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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA JAQUELINE MONTEIRO COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ENTRETENIMENTO DO UNIVERSO INFANTIL: O CELULAR COMO FERRAMENTA OU BRINQUEDO? Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação da disciplina de Monografia II. Orientador: Me. Marcelo Wasserman CAXIAS DO SUL 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

JAQUELINE MONTEIRO

COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ENTRETENIMENTO DO UNIVERSO INFANTIL: O CELULAR COMO FERRAMENTA OU BRINQUEDO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação da disciplina de Monografia II. Orientador: Me. Marcelo Wasserman

CAXIAS DO SUL 2016

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JAQUELINE MONTEIRO

COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ENTRETENIMENTO DO UNIVERSO INFANTIL: O CELULAR COMO FERRAMENTA OU BRINQUEDO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação da disciplina de Monografia II. Orientador: Me. Marcelo Wasserman

CAXIAS DO SUL 2016

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JAQUELINE MONTEIRO

COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ENTRETENIMENTO DO UNIVERSO INFANTIL: O CELULAR COMO FERRAMENTA OU BRINQUEDO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação da disciplina de Monografia II. Aprovado em: __/__/____.

Banca Examinadora: ______________________________ Prof. Me. Marcelo Wasserman Universidade de Caxias do Sul ______________________________ Prof. Me. Marcell Bocchese Universidade de Caxias do Sul ______________________________ Prof. Me. Ronei Teodoro da Silva Universidade de Caxias do Sul

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar aos meus pais, Ilze e Adalton, pelo exemplo e

por acreditarem em minhas escolhas, incentivando-me em todos os momentos que

precisei. Aos meus irmãos por terem me dado exemplos de bons profissionais e ao

meu namorado, Daniel, pela paciência e compreensão, pois durante alguns dias

troquei a sua companhia por livros e computador.

Aos meus amigos por entenderem minha ausência, por acreditarem e por

me apoiarem de uma forma que fez com que eu enxergasse a luz no fim do túnel e

que tudo daria certo no final, e agora podemos dizer que deu. Aqui cito a Jéssica

Costales e o Henrique Bettiato (senhor das laranjas), presentes lindos que a UCS

me deu, e todo o pessoal do grupo AF Ângelo, que me fez companhia durante as

madrugadas.

Agradeço também a meu orientador Marcelo Wasserman, pelas suas

orientações prestadas na elaboração, colaborando no desenvolvimento e

concretização deste trabalho.

Aos professores do curso de Publicidade e Propaganda, pelos

ensinamentos, de alguma forma, todos contribuíram para a construção deste

trabalho e também na minha formação profissional.

Aproveito para agradecer também a todos que participaram da minha

entrevista, disponibilizando tempo de seu dia para ajudar na realização da

monografia.

É terminando este primeiro passo que ficarei mais perto do tão esperado

canudo, para assim exercer minha profissão e dividir meu amor pela publicidade

com o mundo.

5

“Eu posso não ter ido para onde eu pretendia ir, mas eu acho que acabei terminando onde eu pretendia estar.”

Douglas Adams

6

RESUMO

A constante mudança dos consumidores infantis fomentou a necessidade de um estudo sobre a criança consumidora nos dias atuais. Este trabalho tem por objetivo apresentar a relação da criança como consumidora com a tecnologia, e como o público infantil se consolidou como um dos principais públicos para a publicidade. O estudo foi feito a partir da revisão bibliográfica e pesquisa de campo com crianças da faixa etária entre 07 e 12 anos, e seus pais e responsáveis para entender o comportamento que leva as crianças a consumir e se apropriar de tecnologias. Entre os resultados, está a influência da nova formatação das famílias, o aumento do índice da violência e a transformação das crianças em expectadoras passivas de tecnologia. Palavras-chave: Consumo Infantil; Cultura; Infância na Contemporaneidade; e Tecnologia.

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ABSTRACT

The constant change of child consumers fostered the need to hum study of children consuming the dayscurrent. This has work intended to present the ratio of the child as with consumer technology, and how child public consolidated as hum of the main public for advertising. The study was done from the literature review and field research with children in the age range between 7:12 years and their parents and guardians paragraph understandr behavior that takes the children to consume and to appropriate technologies. Among the results, this one influence of the new editor of families the increase in violence index and a transformation of children in passive witness technology. Keywords: Infant Consumption; Culture; Childhood in Contemporary; and Technology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Crianças trabalhando na época da Revolução Industrial ............... 14

Figura 02 – Cartaz promocional do produto Toddynho ...................................... 21

Figura 03 – Criança brincando com a imitação do cotidiano ............................. 27

Figura 04 – Criança e a posse de objetos ............................................................ 31

Figura 05 – Quando crianças brincavam nas ruas .............................................. 34

Figura 06 – Televisão como mediadora de conteúdo ......................................... 36

Figura 07 – A precocidade da criança .................................................................. 37

Figura 08 – O acesso às mídias eletrônicas ........................................................ 38

Figura 09 – Cotidiano de uma criança: a televisão .............................................. 42

Figura 10 – Crianças e seus brinquedos eletrônicos .......................................... 44

Figura 11 – Criança brincando com um celular ................................................... 46

Figura 12 – Interações infantis mediadas pelo aparelho celular ........................ 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 A CRIANÇA E O CONSUMO ............................................................................... 13

2.1 A CONSTRUÇÃO DA INFÂNCIA ................................................................... 14

2.2 DE CRIANÇA A CONSUMIDORA .................................................................. 16

2.3 CONSUMINDO FANTASIAS ......................................................................... 18

2.4 AIMPORTÂNCIA DO TER ............................................................................. 19

2.5 A PUBLICIDADE VOLTADA PARA O PÚBLICO INFANTIL .......................... 20

2.5.1 O contraponto da legislação ..................................................................... 22

3 CULTURA INFANTIL ............................................................................................ 25

3.1 O QUE CARACTERIZA A CRIANÇA ............................................................. 25

3.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR .................................................................... 26

3.3 ESTÍMULO A CULTURA DO CONSUMO ...................................................... 28

3.4 A CULTURA DO OBJETO ............................................................................. 30

4 INFÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE ............................................................ 32

4.1 OS NOVOS CONSUMIDORES ..................................................................... 33

4.2 BRINCAR OU COMPRAR? ........................................................................... 34

4.3 O MINI-ADULTO ............................................................................................ 35

4.4 A VIVÊNCIA DA INFÂNCIA NO CONTEXTO MIDIÁTICO ............................. 38

5 TECNOLOGIAS NA INFÂNCIA ............................................................................ 41

5.1 O GRANDE VALOR DA TELEVISÃO ............................................................ 41

5.2 A APROPRIAÇÃO DA TECNOLOGIA ........................................................... 44

5.3 A JANELA PARA O MUNDO ......................................................................... 45

5.4 INTERAÇÕES INFANTIS MEDIADAS PELA TECNOLOGIA ......................... 46

6 METODOLOGIA ................................................................................................... 50

6.1 MÉTODO – ESTUDO DE CASO .................................................................... 50

6.2 TÉCNICAS DE PESQUISA ............................................................................ 51

6.2.1 Técnica: Revisão Bibliográfica ................................................................... 52

6.2.2 Técnica: Entrevista ................................................................................... 52

7 ANÁLISE .............................................................................................................. 54

7.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ................................................................... 54

7.2 QUESTÕES RELACIONADAS AO CONSUMO ............................................ 55

10

7.3 QUESTÕES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO .............................. 57

7.4 QUESTÕES RELACIONADAS À FAMÍLIA .................................................... 59

7.5 QUESTÕES RELACIONADAS AO CELULAR ............................................... 62

7.5.1 Crianças que possuem celulares .............................................................. 62

7.5.2 Crianças que não possuem celulares ........................................................ 66

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 69

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 72

APÊNDICE I ............................................................................................................ 78

APÊNDICE II ............................................................................................................ 83

ANEXOS .................................................................................................................. 89

11

1 INTRODUÇÃO

É comum nos depararmos com uma quantidade significativa de pessoas

conectadas em seus celulares. A tecnologia, principalmente aquela alcançada

através do telefone móvel, facilitou a comunicação e as relações sociais.Porém,

dentre essa quantidade de pessoas conectadas, podemos alertar para um alto

índice de crianças usuárias de aparelhos celulares.

O consumo infantil tem se tornado um tema cada vez mais recorrente na

atualidade, potencializando um debate que se dá em várias direções. Na pesquisa,

chamada TicKids Online Brasil, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o

Desenvolvimento da Sociedade da Informação1, foram identificados que, em 2014,

82% das crianças acessam a internet por meio de seus celulares.Apesquisa mostra

também que 81% deles acessam a Internet todos os dias ou quase todos os dias.

Além disso, 68% utilizaram internet para trabalhos escolares no último mês que

antecede a pesquisa. Mostra, ainda, a importância das redes sociais. 79% das

crianças ou adolescentes possuem perfil próprio em serviços como Facebook,

Twitter ou Instagram, e utilizam o aplicativo par conversas online, Whatsapp.

A princípio, o celular não tem utilidade como meio de comunicação para as

crianças, até porque elas estão normalmente acompanhadas de adultos. Por sua

vez, qual seria a usabilidade do celular na infância equal sua relação com as mídias

destinas a este público? Conforme dados publicados pela Telebrasil2, estima-se que

60% das crianças brasileiras ganham seus primeiros celulares a partir de 07 anos de

idade. Ao ganhar o aparelho, as crianças dedicam cerca de duas horas diárias para

o aparelho telefônico, por isso é importante analisarmos a relação dessa tecnologia

com a geração dessas crianças e a influência da propaganda em seus

comportamentos.

Estudar o consumo infantil e o papel das mídias no nascimento do

consumidor se justifica porque, aparentemente mais suscetíveis aos apelos da

propaganda que lhes é dirigida, as crianças podem estar desenvolvendo padrões de

1 É um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br) que implementa

as decisões e projetos do Comitè Gestor da Internet no Brasil. (CETIC). 2 Associação Brasileira de Telecomunicações. É uma entidade civil, de caráter privativo e âmbito

nacional, sem finalidade lucrativa, que congrega operadores e fornecedores de bens e serviços do setor de comunicações e informação para a defesa de seus interesses e desenvolvimento.

12

relacionamento e de conduta ética dissociados das suas relações com os seus

semelhantes e voltadas para a produção de um novo consumidor,

Este trabalho foi dividido em cinco capítulos para um melhor entendimento e

explanação do assunto. Abordaremos, primeiramente, a relação da criança com o

consumo, seguido por cultura infantil e a criança na contemporaneidade. Será

abordado também um capítulo sobre as tecnologias na infância.

A partir de uma pesquisa do tipo exploratório e com o método de Estudo de Caso,

será possível ter um melhor entendimento dos fatores que levam as crianças a

consumir, bem como fazer um recorte do momento atual que estamos vivendo. As

técnicas adotadas neste estudo serão de revisão bibliográfica e entrevista para

responder a questão norteadora: Como o consumo do celular está moldando as

crianças que não conheceram outra realidade se não essa onde a tecnologia está

presente desde seu nascimento? Bem como esclarecer e confirmar ou não as

hipóteses levantadas previamente à pesquisa, sendo a primeira hipótese

confirmando se a alteração no perfil das famílias diminuiu o tempo para as tarefas de

sociabilização, amplificando o papel do celular como um meio de interação social, a

segunda hipótese sobre os crescentes índices de violência urbana que empurraram

as crianças para o interior das residências, e com isso, aumentou o uso do celular,

diminuindo os contatos com outros espaços de sociabilização, e a terceira foi que as

crianças foram transformadas em expectadoras passivas da tecnologia, sempre

esperando por novidades mais recentes por meio dos botões do celular.

Dessa forma, o presente trabalho tem o objetivo de investigar o aumento do

consumo infantil como decorrência das propagandas televisivas destinadas a esse

público a fim de verificar se as mesmas têm o poder de tornar as crianças

consumidoras, como também identificar a relação e a usabilidade do celular na

infância. Porém, estamos cientes que esse assunto ainda tem muito a ser

desenvolvido, até porque as crianças estão em constante período de transformações

e adaptações na sociedade.

13

2 A CRIANÇA E O CONSUMO

Um fator de grande relevância na discussão sobre consumo infantil é a

constatação de que a infância é um conceito historicamente construído. Segundo

Steinberg e Kincheloe (2001), não há dúvidas de que diversos fatores biológicos

diferenciam a criança do adulto, sendo o estágio infantil uma etapa da formação do

indivíduo, do desenvolvimento natural do ser humano. A infância, enquanto conceito

é socialmente construída, ou seja, “o lugar ocupado pela criança em diferentes

sociedades e épocas históricas variam de acordo com os fatores culturais”

(STEINBERG E KINCHELOE, 2001, p. 38).

Antigamente, o mercado não via valor econômico na criança,

posteriormente, passou a percebê-la como influenciadora do adulto no ato da

compra e hoje, a compreende como uma consumidora e um potencial cliente. A

primeira publicação que reconheceu as crianças como consumidores foi escrita há

apenas 35 anos, quando foram denominados “compradores de caramelos de um

centavo” (MCNEAL, 1964). Atualmente, as crianças podem ser consideradas

compradores de quase todo o tipo de produtos e serviços, às vezes consumindo até

com seu próprio dinheiro, seja ele mesada ou outras fontes. Esse interesse da

publicidade nas crianças é com o propósito de fidelizá-las desde cedo a criar hábitos

e estímulos para o consumo.

O consumo usa caráter sedutor e apelativo para seduzir seus alvos, e pode

ser entendido como uma ideologia, sendo uma das características culturais mais

marcantes da sociedade atual. Os seres humanos são impactados pelo consumismo

inconsequentemente, e esse hábito está configurando valores para as crianças e

propondo novas expectativas em relação ao mundo que as cerca.

A maneira como a sociedade atua, molda seus membros, é ditada primeiro e acima de tudo pelo dever de desempenhar o papel de consumidor. A norma que nossa sociedade coloca para seus membros é a capacidade e a vontade de desenvolver esse papel. (BAUMAN, 2004, p. 128).

A “febre” do consumo vem sendo instalada desde muito cedo nas crianças,

estas que podem ser atingidas pelos meios de comunicação de massa e pela

realidade a que são expostas. As principais motivações para o consumo, segundo

Gade (1998) são as necessidades básicas e o meio social em que a criança está

14

inserida. Os pais, amigos, colegas de escola, e também a publicidade, influenciam

diretamente no modo como as crianças consomem. A imagem da criança é parte de

um cenário que em se perdendo quando observamos os efeitos da mídia e da

sociedade de consumo que hoje determinam no mundo infantil os novos jogos, os

novos brinquedos ou os novos programas. “Como numa linha de produção, a

criança desde muito cedo é colocada num mercado muito ávido por consumo que a

espera com novidades sempre mais recentes”. (RABELLO, 1999, p. 178).

O consumo infantil desenfreado faz com que muita coisa seja adquirida sem

uma reflexão maior quanto sobre a qualidade e utilidade do produto, porém o

consumo é visto como uma promessa de aceitação social, prazer e felicidade.

Não importa o gênero, a classe social, a faixa etária, hoje todas as crianças

participam da sociedade do consumo. A criança, inserida nessa realidade social sob

a ótica capitalista3, encontra seu papel como consumidora ativa, seu status é de

cliente que opine e exige. O público infantil se tornou um dos alvos mais cobiçados

pelo mercado.

2.1 A CONSTRUÇÃO DA INFÂNCIA

Pode-se observar que ao longo da história, o conceito de infância adquire

diferentes representações simbólicas, Steinberg e Kincheloe (2001) enfatizam que a

infância é socialmente construída. Na Idade Média, por exemplo, a criança era

classificada como um ser humano que precisava de tratamento especial, diferente

daquele aplicado no adulto, a criança era um ser que ainda não havia se

desenvolvido.

Com a Revolução Industrial, torna-se comum o emprego da mão de obra

infantil nas fábricas. As crianças começavam a trabalhar desde pequenas auxiliando

os pais nas tarefas do campo, porém, com a mudança do campo para a cidade, as

crianças iniciaram sua participação com o trabalho nas indústrias.

Figura 01 – Crianças trabalhando na época da Revolução Industrial

3 Desenvolvimento econômico e social é pautado pelo aumento do consumo, que resulta em lucro ao

comércio e às grandes empresas, gerando mais empregos, aumentando a renda, o que acarreta ainda mais consumo.

15

Fonte: https://pt-static.z-dn.net/files/d66/56c6b1058389464b5998f8a3720e05b0.jpg

Acesso em: 17.jun.2016

Após a conquista de alguns direitos, as crianças foram retiradas das fábricas

e colocadas em escolas.

Na sociedade contemporânea percebe-se, mais uma vez, a reformulação do

conceito infância, novamente moldada pelos fatores culturais e baseada também no

grande avanço da tecnologia, percebeu-se que as crianças se relacionavam com o

meio em que vivem de forma particular.

Alguns autores, entre eles, Postman (1999), consideram que a infância

começou a desaparecer na contemporaneidade, através de uma nova perspectiva

que começou a se delinear com o alargamento dos meios de comunicação de

massa, sobretudo a televisão, cuja linguagem é pictórica, facilmente compreensível,

dispensando qualquer aprendizado específico, cujos efeitos não são previstos das

novas formas comunicacionais que estão fazendo ruir as barreiras entre adultos e

crianças. No Brasil, a partir do ano de 1960, com o surgimento da televisão, que a

relação com a idade adulta começou a ser corroída. Pois as crianças começaram a

ter acesso ao veículo de comunicação e com isso a conhecer os segredos dos

adultos, que começaram a ser revelados na TV indiscriminadamente para os que a

assistiam, sem nenhuma censura.

[...] a televisão destrói a linha divisória entre a infância e a idade adulta de três maneiras, todas relacionadas com sua acessibilidade diferenciada: primeiro porque não requer treinamento para aprender sua forma; segundo porque não faz exigências complexas nem à mente nem ao comportamento; e terceiro porque não segrega público. (POSTMAN, 1999, p. 94).

16

Percebemos então que os meios de comunicação trouxeram mudanças

significativas para o mundo infantil, de modo que antes da TV, as informações eram

restritas ao mundo adulto, e com o seu surgimento, elas se encontraram facilmente

disponíveis.

Num conceito moderno, as modelagens da infância têm sido pautada pelos

domínios das técnicas de comunicação e tecnologia. A criança hoje está imersa em

um mundo muito diferente daquele de décadas atrás, ela participa de diversas

esferas da vida de forma mais engajada, trazendo experiências vividas por meio da

tecnóloga e pela mídia. A infância atual, conforme Rabello (1991) é mais voltada

para o ambiente doméstico, para a escola e muito permeada pelo consumo. Adultos

e crianças partilham de informações, produtos culturais e situações sociais comuns.

2.2 DE CRIANÇA A CONSUMIDORA

Podemos perceber que, desde muito cedo, as crianças têm estímulos para

uma prática muito consumista, e nos últimos anos, o consumismo infantil vem

ganhando mais atenção das marcas.

As crianças foram elevadas ao status de consumidoras antes mesmo de

exercerem seu exercício de cidadania e são incitadas a fazer parte desta lógica.

Enquanto consumidora, a criança foi alçada ao mesmo status do adulto. Dentro de uma inserção mais tradicional, a criança era considerada como um sujeito em potencial, se preparando para ser “um adulto” no futuro. A publicidade consumista, por força de aliar novos possíveis compradores, desmontou a visão de que as crianças deveriam esperar por um tempo ulterior para se integrarem na dinâmica social, empurrando assim, as crianças e jovens para o cenário social tornando-os consumidores. (RABELLO, 1999, p. 59).

As crianças não nascem consumidoras, elas se tornam. Para Hobbes

(1988), os homens nascem com instintos primitivos, porém a sociedade tem o papel

de educa-lo, de humanizá-lo e de torna-lo sociável com o meio em que vivem. Se

tornar consumidor também é um processo de aprendizagem que se começa no

início da vida. Só se adquire a experiência da compra a partir das primeiras

experiências de consumo. Bourdieu (1979) afirma que o gosto é produto e fruto de

um processo educativo, ambientado na família e na escola.

17

Para alcançar o status de consumidora, e em busca de uma explicação

sobre o comportamento de consumo das crianças, McNeal (1992) formulou cinco

estágios para o desenvolvimento desse comportamento. O primeiro estágio é a

observação, nesse momento a criança apenas observa a compra de seus pais nos

mercados e lojas. Após a observação, a criança começa a fazer pedidos de compra

e posteriormente, já começa a escolher marcas e produtos de sua preferência com o

auxílio dos pais. Quando a criança já tem acesso ao dinheiro, começa a fazer

compras assistidas e segue com as primeiras compras independentes quando já

possuem percepção sobre o dinheiro. Rabello (1999) acrescenta:

Devemos considerar, portanto, que ao pensarmos a construção da identidade da criança hoje deve-se levar em conta a identificação intensa com a materialidade necessária à consecução de um lugar social enquanto consumidora. Sejam as propagandas de produtos infantis, ou a simulação nas escolas de situações de consumo com dinheiro “de mentirinha”, o que está em jogo é a construção de uma identidade de consumidor. (RABELLO, 1999, p. 119).

Para Gade (1998), a criança aprende as necessidades básicas de consumo

com seus pais, porém o significado real dos bens que está consumindo, ela aprende

com seus amigos, grupo social e com a publicidade.

Outra característica para a formação da criança como consumidora é a

crescente entrada de mídias eletrônicas e do marketing voltado para o público

infantil. As crianças estão dedicando muito tempo mais os meios de comunicação, e

uma das atividades mais comum entre as crianças é assistir televisão, o meio torna-

se, muitas vezes, a principal companhia da criança. O fato preocupante é que a

televisão não tem função de educar, e sim de entreter. Lyon (1998) acrescenta que

na televisão, tudo tem a ver com a “produção de necessidades e desejos, com a

mobilização do desejo e da fantasia, da política de distração”. A criança começou a

se transformar a partir dos interesses comerciais transmitidos pela mídia.

O impacto dos programas e mensagens publicitárias, quando são atraentes

para o público em questão, capturam a atenção das crianças que

irresponsavelmente são colonizadas para o mercado do consumo, que usa técnicas

sofisticadas para captá-las desde pequenas, levando ainda a influenciar seus pais

fortemente. Para Gade (1998), a criança é alvo de diversos apelos publicitários, não

somente para ela consumir, mas também para promover o consumo. A criança pode

tanto influenciar o consumo de seus pais, como o de seu grupo social. Segundo

18

pesquisas realizadas, as crianças no Brasil participam ativamente de decisões na

hora da compra de seus pais, sejam ela no segmento automobilístico, sobre a

aquisição de celulares e computadores.

Para a ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância, a mídia

consegue estar mais próxima da realidade e dos interesses das crianças do que

outras instituições, e do que seus próprios pais, tanto para o bem quanto para o mal.

A mídia conversa com a criança, ela sabe o que a criança quer ver, o que ela quer

ouvir e enxergar e o que a criança deseja. E, com a alteração do perfil das famílias

(pais e mães trabalham fora) e na sua estrutura (pais e mães divorciados, famílias

chefiadas somente pela mãe ou pelo pai), diminuiu-se o tempo para as tarefas de

socialização, amplificando o papel da mídia. Essas novas famílias foram mais

acessíveis à globalização da mídia e trouxe para as crianças um apelo gigante para

o consumo.

2.3 CONSUMINDO FANTASIAS

A sociedade se transformou em uma fábrica de desejos, a criança deseja

tudo e ao tempo todo, elas querem o “aqui” e o “agora” como forma de satisfazer

suas vontades imediatas.

A motivação do consumo infantil baseia-se as suas necessidades e

objetivos, porém, os objetivos infantis são fantasias, a ludicidade está presente em

todos os anseios de uma criança. Ela quer ser um herói, uma princesa, um pássaro,

um adulto. Fantasiar é um recurso natural da infância e é necessário para o

desenvolvimento da criatividade.

Para Gunther e Furnhan (2001), a publicidade através da televisão e outros

pontos de contato, podem despertar desejos nas crianças, e esses desejos podem a

vir se tornar exigências de consumo. O desejo tende a ser satisfeito sob essa forma

materializada, que tem um movimento compulsivo – já que na verdade, ele é

insaciável.

Podemos enfatizar que as crianças são motivadas por aquilo que as atraem

momentaneamente, seus objetos de desejo são trocados o tempo todo, perseguindo

que sempre, ou quase sempre, a fantasia idealizada será uma forma de obter um

prazer que por vezes é de caráter imediato.

19

E assim, continuando a perscrutar as outras faces da infância e da adolescência de hoje, vemos surgir aquela que se torna crescentemente consumidora voraz de objetos e das coisas, os quais disfarçados como a última novidade do planeta, eliciam o desejo do consumo. Crianças e adolescentes, então, já não são mais os mesmos. Transformam-se para assumir posições inusitadas: de congêneres supostamente considerados inocente e inaptos, as crianças e adolescentes tornam-se os convivam que requisitam sua participação na realidade orgiástica do consumo e dos prazeres [...] (RABELLO, 1999, p. 12).

As vontades infantis costumam ser passageiras e não relacionadas entre si,

de modo a configurarem verdadeiros objetivos. Logo as crianças são mais

suscetíveis do que os adultos de serem seduzidas pela perspectiva de adquirirem

objetos e elas apresentados pela publicidade.

A publicidade, portanto, atua diretamente no emocional das crianças,

gerando desejos que não são delas, prometendo mais que a alegria da posse. Ela

vai além do ter, a publicidade consegue oferecer a inscrição e a existência na

sociedade.

2.4 A IMPORTÂNCIA DO TER

A criança em desenvolvimento, aparentemente, acredita que ter o que todos

estão consumindo é uma forma de pertencimento de grupo e aceitação social, ela

não consegue discernir a diferença do que lhe é realmente necessário e o que torna

um consumo hedonista.

O mercado pode já tê-los selecionado como consumidores e assim retirado a sua liberdade de ignorar as lisonjas; mas a cada visita a um ponto de compra os consumidores encontram todas as razões para se sentir como se estivessem – talvez até eles apenas – no comando. Eles são os juízes, os críticos e os que escolhem. Eles podem, afinal, recusar fidelidade a qualquer das infinitas opções em exposição. Exceto a opção de escolher entre uma delas, isto é, essa opção que não que não parece ser uma opção. (BAUMAN, 1998, p. 92).

Muitas vezes, as pessoas consomem pelo significado do produto e não pela

sua utilidade, e isso se torna excepcionalmente verídico quando se tratar de

crianças, pois elas atribuem o consumo às expressivas manifestações de emoções

envolventes no produto e ao lugar alcançado no grupo pertencente.

As crianças apresentam uma atração compulsiva por outros seres iguais,

são capazes de interessar-se nos primeiros meses de vida em trocas sociais com os

20

adultos que acercam, através dos sons, dos sorrisos e do choro. Se no início

parecem apenas rituais, logo se tornam formas de comunicação sobre sentimentos,

intenções, necessidades, medos que serão com certeza o ensaio para as

comunicações verbais posteriores, segundo Gardner (1994). Outro fato de relevante

importância como afirma Peter e Olson (1999) é que as crianças, nessa cultura de

consumo transmitida diariamente, são estimuladas a compra e a posse como sinal

de status.

As crianças querem adquirir o produto para serem vistas diante do seu grupo

social, seu desenvolvimento é permeado pelo ciclo do consumo. A construção da

identidade de uma criança baseia-se no que ela tem, elas acreditam que só serão

felizes se possuírem o objeto anunciado.

2.5 A PUBLICIDADE VOLTADA PARA O PÚBLICO INFANTIL

A publicidade, para Baudrilard (1991) é o mais notável instrumento de

comunicação de massas de nossa época. É a grande artífice das narrativas pós-

modernas, com seu afã de consumo. Ele ainda acrescenta que a publicidade não

tem qualquer relação com realidade, é uma simulação cheia de sedução.

O poder de persuasão da publicidade é indiscutível quando se trata de

crianças, já existindo índices de que a exposição prolongada de crianças à mídia

interfere em seus comportamentos como consumidoras.

Devido ao grande alcance da publicidade, atingindo todos os setores da sociedade, inclusive e especialmente as crianças, através de todos os meios de comunicação, torna-se relevante analisar os efeitos da publicidade dirigida às crianças, essa audiência tão influenciável e vulnerável. (MOMBERGER, 2000, p 29)

As crianças hoje são bombardeadas com mensagens publicitárias a partir do

momento em que se levantam de manhã até o instante em que vão para a cama à

noite. Esse processo de intensificação do acesso das crianças às mídias vem

fazendo que, cada vez mais, a lógica da comercialização da infância aumente.

Embora, de acordo as leis, as crianças não possam praticar atos da vida civil, tais

como comprar um automóvel ou assinar um contrato, elas são abordadas

diretamente pela publicidade como plenas consumidoras.

21

O mercado voltado para o público infantil está em ascensão no mundo. O

Brasil, por exemplo, vive um momento favorável para este mercado. Segundo o

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pesquisas realizadas pelo

Censo Demográfico de 2010 afirmam que a população infantil brasileira é estimada

em 29 milhões de indivíduos que estão na faixa etária de 0 a 9 anos, e de

aproximadamente 45 milhões de 10 a 19 anos de idade. A partirdestasafirmações,as

empresas estão investindo milhões na diferenciação de produtos para satisfazer e

atender esse número de pequenos influenciadores e consumidores. A cada dia os

profissionais da área de publicidade e marketing buscam alternativas e formas de

como agradar ao público infantil. Kotler afirma: “já não basta simplesmente satisfazer

clientes. É preciso encantá-los” (KOTLER, 2000, p.55).

Atualmente, o modelo de mídia predominante provoca uma indução ao

consumo de produtos que não são necessários para a maioria das crianças no seu

processo de desenvolvimento. Quanto mais intenso o bombardeio de estímulos dos

meios, mais fácil será a indução da criança à necessidade de consumir.

A publicidade utiliza sistemas sensoriais dos consumidores para se

aproximar das crianças, segundo Solomon (2000) as imagens, sons, odores, gestos

e texturas são estímulos para os consumidores. A qualidade sensorial de um

produto pode fazer com que ele se sobressaia sobre os demais. A visão é um dos

principais elementos utilizados para atrair a atenção das crianças, porém, uma

marca que qualifique os outros elementos, como tato, olfato e audição pode se

sobressair e se intensificar sobre as crianças que a vivenciam. O foco se torna em

atingi-las para que sejam promotoras de vendas junto aos seus pais ou

responsáveis

Figura 02 – Cartaz promocional do produto Toddynho

22

Fonte: https://bl8g.files.wordpress.com/2012/04/af_cartaz_promo_toddynho_pp.png

Acesso em: 17.jun.2016

Conforme Gonçalvez (2010), bastam apenas 30 segundos para uma marca

influenciar uma criança, e esta influência está existindo num mundo de ofertas que

acompanha as crianças desde o berço, aparecendo na TV, revistas, celulares,

rádios.

Aproveitando-se da inocência das crianças e do seu grande poder de

influência, o mercado publicitário tenta direcionar todo seu poder de convencimento

para elas, não só para a promoção de produtos pertencentes ao universo infantil,

como também para produtos e serviços do público adulto.

2.5.1 O contraponto da legislação

A publicidade para crianças, diferentemente do que muita gente pensa é

fortemente regulada no Brasil, seja por referências diretas ou indiretas, contando

com regras bastante rígidas, principalmente quando se trata de anunciar para este

público. Essa regulamentação serve para disciplinar a produção e a veiculação de

anúncios publicitários em todos os meios.

Para limitar o uso da publicidade dirigida ao público infantil é imprescindível

analisar o conceito de criança adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro. Na

legislação pátria, o conceito de criança está descrito no artigo 2º do Estatuto da

Criança e do Adolescente4, que também traz a definição de adolescente. Trata-se

4 É o conjunto de normas do ordenamento jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção

integral da criança e do adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos para o juiz. É o marco legal e regulatório dos direitos humanos de crianças e adolescentes.

23

de um conceito legal e estritamente objetivo, "Art. 2º - Considera-se criança, para

os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente

aquela entre doze e dezoito anos de idade."

A publicidade dirigida à criança encontra amparo no ordenamento jurídico

brasileiro na Constituição Federal do Brasil5, no Estatuto da Criança e do

Adolescente, na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança6,

no Código de Defesa do Consumidor7 e, atualmente, na Resolução do Conselho

Nacional dos Direitos da Criança e dos Adolescentes8. Ressalta-se, ainda, que é

amplamente regulada pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária9.

A princípio, a publicidade é uma atividade lícita, faz parte da livre iniciativa

e da livre concorrência, no entanto, quando for contrária às garantias e aos direitos

fundamentais, dentre eles a proteção integral da criança e do adolescente,

previstos na Constituição Federal, deve ser prontamente proibida.

As regras que regulamentam a publicidade destinada a crianças não

representam tão somente regras contra abusos e para a proteção de um grupo

reconhecidamente vulnerável, são regras para contornar eventuais conflitos e para

garantir que o interesse deste público seja preservado.

O Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, código de ética

aplicado pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária10, traz um

importante conjunto de regras a guiar os preceitos éticos da publicidade brasileira e

admite a peculiar vulnerabilidade da criança em face da atividade publicitária.

Como regra geral, é estabelecido que todo anúncio, entendido como

qualquer espécie de publicidade, deve ser honesto, verdadeiro e preparado com o

devido senso de responsabilidade social, de forma a não abusar da confiança do

consumidor, não explorar sua falta de experiência ou de conhecimento.

5 Lei fundamental e suprema do país, a Constituição da República Federativa do Brasil, foi

promulgada em 5 de outubro de 1988. 6 É um tratado que visa à proteção de crianças e adolescentes de todo o mundo, aprovada na

Resolução 44/25 da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989. 7 É uma lei abrangente que trata das relações de consumo em todas as esferas: civil, definindo as

responsabilidades e os mecanismos para a reparação de danos causados; administrativa, definindo os mecanismos para o poder público atuar nas relações de consumo; e penal, estabelecendo novos tipos de crimes e as punições para os mesmos. 8 Resoluções aprovadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

9 Órgão que regula a atividade da indústria publicitária no Brasil (CBAP).

10 É uma organização não-governamental que visa promover a liberdade de expressão publicitária e

defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial (CONAR).

24

O CBAP destina uma seção inteira para contemplar regras referentes ao

direcionamento da publicidade às crianças, encontrado na Seção 11 – Crianças e

Jovens, fazendo com que nenhum anúncio se dirija com apelo imperativo de

consumo diretamente à criança, procurando contribuir para que todos os anúncios

promovam o desenvolvimento positivo das relações entre pais e filhos, alunos e

professores, e demais relacionamentos que envolvam o público-alvo, bem como

respeitar a integridade e ingenuidade das crianças.

Nota-se que o CBAP apresenta regras bastante restritivas em relação à

publicidade direcionada às crianças e até mesmo quanto à participação desses

entes na atividade publicitária, visando, assim, a proteção das crianças frente à

atividade publicitária. No entanto, ainda encontramos diversas publicidades que

desrespeitam as regras previstas no Código Brasileiro de Autorregulamentação

Publicitária que visam resguardar os direitos das crianças.

25

3 CULTURA INFANTIL

Os estudos culturais reforçam a examinação das diversidades de práticas e

expressões de comunicação, artísticas e institucionais de uma sociedade. O estudo

das formas tradicionais de cultura na infância permite entendermos a consciência

infantil. A cultura infantil, nesse contexto, revela, em um nível básico, o que está

perturbando nosso cotidiano, quais irritações habitam nosso subconsciente

individual e coletivo.

A cultura popular provê as crianças com intensas experiências emocionais muitas vezes inigualáveis em qualquer outra fase de suas vidas. Não é de se surpreender que semelhante energia e intensidade exerçam poderosa influência na autodefinição, nas formas que as crianças escolhem para organizar suas vidas. (STEINBERG e KINCHELOE, 2001, p. 20).

As emoções experimentadas pelas pessoas no período da infância são

características que a acompanharão pelo resto da vida. Para Steinberg e Kincheloe

(2001), os pais não controlam muito as experiências culturais de seus filhos, se

distanciando do papel tradicional de moldar a visão do mundo e os valores dos

filhos.

Muitas vezes, a cultura infantil se recusa a desafiar o poder ou produzir

pontos de vistas alternativos sobre o mundo, questões que diferenciem crianças em

oportunidades e privilégios distintos são ocultadas. A cultura infantil ignora

experiências de desigualdade e sofrimento vividos por outras crianças.

Nesse contexto, os adultos podem entender que o fato da confusão e da

desorientação de identidade das crianças poder ser uma reação da cultura infantil

vivenciada.

3.1 OQUE CARACTERIZA A CRIANÇA?

A criança é um ser especial e em desenvolvimento, ela faz parte de uma

sociedade onde existe uma pluralidade cultural, composta por diversidades, entre

elas: a social, a histórica, a econômica, a política e a religiosa. Pode ser denominada

como um agente de transformação social, a concepção de criança dada por

educadores e estudiosos da infância, destaca a ideia da participação ativa dela na

sociedade.

26

A experiência de conhecer crianças pequenas é muito interessante. Elas demonstram agir com inteligências e chamam nossa atenção pelas coisas que fazem, pelas perguntas que nos trazem. Desde seu nascimento, o bebê é confrontado não apenas com as características físicas de seu meio, mas também com o mundo de construção materiais [...]. (OLIVEIRA, 2002, p. 135).

Por fazer parte de uma sociedade culturalmente organizada, ela interage

com o meio onde vive e ao mesmo tempo sofre influências externas e internas, as

quais poderão ser positivas ou negativas, podendo ou não interferir em seu

desenvolvimento global.

A criança não se resume a ser alguém que não é, mas que se tornará (adulto, no dia em que deixar de ser criança). Reconhecemos o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura. Crianças são cidadãs, pessoas detentoras de direitos, que produzem cultura e são nela produzidas. Esse modo de ver as crianças favorece entendê-las e também ver o mundo a partir do seu ponto de vista. A infância, mais que estágio, é categoria da história: existe uma história humana porque o homem tem infância. (KRAMER, 2007, p. 15).

As crianças aprendem com as relações, essas imbuídas de valores e

crenças, as quais caracterizam seu meio, gerando modificações de comportamento.

A experiência com o outro de alguma forma influencia diretamente vida da criança.

Ao interagir com o meio, a criança torna-se um ser ativo, que constrói estruturas

mentais, explora o ambiente, tem autonomia própria e é capaz de superar desafios

para conquistar seu espaço.

3.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

A criança é entendida como um ser sociável que se relaciona com o mundo

que a cerca de acordo com sua compreensão e potencialidades e, brinca

espontaneamente, independentemente do seu ambiente e contexto. Borba (2006)

pondera que a imaginação, constitutiva do brincar e do processo de humanização

dos homens, é um importante processo psicológico, iniciado na infância, que permite

aos sujeitos se desprenderem das restrições impostas pelo contexto imediato e

transformá-lo. Combinada com uma ação performativa construída por gestos,

27

movimentos, vozes, formas de dizer, roupas, cenários etc., a imaginação estabelece

o plano do brincar, do fazer de conta, da criação de uma realidade de faz-de-conta.

Ao brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para aprender aquilo que ela quer, precisa, necessita, está no seu momento de aprender; isso pode não ter a ver com o que o pai, o professor ou o fabricante de brinquedos propõem que ela aprenda. (MACHADO, 2003, p. 137).

O brincar causa na criança inúmeras sensações como representação, a

imitação do cotidiano ou de situações vividas anteriormente nas questões individuais

e sociais, enfim promove novas vivências, acarretando num desenvolvimento e por

consequência um conhecimento, sempre acompanhados pelo prazer que o brincar

oferece. Vigotski (2003) afirma que a brincadeira proporciona aprendizado fazendo

com que a criança se relacione com o outro, entenda as relações humanas, seu

papel nelas, construindo sua identidade.

Figura 03 – Criança brincando com a imitação do cotidiano

Fonte: http://leonardoconcon.com.br/wp-content/uploads/2015/09/crianca-brincando.jpg

Acesso em: 15.Jun.2016

A brincadeira de faz-de-conta estimula a capacidade da criança respeitar

regras que valerá não só para a brincadeira, mas também para a vida. Ela também

ativa a criatividade, pois através da escolha dos papéis terá que reproduzir e criar a

representação na brincadeira. O brincar envolve múltiplas aprendizagens, segundo

Vygotsky (2007) afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do

comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no

28

brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade.” Isso porque a

brincadeira, na sua visão, cria uma zona de desenvolvimento, permitindo que as

ações da criança ultrapassem o desenvolvimento real já alcançado, impulsionando-a

a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação sobre o mundo.

Em resumo, o brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar, relacionando seus desejos a um “eu” fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. (VIGOTSKI, 2007, p. 118).

Pode-se constatar que o a brincadeira auxilia o desenvolvimento da criança

de forma tão intensa e marcante que a criança leva todo o conhecimento adquirido

nesta fase para o resto de sua vida.

3.3 ESTÍMULO A CULTURA DO CONSUMO

Segundo Steinberg e Kincheloe (2001), lidamos com uma infância hiper-

realista, pois seus integrantes estão inseridos em um contexto de vivência e

familiarização com circunstâncias variadas através das quais recebem e

experimentam uma gama de informações que extrapola a ordem do concreto, ou

palpável, e se estende àquilo que toca o virtual ou é fruto de relações imaginárias. É

uma geração que domina a tecnologia mesmo antes da alfabetização. Uma infância

mais independente, ativa e, definitivamente, detentora da utilização de códigos

específicos; no entanto, composta por indivíduos ainda em formação.

Na nova realidade social em que nos encontramos, a criança encontra – ou

lhe é designado – seu lugar na economia. Na lógica do capitalismo, a ela é oferecido

seu novo papel: consumidor ativo. Seu status agora é de cliente que opina, exige e

consome, não necessariamente dependente de um adulto. Assim passa a ocupar a

mira das estratégias da mídia do consumo, dentre as quais, a principal é a

propaganda. Matta (2005) atribui o consumo como parte do processo social em que

vivemos.

A infância passou a ser um agrupamento coletivo que incorporou a cultura

do consumo, a qual é entendida por Featherstone (1995) como a ênfase no mundo

das mercadorias e em seus princípios de estruturação. A expansão desta cultura de

consumo e sua manutenção são garantidas pela mídia, principalmente na

29

publicidade, o mais notável meio de comunicação de massa de nossa época

(Baudrillard, 1998).

À nossa volta existe hoje uma espécie de evidência fantástica do consumo e da abundância, criada pela multiplicação dos objetos, dos serviços, dos bens materiais, originando como uma categoria de mutação fundamental na ecologia da espécie humana. (BAUDRILLARD, 1998, p.15).

Bauman (1998) afirma que a cultura da sociedade de consumo envolve,

sobretudo, o esquecimento, não o aprendizado. Assim a capacidade de consumo

dos indivíduos vai além de necessidades naturais ou daquelas originadas por certas

circunstâncias; também a durabilidade física dos objetos do desejo não é mais

exigida. Tudo o que aparece é apenas efemeridade da moda. “Antigamente bastava

ao capital produzir mercadorias, o consumo sendo mera conseqüência. Hoje é

preciso produzir os consumidores, é preciso produzir a própria demanda e essa

produção é infinitamente mais custosa do que a das mercadorias.” (BAUDRILLARD,

1998, p. 16).

Assim sendo, tudo passa a ser parte da esfera de produção: as atividades

de lazer, a arte e a cultura foram incorporadas à indústria cultural e, de igual modo,

os objetos ganham importância quanto à sua quantidade, e não necessariamente

quanto a sua necessidade e usualidade.

A infância-presença que está aí no nosso cotidiano, ao alcance do nosso olhar, aparece modelizada pelo mundo de bens materiais e simbólicos destinados a ela pela cultura do consumo. São desde filmes, teatros, oportunidades de lazer, brinquedos, comidas, roupas, tudo especificamente produzido para crianças. (RABELLO, 1991, p. 191).

Isso significa que tudo está maquiado de maneira a ocultar a face real das

coisas,afinal, é o artificial que predomina. “Por toda parte vivemos já numa

‘alucinação’ estética da realidade” (Baudrillard, 1998). O consumo obedece a uma

lógica própria; por isso, não há, no ato do consumo, uma função ou uma

necessidade objetiva.

A infância é um conceito socialmente construído que pode se transformar de

acordo com o contexto cultural e o período histórico em questão, acredita-se que, na

sociedade de consumo contemporânea, as crianças se desenvolvem em um

ambiente em que consumir ocupa um papel altamente relevante nas relações

sociais.

30

Entretanto, Marshall (196) justifica que a mesma cultura do consumo que

leva ao consumismo e pode ser vista como empecilho para o exercício de práticas

conscientes, também gera práticas de consumo que, em dimensão simbólica,

adquirem contornos de integração social e acesso à cidadania, no sentido de

reconhecimento de indivíduos ou grupos como membros legítimos de uma

comunidade.

3.4 A CULTURA DO OBJETO

A melhor maneira de entender, transmitir e contemplar a nossa humanidade

é direcionar a atenção para materialidade fundamental que de nossas vidas faz

parte, (Miller, 2013).O consumo é um aspecto do materialismo que tem seu foco

sobre o objeto, hoje a infância é criada pela cultura do objeto.

Segundo Rabello (1991), a felicidade na cultura do objeto, é pontuada pela

posse de bens materiais. A mídia articula, de modo exaustivo, felicidade e consumo:

os símbolos de felicidade são objetos de consumo, as pessoas felizes são aquelas

que possuem ou tem acesso aos mesmos. Ela ainda afirma que o critério da cultura

do objeto pode ser entendido como coisas descartáveis, os objetos devem ser

momentâneos, passageiros, para que logo, outros possam ser eleitos para tomarem

os seus lugares.

O mundo dos objetos se expande a cada dia (Braudrillard, 1981), o que não

falta atualmente são produtos para o universo infantil. Se trata de um tipo de cultura

onde os objetos e as coisas são empregados para demarcar relações sociais.

Rabello (1991) acrescenta: “Por um lado, a infância se objetifica, exuberante, e

talvez, excessivamente, a partir da “cultura dos objetos”, dos bens materiais e

simbólicos a ela destinados, por esta razão, coloca-se, estatutariamente, igual aos

demais” (RABELLO, 1991, p. 194).

Os objetos de consumo na infância têm uma significância que vai além de

seu caráter utilitário e seu valor comercial. Essa significância reside, em grande

medida, na capacidade que têm os bens de consumo de carregar e comunicar

significado cultural (Douglas e Isherwood, 1978). O significado cultural para criança

pode ser o de pertencimento a um grupo, elas precisam adquirir o objeto para

compor a identidade social no meio em que são inseridas. Outro fato de relevante

importância como afirma Peter e Olson (1999) é que as crianças, nessa cultura de

31

consumo transmitida diariamente para elas, são estimuladas a compra e a posse

como sinal de status.

Figura 04 – Criança e posse de objetos

Fonte: http://vilamamifera.com/cafemae/wp-content/uploads/2014/07/13346753-600x300.jpg

Acesso em: 10.Jun.2016

A lógica da cultura do objeto é, talvez, uma das maiores preocupações na

sociedade. Pessoas só são valorizadas por conta de seu poder de consumir. Garcia,

Castro e Jobim e Souza (1997) complementam essa ideia com o seguinte exemplo:

O menino de rua faz qualquer coisa para não carregar o símbolo individual da pobreza, que é a roupa rasgada, suja, etc. A não ser que ele precise usar isso como estratégia de sobrevivência na rua. Caso contrário, ele quer é o boné da moda, o tênis mais caro, porque ele quer ser igual aos outros, ou seja, ele quer ter a capacidade de demonstrar possibilidade de consumo igual à de qualquer outra criança. (GARCIA, CASTRO E JOBIM E SOUZA, 1997, p.21).

Henriques (2006) afirma que a cultura do objeto na infância insinua que a

brincadeira, a felicidade e os amigos serão encontrados por meio do consumo de

algum objeto ou serviço.

32

4 INFÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE

Na sociedade contemporânea, pode-se perceber a reformulação do conceito

de infância. Novamente moldada pelos fatores culturais, que se baseiam também no

avanço constante da tecnologia, nota-se que as crianças se relacionam com o meio

em que vivem de forma particular.

As crianças já não são as mesmas, hoje elas engasgam perante novos

aspectos da realidade: consumo em massa, viver em grandes cidades, a solidão na

multidão, a expansão da comunicação pela mídia, a instantaneidade da tecnologia, e

assim por diante.

Ainda no que se refere a esse tempo cotidiano contemporâneo, vê-se que ele é expresso até mesmo no modo de falar das crianças, com a velocidade e o automatismo da tecnologia da máquina de vídeo game com a qual elas lidam. A criança entra no ritmo veloz da máquina e por conta disso, até sai fala torna-se fragmentada devido à velocidade com que as imagens e sons lhe são apresentados. É o tempo do controle remoto que remete a um agora sem fixidez. (RABELLO, 1998, p. 115).

O acesso das crianças à informação não apenas as motivou a se tornarem

consumidoras hedonistas, mas também a cultivar hábitos de adultos. Para Steinberg

e Kincheloe (2001), o acesso infantil ao mundo adulto através da hiper-realidade da

mídia subverteu a consciência das crianças, que se transformaram em seres

dependentes.

As crianças estão cada vez mais informadas, e isso pode se dar ao fato de

que as crianças contemporâneas não estão mais acostumadas a agir como

criancinhas. Para Rabello (1998) a imagem da criança “caçadora” e “exploradora” é

parte de um cenário que vem se perdendo quando observamos os efeitos da mídia

na sociedade. Hoje, quem determina os novos brinquedo e jogos é a mídia e esse

marcado é muito rápido e manipulador. Para Rezende e Rezende (2002) está sendo

criada uma “aldeia global”, uma alusão de integração social e de vida participativa.

Os autores ainda citam como “a solidão coletiva”.

Steinberg e Kincheloe (2001) afirmam que estamos presenciando gerações

de “esquecidos em casa”, como os pais estão no trabalho, no período ao contrário

da escola, os filhos voltam para casa e espera-se que se virem sozinhos. Crianças

estão tendo como companhias as tecnologias: computadores, celulares, televisão,

vídeo games, etc. Na infância atual, estar sozinha em casa é uma realidade diária.

33

4.1 OS NOVOS CONSUMIDORES

Vivenciamos a novidade de uma infância hiper-realista, consumidora e

socialmente ativa. Segundo Steinberg e Kincheloe (2001), lidamos com uma infância

hiper-realista, pois seus integrantes estão inseridos em um contexto de vivência e

familiarização com circunstâncias variadas através das quais recebem e

experimentam uma gama de informações que extrapola a ordem do concreto, ou

palpável, e se estende àquilo que toca o virtual ou é fruto de relações imaginárias.

Os mercadólogos costumam alegar que as crianças estão se tornando mais

poderosas neste novo ambiente comercial e que o mercado está atendendo às

necessidades e desejos das crianças, que até agora tinham sido ou simplesmente

ignoradas ou marginalizadas, principalmente por causa do domínio social dos

adultos.

Como Alves (1998) sugere, todas as crianças são indivíduos ávidos de

consumo, ansiosos por se tornarem grandes consumidores, pressionam os pais para

obter “liquidez de consumo” e pretendem obter as mesmas condições de vida, os

mesmos “luxos” que os muitos adultos já possuem.

Trata-se de uma população fortemente influenciadora, participante das decisões de compra de produtos e serviços que lhe dizem respeito diretamente ou que fazem parte do conjunto familiar. A criança não se contenta apenas em escolher os objeto para seu próprio uso, ela influencia também o consumo de toda a família. Sua influência ultrapassa, de longe, sua própria esfera de consumo. (MONTIGNEUAX, 2003, p. 18)

Além de terem participação real na decisão pelas compras da família,

poderem fazer o que bem entendem com a mesada que ganham e corresponderem

a futuros clientes, potencialmente, fiel às marcas, que por tantos anos consomem ou

consumirão, a infância pode ser dita como socialmente ativa porque é estudada

enquanto artefato social que vem sendo corporativamente trabalhado (Steinberg e

Kincheloe, 2001) para ser hedonista e destituída de inocência.

Outro fator que podemos levantar é sobre as relações entre pais e filhos,

estas estão se tornando escassas, trabalha-se cada dia mais para o aumento do

poder aquisitivo e consequentemente, do consumo. A mulher tem uma contribuição

crescente na fatia produtiva da população, ficando bastante tempo em seu local de

34

trabalho profissional. Pais chegam tarde a casa, crianças atarefadas, refeições

solitárias ou feitas fora do lar. A família se reúne menos para conversar sobre o

cotidiano. As crianças do mundo inteiro hoje – e as brasileiras não são exceção -,

estão privadas dos espaços que costumavam ser seus: as ruas, as calçadas, as

praças e o contato com a natureza (Costa, 2000).

Figura 05 – Quando crianças brincavam nas ruas

Fonte: http://www.bemparana.com.br/upload/image/noticia/noticia_136995_img1_img_6892.jpg

Acesso em : 18.Jun.2016

As atividades infantis pressupõem dispêndio cada vez maior de dinheiro,

seja pela realidade do confinamento, que impede que a criança se exercite em

espaços abertos, aumentando o consumo de eletroeletrônicos, seja pela oferta

contínua de novos produtos e a atuação maciça da propaganda, que veicula

também o apelo das marcas (Momberger, 2000). A criança não pede um tênis

qualquer, mas um tênis de determinada marca; ela não quer um celular qualquer,

mas aquele de última geração.

4.2 BRINCAR OU COMPRAR?

Realizar a compra com seu próprio dinheiro ou influenciar na compra de um

produto familiar de acordo com suas preferências pode ser um ato motivado pela

vontade de independência da criança, mostrando personalidade, porém o

comportamento e as preferências podem variar de acordo com a idade. Segundo

Giglio (2005), as crianças têm estilo, motivos e processos de decisão próprios. O

35

que valorizam nos produtos é muito diferente do que pode ser valorizado em outros

grupos.

As crianças podem ser consideradas seres com uma curiosidade própria e

que precisam experimentar o mundo para seu desenvolvimento (Rabello, 1998).

Nesse contexto, a brincadeira se estabelece como uma forma da criança conhecer a

realidade interagindo com o meio onde vivem, um direito, forma particular de

expressão, pensamento, interação e comunicação. Mas, no cenário das

brincadeiras, algumas questões atuais se mostram relevantes, tais como as

mudanças culturais que acabam por afetar os tipos de brincadeiras, as habilidades

requeridas, bem como as maneiras pelas quais as crianças ocupam o tempo.

No documentário Criança, A Alma do Negócio11, uma entrevistadora, na

aplicação de uma dinâmica, coloca duas folhas de papel diante de um grupo de

crianças entre 8 a 12 anos. Em uma folha está escrito “comprar” e na outra,

“brincar”. Uma única criança escolhe a opção “brincar”. A própria exclama com

surpresa: “Ninguém gosta de brincar?” Seguem-se risos e afirmações de que “não,

não gostamos de brincar”. Ao julgamento das crianças, a escolha pelas compras se

apresenta de modo natural. Além disso, nos depoimentos dados pelas crianças

participantes da dinâmica, evidencia-se que não há para elas uma dissociação entre

brincadeiras e compras.

À medida que o documentário se desenrola, consegue-se evidenciar que as

brincadeiras aparecem associadas ao recebimento de presentes, à satisfação de

necessidades e desejos de aquisição de novos produtos e menos às formas

espontâneas do brincar.

4.3 O MINI-ADULTO

Para Postman (1999) a infância está atrelada ao conceito de educação.

Segundo o autoraté a Idade Média a crianças eram invisíveis e compartilhavam com

os adultos os menos comportamentos, não existindo segredos e o sentido de

vergonha que delimitam o ser adulto do ser criança. A separação entre adultose

crianças só teve início no século XVI com o surgimento da tipografia, que exigiu o

11

É um documentário dirigido pela cineasta Estela Renner e produzido por Marcos Nisti sobre como a sociedade de consumo e as mídias de massa impactam na formação de crianças e adolescentes. .Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc

36

controle da informação e, sobretudo, a necessidade de esconder dos menores os

segredos da vida adulta.

Quando a prensa tipográfica fez sua jornada, tornou-se evidente que uma nova espécie de idade adulta tinha sido inventada. A partir daí a idade adulta tinha de ser conquistada. Tornou-se uma realização simbólica e não biológica. Depois da prensa tipográfica, os jovens teriam de setornar adultos e, para isso, teriam de aprender a ler, entrar no mundo da tipografia. E para realizar isso precisariam de educação. Portanto, a civilização europeia inventou as escolas. E, ao fazê-lo, transformou a infância numa necessidade. (POSTMAN, 1999, p. 50).

Mas o controle da informação durou pouco, segredos do mundo adulto já

não estariam nas mãos dos pais e da escola. Este processo, como percebe

Postman (1999) deu início ao desaparecimento da infância. Podemos perceber, no

desaparecimento, que as informações começaram a ser compartilhadas com todos

os públicos, sendo eles o adulto e infantil, de forma comum. E para o autor, quem

rompeu a linha divisória entre ser adulto e ser criança foi a televisão. Podemos

apontar como evidência desse rompimento:

Há, por exemplo, a evidência fornecida pelos próprios meios de comunicação, pois eles não só promovem a desmontagem da infância valendo-se da forma e do contexto que lhes são peculiares, mas também refletem esse declínio em seu conteúdo. Há evidência a ser observada na fusão do gosto e estilo de crianças e adultos assim como nas mutáveis perspectivas de instituições sociais importantes como o direito, as escolase os esportes. E há evidência do tipo “pesado” – cifras sobre alcoolismo, uso de drogas, atividade sexual, criminalidade, etc.– que implica uma declinante distinção entre infância e idade adulta. (POSTMAN, 1999, p. 134).

Presente na vida de todas as crianças, a televisão, de acordo com Postman

(1999) fala de tudo sem distinguir públicos, ou ainda, para o autor, para este meio de

comunicação não existe diferença entre públicos. Tudo é escancarado para quem

ligar o aparelho. Quando o assunto é o alcance junto às crianças, a televisão cumpre

bem seu papel de mediação de conteúdos, ao ponto de estar vinculada aos hábitos

marcantes da rotina infantil.

Figura 06 – Televisão como mediadora de conteúdos

37

Fonte: https://abrilveja.files.wordpress.com/2016/05/crianca-tv-

original.jpeg?quality=70&strip=all&w=620 Acesso em: 19.Jun.2016

O conceito de infância tem sido modificado – a partir de mudanças de

hábitos da sociedade ao longo dos anos. Falando de tempos atuais, é impossível

não citar os adventos da modernidade como os principais incentivadores do

encurtamento do período da infância. Programas televisivos, Internet, vídeo games,

celulares e tablets hoje fazem parte do aparato considerado necessário para manter

a criança entretida e informada. Rabello (1991) afirma que crianças estão se

tornando caricaturas de adultos em vários aspectos: vestuário, linguagem, modo de

agir, necessidades e desejos criados pela indústria do consumo.

Figura 07 – A precocidade da criança

Fonte: http://camillafalcao.com/wp-content/uploads/2013/07/maquiagem-mini-miss-300x198.jpg

Acesso em: 18.Jun.2016

38

A criança como indivíduo, como pessoa, não desaparece, mas sofre um

processo de conformação, ajustando-se aos determinados padrões sociais e

econômicos (roupas, programas de televisão, músicas, alimentos, brinquedos). De

fato, é possível perceber que, atualmente, os lugares sociais ocupados por crianças

e pelos adultos, por vezes, podem ter linhas tênues. É importante salientar,

conforme Giddens (1991), que não se trata de substituição de posição social

adulto/criança, mas do fato de que a criança, enquanto ser social atuante, convive

com os moldes culturais e sociais apresentados a ela.

4.4 A VIVÊNCIA DA INFÂNCIA NO CONTEXTO MIDIÁTICO

De acordo com Steinberg e Kincheloe (2001), o consumo é uma prática, com

valor, que se aprende desde a infância. Considera-se que essa prática está

relacionada a outros processos, como o uso dos meios de comunicação, o acesso à

mídia e as interferências da indústria cultural.

Uma mudança significativa na vivência da infância e da adolescência

concretizou um novo tipo de acesso à informação. Referimos não somente ao

aspecto da quantidade, à multiplicação das oportunidades de comunicação

potencializadas com mídias como o computador e o celular, mas ao aspecto da

qualidade, à alteração da natureza dos processos comunicacionais associados às

mídias eletrônicas (Lyon, 1998).

Figura 08 – O acesso às mídias eletrônicas

39

Fonte: http://assets0.exame.abril.com.br/assets/images/2015/3/529064/size_810_16_9_menino-

tablet.jpg Acesso em: 17.Jun.2016

Nesses novos tempos, crianças de todo o mundo têm consumido cada vez

mais diferentes mídias e, muitas vezes, realizam esse consumo de forma

simultânea: ouvem rádio enquanto navegam na internet, assistem à televisão lendo

gibis, participam de jogos interativos no computador ao mesmo tempo que falam ao

telefone ou se utilizam de outros gadgets digitais.

Kincheloe e Steinberg (2001) afirmam que crianças e adolescentes são

alvos de “uma produção corporativa da infância, pautada por interesses comerciais,

que as enxergam na condição de consumidoras”. As autoras identificaram alguns

fatores que explicam a intensificação da comercialização da infância, como as

mudanças no ambiente mediático, associadas às transformações tecnológicas que

permitiram mais acesso à informação no ambiente doméstico. Outra mudança é o

crescimento da internet, que contém milhares de sites dirigidos à criança repletos de

mensagens comerciais.

O modo de vida erigido pela sociedade do consumo, que é estabelecido no tripé atomização-impessoalidade-anonimato e na vivência do individualismo e da competitividade, exerce influência sobre os indivíduos e a sociedade, configurando os modos de ser e estar no mundo com base nesse tipo de sociabilidade e de cultura. A vida que é possível sob o regime capitalista articula-se baseada na formação de hábitos de consumo, incutidos pela estimulação constante que é oferecida pela atividade da propaganda e da publicidade. Atividade de apoio fundamental para esse sistema de produtivo, ela atua por meio dos meios dos veículos de mídia ou de publicidade, constituindo-se como elemento vital de intermediação entre as esferas da produção e do consumo de bens e serviços. (FERREIRA, 2006, p. 189)

40

Apesar da influência das novas mídias e da internet, vale destacar que, no

Brasil, é a televisão que ainda dita tendências de consumo. A criança brasileira é

uma das campeãs mundiais no tempo médio diário que assiste à tevê. De acordo

com levantamento do Ibope12 feito com jovens de 4 a 11 anos, das classes A, B e C,

ela passa quatro horas e 54 minutos diante da tela. Em áreas de maior

vulnerabilidade social e econômica, o tempo médio chega há espantosas nove horas

por dia. Um tempo de consumo que ultrapassa o período médio que passa no

ambiente escolar: cerca de três horas e 15 minutos, segundo estudo elaborado pela

Fundação Getulio Vargas13em 2009. Observa-se que os meios de comunicação,

especialmente a televisão, são modelos os crianças se identificam, quanto maior é o

isolamento da criança, maior é o poder que a mídia exerce sobre ela (Campos,

1985).

Pode-se dizer que a televisão tem sido um dos meios mais constantes no

processo de socialização e formação da criança brasileira. Aliás, é também a forma

de entretenimento preferida entre as crianças, à frente das brincadeiras e mesmo de

atividades como andar de bicicleta, segundo pesquisa realizada na cidade de São

Paulo pelo Datafolha14 em março de 2010.

12

O Grupo IBOPE – Instituto de Opinião e Pesquisa foi criado em 1954. Constitui-se em uma multinacional brasileira composta por 52 empresas, e atua diretamente em 16 países da América Latina. Esse grupo realiza pesquisas sobre os mais variados temas: mídia, opinião pública, política, consumo, comportamento, mercado, marcam propaganda, internet, entre outros. Dentre as empresas desse grupo que atuam em território nacional a IBOPE Mídia é responsável pelas pesquisas de comunicação, mídia, consumo e audiência. Essas pesquisas ajudam os clientes a montar suas estratégias de mídia, fornecendo dados sobre a segmentação da população, hábitos de consumo e audiência de média. São dados como os programas mais assistidos da TV, as rádios com maior audiência e número de ouvintes, o número de pessoas que lêem jornal, os meios de comunicação que recebem mais investimentos, entre muitas outras. (Grupo IBOPE) 13

É uma instituição privada brasileira de ensino, pesquisa e extensão (FGV). 14

É um instituto de pesquisas do Grupo Folha, conjunto de empresas coligadas do qual o jornal Folha de S. Paulo faz parte. O instituto realiza levantamentos estatísticos, pesquisas eleitorais, de opinião e de mercado, atendendo ao próprio Grupo Folha e a clientes externos.

41

5 TECNOLOGIAS NA INFÂNCIA

A infância hoje pode ser denominada como filha da tecnologia, da mídia e da

massificação da cultura. Podemos notar que a relação do público infantil com a

tecnologia e a diferenças entre adultos e crianças nesses espaços sociais podem se

tornar sutis, na medida em que estas possuem uma intimidade maior do que a de

alguns adultos no domínio da tecnologia. Isso acontece porque as crianças pós-

modernas já nasceram em um contexto em que as tecnologias se fazem presentes

nas ações cotidianas dos grandes centros urbanos, enquanto que os adultos

precisaram se readaptar frente às evoluções tecnológicas.

Hoje está presente um falso dia eletrônico, não mais ditado pelo dia e pela noite. Este “falso dia” está marcado pelo instante, onde não há relação com o tempo real, é o dia da tela da televisão e do microcomputador. É “um dia secundário” que só existe através dos meios de comunicação. (RABELLO, 1998, p. 69).

Já sabemos que a tecnologia é uma parte natural da vida cotidiana da

maioria das crianças e que as crianças que têm acesso às novas mídias são rápidas

em adotá-las e usá-las. O acesso a essas tecnologias definiram novas formas de

comunicação e interação, promovendo a gestação de novas formas de

sociabilidade. A cada dia vemos a intensificação dos contatos comunicativos entre

crianças, estes, especialmente, mediados a partir a tecnologia, especialmente do

celular, que virou uma janela para o mundo, uma plataforma sem mediações.

5.1 O GRANDE VALOR DA TELEVISÃO

A criança e o adolescente de hoje, conforme apontam Jobim e Souza

(1994), não conheceram o mundo de outra maneira – nasceram imersos no mundo

do telefone, fax, computadores, televisão, etc. Televisões ligadas a maior parte do

tempo, assistidas por qualquer faixa etária, acabaram por assumir um papel

significativo na construção de valores sociais.

O hábito de ver televisão se encontra incorporado ao cotidiano de crianças,

adolescentes e adultos e, para muitos, é uma coisa que vicia. Tendo como base o

fato de que 95% dos lares brasileiros possuem pelo menos um aparelho de tevê,

conforme dados do IBGE em 2010, não é difícil deduzir por que o principal

42

investimento da publicidade destinada ao público infantil está na comunicação

televisiva, pois a televisão tem tudo a ver com a “produção de necessidades e

desejos, a mobilização do desejo e da fantasia, da política de distração” (Baudrillard,

1998).

Figura 09 – Cotidiano de uma criança: a televisão

Fonte: http://nadafragil.com.br/wp-content/uploads/estudos-apontam-que-criancas-de-ate-2-anos-nao-

devem-ver-televisao-5.jpg Acesso em: 19.Jun.2016

Segundo Pacheco (1998), a televisão “hipnotiza” o telespectador, levando-o

a um relaxamento físico e mental. Seu poder motivacional é alto, uma vez que atinge

o receptor através de sua visão e audição, e sua força de persuasão também é

grande, visto que, por seus recursos, “concretiza” a mensagem, tornando-a quase

real. Discute-se muito sobre sua capacidade de poder influenciar milhões de

telespectadores, principalmente as crianças, e não faltam opiniões contundentes de

quem veja nesse meio de comunicação, um extremo potencial educativo.

A programação televisiva visa a atingir o maior montante de pessoas,

independentemente de idade, sexo ou classificação social. Noticiários, programas

femininos e de variedades, filmes e novelas se alternam, no horário diurno e no

começo da noite, inclusive com programas e emissoras dirigidos especialmente às

crianças (Lima, 2007). Desde muito pequena a criança entra em contato com as

mais variadas formas de ficção, sendo indiretamente estimulada ao consumo. Este

estímulo ocorre de maneira indireta, na medida em que é disfarçado pela ação

publicitária.

43

“Ao longo da história nenhuma geração antes da atual havia vivido, já dentro

do útero, envolta em um ambiente sonoro tão intenso e estimulante.” (FERRÉZ,

1996, p.17). Para Ferrés, as crianças de hoje são “bombardeadas” por estímulos

audiovisuais, incitando cada vez mais a sua curiosidade, limitando, porém, suas

experiências ao mundo virtual, onde as relações sociais encontram-se dissolvidas e

desprovidas de significados.

Além disso, ao despertar sua curiosidade e limitar seu conhecimento, a

televisão estaria favorecendo a prática do consumo entre as crianças. Nas palavras

de Baudrillard (1998), “os meios de comunicação não nos orientam para o mundo,

mas oferecem-nos para o consumo de signos atestados pela caução do real”.

Assim, além de divertir e instruir, a televisão funciona como veículo de valorização

dos bens de consumo produzidos, através das publicidades transmitidas.

No contexto moderno, como explica Rabello (1991), hoje em dia as crianças

estão cada vez mais assistindo a televisão, consumindo-a como um produto, que

revela suas faces ao redor do prolongamento das relações mantenedoras do capital,

por isso tornou-se objeto insaciável de consumo principalmente por entre a esfera

infantil da sociedade.

A pregnância da estimulação audio-visual provinda da caixa de televisão, além do fato de que as narrativas televisivas encurtam-se para se assemelhar à experiência da instantaneidade, aumentam o vínculo de sedução e de magia, muitas vezes hipnótica, que a televisão desenvolve sobre os sujeitos. (RABELLO, 1991, p. 63).

No que tange a influência da televisão na formação do público infantil,

encontra-se diferentes perspectivas teóricas. Por um lado, alguns autores, tais como

Pacheco (1998), Buckingham (2002) conduzem uma análise, no sentido de que a

televisão é um meio de comunicação que amplia as possibilidades imaginárias das

crianças, remetendo ao caráter lúdico e da fantasia que esta possui. Estas

possibilidades remetem a criança a confrontar a realidade vivida com a fantasia do

mundo televisivo, estimulando a criatividade. É por meio dessa magia, desse

fantástico, que a criança elabora suas perdas, materializa seus desejos, compartilha

sua vida, anima, muda de tamanho, liberta-se da gravidade, fica invisível e assim

comanda o universo por meio de sua onipotência (Pacheco, 1998). Porém, Adorno

(1995) critica o meio, pois as produções culturais veiculadas pela tevê propagam um

mundo pseudorealista que vela a realidade e dissemina uma realidade ideal.

44

5.2 A APROPRIAÇÃO DA TECNOLOGIA

É senso comum que a maioria das crianças já nasce plugada no mundo

virtual. Os pais de hoje estão conectados e seus filhos também. Ao nascer, as

crianças encontram um mundo onde os sistemas e aparelhos modificam-se a cada

dia, influenciando diretamente suas vidas.

Entretanto, podemos notar como as gerações mais novas – crianças e adolescentes – que não conheceram o mundo sem televisão, sem carro, sem telefone, ou ainda, sem computador, parecem muito mais à vontade com estas transformações que assustam as gerações dos mais velhos. Filhos da tecnologia, da mídia e da massificação da cultura, os jovens parecem encarar com naturalidade estas transformações. Enfim, o mundo tal como hoje se lhes apresentado não aparece como radicalmente “diferente”, “anti-natural” ou artificial, mas sobre tudo, evidente e natural. (RABELLO, 1991, p. 55-56).

O autor Tapscott (1999) afirma que essa assimilação das crianças pelas

novas tecnologias se dá por que cresceram com essas inovações, ao contrario dos

adultos que apenas tiveram que se adaptar. As crianças passam a ver as

tecnologias como parte do seu ambiente. Segundo o autor é algo tão natural para as

crianças como respirar. Isso aconteceu com a televisão e agora de forma muito mais

aguda com a web.

Podemos esperar que, com o tempo e a presença cada vez maior de espaços multimídias na escola [e em casa], os meios digitais tendam a perder a aura que de certo modo ainda os distancia da argila, dos pincéis e dos lápis de cor- distância que tende a ser sentida (...) pelos adultos (...). Para as crianças hoje recém-chegadas ao mundo, que não possuem perspectiva histórica, e que têm acesso fácil ao computador, ele é desde já primordialmente um brinquedo, ou um espaço onde se brinca. (GIRARDELLO, 2008. p. 135).

Figura 10 – Crianças e seus brinquedos eletrônicos

45

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-suXyusgoJQU/VoqdELCQTgI/AAAAAAAAAZk/-

rC_VZFni6c/s1600/tecnologia-criancas.jpg Acesso em: 19.Jun.2016

Esta geração é muito mais inteligente e independente que a geração de

seus pais, Camboim e Patriota (2010) defendem que para esta geração, a tecnologia

deixa de ser distante para ser algo que eles mesmos produzem, deixa de ser

influenciadora e uma via de mão única para ouvir, responder e solicitar a

colaboração.

5.3 A JANELA PARA O MUNDO

Uma mudança significativa na vivência da infância e da adolescência, de

acordo com Bucht e Feilitzen (2002) seria o novo tipo de acesso à informação.

Referimo-nos aqui não somente ao aspecto da quantidade, à multiplicação das

oportunidades de comunicação potencializadas com mídias, como o computador e o

celular, mas ao aspecto da qualidade, à alteração substantiva da natureza dos

processos comunicacionais associados às mídias eletrônicas. “O prazer, o

entretenimento e a presentificação do mundo – a realidade ao alcance das mãos –

constituem a tríade através da qual o vídeo introduz crianças e adolescentes no

âmbito do conhecimento.” (RABELLO, 1991, p. 66).

O mundo virtual chama a atenção das crianças pelo fato de ser um mundo

lúdico, fantasioso e a cima de tudo permite uma interatividade dentro do

ciberespaço. Rabello (1991) complemente que o mundo virtual é um espaço onde a

criança brinca e entra em um novo mundo de descobertas.

46

Figura 11 – Criança brincando com um celular

Fonte: http://assets3.exame.abril.com.br/assets/images/2015/4/534398/size_810_16_9_crianca-

usando-celular.jpg Acesso em: 18.Jun.2016

As crianças do século XXI nasceram no período o qual a tecnologia é o

alicerce da manutenção das relações sociais, tornando-se uma tarefa

impossívelfazer com que elas vivam sem ela. Mesmo antes de serem alfabetizadas,

as crianças aprendem a utilizar a maioria dos recursos disponíveis pelos aparelhos

eletrônicos de forma aleatória, sem haver um objetivo específico.

Muitos estudiosos questionam sobre a influência da tecnologia no

desenvolvimento das crianças, isto é, se apresentam efeitos positivos ou negativos

os quais podem impedir ou favorecer o desenvolvimento, porém, é muito comum ver

uma criança com um tablet ou um smartphone nessa fase.

Nas redes sociais virtuais, podemos observar que há um vasto material

sobre a infância e suas imagens, e que a criança já se encontra de certa forma

familiarizada com essa realidade virtual. Dornelles (2005) afirma que para as

crianças e jovens deste século, com acesso ao computador e à Internet por meio de

seus companheiros eletrônicos, ler na tela do monitor, navegar em um novelo textual

na rede, interagir na escritura de narrativas começam a ser formas tão comuns

quanto o tradicional virar a página de um livro. Atualmente, é quase impossível uma

criança querer ficar de fora da ciranda eletrônica, quanto mais gira, mais crianças

entram nessa dinâmica tecnológica.

5.4 INTERAÇÕES INFANTIS MEDIADAS PELA TECNOLOGIA

47

Outra mudança decisiva nos modos de viver a infância na

contemporaneidade relaciona-se ao uso de mídias como o computador e o celular,

que – ao definirem novas formas de comunicação e interação – promovem a

gestação de novas formas de sociabilidade. A cada dia vemos a intensificação dos

contatos comunicativos entre crianças – estas, especialmente, estão quase sempre

“juntas”, conectadas pelo celular. “Com o avanço das tecnologias no ambiente social

em que elas estão inseridas, o contato é feito muitas vezes por intermédio de mídias

digitais.” (Bucht e Feilitzen, 2002, p. 123)

Os processos de telecomunicações que substituem crescentemente a comunicação face a face nos meios urbanos, ou ainda, os processos de “tecnificação”, onde paulatinamente, as interações humanas se apresentam cada vez mais mediadas pela máquina. (RABELLO, 1991, p. 55).

De acordo com a Revista InFo15 em uma pesquisa de 2007, encomendada

pelo canal Nickelodeon16 de tevê paga, as crianças brasileiras são as mais

conectadas. A pesquisa, realizada com 7 mil crianças em 12 países, afirma que 86%

das crianças brasileiras (com idade entre 8 e 14 anos) acessam a internet pelo

menos 3 vezes por semana. Sendo que a média mundial é de 70%. Em outra

pesquisa mais recente, realizada em 2010 pelo Instituto Datafolha, encomendada

pelo Instituto Alana17mostra que a internet é um hábito presente na vida da maioria

das crianças (57%), principalmente, entre as de 8 a 11 anos (76%). Para Tapscott

(1999) é a interatividade o que chama a atenção das crianças, pois ela busca ser

usuária e não apenas espectadoras ou ouvinte.

Na Internet, ao contrário, as crianças controlam grande parte de seu mundo. É uma coisa que elas mesmas fazem; elas são usuárias e são ativas. Não observam apenas, mas participam. Perguntam, discutem, argumentam brincam, compram, criticam, investigam, ridicularizam, fantasiam, procuram e informam. (TAPSCOTT, 1999, p. 24).

15

Revista Info – Crianças brasileiras são as mais conectadas. Disponível em: http://info.abril.com.br/aberto/infonews/102007/31102007-1.shl 16

O Nickelodeon é um canal infanto-juvenil norte-americano de televisão por cabo, que é propriedade da Viacom, multinacional norte-americana. 17

É uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que trabalha na proteção e defesa dos

direitos das crianças. Disponível em: http://www.alana.org.br

48

A tecnologia computacional media cada vez as relações sociais: conversas

via e-mail, chats de discussão e a facilidade do celular são só algumas das

atividades que hoje não desempenharíamos sem estas novas tecnologias. Estas

que modificaram nossa maneira de se comunicar, ou seja, transformou também o

sujeito.

Figura 12 – Interações infantis mediadas pelo aparelho celular

Fonte: https://encrypted-

tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTbFkQ5nqDhM8TmRWJ5TUIrE_apmg7LajhDwnMKcULJAGWEAp92

Acesso em: 16.Jun.2016

O autor Pierre Lévy chama de cibercultura o aumento de redes sociais

virtuais e inúmeros processos de interação que não se caracterizam mais somente

pela relação face a face:

A cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um laço social, que não seria fundado nem sobre links territoriais, nem sobre relações institucionais, nem sobre relações do poder, mas sobre a reunião em torno de centros de interesses comuns, sobre o jogo, sobre o compartilhamento do saber, sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de colaboração. (LÉVY,1999,p.130)

As redes sociais na Internet são formadas a partir de sites que não se

restringem somente ao público adulto, buscam também alcançar jovens e crianças.

Capparelli (2002) diz que outra questão é saber se nessa cibercultura infantil, a

relação com diversidade/uniformidade, com a autonomia e controle em rede,

emergem nesses espaços públicos virtuais. E ainda mais, se é alterada a tendência

da transformação das relações humanas e sociais em mercadorias.

49

Compartilhamos igualmente a ideia da construção e reconstrução da cultura infantil bem como da própria infância, na medida em que essas construções e reconstruções se baseiam em tecnologias originadas na cultura, conformadas por ela, e que, por sua vez, ajudam a criar novas situações sociais e culturais para essa mesma infância. (CAPPARELLI, 2002, p.131).

Neste novo ambiente comunicacional que surge da interconexão mundial de

computadores, a interatividade abarca ainda o universo de informações da

comunicação digital e os seres humanos que navegam nesse espaço, com total

ausência de barreiras. Estes mundos virtuais que as crianças acessam podem ser

definidos como espaços que a geração digital encontrou mediada pelo celular, este

que é um espaço onde a criança brinca e entra em um novo mundo de descobertas.

É neste espaço de desenvolvimento que o ambiente permite que as crianças

experienciem de forma ilimitada. Mas o que se percebe segundo Capparelli (2002) é

que a infância de hoje se matem presa em um determinado espaço:

Em vez das crianças serem retiradas do espaço público devido à violência, as dificuldades de transporte nas grandes cidades ou os perigos que cada família enxerga além da porta da casa ou dos portões do condomínio residencial, agora essa criança de dentro de casa participa do espaço exterior à esfera doméstica. Em suma, nessas comunidades criam-se novas formas de relacionamento e de mobilidades, com suspensão do confinamento da infância. As crianças vão agora à praças e ao carrossel virtual. (CAPPARELLI, 2002, p.137).

Torna-se válido considerar que compreender a realidade e o mundo das

crianças nos ajuda a entender suas mediações com as novas tecnologias, pois a

infância está em constante mudança. Esta facilidade no acesso às novas

tecnologias se torna evidentemente uma questão cultural, a transformação do

cotidiano das crianças em uma nova realidade com a apropriação de experiências

lúdicas. Para Camboim e Patriota (2010), a maneira como as crianças de hoje

usufruem datecnologia pode modificar a forma como elas recepcionam, consomem e

se relacionam com o mundo. Por esta razão a criança que é usuária de novas

tecnologias mantém uma postura diferente, mantém uma postura ativa diante dos

diversos meio de comunicação, especialmente o celular.

50

6 METODOLOGIA

A metodologia pode ser entendida como um processo racional para atingir

um determinado fim, chegar a algum conhecimento ou demonstração da verdade.

Também pode ser considerada como o campo em que se estudam os melhores

métodos a serem praticados para a produção do conhecimento.

Essa pesquisa tem um caráter exploratório e apresenta um viés qualitativo,

pois ajuda o pesquisador a solucionar ou aumentar sua expectativa em função do

problema. (TRIVIÑOS, 2009).

O método escolhido foi o Estudo de Caso, em conjunto com as técnicas de

revisão bibliográfica e entrevista, por meio de questionário. Tanto o método quanto

as técnicas são essenciais para responder a questão norteadora a concluir a

pesquisa.

6.1 MÉTODO – ESTUDO DE CASO

O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa de consiste no estudo

profundo de um ou poucos objetos, que maneira que permita seu amplo estudo e

detalhado conhecimento. O estudo de caso, segundo Yin (2015), é utilizado em

muitas situações, contribuindo para o entendimento de fenômenos individuais,

grupais, organizacionais – como o caso desta pesquisa – sociais.

O estudo de caso como modalidade de pesquisa é entendido como uma

metodologia ou como a escolha de um objeto de estudo definido pelo interesse em

casos individuais. Visa à investigação de um caso específico, bem delimitado,

contextualizado em tempo e lugar para que se possa realizar uma busca

circunstanciada de informações.

Em geral, o estudo de caso representa a estratégia preferida quando se

colocam questões do tipo 'como' e 'porque', principalmente nos casos onde o

pesquisador tem pouco domínio sobre os acontecimentos ou o foco se encontra em

fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. “Estudo de

caso é estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos,

mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes.” (YIN, 200,1

p.27)

51

Os estudos de caso mais comuns são os que têm o foco em uma unidade –

um indivíduo (caso único e singular, como o “caso clínico”) ou múltiplo, nos quais

vários estudos são conduzidos simultaneamente: vários indivíduos, várias

organizações, por exemplo.

O que torna exemplar um estudo de caso é ser significativo, completo,

considerar perspectivas alternativas, apresentar evidências suficientes e ser

elaborado de uma maneira atraente.

6.2 TÉCNICAS DE PESQUISA

As técnicas são procedimentos que ajudam a encontrar a resposta da

pesquisa. As escolhidas neste trabalho para complementar o método deEstudo de

Caso foram a revisão bibliográfica, a observação e a entrevista.

6.2.1 Técnica: Revisão Bibliográfica

A técnica de revisão ou pesquisa bibliográfica compreende em identificar,

localizar e adquirir uma bibliografia relacionada com o tema do trabalho, um

processo de coleta de dados. Segundo Ida Regina Stumpf, doutora em Ciências da

Comunicação, em seu artigo Pesquisa Bibliográfica (2005), além de ser uma

atividade que acompanha o investigador, é também norteadora dos passos que

devem ser seguidos durante toda a pesquisa. Num primeiro momento, este trabalho

de busca de informações é mais abrangente; depois de definido o problema e os

objetivos, passa a ser mais específico, facilitando e construindo base à dissertação

sobre o tema escolhido.

A revisão bibliográfica abrange leitura, análise e interpretação de livros,

artigos, etc. Tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas

disponíveis sobre o tema. Será aprofundada conforme o andamento do projeto,

usando estratégias para encontrar teorias e trabalhos relacionados com o foco da

pesquisa. Como ação, utilizaremos autores e teorias adequadas para o estudo

apresentado, depois de encontradas, as fontes devem ser selecionadas para que se

aproveite o máximo do conteúdo de cada uma delas e evite que informações se

repitam e tempo seja perdido.

52

As principais fontes para a pesquisa bibliográfica, apresentadas por Antonio

Carlos Gil em sua obra Métodos e Técnicas em Pesquisa Social (1999) são as

bibliografias especializadas, os portais na internet, resumos de teses e dissertações,

artigos publicados em periódicos e catálogos de bibliotecas e editoras.A obtenção

desses materiais é necessária, pois só diante daquilo que já foi descoberto, o

pesquisador poderá avançar com seu trabalho.

6.2.2 Técnica: Entrevista

A entrevista também é uma técnica bastante utilizada nos trabalhos de

estudo de caso. Embora possa parecer simples o pesquisador formar algumas

perguntas e anotar ou gravar as respostas, na verdade essa tarefa é bastante

complexa. Primeiro, porque a elaboração das perguntas deve ser muito bem

planejada. O rol de perguntas deve considerar todas as possibilidades de

questionamentos possíveis para esgotar o tema em questão, ou, melhor, antes de ir

ao encontro do entrevistado deve-se ter muito claro o que realmente se espera

saber dele, pois pode ser difícil conseguir esse encontro novamente para perguntar

aquilo que foi esquecido. Gil (1999) elenca algumas vantagens da entrevista:

possibilita a obtenção de maior número de respostas, pela facilidade de

comunicação com o entrevistado; é flexível, permitindo ao entrevistador adaptar-se

às pessoas e às circunstâncias onde se desenvolve a pesquisa; e possibilita uma

maior afinidade com o entrevistado, pois seu comportamento e ênfase nas respostas

ficam claros.

Para Gil, a entrevista pode ser informal, onde busca alcançar uma visão

geral sobre o assunto em questão; focalizada, quando trata-se apenas de um tema

específico; por pautas, possuindo uma estrutura básica onde o entrevistador faz

perguntas diretas e permite que o entrevistado disserte sobre essas pautas; ou

estruturada, quando se segue uma ordem fixa e invariável de perguntas para todos

os entrevistados.

Para a realização de uma entrevista de qualidade, é necessário seguir

determinados passos, como a preparação do roteiro, após a definição do tipo de

pesquisa a ser aplicado; o contato inicial com os participantes, deixando claro o

tema e a razão pela qual estão sendo entrevistados; a formulação coerente das

53

perguntas e o registro das respostas, sempre prezando a ética e a integridade dos

entrevistados.

A entrevista selecionada para essa pesquisa foi estruturada, por meio de

questionário físico apresentado no Anexo A e B (página 78 deste trabalho). Será

composto de questões abertas para que o tema seja aprofundado e as respostas

sejam esclarecedoras. As perguntas foram divididas em quatro unidades: consumo,

comportamento, família e celular. O público participante são crianças com faixa

etária entre 07 e 12 anos, de escolas com ensino privado e público, e seus pais e/ou

responsáveis, de ambos os sexos, residentes de Caxias do Sul. Os dados referentes

à pesquisa serão tabulados e interpretados pela pesquisadora. As respostas estarão

disponíveis no Anexo A e B.

Com base nas técnicas apresentadas, foi desenvolvida a pesquisa com vistas

a confirmar ou não as hipóteses elaboradas e responder a questão norteadora.A

pesquisa e a análise serão apresentadas no capítulo a seguir.

54

7 ANÁLISE

Após a revisão bibliográfica, os conteúdos coletados serão analisados por

meio da codificação e a categorização dos dados da pesquisa de campo realizada

no período de abril e junho de 2016.

As categorias resultantes da codificação para inferência e interpretação dos

dados são: perfil dos entrevistados, relação com o consumo, comportamento infantil

e familiar e o uso do celular.

A pesquisa foi realizada por um questionário físico para que pudesse ser

observado também o comportamento da criança e do pai e/ou responsável durante a

entrevista. O questionário foi dividido em dois segmentos: para crianças que

possuíam celulares, composto por 27 perguntas, e para crianças que não possuíam

o aparelho, composto por 24 perguntas. Todo o questionário foi desenvolvido com

perguntas abertas, e obteve a participação de 06 crianças. Primeiramente a

entrevista aconteceu com as crianças, sem a participação de seus pais, seguida

pela entrevista de seus responsáveis sem as crianças estarem juntas no ambiente.

O questionário contava com as mesmas perguntas tanto para a criança

quando para o responsável, apenas moldada para o público que se direcionava, afim

de confirmar as respostas e a relação entre ambos.

Os entrevistados serão apresentados pela ordem de entrevistas, sendo que

a Criança 01 têm 07 anos, a Criança 02 têm 08 anos, a Criança 03 têm 09 anos, a

Criança 04 têm 10 anos, a Criança 05 têm 11 anos e a Criança 06 têm 12 anos.

Seus pais e/ou responsáveis serão apresentados de acordo com a ordem de

entrevista também.

7.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

As 06 crianças participantes da pesquisa compreendem a faixa etária entre

07 e 12 anos. Dentre as crianças que foram entrevistadas, 04 são meninas e 02 são

meninos. Em relação ao local de residência, todos os participantes residem na

cidade de Caxias do Sul.

55

As crianças que participaram são estudantes, sendo que 03 estudam em

escolas públicas e 03 estudam em escolas particulares e, em relação aos aparelhos

celulares, a Criança 01 e 02 não possuíam o aparelho.

Os pais e responsáveis compreendem a idade entre 25 e 52 anos, com

escolaridades que variam de ensino fundamental completo e ensino superior

incompleto.

7.2 QUESTÕES RELACIONADAS AO CONSUMO

Em relação ao consumo, foram realizadas 06 perguntas para os

entrevistados: se a criança assiste televisão e os canais que ela gosta de assistir,

seus programas favoritos, qual o local em que ela mais assistia televisão, se a

criança possuía tablet, celular, notebook e computador, como elas ficam sabendo

das novidades do mercado e qual foi a última vez que ganharam presentes.

O primeiro questionamento realizado foi se a criança assistia televisão e

quais os canais ela gostava de assistir. Dentre as respostas obtidas, podemos

verificar que todas as crianças assistem o meio, algumas com mais intensidade,

outras com menos. Dentre os canais citados, podemos identificar que todos são

voltados para o público infantil, com ressalva do canal Sony, Fox e Tele-Cines.

Quando avaliadas as respostas e comparadas entre pais e filhos: “Assisto bastante.

Cartoon, Disney, Nickelodeon, Fox, Tele-cines.” (Criança 06) comparada aresposta

de sua mãe: “Ele gosta muito de assistir televisão" (Mãe 06).

A segunda pergunta era voltada para os programas assistidos preferidos das

crianças, podendo destacar que a maioria dos programas são desenhos animados e

seriados infantis. Chamamos atenção para alguns programas com conteúdo para

adultos, como: Os Simpsons, The WalkindDead e filmes. Comparando as respostas,

“Detetive do Prédio Azul, Esquadrão Bizarro, Cat no ar e Ladybug, Tom e Jerry e

Mickey Mouse” (Criança 01) e “Ele gosta de desenhos e uns programinhas de

criança” (Pai 01).

A terceira pergunta questionava se a criança possuía televisão no quarto,

nesta pergunta a resposta foi unânime: todas as crianças possuem televisão em seu

quarto.

A pergunta de número 04 era sobre os aparelhos eletrônicos que a criança

possuía (tablet, notebook, computador e celular) e dentre eles, quais ela mais

56

gostava de usar. Com as respostas obtidas verificamos que todas as crianças

possuem no mínimo um aparelho. “Tenho tablet, notebook, celular e videogame. O

que eu mais mexo é o celular” (Criança 04), seguida pela resposta de sua mãe: “Ela

tem muitas coisas, tablet, notebook, celular, e não sai do celular” (Mãe 04).

A quinta pergunta do questionário buscava compreender onde as crianças

conhecem as novidades que o mercado oferece para elas, sendo que todas

responderam que a televisão tem forte influência, seguidos por outros locais. “Ela

assiste na televisão, as propagandas ditam muito do que ela quer consumir. Todos

os brinquedos que ela pede são os que ela conhece pela tevê” (Mãe 02).

A última pergunta desta unidade questionava sobre o último presente que a

criança ganhou, bem como onde ela tinha visto o objeto que ganhara. A maioria das

respostas da criança mostrava que faziam poucos dias que todas tinham ganhado

um presente de alguém. “Foi roupa, da minha vó. Não lembro quando foi. Eu escolhi

na loja, entrei e vi que tinha coisas que eu gostava” (Criança 05).

As analisar todas as respostas das questões relacionadas ao consumo foi

possível identificar que as crianças são fortemente influenciadas pela televisão, de

acordo com o apresentado por Baudrillard (1998), o aparelho televisor se configura

como um meio de produção de necessidades de desejos, gerando motivações de

consumo nas crianças. Rabello (1991) também acrescenta que crianças são

colocadas desde muito cedo num mercado muito ávido por consumo, esperando

novidades mais recentes diariamente. Gunther e Furnhan (2001) também

apresentou que é através da televisão que se é despertado desejos nas crianças, e

esses desejos podem a vir se tornar exigências de consumo.

Outro ponto que podemos destacar nesta unidade é a unificação da

infância com o mundo adulto através da televisão, apresentado por Postman (1999).

Os programas televisivos direcionados para os adultos são encontrados pelas

crianças com facilidade, não havendo censura para o público infantil. Jobim e Souza

(1994) apresentaram que as crianças não conheceram o mundo de outra maneira –

nasceram imersos no mundo do telefone, fax, computadores, televisão, etc.

Conforme analisamos as respostas, detectamos o quanto a televisão se torna uma

companhia, ligadas a maior parte do tempo, assistidas por qualquer faixa etária,

acabando por assumir um papel significativo na construção de valores sociais.

Em relação aos aparelhos tecnológicos, é visto que todas as crianças

possuem algum tipo de tecnologia, sendo que, entre eles, o maior destaque é para o

57

celular e o tablet. Podemos encontrar explicação nas palavras de Ketzer (2003)

apresentado neste trabalho, já que os brinquedos eletrônicos são mais atraentes

que os convencionais, e a variedade destes brinquedos estão cada vez maiores.

Rabello (1991) também adiciona, conforme apresentado, que vídeo games,

celulares e tablets fazem parte do aparato considerado necessário para manter

a criança entretida.

7.3 QUESTÕES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO

Em relação ao comportamento, foram realizadas 04 perguntas para os

entrevistados: se a criança preferia brincar com os amigos ou se preferia a

companhia da tecnologia, se a criança preferia ganhar brinquedo ou dinheiro, e se

ela influencia na hora da compra, como é o comportamento da criança quando ela

está brincando com aparelhos tecnológicos e quem decide das estes aparelhos para

a criança, se era ela que escolhia ou se quem decidia eram os pais.

Na primeira pergunta realizada nesta unidade referente à preferência na

hora de brincar: amigos ou aparelhos tecnológicos, as respostas ficaram bem

divididas. De acordo com a idade da criança, quanto menor, a preferência de brincar

com os amigos se mantinham, porém, em idades superiores há 09 anos, já era

possível identificar uma dúvida em relação à escolha. “Gosto de mexer no meu

celular” (Criança 03), em contraponto, entendemos o motivo da escolha com a

resposta da mãe: “Como os amigos não moram perto e ela tem muita companhia de

adultos, ela está sempre mexendo no celular” (Mãe 03).

Na segunda pergunta, a criança foi questionada sobre a preferência de

ganhar dinheiro ou brinquedo, e para os pais, a pergunta foi em relação à influência

da criança na hora da compra. As crianças responderam que preferem ganhar

dinheiro, porém, quatro deles recebem mesada mensal de seus pais, “Eu prefiro

ganhar coisas, porque eu ganho mesada e nem uso” (Criança 05). Quanto à

influência na hora da compra, os pais responderam que de alguma forma, todas as

crianças influenciam, porém, com alguns limites: “Ela sempre pede, mas nem

sempre eu dou. Alguma coisinha sim, mas tudo o que ela quer, não” (Mãe 03).

O terceiro questionamento tinha como objetivo entender o comportamento

das crianças enquanto elas brincavam com aparelhos tecnológicos. As respostas

das crianças nesse item foi bastante variada, algumas assistem televisão enquanto

58

brincam, outras preferem somente brincar com o aparelho sem nenhuma

intervenção, uma criança citou que gosta de assistir vídeos e ouvir música durante,

“Quando eu estou jogando Minecraft no note, eu gosto de ouvir músicas no celular e

vídeos” (Criança 04). Os pais entendem o comportamento como um problema, visto

que muitas ficam hiperativas, nervosas e sem interagir com as pessoas ao seu

redor, “Ela fica quieta, com fones no ouvido, sentada no sofá ou em seu quarto. Às

vezes tenho que gritar para ela me ouvir”(Avó 05).

A última pergunta dessa unidade procurava identificar quem decidia dar

aparelhos tecnológicos para a criança. Com unanimidade, identificamos que são as

próprias crianças que pedem como presente o aparelho, “Eu pedi para minha mãe

porque minha melhor amiga também tinha um celular” (Criança 03), “Sim, eu pedi de

presente para minha mãe. Presente de aniversário, de natal e dia da criança”

(Criança 04). Os pais confirmaram as respostas: “Ela me pede de presente, em

todas as datas comemorativas ela pede algo tecnológico ou apetrechos para o que

já tem tipo fones de ouvido de bichinhos e capinhas para o celular” (Mãe 04).

Ao analisar as respostas das questões relacionadas ao comportamento

podemos confirmar diferentes afirmações dos autores na revisão bibliográfica. Entre

elas, na primeira pergunta desta unidade sobre a preferência ao brincar com a

tecnologia, podemos relacionar sobre a afirmação de Rabello (1991) que se refere

ao mundo virtual comoum espaço onde a criança brinca e entra em um novo mundo

de descobertas, por isso podemos ver a brincadeira atrelada à tecnologia. Outro fato

que podemos tornar como verdadeiro é sobre as relações das crianças com seus

amigos. Conforme apresentado porSteinberg e Kincheloe (2001), esta geração está

ficando muito em casa e suas companhias se tornaram os aparelhos tecnológicos,

conforme mostrado no trabalho e confirmado nestas respostas, ficar sozinhos em

casa é a realidade desta geração.

Sobre a preferência de ganhar brinquedos ou dinheiro, podemos analisar de

acordo com a afirmação de Rabello (1991). As crianças preferem ganhar

brinquedos, conforme as respostas obtidas, devido que a felicidade na cultura do

objeto, é pontuada pela posse de bens materiais. As crianças felizes são aquelas

que possuem objetos. Já sobre a influência na hora da compra, Alves (1998)

apresentou neste trabalho que todas as crianças são indivíduos ávidos por

consumo, ansiosos por se tornarem grandes consumidores, pressionam os pais para

obter os objetos desejados. Sobre as influências, Gade (1998) apresentou que as

59

principais motivações para o consumo são as necessidades básicas e o meio social

em que a criança está inserida, sendo os pais um dos principais influenciadores.

O comportamento das crianças com os aparelhos tecnológicos, conforme

respostas da questão número três, faz com que muitos estudiosos se questionem

sobre a influência da tecnologia no desenvolvimento das crianças, no caso de

apresentam efeitos positivos ou negativos os quais podem impedir ou favorecer o

desenvolvimento. Nas respostas foi possível identificar certa preocupação dos pais

em relação ao comportamento das crianças durante o uso dos aparelhos

eletrônicas, estas que ficam nervosas, hiperativas, ansiosas e excluídas da interação

familiar.

Ao entender que são as próprias crianças que escolhem ganhar como

presentes os artefatos da tecnologia, entendemos que as atividades infantis

pressupõem dispêndio cada vez maior de dinheiro, seja pela realidade do

confinamento,aumentando o consumo de eletroeletrônicos, assim entendendo que o

aparelho eletrônico é melhor do que qualquer outro tipo de brinquedo, se tornando

os melhores presentes.

7.4 QUESTÕES RELACIONADAS À FAMÍLIA

Em relação à família, foram realizadas 07 perguntas para os entrevistados:

sobre o horário que a mãe ou o ai ficam com seus filhos, que atividades a família

costuma fazer quando estão juntos, sobre as atividades extracurriculares das

crianças, se a família é conectada a tecnologia, se a criança brinca em áreas livres,

quais os passeios do final de semana e onde a criança prefere ir para passear.

A primeira pergunta buscava saber sobre o tempo diário que a criança fica

em companhia de seus pais, a maioria das crianças permanece junto aos seus pais

durante a noite, conforme respostas a seguir: “Minha mãe trabalha até de noite, e eu

fico um pouco com ela antes de dormir” (Criança 06) confirmando com a resposta da

mãe: “Eu trabalho das 13 às 21 horas. Fico com ele de noite, cerca de uma hora,

pois ele dorme cedo para estudar” (Mãe 06).

A pergunta que segue com esta unidade questionava sobre as atividades

que a mãe ou o pais costumam fazer junto aos seus filhos quando estão em casa.

As respostas foram diferentes, algumas crianças brincam sozinhas quando todos

estão em casa, outras os pais brincam juntos, muitos pais ajudam nas tarefas

60

escolares também. A Criança 03 respondeu: “A minha mãe brinca mais comigo do

que meu pai, ela também me ajuda nas coisas do tema.”, a mãe respondeu sobre o

mesmo tema: “Mais ou menos, ela gosta de mexer no celular e ver televisão. Ajudo

ela com as atividades escolares e quando ela me pede” (Mãe 03).

Quando questionados sobre as atividades extracurriculares, todas as

crianças realizam alguma atividade no período contrário da escola. Entre as

atividades podemos citar o aprendizado de inglês em cursos, ballet e futsal.

A pergunta que questionava sobre a família ser ou não conectada a

tecnologia, as crianças mencionaram que seus pais usam aparelhos tecnológicos

(celulares ou notebooks) quando estão em casa. Chamamos atenção para estas

respostas: “Mexem bastante no celular, ou melhor, muito” (Criança 01), e a

confirmação da resposta do pai, “Minha mulher usa muito o celular, eu costumo

evitar o celular de noite” (Pai 01).

A quinta pergunta desta unidade procurava descobrir se a criança brincava

em áreas livres com os amigos, Todas as respostas evidenciaram que as crianças

não tem o hábito de brincar em áreas livres por diversos motivos: os amigos não

moram perto de suas casas, os pais não deixam eles saírem de casa se não

estiverem acompanhados, “Não muito, minha mãe diz que é perigoso sair de casa

sem eles estarem juntos” (Criança 04). Dentre as respostas dos pais, eles mostram

que só deixam seus filhos saírem de casa para brincar com amigos se foram

supervisionados, “Quando eu estou junto, sim. Sempre supervisiono as brincadeiras

e os lugares que ela está brincando” (Mãe 02). Dentro dos motivos dos pais para

este cuidado, temos essa resposta: “O mundo hoje está muito violento, tenho medo

que aconteça algo com ela” (Mãe 04).

A próxima pergunta desta unidade questionava sobre os hábitos dos finais

de semana, o que a família costuma fazer. As crianças responderam que passeiam

no shopping, igreja, parque e em lugares abertos para brincar. Já os pais,

responderam que costumam levar as crianças em lugares em que elas gostam de

passear: “Faço o que ela gosta, levo-a no shopping, vamos comer fora e também

vamos em parques com espaço para correr e brincarmos juntas” (Mãe 04).

O último questionamento desta seção perguntava sobre os lugares

preferidos de passeio das crianças, na maioria das respostas, identificamos o

shopping como o lugar preferido. A Criança 01 ainda deu motivos para gostar tanto

do lugar: “No shopping, porque no shopping tem bastante brinquedo e também

61

porque tem um brinquedo de montanha russa 3D.” Seu pai confirmou a preferência:

“No shopping” (Pai 01).

Ao analisar as respostas da primeira questão, entendemos que os perfis das

famílias mudaram. Costa (2000) apresentou as famílias atuais presenciam pais que

chegam tarde a casa, e que a mulher tem uma contribuição crescente na fatia

produtiva da população, ficando bastante tempo em seu local de trabalho

profissional e menos tempo com seus filhos.

Nas atividades que a família desempenha junto quando crianças e pais

estão juntos em casa, com base nas respostas obtidas, Costa (2000) também

apresentou que a família se reúne menos para conversar, e tem menos tempo para

desenhar atividades cotidianas.

Em relação às atividades extracurriculares das crianças, identificamos que

todas as crianças realizam alguma, sendo que outras desempenham mais de uma

atividade, Giddens (1991) mostra que não se trata de uma substituição de posição

social criança/adulto, porém o fato das crianças estarem realizando tantas atividades

é porque a sociedade está apresentando estes moldes a ela.

A questão que trata sobre a conectividade das famílias em relação aos

aparelhos eletrônicos evidencia uma norma forma de socialização das crianças com

seus pais. As crianças dividem espaços com os aparelhos em momentos em que a

família deveria se manter em atividades conjuntas. Essa nova realizada é percebida

pela criança e entendida como certa, já que meus pais fazem, elas pensam, porque

não fazer também.

Podemos relacionar o que Costa (200) diz sobre quando as crianças são

questionadas se brincam em áreas livres com seus amigos. Nas respostas, as

crianças afirmaram que não brincam em áreas livres, elas estão sendo privadas dos

espaços que costumavam ser seus: as ruas, as calçadas, as praças e o contato com

a natureza devido ao aumento do índice de violência no mundo. As atividades

infantis, conforme apresentado por Momberger (2000) pressupõem dispêndio cada

vez maior de dinheiro, devido à realidade do confinamento que impede que a criança

se exercite em espaços abertos, aumentando o consumo de eletroeletrônicos. Outro

ponto que Capparelli (2002) mostrou é que a infância de hoje se matem presa em

um determinado espaço.

Nas perguntas seguintes, sobre o que a família costuma fazer nos finais de

semanas e qual o lugar de maior preferência das crianças quando se trata de

62

passeios, identificamos o shopping como um dos principais lugares de lazer da

família atual. Giddens (1991) apresenta a criança como indivíduo, como uma pessoa

que sofre um processo de conformação, ajustando-se aos determinados padrões

sociais e econômicos (roupas, programas de televisão, músicas, alimentos,

brinquedos). De fato, percebemos que os lugares sociais ocupados por crianças e

pelos adultos podem ter linhas tênues. Os shoppings, em sua criação, foram

enormes lugares com abrangência de lojas para adultos. Hoje, encontramos

diversas atrações significativas para as crianças, desde lojas a parques dentro

desse estabelecimento.

7.5 QUESTÕES RELACIONADAS AO CELULAR

Nesta unidade relacionada ao aparelho celular, as perguntas foram

diferenciadas para as crianças que possuíam ou não o aparelho. Para tal, vamos

apresenta-las separadamente.

7.5.1 Crianças que possuem o aparelho celular

Em relação às crianças que possuem o aparelho celular (Criança 03, 04, 05

e 06), foram realizadas 10 perguntas para os entrevistados: por que as crianças

acham que ganharam o celular, se existe horários específicos para usar o aparelho,

se as crianças levam o celular para a escola, se conversam com seus pais pelo

aparelho celular e por qual meio utilizam para se comunicarem, se as crianças

pedem autorização antes de acessarem algum conteúdo no celular e se seus pais

sabem o que elas estão acessando, se seus amigos possuem o aparelho também e

se conversam por meio dele, o aplicativo preferido e se conseguem ficar um dia sem

mexer no celular, faço aqui uma comparação também com a idade que os pais

adquiriram seu primeiro aparelho.

Na primeira pergunta dessa unidade, as crianças responderam o porquê

acreditam que têm o aparelho celular e os pais respondem o porquê deram o celular

para o seu filho. Entre os motivos que as crianças acreditam, podemos citar que

algumas não enxergam motivo algum, sendo que ganharam o celular como presente

de seus pais. Outra criança respondeu que foi como forma de retribuição de seu

comportamento “Porque o meu antigo quase não funcionava, porque eles tinham

63

falado que iam me dar um celular e porque eu ia bem na Escola” (Criança 05). A

maioria dos pais, em suas respostas, afirmaram que deram o celular para seus filhos

como presentes de alguma data comemorativa, destaco esta resposta diferente das

demais: “Ela sempre me pedia celular, consegui enrolar ela por 01 ano antes de dar.

Ainda acho que é muito cedo, ela é uma criança. Mas ela adora e é um jeito de

mantê-la entretida dentro de casa” (Mãe 04).

Na pergunta que segue foi questionado sobre o tempo de uso do celular, se

havia delimitações. As respostas das crianças mostrou que não existe um tempo

específico para mexer, visto que mexem a hora que querem. Nas respostas dos

pais, percebemos que eles tentam delimitar um tempo para o uso do aparelho,

porém não é visto como uma regra por eles, “Tento fazer com que ela só mexa

quando estou junto” (Mãe 03).

Perguntados se o celular é levado ou não para a escola, as crianças

responderam que ele é levado algumas vezes, porém em contraponto com as

respostas de seus pais, muito dizem que não deixam o aparelho ser levado, como

nas respostas a seguir: “Às vezes sim” (Criança 06), e a resposta da mãe 06: “Não”.

Nas questões 04 e 05 dessa unidade, as crianças e seus pais foram

questionados sobre a usabilidade do celular para a comunicação entre ambos e

como esta comunicação acontece: por meio de ligação convencional ou aplicativos.

Nas respostas, foram identificadas que todas as crianças utilizam do aparelho para

se comunicar com seus pais, estas respostas confirmadas pelos seus responsáveis.

Em relação ao meio de comunicação utilizado, foram citadas mensagens através do

aplicativo Facebook ouWhatsapp e o método de ligação tradicional, “Com meu pai,

só em ligação. Mas com minha mãe, pelo Facebook, Whatsapp” (Criança 06).

Na próxima questão, as crianças foram questionadas sobre o pedido de

autorização para o acesso de algum aplicativo ou site em seu celular, já aos pais foi

perguntado se eles conhecem todos os conteúdos acessados pelos seus filhos. As

crianças responderam que não pedem autorização, porém, quando precisam pagar

o aplicativo antes do download, eles pedem a autorização: “Eu peço quando tem que

comprar, mas o resto não. (Criança 05). Sobre os conteúdos acessados pelos seus

filhos, os pais tentam controlar da maneira que conseguem, porém, às vezes,

desconhecendo todos os lugares acessados pelos seus filhos: “Tento cuidar com o

que ela acessa, hoje em dia, até a internet se tornou uma ferramenta perigosa para

64

as crianças .A gente vê tantos casos de pedofilia ou crianças sendo enganadas na

internet por adultos mal intencionados, que todo cuidado é pouco” (Mãe 04).

Nas perguntas 07 e 08 desta unidade, as crianças e seus pais foram

questionados sobre os amigos das crianças, se eles têm celulares também e se eles

usam do celular para se comunicarem entre si. Todos responderam, incluindo

crianças e pais, que os amigos possuem celulares: “Sim, acho que isso foi o

principal fator para ela me pedir um” (Mãe 03). Perguntamos sobre o uso do

aparelho para conversas entre as crianças e seus amigos, algumas delas

responderam que usam sim o meio para conversarem: “Às vezes, falo bastante pelo

facebook” (Criança 04), a confirmar na resposta da mãe: “Não sei te dizer, sei que

ela tem umas amiguinhas no Whatsapp que conversam com ela. Mas ela prefere

conversar com as amigas pelo Facebook” (Mãe 04).

A penúltima pergunta dessa unidade questiona sobre o aplicativo preferido

das crianças no celular. Entre os aplicativos citadas por elas, podemos destacar o

Facebok, Instagram, Whatsapp, Youtube, Minecraft e Fifa 15. Já nas respostas dos

pais, é interessante destacar esta resposta: “Acredito que seja o Instagram, ela

sempre está atualizando o perfil dela com fotos. As famosas selfies (risos)” (Mãe 04).

Na última pergunta, as crianças são questionadas se conseguem ficar um

dia sem mexer no celular e para os pais, é questionado sobre a idade que

adquiriram o primeiro celular. Nas respostas das crianças, algumas responderam

que conseguem sim, porém não gostam de ficar sem seus aparelhos, outras ainda

explicaram: “Eu já fiquei, depende o lugar que eu estou. Se estou brincando, nem

dou bola. Mas se estou num lugar que não tem nada para fazer, eu não gosto de

ficar sem celular” (Criança 05). Quanto às respostas dos pais sobre seu primeiro

celular, as idades que eles adquiriram seu primeiro aparelho variam entre 14 e 38

anos, entretanto vale ressaltar que as idades dos pais são diferentes também.

Ao analisar todas as respostas obtidas na primeira questão desta seção, as

crianças demonstram que têm celulares porque pediram estes aparelhos como

presentes de alguma data comemorativa, outras também acreditam que é uma

forma de bonificação por um bom comportamento. Lyon (1998), conforme

apresentado, entende que o celular é uma mudança significativa na vivência da

infância, concretizando um novo tipo de acesso à informação.

No item sobre o uso dos celulares sem tempo delimitado, entendemos que

esta geração, conforme mostrado por Para Camboim e Patriota (2010), mantém uma

65

postura diferente, mantém uma postura ativa diante dos diversos meio de

comunicação, especialmente o celular, não havendo limites para a interação. As

crianças veem o celular como uma companhia, uma janela para o mundo, e não

entendem o porquê deve haver delimitações sobre o tempo de uso.

Perguntadas sobre o celular e a escola, muitas crianças afirmam levar seu

aparelho, porém nas respostas dos pais, alguns declaram que é proibido essa ação.

Como visto, as crianças devem levar seus aparelhos celulares para a escola como

um meio de interação social e alcance de status entre seus amigos, visto que, todos

possuem um também. As crianças querem pertencer aos grupos sociais de seu

meio, e uma das formas, provavelmente é possuir eletrônicos.

Questionados sobre a usabilidade do celular como método de comunicação

entre pais e filhos, podemos analisar através das respostas, de acordo com

afirmação apresentada por Bucht e Feilitzen (2002) que este avanço das tecnologias

no ambiente social em que as crianças estão inseridas, promoveu um contato que

muitas vezes é realizado por intermédio de mídias digitais, até mesmo com seus

pais.

As respostas da próxima questão permite analisar a facilidade das crianças

ao usar o aparelho celular, visto que acessam os conteúdos sem a intervenção dos

pais. Aqui, usamos a apresentação de Camboim e Patriota (2010), sobre esta

geração ser muito mais inteligente e independente que a geração de seus pais para

mexer com os aparelhos celulares. As crianças fizeram com que o celular se

tornasse uma forma de produção, elas conseguem fazer e responder suas próprias

solicitações com a colaboração do aparelho. Outro autor que foi apresentado e

podemos usar nesta questão é Tapscott (1999), as crianças são usuárias ativas e

controlam grande parte do seu mundo da tecnologia.

Nas próximas respostas, referentes aos amigos das crianças entrevistadas

possuírem o celular também e se comunicarem através dele, destacamos o autor

Pierre Lévy (1999) que chama esse fenômeno as relações de cibercultura.

Conseguimos identificar através das respostas o aumento de redes sociais virtuais e

inúmeros processos de interação entre as crianças atuais. Bucht e Feilizen (2002)

também acrescentou na pesquisa que está ocorrendo uma mudança significativa na

vivência da infância e da adolescência), e isso seria o novo tipo de acesso à

informação, é uma alteração substantiva da natureza dos processos

comunicacionais associados às mídias eletrônicas. Com o avanço das tecnologias

66

no ambiente social em que elas estão inseridas, os autores também acrescentaram

que o contato é feito muitas vezes por intermédio de mídias digitais.

Nas demais perguntas, analisamos as respostas sobre o uso do celular e

seus aplicativos. Muitas crianças responderam sobre o que preferem fazer no

celular, sendo que o principal item a destacar é jogos e redes sociais. O celular virou

uma plataforma que faz sucesso com este público através de suas funções

secundárias, nenhuma criança cita o celular pelo seu meio convencional, ligação.

Ao responderem que até ficam longe do seu celular, porém não gostam, as

crianças demonstram uma afinidade e dependência com o aparelho, que, diga-se de

passagem, virou um modo de entretenimento e distração.

7.5.2 Crianças que não possuem celulares

Em relação às crianças que não possuem o aparelho celular (Criança 01 e

02), foram realizadas 07 perguntas para os entrevistados: se a criança gostaria de

possuir um celular, se o celular seria importante na sua vida, se os seus amigos têm

celulares, como ela se enxerga sendo uma das poucas crianças que não possui um

celular, se ela brinca nos celulares de seus pais, os aplicativos preferidos e o que ela

faria para ganhar um celular.

Na primeira questão desta unidade, foi questionado às crianças se elas

gostariam de ter um celular. Para os pais, em contrapartida, foi perguntado o porque

seus filhos ainda não possuem o aparelho. Nas respostas das crianças 01 e 02,

ambas gostariam de ter o aparelho para brincar: “Muito, porque dá para baixar

bastante jogo” (Criança 01). Seus pais responderam que ainda não deram um

celular para elas, pois ainda é muito cedo: “Ainda é muito cedo. Quero que ela curta

a infância dela sem muita tecnologia. Que ela aprenda e curta brincadeiras infantis

(Mãe 02).

Perguntados se o celular seria importante na sua vida, uma das crianças

respondeu que sim, e enfatizou que queria muito o aparelho, enquanto a Criança 01

entende que é muito cedo para possuir o celular: “Mais ou menos, porque eu sou

criança e criança se diverte mais indo passear e na escola”. Aos pais , foi

questionado se eles usam de algum argumento para tentar convence-los do quanto

gostariam de ter um aparelho, destacamos a resposta do Pai 01: “Ele diz que o

irmão dele tem e que ele também deveria ter, mas explico que ele é pequeno”.

67

Sobre os amigos das crianças terem celulares, na questão 03 desta unidade,

todos responderam que eles não possuem celulares.

Na questão 04, as crianças foram questionadas sobre seu sentimento em

não ter um celular, as crianças dizem se sentir “normais”, e que quando necessário,

pedem emprestados os celulares de seus familiares. Aos pais, em contraponto, foi

perguntado se eles comentam em casa sobre serem os únicos que não possuem

aparelhos celulares, e ambos responderam queseus filhos não falam disso, até

porque são pequenos e seus amigos também não possuem: “Não fala disso, até

porque seus amigos também são crianças pequenas e não possuem celulares (Pai

01).

Nas próximas questões, foi perguntado aos pais e as crianças se elas

brincam nos celulares de seus pais, quando emprestados, e quais aplicativos elas

mais gostam de usar. As Crianças 01 e 02 responderam que gostam de jogar no

aparelho e brincar no Snapchat: “Brinco, jogo joguinhos de princesas e de fazer

comida, e brinco no Snapchat da minha mãe” (Criança 02). Nas respostas do pai,

destacamos: “Pede, quase todo dia, mas estipulo um horário para ela brincar com o

meu celular” (Mãe 02) e outra: “Ele gosta muito de jogos e do Snapchat. Tivemos até

que baixar o Snapchat no tablet dele e criar uma conta com seu nome” (Pai 01).

Na penúltima questão da unidade, as crianças foram perguntadas se fariam

algo para conseguir ganhar um celular: “Eu sempre peço para minha mãe e ela diz

que eu tenho que me comportar” (Criança 02). Quando perguntado aos pais sobre a

idade que pretende presentear seus filhos com um aparelho celular, ambos dizem

que irão esperar mais alguns anos: “Acredito que irei esperar a adolescência, que é

quando o celular se torna necessário, mas não sei se conseguirei adiar tanto, hoje a

sociedade impõe que você tem que ter um celular e ela já está aprendendo isso”

(Mãe 02).

Nessa unidade podemos entender a importância do celular para uma criança

mesmo que ela não possua. Ambas crianças (01 e 02) gostariam de ganhar um

celular para poder brincar com o aparelho nos aplicativos de jogos. Elas também

demonstram, na questão 02, o quando um celular seria importante na sua vida,

porém entendem que são crianças pequenas e que devem esperar mais alguns

anos. Conforme apresentado por Rabello (1991), o celular chama a atenção das

crianças pelo fato de ser um aparelho lúdico, fantasioso e a cima de tudo permite

uma interatividade dentro do ciberespaço.

68

A partir das respostas dos pais sobre a idade que pretendem dar o primeiro

celular aos seus filhos, podemos identificar que, como essas crianças do século XXI

nasceram no período o qual a tecnologia é o alicerce da manutenção das relações

sociais, tornando-se uma tarefa impossível fazer com que elas vivam sem ela. Essas

crianças estão se alfabetizando, porém já sabem utilizar a maioria dos recursos

disponíveis pelos aparelhos celulares, conforme respostas da questão sobre os

aplicativos preferidos. Dornelles (2005) apresenta que, atualmente, é quase

impossível uma criança querer ficar de fora da ciranda eletrônica, quanto mais gira,

mais crianças querem entrar nessa dinâmica tecnológica.

A análise das respostas obtidas pelas entrevistas em conjunto com o estudo

de referencial bibliográfico permitirá que a questão norteadora seja respondida e as

hipóteses confirmadas ou não. Os resultados serão apresentados na conclusão

deste trabalho.

69

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos dados coletados pela pesquisa de campo, foi possível avaliar os

resultados apresentados e analisar se os objetivos gerais e específicos deste

trabalho foram alcançados. Desta forma, neste capítulo serão expostas as

conclusões obtidas.

Como proposto inicialmente, este trabalho buscou identificar o universo

infantil, através do consumo, comunicação e entretenimento para as crianças. O

recorte da idade das crianças entrevistadas foi inevitável para se obtiver o resultado

desejável, visto que crianças com idades inferiores há 07 anos poderiam não

compreender o objetivo deste trabalho. A pesquisa contou, então, com 06 crianças

de idades entre 07 e 12 anos, com a participação de seus pais e responsáveis.

Para que os resultados da pesquisa de campo pudessem ser analisados de

maneira efetiva, atenta a confirmar ou não as hipóteses e a responder a questão

norteadora, foi realizado o trabalho de revisão bibliográfica. Os principais temas que

tem influência direta no objetivo central deste trabalho foram estudados e

explanados de forma a complementar a entrevista. Dessa forma, foi possível

analisar em primeiro lugar, as hipóteses levantadas na construção do projeto de

pesquisa.

A primeira hipótese levantada previamente à pesquisa foi que a alteração no

perfil das famílias diminuiu o tempo para as tarefas de sociabilização, amplificando o

papel do celular como um meio de interação social. A hipótese foi confirmada, pois

foi possível identificar que as famílias entrevistadas não possuem mais tempo para

ficarem junto aos seus filhos devido as suas rotinas de trabalho, ficando com as

crianças somente no período da noite ou manhã. Isto fez com que muitas crianças

transformassem em sua principal companhia os aparelhos tecnológicos,

especialmente os celulares, como forma de interagirem com o mundo e que

conseguissem sociabilizar com seus amigos e familiares, até mesmo quando estão

dentro de casa.

A segunda hipótese levantada foi que os crescentes índices de violência

urbana empurraram as crianças para o interior das residências, e com isso,

aumentou o uso do celular, diminuindo os contatos com outros espaços de

sociabilização. A hipótese foi confirmada. De acordo com as entrevistas realizadas,

podemos perceber que muitos pais e responsáveis mantém seus filhos dentro de

70

casa, proibindo-os de brincarem com seus amigos em áreas livres, devido à

violência. Muitas crianças estão realizando atividades extracurriculares para não

estarem nas ruas brincando também. Os contatos com os amigos foram diminuídos

devido ao modo como que cada família enxerga os perigos da sociedade. Isso fez

com que os aparelhos eletrônicos se tornassem o principal modo de interação

destas crianças.

A terceira hipótese levantada foi que as crianças foram transformadas em

expectadoras passivas da tecnologia, sempre esperando por novidades mais

recentes por meio dos botões do celular. A terceira e última hipótese também foi

confirmada. As crianças esperam ansiosamente por novas tecnologias, estando

conectados a diversos aparelhos tecnológicos em seu dia-a-dia. Elas usufruem de

todas as novidades do mercado e são informadas sobre o consumo através dos

próprios meios em que acessam ou assistem.

Diante do posicionamento dos entrevistados foi possível responder a

questão norteadora: Como o consumo do celular está moldando as crianças que não

conheceram outra realidade se não essa onde a tecnologia está presente desde seu

nascimento? A resposta foi que as crianças buscam satisfação em meio a

tecnologia, elas preferem, muitas vezes ficar sob a companhia de aparelhos

tecnológicos do que brincar com outras crianças, até porque essa foi a realidade que

lhes foi apresentada. A criança nasce rodeada por ações tecnológicas, estão

constantemente assistindo televisão, usando notebook, tablets ou celulares,e

enxergam isso como parte natural de suas vidas. As crianças estão crescendo como

“frutos” da tecnologia, onde todas as suas ações e atitudes dependem de um novo

aparelho, para brincar, para conversar, para aprender.

Ao fim da construção deste trabalho é possível afirmar que o objetivo geral e

os específicos foram alcançados e as justificativas apresentadas para a escolha do

tema, apresentam-se mais relevantes do que ao início do projeto. O consumo infantil

está presente em nossa sociedade e é extremamente necessário estuda-lo para

entender melhor os novos consumidores que ditarão o sentindo da publicidade no

futuro

O principal objetivo deste trabalho dá margem para que o tema continue

sendo explorado, a fim de entender como nossas crianças se comportam diante de

tantos avanços tecnológicos e tanto exploração pela parte da propaganda.

71

Todo o conhecimento adquirido com este trabalho foi de grande importância

para a pesquisadora, e também, para que o leitor entenda a relação da criança com

a tecnologia, bem como a formação do atual consumidor infantil.

72

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77

APÊNDICE I – ENTREVISTA COM CRIANÇAS DE 07 A 12 ANOS - COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ENTRETENIMENTO DO UNIVERSO INFANTIL: O CELULAR COMO FERRAMENTA OU BRINQUEDO?

CRIANÇA 01:07 ANOS (NÃO POSSUI CELULAR)

CRIANÇA 02: 08 ANOS (NÃO POSSUI CELULAR)

CRIANÇA 03: 09 ANOS (POSSUI CELULAR)

CRIANÇA 04: 10 ANOS (POSSUI CELULAR)

CRIANÇA 05: 11 ANOS (POSSUI CELULAR)

CRIANÇA 06: 12 ANOS (POSSUI CELULAR)

a) QUESTÕES RELACIONADAS AO CONSUMO:

QUESTÕES RESPOSTAS DAS CRIANÇAS ENTREVISTADAS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 1. Você assiste televisão? Quais canais você gosta de assistir?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 1. Você assiste televisão? Quais canais você gosta de assistir?

CRIANÇA 01: Mais ou menos. Gosto do Gloob, Boomerang, Disney e mais ou menos do Discovery. CRIANÇA 02:Às vezes. Gosto do Boomerang, do Gloob, da Disney e do Discovery Kids. CRIANÇA 03: Eu assisto quando estou em casa, gosto muito do Cartoon, da Nickelodeon e do Boomerang. CRIANÇA 04: Assisto muito. Gosto da Sony e do Cartoon. CRIANÇA 05: Não assisto. CRIANÇA 06: Assisto bastante. Cartoon, Disney, Nickelodeon, Fox, tele-cines.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 2. Quais seus programas favoritos?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSUEM CELULARES) 2. Quais seus programas favoritos?

CRIANÇA 01: Detetive do Prédio Azul, Esquadrão Bizarro, Cat no ar e Ladybug, Tom e Jerry e Mickey Mouse. CRIANÇA 02: Gosto de Violetta, Sou Luna, Gravity Falls. CRIANÇA 03: Gosto de Make it Pop, BellaandBulldogs, Tom e Jerry e Garfield. CRIANÇA 04: Gosto muito do The WalkingDead e A Hora de Aventura. CRIANÇA 05: Não gosto de nenhum. CRIANÇA 06: Filmes, Apenas um Show, As Tartarugas Ninjas e Os Simpsons.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 3. Você tem televisão no quarto? Onde você mais assiste tevê?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 3. Você tem televisão no quarto? Onde você mais assiste tevê?

CRIANÇA 01: Tenho, mas só assisto DVD. Assisto mais tevê na sala. CRIANÇA 02: Tem no meu quarto, mas gosto de ver tevê na sala. CRIANÇA 03: Tenho. Gosto de ver tevê no meu quarto porque na sala meu pai assiste os canais que ele quer. CRIANÇA 04: Tenho, mas assisto muito na sala. CRIANÇA 05: Tenho. Mais o aparelho da Oi está estragado. Quando eu assisto tevê eu assisto na sala. CRIANÇA 06: Tenho. Assisto nas duas televisões, na sala e no quarto também.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 4. Você tem tablet. Computador, notebook ou celular, videogame? Qual você mais gosta de mexer?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM

CRIANÇA 01: Tenho tablet e notebook. Prefiro o note. CRIANÇA 02: Tenho notebook. CRIANÇA 03: Tenho tablet e celular. CRIANÇA 04: Tenho tablet, notebook, celular e videogame. O que eu mais mexo é o celular. CRIANÇA 05: Notebook, celular. Gosto dos dois. CRIANÇA 06: Notebook, celular. Gosto mais do celular.

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CELULARES) 4. Você tem tablet. Computador, notebook ou celular, videogame? Qual você mais gosta de mexer?

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 5. Como você fica sabendo das coisas que quer comprar? Onde você as vê?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 5. Como você fica sabendo das coisas que quer comprar? Onde você as vê?

CRIANÇA 01: Eu vejo as coisas que eu quero na TV e na loja. CRIANÇA 02: Pela TV, tem várias coisas de brinquedos. CRIANÇA 03: Eu vejo na televisão e quando vou no shopping. CRIANÇA 04: Pela televisão vejo as coisas que eu gosto nas propagandas e pelo celular. CRIANÇA 05: Fico sabendo pela TV e celular, por exemplo, quando eu estou na face, aparece propagandas. CRIANÇA 06: Fico sabendo pela TV, nas propagandas, e pelo celular.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 6. Quando você ganhou seu último presente? O que era?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 6. Quando você ganhou seu último presente? O que era?

CRIANÇA 01: Um jogo de barco do capitão barba ruiva, não lembro quando ganhei. CRIANÇA 02: Ganhei um livro, acho que faz uns 5 dias. CRIANÇA 03: Não lembro. CRIANÇA 04: Ganhei há dois dias atrás, um casaco da minha mãe. CRIANÇA 05: Foi roupa, da minha vó. Não lembro quando foi. Eu escolhi na loja, entrei e vi que tinha coisas que eu gostava. CRIANÇA 06: Semana retrasada, um celular novo porque o que eu tinha estava quebrado.

b) QUESTÕES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO:

QUESTÕES RESPOSTAS DAS CRIANÇAS ENTREVISTADAS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULAR) 7. O que você prefere: brincar com seus amigos ou brincar no celular, tablet ou notebook?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULAR) 7. O que você prefere: brincar com seus amigos ou brincar no tablet ou notebook?

CRIANÇA 01: Com os amigos é melhor. CRIANÇA 02: Brincar com meus amigos. CRIANÇA 03: Gosto de mexer no meu celular. CRIANÇA 04: Prefiro mexer no celular. CRIANÇA 05: Quando estou na casa do meu pai, eu brinco bastante com meus primos. Na minha, mexo no celular. CRIANÇA 06: Prefiro brincar com os amigos, mas não tem muita gente para brincar. Vou para a casa do meu pai todo o final de semana, e lá tenho muitos amigos. Quando estou na casa minha mãe, mexo no celular e vejo TV.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 8. Você prefere ganhar brinquedo ou dinheiro? Por quê?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 8. Você prefere ganhar brinquedo ou dinheiro? Por quê?

CRIANÇA 01: Um brinquedo, porque eu gosto mais de brinquedo. Sou pequeno para ganhar dinheiro. CRIANÇA 02: Prefiro brinquedo. CRIANÇA 03: Ganhar dinheiro porque eu tenho um cofrinho. CRIANÇA 04: Gosto de ganhar brinquedos, mas ganho dinheiro da minha mãe também. CRIANÇA 05: Eu prefiro ganhar coisas, porque eu ganho mesada e nem uso. CRIANÇA 06: Prefiro ganhar roupas e coisas pra mim, porque dinheiro eu já ganho do meu pai.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 9. Enquanto você brinca com seu celular, tablet ou notebook, você faz outras coisas ao mesmo tempo?

CRIANÇA 01: Assisto tevê também. CRIANÇA 02: Eu assisto TV quando estou mexendo no notebook ou no celular da minha mãe. CRIANÇA 03: Quando eu brinco no celular eu fico parada e sozinha.

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(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 9. Enquanto você brinca com seu tablet ou notebook, você faz outras coisas ao mesmo tempo?

CRIANÇA 04: Gosto só de mexer no celular por causa que fico fazendo coisas que preciso só olhar para o celular. CRIANÇA 05: Quando eu estou jogando Minecraft no note, eu gosto de ouvir músicas no celular e vídeos. CRIANÇA 06: Gosto de fazer só uma coisa ao mesmo tempo, se estou vendo TV, só vejo TV, se estou no celular, mexo só nele.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 10. Por que você tem tablet, celular, notebook? Foi você quem pediu?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 10. Por que você tem tablet e notebook? Foi você quem pediu?

CRIANÇA 01: Foi eu quem pedi para o meu pai me dar um tablet, várias vezes. CRIANÇA 02: Eu tenho um notebook, mas minha mãe usa também. É de nós duas. CRIANÇA 03: Eu pedi para minha mãe porque minha melhor amiga também tinha um celular. CRIANÇA 04: Sim, eu pedi de presente para minha mãe. Presente de aniversário, de natal e dia da criança. CRIANÇA 05: Foi eu quem pedi como presente de aniversário, mas me deram de Páscoa. CRIANÇA 06: Eu pedi de presente porque quebrou o meu outro celular.

c) QUESTÕES RELACIONADAS À FAMÍLIA:

QUESTÕES RESPOSTAS DAS CRIANÇAS ENTREVISTADAS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 11. Que horas você fica com seu pai e com sua mãe?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 11. Que hora você fica com seu pai e com sua mãe?

CRIANÇA 01: De manhã e de noite. CRIANÇA 02: Fico com minha mãe de manhã e de noite. CRIANÇA 03: Fico com minha mãe de manhã e com os dois de noite também. CRIANÇA 04: Minha mãe e meu padrasto trabalham fora de casa. Estudo de tarde e fico com minha vó de manhã. CRIANÇA 05: O dia todo, moro com minha vó e ela não trabalha. CRIANÇA 06: Minha mãe trabalha até de noite, e eu fico um pouco com ela antes de dormir.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 12. Quando seus pais estão em casa, eles ficam com você? Vocês brincam? Eles te ajudam nas tarefas escolas?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 12. Quando seus pais estão em casa, eles ficam com você? Vocês brincam? Eles te ajudam nas tarefas escolas?

CRIANÇA 01: Brincam mais ou menos comigo e me ajudam bastante nos temas. CRIANÇA 02: Não muito, brinco sozinha. CRIANÇA 03: A minha mãe brinca mais comigo do que meu pai, ela também me ajuda nas coisas do tema. CRIANÇA 04: A gente brinca um pouco. CRIANÇA 05: A minha vó me ajuda. CRIANÇA 06: Meu padrasto me ajuda quando consegue.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 13. O que você faz além de ir para a escola?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 13. O que você faz além de ir para a escola?

CRIANÇA 01: Eu brinco e como, e faço futsal. CRIANÇA 02: Faço pilates com minha mãe. CRIANÇA 03: Eu faço natação e ballet. CRIANÇA 04: Eu faço natação e ballet. CRIANÇA 05: Fico em casa, faço inglês, participo da banda da Escola e faço futsal. CRIANÇA 06: Fico em casa e faço futsal três vezes por semana.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 14. Seus pais utilizam celulares e computadores?

CRIANÇA 01: Mexem bastante no celular, ou melhor, muito. CRIANÇA 02: Minha mãe usa bastante, meu pai não gosta muito.

80

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 14. Seus pais utilizam celulares e computadores?

CRIANÇA 03: Sim, meu pai mexe muito no notebook dele quando está em casa, e minha mãe mexe no celular. CRIANÇA 04: Eles mexem bastante no celular. CRIANÇA 05: Sim. A minha vó fica jogando CandyCrush de noite, quando estou deitada ela joga e de tarde. CRIANÇA 06: Sim, mais que eu.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 15. Você brinca fora de casa com seus amigos?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 15. Você brinca fora de casa com seus amigos?

CRIANÇA 01: Mais ou menos. CRIANÇA 02: Às vezes, quando minha mãe deixa. CRIANÇA 03: Não, não tenho amigo que mora perto da minha casa. CRIANÇA 04: Não muito, minha mãe diz que é perigoso sair de casa sem eles estarem juntos. CRIANÇA 05: Só quando estou na casa do meu pai. CRIANÇA 06: Só quando estou na casa do meu pai, e com minha prima às vezes, já que ela mora perto de casa.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 16. No sábado e domingo vocês saem para passear? Onde?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 16. No sábado e domingo vocês saem para passear? Onde?

CRIANÇA 01: Com certeza, no shopping, na UCS, no parque e na casa dos meus amigos. CRIANÇA 02: Sim, a gente vai na casa da minha vó e da minha dinda, no shopping e na igreja. CRIANÇA 03: A gente vai visitar minha vó, vamos no shopping, vamos almoçar em restaurantes. CRIANÇA 04: Sim, vamos ao shopping, na casa da minha vó e eles me levam andar de bicicleta. CRIANÇA 05: Sim, eu vou jogar bola com meu pai, às vezes vou no shopping, às vezes vou na UCS brincar, outras na casa da minha outra vó. CRIANÇA 06: Sim, no shopping, parque de diversão, às vezes eu viajo.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 17. Onde você mais gosta de passear?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 17. Onde você mais gosta de passear?

CRIANÇA 01: No shopping, porque no shopping tem bastante brinquedo e também porque tem um brinquedo de montanha russa 3D. CRIANÇA 02: No shopping e na igreja. CRIANÇA 03: Gosto de ir no shopping e comer em lugares que tem comida que eu gosto. CRIANÇA 04: No shopping. CRIANÇA 05: Gosto mais de ir na casa da minha outra vó e jogar bola com meu pai. CRIANÇA 06: Parque de diversão.

d) QUESTÕES RELACIONADAS AO CELULAR:

QUESTÕES RESPOSTAS DAS CRIANÇAS ENTREVISTADAS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 18. Por que você acha que mereceu o telefone?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 18. Você gostaria de ter um celular? Por que?

CRIANÇA 01: Muito, porque dá para baixar bastante jogo. CRIANÇA 02: Eu queria para jogar. CRIANÇA 03: Eu pedi muito para meu pai e minha mãe, e eles deram no meu aniversário. CRIANÇA 04: Meus pais me deram de presente de dia da criança, foi um presente. CRIANÇA 05: Porque o meu antigo quase não funcionava, porque eles tinham falado que iam me dar um celular e porque eu ia bem na Escola. CRIANÇA 06: Ganhei para não ficar ligando do celular dos outros, meu outro quebrou.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 19. Você tem horários específicos para mexer no celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM

CRIANÇA 01: Mais ou menos, porque eu sou criança e criança se diverte mais indo passear e na escola. CRIANÇA 02: Sim, eu queria muito. CRIANÇA 03: Não. CRIANÇA 04: Minha mãe diz que eu não posso mexer

81

CELULARES) 19. Um celular seria importante na sua vida? Por quê?

depois de deitar. CRIANÇA 05: Não. CRIANÇA 06: Não, mexo quando quero.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 20. Você leva seu celular para à escola?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 20. Seus amigos têm celulares?

CRIANÇA 01: Não. CRIANÇA 02: Não. CRIANÇA 03: Às vezes, mas minha mãe não gosta. CRIANÇA 04: Sim, nos dias que podemos levar coisas para brincar. CRIANÇA 05: Algumas vezes, quando quero falar com minha mãe, dai eu levo. CRIANÇA 06: Às vezes sim.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 21. Você fala com seus pais por meio do celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 21. Como você se sente sendo uma das poucas crianças que não possui um celular?

CRIANÇA 01: Eu pego emprestado dos meus pais, do meu mano e da minha vó. CRIANÇA 02: Normal. CRIANÇA 03: Às vezes com minha mãe, quando estou em casa e ela não. CRIANÇA 04: Não muito. CRIANÇA 05: Sim, não moro com eles. Aí eu falo com minha mãe e com meu pai. CRIANÇA 06: Sim.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 22. Como você fala com seus pais pelo celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 22. Você brinca no celular de seus pais?

CRIANÇA 01: Brinco muito. CRIANÇA 02: Brinco, jogo joguinhos de princesas e de fazer comida, e brinco no Snapchat da minha mãe. CRIANÇA 03: A gente se fala pelo Whatsapp. CRIANÇA 04: Eles me ligam. CRIANÇA 05: Eu ligo, falo pelo Facebook e pelo Whatsapp. CRIANÇA 06: Com meu pai, só em ligação. Mas com minha mãe, pelo Facebook, Whatsapp,

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 23. Você pede autorização para seus pais antes de baixar algum aplicativo ou de acessar um site em seu celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 23. Em quais aplicativos você gosta de brincar no celular de seus pais?

CRIANÇA 01: Snapchat, jogos de carro e outro jogo de duende. CRIANÇA 02: Jogos e Snapchat. CRIANÇA 03: 23 Não, mas peço ajuda para baixar. Tem aplicativos que tem que pagar. CRIANÇA 04: Não. CRIANÇA 05:. Eu peço quando tem que comprar, mas o resto não. CRIANÇA 06: Não.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 24. Seus amigos têm celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 24. O que você faria para ganhar um celular?

CRIANÇA 01: “Pai, por favor, me dá um celular?” (Risos). Eu me comporto mais ou menos. CRIANÇA 02: Eu sempre peço para minha mãe e ela diz que eu tenho que me comportar. CRIANÇA 03: Sim, a maioria deles. CRIANÇA 04: Quase todos sim. CRIANÇA 05: Sim.

CRIANÇA 06: Sim.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 25. Você conversa com seus amigos por meio do celular?

CRIANÇA 03: Não muito. CRIANÇA 04: Às vezes, falo bastante pelo facebook. CRIANÇA 05: Quase nunca. CRIANÇA 06: Sim.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 26. Que aplicativo você mais gosta?

CRIANÇA 03: Eu gosto do Facebook, dos jogos e de brincar com as fotos. CRIANÇA 04: Gosto do Instagram e jogos. CRIANÇA 05: Youtube, Piano Tiles, Minecraft e Whatsapp. CRIANÇA 06: Youtube, Fifa 15 e Score! Hero.

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(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 27. Você consegue ficar um dia sem mexer no seu celular?

CRIANÇA 03: Consigo mas não gosto. CRIANÇA 04: Não, mexo no meu celular todo dia. CRIANÇA 05: Eu já fiquei, depende o lugar que eu estou. Se estou brincando, nem dou bola. Mas se estou num lugar que não tem nada para fazer, eu não gosto de ficar sem celular. CRIANÇA 06: Sim, quando tenho meus amigos para brincar.

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APÊNDICE II – ENTREVISTA COM PAIS OU RESPOSÁVEIS DAS CRIANÇAS DE 07 A 12 ANOSTAMBÉM ESTREVISTADAS - COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ENTRETENIMENTO DO UNIVERSO INFANTIL: O CELULAR COMO FERRAMENTA OU BRINQUEDO?

PAI 01:FILHO DE 07 ANOS (NÃO POSSUI CELULAR)

MÃE 02:FILHA DE 08 ANOS (NÃO POSSUI CELULAR)

MÃE 03: FILHA DE 09 ANOS (POSSUI CELULAR)

MÃE 04: FILHA DE 10 ANOS (POSSUI CELULAR)

AVÓ 05: NETA DE 11 ANOS (POSSUI CELULAR)

MÃE 06: FILHO DE 12 ANOS (POSSUI CELULAR)

a) QUESTÕES RELACIONADAS AO CONSUMO:

QUESTÕES RESPOSTAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS ENTREVISTADOS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 1. Seu(a) filho(a) passa muito tempo em frente à televisão?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 1. Seu(a) filho(a) passa muito tempo em frente à televisão?

PAI 01: Ele assiste bastante. MÃE 02:Ela assiste quando está em casa. MÃE 03: Ela assiste bastante de manhã, quando acorda. MÃE 04: Muito. Ela adora assistir televisão. AVÓ 05: Ela não tem o hábito de assistir televisão. MÃE 06: Ele gosta muito de assistir televisão.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 2. Quais os programas favoritos dele(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSUEM CELULARES) 2. Quais os programas favoritos dele(a)?

PAI 01: Ele gosta de desenhos e um programinhas de criança. MÃE 02:Ela gosta de desenhos e filmes de princesa MÃE 03: Ela assiste muitos desenhos e uns seriados infantis, não sei o nome daquilo. MÃE 04: Ela gosta de desenhos animados. AVÓ 05: Como ela não tem hábito de assistir, não tem algum programa que seja favorito dela. Ela assiste muitos programas esportivos quando está com o avô dela. MÃE 06: Ele assiste muitos filmes e desenhos

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 3. Seu(a) filho(a) possui televisão no quarto?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 3. Seu(a) filho(a) possui televisão no quarto?

PAI 01: Tem. MÃE 02:Tem. MÃE 03: Tem. MÃE 04: Tem. AVÓ 05: Sim, mas não a utiliza muito. MÃE 06: Tem.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 4. Seu(a) filho(a) possui tablet, notebook, celular ou computador?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 4. Seu(a) filho(a) possui tablet, notebook, celular ou computador?

PAI 01: Ele tem um tablet e um notebook. MÃE 02:Ela mexe no meu notebook. MÃE 03: Ela tem celular e tablet. MÃE 04: Ela tem muitas coisas, tablete, notebook, celular. AVÓ 05: Ela possui um celular e um notebook. MÃE 06: Ele tem um notebook e um celular.

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(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 5. Como ele(a) tem acesso às novidades do mercado? Como ele(a) fica sabendo de seus desejos consumistas?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 5. Como ele(a) tem acesso às novidades do mercado? Como ele(a) fica sabendo de seus desejos consumistas?

PAI 01: Ele vê as coisas na tevê e sempre me pede, e quando vamos ao shopping ele quer tudo o que enxerga. MÃE 02:Ela assiste na televisão, as propagandas ditam muito do que ela quer consumir. Todos os brinquedos que ela pede são os que ela conhece pela tevê. MÃE 03: Acredito que a televisão tem culpa. Tudo o que ela vê, ela quer. Mas hoje até na Escola as crianças falam de comprar coisas, então podemos dizer que os próprios amigos a influenciam. MÃE 04: Ela sempre me pede coisas que ela viu na televisão, ou me mostra coisas no celular e notebook. AVÓ 05: Acredito que pelo celular ou notebook nos sites em que ela acessa, com os amigos ou quando vamos ao Shopping. MÃE 06: Bom, acredito que seja pela televisão e pelo celular, às vezes acho que os amigos também influenciam.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 6. Quando você deu o último presente para seu(a) filho(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 6. Quando você deu o último presente para seu(a) filho(a)?

PAI 01: Acho que foi um barco de brinquedo, fazem umas duas semanas. MÃE 02:Acho que foi ontem, dei um conjunto de touca e manta para o inverno, da cor roxa, que ela estava me pedindo. MÃE 03: Não lembro, dei um tênis para ela semana passada, senão me engano. MÃE 04: Conta roupas? Porque para ela roupa não é presente. Dei uma casaco faz alguns dias. AVÓ 05: Não lembro a data, acredito que faz um mês, por aí. Dei roupas novas para ela. MÃE 06: Dei um tênis da Adidas na semana retrasada.

b) QUESTÕES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO:

QUESTÕES RESPOSTAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS ENTREVISTADOS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 7. Seu(a) filho(a) prefere brincar com outas crianças ou prefere a companhia da tecnologia?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 7. Seu(a) filho(a) prefere brincar com outas crianças ou prefere a companhia da tecnologia?

PAI 01: Ele prefere os amigos, mas em casa fica bastante mexendo nos nossos celulares. MÃE 02:Ela adora estar com outras crianças. MÃE 03: Como os amigos não moram perto e ela tem muita companhia de adultos, ela está sempre mexendo no celular. MÃE 04: Ela vive no celular, então deve preferir a tecnologia. AVÓ 05: Ela fica muito em frente ao celular, porém, não encontra seus amigos fora da Escola. MÃE 06: Ele mexe muito no celular e assiste muita televisão, mas acho que quando ele está na casa de pai, ele brinca muito com os amigos que ele tem lá.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 8. Você costuma deixar seu(a) filho(a) influenciar na hora da compra? Um exemplo seria no supermercado.

(CRIANÇAS QUE NÃO POSUEM CELULARES) 8. Você costuma deixar seu(a) filho(a) influenciar na hora da compra? Um exemplo seria

PAI 01: Ele pede algumas coisas no mercado e eu dou. MÃE 02:Tento mostrar o que devemos comprar, e que não podemos ter tudo o que queremos. MÃE 03: Ela sempre pede, mas nem sempre eu dou. Alguma coisinha sim, mas tudo o que ela quer, não. MÃE 04: Ela costuma pegar uma cestinha no supermercado e fazer as compras dela. Mas depois eu dou uma olhada e tiro algumas coisas. Nas roupas, ela não fala muito. AVÓ 05: Às vezes eu deixo, entretanto, estamos em um

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no supermercado. processo de reeducação alimentar e ela prefere que eu escolha os produtos. Mas em suas roupas, ela escolhe o que quer usar. MÃE 06: Às vezes, quando ele vai junto ele pega algumas coisas que ele gosta.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 9. Enquanto seu(a) filho(a) brinca com a tecnologia, como é o comportamento dele(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 9. Enquanto seu(a) filho(a) brinca com a tecnologia, como é o comportamento dele(a)?

PAI 01: Ele fica gritando com o celular. Acredito que ele fique um tanto quanto nervoso às vezes. MÃE 02:Quando ela está no notebook, ela assiste televisão também. Fica muito falante e hiperativa. MÃE 03: Ela fica quieta, interagindo só com o celular mesmo. MÃE 04: Ela fica quietinha mexendo e ás vezes ri sozinha. AVÓ 05: Ela fica quieta, com fones no ouvido, sentada no sofá ou em seu quarto. Às vezes tenho que gritar para ela me ouvir. MÃE 06: Parece um viciadinho, mexe bastante no celular. Fica concentrado.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 10. É você quem decide dar aparelhos tecnológicos para seu(a) filho(a) ou ele(a) escolhe como presente?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 10. É você quem decide dar aparelhos tecnológicos para seu(a) filho(a) ou ele(a) escolhe como presente?

PAI 01: Eu dei o tablet para facilitar e entreter ele. O notebook eu dei antes do tablet, mas ele queria algo que pudesse levar para todos os lugares. MÃE 02:Ela me pede de presente as coisas, mas estou evitando dar coisas muito tecnológicas. Nessa idade, eles nem sabem o que querem direito, pedem tudo. MÃE 03: Ela me pediu de presente e eu dei um celular. Já o tablet, eu resolvi dar para ela quando ela ainda era mais nova. MÃE 04: Ela me pede de presente, em todas as datas comemorativas ela pede algo tecnológico ou apetrechos para o que já tem, tipo fones de ouvido de bichinhos e capinhas para o celular. AVÓ 05: Ela escolhe ganhar como presente. MÃE 06: Ele sempre pede para presenteá-lo com coisas tecnológicas.

c) QUESTÕES RELACIONADAS À FAMÍLIA:

QUESTÕES RESPOSTAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS ENTREVISTADOS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 11. Quanto tempo diário você passa com seu(a) filho(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 11. Quanto tempo diário você passa com seu(a) filho(a)?

PAI 01: Fico com ele de manhã e de noite. MÃE 02:Fico com ela de manhã e de noite. No período da tarde ela está na Escola, e aproveito para fazer minhas coisas. MÃE 03: Fico todas as noites com ela. MÃE 04: Fico com ela a noite, quando chego do trabalho. Digamos que, das 19h em diante. AVÓ 05: Passo o dia todo com ela. Ela estuda de manhã, então passamos as tarde e as noites juntas. MÃE 06: Eu trabalho das 13h às 21h. Fico com ele de noite, cerca de uma hora, pois ele dorme cedo para estudar.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 12. Quando você está em casa, você costuma fazer atividades junto ao(a) seu(a) filho(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSUEM

PAI 01: A gente brinca bastante juntos e ajudo ele nos temas da Escola sempre que possível. MÃE 02:Tento brincar o máximo possível com ela e ajudá-la com as coisas da Escola. MÃE 03: Mais ou menos, ela gosta de mexer no celular e ver televisão. Ajudo ela com as atividades escolares e quando ela me pede.

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CELULARES) 12. Quando você está em casa, você costuma fazer atividades junto ao(a) seu(a) filho(a)?

MÃE 04: Assistimos televisão, ajudo ela com os temas e jantamos. AVÓ 05: Eu a ajudo nos temas, porém nessa fase da pré-adolescência, eles não querem muito o nosso auxílio. MÃE 06: Quando chego em casa, ele já fez os temas. Ficamos assistindo tevê juntos.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 13. Seu(a) filho(a) realiza muitas atividades extracurriculares?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 13.Seu(a) filho(a) realiza muitas atividades extracurriculares?

PAI 01: Não muitas, só futsal. MÃE 02:Ela faz pilates junto comigo. MÃE 03: Ela faz natação e ballet. MÃE 04: Ela faz ballet, informática e inglês. AVÓ 05: Ela tem inglês, participa da banda marcial da Escola e também pratica futsal. MÃE 06: Não, ele faz futsal três vezes por semana.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 14. Vocês se consideram uma família conectada à tecnologia?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 14. Vocês se consideram uma família conectada à tecnologia?

PAI 01: Minha mulher usa muito o celular, eu costumo evitar o celular de noite. MÃE 02:Não muito. Quem mais utiliza de tecnologia sou eu. Meu marido evita, quase não mexe no celular. MÃE 03: O pai dela trabalha bastante em casa com o notebook e eu mexo no celular. Somos conectados sim! MÃE 04: Todos lá em casa possuem celulares, mexemos bastante, mas evitamos mexer com nossos filhos perto, o que às vezes nem percebemos. AVÓ 05: Sim. MÃE 06: Também mexo muito no celular e assisto muita televisão.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 15. Seu(a) filho(a) brinca em áreas livres com seus amigos?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 15. Seu(a) filho(a) brinca em áreas livres com seus amigos?

PAI 01: Quando o levo sim, sozinho nunca. MÃE 02:Quando eu estou junto, sim. Sempre supervisiono as brincadeiras e os lugares que ela está brincando. MÃE 03: Não muito, só quando eu levo ela para brincar com os amigos mesmo. MÃE 04: Não. O mundo hoje está muito violento, tenho medo que aconteça algo com ela. AVÓ 05: A Milena brinca com seus primos quando vai a casa de seu pai. MÃE 06: Quando está na minha casa, não muito. Mas na casa do pai dele, ele brinca muito.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 16. O que vocês costumam fazer nos finais de semana?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 16. O que vocês costumam fazer nos finais de semana?

PAI 01: Levo ele passear nos lugares que ele gosta. MÃE 02:Vamos muito à casa da vó, levo ela ao shopping porque ela adora aquele lugar. Não sei porquê (risos). MÃE 03: Passear. MÃE 04: Faço o que ela gosta, levo-a no shopping, vamos comer fora e também vamos em parques com espaço para correr e brincarmos juntos. AVÓ 05: Ela passa todos os finais de semana com seu pai, porém quando ela fica comigo, nós ficamos em casa e fazemos algumas refeições fora de casa. MÃE 06: Ele sempre vai para casa do pai dele. Quando ele fica em minha casa, vamos no shopping, cinema e passeamos.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 17. Onde seu(a) filho(a) mais pede para ir durante um passeio?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 17. Onde seu(a) filho(a) mais pede para ir durante

PAI 01: No shopping. MÃE 02:Ela pede muito para irmos na casa da dinda dela e no shopping. MÃE 03: Ela adora ir no shopping. MÃE 04: Ela adora shopping e também MC Donalds. AVÓ 05: No shopping e na casa de seu pai. MÃE 06: Ele pede muito para ir ao cinema e fliperama que tem no shopping,

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um passeio?

d) QUESTÕES RELACIONADAS AO CELULAR:

QUESTÕES RESPOSTAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS ENTREVISTADOS

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 18. Por que você resolveu dar um celular para seu(a) filho(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 18. Por que você resolveu não dar um celular para seu(a) filho(a)?

PAI 01: Acho que é muito cedo, ele é criança demais. Quando ele quer brincar, eu empresto o meu. MÃE 02:Ainda é muito cedo. Quero que ela curta a infância dela sem muita tecnologia. Que ela aprenda e curta brincadeiras infantis. MÃE 03: Dei de aniversário de 9 anos, não faz muito tempo que ela tem. Resolvi dar porque ela pedia e dizia que seria o melhor presente que ela poderia ganhar. MÃE 04: Ela sempre me pedia celular, consegui enrolar ela por 01 ano antes de dar. Ainda acho que é muito cedo, ela é uma criança. Mas ela adora e é um jeito de mantê-la entretida dentro de casa. AVÓ 05: Na verdade, foi a mãe dela e o vô que resolveram presenteá-la com um celular, na Páscoa do ano passado. MÃE 06: Ele insistiu mito para ganhar um celular e resolvi dar um para ele.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 19. Você delimita tempo diário para seu(a) filho(a) utilizar o celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSUEM CELULARES) 19. Qual argumento que seu(a) filho(a) usa para tentar convencê-lo(a) para presenteá-lo(a) com um celular?

PAI 01: Ele diz que o irmão dele tem e que ele também deveria ter, mas explico que ele é pequeno. MÃE 02:Ela não é muito teimosa nesse ponto, mas quando ela pede, falo que daqui uns anos ela ganhará um. Que agora é muito cedo e que ela tem os brinquedos para se divertir. MÃE 03: Tento fazer com que ela só mexa quando estou junto. MÃE 04: Não gosto que ela mexa de noite, parece que fica muito agitada antes de dormir. AVÓ 05: Não, após ela realizar suas tarefas, ela mexe quando quer. MÃE 06: Não, ele mexe quando quer.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 20. Seu(a) filho(a) leva o celular para a escola?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 20. Os(as) amigos(as) do seu(a) filho(a) possuem celular?

PAI 01: Não. MÃE 02:Não. MÃE 03: Não. MÃE 04: Não, é proibido lá em casa. AVÓ 05: Às vezes, mas normalmente deixa ele em casa. MÃE 06: Não.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 21. Você utiliza do celular para se comunicar com seu(a) filho(a)?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 21. Ele(a) não comenta em casa que ele(a) é a única criança que não possui celular entre seus amigos(as)?

PAI 01: Não fala disso, até porque seus amigos também são crianças pequenas e não possuem celulares. MÃE 02:Não, até porque nenhum deles têm. MÃE 03: Não muito. MÃE 04: Às vezes mando mensagens para ela pelo Whatsapp. AVÓ 05: Utilizo pouco, quando preciso, ligo para ela. MÃE 06: Sim, falamos bastante pelo Whatsapp.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 22. Vocês utilizam o meio convencional realizado através de ligações ou se comunicam por meio dos

PAI 01: Sim, muito. Está sempre com o meu celular ou com celular da mãe dele na mão. MÃE 02:Pede, quase todo dia, mas estipulo um horário para ela brincar com o meu celular. MÃE 03: Quando nos falamos, eu ligo para ela.

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aplicativos?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 22. Ele(a) pede seu celular emprestado para brincar?

MÃE 04: Por aplicativos mesmo. AVÓ 05: Os dois, mas falamos muito pelo Whatsapp durante os finais de semana. MÃE 06: Sim, pelo Whatsapp mesmo.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 23. Você sabe que tipo de conteúdo seu(a) filho(a) acessa pelo celular?

(CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 23. Quando seu(a) filho(a) pede seu celular emprestado, quais os aplicativos que ele(a) prefere?

PAI 01: Ele gosta muito de jogos e do Snapchat. Tivemos até que baixar o Snapchat no tablet dele e criar uma conta com seu nome. MÃE 02:Ela sempre quer os aplicativos de jogos, ou fica brincando com os filtros do Snapchat. MÃE 03: Tento cuidar do celular dela, mas tenho que bisbilhotar escondido porque ela não gosta que eu mexa no celular. MÃE 04: Tento cuidar com o que ela acessa, hoje em dia, até a internet se tornou uma ferramenta perigosa para as crianças. A gente vê tantos casos de pedofilia ou crianças sendo enganadas na internet por adultos mal intencionados, que todo cuidado é pouco. AVÓ 05: Sei que ela gosta de jogar em aplicativos, fala muito do Minecraft e assiste muitos vídeos relacionados ao jogo. MÃE 06: Não mexo muito no celular dele, mas ele gosta muito de jogos.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 24. Os(as) amigos(as) de seu(a) filho(a) também possuem celulares? (CRIANÇAS QUE NÃO POSSUEM CELULARES) 24. Com quantos anos você pretende dar o primeiro celular ao(a) seu(a) filho(a)?

PAI 01: Vou esperar mais uns 2 ou 3 anos. MÃE 02:Acredito que irei esperar a adolescência, que é quando o celular se torna necessário, mas não sei se conseguirei adiar tanto, hoje a sociedade impõe que você tem que ter um celular e ela já está aprendendo isso. MÃE 03: Sim, acho que isso foi o principal fator para ela me pedir um. MÃE 04: Algumas amiguinhas dela possuem também. AVÓ 05: Sim. MÃE 06: Sim.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 25. Ele(a) se comunica com os(as) amigos(as) por meio do celular?

MÃE 03: Ela brinca com eles pelo Whatsapp. MÃE 04: Não sei te dizer, sei que ela tem umas amiguinhas no Face que conversam com ela. Mas ela prefere conversar com as amigas pelo Facebook. AVÓ 05: Nunca vi ela falando com nenhum deles, ela sempre me diz que não gosta de falar com seus amigos pelo aparelho porque ela tem preguiça de responder as mensagens. MÃE 06: Sim.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 26. Você sabe qual o aplicativo preferido de seu(a) filho(a)?

MÃE 03: Com certeza são os jogos. MÃE 04: Acredito que seja o Instagram, ela sempre está atualizando o perfil dela com fotos. As famosas selfies (risos). AVÓ 05: Com certeza é o Minecraft. MÃE 06: Facebook.

(CRIANÇAS QUE POSSUEM CELULARES) 27. Com quantos anos você ganhou/comprou seu primeiro celular?

MÃE 03: Eu tinha 14 anos. MÃE 04: Eu comprei meu primeiro celular com 23 anos. AVÓ 05: Por volta dos meus 38 anos. MÃE 06: Acho que eu tinha uns 16 anos

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ANEXO A – TERMOS DE AUTORORIZAÇÕES CESSÕES DE DIREITOS AUTORAIS

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ANEXO B - PROJETO DE PESQUISA DA DISCIPLINA DE MONOGRAFIA I.

Segue cópia digital abaixo.