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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UnB) INSTITUTO DE QUÍMICA (IQ) - LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA QUÍMICA (LATEQ) 1 ITTO Organização Internacional de Madeiras Tropicais Universidade de Brasília UnB Instituto de Química Laboratório de Tecnologia Química – LATEQ Fundação de Estudos e Pesquisas em Administração e Desenvolvimento – FEPAD, uma fundação de apoio da UnB Projeto ITTO PD 31/99 Rev.3 (I) “Produção nãomadeireira e desenvolvimento Sustentável na Amazônia” Objetivo Específico No. 1, Resultado 1.5 Análise e crítica tecnológica: Copaíba (Parte I) e Babaçu (Parte II) Autores: Parte I: Floriano Pastore Júnior e Fernanda Helena Ferreira Leite Parte II: Viviane Evangelista dos Santos e Floriano Pastore Júnior Conteúdo: 1. Parte I Copaíba, pág. 2 2. Parte II Babaçu, pág. 23

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ITTO 

Organização Internacional de Madeiras Tropicais 

 

Universidade de Brasília ‐ UnB 

Instituto de Química  Laboratório de Tecnologia Química – LATEQ 

Fundação de Estudos e Pesquisas em Administração e 

Desenvolvimento – FEPAD, uma fundação de apoio da UnB 

 

Projeto ITTO PD 31/99 Rev.3 (I) 

“Produção não‐madeireira e desenvolvimento Sustentável na Amazônia” 

 

Objetivo Específico No. 1, Resultado 1.5 

Análise e crítica tecnológica:  

Copaíba (Parte I) e Babaçu (Parte II)  

Autores:  

Parte I: Floriano Pastore Júnior e Fernanda Helena Ferreira Leite     

Parte II: Viviane Evangelista dos Santos e Floriano Pastore Júnior 

 

Conteúdo: 

1. Parte I ‐ Copaíba, pág. 2 2. Parte II ‐ Babaçu, pág. 23 

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ÓLEO DE COPAÍBA NA AMAZÔNIA: ESTUDO DE CASO E POTENCIAL DE PRODUÇÃO

Fernanda Helena Ferreira Leite [email protected] Floriano Pastore Júnior [email protected]

Brasília, julho de 2003

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ÓLEO DE COPAÍBA NA AMAZÔNIA: ESTUDO DE CASO E POTENCIAL DE PRODUÇÃO

O bálsamo é celebrado com razão por seu excelente odor, e muito maior efeito para curar feridas, e outros diversos remédios para enfermidades, que nele se experimentam... nos tempos antigos os índios apreciavam em muito o bálsamo, com ele os índios curavam suas feridas e que deles aprenderam os espanhóis.

( Padre José Acosta, 1539-1604 ) 1. Introdução: óleo de copaíba, um produto medicinal

O óleo de copaíba, de largo emprego medicinal, é extraído de árvores de várias espécies do

gênero Copaifera, que ocorrem principalmente no Brasil, na região amazônica de forma geral, e no

Cerrado brasileiro. Na América do Sul, é produzido ainda por outros países, como Peru, Colômbia,

Venezuela e Bolívia (Revilla, 2001). Quimicamente, trata-se de uma mistura de várias substâncias,

cuja composição se altera em função da espécie e condições de solo e clima. Os seus compostos

principais são sesquiterpenos de peso molecular médio, uma categoria de produtos químicos

encontrados em resinas naturais e óleos essenciais, normalmente voláteis, com 15 carbonos em sua

fórmula molecular. Como caracterização macro, é um óleo-resina de baixa viscosidade, com cheiro

forte e característico e cor variável entre amarelo-claro e pardo (Pastore 1997).

A região amazônica concentra a principal produção e o mercado tradicional de consumo do

óleo de copaíba. É comum a sua venda em feiras e mercados, devido à crença popular de que o óleo

cura várias doenças, desde pequenos ferimentos a herpes labial e hemorragias. Essa crença iniciou-

se com os índios, que untavam os seus corpos com o óleo depois das batalhas e deitavam-se em

redes estendidas sobre brasas, acreditando que assim se livravam dos males. Provavelmente,

descobriram esta propriedade do óleo observando os animais que se esfregavam no tronco da

copaibeira, tentando se livrar de coceiras e ferimentos. (www.inventabrasil.hpg.ig.com.br)

Os colonizadores europeus, a partir do século XVI, descobriram outras aplicações do óleo de

copaíba além das conhecidas pelos índios, utilizando-o como anti-séptico das vias urinárias e

respiratórias, particularmente para combater a bronquite. No século XVII, os médicos brasileiros

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contornavam a escassez de remédios no país recorrendo às drogas indígenas, sendo a copaíba muito

usada pelos viajantes que atravessavam a região. Posteriormente, o naturalista alemão Theodoro

Peckolt, um dos primeiros a investigar as propriedades medicinais da flora brasileira, considerou a

copaibeira uma das árvores mais úteis na medicina. Em 1677, o óleo de copaíba já constava da

farmacopéia britânica e em 1820 incorporou-se à farmacopéia norte-americana.

(www.inventabrasil.hpg.ig.com.br).

2. A árvore e o sistema de extração do óleo

• A árvore

Há mais de uma dezena de espécies do gênero Copaifera que fornecem o óleo. As mais

importantes, de ocorrência amazônica são Copaifera reticulata, C. multijuga, C. officinalis, C.

martii e C. ducke, enquanto C. langsdorffi, é encontrada nos cerrados da região Centro-Oeste.

Segundo Corrêa (1984), C. reticulata tem o melhor óleo, reconhecido por seu aspecto grosso, cheiro

forte e cor castanho-amarelado.

A copaibeira é uma árvore que atinge grande porte, chegando a medir de 20 a 40 m de altura

e 1m de diâmetro nas matas amazônicas, enquanto no cerrado, desenvolve menor porte. A sua copa

é densa, a casca é lisa e firme e a madeira exala o cheiro de cumarina ao cortar e o gosto é

imperceptível. A árvore ocorre em vários tipos de terrenos e é comum em solos argilosos com

baixa concentração de matéria orgânica, em mata alta de terra firme, em capoeiras fechadas,

capoeiras jovens e pastagens, além de ser resistente a inundações (www.madeiratotal.com.br).

Sendo tolerante à sombra, apresenta um desenvolvimento lento, alcançando a sua plenitude de

crescimento com alta intensidade luminosa. É prospera em climas tropicais secos ou úmidos, com

precipitação pluvial que varia entre 1700 e 3300 mm e temperatura média anual entre de 22 e 30°C

(Revilla, 2001). Os habitantes da floresta procuram as copaibeiras para caçar pequenos animais

silvestres que se alimentam de seus frutos. Devido ao aroma de sua casca, é fácil de ser encontrada

na mata. Da copaibeira, além do óleo, podem ser aproveitados o fruto e a madeira, enquanto a raiz é

considerada venenosa (Revilla, 2001). O nome copaíba é de origem guarani. É também conhecida

como pau d’óleo, copaibarana, copaúba, copaibo, copal, marimari ou como panchimouti, palo do

aceite cabimo, e maram em outros países. (www.inventabrasil.hpg.ig.com.br). Na Europa recebeu o

nome de “bálsamo dos jesuítas”, em função da introdução do óleo no Velho Continente ter se dado

por estes religiosos.

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• A coleta

Provavelmente toda a produção de óleo de copaíba no Brasil é de natureza extrativa, ou seja,

depende de populações nativas. Segundo estudos da FUNTAC, relatados no artigo “Avaliação do

potencial de extração e comercialização do óleo-resina de copaíba”, de Ferreira e Braz (1999), um

inventário florestal realizado no Acre, na Floresta Estadual do Antimary, indica a densidade de

0,2819 árvores por hectare – o que significa que numa área de 1 km2 são encontráveis cerca de 28

árvores, ou numa área quadrada de 400 m de lado, similar uma superquadra de Brasília, podem ser

encontradas 4 árvores. Naturalmente, nem todo o potencial das populações nativas pode ser

colocado em produção devido às dificuldades de acesso e das distâncias a serem cobertas para

atingir as árvores a serem exploradas. Estas são limitações normais do extrativismo vegetal na

Amazônia, seja para o óleo de copaíba seja para outros produtos: os coletores têm um raio limitado

de ação, que pode ser estimado de 3 a 6 km dentro da floresta, a partir de suas casas, em geral

situadas à beira de um rio. Mesmo com esta limitação, pode ser considerada de elevado potencial a

capacidade de produção de itens de extrativismo na Amazônia, que depende dos seguintes fatores,

válidos para produtos florestais não-madeireiros em geral: freqüência da espécie na mata,

dificuldades do terreno, disponibilidade de mão-de-obra, facilidades de coleta e transporte do

produto na mata, preço pago na casa do produtor, dentre outros. Com os dados disponíveis e com o

conhecimento atual do fluxo de produção e comércio, pode-se afirmar que: (1) o potencial de

extração de óleo é bastante elevado e (2) que os seus condicionantes não estão nem “na ponta” da

floresta, nem no outro extremo, a demanda, mas sim na parte intermediária, ou seja, na organização

social da produção, na sua capitalização e no seu escoamento, que englobam, entre outros fatores, a

associação ou cooperativa dos produtores, a extensão florestal e o transporte.

• O cultivo

É possível o plantio da copaibeira para fins de produção de óleo, e posteriormente ser

aproveitada a madeira, que é fácil de ser tratada, resultando em superfície lisa e uniforme, boa para

pregar e parafusar (www.madeiratotal.com.br). Não existem dificuldades para a produção de

sementes, germinação e formação de mudas. De forma comercial as sementes podem ser obtidas no

Departamento de Engenharia Florestal da ESALQ/USP em Piracicaba, SP, que mantém um extenso

banco de sementes florestais etc. As mudas são encontradas em muitos viveiros pelo Brasil; em

Brasília o custo é de R$ 1,00/muda. O plantio deve se dar no início dos períodos de maior

precipitação, em terreno aberto com espaçamento de 7 m entre árvores. As espécies invasoras

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devem ser eliminadas nos dois primeiros anos de plantio. Um aspecto interessante do plantio da

copaíba é a sua possível associação com cultivos de alimentos de primeira necessidade, como a

mandioca e a banana, quando a plantação ocorre em solo de terra firme. Ela pode também ser

consorciada com café e cacau que vão formar o estrato médio do plantio, quando este é feito em

solos de boa qualidade, e com o urucum (Bixa orellana) ou araçá (Psidium littorale) em solos mais

arenosos (Revilla, 2001).

• Formação e extração do óleo

A formação natural do óleo da copaibeira ocorre na fase adulta, quando o cerne da árvore

perde a circulação da seiva e parte de suas células se decompõe gerando o óleo, que se acumula em

cavidades no tronco (Revilla, 2001). Para que a extração do óleo ocorra de forma sustentada, o

processo deve obedecer a alguns cuidados quanto à forma da coleta e ao estabelecimento de limites

para o volume a ser coletado, caso contrário a planta poderá morrer em alguns anos, já que o óleo

funciona como defesa da planta contra animais, fungos e bactérias.

De forma geral, ainda hoje os métodos de extração na Amazônia são muito rudimentares,

comprometendo a sanidade da árvore e a perenidade da coleta. Mas há formas de extração

adequadas para garantir a sustentabilidade do extrativismo do óleo. Uma das maneiras arcaicas de

extração utiliza o machado para fazer uma incisão no tronco, para dali coletar o óleo. Outra técnica

mais adequada e que vem sendo difundida na região amazônica é a de se fazer um orifício no tronco

com um trado (instrumento pontiagudo de aço usado para abrir furos em madeiras), colocar uma

bica e deixar gotejando para dentro de uma garrafa. Também pode ser inserido no orifício um tubo

plástico, com ou sem torneira, com vedação lateral de cera ou parafina e, após duas semanas,

retornar para a colheita da secreção. Depois da colheita, veda-se o buraco de novo com um tarugo

de madeira e volta-se a coletar depois de aproximadamente quatro meses. Outra técnica é uma

incisão na base do tronco da árvore em forma de “V”, apenas na casca, podendo-se fazer a colheita

durante o ano todo. (Revilla, 2001)

Recomenda-se que o óleo seja extraído de árvores com mais de 10 anos de idade (Pastore,

1997), em dois a três cortes por ano. Estudos realizados no Acre (Ferreira e Braz, 1999) apontam

valores entre 0,57 a 2,1 L por árvore por coleta, durante o período de 7 a 10 dias de gotejamento.

Ainda segundo estes autores, a coleta se mostrou mais eficiente em árvores de terra firme e no

período seco. O resultado da pesquisa contraria a expectativa comum de que a melhor época de

extração do óleo seria no período de chuvas. Assim, a coleta do óleo pode contribuir como fonte de

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renda complementar a outras atividades que são tipicamente de períodos secos, como a extração da

borracha, que também ocorre em áreas de copaibeiras. O óleo deve ser armazenado em recipiente

fechado e guardado em ambiente seco e arejado, sem incidência de luz solar. Nessas condições, o

óleo pode ser armazenado por até um ano.

3. Usos e pesquisas correntes com a copaíba

• Usos medicinais

Atualmente, vários estudos estão em andamento para confirmar a crença popular quanto à

eficácia medicinal da planta. Entre eles podem ser citados a pesquisa do Instituto Nacional do

Câncer, do Rio de Janeiro, que busca comprovar o poder antitumoral do óleo de copaíba, e o

trabalho do Laboratório Farmanguinhos, que está produzindo um creme vaginal destinado a

combater os vírus do HPV, causadores do carcinoma do colo de útero, um problema que atinge

cerca de 30% das mulheres brasileiras. Acredita-se que o óleo de copaíba aja como um ativador do

sistema imunológico contra o HPV, e não necessariamente contra o vírus

(http://www.inventabrasil.hpg.ig.com.br/). O óleo de copaíba também pode ser aplicado nos

tratamentos de gonorréia, tosses e bronquites, doenças de origem sifilítica, dermatites, diarréia,

incontinência urinária, reumatismo, cicatrizes umbilicais de recém-nascidos, tétano e urticária,

sendo o produto usado diretamente ou em receitas domésticas, ou, mesmo, obtido de farmácias de

manipulação (Pastore 1997). Também é muito disseminado em cápsulas produzidas

industrialmente, contendo o óleo-resina completo ou somente o óleo obtido por destilação. Estudos

também apontam a possibilidade de atuação do óleo de copaíba no combate ao mal de Chagas, uma

doença que atinge oito milhões de brasileiros e contra a qual não existe ainda uma droga eficaz

(http://www.inventabrasil.hpg.ig.com.br/).

O óleo de copaíba é usado popularmente no Brasil de várias formas, desde a ingestão pura,

em cápsulas ou gotas do óleo misturadas com mel, por exemplo, ou usos externos como banho

preventivo ou curativo com fins dermatológicos, em que cápsulas são misturadas a água quente.

Para conter dermatites, o produto é preparado para uso tópico, misturando-se uma parte do óleo

para cinco ou dez partes de glicerina ou óleo de uva. Em tratamentos de medicina tradicional do

Peru, utilizam-se de três a quatro colheres do óleo misturadas a mel de abelha para serem colocadas

sobre ferimentos (http://www.raintree.htm/). Há advertências médicas quanto ao excesso de uso

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oral, que pode causar náuseas, vômitos e febre, ou o uso tópico exagerado, pois a pele pode ficar

irritada, aparecendo pequenos caroços. O contato do óleo com as mucosas pode causar irritação

(http://www.raintree.htm/).

• Uso combustível

Inúmeras comunidades da Amazônia ficam distantes de centros urbanos e muitas delas, de

difícil acesso, em épocas de maior estiagem, chegam a ficar sem suprimento de combustível

líquido. Isso motivou várias pesquisas para a utilização do óleo de copaíba em substituição ao óleo

diesel, ou misturado a ele como combustível alternativo à gasolina para motores do ciclo Otto

(CORRÊA, 1984). Estudos similares foram também realizados com os óleos extraídos da castanha-

do-pará, do amendoim, e da andiroba. O óleo de copaíba tem a característica de ser miscível em

óleo diesel e querosene em todas as proporções e tem densidade, viscosidade e ponto de fulgor

superiores a estes, fato que compromete, em parte, a sua eficiência e desempenho. A vantagem

sobre o querosene e o óleo diesel é que ele tem baixos percentuais em resíduos de carbono, enxofre

e apenas traços de água e sedimentos. Seu poder calorífico, de 10.044 kJ/kg, é superior ao de outros

óleos vegetais como mamona e amendoim (Mourão, 1981). O consumo do óleo, que não requer

alterações nos motores, em condições similares, é cerca de 8% menor que o do óleo diesel Devido a

esse bom rendimento, a SUDAM estimulou o plantio de 10 mil hectares de copaiberas na região

amazônica, no ano de 1978, acreditando que, cada hectare plantado, na sua fase adulta, poderia

produzir 50 barris de óleo por ano (FAO).

O INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) testou o óleo de copaíba em motores

diesel, durante dois anos, e constatou que não houve alteração dos motores nem a necessidade de

aditivos ou esterificação, como normalmente ocorre com outros óleos (Pastore 1997). Naturalmente,

a proposta de uso do óleo com finalidade energética contraria o bom senso, por seus vários usos

medicinais mais nobres e, também, por seu preço, bem superior ao diesel. No entanto, faz muito

sentido a proposição de se adaptar o óleo ou usá-lo diretamente em motores estacionários em

comunidades afastadas, aonde o combustível chega com dificuldade. Trata-se do valor de

oportunidade. O desconhecimento desta possibilidade faz com que comunidades inteiras dependam

do suprimento de diesel, que pode demorar, e ficam no escuro ou sem a sua televisão comunitária,

enquanto que no “quintal” de casa, pode estar à árvore que resolveria a ausência do combustível,

pelo menos temporariamente.

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• Composição química

O nome óleo-resina foi atribuído a esta exsudação da copaibeira por ser composto de dois

conjuntos de substâncias. Uma é resinosa, de maior ponto de ebulição; ela é que permite o uso deste

produto como matéria-prima da indústria de tintas e vernizes, em que são normalmente utilizados

breus e resinas naturais. A outra parte é composta de derivados terpênicos, que seriam os

responsáveis pela ação medicinal. Os estudos fitoquímicos mostram que estes derivados são

misturas de sesquiterpenos e diterpenos, nos quais os principais componentes são o ácido copálico e

os sesquiterpenos -cariofileno e -copaeno. A atividade biológica do óleo de copaíba é atribuída,

em grande parte, aos sesquiterpenos. Várias substâncias encontradas no óleo são exclusivas destas

espécies de árvores, não sendo encontradas em outros óleos ou plantas. Os sesquiterpenos variam de

30 a 90% da composição do óleo. (Revilla, 2001)

O óleo-resina é destilado por evaporação a vácuo e, entre 60 a 90 % do seu volume é

volatilizado como óleo essencial, sobrando resinas e ácidos graxos. O óleo extraído tem cor clara,

mas, ao entrar em contato com o ar, oxida-se, escurecendo. A sua cor varia de espécie para espécie,

indo do amarelo-claro ao pardo.

• Pesquisas

Em pesquisas no Brasil, foram testadas nove espécies de copaíba, mas apenas três

apresentaram efeito antiinflamatório significativo em testes in vivo com animais em laboratório. A

aplicação do óleo ajuda na cicatrização, pois acelera a contração e aumenta a força de tensão da

epiderme. O potencial de proteção gástrica do óleo está sendo testado em ratos através da

inoculação nos mesmos do vírus H. pylori, estimulando a formação de úlceras e gastrites; os

resultados têm sido muito promissores (http://www.raintree.htm/)

Na Espanha, pesquisadores confirmaram o poder da resina como anti-séptico do aparelho

urinário e respiratório, particularmente nas formas de duas substâncias extraídas do óleo, o ácido

caurênico e ácido copálico. Elas demonstraram atividade antimicrobial in vitro contra bactérias,

incluindo Staphilococus aureus, Bacillus subtilis e pseudomonas.

Em 1994, pesquisadores japoneses, isolaram seis diterpenos e testaram in vivo contra

carcinomas, confirmando o poder antitumoral do óleo. Mais recentemente, em 2002, pesquisadores

brasileiros constataram que o ácido caurênico, além de anti-séptico das vias urinárias, inibe, em até

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95%, o crescimento de células humanas com leucemia e células de câncer de colo por 45% in vitro

(http://www.raintree.htm/).

Nos EUA foi comprovada a possibilidade de reação alérgica do óleo de copaíba, através de

sua absorção pela pele, quando é usado como aditivo de alimentos e bebidas e como fixador em

perfume.

O uso do óleo de copaíba como medicamento para várias doenças de difícil cura e para as

quais, muitas vezes, não se encontra tratamento, como vem sendo amplamente estudado, deverá

expandir a sua exploração extrativa e consolidar a produção e comércio. Se a demanda crescer mais

rapidamente do que a produção, como ocorre normalmente como os produtos de extração vegetal,

abre-se o caminho para o cultivo da espécie, não obstante o seu longo tempo de dez anos para o

início de colheita do óleo.

4. Produção e comércio

• O extrator

As descrições a seguir, do produtor, do seu modo de vida e forma de trabalho são baseadas

em vivência na região amazônica de um dos autores e não foram, até aqui, objeto de publicação ou

divulgação. Retratam, de maneira muito geral, o que se pode observar no cotidiano atual da vida no

interior de vários estados de ocorrência da copaíba, podendo ser a descrição de coletores do óleo ou

dos vários produtos da floresta, pois se trata da gente ribeirinha amazônica.

Hoje em dia, o produtor característico de óleo de copaíba na floresta amazônica

normalmente é um remanescente da produção de borracha, setor que passa por forte depressão por

duas décadas. Ele vive isoladamente ou em pequenas comunidades, à beira de um rio, com famílias

em torno de 6 a 8 pessoas, formando núcleos maiores, com a agregação de filhos casados,

normalmente os homens, que vêm viver nas proximidades dos pais. Os mais velhos da família são

analfabetos ou de pouco estudo e as crianças estudam em escolas rurais, muitas vezes tendo que

andar até uma ou duas horas de barco para estudar. São pobres e estão fortemente descapitalizados,

em sentido amplo, vivenciando um período prolongado de pauperização, com o aprofundamento da

crise da borracha. “

Normalmente praticam agricultura de subsistência, com plantio principal de mandioca para

farinha, além de um pouco de feijão, arroz e milho. A criação, quando existe, é de algumas

galinhas, patos e porcos criados soltos. Dentro de casa os móveis são poucos, dormem em redes e

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muitas famílias ainda fazem as suas refeições no chão. O fogão é de barro, queimando lenha ou

carvão. Não tem pia, mas uma superfície de madeira de uso geral, com uma parte saindo por uma

das janelas da cozinha, onde são lavados os poucos utensílios de cozinhar e comer. A água é

captada de rios ou cacimbas e usadas sem tratamento na grande maioria dos casos. Em algumas

regiões que já receberam assistência de entidades religiosas, de ONGs ou, mais raramente, de

agências governamentais, pode ocorrer a prática de tratar a água com sulfato de alumínio para

decantação e hipoclorito de sódio ou cálcio para purificação. Praticam a pesca diariamente e a caça

esporadicamente, conciliando essas atividades com a coleta de um ou mais produtos de extrativismo

vegetal para consumo ou venda. A renda familiar, em média mensal, pode se situar entre R$ 50 e

R$ 100, mas no seu cotidiano pouco tocam em dinheiro. Não é difícil encontrar rendas melhoradas

com alguma aposentadoria rural ou de contratos com as prefeituras, como agentes de saúde ou

professores, por exemplo. A forma de diversão é maciçamente o futebol, também para muitas

mulheres.

Além do machado ou trado, os utensílios de coleta de óleo de copaíba são, dependendo do

sistema adotado, bicas de latas de flandres ou de garrafas plásticas cortadas, ou canos de PVC (para

controle do escorrimento do óleo), frascos plásticos de reutilização de 2 ou 5 litros (para coleta,

transporte na mata e armazenamento em algum cômodo da própria casa). Normalmente o trabalho

de coleta é feito pelos homens na família. Podem explorar várias árvores ao mesmo tempo. A ida à

floresta, para a perfuração dos troncos ou coleta do óleo pode durar horas ou se prolongar por todo

o dia. Não se trabalha à noite, como muito ocorria no caso da seringueira. Levam sempre, além dos

utensílios de coleta to do óleo, como trado bicas, canos e frascos, um facão e uma espingarda

cartucheira, como defesa pessoal contra animais, ou para a caça, atividade que é, via de regra,

praticada concomitantemente à coleta, como forma complementar ou principal da demanda

proteica.

• Rumo ao mercado

Da casa dos extratores, o óleo de copaíba pode tomar dois caminhos principais. Na primeiro,

ainda atua a figura do comerciante, o tradicional “marreteiro”, outro remanescente do ciclo da

borracha que, usando um pequeno barco, se desloca de casa em casa, trocando itens de coleta

florestal por mercadorias da cidade, normalmente em condições mais favoráveis a si próprio. Este

intermediário vende os bens florestais extraídos para comerciantes na cidade, que pagam preços de

mercado. No caso de produtos de comercialização mais ampla, como no caso da borracha e

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castanha-do-pará, (agora castanha-do-brasil), adotam-se formas primárias de financiamento da

produção, envolvendo a usina de beneficiamento, quando existente, o comerciante, o “marreteiro” e

o extrator. No caso de óleos, raízes, e outros produtos da floresta com menor escala de comércio, a

prática é a encomenda, podendo envolver adiantamentos em dinheiro ou gêneros de primeira

necessidade, incluindo chumbo e pólvora para caça.

A segunda via de comercialização demanda um certo grau de organização comunitária, pois

nela o produtor inicial vende para uma associação ou, numa forma mais avançada, uma cooperativa

de produtores, que substitui o “marreteiro”, com vantagens em preços e maior liberdade na venda

do produto. Esta via normalmente ocorre em reservas ou assentamentos extrativistas, muitas vezes

com apoio financeiro, logístico e gerencial de origem governamental ou de ONGs. As associações

podem vender os produtos para os mesmos comerciantes na cidade, obtendo vantagens de escala, ou

podem procurar outros canais de escoamento da produção. Em casos de maior capitalização, melhor

organização e maior preparo e instrução dos dirigentes, pode ocorrer a venda direta para empresas

comerciais distribuidoras ou indústrias de outras regiões, o que geralmente também acarreta

vantagens de escala.

Nestes dois caminhos, não ocorre qualquer controle de qualidade do óleo de copaíba,

valendo-se, produtor e comerciante, de sua prática e dos seus sentidos, ao avaliar as propriedades

organolépticas do óleo. O armazenamento e o transporte é feito, via de regra, em vasilhames

plásticos de 40 ou 50 L, normalmente de reutilização. Ou seja, normalmente não se usam tambores

específicos ou mesmo novos para o comércio do produto, o que pode levar à perda de qualidade.

Até aqui, não há industrialização do óleo na Amazônia, a não ser o seu fracionamento em pequenos

volumes para o varejo.

Para chegar ao consumidor final, o óleo de copaíba pode ser disponibilizado para o comércio

local em frascos de 100 a 500 ml, mas a forma mais corrente de disseminação comercial ocorre

através do fracionamento em frascos de 20 ou 30 ml, em geral em pequenas a médias

manipuladoras de óleos e outros produtos naturais para a saúde, tipicamente sediadas em cidades de

maior porte. Nesta etapa, além da experiência do proprietário da empresa no trato com óleos e

plantas medicinais, agrega-se um exame objetivo de qualidade – às vezes se faz uma simples

medida de viscosidade ou de pH, mas pode-se chegar à detecção de microorganismos, se houver

disponibilidade local de equipamentos. São poucos os casos em que se formam lotes e se confere

um laudo de qualidade para o lote específico, como ocorre comumente com medicamentos

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produzidos em escala industrial, o que requer um grau de organização maior da empresa e dos

órgãos de fiscalização e controle de saúde.

Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, já existem empresas que

compram o óleo de fontes mais confiáveis e estabelecidas e o manipulam, após formação de lotes e

exames de qualidade mais rigorosos. Na fabricação de cápsulas de gelatina, pode ser usado o óleo

integral ou destilado. Essas cápsulas são distribuídas para venda diretamente ao consumidor ou para

a revenda através de farmácias maiores de manipulação ou laboratórios, que colocam a sua marca e

disponibilizam para venda.

Um caminho alternativo do óleo é a sua comercialização em média escala, indo do pequeno

comerciante intermediário, ainda em cidades próximas à floresta, para indústrias de xampus, cremes

e perfumes também sediadas em centros urbanos do sul e sudeste do Brasil, ou para exportação

através de portos como Belém e Rio de Janeiro.

5. O estudo de caso

O estudo de caso que se segue é baseado em parte na experiência da equipe do Laboratório

de Tecnologia Química do Instituto de Química da Universidade de Brasília/UnB, que vem

trabalhando há vários anos neste campo do aproveitamento de produtos não-madeireiros. O LATEQ

conta, há vários anos, com recursos da ITTO, sigla em inglês para Organização Internacional de

Madeiras Tropicais, para a pesquisa de produtos florestais extrativos da Amazônia, em três níveis:

1) levantamentos sócio-econômicos, tecnológicos e ecológicos, com base em dados publicados ou

pesquisa própria; inclui-se neste nível a documentação em vídeo da produção na floresta e trabalhos

de crítica tecnológica; 2) montagem de um Banco de Dados de Não-Madeireiros, com informações

botânicas, sócio-econômicas, de produção, para 600 espécies; e 3) desenvolvimento e difusão de

tecnologias para a exploração sustentável de tais produtos da Amazônia. O trabalho mais

substantivo refere-se a uma tecnologia para produção de borracha nativa de boa qualidade, já

beneficiada pelo próprio seringueiro.

A intenção do estudo de caso, aqui descrito, é dar uma visão mais abrangente e detalhada de

como ocorrem à produção, o comércio e a industrialização do óleo de copaíba. Este particular

produto florestal não-madeireiro da Amazônia, por certo, é dos mais importantes e promissores

daquela floresta. Ele, per si, pode ter a sua exploração feita de forma rentável e sustentável, sendo,

ao mesmo tempo, uma importante contribuição medicinal da floresta para a sociedade. Estudos de

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caso como este permitem que se chegue a uma posição melhor do que se tem atualmente, ou seja,

para divisar com mais clareza a forma atual de exploração deste óleo e começar a se desenhar uma

ou mais formas mais promissoras de expansão da sua coleta, eventual cultivo, comércio interno e

externo, e industrialização.

O estudo de caso foi realizado junto à empresa Copaíba Indústria e Comércio Ltda., de

propriedade do Sr. Raimundo de Souza Oliveira, sediada em Goiânia e em processo de mudança

para Brasília. O seu trabalho é de compra do óleo de fornecedores intermediários, formação e

análise de lotes, envasamento em frascos de 20 ml. Estes frascos são revendidos, através de um

conjunto de 50 vendedores ambulantes, a farmácias e casas de produtos naturais, em vários estados

do Brasil. Contando com o proprietário, compradores e funcionários da manipulação e envase, um

total de 10 pessoas estão diretamente envolvidas nesta atividade, enquanto os 50 vendedores

ambulantes têm envolvimento indireto com a empresa, pois também trabalham com outros

produtos.

A empresa se abastece de óleo principalmente em Rondônia, em lugarejos às margens do rio

Candeias, comprando o óleo em bruto de fazendeiros, que, no papel de intermediários comerciais, o

adquirem de agricultores/extratores locais. Um segundo local de compra do óleo é o município de

Boca do Acre, estado do Amazonas, onde o principal fornecedor é a PAE/ANTIMAR (Associação

dos Trabalhadores de Assentamento Agro-Extrativista). O óleo de copaíba é acondicionado em

vasilhames plásticos de 50, 100 ou 200L, revestidos externamente por uma película de fibra

plástica, para prevenir vazamentos. São tomadas precauções para evitar choques entre estas

bombonas durante o longo trajeto do transporte terrestre até Goiânia.

A quantidade de óleo comercializada por ano pela empresa é em média 4.500 kg, com preço

médio de aquisição junto aos fazendeiros e Associação entre R$ 10,00 e 12,00/kg. O preço de venda

é de R$ 55,00/kg, e a venda é feita em frascos de 20 ml, no valor unitário de R$ 1,50, revendidos

entre R$3,00 e R$5,00 reais.

O óleo é comercializado em frascos de vidro com tampa conta-gotas e cada quilograma de

óleo de copaíba rende 50 frascos, identificados com rótulos que contêm a indicação do número do

lote e o nome do farmacêutico responsável. A espécie comercializada tem o nome popular “mari-

mari”, possivelmente Copaifera multijuga, que fornece um óleo de coloração mais clara e

consistência fina. Segundo a empresa, este óleo proporciona melhores resultados no uso medicinal.

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Na sede da empresa, em Goiânia, são tomados alguns cuidados com o armazenamento do

óleo em relação ao espaço de armazenamento, que deve ser separado da área de envase, obedecendo

às regras ditadas pela Vigilância Sanitária, que são: piso flutuante (em estrados de madeira),

ambiente climatizado, tanque inoxidável, pessoal uniformizado e responsabilidade técnica de

farmacêutico ou químico. A empresa faz a análise de cada um dos lotes de óleo adquirido através do

Laboratório de Controle de Qualidade de Medicamentos da Universidade Federal de Goiás.

A empresa Copaíba Indústria e Comércio Ltda. tem clientes em Goiás, Distrito Federal,

Alagoas, Paraná e São Paulo, que é o maior comprador. Os clientes industriais ou distribuidores

adquirem o óleo sem rótulo com a finalidade de comercializá-lo com o próprio nome. No entanto, o

maior volume de vendas da empresa em foco é feito através de vendedores autônomos que

percorrem mercados e farmácias a fim de oferecer o produto.

Segundo a empresa, o mercado para o óleo de copaíba tem grande potencial, estimado em

2.000 L/mês, comparado ao nível de 375 L/mês atualmente praticado por ela, para usos medicinal e

veterinário. Ela está se estruturando para uma melhor atuação comercial e industrial, para fornecer o

óleo para farmácias de manipulação e realizar vendas por comércio eletrônico. Segundo o Sr.

Raimundo, o produto tem grande apelo comercial, desde que sejam ressaltadas as suas vantagens e

as condições de extração sustentável do óleo na floresta, além de ser um produto natural e

renovável. A empresa pretende associar-se a laboratórios para a produção de cápsulas e a

comercialização de outros produtos, mas considera grandes as dificuldades para estabelecer o

comércio do óleo para fins terapêuticos, devido à fiscalização e legislação rígidas para produtos in

natura.

6. Produção brasileira: atual e potencial

O mercado brasileiro é o maior produtor e consumidor do óleo de copaíba do mundo, com

um total estimado entre 300 a 500 toneladas por ano, 90% provenientes do estado do Amazonas,

segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação). Na

Tabela 1, pode-se observar o consistente incremento na produção dos últimos anos, tendência que

deve continuar, em função do pensamento que se difunde na sociedade a respeito das vantagens do

uso de materiais e terapias naturais, especialmente da Amazônia. Com base no valor médio do dólar

americano, foi derivada a quarta linha da tabela, na qual se pode verificar uma diminuição do preço

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do produto, podendo significar que o aumento da moeda estrangeira é mais lentamente assimilado

pelas práticas comerciais correntes.

Tabela 1. Produção e valor de óleo de copaíba no Brasil, de 1996 a 2001. Óleo de copaíba 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Quantidade produzida (t) 279 313 398 408 408 414 Valor da produção (mil Reais) 534 659 858 983 1038 1056 Preço/kg (Reais) 1,91 2,10 2,15 2,40 2,54 2,55 Preço/kg (US$) (*) 1,90 1,95 1,85 1,32 1,39 1,08

(*) calculado com base no valor médio mensal Fonte IBGE/SIDRA.

O mercado internacional da copaíba é estimado pela FAO em mais de 200 t por ano, sendo

USA, França e Alemanha os maiores importadores, com cerca de 50%, 30% e 15%,

respectivamente. O uso mais comum é na indústria do perfume, pois o óleo não é considerado caro

em relação aos materiais similares usados como fixadores e o seu preço varia com a flutuação dos

preços dos fixadores tradicionais. O preço do óleo em Nova Iorque nos anos de 1998 e 1999 foi de

US$ 5,10 a 8,25/kg e em Manaus era comprado a menos de US$ 3,90/ kg (www.fao.org.br).

A Tabela 2, a seguir, apresenta os dados de exportação brasileira do óleo de copaíba de 1981

a 1992, obtidos da FAO. Como pode ser observado, os volumes apresentaram bastante oscilação,

variando de 47 a 114 t, como é comum na exportação de produtos de extrativismo não-madeireiros

da Amazônia. Geralmente são vendidos em pequenos volumes e alguns poucos negócios maiores

podem alterar significativamente as estatísticas de exportação. Uma outra dedução preliminar é que

existe uma margem de crescimento para as exportações de óleo de copaíba, desde que se tenha

estruturado melhor a oferta, regularizando-a em termos de volumes e qualidade.

Tabela 2. Exportação brasileira de óleo de copaíba, 1981 a 1992

Ano 198

1

198

2

198

3

198

4

198

5

198

6

198

7

198

8

198

9

199

0

199

1

199

2

Quantidade

(t)

50 77 78 103 50 47 114 94 59 51 95 56

Fonte: http://www.fao.org/, compilado com base em dados de exportação do Banco do Brasil.

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Os países que exportam óleo de copaíba e concorrem com o Brasil, são Peru, Colômbia e

Venezuela.

A partir dos dados do estudo de caso apresentado acima, foram construídos um exercício de

extrapolação para a produção brasileira de 2001 e um cenário com duas vezes a produção de 2001,

fazendo-se deduções de 10, 20 e 40% nas projeções, para se permanecer com certa margem de

segurança. Trabalhou-se com os valores de geração de renda de empregos diretos nos três níveis: 1)

no campo, que são valores extrapoláveis com segurança, pois a coleta não permite redução

pronunciada de mão-de-obra; 2) na manipulação, ou envase em pequenos frascos, que é o maior

segmento de venda e uso do óleo, e admite redução de mão-de-obra, donde terem sido aplicados os

redutores duas vezes para se conseguir o cenário; e 3) na venda a varejo, que, aqui sim, se permite

uma maior margem de redução, pois os caminhos do varejo são muitos.

Os resultados para a produção de 2001 estão na terceira coluna da Tabela 3, apresentada a

seguir. A partir dos valores obtidos para 2001, construiu-se um cenário que se nomeou de média

intensidade, praticamente dobrando-se a produção de 2001, passando de 414 a 800 toneladas. Os

resultados obtidos, também depois de deduções de 10, 20 e 40%, conforme enumerado na tabela,

estão na última coluna.

Não obstante a limitação da amostra - uma só empresa - ainda que bem típica, os resultados

obtidos são muito significativos e incentivam a ampliação deste estudo, com a inclusão de outras

empresas, cobrindo maior espectro de atividades e indo mais adiante na industrialização, pelo

menos na preparação de cápsulas e cremes com uso preponderante de copaíba.

Tabela 3. Produção do óleo de copaíba: geração de renda e número de empregos: dados da empresa estudada, estimativas para a produção brasileira em 2002 e cenário de média intensidade.

Parâmetro Empresa

Copaíba Ind.

e Com. Ltda.

Produção

Brasileira

de 2002

Cenário de

Média

Intensidade

Produção (t) 4,5 414 800

Valor da

Produção

(R$ mil)

- no campo 49,5 3.643 (**) 5.600 (**)

- na manipulação 247,5 18.216 (**) 28.200 (**)

- na venda 810,0 (*) 59.616 (**) 92.200 (**)

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- total 1.107,0 81.475 126.000

Número de

Empregos

- no campo 50 4.600 7.100 (**)

- na manipulação 10 736 (**) 850 (**)

- na venda 50 2.760 (***) 3.200 (***)

- total 110 8.096 11.150

(*) estimado com decréscimo de 10% em relação à coluna anterior, (**) estimado com decréscimo de 20% em relação à coluna anterior, (***) estimado com decréscimo de 40% em relação à coluna anterior, Obs.: todos os valores nas duas últimas colunas estão arredondados.

Como os redutores aplicados foram consideráveis, deixando uma margem de segurança

bastante conservadora, podem-se extrair algumas projeções interessantes, tanto para o estudo de

caso como para a extrapolação de 2001 e o cenário de 800 t. Como os valores para o campo são

menos flexíveis para a renda e o número de empregos, porque a técnica não permite automação e

por enquanto, se existe, é inexpressiva a produção de cultivo, as informações mais seguras são para

o nível de campo. Seguem abaixo as conclusões principais do exercício:

- o nível de coleta é de 90 kg de óleo por pessoa por ano, contabilizando as pessoas

envolvidas com a atividade de campo, inclusive os revendedores locais;

- a renda neste nível é de R$ 1.000 por pessoa por ano, devendo a maior parte ficar com os

intermediários do comércio;

- a produção nacional de óleo de copaíba gerou no campo em 2002 renda provável de 3,6

milhões de reais e 4.600 empregos;

- na manipulação e envase, o valor total do movimento comercial foi de 18,2 milhões;

- um cenário de 800 t não é difícil de se atingir, em vista do crescimento espontâneo que

vem ocorrendo, mostrado na Tabela 1, de 279 a 414 t em 6 anos. Para este cenário, os resultados

são muito promissores para os que defendem a prática extrativista como forma de desenvolvimento

sustentável na Amazônia: seriam gerados 7.100 empregos diretos e seria gerada uma renda no

campo de 5,6 milhões de reais. Eles são notáveis principalmente quando comparados com a

borracha, que recebe muito maior atenção governamental e que atualmente, com a produção anual

de 8.000 t, gera 16 mil empregos e renda de R$ 15 milhões no campo.

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Naturalmente, trata-se de um exercício e o assunto deve ser objeto de aprofundamento no

LATEQ/UnB, para consolidar as informações. As duas possibilidades de competição com o produto

obtido por extrativismo são a domesticação- cultivo da espécie e, por outro lado, a síntese de

materiais substitutos. No caso da copaíba, não há dificuldade no plantio da espécie.

No entanto, o prazo relativamente longo de dez anos de espera para colheita e a ausência de

uma demanda consolidada podem estar inibindo o cultivo em larga escala. Com relação à

substituição por sintéticos, também não ocorreu até aqui, provavelmente por não haver uma só

aplicação terapêutica para o óleo, mas várias, e também por já existirem muitos outras formas de

combater infecções, por exemplo, o maior emprego do óleo, e todas convivem no mercado. Se, por

exemplo, configurar-se como resultado das pesquisas em curso que o óleo cura algum tipo

específico de câncer, de difícil cura por outros meios, a demanda deverá crescer muito. Neste caso,

é possível que haja um estudo de fracionamento do óleo e determinação do princípio ativo, abrindo-

se caminho para a síntese, como conseqüente deslocamento do óleo nativo. Mas, a sensação que se

tem é que este cenário está longe de se configurar, além do que, o produto de origem natural, e

especialmente, da Amazônia, tem um especial apelo mercadológico significativo.

7. As limitantes ao crescimento da produção

Hoje, são os seguintes os fatores que podem ser apontados como as principais dificuldades

encontradas na expansão da produção do óleo de copaíba:

falta de realização de pesquisas no sentido de otimizar a extração, armazenamento e transporte

do óleo;

distância das comunidades extrativistas aos centros de consumo;

ausência de dados significativos sobre a freqüência da árvore na Floresta Amazônica em

inventários de população;

dificuldades institucionais: até hoje, não está estabelecida a eficácia medicamentosa do óleo de

copaíba e não há prova documental que possibilite a ANVISA, do Ministério da Saúde, a autorizar

formalmente a sua comercialização como medicamento, o que demandaria muita pesquisa e

trabalho técnico junto aos órgãos de fiscalização, para suprir esta lacuna.

Portanto, constata-se que a exploração do óleo de copaíba se encontra em nível inferior ao

seu potencial. Por estas e outras dificuldades, não se formam estoques e não se atinge regularidade

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de oferta, o que acaba inibindo a formação de demanda regular. Trata-se de um círculo vicioso, que

será alterado muito lentamente, a partir da espontaneidade do mercado ou, mais rapidamente, se

houver determinação e força de vontade governamental, combinados com acertos nas iniciativas de

produção.

8. Conclusões: uma proposta para ação de governo

O uso medicinal da copaíba está sendo testado no Brasil e no mundo, cabendo ao governo

brasileiro estimular a pesquisa nessa área, para que o país domine os resultados e invista na

exploração sustentada, podendo gerar empregos e benefícios para a população extrativista.

No ano de 2001, o Brasil produziu, 414 toneladas de óleo de copaíba (IBGE), mas existem

condições para esse nível crescer, como pode ser deduzido a partir dos dados discutidos nas seções

anteriores, que evidenciam a existência de margem para o crescimento no consumo interno e na

exportação.

Os comerciantes de óleo na região amazônica acreditam que a quantidade de óleo extraído

irá diminuir por causa do desmatamento. Isso deve ser levado em consideração por parte do

governo brasileiro, no sentido de se adotarem políticas públicas de valorização dos processos

extrativos e sustentáveis na Amazônia, além de uma maior fiscalização no contrabando de madeira,

o que é decisivo para a sobrevivência da floresta para as futuras gerações.

A copaibeira desempenha um importante papel como fonte de geração de renda e trabalho

para a população extrativista da floresta. A produção do óleo exemplifica o uso que o Brasil deve

fazer da Amazônia, protegendo-a e estimulando os governos de outros países a confiar no país e em

seus projetos de preservação e de uso sustentável. Os dados estimados neste trabalho, não obstante

as limitações da amostragem são o suficientemente eloqüentes para serem levados em consideração

pelo governo e pelos segmentos da sociedade interessados em medicamentos naturais e no

desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Portanto, pode ser proposto um programa de ações para a expansão sustentável da produção

de óleo de copaíba, contemplando pelo menos os seguintes pontos:

1) a realização de um ou mais seminários de atualização entre pesquisadores, produtores,

comerciantes, governo (MMA, IBAMA, MS, ANVISA, FIOCRUZ, universidades, institutos de

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pesquisa, entre outros), a fim de se criar condições para que sejam obtidas, em prazo viável, provas

científicas do valor medicinal da resina;

2) a criação imediata de um grupo de trabalho para discutir e sugerir encaminhamento para a

questão institucional da produção e comércio do óleo de copaíba, com relação à autorização da

ANVISA; esse grupo poderia trabalhar inicialmente com copaíba e, depois, incorporar outros

produtos de mesma origem;

3) a elaboração de um conjunto de boas práticas de produção, de armazenamento e transporte do

óleo, incluindo exames simplificados de análise para rotinas em campo e no comércio;

4) elaboração de um diagnóstico, com levantamento de dados primários e secundários, sobre

produção, comércio, indústria e as pesquisas em andamento; e,

5) financiamento de um programa imediato de extensão para as cooperativas de produtores, para

ensinar como produzir, organizar lotes, encomendar laudos de qualidade para os lotes, como ofertar,

transporte etc.

Hoje em dia, já não se pode desconhecer o papel do extrativismo florestal não-madeireiro na

Amazônia, exercido por mais de 60 mil famílias, número que pode ser muito maior. Não obstante as

suas limitações, que devem ser reconhecidas, elas desempenham um papel ecológico e de

sustentação imediata de projetos produtivos para a Amazônia. Assim, são personagens

fundamentais para o uso não-destrutivo das florestas amazônicas e devem ser incentivados. O óleo

de copaíba é, sem sombra de dúvida, um dos produtos com maior potencial de geração imediata de

riquezas e empregos para milhares de famílias amazônicas que estão em situação social muito

difícil, o que, normalmente, reverte-se em prejuízo ambiental, perda de florestas, de biodiversidade

e êxodo rural. A sociedade e o governo, em seu nome, devem levar em consideração estes pontos ao

formular políticas para a proteção dos ecossistemas amazônicos.

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22 

 

Referências Bibliográficas CORRÊA, M. P. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, IBDF, 1984. CRUZ, G. L. Dicionário de plantas úteis do Brasil. 4ª Edição. Inverter todas as referências – local vem antes, editora vem depois, data por último. Bertrand Brasil. Rio de Janeiro, 1964. HOLANDA, AB.O dicionário da língua portuguesa.4ª Edição . Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2002. PASTORE Jr, F. Banco de Dados de Produtos Não-Madereiros da Amazônia. 1ªEdição. Unb, ITTO, FUNATURA. Brasília, 1997. MOURÃO, A.P. Anais do 1º e 2º Encontros de Profissionais da Química da Amazônia. CRQ da 6ª região. São Luiz, 1981. REVILLA, J. Plantas da Amazônia. Oportunidades Econômicas e Sustentáveis. InPA e SEBRAE. Manaus, 2001. VEIGA, V.F.; PINTO, AC. O Gênero copaífera L. Química Nova, vol.25, nº2. Rio de Janeiro, 2002. Sites consultados http://www.inventabrasil.hpg.ig.com.br/ http://www.fao.org.br/ http://www.scents-of-earth.com/ http://www.amazonia.org.br/ http://www.sidra.ibge.gov.br/ http://www.amazonlink.org/ http://www.madguimaraes.com.br/ http://www.hinkel.arq.br/ http://www.maya-ethnobotanicals.com/ http://histoeplmed.2x.com.br

    

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Babaçu 

 

1. Introdução

O babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras brasileiras, distribuido-

se por mais de 18 milhões de hectares em todo o Brasil. É constituído por um conjunto de seis

espécies de palmeiras do gênero Orbignia, sendo as mais importantes O. speciosa e O. oleifera.

Como espécie típica precursora, alastrou-se espontaneamente por uma grande área nos estados do

Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e Piauí, vindo a constituir maciços muitos densos chegando a ter

mais de mil indivíduos por hectare. Em verdade, a área de ocorrência desta palmeira abrange toda a

Amazônia, a pré-Amazônia maranhense e o centro-oeste. Seu espetacular povoamento é uma

característica marcante. Cresce muito rapidamente, logo após a retirada da floresta original, e de

forma densa, como se houvera sido plantada.

Em termos socioeconômicos, o babaçu apresenta-se como um importante recurso utilizado

há séculos para produção de óleo, sendo um vegetal em destaque para mais de 300 mil famílias

extrativistas que têm na quebra manual do coco, para retirada da amêndoa, sua principal fonte de

renda. Em áreas de intensos conflitos agrários, que tem seu centro na região do Bico do Papagaio,

vem a se constituir em elemento central deste conflito, que tem de um lado fazendeiros, que querem

o corte das palmeiras, para ocupação do solo para atividades agropecuárias e, de outro lado, os

extrativistas que precisam da palmeira para sua sobrevivência e, por conseguinte, precisam de aceso

às áreas de produção. Desta forma, o babaçu constitui o eixo central socioeconômico na região que

vem gerando, nas últimas décadas, mortes, pobreza e êxodo rural.

A tese a ser explorada neste artigo é de que o recurso babaçu, se utilizado sustentavelmente,

na totalidade de seu potencial, com o uso de tecnologias variadas na produção de diversos itens,

para uso químico, energético e alimentício, pode conduzir ao oposto da situação atual, a geração de

riqueza, emprego e renda numa das regiões mais pobres do Brasil. Deve ser lembrado ainda que,

além do fruto, podem ser exploradas outras partes da palmeira, tais como, por exemplo, talo da

folha para produção de fibras; o talo do cacho que abriga os frutos para uso energético, em queima

direta ou gaseificação, e ainda, a possibilidade de implantação de sistemas agro-florestais, com o

cultivo de outras espécies florestais, que podem servir de cultura de subsistência e comercialização

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de outros produtos alimentícios, madeireiros, aromáticos, medicinais e outros não-madeireiros. Há

também, a possibilidade de consórciar com cultivos, como por exemplo, a baunilha natural que

cresce espontaneamente, como uma trepadeira, na palmeira babaçu.

• O recurso

Os babaçuais apresentam uma cobertura de mais de 10 milhões de hectares, apenas no

estado do Maranhão. A produção nacional de amêndoas chega a cerca de 200 mil toneladas por ano,

produzindo 70 mil toneladas de óleo (SOUZA et al, 1980) o que é inferior à demanda nacional e

mundial. O aumento da produção depende da adoção de técnicas de manejo adequado, do uso

diversificado de todas as partes da palmeira, corrigindo os desperdícios da produção.

Não há dúvidas quanto à abundância e potencial produtivo do recurso babaçu. Em verdade,

a quantidade de recurso não deve ser interpretada como eixo central e responsável único pelos

investimentos na região, mas sim o seu manejo adequado com as preocupações centradas nas

vertentes sociais, ambientais e econômicas com sólida base tecnológica a apoio governamental.

Assim, é válido ressaltar que o incentivo a esta atividade como forma capaz de mudanças no

quadro atual de pobreza, conflitos agrários e degradação ambiental, passa pela compreensão das

falhas encontradas atualmente na produção, pelo entendimento dos conflitos e pela valorização de

novas formas e técnicas de organizar o trabalho já desempenhado. Desta forma, sinaliza-se que a

potencialização da cadeia produtiva do babaçu deve ter como base compromisso ambiental e social,

no que diz respeito a técnicas florestais e o reconhecimento das comunidades presentes na região,

buscando a geração de trabalho digno para as mulheres quebradeiras-de-coco babaçu e um melhor

aproveitamento do recurso já coletado há tantos anos.

• Multiusos do Babaçu

A grande vantagem do babaçu está na sua capacidade de fornecer uma ampla variedade de

produtos úteis, pois toda a planta é aproveitada e muitos subprodutos são obtidos. O fruto fornece

uma manteiga vegetal de sabor agradável e de valor nutritivo. As amêndoas podem ser consumidas

in natura, como também produzem um óleo rico em ácido láurico que usado em diversos fins: na

alimentação humana, na produção de cosméticos, como lubrificante e pode ser transformado em

biodiesel. O mesocarpo do fruto produz carvão de excelente qualidade, sendo empregado como

fonte de energia em siderurgias.

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De todas as partes da planta, o fruto é a que apresenta o maior potencial econômico,

chegando a produzir mais de 64 subprodutos. Atualmente o óleo da amêndoa é o produto do babaçu

mais utilizado e comercializado no mercado. Porém existe uma carência de estudos que viabilizem

um maior aproveitamento dessas matérias primas.

A planta adulta produz por ano aproximadamente 2 mil frutos, sendo que em um quilo

contém cerca de 4 frutos maduros (LORENZI et al, 1996). Cada fruto pode pesar entre 40 a 400 g

de peso seco (REVILLA, 2002). Em 17,6 mil kg de coco obtém-se 2,64 mil kg de epicarpo, 3,52 kg

mil de mesocarpo, 10,384 mil kg de endocarpo e 1,056 kg de amêndoas (WISNIEWSKI, 1981).

Cada 1.700 quilos de coco babaçu correspondem ao poder calorífico de 1.000 Kg do melhor

carvão mineral. Em média, para cada 100 kg de coco obtém-se 5,4 kg de óleo e 4,5 kg de torta

(FONSECA, 1992). A amêndoa constitui apenas 6 a 10% do fruto, e dela se obtém 66% de óleo.

Assim, para cada 100 kg de coco se obtém 6 kg de óleo (CARVALHO et al, 1952). Para cada quilo

de casca obtém-se 30% de carvão, 60% de ácido acético, 1,5% de ácido metílico e 8% de alcatrão.

Uma tonelada de coquilhos destilados fornece 15% de coque siderúrgico (150 kg), 28,2% de gás

combustível (287 m³), 5,1% de alcatrão (51 kg) e 57,7% de elementos pirolenhosos (GOMES,

1977).

Para cada 500 kg de carvão obtido a partir do endocarpo do fruto, é necessário coletar frutos

em 1,7 ha de babaçual (BALICK & PINHEIRO, 2000) com 50 a 100 palmeiras produtivas por

hectare (COSTA et al, 2000). Kono (1977 in: WISNIEWSKI, 1981) observou em babaçuais nativos

praticamente virgens, que ocorrem 56,2 palmeiras produtivas por hectare cada uma com 1,8 cachos

por ano e 101 cachos por há-ano. Cada cacho pesa cerca de 24 kg e por hectare produz-se 2,5

toneladas /ha/ano. Analisando a relação entre palmeiras, encontra-se 969 plantas/ha entre 2 a 5

anos, 21 palmeiras/ha de 6 a 8 anos e 120 palmeiras adultas, totalizando 1.110 indivíduos. Se

considerada apenas a produção de óleo, em comparação com outras oleaginosas, o rendimento do

óleo é considerado baixo, 90 a 150 kg / ha / ano ou 1,5 toneladas / ha / ano de frutos, no Maranhão.

A espécie Orbignya oleifera produz cerca de 5 t / ha / ano mostrando grande potencial de

exploração comercial e possibilidades de aumentar essa produtividade (BALICK & PINHEIRO,

2000).

• Extrativismo e Comercialização

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No total de 5 anos, quando houve o Censo Agropecuário (1970, 75, 80, 85, 96), foram

produzidas 700 mil t de amêndoa de babaçu, que geraram como valor de venda e ingresso para as

comunidades envolvidas neste período, 840 milhões de reais (Censo Agropecuário, IBGE). Assim,

por ano, foram extraídos 140 mil t que renderam à Amazônia 170 milhões de reais. Desse modo,

cada quilo de babaçu foi vendido a um preço médio de 0,80 reais (1970-96, segundo o Censo

Agropecuário do IBGE). Um trabalhador, em média, extrai cerca de 130 kg por mês durante a safra

de babaçu (6 meses) e ganha com a venda deste produto 160,00 reais/mês. O que demonstra que o

babaçu é um investimento promissor de renda familiar das comunidades rurais brasileiras,

sobretudo as do estado do Maranhão, que maior contribuem com seu potencial de extração deste

fruto. Por outro lado, é importante colocar que ao diversificar e estimular o uso e aproveitamento de

todas as partes do fruto, bem como o melhor refinamento, para obtenção de inúmeros subprodutos é

a adoção de um posicionamento de maior agregação de valor, logo, de maior renda para as famílias

rurais da região de ocorrência dos babaçuais.

•Pontos promissores para aprimoramento tecnológico

Quando se comparam os esforços investidos em pesquisas tecnológicas e o potencial de

geração de riquezas e trabalho do babaçu, se percebe a enorme desproporção aplicada a este recurso

e o quanto a preocupação governamental não consegue se traduzir em soluções viáveis em campo.

O babaçu, ao longo de décadas é reconhecido como um grande potencial, mas pouco vem sendo

estudando, o que inviabiliza por muitas vezes o aprimoramento tecnológico de sua cadeia produtiva,

conseqüentemente a obtenção de novas e eficazes técnicas de obtenção e valorização de todas as

partes do fruto. Também, muitas vezes os esforços de pesquisa têm um viés equivocado, ao não se

contemplar as comunidades, em todo o seu potencial, nas propostas de solução, como foram os

casos de algumas máquinas desenvolvidas para a quebra do duro endocarpo, que tecnologicamente

tiravam os extrativistas da cadeia produtiva e que resultaram em fracasso.

A separação das etapas de coleta e beneficiamento é uma importante medida de avanço para

a eficiência na obtenção dos subprodutos do babaçu. Atualmente, as quebradeiras de coco babaçu

realizam este trabalho de coleta e trato do material coletado no mesmo local. A atividade é realizada

de forma coletiva, onde as quebradeiras congregam-se em um encontro de mulheres, é um rito

realizado cotidianamente, uma bonita manifestação cultural, com muita conversa, cantorias e troca

de experiências. Após a coleta do fruto, para a quebra da casca e obtenção da amêndoa, a mulher,

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fica sentada sobre o chão, prendendo com uma das pernas um machado, cujo fio é usado para abrir

o endocarpo com o uso de um macete de madeira. Nesta condição, vários são os riscos de

ferimentos e de exposição da saúde pela possibilidade de ataques por animais peçonhentos e pelo

posicionamento incorreto do ponto de vista ergonômico. Há, ainda, um desperdiço muito grande do

material babaçu que é deixado no campo e acaba sendo inutilizado. Desta maneira, a forma que vem

sendo realizada a exploração e o beneficiamento do babaçu, pode ser considerada pouco eficiente e

produtiva.

Uma nova abordagem, aqui sugerida para a quebra do coco babaçu, não só respeita a forma

cultural como a atividade é desenvolvida atualmente, como também valoriza o papel fundamental

da mulher neste processo. A intenção é criar um método que assegure a produtividade, mas que

priorize o trabalho desempenhado pelas mulheres quebradeiras.

• Semi-Mecanização do processo

A semi-mecanização da produção, certamente, trará dinamismo ao processo, com aumento

de produtividade, aproveitamento de partes do fruto anteriormente inutilizadas, e a mudança da

postura de trabalho da quebradeira, melhorando em muito a questão de saúde, ergonomia e a

diminuição de riscos e acidentes de trabalho. O debate em relação à mecanização dos métodos de

extração e beneficiamento de produtos florestais, muitas vezes apresenta-se polêmico por prever a

dispensa do trabalho dos extrativistas, como já aconteceu com o próprio babaçu. O melhoramento

tecnológico, não pode ter por base somente a a vertente da eficiência produtiva econômica, mas sim

a distribuição dos benefícios nas dimensões sociais, econômicas e ambientais. A máquina para

beneficiamento do babaçu, aqui proposta, se diferencia por assumir a importância social, cultural e

ecológica das mulheres quebradeiras - de – coco. Desta forma, como um pressuposto básico na

equação do problema, elas devem permanecer como ponto chave na cadeia produtiva e não apenas

como ponte de ligação do babaçu com a máquina, como já proposto em outras oportunidades e que

não obtiveram sucesso. Com intuito de dinamizar e aproveitar integramente a matéria babaçu, a

semi-mecanização apresenta-se como via tecnológica factível, no ponto de vista econômico e social.

Para melhor esclarecer a proposta, é apresentada abaixo uma fotografia do coco cortado ao meio

onde podem se ver as várias partes do babaçu.

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O epicarpo, chamado de

casca, é fibroso, ligno-celulósico e

representa 15% do peso seco do

fruto. O mesocarpo é uma camada

marrom-clara que se localiza depois

do epicarpo, de natureza amilácea, e

corresponde a 20% do peso seco do

fruto. O endocarpo, camada mais

escura que envolve as amêndoas, é

altamente concentrado em lignina,

representa 59% do fruto. As amêndoas, ocorrem entre 3 a 6 unidades por fruto, podendo chegar a 8,

correspondem a 6% do peso do fruto seco. Da amêndoa se produz óleo (66%) e o restante é material

fibroso, que, após extração do óleo, pode ser utilizado na alimentação animal.

Consideramos que o melhoramento tecnológico da cadeia produtiva passa, primeiramente,

pela inserção de uma máquina simples que realizará a primeira etapa do beneficiamento, após a

coleta do coco pelas mulheres e chegada do material ao galpão. Esta etapa tem como objetivo a

seguinte separação: epicarpo e mesocarpo para uma via e endocarpo e amêndoa para outra. Em

seguida, a mesma máquina, ou uma segunda, separa o epicarpo do endocarpo. Enquanto o primeiro

poderá ter emprego na fabricação de chapas, o segundo, o mesocarpo em forma farinácea, tem

grande potencial de uso direto como rico alimento humano. Esta máquina idealizada, em uma

rampa central libera o endocarpo juntamente com a amêndoa sobre uma esteira que leva o material

ao alcance da mão das mulheres.

As mulheres neste momento assumem seu papel na cadeia produtiva, pela segunda vez, de

forma confortável e segura, sentadas em volta de uma longa mesa, que certamente será

transformada em roda de conversa, de amplo convívio. Elas recebem o material (endocarpo +

amêndoa) e executam a quebra com equipamento simples, contendo o fio do machado, sobre uma

mesa com pequeno declive em formato de bacia, que manterá o material seguro, facilitando o

manuseio. Suas mãos estarão protegidas com uma luva de aço, evitando acidentes. A mulher separa

o endocarpo da amêndoa. O endocarpo tem amplo emprego na preparação de carvão de alta

qualidade ou pode ser empregado para queima direta. As amêndoas podem ser consumidas in

natura, como também, produzem um óleo rico em ácido láurico que pode ser usado para diversos

MESOCARPO

ENDOCARPO

AMÊNDOA

EPICARPO

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fins: na alimentação humana, na produção de cosméticos, como lubrificante e pode ser

transformado em biodiesel. Atualmente o óleo da amêndoa é o produto do babaçu mais utilizado e

comercializado no mercado.

2. Conclusões

Desde o início de sua exploração buscou-se inventar e implementar a utilização de máquinas

para a realização da quebra do fruto do babaçu. Muitas destas tentativas, várias delas infrutíferas,

excluíam a mulher do processo produtivo, numa lógica tradicional da evolução tecnológica, que no

caso do babaçu tem que necessariamente ser revista. Por outro lado não se pode vangloriar o

método tradicional, de baixa produtividade, insalubre, de alto risco de acidentes e, essencialmente

de subsistência, inviabilizando a ampliação da renda e a acumulação de capital, aprisionando o

produtor primário a uma forma atrasada de produção e de vida. Poucos estudos sociais, econômicos

e tecnológicos associados à carência de políticas públicas para o setor tornam complexas as lacunas

da cadeia produtiva do babaçu, como também cada vez mais precária a situação de centenas de

milhares de famílias que sobrevivem deste recurso. A possibilidade de semi-mecanização do

processo com foco social poderá trazer uma nova força a comercialização do babaçu, bem como

encorajar as mulheres a continuarem acreditando no excepcional potencial desta palmeira.

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