................. 41

4.3.2.1.Pontos fortes e fracos ......................................................................... 46

4.3.3. Utilização de ferramentas digitais ............................................................. 46

4.3.3.1.Principais ganhos obtidos .................................................................. 47

4.3.3.2.Principais dificuldades ....................................................................... 47

4.3.3.3.Sugestões apresentadas ...................................................................... 48

4.4. Análise de conteúdo das notas de observação das aulas .................................. 48

4.4.1. Ação da professora .................................................................................. 48

4.4.2. Desempenho e interesse dos alunos......................................................... 51

4.4.3. Potencial do software utilizado................................................................ 51

4.4.4. Situações imprevistas .............................................................................. 53

4.4.5. Dificuldades diagnosticadas .................................................................... 53

4.4.6. Ganhos obtidos ........................................................................................ 54

4.5. Análise e reflexão dos trabalhos realizados pelos alunos ................................. 54

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS ............................ 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 63

ANEXOS ............................................................................................................. 67

Anexo 1: Questionário aos alunos – Parte 1 .................................................................... 68

Anexo 2: Questionário aos alunos – Parte 2 .................................................................... 70

Anexo 3: Atividade 1- “Conheça o seu Avatar”.............................................................. 71

Anexo 4: Atividade 2 - “O empirismo de David Hume” ................................................ 72

Anexo 5: Atividade 3 - “Racionalismo de René Descartes, Empirismo de David Hume e

Apriorismo de Immanuel Kant” ...................................................................................... 73

Anexo 6: Atividade 4 - “Vamos conversar sobre: Tecnociência, ética e alterações

climáticas” ....................................................................................................................... 74

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Anexo 7: Notas de observação da 1.ª atividade com recurso a ferramentas digitais ....... 75

Anexo 8: Notas de observação da 2.ª atividade com recurso a ferramentas digitais ...... 79

Anexo 9: Grelha de observação e avaliação dos trabalhos realizados pelos alunos ........ 83

Anexo 10: Grelha de autoavaliação e heteroavaliação dos alunos ................................. 84

ANEXOS ............................................................................................. em CDRom

Anexo 1: Questionário aos alunos – Parte 1

Anexo 2: Questionário aos alunos – Parte 2

Anexo 3: Planificações das atividades com recurso a ferramentas digitais

Anexo 4: Notas de observação das aulas/ atividades com recurso a ferramentas digitais

Anexo 5: Grelha de observação e avaliação dos trabalhos realizados pelos alunos

Anexo 6: Grelha de autoavaliação e heteroavaliação dos alunos

Anexo 7: Trabalhos realizados pelos alunos

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Índice dos Quadros

Quadro I – Procedimentos metodológicos ........................................................................ 6

Quadro II – Perfil do professor definido no âmbito do projecto europeu Profiles in ICT

for teachers education (2000)........................................................................................ 18

Quadro III – Hábitos de utilização das tecnologias digitais (bloco 1)............................. 32

Quadro IV – Perceção dos alunos face à utilização de tecnologias digitais (Bloco 2).... 33

Quadro V - Dados biográficos ........................................................................................ 40

Quadro VI – Pontos fortes e fracos das ferramentas utilizadas ....................................... 52

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Índice de Figuras

Figura 1: Distribuição dos participantes por género ........................................................ 30

Figura 2: Distribuição dos participantes por grupo etário ............................................... 31

Figura 3: Frequência diária de utilização de tecnologias digitais .................................... 41

Figura 4: Frequência de realização das atividades a seguir indicadas ............................. 42

Figura 5: Frequência de utilização das tecnologias referidas em cada um dos lugares

indicados. ......................................................................................................................... 43

Figura 6: Possibilidade de poder usar o telemóvel, tablet ou portátil na escola ............. 44

Figura 7: Sugestões de atividades para sala de aula ........................................................ 44

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

«Se eu pensasse no futuro, sonharia fundar uma escola onde os jovens pudessem

aprender sem se aborrecer e fossem estimulados a colocar problemas e a debatê-los;

uma escola na qual ninguém tivesse de ouvir respostas indesejadas a questões não

colocadas; uma escola onde não se estudaria só para passar no exame.»

(Popper, 2002)

1.1. Apresentação e contextualização da investigação

O presente projeto de investigação enquadra-se no âmbito do mestrado em

Educação, assumindo como domínio de especialidade "Educação e Tecnologias

Digitais", do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e adota como objeto de

estudo ou foco central de análise a “Reflexão sobre a Integração das Tecnologias

Digitais nas minhas aulas de Filosofia”, segundo a minha perspectiva enquanto

professora de Filosofia, no que diz respeito a práticas e concepções, os quais se

assumem como objeto de estudo.

Na sua essência, trata-se de uma reflexão sobre a minha prática pedagógica,

numa abordagem biográfico-narrativa, recuperando o meu percurso profissional com

vista a constatar as mudanças registadas, essencialmente, antes e depois da utilização de

tecnologias digitais nas minhas aulas.

Considerando que o acesso e a utilização das tecnologias faz parte do dia a dia

dos alunos que, como refere Prensky (2001), são nativos digitais uma vez que falam a

linguagem digital desde que nasceram, torna-se crucial que os professores recorram a

metodologias e estratégias diferenciadas de ensino com tecnologias que permitam

estreitar e melhorar o caminho entre o que se ensina e o que é esperado que se aprenda.

Consciente das minhas dificuldades e convencida de que a utilização das

potencialidades do computador e das ferramentas digitais me permitiria conseguir

chegar a todos os alunos proporcionando-lhes situações de aprendizagem inovadoras,

mais ricas e mais interessantes e conseguir uma mudança do ponto de vista do interesse

e motivação dos alunos pela aprendizagem, procurei usar estes recursos nas minhas

aulas e a partir daí desenvolver a presente investigação.

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1.2. Justificação do tema

A escolha do tema - Reflexão sobre a integração das tecnologias digitais nas

aulas de Filosofia - aconteceu por acreditarmos ser pertinente e potencialmente inovador

refletir e investigar a minha prática pedagógica numa perspectiva de “teacher research”,

analisando o meu percurso profissional antes e depois da integração de tecnologias

digitais nas minhas aulas. Procurando assim, perceber se o recurso a ferramentas digitais

constitui alguma mudança no que diz respeito ao aumento do interesse e motivação dos

alunos pelas aulas de Filosofia.

Segundo Ponte (1997), as novas tecnologias poderão ter um papel a

desempenhar, quer como ferramenta de trabalho, quer como meios de descoberta e de

formação de conceitos, quer como instrumentos de resolução de problemas. O seu uso

poderá ser, além disso, fortemente motivador para os alunos. Estas tecnologias criam

grandes oportunidades educativas. A grande questão é saber como elas serão

compreendidas pelos professores e aproveitadas pelos alunos.

Considerando que as tecnologias digitais entraram em força na nossa sociedade

em geral e na escola em particular, razão pela qual os alunos são muito mais adeptos do

online do que do presencial e as aulas expositivas, carregadas de texto, já não dão os

mesmos frutos de outros tempos, a integração educativa das tecnologias digitais nas

aulas de Filosofia assume um importante relevo e torna-se uma meta fundamental a

atingir.

Através desta investigação acreditamos poder contribuir para aumentar o

interesse e motivação dos alunos pela aprendizagem e servir como exemplo a outros

professores que procuram novas estratégias de ensino, bem como integrar as tecnologias

digitais nas suas práticas pedagógicas.

1.3. Problema e objetivos da investigação

Esta investigação assume como principal preocupação contribuir com

conhecimento relevante, sobre a integração das tecnologias digitais no ensino, a partir

da minha experiência pessoal de contacto e utilização com as mesmas e pretende

responder aos seguintes objetivos: (i) identificar algumas potencialidades pedagógicas

das TIC e sua aplicação em termos de inovação curricular dentro e fora da sala de aula.

(ii) Reconhecer competências que preciso (de ter como professora) para desenvolver

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uma prática pedagógica onde se verifique a integração das tecnologias digitais. (iii)

Investigar como é que as tecnologias digitais interferiram, interferem e vão interferir na

minha atividade letiva.

Ao procurar responder a estas questões ambicionamos poder contribuir com

conhecimento que possa ser aproveitado por outros professores, ajudando-os a aprender

a viver na era digital e, essencialmente ajudando-os a ultrapassar medos e inseguranças.

Ao encorajar os professores a utilizar as tecnologias digitais em contexto sala de aula,

teremos ambientes de aprendizagem muito mais estimulantes que, espero, se traduza em

alunos mais motivados.

E talvez o caminho seja como refere Costa (2010): “(…) cada um de nós se

questionar mais profundamente sobre o porquê da utilização destes novos meios de

acesso e construção de conhecimento na escola, sobre o que fazer com eles, para que

objectivos em concreto, enfim, tentando perceber o caminho que terá de ser percorrido,

o investimento pessoal e profissional que terá de ser feito e em que áreas específicas,

para que sejamos capazes de proporcionar aos alunos a imersão em ambientes de

aprendizagem que os computadores e a Internet podem seguramente tornar mais ricos,

estimulantes e eficazes” (p. 5).

1.4. Metodologia de pesquisa

Numa investigação como a que queremos realizar, em que se pretende

compreender o professor enquanto sujeito ativo na construção do conhecimento sobre a

sua prática pedagógica, parece-nos adequado optar-se por um estudo de caso, que, de

acordo com Gómez, Flores, & Jiménez (1996) e Punch (1998), é caraterizado por ser

intenso e profundo de um só sujeito, pequeno grupo ou situação, numa abordagem

metodológica interpretativa e qualitativa, com recurso a instrumentação composta por

questionários de diagnóstico, de hábitos e práticas de utilização das tecnologias digitais,

notas de observação, conversas informais com os alunos e grelhas de análise e avaliação

de produtos multimédia.

No Quadro I (Procedimentos metodológicos), encontram-se especificados, de

forma sintetizada, os procedimentos metodológicos implementados no âmbito desta

investigação.

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QUADRO I – Procedimentos metodológicos

1.ªFase –

Reflexão

2.ª Fase – Intervenção 3.ªFase –

Análise

Recuperação

retrospetiva

do trajeto

profissional

antes da

utilização de

tecnologias

digitais

Implementação de aulas com recurso a tecnologias digitais

Análise

de

conteúdo

dos dados

recolhidos

Instrumentos de recolha de dados

Caracterização

dos

participantes

Quest.

aos

alunos

Bloco

1

Quest.

aos

alunos

Bloco

2

Notas de

observação

de aulas

Avaliação

de

produtos

multimédia

1.5. Estrutura interna do projeto

O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, organizados

sequencialmente, cada um dos quais com conteúdos diferenciados mas que se interligam

entre si e que estão diretamente relacionados com a temática em estudo.

No Capítulo 1. Introdução – apresenta-se uma abordagem geral ao estudo, sendo

especificado o problema, as questões e os objetivos da investigação, bem como os

aspetos de âmbito metodológico em que se sintetiza o estudo realizado.

No Capítulo 2. Enquadramento Teórico – destacam-se aspetos descritos na literatura

que fundamentam as questões inerentes à integração educativa das tecnologias digitais,

tendo sido dado realce ao papel das tecnologias digitais na aprendizagem cooperativa, à

formação de professores nesta área e à perspectiva do professor como investigador (the

teacher as research) e serve de suporte e orientação teórica da presente investigação.

No Capítulo 3. Metodologia de Investigação – justifica-se e caracteriza-se o estudo em

termos de contextualização, a respetiva descrição, o processo de recolha de informação

e a caracterização dos participantes. São também justificados os procedimentos tomados

quanto à análise e tratamento dos dados.

No capítulo 4. Descrição e análise dos resultados - são apresentados os resultados do

estudo desenvolvido, com base na análise de conteúdo dos questionários aplicados aos

alunos, atividades desenvolvidas, notas de observação de aulas e análise e avaliação de

produtos multimédia elaborados pelos alunos.

No capítulo 5. Conclusões - apresentam-se algumas considerações finais do trabalho

desenvolvido.

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1.6. Intervenientes no projeto

Este estudo envolveu-me a mim, numa perspectiva de professor investigador na

descrição da minha prática pedagógica e envolveu três turmas do 11.º ano, num total de

setenta e cinco alunos e decorreu em contexto de sala de aula. No entanto, ao longo do

percurso foram necessárias ligeiras alterações, forçadas por alguns constrangimentos

que foram acontecendo, e que fizeram com que, em algumas situações, a investigação se

alargasse ao exterior, mais tempo que o previsto, alterando algumas opções

metodológicas inicialmente estruturadas.

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CAPÍTULO 2: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Nota introdutória

Em Portugal, a utilização pedagógica do computador no ensino, começou a ser

considerada no início dos anos 80. Foram adotadas um conjunto de medidas legislativas

e lançados programas e projetos que tiveram um importante impacto na implementação

destas tecnologias.

Segundo Ponte (2002) e Silva (2001), há dois grandes momentos marcantes da

introdução das TIC no sistema educativo português, criados e coordenados pelo

Ministério da Educação. O primeiro momento foi o Projecto MINERVA - Meios

Informáticos no Ensino: Racionalização, Valorização, Actualização, vigorou no período

compreendido entre 1985 e 1994, com o objetivo de introduzir meios informáticos no

ensino. Em continuidade, mas em resposta a novas exigências e desafios surge o

Programa Nónio Século XXI, lançado em outubro de 1996, com o objetivo de apoiar e

adaptar o desenvolvimento das escolas às novas exigências colocadas pela Sociedade da

Informação: exigências de novas infra-estruturas, de novos conhecimentos e de novas

práticas, Silva & Silva (2002).

Mas outras iniciativas se seguiram, no âmbito da promoção do uso educativo da

Internet e das tecnologias.

2.2.Integração Educativa das Tecnologias Digitais

Após a década de 90, o ritmo das inovações tecnológicas, especificamente no

domínio da informação e da comunicação tornou-se mais do que vertiginoso, quase

alucinante, Skilbeck (1998).

Em consequência, colocou-se ao sistema educativo o desafio de preparar o

cidadão para a sociedade de informação, como refere o Livro Verde para a Sociedade de

Informação em Portugal (1997): “A sociedade de informação corresponde, assim, a um

duplo desafio para a democracia e para a educação. Cabe ao sistema educativo fornecer,

a todos, meios para dominar a proliferação de informações, de as seleccionar e

hierarquizar, com espírito crítico, preparando-os para lidarem com uma quantidade

enorme de informação que poderá ser efémera e instantânea” (p.40).

Ora, sendo a Escola um importante pilar da sociedade do conhecimento:

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10

“(…) desempenha um papel fundamental em todo o processo de formação de

cidadãos aptos para a sociedade da informação e deverá ser um dos principais focos de

intervenção para se garantir um caminho seguro e sólido para o futuro.” Sociedade de

Informação (1997, p.39).

Mas a verdade é que a escola, tal como hoje se apresenta, necessita sofrer

grandes mudanças, que terão forçosamente que se traduzir em alteração nas práticas dos

professores. Como refere Costa (2008), o domínio das TIC na Educação, e como

acontece noutras áreas do conhecimento, seria de esperar, que a investigação precedesse

as práticas dos profissionais respectivos, contudo, nesta área parece acontecer

exatamente o inverso.

Como refere Pedro (2011): “Com falta de investigação organizada e transferida

para as escolas (numa forte dimensão operativa do que os resultados de investigação

traduzem), parece que o processo de integração das TIC na educação se tem sobretudo

organizado, nos últimos anos (assim o não foi sempre!), em torno de movimentos

exploratórios ou em metodologias de tentativa-erro… que certamente necessitam ser

combatidas.” (p.328).

A integração das Tecnologias de Informação e Comunicação em contexto

escolar nunca foi consensual, existem diferentes concepções de utilização das

tecnologias no currículo, algumas defendem a sua inserção como disciplina académica,

outras como disciplina de carácter transversal.

E, apesar do sucesso social, dos evidentes avanços e das tecnologias digitais

fazerem parte do dia a dia de todos nós, são vários os estudos que demostram que os

professores manifestam alguma indiferença, resistência ou até mesmo rejeição

relativamente à adoção das tecnologias como instrumentos de trabalho.

Segundo Costa (2004): “Razões de natureza cultural e psicológica são também

muitas vezes utilizadas como argumento para justificar o atraso que se verifica na

Escola, em termos de utilização efectiva das TIC. Para além de factores de cariz

eminentemente cultural, como a resistência à mudança e a inércia própria da instituição

escolar, aliás abundantemente estudados e normalmente referidos como justificação

para “atrasos” de outra índole, este tipo de justificações desloca para os diferentes

agentes educativos em particular a responsabilidade do actual estado de coisas

nomeadamente em termos da sua incapacidade de inovação e mudança” (pp.23-24).

Talvez porque, ainda hoje, continua a ser considerada como uma prática

inovadora, a utilização das tecnologias em contexto educativo está muito longe do que

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seria desejável. Mas é preciso que a sua utilização curricular aconteça, não de forma

meramente ocasional mas de forma planeada e que a sua prática seja sistemática. Como

refere Paiva (2002), “uma escola que não recorra, ou melhor, que não integre os novos

meios informáticos, corre o risco de se tornar obsoleta.” (p.7).

Vivemos numa sociedade cada vez mais exigente no domínio digital, onde cada

vez mais se espera de cada professor ser criativo, crítico e inovador. Nesta perspetiva,

criar ambientes de aprendizagem colaborativos, significativos, em que as tecnologias

estejam incorporadas é fundamental para a formação dos alunos que queremos preparar

para os desafios do futuro, fundamentalmente porque estes ambientes propiciam o

desenvolvimento de competências cruciais como a cooperação e colaboração, a

criatividade, a inovação, a capacidade de tomar decisões.

No entanto, como diz Costa (2008): “o que se verifica nas nossas escolas é uma

utilização poucas vezes determinada por uma visão clara, esclarecida e criteriosa sobre a

função ou funções que a tecnologia pode assumir ao serviço da aprendizagem, pouco

determinada por uma adequada formação de professores e educadores ou pela existência

de contextos estruturados e com tempo suficiente para experimentação, avaliação e

reflexão, nomeadamente sobre as mudanças que isso implica em termos de organização

do espaço e do tempo, ou em termos dos papéis de professores e alunos e de cada uma

das tecnologias usadas.” (p.40)

Em ambiente escolar, são poucos os professores que na sua atividade

profissional integram tecnologias digitais. Segundo Costa & Peralta (2006), citados por

Costa (2007) e tendo por base os resultados de um projeto (projeto IPTCCO), de âmbito

internacional e tendo como objectivo conhecer as práticas dos professores com as TIC

em Portugal e nos restantes países do sul da Europa:

“Mesmo quando motivados para o uso de meios tecnológicos na sua atividade

profissional, os resultados encontrados permitem concluir que é muito escasso o seu uso

no quotidiano escolar. Ou, ainda mais significativo, porque preocupante, um uso pouco

ambicioso do ponto de vista da aprendizagem propriamente dita, continuando as

tecnologias, quando usadas, a servir sobretudo de apoio ao trabalho do professor ou de

suporte a tarefas rotineiras por parte dos alunos, não acrescentando nada em termos de

exigência do ponto de vista cognitivo.” (p.171).

Por outro lado, a tendência é para que no futuro a presença das ferramentas

digitais nas salas de aula seja uma constante. Por isso, temos de nos preparar e fazer

com que estas ferramentas contribuam para o desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo

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dos alunos. E para tal, devemos explorar o seu potencial, de forma a proporcionar

ambientes de ensino e de aprendizagem mais ricos e apelativos.

Como refere Ponte (1997):

“As formas mais elevadas de raciocínio, como a capacidade de resolver

problemas novos, o desenvolvimento do espírito crítico e da criatividade e a tomada de

decisões em situações complexas são aspectos que têm sido muitas vezes

negligenciados. Verifica-se que os alunos saem das escolas com uma capacidade maior

ou menor nas competências básicas tradicionais, mas mostram grandes dificuldades em

tarefas complexas envolvendo situações problemáticas. No apoio ao desenvolvimento

das funções cognitivas mais elevadas o computador pode dar uma grande contribuição

no processo educativo. Isto é possível porque o computador pode ajudar a criar

situações de aprendizagem ricas, variadas e estimulantes.” (p.135).

Apesar de reconhecermos que as TIC são ferramentas potencialmente poderosas

e flexíveis e podem contribuir para transformar o ensino e a aprendizagem, sabemos que

muitos autores estão em desacordo quanto à sua utilização, considerando vantagens mas

também inúmeras desvantagens da utilização destas tecnologias. Obviamente que a

integração das TIC implica, por parte do professor, um trabalho devidamente

planificado em que se determine que ferramenta e também que método de

implementação é apropriado para determinada situação em determinado contexto.

Segundo Silva (1999):

“Defendemos, claramente, uma posição de equilíbrio. De uma maneira geral as

TIC não merecem os acérrimos ataques desencadeados contra elas, confundindo-se

muitas vezes a sua capacidade maléfica com o mau uso que delas se faz, nem

subscrevemos as excessivas expectativas para provocarem só por si a mudança... o

grande desafio que se coloca à escola e aos professores consiste em compreender o

funcionamento destas tecnologias que podem proporcionar a passagem de um modelo

curricular baseado na reprodução da informação para um modelo de funcionamento

assente na construção de saberes, aberto aos contextos sociais e culturais, à diversidade

dos alunos aos seus conhecimentos, experimentações e interesses.” (pp. 84-85).

É da responsabilidade e da competência dos agentes educativos perceber como é

que a tecnologia pode melhorar o processo de ensino e de aprendizagem. É preciso ter

consciência que a integração curricular das TIC na educação implica que se analise que

recursos tecnológicos e que métodos de implementação são mais apropriados para uma

determinada situação, num determinado contexto. E claro que não é possível dissociar

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da reflexão sobre a integração curricular das tecnologias das questões sociais, questões

políticas e/ou económicas e questões de ordem pedagógica.

Este é um trabalho bastante exaustivo que exige do professor mudanças efectivas

nas práticas que desenvolveram, em alguns dos casos, durante anos. Efectivamente estas

mudanças prendem-se com uma tomada de consciência de que “as tecnologias de

informação e comunicação não são ferramentas destinadas principalmente aos

professores, mas sim ferramentas do aluno; não são ferramentas para apoiar a

transmissão do conhecimento, mas sim ferramentas que permitem e implicam a

participação activa, por cada um, na construção do seu próprio conhecimento.” Costa,

(2010, p.3).

2.3. Formação de professores para utilização das tecnologias digitais

«A Formação é um enorme magma, lento e frio, que desliza de várias fontes

institucionais e que se rege pelo sagrado princípio, bem lusitano, da falta de

articulação e de coordenação. E não há efectivamente coordenação entre as várias

instituições que fazem formação, nem entre a formação inicial e a formação contínua.

Muitas delas ignoram-se mutuamente. Há já largos anos no terreno, ainda não se

vislumbram os grandes objectivos estratégicos da formação em Portugal.»

Quaresma (2001)

Quando se trata de qualquer mudança ou inovação, integrando de tecnologias

digitais, no processo de ensino e aprendizagem, os professores enquanto agentes

educativos assumem um papel fundamental. No entanto, para que a mudança se

concretize é necessário que os professores se questionem sobre o que necessitam para

promover a utilização destas ferramentas, de modo a poderem fazer as alterações

necessárias nas suas práticas habituais de ensino e auxiliarem os seus alunos.

E a verdade é que são muitos os professores que não se sentem muito

confortáveis para integrar tecnologias digitais nas suas práticas, talvez porque

reconhecem que a maioria dos seus alunos sabe mais de utilização de tecnologias do que

eles próprios e também por falta de confiança decorrente da insuficiente formação nessa

área.

Segundo Pedro (2011), resistência por parte dos professores em recorrer às

tecnologias digitais pode ser justificada por uma desadequada e quase inexistente

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formação nessa área. A preparação profissional dos professores assume hoje particular

relevância, nomeadamente no contexto de rápidas e contínuas mudanças sociais,

económicas e tecnológicas como aquele em que vivemos, sendo a falta de preparação

específica para o uso das tecnologias um dos mais sérios obstáculos à sua plena

integração no currículo.

Este receio dos professores em utilizar ferramentas digitais nas suas aulas pode

ser explicado pela falta de formação nessa área. Como refere Piedade (2010): “Para o

professor não basta saber usar as tecnologias, pois elas por si só, não produzem grandes

efeitos na aprendizagem. Bem como, não basta dotar as escolas de tecnologia e

equipamentos para que a mudança exista. O foco deve ser colocado no modo como as

tecnologias podem ser integradas nas actividades lectivas, com vista a promover

experiências educativas inovadoras e significativas para os alunos.” (p.13).

É certo que as tecnologias digitais poderão ter um impacto decisivo enquanto

catalisador de inovação e mudança ao nível das práticas educativas, uma vez que a

própria sociedade está em mudança e a escola deve assumir um papel preponderante

nessa mudança. Mas falta aos professores formação e informação que demonstre que o

caminho é a utilização de ferramentas que permitem e implicam a participação ativa do

aluno na construção do seu próprio conhecimento.

Como menciona Costa (2010): “Intrigava-me e continua a intrigar-me o facto de

as instituições responsáveis pela formação inicial não equacionarem, com clareza e

determinação, a utilização das tecnologias de informação e comunicação como vector

nuclear na preparação dos futuros professores e educadores, mas também as evidências

de que a formação contínua não conseguia ir muito além da oferta de uma preparação de

cariz predominantemente técnico, com claro prejuízo para uma preparação

metodológica assente na reflexão sobre os benefícios e sobre os modos adequados de

utilização das TIC no currículo e na aprendizagem.” (p.2).

Também é verdade que no que respeita à formação contínua, as razões pelas

quais um professor frequenta uma ação de formação são, maioritariamente, as

necessidades ligadas à progressão na carreira. No entanto, apesar de tudo, já são em

grande número os professores que fazem a sua inscrição numa ação de formação por

interesse pelo tema, para a aquisição de conhecimentos no domínio científico, ou

mesmo para atualização e ou aprofundamento de conhecimentos ou práticas.

Mas a verdade é que existe uma desadequada formação dos professores e

educadores ao nível do domínio digital. E a que existe, quer em termos de formação

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contínua quer de formação inicial, por muito qualificada que seja, na maioria das vezes,

não responde a muitas das questões encontradas pelo professor ao longo da sua carreira

profissional.

2.4. O professor investigador (The teacher as research)

A noção de professor-investigador associa-se normalmente a Stenhouse e a sua

origem situa-se nos anos 60. “No entanto, é um conceito que tem hoje grande

actualidade, nomeadamente no nosso país, onde a concepção actual de currículo e de

gestão curricular reclamam que o professor seja não um mero executor de currículos

previamente definidos ao milímetro, mas um decisor, um gestor em situação real e um

intérprete crítico de orientações globais. Exige-se hoje ao professor que seja ele a

instituir o currículo, vivificando-o e construindo-o com os seus colegas e os seus alunos,

no respeito, é certo, pelos princípios e objectivos nacionais e transnacionais. Exige-se,

mas ao mesmo tempo, confia-se-lhe essa tarefa, acreditando que tem capacidade de a

executar.” Alarcão (2001, p. 2).

O professor investigador é aquele que deve ser capaz de refletir sobre a sua

prática. Pois, o professor que reflecte sobre a sua prática pedagógica, procura não só

compreender-se a si próprio como professor mas também melhorar a sua maneira de

ensinar. Mas essa não é uma questão tão simples como parece, não é muito fácil para a

maioria dos professores fazer esta reflexão. Normalmente só acontece, fruto de uma

necessidade que emerge, quando há, por parte do professor, o reconhecimento de um

problema, de uma dificuldade ou insegurança.

Os professores que reflectem em exercício e sobre a sua prática estão envolvidos

num processo investigativo, não apenas para compreender-se a si próprios como

profissionais, mas também procurando melhorar o seu ensino.

Para Stenhouse (1975) “o profissionalismo do professor investigador envolve:

- O empenhamento para o questionamento sistemático do próprio ensino como uma

base para o desenvolvimento;

- O empenhamento e as competências para estudar o seu próprio ensino;

- A preocupação para questionar e testar teoria na prática fazendo uso dessas

competências;

- A disponibilidade para permitir a outros professores observar o seu trabalho

directamente ou através de registos e discuti-los numa base de honestidade.” (p. 144).

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A investigação do professor realiza-se num contexto específico e é da sua

responsabilidade identificar e implementar as mudanças necessárias para que se possa

falar de investigação. Beillerot (1991), num artigo intitulado La “recherche”, essai

d’analyse, analisa a diversidade do termo investigação e identifica a presença de três

condições mínimas, necessárias para que se possa falar de investigação: produção de

conhecimentos novos (embora reconheça a dificuldade de decidir sobre o que é novo);

processo de investigação rigoroso (sistemático, susceptível de ser reproduzido);

comunicação dos resultados que permita a discussão crítica, a verificação, a construção

sucessiva.

Não é fácil mudar práticas e hábitos de anos. Transformar a prática docente é

uma tarefa complexa e é fundamental que se compreenda como os professores

constroem seus saberes, como eles aprendem quando se estabelece um ambiente

colaborativo dentro da escola, no qual se possibilita sua prática reflexiva,

diferentemente das situações tradicionais, em que os programas de capacitação são

impostos ao professor, Grígoli et al ( 2007).

O professor não é, hoje em dia, um mero transmissor de conhecimento, mas

também não é apenas uma pessoa que trabalha no interior de uma sala de aula. O

professor é um organizador de aprendizagens, de aprendizagens via os novos meios

informáticos, por via dessas novas realidades virtuais. Organizador do ponto de vista da

organização da escola, do ponto de vista de uma organização mais ampla, que é a

organização da turma ou da sala de aula… Não basta deter o conhecimento para o saber

transmitir a alguém, é preciso compreender o conhecimento, ser capaz de o reorganizar,

ser capaz de o reelaborar e de transpô-lo em situação didática em sala de aula. Esta

compreensão do conhecimento é, absolutamente, essencial nas competências práticas

dos professores, Nóvoa (2001).

O professor não deve ficar estagnado, parado no tempo. Não deve ter medo de

admitir que errou para procurar remodelar a sua prática e fazer diferente. Por isso é que

é tão importante que o papel investigador seja um papel implícito ao papel de professor.

Que cada professor ouse investigar-se a si próprio e a toda a sua prática.

Como refere Alarcão (2001): “realmente não posso conceber um professor que

não se questione sobre as razões subjacentes às suas decisões educativas, que não se

questione perante o insucesso de alguns alunos, que não faça dos seus planos de aula

meras hipóteses de trabalho a confirmar ou infirmar no laboratório que é a sala de aula,

que não leia criticamente os manuais ou as propostas didácticas que lhe são feitas, que

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não se questione sobre as funções da escola e sobre se elas estão a ser realizadas.” (p.6).

A autora acrescenta ainda “Ser professor-investigador é, pois, primeiro que tudo ter uma

atitude de estar na profissão como intelectual que criticamente questiona e se

questiona.” (p.6).

E é sem dúvida nas mãos de professores com formação e conhecimento,

professores competentes e confiantes que se esperam mudanças no ensino, capazes de

ultrapassar o paradoxo aparente que existe entre o ensino tradicional e o ensino com

recurso a tecnologias digitais.

Mas “a formação não se constrói por acumulação de cursos, de conhecimentos

ou de técnicas, mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas

e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso, é tão importante

investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência.” Nóvoa (1995, p. 21).

Mas tal como acontece com as outras profissões, também na profissão de

professor, são assumidas posturas variadas no que diz respeito aos muitos desafios que

vão sendo colocados à profissão. Para alguns, a tarefa de reflexão sobre a sua prática é

muito difícil de levar a cabo e até ameaçadora, enquanto para outros a reflexão é

qualquer coisa que estão sempre a fazer. São variados os tipos de reflexão e de práticas

que podem ser levadas a cabo por diferentes professores em contextos variados. Ao

refletir sobre a sua prática, o professor pode abrir novas possibilidades, que podem

conduzir a melhoramentos naquilo que faz.

Então, no exercício da sua prática há uma série de competências que são preciso

desenvolver para uma prática pedagógica onde se verifique a integração das tecnologias

digitais. A capacidade de tomar decisões conscientes é um dos atributos que, de um

modo geral, se considera nos professores que investigam e refletem sobre a sua prática.

Esta tomada de decisões tem por base um corpo de conhecimentos sólidos, que os

professores reinterpretam de acordo com cada experiência que vivem e para isso há uma

série de competências que devem definir o perfil do professor.

No Quadro II, que se segue, apresenta‐se o perfil do professor definido no

âmbito do projeto europeu Profiles in ICT for teachers education – PICTTE (2000).

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18

QUADRO II - Perfil do professor definido no âmbito do projeto europeu Profiles in

ICT for teachers education (2000).

Perfil do professor

Atitudes

Abertura é inovação tecnológica;

Aceitação da tecnologia;

Capacidade de adaptação/Mudança do papel do professor;

Ensino centrado no aluno, aberto à participação do aluno;

Professor como mediador e facilitador da comunicação.

Com

pet

ênci

as

En

sin

o g

eral

Metodologias de ensino com as TIC;

Planeamento das aulas com as TIC;

Integração dos media;

Monitorização/Avaliação;

Avaliação de conteúdos TIC;

Questões de segurança, de ética e legais na utilização das TIC;

Actualização científica.

En

sin

o d

a D

isci

pli

na Investigação;

Avaliação de recursos;

Integração na comunidade científica;

Ligação a possíveis parceiros;

Utilização do material em outras línguas;

Participação em newsgroups.

Com

pet

ênci

as

TIC

Actualização de conhecimentos em TIC/plataformas e

ferramentas TIC;

Familiarização com ferramentas que sirvam para:

- Comunicar;

- Colaborar;

- Pesquisar;

- Explorar;

- Coligir dados;

- Processar dados;

- Expandir conhecimentos;

Integrar ferramentas.

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19

2.5. Tecnologias digitais e a aprendizagem cooperativa

Segundo Sherman (2000), a fundamentação histórica e teórica para

aprendizagem em grupo na aula deve-se, entre outros autores, a Piaget e Vygotsky cujas

teorias construtivistas são largamente consideradas como fundamentos da aprendizagem

cooperativa. “As estratégias de aprendizagem cooperativa são concebidas para

desenvolver as relações humanas bem como a aquisição de conhecimentos entre grupos

de diferentes características. O computador facilita essa colaboração entre pares” (p.

113).

No que diz respeito a este tipo de aprendizagem cooperativa, também Bertrand

(1992) enumera alguns princípios, a saber:

a) o partenariado – a sinergia entre alunos que trabalham em conjunto num projecto faz

com que aprendam mais;

b) a flexibilidade – traduz-se na adaptabilidade a circunstâncias, alunos, culturas,

regiões, não havendo um modelo único válido para todas as circunstâncias; c) a

entreajuda – é o princípio que advoga que todos devem ajudar-se no trabalho comum o

que tem efeitos positivos nos alunos fracos, nos médios e nos bons;

d) a complexidade cognitiva – as situações de aprendizagem são pensadas para

estimular a dimensão cognitiva, psicológica e social do aluno que aprende a evoluir

num contexto mais estimulante;

e) a interdependência positiva – o trabalho conjunto realizado visa contrariar o espírito

de competição e promover cooperação; os elementos são recompensados na base do

reconhecimento do trabalho realizado;

f) a valorização pessoal – os alunos vêem, na realização de uma obra colectiva, a sua

auto-estima aumentar, sentem-se menos sós nos problemas, não são penalizados se

errarem, o que facilita a motivação;

g) o professor tem muitas funções, entre elas a de apoio ao trabalho de cada aluno e do

grupo recorrendo ao feedback para explicar os sucessos ou as falhas dos alunos.

Mas outras características da aprendizagem cooperativa são acrescentadas por

Sherman (2000): a interação face a face, que pode ser presencial ou a distância através

das telecomunicações; o rendimento individual pois é importante distinguir a

performance do grupo e a individual; e os grupos heterogéneos, ou seja, onde há

diversidade de género, de competência, de etnias e outras. Dependendo dos contextos, a

composição dos grupos pode ou não variar durante o ano letivo.

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Apesar de inicialmente, nas escolas, se recorrer ao trabalho cooperativo quando

se usavam TIC, já que não existiam recursos que permitissem o trabalho individual, os

resultados dessa estratégia vieram a revelar-se de tal modo positivos que, atualmente,

continua a ser utilizada, mas agora pelas vantagens que têm sido demonstradas, Freitas

& Freitas (2003).

Numa situação de aprendizagem colaborativa ou em grupo, com recurso a

tecnologias digitais, o professor tem o importante papel de facilitar a comunicação entre

os alunos e apoiar nas diferentes atividades desenvolvidas. Importa lembrar que

trabalhar em grupo exige ambientes de aprendizagem interativos, dinâmicos centrados

no aluno e nas suas necessidades de aprendizagem.

Sempre que se pretende implementar uma nova tecnologia, novos desafios se

colocam aos seus utilizadores. Como refere Ponte (1997), “o computador põe uma série

de novos desafios a todos os intervenientes no processo educativo. Tanto pode ser um

instrumento de libertação, poder, desenvolvimento e inovação, como pode ser um

objecto aborrecido, massificante e opressivo…”. (p.106).

Por isso, é que a utilização das TIC em contexto de sala de aula constitui um

grande desafio para professores e alunos. Para além da aquisição de competências que

permitam desenvolver mecanismos de formação e atualização constantes, numa

perspetiva de aprendizagem ao longo da vida, existem princípios fundamentais que

devem ser seguidos por ambos para que esta cooperação resulte numa cooperação e

aprendizagem efetiva.

No que diz respeito à utilização das tecnologias em sala de aula e à sua

importância na realização de trabalhos em grupo, Ponte (1997) acrescenta que “o

computador é essencialmente um instrumento que cria novas possibilidades de trabalho

e novas responsabilidades ao professor... a necessidade de actualização e formação

permanente do professor ... que passa a ter que assumir um processo de aprendizagem

contínua. .... Tal como os alunos, têm de estar sempre a aprender. ... Nas actividades

educacionalmente mais promissoras é toda a relação professor/aluno que é afectada pela

presença do computador... o professor passa a ter de fazer não só um esforço

permanente de aprendizagem, mas de aprendizagem com o aluno. Professor e aluno

passam a ser companheiros, ainda que com funções e bases de experiência diferentes

(pp. 106-107).”

O professor deixa de assumir o papel principal na transmissão de conhecimento,

como acontecia numa perspetiva mais tradicional, em que os modelos pedagógicos se

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21

centravam no professor e esse papel de destaque passa a ser do aluno, que assume um

papel mais interventivo no processo.

Alguns autores defendem que a aprendizagem cooperativa ou em grupo deve

assegurar a interdependência positiva mas também o rendimento individual, pois um

bom desempenho em grupo não significar um bom desempenho individual, nem vice-

versa, porque, como referem Lou & d´Apollonia (2001), “o primeiro reflecte a

sabedoria colectiva e o esforço de todos ou alguns participantes; o segundo requer que

cada membro esteja activamente envolvido, interaja e aprenda a partir da discussão

conjunta”. (p.482).

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23

CAPÍTULO 3: METODOLOGIAS

3.1. Nota introdutória

Uma investigação, não tem que ser completamente original, por vezes, mais não

é que uma forma diferente de olhar e pensar determinada realidade a partir da sua

própria experiência ou mesmo da apropriação de conhecimentos de outros.

Apesar disso, a opção metodológica assumida pelo investigador é uma das

questões fundamentais na realização de uma investigação. Como refere Santos (2000),

“as assunções do investigador, nomeadamente os pressupostos teóricos que sustem,

revestem-se de uma importância decisiva no paradigma de investigação que elege.

Fundamental é que exista uma forte coerência entre o objecto de estudo, o propósito

com que este é feito, os pressupostos que o orientam e a opção metodológica adoptada.”

(p.766).

Para Guba & Lincoln (1994), as questões metodológicas, mais do que discutir as

técnicas, devem em primeiro lugar incidir sobre o modo de proceder do investigador de

forma a chegar aos conhecimentos que acredita ser possível obter. Por isso, a escolha da

metodologia num trabalho de investigação é uma tarefa difícil, pois a diversificação de

paradigmas de investigação pela qual o investigador pode enveredar é muito abrangente

e são muitos os métodos e técnicas que podem ser utilizados.

São vários e diferentes os paradigmas que se podem seguir no âmbito de uma

investigação, cabe ao investigador seleccionar aquele que melhor serve os interesses da

sua investigação. Segundo Ribeiro (2010), “diferentes paradigmas apresentam

perspetivas de investigação distintas, olhares divergentes, que se sustentam em variadas

técnicas e análises; deste modo, e como a investigação pode ser considerada como um

processo rigoroso de observação, análise e interpretação, exige que o investigador

conheça em profundidade os métodos e técnicas que lhe permitam desenhar e

desenvolver com sucesso a investigação.” (p.274).

Neste capítulo apresento a metodologia que segui e os procedimentos utilizados

para recolha e análise de dados que sustentaram esta investigação. De forma a permitir

uma melhor compreensão das opções metodológicas assumidas, começo por fazer

referência à perspectiva de investigação em que me situo, bem como à delimitação do

quadro teórico-metodológico em que circunscrevo o estudo, nomeadamente, os

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participantes na investigação, os critérios da sua escolha, o processo de recolha de dados

e respetiva análise.

3.2.Opções metodológicas/atividades e estratégias de ação

A presente investigação é, na sua essência, uma reflexão sobre a minha prática

pedagógica. No entanto, o objeto em análise é avaliar se a prática de utilização de

tecnologias digitais nas minhas aulas de Filosofia, tem reflexo na motivação dos alunos

face à disciplina. Trata-se de um estudo de caso, com pendor qualitativo, metodologia

escolhida e aplicada, por entender ser a mais indicada para o desenvolvimento deste

estudo.

Como refere (Stake, 2007): “por ser um exercício de tal profundidade, o estudo

[de caso] é uma oportunidade de ver o que os outros não viram, de reflectir sobre a

singularidade das nossas próprias vidas, de activar a melhor parte dos nossos poderes

interpretativos e de fazer, mesmo que só pela sua integridade, a defesa das coisas que

prezamos”. (p.150)

Com este projeto procuro dar-me a conhecer na pessoa do professor, a forma

como sinto e vivo a profissão, o conhecimento didático que possuo, a forma como me

desenvolvi, numa abordagem biográfico-narrativa. O objetivo aqui é recuperar o meu

percurso profissional, sob a forma de narrativa, com recurso ao que a memória guardou

das experiências vividas e comparar com a minha prática do presente, numa perspetiva

de “Teacher Research”, que se trata, segundo MacLean & Mohr (1999), de um termo

importante para redefinir as funções do professor:

Teachers are subjective insiders involved in classroom instruction as they go

about their daily routines of instructing students, grading papers, taking attendance,

evaluating their performance as well as looking at the curriculum. Traditional

educational researchers who develop questions and design studies around those

questions and conduct research within the schools are considered objective outside

observers of classroom interaction. But when teachers become teacher-researchers, the

"traditional descriptions of both teachers and researchers change. Teacher-researchers

raise questions about what they think and observe about their teaching and their

students' learning. They collect student work in order to evaluate performance, but they

also see student work as data to analyze in order to examine the teaching and learning

that produced it.

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Dada a natureza essencialmente qualitativa da minha investigação “os dados

recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não em números […] ao recolher

dados descritivos, os investigadores qualitativos […] tentam analisar os dados em toda a

sua riqueza, respeitando, tanto quanto possível, a forma em que estes foram registados

ou transcritos. […] A abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja

examinado com a ideia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para construir uma

pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto

de estudo”, Bogdan & Biklen (1994, p.48-49).

Por isso, para a recolha dos dados, a instrumentação utilizada é composta por

questionários de diagnóstico de hábitos e práticas de utilização das tecnologias digitais,

notas de observação, conversas informais com os alunos e grelhas de análise e avaliação

de trabalhos dos alunos.

3.3. Descrição geral do percurso metodológico

Este estudo divide-se em três fases/momentos diferenciados, como é possível

verificar no Quadro I (PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS) apresentado na

introdução, ainda que fazendo parte de um todo integrador, delineado para responder às

questões das quais partiu este projeto:

1.ª FASE – REFLEXÃO: Recuperação retrospetiva do trajeto profissional antes da

utilização de tecnologias digitais;

2.ª FASE – INTERVENÇÃO: Implementação de aulas com recurso a tecnologias

digitais;

3.ª FASE – ANÁLISE: Reflexão e análise de conteúdo dos dados recolhidos.

3.3.1. Reflexão - recuperação retrospetiva do percurso profissional

Neste momento de reflexão, que corresponde à 1.ª fase desta investigação, faço

uma retrospetiva da minha experiência profissional, socorrendo-me da memória para

descrever, de forma sintetizada, todo um percurso, em que vou refletindo sobre a minha

prática pedagógica, com a preocupação de motivar os meus alunos para a Filosofia.

Estudar Filosofia pode abrir novos horizontes sobre o mundo e nós mesmos e

pode fornecer fortes instrumentos para pensar claramente num vasto domínio de

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26

contextos. De tal forma que nos ajuda a desenvolver a nossa capacidade para pensar de

forma independente sobre várias questões enigmáticas do nosso quotidiano.

A Filosofia não nos ensina o que pensar, ensina-nos a pensar. É o estudo dos

significados e dos princípios subjacentes ao comportamento, ao pensamento e ao

conhecimento. Por isso, a Filosofia é um processo e os filósofos são pensadores que nos

transmitem não só as suas conclusões, mas também os seus raciocínios, King (2005).

Olhando para a minha prática enquanto professora de Filosofia, fui constatando

que a ideia que eu tinha sobre “ser professora” não é compatível com a experiência com

que me depreendo todos os dias. O sonho, a vontade de ensinar o que tinha aprendido, o

contacto com os alunos e todos os agentes que fazem parte do quadro educativo, que

idealizei, é ligeiramente diferente da realidade que fui encontrando ao longo destes

anos. Criei expectativas demasiado elevadas, pensei que tinha tirado um curso e que

agora estava, simplesmente, habilitada a ensinar.

No início da minha atividade, expectante e cheia de energia mas com muita

insegurança e receio de falhar, procurava cumprir, rigorosamente, o programa da

disciplina, bem como, seguir cegamente as planificações de longo e médio prazo.

Recebia os meus alunos com uma abordagem teórica à disciplina e, sem ter perceção

disso, tornava a Filosofia aborrecida e de certa forma incompreensível aos olhos deles,

comprometendo tanto a adesão às atividades da aula como a compreensão profunda e

intuitiva daquilo que é a Filosofia e de quais são os horizontes que ela nos abre,

enquanto pensamento crítico, interessado em melhorar a nossa compreensão do mundo

e de nós próprios.

Ao aperceber-me disso, fui-me questionando: seriam as minhas aulas uma perda

de tempo? Serão assim todas as aulas de filosofia? Serão as aulas de filosofia dos meus

colegas diferentes das minhas… mais apelativas, mais percetíveis? Serei eu o problema?

Muitas foram as questões que me foram passando pelo pensamento e para as quais

procurava incessantemente uma resposta.

Muitas foram as aulas em que apesar do cumprimento dos programas, apesar de

serem lecionados à risca os conteúdos das planificações, senti que daquilo que eu disse,

pouco ou nada foi aproveitado pelos alunos. E esta situação era ainda mais evidente

quando se tratava de alunos que estavam a iniciar a disciplina, alunos do 10.º ano, que

estavam muitas vezes de corpo presente na aula mas sem perceber o porquê de tudo

aquilo que estava a ser dito.

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27

Consciente de que não há duas turmas iguais e que cada turma é única nas suas

características, procurei ir ao encontro das especificidades de cada grupo, motivando-os

para a disciplina.

Comecei por fazer algumas alterações na minha prática, ou seja, comecei a

trabalhar textos mais acessíveis e mais apelativos. Procurei levantar problemas que

interpelassem os alunos, que fossem ao encontro dos seus interesses, enquanto

adolescentes, como a liberdade e livre arbítrio, a definição do bem e do mal, a noção de

justiça, a fundamentação do poder e da autoridade, etc. No fundo, comecei a procurar

uma aplicabilidade prática da Filosofia, marcada pelo pensamento crítico, catalisador da

consciência individual.

Procurei seguir uma metodologia de maior interatividade entre professora e

aluno(a)… de acordo com os ideais da escola democrática, que visa a participação dos

alunos no processo da sua formação e a aquisição, por estes, de competências reflexivas

e críticas, na linha do pensamento de João Boavida, quando se interroga sobre a

condição da própria Filosofia e aquilo que seria desejável apreender com ela: “O

desejável é que o jovem ganhe consciência crítica face ao lugar e à circunstância e

venha a ser capaz de pensar filosoficamente sobre ambos.” (p.169).

Para além disso, utilizei muitas vezes o computador e o videoprojetor para

projetar powerpoints sistematizadores dos conteúdos lecionados; projetei filmes, vídeos

e animações; construí jogos didáticos; proporcionei debates; etc., sempre com a

preocupação de diversificar as minhas aulas, tornando-as mais motivadoras, mas

também para promover a autonomia intelectual. Porque entendo que o professor de

Filosofia mais do que transmitir conteúdos nomeadamente de carácter histórico-

filosófico, perspetiva mais tradicional de “ensinar filosofia”, deve levar os alunos a

pensar por si, ou seja, “ensinar a filosofar”.

De qualquer forma é importante ressalvar que tendo em conta os conteúdos

programáticos da disciplina, não é possível “ensinar a filosofar” sem transmitir

conteúdos filosóficos e histórico-filosóficos.

Ainda assim, apesar dos meus esforços, os alunos continuavam e continuam a

reagir com desinteresse ou interesse limitado aos problemas filosóficos e a quase todos

os saberes substanciais que as escolas ensinam. Claro que há, no entanto, exceções,

alguns alunos revelam interesse pelo problema e pelas suas possíveis soluções e querem

compreender melhor e saber mais. Contudo, os conteúdos estudados na disciplina de

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28

Filosofia são, em geral, muito abstratos, pelo que só um pequeno número de alunos se

interessa verdadeiramente por este tipo de questões.

No entanto, não posso atribuir essa responsabilidade apenas a mim, porque pelo

que vou observando e pelas conversas que vou tendo com outros colegas das diferentes

áreas disciplinares, este desinteresse não acontece apenas na disciplina de filosofia, as

outras áreas dos saberes também contam com a falta de empenho por parte dos alunos.

Consequência do excedente de professores e do problema de desemprego da

classe fui confrontada com uma mudança em que tive de substituir a filosofia pela

biblioteca escolar. Tornei-me professora bibliotecária, cargo que ocupei durante quatro

anos e, que me permitiu ter contacto com variadas formações no âmbito das bibliotecas

escolares, nomeadamente sobre as várias literacias (da leitura, dos média, da informação

e digitais).

Foi nessa altura que comecei a aperceber-me que as transformações,

relacionadas com a revolução tecnológica e digital, afetavam não só a sociedade em

geral mas também a escola. Exige-se hoje dos alunos não apenas o desenvolvimento de

um conjunto de literacias essenciais à aprendizagem e ao sucesso educativo, como as

competências básicas de leitura, matemática ou ciências, mas também as competências

da informação, digitais e dos média, não menos importantes.

Como é referido no referencial Referencial de aprendizagens associadas ao

trabalho das bibliotecas escolares na Educação Pré‐escolar e no Ensino Básico -

“Aprender com a biblioteca escolar”:

“Nas últimas décadas, com a introdução e desenvolvimento das TIC, as bibliotecas

escolares viram a sua intervenção e papel reforçados. As tecnologias e a Internet vieram

introduzir novas oportunidades de acesso à informação e redefinir as existentes,

substituindo condições e modelos de uso e produção do conhecimento. Introduziram

ainda novos desafios formativos e pedagógicos a que a escola tem que responder e que

decorrem do alargamento das literacias inerentes à aprendizagem e à vida no contexto

da Sociedade do Conhecimento.” (p.9)

Durante a minha experiência como professora bibliotecária, trabalhei com

professores dos vários ciclos e áreas disciplinares, bem como com os seus alunos. Tive

de investir muito do meu tempo em formação e informação para responder às

solicitações e expectativas de alunos e professores que me procuravam para ajudar a

fazer pesquisas, promover ações formativas, sobre o modo de explorar os diferentes

tipos de recursos e que me solicitavam para apoiar na exploração de variados softwares.

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29

Esta experiência permitiu-me, entre outras coisas, o domínio de competências

para usar determinadas tecnologias, redes e ferramentas digitais de forma ética, eficaz e

segura, tendo em vista a localização, uso, produção e comunicação de informação.

Assim como, aceder, analisar, avaliar, produzir e difundir mensagens mediatizadas

variadas, impressas ou digitais (escrita, áudio, filme, vídeo, Internet, etc.). E colocou-me

um novo desafio… a vontade de implementar mudanças na minha prática educativa.

Mesmo sem saber muito bem por onde começar procurei, sem deixar de valorizar o

conhecimento, utilizar diferentes ferramentas digitais e apostar na motivação dos

alunos.

3.3.2. Intervenção - Integração educativa das tecnologias digitais

Esta 2.ª fase do estudo corresponde ao momento de intervenção, assim

designado porque é o momento em que são implementadas, por mim, aulas com recurso

a tecnologias digitais, para poder aferir se existe alguma mudança do ponto de vista do

comportamento dos meus alunos, no que se refere à motivação e interesse pela

disciplina.

Para dar início a esta fase de intervenção e para que a integração educativa de

tecnologias digitais se concretize, é preciso definir alguns procedimentos

imprescindíveis à execução desta investigação, a saber: Definição da amostra

(participantes) a trabalhar; Seleção dos instrumentos mais adequados para utilizar na

recolha de dados; Escolha das ferramentas digitais mais adequadas a trabalhar, pelos

alunos, no âmbito da disciplina; Planificação das atividades a realizar com os alunos,

tendo em conta a disciplina, as suas características e o nível de ensino em que se

encontram.

A seleção criteriosa de todos os procedimentos a adotar, tem como principal

preocupação fornecer uma maior objetividade e consequente credibilidade à presente

investigação

3.3.2.1. Caracterização dos participantes

Tendo como principal propósito a integração educativa das tecnologias digitais

nas aulas de Filosofia e, em simultâneo, perceber de que maneira é que as aprendizagens

poderão ser mais efetivas recorrendo às tecnologias digitais, fundamentalmente no que

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30

diz respeito à motivação e interesse dos alunos pela disciplina, para o presente estudo

foi selecionada uma amostra de conveniência. Ou seja, para a escolha da amostra foram

tidos em conta dois critérios: envolver alunos com quem trabalhava diretamente neste

ano letivo e que de alguma forma já tivessem contactado com a disciplina no ano ou em

anos anteriores.

Tendo em conta esses critérios, no presente estudo participaram 75 alunos de

Filosofia, de três turmas de Línguas e Humanidades, do 11.º ano, sendo 64% do sexo

feminino e 36% do sexo masculino, representados na Figura 1: Distribuição dos

participantes por género.

Figura 1: Distribuição dos participantes por género

Os alunos participantes no estudo apresentavam idades compreendidas entre os

16 e 19 anos de idade, sendo que o foco mais representativo corresponde aos alunos

com idades compreendidas entre 16 e 17 anos, apenas uma percentagem muito reduzida

de alunos tem 18 e 19 anos, como pode ler-se na Figura 2: Distribuição dos

participantes por grupo etário, abaixo.

36%

64%

Masculino Feminino

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31

Figura 2: Distribuição dos participantes por grupo etário

3.3.2.2. Instrumentos de recolha de dados

Tratando-se de uma pesquisa na área das Ciências da Educação, uma pesquisa de

cariz qualitativo, é necessário adotar critérios que garantam a credibilidade de todos os

resultados, dando a investigação a notoriedade e fidelidade do estudo que foi

realizado. Desta forma, deve adequar-se a escolha dos instrumentos de recolha de dados

com os elementos envolvidos e com os objetivos a alcançar com a pesquisa.

Como instrumentos selecionados para recolha de dados foram utilizados

questionários aos alunos, atividades desenvolvidas, notas de observação de aulas e

análise e avaliação de trabalhos elaborados pelos alunos.

A. QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS

Considerando a importância fulcral que as representações dos sujeitos assumem

relativamente ao objeto de estudo, pareceu-me importante questionar os alunos

relativamente a aspetos considerados relevantes.

Este questionário aplicado aos alunos é constituído por três partes e está dividido

em dois momentos, sendo que a primeira e segunda parte do inquérito, que constitui o

anexo 1, serão aplicadas, em simultâneo, antes da implementação, ou seja, antes de dar

0

5

10

15

20

25

30

16 anos 17 anos 18 anos 19 anos

Feminino

Masculino

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32

início às atividades com recurso às tecnologias digitais e a terceira parte do

questionário, que constitui o anexo 2, será aplicada num segundo momento, ou seja,

depois desta implementação e da experiência dos alunos com estes recursos.

A primeira parte do questionário é constituída apenas por questões referentes aos

dados biográficos dos alunos: idade, sexo e nível de ensino. Não acrescentei mais

questões para recolha porque como eram alunos com quem trabalhava e tendo em conta

os objetivos da investigação, a informação recolhida afigurava-se suficiente.

A segunda parte é constituída por cinco questões objetivas e de resposta fechada,

sobre os hábitos de utilização de tecnologias digitais, por parte dos alunos, como pode

ler-se no Quadro III (Hábitos de utilização das tecnologias digitais - Bloco 1), que se

segue. A aplicação deste questionário, num primeiro momento, tem como objetivo a

recolha de dados para aferir hábitos de utilização de tecnologias digitais, pelos alunos,

dentro e fora da sala de aula.

QUADRO III - Hábitos de utilização das tecnologias digitais (Bloco 1)

N.º Formulação da Questão

Questão 1

Assinala com uma (x) a frequência com que usas cada uma das

tecnologias digitais a seguir indicadas: computador, tablet, telemóvel,

computador, máquina fotográfica, Consola de jogos (ex: Playstation).

Questão 2

Assinala com uma (x) a frequência com que usas cada uma das

atividades a seguir indicadas: jogar, ver filmes, fazer trabalhos

escolares, ouvir música, desenhar ou pintar, fazer e editar fotografia,

conversar com amigos (ex: chat), etc.

Questão 3

Assinala com uma (x) a frequência com que costumas usar as

tecnologias referidas em cada um dos lugares indicados: em casa, no

recreio da escola, nas salas de aula/informática, em casa de amigos ou

familiares, noutros locais.

Questão 4

O que te parece a ideia de poderes usar o teu telemóvel ou outras

tecnologias que tenhas em casa, como por exemplo o tablet ou o

computador portátil, na escola?

Questão 5 Sugere algumas atividades que gostarias de fazer nas aulas usando

essas tecnologias.

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33

A terceira e última parte do questionário, a aplicar apenas o final de todo o

processo, num segundo momento, é constituída por três questões de resposta aberta,

com o objetivo de levar os alunos a refletir sobre a sua experiência de contacto e

utilização de ferramentas digitais nas suas aulas, essencialmente sobre os principais

ganhos obtidos ao trabalhar com as várias ferramentas digitais (faceyourmanga,

fotobabble, vocaroo, audacity, glogster, padlet, prezi, movie maker), as principais

dificuldades sentidas por eles no contacto, exploração e utilização destas ferramentas e

possíveis sugestões à professora para uma utilização futura das tecnologias digitais em

contexto de sala de aula, como pode ler-se no Quadro IV - Perceção dos alunos face à

utilização de ferramentas digitais (Bloco 2).

QUADRO IV – Perceção dos alunos face à utilização de ferramentas digitais (Bloco 2)

N.º Formulação da Questão

Questão 1 Que ganhos consideras ter obtido com a utilização das ferramentas

digitais nas aulas de filosofia?

Questão 2 Quais foram as principais dificuldades que sentiste ao utilizar as

ferramentas digitais?

Questão 3 Que sugestões deixas à professora para uma utilização futura destas

ferramentas?

B. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Porque em sala de aula, a ausência de motivação e de interesse dos alunos nas

aulas de Filosofia é muitas vezes observável, o objetivo deste estudo é introduzir uma

nova proposta com a utilização da Internet, em particular a utilização de ferramentas

digitais, de forma a promover uma aprendizagem cooperativa, mais flexível e mais

adaptada aos diferentes ritmos dos alunos.

De forma a dar continuidade e resposta aos objetivos, foram definidas quatro

atividades, a realizar em grupo pelos alunos, com recurso a tecnologias digitais e

elaboradas as respetivas planificações. Tendo em conta que para cada uma das

atividades é preciso disponibilizar tempo para a professora explicar genericamente o

funcionamento de cada ferramenta, assim como, disponibilizar, aos alunos, tempo para

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investigação e/ou trabalho dos conteúdos disponibilizados pela professora; tempo para

realização de um produto final com recurso às ferramentas digitais sugeridas; e tempo

para a apresentação dos trabalhos à turma, foram elaboradas apenas quatro atividades,

divididas pelo número de aulas necessário para cada uma delas.

Depois de realizados e apresentados, os trabalhos de cada um dos grupos deve

ser enviado para o email da turma ficar disponível e acessível a qualquer um dos outros

grupos.

As tarefas propostas aos alunos tiveram por base atividades do TACCLE 2 -

Atividades com Tecnologias para a área das Humanidades. Propostas para tornar o

ensino e a aprendizagem mais estimulantes, no entanto, com algumas alterações e

adaptações.

O período de implementação destas atividades contemplou o segundo e terceiro

período, mais concretamente de 5 de fevereiro de 2015 e a 5 de junho do mesmo ano

(final do ano letivo).

ATIVIDADE 1 - “Conheça o seu Avatar”

A primeira atividade, cuja planificação constitui o anexo 3, tem como objetivo o

desenvolvimento de competências de comunicação, interpretando um de três filósofos,

num jogo de papéis (role-playing). Assim sendo, aos alunos é dada a possibilidade de

experimentaram e trabalharam com a aplicação www.faceyourmanga.com, onde devem

criar um avatar, personalizado. Depois de concluído o avatar, o passo seguinte é a

inscrição na aplicação www.fotobabble.com. Uma vez dentro da aplicação, os alunos

devem criar uma nova fotobabble, fazer o upload do avatar que criaram a partir de

www.faceyourmanga.com e finalmente gravar a apresentação da personagem, bem

como de algumas ideias principais defendidas por cada um destes filósofos.

ATIVIDADE 2 - “O Empirismo de David Hume”

O principal objetivo desta atividade, cuja planificação constitui o anexo 4, é a

utilização do prezi, um aplicativo online, para apresentação, de forma criativa, de um

trabalho sobre David Hume, um dos filósofos que apresenta uma teoria explicativa do

conhecimento, inserido no programa de Filosofia, na unidade conhecimento e a

racionalidade científica e tecnológica. Na primeira aula, tal como acontece em todas as

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atividades, é dada uma explicação genérica da ferramenta e de algumas das suas

funcionalidades e feita a demonstração de um trabalho feito com a utilização da

ferramenta. O planeamento e recolha de informações (imagens, vídeos, etc.) sobre o

assunto serão sempre sobre a minha orientação e supervisão.

ATIVIDADE 3 - “O Racionalismo de R. Descartes, Empirismo de D. Hume

e Apriorismo de I. Kant”

Nesta atividade, cuja planificação constitui o anexo 5, os alunos devem utilizar o

Audacity e/ou o Movie Maker e o Padlet, de forma criativa para dar voz aos filósofos:

René Descartes, David Hume e Immanuel Kant de forma a fazer a sua interpretação e

compreensão das ideias principais destes filósofos.

Através da utilização das ferramentas Audacity ou Movie Maker, apresentadas

aos alunos, no início da atividade, pela professora e instaladas nos computadores

pessoais, cada grupo, da forma mais original que conseguir, deve “dar voz” a um

diálogo fundamentado entre Descartes, Hume e Kant.

Para além disso, cada grupo deve criar um Padlet - http://padlet.com/ com as

ideias chave do trabalho desenvolvido.

ATIVIDADE 4 - Vamos conversar sobre “Tecnociência, ética e alterações

climáticas”

Esta atividade, cuja planificação constitui o anexo 6, tinha como objetivo o

desenvolvimento de competências de comunicação, desafiando os alunos a atuar como

convidados/especialistas num programa de rádio ou televisão, a partir de um

tema/problema da cultura científico-tecnológica, abordado no programa de filosofia 11.º

ano. Depois de recolherem a informação necessária, os alunos devem preparar um guião

com questões sobre o tema, disponibilizadas entre os elementos do grupo, usando

www.vocaroo.com.

Através do audacity (www.audacity.com), os alunos devem criar jingles simples

ou apresentações mais completas, exportá-las para o formato.mp3 para ser possível

ouvi-lo na sala de aula, de forma a ter um resultado muito perecido com um programa

de rádio.

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Esta atividade consistiu uma oportunidade diferente abordar, trabalhar e avaliar

os conhecimentos sobre os problemas da atualidade.

C. NOTAS DE OBSERVAÇÃO DE AULAS

A observação é um instrumento fundamental para a recolha de dados na

investigação, uma vez que permite colher informação do objeto de estudo, em contexto

real e de forma organizada. Como refere Estrela & Estrela (1978), “a observação do

professor é o seu principal meio – se não o único – de conhecimento do aluno, meio

esse que deverá ser a principal fonte de regulação da actividade do professor e dos

alunos, constituindo a base da avaliação de diagnóstico e formação.” (p. 57).

Realizar observações com interesse pedagógico e científico não é uma tarefa

fácil e tem de ser bem definida para ser consistente. A aplicação do projeto de

observação no campo da prática exige a definição de uma estratégia de observação

adequada aos objetivos propostos e ao campo de observação delimitado, Estrela (1986).

Se partirmos do princípio que a investigação tem como principal finalidade

produzir um novo conhecimento, tem de se atribuir à observação um papel fundamental

na investigação. Por isso, realizar observação de interesse científico não é limitar-se

somente a observar, mas também registar (de forma objetiva) e interpretar os dados

recolhidos durante a observação. O investigador deve fazer a observação mas também a

descrição das pessoas, objetos, lugares, acontecimentos, atividades e conversas que

tiveram lugar ao longo da investigação.

Apesar dos participantes serem meus alunos ao longo do ano letivo, só

considerei para efeitos de notas de observação de aulas, aquelas em que os alunos

desenvolveram atividades com recurso às tecnologias digitais, que decorreram durante o

segundo e o terceiro período, nas quais participei sem nunca esquecer o meu papel de

observador.

Durante a realização das atividades com recurso a tecnologias digitais, tive

sempre a preocupação de tirar notas e fazer no final de cada uma das aulas, o relato

escrito de tudo o que observei, são exemplo desses relatos o anexo 7 e 8, sendo que sua

totalidade constará de uma pasta que seguirá no CDRom com a versão digital. Nestes

relatos, que chamo de notas de observação procurei descrever com rigor a atividade

desenvolvida, desde a ferramenta trabalhada, a estratégia utilizada, o empenho dos

alunos, os constrangimentos, os trabalhos realizados pelos alunos e até a minha ação

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37

como professora. Obviamente que para garantir ao processo maior rigor, essas notas

devem ser o mais próximo do momento da observação, permitindo nesse caso uma

maior acuidade, Ludke & André (1986).

D. ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE TRABALHOS DESENVOLVIDOS PELOS

ALUNOS

Nas aulas de apresentação dos trabalhos realizados com auxílio de ferramentas

digitais, às notas de observação junta-se a análise e avaliação dos trabalhos realizados

pelos alunos, que teve como instrumento de recolha de dados uma grelha de observação

e avaliação onde constam os critérios definidos para avaliar os trabalhos, que constitui o

anexo 9. Como referem Bogdan & Biklen (1994), as grelhas de observação têm como

característica o registo de notas de campo, tornando-se um método de mais-valia no

sentido de obter resultados bem-sucedidos na pesquisa qualitativa, baseando-se em

notas de campo mais detalhadas e precisas.

De forma a atribuir maior responsabilidade e participação dos alunos, a

avaliação dos trabalhos também deve ser realizada pelos próprios alunos, através de

uma ficha de auto-avaliação do seu desempenho, criada para o efeito, que constitui o

anexo 10, de forma a existir maior rigor, objetividade e transparência no processo

avaliativo do trabalho realizado.

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39

CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Introdução

Depois de abordados e descritos os procedimentos metodológicos desenvolvidos

para a realização do presente trabalho, neste capítulo, procede-se à apresentação, análise

e interpretação dos dados recolhidos ao longo de todo o processo de pesquisa.

A análise e a recolha de dados não é um processo simples mas, como referem

Bogdan & Biklen (1994), é “o processo de busca e de organização sistemático de

transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo

acumulados, com o objectivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos

materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou.” (p. 205).

A tarefa de analisar, de interpretar e tomar compreensíveis os materiais

recolhidos, parece ser colossal, essencialmente quando se trata de alguém, como eu, que

se envolve num projeto de investigação pela primeira vez.

Apesar das dificuldades sentidas, procuro fazer uma análise interpretativa,

realizada através da interpretação dos dados recolhidos através da recuperação

retrospectiva do percurso profissional, com recurso ao que a memória guardou, das

respostas dadas pelos alunos aos questionários aplicados e da análise do conteúdo das

notas de observação de aulas com recurso a ferramentas digitais.

4.2. Reflexão sobre a recuperação retrospetiva do percurso profissional

Tendo em conta o meu percurso profissional, com base nas informações com

recurso ao que a memória guardou, em modo de reflexão, entendo que afinal, durante

esta jornada, as tecnologias que usava nas minhas aulas eram essencialmente de apoio à

minha atividade letiva, ou seja, eram tecnologias que me apoiavam na minha tarefa de

transmissão de conteúdos escolares aos meus alunos. Portanto, não fazia nada de

inovador, limitava-me a substituir o acetato pelo powerpoint, assim como, o

retroprojetor pelo computador, precisamente aquilo que não se pretende com a

utilização das tecnologias digitais, hoje acessíveis.

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40

4.3. Indicadores estatísticos registados nos questionários aplicados aos

alunos

Tendo em consideração os objetivos de investigação definidos e procurando dar

resposta aos problemas de investigação levantados, apresento de seguida os resultados

encontrados, nas respostas dadas pelos alunos aos questionários aplicados, organizando-

os do seguinte modo:

(i) Apresentação dos dados biográficos dos intervenientes no projeto – parte 1.

(ii) Apresentação dos indicadores estatísticos registados no questionário

aplicado aos alunos para aferir o índice de utilização das TIC – parte 2.

(iii) Análise das respostas às questões de resposta aberta – parte 3.

4.3.1. Caracterização dos participantes – dados biográficos – parte 1

Como se pode observar no Quadro II (Dados biográficos) em que se apresentam

os dados recolhidos na primeira parte do questionário de caracterização inicial (Bloco

1), a maior parte dos 75 alunos envolvidos no projeto pertence ao sexo feminino (64%)

e tinha entre 16/17 anos de idade (64%).

QUADRO V - Dados biográficos

fr. %

SEXO

Sexo feminino

Sexo masculino

48

27

64

36

IDADE

16 anos

17 anos

18 anos

19 anos

37

34

3

1

49,3

45,3

4

1,3

NÍVEL DE ENSINO

Ensino secundário

75

100

N= 75

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41

4.3.2.Hábitos de utilização das tecnologias digitais – parte 2

Os dados apresentados foram recolhidos através das questões que fazem parte do

questionário aplicado aos alunos, apresentadas no Quadro III - (Hábitos de utilização

das tecnologias digitais – Bloco 1), já referido na metodologia.

Figura 3: Frequência diária de utilização de atividades com tecnologias digitais

De acordo com as respostas dadas pelos alunos à primeira questão representada

na Figura 3: Frequência diária de utilização de atividades com tecnologias digitais,

acima, é possível verificar que o telemóvel é a tecnologia mais utilizada, cerca de 60%

dos alunos diz utilizar o telemóvel cinco ou mais horas por dia. Depois é o computador

a tecnologia mais utilizada, 51% dos alunos diz utilizar computador até duas horas por

dia.

Curiosamente, no que diz respeito às tecnologias menos utilizadas: 69% dos

alunos refere não jogar consola de jogos (por ex: playstation); 67% dos alunos diz não

usar Leitor de Mp3; 60% diz não usar máquina fotográfica e 52% dos alunos diz não

usar Tablet.

0 10 20 30 40 50 60

computador

Tablet

Telemóvel

Leitor de MP3

Máquina Fotográfica

Consola de jogos (ex:Playstation)

5 ou mais horas por dia

entre 2 e 4 horas por dia

até 2 horas por dia

não uso

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42

Conclui-se que as tecnologias menos utilizadas são aquelas que já estão

integradas no telemóvel, o que explica o facto de o telemóvel ser a tecnologia digital

mais usada pelos alunos, durante mais tempo ao longo do dia.

Figura 4: Frequência de realização das atividades a seguir indicadas

Tendo em conta as respostas dadas pelos alunos à segunda questão, representada

na Figura 4: Frequência de realização das atividades a seguir indicadas, acima, foi

possível verificar que as atividades que os alunos realizam com mais frequência são:

enviar e receber SMS (81%); ouvir música (77%); conversar com amigos no chat

(72%); participar nas redes sociais – facebook (69%).

Por outro lado, no que diz respeito às atividades menos realizadas, 68% dos

alunos diz não escrever em blogues; 63% diz não desenhar ou pintar e 40% dos alunos

diz não enviar e receber mensagens por correio electrónico.

0

10

20

30

40

50

60

70

não faço faço algumas vezes faço muitas vezes

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43

Figura 5: Frequência de utilização das tecnologias referidas em cada um dos

lugares indicados

Com a terceira questão pretendia avaliar a frequência com que os alunos usam as

tecnologias referidas na Figura 5: Frequência de utilização das tecnologias referidas

em cada um dos lugares indicados, acima.

Tendo em conta as respostas dadas pelos alunos a esta questão, foi possível

verificar que 91% dos alunos usa estas tecnologias digitais com mais frequência em

casa; 57% em casa de amigos ou familiares e 43% no recreio da escola.

Relativamente à não utilização destas tecnologias nos vários lugares indicados,

69% dos alunos diz não usar as tecnologias digitais nas salas de informática e 28% nas

salas de aula.

Conclui-se que é em ambiente escolar, mais propriamente em contexto de sala

de aula, que os alunos utilizam com menor frequência as tecnologias referidas.

0

10

20

30

40

50

60

70

Não uso

Uso algumas vezes

Uso muitas vezes

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44

Figura 6: Possibilidade de poder usar o telemóvel, tablet ou portátil na escola

Relativamente à quarta questão que pretendia aferir a opinião dos alunos sobre a

utilização do telemóvel, tablet ou computador pessoal na sala de aula. Como é possível

verificar na Figura 6: Possibilidade de poder usar o telemóvel, tablet ou portátil na

escola, acima, 81% dos alunos inquiridos considera muito interessante a utilização

destas tecnologias na sala de aula, sendo que 52% assinalou o nível 5 e 29% assinalou o

nível 4.

Conclui-se portanto, que a utilização destas tecnologias em contexto de sala de

aula é do agrado dos alunos, uma vez que mais de 50% dos alunos inquiridos

considerou como muito interessante a utilização destas tecnologias no contexto referido.

2 2 10

22

39

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45

Figura 7: Sugestões de atividades para sala de aula

O objetivo da quinta questão era auscultar os alunos sobre as atividades que

gostassem de fazer em sala de aula com recurso às tecnologias digitais. E aqui as

respostas foram muito variadas, como é possível verificar na Figura 7: Sugestões de

atividades para sala de aula, acima.

Na análise verificou-se que 13% dos alunos referiu que gostava de fazer

trabalhos individuais ou em grupo, em programas de imagem e música; 12% dos alunos

mencionou que gostava de usar tablet ou computador em vez de livros em papel; 11%

dos alunos disse gostar de fazer pesquisas; 8% dos alunos referiu gostar de usar

ferramentas digitais; 7% dos alunos disse gostar de ver filmes e pequenos vídeos sobre

os conteúdos programáticos; 5% dos alunos referiu gostar de fazer jogos sobre a matéria

e ter aulas interativas; 4% dos alunos mencionou gostar de ter aulas virtuais através do

skype, usar livros digitais e ouvir música e 3% dos alunos disse que gostava de aprender

a trabalhar com o Word, Excel e PowerPoint.

0123456789

10

n.º alunos

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46

4.3.2.1. Pontos fortes e fracos

Tendo em conta os dados apresentados nas figuras acima, no que se refere aos

indicadores estatísticos registados no questionário aplicado aos alunos – parte 2, após a

análise e sistematização feita, permite-me destacar, no que se refere aos pontos fortes:

i) elevada utilização dos telemóveis e computador pelos alunos (essencialmente com

ligação à internet), nomeadamente para enviar e receber SMS, ouvir música, conversar

com amigos no chat e participar nas redes sociais – facebook; ii) Elevada utilização de

tecnologias digitais em casa, em casa de amigos ou no recreio da escola; iii) A maioria

dos alunos (81%) considerar muito interessante poder utilizar o telemóvel, tablet ou

computador pessoal na sala de aula; iv) A vontade de utilizar o telemóvel, tablet e

computador pessoal para realizar atividades variadas: trabalhos individuais ou de grupo;

substituir os livros em papel; fazer pesquisas; ver filmes ou vídeos sobre os conteúdos

programáticos; ter aulas virtuais; utilizar livros digitais e ouvir musica.

Relativamente aos pontos fracos, é de salientar: i) Baixos índices de utilização

de tecnologias digitais como: consola de jogos, máquina fotográfica e tablet; ii) A não

utilização de tecnologias digitais nas salas de aula e salas de informática; iii) Alguns

alunos (5%) considerarem como nada interessante a utilização do telemóvel, tablet ou

computador pessoal em sala de aula.

4.3.3. Utilização de ferramentas digitais

No final processo em estudo, apliquei a terceira parte do questionário,

constituído por três questões de resposta aberta, que constituem o Quadro IV -

(Perceção dos alunos face à utilização de tecnologias digitais), já referido na

metodologia.

Depois de analisadas as respostas dadas pelos alunos e de aferir o modo os estes

haviam percecionado o processo de utilização das tecnologias digitais, em contexto de

sala de aula, passo a fazer a análise de conteúdo, nomeadamente no que diz respeito aos

ganhos obtidos, às principais dificuldades sentidas e sugestões apresentadas pelos

alunos.

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47

4.3.3.1. Principais ganhos obtidos

Em resposta à primeira questão os alunos destacaram algumas aquisições que

fizeram em termos de conhecimentos e competências de utilização das várias

ferramentas que exploraram. E foram vários os ganhos apontados pelos alunos,

resultantes do contacto com as várias ferramentas trabalhadas, a saber: i) Novos

conhecimentos sobre ferramentas digitais, nunca antes trabalhadas; ii) Elaboração de

trabalhos mais originais e criativos; iii) Maior conhecimento, concentração e motivação;

iv) Aprendizagens úteis para o futuro académico e profissional; v) Melhor compreensão

dos conteúdos da disciplina; vi) Utilização destas ferramentas para fazer trabalhos em

outras disciplinas; vii) Novas ideias para fazer trabalhos futuros; viii) Maior interação

com a turma e com a professora.

4.3.3.2. Principais dificuldades

Depois do contacto com algumas ferramentas digitais, era importante destacar as

dificuldades sentidas pelos alunos, no contacto, exploração e utilização destas

ferramentas. Curiosamente, 57% dos alunos referiu não ter sentido qualquer dificuldade

ou apenas algumas dificuldades na primeira utilização. Referindo que as ferramentas

são fáceis de trabalhar e apresentam-se como muito úteis para a elaboração de trabalhos

escolares. Como refere um dos alunos “gostei de trabalhar com estas ferramentas

porque me ajudam a fazer trabalhos mais divertidos e originais”. No entanto, se 57%

dos alunos refere não ter dificuldades, 43% demonstra algumas dificuldades sentidas ao

longo da implementação das atividades.

Das principais dificuldades sentidas, destacam-se: i) Dificuldades em trabalhar

com o prezi “não conseguia mudar o tema”, o audacity “não consegui acertar a

mudança de tempo”, o movie maker “não conseguia cortar e juntar vídeos”, o vocaroo

e o padelt “não consegui utilizar muito bem, pelo menos não ficou igual a trabalhos

que eu vi e não ficou como eu queria”; ii) Problemas de incompatibilidade ao fazer o

downlaod de algumas das ferramentas para o computador pessoal “o audacity não

funcionava corretamente no meu computador, por isso não consegui concluir o

trabalho”; iii) o problema da língua “eram complicadas de usar porque a maioria delas

era em língua estrangeira”; iv) Gestão do tempo “as minhas principais dificuldades foi

conciliar com outros trabalhos e com os testes de outras disciplinas”; v) Falta de

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48

recursos “ter que andar com o computador sempre atrás”; vi) Dificuldade em trabalhar

em grupo “no grupo há sempre quem não queira trabalhar e quem queira fazer tudo”.

4.3.3.3. Sugestões apresentadas

Foram muitas sugestões apresentadas, por isso procurei agrupá-las em sugestões

mais gerais que refletissem as ideias dos alunos: i) Continuar a utilizar e divulgar estas

ferramentas aos alunos de modo a poderem enriquecer os seus trabalhos individuais e

coletivos; ii) Divulgar estas ferramentas aos outros professores; iii) Disponibilizar mais

tempo para explicar como trabalhar nestas ferramentas; iv) Fazer mais trabalhos com

recurso a ferramentas digitais; v) Explicar melhor como funcionam estas ferramentas

para que não se tornem um problema; vi) Utilizar outras ferramentas (slideshare;

vídeoPad; free vídeo cutter; Myidol; sony vegas); vii) Apresentar os conteúdos

programáticos sempre com recurso a estas ferramentas digitais; viii) Criar um email

para os alunos tirarem dúvidas entre si; xix) Mudar as aulas para as salas de informática;

x) Usar ferramentas mais fáceis de trabalhar.

4.4.Análise de conteúdo das notas de observação de aulas

As notas de observação foram registos que fui fazendo durante e no final das

aulas onde foram implementadas atividades com recurso às tecnologias digitais. Com as

notas de observação procurei captar, da forma mais exaustiva possível, todo o

desenvolvimento da aula, desde elementos de identificação, dados sobre a minha ação e

a ação dos alunos, as tarefas e as metodologias usadas, situações imprevistas, formas de

lidar com dificuldades dos alunos e outros aspetos que na altura considerei reveladores.

4.4.1. Ação da professora

Conhecendo algumas das possibilidades que o uso da tecnologia pode oferecer

ao professor, ao incluir na minha prática pedagógica, atividades com recurso às

tecnologias, tinha como objetivo identificar mudanças efetivas presentes na minha ação

e na ação dos alunos. No que a mim diz respeito, colocando-me no papel de professora

responsável pela implementação das atividades com recurso às tecnologias, foi da

minha competência a execução de todas as tarefas inerentes ao desenvolvimento do

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49

processo, dentro e fora da sala de aula, que passo a apresentar em quatro momentos, que

embora distintos se complementam: Informação e seleção das ferramentas digitais;

Planificação das atividades; Implementação das atividades; Análise.

a. Informação e seleção das ferramentas digitais

Neste primeiro momento procurei investigar sobre as ferramentas digitais

existentes e selecionar as mais adequadas para utilizar dentro da minha área de trabalho.

Algumas das ferramentas eu já tinha trabalhado e já estava familiarizada com as suas

potencialidades e características, como é o caso de prezi e do movie maker, todas as

outras eram novas para mim (audacity, faceyourmanga, fotobable, vocaroo, padlet…) e

tive de me preparar para aprender a trabalhar com cada uma delas, para poder ajudar os

alunos na execução das suas tarefas. Felizmente são ferramentas muito intuitivas e não

me ofereceram grandes dificuldades no seu manuseamento.

b. Planificação das atividades

Depois de investigar e de escolher as ferramentas que me pareceram mais

adequadas, selecionei os conteúdos programáticos a trabalhar e elaborei as planificações

para as quatro atividades a executar pelos alunos. Assumi como estratégia nesta fase,

antes da realização de cada uma das atividades (uma semana aproximadamente), enviar

a planificação para o email da turma, com toda a informação necessária para a execução

das tarefas, nomeadamente, tutoriais sobre as funcionalidades da(s) ferramenta(s) e

indicações sobre a pesquisa (bibliografias e sites úteis para que desenvolvessem com

qualidade o trabalho).

Esta estratégia tinha como objetivo familiarizar os alunos com a a(s)

ferramenta(s) e com a atividade, permitir que fizessem o registo online (nas ferramentas

que o necessitassem) e ganhar algum tempo da aula, que foi sempre insuficiente.

Ainda neste momento, na aula que antecedeu a primeira atividade, dividi os

alunos em grupos, que se mantiveram ao longo das várias atividades (salvo algumas

exceções de alunos que mudaram de grupo ao longo do processo) e procurei garantir

que todos os grupos tivessem acesso a pelo menos um computador ou tablet no dia de

realização da atividade.

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50

c. Implementação as atividades

No dia e aula prevista para realização da atividade assumi sempre o papel de

mediadora da construção do conhecimento. Começava por projetar a planificação da

atividade (já enviada por email). Depois certificava-me que todos os grupos tinham o

computador ou tablet, com respectiva ligação à internet e fonte de alimentação. De

seguida, esclarecia os alunos sobre eventuais dificuldades, apresentadas por eles, sobre

o manuseamento das várias ferramentas, orientava e apoiava os alunos na execução das

atividades propostas.

Informava sobre o tempo de realização das várias tarefas para evitar que os

alunos mais desinteressados se desleixassem.

Além disso, procurei ter em consideração as necessidades de cada aluno e o

ritmo de trabalho de cada um dos grupos, uma vez que o principal objetivo é o

desenvolvimento de competências e habilidades para construção do seu próprio

conhecimento.

Como as aulas disponibilizadas não eram suficientes, os alunos tiveram que

continuar e terminar os seus trabalhos fora do tempo e espaço da aula. Assim sendo,

disponibilizei desde o início, o meu email e avisei os alunos que através dele ou

mensagens privadas no facebook poderiam esclarecer as suas dúvidas relativamente aos

trabalhos.

De referir que nunca nenhuma questão demorou mais do que um dia a ser

respondida. Obviamente que isso representou para mim uma sobrecarga de trabalho,

porque foram muitas as dúvidas colocadas pelos alunos por essa via.

d. Análise

O momento de análise diz respeito, não apenas no final da realização das

atividades mas ao longo de todo o processo. Corresponde ao momento de observação do

desempenho e motivação dos alunos, na execução das várias tarefas que faziam parte

das atividades propostas, bem como à avaliação dos trabalhos realizados.

No que diz respeito aos trabalhos apresentados é de referir que foram

apresentados trabalhos riquíssimos do ponto de vista do conteúdo e muito apelativos do

ponto de vista visual.

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51

4.4.2. Desempenho e interesse dos alunos

Um dos objetivos da minha investigação era aumentar o interesse dos alunos

pelas minhas aulas e melhorar o desempenho que poderia (e deveria) ser muito melhor.

Desde que me propus fazer esta investigação que sabia que essa não era uma tarefa

fácil, no entanto, assumi como estratégia a utilização de recursos digitais nas minhas

aulas, para verificar se os alunos ficavam mais motivados.

Ao apresentar aos alunos as atividades a trabalhar, o feedback foi bastante

positivo. Os alunos ficaram muito entusiasmados com a possibilidade de realizar

trabalhos com recurso a ferramentas digitais, fizeram várias questões sobre as atividades

e até apresentaram sugestões.

Durante a realização das atividades, os alunos trabalharam a um ritmo

semelhante em sala de aula, mesmo os alunos menos interessados e com classificação

negativa à disciplina, mantiveram-se incrivelmente empenhados.

Genericamente, tiveram uma participação mais ativa nestas aulas, que poderia

possibilitar uma aprendizagem mais significativa e efetiva dos conteúdos trabalhados.

No entanto, como o tempo disponível em sala de aula não era suficiente, foi preciso que

os alunos trabalhassem fora da sala de aula, para desagrado de alguns alunos, e aí o

desempenho não foi igual nas três turmas envolvidas, somente uma das turmas superou

a expectativas e a totalidade dos alunos realizou todas as tarefas com empenho, o que

resultou em trabalhos de grande qualidade.

Um aspeto muito positivo a realçar é o trabalho de equipa e entreajuda registado

entre os alunos.

4.4.3. Potencial do software utilizado

Tendo em conta a diversidade de tecnologias digitais e as inúmeras mudanças na

forma como hoje comunicamos e nos informamos, ao dar início ao projeto comecei por

investigar o potencial das ferramentas digitais que pensava utilizar. Algumas

ferramentas eu já conhecia, mas foi preciso fazer um trabalho individual de pesquisa e

trabalho sobre as suas características e funcionalidades.

Como o meu objetivo era desafiar e incentivar os meus alunos a construir o seu

próprio conhecimento com recurso a tecnologias digitais, uma das estratégias que

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52

utilizei foi procurar ferramentas diversificadas que servissem os meus objetivos e ao

mesmo tempo apoiar-me em experiências bem-sucedidas1.

Ao utilizar estas ferramentas procurei incluir tarefas colaborativas mas também

propostas de trabalho autónomo para os alunos. No entanto, ao longo das sessões foram

surgindo algumas surpresas ao utilizar as ferramentas, que passo a apresentar como

pontos fortes e pontos fracos, que podem ser observados no QUADRO VI – (Pontos

fortes e fracos das ferramentas utilizadas), abaixo.

QUADRO VI – Pontos fortes e fracos das ferramentas utilizadas

Ferramentas Pontos fortes Pontos fracos

Faceyourmanga

Fotobabble

Prezi

Movie maker

Audacity

Vocaroo

Padlet

- Softwares de edição livre.

- Exercitam a criatividade.

- Facilidade em encontrar

tutoriais simples que

explicam o modo de

funcionamento.

- A edição do trabalho pode

fazer-se as vezes que for

necessário.

- Os produtos criados

podem ser compartilhada

por email, redes sociais,

blogues, etc.

- Ideais para apresentação

porque despertam a atenção

do ouvinte.

- Softwares fáceis de usar,

com processos de

manipulação bastante

intuitivos.

- O vocaroo é ideal para

fazer gravações rápidas.

- À exceção do audacity e

movie maker, não é preciso

fazer o download para o

computador.

- O Padlet permite a criação

de um mural onde é possível

adicionar anotações,

imagens, vídeos, endereços

web, etc.

- O acesso às aplicações pelo

tablet ou telemóvel, em

alguns casos, é difícil e

mesmo impossível.

- As aplicações apresentam-se

na sua maioria em inglês.

- Não é possível o acesso sem

ligação à internet.

- Dificuldades, em alguns

casos, em guardar os

trabalhos no ambiente de

trabalho.

- É preciso fazer o download

da ferramenta para o

computador pessoal (audacity

e movie maker).

- Foram registadas algumas

dificuldades em enviar por

email e abrir o produto final

realizado (audacity).

- Se for cometido algum erro

na gravação, é preciso

começar de novo (vocaroo).

1 Recorri a atividades que constam do TACCLE: Apoio a professores para a criação de conteúdos em

ambientes de aprendizagem - Manual de e-learning para professores.

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53

4.4.4. Situações imprevistas

Ao preparar as atividades práticas a implementar, procurei controlar e evitar

imprevistos, preparando minuciosamente cada uma das sessões para que nada falhasse.

Mas a verdade é que não foi possível e logo na primeira aula vários imprevistos

foram registados:

- Dois grupos não trouxeram computador, como combinado e tiveram de ir à biblioteca

buscar dois, dos quatro computadores existentes.

- Faltavam extensões suficientes para ligar os computadores à electricidade e foi preciso

correr três pavilhões da escola para recolher o número suficiente.

-Dois dos grupos que trouxeram tablet, não conseguiam avançar no trabalho porque não

conseguiam fazer o registo online nas ferramentas. Situação que resolvi facultando o

meu computador a um dos grupos e distribuindo por outros, os elementos do grupo que

não tinha computador nem tablet para trabalhar.

- A internet da escola estava demasiado lenta, dificultando o desenvolvimento do

trabalho. E acabamos por utilizar a internet pessoal de uma aluna da turma para

prosseguir a atividade.

Curiosamente, depois da primeira aula, à exceção do sinal da internet da escola

que era muito fraco e tornava-a muito lenta, os outros imprevistos desapareceram.

4.4.5. Dificuldades diagnosticadas

Durante a implementação das atividades, apesar de todos os esforços foram

surgindo algumas dificuldades, nomeadamente: Inexistência na escola de computadores

em número suficiente, fazendo com que os alunos tivessem de se fazer acompanhar do

seu computador ou tablet pessoal; Dificuldade em conciliar a gestão do tempo de

realização e apresentação das atividades com a gestão do programa da disciplina;

Insuficiente tempo disponível para a realização das atividades na sala de aula, fazendo

com que fosse preciso continuar a atividade fora do tempo e espaço da aula, causando

algum desagrado aos alunos que dizem representar uma sobrecarga para eles;

Resistência, por parte de alguns alunos, em explorar as potencialidades das várias

ferramentas.

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54

4.4.6. Ganhos obtidos

Durante todo o processo de recolha de informação, planificação e

implementação foram muitos os ganhos obtidos. Como se sabe, todo e qualquer projeto

que utilize ferramentas digitais precisa ser bem trabalhado para poder ser devidamente

explicado e bem executado por parte dos alunos. Consciente disso, procurei

informações sobre os recursos disponíveis, as características e funcionalidades das

várias ferramentas, conhecimento que será muito útil para o meu trabalho e para a

professora que quero ser no futuro.

No que diz respeito aos alunos, um dos ganhos que considero mais essencial foi

a atenção e o empenho dos alunos habitualmente menos interessados, na realização das

atividades. Inclusive houve alunos que alteraram a sua postura na sala de aula,

progredindo positivamente desde a primeira à última atividade.

Também o espírito de grupo, o trabalho colaborativo entre os elementos do

grupo e entre os vários grupos, é um elemento muito positivo a realçar. Senti que a

turma estava mais unida, os grupos procuravam ajudar-se uns aos outros, à medida que

iam superando as dificuldades.

Outro fator positivo a realçar é sem dúvida o facto de existir mais comunicação e

maior proximidade entre professora e alunos.

Como quase todas as atividades exigiam execução de tarefas para além da sala

de aula, o contacto para esclarecimento de dúvidas, para o manuseamento das

ferramentas, para apresentação e envio de trabalhos, foi uma constante ao longo de todo

o processo. Estes contactos foram feitos por email, Google drive, facebook, tornando o

espaço e tempo da aula muito mais flexíveis e aumentando a proximidade entre todos.

4.5. Análise e reflexão dos trabalhos realizados pelos alunos

Foram objeto de análise e sujeitos a avaliação todos os trabalhos realizados pelos

alunos durante as tarefas da investigação, que podem visualizar-se numa pasta, no

CDRom que contém a presente investigação em formato digital.

Dessa análise foi possível constatar que foram de grande riqueza, variedade e de

diferentes formatos os trabalhos apresentados pelos alunos, desde simples

apresentações, a entrevistas de rádio, debates televisivos, encenações, etc. Os grupos

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55

ultrapassaram as expectativas e surpreenderam pela originalidade e pela forma eficaz

como utilizaram cada uma das ferramentas.

Obviamente que estou muito satisfeita, pois o resultado dos trabalhos reflete o

empenhamento individual de cada um dos alunos no grupo na realização e apresentação

de cada trabalho.

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57

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS

“ O computador é essencialmente um instrumento que cria novas possibilidades de

trabalho e novas responsabilidades ao professor... a necessidade de actualização e

formação permanente do professor ... que passa a ter que assumir um processo de

aprendizagem contínua. .... Tal como os alunos, têm de estar sempre a aprender. ... Nas

actividades educacionalmente mais promissoras é toda a relação professor/aluno que é

afectada pela presença do computador... o professor passa a ter de fazer não só um

esforço permanente de aprendizagem, mas de aprendizagem com o aluno. Professor e

aluno passam a ser companheiros, ainda que com funções e bases de experiência

diferentes”, Ponte (1997, pp. 106-107).

Este estudo foi bastante gratificante, não somente pelo ato de pesquisar, analisar,

refletir, indagar e interagir sobre algumas ferramentas didático-tecnológicas e a sua

relevância no ensino da Filosofia, essencialmente no que diz respeito ao interesse e

motivação dos alunos, mas também na contribuição efetiva para a minha prática

pedagógica, que se pretende seja de maior qualidade.

Obviamente que é preciso deixar claro que a intenção aqui não é afirmar que as

tecnologias digitais sejam a salvação para os problemas da educação. Até porque se

sabe que a introdução destas tecnologias na sala de aula não garante por si só a

aprendizagem dos conteúdos e o desenvolvimento de competências por parte dos

alunos. Antes a aprendizagem parece estar mais relacionada com o grau de atenção e de

motivação do aluno dedica à aula. Logo, se o ambiente da sala de aula não for interativo

e dinâmico, a tendência é que o aluno perca mais facilmente a motivação e

consequentemente a concentração.

Este trabalho foi um grande desafio para mim, pois apesar de familiarizada com

algumas das ferramentas utilizadas, outras eu nunca tinha trabalhado. Ao implementar

novas práticas e, de certa forma, ao “transformar” a minha maneira de ensinar, minha

primeira preocupação foi propor atividades que me permitissem desenvolver novas

abordagens à disciplina e selecionar ferramentas adequadas ao ensino da Filosofia.

Ferramentas, que como refere Costa (2010), “em que não é a posse do saber que conta -

um saber geralmente inerte, acumulado nos manuais -, mas a capacidade de acesso que

cada um pode ter a conhecimento útil, rico e autêntico e a capacidade para avaliar e

selecionar a informação em função de critérios de qualidade ou de pertinência em

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58

função do que, num determinado momento, se está a explorar e se está a aprender.”

(p.3).

Esta não foi uma tarefa fácil e tal como aconteceu comigo, acredito que as novas

tecnologias só terão sentido, se existir, da parte do professor, uma vontade de mudança

na sua postura pedagógica e um repensar da sua própria prática. É preciso que os

professores estejam dispostos a captar, entender e a utilizar as tecnologias digitais,

aceitando a existência de novas maneiras de vivenciar e representar o mundo ao serviço

da sua prática pedagógica. E consequentemente que percebam que a sala de aula não é o

único lugar onde ocorre a aprendizagem, ou seja, que as tecnologias digitais podem

proporcionar diferentes ambientes de aprendizagem e maior participação dos alunos na

procura e construção do seu saber.

Como referi na introdução e, tendo em conta a problemática de investigação com

esta investigação, procurei integrar as tecnologias digitais nas minhas aulas e a partir da

minha experiência pessoal de utilização das mesmas, dar resposta aos objetivos

inicialmente definidos de modo a contribuir com conhecimento pertinente sobre a

integração das tecnologias digitais no ensino, nomeadamente no ensino da Filosofia.

No que se refere ao primeiro objetivo definido - (i) Identificar algumas

potencialidades pedagógicas das TIC e sua aplicação em termos de inovação

curricular dentro e fora da sala de aula – e tendo em conta os resultados obtidos

através da análise dos de conteúdo dos questionários aplicados aos alunos, das notas de

observação de aula, do potencial do software utilizado, estou em condições de afirmar

que a utilização de tecnologias digitais, em contexto de sala e não só, potencia formas

diferenciadas de ensinar e aprender. Permitindo, ao professor, trabalhar os conteúdos

programáticos da disciplina através de diferentes abordagens assentes em metodologias

diferenciadas que, consequentemente que se refletem ao nível do seu desempenho.

Claro que isso também dependerá das disciplinas, uma vez que poderá assumir

diferentes configurações.

No que diz respeito à Filosofia e talvez às ciências sociais em geral, as

tecnologias digitais poderão ser integradas de várias formas: através do software

genérico (processador de texto, navegador na Internet, correio electrónico, etc.); como

meios de comunicação (envio e receção de mensagens e materiais por correio

electrónico ou redes sociais, criação de páginas web, etc.) e em trabalhos individuais ou

de grupo a realizar pelos alunos.

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Por outro lado, possibilitam diversas formas de compreensão e lecionação do

mesmo assunto, ao mesmo tempo que permitem ao professor, assumir o papel de

orientador, ou mesmo de facilitador no processo ensino-aprendizagem.

Mas as suas funções não se resumem somente a funções pedagógicas, pois na

prática e por motivos logísticos será ao professor que cabe o papel de coordenar e gerir

os recursos, assim como a função de preparar o equipamento para a prática de aulas em

ambiente digital.

Do ponto de vista da aprendizagem, possibilitam aos alunos um papel ativo na

construção dos seus conhecimentos, uma vez que estes recursos tornam o processo de

aprendizagem mais atrativo, prendem a sua atenção, promovem o gosto pelo saber, pelo

conhecimento e fazem com que os alunos se assumam como protagonistas do processo

ensino-aprendizagem, desenvolvendo a sua autonomia e capacidade de reflexão.

Sendo assim, é possível concluir que o uso das tecnologias digitais como

ferramentas de mediação pedagógica, pressupõe que professores e alunos repensem e

revejam as suas concepções e posturas em relação ao ensino, pois este já não se

restringe a uma sala de aula e não é fruto apenas da ação do professor.

Relativamente ao segundo objetivo - (ii) Reconhecer competências que preciso

(de ter como professora) para desenvolver uma prática pedagógica onde se

verifique a integração das tecnologias digitais – importa salientar que a utilização

destas tecnologias exige do professor uma formação diferente. Tornam-se fundamentais

a formação técnica ao nível das ferramentas e instrumentos – competência técnica – mas

também a aquisição e desenvolvimento de novas competências didáticas e pedagógicas.

Há todo um caminho árduo que é preciso percorrer, sendo que não é uma

mudança que se efetive de um dia para o outro. Acredito que para mim foi possível

embarcar neste desafio, porque já havia contactado com algumas ferramentas e porque

este já não é um mundo absolutamente novo para mim.

É preciso que tenhamos consciência que um professor que se proponha a

embarcar neste desafio, deve estar ciente que a tecnologia pode ser utilizada de diversas

formas na sala de aula e o seu uso pode ser mal ou bem aproveitado, promovendo ou

não a aprendizagem dos alunos. Dado que esta tecnologia tem inevitavelmente um papel

importante na sociedade cabe aos professores a tarefa de tirar partido das suas

características ainda que conservando algum sentido crítico, Ponte (2003).

Ao longo do desenvolvimento deste trabalho e depois de refletir sobre algumas

das minhas maiores dificuldades, bem como algumas das minhas características, um

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professor que pretenda desenvolver uma prática pedagógica onde se verifique a

integração de tecnologias digitais tem, forçosamente, que ter abertura à inovação

tecnológica e capacidade de adaptação/mudança do papel do professor. Mas também

deve estar disposto à atualização constante em conhecimentos em TIC/plataformas e

ferramentas. Competências que fazem parte do perfil do professor, definido no âmbito

do projeto europeu Profiles in ICT for teachers education (2000), apresentado no

enquadramento teórico desta investigação.

Uma mensagem a todos os professores é que não devem ficar alheios ao facto de

que estas tecnologias estão cada vez mais presentes na sua atividade profissional, sendo

assim, torna-se necessário adequar os métodos de ensino e as teorias de trabalho para

não correrem o risco de ficarem desfasados da realidade.

Por fim, no que diz respeito ao último objetivo – (iii) Investigar como é que as

tecnologias digitais interferiram, interferem e vão interferir na minha atividade

letiva – Começo por salientar que quando dei início à minha atividade enquanto

professora já procurava utilizar o computador e o videoprojector para projetar

powerpoints sistematizadores dos conteúdos lecionados, filmes, vídeos e animações,

sempre com a preocupação de motivar os alunos. Apercebi-me no entanto, que não fazia

algo de muito inovador, uma vez que me limitava a substituir o retroprojector pelo

computador e o acetato pelo powerpoint. Mas essa consciência não foi imediata, muitas

vezes os alunos conversavam enquanto eu expunha os conteúdos na aula e eu não

conseguia entender porque não conseguia captar-lhes a atenção.

Foi a minha experiência como professora bibliotecária que me permitiu, entre

outras coisas, contactar com determinadas tecnologias, redes e ferramentas digitais e

que me fez ter vontade de implementar mudanças na minha prática letiva. No entanto,

tive de ser eu a dar o primeiro passo, mesmo sem saber muito bem por onde começar

procurei, sem deixar de valorizar o conhecimento, utilizar diferentes ferramentas

digitais e apostar na motivação dos alunos.

Como o conhecimento que eu tinha era muito mais teoria do que prática procurei

utilizar as tecnologias digitais em contexto escolar mas os avanços foram acontecendo

com algum receio, alguma insegurança e em simultâneo foram surgindo também

algumas questões que fui procurando dar resposta, mas sem nunca desistir. E por isso, a

minha decisão de tirar Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais e de me propor a

fazer a presente investigação.

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61

E como tenho consciência que ser professor não é um produto acabado, um

estado final, mas será um permanente tornar‐se professor, um processo evolutivo, ao

longo do qual as experiências vão ganhando mais significado, vou continuar a trabalhar

e a procurar incrementar novas atividades com recurso às tecnologias que já utilizei e

outras que vou procurar conhecer, de forma a fazer com que as minhas aulas “agarrem”

os meus alunos.

Concluindo, a utilização de tecnologias digitais pode ser um recurso bastante

rico em possibilidades e contribuir para a melhoria do nível da motivação doa alunos

para a aprendizagem, no entanto, é preciso que se repense o currículo e os programas

disciplinares, que sejam implementados novos modelos metodológicos e que cada

professor reflicta sobre o significado da aprendizagem, sobre a sua própria prática e

esteja disposto a sair da sua “zona de conforto”. O conhecimento não deve ser visto

como algo que se recebe, mas como algo que se constrói.

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ANEXOS

ANEXO 1

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Questionário aos alunos2

I. Identificação do aluno

1. Ano de escolaridade:__________ 2. Turma:__________

2. Sexo: Feminino:__ Masculino__ 4. Idade:___________

II. Utilização de tecnologias digitais

1. Assinala com uma cruz (x) a frequência com que usas cada uma das tecnologias digitais a seguir indicadas:

2. Assinala com uma cruz (x) a frequência com que fazes cada uma das atividades a

seguir indicadas:

Atividades Não faço Faço algumas

vezes Faço muitas vezes

Jogar

ver filmes

fazer trabalhos escolares

ouvir música

desenhar ou pintar

fazer e editar fotografia

Escrever

conversar com amigos (ex: chat)

enviar e receber SMS

enviar e receber mensagens por correio electrónico

participar nas redes sociais (ex. facebook)

pesquisar informação para trabalhos escolares

consultar sites sobre os meus temas preferidos

escrever em blogues

baixar ficheiros (ex. músicas, filmes)

Outra. Qual?

2 Questionário a aplicar aos alunos para aferir hábitos de utilização de tecnologias digitais (Parte 1) – utilizado no âmbito do

mestrado em Educação e Tecnologias Digitais.

Tecnologias Digitais Não uso Uso até 2 horas

por dia Uso entre 2 e 4 horas por dia

Uso 5 ou mais horas por dia

Computador Tablet Telemóvel Leitor de MP3 Máquina Fotográfica Consola de jogos (ex: Playstation)

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3. Assinala com uma cruz (x) a frequência com que costumas usar as tecnologias

referidas em cada um dos lugares indicados:

Em casa Não uso Uso algumas

vezes Uso muitas vezes

No recreio da escola

Nas salas de informática

Nas salas de aula

Em casa de amigos ou familiares

Noutros locais

4. O que te parece da ideia de poderes usar o teu telemóvel ou outras

tecnologias, como por exemplo o tablet ou o computador portátil, na escola?

Assinala com uma cruz (x) a tua opinião na seguinte escala:

Nada

interessante

1 2 3 4 5 Muito

interessante

5. Sugere algumas atividades que gostarias de fazer nas aulas usando essas tecnologias:

Obrigada pela colaboração!

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ANEXO 2

Questionário aos alunos3

1. Que ganhos consideras ter obtido com a utilização das ferramentas digitais nas

aulas de Filosofia?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2. Quais foram as principais dificuldades que sentiste ao utilizar as

ferramentas digitais?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

3. Que sugestões deixas à professora para uma utilização futura destas

ferramentas?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Obrigada pela colaboração!

3 Questionário a aplicar aos alunos para aferir: ganhos obtidos; dificuldades diagnosticadas; sugestões (Parte 2) – utilizado no

âmbito do mestrado em Educação e Tecnologias Digitais.

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71

ANEXO 3

ATIVIDADE 1: “Conheça o seu Avatar”4

ENQUADRAMENTO: Nesta atividade, pretende-se que os alunos desenvolvem competências

de comunicação interpretando um de três filósofos, num jogo de papéis (role-playing).

Também podem fazê-lo através da descrição verbal das características da personagem

selecionada.

Conteúdos curriculares

IV – O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica

1.2. Teorias explicativas do conhecimento

René Descartes – racionalismo;

David Hume – empirismo;

Immanuel Kant – apriorismo.

Objetivos da atividade

Conhecer Descartes, Hume e Kant como representantes de diferentes teorias filosóficas do conhecimento

Estratégias/

tarefas

Aos alunos é dada a possibilidade de experimentarem a aplicação www.faceyourmanga.com, depois discutidos os pontos fortes da ferramenta, por exemplo a variedade de opções, e seus pontos fracos, por exemplo, o facto de não permitir que uma gravação de voz seja adicionada à personagem criada. Posteriormente, os alunos são organizados em grupo e deve ter computador ou tablet com acesso à internet. Cada grupo criará um avatar do filósofo indicado pela professora e para tal cada grupo deverá fazer um registo no www.faceyourmanga.com e, posteriormente, aceder à conta com o login criado. Quando tiverem concluído o avatar, cada par mostra a sua criação à turma, apresentando as características. Será permitido que cada grupo possa modificar ou melhorar a personagem criada de acordo com os comentários dos parceiros. Solicitar aos alunos que se inscrevam na aplicação www.fotobabble.com. Uma vez dentro da aplicação, os alunos criam uma nova fotobabble e fazem o upload do avatar que criaram a partir de www.faceyourmanga.com. Depois, devem ser orientados para que gravem a fala de apresentação da personagem, clicando no botão de “gravar”.

Duração Aula de 90 minutos.

Recursos

Aplicação www.fotobabble.com

Aplicação www.faceyourmanga.com

Computador ou tablet com ligação à internet.

Avaliação

Observação direta: interesse, motivação.

Apresentação do avatar.

4 Atividade retirada e adaptada de TACCLE 2 - Atividades Com Tecnologias para a área das Humanidades.

Propostas para tornar o ensino e a aprendizagem mais estimulantes.

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ANEXO 4

ATIVIDADE 2: “O empirismo de David Hume” 5

ENQUADRAMENTO: Nesta atividade pretende-se que os alunos utilizem aplicativos online que

favoreçam a expressão da criatividade para apresentarem a sua interpretação dos materiais

fornecidos pela professora. Para tal sugere-se a utilização do software Prezi para os alunos

apresentarem a compreensão da informação sobre o tema a tratar.

Conteúdos curriculares

IV - O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica 1.2. Teorias explicativas do conhecimento

Exposição da teoria de David Hume: 1. Qual a origem do conhecimento? 2. Condições para que haja conhecimento. 3. Fontes do conhecimento. 4. Conclusão.

Objetivos da

atividade

Compreender qual a origem do conhecimento segundo Kant.

Caracterizar o apriorismo de Immanuel Kant.

Estratégias/

tarefas

Apresentação aos alunos dos recursos de aplicação do prezi, em www.prezi.com. Para tal deve ser solicitado aos alunos que criem as suas próprias contas. O prezi será utilizado pelos alunos para criarem uma apresentação sobre as principais ideias que construíram a respeito da temática trabalhada. O planeamento e recolha de informações (imagens, vídeos, etc.) sobre o assunto estão sobre orientação e supervisão da professora. Os trabalhos realizados pelos alunos serão apresentados à turma e alvo de avaliação.

Duração 2 Aulas de 90 minutos.

Recursos

Software Prezi.

Computador ou tablet com ligação à internet.

Avaliação

Observação direta: interesse, motivação.

Apresentação do prezi.

5 Atividade retirada e adaptada de TACCLE 2 - Atividades Com Tecnologias para a área das Humanidades.

Propostas para tornar o ensino e a aprendizagem mais estimulantes.

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ANEXO 5

ATIVIDADE 3: “O Racionalismo de René Descartes, Empirismo de David Hume e Apriorismo

de Immanuel Kant” 6

ENQUADRAMENTO: Nesta atividade pretende-se que os alunos utilizem aplicativos online que

favoreçam a expressão da criatividade para apresentarem a sua interpretação dos conteúdos

lecionados pela professora. Para tal sugere-se a utilização dos softwares audacity e/ou movie

maker e padlet para os alunos apresentarem a compreensão da informação sobre o tema a

tratar.

Conteúdos curriculares

IV – O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica 1.2. Teorias explicativas do conhecimento

Racionalismo de René Descartes.

Empirismo de David Hume.

Apriorismo de Kant.

Objetivos

da atividade

Compreender qual a origem do conhecimento segundo Descartes, D. Hume e Kant.

Caracterizar o racionalismo de Descartes, o empirismo de D. Hume e apriorismo de Immanuel Kant.

Distinguir as ideias principais de cada um dos autores.

Estratégias/

tarefas

• Dividir os alunos em grupos de 3 (cada um dos alunos representará um filósofo na apresentação).

Apresentar o audacity, o movie maker e o padlet aos alunos. • Solicitar aos alunos que criem um diálogo entre Descartes, David Hume e Kant com a ajuda, por exemplo, o audacity (www.audacity.com). Neste diálogo devem ser salientadas as diferenças fundamentais dos três autores. Posteriormente os alunos devem exportar o arquivo de áudio no formato.mp3 para que seja possível ouvi-lo na sala de aula.

Em vez do audacity podem utilizar o movie maker.

Os alunos devem também criar um padlet - http://padlet.com/ com as ideias chave do trabalho desenvolvido.

No final os trabalhos serão apresentados na aula e disponibilizados no email da turma.

Duração Três aulas de 90 minutos.

Recursos

Computadores com ligação à internet.

Dispositivo(s) de gravação (microfone, gravador de mp3, etc).

Uma ferramenta para edição de áudio: o Audacity (www.audacity.sourceforge.net) e/ou movie maker.

Padlet - http://padlet.com/

Avaliação

Observação direta: interesse, motivação.

Produtos realizados pelos alunos

Apresentação dos trabalhos.

6 Atividade retirada e adaptada de TACCLE 2 - Atividades Com Tecnologias para a área das

Humanidades. Propostas para tornar o ensino e a aprendizagem mais estimulantes.

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ANEXO 6

ATIVIDADE 4: “Vamos conversar sobre: Tecnociência, ética e alterações climáticas” 7

ENQUADRAMENTO: Nesta atividade, os alunos são convidados a desenvolver a sua

competências de comunicação atuando como convidados/especialistas num programa de

rádio ou televisão onde falarão sobre um tema/problema da cultura científico-tecnológica,

abordado no programa de filosofia 11.º ano.

Conteúdos curriculares

VIII. Temas/problemas da cultura científico-tecnológica

Opção B – Tecnociência, ética e alterações climáticas

Consequências do desenvolvimento científico-tecnológico.

Preocupações relativas à época contemporânea.

A Filosofia: tecnociência e ética.

etc.

Objetivos da atividade

Participar na discussão do grupo turma e reconhecer normas de conduta e segurança.

Criar um produto mediático para se apresentar.

Estratégias/

tarefas

Dividir a turma em grupos de 4 e 5 elementos de acordo com os subtemas escolhidos.

Depois de recolherem a informação necessária, terão que preparar um guião ou um storyboard.

Solicitar aos alunos que pensem em perguntas a fazer aos colegas sobre o tema que estão a trabalhar e pedir-lhes para trocarem entre si as perguntas da entrevista usando www.vocaroo.com. (Para isso todos os alunos devem ter endereço de email. Estas perguntas também devem ser enviadas à professora).

Permitir que os alunos criem jingles simples usando, por exemplo, o audacity (www.audacity.com) ou movie maker.

Exportar o arquivo de áudio no formato.mp3 para que seja possível ouvi-lo na sala de aula (teremos um resultado muito parecido com um programa de rádio).

Permitir que os alunos comentem sobre os aspectos positivos e negativos da gravação e, quando apropriado, sobre a atuação dos colegas.

Duração 3 Aulas de 90 minutos (fora a pesquisa individual de cada grupo).

Recursos

Computadores com ligação à internet.

Dispositivo(s) de gravação (microfone, gravador de mp3, etc).

Uma ferramenta para edição de áudio: o Audacity ou movie maker.

Uma ferramenta para trocar entre grupo as perguntas da entrevista: vocaroo.

Avaliação

Observação direta à atuação e empenhamento dos alunos.

Apresentação dos trabalhos realizados.

Ficha de observação e avaliação criada para o efeito.

7 Atividade retirada e adaptada de TACCLE 2 - Atividades Com Tecnologias para a área das

Humanidades. Propostas para tornar o ensino e a aprendizagem mais estimulantes.

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ANEXO 7

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ANEXO 8

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ANEXO 9

Elementos do grupo:

1. Produto final do trabalho escrito e digital (45%)

Critérios de avaliação Aval. 0-9

Aval. 10 - 14

Aval. 15-20

Pertinência/

organização da informação - 15%

Informação desorganizada e sem coerência lógica.

Informação organizada, coerente e pertinente

Informação bem organizada, coerente e c/pertinência

Clareza e correcção formal do texto- 15%

Escrita pouco clara e sem correção formal

Escrita clara, objectiva e c/ correção.

Escrita muito clara, objetiva, com correção.

Criatividade - 15% Revela pouca criatividade

Revela criatividade

Revela muita criatividade

2. Apresentação do trabalho na aula (55%)

Critérios de avaliação Aval. 0-9

Aval. 10-14

Aval. 15-20

Estruturação geral dos materiais apresentados

15%

Apresentação desorganizada, sem sequência lógica e pouco apelativa

Apresentação organizada, com sequência lógica e aspeto apelativo

Apresentação organizada, com sequência lógica e materiais bem escolhidos e muito apelativos

Desempenho do grupo 15%

Revela pouca organização, descoordenação e sem relação entre as apresentações individuais

Revela organização e coordenação do grupo, atitude positiva e integração das várias opiniões

Boa organização do grupo, boa dinâmica interna na partilha das várias opiniões e distribuição das tarefas

Preparação/desempenho

individual da apresentação

25%

Participação e desempenho insuficiente e trabalho de grupo.

Participação, desempenho suficiente e c/respeito pelas regras de trabalho de grupo.

Boa participação e desempenho, clareza no discurso e respeito pela dinâmica de grupo

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ANEXO 10

Nome do aluno: n.º Turma:

1. Produto final – trabalho escrito e digital (45%)

Critérios Aval. 0-9

Aval. 10-14

Aval. 15-20

Pertinência/ organização da

informação - 15%

Informação desorganizada e sem coerência lógica.

Informação organizada, coerente e pertinente

Informação bem organizada, coerente e c/pertinência

Clareza e correcção formal do texto- 15%

Escrita pouco clara e sem correção formal

Escrita clara, objectiva e c/ correção.

Escrita muito clara, objetiva, com correção.

Criatividade - 15% Revela pouca criatividade

Revela criatividade

Revela muita criatividade

2. Apresentação do trabalho na aula (55%)

Aval. 0-9

Aval. 10-14

Aval. 15-20

Estruturação geral dos materiais apresentados

15%

Apresentei de forma desorganizada, sem sequência lógica e com materiais pouco apelativos

Apresentei de forma organizada, com sequência lógica e materiais apelativos

Apresentei de forma organizada, com sequência lógica e materiais bem escolhidos e muito apelativos

Desempenho do grupo 15%

Grupo pouco organizado, descoordenanado e sem relação entre as apresentações individuais

Grupo organizado e coordenado, com atitude positiva e integração das várias opiniões

Grupo bem organizado, com boa dinâmica interna na partilha das várias opiniões e distribuição das tarefas

Preparação/

desempenho individual da apresentação

25%

O meu desempenho foi insuficiente, desorganizado e sem relação entre as apresentações dos meus colegas

Tive um desempenho suficiente, organizado e coordenado com as apresentações dos meus colegas de grupo

Tive um bom desempenho, organizado e em consonância com a dinâmica do grupo, respeitando as várias opiniões e distribuição das tarefas

Avaliação final 100%

Elementos do grupo (escrever o nome e número de cada um dos colegas):

Escrever a proposta de avaliação para cada elemento (0 a 20 valores):

Auto-avaliação do Aluno